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Revista Linha Direta inovação Martha Terenzzo Consultora de empresas para Inovação e Marketing e sócia-diretora da Inova 360º [email protected] twitter: @marthaterenzzo9 N ão sou da geração Flux, mas sinto que sempre fui fluxer . Dedi- quei 25 anos a inovar o marketing de grandes empresas. Tra- balhava 16 horas por dia e dormia, muitas vezes, em cadeiras de avião ou em hotéis. Uma noite decidi largar tudo. Queria algo diferente e novo. Cortei laços corporativos com modelos antigos e me lancei numa jornada de reinvenção. Para começar, um ano sabá- tico viajando, conhecendo novos mapas e trilhas para inovar. Decidi fazer mestrado e entender a juventude e o consumo. Aprofundei em temas como design thinking, Business Model Generation, storytelling, transmídia, cocriação, crowdsourcing. Recebi propostas de emprego, que não aceitei, e de trabalho, que aceitei. Daí para ter minha pró- pria empresa de inovação foram poucos passos. Comecei a lecionar sobre inovação. Decidi escrever para blogs e revistas. Virei mentora de ex-alunos. Criei novos cursos e temas inovadores para palestras e eventos. Fiz pontes, muitas das quais grandes conexões que viraram bons negócios. Sei que pode parecer conto de fadas corporativo, mas acredite, essa é a minha história real, ou pelo menos uma parte dela. Voltei a tra- balhar 16 horas, mas aproveitando todas as oportunidades. Estou de frente para muitas telas: twitter@marthaterenzzo9, marthaterenzzo. com.br, Linkedin e Facebook, sem contar dois celulares, um notebook e um tablet. Recentemente entrei no Pinterest e fiz um vídeo para o YouTube, contando um pedaço dessa história. Nasci boomer nos anos 1960, mas aprendi a lidar desde pequena com as incertezas e o caos do presente. Vivi da ditadura ao homem indo à lua, do movi- mento feminista à democracia, da chegada da internet à evolução da mulher na sociedade. Sempre vivemos incertezas, medos e caos – só mudaram os meios e a velocidade com que absorvemos tudo isso. A expressão geração Flux apareceu na recente edição da revista Fast Company para explicar a rapidez da adaptação da sociedade atual diante de constantes mudanças. Essa geração faz várias coisas ao mesmo tempo, não tem faixa etária definida, é multifacetada e lida bem com a incerteza e com o caos. A liquidez, já enunciada por Bauman, está presente, mas há maior fluidez agora, pois o fluxer é um ser mais adaptável e trafega bem nessa via. Gosta de se rein- ventar e remodelar sua vida: carreira, negócios, crenças e forma de viver. Age bem em tempos incertos e vê oportunidades diante disso. Num mundo de incertezas, só nos resta a certeza de que tudo sem- pre vai mudar. Para enfrentar isso, é preciso aprender a inovar e a reinventar-se. O CAOS da inovação

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Revista Linha Direta

inovação

Martha TerenzzoConsultora de empresas para Inovação e Marketing e sócia-diretora da Inova 360º[email protected]: @marthaterenzzo9

Não sou da geração Flux, mas sinto que sempre fui fluxer. Dedi-quei 25 anos a inovar o marketing de grandes empresas. Tra-balhava 16 horas por dia e dormia, muitas vezes, em cadeiras

de avião ou em hotéis. Uma noite decidi largar tudo. Queria algo diferente e novo. Cortei laços corporativos com modelos antigos e me lancei numa jornada de reinvenção. Para começar, um ano sabá-tico viajando, conhecendo novos mapas e trilhas para inovar. Decidi fazer mestrado e entender a juventude e o consumo. Aprofundei em temas como design thinking, Business Model Generation, storytelling, transmídia, cocriação, crowdsourcing. Recebi propostas de emprego, que não aceitei, e de trabalho, que aceitei. Daí para ter minha pró-pria empresa de inovação foram poucos passos. Comecei a lecionar sobre inovação. Decidi escrever para blogs e revistas. Virei mentora de ex-alunos. Criei novos cursos e temas inovadores para palestras e eventos. Fiz pontes, muitas das quais grandes conexões que viraram bons negócios.

Sei que pode parecer conto de fadas corporativo, mas acredite, essa é a minha história real, ou pelo menos uma parte dela. Voltei a tra-balhar 16 horas, mas aproveitando todas as oportunidades. Estou de frente para muitas telas: twitter@marthaterenzzo9, marthaterenzzo.com.br, Linkedin e Facebook, sem contar dois celulares, um notebook e um tablet. Recentemente entrei no Pinterest e fiz um vídeo para o YouTube, contando um pedaço dessa história. Nasci boomer nos anos 1960, mas aprendi a lidar desde pequena com as incertezas e o caos do presente. Vivi da ditadura ao homem indo à lua, do movi-mento feminista à democracia, da chegada da internet à evolução da mulher na sociedade. Sempre vivemos incertezas, medos e caos – só mudaram os meios e a velocidade com que absorvemos tudo isso.

A expressão geração Flux apareceu na recente edição da revista Fast Company para explicar a rapidez da adaptação da sociedade atual diante de constantes mudanças. Essa geração faz várias coisas ao mesmo tempo, não tem faixa etária definida, é multifacetada e lida bem com a incerteza e com o caos. A liquidez, já enunciada por Bauman, está presente, mas há maior fluidez agora, pois o fluxer é um ser mais adaptável e trafega bem nessa via. Gosta de se rein-ventar e remodelar sua vida: carreira, negócios, crenças e forma de viver. Age bem em tempos incertos e vê oportunidades diante disso. Num mundo de incertezas, só nos resta a certeza de que tudo sem-pre vai mudar. Para enfrentar isso, é preciso aprender a inovar e a reinventar-se.

O CAOS da inovação