informativo oigalê - 02

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CONTINUAR, este é o verbo e nesta perspectiva estamos publicando a segunda edição deste “folhetim” que festeja Uma Década de Teatro do grupo Oigalê. Parece que toda a comemoração traz consigo um tom de retomada de caminhos trilhados, de conquistas atingidas, uma espécie de reflexão sobre um ciclo que se encerrou para dar início a outro. Aqui abordamos assuntos cuja raiz se encontra na nossa inquietação, porque além de criar e produzir, também “atuamos” junto às políticas públicas culturais em busca de melhorias para os coletivos de teatro. Com esse foco, apresentamos através do texto “Políticas Públicas Culturais: uma busca constante”, a nossa forma de articulação junto a outros grupos e como tais encontros são importantes e positivos para a construção da arte como um bem público necessário à população. Contamos com a participação da Brava Companhia, uma parceira muito querida da Oigalê e que em muito se assemelha. Em “Hospital Psiquiátrico São Pedro: uma história de resistência artística”, traçamos um histórico da ocupação cultural e como vem se desenrolando. Na coluna Ouça-me contamos com o depoimento de Claudius Ceccon sobre o espetáculo “Era Uma Vez... Uma Fábula Assombrosa”. Finalizamos com um panorama da programação comemorativa da Oigalê, que se estende por todo o ano de 2009. Tenha uma boa leitura! Informativo de 10 anos www.oigale.com.br Ano 1 | Edição 2 | 2º semestre de 2009 Porto Alegre/RS | Distribuição Gratuita UMA DÉCADA DE TEATRO Página 2 Políticas Públicas Culturais Brava Companhia Página 3 Uma história de resistência artística Página 4 Oigalê comemora Ouça-me!

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Jornal sobre a Oigalê - Cooperativa de Artistas Teatrais que aborda sobre o Teatro de Rua, Ocupação Cênica, Políticas Públicas para a Cultura entre outros. Projeto gráfico e diagramação de Carlos Tiburski.

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Page 1: Informativo Oigalê - 02

CONTINUAR, este é o verbo e nesta perspectiva estamos publicando a segunda edição deste “folhetim” que festeja Uma Década de Teatro do grupo Oigalê.

Parece que toda a comemoração traz consigo um tom de retomada de caminhos trilhados, de conquistas atingidas, uma espécie de reflexão sobre um ciclo que se encerrou para dar início a outro.

Aqui abordamos assuntos cuja raiz se encontra na nossa inquietação, porque além

de criar e produzir, também “atuamos” junto às políticas públicas culturais em busca de melhorias para os coletivos de teatro.

Com esse foco, apresentamos através do texto “Políticas Públicas Culturais: uma busca constante”, a nossa forma de articulação junto a outros grupos e como tais encontros são importantes e positivos para a construção da arte como um bem público necessário à população.

Contamos com a participação da Brava Companhia, uma parceira muito querida da Oigalê e que em muito se assemelha.

Em “Hospital Psiquiátrico São Pedro: uma história de resistência artística”, traçamos um histórico da ocupação cultural e como vem se desenrolando.

Na coluna Ouça-me contamos com o depoimento de Claudius Ceccon sobre o espetáculo “Era Uma Vez... Uma Fábula Assombrosa”.

Finalizamos com um panorama da programação comemorativa da Oigalê, que se estende por todo o ano de 2009.

Tenha uma boa leitura!

Informativo de 10 anoswww.oigale.com.brAno 1 | Edição 2 | 2º semestre de 2009 Porto Alegre/RS | Distribuição Gratuita

uma década de teatro

Página 2Políticas Públicas Culturais

Brava Companhia

Página 3Uma história de resistência artística

Página 4 Oigalê comemora

Ouça-me!

Page 2: Informativo Oigalê - 02

A Brava Companhia é

um grupo de teatro

paulistano que mantém

um trabalho continuo e

ininterrupto desde 1998

com outro nome e “re-fundado”

em 2006 com o nome atual

Durante sua trajetória

de trabalho criou diversos

espetáculos que circularam

por boa parte da cidade de São

Paulo, principalmente nos bairros

populares – cerca de 300 bairros

– além de outras cidades e estados

do País. Em 2007 inicia uma nova

fase do trabalho a partir da criação

de “A Brava” primeiro espetáculo

de um novo repertório de trabalho.

A companhia escolheu a

periferia sul da cidade de São

Paulo como opção maior para

o desenvolvimento de seus

trabalhos, essa escolha se dá

primeiramente pelos integrantes

– em sua maior parte – terem

nascido e crescido em bairros

populares, depois por entender

geograficamente e politicamente

a cidade de São Paulo e constatar

que o acesso ao teatro na cidade

era muito restrito, não só no que

diz respeito ao direito a fruição,

mas também a localização de

teatros públicos, possibilidades de

oficinas e ou cursos oferecidos,

etc. O trabalho da Brava

Companhia é um trabalho de

muita ação e esta ação realizada

durante andanças, errancias e

vivendo diversas circunstâncias

diferentes fez com que o grupo

fosse convidado por lideranças

locais e outros grupos organizados

da região do M`boi Mirim,

especificamente do Bairro do

Pq Santo Antonio, a participar

da luta pela ocupação de um

antigo sacolão hortifrutigranjeiro

e na transformação deste sacolão

em um espaço sócio cultural

e em agosto de 2007, após

anos de batalha os cadeados

que trancavam as portas foram

arrebentados – legalmente – e as

portas se abriram para o Sacolão

das Artes espaço onde a Brava

Companhia construiu como sede.

Outra característica da

companhia é a construção e

criação de espetáculos para

apresentação em espaços não

convencionais e abertos, o

pensamento sobre a rua como

possibilidade criativa como

matéria de pesquisa e opção de

trabalho, não só como espaço

para apresentação de espetáculos.

Esta característica do trabalho fez

com que o grupo se apresentasse

em diversas mostras e festivais de

teatro de rua espalhados pelo país

e durante uma destas mostras,

especificamente em 2008 na

Mostra de Teatro de Rua de Angra

dos Reis, Rio de Janeiro, A Brava

companhia teve a felicidade

de encontrar outra companhia

teatral, a Oigalê. Este encontro

revelou diversas características

semelhantes entre os dois grupos:

trabalho continuado de pesquisa

e ação teatral, participação ativa

em movimentos para pensamento

e construção de políticas públicas,

sede de trabalho mantida dentro

de espaços públicos, além da

afinidade estética que aconteceu

durante a apresentação dos

espetáculos dos dois grupos,

espetáculos diferentes na forma,

mas semelhantes nos processos,

nos meios de produção.

De 2008 pra cá, outros

encontros aconteceram

espontaneamente e outros foram

planejados pelos grupos em suas

cidades a fim de estreitarem os

laços de parceria e trabalho. O

último aconteceu em maio de

2009, em Porto Alegre, durante

o Festival Palco Giratório em

que a Brava Companhia pode

retribuir a visita feita em sua

sede conhecendo o espaço de

trabalho da Oigalê mantido

dentro do Hospital São Pedro.

As coincidências e

semelhanças não pararam

de acontecer, tanto A Brava

Companhia quanto a Oigalê

vivem hoje processos de intenso

esforço para manutenção de suas

sedes mantidas dentro de espaços

públicos. A Brava Companhia

teve recentemente o espaço

interditado e graças ao empenho

de trabalhadores da cultura e a

importância histórica do trabalho

a interdição não foi respeitada e

o espaço continua funcionando

e após longas conversas e lutas

pode-se dizer que o Sacolão

das Artes venceu mais uma.

A Brava Companhia manifesta-

se como grupo amigo e parceiro

da Oigalê a favor dos grupos

que ocupam o teatro São Pedro,

parabeniza os trabalhadores

de teatro de Porto Alegre pela

conquista da Lei de fomento

e espera reencontrar, o mais

breve possível, estes parceiros

de tão pouco tempo, mas de

muitas e fortes semelhanças,

vontades e lutas... Oigalê!

Brava Companhia...encontros e parcerias

Para nós, artistas, inquietação é um termo que nos acompanha e que nos leva a novas criações e a novos desafios. Com certeza, no local em que vivemos a inquietação vai além da cena, além da sala de ensaio e se volta para questões que são primordiais para nos mantermos enquanto profissionais, como a mobilização por Políticas Públicas Culturais. Para tanto, nos reunimos com outros grupos, por afinidades estéticas ou não, em busca de um bem maior para nós todos: o respeito e o reconhecimento dos artistas, de teatro e de dança, enquanto profissionais que realizam trabalho continuado. Guardada a diversidade de nossas obras, somos uma classe trabalhadora e queremos melhores condições de trabalho.

Desde o seu surgimento, a Oigalê vem buscando se articular em alguns movimentos nacionais, tais como o REDEMOINHO - Rede Brasileira de Espaços de Criação, Compartilhamento e Pesquisa Teatral - e mais recentemente na RBTR - Rede Brasileira de Teatro de Rua. Nossa participação tem sido de forma bem ativa, tanto virtual como presencialmente. No caso do REDEMOINHO, o último encontro foi em março de 2009 em Salvador/BA e da RBTR, com encontros semestrais, sendo que o último ocorreu em abril de 2009 na Aldeia de Arcozelo/RJ.

Nesses encontros estamos construindo um diálogo coletivo e tomando decisões importantes sobre o nosso fazer teatral. Esse diálogo nacional tem se tornado fundamental para o crescimento dos indivíduos e dos próprios grupos. Organizados, contribuímos para um país mais justo, construindo políticas públicas de estado.

Essa articulação também acontece em âmbito regional. Aqui no Rio Grande do Sul a Oigalê participa do Movimento dos Grupos de Investigação Cênica de Porto Alegre, Este na sua articulação política busca transformar em lei projetos que visam dar suporte aos grupos. Um exemplo de conquista é o Projeto de Lei “Programa Municipal de Fomento ao Teatro e Dança para a cidade de Porto Alegre”, que há cinco anos estava em elaboração e foi aprovado na Câmara de Vereadores em 29 de junho deste ano. (dia de São Pedro, o que vai abrir muitas portas!). Este programa visa especificamente dar sustentabilidade econômica aos grupos de pesquisa, considerando a dificuldade para se obter patrocínios por leis de incentivo para tal atividade.

Neste mesmo âmbito, está acontecendo uma grande discussão em torno da ocupação de prédios públicos ociosos envolvendo grupos de teatro e dança de Porto Alegre. Através da concretização destes ideais coletivos, estamos legitimando e fortalecendo a classe artística ao mesmo tempo em que transformamos a cidade e a sociedade em que vivemos.

PolíticasPúblicas Culturais:

Informativo de 10 anoswww.oigale.com.br

Porto Alegre 2009 | Distribuição Gratuita 2

uma busca constante

Fábio Resende - Brava Companhia São Paulo – Pq. Santo Antônio

e x p e d i e n t eJornalista Responsável: Lisete Ghiggi - MTB 4685 • Criação e Coordenação do Informativo: Juliana Kersting, Roberta Darkiewicz e Vera Parenza • Arte de Capa: Vera Parenza Projeto Gráfico e Diagramação: Carlos Tiburski • Revisão: Wagner Coriolano Colaboradores da Edição: Claudius Ceccon, Brava Companhia, Fábio Rezende, Hamilton Leite, Giancarlo Carlomagno, Carla Costa, Paulo Brasil, Ilson Fonseca, Di Machado, Janaína Mello e Vera Parenza • Impressão: Jornal Pioneiro • Tiragem: 10.000 exemplares

Fábio Hirata

Page 3: Informativo Oigalê - 02

Há nove anos os pavilhões 5 e 6, do Hospital Psiquiátrico São Pedro, começaram a ser usados para

produção e apresentação teatral. Inicialmente, com o grupo Falos e Stercus; logo após veio a Bienal do Mercosul. Vários filmes que foram gravados nos prédios antigos do Hospital.

No final de 2001, a Oigalê entra em contato com a Direção e Oficina de Criatividade do HPSP para uma ocupação continuada, com ensaios, oficinas teatrais, construção e confecção de materiais cênicos, depósito e apresentações periódicas.

Em 2002, a Oigalê leva ao Movimento dos Grupos de Teatro de Rua a intenção de que mais grupos participassem de um projeto de ocupação de espaços públicos ociosos. Desde então, quatro grupos de teatro (Laboratório de Investigação Cênica, Povo da Rua, Corpo Estranho e Oigalê) e dois de dança (Artéria Dança e Purê de Batatas) se instalaram neste espaço.

Cada grupo, naquele momento, passava a ser responsável por uma sala ocupada e, para tanto, dadas as condições de abandono do local, realizariam diferentes benfeitorias: remover piso velho, caiar as paredes, arrancar inço do pátio, etc.

Inúmeras foram as produções fruto desta ocupação: temporadas de espetáculos, a pesquisa realizada no contexto de cada grupo e as oficinas, que contemplaram desde a comunidade dos bairros ao redor e os próprios internos do Hospital, até a classe artística.

Em janeiro de 2003, a nova direção do Hospital troca o cadeado de acesso aos blocos, impedindo a entrada dos artistas ao seu local de trabalho. Após este fato, os grupos buscaram uma parceria

junto ao Instituto Estadual de Artes Cênicas (IEACEN) - órgão responsável pelo teatro e dança da Secretaria de Estado da Cultura, a fim de que tomasse frente desta “empreitada” junto aos grupos.

O IEACEN e os grupos de teatro e de dança lançam o “Primeiro Centro Cênico Estadual”, amplamente divulgado na imprensa escrita de nossa cidade, local visto por muitos artistas, jornalistas e políticos como uma vitória para a cultura de nosso estado. A ideia era que mais Centros Cênicos se espalhassem pelo Rio Grande do Sul, ocupando outros prédios ociosos.

A ocupação estava sendo oficializada e para tanto bastava que o secretário Estadual de Cultura e o secretário Estadual de Saúde assinassem um convênio de seção de uso, legalizando a presença dos grupos no Hospital pelo período mínimo de quatro anos.

Morangos e champanhe

Junto à assinatura deste convênio, os grupos organizaram o evento “Porta Aberta”, cujo objetivo foi, de durante 15 dias, abrir as portas à comunidade de forma gratuita para assistir a espetáculos, realizar oficinas, trocar ideias sobre política cultural e o fazer teatral. Os grupos se organizaram e reformaram, com auxílio do IEACEN e do Hospital, um banheiro existente no bloco 6 e refizeram e ordenaram o quadro de luz de ambos os blocos.

No dia de lançamento do “Primeiro Centro Cênico Estadual”, contávamos com a presença de autoridades, diretores do hospital, membros da classe artística, jornalistas, morangos e champanhe. Esperamos a presença dos secretários de Cultura e de

Saúde, mas não apareceram e nada foi assinado. Este contrato de seção de uso foi protocolado e ficou andando pelas gavetas das secretarias.

Em 2005, após pressão dos artistas da cidade organizados através do Movimento de Grupos de Investigação Cênica de Porto Alegre e grupos do HPSP, foi realizada uma manifestação pacífica na SEDAC, contando com a presença de mais de 80 artistas. O contrato enfim foi assinado.

Paralelo a estas ações políticas, a ocupação aconteceu de forma racional e convicta, e os blocos se tornaram um centro de produção e apresentação teatral da cidade, transformando a imagem do próprio Hospital São Pedro. Muitos dos espetáculos lá produzidos receberam premiações em Porto Alegre e em outros estados. A história desta ocupação vem sendo relatada como uma conquista em encontros e/ou festivais de teatro pelo Brasil afora.

Com a troca de governo, em janeiro de 2007, os grupos voltam a procurar a SEDAC, que reafirmou o apoio ao trabalho já efetuado pelos grupos. No entanto, o destino do espaço é seguidamente mudado, conforme demandas políticas. Consequentemente, forçando os grupos a desocuparem o local. Foi feito um levantamento de prédios pelos grupos de teatro e pela Secretaria da Cultura, mas infelizmente não encontramos um que possa ser utilizado.

Determinaram a permanência dos grupos, sendo que foi feita uma vistoria, apontando as condições do local e uma futura reforma. Para nossa surpresa, numa manhã de março de 2007, durante um ensaio, recebemos uma carta assinada pela atual secretária de Cultura, informando que deveríamos fazer uma desocupação imediata, pois o laudo resultante da vistoria aponta o local como insalubre. Coincidentemente o prazo de nosso contrato estava por terminar.

Ocupação de espaçosociosos

Foi decidido que os grupos podem se manter no espaço até encontrarem outro espaço público “ocioso” e ficam proibidas as apresentações ao público em geral no local, devido às condições do local.

Fomos novamente em busca dos espaços públicos ociosos e mantemos nossa sede funcionando. Novas reuniões aconteceram e novos “despejos” foram encaminhados. Constatamos que a cada reunião que passava algo novo era dito: necessidade de acessibilidade aos pavilhões, depois teríamos que desenvolver projetos conjuntos com a UERGS, posteriormente teríamos que ter um trabalho na área da saúde mental, enfim... A mudança de pensamento era tamanha que ficava claro que existiam outras questões políticas que envolviam a manutenção dos grupos no hospital.

Não nos negamos a deixar o local, apenas queremos assegurar outro espaço que comporte as necessidades do grupo. Até o momento não o encontramos, e o prédio solicitado vem seguidamente sendo negado. Esperamos que o Governo do Estado, ao encaminhar esta situação, considere os bens culturais ali produzidos e delibere em favor dos grupos teatrais que tem no Hospital Psiquiátrico São Pedro o seu local de trabalho.

A Oigalê não só quer trazer a sociedade um pouco da história dos grupos de teatro do HPSP, mas quer também que se coloque na prática a ocupação de espaços públicos ociosos por grupos de teatro e dança, constituindo assim centros culturais numa parceria público-privada.

Hoje resistem no local os grupos teatrais: Oigalê, Falos e Stercus, Povo da Rua, Neelic e Caixa Preta.

Se você quiser saber mais sobre a ocupação e expressar a sua opinião a respeito, entre no site: www.oigale.com.br/blog

Informativo de 10 anoswww.oigale.com.br

Porto Alegre 2009 | Distribuição Gratuita 3Hospital Psiquiátrico São Pedro:

uma história de resistência artística

Page 4: Informativo Oigalê - 02

A comemoração Uma Década de Teatro da Oigalê iniciou cedo com as temporadas dos espetáculos de

rua no Parque da Redenção durante os meses de janeiro, fevereiro e março. Já em abril, aconteceu a estreia do espetáculo “Era Uma Vez... Uma Fábula Assombrosa”. Em sua primeira temporada no Teatro do SESC, Centro de Porto Alegre, a peça foi apresentada para um público de mais de 1.600 pessoas, contemplando escolas públicas da rede municipal e o público em geral.

Quem esteve presente também foi o autor do livro que inspirou a obra: Claudius Ceccon. Ele realizou, juntamente com a diretora e o elenco, um bate-papo com as crianças e adultos após a apresentação da peça. As escolas também receberam do autor a doação de um exemplar do livro “Era uma Vez”, no qual foi baseada a história que a Oigalê conta. A peça gerou polêmica, o próprio grupo não sabia exatamente qual seria a reação do público, pois trata-se de um espetáculo com bastante pretensões e ousadias estéticas. Veja a opinião do autor Claudius Ceccon a respeito de “Era Uma Vez...

Uma Fábula Assombrosa” na coluna “Ouça-me”.

Ainda no primeiro semestre de 2009, a Oigalê reensaiou os espetáculos “O Negrinho do Pastoreio” e “MBoitatá”, e tornou a circular com a “Trilogia Pampiana”, composta pelos dois espetáculos já citados mais “Deus e o Diabo na Terra de Miséria”. A Trilogia - que reúne as primeiras obras do grupo - viajou em junho para o Festival de São José dos Campos e marcou presença no FILO – Festival de Londrina com o espetáculo “O

Negrinho do Pastoreio”. Já o espetáculo

“Miséria, Servidor de Dois Estancieiros” esteve no Festival Internacional de Teatro de São José do Rio Preto participando, além da mostra de espetáculos em Rio Preto, da “Extensão Regional” que contemplou seis cidades próximas.

De volta à Porto Alegre, o grupo realizou quinze dias de programação com diversas atividades no Centro Municipal de Cultura de Porto Alegre (confira nesta página).

Atualmente, a Oigalê está arrumando as malas para ir à cidade de Barueri/SP e Cuiabá/MT com o espetáculo “O Negrinho do Pastoreio”. Ao retornar, segue para Portugal para participar do

Mito - Mostra Internacional de Teatro de Oeiras, com o espetáculo “Deus e o Diabo na Terra de Miséria”.

Mas o ano de aniversário não para por aí, e o grupo ainda tem em sua agenda, entre outras atividades, o Festival Porto Alegre Em Cena e a Feira do Livro de Porto Alegre.

Para ficar por dentro da programação mensal da Oigalê, acesse www.oigale.com.br e cadastre seu email para receber as notícias pela internet.

Estávamos em 1969, em pleno Ato V, que suspendeu todos os direitos, permitiu demisssões, prisões arbitárias, tortura, morte, e esse crime hediondo, que foi “desaparecer” pessoas e negar às famílias o direito de saber e de enterrar seus queridos. Naquele momento, um grupo de porraloucas resolve criar o Pasquim, para ridicularizar a ditadura. Conseguiu, no princípio, driblar a censura de várias maneiras, rompendo a asfixia que se instalava. Humor subversivo, esse negócio de escrever do jeito que se falava, com (*) em lugar do palavrão proibido, tornando-o ainda mais forte. A fábula, meio clássico de criticar os poderosos falando de bichos, foi meu jeito de expressar o que estava preso na garganta das pessoas, traduzindo suas próprias reflexões. Anos mais tarde, essas fábulas se transformaram no livro Era Uma Vez. E continuam atuais.

Quando o Oigalê propôs encená-las, achei o máximo, mas não tinha idéia de como iam conseguir fazer isso. Assisti ao espetáculo como uma criança curiosa e fiquei absolutamente encantado. Trilha sonora ao vivo, um grupo talentoso e experiente, capaz de manter a atenção de uma variadíssima platéia, usando teatro de sombras, dança, humor, transmitindo-lhe uma visão crítica, que emociona, mobiliza e faz pensar. A distribuição de sementes de árvores nativas, ao final do espetáculo, é o convite para que todos passem à ação, fazendo a ligação perfeita entre a fantasia e a realidade que ela ajuda a transformar.

Minha sugestão é que as Secretarias de Educação incluam o Grupo Oigalê nos programas que propõem uma escola integral e integrada. Crianças, educadores, mães e pais muito se beneficiarão. E os gestores públicos inteligentes, também.

Claudius Ceccon - Autor do livro no qual foi baseada a peça “Era Uma Vez... Uma Fábula Assombrosa”

Ouça-me!

Informativo de 10 anoswww.oigale.com.br

Porto Alegre 2009 | Distribuição Gratuita 4Oigalê comemoraaniversário durante o ano inteiro

Deus e o Diabo na Terra de Miséria1/8 sábado – 16h – Chafariz da Redenção

9/8 domingo – 11h – Brique da Redenção

O Negrinho do Pastoreio2/8 domingo – 16h – Chafariz da Redenção

15 e 16/8 – 16 horas – Chafariz da Redenção

Era Uma Vez... Uma Fábula Assombrosa5 e 6/8 quarta e quinta – 20h – Teatro Renascença

8 e 9/8 sábado e domingo – 16h – Teatro Renascença

Miséria, Servidor de Dois Estancieiros10/8 segunda – 20h – Centro Municipal de Cultura

Coquetel

Atividades para a quinzena

Iluminação com Nádia Luciani/PR1 a 8/8 – 9h às 13h – Sala Álvaro Moreira

Máscaras com Roberto Inoccente/Itália3 a 10/8 – 14h às 18h – Sala Álvaro Moreira

Dramaturgia com Mário Bortolotto/PR12 a 16/8 – 13h às 17h – Studio StravaganzaO

ficin

as

Todas as atividades são gratuitas e livre para todas as idades

Começando pelo começo

Carlos Sillero

Kiran

Carlos Sillero

Carlos Sillero

Negrinho do Pastoreio

Miséria, Servidor de Dois Estancieiros

Deus e o Diabo na Terra de Miséria

Era Uma Vez... Uma Fábula Assombrosa