informativo asbkf, nº12, outubro de 2013

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Boletim informativo nº 12, outubro de 2013 Edição de aniversário! 1 ano Era início do outono de 1975, em Porto Alegre, quando na academia Kidokan, localizada na Rua Duque de Caxias, iniciavam as aulas de kung fu estilo shaolin do norte, sob a orientação de um jovem chinês recém-formado pela matriz da Academia Sino-brasileira, em São Paulo, chamado Lee Chung Deh, primeiro aluno do Grão-mestre Chan Kowk Wai a ministrar aulas fora da matriz. Tive o privilégio de ser um dos primeiros alunos a frequentar as aulas com mestre Lee e, quando isto começou, jamais imaginaria que tudo isto faria parte de minha vida de forma tão significativa e profunda. Acompanhei meu mestre por muitos lugares e caminhos diferentes que me mostraram que o conhecimento verdadeiro sobre si mesmo se manifesta de forma simples e sutil e que, somente com determinação, boa vontade e consciência se chega a um resultado positivo da busca. Participei de forma ativa no desenvolvimento do kung Fu em quase todo território brasileiro. Vi esta arte crescer e florescer de forma saudável junto com meus companheiros que atualmente estão espalhados por todo o País, cumprindo, com muito respeito e ética, nossa missão de levar o legado que nos foi dado. Hoje vivo em Florianópolis e tenho dedicado os meus últimos trinta anos a repassar o conhecimento herdado de meus mestres a este povo tão generoso que me acolheu como um membro da família catarinense, e do qual me sinto tão bem integrado. Para homenagear a cada um de meus alunos, de forma a retribuir esta gentileza, este ano criamos este informativo com o objetivo mostrar ao públi- co um pouco mais sobre as diversas faces do kung fu - tanto como escola interna quanto externa - de seus praticantes já formados pela Associação, e divulgar curiosidades que envolvem o mesmo. Com esta edição, completamos um ano de informativo. Deste modo, eu gostaria de deixar aqui o meu agradecimento aos meus mestres, aos cole- gas que iniciaram esta jornada comigo, aos meus alunos - eternos amigos e companheiros de todos os dias nas aulas - e aos inúmeros amigos que fiz pelos caminhos percorridos até aqui, que só me fizeram ser uma pessoa melhor e os quais cultivo como meus maiores tesouros sagrados! Tenho certeza de que este informativo crescerá muito com a ajuda de nossos colaboradores e com a eficiência de nossa editora-chefe, que possibi- lita chegar até nós todas estas informações mensalmente. Grande abraço a todos. Prof. Rogério Leal Soares 38 anos de kung fu no Sul do Brasil EDITORIAL

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Boletim informativo da Academia Sino-brasileira de Kung Fu. Florianópolis-SC

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Boletim informativo nº 12, outubro de 2013

Edição de aniversário!

1 ano

Era início do outono de 1975, em Porto Alegre, quando na academia Kidokan, localizada na Rua Duque de Caxias, iniciavam as aulas de kung fu estilo shaolin do norte, sob a orientação de um jovem chinês recém-formado pela matriz da Academia Sino-brasileira, em São Paulo, chamado Lee Chung Deh, primeiro aluno do Grão-mestre Chan Kowk Wai a ministrar aulas fora da matriz.

Tive o privilégio de ser um dos primeiros alunos a frequentar as aulas com mestre Lee e, quando isto começou, jamais imaginaria que tudo isto faria parte de minha vida de forma tão significativa e profunda.

Acompanhei meu mestre por muitos lugares e caminhos diferentes que me mostraram que o conhecimento verdadeiro sobre si mesmo se manifesta de forma simples e sutil e que, somente com determinação, boa vontade e consciência se chega a um resultado positivo da busca.

Participei de forma ativa no desenvolvimento do kung Fu em quase todo território brasileiro. Vi esta arte crescer e florescer de forma saudável junto com meus companheiros que atualmente estão espalhados por todo o País, cumprindo, com muito respeito e ética, nossa missão de levar o legado que nos foi dado.

Hoje vivo em Florianópolis e tenho dedicado os meus últimos trinta anos a repassar o conhecimento herdado de meus mestres a este povo tão generoso que me acolheu como um membro da família catarinense, e do qual me sinto tão bem integrado.

Para homenagear a cada um de meus alunos, de forma a retribuir esta gentileza, este ano criamos este informativo com o objetivo mostrar ao públi-co um pouco mais sobre as diversas faces do kung fu - tanto como escola interna quanto externa - de seus praticantes já formados pela Associação, e divulgar curiosidades que envolvem o mesmo.

Com esta edição, completamos um ano de informativo. Deste modo, eu gostaria de deixar aqui o meu agradecimento aos meus mestres, aos cole-gas que iniciaram esta jornada comigo, aos meus alunos - eternos amigos e companheiros de todos os dias nas aulas - e aos inúmeros amigos que fiz pelos caminhos percorridos até aqui, que só me fizeram ser uma pessoa melhor e os quais cultivo como meus maiores tesouros sagrados!

Tenho certeza de que este informativo crescerá muito com a ajuda de nossos colaboradores e com a eficiência de nossa editora-chefe, que possibi-lita chegar até nós todas estas informações mensalmente.

Grande abraço a todos.

Prof. Rogério Leal Soares

38 anos de kung fu no Sul do BrasilEDITORIAL

Tudo no mundo é energia. O organismo huma-no não é diferente. No homem, organizada por diferentes frequências e qualidades vibratórias, a energia se diferencia em corpo físico, com o sangue e suas estruturas, e corpo energético, que envolve e permeia o corpo físico interagin-do e promovendo seu funcionamento fisioló-gico. Reflexo da ação, dos pensamentos e das emoções, o fluxo de energia no organismo vai definir a qualidade de nossa saúde integral.É assim que a Tradicional Medicina Chinesa entende o processo de saúde e doença do ho-mem, como resultado da qualidade do fluxo de energia ou Chi (Qi) no organismo. Muitas téc-nicas foram desenvolvidas pelos chineses para manter e promover harmonia do fluxo ener-gético: acupuntura, moxabustão, fitoterapia, massagem (Tui-ná), e talvez a mais importante delas, a prática de exercícios, entre as quais se pode citar o Chi kung (ou Qigong), o Tai Chi Chuan e o Kung Fu. Isso porque dentre estas técnicas descritas, a prática de exercícios é a que depende unicamente da vontade e deter-minação do indivíduo.No nível fisiológico, a prática dos exercícios pro-move a circulação de energia através das se-quências de contração e relaxamento muscular, além de regular a atividade autônoma através da respiração coordenada. A coordenação en-tre a respiração e os movimentos do corpo faz com que nos tornemos conscientes de nosso contato com o mundo, e assim, disciplinamos nossa mente para a percepção de nossa ativi-dade organísmica, desenvolvendo maior capa-cidade de concentração.Conforme o indivíduo se desenvolve na prática de Tai Chi, Chi Kung ou Kung Fu adquire maior domínio de sua movimentação e da capacidade mental de concentração, e assim pode direcio-nar conscientemente a sua energia.Embora condicionados para as conquistas mais imediatas e efêmeras no mundo contempo-râneo, as conquistas mais sutis, referentes ao domínio da mente e dos processos emocionais, são adquiridas somente com o esforço persis-tente e percebidas ao longo do tempo, e são o meio através do qual podemos aos poucos experimentar os segredos da longevidade culti-vados pelas tradições chinesas.

Academia Sino-brasileira de Kung Fu. Florianópolis - SC. Boletim informativo nº 12, outubro de 2013

A circulação de energia nas práticas tradicionais chinesas

ARTIGO

Por Liz Tessmer, psicóloga e acunpunturista

Festival recebe oficina de tai chi chuanA Professora Liz Tessmer ministrou oficina de tai chi chuan du-rante o VI Revolution Festival, realizado entre os dias 11 e 13 de outubro, na Pousada Refúgio do Lago, em Lages-SC. O evento reúne participantes de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Para-ná, Minas Gerais, São Paulo e Bahia, além do Distrito Federal. O festival congrega, além da música, diversas práticas alternativas e, nesta edição, contou com o apoio da Prefeitura do município.“Mesmo com poucos participantes, a oficina agregou energias boas e atraiu a curiosidade de quem quis ficar só olhando”, avaliou Liz. A oficina de tai chi chuan foi ministrada durante as manhãs.O festival foi destaque na imprensa local, com fotografias alu-sivas à oficina oferecida, também pela professora, na edição passada do evento, realizada em 2012.

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Oficina destacada no jornal Vitrine Lageana

Parque de Coqueiros será palco para apresentação de final de anoMarque em sua agenda: na primeira quin-zena de dezembro a ASBKF Florianópolis se despedirá de 2013 com uma apresentação aberta ao público no Parque de Coqueiros, em Florianópolis. A data ainda será defini-da e, em breve, divulgaremos aos alunos.Como já é tradicional, teremos a Dança do

Leão acompanhada de demonstrações dos diversos estilos de kung fu contemplados pelo sistema sino-brasileiro.Por isso, convide seus amigos e familiares para celebrarmos, mais uma vez, o início de um novo ciclo de prática e convivência!

ASBKF em abertura dos jogos da ANECNo dia 28 de setembro, alunos da ASBKF Floria-nópolis realizaram uma apresentação de kung fu na abertura dos Jogos Intercolegiais da Asso-ciação Nacional de Educação Católica do Brasil (ANEC), no Ginásio de Espostes do Colégio Ca-tarinense. Juntamente com o Prof. Rogério Leal Soares, os praticantes Aloé Jorge, Artur Aguiar, Eduardo Bastos e José Rafael Ribeiro demonstraram aos presentes um pouco das rotinas de mãos livres e de armas que compõem o sistema sino-brasilei-ro. E, é claro, não faltou a Dança do Leão.

Academia Sino-brasileira de Kung Fu. Florianópolis - SC. Boletim informativo nº 12, outubro de 2013

Expediente

Academia Sino-brasileira de Kung Fu - Florianópolis-SCProfessor Rogério Leal SoaresEndereço: Colégio Catarinense. Rua Esteves Júnior, 711 - Centro.

Telefone: (48) 9104-6572E-mail: [email protected]ões para matérias, envio de artigos e opiniões: [email protected]

!Sou

Douglas David Baptista de Souza27 anos, natural de Florianópolis-SC, mora atualmente em Grenoble - França.

Quando você começou a treinar kung fu?15 de maio de 2001.

Qual a principal motivação que levou você a começar na prática?Eu também cresci assistindo filmes e desenhos de artes marciais, onde o treino em si era frequentemente o protagonista. Embora a intenção de praticar uma arte marcial já estivesse presente, foi a necessidade de praticar exercícios físicos e o incentivo (ou mesmo insistência) do prof. Rodrigo Martins que me fizeram começar a treinar kungfu. Hoje posso dizer que o kungfu foi uma das melhores coisas que acontece-ram na minha vida. Um dos benefícios de praticar uma arte marcial tradicional como o nosso kungfu, é aprender que não existe recompensa sem paciência, persistência e esforço; “tudo é treino”, de maneira explícita e natural. Dessa maneira, quando treinamos regularmente acabamos melhorando também em outros aspectos diá-rios. Ficamos mais esforçados, mais atentos, com maior domínio e confiança de nós mesmos. Desse modo, a motivação para treinar se renova e está sempre presente.

Há algum estilo abrangido pelo sistema sino-brasileiro que você con-sidere seu preferido?Choy li Fat. Gosto bastante desse estilo por vários motivos: i) o rico contexto histó-rico que se traduz no próprio estilo (a sua importância na rebelião nacionalista que se reflete em sua agressividade), ii) por focar no ataque rápido e prático, iii) por ser simples e sobretudo eficiente.

Mensagem finalTalvez não exista arte marcial tão plural em aspectos e tão completa quanto o kungfu. Sou fascinado pelo aspecto marcial, acho impressionante a quantidade de golpes e aplicações que está ao nosso dispor, é uma riqueza enorme de detalhes, uma biblioteca sem fim. Para os colegas que compartilham desse interesse, acon-selho a sempre que possível perguntar (ou refletir sobre) as aplicações de cada mo-vimento aprendido no kati. Afinal de contas, nas palavras do próprio mestre Chan: “Sobre treino, sempre perguntar! É o melhor jeito de progredir nas artes marciais”. Finalmente, mas também importante, aconselho a treinar as aplicações separada-mente sempre que der, ou aplicar técnicas específicas em colegas de treino. Assim, entendemos melhor o porquê de cada movimento e suas minúcias (muita das vezes, uma aplicação que parece ser complexa, mostra-se na verdade simples e direta).

17 - William Herden18 - Luiz Alberto Guardini23 - Patricia Sarquis Herden

Felicidades aos colegas que completaram anos em outubro!

Se você ainda não preencheu nossa lista, acesse aqui!

Parabéns!

Conhecendo nossos estilos: Qin Na (Chin Na)

Chin-na (pronuncia-se tchin-na; significa “capturar e se-gurar”) é um conjunto de técnicas de luta que está pre-sente na maioria dos estilos de artes marciais chinesas, como por exemplo o estilo Shaolin do Norte, o Choy Lei Fat e o Garra de Águia. Os seus movimentos são basea-dos na arte do dian xüe, que consiste em acertar pontos vitais do adversário para neutralizá-lo utilizando para isso o desvio da força e energia do oponente (chi) contra ele próprio. Seu treino enfatiza a pegada nas juntas e quedas assim como torções seguidas de imobilizações e quedas.O general Yue Fei (1.103 - 1.142), da dinastia Song, que aprendeu o kung-fu do mosteiro shaolin do norte, foi o primeiro a organizar o chin-na e ensiná-lo no exército. Durante a Segunda metade da dinastia Ch’ing (1.644 - 1.911), o chin-na tomou-se praticamente uma arte marcial independente sendo ensinado nas academias de polícia, empresas de segurança e na academia militar de Whampoa em Cantão, a mais importante da China durante a primeira metade do século XX.Tung Tsong Yi (1.880 - 1.971) foi o Grão-mestre res-ponsável pela propagação da arte e sua grande popu-larização na China no século XX. Mestre Tung também era versado em suai-jiao (wrestling chinês). Em 1934, tornaria-se general. Ao aposentar-se, foi ensinar kung-fu na academia nacional de artes marciais, em Shanghai. Tung Tsung Yi aperfeiçoou seu chin-na e criou 72 técni-cas básicas.Existem quatro divisões principais entre os métodos da modalidade: Fen jin (divisão muscular), Tsuo kuo (deslo-camento ósseo), Bih chi toan mie (impedimento do fluxo de ar ou de sangue) e Tien hsuen (pressão nos pontos de energia). Hoje, o estilo Shaolin do Norte talvez seja o que engloba a maior variedade de formas de chin-na.