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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PIRACICABA ASSAHITO JOEL SAKAMOTO INFLUÊNCIA DOS ÍNDICES SOCIOECONÔMICOS MUNICIPAIS NAS TAXAS DE MORTALIDADE POR CÂNCER DE BOCA E DE OROFARINGE EM IDOSOS NO ESTADO DE SÃO PAULO, BRASIL Piracicaba 2017

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PIRACICABA

ASSAHITO JOEL SAKAMOTO

INFLUÊNCIA DOS ÍNDICES SOCIOECONÔMICOS

MUNICIPAIS NAS TAXAS DE MORTALIDADE POR CÂNCER

DE BOCA E DE OROFARINGE EM IDOSOS NO ESTADO DE

SÃO PAULO, BRASIL

Piracicaba

2017

ASSAHITO JOEL SAKAMOTO

INFLUÊNCIA DOS ÍNDICES SOCIOECONÔMICOS

MUNICIPAIS NAS TAXAS DE MORTALIDADE POR CÂNCER

DE BOCA E DE OROFARINGE EM IDOSOS NO ESTADO DE

SÃO PAULO, BRASIL

Dissertação de Mestrado Profissional

apresentada à Faculdade de Odontologia de

Piracicaba da Universidade Estadual de

Campinas como parte dos requisitos exigidos

para a obtenção do título de Mestre em

Odontologia em Saúde Coletiva.

Orientador: Prof. Dr. Eduardo Hebling.

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO

FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELO

ALUNO ASSAHITO JOEL SAKAMOTO, E

ORIENTADO PELO PROF. DR. EDUARDO

HEBLING.

Piracicaba

2017

DEDICATÓRIA

Ao meu pai, ISAO (in memoriam), à minha mãe, FUMIYO, e minha irmã,

CLARICE, pelo amor, carinho e incentivo que sempre me dedicaram. Tenho certeza que o

meu caráter e dedicação são reflexos daquilo que aprendi em casa com seus exemplos.

A todos os meus familiares, que estiveram sempre presente ao meu lado, ajudando-me

a realizar este sonho.

A uma grande amiga, ELIANA NOMURA, que sempre me apoiou e incentivou na

conquista de mais este objetivo de vida.

AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, a DEUS, por ter me proporcionado saúde, oportunidade e

paciência para a realização dessa dissertação.

À Universidade Estadual de Campinas e à Faculdade de Odontologia de Piracicaba,

nas pessoas de seu reitor, o Prof. Dr. JOSÉ TADEU JORGE, e do diretor da faculdade, o Prof.

Dr. GUILHERME ELIAS PESSANHA HENRIQUES.

Ao meu orientador, o Prof. Dr. EDUARDO HEBLING, que, com seus conhecimentos,

soube me motivar, demonstrando em todos os momentos dessa caminhada as qualidades de

um verdadeiro professor.

Ao Prof. Dr. ANTONIO CARLOS PEREIRA, que abriu as portas da Faculdade de

Odontologia de Piracicaba para mim, aceitando-me como aluno do mestrado profissional.

À Profa. Dra. LUCIANE MIRANDA GUERRA, coordenadora do Mestrado

Profissionalizante em Odontologia em Saúde Coletiva da FOP/UNICAMP, pelos

conhecimentos e pelo incentivo em não desistir antes do término dos trabalhos.

À Profa. Dra. GLÁUCIA MARIA BOVI AMBROSANO, pelos ensinamentos e elaboração

da análise estatística desse trabalho.

Aos PROFESSORES DO CURSO DE MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM

ODONTOLOGIA EM SAÚDE COLETIVA DA FOP/UNICAMP, pela amizade e conhecimentos

dedicados, que incentivaram o meu crescimento profissional.

À Profa. VALÉRIA SILVA CANDIDO BRIZON pela inestimável ajuda em todos os

passos dados para a realização desse trabalho.

À Profa JAQUELINE VILELA BULGARELI que com sua amizade e sabedoria,

sempre me incentivou com seus conhecimentos a prosseguir e nunca desistir.

Ao DEPARTAMENTO REGIONAL DE SAÚDE DE RIBEIRÃO PRETO, na pessoa de seu

diretor, RONALDO DIAS CAPELI, pelo incentivo e oportunidade de dispensa para a realização

desse curso de mestrado.

Aos meus COLEGAS DO MESTRADO, que dividiram seus conhecimentos da área de

Saúde Coletiva e de Gestão em Saúde, sempre demonstrando imensa experiência e saber.

SE O TEMPO ENVELHECER O SEU CORPO,

MAS NÃO ENVELHECER A SUA EMOÇÃO,

VOCÊ SEMPRE SERÁ FELIZ

Augusto Cury Médico psiquiatra e escritor brasileiro

RESUMO

O câncer de boca e de orofaringe são doenças fortemente influenciadas por fatores

socioeconômicos. O risco de desenvolver essas doenças aumenta com a idade e a maioria dos

casos ocorre em idosos, com elevadas taxas de mortalidade. O objetivo desse estudo foi

analisar a influência dos índices socioeconômicos municipais nas taxas de mortalidade por

câncer de boca e de orofaringe em idosos nas 645 cidades do Estado de São Paulo, Brasil.

Dados secundários de óbitos foram obtidos no Sistema de Informações sobre Mortalidade do

Ministério da Saúde. O número de idosos e os valores da renda média per capita e do Índice

de Desenvolvimento Humano por município (IDH-M) foram obtidos de dados

governamentais. A análise descritiva e exploratória dos dados foi realizada, seguida de

modelos binomiais negativos descritos pelo procedimento PROC GENMOD e avaliados pelo

AICc (Critério de Informação de Akaike corrigido), pelo grau de liberdade e pelo teste de

Wald (α=0.05). 30% das cidades notificaram óbitos em 2013. As taxas médias de mortalidade

por câncer de boca e de orofaringe foram, respectivamente, 28,2 (± 43,1) e 14,9 (± 30,9)

mortes por 100.000 habitantes. A renda média variou de R$453,20 a R$2.009,00. O IDH-M

variou de 0,65 a 0,89. Houve um decréscimo significativo (p<0,05) nas taxas de mortalidade

por câncer de boca e de orofaringe em idosos com o aumento dos valores das rendas médias e

do IDH-M da cidade. As desigualdades socioeconômicas das cidades influenciam nas taxas de

mortalidade por câncer de boca e de orofaringe em idosos.

Palavras-chave: Idosos. Mortalidade. Câncer de Boca. Fatores Socioeconômicos.

ABSTRACT

Oral and oropharyngeal cancer are diseases strongly influenced by socioeconomic

factors. The risk of developing these diseases increases with age and most cases occur in old

adults, with higher mortality rates. The aim of this study was to analyze the influence of

municipal socioeconomic indices on mortality rates for oral and oropharyngeal cancer in old

adults in 645 cities from São Paulo State, Brazil. Secondary data on deaths were obtained in

the Mortality Information System from Brazilian Health Ministry. The number of old adults

and the values of per capita median income and the Human Development Index by

municipality (HDI-M) were obtained from government data. Descriptive and exploratory

analysis of data was performed, followed by negative binomial models described by the

PROC GENMOD procedure and evaluated by the corrected AIC (Akaike Information

Criterion), the likelihood level, and the Wald test (α=0.05). 30% of the cities notified deaths in

2013. Founded mortality mean rates from oral and oropharyngeal cancer were, respectively,

28.2 (± 43.1) and 14.9 (± 30.9) deaths per 100,000 inhabitants. Mean income ranged, in local

currency, of 453.20 to 2,009.00. HDI-M ranged of 0.65 to 0.89. There was a significant

decrease (p<0.05) in mortality rates for oral and oropharyngeal cancer in old adults with the

increase of the values of mean income and HDI-M of the city. Socioeconomic inequalities in

the cities influence on mortality rates for oral and oropharyngeal cancer in old adults.

Keywords: Elderly. Mortality Rates. Oral Cancer. Socioeconomic Factors.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Variação na taxa de mortalidade por câncer de boca e de

orofaringe, em função do IDH-M e da renda média em idosos

nas cidades do Estado de São Paulo, Brasil, no ano de 2013.

26

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Análise descritiva das variáveis analisadas. Estado de São Paulo,

Brasil, 2013.

25

Tabela 2 - Resultado da análise de regressão binomial negativa em relação ao

IDH-M para a taxa de mortalidade total por câncer de boca e de

orofaringe em idosos no Estado de São Paulo, Brasil, 2013.

26

Tabela 3 - Resultado da análise de regressão binomial negativa em relação à

renda média para a taxa de mortalidade total por câncer de boca e de

orofaringe em idosos no Estado de São Paulo, Brasil, 2013.

27

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AICc - Critério de Informação de Corrigido

CID-10 - Classificação Internacional de Doenças

DRSs - Departamentos Regionais de Saúde

IDH-G - Índice de Desenvolvimento Humano Global

IDH-M - Índice de Desenvolvimento Humano por Município

HPV - Papiloma Vírus Humano

PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

UV - Raios Ultravioleta

UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 14

2 ARTIGO : Influência dos índices socioeconômicos municipais nas taxas de

mortalidade por câncer de boca e de orofaringe em idosos no Estado de São

Paulo, Brasil

20

3 CONCLUSÃO 33

REFERÊNCIAS 34

ANEXOS 38

ANEXO 1: Revista Brasileira de Epidemiologia 38

14

1 INTRODUÇÃO

A cavidade oral é uma região distinta da cabeça e do pescoço, apresentando uma

complexa anatomia funcional que se relaciona com a fala, a deglutição, a mastigação e a

expressão facial. Embora a orofaringe muitas vezes seja confundida como uma extensão

contínua da cavidade oral é necessário separar essas duas áreas anatômicas porque as

etiologias, o gerenciamento e os resultados de lesões de câncer originadas nessas duas regiões

são diferentes (Chinn e Myers, 2015). Anatomicamente, a cavidade oral e a orofaringe são

regiões separadas com limites comuns e que não se sobrepõem. Além dos tecidos duros

representados pelos ossos e dentes, a cavidade oral, em sua porção superior, se estende a partir

da junção da pele com o vermelhão dos lábios até a junção dos palatos duro e mole e, na sua

porção inferior, até a linha das papilas circunvaladas, incluindo as seguintes áreas específicas:

lábio, dois terços anteriores da língua, mucosa vestibular, assoalho da boca, tecido gengival,

trígono retromolar e palato duro.

A orofaringe é localizada entre o palato mole superiormente e o osso hioide

inferiormente, sendo contínua com a cavidade oral anteriormente e se comunica com a

nasofaringe superiormente e com a laringe supraglótica e a hipo-faringe inferiormente. A

orofaringe é dividida nas seguintes áreas: um terço posterior da base da língua, a qual inclui as

dobras faríngeo-epiglótica e glosso-epiglótica; região tonsilar compreendendo a fossa e os

pilares anteriores e posteriores; palato mole; úvula; paredes faringianas posteriores e laterais

(Chi et al., 2015; Huber e Tantiwongkosi, 2015).

O câncer de boca e de orofaringe são neoplasias agressivas. A etiologia dessas

neoplasias é multifatorial e, apesar de todo o avanço tecnológico obtido até o momento, os

agentes etiológicos dessa doença são uma incógnita. Para o carcinoma bucal, são

considerados fatores de risco extrínsecos as substâncias químicas (tabaco, álcool), os agentes

físicos (traumas mecânicos) e biológicos e, os fatores de risco intrínsecos, que correspondem

aos estados sistêmicos do indivíduo (Neville et al., 1995).

A grande maioria dos cânceres de boca é de origem epitelial, contudo, estes

também podem surgir a partir de outros tecidos orais, incluindo as glândulas salivares. Para o

câncer localizado no lábio externo, a exposição excessiva aos raios ultravioleta (UV) é

considerada como o principal fator causal e, para o de orofaringe, a infecção crônica pelo

papiloma vírus humano (HPV) também tem sido implicada, embora este fator de risco

15

também tenha sido relacionado para a cavidade oral (Barnes et al., 2005; Warnakulasuriya,

2010).

Baixo nível de condição socioeconômica tem sido correlacionado como um

importante determinante do câncer de boca e de orofaringe devido a fatores associados, tais

como, o acesso limitado aos cuidados de saúde, o aumento da exposição a carcinógenos

ambientais, a má nutrição e o maior consumo de tabaco e álcool (Johnson et al., 2011).

No Brasil, a prevenção primaria do câncer de boca consiste, fundamentalmente,

em programas e medidas de combate ao consumo de tabaco e álcool. Como prevenção

secundária, o exame visual da boca é uma das estratégias para detecção precoce de lesões.

Com o objetivo de integrar os dois níveis de prevenção, foi implementada, em 2001, no

Estado de São Paulo, uma campanha anual de prevenção (medidas educativas e de orientação)

e diagnóstico precoce (visual) de lesões suspeitas de câncer bucal (Antunes et al., 2007).

A média de idade dos indivíduos diagnosticados com câncer de boca e de

orofaringe é acima dos 60 anos. Grande parte dos idosos apresentam desvantagens

socioeconômicas, sendo que cerca de 15% destes podem ser classificados como próximos ou

na linha de pobreza (renda abaixo de dois dólares/dia) (Johnson et al., 2011; Posorski et al.,

2014).

Os indivíduos desfavorecidos com baixo nível socioeconômico apresentam

dificuldades em obter atendimento regular de saúde e, frequentemente, mostram baixos níveis

de compreensão de seu papel no gerenciamento de sua saúde (Johnson et al., 2011; Posorski

et al., 2014). Os idosos apresentam também os menores níveis de conhecimento sobre o

câncer de boca do que a população em geral. Idosos em estratos socioeconômicos inferiores e

apresentando baixos níveis de educação são motivo de especial preocupação quanto à esta

conscientização (Johnson et al., 2011).

A realização periódica de exames bucais para a prevenção do câncer de boca e de

orofaringe é indicada, de forma prioritária, para pessoas com mais de 60 anos, fumantes e

com perfil de consumo elevado de bebidas alcoólicas (Lavelle e Scully, 2005). Estudos de

base populacional realizados na Índia para avaliar o impacto do exame visual da cavidade

bucal sobre o câncer de boca mostrou que esse tipo de rastreamento permite, de forma efetiva,

reduzir a mortalidade em grupos de alto risco, como os idosos e usuários de tabaco e álcool

(Sankaranarayanan et al., 2005; Subramanian et al., 2009). A melhor relação custo-benefício

desses levantamentos populacionais na prevenção do câncer de boca e de orofaringe resultaria

no rastreamento desses indivíduos de alto risco a partir da média de idade de 52 anos.

(Subramanian et al., 2009).

16

Os dados de vigilância da prevalência do câncer de boca e de orofaringe são

difíceis de serem determinados devido ao frequente relatado dessas lesões de localização

anatômica diferentes de forma conjunta ou agregadas com outras lesões na faringe, cabeça ou

pescoço, que são sub-sítios anatômicos diferentes (Chi et al., 2015).

Globalmente, o câncer de boca é reconhecido como o sexto câncer mais comum.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, o câncer de boca e de orofaringe são considerados

as neoplasias mais frequentes da cabeça e pescoço (Biazevic et al., 2006; World Health

Organization, 2014). O Brasil apresenta a mais alta incidência de câncer de boca e de

orofaringe da América Latina, mas com grandes variações por regiões geográficas do país,

devido às desigualdades sociais entre regiões e grupos da população. Essas desigualdades

dificultam o acesso ao diagnóstico e ao tratamento (Wünsch-Filho, 2002). No país, a cavidade

bucal representa a quinta localização de maior incidência de câncer em homens e a sétima em

mulheres (Brasil, 2014).

A maior vulnerabilidade ao câncer de boca, segundo características relativas ao

indivíduo, são raça branca, gênero masculino, sexta década de vida e baixa escolaridade

(Brasil, 2014).

Em relação ao câncer de orofaringe, os homens apresentam taxas de incidência

semelhantes em países desenvolvidos e em desenvolvimento, atingindo um valor máximo na

faixa etária entre 60 e 64 anos de idade, e depois diminui. Diferenças marcantes são

observadas para as mulheres, como idade-taxas específicas muito mais elevadas nos países

desenvolvidos do que nos países em desenvolvimento. Os valores de incidência atingem um

valor máximo no grupo etário de 65 a 79 anos nos países desenvolvidos e, nos países em

desenvolvimento no grupo etária acima de 70 anos de idade (De Camargo Cancela et al.,

2012). Entre países de rendimento médio superior, as maiores taxas de câncer de orofaringe

foram observadas na Eslováquia e no Brasil. Este padrão é semelhante em países

desenvolvidos, onde apresentam as maiores taxas de câncer de orofaringe também apresentam

altas taxas de câncer de cavidade oral (De Camargo Cancela et al., 2010).

A taxa de sobrevida global para o câncer de boca e de orofaringe aumentaram ao

longo dos últimos vinte anos. Para câncer de orofaringe, cerca de 40 em cada 100 homens

(40%) e mais de quarenta em cada 100 mulheres irá sobreviver por 5 anos ou mais após o

diagnóstico. As taxas de sobrevida por 5 anos ou mais após o diagnóstico para o câncer de

boca é de aproximadamente 50% para todos os sítios anatômicos e fases. Os casos que

apresentam infiltração de linfonodos regionais (estádios III e IV) são relatados para ter uma

sobrevida de cinco anos de 9-41%, contrastando com a de 66-85% de sobrevida associada a

17

casos sem envolvimento linfonodal (fases I e II).

Assim, existe uma clara necessidade de identificar e gerenciar os cânceres de boca

em fases anteriores precocemente. As taxas de sobrevida de acordo com a região incluem: 1)

Câncer de Lábio: cerca de 90 em cada 100 pessoas diagnosticadas (90%) irão sobreviver por 5

anos ou mais após o diagnóstico; 2) Câncer de língua: quase 60 em cada 100 mulheres (60%)

e mais de quarenta em cada 100 homens irão sobreviver por 5 anos ou mais após o

diagnóstico; 3) Cavidade oral: (inclui todos os outros cânceres de boca, não lábios ou língua):

mais de 50 em cada 100 mulheres e quase 50 em cada 100 homens irão sobreviver por 5 anos

ou mais após o diagnóstico (De Camargo Cancela et al., 2010).

Em relação ao câncer bucal, os levantamentos de dados mundiais estimam que

ocorreriam cerca de 300 mil casos novos e 145 mil óbitos, para o ano de 2012 (Brasil, 2011).

A mortalidade por câncer de boca e de orofaringe acomete indistintamente indivíduos de todas

as idades, sexo, raça/cor e países (Fonseca et al., 2014).

No Brasil, os estudos epidemiológicos utilizam dados das estatísticas de

mortalidade como principal fonte de dados, porque somente algumas cidades dispõem de

Registros de Câncer de Base Populacional, que possibilitam a análise de dados de incidência.

Os dados de mortalidade gerados pelo Sistema de Informação sobre Mortalidade, que

apresenta abrangência nacional e periodicidade anual, tendo a declaração de óbito como fonte

alimentadora, podem ser válidos e confiáveis (Leite et al., 2010).

As taxas de mortalidade no país devido ao câncer de boca e de orofaringe variam

por região geográfica, contudo, os estudos mostram uma tendência de estabilidade nas taxas

de mortalidade por câncer de boca (Armênio e Biazevic, 2006; Biazevic et al., 2006; Boing et

al., 2006; Borges et al., 2009; Migowski e Coeli, 2009; Leite et al., 2010; Antunes et al.,

2013; Fonseca et al., 2014) e uma elevação das taxas de mortalidade por câncer de orofaringe

(Biazevic et al., 2006; Leite et al., 2010; Fonseca et al., 2014).

A redução ou estabilidade das taxas de mortalidade devido ao câncer de boca

também são observadas como uma tendência mundial, com variações relacionadas ao gênero

e às desigualdades sociais nos países estudados (McLean et al., 2006; Morse e Kerr, 2006).

No Leste Europeu, em particular na Hungria, foi observada uma elevação nas taxas de

mortalidade com especial destaque entre as mulheres (La Vecchia et al., 2004). Na Espanha,

as taxas encontradas foram de 9% entre mulheres e de 25% entre os homens (Nieto e Ramos,

2002). Na França, apesar da redução da mortalidade registrada, evidenciou-se uma substancial

iniquidade socioeconômica entre homens, que influenciou o padrão de mortalidade por câncer

de boca (Menvielle et al., 2007). No México, essa tendência de desigualdades entre os

18

gêneros mostrou estabilidade nos valores entre as taxas de mortalidade (Annaya-Saavedra et

al., 2008). Na Índia, foi observada uma redução significativa na mortalidade por câncer de

boca em especial entre as mulheres urbanas e os homens rurais, atribuída à redução da

exposição ao tabaco (Ries et al., 2000). No Japão, foi encontrada uma sutil elevação das taxas

de mortalidade entre as mulheres, sendo a morte por câncer de língua causa de óbito mais

comum (Zheng et al., 1999). Na Austrália, o câncer de lábio apresentou maiores taxas de

mortalidade, sendo que, no geral, as taxas de mortalidade apresentaram tendência à redução,

atribuída à diminuição da exposição a carcinógenos ambientais e exames de rastreamento na

população (Sugerman e Savage, 2002). Na Alemanha, a taxa de mortalidade em mulheres

aumentou ligeiramente na última década, enquanto que a mortalidade em homens permaneceu

estável e em um nível elevado. Em relação à idade, nesse país, enquanto um declínio na taxa

foi observado para os grupos de idade mais jovens, um aumento foi visto em idosos

(Hertrampf et al., 2015). Nos demais países da Europa, as taxas de mortalidade por câncer de

boca e de orofaringe apresentaram grande variabilidade entre os países, com os homens

mostrando duas vezes mais alta as taxas de mortalidade do que as das mulheres (Ferlay et al.,

2013).

A relação entre as condições socioeconômicas (estilo de vida) e o câncer de boca

e de orofaringe mostra que grupos socialmente desprivilegiados tendem a apresentar um

contato maior com os fatores de risco associados a estes canceres, sobretudo o uso do tabaco e

do álcool. Essa relação da dependência do álcool e do tabaco em indivíduos de baixa renda

tem sido comprovada, mostrando que diferentes medidas de concentração de renda estão

diretamente relacionadas aos indicadores de saúde. Grupos ou populações de baixa renda

tendem a apresentar precárias condições de saúde bucal, como também carências nutricionais,

que são achados comuns entre os casos de cânceres de boca e de orofaringe (Greenwood et

al., 2003; Borges et al., 2009).

Vários parâmetros podem ser utilizados para a avaliação socioeconômica de uma

população (Menvielle et al., 2007). Em 2012, o Programa das Nações Unidas para o

Desenvolvimento (PNUD), adaptou, ao contexto brasileiro, a metodologia do Índice de

Desenvolvimento Humano Global (IDH-G) para calcular o IDH Municipal (IDH-M) dos

municípios brasileiros. O IDH-M brasileiro considera três dimensões: o IDH-M Longevidade

(vida longa e saudável), o IDH-M Educação (acesso ao conhecimento) e o IDH-M Renda

(padrão de vida), que são mais adequados para avaliar o desenvolvimento dos municípios e

regiões metropolitanas brasileira (World Health Organization, 2012).

19

No Brasil, o Estado de São Paulo apresenta os municípios com os maiores valores

de IDH. As campanhas de prevenção do câncer de boca e de orofaringe no Estado de São

Paulo tiveram início em 2001, envolvendo todos os Departamentos Regionais de Saúde

(DRSs) e municípios (Martins et al., 2012). O estado também apresenta todos os seus

municípios com capacidade de fornecer dados sobre as taxas de mortalidade por câncer de

boca e de orofaringe (Leite et al., 2010).

O aumento da expectativa de vida da população e o consequente incremento do

número de idosos, público-alvo mais prevalente para o câncer de boca e de orofaringe,

associados às condições socioeconômicas dessa faixa da população, podem apresentar

correlações em relação às taxas de mortalidade inerentes a esses tipos de cânceres (Bulgareli

et al., 2013). Assim, o objetivo desse estudo ecológico foi analisar a influência dos índices

socioeconômicos municipais nas taxas de mortalidade por câncer de boca e de orofaringe em

idosos no Estado de São Paulo.

20

2 ARTIGO

O presente estudo foi realizado em formato alternativo conforme informação da

Comissão Central de Pós-Graduação (CCPG), da Universidade Estadual de Campinas –

UNICAMP nº 001/2015, contendo um artigo, submetido para publicação.

Artigo Original:

Influência dos índices socioeconômicos municipais nas taxas de mortalidade por câncer

de boca e de orofaringe em idosos no Estado de São Paulo, Brasil (*)

Influence of municipal socioeconomic indices on mortality rates for oral and oropharyngeal

cancer in older adults in São Paulo State, Brazil

Influencia de índices socioeconómicos municipales en las tasas de mortalidad por cáncer de

la cavidad oral y orofaringe en adultos mayores en el Estado de São Paulo, Brasil

Assahito Joel SAKAMOTO1

Valéria Silva Candido BRIZON1

Jaqueline Vilela BULGARELI1

Glaucia Maria Bovi AMBROSANO1

Eduardo HEBLING1

1. Departamento de Odontologia Social, Faculdade de Odontologia de Piracicaba, Universidade

Estadual de Campinas (UNICAMP), Piracicaba, SP, Brasil.

(*) Artigo submetido para publicação no periódico Cadernos de Saúde Pública (CAPES: B1). O texto e as

referências foram formatados de acordo com as normas dessa revista (ANEXOS 1 e 2).

Título Resumido: Índices socioeconômicos e mortalidade por câncer de boca e orofaringe.

Palavras-chave: Idosos. Mortalidade. Câncer de Boca. Fatores Socioeconômicos.

Autor responsável pela correspondência:

Prof. Dr. Eduardo Hebling

Avenida Limeira, 901 – CEP 13.414-903, Piracicaba, SP.

Telefone: (19) 2106-5209

E-mail: [email protected]

Os autores declararam que a pesquisa não recebeu financiamento para a sua realização.

Os autores não apresentam conflitos de interesse em relação aos dados desse trabalho.

21

Colaboradores

AJ Sakamoto, VSC Brizon e JV Bulgareli participaram da concepção e planejamento, da

coleta, análise e interpretação dos dados, da redação do artigo e da aprovação final da versão a

ser publicada. E. Hebling participou na revisão crítica do conteúdo, da redação do artigo e na

aprovação final da versão a ser publicada. G. M. B. Ambrosano contribuiu para a concepção e

planejamento do estudo, para a revisão crítica do conteúdo e na aprovação final da versão a

ser publicada.

Assahito Joel Sakamoto: [email protected]

Valéria Silva Candido Brizon: [email protected]

Jaqueline Vilela Bulgareli: [email protected]

Glaucia Maria Bovi Ambrosano: [email protected]

Eduardo Hebling: [email protected]

Resumo:

O câncer de boca e de orofaringe são doenças fortemente influenciadas por fatores

socioeconômicos. O risco de desenvolver essas doenças aumenta com a idade e a maioria dos

casos ocorre em idosos, com elevadas taxas de mortalidade. O objetivo desse estudo foi

analisar a influência dos índices socioeconômicos municipais nas taxas de mortalidade por

câncer de boca e de orofaringe em idosos nas 645 cidades do Estado de São Paulo, Brasil.

Dados secundários de óbitos foram obtidos no Sistema de Informações sobre Mortalidade do

Ministério da Saúde. O número de idosos e os valores da renda média per capita e do Índice

de Desenvolvimento Humano por município (IDH-M) foram obtidos de dados

governamentais. A análise descritiva e exploratória dos dados foi realizada, seguida de

modelos binomiais negativos descritos pelo procedimento PROC GENMOD e avaliados pelo

AICc (Critério de Informação de Akaike corrigido), pelo grau de liberdade e pelo teste de

Wald (α=0.05). 30% das cidades notificaram óbitos em 2013. As taxas médias de mortalidade

por câncer de boca e de orofaringe foram, respectivamente, 28,2 (± 43,1) e 14,9 (± 30,9)

mortes por 100.000 habitantes. A renda média variou de R$453,20 a R$2.009,00. O IDH-M

variou de 0,65 a 0,89. Houve um decréscimo significativo (p<0,05) nas taxas de mortalidade

por câncer de boca e de orofaringe em idosos com o aumento dos valores das rendas médias e

do IDH-M da cidade. As desigualdades socioeconômicas das cidades influenciam nas taxas de

mortalidade por câncer de boca e de orofaringe em idosos.

22

Abstract:

Oral and oropharyngeal cancer are diseases strongly influenced by socioeconomic factors.

The risk of developing these diseases increases with age and most cases occur in old adults,

with higher mortality rates. The aim of this study was to analyze the influence of municipal

socioeconomic indices on mortality rates for oral and oropharyngeal cancer in old adults in

645 cities from São Paulo State, Brazil. Secondary data on deaths were obtained in the

Mortality Information System from Brazilian Health Ministry. The number of old adults and

the values of per capita median income and the Human Development Index by municipality

(HDI-M) were obtained from government data. Descriptive and exploratory analysis of data

was performed, followed by negative binomial models described by the PROC GENMOD

procedure and evaluated by the corrected AIC (Akaike Information Criterion), the likelihood

level, and the Wald test (α=0.05). 30% of the cities notified deaths in 2013. Founded

mortality mean rates from oral and oropharyngeal cancer were, respectively, 28.2 (± 43.1) and

14.9 (± 30.9) deaths per 100,000 inhabitants. Mean income ranged, in local currency, of

453.20 to 2,009.00. HDI-M ranged of 0.65 to 0.89. There was a significant decrease (p<0.05)

in mortality rates for oral and oropharyngeal cancer in old adults with the increase of the

values of mean income and HDI-M of the city. Socioeconomic inequalities in the cities

influence on mortality rates for oral and oropharyngeal cancer in old adults.

Keywords: Elderly. Mortality Rates. Oral Cancer. Socioeconomic Factors.

Resumen:

Cáncer oral y orofaríngeo son enfermedades fuertemente influenciada por factores

socioeconómicos. El riesgo de desarrollar estas enfermedades aumenta con la edad y la

mayoría de los casos ocurren en adultos mayores, con tasas de mortalidad más altas. El

objetivo de este estudio fue analizar la influencia de índices socioeconómicos municipales en

las tasas de mortalidad por cáncer oral y orofaríngeo en adultos mayores en 645 ciudades en

el Estado de São Paulo, Brasil. Datos secundarios sobre muertes fueron obtenidos en el

Sistema de Información de Mortalidad (SIM) del Ministerio de Salud. El número de adultos

mayores y los valores de la renta media per cápita y el Índice de Desarrollo Humano por

municipio (IDH-M) fueron obtenidos a partir de datos del gobierno. Análisis descriptiva y

exploratoria de datos se realizó, seguida por modelos binomial negativos descritos por el

23

procedimiento PROC GENMOD corregido y evaluados por el AIC-c (Criterio de Información

de Akaike corregido), la probabilidad de nivel, y lo test de Wald (α=0,05). 30% de las

ciudades notificaron muertes en 2013. Las tasas promedio de mortalidad fundada para cáncer

oral y orofaríngeo fueron, respectivamente, 28,2 (± 43,1) y 14,9 (± 30,9) muertes por 100.000

habitantes. La renta media, en reales, fue de 453.20 a 2,009.00. IDH-M variaron de 0.65 a

0.89. Hubo una disminución significativa (p<0,05) en las tasas de mortalidad por cáncer oral

y orofaríngeo con el aumento de los valores de renta media y el IDH-M de la ciudad. Las

desigualdades socioeconómicas en las ciudades influyen sobre las tasas de mortalidad por

cáncer oral y orofaríngeo en adultos mayores.

Palabras-chaves: Mortalidad. Adultos Mayores. Cáncer de Boca. Factores Socioeconómicos.

Introdução

A cavidade oral é uma região distinta da cabeça e do pescoço, apresentando uma

complexa anatomia funcional que se relaciona com a fala, a deglutição, a mastigação e a

expressão facial. Embora a orofaringe muitas vezes seja confundida como uma extensão

contínua da cavidade oral, é necessário separar essas duas áreas anatômicas porque as

etiologias, o gerenciamento e os resultados de lesões de câncer originadas nessas duas regiões

são diferentes 1. O câncer de boca e de orofaringe são neoplasias agressivas. A etiologia

dessas neoplasias é multifatorial e são considerados como fatores de risco extrínsecos as

substâncias químicas (tabaco, álcool), os agentes físicos (traumas mecânicos) e biológicos e,

como fatores de risco intrínsecos, os estados sistêmicos do indivíduo 2.

Baixo nível de condição socioeconômica tem sido associado como um importante

determinante do câncer de boca e de orofaringe devido a fatores associados, tais como, o

acesso limitado aos cuidados de saúde, o aumento da exposição a carcinógenos ambientais, a

má nutrição e o maior consumo de tabaco e álcool 3. A média de idade dos indivíduos

diagnosticados com câncer de boca e de orofaringe é acima dos 60 anos. Grande parte dos

idosos apresenta desvantagens socioeconômicas, sendo que cerca de 15% destes podem ser

classificados como próximos ou na linha de pobreza (renda abaixo de dois dólares/dia) 4. Os

indivíduos desfavorecidos com baixo nível socioeconômico apresentam dificuldades em obter

atendimento regular de saúde e, frequentemente, mostram baixos níveis de compreensão de

24

seu papel no gerenciamento de sua saúde 3, 4. Os idosos apresentam também os menores níveis

de conscientização sobre o câncer de boca do que a população em geral 3.

Vários parâmetros podem ser utilizados para a avaliação socioeconômica de uma

população 5. Em 2012, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD),

adaptou, ao contexto brasileiro, a metodologia do Índice de Desenvolvimento Humano Global

(IDH-G) para calcular o IDH Municipal (IDH-M) dos municípios brasileiros. O IDH-M

brasileiro considera três dimensões: o IDH-M Longevidade (vida longa e saudável), o IDH-M

Educação (acesso ao conhecimento) e o IDH-M Renda (padrão de vida), que são mais

adequados para avaliar o desenvolvimento dos municípios e regiões metropolitanas do país 6.

O Estado de São Paulo, no Brasil, é o estado que apresenta os municípios com os

maiores valores de IDH. As campanhas de prevenção do câncer de boca e de orofaringe nesse

estado iniciaram em 2001, envolvendo todos os Departamentos Regionais de Saúde (DRSs) e

municípios 7. O Estado também apresenta todos os seus municípios com capacidade de

fornecer dados sobre as taxas de mortalidade por câncer de boca e de orofaringe 8. Assim, o

objetivo desse estudo ecológico foi analisar a influência dos índices socioeconômicos

municipais nas taxas de mortalidade por câncer de boca e de orofaringe em idosos no Estado

de São Paulo.

Métodos

Esse estudo utilizou dados secundários de óbitos decorrentes de câncer de boca e

de orofaringe coletados no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério

da Saúde 9, optando-se pelo acesso ao Tabnet/DataSUS por conter dados atualizados até o ano

de 2013, em idosos (acima de 60 anos) no Estado de São Paulo, Brasil. Os diferentes sítios de

localização anatômica das neoplasias foram identificados pela Classificação Internacional de

Doenças (CID-10) 10, nas categorias C00 = lábio; C01 = língua; C02 = outras partes da boca e

não especificadas da língua; C03 = gengiva; C04 = assoalho da boca; C05 = palato; C06 =

outras partes e não especificadas da boca; e CO10 = orofaringe. Os dados do IDH, da renda

média e da população idosa por município foram obtidos do banco de dados da Fundação

SEADE 11.

O Estado de São Paulo, cuja capital é a cidade de São Paulo, está localizado na

região sudeste do Brasil. É formado por 645 municípios, sendo que desses, 194 (30,0%)

notificaram mortes por câncer de boca e de orofaringe em 2013. As associações das taxas de

25

câncer de boca e de orofaringe foram analisadas nesses municípios com o IDH-M 6 e a renda

média per capita. Os demais municípios não foram considerados na análise para que não

houvesse um confundimento entre os municípios que informaram e os que não tiveram

mortes. Inicialmente, foi feita uma análise descritiva e exploratória dos dados, a fim de se

ajustar o modelo mais adequado para descrever as relações entre as variáveis. A seguir foram

ajustados modelos binomiais negativos pelo procedimento PROC GENMOD do programa

SAS (versão 8.1; SAS Institute, Inc. Cary, NC, EUA). O ajuste do modelo foi avaliado pelo

AICc (Critério de Informação de Akaike corrigido), pelo grau de liberdade e pelo teste de

Wald 12. Foi considerado o nível de significância de 5%. Esse estudo foi aprovado pelo

Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Odontologia de Piracicaba, Universidade

Estadual de Campinas (UNICAMP).

Resultados

As taxas de mortalidade por câncer de boca e de orofaringe em idosos no estado

de São Paulo foram apresentadas na Tabela 1. Nas cidades que notificaram óbitos em 2013, as

taxas de câncer de boca variaram de 2,5 a 239,2 mortes por 100.000 habitantes, com uma taxa

média de 28,2 (± 43,1) mortes. As taxas de mortalidade por câncer de orofaringe variaram de

0,0 a 167,7 mortes por 100.000 habitantes, com uma taxa média de 14,9 (± 30,9) mortes. A

renda média variou de R$ 453,2 a R$ 2.009,00; e, o IDH-M variou de 0,65 a 0,89.

Tabela 1 - Análise descritiva das variáveis analisadas. Estado de São Paulo, Brasil, 2013.

Média DP Mediana Mínimo Máximo

Renda média (reais) 807,3 230,7 772,6 453,2 2009,0

IDH-M 0,74 0,04 0,74 0,65 0,89

Taxa de câncer de boca 28,2 43,1 13,1 2,5 239,2

Taxa de câncer orofaringe 14,9 30,9 2,6 0,0 167,7

Taxa total 43,1 47,6 24,2 2,5 239,2

Nota: DP= Desvio padrão

Fonte: autores.

Os gráficos apresentam a variação na taxa de mortalidade por câncer de boca e de

orofaringe, em função do IDH-M e da renda média em idosos nas cidades do Estado de São

Paulo, Brasil, no ano de 2013.

26

Figura 1 - Variação na taxa de mortalidade por câncer de boca e de orofaringe,

em função do IDH-M e da renda média em idosos nas cidades do

Estado de São Paulo, Brasil, no ano de 2013.

Fonte: autores.

A análise de regressão múltipla dos resultados desse estudo apresentou uma forte

correlação entre as covariáveis renda e o IDH-M (r=0,97; p<0,0001), demonstrando

colinearidade entre estas. As tabelas 2 e 3 apresentam os resultados da análise de regressão

para as taxas de mortalidade por câncer de boca e de orofaringe em idosos, em relação ao

IDH-M e a renda média, respectivamente. Houve um decréscimo significativo (p<0,05) na

taxa de mortalidade por câncer de boca e de orofaringe com o aumento do IDH-M e da renda

média da cidade.

Tabela 2 - Resultado da análise de regressão binomial negativa em relação ao IDH-M para a taxa de mortalidade

total por câncer de boca e de orofaringe em idosos no Estado de São Paulo, Brasil, 2013.

Estimativa Erro padrão Intervalo de 95% de confiança p-valor - Wald

CB CO CB CO CB CO CB CO

Intercepto 12,832 12,263 1,116 3,189 10,645 a 15,020 6,013 a 18,513 <0,0001 0,0001

IDH-M -12,459 -13,091 1,580 4,504 -15,555a -9,363 -21,919 a -4,263 <0,0001 0,0037

IDH-M: Índice de Desenvolvimento Humano do Município

CB: Câncer de boca; CO: Câncer de orofaringe

Fonte: autores.

27

Tabela 3 - Resultado da análise de regressão binomial negativa em relação a renda média para a taxa de

mortalidade total por câncer de boca e de orofaringe em idosos no Estado de São Paulo, Brasil,

2013.

Estimativa Erro padrão Intervalo de 95% de confiança p-valor - Wald

CB CO CB CO CB CO CB CO

Intercepto 5,130 4,173 0,186 0,517 4,765 a 5,4951 3,160 a 5,185 <0,0001 <0,0001

Renda média -0,002 -0,002 0,001 0,001 -0,002 a -0,001 -0,003 a -0,001 <0,0001 0,0122

CB: Câncer de boca; CO: Câncer de orofaringe

Fonte: autores.

Discussão

O câncer de boca e de orofaringe são doenças fortemente influenciadas por fatores

socioeconômicos, com alta prevalência em idosos 13, sendo responsáveis por elevadas taxas

de mortalidade nessa população no Brasil 14. O presente estudo avaliou as taxas de

mortalidade por câncer de boca e de orofaringe em idosos nos municípios do Estado de São

Paulo em relação à renda média per capita e ao IDH-M (variáveis socioeconômicas). Houve

uma relação direta inversa significante entre a condição socioeconômica do município e as

taxas de mortalidade. Os municípios com maiores valores de rendas médias per capita e de

IDH-M apresentaram menores taxas de mortalidade por câncer de boca e de orofaringe em

idosos. Esses resultados divergem de outros estudos nacionais realizados nos anos de 1980,

1991 14 e 1998 a 2002 15, utilizando dados abrangendo todas as faixas etárias, que

demonstraram, nas capitais dos estados brasileiros, que as cidades com alto IDH-M (> 0,80)

apresentaram maiores taxas de mortalidade por câncer de boca e de orofaringe. A justificativa

para esse achado, segundo esses estudos, pode se dever ao fato de que, nas capitais com

elevado IDH-M, a população apresenta maior susceptibilidade aos fatores de risco para o

câncer, maior expectativa de vida e um melhor sistema de notificação dos registros de morte

14, 15. Comparado a esses dados, os resultados do presente estudo podem ser explicados,

primeiramente, pelo uso de uma amostra específica de idosos, cuja população é mais

vulnerável à incidência de câncer de boca e de orofaringe 1-5, 7, 8, excluindo as demais faixas

etárias da população, que poderiam influenciar nos resultados. A escolha específica de grupos

mais vulneráveis em levantamentos epidemiológicos pode permitir o desenvolvimento de

ações e políticas direcionadas, que, no decorrer do tempo, podem reduzir a prevalência de

doenças com risco de morte, diminuindo, por conseguinte, as suas taxas de mortalidade 16. A

implantação dessas ações específicas pode ser a segunda e principal explicação desses

resultados. O Estado de São Paulo, desde 2001, desenvolve campanhas de prevenção do

câncer de boca e de orofaringe em todos os seus 645 municípios 7. O maior acesso a essas

28

campanhas e a atuação precoce e preventiva podem levar a uma maior conscientização para

busca de tratamentos por parte da população idosa, mais vulnerável, podendo levar à redução

das taxas de mortalidade por esses tipos de cânceres 3, 7. A terceira explicação pode ser o fato

de que o Estado de São Paulo é o segundo estado do país com maior número de municípios e

com os maiores valores de IDH-M 6, 11. Os resultados desse presente estudo mostraram uma

média de IDH-M de 0,74 (± 0,04), classificada como alta (0,70-0,79) 11, com variações de

0,65, média (0,60-0,69) 11, a 0,89, muito alta (0,80-1,0)11 (Tabela 1). Quanto maior o valor do

IDH-M, maior será o nível socioeconômico da população e, também, maiores serão os

componentes desse índice, ou seja, a renda, a longevidade e a educação da população do

município 13. Quanto maior o nível socioeconômico do idoso, menor será a sua dificuldade de

compreender o seu papel no gerenciamento de sua saúde e em obter atendimento regular de

saúde, prevenindo a ocorrência de doenças com risco de morte 3, 4. A quarta explicação é o

fato de que o Estado de São Paulo apresenta todos os seus municípios com capacidade de

fornecer dados sobre as taxas de mortalidade por câncer de boca e de orofaringe por meio do

SIM 11, 17. Nos últimos anos, houve um grande avanço nesse sistema. Os dados brasileiros de

mortalidade, do ponto de vista qualitativo, apresentam exatidão e fidedignidade semelhantes

aos de qualquer outro país de longa tradição na elaboração dessas estatísticas 17. Contudo, no

passado, ainda poderiam ser observados sub-registros e subnotificações nas regiões mais

afastadas do país. De uma maneira geral, a confiabilidade da notificação dos registros em

regiões desprivilegiadas é provavelmente duvidosa, devido a maior dificuldade de acesso a

serviços de saúde e a necessidade de pagamento de taxas para o registro de óbitos 17.

No presente estudo, 194 municípios do Estado (30,0%) notificaram mortes, em

idosos, por câncer de boca e de orofaringe em 2013. Esse fato pode ser explicado pela

possível não ocorrência de mortes por esses tipos de câncer em idosos nesse ano estudado,

pela possível subnotificação de óbitos, atrasos na coleta e processamento de dados, por parte

dos municípios e, pela dificuldade ou erros na codificação da causa de morte. Limitações no

processamento de dados podem ocorrer, possivelmente, por dificuldades na transferência de

dados do município para o Estado ou por sobrecarga de trabalho, em que o processamento dos

óbitos passa a um segundo plano, conforme já foi observado por outro estudo 18,

caracterizando uma possível falha nesse sistema de notificação. O uso de dados secundários

pode ser considerado também como uma limitação do presente estudo. Embora com críticas,

desde seu início, as estatísticas de mortalidade sempre foram e, continuam sendo, a principal

fonte de dados para conhecer o perfil epidemiológico de um tipo de doença, de uma área, de

um grupo populacional, para analisar tendências, indicar prioridades, avaliar programas, entre

29

outras finalidades 17. O SIM implantado no Estado de São Paulo tem sido avaliado como de

boa qualidade e confiabilidade 19, minimizando os viesses dos dados apresentados.

A taxa média de mortalidade por câncer de boca em idosos no Estado de São

Paulo observada no presente estudo foi de 28,2 (± 43,1) mortes para cada 100.000 habitantes

por município, variando de 2,5 a 239,2; para o câncer de orofaringe, a taxa média de

mortalidade foi de 14,9 (± 30,9) mortes para cada 100.000 habitantes por município, variando

de 0,0 a 167,7. A taxa de mortalidade total desses dois tipos de câncer foi 14,9 (±30,9) (Tabela

1). Esse último dado está próximo do observado em idosos em estudo com dados das capitais

dos Estados do Brasil, em 2009, que foi de 14,11 20. A comparação desses dados com o de

outros estudos é difícil pela falta de uma padronização metodológica. Contudo, no Estado de

Minas Gerais, estudo avaliando a tendência das taxas de mortalidade por câncer de boca, de

2009 a 2013, mostrou uma predominância de valores maiores em idosos e uma tendência de

estabilidade dessas taxas em valores altos, devido ao processo de envelhecimento da

população 21. Quando essa tendência é avaliada em relação ao sexo e a raça, estudo realizado

na cidade de São Paulo, a maior da América do Sul, de 2003 a 2009, mostrou que a

mortalidade por câncer de boca entre as mulheres aumentou mais do que entre homens e

duplicou entre negros. A justificativa, segundo o estudo, é devido ao aumento da exposição

aos fatores de risco para o câncer de boca pelas mulheres, sobretudo o uso do tabaco, e às

desigualdades sociais que estimulam o consumo de álcool e tabaco e dificultam o acesso aos

serviços de saúde para os da raça negra 22.

Comparado aos dados de outros países, a taxa de mortalidade por esses tipos de

câncer em idosos do estado de São Paulo não diferem tanto. Nos 40 países da Europa, em

2012, a taxa média de mortalidade por câncer de boca e de orofaringe ajustada pela idade foi

de 10,0 mortes para cada 100.000 habitantes, variando de 3,4 a 26,8 23.

A forte relação dos fatores socioeconômicos na taxa de mortalidade por câncer de

boca e de orofaringe em idosos também pode ser observada em outros países. No Japão, a

taxa de mortalidade ajustada por idade teve uma forte correlação com as variáveis

socioeconômicas do município 24. Na França, foi observado que a iniquidade socioeconômica

no sexo masculino influenciou o padrão de mortalidade por câncer de boca 25. Estudo de

revisão em 164 países encontrou maiores taxas de mortalidade por câncer de boca entre os

homens nos países com menor IDH 26. Uma limitação desses estudos, bem como do presente

estudo, foi o uso de dados socioeconômicos do município ao invés de dados das

características individuais de cada idoso. Para eliminar essa limitação, estudos futuros com

30

uso de análise multinível avaliando simultaneamente as características socioeconômicas

individuais e contextuais serão necessários.

Conclusões

As taxas médias de mortalidade por câncer de boca em idosos no estado de São

Paulo, em 2013, foi de 28,2 mortes e, por câncer de orofaringe, foi de 14,9 mortes, para cada

100.000 habitantes por município. Houve um decréscimo nas taxas de mortalidade por câncer

de boca e de orofaringe em idosos com o aumento dos valores das rendas médias per capita e

do IDH-M do município. As desigualdades socioeconômicas das cidades influenciam nas

taxas de mortalidade por câncer de boca e de orofaringe em idosos.

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33

3 CONCLUSÃO

1. As taxas de mortalidade por câncer de boca em idosos no Estado de São Paulo nas

cidades que notificaram, em 2013, variaram de 2,5 a 239,2 mortes, com uma taxa

média de 28,2 mortes por 100.000 habitantes;

2. As taxas de mortalidade por câncer de orofaringe em idosos no Estado de São

Paulo nas cidades que notificaram, em 2013, variaram de 0,0 a 167,7 mortes, com

uma taxa média de 14,9 mortes por 100.000 habitantes;

3. Houve um decréscimo nas taxas de mortalidade por câncer de boca e de

orofaringe com o aumento da renda média per capita e o IDH da cidade.

4. As desigualdades socioeconômicas das cidades influenciam nas taxas de

mortalidade por câncer de boca e de orofaringe em idosos.

5. Estudos futuros com uso de análise multinível avaliando simultaneamente a

correlação das características socioeconômicas individuais e contextuais nas taxas

de mortalidade por câncer de boca e de orofaringe serão necessários.

34

Referências1

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ANEXO 1: Revista Brasileira de Epidemiologia

22-Feb-2017

Caro Dr. Sakamoto, Dr. Hebling:

O seu manuscrito intitulado "Influência dos índices Socioeconômicos Municipais NAS taxas

de Mortalidade POR Câncer de boca e orofaringe em Idosos nenhum Estado de São Paulo"

foi enviada com sucesso on-line e está actualmente a ser tidas em plena consideração para

publicação na Revista Brasileira de Epidemiologia.

O seu ID manuscrito é RBEPID-2017-0076.

Por favor, mencione a ID manuscrito acima em toda a correspondência futura ou ao chamar o

escritório para perguntas. Se houver qualquer alteração em seu endereço ou e-mail, por favor,

faça o login para ScholarOne Manuscritos em https://mc04.manuscriptcentral.com/rbepid-

scielo e editar suas informações de usuário, conforme apropriado.

Você também pode visualizar o status de seu manuscrito, a qualquer momento, marcando o

seu Centro de Autor após efetuar login em https://mc04.manuscriptcentral.com/rbepid-scielo .

Obrigado por enviar o seu manuscrito à Revista Brasileira de Epidemiologia.

Atenciosamente,

Revista Brasileira de Epidemiologia Redação