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Informativo oficial da Associação de Arquitetos e Engenheiros da Região dos Lagos - Edição nº 27 - Julho / Agosto de 2011 ASAERLA informe 34 ANOS ASAERLA FAZ FESTA PARA COMEMORAR ANIVERSÁRIO DE FUNDAÇÃO Falar em sustentabilidade envolve, além da preservação do meio ambiente, uma mudança comportamental em toda a sociedade. Nesta edição do Informe ASAERLA você vai conhecer projetos que pretendem iniciar uma mudança na história dos municípios fluminenses, como a instalação de uma mini-usina para a fabricação de biodiesel em Arraial do Cabo; uma cooperativa disposta a promover a coleta seletiva de lixo em Cabo Frio; e uma nova forma de consumo de energia em Búzios, o Smart City, que pretende reduzir em até 40% o valor da conta de energia elétrica dos moradores do balneário. Aprecie cada detalhe das próximas páginas e fique em dia com a natureza. Páginas 5 e 21 ANTIGA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE SÃO PEDRO DA ALDEIA VOLTA A SER ATRAÇÃO TURÍSTICA Região dos Lagos investe em sustentabilidade Pág 11 Pág17 PATRIMÔNIO DEBATE 1º FÓRUM DAS CIDADES CABO FRIO VAI SEDIAR, EM SETEMBRO, UM ENCONTRO REGIONAL PARA O DEBATE DE QUESTÕES COMO INFRAESTRUTURA, PLANE- JAMENTO E O DESENVOLVIMENTO URBANO, TEMAS REGIONAIS DE INTERESSE COMUM AOS MUNICÍPIOS DA BAIXADA LITORÂNEA. Págs 12 e 13

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Informativo oficial da Associação de Arquitetos e Engenheiros da Região dos Lagos - Edição nº 27 - Julho / Agosto de 2011

AsAerlAinforme

34 anosASAERLA FAZ FESTA

PARA COMEMORAR ANIVERSÁRIO DE FUNDAÇÃO

Falar em sustentabilidade envolve, além da preservação do meio ambiente, uma mudança comportamental em toda a sociedade. Nesta edição do Informe ASAERLA você vai conhecer projetos que pretendem iniciar uma mudança na história dos municípios fluminenses, como a instalação de uma mini-usina para a fabricação de biodiesel em Arraial do Cabo; uma cooperativa disposta a promover a coleta seletiva de lixo em Cabo Frio; e uma nova forma de consumo de energia em Búzios, o Smart City, que pretende reduzir em até 40% o valor da conta de energia elétrica dos moradores do balneário. Aprecie cada detalhe das próximas páginas e fique em dia com a natureza. Páginas 5 e 21

AntigA estAção FerroviáriA de são

Pedro dA AldeiA voltA A ser AtrAção

turísticA

Região dos Lagos investe em sustentabilidade

Pág 11

Pág17 PATRIMÔNIO

DEBATE1º FÓruM dAs cidAdes cAbo Frio vAi sediAr, eM seteMbro, uM encontro regionAl PArA o debAte de questões coMo inFrAestruturA, PlAne-jAMento e o desenvolviMento urbAno, teMAs regionAis de interesse coMuM Aos MunicíPios dA bAixAdA litorâneA.

Págs 12 e 13

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Julho / Agosto 2011 Informe AsAerlA

MEIO AMBIENTE

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Arraial do Cabo terá mini-usina de biodiesel para reciclar óleo de cozinha

Pioneiro na comercialização de biodiesel no estado do Rio de Janeiro, o município de Arraial do Cabo dá um grande passo em prol do meio ambiente e cria a primeira usina comercial de biodiesel, que deve entrar em funcio-namento até meados de setembro. O biodiesel, que é pro-duzido a partir do óleo de cozinha, vai beneficiar pesca-dores e deve ser usado para abastecer os carros que vão transportar os atletas olímpicos em 2016.

Os equipamentos para a construção da usina já chega-ram e estão sendo instalados. De acordo com o técnico em Logística Ambiental Vinicius Fonseca, presidente COOP-CLEAN - Cooperativa Central de Logística e Apoio à Na-tureza – que administra a usina, a cooperativa coleta, em média, 12 mil litros de óleo e gordura vegetal por mês, que são encaminhados para ser transformado em sabão e co-mercializado na capital. Ele explica que o óleo era usado basicamente para fabricar sabão e ração animal, mas que a partir de agora, o óleo e a gordura que começaram a ser coletados no mês passado, já vão ser transformados em biodiesel para ser vendido a preço de custo e abastecer os barcos de todos os pescadores artesanais de Arraial do Cabo.

- A iniciativa vai beneficiar os pescadores artesanais de Arraial do Cabo, além de resolver um problema que afeta a sustentabilidade da cidade: a grande quantidade de óleo de cozinha nas areias das praias do município, explica.

Arraial do Cabo é uma Reserva Extrativista Marinha – RESEX – Mar. Os pescadores artesanais, além de sofrer com a escassez do pescado, ainda tem que pagar alto preço pelo óleo diesel. O principal objetivo da cooperativa é co-mercializar o biodiesel, que é um combustível mais limpo, a um preço mais barato do que o cobrado hoje pelo diesel nas bombas dos postos de combustíveis.

- Hoje o pescador para caro pelo diesel na bomba. O custo chega a ser de R$2,25 por litro. Com a produção da usina, ele vai poder comprar o biodisel, por R$1,60 a R$1,70 o litro, revela Vinicius.

A cooperativa já conta com cerca de 300 doadores, a maioria donos de quiosques e restaurantes de Arraial do Cabo e Cabo Frio, além de alguns moradores que já descobriram na iniciativa, uma forma de contribuir para a preservação na natureza. Ainda de acordo com Vini-cius Fonseca, a mini-usina, que vai funcionar num galpão na Prainha, tem capacidade de produzir 60.000 litros de

biodiesel por mês, mas dependendo da demanda, esta ca-pacidade pode ser ampliada em até três vezes.

Quem quiser participar do projeto pode doar o óleo e a gordura vegetal, na sede da Secretaria de Ambiente de Arraial do Cabo, que fica localizada à Avenida Leonel de Moura Brizola, nº 4, no Centro, ou nas escolas municipais. Há também uma equipe para ir até às residências buscar os produtos que serão descartados. Para armazenar o resíduo, basta colocar o líquido, sem a necessidade de coar, em em-balagens PET, de refrigerante descartável.

Quando o óleo de cozinha, que não pode mais ser aproveitado, é jogado na rede de esgoto – polui rios, baías, oceanos e interfere no equilíbrio desses ecossistemas. O reaproveitamento do óleo na produção de combustível contribui para a geração de energia alternativa mais limpa e barata, além de diminuir a quantidade de óleo descartado inadequadamente na natureza.

Você Sabia? - Um litro de óleo contamina um milhão de litros

de água.- O óleo despejado no esgoto aumenta em 45% os

custos de manutenção da rede. - O óleo que você joga no seu quintal contamina

o lençol freático.

Quem Pode Participar? Qualquer pessoa interessada pode fazer doação

de óleo, desde empresas a residências; passando por

escolas, associações, lanchonetes, restaurantes, qui-osques etc.

Como Armazenar o Óleo? No caso das residências, aconselha-se armazenar

o óleo em sua própria embalagem ou em garrafas PET, para serem posteriormente recolhidas pelo pro-jeto.

Equipe da Cooperativa Central de Logística e Apoio à Natureza recebendo os equipamentos da mini-usina que será instalada em Arraial do Cabo

A usina que entrará em funcionamento em breve vai reciclar o óleo de cozinha para a fabricação de biodie-sel, iniciativa que irá beneficiar os pescadores locais

divulgação

divulgação

Instituições como escolas, empresas, restauran-tes, lanchonetes, igrejas, quiosques, entre outros, que participarem do projeto, receberão galões para o armazenamento do óleo.

A coleta dos galões pode ser solicitada pelos telefones: (22) 2622- 2521 / (22) 2622- 6584

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Rua Nilo Peçanha, 73 Sl. 05 (CREA)Centro - Cabo Frio - RJ

Tel: (22) 2645-6524e-mail: [email protected]

www.asaerla.com.br

EXPEDIENTEConselho Diretor biênio 2011-2012

PRESIDENTE:Engº Humberto Sanchez Quintanilha

VICE-PRESIDENTE:Engº José Deguchi Júnior

DIRETOR SECRETÁRIO:Engº Luis Sérgio dos Santos Souza

DIRETOR TESOUREIRO:Engº Raimundo Neves Nogueira(Dokinha)

DIRETOR TÉCNICO:Engº Marco Aurélio dos Santos Abreu

DIRETOR SOCIAL:Engº Milton José Furtado Lima

DIRETOR DE MEIO-AMBIENTE:Engº Juarez Marques Lopes

DIRETOR DE RELAÇÕESINSTITUCIONAIS:Engº Ricardo Valentim Azevedo

DIRETORES DE PUBLICAÇÕES:Engº Fernando Luiz F. CardosoEngº Luiz Carlos da Cunha Silveira

COMISSÃO FISCAL:Engº Luiz Césio Caetano AlvesArqª Maria Yara CoelhoEngº Elídio Lopes Mesquita NetoEngº Anísio Machado de ResendeEngº Raul Antônio Alberto L. Lazcano

PRODUÇÃO, EDIÇÃO E DIAGRAMAÇÃO:

JORNALISTA RESPONSÁVEL:Alexandra de Oliveira

IMPRESSÃOGráfica Jornal do Commercio

TIRAGEM:6.000 exemplares

EDIÇÃO Nº 27Julho / Agosto - 2011

Informe AsAerlA

PALAVRA DA DIRETORIAPor Humberto QuintanilHa - Presidente da asaerla

Calendário de eventos para 2011

SETEMBRO- Palestra ou curso- 14, 15 e 16 - Fórum das Cidades- 20 - Plenária- 28 - Happy Hour

OUTUBRO- Palestra ou curso- 18 - Plenária- 18 e 19 - Construtech 2011- 26 - Happy Hour

NOVEMBRO- Palestra ou curso- 22 - Plenária- 30 - Happy Hour DEZEMBRO- Palestra ou curso- 10 - Festa do Dia do Arquiteto e do Engenheiro

Para maiores informações sobre os eventos, consultar o site www.asaerla.com

Informe AsAerlA04 Julho / Agosto 2011

ÉTICA, MORAL e POLÍTICA

O descaso do poder público me deixa estupefato. Acabaram de vez com a éticaPoderíamos ao menos esperar uma aplicação dig-

na do dinheiro público com obras de infra-estrutura, com a execução de rede separadora, águas pluviais e esgoto, planejada, de qualidade e dentro das normas técnicas. Enquanto continuarmos com o esdrúxulo sistema de captação e tratamento de esgoto em tem-po seco, nossa Lagoa e a cidade vão agonizar. Este exemplo de “não engenharia” já se mostrou inefici-ente. Precisamos imediatamente dar outro destino aos efluentes, tanto ao esgoto tratado, como águas pluviais, refiro-me em torno de toda a Lagoa, e não apenas em locais específicos. A postergação de ações imediatas pela AGENERSA, pelo Consórcio Inter-municipal Lagos São João (CILSJ) e pelo Instituto Estadual do Ambiente (INEA) vão nos levar a um caminho sem volta, pois estão sempre optando por soluções paleativas e nunca definitivas, afinal para o poder público, obras eternas rendem votos, além de ser um grande cabide de empregos.

Ao falarmos do pacote de obras da PMCF na edi-ção anterior, não esperávamos que a construção da ciclovia na orla marítima fosse feita sem critérios. A ciclovia, ao invés de contornar a orla, está sendo implantada no canteiro central, entre as duas pistas, o que colocará em risco a vida dos ciclistas. O que “diria ou dirá” o Sr. Alcimar Almeida, o então diretor de trânsito, que na edição 16 do nosso Informe disse: “Acreditamos que com a implantação de um projeto possamos mudar a forma do cabo-friense rever seu modo de vida, pelo menos no trânsito”. Por onde anda o planejamento, por quê persistir no erro ?

Queremos um Plano Diretor Viário já, mas dentro dos parâmetros normais, com estudo e planejamento a longo prazo. O trânsito de um município precisa ser estudado como um todo e não pontualmente, sendo assim, questiono: Qual seria o motivo para a men-sagem do prefeito sobre a privatização do estaciona-mento público ir à câmara durante o recesso parla-mentar? Os vereadores foram convocados para uma sessão extraordinária, votaram a matéria em regime de urgência sem que houvesse por parte de algum vereador, a utilização da tribuna para questionar a medida. Por onde anda a transparência ?

Os quebras-molas continuam proliferando fora das normas da Resolução do Contran nº 39/98. Na edição 17 do Informe, o Cel. Gilson da Costa, Secre-tário de Ordem Pública do município, disse: “Vamos retirar todos os quebra-molas que não atenderem a viabilidade técnica, ou seja, feito por moradores sem consulta a prefeitura“. Não tenho conhecimento de retirada de quebra-molas, ao contrário, vários outros foram implantados totalmente fora dos padrões do Contran. As leis e normas não são para todos ?

É imprescindível estar sempre bem informado, acompanhando não apenas as mudanças nos conheci-mentos técnicos da sua área profissional, mas também nos aspectos legais e normativos.

Há quase dois anos foi encaminhado ao Prefeito Marcos Mendes, o ante-projeto das leis complemen-tares ao Plano Diretor com cerca de 20 (vinte) con-siderações sobre o ante-projeto do Código de Obras pela ASAERLA, e que deveria ser analisado pelo

prefeito e encaminhado à Câmara de Vereadores de Cabo Frio, porém até hoje nada foi feito. En-quanto isso os puxadi-nhos e as obras irregula-res proliferam na cidade, e como se não bastasse, mais uma vez, a Prefei-tura de Cabo Frio altera de maneira atropelada a Lei de Zoneamento com a criação da Lei 2.364, de 02 de junho de 2011. O que é preciso para que as Leis complementares ao Plano Diretor possam ser votadas? A cidade e o cidadão devem esperar mais quanto tempo? A cidade já não pode esperar mais.

Viver honestamente, não lesar ninguém e dar a cada um o que é seu.

A Ética, um princípio que não pode ter fim, é o mais imutável dos princípios. Um verdadeiro dogma. Que nada mais é do que dizermos a verdade, fazer-mos o que é certo e justo, e que seja benéfico a todos os interessados.

Cito a Prova Quádrupla dos rotarianos:Do que nós pensamos, dizemos ou fazemos1-É a VERDADE?2-É JUSTO para todos os interessados?3-Criará BOA VONTADE e MELHORES AMI-

ZADES?4-Será BENÉFICO para todos os interessados?

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Informe AsAerlA

SANEAMENTO

05Julho / Agosto 2011

Mortandade de peixes na Lagoa de Araruama e mau cheiro nos bueiros do centro de Cabo Frio preocupam técnicos da ASAERLA

A cerimônia de assinatura do Pacto pelo Sanea-mento realizada em Cabo Frio reuniu os prefeitos dos municípios da Bacia Lagos São João

O engenheiro Luis Sérgio dos Santos Souza, dire-tor secretário da ASAERLA, representou a asso-ciação durante a cerimônia no Clube Naútico

Representando a ASAERLA, o presidente da entidade, Humberto Quintanilha, partici-pou, na última semana de agosto, da reunião realizada na subsede da Associação Comer-cial de Cabo Frio, com diretores da institu-ição, diretores da Prolagos e representantes da Prefeitura para discutir sobre o problema do mau cheiro identificado em todo o centro do município.

Além de Quintanilha, estiveram presentes à reunião o presidente da ACIA José Martins de Souza, os diretores Luis Flávio Lima (Ju-rídico), Luiz Eduardo Monteiro (Comercial), Aristides Terra e Manoel Pinheiro, o diretor comercial Pedro Alves, a diretora executiva Paula Medina e o engenheiro Wagner Carva-lho, todos da Prolagos, e o coordenador mu-nicipal de Indústria e Comércio da prefeitura de Cabo Frio, Ricardo Azevedo.

Durante o encontro ficou decidido que será feita uma vistoria em toda a rede do centro da cidade para identificar ligações clandestinas e outros prováveis motivos para o mau cheiro nas ruas. A reunião aconteceu um dia após a morte de centenas de peixes, que apareceram boiando nas margens da Lagoa de Araruama. Os 3.000 associados à Colônia dos Pescado-res de São Pedro da Aldeia alegam que há despejo de esgoto sem tratamento em pontos da Lagoa de Araruama. O grupo teme que as 20 mil famílias beneficiadas com a renda do pescado sejam prejudicadas com a mortan-dade de peixes.

- Estamos em alerta, mas sabemos que a lagoa está poluída e que as empresas respon-sáveis não conseguem tratar todo o esgoto despejado ali, criticou Haroldo Sobrinho, presidente da Colônia.

Técnicos do INEA afirmam que a causa mais provável para a morte dos peixes seria a redução da oxigenação da água. Agora, resta saber se as causas dessa queda são naturais ou foram provocadas pela ação do homem, diz o órgão. O grupo coletou amostras na região afetada e realizará testes. Segundo biólogos do Consórcio Intermunicipal Lagos São João, responsável por gerenciar a lagoa, a mortandade teria sido causada por uma espécie de alga não tóxica. De acordo com os biólogos, a taxa de oxigênio da Lagoa de Araruama caiu de 7 para 1.4 no dia da mor-tandade. Para o secretário executivo do Con-sórcio, Mário Flávio, o vento pode ter feito a matéria orgânica depositada no fundo subir, contribuindo para a escassez de oxigênio.

Ainda segundo Mário Flávio em pouco tempo a Região dos Lagos terá o maior

percentual de efluentes tratados do Estado do Rio de Janeiro. O anúncio foi feito pelo próprio secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc no dia 8 de julho de 2011, em Cabo Frio, durante assinatura de termos de cooperação técnica com oito municípios da Bacia Lagos São João, durante cerimônia realizada no Clube Náutico, em Cabo Frio, onde foi celebrado o convênio entre o estado, as prefeituras e as concessionárias de água e esgoto da Região dos Lagos, para a elabora-ção dos Planos de Saneamento.

Pelo convênio, os municípios receberão estudos técnicos necessários à elaboração de um documento de planejamento, capaz de orientar os gestores na implantação de uma política de saneamento, adequada à realidade econômico-financeira, social e ambiental da região, promovendo uma melhoria da saúde pública e da proteção ambiental. Os planos municipais incluem o tratamento da água e esgoto, a correta destinação do lixo e a insta-lação de redes de drenagem nos municípios de Cabo Frio, Iguaba Grande, Armação dos Búzios, Arraial do Cabo, Araruama, Silva Jardim, Saquarema e São Pedro da Aldeia.

O decreto que criou o Pacto pelo Sanea-mento estabelece, entre outras coisas, o fim dos lixões e o tratamento de 60% do esgoto no estado do Rio de Janeiro até 2014. Com a assinatura, o governo do Estado se compro-mete a dobrar o tratamento sanitário flumi-nense, que hoje equivale a 30% do esgoto produzido. O programa, que será executado pela secretaria de Estado do Ambiente e pelo INEA, terá investimento de R$ 5 bilhões. O Pacto pelo Saneamento também estabelece, por meio de um Projeto de Emenda Consti-tucional (PEC), a duplicação da participação do Fundo Estadual de Conservação Ambien-tal e Desenvolvimento Urbano (Fecam) nos royalties do pré-sal, de 5% para 10%. Outro desafio do Pacto pelo Saneamento será au-mentar a coleta seletiva e estimular também

a reciclagem do lixo para diminuir o resíduo destinado aos aterros.

Antes de assinar o Pacto pelo Saneamento com as prefeituras, a comitiva participou do início da pré-operação da Estação de Trata-mento de Esgoto (ETE) Jardim Esperança, situada na margem esquerda do Canal de Itajurú, em Cabo Frio. A comitiva ambiental visitou ainda as obras de desassoreamento do Canal de Itajurú, que vai facilitar o fluxo das águas lagoa-mar, objetivando a preservação de todo o ecossistema lagunar.

A operação da nova ETE - a quinta cons-truída pela Prolagos na região - eleva para mais de 70% o índice de atendimento em co-leta e tratamento de esgotos da concession-ária em sua área de concessão. A nova uni-dade fará o tratamento do esgoto produzido pela região do Jardim Esperança e a margem esquerda do Canal do Itajurú, representando a primeira etapa do projeto de transposição de bacias, que consiste em levar os esgotos da margem direita do Canal Itajurú para tratamento na nova ETE, que lançará o eflu-ente tratado no Rio Una e não mais na Lagoa de Araruama. A iniciativa foi elaborada pelo Consórcio Intermunicipal Lagos São João (CILSJ) e está sendo executado pela Prola-gos em parceria com o governo do Estado, por meio do Instituto Estadual do Ambiente (INEA), que diz que a lagoa não apresenta níveis elevados de poluição.

Presentes em todas as reuniões relaciona-das ao meio ambiente e saneamento básico, representantes da ASAERLA – Associação de Arquitetos e Engenheiros da Região dos Lagos – questionam o sistema de tempo seco utilizado pela Prolagos para tratar o esgoto nos municípios da região.

- Se chove muito as comportas são abertas, misturando água da chuva com esgoto, com a liberação dos efluentes para a Lagoa. Temos que acabar com soluções temporárias para resolver de vez o problema da nossa Lagoa,

diz o presidente Humberto Quintanilha.Segundo Quintanilha desde que o Gover-

no Estadual privatizou a CEDAE, ele está adiando uma solução definitiva para o prob-lema da Lagoa de Araruama. Segundo ele, em Cabo Frio, por exemplo, a solução seria a instalação de rede separadora em todos os bairros.

- Sabemos que é uma obra cara e demora-da, mas que poderia ter parte subsidiada pela Prefeitura, com investimento revertido para a população, que pagaria menos nas contas da Prolagos. Reconhecemos que sozinha a Prefeitura também não teria condições de ex-ecutar o serviço, mas é preciso que se tome uma decisão rápida. O Braga, por exemplo, tem rede separadora, mas no Centro, foi feita a revitalização da Avenida Nilo Peçanha ap-enas com troca de manilhamento da rede de águas pluviais. Agora estão abrindo a Rua Jorge Lóssio, mas também não estão colo-cando rede separadora, alerta Quintanilha.

Centenas de peixes que apareceram mortos na Lagoa de Araruama

Segundo o INEA a Lagoa de Araruama não apre-senta níveis elevados de poluição

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Informe AsAerlA06 Julho / Agosto 2011

MEIO AMBIENTE

Despejo de ´´chorume´´ na Lagoa de Araruama preocupa Consórcio Ambiental Lagos São João

Em todo mundo a disposição final do lixo urbano tem se tornado um sério pro-blema ambiental. O crescimento rápido da população e as mudanças nos hábitos de consumo têm levado ao aumento consid-erável na produção de rejeitos sólidos. O lixo descartado pela sociedade é uma mis-tura complexa e de natureza muito diversa. Como principal constituinte tem o material orgânico (resto de alimentos e de material vegetal), papel, vidro, metais e plásticos.

O lixo comum e entulhos devem ir para aterros sanitários quando não há mais a possibilidade de reciclagem ou reutiliza-ção. Os aterros sanitários são basicamente locais onde os resíduos são confinados no solo, livre do contato com o ar e cober-tos com uma camada de terra. O terreno é impermeabilizado para permitir que os líquidos e os gases resultantes da decom-posição que estes resíduos sofrem embaixo da terra, principalmente por bactérias, se-jam drenados e tratados, para evitar a con-taminação do ambiente.

O chorume é o maior problema am-biental associado à operação e gerencia-mento de aterros sanitários. Caso não seja tratado, ele pode atingir lençóis freáticos, rios e córregos, levando a contaminação para estes recursos hídricos. Neste caso, os peixes podem ser contaminados e, caso a água seja usada na irrigação agrícola, a contaminação pode chegar aos alimentos, como frutas, verduras e legumes.

Construído respeitando as normas téc-nicas exigidas, o Aterro Sanitário de São Pedro da Aldeia, é devidamente legalizado pelos órgãos ambientais. A empresa Dois Arcos Gestão de Resíduos tem licença de operação, com validade até 24/08/2012, concedida pela Comissão Estadual de Controle Ambiental (CECA) e pela Funda-ção Estadual de Engenharia de Meio Am-biente (Feema). Segundo a empresa, que administra o aterro com as técnicas mais modernas, utilizadas inclusive nos aterros de países como China, Japão e Alemanha, o aterro sanitário trata o lixo de forma que a sua decomposição não agrida ao meio ambiente. O sistema aplicado consiste na impermeabilização do solo utilizando argi-la compactada e um liner de polietileno de alta densidade. Com esse processo, o cho-rume, proveniente dos resíduos sólidos, é drenado e, posteriormente, tratado, evitan-do a contaminação do solo e das águas. Os gases são drenados e queimados, evitando

a poluição do gás metano. O lixo colocado sobre esta camada impermeabilizante será sempre aterrado.

Só que desde o início de operação do aterro, em março de 2008, uma das prin-cipais preocupações do Consórcio Ambi-ental Lagos São João tem sido em relação ao chorume, que mesmo tratado, é muito agressivo ao meio ambiente. Segundo o secretário executivo do Consórcio, Mário Flávio Moreira, chegam a ser esgotados por dia, na Estação de Tratamento da Pro-lagos, localizada em São Pedro da Aldeia, cerca de 5 caminhões limpa-fossa com chorume.

- A licença do aterro diz que ele tem que colocar o chorume em algum lugar li-cenciado, então, provisoriamente, o mate-rial está sendo levado para a ETE de São Pedro da Aldeia, onde é tratado e libe-rado para a Lagoa de Araruama. A nossa preocupação é porque a Lagoa é um corpo d´água complicado, ela é fechada, então não é bom está recebendo este chorume, explicou Mario Flávio.

A preocupação foi encaminhada ao INEA – Instituto Estadual do Ambiente – através de um ofício, solicitando altera-ção na rota do esgotamento do chorume. Segundo Mário Flávio Moreira o melhor lugar para tratar o chorume é a Estação de Tratamento de Esgotos da Prolagos, cons-truída no Jardim Esperança, e que entrou em pré-operação no início de julho.

Assim que a estação do Jardim Espe-rança entrar em carga, ao invés de vazar este chorume em são Pedro da Aldeia, ele será encaminhado para lá, já que o corpo d´água que vai receber o material tratado é o Pântano da Malhada, na foz do Rio Una, que desagua em mar aberto. O maior problema do chorume diz respeito a parte de bactérias que produzem toxinas. Se elas cairem na Lagoa de Araruama podem vi-rar uma sementeira de algas. Colocando em mar aberto, através do Pântano da Ma-lhada, não existe este problema, já que até cair em mar aberto, ele já depurou, disse.

A Estação de Tratamento do Jardim Esperança, em Cabo Frio, entrou em pré-operação com a presença do secretário do Ambiente, Carlos Minc; do subsecretário do Ambiente, Luis Firmino Pereira; e da presidente do INEA - Instituto Estadual do Ambiente, Marilene Ramos. A operação da nova ETE - a quinta construída pela Pro-lagos na região - eleva para mais de 70%

o índice de atendimento em coleta e trata-mento de esgotos da concessionária em sua área de concessão.

A nova unidade fará o tratamento do esgoto produzido pela região do Jardim Esperança e a margem esquerda do Canal do Itajurú, representando a primeira etapa do projeto de transposição de bacias, que consiste em levar os esgotos da margem direita do Canal Itajurú para tratamento na nova ETE, que lançará o efluente tra-tado no Rio Una, e não mais na Lagoa de Araruama. A iniciativa foi elaborada pelo Consórcio Intermunicipal Lagos São João e está sendo executado pela Prolagos em parceria com o Governo do Estado, por meio do INEA.

A operação da estação terá início com a captação dos esgotos da sub-bacia do Jardim Esperança, que atualmente são lan-çados no Canal da Malhada. A unidade re-alizará o tratamento secundário de esgoto e é composta por duas lagoas de aeração e duas lagoas de decantação, com capaci-dade para tratamento de até 160 litros de esgoto por segundo. Os estudos de impacto ambiental realizados pela concessionária demonstram que o efluente tratado tam-bém melhora a classificação do Rio Una.

Parceria com Estado possibilita transposição

dos efluentes para Rio UnaA transposição é um projeto sugerido

pelo Consórcio Intermunicipal Lagos São João, que está sendo executado pela Prola-gos em parceria com o Governo do Estado, por meio do INEA - Instituto Estadual do Ambiente - com aprovação da AGENER-SA - Agência Reguladora de Energia e Sa-neamento Básico do Estado do Rio de Ja-neiro. A parceria entre a concessionária e o Estado possibilitou a antecipação das obras que até 2017 vão fazer com que a Lagoa Araruama, hipersalina, não receba mais água doce proveniente dos efluentes trata-dos da ETE de Cabo Frio. Para a execução do projeto, que demandou investimentos na ordem de R$ 25 milhões, a Prolagos al-terou o escopo inicial das obras e em con-junto com o governo do Estado, ajustou todo o sistema de coleta e tratamento de esgoto para a fase final do projeto de trans-posição. Inicialmente seriam utilizadas tu-bulações com 400 milímetros de diâmetro e posteriormente foram substituídas por tubulações de 800 milímetros, somando cinco quilômetros de extensão, financia-das pelo Governo do Estado. As Estações Elevatórias de Esgoto projetadas também tiveram sua capacidade de bombeamento ampliada.

Mário Flávio Moreira secretário Executivo do Consórcio Ambiental Lagos São João

Com o início de operação da ETE do Jardim Espe-rança, a Lagoa vai ficar livre do chorume

Aterro sanitário de São Pedro da Aldeia. Por dia, chega a esgotar na Lagoa, 5 caminhões limpa-fossa com chorume

Ilustração apresentando como deve ser, na prática, o funcionamento de um aterro sanitário

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PerFIl Dione Pessoaarquiteta e Urbanista

Informe AsAerlA

ECONOMIA

07Julho / Agosto 2011

Formada em Arquitetura e Ur-banismo pela UFRJ, Dione Moraes de Albuquerque Pessoa, já sabia desde a infância qual carreira seguir. Ainda criança, passava o tempo desenhando móveis, e na adolescência, um teste vocacional confirmou a vocação pela arquitetura.

- Eu gostava de imaginar os es-paços. Ficava horas sentada no chão, no canto da casa, desenhando móveis, e já quando cursava o segundo grau, quando fiz um teste vocacional, per-cebi que a arquitetura seria o meu fu-turo, recorda.

Casada há 21 anos com o en-genheiro civil Ronaldo Pessoa, com quem tem dois filhos – Rafael, hoje com 19 anos e Bruno, com 15 anos – Dione Pessoa, como é conhecida na Região dos Lagos, gosta de teatro, cinema, shows e viagens, programas que acontecem sempre na companhia da família ou de amigos.

- Gosto de conversar, de sair para dançar, de viajar, ir ao cinema, teatro ou um show, sempre com a presença da minha família. Adoro conversar, por isso, também curto a companhia de amigos. Gosto das pes-soas perto de mim, diz.

Dione e Ronaldo não estão ligados apenas na vida pessoal. A profissão de um complementa a do outro, e o casamento continua no campo profissional. Hoje eles divi-dem um escritório de engenharia e arquitetura em Cabo Frio, mas Dione recorda que, desde a sua formatura, os dois trabalham juntos.

- O Ronaldo tinha acabado de se formar quando nos conhecemos durante uma festa em 1982. Naquela época ele veio trabalhar em uma cons-trutora em Cabo Frio. Namoramos durante oito anos e nossos encontros eram apenas nos finais de semana. Só após o casamento foi que me mudei para Cabo Frio, e desde então, traba-lhamos juntos também.

A tranqüilidade de Cabo Frio ajudou na escolha do casal.

- Aqui a qualidade de vida é outra. Temos mais tranqüilidade tan-

to para trabalhar, quanto para viver e criar nossos filhos, diz a arquiteta.

A afinidade na vida profis-sional é tão grande quanto a cumpli-cidade dentro de casa. No escritório, geralmente ela faz os projetos e o marido executa as obras. O apoio téc-nico de Ronaldo é fundamental para um projeto bem estruturado.

-Gosto de trabalhar em parce-ria com o Ronaldo porque o traba-lho de um complementa o do outro. A questão técnica que ele me traz é muito importante na hora de elaborar um projeto. Discutimos sobre a com-posição do projeto, materiais estru-turais, viabilidade, forma, tudo o que diz respeito a uma determinada obra. Quando você gosta do que faz, tudo flui naturalmente, explica.

Há 20 anos no mercado, ao longo dos anos, Dione Pessoa vem aprimorando e adquirindo habili-dade, na arte de traduzir em seus pro-jetos os desejos dos clientes. É uma profissional que gosta de estar sem-pre se atualizando para oferecer aos clientes novas tendências, materiais e técnicas, aliando bom gosto, praticid-ade e economia. Dione Pessoa adora aceitar grandes desafios, e acha fun-damental que o resultado do traba-lho seja satisfatório não apenas para ela, mas principalmente para quem a contrata. Graças ao bom relacio-namento com os clientes coleciona grandes amigos ao longo dessa tra-jetória.

Valores em R$/m2 - 31/08/2011

PROJETOS

R1 (Residência Unifamiliar)

PP (Prédio Popular)

R8 (Residência Multifamiliar)

R16 (Residência Multifamiliar)

PIS (Projeto de Interesse Social)

RP1Q (Residência Popular)

Padrão deAcabamento

% MêsR$ / m2Projetospadrões

RESIDENCIAIS

COMERCIAIS

BaixoNormal

AltoBaixo

Normal

BaixoNormal

Alto

NormalAlto

-

-

R1-BR1-NR1-APP4-BPP4-N

R8-BR8-NR8-A

R16-NR16-A

PIS

RP1Q

992,091.177,511.470,20

919,981.118,21

873,63972,54

1.179,14

945,141.239,32

670,67

1.009,53

0,350,280,380,340,26

0,340,290,35

0,290,340,26

0,21

CAL8 (Comercial Andares Livres)

CSL8 (Comercial Salas e Lojas)

CSL16 (Comercial Salas e Lojas)

G1 (Galpão Industrial)

NormalAlto

NormalAlto

NormalAlto

-

CAL8-NCAL8-ACSL8-NCSL8-A

CSL16-NCSL16-A

G1

1.139,671.223,15

967,201.053,201.288,801.403,09

541,62

0,290,280,310,290,300,280,29

CUB REPRESENTATIVOCUB MATERIAIS

CUB MÃO DE OBRA (Encargos Sociais de 152,23%)CUB DESPESAS ADMINISTRATIVAS

CUB EQUIPAMENTOS

972,54

434,83

502,43

32,64

2,64

0,29

0,66

0,00

0,00

0,00

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Informe AsAerlA08 Julho / Agosto 2011

PALESTRA ASAERLA sedia palestra sobre cadastro de ART

O palestrante Otávio José Caetano com o presi-dente da ASAERLA, Humberto Quintanilha

O arquiteto Rinaldo Fagundes e o diretor tesou-reiro da ASAERLA, Dokinha, durante a palestra

Durante o encontro, a arquiteta Mariza Souza ti-rou dúvidas sobre o preenchimento da ART

Mariza Neves, assessora do CREA-RJ para o pro-grama PROGREDIR, responsável pelo encontro

Profissionais de arquitetura e engenharia de toda a região lotaram o espaço de eventos do Leste Shopping, em Cabo Frio, na quarta-feira, 6 de julho, para participar de uma pales-tra sobre aperfeiçoamento do cadastramento de ART – Anotação de Responsabilidade Técnica – organizada pelo CREA-RJ, com o apoio da ASAERLA.

O engenheiro civil Otávio José Caetano da Silva Júnior, explicou as mudanças, principal-mente em relação ao preenchimento da ART, que a partir de agora deve ser on-line, e sobre o novo sistema corporativo do CREA, que tem levado muitos profissionais a cometerem erros na hora do cadastro.

- A palestra visa adequar os processos à re-solução 1025, que traz um projeto de ART na-cional, por isso os CREAS estão fazendo essas alterações, inclusive no sistema corporativo. A resolução anterior era muito vaga por isso foi estabelecido um modelo único para todo país. Hoje em dia a ART só pode ser feita on-line, o que trouxe mais segurança para os profissionais e para aqueles que contratam os serviços de um arquiteto ou engenheiro, já que só o profissional habilitado pode fazer a ART.

A palestra foi realizada através do PRO-GREDIR – Programa de Capacitação e Desen-volvimento Regional – do CREA-RJ, com o ob-jetivo de atender a uma antiga reivindicação dos profissionais residentes no interior do Estado. O Programa visa elaborar, apoiar e incentivar ações educacionais voltadas para a capacitação, atualização e aperfeiçoamento dos profissiona-is e futuros integrantes do Sistema CONFEA/CREA. As ações compreendem palestras, semi-nários, conferências, cursos de curta duração e workshops, mas segundo o vice-presidente da ASAERLA, engenheiro Deguchi Júnior, a reali-zação da palestra em Cabo Frio, já era um pe-dido antigo da associação.

- Muito antes do CREA lançar este programa de disseminação da informação, a ASAERLA já vinha solicitando a realização da palestra em Cabo Frio, para esclarecer as dúvidas dos pro-fissionais da região. Por isso recebemos de bra-ços abertos o CREA, que demonstrou interesse em realizar o evento, explicou.

O arquiteto Rinaldo Fagundes Filho, Ins-petor Especial do CREA em Arraial do Cabo, disse que a palestra é de extrema importância para os profissionais do município onde atua, já que em virtude dos royalties de petróleo, deve receber novos empreendimentos.

- Muitos profissionais estão com dúvidas em relação ao preenchimento da ART. A pales-tra neste momento é importante já que muitos empreendedores estão chegando a Arraial do Cabo em virtude dos royalties, disse.

Paulista, residindo em Cabo Frio há 6 anos, a arquiteta Mariza Souza também ficou satis-feita com a orientação.

- Eu acho importante. Na verdade são mui-tos detalhes, e com a nossa correria do dia a dia, você não acaba prestando muita atenção a essas coisas e vai deixando pra lá. Toda vez que vou preencher uma ART procuro alguém da ASAERLA. Tudo que diz respeito a nossa profissão, que possa nos enriquecer, acho que vale a pena, ressaltou.

As palestras estão sendo realizadas em to-das as inspetorias do CREA-RJ. A Regional Leste já realizou encontros em Macaé (2 ju-

nho), Cabo Frio (6 julho) e Araruama (21 de julho). De acordo com Mariza Neves, Asses-sora do CREA-RJ para o Programa PROGRE-DIR, a dificuldade dos profissionais, no que diz respeito ao preenchimento da ART após a mu-dança do processo para o sistema on-line, foi percebida pelo presidente Agostinho Guerreiro, que logo determinou a realização dos encontros em todo o estado.

- Muita gente acha que a mudança no preenchimento da ART foi uma decisão do CREA-RJ. Mas é preciso explicar que é uma determinação nacional, do CONFEA – Conse-lho Nacional de Engenharia. O CREA teve que se adaptar. Criamos o novo sistema corporativo, e junto com ele, veio a ART on-line. Na capi-tal já realizamos nove turmas e não fechamos ainda. Não tem data para terminar, concluiu Mariza Neves.

Ameaças subterrâneas

Agostinho Guerreiro

Agostinho Guerreiro é presidente do CREA-RJ [email protected]

Os acidentes com buei-ros na cidade vêm au-mentando em risco progressivamente. Há pouco mais de dois anos, o carioca tem a-prendido a conviver com explosões e liberação de fumaça que já causaram dois graves acidentes: em junho do ano passado, um casal de turistas se feriu gravemente com uma explosão em Copa-cabana. No mesmo bairro, em abril desse ano, uma tampa voou em cima de um táxi, destruindo completamente o veículo e fer-indo cinco pessoas. Dado o cenário, talvez o termo “acidentes” não esteja sendo em-pregado corretamente, uma vez que a pala-vra dá conta de algo que não estava previsto.Os constantes acontecimentos demonstram que a atual situação é encarada como algo dentro da normalidade para a concessionária de energia elétrica da cidade. Não faz muito tempo, a Light, a CEG e a Cedae se compro-meteram com a prefeitura a mapear o sub-solo e modernizar suas redes subterrâneas, de maneira a prevenir situações como esta. O Ministério Público já está atento à questão e quer incluir no Termo de Ajustamento de Conduta da Light uma penalidade para cada explosão de bueiros, que pode resultar em multas que podem chegar a R$ 1 milhão. Em 2009, a Agência Nacional de Energia Elétrica multou a empresa em cerca de R$ 9 milhões, mas em abril de 2010 a agência fez um acordo que substituiu a multa por investimentos de R$ 12 milhões na rede subterrânea. A Light afirmou que vai fazer, até o fim do ano, 16 mil inspeções e gastará R$ 88 milhões em manutenção e troca de equipamentos. Enquanto isso, moradores e pedestres que circulam principalmente pelo Centro, Flamengo, Botafogo e Copacabana devem ficar atentos aos perigos que podem estar logo abaixo de seus pés: uma situação trágica e lamentável para o Rio de Janeiro.

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Informe AsAerlA

TECNOLOGIA

09Julho / Agosto 2011

Um novo paradigma no que diz respeito a projetos de edificações, os softwares para de-senvolvimento de projetos com a tecnologia BIM - Building Infor-mation Modeling - que garan-tem toda informação necessária a desenhos, expressão gráfica, análise construtiva, quantifica-ção de trabalhos e tempos de execução, desde a fase inicial do projeto até a conclusão da obra, já estão ganhando força em todo o país.

Pioneira na Região dos Lagos, no dia 29 de junho, a ASAERLA organizou em Cabo Frio, com o apoio das constru-toras Modular e Volendam, e do Leste Shopping, a primeira pa-lestra sobre o assunto na região. O arquiteto e urbanista Julio Cesar Bastos Silva, assistente da Comissão da Rede BIM Na-cional, graduado pela Univer-sidade Federal Fluminense, fa-lou sobre a nova tecnologia. O evento, voltado para arquitetos, engenheiros e profissionais liga-dos à construção civil, teve como principal objetivo promover uma discussão sobre o tema, abordan-do a necessidade de adaptação da nova tecnologia à realidade brasileira.

- Nós estamos apresentan-do uma tecnologia que é inova-dora e que modifica inteiramente o modelo organizacional das em-presas em relação a projetos, e que, através de uma demanda do Governo Federal, começou a ser adotada nas empresas que lidam com órgãos públicos, explicou.

Desde 2008, o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, através do Plano Na-cional de Habitação, exige uma padronização nos modelos de construção civil. Segundo Julio Cesar Bastos Silva, o BIM faz parte das ações para este proces-so de modernização, que só deve ser concluído em 2023.

- É uma norma nacional. Todas as empresas que traba-lham com obras públicas, depen-dendo de um determinado valor, deverão utilizar o BIM. Outras ações, que estão sendo feitas em conjunto, são a criação de uma norma brasileira para o sistema de classificação e a tradução de uma norma ISO internacional, que será adaptada para o padrão brasileiro, disse.

Ainda segundo o pales-trante, a ferramenta cria informa-ções e documentações coordena-das, que permitem utilizar com maior exatidão elementos para prever desempenhos, aparência e custos de uma edificação. O BIM abrange geometria, relações es-paciais, indicadores geográficos, quantidades e propriedades de componentes e produtos em-pregados na obra. Contém todos os dados sobre a construção, seu ciclo de vida, operação, proces-sos construtivos e instalações.

- Ao contrário dos CADs tradicionais, esses novos pro-gramas atribuem informações aos desenhos elaborados no computador. Assim, por exem-

plo, uma parede elaborada no CAD tradicional é "entendida" pela máquina como um desenho simples, um conjunto de linhas sem significados. As característi-cas da parede, especificações de material e quantidades, são in-dicadas manualmente como texto na legenda do projeto. Nos soft-wares BIM, o desenho é mais "in-teligente". Ao desenhar a parede, o projetista deve atribuir tipo de blocos, dimensões, revestimen-tos, fabricantes e etc. E todas as informações vão automatica-mente para o projeto. Em outras fases da construção também é possível extrair informações em outros formatos, como tabelas de quantitativos de material para a equipe de orçamento, explica.

Uma das principais van-tagens da tecnologia BIM é a economia de tempo, graças à emissão automatizada de dese-nhos com as dimensões da obra, à verificação do projeto e à elimi-nação de conflitos entre os dese-nhos. Mas a tecnologia tem seu preço. E não apenas as licenças dos softwares, que podem chegar aos R$ 17 mil. Com essa ava-

lanche de informações, os com-putadores demandam capacidade de processamento muito maior. O engenheiro civil Marcos Tavares, da Construtora Modular, já par-ticipou de uma palestra sobre o tema em São Paulo e acredita que a penetração do BIM na cons-trução brasileira deve ser lenta e começar pelos grandes escritóri-os e construtoras.

- À parte de alguns esfor-ços organizados de associações profissionais, o que se vê são ini-ciativas individuais de escritórios de projetos, grandes incorporado-ras e construtoras no sentido de experimentar essa tecnologia no Brasil, procurando utilizá-la em projetos-piloto. Há registro de vários casos de sucesso, mas o BIM ainda não faz parte da rotina do processo de trabalho das em-presas nacionais e da maioria no exterior. No entanto, já está claro que a tendência de adoção dessa tecnologia é irreversível, acredita o engenheiro.

Marcos Tavares aponta outro problema em relação à implantação da tecnologia BIM. Segundo ele, apesar de o banco de dados centralizado permitir a comunicação de todos os profis-sionais envolvidos na execução do empreendimento, ainda são necessários alguns ajustes nos softwares de utilização da tecno-logia.

- O BIM entrou com força no mercado brasileiro apenas no segmento de projetos de arquite-tura, etapa inicial da modelagem da edificação. Parte da resposta está na falta de uma completa compatibilização entre os diver-sos programas de desenvolvi-mento de projetos. Na prática, as informações inseridas no projeto de arquitetura desenvolvido em um software de uma empresa A são perfeitamente "lidas" por um software de projetos de hidráu-lica da mesma empresa, mas não

BIM - Building Information Modeling -Construção IntegradaUma nova maneira de projetar e modelar

O arquiteto Julio Cesar Bastos Silva, durante a palestra, realizada no Leste Shopping, com o presidente da ASAERLA, Humberto Quintanilha e o diretor social da associação, Milton Furtado Lima

são completamente entendidas por programas de uma empresa B, por exemplo, ressaltou o en-genheiro.

Após a realização da pa-lestra, para apresentar a nova tecnologia aos profissionais da Região dos Lagos, a intenção da ASAERLA é realizar um curso sobre o tema na região. Segundo o diretor social da Associação, Milton Furtado Lima, ainda é muito cedo para decretar o fim do CAD, principalmente porque, por muito tempo, os programas de projetos em BIM precisarão do auxílio de desenhos bidimen-sionais simples.

- Muitas vezes, pode não fazer sentido modelar compo-nentes tridimensionais muito pequenos, cuja especificação não seja decisiva na obra, como ma-çanetas ou parafusos, mas pre-cisamos nos manter informados com as novidades que aparecem no mercado. E um dos objeti-vos da ASAERLA é garantir o crescimento e o desenvolvimento dos profissionais que atuam na Região dos Lagos, conclui o en-genheiro.

O engenheiro Marcos Tavares, da Construtora Modular

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Projeto do IPHAN tem o apoio da ASAERLA e da Capital Humano

Oficina de Estudos da Preservação começa itinerância por Cabo Frio

PATRIMÔNIO

Informe AsAerlA10 Julho / Agosto 2011

Engenheiros, arquitetos, estudantes e pro-fissionais de diversas áreas ligadas à cultura e a preservação do Patrimônio Nacional, par-ticiparam no dia 13 de julho, da palestra “Inter-venções estruturais em edificações históricas”, realizada pelo Escritório Técnico do IPHAN na Região dos Lagos, em parceria com a ASAER-LA – Associação de Arquitetos e Engenheiros da Região dos Lagos e a Capital Humano. A pa-lestra que aconteceu na sede da Capital Hu-mano, em Cabo Frio, faz parte do projeto Ofi-cinas da Preservação, uma iniciativa do IPHAN que nasceu há 10 anos no Rio de Janeiro, e que pela primeira vez chega ao interior para debater assuntos relacionados à engenharia, arquitetura, história, sociologia e antropologia.

- É um projeto que tem um grande reco-nhecimento nacional, não apenas no Rio de Ja-neiro. E a possibilidade de estar desenvolvendo no interior, através dos escritórios regionais, projetos que fazem sucesso na capital, é muito importante. Ficamos satisfeitos em encontrar parceiros como a ASAERLA e a Capital Huma-no, que acreditaram no trabalho e toparam par-ticipar do projeto apoiando a iniciativa, disse o arquiteto Ivo Barreto, chefe do Escritório do IPHAN na Região dos Lagos.

Com o objetivo de debater sobre os diver-sos conceitos que envolvem a recuperação e a restauração de edificações históricas, foi con-vidado para ministrar a palestra, o engenheiro civil Geraldo Filizola, graduado pela PUC-RJ e especialista em projetos e obras em edifica-ções históricas tombadas pelo IPHAN e outros órgãos de preservação no país. No encontro, o palestrante demonstrou as diferenças do pro-cesso metodológico de reconhecimento do funcionamento estrutural de edifícios antigos, identificou danos e, por fim, falou sobre as estratégias distintas de intervenção. Para isso, Geraldo Filizola apresentou casos concretos re-alizados em bens protegidos como Patrimônio Cultural, demonstrando as peculiaridades deste tipo de intervenção e os parâmetros recomen-dados pelos Organismos Nacionais e Interna-cionais.

- O Geraldo tem 40 anos de experiência. É, destacadamente, um dos engenheiros que mais

entendem de estruturas históricas no Brasil. Uma pessoa que atuou desde as ruínas de Al-cântara, no Maranhão, que foram recuperadas na década de 80, passando por bens em Minas Gerais, no Rio de Janeiro e em outros estados. Ele tem uma visão muito peculiar em relação a estruturas históricas, que têm um funciona-mento específico, muito diferente do concreto armado, que é uma técnica preponderante hoje no mercado. É um precursor de um olhar mais detalhado no campo da preservação e que en-tende muito bem o papel da engenharia con-temporânea na preservação dos bens históricos, resumiu Ivo Barreto.

Nas últimas décadas, as edificações históri-cas brasileiras, estão sendo tratadas como bens de valor inestimável à cultura do país e

sua preservação, por consequência, tem gan-hado cada vez mais espaço nas políticas públi-cas governamentais em diferentes instâncias. Como todos os profissionais que se envolvem com o tema, a engenharia e a arquitetura, têm um papel importante na solução de problemas estruturais que acometem esses edifícios, cons-tituídos e edificados com técnicas seculares, muitas delas já abandonadas pela construção convencional. Mesmo aquelas realizadas em concreto, muitas vezes foram executadas em momentos históricos do início da modernização da técnica, contendo com isso, dados a serem catalogados, registrados e abordados com crité-rios claros nos momentos de intervenção.

- São situações que exigem um olhar dife-renciado, uma vez que tratamos de bens de na-

tureza distinta das construções convencionais atuais. Quando uma edificação é tombada, você tem que cumprir com uma série de restrições para evitar cometer erros conceituais. E o meu papel aqui é apresentar alguns exemplos para que os profissionais não cometam erros, expli-cou o palestrante.

Maria Rosa Correia, Assessora de Educa-ção Patrimonial do IPHAN no Rio de Janeiro, criadora do projeto Oficinas de Estudos da Preservação, acompanhou a primeira palestra da itinerância em Cabo Frio.

- Sempre foi minha ideia trazer para os escritórios regionais pessoas de outros lugares para falar de outros assuntos de patrimônio. Não só da área de arquitetura e engenharia como é a palestra de hoje, mas falar também de expressões culturais, sobre a diversidade que é a nossa região. Queremos aproximar a institu-ição pública da população em geral, trazendo o conhecimento sobre a instituição, para que a gente possa fazer um debate e consiga ter real-mente ações de preservação, disse.

O projeto Oficina de Estudos da Preserva-ção conta com mais de cem edições realizadas para um público total de cerca de três mil pes-soas. A interiorização do projeto vem sendo or-ganizada desde outubro do ano passado, quan-do foi realizada, com o apoio da ASAERLA e da Ferlagos, uma oficina-piloto em Cabo Frio. Na ocasião, o arquiteto e urbanista José Maria López Medina, da Universidade de Sevilha, na Espanha, analisou diferentes experiências de intervenção em bairros marginalizados em seus contextos urbanos, localizados próximos a áreas históricas.

Para a ASAERLA, apoiar eventos como esse, demonstra a preocupação da associação com a cultura de crescimento das cidades que fazem parte da Região dos Lagos.

- Nossa região tem muita história, apesar de ser conhecida principalmente pelas praias e natureza. Nós queremos que os profissionais da construção civil, arquitetura e engenharia, também compreendam que a preservação da história está relacionada ao nosso dia a dia, concluiu Humberto Quintanilha, presidente da ASAERLA.

Ivo Barreto, do escritório regional do IPHAN, Humberto Quintanilha, presidente da ASAERLA e Samuelle Gomes, da Capital Humano

O engenheiro Geraldo Filizola, especialista em edificações históricas, abriu as palestras do pro-grama ´´Oficina de Estudos da Preservação´´

Ivo Barreto, do escritório regional do IPHAN, acompanhado por Maria Rosa Correia, criadora do projeto ´´Oficina de Estudos da Preservação´´

Arquitetos, engenheiros, estudantes e especialistas na área de Preservação do Patrimônio lotaram o auditório da Capital Humano, em Cabo Frio

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Informe AsAerlA 11Julho / Agosto 2011

IPHAN conclui obras de restauração da Estação Ferroviária de São Pedro da Aldeia e abre espaço para

visitação públicaTuristas e moradores já po-dem visitar a antiga Estação Ferroviária de São Pedro da Al-deia, recentemente revitalizada pelo IPHAN – Instituto do Pa-trimônio Histórico e Artístico Nacional – que abriu suas portas para visitação pública e espaço para discussão de assuntos liga-dos à cultura e ao patrimônio, após a conclusão das obras de restauração. A obra, inaugurada dia 17 de agosto, foi executada pela PADOVA Engenharia, através do engenheiro Pericles Paim de Pádua.

As obras de restauração da estação começaram em 2009 e o IPHAN conseguiu resgatar muito do que o prédio oferecia de sua originalidade.

- O mais difícil foi con-seguir achar uma solução para manter ao máximo a originali-dade estética do bem e de seus materiais. Quando iniciamos os trabalhos, imaginamos que fosse muito simples por se tratar de um prédio do final da década de 30, mas nos deparamos com uma estrutura maciça em tijolo, com pisos, vãos e compartimen-tos originais. E como existiam problemas estruturais muito graves, foi preciso rever o proje-to inicial para que a intervenção de estruturação se integrasse ao prédio e não fosse protagonis-ta do projeto como um todo, mas que conseguisse ressaltar a originalidade do bem. E este foi o grande mérito deste projeto, disse o arquiteto Ivo Barreto, chefe do escritório regional do IPHAN, que acompanhou diari-amente o andamento da obra.

Inaugurada em 1937, a Es-tação Ferroviária de São Pedro da Aldeia foi fechada nos anos 60 com a desativação da linha. Depois, o prédio passou por diversas reformas, e por muito tempo, funcionou como ter-minal rodoviário. Em 2003 foi fechada. O projeto de restau-ração da estação faz parte do movimento que, por determina-ção federal, atribuiu ao IPHAN todos os bens da antiga Rede Ferroviária Nacional.

A proposta de abrir o es-paço para visitação pública faz parte do programa Casas do Pat-rimônio, um projeto pedagógico e de educação patrimonial, cria-

do com o objetivo de transformar os escritórios técnicos do IPHAN em pólos de referência lo-cal e regional para qualificar e atender a popula-ção residente, estudantes, professores e turistas, no sentido de estabelecer novas formas de rela-cionamento do IPHAN com a sociedade e com o poder público em suas diferentes instâncias.

- Trata-se de conferir transparência e am-pliar os mecanismos de gestão da preservação do patrimônio cultural, apoiando-se principal-mente em ações educacionais, em parceria com escolas, instituições educativas formais e infor-mais e demais segmentos sociais e econômicos. Inclusive, a mudança do IPHAN de Cabo Frio para São Pedro da Aldeia vem com essa pro-posta.

As Casas do Patrimônio devem atuar de maneira articulada com outras políticas públi-cas, especialmente aquelas promovidas pelos Ministérios da Educação, Cultura, Cidades, Justiça, Turismo e Meio-Ambiente bem como pela gestão executiva do Estados, do Distrito Federal e municípios.

Não há um programa de atividades e de estrutura padronizados. Cada caso, em função das características do local e de seus equipa-mentos, da existência e capacitação dos pro-fissionais, do nível de interação com o poder público e demais agentes sociais, exigirá um arranjo próprio. A adequação da proposta às singularidades de cada cidade ou região é vi-tal para o seu êxito.

Inaugurada em 1937, a Estação Ferroviária de São Pedro da Aldeia, já teve outras utilidades, como por exemplo, terminal rodoviário, antes de ser restaurada e abrigar a sede do escritório regional do IPHAN, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

Fachada principal da Estação Ferroviária de São Pedro da Aldeia. O IPHAN conseguiu resgatar toda a originalidade do prédio que desde 2003 es-tava fechado precisando de reformas

Visão lateral da Estação Ferroviária, após a obra de restauração, concluída recentemente. O prédio foi aberto ao público e se transformou em atração turística de São Pedro da Aldeia

Com início no dia 13 de Agosto, a I Semana Fluminense do Patrimônio ganhou ações e eventos na Região dos Lagos. Muitos deles, realizados com o apoio da ASAERLA. Até o dia 21 de agosto agentes culturais de vários municípios estiveram reunidos para debater e valorizar o patrimônio natural e cultural fluminense.

No dia 16 de agosto, em parceria com a ASAERLA e a Capital Humano/FGV Cabo Frio, aconteceu, no auditório da Capital Humano, a palestra “20 anos de Preservação – Estudos de casos realizados pela Fiocruz”. Realizada pe-los arquitetos do Departamento de Patrimônio Histórico da Fiocruz, Ana Maria Marques e Rubens Moreira, foram apresentados projetos e intervenções elaboradas pela Fundação Oswaldo Cruz, entre eles, as ações de restauração no Palácio Itaboraí (Petrópolis/RJ); as ações de restauração no caramanchão da Casa de Chá, no Campus Fiocruz de Manguinhos (RJ) e as propostas de Recuperação e Reabili-tação Cultural do Núcleo Histórico Rodrigues Caldas, na área da antiga Colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá.

- São projetos singulares e significativos, atrelados às ações de proteção e restauração do patrimônio cultural edificado da instituição ou de seu interesse, explicou Ana Maria Marques, chefe do Departamento de Patrimônio Histórico da Fiocruz.

No dia 17 de agosto, também em parceria com a ASAER-LA, o IPHAN apresentou, no auditório da Universidade Es-tácio de Sá, o projeto “Mapeamento do Patrimônio Musical das Baixadas Litorâneas do Estado do Rio de Janeiro”, com o musicólogo e professor do curso de Produção Cultural da UFF de Rio das Ostras, André Guerra Cotta. Já no dia 18 de agosto, também em parceria com a ASAERLA, foi realizada a palestra “Índios em São Pedro da Aldeia”, com o historiador, pesquisador e Mestre em História Social da UFRJ Luiz Guilherme Scaldaferri Moreira.

Com simpósios, seminários e mesas-redondas, a Se-mana Fluminense do Patrimônio pretende contribuir para a preservação dos acervos históricos e artísticos por meio da conscientização dos cidadãos, cooperando para a valori-zação do respeito à diversidade ambiental, cultural, social, étnica e religiosa do Estado.

- Outro objetivo da Semana é favorecer o estreitamento da cooperação entre as instituições participantes, o que vai possibilitar uma discussão mais ampla sobre o tema do pat-rimônio, além de despertar a importância da preservação dos bens do Estado para que possam integrar a vida das gerações futuras, disse o arquiteto Ivo Barreto, chefe do es-critório regional do IPHAN.

Com apoio da ASAERLA Semana Fluminense do

Patrimônio movimenta a Região dos Lagos

Representantes do IPHAN com Samuelle Gomes, da Capital Humano e Humberto Quintanilha, presidente da ASAERLA

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AsAerlA34 anos de Fundação

Informe AsAerlA12 Julho / Agosto 2011

A ASAERLA - Associação de Arquitetos e Engenheiros da Região dos Lagos, completou 34 anos de fundação com um grande jantar festivo, realizado no Restau-rante Trem Novo, em Cabo Frio, no dia 22 de junho.

Com um cardápio especial e música ao vivo, diretores, associa-dos, parceiros e convidados, parti-ciparam de momentos de descon-tração, integração e alegria.

Durante o jantar, a diretoria da ASAERLA destacou a importân-cia da parceria com algumas empre-sas da região para o fortalecimento e desenvolvimento da associação e fez uma homenagem especial aos empresários, que ao longo dos anos, atuam em parceria com a entidade.

- É muito importante a credi-bilidade que a ASAERLA tem al-cançado em toda a Região dos La-gos. Quero agradecer a participação de todos nesta noite memorável, e dizer, que teremos muitas outras comemorações como essa, disse durante a festa, o presidente Hum-berto Quintanilha.

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AsAerlA Festa de Confraternização

Informe AsAerlA 13Julho / Agosto 2011

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URBANISMO

Informe AsAerlA14 Julho / Agosto 2011

a associação dos arQuitetos e engenHeiros da região dos lagos - asaerla, através de nota distribuída à imP-rensa, traz Para discussão mais uma alteração na legislação de uso de solo no municíPio de cabo Frio, Que através

da aProvação da lei n° 2.364, de 2 de junHo de 2011, altera na lei de zoneamento, as condições de construção numa área Próxima a Praia do Forte, Permitindo a construção de ediFícios mais altos.

A história se repete. Mais uma vez a prefeitura altera a legislação de uso de solo para atender a um empreendimento específico. Através da Lei n° 2.364, de 2 de junho de 2011, uma área próxima à Duna Boa Vista (Duna Preta ou Morro do Lido) na Praia do Forte, em Cabo Frio, teve a sua classificação alterada na Lei de Zoneamento, permitindo a con-strução de edifícios mais altos e aten-dendo assim, a interesses de empreendi-mentos hoteleiros. A ASAERLA tem um posicionamento bem claro em relação ao assunto, com base no Estatuto da Cidade não aceitamos mudanças específicas e isoladas na legislação de uso e ocupação do solo. A cidade deve ser planejada a longo prazo.

Em princípio, não questionamos pontualmente a necessidade desta nova alteração, o problema está no procedi-mento adotado pela PMCF. Há anos a ASAERLA vem manifestando preocu-pação com a maneira como as leis de uso do solo vem sendo tratadas pelas autori-dades municipais de Cabo Frio. Em um breve retrospecto podemos nos lembrar do caso da Ogiva, que ficou muito bem gravado na nossa memória pela forma como o projeto foi tratado no Conselho Municipal do Plano Diretor, onde apenas a ASAERLA e a ACIA votaram contrari-amente à aprovação.

Novamente fica evidenciada a neces-sidade da votação urgente das Leis Com-plementares ao Plano Diretor que, aliás, deveriam estar aprovadas desde 2008 e estranhamente até hoje não foram envia-das à Câmara Municipal para votação. Sem elas não há como colocar em práti-ca o Plano Diretor, e sem Plano Diretor, ficaremos à deriva, sem direção como o próprio nome diz.

Por conta dessa incapacidade de legislar, a nossa cidade encontra-se sob uma lei de uso do solo que data do ano de 1979... Isso mesmo, não há erro, o ano é esse! Nessa data Cabo Frio con-tava com os distritos de Arraial do Cabo

Lei de Zoneamento não é Zoneamento das Leis

e Armação dos Búzios, e habitavam por aqui, algo em torno de 40.000 pessoas, sem as bençãos do petróleo. Hoje, Ar-raial do Cabo e Armação dos Búzios são cidades distintas, e somente Cabo Frio, tem por volta de 160.000 habitantes, e, a conta da prefeitura é recheada com al-guns milhões de reais do petróleo todo mês. O quadro mudou muito, mas a leg-islação de uso do solo é a mesma de 32 anos atrás.

Para exemplificar os absurdos que advém de tão grande inércia, a Avenida Joaquim Nogueira, em São Cristóvão, é tratada na legis-lação atual (1979) como Zona Residencial e, portanto, vedada a vários tipos de comércio, quando na ver-dade hoje (32 anos depois) a via é noto-riamente voltada à atividade comercial.

Juntando tudo isso, e, com um pouco de exercício mental, podemos antever as enormes dificuldades que empresários e outros cidadãos encontram em viabilizar e legalizar moradias e empreendimentos comerciais e industriais aqui na cidade. Diante desta situação só nos resta essa reflexão: Será que isso agrada a alguém? Há indivíduos tirando vantagem desse fato?

A continuar a situação atual, o prefei-to é quem vai adaptar a Lei aos projetos que se apresentarem. Enquanto em todos os municípios os empreendimentos de-vem se adaptar às leis locais, em Cabo Frio, as leis se adaptam aos empreendi-mentos.

A Fundação Getúlio Vargas foi contratada para a elaboração do Plano Diretor, sendo este apresentado à Câ-mara Municipal em grande evento no Teatro Municipal, tudo isso na Legisla-tura passada. Os vereadores mudaram, a cidade mudou. Só o prefeito e a atitude em relação ao plano não mudaram.

O que é preciso para que as Leis complementares ao Plano Diretor pos-sam ser votadas? A cidade e o cidadão devem espe-rar mais quanto tempo? A cidade já não pode esperar mais.

Reprodução da Lei aprovada pelo Prefeito de Cabo Frio, Marcos Mendes

Rio ganhará primeiro geoparque de diversõesA riqueza ambiental e geológica do litoral fluminense poderá levar a Unesco a

dar o sinal verde para que seja criado no Rio o segundo geoparque das Américas. Em setembro, será apresentado o projeto do Geoparque Costões e Lagunas do Rio, que abrange 15 municípios, numa área entre Maricá e São João da Barra, no Norte Fluminense, passando pela Região dos Lagos. No mundo existem 77 geoparques e o único latino-americano, o Araripe, foi criado em 2006 no Ceará.

O conceito de geoparque exige que o território tenha limites definidos e im-portância científica, cultural, histórica e ecológica, entre outras. Precisa ter riquezas de geodiversidade e uma história capaz de conferir identidade ao local. Para con-seguir a adesão das comunidades ao projeto, estão sendo feitas reuniões públicas em todos os municípios da área do geoparque. Já aconteceram encontros em Arraial do Cabo, Iguaba Grande e Búzios.

Segundo o secretário Estadual do Ambiente, Carlos Minc, haverá área destinada à pesquisa científica nos centros de visitação dos parques estaduais.

- O geoparque é o marco da fusão do meio ambiente com a ciência e a história. Vai levar conhecimento e a defesa ambiental para um patamar superior, disse o se-cretário em recente visita à Cabo Frio.

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PLANTA DO CENTRO HISTÓRICO DE CABO FRIO

* Por Luiz Carlos da Cunha Silveira

* Luiz Carlos da Cunha Silveira é engenheiro, pesquisador e escritor. É membro da diretoria da ASAERLA

Informe AsAerlA

ESPECIAL

15Julho / Agosto 2011

A cidade de Cabo Frio, implantada ini-cialmente, quando de sua instalação em 1616, no atual bairro da Passagem, foi trasladada, meio século depois, para localização mais ade-quada, na área denominada Itajurú pelos índios tupinambás (em tupi, “itáiurú”, ou seja, “gar-ganta de pedra”), por iniciativa do capitão-mor João Varela, o quarto dos doze que governaram a capitania de Cabo Frio de 1616 a 1749, sendo até hoje o governante da cidade por tempo mais longo (30 anos, de 1631 a 1661).

Este traslado veio a ser determinado por cinco motivos básicos: 1º) a nova área ficava mais distante da boca da lagoa para o mar, portanto mais abrigada contra os ataques de piratas comuns à época; 2º) possuía solo mais firme que o da Passagem, que era pantanoso e sujeito a inundações de maré alta (sizígia), conforme sucede até hoje na cidade colonial de Paraty; 3º) apresentava mananciais de água boa e farta na base do Morro da Guia (como a fonte do Itajurú), ao contrário da Passagem; 4º) ficava em frente ao melhor ponto de travessia do canal, estreito e com correnteza firme e sem surpresas, aquela Boca ou Garganta de Pedra; 5º) apresentava o melhor ponto para um atra-cadouro de embarcações, em frente à Rua da Praia (atual Jonas Garcia), utilizado até meados do século 20. O núcleo original da Passagem, contudo, sobreviveu até hoje, sendo os dois núcleos por fim unificados pelo surgimento do terceiro bairro mais antigo de Cabo Frio, São Bento (atual Orla Scliar).

O novo centro era delimitado pela nova Matriz ( inaugurada em 1666 por seu primeiro vigário, Bento de Figueiredo) e pelo Convento franciscano de Santa Maria dos Anjos (pedra fundamental em 1686 e inauguração oficial em 1696), cada um dos prédios eclesiásticos com seu “rossio” (área reservada à frente da facha-da dos mesmos), respectivamente o Largo da Matriz (hoje Praça Porto Rocha) e o Largo de Santo Antonio, que ainda mantêm a denomina-ção original.

Ambos estes pólos, por sua vez, eram interligados por quatro ruas longitudinais para-lelas que compreendiam toda a área urbana da ínfima cidade da época: a da Praia (atual Jonas Garcia), a Direita (hoje Erico Coelho, conver-

tida em rua de pedestres), a do Estrepe (Bento José Ribeiro) e a do Fogo (Silva Jardim). O nome da Rua da Praia (ainda atualmente bas-tante conhecida e referida por este nome) é ób-vio, por constituir a testada da cidade junto à lagoa, enquanto que a razão do nome Estrepe é, pelo menos para mim, desconhecida. Por outro lado, o atributo de “direita” à atual Erico Coe-lho (usadíssimo em quase todas as localidades coloniais) significa, em Português arcaico, “di-reta”, isto é, rua que religa, pelo trajeto mais expedito possível, dois pontos de referência urbana, no caso a Matriz e o Convento. Por último, o “fogo”, no caso, associa a via urba-na correspondente ao último e mais sangrento confronto entre os Liras (vinculados ao Itajurú) e os Jagunços (associados à Passagem), já em 1907, quando os tiros das armas de fogo foram abundantemente disparados.

Um outro ponto notável era a chamada “goela de pato”, um estreitamento da Rua Di-reita próximo ao atual prédio dos Correios. Quanto à atual Rua Teixeira e Souza, era então a estrada de entrada e saída da cidade por ter-ra, que adiante se bifurcava para o Arraial do Cabo (pela Estrada Velha do Arraial, hoje Rua Adolfo Beranger Júnior) e para a restinga da Massambaba (hoje Avenida Joaquim Nogueira e sua continuação para Perynas).

Todo este conjunto urbanístico e viário manteve-se notavelmente preservado até o presente, com a importante exceção das ruelas transversais àquelas quatro longitudinais, hoje

reduzidas a becos de pedestres (servidões) en-tre dois imóveis vizinhos, sem qualquer indi-cação como logradouros públicos tradicionais, embora conhecidos atualmente como Travessa do Mureb e Travessa do Duarte (a primeira cor-tando da Jonas Garcia à Bento José Ribeiro, a segunda da Jonas Garcia à Silva Jardim, sendo que, no primeiro caso, trata-se de referência explícita à “padaria de seu Jacó”, a Padaria Assunção de Jacob Mureb, hoje não mais exis-tente. Algumas outras dessas transversais, aliás, já desapareceram totalmente, sendo que apenas duas vêem-se ainda preservadas como vias públicas consolidadas, sendo uma a José Waltz Filho (ainda com passagem normal de veículos) e a outra a Lopes da Guia, convertida em rua de pedestres, mais conhecida como Rua da Alfân-dega, em vista da semelhança de seu comércio com o da sua congênere carioca.

Finalizando esta descrição sumária da nova cidade da segunda fundação, que coincide com o velho centro comercial que busca-se agora revitalizar, pode-se acrescentar que, por volta de 1800, existiam ali (portanto em toda a cidade) cerca de 350 casas, das quais só uma dúzia era de pedra e apenas três de sobrado, in-clusive o Senado da Câmara (atual Câmara de Vereadores, que sempre agregava, na época, a cadeia pública no subsolo), que passou assim a ter prédio próprio apenas em 1662, quando do traslado do centro urbano.

O mapa em anexo a esta segunda parte do texto abrange tal centro, buscando demonstrar

sua continuidade arquitetônica e viária com o período colonial da cidade, constituindo portan-to um detalhamento do mapa da primeira parte do texto na edição anterior, o qual abrangia as três áreas históricas de Cabo Frio sobrepostas ao reticulado previsto pelo primeiro plano dire-tor de 1841.

Por sorte, este segundo núcleo urbano, assim como também o original da Passagem, embora absorvidos pela atual malha urbana, conseguiram sobreviver em suas linhas essen-ciais até o presente, o que significa que, embora bastante descaracterizados, podem vir a ser não apenas revitalizados mas ainda devolvidos a seu aspecto externo original, naturalmente dentro das limitações realistas de uma época contemporânea bastante diversa em uma cidade muito mais expandida. Tal processo pressupõe três grupos distintos porém complementares, de intervenções (sendo todos igualmente váli-dos para o caso da Passagem), os quais serão incluídos, juntamente com os mapas correspon-dentes, na terceira e última parte deste texto.

1- Rua da Praia (Jonas Garcia)2- Rua Direita (Érico Coelho)3- Rua do Estrepe (Bento José Ribeiro)4- Rua do Fogo (Silva Jardim)5- 2ª Matriz (de 1666)6- Largo da Matriz (Pça Porto Rocha)7- Convento de Nossa Senhora dos Anjos (1696)8- Largo de Santo Antônio9- Transversais das 4 ruas coloniais10- Antiga Estrada Colonial (Av. Teixeira e Sousa)11- Local próximo da ´´Goela de Pato´´12- Orla Scliar

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A REVITALIZAÇÃO COM RECARACTERIZAÇÃO DO CENTRO HISTÓRICO DE CABO FRIO

( 2a. PARTE )

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ENgENhaRIa MEcâNIcaPode ser uma boa escolha?

PROFISSÃO

Informe AsAerlA16 Julho / Agosto 2011

Com o crescimento industrial, o Brasil foi levado a um estágio tecnológico no qual a Engenharia Mecânica tem atuação prepon-derante no desenvolvimento, na manufatura, na operação e na administração do processo produtivo. O engenheiro mecânico projeta e constrói máquinas, equipamentos, compo-nentes e instalações, bem como desenvolve processos e dispositivos para fabricação e controle de qualidade do produto final. Tem atuação importante nas atividades de Enge-nharia de Manutenção.

Além das atividades profissionais especí-ficas nas indústrias mecânicas, nas áreas de projeto, produção e manutenção, atua tam-bém em empresas de consultoria e assesso-ria, em instituições científicas e de pesquisa e no magistério.

O mercado de trabalho de engenharia está tão aquecido no Brasil que o IPEA, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, antecipa uma escassez de mão de obra nos próximos anos, prevendo, inclusive, a busca por pro-fissionais no exterior.

Para ser um engenheiro mecânico é ne-cessário saber física, matemática e ter curio-sidade por mecanismos, dizem profissionais do setor. “Uma pessoa que gosta de máqui-nas, construção de equipamentos e inova-ções tecnológicas”, define o engenheiro mecânico Silvio Mário, que mora em Cabo Frio desde 2003 e hoje atua na área automo-tiva e com pericia mecânica.

De acordo com o engenheiro o mercado de trabalho da profissão é amplo, tem boa oferta de vagas, e possibilita atuação em áreas dis-tintas. “É possível trabalhar em empresas de diversos setores ou criar seu próprio negócio para projetar novos produtos, softwares de serviços ou fazer consultoria”, afirma Silvio Mário “De todas as engenharias, é uma das que mais emprega”, acrescenta o engenhei-ro.

Para o engenheiro, entre as áreas promissoras do mercado de trabalho, estão os setores de energia, combustíveis, óleo e gás e as indústrias aeronáutica, naval e automobilística. No caso das duas últimas, o trabalho deve se concentrar na produção de peças.

Para esses engenheiros, a demanda é maior em desenvolvi-mento de projeto, em que eles fazem análises numéricas, criam soluções tecnológicas, novos produtos e otimizações de siste-mas. Todo o setor industrial necessita desse tipo de profis-sional.

- O setor automotivo e o aeronáutico seguem como excelen-tes empregadores e a indústria de eletrodomésticos acena com boas oportunidades para os próximos anos, diz o engenheiro.

Salário inicial R$ 3.270,00 (6 h diárias / Fonte: CREA-SP)

O cursoAlém das disciplinas básicas de engenharia, entre elas física e matemática, o aluno assiste a au-las de termodinâmica, mecânica dos fluidos, transmissão de cal-or, resistência de materiais, pro-cessos de transformação, vibra-ções e sistemas mecânicos. Há muita atividade em laboratório, como desenvolvimento de en-saios e de protótipos e estudo de combustíveis alternativos e de tecnologia de ponta. Prepare-se para desenvolver sua habili-dade em desenho, indispensável para o projeto de máquinas. O estágio supervisionado e o tra-balho de conclusão de curso são obrigatórios. Fique de olho: Muitas escolas direcionam a formação para uma especiali-dade, como aeronáutica (ITA) e armamentos (IME).

Duração médiacinco anos.

Outros nomes Eng. Automotiva; Eng. de Man-ufatura; Eng. de Prod. Mecân.; Eng. Ind. Mecân.; Eng. Mecân. (autom. e sist.); Eng. Mecân. (contr. e autom.); Eng. Mecân.

(ênf. em mecatr.); Eng. Mecân. (mecatr.); Eng. Mecân. e Ciên. dos Mat.; Eng. Mecân. Ind.

O que você pode fazerMáquinas e equipamentosProjetar e coordenar a fabricação de moldes para ferramentas, má-quinas e dispositivos para testes de resistência mecânica.

Pesquisa e desenvolvimentoFazer protótipos de máquinas e re-alizar testes de produtos, para de-terminar modifi cações necessárias.

ProcessosPesquisar e desenvolver produtos e gerenciar as diversas etapas de sua fabricação.

ProjetoPlanejar e instalar linhas de produção e fazer adaptações nas já existentes.

Vendas técnicasAcompanhar a comercialização da produção e dar suporte técnico aos clientes.

O engenheiro mecânico Silvio Mário, que mora em Cabo Frio desde 2003, e atua na área automotiva

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Informe AsAerlA

DEBATE

17Julho / Agosto 2011

O Brasil, depois de muitos anos, retomou um ciclo de crescimento susten-tável que exige maciços investimentos em infraestrutura. Este novo ciclo de desen-volvimento necessita de um grande núme-ro de profissionais da Engenharia com ex-periência e qualificação profissional.

Uma característica marcante do processo atual de desenvolvimento é a pri-orização da municipalização das políticas públicas urbanas de habitação, desenvolvi-mento social, saúde e saneamento básico, e pela primeira vez na história do Brasil as Prefeituras têm possibilidade de aces-sar vultuosos recursos públicos através dos diversos editais de seleção. Porém, é necessária a apresentação e elaboração de projetos em tempo hábil e com consistên-cia técnica, especialmente nas etapas de contratação dos serviços.

É importante ressaltar que o Mu-nicípio que conseguir apresentar um número maior de projetos e concluir as obras com maior rapidez terá acesso a um maior volume de recursos, além do recon-hecimento da sociedade de uma gestão de excelência.

O sucesso da Gestão Pública nas suas ações e investidas, frente ao atual surto desenvolvimentista e às crescentes demandas por obras, serviços e aprimora-mento operacional, só será integralmente alcançada se aliada à Gestão Política atuar uma Gestão Técnica capaz de lidar com as complexidades que envolvem o gerencia-mento da cidade, tais como:

- Projeto e Gestão de Redes de In-fraestrutura;

- Avaliação Econômica de Em-

preendimentos;- Planejamento e Gestão de Obras;- Gestão de Tráfego Rodoviário;- Planejamento Urbanístico Mu-

nicipal;- Gestão e Conservação da Rede

Viária;- Avaliação e Gestão de Geoproces-

samento;- Gestão de Resíduos Sólidos.

O tecido urbano é comparável ao tecido orgânico. A cidade, à semelhança de organismo vivo, tem artérias e tubulações subterrâneas transportando fluidos e gases, e sistema nervoso central e periférico co-nectando seus órgãos e células, de modo que certas “cirurgias” (intervenções) ou tratamentos mal planejados e/ou mal e-xecutados comprometem sistemas susci-tando sequelas fatais ou de difícil reversão.

Em vista deste novo cenário é ne-cessário que as Prefeituras possuam profis-sionais de Engenharia e Arquitetura com plena capacidade de elaboração de proje-tos, acompanhamento e fiscalização para execução das obras, que são necessárias para garantir o bem estar da população do seu município.

Faz-se mister aprofundar conhe-cimentos científicos e técnicos de quadros superiores ligados direta ou indiretamente às atividades de âmbito municipal, nome-adamente Engenheiros Civis e Arquitetos.

A Engenharia Municipal com-preende um vasto conjunto de atividades enquadradas no âmbito do planejamento urbanístico, da captação de recursos, da elaboração de projetos e da implementa-ção das infraestruturas urbanas. Para fazer

face aos desafios colocados aos técnicos envolvidos nestes domínios, torna-se ne-cessária uma formação especializada.

A importância de consolidar qua-dros técnicos em Engenharia e Arquitetura nos municípios para a gestão destes recur-sos tem sido constantemente ameaçada pelos baixos salários pagos pelo poder pú-blico, em contraposição aos salários pagos pela iniciativa privada. Esta também busca profissionais qualificados com oferta de remuneração bem acima do piso salarial da categoria, visando garantir seus negócios, muitos deles de fornecimento de serviços aos municípios.

“Diante do volume de recursos que podem ser obtidos por um quadro técnico qualificado e da fuga dos profissionais qualificados do setor publico para a ini-ciativa privada, é fundamental que os mu-nicípios realizem concursos públicos para área tecnológica que atenda ao Piso Na-cional dos Engenheiros e Arquitetos. Este Piso é regulado pela Lei 4950–A de 1966, determinando uma remuneração mínima de seis salários mínimos para a jornada de seis horas de trabalho e nove salários míni-mos para a jornada de oito horas diárias. Pensando na relação custo beneficio des-ta proposta, nota-se que ela é totalmente justificada e apresenta um impacto insig-nificante nas contas públicas municipais, por se tratar de um número relativamente pequeno no universo dos servidores públi-cos municipais.” (Engenheiro Civil Ubi-ratan Félix Pereira dos Santos, Presidente do Senge-BA, Professor do IFBA e Con-selheiro do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social).

Compreendendo a importância

deste novo ciclo de desenvolvimento para o Brasil, o I FORUM DAS CIDADES - CABO FRIO/RJ – tendo com tema central o “Desenvolvimento Urbano”, vem pro-por a abertura do espaço acadêmico para discurso e debate das recorrentes questões de infraestrutura, planejamento e desen-volvimento urbano, temas regionais de in-teresse comum aos municípios da Baixada Litorânea, com vistas à otimização dos resultados sociais, técnicos e operacionais da administração pública municipal, rea-firmando a importância da qualificação dos profissionais Engenheiros e Arquitetos.

1º FÓRUM DAS CIDADES - CABO FRIO / RJ

Por Flávio scali

Flávio Scali é engenheiro e sub-secretário de Obras de Cabo Frio

A engenharia rumo à especialização

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LEGISLAÇÃO

Informe AsAerlA18 Julho / Agosto 2011

* Luiz Carlos da Cunha Silveira

Igarassú e

CharItas

* Luiz Carlos da Cunha Silveira é engenheiro, pesquisador e escritor. Faz parte da diretoria da ASAERLA

Creio que cabem, nesta coluna, duas su-gestões, uma em relação aos degraus e outra no to-cante à roda (ver meu texto “Os degraus e a Roda” aqui ao lado). No primeiro caso, a ASAERLA propôs um avanço sobre o asfalto com conseqüente alargamento da calçada em frente ao Charitas, no intuito de de-safogar a circulação de pe-destres neste trecho, atual-mente obrigados a galgar os altos degraus do prédio (23 cm cada), tornando a descê-los em seguida, ou então contorná-los passando pelo meio da rua (tal providência veio a ser pouco depois e-xecutada pela Prefeitura).

Quanto à segunda, parece-me que a instalação de uma réplica da “roda dos expostos” no Charitas acrescentaria um forte ape-lo turístico ao prédio – con-forme ocorre em Igarassú, pequena cidade pernambu-cana desprovida de quais-quer atrativos além de seu patrimônio histórico (inclu-sive uma das quatro últimas rodas originais no Brasil) e ostentando, ainda assim, intensa e contínua movi-mentação turística apenas em função deste patrimônio – além de revitalizar o pre-

térito significado histórico e social do Charitas, hoje um centro cultural situa-do numa estratégica es-quina em pleno centro da cidade; sendo tal réplica talvez ins-talada numa parede avulsa ao prédio, a ser construída em algum ponto do terreno ao redor do mesmo, evitando-se as-sim qualquer interferência arquitetônica no edifício em sua presente forma.

Aliás, abrindo aqui um sumário parêntesis, verifica-se uma curiosa vinculação entre Igarassú e Cabo Frio, visto que a feitoria fundada no cabo em 1503 por Vespúcio foi transferida em1514 para a baía da Guanabara, onde veio a fundir-se com a outra já ali existente, no-vamente trasladando-se em 1516, por iniciativa de Cristóvão Jacques, para a ilha de Itamaracá, dando fi-nalmente origem, a seguir, à primeira vila e primeira capital de Pernambuco, justamente Igarassú, fun-dada um pouco mais para o interior.

ASAERLA sedia encontro para discutir plano de ação do Conselho

de Arquitetura de UrbanismoA Câmara de Arquitetura e

Urbanismo do Estado do Rio de Janeiro e o Sindicato dos Ar-quitetos e Urbanistas do Estado realizaram na terça-feira, dia 19 de julho, uma palestra na sede da ASAERLA, em Cabo Frio, para esclarecer como vai funcionar o Conselho de Arquitetura e Ur-banismo, criado em dezembro de 2010, pelo então presidente Lula, quando sancionou o projeto de lei que regulamenta a profissão e criou um conselho nacional para esses profissionais.

A partir da criação do con-selho nacional, para exercer a profissão, o arquiteto e urbanista deverá ter registro profissional no CAU de seu estado, que permitirá sua atuação em todo o país.

- Estamos aqui para escla-recer dúvidas, divulgar a nova lei, mostrar como o processo de criação e transição está sendo encaminhado, e acima de tudo, motivar os arquitetos e urbanistas da Região dos Lagos a enviar um representante para participar das eleições que acontecerão em ou-tubro, disse o arquiteto e urbani-sta Paulo Saad, representante da Câmara de Arquitetura do CREA/RJ e do Sindicato dos Arquitetos e Urbanistas do Estado do Rio de Janeiro.

Segundo Paulo Saad está agendada para o dia 26 de outu-bro as eleições gerais para a com-posição do futuro Conselho. Pela primeira vez, os arquitetos terão uma regulamentação própria, to-talmente desvinculada da regu-lamentação profissional de en-genheiros. Até então, eles eram representados pelo CONFEA - Conselho Federal de Engenhar-ia, Arquitetura e Agronomia - e pelos CREAS - Conselhos Esta-duais de Engenharia, Arquitetura e Agronomia. Desde 1998, a luta para a criação do Conselho de Ar-quitetura e Urbanismo tem sido comandada pelo CBA - Colégio

Brasileiro de Arquitetos.O Conselho passará a existir

somente após 1° de janeiro de 2012, quando todos os conselhos regionais e o nacional estiverem funcionando. Além disso, por en-quanto, os arquitetos e urbanistas continuam ligados ao sistema CONFEA/CREA, mas 90% do valor de anuidades e ARTs - Anotação de Responsabilidade Técnica - já serão repassadas ao Conselho de Arquitetura e Ur-banismo.

-Eu vejo de forma muito posi-tiva a instalação de um conselho próprio para os profissionais de Arquitetura e Urbanismo. Agora vamos ter uma forma mais direta e legítima de reivindicar melho-rias para os profissionais da área, disse a arquiteta Elaine Pacífico, que participou da palestra.

Para o arquiteto e urbanista André Lacerda a criação do con-selho merece ser comemorada. Ele destaca a atuação do sindi-cato e da Câmara de Arquitetos do Estado do Rio de Janeiro, que estão trazendo para o interior to-das as informações sobre as mu-danças.

- Essa mudança vai propor-cionar que o conselho atue mais próximo dos profissionais. E eu vejo com muita alegria essa ini-ciativa dos núcleos regionais de levarem informações sobre todo o processo de mudança e tran-sição para os profissionais que at-uam no interior, disse o arquiteto.

Atuação profissionalAs atribuições e os campos de atu-ação profissional dos arquitetos e urbanistas estão descritas nos ar-tigos 2º e 3º, que são uma trans-crição do Anexo II da Resolução 1010 do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agro-nomia (CONFEA). Na prática, o exercício profissional continua o mesmo, e algumas atividades são divididas com profissionais de outras áreas.

Transição A partir de agora, as Câmaras de Arquitetura e Urbanismo dos Conselhos Regionais de Enge-nharia, Arquitetura e Agrono-mia (CREAs) têm entre 90 e 360 dias para convocar eleições para o CAU, dependendo do ritmo de cada Estado. Os CREAs ficam encarregados de organizar e repas-sar aos CAUs os documentos de todos os profissionais arquitetos e urbanistas registrados, para que o CAU funcione normalmente.

Estrutura Haverá presidentes em todos os Estados. Os arquitetos e urbanis-tas votarão, obrigatoriamente, em conselhos regionais e nacional. Entre os representantes escolhi-dos, haverá uma eleição para definir a Mesa de Coordenação do CAU, que inclui, entre outros cargos, o de presidente. O número de conselheiros de cada Estado será proporcional ao tamanho do Estado.

Eleições O voto será obrigatório a todos os arquitetos e urbanistas.

Registro Após a instalação do CAU em cada Estado, o profissional deverá se registrar obrigatoriamente no Conselho para o exercício da pro-fissão de arquiteto e urbanista.

RRT A ART terá um novo nome: Re-gistro de Responsabilidade Téc-nica (RRT). O profissional deverá registrar sua movimentação técni-ca mediante pagamento de taxa de R$ 60. Os CAUs regionais terão obrigação de registrar seu acervo, liberar certidões gratuitas quando for necessário e expedir documen-tos que comprovem suas habili-dades e competências.

Fiscalização do CAUOs CAUs serão fiscalizados pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e auditados, anualmente, por auditoria independente. Os resultados serão divulgados para conhecimento público.

conFirA As MudAnçAs

O arquiteto Paulo Saad durante encontro na sede da ASAERLA

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Informe AsAerlA

HISTÓRIA

19

* Luiz Carlos da Cunha Silveira é enge-nheiro, pesquisador e escri-tor. É membro da diretoria da ASAERLA

Os Degraus e a Roda * Luiz Carlos da Cunha Silveira

Em pleno século 21, quando a questão dos menores abandonados só faz agravar-se no Brasil, custa-se a crer que, ao longo dos períodos colonial e impe-rial do país, tal gravíssimo problema social era prati-camente sanado através do sistema denominado “roda dos expostos”, que consis-tia numa rede de orfanatos mantidos pelo governo (a Coroa) e administrado pela Igreja (operado através de freiras especializadas), nos moldes das Santas Casas de Misericórdia, igualmente distribuídas ao longo do ter-ritório da colônia.

A “roda” propria-mente dita consistia num ci-lindro totalmente de madeira e de aproximadamente um metro de altura, assim como seu diâmetro, que girava ao redor de seu eixo na vertical, sendo oco e contendo duas ou três prateleiras sobre-postas em seu interior, total-mente abertas e sem portas ao longo da quarta parte de sua circunferência, sendo sua superfície totalmente fechada ao longo dos ou-tros três quadrantes, em total contraste. Uma vez que o ci-lindro tinha seu eixo ao lon-go do interior de uma parede recortada para sua instala-ção, e como a parede situa-va-se necessariamente entre o interior e o exterior do pré-dio, percebe-se que o giro do

cilindro expunha o quadrante aberto das várias prateleiras ora para o lado de fora, aces-sível assim a qualquer um que quisesse colocar algo nas mesmas, ora para um aposento interno no qual seria recolhi-do o conteúdo depositado na prateleira, mantendo-se assim anônimo o deposi-tante, que poderia aproximar-se e a-fastar-se sem ser percebido de den-tro do prédio.

A freira, responsável pelo plantão à roda pelo lado interno, girava periodicamente o cilindro, recolhen-do qualquer con-teúdo então encontrado ali, o qual geralmente consistia numa criança recém-nascida ou bastante nova, que seria então adotada por aquele orfa-nato ou encaminhada para outro congênere, desta forma minimizando-se a eliminação física de crianças por aborto, abandono ou simples assassi-nato, os chamados “expostos” (problemática que hoje vem desgraçadamente se avolu-mando). A roda servia ainda para a entrega de oferendas de quem quisesse colaborar com o estabelecimento de forma anônima (dinheiro ou jóias, roupas, alimentos, etc.).

Naturalmente, em é-

pocas mais modernas, o siste-ma da roda foi paulatinamente sendo substituído pelo dos atuais orfanatos e outras insti-tuições de custódia do poder público (como, por exemplo, a roda situada à rua Marques de Abrantes, no Rio de Janeiro, que se converteu na Fundação

Romão Duarte), sobrevivendo hoje apenas quatro rodas em todo o país, uma das quais na cidade histórica de Igarassú, em Pernambuco (ver o texto “Igarassú e Charitas” na colu-na ao lado).

No caso de Cabo Frio, a roda foi instituída pelo major-engenheiro LUÍS HENRIQUE DE NIEME-YER BELLEGARDE, primo em quarto grau de Oscar Nie-meyer (ver minha matéria “O Patrono da ASAERLA” à pá-gina 18 da edição no. 19 (nov/dez – 2009) deste Informa-tivo), através da Irmandade de Santa Isabel da Caridade, que fundou em 01/03/1836, e ma-

terializada pela construção da Casa de Caridade ou CHARI-TAS, com pedra fundamental em 27/07/1836 e inauguração em 16/02/1840, tendo o pré-dio sido erguido sobre uma plataforma de 23 centímetros de altura, sobre a qual, por sua vez, foram colocadas outras

três plataformas de mesma altura em camadas, sendo cada uma recuada em relação à ime-diatamente inferior, vindo a formar as-sim uma incômoda escada de três altos degraus a serem vencidos para o acesso ao prédio pelo lado da facha-da.

O motivo da insta-lação do prédio sobre essas quatro plataformas (lem-brando um templo maia so-bre uma pirâmide de degraus) era alegadamente o de evitar sua invasão pelas águas no caso de alguma descomunal tromba dágua e conseqüente inundação, a rigor inviável em função de três condicionantes: 1ª) o fato de que a cidade era, e continua sendo, cercada por corpos de água próximos pron-tos a receber qualquer volume excedente de água (oceano, lagoa e canal); 2ª) o clima semi-árido da região, no qual chuvas longas e torrenciais são relativamente pouco freqüen-tes; 3ª) a alta capacidade de

UM ENGENHEIRO, COMPROMISSADO TANTO COM O TÉCNICO QUANTO COM O SOCIAL, LEGOU UMA INSTITUIÇÃO A CABO FRIO

absorção do solo arenoso da restinga, ainda mais à época, quando não havia qualquer calçamento na ci-dade e o prédio do Charitas ficava já fora do então perí-metro urbano e em plena restinga, embora Bellegarde fizesse seu alinhamento já prevendo a projetada es-trada de saída da cidade para o norte, a atual Ave-nida Assunção,constante do primeiro plano diretor de Cabo Frio em 1841, do qual o próprio Bellegarde foi o gestor.

A localização do prédio sobre tal tipo de solo, aliás, conduz a uma segunda hipótese sobre a inclusão dos degraus plataformas no projeto, segundo a qual temia-se, com ou sem razão, que a areia cabo-friense, de puro quartzo e extrema-mente fina, funcionasse, pe-los conceitos da dinâmica dos fluidos, como um líqui-do que fosse aos poucos ce-dendo ao peso do prédio, o qual viria assim a afundar lentamente, conforme vem ocorrendo com as catedrais e prédios públicos da cidade colonial do México, que se expandiu sobre lagos aste-cas mal aterrados.

bellegarde era Primo

de oscar

niemeYer

Julho / Agosto 2011

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ENTREVISTA

Informe AsAerlA20 Julho / Agosto 2011

zootecnista Por Formação, com mestrado e esPecialização nas áreas de meio ambiente e agronegócios e curso de Perícia na área ambiental, júlio calvo rodriguez já atuou na administração Federal; na iniciativa Privada, gerenciando ProPriedades rurais no brasil e no exterior; na área educa-cional, e mais recentemente, nos últimos seis anos, enFrenta o desaFio de trabalHar na administração municiPal, na secretaria municiPal de desenvolvimento da cidade e ambiente.

Formado em 1978 Pela universidade rural Foi convidado Para trabalHar na PreFeitura de cabo Frio, Há seis anos, Pelo então secretário municiPal de meio ambiente juarez loPes. com exPeriência comProvada, já Foi suPervisor e suPerintendente de meio ambiente. agora ocuPa a Função de coorde-nador de meio ambiente com a missão de desenvolver vários Projetos e dar continuidade ao trabalHo desenvolvido Pela secretaria na nova sede, mais amPla, e com mais conForto, tanto Para os servidores Públicos Quanto Para os contribuintes.

Informe ASAERLA - Como é o trabalho na prefeitura?Júlio Calvo - Muito diferente da iniciativa privada. Lógico, até mesmo pelos princípios da administração pública, você tem que se organi-zar de acordo com certos ritos, que demandam mais tempo. Você vê que precisa de agilidade, de celeridade, mas precisa seguir todo um pro-cesso, então isso, demanda tempo. E também tem a equipe que envolve. Você precisa tra-bal-har com outras secretarias. Isso demanda uma logística, que na iniciativa privada, é muito mais ágil.

Informe ASAERLA - Agora a coordenadoria de Meio Ambiente mudou de sede. O que isso representa?Júlio Calvo - Estamos ocupando o antigo pré-dio da Prolagos. Você começa a ter espaço para o servidor público, salas e equipamentos de informática. Estamos preparando, equipando, pintando o novo espaço. Também estamos nos adequando. Acredito que no máximo em três meses, nossa equipe já esteja trabalhando com maior qualidade.

Informe ASAERLA – Como está sendo or-ganizada a estrutura de funcionamento do novo prédio?Júlio Calvo - Nós temos uma sala para ca-pacitação, para permitir o acesso à informação pública ao cidadão, coisa que antes não existia. Você queria ter informação sobre um estudo, por exemplo, e não tinha onde sentar. Então hoje nós temos uma sala para a pessoa poder consultar, ficar a vontade. Eu acredito que este conforto, tanto para o contribuinte quanto para o servidor público, será um grande avanço.

Informe ASAERLA – Uma grande reivindi-cação de profissionais - como engenheiros e arquitetos - é em relação à demora na agili-dade do andamento dos processos. Com es-sas mudanças, e esta nova estrutura, existe algum plano para reverter este problema?Júlio Calvo – Existe, mas é bom ficar claro que

todos nós temos uma parcela de culpa nisso. O engenheiro e o arquiteto porque não preenchem dados elementares. Às vezes os profissionais não deixam seu endereço de e-mail e telefone de contato. Ai o processo fica parado a espera que a gerência de atendimento localize a pessoa e diga, “olha está faltando uma planta”. Este é o primeiro rito. O segundo é a gente estar capaci-tando profissionais nossos, oriundos de concur-sos públicos, e para isso, temos a gerência de atendimento que foi criada nesses últimos dois meses. A gerência está sendo equipada não só com computadores, com PABX, com telefonia celular e recursos de internet, mas também com a capacitação dos agentes administrativos para que façam este feedback com os profissionais, e os processos não fiquem parados por falta de um carimbo, uma cópia de um documento de identidade.

Informe ASAERLA – O próprio caminho do processo, que não é rápido, também demora a garantir agilidade nos licenciamentos.Júlio Calvo – Com certeza. O próprio rito do licenciamento dificulta o nosso trabalho. Por quê? O profissional entra com o processo, da-mos continuidade aos procedimentos, passa pelo Planejamento, volta para o Meio Ambi-ente. Realizamos uma vistoria no local, emite-se um relatório, que dá encaminhamento ao processo. Todo esse caminho reflete também na demora. Em muitos processos também há ne-cessidade de publicação em jornal, que é uma exigência legal, para aguardar o prazo de 30 dias. Essa exigência causa certa morosidade. Essa é uma preocupação nossa, trabalhar com celeridade, mas com responsabilidade. Eu até brinco lá. Tem uma expressão nossa que não somos um “fast food” de licenças. O cidadão não pode entrar aqui e achar que vai sair com um “hambúrguer-licença” na mão. Isso não existe. Mas por outro lado, não podemos ficar sentados, aguardando um ano para aprovar a cons-trução de um projeto unifamiliar, por ex-emplo. Há um contrassenso nisso. Nós estamos atentos a isto, as pessoas estão sendo capacita-

das para que se evite este tipo de constrangimento e prejuízo financeiro.

Informe ASAERLA – Re-centemente a coordenação de Meio Ambiente realizou uma demolição na praia do Foguete. Como foi essa ação de fiscalização?Júlio Calvo – A demolição no Foguete foi decorrente de um processo dos últimos três anos. Tínhamos feito uma sé-rie de vistorias e notificações, mas o cidadão insistiu em continuar com a obra. Ele tinha uma liminar, que nós cassamos. Nossa Procuradoria entendeu que o município tem o poder de polícia administrativa, e nós exerc-emos este poder. Era o início de uma residência que o cidadão ergueu os muros na areia da praia e começou a executar a obra sem qualquer tipo de licença ambiental. Ele não atendia as noti-ficações, desacatava a fiscalização, ameaçava os fiscais. Mas por fim, se mostrou a este ci-dadão, que quando o poder público quer, ele age. Tivemos o apoio da secretaria de Ordem Pública, SECAF, Batalhão Florestal e Polícia Militar. Optamos por deixar o material lá por um período para que servisse de modelo edu-cativo, mas agora já vamos recolher o entulho , tentar recuperar a área, que diga-se de passa-gem, o cidadão é proprietário, tem documen-tação, mas não pode construir por se tratar de uma área não edificante.

Informe ASAERLA – Como o senhor vê a questão de uma área localizada em Cabo Frio, recentemente, ter sido registrada em cartório como Reserva Legal. É mais um passo para uma melhor qualidade de vida, para o cumprimento da Lei, e preservação do meio ambiente? Júlio Calvo – As propriedades rurais são o-brigadas por Lei, elas têm um prazo legal, que se estendeu até dezembro de 2011, para aver-

barem as suas reservas legais. Reserva Legal é uma área, que no Estado do Rio, é delimitada em 20% de sua área total. Então, 20% da área total de uma propriedade rural, você tem que determinar como reserva legal, fora as áreas marginais, de proteção, que você já deve de-ixar. Pois bem, um grande empreendimento de parcelamento do solo cumpriu todo o rito, e o mais interessante, é que eles averbaram a reserva. O solo sai da categoria rural para ca-tegoria urbana, mas a reserva legal, esses 20%, são mantidos eternamente para todas as futuras gerações. Isso é averbado em cartório, tem um documento, não pode ser parcelado, doado nem cedido. É um procedimento legal que nunca foi cumprido.

Informe ASAERLA – Como tem sido o tra-balho da coordenadoria de Meio Ambiente, no sentido de orientar os donos de terras e empreendedores, em relação à obrigatorie-dade da Reserva Legal? Júlio Calvo – Ao invés de sair punindo o produtor rural ou o futuro parcelador de solo, estamos sendo parceiros, orientando como pro-ceder. Parece que já temos mais uma reserva, em uma área de extração mineral, que também está se legalizando. Estamos nos integrando neste processo, quando possível, é lógico, com o plantio de aroeiras, por exemplo. Isto porque ao invés de ter o indivíduo devastando a aroeira para vender, ele passa a produzir – isso é per-

JúlIo calvo RoDRIguEz - cooRDENaDoR gERal DE MEIo aMbIENTE Da SEcRETaRIa MuNIcIPal DE DESENvolvIMENTo Da cIDaDE E aMbIENTE DE cabo FRIo

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Informe AsAerlA 21Julho / Agosto 2011

mitido – dentro das suas áreas de reserva – po-der fazer a extração, logicamente programada, para ter uma fonte de renda. Essa é a grande discussão. O produtor rural ou o parcelador do solo não perde 20% de área. Nós estamos most-rando a ele que é possível ganhar. Quando você vende uma propriedade ou um lote, você vende a qualidade dessa área, então se você tem uma reserva, você está vendendo junto um ativo am-biental que alguém que comprou aquele lote vai usufruir no futuro. Com o tempo as pessoas vão ter este conhecimento. O empreendedor vai começar a vender projetos com um real atrativo ambiental e não colocando apenas o nome de uma árvore num edifício. Hoje os empreende-dores nem cuidam de acessibilidade esquecem que as pessoas vão envelhecer - quanto mais de meio ambiente. E agora não. Você vai ter a ga-rantia de vista eterna de uma lagoa, de um rio, pássaros que só existem naquele ambiente. Este é o conceito. Sair do não pode para o pode, mas com responsabilidade, com preservação desses ativos ambientais.

Informe ASAERLA – O senhor acompanhou a assinatura de convênios do governo Esta-dual com oito prefeituras da região, no âm-bito do “Pacto pelo Saneamento”, que pre-tende erradicar todos os lixões no Estado do Rio de Janeiro até 2014. O que o senhor acha desta iniciativa?Júlio Calvo – Eu acho que é um momento fantástico, emocionante para Cabo Frio e para toda a Região dos Lagos. Foi um trabalho fei-to com muitas mãos. Isso começou dentro do Consórcio Ambiental Lagos São João, fomos ao INEA, à secretaria Estadual de Ambiente. Eu aprendi uma frase recentemente que achei muito bacana. “As ideias brigam, as pessoas não”. Temos que ter bom senso. E dentro da participação deste plano, o município, as pes-soas, as associações, vão apontar o melhor caminho para todos nós, e nós vamos ter a op-ção de seguir, ou de dizer que tecnicamente não é possível, ou é possível. Enfim, as variáveis devem ser colocadas. Não é simplesmente alguém chegar daqui a alguns meses, nos en-tregar um calhamaço de papel, que vai para uma gaveta. Isso não. É um plano sério, que modifica toda uma região positivamente. Es-tou neste momento representando o secretário Gustavo Beranger, fico muito orgulhoso, ele me deu muitas palavras de apoio, desde os últimos 20 dias, quando assumi este cargo, várias ori-entações, eu sei que a responsabilidade disso é muito grande, são diversos interesses, essa co-ordenadoria tem um peso muito grande, mas ao mesmo tempo, a iniciativa privada não pode en-tender meio ambiente como empecilho, nem o meio ambiente pode pensar que nós estamos no século XII. Nós temos que conciliar interesses e vocações, temos que conciliar as possibilidades ambientais e materiais, a geração de emprego e renda, e este, talvez seja o papel mais com-plicado. Os eventos que vem por ai, Rio + 20, Copa de 2014, Jogos Olímpicos de 2016, eles nos forçam a encarar com seriedade. Nós temos a oportunidade, aqueles que estão dentro de um órgão de governo – eu tenho dito isto na secre-taria – de fazer. Nós estamos do lado de dentro, temos que assessorar nossos secretários, nossos prefeitos, para que as coisas aconteçam a con-tento de seus cidadãos.

A coleta seletiva visa separar e classificar o lixo para que se possa aproveitar tudo o que é re-ciclável. Geralmente, separa-se material inorgânico - vidro, papel, metais, plásticos, papéis - do orgânico, composto de restos de comida, frutas, verduras, em recipientes de cores diferenciadas. Ela é o primeiro passo para reciclar o lixo.

Em Cabo Frio um projeto ganha força graças à iniciativa de algumas pessoas que se as-sociaram, e que em parceria com o INEA – Instituto Estadual do Ambiente – e Coordenadoria Geral de Meio Ambiente, estão sendo estimuladas a realizar o trabalho. A Cooperforte já rece-beu a licença-prévia para a atuação da primeira cooperativa de coleta seletiva do município. A cooperativa, que já conta com mais de cem participantes, foi criada no bairro Monte Alegre, local onde também será montado o centro de triagem de materiais reciclados. O galpão, doado pela Prefeitura de Cabo Frio, servirá inicialmente como espaço para a seleção e prensagem do lixo, que será comercializado para indústrias de reciclagem, oferecendo renda aos trabalhadores locais.

Segundo Rodrigo Macedo, presidente da Cooperforte, a cooperativa visa a atender, no iní-cio dos trabalhos, 30 mil pessoas do município de Cabo Frio. Ainda de acordo com ele, seis bairros-piloto serão escolhidos para o início do trabalho, seguindo o critério de maior produção de lixo e dificuldade de coleta.

- Queremos realizar a conscientização de porta em porta, levando educação à população no que diz respeito ao tratamento que deve ser dado ao lixo produzido - explicou Rodrigo.

Para o Coordenador Municipal de Meio Ambiente, Júlio Calvo Rodriguez, o licenciamento da primeira cooperativa de coleta seletiva do município é de extrema importância para o ambi-ente e para a população local.

- É um ato pioneiro no que diz respeito à questão social aliada à preservação ambiental. Temos aqui, hoje, trabalhadores humildes que terão a oportunidade de realizar esse importante trabalho e agregar renda para eles e toda uma comunidade, até mesmo com relação à educação ambiental. Além disso, vamos retirar o lixo que poderia ser jogado diretamente na natureza e transformá-lo em renda para essas pessoas – disse o coordenador.

Coleta Seletiva de lixo em Cabo Frio

Búzios pode economizar 40% na conta de energiaMunicípio será o primeiro da América Latina a

adotar novo tipo de consumoO Governador Sérgio Cabral

assinou no dia 11 de julho, um con-vênio com a Ampla que permitirá uma redução em até 40% na conta de luz dos moradores de Búzios. O projeto “Cidade Inteligente Búzi-os” prevê obras de conversão da rede de distribuição de energia num sistema capaz de integrar toda a geração existente. O município fa-moso por suas praias paradisíacas será o primeiro da América Latina a adotar o novo tipo de consumo. En-tre os benefícios, além de redução do valor da conta, o novo modelo permitirá ao consumidor acompa-nhar em tempo real os seus gastos e a pagar tarifa diferenciada de acor-do com o horário de consumo.

O smartcity ou “Cidade Inteli-gente” é projeto-piloto da espa-nhola Endesa, semelhante ao que a holding implantou em Málaga, na Espanha. O smartcity deverá redu-zir as perdas de energia e o tempo

O projeto prevê obras de conversão na rede de distribuição com a utilização de painéis solares na iluminação pública

divulgação

Tarifas diferenciadas de acordo com horário

Segundo o presidente da Ampla, Marcelo Llévenes, a empresa pre-tende aplicar tarifas diferenciadas, de acordo com o horário de con-sumo, como funciona na telefonia móvel.

“Os testes que estamos fazendo com medição de tarifa horária, que permite cobrar diferentes valores em diferentes horários do dia, vai permitir economia de 30% a 40%”, disse ele.

De acordo com a Ampla, o con-sumidor poderá acompanhar em tempo real os gastos com energia elétrica. A previsão é que a medição da tarifa horária seja instalada até o início do ano que vem, data que o consumidor começará a observar redução na conta de luz.

O investimento na primeira das quatro etapas do projeto será de R$31 milhões. O custo total da ini-ciativa a-inda está sendo orçado. Paraty, no sul fluminense, poderá ser a próxima cidade beneficiada pelo projeto.

das interrupções no abastecimento. O sistema também reduz a emissão de CO2. A cidade terá carros e bicicletas elétricas, dois postos de recarga de energia, medidores ele-trônicos, painéis solares, geradores de energia eólica, além de ilumi-nação pública com a utilização de lâmpadas LED.

“Toda a cidade vai ganhar ilu-minação LED, que são lâmpadas caras, mas que representam uma economia de 70%, ou seja, o in-vestimento se paga”, disse o go-vernador Sérgio Cabral, que estava presente durante a assinatura do convênio.

Além do governador Sérgio Ca-bral, participaram do evento de lan-çamento do projeto, o presidente da Endesa Brasil e da Ampla, Marcelo Llévenes e o prefeito de Búzios, Mirinho Braga. A Ampla prevê que, em dois anos, toda a cidade vai dis-por do novo sistema.

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CIDADES

Informe AsAerlA22 Julho / Agosto 2011

PARCEIRO - Qualiimagem

Qualidade e Bom Atendimento

Para Arnaldo de Freitas Rebelo, a fórmula para conquistar os clientes é oferecer um serviço de qualidade,

com atendimento personalizado

Quando você pensa em imprimir de-senhos em grandes dimensões surge logo uma dúvida. Onde realizar um trabalho com qualidade fotográfica, mesmo ape-sar das grandes dimensões da imagem a ser impressa? Há dez anos atuando no mercado da Região dos Lagos, a Quali-imagem, tem a solução para um trabalho duradouro, eficiente e personalizado.

Administrada pelo engenheiro ele-trônico Arnaldo de Freitas Rebelo, a empresa que começou num pequeno so-brado na Avenida Teixeira e Souza, hoje funciona na Rua Jorge Lóssio, no centro de Cabo Frio, e se especializou em ser-viços de arquitetura e engenharia, com a plottagem de plantas e painéis para obras, além da impressão de materiais fotográfi-cos com excelente qualidade.

- Nossas máquinas não trabalham com grandes volumes. São equipamentos para impressão de projetos em pequenas quantidades. Trabalhamos com lonas de excelente qualidade, tinta original e má-quinas modernas, explica o engenheiro.

O varejo é, talvez, o setor que mais demanda serviços de impressão para ab-solutamente todos os usos e formas. Pode ser um banner simples para a loja, mas que precisa ficar exposto do lado de fora, assim como pode ser uma foto detalhada para uma vitrine. Oferecendo qualidade nos serviços, a empresa é parceira da ASAERLA em diversos projetos, e gan-hou a credibilidade de seus associados quando o assunto é a impressão de plan-tas, mapas, ou qualquer tipo de projeto em que seja necessário visualizar fotos e trabalhos gráficos.

- A forma de funcionamento não difere muito de uma impressora comum, apesar de serem necessários programas específicos, mas que aceitam muitos ti-pos de formato utilizados em fotografia. Além disso, existem muitos tipos de ma-teriais para a impressão da imagem, o que aumenta a possibilidade de utilização dos equipamentos. Desde o papel comum, passando por lona, é possível escolher o material mais adequado para a utilização que se pretende, na dimensão que se pre-tende, complementa o empresário.

Além da qualidade, o engenheiro ele-trônico não abre mão da excelência no atendimento e na responsabilidade na

hora de aceitar um serviço. A empresa oferece um computador para os clientes, onde eles podem baixar e-mails e salvar projetos para transmissão simultânea e realização do trabalho contratado.

- Faço questão de atender meu cli-ente como eu gostaria de ser atendido. Por isso tenho todos esses cuidados. Consigo transformar o cliente em um amigo. A sinceridade também é muito importante para você conquistar a con-fiança do cliente, que acaba sempre re-tornando e indicando o seu trabalho. Eu consegui montar uma clientela que prima pela qualidade. Adoro o que faço e por isso a qualidade tem um valor tão grande no meu empreendimento, garante o em-presário que faz questão de ressaltar a importância da parceria da ASAERLA – Associação de Arquitetos e Engenheiros da Região dos Lagos.

- A parceria é muito importante porque funciona como uma troca. Forneço placas, adesivos, banners, todo tipo de material que a ASAERLA ne-cessita, e os profissionais de associação gostam do meu trabalho, e fazem a pro-paganda boca a boca, que é muito impor-tante para o crescimento e desenvolvi-mento de qualquer negócio, destaca.

Não importa se sua empresa trabalha com engenharia, arquitetura, publicidade, design ou fotografia, na Qualiimagem há um produto específico para ela. Os re-sultados profissionais de alta qualidade certamente impressionarão os clientes e os recursos técnicos e de gerenciamento proporcionarão impressão com confiança e comodidade.

Discutir quais são as áreas prioritárias para restauração florestal no Rio de Janei-ro, os desafios e perspectivas para a cadeia produtiva da restauração florestal, a inte-gração fauna-flora com formação de cor-redores ecológicos foram alguns dos temas abordados durante o Seminário “Reflores-tamento da Mata Atlântica no Estado do Rio de Janeiro”, que aconteceu nos dias 11 e 12 de julho, no Clube de Engenharia do Rio de Janeiro.

Promovido pela Associação Profissio-nal dos Engenheiros Florestais do Estado do Rio de Janeiro - APEFERJ - em par-ceria com o Clube de Engenharia e apoio do Pacto Pela Restauração da Mata Atlân-tica, Laboratório de Pesquisa e Estudos em Reflorestamento, Instituto de Florestas da UFRuRJ e Sociedade Brasileira de Enge-nheiros Florestais, o seminário contou com a presença de mais de 120 participantes, entre profissionais, empresários, pesquisa-dores, estudantes e pessoas interessadas no assunto.

Os palestrantes, divididos em blocos temáticos, compartilharam com os par-ticipantes conhecimentos e experiências sobre tecnologias e legislação de sementes florestais, viveiros, técnicas de restauração florestal e monitoramento, serviços ambi-entais, incentivos, desafios e oportunidades para a recuperação da Mata Atlântica no estado. Os especialistas também falaram sobre os reflorestamentos em áreas urba-nas, instrumentos legais e econômicos para incentivo ao reflorestamento ecológico e estratégias de adequação ambiental em propriedades rurais. Entre os mediadores, Lais Sonkin, da APEFERJ, que promoveu debate sobre Políticas e estratégias para o fomento ao reflorestamento, no segundo dia do encontro.

Para o engenheiro florestal Beto Mes-quita, presidente da APEFERJ e um dos organizadores do seminário, o evento cum-priu seu objetivo de atualizar a discussão sobre a recuperação e o desenvolvimento

Reflorestamento da Mata Atlântica em pauta no Rio de Janeiro

florestal no estado. O engenheiro florestal Luiz Octávio Pedreira, secretário geral da associação e coordenador do seminário, ressaltou também que a expectativa foi superada, demonstrando a demanda dos profissionais do estado por conhecimento e intercâmbio de experiências.

- Seguindo a meta de promover o de-bate e a difusão de conhecimento sobre os principais assuntos relacionados à enge-nharia florestal no Estado, a APEFERJ já está trabalhando para o próximo evento. Trata-se do Encontro Fluminense de Arbo-rização Urbana (EFAU), que será realizado no Clube de Engenharia, entre os dias 15 e 17 de setembro, concluiu.

divulgação

divulgação

O seminário foi realizado no auditório do Clube de Engenharia do Rio de Janeiro

O evento reuniu mais de 120 participantes duran-te os dois dias do encontro sobre meio ambiente

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