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M. A. - E. P E Instituto óe PesQuisas e fxperimentacão Agropecuárias 00 Norte CIPEAN) SÉRIE: FITOTECNIA Infere" . C/ll7bio ANDIOCA Milton de Albuquerque do Setor de Fitotecnia do IPEAN VOLUME 1 ÚMERO 2 ANO 1970 BELÊM - PARÁ - BRASIL

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M. A. - E. P E

Instituto óe PesQuisas e fxperimentacão Agropecuárias 00 NorteCIPEAN)

SÉRIE: FITOTECNIA

Infere" .C/ll7bio

ANDIOCA

Milton de Albuquerquedo Setor de Fitotecnia do IPEAN

VOLUME 1 ÚMERO 2 ANO 1970

BELÊM - PARÁ - BRASIL

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M. A. - E. P. E

Instituto ~e PesQuisas e hperimentacão 4gropecuárias 00 Norte(IPEAN)

·SÉRIE: FITOTECNIA

MANDIOCA

Milton de Albuquerque (*)

( * ) - Engenheiro-Agrônomo do Setor de Fitotecnia do IPEAN.

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l-PESQUISAS DO IPEAN

1. Resultados Obtidos

INTRODUÇÃO

1.1. Processos Culturais1.2. Atividades Genéticas1.3. Atividades Tecnológícas1.4. Outras atividades

1.4.1. - Pesquisas de Caráter Botânico1.4.2. - Pesquisas sôbre Inimigos Naturais1.4.3. - Pesquisas sôbre Valor Nutritivo e

Toxidez1.4 .4. - Pesquisas de Alcance Econômico

li - A CULTURA EM GRANDES ZONAS AGRíCOLASDO ESTUARIO AMAZONICO

1. Processo de Cultivo Utilizado2. Formas de Aproveitamento3. Expressão Sócio-econômica

lil - CONSIDERAÇõES

CONCLUSÃO

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INTRODUÇAO

A Mandioca continua ocupando o lugar principal dentreas culturas do Estuário Amazônico, sendo sua produção e ren-dimento econômico marcantemente superiores aos das de-mais, mesmo fora do grupo de plantas alimentícias. Persisteassim, guardando as devidas proporções, o mesmo quadro con-templado por Castelo Branco. Pedro Teixeira e outros pionei-ros da colonização da Amazônia.

Embora se acentue de ano para ano, na Região, o esfôr-ço no sentido da diversificação, a posição da cultura poucotem sido alterada, presumindo-se ser longo o caminho a per-correr para que o panorama agrícola venha a apresentar umequilíbrio de culturas em exploração. A hegemonia daMandioca é bastante acentuada, mesmo nos centros de maioraglomeração humana, onde o consumo de outros produtosassume grandes proporções.

No presente trabalho. além da exposição sucinta dos re-sultados obtidos das pesquisas com ela já realizados noIPEAN, vamos estudar em traços breves e superficiais, asduas zonas agrícolas que mais expressamente a exploram naAmazônia: Zona Bragantina e Zona Guajar.ina, implanta-das na grande Zona Ecológica do Estuário.

Tais zonas, notadamente a Bragantina, de maior extensão e população, já têm sido bastante estudadas em todos osseus aspectos. sendo poucos os que desconhecem as suas ca-racterísticas gerais.

Em quase tôda extensão destas zonas, que ocupam umaapreciável faixa de terreno, podemos observar a velha lutaentre a densidade demográfica e a florestal em que esta últi-ma, levando sempre desvantagem, acarreta o agravamentodas condições do solo, que deixa de ter a sua proteção.Acontece que além de se ressentir o solo com a retirada de

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se .eto é a floresta substituída por culturas de acentuadacapacidade esgotadora, sobressaindo-se entre elas. a Mandio-ca. Pràticamente, há a substituição da floresta pelos man-diocais. As atividades colonizadoras na zona começam sem-pre assim, trocando essências florestais por roçados de Man-dioca, Milho e Arroz. É feita a derrubada da mata e plan-tadas as culturas durante 2 anos consecutivos, no mesmo ter-reno que em seguida é abandonado, face ao completo depau-peramento do solo cuja produção nessa altura seria inferiora ~ da obtida no ano inicial.

Dêsse modo. desprotegido do revestimento protetor dasmatas, sugado por culturas sucessivas da Mandioca, príncípalmente, e não recebendo qualquer compensação pelo sa-que violento às suas reservas, a pêrda quase completa de fer-tilidade do solo nada mais é que uma consequêncía lógica.

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PRIMEIRA PARTE

I - PESQUISAS DO IPEAN

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Os estudos com Mandioca no IIPEAN foram iniciadosem 1946, com a introdução de algumas cultivares e instala-ção de experimentos culturais. Em 1947 deu-se início à for-mação da coleção de cultivares, tendo sido introduzido mate-rial de várias procedências, tais como: Pernambuco. S.Paulo, Zona Tocantina, Alto Rio Negro, Zona das Ilhas, etc.Nêsse mesmo ano foi organizado o plano de pesquisas cujaobservância se processa até o momento presente.

Êsse plano, que no decorrer do tempo poucas alterações eacréscimos registrou, pode ser assim expresso em suas linhasgerais :

Finalidade

a) Determinar as melhores cultivares para as diversaszonas da região e para as diversas formas de apro-veitamento;

b) Estabelecer os melhores processos de cultivo e bene-ficiamento;

c) Obtenção do clone ideal.

A linha de investigação obedece a :I - Estudos no Campo

TI - Es udos 'I'ecnológicosIII - Es udos Diversos

A execução compreende:1 - Pesquisas referentes ao aumento da produção bru-

ta e por área, através de processos culturais maisconvenientes (estabelecidos por experimentos es-tatístícos) e de trabalhos de cunho genético;

2 - Pesquisas, sob vários angulos, das conexões:a) Planta-terreno atentando para o aspecto

precocidade ao qual está muitas vezes condi-cionado o plantio (Várzea e Terra Firme);

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Planta-zona, procurando determinar as cul-tivares mais adequadas para diferentes zonasda região.

3 - Pesquisas de caráter tecnológico ligadas às ter-mas de aproveitamento, às técnicas de beneficia-mento e industrialização,' ao teor em substânciasnutritivas. à toxidez, etc.

4 - Pesquisas relativas à classificação.5 - Pesquisas relativas à formação e exploração de

Mandiocais sob moldes racionais e econômicos.6 - Pesquisas sôbre processos de eficiência na execu-

ção de operações.

RESULTADOS OBTIDOS

Durante todo o período decorrido, até o presente mo-mento, a observância do plano não sofreu solução de con-tinuidade, tendo já sido investigados todos os seus ítens, va-riando naturalmente de um para o outro, por força das cir-cunstâncias. o volume do trabalho desenvolvido.

O que será apresentado a seguir é um resumo do quejá foi conseguido como resultado positivo nos diversos seto-res pesquisados.

1.1. PROCESSOS CULTURAIS

Nessa parte de melhoramento cultural a série de experlmentos efetuados propiciou as seguintes conclusões:

1. Tipo de espaçamento - O compasso de 1m x 1m utili-zado nas zonas agrícolas é ütotêenicamente bom, prin-cipalmente em terrenos de pouca fertilidade; nos terre-nos de boa fertilidade, compassos maiores, indo até1,50m x 1,50m, são os mais indicados, mórmente em setratando de plantações industriais, nas quais o menornúmero e maior tamanho das túberas tem alcance eco-nômico.

2. ÉpOcade plantio - Pode o plantio ser efetuado em qual-quer mês do ano. salvo no caso de se tornar necessária

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a adubação, quando. então, deverão ser evitados os me-ses do período muito chuvoso (dezembro a maio). Oplantio nos mêses muito sêcos (Outubro e novembro) de-termina uma diminuição da produção. não sendo em con-sequência período recomendável para a operação.

3 . Adubação - APenas se recomenda quando há necessi-dade de utilizar áreas esgotadas, podendo ser obtida pro-dução econômica (acima de 15tjha) mediante, princi-palmente, a aplicação de fertilizantes orgânicos (estêrcode curral em primeiro plano). A cultura beneficia-sebastante com o efeito residual da adubação de outras cul-turas que a antecederam no terreno.

4. Método de Plantio - O processo geralmente usado emtôda a Região - estacas dispostas horizontalmente emsulcos ou covas é o mais recomendado, devendo ser com-plement.ado por outras práticas, quais sejam, estacas re-tiradas dos terços médios e inferior das hastes de plantassadias e iovens, medindo entre 0,20 m e 0,35 m de com-prímento; erreno terraplenado (plantio no raso) .

5. Consociação e Rotação - O consócio da Mandioca ouMacaxeira com Arroz, Milho e Feijão, executado Peloagricultor em quase tôda parte, se constitui prática co-mum, po quanto consulta às conveniências particularesde consumo. Em Cocais, Dendezais, e outras culturasPerenes quando jovens, a consociação com Mandiocatambém é pra icada. A rotação pode .aínda ser feitacom diversas leguminosas, embora algumas influam de-preciativamen e sôbre as túberas, alterando o sabor econsistência da massa, a qual muitas vezes se torna acre,amargosa e empedrada ou encruada. No caso particu-lar das macaxeiras, tornam-se ímprestáveís para o con-sumo de mesa. As Mucunas e os feijões são boas plantas para a rotação.

6. Tratos culturais - As capinas, aíóra a inícial, devem serfeitas sem o emprêgo de máquinas, tendo em vista a su-perficialidade das túberas no terreno e a necessidade deevitar-lhes lesões. O efeito do emprêgo de herbicidas

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nas condições gerais das zonas de cultivo do EstuárioAmazônico ainda não é bem conhecido, necessitando demaiores estudos. A pesquisa se encontra em plenocurso.O combate a pragas e doenças é de importância poucoexpressiva desde que as Brocas e o Mandarová só esporà-dicamente aparecem, tanto assim que nos últimos 20anos apenas um ataque de alguma gravidade dessa últi-ma foi registrado nas zonas, em mandiocais do Municí-pio de Igarapé-Açu. A única praga sempre constantee que deve ser combatida com energia é a Sauva. Sãomuitos os produtos químicos encontrados no mercado quedão bom resultado em seu combate.Quanto a doenças, também nenhuma ocorre com a gra-vídade que apresentam em outros centros de cultivo, bastando conferir vigor às plantas para que seja garantidaa sua sanidade.

7. Colheita - É operação que está condicionada à conve-niência do plantador, podendo ser feita desde os 3 me-ses (fôlhas) até os 24 meses. Apenas nas plantaçõesem camalhões devem ser utilizados processos mecânicosde arrancamento, porquanto nos plantios rasos o emprê-go de máquinas depreda bastante as raizes, provocandodepreciação de interêsse econômico.De um modo geral, a colheita pode ser efetuada obede-cendo a:

Macaxeira - entre os 8 e 12 meses (Terra Firme)" " 6 7 " (Várzea)

Mandioca - " " 12 18 " (Terra Firme)" " 6 7 " (Várzea)

1 . 2 . Atividades Genéticas

As pesquisas de cunho genético desenvolvidas no IPEAN,já acusam um bom volume de trabalho e alguns resultadospositivos.

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As atividades desenvolvidas podem ser divididas em 4grupos:

a) Competição de cultivares e clonesb) Polinização controladac) Seleçãod) Jardim de multiplicação

Através da competição foram eleitas diversas cultivaresde melhor produção no campo, assim como as de melhor ren-dimento em produtos para o consumo (fécula- farinha dernêsa, tucupi, etc .) .

Pela polínízação controlada foram obtidas algumas for-mas novas que por certas características desejáveis, passarama fazer parte da coleção de cultivares do ãnstituto.

A Seleção tem sido feita, como é de praxe, em outras cul-turas, no sentido da produção bruta, rendimento industrial,resistência a moléstias e precocidade, já havendo um bomnúmero de cultivares selecionadas de conformidade com taiscaracterísticas .

O Jardim de multiplicação destina.se não somente à pro-pagação de material especializado, como ainda à execução detestes diversos e observações sôbre comportamento em geral.

Eis uma relação das principais cultivares selecionadas se-gundo a forma de aproveitamento :

1. Para mesa (macaxeira)CaririAmazonasMulatinha

2 . Para produção de farinha e fécula :MamelucaJuraráBubãoItaubaPecuiHamburguesaTataruaiaPretinha

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3 . Para TucupíCachimboV-83 (IAN-S-12)TapaionaNíplê

4. Para forragemIAN-M-lBoinhaIAN3IAN-4

Em terreno de capoeira (latosolo amarelo) e em condi-ções normais, tôdas essas cultivares apresentam no primeirocultivo uma produção de raízes não inferior a 20 t/ha, desta-cando-se Jurará, Bubão, IAN-12-S e Pretinha como as maisprodutivas.

1.3 . Atividades Tecnológicas

Sob a epígrafe acima englobamos todos os trabalhos refe-rentes a pesquisas em laboratório e beneficiamento do mate-rial com vistas à industrialização. Quase todos. os aspectosque a Mandioca apresenta neste setor foram estudados, al-guns em profundidade, outros de modo mais s.uperficial.

Centenas de análises de laboratório, referentes à riquezaem fécula, proteína e ácido cianídrico, propiciaram informesde grande utilidade quanto à norma a seguir em determina-das circunstâncias, tendo em vista a industrialização da cul-tura sob variadas formas.

Além do estudo da obtenção de um grande número deprodutos, nas condições em que se processa nas zonas agrí-colas, e das possibilidades de se aperfeiçoar os métodos numsentido econômico, pesquisou-se também outros aspectos cor-relatos, tais como fermentação, aditivos nutritivos, aflatoxi-na, etc.

Hoje, dispõe o IPEAN de quadros referentes ao teor defécula, proteína e ácido cianídríco de pràticamente tôdas as

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cultivares da Coleção, bem como de quadros de rendimentodelas em diversas farinhas, podendo fornecer ao meio agrícolainteressado, uma orientação segura quanto ao material maisindicado para a exploração sob diversas modalidades.

Nos últimos testes efetuados. foram selecíonadas diversascultivares com produção de farinha sêca de mêsa superior a257c. O quadro 1 ilustra os resultados verificados.

Os estudos referentes a farinhas de mêsa obedeceram aoseguinte plano simples:

I - Estudo individual e comparativo dos 2 tipos de ra-rinha usados na região, sêca e dágua, tomando osseguintes caminhos:

lQ - Influência da idade, cultivar, preparo e tiposôbre:

rendimentoqualidadesub-produtos.

2Q - Preferência.

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Quadro nQ 1 - Rendimento em Farinha sêca

CULTIVAR Farinha (%)

Itauba 35Mameluca 34Jurará 34Boinha 33Galheira 33Pacajá 33Hamburguesa 31Simeão 31Tataruaia 30Bacurí 30Jararaca 30Branca 30Acará 30Mandice 30Pindaia 30Pretinha 29Dona Tomásia 29Piraíba __ ~ _ I 28_

~~ ~_~-",-",,- ,.~ª,ç~-.-----=~ --=--__._ __o j~--~-__-__-28-..----7~ Cachimbo 27

Galibi i 27Vira Barco 27Manuel Graveto 26Pixiuna 26Costureira 26Soí Branca 26Tapaiona 26Bubão 25Jurutí 25Flexa 25Javarité 25Pecuí 25Helena 25Paroara 25

FONTE: - IPEAN (Circular n? 6)

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Estudo comparativo geral das farinhas Amarela,Clara e Creme ou Amarelada com vistas ao valornutritivo.

De um modo geral, chegou-se às seguintes conclusões.a pós os repetidos testes efetuados :

a) A Farinha sêca (ralada) acusa rendimento um poucomaior que o da farinha dágua Ifermentada), sendo,no entanto, inferior a esta quanto ao sabor;

b) A idade, a cultivar· a forma de preparo, e o tipo exer-cem influência sôbre o rendimento, qualidade do pro-duto e suo-produtos, porquanto:1. A farinha sêca, além de render mais, é :3 única a

produzir 'tucupí aproveitável na alimentação;2. Somente tem valor o tucupí obtido de cultivares

com raízes amarelas;3. Da forma de preparo decorre, obviamente, a boa

qualidade do produto, a qual é medida peloaspecto e sabor;

4. A idade influi sôbre a qualidade e rendimento,tanto assim que mandiocais com mais de 24 me-ses, fornecem raizes mais fibrosas e de fermen-tação mais demorada, a qual geralmente produzalterações de coloração e acidez do produto;

c) A farinha amarela tem maior importância nutritivaque a branca, face à sua maior riqueza em lipídios epresença de provitaminas A e D.

d) A chamada Farinha do Pará é, sem dúvida, uma for-ma inteligente de reunir o melhor sabor ao maiorrendimento, desde que resulta da mistura de massafermentada e ralada em proporção variando entre:

massa fermentada 65 a 80?,emassa ralada 20 a 35%

II

Há equivalência entre o bom rendimento em farinha demêsa e o de fécula, podendo-se admitir com segurança comoboa para a produção de farinha tôda cultivar rica em féculae více-versa ,

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o quadro 2 mostra o teor em fécula de algumas cultiva-res com 18 meses, procedentes quase tôdas das zonas agríco-las do Tocantins e Ilhas.

Quadro nQ 2 - Riqueza em Fécula

FéculaAMOSTRA Agua %

IAmostra Amostrasêca in natura

Jabotí 57.72 75.8 32.04Veado Manso 57.33 62.07 26.48Pará 64.12 68.47 24.56Mata Negro 70.32 71.15 21.12Pipoca 64.24 61.88 22.12Vira Barco 66.49 77 .31 25.90Torrão 59.37 65.82 26.74Mandiocaba Branca 92.14 35.93 2.82Mandiá 64.32 60.52 21.59Bubão 65.80 73.74 25.22Guamanara 64.57 69.14 24.30Bahia Preta 59.07 68.60 28.29Muxuanga 65.21 74.72 26.0Olho Rôxo 60.47 64.77 30.37Hamburguesa Branca 61.6 68.11 26.15Soí Branca 57.96 78.13 32.84Mameluca 53.38 72.13 33.62Vermelhinha 55.88 76.46 33.73Pescada 77.93 72.04 15.89Seis meses 70.12 61.27 18.30Píxuna 67.63 66.83 21.63Imitação 57.24 65.03 27.80Vermelhão 58.77 63.26 26.08Maranhão 67.80 75.42 23.28Paraíba 84.30 73.84 11.59Pacajá 74.11 66.57 17.23

FONTE: - Boletim Técnico n? 41 - IPEAN

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Como pode ser visto no quadro, há uma grande varia-~ão quanto à riqueza em fécula. indo de 2?c até quase 34%.

Sabe-se que, a exemplo do que acontece com a Farinha,não só a linhagem, mas ainda a idade, o solo e outros fatores,exercem influência sôbre o teor em fécula. A idade influiprincipalmente através do aumento em número e espessuradas fibras.

1.4. Outras Atividades

Neste capítulo serão abordadas diversas pesquisas quenão são propriamente de caráter genético ou tecnológico, po-dendo ser assim agrupadas :

a) Pesquisas de caráter botânico

b) Pesquisas sôbre inimigos biológicos

c) Pesquisas sôbre o valor nutritivo e toxidez

d) Pesquisas de alcance econômico.

1.4 .1. Pesquisas de Caráter Botânico

Todo o material de Mandioca de que dispõe o IPEANestá reunido numa coleção que conta com cêrca de 120 culti-vares, não sendo possível precisar o número exato face àsdificuldades que apresenta o estudo distintivo" tanto assimque nas revisões periódicas sempre são feitas eliminações eacréscimos.

Existem 2 grupos bem distintos de cultivares, as de esga-Ihamento baixo (esgalhadas) e os de esgalhamento alto (ere_tas). No entanto o material da Coleção está dividido em 3grandes grupos :

1. Cultivares de raiz com massa amarela

2. Cultivares de raiz com massa branca

3. Cultivares de raiz com massa intermediária(creme)

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A subdivisão é feita em Cultivares M~ e Cultivaresbravas - Esquematizando, temos :

mandioca mandioca brava esgalhadasde mandioca mansa e

raiz amarela mandiocaba eretas

mandioca mandioca brava esgalhadasMANDIOCA < de mandioca mansa e

Iraiz creme mandiocaba eretas

Imandioca mandioca brav a esgalhadas

de mandioca mansa eraiz branca mandiocaba eretas

A distribuição das cultivares em tais grupos tem. semdúvida, um alcance prático que certas classificações científi-cas não oferecem_

Uma classificação, mais de interêsse botânico, foi tenta-da através de MURÇA PIRES, chefe da Seção de Botânica doInstituto de Pesquisas e Experimentação Agropecuárias doNorte. com a colaboração do autor dêste trabalho

Dos estudos preliminares realizados, chegou PIRES àconclusão de que ás cultivares de Mandioca podem ser divi-didas em 2 grandes grupos, tomando por base um caráter queparece bem regular: a ror dos estigmas.

As pesquisas realizadas em mais de 100 cultivares da co-leção mostraram apenas 2 tipos de estigmas: branco e colo-rido; 3 tipos de discos, amarelo, víoláeeo e côr indefinidaovários verdes, com frizos víoláeeos e coloridos.

Esquematizando temos:

Cultivaresde

Estigmas brancos

Discos violáceosDiscos amarelosDiscos de côr vaga

MANDIOCAII

<II

Cultivaresde

Estigmas coloridos

Discos violáceosDiscos amarelosDiscos de côr vaga

o têrrno indefinida refere-se à côr de difícil definícão .

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Cumpre observar que COURS. em Madagascar. possivel-mente antes das pesquisas do IPEAN, já realizava investiga-ções numa linha de raciocínio idêntica. chegando a encon rarcaracteres distintos nas flôres, frutos. sementes. e c .. que seinterrelacionam. Desconhecemos até onde chegou em suaspesquisas com o assunto.

Nos repetidos estudos feitos no vasto e variado materialda coleção de Cultivares, ainda não foi possível estabelecerqualquer correlação entre determinadas características mor-fológicas. Plantas de tôlhas com lobos estreitos, oblongo-espatulados ou semí-elítícas podem apresentar pecíolos lon-gos, curtos ou médios; flôres grandes e pequenas e, ainda, raí-zes pendunculadas, semí-cílíndricas, globosas, etc. Podemtambém ser erectas e esgalhadas e apresentarem diversas co-lorações nos diferentes órgãos.

Essa falta de correlação estende-se também à parte fisio-lógica, quer se trate de teor em fécula, em glicosídeo ou emproteína.

Do ponto de vista fitotécnico, as cultivares da Coleçãoestão agrupadas sob vários critérios:

1) Quanto à côr da massa das raízes :a- de raiz brancab-" " amarelac-" " intermediária (creme)

2) Quanto ao esgalhameruo :a- esgalhamen to alto (erectas )b- " baixo (esgalhadas)

3) Quanto à toxidez :a- Mandioca (brava)b- Macaxeira e Mandiocaba

4) Quanto ao teor em água das raízes :a- enxutasb- semi-aguadasc- aguadasd- muito aguadas (mandiocaba)

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5) Quanto à precocidade:a- precocesb- semi-precocesc- tardias

6) Quanto à produção de rama e raiz:a- muito boab- boac- regulard- baixa

7) Quanto à resistência à Bacteriose :a- muito resistente (1)b- resistente (2)c- suscetível (3)d- muito suscetível (4)

8) Quanto ao rendimento no beneficiamentofécula) :

a- alto rendimentob- bomc- médiod- baixo

(farinha e

"""

9) Quanto à côr da folhagem:a- verdeb- roxa

Quanto ao teor em água foi estabelecída a seguinte nor-ma classificativa :

enxutapouco ou semí aguadaaguada

entre 45 e 60~~ de água" 61 e 70%" "" 71 e 80re" "

A precocidade é estabelecída pela produção superior a 12toneladas, em terrenos de várzea, á.OS 6 meses de idade :

PrecocesSemi -precocesTardias

Acima de 12 ton/ha com 6 mesesEntre 8 e 12 ton/ha aos 6 mesesAbaixo de 8 ton /ha aos 6 meses

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Em terrenos de Terra. Firme podemos considerar cornoprecoces as cultivares que chegam ao máximo de produçãoantes dos 12 meses; aos semi-precoces entre os 12 e 18 meses;as tardias após os 18 meses.

Quanto ao rendimento em Fécula e Farinha de mêsa:

BaixoMédioBomAlto

rendimento - inferior a 155ó" - entre 15 e 20~-c" - entre 20 e 25%" - acima de 25 %

Quanto à produção de rama e raiz:

Terra Firme Várzea

Baixa entre 10 e 15 t/haRegular " 15 e 20 t/ha entre 10 e 12 t./haBoa " 20 e 25 t/ha " 12 e 15 t/haMuito boa - " 25 e 35 t/ha " 15 e 18 tjha

Abaixo ou acima dêsses limites a produção pode ser con·siderada como ruim e excepcional, respectivamente.

Através da colaboração de FRANCISCO BARREIRA PE-REIRA e TH;EREZINHA MOREIRA XAVIER (Setor de Cli-matologia Agrícola do IPEAN), interessantes estudos fisio-lógicos vêm sendo desenvolvidos, objetívando a coleta de in-formações capazes de indicar seguramente as épocas maisaconselháveis para o plantio e colheita, com relação ao aspec-to produção. Para tanto, tais estudos deverão ser comple-mentados por investigações relativas à temperatura acumu-lada (dias-graus).

Durante repetidos anos foi estudada a possível influên-cia exercida pela floração precoce ou tardia sôbre a produçãoe teor de fécula das raízes; chegou-se à conclusão de quetal influência. se existe, é pràtícamente nula, sem qualquerexpressão, pelo menos nas condições ecológicas do Estuário doAmazonas. Apenas em terrenos paupérrimos, esgotados, asplantas de qualquer cultivar apresentam uma floração pre-

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oce da a um desenvolvimento medíocre. No caso. po-ré _. sabe-se que a Iloraçào prematura não determina o raquitismo da planta e sim. ao contrário, é dêíe uma decor-corrência.

Conclui-se, pois, que o aparecimento prematuro ou tar-dio das flores, ou ainda a sua total ausência, não são fatoresde interêsses fitotécnico.

1.4.2. - Pesquisas sôbre Inimigos Naturais

Poucos foram os informes obtidos quanto a êste aspectotendo por motivo a pouca expressão de ataque tanto de pra-gas como de moléstias.

Na verdade, a única praga de interêsse econômico é aSaúva, que exige pronto combate assim que ataca, o quesempre acontece em quas tôdas as plantações. Não há ocor-rência de Brocas, Mandarová e Gafanhotos em caráter epidê-mico. Quando por acaso se registra o ataque de um dêles égeralmente sem gravidade. Os brotos, flôres e frutos sãobastante atacados por diversos insetos, embora não exerça oataque influência de"monta. Apenas nos trabalhos de me-lhoramento através da polinização artificial, o ataque dodiptero Anastrepha píckeli C. L. aos frutos récern formadosse reveste de certa importância.

Com relação a moléstias. observou-se que a Bacteriose só-mente ocorre em mandiocais instalados em terreno esgota-do, com plantas apresentando desenvolvimento precário.Instale-se um mandiocal em terreno com alguma íertilida-de e a moléstia não se manifesta, mesmo sendo utilizadas noplantio estacas provenientes de plantas doentes. É o vigordas plantas condição suficiente para o controle da Bacterio-se, independentemente da maior ou menor resistência dascultivares.

Outras doenças tais como os mosaicos e superbrotamento,tão prejudiciais em muitos locais dentro e fóra do Brasilnão foram estudadas, por nunca ocorrerem no Estuário Ama-zônico.

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A Cercosporiose. nas suas 2 termas bem conhecidasC. caribeae e C. Henningsíí (mancha branca e mancha par-da) foi estudada EObmais de um angulo. inclusive experimen-talmente. durante vários anos, chegando-se à conclusão deque, não obstante a severa perda de folhas que determina ...pode ser considerada moléstia sem importância econômicana região.

A Phytophtora d.reschsleri Tucker (podridão mole dasraizes ) que por vezes ataca alguns mandiocais com um pou-co de gravidade em certos locais (Município de Castanhal),até agora não pode ser considerada moléstia séria.

1.4.3. - Pesquisas sôbre Valor Nutritivo e Toxidez

Afóra as análises e determinações já tratadas na partereferente às atividades tecnológicas ,foram obtidos algunsresultados interessantes no que concerne ao arraçoamentode animais domésticos, utilizando rações preparadas exclu-sivamente à base de macaxeira .poís tinham como aditivoapenas de 2,5~ de sais minerais. Muito embora o estudorealizado tivesse um caráter preliminar, dêle participando,em número reduzido, unicamente suinos logo após o des-mame, os dados informativos que forneceu nos 3 meses desua duração foram bastante animadores.

Tendo em vista o alcance dêsse estudo que abre boas pers-pectivas para a substituição do milho pela mandioca comoalimento básico de críatórío porcino nas condições da Ama-zônia, vamos dêle tratar ligeiramente em seus aspectosprincipais.

I - Características da Pesquisa

Foi estabelecida a seguinte norma de investigação:

1. Material - Raízes, fôlhas e brotos de macaxeira, pro-vindo as raízes de plantas entre 9 e 12 meses e fo-lhas de plantio entre 3 e 6 meses, na quase tota-lidade.

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2. Preparo - Trituração e secagem de todo o material(raízes e folhas), misturando as 2 partes por ocasiãodo esfarelamento, de modo a obter um farelo maisou menos homogêneo; a secagem pode perfeitamen-te ser feita ao sol (período sêco do ano), sendo sufi-ciente 8 horas de exposição; a proporção será de 60C:épara raízes e 40% para folhagem ou 757c ou 25%.

3. Os testes serão de duração limitada e terão como cri-tério de julgamento a aceitação da ração por partedos animais e a velocidade do aumento de pêso dosconcorrentes .

II - Resultados

Dos trabalhos iniciais resultou.:1. A melhor fórmula é a que conta com 25% de folha-

gem e 75 de massa das raízes;

2. Resultou boa a aplicação de aditivos minerais na se-guinte proporção :

Farinha de ossos 1,2%Cal apagada 0,4%Cinza de madeira 0,3%Sulfato de ferro 0,1%Cloreto de sódio 0,5%

A análise em laboratório da ração eleita para os testesacusou:

Voláteis a 105°C .Cinzas .Extrato etéreo .Proteína bruta .Fibra bruta .

6,81%2,80703,49<;69,18%7,83%

Verifica-se por esta análise que a fórmula da ração usadaé razoàvelmente boa quanto ao teor protéico, podendo-se lõ-gicamente admitir ser muito boa quanto à riqueza vítamíni-ca, desde que se trate de uma farinha crúa e não lavada.

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Quadro das Pesagens, , IPeso 1 a pesagem 2 a. pesagem I 3 a pesagem

iniciol i Acrés.Animal Idade - cimo

I Data kg Doto , kg I Doto Ikg I Data I kg

IA 3 meses 17/11 10.25 19/12 15.00 19/1

123

.00 22/2 30,00 19,75

B 3 ,. 17/1\ 9.4 19/1~ 13.00 19/1 20.00 22/2 25,70 16,30C

1

3 .. 17/11 8,4 19/1~ 12,00 19/1 119.50 122/2 20,50 12,10!

m - Conclusões

Embora o estudo tenha um caráter preliminar quase quesomente qualitativo e os dados colhidos sugiram, em conse-quência, novas pesquisas confirmadoras, os resultado aufe-ridos autorizam a concluir que:

a) A ração n9 3 (75% massa - 25% folhas - 2,5%complemento minerais), além de ser bem aceita pe-los animais, tem suficiente valor nutritivo para pro-mover o desenvolvimento geral de bacorinhos depoisdepois da desmama e até aos 6 meses;

b) Para atender a uma criação de amplas proporções,a fabricação da farinha e consequente armazenamen-to em grande escala é medida quase obrigatória, cons-tiutindo-se ainda um pequeno problema a questão dasecagem ao natural'

c) A técnica de preparo é simples, fácil e pouco dis-pendiosa:

d) Finalmente, pode, segundo tudo indica, a Macaxeirasubstituir francamente o Milho como elemento bási-co das rações para suinos novos.

Outros estudos em moldes estatísticos e utilizando bovi-nos, estão nos seus primórdios, não tendo em consequênciafornecido anda informes suficientes para um julgamento.

No que concerne à toxidez, os estudos têm se limitadopràticamente às análises em laboratório já referidas anterior-mente.

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É a toxidez um aspecto de muito pequena importâncianas zonas rurais estudadas. sendo raríssimos os casos de in-toxicação de que se tem notícia. O agricultor amazônico uti-liza a mandioca sob as mais variadas formas, aproveita todosos resíduos na alimentação de animais e dificilmente registracasos de envenenamnto.

Pesquisas de Alcance Econômico

Sendo o aspecto econômico a parte fundamental de qual-quer estudo fitotécnico, em tôdas as pesquisas realizadas coma cultura sempre esteve presente, salvo em casos especiais.

Dêsse modo apurou-se dentre outros fatos:

1 . A formação e manejo de mandiocais, com vistas à explo-ração Industrial, ainda não é questão completamente de-cidida. Tratando-se de estudo a longo prazo não se podeainda preconizar como decididamente melhor uma nor-ma de procedimento técnico com relação à matéria. Doque se pode tirar das pesquisas já realizadas pelo IPEAN,parece acertado o emprêgo de um método caracteriza-do por:

Formação

a) Plantio inicial entre tocos, após a derruba e queima;O aproveitamento da fertilidade dos terrenos é completa. -

b) Destocamento, aração e gradagem (29 ano) com aadição ou não de fertilizantes (tortas ,estêrco, etc.)O destacamento tem que ser cuidadoso. evitando aomáximo o arrastamento da tênue camada arável dosolo (Latosolo Amarelo-textura leve). devendo a ara-ção ser pouco profunda, não indo além de 0,15 m. -

c) Estacas de 0,20 m 2. 0,35.m, retiradas da parte médio.e inferior de hastes sadias e bem desenvolvidas.

- A seleção de estacas garante não apenas o bom de-senvolvimento das plantas. mas ainda a uniformida-de do mandiocal.

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à enterno em covas ou suico ce (110 m ce profundida-de ficando as estacas em posição horizonta:

e) espaçamento das plantas de 1.00m x 1.00m em am-bos os sentidos.

f I plantio em qualquer epoca do ano. devendo no entan-to evitar os meses muito sêcos (setembro a novem-bro) ;

g) deixar o terreno em repouso após o 2<>e 3<>ano deexploração, protegendo-o através de leguminosasrestauradoras ;

h) medidas de drenagem e de combate à erosão. senecessário;

i) medidas sanitárias.Manejo - Pode ser considerada como racional a seguinteprogramação de atividades, tomando por modêlo uma áreade 6 hectares :1Q ano - Plantio de 2 hectares ou lotes (A e B) em perío-

dos diierentes;2<!ano - Novo plantio no mesmo lote com as mesmas carac-

terísticas, procedendo-se, se necessário, a aplicação deadubos;

39 e 49 ano - Plantio em lotes novos (B e C) em moldesidênticos aos dos anos anteriores, procedendo.se o plan-tio de legumínosas restauradoras nos lotes em repouso;

59 e 69 ano - Utilização de outros lotes novos (E e F)obedecendo às mesmas normas'

79 e 8Q ano - Retorno aos 10 es A e B e assim sucessiva-mente.2. Tôdas as cultivares exploradas nas zonas fisiográ-

ficas da Região estão perfeitamente adaptadas às condiçõesde acidez elevada dos solos utilizados Barro Arenoso e AreiaBarrenta), tornando-se desnecessária e algumas vezes contra-producente qualquer medida de correção do pH. Tal medi-da, bem como as relacionadas com fertilização artificial, seconstituem práticas antí-econômícas em terrenos não esgo-tados.

3. As despesas com a industrialização da farinha demesa e da fécula correspondem mais ou menos a 1/3 das veri-fícadas nas diversas operações de cultivo.

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4. As despesas com a instalação, manutenção e' -..!.5-

trialização da Mandioca em qualquer local do Estuário Araa,zônico e sob diversas modalidades apresentam. com poucas .G.

nações, os valores expressos no quadro 3. O quadro 4 ap esen-ta uma estimativa do rendimento monetário de diversos p_dutos no 29 semestre de 1966. A tabela I estuda as descom o cultivo, ou seja, com as operações de campo, sob mol-des fitotécnicos, tomando por base o homem/dia de trabalhe o hectare com 10.000 plantas.

5. A aplicação de algumas medidas racionais em substi-tuição à prática rotineira e atrasada do agricultor bragan i-no, tais como seleção de estacas para o plantio, discíplinaçâodas operações de cultivo, pequena melhoría do instrumentalde fabricação, etc. é o suficiente para elevar o rendimento amais de 20%.

Quadro 3. Despesas com a Obtenção de Produtosda Mandioca

Jornadas na base de homem/dia de 8 horas) - 20 t/ha)

Fontes de Despesas Fécula Farinha Raspa Álcool(1 hectare) dias dias dias dias dias

Preparo de área 50 50 50 50 50Material e Plantio 10 10 10 10 10Tratos Culturais 50 50 50 50 50Colheita 60 60 60 60 60Fabrico 60 60 46 46 70Outras despesas 64 64 64 64 64

TOTAL ........ 294 294 280 280 314Jornadas Tornadas Jornadas Jornadas Jornadas

Fonte - IPEAN

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Quadro 4 - Rendimento de Produtos (20 t/ha)

Produção 1 ha) Rendimento/hectare (PreçoIkg) IValor em NCr$NCrS , (1966)

Fécula 6.000 quilos (30%) 0.85 3.900,00Farinha 6.500 " (33%) 0.65 3.900.00Rospa 6.000 " (30% ) 0,50 3.300,00Tucupí 8.000 litros (40%) 0,65 5.200,00Alcool 3.400 " (17%) 0,90 3.060,00Raiz 18.000 •• 0,25 500,00Rama 20. 000 quilos 0,25 450,00

Fonte : IPEAN

Observa-se ser o Tucupí, com especialidade na Zona Guajarina onde está localizada a cidade de Belém, grande mer-cado consumidor, o produto mais importante da Mandioca,do ponto de vista econômico. É, no entanto, produto demercado muito mais restrito que a Farinha de Mêsa, alémde oferecer dificuldades quanto à sua conservação, tanto as-sim que não se constitui ainda produto exportável.

TABELA I - Operação de cutlivo - (Despêsas zha)

a) Preparo da áreas :a) Brocab) Derrubac) Coivarad ) Trator

10 dias/homem20 dias/ "20 dias/ "70 dias/ "

Total: 120 dias/homemb) Material e Plantio :

a) Colheita de estacões -b ) Transportec) Feitura de estacasd) Coveamentoe) Enterriof) Replanta

Total:

1 diajhomem2 " "1 " "2 " "2 "

,.

2 " ,.

10 dia 'homem

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c i Tratos culturais

a) Capinas (3) - 45 diasb) Combate às pragas - 5 "

Total: 50 dias

d) Colheita :

a) Arrancamento - 30 diasb) Decote 10 "c) Transporte - 20 "

Total: 60 dias

TOTAL: 240 días/homem

É essa uma estimativa pessimis.ta, podendo o montantedas despesas calculado sofrer boa redução.

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SEGUNDA PARTE

A CULTURA EM GRANDES ZONAS AGRtCOLA~DO

ESTUARIO AMAZCNICO

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Nesta segunda parte do trabalho procuraremos dar urnaidéia geral da posição da Mandioca no ambiente bragantinoe guajarino. Para tanto iremos fazer um estudo ligeiro dosprincipais aspectos ligados ao assunto.

Assim corno em quase nada se alterou a posição da Man-dioca no panorama da Região no decurso de 350 anos, conforme já foi dito, assim também quase nada foi alterado comrelação aos processos do seu cultivo, rgeistrando algumas pe-quenas diferenças apenas no concernente às formas de apro-veitamento e beneficiamento. A influência sócio-econômicabàsícamente não mudou durante o longo período.

2 . 1. - Processos de Cultivo Utilizados

A agricultura nas duas grandes zonas agrícolas, já setem dito inúmeras vezes, encontra-se ainda num estágio mui-to baixo, evidenciándo uma grande deficiência sócio-culturalque sõmente agora começa a ser amenizada através das ativi-dades do Extensionismo Rural.

O modo por que é explorada a Mandioca nos diversos nú-cleos rurais dessas zonas é dos mais rudimentares e primitivosdentro de um pauperismo material e intelectual deprimente eangustiante. Constitui-se um verdadeiro quadro aberto aostécnicos e cientistas, que nêle podem observar o quanto denocivo é capaz de acarretar a prática de uma agricultura itínerante e irracional.

O agricultor bragantino ou guajarino, em sua maioria,vem cultivando a Mandioca, até os nossos dias, em pequenos"roçados", quase sempre em consorcíação com o Milho e o Ar-roz e sob o sistema de "pousío", em que a área esgotada ésubmetida a uma regeneração natural por um período de 5anos, no mínimo, prazo necessário para que a vegetação na-tural atinja volume capaz de proporcionar, através da "Quei·ma", uma pequena fertilização do terreno, contribuindo ain-da esta para a diminuição de sua acidez.

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o plantio é feito entre tocos. Mesmo quando se dispõede um terreno destocado o que raramente ocorre, o agricul-tor nunca o lavra, pois além de não acreditar muito na eficá-cia de tal prática, desconhece a forma de execução e não pos-sui o instrumental necessário à operação.

A formação dos mandiocais geralmente se processa demodo desordenado, sem preocupação com a densidade dasplantas, com a seleção de estacas, etc.

Com relação ao assunto, vamos relembrar que a explo-ração econômica da planta numa Região ou Zona está con-dicionada a uma série de fatores variáveis, quais sejam.:

a) Formas preponderantes de aproveitamento;b) Condições de ambiente físico;c) Condições sócio-econômicas;d) Padrão cultural.

Da apreciação destes fatores e dos aspectos que provo-cam decorre o tipo ou mesmo sistema de formação de man-diocais.

As formas de aproveitamento determinam o tipo genéticoa utilizar, se mandioca mansa (macaxeira) ou mandioca bra-va, se mandioca de massa amarela (tucupí) ou mandiocade massa branca, se cultivar selecionada para produção deraizes ou selecionada para produção de rama;

As condições de ambiente determinam a forma de culti,vo, estabelecendo as melhores épocas, o melhor espaçamen-to, a necessidade de fertilizantes e corretivos, etc.;

As condições sócio-econômicas determinam o tipo demandiocais a formar; mandiocais vastos (acima de 20 ha) oupequenas plantações; plantações individuais ou plantaçõescooperativistas ou, ainda, plantações empresariais;

O padrão cultural, finalmente, determina a forma deexecução da plantação ou mandiocal, se obedecendo a mol-des técnicos atualizados ou a moldes atrasados e rudimen-tares.

Recordados tais aspectos, estudemos ràpídamente comoinfluem na formação dos mandiocais das zonas estudadas;

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1. A preponderância extraordinária de hábito da fari-nha. de mêsa branca determina em plano destacado a utiliza-ção de cultivares de raízes com massa branca, sendo porémbem apreciável o cultivo de plantas com raízes de massaamarela nas cercanias da cidade de Belém, grande centroconsumidor de tucupí.

2. A influência do ambiente se faz sentir no empobre-cimento dos terrenos que via de regra são abandonados após3 anos de exploração, por não disporem dos elementos neces-sários à sua recuperação em bases econômicas, não sendoutilizados processos artificiais de fertilização e rotação.

3. As condições econômicas e sociais apenas permitema formação de pequenos mandiocais (roçados) familiares, fi-gurando as poucas cooperativas e empresas existentes comopequeninas ilhas num vasto mar.

4. A deficiência de educação e o misoneismo, com tô-das as suas implicações, são os responsáveis pela rotina estag-nante e rudimentarismo da exploração da cultura em maisde 2/3 dos núcleos rurais das zonas.

As características gerais de ambas as zonas, com peque-nas diferenças quanto ao regime pluvial, podem ser assimresumidas:

a) Solos - na sua quase totalidade pertencentes ao tipoLatosolo Amarelo (Barro arenoso e Areia barrenta), comacidez elevada, variando o pH entre 4 e 5.

b) Clima - "tropical úmido", com temperatura médiaanual de 26,5°C e quéda pluviométrica também anual entre2300 e 2800 milímetros, havendo um período sêco bem defi-nido em alguns locais; ventos geralmente fracos.

c) Padrão cultural - dos mais baixos, imperando oanalfabetismo e o misoneismo.

d) Estado sócio-econômico - de baixo nível, sendomarcante o pauperismo com tôdas as suas repercussões sô-bre o organismo social.

e) Estado sanitário - precário, em decorrência do baixopadrão sócio-econômico e cultural.

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2. Formas de Aproveitamento

A forma preponderante de aproveitamento da culturanas 2 zonas é a Farinha de Mêsa, no fabrico da qual é utili-zada cêrca de 90'; da produção bruta de raizes. A seguirvem o Tucupí e a Fécula, sendo inexpressivo o fabrico deFarinha de Raspa e Cachaça, bem como preparo de raçõespara animais.

Três subprodutos ou preparados culinários típicos, já fa-mosos pelo seu sabor característico, utilizam a totalidade dotucupí, fécula e folhagem: Pato no tucupí, Tacacá e Ma-niçoba.

Em escala bem menor são obtidos diversos outros produ-tos, incluindo alguns nitidamente indígenas, tais como o TaQ

rubá e o Carimâ.

Vejamos uma relação mais ou menos completa dos pro-dutos fabricados, todos êles de natureza culinária:

1. Farinha de Mêsa (dágua e sêca)2. Farinha de Tapioca3 . Farinha de Raspa4. Tucupí5. Tacacá6. Maniçoba7. Brôa8. Pé de Moleque9 . Tapioca (beiju não sêco)

10. Beiju-cica11. Mingáu da Caridade12. Cachaça13. Tarubá ou Guariba14. Macaxeira cozida15. Maniquera (Mandiocaba)16. Bô!o de Macaxeira17. Puré de Macaxeira18. Beijo de moça19. Croquetes20. Carimâ

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21. Grude22. Polvilho azêdo23. Chibé.

De todos êsses produtos apenas um se destaca do pont.ode vista comercial, a Farinha de Mêsa. embora outras for-mas sejam também comercializadas, como é o caso do Tacacá,que se calcula seja ingerido diàriamente por mais de 20.000pessoas, unicamente, da cidade de Belém .

Contudo, a grande indústria da cultura é a farinha, aqual, é obtida, na sua maior parte, em centenas de "fabrique-tas" caseiras de fundo de quintal, tacho e tipití, ou seja, sobprocessos rudimentares e primitivos. Sàmente há poucc(1968) duas emprêsas dedicadas à SUé•. industrialização emmoldes técnicos atualizados foram instaladas e já se eneon-tram em produção: a FARISA, no Município de Igarapé-Açu. e BRASA, no Município de Bragança , Além da fari-nha se prop?em ambas, ainda, a industrializar a Mandiocasob diversas formas, como sejam, Farinha de Raspa, Féculae Rações.

3. Expressão Sócio-Econômica

Pode-se considerar a Mandioca um dos fatores de maiorinfluência sócio-econômica nas zonas estudadas, constituin-do-se, muitas vêzes, a única fonte de rendimento monetáriodo agricultor. As inconveniências alimentares oríundas doexcessivo consumo de alimentos feitos à sua base são algunsdos aspectos sociais negativos que sua exploração acarreta.Por outro lado, a rusticidade ligada à facilidade de cultivo, eà multiplicidade de formas de aproveitamento agradáveis aopaladar, assim como a sua já comprovada ação benéfica sô-bre a cinese digestiva, são aspectos sociais positivos, sem falarnas suas características de planta por excelência do pioneiroe desbravador.

Em tôda a extensão das duas zonas fisiográficas citadasvamos encontrá-Ia como o fator preponderante e básico daalimentação, aspecto que ainda perdurará por muito tempo,já que a sua supremacia sôbre as demais culturas não é ape,

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nas fruto do comodismo de cultivo e da força de tradição.mas, também, das exigências de paladar, do prazer e delei eque o agricultor aufere com os "preparados" que ela lhe pro-porciona.

Sua ação social negativa se expressa:

a) pela ingestão exagerada de seus produtos amiláceos(farinha de mesa), a qual determina afecções carenciais nosindivíduos e pelo açambarcamento de áreas que podem serutilizadas por outras culturas de bom valor nutritivo, capazesde balancear o regime alimentar (hortaliças e frutos);

b) pela degradação do solo que ocasiona, mercê dos pro-cessos de agricultura itinerante e irracional empregados pelaquase totalidade dos que a exploram:

A ação positiva se expressa, principalmente, pela contri-bvíção alimentar que dá ao pioneiro e mesmo pela influênciaque exerce sôbre a fixação do homem à área, porquanto mes-mo sob condições precárias permite a sua sobrevivência.Sempre tem sido ela um fator auxiliar de povoamento daszonas.

Sob o ponto de vista estritamente econômico, a Mandío,ca, como se sabe, é ainda a mais importante cultura do Es-tado do Pará, surgindo Bragantina e Guajarina como as prin-«ípaís zonas responsáveis por tal aspecto, pois contribuemcom 50% da produção.

As tabelas que são apresentadas dão uma idéia do quefoi dito, notando-se a preponderância bem acentuada da cul-tura sôbre as demais no plano alimentar e econômico.

Observa.se que apenas a farinha de mandioca é consu-dóbro do necessário, enquanto os demais produtos (exceto omida em proporções exageradas, alcançando pràticamente o

arroz e a carne), registram um deficit gritante.Em trabalho publicado pelo I P E AN em 1967,

WISNIEWSKI e LIBONATI, estudando a situação alimentardo Estado do Pará, apresentam as seguintes tabelas:

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TABELA II - Produtos de maior consumo(consumo médio diário)

PRODUTO g/pessôa Índice %

Mandioca (farinha) 242 100 29,05úç::i 76 31 9,0Peixe fresco 54 22 6,5Banana 47 19 6,0Arroz 43 10 5,3Feijão 41 17 5,0Laranja. 39 16 4,7Açúcar 36 15 4,5Pão 32 1" 4,0.• 0)

Carne de boi 27 ' - 3,0.•..l

Charque 25 10 3.0Carne de porco 22 9 2,7Pirarucu 21 9 2,5Abóbora 17 7 2.0Galinha 12 5 1,5Ovos de galinha 10 4 1,2Café 10 4 1,2Maxixe 9 4 1,0Peixe salgado 9 4 1,0Macaxeira 6 2 0,7Massas alimentícias 6 2 0,7Carne em conserva 6 2 0,7Batata doce 4 2 0,5Leite in natura 4 2 0.5Carne de caça 3 1 0,4Leite em pó 3 1 0.4Banha 3 1 0,4Batata 3 1 0,4Cebola 3 1 0,4Manteiga 2 1 03Leite condensado 2 0,3Couve 2 0,3Tomate 2 03Óleo de algodão 0,1

Para base do índice

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TABELA TIl - Deficit Alimentar

PRODUTOS ALIMENTÍCIOSAtual i Necessi

consumodiári dadesiario Ido

A g Ia/pessoa./g------------_. _._----------

I - Leite in naturaIr - Carne e ovos:

CarneOvos

Iil - Hortaliças e Legumes: iGrupo A (3)Grupo B (4)Grupo C (5)

IV -FrutasV - Leguminosas (feijão)

VT - Cereais e farinha :ArrozFarinha de mandioca!Farinha de trigo !

VII-AçúcarVIII - Gorduras animais e

óleos vegetais :ManteigaBanhaóleos vegetais

44

17910

72613

16241

432422536

260

17953

231

185,526

Deficit/pessoa

g/dia

216

o43

193139879439

oO

204

162,525--------------------_~k~ ~~__~_U ~~ _

rII - Considerações

20016510025680

431304540

10 Ante o que foi exposto, torna.se quase desnecessáriotratar das possibilidades que as zonas estudadas, Bragar,tina(' Guajarina apresentam para a exploração racional da Man-dioca em escala industrial o Vamos, no entanto, concatenarde forma consisa os diversos aspectos de assunto em questão,desde que nunca é demais repetir quando a matéria inte-ressa realmente o

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Vejamos. ràpidamente, a influência dos principais tato-res:

a) Solo - Embora à luz dosInúmeros estudos realiza-dos em Institutos de pesquisas dos mais autorizados, as con-dições edaíológícas das duas zonas não possam ser considera-das como boas para o cultivo da Mandioca) solos francamen,te ácidos - 4.5 a 5 pH do grupo Latosolo Amarelo) observa-se que o rendimento comum ente obtido nas suas 'plantaçõesou roçados em condições normais, é melhor do que o regis-trado em muitas zonas francamente mandioqueiras nacio-nais e estrangeiras. O gráfico comparativo organizado porETTORE e PELLEGRINI (S. Paulo, 1965) mostra que aprodutividade média dos países que industrializam a culturaem larga escala, incluíndo.se a Indonésia, é bem mais baixaque a registrada na zona Bragantina (12 a 13 t rha) , não obs-tante o método rudimentar do cultivo que nela impera.

b ) Clima - Conquanto a distribuição anual das chuvasnão seja das mais desejáveis (um período acentuado semágua em algumas áreas), a temperatura não é exagerada eos ventos são brandos, sendo pequenos os danos causados pe-los raros temporais.

c) Inimigos da Cultura - Em função naturalmente dascaracterísticas climáticas, o aspecto sanitário apresentadopelos mandiocais instalados em terrenos não esgotados ésempre bom, não registrando a ocorrência de qualquer molés-tia de real interêsse econômico, pois a própria Bacteriose,quando aparece. o faz em caráter benigno, sendo perfeita-mente controlada pelo vigor das plantas.

Com relação a pragas, repetimos que apenas a Saúvaconstitui-se fator de preocupação. não obstante a relativa fa-cilidade de combatê-Ia por meio de vários produtos comer-ciais especializa dos . As demais pragas sérias da culturacomo as Brocas e Mandarová, tão temíveis no sul do Brasil.quase nenhuma expressão têm nas 2 zonas, porquanto só ra-ramente ocorrem em caráter epidêmico, tanto assim que nosúltimos 25 anos apenas um ataque de Mandarová. com algu-ma gravidade, foi registrado, exigindo medidas de combatepor parte do Govêrno (Defesa Sanitária Vegetal do M .A. ).

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Essa ocorrência deu-se no Município de Igarapé Açu, tendosido o ataque logo debelado.

Vê-se assim que as possibilidades da cultura, quanto aoaspecto físico, são boas.

Quanto ao aspecto econômico, as perspectivas abertascom o surto de interêsse pelo desenvolvimento do ExtremoNorte que atualmente sacode o Brasil, são de molde a preverum futuro promissor.

2. A instalação em 1968 de 2 emprêsas (Município deIgarapé-Açu e Município de Bragança ) decididas a explorara Mandioca sob moldes fitotécnicos atualízados, abre pará. azona bragantina boas perspectivas, podendo se constituir fa-tor de estabilização do tão oscilante preço do principal pro-duto da zona, a Farinha de Mêsa. Tais emprêsas, não obs-tante possuírem campos de produção próprios, poderão esta-belecer convênios com agricultores particulares.

3. Embora sejamos de opinião que a forma mais acer-tada de explorar a cultura, a forma que irá se impor no futu-ro. seja a da organização de grandes emprêsas e cooperativas.acreditamos também que na conjuntura atual (padrão cultu-ral e econômico baíxíssímos) a política mais indicada para as2 zonas será a de promover alguns aperfeiçoamentos no rudi-mentar instrumental de fabrico existente. Tal medida, decaráter essencialmente transitório não interferirá absoluta-mente na implantação de grandes indústrias, correndo para-lelamente a elas, porém em escala decrescente.

4. O problema de enriquecimento nutritivo da Farinhaainda se constitui ponto importante que pede estudos, nãoapenas no concernente ao aspecto técnico, mas também quan-to à exequibilidade e aspecto econômico. Resulta muito di-fícil a disciplinação do emprêgo de qualquer complemento nu-tricional por parte do agricultor particular, sendo atividadeapenas viável nas grandes emprêsas ou centros especíalí-zados.

NELSON MARAVALHAS,dentre as suas pesquisas no Ins-tituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), em Ma-naus, dedicou uma atenção especial a essa parte de enrique-

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címen o da farinha de Mandioca. Como resultado dos estu-dos feitos, apresentou 3 métodos de promover o enriqueci-mento. os quais procuraremos transcrever de modo sucinto:

PRIMEIRO MÉTODO: Consiste em utilizar farinha de sojaconcentrada e desengordurada, contendo 52 % de proteínas,ou seja, o produto "Prosam 5.006" do S.A. Moinho Rio Gran-dense (SAMRIG). A adição se processa após a prensagemda massa da Mandioca, na proporção de 1 para 20 o que im-plicará em 10% de farinha de soja adicionada ao produtosêco. Mesmo elevando a proporção de 15 a 20% não se obser-va diferença aparente no produto final. Trata-se pois daadição pura e simples 'da soja pulverizada à massa da man-dioca. Em análises comparativas os produtos resultantesapresentam:

DETERMINADOS sem com 10% com 14%soja de soja de soja

Proteínas 1,30% 6,64% 8,47%Minerais(cinzas) 0,95% 1,52% 1,82%

SEGUNDO MÉTODO: Trata-se de aproveitar o resíduo doleite de soja com êle fabricando farinha mista de soja e man-dioca, podendo a proporção variar à vontade.

A análise de uma farinha na proporção de '1,1 e tendogôsto e aspecto muito semelhante à farinha comum, apre-senta seguinte composição:

Gorduras .Proteínas .Fibras .Carboidratos .Cinzas , .

10,12%16,31%6,34%

65,27%1,96%

TERCEIRO MÉTODO: Trata-se de preparar uma ff.rinhaenriquecida simplesmente pela adição de feijão integral.

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___ope 'acào consiste em: 4 quilos de feijão são postos de·::-ô:._o"com 20 litros de água, durante 12 horas mais ou me·

Ao fim dêsse tempo despeja-se a água. e passa-se o íei-;E.O em um moinho de carne ou pila-se num pilão comum. A

assa resultante é juntada à ma~sa prensada de mandioca,obtida de mais ou menos 50 quilos de raízes maceradas (Ia-rínha dágua) ou raladas (farinha sêca). Os ingredientespodem ser mais ou menos misturados à mão e, em seguida ín-fornados da maneira comum. Como única precaução deve-se elevar o ponto de torração um peuco além da farinha.comum.

5. O aproveitamento racional da Mandioca, não apenasnas 2 zonas estudadas, mas em tôda a Amazônia, ainda. se en-contra em fase de engatinhamento, haja vista a preponde-rância exagerada da Farinha de Mêsa sôbre os demais (85 a90 %). O aproveitamento da parte verdadeiramente rica emnutrientes, ou seja a rama, é feito em escala muito baixa.sendo inexpressiva a sua utilização como forragem.

Pode-se fazer a seguinte estimativa para produtos ob-tidos da Mandioca na Região (média anual do quinquênio

1964-1968) : .

1. Produtos de Mesa Área explorada

Farinha de MêsaFéculaTucupíOutros produtos

85?;'5';5r~570

76.5004.5004.5004.500

"hectares

""

2 . Produtos da Rama Área explorada

Folhas (culinária)Forragem

5~é10%

4.000 hectares8.000 "

Como se observa, é a Farinha a grande indústria daMandioca na Planície, ou melhor dizendo, sua maior indústria de caráter alimentar, desde que o montante dos pro-dutos obtidos de outras culturas não pede se lhe comparar

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Ao contrário do que se poderia esperar, tendo em vis-ta o exemplo do sul do País, nota-se que o interêsse pelafarinha por parte do elemento regional não tem diminuidoface ao crescimento populacional, mesmo sendo êste feitoem boa parte com elementos alienígenas pouco afeitos aoseu uso.

Esta predileção acentuada pela farinha é que obrigaos dietetas a investigar fórmulas de complemento alimen-tar, assunto tratado no ítem anterior (4).

6. Na quase totalidade das casas de farinha das 2 zo-nas observa-se ser pràtícamenàte nulo o aproveitamento dotucupí, tendo em vista o fato de a preferência pela farinhabranca se opôr à preferência pelo tucupí amarelo. Depoisde sedimentada a fécula, todo o tucupí é posto fóra. Sa-bendo-se que a farinha branca, pela ausência em caroteno e

pelo menor te?r em gordura, é, de certo modo, inferior àfarinha amarela ou amarelada, e, sabendo-se ainda que a di-ferença de sabor entre as 2 é muito pequena. conclui-se quea preferência esmagadora pelo tipo branco verificada apre-senta alguma inconveniência econômica e alimentar quepode ser, perfeitamente, aos poucos, corrigida .

7. É da maior importância para o meio agrícola regio-nal a experiência presentemente levada a efeito por RUBENSLIMA, em propriedade particular. Trata-se de um empre-endimento agropecuário em que a criação de gado bovino esuino e a exploração de algumas culturas perenes e anuaissão tentadas sob moldes altamente racionais, tendo comoprincipal característica a aplicação de processos onde sãoharmonizadas inteligentemente práticas fitotécnicas atuali-zadas e práticas primitivas consagradas, tanto no concer-nente ao cultivo como à industríalização .

Nessa emprêsa comercial mas de grande expressão ex-perimental, a Mandioca ocupa papel destacado como fatorpreponderante no arraçoamento de animais, através de seuaproveitamento integral (raiz-haste-folhas).

Os resultados advindos de tal empreendimento, negati-vos e positivos, irão indubitàvelmente servir de base valiosa

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p.anejarnento e execução de emprêsas futuras, dentrocondições regionais.

8. Embora outras zonas agrícolas do Estuário dêema pequena contribuição, Bragantina e Guajarina são E.S

::: des responsáveis pelo abastecimento da cidade de Be-ém (600.000 habitantes) com produtos da Mandioca.

Os tipos de produtos consumidos são:

a) Farinha de mêsab) Tucupíc) Farinha de raspad) Folhageme) Macaxeiraf) Farinha de Tapioca

Farinha de mesa - Nas 3 formas em que é comercíalíza-da - farinha sêca - farinha dágua - farinha do Pará -constitui-se a forma preponderante de consumo. Cêrca de4/5 da população belemense ingere díàríaàmente a farinha,alcançando o consumo níveis bastante elevados nas camadaspobres dos subúrbios, onde muitas vezes participa do cardá-pio com uma cota de quase 50% . O seu consumo não só-mente em Belém como em todo o Estado é 2 vezes maiorque o de Arroz, Trigo, Batata, Feijão e outras massas ali-mentícias, em conjunto. mantendo no último quinquêniouma posição nêsse particular bastante estável, não obstan-te o grande crescimento populacional verificado durante operíodo, o qual, em boa parte, se processou com a vinda deelementos do centro e sul do país, pouco afeitos ao uso dafarinha em seu regime alímentar ,

Pode-se estimar em cêrca de 80% o volume da farinhade mêsa sôbre produtos da Mandioca consumidos na cidadede Belém.

TucupÍ - Após a farinha, é o tucupi o produto deinterêsse no mercado, através principalmente do subpr -Tacacá que é consumido diàriamente por mais depessoas, notadamente nas zonas suburbanas da c-da "e

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Belém o maior centro produtor e consumidor dêsse "prepa-rado" - como o é também dos pratos típicos do Pará - Patono tucupí e Maniçoba.

O fato de serem êsses produtos culinários os mais típi-cos do Estado mostra bem a influência da Mandioca comofator alimentício.

Tendo em vista a sua qualidade de componente básicodaqueles preparados, o tucupí já é índustríalízado em pe-quena escala, sob moldes rudimentares e em ambiente de co-zinha caseira.

Farinha de Raspa - 1!:forma consumida quase que ex-clusivamnte nas moageiras panificadoras, sendo relativa-mente pequeno o volume do seu consumo da capital pa-raense.

Folhagem - Embora em escala pequena, se comparada àfarinha de mesa e tucupí, as folhas principalmente de culti-vares mansas apresentam razoável consumo, desde que são amatéria prima do já citado preparado culinário Maniçoba.Sua comercialização é feita in natura.

Macaxeira - É também comercialízada in natura (raí-zes) e em pequena escala relativamente, sendo encontradadiàriamente nos mercados e feiras da cidade.

Fécula ou Amido - Produzida quase que somente paraatender ao preparo do Tacacá, processando-se sua obtençãoem pequenas indústrias caseiras.

Farinha de Tapioca - É produto também de indústriacaseira que goza de boa aceitação. e apresenta bom índicede comercialização, sendo inferior apenas à Farinha de Mêsae Tucupí, neste particular.

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Quadro 5 - Produção do Estado do Pará (1959_1964

ZONAS Quantidade Média

I%(em t.) Anual

-

Bragantina I 628.990 104.832 35,31Salgado 209.920 34.987 11,78Guajarina 319.130 53.188 17,92Tocantina 144.900 24.150 8,13Gurupí 39.000 6.500 2,19Baixo Amazonas 223.449 37.241 12,54!darajó e IDhas 36.886 6.147 2,07Itacaiuna 26.640 4.440 1,50Rio Xingu 13.210 2.202 0,74Planalto 59.800 9.967 3,36Tapajós 8.650 1.442 0,49Jacundá-Pacajá 70.700 11.783 3,97

TOTAL / 1.781. 275 I 296.879 100,00

FONTE: - Departamento Estadual de Estatística - Pará.

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Quadro 6 - Produção de Raizes de Mandioca(1. 000 t.)

ANOS

19611961196319641965

Mundia(a)

75304764768055785244

Brasileira(b)

1805819843222482435524993

Paraense(c)

276202244334329

FONTE: - World Crop Statistics - FAO, Roma, 1966.Anuário Estatístico - I B G E.Departamento Estadual de Estaística - Pará.

Z. Bragantina(d)

8962

11910691

PARTICIPAÇÃO PERCENTUAL-~---T·;-------r~-·····_--;-: 100, b: 100 ~: 100

23,925,927,628,5

1,51.01,11,4

32,230,748,831.7

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Fig. 1 - Campo de Coleção em Latosolo Amarelo (Areia Barrenta)Zona Guajarina.

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Fig. 2 - Coleção do IPEAN aos 4 mêses, em Barro Arenoso - 1969.

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Fig . 4 - Experimento de adubação aos 2 mê es.

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Distribuição da Mandioca na Amazônia Brasileira(Zona de cultivo mais intenso)

1. Zona Bragantina, Salgado. Ilhas e Guajarina

2. Zona do Tocantins

3. Zona do Xingu

4. Zona do Baixo Amazonas

5. Zona do Madeira e Rio Negro

6 . Zona de Rondônia

7. Zona do Acre

8. Zona do Amapá

9. Zona de Roraima.

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o

48/53 58/59 59/60

1. - São Paulo 4. - Argentina

2. - Paraguai 5. - Indonésia

3. - Brasil 6. - índia

17.500

15.000

12.500

10.000

7.500

5.000

2.500

Graflco PRoourl'ylDADE(IirroRe E' PEt.t.EG~/N')

~0/61 1963

7. - Senegal

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