informaÇÕes tÉcnicas potássio para soja d · são paulo em virtude da utilização, por cerca...

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20 O Agronômico, Campinas, 55(1), 2003 INFORMAÇÕES TÉCNICAS INFORMAÇÕES TÉCNICAS INFORMAÇÕES TÉCNICAS INFORMAÇÕES TÉCNICAS INFORMAÇÕES TÉCNICAS epois do nitrogênio, o potássio é o segundo elemento absorvido em grandes quantidades pela planta da bém os teores de Ca e Mg estão elevados, resultando no valor 46 para o índice Ca+Mg/K. Nesse caso, há a necessidade de aplicação de potássio e também do fós- foro, cujo teor é médio no solo. Na amos- tra 2, coletada em Cruzália, verifica-se um equilíbrio entre os cátions Ca, Mg e K, obtendo-se um índice 26 nessa relação. Nas amostras 3 e 4 desse mesmo município, o teor de potássio no solo foi elevado e os índi- ces da relação Ca + Mg/K foram 18 e 14 res- pectivamente. Nessas duas últimas áreas a solução seria esperar a finalização do ciclo das culturas para que o potássio pudesse ser extraído; conseqüentemente, seria obtido um aumento daquela relação. Em tais localida- des não seria necessária a adubação da cul- tura da soja com P e K porque os teores de ambos os elementos são elevados. O potássio é também um elemento importante no processo de formação de nódulos fixadores de N, assim como no controle das seguintes doenças fúngicas: seca da vagem e da haste (Phomopsis), crestamento foliar e mancha púrpura das sementes (Cercospora kikuchii) e cancro da haste (Diaporthe phaseolorum f.sp. meridionalis (D.pm) como mostrado nas figuras 5, 6 e 7. Em relação ao cancro da haste, essa doença é controlada apenas em cultivares precoces de soja; isso porque a D soja sendo que, em cada 1000 kg de semen- tes produzidas são extraídos 20 kg de K 2 O. No ano agrícola de 1986/87 observou- se uma deficiência generalizada desse ele- mento nas lavouras de soja no Estado de São Paulo em virtude da utilização, por cerca de 20 anos, de formulações de adubo inadequadas, com baixos teores de potás- sio: 0-20-10 na Alta e Média Mogianas e 4-30-10 no Vale do Paranapanema. Atual- mente estão sendo utilizadas as formula- ções 0-20-20 e 4-20-20 para atendimento das necessidades nutricionais dessa leguminosa. Quando se aduba com 300 kg/ha da fórmula 0-20-10 são dispo- nibilizados apenas 30 kg/ ha de K 2 O, sendo necessá- ria a aplicação adicional de 30 ou 40 kg/ha de K 2 O, em cobertura, aos 35 dias após a semeadura. Isso é váli- do sobretudo para solos arenosos em que se tem maior lixiviação e naque- les declivosos, apesar da relativamente recente adoção da semeadu- ra direta pela maioria dos lavradores da- quelas regiões agrícolas. Sob condições de baixo teor de potás- sio no solo pode haver deficiência desse elemento nas folhas, sendo constatados sin- tomas como haste verde, retenção foliar e formação de frutos partenocár-picos na soja (Figuras 1, 2, 3 e 4). A maneira mais ade- quada de se evitar tal situação é a manu- tenção da relação de bases Ca+Mg/K entre 23 e 28, pois acima desses valores já se pode constatar deficiência de potássio. Algumas características químicas do solo da região Sudeste do Estado de SP, em áreas sob cultivo com soja estão apre- sentadas no quadro. Em Florínea observa- se teor alto de potássio; no entanto, tam- Hipólito Figura 1. Sintomas de deficiência de potássio em folhas de soja no florescimento das plantas Figura 2. Sintomas de deficiência de potássio no fim do ciclo de plantas de soja, com haste verde, sem possibilidade de colheita Potássio para soja sua incidência se dá nos estádios fenológicos R 3 a R 4 dessa leguminosa (for- mação de vagens) e, sendo o ciclo da plan- ta entre 110 e 120 dias, tem-se uma situa- ção de escape em razão da menor duração de ciclo nessa cultivar, o que não se obser- va nas cultivares semi-precoces, médias e semi-tardias de soja. Hipólito A. A. Mascarenhas, Roberto T. Tanaka, Elaine Bahia Wutke, Nelson R. Braga, Manoel A. C. de Miranda IAC – Grãos e Fibras fone: (19) 3241-5188 ramal 415 endereço eletrônico: [email protected] (1) Latossolo vermelho escuro. (2) Latossolo vermelho escuro eutroférrico

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Page 1: INFORMAÇÕES TÉCNICAS Potássio para soja D · São Paulo em virtude da utilização, por cerca de 20 anos, de formulações de adubo ... fim do ciclo de plantas de soja, com haste

20 O Agronômico, Campinas, 55(1), 2003

INFORMAÇÕES TÉCNICASINFORMAÇÕES TÉCNICASINFORMAÇÕES TÉCNICASINFORMAÇÕES TÉCNICASINFORMAÇÕES TÉCNICAS

epois do nitrogênio, o potássio éo segundo elemento absorvido emgrandes quantidades pela planta da

bém os teores de Ca e Mg estão elevados,resultando no valor 46 para o índiceCa+Mg/K. Nesse caso, há a necessidadede aplicação de potássio e também do fós-foro, cujo teor é médio no solo. Na amos-tra 2, coletada em Cruzália, verifica-se umequilíbrio entre os cátions Ca, Mg e K,obtendo-se um índice 26 nessa relação. Nasamostras 3 e 4 desse mesmo município, oteor de potássio no solo foi elevado e os índi-ces da relação Ca + Mg/K foram 18 e 14 res-pectivamente. Nessas duas últimas áreas asolução seria esperar a finalização do ciclodas culturas para que o potássio pudesse serextraído; conseqüentemente, seria obtido umaumento daquela relação. Em tais localida-des não seria necessária a adubação da cul-tura da soja com P e K porque os teores deambos os elementos são elevados.

O potássio é também um elementoimportante no processo de formação denódulos fixadores de N, assim como nocontrole das seguintes doenças fúngicas:seca da vagem e da haste (Phomopsis),crestamento foliar e mancha púrpura dassementes (Cercospora kikuchii) e cancroda haste (Diaporthe phaseolorum f.sp.meridionalis (D.pm) como mostrado nasfiguras 5, 6 e 7. Em relação ao cancro dahaste, essa doença é controlada apenas emcultivares precoces de soja; isso porque a

Dsoja sendo que, em cada 1000 kg de semen-tes produzidas são extraídos 20 kg de K

2O.

No ano agrícola de 1986/87 observou-se uma deficiência generalizada desse ele-mento nas lavouras de soja no Estado deSão Paulo em virtude da utilização, porcerca de 20 anos, de formulações de aduboinadequadas, com baixos teores de potás-sio: 0-20-10 na Alta e Média Mogianas e4-30-10 no Vale do Paranapanema. Atual-mente estão sendo utilizadas as formula-ções 0-20-20 e 4-20-20 para atendimentodas necessidades nutricionais dessa

leguminosa. Quando seaduba com 300 kg/ha dafórmula 0-20-10 são dispo-nibilizados apenas 30 kg/ha de K

2O, sendo necessá-

ria a aplicação adicional de30 ou 40 kg/ha de K

2O, em

cobertura, aos 35 dias apósa semeadura. Isso é váli-do sobretudo para solosarenosos em que se temmaior lixiviação e naque-les declivosos, apesar da

relativamente recente adoção da semeadu-ra direta pela maioria dos lavradores da-quelas regiões agrícolas.

Sob condições de baixo teor de potás-sio no solo pode haver deficiência desseelemento nas folhas, sendo constatados sin-tomas como haste verde, retenção foliar eformação de frutos partenocár-picos na soja(Figuras 1, 2, 3 e 4). A maneira mais ade-quada de se evitar tal situação é a manu-tenção da relação de bases Ca+Mg/K entre23 e 28, pois acima desses valores já sepode constatar deficiência de potássio.

Algumas características químicas dosolo da região Sudeste do Estado de SP,em áreas sob cultivo com soja estão apre-sentadas no quadro. Em Florínea observa-se teor alto de potássio; no entanto, tam-

Hipólito

Figura 1. Sintomas de deficiência de potássio em folhas de soja no florescimento das plantas

Figura 2. Sintomas de deficiência de potássio nofim do ciclo de plantas de soja, com haste verde,

sem possibilidade de colheita

Potássio para soja

sua incidência se dá nos estádiosfenológicos R

3 a R

4 dessa leguminosa (for-

mação de vagens) e, sendo o ciclo da plan-ta entre 110 e 120 dias, tem-se uma situa-ção de escape em razão da menor duraçãode ciclo nessa cultivar, o que não se obser-va nas cultivares semi-precoces, médias esemi-tardias de soja.

Hipólito A. A. Mascarenhas, Roberto T.Tanaka, Elaine Bahia Wutke, Nelson R.Braga, Manoel A. C. de MirandaIAC – Grãos e Fibrasfone: (19) 3241-5188 ramal 415endereço eletrônico: [email protected](1) Latossolo vermelho escuro. (2) Latossolo vermelho escuro eutroférrico

Page 2: INFORMAÇÕES TÉCNICAS Potássio para soja D · São Paulo em virtude da utilização, por cerca de 20 anos, de formulações de adubo ... fim do ciclo de plantas de soja, com haste

O Agronômico, Campinas, 55(1), 2003 21

Figura 4. Sintoma de deficiência de potássio em planta de soja no fim dociclo, com vagens com poucas sementes e frutos partenocárpicos,

sem possibilidade de colheita

Figura 3. Sintoma de deficiência de potássio em planta de soja,com retenção foliar e haste verde, sem possibilidade de colheita

Figura 6. Sintomas de Cercospora kikuchii em sementes (mancha púrpura),hastes e vagens. Causa também crestamento foliar, podendo ser controladapela adubação potássica. Foto cedida por Maria Aparecida de S. Tanaka e

Margarida F. Ito, do Centro de Fitossanidade

Figura 7. À esquerda, planta inoculada com Dp.m,mostrando tolerância ao cancro da haste com o uso de 40% de V

e aplicação de 60 kg/ha de K2O. À direita, sintomas severos do cancroda haste em planta inoculada, sem esses tratamentos

Figura 5. Incidência de Phomopsis em vagens de soja, com escurecimento(A) e perda de qualidade das sementes (B). Controle da doença com

adubação potássica, com vagens (C) e sementes (D) sadias. À direita, hastecom picnídios de Phomopsis e vagens secas e vazias