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Agroindústria Estudos Setoriais de Inovação Estudos Setoriais de Inovação

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Page 1: Inovação Inovação

Agroindústria

Estudos Setoriais deInovaçãoEstudos Setoriais deInovação

Page 2: Inovação Inovação

AGÊNCIA BRASILEIRA DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL

Projeto:

Estudo sobre como as empresas brasileiras nos diferentes setores industriais acumulam

conhecimento para realizar inovação tecnológica

Relatório Setorial:

AGROINDÚSTRIA

Pesquisadores:

Mauro Borges Lemos (Cedeplar/UFMG)

Eduardo Gonçalves (FEA/UFJF)

Thiago Caliari (Cedeplar/UFMG)

Edson Paulo Domingues (Cedeplar/UFMG)

Pedro Vasconcelos Amaral (Cedeplar/UFMG)

Ricardo Machado Ruiz (Cedeplar/UFMG)

Assistentes:

Marcelo Brito Brandão

Márcia Alves Pereira

Verônica Lazarini Cardoso

Belo Horizonte, de 2009

Page 3: Inovação Inovação

2

SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 4

2. INDÚSTRIAS À MONTANTE ............................................................................................... 6

2.1. DESCRIÇÃO DA CADEIA PRODUTIVA................................................................................. 6

2.1.1. PRODUTOS QUÍMICOS INORGÂNICOS ........................................................................ 13

2.1.2. DEFENSIVOS AGRÍCOLAS ......................................................................................... 21

2.1.3. MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS ................................................................. 27

2.2. ESTRUTURA E EVOLUÇÃO DA INDÚSTRIA ........................................................................ 32

2.2.1. PRODUTOS QUÍMICOS INORGÂNICOS ........................................................................ 32

2.2.2. DEFENSIVOS AGRÍCOLAS ......................................................................................... 40

2.2.3. MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS ................................................................. 50

2.3. SISTEMA SETORIAL DE INOVAÇÃO ................................................................................. 59

2.3.1. PRODUTOS QUÍMICOS INORGÂNICOS ........................................................................ 59

2.3.2. DEFENSIVOS AGRÍCOLAS ......................................................................................... 66

2.3.3. MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS ................................................................. 75

3. INDÚSTRIAS À JUSANTE ................................................................................................ 82

3.1. DESCRIÇÃO DA CADEIA PRODUTIVA............................................................................... 82

3.1.1. ABATE E PREPARAÇÃO DE PRODUTOS DE CARNE E PESCADO .................................... 89

3.1.2. ALIMENTOS PROCESSADOS ...................................................................................... 93

3.1.3. PRODUÇÃO DE ÓLEOS E RAÇÕES ............................................................................. 99

3.1.4. LATICÍNIOS ........................................................................................................... 106

3.2. ESTRUTURA E EVOLUÇÃO DA INDÚSTRIA ...................................................................... 113

3.2.1. ABATE E PREPARAÇÃO DE PRODUTOS DE CARNE E PESCADO .................................. 113

3.2.2. ALIMENTOS PROCESSADOS .................................................................................... 121

3.2.3. PRODUÇÃO DE ÓLEOS E RAÇÕES ........................................................................... 129

3.2.4. LATICÍNIOS ........................................................................................................... 137

3.3. SISTEMA SETORIAL DE INOVAÇÃO ............................................................................... 145

3.3.1. ABATE E PREPARAÇÃO DE PRODUTOS DE CARNE E PESCADO .................................. 145

3.3.2. ALIMENTOS PROCESSADOS .................................................................................... 151

3.3.3. PRODUÇÃO DE ÓLEOS E RAÇÕES ........................................................................... 156

3.3.4. LATICÍNIOS ........................................................................................................... 162

4. OPORTUNIDADES TECNOLÓGICAS, ESTRATÉGIAS E PROPOSTAS .................................... 168

4.1. PRODUTOS QUÍMICOS INORGÂNICOS ........................................................................... 168

Page 4: Inovação Inovação

3

4.2. DEFENSIVOS AGRÍCOLAS ............................................................................................ 171

4.3. MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS .................................................................... 177

4.4. INDÚSTRIAS À MONTANTE ............................................................................................ 182

4.4.1. MEDIDAS ESPECÍFICAS POR SETOR ......................................................................... 183

5. BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................ 187

Page 5: Inovação Inovação

4

1. INTRODUÇÃO

Esse relatório é subproduto do Produto 8 – “Indústrias objeto de programas para

fortalecer a competitividade” do Projeto “Estudo sobre como as empresas brasileiras nos

diferentes setores industriais acumulam conhecimento para realizar inovação tecnológica”

e remete ao estudo do Sistema Agroindustrial. Como forma de facilitar as delimitações e

especificidades do setor, o relatório foi dividido em duas partes. Na primeira analisam-se

as indústrias à montante da agricultura, relativas a produtos químicos inorgânicos, com

ênfase em fertilizantes, defensivos agrícolas e máquinas e equipamentos agrícolas. Na

segunda, analisam-se as indústrias à jusante da agricultura, com ênfase nos setores de

abate de carnes e pescados, alimentos processados, óleos e rações para animais e

laticínios.

A Seção 2 descreve as especificidades da indústria à montante, apresentando a cadeia

produtiva, a estrutura e evolução de cada indústria e seu sistema setorial de inovação. A

Seção 3 apresentada os mesmos tópicos, mas agora para o conjunto de indústrias à

jusante.O estudo da cadeia produtiva quantifica e apresenta as transações de compra e

venda internas a essa cadeia, assim como as transações com outras indústrias

fornecedoras e compradoras fora da cadeia. Assim, a idéia é fornecer um quadro

produtivo da cadeia, indicando o peso relativo de cada setor, o volume dos fluxos intra e

inter-industriais da cadeia, os efeitos multiplicadores diretos e indiretos de produção e

emprego gerados para o conjunto da economia brasileira.

Já a análise da estrutura e evolução temporal das indústrias procura captar

temporalmente a processo de de liderança tecnológica, através das categorias empresas

líderes, seguidoras, frágeis e emergentes. São apresentados indicadores de participação

de mercado, de margens de lucro e de concentração econômica dos setores, cobrindo o

período 1996/2006, construídos a partir da Pesquisa Industrial Anual (PIA).

Na análise do sistema setorial de inovação são apresentados os indicadores de inovação

segundo as categorias de firmas líderes, seguidoras, frágeis e emergentes, procurando

caracterizar seus regimes, segundo oportunidades tecnológicas, formas de acumulação

de conhecimento e de apropriação dos retornos da inovação. Já o tópico final –

Page 6: Inovação Inovação

5

Oportunidades tecnológicas, estratégias e propostas – apresenta algumas propostas de

políticas setoriais.

Page 7: Inovação Inovação

6

2. INDÚSTRIAS À MONTANTE

2.1. DESCRIÇÃO DA CADEIA PRODUTIVA

As vendas dos setores à montante da agricultura são distribuídas, na Tabela 2.1, de

acordo com o tipo de demanda final, como exportações, consumo das famílias,

investimentos, consumo do governo e outras demandas, e de acordo com a demanda

intermediária, que corresponde ao consumo de todos os setores produtivos da economia.

O destino principal da produção dos setores de produtos químicos inorgânicos, de

defensivos e de máquinas e equipamentos agrícolas está distribuído na forma de

demanda intermediária, nos dois primeiros casos, e de investimento (formação bruta de

capital fixo), no terceiro caso, uma vez que por construção da matriz de insumo-produto o

grande percentual das vendas de qualquer tipo de bens de capital são para a demanda

final, na forma de investimento para o consumo doméstico das firmas e de exportação

para o consumo externo. Além da variação de estoques, as vendas de bens de capital

para a demanda intermediária deve-se às despesas de manutenção e reparação, que no

caso das máquinas e equipamentos agrícolas são relativamente elevadas.

Cerca de 91% e de 97% da produção de químicos inorgânicos e de defensivos,

respectivamente, são destinadas a outros setores da economia, enquanto que 58% da

produção de bens de capital agrícolas compõem a formação bruta de capital fixo. As

exportações são, em geral, pequenas, representando cerca de 5% da demanda dos

setores mencionados. Isso se justifica em face da magnitude da agricultura brasileira que

consome maior parte do que é internamente produzido, ainda que setores como os de

bens de capital agrícola venham apresentando sucessiva melhora do desempenho

externo ao longo da década de 2000, como será visto nas próximas seções.

Page 8: Inovação Inovação

7

Tabela 2.1 Distribuição das vendas setoriais, por categoria da demanda final e intermediária

(% das vendas totais, 2005)

Exportações Consumo das Famílias

Investimento Consumo do Governo

Outras Demandas

Total

1771 584 81 0 278 2714 28813 31527(5,6%) (1,9%) (0,3%) (0,0)% (0,9%) (8,6%) (91,4%) (100%)

786 237 16 0 -606 432 15987 16419(4,8%) (1,4%) (0,1%) (0,0)% (-3,7%) (2,6%) (97,4%) (100%)

3831 2104 41172 0 7666 54773 16220 70993(5,4%) (3,0%) (58,0%) (0,0)% (10,8%) (77,2%) (22,8%) (100%)

Quimicos Inorganicos

Defensivos agrícolas

Máquinas Agricolas

SetoresDemanda Final

Demanda Intermediária

Demanda Total

Fonte: Elaboração própria a partir da MIP 2005, RAIS, PIA.

As cadeias produtivas dos três setores são mostradas nas Figuras 2.1, 2.2 e 2.3. As setas

representam fluxos monetários partindo dos setores de origem (vendedores) para os de

destino (compradores). Para a indústria de produtos químicos inorgânicos, as vendas (R$

14,2 bilhões) se destinam principalmente para os setores agrícolas e extrativistas (41,8%),

como fertilizantes, e para outros setores como, fabricação de resinas e elastômeros

(22,1%), defensivos agrícolas (13%), artigos de borracha e plástico (12,8%) e demais

químicos (10,2%), por estarem incluídos também nesse setor de químicos inorgânicos as

produções de cloro e álcalis, de gases industriais e dos próprios intermediários para

produção de fertilizantes, como ácido nítrico, ácido sulfúrico, ácido fosfórico, amônia

(amoníaco liquefeito), fosfatos de amônio e uréia. Em relação às compras do setor (R$

13,1 bilhões), verifica-se a grande dependência de setores petroquímicos e químicos, pois

cerca de 42% são provenientes de refino de petróleo e coque, enquanto que 39% provêm

de “demais químicos”. Aproximadamente 14% dos insumos usados (em valor) pelo setor

são oriundos de indústrias extrativistas (mineração).

Page 9: Inovação Inovação

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Figura 2.1 Cadeia Produtiva da Indústria de Produtos Químicos Inorgânicos, transações

intersetoriais, 2005 (R$ milhões).

Produtos e preparados químicos diversos

Refino de petróleo e coque

Químicos Inorgânicos

Agricultura, silvicultura,

exploração florestal

Fabricação de resina e elastômeros

Artigos de borracha e plástico

Demais Químicos

Outros da indústria extrativa 1853

628

13165 14228

5951

3146

1855

1822

1454

5526

5158

Defensivos agrícolas

Demais Químicos 3047

Consumo das Famílias 584

Fonte: Elaboração própria a partir da MIP, 2005.

O setor de produtos químicos inorgânicos, um dos principais fornecedores de insumos

agrícolas, depende especialmente de setores como petroquímica e mineração. As

principais matérias-primas para fabricação de fertilizantes são o nitrogênio (N), o fósforo

(P) e o potássio (K).1 Esses produtos químicos são fabricados e combinados a partir

matérias-primas básicas provenientes da petroquímica, como o gás natural, o resíduo

asfáltico do petróleo (RASF) e a nafta, e da mineração, como rocha fosfática, enxofre e

rochas potássicas. Com base nesses insumos, são obtidos produtos intermediários, como

ácido sulfúrico, ácido fosfórico, amônia anidra e fertilizantes simples, o que permite a

produção de fertilizantes básicos, como uréia, sulfato de amônio, fosfato monoamônio

(MAP), superfosfato simples e cloreto de potássio. Esses últimos dão origem aos

fertilizantes granulados e às misturas do tipo NPK.

Em relação ao setor de defensivos agrícolas (Figura 2.2), é possível notar que as vendas

internas se destinam, em sua maioria, para agricultura, silvicultura e exploração florestal

(96%). No que se refere aos fornecedores, há preponderância de químicos inorgânicos 1 Segundo Dias e Fernandes (2006), o nitrogênio aumenta a produtividade agrícola pois é componente das proteínas e da clorofila; o fósforo é responsável por processos vitais das plantas, armazenamento e utilização de energia, crescimento de raízes e melhoria da qualidade de grãos, aceleração do amadurecimento dos frutos; o potássio realiza o equilíbrio das cargas no interior das células vegetais, controla a hidratação e as doenças da planta.

Page 10: Inovação Inovação

9

(30%), “demais químicos” (23,5%), produtos e preparados químicos diversos (15,8%),

álcool (12,7%), artigos de borracha e plástico (11,4%) e produtos de metal (6,4%). Nota-

se que as importações (cerca de R$ 1,8 bilhões) são relevantes, se medidas em

proporção das compras totais do setor (28,5%), sendo responsáveis por déficits

crescentes ao longo dos últimos anos no Brasil, como será abordado nas seções

seguintes.

Por fim, a Figura 2.3 mostra que as vendas destinadas à formação bruta de capital fixo

(R$ 41,1 bilhões) e às exportações (R$ 3,8 bilhões) são os principais destinos da

produção, na forma de demanda final. Como já observado, é relevante as vendas de

peças e acessórios para a agricultura, silvicultura e exploração florestal, que é o principal

setor da demanda intermediária, , com transações que totalizam cerca de R$ 4 bilhões ou

72% das vendas intersetoriais. A presença de setores como petróleo e gás natural e

minério de ferro ilustra a capacidade de oferta do setor, fornecendo também para setores

não-agrícolas, especialmente peças e acessórios de tratores agrícolas usados como

máquinas tracionadas de apoio. Em termos de fornecedores, a figura demonstra compras

que totalizam mais de R$ 18 bilhões, das quais 40,6% se devem à fabricação de aço e

derivados, 25% a produtos de metal, 16,2% à metalurgia de metais não-ferrosos, 10,2% a

máquinas, aparelhos e materiais elétricos e 7,8% a artigos de borracha e plástico.

Page 11: Inovação Inovação

10

Figura 2.2 Cadeia Produtiva da Indústria de Defensivos Agrícolas, transações intersetoriais,

2005 (R$ milhões).

Álcool

Químicos Inorgânicos

Defensivos agrícolas

Agricultura, silvicultura,

exploração florestal

Pecuária e pesca

Produtos e preparados químicos diversos 971

783

6153 9496

9103

393

1855

1447Demais Químicos

1646

Exportações786

Artigos de borracha e plástico

Produtos de metal -exclusive máquinas e

equipamentos

704

393

Importações

1754

Fonte: Elaboração própria a partir da MIP, 2005.

Figura 2.3 Cadeia Produtiva da Indústria de Máquinas e Equipamentos Agrícolas, transações

intersetoriais, 2005 (R$ milhões).

Máquinas, aparelhos e materiais elétricos

Fabricação de aço e derivados

Máquinas Agrícolas

Agricultura, silvicultura,

exploração florestal

Petróleo e gás natural Metalurgia de metais não-ferrosos

1886

18495 5547

4013

802

7512

4646

Produtos de metal -exclusive máquinas e

equipamentos1878

Artigos de borracha e plástico 1449

732

3002

Minério de ferro

Investimento

45003

3831Exportações

Fonte: Elaboração própria a partir da MIP, 2005.

Para avaliar a magnitude do impacto potencial sobre a atividade econômica decorrente da

elevação da produção (ou demanda) do setor considerado, foi construída a Tabela 2.2

Page 12: Inovação Inovação

11

que apresenta os multiplicadores simples de produção dos setores. Nesse caso, se a

demanda por produtos químicos inorgânicos, defensivos e máquinas agrícolas crescer

1%, o crescimento induzido da produção na economia será de 2,38%, 2,30% e 1,87%.

Desses impactos, 1,12%, 1,12% e 1,03% representam o aumento da produção nos

próprios setores de químicos inorgânicos, defensivos e máquinas agrícolas,

respectivamente (efeito multiplicador direto), enquanto que o aumento da produção dos

outros setores da economia (efeito multiplicador indireto) será de, respectivamente,

1,26%, 1,18% e 0,84%. Com exceção do setor de bens de capital agrícolas, nota-se que

os valores dos multiplicadores da produção dos setores de químicos inorgânicos e

defensivos agrícolas estão acima da média observada para a economia brasileira em

2005 (1,88).

O efeito multiplicador indireto predomina sobre o direto, com exceção de máquinas

agrícolas. Por se tratar de indústrias produtoras de insumos de natureza intermediária,

tanto produtos químicos inorgânicos quanto defensivos agrícolas apresentam elevados

efeitos multiplicadores, possuindo natureza estratégica para a economia brasileira, pois

possuem significativo número de encadeamentos intersetoriais, viabilizam a

competitividade da produção agrícola e a oferta de alimentos a baixos preços. Além disso,

a produção de defensivos agrícolas envolve elevado grau de conhecimento tecnológico

nas áreas de química fina e biotecnologia. Embora possua menor efeito multiplicador total

em comparação com os dois últimos, o setor de bens de capital agrícolas possui grande

potencial de difusão de tecnologia e produtividade para a agricultura e outros setores,

revelando também natureza estratégica para a economia brasileira.

Tabela 2.2

Multiplicadores Simples de Produção (2005)

Setor Multiplicador Simples de Produção Participação no total (em %) Total Direto Indireto Direto Indireto

(A+B) (A) (B) (A/Total) (B/Total) Químicos Inorgânicos 2,38 1,12 1,26 47,04 52,96 Defensivos agrícolas 2,30 1,12 1,18 48,60 51,40 Máquinas Agrícolas 1,87 1,03 0,84 55,15 44,85

Fonte: Elaboração própria a partir da MIP, 2005.

De forma análoga, com o intuito de avaliar o impacto dos setores sobre a geração de

empregos nos próprios setores assim como nos outros setores da economia brasileira,

Page 13: Inovação Inovação

12

foram calculados os coeficientes setoriais de emprego, que representam o número de

trabalhadores dividido pelo valor da produção (Tabela 2.3). Os indicadores revelam que

os setores de produtos químicos inorgânicos, defensivos e máquinas agrícolas, nessa

ordem, possuem maior capacidade geradora de empregos totais, ainda que tal

capacidade se apresente modesta em relação a outros setores da economia brasileira,

que são mais intensivos em trabalho.2

Tabela 2.3 Coeficientes setoriais de emprego

(Ocupações/valor da produção em R$ milhões de 2005)

Setor Coeficiente de Emprego

(Pessoal Ocupado/R$ milhões)

Total Superior Médio Inferior

Químicos Inorgânicos 1,5 0,4 0,6 0,5

Defensivos agrícolas 1,4 0,6 0,5 0,3

Máquinas Agrícolas 0,9 0,1 0,4 0,4 Fonte: Elaboração própria a partir da MIP, 2005.

Em termos de nível educacional dos empregos gerados, nota-se que os defensivos

agrícolas possuem maior indicador que relaciona o pessoal ocupado de nível superior ao

valor da produção do setor (0,6 contra 0,4 de químicos inorgânicos e 0,1 de máquinas

agrícolas). Em termos relativos, tal desempenho pode ser explicado pela natureza dos

conhecimentos científicos exigida no setor e pela necessidade de emprego de

agrônomos. Nos outros setores se destacam empregos com qualificação média e inferior.

Entretanto, os multiplicadores de emprego, decompostos por qualificação da mão-de-obra

(Tabela 2.4), revelam que, quaisquer que sejam os setores considerados, aumentos de

produção decorrentes de demandas adicionais criam preponderantemente empregos com

qualificação inferior. Em termos ilustrativos, nota-se que o setor de defensivos agrícolas

possui efeito multiplicador de 14,2 e o setor de químicos inorgânicos possui multiplicador

de 11,3. Máquinas agrícolas possuem menor multiplicador (8). Isso revela uma

capacidade de geração de 14, 11 e 8 empregos para cada R$ 1 milhão de produção de

cada setor, respectivamente. Desses empregos totais, a maioria é de qualificação inferior

para todos os setores. Cerca de 52% dos 14 empregos gerados com demanda adicional

2 Indicadores comparáveis de subsetores do complexo têxtil-vestuário, como vestuário, fiação e tecelagem e malharias são de, respectivamente, 14,08, 10,59 e 10,46.

Page 14: Inovação Inovação

13

de R$ 1 milhão no valor de produção do setor de defensivos agrícolas são de qualificação

inferior, o que pode refletir a produção de pesticidas genéricos (com patente expirada)

através da importação de ingredientes ativos de maior valor agregado. Esse tipo de

produção não exige mão-de-obra qualificada, ao contrário do pessoal que trabalha nas

áreas de P&D das empresas líderes de mercado e de tecnologia. Entretanto, tais

empregos se concentram nas sedes das empresas multinacionais que dominam o setor.

No caso dos químicos inorgânicos, 47% dos empregos é de qualificação inferior, o que se

pode explicar pela natureza relativamente simples das atividades de muitas firmas do

setor em termos de misturar ingredientes e insumos básicos dos fertilizantes, como uréia,

sulfato de amônio, fosfato monoamônio (MAP), superfosfato simples e cloreto de potássio,

dando origem aos fertilizantes granulados e às misturas do tipo NPK.

Tabela 2.4

Multiplicadores Simples de Emprego (Ocupações/R$ milhões de 2005)

Total (A+B+C) Superior (A) Médio (B) Inferior (C) Superior Médio Inferior

Químicos Inorgânicos

11,3 1,8 4,2 5,3 16 37 47

Defensivos agrícolas

14,2 2,2 4,5 7,4 16 32 52

Máquinas Agrícolas

8,0 1,1 3,4 3,5 14 42 44

SetorMultiplicadores Simples de Emprego

(Ocupações/R$ milhões) Participação por qualificação no

multiplicador total (%)

Fonte: Elaboração própria a partir da MIP, 2005.

2.1.1. PRODUTOS QUÍMICOS INORGÂNICOS

Segundo a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE 1.0), o setor de

produtos químicos inorgânicos possui a seguinte composição:

Produtos Químicos Inorgânicos (CNAE-241): compreende a fabricação de gás cloro, de hidróxidos e óxidos dos metais alcalinos, como hidróxido de potássio, hidróxido de sódio, etc.; a fabricação de intermediários para adubos e fertilizantes como ácido nítrico, ácido sulfúrico, ácido fosfórico, amônia (amoníaco liquefeito), fosfatos de amônio, uréia, etc.; a fabricação de adubos e fertilizantes fosfatados, nitrogenados e potássicos, compostos e complexos, para uso agrícola e doméstico; a fabricação de fertilizantes compostos NPK, etc.; a fabricação de gases industriais ou médicos, líquidos ou comprimidos como gases elementares (oxigênio, nitrogênio, hidrogênio, etc., ar líquido ou comprimido, gases refrigerantes, gases inertes como dióxido de carbono, misturas de gases industriais, acetileno, etc.); a

Page 15: Inovação Inovação

14

fabricação de gelo seco (anidrido carbônico); a fabricação de corantes e pigmentos inorgânicos de origem mineral ou sintética, em forma básica ou concentrada; a fabricação de elementos químicos - exceto metais, gases industriais elementares e elementos radioativos produzidos pela indústria de combustíveis nucleares; a fabricação de sílica-gel; a fabricação de outros produtos químicos inorgânicos como ácidos, bases, seus sais, etc.

Esse estudo foca especialmente a produção de fertilizantes, dado seu caráter de insumo

estratégico na agricultura. Há três tipos básicos de fertilizantes: nitrogenados, fosfatados e

potássicos.3

Os fertilizantes nitrogenados dependem essencialmente da amônia anidra para sua

produção. As unidades produtivas desse tipo de fertilizante são instaladas perto de

refinarias petroquímicas. No Brasil, podem ser citadas as seguintes fábricas de

fertilizantes nitrogenados: FAFEN, com unidades em Laranjeiras (SE) e Camaçari (BA);

Ultrafertil, em Cubatão (SP) e Araucária (PR).

Os fertilizantes fosfatados precisam de rochas fosfáticas e de ácido sulfúrico para sua

produção. No primeiro caso, o Brasil possui rochas que precisam passar por processos

químicos (“flotação”) para eliminar impurezas e tentar elevar o teor de fósforo do mineral

fluorapatita. No segundo caso, a obtenção de ácido sulfúrico ocorre por intermédio do

enxofre, que é um mineral inexistente no Brasil. Outra forma de obtenção do enxofre é por

meio da recuperação de gases ácidos do petróleo, o que é realizado pela Petrobrás.

Entretanto, a estatal produz apenas 7% do enxofre demandado no País, que é destinado

a indústrias químicas, de cosméticos e de papel e celulose.

Os fertilizantes potássicos são oriundos de processos de beneficiamento de rochas desse

mineral. A Cia. Vale do Rio Doce é a única empresa que produz potássio no País,

operando, por concessão da Petrobrás, a jazida de Taquari/Vassouras em Sergipe.

O setor de produtos químicos inorgânicos, especialmente fertilizantes, tem sua dinâmica

intimamente vinculada à sazonalidade da agricultura brasileira. Desse modo, estimativas

apontam que 70% das vendas de fertilizantes ocorrem no segundo semestre do ano,

3 Boa parte das informações referentes aos tipos de fertilizantes baseia-se em Dias e Fernandes (2006).

Page 16: Inovação Inovação

15

coincidindo com o plantio da safra de verão, principalmente das culturas de soja, milho,

café e cana-de-açúcar, as quais absorvem 73% dos fertilizantes consumidos no País.4

Além da sazonalidade, a conjuntura econômica agrícola tem impactos diretos sobre o

setor de produtos químicos inorgânicos. Entre 1996 e 2006, o valor bruto da produção

(VBP), como percentual do VBP da indústria de transformação brasileira, apresentou

tendência de crescimento até 2004, atingindo 2,9% (Tabela 2.5). Nota-se que a série de

VBP apresenta máximo valor também em 2004, com cerca de R$ 13,3 bilhões em

vendas. A partir desse momento, tal tendência sofre inflexão, com vendas tornando-se

42% menores em 2005 (R$ 7,7 bilhões), em comparação com 2004. A crise teve origem,

de acordo com Dias e Fernandes (2006), por três fatores: problemas climáticos em

regiões específicas do País, como a longa estiagem da região Sul; aumento dos preços

dos insumos, refletindo alta das cotações internacionais de petróleo; apreciação do real

frente ao dólar; baixos preços recebidos pelos agricultores; e endividamento dos

produtores rurais, principalmente da cultura de soja (Ferreira e Vegro, 2006a; Dias e

Fernandes, 2006). O período de 1996-2005 também é marcado por redução ininterrupta

do indicador de agregação de valor no setor (VTI/VBP), o qual se recupera ligeiramente

em 2006, comparando-se com 2005, atingindo o patamar de 0,35.

Esse comportamento também pode ser constatado pela receita líquida de vendas.

Corroborando os dados da Tabela 2.6, o setor apresenta considerável oscilação da taxa

de crescimento anual da receita líquida de vendas, embora no período 1996-2006 ainda

seja possível observar crescimento médio de 2,5%. O ano de maior queda foi o de 2005,

em relação a 2004, com taxa negativa de crescimento de 22,8%. O Gráfico 2.1 permite

observar tal comportamento, deixando claro que o resultado obtido em 2005 interrompeu

uma tendência de crescimento mais vigorosa que havia se iniciado em 2002. Mesmo

assim, o resultado de 2006 é R$ 6 bilhões maior que o do início do período, em 1996.

4 Estimativa extraída de Dias e Fernandes (2006). Em 2007, as culturas que mais usaram fertilizantes foram: soja (33,9%), milho (19,3%), cana-de-açúcar (13,8%), café (6,3%) algodão herbáceo (4,9%) e arroz (3,1%), totalizando 75,8% do consumo total (Ferreira e Vegro, 2008).

Page 17: Inovação Inovação

16

Tabela 2.5 Valor Bruto da Produção e da Transformação

Industrial na Indústria de Produtos Químicos Inorgânicos. Período: 1996-2006 (em R$ bilhões)

Ano VBP VTI VTI/VBP % VBP nacional

1996 5,1 2,5 0,44 1,93

1997 7,2 3,3 0,41 1,91

1998 8,1 3,1 0,35 2,10

1999 5,7 2,3 0,39 2,35

2000 6,3 2,5 0,36 2,25

2001 8,5 3,5 0,36 2,34

2002 9,1 3,6 0,36 2,28

2003 10,5 4,2 0,37 2,82

2004 13,3 5,4 0,34 2,90

2005 7,7 2,9 0,30 2,24

2006 6,8 2,6 0,35 1,99 Fonte: SIDRA-IBGE, PIA. Deflacionados pelo IPA-OG.

Tabela 2.6 Receita Líquida de Vendas na Indústria de

Produtos Químicos Inorgânicos. Período: 1996-2006.

Ano R$ bilhões de 2006

Taxa de crescimento a.a. (%)

1996 20,3 -

1997 18,6 -8,4

1998 21,8 17,4

1999 25,1 15,2

2000 24,6 -2,1

2001 26,9 9,2

2002 25,5 -4,9

2003 31,1 21,9

2004 34,9 12,1

2005 26,9 -22,8

2006 26,1 -3,2

1996-2006 - 2,5 Fonte: SIDRA-IBGE, PIA. Deflacionados pelo IPA-OG.

Page 18: Inovação Inovação

17

Gráfico 2.1 Receita Líquida com Vendas Industriais de Produtos Químicos Inorgânicos.

Período: 1996-2006 (em R$ bilhões).

0

10

20

30

40

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Bil

es

(R$

)

Receita líquida de vendas

Fonte: SIDRA-IBGE, PIA. Deflacionados pelo IPA-OG.

O processo de desconcentração regional da agricultura brasileira, com a recente

ocupação dos cerrados e regiões da floresta amazônica, aumentou a dependência

externa brasileira em relação aos fertilizantes e aos seus insumos. Ao lado do crescente

consumo, há uma tendência recente de encarecimento dos preços pagos pelos

agricultores pelos fertilizantes, especialmente de janeiro de 2007 a setembro de 2008,

conforme Gráfico 2.2.

A escalada dos preços internos dos fertilizantes deve-se ao aumento dos preços de suas

matérias-primas no mercado internacional, as quais, por sua vez, acompanharam o

aumento dos preços do petróleo, que é necessário para produção de nitrogênio. Além

disso, a crescente demanda mundial de alimentos trouxe reflexos sobre os preços dos

fertilizantes. Apenas a partir de outubro de 2008 é que se nota reversão da tendência de

aumento iniciada em 2006 por causa de fatores vinculados ao desaquecimento

econômico em virtude da crise financeira mundial e conseqüente escassez de crédito, os

quais afetaram negativamente os preços das commodities agrícolas, diminuindo a

demanda dos produtores agrícolas brasileiros.

Page 19: Inovação Inovação

18

Gráfico 2.2 IPA do setor de fertilizantes em relação ao IGP-DI (normalizado para 100)

0

50

100

150

200

250

ago

/94

fev/

95

ago

/95

fev/

96

ago

/96

fev/

97

ago

/97

fev/

98

ago

/98

fev/

99

ago

/99

fev/

00

ago

/00

fev/

01

ago

/01

fev/

02

ago

/02

fev/

03

ago

/03

fev/

04

ago

/04

fev/

05

ago

/05

fev/

06

ago

/06

fev/

07

ago

/07

fev/

08

ago

/08

IPA-OG - fertilizantes / IGP-DI IGP-DI / IGP-DI

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do IpeaData.

O Gráfico 2.3 revela que o cloreto de potássio, o sulfato de amônio e a uréia

apresentaram variação de preços em dólar (FOB) de, respectivamente, 156%, 100% e

80% entre 2007 e 2008.5 Todos esses insumos, no entanto, já sinalizavam tendência de

alta desde o ano de 2003, após relativa estabilidade no período 1996-2003.

Logo, necessidades crescentes de uso de fertilizantes e encarecimento internacional da

matéria-prima refletem-se no comportamento das importações brasileiras, constatado pelo

Gráfico 2.4, que possuem vertiginoso crescimento, principalmente a partir de 2006. Em

2008, as importações alcançaram o valor de US$ 8,9 bilhões contra US$ 2,7 bilhões de

2006, o que significa um crescimento de 226%. Como a exportações são relativamente

inexpressivas, há um déficit comercial crescente no setor. Não há qualquer perspectiva de

reversão dessa tendência no curto prazo, se forem consideradas alguns fatores

conjunturais apontados na literatura, entre os quais podem ser citados: 1) aumento da

demanda mundial de fertilizantes, tendo em vista a maior necessidade de produção de

5 Informações de Ferreira e Vegro (2008) revelam que esses e outros insumos dos fertilizantes continuaram a apresentar brusca variação positiva nos primeiros meses de 2008.

Page 20: Inovação Inovação

19

alimentos; 2) maior uso de fertilizantes nas culturas voltadas para a produção de

combustíveis limpos; 3) colapso da oferta de curto prazo de insumos como gás natural,

ácido sulfúrico e ácido fosfórico; e 4) encarecimento dos insumos cuja produção depende

do petróleo (Ferreira e Vegro, 2008).

Gráfico 2.3 Preço de Importação de Insumos da Indústria de Produtos Químicos Inorgânicos

(em US$/tonelada). Período: 1996-2008.

0

100

200

300

400

500

600

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

US

$ /

to

ne

lad

a

Uréia Sulfato de Amônio Cloreto de Potássio

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da Secex/MDIC.

Dias e Fernandes (2006) também ressaltam que a produção brasileira de fertilizantes é

prejudicada por elevados custos de produção decorrentes, em parte, das dificuldades

logísticas, representadas pela insuficiente infra-estrutura portuária e pelos preços dos

fretes da matéria-prima. Além disso, constata-se também que tributos, como ICMS,

oneram a produção nacional de fertilizantes em relação às importações, que gozam de

isenção desse tributo.6 Todos esses fatores causam a substituição da produção interna

pelas importações, o que se coloca como fator explicativo adicional para o

comportamento recente das importações brasileiras de fertilizantes e seus insumos. O

6 A ausência de isonomia tributária inviabiliza produção e investimentos de fertilizantes fosfatados em empresas, como Fosfertil e Copebrás, em função de vantagens tributárias de produtos importados. Disponível em: http://www.valoronline.com.br/ValorImpresso/MateriaImpresso.aspx?dtmateria=12-12-2007&codmateria=4682031&codcategoria=306&tp=12&searchTerm=fertilizantes_nacionais&scrollX=0&scrollY=709&tamFonte=.

Page 21: Inovação Inovação

20

Gráfico 2.5 sinaliza essa tendência ao mostrar uma variação 387% das importações de

adubos entre 2006 e 2008.

Gráfico 2.4 Exportações e Importações da Indústria de Produtos Químicos Inorgânicos.

Período: 1996-2008 (em US$ milhões).

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

9000

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Mil

es

(US

$)

Exportação Importação

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da Secex/MDIC.

Dentre os três principais macronutrientes da agricultura, a principal dependência brasileira

é em relação ao potássio, ainda que a capacidade nacional de produção de nitrogênio e

fósforo sejam também menores que as necessidades de consumo. Em 2006, o Brasil

consumiu 2,24 milhões de toneladas de nitrogênio (terceiro maior consumidor mundial),

2,83 milhões de toneladas de fósforo (quarto maior consumidor mundial) e 3,39 milhões

de toneladas de potássio (terceiro consumidor mundial). Essa dependência alimenta

intenções do governo brasileiro de realizar investimentos no setor, a partir da Petrobrás e

através de parcerias da estatal com empresas privadas, como no caso de exploração de

jazidas. A incerteza gerada pela expansão do cultivo no Centro-Oeste e a dificuldade de

entrada do produto importado a preços competitivos, dada a distância da região dos

portos e o conseqüente custo elevado do frete, fomenta hipóteses como a integração para

trás por parte de produtores e comercializadores de soja do Centro-Oeste (Dias e

Fernandes, 2006).

Page 22: Inovação Inovação

21

Gráfico 2.5 Importação de Fertilizantes (em US$ milhões). Período: 1996-2008.

0

100

200

300

400

500

600

700

800

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Mil

es

(US

$)

Adubos

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da Secex/MDIC.

2.1.2. DEFENSIVOS AGRÍCOLAS

Segundo a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), o setor de

defensivos agrícolas possui a seguinte composição:

Defensivos Agrícolas (CNAE-246): compreende a produção de formulações químicas e seus princípios ativos para o controle de insetos na agricultura e para uso doméstico; a fabricação de formulações químicas e seus princípios ativos para o controle de fungos na agricultura; a fabricação de formulações químicas e seus princípios ativos para controle de ervas daninhas na agricultura; a fabricação de outros defensivos agrícolas (acaricidas, formicidas, etc.).

A principal cultura usuária de defensivos agrícolas no Brasil é a de soja, totalizando 38,5%

do valor total das vendas. Outras culturas, que se destacam pelo consumo, são: cana-de-

açúcar (12,6%), algodão herbáceo (10,3%), milho (7,5%), café (4,9%) e citros (4,2%). Se

forem somadas, representam 78% do valor comercializado em 2006.7

7 Ferreira et al. (2008).

Page 23: Inovação Inovação

22

Entre 1996 e 2006, o valor bruto da produção (VBP), como percentual do VBP da

indústria de transformação brasileira, apresentou tendência de crescimento até 1999,

atingindo 1,04% (Tabela 2.7). Entretanto, tal tendência é interrompida no ano de 2000,

retornando a apresentar crescimento após esse ano até 2004, quando o VBP atinge seu

maior valor no período 1996-2006 (1,39%). Com a crise agrícola de 2005, a trajetória

desse indicador retorna a diminuir sua participação no total da indústria de transformação.

Em relação a 2004, a queda do VBP equivale a uma perda setorial de R$ 6,2 bilhões. A

relação entre o valor agregado e o valor bruto da produção possui comportamento ainda

pior, tendo em vista que o indicador recua de 0,40 em 1999, valor máximo do período

1996-2006, para 0,33 em 2006. Nota-se que tal valor situa-se num patamar inferior ao do

ano de 1996 (0,38).

Por outro lado, o comportamento da receita líquida de vendas apresentou crescimento no

período 1996-2006 de 4,1% ao ano (Tabela 2.8), ainda que tenha ocorrido oscilação

acentuada no período, que reflete as tendências dos outros indicadores, apontadas no

parágrafo anterior. Se comparados os Gráficos 2.1 e 2.6, verifica-se que a trajetória da

receita líquida de vendas entre fertilizantes e defensivos é muito similar, compartilhando

momentos de ascensão e quedas, pois ambos os setores são intimamente ligados ao

comportamento produtivo da agricultura.

Page 24: Inovação Inovação

23

Tabela 2.7 Valor Bruto da Produção e da Transformação

Industrial na Indústria de Defensivos Agrícolas. Período: 1996-2006 (em R$ bilhões).

Ano VBP VTI VTI/VBP % VBP nacional

1996 7,1 2,7 0,38 0,68

1997 8,1 3,0 0,37 0,76

1998 9,5 3,2 0,33 0,92

1999 11,0 4,5 0,40 1,04

2000 9,0 3,3 0,37 0,81

2001 11,2 3,6 0,32 0,98

2002 10,3 4,0 0,39 0,91

2003 12,7 4,7 0,37 1,15

2004 16,7 6,2 0,37 1,39

2005 11,1 3,9 0,35 0,93

2006 10,5 3,5 0,33 0,83 Fonte: SIDRA-IBGE, PIA. Deflacionados pelo IPA-OG.

Tabela 2.8 Receita Líquida de Vendas na Indústria

de Defensivos Agrícolas. Período: 1996-2006.

Ano R$ bilhões de 2006

Taxa de crescimento a.a. (%)

1996 6,9 -

1997 7,5 9,2

1998 9,1 20,5

1999 10,2 12,2

2000 8,6 -15,5

2001 10,5 21,7

2002 10,0 -4,8

2003 12,8 28,3

2004 15,8 23,4

2005 11,0 -30,6

2006 10,3 -5,9

1996-2006 - 4,1 Fonte: SIDRA-IBGE, PIA. Deflacionados pelo IPA-OG.

Page 25: Inovação Inovação

24

Gráfico 2.6 Receita Líquida com Vendas Industriais de Defensivos Agrícolas.

Período: 1996-2006 (em R$ bilhões).

0

4

8

12

16

20

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Bil

es

(R$

)

Receita líquida de vendas

Fonte: SIDRA-IBGE, PIA. Deflacionados pelo IPA-OG.

O Gráfico 2.7 revela aumentos de preços relativos dos artigos de suprimentos

agropecuários, que é um índice que mede variações de preços de fertilizantes, defensivos

agrícolas e medicamentos veterinários. Nota-se que o IPA-Suprimentos Agropecuários

apresenta aumento relativo em relação ao IGP durante a maior parte do período

considerado após fevereiro de 1999. A tendência de aumento se mostra mais forte a partir

de dezembro de 2006 até outubro de 2008, quando os preços desses artigos passam a

retornar para a média geral de preços.

A trajetória das importações de defensivos agrícolas apresenta forte aumento a partir de

2002 até 2004 (Gráfico 2.8). Em 2002, as importações totalizavam US$ 496 milhões, ao

passo que, até 2004, houve 126% de aumento, atingindo a cifra de US$ 1,1 bilhões. Esse

desempenho das importações pode ser explicado pelo comportamento da taxa de

câmbio, pois coincide com a fase de contínua apreciação da moeda nacional frente ao

Page 26: Inovação Inovação

25

dólar.8 Outro argumento que explica a evolução das importações até 2006 é a magnitude

e o destino dos investimentos realizados no Brasil pelas empresas do setor. Segundo

Terra (2008), observa-se que os investimentos realizados em 2006 e 2007 representaram

apenas 22% do total de 2001 e destinaram-se à modernização das plantas produtivas, ao

invés da ampliação da capacidade produtiva. Dessa forma, as necessidades crescentes

da agricultura brasileira foram atendidas pela produção externa.

Gráfico 2.7

IPA do setor de suprimentos agropecuários em relação ao IGP-DI (normalizado para 100)

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

ago

/94

mar

/95

ou

t/9

5

mai

/96

dez

/96

jul/

97

fev/

98

set/

98

abr/

99

no

v/9

9

jun

/00

jan

/01

ago

/01

mar

/02

ou

t/0

2

mai

/03

dez

/03

jul/

04

fev/

05

set/

05

abr/

06

no

v/0

6

jun

/07

jan

/08

ago

/08

mar

/09

IPA-EP suprimentos agropecuários / IGP-DI IGP-DI / IGP-DI

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do IpeaData.

O ano de 2004 também marca reversão da tendência de aumento das importações, que

caem 88% até 2007. Isso se explica por causa da crise do agronegócio brasileiro, em

particular das culturas de soja, algodão, arroz, feijão e trigo, pois outras culturas

continuaram a consumir mais defensivos em relação aos anos anteriores, como cana-de-

açúcar, café, batata inglesa, citros, tomate envarado, fumo e maçã, por causa do

aquecimento da demanda interna ou de preços internacionais em alta.9 Nota-se que a

queda das importações de defensivos se acentua ao longo de todos os meses de 2006

8 Dados do IPEADATA mostram que o Real apresenta tendência de apreciação frente ao Dólar desde o final de 2002 até recentemente em meados de 2008. 9 Ferreira e Vegro (2006b). Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/out/verTexto.php?codTexto=6452.

Page 27: Inovação Inovação

26

até 2007, o que se explica pelo endividamento dos produtores rurais que diminuíram as

compras de defensivos. Estimativas apontam que a dívida agrícola aumentou de 35,3%

do PIB, em 1999, para 54,8%, em 2006.10 As dívidas foram contraídas no período de

aquecimento do agronegócio (2002-2005) e aumentaram com a queda dos preços

agrícolas a partir de 2006.

Gráfico 2.8

Exportações e Importações de Defensivos Agrícolas. Período: 1996-2008. (em US$ milhões)

0

200

400

600

800

1000

1200

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Mil

es

(US

$)

Exportação Importação Fonte: Elaboração própria a partir de dados da Secex/MDIC.

As exportações de defensivos agrícolas apresentaram crescimento de 53%, no período

1996-2006. A trajetória de crescimento foi interrompida pela crise financeira internacional,

que afetou as vendas externas dos anos de 2007 e 2008. Há indícios, porém, de que as

exportações têm se concentrado em produtos ou ingredientes de menor valor agregado e

com menor densidade tecnológica. A Tabela 2.9 mostra o indicador valor/peso (US$

FOB/Kg) dos produtos exportados e importados. No caso das exportações, tal indicador

sofre redução ao longo do período, passando de 6,65 US$/Kg em 1996 para 3,84 US$/Kg

em 2008. Ao mesmo tempo, as importações de ingredientes ou de produtos de alto valor

agregado para fabricação de defensivos no Brasil mostra duas fases distintas. Na 10 IICA (2007, p. 67).

Page 28: Inovação Inovação

27

primeira, houve tendência decrescente até 2002, quando o indicador diminui de 7,36

US$/Kg para 5,85 US$/Kg. Na segunda fase, porém, o indicador retoma tendência de

crescimento, atingindo 7,51 US$/Kg. O aumento do valor agregado médio dos produtos

importados reflete dependência tecnológica crescente do Brasil no setor.

Tabela 2.9

Valor Médio das Exportações e Importações de Defensivos Agrícolas. Período: 1996-2008

(em US$ FOB / Kg) Ano Importação Exportação

1996 7,36 6,65

1997 7,71 6,58

1998 7,91 7,10

1999 7,50 5,92

2000 6,80 5,45

2001 6,13 5,37

2002 5,85 5,63

2003 6,16 4,90

2004 6,63 4,99

2005 7,24 5,32

2006 6,71 5,31

2007 7,18 5,21

2008 7,51 3,84 Fonte: Elaboração própria a partir de dados da Secex/MDIC.

2.1.3. MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

Segundo a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), o setor de

máquinas e equipamentos agrícolas possui a seguinte composição:

Tratores, máquinas e equipamentos para a agricultura, avicultura e obtenção de produtos animais (CNAE-293): compreende a fabricação de máquinas para agricultura, como arados, grades, adubadoras, semeadeiras, colhedeiras, trilhadeiras e semelhantes; a fabricação de máquinas e aparelhos para extinção de pragas: pulverizadores, polvilhadeiras e semelhantes; a fabricação de máquinas e aparelhos de tração animal; a fabricação de máquinas e equipamentos para avicultura, apicultura, cunicultura e criação de pequenos animais (incubadoras, criadeiras, comedouros, colméias, fumigadores, etc.); a fabricação de máquinas, aparelhos e materiais para obtenção de produtos de origem animal (ordenhadoras mecânicas, tosquiadores de lã, etc.); a fabricação de máquinas para beneficiamento ou preparação de produtos agrícolas, como máquinas para

Page 29: Inovação Inovação

28

beneficiar algodão, café, arroz, debulhadoras para milho, instalações para classificação, seleção e beneficiamento de frutas e semelhantes; a fabricação de carroçarias e carretas agrícolas; a fabricação de peças e acessórios para máquinas agrícolas; a instalação de máquinas agrícolas; a fabricação de tratores agrícolas, bem como suas peças e acessórios.

O setor de máquinas e equipamentos agrícolas possui valor da produção e valor

adicionado que atingem valor máximo, em 2004, de R$ 13,3 bilhões e R$ 5,4 bilhões,

respectivamente (Tabela 2.10). Esses valores representam 160% e 116% de aumento em

relação ao ano de 1996 e sinalizam o último ano de aquecimento do agronegócio

brasileiro antes da crise de 2005 e 2006, que reduziram as encomendas de bens de

capital por parte dos agricultores. Nota-se que em 2004 o setor aumentou sua

participação no valor de produção da indústria nacional para 1,11%. Aliado ao bom

momento de aumento dos preços das commodities, o crescimento que se verificou até

2004, pode também ser atribuído ao Programa MODERFROTA,11 que financiou vendas

de tratores e colheitadeiras para produtores agrícolas brasileiros, com juros subsidiados e

pré-fixados, com prazo de cinco anos para pagamento.

Entretanto, após os dois anos de crise, a participação se reduziu para 0,54%. Isso se

deveu ao declínio dos preços das principais commodities e expressivo aumento nos

custos de produção da indústria, considerando-se o preço do aço e dos pneumáticos

(Vegro e Ferreira, 2005). Independente dos valores de produção registrados nos anos de

aquecimento econômico, o indicador VTI/VBP mostra um decréscimo, de 0,49 para 0,38,

do grau de agregação de valor na produção nacional de máquinas e equipamentos

durante todo o período.

11 Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e Colheitadeiras, que foi instituído pelo Banco Central do Brasil através da Resolução 2.699 de 24/02/2000 com recursos do BNDES e Agência Especial de Financiamento Industrial (FINAME).

Page 30: Inovação Inovação

29

Tabela 2.10 Valor Bruto da Produção e da Transformação

Industrial de Máquinas e Equipamentos Agrícolas. Período: 1996-2006 (em R$ bilhões)

Ano VBP VTI VTI/VBP % VBP nacional

1996 5,1 2,5 0,49 0,49 1997 7,2 3,3 0,46 0,68 1998 8,1 3,1 0,39 0,78 1999 5,7 2,3 0,41 0,54 2000 6,3 2,5 0,40 0,57 2001 8,5 3,5 0,41 0,74 2002 9,1 3,6 0,40 0,81 2003 10,5 4,2 0,40 0,95 2004 13,3 5,4 0,40 1,11 2005 7,7 2,9 0,37 0,65 2006 6,8 2,6 0,38 0,54 Fonte: SIDRA-IBGE, PIA. Deflacionados pelo IPA-OG.

A receita líquida do setor é coerente com a descrição acima, mostrando valor máximo em

2004 (R$ 13 bilhões) e redução de 38,8% desse valor em 2005, ainda que o período,

como um todo, tenha registrado crescimento de 3,3% a.a. (Tabela 2.11). O Gráfico 2.9

mostra que o ciclo de crescimento nas vendas, iniciado em 1999, fora interrompido em

2004.

Em relação ao comércio exterior, o setor teve déficit comercial no período 1999-2001

(Gráfico 2.10). A partir de 2001, as exportações iniciaram trajetória de vigoroso

crescimento até 2008. A fase de crescimento iniciada em 2001 é atribuída ao impacto da

desvalorização do real a partir de 1999 e ao desenvolvimento de produtos, marketing,

distribuição, logística e assistência técnica por parte dos produtores nacionais (Vegro e

Ferreira, 2001). A introdução do Programa MODERFROTA também criou efeitos indiretos

sobre as vendas externas de tratores e colheitadeiras, ainda que este não fosse o objetivo

inicial do Programa. Isso ocorreu devido ao ganho de escala e ao aumento de

capacitação tecnológica que foram decorrentes dos investimentos financiados pelo

Programa (Pontes, 2004).

Page 31: Inovação Inovação

30

Tabela 2.11 Receita Líquida de Vendas na Indústria de Máquinas e

Equipamentos Agrícolas. Período: 1996-2006.

Ano R$ bilhões de 2006

Taxa de crescimento a.a. (%)

1996 5,1 - 1997 7,1 38,8 1998 8,1 13,5 1999 5,7 -29,4 2000 6,3 9,8 2001 8,4 33,8 2002 9,0 7,9 2003 10,4 15,0 2004 13,0 25,5 2005 8,0 -38,8 2006 7,1 -10,8

1996-2006 - 3,3 Fonte: SIDRA-IBGE, PIA. Deflacionados pelo IPA-OG.

Gráfico 2.9

Receita Líquida com Vendas Industriais de Máquinas e Equipamentos Agrícolas. Período: 1996-2006 (em R$ bilhões).

0

3

6

9

12

15

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Bil

es

(R$

)

Receita líquida de vendas

Fonte: SIDRA-IBGE, PIA. Deflacionados pelo IPA-OG.

O desaquecimento das vendas externas ocorrido em 2005 deveu-se à valorização da

moeda nacional e à queda nas cotações das commodities no mercado internacional, que

afetaram os agricultores de forma geral. Soma-se a isso o fato de as vendas brasileiras

Page 32: Inovação Inovação

31

serem muito concentradas para países da América do Sul (51% em 2005), que possuem

agronegócio similar ao do perfil brasileiro, fazendo com que os ciclos de negócios e seus

efeitos sejam coincidentes (Vegro et al., 2005; Ferreira e Vegro, 2006). O desempenho

das exportações, em 2007 e até meados de 2008, foi positivo, mesmo com intensa

valorização cambial, sugerindo forte competitividade internacional. Em 2008, as

exportações superaram R$ 2,3 bilhões, sendo 177% maiores que o valor de 2002 ou

259% maiores que o ano de 1996.

Gráfico 2.10 Exportações e Importações da Indústria de Máquinas

e Equipamentos Agrícolas. Período: 1996-2008 (em US$ milhões).

0

500

1000

1500

2000

2500

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Mil

es

(US

$)

Exportação Importação

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da Secex/MDIC.

As importações apresentam ritmo de crescimento até superior às exportações, a partir de

2002. O ano de 2008 representa valor 204% superior ao de 2002 ou 827% em relação a

1996. Nota-se que, mesmo com a crise dos anos de 2005 e 2006 e com câmbio

desfavorável, as compras de máquinas e equipamentos do exterior apresentaram valores

superiores ao do ano de 2004, refletindo as encomendas realizadas na época de bons

preços agrícolas (2002-2004).

Page 33: Inovação Inovação

32

2.2. ESTRUTURA E EVOLUÇÃO DA INDÚSTRIA

2.2.1. PRODUTOS QUÍMICOS INORGÂNICOS

No setor de produtos químicos inorgânicos foram identificadas 9 empresas líderes, 99

seguidoras e 127 frágeis (Gráfico 2.11; Tabela 2.12). Todas as líderes são inovadoras de

produto, enquanto que 48% inovam em processo e 77% apresentam esforço (interno ou

externo) de P&D.

Gráfico 2.11 Inovação nas Firmas Líderes, Seguidoras e Frágeis de Produtos Químicos

Inorgânicos (%).

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Inovadoras Inovadora de produto Inovadora de processo Investem em P&D

Líderes Seguidoras Frágeis

Nota: 9 Firmas Líderes, 99 Firmas Seguidoras e 127 Firmas Frágeis. Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

As empresas líderes são, em geral, de grande porte, possuindo em média 811

empregados, o que representa três vezes o tamanho das seguidoras ou dez vezes o

tamanho das frágeis (Tabela 2.13). O maior porte explica a capacidade de inovar em

produto e em processo.

Page 34: Inovação Inovação

33

No caso das seguidoras, as duas tendências de inovação apontadas acima não ocorrem

com tanta frequência. Parcela bem menor das seguidoras inova (52%), ainda que a

inovação de produto (42%) seja mais frequente que a de processo (32%). O envolvimento

das firmas com atividade de P&D situa-se em torno de 27%. No caso das frágeis, apenas

29% destas inovam, sendo mais comum a inovação de processo que a de produto,

existindo uma parcela mínima de firmas que se envolvem com atividade de P&D (4%).

Tabela 2.12

Porte das Firmas Líderes, Seguidoras e Frágeis na Indústria de Fabricação de Produtos Químicos Inorgânicos, 2005

Indicador Líderes Seguidoras Frágeis

Número de empresas 9 99 127

Pessoal Ocupado (número de pessoas) 7302 25805 10104

Salários Totais (R$ milhões) 373,3 885,9 154,3

Faturamento (R$ milhões) 6057,4 22542,2 3470,6

Lucros Totais (R$ milhões) 360,1 1557,6 153,4

Investimento Total (R$ milhões) 425,7 671,8 78,9

Exportação Total (R$ milhões) 43,1 411,1 -

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

Tabela 2.13 Indicadores da Indústria de Fabricação de Produtos Químicos Inorgânicos para

Líderes, Seguidoras e Frágeis, 2005 Indicador Líderes Seguidoras Frágeis Número de empresas 9 99 127 Salário médio (R$) 4261 2861 1273 Salário médio no pessoal industrial (R$) 2305 2441 1345

Pessoal Ocupado Médio 811 260 80 Faturamento médio (R$ milhões) 649,2 228,1 27,4 Lucro/Custo (%) 5,9 7,3 4,5 VTI/Faturamento (%) 20,6 24,8 18,3 Exportações/Faturamento (%) 0,7 1,8 - Importações/Custos (%) 5,6 10,9 12,2 Investimento/Faturamento (%) 7,0 3,0 2,3 Gasto P&D/Faturamento (%) 0,3 0,2 0,04

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

Page 35: Inovação Inovação

34

Embora constituam apenas 4% do número total de empresas, as líderes são responsáveis

por 19% do faturamento, 26% dos salários, 36% dos investimentos e 17% dos lucros. Em

relação às exportações, as líderes possuem menor propensão a exportar vis-à-vis as

seguidoras, tendo em vista o indicador de exportação como proporção do faturamento, ou

seja, 0,7 contra 1,8 (Tabela 2.13). Por outro lado, o valor exportado por empresa é de R$

4,8 milhões nas líderes e de R$ 4,1 milhões nas seguidoras. Ambos os valores são baixos

porque a estratégia principal tanto de nacionais quanto de filiais de multinacionais é a de

abastecer o mercado interno, cujas necessidades são crescentes, como mencionado na

seção anterior.

A Tabela 2.13 também aponta diferenças salariais das líderes em relação às seguidoras e

frágeis, que refletem a absorção de pessoal mais qualificado no que tange ao pessoal

ligado à área administrativa. Os salários das líderes são, em média, 49% maiores que os

das seguidoras e 234% maiores que os das frágeis. Por outro lado, em relação ao

pessoal alocado no “chão de fábrica”, o salário médio pago pelas líderes não segue

mesma tendência, sendo inclusive inferior ao que é pago nas seguidoras.

As seguidoras representam 42% do número de empresas, 60% do pessoal ocupado, 63%

dos salários, 70% do faturamento e 57% do investimento total (Tabela 2.13). Tanto as

seguidoras quanto as frágeis possuem indicadores de importações sobre custos cujos

valores se destacam em relação às líderes. Isso assinala a tendência de importação de

ingredientes para fabricação de fertilizantes, tendo em vista que as empresas de menor

porte atuam nos mercados de misturadores, importando os ingredientes para venda no

mercado interno. Nos últimos anos, também tem havido tendência de grandes empresas

do setor, como Bunge, Cargill e Trevo, atuarem no segmento de mistura, de acordo com

Fernandes et al. (2009).

As frágeis, que constituem 54% do número total de empresas, disputam um mercado

pulverizado, de alcance regional, e, em geral, produzem e comercializam misturas NPK

de fertilizantes simples, os quais também podem ser adquiridos e comercializados por

elas. Nesse sentido, apenas atendem o mercado interno e são responsáveis por

pequenas parcelas do faturamento (11%) e do investimento total (7%) realizado pelo

setor.

Page 36: Inovação Inovação

35

O número total de empresas do setor mostra evolução positiva no período de 1996-2005,

com taxa de crescimento de aproximadamente 27,94% (Tabela 2.14). O Gráfico 2.12

confirma que a tendência de crescimento do número de empresas continua em período

recente. A Tabela 3.3 revela que o crescimento do período 1996-2005 se deve mais ao

período 2000-2005 em relação ao período 1996-2000, comparando-se as taxas de 2,94%

contra 24,29%. Em relação ao porte, as empresas das faixas de até 49 empregados

(26,74%) e de 50 a 99 empregados (46,43%) apresentaram evolução significativa no

período. O maior crescimento, porém, ocorreu em empresas de porte intermediário (de

250 a 499 empregados), cujo número saltou de 10 para 20 empresas no período. Por

outro lado, o número de empresas de grande porte (acima de 500 até 999 empregados)

reduziu-se de seis para apenas três.

Tabela 2.14 Número de Empresas na Indústria de Produtos Químicos Inorgânicos

em 1996, 2000 e 2005. Número de empresas Taxa de crescimento (%) Pessoal ocupado 1996 2000 2005 96/00 00/05 96/05

ATÉ 49 632 651 801 3,01 23,04 26,74 DE 50 A 99 56 62 82 10,71 32,26 46,43 DE 100 A 249 44 40 50 -9,09 25,00 13,64 DE 250 A 499 10 15 20 50,00 33,33 100,00 DE 500 A 999 6 2 3 -66,67 50,00 -50,00 1000 OU MAIS 0 0 1 - - - Total 748 770 957 2,94 24,29 27,94 Fonte: RAIS/MTE.

Page 37: Inovação Inovação

36

Gráfico 2.12 Número de Empresas da Indústria de Produtos Químicos Inorgânicos (1996-2008)

748

1102

0

200

400

600

800

1000

1200

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Número de empresas

Fonte: Elaboração própria a partir da RAIS/MTE.

Os indicadores de participação de mercado e mark-up das firmas da indústria de produtos

químicos inorgânicos serão apresentados adiante, para o período de 1996 a 2006,

segundo a classificação líderes-seguidoras-frágeis. A metodologia consiste em identificar

tais empresas em 2005 e calcular seus indicadores ao longo do período, para se obter

uma análise temporal das firmas do setor classificadas como líderes, seguidoras e frágeis.

Em relação ao início do período analisado, as quatro maiores empresas do setor

apresentam evolução crescente de participação de mercado, variando de 25% em 1996

para 40% em 2004 (Gráfico 2.13). Após o ano de 2005, que marca um momento de crise

para a agricultura brasileira, o indicador CR4 se reduz para 32% em 2006, mas ainda

assim apresenta significativa evidência de concentração em relação ao ano de 1996. No

mesmo período, também é possível descrever comportamento similar para a participação

de mercado das oito maiores empresas (CR8). O poder de mercado das líderes está

associado à tendência de haver concentração da cadeia produtiva, em que algumas

empresas são altamente verticalizadas, produzindo desde as matérias-primas a

fertilizantes compostos, além de possuírem marcas globais e ampla rede de distribuição

dos seus produtos. Mesmo assim, em relação aos setores de defensivos e máquinas e

Page 38: Inovação Inovação

37

equipamentos agrícolas, a concentração de mercado pode ser considerada baixa, em que

a participação das líderes não impede a existência de um grande número de

competidores no mercado final de fertilizantes e componentes NPK, conforme

comparação realizada por Lemos (1992) para essas indústrias na década de 80.

É importante notar que o indicador de primazia apresenta relativa estabilidade de 1996

até 2000, ano em que parece haver uma quebra estrutural na qual a maior empresa do

setor passa a dominar, em 2001, 46% do mercado, em relação a 31% do ano de 2000

(Gráfico 2.14). O aumento de participação de mercado da líder coincide com o

nascimento, em 31 de agosto de 2000, da Bunge Fertilizantes, que foi formada pela

incorporação da Fertilizante Serrana à Manah, que passou ao controle da multinacional

Bunge em abril do mesmo ano. Nota-se que sua posição de liderança é sólida e, mesmo

com a crise agrícola do ano de 2005, o indicador permanece relativamente estável em

torno de 48%, embora com pequena redução comparativamente ao ano de 2002.

Gráfico 2.13

Participação de Mercado das Maiores Empresas de Produtos Químicos Inorgânicos (1996-2006)

0%

15%

30%

45%

60%

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

CR4 CR8

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA/IBGE.

Page 39: Inovação Inovação

38

Gráfico 2.14 Indicador de Primazia da Indústria de Produtos Químicos Inorgânicos (1996-2006)

0%

15%

30%

45%

60%

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Primazia 4 Primazia 8

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA/IBGE.

Em relação aos indicadores de mark-up das 4 maiores firmas (Gráfico 2.15), nota-se, em

geral, uma forte oscilação no período 1996-2005 em torno do valor mínimo de 27% e do

valor máximo de 49%. Em relação aos setores de defensivos e máquinas e equipamentos

agrícolas, as margens de lucro são menores, o que reflete um padrão competitivo

caracterizado por homogeneidade de produto, baixas barreiras à entrada e maturidade

tecnológica (Lemos, 1992). A série de mark-up do total de firmas do setor apresenta

mesmo comportamento, porém com amplitude um pouco inferior à observada acima. É

possível constatar que as margens de lucro do total de empresas passam a apresentar

padrão de oscilação menos intenso que o das quatro maiores firmas do setor e, de modo

geral, níveis percentuais superiores ao destas últimas.

Page 40: Inovação Inovação

39

Gráfico 2.15 Mark-up das Firmas na Indústria de Produtos Químicos Inorgânicos (1996-2006)

0%

15%

30%

45%

60%

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

MK total MK 4 maiores MK 8 maiores

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA/IBGE.

Pelo Gráfico 2.16, é possível observar o comportamento do indicador de Entropia de Theil

para o período 1996-2006, a fim de descrever o grau de concentração desse setor. Nota-

se que há duas fases bem distintas que são apontadas pelo indicador. De 1996 a 2004 há

nítido crescimento da concentração de mercado, ao passo que, de 2004 adiante, o

crescimento do indicador assinala relativa redução da concentração de mercado para

níveis similares ao de 2003.

Page 41: Inovação Inovação

40

Gráfico 2.16 Entropia de Theil para Indústria de Produtos Químicos Inorgânicos (1996-2006)

3,4

3,6

3,8

4

4,2

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Entropia de Theil

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA/IBGE.

2.2.2. DEFENSIVOS AGRÍCOLAS

O setor de defensivos agrícolas é composto apenas por sete firmas líderes e 36

seguidoras. Todas as líderes são inovadoras de produto e investem em P&D. Ampla

maioria (86%) inova em processo. Nas seguidoras apenas 33% das firmas inovam, sendo

a freqüência de inovadores de produto e processo de, respectivamente, 22% e 25%. Em

relação ao investimento em P&D, apenas um terço o realiza.

Page 42: Inovação Inovação

41

Gráfico 2.17 Inovação nas Firmas Líderes e Seguidoras de Defensivos Agrícolas (%)

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Inovadoras Inovadora de produto Inovadora de processo Investem em P&D

Líderes Seguidoras Nota: 7 Firmas Líderes e 36 Firmas Seguidoras Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

As Tabelas 2.15 e 2.16 permitem analisar as diferenças entre as líderes e

seguidoras, com base em diferentes indicadores. As líderes constituem 16% do número

total de empresas, sendo responsáveis por 77% do faturamento, 68,5% dos lucros totais,

78% da massa salarial total, 69% dos investimentos, 61% das exportações e 60,5% do

pessoal ocupado. Todos esses indicadores apontam que um número reduzido de

empresas domina a maior parte do mercado de defensivos agrícolas no Brasil. Essas

empresas dominam os dois conjuntos possíveis de produtos do mercado: patenteáveis,

frutos de esforços de P&D e criadores de lucros extraordinários, e genéricos

(equivalentes), que apenas precisam de registro nos órgãos públicos para efetuar sua

produção, tendo em vista que suas patentes já expiraram. Informações de Frenkel e

Silveira (1996) revelam que as líderes atuam também nos mercados de produtos

equivalentes que permitem ganhos de economias de escala e venda de matérias-primas

básicas (ingredientes ativos) para outros produtores de defensivos agrícolas. Em 2008, o

Page 43: Inovação Inovação

42

mercado de produtos equivalentes era estimado em 70% do valor global do mercado de

defensivos.12

Tabela 2.15 Porte das Firmas Líderes e Seguidoras na Indústria de

Defensivos Agrícolas (2005) Indicador Líderes Seguidoras

Número de empresas 7 36

Pessoal Ocupado (número de pessoas) 8229 5372

Salários Totais (R$ milhões) 528,9 151,3

Faturamento (R$ milhões) 9707,3 2937,2

Lucros Totais (R$ milhões) 344,7 158,3

Investimento Total (R$ milhões) 323,1 143,9

Exportação Total (R$ milhões) 171,8 110,0

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

As seguidoras, em sua maioria, exploram o mercado de produtos genéricos, tendo em

vista o não envolvimento com inovação e ausência de esforço relevante em P&D, para

grande parte delas.

A disparidade em relação ao tamanho de firmas nas categorias de líderes e seguidoras é

muito evidente. Enquanto as líderes faturam, aproximadamente, R$ 1,4 bilhão por firma,

as seguidoras, em média, faturam R$ 81 milhões. Indicadores de pessoal ocupado por

empresa também sinalizam tais diferenças de tamanho, tendo em vista que as líderes e

as seguidoras possuem, em média, 1.175 e 149 empregados. O tamanho maior das

primeiras explica a capacidade de suportar os custos fixos elevados de P&D. As

diferenças constatadas se refletem na remuneração média percebida pelos empregados,

não somente do quadro administrativo, mas também do “chão de fábrica”. Comparando-

se salários médios nas duas categorias, nota-se que nas líderes o salário médio é 128%

maior num caso e 87% no outro.

12 Estimativa disponível em: http://www.coplana.com/gxpfiles/ws001/design/RevistaCoplana/2008/Outubro/pag18-19.pdf. Além disso, informações de Martins (2000) revelam que 75% das empresas entrevistadas do setor de agroquímicos dependiam dos produtos genéricos, que representavam, no mínimo, 66% do seu faturamento.

Page 44: Inovação Inovação

43

Tabela 2.16 Indicadores da Indústria de Defensivos Agrícolas para

Líderes e Seguidoras (2005) Indicador Líderes Seguidoras

Número de empresas 7 36

Salário médio (R$) 5356,3 2347,0 Salário médio no pessoal industrial (R$) 4453,9 2378,5

Pessoal Ocupado Médio 1175 149

Faturamento médio (R$ milhões) 1386,8 81,8

Lucro/Custo (%) 3,5 3,3

VTI/Faturamento (%) 24,3 32,1

Exportações/Faturamento (%) 3,3 4,9

Importações/Custos (%) 31,4 20,5

Investimento/Faturamento (%) 1,8 3,7

Gasto P&D/Faturamento (%) 0,6 0,3 Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

Há também uma tendência de as líderes agregarem menos valor à atividade produtiva,

pois o indicador VTI/Faturamento destas é de 24%, ao passo que nas seguidoras o

indicador é de 32%. Essa diferença deve refletir o comércio intragrupo das líderes,

considerando que são filiais de multinacionais que mantém intercâmbio com suas

matrizes no exterior. Coerente com esse argumento é o indicador que mostra a relação

entre importações e custos que, no caso das líderes e seguidoras, é 30,4% e 20,5%,

respectivamente. Essa evidência corrobora a tendência de crescimento do valor agregado

médio das importações, constatada na seção 2.1.3, sinalizando que as líderes

tecnológicas são responsáveis pelas importações de insumos e princípios ativos de

complexa sofisticação tecnológica.

O número de empresas do setor mostra redução de 11,54% no período de 1996-2000 e

aumento de 12,17% no período 2000-2005. Esse crescimento, porém, não foi capaz de

produzir uma taxa positiva de aumento do número de empresas para o período 1996-

2005 (Tabela 2.17), embora o Gráfico 2.18 sinalize recuperação do número total de

empresas no período mais recente. O desempenho até 2005 pode ser explicado pelas

tendências mundiais do setor que o tornaram mais concentrado, reduzindo especialmente

o número microempresas (até 49 empregados). Nota-se que os estratos de 250 a 499

Page 45: Inovação Inovação

44

empregados observou 100% de aumento, enquanto que as grandes empresas (de 500 a

999 empregados) aumentaram de zero para duas.

Tabela 2.17 Número de Empresas na Indústria de Defensivos Agrícolas em 1996, 2000 e 2005

Número de empresas Taxa de crescimento (%) Pessoal ocupado 1996 2000 2005 96/00 00/05 96/05

ATÉ 49 106 88 96 -16,98 9,09 -9,43

DE 50 A 99 10 11 12 10,00 9,09 20,00

DE 100 A 249 11 11 13 0,00 18,18 18,18

DE 250 A 499 3 5 6 66,67 20,00 100,00

DE 500 A 999 0 0 2 - - -

1000 OU MAIS 0 0 0 - - -

Total 130 115 129 -11,54 12,17 -0,77 Fonte: RAIS/MTE.

Gráfico 2.18 Número de Empresas da Indústria de Defensivos Agrícolas (1996- 2008)

130

157

0

40

80

120

160

200

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Número de empresas

Fonte: Elaboração própria a partir da RAIS/MTE.

O número de fabricantes é modesto se considerada a evidência de que o mercado

brasileiro é o maior do mundo, estimado em US$ 7,1 bilhões em 2008, o que supera o

Page 46: Inovação Inovação

45

consumo o mercado norte-americano, equivalente a US$ 6,6 bilhões, segundo a

Associação Nacional de Defesa de Vegetal (ANDEF).13

A evolução dos indicadores de participação do mercado das quatro e oito maiores

empresas evidencia que o segmento industrial de defensivos agrícolas é mais

concentrado que o de fertilizantes, além de ter havido um aumento da concentração ao

longo do período analisado (Gráfico 2.19). Em relação a 1996, os indicadores CR4 e CR8

variaram de 51% para 61% e de 71% para 84%, respectivamente. É importante enfatizar

a relativa estabilidade desses indicadores nesse setor, em relação ao setor de produtos

químicos inorgânicos, aparentemente mais afetado pela crise da agricultura brasileira de

2005. A constatação acima é corroborada pelo Gráfico 2.20, que assinala o

comportamento do indicador de Entropia de Theil para o período 1996-2006. Nota-se que

o indicador se reduz em todo o período, indicando ininterrupta tendência de concentração

de mercado.

A indústria de defensivos agrícolas pode ser caracterizada como oligopólio diferenciado,

em que número reduzido de subsidiárias de multinacionais lideram econômica e

tecnologicamente o mercado. O padrão de competição está baseado na diferenciação de

produto vertical, que é realizada com intensa atividade de inovação tecnológica, como nos

setores baseados em ciência (Lemos, 1992).

As barreiras à entrada no setor não estão vinculadas à existência de grandes economias

de escala,14 pois estas são modestas em relação aos outros segmentos da indústria

química, mas sim a outras três características do setor.15 Primeiro, é crescente o

conteúdo científico da P&D do setor, em razão da convergência da base de conhecimento

dos setores farmacêutico, de sementes, de alimentos, de agrotóxicos e de biotecnologia,

o que tem claros rebatimentos sobre o aumento do custo de efetuar P&D. Segundo, o

setor possui procedimentos legais e de registros de produtos burocráticos e custosos em

termos de tempo. Terceiro, a produção de defensivos exige a construção de redes de

distribuição e de assistência técnica aos usuários. 13 Disponível em http://www.clipex.com.br/noticias/n_mostra_noticia.php?c=00400&t=1&n=2760&v=Suino.com. 14 Frenkel e Silveira (1996) justificam esse argumento a partir da característica do processo produtivo, que ocorre através de bateladas e não de forma contínua. 15 Esses argumentos podem ser encontrados em Velasco e Capanema (2006), Martinelli Júnior e Waquil (2002) e Koshiyama e Martins (2008).

Page 47: Inovação Inovação

46

Gráfico 2.19 Participação de Mercado das Maiores Empresas de Defensivos Agrícolas (1996-

2006)

0%

20%

40%

60%

80%

100%

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

CR4 CR8

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA/IBGE.

Gráfico 2.20

Entropia de Theil para a Indústria de Defensivos Agrícolas (1996-2006)

2,2

2,4

2,6

2,8

3

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Entropia de Theil

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA/IBGE.

Page 48: Inovação Inovação

47

Modificações no marco legal, ocorridas entre 2002 e 2006, visando a simplificação do

registro e a redução do seu custo, foram vistas como prováveis redutoras das barreiras à

entrada, que se tornaram maiores após a promulgação da Lei 7.802 de 1989 (Lei dos

Agrotóxicos).16 Antes dos decretos desses anos, o sistema de registro dos defensivos

com patentes vencidas era baseado no recolhimento de referências bibliográficas

disponíveis na literatura internacional sobre testes de toxicidade crônica dos produtos. O

sistema de registro por equivalência realizava a comparação de características físico-

químicas entre o produto pleiteante para registro e aquele já registrado.17 Isso representa

decréscimo do número de estudos necessários, do custo e do tempo para consecução do

registro. Entretanto, as empresas líderes também foram beneficiadas pela nova

sistemática de registro, possibilitando a estas maiores economias de escala e escopo.

Segundo Terra (2008), não existe até o momento evidências de que tais mudanças no

marco legal tenham sido efetivas no sentido de diminuir a concentração de mercado,

ainda que os primeiros registros por equivalência tenham sido efetuados com atraso em

relação às datas dos decretos por causa de ações judiciais conduzidas pelas empresas

detentoras dos dados dos produtos de referência. De fato, os dados mostrados nos

Gráficos 2.19 e 2.20 indicam, ao contrário, crescente concentração de mercado.

Mesmo assim, analisando dados disponibilizados pela Associação Brasileira dos

Defensivos Genéricos (AENDA),18 é possível verificar que, enquanto a evolução do

número total de ingredientes ativos no período 2005-2008 foi de 4,6%, o número de

ofertantes de produtos agroquímicos com determinado ingrediente ativo aumentou,

mostrando maior concorrência no setor, em razão da mudança no marco legal. Houve

aumento de 31% do número de ingredientes ativos por três ou mais empresas, enquanto

os ingredientes ofertados por uma só empresa cresceram apenas 2,7% no período 2005-

2008. No entanto, o número de ingredientes ativos ofertados por uma só empresa ainda

representa 73% do total dos ingredientes em 2008 contra 11% e 16% de ingredientes

oferecidos por duas e três ou mais empresas, respectivamente. Ainda que os efeitos

16 A referida lei instituiu um novo sistema de registro, atualizou penalidades, delegou competências fiscalizadoras a diferentes órgãos e esferas do setor público e definiu padrões de aplicação e de comercialização dos produtos de acordo com sua toxicidade (Terra, 2008). 17 Esses decretos tiveram que ser complementados com a Lei dos Dados Proprietários de 2002 porque a nova sistemática de registro passou a depender da publicação de dados dos produtos de referência, que eram protegidos pelos direitos autorais. A Lei estabeleceu prazos e regras para utilização pública de dados de propriedade de terceiros. 18 Disponível em: http://www.aenda.org.br/new_defensivos.htm.

Page 49: Inovação Inovação

48

desejados de redução da concentração de mercado não tenham ocorrido ainda, porque

as próprias líderes de mercado podem se beneficiar da nova sistemática de registro de

produtos e não somente as pequenas e médias empresas, a mudança no marco legal foi

bem-vinda e pode sinalizar maior concorrência no longo prazo.19

O indicador de primazia entre as quatro e as oito maiores empresas do setor apresenta

decréscimo de 35% para 30% entre 1996 e 2001, com tendência de aumento deste valor

até 42% em 2005 (Gráfico 2.21).

Gráfico 2.21 Indicador de Primazia da Indústria de Defensivos Agrícolas (1996-2006)

0%

10%

20%

30%

40%

50%

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Primazia 4 Primazia 8

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA/IBGE.

Entretanto, a participação de mercado da maior empresa, em relação às quatro maiores,

retorna para o valor de 35% em 2006. A primazia entre as oito maiores segue padrão

similar, situando-se entre os limites de 25% e 20% em todo o período. Isso sinaliza que

19 O caso dos herbicidas formulados com base no ingrediente ativo IMAZETAPIR é ilustrativo. Com base nas séries de preços desse princípio ativo, disponibilizadas pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA), é possível verificar que em janeiro de 2007 a unidade de cinco litros da marca comercial Pivot (Basf) era cotada em R$ 169,31. Segundo a AENDA, havia um só ofertante de marca comercial com esse princípio ativo em 2007 (Basf). Em 2009, é possível observar sete ofertantes diferentes com outras marcas comerciais, sendo que o preço médio da marca Pivot reduziu-se em 20% em abril de 2009 (R$ 141,61).

Page 50: Inovação Inovação

49

existe acirrada disputa de mercado entre as líderes do setor, impedindo que a

participação da principal empresa cresça constantemente. De fato, existem algumas

evidências de alternância da posição de liderança no mercado brasileiro. Com base em

informações da literatura do setor,20 se forem comparados os anos de 2005 e 2002, nota-

se que a Bayer CropScience e Syngenta, respectivamente com 18,8% e 15,4% de

participação de mercado, alternaram de posição no período (Syngenta com 17,2% e

Bayer CropScience com 14%), enquanto Basf e Monsanto mantiveram suas posições de

terceira e quarta maiores empresas no mercado brasileiro. As subsidiárias de

multinacionais que dominam o mercado brasileiro possuem vantagens competitivas

associadas ao comércio intrafirma, pois possuem oferta garantida de matéria-prima e

produtos intermediários e acesso direto a um fluxo contínuo de inovações por parte das

matrizes.

Em relação aos indicadores de mark-up, nota-se que, tanto o das quatro como o das oito

maiores, assim como do conjunto da indústria, há padrão de comportamento similar,

apresentando duas fases mais nítidas de decréscimo, que são entre 2000 e 2002 e entre

2003 e 2005, com momentos de recuperação do poder de mercado nos anos

intermediários desses períodos (Gráfico 2.22). De modo geral, o mark-up das quatro

maiores situa-se em patamar sempre superior ao das outras empresas. No entanto, essa

constatação não se mantém para o indicador das oito maiores, pelo menos entre 2001 e

2003 e entre 2005 e 2006, em que os níveis de mark-up da indústria superam os das oito

maiores empresas. Em geral, as margens de lucro do setor de defensivos agrícolas reflete

a elevada concentração de mercado existente, tendo em vista que as quatro maiores

empresas possuem margens que alcançam 70% em 2006, ao passo que as quatro

maiores empresas de fertilizantes e bens de capital agrícolas possuem margens

equivalentes a 27% e 56%, respectivamente.

20 Estimativas de 2002 são provenientes de Velasco e Capanema (2006), enquanto as de 2005 são extraídas de Ferman (2008).

Page 51: Inovação Inovação

50

Gráfico 2.22 Mark-up das Firmas na Indústria de Defensivos Agrícolas (1996-2006)

0%

20%

40%

60%

80%

100%

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

MK total MK 4 maiores MK 8 maiores

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA/IBGE.

2.2.3. MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

No setor de máquinas e equipamentos agrícolas foram identificadas 11% de firmas líderes

tecnológicas, 53% de seguidoras, 33% de frágeis e 3% de emergentes. O número de 29

firmas líderes é grande, em relação aos outros setores analisados (9 em produtos

químicos inorgânicos e 7 em defensivos agrícolas). Todas as líderes são inovadoras

(produto), sendo que 32% inovam em processo e 86% investem em P&D. Em relação às

seguidoras, cerca de 44% inovam em produto, 28% em processo e 19% realizam esforço

interno de P&D. As frágeis possuem indicadores modestos de inovação, ressalta-se a

existência de sete empresas emergentes que se destacam em termos de inovação de

produto, realizam percentualmente mais inovações de processo que as líderes e, em sua

totalidade, investem em P&D.

Page 52: Inovação Inovação

51

Gráfico 2.23 Inovação nas Firmas Líderes, Seguidoras e Frágeis da Indústria de Máquinas e

Equipamentos Agrícolas (%).

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Inovadoras Inovadoras de Produtos Inovadoras de Processos Investem em P&D

Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes

Nota: 29 Firmas Líderes, 136 Firmas Seguidoras, 84 Firmas Frágeis e 7 Firmas Emergentes. Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

A Tabela 2.18 apresenta indicadores relativos ao pessoal ocupado, salários, faturamento,

lucros, investimentos e exportações. Ao contrário do setor de defensivos agrícolas, a

Tabela 3.7 mostra que as líderes somente são mais importantes que as seguidoras no

que se refere à participação nos lucros totais. As seguidoras respondem por 58% do

faturamento, 43% dos lucros totais, 65% da massa salarial total, 69,7% dos investimentos,

65,5% das exportações e 67,7% do pessoal ocupado. Por outro lado, as líderes

empregam 253 trabalhadores em média, com faturamento médio quase três vezes maior

que o das seguidoras, assim como maior lucratividade, conforme indicador Lucros/Custos

que é de 5,3% contra 3,1% (Tabela 2.19). Esse desempenho econômico e financeiro se

reflete sobre os salários médios tanto do pessoal administrativo quanto do pessoal

alocado no “chão de fábrica”, que são cerca de 55% e 51% maiores, respectivamente,

nos casos das líderes. Por outro lado, as líderes não conseguem superar a propensão a

exportar, a propensão a investir e a tendência a agregar valor das seguidoras. Isso

porque os indicadores Exportações/Faturamento, Investimento/Faturamento e

Page 53: Inovação Inovação

52

VTI/Faturamento das seguidoras são respectivamente, 14,3%, 3,5% e 32,5% e das

líderes, 11,7%, 2% e 26,7%.

Tabela 2.18 Porte das Firmas Líderes, Seguidoras, Frágeis e Emergentes na Indústria de

Máquinas e Equipamentos Agrícolas (2005) Indicador Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes

Número de empresas 29 136 84 7

Pessoal Ocupado (número de pessoas) 7340 27072 5065 501

Salários Totais (R$ milhões) 194,5 464,3 47,8 5,0

Faturamento (R$ milhões) 3416,2 5337,8 322,6 64,3

Lucros Totais (R$ milhões) 172,9 165,2 32,5 11,7

Investimento Total (R$ milhões) 68,7 186,1 8,5 3,9

Exportação Total (R$ milhões) 400,7 761,5 - -

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

O mercado de máquinas e equipamentos agrícolas possui produtores de equipamentos

agrícolas de uso final e fabricantes de peças e componentes. O capital estrangeiro está

mais presente no primeiro grupo, produzindo máquinas automotrizes para os mercados

nacional e internacional. Outras empresas nacionais, de grande e médio porte, produzem

implementos agrícolas de tração mecânica para o mercado doméstico e externo,

enquanto outras empresas nacionais de menor porte produzem equipamentos de menor

complexidade para mercados regionais e nacional. Em relação ao segundo grupo, há

inúmeros produtores de peças e componentes, de pequeno e médio porte e com gestão

familiar, estabelecendo relações de subcontratação com as grandes empresas do

primeiro grupo. É importante ressaltar que, além de fornecerem peças e componentes

para fabricantes de tratores e colheitadeiras, produzem implementos agrícolas com marca

própria e fornecem peças e componentes para a indústria automobilística (Tatsch, 2008).

Page 54: Inovação Inovação

53

Tabela 2.19 Indicadores da Indústria de Máquinas e Equipamentos Agrícolas para Líderes,

Seguidoras, Frágeis e Emergentes (2005) Indicador Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes

Número de empresas 29 136 84 7 Salário médio (R$) 2208 1429 787 840 Salário médio no pessoal industrial (R$) 2125 1404 879 648

Pessoal Ocupado Médio 76 10 10 120 Faturamento médio (R$ milhões) 116,6 39,2 3,8 9,6 Lucro/Custo (%) 5,3 3,1 10,6 21,7 VTI/Faturamento (%) 26,7 32,5 39,6 37,8 Exportações/Faturamento (%) 11,7 14,3 - - Importações/Custos (%) 4,8 3,8 0,2 - Investimento/Faturamento (%) 2,0 3,5 2,6 6,1 Gasto P&D/Faturamento (%) 1,1 0,2 0,1 3,1 Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

Segundo informações da literatura do setor (Castilhos et al., 2008), as líderes do mercado

brasileiro são, geralmente, subsidiárias de multinacionais que estabeleceram suas

fábricas no País ou adquiriram empresas nacionais, tendo em vista que o setor passou

por um processo de reestruturação mundial desde o final da década de 1970. Ilustram o

processo de fusão e aquisição do setor os seguintes casos:

- CNH Global: conglomerado que resultou da fusão mundial, em 1999, da New

Holland e da Case IH, a qual, por sua vez, surgiu em 1985 com a aquisição da

International Harvester pela Case;

- Agri-Tillage: norte-americana que se estabeleceu em 1999 no Brasil, com a

aquisição da empresa nacional Narciso Baldan & Irmãos, criada em 1928;

- John Deere: norte-americana que assumiu o controle acionário da nacional

Schneider Logemann & Cia. Ltda (SLC), em 1999;

- AGCO: norte-americana que adquiriu várias empresas nacionais e estrangeiras

instaladas no País, como, por exemplo, a marca finlandesa Valtra, originalmente Valmet,

em 2005; a marca canadense Massey Ferguson em nível mundial (em 1994) e no Brasil

(em 1996); o direito de distribuição dos produtos da marca Fendt do Brasil em 1998; e

empresas nacionais como Indústria de Máquinas Ideal em 1996 e da Schaedler & Filhos

Ltda em 2007

- Grupo Khun: francesa que adquiriu a Metasa S.A. Indústria Metalúrgica, em 2005.

Page 55: Inovação Inovação

54

Além dessas, o setor ainda possui grupos tradicionais nacionais como Metisa, Facchini,

Dedini, Stara, Jumil, Semeato, Kepler Weber Industrial, Casp e Agritech Lavrale S.A.

Maquinário Agrícola e Componentes, que passou a ter essa razão social após adquirir a

Yanmar Indaiatuba em 2002, com apoio de outra empresa nacional, Grupo Francisco

Stédile.21

As frágeis, por sua vez, dominam parcela pequena do mercado, sendo menos

representativas em relação aos indicadores mencionados. Embora o faturamento médio

das frágeis seja trinta vezes menor que o das líderes e dez vezes menor que o das

seguidoras, agregam muito valor em relação ao faturamento, com indicador

VTI/Faturamento de 39,6% contra 26,7% e 32,5% das líderes e seguidoras,

respectivamente, o que reflete, possivelmente, distorções dos dados de balanço das

empresas informados no questionário da PIA.

Por outro lado, as emergentes são empresas de pequeno porte, em média com cerca de

72 empregados, que se destacam por sua intensidade tecnológica, como demonstrado

pelo indicador gasto com P&D/Faturamento que é três vezes superior ao das líderes, ou

seja, 3,1% contra 1,1%. Outros indicadores, como intensidade de investimento

(Investimento/Faturamento), propensão à agregação de valor em relação ao seu tamanho

(VTI/Faturamento) e percentual de lucro sobre custo, também se destacam em relação

aos indicadores de líderes e seguidoras, demonstrando grande potencial em termos

tecnológicos e de geração de valor agregado.

O número de empresas apresentou variação positiva de 72,39% no período 1996-2005,

refletindo forte tendência de crescimento do setor no Brasil (Tabela 2.20). Os estratos que

mais cresceram foram o de até 49 empregados, com expansão de 80,15%, e o de

empresas com mais de 1000 empregados, com aumento de 66,67%. Há evidências de

que o número de empresas continuou com forte crescimento no período recente (Gráfico

2.24).

21 O Grupo Francisco Stédile envolve as seguintes empresas: Agrale e suas subsidiárias (Agrale Montadora, Agrale Argentina, Agrale Comercial e Lintec), Agritech Lavrale, Germani Alimentos, Germani Cereais, Fundituba e Fazenda Três Rios. (Disponível em: http://www.agralemarrua.com.br/agrale/website/website.nsf/TEMP?ReadForm&SECA=INSTITUCIONAL&PAGI=INSTITUCIONAL).

Page 56: Inovação Inovação

55

Tabela 2.20 Número de Empresas na Indústria de Máquinas e Equipamentos Agrícolas em 1996,

2000 e 2005.

Número de empresas Taxa de crescimento

(%) Pessoal ocupado 1996 2000 2005 96/00 00/05 96/05

ATÉ 49 650 901 1171 38,62 29,97 80,15 DE 50 A 99 52 69 69 32,69 0,00 32,69 DE 100 A 249 31 30 39 -3,23 30,00 25,81 DE 250 A 499 14 11 15 -21,43 36,36 7,14 DE 500 A 999 7 6 6 -14,29 0,00 -14,29 1000 OU MAIS 3 2 5 -33,33 150,00 66,67 Total 757 1019 1305 34,61 28,07 72,39 Fonte: RAIS/MTE.

Gráfico 2.24 Número de Empresas da Indústria de Máquinas e Equipamentos Agrícolas (1996-

2008)

757

1530

0

400

800

1200

1600

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Número de empresas

Fonte: Elaboração própria a partir da RAIS/MTE.

As séries que retratam a participação de mercado das quatro e oito maiores firmas do

setor de maquinas e equipamentos agrícolas revelam padrões de comportamento

similares (Gráfico 2.25). Ambas apontam mudança de patamar em 2000, quando a

participação de mercado das quatro e oito maiores firmas salta de 41% e 56% para 50% e

Page 57: Inovação Inovação

56

63%, respectivamente. A partir desse ano até 2003, o CR4 e o CR8 crescem até 57% e

69%, quando sofrem ligeira redução até o ano de 2006, em virtude da crise da agricultura

brasileira. O período de crescimento de participação das maiores firmas do setor coincide

com a fase de valorização das commodities agrícolas e crescimento de produção

nacional, associado à política governamental de fomento à produção e financiamento da

produção de máquinas e tratores agrícolas (Programa MODERFROTA).

Gráfico 2.25 Participação de Mercado das Maiores Empresas da Indústria de Máquinas e

Equipamentos Agrícolas (1996-2006)

0%

20%

40%

60%

80%

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

CR4 CR8

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA/IBGE.

A consolidação da posição das líderes também está associada ao surgimento dos

“bancos de fábrica”, que se tornaram repassadores de recursos do MODERFROTA do

BNDES, como John Deere S.A., De Lage Landen Brasil S.A., Rabobank International

Brasil S.A. e CNH Capital S.A. Entretanto, antes mesmo da criação do programa pelo

BNDES, a própria AGCO do Brasil Ltda. assumiu funções bancárias por causa da

escassez de crédito rural, em 1998, com a Agricredit do Brasil Ltda, que era joint-venture

com De Lage Landen (grupo holandês Rabobank).

Page 58: Inovação Inovação

57

Mesmo com o intenso crescimento do número de firmas constatado anteriormente, o setor

apresenta tendência de concentração do mercado crescente no período 1996-2006, tendo

em vista a redução do indicador de Entropia de Theil (Gráfico 2.26). Isso se explica pelo

fato de que as fusões e aquisições do setor, que contribuíram para a concentração de

mercado, foram acompanhadas pela estratégia de desverticalização, em que as grandes

empresas focaram suas atividades nas etapas mais lucrativas das cadeias produtivas

(Castilhos et al., 2008). Logo, a concentração de mercado, acompanhada pela

desconcentração técnica, propiciou o surgimento de grande número de empresas de

pequeno e médio portes, como constatado pelos dados acima.

Gráfico 2.26

Entropia de Theil para Indústria de Máquinas e Equipamentos Agrícolas (1996-2006)

0

1

2

3

4

5

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Entropia de Theil

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA/IBGE.

Em contraste com os indicadores CR4 e CR8, o comportamento do indicador de primazia

apresenta maior instabilidade no período 1996-2006, indicando que há intensa

competição entre as líderes para dominar maior parcela de mercado (Gráfico 2.27). Após

atingir os valores de 35% e 19% em 1999, a participação da líder em relação às quatro e

oito maiores do setor decresceu até 2001, atingindo os valores de 28% e 21%. A partir

desse ano, há um salto até 2002, quando as participações atingiram, respectivamente,

Page 59: Inovação Inovação

58

45% e 35%. Novas reduções de participação da líder ocorrem até 2005, com recuperação

somente em 2006.

Gráfico 2.27

Indicador de Primazia da Indústria de Máquinas e Equipamentos Agrícolas (1996-2006)

0%

10%

20%

30%

40%

50%

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Primazia 4 Primazia 8

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA/IBGE.

De modo geral, os indicadores de mark-up de todas as firmas, das quatro e das oito

maiores firmas do setor cresceram de 37%, 33% e 39%, em 1996, para 44%, 56% e 49%,

em 2006 (Gráfico 2.28). A evolução de tais indicadores no período 1996-2006 é mais

favorável que aquela observada nos setores de defensivos agrícolas e fertilizantes.

Page 60: Inovação Inovação

59

Gráfico 2.28 Mark-up das Firmas na Indústria de Máquinas e Equipamentos Agrícolas

(1996-2006)

0%

15%

30%

45%

60%

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

MK total MK 4 maiores MK 8 maiores

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA/IBGE.

2.3. SISTEMA SETORIAL DE INOVAÇÃO

2.3.1. PRODUTOS QUÍMICOS INORGÂNICOS

A trajetória tecnológica da indústria de fertilizantes foi criada a partir de uma inovação

radical que foi a síntese da amônia em 1910. A manutenção da mesma base tecnológica

desde o período entre guerras, porém, diminuiu o dinamismo da indústria de fertilizantes e

fez vários conglomerados químicos saírem da atividade produtiva de fertilizantes na

década de 1980 e se concentraram em serviços de transferência de tecnologia (Lemos,

1992).

Os avanços tecnológicos do setor são muito dependentes de inovações nos processos

pelos quais são obtidos as matérias-primas e os produtos intermediários com os quais os

fertilizantes são fabricados. Em geral, nota-se que os processos de fabricação são

Page 61: Inovação Inovação

60

tecnologicamente maduros e conhecidos, como nos casos da obtenção da mistura de

hidrogênio e nitrogênio para a produção de amônia anidra e de produção de ácido

sulfúrico.22 Por sua vez, a fabricação de fertilizantes compostos não é tecnicamente

complexa, pois envolve a mistura física de fertilizantes simples nas proporções

adequadas. Por outro lado, grande parte dos equipamentos e processos usados no Brasil

precisam ser licenciados, o que é ilustrado pela tecnologia da Monsanto para fabricação

de ácido sulfúrico, da Rhodia para obtenção de ácido fosfórico e das empresas Kellog,

ICI, Exxon Bechtel, CF Braun, Uhde Haldor Topsoe para fabricação de amônia (Dias e

Fernandes, 2006).

Por envolver tecnologias de processo conhecidas e maduras, não surpreende a baixa

intensidade de P&D da indústria de produtos químicos inorgânicos, medida pela

proporção dos gastos de P&D em relação ao faturamento, que é de 0,15% e situa-se bem

abaixo da média da indústria de transformação (0,66%). Isso indica que a probabilidade

de inovar a partir de recursos investidos em atividades de busca é pequena, o que denota

que o setor possui baixa oportunidade tecnológica, além de pequena cumulatividade, pois

a compra de conhecimento incorporado em máquinas e equipamentos tende a prevalecer

sobre a aquisição de conhecimento intangível. Nota-se, pela última coluna da Tabela

2.21, que aproximadamente 48% de todos os gastos com inovação do setor são

direcionados para tal finalidade, ao passo que os gastos com P&D interno e externo e

com aquisição de outros conhecimentos totalizam apenas 25,5%.

Através da Figura 2.4, nota-se que as seguidoras concentram a maior parte dos

investimentos totais e dos gastos em P&D, ainda que a presença de inovadores de

produto seja mais vinculada às líderes, como visto na seção 3. Com base nos indicadores

de intensidade de investimento e P&D (Tabela 2.13, da seção 2.2.1), as líderes se

destacam em relação às seguidoras pois aquelas gastam o equivalente a 7% do

faturamento com investimentos e 0,3% com P&D, enquanto estas 3% e 0,2%,

respectivamente. Nota-se, porém, que a diferença em relação à intensidade de P&D entre

22 Segundo Dias e Fernandes (2006), na produção de amônia não são conhecidos avanços tecnológicos relevantes, embora no caso do ácido sulfúrico seja possível mencionar inovações de processo como a“dupla absorção”, que maximizou a recuperação de calor com emissão de SO2 menor do que 100 ppm, além do uso de uma nova válvula especial de cerâmica.

Page 62: Inovação Inovação

61

líderes e seguidoras não é tão proeminente vis-à-vis outros setores industriais da indústria

de transformação.

Figura 2.4 Investimentos e Gastos em P&D de Firmas Líderes, Seguidoras e Frágeis

36%

57%

7%

Investimento

33%

64%

3%

Gasto em P&D

Líderes Seguidoras Frágeis

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

A esse respeito, pode-se visualizar na Tabela 2.21, que 17,5% dos gastos com inovação

realizados pelas líderes são voltados para P&D interno, o que é muito próximo da parcela

de 16,7% que as seguidoras efetuam com essa modalidade de gasto. A diferença,

contudo, parece ser mais clara em outras formas de conhecimento intangível,

particularmente aquelas vinculadas à compra de P&D e à aquisição de outros

conhecimentos para inovar, tendo em vista que a proporção de recursos destinada às

modalidades citadas acima é de, respectivamente, 5,1% e 22% nas líderes contra 1,1% e

0,7% das seguidoras. Por outro lado, as seguidoras tendem a gastar grande parcela de

recursos destinados à inovação com projetos industriais (30%), além dos gastos em

máquinas e equipamentos (47%)

Page 63: Inovação Inovação

62

Tabela 2.21 Distribuição Percentual dos Gastos em Atividades Inovativas da Indústria de

Produtos Químicos Inorgânicos, por categoria de empresa (2005)

Indicador Tipo de empresa

Líderes Seguidoras Frágeis Total

Número de empresas 9 99 127 235 Gastos em atividades inovativas (em milhões de R$)

80,8 (100%)

199,5 (100%)

12,5 (100%)

292,9 (100%)

Gastos em P&D interno (em milhões de R$)

14,1

(17,5%)

33,4 (16,7%) - 47,5

(16,2%)

Gastos em P&D externo (em milhões de R$)

4,1 (5,1%)

2,1 (1,1%)

1,5 (12,0%)

7,7 (2,6%)

Aquisição de outros conhecimentos (em milhões de R$)

17,8 (22,0%)

1,3 (0,7%)

0,5

(4,0%)

19,6 (6,7%)

Aquisição de máquinas e equipamentos (em milhões de R$)

37,8 (46,8%)

95,3 (46,8%)

6,5 (52,0%)

139,6 (47,6%)

Treinamentos (em milhões de R$)

2,2 (2,7%)

2,4 (1,2%)

0,1 (0,8%)

4,7 (1,6%)

Gasto em introdução das inovações (em milhões de R$)

2,5 (3,1%)

4,7 (2,4%)

0,4 (3,2%)

7,6 (2,6%)

Projeto industrial 2,2 (2,7%)

60,5 (30,3%)

3,5 (2,8%)

66,2 (22,6%)

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

Em relação ao papel de atores externos para a ocorrência da inovação, a Tabela 2.22

informa que as fontes de informação mais acessadas pelas empresas líderes do setor de

produtos químicos inorgânicos são: instituições de testes (78%), universidade (67%),

conferências e encontros (33%), feiras e exposições (22%), aquisições de licenças (22%),

redes de informação (22%) e centro de capacitação (11%). As seguidoras utilizam com

mais freqüência redes de informação (18%) e universidades (13%). As outras fontes são

pouco acessadas. Em relação às frágeis, quando inovam, o que é um fenômeno bem

raro como visto anteriormente, usam redes de informação como uma forma mais

acessível e menos custosa de obter informação para inovar e compensar fragilidades

internas.

Page 64: Inovação Inovação

63

Tabela 2.22 Fontes de Inovação na Indústria de Produtos Químicos Inorgânicos

(número de empresas e participação no total, 2005) Líderes Seguidoras Frágeis

Número de empresas 9 99 127 Importância alta para Universidade

6 (66,7%)

13 (13,1%)

1 (0,7%)

Importância alta para Centro de apacitação

1 (11,1%)

8 (8,1%)

1 (0,7%)

Importância alta para Instituições de teste

7 (77,8%)

4 (4,0%)

3 (2,3%)

Importância alta para Aquisição de licença

2 (22,2%)

4 (1,0%)

0 (0,0%)

Importância alta para Conferências e encontros

3 (33,3%)

11 (11,1%)

10 (7,9%)

Importância alta para Feiras e exposições

2 (22,2%)

10 (10,1%)

3 (2,3%)

Importância alta para Redes de informação

2 (22,2%)

18 (18,1%)

17 (13,4%)

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

A Tabela 2.24 mostra que a cooperação para inovar é praticada por parcela relevante das

empresas líderes (67%), em comparação com as seguidoras (20%) e frágeis (4%). No

caso das líderes é surpreendente a proporção de empresas que cooperam, tendo em

vista a realidade brasileira, principalmente com universidades (56%). No caso das

seguidoras, a cooperação é mais frequente com clientes e consumidores (12%) e, em

menor grau, com outra empresa do grupo (5%), universidade (5%) e fornecedores (3%).

No caso das frágeis, quatro das cinco empresas que cooperaram, dentro de um total de

127, contrataram empresa de consultoria como fonte de informação para inovar.

Page 65: Inovação Inovação

64

Tabela 2.24 Cooperação para Inovação na Indústria de Produtos Químicos Inorgânicos

(números de empresas e participação no total, 2005) Líderes Seguidoras Frágeis

Número de empresas 9 99 127

Cooperação para inovação 6 (66,7%)

20 (20,2%)

5 (3,9%)

Importância alta para cooperação com clientes e consumidores

1 (11,1%)

12 (12,1%)

4 (3,1%)

Importância alta para cooperação com fornecedores

0 (0,0%)

3 (3,0%)

1 (0,8%)

Importância alta para cooperação com concorrentes

0 (0,0%)

0 (0,0%)

0 (0,0%)

Importância alta para cooperação com outra empresa do grupo

1 (11,1%)

5 (5,1%)

0 (0,0%)

Importância alta para cooperação com empresa de consultoria

0 (0,0%)

1 (1,0%)

4 (3,1%)

Importância alta para cooperação com Universidade

5 (55,6%)

5 (5,1%)

0 (0,0%)

Importância alta para cooperação com Centro de capacitação

0 (0,0%)

0 (0,0%)

0 (0,0%)

Cooperou P&D com fornecedores 1 (11,1%)

4 (4,0%)

0 (0,0%)

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

PARTICIPAÇÃO DO CAPITAL ESTRANGEIRO

A Tabela 2.25 revela que a participação de multinacionais na fabricação de produtos

químicos inorgânicos é predominante na categoria de líderes (67%), ao passo que as de

capital nacional constituem a maioria (74%) das seguidoras. Não há diferenças

significativas em termos dos indicadores de exportação, propensão a inovar e compra de

máquinas e equipamentos nas líderes e nas seguidoras, exceto por uma maior propensão

à exportação no caso das seguidoras de capital estrangeiro.

Page 66: Inovação Inovação

65

Tabela 2.25 Distribuição das Firmas Líderes e Seguidoras na Indústria de Produtos Químicos

Inorgânicos por Origem do Capital (números de empresas e participação no total, 2005)

Líderes Seguidoras Nacionais Internacionais Nacionais Internacionais

Número de Empresas 3 6 73 26

Investimento em máquinas e equipamentos em relação ao investimento total

78,0% 82,8% 61,3% 64,5%

Inovadoras (% do total) 100% 100% 52,2% 51,2%

Exportadoras (% do total) 100% 100% 89,3% 100%

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

FINANCIAMENTO: O PAPEL DOS AGENTES PÚBLICOS

A tabela abaixo mostra a distribuição do financiamento do BNDES ao setor de produtos

químicos inorgânicos. Cabe ressaltar que os dados apresentados referem-se a todos os

contratos de empréstimos do BNDES entre 1996 e 2006. Por isso, mais de um

empréstimo pode estar vinculado a uma só empresa.

Através da Tabela 2.26, nota-se que a proporção de firmas que acessam o BNDES como

fonte de financiamento é relevante nas três categorias. No entanto, a maior parte do

recurso emprestado ao setor é tomado pelas seguidoras (67%). Em relação às líderes e

às frágeis, o percentual de financiamentos totaliza 28% e 5%, respectivamente.

Tabela 2.26

Distribuição de Financiamentos Públicos na Indústria de Produtos Químicos Inorgânicos (valores acumulados no período 1996 a 2006)

Líderes Seguidoras Frágeis

Número de firmas 9 99 127

Número de firmas financiadas pelo BNDES (1996 a 2006)

5 (55,5%)

62 (62,6%)

57 (44,8%)

Valores contratados pelo BNDES (R$ milhares) 384.006 915.770 65.389

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

Page 67: Inovação Inovação

66

2.3.2. DEFENSIVOS AGRÍCOLAS

A dinâmica inovadora do setor de defensivos agrícolas está tradicionalmente vinculada à

área de conhecimento da química, tendo em vista que, tecnicamente, defensivos podem

ser definidos como moléculas químicas que possuem atuação biológica contra insetos,

ácaros, ervas, fungos e outros animais que atacam culturas agrícolas. Dessa forma,

inovações de produto no setor só podem ser geradas se novas moléculas químicas forem

descobertas. Nesse caso, o regime de apropriação garante a exploração de lucros de

natureza schumpeterianos porque novas moléculas são patenteáveis. Isso segmenta o

mercado de produtos finais em dois: o de produtos patenteados e o de produtos

genéricos, cuja proteção já expirou e a produção depende apenas de registro em órgão

público.

A década de 1940 assinalou uma reestruturação da base técnica da indústria de

defensivos agrícolas, representada pela troca da química inorgânica pela química

orgânica sintética. A partir disso, os padrões para a trajetória tecnológica da indústria

foram: controle total da tecnologia de processamento dos intermediários químicos obtidos

de matérias-primas petroquímicas e carboquímicas; organização das atividades internas

de P&D; uso de patentes para garantir direitos de propriedades do inovador; alto nível de

obsolescência do produto final e intensidade de introdução de novos produtos (Lemos,

1992).

A base tecnológica vinculada à química apresenta tendências de sinergias verticais e

horizontais para atividades de P&D, o que leva uma firma a conquistar competência

específica na área de química fina. Logo, uma trajetória natural é a diversificação da firma

na cadeia química por meio de integração horizontal e vertical. A especialização de uma

firma numa “árvore genealógica” de grupos químicos básicos gera toda uma trajetória

específica de inovações. A especificidade do conhecimento da firma em química final

aumenta o grau de apropriação dos retornos da inovação e constrói barreiras à entrada,

especialmente a proteção por patentes. As características técnicas do setor abrem uma

trajetória natural para inovações incrementais garantida pela obsolescência de produtos

existentes, tendo em vista a resistência desenvolvida pelas pragas e suas reações

reprodutivas aos efeitos letais dos pesticidas, pela demanda de novos produtos (Lemos,

1992).

Page 68: Inovação Inovação

67

Ressalta-se que o lançamento de novos produtos não é muito freqüente no setor porque é

preciso longo tempo para avaliar testes nas plantações e esperar licenças junto aos

órgãos públicos. Em média, estima-se que, da descoberta da molécula até o lançamento

do produto, são necessários sete anos de P&D (Martinelli, 2005). Além disso, o setor

passa por amadurecimento tecnológico (Hartnell, 1996), tendo em vista que é crescente a

dificuldade para descoberta de novos ingredientes ativos. Isso contribui ainda mais para

alargar o ciclo de inovações do setor. Dessa forma, o desenvolvimento de inovações

incrementais de novas formulações, a partir de uma molécula base, são mais atraentes,

proporcionando maior rapidez de retorno e ganhos de escopo. Outras trajetórias

tecnológicas do setor estão relacionadas ao desenvolvimento de tecnologias mais limpas,

produtos menos tóxicos e mais eficientes, assim como o desenvolvimento de novas

embalagens que facilitem o manuseio dos produtos.

Em conseqüência da dificuldade de introdução de inovações no setor, houve aumento da

importância econômica do segmento de mercado de produtos genéricos, que passou a

ser estratégico economicamente não somente por empresas seguidoras e de menor

estrutura econômica e tecnológica, mas também pelas líderes. Por causa disso, as

empresas líderes do setor adquiriram empresas de genéricos a fim de estender o prazo

de recuperação de investimentos dos produtos cujas patentes já expiraram.

O surgimento da biotecnologia moderna criou novas oportunidades tecnológicas para o

setor de defensivos agrícolas, à medida que as áreas de química e biotecnologia

tornaram-se única base de conhecimento científico para vários setores, tais como

farmacêutico, sementes, alimentos e defensivos agrícolas. O setor de defensivos

agrícolas passa a usar a engenharia genética e estudos genômicos para criação de novas

variedades de vegetais, combater pragas e melhorar qualidade dos alimentos. É

importante destacar também que a trajetória tecnológica da biotecnologia, pela qual se

produzem sementes transgênicas, tem como objetivo prolongar a trajetória da síntese

química, tendo em vista os vultosos investimentos realizados ao longo das décadas nas

descobertas de novas moléculas químicas (Martins, 2000).

A partir disso, duas conseqüências são constatadas no setor de defensivos agrícolas: 1)

aumento do custo de P&D, tendo em vista que, segundo estimativas do setor, as

atividades agroquímicas pela rota biotecnológica possuem necessidades de gastos de

Page 69: Inovação Inovação

68

P&D equivalentes a 25% do faturamento, enquanto que, pela via tradicional, os

percentuais são de 10%;23 2) redirecionamento de investimentos das líderes mundiais, por

meio de joint-ventures e acordos cooperativos, e aumento do número de fusões e

aquisições no setor, com nítidos desdobramentos no mercado brasileiro, principalmente a

partir dos anos 90. O aumento do número de fusões e aquisições é visto como uma

estratégia conduzida pelas empresas líderes mundiais do setor para reduzir riscos e

incertezas no mercado de agrotóxicos, pois uma descoberta na área de biotecnologia

pode inviabilizar uma linha completa de produtos do setor (Koshiyama e Martins, 2008) ou

como alternativa para ampliar economias de escala e escopo em P&D (Martinelli e

Waquil, 2002). Dessa forma, ao adquirirem firmas com competência na área de

biotecnologia, as líderes do segmento de defensivos ampliam sua base tecnológica,

diversificam seu processo produtivo, aumentam sua competitividade e ampliam

participação no mercado.

A configuração atual do setor ilustra várias operações de fusão e aquisição no sentido

descrito acima. A Syngenta, uma das maiores empresas do setor no mundo, é resultante

da fusão horizontal da Zeneca e da Novartis em 2001. A Dow AgroSciences, que resultou

da fusão da Sanachem e da Dow Elanco em 1996, adquiriu, entre 1998 e 2001, várias

empresas de outros setores, particularmente sementes, como FT Biogenética, Dinamilho

Carol, Sementes Hatã, Híbridos Hatã, Híbridos Colorado, Empresa Brasileira de

Sementes e Rohm & Haas. Em 2001, a Bayer adquiriu outra grande empresa do setor

que era a Aventis. Por sua vez, a Monsanto adquiriu, entre 1997 e 2001, a Sementes

Agroceres, a FT Pesquisas e Sementes, a Alkagro e, recentemente, a Pharmacia, que era

a segunda maior empresa de sementes do mundo. Informações da própria empresa

mostram que, em 2004, a Monsanto formou a American Seeds Inc. (ASI), dedicada ao

milho e à soja. Em 2007, adquiriu a Agroeste, no Brasil, além de outras empresas de

sementes no mundo (i.e. Delta & Pine). Em 2008, inseriu-se no segmento de cana-de-

açúcar com a compra das empresas brasileiras Alellyx e CanaVialis, sendo que em 2009

adquiriu grupo Maeda (MDM), que foca o mercado de algodão convencional e

transgênico. A DuPont, que é uma das lideres mundiais do setor químico e do mercado de

herbicidas, adquiriu 80% da Pioneer Hi-Bread International, do setor de sementes, 50%

da Merck, formando a DuPont Merck Pharmaceutical, constituiu joint-venture com a

23 Estimativas de Martinelli (2005).

Page 70: Inovação Inovação

69

Griffin, em 1998, além de adquirir a Protein Technologies International (PTI), divisão

alimentícia do Grupo Ralston Purinam, em 1999.24

No Brasil, as fusões e aquisições contribuíram para aumentar o grau de

desnacionalização das firmas do setor, tendo em vista que, das quatro maiores empresas

nacionais, três foram adquiridas por empresas multinacionais ao longo dos anos 90,

conforme Koshiyama e Martins (2008). Como as empresas líderes do mercado brasileiro

são subsidiárias de multinacionais, o Brasil não tem papel de destaque na divisão

internacional do trabalho em P&D, que envolve primordialmente pesquisa básica. As

novas moléculas químicas são descobertas nos laboratórios de P&D das matrizes das

grandes empresas mundiais, como Syngenta, Monsanto, Dupont e FMC. As unidades

brasileiras realizam atividade de P&D em torno da molécula já descoberta para fins de

criação de soluções e formulações para fins específicos e novas misturas.25

A intensidade de P&D da indústria de defensivos agrícolas, medida pela proporção dos

gastos de P&D em relação ao faturamento, é de 0,43%, estando abaixo da média da

indústria de transformação (0,66%). Ainda que o padrão mundial de inovações no setor,

se considerada a rota biotecnológica seguida pelas líderes do setor no mundo, seja

intensivo em esforço interno de P&D e marcado por alta oportunidade tecnológica e

cumulatividade, isso não se reproduz no Brasil e reforça a tese de que as multinacionais

realizam tais gastos em suas matrizes no exterior, relegando às subsidiárias instaladas no

Brasil funções menos intensivas em P&D.

Ainda que a média de gastos de P&D em relação ao faturamento seja menor que a da

indústria de transformação, a composição interna dos gastos totais com inovação ilustra

que o setor de defensivos agrícolas possui maior oportunidade tecnológica que o de

fertilizantes, analisado na seção anterior. Se for considerada a distribuição dos gastos

totais das líderes, verifica-se que a participação dos gastos internos com P&D é de 33%.

As participações dos três principais gastos cujo conhecimento é de natureza mais

intangível (P&D interno, compra de P&D e aquisição de outros conhecimentos externos)

totalizam 42,6% dos recursos, ao passo que os gastos exclusivos com conhecimento de

24 Informações retiradas de Koshiyama e Martins (2008, p. 221-224), Velasco e Capanema (2006) e dos sítios das empresas na internet. 25 Martinelli e Waquil (2002) mencionam a unidade brasileira da DuPont como exceção, por causa da existência de um laboratório no País para descoberta de moléculas.

Page 71: Inovação Inovação

70

natureza tangível, incorporado em máquinas e equipamentos, situam-se em torno de 13%

(Tabela 2.27).

Tabela 2.27

Distribuição Percentual dos Gastos em Atividades Inovativas da Indústria de Defensivos Agrícolas, por categoria de empresa (2005)

Indicador Tipo de empresa

Líderes Seguidoras Total

Número de empresas 7 36 43 Gastos em atividades inovativas (em milhões de R$)

141,4 (100%)

76,6 (100%)

218,0 (100%)

Gastos em P&D interno (em milhões de R$)

47,0 (33,2%)

7,8 (10,2%)

54,8 (25,2%)

Gastos em P&D externo (em milhões de R$)

8,7 (6,2%)

0,1 (0,1%)

8,8 (4,0%)

Aquisição de outros conhecimentos (em milhões de R$)

4,5 (3,2%)

21,7 (28,3%)

26,2 (12,0%)

Aquisição de máquinas e equipamentos (em milhões de R$)

18,6 (13,1%)

23,4 (30,5%)

42,0 (19,3%)

Treinamentos (em milhões de R$)

10,0 (7,1%)

0,3 (0,4%)

10,3 (4,7%)

Gasto em introdução das inovações (em milhões de R$)

32,5 (23,0%)

2,3 (3,0%)

34,8 (15,9%)

Projeto industrial 20,0 (14,2%)

21,0 (27,5%)

41,1 (18,9%)

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

As seguidoras, porém, seguem padrão diferente das líderes, pois concentram a maior

parte dos gastos de inovação com aquisição de máquinas e equipamentos (30,5%), com

outros conhecimentos externos (28,3%) e com projeto industrial (27,5%). Nota-se que os

gastos com P&D interno constituem apenas 10% do total de recursos alocados para

inovação. Esse padrão se justifica por causa da atuação nos segmentos de mercado em

que os produtos são genéricos, de patentes expiradas, ou em que é preciso produzir sob

licenciamento, com conseqüente pagamento de royalties, como se atesta pela elevada

proporção de recursos gastos, acima destacados, com outros conhecimentos externos.

As maiores empresas de capital nacional que operam no segmento de genéricos são:

Nortox (Arapongas – PR), Produquímica (Curitiba – PR), Iharabras S.A. Indústrias

Químicas (Sorocaba – SP), Sipcam Isagro Brasil S.A. (Uberaba - MG), Buschle & Lepper

(Joinville – SC) e Agro Química Maringá S.A. (Diadema –SP).

Page 72: Inovação Inovação

71

De fato, o número de pesquisadores com titulação de mestrado e doutorado destinados à

atividade de P&D nessas empresas é pouco expressivo, sendo 0,3% e 0,1% do total de

pessoas ocupadas (Tabela 2.28). Esse percentual é muito pequeno se considerado o

conteúdo científico das pesquisas em biotecnologia.

Tabela 2.28

Composição dos Trabalhadores de P&D Exclusivo da Indústria de Defensivos Agrícolas, 2005

Indicador Líderes Seguidoras

Número de empresas 7 36

Pessoal Ocupado (número de pessoas)

8229 (60,5%)

5373 (39,5%)

Número de doutores em P&D – exclusivo 10 (0,1%)

9 (0,2%)

Número de mestres em P&D – exclusivo 25 (0,3%)

12 (0,2%)

Número de outros em P&D – exclusivo 181 (2,2%)

63 (1,2%)

Fonte: Elaboração própria a partir da PINTEC/IBGE.

Através da Figura 2.5, nota-se que os investimentos totais e os gastos em P&D

concentram-se nas empresas líderes, especialmente os últimos que totalizam 88% dos

gastos. Com base nos indicadores de intensidade de investimento e P&D (Tabela 2.16, da

seção 2.2.2), as líderes se destacam mais do que as seguidoras em relação à intensidade

de P&D, com 0,6% contra 0,3%, ao passo que as seguidoras são mais intensivas em

investimentos tangíveis, com 3,7% contra 1,8%, o que reflete o envolvimento maior destas

com conhecimento incorporado em máquinas e equipamentos.

Page 73: Inovação Inovação

72

Figura 2.5 Investimentos e Gastos em P&D de Firmas Líderes e Seguidoras da Indústria de

Defensivos Agrícolas

61%

39%

Investimento

88%

12%Gastos em P&D

Líderes Seguidoras

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

Em relação ao papel de atores externos para a ocorrência da inovação, a Tabela 2.29

informa que as fontes de informação mais acessadas pelas empresas líderes do setor de

defensivos agrícolas são: redes de informação (41%), conferências e encontros (29%),

universidade (29%), feiras e exposições (27%), instituições de testes (14%), aquisições de

licenças (14%) e centro de capacitação (14%). A posição das redes de informação é

coerente com os diversos canais que as grandes empresas do setor, subsidiárias de

multinacionais, estabeleceram com outras empresas do grupo e com instituições de

ensino e pesquisa em outras partes do globo. As seguidoras, porém, atribuem importância

alta à aquisição de licença e às conferências e encontros, com 29% de freqüência cada.

Tabela 2.29

Fontes de Inovação na Indústria de Defensivos Agrícolas (número de empresas e participação no total, 2005)

Líderes Seguidoras

Número de empresas 7 36

Importância para Universidade 2 (28,6%)

1 (2,8%)

Importância alta para centro de capacitação

1 (14,3%)

0 (0,0%)

Importância alta para instituições de teste

1 (14,3%)

3 (8,9%)

Importância alta para aquisição de licença

1 (14,3%)

2 (28,6%)

Importância alta para conferências e encontros

2 (28,6%)

2 (28,6%)

Importância alta para feiras e exposições

2 (27,1%)

5 (13,1%)

Importância alta para redes de informação

3 (41,4%)

6 (16,1%)

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

Page 74: Inovação Inovação

73

A cooperação para inovar é praticada por parcela relevante das empresas líderes (73%),

em comparação com as seguidoras (2,8%). No caso das líderes, não surpreende a

proporção de empresas que cooperam com outras empresas do grupo e com

universidades, refletindo as características do setor de, respectivamente, presença de

subsidiárias de multinacionais e da base de conhecimento vinculada à biotecnologia

(Tabela 2.30).

Tabela 2.30 Cooperação para Inovação na Indústria de Defensivos Agrícolas

(números de empresas e participação no total, 2005) Líderes Seguidoras

Número de empresas 7 36

Cooperação para inovação 5 (72,7%)

1 (2,8%)

Importância alta para cooperação com clientes e consumidores

2 (28,6%) -

Importância alta para cooperação com fornecedores

1 (14,3%)

1 (2,8%)

Importância alta para cooperação com concorrentes

2 (28,6%) -

Importância alta para cooperação com outra empresa do grupo

4 (57,2%)

1 (2,8%)

Importância alta para cooperação com empresa de consultoria - -

Importância alta para cooperação com Universidade

3 (42,9%)

1 (2,8%)

Importância alta para cooperação com Centro de Capacitação

1 (14,3%) -

Cooperou em P&D com fornecedores 1 (14,3%)

1 (2,8%)

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

PARTICIPAÇÃO DO CAPITAL ESTRANGEIRO

A Tabela 2.31 revela a exclusiva participação de multinacionais na fabricação de

defensivos agrícolas na categoria de líderes. Por outro lado, na categoria de seguidoras

constata-se a predominância de firmas com capital nacional (75%), que investem em

grande parte em máquinas e equipamentos, inovam com pouca freqüência e são em sua

totalidade exportadoras. Nas líderes, há maior percentual de inovadoras (89%) vis-à-vis

as nacionais (16%).

Page 75: Inovação Inovação

74

Tabela 2.31 Distribuição das Firmas Líderes e Seguidoras na Indústria de

Defensivos Agrícolas por Origem do Capital (números de empresas e participação no total, 2005)

Líderes Seguidoras Internacionais Nacionais Internacionais

Número de Empresas 7 27 9

Investimento em máquinas e equipamentos em relação ao investimento total (%)

11,5 38,4 8,0

Inovadoras (% do total) 100 16,0 88,9

Exportadoras (% do total) 100 100 100

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

FINANCIAMENTO: O PAPEL DOS AGENTES PÚBLICOS

No caso do setor de defensivos agrícolas (Tabela 2.32), tanto as líderes quanto as

seguidoras acessam de forma relevante os recursos do BNDES, ainda que as primeiras

se destaquem com 66% do total de empréstimos no período 1996-2006.

Tabela 2.32

Distribuição de Financiamentos Públicos na Indústria de Defensivos Agrícolas

(valores acumulados no período 1996 a 2006)

Líderes Seguidoras

Número de firmas 7 36

Número de firmas financiadas pelo BNDES (1996 a 2006)

6 (85,7%)

33 (90,6)

Valores contratados pelo BNDES (R$ milhares) 75247,6 38441,9

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

Page 76: Inovação Inovação

75

2.3.3. MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

O setor de máquinas e equipamentos agrícolas pode ser incluído no mesmo paradigma

tecnológico da indústria automobilística, baseado no motor de combustão interna, ainda

que siga uma trajetória tecnológica específica, influenciada pelas características da

agricultura. Após a última inovação radical dessa trajetória tecnológica,26 o avanço técnico

do setor tem sido limitado a inovações incrementais, particularmente motor (tipo, tamanho

e potência) e sistema de direção (direção hidráulica). Após a década de 1960, a indústria

mundial encontrou design dominante que propiciou padronização tecnológica. Isso criou

economias de escala que se tornaram barreiras à entrada, reforçando a natureza

oligopolista do setor. Tais economias de escala, oriundas da padronização, permitiram

que os grandes produtores mundiais explorassem economias de complementaridade

derivadas das sinergias de P&D e da linha de produção integrada horizontalmente de

tratores, colheitadeiras e alguns implementos. Além disso, economias de distribuição

surgiram a partir da construção de uma rede de vendas unificada para máquinas e

implementos agrícolas sob uma única marca comercial, por causa da emergência do

design dominante Ferguson (Lemos, 1992).

Atualmente, as inovações do setor continuam sendo, em sua maioria, incrementais,

visando aperfeiçoar a praticidade do usuário, tendo em vista a necessidade de seguir o

modo de plantio, que não muda com freqüência (Tatsch, 2008). Os clientes (agricultores)

têm papel de destaque na criação de inovações incrementais, exigindo interação

produtor-usuário pela qual conhecimento de natureza tácita é repassado aos produtores

de bens de capital agrícolas.

A intensidade de P&D da indústria de bens de capital agrícolas, medida pela proporção

dos gastos de P&D em relação ao faturamento, é de 0,58%, estando abaixo da média da

indústria de transformação (0,66%). Em relação ao setor de fertilizantes e de defensivos

agrícolas, o setor de máquinas e equipamentos agrícolas possui maior grau de

intensidade de P&D, o que pode refletir a expressiva participação de firmas nacionais

entre as líderes tecnológicas e seguidoras. Das 29 líderes e 136 seguidoras, 27 e 122 são

26 O setor é marcado por três principais inovações radicais que são: design Fordson em 1917; Farmhall em 1925 e Ferguson em 1947 (Lemos, 1992).

Page 77: Inovação Inovação

76

de capital nacional, respectivamente. Essa informação contrasta com a maciça presença

de subsidiárias de multinacionais na liderança de mercado, verificada na Seção 3.3.

A composição interna dos gastos totais com inovação ilustra que o setor de máquinas e

equipamentos agrícolas realiza expressivo esforço interno de P&D, que consome 37,9%

dos gastos totais (Tabela 2.33). Outros 33,8% são empregados na compra de máquinas e

equipamentos, enquanto que 20,9% se destinam a projetos industriais. No caso das

líderes tecnológicas, a distribuição dos gastos totais é ainda mais favorável à atividade de

P&D. Aproximadamente 48% dos gastos são empregados nessa modalidade contra 33%

em projetos industriais e 15% em máquinas e equipamentos. De fato, a Figura 2.6 mostra

que 72% do total de gastos com P&D do setor são efetuados pelas líderes, enquanto que

seguidoras, frágeis e emergentes são responsáveis por 23%, 1% e 4%.

Tabela 2.33 Distribuição Percentual dos Gastos em Atividades Inovativas da Indústria de

Máquinas e Equipamentos Agrícolas, por categoria de empresa (2005)

Indicador Tipo de empresa

Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes Total

Número de empresas 29 136 84 7 256 Gastos em atividades inovativas (em milhões de R$)

79,8 (100%)

41,3 (100%)

11,1 (100%)

7,9 (100%)

140,1 (100%)

Gastos em P&D interno (em milhões de R$)

38,5 (48,2%)

12,2 (29,6%)

0,3 (2,7%)

2,0 (25,3%)

53,0 (37,9%)

Gastos em P&D externo (em milhões de R$)

0,6 (0,8%)

0,03 (0,1%)

0,2 (1,8%) - 0,8

(0,6%) Aquisição de outros conhecimentos (em milhões de R$)

0,1 (0,1%)

0,13 (0,3%)

0,1 (0,9%) - 0,3

(0,2%)

Aquisição de máquinas e equipamentos (em milhões de R$)

11,7 (14,7%)

20,5 (49,7%)

9,3 (83,8%)

5,9 (74,7%)

47,3 (33,8%)

Treinamentos (em milhões de R$)

0,4 (0,5%)

0,7 (1,7%) - - 1,1

(0,8%) Gasto em introdução das inovações (em milhões de R$)

2,5 (3,1%)

4,6 (11,1%)

1,0 (11,1%) - 8,1

(5,8%)

Projeto industrial 26,0 (32,6%)

3,1 (7,5%)

0,2 (7,5%) - 29,3

(20,9%) Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

As seguidoras, porém, seguem padrão diferente das líderes, pois concentram a maior

parte dos gastos de inovação com aquisição de máquinas e equipamentos (49,7%),

Page 78: Inovação Inovação

77

enquanto que os gastos com P&D totalizam 29,6% do total, os quais, ainda assim, são

significativos em se tratando do padrão de seguidoras vis-à-vis os setores de defensivos e

fertilizantes, com proporções de 10% e 17%, respectivamente.

Figura 2.6 Investimentos e Gastos em P&D de Firmas Líderes, Seguidoras, Frágeis e

Emergentes.

26%

70%

3% 1%Investimento

Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes

72%

23%

1% 4%Gasto em P&D

Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes

Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

Ainda que as multinacionais realizem P&D no Brasil,27 as estatísticas que mostram o

papel das líderes no P&D do setor devem-se majoritariamente às líderes de capital

nacional, pois as funções mais complexas de P&D estão nos países sedes das

multinacionais. A título de ilustração, embora as duas líderes tecnológicas de capital

estrangeiro se apropriem de 82% do faturamento do total das 29 líderes do setor, a

participação nos gastos totais de P&D interno é de 46%. Isso equivale a uma intensidade

média de P&D de 0,63% para as líderes estrangeiras e de 3,45% para as líderes

nacionais.

Por outro lado, os investimentos tangíveis do setor são realizados, em sua maior parte,

pelas firmas seguidoras (70%). Isso evidencia clara segmentação do regime tecnológico,

no qual as líderes tecnológicas possuem intensidade de P&D quase seis vezes maior que

a das seguidoras (1,1% contra 0,2%), como mostrado na Seção 2.2.3. Mesmo com tal

intensidade de P&D, é modesta a proporção de pessoas com titulação de doutorado e

mestrado exclusivamente dedicados à atividade de P&D nas líderes, respectivamente,

27 O caso da AGCO exemplifica isso, pois, além de transferir para o Brasil a produção de tratores que eram produzidos em Coventry (Inglaterra), criou um centro tecnológico em Canoas (RS) com investimentos de US$ 4 milhões em 2003 (Pontes, 2004).

Page 79: Inovação Inovação

78

0,01% e 0,08% (Tabela 2.34), o que reflete a tendência de empresas brasileiras de não

absorverem mestres e doutores para fins de P&D.

Tabela 2.34 Composição dos Trabalhadores de P&D Exclusivo da Indústria de Máquinas e

Equipamentos Agrícolas (2005) Indicador Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes

Número de empresas 29 136 84 7

Pessoal Ocupado (número de pessoas)

7340 (11,4%)

27072 (53,1%)

5065 (32,9%)

501 (2,6%)

Número de doutores em P&D - exclusivo

1 (0,01%)

1 (0,003%) - -

Número de mestres em P&D - exclusivo

6 (0,08%)

2 (0,006%) - -

Número de outros em P&D - exclusivo

269 (3,6%)

259 (1%)

25 (0,5%)

111 (22,1%)

Fonte: Elaboração própria a partir da PINTEC/IBGE.

Em relação às fontes de informação para inovar, a Tabela 2.35 revela que a participação

em redes de informação ocorre em 72,4% dos casos, seguida da participação em feiras e

exposições (24,1%), que é uma fonte tradicionalmente usada pelo setor de bens de

capital. No caso de seguidoras e frágeis, as proporções de empresas que atribuem alta

importância a essas duas fontes são também altas em relação às demais. O grau de

importância atribuída às redes de informação pode refletir a presença de subsidiárias de

multinacionais que mantêm intenso intercâmbio de informações, conhecimento,

experiência e suporte técnico para inovar com suas matrizes, além da existência de

arranjos produtivos locais, como no Rio Grande do Sul, nos quais é comum haver

cooperação dentro e fora do arranjo (Tatsch, 2008).

Por outro lado, a cooperação, constatada na literatura, em alguns arranjos produtivos

locais, não parece se reproduzir em todo o Brasil. Verifica-se, pela Tabela 2.36, que a

cooperação ocorre em menos de um terço das líderes, em apenas 1,5% das seguidoras e

não é praticada por frágeis ou emergentes. Tais proporções são menores que nos setores

de defensivos e fertilizantes analisados nas seções 2.3.1 e 2.3.2. Quase todas as líderes

que cooperam (8 empresas) informaram que clientes e consumidores assumem

participação principal nos arranjos cooperativos. Essa evidência traduz uma característica

das inovações do setor, que precisam ser desenvolvidas de acordo com as necessidades

do agricultor, focando a praticidade do usuário.

Page 80: Inovação Inovação

79

Tabela 2.35 Fontes de Inovação na Indústria de Máquinas e Equipamentos Agrícolas

(número de empresas e participação no total, 2005) Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes

Número de empresas 29 136 84 7

Importância para Universidade 1

(3,4%)

9 (6,6%) - -

Importância alta para centro de capacitação

4 (13,7%)

9 (6,6%)

3 (3,6%) -

Importância alta para instituições de teste

5 (17,2%)

8 (5,8%)

6 (7,1%) -

Importância alta para aquisição de licença - 1

(0,7%) - -

Importância alta para conferências e encontros

5 (17,2%)

18 (13,2%)

6 (7,1%) -

Importância alta para feiras e exposições

7 (24,1%)

37 (27,2%)

14 (16,6%)

3 (42,8%)

Importância alta para redes de informação

21 (72,4%)

23 (16,9%)

12 (14,1%)

7 (100%)

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

Tabela 2.36 Cooperação para Inovação na Indústria de Máquinas e Equipamentos Agrícolas

(números de empresas e participação no total, 2005) Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes

Número de empresas 29 136 84 7

Cooperação para inovação 9 (31,0%)

2 (1,5%) - -

Importância alta para cooperação com clientes e consumidores

8 (27,6%)

2 (1,5%) - -

Importância alta para cooperação com fornecedores - 1

(0,7%) - -

Importância alta para cooperação com concorrentes - - - -

Importância alta para cooperação com outra empresa do grupo - 1

(0,7%) - -

Importância alta para cooperação com empresa de consultoria

3 (10,3%) - - -

Importância alta para cooperação com Universidade

2 (6,8%) - - -

Importância alta para cooperação com Centro de Capacitação

3 (10,3%) - - -

Cooperou em P&D com fornecedores 2 (6,8%)

1 (0,7%) - -

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

Page 81: Inovação Inovação

80

PARTICIPAÇÃO DO CAPITAL ESTRANGEIRO

A Tabela 2.37 revela expressiva participação de firmas nacionais tanto na categoria de

líderes tecnológicas quanto na de seguidoras. Nas líderes, há maior propensão a

investimentos em máquinas e equipamentos nas filiais de multinacionais em relação às

nacionais, enquanto que não são constatadas diferenças em termos de propensão a

inovar e exportar. Na categoria de seguidoras, constata-se que as nacionais predominam

em termos de proporção de empresas que realizam investimentos e que exportam.

Embora 73,4% das multinacionais seguidoras exportam, todas as nacionais seguidoras

são exportadoras. Por outro lado, nota-se percentual mais elevado de multinacionais

seguidoras que inovam (79%), em relação às nacionais (50,9%), talvez pela facilidade de

trazer produtos ou processos de suas matrizes que já são existentes no mercado

internacional, mas não no mercado doméstico.

Tabela 2.37

Distribuição das Firmas Líderes e Seguidoras na Indústria de Máquinas e Equipamentos Agrícolas por Origem do Capital

(números de empresas e participação no total, 2005)

Líderes Seguidoras

Nacionais Internacionais Nacionais Internacionais

Número de Empresas 27 2 122 14

Investimento em máquinas e equipamentos em relação ao investimento total

51,6% 89,5% 60,0% 40,4%

Inovadoras (% do total) 100% 100% 50,9% 79,0%

Exportadoras (% do total) 100% 100% 100% 73,4%

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

FINANCIAMENTO: O PAPEL DOS AGENTES PÚBLICOS

Em relação ao setor de máquinas e equipamentos agrícolas (Tabela 2.38), mais da

metade das seguidoras acessam o BNDES como fonte de financiamento, enquanto nas

outras categorias o percentual é de 44,8% (líderes), 42,8% (emergentes), 35,7% (frágeis).

Entretanto, em termos de participação no total de recursos captados, as líderes

destacam-se com 67%, as seguidoras com 32%. Frágeis e emergentes representam

0,78% dos recursos emprestados.

Page 82: Inovação Inovação

81

Tabela 2.38 Distribuição de Financiamentos Públicos na Indústria Máquinas e

Equipamentos Agrícolas (valores acumulados no período 1996 a 2006)

Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes

Número de firmas 29 136 84 7

Número de firmas financiadas pelo BNDES (1996 a 2006)

13 (44,8%)

73 (53,7%)

30 (35,7%)

3 (42,8%)

Valores contratados pelo BNDES (R$ milhares) 958760 459655 8289 2909

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

Page 83: Inovação Inovação

82

3. INDÚSTRIAS À JUSANTE

3.1. DESCRIÇÃO DA CADEIA PRODUTIVA

A matriz de insumo-produto revela as ligações entre os setores econômicos nas compras

e vendas de produtos entre os setores, no uso de fatores de produção (capital e trabalho)

e nas vendas dos setores para os componentes da demanda final. Para o propósito deste

estudo, uma matriz de insumo-produto foi construída a partir das informações

disponibilizadas pelo IBGE (IBGE, 2008) e os dados obtidos pela equipe. Assim,

procedeu-se na abertura setorial da matriz para os setores em foco, quando necessário.

Os dados utilizados nessa etapa foram obtidos da PIA-2005 e se referem à utilização de

insumos intermediários e valor bruto da produção.

Para este relatório, o setor “Agroindústria” foi desagregado em 7 sub-setores,

desmembrado em indústrias à montante e indústrias à jusante. As indústrias à montante

(3 sub-setores) foram analisadas nas seções anteriores, sendo reservada para as

próximas seções a análise das indústrias à jusante, desmembrada em 4 sub-setores, a

saber: Abate e Preparação de Carnes e Pescado, Alimentos Processados, Óleos e

Rações e, por fim, Laticínios. A matriz construída permite avaliar a inserção destes

setores na estrutura produtiva brasileira, a partir de indicadores de composição das

vendas, das inter-relações setoriais na cadeia produtiva e com as demais cadeias

produtivas.

A identificação das cadeias produtivas seguiu a metodologia tradicional (Haguenauer,

Bahia, Castro et al., 2001). A delimitação das cadeias produtivas dos setores analisados

considerou as transações de maior valor, até o total de 70% do consumo e/ou

fornecimento intermediário. Foram desconsiderados nesse cálculo, para cada setor, o

auto-consumo (intra-setorial), os serviços e os insumos de uso difundido (tanto compras

como vendas).

A partir da matriz de insumo-produto foi implementado um modelo de insumo-produto,

que gerou os multiplicadores de produção e emprego dos setores analisados, seguindo o

padrão da literatura (e.g. Miller e Blair, 1985). Dados obtidos pela equipe do projeto

Page 84: Inovação Inovação

83

permitiram obter multiplicadores de emprego por qualificação da mão-de-obra (ensino

superior, ensino médio e inferior).

As vendas setoriais foram decompostas em 4 categorias para a demanda final:

exportações, consumo das famílias, formação bruta de capital fixo (investimento) e outras

demandas (consumo do governo e variação de estoques). A demanda intermediária

corresponde ao consumo de todos os setores produtivos da economia.

A Tabela 3.1 (partes a e b) apresenta a decomposição das vendas dos setores

agroindustriais nessas categorias. A distribuição do valor da demanda indica que os

setores de Alimentos Processados e de Óleos e Rações possuem escala semelhante

(cerca de 64 bilhões de reais), e bastante acima de Laticínios (35 bilhões). O setor de

Carnes e Pescado é o que apresenta o maior volume de produção e demanda, cerca de

83 bilhões de reais. A diferença de nível de demanda é acompanhada pela

heterogeneidade da sua composição entre os setores. Os dados indicam que o Consumo

das Famílias é o principal componente da demanda dos setores de Laticínios (73,5%),

Carnes e Pescados (54,6%) e Alimentos Processados (55,5%). As Exportações são mais

significativas para Carnes e Pescados (25,5%) e Óleos (17,1%). A Demanda

Intermediária é uma fonte de demanda significativa para Óleos (57,2%), indicando seu

uso significativo em outros processos produtivos. Para os demais sub-setores a demanda

intermediária representa cerca de 20% da demanda total.

Tabela 3.1a

Componentes da Demanda Setorial, em R$ milhões

Demanda Final

Setor Exportações Consumo

das Famílias

Investimento Consumo

do Governo

Outras Demandas Total Demanda

Intermediária Demanda

Total

Carnes e Pescado 21067 45223 43 0 -1624 64708 18064 82772

Alimentos Processados 7179 35875 35 0 5805 48894 15760 64654

Óleos e Rações 10892 16314 54 0 -23 27237 36402 63639

Laticínios 368 26038 17 0 182 26605 8813 35419

Elaboração própria a partir da MIP 2005, RAIS, PIA.

Tabela 3.1b

Page 85: Inovação Inovação

84

Componentes da Demanda Setorial, em % da Demanda Total

Demanda Final

Setor Exportações Consumo

das Famílias

Investimento Consumo

do Governo

Outras Demandas Total Demanda

Intermediária Demanda

Total

Carnes e Pescado 25,5 54,6 0,1 0,0 -2,0 78,2 21,8 100,0

Alimentos Processados 11,1 55,5 0,1 0,0 9,0 75,6 24,4 100,0

Óleos e Rações 17,1 25,6 0,1 0,0 0,0 42,8 57,2 100,0

Laticínios 1,0 73,5 0,0 0,0 0,5 75,1 24,9 100,0

Elaboração própria a partir da MIP 2005, RAIS, PIA.

As Figuras 3.1 a 3.4 apresentam as cadeias produtivas dos setores. Para se ter uma

análise mais completa, a cadeia foi expandida com a representação de componentes da

demanda final, quando significativos.

As cadeias produtivas dos setores mostram compartilhar um grupo comum de

fornecedores (compras), especialmente de 2 setores: Agricultura, silvicultura, exploração

florestal, Artigos de borracha e plástico e Produtos de metal. As vendas intermediárias,

apesar da preponderância do fluxo intra-setorial em todas as cadeias (representada na

figura dentro retângulo do próprio setor), mostram-se ligadas principalmente à demanda

dos demais setores agroindustriais. O que mais distingue o perfil de vendas setoriais nas

cadeias são os componentes da demanda final: para Laticínios é o Consumo das

Famílias, para Óleos e Rações, além do Consumo das Famílias, as Exportações

representam uma parcela importante das vendas. Na cadeia de Laticínios (Figura 3.4)

destacam-se as compras de Pecuária e Pesca, associadas ao uso pelo setor de leite e

derivados; os insumos agrícolas representam a segunda parcela mais significativa de

compras. As vendas do setor se concentram para os demais setores de alimentos e,

principalmente, para o consumo das famílias.

Page 86: Inovação Inovação

85

Figura 3.1 Cadeia produtiva do setor Carnes e Pescado, 2005 (R$ milhões)

Produtos de metal -exclusive máquinas

e equipamentos

Artigos de borracha e plástico

Carnes e Pescado

Curtimento e outras preparações de

couro

Demais Alimentos

Consumo das Famílias

Agricultura, silvicultura,

exploração florestal 5172

1081

753

41682

66290

4439

3050

1389

21067

45223

34676

4947

Pecuária e Pesca

Exportações

Fonte: MIP 2005, elaboração própria.

Figura 3.2 Cadeia produtiva do setor Alimentos Processados, 2005 (R$ milhões)

Produtos de metal -exclusive máquinas

e equipamentos

Artigos de borracha e plástico Alimentos

ProcessadosDemais Alimentos

Consumo das Famílias

Agricultura, silvicultura,

exploração florestal 5779

862

600

7241

43054

11470

7179

35875

4648

Exportações

Fonte: MIP 2005, elaboração própria.

Page 87: Inovação Inovação

86

Figura 3.3 Cadeia produtiva do setor Óleos e Rações, 2005 (R$ milhões)

Produtos de metal -exclusive máquinas

e equipamentos

Artigos de borracha e plástico

Óleos e Rações

Pecuária e pesca

Demais Alimentos

Consumo das Famílias

Agricultura, silvicultura,

exploração florestal 24428

1355

944

30184

27206

16265

8590

5814

10892

16314

2545

17437

Pecuária e Pesca

Exportações Refino de petróleo e

coque 912

Agricultura, silvicultura,

exploração florestal

Perfumaria, higiene e limpeza

1187

674

Fonte: MIP 2005, elaboração própria.

Figura 3.4

Cadeia produtiva do setor Laticínios, 2005 (R$ milhões)

Produtos de metal -exclusive máquinas

e equipamentos

Artigos de borracha e plástico

Laticínios Demais Alimentos

Consumo das Famílias

Agricultura, silvicultura,

exploração florestal 2951

436

303

12356 1244

26038

8464

4348

Pecuária e Pesca

Celulose e produtos de papel 202

Fonte: MIP 2005, elaboração própria.

A Tabela 3.2 apresenta os multiplicadores simples de produção dos 4 setores. Os

resultados indicam um multiplicador abaixo ao da média da economia brasileira para

Page 88: Inovação Inovação

87

Alimentos Processados, com predomínio do efeito direto. Esse fato se explica devido ao

pequeno número de setores que fornecem insumos ao setor (baixo encadeamento “para

trás”) e, principalmente, ao fato das vendas estarem concentradas no Consumo das

Famílias, que limita a repercussão dos efeitos multiplicadores a partir das vendas

intermediárias (efeito de propagação “para frente”). O setor de Óleos e Rações apresenta

um multiplicador bastante elevado, o que se deve aos fortes encadeamentos para trás

(especialmente com a Agropecuária) e para frente (Pecuária e Demais Alimentos), o que

também se reflete no elevado componente indireto do multiplicador (efeitos que

repercutem nos demais setores da economia). Carnes e Pescados e Laticínios

apresentam efeitos multiplicadores similares e próximos da média nacional. Nestes

setores há certo equilíbrio de efeitos diretos (no próprio setor) e indiretos (nos demais

setores da economia).

Tabela 3.2

Multiplicador Simples de Produção (2005)

Multiplicador Simples de Produção Participação no total

Setor Total Direto Indireto Direto Indireto

Carnes e Pescado 2,25 1,06 1,19 47,28 52,72

Alimentos Processados 1,53 1,08 0,45 70,47 29,53

Óleos e Rações 2,96 1,39 1,56 47,13 52,87

Laticínios 2,07 1,14 0,93 55,20 44,80

Fonte: MIP 2005, elaboração própria.

Os multiplicadores de emprego são obtidos a partir dos coeficientes de emprego de todos

os setores da economia e da matriz de multiplicadores (inversa de Leontief). Seu cálculo

segue o descrito em Miller e Blair (1985). Os multiplicadores de emprego representam,

para cada setor, a capacidade de geração e propagação de empregos na economia

decorrente da expansão da produção (ou demanda) dos seus produtos. Assim, os

multiplicadores indicam quais setores possuem capacidade relativamente maior de

geração de emprego na economia, tanto em termos totais como por qualificação (nível

educacional) da mão-de-obra.

A Tabela 3 apresenta os multiplicadores de emprego para os setores agroindustriais

analisados (coluna Total). Os resultados se relacionam aos multiplicadores simples de

Page 89: Inovação Inovação

88

produção e aos coeficientes de emprego setoriais, e indicam que os setores Óleos e

Rações e Carnes e Pescados geram maiores efeitos multiplicadores de emprego na

economia: o primeiro gera 78,2 empregos por 1 milhão de reais de produção; e o segundo

gera 64,4 empregos por 1 milhão de reais de produção. Os efeitos multiplicadores de

emprego de laticínios (47,5) e Alimentos Processados (29,9) são inferiores, o que se deve

tanto ao baixo coeficiente direto de emprego sobre produção, como aos baixos

multiplicadores de produção, como analisado anteriormente.

A Tabela 3 também apresenta os multiplicadores de emprego por qualificação da mão-de-

obra. Para a construção desse multiplicador os dados de emprego de todos os setores da

matriz foram decompostos em 3 componentes, de acordo com a qualificação (educação)

dos trabalhadores: superior, médio e inferior. Coeficientes de emprego, que representam

o número de trabalhadores dividido pelo valor da produção, foram obtidos para cada um

dos setores, e, conjugados com o modelo de insumo-produto, permitiram o cálculo de

multiplicadores de emprego por nível de qualificação.

Os resultados da Tabela 3, colunas Superior-Médio-Inferior, indicam que a maior parte do

efeito de geração de emprego dos setores ocorre no nível de qualificação inferior. O setor

de Processamento é o único que apresenta uma participação de geração de efeito

multiplicador de emprego do tipo médio mais significativo (cerca de 28% do efeito total),

apesar do efeito multiplicador ser menor (apenas 8,4 empregos por milhão).

Relativamente a outros setores da economia, a proporção de geração de empregos de

nível superior é bastante baixa.

Tabela 3.3

Multiplicador Simples de Emprego (ocupações/R$ milhões , 2005)

Multiplicadores Simples de Emprego (Ocupações/R$ milhão)

Participação por qualificação no

multiplicador (%)

Setor Total Superior Médio Inferior Superior Médio Inferior

Carnes e Pescado 64,4 2,3 10,7 51,3 4 17 80

Alimentos Processados 29,9 1,6 8,4 19,9 5 28 67

Óleos e Rações 78,2 2,9 11,9 63,4 4 15 81

Laticínios 47,5 1,9 8,4 37,1 4 18 78

Fonte: MIP 2005, RAIS, PIA, elaboração própria.

Page 90: Inovação Inovação

89

3.1.1. ABATE E PREPARAÇÃO DE PRODUTOS DE CARNE E PESCADO

Segundo a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), o setor de abate e

preparação de carne e pescado tem a seguinte definição:

Abate e Preparação de Produtos de Carne e Pescado (CNAE-151): compreende o abate de reses em matadouros e frigoríficos (bovinos, suínos, ovinos, caprinos, bufalinos, eqüídeos); a produção de carne verde, congelada ou frigorificada; a produção de conservas de carne e produtos de salsicharia e outros embutidos em continuação ao abate; a produção de banha de porco em rama ou refinada, sebo, toucinho, óleos e gorduras comestíveis de origem animal, em continuação ao abate; a produção de extratos e sucos de carne, em continuação ao abate; a produção de farinha de carne e de despojos de carne; a produção de couros e peles secos ou salgados, em continuação ao abate; a obtenção de subprodutos do abate como couros e peles sem curtir, lãs de matadouro, dentes, ossos, etc.; o abate de aves e a preparação de carnes e subprodutos; o abate de coelhos e outros pequenos animais e a preparação de carnes e subprodutos; a preparação de conservas de carne (seca, salgada, defumada e conservada, enlatada ou não) não associada ao abate; a produção de lingüiças, salsichas a granel ou enlatadas, produtos embutidos e de salamaria e de salsicharia não associada ao abate; a preparação de banha não associada ao abate; a produção de patês e pratos à base de carne; a preparação de peixes, crustáceos e moluscos (frigorificados, congelados, salgados, secos) e a fabricação de conservas do pescado, mesmo quando efetuadas em barcos-fábrica; a produção de qualquer tipo de farinha do pescado; a produção de alimentos para animais à base de pescado.

O setor apresenta-se como um dos mais dinâmicos da agroindústria nacional, com

empresas competitivas a nível mundial. No caso das carnes bovinas, a brasileira JBS

Friboi desponta como a maior empresa mundial do setor, com uma capacidade de corte

de 66.000 cabeças de gado ao dia em 2008. Além disso, o crescente aumento de

capacidade dessa empresa retrata de alguma maneira o aumento de mercado que o setor

nacional experimentou nos últimos anos28.

Para tanto apresentamos a Tabela 3.4 abaixo com a evolução do valor bruto da produção

(VBP) e do valor da transformação industrial (VTI) no setor. Há um grande aumento no

VBP, da ordem de 104% no período de 10 anos de informações, acompanhado de

aumento de 99% no VTI, o que aponta para uma relação VTI/VBP estável, com pouca

modificação no valor agregado pela indústria. Ademais, o aumento do setor foi acima da

28 Ainda vale lembrar que em setembro de 2009, com o processo de associação com a brasileira Bertin, terceira maior empresa frigorífica nacional, e a compra da americana Pilgrim´s Pride, a JBS Friboi tornou-se a maior companhia de alimentos do mundo, superando a norte-americana Tyson Foods, com faturamento global da ordem de R$ 30 bilhões, mais que o dobro da Brasil Foods (fusão entre Sadia e Perdigão).

Page 91: Inovação Inovação

90

média nacional, visto que a porcentagem de participação no VBP nacional passou de

3,19% em 1996 para 4,02% em 2006.

Tabela 3.4

Valor Bruto da Produção e da Transformação Industrial, em bilhões de Reais

Ano VBP VTI VTI/VBP % VBP nacional

1996 25,0 8,4 0,33 2,42

1997 28,1 9,1 0,32 2,66

1998 30,0 9,5 0,32 2,90

1999 31,4 9,9 0,32 2,96

2000 32,6 8,6 0,26 2,94

2001 37,0 10,3 0,28 3,23

2002 36,1 10,9 0,30 3,19

2003 37,3 12,8 0,34 3,38

2004 40,6 13,5 0,33 3,38

2005 44,6 14,6 0,33 3,74

2006 51,1 16,6 0,33 4,02

Fonte: SIDRA-IBGE, PIA. Deflacionados pelo IPA-OG – carne e pescado.

Quanto à evolução estrutural da indústria, apresentamos abaixo resultados desde 1996

para a receita líquida de vendas. A taxa de crescimento médio da RLV é de 7,6% a.a.,

com a receita líquida de vendas saltando de US$ 25 bilhões em 1996 para US$ 52 bilhões

em 2006. A ruptura da trajetória de crescimento em 2002 deve-se principalmente à queda

dos preços globais e aumento de oferta de carne depois da crise da vaca louca em 2001.

Porém, fora esse ano, no qual há uma queda de 17% na RLV do setor, o crescimento é

constante e retrata a força do setor no quantum exportado, como pode ser observado no

Gráfico 3.2.

Page 92: Inovação Inovação

91

Tabela 3.5 Receita Líquida de Vendas na Indústria de Abate e Preparação de Produtos de

Carne e Pescado

Ano R$ bilhões de 2006

Taxa de crescimento a.a. (%)

1996 24,9 -

1997 28,5 14,2

1998 30,0 5,5

1999 30,3 0,8

2000 31,5 4,1

2001 36,8 16,8

2002 32,1 -12,7

2003 37,8 17,5

2004 41,1 8,8

2005 46,2 12,4

2006 51,8 12,2

1996-2006 - 7,6

Fonte: SIDRA-IBGE, PIA. Deflacionados pelo IPA-OG.

Gráfico 3.1 Receita Líquida com Vendas Industriais, em Reais, deflacionado pelo IPA-OG –

carne e pescado, para 2006

0

10

20

30

40

50

60

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Bil

es

(R$

)

Receita líquida de vendas

Fonte: SIDRA-IBGE, PIA. Deflacionados pelo IPA-OG – carne e pescado..

Page 93: Inovação Inovação

92

Gráfico 3.2 Valor das Exportações e Importações da Indústria de Abate e Preparação de

Produtos de Carne e Pescado, (US$ bilhões)

0

4

8

12

16

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Bil

es

(US

$)

Exportação Importação

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da Secex/MDIC.

O crescimento da quantidade exportada pelo setor é vertiginoso, saindo de um valor de

US$ 1,6 bilhões em 1996 para aproximadamente US$ 15 bilhões em 2006. Visto que os

valores importados continuaram no patamar de US$ 700 milhões, o superávit da balança

comercial brasileira só tem crescido, alcançando o valor de US$ 14,3 bilhões em 2006.

Com isso, o Brasil desde 2004 tornou-se o principal país exportador de carne bovina do

mundo, ultrapassando a Austrália (Sabadin, 2006). O resultado é validado também pelo

aumento das exportações de carne de frango. Segundo Paula & Filho (2003), os altos

investimentos de grandes empresas e cooperativas agropecuárias a partir de 1998

resultaram em excedentes produtivos que puderam ser redirecionados para o mercado

externo, fazendo com que o Brasil se estabelecesse a partir de então como o segundo

maior exportador mundial de carne de frango, apenas atrás dos EUA.

Page 94: Inovação Inovação

93

Gráfico 3.3 Valor das Exportações da Indústria de Abate e Preparação de Produtos de Carne e

Pescado, por local de destino (US$ bilhões)

0

1

2

3

4

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Bil

es

(US

$)

China, Hong Kong, Macau EUA Mercosul Oriente Médio Rússia União Européia África

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da Secex/MDIC. Os dados de destinação de exportações apontam ainda para uma liderança durante todo

o período dos pedidos europeus, com um forte crescimento pós-2006 para exportações

ao Oriente Médio e Rússia. Mercados mais próximos, como os do Mercosul e o dos EUA

mostraram menor inserção dos produtos nacionais, explicado pela maior oferta interna

existente nesses mercados.

3.1.2. ALIMENTOS PROCESSADOS

Englobam-se nessa análise três CNAE´s distintas que, setor Segundo a Classificação

Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), possuem a seguinte composição:

Alimentos Processados (Cnae - 152, 157 e 158): compreende a produção de conservas de frutas (frutas em caldas, compotas, frutas conservadas em álcool, secas, desidratadas, polpas conservadas, purês e semelhantes); a fabricação de doces em massa ou pasta e geléias; a produção de concentrados de tomate (extratos, purês, polpas); a produção de conservas de legumes e outros vegetais mediante congelamento, cozimento, imersão em azeite ou vinagre; a produção de vegetais desidratados e liofilizados; a elaboração de farinha e sêmola de batata, batata frita e aperitivos à base de batata; a produção de concentrados e de sucos

Page 95: Inovação Inovação

94

puros de frutas, legumes e outros vegetais; a produção de mosto de uva não fermentado; a produção de polpas de frutas para sucos; a produção de leite de coco; a produção de café torrado em grãos; a produção de café torrado e moído; a produção de café descafeinado; a produção de café solúvel, extratos e concentrados de café; a fabricação de produtos de panificação industrial ou panificação tradicional (padaria) e confeitaria (pães e roscas, bolos, tortas e doces, etc.); a produção de artigos de pastelaria (pastéis, empadas, pizzas e outros salgados); a produção de farinha de rosca; a fabricação de biscoitos e bolachas; a fabricação de casquinhas para sorvetes e formas para recheios de doces e semelhantes; a fabricação de cacau torrado (amêndoas); a fabricação de pasta de cacau (massa) e de outros derivados do beneficiamento do cacau (cacau em pó, manteiga de cacau, chocolate amargo para uso industrial, torta de cacau, etc.); a fabricação de bombons, chocolates e farinhas à base de chocolate; a fabricação de balas, confeitos e semelhantes; a fabricação de gomas de mascar; a fabricação de frutas cristalizadas; gomas de mascar; a fabricação de massas alimentícias (talharim, espaguete, ravióli, etc.); a fabricação de massas preparadas (frescas, congeladas ou resfriadas) para lasanha, canelone, etc., com ou sem recheio; a preparação de especiarias e condimentos (canela, baunilha, colorau, mostarda, sal preparado com alho, etc.); a preparação de molhos de tomate, molhos em conserva, maionese, etc.; a preparação de bases para molhos; a preparação de temperos diversos desidratados, congelados, liofilizados, em conserva, etc.; a preparação de alimentos conservados (feijoadas, enlatados, etc.); a preparação de alimentos dietéticos e para crianças; a preparação de alimentos para fins nutricionais; a produção de preparações salgadas para aperitivos; a fabricação de pós para pudins, gelatinas, etc.; a fabricação de vinagres; a fabricação de fermentos e leveduras; a fabricação de produtos à base de soja; a fabricação de sopas em estado líquido ou em pó, sopas congeladas e em tabletes; o beneficiamento de chá, mate e outras ervas para infusão; a fabricação de gelo comum; a fabricação de doces - exceto de frutas; a fabricação de produtos enriquecidos com vitaminas e proteínas; a fabricação de produtos alimentícios não especificados em outras classes.

O setor de Alimentos Processados tem como uma de suas principais características a

importância dos consumidores na oferta de produtos. Wedwkin e Neves (1995) chamam

atenção para o forte impacto dos hábitos, gostos e preferências dos consumidores no

setor agroindustrial de alimentos. Sendo assim, a diferenciação de produto torna-se

necessária, com vistas a uma intensa competição por market share e baixo ciclo de vida

dos produtos (Conceição, 2007). Além disso, o setor é marcado desde o final da década

passada por um forte processo de fusões e aquisições (F&A) no mercado brasileiro,

segundo dados de Viegas (2006), que reproduz o comportamento das firmas no mercado

mundial. Somente nos anos de 2002, 2003 e 2004 o setor presenciou 51 processos de

F&A.

Page 96: Inovação Inovação

95

As F&A se explicam pela busca de economias de escala e escopo e pela conjugação de

aprendizado de novos processos produtivos, além de redefinição de rotinas

organizacionais.

Os resultados da análise de valor bruto da produção (VBP) e receita líquida, ambos

deflacionados pelo índice de preços IPA-OG Produtos Alimentares – não apontam

melhoria significativa para as firmas do setor. Os resultados para VBP apontam aumento

de apenas 9,76% nos 10 anos de análise. Estes números evidenciam que as firmas estão

submetidas a fortes pressões competitivas dentro do setor, de tal forma que as F&A é um

instrumento característico das firmas do setor para a defesa de suas participações de

mercado.

Porém, o processo de queda não é constante, e pela análise da tabela apresenta

impactos diretos da crise macroeconômica de 1999 e 2000. Há acréscimo de VBP até

1999, de 10%, mas uma queda brusca para o ano seguinte. A recuperação do setor só vai

acontecer em 2005, quando o VBP real consegue traspassar os valores de 1996. Para a

relação de agregação de valor (VTI/VBP) o processo não teve a mesma dinâmica, pois se

pode verificar queda constante do mesmo, fechando 2006 com 87% do valor agregado

em 1996, evidenciando que o processo de competição é fortemente baseado em preços,

que é mais relevante do que o esforço de diferenciação de produtos, essencialmente de

natureza horizontal, associada mais a esforço de marketing do que de diferenciação

tecnológica.

Tabela 3.6

Valor Bruto da Produção e da Transformação Industrial, em bilhões de Reais Ano VBP VTI VTI/VBP % VBP nacional

1996 37,9 17,9 0,47 3,66

1997 42,4 20,5 0,48 4,01

1998 40,7 18,2 0,45 3,94

1999 41,7 19,4 0,46 3,93

2000 34,6 14,5 0,42 3,12

2001 37,6 15,6 0,41 3,28

2002 37,4 14,6 0,39 3,30

2003 33,9 13,8 0,41 3,07

2004 35,6 14,4 0,40 2,96

2005 38,1 15,5 0,41 3,18

2006 41,6 17,1 0,41 3,28 Fonte: SIDRA-IBGE, PIA. Deflacionados pelo IPA-OG – produtos alimentares.

Page 97: Inovação Inovação

96

A evolução temporal da receita líquida de vendas apresenta dinâmica parecida à do VBP,

qual seja: interrupção do crescimento em 2000 e 2003, com posterior retomada para

fechar 2006 com um crescimento total no período de 7,93%.

Tabela 3.7

Receita Líquida de Vendas na Indústria de Alimentos Processados

Ano R$ bilhões de 2006

Taxa de crescimento a.a. (%)

1996 35,3 -

1997 38,7 9,5

1998 37,7 -2,5

1999 38,8 2,9

2000 32,0 -17,5

2001 38,8 21,1

2002 33,4 -13,9

2003 31,9 -4,4

2004 35,0 9,6

2005 35,2 0,6

2006 38,1 8,2

1996-2006 - 0,7

Fonte: SIDRA-IBGE, PIA. Deflacionados pelo IPA-OG – produtos alimentares.

Page 98: Inovação Inovação

97

Gráfico 3.4 Receita Líquida com Vendas na Indústria de Alimentos Processados, em Reais,

deflacionado pelo IPA-OG – produtos alimentares, para 2006

10

20

30

40

50

60

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Bil

es

(R$

)

Receita líquida de vendas

Fonte: SIDRA-IBGE, PIA. Deflacionados pelo IPA-OG – produtos alimentares.

Aparentemente, os efeitos sobre a queda do VBP e da receita nos anos analisados têm

uma influência muito maior da demanda interna do que da queda das exportações.

Durante todo o período o setor é superavitário na balança comercial, e as exportações

não sofrem queda nos mesmos anos da receita líquida e do VBP. Além disso, os valores

exportados pelo setor são muito inferiores ao consumo interno, como visto na análise da

cadeia produtiva geral.

Ademais, o processo de crescimento das exportações pós 2003 segue a mesma dinâmica

do aumento do VBP e RLV, indicando que a retomada do crescimento pode ter influência

da demanda internacional. Com a demanda interna por produtos importados continuando

praticamente fixa, o saldo comercial brasileiro cresceu consideravelmente, atingindo

aproximadamente US$ 4 bilhões em 2008.

No entanto, a natureza de commoditie dos dois principais produtos do setor, café e seus

derivados e suco concentrado, parece ser o fator determinante desta aparente

estagnação do valor da produção, das vendas internas setoriais e exportações, uma vez

Page 99: Inovação Inovação

98

que possuem formações de preços dadas pelo mercado internacional. Dois fatores

atuaram simultaneamente: queda das cotações internacionais destes dois produtos na

primeira metade dos anos 2000; apreciação do real a partir de 2004. Ainda que as

exportações respondam por apenas 11% da demanda total os preços internos seguem os

preços internacionais. Neste sentido, os preços destes produtos em reais foram cadentes,

afetando o conjunto das cadeias de café e suco concentrado no mercado doméstico,

mesmo que este tenha aumentado substantivamente o quantum consumido.

Gráfico 3.5

Valor das Exportações e Importações da Indústria de Alimentos Processados, (US$ bilhões)

0

1

2

3

4

5

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Bil

es

(US

$)

Exportação Importação

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da Secex/MDIC. Quanto à destinação desse aumento exportador, o gráfico abaixo remete para uma

grande importância da demanda européia e, em menor escala, dos EUA. Os demais

blocos econômicos e países têm participação unitária modesta, menores que os do

Mercosul, e por isso não foram apresentados no gráfico. Vale lembrar que dentre os

produtos da pauta de exportação, os mais influentes são commodities agrícolas da cadeia

e não alimentos processados, notadamente suco de laranja concentrado, principalmente

para os EUA, e café torrado em grãos, para a UE e EUA.

Page 100: Inovação Inovação

99

Gráfico 3.6 Valor das Exportações da Indústria de Alimentos Processados, por local de destino

(US$ bilhões)

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

1,8

2

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Bil

es

(US

$)

EUA Mercosul União Européia

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da Secex/MDIC.

3.1.3. PRODUÇÃO DE ÓLEOS E RAÇÕES

Segundo a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), o setor de Óleos

possui a seguinte composição:

Óleos e Rações (Cnae – 153 e 155): compreende a elaboração de óleos vegetais em bruto, comestíveis ou não (óleo de soja, caroço de algodão, oliva, girassol, etc.); a produção de tortas, farinhas e farelos de sementes oleaginosas e de subprodutos residuais da produção de óleos (p. ex.: linter de algodão); o refino de óleos vegetais, comestíveis ou não; a produção de ceras de origem vegetal; outros beneficiamentos processados em óleos vegetais (sopragem, hidrogenação, etc.); a produção de margarina e de outras gorduras vegetais, comestíveis ou não; a produção de preparações à base de creme vegetal; a produção de óleos não-comestíveis de origem animal; a extração de óleos de peixe e de mamíferos marinhos; o beneficiamento do arroz (arroz descascado, moído, branqueado, polido, parbolizado, ou convertido); a produção de farinha de arroz; a produção de flocos e outros produtos de arroz; o beneficiamento do trigo (moagem, produção de farinha de trigo - mesmo integral, sêmola, farelo de trigo, etc.); a produção de farinhas e massas mescladas e preparadas para a fabricação de pães, bolos, biscoitos, etc.; a produção de farinha de mandioca; a fabricação de raspa e farinha

Page 101: Inovação Inovação

100

de raspa de mandioca e de outros derivados; a fabricação de farinhas cruas de milho (creme de milho, gritz de milho, etc.), canjica, farelo de milho, etc.; a fabricação de fubá de milho; a fabricação de farinhas de milho termicamente tratadas ou alimentos à base de milho (pós, flocos como produtos pré-cozidos, etc.); a preparação de milho para pipoca; a fabricação de amidos e féculas de arroz, trigo, mandioca, batata, etc.; a fabricação de amidos e féculas de milho; a fabricação de óleo de milho em bruto; a fabricação de óleo de milho refinado; a fabricação de amidos e a elaboração de dextrose; a fabricação de produtos elaborados a partir do amido, como açúcares (glicose, maltose e inulina), glúten, tapioca, etc.; a fabricação de produtos à base de mel, mesmo o mel artificial; fabricação de rações e forragens balanceadas e de alimentos preparados para animais (bovinos, suínos, aves, coelhos, etc.); a fabricação de alimentos preparados para gatos, cachorros e outros animais; a obtenção de sal mineralizado; a fabricação de farinhas de araruta, centeio, cevada, coco, aveia, legumes secos, etc.; a fabricação de farinhas compostas, germens de cereais, etc.; a fabricação de aperitivos e alimentos para o café da manha à base destes produtos.

O setor de Óleos e Rações tem uma participação significativa no chamado “agronegócio”

brasileiro. Se tomarmos o agregado de todos os setores agro-industriais, o sub-setor de

Óleos e Rações representou 28% do Valor Bruto da Produção (VBP) e 23% do Valor da

transformação Industrial (VTI) em 2005. A Tabela 3.7 mostra os dados de produção e

transformação industrial do setor entre 1996 e 2006. A escala de produção do setor

esteve na média em 56 bilhões de reais, e mostrou um crescimento acumulado de 9%

entre 1996 e 2006. Interessante notar que no mesmo período o VTI caiu cerca de 9% em

termos reais, o que resulta numa taxa de transformação (VTI/VBP) 14% inferior em 2006,

relativamente ao observado em 1996.

Tabela 3.7

Valor Bruto da Produção e da Transformação Industrial, em bilhões de Reais Ano VBP VTI VTI/VBP

1996 51,7 18,3 0,35

1997 51,6 18,8 0,36

1998 51,6 16,0 0,31

1999 51,3 14,8 0,29

2000 46,1 11,7 0,25

2001 50,2 16,1 0,32

2002 65,5 19,0 0,29

2003 62,7 20,1 0,32

2004 70,3 19,5 0,28

2005 60,4 18,6 0,31

2006 56,6 16,7 0,30 Fonte: SIDRA-IBGE, PIA. Deflacionados pelo IPA-OG. Ano-base: 2006.

Page 102: Inovação Inovação

101

A Tabela 3.8 apresenta indicadores da participação do setor de Óleos e Rações na

economia nacional entre 1996 e 2006. O setor representou, em média, 5% do VBP

nacional, empregou cerca de 2% do pessoal ocupado de todo o setor industrial brasileiro

e participou, em média, com 3,4% de toda a transformação industrial.

Tabela 3.8

Participação do setor de Óleos e Rações no total nacional, por variável Ano

Pessoal ocupado

(% da Indústria)

Valor bruto da produção

industrial (% da Indústria)

Valor da transformação industrial (% da

Indústria)

1996 2,0 5,0 3,8

1997 1,9 4,9 3,9

1998 2,0 5,0 3,4

1999 2,0 4,8 3,0

2000 1,8 4,2 2,3

2001 1,8 4,4 3,2

2002 2,1 5,8 3,8

2003 2,0 5,7 4,2

2004 2,0 5,8 3,8

2005 2,0 5,1 3,6

2006 1,9 4,5 3,0

2007 2,0 4,9 3,1

Fonte: SIDRA/IBGE

A Tabela 3.9 e o Gráfico 3.7 ilustram o comportamento da receita líquida de vendas do

setor de 1996 a 2006. Apesar das oscilações verificadas no período, a receita real de

vendas em 2006 está muito próxima da observada em 1996, em cerca de 50 bilhões de

dólares. Entre 2002 e 2004 observa-se uma considerável elevação da receita, para cerca

de 64 bilhões de reais ao ano. Esta elevação está associada ao crescimento das

exportações, como será visto adiante.

Page 103: Inovação Inovação

102

Tabela 3.9 Receita Líquida de Vendas na Indústria de Óleos e Rações

Ano R$ bilhões de 2006

Taxa de crescimento a.a. (%)

1996 50,2 -

1997 49,7 -0,9

1998 50,3 1,1

1999 50,0 -0,5

2000 45,2 -9,6

2001 48,0 6,1

2002 63,2 31,7

2003 60,4 -4,5

2004 68,3 13,1

2005 57,8 -15,4

2006 52,3 -9,5

1996-2006 - 0,4

Fonte: SIDRA-IBGE, PIA. Deflacionados pelo IPA-OG.

Gráfico 3.7 Receita Líquida com Vendas Industriais, em Reais, deflacionado pelo IPA-OG para

2006

0

20

40

60

80

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Bil

es

(R$

)

Receita líquida de vendas

Fonte: SIDRA-IBGE, PIA. Deflacionados pelo IPA-OG.

Page 104: Inovação Inovação

103

O Gráfico 3.8 apresenta o comportamento dos preços no atacado de Óleos vegetais vis-a-

vis o IGP-DI em cada ano. Em geral, os preços médios do setor tem evoluído abaixo do

IGP, com exceção de um período entre 2002 e 2004. Este comportamento logicamente

associa-se ao da receita líquida apresentado no gráfico anterior.

Gráfico 3.8

IPA do setor de Óleos e Gorduras em relação ao IGP-DI (normalizado para 100)

0

20

40

60

80

100

120

ago

/94

fev/

95

ago

/95

fev/

96

ago

/96

fev/

97

ago

/97

fev/

98

ago

/98

fev/

99

ago

/99

fev/

00

ago

/00

fev/

01

ago

/01

fev/

02

ago

/02

fev/

03

ago

/03

fev/

04

ago

/04

fev/

05

ago

/05

fev/

06

ago

/06

fev/

07

ago

/07

fev/

08

ago

/08

IPA-OG - óleos e gorduras / IGP-DI IGP-DI / IGP-DI

Fonte: Elaboração própria a partir de dados do IpeaData. O Gráfico 3.9 e a Tabela 3.10 apresentam os dados do comércio internacional de Óleos e

Rações. As importações desse produto são pouco significativas representando menos de

2 bilhões de dólares ao ano. O setor apresenta um saldo comercial significativo,

especialmente a partir de 2004. Em 2008, o saldo comercial foi positivo em 6,5 bilhões de

dólares. Essa dinâmica de crescimento das exportações do setor, associadas ao

crescimento do mercado internacional e ao comportamento dos preços do produto.

O Gráfico mostra o comportamento do índice de preços e quantum das exportações de

Óleos Vegetais de 1996 a 2007. Os preços, que haviam caído -36% entre 1996 e 1999,

passam a crescer de forma contínua a partir de 2000 até 2004, com queda brusca em

2005 e retomada em 2006, valorizando-se em dólares cerca de 70% entre 1999 e 2007.

Page 105: Inovação Inovação

104

A variação positiva de preços em dólares a partir de 2000 é acompanhada por uma

elevação expressiva da quantidade exportada até 2005 (73%), verificando-se uma

desaceleração em 2006 e 2007 (queda de -14% na quantidade exportada entre 2005 e

2007), período em que houve carestia de soja no mercado internacional e seca nas áreas

produtoras do estado do Rio Grande do Sul.

É importante observar que a retomada da trajetória ascendente dos preços em dólares do

setor a partir de 1999, especialmente da soja, só foi acompanhada pelos preços em reais

até 2003, beneficiados pela maxidesvalorização de 1999 e choque cambial da eleição de

Lula em 2002. No entanto, o efeito da apreciação do real a partir de 2004 supera a alta do

dólar das cotações internacionais, o que resulta em queda dos preços domésticos em

reais das commodities do setor, somente revertida com a carestia internacional de

alimentos no período 2007-2008.

Tabela 3.10

Exportações, Importações e Saldo Comercial – US$ bilhões (1996-2008)

Exportação Importação Saldo Comercial

1996 3,7 0,7 3,0

1997 3,4 0,8 2,7

1998 2,7 0,9 1,8

1999 2,3 0,5 1,9

2000 2,2 0,4 1,8

2001 2,7 0,4 2,4

2002 3,1 0,4 2,7

2003 4,0 0,5 3,5

2004 4,9 0,5 4,4

2005 4,5 0,5 4,0

2006 4,0 0,6 3,4

2007 5,1 0,9 4,1

2008 7,9 1,4 6,5

Fonte: Secex/MDIC.

Page 106: Inovação Inovação

105

Gráfico 3.9 Valor das Exportações e Importações da Indústria de Óleos e Rações, (US$ bilhões)

0

2

4

6

8

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Bil

es

(US

$)

Exportação Importação

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da Secex/MDIC.

Gráfico 3.10 Exportações de Óleos Vegetais: índice de preços em – US$ bilhões

(média 2006 = 100) e de quantum (média 2006 =100)

60

80

100

120

140

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Preço Quantidade Fonte: Funcex.

Page 107: Inovação Inovação

106

3.1.4. LATICÍNIOS

Segundo a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), o setor de Laticínios possui a seguinte composição:

Laticínios (CNAE-154): compreende as atividades de filtração, esterilização, pasteurização, homogeneização e resfriamento de leite; o envasamento de leite, associado ao beneficiamento; a produção de creme de leite, manteiga, coalhada, iogurtes, etc.; a produção de bebidas achocolatadas; a produção de leite em pó, dietético, concentrado, maltado, aromatizado, gelificado, etc.; a produção de queijos, inclusive inacabados; a produção de farinhas e sobremesas lácteas; a produção de doce de leite; a obtenção de subprodutos do leite, como caseína, lactose, soro e outros; a produção de sorvetes, bolos e tortas gelados, coberturas, etc..

A estrutura tecnológica do setor de laticínios é estabelecida e difundida. A grande

diferenciação de produto não se traduz em poder de monopólio em processos produtivos,

visto a existência dessa difusão. A comercialização e produção, portanto, obedece muitas

vezes a especificidades regionais, com pequenas indústrias trabalhando em mercados

específicos. Isso não significa a inexistência de grandes players nacionais, como

podemos ver na tabela abaixo, onde apresentamos as maiores empresas em recepção de

leite no ano de 2007.

Como se pode destacar, há hegemonia da Nestlé, com 21% de recepção entre as 16

maiores do setor. A Parmalat, empresa que se estabeleceu em território nacional no início

dos anos 90 e foi líder de mercado por praticamente todo o período dessa década sofreu

com insolvência e crises de abastecimento durante a década atual – processos estes que

serão destacados no decorrer do texto – e em 2007 figurava apenas como a quarta maior

empresa nacional. Uma característica do setor é a forte presença das Cooperativas

Centrais entre as líderes, ainda que decrescente nas duas últimas décadas, como Itambé,

Laticínios Morrinhos, Confepar, Centroleite e CCL.

Page 108: Inovação Inovação

107

Tabela 3.11 Maiores firmas receptoras de leite - 2007

Recepção (mil litros)

Produtores Produtores Terceiros Total Número de Produtores

DPA Nestlé 1.200.000 600.000 1.800.000 5.800

Elegê 894.369 429.638 1.324.007 18.801

Itambé 940.000 150.000 1.090.000 9.067

Parmalat 464.824 260.197 725.021 4.457

Bom Gosto 486.588 146.147 632.735 9.690

Laticínios Morrinhos 369.685 17.455 387.140 4.500

Embaré 317.961 18.612 336.573 2.208

Confepar 243.031 90.459 333.490 7.393

Centroleite 300.095 - 300.095 5.265

Líder Alimentos 223.560 25.165 248.725 5.390

CCL 119.077 128.873 247.950 2.439

Batávia 246.459 - 246.459 4.215

Frimesa 217.531 8.273 225.804 4.847

Danone 132.011 90.080 222.091 418

Nilza Alimentos 41.835 177.614 219.449 872

Grupo Vigor 138.504 62.796 201.300 1.213

Total do ranking 6.335.530 2.205.309 8.540.839 86.575

Fonte: LEITE BRASIL, CNA/Decon, OCB/CBCL e EMBRAPA/Gado de Leite.

Essas empresas são competitivas principalmente pela economia de escala e conseguem

estabelecer certo domínio de mercado devido a essas reduções de custos. Porém, as

especificidades regionais ditas acima fazem com que essas empresas atuem a nível

multi-plantas, onde cada uma dessas unidades produtivas está localizada de modo a

atender determinados mercados regionais e próximas às bacias leiteiras, fontes de

captação de leite.

No contexto de produção e agregação de valor, vê-se que na evolução não houve muitas

modificações. Os valores são reais – deflacionados pelo IPA-OG Leites e Derivados – e

demonstram estabilidade no VBP e VTI. Na porcentagem de agregação de valor

(VTI/VBP), o valor de proporção passa de 0,37 para 0,34, o que corrobora o argumento

Page 109: Inovação Inovação

108

de tecnologia difundida. Já na participação do VBP nacional a participação do leite sofreu

uma ligeira queda, passando de 1,86% para 1,58%.

Tabela 3.12 Valor Bruto da Produção e da Transformação Industrial, em bilhões de Reais

Ano VBP VTI VTI/VBP % VBP nacional

1996 19,2 7,2 0,37 1,86

1997 18,8 7,1 0,38 1,78

1998 19,0 7,5 0,40 1,84

1999 18,4 7,1 0,39 1,73

2000 18,5 6,8 0,37 1,67

2001 17,6 6,0 0,34 1,54

2002 17,6 6,0 0,34 1,56

2003 17,6 6,0 0,34 1,59

2004 17,4 5,3 0,31 1,45

2005 18,9 5,8 0,31 1,58

2006 20,1 6,8 0,34 1,58

Fonte: SIDRA-IBGE, PIA. Deflacionados pelo IPA-OG – leite e derivados.

Com relação à receita do setor, há de se destacar a pequena queda no valor,

deflacionado pelo IPA-OG Leite e derivados, índice específico do setor. Essa queda foi da

ordem de 1,7% no período 1996-2006, mas mostrou-se de maior significância nos anos

de 2001 e 2005. Essa queda de receita coincide com o processo de queda de liderança

da Parmalat, que durante praticamente toda a década de 90 figurou como a principal

empresa do setor, mas que passou por dificuldades no início da presente década, afetada

pela quebra da empresa matriz na Itália. Em que pese este contexto empresarial interno

do grupo, a crise da Parmalat também reflete uma crise de descapitalização do setor,

especialmente do setor cooperativo leiteiro.

No caso específico da Parmalat Brasil, assim como a Parmalat no mundo, entrou em

colapso e já no começo da década mostrava a perda de dinamismo. Com a aprovação da

nova lei de falências (Lei nº 11.101/2005), a Parmalat Brasil entrou em recuperação

judicial.

Page 110: Inovação Inovação

109

Os vales do gráfico apresentam possivelmente essa dinâmica de crise no setor, mas

apontam para uma retomada do crescimento em 2006. É bem provável que para 2007

haja ainda um processo de queda nos valores da receita, pela crise de abastecimento

causada pela apreensão de dois lotes da Parmalat pela ANVISA que estavam suspeitos

de adulteração.

Tabela 3.13

Receita Líquida de Vendas na Indústria de Laticínios

Ano R$ bilhões de 2006 Taxa de crescimento a.a. (%)

1996 20,77 - 1997 20,50 -1,3 1998 21,05 2,7 1999 21,62 2,7 2000 20,75 -4,0 2001 16,80 -19,0 2002 20,67 23,0 2003 19,61 -5,1 2004 18,89 -3,7 2005 15,74 -16,7 2006 17,51 11,3

1996-2006 - -1,7 Fonte: SIDRA-IBGE, PIA. Deflacionados pelo IPA-OG – leite e derivados.

Gráfico 3.11

Receita Líquida com Vendas Industriais, em Reais, deflacionado pelo IPA-OG – leite e derivados para 2006

0

5

10

15

20

25

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Bil

es

(R$

)

Receita líquida de vendas Fonte: SIDRA-IBGE, PIA. Deflacionados pelo IPA-OG – leite e derivados.

Page 111: Inovação Inovação

110

Já numa análise de balança comercial as grandes oscilações mostram o aumento de

competitividade externa do setor. Até 2003 a balança comercial apresenta déficits, muito

disso foi devido à baixa produtividade nacional. O crescimento dessa produtividade com

demanda constante provocou a possibilidade de aumento de exportações (Ponchio,

Gomes e Da Paz, 2005). Ainda, como destacam Silva, Silva e Ghobril (2007), esse

aumento exportador deu-se mediante a abertura para mercados consumidores menos

exigentes, onde houve aumento de interação comercial provocada pelo governo Lula,

como o Mercosul e o mercado Africano. No entanto, deve ser salientado que as

exportações são pouco significativas, já que este é o setor mais “fechado” do

agronegócio, com o comércio internacional representando pouco mais de 1% do valor da

produção.

Gráfico 3.12 Valor das Exportações e Importações da Indústria de Laticínios, (US$ milhões)

0

100

200

300

400

500

600

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Mil

es

(US

$)

Exportação Importação

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da Secex/MDIC.

Essas afirmações são validadas pelo gráfico por destino, onde se vê a partir de 2002 uma

maior interação e maior número de exportações para o Mercosul e África. Porém, além

disso, os valores exportados para EUA da América e União Européia também cresceram,

validando o aumento de quantum por aumento de produtividade.

Page 112: Inovação Inovação

111

Gráfico 3.13 Valor das Exportações da Indústria de Laticínios, por local de destino (US$ bilhões)

0

50

100

150

200

250

300

350

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Mil

es

(US

$)

EUA Mercosul União Européia África

Fonte: Elaboração própria a partir de dados da Secex/MDIC.

Porém, vale destacar ainda que a despeito desse crescimento produtivo, o Brasil

encontra-se muito aquém da média e pico de produtividade mundial no ordenhamento

animal, conforme pode ser visto na tabela abaixo. Os valores são para 2004.

Page 113: Inovação Inovação

112

Tabela 3.14 Produção de Leite e Produtividade Animal nos Principais Países de cada

Continente/bloco, 2004

Países Produção de leite (mil t)

Vacas ordenhadas

(mil cabeças)

Produtividade animal

(litros/vaca/ano)

AMÉRICA DO NORTE 85,566 10,05 8,514

Estados Unidos 77,565 8,970 8,647

Canadá 8,000 1,080 7,407

EUROPA 209,518 46,391 4,516

Reino Unido 14,600 2,200 6,636

Alemanha 28,000 4,356 6,428

França 24,200 4,014 6,029

Rússia 30,850 10,19 3,027

OCEANIA 25,226 6,115 4,125

Austrália 10,377 2,030 5,112

Nova Zelândia 14,780 4,030 3,667

AMÉRICA DO SUL 46,356 34,009 1,363

Argentina 8,100 2,000 4,050

Uruguai 1,495 879 1,700

Brasil 23,320 20,500 1,138

Colômbia 6,090 5,820 1,046

ÁSIA 113,077 83,954 1,347

Japão 8,350 1,210 6,900

China 18,850 7,034 2,680

Turquia 9,400 5,500 1,709

Índia 37,800 39,000 969 AMÉRICA CENTRAL E CARIBE 14,354 19,970 719

México 9,950 6,850 1,452

Cuba 610 525 1,161

T O T A L 515,837 235,751 2,188 Fonte: FAO.

O país ocupa uma das últimas posições na produtividade mundial. Mesmo assim, possuía

a sexta colocação em produção de leite em 2004 (Zoccal e Gomes, 2005), o que aponta a

importância da escala na competitividade. Portanto, mesmo que a produtividade tenha

aumentado – passando de 760 litros/vaca/ano em 1990 para 1138 litros/vaca/ano em

Page 114: Inovação Inovação

113

2004 – há um espaço de crescimento elevado ainda via maior aumento de produtividade

à montante do setor agroindustrial.

3.2. ESTRUTURA E EVOLUÇÃO DA INDÚSTRIA

3.2.1. ABATE E PREPARAÇÃO DE PRODUTOS DE CARNE E PESCADO

A análise dos dados da PIA-PINTEC para o setor via estrutura industrial, com base na

classificação Líderes-Seguidoras-Frágeis-Emergentes mostrou um grupo pequeno de

empresas líderes (17), seguido de um número expressivo de firmas seguidoras (179) e

um número ainda maior de firmas frágeis (411). Ademais, o setor possui 17 empresas que

podem ser consideradas emergentes.

Gráfico 3.14

Inovação nas Firmas Líderes, Seguidoras e Frágeis (%).

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Inovadoras Inovadora de produto Inovadora de processo Investem em P&D

Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes

Nota: 17 Firmas Líderes, 179 Seguidoras, 411 Frágeis e 17 Emergentes. Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

O Gráfico 3.14 ainda mostra que todas as 17 líderes do setor são inovadoras de processo

(100%) e cerca de 90% são inovadoras de produto. Dentre as empresas seguidoras,

somente um pouco mais de 20% são inovadoras de produto e um pouco mais de 40% são

inovadoras de processo. As empresas frágeis têm níveis muito baixos de inovação, tanto

Page 115: Inovação Inovação

114

de produto (pouco mais de 15%) como de processo (pouco mais de 30%). Já para as

empresas emergentes, a análise mostra que os padrões inovativos apresentam-se muito

mais próximos das empresas líderes, denotando que os investimentos dessas empresas

são acima da média do setor. Ainda, a análise das empresas que investem em P&D

mostra que os investimentos dessas empresas emergentes são relativamente maiores até

que os das próprias líderes.

Tabela 3.15

Porte das Firmas Líderes, Seguidoras, Frágeis e Emergentes na Indústria de Abate e Preparação de Produtos de Carne e Pescado, 2005

Indicador Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes

Número de empresas 17 179 411 17

Pessoal Ocupado (número de pessoas) 118845 151946 46027 2594

Salários Totais (R$ milhões) 1580,3 1604,8 286,8 22,9

Faturamento (R$ milhões) 20975,2 33005,1 4182,2 226,8

Lucros Totais (R$ milhões) 1381,9 1182,5 115,1 -

Investimento Total (R$ milhões) 1001,7 1014,9 46,5 19,2

Exportação Total (R$ milhões) 4138,4 3993,9 - -

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

Pode-se ainda constatar que, na comparação entre empresas líderes e seguidoras, o

montante absoluto é praticamente igual em todas as variáveis agregadas de análise.

Como o número de empresas líderes é aproximadamente igual a 10% do número de

seguidoras, pode-se concluir que a escala, rentabilidade e inserção internacional média

das empresas líderes são quase 10 vezes maiores que os valores das seguidoras.

Quanto à análise das empresas emergentes, os resultados de escala e rentabilidade

parecem indicar que tais empresas têm pequena participação de mercado, visto aos

baixos níveis de escala, de faturamento e de pessoal ocupado.

Na Tabela 3.16 as diferenças de rentabilidade mais uma vez são apresentadas. O

faturamento médio das empresas líderes e a taxa de lucro (Lucro/Custo) das mesmas são

bastante superiores aos resultados das empresas seguidoras, e os resultados destas

também bastante superiores aos resultados das frágeis. A discrepância nos resultados de

rentabilidade tem alta correlação com a intensidade de agregação de valor das firmas,

Page 116: Inovação Inovação

115

presente na variável VTI/Faturamento, onde também há predominância clara de maior

agregação de valor das líderes.

Tabela 3.16

Indicadores da Indústria de Abate e Preparação de Produtos de Carne e Pescado para Líderes, Seguidoras, Frágeis e Emergentes, 2005

Indicador Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes

Número de empresas 17 179 411 17

Salário médio (R$) 1108 880 519 735

Salário médio no pessoal industrial (R$) 812 672 593 536

Pessoal Ocupado médio 6991 849 112 153

Faturamento médio (R$ milhões) 1204,1 184,3 10,2 13,5

Lucro/Custo (%) 7,15 3,72 2,73 *

VTI/Faturamento (%) 45,3 23,8 15,1 14,8

Exportações/Faturamento (%) 19,7 12,1 - -

Importações/Custos (%) 2,5 1,4 0,2 0,0

Investimento/Faturamento (%) 4,8 3,1 1,1 8,5

Gasto P&D/Faturamento (%) 0,1 0,02 - 0,6

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

O diferencial entre líderes e as demais é também ressaltado pela qualificação da mão de

obra empregada, evidenciada pelos níveis médios de salário. O salário pago pelas líderes

é 1,25 vezes maior que o pago pelas seguidoras. Em relação às frágeis, o diferencial é

bem maior: as líderes remuneram seus funcionários com um salário em média 2,1 vezes

maior que as frágeis. Ainda cabe destacar a baixa participação das importações nos

custos de todas as empresas, um resultado condizente com a estrutura de custos setorial.

Além disso, o nível de investimentos sobre faturamento e P&D sobre o faturamento

relativamente alta das empresas emergentes, o que aparentemente não se traduz nos

resultados de desempenho da empresa.

Como resultados principais da análise da estrutura industrial via padrões inovativos,

podemos destacar (i) predomínio de resultados em receita, escala e lucratividade para as

empresas líderes; (ii) altos investimentos das emergentes em P&D que porém ainda não

se traduziram nos resultados de desempenho dessas empresas.

Page 117: Inovação Inovação

116

Se considerarmos a evolução do setor exclusivamente pelo tamanho das empresas,

encontramos predominância de pequenas unidades produtivas durante toda a análise.

Porém, na observância da Tabela 3.17 pode-se destacar:

(a) Crescimento no número de empresas total, sendo que no ano de 2005 o setor

possuía 150% do número de empresas de 1996;

(b) 83% desse crescimento foi de empresas pequenas, com menos de 49

empregados;

(c) Crescimento de grandes empresas – empresas com 500 a 999 empregados e

empresas com mais de 1000 empregados –, que tiveram aumentos consideráveis

entre 1996 e 2005, com destaque para as empresas com mais de 1000

empregados, com crescimento de 231% no período.

Tabela 3.17

Número de Empresas na Indústria de Abate e Preparação de Produtos de Carne e Pescado em 1996, 2000 e 2005

Número de empresas Taxa de crescimento (%)

Pessoal ocupado 1996 2000 2005 96/00 00/05 96/05

ATÉ 49 1796 2233 2790 24,33 24,94 55,35

DE 50 A 99 144 154 226 6,94 46,75 56,94

DE 100 A 249 209 175 202 -16,27 15,43 -3,35

DE 250 A 499 88 102 113 15,91 10,78 28,41

DE 500 A 999 37 63 89 70,27 41,27 140,54

1000 OU MAIS 22 26 73 18,18 180,77 231,82

Total 2296 2753 3493 19,90 26,88 52,13

Fonte: RAIS/MTE.

A evolução anual do número de empresas apresentada no Gráfico 3.15 demonstra a

expansão do setor no período 1996 a 2008. O crescimento é constante e, ademais,

pujante. A comparação da tabela 3.17 com o gráfico 3.15 demonstra que no período entre

2005 e 2008 não houve queda do ritmo de crescimento – algo em torno de 7% a.a..

Possivelmente há uma correlação entre o aumento de empresas de pequeno porte e a

diminuição da clandestinidade no mercado informal, principalmente pelo aumento de

fiscalização.

Page 118: Inovação Inovação

117

Gráfico 3.15 Número de Empresas da Indústria de Abate e Preparação de Produtos de Carne e

Pescado, de 1996 a 2006

2296

4233

0

1000

2000

3000

4000

5000

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Número de empresas

Fonte: Elaboração própria a partir da RAIS/MTE.

A participação de mercado das maiores empresas é apresentada no Gráfico 3.16.

Durante o período 1996-2001 o CR4 manteve-se na casa dos 30%, e o CR8 por volta de

40%. No período pós 2003 há um leve aumento de concentração do mercado, alcançando

o auge em 2005 e terminando o período com um leve aumento de valores para CR4 e

CR8 respectivamente de 32% e 45%. Esse processo provavelmente capta o aumento de

participação no mercado do frigorífico JBS Friboi que, com uma política agressiva de

aquisições aumentou sua capacidade de abate de 2002 para 2008 da ordem de

aproximadamente 1000% (5.800 para 65.700 cabeça/dia), consolidando-se como a maior

empresa mundial do setor.

Page 119: Inovação Inovação

118

Gráfico 3.16 Participação de Mercado das Maiores Empresas (1996-2006)

0%

10%

20%

30%

40%

50%

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

CR4 CR8 Fonte: Elaboração própria a partir da PIA/IBGE.

Gráfico 3.17 Primazia da Indústria de Abate e Preparação de Produtos de Carne e Pescado

(1996-2006)

0%

10%

20%

30%

40%

50%

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Primazia 4 Primazia 8 Fonte: Elaboração própria a partir da PIA/IBGE.

Page 120: Inovação Inovação

119

Na análise da primazia nota-se que os resultados para 2004 não correspondem à

concentração vista nos índices CrK. Não há modificação entre o começo e o final do

período – sendo que o Primazia 4 fica em torno de 40% e o Primazia 8 de 30% –, mas há

um salto da líder em vendas do setor em 1999.

Gráfico 3.18 Mark-up das Firmas na Indústria de Abate e Preparação de Produtos de Carne e

Pescado (1996-2006)

0%

20%

40%

60%

80%

100%

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

MK total MK 4 maiores MK 8 maiores

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA/IBGE.

O gráfico de Mark-up revela uma dinâmica oscilatória principalmente para as maiores

empresas. O agregado do setor varia entre 1996 e 2006 20% contra variação de

aproximadamente 40% das quatro maiores empresas. Ainda, o nível do Mark-up das

maiores empresas foi maior do que a média do mercado para todo o período, o que

aponta para maior possibilidade de auferir lucros acima dos normais das empresas

maiores. A análise da taxa de lucro operacional e da taxa da margem de lucro corrobora

essa afirmação.

Page 121: Inovação Inovação

120

Gráfico 3.19 Taxa de Lucro Operacional (1996-2006)

0%

5%

10%

15%

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

TLO total TLO 4 maiores TLO 8 maiores

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA/IBGE.

Gráfico 3.20

Taxa da Margem de lucro (1996-2006)

0%

10%

20%

30%

40%

50%

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

MLC total MLC 4 maiores MLC 8 maiores Fonte: Elaboração própria a partir da PIA/IBGE.

Page 122: Inovação Inovação

121

É verdade que o lucro das maiores empresas é maior que a média do mercado durante

todo o período, sendo que os gráficos ainda obedecem basicamente ao mesmo padrão de

oscilação do Mark-up das empresas. Podemos dizer que essa oscilação na taxa de lucro

das empresas é provocada pelas oscilações do Mark-up, sendo que os mesmos ainda

guardam uma relação direta com a dinâmica macroeconômica do período.

Os vales da dinâmica do lucro e Mark-up das empresas aparecem nos anos de 1998,

2000 e 2002, sendo que os dois primeiros foram marcados por crises mundiais iniciadas

nos mercados asiático e russo, respectivamente, e o segundo representa uma crise

nacional, provavelmente intensificada pelo chamado “efeito Lula”.

Ainda, essa dinâmica oscilatória dos indicadores de lucro e Mark-up refletem alguns

aspectos exógenos de influência no mercado que aparecem diretamente no índice de

preço. O aumento de incidência de febre aftosa em 2000, que resultou no fechamento das

fronteiras para cerca de 1/4 da carne bovina mundial e aproximadamente 40% das

exportações de carne suína, explicam em parte a queda do Mark-up e indicadores de

lucro para aquele ano. Já os valores para 2002 são resultado do aumento de oferta

mundial e conseqüente queda de preços pela extinção da crise da vaca louca em 2001.

3.2.2. ALIMENTOS PROCESSADOS

O setor de Alimentos Processados possui um grande número de empresas analisadas

pela PIA-PINTEC, mas mantém certa proximidade com os outros setores analisados

nesse relatório no que tange à porcentagem de empresas segundo a classificação

inovativa. Apenas 2,4% são líderes, 23% seguidoras e 1,5% emergentes, sendo ainda a

maioria de 73% de firmas frágeis, com pouco conteúdo e investimento tecnológico.

Page 123: Inovação Inovação

122

Gráfico 3.22 Inovação nas Firmas Líderes, Seguidoras e Frágeis (%).

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Inovadoras Inovadora de produto Inovadora de processo Investem em P&D

Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes Nota: 37 Firmas Líderes, 345 Seguidoras, 1108 Frágeis e 24 Emergentes. Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

100% das firmas líderes declararam ser inovadoras, número igual ao das emergentes. O

percentual de firmas seguidoras declarantes inovadoras é muito menor, em torno de 60%,

e menos de 40% para as frágeis. As porcentagens caem nas análises de inovadoras em

produto e processo, e mais ainda quando o quesito é investimento em P&D. Nesse caso,

pouco mais de 60% das firmas inovadoras declararam sim no questionário, contra valores

próximos de 90% das emergentes, 30% das seguidoras e 2% das frágeis.

A análise de portes setorial explicita grande diferença entre as empresas. Quanto à

escala, as firmas líderes possuem em média 907 empregados, escala mais que 100%

superior à das empresas seguidoras, que tem uma média de 410 empregados. Para as

demais variáveis, as empresas líderes, que representam 2,4% do setor, têm 25% dos

salários totais, 28% do faturamento, 39% dos lucros, 24% dos investimentos e 13% de

todas as exportações.

Page 124: Inovação Inovação

123

Tabela 3.18 Porte das Firmas Líderes, Seguidoras, Frágeis e Emergentes na Indústria de

Alimentos Processados, 2005

Indicador Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes

Número de empresas 37 345 1108 24

Pessoal Ocupado (número de pessoas) 33563 141173 79175 7020

Salários Totais (R$ milhões) 860,8 1970,5 515,2 63

Faturamento (R$ milhões) 11166,6 23722,4 3971,5 627,8

Lucros Totais (R$ milhões 681,9 742,4 242 80,5

Investimento Total (R$ milhões) 326,9 905,3 99,1 18

Exportação Total (R$ milhões) 371,8 2473,5 0 0

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

Ainda cabe destacar que apenas as empresas líderes e seguidoras realizam exportação,

com uma média de R$ 10 milhões exportados pelas líderes e R$ 7 milhões pelas

seguidoras.

As firmas líderes pagam salários quase 100% maiores que os das seguidoras, tanto no

geral quanto no salário pago ao pessoal industrial. Os maiores incentivos se refletem em

maior faturamento médio, mais de quatro vezes superior ao faturamento médio das

seguidoras. Quanto ao lucro/custo, as firmas líderes possuem também liderança em

relação às seguidoras, mas maior proximidade em relação às frágeis. Ainda pode-se

destacar como resultados interessantes:

a) Maior VTI/Faturamento das líderes, apontando para maior valor agregado por

essas empresas;

b) As exportações são mais relevantes no faturamento das empresas seguidoras,

com percentual 3 vezes maior do que das líderes;

c) Para todo o mercado as importações representam uma pequena parte dos custos,

apontando para alta suficiência de recursos e matérias-primas nacionais;

d) Há proximidade nos investimentos/faturamento para todas as empresas, mas eles

são maiores nas empresas seguidoras;

e) Baixo gasto de P&D/faturamento para todas as empresas.

Page 125: Inovação Inovação

124

Tabela 3.19 Indicadores da Indústria de Alimentos Processados para Líderes, Seguidoras,

Frágeis e Emergentes, 2005

Indicador Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes

Número de empresas 37 345 1108 24

Salário médio (R$) 2137,2 1163,2 542,2 748,3

Salário médio no pessoal industrial (R$) 1516,1 973,4 565,8 594,2

Pessoal Ocupado Médio 907 409 71 293

Faturamento médio (R$ milhões) 301,8 68,8 3,6 26,0

Lucro/Custo (%) 6,6 3,2 6,3 14,6

VTI/Faturamento (%) 42,1 32,1 31,1 42,1

Exportações/Faturamento (%) 3,3 10,4 0,0 0,0

Importações/Custos (%) 2,9 2,8 1,2 9,9

Investimento/Faturamento (%) 2,9 3,8 2,5 2,9

Gasto P&D/Faturamento (%) 0,4 0,2 - 0,5

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

Na evolução por tamanho de empresas, nota-se predominância de pequenas empresas

no setor, que respondem por 97% do número de empresas 1996, 2000 e 2005. A taxa de

crescimento do número de empresas no setor é de 20% de 1996 a 2005, principalmente

puxado pelo aumento de empresas com até 49 empregados. Nas grandes empresas, com

1000 ou mais empregados, o setor mantém praticamente o mesmo número, de 19 em

1996 para 20 empresas em 2005.

Tabela 3.20 Número de Empresas na Indústria de Alimentos Processados em 1996, 2000 e 2005

Número de empresas Taxa de crescimento (%)

Pessoal ocupado 1996 2000 2005 96/00 00/05 96/05

ATÉ 49 20523 23484 24595 14,43 4,73 19,84

DE 50 A 99 326 359 433 10,12 20,61 32,82

DE 100 A 249 234 232 273 -0,85 17,67 16,67

DE 250 A 499 109 114 110 4,59 -3,51 0,92

DE 500 A 999 56 40 48 -28,57 20,00 -14,29

1000 OU MAIS 19 14 20 -26,32 42,86 5,26

Total 21267 24243 25479 13,99 5,10 19,81 Fonte: RAIS/MTE.

Page 126: Inovação Inovação

125

O ano de 2002, que teve forte desvalorização do Real frente ao Dólar e acentuada alta do

petróleo no mercado externo presenciou 20 F&A na indústria de alimentos e bebidas,

elevando o grau de concentração da indústria de alimentos brasileira (Viegas, 2006).

Esses processos de F&A presenciados no início da presente década refletem diretamente

nos valores dos índices de concentração para a indústria.

Gráfico 3.23

Participação de Mercado das Maiores Empresas (1996-2006)

0%

10%

20%

30%

40%

50%

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

CR4 CR8

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA/IBGE.

Os indicadores CR apontam para um aumento de concentração no período pós 1998,

com crescimento dos mesmos até o ano de 2004. No início do período, as quatro maiores

empresas respondiam por pouco mais de 10% das vendas, e em 2004 esse valor subiu

para quase 30%, voltando após 2004 para a casa dos valores iniciais. O mesmo processo

de concentração é captado pela análise do gráfico de Entropia de Theil.

Page 127: Inovação Inovação

126

Gráfico 3.24 Entropia de Theil (1996-2006)

4,60

4,80

5,00

5,20

5,40

5,60

5,80

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Entropia de Theil

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA/IBGE.

Pelo Índice de Primazia, pode-se validar uma hipótese de aumento de concentração via

aumento de participação da maior empresa da indústria, visto que o crescimento do índice

é condizente com a dinâmica dos gráficos de CR e de Entropia de Theil. A maior empresa

respondia por quase 30% das vendas das quatro maiores do setor em 1996 e atingiu um

pico de quase 70% em 2000, caindo após isso para os valores do começo do período no

ano de 2006.

Page 128: Inovação Inovação

127

Gráfico 3.25 Primazia da Indústria de Alimentos Processados (1996-2006)

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Primazia 4 Primazia 8

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA/IBGE.

Quanto à análise de Mark-up e de Taxa de Margem de Lucro (MLC), a dinâmica é mais

oscilatória para o grupo de maiores empresas. O processo de aumento de concentração

em 1998 refletiu no aumento do Mark-up e MLC para o mesmo período, principalmente

para as grandes empresas, que mantiveram para os períodos seguintes indicadores

sempre maiores que o restante da indústria. Ainda, a queda de Mark-up e de MLC

presenciada em 2004 para 2005 para as grandes empresas também acompanha a queda

de concentração para os mesmos anos.

Para o grupo da indústria em geral, porém, as oscilações são muito mais suaves,

apontando para taxas de Mark-up entre 40% e 50% e de MLC variando entre 28% e 35%.

Page 129: Inovação Inovação

128

Gráfico 3.26 Mark-up das Firmas na Indústria de Alimentos Processados (1996-2006)

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

MK total MK 4 maiores MK 8 maiores

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA/IBGE.

Gráfico 3.27

Taxa da Margem de lucro (1996-2006)

0%

10%

20%

30%

40%

50%

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

MLC total MLC 4 maiores MLC 8 maiores

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA/IBGE.

Page 130: Inovação Inovação

129

3.2.3. PRODUÇÃO DE ÓLEOS E RAÇÕES

A classificação das empresas do setor de Óleos e Rações em firmas líderes, seguidoras,

frágeis e emergentes, conforme metodologia baseada nos dados da PIA-PINTEC/IBGE,

apresenta um total de 25 firmas líderes, 235 seguidoras, 338 frágeis e 8 emergentes no

setor (Tabela 3.21). O Gráfico 3.28 mostra que todas as líderes e emergentes são

inovadoras, indicador que cai para 60% nas seguidoras e 40% nas frágeis. Das empresas

líderes, cerca de 90% investem em P&D, indicador que atinge apenas 25% das

seguidoras e menos de 1% a frágeis. A inovação de produto é mais freqüente que a de

processo nas empresas líderes, já entre as seguidoras a inovação de processo é

relativamente mais freqüente.

Gráfico 3.28 Inovação nas Firmas Líderes, Seguidoras e Frágeis (%).

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Inovadoras Inovadora de produto Inovadora de processo Investem em P&D

Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes

Nota: 25 Firmas Líderes, 235 Seguidoras, 338 Frágeis e 8 Emergentes. Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

A Tabela 3.21 apresenta a distribuição do porte das empresas do setor pelo critério de

líderes e seguidoras. As 235 seguidoras empregam cerca de 66 mil pessoas, ou cerca de

56% do pessoal ocupação no setor. O pessoal ocupado nas frágeis é praticamente o

Page 131: Inovação Inovação

130

mesmo das líderes, cerca de 24 mil pessoas. Dessa forma, as seguidoras ocupam 56%

do pessoal ocupado do setor, enquanto líderes e frágeis empregam cerca de 20% do

pessoal ocupado cada uma. O faturamento total de todas as seguidoras é 6,3 vezes maior

do que o das líderes, o que representa 81% do faturamento do setor. As seguidoras

respondem por 98% do valor das exportações do setor. Estes números indicam a

predominância das seguidoras entre as empresas do setor.

Tabela 3.21

Porte do conjunto das Firmas Líderes, Seguidoras, Frágeis e Emergentes na Indústria de Óleos e Rações, 2005

Indicador Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes

Número de empresas 25 235 338 8

Pessoal Ocupado (número de pessoas) 24529 65760 24391 1802

Salários Totais (R$ milhões) 485,7 1321,2 216 16,2

Faturamento (R$ milhões) 8019,5 50979,6 3793,2 247,2

Lucros Totais (R$ milhões) 695,9 832,1 112,2 19,5

Investimento Total (R$ milhões) 711,1 1146,5 105,7 8,8

Exportação Total (R$ milhões) 117,4 6301,7 - -

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

A Tabela 3.22 traz indicadores médios das empresas do setor. Nos números

apresentados destaca-se o diferencial entre líderes e seguidoras. O salário médio entre

esses dois grupos de empresas é bastante próximo, apesar do salário médio do pessoal

industrial ser superior nas líderes. A relação lucro/custo e VTI/Faturamento , indicadores

de lucratividade, são significativamente superiores nas líderes, assim como a relação

Investimento/Faturamento. O coeficiente Exportações/Faturamento é muito superior nas

seguidoras, relativamente às líderes.

Page 132: Inovação Inovação

131

Tabela 3.22 Indicadores da Indústria de Óleos e Rações, para Líderes, Seguidoras, Frágeis e

Emergentes, 2005

Indicador Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes

Número de empresas 25 235 338 8

Salário médio (R$) 1650 1674 738 749

Salário médio no pessoal industrial (R$) 1062 1369 694 477

Pessoal Ocupado Médio 981 280 72 225

Faturamento médio (R$ milhões) 326,9 216,7 11,2 31,2

Lucro/Custo (%) 9,5 1,7 3,0 8,4

VTI/Faturamento (%) 36,0 25,4 20,1 30,3

Exportações/Faturamento (%) 1,5 12,4 - -

Importações/Custos (%) 6,5 4,6 2,8 3,7

Investimento/Faturamento (%) 8,9 2,2 2,8 3,6

Gasto P&D/Faturamento (%) 0,3 0,2 - 0,5

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

A Tabela 3.23 apresenta um quadro da evolução geral do número de firmas no setor de

Óleos e Rações. Observa-se um crescimento no número de firmas de 2000 a 2005,

especialmente no segmento de 100 a 500 empregados. O número de empresas com mais

de 1000 empregados em 2005 é praticamente o mesmo de 1996 (6 e 7 empresas). Em

termos agregados, o número de empresas se alterou muito pouco no período (Gráfico

3.29), passando de 4800 em 1996 para cerca de 5300 em 2005, um crescimento de 11%.

Tabela 3.29 Número de Empresas na Indústria de Óleos e Rações, em 1996, 2000 e 2005

Número de empresas Taxa de crescimento (%) Pessoal ocupado 1996 2000 2005 96/00 00/05 96/05

ATÉ 49 4388 4345 4826 -0,98 11,07 9,98

DE 50 A 99 214 220 267 2,80 21,36 24,77

DE 100 A 249 164 149 191 -9,15 28,19 16,46

DE 250 A 499 45 39 54 -13,33 38,46 20,00

DE 500 A 999 14 24 19 71,43 -20,83 35,71

1000 OU MAIS 7 1 6 -85,71 500,00 -14,29

Total 4832 4778 5363 -1,12 12,24 10,99 Fonte: RAIS/MTE.

Page 133: Inovação Inovação

132

Gráfico 3.24 Número de Empresas da Indústria de Óleos e Rações,

de 1996 a 2006

48325180

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Número de empresas

Fonte: Elaboração própria a partir da RAIS/MTE. Em termos agregados, o número de empresas se alterou muito pouco no período (Gráfico

TT), o que é acompanhado por uma elevação da participação de mercado das 4 e das 8

maiores empresas do setor, como mostra o Gráfico 3.30. De 1996 a 2005, os quatro

maiores produtores aumentaram sua participação no mercado de cerca de 30% para

45%; as 8 maiores concentravam cerca de 50% do mercado em 2006.

Page 134: Inovação Inovação

133

Gráfico 3.30 Participação de Mercado das Maiores Empresas (1996-2006)

0%

15%

30%

45%

60%

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

CR4 CR8

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA/IBGE. Elevação na concentração do setor foi acompanhada pela elevação dos indicadores de

primazia (participação da maior empresa no grupo das 4 maiores e das 8 maiores), mas

esse efeito parece ter ocorrido até 2000, e não entre 2001 e 2006 como no caso da

participação de mercado. O Gráfico 3.31 ilustra uma elevação no peso da maior empresa

na receita das quatro e oito maiores, sobretudo entre 1996 e 2000. De 2001 a 2006, o

indicador parece se estabilizar, indicando que a participação da maior empresa entre as 4

e 8 maiores pouco se alterou. Este movimento pode estar associado às variações no

número de grandes empresas (1000 ou mais pessoas ocupadas) no setor, conforme

analisado na Tabela 3.29.

Page 135: Inovação Inovação

134

Gráfico 3.31 Primazia da Indústria de Moagem e Produção de Óleos e Rações (1996-2006)

0%

10%

20%

30%

40%

50%

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Primazia 4 Primazia 8

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA/IBGE.

Esses efeitos de concentração são corroborados pela análise da Entropia de Theil, no

Gráfico 3.32 abaixo. A diminuição do índice até 2004 apresenta o mesmo padrão de

evolução de concentração do setor expresso no gráfico dos CRK´s, com uma pequena

queda dessa concentração para os anos posteriores a 2004.

Page 136: Inovação Inovação

135

Gráfico 3.32 Entropia de Theil (1996-2006)

3,2

3,6

4

4,4

4,8

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Entropia de Theil

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA/IBGE.

O mark-up no setor de Óleos e Rações como um todo se situou em torno de 40% de 1996

a 2005, mas com grande oscilação (Gráfico 3.33), especialmente nas 4 e 8 maiores.

Mostra-se visível uma queda de mark-up entre 1996 e 2000, especialmente entre as 4

maiores do setor (queda de cerca de 75% em 1996 para 40% em 2001).

Page 137: Inovação Inovação

136

Gráfico 3.33 Mark-up das Firmas na Indústria de Óleos e Rações (1996-2006)

0%

20%

40%

60%

80%

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

MK total MK 4 maiores MK 8 maiores

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA/IBGE.

O comportamento da Taxa de Margem de Lucro (MLC) segue o observado no Mark-up

das empresas do setor. Observa-se uma queda entre 1996 e 2001 e, apesar de uma alta

em 2003, permanece no nível de 30% em 2006, próximo a observado em 2001 (Gráfico

3.34).

Page 138: Inovação Inovação

137

Gráfico 3.34 Taxa da Margem de lucro (1996-2006)

0%

10%

20%

30%

40%

50%

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

MLC total MLC 4 maiores MLC 8 maiores

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA/IBGE.

3.2.4. LATICÍNIOS

A estrutura industrial do setor de laticínios pelos dados da PIA-PINTEC apontam para

uma fragilidade no que tange ao conteúdo inovativo. De todas as empresas consideradas,

a análise mostra que apenas 1% das firmas podem ser consideradas inovadoras, 17%

seguidoras, 80% frágeis e 2% emergentes. Esse padrão reflete a baixa especialização

produtiva do parque nacional de laticínios, visto que o percentual de investimento em

atividades de inovação é baixo. Cabe destacar que essas empresas frágeis são

representadas em grande parte pelo número expressivo de pequenas cooperativas locais

de leite, espalhadas por todo o território nacional29.

29 Para maiores informações sobre localização e eficiência dessas pequenas cooperativas, sugerimos a leitura de Zoccal e Gomes (20XX), Carvalho et al (20XX), Lopes, Consoli e Neves (2006), entre outros.

Page 139: Inovação Inovação

138

Gráfico 3.35 Inovação nas Firmas Líderes, Seguidoras e Frágeis (%).

0%

20%

40%

60%

80%

100%

Inovadoras Inovadora de produto Inovadora de processo Investem em P&D

Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes Nota: 5 Firmas Líderes, 80 Seguidoras, 381 Frágeis e 12 Emergentes. Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

Todas empresas líderes declaram realizar investimentos em inovação de produto e 80%

em inovação de processo. Todas também declaram investir em P&D. Menos de 50% das

empresas seguidoras e frágeis declararam ser inovadoras de produto ou processo. E

apenas 20% das seguidoras declararam investir em P&D, que é praticamente inexistente

nas frágeis. As emergentes, por sua vez, possuem indicadores de inovação mais

próximos das líderes, especialmente em inovação de processo e esforço de P&D.

A análise de porte dessas firmas retrata bem a diferença nos resultados de investimentos

inovativos. Em escala, as empresas líderes mostram-se muito maiores que as demais,

com uma média de 2000 empregados por empresa. Essa média para as seguidoras e

frágeis é de aproximadamente 260 e 80 empregados, respectivamente. Essa escala

reflete na diferença entre os salários totais pagos e o faturamento dessas empresas, visto

que embora constituam apenas 1% do número total de empresas, as líderes são

responsáveis por 16% do faturamento e 23% dos salários. O resultado é válido ainda para

a lucratividade e investimento em capital fixo, porém com uma maior proximidade agora

Page 140: Inovação Inovação

139

entre as empresas líderes e seguidoras, mas uma distância muito grande do nível das

frágeis, apesar de representarem 80% das empresas do setor.

Tabela 3.24 Porte das Firmas Líderes, Seguidoras, Frágeis e Emergentes na Indústria de

Laticínios, 2005

Indicador Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes

Número de empresas 5 80 381 12

Pessoal Ocupado (número de pessoas) 9879 20889 29635 2020

Salários Totais (R$ milhões) 189,9 334,3 267,1 19,9

Faturamento (R$ milhões) 2362,6 6714,9 5320 480,4

Lucros Totais (R$ milhões) 25,3 307 150,6 20,7

Investimento Total (R$ milhões) 41,8 485,4 145 14,4

Exportação Total (R$ milhões) 23,8 46,7 0 0

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

Os indicadores da indústria relacionados à escala, pessoal ocupado médio e faturamento

médio, são os que mais diferenciam as empresas líderes das seguidoras. As diferenças

dos demais indicadores são bem menos acentuadas, evidenciando que indústria de

laticínios possui uma estrutura de alta homogeneidade de produtos, ainda com grandes

diferenças de escala de produção. Podemos destacar os seguintes pontos que

evidenciam esta estrutura:

1. Pequena diferença entre os salários médios pagos pelas líderes e seguidoras tendo

em vista a grande diferença de escala;

2. Relação lucro/custo e VTI/faturamento muito semelhante entre as líderes e seguidoras

e baixa relativamente aos setores da indústria de transformação com maior

diferenciação de produtos;

3. Baixa participação das exportações no faturamento das empresas, o que evidencia

uma produção voltada para o mercado interno;

4. Baixa relação importações/custos, o que mostra uma pequena importância das

importações na estrutura dos custos de produção, pouco sensível à evolução de novos

insumos e bens de capital na indústria mundial de laticínios de melhor prática;

5. Os gastos com P&D em relação ao faturamento é baixo para todas as empresas,

muito abaixo da média da indústria de transformação nacional, o que parece

Page 141: Inovação Inovação

140

contraditório com o fato de que todas as líderes são por definição empresas

inovadoras para o mercado nacional e, especificamente, inovadoras de produto

Tabela 3.25

Indicadores da Indústria de Laticínios para Líderes, Seguidoras, Frágeis e Emergentes, 2005

Indicador Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes

Número de empresas 5 80 381 12

Salário médio (R$) 1601,5 1333,7 751,0 821,0

Salário médio no pessoal industrial (R$) 1218,2 1052,9 678,6 641,5

Pessoal Ocupado médio 1976 261 78 168

Faturamento médio (R$ milhões) 472,5 83,8 13,9 41,3

Lucro/Custo (%) 3,9 4,7 2,9 4,5

VTI/Faturamento (%) 31,5 27,8 17,8 22,7

Exportações/Faturamento (%) 1,0 0,7 0,0 0,0

Importações/Custos (%) 0,7 1,7 0,0 0,0

Investimento/Faturamento (%) 1,8 7,2 2,7 3,0

Gasto P&D/Faturamento (%) 0,1 0,1 0,1 0,7

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

Quanto ao critério de tamanho, os dados apontam novamente para a predominância de

pequenas empresas agroindustriais, muitas vezes cooperativas regionais de leite, que

garantem a subsistência de muitos produtores rurais: 95% das empresas do setor têm

menos que 49 empregados. O fato de que o crescimento do número de empresas no

período 1996-2005 é pequeno, de 13,4%, indica uma consolidação do mercado de

laticínios no Brasil, que nos anos 1980 e 1990 passaram por uma intensa reestruturação..

Page 142: Inovação Inovação

141

Tabela 3.26 Número de Empresas na Indústria de Laticínios em 1996, 2000 e 2005

Número de empresas Taxa de crescimento (%)

Pessoal ocupado 1996 2000 2005 96/00 00/05 96/05

ATÉ 49 5125 5913 5831 15,38 -1,39 13,78

DE 50 A 99 143 136 158 -4,90 16,18 10,49

DE 100 A 249 105 97 111 -7,62 14,43 5,71

DE 250 A 499 27 19 24 -29,63 26,32 -11,11

DE 500 A 999 8 17 8 112,50 -52,94 0,00

1000 OU MAIS 2 3 3 50,00 0,00 50,00

Total 5410 6185 6135 14,33 -0,81 13,40 Fonte: RAIS/MTE.

Pode-se ver que esse resultado é ainda menor se observada à evolução temporal por

ano, como no gráfico abaixo. Nesse caso, o ano de 1996 parece um ano atípico na

análise, visto que em todos os anos posteriores mantém certa estabilidade no número de

empresas. Pode-se dizer que o setor é consolidado em sua evolução estrutural, com um

padrão estável de empresas estabelecidas.

Gráfico 3.36 Número de Empresas da Indústria de Laticínios, de 1996 a 2006

5410

6293

0

2000

4000

6000

8000

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Número de empresas

Fonte: Elaboração própria a partir da RAIS/MTE.

Page 143: Inovação Inovação

142

Quanto aos índices de concentração de mercado, as mudanças nos índices CR4 e CR8

desde o ano de 1998 mostram certa instabilidade de liderança. Há queda de participação

das maiores de 1998 a 2004, com aumento e retomada dos padrões iniciais já em 2005.

Esses padrões mostram as modificações provocadas pela queda da Parmalat, como já

dito na análise da receita líquida de vendas.

Esse mesmo processo é retratado no índice de Primazia. A derrocada da Parmalat é

notória pós 1998, culminando com a concordata em 2004. A trajetória final, com volta aos

padrões iniciais, é condizente com o aumento de participação da DPA Nestlé no mercado,

assumindo a primeira posição no mercado, com recepção de 1,8 trilhões de litros de leite

em 2007.

Gráfico 3.37

Participação de Mercado das Maiores Empresas (1996-2006)

0%

15%

30%

45%

60%

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

CR4 CR8

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA/IBGE.

Page 144: Inovação Inovação

143

Gráfico 3.38 Primazia da Indústria de Laticínios (1996-2006)

0%

20%

40%

60%

80%

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Primazia 4 Primazia 8

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA/IBGE.

Os indicadores de rentabilidade do setor também demonstram a maior instabilidade nas

empresas maiores. Como se pode ver, tanto o Mark-up quanto a taxa de lucro operacional

é mais oscilante nas 4 maiores empresas do mercado, esboçando um padrão de maior

constância no agregado geral do setor. Na evolução temporal podem-se observar mais

uma vez os resultados da crise da Parmalat em 1999 e 2004, com queda maior de

rentabilidade para as maiores empresas.

Porém, em contraste a essa queda, a retomada dos lucros também foi maior para as

grandes empresas pós 2003, o que aponta retomada de liderança – nesse caso pelo

aumento de participação da DPA Nestlé – com melhoria dos índices de rentabilidade das

maiores vis a vis a média do setor. Ademais, a retomada de rentabilidade pós 2003

expressa correlação com aumento do consumo das famílias.

Page 145: Inovação Inovação

144

Gráfico 3.39 Mark-up das Firmas na Indústria de Laticínios (1996-2006)

0%

20%

40%

60%

80%

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

MK total MK 4 maiores MK 8 maiores

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA/IBGE.

Gráfico 3.40 Taxa da Margem de lucro (1996-2006)

0%

10%

20%

30%

40%

50%

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

MLC total MLC 4 maiores MLC 8 maiores Fonte: Elaboração própria a partir da PIA/IBGE.

Page 146: Inovação Inovação

145

3.3. SISTEMA SETORIAL DE INOVAÇÃO

3.3.1. ABATE E PREPARAÇÃO DE PRODUTOS DE CARNE E PESCADO

Como apresentado na Tabela 3.16, a relação de P&D/Faturamento nas empresas do

setor de abate de carnes e pescados é muito,baixa, mesmo nas empresas líderes do

setor (relação = 0,1%), que gastam menos do que média da indústria de transformação

brasileira e a média do setor nos países desenvolvidos. Como um setor considerado low-

tech, com um regime de inovação de firmas “dominadas pelos fornecedores”, a

performance inovativa do setor no Brasil contrasta sua performance produtiva, com o

tamanho das empresas líderes, comparável a até superior às suas congêneres mundiais

e com sua liderança no comércio internacional de carnes. Mesmo assim, em valor

absoluto a participação das líderes em gastos em P&D é bem superior à participação no

investimento total do setor, como mostra a Figura 3.5, o que ocorre também com as

empresas emergentes.

Figura 3.5

Investimentos e Gastos em P&D de Firmas Líderes, Seguidoras, Frágeis e Emergentes.

48%

49%

2% 1%Investimento

Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes

76%

20%4%

Gastos em P&D

Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

Em relação ao investimento, as 17 empresas líderes do setor são responsáveis por 48%

dos investimentos do setor, enquanto as 179 empresas seguidoras investem praticamente

o restante, 49%. Mesmo que os investimentos das empresas emergentes sejam de 8,5%

de seu faturamento – como visto na Tabela 3.16 – esse percentual representa apenas 1%

do investimento total.

Page 147: Inovação Inovação

146

Em relação aos gastos totais em P&D, 76% é realizado pelas empresas inovadoras, 20%

pelas seguidoras e 4% pelas emergentes. O maior gasto em P&D das emergentes

relativamente ao seus gastos em investimento é explicado pela maior relação

P&D/faturamento (0,6%) comparativamente à média das empresas do setor e às líderes

em particular (0,1%). .

Considerando do total dos investimentos do setor os investimentos em inovação, as

empresas líderes investiram R$ 206,5 milhões, que corresponde a 43,3% do setor,

percentual menor do que sua participação no total dos investimentos e muito menor do

que sua participação nos gastos com P&D. A distribuição destes gastos, na Tabela 3.27,

está fortemente concentrada em investimentos tangíveis, sendo 70% (ou R$ 142 milhões)

na aquisição de máquinas e equipamentos, refletindo o pequeno esforço tecnológico

interno das empresas, caracterizando seu comportamento inovativo de empresas

dominadas pelos fornecedores. Em relação ao nível de investimento em P&D interno,

observa-se que apenas as empresas líderes possuem algum esforço inovativo próprio,,

que representa 13% dos seus gastos em inovação. Em que pese a existência de

substantivos ganhos de escala em P&D, este esforço inovativo das líderes é bem inferior

ao das emergentes, que despendem mais de 50% de seus gastos em inovação através

do esforço interno. Esta é um forte evidência que as empresas emergentes atuam em

nichos de mercado de produtos diferenciados, ao contrário da padrão do setor, de

produtos homogêneos, inclusive pelas líderes. .

Page 148: Inovação Inovação

147

Tabela 3.27 Distribuição Percentual dos Gastos em Atividades Inovativas da Indústria de Abate

e Preparação de Produtos de Carne e Pescado, por categoria de empresa, 2005

Indicador Tipo de empresa

Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes Total

Número de empresas 17 179 411 17 624

Gastos em atividades inovativas (em milhões de R$)

206,5 (100%)

245,3 (100%)

23,2 (100%)

2,5 (100%)

476,8 (100%)

Gastos em P&D interno (em milhões de R$)

26,7 (12,9%)

3,5 (1,4%) - 1,3

(52,0%) 30,8

(6,5%) Gastos em P&D externo (em milhões de R$)

0,8 (0,4%)

3,6 (1,5%) - - 4,4

(0,9%) Aquisição de outros conhecimentos (em milhões de R$)

0,5 (0,2%)

27,6 (11,3%)

1,7 (7,3%) - 29,8

(6,3%)

Aquisição de máquinas e equipamentos (em milhões de R$)

142,1 (68,8%)

173,0 (70,5%)

17,9 (77,2%)

0,3 (12,0%)

333,3 (69,9%)

Treinamentos (em milhões de R$)

0,7 (0,4%)

13,1 (5,3%)

0,4 (1,7%)

0,7 (28,0%)

14,9 (3,1%)

Gasto em introdução das inovações (em milhões de R$)

22,3 (10,8%)

2,4 (1,0%)

0,7 (3,0%)

0,2 (8,0%)

25,6 (5,4%)

Projeto industrial 13,4 (6,5%)

22,1 (9,0%)

2,5 (10,8%) - 38,0

(7,9%) Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

A quantidade de pessoal exclusivo para P&D e a importância das fontes externas,

Tabelas 3.28 e 3.29, evidenciam este regime tecnológico setorial. A composição de

qualificação de pessoal em P&D reflete bem a baixa importância das atividades inovativas

dentro do setor. Observa-se também que a maioria das empresas líderes, consideram de

alta importância o papel dos fornecedores e clientes e consumidores para a inovação, que

se reproduz para as demais categorias de empresas, com exceção, mais uma vez, das

emergentes, com um percentual elevado das empresas que consideram de alta

importância não apenas clientes e consumidores com também os departamentos de P&D.

Page 149: Inovação Inovação

148

Tabela 3.28 Composição dos Trabalhadores de P&D Exclusivo da Indústria de Abate e

Preparação de Produtos de Carne e Pescado, 2005

Indicador Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes

Número de empresas 17 179 411 17

Pessoal Ocupado (número de pessoas)

118845 (37,2%)

151946 (47,6%)

46027 (14,4%)

2594 (0,8%)

Número de doutores em P&D – exclusivo

9 (0,007%)

1 (0,001%) - -

Número de mestres em P&D – exclusivo

29 (0,02%)

2 (0,002%) - -

Número de outros em P&D – exclusivo

324 (0,3%)

68 (0,04%) - 22

(0,8%) Fonte: Elaboração própria a partir da PINTEC/IBGE.

Tabela 3.29 Importância de Fontes Externas para Inovação na Indústria de Abate e Preparação

de Produtos de Carne e Pescado (números de empresas e participação no total, 2005)

Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes

Número de empresas 17 179 411 17

Importância alta para departamentos de P&D

8 (47,0%)

4 (2,2%) - 11

(64,7%) Importância alta para fornecedores

9 (52,9%)

49 (28,1%)

83 (20,2%)

1 (5,8%)

Importância alta para clientes e consumidores

11 (64,7%)

44 (25,3%)

53 (12,9%)

14 (82,3%)

Importância alta para concorrentes

2 (11,7%)

23 (12,8%)

22 (5,3%)

4 (23,5%)

Importância alta para empresas de consultoria

2 (11,7%)

6 (3,4%)

9 (2,1%)

1 (5,8%)

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

Nos aspectos relativos à fonte de informação, é unânime a importância de feiras e

exposições e redes de informação para o desenvolvimento de inovações. Ou seja, o

contato com o empresariado através de exposições ou algumas redes de informação

parecem primordiais para os próprios empresários no desenvolvimento tecnológico do

setor, o que confirma a natureza do regime tecnológico do setor de firmas dominadas

pelos fornecedores.

Page 150: Inovação Inovação

149

Tabela 3.30 Fontes de Inovação na Indústria de Abate e Preparação de Produtos de Carne e

Pescado (número de empresas e participação no total, 2005)

Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes

Número de empresas 17 179 411 17

Importância para Universidade

5 (29,4%)

6 (3,4%) - 11

(64,7%) Importância alta para centro de capacitação

2 (11,7%)

7 (3,9%)

4 (0,9%)

1 (5,8%)

Importância alta para instituições de teste

2 (11,7%)

8 (4,4%)

23 (5,6%)

10 (58,8%)

Importância alta para feiras e exposições

7 (41,2%)

39 (21,8%)

39 (9,5%)

1 (5,8%)

Importância alta para redes de informação

7 (41,2%)

39 (21,8%)

51 (12,4%)

13 (76,4%)

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

Neste sentido, a cooperação não é considerada uma forma relevante para a inovação no

setor, inclusiva para a maior parte das líderes. Apenas 47% (7) das líderes responderam

cooperar com outras firmas e instituições para a realização de inovações, especialmente

com os fornecedores, das quais 6 responderam cooperar em P&D com fornecedores.

Tabela 3.31 Cooperação para Inovação na Indústria de Abate e Preparação de Produtos de

Carne e Pescado (números de empresas e participação no total, 2005)

Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes

Número de empresas 17 179 411 17

Cooperação para inovação 8 (47,0%)

13 (7,3%) - -

Importância alta para cooperação com clientes e consumidores

3 (17,6%)

3 (0,003%) - -

Importância alta para cooperação com fornecedores

4 (23,5%)

5 (2,8%) - -

Importância alta para cooperação com concorrentes - 3

(0,003%) - -

Cooperou em P&D com fornecedores

6 (35,3%)

1 (0,001%) - -

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

PARTICIPAÇÃO DO CAPITAL ESTRANGEIRO

Numa análise de participação de capital estrangeiro, pode-se ver que as empresas do

setor são predominantemente nacionais. Esse resultado é auto-explicativo, tendo em vista

Page 151: Inovação Inovação

150

a vantagem comparativa nacional no setor e a inexistência de uma indústria mundial de

carnes, com firmas multinacionais atuando em mercado globais, como ocorre em outras

indústrias baseadas em recursos naturais, como mineração e petróleo. Assim, do total de

606 empresas no setor, apenas 2% são estrangeiras. Porém, na comparação de

capacidades inovativas, vê-se que as estrangeiras investem pelo menos tanto quanto as

nacionais. No caso das líderes, apenas 2 em 17 são estrangeiras.

Tabela 3.32 Firmas Estrangeiras dentre as Líderes, Seguidoras e Frágeis na Indústria de Abate e

Preparação de Produtos de Carne e Pescado (números de empresas e participação no total, 2005)

Líderes Seguidoras Frágeis

Nacionais Internacionais Nacionais Internacionais Nacionais Internacionais

Número de Empresas 15 2 170 9 407 3

Investimento em máquinas e equipamentos em relação ao investimento total (%)

11,1 17,3 36,9 25,8 39,9 58,3

Inovadoras (% do total) 100 100 48,5 59,2 36,3 100

Exportadoras (% do total) 100 100 75,6 100 - -

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

FINANCIAMENTO: O PAPEL DOS AGENTES PÚBLICOS

Pode-se dizer que o setor de preparação e abate de carne e pescados é amplamente

apoiado pelo BNDES. Todas as firmas líderes, 62% das seguidoras, 43% das frágeis e

100% das emergentes recebem financiamento do BNDES. Em relação ao montante

repassado pelo banco, pode-se ver um predomínio de investimentos nas empresas

líderes onde, na média, recebem algo em torno de R$ 270 milhões. As empresas

seguidoras recebem menos, numa média de R$ 24 milhões, mas mesmo assim um

montante bastante elevado. Segundo informações do próprio BNDES, o setor de carnes é

o que mais recebe financiamentos de investimento, o que explica o alto valor dos

repasses para o setor (Grigorovski, 2001, BNDES, 2008).

Page 152: Inovação Inovação

151

Tabela 3.33 Distribuição de Financiamentos Públicos na Indústria de Abate e Preparação de

Produtos de Carne e Pescado (valores acumulados no período 1996 a 2006)

Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes

Número de firmas 17 179 411 17

Número de firmas financiadas pelo BNDES (1996 a 2006)

17 112 179 17

Valores contratados pelo BNDES (R$ milhares) 4611527 4426266 83313 2022

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

3.3.2. ALIMENTOS PROCESSADOS

Ainda que relativamente baixo para a média da indústria de transformação brasileira, o

setor de Alimentos Processados do país possui níveis de investimentos e gastos em P&D

mais elevados comparados aos demais setores agroindustriais. A relação

P&D/faturamento das líderes (0,4%) é 4 vezes superior às suas congêneres dos três

outros setores (0,1%). No entanto, na comparação entre as emergentes setoriais este

indicador de esforço tecnológico é semelhante,

Figura 3.6 Investimentos e Gastos em P&D de Firmas Líderes, Seguidoras, Frágeis e

Emergentes.

24%

67%

8% 1%Investimento

44%

53%

3%Gastos em P&D

Líderes Seguidoras Emergentes

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

Em termos absolutos a maior parcela é realizada pelas empresas seguidoras, que

desembolsam 67% do total de investimentos e 53% do total de gastos com P&D. As

empresas líderes seguem na sequência, com parcelas de 24% do total de investimento e

Page 153: Inovação Inovação

152

44% dos gastos com P&D. Na média, porém, as líderes gastam R$ 5,79 milhões com

atividades inovativas, contra R$ 1,40 milhões das empresas seguidoras.

A distribuição do percentual de gastos em investimentos para a inovação, Tabela 3.34,

mostra a predominância dos gastos para a aquisição de máquinas e equipamentos, que

representaram 48% do valor total investido em atividades inovativas pelas líderes e 49%

do total investido pelas seguidoras. Esta composição dos gastos em inovação indica que

o esforço inovativo próprio da indústria também é baixo, à semelhança dos demais

setores agroindustriais analisados. Para as líderes e emergentes, os percentual de gastos

com P&D vem em segundo lugar, o que indica um esforço inovativo superior em

comparação às seguidoras, o que sugere que estas últimas operam exclusivamente em

mercados de produtos homogêneos, que não exigem esforço inovativo próprio.

Tabela 3.34 Distribuição Percentual dos Gastos em Atividades Inovativas da Indústria de

Alimentos Processados, por categoria de empresa, 2005

Indicador Tipo de empresa

Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes Total

Número de empresas 37 345 1108 24 37 Gastos em atividades inovativas (em milhões de R$)

214,3 (100%)

487,6 (100%)

56,3 (100%)

15,1 (100%)

773,3 (100%)

Gastos em P&D interno (em milhões de R$)

42,9 (20,0%)

52,1 (10,7%) - 3,0

(20,0%) 98,0

(12,7%) Gastos em P&D externo (em milhões de R$)

0,9 (0,4%)

0,9 (0,2%) - - 1,8

(0,2%) Aquisição de outros conhecimentos (em milhões de R$)

- 56,4 (11,6%) - - 56,4

(7,3%)

Aquisição de máquinas e equipamentos (em milhões de R$)

103,7 (48,4%)

238,9 (49,0%)

55,3 (98,2%)

7,9 (52,1%)

405,8 (52,5%)

Treinamentos (em milhões de R$)

4,6 (2,1%)

4,7 (1,0%)

1,0 (1,8%)

0,4 (2,4%)

10,7 (1,4%)

Gasto em introdução das inovações (em milhões de R$)

31,5 (14,7%)

52,2 (10,7%) - 1,2

(7,9%) 84,9

(11,0%)

Projeto industrial 30,7 (14,3%)

82,3 (16,9%) - 2,6

(17,5%) 115,7

(15,0%) Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE. O indicador de participação dos trabalhadores envolvidos exclusivamente em P&D

corrobora as evidências que o regime tecnológico do setor também é “dominado pelo

fornecedor”: apenas 0,81% do total estão envolvidos exclusivamente com P&D, sendo os

Page 154: Inovação Inovação

153

doutores representam 0,04% do total de empregados. Aquele percentual cai para 0,35%

nas empresas seguidoras e é praticamente inexistente nas empresas frágeis. Para as

emergentes, há 1,39% dos trabalhadores em P&D, mas com 1,28% desses empregados

sem pós-graduação.

Tabela 3.35 Composição dos Trabalhadores de P&D Exclusivo da Indústria de Alimentos

Processados, 2005

Indicador Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes

Número de empresas 37 345 1108 24

Pessoal Ocupado (número de pessoas)

33563 (12,9%)

141173 (54,1%)

79175 (30,3%)

7020 (2,7%)

Número de doutores em P&D – exclusivo

15 (0,04%)

15 (0,01%) - 1

(0,02%) Número de mestres em P&D – exclusivo

44 (0,13%)

28 (0,02%)

-

5 (0,07%)

Número de outros em P&D – exclusivo

222 (0,66%)

464 (0,33%)

35 (0,04%)

90 (1,28%)

Fonte: Elaboração própria a partir da PINTEC/IBGE. O resultado acima parece contraditório com as informações sobre o grau de importância

atribuída pelas empresas dos fatores que contribuem para seu processo de inovação.

Para as líderes, a esperada alta importância dos clientes e consumidores e dos

fornecedores se equivalem ao percentual de firmas que declararam alta importância dos

departamentos de P&D, em torno de 50%. No caso das emergentes este percentual de

firma é ainda mais elevado (60%), apesar de terem despendido, no período de referência,

apenas 12,7% em P&D interno no gasto total de inovação que realizaram.

Tabela 3.36 Importância para Inovação na Indústria de Alimentos Processados

(números de empresas e participação no total, 2005)

Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes

Número de empresas 37 345 1108 24

Importância para departamentos de P&D

19 (52,5%)

59 (17,1%)

4 (0,3%)

15 (61,4%)

Importância alta para fornecedores

16 (43,5%)

93 (26,9%)

136 (12,3%)

2 (9,1%)

Importância alta para clientes e consumidores

21 (57,9%)

89 (25,8%)

155 (14,0%)

12 (50,6%)

Importância alta para concorrentes

8 (20,4%)

42 (12,3%)

76 (6,8%)

12 (50,0%)

Importância alta para empresas de consultoria

6 (14,9%)

17 (5,0%)

36 (3,2%)

3 (13,3%)

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

Page 155: Inovação Inovação

154

Quanto às fontes de inovação, maior importância foi dada para feiras e exposições em

todas as classificações por inovação, apontando mais uma vez a importância do

conhecimento tangível em capital fixo (máquinas e equipamentos) como elemento central

do regime setorial de inovação. Quanto às cooperações inovativas, pode-se ver que a

relevância é baixa até mesmo dentre as empresas líderes, na qual apenas 29% das

empresas declararam algum tipo de cooperação.

Tabela 3.37

Fontes de Inovação na Indústria de Alimentos Processados (número de empresas e participação no total, 2005)

Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes

Número de empresas 37 345 1108 24

Importância para Universidade

8 (22,1%)

4 (1,2%)

43 (3,9%)

2 (9,1%)

Importância alta para centro de capacitação

4 (11,2%)

12 (3,4%)

35 (3,2%)

5 (20,1%)

Importância alta para instituições de teste

9 (23,1%)

24 (7,1%)

39 (3,5%)

4 (17,9%)

Importância alta para feiras e exposições

24 (63,5%)

76 (22,0%)

121 (10,9%)

6 (22,8%)

Importância alta para redes de informação

16 (42,8%)

66 (19,1%)

149 (13,4%)

15 (61,9%)

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

Tabela 3.38 Cooperação para Inovação na Indústria de Alimentos Processados (números de

empresas e participação no total, 2005)

Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes

Número de empresas 37 345 1108 24

Cooperação para inovação 11 (29,4%)

24 (7,1%)

7 (0,7%)

3 (13,6%)

Importância alta para cooperação com clientes e consumidores

4 (11,2%)

9 (2,5%)

1 (0,1%)

0 (0,0%)

Importância alta para cooperação com fornecedores

5 (13,9%)

11 (3,3%)

6 (0,6%)

2 (9,0%)

Importância alta para cooperação com concorrentes

2 (5,8%)

2 (0,6%)

0 (0,0%)

0 (0,0%)

Cooperou em P&D com fornecedores

3 (8,5%)

10 (2,8%)

3 (0,3%)

1 (4,1%)

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

PARTICIPAÇÃO DO CAPITAL ESTRANGEIRO O setor de alimentos processados possui uma participação de capital estrangeiro acima

do observado para o setor de carnes. Como sugere Viegas (2006) e Conceição (2007),

Page 156: Inovação Inovação

155

houve um processo de internacionalização do capital com (i) a abertura comercial

provocada pelo governo Collor no início dos anos 90; (ii) a estabilização econômica

provocada pelo Plano Real; (iii) concessões de empréstimos realizadas pelo BNDES a

multinacionais a partir de 1991, no mesmo âmbito da abertura comercial.

Nesse contexto, 19% das empresas líderes e 11% das seguidoras são internacionais, não

existindo nenhuma frágil e emergente com capital estrangeiro. Porém, as empresas

nacionais despendem mais recursos com investimentos em máquinas e equipamentos,

são mais inovadoras e exportam mais.

Tabela 3.39 Firmas Estrangeiras dentre as Líderes e Seguidoras na Indústria de Alimentos

Processados (números de empresas e participação no total, 2005)

Líderes Seguidoras

Nacionais Internacionais Nacionais Internacionais

Número de Empresas 30 7 308 37

Investimento em máquinas e equipamentos em relação ao investimento total (%)

82,0 65,9 46,6 44,4

Inovadoras (% do total) 29,9 7,1 196,3 32,6

Exportadoras (% do total) 29,9 7,1 263,8 37,2

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE. FINANCIAMENTO: O PAPEL DOS AGENTES PÚBLICOS A maior parte das empresas é financiada por agentes públicos, principalmente entre as

empresas líderes e seguidoras, onde o percentual é de 73,6% e 67,4%, respectivamente.

No período de 1996 a 2006 as empresas seguidoras receberam o maior montante

absoluto, representando de R$ 1,4 bilhões. Porém, na média as empresas líderes

recebem mais, com R$ 10,248 milhões contra R$ 4,086 milhões das seguidoras.

Page 157: Inovação Inovação

156

Tabela 3.40 Distribuição de Financiamentos Públicos na Indústria de Alimentos Processados

(valores acumulados no período 1996 a 2006)

Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes

Número de firmas 37 345 1108 24

Número de firmas financiadas pelo BNDES (1996 a 2006)

27 (73,6%)

233 (67,4%)

304 (27,4%)

12 (48,4%)

Valores contratados pelo BNDES (R$ milhares) 379208,3 1409698,7 167522,3 -

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE. Segundo dados do BNDES (2008), somente para 2007 foram desembolsados pelo órgão

financiamentos para o setor de alimentos da ordem de R$ 2,1 bilhões, que

corresponderam a 45% do total de investimentos na agroindústria.

3.3.3. PRODUÇÃO DE ÓLEOS E RAÇÕES

Como apresentado na Tabela 3.22, a taxa de investimentos em capital fixo do setor de

Óleos é relativamente baixa, especialmente para as seguidoras e frágeis. As empresas

líderes investem 8,9% de seu faturamento, enquanto as seguidoras investem 2,2%,

frágeis 2,8%. O elevado percentual de investimento das líderes representa 36% do

investimento do setor (Figura 3.7), já o grande número de empresas seguidoras, mesmo

com baixa taxa de investimento, implica numa participação de 58% de todo o investimento

da indústria, sendo os demais 6% de responsabilidade das firmas frágeis e emergentes.

A distribuição do gasto em P&D no setor segue um padrão semelhante, de grande

concentração nas seguidoras (77% do total) e líderes (22%). No entanto, esta significativa

diferença do percentual de investimentos entre líderes e demais categorias de empresas

não se reproduz em relação ao percentual de P&D sobre o faturamento, estando próximo

ao das seguidoras (0,3% contra 0,2%) e abaixo das emergentes (0,3% contra 0,5%). O

padrão setorial é de um regime tecnológico semelhante aos demais setores

agroindustriais, tecnologicamente “dominados pelos fornecedores”, caracterizado pelo

pequeno enforço inovativo próprio e compra de conhecimento codificado na forma de

capital fixo.

Page 158: Inovação Inovação

157

Figura 3.7 Investimentos e Gastos em P&D de Firmas Líderes, Seguidoras, Frágeis e

Emergentes.

36%

58%

5% 1%Investimento

22%

77%

0% 1%Gasto em P&D

Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

Neste sentido, os investimentos em inovação são concentrados na a aquisição de

máquinas e equipamentos, que representam 43,3% dos gastos totais em inovação das

líderes, enquanto os elevados gastos em projeto industrial, de 23,8%, para indicar a sua

complementaridade com a introdução de novas máquinas, que possivelmente demanda

um esforço de adaptação de projetos detalhados de engenharia. Reflete também a baixa

intensidade de conhecimento científico incorporado nos produtos do setor. A aquisição de

outros conhecimentos e treinamentos representam apenas 4% do total gasto com

atividade inovativas pelas líderes.

Assim, um setor que representa 5% da produção industrial brasileira concentra uma parte

pouco significativa dos gastos em P&D. A média das líderes da indústria de

transformação é de 0,94%, enquanto as líderes do setor gastam com P&D somente 0,3%

de seu faturamento.

Page 159: Inovação Inovação

158

Tabela 3.41 Distribuição Percentual dos Gastos em Atividades Inovativas da Indústria de Óleos

e Rações, por categoria de empresa, 2005

Indicador Tipo de empresa

Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes Total

Número de empresas 25 235 338 8 605 Gastos em atividades inovativas (em milhões de R$)

142,0 (100%)

651,5 (100%)

37,6 (100%)

10,7 (100%)

841,8 (100%)

Gastos em P&D interno (em milhões de R$)

24,6 (17,3%)

90,8 (13,9%)

0,1 (0,3%)

0,9 (8,4%)

116,4 (13,8%)

Gastos em P&D externo (em milhões de R$)

1,6 (1,1%)

1,0 (0,2%) - 0,4

(3,7%) 2,9(0,3%

) Aquisição de outros conhecimentos (em milhões de R$)

3,1 (2,2%)

4,8 (0,7%)

0,5 (1,3%)

0,1 (0,9%)

8,4 (1,0%)

Aquisição de máquinas e equipamentos (em milhões de R$)

61,6 (43,3%)

449,6 (69,0%)

31,6 (84,0%)

7,1 (66,4%)

550,0 (65,3%)

Treinamentos (em milhões de R$)

2,4 (1,7%)

2,9 (0,4%)

0,4 (1,1%)

0,2 (1,9%)

5,9 (0,7%)

Gasto em introdução das inovações (em milhões de R$)

15,0 (10,6%)

36,3 (5,6%) - 0,9

(8,4%) 52,3

(6,2%)

Projeto industrial 33,8

(23,8%) 66,0

(10,1%) 5,0

(13,3%) 1,1

(10,3%) 105,8

(12,6%) Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

A baixa intensidade da inovação no setor fica patente nos dados de pessoal dedicado a

atividades de P&D no setor. A Tabela 3.42 indica o pequeno número de mestres e

doutores ocupados em P&D tanto nas líderes como nas seguidoras.

Page 160: Inovação Inovação

159

Tabela 3.42 Composição dos Trabalhadores de P&D Exclusivo da Indústria de Óleos e Rações,

2005

Indicador Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes

Número de empresas 25 235 338 8

Pessoal Ocupado (número de pessoas) 24529 65760 24391 1802

Número de doutores em P&D - exclusivo

6 (0,02%)

15 (0,02%) - 3

(0,2%) Número de mestres em P&D - exclusivo

13 (0,05%)

20 (0,03%) - 1

(0,05%) Número de outros em P&D - exclusivo

160 (0,7%)

379 (0,6%)

5 (0,02%)

24 (1,3%)

Fonte: Elaboração própria a partir da PINTEC/IBGE.

A concentração dos gastos em inovação das empresas líderes nas compras de máquinas

e projetos industriais não se reflete na pouca importância que a maioria das empresas

atribui aos gastos internos de P&D (Tabelas 3.43 e 3.44.). Vale ressaltar também o peso

de clientes e consumidores como importantes fontes externas para inovação nas

empresas líderes (64%) e emergentes (62%), o que pode indicar o atendimento a nichos

específicos de mercado. Para as empresas seguidoras, as fontes externas de inovação

mostram-se todas pouco importantes, o que fortalece a conclusão de que nestas

empresas o processo de inovação se associa somente à aquisição de máquinas e

equipamentos padronizados.

Tabela 3.43 Importância de Fontes Externas para Inovação na Indústria de Óleos e Rações

(números de empresas e participação no total, 2005)

Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes

Número de empresas 25 235 338 8

Importância para departamentos de P&D

15 (60%)

28 (12%) - 6

(75%) Importância alta para fornecedores

9 (36%)

55 (23%)

84 (25%)

2 (25%)

Importância alta para clientes e consumidores

16 (64%)

59 (25%)

43 (13%)

5 (62%)

Importância alta para concorrentes

5 (20%)

37 (16%)

41 (12%)

3 (37%)

Importância alta para empresas de consultoria

5 (20%)

13 (5%)

13 (4%)

2 (25%)

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

Page 161: Inovação Inovação

160

As fontes externas da inovação (Tabela 3.44) pelas líderes baseiam-se em Universidades,

Feiras e exposições e Redes de informação, todos importantes para cerca de 36% das

líderes. Estes indicadores para as seguidoras são baixos e inferiores aos das líderes.

Tabela 3.44 Fontes de Inovação na Indústria de Óleos e Rações (número de empresas e participação no total, 2005)

Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes

Número de empresas 25 235 338 8

Importância para Universidade

9 (36%)

8 (3%)

21 (6%) -

Importância alta para centro de capacitação

3 (12%)

7 (3%)

21 (6%) -

Importância alta para instituições de teste

2 (8%)

16 (6%)

10 (3%) -

Importância alta para feiras e exposições

9 (36%)

55 (23%)

84 (25%)

3 (37%)

Importância alta para redes de informação

9 (36%)

45 (19%)

80 (24%)

3 (37%)

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

O estabelecimento de cooperação para inovação não é uma característica fundamental

do setor (Tabela 3.45). Apenas para 48% das líderes a cooperação para inovação é

citada como relevante. Apenas 12 das 25 firmas líderes atestam que cooperam para

inovar, distribuindo-se em cooperação com clientes (4 empresas) e fornecedores (4).

Entre as seguidoras a cooperação para inovação é ainda mais baixa, representando

apenas 25 empresas (11% do total).

Tabela 3.45

Cooperação para Inovação na Indústria de Óleos e Rações (números de empresas e participação no total, 2005)

Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes

Número de empresas 25 235 338 8

Cooperação para inovação 12 (48%)

25 (11%)

8 (2%)

1 (12%)

Importância alta para cooperação com clientes e consumidores

4 (16%)

1 (0,4%)

3 (1%) -

Importância alta para cooperação com fornecedores

4 (16%)

8 (3%)

5 (2%)

1 (12%)

Importância alta para cooperação com concorrentes - - - - Cooperou em P&D com fornecedores

4 (16%)

4 (2%)

2 (0,6%) -

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

Page 162: Inovação Inovação

161

PARTICIPAÇÃO DO CAPITAL ESTRANGEIRO Em relação à participação do capital estrangeiro na indústria, em 2005 as firmas de

capital internacional representavam 5 empresas das 25 líderes, e 20 das 235 seguidoras.

A inovação é uma característica comum entre nacionais e estrangeiras líderes, mas entre

as seguidoras o percentual de estrangeiras que inovam é maior. Um diferencial entre

líderes nacionais e estrangeiras está no investimento em máquinas e equipamentos em

relação aos gastos totais em inovação, nas líderes internacionais essa relação é maior –

53% em relação a 16% das firmas nacionais.

Tabela 3.46

Firmas Estrangeiras Dentre as Líderes e Seguidoras na Indústria de Produção de Óleos e Gorduras (números de empresas e participação no total, 2005)

Líderes Seguidoras Nacionais Internacionais Nacionais Internacionais

Número de Empresas 20 5 215 20

Investimento em máquinas e equipamentos em relação ao gasto total em inovação

16% 53% 42% 54%

Inovadoras (% do total) 100% 100% 64% 87%

Exportadoras (% do total) 92% 100% 58% 100%

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

FINANCIAMENTO: O PAPEL DOS AGENTES PÚBLICOS

Os dados acerca da distribuição de financiamentos públicos na indústria de Óleos estão

na Tabela 3.47. Os dados representam valores acumulados entre 1996 e 2006, e podem

representar a mesma empresa em anos distintos. A participação de seguidoras e

emergentes em financiamentos do BNDES é significativa, com 60% das líderes e 75%

das seguidoras com financiamentos. Em termos de volume de financiamento, o montante

para as seguidoras é quase 5 vezes maior, o que reflete a participação dessas empresas

no setor.

Page 163: Inovação Inovação

162

Tabela 3.47 Distribuição de Financiamentos Públicos na Indústria de Produção de Óleos e

Gorduras (valores acumulados no período 1996 a 2006)

Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes

Número de firmas 25 235 338 8

Número de firmas financiadas pelo BNDES (1996 a 2006)

15 (60%)

177 (75%)

165 (49%)

6 (75%)

Valores contratados pelo BNDES (R$ milhares) 390.593 1.966.793 210.161 12.673

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

3.3.4. LATICÍNIOS

Por tratar-se de setor com tecnologia difundida e madura, os investimentos e gastos com

atividades inovativas realizados pelas empresas na grande maioria das vezes não são

relativamente baixos, mesmo relativamente aos demais setores agroindustriais

analisados, especialmente em P&D. A percentual de gastos em P&D em relação ao

faturamento é de apenas 0,1% para as líderes, o que indica um regime tecnológico

inteiramente dominado pelos fornecedores, através da compra de conhecimento tangível

em capital fixo

Do total de gastos com investimentos em inovações, 71% é realizado pelas seguidoras,

cabendo às líderes a fatia de apenas 6%. A análise da tabela abaixo mostra que esse

montante de gastos é utilizado quase que primordialmente na aquisição de maquinário,

com vistas a incremento e adequação de tecnologia. O mesmo acontece com as

empresas frágeis, nas quais o maior montante de gastos fica a cargo das máquinas e

equipamentos. As empresas emergentes parecem destoar deste padrão inovativo uma

vez que seus investimentos representam 2% do total, enquanto seus gastos em P&D

representam 22%, indicando um percentual sobre o faturamento de 0,7%, uma evidência

de que atuam em nichos de produtos diferenciados da indústria de laticínios.

Page 164: Inovação Inovação

163

Figura 3.8 Investimentos e Gastos em P&D de Firmas Líderes, Seguidoras, Frágeis e

Emergentes.

6%

71%

21%2%

Investimento

21%

28%29%

22%

Gastos em P&D

Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

Tabela 3.48

Distribuição Percentual dos Gastos em Atividades Inovativas da Indústria de Laticínios, por categoria de empresa, 2005

Indicador Tipo de empresa

Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes Total

Número de empresas 5 80 381 12 478 Gastos em atividades inovativas (em milhões de R$)

12,5 401,2 113,4 12,9 539,9

Gastos em P&D interno (em milhões de R$)

3,0 (24,3%)

4,2 (1,0%)

3,8 (3,3%)

2,8 (22,1%)

13,8 (2,6%)

Gastos em P&D externo (em milhões de R$)

0,0 (0,0%) - 0,6

(0,5%) 0,3

(2,7%) 0,9

(0,2%) Aquisição de outros conhecimentos (em milhões de R$)

0,0 (0,0%)

1,4 (0,4%)

0,2 (0,2%)

0,0 (0,2%)

1,6 (0,3%)

Aquisição de máquinas e equipamentos (em milhões de R$)

4,3 (34,8%)

290,0 (72,3%)

71,0 (62,6%)

7,3 (57,1%)

372,7 (69,0%)

Treinamentos (em milhões de R$)

0,8 (6,6%)

4,1 (1,0%)

0,7 (0,6%)

0,2 (1,3%)

5,8 (1,0%)

Gasto em introdução das inovações (em milhões de R$)

2,9 (23,1%)

45,7 (11,4%)

2,8 (2,4%)

0,2 (1,6%)

51,6 (9,6%)

Projeto industrial 1,4 (11,2%)

55,7 (13,9%)

34,5 (30,4%)

1,9 (15,0%)

93,5 (17,3%)

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE. O baixo esforço tecnológico pode ser analisado também pela capacitação dos recursos

humanos incumbidos de atividades tecnológicas. É praticamente inexistente a presença

de mestres e doutores nas atividades de P&D, tendo participação pequena ainda do

número de outros pesquisadores, que podem ou não serem graduados.

Page 165: Inovação Inovação

164

Tabela 3.49 Composição dos Trabalhadores de P&D Exclusivo da Indústria de Laticínios, 2005

Indicador Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes

Número de empresas 5 80 381 12

Pessoal Ocupado (número de pessoas)

9879 (15,8%)

20889 (33,5%)

29635 (47,5%)

2020 (3,2%)

Número de doutores em P&D – exclusivo

0 (0,0%)

2 (0,01%)

0 (0,0%)

0 (0,0%)

Número de mestres em P&D – exclusivo

0 (0,0%)

2 (0,01%)

0 (0,0%)

0 (0,0%)

Número de outros em P&D – exclusivo

41 (0,4%)

60 (0,3%)

22 (0,1%)

43 (2,1%)

Fonte: Elaboração própria a partir da PINTEC/IBGE. Mesmo com o baixo número de pessoal especializado em P&D, as empresas líderes

declaram alta importância para seus departamentos de P&D, o que é paradoxal. Em

relação às seguidoras e frágeis, a prioridade é o relacionamento com clientes,

consumidores e fornecedores, respectivamente. Para as emergentes, também há grande

incidência de respostas de departamentos de P&D. Na relevância das fontes de inovação,

todas as categorias tiveram como maior incidência de respostas a importância das feiras

e exposições. Já sobre a incidência de cooperação para inovação, apenas a categoria de

empresas líderes teve alta incidência em cooperação, não sendo relevante mais nenhuma

informação.

De certa forma, os resultados mostram um regime tecnológico do setor sem evolução,

com elevado nível de maturação tecnológica.

Tabela 3.50 Importância de Fontes Externas para Inovação na Indústria de Laticínios

(números de empresas e participação no total, 2005) Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes

Número de empresas 5 80 381 12 Importância para departamentos de P&D

5 (100%)

10 (12,7%)

0 (0,0%)

9 (79,0%)

Importância alta para fornecedores

1 (20,0%)

17 (21,2%)

61 (16,0%)

8 (67,3%)

Importância alta para clientes e consumidores

1 (20,0%)

29 (36,5%)

56 (14,8%)

4 (35,7%)

Importância alta para concorrentes

0 (0,0%)

8 (10,0%)

23 (6,2%)

2 (14,6%)

Importância alta para empresas de consultoria

0 (0,0%)

26 (32,6%)

15 (4,1%)

2 (14,6%)

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

Page 166: Inovação Inovação

165

Tabela 3.51 Fontes de Inovação na Indústria de Laticínios

(número de empresas e participação no total, 2005) Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes

Número de empresas 5 80 381 12

Importância para Universidade

0 (0,0%)

20 (25,4%)

9 (2,3%)

2 (14,6%)

Importância alta para centro de capacitação

0 (0,0%)

4 (5,5%)

5 (1,3%)

2 (14,6%)

Importância alta para instituições de teste

0 (0,0%)

4 (5,6%)

12 (3,3%)

4 (37,6%)

Importância alta para feiras e exposições

3 (60,0%)

31 (39,1%)

69 (18,0%)

7 (58,7%)

Importância alta para redes de informação

1 (20,0%)

9 (11,4%)

48 (12,6%)

7 (58,7%)

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

Tabela 3.52 Cooperação para Inovação na Indústria de Laticínios (números de empresas e participação no total, 2005)

Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes

Número de empresas 5 80 381 12

Cooperação para inovação 3 (60,0%)

23 (29,0%)

11 (2,8%)

0 (0,0%)

Importância alta para cooperação com clientes e consumidores

1 (20,0%)

0 (0,0%)

0 (0,0%)

0 (0,0%)

Importância alta para cooperação com fornecedores

2 (40,0%)

2 (2,5%)

4 (1,1%)

0 (0,0%)

Importância alta para cooperação com concorrentes

0 (0,0%)

0 (0,0%)

0 (0,0%)

0 (0,0%)

Cooperou em P&D com fornecedores

3 (60,0%)

2 (2,5%)

3 (0,7%)

0 (0,0%)

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

PARTICIPAÇÃO DO CAPITAL ESTRANGEIRO Em uma análise por estrutura de capital, só não há predomínio de capital nacional entre

as empresas líderes, visto que duas empresas possuem capital estrangeiro –

possivelmente a DPA Nestlé e a Parmalat, duas das maiores empresas estrangeiras que

operam em território nacional. Para as demais categorias, a participação é majoritária

nacional. Porém, todas as empresas de capital estrangeiro são consideradas inovadoras.

Page 167: Inovação Inovação

166

Tabela 3.53(a) Firmas Estrangeiras Dentre as Líderes e Seguidoras na Indústria de Laticínios

(números de empresas e participação no total, 2005)

Líderes Seguidoras

Nacionais Internacionais Nacionais Internacionais

Número de Empresas 3 2 78 2

Investimento em máquinas e equipamentos em relação ao investimento total (%)

12,5 24,0 61,2 87,4

Inovadoras (% do total) 100,0 100,0 46,0 100,0

Exportadoras (% do total) 100,0 100,0 26,0 0,0

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

Tabela 3.53(b) Firmas Estrangeiras Dentre as Frágeis e Emergentes na Indústria de Laticínios

(números de empresas e participação no total, 2005)

Frágeis Emergentes

Nacionais Internacionais Nacionais

Número de Empresas 380 1 12

Investimento em máquinas e equipamentos em relação ao investimento total (%)

54,3 82,2 52,8

Inovadoras (% do total) 44,0 100,0 79,0

Exportadoras (% do total) 0,0 0,0 0,0

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE. FINANCIAMENTO: O PAPEL DOS AGENTES PÚBLICOS Com relação aos financiamentos públicos, há uma participação muito grande dos

governos no setor. Grandes porcentagens de empresas, independente da categoria de

classificação inovativa, recebem financiamentos públicos. Os montantes são elevados e

apresentam uma média de financiamento de R$ 33 milhões para as empresas líderes, R$

5 milhões para as empresas seguidoras, R$ 354 mil para as frágeis e R$ 660 mil para as

emergentes. Somente por parte do BNDES os investimentos no setor de laticínios em

2007 somaram R$ 240 milhões, perdendo em quantum financiado no setor agropecuário

apenas para o setor de carnes e de cana-de-açúcar (BNDES, 2008).

Page 168: Inovação Inovação

167

Tabela 3.54 Distribuição de Financiamentos Públicos na Indústria de Laticínios

(valores acumulados no período 1996 a 2006)

Líderes Seguidoras Frágeis Emergentes

Número de firmas 5 80 381 12

Número de firmas financiadas pelo BNDES (1996 a 2006)

4 (80,0%)

39 (49,0%)

201 (52,6%)

12 (100%)

Valores contratados pelo BNDES (R$ milhares) 166126,9 401264,0 135610,2 8043,4

Fonte: Elaboração própria a partir da PIA e PINTEC/IBGE.

Page 169: Inovação Inovação

168

4. OPORTUNIDADES TECNOLÓGICAS, ESTRATÉGIAS E PROPOSTAS

4.1. PRODUTOS QUÍMICOS INORGÂNICOS

O processo de acumulação de conhecimento da indústria de produtos químicos

inorgânicos é marcado por baixo nível de oportunidades tecnológicas e de apropriação,

tendo em vista a maturidade tecnológica de produtos e processos da produção de

fertilizantes ou de seus insumos básicos. Se, por um lado, a natureza homogênea dos

produtos do setor e o baixo nível de apropriação permitem um grande número de

ofertantes de fertilizantes no setor, a necessidade de escala crescente de produção, por

outro lado, fez emergir grande número de fusões e aquisições para domínio de mais

etapas da cadeia produtiva, desde a fabricação das matérias-primas até os fertilizantes

básicos e misturas NPK.

Mesmo com o processo de fusão e aquisições ocorrido ao longo da década de 1990 e

com relativo aumento de participação das quatro e oito principais líderes de mercado no

período 1996-2006, o setor possui baixa concentração econômica vis-à-vis outros setores

a montante do agronegócio, como defensivos e máquinas e equipamentos agrícolas.

Existem 127 empresas que podem ser consideradas frágeis tecnologicamente, enquanto

99 são seguidoras e 9 são líderes.

Em termos de regime tecnológico, as líderes tecnológicas são pouco intensivas em

conhecimento, além de quase não se distinguirem das seguidoras, pois possuem

intensidade de P&D equivalente a 0,3% contra 0,2% destas. Por outro lado, as líderes

tecnológicas de produtos químicos inorgânicos são intensivas em capital, investindo 7%

do faturamento. Esse percentual não só é alto em relação às seguidoras do próprio setor

(3%), quanto em relação às líderes de defensivos agrícolas (1,8%) e de máquinas e

equipamentos agrícolas (2%). A intensidade em capital reflete a crescente escala de

produção, como mencionado acima.

Ao longo do período 1996-2008, foi possível constatar que a expansão agrícola no País,

principalmente das culturas de soja e cana, gerou demanda crescente de fertilizantes, não

sendo atendida pela produção nacional. Associado ao aumento das cotações

Page 170: Inovação Inovação

169

internacionais dos insumos dos fertilizantes, houve crescentes déficits na balança

comercial do setor. Com base nas perspectivas inflexíveis de aumento do consumo futuro

de fertilizantes, por causa da tendência de aumento da produção de soja e de

combustíveis limpos e da crescente demanda mundial por alimentos, são necessárias

medidas para atenuar a dependência externa no setor, tendo em vista que o aumento dos

custos dos insumos agrícolas pode exercer fortes impactos sobre os preços dos

alimentos.

Algumas medidas de política industrial para o setor de produtos químicos inorgânicos, em

especial para o setor de fertilizantes, são enumeradas nas seguintes propostas abaixo:

1. Investimentos para aumentar a oferta não somente de fertilizantes como dos seus

insumos. Nesse sentido, são convenientes investimentos da Petrobrás para

aumento de produção de gás natural, uréia e amônia.30 A participação da estatal

brasileira é importante tendo em vista o volume de capital exigido para construir

tais plantas industriais. Outros investimentos estatais podem ser interessantes no

sentido de diminuir a dependência nacional das importações ou do fornecimento de

filiais de empresas multinacionais, que concentram grande parcela do mercado

brasileiro, como Bunge, Mosaic e Yara.31 Os investimentos que envolvem parcerias

com empresas privadas para exploração de jazidas minerais, como a de potássio

na Amazônia, devem ter cuidadosa avaliação ambiental, tendo em vista que a

exploração sustentável é um aspecto indissociável das políticas industriais

contemporâneas.

2. Estímulos à produção nacional através de isonomia tributária dos fertilizantes

nacionais e importados, a exemplo da isenção de ICMS usufruída pelos importados

e das diferentes alíquotas que oneram produção nacional de acordo com o estado 30 A terceira unidade da Petrobrás para produção de nitrogenados (amônia e uréia) tem custo orçado em US$ 2 bilhões, além de previsão para operação em 2013, com produção de um milhão de toneladas. Disponível em: http://www.valoronline.com.br/ValorImpresso/MateriaImpresso.aspx?dtmateria=29-4-2009&codmateria=5540765&codcategoria=306&tp=12&searchTerm=fertilizantes. 31 O recente anúncio de intenção de criação de uma empresa bi-nacional para produção de fertilizantes entre Brasil e Rússia assinala a possibilidade de transferência de tecnologia externa para o Brasil e de diminuição da dependência do fornecimento de fertilizantes por parte das três principais empresas privadas do setor (Bunge, Mosaic e Yara), o que ocasiona incertezas de mercado para a agricultura brasileira, como crises de oferta, imprevisibilidade de custos e desestímulo à produção. Disponível em: http://www.valoronline.com.br/ValorImpresso/MateriaImpresso.aspx?dtmateria=19-8-2009&codmateria=5770276&codcategoria=306&tp=12&searchTerm=fertilizantes&scrollX=0&scrollY=1152&tamFonte=.

Page 171: Inovação Inovação

170

da federação. Deve-se também incorporar na Política de Desenvolvimento

Produtivo (PDP) o pleito do setor de desoneração tributária referente às despesas

portuárias e de frete de mercadorias que encarecem o preço dos fertilizantes.

3. Incentivar a pesquisa básica e aplicada sobre minerais de rochas brasileiras.

Segundo Dias e Fernandes (2006), há pesquisadores de 17 instituições de ensino

e pesquisa brasileiras, como UFSCar, UFBA, UnB e unidades da EMBRAPA, que

estão envolvidos em pesquisas sobre obtenção de potássio de rochas brasileiras,

financiadas por recursos dos Fundos Setoriais do Agronegócio e Mineral, do

Ministério da Ciência e Tecnologia. Há também pesquisas sobre novos compostos

minerais, com base em arenito zeolítico que é encontrado em rochas do sul do

Maranhão, que podem ser misturados aos fertilizantes nitrogenados, aumentando

sua eficiência.32 Pesquisas como essa podem diminuir a quantidade de fertilizantes

nitrogenados que é usada no campo, além de diminuir o impacto ambiental do uso

excessivo de fertilizantes, o que é geralmente constatado em culturas de rosas e

hortaliças.

4. Sobre redução de impactos ambientais é necessário lidar com dois problemas

relacionados à produção de fertilizantes. No primeiro caso, um subproduto da

produção de fertilizantes é o gesso (sulfato de cálcio). Esse material pode atingir o

lençol freático por causa de águas residuais ácidas que são derivadas do gesso. O

tratamento do gesso, além de impedir o dano ambiental mencionado, pode

apresentar diferentes benefícios, como: correção da acidez do solo ao remover o

alumínio, fonte de enxofre para plantas e uso na construção civil, bem como em

edificações, compactação e acostamento de estradas. No segundo caso, há a

produção de efluentes alcalinos líquidos amoniacais e ácidos (principalmente

fosfórico) e as emissões gasosas dos óxidos de enxofre e nitrogênio das fábricas

de ácido sulfúrico e nítrico, entre várias outras. Há leis rígidas em vigor e há

preocupação constante da ANDA em acompanhar o desenvolvimento da

legislação.

32 Disponível em http://74.125.93.132/search?q=cache:cfDkTV3U5r0J:www.agrosoft.org.br/agropag/101483.htm+ur%C3%A9ia+%C3%A9+insumo+para+fertilizante+nitrogenado&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br.

Page 172: Inovação Inovação

171

4.2. DEFENSIVOS AGRÍCOLAS

O processo de acumulação de conhecimento da indústria de defensivos agrícolas possui

alto nível de oportunidades tecnológicas e de apropriação, tendo em vista as

possibilidades abertas pela biotecnologia em firmas que já possuíam competência

específica na área de química fina. Em termos de liderança tecnológica, o mercado

brasileiro de agroquímicos é dominado por sete empresas e 36 seguidoras. As líderes são

filiais de grandes corporações internacionais que competem no segmento de produtos de

alto valor agregado, resultantes de intensos investimentos em P&D de suas matrizes, com

retornos da inovação apropriados por patentes. As seguidoras são compostas, em sua

maioria, por empresas nacionais, com reduzida capacidade de realização de P&D, que

focam o mercado de produtos genéricos.

Em termos de regime tecnológico, as líderes tecnológicas são muito intensivas em

conhecimento, particularmente nas áreas de química fina e biotecnologia. A intensidade

de P&D das líderes equivale a 0,6% contra 0,3% das seguidoras, ainda que o percentual

das líderes seja modesto em relação aos investimentos em P&D realizados pelas

matrizes dessas empresas no exterior. Embora gastem 61% de todos os recursos

destinados a investimentos no setor, as líderes possuem menor indicador relativo de

intensidade de capital, tendo em vista que investem 1,8% do faturamento ao passo que as

seguidoras investem 3,7%.

A sobrevivência das firmas seguidoras no longo prazo, porém, é incerta e dependente das

estratégias das líderes tecnológicas e de mercado do setor, que envolveram fusões e

aquisições a fim de aquisição de competências em biotecnologia e domínio do mercado

de genéricos, que representa grande parcela do mercado brasileiro. O processo de fusões

e aquisições horizontais e verticais no Brasil refletiu tendências mundiais de incorporação

de empresas com know-how em biotecnologia, especialmente manipulação genética de

sementes para produção de novas variedades de plantas resistentes a classes de

pesticidas específicos, de acordo com o interesse comercial das empresas. No caso

brasileiro, há especial intenção de dominar técnicas de engenharia genética vinculadas a

culturas com grande potencial de mercado mundial, como as de soja e cana-de-açúcar.

Page 173: Inovação Inovação

172

Como reflexo dessas mudanças, houve significativo aumento de participação das quatro e

oito principais líderes de mercado no período 1996-2006, que alcançou, respectivamente,

61% e 84% em 2006, em que pesem as expectativas de maior concorrência com a

modificação do marco legal que introduziu o sistema de registro por equivalência, entre

2002 e 2006.

A concentração econômica é alta não só em termos absolutos quanto em relativos, em

comparação com setores de fertilizantes e máquinas e equipamentos agrícolas, sem

tendência de diminuição aparente. Ao contrário, as perspectivas de concentração

econômica aumentam se consideradas as barreiras à entrada do setor, como

procedimentos legais de registros de produtos, construção de redes de distribuição e de

assistência técnica aos usuários, conteúdo científico crescente da P&D e, principalmente,

as possibilidades de comandar o ritmo e direção das inovações, tendo em vista a sua

influência sobre o grau de obsolescência tecnológica dos produtos existentes, e de

investir em biotecnologia para produção de sementes transgênicas adaptadas às marcas

de seus defensivos agrícolas. Com isso, as empresas podem vender aos agricultores um

pacote inteiro de produtos, que vai desde a semente manipulada geneticamente ao

pesticida que comercializa.33

Ilustram tais estratégias a introdução de sementes transgênicas para culturas34 que

produzirão seus próprios inseticidas, o que reduzirá o tamanho do mercado para

empresas sem competência científica em biotecnologia e sementes transgênicas, como é

caso de muitas seguidoras brasileiras que produzem inseticidas. Além disso, a adesão

dos agricultores às sementes transgênicas está associada à compra dos defensivos para

os quais a resistência das sementes foi gerada. Em 1995, a Calgene/Rhône-Poulenc

lançou a primeira semente transgênica de algodão resistente ao herbicida bromoxynil. A

AgrEvo/Plant Genetic System lançou a primeira semente transgênica de Canola resistente

ao glufosinate. A Monsanto lançou a semente de soja resistente ao Roundup e,

33 Além disso, a empresa pode impor aumentos de preços aos agricultores, como ilustra o caso da Monsanto que aumentou recentemente em 26% os royalties cobrados por suas sementes de soja modificadas geneticamente e tolerantes ao herbicida Roundup em Mato Grosso. Disponível em: http://www.valoronline.com.br/ValorImpresso/MateriaImpresso.aspx?dtmateria=21-8-2009&codmateria=5775595&codcategoria=83&tp=12&searchTerm=monsanto. 34 Como é o caso das sementes transgênicas produzidas pela Monsanto de batata, algodão e milho que contêm o BacilusTuringiensi.

Page 174: Inovação Inovação

173

posteriormente, as de canola e algodão.35 No caso da soja, que consome em torno de

40% dos agroquímicos vendidos no Brasil,36 a participação das lavouras com uso de

semente modificada geneticamente e resistente ao herbicida da Monsanto alcança 58%

da safra nacional. Mas, embora a participação da soja transgênica tenha aumentado e

conquistado 87% da produção mundial,37 ainda há mercado para a soja convencional

porque alguns países (europeus) pagam mais ou porque os custos com a lavoura

transgênica podem superar os da convencional se rotações de cultura não forem

realizadas no campo, a fim de evitar o surgimento de ervas daninhas resistentes ao

glifosato, o que exige consumo de outros tipos de herbicidas.

Ainda que a trajetória tecnológica da biotecnologia seja utilizada pelas grandes

corporações internacionais para garantir a reprodução do capital investido na trajetória

química, desde meados do século XX, o mercado disponível às empresas seguidoras é

incerto em função de tendências tecnológicas futuras. Algumas dessas visualizam

impactos da nanotecnologia sobre a criação de uma “agricultura inteligente”, com base na

convergência da biotecnologia, tecnologias de informação e comunicação e

nanotecnologia (Dulley, 2005).

De fato, há evidências que grandes corporações, como Basf e Bayer, desenvolvem

pesquisas sobre a formulação de pesticidas em nanoescala, enquanto a Syngenta

comercializa defensivos agrícolas formulados como microemulsões (Dulley, 2004). Os

investimentos dessas empresas na nanotecnologia sugerem fusão dessa área de

conhecimento com a biotecnologia, antecipando diversas aplicações para a agricultura,

como: 1) otimização da eficácia das partículas de pesticidas pela nanoencapsulação; 2)

programação das cápsulas para liberação do princípio ativo sob diferentes condições; 3)

redução de danos às culturas; 3) diminuir a perda de pesticidas por evaporação; 4)

35 Várias tentativas de introdução de tecnologias para aumentar o poder de mercado das grandes corporações internacionais foram praticadas desde o fim da década de 1990. Algumas estiveram envolvidas com intensa polêmica, o que fez algumas companhias recuarem. Podem ser citadas como exemplo as tecnologias Terminator e Traitor. A primeira foi desenvolvida pela Monsanto que pretendia produzir sementes estéreis para que os agricultores, a cada safra, tivessem total dependência da empresa para compra de sementes. Por causa da repercussão desfavorável, a empresa produziu a segunda tecnologia que consistiu em sementes com suicídio programado geneticamente. A fim de permitir que a semente germinasse, o agricultor seria forçado a adquirir o agroquímico vendido pela multinacional. Estratégias similares foram perseguidas por AstraZeneca e Novartis, que formaram a atual Syngenta (Martins, 2000). 36 Estimativa de MAPA (2009). 37 Estimativas de 2009, disponíveis em http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/desenvolvimento/lucros-secaram-490818.shtml.

Page 175: Inovação Inovação

174

diminuir danos a outras espécies; 4) reduzir impacto ambiental; 5) facilitar o manuseio de

pesticidas de elevada concentração; 6) evitar entupimento de bicos aspersores; 7)

diminuir a quantidade de defensivos usada ao mesmo tempo em que se pode obter maior

tempo da atividade química; 8) redução do contato humano com o pesticida e de outros

impactos ambientais.38

Os avanços tecnológicos recentes podem revolucionar a base tecnológica da agricultura

tradicional e trazer sérias conseqüências em termos perda de competitividade, maior

dependência tecnológica, desemprego ou mesmo insegurança alimentar, tendo em vista

que grandes corporações internacionais investem e dominam tais técnicas. A fim de

minimizar seus impactos socioeconômicos sobre a sociedade brasileira, seriam

importantes as seguintes medidas abaixo:

1) Construir fortes incentivos fiscais, creditícios e financeiros para que empresas

brasileiras que ainda atuem no segmento de agroquímicos internalizem

capacidade de P&D, interagindo com instituições de ensino e pesquisa que tenham

competência em biotecnologia e nanotecnologia. A proposta de criação de

incentivos de natureza tributária deve ser mais enfatizada pela PDP, que avança

pouco nesse sentido, em relação ao arcabouço legal representado pela “Lei de

Inovação” e “Lei do Bem”. O surgimento de novos paradigmas tecnológicos

permite a criação de “janelas de oportunidade” que apenas podem ser

aproveitadas por empresas com mínima capacitação tecnológica para dialogar

com instituições de ensino e pesquisa e realizarem um processo de catching up. A

ausência de esforços internos de P&D pode inviabilizar quaisquer possibilidades

de entrada no setor abertas com mudanças de paradigmas. Essa recomendação

equivale a uma tentativa de fazer a firma nacional migrar da categoria de seguidora

para líder tecnológica do setor. Instituições de pesquisa brasileiras, como

EMBRAPA e Centro Tecnologia Canavieira (CTC), possuem know-how em

biotecnologia que podem ser repassadas a empresas nacionais que adquirirem

capacidade mínima de P&D, como ilustram os casos recentes de parceria entre a

Basf e EMBRAPA, para desenvolvimento de sementes de soja tolerantes aos

38 A meta mais ambiciosa da nanotecnologia é produzir alimentos por intermédio de fabricação molecular (Dulley, 2004).

Page 176: Inovação Inovação

175

herbicidas do grupo químico das imidazolinonas,39 e CTC, para desenvolvimento

de variedades de cana-de-açúcar mais produtivas e resistentes à seca da região

Centro-Oeste.40 Incentivos à formação de parcerias entre as empresas nacionais e

instituições de pesquisa, seriam importantes para que aquelas entrem no

segmento de sementes transgênicas.

2) Estimular um grande programa de P&D em biotecnologia e nanotecnologia com

aplicações na agricultura e nos seus insumos à montante, como é o caso dos

defensivos agrícolas. O programa deveria envolver várias instituições de ensino e

pesquisa com know-how nas áreas citadas, assim como as empresas nacionais do

setor. Há intenções similares na PDP, como se pode constatar. Primeiro, a PDP

vislumbra a criação de grupos de trabalho para fins de desenvolvimento da

nanotecnologia em áreas selecionadas. Umas das áreas que deveria incluir

especialistas em nanotecnologia e representantes do setor privado é o setor de

agroquímicos. Tal proposição tenta criar maiores oportunidades tecnológicas e

maior acumulação de conhecimento para o empresariado nacional. Segundo, a

PDP prevê medidas que visam: 1) “fomento à conservação e uso sustentável de

Recursos Genéticos para agricultura e alimentação (insumos para a

biotecnologia)”; 2) “fomento à inovação no agronegócio”; 3) aumentar os

investimentos públicos e privados para difusão da biotecnologia nas empresas

nacionais através do Fundo Setorial de Biotecnologia (CT-BIOTEC).

3) Estimular a produção nacional de defensivos para atenuar os problemas de déficit

crescente da balança comercial do setor, além de estimular maior agregação de

valor local. Para tal, poder-se-ia vincular, conforme sugestão de Velasco e

Capanema (2006), a liberação de crédito agrícola do governo à compra de

defensivos produzidos no Brasil. Nesse caso, as multinacionais que quisessem

vender produtos importados aos agricultores teriam que financiá-los, ao invés do

39 Disponível em: http://www.valoronline.com.br/ValorImpresso/MateriaImpresso.aspx?dtmateria=14-8-2009&codmateria=5762567&codcategoria=306&tp=12&searchTerm=basf&scrollX=0&scrollY=1062&tamFonte=. 40 Disponível em: http://www.valoronline.com.br/ValorImpresso/MateriaImpresso.aspx?dtmateria=5-8-2009&codmateria=5746384&codcategoria=306&tp=12&searchTerm=basf.

Page 177: Inovação Inovação

176

Governo. Essa medida poderia, inclusive, aumentar a oferta de crédito agrícola no

Brasil.

4) Direcionar incentivos fiscais às empresas que investissem no controle biológico de

pragas agrícolas, conforme proposta do Projeto de Lei 2319/03 de Incentivo ao

Controle Biológico (Fronzaglia, 2006), que foi arquivada por causa de mudança de

legislatura em 2007. Por essa proposta, a empresa produtora de defensivos

agrícolas aplicaria percentual de sua receita bruta anual no desenvolvimento de

agentes biológicos, com possibilidades de deduções do Imposto de Renda, até

certo limite. Essa proposta poderia ser realizada em parceria com outras empresas

do setor de produtos biológicos para controle de pragas ou instituições de ensino e

pesquisa, aproveitando o arcabouço legal da “Lei do Bem”. Dessa forma, o

desenvolvimento de agrotóxicos financiaria o controle biológico.

5) Adequar a produção nacional de fertilizantes a normas técnicas internacionais,

geralmente mais rigorosas, a fim de proteger o meio ambiente brasileiro e

capacitar empresas nacionais a competir no exterior. É sabido que muitos dos

defensivos agrícolas, banidos em nações desenvolvidas, são usados largamente

nos países em desenvolvimento pela simples incapacidade de os produtores lerem

as instruções nos rótulos e avisos de precaução (Ferman e Antunes, 2008). Além

disso, para adequar a linha de produtos nacionais às exigências de mercados

internacionais, para superação de barreiras técnicas, seria necessário construir um

núcleo de informações com pessoal altamente qualificado em comércio exterior e

na cadeia de defensivos, na linha proposta pelos autores acima.

Page 178: Inovação Inovação

177

4.3. MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS

O processo de acumulação de conhecimento da indústria de máquinas e equipamentos

agrícolas guarda estreita relação com o setor de bens de capital e com o setor

automobilístico. Por isso, nota-se a dependência da escala de produção, que é comum a

ambas indústrias citadas, e a existência de ritmo relativamente lento de introduções de

novos processos e produtos e de dependência dos mecanismos de aprendizado por

fazer, buscar, usar e interagir, que são características muito comuns aos setores de bens

de capital, que permitem o domínio de informações, de natureza tácita, adquiridas através

de interação usuário-produtor.

Considerando a taxonomia adotada nesse estudo, nota-se que o setor é heterogêneo,

combinando a convivência de 29 empresas líderes, 136 seguidoras, 84 frágeis e 7

emergentes. Ou seja, do total de 256 empresas, 26% possuem eficiência produtiva, por

inovarem em processo, e 42% apresentam capacidade de desenvolver produtos, ainda

que a maioria seja novidade apenas para a firma (conduta imitativa).41 De qualquer forma,

alguma capacidade de inovação de produto e processo é pré-requisito para alcançar o

mercado internacional de forma competitiva. Há, porém, informações de que uma

empresa de capital estrangeiro do setor de máquinas e equipamentos mecânicos voltados

para os setores sucroalcooleiro e de alimentos tenha produzido uma inovação radical

(Strachmann e Avellar, 2008), o que demonstra o potencial do Brasil para liderar

mundialmente a produção de bens de capital das grandes lavouras existentes no País,

como cana-de-açúcar e soja, por exemplo. Os autores também mencionam que até

mesmo subsidiárias de multinacionais, quando operam em setores em que mercado

brasileiro propicia vantagem competitiva, como é o caso de álcool e suco cítrico, possuem

autonomia inovadora maior do que o padrão de inovação dessas empresas em países

hospedeiros, que é geralmente marcado por simples adaptações locais de inovações

desenvolvidas nas matrizes.

Em termos de regime tecnológico, as líderes tecnológicas, com 72% dos gastos totais de

P&D e 26% dos gastos totais com investimentos do setor, são mais intensivas em

41 Seis das 29 líderes declararam ser inovadoras de produto e processo para o mercado brasileiro, enquanto uma inovou em produto não existente no mercado mundial.

Page 179: Inovação Inovação

178

conhecimento e menos em capital, em relação às seguidoras, que realizam 70% dos

gastos totais de investimento e 23% dos gastos totais em P&D do setor. Isso se reflete

numa relação P&D sobre investimento da ordem de 56% para as líderes e 6,6% para as

seguidoras. Logo, nota-se que as líderes estão em regime tecnológico de maiores

oportunidades, cumulatividade e apropriação, explorando nichos de mercado de alto valor

agregado. As seguidoras são mais intensivas em investimento de natureza tangível

embora possuam performance exportadora similar às líderes, em termos de participação

média das exportações no faturamento. Essa estratégia tem produzido mudança do

patamar de participação das oito maiores empresas do mercado a partir de 2000 e

relativa estabilidade dessa concentração a partir de então. O mesmo se pode dizer sobre

a líder de mercado do setor, conforme o indicador de primazia.

De modo geral, o setor de máquinas e equipamentos agrícolas cresceu em termos de

importância produtiva, medida tanto pela participação do valor bruto de produção no total

da indústria de transformação brasileira, no período 1996-2004, quanto pelo crescente

número de empresas no período 1996-2008. Em paralelo, o setor passou por significativo

número de fusões e aquisições no Brasil ao longo das décadas de 1990 e 2000, o que

levou à concentração do mercado em torno das oito principais empresas do setor. Em

geral, as líderes de mercado são empresas de capital estrangeira de grande porte, como

AGCO, John Deere, CNH Global e Agri-Tillage, que abastecem o mercado interno e

exportam máquinas automotrizes. Empresas brasileiras integram o grupo de líderes e

seguidoras tecnológicas, produzindo implementos agrícolas de tração mecânica para o

mercado doméstico e externo. Outras de pequeno porte especializaram-se na produção

de peças e componentes estabelecendo relações de subcontratação com as líderes

tecnológicas e de mercado, embora não seja raro atuarem com marcas próprias em

segmentos de equipamentos agrícolas e estabelecerem estratégias de fornecimento de

produtos para a indústria automobilística.

A competitividade externa exibida pelo setor, como atesta a variação de 259% das

exportações no período 1996-2008 e principalmente a partir da trajetória crescente

iniciada em 2002, reflete o envolvimento de líderes tecnológicas em inovações de produto

e processo, além dos efeitos indiretos de programas governamentais de suporte ao setor,

como o MODERFROTA. A partir desse Programa, a indústria brasileira atingiu maior

Page 180: Inovação Inovação

179

escala de produção e capacitação tecnológica, propiciando a renovação da frota nacional

de tratores e colheitadeiras.

Em termos de diretrizes de política industrial para o setor de máquinas e equipamentos

agrícolas, são apresentadas abaixo algumas propostas em consonância com os

resultados encontrados na pesquisa:

1. Estimular a consolidação de um regime tecnológico das empresas líderes e

seguidoras mais intensivo em conhecimento na geração de novos produtos,

pela posição estratégica que ocupam na agroindústria nacional, permitindo a

difusão da produtividade no setor de agronegócios, com rebatimentos

positivos sobre oferta de alimentos, balança comercial e liderança tecnológica

do Brasil no segmento.

2. Além disso, as políticas de incentivos à exportação da indústria, como

PROEX-Financiamento, PROEX-Equalização e o Novo Revitaliza

Exportações, poderiam fortalecer as empresas nacionais e seguidoras para

atingirem metas de aceleração do crescimento de suas exportações.

3. Suporte à atuação do SEBRAE junto às empresas pequenas e de médio

porte, que muitas vezes se localizam em arranjos produtivos locais,

especialmente na criação de consórcios de exportação, de agregação de valor

e de criação de central de compras. Ilustram tais proposições as iniciativas do

SEBRAE do Rio Grande do Sul que procurou induzir e desenvolver junto às

empresas estratégias de diversificação de produtos, destinando-os também à

indústria automobilística, de agregação de tecnologia a produtos e processos

e de prospecção de mercados externos. Sobre este último ponto, os agentes

do arranjo local foram estimulados a criarem um consórcio de exportação

(Greentech), tentando ampliar o mercado na América do Sul, Leste Europeu e

Austrália. A entrada no mercado australiano envolveu parceria com a

EMBRAPA que auxiliou no desenvolvimento de uma plantadeira com três

linhas adequada às características do solo daquele país. Em Horizontina foi

criada uma central de compras de matérias-primas e insumos para o setor

Page 181: Inovação Inovação

180

metal-mecânico, com objetivos de reduzir custos entre as empresas

fornecedoras da John Deere (Tatsch e Passos, 2007).

4. Embora o número de emergentes seja muito reduzido (7), deveriam receber

maiores aportes ou condições mais favoráveis em programas especiais do

BNDES, tendo em vista que a participação atual das emergentes nas fontes

de recursos do BNDES totalizam apenas 0,2% dos recursos financiados ao

setor a que pertencem. O seu potencial tecnológico é significativo, tendo em

vista que suas relações P&D/faturamento e P&D/investimento são de 3,1% e

51%. Outra proposta que poderia atingir pequenas empresas emergentes

seria a subvenção de projetos de inovação, ao invés de financiamento, nos

quais os riscos seriam repartidos com o BNDES e parte dos royalties seriam

empregados para financiar outros projetos. Esta proposta poderia estar

articulada à capacidade embrionária de inovação existente nas empresas

emergentes ou nas empresas pequenas e médias das categorias líderes e

seguidoras;

5. Com relação a esse último ponto, é preciso criar condições de acesso ao

crédito a empresas de médio e pequeno porte, para fins de capital de giro e

aquisição de máquinas e equipamentos, com juros baixos, tendo em vista que

as grandes empresas do setor possuem condições de financiamento próprias.

Isso é particularmente importante porque grande número de pequenos e

médios fabricantes de implementos agrícolas e peças e componentes, muitas

vezes inseridos em arranjos produtivos locais.

6. Fortalecimento e ampliação do Programa MODERFROTA atuando sobre

fatores identificados como gargalos do programa: 1) grande prazo decorrido

entre o envio da proposta de financiamento e a liberação de recursos, o que

prejudica o fluxo de caixa do fabricante e da concessionária; 2) escassez de

recursos do Programa.

7. Outras medidas, também com caráter de suporte institucional, estão

vinculadas à ampliação dos esforços de promoção da produção do setor no

Page 182: Inovação Inovação

181

exterior através de instituições como Agência Brasileira de Promoção de

Exportações e Investimentos (APEXBRASIL), que pode financiar a

participação em feiras internacionais. A participação em feiras é uma fonte

tradicional de informações para inovar, além de aumentar a visibilidade de

produtos nacionais no exterior.

8. No âmbito da PDP foram aprovadas medidas para o setor de bens de capital

que contemplam: 1) desoneração tributária do investimento, como

depreciação acelerada em 50% do prazo e crédito de 25% do valor anual da

depreciação contra a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido para

investimentos em todos os setores, permissão para depreciação de máquinas

e investimentos utilizados no setor de bens de capital em 20% do tempo

normal e eliminação da incidência do IOF de 0,38% nas operações de crédito

do BNDES; 2) incentivos ao investimento; 3) financiamento à produção e à

sua modernização, como redução do spread básico e da taxa de

intermediação financeira do BNDES; 4) duplicação do prazo para a indústria

no Produto FINAME de 5 para 10 anos. Portanto, os diversos programas da

PDP deveriam incluir também, explicitamente, as máquinas e implementos

agrícolas. Além disso, as medidas de alcance horizontal que implicam

desoneração de investimentos e inovação são bem-vindas para o setor de

bens de capital agrícolas: depreciação acelerada (ou imediata, no caso de

bens de capital para fins de P&D), redução do prazo para utilização dos

créditos do PIS/Cofins em bens de capital para doze meses para aquisição de

bens de capital novos, eliminação da incidência de IOF nas operações de

crédito para aquisição de bens de capital e junto à FINEP.

9. Redução de impactos sociais decorrentes da tendência recente de

mecanização das lavouras de cana-de-açúcar. A mecanização da colheita de

cana-de-açúcar no Estado de São Paulo tem benefícios ambientais, porque o

corte manual exige a queima da palha da cana, e de produtividade e

competitividade da produção brasileira, além de gerar demanda para as

empresas que dominam o setor. Estima-se que 90% do mercado seja

dominado pelas multinacionais John Deere e CNH, enquanto que 10% sejam

Page 183: Inovação Inovação

182

apropriados pela brasileira Santal.42 Como uma colheitadeira realiza o

trabalho de 100 homens que cortam cana queimada ou 200 homens que

cortam cana crua, será necessário criar programas sociais de qualificação e

recolocação no mercado de trabalho, principalmente se for levada em

consideração a existência de escassez de mão-de-obra qualificada

(soldadores, montadores e torneiros) na Santal ou mesmo para operar

tratores e colheitadeiras equipados com computador de bordo, rastreador via

satélite e ar condicionado.

4.4. INDÚSTRIAS À MONTANTE

Como visto anteriormente, as indústrias à montante da agricultura possuem elevado nível

de maturação tecnológico, com um processo de inovação essencialmente incremental e

fortemente baseado nos fornecedores de máquinas e equipamentos, ou seja, são

dominadas pelos fornecedores da indústria de bens de capital. Isto significa um esforço

inovativo pequeno em conhecimento novo, de natureza intangível, quer seja na compra

de conhecimento externo (P&D externo e formas de licenciamento de know-how) e,

principalmente realização de P&D interno à firma.

Este regime tecnológico não permite dizer que estes setores agroindustriais no país

possuem sistemas próprios de inovação, no sentido de uma articulação interativa de

firmas entre si e com instituições de pesquisa que funcione efetivamente como uma rede

de informação e produção de conhecimento. Assim, as oportunidades tecnológicas

desses setores no Brasil são limitadas, uma vez que não sofrem pressão competitiva para

adquirir, adaptar e gerar tecnologias de ponta, como o uso da biotecnologia e

nanotecnologia para novos produtos e processo produtos, típicos dos segmentos da

indústria de alimentos de países industrialmente avançados, ainda que muitas empresas

multinacionais líderes nesses mercados estejam há anos estabelecidas no Brasil.

Seguem propostas já discutidas no âmbito da PDP que podem atenuar esta fragilidade

estrutural da agroindústria nacional. Neste caso, a formulação de políticas deve ser mais

42 Estimativa de 2007, disponível em: HTTP://WWW.SINDLAB.ORG/NOTICIA02.ASP?NOTICIA=10319.

Page 184: Inovação Inovação

183

focada para o conjunto do complexo agroindustrial do que para setores específicos,

considerando a perspectiva de dinamizar a inovação tecnológica das firmas

agroindustriais.

1) Criar regras de enquadramento tributário diferenciadas para produtos

agroindustriais de maior valor agregado destinadas à exportação

Essa medida parece importante por focar no esforço de inovação tecnológico das

empresas. Existe a esse respeito Projeto de Medida Provisória em elaboração para

encaminhamento à Secretaria Executiva da PDP (ABDI) até agosto/09

2) Fortalecer Negociações Fitossanitárias com ações pró-ativas e sistemáticas

Uma vez já está instalado um Grupo de Trabalho (GT) para discutir assuntos

relacionados às negociações internacionais, através do fortalecimento da área de análise

de risco das pragas de vegetais. Estão sendo disponibilizados R$ 3 milhões pelo CTAgro,

para este fim.

3) Adequar legislação de registro de agrotóxicos às exigências da UE

Esse é um item muito importante, pois as restrições da EU no uso de agrotóxicos

podem afetar seriamente o desempenho exportador do complexo agroindustrial brasileiro.

O Brasil poderia solicitar a aceitação, pela UE, dos LMR’s definidos pelo Codex

Alimentarius.

4.4.1. MEDIDAS ESPECÍFICAS POR SETOR

CARNES E PESCADOS

1 – Elaboração de diagnóstico para a cadeia pesqueira.

2 - Elaborar e disseminar estudo de mercado externo para carnes de ovinos e caprinos

Page 185: Inovação Inovação

184

ALIMENTOS PROCESSADOS

1 - Definir estratégia para aprimoramento das condições de acesso do café solúvel ao

mercado da UE.

ÓLEOS E RAÇÕES

O investimento e a inovação do setor de Óleos e Rações está associado, em grande

parte, à aquisição de maquinas e equipamentos, o que representa uma ampliação da

capacidade de produção. Os dados da capacidade de processamento do setor estão

apresentados na tabela abaixo. Entre 2001 e 2008 a capacidade de processamento no

setor cresceu 44%, enquanto a de refino cresceu 33%. Informações do setor indicam que

ele opera com uma ociosidade média de 32%, o que significa a possibilidade de aumentar

a produção de farelo e óleos vegetais em aproximadamente 16,5 milhões de toneladas

(Amaral, 2009). O elevado nível de ociosidade pode estar associado a estratégias de

bloqueio à entrada de novas empresas no setor, o que de certa forma sacrifica margem

de lucro e mark-up no curto prazo mas preserva o poder de mercado das maiores

empresas no longo prazo.

Tabela 4.1 Capacidade Instalada no setor de Óleos e Processados de Soja

(milhões de toneladas/ano)

Capacidade de Processamento

Capacidade de Refino

Capacidade de Envase

2001 35.62 5.34 4.65

2002 36.48 5.40 4.43

2003 38.04 5.38 4.47

2004 43.48 5.94 4.54

2005 45.24 6.00 4.54

2006 47.36 6.60 5.26

2007 49.34 7.02 5.19

2008 51.30 7.11 5.16

Fonte: ABIOVE (2009)

Page 186: Inovação Inovação

185

Na verdade, o setor de Óleos e Processados é um elo à jusante da principal inovação na

cadeia da soja brasileira, que é a soja transgênica que elevou substantivamente a

produtividade do cultivo da soja. Entre 1990 e 2007, a produção de soja em grão cresceu

191%, enquanto a área colhida cresceu 79% (dados do sistema SIDRA-IBGE, Produção

Agropecuária Municipal). A parceria produtor-indústria de processamento tem sido citada

como elemento importante da inovação e aumento da produtividade da soja, além dos

fatores naturais, da economia de escala e do baixo custo de produção.

Uma perspectiva importante no setor de Óleos e Processamento surge com a ampliação

(compulsória) da utilização do biodiesel no Brasil. A mistura de biodiesel no país obedece

à Lei nº 11.097/2005 e à Resolução nº 2, de 27 de abril de 2009, do Conselho Nacional de

Política Energética (CNPE). Estas estabelecem a mistura obrigatória de 2% de biodiesel

no diesel convencional a partir de 2008 e 5% a partir de 2013; enquanto o CNPE

determinou o aumento desse percentual para 4% a partir de julho de 2009. Segundo

informações do setor, em 2008 foram utilizadas em torno de 1 milhão de toneladas de

biodiesel, número pode atingir 1,3 milhão de toneladas em 2009 e 3,1 milhões de

toneladas em 2020. Essa produção exigirá um volume adicional equivalente de óleos

vegetais, e os dados de capacidade ociosa e de processamento indicam que pode esta

demanda pode ser plenamente atendida sem a necessidade de expansão substancial da

área plantada de soja. Provavelmente, o desenvolvimento de outras oleaginosas para a

produção de biodiesel será incentivado com o aumento da demanda pelo produto, como

por exemplo, girassol e colza, que possuem maior teor de óleo do que a soja.

Uma característica técnica importante do processamento de soja indica que a demanda

por biodiesel, embora seja uma nova demanda para o setor, não será o fator

impulsionador da expansão da produção. Isso porque o esmagamento da soja produz

necessariamente óleo e farelo em percentuais praticamente constantes, em tornos de

78% de farelo protéico e 19% de óleo. Portanto o planejamento futuro do setor leva em

conta a expansão da demanda de farelos, uma vez que apenas a expansão para a

produção de biodiesel geraria um excedente de farelo no mercado, o que poderia

pressionar os preços e a lucratividade do negócio. O esmagamento de soja possui

portanto parte de sua dinâmica ligada à demanda por proteínas vegetais, especialmente

nas rações de aves e suínos (o produto participa com cerca de 18% da composição de

Page 187: Inovação Inovação

186

rações). Assim, o consumo de carnes de aves e suínos deverá ser o elemento mais

significativo na demanda pela produção do setor.

Um dos principais obstáculos apontados pelo setor está na logística de transporte. A

matriz de transporte da cadeia da soja se baseia no modal rodoviário em longas

distâncias (acima de 1000km), com pequena participação do meio ferroviário e

hidroviários. Comparativamente, a matriz de transporte da cadeia nos Estados Unidos é

dominada melo modal hidroviário (ABIOVE, 2009). Assim, a melhoria da infra-estrutura de

escoamento da soja provavelmente beneficiará o setor de moagem, aumentando a

competitividade dos seus produtos no mercado externo.

1 - Apoiar o fortalecimento da competitividade da Cadeia do Trigo no Brasil

LATICÍNIOS

1 - Apoiar programa de rastreabilidade do rebanho bovino para produção de leite

Aprovado projeto no CTAgro para fortalecimento da Rede de Laboratórios de

Controle da Qualidade do Leite. Previsão de implantação: Serão beneficiados oito

laboratórios até dezembro/2009.

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187

5. BIBLIOGRAFIA

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