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RELAÇÃO DE ADVOGADOS (E/OU PROCURADORES) CONSTANTES NESTA PAUTA ÍNDICE DE PESQUISA DA 2ª TURMA RECURSAL ADRIANA ZANDONADE-105, 16, 74 ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO-15, 3, 59, 6 ANA BEATRIZ LINS BARBOSA-101, 107, 67, 68, 98 ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN-13, 15, 47, 48 ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES-20 ANESIO OTTO FIEDLER-95, 97 BRUNO MIRANDA COSTA-45, 60 Carolina Augusta da Rocha Rosado-2, 37, 59, 77, 86 CLEBSON DA SILVEIRA-36, 56, 65, 96 DANILO PEREIRA MATOS FIGUEIREDO-93 ELZA ELENA BOSSOES ALEGRO OLIVEIRA-78 ES000225B - RENATA STAUFFER DUARTE-43 ES000232B - ESMERALDO A L RAMACCIOTTI-108 ES000269B - MARIA DE FATIMA MONTEIRO-37 ES001552 - CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL-45, 61 ES001793 - SUELI DE PAULA FRANCA-84 ES003478 - VALDIR BARBOSA DA SILVA-94 ES003720 - IZAEL DE MELLO REZENDE-39 ES004538 - ANA MERCEDES MILANEZ-39 ES004770 - MARIA DA CONCEICAO CHAMUN-49 ES005205 - LUCIANO KELLY DO NASCIMENTO-82 ES005463 - EVANDRO ABDALLA-85 ES005525 - MARLUCIA OLIVEIRA SANTOS-108 ES005691 - DIENE ALMEIDA LIMA-2 ES005715 - VLADIMIR CAPUA DALLAPICULA-69, 71 ES006223 - RENATO BONINCENHA DE CARVALHO-81 ES006571 - JULIO CESAR TOREZANI-2 ES006997 - VALMIR DE ARAUJO-108, 94 ES006999 - SAULO JOSE PEREIRA SOBREIRA-81 ES007025 - ADENILSON VIANA NERY-24, 27, 28, 29, 32, 33, 38, 40, 41, 42, 44, 52, 53, 54, 55 ES007313 - ALEXANDRE MELO BRASIL-94 ES007514 - ORONDINO JOSE MARTINS NETO-43 ES007897 - MARIA ISABEL PONTINI-9 ES007954 - ALEXANDRE VALDO MAITAN-79 ES007980 - DALVA MARIA DE ANDRADE-13 ES008225 - ADAO CARLOS PEREIRA PINTO-86 ES008288 - BRUNO DALL'ORTO MARQUES-82 ES008304 - WANESSA MARIA BARROS GURGEL-107 ES008522 - EDGARD VALLE DE SOUZA-7 ES008886 - GILBERTO JOSE DE SANTANA JR-67, 68 ES008958 - LILIAN BELISARIO DOS SANTOS-35 ES009093 - PHELIPE DE MONCLAYR P. CALAZANA SALIM-89 ES009196 - RODRIGO SALES DOS SANTOS-79 ES009277 - RICARDO LEAO DE CALAIS ROLDAO-78 ES009301 - MICHELLE GOTTARDI VENTURA-89 ES009409 - LYGIA ESPINDULA DAHER CARNEIRO-43 ES009597 - ZILMAR JOSE DA SILVA JUNIOR-43 ES009734 - DERMEVAL CESAR RIBEIRO-92 ES009921 - ALESSANDRO BRUNO DE SOUZA DIAS-18 ES010178 - MARTHA HELENA GALVANI CARVALHO-58 ES010399 - FLAVIANA RÖPKE DA SILVA-43 ES010404 - ALEX WERNER ROLKE-82, 91 ES010465 - RENATA RECHDEN GOMIDE-89

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Page 1: ÍNDICE DE PESQUISA DA 2ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · relaÇÃo de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta: Índice de pesquisa da 2ª turma recursal adriana zandonade-105,

RELAÇÃO DE ADVOGADOS (E/OU PROCURADORES) CONSTANTES NESTA PAUTA:

ÍNDICE DE PESQUISA DA 2ª TURMA RECURSAL

ADRIANA ZANDONADE-105, 16, 74ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO-15, 3, 59, 6ANA BEATRIZ LINS BARBOSA-101, 107, 67, 68, 98ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN-13, 15, 47, 48ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES-20ANESIO OTTO FIEDLER-95, 97BRUNO MIRANDA COSTA-45, 60Carolina Augusta da Rocha Rosado-2, 37, 59, 77, 86CLEBSON DA SILVEIRA-36, 56, 65, 96DANILO PEREIRA MATOS FIGUEIREDO-93ELZA ELENA BOSSOES ALEGRO OLIVEIRA-78ES000225B - RENATA STAUFFER DUARTE-43ES000232B - ESMERALDO A L RAMACCIOTTI-108ES000269B - MARIA DE FATIMA MONTEIRO-37ES001552 - CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL-45, 61ES001793 - SUELI DE PAULA FRANCA-84ES003478 - VALDIR BARBOSA DA SILVA-94ES003720 - IZAEL DE MELLO REZENDE-39ES004538 - ANA MERCEDES MILANEZ-39ES004770 - MARIA DA CONCEICAO CHAMUN-49ES005205 - LUCIANO KELLY DO NASCIMENTO-82ES005463 - EVANDRO ABDALLA-85ES005525 - MARLUCIA OLIVEIRA SANTOS-108ES005691 - DIENE ALMEIDA LIMA-2ES005715 - VLADIMIR CAPUA DALLAPICULA-69, 71ES006223 - RENATO BONINCENHA DE CARVALHO-81ES006571 - JULIO CESAR TOREZANI-2ES006997 - VALMIR DE ARAUJO-108, 94ES006999 - SAULO JOSE PEREIRA SOBREIRA-81ES007025 - ADENILSON VIANA NERY-24, 27, 28, 29, 32, 33, 38, 40, 41, 42, 44, 52, 53, 54, 55ES007313 - ALEXANDRE MELO BRASIL-94ES007514 - ORONDINO JOSE MARTINS NETO-43ES007897 - MARIA ISABEL PONTINI-9ES007954 - ALEXANDRE VALDO MAITAN-79ES007980 - DALVA MARIA DE ANDRADE-13ES008225 - ADAO CARLOS PEREIRA PINTO-86ES008288 - BRUNO DALL'ORTO MARQUES-82ES008304 - WANESSA MARIA BARROS GURGEL-107ES008522 - EDGARD VALLE DE SOUZA-7ES008886 - GILBERTO JOSE DE SANTANA JR-67, 68ES008958 - LILIAN BELISARIO DOS SANTOS-35ES009093 - PHELIPE DE MONCLAYR P. CALAZANA SALIM-89ES009196 - RODRIGO SALES DOS SANTOS-79ES009277 - RICARDO LEAO DE CALAIS ROLDAO-78ES009301 - MICHELLE GOTTARDI VENTURA-89ES009409 - LYGIA ESPINDULA DAHER CARNEIRO-43ES009597 - ZILMAR JOSE DA SILVA JUNIOR-43ES009734 - DERMEVAL CESAR RIBEIRO-92ES009921 - ALESSANDRO BRUNO DE SOUZA DIAS-18ES010178 - MARTHA HELENA GALVANI CARVALHO-58ES010399 - FLAVIANA RÖPKE DA SILVA-43ES010404 - ALEX WERNER ROLKE-82, 91ES010465 - RENATA RECHDEN GOMIDE-89

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ES010477 - FABIANO ODILON DE BESSA LURETT-26ES010485 - CLEBER ALVES TUMOLI-82ES010517 - FABIO SIQUEIRA MACHADO-94ES010629 - ELISA BONESI JARDIM-89ES010751 - MARCELO MATEDI ALVES-95, 96, 97ES010835 - ALMIR MELQUIADES DA SILVA-26ES010957 - CARLA CARRARA DA SILVA JARDIM-20ES011101 - NICOLI PORCARO BRASIL-94ES011274 - KÉZIA NICOLINI-12ES011324 - ALINE TERCI BAPTISTI BEZZI-107ES011376 - BRUNO COLODETTI-89ES011377 - CLAUDIO PENEDO MADUREIRA-89ES011511 - Marco Aurélio Rangel Gobette-30ES011598 - MARIANA PIMENTEL MIRANDA DOS SANTOS-39ES011813 - ANDRÉ VINICIUS MARQUES GONÇALVES-56ES011848 - PAULA GRATZ PIMENTEL-88ES011893 - LEONARDO PIZZOL VINHA-95, 96, 97ES011936 - LUCIANO MOREIRA DOS ANJOS-4ES012036 - ANIBAL GUALBERTO MACHADO DOS SANTOS-91ES012045 - RODOLFO PRANDI CAMPAGNARO-91ES012184 - ANDRÉ CAMPANHARO PÁDUA-63ES012449 - ROGÉRIO KEIJÓK SPITZ-78ES012683 - FLÁVIO LÚCIO FERREIRA DE SOUZA-85ES012696 - Rodrigo Santolini Fitaroni-85ES012708 - PATRÍCIO CIPRIANO-90ES012916 - MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI-102, 103, 104, 105, 106, 70, 72, 73, 74, 75, 76ES012938 - JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES-14, 50ES012995 - MARIA CRISTINA NOGUEIRA MOREIRA-49ES013099 - MÁRIO SERGIO DE ARAÚJO PIMENTEL-91ES013224 - MARCELA CLIPES-21ES013284 - SARITA DO NASCIMENTO FREITAS-39ES013351 - KENIA PACIFICO DE ARRUDA-91ES013495 - BERNARDO JEFFERSON BROLLO DE LIMA-37ES013525 - JEFFERSON R. MOURA-34ES013583 - MARCELA DE AZEVEDO BUSSINGUER-43ES013604 - PATRICIA DE FREITAS RONCATO-84ES013765 - SAULO NASCIMENTO COUTINHO-80ES013779 - LEANDRO FLOR SANTOS-8ES013789 - FERNANDA ANDRADE SANTANA-63ES013876 - MARIA NAZARET DE CASTRO BATISTA-80ES013938 - JONAS NOGUEIRA DIAS JÚNIOR-78ES014129 - LUIZ CARLOS BARRETO-48, 87ES014537 - MARIANA MARCHEZI BRUSCHI-98ES014684 - EDUARDO VAGO DE OLIVEIRA-25ES015271 - GIORDANO MORATTI CASTIGLIONI-77ES015283 - WANESSA ALDRIGUES CANDIDO-31ES015405 - ALLYSSON CARLOS PEREIRA PINTO-86ES015442 - POLIANA ANDRE ADVERSI-94ES015707 - PAULO WAGNER GABRIEL AZEVEDO-1, 22ES015744 - CATARINE MULINARI NICO-46ES015776 - Dermeval César Ribeiro Júnior-92ES015788 - JOSE ROBERTO LOPES DOS SANTOS-19, 23, 57ES015907 - WILLIAN PEREIRA PRUCOLI-36ES016277 - PETERSON CIPRIANO-90ES016508 - ANDRESSA COLOMBIANO LOUZADA-79ES016822 - PAULA GHIDETTI NERY LOPES-24, 33, 44, 53

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ES017092 - GAUDENCIO BARBOSA-64ES017122 - RODRIGO NUNES LOPES-53ES017838 - SILVANIA APARECIDA DA SILVA ABILIO-30ES018487 - MAIRA MIRANDA MACEDO-100ES018544 - CASSIANO RICARDO LEITE DE FREITAS-51ES018822 - JOSÉ AMAZIAS CORREIA DOS SANTOS-30ES019660 - APARECIDA KETTLEN COSTA DALFIOR-93ES019850 - ELCIO MACIEL-5ES022388 - TERESA CRISTINA SOUSA FERNANDES-31EUGENIO CANTARINO NICOLAU-14, 50GUSTAVO DE RESENDE RAPOSO-102GUSTAVO HENRIQUE TEIXEIRA DE OLIVEIRA-70, 71, 72HENRIQUE BICALHO CIVINELLI DE ALMEIDA-38, 42, 44, 52, 55Isabela Boechat B. B. de Oliveira-39JAILTON AUGUSTO FERNANDES-27, 32, 33JANICE MUNIZ DE MELO-80JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS-61JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA-5JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA-57, 8JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA-18, 3, 64, 66JOSIANI GOBBI MARCHESI FREIRE-103JULIANA ALMENARA ANDAKU-76JULIANA BARBOSA ANTUNES-92Karina Rocha Mitleg Bayerl-65LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI-17LIDIANE DA PENHA SEGAL-11, 60LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO-43Luciano José Ribeiro de Vasconcelos Filho-85Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro-35MARCIA RIBEIRO PAIVA-31MARCOS ANTONIO BORGES BARBOSA-4MARCOS FIGUEREDO MARÇAL-30MARCOS JOSÉ DE JESUS-19, 23, 49MARINA RIBEIRO FLEURY-69, 73, 75MG049834 - CARLOS ALBERTO CUNHA ALVES-77MG086458 - ALEXANDRE ORSI GUIMARÃES PIO-99MG106003 - KARINE AXER OLIVEIRA E SILVA-77PAULA ABRANCHES ARAÚJO SILVA-104Paulo Henrique Vaz Fidalgo-26PEDRO GALLO VIEIRA-100PEDRO INOCENCIO BINDA-12, 25, 9RENATA BUFFA SOUZA PINTO-99RICARDO FIGUEIREDO GIORI-47, 62, 66RJ109580 - GUSTAVO ABBI FERREIRA-81, 83RODRIGO BARBOSA DE BARROS-10RODRIGO COSTA BUARQUE-81, 83RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA-21, 22, 28, 29, 4, 7ROSELAINE MOREIRA ALVES-106ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA-87, 89SC005783 - MAIKE RENATE REINERT-74SC030714 - MARCO AURÉLIO TAVARES PEREIRA-74SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI-1, 11, 46, 51, 54, 6TELMA SUELI FEITOSA DE FREITAS-62THIAGO DE ALMEIDA RAUPP-40, 41, 53UBIRATAN CRUZ RODRIGUES-24, 34, 63, 88, 90Vinícius de Lacerda Aleodim Campos-58

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2ª Turma RecursalJUIZ(a) FEDERAL DR(a). GUSTAVO ARRUDA MACEDO

Nro. Boletim 2014.000102 DIRETOR(a) DE SECRETARIA LILIA COELHO DE CARVALHO MAT. 10061

16/09/2014Expediente do dia

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

1 - 0000492-11.2009.4.02.5003/01 (2009.50.03.000492-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x VALDIR GOMES (ADVOGADO:ES015707 - PAULO WAGNER GABRIEL AZEVEDO.).RECURSO Nº 0000492-11.2009.4.02.5003/01 (2009.50.03.000492-4/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: VALDIR GOMESRELATORA: ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJOVOTO/EMENTAPREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. TRABALHADOR RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL.DOCUMENTOS SUFICIENTES. PROVA TESTEMUNHAL. OPERADOR DE MOTOSSERRA. AUSÊNCIA DE TRABALHOEM REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. DESCARACTERIZAÇÃO DE SEGURADO ESPECIAL. IMPROCEDÊNCIA DOPEDIDO.1. O INSS interpôs recurso inominado da sentença que julgou procedente o pedido da parte autora, concedendo-lheaposentadoria por idade (rural). Sustenta o recorrente que, no caso em tela, o autor não apresentou início de provamaterial válida de atividade rural, bem como trabalhou como motosserrista, de modo que não poderia ser enquadrado comosegurado especial rural.2. Na forma do artigo 201, §§ 7º, II, da CF e na legislação em vigor, são dois os requisitos para a concessão do benefício: a)possuir o trabalhador rural, qualquer que seja a categoria de segurado (empregado, avulso, contribuinte individual esegurado especial), 60 (sessenta) anos de idade, se homem, e 55 (cinqüenta e cinco) anos de idade, se mulher; b) efetivoexercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento daaposentadoria, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência da aposentadoria por idade(atualmente, são 180 meses, ou 15 anos), computado o período das atividades não vedadas ao segurado especial. Oinciso VII, do artigo 11, daquela Lei 8.213/91, classifica como segurado especial o produtor, o parceiro, o meeiro e oarrendatário rurais, o garimpeiro, o pescador artesanal e o assemelhado, que exerçam suas atividades, individualmente ouem regime de economia familiar, ainda que com auxílio de terceiros, bem como seus cônjuges ou companheiros e filhosmaiores de 14 anos ou a ele equiparados, desde que trabalhem comprovadamente com o grupo familiar respectivo.3. A Súmula 196 do STF dispõe que: "Ainda que exerça atividade rural, o empregado de empresa industrial ou comercial éclassificado de acordo com a categoria do empregador." O EG. TRF 3 já decidiu que “os operadores de motosserra quetrabalham em empresas de reflorestamento são considerados trabalhadores rurais em razão da atividade de extração quedesenvolvem, diretamente ligada ao meio rural, sendo que o fato de utilizarem-se de ferramenta mais elaborada para aexecução de seu trabalho não é suficiente para converter em urbana a natureza seu lavor” (AMS: 13064 SP0013064-62.1998.4.03.6100, Rel. Des. Fed. ANDRÉ NEKATSCHALOW, Data de Julgamento: 17/09/2012, QUINTATURMA). Todavia, no caso em exame, falta ao autor a qualificação de segurado especial em regime de economia familiar,inexistindo prova neste sentido.4. Recurso do INSS conhecido e provido para julgar improcedente o pedido inicial. Sem custas ou honorários diante dagratuidade de justiça deferida.(assinado eletronicamente)ALINE ALVES DE MELO MIRANDA ARAÚJOJuíza Federal – 3ª Relatora da 2ª Turma Recursal

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

2 - 0005503-40.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005503-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) PRISCILA DE FÁTIMA SABINO(ADVOGADO: ES006571 - JULIO CESAR TOREZANI, ES005691 - DIENE ALMEIDA LIMA.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Carolina Augusta da Rocha Rosado.).RECURSO Nº 0005503-40.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005503-9/01)RECORRENTE: PRISCILA DE FÁTIMA SABINORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

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EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELA CAPACIDADE LABORATIVA DA PARTEAUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91).3. Laudo do perito judicial no qual se atesta a capacidade da autora para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

PRISCILA DE FÁTIMA SABINO interpõe recurso inominado, às fls. 59/64, contra sentença (fls. 54/56), proferida pelo MM.Juiz do 1º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou improcedentes os pedidos paracondenar o INSS a conceder o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez.

02. A recorrente afirma que é portadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que faz jus ao pagamentodo benefício para dar continuidade ao seu tratamento, o que atenderia à função social da previdência.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 69/72, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudoemitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral da recorrente, bem como que a parte autoracontinua a trabalhar, conforme se extrai de consulta à base de dado CNIS (fls. 73/74).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). A recorrente sustenta que o ato administrativo, que determinou a cessaçãodo benefício de auxílio-doença que lhe fora concedido, é nulo, porque ela é portadora de doença que a incapacita para suaatividade laborativa.

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o atestado médico, de fl. 21, emitido em 20.07.2010,informa que a autora está em tratamento de síndrome do impacto de ombro direito, solicitando o afastamento por trêsmeses. Apenas o de fl. 21 é posterior à cessação do benefício de auxílio-doença. No atestado médico, de fl. 22, firmado em06.08.2010, é afirmado que a autora estava em fisioterapia devido à tendinite no ombro direito, sendo necessária acontinuidade do tratamento. Entretanto, no laudo do perito judicial, redigido em 27.06.2011, consta que a recorrente temquadro de tendinopatia em ombro direito, o que não a incapacita para o trabalho. Ademais, afirma que não há como saberqual era o quadro clínico da demandante na data da propositura da ação (07.10.2010) ou quando houve o requerimentoadministrativo para a concessão do benefício.

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09. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aosatestados juntados pela recorrente. A concessão do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-se no quadroclínico atual do segurado, o qual permite o seu retorno ao trabalho com o uso da medicação adequada, conformedemonstram as provas produzidas nos autos.

10. Ademais, a idade da segurada e o trabalho por ela desempenhado não impedem que ela possa desenvolversuas atividades profissionais sem risco maiores à sua saúde, valendo destacar que a ela continua a trabalhar, conformeinformações extraídas do CNIS (fls. 73/74).

11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1.060/50 (fl. 27).

12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

3 - 0009307-84.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.009307-1/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.) x JOSMAR MACHADO ROCHA (DEF.PUB: ALINE FELLIPEPACHECO SARTÓRIO.).RECURSO Nº 0009307-84.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.009307-1/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: JOSMAR MACHADO ROCHARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.PREQUESTIONAMENTO.

DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 201/210, contra acórdão proferidoàs fls. 197/199 ao argumento de existência de omissão. Sustenta, para fins de prequestionamento, que o julgado é omisso,porquanto deixou de se pronunciar expressamente sobre os artigos 2º, 22, I, 5º, caput e incisos XXXV, LIV, LV, 93, IX e 134todos da Constituição da República de 1988, no tocante à fixação de honorários advocatícios em favor da recorrente,excluída a possibilidade de confusão de créditos em relação à União e às suas autarquias prevista no enunciado n. 421, dasúmula da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos efundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso deEmbargos de Declaração, novo julgamento motivado pela irresignação de uma das partes em face do posicionamentoesposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração, não é cabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutirquestão analisada pela decisão atacada. (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

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04. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão de recurso extraordinário não está condicionada à referênciaexplícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdão recorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese– que a interpretação da norma constitucional discutida tenha lastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nessesentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI(Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p. 36):1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade deequiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

05. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

4 - 0001102-34.2006.4.02.5051/01 (2006.50.51.001102-9/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA, MARCOS ANTONIO BORGES BARBOSA.) x SEBASTIAO CARLOS DEVARGAS (ADVOGADO: ES011936 - LUCIANO MOREIRA DOS ANJOS.) x OS MESMOS.RECURSO Nº 0001102-34.2006.4.02.5051/01 (2006.50.51.001102-9/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: OS MESMOSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 210/214, contra acórdão proferido às fls. 204/206 que manteve asentença que condenou a autarquia ao pagamento das parcelas vencidas corrigidas monetariamente, na forma do Manualde Cálculos da Justiça Federal, ao argumento de existência de omissão e contradição. Para tanto, sustenta que a referênciaao Manual de Cálculos da Justiça Federal é contrária à forma de atualização monetária prevista pelo art. 1º-F, da Lei nº9.494/97, que permanece vigente enquanto o Supremo Tribunal Federal não se pronunciar sobre a modulação temporal dosefeitos dos acórdãos prolatados em julgamento das ADIs 4357 e 4425.

Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço os Embargosde Declaração e passo à análise do seu mérito.

Em análise da contradição alegada entre o posicionamento adotado pelo acórdão recorrido e a orientação esposada peloSupremo Tribunal Federal sobre a forma de atualização monetária das parcelas vencidas, destaco que a contradição é vícioa ser corrigido pelos embargos de declaração caso no julgado existam “proposições entre si inconciliáveis” (José CarlosBarbosa Moreira. Comentários ao Código de Processo Civil. Vol. V. 9ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2001, p. 548). Logo,eventual contraste entre o acórdão atacado e a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal não é contradição a ser sanadaem julgamento de Embargos de Declaração, não devendo o recurso ser provido quanto a essa questão.

04. No que tange à omissão relacionada às razões empregadas para que a atualização monetária seja feita emobediência aos parâmetros fixados pelo Manual de Cálculos da Justiça Federal, os quais incluem o INPC em substituição àTR, registro que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j.14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou a inconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão“independentemente da sua natureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pelaEmenda Constitucional n. 62/09, para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados osmesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria ainconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio daisonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j.14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine à extensão doíndice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dos débitos aserem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da República de 1988),uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime.

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05. Conquanto o Supremo Tribunal Federal não tenha concluído o julgamento sobre a modulação temporal dosacórdãos prolatados nas aludidas ADIs, o que manteria aplicável a forma de atualização monetária prevista no art. 1º-F, daLei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, tal como decidido por aquela Corte ao determinar que os demaisTribunais dessem “continuidade aos pagamentos de precatórios, na forma como já vinham realizando até a decisãoproferida pelo Supremo Tribunal Federal em 14/03/2013, segundo a sistemática vigente à época”, observo que aquelaCorte, em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidadede lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata da sessão de julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel.Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE 20.09.2012). A invalidade da lei ou do ato normativo, porser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída por decisão de dois terços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lein. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento na presente hipótese. A despeito disso, para dirimir incertezaquanto ao regime de pagamento de precatórios, o Supremo Tribunal Federal determinou cautelarmente que houvesse amanutenção do regramento anterior. Embora o posicionamento acatado pelo Pleno do STF não tenha especificado osíndices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos, reputo prevalecer a legislação específica para a matériaque, na presente situação, define o INPC como índice de atualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n.8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo Superior Tribunal de Justiça (cf. AgRg no RESP 1.417.699/SC, SegundaTurma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014; AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min.Herman Benjamin, DJE 09.12.2013), motivo por que não existe omissão a ser suprida.

06. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

07. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

08. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

5 - 0004443-61.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.004443-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARTA SCHMIDTGONCALVES RAMOS (ADVOGADO: ES019850 - ELCIO MACIEL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.).RECURSO Nº 0004443-61.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.004443-9/01)RECORRENTE: MARTA SCHMIDT GONCALVES RAMOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autora portadora de neoplasia de mama esquerda submetida a quimioterapia e a cirurgia. Laudo pericial no qual seatesta a capacidade para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

MARTA SCHMIDT GONÇALVES RAMOS interpõe recurso inominado, às fls. 97/105, contra sentença (fls. 91/92), proferidapelo MM. Juiz do 2º Juizado Especial Federal de Vitória, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a

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restabelecer o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez a contar de sua cessação.

02. A recorrente afirma que é portadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercícioprofissional não é possível devido às suas condições de saúde e à sua idade. Aduz que o laudo pericial diverge dos laudosmédicos, inclusive de laudos médicos do INSS. Pugna pela procedência do pedido e/ou pela realização de nova perícia.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 111/115, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que olaudo emitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral do recorrente, conforme conclusões jáapresentadas pelo médico perito do INSS. Destaca que não há contradição nos laudos em comento, uma vez que estaracometido de doença não significa estar incapaz.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). A recorrente afirma que é portadora de doença incapacitante para oexercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aosautos. Alega que o seu efetivo exercício profissional não é possível devido às suas condições de saúde e à sua idade. Aduzque o laudo pericial diverge dos laudos médicos, inclusive de laudos médicos do INSS. Pugna pela procedência do pedidoe/ou pela realização de nova perícia.

08. Ressalto que o pedido de realização de nova perícia não veio acompanhado de fundamentação idônea a demonstrarque a perícia realizada não esclareceu suficientemente a matéria, razão por que ele não deve ser acolhido em sederecursal (art. 437, do Código de Processo Civil).

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que não há qualquer laudo médico atestando aincapacidade laborativa da autora após a realização da mastectomia, e tampouco após a cessação do benefício deauxílio-doença n. 544.160.620-3 (16/12/2010 a 26/01/2012). O atestado de fl. 19, subscrito por médico cirurgião do HospitalEvangélico de Vila Velha em 16/12/2010, informa que a autora é portadora de neoplasia maligna da mama esquerda e fariaquimioterapia neo-adjuvante e mastectomia radical. O atestado de fl. 20, subscrito por médico do Hospital Evangélico deVila Velha em 18/05/2011, informa que a autora encontra-se em pós-operatório de mastectomia radical, após término dequimioterapia neo-adjuvante. Os exames de fls. 27/32 comprovam a existência do câncer. Por sua vez, o laudo redigidopelo perito nomeado judicialmente afirma que a autora é portadora de neoplasia de mama esquerda submetida àquimioterapia e à cirurgia. Afirma que os referidos tratamentos causam incapacidade temporária, a qual teria cessado em31/12/2011. Sustenta que, no exame efetuado em 18/09/2012, a autora apresentou-se recuperada e apta ao exercício desuas funções. Alega que a autora pode trabalhar em pé, carregar peso compatível com sua constituição física, mas deveevitar esforços que sobrecarreguem o membro superior esquerdo, bem como movimentos repetitivos, devido a ferimentosno referido membro. Aduz que, levando-se em conta que na qualidade de feirante, a autora desenvolve atividade intensacom esforços físicos e não teria o mesmo rendimento em condições normais, inclusive pela idade, 60 anos. Concluiu quenão há incapacidade laborativa (fls. 45/48 e fl. 70).

10. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pela recorrente. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-se no quadro clínicoatual da segurada, o qual permite o seu retorno ao trabalho com o uso da medicação adequada, conforme demonstram asprovas produzidas nos autos.

11. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 34).

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

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14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

6 - 0000624-19.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.000624-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA APARECIDAFERREIRA DA SILVA (DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).RECURSO Nº 0000624-19.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.000624-4/01)RECORRENTE: MARIA APARECIDA FERREIRA DA SILVARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91).3. Autora portadora de artrose discreta da coluna lombar sem sinal clínico de compressão nervosa e de sequela depoliomielite. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

MARIA APARECIDA FERREIRA DA SILVA interpõe recurso inominado, às fls. 94/100, contra sentença (fls. 89/91),proferida pela MMª. Juíza do 2º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou improcedente opedido para condenar o INSS a restabelecer o benefício de auxílio-doença desde a data da sua cessação.

02. A recorrente afirma que é portadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Afirma que é portadora de artrosena coluna lombar, dor lombar baixa, transtorno patelar, além de deformidades adquiridas e transtornos do tecido mole.Alega que o seu efetivo desempenho profissional não é possível devido às suas condições de saúde e pessoais, as quaisimpossibilitam o exercício da atividade laboral.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 105/109, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que olaudo emitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral do recorrente, conforme conclusões jáapresentadas pelo médico perito do INSS.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

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07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91). Arecorrente sustenta que o ato administrativo, que indeferiu seu requerimento para a concessão de auxílio-doença, é nulo,porque ela é portadora de doença que a incapacita para sua atividade laborativa.

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que às fl. 06 foram colacionados três atestados subscritospor médico do Hospital da Polícia Militar, dois dos quais contemporâneos ao período em que a autora fez jus à percepçãodo benefício de auxílio-doença nº 545.130.546-0 (10/08/2010 a 03/02/2012 – fls. 5, 15/16). O atestado de fl. 07 também écontemporâneo ao mencionado período. O atestado de fl. 06, subscrito por médico do Hospital da Polícia Militar em01/02/2012, poucos dias antes da cessação do benefício nº 545.130.546-0, afirma que a paciente é portadora de sequelasde poliomielite, queixas de dores em região lombar e joelhos e que possui dificuldades laborativas no momento. Contudo, olaudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, posiciona-se em sentido diverso, tendo sido afirmado que a recorrente éportadora de artrose discreta da coluna lombar sem sinal clínico de compressão nervosa e de sequela de poliomielite.Concluiu que não há incapacidade laborativa (fls. 68/71).

09. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pela recorrente em sua petição inicial. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-seno quadro clínico atual da segurada, o qual permite o seu retorno ao trabalho com o uso da medicação adequada, conformedemonstram as provas produzidas nos autos.

10. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

11. Ressalto que as condições pessoais do autor só teriam relevância se perícia judicial tivesse constatado incapacidadeparcial para o trabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser, na prática,descartada, para efeito de converter auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. Entretanto, não tendo sido confirmadanenhuma limitação funcional, o quadro social isoladamente considerado não basta para respaldar a concessão doauxílio-doença.

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 60).

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

7 - 0000997-49.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000997-5/01) ANNA SALVADOR CALEGARI (ADVOGADO: ES008522 -EDGARD VALLE DE SOUZA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO STEPHANDE ALMEIDA.).RECURSO Nº 0000997-49.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000997-5/01)RECORRENTE: ANNA SALVADOR CALEGARIRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.

ANNA SALVADOR CALEGARI interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 224/227, contra acórdão proferido àsfls. 216/218 ao argumento de existência de omissão e contradição. Para tanto, sustenta que o acórdão embargado não semanifestou acerca da alegada afronta ao princípio do contraditório e da ampla defesa em sede administrativa. Questiona sea Lei nº 11.718/08 poderia ser aplicada ao presente caso e alega omissão quanto a alegado direito adquirido àaposentadoria por idade rural.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Passando-se ao exame de possíveis vícios, com fundamento no art. 535 do Código de Processo Civil, consignoque, da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos e fundamentos

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jurídicos e dos pedidos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso de Embargos de Declaração,novo julgamento da causa motivado pela irresignação de uma das partes em face do posicionamento esposado pelocolegiado. Aos Embargos de Declaração, não é cabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutir questãosobejamente analisada pela decisão atacada (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. Vale sublinhar que os embargos de declaração apenas visam à reparação de eventual contradição entre aspremissas adotadas pelo julgador ou entre elas e a conclusão ao final sufragada, o que não é apontado no recurso ora emjulgamento.

05. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

06. Publique-se. Intimem-se.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

8 - 0000182-87.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000182-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.) x ELIANA CANDIDA GUIMARÃESRODRIGUES (ADVOGADO: ES013779 - LEANDRO FLOR SANTOS.).RECURSO Nº 0000182-87.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000182-5/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ELIANA CANDIDA GUIMARÃES RODRIGUESRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.PREQUESTIONAMENTO.

ELIANA CANDIDA GUIMARÃES RODRIGUES interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 107/110, contraacórdão proferido às fls. 104/105 ao argumento de existência de omissão e contradição. Para tanto, sustenta que o julgadoé omisso e contraditório, porquanto deixou de condenar o INSS ao pagamento de honorários advocatícios, embora tenhasido constituído advogado particular nos autos, conforme fls. 94/95 e 96.

02. DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO também interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 113/123,contra acórdão proferido às fls. 104/105 ao argumento de existência de omissão. Alega, para fins de prequestionamento,que o julgado é omisso, porquanto deixou de se pronunciar expressamente sobre os artigos 2º, 22, I, 5º, caput e incisosXXXV, LIV, LV, 93, IX e 134 todos da Constituição da República de 1988, no tocante à fixação de honorário advocatíciosem favor da recorrente, excluída a possibilidade de confusão de créditos em relação à União e às suas autarquias previstano enunciado n. 421, da súmula da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça.

03. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

04. Da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos efundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso deEmbargos de Declaração, novo julgamento motivado pela irresignação de uma das partes em face do posicionamentoesposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração, não é cabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutirquestão analisada pela decisão atacada (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ

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20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

05. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão de recurso extraordinário não está condicionada à referênciaexplícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdão recorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese– que a interpretação da norma constitucional discutida tenha lastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nessesentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI(Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p. 36):1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade deequiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

06. No que tange à alegação da parte autora, observo que a procuração de fls. 94/95 foi juntada quando aDefensoria Pública já havia apresentado as contrarrazões recursais, tendo sido a petição de embargos de declaração aúnica peça apresentada nos autos pelo patrono da demandante. Sendo assim, não há que se falar em condenação emhonorários advocatícios em seu favor, com fulcro no artigo 55 da Lei 9.099/95, uma vez que não atuou antes da formaçãodo título judicial condenatório.

07. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração interpostos pela parte autora e pela Defensoria Pública daUnião e, no mérito, nego-lhes provimento.

08. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

09. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

9 - 0000883-70.2010.4.02.5054/01 (2010.50.54.000883-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) FRANCISCO BENTO PEREIRA(ADVOGADO: ES007897 - MARIA ISABEL PONTINI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.).RECURSO Nº 0000883-70.2010.4.02.5054/01 (2010.50.54.000883-8/01)RECORRENTE: FRANCISCO BENTO PEREIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total

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e permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autor portador de doença cardiorrespiratória e hipertensão arterial. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade para otrabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

FRANCISCO BENTO PEREIRA interpõe recurso inominado, às fls. 61/69, contra sentença (fls. 57/58), proferida pela MMª.Juíza do Juizado Especial Federal de Colatina, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a conceder obenefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez.

02. O recorrente afirma que é portador de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercícioprofissional não é possível devido às suas condições de saúde.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 73/74, nas quais requer o desprovimento do recurso. Reitera os termosdas petições anteriormente ofertadas, em especial da contestação.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). O recorrente sustenta que o ato administrativo, que indeferiu seurequerimento para a concessão de auxílio-doença, é nulo, porque ele é portador de doença que o incapacita para suaatividade laborativa.

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o atestado de fl. 17, subscrito por médico do SUS em12/03/2009, afirma que o autor é portador de hipertensão arterial severa e não possui condições de realizar esforços. Oatestado de fl. 19, subscrito por médico ortopedista do Hospital Maternidade São José em 17/03/2009, afirma que o autorapresenta espondiloartrose lombar. O atestado de fl. 21 subscrito por médico do SUS em 17/03/2009, afirma que o autorteve diagnóstico de cisto renal, fez tratamento e submete-se a acompanhamento ambulatorial e controle tomográfico. Oatestado de fl. 20, subscrito por médico do SUS em 06/05/2010, afirma que o autor está em tratamento cardiológico comhipertensão arterial e insuficiência coronária e não pode exercer atividade laborativa. O atestado de fl. 16, subscrito pormédico do SUS em 26/08/2010, afirma que o autor está em tratamento cardiológico com hipertensão arterial(sisto-diastólica com miocardiopatia hipertrófica) e deve evitar esforços laborativos. Contudo, o laudo redigido pelo peritonomeado judicialmente, posiciona-se em sentido diverso, tendo sido afirmado que o recorrente é portador de doençacardiorrespiratória e hipertensão arterial e não preenche os critérios clínicos e complementares para incapacidadecardiológica; usa medicação e faz tratamento na rede pública. Concluiu que não há incapacidade laborativa (fls. 43/45).

09. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pelo recorrente. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condiçõesdignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve seracompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos osrequisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis àpretensão dos segurados.

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10. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 27).

11. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

12. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

10 - 0000040-09.2013.4.02.5052/01 (2013.50.52.000040-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: RODRIGO BARBOSA DE BARROS.) x GEREMIAS CALIXTO.RECURSO Nº 0000040-09.2013.4.02.5052/01 (2013.50.52.000040-9/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALRECORRIDO: GEREMIAS CALIXTORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SEM PATROCÍNIO. RECURSO PROVIDO.

UNIÃO interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 55/66, contra acórdão proferido às fls. 62/63 ao argumento deexistência de erro material e contradição. Sustenta, para tanto, que embora a parte autora não tenha contratado profissionalpara defendê-la em juízo, o acórdão embargado condenou a embargante ao pagamento de honorários advocatícios, comfulcro no artigo 55, da Lei 9.099/95.

02. Passando-se ao exame de possíveis vícios, com fundamento no art. 535 do Código de Processo Civil, consignoque o artigo 55 da Lei 9.099/95 estabelece que o recorrente vencido pagará a verba honorária. O Enunciado nº 55, dasTurmas Recursais do Espírito Santos prevê que: “a omissão do advogado da parte recorrida em apresentar contrarrazõesao recurso não isenta o recorrente vencido de pagar honorários advocatícios”. De igual modo, o Enunciado n. 96, do FórumNacional dos Juizados Especiais, preconiza que: “A condenação do recorrente vendido, em honorários advocatícios,independente da apresentação de contrarrazões”.

03. Contudo, na presente hipótese, a parte autora não contratou advogado para representá-la judicialmente, o queinfirma o substrato fático a ensejar a imposição de verba honorária sucumbencial, uma vez que não há custo a serressarcido.

04. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, dou-lhes provimento para excluir a condenação daUNIÃO ao pagamento de honorários advocatícios no acórdão embargado.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

11 - 0004672-89.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004672-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) IVISON RANGEL DA SILVA(DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONELENGRUBER DARROZ ROSSONI.).RECURSO Nº 0004672-89.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004672-5/01)RECORRENTE: IVISON RANGEL DA SILVARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. CONTRIBUINTE INDIVIDUAL.INCAPACIDADE PRÉ-EXISTENTE À FILIAÇÃO AO REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL.1. A Lei nº 8.213/91 exige para o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.2. Incapacidade para o trabalho pré-existente à data em que o autor voltou a contribuir para a Seguridade Social, naqualidade de contribuinte individual. Improcedência do pedido para a concessão dos benefícios de aposentadoria porinvalidez ou auxílio-doença, nos termos dos arts. 42, §2º, e 59, parágrafo único, da Lei n. 8.213/91.

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3. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, em razão dagratuidade de justiça concedida (art. 12, da Lei n. 1.060/50).

RELATÓRIO

IVISON RANGEL DA SILVA interpõe recurso inominado, às fls. 123/128, contra sentença (fls. 119/120), proferida pelo MM.Juiz do 1º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou improcedente o pedido para condenaro INSS a conceder o benefício de aposentadoria por invalidez e, sucessivamente, restabelecer o benefício deauxílio-doença desde sua cessação.

02. O recorrente afirma que é portador de doenças cardíacas que não o impediram de trabalhar até outubro de 2006e, de julho de 2007 até julho de 2008, motivo por que seria incorreto afirmar que ele estaria incapacitado para o trabalhodesde 10.05.2006. Alega que a doença não o tornou inapto para o trabalho desde a sua origem, devendo ser considerado oseu agravamento progressivo para a concessão do benefício por incapacidade.

03. Contrarrazões apresentadas pelo INSS às fls. 137/142, nas quais a autarquia previdenciária sustenta que a parteautora é portadora de doença pré-existente à sua filiação no Regime Geral da Previdência Social, o que veda a concessãoda aposentadoria por invalidez pleiteada, nos termos do art. 42, §2º, da Lei n. 8.213/91.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à data de início de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).

08. Da leitura dos documentos carreados aos autos, verifico que o autor juntou: i) prontuário médico junto à ClínicaProf. Victor Murad com relato de atendimentos realizados entre 21.05.2003 e 20.04.2010 (fls. 24/27); ii) encaminhamentopara procedimento radiológico, em 01.08.2008, em que o autor é descrito como “paciente com cardiopatia dilatada ediabético” (fl. 28); iii) atestado médico, subscrito em 01.02.2008, em que se afirma que o demandante é cardiopata enecessita de 90 dias de afastamento do trabalho (fl. 29); iv) exames médicos entre agosto e dezembro de 2008 às fls.30/34, 45/46; v) atestados médicos, datados de 04.09.2009, 25.11.2009 e24.03.2010, em que se afirma a condição decardiopata do autor (fls. 35, 40 e 49), valendo destacar que o documento de fl. 37 está ilegível; vi) laudos de examesmédicos nos quais não foi possível identificar a data de emissão (fls. 41/44, 48).

09. O perito judicial, em laudo de fls. 84/86, concluiu que o autor é portador de hipertensão arterial sistêmica comcardiopatia hipertensiva e diabetes mellitus, o que o tornaria parcialmente incapaz para o trabalho em atividade comelevado nível de estresse desde a data do requerimento administrativo do benefício em 01.09.2010, sendo a doençaincurável e progressiva. Contudo, o magistrado sentenciante, ao examinar os laudos médicos firmados em âmbitoadministrativo, verificou que o indeferimento da prorrogação do benefício de auxílio-doença recebido pelo demandantebaseou-se nas considerações apresentadas no documento de fl. 118, segundo as quais a data de início de incapacidadedeveria ser fixada “pelo menos em 10/05/2006, ocasião em que há descrição de graves achados no ecocardiograma”.

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10. A data de início da incapacidade é dado importante, uma vez que o autor, após ter sido segurado na qualidade deempresário entre 19.10.1978 e 18.06.1984, foi servidor público entre 12.06.2003 e 28.10.2008 (fl. 103), não obstante tenhacontribuído como contribuinte individual a partir de junho de 2007, recolhendo contribuições até julho de 2008 (fls. 105/106).Ante a controvérsia sobre a data inicial da incapacidade, destaco que o perito judicial não soube precisar o começo dadoença do recorrente, tendo-se limitado a afirmar que esta já existia quando foi apresentado requerimento administrativopara concessão do benefício de auxílio-doença. Entretanto, constato que posicionamento do INSS teve como supedâneo osdados constantes no prontuário médico do autor junto à Clínica Prof. Victor Murad, em que há anotação relacionada aomencionado exame de ecocardiograma em 10.05.2006 (fl. 26). A análise conjunta do acervo probatório infirma a alegaçãode que a existência da referida doença não induziria a incapacidade para o trabalho, uma vez que, em 29.09.2008, o autorafirmou que estava “de licença médica no Estado já já 2 anos” (fl. 112).

11. Desse modo, é incorreto alegar que a inaptidão para o trabalho do demandante teria decorrido de agravamentode doença pré-existente, pois, quando voltou a contribuir para a Seguridade Social em junho de 2007, o autor já não maisexercia o seu cargo na Administração Pública graças à licença médica que lhe havia sido deferida. Sublinho que orecolhimento das referidas contribuições pelo período de doze meses não presume a aptidão laborativa, uma vez que elasforam vertidas na qualidade de contribuinte individual. Logo, o pedido para a concessão dos benefícios de aposentadoriapor invalidez ou auxílio-doença deve ser julgado improcedente, com fulcro nos arts. 42, §2º, e 59, parágrafo único, da Lei n.8.213/91.

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas ehonorários advocatícios, em razão da gratuidade de justiça concedida à fl. 74 (art. 12, da Lei n. 1.060/50).

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

12 - 0000340-33.2011.4.02.5054/01 (2011.50.54.000340-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) GERALDO BERNABÉ(ADVOGADO: ES011274 - KÉZIA NICOLINI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:PEDRO INOCENCIO BINDA.).RECURSO Nº 0000340-33.2011.4.02.5054/01 (2011.50.54.000340-7/01)RECORRENTE: GERALDO BERNABÉRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELA CAPACIDADE LABORATIVA DA PARTEAUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91).3. Laudo do perito judicial no qual se atesta a capacidade do autor para o trabalho, observadas as recomendações médicas.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

GERALDO BARNABÉ interpõe recurso inominado, às fls. 61/64, contra sentença (fls. 57/58), proferida pelo MMa. Juíza doJuizado Especial Federal de Colatina, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a conceder o benefício

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de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez.

02. O recorrente afirma que é portador de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos, especialmente porque sofre deepilepsia e faz uso de fortes medicamentos.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 69/70, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudoemitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral da recorrente.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). O recorrente sustenta que o ato administrativo, que indeferiu a concessãodo benefício de auxílio-doença, é nulo, porque ele é portador de doença que o incapacita para sua atividade laborativa.

08. Da leitura dos documentos carreados aos autos, verifico que o autor juntou: i) atestado médico, datado de06.01.2011, no qual consta que ele é portador de epilepsia e está “sem condições de trabalho” (fl. 28); ii) atestado médico,subscrito em 04.03.2011, em que o demandante é descrito como pessoa portadora de distúrbio de comportamento,epilepsia e “inválido” (fl. 29); e iii) laudo do Serviço de Mapeamento Cerebral e Eletroencefalografia Digital, do CentroRegional de Especialidades de Colatina, no qual o autor é considerado “hipovoltado, lento, difuso” (fl. 30).

09. Determinada a realização de perícia, o especialista nomeado pelo Juízo, às fls. 45/48, informou que o recorrenteé pessoa lúcida, orientada no tempo e no espaço, com discurso compatível com o seu nível de escolaridade e cultural. Operito concluiu que o demandante é portador de “epilepsia controlada com medicação prescrita”, não está incapacitado parao trabalho e pode sofrer crises convulsivas se não fizer uso da medicação apropriada (fl. 47).

10. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pelo recorrente. A concessão do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-se no quadro clínico atualdo segurado, o qual permite o seu retorno ao trabalho com o uso da medicação adequada, conforme demonstram asprovas produzidas. O uso de medicação prescrita para o tratamento da doença e o controle de crises convulsivas não sãofatos caracterizadores da inaptidão para o trabalho, cabendo avaliar pontualmente se a evolução da patologia permite que osegurado possa desempenhar atividade que assegure a sua subsistência, o que restou comprovados no feito.

11. Ademais, a idade do segurado e o trabalho por ele desempenhado (vigia, fl. 46) não impedem que ele possadesenvolver suas atividades profissionais sem riscos maiores à sua saúde.

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 27).

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

13 - 0002249-54.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002249-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.) x EVANILDO MEDEIROS(ADVOGADO: ES007980 - DALVA MARIA DE ANDRADE.).RECURSO Nº 0002249-54.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002249-7/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: EVANILDO MEDEIROSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

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VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.

INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 100/107, contra acórdão proferido às fls. 96/97 que manteve acondenação da autarquia ao pagamento das parcelas atrasadas devidas à parte autora, corrigidas monetariamente combase no INPC, ao argumento de existência de omissão e contradição. Sustenta, para tanto, que o acórdão embargado nãodefiniu os critérios a serem aplicados no tocante aos juros de mora e correção monetária, fazendo menção ao Manual deCálculos da Justiça Federal. Alega que a sistemática de juros legais determinada pelo art. 1º-F da Lei nº 9.494/97 não foideclarada inconstitucional. Argumenta, ainda, a inobservância da decisão proferida pelo STF nas ADI 4357 e 4425.

Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço os Embargosde Declaração e passo à análise do seu mérito.

Em análise da omissão aventada, destaco que a decisão atacada somente analisou a matéria posta no recurso do INSS,qual seja, a correção monetária das parcelas atrasadas devidas à parte autora.

04. No que tange à contradição alegada, saliento que ela configura vício a ser corrigido, mediante interposição deembargos de declaração, se no julgado “se incluem proposições entre si inconciliáveis” (José Carlos Barbosa Moreira.Comentários ao Código de Processo Civil. Vol. V. 9ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2001, p. 548). Na presente hipótese,quanto à atualização monetária das parcelas vencidas, registro que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADI4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou a inconstitucionalidade parcial,sem redução do texto, da expressão “independentemente da sua natureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição daRepública de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinar que, quanto aos precatórios de naturezatributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquer crédito tributário, o que, porconseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09,por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel.p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foi declarado inconstitucional,no que atine à extensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas de poupança à atualizaçãomonetária dos débitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituiçãoda República de 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esseregime.

05. Conquanto o Supremo Tribunal Federal não tenha concluído o julgamento sobre a modulação temporal dosacórdãos prolatados nas aludidas ADIs, o que manteria aplicável a forma de atualização monetária prevista no art. 1º-F, daLei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, tal como decidido por aquela Corte ao determinar que os demaisTribunais dessem “continuidade aos pagamentos de precatórios, na forma como já vinham realizando até a decisãoproferida pelo Supremo Tribunal Federal em 14/03/2013, segundo a sistemática vigente à época”, observo que aquelaCorte, em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidadede lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata da sessão de julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel.Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE 20.09.2012). A invalidade da lei ou do ato normativo, porser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída por decisão de dois terços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lein. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento na presente hipótese. A despeito disso, para dirimir incertezaquanto ao regime de pagamento de precatórios, o Supremo Tribunal Federal determinou cautelarmente que houvesse amanutenção do regramento anterior. Embora o posicionamento acatado pelo Pleno do STF não tenha especificado osíndices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos, reputo prevalecer a legislação específica para a matériaque, na presente situação, define o INPC como índice de atualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n.8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo Superior Tribunal de Justiça (cf. AgRg no RESP 1.417.699/SC, SegundaTurma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014; AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min.Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).

06. Por fim, ressalto que, da leitura do acórdão ora guerreado, houve a análise adequada e escorreita dos fatos efundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso deEmbargos de Declaração, novo julgamento da motivado pela irresignação de uma das partes em face do posicionamentoesposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração não é cabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutirquestão analisada pela decisão atacada. (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado o

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acórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

07. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

14 - 0000273-37.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000273-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ADILSON DINOMAR DEPAULA (ADVOGADO: ES012938 - JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL- INSS (PROCDOR: EUGENIO CANTARINO NICOLAU.).RECURSO Nº 0000273-37.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000273-3/01)RECORRENTE: ADILSON DINOMAR DE PAULARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELA CAPACIDADE LABORATIVA DA PARTEAUTORA. EXAMES E ATESTADOS MÉDICOS EM QUE CONSTA QUE O AUTOR É PORTADOR DE PERDANEUROSSENSORIAL AUDITIVA BILATERAL IRREVERSÍVEL E DÉFICIT VISUAL. CISTO ARACNÓIDE. RECURSO DAPARTE AUTORA CONHECIDO E PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91).3. O perito judicial, especialista em medicina do trabalho, afirmou em seu laudo que o autor tem perda auditivaneurossensorial bilateral e déficit visual há cinco anos, mas que essa doença não o incapacita para o exercício de qualqueratividade que lhe garanta a subsistência (fls. 72/76). Contudo, ao ler o laudo dos exames realizados para embasar asconclusões do especialista, verifico que foram constatadas “perda profunda mista” e “redução em grau máximo” da audiçãodo ouvido direito, bem como “perda profunda mista” e “perda da audição” no ouvido esquerdo (fl. 77). No teste de visãoocupacional, o perito judicial concluiu seu laudo afirmando que o autor “deverá ser encaminhado ao especialista emoftalmologia” (fl. 78). À fl. 79, foi juntado atestado médico, subscrito por médico especialista em otorrinolarigologia, no qualse afirmou que a o demandante é portador de “perda auditiva de caráter irreversível”. Ademais, à fl. 80, foi carreado aosautos, laudo de tomografia computadorizada do crânio feita em 21.08.2007 (fl. 73) em que se descreve “imagem hipodensa,sem realce pelo meio de contraste em fossa média à esquerda, devendo ser considerada como principal hipótesediagnóstica cisto aracnóide” (fl. 80).4. Incapacidade temporária para o trabalho, tendo-se em vista o grau de escolaridade, a atividade desempenhada e a idadeda parte autora. Embora a perda auditiva neurossensorial abstratamente não impeça a pessoa, idoneamente habilitada,para o exercício de atividade laborativa, as condições de saúde e sociais do demandante exigem uma especial análise,tendo-se em vista a impossibilidade fática de inserir-se no mercado de trabalho de forma independente. Ainda que hajadiagnóstico de irreversibilidade da perda auditiva, a possibilidade de reabilitação profissional é fator que concorre para aconcessão do benefício de auxílio-doença, podendo o INSS administrativamente verificar, em data futura, se a evolução doquadro de saúde do recorrente impede a inserção no mercado de trabalho mediante reabilitação.5. Recurso da parte autora conhecido e parcialmente provido para condenar o INSS a restabelecer o benefício deauxílio-doença a contar de sua indevida cessação, cuja continuidade poderá ser futuramente avaliada administrativamentepor perícia médica que ateste a capacidade do recorrente para o trabalho. A atualização monetária das parcelas em atrasodeverá ser feita pelo INPC, a contar de das datas de seus respectivos vencimentos, devendo ser acrescidas de jurosmoratórios à razão de 0,5% ao mês, a partir da citação, por ser a taxa básica aplicada às cadernetas de poupança, deacordo com a parte válida do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação conferida pela Lei n. 11.960/2009.6. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, de acordo com o art. 55 da Lei nº 9.099/95.

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RELATÓRIO

ADILSON DINOMAR DE PAULA interpõe recurso inominado, às fls. 105/110, contra sentença (fls. 100/102), proferida peloMM. Juiz do Juizado Especial Federal de Linhares, que julgou improcedente o pedido para condenar o INSS a restabelecero benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez.

02. O recorrente afirma que é portador de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercícioprofissional não é possível devido às suas condições de saúde e pessoais e, para tanto, informa que não é aprovado emexames admissionais desde 22.07.2009.

03. Regularmente intimado, o INSS deixou de oferecer contrarrazões (fl. 113).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). O recorrente sustenta que o ato administrativo, que determinou a cessaçãodo benefício de auxílio-doença que lhe fora concedido, é nulo, porque ele é portador de doença que o incapacita para suaatividade laborativa.

08. Da leitura dos documentos carreados aos autos, verifico que o autor juntou: i) atestado médico, datado de26.11.2007, no qual se informa que ele é portador de deficiência auditiva bilateral (fls. 31/32); ii) laudos de raio-x de crânio,datados de 04.06.2007 e 28.04.2008, nos quais constam que o órgão examinado está nos padrões de normalidade; iii)laudo de tomografia computadorizada do crânio com hipótese diagnóstica de cisto aracnóide em 21.08.2007 (fl. 36); iv)laudo de tomografia computadorizada de crânio, em 09.08.2006, na qual se verificou que o demandante era portador de“lesão hipodensa sem realce anômalo pelo meio de contraste, exercendo rechaço do parênquima cerebral adjacente,localizada na fossa temporal esquerda, podendo corresponder a cisto aracnóide” (fl. 38); v) laudo de tomografiacomputadorizada do crânio, em 25.06.2008, sendo relatado que o paciente tinha parênquimas cerebelar, cerebral e troncoencefálico com morfologia e densidades preservados, “cisternas basais alargadas”, “espaçamento mucos do seioesfenoidal à esquerda” e “cefaleia a esclarecer” (fl. 39); vi) atestado médico, subscrito em 09.10.2006, no qual se afirma queo autor é portador de perda de visão bilateral como resultado de lesão causada por “cisto arcanóide” (fls. 44/45 e 53).

09. O perito judicial, especialista em medicina do trabalho, afirmou em seu laudo que o autor tem perda auditivaneurossensorial bilateral e déficit visual há cinco anos, mas que essa doença não o incapacita para o exercício de qualqueratividade que lhe garanta a subsistência (fls. 72/76). Contudo, ao ler o laudo dos exames realizados para embasar asconclusões do especialista, verifico que foram constatadas “perda profunda mista” e “redução em grau máximo” da audiçãodo ouvido direito, bem como “perda profunda mista” e “perda da audição” no ouvido esquerdo (fl. 77). No teste de visãoocupacional, o perito judicial concluiu seu laudo recomendado que o autor “deverá ser encaminhado ao especialista emoftalmologia” (fl. 78). À fl. 79, foi juntado atestado médico, subscrito por médico especialista em otorrinolarigologia, no qualse afirmou que a o demandante é portador de “perda auditiva de caráter irreversível”. Ademais, à fl. 80, foi carreado aosautos, laudo de tomografia computadorizada do crânio feita em 21.08.2007 (fl. 73) em que se descreve “imagem hipodensa,sem realce pelo meio de contraste em fossa média à esquerda, devendo ser considerada como principal hipótesediagnóstica cisto aracnóide” (fl. 80).

10. Cumpre registrar que o recorrente cursou até a 5ª série do ensino fundamental, trabalhava como soldador enasceu em 19.07.1965. Diante desses dados, somados aos atestados e exames colacionados aos autos, constato que eleestá temporariamente incapacitado para o trabalho, ante a inaptidão para o desempenho de trabalho que lhe assegure asubsistência. Embora a perda auditiva neurossensorial abstratamente não impeça a pessoa, idoneamente habilitada, para oexercício de atividade laborativa, as condições de saúde e sociais do demandante exigem uma especial análise, tendo-seem vista a sua atual inviabilidade fática de inserir-se no mercado de trabalho de forma independente. Ainda que hajadiagnóstico de irreversibilidade da perda auditiva, a possibilidade de reabilitação profissional é fator que concorrer para aconcessão do benefício de auxílio-doença, podendo o INSS administrativamente verificar, em data futura, se a evolução doquadro de saúde do recorrente impede o seu retorno ao mercado de trabalho mediante reabilitação. Em apoio a esseentendimento, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Tribunal Federal da 5ª Região em julgamento da AC200483080020968 (Quarta Turma, Rel. Des. Fed. Margarida Cantarelli, DJ 27.10.2006, p. 1318):PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. INCAPACIDADE PARCIAL. REABILITAÇÃO PROFISSIONAL. ARTS. 59 E 62 DA

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LEI Nº 8213/91. PROCEDÊNCIA.I. Apresentando a autora uma perda da audição, passível de melhora mediante a utilização de prótese auditiva eacompanhamento fonoterápico, não se verifica a incapacidade absoluta para toda e qualquer atividade, sendo indevida aconcessão de aposentadoria por invalidez.II. Havendo prejuízo parcial para o desempenho do trabalho, faz jus a requerente ao benefício do auxílio doença, devendo oINSS promover a sua reabilitação para outra atividade compatível com a limitação que a mesma possui, nos termos do art.62 da Lei nº 8.213/91.III. "Se por um lado, não é da responsabilidade do INSS, através do processo de reabilitação profissional, manter obeneficiário no mercado de trabalho, por outro lado, ele não pode se eximir de sua obrigação em capacitar de formaeficiente a pessoa necessitada para o exercício de atividade profissional que o possibilite a prover sua própria subsistência."(AC 287893, Des. Federal José Maria Lucena, DJ 15.12.2005)IV. Apelação provida.

11. A data de início do auxílio-doença deve ser 30.08.2008, quando foi indevidamente cessado o anterior benefícioconcedido (NB 5172939438, fl. 16) tendo-se em vista a identidade das causas para a percepção de ambos, por não terocorrido melhora da doença que acomete o autor nesse intervalo.

12. No que tange à atualização monetária das parcelas vencidas, registro que o Supremo Tribunal Federal, nojulgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou ainconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da sua natureza”, contida no art.100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinar que,quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquercrédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redaçãodada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foideclarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas depoupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art.5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real docrédito a ser pago sob esse regime.

13. Conquanto o Supremo Tribunal Federal não tenha concluído o julgamento sobre a modulação temporal dosacórdãos prolatados nas aludidas ADIs, o que manteria aplicável a forma de atualização monetária prevista no art. 1º-F, daLei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, tal como decidido por aquela Corte ao determinar que os demaisTribunais dessem “continuidade aos pagamentos de precatórios, na forma como já vinham realizando até a decisãoproferida pelo Supremo Tribunal Federal em 14/03/2013, segundo a sistemática vigente à época”, observo que aquelaCorte, em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidadede lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata da sessão de julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel.Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE 20.09.2012). A invalidade da lei ou do ato normativo, porser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída por decisão de dois terços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lein. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento na presente hipótese. A despeito disso, para dirimir incertezaquanto ao regime de pagamento de precatórios, o Supremo Tribunal Federal determinou cautelarmente que houvesse amanutenção do regramento anterior. Embora o posicionamento acatado pelo Pleno do STF não tenha especificado osíndices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos, reputo prevalecer a legislação específica para a matériaque, na presente situação, define o INPC como índice de atualização dos benefícios previdenciários (art. 41-A, da Lei n.8.213/91), conforme orientação perfilhada pelo Superior Tribunal de Justiça (cf. AgRg no RESP 1.417.699/SC, SegundaTurma, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 03.02.2014; AgRg no Ag no RESP 208.324/RS, Segunda Turma, Rel. Min.Herman Benjamin, DJE 09.12.2013).

14. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe parcial provimento para julgar parcialmente procedente o pedido,nos termos do art. 269, I, do Código de Processo Civil, para condenar o INSS a restabelecer o benefício de auxílio-doençaNB 517.293.9438 a contar de sua indevida cessação em 30.08.2008, cuja continuidade poderá ser futuramente avaliada porperícia médica do recorrido que ateste a capacidade do recorrente para o trabalho. A atualização monetária das parcelasem atraso deverá ser feita pelo INPC, a contar de das datas de seus respectivos vencimentos, devendo ser acrescidas dejuros moratórios à razão de 0,5% ao mês, a partir da citação, por ser a taxa básica aplicada às cadernetas de poupança, deacordo com a parte válida do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação conferida pela Lei n. 11.960/2009.

15. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, de acordo com o art. 55 da Lei nº 9.099/95.

16. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

17. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

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15 - 0000940-66.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000940-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) GIRLENE COSTA (DEF.PUB:ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANAPAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.).RECURSO Nº 0000940-66.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000940-0/01)RECORRENTE: GIRLENE COSTARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.PREQUESTIONAMENTO.

DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 113/123, contra acórdão proferidoàs fl. 109 ao argumento de existência de omissão. Sustenta, para fins de prequestionamento, que o julgado é omisso,porquanto deixou de se pronunciar expressamente sobre os artigos 2º, 22, I, 5º, caput e incisos XXXV, LIV, LV, 93, IX e 134todos da Constituição da República de 1988, no tocante à fixação de honorário advocatícios em favor da recorrente,excluída a possibilidade de confusão de créditos em relação à União e às suas autarquias prevista no enunciado n. 421, dasúmula da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos efundamentos jurídicos e dos requerimentos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso deEmbargos de Declaração, novo julgamento motivado pela irresignação de uma das partes em face do posicionamentoesposado pelo colegiado. Aos Embargos de Declaração, não é cabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutirquestão analisada pela decisão atacada (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. Ressalto que o julgador não está obrigado a analisar explicitamente cada um dos argumentos, teses e teoriasaduzidas pelas partes, bastando que resolva fundamentadamente a lide (STJ, RESP 927.216/RS, Segunda Turma, Rel.Ministra Eliana Calmon, DJ 13/08/2007). Ademais, a admissão de recurso extraordinário não está condicionada à referênciaexplícita ao dispositivo constitucional que embasou o acórdão recorrido, bastando – tal como ocorreu na presente hipótese– que a interpretação da norma constitucional discutida tenha lastreado a convicção adotada pelo magistrado. Nessesentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento do RE 361.341 Ed/PI(Primeira Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 01.04.2005, p. 36):1. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental.2. Delegados de Polícia de carreira e Delegados bacharéis em direito: vencimentos: isonomia: inadmissibilidade deequiparação por decisão judicial, com base no art. 39, § 1º, CF, redação original, sob o fundamento de identidade deatribuições: incidência da Súmula 339: precedentes.3. Recurso extraordinário: o requisito do prequestionamento não reclama menção expressa ao dispositivo constitucionalpertinente à questão de que efetivamente se ocupou o acórdão recorrido.

05. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

06. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

07. É como voto.

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(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

16 - 0002671-29.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002671-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: ADRIANA ZANDONADE.) x ROSEANE SEWO.RECURSO Nº 0002671-29.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002671-5/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALRECORRIDO: ROSEANE SEWORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SEM PATROCÍNIO. RECURSO PROVIDO.

UNIÃO interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 75/76, contra acórdão proferido à fl. 73 ao argumento deexistência de erro material e contradição. Para tanto, sustenta que, embora a parte autora não tenha contratado profissionalpara defendê-la em juízo, o acórdão embargado condenou a embargante ao pagamento de honorários advocatícios, comfulcro no artigo 55, da Lei 9.099/95.

02. Passando-se ao exame de possíveis vícios, com fundamento no art. 535 do Código de Processo Civil, consignoque o artigo 55 da Lei 9.099/95 estabelece que o recorrente vencido pagará a verba honorária. O Enunciado nº 55, dasTurmas Recursais do Espírito Santos prevê que: “a omissão do advogado da parte recorrida em apresentar contrarrazõesao recurso não isenta o recorrente vencido de pagar honorários advocatícios”. De igual modo, o Enunciado n. 96, do FórumNacional dos Juizados Especiais, preconiza que: “A condenação do recorrente vendido, em honorários advocatícios,independente da apresentação de contrarrazões”.

03. Contudo, na presente hipótese, a parte autora não contratou advogado para representá-la judicialmente, o queinfirma o substrato fático a ensejar a imposição de verba honorária sucumbencial, uma vez que não há custo a serressarcido.

04. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, dou-lhes provimento para excluir a condenação daUNIÃO ao pagamento de honorários advocatícios no acórdão embargado.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

17 - 0000634-63.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.000634-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) FUNASA - FUNDACAONACIONAL DE SAUDE (PROCDOR: LEONARDO QUEIROZ BRINGHENTI.) x ORMANDINA ALMEIDA NASCIMENTO.RECURSO Nº 0000634-63.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.000634-7/01)RECORRENTE: FUNASA - FUNDACAO NACIONAL DE SAUDERECORRIDO: ORMANDINA ALMEIDA NASCIMENTORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SEM PATROCÍNIO. RECURSO PROVIDO.

FUNASA interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 106/109, contra acórdão proferido às fls. 102/103 aoargumento de existência de contradição. Sustenta, para tanto, que embora a parte autora não tenha apresentadocontrarrazões e tampouco contratado profissional para defendê-la em juízo, o acórdão embargado condenou a embarganteao pagamento de honorários advocatícios, com fulcro no artigo 55, da Lei 9.099/95.

02. Passando-se ao exame de possíveis vícios, com fundamento no art. 535 do Código de Processo Civil, consignoque o artigo 55 da Lei 9.099/95 estabelece que o recorrente vencido pagará a verba honorária. O Enunciado nº 55, dasTurmas Recursais do Espírito Santos prevê que: “a omissão do advogado da parte recorrida em apresentar contrarrazõesao recurso não isenta o recorrente vencido de pagar honorários advocatícios”. De igual modo, o Enunciado n. 96, do FórumNacional dos Juizados Especiais, preconiza que: “A condenação do recorrente vendido, em honorários advocatícios,independente da apresentação de contrarrazões”.

03. Contudo, na presente hipótese, a parte autora não contratou advogado para representá-la judicialmente, o queinfirma o substrato fático a ensejar a imposição de verba honorária sucumbencial, uma vez que não há custo a serressarcido.

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04. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, dou-lhes provimento para excluir a condenação daFUNASA ao pagamento de honorários advocatícios no acórdão embargado.

05. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

06. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

18 - 0003599-19.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003599-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) WNELTON MORAIS DEARAUJO (ADVOGADO: ES009921 - ALESSANDRO BRUNO DE SOUZA DIAS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.).RECURSO Nº 0003599-19.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003599-3/01)RECORRENTE: WNELTON MORAIS DE ARAUJORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELA INCAPACIDADELABORATIVA PARCIAL DA PARTE AUTORA. REABILITAÇÃO. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO EDESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autor portador de tendinose bilateral de Aquiles, artrose moderada dos joelhos e diabetes tipo II. Laudo pericial no qualse atesta a incapacidade total e temporária para o trabalho. Reabilitação.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

WNELTON MORAIS DE ARAUJO interpõe recurso inominado, às fl. 43/46, contra sentença (fl. 39/40), proferida pela MMª.Juíza do 1º Juizado Especial Federal de Vitória, que julgou improcedente o pedido para condenar o INSS a converter obenefício de auxílio-doença em aposentadoria por invalidez.

02. O recorrente afirma que é portador de doenças incapacitantes para o exercício de qualquer atividade laboral eque o julgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega impossibilidade dereabilitação, eis que sua condição pessoal (idade e grau de instrução) e clínica são fatores desclassificatórios em vaga deemprego, e que não seria aprovado, sequer, em exame admissional. Sustenta que o juiz não está adstrito ao laudo pericial.Pugna pela conversão do benefício de auxílio-doença em aposentadoria por invalidez.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fl. 51/53, nas quais requer o desprovimento do recurso, sob o fundamento deque a incapacidade reconhecida na pericia judicial é temporária. Argumenta a possibilidade de reabilitação profissional.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a

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possibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado de modo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação parao exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). O recorrente sustenta que suacondição clínica e pessoal são fatores desfavoráveis para uma reabilitação profissional e que o julgamento deimprocedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos.

08. Da leitura dos documentos juntados nos autos, verifico que o laudo médico de fl. 11, em 25/02/2009, descrevepaciente com quadro diabetes mellitus, insuficiência vascular periférica MMII, tendinose aquiles bilateral, síndrome do túneldo carpo bilateral e evidencia a incapacidade laboral. O laudo médico de fl. 12, em 17/04/2009, relata paciente semcapacidade para o seu trabalho. Por sua vez, o laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, em 24/02/2010, é claro aoafirmar que o autor é portador de “tendinose bilateral de Aquiles, artrose moderada dos joelhos e diabetes tipo II.“.Complementa informando “cicatriz cirúrgica em tornozelos direito e esquerdo, para tratamento de tendinose de Aquilesbilateral, com dificuldade para apoio na ponta dos pés; obesidade e diminuição de movimento dos joelhos com relato dedor.”. Conclui pela incapacidade total, porém temporária do periciado. Afirma haver a possibilidade de recuperação daincapacidade com tratamento clínico e fisioterápico (fl. 23/24)

09. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pelo recorrente. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condiçõesdignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve seracompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Na presente hipótese, o autornasceu em 14/04/1956 (fl. 08) e tem trabalhado como supervisor de materiais (fl. 23/24).10. Embora a limitação de permanecer de pé por longos períodos possa prejudicar o desempenho da atividade desupervisor de materiais, inexiste obstáculo para que o recorrente possa se dedicar a outras atividades econômicas, queexijam menor rigor físico. Desse modo, não atendidos os requisitos legais para a concessão dos benefícios, o PoderJudiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dos segurados.

11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50, às fl. 16/18.

12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

19 - 0006697-75.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006697-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ROBERTO JOSE LEPAUS(ADVOGADO: ES015788 - JOSE ROBERTO LOPES DOS SANTOS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.).RECURSO Nº 0006697-75.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006697-9/01)RECORRENTE: ROBERTO JOSE LEPAUSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autor portador de portador de artrose e discopatia na coluna lombar. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade para otrabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

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RELATÓRIO

ROBERTO JOSÉ LEPAUS interpõe recurso inominado, às fls. 56/65, contra sentença (fls. 51/53) proferida pelo MM. Juiz do1º Juizado Especial Federal de Vitória, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a restabelecer obenefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez a contar de sua cessação.

02. O recorrente afirma que é portador de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercícioprofissional não é possível devido às suas condições de saúde.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 70/74, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudoemitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral do recorrente. Sustenta que a simples limitaçãopara determinadas tarefas esporadicamente realizadas não se coaduna com o escopo legal dos benefícios porincapacidade.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). O recorrente afirma que é portador de doença incapacitante para oexercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aosautos.

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados de fl. 17, 19 e 20, subscritos pormédico do SUS nos meses 09, 10 e 11/2010, informam que o paciente encontra-se em tratamento fisioterápico parareabilitação de lombociatalgia e hérnia de disco. O exame de raio-x da coluna lombo-sacra de fl. 24, contemporâneo aoperíodo em que o autor fez jus à percepção do auxílio-doença n. 541.372.711-5 (08/06/2010 a 31/10/2010), informa aexistência de escoliose lombar à esquerda, discreta artrose interapofisária bilateral em 5L-S1 e presença de concreçãoradiopaca no osso pélvico à direita. O exame de ressonância magnética da coluna lombo-sacra de fl. 25, tambémcontemporâneo ao período em que o autor fez jus à percepção do auxílio-doença n. 541.372.711-5, indica acentuação dalordose lombar e abaulamento discal difuso em L-5-S1, mantendo contado com os segmentos foraminais neuraiscorrespondentes. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que o recorrente é portadorde artrose e discopatia na coluna lombar. Concluiu que não há incapacidade laborativa (fls. 35/37).

09. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e as conclusões nele expendidas convencem oJuízo. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-se no quadro clínico atual do segurado, oqual permite o seu retorno ao trabalho com o uso da medicação adequada, conforme demonstram as provas produzidasnos autos.

10. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 28).

12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

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13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

20 - 0000395-92.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000395-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.) x SEBASTIÃOFERREIRA (ADVOGADO: ES010957 - CARLA CARRARA DA SILVA JARDIM.).RECURSO Nº 0000395-92.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000395-6/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: SEBASTIÃO FERREIRARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PREVISTOS NO ARTIGO 535 DO CPC.

SEBASTIÃO FERREIRA interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 294/295, contra acórdão proferido às fls.289/291 ao argumento de existência de contradição. Sustenta, para tanto, que ao apresentar o pedido de uniformização nãorequereu o reexame da matéria de fato, ao contrário, alegou que a Turma Recursal não procedeu à correta valoração legalda prova à luz da jurisprudência do STJ e da TNU. Alega que o acórdão embargado afirma que o autor não possui asmelhores condições pessoais. Sendo assim, questiona a manutenção de suas condições “nos mesmos patamares dequando se tornou incapaz definitivamente para o exercício da sua atividade laborativa, ainda que esta incapacidade sejaparcial”.

02. Ressalto que o acórdão embargado limitou-se a declarar que não há adequação a ser promovida no julgamentode fls. 171/172, por estar de acordo com a orientação firmada PEDILEF 2006.63.02.012989-7.

03. Passando-se ao exame de possíveis vícios, com fundamento no art. 535 do Código de Processo Civil, consignoque, da leitura do acórdão ora guerreado, verifica-se que houve a análise adequada e escorreita dos fatos e fundamentosjurídicos e dos pedidos formulados, não sendo admissível, mediante a interposição de recurso de Embargos de Declaração,novo julgamento da causa motivado pela irresignação de uma das partes em face do posicionamento esposado pelocolegiado. Aos Embargos de Declaração, não é cabível o empréstimo de efeitos infringentes para rediscutir questãosobejamente analisada pela decisão atacada (STJ, EDRESP 668.686-SP, Quarta Turma, Rel. Min. Jorge Scartezzini, DJ20.03.2006):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS -PROCEDÊNCIA - APELAÇÃO - ATRIBUIÇÃO DE EFEITO APENAS DEVOLUTIVO - ART. 520, IV, DO CPC - RECURSOINTERPOSTO CONTRA SENTENÇA QUE DECIDIU PROCESSO CAUTELAR - OBSCURIDADE, CONTRADIÇÃO OUOMISSÃO - INEXISTÊNCIA - FATO NOVO - REJULGAMENTO DA LIDE - INVIABILIDADE - CUMPRIMENTO DO OFÍCIOJURISDICIONAL - EMBARGOS REJEITADOS.1 - Não há que se falar em omissão quanto a questão não suscitada, embora já ocorrida, antes do julgamento apontadocomo omisso. E nem de obscuridade ou contradição quando o recurso é julgado de acordo com o constante em seus autos.2 - Inexistente qualquer hipótese legal de cabimento recursal (art. 535 do CPC), configura-se inviável a pretensão aorejulgamento da lide, porquanto, nos termos do art. 463 do CPC, extensivo aos Tribunais pátrios, uma vez publicado oacórdão, o Colegiado cumpre a prestação jurisdicional, alterável tão-somente diante da ocorrência de erros materiais ou deobscuridade, contradição e omissão, hipóteses justificadoras da oposição de embargos de declaração. Ademais, não cabea apreciação de fato novo em sede de embargos de declaração (cf. EDcl no RMS nº 11.542/MA, Rel. Ministra ELIANACALMON, DJ de 12.2.2001).3 - Acertadamente solucionada a lide quando do provimento do recurso especial e ausente qualquer vício no aresto ajustificar a interposição dos aclaratórios, caracterizam-se como inadmissíveis, perfazendo-se inviável atribuir-lhes efeitosinfringentes com relação ao decisum embargado, ora mantido por seus próprios fundamentos.4 - Embargos de declaração rejeitados.

04. Vale sublinhar que os embargos de declaração apenas visam à reparação de eventual contradição entre aspremissas adotadas pelo julgador ou entre elas e a conclusão ao final sufragada, o que não é apontado no recurso ora emjulgamento.

05. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, nego-lhes provimento.

06. Publique-se. Intimem-se.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

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21 - 0000526-02.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.000526-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EUDES DS GRAÇASCARETA COGO (ADVOGADO: ES013224 - MARCELA CLIPES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.).RECURSO Nº 0000526-02.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.000526-4/01)RECORRENTE: EUDES DS GRAÇAS CARETA COGORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. SENTENÇA NULA.1. A ausência de realização da perícia por médico psiquiatra impede que seja aferida a capacidade laborativa da parteautora, especialmente porque o atestado de fl. 28 informa que ela está inapta para o trabalho também em função depatologia dessa natureza. A persistência de perplexidade na análise das provas é confirmada pela prorrogaçãoadministrativa do benefício de auxílio-doença a contar de 16.04.2012 até 30.10.2012 (fl. 121), intervalo no qual foi proferidasentença que reconheceu a capacidade da autora para o trabalho.2. O reconhecimento da nulidade apontada baseia-se igualmente no poder de instrução conferido ao julgador (art. 130, doCódigo de Processo Civil), que pode determinar a realização de perícia – ainda que em fase recursal – se o acervoprobatório não permita que ele forme conclusão segura sobre o pedido deduzido. Precedentes do Superior Tribunal deJustiça.3. Sentença declarada nula e determinada a baixa dos autos, a fim de que seja realizada perícia por médico psiquiatra.4. Recurso da parte autora conhecido e prejudicado. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, por não teremas partes dado causa à nulidade identificada.

RELATÓRIO

EUDES DAS GRAÇAS CARETA COGO interpõe recurso inominado, às fls. 111/119, contra sentença (fls. 108/109),proferida pela MMª. Juiza do Juizado Especial Federal de Cachoeiro de Itapemirim, que julgou improcedentes os pedidospara condenar o INSS a restabelecer o benefício de auxílio-doença e sua conversão em aposentadoria por invalidez.

02. A recorrente afirma que preenche todos os requisitos necessários para a concessão do benefício pleiteado. Aduzque os documentos e laudos acostados aos autos atestam sua incapacidade laboral de forma total e definitiva. Informa queas pericias médicas (fls. 65 e 88/91) constataram as várias patologias que lhe acometem, entretanto a conclusão pela suacapacidade laborativa é equivocada, devido à existência das doenças incapacitantes. Argumenta que somente não obteve aconcessão do benefício previdenciário por ser dona de casa, ferindo, deste modo, o princípio constitucional da dignidade dapessoal humana. Pugna pela reforma in totum da sentença.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 123/124, nas quais requer o desprovimento do recurso. Sustenta queinexiste incapacidade entre a concessão do benefício previdenciário anterior e o ora requerido, ao argumento de que é danatureza das enfermidades períodos de convalescência e períodos de maios agudez. Argúi que restou comprovado atravésda perícia judicial que a autora está apta para o trabalho. Pretende assim, seja negado provimento ao recurso.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

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07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pela segurada por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). A recorrente sustenta que o laudo pericial e a sentença são contrários aosseus atestados médicos acostados aos autos.

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o exame realizado em 26/09/2003, na coluna lombar,fl. 21, é contemporâneo ao período em que a autora fez jus à percepção do auxílio-doença nº 512007091-0 (período de15/09/2003 a 05/01/2004). O laudo médico de fl. 28, subscrito por médico neurologista, sem data, afirma que a autora nãopossui condições laborativas por tempo indeterminado, por apresentar quadro depressivo. O exame médico eultrassonografia em 26/06/2007, fl. 37, é contemporâneo ao período em que a autora fez jus à percepção do auxílio-doençanº 521.217.760-6. O laudo médico de fl. 29, emitido em 21/02/2008 e o exame de ressonância magnética da coluna cervicalde fl. 39, emitido em 15/08/2008, são contemporâneos ao benefício de auxílio-doença nº 521.217.760-6, sendo que o laudofoi elaborado por médico ortopedista e traumatologista, informando-se que a autora foi submetida à “artroscopia cirúrgica doombro direito por lesão do manguito rotador”, afirma a necessidade de fisioterapia e repouso para melhora do quadro,ficando impossibilitada de exercer seu trabalho e suas atividades normais. Contudo, o laudo redigido pelo perito especialistaem ortopedia (fl. 69) nomeado judicialmente, em 09/07/2010, posiciona-se em sentido diverso, tendo sido afirmado que arecorrente apresenta redução da altura do espaço discal de L5-S1, anterolistese grau 2 de L5-S1, espondilólise L5-S1,artrose interapofisária em L5-S1, peseudoabaulamento discal posterior em L5-S1 promovendo redução da amplitude dosforamens neurais e osteófito posterior em L5-S1. Quadro emocional depressivo. Hérnia de disco T11-T12. Em resposta aoquesito nº 2 da autora e aos quesitos nºs 6, 7, 9, 10, 11, 12, e 13 do INSS, afirma a inexistência de incapacidade laboral doponto de vista ortopédico, entretanto em resposta ao quesito nº 2 da autora e quesito nº 13 do INSS, o médico especialistaem ortopedia pondera a realização de perícia com psiquiatra, sob o argumento do quadro emocional depressivoapresentado pela autora. Procedida nova perícia judicial (fls. 95/98), em 13/01/2012, conclui-se pela aptidão da periciada noano de 2009.

10. Compulsando-se os autos, verifico que fora determinada a realização de perícia por especialista em psiquiatria,porém, à fl. 92, a MMa. Juíza substituiu a anterior designação por profissional especialista em medicina do trabalho, o qualnão teceu considerações sobre as doenças de natureza psiquiátrica que acometem a recorrente. A ausência de realizaçãoda perícia por médico psiquiatra impede que seja aferida a capacidade laborativa da parte autora, especialmente porque oatestado de fl. 28 informa que ela está inapta para o trabalho também em função de patologia dessa natureza. Apersistência de perplexidade na análise das provas é confirmada pela prorrogação administrativa do benefício deauxílio-doença a contar de 16.04.2012 até 30.10.2012 (fl. 121), intervalo no qual foi proferida sentença que reconheceu acapacidade da autora para o trabalho.

11. O contraste entre os laudos periciais, os atestados médicos e avaliação feita por perito do INSS não é resolvidode forma óbvia e exige que haja pronúncia específica e fundamentada sobre as divergências. Ressalto que oreconhecimento da nulidade apontada baseia-se igualmente no poder de instrução conferido ao julgador (art. 130, doCódigo de Processo Civil), que pode determinar a realização de perícia – ainda que em fase recursal – se o acervoprobatório não permita que ele forme conclusão segura sobre o pedido deduzido. Nesse sentido, posicionou-se o SuperiorTribunal de Justiça nos seguintes julgados:PROCESSUAL CIVIL. PRODUÇÃO DE PROVA PERICIAL. DETERMINAÇÃO DE OFÍCIO. POSSIBILIDADE. APLICAÇÃODO ART. 130 DO CPC. PRECLUSÃO QUE NÃO SE APLICA, NA HIPÓTESE. ART. 183 DO CPC. AUSÊNCIA DEPREQUESTIONAMENTO. RECURSO ESPECIAL. INADMISSIBILIDADE. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 211/STJ EADEMAIS, DA SÚMULA N. 83/STJ.I - A matéria inserta no dispositivo infraconstitucional suscitado (art. 183 do CPC) não foi objeto do julgamento a quo, sequerimplicitamente, carecendo o recurso especial do pressuposto específico do prequestionamento (Incidência da Súmula n.211/STJ).II - Demais disso, esta Corte tem entendimento pacífico no sentido de que a livre iniciativa do magistrado, na busca pelaverdade real, torna-o imune aos efeitos da preclusão, sendo lícita a determinação de produção de prova pericial, queindevidamente não foi deferida em primeira instância, mesmo de ofício (art. 130 do CPC).III - Noutras palavras, ainda que tenha havido o anterior indeferimento da produção de prova pericial, pelo juízo de primeirograu, ainda assim pode o Tribunal de apelação, de ofício, determinar tal produção, se entender pela sua indispensabilidade.IV - Precedentes citados: AgRg no REsp nº 738.576/DF, Rel. Min. NANCY ANDRIGHI, DJ de 12/09/2005; Edcl no Ag nº646.486/MT, Rel. Min. BARROS MONTEIRO, DJ de 29/08/2005; AgRg no AG nº 655.888/MG, Rel. Min. ARNALDOESTEVES DE LIMA, DJ de 22/08/2005; REsp nº 406.862/MG, Rel. Min. CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO, DJ de07/04/2003.V - Aplicação, de qualquer modo, da Súmula n. 83/STJ.VI - Recurso especial não conhecido. Manutenção do acórdão que determinou a realização de nova perícia judicial.(RESP 896.072/DF, Primeira Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJE 05.05.2008)

PROCESSO CIVIL. AGRAVO NO RECURSO ESPECIAL. INICIATIVA PROBATÓRIA DO JUIZ. PERÍCIA DETERMINADADE OFÍCIO. POSSIBILIDADE MITIGAÇÃO DO PRINCÍPIO DA DEMANDA. PRECEDENTES.- Os juízos de primeiro e segundo graus de jurisdição, sem violação ao princípio da demanda, podem determinar as provasque lhes aprouverem, a fim de firmar seu juízo de livre convicção motivado, diante do que expõe o art. 130 do CPC.- A iniciativa probatória do magistrado, em busca da verdade real, com realização de provas de ofício, é amplíssima, porqueé feita no interesse público de efetividade da Justiça.

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Agravo no recurso especial improvido.(AgRg no RESP 738.576/DF, Terceira Turma, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJ 12.09.2005)

12. Ante o exposto, declaro a nulidade da sentença para determinar o retorno dos autos à origem, a fim de que sejarealizada perícia por médico psiquiatra. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, por não terem as partesdado causa à nulidade identificada.

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

22 - 0000206-33.2009.4.02.5003/01 (2009.50.03.000206-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.) x NELSON BRITO AVELAR (ADVOGADO: ES015707 - PAULOWAGNER GABRIEL AZEVEDO.).RECURSO Nº 0000206-33.2009.4.02.5003/01 (2009.50.03.000206-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: NELSON BRITO AVELARRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. PROVIMENTO.

INSS interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 229/233, contra acórdão proferido às fls. 223/227 ao argumentode existência de omissão. Para tanto, sustenta que o acórdão embargado não se manifestou acerca da necessidade deefetiva contribuição após 1991, para que seja considerado o tempo rural para fins de carência, nos termos dos artigos 27, IIe 39, II da Lei nº 8.213/91.

02. Verificada a tempestividade do recurso e presentes os demais pressupostos de sua admissibilidade, conheço osEmbargos de Declaração e passo à análise do seu mérito.

03. Passando ao exame de possíveis vícios, com fundamento no art. 535 do Código de Processo Civil, consigno que,o acórdão recorrido, ao proceder à adequação de julgado anterior aos precedentes firmados pela Turma Nacional deUniformização nos PEDILEFs 2006705100009431 e 200570950016044, negou provimento ao recurso inominado interpostopelo INSS para condená-lo a conceder o benefício de aposentadoria por idade ao autor, na condição de seguradoempregado, com data de início em 13.12.2011, quando ele completou 65 anos.

04. Nos embargos de declaração interpostos, a autarquia previdenciária aduz que o acórdão contém omissão, porquenão se manifestou sobre a necessidade de recolhimento de contribuições para o cômputo do tempo de trabalho prestadoenquanto segurado especial, para fins de carência, após a vigência da Lei n. 8.213/91, o que seria exigido de acordo comos arts. 27, II; 39, II; e 55, §2º, do referido diploma legal. Ao proceder ao exame da omissão aventada, sublinho que aconcessão de aposentadoria por idade, na condição de segurado empregado, somente foi ventilada ao se efetuar aadequação de julgado anterior aos precedentes aludidos da Turma Nacional de Uniformização, o que me leva a avaliar commaior flexibilidade o requisito atinente ao prévio debate da questão omissa no acórdão recorrido. Nesses termos, observoque assiste razão à autarquia previdenciária, uma vez que o cômputo do tempo de trabalho prestado como seguradoespecial, posterior à Lei n. 8.213/91, exige o recolhimento de contribuições para fins de carência, caso o segurado pretendaincluí-lo com o intuito de obter benefício de aposentadoria por idade quando deixou de preencher as condições parapercebê-la nos termos do art. 11, VII, da Lei n. 8.213/91. Essa orientação, estabelecida por meio da interpretação conjuntados arts. 27, II; 39, II; e 55, §2º, da Lei n. 8.213/91, é adotada pelo Superior Tribunal de Justiça, valendo, a propósito, atranscrição da ementa do acórdão prolatado em julgamento do AgRg no RESP 250.220/SP (Sexta Turma, Rel. Min.Hamilton Carvalhido, DJ 01.07.2005, p. 636):AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. AVERBAÇÃO DE TEMPO DE SERVIÇOPRESTADO EM ATIVIDADE RURAL PARA FINS DE FUTURA APOSENTADORIA URBANA POR TEMPO DE SERVIÇONO MESMO REGIME DE PREVIDÊNCIA. SERVIDOR PÚBLICO MUNICIPAL REGIDO PELA CONSOLIDAÇÃO DAS LEISTRABALHISTAS. CONTRIBUIÇÃO RELATIVAMENTE AO PERÍODO DE ATIVIDADE RURAL. DESNECESSIDADE.CUMPRIMENTO DO PERÍODO DE CARÊNCIA DURANTE O TEMPO DE SERVIÇO URBANO COMO SERVIDORPÚBLICO MUNICIPAL CELETISTA. NÃO INCIDÊNCIA DE HIPÓTESE DE CONTAGEM RECÍPROCA.1. Vigente o parágrafo 2º do artigo 55 da Lei nº 8.213/91, com redação dada pela Medida Provisória nº 1.523, de 11 deoutubro de 1996, o tempo de atividade rural, anterior à edição da Lei nº 8.213/91, somente podia ser computado para finsde concessão de aposentadoria por idade e de benefícios de valor mínimo, e era vedado o aproveitamento desse tempo,sem o recolhimento das respectivas contribuições, para efeito de carência, de contagem recíproca e de averbação detempo de serviço.2. Convertida a Medida Provisória nº 1.523 na Lei nº 9.528/97, de 10 de dezembro de 1997, a redação original do parágrafo

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2º do artigo 55 da Lei nº 8.213/91 restou integralmente restabelecida, assegurando a contagem do tempo de serviço ruralpara fins de concessão de aposentadoria urbana independentemente de contribuição relativamente àquele período, aodispor que: "O tempo de serviço do segurado trabalhador rural, anterior à data de início de vigência desta Lei, serácomputado independentemente do recolhimento das contribuições a ele correspondentes, exceto para efeito de carência,conforme dispuser o Regulamento." (nossos os grifos).3. Não há, pois, mais óbice legal ao cômputo do tempo de serviço rural exercido anteriormente à edição da Lei nº 8.213/91,independentemente do recolhimento das contribuições respectivas, para a obtenção de aposentadoria urbana por tempo deserviço, se durante o período de trabalho urbano é cumprida a carência exigida no artigo 52 da Lei nº 8.213/91.4. Da letra do artigo 201, parágrafo 9º, da Constituição Federal, tem-se que contagem recíproca é o direito à contagem detempo de serviço prestado na atividade privada, rural ou urbana, para fins de concessão de aposentadoria no serviçopúblico ou, vice-versa, em face da mudança de regimes de previdência - geral e estatutário -, mediante prova da efetivacontribuição no regime previdenciário anterior, não se confundindo, pois, com a hipótese em deslinde, em que o seguradosempre esteve vinculado ao mesmo regime de previdência, ou seja, ao Regime Geral de Previdência Social, por se cuidarde servidor público municipal regido pela Consolidação das Leis Trabalhistas.5. A soma do tempo de atividade rural, para fins de concessão de aposentadoria urbana por tempo de serviço, no mesmoregime de previdência, não constitui hipótese de contagem recíproca, o que afasta a exigência do recolhimento decontribuições relativamente ao período, inserta no artigo 96, inciso IV, da Lei nº 8.213/91.6. Em hipóteses tais, em que o segurado pretende averbar tempo em que exerceu atividade rural, para fins de futuraconcessão de aposentadoria urbana que, embora pelo exercício de atividade no serviço público, há de ser concedida pelomesmo regime de previdência a que sempre foi vinculado, não é exigível o recolhimento das contribuições relativamente aotempo de serviço rural exercido anteriormente à entrada em vigor da Lei nº 8.213/91, porque é titular de direito subjetivo àcontagem do seu tempo de serviço, à luz de lei então vigente, devendo, contudo, para a obtenção futura da aposentadoriapor tempo de serviço, integralizar a carência no serviço público municipal, como trabalhador urbano.7. Agravo regimental improvido.

05. No presente recurso, o segurado nasceu em 13.12.1946 (fl. 20), tendo completado 65 anos em 13.12.2011,quando precisaria ter 180 meses de carência para a obtenção do benefício de aposentadoria por idade (art. 142, da Lei n.8213/91). Assim, tendo começado a contribuir como segurado empregado em 03.01.2005 (fl. 74), cabe-lhe o recolhimentodas contribuições devidas entre dezembro de 1996 e dezembro de 2004 para completar a carência exigida para aaposentadoria por idade.

06. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, dou-lhes provimento para incluir a fundamentaçãoacima no acórdão recorrido e alterar o seu dispositivo, a fim de que passe a contar que o recurso inominado teve parcialprovimento para declarar o direito de a parte autora incluir o tempo de trabalho prestado como segurado especial paracômputo de carência, a ser considerada para concessão de aposentadoria de idade na condição de segurado empregado,se recolhidas as contribuições devidas ao INSS entre dezembro de 1996 e dezembro de 2004.

07. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

08. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

23 - 0006695-08.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006695-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) GENY AMORIM DA SILVA(ADVOGADO: ES015788 - JOSE ROBERTO LOPES DOS SANTOS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.).RECURSO Nº 0006695-08.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006695-5/01)RECORRENTE: GENY AMORIM DA SILVARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.2. Controvérsia cinge-se quanto à incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual desenvolvida pelo segurado pormais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total e permanente, sem que hajapossibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autora portadora de artrose da coluna lombar e joelhos. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade do autor para otrabalho.

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4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

GENY AMORIM DA SILVA interpõe recurso inominado, às fl. 69/78, contra sentença (fls. 64/66), proferida pelo MM. Juiz do1º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou improcedentes os pedidos para condenar oINSS a restabelecer o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez.

02. A recorrente afirma que é portadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercícioprofissional não é possível devido às suas condições de saúde e pessoais.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fl. 83/87, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudoemitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral do recorrente.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a controvérsia cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).

08. Da leitura do único laudo juntado aos autos, às fl. 14, redigido em 11/11/2010, verifico estar relatado que apaciente sente dor cervical/lombar crônica por lesão degenerativa, o que evidenciaria a necessidade de afastamento doserviço. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que a recorrente é portadora de“artrose da coluna lombar e joelhos.”. Complementa informando que o caráter degenerativo da artrose possui evoluçãolenta. Concluiu que não há incapacidade laborativa e que a autora está trabalhando (fl. 32/34).

09. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aoatestado juntado pela recorrente. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-se no quadroclínico atual do segurado, o qual permite o seu retorno ao trabalho.

10. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 25/26).

12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

24 - 0000393-80.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000393-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ALAECI VIEIRA (ADVOGADO:

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ES007025 - ADENILSON VIANA NERY, ES016822 - PAULA GHIDETTI NERY LOPES.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).RECURSO Nº 0000393-80.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000393-2/01)RECORRENTE: ALAECI VIEIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.2. Indeferimento do requerimento de intimação do perito para responder aos quesitos complementares. Inexistência denulidade se os esclarecimentos solicitados já estão contidos no laudo criticado.3. Controvérsia quanto à incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais dequinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total e permanente, sem que haja possibilidade dereabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).4. Autor portador de hipertensão arterial. Foi submetido à angioplastia com stent farmacológico. Laudo pericial no qual seatesta a capacidade do autor para o trabalho.5. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

ALAECI VIEIRA interpõe recurso inominado, às fl. 88/90, contra sentença (fl. 85/86), proferida pela MM. Juiz do JuizadoEspecial Federal de Linhares, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a restabelecer o benefício deauxílio-doença, convertê-lo em aposentadoria por invalidez e ao pagamento de indenização por danos morais.

02. O recorrente afirma que a sentença é nula, porque teria violado o seu direito à ampla defesa, ao contraditório eao devido processo legal, por não ter considerado a impugnação feita ao laudo pericial às fl. 69. Pede o retorno dos autosao Juizado de origem para que sejam respondidos os quesitos destacados na impugnação de fl. 69 ou que o pedido sejajulgado procedente.

03. O INSS não ofereceu contrarrazões, apesar de intimado (fl. 93).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. O recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o Juízo a quo teria indeferido o requerimentopara que o perito fosse intimado para apresentar resposta aos quesitos formulados na inicial e para complementar o laudo.O questionamento aludido solicitava que fossem respondidas quais doenças acometem o requerente, com descrição dossintomas e se o desempenho da atividade habitual poderia agravar o quadro clinico; quais os motivos que ensejaram aconcessão do benefício cessado e se ainda persistem; se está ou esteve incapacitado e por qual período. Solicitava, ainda,a complementação das respostas aos quesitos 1, 4, 6, 7/12 apresentados pelo INSS. Contudo, da leitura das conclusões doperito judicial, não observo discrepância entre as doenças que ele diagnosticou na parte autora e aquelas enunciadas nosdocumentos que acompanharam a peça vestibular, razão por que o indeferimento do pleito para esclarecimentos mostra-seacertado (art. 426, I, do Código de Processo Civil), especialmente por não haver prova de que o especialista tenhadesconsiderado os elementos essenciais para avaliação do quadro clínico da recorrente. No que tange ao glaucomacrônico, observo que restou comprovado nos autos que o autor utiliza medicamento anti-glaucomatoso e não foi atestada asua incapacidade laborativa em razão da referida enfermidade pelos médicos que o acompanham.

07. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de

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segurado.

08. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que atestado de fl. 12, subscrito por médico cardiologistada UNICOR/ES em 14/02/2012, afirma que o paciente está em acompanhamento cardiológico devido à hipertensão arterialestágio 3, dislipidemia, insuficiência coronariana e angioplastia com stent farmacológico em janeiro/2001; sugereafastamento das atividades profissionais e encaminha o paciente ao pronto socorro para controle de pressão arterial (fl. 13).O atestado de fl. 14, subscrito por médico oftalmologista em 07/02/2012, afirma que o autor é portador de glaucomacrônico, utiliza medicamento anti-glaucomatoso e possui discreta baixa visual em OE secundária a anisometropia. Odocumento de fls. 15/16 trata de procedimento a ser realizado para fins de verificação da eficácia de método de tratamentopara estreitamento de artérias coronarianas (stents liberadores de droga). Consta que após o implante do stent, haveria adesobstrução da artéria coronariana, o que deveria aliviar os sintomas e prevenir futuros ataques cardíacos. No atestado defl. 17, subscrito por médico oftalmologista em 13/10/2010, solicita-se mudança da função do paciente “a fim de avaliar amelhora do quadro”, em razão dos problemas oftalmológicos apresentados. O atestado de fl. 18, subscrito por médicooftalmologista em 06/12/2010, afirma que o paciente deverá mudar de função profissional, por sentir olhos secos, ardência,coceira e lacrimejamento. O atestado de fl. 19, subscrito por médico cardiologista em 21/12/2010, afirma que o pacientedeve trabalhar em setores menos estressantes e com atividades físicas moderadas. Os documentos de fls. 20/23 sereferem à cirurgia a que o autor fora submetido para colocação de stent, realizada com sucesso. O atestado de fl. 24,subscrito por médico cardiologista em 14/03/2011, sugere que o paciente evite atividades que exijam esforço físico até ocontrole clinico adequado. O atestado de fl. 30, subscrito em 11/04/2011, é do mesmo teor do atestado acima citado.Observo que, com exceção do atestado de fl. 12, os documentos anexados aos autos são contemporâneos ao período emque ele fez jus à percepção do auxílio-doença n. 543.048.926-0 (11/10/2010 a 08/02/2012). Por sua vez, o laudo redigidopelo perito nomeado judicialmente, afirma que o recorrente é portador de hipertensão arterial grave e foi submetido àangioplastia. Concluiu que não há incapacidade laborativa (fls. 60/66).

10. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aosatestados juntados pelo recorrente. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-se no quadroclínico atual do segurado, o qual permite o seu retorno ao trabalho.

11. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 37).

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

25 - 0000471-08.2011.4.02.5054/01 (2011.50.54.000471-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSE GALON NETTO(ADVOGADO: ES014684 - EDUARDO VAGO DE OLIVEIRA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.).RECURSO Nº 0000471-08.2011.4.02.5054/01 (2011.50.54.000471-0/01)RECORRENTE: JOSE GALON NETTORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade

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habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autor portador de hipertensão arterial compensada e controlada, e retardo mental leve Laudo pericial no qual se atesta acapacidade para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

JOSÉ GALON NETTO interpõe recurso inominado, às fls. 145/148, contra sentença (fls. 141/142), proferida pelo MM. Juizdo Juizado Especial Federal de Colatina, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a conceder obenefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez a contar de sua cessação.

02. O recorrente afirma que a sentença é nula por violação ao princípio da ampla defesa. Alega que o magistradonão analisou o pedido de realização de nova perícia. Afirma que o retardo mental de que é portador, mesmo leve,incapacita-o totalmente para o trabalho e que a referida doença é de difícil diagnóstico, por isso deve ser analisada econflitada por um médico psiquiátrico. De igual modo, sustenta que é portador de doença incapacitante para o exercício deatividade laboral e que o julgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 152/153, nas quais requer o desprovimento do recurso. Reitera os termosdas manifestações anteriores, em especial da contestação.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). O recorrente afirma que a sentença é nula por violação ao princípio daampla defesa. Alega que o magistrado não analisou o pedido de realização de nova perícia. Afirma que o retardo mental deque é portador, mesmo leve, incapacita-o totalmente para o trabalho e que a referida doença é de difícil diagnóstico, porisso deve ser analisada e conflitada por um médico psiquiátrico. De igual modo, sustenta que é portador de doençaincapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedência desconsiderou o conjunto dasprovas carreadas aos autos.

08. A Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais entende que a períciamédica por especialista, como solicitada pela parte autora, somente tem cabimento na hipótese de doença ou quadromédico complexo, o que não se verifica no caso concreto, conforme conclusões do r. perito judicial (PEDILEF nº2008.72.51.003146-2/SC, Rel. Juíza Fed. Joana Carolina L. Pereira, julgado em 16/11/2009 e PEDILEF nº2008.72.51.001862-7/SC, Rel. Juíza Fed. Jacqueline Michels Bilhalva, julgado em 11/05/2010). As doenças do autor foramdiagnosticadas pelo perito nomeado judicialmente – especialista em medicina do trabalho - que constatou que ele éportador de hipertensão arterial e retardo mental leve. No que tange ao retardo mental leve, o perito afirmou que tal doençanão incapacita o recorrente para o exercício de suas atividades de trabalhador rural. Aduziu que não foram evidenciadossinais, nem sintomas de síndrome depressiva. Ressaltou que na avaliação pericial observa-se o grau da repercussãoclínica da doença na capacidade laborativa, considerando-se a dinâmica e as condições em que o trabalho declarado éexercido.

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o atestado de fl. 76, subscrito por médico do SUS em

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05/10/2010, afirma que o paciente está em tratamento cardiológico, é portador de hipertensão arterial, obesidade edislipidemia, e deve evitar esforços laborativos. O atestado de fl. 74, subscrito por médica psiquiátrica da Unimed em08/11/2010, afirma que o autor apresenta nível reduzido de funcionamento intelectual resultando em capacidade diminuídapara se adaptar às demandas diárias do ambiente social normal e não possui condições de prover o próprio sustento. Oatestado de fl. 75, subscrito por médico do SUS em 16/02/2011, descreve que o autor está assintomático do ponto de vistacardiológico, com ritmo sinusal sem alterações isquêmicas. O atestado de fl. 73, subscrito por médico neurologista doHospital Maternidade São Jose de Colatina em 28/04/2011, informa que o autor apresenta quadro de oligofrenia moderadae agressividade e está incapacitado para o trabalho. O atestado de fl. 135, subscrito por médico do Hospital MaternidadeSão Jose de Colatina em 01/02/2012, indica que paciente não pode exercer atividades laborativas. O atestado de fl. 132,subscrito por médico neurologista em 26/01/2012 afirma que o autor apresenta quadro de retardo mental leve e ansiedade,bem como está totalmente incapacitado para o trabalho. Contudo, o laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente,posiciona-se em sentido diverso, tendo sido afirmado que o recorrente é portador de hipertensão arterial compensada econtrolada e retardo mental leve. Afirma que o exame clínico do autor não evidenciou sinais nem sintomas de síndromedepressiva. Concluiu que não há incapacidade laborativa (fls. 121/127).

10. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pela recorrente. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condiçõesdignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve seracompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos osrequisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis àpretensão dos segurados.

11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 106).

12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

26 - 0000742-17.2011.4.02.5054/01 (2011.50.54.000742-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARINEUZA ALVES GOMES(ADVOGADO: ES010835 - ALMIR MELQUIADES DA SILVA, ES010477 - FABIANO ODILON DE BESSA LURETT.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Paulo Henrique Vaz Fidalgo.).RECURSO Nº 0000742-17.2011.4.02.5054/01 (2011.50.54.000742-5/01)RECORRENTE: MARINEUZA ALVES GOMESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autora portadora de insuficiência aórtica, corrigida com prótese. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade para otrabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

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RELATÓRIO

MARINEUZA ALVES GOMES interpõe recurso inominado, às fls. 78/95, contra sentença (fls. 75/76) proferida pelo MM. Juizdo Juizado Especial Federal de Colatina, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a conceder obenefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez a contar de sua cessação.

02. A recorrente afirma que a sentença é nula por não ter se manifestado acerca da impugnação ao laudo pericial defls. 67/74. Sustenta que é portadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que o laudo pericialdesconsiderou a sua condição de trabalhadora rural. Pugna pela realização de nova perícia.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 100/101, nas quais requer o desprovimento do recurso. Reitera os termosdas manifestações anteriores, em especial da contestação.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). A recorrente afirma que a sentença é nula por não ter se manifestadoacerca da impugnação ao laudo pericial de fls. 67/74. Sustenta que é portadora de doença incapacitante para o exercício deatividade laboral e que o laudo pericial desconsiderou a sua condição de trabalhadora rural. Pugna pela realização de novaperícia.

08. A recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o Juízo a quo não se manifestou acerca daimpugnação feita ao laudo pericial, o que teria contribuído para o julgamento de improcedência do pedido. Oquestionamento aludido afirmava que o perito não levou em consideração a condição de trabalhadora rural da parte autora.Contudo, da leitura do laudo do perito judicial, observo que consta que a parte autora informou ser trabalhadora rural, sendotal informação considerada nas conclusões do perito. Ressalto que o requerimento de realização de nova perícia não veioacompanhado de fundamentação idônea a demonstrar que a perícia realizada não esclareceu suficientemente a matéria,razão por que ele não deve ser acolhido em sede recursal (art. 426, I, do Código de Processo Civil). Ademais, o conteúdoda certidão de fl. 63 não interferiu no julgamento do magistrado sentenciante, o qual examinou todos os documentoscarreados aos autos para formar sua convicção, razão porque inexiste a nulidade suscitada.

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que não há qualquer documento atestando aincapacidade laborativa da parte autora. Foram anexados apenas o prontuário de fl. 13, o histórico de fls. 19/21 que informaa realização de cirurgia para troca de válvula aórtica, e o documento de fl. 24, que também trata da cirurgia para troca daválvula aórtica. Por sua vez, o laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente atesta que a recorrente é portadora deinsuficiência aórtica, corrigida com prótese. Aduz que a doença está compensada, em razão do tratamento cirúrgico a que aautora fora submetida e do uso de medicação. Concluiu que não há incapacidade laborativa (fls. 55/58).

10. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pela recorrente. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condiçõesdignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve seracompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos osrequisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis àpretensão dos segurados.

11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o benefício da gratuidade de justiça, que ora defiro, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

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27 - 0000820-85.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000820-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSEMAR RISSI(ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: JAILTON AUGUSTO FERNANDES.).RECURSO Nº 0000820-85.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000820-0/01)RECORRENTE: JOSEMAR RISSIRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.2. Indeferimento do requerimento de intimação do perito para responder aos quesitos complementares. Inexistência denulidade se os esclarecimentos solicitados já estão contidos no laudo criticado.3. Controvérsia quanto à incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais dequinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total e permanente, sem que haja possibilidade dereabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).4. Autor portador de espondiloartrose. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade do autor para o trabalho.5. Inexistência de dano moral a ser indenizado se não comprovada a prática de ato ilícito ou exercício abusivo do poderconferido à autarquia previdenciária (arts. 186 e 187, do Código Civil, art. 37, §6º, da Constituição da República de 1988).6. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

JOSEMAR RISSI interpõe recurso inominado, às fl. 72/74, contra sentença (fl. 69/70), proferida pela MM. Juiz do JuizadoEspecial Federal de São Mateus, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a conceder o benefício deauxílio-doença, convertê-lo em aposentadoria por invalidez e ao pagamento de indenização por danos morais.

02. O recorrente afirma que a sentença é nula por ter cerceado o seu direito a defesa, ante a ausência dedeterminação para que o perito respondesse aos quesitos suplementares e a não juntada dos documentos de posse doINSS. Aduz que é portador de doença incapacitante para o exercício de atividade de pintor industrial. Sustenta que deve serrestabelecido o benefício de auxílio-doença ou concedida aposentadoria por invalidez até ser reabilitado para outra função.Pede o retorno dos autos ao Juizado de origem para que sejam respondidos os quesitos destacados na impugnação de fl.63 ou que o pedido seja julgado procedente.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fl. 77, nas quais requer o desprovimento do recurso.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. O recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o Juízo a quo teria indeferido o requerimentopara que o perito fosse intimado para apresentar resposta ao quesito formulado às fl. 63. O questionamento aludidosolicitava que o INSS juntasse aos autos todos os documentos que tivesse posse, conforme anteriormente determinadopelo magistrado sentenciante, para que o perito do Juízo respondesse por quais motivos foi concedido o benefício e se elesainda persistiam; quais as atividades laborativas são compatíveis com a patologia que lhe acomete; e fizesse comentáriossobre os laudos e exames carreados aos autos. Contudo, da leitura das conclusões do perito judicial, não observodiscrepância entre a doença que ele diagnosticou na parte autora e aquela enunciada nos documentos que acompanharama peça vestibular (art. 426, I, do Código de Processo Civil), razão por que o indeferimento do pleito para esclarecimentosmostra-se acertado, especialmente por não haver prova de que o especialista tenha desconsiderado os elementosessenciais para avaliação do quadro clínico do recorrente. Ademais, a ausência de juntada de cópia de processoadministrativo não dá causa à nulidade suscitada, uma vez que tais documentos não foram essenciais para a avaliaçãoclínica do recorrente pelo perito judicial e para a formação da convicção do julgador.

07. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de

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segurado.

08. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os laudos médicos de fl. 12 a 17 descrevem que oautor é portador de espondilodiscoartrose degenerativa incapacitante. Por sua vez, o laudo redigido pelo perito nomeadojudicialmente afirma que o recorrente é portador de “espondiloartrose lombar.”. Complementa informando que “ao examefísico, o paciente apresenta lasegue negativo bilateral, marcha normal, flexão e extensão toraco-lombar normal.”. Concluiuque não há incapacidade laborativa (fls. 53/55).

10. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aosatestados juntados pelo recorrente. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção dascondições dignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deveser acompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos osrequisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis àpretensão dos segurados.

11. Acrescento que, não comprovada a prática de ato ilícito ou exercício abusivo do poder conferido à autarquiaprevidenciária, inexistiu dano moral a ser indenizado (arts. 186 e 187, do Código Civil, art. 37, §6º, da Constituição daRepública de 1988), motivo por que o julgamento de improcedência desse pedido não merece ser retificado.

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 19/21).

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

28 - 0000219-79.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000219-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) DANIEL VIDAL DE SOUZA(ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.).RECURSO Nº 0000219-79.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000219-1/01)RECORRENTE: DANIEL VIDAL DE SOUZARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.2. Indeferimento do requerimento de intimação do perito para responder aos quesitos complementares. Inexistência denulidade se os esclarecimentos solicitados já estão contidos no laudo criticado.3. Controvérsia quanto à incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais dequinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total e permanente, sem que haja possibilidade dereabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).4. Autor portador de lombalgia, hipertensão arterial e diabetes. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade do autor parao trabalho.5. Inexistência de dano moral a ser indenizado se não comprovada a prática de ato ilícito ou exercício abusivo do poderconferido à autarquia previdenciária (arts. 186 e 187, do Código Civil, art. 37, §6º, da Constituição da República de 1988).6. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

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DANIEL VIDAL DE SOUZA interpõe recurso inominado, às fl. 68/69, contra sentença (fl. 65/66), proferida pela MM. Juiz doJuizado Especial Federal de São Mateus, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a conceder obenefício de auxílio-doença, convertê-lo em aposentadoria por invalidez e ao pagamento de indenização por danos morais.

02. O recorrente afirma que a sentença é nula, porque não teria sido considerada a impugnação feita ao laudopericial às fl. 64. Pede o retorno dos autos ao Juizado de origem para que seja realizada nova prova pericial ou que opedido seja julgado procedente.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fl. 73/74, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudoemitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral do recorrente.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. O recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o Juízo a quo teria indeferido o requerimentopara nova realização de perícia médica por médico diverso do especialista nomeado judicialmente (fl. 64). Oquestionamento aludido solicitava ainda que o expert comentasse sobre os documentos existentes nos autos, bem comoquais as características das doenças que acomete o autor. Contudo, da leitura das conclusões do perito judicial, nãoobservo discrepância entre as doenças que ele diagnosticou na parte autora e aquelas enunciadas nos documentos queacompanharam a peça vestibular, razão por que o indeferimento do pleito para esclarecimentos e para nova períciamostra-se acertado (art. 426, I, do Código de Processo Civil), especialmente por não haver prova de que o especialistatenha desconsiderado os elementos essenciais para avaliação do quadro clínico do recorrente.

07. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

08. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o laudo médico de fl. 08, descreve paciente portadorde discopatia degenerativa em L3-L4, com abaulamento discal difuso associado à ossificação ligamentar anterior. O laudomédico, de fl. 19, narra paciente em tratamento fisioterápico, impossibilitado de realizar suas atividades diárias. O laudo defl. 20 descreve risco de AVC e IAM aos esforços. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente,afirma-se que o recorrente é portador de “lombalgia, hipertensão arterial e diabetes.”. Concluiu que não há incapacidadelaborativa (fls. 54/56).

10. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aosatestados juntados pelo recorrente. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção dascondições dignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deveser acompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos osrequisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis àpretensão dos segurados.

11. Acrescento que, não comprovada a prática de ato ilícito ou exercício abusivo do poder conferido à autarquiaprevidenciária, inexistiu dano moral a ser indenizado (arts. 186 e 187, do Código Civil, art. 37, §6º, da Constituição daRepública de 1988), motivo por que o julgamento de improcedência desse pedido não merece ser retificado.

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 26/28).

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

29 - 0001149-97.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.001149-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOAO FERNANDO

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(ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.).RECURSO Nº 0001149-97.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.001149-0/01)RECORRENTE: JOAO FERNANDORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.2. Indeferimento do requerimento de intimação do perito para responder aos quesitos complementares. Inexistência denulidade se os esclarecimentos solicitados já estão contidos no laudo criticado.3. Controvérsia quanto à incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais dequinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total e permanente, sem que haja possibilidade dereabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).4. Autor portador glaucoma em ambos os olhos, faz uso de medicação diária que controla a doença. Laudo pericial no qualse atesta a capacidade do autor para o trabalho.5. Inexistência de dano moral a ser indenizado se não comprovada a prática de ato ilícito ou exercício abusivo do poderconferido à autarquia previdenciária (arts. 186 e 187, do Código Civil, art. 37, §6º, da Constituição da República de 1988).6. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

JOÃO FERNANDO interpõe recurso inominado, às fls. 40/41, contra sentença (fls. 27/38), proferida pelo MM. Juiz doJuizado Especial Federal de São Mateus, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a restabelecer obenefício de auxílio-doença, convertê-lo em aposentadoria por invalidez e ao pagamento de indenização por danos morais.

02. O recorrente afirma que a sentença é nula, porque teria cerceado o seu direito de defesa, por não terconsiderado a impugnação feita ao laudo pericial à fl. 34. Pede o retorno dos autos ao Juizado de origem para que sejamrespondidos os quesitos destacados na impugnação de fl. 34, bem como que o INSS junte a documentação que dispõe ouque o pedido seja julgado procedente.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fl. 44, nas quais requer o desprovimento do recurso.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. O recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o Juízo a quo teria indeferido o requerimentopara que o perito fosse intimado para apresentar resposta ao quesito formulado na inicial às fl. 34, relacionado ao motivoque ensejara a concessão do benefício e se esse ainda persistia. Solicitava, ainda, complementação do laudo para que oespecialista descrevesse as doenças e suas características, bem como tecesse comentários sobre os laudos e examesexistentes nos autos. Contudo, da leitura das conclusões do perito judicial, não observo discrepância entre a doença que elediagnosticou na parte autora e aquela enunciada nos documentos que acompanharam a peça vestibular, razão por que oindeferimento do pleito para esclarecimentos mostra-se acertado (art. 426, I, do Código de Processo Civil), especialmentepor não haver prova de que o especialista tenha desconsiderado os elementos essenciais para avaliação do quadro clínicodo recorrente.

07. A Lei nº 8.213/91 exige para o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

08. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,

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caput, da Lei n. 8.213/91).

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o laudo de fl. 10, firmado em 04/09/2009, revelaglaucoma em ambos os olhos, motivo pelo qual se faz necessário o uso contínuo de colírio hipotensor, sob o risco decegueira definitiva. Não há qualquer atestado afirmando a incapacidade laborativa da parte autora, apenas existe ainformação de uso contínuo de mediação para que o recorrente não seja cometido de cegueira permanente. Por sua vez,no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que o recorrente é portador de “glaucoma bilateral.”Complementa para informar que o recorrente anda só, acompanha com os olhos todos os movimentos e assina. Concluiuque não há incapacidade laborativa (fls. 30/32).

10. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aosatestados juntados pelo recorrente. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-se no quadroclínico atual do segurado, o qual permite o seu retorno ao trabalho.

11. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

12. Acrescento que, não comprovada a prática de ato ilícito ou exercício abusivo do poder conferido à autarquiaprevidenciária, inexistiu dano moral a ser indenizado (arts. 186 e 187, do Código Civil, art. 37, §6º, da Constituição daRepública de 1988), motivo por que o julgamento de improcedência desse pedido não merece ser retificado.

13. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 12/14).

14. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

15. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

30 - 0000622-54.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.000622-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANDERSON RIBETTDETTMANN (ADVOGADO: ES018822 - JOSÉ AMAZIAS CORREIA DOS SANTOS, ES011511 - Marco Aurélio RangelGobette, ES017838 - SILVANIA APARECIDA DA SILVA ABILIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARCOS FIGUEREDO MARÇAL.).RECURSO Nº 0000622-54.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.000622-1/01)RECORRENTE: ANDERSON RIBETT DETTMANNRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. LAUDOS PERICIAIS CONCLUIRAM PELA CAPACIDADE LABORATIVA DAPARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.2. Arguição de julgamento prematuro da lide. Inexistência de nulidade se os esclarecimentos contidos no laudo criticado sãosuficientes para o livre convencimento motivado.3. Controvérsia quanto existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual desenvolvida pelo seguradopor mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91).4. Autor portador transtorno psiquiátrico, artrose incipiente e discopatia na coluna lombar e cervical. Laudos periciais depsiquiatria e ortopedia atestaram a capacidade do autor para o trabalho.5. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

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ANDERSON RIBETT DETTMANN interpõe recurso inominado, às fl. 77/80, contra sentença (fl. 70/71), proferida pelo MM.Juiz do 1º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou improcedente o pedido para condenaro INSS a conceder o benefício de auxílio-doença.

02. O recorrente afirma que a sentença é nula, porque foi julgada de forma “prematura”, porquanto não teriaapreciado os exames e laudos acostados à inicial. Pede o retorno dos autos ao Juizado de origem para que seja realizadaaudiência de instrução e julgamento ou que o pedido seja julgado procedente.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fl. 86/87, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que oslaudos emitidos por perito nomeado pelo Juízo atestam a plena capacidade laboral do recorrente.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. O recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o Juízo a quo julgou a lide de forma“prematura” e não analisou os exames e laudos que acompanham a inicial. Afirma haver cerceamento de defesa e violaçãoaos princípios da ampla defesa e da ação. Contudo, verifico que a causa não foi julgada de forma prematura, eis que daleitura das conclusões dos peritos judiciais, não observo discrepâncias entre as doenças que eles diagnosticaram na parteautora e aquelas enunciadas nos documentos que acompanharam a peça vestibular, razão por que o julgamento da lide noestado em que se encontra mostra-se acertado, especialmente por não haver prova de que o especialista e tampouco omagistrado a quo tenham desconsiderado os elementos essenciais para avaliação do quadro clínico do recorrente.

07. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

08. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os laudos médicos, de fls. 17 e 18, evidenciampaciente afastado do trabalho devido hérnia discal lombar e espondolose lombar. O laudo médico de fl. 20, em 05/01/2009,descreve paciente com transtorno psiquiátrico. Por sua vez, o laudo redigido pela perita especialista em psiquiatrianomeada judicialmente, afirma que o recorrente é portador de “transtorno psiquiátrico.”. Concluiu que não há incapacidadelaborativa do ponto de vista psiquiátrico, entretanto orienta avaliação sob o ponto de vista ortopédico (fls. 33/35). De outrasorte, no laudo redigido pelo perito especialista em ortopedia nomeado judicialmente, afirma-se que o autor da demanda éportador de “artrose incipiente e discopatia na coluna lombar e cervical.”. Conclui pela limitação às atividades com esforçofísico extremo e pela capacidade (fl. 59/61).

10. Observo que os laudos dos peritos judiciais estão idoneamente fundamentados e foram firmados em datasposteriores aos atestados juntados pelo recorrente. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe amanutenção das condições dignas de trabalho, razão por que comprovada a incapacidade para o trabalho, temporária oupermanente, deve ser acompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo,não atendidos os requisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critériosmais favoráveis à pretensão dos segurados.

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 24/27).

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

31 - 0005944-55.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.005944-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ZENEIDE MARIA GALINA(ADVOGADO: ES022388 - TERESA CRISTINA SOUSA FERNANDES, ES015283 - WANESSA ALDRIGUES CANDIDO.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCIA RIBEIRO PAIVA.).RECURSO Nº 0005944-55.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.005944-4/01)

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RECORRENTE: ZENEIDE MARIA GALINARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.2. Não realizada audiência de instrução e julgamento. Inexistência de nulidade se os esclarecimentos já estão contidos nolaudo criticado.3. Controvérsia quanto à incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais dequinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total e permanente, sem que haja possibilidade dereabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).4. Autora portadora de câncer de mama, operada em 17/07/2006. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade do autorpara o trabalho.5. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

ZENEIDE MARIA GALINA interpõe recurso inominado, às fls. 90/100, contra sentença (fls. 81/84), proferida pelo MM. Juizdo 1º Juizado Especial Federal de Vitória, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a conceder obenefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez.

02. A recorrente afirma que a sentença é nula, porque não teria oportunizado a produção de provas em audiência.Pede o retorno dos autos ao Juizado de origem para que seja realizada audiência de instrução e julgamento ou que opedido seja julgado procedente.

03. O INSS não ofereceu contrarrazões, fl. 108.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o Juízo a quo dispensou a realização deaudiência de instrução e julgamento, por entender que os documentos juntados aos autos indicariam a capacidadelaborativa da parte autora, ficando dispensado o exame da questão prejudicial relacionada à sua qualidade de seguradaespecial. Afirma haver necessidade da realização de audiência com intuito de produzir provas de sua incapacidade,argumentando que o laudo pericial não comprova a sua real aptidão para o trabalho. Entretanto, observo que a audiência deinstrução e julgamento se limitaria à oitiva de testemunhas cujas declarações pudessem provar o exercício de trabalho ruralpela demandante, não sendo necessária a sua designação para aferir a aptidão da recorrente para o desempenho deatividade laborativa. Com efeito, da leitura das conclusões do perito judicial, não observo discrepância entre as doenças queele diagnosticou na parte autora e aquelas enunciadas nos documentos que acompanharam a peça vestibular, razão porque a não realização da audiência mostra-se acertada, especialmente por não haver prova de que o especialista tenhadesconsiderado os elementos essenciais para avaliação do quadro clínico do recorrente.

07. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

08. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,

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caput, da Lei n. 8.213/91).

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o laudo anátomo-patológico de fl. 28, em 21/06/2006,conclui pela existência de tumor do tipo carcinoma ductal infiltrante, com cerca de 4 (quatro) milímetros de extensão linear.O laudo médico às fl. 30 e 33, em 25/07/2006, narra paciente com diagnóstico de câncer de mama (CID C50), submetida amastectomia e esvaziamento auxiliar. O laudo médico de fl. 24, realizado em 07/05/2009, narra paciente portadora deneoplasia da mama, evidencia ainda realização de “mastectomia e esvaziamento vascular em 2006, com limitação demovimentos em membro superior direito.”. O exame de mamografia, às fl. 26, sem data aparente, descreve mamas bemconfiguradas, com revestimento cutâneo e vascularização normais, mamilos e aréolas sem alterações, ausência de nódulosbem definidos, bem como outras informações. Os atestados, de fls. 30 e 33, descrevem que a paciente foi submetida àmastectomia em 18/07/2006, com uso de medicação. Por sua vez, o laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente,afirma que a recorrente é portadora de “câncer de mama esquerda e que foi operada.”. Afirma que a recorrente “seapresentou ao exame em bom estado geral, deambulando normalmente, lúcida, orientada, com seus movimentos amplos epreservados, ausência de linfoedema em membro superior direito.”. Concluiu que não há incapacidade laborativa (fl. 50/52).

10. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aosatestados juntados pelo recorrente em sua petição inicial. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe amanutenção das condições dignas de trabalho, razão por que comprovada a incapacidade para o trabalho, temporária oupermanente, deve ser acompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo,não atendidos os requisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critériosmais favoráveis à pretensão dos segurados.

11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 40/41).

12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

32 - 0000379-07.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000379-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ELIZEU SOARES FERREIRA(ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: JAILTON AUGUSTO FERNANDES.).RECURSO Nº 0000379-07.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000379-1/01)RECORRENTE: ELIZEU SOARES FERREIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade de segurado.2. Indeferimento do requerimento de intimação do perito para responder aos quesitos complementares. Inexistência denulidade se os esclarecimentos solicitados já estão contidos no laudo criticado.3. Controvérsia quanto à incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais dequinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total e permanente, sem que haja possibilidade dereabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).4. Autor sofreu fratura do radio esquerdo. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade do autor para o trabalho.5. Inexistência de dano moral a ser indenizado se não comprovada a prática de ato ilícito ou exercício abusivo do poderconferido à autarquia previdenciária (arts. 186 e 187, do Código Civil, art. 37, §6º, da Constituição da República de 1988).6. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

ELIZEU SOARES FERREIRA interpõe recurso inominado, às fl. 54/55, contra sentença (fl. 51/52), proferida pela MM. Juizdo Juizado Especial Federal de São Mateus, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a restabelecer obenefício de auxílio-doença, convertê-lo em aposentadoria por invalidez e ao pagamento de indenização por danos morais.

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02. O recorrente afirma que a sentença é nula, porque teria violado o seu direito à ampla defesa, ao contraditório eao devido processo legal, por não ter considerado a impugnação feita ao laudo pericial às fl. 50. Pede o retorno dos autosao Juizado de origem para que sejam respondidos os quesitos destacados na impugnação de fl. 50 ou que o pedido sejajulgado procedente.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fl. 59, nas quais requer a manutenção da sentença pelos própriosfundamentos.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. O recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o Juízo a quo teria indeferido o requerimentopara que o perito fosse intimado para apresentar resposta ao quesito formulado à fl. 50. O questionamento aludidosolicitava a complementação das respostas aos quesitos apresentados pelo Juízo às fl. 31/33 (29/31), bem como que oespecialista descrevesse os riscos que ele sofre por exercer a profissão de pedreiro, e informasse o período da suaincapacidade. O questionamento aludido requeria que o especialista informasse a possibilidade da realização da atividadede serviços gerais, bem como apontasse os riscos que o demandante sofre em função das patologias que lhe acometem.Contudo, não observo omissão no laudo pericial no que concerne aos esclarecimentos requeridos, uma vez que oespecialista considerou as atividades usualmente desempenhadas pelo autor na avaliação feita. Logo, concluída a perícia oquanto à aptidão do segurado para o trabalho, os esclarecimentos pleiteados seriam impertinentes (art. 426, I, do Código deProcesso Civil), sendo acertada a decisão do magistrado sentenciante que os indeferiu.

07. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

08. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o atestado de fl. 09, expedido em 02/01/2004,descreve paciente com rotura do punho. O atestado de fl. 12, sem data legível, narra que o paciente realizou procedimentocirúrgico com fixação de fios de aço em punho esquerdo, em tratamento ortopédico por 90 (noventa) dias. Por sua vez, olaudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma que o recorrente “sofreu fratura do radio esquerdo comconsolidação completa.”. Complementa informando haver sequela do punho com bloqueio de supinação e pronação emalguns graus, o que não seria causa de incapacidade para a atividade do autor, motivo por que não haveria inaptidão para otrabalho (fls. 39/42).

10. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aosatestados juntados pelo recorrente em sua petição inicial. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença devebasear-se no quadro clínico atual do segurado, o qual permite o seu retorno ao trabalho.

11. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que comprovada a incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

12. Acrescento que, não comprovada a prática de ato ilícito ou exercício abusivo do poder conferido à autarquiaprevidenciária, inexistiu dano moral a ser indenizado (arts. 186 e 187, do Código Civil, art. 37, §6º, da Constituição daRepública de 1988), motivo por que o julgamento de improcedência desse pedido não merece ser retificado.

13. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 14/16).

14. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

15. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

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Juiz Federal Relator

33 - 0001138-68.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.001138-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MOACYR RODRIGUESFILHO (ADVOGADO: ES016822 - PAULA GHIDETTI NERY LOPES, ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JAILTON AUGUSTO FERNANDES.).RECURSO Nº 0001138-68.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.001138-6/01)RECORRENTE: MOACYR RODRIGUES FILHORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. Indeferimento do requerimento de intimação do perito para responder aos quesitos complementares. Inexistência denulidade se os esclarecimentos solicitados são prescindíveis para elucidação da lide.3. Controvérsia quanto à incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais dequinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total e permanente, sem que haja possibilidade dereabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).4. Autor portador de tuberculose pulmonar. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade do autor para o trabalho.5. Inexistência de dano moral a ser indenizado se não comprovada a prática de ato ilícito ou exercício abusivo do poderconferido à autarquia previdenciária (arts. 186 e 187, do Código Civil, art. 37, §6º, da Constituição da República de 1988).6. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

MOACYR RODRIGUES FILHO interpõe recurso inominado, às fl. 51/52, contra sentença (fl. 48/49), proferida pelo MM. Juizdo Juizado Especial Federal de São Mateus, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a restabelecer obenefício de auxílio-doença, convertê-lo em aposentadoria por invalidez e ao pagamento de indenização por danos morais.

02. O recorrente afirma que a sentença é nula, porque teria violado o seu direito à ampla defesa, ao contraditório eao devido processo legal, por não ter considerado a impugnação feita ao laudo pericial às fl. 47 (39). Pede o retorno dosautos ao Juizado de origem para que sejam respondidos os quesitos destacados na impugnação de fl. 47 ou que o pedidoseja julgado procedente. Afirma ainda que os laudos acostados na sua petição inicial comprovam que a doença éincapacitante.

03. O INSS ofereceu contrarrazões às fl. 56, nas quais requer a manutenção da sentença.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. O recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o Juízo a quo teria indeferido o requerimentopara que o perito fosse intimado para apresentar resposta ao quesito suplementar formulado à fl. 47. O questionamentoaludido solicitava que o especialista informasse a possibilidade da realização da atividade de serviços gerais, bem comodescrevesse os riscos que o demandante sofre em função das patologias que lhe acometem. Contudo, não observoomissão no laudo pericial no que concerne aos esclarecimentos requeridos, uma vez que o especialista considerou asatividades usualmente desempenhadas pelo autor na avaliação feita. Logo, concluída a avaliação quanto à aptidão dosegurado para o trabalho, os esclarecimentos pleiteados seriam impertinentes (art. 426, I, do Código de Processo Civil),sendo acertada a decisão do magistrado sentenciante que os indeferiu.

07. A Lei nº 8.213/91 exige para o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

08. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual

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desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados de fl. 07 e 08 são ilegíveis. O exame deRaio X às fl. 09, realizado em 26/11/2009, no tórax descreve condensação heterogênea em lobos superiores, e écontemporâneo ao benefício nº 538.282.758-0 – diverso daquele informado na inicial. O laudo médico de fl. 19 (18), em02.03.2010, narra paciente portador de tuberculose pulmonar em tratamento desde 06.02.2009, cujo último exame realizadoem 12.01.2010 evidenciou melhora no quadro clínico. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente,afirma-se que o recorrente é portador de tuberculose pulmonar. Concluiu que não há incapacidade laborativa (fls. 38/42).

10. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aosatestados juntados pelo recorrente. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-se no quadroclínico atual do segurado, o qual permite o seu retorno ao trabalho.

11. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

12. Acrescento que, não comprovada a prática de ato ilícito ou exercício abusivo do poder conferido à autarquiaprevidenciária, inexistiu dano moral a ser indenizado (arts. 186 e 187, do Código Civil, art. 37, §6º, da Constituição daRepública de 1988), motivo por que o julgamento de improcedência desse pedido não merece ser retificado.

13. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 14/16).

14. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

15. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

34 - 0001038-76.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.001038-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x JOSÉ GERALDO ANDRADE (ADVOGADO:ES013525 - JEFFERSON R. MOURA.).RECURSO Nº 0001038-76.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.001038-1/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: JOSÉ GERALDO ANDRADERELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. DIB. DCB. DIP. CNIS. RECURSO DO INSS CONHECIDO E PARCIALMENTEPROVIDO. SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se às datas de início, de cessação e de pagamento do benefício.3. A data de início do auxílio-doença deve coincidir com aquela em que houve a cessação do anterior benefício porincapacidade se a moléstia que deu causa ao primeiro é a mesma que justifica a posterior concessão judicial doauxílio-doença, inexistindo prova de que a condição incapacitante tenha deixado de estar presente naquele intervalo.4. “É possível o recebimento de benefício por incapacidade durante período em que houve exercício de atividaderemunerada quando comprovado que o segurado estava incapaz para as atividades habituais na época em que trabalhou”(enunciado n. 72, da jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização).5. O juiz pode definir a data de prolação da sentença como aquela em que deve ser iniciado o pagamento do benefício,independentemente da concessão ou confirmação de tutela cautelar, uma vez que o recurso inominado contra sentençadefinitiva é somente recebido no efeito devolutivo, ressalvada hipótese em que seja necessário evitar dano irreparável àparte (art. 43, da Lei n. 9.099/95).6. Recurso do INSS conhecido e desprovido. Sem condenação em custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Honoráriosadvocatícios correspondentes a 10% (dez por cento) do valor da condenação (art. 55, da Lei n. 9.099/95).

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RELATÓRIO

O INSS interpõe recurso inominado, às fls. 71/77, contra sentença (fls. 63/65), proferida pelo MM. Juiz do Juizado EspecialFederal de Linhares, que julgou procedente o pedido para condená-lo a restabelecer o benefício de auxílio-doença nº531.197.486-5, com DIB em 23/09/2010 (data da cessação) e DIP em 26/09/2011 (data da prolação da sentença).

02. A autarquia se insurge quanto às datas do início e da implantação do benefício de auxílio-doença, estabelecidasna sentença e requer a fixação de data para a cessação. Sustenta que a pericia administrativa somente pode ser elididapela perícia judicial, e esta não foi capaz de fixar a data da incapacidade nem a data do início da doença. Assim, a data doinício do benefício deveria coincidir com a data da realização da perícia pelo especialista do Juízo. Alega que o autor foicontratado pelo Município de Linhares em 01/07/2011, o que comprova a existência da capacidade laborativa desde areferida data, quando o benefício deveria ter sido cessado. Aduz que, por não ter havido concessão de antecipação dosefeitos da tutela, a data do início do pagamento do benefício deveria ser definida quando fosse certificado o trânsito emjulgado da sentença.

03. A parte autora não ofereceu contrarrazões.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91). Orecorrente sustenta que devem ser alteradas as datas de início e de pagamento do benefício, bem como dever serestabelecida a data da cessação do benefício.

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que, diferentemente do alegado pelo INSS, a períciajudicial, realizada em 27/04/2011, afirmou que o autor é portador de hemofilia (doença genético-hereditária) e que aincapacidade temporária, causada por artrose hemofílica no ombro direito e no joelho esquerdo, existe há cerca de doisanos em razão da gravidade das lesões (fls. 45/49). Sendo assim, não merece respaldo a insurgência da autarquia quantoà data do início do benefício, uma vez que, na data da cessação do auxílio-doença n. 531.197.486-5 (23/09/2010), o autorencontrava-se temporariamente incapacitado para o trabalho. A coincidência entre tais datas decorre da constatação deque a moléstia que deu causa ao primeiro benefício é a mesma que justifica a concessão judicial do auxílio-doença,inexistindo prova de que a condição incapacitante tenha deixado de estar presente naquele intervalo (cf. STJ, RESP409.678/SC, Sexta Turma, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, DJ 19.12.2002, p. 481; RESP 29.786/SP, Rel. Min. Gilson Dipp,DJ 23.11.1998, p. 184).

09. A autarquia previdenciária alega, igualmente, que o benefício de auxílio-doença deveria ter sido cessado em01.07.2011, quando a parte autora passou a trabalhar para o Município de Linhares. Compulsando-se os autos, verifico queo recorrido esteve empregado entre julho e setembro de 2011 junto ao Município de Linhares, período em que não recebiao benefício previdenciário (fl. 69). Entretanto, o exercício de trabalho durante esse interstício não se sobrepõe àsconclusões declinadas no laudo do perito judicial, especialmente porque a jurisprudência da Turma Nacional deUniformização esposa entendimento de que o desempenho episódico de trabalho ocorre como recurso necessário àmanutenção da subsistência do segurado, não se exigindo a restituição de pagamentos ou mesmo a suspensão dobenefício quando detectado trabalho no intervalo em que o segurado foi privado do amparo da Seguridade Social(enunciado n. 72: “É possível o recebimento de benefício por incapacidade durante período em que houve exercício deatividade remunerada quando comprovado que o segurado estava incapaz para as atividades habituais na época em quetrabalhou”). Nesse sentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado no PEDILEF 05024653220104058201 (Rel. JuízaFederal Marisa Cláudia Gonçalves Cucio, D.O.U. 27.06.2014, pp. 23/71):PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO INTERPOSTO PELA PARTE AUTORA. AUXÍLIO DOENÇA. RESTABELECIMENTO.EXERCÍCIO DE ATIVIDADE REMUNERADA NÃO OBSTA, POR SI SÓ, O DIREITO A PERCEPÇÃO DOAUXILIO-DOENÇA. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA PARCIALMENTE REFORMADA PELA TURMA RECURSAL DA

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PARAÍBA. INCAPACIDADE TOTAL E TEMPORÁRIA. INCIDENTE CONHECIDO. ACÓRDÃO ANULADO PARA ANÁLISEDOS ASPECTOS FÁTIVOS. QUESTÃO DE ORDEM N. 20. 1. A parte autora interpõe o presente incidente deuniformização com o intuito de alterar o resultado do acórdão da Turma Recursal da Paraíba, que reformou parcialmente asentença de procedência. A sentença reconheceu o direito ao auxílio doença, porém, a sentença foi parcialmentereformada para excluir o direito ao benefício após 19 de julho até 31 de julho e, posteriormente, houve a negativa do direitoao restabelecimento do auxílio doença diante de fato novo, qual seja, que a parte autora retornou à atividade remunerada.2. Defende a parte autora a reforma da decisão sob o fundamento de que o retorno ao trabalho não impede a concessão dobenefício por incapacidade. Traz julgado desta Turma Nacional como paradigma. 3. Incidente de uniformização dejurisprudência manejado pela parte autora, com fundamento no art. 14, § 2º, da Lei nº 10.259/2001. 4. O Incidentetempestivo e parcialmente provido. 5. É verdade que o fato, isoladamente considerado, de o segurado exercer atividaderemunerada não basta para negar incapacidade para otrabalho. Muitas vezes em que o requerimento de auxílio-doença énegado, o segurado sacrifica-se para continuar trabalhando ou voltar ao trabalho,fazendo esforço indevido mesmo semplenas condições físicas, na tentativa de garantir o seu sustento. 6. Essa questão já está uniformizada na Turma Nacionalde Uniformização, conforme Súmula nº 72: “É possível o recebimento de benefício por incapacidade durante período emque houve exercício de atividade remunerada quando comprovado que o segurado estava incapaz para as atividadeshabituais na época em que trabalhou”. O fato, isoladamente considerado, de o segurado exercer atividade remunerada nãobasta para afastar a caracterização da incapacidade para o trabalho. 6. Todavia, não é possível averiguar, nesta esferauniformizadora, se o autor retornou à mesma atividade profissional exercida, ou se foi colocado em outra atividade, mesmoporque ao vincular-se a novo empregador, não é viável constatar se houve ou não recuperação ou se a nova atividadeprofissional não agrava a doença que lhe acomete. 7. Portanto, partindo da premissa já fixada por esta Turma Nacional deque o retorno a atividade não é empecilho para a concessão do benefício, é necessário o retorno dos autos para cotejo damatéria fática. Aplicação da Questão de Ordem nº 20 da TNU: “Se a Turma Nacional decidir que o incidente deuniformização deva ser conhecido e provido no que toca a matéria de direito e se tal conclusão importar na necessidade deexame de provas sobre matéria de fato, que foram requeridas e não produzidas, ou foram produzidas e não apreciadaspelas instâncias inferiores, a sentença ou acórdão da Turma Recursal deverá ser anulado para que tais provas sejamproduzidas ou apreciadas, ficando o juiz de 1º grau e a respectiva Turma Recursal vinculados ao entendimento da TurmaNacional sobre a matéria de direito”.8. Recurso parcialmente provido para, reconhecendo a premissa jurídica fixada poresta TNU, determinar o retorno dos autos à Turma Recursal de origem para a análise do conjunto fático quanto ao retornoao trabalho. 9. Pedido de Uniformização Jurisprudencial conhecido e parcialmente provido.

10. Ademais, a sentença está correta ao fixar a data de sua prolação como aquela em que deve ser iniciado opagamento do benefício, independentemente da concessão ou confirmação de tutela cautelar, uma vez que o recursoinominado contra sentença definitiva é somente recebido em seu efeito devolutivo (art. 43, da Lei n. 9.099/95). Não sendoressalvada essa previsão legal no despacho de recebimento (fl. 79), o comando condenatório contido na sentença deve tereficácia imediata.

11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas (art. 4º, I, da Lei9.289/96). Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, os quais fixo em 10% (dez por cento) sobre ovalor da condenação (art. 55, da Lei n. 9.099/95).

12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

35 - 0001341-33.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001341-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANTONIO MARQUES DEFREITAS (ADVOGADO: ES008958 - LILIAN BELISARIO DOS SANTOS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL- INSS (PROCDOR: Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro.).RECURSO Nº 0001341-33.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001341-6/01)RECORRENTE: ANTONIO MARQUES DE FREITASRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. TRABALHADOR RURAL. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIALCONCLUIU PELA CAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO EDESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.3. A controvérsia cinge-se quanto à incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual desenvolvida pelo segurado

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por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total e permanente, sem que hajapossibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).4. Autor trabalhador rural e portador de hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus. Laudo pericial no qual se atesta acapacidade do autor para o trabalho.6. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

ANTONIO MARQUES DE FREITAS interpõe recurso inominado, às fl. 177/183, contra sentença (fl. 174/175), proferida pelaMMª. Juiza do Juizado Especial Federal de Cachoeiro de Itapemirim, que julgou improcedentes os pedidos para condenar oINSS a conceder o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez.

02. O recorrente afirma que é portador de doença degenerativa e incapacitante para o exercício de atividade rural eque o julgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivoexercício profissional (de lavrador) não é possível devido às suas condições de saúde e pessoais.

03. O INSS, embora intimado, não ofereceu contrarrazões (fl. 184).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

07. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

08. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados de fl. 17, 18 e 19 evidenciam que orecorrente é portador de diabetes e hipertensão arterial. O atestado médico de fl. 20 (em 28/09/2007) descreve que o autorsofreu infarto agudo do miocárdio, necessitando de 90 (noventa) dias de repouso. O prontuário médico, de fls fl. 30/40,relata a evolução no tratamento do recorrente entre novembro de 2004 e janeiro de 2008. Os demais documentos nãoevidenciam a condição clínica do autor da demanda, referindo-se às atividades correlatas ao seu trabalho rural. Por suavez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que o recorrente “é portador de Hipertensão ArterialSistêmica (HAS-CID I10) e Diabetes Mellitus (DM-CID: E11).”, tendo concluído pela inexistência de incapacidade laborativa(fls. 142). Instado a se manifestar, o especialista, à fl. 165, complementou seu laudo de fl. 142, acrescentando que “o autornão apresentava incapacidade laborativa para a sua atividade habitual (lavoura).”.

10. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aosatestados juntados pelo recorrente. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção dascondições dignas de trabalho, razão por que comprovada a incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deveser acompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos osrequisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis àpretensão dos segurados. Acrescento que o perito judicial avaliou a incapacidade laborativa do autor, tendo-se em vista aatividade que ele usualmente desempenha, não constatando a inaptidão para o trabalho.

11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 136/137).

12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

13. É como voto.

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(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

36 - 0007335-45.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.007335-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOÃO LUIZ NETTO(ADVOGADO: ES015907 - WILLIAN PEREIRA PRUCOLI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: CLEBSON DA SILVEIRA.).RECURSO Nº 0007335-45.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.007335-0/01)RECORRENTE: JOÃO LUIZ NETTORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. Controvérsia cinge-se quanto à incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual desenvolvida pelo segurado pormais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total e permanente, sem que hajapossibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autor portador de espondiloartrose de C3 a C7, grau I. Laudo pericial judicial no qual se atesta a capacidade do autorpara o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

JOÃO LUIZ NETTO interpõe recurso inominado, às fl. 88/91, contra sentença (fl. 83/85), proferida pela MM. Juiz do JuizadoEspecial Federal de Vitória, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a restabelecer o benefício deauxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez.

02. O recorrente afirma que o laudo pericial e a sentença são contrários aos documentos juntados na inicial. Pugnaque o pedido da inicial seja julgado procedente.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fl. 96/100, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudoemitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral do recorrente.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige para o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a controvérsia cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os laudos médicos de fl. 33, 34 são contemporâneos

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à concessão do benefício nº 520.453.284-2. Os laudos médicos de fl. 21, 22, 24, 25, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 32 e o exame defl. 38, são contemporâneos à percepção do benefício nº 522.287.324-9. Os laudos médicos de fl. 18 e 19, bem como osexames médicos de fl. 35 e 37 são contemporâneos à concessão do benefício nº 531.924.072-0. Os demais documentosevidenciam a necessidade de afastamento das atividades laborativas que exijam esforço da coluna e membros superiores einferiores (fls. 13, 15 e 16). Por sua vez, o laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma que o recorrente éportador de espondiloartrose cervical de C3 a C7, grau I (leve). Complementa informando que “ao exame físico apresentouboa mobilidade da coluna cervical e sem alterações de reflexos e força muscular de membros superiores.”. Concluiu quenão há incapacidade laborativa (fls. 63/64).

09. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aosatestados juntados pelo recorrente em sua petição inicial. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença devebasear-se no quadro clínico atual do segurado, o qual permite o seu retorno ao trabalho.

10. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que comprovada a incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 59/60).

12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

37 - 0002403-43.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002403-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EDALMO SANTOS SILVA(ADVOGADO: ES013495 - BERNARDO JEFFERSON BROLLO DE LIMA, ES000269B - MARIA DE FATIMA MONTEIRO.)x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Carolina Augusta da Rocha Rosado.).RECURSO Nº 0002403-43.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002403-5/01)RECORRENTE: EDALMO SANTOS SILVARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

EDALMO SANTOS SILVA interpõe recurso inominado, às fls. 82/86, contra sentença (fls. 78/79), proferida pelo MM. Juiz do

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3º Juizado Especial Federal de Vitória, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a restabelecer obenefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez a contar de sua cessação.

02. O recorrente afirma que é portador de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercícioprofissional não é possível devido às suas condições de saúde e pessoais.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 97/100, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que olaudo emitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral do recorrente, conforme conclusões jáapresentadas pelo médico perito do INSS.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). O recorrente afirma que é portador de doença incapacitante para oexercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aosautos. Alega que o seu efetivo exercício profissional não é possível devido às suas condições de saúde e pessoais.

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, o atestado de fl. 21, subscrito por médico neurocirurgião do SUSem 24/05/2008, afirma que o paciente foi operado em 04/08/2006 de hérnia discal torácica, é portador de paraparesiaespástica secundária a mielopatia e que o quadro neurológico é irreversível. O atestado de fl. 18 subscrito por médiconeurocirurgião do SUS em 05/03/2009, afirma que o autor deverá se afastar de atividades de esforço físico e sugereaposentadoria. O atestado de fl. 20, firmado por médico neurocirurgião do SUS em 14/05/2009, narra que o pacientepassou a andar sem ajuda, mas continua com dificuldades para se locomover rápido e não consegue descer escadas comsegurança. Afirma que o quadro é irreversível e solicita que seja mantido afastado do trabalho. O atestado de fl. 16,subscrito por médico do trabalho em 02/03/2011, descreve que o autor continua com grande dificuldade para caminhar enão tem condições de retornar ao trabalho. Observo que os atestados acima mencionados são contemporâneos ao períodoem que o autor fez jus à percepção dos benefícios de auxílio-doença nr 516.261.088-3 (11/05/2006 a 28/02/2006) e531.830.811-9 (28/08/2008 a 04/03/2011). Contudo, o laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, posiciona-se emsentido diverso, tendo sido afirmado que o recorrente não é portador de doença. Aduz que o autor foi reabilitado para afunção de auxiliar administrativo e o exame neurológico não apresenta anormalidades (fl. 61).

09. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pelo recorrente em sua petição inicial. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-seno quadro clínico atual do segurado, o qual permite o seu retorno ao trabalho, conforme demonstram as provas produzidasnos autos. Ademais, em consulta ao sistema de dados CNIS (fls. 110/111), verifico que o autor mantém vínculosempregatícios desde 2012, sendo último com o Município de Cariacica, na categoria 20 (servidor público ocupanteexclusivamente de cargo em comissão).

10. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

12. As condições pessoais do autor teriam relevância se perícia judicial tivesse constatado incapacidade parcial para otrabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser, na prática, descartada, paraefeito de converter auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. Entretanto, não tendo sido confirmada nenhumalimitação funcional, o quadro social isoladamente considerado não basta para respaldar a concessão do auxílio-doença.

13. Acrescento que os documentos, juntados pelas partes após a prolação da sentença, não descrevem fato novo,razão por que a análise deles importaria uma indevida abertura da fase probatória em sede recursal. Nesse sentido,posicionam-se as Turmas Recursais da Seção Judiciária do Rio de Janeiro: “O momento processual da aferição daincapacidade para fins de benefícios previdenciários ou assistenciais é o da confecção do laudo pericial, constituindoviolação ao princípio do contraditório e da ampla defesa a juntada, após esse momento, de novos documentos ou aformulação de novas alegações que digam respeito à afirmada incapacidade, seja em razão da mesma afecção ou de

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outra” (Enunciado 84).

14. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 36).

15. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

16. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

38 - 0000393-20.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000393-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) DINALVA PEREIRA DOSSANTOS (ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: HENRIQUE BICALHO CIVINELLI DE ALMEIDA.).RECURSO Nº 0000393-20.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000393-1/01)RECORRENTE: DINALVA PEREIRA DOS SANTOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELA CAPACIDADE LABORATIVA DA PARTEAUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. Controvérsia quanto à incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais dequinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91).3. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade para o trabalho.4. Inexistência de dano moral a ser indenizado se não comprovada a prática de ato ilícito ou exercício abusivo do poderconferido à autarquia previdenciária (arts. 186 e 187, do Código Civil, art. 37, §6º, da Constituição da República de 1988).5. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

DINALVA PEREIRA DOS SANTOS interpõe recurso inominado, às fls. 61/62, contra sentença (fls. 58/59), proferida peloMM. Juiz do Juizado Especial Federal de São Mateus, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS aconceder o benefício de auxílio-doença e ao pagamento de indenização por danos morais.

02. A recorrente afirma que é portadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercícioprofissional não é possível devido às suas condições de saúde e pessoais.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 66/68, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudoemitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral do recorrente, conforme conclusões jáapresentadas pelo médico perito do INSS.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

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06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91). A recorrente afirmaque é portadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedênciadesconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercício profissional não é possíveldevido às suas condições de saúde e pessoais.

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o atestado de fl. 7, subscrito por médicoreumatologista de unidade do SUS em 27/10/2010, afirma que a autora está em tratamento por ser portadora de lúpuseritematoso sistêmico e possui dificuldade para trabalhar. O atestado de fl. 30, subscrito pelo mesmo médico acimamencionado, em 25/03/2011, afirma que a autora está em tratamento e provisoriamente incapacitada para o trabalho.Contudo, o laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente posiciona-se em sentido diverso, tendo sido afirmado que arecorrente é portadora de lúpus eritematoso sistêmico e que não apresentou achados significativos ao exame físico(alterações de pele e/ou articulares) que demonstrassem exacerbação e/ou gravidade da doença. Concluiu que não háincapacidade laborativa (fls. 44/48).

09. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e as conclusões nele expendidas convencem oJuízo. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

10. Ademais, a idade da segurada e o conteúdo do trabalho por ela desempenhado não impedem que ela possadesenvolver suas atividades profissionais sem risco maiores à sua saúde.

11. Ressalto que as condições pessoais do autor só teriam relevância se perícia judicial tivesse constatado incapacidadeparcial para o trabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser, na prática,descartada, para efeito de converter auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. Entretanto, não tendo sido confirmadanenhuma limitação funcional, o quadro social isoladamente considerado não basta para respaldar a concessão doauxílio-doença.

12. Outrossim, não comprovada a prática de ato ilícito ou de exercício abusivo de direito, inexiste dano moral a serindenizado (arts. 186 e 187, do Código Civil art. 37, §6º, da Constituição da República de 1988), razão por que o julgamentode improcedência desse pedido não merece ser retificado.

13. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 10).

14. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

15. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

39 - 0006518-10.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.006518-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.) x OSMAR LITTIG SILVA (ADVOGADO:ES003720 - IZAEL DE MELLO REZENDE, ES004538 - ANA MERCEDES MILANEZ, ES013284 - SARITA DONASCIMENTO FREITAS, ES011598 - MARIANA PIMENTEL MIRANDA DOS SANTOS.).RECURSO Nº 0006518-10.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.006518-9/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: OSMAR LITTIG SILVARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELA INCAPACIDADELABORATIVA DA PARTE AUTORA. ANÁLISE DAS CONDIÇÕES PESSOAIS E SOCIAIS. RECURSO DO INSSCONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:

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a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autor vítima de AVC, com sequela motora discreta em dimidio direito; portador de espondilose com lesão medular,submetido a descompressão medular cervical e atrodese. Laudo pericial no qual se atesta a incapacidade definitiva para aatividade de pedreiro. Condições pessoais e sociais do autor consideradas para fins de deferimento da aposentadoria porinvalidez.4. Recurso do INSS conhecido e desprovido. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Honorários advocatícios devidos pelaparte recorrente, correspondentes a 10% sobre o valor da condenação (art. 55 da Lei nº 9.099/95).

RELATÓRIO

O INSS interpõe recurso inominado, às fls. 66/70, contra sentença (fls. 62/63), proferida pelo MM. Juiz do 3º JuizadoEspecial Federal de Vitória, que julgou procedente o pedido para condenar o INSS a converter o benefício deauxílio-doença n. 541.562.421-6 em aposentadoria por invalidez com DIB em 24/10/2011, data da realização da períciajudicial.

02. A autarquia sustenta que a aposentadoria por invalidez somente deve ser concedida se verificada incapacidadelaborativa total, definitiva e absoluta. Aduz que o perito judicial, embora tenha concluído que o autor está definitivamenteincapacitado, não teria excluído a possibilidade de reabilitação profissional, ao responder ao quesito n. 5, no qual ressalvaque o autor estaria desaconselhado para atividades que exijam esforço físico intenso, marcha prolongada ou com precisãomotora. Aduz que no exame físico realizado por ocasião da última perícia na via administrativa, em 23/08/2011 (fl. 58), foisugerido o encaminhamento do autor ao Programa de Reabilitação Profissional, uma vez que, não obstante o quadro desaúde diagnosticado, ele se apresentava em bom estado geral, lúcido, orientado, com ritmo cardíaco regular, movimentosde flexão-extensão e literalidade livres, boa amplitude de movimentos de membros superiores, tônus e força muscularmantidos e marca normal sem apoio.

03. O autor ofereceu contrarrazões, às fls. 74/83, nas quais requer o desprovimento do recurso, sob o fundamentode que a sua incapacidade laborativa é definitiva. Aduz que, para fins de verificação da sua incapacidade, é necessário quese faça uma análise dos exames apresentados, dos atestados médicos, do laudo pericial e de suas condições pessoais,tais como idade, grau de instrução e qualificação profissional.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado interposto e passo ao exame do seumérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pela segurada por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). O INSS sustenta que a aposentadoria por invalidez não é devida à parteautora, porque teria sido constatada pela perícia judicial incapacidade parcial. Aduz que a reabilitação profissional do autor épossível.

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o laudo firmado pelo perito nomeado judicialmenteconsigna, às fls. 38/40, que o demandante sofreu acidente vascular cerebral em 2005 e é portador de espondilose comlesão medular, submetido à descompressão medular cervical e atrodese em 2008. Alega que evoluiu com melhora dasdores, mas possui limitações para movimentos bruscos com o pescoço ou mesmo para agachar. Afirma que hácontra-indicação absoluta para pegar qualquer tipo de peso e que os movimentos distais apresentam restrição importante.

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O INSS sustenta que, ao responder ao quesito n. 5, o perito nomeado judicialmente não teria afastado a possibilidade dereabilitação profissional. Ocorre que, da resposta ao item n. 5, extrai-se que a reabilitação profissional do autor éextremamente improvável, na medida em que qualquer trabalho que requeira atividade física intensa, marcha prolongadaou com precisão motora é desaconselhável. Embora o autor não tenha idade avançada (fl. 39), o quadro clínico deincapacidade é corroborado pela sua instrução escolar, a qual seria real impeditivo para que pudesse aprender e exerceratividade diversa daquela que ele desempenhava (pedreiro), sendo tais circunstâncias suficientes para que se repute comodefinitiva a inaptidão para o trabalho (enunciado n. 47, da súmula da jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização).

09. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Honoráriosadvocatícios devidos pela parte recorrente, correspondentes a 10% sobre o valor da condenação (art. 55 da Lei nº9.099/95).

10. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

11. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

40 - 0000424-74.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000424-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CLEMENCIA DA CRUZBABOSA (ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: THIAGO DE ALMEIDA RAUPP.).RECURSO Nº 0000424-74.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000424-4/01)RECORRENTE: CLEMENCIA DA CRUZ BABOSARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. Indeferimento do requerimento de intimação do perito para responder aos quesitos complementares. Inexistência denulidade se os esclarecimentos solicitados já estão contidos no laudo criticado.3. Controvérsia quanto à incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais dequinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total e permanente, sem que haja possibilidade dereabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).4. 4. Autora portadora de artrose. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade da autora para o trabalho.5. Inexistência de dano moral a ser indenizado se não comprovada a prática de ato ilícito ou exercício abusivo do poderconferido à autarquia previdenciária (arts. 186 e 187, do Código Civil, art. 37, §6º, da Constituição da República de 1988).6. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

CLEMENCIA DA CRUZ BARBOSA interpõe recurso inominado, às fls. 44/46, contra sentença (fls. 40/41), proferida peloMM. Juiz do Juizado Especial Federal de São Mateus, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS arestabelecer o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez e ao pagamento de indenizaçãopor danos morais.

02. A recorrente afirma que a sentença é nula, porque teria violado o seu direito à ampla defesa, ao contraditório e aodevido processo legal, por não ter considerado a impugnação feita ao laudo pericial às fl. 39. Pede o retorno dos autos aoJuizado de origem para que sejam respondidos os quesitos destacados na impugnação de fl. 39 ou que o pedido sejajulgado procedente.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fl. 51/54, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudoemitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral do recorrente, conforme conclusões jáapresentadas pelo médico perito do INSS.

04. É o Relatório.

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VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o Juízo a quo teria indeferido o requerimentopara que o perito fosse intimado para apresentar resposta aos quesitos complementares formulados às fl. 39. Oquestionamento aludido solicitava que o especialista descrevesse todas as patologias que lhe acometem, indicando a dataprovável do início de cada uma e explicasse o motivo de não haver incapacidade. Da leitura das conclusões do peritojudicial, não observo discrepância entre as doenças que ele diagnosticou na parte autora e aquelas enunciadas nosdocumentos que acompanharam a peça vestibular, razão por que o indeferimento do pleito para esclarecimentos mostra-seacertado (art. 426, I, do Código de Processo Civil), especialmente por não haver prova de que o especialista tenhadesconsiderado os elementos essenciais para avaliação do quadro clínico da demandante.

07. A Lei nº 8.213/91 exige para o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e; c) qualidade desegurado.

08. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

09. Da leitura dos dois documentos juntados aos autos às fl. 07, verifico que o primeiro foi produzido no dia11/06/2008 e o segundo no dia 25/01/2010, tendo sido relatado neles que a paciente era portadora de osteopatia/ artrose ebronquite. Contudo, os médicos subscritores não atestaram a incapacidade laborativa permanente da parte autora. Por suavez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que a recorrente é portadora de “artrose poliarticularsem apresentar limitações de mobilidade de membros e coluna” e tampouco constatou “comprometimento neurológico demembros inferiores” (fl. 29). Concluiu que não há incapacidade laborativa (fl. 28/31).

10. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aoslaudos juntados pela recorrente. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção dascondições dignas de trabalho, razão por que comprovada a incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deveser acompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos osrequisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis àpretensão dos segurados.

11. Acrescento que, não comprovada a prática de ato ilícito ou exercício abusivo do poder conferido à autarquiaprevidenciária, inexistiu dano moral a ser indenizado (arts. 186 e 187, do Código Civil, art. 37, §6º, da Constituição daRepública de 1988), motivo por que o julgamento de improcedência desse pedido não merece ser retificado.

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 09/11).

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

41 - 0000842-75.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000842-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SIDNEI GONCALVESANDRADE (ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: THIAGO DE ALMEIDA RAUPP.).RECURSO Nº 0000842-75.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000842-4/01)RECORRENTE: SIDNEI GONCALVES ANDRADERECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:

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a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. Indeferimento do requerimento de intimação do perito para responder aos quesitos complementares. Inexistência denulidade se os esclarecimentos solicitados já estão contidos no laudo criticado.3. Controvérsia quanto à incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais dequinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total e permanente, sem que haja possibilidade dereabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).4. Autor portador de artrose da coluna lombar sem sinais de compressão nervosa e hiperceratrose (calosidades) nas duasmãos. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade do autor para o trabalho.5. Inexistência de dano moral a ser indenizado se não comprovada a prática de ato ilícito ou exercício abusivo do poderconferido à autarquia previdenciária (arts. 186 e 187, do Código Civil, art. 37, §6º, da Constituição da República de 1988).6. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

SIDNEI GONÇALVES ANDRADE interpõe recurso inominado, às fls. 47/49, contra sentença (fls. 44/45), proferida pelaMMª. Juiza do Juizado Especial Federal de São Mateus, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS aconceder o benefício de auxílio-doença, convertê-lo em aposentadoria por invalidez e ao pagamento de indenização pordanos morais.

02. O recorrente afirma que a sentença é nula, porque teria violado o seu direito à ampla defesa, ao contraditório eao devido processo legal, por não ter considerado a impugnação feita ao laudo pericial às fls. 41/42. Pede o retorno dosautos ao Juizado de origem para que sejam respondidos os quesitos destacados na impugnação aludida ou que o pedidoseja julgado procedente.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 53/56, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudoemitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral do recorrente, conforme conclusões jáapresentadas pelo médico perito do INSS.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. O recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o Juízo a quo teria indeferido o requerimentopara que o perito fosse intimado para apresentar resposta ao quesito formulado na inicial (fls. 41/42), acerca dascaracterísticas das doenças que acometem o autor. Solicitava, ainda, complementação do laudo para que o especialistainformasse a data do início das doenças; respondesse por que o autor não está incapacitado, em qual o período houveincapacidade e se o autor pode desempenhar atividades que demandem intenso esforço físico. Contudo, da leitura dasconclusões do perito judicial, não observo discrepância entre as doenças que ele diagnosticou na parte autora e aquelasenunciadas nos documentos que acompanharam a peça vestibular, razão por que o indeferimento do pleito paraesclarecimentos mostra-se acertado (art. 426, I, do Código de Processo Civil), especialmente por não haver prova de que oespecialista tenha desconsiderado os elementos essenciais para avaliação do quadro clínico do recorrente.

07. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

08. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o exame de fl. 10, realizado em 19/11/2010, nacoluna lombar, narra pequeno abaulamento discal difuso de L3 a L5, o qual comprime a face ventral do saco dural,descreve redução do espaço intersomático de L3-L4 e herniação intra-somática no platô Antero-superior de L4, comesclerose sub-condral circunjacente, evidencia ainda pedículos curtos. O exame realizado também na coluna lombar, em15/04/2011 (fl. 09), evidencia espondiloartrose lombar, abaulamentos discais difusos em L3-L4 e L4-L5, retificação dalordose lombar fisiológica e nódulo de schmorl agudo em L4. Não há qualquer atestado afirmando a incapacidade laborativada parte autora. Por sua vez, o laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma que o recorrente “é portador deartrose da coluna lombar sem sinais de compressão nervosa. Apresenta hiperceratrose (calosidades) nas duas mãosincompatível com a inatividade alegada desde março de 2011.” Concluiu que não há incapacidade laborativa (fls. 32/34).

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10. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aosatestados juntados pelo recorrente. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção dascondições dignas de trabalho, razão por que comprovada a incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deveser acompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos osrequisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis àpretensão dos segurados.

11. Acrescento que, não comprovada a prática de ato ilícito ou exercício abusivo do poder conferido à autarquiaprevidenciária, inexistiu dano moral a ser indenizado (arts. 186 e 187, do Código Civil, art. 37, §6º, da Constituição daRepública de 1988), motivo por que o julgamento de improcedência desse pedido não merece ser retificado.

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 12).

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

42 - 0000347-31.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000347-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ADELMA FIDENCIOMACHADO MOZER (ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: HENRIQUE BICALHO CIVINELLI DE ALMEIDA.).RECURSO Nº 0000347-31.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000347-5/01)RECORRENTE: ADELMA FIDENCIO MACHADO MOZERRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. Indeferimento do requerimento de intimação do perito para responder aos quesitos complementares. Inexistência denulidade se os esclarecimentos solicitados já estão contidos no laudo criticado.3. Controvérsia quanto à incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais dequinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total e permanente, sem que haja possibilidade dereabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).4. Autora portadora de lesão no ligamento cruzado anterior e menisco do joelho esquerdo, foi operada. Laudo pericial noqual se atesta a capacidade da autora para o trabalho.5. Inexistência de dano moral a ser indenizado se não comprovada a prática de ato ilícito ou exercício abusivo do poderconferido à autarquia previdenciária (arts. 186 e 187, do Código Civil, art. 37, §6º, da Constituição da República de 1988).6. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

ADELMA FIDENCIO MACHADO MOZER interpõe recurso inominado, às fls. 72/74, contra sentença (fls. 68/69), proferidapelo MM. Juiz do Juizado Especial Federal de São Mateus, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS arestabelecer o benefício de auxílio-doença, convertê-lo em aposentadoria por invalidez e ao pagamento de indenização pordanos morais.

02. A recorrente afirma que a sentença é nula, porque teria violado o seu direito à ampla defesa, ao contraditório, aodevido processo legal e por não ter considerado a impugnação feita ao laudo pericial às fl. 67. Pede o retorno dos autos aoJuizado de origem para que sejam respondidos os quesitos destacados na impugnação de fl. 67 ou que o pedido sejajulgado procedente.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, à fl. 79, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que inexiste

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incapacidade laboral do recorrente.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o Juízo a quo teria indeferido o requerimentopara que o perito fosse intimado para apresentar resposta ao quesito formulado na inicial (fl. 67). O questionamento aludidosolicitava o retorno dos autos ao especialista para que complementasse seu laudo e discriminasse as características dasdoenças que acometem a autora. Solicitava, ainda, que respondesse por que o autor não está incapacitado, em qual operíodo houve incapacidade e qual é a importância do órgão lesionado para o exercício de sua profissão. Contudo, daleitura das conclusões do perito judicial, não observo discrepância entre as doenças que ele diagnosticou na parte autora eaquelas enunciadas nos documentos que acompanharam a peça vestibular, razão por que o indeferimento do pleito paraesclarecimentos mostra-se acertado (art. 426, I, do Código de Processo Civil), especialmente por não haver prova de que oespecialista tenha desconsiderado os elementos essenciais para avaliação do quadro clínico do recorrente.

07. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

08. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o laudo de fl. 08, escrito em 31/03/2010, evidenciacirurgia do joelho esquerdo marcada para o dia 16/06/2010, necessitando afastamento do trabalho. O laudo médico de fl.09, expedido em 23/06/2010, descreve paciente em pós-operatório de cirurgia do joelho, motivo pelo qual necessita deafastamento do trabalho pelo prazo de 120 (cento e vinte) dias, sendo contemporâneo ao benefício de auxílio-doença nº540.352.157-3, cuja data de início é 16/06/2010 (data da cirurgia) e término em 16/10/2010, ou seja, cessou após os 120(cento e vinte) dias de convalescença. Por sua vez, laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, firmado em15/09/2011, narra que a recorrente apresentava “lesão do ligamento cruzado anterior e menisco do joelho esquerdooperado 16/06/2010.” Complementa informando que inexiste incapacidade laboral e que a autora tinha boa mobilidade sematrofia muscular à época (fl. 60).

10. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aosatestados juntados pelo recorrente. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-se no quadroclínico atual do segurado, o qual permite o seu retorno ao trabalho com o uso da medicação adequada, conformedemonstram as provas produzidas nos autos.

11. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que comprovada a incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

12. Acrescento que, não comprovada a prática de ato ilícito ou exercício abusivo do poder conferido à autarquiaprevidenciária, inexistiu dano moral a ser indenizado (arts. 186 e 187, do Código Civil, art. 37, §6º, da Constituição daRepública de 1988), motivo por que o julgamento de improcedência desse pedido não merece ser retificado.

13. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 41/42).

14. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

15. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

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43 - 0002154-58.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.002154-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) VIVIANE GOMES DOSSANTOS (ADVOGADO: ES010399 - FLAVIANA RÖPKE DA SILVA, ES013583 - MARCELA DE AZEVEDO BUSSINGUER,ES009409 - LYGIA ESPINDULA DAHER CARNEIRO, ES000225B - RENATA STAUFFER DUARTE, ES009597 - ZILMARJOSE DA SILVA JUNIOR, ES007514 - ORONDINO JOSE MARTINS NETO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: LILIAN BERTOLANI DO ESPÍRITO SANTO.).RECURSO Nº 0002154-58.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.002154-3/01)RECORRENTE: VIVIANE GOMES DOS SANTOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autora portadora de é portadora de sequela de traumatismo cranioencefálico com déficit motor. Laudo pericial no qual seatesta a capacidade para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

VIVIANE GOMES DOS SANTOS interpõe recurso inominado, às fls. 72/78, contra sentença (fl. 70), proferida pelo MM. Juizdo 3º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou improcedentes os pedidos para condenaro INSS a restabelecer o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez a contar de suacessação.

02. A recorrente afirma que é portadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercícioprofissional não é possível devido às suas condições de saúde.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 82/84, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudoemitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral da recorrente, conforme conclusões jáapresentadas pelo médico perito do INSS.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). A recorrente afirma que é portadora de doença incapacitante para o

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exercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aosautos. Alega que o seu efetivo exercício profissional não é possível devido às suas condições de saúde.

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados de fls. 11, 13/16 são contemporâneosao período em que a autora fez jus à percepção dos benefícios de auxílio-doença nrs. 512.007.957-8 (13/11/2003 a21/06/2011) e 506.079.491-8 (04/03/2004 a 29/11/2004). O atestado de fl. 09, subscrito por médico neurologista em14/04/2011, afirma que a autora está definitivamente sem condições de trabalhar, por ter sofrido traumatismo craniano.Contudo, o laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, posiciona-se em sentido diverso, tendo sido afirmado que arecorrente é portadora de sequela de traumatismo cranioencefálico com déficit motor e possui aptidão física e mental paraexercer sua atividade habitual, bem como para exercer as funções para as quais fora reabilitada (fls. 56/65).

09. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pela recorrente. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-se no quadro clínicoatual do segurado, o qual permite o seu retorno ao trabalho com o uso da medicação adequada, conforme demonstram asprovas produzidas nos autos.

10. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 51).

12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

44 - 0001127-68.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.001127-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA DE LOURDES DESOUSA (ADVOGADO: ES016822 - PAULA GHIDETTI NERY LOPES, ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: HENRIQUE BICALHO CIVINELLI DE ALMEIDA.).RECURSO Nº 0001127-68.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.001127-7/01)RECORRENTE: MARIA DE LOURDES DE SOUSARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. Indeferimento do requerimento de intimação do perito para responder aos quesitos complementares. Inexistência denulidade se os esclarecimentos solicitados já estão contidos no laudo criticado.3. Controvérsia quanto à incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais dequinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total e permanente, sem que haja possibilidade dereabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).4. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade do autor para o trabalho.5. Inexistência de dano moral a ser indenizado se não comprovada a prática de ato ilícito ou exercício abusivo do poderconferido à autarquia previdenciária (arts. 186 e 187, do Código Civil, art. 37, §6º, da Constituição da República de 1988).6. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

MARIA DE LOURDES DE SOUZA interpõe recurso inominado, às fl. 58/60, contra sentença (fls. 54/55), proferida pelo MM.

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Juiz do Juizado Especial Federal de São Mateus, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a conceder obenefício de auxílio-doença, convertê-lo em aposentadoria por invalidez e ao pagamento de indenização por danos morais.

02. A recorrente afirma que a sentença é nula, porque teria violado o seu direito à ampla defesa, ao contraditório e aodevido processo legal, por não ter considerado a impugnação feita ao laudo pericial às fl. 52. Pede o retorno dos autos aoJuizado de origem para que sejam respondidos os quesitos destacados na impugnação de fl. 52 ou que o pedido sejajulgado procedente.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fl. 65/67, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudoemitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral da recorrente, conforme conclusões jáapresentadas pelo médico perito do INSS.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o Juízo a quo teria indeferido o requerimentopara que o perito fosse intimado para apresentar resposta ao quesito formulado na inicial às fl. 52. O questionamentoaludido solicitava que o especialista respondesse ao quesito formulado na inicial, acerca das características das doençasque acometem a autor, bem como quais os motivos que ensejaram a concessão do benefício cessado. Solicitava, ainda,complementação do laudo para que o especialista indicasse o período que a segurada esteve incapacitada; informasseoutras patologias que lhe acometem, constantes dos laudos acostados que não são ortopédicas e suas características.Contudo, da leitura das conclusões do perito judicial, não observo discrepância entre estas e aquelas enunciadas nosdocumentos que acompanharam a peça vestibular, razão por que o indeferimento do pleito para esclarecimentos mostra-seacertado, especialmente por não haver prova de que o especialista tenha desconsiderado os elementos essenciais paraavaliação do quadro clínico da recorrente. Com efeito, os documentos carreados aos autos somente demonstram aexistência de doenças no seu sistema motor, motivo por que a perícia, feita por especialista em ortopedia, não deve serdeclarada nula.

07. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

08. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91). A recorrente afirma que a sentença é nula, porque teria violado o seu direito à ampla defesa, aocontraditório e ao devido processo legal, por não ter considerado a impugnação feita ao laudo pericial. Pede o retorno dosautos ao Juizado de origem para que sejam respondidos os quesitos destacados na impugnação de fl. 52 ou que o pedidoseja julgado procedente.

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o laudo subscrito por médico cirurgião geral, às fl. 13,evidencia paciente vítima de atropelamento, necessitando afastar-se até melhora do quadro. O laudo de fl. 14, realizado em21.07.2011, firmado por médico da clínica MedClin (medicina e segurança do trabalho) descreve paciente com traumatismoda coxa esquerda, com lesões musculares e grande hematoma, apresentando quadro de dor. Verifico que os documentosacostados aos autos apenas fazem menção de afastamento até melhora do seu quadro clínico. Por sua vez, no laudoredigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que não foi detectada nenhuma patologia digna de nota e que arecorrente é “assintomática no momento” da realização da perícia. Concluiu que não há incapacidade laborativa (fl. 46).

10. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aosatestados juntados pelo recorrente. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção dascondições dignas de trabalho, razão por que a comprovada a incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente,deve ser acompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, nãoatendidos os requisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios maisfavoráveis à pretensão dos segurados.

11. Acrescento que, não demonstrada a prática de ato ilícito ou exercício abusivo do poder conferido à autarquiaprevidenciária, inexistiu dano moral a ser indenizado (arts. 186 e 187, do Código Civil, art. 37, §6º, da Constituição daRepública de 1988), motivo por que o julgamento de improcedência desse pedido não merece ser retificado.

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 21).

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13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

45 - 0003802-10.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003802-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) FÁTIMA DE CASSIA FRANCAROSA (ADVOGADO: ES001552 - CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.).PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERALSEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESPÍRITO SANTOCOORDENADORIA DAS TURMAS RECURSAIS

Recurso nr. 0003802-10.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003802-2/01)Pauta: 15/09/2014 Julgado: 15/09/2014Relator: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAFÁTIMA DE CASSIA FRANCA ROSA (ADVOGADO: CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL.) x INSTITUTO NACIONALDO SEGURO SOCIAL - INSS PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.)

CERTIDÃO DE JULGAMENTO

Certifico que a 2ª Egrégia Turma Recursal do Espírito Santo ao apreciar os autos do processo em epígrafe, em sessãorealizada em 15/09/2014, proferiu a seguinte decisão:

Resultado da Sessão de Julgamento - Julgado A 2ª Turma Recursal, por maioria, conheceu e negou provimento ao recurso,confirmando a sentença pelos seus próprios fundamentos (art. 46 da Lei nº 9.099/95), nos termos do voto do MM. JuizFederal Roberto Gil Leal Faria que ressalvou: “a parte está representada judicialmente e que é descabível interpretaçãoampliativa da inicial para incluir as alegadas mazelas psiquiátricas e cardiológicas não explicitadas na inicial”. Vencido oMM. Juiz Federal Relator Fábio Cesar dos Santos Oliveira que votou no sentido dar parcial provimento ao recurso paradeclarar a nulidade da sentença, conforme voto apresentado. Votaram os MM. Juízes Federais Fábio Cesar dos SantosOliveira, Pablo Coelho Charles Gomes eRoberto Gil Leal Faria.

Vitória, 15 de setembro de 2014

Assinado eletronicamenteTadeu Antonio Menegardo Martins- MAT. 10.642SUPERVISOR DA SEJUL

46 - 0002284-48.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.002284-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EDSON SILVA PEREIRA(ADVOGADO: ES015744 - CATARINE MULINARI NICO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).RECURSO Nº 0002284-48.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.002284-5/01)RECORRENTE: EDSON SILVA PEREIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.

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42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autor portador de quadro de insuficiência venosa crônica de membro inferior esquerdo, decorrente de episódio detrombose venosa profunda. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade para o trabalho, desde que observadas asrecomendações médicas.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

EDSON SILVA PEREIRA interpõe recurso inominado, às fls. 65/67, contra sentença (fl. 61), proferida pelo MM. Juiz do 3ºJuizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou improcedentes os pedidos para condenar oINSS a conceder o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez.

02. O recorrente afirma que a sentença é nula, por cerceamento de defesa, na medida em que não aguardou arealização do exame mencionado pelo perito nomeado judicialmente. Pede a reforma da sentença ou o retorno dos autosao juizado de origem para regular instrução processual.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 72/76, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudoemitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral do recorrente. Sustenta, ainda, ausência dacarência necessária para a concessão do benefício.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. O recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o Juízo a quo não teria aguardado arealização de exame mencionado pelo perito judicial, cerceando assim a sua defesa. Em análise da questão, ressalto que operito judicial afirmou a necessidade de realização de novo eco-color Doppler venoso para fins de prognóstico da doença,ou seja, para avaliar a possibilidade de evolução e as chances de cura. No que tange ao quadro clínico atual da parteautora, que reúne os elementos a serem considerados para a concessão do benefício pleiteado, o especialista informou,em resposta ao quesito n. 6, que os exames apresentados foram suficientes para descartar a incapacidade laborativa nomomento da perícia (fl. 48). Sendo assim, a alegação de nulidade da sentença não merece respaldo.

07. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

08. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42,caput, da Lei n. 8.213/91).

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o atestado de fl. 10, subscrito por médico angiologistaem 27/04/2012, afirma que o recorrente está em tratamento de trombose venosa profunda, com dor, edema, peso local enecessita de repouso domiciliar. Observo que o atestado de fl. 10 não menciona qual o período de repouso necessário etampouco há qualquer documento que ateste a incapacidade do autor por mais de 15 dias. Por sua vez, o laudo redigidopelo perito nomeado judicialmente, afirma que o recorrente apresenta quadro de insuficiência venosa crônica de membroinferior esquerdo, decorrente de episódio de trombose venosa profunda, ao exame físico, apresenta edema de moderadaintensidade em perna esquerda, sem outras alterações tróficas. Nele, é informado que o quadro de insuficiência venosapresente naquele momento era decorrente do episódio de trombose venosa ocorrida anteriormente, que a insuficiênciaestava compensada e que o autor podia exercer sua função de vendedor desde que seguisse as orientações médicas demaneira rigorosa, inclusive com uso de medicação flebotônica e compressão elástica. Concluiu que não há incapacidadelaborativa (fls. 48/54).

10. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado. A manutenção do benefício previdenciário deauxílio-doença deve basear-se no quadro clínico atual do segurado, o qual permite o seu retorno ao trabalho com o uso da

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medicação adequada, conforme demonstram as provas produzidas nos autos.

11. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 40).

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

47 - 0006140-54.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.006140-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) NELDA SCHADE BRAVIM(DEF.PUB: RICARDO FIGUEIREDO GIORI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANAPAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.).RECURSO Nº 0006140-54.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.006140-8/01)RECORRENTE: NELDA SCHADE BRAVIMRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELA CAPACIDADE LABORATIVA DA PARTEAUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91).3. A contrariedade ao posicionamento expresso no laudo não é por si suficiente para inquiná-lo de nulidade, se ausenteindício de que o profissional não cumpriu escrupulosamente o seu encargo ou não preenchida hipótese de impedimento oususpeição do perito nomeado (arts. 422 e 423, do Código de Processo Civil).4. Autora portadora de espondiloartrose lombar inerente à faixa etária. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade para otrabalho.5. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

NELDA SCHADE BRAVIM interpõe recurso inominado, às fls. 34/38, contra sentença (fl. 31), proferida pelo MM. Juiz do 3ºJuizado Especial da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou improcedente o pedido para condenar o INSS aconceder o benefício de auxílio-doença desde a data do requerimento.

02. A recorrente alega que o laudo pericial é nulo, porque não teria observado os exames anexados à inicial. Afirmaque é portadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedênciadesconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 44/47, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que odireito invocado não restou comprovado nos autos.

04. É o Relatório.

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VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91). Arecorrente alega que o laudo pericial é nulo porque não teria observado os exames anexados à inicial. Afirma que éportadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedênciadesconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos.

08. A alegação de nulidade teria como lastro a suposta ausência de análise dos documentos acostados à inicial. Emexame da questão, ressalto que a oposição às conclusões apresentadas pelo especialista está reservada ao âmbito dacrítica às provas produzidas no curso da dilação processual. A contrariedade ao posicionamento expresso no laudo não épor si suficiente para inquiná-lo de nulidade, se ausente indício de que o profissional não cumpriu escrupulosamente o seuencargo ou não preenchida hipótese de impedimento ou suspeição do perito nomeado (arts. 422 e 423, do Código deProcesso Civil). Com efeito, a perícia realizada analisou os documentos anexados aos autos e não constatou incapacidadelaborativa.

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que em nenhum deles se afirma a incapacidadelaborativa da parte autora. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que a autora éportadora de espondiloartrose lombar inerente à faixa etária e está assintomática. Com base no exame físico, naanamnese, ressonância lombar, raio x da bacia e raio x da lombar, o especialista concluiu que não há incapacidadelaborativa (fl. 26).

10. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pela recorrente antes da prolação da sentença. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe amanutenção das condições dignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária oupermanente, deve ser acompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo,não atendidos os requisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critériosmais favoráveis à pretensão dos segurados. Ademais, o eventual comprometimento de suas atividades como vendedoraautônoma pelas dores sentidas em decorrência dos problemas ósseos constatados não caracteriza obstáculo paradesempenho de outras atividades que assegurem sua subsistência com menor esforço físico.

11. Acrescento que os documentos juntados após a prolação da sentença não comprovam fato novo e, portanto,devem ser desconsiderados na análise do recurso interposto (art. 397, do Código de Processo Civil), conforme orientaçãoadotada pelas Turmas Recursais da Seção Judiciária do Rio de Janeiro: “O momento processual da aferição daincapacidade para fins de benefícios previdenciários ou assistenciais é o da confecção do laudo pericial, constituindoviolação ao princípio do contraditório e da ampla defesa a juntada, após esse momento, de novos documentos ou aformulação de novas alegações que digam respeito à afirmada incapacidade, seja em razão da mesma afecção ou deoutra” (Enunciado 84).

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 19).

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

48 - 0000534-11.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.000534-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EDIVALDO BASSANI(ADVOGADO: ES014129 - LUIZ CARLOS BARRETO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.).RECURSO Nº 0000534-11.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.000534-3/01)RECORRENTE: EDIVALDO BASSANIRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

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EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autor portador de lesão na mão esquerda provocada por máquina, submetido à cirurgia. Laudo pericial no qual se atestaa capacidade para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

EDIVALDO BASSANI interpõe recurso inominado, às fls. 38/44, contra sentença (fls. 35/36), proferida pelo MM. Juiz do 3ºJuizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou improcedentes os pedidos para condenar oINSS a restabelecer o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez a contar de sua cessação.

02. O recorrente afirma que é portador de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 48/50, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudoemitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral do recorrente.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). O recorrente afirma que é portador de doença incapacitante para oexercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aosautos.

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o atestado de fl. 17, subscrito em 18/03/2011, afirmaque o autor foi submetido à cirurgia para reparar lesão complexa de mão esquerda provocada por máquina, não estava emcondições de trabalhar e tampouco tinha previsão de alta. O atestado de fl. 18, subscrito por médico ortopedista, cirurgião,em 12/07/2011, afirma que o autor alega que não consegue exercer trabalho de esforço. Assim, sugere o afastamento pordois meses. Observo que o autor fez jus à percepção do benefício de auxílio-doença nr. 545.247.228-9 de 04/03/2011 a03/08/2011. Não há nos autos qualquer documento indicando a incapacidade do autor após a cessação do referidobenefício. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que o autor é portador de lesão namão esquerda provocada por máquina, está plenamente recuperado e assintomático. Com base no exame físico, naanamnese e no raio X da mão direita, conclui que não há incapacidade laborativa (fl. 28).

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09. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pelo recorrente. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-se no quadro clínicoatual do segurado, o qual permite o seu retorno ao trabalho, conforme demonstram as provas produzidas nos autos.Acrescento que a alegação de que o autor encontra dificuldades para desempenhar sua anterior profissão de motorista nãoé, por si, causa para a concessão do benefício de auxílio-doença, tendo-se em vista que não há prova de que o recorrentenão possa exercer outras atividades que possam assegurar a sua subsistência.

10. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 21)

12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

49 - 0006657-93.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006657-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MYCK DE FREITAS OLIOSI(ADVOGADO: ES012995 - MARIA CRISTINA NOGUEIRA MOREIRA, ES004770 - MARIA DA CONCEICAO CHAMUN.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.).RECURSO Nº 0006657-93.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006657-8/01)RECORRENTE: MYCK DE FREITAS OLIOSIRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autor portador de artrose em coluna lombar e fratura do úmero direito com lesão do manguito rotador, submetido acirurgia. Laudos periciais nos quais se atesta a capacidade para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

MYCK DE FREITAS OLIOSI interpõe recurso inominado, às fls. 126/129, contra sentença (fls. 122/123), proferida pelo MM.Juiz do 3º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou improcedentes os pedidos paracondenar o INSS a restabelecer o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez a contar de suacessação.

02. O recorrente afirma que é portador de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que o

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julgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que suas condiçõespessoais devem ser sopesadas.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 133/137, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que olaudo emitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral do recorrente.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). O recorrente afirma que é portador de doença incapacitante para oexercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aosautos. Alega que suas condições pessoais devem ser sopesadas.

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o atestado de fl. 19, subscrito por médico ortopedistada Clínica de Acidentados de Vitória em 19/06/2007, é contemporâneo ao período em que o autor fez jus à percepção dobenefício de auxílio-doença. Ademais, afirma que o autor encontra-se em pós-operatório do ombro direito e necessita demais 4 meses de afastamento do trabalho, o que ocorreu, na medida em que o autor fez jus aos seguinte benefícios:520.320.373-0 (06/05/2007 a 31/01/2008), 529.232.901-7 (03/03/2008 a 25/04/2008) e 530.445.886-5 (26/05/2008 a10/11/2008). Os atestados de fl. 31, 36, 37 e 38 também são contemporâneos ao período em que o autor fez jus àpercepção do benefício de auxílio-doença. O atestado de fl. 40, também contemporâneo (21/07/2008), diz que hánecessidade de afastamento por tempo indeterminado. Já o atestado de fl. 42, subscrito em 24/11/2008 (após a cessaçãodo último benefício), pelo mesmo médico ortopedista que subscrevera o atestado de fl. 40, afirma que o autor necessita derepouso pelo período de 90 dias para tratamento. Observo que o atestado de fl. 43, subscrito em 05/01/2009 pelo médicoque acompanhou o autor, solicita o seu retorno à atividade laboral. O atestado de fl. 47, também firmado pelo médicoortopedista que acompanhou o autor em 04/03/2009, solicita 90 dias de repouso em razão das dificuldades relatadas peloautor, por causa das lesões. Contudo, o laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, posiciona-se em sentido diverso,tendo sido afirmado que o recorrente é portador de fratura completamente consolidada do úmero direito, sem atrofiamuscular em MS e assintomático. Ademais, foi determinada a complementação da perícia para que houvesse manifestaçãosobre o exame do joelho do autor, afirmando-se que ele é portador de condropatia patelar grau II, condropatia da trocleafemoral sem atrofias musculares, nem derrame articular e que não possui instabilidade do membro inferior em razão doproblema do joelho. Com base no exame físico, na anamnese e no raio X do braço direito, concluiu que não háincapacidade laborativa (fl. 76 e 86). Foi realizada nova perícia, na qual o perito do Juízo afirma que o autor sofreu crise decoluna lombar e os exames demonstram artrose; sofreu fratura do úmero direito com lesão do manguito rotador, foioperado e apresenta limitação discreta da mobilidade em tração interna, compatível com a cirurgia realizada.Complementou o laudo, afirmando que o autor tem redução apenas da mobilidade nos últimos graus de rotação interna, oque o impediria de colocar a mão nas costas, mas não impede o exercício de suas funções habituais. Concluiu que não háincapacidade laborativa (fls. 96/99 e 107)

09. Observo que os laudos judiciais estão idoneamente fundamentados e foram firmados em data posterior aosatestados juntados pela recorrente. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-se no quadroclínico atual do segurado, o qual permite o seu retorno ao trabalho, conforme demonstram as provas produzidas nos autos.

10. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

11. Ressalto, ainda, que as condições pessoais do autor teriam relevância se perícia judicial tivesse constatadoincapacidade parcial para o trabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser,na prática, descartada, para efeito de converter auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. Entretanto, não tendo sidoconfirmada nenhuma limitação funcional, o quadro social isoladamente considerado não basta para respaldar a concessãodo auxílio-doença.

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 71)

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13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

50 - 0000662-22.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000662-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) HELENA MARTINS ALVES(ADVOGADO: ES012938 - JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: EUGENIO CANTARINO NICOLAU.).RECURSO Nº 0000662-22.2012.4.02.5053/01 (2012.50.53.000662-3/01)RECORRENTE: HELENA MARTINS ALVESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autora portadora de síndrome dolorosa lombar. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

HELENA MARTINS ALVES interpõe recurso inominado, às fls. 61/65, contra sentença (fls. 57/59), proferida pelo MM. Juizdo Juizado Especial Federal de Linhares, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a conceder obenefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez a contar de sua cessação.

02. A recorrente afirma que é portadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o laudo pericial deveser interpretado de forma extensiva, devendo-se considerar que não é possível que uma pessoa exerça uma profissãomantendo vínculo de trabalho a depender do grau em que se encontra sua doença, considerando-se também suascondições pessoais.

03. Apesar de intimado, o INSS não ofereceu contrarrazões (fl. 67).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de

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segurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). A recorrente afirma que é portadora de doença incapacitante para oexercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aosautos. Alega que o laudo pericial deve ser interpretado de forma extensiva, devendo-se considerar que não é possível queuma pessoa exerça uma profissão mantendo vínculo de trabalho a depender do grau em que se encontra sua doença,considerando-se também, suas condições pessoais.

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o atestado de fl. 11, em que não constam o nome dosubscritor e a data de emissão, sugere avaliar a “possibilidade de afastamento definitivo das funções”. O atestado de fl. 14,redigido por médico cardiologista em 19/03/2012, afirma que a autora é portadora de hipertensão arterial e doençacoronariana crônica e está impossibilitada de exercer suas funções laborativas. Contudo, o laudo redigido pelo peritonomeado judicialmente, posiciona-se em sentido diverso, tendo sido afirmado que a recorrente é portadora de síndromedolorosa lombar que induz à incapacidade laborativa somente na fase aguda. Aduz que a autora possui boa mobilidadepara subir e descer da maca. Concluiu que não há incapacidade laborativa (fls. 44/49).

09. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pela recorrente. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condiçõesdignas de trabalho, razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve seracompanhada pelo amparo necessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos osrequisitos legais para a concessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis àpretensão dos segurados.

10. Ressalto, ainda, que as condições pessoais da autora teriam relevância se perícia judicial tivesse constatadoincapacidade parcial para o trabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser,na prática, descartada, para efeito de converter auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. Entretanto, não tendo sidoconfirmada nenhuma limitação funcional, o quadro social isoladamente considerado não basta para respaldar a concessãodo auxílio-doença.

11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 28).

12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

51 - 0006713-92.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.006713-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA DO ROSARIOFURTADO VITORINO (ADVOGADO: ES018544 - CASSIANO RICARDO LEITE DE FREITAS.) x INSTITUTO NACIONALDO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).RECURSO Nº 0006713-92.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.006713-7/01)RECORRENTE: MARIA DO ROSARIO FURTADO VITORINORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autora portadora de artrose nos joelhos e nas mãos. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

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RELATÓRIO

MARIA DO ROSÁRIO FURTADO VITORINO interpõe recurso inominado, às fls. 97/100, contra sentença (fls. 66/68,integrada pela decisão de fls. 93/94), proferida pelo MM. Juiz do 1º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do EspíritoSanto, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a restabelecer o benefício de auxílio-doença econvertê-lo em aposentadoria por invalidez a contar de sua cessação.

02. A recorrente afirma que é portadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que suas condiçõespessoais não foram analisadas.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 106/110, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que olaudo emitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral do recorrente.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). A recorrente afirma que é portadora de doença incapacitante para oexercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aosautos. Alega que suas condições pessoais não foram analisadas.

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados de fls. 26, 27, e 28 são contemporâneosaos períodos em que a autora fez jus à percepção dos benefícios de auxílio-doença nrs. 531.271.045-4 (18/07/2008 a31/03/2009) e 544.925.671-6 (21/02/2011 a 21/12/2011). O atestado de fl. 65 é contemporâneo ao período em que a autorafez jus à percepção do benefício de auxílio-doença nr. 549.501.053-8 (03/01/2012 a 18/07/2012). Os atestados anexadoscom a petição de fl. 74 são cópias dos atestados já constantes dos autos. Ressalto que não há qualquer atestado queafirme a incapacidade laboral da parte autora nos períodos em que ela não fez jus à percepção do benefício deauxílio-doença. Por sua vez, no laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, afirma-se que a autora é portadora deartrose nos joelhos e nas mãos. Aduz que o quadro de artrose melhora com exercícios para alongamento, fisioterapia ehidroginástica. Baseado em exame clínica e nos exames complementares, o perito concluiu que não há incapacidadelaborativa (fls. 48/50).

09. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado. A manutenção do benefício previdenciário deauxílio-doença deve basear-se no quadro clínico atual do segurado, o qual permite o seu retorno ao trabalho, conformedemonstram as provas produzidas nos autos.

10. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

11. Ressalto, ainda, que as condições pessoais da autora teriam relevância se a perícia judicial tivesse constatadoincapacidade parcial para o trabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser,na prática, descartada, para efeito de converter auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. Entretanto, não tendo sido

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confirmada nenhuma limitação funcional, o quadro social isoladamente considerado não basta para respaldar a concessãodo auxílio-doença.

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 39).

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

52 - 0000777-17.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000777-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) IZAURINA ORACIO RIBEIRO(ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: HENRIQUE BICALHO CIVINELLI DE ALMEIDA.).RECURSO Nº 0000777-17.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000777-4/01)RECORRENTE: IZAURINA ORACIO RIBEIRORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELA CAPACIDADE LABORATIVA DA PARTEAUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E PROVIDO. SENTENÇA ANULADA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. Indeferimento do requerimento de intimação do perito para responder aos quesitos complementares. Persistência dediscrepância não solucionada pelas respostas apresentadas pelo especialista do Juízo, razão por que os esclarecimentosrequeridos não se mostravam impertinentes (art. 426, II, do Código de Processo Civil). Nulidade da sentença.3. Recurso da parte autora conhecido e provido para declarar a nulidade da sentença, a fim de que sejam prestados osesclarecimentos requeridos pela parte autora. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, uma vez que aspartes não deram causa à nulidade.

RELATÓRIO

IZAURINA ORACIO RIBEIRO interpõe recurso inominado, às fls. 62/64, contra sentença (fls. 57/58), proferida pelo MM.Juiz do Juizado Especial Federal de São Mateus, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS a conceder obenefício de auxílio-doença e ao pagamento de indenização por danos morais.

02. A recorrente afirma que a sentença é nula, porque teria violado o seu direito à ampla defesa, ao contraditório e aodevido processo legal, por não ter considerado a impugnação feita ao laudo pericial às fls. 55/56. Pede o retorno dos autosao Juizado de origem para que seja realizada de nova perícia ou para que sejam complementadas as respostas aosquesitos do Juízo, ou, por fim, que o pedido seja julgado procedente.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fl. 68, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que não háincapacidade laboral da parte autora a ser tutelada por benefício previdenciário.

04. É o Relatório.

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VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o Juízo a quo não considerou a impugnaçãofeita ao laudo pericial às fls. 55/56. O questionamento aludido solicitava que o especialista se manifestasse sobre osquesitos ns. 2 e 8 do Juízo, nos quais se determinava a descrição das doenças que acometem a autora e, no caso deconclusão de que a doença não acarreta limitação laboral, tal fato fosse justificado. Solicitava, também, a complementaçãodo laudo para que o especialista informasse, com base nos laudos médicos, o período da incapacidade.

07. Ao confrontar as conclusões do perito nomeado judicialmente e as demais provas carreadas, observo quepersiste discrepância não solucionada pelas respostas apresentadas pelo especialista do Juízo, razão por que osesclarecimentos requeridos não se mostravam impertinentes (art. 426, II, do Código de Processo Civil). Com efeito, o peritojudicial limitou-se a informar que a parte autora não era portadora de “patologia ortopédica digna de nota”. Entretanto, osexames realizados pela autora, que acompanharam a peça vestibular, indicam “redução dos espaços articularesfêmur-patelar e fêmur tibial medial bilaterais”, “osteófitos em patelas” (fl. 33, exame realizado em 30/09/2010); “sinais degonartrose bilateral”, “redução dos espaços articulares” e “osteófitos em patelas e bordas das tíbias e fêmures” (fl. 35,exame realizado em 19/08/2011). Ademais, o atestado de fl. 7, subscrito por médico ortopedista do Hospital Dr. RobertoArnizaut Silvares, integrante do Sistema Único de Saúde, em 04/12/2009, indicou que a autora apresentava quadro degonartrose bilateral em estágio avançado, secundária ao excesso de peso e necessitava de afastamento provisório dasatividades laborais para tratamento médico.

08. Verificado que a demanda foi proposta em setembro de 2010, sendo questionada a capacidade laborativa darecorrente àquela época, é necessário que o perito enunciasse as razões por que o diagnóstico de incapacidade temporárianão mais existia. Logo, persistente perplexidade no contraste entre as provas diante da ausência de justificação explícitadas conclusões do especialista judicialmente nomeado, a sentença deve ser declarada nula para que sejam prestados osesclarecimentos requeridos.

09. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento para declarar a nulidade da sentença, a fim de quesejam prestados os esclarecimentos requeridos pela parte autora. Sem condenação em custas e honorários advocatícios,uma vez que as partes não deram causa à nulidade constatada.10. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

11. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

53 - 0000094-09.2012.4.02.5052/01 (2012.50.52.000094-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EDGENALHO ALVESTEIXEIRA (ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY, ES016822 - PAULA GHIDETTI NERY LOPES,ES017122 - RODRIGO NUNES LOPES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: THIAGODE ALMEIDA RAUPP.).RECURSO Nº 0000094-09.2012.4.02.5052/01 (2012.50.52.000094-6/01)RECORRENTE: EDGENALHO ALVES TEIXEIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELA CAPACIDADE LABORATIVA DA PARTEAUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. Indeferimento do requerimento de intimação do perito para responder aos quesitos complementares. Inexistência denulidade se os esclarecimentos solicitados já estão contidos no laudo criticado.3. Controvérsia quanto à incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais dequinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91).4. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade para o trabalho.5. Inexistência de dano moral a ser indenizado se não comprovada a prática de ato ilícito ou exercício abusivo do poderconferido à autarquia previdenciária (arts. 186 e 187, do Código Civil, art. 37, §6º, da Constituição da República de 1988).6. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

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RELATÓRIO

EDGENALHO ALVES TEIXEIRA interpõe recurso inominado, às fls. 56/58, contra sentença (fls. 51/52), proferida pelo MM.Juiz do Juizado Especial Federal de São Mateus, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS arestabelecer o benefício de auxílio-doença desde a data da cessação e ao pagamento de indenização por danos morais.

02. O recorrente afirma que a sentença é nula, porque teria violado o seu direito à ampla defesa, ao contraditório eao devido processo legal, por não ter considerado a impugnação feita ao laudo pericial às fl. 50. Pede o retorno dos autosao Juizado de origem para que sejam respondidos os quesitos destacados na impugnação de fl. 50 ou que o pedido sejajulgado procedente.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 59/62, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudoemitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral do recorrente, conforme conclusões jáapresentadas pelo médico perito do INSS.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. O recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o Juízo a quo teria indeferido o requerimentopara que o perito fosse intimado para apresentar resposta ao quesito formulado na inicial às fl. 50. O questionamentoaludido solicitava a complementação do laudo para que o especialista se manifestasse sobre as doenças que acometem oautor, descrevendo os sintomas e se o desempenho da atividade habitual pode agravar o quadro clínico. Requereu aindamanifestação sobre os motivos que ensejaram a concessão do benefício e se ainda persistem. Contudo, da leitura dasconclusões do perito judicial, não observo discrepância entre as doenças que ele diagnosticou na parte autora e aquelasenunciadas nos documentos que acompanharam a peça vestibular, razão por que o indeferimento do pleito paraesclarecimentos mostra-se acertado, especialmente por não haver prova de que o especialista tenha desconsiderado oselementos essenciais para avaliação do quadro clínico da recorrente.

07. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

08. No presente recurso, é controversa a existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91).

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o documento de fl. 8, subscrito por fisioterapeuta em08/12/2011, afirma que o paciente está em tratamento fisioterápico no pé direito por ser portador de fascite plantar. Oatestado de fl. 11, firmado por médico ortopedista da Unimed em 09/11/2011, descreve as doenças de que o autor éportador, sem afirmar a incapacidade laboral. O atestado de fl. 9, subscrito por médico ortopedista da Unimed em05/12/2011, descreve as doenças de que o autor é portador, sem afirmar a incapacidade laboral. O atestado de fl. 10,subscrito por médico ortopedista da Unimed em 16/01/2012, afirma que “paciente ainda com queixa de dor relatando nãoestar apto para o trabalho”. Contudo, o laudo, redigido pelo perito nomeado judicialmente, posiciona-se em sentido diverso,tendo sido afirmado, com base nos exames apresentados, que o recorrente sofreu torção do tornozelo direito, sem fraturas;apresentou boa recuperação, sem edema e com mobilidade recuperada. Concluiu que não há incapacidade laborativa (fls.40/43).

10. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e as conclusões nele expendidas convencem oJuízo. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-se no quadro clínico atual do segurado, oqual permite o seu retorno ao trabalho, conforme demonstram as provas produzidas nos autos.

11. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

12. Outrossim, não comprovada a prática de ato ilícito ou de exercício abusivo de direito, inexiste dano moral a serindenizado (arts. 186 e 187, do Código Civil art. 37, §6º, da Constituição da República de 1988), razão por que o julgamento

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de improcedência desse pedido não merece ser retificado.

13. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 14).

14. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

15. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

54 - 0000680-17.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000680-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) GETULIO PEREIRA NETO(ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).RECURSO Nº 0000680-17.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000680-0/01)RECORRENTE: GETULIO PEREIRA NETORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELA CAPACIDADE LABORATIVA DA PARTEAUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. Indeferimento do requerimento de intimação do perito para responder aos quesitos complementares. Inexistência denulidade se os esclarecimentos solicitados já estão contidos no laudo criticado.3. Controvérsia quanto à incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais dequinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91).4. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade para o trabalho.5. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

GETÚLIO PEREIRA NETO interpõe recurso inominado, às fls. 42/43, contra sentença (fls. 38/39), proferida pelo MM. Juizdo Juizado Especial Federal de São Mateus, que julgou improcedente o pedido para condenar o INSS a conceder-lhe obenefício de auxílio-doença e a pagar-lhe indenização por danos morais.

02. O recorrente afirma que a sentença é nula, porque o indeferimento de requerimento para intimação do peritojudicial, com o intuito de apresentar resposta a quesito complementar, comprometeu seu direito de defesa, o qual tambémfora afetado pela omissão da autarquia previdenciária em proceder à juntada dos documentos que dispunha paraesclarecimento da causa. Sustenta, também, que os documentos juntados aos autos demonstram sua incapacidade para otrabalho, especialmente por ser pessoa com idade superior a sessenta anos.

03. Embora regularmente intimado, o INSS não ofereceu contrarrazões (fl. 49).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. O recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o Juízo a quo teria indeferido o requerimentopara que o perito fosse intimado para apresentar resposta ao quesito complementar formulado à fl. 37. O questionamento

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aludido solicitava a complementação do laudo para que o especialista se manifestasse sobre as doenças descritas nosatestados e laudos que instruíram a petição inicial. Contudo, verifico que o autor anexou apenas o laudo do RX da colunade fl. 6 que não indica qualquer incapacidade, apenas “sinais de espondiloartrose” e artropatia interapofisária entre C6-C7 eC7-T1 na coluna cervical. Da leitura das conclusões do perito judicial, não observo discrepância, já que ele não diagnosticouna parte autora patologia ortopédica digna de nota, razão por que o indeferimento do pleito para esclarecimentos mostra-seacertado, especialmente por não haver prova de que o especialista tenha desconsiderado os elementos essenciais paraavaliação do quadro clínico do recorrente.

07. Ademais, a omissão do INSS em juntar cópia do processo aberto para análise do requerimento administrativoformulado pelo recorrente não comprometeu a formação da convicção do sentenciante, o qual se valeu do conhecimento doperito judicial para conhecer os elementos técnicos relacionados à descrição das condições de saúde do segurado.

08. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

09. No presente recurso, é controversa existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91). O recorrente sustentaque o ato administrativo, que indeferiu seu requerimento para a concessão de auxílio-doença, é nulo, porque ele é portadorde doença que o incapacita para sua atividade laborativa.

10. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que não há qualquer atestado médico indicando aincapacidade laborativa do recorrente. Com efeito, o perito judicial atestou, à fl. 29, que o autor não possui patologiaincapacitante.

11. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e as conclusões nele expendidas convencem oJuízo. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

12. Outrossim, não comprovada a prática de ato ilícito ou de exercício abusivo de direito, inexiste dano moral a serindenizado (arts. 186 e 187, do Código Civil).

13. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 11).

14. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

15. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

55 - 0000527-47.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000527-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSE DE ASSIS SANTOS DACRUZ (ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: HENRIQUE BICALHO CIVINELLI DE ALMEIDA.).RECURSO Nº 0000527-47.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.000527-7/01)RECORRENTE: JOSE DE ASSIS SANTOS DA CRUZRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. Indeferimento do requerimento de intimação do perito para responder aos quesitos complementares. Inexistência denulidade se os esclarecimentos solicitados já estão contidos no laudo criticado.3. Controvérsia quanto à incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de

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quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total e permanente, sem que haja possibilidade dereabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91).4. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade para o trabalho.5. Inexistência de dano moral a ser indenizado se não comprovada a prática de ato ilícito ou exercício abusivo do poderconferido à autarquia previdenciária (arts. 186 e 187, do Código Civil, art. 37, §6º, da Constituição da República de 1988).6. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

JOSE DE ASSIS SANTOS DA CRUZ interpõe recurso inominado, às fls. 69/71, contra sentença (fls. 65/66), proferida peloMM. Juiz do Juizado Especial Federal de São Mateus, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS arestabelecer o benefício de auxílio-doença, convertê-lo em aposentadoria por invalidez e ao pagamento de indenização pordanos morais.

02. O recorrente afirma que a sentença é nula, porque teria violado o seu direito à ampla defesa, ao contraditório eao devido processo legal, por não ter considerado a impugnação feita ao laudo pericial às fl. 63. Pede o retorno dos autosao Juizado de origem para que seja realizada de nova perícia ou para que sejam complementadas as respostas aosquesitos do Juízo, ou, por fim, que o pedido seja julgado procedente.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 79/81, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudoemitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral do recorrente, conforme conclusões jáapresentadas pelo médico perito do INSS.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. O recorrente alega que a sentença deve ser declarada nula, porque o Juízo a quo não considerou a impugnaçãofeita ao laudo pericial às fl. 63. O questionamento aludido solicitava que o especialista se manifestasse sobre o quesito dainicial, no qual se questiona acerca dos motivos que ensejaram a concessão do benefício cessado, se eles persistem e emqual proporção. Solicitava, também, a complementação do laudo para que o especialista informasse, com base nos laudosmédicos, o período da incapacidade. Contudo, da leitura das conclusões do perito judicial, não observo qualquerdiscrepância. O perito informou, em junho de 2012, que não havia patologia ortopédica digna de nota. Os documentos queacompanharam a peça vestibular, referentes aos anos de 2009/2011, indicam artrose do quadril esquerdo em tratamento,hipertensão arterial benigna e gastrite crônica. Não há informação acerca de incapacidade após a cessação do benefício eé afirmado que tais doenças possuem tratamento, com bons resultados. Sendo assim, o indeferimento do pleito paraesclarecimentos mostra-se acertado, especialmente por não haver prova de que o especialista tenha desconsiderado oselementos essenciais para avaliação do quadro clínico do recorrente.

07. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

08. No presente recurso, é controversa existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividade habitualdesenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo total epermanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que não há qualquer atestado médico indicando aincapacidade laborativa do recorrente. Com efeito, o perito judicial atestou, à fl. 47, que o autor não possui patologiaincapacitante.

10. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e as conclusões nele expendidas convencem oJuízo. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-se no quadro clínico atual do segurado, oqual permite o seu retorno ao trabalho, conforme demonstram as provas produzidas nos autos.

11. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,

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razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

12. Outrossim, não comprovada a prática de ato ilícito ou de exercício abusivo de direito, inexiste dano moral a serindenizado (arts. 186 e 187, do Código Civil art. 37, §6º, da Constituição da República de 1988), razão por que o julgamentode improcedência desse pedido não merece ser retificado.

13. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 23).

14. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

15. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

56 - 0003344-61.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003344-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: CLEBSON DA SILVEIRA.) x JARDIÃO NASCIMENTO (ADVOGADO: ES011813 -ANDRÉ VINICIUS MARQUES GONÇALVES.).RECURSO Nº 0003344-61.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003344-3/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: JARDIÃO NASCIMENTORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELA INCAPACIDADE LABORATIVATEMPORÁRIA DA PARTE AUTORA. RECURSO DO INSS CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91).3. Autor portador de hérnia discal lombar. Laudo pericial no qual se atesta a incapacidade temporária para o trabalho.4. O exercício de trabalho, no período em que a perícia judicial reconheceu a existência de incapacidade, não impede quea data de início do benefício seja fixada naquele interstício, conforme orientação adotada pela Turma Nacional deUniformização (cf. PEDILEF 0001994652009407254, Rel. Juíza Federal Vanessa Vieira de Mello, D.O.U 03.08.2012;PEDILEF 200933007005625, Rel. Juiz Federal Adel Américo de Oliveira, D.O.U 01.03.2013).5. Recurso do INSS conhecido e desprovido. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Honorários advocatícios devidos pelaparte recorrente, correspondentes a 10% sobre o valor da condenação (art. 55 da Lei nº 9.099/95).

RELATÓRIO

O INSS interpõe recurso inominado, às fls. 60/64, contra sentença (fls. 52/54), proferida pela MMa. Juíza do 2º JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou parcialmente procedente o pedido para condenar o INSSa restabelecer o benefício de auxílio-doença n. 519.009.722-2 desde a data da cessação (30/11/2008).

02. A autarquia sustenta que o laudo pericial é lacônico e que a doença do autor é recidiva, motivo peloqual não poderia ser diagnosticado pelo perito que o segurado estaria incapacitado desde 2008. Aduz que, após a cessaçãodo benefício por limite médico, foram formulados quatro novos requerimentos, os quais foram indeferidos com base emparecer contrário da pericia médica. Alega que o autor desempenhou suas atividades regularmente na empresa CorpusSaneamento e Obras Ltda até março/2010, o que infirma a alegação de incapacidade laborativa. Pede a reforma dasentença no todo ou em parte, no que tange ao pagamento das parcelas de benefício durante o período em que o recorridoestava trabalhando.

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03. O autor ofereceu contrarrazões, às fls. 69/72, nas quais requer o desprovimento do recurso, sob ofundamento de que a sua incapacidade restou comprovada nos autos.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91). OINSS sustenta que o laudo pericial é lacônico e que a doença do autor é recidiva. Alega que o recorrido desempenhou suasatividades regularmente na empresa Corpus Saneamento e Obras Ltda até março/2010.

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o laudo firmado pelo perito nomeado judicialmenteconsigna, às fls. 25/26, que o demandante é portador de hérnia discal lombar, doença degenerativa, desde setembro de2007, caracterizada por dor lombar com irradiação para MIE. Afirma que há nexo de causalidade entre a doença queacomete o segurado e o trabalho por ele desenvolvido, por ser necessário carregar peso. Baseado nos exames de TC,afirma que a incapacidade teve início em setembro de 2007. Conclui que há incapacidade laborativa total e temporária,enquanto durar o tratamento. Observo que o laudo do perito judicial está idoneamente fundamentado. Ademais, emconsulta ao CNIS, verifico que no período compreendido entre março de 2008 e março de 2010, o segurado fez jus aremunerações mensais no valor histórico de R$ 7,86, o que afasta a alegação de que a finalidade da concessão doauxílio-doença seria deturpada diante do exercício regular das atividades laborativas com remuneração idônea à suasubsistência. Acrescento que o desempenho de trabalho, no período em que a perícia judicial reconheceu a existência deincapacidade, não impede que a data de início do benefício seja fixada naquele interstício, conforme orientação adotadapela Turma Nacional de Uniformização (cf. PEDILEF 0001994652009407254, Rel. Juíza Federal Vanessa Vieira de Mello,D.O.U 03.08.2012; PEDILEF 200933007005625, Rel. Juiz Federal Adel Américo de Oliveira, D.O.U 01.03.2013).

09. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Honoráriosadvocatícios devidos pela parte recorrente, correspondentes a 10% sobre o valor da condenação (art. 55 da Lei nº9.099/95).

10. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

11. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

57 - 0007106-17.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.007106-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) WELITON RODRIGUESPEREIRA DO PRADO (ADVOGADO: ES015788 - JOSE ROBERTO LOPES DOS SANTOS.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.).RECURSO Nº 0007106-17.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.007106-2/01)RECORRENTE: WELITON RODRIGUES PEREIRA DO PRADORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista

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o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

WELITON RODRIGUES PEREIRA DO PRADO interpõe recurso inominado, às fls. 73/87, contra sentença (fls. 69/70),proferida pelo MM. Juiz do 3º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou improcedentepedido para condenar o INSS a restabelecer o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez acontar de sua cessação.

02. O recorrente alega que é portador de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercícioprofissional não é possível devido às suas condições de saúde, as quais impossibilitam o exercício da atividade demotorista.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 91/75, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que não foiconstatada a incapacidade para o trabalho. A autarquia destaca que a perícia médica do INSS e os laudos elaborados peloperito nomeado pelo Juízo atestaram que a doença da qual o recorrente é portador não o incapacita para a atividadelaborativa.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige para o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91). Orecorrente alega que é portador de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento deimprocedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos.

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados de fl. 19, 23, 25, 26 sãocontemporâneos ao período em que o autor fez jus à percepção do auxílio-doença nº 520.248.797-1 (12/04/2007 a25/07/2011). O atestado de fl. 22, subscrito por médico psiquiatra da clínica SAMES em 23/08/2011, indica que o autor“encontra-se em tratamento psiquiátrico e medicamentoso, sob CID F41.1”. O atestado de fl. 24, subscrito por médicopsiquiatra da clínica SAMES em 22/07/2011, poucos dias antes da cessação do benefício nº 520.248.797-1, afirma que opaciente deve ficar afastado de suas atividades laborais por seis meses. Contudo, os laudos redigidos pelos peritosnomeados judicialmente posicionam-se em sentido diverso, tendo sido afirmado que ‘O examinando concentrou a suacomunicação em suma, discordando das atitudes ou definições institucionais. Declarou que “foi obrigado” a não trabalhar”(fl. 36). O perito concluiu pela capacidade laborativa do autor. Na segunda perícia judicial realizada, foi afirmado que nãoforam constatados sinais ou sintomas psicopatológicos que pudessem caracterizar doença mental; que o autor relata quefoi assistido por médico psiquiatra e está sem uso de qualquer medicamento psicotrópico; que o autor está apto a exercera atividade profissional de auxiliar de serviços gerais e também de motorista; que seu juízo crítico está preservado, suaconsciência mantida, está lúcido, orientado, coerente, cooperativo e sem distúrbios de comportamento e/ou alterações dasenso-percepção dignas de nota.

09. Observo que os laudos judiciais estão idoneamente fundamentados e foram firmados em data posterior aosatestados juntados pelo recorrente. A concessão do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-se no quadroclínico atual do segurado, o qual permite o seu retorno ao trabalho.

10. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 34).

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11. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

12. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

58 - 0000289-65.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.000289-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Vinícius de Lacerda Aleodim Campos.) x ARLETE MOURA LEITE (ADVOGADO:ES010178 - MARTHA HELENA GALVANI CARVALHO.).RECURSO Nº 0000289-65.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.000289-5/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ARLETE MOURA LEITERELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELA INCAPACIDADE LABORATIVA PARCIAL ETEMPORÁRIA DA PARTE AUTORA. RECURSO DO INSS CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91).3. Autora portadora de artrite reumatóide, artrose na coluna cervical e sinovite de punho direito e joelho esquerdo. Laudopericial no qual se atesta a incapacidade parcial e temporária para o trabalho.4. Recurso do INSS conhecido e desprovido. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Honorários advocatícios devidos pelaparte recorrente, correspondentes a 10% sobre o valor da condenação (art. 55 da Lei nº 9.099/95).

RELATÓRIO

O INSS interpõe recurso inominado, às fls. 70/72, contra sentença (fls. 66/68), proferida pelo MM. Juiz do Juizado EspecialFederal de Cachoeiro de Itapemirim, que julgou procedente o pedido para condenar o INSS a conceder benefício deauxílio-doença desde a data da juntada aos autos do laudo pericial (14/05/2010).

02. A autarquia sustenta que, a partir da interpretação que entende correta do laudo pericial (quesitos 11 e 13),conclui-se que a autora pode trabalhar com o uso de medicação. Ressalta que o fornecimento de remédios é atribuição daUnião, dos Estados e dos Municípios.

03. A autora ofereceu contrarrazões, às fls. 78/80, nas quais requer o desprovimento do recurso, sob o fundamentode que apresenta várias doenças que impossibilitam o exercício da sua atividade laborativa. Ressalta que a recuperação dasua capacidade laboral está condicionada ao uso contínuo de medicamento.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

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07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pela segurada por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91). OINSS sustenta que o benefício de auxílio-doença não é devido à parte autora porque, da interpretação que entende corretado laudo pericial, conclui-se que não há incapacidade laborativa com o uso de medicação.

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o laudo firmado pelo perito nomeado judicialmenteconsigna, às fl. 46, que a demandante é portadora de artrite reumatóide, artrose na coluna cervical e sinovite de punhodireito e joelho esquerdo que causa dor aos movimentos de flexo extensão cervical. Conclui que há incapacidade laborativaparcial e temporária. Quanto ao quesito 11, observo que o perito judicial foi claro ao afirmar que não é possível estimar otempo necessário para o tratamento da doença e para a recuperação da autora, por se tratar de doença auto-imune, mas ocontrole medicamentoso da patologia reduzirá a sintomatologia possibilitando o desempenho das funções laborativas. Aoresponder ao quesito 13, o perito afirma que a capacidade laboral depende do uso regular de medicamento.

09. Embora o INSS alegue que o uso da medicação prescrita tornaria a parte autora apta para o exercício dotrabalho, entendo que a referência feita pelo perito não merece ser interpretada nesses termos. Com efeito, a incapacidadetemporária para o trabalho será gradualmente reduzida na medida em que o tratamento, a que se submete a demandante,passe a ter efeitos positivos. É com base nessas perspectiva que a continuidade do recebimento do benefício deauxílio-doença está condicionada às avaliações periódicas a serem efetuadas pela autarquia previdenciária, com o intuitode se conhecer se a medicação administrada pôs fim à incapacidade laborativa.

10. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Honoráriosadvocatícios devidos pela parte recorrente, correspondentes a 10% sobre o valor da condenação (art. 55 da Lei nº9.099/95).

11. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

12. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

59 - 0000384-64.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000384-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) DOMINGAS EUGENIO DOSSANTOS (DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Carolina Augusta da Rocha Rosado.).RECURSO Nº 0000384-64.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000384-6/01)RECORRENTE: DOMINGAS EUGENIO DOS SANTOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELA CAPACIDADE LABORATIVA DA PARTEAUTORA. TRANSTORNO DEPRESSIVO. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇAMANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. A contrariedade ao posicionamento expresso no laudo não é por si suficiente para inquiná-lo de nulidade, se ausenteindício de que o profissional não cumpriu escrupulosamente o seu encargo ou não preenchida hipótese de impedimento oususpeição do perito nomeado (arts. 422 e 423, do Código de Processo Civil). Laudo judicial no qual se atesta a capacidadeda autora para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

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DOMINGAS EUGÊNIO DOS SANTOS interpõe recurso inominado, às fls. 60/67, contra sentença (fls. 56/57), proferida peloMM. Juiz do 3º Juizado Especial Federal de Vitória, que julgou improcedente pedido para condenar o INSS a conceder obenefício de auxílio-doença.

02. A recorrente afirma que é portadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que seus distúrbios sãoepisódicos e um único exame pericial não é suficiente para identificar tais crises e tampouco as consequências delasdecorrentes. Sustenta que seu trabalho é eminentemente braçal, possui 57 anos de idade e baixo grau de instrução. Aduzque o laudo é vago, omisso e conflita com o posicionamento do médico que observa a evolução da sua doençaconstantemente.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 74/77, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que não foiconstatada a incapacidade para o trabalho. A autarquia destaca que a perícia médica do INSS e os laudos elaborados peloperito nomeado pelo Juízo atestaram que a doença da qual a recorrente é portadora não a incapacita para a atividadelaborativa.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91). Arecorrente sustenta que é portadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento deimprocedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Aduz que o laudo é vago, omisso e conflita coma opinião do médico que observa a evolução da sua doença constantemente.

08. Ressalto, inicialmente, que a oposição às conclusões apresentadas pelo especialista está reservada ao âmbitoda crítica às provas produzidas no curso da dilação processual. A contrariedade ao posicionamento expresso no laudo nãoé por si suficiente para inquiná-lo de nulidade, se ausente indício de que o profissional não cumpriu escrupulosamente o seuencargo ou não preenchida hipótese de impedimento ou suspeição do perito nomeado (arts. 422 e 423, do Código deProcesso Civil).

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o atestado de fl. 10, subscrito por médica de unidadede saúde do SUS de Vitória, em 10/12/2010, indica que a autora “tem doença psiquiátrica grave”. O atestado de fl. 11,firmado por médico psiquiatra em 20/09/2010, afirma que a paciente reiniciou tratamento psiquiátrico por “apresentarsintomas compatíveis com CID (10) F32.2.” Atesta que a paciente fez acompanhamento psiquiátrico no HUCAM por muitosanos; está fazendo uso de medicação especializada e, no momento, não possui condições laborativas. Contudo, o laudoredigido pelo perito nomeado judicialmente posiciona-se em sentido diverso, tendo sido afirmado que a recorrente éportadora de transtorno depressivo e que não há incapacidade laborativa. O laudo está baseado em exame clínico,anamnese psiquiátrica e em documentos médicos apresentados. Nele, é aduzido que a paciente “mostrou-se lúcida,orientada no tempo e no espaço, coerente, cooperativa, calma e sem distúrbios de comportamento e/ou alterações sensoperceptivas dignas de nota. Verbalizando normalmente e sem sinais e/ou sintomas de quadro psicótico como delírios oualucinações. Sua percepção da realidade não apresentou alterações no exame pericial. Juízo crítico e consciênciapreservados. Ausência de sonolência ao ser examinada” (fls. 39/40).

10. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pela recorrente. A concessão do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-se no quadro clínico atualda segurada, o qual permite o seu retorno ao trabalho.

11. Ressalto que as condições pessoais da autora teriam maior relevância se perícia judicial tivesse constatadoincapacidade parcial para o trabalho: dependendo da situação individual do requerente, a reabilitação profissional pode ser,na prática, descartada, para efeito de converter auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. Entretanto, não tendo sidoconfirmada nenhuma limitação funcional, o quadro social isoladamente considerado não basta para respaldar a concessãodo auxílio-doença.

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 34).

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

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14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

60 - 0003965-24.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003965-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSE ARNALDORODRIGUES (DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.).RECURSO Nº 0003965-24.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003965-4/01)RECORRENTE: JOSE ARNALDO RODRIGUESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. LAUDO PERICIAL CONCLUIU QUE A CAPACIDADE LABORATIVA DA PARTEAUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. A contrariedade ao posicionamento expresso no laudo não é por si suficiente para inquiná-lo de nulidade, se ausenteindício de que o profissional não cumpriu escrupulosamente o seu encargo ou não preenchida hipótese de impedimento oususpeição do perito nomeado (arts. 422 e 423, do Código de Processo Civil). Laudo do perito judicial no qual se atesta acapacidade do autor para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

JOSÉ ARNALDO RODRIGUES interpõe recurso inominado, às fls. 44/49, contra sentença (fls. 40/41), proferida pelo MM.Juiz do 3º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou improcedente pedido para condenar oINSS a restabelecer o benefício de auxílio-doença desde a data da cessação.

02. O recorrente afirma que é portador de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o exame pericial e asentença são nulos por ausência de análise e manifestação expressa quanto aos laudos acostados aos autos. Pugna pelanulidade ou reforma da sentença.

03. O INSS não ofereceu contrarrazões, apesar de intimado (fls. 54/55).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91). Orecorrente sustenta que é portador de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento deimprocedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o exame pericial e a sentença são

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nulos por ausência de análise e manifestação expressa quanto aos laudos acostados aos autos.

08. A referida alegação de nulidade teria como lastro a suposta necessidade de análise e manifestação expressaquanto aos laudos acostados aos autos. A contrariedade ao posicionamento expresso no laudo não é por si suficiente parainquiná-lo de nulidade, se ausente indício de que o profissional não cumpriu escrupulosamente o seu encargo ou nãopreenchida hipótese de impedimento ou suspeição do perito nomeado (arts. 422 e 423, do Código de Processo Civil).

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o atestado médico de fl. 09, subscrito por médicoortopedista da Clinica Campo Grande em 07/10/2010, afirma que o autor apresenta quadro de gonartrose bilateral econdropatia femural grau III e patelar grau II e está em tratamento com repouso e fisioterapia, bem como recomenda a nãorealização de trabalho de carga. Os atestados de fls. 10, 13/14, subscritos pelo mesmo profissional, nos dias 02/09/2010,29/07/2010 e 22/07/2010, já seguiam a mesma linha do atestado de fl. 09. O documento de fl. 11 foi subscrito porfisioterapeuta que solicita continuidade do tratamento em 14/09/2010. O atestado de fl. 12, subscrito por médico do trabalhoem 02/08/2010, solicita ao INSS a manutenção do afastamento do autor em das doenças que o acometem. Contudo, olaudo redigido pelo perito nomeado judicialmente posiciona-se em sentido diverso, tendo sido afirmado que o recorrenteapresenta quadro de espondilolistese da coluna lombar e de artrose dos joelhos. Afirma que o paciente apresentou examefísico com marcha normal, com derrame articular do joelho direito e teste de lasegue negativo; que o paciente trabalhavacomo lavador frentista em empresa de ônibus e foi remanejado para a função de frentista. Conclui que não há incapacidadepara a função de frentista (fls. 21/22).

10. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pelo recorrente. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-se no quadro clínicoatual do segurado, o qual permite o seu retorno ao trabalho, conforme demonstram as provas produzidas nos autos.Ademais, o recorrente nasceu em 08.11.1963 (fl. 03) e não possui características que poderiam indicar a suaimpossibilidade de aprender novos trabalhos que exijam menor esforço físico.

11. Acrescento que os documentos juntados aos autos, após a prolação da sentença, não demonstram fato novo e,portanto, não devem ter influência no julgamento do presente recurso, sob o risco de se admitir a renovação da dilaçãoprocessual. Nesse sentido, posicionam-se as Turmas Recursais da Seção Judiciária do Rio de Janeiro, ao decidirem que“O momento processual da aferição da incapacidade para fins de benefícios previdenciários ou assistenciais é o daconfecção do laudo pericial, constituindo violação ao princípio do contraditório e da ampla defesa a juntada, após essemomento, de novos documentos ou a formulação de novas alegações que digam respeito à afirmada incapacidade, sejaem razão da mesma afecção ou de outra” (Enunciado 84).

12. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

13. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 16).

14. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

15. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

61 - 0001978-50.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001978-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.) x MARLENE NEVESSTOFEL DE LIMA (ADVOGADO: ES001552 - CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL.).RECURSO Nº 0001978-50.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001978-3/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: MARLENE NEVES STOFEL DE LIMARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. PRAZO PARA RECUPERAÇÃO DECIRURGIA. LAUDO PERICIAL 90 DIAS. LAUDO MÉDICO MAIS 120 DIAS DE AFASTAMENTO. COMPLETARTRATAMENTO. CNIS. AUTORA RETOMOU O TRABALHO APÓS O FIM DO AUXÍLIO-DOENÇA. RECURSO DO INSSCONHECIDO E PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de

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12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autora submetida à cirurgia de ombro direito e punho esquerdo, recuperada no prazo previsto pela perícia judicial.4. Recurso do INSS conhecido e provido para julgar improcedente o pedido. Sem custas e honorários advocatícios, emrazão do benefício de gratuidade de justiça deferido.

RELATÓRIO

O INSS interpõe recurso inominado, às fls. 97/101, contra sentença (fls. 90/93), proferida pela MMa. Juíza do 2º JuizadoEspecial Federal de Vitória, que julgou procedente em parte o pedido, condenando a autarquia a restabelecer o benefício deauxílio-doença nº 541.033.445.-7, com DIB em 31/10/2010 (data da cessação), por um período de 120 dias, devendorealizar pericia administrativa a fim de verificar se a incapacidade persiste.

02. O recorrente afirma que a autora fez jus à percepção do benefício de auxílio-doença no período de 21/05/2010 a31/10/2010, por ter se submetido a cirurgias no ombro e punho em 05/2010. Sustenta que a cessação do benefício ocorreuapós a perícia médica da autarquia ter constatado a recuperação da capacidade laborativa da autora. Alega que o peritojudicial, no laudo subscrito em 08/07/2010, afirmou que seriam necessários 90 dias para a recuperação pós-operatória.Aduz que a autora retornou normalmente ao trabalho em novembro de 2010.

03. A parte autora ofereceu contrarrazões, às fls. 106/116, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vezque o seu retorno ao trabalho em novembro de 2010 fora forçado, já que o seu sustento e o de sua família dependiam dobenefício injustamente cessado.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91). Orecorrente sustenta que o benefício foi cessado por ter sido constatada a capacidade laborativa da autora que retornou aotrabalho.

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o atestado de fl. 86, subscrito por médico da Clínicados Acidentados de Vitória em 18/10/2010, solicita o afastamento do trabalho por mais 90 dias, para recuperaçãopós-operatória. O atestado de fl. 88, subscrito por médico ortopedista da Clínica SAMES em 19/10/2010, afirma que aautora apresenta dor residual, diminuição da força muscular e limitação da amplitude articular da cintura escapular direito,na fase de pós-operatório de lesão do manguito rotador do ombro direito e necessita de mais 120 dias para completar otratamento médico. Contudo, o laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, em 08/07/2010, posiciona-se em sentidodiverso no que tange ao período necessário para recuperação pós-operatória, tendo sido afirmado que a recorrente temincapacidade laboral temporária por estar em recuperação de cirurgia de ombro direito e punho esquerdo e que o prazopara recuperação de cirurgias de ombro é de aproximadamente 90 dias e do punho, 30 dias.

09. Embora os atestados de fls. 86 e 88 sejam posteriores ao laudo pericial, que previa um prazo de 90 dias para arecuperação da autora e, embora seja possível que um prazo inicialmente previsto para recuperação se estenda, observo,em consulta ao sistema CNIS, que a autora retomou sua atividade laboral em novembro de 2010, fato que infirma suaalegação de que persistia a incapacidade laboral e que estava impossibilitada de exercer qualquer atividade remunerada.

10. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,

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razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

11. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento para julgar improcedente o pedido. Deixo de condenar aparte autora ao pagamento de custas e honorários advocatícios, em razão do benefício de gratuidade de justiça que lhe foideferido (fl. 44).

12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

62 - 0002487-78.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002487-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) IRACILDA VIEIRA RIBEIRO(DEF.PUB: RICARDO FIGUEIREDO GIORI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: TELMASUELI FEITOSA DE FREITAS.).RECURSO Nº 0002487-78.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002487-0/01)RECORRENTE: IRACILDA VIEIRA RIBEIRORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. LAUDO PERICIAL CONCLUIU QUE A CAPACIDADE LABORATIVA DA PARTEAUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. A contrariedade ao posicionamento expresso no laudo não é por si suficiente para inquiná-lo de nulidade, se ausenteindício de que o profissional não cumpriu escrupulosamente o seu encargo ou não preenchida hipótese de impedimento oususpeição do perito nomeado (arts. 422 e 423, do Código de Processo Civil). Laudo do perito judicial no qual se atesta acapacidade da autora para o trabalho de vendedora ambulante.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

IRACILDA VIEIRA RIBEIRO interpõe recurso inominado, às fls. 52/56, contra sentença (fl. 50), proferida pelo MM. Juiz do 3ºJuizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou improcedente pedido para condenar o INSS aconceder o benefício de auxílio-doença desde a data do requerimento administrativo.

02. A recorrente afirma que é portadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desprezou o conjunto das provas carreadas aos autos. Considera contraditória a respostacomplementar, porque teria havido mudança de opinião em relação ao quesito 14. Alega que o exame pericial e a sentençasão nulos por ausência de análise e manifestação expressa quanto aos laudos acostados aos autos. Ressalta anecessidade de perícia na área de psiquiatria, cujas enfermidades relacionadas foram citadas na inicial, no laudo pericial ena resposta complementar. Pugna pela procedência do pedido inicial ou, subsidiariamente, pela realização de nova perícia.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 60/64, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudoemitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral da recorrente, conforme conclusões jáapresentadas pelo médico perito do INSS. Sustenta que a doença é pré-existente à filiação da segurada.

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04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91). Arecorrente sustenta que é portadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento deimprocedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Considera contraditória a respostacomplementar, porque teria havido mudança de opinião em relação ao quesito 14. Alega que o exame pericial e a sentençasão nulos por ausência de análise e manifestação expressa quanto aos laudos acostados aos autos. Ressalta anecessidade de perícia na área de psiquiatria.

08. A referida alegação de nulidade teria como lastro a suposta necessidade de análise e manifestação expressaquanto aos laudos acostados aos autos e de realização de nova perícia na especialidade de psiquiatria. Ao contrário doalegado pela recorrente, a perícia analisou os laudos anexados aos autos, tendo se manifestado, inclusive, pela retirada domedicamento Rivotril prescrito no atestado de fl. 6 (itens 3 e 4 e 17). Ademais, o magistrado sentenciante declinou asrazões para acatar as conclusões do laudo firmado pelo perito nomeado judicialmente, o que o dispensa da enunciaçãoexplícita dos fundamentos pelos quais não adotou o posicionamento dos médicos que, extrajudicialmente, atestaram oquadro clínico da parte autora.

09. No que tange ao pedido de realização de perícia na área de psiquiatria, verifico que a demandante formuloupedido para a concessão de auxílio-doença por apresentar “quadro das áreas” de psiquiatria e, ainda, por ser portadora de“labirintopatia”, “déficit mnêmico’ e “problemas de otorrinolaringologia”, tendo requerido perícia na área deotorrinolaringologia (fl. 02). A perícia judicial, realizada por médico otorrinolaringologista, constatou que existe correlaçãoentre “vertigem e os diversos distúrbios psicológicos”, bem como que as doenças que causam tontura podem gerarinsegurança e ansiedade aos pacientes (fl. 19). Contudo, o especialista afirmou que, para a aferição da incapacidade darecorrente, seriam desnecessários exames complementares (fl. 18), bem como que ele estaria habilitado para informarsobre a aptidão da parte autora para o trabalho. Logo, ante a ausência de elemento do quadro clínico da recorrente, cujoesclarecimento exigisse conhecimento especializado de psiquiatria, que gerasse a impossibilidade de exercício de atividadelaborativa, não identifico violação ao devido processo legal que pudesse acoimar de nulidade a sentença.

10. Ressalto que não há contradição entre o laudo pericial de fls. 17/19 e os esclarecimentos de fl. 32. A médicaperita afirmou que a recorrente pode desenvolver qualquer atividade que não dependa do equilíbrio perfeito (item 17). De talafirmação conclui-se que, ao responder que a incapacidade da autora é temporária, a perita não afirmou que háincapacidade para a função habitual da autora, mas que a incapacidade é parcial e não impede o exercício da função devendedora ambulante. E, mantendo-se coerente, a perita afirmou novamente às fl. 32 que não havia incapacidadelaborativa na data da perícia. A contrariedade ao posicionamento expresso no laudo não é por si suficiente para inquiná-lode nulidade, se ausente indício de que o profissional não cumpriu escrupulosamente o seu encargo ou não preenchidahipótese de impedimento ou suspeição do perito nomeado (arts. 422 e 423, do Código de Processo Civil).

11. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o atestado médico de fl. 06, subscrito por médicopsiquiatra do trabalho da Clínica COPES de Vitória em 04/05/2010, afirma, em primeiro e único atendimento, que a pacienterelata quadro de alterações do humor, dos nexos afetivos com ansiedade, nervosismo, irritabilidade, desânimo,desmotivação, associados à sintomatologia psicossomática e conversiva como tonteira, cefaleia, insônia, irritabilidade,medos, esquecimento, choro imotivado. Sugere manutenção do tratamento. O atestado de fl. 07, subscrito por médicootorrinolaringologista da Clinica Campo Grande em 05/05/2010, afirma que a paciente encontra-se em tratamento delabirintopatia e não possui condições de exercer suas atividades laborativas até segunda ordem. O atestado de fl. 09,subscrito por médico psiquiatra em 18/12/2009, afirma que a paciente apresenta quadro depressivo-ansioso, com sintomassomáticos, labirintopatia, defcit mnêmico. Solicita o afastamento por tempo indeterminado. Contudo, o laudo redigido peloperito nomeado judicialmente, posiciona-se em sentido diverso, tendo sido afirmado que a recorrente é portadora desíndrome vestibular periférica à direita e faz acompanhamento com médico neurologista e psiquiatra. Afirma que o uso damedicação psiquiátrica pode causar sonolência; que a autora deverá manter o acompanhamento com otorrinolaringologistapara eliminar o fator que causa tonturas; que há limitação no que diz respeito a lugares altos a direção de veículos; quepode desenvolver qualquer atividade que não dependa do equilíbrio perfeito; que a autora possui lesão vestibular crônicacompensada; que faz uso de medicação e é acompanhada por otorrinolaringologista. Conclui que não há incapacidadelaborativa (fls. 17/19, 32).

12. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pela recorrente antes da prolação da sentença.

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13. Outrossim, os documentos juntados após a interposição do recurso inominado não atestam fato novo epretendem a renovação da dilação probatória em fase recursal, motivo por que não devem ser considerados no presentejulgamento, conforme orientação já consagrada pelas Turmas Recursais da Seção Judiciária do Rio de Janeiro: “Omomento processual da aferição da incapacidade para fins de benefícios previdenciários ou assistenciais é o da confecçãodo laudo pericial, constituindo violação ao princípio do contraditório e da ampla defesa a juntada, após esse momento, denovos documentos ou a formulação de novas alegações que digam respeito à afirmada incapacidade, seja em razão damesma afecção ou de outra” (Enunciado 84).

14. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

15. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 12).

16. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

17. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

63 - 0000388-29.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000388-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x PEDRO SANDES LOUREIRO (ADVOGADO:ES013789 - FERNANDA ANDRADE SANTANA, ES012184 - ANDRÉ CAMPANHARO PÁDUA.).RECURSO Nº 0000388-29.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000388-1/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: PEDRO SANDES LOUREIRORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. HABILITAÇÃO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. DIB. AJUIZAMENTO DAAÇÃO. RECURSO DO INSS CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. O recebimento das parcelas vencidas antes da implantação do benefício em favor do segurado falecido deve sersomente feito aos dependentes habilitados à pensão por morte, por força da especialidade da regra do art. 112, da Lei n.8.213/91, em relação à sucessão civil.2. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.3. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à data do início do benefício. Laudo pericial que afirma a existênciada incapacidade na data da propositura da ação. Autor portador de aneurisma sacular do complexo comunicante anteriorlevando provavelmente à síndrome vertebro basilar.4. Recurso do INSS conhecido e desprovido. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Honorários advocatícios devidos pelaparte recorrente, correspondentes a 10% sobre o valor da condenação (art. 55 da Lei nº 9.099/95).

RELATÓRIO

O INSS interpõe recurso inominado, às fls. 70/73, contra sentença (fls. 65/67), proferida pelo MM. Juiz do Juizado EspecialFederal de Linhares, que julgou parcialmente procedente o pedido para condenar o INSS a conceder benefício deauxílio-doença desde a data do ajuizamento da ação (24/05/2010) e a implantar o benefício de aposentadoria por invalideza partir de 19/01/2011, data da perícia judicial.

02. A autarquia se insurge apenas quanto à data do início do benefício de auxílio-doença fixado na sentença.Sustenta que a pericia administrativa somente pode ser elidida pela perícia judicial. Afirma que a perícia judicial atestou quehavia incapacidade desde a data do ajuizamento da ação, porém constatou que o autor renovara sua CNH em 22/11/2010,

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com validade até 19/11/2013 e que tal fato fora relatado pelo assistente técnico do INSS. Alega que a data do início dobenefício não pode retroagir à data da propositura da ação por ter o autor sido aprovado nos exames para renovação deCNH categoria E (profissional) em data posterior. Aduz que o autor renovou a CNH com objetivo claro de trabalhar.

03. O autor ofereceu contrarrazões, às fls. 82/84, nas quais requer o desprovimento do recurso, sob o fundamentode que, embora tenha renovado a CNH, não conseguiu trabalhar por causa da incapacidade constatada pela perícia judicial.

04. Pedido de habilitação às fls. 120/141. Manifestação do INSS (fl. 144).

05. É o Relatório.

VOTO

06. O requerimento de habilitação está devidamente instruído com documentos que comprovam o óbito do autor e acondição de sucessores dos requerentes (fls. 120/141). Intimado a se manifestar, o INSS não se opôs ao pedido (fl. 144).Contudo, o recebimento das parcelas vencidas antes da implantação do benefício somente deve ser feito a favor dosdependentes habilitados à pensão por morte, por força da especialidade da regra do art. 112, da Lei n. 8.213/91, em relaçãoà sucessão civil. Logo, homologo unicamente a habilitação de MARIA DE AGUIAR LOUREIRO, ex-cônjuge do falecidosegurado, uma vez que seus filhos eram capazes e maiores de 21 anos à data do óbito. Retifique-se, pois, a autuação parafazer constar o nome de Maria de Aguiar Loureiro, na condição de sucessora.

07. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado interposto e passo ao exame do seumérito.

08. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

09. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à data do início do benefício de auxílio-doença fixada nasentença.

10. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que o laudo firmado pelo perito nomeado judicialmenteconsigna, às fls. 37/42, que o demandante é portador de aneurisma sacular do complexo comunicante anterior levandoprovavelmente a síndrome vertebro basilar e que, na data do ajuizamento da ação, já existia a incapacidade laborativa.Também afirmou que o autor renovou a CNH em 22/11/2010 e sugeriu a “retirada” do referido documento. A renovação daCNH em data posterior ao ajuizamento da ação não infirma a conclusão do especialista no sentido de que já haviaincapacidade na data da propositura da demanda. Com efeito, a avaliação feita para renovação de habilitação para dirigirtem conteúdo distinto do exame realizado para aferir a capacidade do segurado para o trabalho. Ademais, a renovação dehabilitação na categoria E não indica que o autor reunia as condições para o desempenho de atividade de motoristaprofissional de forma contínua e estável. Sendo assim, a simples renovação de CNH em categoria profissional não atesta acapacidade laborativa do seu portador.

12. Em face de tais constatações, a sentença não merece reparos no que tange à fixação da data de início doauxílio-doença e da sua conversão em aposentadoria por invalidez. Nesse sentido, transcrevo ementa do acórdão prolatadopela Turma Nacional de Uniformização em julgamento do PEDILEF 200933007005625 (Rel. Juiz Federal Adel Américo deOliveira, D.O.U 01.03.2013):INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE. RESTABELECIMENTO DEAUXÍLIO-DOENÇA CESSADO ADMINISTRATIVAMENTE. EXERCÍCIO DE ATIVIDADE LABORAL REMUNERADA NOPERÍODO EM QUE RECONHECIDA A INCAPACIDADE PELA PERÍCIA JUDICIAL. DIREITO AOS VALORES RELATIVOSAO BENEFÍCIO DESDE A INCORRETA CESSAÇÃO PELO INSS. APLICAÇÃO DAS QUESTÕES DE ORDEM 03 E 13DESTA TNU. INCIDENTE NÃO CONHECIDO. 1. Pedido de restabelecimento de auxílio-doença e conversão emaposentadoria por invalidez. 2. Sentença de procedência do pedido, determinando o restabelecimento do auxílio-doença acontar de seu cancelamento na via administrativa e a concessão de aposentadoria por invalidez a partir da data deelaboração do laudo pericial judicial. 3. Manutenção da sentença pela 2ª Turma Recursal da Bahia, nos termos do art. 46 daLei nº 9.099/95. 4. Incidente de uniformização de jurisprudência, interposto pelo INSS, com fundamento no art. 14, § 2º, daLei nº 10.259/2001. 5. Alegação de que o acórdão é divergente de julgados das Turmas Recursais do Paraná e de SantaCatarina, segundo os quais o exercício de atividade laboral pelo segurado em período posterior ao cancelamento dobenefício por incapacidade na via administrativa prejudicaria o pagamento de atrasados devidos no período. 6. Incidenteinadmitido pela Presidência da Turma Recursal de origem. 7. Pedido de reconsideração na forma do RITNU. 8.Inicialmente, tenho que o incidente não deve ser conhecido, pois os paradigmas evocados pelo recorrente – julgados deTurmas Recursais de diferente região extraídos da internet – não possuem endereço URL que remeta diretamente àdecisão, não tendo sido observada a Questão de Ordem 03/TNU – “A cópia do acórdão paradigma somente é obrigatória

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quando se tratar de divergência entre julgados de turmas recursais de diferentes regiões, sendo exigida, no caso de julgadoobtido por meio da internet, a indicação da fonte eletrônica (URL)”. 9. Outrossim, a questão já foi pacificada no âmbito destaTurma Nacional de Uniformização, no seguinte sentido: “PREVIDENCIÁRIO. CONCESSÃO DEAUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. TRABALHO EXERCIDO NO PERÍODO EM QUERECONHECIDO INCAPACIDADE LABORAL PELA PERÍCIA MÉDICA. DIREITO AO BENEFÍCIO DESDE O INCORRETOCANCELAMENTO PELO INSS. 1. O trabalho exercido pelo segurado no período em que estava incapaz decorre danecessidade de sobrevivência, com inegável sacrifício da saúde do obreiro e possibilidade de agravamento do estadomórbido. 2. O benefício por incapacidade deve ser concedido desde o indevido cancelamento, sob pena de o Judiciáriorecompensar a falta de eficiência do INSS na hipótese dos autos, pois, inegavelmente, o benefício foi negado erroneamentepela perícia médica da Autarquia. 3. Incidente conhecido e improvido. (PEDILEF 200650500062090, JUIZ FEDERALANTÔNIO FERNANDO SCHENKEL DO AMARAL E SILVA, DOU 25/11/2011.). 10. Aplicação da Questão de Ordem13/TNU – “Não cabe Pedido de Uniformização, quando a jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização deJurisprudência dos Juizados Especiais Federais se firmou no mesmo sentido do acórdão recorrido”. 11. Incidente deuniformização de jurisprudência não conhecido, nos termos acima.

13. Ante o exposto, defiro a habilitação de MARIA DE AGUIAR LOUREIRO, conheço o recurso e nego-lheprovimento. Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, correspondentesa 10% sobre o valor da condenação (art. 55 da Lei nº 9.099/95).

13. À Secretaria das Turmas Recursais, para proceder às anotações necessárias para a sucessão processual.Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

64 - 0002710-31.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002710-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CARMEM SALUSTIANO DOSSANTOS (ADVOGADO: ES017092 - GAUDENCIO BARBOSA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.).RECURSO Nº 0002710-31.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002710-0/01)RECORRENTE: CARMEM SALUSTIANO DOS SANTOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autora portadora de câncer de mama, submetida a cirurgia. Laudo pericial no qual se atesta a capacidade para otrabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

CARMEM SALUSTIANO DOS SANTOS interpõe recurso inominado, às fls. 118/121, contra sentença (fls. 115/116),proferida pela MMa. Juíza do 2º Juizado Especial Federal de Vitória, que julgou improcedentes os pedidos para condenar oINSS a restabelecer o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez a contar de sua cessação.

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02. A recorrente afirma que é portadora de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o seu efetivo exercícioprofissional não é possível devido às suas condições de saúde que não apresentaram melhora desde 2007.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 126/128, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que olaudo emitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral da recorrente, conforme conclusões jáapresentadas pelo médico perito do INSS.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). A recorrente sustenta que é portadora de doença incapacitante para oexercício de atividade laboral e que o julgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aosautos.

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados/exames/receitas de fls. 23/26, 35/42,44/47, 50 e 56 são contemporâneos ao período em que a autora fez jus à percepção do benefício de auxílio-doença nº522.232.208-0 (05/10/2007 a 30/03/2009), após ter se submetido à cirurgia para retirada de câncer de mama. Foramanexadas as mamografias de fls. 31/34. Os documentos de fls. 27/30 se referem à cirurgia de mão a que a autora forasubmetida e que não fundamentou o pedido de restabelecimento do benefício nº 522.232.208-0. O atestado de fl. 22encontra-se ilegível. O atestado de fl. 70 informa que a autora encontra-se em tratamento oncológico. Sendo assim, o únicoatestado que afirma a incapacidade da autora, em razão de neoplasia mamária, após a cessação do benefício, é o de fl. 21,subscrito por médico mastologista do Hospital Santa Rita em 09/11/2009. Contudo, o laudo redigido pelo perito nomeadojudicialmente posiciona-se em sentido diverso, tendo sido afirmado que a recorrente é portadora de carcinona intraductal demama direita, submetida a quadrantectomia e linfoadenectomia axilar direita; que a doença e seu tratamento não induzem àincapacidade laborativa, apenas a cirurgia e o tratamento radioterápico pós-operatório levam à incapacidade temporária;que na data da cessação do benefício já havia decorrido tempo suficiente para a recuperação da paciente. Concluiu quenão há incapacidade laborativa (fls. 82/83).

09. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior aos atestadosjuntados pela recorrente. A manutenção do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-se no quadro clínicoatual do segurado, o qual permite o seu retorno ao trabalho, conforme demonstram as provas produzidas nos autos.

10. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Contudo, não atendidos os requisitos legais para aconcessão dos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dossegurados.

11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 123).

12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

65 - 0003574-69.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003574-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) HENRIQUE PENA MIRANDA(DEF.PUB: Karina Rocha Mitleg Bayerl.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: CLEBSONDA SILVEIRA.).RECURSO Nº 0003574-69.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003574-0/01)RECORRENTE: HENRIQUE PENA MIRANDA

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RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELA INCAPACIDADELABORATIVA PARCIAL DA PARTE AUTORA. REABILITAÇÃO. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO EDESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. Autor portador de artrodese de coluna cervical-C3 a C6 e protusão discal L1 e L4. Laudo pericial no qual se atesta aincapacidade parcial para o trabalho. Reabilitação.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

HENRIQUE PENA MIRANDA interpõe recurso inominado, às fls. 78/83, contra sentença (fls. 73/74), proferida pelo MM. Juizdo 3º Juizado Especial Federal de Vitória, que julgou procedente em parte o pedido para condenar o INSS a restabelecer obenefício de auxílio-doença. O pedido de conversão do benefício de auxílio-doença em aposentadoria por invalidez foijulgado improcedente.

02. O recorrente afirma que é portador de doença incapacitante para o exercício de qualquer atividade laboral e queo julgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que é portador de doençadegenerativa que causa intensa dor e desconforto. Aduz que a natureza da patologia, a sua idade, seu grau de instrução e apequena experiência profissional são indicadores do direito à percepção do benefício de aposentadoria por invalidez.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 85/86, nas quais requer o desprovimento do recurso, sob o fundamentode que a pericia judicial, corroborando com a perícia administrativa, asseverou que a parte autora poderá ser reabilitadapara atividade laborativa compatível com suas limitações físicas.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) demodo total e permanente sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta asubsistência (art. 42, caput, da Lei n. 8.213/91). O recorrente sustenta que é portador de doença incapacitante para oexercício de qualquer atividade laboral e que o julgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provascarreadas aos autos.

08. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que não há laudo que indique a incapacidade da parteautora para qualquer atividade laborativa. O atestado de fl. 28, subscrito por médico ortopedista da Clínica Pró-Coluna em12/05/2010, afirma que o paciente é portador de dor crônica lombar e cervical, com indicação de tratamento cirúrgico(artrodese). Aduz que “trata-se de um paciente que possui atividade pesada necessitando regressão do quadro doloroso

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para uma posterior reabilitação mecânico-postural a fim de retornar a uma atividade laborativa concreta”. O atestado de fl.36, elaborado em 19/07/2010, é do mesmo teor e subscrito pelo mesmo profissional que redigiu o laudo de fl. 28. Constadata prevista para cirurgia. Os documentos de fls. 47/49 se referem à cirurgia realizada em 29/07/2010 e não relatamincapacidade. Por sua vez, o laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente, em 15/09/2010, é claro ao afirmar que oautor é portador de artrodese de coluna cervical em C3 a C6 e protusão discal L1 e L4 e, ao exame físico ortopédico,apresentou alterações que o incapacitam para o trabalho pesado que exija esforço com a coluna vertebral. Afirma que oautor apresenta diminuição da mobilidade da coluna vertebral cervical, não há diminuição de força muscular ou alteraçõesneurológicas periféricas e pode ser reabilitado para outra função que não exija esforços com a coluna vertebral (fl. 56).

09. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e as conclusões nele expedidas convencem oJuízo.

10. Cabe ressaltar que a criação da Seguridade Social pressupõe a manutenção das condições dignas de trabalho,razão por que a comprovada incapacidade para o trabalho, temporária ou permanente, deve ser acompanhada pelo amparonecessário para a manutenção da subsistência do trabalhador. Na presente hipótese, o autor nasceu em 11/07/1966 (fl. 22)e tem trabalhado como ajudante de caminhão (fls. 01 e 56). Embora as dores, que ele sofre, possam prejudicar odesempenho do trabalho de ajudante de caminhão, inexiste obstáculo para que o recorrente possa se dedicar a outrasatividades econômicas, que exijam menor rigor físico. Desse modo, não atendidos os requisitos legais para a concessãodos benefícios, o Poder Judiciário não poderá adotar outros critérios mais favoráveis à pretensão dos segurados.

11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

13. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

66 - 0006433-58.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006433-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MAURO FERREIRA DONASCIMENTO (DEF.PUB: RICARDO FIGUEIREDO GIORI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.).RECURSO Nº 0006433-58.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006433-8/01)RECORRENTE: MAURO FERREIRA DO NASCIMENTORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTAPREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA/APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. LAUDO PERICIAL CONCLUIU PELACAPACIDADE LABORATIVA DA PARTE AUTORA. TRANSTORNOS DEPRESSIVO E DE ESTRESSEPÓS-TRAUMÁTICO. RECURSO DA PARTE AUTORA CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.1. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios por incapacidade:a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo a possibilidade derecuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria por invalidez; b) carência de12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade de segurado.2. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para a atividadehabitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91) de modo totale permanente, sem que haja possibilidade de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência (art.42, caput, da Lei n. 8.213/91).3. A contrariedade ao posicionamento expresso no laudo não é por si suficiente para inquiná-lo de nulidade, se ausenteindício de que o profissional não cumpriu escrupulosamente o seu encargo ou não preenchida hipótese de impedimento oususpeição do perito nomeado (arts. 422 e 423, do Código de Processo Civil). Laudo do perito judicial no qual se atesta acapacidade da autora para o trabalho.4. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50.

RELATÓRIO

MAURO FERREIRA DO NASCIMENTO interpõe recurso inominado, às fls. 59/64, contra sentença (fls. 55/56), proferida

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pelo MM. Juiz do 3º Juizado Especial Federal de Vitória, que julgou improcedentes os pedidos para condenar o INSS arestabelecer o benefício de auxílio-doença e convertê-lo em aposentadoria por invalidez a contar de sua cessação.

02. O recorrente afirma que é portador de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que ojulgamento de improcedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o laudo pericial possuitermos superficiais e inconclusivos e, embora tenha diagnosticado as mesmas enfermidades citadas pelo médico que faz otratamento do autor, chegou à conclusão oposta no que tange à capacidade laborativa. Sustenta que a análise do laudopericial deveria ter sido feita com os demais documentos anexados aos autos, que atestam a incapacidade laborativa.

03. O INSS ofereceu contrarrazões, às fls. 87/89, nas quais requer o desprovimento do recurso, uma vez que o laudoemitido por perito nomeado pelo Juízo atesta a plena capacidade laboral do recorrente, conforme conclusões jáapresentadas pelo médico perito do INSS. Pugna pela desconsideração dos documentos anexados às fls. 65/83, por nãoterem sido anexados no momento oportuno.

04. É o Relatório.

VOTO

05. Preenchidos os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso inominado e passo ao exame do seu mérito.

06. A Lei nº 8.213/91 exige o cumprimento simultâneo de três requisitos para a concessão dos benefícios porincapacidade: a) incapacidade para o trabalho: a.1) total ou parcial em se tratando de auxílio doença, admitindo apossibilidade de recuperação; a.2) total e permanente para qualquer atividade em se tratando de aposentadoria porinvalidez; b) carência de 12 contribuições mensais (art. 25, I), excetuadas as hipóteses do seu art. 26, II, e ; c) qualidade desegurado.

07. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à existência de incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual desenvolvida pelo segurado por mais de quinze dias consecutivos (art. 59, caput, da Lei nº 8.213/91). Orecorrente sustenta que é portador de doença incapacitante para o exercício de atividade laboral e que o julgamento deimprocedência desconsiderou o conjunto das provas carreadas aos autos. Alega que o laudo pericial possui termossuperficiais e que a sua análise deveria ter sido feita com os demais documentos anexados aos autos, que atestam aincapacidade laborativa.

08. Ressalto, inicialmente, que a oposição às conclusões apresentadas pelo especialista está reservada ao âmbitoda crítica às provas produzidas no curso da dilação processual. A contrariedade ao posicionamento expresso no laudo nãoé por si suficiente para inquiná-lo de nulidade, se ausente indício de que o profissional não cumpriu escrupulosamente o seuencargo ou não preenchida hipótese de impedimento ou suspeição do perito nomeado (arts. 422 e 423, do Código deProcesso Civil).

09. Da leitura dos documentos juntados aos autos, verifico que os atestados de fls. 14/22 são contemporâneos aoperíodo em que o recorrente fez jus à percepção do benefício de auxílio-doença nº 516.529.384-0 (02/05/2006 a04/08/2010). Os atestados de fls. 12 e 13, subscritos após a cessação do benefício nº 516.529.384-0 pelo médicopsiquiatra que faz o tratamento do autor, relatam as doenças que o acometem, informam a medicação utilizada, mas nãoatestam a sua incapacidade laboral. Por sua vez, o laudo redigido pelo perito nomeado judicialmente afirma que orecorrente é portador de transtorno depressivo e transtorno de estresse pós-traumático; que possui aptidão física e mentalpara exercer a atividade habitual, por estar lúcido, cooperativo, orientado no tempo e no espaço, calmo e respondendo comcoerência às perguntas; não apresentou sinais ou sintomas de quadro psicótico; não apresentou distúrbios docomportamento, nem alterações senso-perceptivas dignas de nota. Concluiu que não há incapacidade laborativa,considerando o trabalho de vigilante desempenhado pelo autor (fls. 35/37).

10. Observo que o laudo judicial está idoneamente fundamentado e foi firmado em data posterior ao atestado juntadopelo recorrente em sua petição inicial. A concessão do benefício previdenciário de auxílio-doença deve basear-se no quadroclínico atual do segurado, o qual permite o seu retorno ao trabalho com o uso da medicação adequada, conformedemonstram as provas produzidas nos autos. Ademais, o especialista nomeado judicialmente não identificou desequilíbrioemocional em grau que pudesse comprometer a exposição do autor às situações de risco inerentes ao trabalhodesempenhado por ele, motivo por que reputo válida a prova produzida em Juízo.

11. Quanto aos documentos juntados após a prolação da sentença, registro que as Turmas Recursais do Rio deJaneiro consagraram orientação no sentido de que “O momento processual da aferição da incapacidade para fins debenefícios previdenciários ou assistenciais é o da confecção do laudo pericial, constituindo violação ao princípio docontraditório e da ampla defesa a juntada, após esse momento, de novos documentos ou a formulação de novas alegaçõesque digam respeito à afirmada incapacidade, seja em razão da mesma afecção ou de outra” (Enunciado 84).

12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas e honoráriosadvocatícios, tendo em vista o deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 30).

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos ao Juizado de origem.

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14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

67 - 0000740-59.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000740-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x JOSE MARCOS BOREL (ADVOGADO: ES008886 - GILBERTO JOSE DESANTANA JR.).RECURSO Nº 0000740-59.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000740-2/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALRECORRIDO: JOSE MARCOS BORELRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PROCESSO CIVIL. COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR.PROMOÇÃO. AGENTE DA POLÍCIA FEDERAL.1. O art. 3º, §1º, III, da Lei n. 10.259/01, exclui as ações, nas quais o pedido deduzido vise à desconstituição ou adeclaração de nulidade de ato administrativo, da competência dos Juizados Especiais Federais, ressalvadas as situaçõesem que o ato impugnado for de natureza previdenciária ou veicular lançamento fiscal. A restrição mencionada deve serinterpretada em conformidade com a previsão contida no art. 98, I, da Constituição da República de 1988, que dispõe que acriação dos Juizados Especiais está voltada à resolução de causas de “menor complexidade”, tendo-se em vista que acompetência para julgamento de disputas que exijam uma dilação probatória mais extensa poderia comprometer apromoção do acesso à justiça por um rito simples e mais célere.2. Esses propósitos se somam à interpretação que venha a ser dada ao art. 3º, §1º, III, da Lei n. 10.259/01, uma vez que aaferição da competência do Juizado deve ter como parâmetro o pedido imediato do autor, a despeito de as suasconsequências implicarem a superação de prévia negativa apresentada pela Administração Pública a requerimento de igualteor.3. A definição de uma única data para a promoção conjunta dos servidores habilitados viola o princípio da isonomia (art. 5º,caput, da Constituição da República de 1988), sem que haja fundamento legal e constitucional legítimo para que seja feitaequiparação entre integrantes da carreira que tenham cumprido os requisitos para a promoção em datas distintas, razão porque a invalidade do lapso temporal fixado pelo art. 5º, do Decreto n. 2.565/98deve ser reconhecida. Precedentes das CortesRegionais Federais.4. Recurso conhecido e parcialmente provido apenas para declarar prescritas as parcelas relacionadas ao pagamento dasdiferenças decorrentes da promoção do autor, da 2ª para a 1ª classe, no cargo de agente da polícia federal, em 07.01.2002.Sem condenação ao pagamento de custas (art. 4º, I, da Lei n. 9.289/95). Honorários advocatícios fixados em 10% (dez porcento) sobre o valor da condenação (art. 55, da Lei n. 9.099//95).

RELATÓRIO

UNIÃO interpõe recurso inominado, às fls. 46/59, contra sentença (fls. 42/44) proferida pela MMa. Juíza do 2º JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo que julgou procedente pedido para condená-la a reconhecer comomarco inicial da promoção do autor, da 2ª para a 1ª classe, no cargo de agente da polícia federal, o dia de 07.01.2002, e da1ª para a classe especial, o dia de 07.01.2007, bem como a pagar a diferença entre a remuneração recebida e aquelaproveniente das respectivas promoções, respeitada a prescrição quinquenal.

02. A recorrente alega que os Juizados Especiais Federais são absolutamente incompetentes para processar e julgara causa, nos termos do art. 3º, §1º, III, da Lei n. 10.259/01, uma vez que o pedido formulado pressupõe a declaração denulidade das Portarias ns. 75, de 31.01.2002, e 306, de 30.01.2007, firmadas pelo chefe do Departamento de PolíciaFederal. Sustenta que a pretensão condenatória está prescrita, em obediência ao prazo quinquenal previsto pelo art. 1º, doDecreto n. 20.910/32, bem como que a administração observou o princípio da legalidade, ao cumprir o disposto pelo art. 5º,do Decreto n. 2.565/98, segundo o qual os efeitos financeiros da promoção devem viger a partir de 1º de março.Adicionalmente, afirma que o art. 7º, do Decreto n. 7.014, de 23 de novembro de 2009, modificou tal regra ao dispor que osefeitos administrativos e financeiros da promoção devem ser observados a partir do primeiro dia do mês subsequente emque o servidor completar os requisitos para tanto, porém, tal norma não poderia ter eficácia retroativa.

03. Contrarrazões às fls. 63/69, nas quais o recorrido sustenta a competência dos Juizados Especiais Federais, ainexistência da prescrição do fundo de direito (art. 3º, do Decreto n. 20.910/32) e que o entendimento adotado pela Uniãoafronta o princípio da isonomia.

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04. É o relatório.VOTO

05. Preenchidos os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo ao exame do seu mérito.

06. Em análise da competência do Juizado Especial Federal para processar e julgar a demanda, destaco que o art.3º, §1º, III, da Lei n. 10.259/01, exclui de seu âmbito as ações nas quais o pedido deduzido vise à desconstituição ou adeclaração de nulidade de ato administrativo, ressalvadas as situações em que o ato impugnado for de naturezaprevidenciária ou veicular lançamento fiscal. A restrição mencionada deve ser interpretada em conformidade com aprevisão contida no art. 98, I, da Constituição da República de 1988, que dispôs que a criação dos Juizados Especiais estávoltada à resolução de causas de “menor complexidade”, tendo-se em vista que a competência para julgamento de disputasque exijam uma dilação probatória mais extensa poderia comprometer a promoção do acesso à justiça por um rito simplese mais célere.

07. Esses propósitos se somam à interpretação que venha a ser dada ao art. 3º, §1º, III, da Lei n. 10.259/01, umavez que a aferição da competência do Juizado deve ter como parâmetro o pedido imediato do autor, a despeito de as suasconsequências implicarem a superação de prévia negativa apresentada pela Administração Pública a requerimento de igualteor. Com efeito, a oposição da parte ré não é por si um fator idôneo para infirmar a competência dos Juizados EspeciaisFederais, eis que a sua presença é elemento configurador da resistência própria ao conceito de lide. O aspecto relevante aser observado é o conteúdo principal do pleito, não devendo o julgador se ater à repercussão reflexa do julgamento deprocedência, que poderá resultar na nulidade do ato administrativo (STJ, AgR no CC 104.332, Terceira Seção, Rel. Min.Felix Fischer, DJE 25.08.2009).

08. No presente recurso, o pedido cinge-se à condenação da União ao pagamento da diferença entre asremunerações de classes, no período compreendido entre o momento em que o servidor reuniu os requisitos para apromoção e data fixada em regulamento, não sendo pleiteada a declaração de nulidade das Portarias ns. 75, de31.01.2002, e 306, de 30.01.2007, firmadas pelo chefe do Departamento de Polícia Federal (fl. 40). Logo, não identificofundamento idôneo para afastar a competência do Juizado Especial Federal para julgar a demanda.

09. Ao proceder ao exame da prescrição alegada, cumpre observar que a parte autora ajuizou a ação, em 11 dejaneiro de 2011 (fls. 01/02), para pagamento de diferenças apuradas entre janeiro e março de 2002, bem como entre janeiroe março de 2007. Portanto, ainda que não se entenda que houve a prescrição do fundo de direito alegado, as parcelasanteriores a 01 de janeiro de 2006 já estariam prescritas, por força do disposto pelo art. 1º, do Decreto n. 20.910/32. Dessemodo, assiste parcial razão à União a fim de que seja declarada a prescrição da exigibilidade do pedido relacionado à suacondenação ao pagamento das parcelas relacionadas à promoção do recorrido da 2ª para a 1ª classe a contar de janeiro de2002.

10. Adicionalmente, no que atine à postergação dos efeitos administrativos e financeiros da promoção, cabedestacar que a Lei n.º 9.266/96, com a redação dada pela Lei n.º 11.095/2005, estabelece, em seu art. 2.º, caput eparágrafos, que o ingresso nos cargos da Carreira Policial Federal far-se-á mediante concurso público, exigido o cursosuperior completo, em nível de graduação, sendo que regulamento disporá quanto aos requisitos e condições deprogressão e promoção na Carreira Policial Federal.

11. O Decreto n. 2.565/98, vigente à data da promoção do autor, ao regulamentar os seus critérios, determinou comorequisitos cumulativos para a promoção na Carreira Policial Federal a avaliação de desempenho satisfatório e 5 (cinco)anos ininterruptos de efetivo exercício na classe em que estivesse posicionado. No entanto, o seu art. 5.º delimitava que omarco inicial dos efeitos financeiros para promoção seria 1.º de março do ano seguinte ao preenchimento dos requisitos. Adefinição de uma única data para a promoção conjunta dos servidores habilitados viola o princípio da isonomia (art. 5º,caput, da Constituição da República de 1988), sem que haja fundamento legal e constitucional legítimo para que seja feitaequiparação entre integrantes da carreira que tenham cumprido os requisitos para a promoção em datas distintas, razão porque a invalidade do lapso temporal fixado deve ser reconhecida (cf. TRF da 1ª Região, AC 20073800142759, SegundaTurma, Rel. Des. Fed. Monica Sifuentes, DJF1 30.06.2011; TRF da 2ª Região, AC 201051010043801, Sexta Turma, Rel.Des. Fed. Guilherme Calmon Nogueira da Gama, DJF2R 21.11.2012; TRF da 5ª Região, APELREEX 200981000029270,Segunda Turma, Rel. Des. Fed. Paulo Gadelha, DJE 24.05.2012, p. 377).

12. A incorreção contida no art. 5º, do Decreto n. 2.568/98, foi superada pelo Decreto n. 7.014, de 23 de novembrode 2009, cujo art. 7º, dispõe que a repercussão administrativa e financeira dos atos de promoção vigorará “a partir doprimeiro dia do mês subsequente à data em que o servidor completar todos os requisitos para a promoção”. Embora aaplicação retroativa do regulamento não seja possível ante a ausência de regra expressa nesse sentido, a sua aprovação éum indicativo da constatação da falha da disciplina anterior, contrária à isonomia nos termos da fundamentação jádeclinada.

13. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe parcial provimento apenas para declarar prescritas as parcelasrelacionadas ao pagamento das diferenças decorrentes da promoção do autor, da 2ª para a 1ª classe, no cargo de agenteda polícia federal, em 07.01.2002. Sem condenação ao pagamento de custas (art. 4º, I, da Lei n. 9.289/95). Honoráriosadvocatícios fixados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (art. 55, da Lei n. 9.099/95).

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(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

68 - 0005450-59.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005450-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x SOLIMANI ANDES BOMFIM (ADVOGADO: ES008886 - GILBERTO JOSEDE SANTANA JR.).RECURSO Nº 0005450-59.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005450-3/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALRECORRIDO: SOLIMANI ANDES BOMFIMRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PROCESSO CIVIL. COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR.PROMOÇÃO. AGENTE DA POLÍCIA FEDERAL.1. O art. 3º, §1º, III, da Lei n. 10.259/01, exclui as ações, nas quais o pedido deduzido vise à desconstituição ou adeclaração de nulidade de ato administrativo, da competência dos Juizados Especiais Federais, ressalvadas as situaçõesem que o ato impugnado for de natureza previdenciária ou veicular lançamento fiscal. A restrição mencionada deve serinterpretada em conformidade com a previsão contida no art. 98, I, da Constituição da República de 1988, que dispõe que acriação dos Juizados Especiais está voltada à resolução de causas de “menor complexidade”, tendo-se em vista que acompetência para julgamento de disputas que exijam uma dilação probatória mais extensa poderia comprometer apromoção do acesso à justiça por um rito simples e mais célere.2. Esses propósitos se somam à interpretação que venha a ser dada ao art. 3º, §1º, III, da Lei n. 10.259/01, uma vez que aaferição da competência do Juizado deve ter como parâmetro o pedido imediato do autor, a despeito de as suasconsequências implicarem a superação de prévia negativa apresentada pela Administração Pública a requerimento de igualteor.3. A definição de uma única data para a promoção conjunta dos servidores habilitados viola o princípio da isonomia (art. 5º,caput, da Constituição da República de 1988), sem que haja fundamento legal e constitucional legítimo para que seja feitaequiparação entre integrantes da carreira que tenham cumprido os requisitos para a promoção em datas distintas, razão porque a invalidade do lapso temporal fixado pelo art. 5º, do Decreto n. 2.565/98deve ser reconhecida. Precedentes das CortesRegionais Federais.4. Recurso conhecido e parcialmente provido apenas para declarar prescritas as parcelas relacionadas ao pagamento dasdiferenças decorrentes da promoção do autor, da 2ª para a 1ª classe, no cargo de agente da polícia federal, em 11.01.2004.Sem condenação ao pagamento de custas (art. 4º, I, da Lei n. 9.289/95). Honorários advocatícios fixados em 10% (dez porcento) sobre o valor da condenação (art. 55, da Lei n. 9.099//95).

RELATÓRIOUNIÃO interpõe recurso inominado, às fls. 53/65, contra sentença (fls. 48/50) proferida pela MMa. Juíza do 2º JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo que julgou procedente pedido para condená-la a reconhecer comomarco inicial da promoção do autor, da 2ª para a 1ª classe, no cargo de agente da polícia federal, o dia de 11.01.2004, e da1ª para a classe especial, o dia de 11.01.2009, bem como a pagar a diferença entre a remuneração recebida e aquelaproveniente das respectivas promoções, respeitada a prescrição quinquenal.

02. A recorrente alega que os Juizados Especiais Federais são absolutamente incompetentes para processar e julgara causa, nos termos do art. 3º, §1º, III, da Lei n. 10.259/01, uma vez que o pedido formulado pressupõe a declaração denulidade das Portarias ns. 184, de 18.02.2004, e 107, de 28.01.2009, firmadas pelo chefe do Departamento de PolíciaFederal. Sustenta que a pretensão condenatória está prescrita, em obediência ao prazo quinquenal previsto pelo art. 1º, doDecreto n. 20.910/32, bem como que a administração observou o princípio da legalidade, ao cumprir o disposto pelo art. 5º,do Decreto n. 2.565/98, segundo o qual os efeitos financeiros da promoção devem viger a partir de 1º de março.Adicionalmente, afirma que o art. 7º, do Decreto n. 7.014, de 23 de novembro de 2009, modificou tal regra ao dispor que osefeitos administrativos e financeiros da promoção devem ser observados a partir do primeiro dia do mês subsequente emque o servidor completar os requisitos para tanto, porém, tal norma não poderia ter eficácia retroativa.

03. Contrarrazões às fls. 70/75, nas quais o recorrido sustenta a competência dos Juizados Especiais Federais, ainexistência da prescrição do fundo de direito (art. 3º, do Decreto n. 20.910/32) e que o entendimento adotado pela Uniãoafronta o princípio da isonomia.

04. É o relatório.

VOTO

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05. Preenchidos os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo ao exame do seu mérito.

06. Em análise da competência do Juizado Especial Federal para processar e julgar a demanda, destaco que o art.3º, §1º, III, da Lei n. 10.259/01, exclui de seu âmbito as ações nas quais o pedido deduzido vise à desconstituição ou adeclaração de nulidade de ato administrativo, ressalvadas as situações em que o ato impugnado for de naturezaprevidenciária ou veicular lançamento fiscal. A restrição mencionada deve ser interpretada em conformidade com aprevisão contida no art. 98, I, da Constituição da República de 1988, que dispôs que a criação dos Juizados Especiais estávoltada à resolução de causas de “menor complexidade”, tendo-se em vista que a competência para julgamento de disputasque exijam uma dilação probatória mais extensa poderia comprometer a promoção do acesso à justiça por um rito simplese mais célere.

07. Esses propósitos se somam à interpretação que venha a ser dada ao art. 3º, §1º, III, da Lei n. 10.259/01, umavez que a aferição da competência do Juizado deve ter como parâmetro o pedido imediato do autor, a despeito de as suasconsequências implicarem a superação de prévia negativa apresentada pela Administração Pública a requerimento de igualteor. Com efeito, a oposição da parte ré não é por si um fator idôneo para infirmar a competência dos Juizados EspeciaisFederais, eis que a sua presença é elemento configurador da resistência própria ao conceito de lide. O aspecto relevante aser observado é o conteúdo principal do pleito, não devendo o julgador se ater à repercussão reflexa do julgamento deprocedência, que poderá resultar na nulidade do ato administrativo (STJ, AgR no CC 104.332, Terceira Seção, Rel. Min.Felix Fischer, DJE 25.08.2009).

08. No presente recurso, o pedido cinge-se à condenação da União ao pagamento da diferença entre asremunerações de classes, no período compreendido entre o momento em que o servidor reuniu os requisitos para apromoção e data fixada em regulamento, não sendo pleiteada a declaração de nulidade das Portarias ns. 184, de18.02.2004, e 107, de 28.01.2009, firmadas pelo chefe do Departamento de Polícia Federal. Logo, não identificofundamento idôneo para afastar a competência do Juizado Especial Federal para julgar a demanda.

09. Ao proceder ao exame da prescrição alegada, cumpre observar que a parte autora ajuizou a ação, em 04 deoutubro de 2010 (fl. 01), para pagamento de diferenças apuradas entre janeiro e março de 2004, bem como entre janeiro emarço de 2009. Portanto, ainda que não se entenda que houve a prescrição do fundo de direito alegado, as parcelasanteriores a 04 de outubro de 2005 já estariam prescritas, por força do disposto pelo art. 1º, do Decreto n. 20.910/32. Dessemodo, assiste parcial razão à União a fim de que seja declarada a prescrição da exigibilidade do pedido relacionado à suacondenação ao pagamento das parcelas relacionadas à promoção do recorrido da 2ª para a 1ª classe a contar de janeiro de2004.

10. Adicionalmente, no que atine à postergação dos efeitos administrativos e financeiros da promoção, cabedestacar que a Lei n.º 9.266/96, com a redação dada pela Lei n.º 11.095/2005, estabelece, em seu art. 2.º, caput eparágrafos, que o ingresso nos cargos da Carreira Policial Federal far-se-á mediante concurso público, exigido o cursosuperior completo, em nível de graduação, sendo que regulamento disporá quanto aos requisitos e condições deprogressão e promoção na Carreira Policial Federal.

11. O Decreto n. 2.565/98, vigente à data da promoção do autor, ao regulamentar os seus critérios, determinou comorequisitos cumulativos para a promoção na Carreira Policial Federal a avaliação de desempenho satisfatório e 5 (cinco)anos ininterruptos de efetivo exercício na classe em que estivesse posicionado. No entanto, o seu art. 5.º delimitava que omarco inicial dos efeitos financeiros para promoção seria 1.º de março do ano seguinte ao preenchimento dos requisitos. Adefinição de uma única data para a promoção conjunta dos servidores habilitados viola o princípio da isonomia (art. 5º,caput, da Constituição da República de 1988), sem que haja fundamento legal e constitucional legítimo para que seja feitaequiparação entre integrantes da carreira que tenham cumprido os requisitos para a promoção em datas distintas, razão porque a invalidade do lapso temporal fixado deve ser reconhecida (cf. TRF da 1ª Região, AC 20073800142759, SegundaTurma, Rel. Des. Fed. Monica Sifuentes, DJF1 30.06.2011; TRF da 2ª Região, AC 201051010043801, Sexta Turma, Rel.Des. Fed. Guilherme Calmon Nogueira da Gama, DJF2R 21.11.2012; TRF da 5ª Região, APELREEX 200981000029270,Segunda Turma, Rel. Des. Fed. Paulo Gadelha, DJE 24.05.2012, p. 377).

12. A incorreção contida no art. 5º, do Decreto n. 2.568/98, foi superada pelo Decreto n. 7.014, de 23 de novembrode 2009, cujo art. 7º, dispõe que a repercussão administrativa e financeira dos atos de promoção vigorará “a partir doprimeiro dia do mês subsequente à data em que o servidor completar todos os requisitos para a promoção”. Embora aaplicação retroativa do regulamento não seja possível ante a ausência de regra expressa nesse sentido, a sua aprovação éum indicativo da constatação da falha da disciplina anterior, contrária à isonomia nos termos da fundamentação jádeclinada.

13. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe parcial provimento apenas para declarar prescritas as parcelasrelacionadas ao pagamento das diferenças decorrentes da promoção do autor, da 2ª para a 1ª classe, no cargo de agenteda polícia federal, em 11.01.2004. Sem condenação ao pagamento de custas (art. 4º, I, da Lei n. 9.289/95). Honoráriosadvocatícios fixados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (art. 55, da Lei n. 9.099/95).

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

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69 - 0008802-41.2011.4.02.5001/01 (2011.50.01.008802-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: MARINA RIBEIRO FLEURY.) x SÉRGIO LUIZ BICHARA (ADVOGADO: ES005715 - VLADIMIR CAPUADALLAPICULA.).RECURSO Nº 0008802-41.2011.4.02.5001/01 (2011.50.01.008802-1/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALRECORRIDO: SÉRGIO LUIZ BICHARARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTATRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA SOBRE VALORES RECOLHIDOS A TÍTULO DE CONTRIBUIÇÃO PARA ENTIDADEDE PREVIDÊNCIA PRIVADA.1. Trata-se de recurso interposto contra sentença que julgou parcialmente procedente pedido de restituição de valoresrecolhidos a título de contribuição para entidade de Previdência Privada, na vigência da Lei nº 7.713/88, portanto antes daedição da lei nº 9.250/95, com fundamento no art. 269, I, do Código de Processo Civil. Contrarrazões às fls. 91/94.2. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.I. PRESCRIÇÃO.3. O direito de pleitear a restituição de tributos pagos indevidamente está sujeito ao prazo decadencial de cinco anos. Tallapso temporal, para exações – como o imposto de renda – sujeitas a lançamento por homologação, tem sua contageminiciada quando da “manifestação de concordância expressa da autoridade com o resultado da subsunção efetuada pelodevedor (o que supõe que a autoridade proceda também à valorização fática e ao exame da legislação aplicável, apurandoo montante do tributo)” (Luciano Amaro. Direito Tributário Brasileiro. 8a edição. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 351) ou,quando inerte a administração tributária, do transcurso de cinco anos computados a partir da ocorrência do fato gerador,ensejando, pois, a homologação tácita do lançamento, nos termos dos arts. 156, VII, e 150, §4o, do Código TributárioNacional.4. A Lei Complementar n. 118, de 09 de fevereiro de 2005, em seu artigo 3o, dispõe que o início do prazo de cinco anospara o exercício do direito de pleitear a restituição dos tributos sujeitos a lançamento por homologação inicia-se nomomento do pagamento antecipado de que trata o art. 150, §1o, do Código Tributário Nacional. A natureza interpretativaque se pretendeu conferir ao dispositivo exsurge da regra veiculada pelo art. 4o, do mesmo diploma legal, que faz alusão aoart. 106, I, do Código Tributário Nacional, com o intuito de conferir aplicação retroativa ao art. 3o, da Lei Complementar n.118/05.5. Conquanto a doutrina debatesse a extensão do prazo para a extinção do direito de pleitear a restituição de tributossujeitos a lançamento por homologação, o STJ havia pacificado seu posicionamento favorável ao prazo de dez anos, o queafastaria a sua natureza interpretativa, fazendo com que a regra fosse apenas aplicada aos créditos tributários constituídosapós a publicação da Lei Complementar n. 118/05 (STJ, ERESP 555.038-DF, Primeira Seção, Rel. Min. José Delgado, DJ13.06.2005, p. 163). No entanto, a interpretação favorável à inconstitucionalidade total do art. 4º, da Lei Complementar n.118/05, foi rechaçada pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento, no regime de repercussão geral, do RE 566.621-RS(Pleno, Rel. Min. Ellen Gracie, DJE 10.10.2011).6. Embora tenha, em decisões anteriores, afirmado que o início do prazo prescricional deveria ser computado a partir doinício do pagamento da complementação de aposentadoria, momento quando já restaria configurada a dúplice incidênciado imposto de renda, a Turma Nacional de Uniformização adota orientação distinta, no sentido de que – ajuizada ademanda após 09 de junho de 2005 - a prescrição somente deve alcançar a exigibilidade dos pagamentos indevidos feitosno quinquênio anterior à propositura da ação (PEDILEF 2006830005146716, Rel. Juiz Federal Manoel Rolim CampbellPenna, DJ 28.09.2012).7. Logo, ajuizada a ação em 12/08/2011, há que ser declarada a prescrição das parcelas anteriores a 12/08/2006.II. DO IMPOSTO DE RENDA SOBRE COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA8. O art. 6o, VII, alínea ‘b’, da Lei n. 7.713/88, isentava as pessoas físicas do recolhimento de Imposto de Renda incidentesobre os valores recebidos de entidades de previdência privada correspondentes às contribuições arcadas pelo participante,desde que os rendimentos e ganhos de capital produzidos pelo patrimônio da entidade tenham sido tributados na fonte.Essa regra tinha sua aplicação complementada pela interpretação sistemática dada ao art. 31, I, da Lei n. 7.713/88, com aredação conferida pela Lei n. 7.751/89, segundo a qual as importâncias pagas ou creditadas às pessoas físicas, sob aforma de resgate, pecúlio ou renda periódica pelas entidades de previdência privada sujeitavam-se à incidência de impostode renda na fonte, relativamente à parcela correspondente às contribuições cujo ônus não tenha sido do beneficiário ouquando os rendimentos e ganhos de capital produzidos pelo patrimônio da entidade de previdência não tenham sidotributados na fonte.9. O art. 32, da Lei n. 9.250, de 26 de dezembro de 1995, suprimiu a alínea ‘b’ do art. 6o,VII, da Lei n. 7.713/88, conferindonova redação ao dispositivo legal, a qual tornava possível a incidência de imposto de renda sobre os resgates de valores deentidades de previdência privada decorrentes de depósitos cujo ônus recaíra sobre o participante. Contudo, o recebimentodos montantes pagos pelos participantes de entidades de previdência privada, que já sofreram a incidência de imposto derenda na fonte sob o pálio da Lei n. 7.713/88, não poderiam, sob o risco de bis in idem, constituir fato jurídico apto aprovocar a incidência do tributo aludido, tal como veio a ser previsto pelo art. 7o, da Medida Provisória n. 2.159-70, de 24 deagosto de 2001. Em apoio à tese ora esposada, contrária à nova incidência do imposto de renda, posiciona-se a iterativajurisprudência da Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (cf. ERESP 565.275-RS, Rel. Min. José Delgado, DJ30.05.2005, p. 204).10. Dos documentos juntados aos autos, verifico que o autor já havia ingressado no plano de previdência complementarem janeiro/89 (fl. 29) e percebe o benefício de aposentadoria com data de início em 09/02/2008 (fls. 99/98), a qual éposterior à vigência da Lei n. 9.250/95. Destarte, são indevidos os descontos a título de imposto de renda sobre o resgate

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dos valores de contribuição à entidade de previdência privada pagos pela parte autora no período compreendido entre 1º dejaneiro de 1989 e a data de sua aposentadoria, anterior a 31 de dezembro de 1995.11. Acrescento que inexiste nulidade na sentença recorrida por cerceamento de defesa, uma vez que o documento de fl. 48indica a data da última contribuição feita pelo demandante à entidade de previdência complementar, tendo-se em vista orequerimento de aposentadoria em janeiro de 2008 (fl. 48).III. DA ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA E JUROS MORATÓRIOS12. A correção monetária constitui simples atualização do valor da moeda, nada acrescentando ao valor original, devendoser integral, nos exatos termos do enunciado n.º 162, da súmula da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. Quantoaos índices a serem aplicados, tem-se que os valores indevidamente recolhidos deverão ser corrigidos integralmente, poríndices que reflitam a real inflação verificada no período.13. De março a dezembro de 1991, deve incidir o INPC, em substituição à Taxa Referencial (Lei n. 8.177/91), a UFIR dejaneiro de 1992 até 31 de dezembro de 1995 (Lei n. 8.383/91) e a taxa SELIC a partir de janeiro de 1996 (art. 39, § 4°, daLei n° 9.250/95). Confira-se, a propósito: STJ, AgRESP 331.665-SP, Primeira Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJ02.12.2002; RESP 2270.901-SP, Segunda turma, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ 08.05.2000; RESP 267.080-SC, SegundaTurma, Rel. Min. Francisco Peçanha Martins, DJ 26.05.2003.14. A partir de 01.01.96, os valores serão corrigidos tão-somente com a aplicação dos juros equivalentes à taxa SELIC,sem incidência de qualquer outro índice de correção monetária ou outro percentual de juros, nos termos do art. 161, § 1o,do Código Tributário Nacional (STJ, ERESP 517.359-PB, Primeira Seção, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ 07.03.2005,p. 135). No entanto, depois da expedição da requisição de pagamento, a correção monetária seguirá os índices adotadosem Tabela de Correção Monetária de precatórios na Justiça Federal.IV. FORMA DE LIQUIDAÇÃO DO JULGADO15. A complexidade do cálculo da quantia a ser restituída dispensa a prévia indicação desse total na petição inicial ou nasentença, bastando que o título judicial executivo fixe os parâmetros para apuração do montante devido. Nesse sentido, aorever posição por mim externada em julgamentos anteriores, destaco que a Turma Nacional de Uniformização, com arrimona jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, posiciona-se contrariamente à liquidação do julgado que calcule o totalpago pelo contribuinte, a título de imposto de renda, sobre as contribuições vertidas para fundo de previdênciacomplementar entre janeiro de 1989 e dezembro de 1995, como crédito a ser abatido do montante recebido a título decomplementação de aposentadoria por ano-base, conforme as Declarações Anuais de Ajuste do IRPF dos exercíciosimediatamente seguintes à aposentadoria do demandante, recalculando-se, assim, o Imposto de Renda de cada exercício,de modo a fixar o valor a ser restituído.16. Em obediência à orientação adotada pela Turma Nacional de Uniformização, primeiramente deve ser feito cálculo doimposto de renda recolhido sobre as contribuições que o demandante verteu entre janeiro de 1989 e dezembro de 1995, asquais deverão ser restituídas por compensação ou pagamento mediante expedição judicial de requisição apropriada,dispensando-se o respectivo ajuste nos anos seguintes à complementação. A propósito, colaciono as ementas dosseguintes acórdãos:TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. PREVIDÊNCIA PRIVADA. COMPLEMENTAÇÃO DEAPOSENTADORIA. CRITÉRIODE APURAÇÃO DO INDÉBITO. ACÓRDÃO RECORRIDO EM CONSONÂNCIA COM O ENTENDIMENTOCONSOLIDADO NESTA TNU. APLICAÇÃO DA QUESTÃO DE ORDEM N. 13. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NÃOCONHECIDO. 1. A União, ora recorrente, pretende a modificação de acórdão que, dando parcial provimento a seu recursoinominado, julgou procedente o pedido de inexigibilidade de imposto de renda sobre complementação de aposentadoria,relativamente às contribuições vertidas pelo autor ao fundo de previdência privada no período de 1989 a 1995, mandandocompensar o que foi pago indevidamente. Insurge-se apenas quanto ao critério de apuração do indébito tributário,argumentando a União que, para a liquidação do imposto de renda, deve ser adotado o método do cálculo do montantenão-tributável (poupança), segundo o qual os valores recolhidos pelo contribuinte à entidade de previdência privada nosexercícios de 1989 a 1995 deverão ser corrigidos conforme Manual de Cálculos da Justiça Federal, passando a compordedução dos rendimentos tributados anualmente a título de complementação de aposentadoria. Citou como paradigma, orecurso de n. 2009.72.56.000891-9, da 1ª Turma Recursal de Santa Catarina. 2. O incidente de uniformização deinterpretação do direito federal tem cabimento quando fundado em divergência entre decisões de turmas recursais dediferentes Regiões ou quando o acórdão recorrido for proferido em contrariedade a súmula ou jurisprudência dominantedesta Turma Nacional de Uniformização ou do Superior Tribunal de Justiça. 3. Ora, este Colegiado, na esteira dajurisprudência firmada pelo Superior Tribunal de Justiça, fixou o entendimento de que o indébito tributário é calculado combase no valor do imposto de renda recolhido entre 1-1-1989 e 31-12-1995, cujo montante será deduzido dos valorescobrados a tal título incidentes sobre a complementação da aposentadoria. Sobre esse assunto, além da decisão proferidano Pedilef 2006.83.00.515712-4 (DJ 28-10-2008), da relatoria da Srª. Juíza Joana Carolina Pereira. Registra-se, ainda, oacórdão prolatado no Pedilef 2006.72.58.00.3510-1, relator o Sr. Janilson Bezerra de Siqueira, julgado em 27-6-2012, com aseguinte ementa, na parte que interessa: EMENTA: TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO.IMPOSTODE RENDA SOBRE COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO. SENTENÇADE PROCEDÊNCIA CONFIRMADA PELA 2.ª TURMA RECURSAL DE SANTA CATARINA. ALEGAÇÃO DE DISSÍDIOJURISPRUDENCIAL COM A JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA E DA TURMANACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO. DIVERGÊNCIA DEMONSTRADA. CONHECIMENTO DO INCIDENTE.INEXIGIBILIDADE DO IMPOSTO DE RENDA SOBRE A COMPLEMENTAÇÃODE APOSENTADORIA APENAS ATÉ OLIMITE DO QUE JÁ FOI PAGO A ESSE TÍTULO SOB A ÉGIDE DA LEI N.º 7.713/88. TESE DA ISENÇÃO PARA OFUTURO. REJEIÇÃO. ACOLHIMENTO DA POSIÇÃO DO STJ: NON BIS IN IDEM. DIREITO DA FAZENDA DEAPRESENTAR CÁLCULOS QUE DEMONSTREM O VALOR CONSIDERADO DEVIDO. PROVIMENTO PARCIAL DOINCIDENTE. A Fazenda sustenta, ainda, que os valores recolhidos pelo contribuinte a entidade de previdência privada nosexercícios de 1989 a 1995 deverão ser corrigidos pelos índices de correção monetária geral até a data da aposentadoria e oseu somatório deverá ser utilizado como um valor dedutível da base de cálculo dos benefícios da aposentadoria, para finsde apurar-se o imposto de renda incidente sobre a complementação de aposentadoria. Contudo, não é esta a forma de

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cálculo reconhecida pelo STJ, que entende pela compensação entre o valor recolhido de imposto de renda entre 1989 a1995 com os valores cobrados a título do imposto atualmente: “Consoante consignado pelo Ministro Castro Meira, nojulgamento do recurso repetitivo esta Corte assentou que, tendo em vista as dificuldades em identificar e distinguir, em cadaparcela do benefício previdenciário recebido, as contribuições recolhidas pelo segurado e o aporte vertido pela entidadepatrocinadora, há de se reconhecer a inexigibilidade do imposto de renda, até o limite do que foi recolhido pelo beneficiário,a título de tal imposto, sob a égide da Lei n.º 7.713/88, devidamente atualizado” (REsp n.º 1282609/RN, Relator MinistroMauro Campbell Marques, DJU 28 nov. 2011). 4. No caso em exame, é de se constatar que o acórdão recorrido está emsintonia com o entendimento deste Colegiado. Incidência, portanto, da questão de ordem n. 13 desta Turma Nacional,segundo a qual “não cabe pedido de uniformização quando a jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização deJurisprudência dos Juizados Especiais Federais se firmou no mesmo sentido do acórdão recorrido.”.5. Julgamento deacordo com o art. 46 da Lei 9.099/95. 6. Pedido de uniformização não conhecido.(PEDILEF 05318667020104058300, Rel. Juiz Federal Gláucio Ferreira Maciel Gonçalves, D.O.U. 16.05.2014, p. 125/165)

TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. IMPOSTODE RENDA SOBRECOMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIACONFIRMADA PELA 2.ª TURMA RECURSAL DE SANTA CATARINA. ALEGAÇÃO DE DISSÍDIO JURISPRUDENCIALCOM A JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA E DA TURMA NACIONAL DEUNIFORMIZAÇÃO. DIVERGÊNCIA DEMONSTRADA. CONHECIMENTO DO INCIDENTE. INEXIGIBILIDADE DOIMPOSTO DE RENDA SOBRE A COMPLEMENTAÇÃODE APOSENTADORIA APENAS ATÉ O LIMITE DO QUE JÁ FOIPAGO A ESSE TÍTULO SOB A ÉGIDE DA LEI N.º 7.713/88. TESE DA ISENÇÃO PARA O FUTURO. REJEIÇÃO.ACOLHIMENTO DA POSIÇÃO DO STJ: NON BIS IN IDEM. DIREITO DA FAZENDA DE APRESENTAR CÁLCULOS QUEDEMONSTREM O VALOR CONSIDERADO DEVIDO. PROVIMENTO PARCIAL DO INCIDENTE.- Comprovada a similitudefático-jurídica e a divergência entre o acórdão recorrido e a jurisprudência dominante do Superior Tribunal de Justiça (REspn.º 964.855 SC, Ministro Mauro Campbell Marques, DJU 1.º dez. 2008), da Turma Nacional de Uniformização (PEDILEF n.º200683005178681, Juiz Federal Leonardo Safi de Melo, DJU 7 mai. 2008), tem cabimento o incidente de uniformização.- AFazenda Nacional, deixando de impugnar o mérito, sustenta duas teses no presente recurso: a) na concretização do direitodo autor, não se deve atribuir um percentual de isenção para o futuro, mas sim corrigir os valores recolhidos pelocontribuinte a entidade de previdência privada nos exercícios de 1989 a 1995 até a data da aposentadoria, devendo o seusomatório ser utilizado como um valor dedutível da base de cálculo dos benefícios da aposentadoria, para fins de apurar-seo valor do imposto de renda; b) por ocasião de eventual liquidação de sentença, a União pode fazer todas as provasnecessárias para evitar enriquecimento sem causa.- A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente delei que especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo o caso, oprazo de sua duração, inexistindo previsão legal para a hipótese em comento, consoante disposição do artigo 176 doCódigo Tributário Nacional. Não há que se falar em isenção para o futuro no caso dos autos, por ausência de lei prévia quea institua. Trata-se, na verdade, não de isenção, mas de ilegitimidade da incidência do imposto, como forma de evitar aconfiguração de bis in idem. Assim já se pacificou a jurisprudência do STJ, no sentido de que “não se pode negar o fato deque as contribuições vertidas pelos beneficiários no período de vigência da Lei 7.713/88 – as quais, em alguma proporção,integram o benefício devido – já foram tributadas pelo IRPF. Assim, sob pena de incorrer-se em bis in idem, merece seratendido o pedido de declaração de inexigibilidade do referido imposto – mas apenas na proporção do que foi pago a essetítulo por força da norma em questão. Em outros termos: o imposto de renda incidente sobre os benefícios recebidos apartir de janeiro de 1996 é indevido e deve ser repetido somente até o limite do que foi recolhido pelo beneficiário sob aégide da Lei 7.713/88” (REsp n.º 200702954219, Ministro Teori Albino Zavascki, DJU 13 out. 2008).- A Fazenda sustenta,ainda, que os valores recolhidos pelo contribuinte a entidade de previdência privada nos exercícios de 1989 a 1995 deverãoser corrigidos pelos índices de correção monetária geral até a data da aposentadoria e o seu somatório deverá ser utilizadocomo um valor dedutível da base de cálculo dos benefícios da aposentadoria, para fins de apurar-se o imposto de rendaincidente sobre a complementação de aposentadoria. Contudo, não é esta a forma de cálculo reconhecida pelo STJ, queentende pela compensação entre o valor recolhido de imposto de renda entre 1989 a 1995 com os valores cobrados a títulodo imposto atualmente: “Consoante consignado pelo Ministro Castro Meira, no julgamento do recurso repetitivo esta Corteassentou que, tendo em vista as dificuldades em identificar e distinguir, em cada parcela do benefício previdenciáriorecebido, as contribuições recolhidas pelo segurado e o aporte vertido pela entidade patrocinadora, há de se reconhecer ainexigibilidade do imposto de renda, até o limite do que foi recolhido pelo beneficiário, a título de tal imposto, sob a égide daLei n.º 7.713/88, devidamente atualizado” (REsp n.º 1282609/RN, Relator Ministro Mauro Campbell Marques, DJU 28 nov.2011).- A jurisprudência do STJ é pacífica no sentido exposto no paradigma:“Deve ser reconhecido o direito do contribuintede optar pelo recebimento do crédito (indébito) por via do precatório (restituição direta), ou proceder à compensaçãotributária (restituição indireta), após a verificação pelo juízo de primeiro grau do quantum devido. Nessa verificação deveráser resguardado o direito da Fazenda Pública de alegar qualquer questão impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação,inclusive apresentando cálculos que melhor reflitam a sistemática da declaração de ajuste para evitar o locupletamentoilícito do credor” (REsp n.º 964.855/SC, Ministro Mauro Campbell Marques, DJU 01 dez. 2008). Assim, não poderia oacórdão recorrido, sob o fundamento de “respeito aos princípios da celeridade e economia processuais”, ter negado àFazenda o direito de fazer prova de qualquer fato que impeça, modifique ou extinga a sua obrigação, por meio daapresentação de cálculos que demonstrem o valor considerado devido ou, inclusive, se já ocorrida a restituição deste dequalquer outra forma.- Pedido de Uniformização parcialmente provido, para firmar as teses de que: a) não há direito aisenção para o futuro do imposto de renda sobre a complementação de aposentadoria, mas sim inexigibilidade do tributo,até o limite do que já foi pago a esse título sob a égide da Lei n.º7.713/88, devidamente atualizado, para evitar o bis in idem;b) deve-se assegurar o direito da Fazenda de apresentar cálculos, antes da requisição de pagamento, valendo-se damesma metodologia da declaração de ajuste, a fim de apurar o valor da restituição eventualmente devida.(PEDILEF 200672580035101, Rel. Juiz Federal Janilson Bezerra de Siqueira, D.O.U. 03.08.2012)

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V. DISPOSITIVO17. Posto isso, conheço o recurso e dou-lhe provimento somente para julgar procedente o pedido para: i) declarar ainexigibilidade do imposto de renda retido na fonte quando do pagamento do benefício de aposentadoria por entidade deprevidência privada, a partir da data de efetiva percepção do benefício, na proporção do que foi pago pelo beneficiário, noperíodo de vigência da Lei 7.713/88, a título de contribuições vertidas para o fundo; e ii) condenar a União a restituir osvalores recolhidos indevidamente, observada a prescrição quinquenal. A restituição, por compensação ou expedição derequisição de pagamento, deverá seguir os critérios de atualização monetária, incidência de juros moratórios e a forma deliquidação definidos na fundamentação.18. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, nos termos do art. 55, caput, da Lei 9.099/1995.18. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

70 - 0000465-35.2010.4.02.5054/01 (2010.50.54.000465-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ALMERINDA QUEMELLIFREITAS (ADVOGADO: ES012916 - MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIAO FEDERAL (PROCDOR: GUSTAVOHENRIQUE TEIXEIRA DE OLIVEIRA.).RECURSO Nº 0000465-35.2010.4.02.5054/01 (2010.50.54.000465-1/01)RECORRENTE: ALMERINDA QUEMELLI FREITASRECORRIDO: UNIAO FEDERALRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTATRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA SOBRE VALORES RECOLHIDOS A TÍTULO DE CONTRIBUIÇÃO PARA ENTIDADEDE PREVIDÊNCIA PRIVADA.

1. Trata-se de recurso interposto contra sentença que julgou improcedente pedido de restituição de valores recolhidos atítulo de contribuição para entidade de Previdência Privada, na vigência da Lei nº 7.713/88, portanto antes da edição da leinº 9.250/95, com fundamento no art. 269, IV, do Código de Processo Civil. Contrarrazões às fls. 82/98.2. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.I. PRESCRIÇÃO.3. O direito de pleitear a restituição de tributos pagos indevidamente está sujeito ao prazo decadencial de cinco anos. Tallapso temporal, para exações – como o imposto de renda – sujeitas a lançamento por homologação, tem sua contageminiciada quando da “manifestação de concordância expressa da autoridade com o resultado da subsunção efetuada pelodevedor (o que supõe que a autoridade proceda também à valorização fática e ao exame da legislação aplicável, apurandoo montante do tributo)” (Luciano Amaro. Direito Tributário Brasileiro. 8a edição. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 351) ou,quando inerte a administração tributária, do transcurso de cinco anos computados a partir da ocorrência do fato gerador,ensejando, pois, a homologação tácita do lançamento, nos termos dos arts. 156, VII, e 150, §4o, do Código TributárioNacional.4. A Lei Complementar n. 118, de 09 de fevereiro de 2005, em seu artigo 3o, dispõe que o início do prazo de cinco anospara o exercício do direito de pleitear a restituição dos tributos sujeitos a lançamento por homologação inicia-se nomomento do pagamento antecipado de que trata o art. 150, §1o, do Código Tributário Nacional. A natureza interpretativaque se pretendeu conferir ao dispositivo exsurge da regra veiculada pelo art. 4o, do mesmo diploma legal, que faz alusão aoart. 106, I, do Código Tributário Nacional, com o intuito de conferir aplicação retroativa ao art. 3o, da Lei Complementar n.118/05.5. Conquanto a doutrina debatesse a extensão do prazo para a extinção do direito de pleitear a restituição de tributossujeitos a lançamento por homologação, o STJ havia pacificado seu posicionamento favorável ao prazo de dez anos, o queafastaria a sua natureza interpretativa, fazendo com que a regra fosse apenas aplicada aos créditos tributários constituídosapós a publicação da Lei Complementar n. 118/05 (STJ, ERESP 555.038-DF, Primeira Seção, Rel. Min. José Delgado, DJ13.06.2005, p. 163). No entanto, a interpretação favorável à inconstitucionalidade total do art. 4º, da Lei Complementar n.118/05, foi rechaçada pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento, no regime de repercussão geral, do RE 566.621-RS(Pleno, Rel. Min. Ellen Gracie, DJE 10.10.2011).6. Embora tenha, em decisões anteriores, afirmado que o início do prazo prescricional deveria ser computado a partir doinício do pagamento da complementação de aposentadoria, momento quando já restaria configurada a dúplice incidênciado imposto de renda, a Turma Nacional de Uniformização adota orientação distinta, no sentido de que – ajuizada ademanda após 09 de junho de 2005 - a prescrição somente deve alcançar a exigibilidade dos pagamentos indevidos feitosno quinquênio anterior à propositura da ação (PEDILEF 2006830005146716, Rel. Juiz Federal Manoel Rolim CampbellPenna, DJ 28.09.2012).7. Logo, ajuizada a ação em 23/07/2010, há que ser declarada a prescrição das parcelas anteriores a 23/07/2005.II. DO IMPOSTO DE RENDA SOBRE COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA8. O art. 6o, VII, alínea ‘b’, da Lei n. 7.713/88, isentava as pessoas físicas do recolhimento de Imposto de Renda incidentesobre os valores recebidos de entidades de previdência privada correspondentes às contribuições arcadas pelo participante,desde que os rendimentos e ganhos de capital produzidos pelo patrimônio da entidade tenham sido tributados na fonte.Essa regra tinha sua aplicação complementada pela interpretação sistemática dada ao art. 31, I, da Lei n. 7.713/88, com aredação conferida pela Lei n. 7.751/89, segundo a qual as importâncias pagas ou creditadas às pessoas físicas, sob aforma de resgate, pecúlio ou renda periódica pelas entidades de previdência privada sujeitavam-se à incidência de impostode renda na fonte, relativamente à parcela correspondente às contribuições cujo ônus não tenha sido do beneficiário ouquando os rendimentos e ganhos de capital produzidos pelo patrimônio da entidade de previdência não tenham sido

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tributados na fonte.9. O art. 32, da Lei n. 9.250, de 26 de dezembro de 1995, suprimiu a alínea ‘b’ do art. 6o,VII, da Lei n. 7.713/88, conferindonova redação ao dispositivo legal, a qual tornava possível a incidência de imposto de renda sobre os resgates de valores deentidades de previdência privada decorrentes de depósitos cujo ônus recaíra sobre o participante. Contudo, o recebimentodos montantes pagos pelos participantes de entidades de previdência privada, que já sofreram a incidência de imposto derenda na fonte sob o pálio da Lei n. 7.713/88, não poderiam, sob o risco de bis in idem, constituir fato jurídico apto aprovocar a incidência do tributo aludido, tal como veio a ser previsto pelo art. 7o, da Medida Provisória n. 2.159-70, de 24 deagosto de 2001. Em apoio à tese ora esposada, contrária à nova incidência do imposto de renda, posiciona-se a iterativajurisprudência da Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (cf. ERESP 565.275-RS, Rel. Min. José Delgado, DJ30.05.2005, p. 204).10. Dos documentos juntados aos autos, verifico que o autor ingressou no plano de previdência complementar em18/12/1978 (fl. 45) e percebe o benefício de aposentadoria com data de início em 02/07/2008 (fl. 16), a qual é posterior àvigência da Lei n. 9.250/95. Destarte, são indevidos os descontos a título de imposto de renda sobre o resgate dos valoresde contribuição à entidade de previdência privada pagos pela parte autora no período compreendido entre 1º de janeiro de1989 e a data de sua aposentadoria, anterior a 31 de dezembro de 1995.III. DA ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA E JUROS MORATÓRIOS11. A correção monetária constitui simples atualização do valor da moeda, nada acrescentando ao valor original, devendoser integral, nos exatos termos do enunciado n.º 162, da súmula da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. Quantoaos índices a serem aplicados, tem-se que os valores indevidamente recolhidos deverão ser corrigidos integralmente, poríndices que reflitam a real inflação verificada no período.12. De março a dezembro de 1991, deve incidir o INPC, em substituição à Taxa Referencial (Lei n. 8.177/91), a UFIR dejaneiro de 1992 até 31 de dezembro de 1995 (Lei n. 8.383/91) e a taxa SELIC a partir de janeiro de 1996 (art. 39, § 4°, daLei n° 9.250/95). Confira-se, a propósito: STJ, AgRESP 331.665-SP, Primeira Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJ02.12.2002; RESP 2270.901-SP, Segunda turma, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ 08.05.2000; RESP 267.080-SC, SegundaTurma, Rel. Min. Francisco Peçanha Martins, DJ 26.05.2003.13. A partir de 01.01.96, os valores serão corrigidos tão-somente com a aplicação dos juros equivalentes à taxa SELIC,sem incidência de qualquer outro índice de correção monetária ou outro percentual de juros, nos termos do art. 161, § 1o,do Código Tributário Nacional (STJ, ERESP 517.359-PB, Primeira Seção, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ 07.03.2005,p. 135). No entanto, depois da expedição da requisição de pagamento, a correção monetária seguirá os índices adotadosem Tabela de Correção Monetária de precatórios na Justiça Federal.IV. FORMA DE LIQUIDAÇÃO DO JULGADO14. A complexidade do cálculo da quantia a ser restituída dispensa a prévia indicação desse total na petição inicial ou nasentença, bastando que o título judicial executivo fixe os parâmetros para apuração do montante devido. Nesse sentido, aorever posição por mim externada em julgamentos anteriores, destaco que a Turma Nacional de Uniformização, com arrimona jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, posiciona-se contrariamente à liquidação do julgado que calcule o totalpago pelo contribuinte, a título de imposto de renda, sobre as contribuições vertidas para fundo de previdênciacomplementar entre janeiro de 1989 e dezembro de 1995, como crédito a ser abatido do montante recebido a título decomplementação de aposentadoria por ano-base, conforme as Declarações Anuais de Ajuste do IRPF dos exercíciosimediatamente seguintes à aposentadoria do demandante, recalculando-se, assim, o Imposto de Renda de cada exercício,de modo a fixar o valor a ser restituído.15. Em obediência à orientação adotada pela Turma Nacional de Uniformização, primeiramente deve ser feito cálculo doimposto de renda recolhido sobre as contribuições que o demandante verteu entre janeiro de 1989 e dezembro de 1995, asquais deverão ser restituídas por compensação ou pagamento mediante expedição judicial de requisição apropriada,dispensando-se o respectivo ajuste nos anos seguintes à complementação. A propósito, colaciono as ementas dosseguintes acórdãos:TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. PREVIDÊNCIA PRIVADA. COMPLEMENTAÇÃO DEAPOSENTADORIA. CRITÉRIODE APURAÇÃO DO INDÉBITO. ACÓRDÃO RECORRIDO EM CONSONÂNCIA COM O ENTENDIMENTOCONSOLIDADO NESTA TNU. APLICAÇÃO DA QUESTÃO DE ORDEM N. 13. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NÃOCONHECIDO. 1. A União, ora recorrente, pretende a modificação de acórdão que, dando parcial provimento a seu recursoinominado, julgou procedente o pedido de inexigibilidade de imposto de renda sobre complementação de aposentadoria,relativamente às contribuições vertidas pelo autor ao fundo de previdência privada no período de 1989 a 1995, mandandocompensar o que foi pago indevidamente. Insurge-se apenas quanto ao critério de apuração do indébito tributário,argumentando a União que, para a liquidação do imposto de renda, deve ser adotado o método do cálculo do montantenão-tributável (poupança), segundo o qual os valores recolhidos pelo contribuinte à entidade de previdência privada nosexercícios de 1989 a 1995 deverão ser corrigidos conforme Manual de Cálculos da Justiça Federal, passando a compordedução dos rendimentos tributados anualmente a título de complementação de aposentadoria. Citou como paradigma, orecurso de n. 2009.72.56.000891-9, da 1ª Turma Recursal de Santa Catarina. 2. O incidente de uniformização deinterpretação do direito federal tem cabimento quando fundado em divergência entre decisões de turmas recursais dediferentes Regiões ou quando o acórdão recorrido for proferido em contrariedade a súmula ou jurisprudência dominantedesta Turma Nacional de Uniformização ou do Superior Tribunal de Justiça. 3. Ora, este Colegiado, na esteira dajurisprudência firmada pelo Superior Tribunal de Justiça, fixou o entendimento de que o indébito tributário é calculado combase no valor do imposto de renda recolhido entre 1-1-1989 e 31-12-1995, cujo montante será deduzido dos valorescobrados a tal título incidentes sobre a complementação da aposentadoria. Sobre esse assunto, além da decisão proferidano Pedilef 2006.83.00.515712-4 (DJ 28-10-2008), da relatoria da Srª. Juíza Joana Carolina Pereira. Registra-se, ainda, oacórdão prolatado no Pedilef 2006.72.58.00.3510-1, relator o Sr. Janilson Bezerra de Siqueira, julgado em 27-6-2012, com aseguinte ementa, na parte que interessa: EMENTA: TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO.IMPOSTODE RENDA SOBRE COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO. SENTENÇADE PROCEDÊNCIA CONFIRMADA PELA 2.ª TURMA RECURSAL DE SANTA CATARINA. ALEGAÇÃO DE DISSÍDIO

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JURISPRUDENCIAL COM A JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA E DA TURMANACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO. DIVERGÊNCIA DEMONSTRADA. CONHECIMENTO DO INCIDENTE.INEXIGIBILIDADE DO IMPOSTO DE RENDA SOBRE A COMPLEMENTAÇÃODE APOSENTADORIA APENAS ATÉ OLIMITE DO QUE JÁ FOI PAGO A ESSE TÍTULO SOB A ÉGIDE DA LEI N.º 7.713/88. TESE DA ISENÇÃO PARA OFUTURO. REJEIÇÃO. ACOLHIMENTO DA POSIÇÃO DO STJ: NON BIS IN IDEM. DIREITO DA FAZENDA DEAPRESENTAR CÁLCULOS QUE DEMONSTREM O VALOR CONSIDERADO DEVIDO. PROVIMENTO PARCIAL DOINCIDENTE. A Fazenda sustenta, ainda, que os valores recolhidos pelo contribuinte a entidade de previdência privada nosexercícios de 1989 a 1995 deverão ser corrigidos pelos índices de correção monetária geral até a data da aposentadoria e oseu somatório deverá ser utilizado como um valor dedutível da base de cálculo dos benefícios da aposentadoria, para finsde apurar-se o imposto de renda incidente sobre a complementação de aposentadoria. Contudo, não é esta a forma decálculo reconhecida pelo STJ, que entende pela compensação entre o valor recolhido de imposto de renda entre 1989 a1995 com os valores cobrados a título do imposto atualmente: “Consoante consignado pelo Ministro Castro Meira, nojulgamento do recurso repetitivo esta Corte assentou que, tendo em vista as dificuldades em identificar e distinguir, em cadaparcela do benefício previdenciário recebido, as contribuições recolhidas pelo segurado e o aporte vertido pela entidadepatrocinadora, há de se reconhecer a inexigibilidade do imposto de renda, até o limite do que foi recolhido pelo beneficiário,a título de tal imposto, sob a égide da Lei n.º 7.713/88, devidamente atualizado” (REsp n.º 1282609/RN, Relator MinistroMauro Campbell Marques, DJU 28 nov. 2011). 4. No caso em exame, é de se constatar que o acórdão recorrido está emsintonia com o entendimento deste Colegiado. Incidência, portanto, da questão de ordem n. 13 desta Turma Nacional,segundo a qual “não cabe pedido de uniformização quando a jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização deJurisprudência dos Juizados Especiais Federais se firmou no mesmo sentido do acórdão recorrido.”.5. Julgamento deacordo com o art. 46 da Lei 9.099/95. 6. Pedido de uniformização não conhecido.(PEDILEF 05318667020104058300, Rel. Juiz Federal Gláucio Ferreira Maciel Gonçalves, D.O.U. 16.05.2014, p. 125/165)

TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. IMPOSTODE RENDA SOBRECOMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIACONFIRMADA PELA 2.ª TURMA RECURSAL DE SANTA CATARINA. ALEGAÇÃO DE DISSÍDIO JURISPRUDENCIALCOM A JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA E DA TURMA NACIONAL DEUNIFORMIZAÇÃO. DIVERGÊNCIA DEMONSTRADA. CONHECIMENTO DO INCIDENTE. INEXIGIBILIDADE DOIMPOSTO DE RENDA SOBRE A COMPLEMENTAÇÃODE APOSENTADORIA APENAS ATÉ O LIMITE DO QUE JÁ FOIPAGO A ESSE TÍTULO SOB A ÉGIDE DA LEI N.º 7.713/88. TESE DA ISENÇÃO PARA O FUTURO. REJEIÇÃO.ACOLHIMENTO DA POSIÇÃO DO STJ: NON BIS IN IDEM. DIREITO DA FAZENDA DE APRESENTAR CÁLCULOS QUEDEMONSTREM O VALOR CONSIDERADO DEVIDO. PROVIMENTO PARCIAL DO INCIDENTE.- Comprovada a similitudefático-jurídica e a divergência entre o acórdão recorrido e a jurisprudência dominante do Superior Tribunal de Justiça (REspn.º 964.855 SC, Ministro Mauro Campbell Marques, DJU 1.º dez. 2008), da Turma Nacional de Uniformização (PEDILEF n.º200683005178681, Juiz Federal Leonardo Safi de Melo, DJU 7 mai. 2008), tem cabimento o incidente de uniformização.- AFazenda Nacional, deixando de impugnar o mérito, sustenta duas teses no presente recurso: a) na concretização do direitodo autor, não se deve atribuir um percentual de isenção para o futuro, mas sim corrigir os valores recolhidos pelocontribuinte a entidade de previdência privada nos exercícios de 1989 a 1995 até a data da aposentadoria, devendo o seusomatório ser utilizado como um valor dedutível da base de cálculo dos benefícios da aposentadoria, para fins de apurar-seo valor do imposto de renda; b) por ocasião de eventual liquidação de sentença, a União pode fazer todas as provasnecessárias para evitar enriquecimento sem causa.- A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente delei que especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo o caso, oprazo de sua duração, inexistindo previsão legal para a hipótese em comento, consoante disposição do artigo 176 doCódigo Tributário Nacional. Não há que se falar em isenção para o futuro no caso dos autos, por ausência de lei prévia quea institua. Trata-se, na verdade, não de isenção, mas de ilegitimidade da incidência do imposto, como forma de evitar aconfiguração de bis in idem. Assim já se pacificou a jurisprudência do STJ, no sentido de que “não se pode negar o fato deque as contribuições vertidas pelos beneficiários no período de vigência da Lei 7.713/88 – as quais, em alguma proporção,integram o benefício devido – já foram tributadas pelo IRPF. Assim, sob pena de incorrer-se em bis in idem, merece seratendido o pedido de declaração de inexigibilidade do referido imposto – mas apenas na proporção do que foi pago a essetítulo por força da norma em questão. Em outros termos: o imposto de renda incidente sobre os benefícios recebidos apartir de janeiro de 1996 é indevido e deve ser repetido somente até o limite do que foi recolhido pelo beneficiário sob aégide da Lei 7.713/88” (REsp n.º 200702954219, Ministro Teori Albino Zavascki, DJU 13 out. 2008).- A Fazenda sustenta,ainda, que os valores recolhidos pelo contribuinte a entidade de previdência privada nos exercícios de 1989 a 1995 deverãoser corrigidos pelos índices de correção monetária geral até a data da aposentadoria e o seu somatório deverá ser utilizadocomo um valor dedutível da base de cálculo dos benefícios da aposentadoria, para fins de apurar-se o imposto de rendaincidente sobre a complementação de aposentadoria. Contudo, não é esta a forma de cálculo reconhecida pelo STJ, queentende pela compensação entre o valor recolhido de imposto de renda entre 1989 a 1995 com os valores cobrados a títulodo imposto atualmente: “Consoante consignado pelo Ministro Castro Meira, no julgamento do recurso repetitivo esta Corteassentou que, tendo em vista as dificuldades em identificar e distinguir, em cada parcela do benefício previdenciáriorecebido, as contribuições recolhidas pelo segurado e o aporte vertido pela entidade patrocinadora, há de se reconhecer ainexigibilidade do imposto de renda, até o limite do que foi recolhido pelo beneficiário, a título de tal imposto, sob a égide daLei n.º 7.713/88, devidamente atualizado” (REsp n.º 1282609/RN, Relator Ministro Mauro Campbell Marques, DJU 28 nov.2011).- A jurisprudência do STJ é pacífica no sentido exposto no paradigma:“Deve ser reconhecido o direito do contribuintede optar pelo recebimento do crédito (indébito) por via do precatório (restituição direta), ou proceder à compensaçãotributária (restituição indireta), após a verificação pelo juízo de primeiro grau do quantum devido. Nessa verificação deveráser resguardado o direito da Fazenda Pública de alegar qualquer questão impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação,inclusive apresentando cálculos que melhor reflitam a sistemática da declaração de ajuste para evitar o locupletamentoilícito do credor” (REsp n.º 964.855/SC, Ministro Mauro Campbell Marques, DJU 01 dez. 2008). Assim, não poderia o

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acórdão recorrido, sob o fundamento de “respeito aos princípios da celeridade e economia processuais”, ter negado àFazenda o direito de fazer prova de qualquer fato que impeça, modifique ou extinga a sua obrigação, por meio daapresentação de cálculos que demonstrem o valor considerado devido ou, inclusive, se já ocorrida a restituição deste dequalquer outra forma.- Pedido de Uniformização parcialmente provido, para firmar as teses de que: a) não há direito aisenção para o futuro do imposto de renda sobre a complementação de aposentadoria, mas sim inexigibilidade do tributo,até o limite do que já foi pago a esse título sob a égide da Lei n.º7.713/88, devidamente atualizado, para evitar o bis in idem;b) deve-se assegurar o direito da Fazenda de apresentar cálculos, antes da requisição de pagamento, valendo-se damesma metodologia da declaração de ajuste, a fim de apurar o valor da restituição eventualmente devida.(PEDILEF 200672580035101, Rel. Juiz Federal Janilson Bezerra de Siqueira, D.O.U. 03.08.2012)

V. DISPOSITIVO16. Posto isso, conheço o recurso e dou-lhe provimento somente para julgar procedente o pedido para: i) declarar ainexigibilidade do imposto de renda retido na fonte quando do pagamento do complemento de aposentadoria por entidadede previdência privada, a partir da data de efetiva percepção do benefício, na proporção do que foi pago pelo beneficiário,no período de vigência da Lei 7.713/88, a título de contribuições vertidas para o fundo; e ii) condenar a União a restituir osvalores recolhidos indevidamente, observada a prescrição quinquenal. A restituição, por compensação ou expedição derequisição de pagamento, deverá seguir os critérios de atualização monetária, incidência de juros moratórios e a forma deliquidação definidos na fundamentação.17. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, nos termos do art. 55, caput, da Lei 9.099/1995.18. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

71 - 0004239-22.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004239-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: GUSTAVO HENRIQUE TEIXEIRA DE OLIVEIRA.) x ARNALDO BORTULUCI (ADVOGADO: ES005715 -VLADIMIR CAPUA DALLAPICULA.).RECURSO Nº 0004239-22.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004239-0/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALRECORRIDO: ARNALDO BORTULUCIRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTATRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA SOBRE VALORES RECOLHIDOS A TÍTULO DE CONTRIBUIÇÃO PARA ENTIDADEDE PREVIDÊNCIA PRIVADA.CRÉDITO DE NATUREZA TRIBUTÁRIA. TAXA SELIC.

1. Trata-se de recurso interposto contra sentença que julgou procedente pedido de restituição de valores recolhidos a títulode contribuição para entidade de Previdência Privada, na vigência da Lei nº 7.713/88, portanto antes da edição da lei nº9.250/95, com fundamento no art. 269, I, do Código de Processo Civil. A União alega que a taxa SELIC não deve incidir nahipótese dos autos. Requer ainda que seja determinado o abatimento de qualquer valor apurado em favor da parte autorade todos os montantes recebidos a titulo de restituição por ocasião do ajuste anual na declaração de imposto de renda.Contrarrazões às fls. 140/142.2. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.I. DA ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA E JUROS MORATÓRIOS3. A correção monetária constitui simples atualização do valor da moeda, nada acrescentando ao valor original, devendo serintegral, nos exatos termos do enunciado n.º 162, da súmula da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. Quanto aosíndices a serem aplicados, tem-se que os valores indevidamente recolhidos deverão ser corrigidos integralmente, poríndices que reflitam a real inflação verificada no período.4. De março a dezembro de 1991, deve incidir o INPC, em substituição à Taxa Referencial (Lei n. 8.177/91), a UFIR dejaneiro de 1992 até 31 de dezembro de 1995 (Lei n. 8.383/91) e a taxa SELIC a partir de janeiro de 1996 (art. 39, § 4°, daLei n° 9.250/95). Confira-se, a propósito: STJ, AgRESP 331.665-SP, Primeira Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJ02.12.2002; RESP 2270.901-SP, Segunda turma, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ 08.05.2000; RESP 267.080-SC, SegundaTurma, Rel. Min. Francisco Peçanha Martins, DJ 26.05.2003.5. A partir de 01.01.96, os valores serão corrigidos tão-somente com a aplicação dos juros equivalentes à taxa SELIC, semincidência de qualquer outro índice de correção monetária ou outro percentual de juros, nos termos do art. 161, § 1o, doCódigo Tributário Nacional (STJ, ERESP 517.359-PB, Primeira Seção, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ 07.03.2005, p.135). Assinalo que o pedido formulado cinge-se à restituição de verbas indevidamente pagas a título de imposto de renda,razão pela qual a quantia a ser paga tem natureza tributária, devendo estar submetida à regra geral de atualizaçãomonetária e juros moratórios aplicável a essas exações. Acrescento que, depois da expedição da requisição de pagamento,a correção monetária seguirá os índices adotados em Tabela de Correção Monetária de precatórios na Justiça Federal.II. FORMA DE LIQUIDAÇÃO DO JULGADO6. A complexidade do cálculo da quantia a ser restituída dispensa a prévia indicação desse total na petição inicial ou nasentença, bastando que o título judicial executivo fixe os parâmetros para apuração do montante devido. Nesse sentido, aorever posição por mim externada em julgamentos anteriores, destaco que a Turma Nacional de Uniformização, com arrimona jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, posiciona-se contrariamente à liquidação do julgado que calcule o totalpago pelo contribuinte, a título de imposto de renda, sobre as contribuições vertidas para fundo de previdênciacomplementar entre janeiro de 1989 e dezembro de 1995, como crédito a ser abatido do montante recebido a título de

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complementação de aposentadoria por ano-base, conforme as Declarações Anuais de Ajuste do IRPF dos exercíciosimediatamente seguintes à aposentadoria do demandante, recalculando-se, assim, o Imposto de Renda de cada exercício,de modo a fixar o valor a ser restituído.7. Em obediência à orientação adotada pela Turma Nacional de Uniformização, primeiramente deve ser feito cálculo doimposto de renda recolhido sobre as contribuições que o demandante verteu entre janeiro de 1989 e dezembro de 1995, asquais deverão ser restituídas por compensação ou pagamento mediante expedição judicial de requisição apropriada,dispensando-se o respectivo ajuste nos anos seguintes à complementação. A propósito, colaciono as ementas dosseguintes acórdãos:TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. PREVIDÊNCIA PRIVADA. COMPLEMENTAÇÃO DEAPOSENTADORIA. CRITÉRIODE APURAÇÃO DO INDÉBITO. ACÓRDÃO RECORRIDO EM CONSONÂNCIA COM O ENTENDIMENTOCONSOLIDADO NESTA TNU. APLICAÇÃO DA QUESTÃO DE ORDEM N. 13. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NÃOCONHECIDO. 1. A União, ora recorrente, pretende a modificação de acórdão que, dando parcial provimento a seu recursoinominado, julgou procedente o pedido de inexigibilidade de imposto de renda sobre complementação de aposentadoria,relativamente às contribuições vertidas pelo autor ao fundo de previdência privada no período de 1989 a 1995, mandandocompensar o que foi pago indevidamente. Insurge-se apenas quanto ao critério de apuração do indébito tributário,argumentando a União que, para a liquidação do imposto de renda, deve ser adotado o método do cálculo do montantenão-tributável (poupança), segundo o qual os valores recolhidos pelo contribuinte à entidade de previdência privada nosexercícios de 1989 a 1995 deverão ser corrigidos conforme Manual de Cálculos da Justiça Federal, passando a compordedução dos rendimentos tributados anualmente a título de complementação de aposentadoria. Citou como paradigma, orecurso de n. 2009.72.56.000891-9, da 1ª Turma Recursal de Santa Catarina. 2. O incidente de uniformização deinterpretação do direito federal tem cabimento quando fundado em divergência entre decisões de turmas recursais dediferentes Regiões ou quando o acórdão recorrido for proferido em contrariedade a súmula ou jurisprudência dominantedesta Turma Nacional de Uniformização ou do Superior Tribunal de Justiça. 3. Ora, este Colegiado, na esteira dajurisprudência firmada pelo Superior Tribunal de Justiça, fixou o entendimento de que o indébito tributário é calculado combase no valor do imposto de renda recolhido entre 1-1-1989 e 31-12-1995, cujo montante será deduzido dos valorescobrados a tal título incidentes sobre a complementação da aposentadoria. Sobre esse assunto, além da decisão proferidano Pedilef 2006.83.00.515712-4 (DJ 28-10-2008), da relatoria da Srª. Juíza Joana Carolina Pereira. Registra-se, ainda, oacórdão prolatado no Pedilef 2006.72.58.00.3510-1, relator o Sr. Janilson Bezerra de Siqueira, julgado em 27-6-2012, com aseguinte ementa, na parte que interessa: EMENTA: TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO.IMPOSTODE RENDA SOBRE COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO. SENTENÇADE PROCEDÊNCIA CONFIRMADA PELA 2.ª TURMA RECURSAL DE SANTA CATARINA. ALEGAÇÃO DE DISSÍDIOJURISPRUDENCIAL COM A JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA E DA TURMANACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO. DIVERGÊNCIA DEMONSTRADA. CONHECIMENTO DO INCIDENTE.INEXIGIBILIDADE DO IMPOSTO DE RENDA SOBRE A COMPLEMENTAÇÃODE APOSENTADORIA APENAS ATÉ OLIMITE DO QUE JÁ FOI PAGO A ESSE TÍTULO SOB A ÉGIDE DA LEI N.º 7.713/88. TESE DA ISENÇÃO PARA OFUTURO. REJEIÇÃO. ACOLHIMENTO DA POSIÇÃO DO STJ: NON BIS IN IDEM. DIREITO DA FAZENDA DEAPRESENTAR CÁLCULOS QUE DEMONSTREM O VALOR CONSIDERADO DEVIDO. PROVIMENTO PARCIAL DOINCIDENTE. A Fazenda sustenta, ainda, que os valores recolhidos pelo contribuinte a entidade de previdência privada nosexercícios de 1989 a 1995 deverão ser corrigidos pelos índices de correção monetária geral até a data da aposentadoria e oseu somatório deverá ser utilizado como um valor dedutível da base de cálculo dos benefícios da aposentadoria, para finsde apurar-se o imposto de renda incidente sobre a complementação de aposentadoria. Contudo, não é esta a forma decálculo reconhecida pelo STJ, que entende pela compensação entre o valor recolhido de imposto de renda entre 1989 a1995 com os valores cobrados a título do imposto atualmente: “Consoante consignado pelo Ministro Castro Meira, nojulgamento do recurso repetitivo esta Corte assentou que, tendo em vista as dificuldades em identificar e distinguir, em cadaparcela do benefício previdenciário recebido, as contribuições recolhidas pelo segurado e o aporte vertido pela entidadepatrocinadora, há de se reconhecer a inexigibilidade do imposto de renda, até o limite do que foi recolhido pelo beneficiário,a título de tal imposto, sob a égide da Lei n.º 7.713/88, devidamente atualizado” (REsp n.º 1282609/RN, Relator MinistroMauro Campbell Marques, DJU 28 nov. 2011). 4. No caso em exame, é de se constatar que o acórdão recorrido está emsintonia com o entendimento deste Colegiado. Incidência, portanto, da questão de ordem n. 13 desta Turma Nacional,segundo a qual “não cabe pedido de uniformização quando a jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização deJurisprudência dos Juizados Especiais Federais se firmou no mesmo sentido do acórdão recorrido.”.5. Julgamento deacordo com o art. 46 da Lei 9.099/95. 6. Pedido de uniformização não conhecido.(PEDILEF 05318667020104058300, Rel. Juiz Federal Gláucio Ferreira Maciel Gonçalves, D.O.U. 16.05.2014, p. 125/165)

TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. IMPOSTODE RENDA SOBRECOMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIACONFIRMADA PELA 2.ª TURMA RECURSAL DE SANTA CATARINA. ALEGAÇÃO DE DISSÍDIO JURISPRUDENCIALCOM A JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA E DA TURMA NACIONAL DEUNIFORMIZAÇÃO. DIVERGÊNCIA DEMONSTRADA. CONHECIMENTO DO INCIDENTE. INEXIGIBILIDADE DOIMPOSTO DE RENDA SOBRE A COMPLEMENTAÇÃODE APOSENTADORIA APENAS ATÉ O LIMITE DO QUE JÁ FOIPAGO A ESSE TÍTULO SOB A ÉGIDE DA LEI N.º 7.713/88. TESE DA ISENÇÃO PARA O FUTURO. REJEIÇÃO.ACOLHIMENTO DA POSIÇÃO DO STJ: NON BIS IN IDEM. DIREITO DA FAZENDA DE APRESENTAR CÁLCULOS QUEDEMONSTREM O VALOR CONSIDERADO DEVIDO. PROVIMENTO PARCIAL DO INCIDENTE.- Comprovada a similitudefático-jurídica e a divergência entre o acórdão recorrido e a jurisprudência dominante do Superior Tribunal de Justiça (REspn.º 964.855 SC, Ministro Mauro Campbell Marques, DJU 1.º dez. 2008), da Turma Nacional de Uniformização (PEDILEF n.º200683005178681, Juiz Federal Leonardo Safi de Melo, DJU 7 mai. 2008), tem cabimento o incidente de uniformização.- AFazenda Nacional, deixando de impugnar o mérito, sustenta duas teses no presente recurso: a) na concretização do direitodo autor, não se deve atribuir um percentual de isenção para o futuro, mas sim corrigir os valores recolhidos pelo

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contribuinte a entidade de previdência privada nos exercícios de 1989 a 1995 até a data da aposentadoria, devendo o seusomatório ser utilizado como um valor dedutível da base de cálculo dos benefícios da aposentadoria, para fins de apurar-seo valor do imposto de renda; b) por ocasião de eventual liquidação de sentença, a União pode fazer todas as provasnecessárias para evitar enriquecimento sem causa.- A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente delei que especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo o caso, oprazo de sua duração, inexistindo previsão legal para a hipótese em comento, consoante disposição do artigo 176 doCódigo Tributário Nacional. Não há que se falar em isenção para o futuro no caso dos autos, por ausência de lei prévia quea institua. Trata-se, na verdade, não de isenção, mas de ilegitimidade da incidência do imposto, como forma de evitar aconfiguração de bis in idem. Assim já se pacificou a jurisprudência do STJ, no sentido de que “não se pode negar o fato deque as contribuições vertidas pelos beneficiários no período de vigência da Lei 7.713/88 – as quais, em alguma proporção,integram o benefício devido – já foram tributadas pelo IRPF. Assim, sob pena de incorrer-se em bis in idem, merece seratendido o pedido de declaração de inexigibilidade do referido imposto – mas apenas na proporção do que foi pago a essetítulo por força da norma em questão. Em outros termos: o imposto de renda incidente sobre os benefícios recebidos apartir de janeiro de 1996 é indevido e deve ser repetido somente até o limite do que foi recolhido pelo beneficiário sob aégide da Lei 7.713/88” (REsp n.º 200702954219, Ministro Teori Albino Zavascki, DJU 13 out. 2008).- A Fazenda sustenta,ainda, que os valores recolhidos pelo contribuinte a entidade de previdência privada nos exercícios de 1989 a 1995 deverãoser corrigidos pelos índices de correção monetária geral até a data da aposentadoria e o seu somatório deverá ser utilizadocomo um valor dedutível da base de cálculo dos benefícios da aposentadoria, para fins de apurar-se o imposto de rendaincidente sobre a complementação de aposentadoria. Contudo, não é esta a forma de cálculo reconhecida pelo STJ, queentende pela compensação entre o valor recolhido de imposto de renda entre 1989 a 1995 com os valores cobrados a títulodo imposto atualmente: “Consoante consignado pelo Ministro Castro Meira, no julgamento do recurso repetitivo esta Corteassentou que, tendo em vista as dificuldades em identificar e distinguir, em cada parcela do benefício previdenciáriorecebido, as contribuições recolhidas pelo segurado e o aporte vertido pela entidade patrocinadora, há de se reconhecer ainexigibilidade do imposto de renda, até o limite do que foi recolhido pelo beneficiário, a título de tal imposto, sob a égide daLei n.º 7.713/88, devidamente atualizado” (REsp n.º 1282609/RN, Relator Ministro Mauro Campbell Marques, DJU 28 nov.2011).- A jurisprudência do STJ é pacífica no sentido exposto no paradigma:“Deve ser reconhecido o direito do contribuintede optar pelo recebimento do crédito (indébito) por via do precatório (restituição direta), ou proceder à compensaçãotributária (restituição indireta), após a verificação pelo juízo de primeiro grau do quantum devido. Nessa verificação deveráser resguardado o direito da Fazenda Pública de alegar qualquer questão impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação,inclusive apresentando cálculos que melhor reflitam a sistemática da declaração de ajuste para evitar o locupletamentoilícito do credor” (REsp n.º 964.855/SC, Ministro Mauro Campbell Marques, DJU 01 dez. 2008). Assim, não poderia oacórdão recorrido, sob o fundamento de “respeito aos princípios da celeridade e economia processuais”, ter negado àFazenda o direito de fazer prova de qualquer fato que impeça, modifique ou extinga a sua obrigação, por meio daapresentação de cálculos que demonstrem o valor considerado devido ou, inclusive, se já ocorrida a restituição deste dequalquer outra forma.- Pedido de Uniformização parcialmente provido, para firmar as teses de que: a) não há direito aisenção para o futuro do imposto de renda sobre a complementação de aposentadoria, mas sim inexigibilidade do tributo,até o limite do que já foi pago a esse título sob a égide da Lei n.º7.713/88, devidamente atualizado, para evitar o bis in idem;b) deve-se assegurar o direito da Fazenda de apresentar cálculos, antes da requisição de pagamento, valendo-se damesma metodologia da declaração de ajuste, a fim de apurar o valor da restituição eventualmente devida.(PEDILEF 200672580035101, Rel. Juiz Federal Janilson Bezerra de Siqueira, D.O.U. 03.08.2012)

8. Ressalto que por ocasião da quantificação do indébito, deverão ser deduzidos valores eventualmente já percebidos atítulo de restituição de imposto de renda decorrente do mesmo motivo (complementação de aposentadoria).

III. DISPOSITIVO9. Posto isso, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação em custas. Condeno a União Federalem honorários advocatícios de 10% do valor da condenação, na forma do art. 55, caput, da Lei 9.099/1995.10. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

72 - 0000459-69.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.000459-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: GUSTAVO HENRIQUE TEIXEIRA DE OLIVEIRA.) x MARIA JOSÉ DOS SANTOS BORGO (ADVOGADO:ES012916 - MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.).RECURSO Nº 0000459-69.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.000459-4/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALRECORRIDO: MARIA JOSÉ DOS SANTOS BORGORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTATRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA SOBRE VALORES RECOLHIDOS A TÍTULO DE CONTRIBUIÇÃO PARA ENTIDADEDE PREVIDÊNCIA PRIVADA.1. Trata-se de recurso interposto contra sentença que julgou procedente pedido de restituição de valores recolhidos a títulode contribuição para entidade de Previdência Privada, na vigência da Lei nº 7.713/88, portanto antes da promulgação da Leinº 9.250/95, com fundamento no art. 269, I, do Código de Processo Civil. Contrarrazões às fls. 72/80.

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2. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.I. PRESCRIÇÃO.3. O direito de pleitear a restituição de tributos pagos indevidamente está sujeito ao prazo decadencial de cinco anos. Tallapso temporal, para exações – como o imposto de renda – sujeitas a lançamento por homologação, tem sua contageminiciada quando da “manifestação de concordância expressa da autoridade com o resultado da subsunção efetuada pelodevedor (o que supõe que a autoridade proceda também à valorização fática e ao exame da legislação aplicável, apurandoo montante do tributo)” (Luciano Amaro. Direito Tributário Brasileiro. 8a edição. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 351) ou,quando inerte a administração tributária, do transcurso de cinco anos computados a partir da ocorrência do fato gerador,ensejando, pois, a homologação tácita do lançamento, nos termos dos arts. 156, VII, e 150, §4o, do Código TributárioNacional.4. A Lei Complementar n. 118, de 09 de fevereiro de 2005, em seu artigo 3o, dispõe que o início do prazo de cinco anospara o exercício do direito de pleitear a restituição dos tributos sujeitos a lançamento por homologação inicia-se nomomento do pagamento antecipado de que trata o art. 150, §1o, do Código Tributário Nacional. A natureza interpretativaque se pretendeu conferir ao dispositivo exsurge da regra veiculada pelo art. 4o, do mesmo diploma legal, que faz alusão aoart. 106, I, do Código Tributário Nacional, com o intuito de conferir aplicação retroativa ao art. 3o, da Lei Complementar n.118/05.5. Conquanto a doutrina debatesse a extensão do prazo para a extinção do direito de pleitear a restituição de tributossujeitos a lançamento por homologação, o STJ havia pacificado seu posicionamento favorável ao prazo de dez anos, o queafastaria a sua natureza interpretativa, fazendo com que a regra fosse apenas aplicada aos créditos tributários constituídosapós a publicação da Lei Complementar n. 118/05 (STJ, ERESP 555.038-DF, Primeira Seção, Rel. Min. José Delgado, DJ13.06.2005, p. 163). No entanto, a interpretação favorável à inconstitucionalidade total do art. 4º, da Lei Complementar n.118/05, foi rechaçada pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento, no regime de repercussão geral, do RE 566.621-RS(Pleno, Rel. Min. Ellen Gracie, DJE 10.10.2011).6. Embora tenha, em decisões anteriores, afirmado que o início do prazo prescricional deveria ser computado a partir doinício do pagamento da complementação de aposentadoria, momento quando já restaria configurada a dúplice incidênciado imposto de renda, a Turma Nacional de Uniformização adota orientação distinta, no sentido de que – ajuizada ademanda após 09 de junho de 2005 - a prescrição somente deve alcançar a exigibilidade dos pagamentos indevidos feitosno quinquênio anterior à propositura da ação (PEDILEF 2006830005146716, Rel. Juiz Federal Manoel Rolim CampbellPenna, DJ 28.09.2012).7. Logo, ajuizada a ação em 07/01/2013, há que ser declarada a prescrição das parcelas anteriores a 07/01/2008.II. DO IMPOSTO DE RENDA SOBRE COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA8. O art. 6o, VII, alínea ‘b’, da Lei n. 7.713/88, isentava as pessoas físicas do recolhimento de Imposto de Renda incidentesobre os valores recebidos de entidades de previdência privada correspondentes às contribuições arcadas pelo participante,desde que os rendimentos e ganhos de capital produzidos pelo patrimônio da entidade tenham sido tributados na fonte.Essa regra tinha sua aplicação complementada pela interpretação sistemática dada ao art. 31, I, da Lei n. 7.713/88, com aredação conferida pela Lei n. 7.751/89, segundo a qual as importâncias pagas ou creditadas às pessoas físicas, sob aforma de resgate, pecúlio ou renda periódica pelas entidades de previdência privada sujeitavam-se à incidência de impostode renda na fonte, relativamente à parcela correspondente às contribuições cujo ônus não tenha sido do beneficiário ouquando os rendimentos e ganhos de capital produzidos pelo patrimônio da entidade de previdência não tenham sidotributados na fonte.9. O art. 32, da Lei n. 9.250, de 26 de dezembro de 1995, suprimiu a alínea ‘b’ do art. 6o,VII, da Lei n. 7.713/88, conferindonova redação ao dispositivo legal, a qual tornava possível a incidência de imposto de renda sobre os resgates de valores deentidades de previdência privada decorrentes de depósitos cujo ônus recaíra sobre o participante. Contudo, o recebimentodos montantes pagos pelos participantes de entidades de previdência privada, que já sofreram a incidência de imposto derenda na fonte sob o pálio da Lei n. 7.713/88, não poderiam, sob o risco de bis in idem, constituir fato jurídico apto aprovocar a incidência do tributo aludido, tal como veio a ser previsto pelo art. 7o, da Medida Provisória n. 2.159-70, de 24 deagosto de 2001. Em apoio à tese ora esposada, contrária à nova incidência do imposto de renda, posiciona-se a iterativajurisprudência da Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (cf. ERESP 565.275-RS, Rel. Min. José Delgado, DJ30.05.2005, p. 204).10. Dos documentos juntados aos autos, verifico que o instituidor da pensão ingressou no plano de previdênciacomplementar em 07/07/1977 (fl. 16) e passou a perceber o benefício de aposentadoria com data de início em 29/09/1992(fls. 86/87). Destarte, são indevidos os descontos a título de imposto de renda sobre o resgate dos valores de contribuição àentidade de previdência privada pagos pelo instituidor da pensão no período compreendido entre 1º de janeiro de 1989 e adata de sua aposentadoria, anterior a 31 de dezembro de 1995.11. No que tange à alegação de ausência de bitributação, ressalto que a pensão por morte a que faz jus a autora tem porbase a aposentadoria complementar de seu falecido marido, que contribuiu ao imposto de renda no período de 1989/1995,sendo assim, há bitributação ao se cobrar novamente o imposto de renda sobre a parte relativa à complementação dapensão por morte se o instituidor faleceu na vigência da Lei n. 9.250/95. Precedente: STJ, Edcl no RESP 1086492,Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, DJe de 26/10/2010.

III. DA ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA E JUROS MORATÓRIOS12. A correção monetária constitui simples atualização do valor da moeda, nada acrescentando ao valor original, devendoser integral, nos exatos termos do enunciado n.º 162, da súmula da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. Quantoaos índices a serem aplicados, tem-se que os valores indevidamente recolhidos deverão ser corrigidos integralmente, poríndices que reflitam a real inflação verificada no período.13. De março a dezembro de 1991, deve incidir o INPC, em substituição à Taxa Referencial (Lei n. 8.177/91), a UFIR dejaneiro de 1992 até 31 de dezembro de 1995 (Lei n. 8.383/91) e a taxa SELIC a partir de janeiro de 1996 (art. 39, § 4°, da

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Lei n° 9.250/95). Confira-se, a propósito: STJ, AgRESP 331.665-SP, Primeira Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJ02.12.2002; RESP 2270.901-SP, Segunda turma, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ 08.05.2000; RESP 267.080-SC, SegundaTurma, Rel. Min. Francisco Peçanha Martins, DJ 26.05.2003.14. A partir de 01.01.96, os valores serão corrigidos tão-somente com a aplicação dos juros equivalentes à taxa SELIC,sem incidência de qualquer outro índice de correção monetária ou outro percentual de juros, nos termos do art. 161, § 1o,do Código Tributário Nacional (STJ, ERESP 517.359-PB, Primeira Seção, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ 07.03.2005,p. 135). No entanto, depois da expedição da requisição de pagamento, a correção monetária seguirá os índices adotadosem Tabela de Correção Monetária de precatórios na Justiça Federal.IV. FORMA DE LIQUIDAÇÃO DO JULGADO15. A complexidade do cálculo da quantia a ser restituída dispensa a prévia indicação desse total na petição inicial ou nasentença, bastando que o título judicial executivo fixe os parâmetros para apuração do montante devido. Nesse sentido, aorever posição por mim externada em julgamentos anteriores, destaco que a Turma Nacional de Uniformização, com arrimona jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, posiciona-se contrariamente à liquidação do julgado que calcule o totalpago pelo contribuinte, a título de imposto de renda, sobre as contribuições vertidas para fundo de previdênciacomplementar entre janeiro de 1989 e dezembro de 1995, como crédito a ser abatido do montante recebido a título decomplementação de aposentadoria por ano-base, conforme as Declarações Anuais de Ajuste do IRPF dos exercíciosimediatamente seguintes à aposentadoria do demandante, recalculando-se, assim, o Imposto de Renda de cada exercício,de modo a fixar o valor a ser restituído.16. Em obediência à orientação adotada pela Turma Nacional de Uniformização, primeiramente deve ser feito cálculo doimposto de renda recolhido sobre as contribuições que o demandante verteu entre janeiro de 1989 e dezembro de 1995, asquais deverão ser restituídas por compensação ou pagamento mediante expedição judicial de requisição apropriada,dispensando-se o respectivo ajuste nos anos seguintes à complementação. A propósito, colaciono as ementas dosseguintes acórdãos:TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. PREVIDÊNCIA PRIVADA. COMPLEMENTAÇÃO DEAPOSENTADORIA. CRITÉRIODE APURAÇÃO DO INDÉBITO. ACÓRDÃO RECORRIDO EM CONSONÂNCIA COM O ENTENDIMENTOCONSOLIDADO NESTA TNU. APLICAÇÃO DA QUESTÃO DE ORDEM N. 13. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NÃOCONHECIDO. 1. A União, ora recorrente, pretende a modificação de acórdão que, dando parcial provimento a seu recursoinominado, julgou procedente o pedido de inexigibilidade de imposto de renda sobre complementação de aposentadoria,relativamente às contribuições vertidas pelo autor ao fundo de previdência privada no período de 1989 a 1995, mandandocompensar o que foi pago indevidamente. Insurge-se apenas quanto ao critério de apuração do indébito tributário,argumentando a União que, para a liquidação do imposto de renda, deve ser adotado o método do cálculo do montantenão-tributável (poupança), segundo o qual os valores recolhidos pelo contribuinte à entidade de previdência privada nosexercícios de 1989 a 1995 deverão ser corrigidos conforme Manual de Cálculos da Justiça Federal, passando a compordedução dos rendimentos tributados anualmente a título de complementação de aposentadoria. Citou como paradigma, orecurso de n. 2009.72.56.000891-9, da 1ª Turma Recursal de Santa Catarina. 2. O incidente de uniformização deinterpretação do direito federal tem cabimento quando fundado em divergência entre decisões de turmas recursais dediferentes Regiões ou quando o acórdão recorrido for proferido em contrariedade a súmula ou jurisprudência dominantedesta Turma Nacional de Uniformização ou do Superior Tribunal de Justiça. 3. Ora, este Colegiado, na esteira dajurisprudência firmada pelo Superior Tribunal de Justiça, fixou o entendimento de que o indébito tributário é calculado combase no valor do imposto de renda recolhido entre 1-1-1989 e 31-12-1995, cujo montante será deduzido dos valorescobrados a tal título incidentes sobre a complementação da aposentadoria. Sobre esse assunto, além da decisão proferidano Pedilef 2006.83.00.515712-4 (DJ 28-10-2008), da relatoria da Srª. Juíza Joana Carolina Pereira. Registra-se, ainda, oacórdão prolatado no Pedilef 2006.72.58.00.3510-1, relator o Sr. Janilson Bezerra de Siqueira, julgado em 27-6-2012, com aseguinte ementa, na parte que interessa: EMENTA: TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO.IMPOSTODE RENDA SOBRE COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO. SENTENÇADE PROCEDÊNCIA CONFIRMADA PELA 2.ª TURMA RECURSAL DE SANTA CATARINA. ALEGAÇÃO DE DISSÍDIOJURISPRUDENCIAL COM A JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA E DA TURMANACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO. DIVERGÊNCIA DEMONSTRADA. CONHECIMENTO DO INCIDENTE.INEXIGIBILIDADE DO IMPOSTO DE RENDA SOBRE A COMPLEMENTAÇÃODE APOSENTADORIA APENAS ATÉ OLIMITE DO QUE JÁ FOI PAGO A ESSE TÍTULO SOB A ÉGIDE DA LEI N.º 7.713/88. TESE DA ISENÇÃO PARA OFUTURO. REJEIÇÃO. ACOLHIMENTO DA POSIÇÃO DO STJ: NON BIS IN IDEM. DIREITO DA FAZENDA DEAPRESENTAR CÁLCULOS QUE DEMONSTREM O VALOR CONSIDERADO DEVIDO. PROVIMENTO PARCIAL DOINCIDENTE. A Fazenda sustenta, ainda, que os valores recolhidos pelo contribuinte a entidade de previdência privada nosexercícios de 1989 a 1995 deverão ser corrigidos pelos índices de correção monetária geral até a data da aposentadoria e oseu somatório deverá ser utilizado como um valor dedutível da base de cálculo dos benefícios da aposentadoria, para finsde apurar-se o imposto de renda incidente sobre a complementação de aposentadoria. Contudo, não é esta a forma decálculo reconhecida pelo STJ, que entende pela compensação entre o valor recolhido de imposto de renda entre 1989 a1995 com os valores cobrados a título do imposto atualmente: “Consoante consignado pelo Ministro Castro Meira, nojulgamento do recurso repetitivo esta Corte assentou que, tendo em vista as dificuldades em identificar e distinguir, em cadaparcela do benefício previdenciário recebido, as contribuições recolhidas pelo segurado e o aporte vertido pela entidadepatrocinadora, há de se reconhecer a inexigibilidade do imposto de renda, até o limite do que foi recolhido pelo beneficiário,a título de tal imposto, sob a égide da Lei n.º 7.713/88, devidamente atualizado” (REsp n.º 1282609/RN, Relator MinistroMauro Campbell Marques, DJU 28 nov. 2011). 4. No caso em exame, é de se constatar que o acórdão recorrido está emsintonia com o entendimento deste Colegiado. Incidência, portanto, da questão de ordem n. 13 desta Turma Nacional,segundo a qual “não cabe pedido de uniformização quando a jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização deJurisprudência dos Juizados Especiais Federais se firmou no mesmo sentido do acórdão recorrido.”.5. Julgamento deacordo com o art. 46 da Lei 9.099/95. 6. Pedido de uniformização não conhecido.(PEDILEF 05318667020104058300, Rel. Juiz Federal Gláucio Ferreira Maciel Gonçalves, D.O.U. 16.05.2014, p. 125/165)

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TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. IMPOSTODE RENDA SOBRECOMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIACONFIRMADA PELA 2.ª TURMA RECURSAL DE SANTA CATARINA. ALEGAÇÃO DE DISSÍDIO JURISPRUDENCIALCOM A JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA E DA TURMA NACIONAL DEUNIFORMIZAÇÃO. DIVERGÊNCIA DEMONSTRADA. CONHECIMENTO DO INCIDENTE. INEXIGIBILIDADE DOIMPOSTO DE RENDA SOBRE A COMPLEMENTAÇÃODE APOSENTADORIA APENAS ATÉ O LIMITE DO QUE JÁ FOIPAGO A ESSE TÍTULO SOB A ÉGIDE DA LEI N.º 7.713/88. TESE DA ISENÇÃO PARA O FUTURO. REJEIÇÃO.ACOLHIMENTO DA POSIÇÃO DO STJ: NON BIS IN IDEM. DIREITO DA FAZENDA DE APRESENTAR CÁLCULOS QUEDEMONSTREM O VALOR CONSIDERADO DEVIDO. PROVIMENTO PARCIAL DO INCIDENTE.- Comprovada a similitudefático-jurídica e a divergência entre o acórdão recorrido e a jurisprudência dominante do Superior Tribunal de Justiça (REspn.º 964.855 SC, Ministro Mauro Campbell Marques, DJU 1.º dez. 2008), da Turma Nacional de Uniformização (PEDILEF n.º200683005178681, Juiz Federal Leonardo Safi de Melo, DJU 7 mai. 2008), tem cabimento o incidente de uniformização.- AFazenda Nacional, deixando de impugnar o mérito, sustenta duas teses no presente recurso: a) na concretização do direitodo autor, não se deve atribuir um percentual de isenção para o futuro, mas sim corrigir os valores recolhidos pelocontribuinte a entidade de previdência privada nos exercícios de 1989 a 1995 até a data da aposentadoria, devendo o seusomatório ser utilizado como um valor dedutível da base de cálculo dos benefícios da aposentadoria, para fins de apurar-seo valor do imposto de renda; b) por ocasião de eventual liquidação de sentença, a União pode fazer todas as provasnecessárias para evitar enriquecimento sem causa.- A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente delei que especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo o caso, oprazo de sua duração, inexistindo previsão legal para a hipótese em comento, consoante disposição do artigo 176 doCódigo Tributário Nacional. Não há que se falar em isenção para o futuro no caso dos autos, por ausência de lei prévia quea institua. Trata-se, na verdade, não de isenção, mas de ilegitimidade da incidência do imposto, como forma de evitar aconfiguração de bis in idem. Assim já se pacificou a jurisprudência do STJ, no sentido de que “não se pode negar o fato deque as contribuições vertidas pelos beneficiários no período de vigência da Lei 7.713/88 – as quais, em alguma proporção,integram o benefício devido – já foram tributadas pelo IRPF. Assim, sob pena de incorrer-se em bis in idem, merece seratendido o pedido de declaração de inexigibilidade do referido imposto – mas apenas na proporção do que foi pago a essetítulo por força da norma em questão. Em outros termos: o imposto de renda incidente sobre os benefícios recebidos apartir de janeiro de 1996 é indevido e deve ser repetido somente até o limite do que foi recolhido pelo beneficiário sob aégide da Lei 7.713/88” (REsp n.º 200702954219, Ministro Teori Albino Zavascki, DJU 13 out. 2008).- A Fazenda sustenta,ainda, que os valores recolhidos pelo contribuinte a entidade de previdência privada nos exercícios de 1989 a 1995 deverãoser corrigidos pelos índices de correção monetária geral até a data da aposentadoria e o seu somatório deverá ser utilizadocomo um valor dedutível da base de cálculo dos benefícios da aposentadoria, para fins de apurar-se o imposto de rendaincidente sobre a complementação de aposentadoria. Contudo, não é esta a forma de cálculo reconhecida pelo STJ, queentende pela compensação entre o valor recolhido de imposto de renda entre 1989 a 1995 com os valores cobrados a títulodo imposto atualmente: “Consoante consignado pelo Ministro Castro Meira, no julgamento do recurso repetitivo esta Corteassentou que, tendo em vista as dificuldades em identificar e distinguir, em cada parcela do benefício previdenciáriorecebido, as contribuições recolhidas pelo segurado e o aporte vertido pela entidade patrocinadora, há de se reconhecer ainexigibilidade do imposto de renda, até o limite do que foi recolhido pelo beneficiário, a título de tal imposto, sob a égide daLei n.º 7.713/88, devidamente atualizado” (REsp n.º 1282609/RN, Relator Ministro Mauro Campbell Marques, DJU 28 nov.2011).- A jurisprudência do STJ é pacífica no sentido exposto no paradigma:“Deve ser reconhecido o direito do contribuintede optar pelo recebimento do crédito (indébito) por via do precatório (restituição direta), ou proceder à compensaçãotributária (restituição indireta), após a verificação pelo juízo de primeiro grau do quantum devido. Nessa verificação deveráser resguardado o direito da Fazenda Pública de alegar qualquer questão impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação,inclusive apresentando cálculos que melhor reflitam a sistemática da declaração de ajuste para evitar o locupletamentoilícito do credor” (REsp n.º 964.855/SC, Ministro Mauro Campbell Marques, DJU 01 dez. 2008). Assim, não poderia oacórdão recorrido, sob o fundamento de “respeito aos princípios da celeridade e economia processuais”, ter negado àFazenda o direito de fazer prova de qualquer fato que impeça, modifique ou extinga a sua obrigação, por meio daapresentação de cálculos que demonstrem o valor considerado devido ou, inclusive, se já ocorrida a restituição deste dequalquer outra forma.- Pedido de Uniformização parcialmente provido, para firmar as teses de que: a) não há direito aisenção para o futuro do imposto de renda sobre a complementação de aposentadoria, mas sim inexigibilidade do tributo,até o limite do que já foi pago a esse título sob a égide da Lei n.º7.713/88, devidamente atualizado, para evitar o bis in idem;b) deve-se assegurar o direito da Fazenda de apresentar cálculos, antes da requisição de pagamento, valendo-se damesma metodologia da declaração de ajuste, a fim de apurar o valor da restituição eventualmente devida.(PEDILEF 200672580035101, Rel. Juiz Federal Janilson Bezerra de Siqueira, D.O.U. 03.08.2012)

V. DISPOSITIVO17. Posto isso, conheço o recurso e dou-lhe provimento somente para julgar procedente o pedido para: i) declarar ainexigibilidade do imposto de renda retido na fonte quando do pagamento do benefício de aposentadoria por entidade deprevidência privada, a partir da data de efetiva percepção do benefício, na proporção do que foi pago pelo beneficiário, noperíodo de vigência da Lei 7.713/88, a título de contribuições vertidas para o fundo; e ii) condenar a União a restituir osvalores recolhidos indevidamente, observada a prescrição quinquenal. A restituição, por compensação ou expedição derequisição de pagamento, deverá seguir os critérios de atualização monetária, incidência de juros moratórios e a forma deliquidação definidos na fundamentação.18. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, nos termos do art. 55, caput, da Lei 9.099/1995.19. É como voto.

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(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

73 - 0100024-57.2013.4.02.5054/01 (2013.50.54.100024-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: MARINA RIBEIRO FLEURY.) x ARMINDA PINAFFO LODI (ADVOGADO: ES012916 - MARIA DE FÁTIMADOMENEGHETTI.).RECURSO Nº 0100024-57.2013.4.02.5054/01 (2013.50.54.100024-1/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALRECORRIDO: ARMINDA PINAFFO LODIRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTATRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA SOBRE VALORES RECOLHIDOS A TÍTULO DE CONTRIBUIÇÃO PARA ENTIDADEDE PREVIDÊNCIA PRIVADA.1. Trata-se de recurso interposto contra sentença que julgou procedente pedido de restituição de valores recolhidos a títulode contribuição para entidade de Previdência Privada, na vigência da Lei nº 7.713/88, portanto antes da edição da lei nº9.250/95, com fundamento no art. 269, I, do Código de Processo Civil. Sem contrarrazões.2. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.I. PRESCRIÇÃO.3. O direito de pleitear a restituição de tributos pagos indevidamente está sujeito ao prazo decadencial de cinco anos. Tallapso temporal, para exações – como o imposto de renda – sujeitas a lançamento por homologação, tem sua contageminiciada quando da “manifestação de concordância expressa da autoridade com o resultado da subsunção efetuada pelodevedor (o que supõe que a autoridade proceda também à valorização fática e ao exame da legislação aplicável, apurandoo montante do tributo)” (Luciano Amaro. Direito Tributário Brasileiro. 8a edição. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 351) ou,quando inerte a administração tributária, do transcurso de cinco anos computados a partir da ocorrência do fato gerador,ensejando, pois, a homologação tácita do lançamento, nos termos dos arts. 156, VII, e 150, §4o, do Código TributárioNacional.4. A Lei Complementar n. 118, de 09 de fevereiro de 2005, em seu artigo 3o, dispõe que o início do prazo de cinco anospara o exercício do direito de pleitear a restituição dos tributos sujeitos a lançamento por homologação inicia-se nomomento do pagamento antecipado de que trata o art. 150, §1o, do Código Tributário Nacional. A natureza interpretativaque se pretendeu conferir ao dispositivo exsurge da regra veiculada pelo art. 4o, do mesmo diploma legal, que faz alusão aoart. 106, I, do Código Tributário Nacional, com o intuito de conferir aplicação retroativa ao art. 3o, da Lei Complementar n.118/05.5. Conquanto a doutrina debatesse a extensão do prazo para a extinção do direito de pleitear a restituição de tributossujeitos a lançamento por homologação, o STJ havia pacificado seu posicionamento favorável ao prazo de dez anos, o queafastaria a sua natureza interpretativa, fazendo com que a regra fosse apenas aplicada aos créditos tributários constituídosapós a publicação da Lei Complementar n. 118/05 (STJ, ERESP 555.038-DF, Primeira Seção, Rel. Min. José Delgado, DJ13.06.2005, p. 163). No entanto, a interpretação favorável à inconstitucionalidade total do art. 4º, da Lei Complementar n.118/05, foi rechaçada pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento, no regime de repercussão geral, do RE 566.621-RS(Pleno, Rel. Min. Ellen Gracie, DJE 10.10.2011).6. Embora tenha, em decisões anteriores, afirmado que o início do prazo prescricional deveria ser computado a partir doinício do pagamento da complementação de aposentadoria, momento quando já restaria configurada a dúplice incidênciado imposto de renda, a Turma Nacional de Uniformização adota orientação distinta, no sentido de que – ajuizada ademanda após 09 de junho de 2005 - a prescrição somente deve alcançar a exigibilidade dos pagamentos indevidos feitosno quinquênio anterior à propositura da ação (PEDILEF 2006830005146716, Rel. Juiz Federal Manoel Rolim CampbellPenna, DJ 28.09.2012).7. Logo, ajuizada a ação em 07/01/2013, há que ser declarada a prescrição das parcelas anteriores a 07/01/2008.II. DO IMPOSTO DE RENDA SOBRE COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA8. O art. 6o, VII, alínea ‘b’, da Lei n. 7.713/88, isentava as pessoas físicas do recolhimento de Imposto de Renda incidentesobre os valores recebidos de entidades de previdência privada correspondentes às contribuições arcadas pelo participante,desde que os rendimentos e ganhos de capital produzidos pelo patrimônio da entidade tenham sido tributados na fonte.Essa regra tinha sua aplicação complementada pela interpretação sistemática dada ao art. 31, I, da Lei n. 7.713/88, com aredação conferida pela Lei n. 7.751/89, segundo a qual as importâncias pagas ou creditadas às pessoas físicas, sob aforma de resgate, pecúlio ou renda periódica pelas entidades de previdência privada sujeitavam-se à incidência de impostode renda na fonte, relativamente à parcela correspondente às contribuições cujo ônus não tenha sido do beneficiário ouquando os rendimentos e ganhos de capital produzidos pelo patrimônio da entidade de previdência não tenham sidotributados na fonte.9. O art. 32, da Lei n. 9.250, de 26 de dezembro de 1995, suprimiu a alínea ‘b’ do art. 6o,VII, da Lei n. 7.713/88, conferindonova redação ao dispositivo legal, a qual tornava possível a incidência de imposto de renda sobre os resgates de valores deentidades de previdência privada decorrentes de depósitos cujo ônus recaíra sobre o participante. Contudo, o recebimentodos montantes pagos pelos participantes de entidades de previdência privada, que já sofreram a incidência de imposto derenda na fonte sob o pálio da Lei n. 7.713/88, não poderiam, sob o risco de bis in idem, constituir fato jurídico apto aprovocar a incidência do tributo aludido, tal como veio a ser previsto pelo art. 7o, da Medida Provisória n. 2.159-70, de 24 deagosto de 2001. Em apoio à tese ora esposada, contrária à nova incidência do imposto de renda, posiciona-se a iterativajurisprudência da Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (cf. ERESP 565.275-RS, Rel. Min. José Delgado, DJ30.05.2005, p. 204).10. Dos documentos juntados aos autos, verifico que o instituidor da pensão ingressou no plano de previdência

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complementar em 26/08/1980 (fl. 21) e passou a perceber o benefício de aposentadoria com data de início em 08/11/2010(fl. 21), a qual é posterior à vigência da Lei n. 9.250/95. Destarte, são indevidos os descontos a título de imposto de rendasobre o resgate dos valores de contribuição à entidade de previdência privada pagos pelo instituidor da pensão no períodocompreendido entre 1º de janeiro de 1989 e a data de sua aposentadoria, anterior a 31 de dezembro de 1995.11. No que tange à alegação de ausência de bitributação, ressalto que a pensão por morte a que faz jus a autora tem porbase a aposentadoria complementar de seu falecido marido, que contribuiu ao imposto de renda no período de 1989/1995,sendo assim, há bitributação ao se cobrar novamente o imposto de renda sobre a parte relativa à complementação dapensão por morte se o instituidor faleceu na vigência da Lei n. 9.250/95. Precedente: STJ, Edcl no RESP 1086492,Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, DJe de 26/10/2010.III. DA ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA E JUROS MORATÓRIOS12. A correção monetária constitui simples atualização do valor da moeda, nada acrescentando ao valor original, devendoser integral, nos exatos termos do enunciado n.º 162, da súmula da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. Quantoaos índices a serem aplicados, tem-se que os valores indevidamente recolhidos deverão ser corrigidos integralmente, poríndices que reflitam a real inflação verificada no período.13. De março a dezembro de 1991, deve incidir o INPC, em substituição à Taxa Referencial (Lei n. 8.177/91), a UFIR dejaneiro de 1992 até 31 de dezembro de 1995 (Lei n. 8.383/91) e a taxa SELIC a partir de janeiro de 1996 (art. 39, § 4°, daLei n° 9.250/95). Confira-se, a propósito: STJ, AgRESP 331.665-SP, Primeira Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJ02.12.2002; RESP 2270.901-SP, Segunda turma, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ 08.05.2000; RESP 267.080-SC, SegundaTurma, Rel. Min. Francisco Peçanha Martins, DJ 26.05.2003.14. A partir de 01.01.96, os valores serão corrigidos tão-somente com a aplicação dos juros equivalentes à taxa SELIC,sem incidência de qualquer outro índice de correção monetária ou outro percentual de juros, nos termos do art. 161, § 1o,do Código Tributário Nacional (STJ, ERESP 517.359-PB, Primeira Seção, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ 07.03.2005,p. 135). No entanto, depois da expedição da requisição de pagamento, a correção monetária seguirá os índices adotadosem Tabela de Correção Monetária de precatórios na Justiça Federal.IV. FORMA DE LIQUIDAÇÃO DO JULGADO15. A complexidade do cálculo da quantia a ser restituída dispensa a prévia indicação desse total na petição inicial ou nasentença, bastando que o título judicial executivo fixe os parâmetros para apuração do montante devido. Nesse sentido, aorever posição por mim externada em julgamentos anteriores, destaco que a Turma Nacional de Uniformização, com arrimona jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, posiciona-se contrariamente à liquidação do julgado que calcule o totalpago pelo contribuinte, a título de imposto de renda, sobre as contribuições vertidas para fundo de previdênciacomplementar entre janeiro de 1989 e dezembro de 1995, como crédito a ser abatido do montante recebido a título decomplementação de aposentadoria por ano-base, conforme as Declarações Anuais de Ajuste do IRPF dos exercíciosimediatamente seguintes à aposentadoria do demandante, recalculando-se, assim, o Imposto de Renda de cada exercício,de modo a fixar o valor a ser restituído.16. Em obediência à orientação adotada pela Turma Nacional de Uniformização, primeiramente deve ser feito cálculo doimposto de renda recolhido sobre as contribuições que o demandante verteu entre janeiro de 1989 e dezembro de 1995, asquais deverão ser restituídas por compensação ou pagamento mediante expedição judicial de requisição apropriada,dispensando-se o respectivo ajuste nos anos seguintes à complementação. A propósito, colaciono as ementas dosseguintes acórdãos:TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. PREVIDÊNCIA PRIVADA. COMPLEMENTAÇÃO DEAPOSENTADORIA. CRITÉRIODE APURAÇÃO DO INDÉBITO. ACÓRDÃO RECORRIDO EM CONSONÂNCIA COM O ENTENDIMENTOCONSOLIDADO NESTA TNU. APLICAÇÃO DA QUESTÃO DE ORDEM N. 13. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NÃOCONHECIDO. 1. A União, ora recorrente, pretende a modificação de acórdão que, dando parcial provimento a seu recursoinominado, julgou procedente o pedido de inexigibilidade de imposto de renda sobre complementação de aposentadoria,relativamente às contribuições vertidas pelo autor ao fundo de previdência privada no período de 1989 a 1995, mandandocompensar o que foi pago indevidamente. Insurge-se apenas quanto ao critério de apuração do indébito tributário,argumentando a União que, para a liquidação do imposto de renda, deve ser adotado o método do cálculo do montantenão-tributável (poupança), segundo o qual os valores recolhidos pelo contribuinte à entidade de previdência privada nosexercícios de 1989 a 1995 deverão ser corrigidos conforme Manual de Cálculos da Justiça Federal, passando a compordedução dos rendimentos tributados anualmente a título de complementação de aposentadoria. Citou como paradigma, orecurso de n. 2009.72.56.000891-9, da 1ª Turma Recursal de Santa Catarina. 2. O incidente de uniformização deinterpretação do direito federal tem cabimento quando fundado em divergência entre decisões de turmas recursais dediferentes Regiões ou quando o acórdão recorrido for proferido em contrariedade a súmula ou jurisprudência dominantedesta Turma Nacional de Uniformização ou do Superior Tribunal de Justiça. 3. Ora, este Colegiado, na esteira dajurisprudência firmada pelo Superior Tribunal de Justiça, fixou o entendimento de que o indébito tributário é calculado combase no valor do imposto de renda recolhido entre 1-1-1989 e 31-12-1995, cujo montante será deduzido dos valorescobrados a tal título incidentes sobre a complementação da aposentadoria. Sobre esse assunto, além da decisão proferidano Pedilef 2006.83.00.515712-4 (DJ 28-10-2008), da relatoria da Srª. Juíza Joana Carolina Pereira. Registra-se, ainda, oacórdão prolatado no Pedilef 2006.72.58.00.3510-1, relator o Sr. Janilson Bezerra de Siqueira, julgado em 27-6-2012, com aseguinte ementa, na parte que interessa: EMENTA: TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO.IMPOSTODE RENDA SOBRE COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO. SENTENÇADE PROCEDÊNCIA CONFIRMADA PELA 2.ª TURMA RECURSAL DE SANTA CATARINA. ALEGAÇÃO DE DISSÍDIOJURISPRUDENCIAL COM A JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA E DA TURMANACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO. DIVERGÊNCIA DEMONSTRADA. CONHECIMENTO DO INCIDENTE.INEXIGIBILIDADE DO IMPOSTO DE RENDA SOBRE A COMPLEMENTAÇÃODE APOSENTADORIA APENAS ATÉ OLIMITE DO QUE JÁ FOI PAGO A ESSE TÍTULO SOB A ÉGIDE DA LEI N.º 7.713/88. TESE DA ISENÇÃO PARA OFUTURO. REJEIÇÃO. ACOLHIMENTO DA POSIÇÃO DO STJ: NON BIS IN IDEM. DIREITO DA FAZENDA DEAPRESENTAR CÁLCULOS QUE DEMONSTREM O VALOR CONSIDERADO DEVIDO. PROVIMENTO PARCIAL DO

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INCIDENTE. A Fazenda sustenta, ainda, que os valores recolhidos pelo contribuinte a entidade de previdência privada nosexercícios de 1989 a 1995 deverão ser corrigidos pelos índices de correção monetária geral até a data da aposentadoria e oseu somatório deverá ser utilizado como um valor dedutível da base de cálculo dos benefícios da aposentadoria, para finsde apurar-se o imposto de renda incidente sobre a complementação de aposentadoria. Contudo, não é esta a forma decálculo reconhecida pelo STJ, que entende pela compensação entre o valor recolhido de imposto de renda entre 1989 a1995 com os valores cobrados a título do imposto atualmente: “Consoante consignado pelo Ministro Castro Meira, nojulgamento do recurso repetitivo esta Corte assentou que, tendo em vista as dificuldades em identificar e distinguir, em cadaparcela do benefício previdenciário recebido, as contribuições recolhidas pelo segurado e o aporte vertido pela entidadepatrocinadora, há de se reconhecer a inexigibilidade do imposto de renda, até o limite do que foi recolhido pelo beneficiário,a título de tal imposto, sob a égide da Lei n.º 7.713/88, devidamente atualizado” (REsp n.º 1282609/RN, Relator MinistroMauro Campbell Marques, DJU 28 nov. 2011). 4. No caso em exame, é de se constatar que o acórdão recorrido está emsintonia com o entendimento deste Colegiado. Incidência, portanto, da questão de ordem n. 13 desta Turma Nacional,segundo a qual “não cabe pedido de uniformização quando a jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização deJurisprudência dos Juizados Especiais Federais se firmou no mesmo sentido do acórdão recorrido.”.5. Julgamento deacordo com o art. 46 da Lei 9.099/95. 6. Pedido de uniformização não conhecido.(PEDILEF 05318667020104058300, Rel. Juiz Federal Gláucio Ferreira Maciel Gonçalves, D.O.U. 16.05.2014, p. 125/165)

TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. IMPOSTODE RENDA SOBRECOMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIACONFIRMADA PELA 2.ª TURMA RECURSAL DE SANTA CATARINA. ALEGAÇÃO DE DISSÍDIO JURISPRUDENCIALCOM A JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA E DA TURMA NACIONAL DEUNIFORMIZAÇÃO. DIVERGÊNCIA DEMONSTRADA. CONHECIMENTO DO INCIDENTE. INEXIGIBILIDADE DOIMPOSTO DE RENDA SOBRE A COMPLEMENTAÇÃODE APOSENTADORIA APENAS ATÉ O LIMITE DO QUE JÁ FOIPAGO A ESSE TÍTULO SOB A ÉGIDE DA LEI N.º 7.713/88. TESE DA ISENÇÃO PARA O FUTURO. REJEIÇÃO.ACOLHIMENTO DA POSIÇÃO DO STJ: NON BIS IN IDEM. DIREITO DA FAZENDA DE APRESENTAR CÁLCULOS QUEDEMONSTREM O VALOR CONSIDERADO DEVIDO. PROVIMENTO PARCIAL DO INCIDENTE.- Comprovada a similitudefático-jurídica e a divergência entre o acórdão recorrido e a jurisprudência dominante do Superior Tribunal de Justiça (REspn.º 964.855 SC, Ministro Mauro Campbell Marques, DJU 1.º dez. 2008), da Turma Nacional de Uniformização (PEDILEF n.º200683005178681, Juiz Federal Leonardo Safi de Melo, DJU 7 mai. 2008), tem cabimento o incidente de uniformização.- AFazenda Nacional, deixando de impugnar o mérito, sustenta duas teses no presente recurso: a) na concretização do direitodo autor, não se deve atribuir um percentual de isenção para o futuro, mas sim corrigir os valores recolhidos pelocontribuinte a entidade de previdência privada nos exercícios de 1989 a 1995 até a data da aposentadoria, devendo o seusomatório ser utilizado como um valor dedutível da base de cálculo dos benefícios da aposentadoria, para fins de apurar-seo valor do imposto de renda; b) por ocasião de eventual liquidação de sentença, a União pode fazer todas as provasnecessárias para evitar enriquecimento sem causa.- A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente delei que especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo o caso, oprazo de sua duração, inexistindo previsão legal para a hipótese em comento, consoante disposição do artigo 176 doCódigo Tributário Nacional. Não há que se falar em isenção para o futuro no caso dos autos, por ausência de lei prévia quea institua. Trata-se, na verdade, não de isenção, mas de ilegitimidade da incidência do imposto, como forma de evitar aconfiguração de bis in idem. Assim já se pacificou a jurisprudência do STJ, no sentido de que “não se pode negar o fato deque as contribuições vertidas pelos beneficiários no período de vigência da Lei 7.713/88 – as quais, em alguma proporção,integram o benefício devido – já foram tributadas pelo IRPF. Assim, sob pena de incorrer-se em bis in idem, merece seratendido o pedido de declaração de inexigibilidade do referido imposto – mas apenas na proporção do que foi pago a essetítulo por força da norma em questão. Em outros termos: o imposto de renda incidente sobre os benefícios recebidos apartir de janeiro de 1996 é indevido e deve ser repetido somente até o limite do que foi recolhido pelo beneficiário sob aégide da Lei 7.713/88” (REsp n.º 200702954219, Ministro Teori Albino Zavascki, DJU 13 out. 2008).- A Fazenda sustenta,ainda, que os valores recolhidos pelo contribuinte a entidade de previdência privada nos exercícios de 1989 a 1995 deverãoser corrigidos pelos índices de correção monetária geral até a data da aposentadoria e o seu somatório deverá ser utilizadocomo um valor dedutível da base de cálculo dos benefícios da aposentadoria, para fins de apurar-se o imposto de rendaincidente sobre a complementação de aposentadoria. Contudo, não é esta a forma de cálculo reconhecida pelo STJ, queentende pela compensação entre o valor recolhido de imposto de renda entre 1989 a 1995 com os valores cobrados a títulodo imposto atualmente: “Consoante consignado pelo Ministro Castro Meira, no julgamento do recurso repetitivo esta Corteassentou que, tendo em vista as dificuldades em identificar e distinguir, em cada parcela do benefício previdenciáriorecebido, as contribuições recolhidas pelo segurado e o aporte vertido pela entidade patrocinadora, há de se reconhecer ainexigibilidade do imposto de renda, até o limite do que foi recolhido pelo beneficiário, a título de tal imposto, sob a égide daLei n.º 7.713/88, devidamente atualizado” (REsp n.º 1282609/RN, Relator Ministro Mauro Campbell Marques, DJU 28 nov.2011).- A jurisprudência do STJ é pacífica no sentido exposto no paradigma:“Deve ser reconhecido o direito do contribuintede optar pelo recebimento do crédito (indébito) por via do precatório (restituição direta), ou proceder à compensaçãotributária (restituição indireta), após a verificação pelo juízo de primeiro grau do quantum devido. Nessa verificação deveráser resguardado o direito da Fazenda Pública de alegar qualquer questão impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação,inclusive apresentando cálculos que melhor reflitam a sistemática da declaração de ajuste para evitar o locupletamentoilícito do credor” (REsp n.º 964.855/SC, Ministro Mauro Campbell Marques, DJU 01 dez. 2008). Assim, não poderia oacórdão recorrido, sob o fundamento de “respeito aos princípios da celeridade e economia processuais”, ter negado àFazenda o direito de fazer prova de qualquer fato que impeça, modifique ou extinga a sua obrigação, por meio daapresentação de cálculos que demonstrem o valor considerado devido ou, inclusive, se já ocorrida a restituição deste dequalquer outra forma.- Pedido de Uniformização parcialmente provido, para firmar as teses de que: a) não há direito aisenção para o futuro do imposto de renda sobre a complementação de aposentadoria, mas sim inexigibilidade do tributo,até o limite do que já foi pago a esse título sob a égide da Lei n.º7.713/88, devidamente atualizado, para evitar o bis in idem;

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b) deve-se assegurar o direito da Fazenda de apresentar cálculos, antes da requisição de pagamento, valendo-se damesma metodologia da declaração de ajuste, a fim de apurar o valor da restituição eventualmente devida.(PEDILEF 200672580035101, Rel. Juiz Federal Janilson Bezerra de Siqueira, D.O.U. 03.08.2012)

V. DISPOSITIVO17. Posto isso, conheço o recurso e dou-lhe provimento somente para julgar procedente o pedido para: i) declarar ainexigibilidade do imposto de renda retido na fonte quando do pagamento do benefício de aposentadoria por entidade deprevidência privada, a partir da data de efetiva percepção do benefício, na proporção do que foi pago pelo beneficiário, noperíodo de vigência da Lei 7.713/88, a título de contribuições vertidas para o fundo; e ii) condenar a União a restituir osvalores recolhidos indevidamente, observada a prescrição quinquenal. A restituição, por compensação ou expedição derequisição de pagamento, deverá seguir os critérios de atualização monetária, incidência de juros moratórios e a forma deliquidação definidos na fundamentação.18. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, nos termos do art. 55, caput, da Lei 9.099/1995.19. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

74 - 0001042-54.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.001042-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: ADRIANA ZANDONADE.) x EDSON SIQUEIRA GOMES (ADVOGADO: ES012916 - MARIA DE FÁTIMADOMENEGHETTI, SC005783 - MAIKE RENATE REINERT, SC030714 - MARCO AURÉLIO TAVARES PEREIRA.).RECURSO Nº 0001042-54.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.001042-9/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALRECORRIDO: EDSON SIQUEIRA GOMESRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

PROCESSUAL. IMPOSTO DE RENDA SOBRE VALORES RECOLHIDOS A TÍTULO DE CONTRIBUIÇÃO PARAENTIDADE DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. ALEGAÇÃO DE OCORRÊNCIA DE COISA JULGADA.

1. Trata-se de recurso interposto contra sentença que julgou procedente pedido de restituição de valores recolhidos a títulode contribuição para entidade de Previdência Privada, na vigência da Lei nº 7.713/88, portanto antes da edição da lei nº9.250/95, com fundamento no art. 269, I, do Código de Processo Civil. Alega a União que a presente ação deve ser julgadaextinta, sem resolução do mérito, com fulcro no artigo 267, V do CPC, por ocorrência de coisa julgada.2. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.3. A recorrente alega que transitou em julgado a decisão que declarou a incompetência dos juizados especiais federais paraprocessar e julgar a ação nº 2010.50.50.002290-3, ajuizada pelo autor da presente demanda, com idêntico objeto. Ocorreque, embora tenha transitado em julgado a sentença que declarou a incompetência do juizado especial federal, proferidanos autos da ação nº 2010.50.50.002290-3, por entender o magistrado sentenciante que a matéria não se enquadrava noconceito de menor complexidade, não há que se falar em coisa julgada material, a qual somente se forma em relação àssentenças nas quais o mérito da causa tenha sido apreciado (art. 474, do Código de Processo Civil). A possibilidade de aparte ajuizar nova demanda, ainda que o feito anteriormente proposto tenha sido extinto sem resolução do mérito comsupedâneo na incompetência do Juízo, encontra amparo expresso no art. 268, do Código de Processo Civil.4. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas (art. 4º, I, da Lei n.9.289/96). Condeno a União ao pagamento de honorários advocatícios, os quais fixo em 10% (dez por cento) sobre o valorda condenação.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

75 - 0000522-53.2010.4.02.5054/01 (2010.50.54.000522-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) BERNADETE DELOURDESROSI TOSE (ADVOGADO: ES012916 - MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIAO FEDERAL (PROCDOR: MARINARIBEIRO FLEURY.).RECURSO Nº 0000522-53.2010.4.02.5054/01 (2010.50.54.000522-9/01)RECORRENTE: BERNADETE DELOURDES ROSI TOSERECORRIDO: UNIAO FEDERALRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTATRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA SOBRE VALORES RECOLHIDOS A TÍTULO DE CONTRIBUIÇÃO PARA ENTIDADEDE PREVIDÊNCIA PRIVADA.

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1. Trata-se de recurso interposto contra sentença que julgou improcedente pedido de restituição de valores recolhidos atítulo de contribuição para entidade de Previdência Privada, na vigência da Lei nº 7.713/88, portanto antes da edição da leinº 9.250/95, com fundamento no art. 269, IV, do Código de Processo Civil. Contrarrazões às fls. 156/170.2. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.I. PRESCRIÇÃO.3. O direito de pleitear a restituição de tributos pagos indevidamente está sujeito ao prazo decadencial de cinco anos. Tallapso temporal, para exações – como o imposto de renda – sujeitas a lançamento por homologação, tem sua contageminiciada quando da “manifestação de concordância expressa da autoridade com o resultado da subsunção efetuada pelodevedor (o que supõe que a autoridade proceda também à valorização fática e ao exame da legislação aplicável, apurandoo montante do tributo)” (Luciano Amaro. Direito Tributário Brasileiro. 8a edição. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 351) ou,quando inerte a administração tributária, do transcurso de cinco anos computados a partir da ocorrência do fato gerador,ensejando, pois, a homologação tácita do lançamento, nos termos dos arts. 156, VII, e 150, §4o, do Código TributárioNacional.4. A Lei Complementar n. 118, de 09 de fevereiro de 2005, em seu artigo 3o, dispõe que o início do prazo de cinco anospara o exercício do direito de pleitear a restituição dos tributos sujeitos a lançamento por homologação inicia-se nomomento do pagamento antecipado de que trata o art. 150, §1o, do Código Tributário Nacional. A natureza interpretativaque se pretendeu conferir ao dispositivo exsurge da regra veiculada pelo art. 4o, do mesmo diploma legal, que faz alusão aoart. 106, I, do Código Tributário Nacional, com o intuito de conferir aplicação retroativa ao art. 3o, da Lei Complementar n.118/05.5. Conquanto a doutrina debatesse a extensão do prazo para a extinção do direito de pleitear a restituição de tributossujeitos a lançamento por homologação, o STJ havia pacificado seu posicionamento favorável ao prazo de dez anos, o queafastaria a sua natureza interpretativa, fazendo com que a regra fosse apenas aplicada aos créditos tributários constituídosapós a publicação da Lei Complementar n. 118/05 (STJ, ERESP 555.038-DF, Primeira Seção, Rel. Min. José Delgado, DJ13.06.2005, p. 163). No entanto, a interpretação favorável à inconstitucionalidade total do art. 4º, da Lei Complementar n.118/05, foi rechaçada pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento, no regime de repercussão geral, do RE 566.621-RS(Pleno, Rel. Min. Ellen Gracie, DJE 10.10.2011).6. Embora tenha, em decisões anteriores, afirmado que o início do prazo prescricional deveria ser computado a partir doinício do pagamento da complementação de aposentadoria, momento quando já restaria configurada a dúplice incidênciado imposto de renda, a Turma Nacional de Uniformização adota orientação distinta, no sentido de que – ajuizada ademanda após 09 de junho de 2005 - a prescrição somente deve alcançar a exigibilidade dos pagamentos indevidos feitosno quinquênio anterior à propositura da ação (PEDILEF 2006830005146716, Rel. Juiz Federal Manoel Rolim CampbellPenna, DJ 28.09.2012).7. Logo, ajuizada a ação em 16/08/2010, há que ser declarada a prescrição das parcelas anteriores a 16/08/2005.II. DO IMPOSTO DE RENDA SOBRE COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA8. O art. 6o, VII, alínea ‘b’, da Lei n. 7.713/88, isentava as pessoas físicas do recolhimento de Imposto de Renda incidentesobre os valores recebidos de entidades de previdência privada correspondentes às contribuições arcadas pelo participante,desde que os rendimentos e ganhos de capital produzidos pelo patrimônio da entidade tenham sido tributados na fonte.Essa regra tinha sua aplicação complementada pela interpretação sistemática dada ao art. 31, I, da Lei n. 7.713/88, com aredação conferida pela Lei n. 7.751/89, segundo a qual as importâncias pagas ou creditadas às pessoas físicas, sob aforma de resgate, pecúlio ou renda periódica pelas entidades de previdência privada sujeitavam-se à incidência de impostode renda na fonte, relativamente à parcela correspondente às contribuições cujo ônus não tenha sido do beneficiário ouquando os rendimentos e ganhos de capital produzidos pelo patrimônio da entidade de previdência não tenham sidotributados na fonte.9. O art. 32, da Lei n. 9.250, de 26 de dezembro de 1995, suprimiu a alínea ‘b’ do art. 6o,VII, da Lei n. 7.713/88, conferindonova redação ao dispositivo legal, a qual tornava possível a incidência de imposto de renda sobre os resgates de valores deentidades de previdência privada decorrentes de depósitos cujo ônus recaíra sobre o participante. Contudo, o recebimentodos montantes pagos pelos participantes de entidades de previdência privada, que já sofreram a incidência de imposto derenda na fonte sob o pálio da Lei n. 7.713/88, não poderiam, sob o risco de bis in idem, constituir fato jurídico apto aprovocar a incidência do tributo aludido, tal como veio a ser previsto pelo art. 7o, da Medida Provisória n. 2.159-70, de 24 deagosto de 2001. Em apoio à tese ora esposada, contrária à nova incidência do imposto de renda, posiciona-se a iterativajurisprudência da Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (cf. ERESP 565.275-RS, Rel. Min. José Delgado, DJ30.05.2005, p. 204).10. Dos documentos juntados aos autos, verifico que a autora já havia ingressado no plano de previdência complementarem janeiro/89 (fl. 65) e percebe o benefício de aposentadoria com data de início em 06/04/2010 (fl. 16), a qual é posterior àvigência da Lei n. 9.250/95. Destarte, são indevidos os descontos a título de imposto de renda sobre o resgate dos valoresde contribuição à entidade de previdência privada pagos pela parte autora no período compreendido entre 1º de janeiro de1989 e a data de sua aposentadoria, anterior a 31 de dezembro de 1995.III. DA ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA E JUROS MORATÓRIOS11. A correção monetária constitui simples atualização do valor da moeda, nada acrescentando ao valor original, devendoser integral, nos exatos termos do enunciado n.º 162, da súmula da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. Quantoaos índices a serem aplicados, tem-se que os valores indevidamente recolhidos deverão ser corrigidos integralmente, poríndices que reflitam a real inflação verificada no período.12. De março a dezembro de 1991, deve incidir o INPC, em substituição à Taxa Referencial (Lei n. 8.177/91), a UFIR dejaneiro de 1992 até 31 de dezembro de 1995 (Lei n. 8.383/91) e a taxa SELIC a partir de janeiro de 1996 (art. 39, § 4°, daLei n° 9.250/95). Confira-se, a propósito: STJ, AgRESP 331.665-SP, Primeira Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJ02.12.2002; RESP 2270.901-SP, Segunda turma, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ 08.05.2000; RESP 267.080-SC, SegundaTurma, Rel. Min. Francisco Peçanha Martins, DJ 26.05.2003.

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13. A partir de 01.01.96, os valores serão corrigidos tão-somente com a aplicação dos juros equivalentes à taxa SELIC,sem incidência de qualquer outro índice de correção monetária ou outro percentual de juros, nos termos do art. 161, § 1o,do Código Tributário Nacional (STJ, ERESP 517.359-PB, Primeira Seção, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ 07.03.2005,p. 135). No entanto, depois da expedição da requisição de pagamento, a correção monetária seguirá os índices adotadosem Tabela de Correção Monetária de precatórios na Justiça Federal.IV. FORMA DE LIQUIDAÇÃO DO JULGADO14. A complexidade do cálculo da quantia a ser restituída dispensa a prévia indicação desse total na petição inicial ou nasentença, bastando que o título judicial executivo fixe os parâmetros para apuração do montante devido. Nesse sentido, aorever posição por mim externada em julgamentos anteriores, destaco que a Turma Nacional de Uniformização, com arrimona jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, posiciona-se contrariamente à liquidação do julgado que calcule o totalpago pelo contribuinte, a título de imposto de renda, sobre as contribuições vertidas para fundo de previdênciacomplementar entre janeiro de 1989 e dezembro de 1995, como crédito a ser abatido do montante recebido a título decomplementação de aposentadoria por ano-base, conforme as Declarações Anuais de Ajuste do IRPF dos exercíciosimediatamente seguintes à aposentadoria do demandante, recalculando-se, assim, o Imposto de Renda de cada exercício,de modo a fixar o valor a ser restituído.15. Em obediência à orientação adotada pela Turma Nacional de Uniformização, primeiramente deve ser feito cálculo doimposto de renda recolhido sobre as contribuições que o demandante verteu entre janeiro de 1989 e dezembro de 1995, asquais deverão ser restituídas por compensação ou pagamento mediante expedição judicial de requisição apropriada,dispensando-se o respectivo ajuste nos anos seguintes à complementação. A propósito, colaciono as ementas dosseguintes acórdãos:TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. PREVIDÊNCIA PRIVADA. COMPLEMENTAÇÃO DEAPOSENTADORIA. CRITÉRIODE APURAÇÃO DO INDÉBITO. ACÓRDÃO RECORRIDO EM CONSONÂNCIA COM O ENTENDIMENTOCONSOLIDADO NESTA TNU. APLICAÇÃO DA QUESTÃO DE ORDEM N. 13. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NÃOCONHECIDO. 1. A União, ora recorrente, pretende a modificação de acórdão que, dando parcial provimento a seu recursoinominado, julgou procedente o pedido de inexigibilidade de imposto de renda sobre complementação de aposentadoria,relativamente às contribuições vertidas pelo autor ao fundo de previdência privada no período de 1989 a 1995, mandandocompensar o que foi pago indevidamente. Insurge-se apenas quanto ao critério de apuração do indébito tributário,argumentando a União que, para a liquidação do imposto de renda, deve ser adotado o método do cálculo do montantenão-tributável (poupança), segundo o qual os valores recolhidos pelo contribuinte à entidade de previdência privada nosexercícios de 1989 a 1995 deverão ser corrigidos conforme Manual de Cálculos da Justiça Federal, passando a compordedução dos rendimentos tributados anualmente a título de complementação de aposentadoria. Citou como paradigma, orecurso de n. 2009.72.56.000891-9, da 1ª Turma Recursal de Santa Catarina. 2. O incidente de uniformização deinterpretação do direito federal tem cabimento quando fundado em divergência entre decisões de turmas recursais dediferentes Regiões ou quando o acórdão recorrido for proferido em contrariedade a súmula ou jurisprudência dominantedesta Turma Nacional de Uniformização ou do Superior Tribunal de Justiça. 3. Ora, este Colegiado, na esteira dajurisprudência firmada pelo Superior Tribunal de Justiça, fixou o entendimento de que o indébito tributário é calculado combase no valor do imposto de renda recolhido entre 1-1-1989 e 31-12-1995, cujo montante será deduzido dos valorescobrados a tal título incidentes sobre a complementação da aposentadoria. Sobre esse assunto, além da decisão proferidano Pedilef 2006.83.00.515712-4 (DJ 28-10-2008), da relatoria da Srª. Juíza Joana Carolina Pereira. Registra-se, ainda, oacórdão prolatado no Pedilef 2006.72.58.00.3510-1, relator o Sr. Janilson Bezerra de Siqueira, julgado em 27-6-2012, com aseguinte ementa, na parte que interessa: EMENTA: TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO.IMPOSTODE RENDA SOBRE COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO. SENTENÇADE PROCEDÊNCIA CONFIRMADA PELA 2.ª TURMA RECURSAL DE SANTA CATARINA. ALEGAÇÃO DE DISSÍDIOJURISPRUDENCIAL COM A JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA E DA TURMANACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO. DIVERGÊNCIA DEMONSTRADA. CONHECIMENTO DO INCIDENTE.INEXIGIBILIDADE DO IMPOSTO DE RENDA SOBRE A COMPLEMENTAÇÃODE APOSENTADORIA APENAS ATÉ OLIMITE DO QUE JÁ FOI PAGO A ESSE TÍTULO SOB A ÉGIDE DA LEI N.º 7.713/88. TESE DA ISENÇÃO PARA OFUTURO. REJEIÇÃO. ACOLHIMENTO DA POSIÇÃO DO STJ: NON BIS IN IDEM. DIREITO DA FAZENDA DEAPRESENTAR CÁLCULOS QUE DEMONSTREM O VALOR CONSIDERADO DEVIDO. PROVIMENTO PARCIAL DOINCIDENTE. A Fazenda sustenta, ainda, que os valores recolhidos pelo contribuinte a entidade de previdência privada nosexercícios de 1989 a 1995 deverão ser corrigidos pelos índices de correção monetária geral até a data da aposentadoria e oseu somatório deverá ser utilizado como um valor dedutível da base de cálculo dos benefícios da aposentadoria, para finsde apurar-se o imposto de renda incidente sobre a complementação de aposentadoria. Contudo, não é esta a forma decálculo reconhecida pelo STJ, que entende pela compensação entre o valor recolhido de imposto de renda entre 1989 a1995 com os valores cobrados a título do imposto atualmente: “Consoante consignado pelo Ministro Castro Meira, nojulgamento do recurso repetitivo esta Corte assentou que, tendo em vista as dificuldades em identificar e distinguir, em cadaparcela do benefício previdenciário recebido, as contribuições recolhidas pelo segurado e o aporte vertido pela entidadepatrocinadora, há de se reconhecer a inexigibilidade do imposto de renda, até o limite do que foi recolhido pelo beneficiário,a título de tal imposto, sob a égide da Lei n.º 7.713/88, devidamente atualizado” (REsp n.º 1282609/RN, Relator MinistroMauro Campbell Marques, DJU 28 nov. 2011). 4. No caso em exame, é de se constatar que o acórdão recorrido está emsintonia com o entendimento deste Colegiado. Incidência, portanto, da questão de ordem n. 13 desta Turma Nacional,segundo a qual “não cabe pedido de uniformização quando a jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização deJurisprudência dos Juizados Especiais Federais se firmou no mesmo sentido do acórdão recorrido.”.5. Julgamento deacordo com o art. 46 da Lei 9.099/95. 6. Pedido de uniformização não conhecido.(PEDILEF 05318667020104058300, Rel. Juiz Federal Gláucio Ferreira Maciel Gonçalves, D.O.U. 16.05.2014, p. 125/165)

TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. IMPOSTODE RENDA SOBRECOMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA

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CONFIRMADA PELA 2.ª TURMA RECURSAL DE SANTA CATARINA. ALEGAÇÃO DE DISSÍDIO JURISPRUDENCIALCOM A JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA E DA TURMA NACIONAL DEUNIFORMIZAÇÃO. DIVERGÊNCIA DEMONSTRADA. CONHECIMENTO DO INCIDENTE. INEXIGIBILIDADE DOIMPOSTO DE RENDA SOBRE A COMPLEMENTAÇÃODE APOSENTADORIA APENAS ATÉ O LIMITE DO QUE JÁ FOIPAGO A ESSE TÍTULO SOB A ÉGIDE DA LEI N.º 7.713/88. TESE DA ISENÇÃO PARA O FUTURO. REJEIÇÃO.ACOLHIMENTO DA POSIÇÃO DO STJ: NON BIS IN IDEM. DIREITO DA FAZENDA DE APRESENTAR CÁLCULOS QUEDEMONSTREM O VALOR CONSIDERADO DEVIDO. PROVIMENTO PARCIAL DO INCIDENTE.- Comprovada a similitudefático-jurídica e a divergência entre o acórdão recorrido e a jurisprudência dominante do Superior Tribunal de Justiça (REspn.º 964.855 SC, Ministro Mauro Campbell Marques, DJU 1.º dez. 2008), da Turma Nacional de Uniformização (PEDILEF n.º200683005178681, Juiz Federal Leonardo Safi de Melo, DJU 7 mai. 2008), tem cabimento o incidente de uniformização.- AFazenda Nacional, deixando de impugnar o mérito, sustenta duas teses no presente recurso: a) na concretização do direitodo autor, não se deve atribuir um percentual de isenção para o futuro, mas sim corrigir os valores recolhidos pelocontribuinte a entidade de previdência privada nos exercícios de 1989 a 1995 até a data da aposentadoria, devendo o seusomatório ser utilizado como um valor dedutível da base de cálculo dos benefícios da aposentadoria, para fins de apurar-seo valor do imposto de renda; b) por ocasião de eventual liquidação de sentença, a União pode fazer todas as provasnecessárias para evitar enriquecimento sem causa.- A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente delei que especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo o caso, oprazo de sua duração, inexistindo previsão legal para a hipótese em comento, consoante disposição do artigo 176 doCódigo Tributário Nacional. Não há que se falar em isenção para o futuro no caso dos autos, por ausência de lei prévia quea institua. Trata-se, na verdade, não de isenção, mas de ilegitimidade da incidência do imposto, como forma de evitar aconfiguração de bis in idem. Assim já se pacificou a jurisprudência do STJ, no sentido de que “não se pode negar o fato deque as contribuições vertidas pelos beneficiários no período de vigência da Lei 7.713/88 – as quais, em alguma proporção,integram o benefício devido – já foram tributadas pelo IRPF. Assim, sob pena de incorrer-se em bis in idem, merece seratendido o pedido de declaração de inexigibilidade do referido imposto – mas apenas na proporção do que foi pago a essetítulo por força da norma em questão. Em outros termos: o imposto de renda incidente sobre os benefícios recebidos apartir de janeiro de 1996 é indevido e deve ser repetido somente até o limite do que foi recolhido pelo beneficiário sob aégide da Lei 7.713/88” (REsp n.º 200702954219, Ministro Teori Albino Zavascki, DJU 13 out. 2008).- A Fazenda sustenta,ainda, que os valores recolhidos pelo contribuinte a entidade de previdência privada nos exercícios de 1989 a 1995 deverãoser corrigidos pelos índices de correção monetária geral até a data da aposentadoria e o seu somatório deverá ser utilizadocomo um valor dedutível da base de cálculo dos benefícios da aposentadoria, para fins de apurar-se o imposto de rendaincidente sobre a complementação de aposentadoria. Contudo, não é esta a forma de cálculo reconhecida pelo STJ, queentende pela compensação entre o valor recolhido de imposto de renda entre 1989 a 1995 com os valores cobrados a títulodo imposto atualmente: “Consoante consignado pelo Ministro Castro Meira, no julgamento do recurso repetitivo esta Corteassentou que, tendo em vista as dificuldades em identificar e distinguir, em cada parcela do benefício previdenciáriorecebido, as contribuições recolhidas pelo segurado e o aporte vertido pela entidade patrocinadora, há de se reconhecer ainexigibilidade do imposto de renda, até o limite do que foi recolhido pelo beneficiário, a título de tal imposto, sob a égide daLei n.º 7.713/88, devidamente atualizado” (REsp n.º 1282609/RN, Relator Ministro Mauro Campbell Marques, DJU 28 nov.2011).- A jurisprudência do STJ é pacífica no sentido exposto no paradigma:“Deve ser reconhecido o direito do contribuintede optar pelo recebimento do crédito (indébito) por via do precatório (restituição direta), ou proceder à compensaçãotributária (restituição indireta), após a verificação pelo juízo de primeiro grau do quantum devido. Nessa verificação deveráser resguardado o direito da Fazenda Pública de alegar qualquer questão impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação,inclusive apresentando cálculos que melhor reflitam a sistemática da declaração de ajuste para evitar o locupletamentoilícito do credor” (REsp n.º 964.855/SC, Ministro Mauro Campbell Marques, DJU 01 dez. 2008). Assim, não poderia oacórdão recorrido, sob o fundamento de “respeito aos princípios da celeridade e economia processuais”, ter negado àFazenda o direito de fazer prova de qualquer fato que impeça, modifique ou extinga a sua obrigação, por meio daapresentação de cálculos que demonstrem o valor considerado devido ou, inclusive, se já ocorrida a restituição deste dequalquer outra forma.- Pedido de Uniformização parcialmente provido, para firmar as teses de que: a) não há direito aisenção para o futuro do imposto de renda sobre a complementação de aposentadoria, mas sim inexigibilidade do tributo,até o limite do que já foi pago a esse título sob a égide da Lei n.º7.713/88, devidamente atualizado, para evitar o bis in idem;b) deve-se assegurar o direito da Fazenda de apresentar cálculos, antes da requisição de pagamento, valendo-se damesma metodologia da declaração de ajuste, a fim de apurar o valor da restituição eventualmente devida.(PEDILEF 200672580035101, Rel. Juiz Federal Janilson Bezerra de Siqueira, D.O.U. 03.08.2012)

V. DISPOSITIVO16. Posto isso, conheço o recurso e dou-lhe provimento somente para julgar procedente o pedido para: i) declarar ainexigibilidade do imposto de renda retido na fonte quando do pagamento de complementação de aposentadoria porentidade de previdência privada, a partir da data de efetiva percepção do benefício, na proporção do que foi pago pelobeneficiário, no período de vigência da Lei 7.713/88, a título de contribuições vertidas para o fundo; e ii) condenar a União arestituir os valores recolhidos indevidamente, observada a prescrição quinquenal. A restituição, por compensação ouexpedição de requisição de pagamento, deverá seguir os critérios de atualização monetária, incidência de juros moratóriose a forma de liquidação definidos na fundamentação.17. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, nos termos do art. 55, caput, da Lei 9.099/1995.18. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

76 - 0005936-15.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.005936-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL

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(PROCDOR: JULIANA ALMENARA ANDAKU.) x MOACIR ANTONIO BARBOSA CARVALHO (ADVOGADO: ES012916 -MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.).RECURSO Nº 0005936-15.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.005936-1/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALRECORRIDO: MOACIR ANTONIO BARBOSA CARVALHORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTATRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA SOBRE VALORES RECOLHIDOS A TÍTULO DE CONTRIBUIÇÃO PARA ENTIDADEDE PREVIDÊNCIA PRIVADA.

1. Trata-se de recurso interposto contra sentença que julgou procedente pedido de restituição de valores recolhidos a títulode contribuição para entidade de Previdência Privada, na vigência da Lei nº 7.713/88, portanto antes da edição da lei nº9.250/95, com fundamento no art. 269, I, do Código de Processo Civil. Sem contrarrazões (fl. 200).2. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.I. PRESCRIÇÃO.3. O direito de pleitear a restituição de tributos pagos indevidamente está sujeito ao prazo decadencial de cinco anos. Tallapso temporal, para exações – como o imposto de renda – sujeitas a lançamento por homologação, tem sua contageminiciada quando da “manifestação de concordância expressa da autoridade com o resultado da subsunção efetuada pelodevedor (o que supõe que a autoridade proceda também à valorização fática e ao exame da legislação aplicável, apurandoo montante do tributo)” (Luciano Amaro. Direito Tributário Brasileiro. 8a edição. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 351) ou,quando inerte a administração tributária, do transcurso de cinco anos computados a partir da ocorrência do fato gerador,ensejando, pois, a homologação tácita do lançamento, nos termos dos arts. 156, VII, e 150, §4o, do Código TributárioNacional.4. A Lei Complementar n. 118, de 09 de fevereiro de 2005, em seu artigo 3o, dispõe que o início do prazo de cinco anospara o exercício do direito de pleitear a restituição dos tributos sujeitos a lançamento por homologação inicia-se nomomento do pagamento antecipado de que trata o art. 150, §1o, do Código Tributário Nacional. A natureza interpretativaque se pretendeu conferir ao dispositivo exsurge da regra veiculada pelo art. 4o, do mesmo diploma legal, que faz alusão aoart. 106, I, do Código Tributário Nacional, com o intuito de conferir aplicação retroativa ao art. 3o, da Lei Complementar n.118/05.5. Conquanto a doutrina debatesse a extensão do prazo para a extinção do direito de pleitear a restituição de tributossujeitos a lançamento por homologação, o STJ havia pacificado seu posicionamento favorável ao prazo de dez anos, o queafastaria a sua natureza interpretativa, fazendo com que a regra fosse apenas aplicada aos créditos tributários constituídosapós a publicação da Lei Complementar n. 118/05 (STJ, ERESP 555.038-DF, Primeira Seção, Rel. Min. José Delgado, DJ13.06.2005, p. 163). No entanto, a interpretação favorável à inconstitucionalidade total do art. 4º, da Lei Complementar n.118/05, foi rechaçada pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento, no regime de repercussão geral, do RE 566.621-RS(Pleno, Rel. Min. Ellen Gracie, DJE 10.10.2011).6. Embora tenha, em decisões anteriores, afirmado que o início do prazo prescricional deveria ser computado a partir doinício do pagamento da complementação de aposentadoria, momento quando já restaria configurada a dúplice incidênciado imposto de renda, a Turma Nacional de Uniformização adota orientação distinta, no sentido de que – ajuizada ademanda após 09 de junho de 2005 - a prescrição somente deve alcançar a exigibilidade dos pagamentos indevidos feitosno quinquênio anterior à propositura da ação (PEDILEF 2006830005146716, Rel. Juiz Federal Manoel Rolim CampbellPenna, DJ 28.09.2012).7. Logo, ajuizada a ação em 30/09/2008 (fl. 2), há que ser declarada a prescrição das parcelas anteriores a 30/09/2003.II. DO IMPOSTO DE RENDA SOBRE COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA8. O art. 6o, VII, alínea ‘b’, da Lei n. 7.713/88, isentava as pessoas físicas do recolhimento de Imposto de Renda incidentesobre os valores recebidos de entidades de previdência privada correspondentes às contribuições arcadas pelo participante,desde que os rendimentos e ganhos de capital produzidos pelo patrimônio da entidade tenham sido tributados na fonte.Essa regra tinha sua aplicação complementada pela interpretação sistemática dada ao art. 31, I, da Lei n. 7.713/88, com aredação conferida pela Lei n. 7.751/89, segundo a qual as importâncias pagas ou creditadas às pessoas físicas, sob aforma de resgate, pecúlio ou renda periódica pelas entidades de previdência privada sujeitavam-se à incidência de impostode renda na fonte, relativamente à parcela correspondente às contribuições cujo ônus não tenha sido do beneficiário ouquando os rendimentos e ganhos de capital produzidos pelo patrimônio da entidade de previdência não tenham sidotributados na fonte.9. O art. 32, da Lei n. 9.250, de 26 de dezembro de 1995, suprimiu a alínea ‘b’ do art. 6o,VII, da Lei n. 7.713/88, conferindonova redação ao dispositivo legal, a qual tornava possível a incidência de imposto de renda sobre os resgates de valores deentidades de previdência privada decorrentes de depósitos cujo ônus recaíra sobre o participante. Contudo, o recebimentodos montantes pagos pelos participantes de entidades de previdência privada, que já sofreram a incidência de imposto derenda na fonte sob o pálio da Lei n. 7.713/88, não poderiam, sob o risco de bis in idem, constituir fato jurídico apto aprovocar a incidência do tributo aludido, tal como veio a ser previsto pelo art. 7o, da Medida Provisória n. 2.159-70, de 24 deagosto de 2001. Em apoio à tese ora esposada, contrária à nova incidência do imposto de renda, posiciona-se a iterativajurisprudência da Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (cf. ERESP 565.275-RS, Rel. Min. José Delgado, DJ30.05.2005, p. 204).10. Dos documentos juntados aos autos, verifico que o autor ingressou no plano de previdência complementar em junho/90(fls. 29/30) e percebe o benefício de aposentadoria com data de início em 10/10/2005 (fls. 205/206), a qual é posterior àvigência da Lei n. 9.250/95. Destarte, são indevidos os descontos a título de imposto de renda sobre o resgate dos valoresde contribuição à entidade de previdência privada pagos pela parte autora no período compreendido entre junho de 1990 ea data de sua aposentadoria, anterior a 31 de dezembro de 1995.

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III. DA ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA E JUROS MORATÓRIOS11. A correção monetária constitui simples atualização do valor da moeda, nada acrescentando ao valor original, devendoser integral, nos exatos termos do enunciado n.º 162, da súmula da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. Quantoaos índices a serem aplicados, tem-se que os valores indevidamente recolhidos deverão ser corrigidos integralmente, poríndices que reflitam a real inflação verificada no período.12. De março a dezembro de 1991, deve incidir o INPC, em substituição à Taxa Referencial (Lei n. 8.177/91), a UFIR dejaneiro de 1992 até 31 de dezembro de 1995 (Lei n. 8.383/91) e a taxa SELIC a partir de janeiro de 1996 (art. 39, § 4°, daLei n° 9.250/95). Confira-se, a propósito: STJ, AgRESP 331.665-SP, Primeira Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJ02.12.2002; RESP 2270.901-SP, Segunda turma, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ 08.05.2000; RESP 267.080-SC, SegundaTurma, Rel. Min. Francisco Peçanha Martins, DJ 26.05.2003.13. A partir de 01.01.96, os valores serão corrigidos tão-somente com a aplicação dos juros equivalentes à taxa SELIC,sem incidência de qualquer outro índice de correção monetária ou outro percentual de juros, nos termos do art. 161, § 1o,do Código Tributário Nacional (STJ, ERESP 517.359-PB, Primeira Seção, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ 07.03.2005,p. 135). No entanto, depois da expedição da requisição de pagamento, a correção monetária seguirá os índices adotadosem Tabela de Correção Monetária de precatórios na Justiça Federal.IV. FORMA DE LIQUIDAÇÃO DO JULGADO14. A complexidade do cálculo da quantia a ser restituída dispensa a prévia indicação desse total na petição inicial ou nasentença, bastando que o título judicial executivo fixe os parâmetros para apuração do montante devido. Nesse sentido, aorever posição por mim externada em julgamentos anteriores, destaco que a Turma Nacional de Uniformização, com arrimona jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, posiciona-se contrariamente à liquidação do julgado que calcule o totalpago pelo contribuinte, a título de imposto de renda, sobre as contribuições vertidas para fundo de previdênciacomplementar entre janeiro de 1989 e dezembro de 1995, como crédito a ser abatido do montante recebido a título decomplementação de aposentadoria por ano-base, conforme as Declarações Anuais de Ajuste do IRPF dos exercíciosimediatamente seguintes à aposentadoria do demandante, recalculando-se, assim, o Imposto de Renda de cada exercício,de modo a fixar o valor a ser restituído.15. Em obediência à orientação adotada pela Turma Nacional de Uniformização, primeiramente deve ser feito cálculo doimposto de renda recolhido sobre as contribuições que o demandante verteu entre janeiro de 1989 e dezembro de 1995, asquais deverão ser restituídas por compensação ou pagamento mediante expedição judicial de requisição apropriada,dispensando-se o respectivo ajuste nos anos seguintes à complementação. A propósito, colaciono as ementas dosseguintes acórdãos:TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. PREVIDÊNCIA PRIVADA. COMPLEMENTAÇÃO DEAPOSENTADORIA. CRITÉRIODE APURAÇÃO DO INDÉBITO. ACÓRDÃO RECORRIDO EM CONSONÂNCIA COM O ENTENDIMENTOCONSOLIDADO NESTA TNU. APLICAÇÃO DA QUESTÃO DE ORDEM N. 13. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NÃOCONHECIDO. 1. A União, ora recorrente, pretende a modificação de acórdão que, dando parcial provimento a seu recursoinominado, julgou procedente o pedido de inexigibilidade de imposto de renda sobre complementação de aposentadoria,relativamente às contribuições vertidas pelo autor ao fundo de previdência privada no período de 1989 a 1995, mandandocompensar o que foi pago indevidamente. Insurge-se apenas quanto ao critério de apuração do indébito tributário,argumentando a União que, para a liquidação do imposto de renda, deve ser adotado o método do cálculo do montantenão-tributável (poupança), segundo o qual os valores recolhidos pelo contribuinte à entidade de previdência privada nosexercícios de 1989 a 1995 deverão ser corrigidos conforme Manual de Cálculos da Justiça Federal, passando a compordedução dos rendimentos tributados anualmente a título de complementação de aposentadoria. Citou como paradigma, orecurso de n. 2009.72.56.000891-9, da 1ª Turma Recursal de Santa Catarina. 2. O incidente de uniformização deinterpretação do direito federal tem cabimento quando fundado em divergência entre decisões de turmas recursais dediferentes Regiões ou quando o acórdão recorrido for proferido em contrariedade a súmula ou jurisprudência dominantedesta Turma Nacional de Uniformização ou do Superior Tribunal de Justiça. 3. Ora, este Colegiado, na esteira dajurisprudência firmada pelo Superior Tribunal de Justiça, fixou o entendimento de que o indébito tributário é calculado combase no valor do imposto de renda recolhido entre 1-1-1989 e 31-12-1995, cujo montante será deduzido dos valorescobrados a tal título incidentes sobre a complementação da aposentadoria. Sobre esse assunto, além da decisão proferidano Pedilef 2006.83.00.515712-4 (DJ 28-10-2008), da relatoria da Srª. Juíza Joana Carolina Pereira. Registra-se, ainda, oacórdão prolatado no Pedilef 2006.72.58.00.3510-1, relator o Sr. Janilson Bezerra de Siqueira, julgado em 27-6-2012, com aseguinte ementa, na parte que interessa: EMENTA: TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO.IMPOSTODE RENDA SOBRE COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO. SENTENÇADE PROCEDÊNCIA CONFIRMADA PELA 2.ª TURMA RECURSAL DE SANTA CATARINA. ALEGAÇÃO DE DISSÍDIOJURISPRUDENCIAL COM A JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA E DA TURMANACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO. DIVERGÊNCIA DEMONSTRADA. CONHECIMENTO DO INCIDENTE.INEXIGIBILIDADE DO IMPOSTO DE RENDA SOBRE A COMPLEMENTAÇÃODE APOSENTADORIA APENAS ATÉ OLIMITE DO QUE JÁ FOI PAGO A ESSE TÍTULO SOB A ÉGIDE DA LEI N.º 7.713/88. TESE DA ISENÇÃO PARA OFUTURO. REJEIÇÃO. ACOLHIMENTO DA POSIÇÃO DO STJ: NON BIS IN IDEM. DIREITO DA FAZENDA DEAPRESENTAR CÁLCULOS QUE DEMONSTREM O VALOR CONSIDERADO DEVIDO. PROVIMENTO PARCIAL DOINCIDENTE. A Fazenda sustenta, ainda, que os valores recolhidos pelo contribuinte a entidade de previdência privada nosexercícios de 1989 a 1995 deverão ser corrigidos pelos índices de correção monetária geral até a data da aposentadoria e oseu somatório deverá ser utilizado como um valor dedutível da base de cálculo dos benefícios da aposentadoria, para finsde apurar-se o imposto de renda incidente sobre a complementação de aposentadoria. Contudo, não é esta a forma decálculo reconhecida pelo STJ, que entende pela compensação entre o valor recolhido de imposto de renda entre 1989 a1995 com os valores cobrados a título do imposto atualmente: “Consoante consignado pelo Ministro Castro Meira, nojulgamento do recurso repetitivo esta Corte assentou que, tendo em vista as dificuldades em identificar e distinguir, em cadaparcela do benefício previdenciário recebido, as contribuições recolhidas pelo segurado e o aporte vertido pela entidadepatrocinadora, há de se reconhecer a inexigibilidade do imposto de renda, até o limite do que foi recolhido pelo beneficiário,

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a título de tal imposto, sob a égide da Lei n.º 7.713/88, devidamente atualizado” (REsp n.º 1282609/RN, Relator MinistroMauro Campbell Marques, DJU 28 nov. 2011). 4. No caso em exame, é de se constatar que o acórdão recorrido está emsintonia com o entendimento deste Colegiado. Incidência, portanto, da questão de ordem n. 13 desta Turma Nacional,segundo a qual “não cabe pedido de uniformização quando a jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização deJurisprudência dos Juizados Especiais Federais se firmou no mesmo sentido do acórdão recorrido.”.5. Julgamento deacordo com o art. 46 da Lei 9.099/95. 6. Pedido de uniformização não conhecido.(PEDILEF 05318667020104058300, Rel. Juiz Federal Gláucio Ferreira Maciel Gonçalves, D.O.U. 16.05.2014, p. 125/165)

TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. IMPOSTODE RENDA SOBRECOMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIACONFIRMADA PELA 2.ª TURMA RECURSAL DE SANTA CATARINA. ALEGAÇÃO DE DISSÍDIO JURISPRUDENCIALCOM A JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA E DA TURMA NACIONAL DEUNIFORMIZAÇÃO. DIVERGÊNCIA DEMONSTRADA. CONHECIMENTO DO INCIDENTE. INEXIGIBILIDADE DOIMPOSTO DE RENDA SOBRE A COMPLEMENTAÇÃODE APOSENTADORIA APENAS ATÉ O LIMITE DO QUE JÁ FOIPAGO A ESSE TÍTULO SOB A ÉGIDE DA LEI N.º 7.713/88. TESE DA ISENÇÃO PARA O FUTURO. REJEIÇÃO.ACOLHIMENTO DA POSIÇÃO DO STJ: NON BIS IN IDEM. DIREITO DA FAZENDA DE APRESENTAR CÁLCULOS QUEDEMONSTREM O VALOR CONSIDERADO DEVIDO. PROVIMENTO PARCIAL DO INCIDENTE.- Comprovada a similitudefático-jurídica e a divergência entre o acórdão recorrido e a jurisprudência dominante do Superior Tribunal de Justiça (REspn.º 964.855 SC, Ministro Mauro Campbell Marques, DJU 1.º dez. 2008), da Turma Nacional de Uniformização (PEDILEF n.º200683005178681, Juiz Federal Leonardo Safi de Melo, DJU 7 mai. 2008), tem cabimento o incidente de uniformização.- AFazenda Nacional, deixando de impugnar o mérito, sustenta duas teses no presente recurso: a) na concretização do direitodo autor, não se deve atribuir um percentual de isenção para o futuro, mas sim corrigir os valores recolhidos pelocontribuinte a entidade de previdência privada nos exercícios de 1989 a 1995 até a data da aposentadoria, devendo o seusomatório ser utilizado como um valor dedutível da base de cálculo dos benefícios da aposentadoria, para fins de apurar-seo valor do imposto de renda; b) por ocasião de eventual liquidação de sentença, a União pode fazer todas as provasnecessárias para evitar enriquecimento sem causa.- A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente delei que especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo o caso, oprazo de sua duração, inexistindo previsão legal para a hipótese em comento, consoante disposição do artigo 176 doCódigo Tributário Nacional. Não há que se falar em isenção para o futuro no caso dos autos, por ausência de lei prévia quea institua. Trata-se, na verdade, não de isenção, mas de ilegitimidade da incidência do imposto, como forma de evitar aconfiguração de bis in idem. Assim já se pacificou a jurisprudência do STJ, no sentido de que “não se pode negar o fato deque as contribuições vertidas pelos beneficiários no período de vigência da Lei 7.713/88 – as quais, em alguma proporção,integram o benefício devido – já foram tributadas pelo IRPF. Assim, sob pena de incorrer-se em bis in idem, merece seratendido o pedido de declaração de inexigibilidade do referido imposto – mas apenas na proporção do que foi pago a essetítulo por força da norma em questão. Em outros termos: o imposto de renda incidente sobre os benefícios recebidos apartir de janeiro de 1996 é indevido e deve ser repetido somente até o limite do que foi recolhido pelo beneficiário sob aégide da Lei 7.713/88” (REsp n.º 200702954219, Ministro Teori Albino Zavascki, DJU 13 out. 2008).- A Fazenda sustenta,ainda, que os valores recolhidos pelo contribuinte a entidade de previdência privada nos exercícios de 1989 a 1995 deverãoser corrigidos pelos índices de correção monetária geral até a data da aposentadoria e o seu somatório deverá ser utilizadocomo um valor dedutível da base de cálculo dos benefícios da aposentadoria, para fins de apurar-se o imposto de rendaincidente sobre a complementação de aposentadoria. Contudo, não é esta a forma de cálculo reconhecida pelo STJ, queentende pela compensação entre o valor recolhido de imposto de renda entre 1989 a 1995 com os valores cobrados a títulodo imposto atualmente: “Consoante consignado pelo Ministro Castro Meira, no julgamento do recurso repetitivo esta Corteassentou que, tendo em vista as dificuldades em identificar e distinguir, em cada parcela do benefício previdenciáriorecebido, as contribuições recolhidas pelo segurado e o aporte vertido pela entidade patrocinadora, há de se reconhecer ainexigibilidade do imposto de renda, até o limite do que foi recolhido pelo beneficiário, a título de tal imposto, sob a égide daLei n.º 7.713/88, devidamente atualizado” (REsp n.º 1282609/RN, Relator Ministro Mauro Campbell Marques, DJU 28 nov.2011).- A jurisprudência do STJ é pacífica no sentido exposto no paradigma:“Deve ser reconhecido o direito do contribuintede optar pelo recebimento do crédito (indébito) por via do precatório (restituição direta), ou proceder à compensaçãotributária (restituição indireta), após a verificação pelo juízo de primeiro grau do quantum devido. Nessa verificação deveráser resguardado o direito da Fazenda Pública de alegar qualquer questão impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação,inclusive apresentando cálculos que melhor reflitam a sistemática da declaração de ajuste para evitar o locupletamentoilícito do credor” (REsp n.º 964.855/SC, Ministro Mauro Campbell Marques, DJU 01 dez. 2008). Assim, não poderia oacórdão recorrido, sob o fundamento de “respeito aos princípios da celeridade e economia processuais”, ter negado àFazenda o direito de fazer prova de qualquer fato que impeça, modifique ou extinga a sua obrigação, por meio daapresentação de cálculos que demonstrem o valor considerado devido ou, inclusive, se já ocorrida a restituição deste dequalquer outra forma.- Pedido de Uniformização parcialmente provido, para firmar as teses de que: a) não há direito aisenção para o futuro do imposto de renda sobre a complementação de aposentadoria, mas sim inexigibilidade do tributo,até o limite do que já foi pago a esse título sob a égide da Lei n.º7.713/88, devidamente atualizado, para evitar o bis in idem;b) deve-se assegurar o direito da Fazenda de apresentar cálculos, antes da requisição de pagamento, valendo-se damesma metodologia da declaração de ajuste, a fim de apurar o valor da restituição eventualmente devida.(PEDILEF 200672580035101, Rel. Juiz Federal Janilson Bezerra de Siqueira, D.O.U. 03.08.2012)

V. DISPOSITIVO16. Posto isso, conheço o recurso e dou-lhe provimento somente para julgar procedente o pedido para: i) declarar ainexigibilidade do imposto de renda retido na fonte quando do pagamento do benefício de aposentadoria por entidade deprevidência privada, a partir da data de efetiva percepção do benefício, na proporção do que foi pago pelo beneficiário, noperíodo de vigência da Lei 7.713/88, a título de contribuições vertidas para o fundo; e ii) condenar a União a restituir os

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valores recolhidos indevidamente, observada a prescrição quinquenal. A restituição, por compensação ou expedição derequisição de pagamento, deverá seguir os critérios de atualização monetária, incidência de juros moratórios e a forma deliquidação definidos na fundamentação.17. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, nos termos do art. 55, caput, da Lei 9.099/1995.18. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

77 - 0004742-09.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004742-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Carolina Augusta da Rocha Rosado.) x CLEMIR ALVARENGA DE ANDRADE(ADVOGADO: MG049834 - CARLOS ALBERTO CUNHA ALVES, ES015271 - GIORDANO MORATTI CASTIGLIONI,MG106003 - KARINE AXER OLIVEIRA E SILVA.).RECURSO Nº 0004742-09.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004742-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: CLEMIR ALVARENGA DE ANDRADERELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSO CIVIL. REVISÃO. RENDA MENSAL INICIAL.1. A inexistência de prévio requerimento administrativo não implica a carência de ação, uma vez que o INSS contestou opedido, mediante a oferta de defesa direta ao pleito para que fossem computadas as verbas reconhecidas em sentença,proferida pela Justiça do Trabalho, no cálculo do salário-de-contribuição da aposentadoria paga ao recorrido (fls. 138/144).Portanto, o exercício de direito de ação não configura infração ao princípio da separação de funções estatais no feito sobanálise (arts. 2º, e 5º, XXXV, da Constituição da República de 1988), conforme orientação sufragada pela Turma Nacionalde Uniformização (PEDILEF 200563020022909, Rel. Juiz Federal Vladimir Santos Vitovsky, D.O.U 08.06.2012).2. O cálculo da renda mensal do benefício deve considerar o efetivo salário-de-contribuição do segurado, nos termos do art.28, II, da Lei n. 8.213/91. A retificação das verbas que o compõem, por determinação contida em sentença proferida peloJuízo trabalhista, deve retroagir à data em que elas deveriam ter sido corretamente pagas, cabendo à autarquiaprevidenciária a adoção das medidas apropriadas para exigir o pagamento das contribuições devidas pelo sujeito passivodo tributo.3. Sem condenação ao pagamento de custas, ante a isenção a que faz jus o INSS (art. 4º, I, da Lei n. 9.289/96). Honoráriosadvocatícios fixados em 10% sobre o valor da condenação, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95

RELATÓRIO

O INSS interpõe recurso inominado, às fls. 152/155, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do 3º Juizado Especial Federalda Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou procedente pedido para condenar o recorrente a: i) “revisar a rendamensal inicial da aposentadoria NB 42/137.262.355-0 com base na incorporação dos acréscimos salariais reconhecido emreclamação trabalhista (adicional de periculosidade, horas extras e remuneração por desempenho individual) aossalários-de-contribuição referentes às competências de janeiro/2001 a junho/2005”; e ii) “pagar as diferenças devidas desdea data do início do benefício, ressalvada a prescrição quinquenal”, atualizadas monetariamente e acrescidas de jurosmoratórios, nos termos do art. 5º, da Lei n. 11.960/2009.

02. A autarquia previdenciária sustenta que a parte autora carece de interesse processual, porque não houveformulação de prévio requerimento administrativo para que houvesse a revisão da renda mensal inicial do seu benefício,bem como que os efeitos econômicos da revisão pleiteada deveriam ter início a contar da citação do INSS, uma vez quesomente a partir de tal comunicação houve o conhecimento da pretensão do recorrido, aplicando-se, na hipótese, o art. 37,da Lei n. 8.213/91.

03. Contrarrazões, às fls. 162/165, apresentadas intempestivamente (fl. 159).

04. É o Relatório.

VOTO

05. Presentes os requisitos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.

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06. Em exame da alegação de ausência de interesse processual (art. 267, VI, do Código de Processo Civil), observoque a inexistência de prévio requerimento administrativo não implica a carência de ação, uma vez que o INSS contestou opedido, mediante a oferta de defesa direta ao pleito para que fossem computadas as verbas reconhecidas em sentença,proferida pela Justiça do Trabalho, no cálculo do salário-de-contribuição da aposentadoria paga ao recorrido (fls. 138/144).Portanto, o exercício de direito de ação não configura infração ao princípio da separação de funções estatais no feito sobanálise (arts. 2º, e 5º, XXXV, da Constituição da República de 1988), conforme orientação sufragada pela Turma Nacionalde Uniformização (PEDILEF 200563020022909, Rel. Juiz Federal Vladimir Santos Vitovsky, D.O.U 08.06.2012).

07. Ademais, no que concerne à data de início da repercussão econômica da condenação imposta ao INSS paraproceder à revisão da renda mensal inicial do benefício pago ao recorrido, cumpre destacar que o cálculo da sua rendamensal deve considerar o efetivo salário-de-contribuição do segurado, nos termos do art. 28, II, da Lei n. 8.213/91. Aretificação das verbas que o compõem, por determinação contida em sentença proferida pelo Juízo trabalhista, deveretroagir à data em que elas deveriam ter sido corretamente pagas, cabendo à autarquia previdenciária a adoção dasmedidas apropriadas para exigir o pagamento das contribuições devidas pelo sujeito passivo do tributo. Desse modo, acondenação do INSS a pagar as parcelas vencidas a contar da data do início do benefício é correta, uma vez que a parteautora tinha direito à correção da sua renda mensal desde aquela data, independentemente da citação da parte ré nesteprocesso, motivo por que o art.37, da Lei n. 8.213/91, não é aplicável.

08. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas, ante aisenção a que faz jus o INSS. Honorários advocatícios fixados em 10% sobre o valor da condenação, de acordo com o art.55, da Lei n. 9.099/95.

09. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

10. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

78 - 0011801-53.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.011801-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ELZA ELENA BOSSOES ALEGRO OLIVEIRA.) x VALCI NASCIMENTO DAROCHA (ADVOGADO: ES013938 - JONAS NOGUEIRA DIAS JÚNIOR, ES012449 - ROGÉRIO KEIJÓK SPITZ, ES009277- RICARDO LEAO DE CALAIS ROLDAO.).RECURSO Nº 0011801-53.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.011801-4/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: VALCI NASCIMENTO DA ROCHARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTAPREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. RMI. OTN/ORTN. PRAZO DECADENCIAL TERMO INICIAL.CONCESSÃO DA PENSÃO. RECURSO DO INSS CONHECIDO E PROVIDO.1. Trata-se de recurso interposto pelo INSS contra sentença que julgou procedente pedido de revisão da RMI do benefíciode pensão por morte, mediante a correção dos 24 primeiros salários-de-contribuição, anteriores aos 12 últimos, pelavariação nominal da OTN/ORTN, com reflexos nos reajustamentos posteriores, inclusive no período do artigo 58, do ADCT.2. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.3. O art. 103, caput, da Lei n 8.213/91, em sua redação original, fixava o prazo prescricional de cinco anos para que fossempleiteadas as prestações não pagas nem reclamadas à época própria. Posteriormente, a Medida Provisória n. 1.5239, de 27de junho de 1997, convertida na Lei n 9.528, de 10 de dezembro de 1997, modificou sua redação, passando o art. 103,caput, a dispor que: “É de 10 anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou beneficiáriopara a revisão do ato de concessão de benefício, a contar do dia primeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeiraprestação ou, quando for o caso, do dia em que tomar conhecimento da decisão indeferitória definitiva no âmbitoadministrativo”. Com a publicação da Medida Provisória n. 1.663-15, de 22 de outubro de 1998, convertida na Lei n 9.711,de 20 de novembro de 1998, o prazo decadencial foi reduzido para cinco anos. Em seguida, com a edição da MedidaProvisória n 138, de 19 de novembro de 2003, convertida na Lei n. 10.839, de 05 de fevereiro de 2004, tal lapso temporal foinovamente alterado para dez anos.4. O Superior Tribunal de Justiça, no julgamento dos Recursos Especiais 1.309.529/PR e 1.326.114/SC (Primeira Seção,Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 04.06.2013, DJE 13.05.2013), decidiu, no regime previsto pelo art. 543-C, do Código deProcesso Civil, que “incide o prazo de decadência do art. 103, da Lei 8.213/91, instituído pela Medida Provisória1.523-9/1997, convertida na Lei 9.528/1997, no direito de revisão dos benefícios concedidos ou indeferidos anteriormente aesse preceito normativo, com termo a quo a contar da sua vigência (28.6.1997)”. A Corte também fixou que, tendo sido obenefício concedido após a aplicação da nova redação do art. 103, da Lei n. 8.213/91, o referido prazo decadencial poderáter dois marcos iniciais: “o primeiro a contar do dia primeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação, osegundo, quando for o caso de requerimento administrativo, do dia em que tomar conhecimento da decisão indeferitóriadefinitiva no âmbito administrativo” (RESP 144.0868/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJE02.05.2014).

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5. O Supremo Tribunal Federal, ao decidir o Recurso Extraordinário 626.489/SE (Rel. Min. Luís Roberto Barroso, j.16.10.2013), na sistemática da repercussão geral, julgou que: “inexiste prazo decadencial para a concessão inicial debenefício previdenciário”; é legítima a “a instituição de prazo decadencial de dez anos apara a revisão de benefício jáconcedido, com fundamento no princípio da segurança jurídica, no interesse em evitar a eternização dos litígios e na buscade equilíbrio financeiro e atuarial para o sistema previdenciário”; bem como “o prazo decadencial de dez anos, instituídopela Medida Provisória 1.523, de 28.06.1997, tem como termo inicial o dia 1º de agosto de 1997, por força de disposiçãonela expressamente prevista. Tal regra incide, inclusive, sobre benefícios concedidos anteriormente, sem que isso importeem retroatividade vedada pela Constituição”.6. Para análise da decadência ao direito à revisão da renda mensal inicial, observo que o benefício previdenciário que deuorigem à pensão por morte percebida pela parte autora foi concedido após a promulgação da Lei n. 6.423, de 17 de junhode 1977, e antes da promulgação da Constituição da República de 1988. Dessa forma, no cálculo desse benefício somenteos vinte e quatro primeiros salários-de-contribuição foram corrigidos monetariamente e a correção deu-se pelos índicesfixados administrativamente, nos termos do art. 21, II, e §1º, da CLPS/84, índices estes inferiores aos legais. Embora apensão por morte ora percebida tenha sido concedida após a promulgação da Lei n. 8.213/91 – afastando-se, portantoeventual aplicação do art. 37, I, do Decreto n. 83.080/79 -, o valor do salário de benefício considerou ossalários-de-contribuição utilizados para o cômputo da aposentadoria por tempo de contribuição.7. A equivalência entre a renda mensal da pensão por morte e aquela da aposentadoria concedida ao instituidor dobenefício torna coincidente os fundamentos que seriam empregados para a revisão da renda mensal inicial de ambos.Dessa forma, a aquisição do direito ao recebimento da pensão por morte não renovou o prazo decadencial do direito àrevisão da renda mensal inicial da aposentadoria originária, pois, tal como dispõe o art. 207, do Código Civil, uma vezcomeçado o seu cômputo – quando ainda era vivo o instituidor do benefício – “ele não pode ser interrompido nem sesuspende depois de iniciado, nem deixa de começar, qualquer que seja a causa impeditiva” (Caio Mário da Silva Pereira.Instituições de Direito Civil. Vol. I. 21. ed. Atualizado por Maria Celina Bodin de Moraes. Rio de Janeiro: Forense, 2006, p.690). Portanto, o prazo decadencial deve ter sua contagem iniciada a partir de 1º de agosto de 1997, uma vez que aconcessão da pensão por morte não seria fato idôneo para sua suspensão ou interrupção. Nesse sentido, posicionou-se oSuperior Tribunal de Justiça em julgamento do AgRg no RESP 1.222.079/PR (Sexta Turma, Rel. Min. Assusete Magalhães,DJE 09.09.2013):PREVIDENCIÁRIO, CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECONHECIMENTO DE REPERCUSSÃO GERAL, PELO STF.SOBRESTAMENTO DO JULGAMENTO DO RECURSO ESPECIAL. INAPLICABILIDADE. PRETENSÃO DE APRECIAÇÃODE DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS. INVIABILIDADE, NA VIA DE RECURSO ESPECIAL. DECADÊNCIA. MEDIDAPROVISÓRIA 1.523-9, DE 27/06/1997. INCIDÊNCIA. POSSIBILIDADE. PRECEDENTE DA 1ª SEÇÃO DO STJ, EM SEDEDE RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO.I. Consoante a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ, AgRg no REsp 1.140.018/SP, Rel. Ministro Paulo deTarso Sanseverino, TERCEIRA TURMA, DJe de 04/02/2013; STJ, AgRg no REsp 1.239.474/PR, Rel. Ministra MARIATHEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, DJe de 19/12/2012), o reconhecimento da repercussão geral, no SupremoTribunal Federal, da matéria ora em apreciação não acarreta o sobrestamento do exame do presente Recurso Especial,sobrestamento que se aplica somente aos Recursos Extraordinários interpostos contra acórdãos do Superior Tribunal deJustiça, em consonância com o disposto no art. 543-B do Código de Processo Civil.II. A análise de suposta ofensa a dispositivos constitucionais compete exclusivamente ao Supremo Tribunal Federal, nostermos do art. 102, inciso III, da Constituição da República, sendo defeso o seu exame, no âmbito do Recurso Especial, sobpena de usurpação da competência da Suprema Corte. Precedentes do STJ.III. Conforme ficou decidido pela 1ª Seção desta Corte, em 28/11/2012, no julgamento do Recurso Especial 1.326.114/SC,admitido como representativo da controvérsia (art. 543-C do CPC), o prazo decadencial de que trata a Medida Provisória1.523-9, de 27/06/1997, de 10 (dez) anos, tem incidência nos pedidos de revisão de benefícios concedidos antes da entradaem vigor da Medida Provisória 1.523-9, de 27/06/1997, adotando-se, nesses casos, como marco inicial, a data da vigênciada referida Medida Provisória, no dia 28/06/1997 (STJ, REsp 1.326.114/SC, Rel. Ministro HERMAM BENJAMIN, PRIMEIRASEÇÃO, julgado em 28/11/2012, DJe de 13/05/2013).IV. Na espécie, cuida-se de pensão por morte decorrente de aposentadoria por tempo de serviço, aposentadoria com datade início em 14/03/1994, estando sujeita ao prazo decadencial, cujo termo inicial é o dia 28/06/1997. A presente ação,porém, somente foi protocolada no dia 10/11/2008, quando já havia decaído o direito à revisão.V. Agravo Regimental improvido

8. No presente recurso, a parte autora pede a revisão de renda mensal inicial de pensão por morte, instituída com base emaposentadoria por tempo de contribuição concedida em 14/11/1985 (fl. 10), sem que houvesse prévio requerimentoadministrativo de igual teor. Ajuizada a ação em 11 de dezembro de 2007 (fl. 01), há que ser declarada a decadência aodireito de revisão da renda mensal inicial do benefício, nos termos do art. 103, da Lei n. 8.213/91, com a redação dada pelaMedida Provisória 1.523-9/1997, convertida na Lei 9.528/1997, porque já transcorrido lapso temporal superior a um ano acontar de 1º de agosto de 1997.9. Recurso do INSS conhecido e provido para declarar a decadência do direito da parte autora (art. 269, IV, do Código deProcesso Civil). Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, em razão do benefício de gratuidadede justiça deferido (art. 12, da Lei n. 1060/50) (fl. 19).10. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

79 - 0002473-28.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.002473-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EDUARDO LUIZ

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ALVARENGA LIMA E OUTROS (ADVOGADO: ES016508 - ANDRESSA COLOMBIANO LOUZADA, ES007954 -ALEXANDRE VALDO MAITAN.) x CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO: ES009196 - RODRIGO SALESDOS SANTOS.).RECURSO Nº 0002473-28.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.002473-6/01)RECORRENTE: EDUARDO LUIZ ALVARENGA LIMARECORRIDO: CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERALRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL. CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. VALOR DA INDENIZAÇÃO POR DANOSEXTRAPATRIMONIAIS.1. O art. 944, do Código Civil, dispõe que “a indenização mede-se pela extensão do dano”, a qual pode ser ajustada paraque haja uma proporção entre a gravidade da culpa do agente e a lesão (parágrafo único, do art. 944, do Código Civil). Aadoção do princípio da reparação integral no art. 944, caput, do Código Civil, não impede que a indenização a ser arbitradapara reparação dos danos extrapatrimoniais tenha caráter punitivo e pedagógico, tal como reconhecido no enunciado n.379, das Jornadas de Direito Civil do Conselho da Justiça Federal (“O art. 944, caput, do Código Civil não afasta apossibilidade de se reconhecer a função punitiva ou pedagógica da responsabilidade civil”).2. O fato de a instituição financeira ter recomposto os saldos das contas correntes espontaneamente não bastou para querestasse demonstrada sua boa-fé objetiva, uma vez que os correntistas não foram informados pelo recorrido sobre aindevida subtração de valores. Acrescento que o número excepcionalmente elevado de demandas perante o Judiciáriofederal, nas quais correntistas comunicam defeitos semelhantes na prestação de serviço pela empresa pública federal,denota a urgência de serem adotados mecanismos de maior controle nas suas atividades bancárias, razão por quesobressai o aspecto punitivo da indenização a ser fixada na presente hipótese. Portanto, atento aos parâmetros traçadospelo Superior Tribunal de Justiça no controle de razoabilidade das indenizações fixadas para reparação de danos moraisem hipótese de saque indevido (cf. AgRg no AgRg no ARESP 337.991/SP, Terceira Turma, Rel. Min. Sidnei Beneti, DJE25.02.2014; AgRg no ARESP 247.550/RJ, Quarta Turma, Rel. Min. Raul Araújo, DJE 01.07.2013; AgRg no RESP628.377/RS, Terceira Turma, Rel. Min. Ricardo Villas Boas Cueva, DJE 26.03.2013), majoro o valor individual daindenização para R$ 2.000,00 (dois mil reais), a ser atualizado monetariamente a contar da prolação da sentença do Juízo aquo, observando-se os critérios por ele fixados para atualização monetária.3. Recurso conhecido e provido para majorar o valor da indenização pelos danos morais suportados pelos autores. Semcondenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95.

RELATÓRIO

EDUARDO LUIZ ALVARENGA LIMA, SANDRO MACHADO FERREIRA, ANDRESSA COLOMBIANO LOUZADA, KAMILADE ANGELI ALBERNAZ e ALEXANDRE VALDO MAITAN interpõem recurso inominado, às fls. 90/95, contra sentença (fls.85/87) proferida pela MMa. Juíza do Juizado Especial Federal de Cachoeiro de Itapemirim que julgou seus pedidosparcialmente procedentes para condenar a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL ao pagamento de indenização por danosmorais, a cada autor, no valor de R$ 1.000,00 (um mil reais). Sustentam que o valor da indenização foi fixado em patamarbaixo, tendo-se em vista a capacidade financeira do recorrido e o conteúdo punitivo da condenação.

02. Contrarrazões, às fls. 105/108, nas quais a Caixa Econômica Federal afirma que o valor da indenização não deveser majorada, uma vez que ela é definida para abrandar as consequências advindas da conduta ilícita, não servindo comofonte de enriquecimento.

03. É o relatório.

VOTO

04. De início, insta salientar que a Caixa Econômica Federal, empresa pública federal, está sujeita ao regime jurídicopróprio às demais pessoas jurídicas de direito privado (art. 173, §1º, II, da Constituição da República de 1988),submetendo-se à disciplina positivada pelo Código de Defesa do Consumidor, quando configurada a hipótese prevista peloart. 3º, §2º, da Lei n. 8.078/90 (enunciado n. 247, da súmula da jurisprudência predominante do Superior Tribunal deJustiça).

05. A assunção do princípio da boa-fé objetiva (art. 4º, III, da Lei n. 8.078/90, e art. 422, do Código Civil vigente) nasrelações contratuais sobressai como parâmetro de lealdade e probidade a ser observado antes e durante a conclusão eexecução da avença. Os contratantes não devem reconhecer seus direitos como posições jurídicas de vantagem que lhespermitam exercê-los além dos limites ordinários de regularidade impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé oupelos bons costumes. Com efeito, o Código Civil vigente, ao equipar o abuso de direito ao ato ilícito, prevê que aquele queexercer direito abusivamente, causando dano a outrem, fica obrigado a indenizá-lo (arts. 187 e 927).

06. Adotada a teoria da responsabilidade civil objetiva pelo Código de Defesa do Consumidor (art. 14, caput), caso o

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ato lesivo, o dano suportado e o nexo de causalidade sejam demonstrados, faz-se presente o dever de indenizar, o qualsomente é excluído se o defeito inexiste ou se este decorreu da culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro (art. 14, §3º).No presente recurso, não pende controvérsia sobre o ato ilícito praticado, tendo sido reconhecido pela Caixa EconômicaFederal que houve o saque indevido de valores depositados nas contas correntes dos autores, o que levou a instituiçãofinanceira a proceder à recomposição dos saldos extrajudicialmente.

07. A questão controversa cinge-se ao valor da indenização fixada, a qual foi considerada ínfima pelos recorrentes,porquanto ela não atenderia à função punitiva dos danos morais e tampouco corresponderia à capacidade econômica doréu. A propósito, ressalto que o art. 944, do Código Civil, dispõe que “a indenização mede-se pela extensão do dano”, a qualpode ser ajustada para que haja uma proporção entre a gravidade da culpa do agente e a lesão (parágrafo único, do art.944, do Código Civil). A adoção do princípio da reparação integral no art. 944, caput, do Código Civil, não impede que aindenização a ser arbitrada para reparação dos danos extrapatrimoniais tenha caráter punitivo e pedagógico, tal comoreconhecido no enunciado n. 379, das Jornadas de Direito Civil do Conselho da Justiça Federal (“O art. 944, caput, doCódigo Civil não afasta a possibilidade de se reconhecer a função punitiva ou pedagógica da responsabilidade civil”).

08. Da análise dos autos, verifico que o defeito do serviço prestado pela Caixa Econômica Federal implicou asupressão de valores para o pagamento das despesas dos recorrentes por período mínimo de dois dias. O fato de ainstituição financeira ter recomposto os saldos das contas correntes espontaneamente não bastou para que restassedemonstrada sua boa-fé objetiva, uma vez que os correntistas não foram informados pelo recorrido sobre a indevidasubtração de valores. Acrescento que o número excepcionalmente elevado de demandas perante o Judiciário federal, nasquais correntistas comunicam defeitos semelhantes na prestação de serviço pela empresa pública federal, denota aurgência de serem adotados mecanismos de maior controle nas suas atividades bancárias, razão por que sobressai oaspecto punitivo da indenização a ser fixada na presente hipótese. Portanto, atento aos parâmetros traçados pelo SuperiorTribunal de Justiça no controle de razoabilidade das indenizações fixadas para reparação de danos morais em hipótese desaque indevido (cf. AgRg no AgRg no ARESP 337.991/SP, Terceira Turma, Rel. Min. Sidnei Beneti, DJE 25.02.2014; AgRgno ARESP 247.550/RJ, Quarta Turma, Rel. Min. Raul Araújo, DJE 01.07.2013; AgRg no RESP 628.377/RS, TerceiraTurma, Rel. Min. Ricardo Villas Boas Cueva, DJE 26.03.2013), majoro o valor individual da indenização para R$ 2.000,00(dois mil reais), a ser atualizado monetariamente a contar da prolação da sentença do Juízo a quo, observando-se oscritérios por ele fixados para atualização monetária.

09. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento para majorar o valor da indenização individual por danosmorais para R$ 2.000,00 (dois mil reais). Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, nos termosdo art. 55, da Lei n. 9.099/95.

10. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

80 - 0005149-83.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.005149-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JANICE MUNIZ DE MELO.) x ANTONIO CABRAL SOBRINHO (ADVOGADO:ES013765 - SAULO NASCIMENTO COUTINHO, ES013876 - MARIA NAZARET DE CASTRO BATISTA.).RECURSO Nº 0005149-83.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.005149-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: ANTONIO CABRAL SOBRINHORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

DIREITO ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANOS MORAIS. PRESCRIÇÃO.1. A suspensão do benefício previdenciário foi ato que teria infringido o direito do segurado de aposentar-se com o cômputodo período de trabalho prestado em condição especial e também violado os seus direitos da personalidade, o queconstituiria causa para a indenização pelos danos morais pleiteados. Em que pese à origem comum da lesão aos seusdireitos patrimoniais e da personalidade, a parte autora somente ingressou em juízo para ver condenado o INSS a implantaro benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, mantendo-se inerte quanto ao exercício de sua pretensão paraobter reparação pecuniária pelos danos morais suportados. Desse modo, a hipótese prevista pelo art. 202, I, do CódigoCivil, não se aplica à hipótese, especialmente porque a convicção sobre a existência do dano patrimonial não é questãoprejudicial à eventual existência de dever de pagamento de indenização por dano moral, oriundo da lesão aos direitos dapersonalidade do segurado.2. Prescrição da pretensão condenatória conhecida de ofício (art. 219, §5º, do Código de Processo Civil), uma vez que aação para que o INSS fosse condenado ao pagamento de indenização por danos morais somente foi proposta em 07 deagosto de 2008, quando já transcorrido o prazo quinquenal positivado pelo art. 1º, do Decreto n. 20.910/32, que teria seiniciado com a ciência inequívoca do ato administrativo que suspendeu o pagamento do benefício em dezembro de 2000.3. Recurso conhecido e provido julgar improcedente o pedido, nos termos do art. 269, IV, do Código de Processo Civil. Semcondenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, nos termos do art. 55, da Lei n. 9.099/95.

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RELATÓRIO

O INSS interpõe recurso inominado, às fls. 226/246, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do 1º Juizado Especial Federalda Seção Judiciária do Espírito Santo (fls. 220/222) que julgou procedente pedido para condená-lo ao pagamento deindenização por danos morais no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), atualizados monetariamente e acrescidos de jurosmoratórios de acordo com a fundamentação. A autarquia previdenciária sustenta que: i) não houve a prática de ato ilícitoque ensejasse a condenação imposta, uma vez que a revisão do ato administrativo que concedera o benefício deaposentadoria à parte autora se insere no poder de fiscalização previsto pelo art. 179, do Decreto n. 3.048/99, tendo sidofeita em obediência ao princípio da legalidade (art. 37, caput, da Constituição da República de 1988); ii) a suspensão dopagamento do benefício previdenciário baseou-se em interpretação plausível das regras do Anexo III do Decreto n.83.831/64, que regem o cômputo de tempo de serviço para os segurados que trabalham em condições nocivas à saúde, oque impede que o ato seja considerado ilícito ou abusivo; iii) a parte autora não provou a ocorrência de dano moral,especialmente porque os fatos por ela relacionados são anteriores à suspensão do benefício; e iv) a quantia da indenizaçãoarbitrada deve ser reduzida, porque a condenação não deve servir ao enriquecimento do demandante.

02. Contrarrazões, às fls. 249/253, nas quais o recorrido afirma que a declaração de nulidade do ato administrativo,que havia suspendido o pagamento de sua aposentadoria, somente ocorreu por determinação judicial, o que denotaria ocaráter abusivo da atuação do INSS. Outrossim, sustenta que o valor da indenização não deve ser reduzido, tendo-se emvista o seu teor punitivo.

03. É o relatório.

VOTO

04. Presentes os pressuposto de admissibilidade, conheço o recurso e passo ao exame do seu mérito.

05. Para melhor análise das questões controversas, assinalo que a parte autora fora comunicada da suspensão doseu benefício de aposentadoria em 06 de dezembro de 2000, sendo feito o último pagamento a ele relacionado em janeirode 2001, ao argumento de que “o período de 29/03/1971 a 28/04/1995 não poderia ser considerado como tempo de serviçoespecial, pois as atividades exercidas não constam do quadro anexo ao Decreto n. 53.831/64” (fl. 103). Contra tal ato, osegurado impetrou mandado de segurança, autuado sob o n. 2001.50.01.003159-5, cuja ordem foi denegada (fl. 191) emsentença confirmada pelo Tribunal Federal da 2ª Região em julgamento da Apelação n. 2001.50.01.003159-5 em 26 desetembro de 2002 (fls. 194/196). Renovada a pretensão, sob o rito dos Juizados Especiais Federais, houve a propositura daação, autuada sob o n. 2003.50.50.004348-3, na qual foi pedido “a averbação de tempo de serviço especial de 29/03/1971 a28/02/1995 e a inclusão do período de 01/08/1967 a 30/09/1970, para fins previdenciários” (fl. 54). Julgado parcialmenteprocedente o pedido, a autarquia previdenciária interpôs recurso inominado ao qual foi negado provimento em 14 de marçode 2006 (fl. 81).

06. Da leitura da petição inicial, verifico que o pedido para que o réu seja condenado ao pagamento de indenizaçãopor dano moral apóia-se nos transtornos sofridos pelo demandante após a suspensão do pagamento de sua aposentadoria,o que teria lhe causado privação econômica e comprometimento do pagamento pontual de suas obrigações. Contudo, apresente ação somente foi proposta em 07 de agosto de 2008 (fl. 01), mais de cinco anos depois da ciência docancelamento do benefício em dezembro de 2000. Embora o INSS tenha arguido a prescrição da pretensão de acordo como disposto pelo art. 206, §3º, V, do Código Civil, o Juízo a quo rejeitou a exceção, uma vez que a propositura de ação em2003 teria acarretado a interrupção da fluência do prazo, que somente foi iniciado a partir do trânsito em julgado dasentença que restabeleceu o benefício de aposentadoria por tempo de contribuição em 2006.

07. Entretanto, assinalo que a suspensão do benefício foi ato que teria infringido o direito do segurado deaposentar-se com o cômputo do período de trabalho prestado em condição especial e também violado os seus direitos dapersonalidade, o que constituiria causa para a indenização pleiteada pelos danos morais. Em que pese à origem comum dalesão aos seus direitos patrimoniais e da personalidade, a parte autora somente ingressou em juízo, em 2003, para vercondenado o INSS a implantar o benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, mantendo-se inerte quanto aoexercício de sua pretensão para obter reparação pecuniária pelos danos morais suportados. Desse modo, a hipóteseprevista pelo art. 202, I, do Código Civil, não se aplica à hipótese, porque a convicção sobre a existência do danopatrimonial não é questão prejudicial à eventual existência de dever de pagamento de indenização por dano moral, oriundoda lesão aos direitos da personalidade do segurado.

08. Logo, por ser a prescrição questão sujeita ao conhecimento de ofício do julgador (art. 219, §5º, do Código deProcesso Civil), constato a sua configuração no presente recurso, porquanto a ação para que o INSS fosse condenado aopagamento de indenização por danos morais somente foi proposta em 07 de agosto de 2008, quando já transcorrido o

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prazo quinquenal positivado pelo art. 1º, do Decreto n. 20.910/32, que teria se iniciado com a ciência inequívoca do atoadministrativo que suspendeu o pagamento do benefício em dezembro de 2000. Nesse sentido, posicionou-se o TribunalFederal da 2ª Região nos seguintes julgados:DIREITO ADMINISTRATIVO. PROCESSO CIVIL. APELAÇÃO. SUSPENSÃO DE APOSENTADORIA. INDÍCIO DEIRREGULARIDADE. DANO MORAL. PRESCRIÇÃO. DANO MATERIAL. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS CONTRATUAISPARA O AJUIZAMENTO DE DEMANDA PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA.1. A sentença negou indenização por danos morais e materiais, convencido o Juízo da ausência de ato ilícito cometido peloINSS, que tem o poder-dever de rever os atos de concessão de aposentadoria possivelmente irregulares.2. A pretensão a danos morais pela suspensão de aposentadoria por tempo de contribuição, em janeiro/2001, restabelecidajudicialmente, em novembro/2003, na ação ordinária nº 2001.51.01.526179-9, que tramitou na 35ª Vara Federal; e a danosmateriais, para cobrir gastos com advogado, necessários para o ajuizamento daquela demanda, prescreve em cinco anos,por força do Decreto nº 20.910/32, que incide em todas as ações contra a Fazenda Federal.3. Está prescrita a pretensão para cobrar danos morais ocorridos em janeiro/2001 quando o autor teve ciência dasuspensão do benefício, por suspeita de irregularidades na concessão, pois a presente ação só foi proposta emsetembro/2012. Precedentes.4. De todo modo, a suspensão/cassação de benefício previdenciário, precedida de regular procedimento administrativo, nãoenseja indenização por danos morais,tendo a autarquia o poder-dever de rever os atos de concessão aparentementeirregulares, para coibir fraudes. Precedentes.5. Os gastos com advogado particular, livremente contratado, sem a participação da parte contrária, e ainda não prescritos,não comporta indenização por danos materiais. Precedentes do TRF3 e TRF4.6. Mesmo os honorários advocatícios arbitrados na ação ordinária anterior foram suportados pelo INSS, parte sucumbentecondenado a pagar 10% sobre o valor da condenação.7. Apelação desprovida, declarando, de oficio, a prescrição da pretensão indenizatória por dano moral.(AC 201251010378832, Sexta Turma, Rel. Des. Fed. Nizete Lobato Carmo, DJF2R 26.02.2014)

ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIADE CIVIL. SUSPENSÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. DANO MORAL.PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. ART. 1º DO DECRETO 20.910/32. RECURSO DESPROVIDO.- Cinge-se a controvérsia a pedido de pagamento de indenização, a título de danos morais, no valor de R$100.000,00 (cemmil reais), ao argumento de que o benefício de aposentadoria do autor teria sido suspenso de forma indevida pela Autarquiaré, bem como que, posteriormente, teria sido indiciado pela Polícia Federal e denunciado pelo Ministério Público Federal,pela prática, em tese, do crime de estelionato, causando-lhe constrangimentos e abalo emocional.- O prazo prescricional da ação de indenização contra a Fazenda Pública, nos termos do artigo 1º do Decreto 20.910/32, équinquenal, contado a partir do momento que nasce a pretensão a ser deduzida em juízo, ou seja, o curso do prazoprescricional tem início com a efetiva lesão do direito tutelado (princípio da actio nata).-No caso dos autos, considerando que a suspensão do benefício previdenciário, apontada pelo autor como fato ensejadordo dano alegado, ocorreu em 14 de agosto de 1996, e a presente demanda somente foi ajuizada em 21 de julho 2006,afigura-se forçoso reconhecer a consumação do prazo prescricional. -Inexistência, no caso, de causa de interrupção dolapso prescricional, posto que as ações judiciais a que faz menção o recorrente não trataram da área controversa nosautos, que se refere, tão somente, a alegada lesão de ordem extrapatrimonial que teria sido suportada pelo autor em funçãoda suspensãode seu benefício previdenciário.- Recurso de apelação desprovido.(AC 200651010141005, Oitava Turma, Rel. Des. Fed. Vera Lúcia Lima, DJF2R 22.05.2013)

09. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento para julgar improcedente o pedido, nos termos do art.269, IV, do Código de Processo Civil. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, nos termos doart. 55, da Lei n. 9.099/95.

10. Certifico o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

11. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

81 - 0003909-59.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.003909-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO COSTA BUARQUE.) x BANCO PINE (ADVOGADO: ES006223 -RENATO BONINCENHA DE CARVALHO, ES006999 - SAULO JOSE PEREIRA SOBREIRA.) x FERNANDO ANTONIOCOLNAGO (ADVOGADO: RJ109580 - GUSTAVO ABBI FERREIRA.).RECURSO Nº 0003909-59.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.003909-0/01)RECORRENTES: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS e BANCO PINE/SARECORRIDO: FERNANDO ANTONIO COLNAGORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL. DESCONTO INDEVIDO EM BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO.

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EMPRÉSTIMO CONSIGNADO. FRAUDE.1. O art. 6º, da Lei n. 10.820/03, com a redação dada pela Lei n. 10.953/04, dispõe que as instituições financeiras,pagadoras de benefícios previdenciários, poderão reter “valores referentes ao pagamento mensal de empréstimos,financiamentos e operações de arrendamento mercantil” para fins de amortização se os titulares de benefícios deaposentadoria e pensão do Regime Geral de Previdência Social autorizarem o INSS a proceder aos descontos oriundos detais contratos. A Instrução Normativa n. 121 INSS/DC, de 1º de julho de 2005, com as alterações promovidas pela InstruçãoNormativa 01 INSS/PRES, de 29 de setembro de 2005, também dispunha que as instituições financeiras deveriam informaros dados relacionados aos contratos à autarquia previdenciária (art. 3º), a qual poderia recusar os pedidos de consignação,nos termos do art. 3º, §2º, do referido regulamento. Dever do INSS de aferir a regularidade do mútuo concedido, sendotambém responsável pela reparação dos danos gerados por mútuo fraudulentamente celebrado.2. Desconto em benefício previdenciário sem que houvesse autorização do seu titular. Negligência dos servidores daautarquia, os quais não se desincumbiram idoneamente do dever de apurar a regularidade do contrato, que gerousupressão de valores percebidos pelo segurado a despeito de qualquer autorização nesse sentido. Dano moral configurado.3. A ausência de cautela da instituição financeira, que transmitiu os dados para que o benefício previdenciário recebido pelaparte autora sofresse descontos gerados a partir de mútuo fraudulentamente concedido, caracteriza a prática de ato ilícito,uma vez que o réu reputou celebrado o contrato antes de receber idônea autorização do segurado (art. 14, da Lei n.8.048/90). Os ganhos da atividade empresarial da instituição financeira implicam a assunção de riscos que não devem sertransferidos ao segurado da Previdência Social, parte hipossuficiente nessa relação, o qual não deve arcar com umadiminuição patrimonial até que seja apurada a autoria da fraude praticada3. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação em custas pelo INSS (art. 4º, i, da Lei n. 9.289/95). Condenação doBanco PINE S/A ao pagamento de custas. Honorários advocatícios fixados em 10% sobre o valor das condenaçõessuportadas por cada recorrente (art. 55, da Lei n. 9.099/950.

RELATÓRIO

INSS interpõe recurso inominado, às fls. 88/109, contra sentença proferida pelo MM. Juiz Federal do 1º Juizado EspecialFederal da Seção Judiciária do Espírito Santo (fls. 80/84) que julgou procedente pedido para condenar a autarquiaprevidenciária e o BANCO PINE S/A, cada um, ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 3.000,00(três mil reais). Sustenta que é parte ilegítima para figurar no polo passivo da causa, uma vez que o ato ilícito foi praticadopela instituição financeira responsável pelo pagamento do benefício previdenciário ao autor, a qual concedeu indevidamenteo mútuo com desconto na renda mensal do recorrido. Afirma que o reconhecimento de sua ilegitimidade acarretaria aincompetência da Justiça Federal para processar e julgar a causa. Alega, por fim, que não praticou qualquer ato quepudesse ter dado origem ao dano moral que o recorrido alega ter sofrido.

02. O BANCO PINE S/A também interpõe recurso inominado, às fls. 117/119, contra a referida sentença e, paratanto, sustenta que não houve prova de abusividade ou prática de ato contrário aos direitos do recorrido, bem como que ovalor fixado como indenização por dano moral viola os princípios da razoabilidade, da moderação e da proporcionalidade(art. 944, do Código Civil).

03. Contrarrazões às fls. 127/132, nas quais o recorrido afirma que os recorrentes não adotaram as cautelasnecessárias para aferir se foi dada autorização pelo segurado para que houvesse o desconto de parcelas do contrato demútuo, fraudulentamente celebrado, em sua renda mensal; bem como que o dano moral restou demonstrado pelo prejuízosofrido em seus ganhos mensais.

04. É o relatório.

VOTO

05. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.

06. Para análise da alegada ilegitimidade do INSS para figurar no polo passivo da lide, observo que a parte autoradeduziu pedido para que a autarquia previdenciária fosse condenada ao pagamento de indenização por danos morais, aoargumento de que o desconto indevido, decorrente de celebração fraudulenta de contrato de mútuo, somente foi possívelem razão da omissão do recorrente, que não constatou que o mutuário não subscreveu autorização para que o mútuo fosserealizado mediante consignação.

07. O art. 6º, da Lei n. 10.820/03, com a redação dada pela Lei n. 10.953/04, dispõe que as instituições financeiras,pagadoras de benefícios previdenciários, poderão reter “valores referentes ao pagamento mensal de empréstimos,financiamentos e operações de arrendamento mercantil” para fins de amortização se os titulares de benefícios deaposentadoria e pensão do Regime Geral de Previdência Social autorizarem o INSS a proceder aos descontos oriundos detais contratos. A Instrução Normativa n. 121 INSS/DC, de 1º de julho de 2005, com as alterações promovidas pela InstruçãoNormativa 01 INSS/PRES, de 29 de setembro de 2005, também dispunha que as instituições financeiras deveriam informaros dados relacionados aos contratos à autarquia previdenciária (art. 3º), a qual poderia recusar os pedidos de consignação,

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nos termos do art. 3º, §2º, do referido regulamento. Dessa forma, o recorrente tem dever de aferir a regularidade do mútuoconcedido, sendo também responsável pela reparação dos danos gerados pela fraude praticada. Nesse sentido,posiciona-se a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (cf. AgRg no ARESP 484.968/SE, Segunda Turma, Rel. Min.Og Fernandes, DJE 20.05.2014; AgRg no RESP 1.369.669/PR, Rel. Min. Sérgio Kukina, DJE 12.09.2013), valendo atranscrição da ementa do acórdão prolatado em julgamento do RESP 1.213.288/SC (Segunda Turma, Rel. Min. ElianaCalmon, DJE 01.07.2013):ADMINISTRATIVO. EMPRÉSTIMO CONSIGNADO FRAUDULENTO. DESCONTOS INDEVIDOS EM PROVENTOS DEAPOSENTADORIA. VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC. INOCORRÊNCIA. LEGITIMIDADE PASSIVA DO INSSCONFIGURADA. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO DEMONSTRADA. DANOS MORAIS. VALOR. SÚMULA07/STJ. JUROS DE MORA. ART. 1º-F DA LEI 9.494/97. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. PESSOA JURÍDICA DEDIREITO PRIVADO. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. TERMO INICIAL. SÚMULA 54/STJ.1. A Corte de origem dirimiu a controvérsia de forma clara e fundamentada, embora de maneira desfavorável à pretensãodo recorrente. Não é possível se falar, assim, em maltrato ao art. 535, II, do Código de Processo Civil.2. Nos termos do art. 6º da Lei 10.820/03, nas hipóteses em que o empréstimo não tenha sido realizado no mesmo bancoem que o aposentado recebe o benefício, cabe ao INSS a responsabilidade por reter os valores autorizados por ele erepassar à instituição financeira credora. Ora, se lhe cabe reter e repassar os valores autorizados, é de responsabilidade doINSS verificar se houve a efetiva autorização. Reconhecida, assim, a legitimidade do INSS para responder aos termos dademanda.3. Consignado no aresto recorrido que o ente público agiu com desídia na análise dos documentos, o que resultou em danopara o autor, fica caracterizada a responsabilidade civil do Estado.4. O acórdão recorrido firmou entendimento de que houve dano moral na espécie. Rever esse posicionamento para concluirque não houve abalo moral, mas mero dissabor, é questão que demanda o revolvimento do conjunto fático-probatório dosautos, o que esbarra na censura da súmula 07/STJ.(Omissis)8. Recurso especial conhecido em parte e não provido.

08. De igual modo, as alegações apresentadas pelo Banco PINE S/A, acerca da inexistência de prática de ato ilícitoque desse causa à sua responsabilidade civil, não encontra suporte no conjunto probatório. A propósito, sublinho que ocontrato de mútuo teria sido celebrado através de contato telefônico feito por pessoa que se identificou com os dadospessoais do autor (fls. 48/49), o que, de acordo com o art. 1º, §4º, da Instrução Normativa n. 121 INSS/DC, de 1º de julhode 2005, com as alterações promovidas pela Instrução Normativa 01 INSS/PRES, de 29 de setembro de 2005, nãodispensaria que a instituição financeira exigisse a autorização firmada pelo titular do benefício, por escrito ou por meioeletrônico, para a conclusão do negócio jurídico. Contudo, o recorrente não juntou aos autos tal autorização, tendoexpressamente afirmado que foi vítima de fraude (fl. 50).

09. A ausência de cautela da instituição financeira, que transmitiu os dados para que o benefício previdenciáriorecebido pela parte autora sofresse descontos gerados a partir de mútuo fraudulentamente concedido, caracteriza a práticade ato ilícito, uma vez que o réu reputou celebrado o contrato antes de receber idônea autorização do segurado (art. 14, daLei n. 8.048/90). Acrescento que os ganhos da atividade empresarial da instituição financeira implicam a assunção de riscosque não devem ser transferidos ao segurado da Previdência Social, parte hipossuficiente nessa relação, o qual não devearcar com uma diminuição patrimonial até que seja apurada a autoria da fraude praticada.

10. Comprovada a prática do ato ilícito, reputo adequada a indenização fixada em R$ 3.000,00 (três mil reais) para areparação dos danos morais sofridos pela parte autora (art. 944, do Código Civil), a qual teve reduzido os ganhosindispensáveis à sua subsistência em situação que somente foi reparada por meio de decisão judicial que ordenou asuspensão dos descontos. A situação capaz de causar abalo emocional extraordinário provoca o dever de reparação dodano moral suportado, valendo observar que o Superior Tribunal de Justiça, em situações análogas, considerou razoávelquantia definida em patamar superior ao estipulado na sentença recorrida (cf. RESP 1.238.935/RN, Terceira Turma, Rel.Min. Nancy Andrighi, DJE 28.04.2011).

11. Outrossim, no que atine ao dever de fiscalização do INSS, observo que o ato ilícito que provocou o descontoindevido no benefício previdenciário recebido pelo autor somente foi possível em razão da negligência dos servidores daautarquia, os quais não se desincumbiram idoneamente do dever de apurar a regularidade do contrato, que gerousupressão de valores percebidos pelo segurado a despeito de qualquer autorização nesse sentido. Além do mero prejuízomaterial, o recorrido somente teve suprimido os descontos irregulares por decisão judicial proferida em 21 de julho de 2008(fls. 25/26), não obstante prévio requerimento administrativo apresentado no início daquele mês (fl. 20). Portanto, restademonstrado o ato ilícito caracterizado pela desídia do recorrente, o que dá causa à indenização por danos moraispleiteada, nos termos do art. 37, §6º, da Constituição da República de 1988, tendo-se em vista o transtorno psicológicoexcepcional causado pelos descontos indevidos e pela resistência da parte ré em proceder à sua imediata suspensão (cf.STJ, RESP 1.228.224/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJE 10.05.2011).

12. Ante o exposto, conheço os recursos e nego-lhes provimento. Sem condenação ao pagamento de custas peloINSS (art. 4º, I, da Lei n. 9.289/95). Condeno o Banco PINE S/A ao pagamento das custas processuais. Condeno osrecorrentes ao pagamento de honorários advocatícios, fixados em 10% sobre o valor de suas respectivas condenações (art.55, da Lei n. 9.099/95).

13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

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14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

82 - 0001392-81.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.001392-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CEF-CAIXA ECONOMICAFEDERAL (ADVOGADO: ES010404 - ALEX WERNER ROLKE, ES010485 - CLEBER ALVES TUMOLI.) x ÓRGÃOGESTOR DE MÃO DE OBRA DO TRABALHO PORTUÁRIO AVULSO DO PORTO ORGANIZADO DO ESPIRITO SANTO(ADVOGADO: ES005205 - LUCIANO KELLY DO NASCIMENTO.) x JACIMAR GONCALVES (ADVOGADO: ES008288 -BRUNO DALL'ORTO MARQUES.).RECURSO Nº 0001392-81.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.001392-0/01)RECORRENTE: CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERALRECORRIDO: JACIMAR GONCALVESRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

DIREITO ADMINISTRATIVO. DIREITO CIVIL. RESPONSABILIDADE. DESCONTO INDEVIDO EM SALDO DE CONTAVINCULADA NO FGTS. PRESCRIÇÃO. DANO MORAL.1. O requerimento extrajudicial para recomposição de saldo de conta vinculada no FGTS não suspende a fluência do prazoprescricional para ajuizamento de ação em que se peça a condenação do réu ao pagamento de indenização por danosmorais (arts. 198 e 199, do Código Civil). A lesão aos direitos da personalidade do demandante, praticada pelo ÓrgãoGestor de Mão-de-Obra, teria ocorrido com o envio incompleto de informações, não sendo possível considerar a data emque houve a devolução dos valores como aquela em que teria se iniciado o cômputo do prazo prescricional.2. A relação jurídica existente entre o titular dos depósitos do FGTS e a União é de natureza pública, a qual se estende àdisciplina daquela mantida entre o depositário e a Caixa Econômica Federal, que presta serviço público por ser responsávelpela operação desses recursos.3. A desídia da Caixa Econômica Federal, que não conferiu a regularidade dos dados para efetuar o desconto ordenado eque somente corrigiu o erro evidente após a passagem de período superior a dois anos, configura ato ilícito que causouexcepcional transtorno psicológico ao demandante, dando causa ao dano moral alegado.4. O valor da quantia fixada para indenização por danos morais de R$ 10.000,00 (dez mil reais) mostra-se razoável, nãomerecendo ser substituído.5. Recurso interposto pelo OGMO - ÓRGÃO GESTOR DE MÃO-DE-OBRA DO TRABLHO PORTUÁRIO AVULSO DOPORTO ORGANIZADO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO conhecido e parcialmente provido para julgar o pedidoimprocedente, nos termos do art. 269, IV, do Código de Processo Civil. Sem condenação ao pagamento de custas ehonorários advocatícios, tendo-se em vista o disposto pelo art. 55, da Lei n. 9.099/95.6. Recurso interposto pela CAIXA ECONÔMICA FEDERAL conhecido e desprovido. Condenação ao pagamento de custase honorários advocatícios, os quais fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação.

RELATÓRIO

CAIXA ECONÔMICA FEDERAL interpõe, às fls. 132/137, recurso inominado contra sentença (fls. 122/128) proferida pelaMMa. Juíza do 1º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo que julgou procedente pedido paracondenar a recorrente e o OGMO - ÓRGÃO GESTOR DE MÃO-DE-OBRA DO TRABALHO PORTUÁRIO AVULSO DOPORTO ORGANIZADO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO ao pagamento de indenizações por dano moral,respectivamente, nos valores de R$ 10.000,00 (dez mil reais) e R$ 5.000,00 (cinco mil reais), atualizados monetariamente eacrescidos de juros moratórios. Sustenta que a parte autora não provou os fatos constitutivos do dano moral alegado, bemcomo que a quantia de indenização definida na sentença é excessiva.

02. De igual modo, o OGMO - ÓRGÃO GESTOR DE MÃO-DE-OBRA DO TRABLHO PORTUÁRIO AVULSO DOPORTO ORGANIZADO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO interpõe recurso inominado, às fls. 140/148, contra asentença referida. Em suas razões, afirma que: i) a petição inicial é inepta, por não haver indicação da causa de pedir e depedido expresso; ii) é parte ilegítima para figurar no polo passivo da demanda; iii) a pretensão da parte autora estáprescrita, pois decorrido lapso temporal superior a três anos entre a data da ciência do ato que lhe teria causado dano e oajuizamento da presente ação; e iv) inexistiu a prática do ato ilícito que pudesse ter causado dano moral, uma vez que oOGMO limitou-se a encaminhar à Caixa Econômica Federal ofício expedido pelo Juízo da Vara de Família.

03. Intimada, a parte autora deixou de oferecer contrarrazões (fl. 156).

04. É o relatório.

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VOTO

05. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.

06. Ao proceder à análise das alegações formuladas pelo recorrente OGMO, assinalo que a petição inicial contémnarração de fatos e exposição de fundamentação jurídica a partir dos quais o demandante correlaciona o bloqueio indevidode parte do saldo de sua conta vinculada ao FGTS aos réus. Com efeito, às fls. 05/06, a parte autora afirma que caberia aoOGMO, antes de remeter ofício do Juízo da 1ª Vara de Família de Vila Velha/Espírito Santo à Caixa Econômica Federal,verificar a correção dos dados nele contidos a fim de que não houvesse o desconto de valores recebidos por empregadohomônimo. A partir de tal embasamento, o demandante sustenta que os réus seriam responsáveis pelo dano moral,devendo ser condenados a pagar-lhe indenização em valor ser fixado judicialmente. Assim, existente uma correlação lógicaentre o pedido deduzido e o embasamento fático-legal que lhe foi dado, a sentença mostrou-se correta ao rejeitar apreliminar de inépcia da petição inicial, porque declinada causa de pedir idônea e pedido certo.

07. Em relação à ilegitimidade passiva do OGMO, destaco que a verificação das condições para o exercício legítimodo direito de ação deve estar pautada pelas afirmações feitas pelo demandante em sua petição inicial (cf. José CarlosBarbosa Moreira. Legitimação para Agir. Indeferimento da Petição Inicial. In: Temas de Direito Processual Civil. PrimeiraSérie. 2a edição São Paulo: Saraiva, 1988, p. 200. Kazuo Watanabe. Da Cognição no Processo Civil. São Paulo: Revistados Tribunais, 1987, p. 58. Apud in Alexandre Freitas Câmara. Lições de Direito Processual Civil. 10a edição. Rio deJaneiro: Lumen Juris, 2004, p. 129), sob o risco de subverter o juízo de admissibilidade da pretensão processual emcognição antecipada do mérito da causa.

08. Adotada a teoria da asserção, os requisitos do provimento final devem ser aferidos a partir dos fatos efundamentos jurídicos apontados na peça vestibular. No presente feito, a parte autora indicou que o réu OGMO teria odever de examinar a correção das informações transmitidas à Caixa Econômica Federal, motivo por que a negligência nocumprimento de tal obrigação acarretaria a sua responsabilidade civil. Logo, constato a pertinência subjetiva necessária àinclusão do recorrente no polo passivo do feito, não merecendo reparos a sentença no que tange à análise dessa questão.

09. O recorrente OGMO também alega que a pretensão condenatória da parte autora estaria prescrita quanto a si,uma vez que houve o transcurso de lapso temporal superior a três anos entre a data de ciência do ato lesivo e a propositurada presente demanda. Compulsando-se os autos, constato que o recorrido narrou, em sua petição inicial, que tomaraconhecimento de que foram determinados descontos para pagamento de alimentos no saldo de sua conta vinculada aoFGTS – por decisão do Juízo da 1ª Vara de Família da Comarca de Vila Velha/Espírito Santo – em 01.04.2003. Nãoobstante o autor tenha envidado esforços para que os depósitos de sua conta fossem recompostos extrajudicialmente, écerto que a propositura de ação judicial somente ocorreu em 20.02.2008 (fl. 03), quando já expirado o prazo de três anosprevisto pelo art. art. 206, §3º, V, do Código Civil. No caso, a fluência do prazo prescricional não foi suspensa, porque, alémdo não preenchimento das hipóteses enunciadas nos arts. 198 e 199, do Código Civil, a alegada lesão aos direitos dapersonalidade do demandante já teria ocorrido, não sendo possível considerar a data em que houve a devolução dosvalores como aquela em que teria se iniciado o cômputo do prazo para exercício do direito à reparação. Dessa forma, orecurso interposto pelo OGMO merece ser provido para que o pedido, em face dele formulado, seja julgado improcedentenos termos do art. 269, IV, do Código de Processo Civil.

10. Em análise do recurso interposto pela Caixa Econômica Federal, assinalo que a empresa pública federal éagente operador dos depósitos feitos ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço-FGTS, cuja gestão cabe à administraçãodireta federal (art. 4º, da Lei n. 8.036/90). A relação jurídica existente entre o titular dos depósitos e a União é de naturezapública, a qual se estende à disciplina daquela mantida entre o depositário e a Caixa Econômica Federal, que presta serviçopúblico por ser responsável pela operação dos recursos do FGTS. Logo, o exame de sua responsabilidade civil deve estarpautado pela norma veiculada pelo art. 37, §6o, da Constituição da República de 1988.

11. A responsabilidade civil do Estado, de acordo com o art. 37, §6o, da Constituição da República de 1988, éinformada pela teoria do risco administrativo, ensejando-se, por conseguinte, o dever de reparação ao lesado seconfigurados os seguintes pressupostos: a existência de ato lesivo praticado por agente público em decorrência de suasatribuições; dano material ou moral suportado; nexo de causalidade entre o eventus damni e o comportamento positivo doagente público e a ausência de causa excludente da responsabilidade estatal (cf. RTJ 55/503, RTJ 71/99, RTJ 91/377, RTJ99/1155, RTJ 131/417).

12. Da leitura dos documentos carreados aos autos, observo que o MM. Juiz de Direito da 1ª Vara de Família daComarca de Vila Velha/Espírito Santo expediu ofício ao OGMO para que descontasse mensalmente, “em folha depagamento do Sr. JACIMAR GONÇALVES a importância equivalente a 45% (quarenta e cinco por cento) de seusrendimentos assalariados e demais vantagens, inclusive férias, 13º salário e FGTS em caso de rescisão de contrato detrabalho, que deverá ser paga diretamente a Sra. Maria Auxiliadora Pedroni Gonçalves” (fl. 16). Embora a parte autora nãotenha juntado cópia da comunicação feita pelo OGMO à Caixa Econômica Federal quando teve seu contrato de trabalhosuspenso, constato que o Órgão de Gestão de Mão-de-Obra comunicou, em 25 de julho de 2003, que a empresa públicafederal efetuou erroneamente desconto sobre o saldo de FGTS da conta de Jacimar Gonçalves, PIS 108.472.205.00, nãoobstante a ordem judicial dizer respeito ao homônimo do recorrido, cujo número de PIS é 100.656.373.29 (fl. 19).

13. O Juízo da Vara de Família comunicou o equívoco à Caixa Econômica Federal, tendo complementado asinformações enviadas com o nome da genitora e a data de nascimento do correntista em outubro de 2004 (fl. 30).

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Entretanto, somente em 15.09.2005, a Caixa Econômica Federal realizou o desbloqueio da quantia (fl. 53).

14. Em face de tais fatos, cumpre registrar que a Caixa Econômica Federal procedera ao desconto em contavinculada ao FGTS e - a despeito de ter sido comunicada formalmente do erro em julho de 2003 - somente o retificou emsetembro de 2005, exigindo que a parte autora tivesse que contratar advogado e pleitear judicialmente, perante os Juízosestadual e federal, que o erro evidente fosse corrigido. A desídia da Caixa Econômica Federal, que não conferiu aregularidade dos dados para efetuar o desconto ordenado e que somente corrigiu o erro claro após a passagem de períodosuperior a dois anos, configura ato ilícito que causou excepcional transtorno psicológico ao demandante, dando causa aodano moral alegado. O desrespeito à integridade moral do correntista é suficiente para a caracterização do dano, valendo, apropósito, a transcrição da lição de Maria Celina Bodin de Moraes (Danos à Pessoa Humana. Uma LeituraCivil-Constitucional dos Danos Morais, Rio de Janeiro: Renovar, 2003, p. 327):“1. Constitui dano moral a lesão a qualquer dos aspectos componentes da dignidade humana- dignidade esta que seencontra fundada em quatro substratos e, portanto, corporificada no conjunto dos princípios da igualdade, da integridadepsicofísica, da liberdade e da solidariedade.2. Circunstância que atinjam a pessoa em sua condição humana, que neguem esta sua qualidade, serão automaticamenteconsideradas violadoras de sua personalidade e, se concretizadas, causadoras de dano moral a ser reparado.3. Não será, portanto, o sofrimento humano ou a situação de tristeza, constrangimento, perturbação, angústia ou transtorno,que ensejará a reparação, mas apenas aquelas situações graves o suficiente para afetarem a dignidade humana pelaviolação de um ou mais, dentre os substratos referidos.4. Para que exista dano moral, não é preciso que se configure lesão a algum direito subjetivo da pessoa da vítima, ou averificação de prejuízo por ela sofrido. A violação de qualquer situação jurídica subjetiva extrapatrimonial em que estejaenvolvida a vítima, desde que merecedora da tutela jurídica, será suficiente para gerar a reparação.5. A lesão á situação jurídica subjetiva protegida poderá decorrer da ação ou de omissão, por culpa ou por risco. A tutela dadignidade humana da vítima tem que significar a mais ampla proteção da pessoa. No entanto, com relação á culpalevíssima, será permitido ao juiz ponderar: a exigência de cuidados excepcionais e diligência incomum ofereceriam um forteincentivo à chamada “indústria do dano moral”, além de, do ponto de vista da consciência coletiva, contribuíremsignificativamente para o incremento do processo de vitimização social.”

15. Acrescento que a indenização deve corresponder à extensão do dano sofrido (art. 944, do Código Civil),considerando-se a gravidade do ato e a desídia da Caixa Econômica Federal em não corrigir o erro constatado em tempoplausível. Assim, o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) mostra-se razoável, não merecendo ser substituído.

16. Ante o exposto, conheço o recurso interposto pelo OGMO - ÓRGÃO GESTOR DE MÃO-DE-OBRA DOTRABALHO PORTUÁRIO AVULSO DO PORTO ORGANIZADO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO e dou-lhe parcialprovimento para julgar o pedido improcedente, nos termos do art. 269, IV, do Código de Processo Civil. Sem condenaçãoao pagamento de custas e honorários advocatícios, tendo-se em vista o disposto pelo art. 55, da Lei n. 9.099/95.

17. Ademais, conheço o recurso interposto pela CAIXA ECONÔMICA FEDERAL e nego-lhe provimento. Condeno-aao pagamento de custas e honorários advocatícios, os quais fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação.

18. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

83 - 0008162-27.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.008162-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO COSTA BUARQUE.) x FERNANDO ANTONIO COLNAGO(ADVOGADO: RJ109580 - GUSTAVO ABBI FERREIRA.).RECURSO Nº 0008162-27.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.008162-3/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: FERNANDO ANTONIO COLNAGORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL. DESCONTO INDEVIDO EM BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO.EMPRÉSTIMO CONSIGNADO. FRAUDE.1. O art. 6º, da Lei n. 10.820/03, com a redação dada pela Lei n. 10.953/04, dispõe que as instituições financeiras,pagadoras de benefícios previdenciários, poderão reter “valores referentes ao pagamento mensal de empréstimos,financiamentos e operações de arrendamento mercantil” para fins de amortização se os titulares de benefícios deaposentadoria e pensão do Regime Geral de Previdência Social autorizarem o INSS a proceder aos descontos oriundos detais contratos. A Instrução Normativa n. 121 INSS/DC, de 1º de julho de 2005, com as alterações promovidas pela InstruçãoNormativa 01 INSS/PRES, de 29 de setembro de 2005, também dispunha que as instituições financeiras deveriam informaros dados relacionados aos contratos à autarquia previdenciária (art. 3º), a qual poderia recusar os pedidos de consignação,nos termos do art. 3º, §2º, do referido regulamento. Dever do INSS de aferir a regularidade do mútuo concedido, sendotambém responsável pela reparação dos danos gerados por mútuo fraudulentamente celebrado.2. Desconto em benefício previdenciário sem que houvesse autorização do seu titular. Negligência dos servidores da

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autarquia, os quais não se desincumbiram idoneamente do dever de apurar a regularidade do contrato, que gerousupressão de valores percebidos pelo segurado a despeito de qualquer autorização nesse sentido. Dano moral configurado.3. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação em custas (art. 4º, i, da Lei n. 9.289/95). Honorários advocatíciosfixados em 10% sobre o valor da condenação (art. 55, da Lei n. 9.099/950.

RELATÓRIO

INSS interpõe recurso inominado, às fls. 75/96, contra sentença proferida pelo MM. Juiz Federal do 1º Juizado EspecialFederal da Seção Judiciária do Espírito Santo (fls. 67/71) que julgou procedente pedido para condenar a autarquiaprevidenciária e o Banco BMC S/A, cada um, ao pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 3.000,00 (trêsmil reais). Sustenta que é parte ilegítima para figurar no polo passivo da causa, uma vez que o ato ilícito foi praticado pelainstituição financeira responsável pelo pagamento do benefício previdenciário ao autor, a qual concedeu indevidamente omútuo com desconto na renda mensal do recorrido. Afirma que o reconhecimento de sua ilegitimidade acarretaria aincompetência da Justiça Federal para processar e julgar a causa. Alega, por fim, que não praticou qualquer ato quepudesse ter dado origem ao dano moral que o recorrido alega ter sofrido.

02. Contrarrazões às fls. 108/112, nas quais o recorrido afirma que o INSS não adotou as cautelas necessárias paraaferir se foi dada autorização pelo segurado para que houvesse o desconto de parcelas do contrato de mútuo,fraudulentamente celebrado, em sua renda mensal; bem como que o dano moral restou demonstrado pelo prejuízo sofridoem seus ganhos mensais.

03. É o relatório.

VOTO

04. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.

05. Para análise da alegada ilegitimidade do INSS para figurar no polo passivo da lide, observo que a parte autoradeduziu pedido para que a autarquia previdenciária fosse condenada ao pagamento de indenização por danos morais, aoargumento de que o desconto indevido, decorrente de celebração fraudulenta de contrato de mútuo, somente foi possívelem razão da omissão do recorrente, que não constatou que o mutuário tinha nome diverso do titular do benefícioprevidenciário, que sequer subscreveu autorização para que o mútuo fosse realizado mediante consignação.

06. O art. 6º, da Lei n. 10.820/03, com a redação dada pela Lei n. 10.953/04, dispõe que as instituições financeiras,pagadoras de benefícios previdenciários, poderão reter “valores referentes ao pagamento mensal de empréstimos,financiamentos e operações de arrendamento mercantil” para fins de amortização se os titulares de benefícios deaposentadoria e pensão do Regime Geral de Previdência Social autorizarem o INSS a proceder aos descontos oriundos detais contratos. A Instrução Normativa n. 121 INSS/DC, de 1º de julho de 2005, com as alterações promovidas pela InstruçãoNormativa 01 INSS/PRES, de 29 de setembro de 2005, também dispunha que as instituições financeiras deveriam informaros dados relacionados aos contratos à autarquia previdenciária (art. 3º), a qual poderia recusar os pedidos de consignação,nos termos do art. 3º, §2º, do referido regulamento. Dessa forma, o recorrente tem dever de aferir a regularidade do mútuoconcedido, sendo também responsável pela reparação dos danos gerados pela fraude praticada, a qual foi reconhecidapelo Banco BMC S/A em sua contestação. Nesse sentido, posiciona-se a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (cf.AgRg no ARESP 484.968/SE, Segunda Turma, Rel. Min. Og Fernandes, DJE 20.05.2014; AgRg no RESP 1.369.669/PR,Rel. Min. Sérgio Kukina, DJE 12.09.2013), valendo a transcrição da ementa do acórdão prolatado em julgamento do RESP1.213.288/SC (Segunda Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, DJE 01.07.2013):ADMINISTRATIVO. EMPRÉSTIMO CONSIGNADO FRAUDULENTO. DESCONTOS INDEVIDOS EM PROVENTOS DEAPOSENTADORIA. VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC. INOCORRÊNCIA. LEGITIMIDADE PASSIVA DO INSSCONFIGURADA. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO DEMONSTRADA. DANOS MORAIS. VALOR. SÚMULA07/STJ. JUROS DE MORA. ART. 1º-F DA LEI 9.494/97. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. PESSOA JURÍDICA DEDIREITO PRIVADO. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. TERMO INICIAL. SÚMULA 54/STJ.1. A Corte de origem dirimiu a controvérsia de forma clara e fundamentada, embora de maneira desfavorável à pretensãodo recorrente. Não é possível se falar, assim, em maltrato ao art. 535, II, do Código de Processo Civil.2. Nos termos do art. 6º da Lei 10.820/03, nas hipóteses em que o empréstimo não tenha sido realizado no mesmo bancoem que o aposentado recebe o benefício, cabe ao INSS a responsabilidade por reter os valores autorizados por ele erepassar à instituição financeira credora. Ora, se lhe cabe reter e repassar os valores autorizados, é de responsabilidade doINSS verificar se houve a efetiva autorização. Reconhecida, assim, a legitimidade do INSS para responder aos termos dademanda.

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3. Consignado no aresto recorrido que o ente público agiu com desídia na análise dos documentos, o que resultou em danopara o autor, fica caracterizada a responsabilidade civil do Estado.4. O acórdão recorrido firmou entendimento de que houve dano moral na espécie. Rever esse posicionamento para concluirque não houve abalo moral, mas mero dissabor, é questão que demanda o revolvimento do conjunto fático-probatório dosautos, o que esbarra na censura da súmula 07/STJ.(Omissis)8. Recurso especial conhecido em parte e não provido.

07. Assente o dever de fiscalização do INSS, observo que o ato ilícito que provocou o desconto indevido no benefícioprevidenciário recebido pelo autor somente foi possível em razão da negligência dos servidores da autarquia, os quais nãose desincumbiram idoneamente do dever de apurar a regularidade do contrato, que gerou supressão de valores percebidospelo segurado a despeito de qualquer autorização nesse sentido. Além do mero prejuízo material, o recorrido teve quenoticiar o ato ilícito ao Departamento de Polícia Federal (fls. 13/14) e somente teve suprimido os descontos irregulares pordecisão judicial proferida em 22 de agosto de 2007 (fls. 34/35), após a citação e a apresentação de contestação daautarquia previdenciária no dia 03 daquele mês (fl. 19). Portanto, resta demonstrado o ato ilícito caracterizado pela desídiado recorrente, o que dá causa à indenização por danos morais pleiteada, nos termos do art. 37, §6º, da Constituição daRepública de 1988, tendo-se em vista o transtorno psicológico excepcional causado pelos descontos indevidos e pelaresistência da parte ré em proceder à sua imediata suspensão (cf. STJ, RESP 1.228.224/RS, Segunda Turma, Rel. Min.Herman Benjamin, DJE 10.05.2011).

08. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas (art. 4º, I,da Lei n. 9.289/95). Condeno o INSS ao pagamento de honorários advocatícios, fixados em 10% sobre o valor dacondenação (art. 55, da Lei n. 9.099/95).

09. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

10. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

84 - 0001080-37.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001080-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CEF-CAIXA ECONOMICAFEDERAL (ADVOGADO: ES013604 - PATRICIA DE FREITAS RONCATO, ES001793 - SUELI DE PAULA FRANCA.) xMANOEL RAMOS DA SILVA E OUTRO.RECURSO Nº 0001080-37.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001080-9/01)RECORRENTE: CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERALRECORRIDO: MANOEL RAMOS DA SILVARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

DIREITO CIVIL. CONTRATO DE MÚTUO FENERATÍCIO PARA COMPRA DE IMÓVEL PELAS REGRAS DO SFH.HIPOTECA. BENFEITORIAS.1. A cláusula contratual que estipula a obrigação de o mutuário conservar o bem hipotecado em perfeito estado é feita paraassegurar a higidez da garantia real, cuja utilidade pereceria se a coisa dada perdesse valor econômico pela suamanutenção negligente.2. Inexistência de renúncia expressa ao direito ao ressarcimento de benfeitorias feitas no imóvel.3. Recurso conhecido e desprovido. Condenação do recorrente ao pagamento de custas e honorários advocatícios, fixadosem 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do art. 55, da Lei n. 9.099/95.

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RELATÓRIO

CAIXA ECONÔMICA FEDERAL interpõe recurso inominado, às fls. 97/101, contra sentença proferida pela MMa. Juíza do2º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo (fls. 93/94), que julgou procedente pedido paracondená-la a ressarcir o valor de R$ 1.279,02 (um mil, duzentos e setenta e nove reais e dois centavos) pelas benfeitoriascusteadas pelos demandante. Sustenta que a cláusula vigésima-sexta do contrato de mútuo feneratício firmado entre aspartes estipula que os contratantes têm a obrigação de manter o bom estado de conservação do imóvel, o que exoneraria aempresa pública federal do dever de ressarcimento.

02. Contrarrazões às fls. 107/108, nas quais os recorridos afirmam que o pedido de ressarcimento dos valoresdespendidos com as benfeitorias tem amparo no art. 1.219, do Código Civil.

03. É o relatório.

VOTO

04. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.

05. No presente recurso, as partes não controvertem sobre a natureza das benfeitorias realizadas e tampoucodiscutem a boa-fé dos mutuários, estando a disputa limitada à existência do dever de ressarcimento ante o estipulado pelacláusula vigésima-sexta do contrato de mútuo feneratício, celebrado para aquisição de imóvel pelas regras do SistemaFinanceiro da Habitação, a qual dispõe: “Ficam os devedores obrigados a manter o imóvel hipotecado em perfeito estadode conservação, segurança e habitabilidade, fazendo reparos necessários, bem como as obras que forem solicitadas pelaCEF para preservação da garantia, vedada entretanto a realização de obras de demolição, alteração e acréscimo, semprévio e expresso consentimento da CEF. Para a constatação do exato cumprimento desta cláusula, fica assegurada à CEFa faculdade de, em qualquer tempo, vistoriar o imóvel hipotecado”.

06. Da leitura da cláusula transcrita, não identifico a renúncia dos mutuários ao direito ao ressarcimento dasbenfeitorias possivelmente feitas no imóvel adquirido. Com efeito, a referência expressa à obrigação de conservação dobem em perfeito estado é feita para assegurar a higidez da garantia real, cuja utilidade pereceria se a coisa dada perdessevalor econômico pela sua manutenção negligente. Portanto, o disposto pelo art. 1.129, do Código Civil, é aplicável àpresente hipótese, sob o risco de interpretação contrária implicar enriquecimento sem causa da Caixa Econômica Federalao adquirir a propriedade do imóvel dado em hipoteca.

07. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Condeno o recorrente ao pagamento de custas ehonorários advocatícios, os quais fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do art. 55, da Lei n.9.099/95.

08. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

85 - 0002133-84.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.002133-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) GILDA MARIA ALVESHONORATO (ADVOGADO: ES012696 - Rodrigo Santolini Fitaroni, ES012683 - FLÁVIO LÚCIO FERREIRA DE SOUZA,ES005463 - EVANDRO ABDALLA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Luciano JoséRibeiro de Vasconcelos Filho.).RECURSO Nº 0002133-84.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.002133-4/01)RECORRENTE: GILDA MARIA ALVES HONORATORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. COMPROVAÇÃO DE DEPENDÊNCIA ECONÔMICA DOS PAIS EMRELAÇÃO AO INSTITUIDOR DO BENEFÍCIO.1. O benefício de pensão por morte, na hipótese do art. 16, II, §4º, da Lei n. 8.213/91, deve ser concedido se a morte dosegurado provoca transtorno patrimonial no núcleo familiar que se vê desprovido de fonte de renda que contava para suamanutenção, devendo ser, assim, excluídas as situações em que o auxílio econômico prestado era ocasional e nãoinfluente no pagamento das despesas correntes.2. Ausência de prova de que a renda obtida pelo ex-segurado era imprescindível para a formação do orçamento familiar.3. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, em razão dobenefício de gratuidade de justiça deferido.

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RELATÓRIO

GILDA MARIA ALVES HONORATO interpõe recurso inominado, às fls. 121/129, contra sentença proferida pelo MM. Juiz doJuizado de Cachoeiro de Itapemirim (fls. 117/119), que julgou improcedente o pedido para concessão do benefício depensão por morte de seu filho, Alexandre Honorato. Alega que o ex-segurado era trabalhador rural, em regime de economiafamiliar, e custeava a maior parte das despesas do lar, uma vez que seu pai não mais teria condições físicas para aatividade rurícola.

02. O INSS, em contrarrazões oferecidas às fls. 131/136, afirmou que inexistem provas nos autos que demonstrem aefetiva existência de dependência econômica entre a recorrente e o instituidor do benefício.

03. É o relatório.VOTO

04. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.

05. A recorrente pediu a concessão de pensão por morte, com fulcro no art. 74, da Lei nº 8.213/91, em razão dadependência econômica que mantinha em relação ao seu finado filho, a qual lhe conferiria a condição de beneficiária nostermos do art. 16, II, da Lei nº 8.213/91. Cumpre, de início, assinalar que o benefício pleiteado independe de período decarência (art. 26, I, da Lei nº 8.213/91), todavia, a sua concessão exige a qualidade de segurado do extinto contribuinte e acomprovação da dependência econômica pelo beneficiário (art. 74, da Lei nº 8213/91).

06. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à demonstração de dependência econômica. Para tanto, arecorrente afirma que seu falecido filho, Alexandre Honorato, colaborava com ela e o marido no exercício de atividade ruralem regime de economia familiar, aduzindo que a participação dele seria relevante, uma vez que o seu genitor sofre dedores na coluna, as quais dificultam o desempenho de tarefas mais árduas no campo. Compulsando-se os autos, verificoque o documento de fls. 38/39 relaciona o nome de Alexandre Honorato ao trabalho de parceria agrícola a serdesempenhado em conjunto com seus pais. Entretanto, tal contrato é imprestável para provar a dependência econômicaalegada, pois ele foi celebrado em 1º de agosto de 2008, data posterior à morte do ex-segurado em 04 de dezembro de2007 (fl. 33). As notas fiscais juntadas às fls. 40/41 fazem referência à compra de peças de vestuário, não sendo possívelcorrelacioná-las à ajuda indispensável à subsistência da recorrente. Ademais, a declaração de Suila de Souza Rodrigues,administradora dos “Supermercados Garcia” (fl. 43), no sentido de que o Sr. Alexandre Honorato era cliente da loja e faziacompras mensais no crediário, não é contemporânea aos fatos nela narrados e tampouco esclarece quais eram os benspor ele adquiridos.

07. Em audiência de instrução e julgamento, as testemunhas afirmaram que o ex-segurado colaborava nodesempenho da atividade rural, mas observaram que não houve mudança notável na área de cultivo da família ou naquantidade colhida na área plantada (fls. 118/119).

08. Para análise das provas, afasto a incidência do art. 143, caput, do Decreto nº 3.048/99, quanto à exigência deinício de prova material para demonstração de existência de dependência econômica, bem como interpretação que reputeexaustivo o rol de documentos listados no art. 22, §3o, do Decreto nº 3.048/99, eis que o sistema de persuasão racional dojulgador (art. 131, do Código de Processo Civil) não está adstrito a uma prévia valoração de provas se inexistentefundamento legal que subsidie a delimitação dos critérios de ponderação entre os elementos fáticos levados aoconhecimento do magistrado (cf. TRF da 4ª Região, AC 200070070001287-PR, Quinta Turma, Rel. Des. Fed. Paulo AfonsoBrum Vaz, DJU 02.04.2003, p.734).

09. A apuração de efetiva dependência econômica não se restringe, porém, à observância estrita da provisão desubsistência do dependente, como já verificara o extinto Tribunal Federal de Recursos no enunciado n. 229, da súmula desua jurisprudência predominante (“A mãe do segurado tem direito à pensão previdenciária, em caso de morte do filho, seprovada a dependência econômica, mesmo não exclusiva.”). Entretanto, como observam Daniel Machado da Rocha e JoséPaulo Baltazar Júnior (Comentários è Lei de Benefícios da Previdência Social. 4a edição. Porto Alegre: Livraria doAdvogado, 2004, p.85):“Pelo simples fato de os filhos residirem com os pais, em famílias não abastadas, é natural a existência de colaboraçãoespontânea para toda a família. Porém, sendo estas contribuições eventuais, favorecendo o orçamento doméstico, mascuja ausência não implica um desequilíbrio na subsistência dos genitores, há que ser afastada a condição de dependênciados pais. De acordo com o art. 36 da Lei nº 10.741, de 1o de outubro de 2003 (Estatuto do Idoso): ‘O acolhimento de idososem situação de risco social, por adulto ou núcleo familiar, caracteriza a dependência econômica, para os efeitos legais’.”

10. Logo, o benefício de pensão por morte deve ser concedido se a morte do segurado provoca transtornopatrimonial no núcleo familiar que se vê desprovido de fonte de renda que contava para sua manutenção, devendo ser,assim, excluídas as situações em que o auxílio econômico prestado era ocasional e não influente no pagamento dasdespesas correntes. Neste sentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Tribunal Federal da 4ª Região emjulgamento do EI 96.04.44524-3/SC (Terceira Seção, Rel. p/ acórdão Des. Fed. João Surreaux Chagas, DJU 01.11.2000, p.161):PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS INFRINGENTES. PENSÃO POR MORTE DA FILHA. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA.Para fins de obtenção de pensão por morte da filha há que ser comprovada a dependência econômica em relação à de

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cujus, ainda que não exclusiva, falecendo direito ao pensionamento se o auxílio prestado não era vital à manutenção dosgenitores.

11. No presente recurso, não restou demonstrado que a renda obtida pela ex-segurada era imprescindível para aformação do orçamento familiar. Com efeito, a prova documental não demonstra que a participação do instituidor dobenefício era indispensável para a manutenção da recorrente e tampouco as testemunhas ouvidas indicaram que houveefetivo desequilíbrio do orçamento familiar após a morte do filho da parte autora.12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Deixo de condenar a recorrente ao pagamento decustas e honorários advocatícios, em razão do benefício de gratuidade de justiça deferido, nos termos do art. 12, da Lei n.10.060/50 (fl. 96).13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

86 - 0005042-34.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005042-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LEIDA MARIA DE MIRANDAFERREIRA (ADVOGADO: ES015405 - ALLYSSON CARLOS PEREIRA PINTO, ES008225 - ADAO CARLOS PEREIRAPINTO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Carolina Augusta da Rocha Rosado.).RECURSO Nº 0005042-34.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.005042-3/01)RECORRENTE: LEIDA MARIA DE MIRANDA FERREIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. ADMINISTRATIVO. INTIMAÇÃO PARA DEFESA EM PROCESSO ADMINISTRATIVO. PERDA DAQUALIDADE DE SEGURADO. IMPOSSIBILIDADE DE RECOLHIMENTO DE CONTRIBUIÇÕES DEPOIS DA MORTE DOINSTITUIDOR DO BENEFÍCIO, CONTRIBUINTE INDIVIDUAL, QUE DEIXARA DE SER SEGURADO.1. Observância do devido processo legal para que o INSS procedesse à declaração de nulidade do ato administrativo emque foi concedida a pensão por morte recebida pela parte autora (art. 5º, LIV, da Constituição da República de 1988), tendosido dada oportunidade para conhecimento dos motivos que levaram à mudança do posicionamento da autarquia e paraimpugná-los no prazo legal.2. Perda da qualidade de segurado antes do óbito do instituidor. Impossibilidade de recolhimento após a morte doex-segurado, contribuinte individual. Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça.

RELATÓRIO

LEIDA MARIA DE MIRANDA FERREIRA interpõe recurso inominado, às fls. 200/213, contra sentença proferida pelo MM.Juiz do 3º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo que julgou improcedente o pedido pararestabelecimento do benefício de pensão por morte (NB 100.301.165-8) instituído por seu ex-cônjuge. Alega que a pensãofoi-lhe concedida com início de pagamento em 07.02.1992, mas foi cancelada em abril de 2011. Sustenta que o referidocancelamento não observou o devido processo legal, uma vez que a supressão do pagamento ocorreu antes do exercíciodo seu direito de defesa, bem como porque o INSS não abriu oportunidade para a recorrente fazer o recolhimento decontribuições após o óbito do instituidor do benefício. Afirma que a concessão da pensão por morte observou a legislaçãovigente à época, uma vez que o ex-cônjuge, como contribuinte autônomo, verteu contribuições entre março/89 e maio/89,não sendo exigida carência ou manutenção da condição de segurado para que seus dependentes recebessem pensão pormorte.

02. Contrarrazões às fls. 217/222, nas quais o INSS sustenta que o ex-cônjuge da recorrente faleceu em 07.02.1992,quando não mais ostentava a condição de segurado (art. 15, da Lei n. 8.213/91), bem como que o cancelamento do

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benefício de pensão por morte observou o devido processo legal, tendo sido a recorrente devidamente intimada paraapresentar defesa no âmbito administrativo.

03. É o relatório.

VOTO

04. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.

05. A recorrente sustenta que a declaração de nulidade do ato administrativo por meio do qual lhe foi concedido obenefício de pensão por morte é nulo, porque não observado o seu direito de defesa. Contudo, verifico que a petição inicialfoi instruída por comunicações feitas pelo INSS à parte autora, as quais se iniciaram em 25 de novembro de 2010 (fls.23/24), quando a autarquia previdenciária deu-lhe ciência da apuração de irregularidade na concessão de benefício depensão por morte, abrindo-lhe o prazo de dez dias para que fosse apresentada defesa administrativa, nos termos do art.179, do Decreto n. 3.048/99, cuja previsão reproduz o interstício previsto pelo art. 44, da Lei n. 9.784/99. Silente apensionista, o INSS informou-lhe, em correspondência enviada em 18.04.2011, o resultado final da análise efetuada, aocabo da qual se concluiu que houve irregularidade na concessão do benefício, o que ocasionou a suspensão do seupagamento e a intimação para devolução das quantias indevidamente recebidas (fls. 20/21).

06. Desse modo, constato que houve a observância do devido processo legal para que a recorrida procedesse àdeclaração de nulidade do ato administrativo em que foi concedida a pensão por morte recebida pela parte autora (art. 5º,LIV, da Constituição da República de 1988), tendo sido dada oportunidade para conhecimento dos motivos que levaram àmudança do posicionamento do INSS e para impugná-los em prazo idôneo.

07. No que atine ao cumprimento dos requisitos para concessão do benefício de pensão por morte, assinalo que anulidade detectada tem amparo legal, uma vez que a orientação veiculada pela Instrução Normativa 20, de 18 de maio de2000 (fl. 25), segundo a qual a concessão de benefícios, que fossem isentos de carência, exigiria apenas a comprovaçãode inscrição junto à Previdência Social, infringia o disposto pelo art. 74, da Lei n. 8.213/91. Com efeito, após encerradosseus vínculos empregatícios, o Sr. Iran Marques Ferreira esteve inscrito como contribuinte individual entre março/89 emaio/89 (fl. 79). Na hipótese, a qualidade de segurado seria mantida por mais seis meses a contar da última contribuição,de acordo com o art. 15, VI, da Lei n. 8.213/91. Logo, tendo corrido o óbito em 07.02.1992 (fl. 35), o instituidor do benefícionão mais conservava a qualidade de segurado, motivo por que a pensão por morte não poderia ter sido concedida à suaesposa.

08. Acrescento que a alegação quanto à necessária intimação da recorrente, para que ela pudesse exercer afaculdade de recolher contribuições após a morte de seu ex-cônjuge, não merece ser acatada, porque a possibilidade de talpagamento seria contrária à finalidade de conferir amparo aos segurados e aos seus dependentes nas situações de sinistroou de presumida debilidade para manutenção de sua subsistência, as quais são ínsitas à existência da Seguridade Social.Nesse sentido, posicionou-se o Superior Tribunal de Justiça em julgamento do RESP 1.110.565/SE (Terceira Seção, Rel.Min. Felix Fischer, DJE 03.08.2009), no regime do art. 543-C, do Código de Processo Civil:RECURSO ESPECIAL SUBMETIDO AOS DITAMES DO ART. 543-C DO CPC E DA RESOLUÇÃO Nº 8/STJ. PENSÃOPOR MORTE. PERDA PELO DE CUJUS DA CONDIÇÃO DE SEGURADO. REQUISITO INDISPENSÁVEL AODEFERIMENTO DO BENEFÍCIO. EXCEÇÃO. PREENCHIMENTO EM VIDA DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS ÀAPOSENTAÇÃO. INOCORRÊNCIA. RECURSO PROVIDO.I - A condição de segurado do de cujus é requisito necessário ao deferimento do benefício de pensão por morte ao(s) seu(s)dependente(s). Excepciona-se essa regra, porém, na hipótese de o falecido ter preenchido, ainda em vida, os requisitosnecessários à concessão de uma das espécies de aposentadoria do Regime Geral de Previdência Social - RGPS.Precedentes.II - In casu, não detendo a de cujus, quando do evento morte, a condição de segurada, nem tendo preenchido em vida osrequisitos necessários à sua aposentação, incabível o deferimento do benefício de pensão por morte aos seusdependentes.Recurso especial provido.

09. Outrossim, inadmitindo a possibilidade de recolhimento de contribuições post mortem, anoto a ementa doacórdão prolatado pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento do AgRg no RESP 1.284.217/PR (Quinta Turma, Rel.Min. Marco Aurélio Belizze, DJE 04.06.2014):AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. REQUISITOS DOBENEFÍCIO. CONDIÇÃO DE SEGURADO. CONTRIBUIÇÕES POST MORTEM. IMPOSSIBILIDADE. ENTENDIMENTOFIRMADO NO JULGAMENTO DO RESP N. 1.110.565/SE, SOB O RITO DO ART. 543-C DO CPC. AGRAVOREGIMENTAL IMPROVIDO.1. Conforme consignado na decisão agravada, a Terceira Seção, no julgamento do REsp n. 1.110.565/SE, submetido aorito do art. 543-C do CPC, fixou o entendimento de que o deferimento do benefício de pensão por morte está condicionadoao cumprimento da condição de segurado do falecido, salvo na hipótese prevista no verbete sumular n. 416/STJ: "É devidaa pensão por morte aos dependentes do segurado que, apesar de ter perdido essa qualidade, preencheu os requisitoslegais para a obtenção de aposentadoria até a data do seu óbito."2. O texto do art. 282 da Instrução Normativa n. 118/2005 do INSS, autoriza o recolhimento post mortem das contribuiçõesdevidas pelo contribuinte individual, para fins de pensão, desde que comprovada a manutenção da qualidade de seguradodo falecido, situação não verificada nos autos.

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3. Agravo regimental a que se nega provimento

10. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Deixo de condenar a recorrente ao pagamento decustas e honorários advocatícios, em razão do benefício de gratuidade de justiça deferido, nos termos do art. 12, da Lei n.10.060/50 (fl. 197).11. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.12. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

87 - 0000857-50.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000857-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA NEUZA DE OLIVEIRANUNES (ADVOGADO: ES014129 - LUIZ CARLOS BARRETO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA.).RECURSO Nº 0000857-50.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000857-1/01)RECORRENTE: MARIA NEUZA DE OLIVEIRA NUNESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. PROCESSO CIVIL. PENSÃO POR MORTE. PERÍCIA INDIRETA.1. A qualidade de segurado pode ser excepcionalmente mantida se há prova de que a pessoa estava incapacitada para otrabalho desde o término do período legal de graça.2. A perícia indireta, para aferir a existência de doença incapacitante, deve ser indeferida se não há suporte probatório paraque o especialista nomeado judicialmente possa avaliar as condições de saúde do instituidor do benefício de pensão pormorte à data em que ele perdeu a qualidade de segurado.3. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, em razão dobenefício de gratuidade de justiça deferido.

RELATÓRIO

MARIA NEUZA DE OLIVEIRA NUNES interpõe recurso inominado, às fls. 231/236, contra sentença proferida pelo MM. Juizdo 3º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo (fls. 227/228), que julgou improcedente o pedido paraconcessão do benefício de pensão por morte de seu cônjuge. Alega que a sentença é nula, porque não houve a designaçãode perícia judicial para aferir a incapacidade laborativa do instituidor do benefício no período em que ele perdeu a qualidadede segurado.

02. O INSS, em contrarrazões oferecidas às fls. 240/243, afirma que o último vínculo empregatício do ex-seguradofoi encerrado em fevereiro de 1995, bem como que a qualidade de segurado somente teria perdurado se houvesse provade que o Sr. Osvaldo Menezes Nunes estivesse incapacitado para o trabalho enquanto ele ainda a conservasse.

03. É o relatório.VOTO

04. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.

05. A recorrente pediu a concessão de pensão por morte, com fulcro no art. 74, da Lei nº 8.213/91, na condição deex-cônjuge do instituidor, nos termos do art. 16, I, da Lei nº 8.213/91. Cumpre, de início, assinalar que o benefício pleiteadoindepende de período de carência (art. 26, I, da Lei nº 8.213/91), todavia, a sua concessão exige a qualidade de seguradodo extinto contribuinte e a comprovação da dependência econômica pelo beneficiário (art. 74, da Lei nº 8213/91), a qual é

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presumida na presente hipótese.

06. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à demonstração da condição de segurado do instituidor dobenefício, Sr. Oswaldo Menezes Nunes. Nesse sentido, cabe assinalar que o seu último vínculo empregatício se encerrouem fevereiro de 1995 (fl. 19), conservando a qualidade de segurado por doze meses, nos termos do art. 15, II, da Lei n.8.213/91. Contudo, a recorrente afirma que o seu ex-cônjuge estaria incapacitado para o trabalho desde a extinção daquelevínculo, devido à fragilidade do seu quadro de saúde, o que acabaria causando a sua morte em 28 de fevereiro de 2003 (fl.25).

07. O juiz sentenciante, com percuciente fundamentação, observou que a qualidade de segurado seria mantida,ainda que não fossem vertidas contribuições para a Seguridade Social, se a causa do afastamento fosse doençaincapacitante para o trabalho. Contudo, tal situação não estaria demonstrada nos autos, uma vez que não há prova de queo instituidor do benefício já estaria incapacitado para o trabalho à época em que perdeu a qualidade de segurado (fl. 228).Contra esse entendimento, a recorrente sustenta que o Juízo a quo deveria ter determinado a realização de perícia paraaferir as condições de saúde do ex-segurado mediante a avaliação dos atestados e prontuários médicos disponíveis, razãopor que a sentença recorrida seria nula por violação à ampla defesa e ao devido processo legal.

08. Em análise de tais alegações, assinalo que a determinação para produção de provas deve observar apossibilidade e a utilidade delas para a resolução da questão controversa no feito (Moacyr Amaral Santos. Primeiras linhasde Direito Processual Civil. Vol. 2. 26ª. Ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 318). É, nesse sentido, que o art. 420, III, do Códigode Processo Civil, autoriza o indeferimento de requerimento para realização de perícia se a verificação do fato forimpraticável. Na demanda em análise, o julgamento de procedência do pedido formulado exigiria que restasse provado queo instituidor do benefício estivesse incapacitado para o trabalho desde o término do período de graça (fevereiro de 1996) atéa data do seu óbito em fevereiro de 2003. Contudo, os documentos, carreados aos autos para demonstrar as condições desaúde de Oswaldo Menezes Nunes, têm agosto de 2002 como data mais remota (fls. 59/64). Ademais, o parecer médico,subscrito em 16 de dezembro de 2010, sete anos após o óbito do instituidor do benefício, não foi instruído por examesclínicos e laboratoriais datados desde 1996, a partir dos quais o especialista nomeado judicialmente pudesse fazer umaavaliação crítica indireta da capacidade laboral do instituidor do benefício.

09. Portanto, ante a ausência de dados fáticos que permitissem a realização proveitosa e idônea de perícia indireta,a sentença recorrida não deve ser anulada. Em apoio a esse entendimento, transcrevo ementa do acórdão prolatado peloTribunal Federal da 2ª Região em julgamento da AC 200651015005510 (Primeira Turma, Rel. Des. Fed. Abel Gomes,DJF2R 13.08.2012, p. 86):PREVIDENCIÁRIO. ESTABELECIMENTO DE PENSÃO POR MORTE. ESPOSA. NÃO CERCEAMENTO DO DIREITO DEDEFESA. PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO. NÃO PROVIMENTO DA APELAÇÃO. MANUTENÇÃO DASENTENÇA.1- Ocorrido o óbito do marido da autora no ano de 2004 (fl. 14), durante a vigência da Lei nº 8.213/91, com as alteraçõesoperadas pelas Leis nºs 9.023/95 e 9.528/97, esta é a legislação aplicável à espécie, em consonância com o que dispõe aSúmula nº 340 do STJ ( •A lei aplicável à concessão de pensão previdenciária por morte é aquela vigente na data do óbitodo segurado.–)2- O direito à concessão da pensão por morte do cônjuge é garantido pelo art. 201, V, da Constituição Federal e pelo art. 74da Lei nº 8.213/91, dispondo este último que •a pensão por morte será devida ao conjunto de dependentes do segurado quefalecer(...)–.3- Não há que se falar em cerceamento de defesa em razão de a magistrada a quo não ter designado pericia médicaindireta, pois que os documentos acostados aos autos, prontuário médico do ex-segurado, (fls. 101/138, fornecido peloHospital Mário Kröeff, revelaram-se suficientes para o deslinde do feito.4- A autora alega que o de cujus, quando do afastamento de seu último emprego em 1999, já havia preenchido osrequisitos para a concessão de aposentadoria por invalidez, tendo em vista que a moléstia grave que o acometeu (câncer)já teria se instalado, levando-o ao óbito em 2004.5- Entretanto, da análise dos documentos acostados aos autos, verifica-se que os relatórios médicos, requisições eresultados de exames e recomendações pós-cirúrgicas de fls. 101/138, estão todos datados no ano de 2004, não havendoindicação de que o falecido encontrava-se doente em períodos anteriores a esta data, especialmente à época em foidemitido de seu emprego, em 01/09/1999.6-Como se verifica a fl.53, em resposta ao Ofício nº 0037.000678-0/2006, no qual a eminente Juíza de 1º grau questiona omotivo de tal demissão, o síndico do Condomínio do Edifício Flamboyant, local onde o Sr. Luiz Francisco da Silva haviatrabalhado, informou que o mesmo fora demitido sem justo motivo, e não •em em razão da queda de produção causadapelo câncer que o acometia–, como alegou a autora à fl. 56.7- Contraditando as alegações da autora, há o diagnóstico hispatológico dado pelo Laboratório de Apoio ao DiagnósticoOral da Escola de Odontologia da Universidade do Grande Rio (fl. 118), no qual foi identificado o carcinoma com início emfevereiro de 2004, 3 meses antes da data do exame, realizado em 26/05/2004.8- Assim, tendo seu último vínculo empregatício se encerrado em setembro de 1999, e seu óbito ocorrido em 2004, porocasião de seu falecimento, o mesmo já havia perdido a sua condição de segurado da Previdência Social.9- Ademais, em que pese a autora ter trazido aos autos relatório elaborado por médico, Dr. Carlos Alberto Mendes daCarpinteira, fl.197, o qual, supostamente teria trabalhado por muitos anos no Hospital Mário Kröeff, não se mostra plausívelpara justificar a necessidade de realização da perícia médica indireta, na medida em que através da análise do prontuáriomédico do ex-segurado, não é possível apontar que o início do desenvolvimento da doença que o acometia tenha seinstalado em 1999. 10- Apelação conhecida, mas não provida.

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10. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Deixo de condenar a recorrente ao pagamento decustas e honorários advocatícios, em razão do benefício de gratuidade de justiça deferido, nos termos do art. 12, da Lei n.10.060/50 (fl. 228).11. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

88 - 0000117-83.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000117-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LINDAURA AMARALFERREIRA (ADVOGADO: ES011848 - PAULA GRATZ PIMENTEL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).RECURSO Nº 0000117-83.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000117-7/01)RECORRENTE: LINDAURA AMARAL FERREIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. COMPROVAÇÃO DE DEPENDÊNCIA ECONÔMICA DOS PAIS EMRELAÇÃO AO INSTITUIDOR DO BENEFÍCIO.1. O benefício de pensão por morte, na hipótese do art. 16, II, §4º, da Lei n. 8.213/91, deve ser concedido se a morte dosegurado provoca transtorno patrimonial no núcleo familiar que se vê desprovido de fonte de renda que contava para suamanutenção, devendo ser, assim, excluídas as situações em que o auxílio econômico prestado era ocasional e nãoinfluente no pagamento das despesas correntes.2. Ausência de prova de que a renda obtida pelo ex-segurado era imprescindível para a formação do orçamento familiar.3. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, em razão dobenefício de gratuidade de justiça deferido.

RELATÓRIO

LINDAURA AMARAL FERREIRA interpõe recurso inominado, às fls. 72/77, contra sentença proferida pelo MM. Juiz doJuizado Especial Federal de Linhares (fls. 66/67), que julgou improcedente o pedido para concessão do benefício depensão por morte de sua filha, Shirlian Amaral Ferreira. Alega que a ex-segurada era responsável por pagamento dedespesas para manutenção do lar, o que caracterizaria sua dependência econômica.

02. O INSS, em contrarrazões oferecidas às fls. 80/86, afirmou que a ex-segurada residia em Sergipe, a demandanteé servidora pública e que inexistem provas nos autos que demonstrem a efetiva existência de dependência econômicaentre a recorrente a instituidora do benefício.

03. É o relatório.

VOTO

04. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.

05. A recorrente pediu a concessão de pensão por morte, com fulcro no art. 74, da Lei nº 8.213/91, em razão dadependência econômica que mantinha em relação à seu finada filha, a qual lhe conferiria a condição de beneficiária nostermos do art. 16, II, da Lei nº 8.213/91. Cumpre, de início, assinalar que o benefício pleiteado independe de período decarência (art. 26, I, da Lei nº 8.213/91), todavia, a sua concessão exige a qualidade de segurado do extinto contribuinte e a

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comprovação da dependência econômica pelo beneficiário (art. 74, da Lei nº 8213/91).

06. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à demonstração de dependência econômica. Para tanto, aparte autora juntou: i) cópias de comprovantes de pagamento de prestações à “Losango” (fls. 24/26) e à “DacasaFinanceira” (fls. 27/30); ii) rascunho de planta de imóvel (fl. 31); iii) atestado médico da recorrente (fl. 32); iv) declaração do“Supermercados Devens”, em 12.04.2010, onde a ex-segurada trabalhou entre 14.05.2002 e 27.01.2003, “exercendo afunção de Auxiliar de Serviços Gerais, tendo esse labor como meio de ajuda nos proventos da casa de sua mãe, com quemresidia” (fl. 68); v) declaração de Nutrial, em 05.04.2010, segundo a qual a Sra. Shirlian Amaral Ferreira teria lá trabalhado“no período de 03/04/2008 a 01/06/2008, na função de auxiliar administrativo, tendo esse labor como meio de ajuda nosproventos da casa de sua mãe, com quem residia e dispensava os cuidados necessários” (fl. 69); e vi) boleto de pagamentojunto à Caixa Econômica Federal (fl. 70).

07. Para análise das provas, afasto a incidência do art. 143, caput, do Decreto nº 3.048/99, quanto à exigência deinício de prova material para demonstração de existência de dependência econômica, bem como interpretação que reputeexaustivo o rol de documentos listados no art. 22, §3o, do Decreto nº 3.048/99, eis que o sistema de persuasão racional dojulgador (art. 131, do Código de Processo Civil) não está adstrito a uma prévia valoração de provas se inexistentefundamento legal que subsidie a delimitação dos critérios de ponderação entre os elementos fáticos levados aoconhecimento do magistrado (cf. TRF da 4ª Região, AC 200070070001287-PR, Quinta Turma, Rel. Des. Fed. Paulo AfonsoBrum Vaz, DJU 02.04.2003, p.734).

08. A apuração de efetiva dependência econômica não se restringe, porém, à observância estrita da provisão desubsistência do dependente, como já verificara o extinto Tribunal Federal de Recursos no enunciado n. 229, da súmula desua jurisprudência predominante (“A mãe do segurado tem direito à pensão previdenciária, em caso de morte do filho, seprovada a dependência econômica, mesmo não exclusiva.”). Entretanto, como observam Daniel Machado da Rocha e JoséPaulo Baltazar Júnior (Comentários è Lei de Benefícios da Previdência Social. 4a edição. Porto Alegre: Livraria doAdvogado, 2004, p.85):“Pelo simples fato de os filhos residirem com os pais, em famílias não abastadas, é natural a existência de colaboraçãoespontânea para toda a família. Porém, sendo estas contribuições eventuais, favorecendo o orçamento doméstico, mascuja ausência não implica um desequilíbrio na subsistência dos genitores, há que ser afastada a condição de dependênciados pais. De acordo com o art. 36 da Lei nº 10.741, de 1o de outubro de 2003 (Estatuto do Idoso): ‘O acolhimento de idososem situação de risco social, por adulto ou núcleo familiar, caracteriza a dependência econômica, para os efeitos legais’.”

09. Logo, o benefício de pensão por morte deve ser concedido se a morte do segurado provoca transtornopatrimonial no núcleo familiar que se vê desprovido de fonte de renda que contava para sua manutenção, devendo ser,assim, excluídas as situações em que o auxílio econômico prestado era ocasional e não influente no pagamento dasdespesas correntes. Neste sentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Tribunal Federal da 4ª Região emjulgamento do EI 96.04.44524-3/SC (Terceira Seção, Rel. p/ acórdão Des. Fed. João Surreaux Chagas, DJU 01.11.2000, p.161):PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS INFRINGENTES. PENSÃO POR MORTE DA FILHA. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA.Para fins de obtenção de pensão por morte da filha há que ser comprovada a dependência econômica em relação à decujus, ainda que não exclusiva, falecendo direito ao pensionamento se o auxílio prestado não era vital à manutenção dosgenitores.

10. No presente recurso, não restou demonstrado que a renda obtida pela ex-segurada era imprescindível para aformação do orçamento familiar. Com efeito, a ex-segurada faleceu aos 25 anos (fl. 11), quando morava em Sergipe háaproximadamente um ano. Embora as testemunhas tenham informado que a instituidora do benefício colaborava para opagamento das despesas da família, as provas documentais são pouco precisas para que se conheça a natureza dosgastos arcados pela Sra. Shirlian. Acrescento que a demandante tem vínculo formal de emprego (fl. 51) e outro filho emidade adulta (fl. 03). Ademais, o atestado médico de fl. 32 não é documento idôneo para demonstrar a incapacidade de aparte autora prover sua subsistência, sendo certo que a existência de quadro de incapacidade laborativa não basta para ademonstração da dependência econômica necessária à concessão de pensão por morte, uma vez que tal situação fáticaencontra amparo em outros benefícios existentes no Regime Geral da Previdência Social.11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Deixo de condenar a recorrente ao pagamento decustas e honorários advocatícios, em razão do benefício de gratuidade de justiça deferido, nos termos do art. 12, da Lei n.1.060/50 (fl. 48).12. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

89 - 0005057-76.2006.4.02.5050/02 (2006.50.50.005057-9/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) NEUMA MARIA DA GRACALEITE GONCALVES (ADVOGADO: ES011377 - CLAUDIO PENEDO MADUREIRA, ES010629 - ELISA BONESI JARDIM,ES011376 - BRUNO COLODETTI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ROSEMBERGANTONIO DA SILVA.) x NELZA FROSI RANGEL (ADVOGADO: ES009301 - MICHELLE GOTTARDI VENTURA, ES010465- RENATA RECHDEN GOMIDE, ES009093 - PHELIPE DE MONCLAYR P. CALAZANA SALIM.).RECURSO Nº 0005057-76.2006.4.02.5050/02 (2006.50.50.005057-9/02)

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RECORRENTES: NEUMA MARIA DA GRACA LEITE GONCALVESINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: NELZA FROSI RANGELRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. UNIÃO ESTÁVEL.1. A jurisprudência mais recente do Superior Tribunal de Justiça é favorável à competência do Juízo federal para ojulgamento de causas propostas para a concessão de benefício de pensão por morte, disciplinado pelo Regime Geral daPrevidência Social, nas quais a existência de união estável seja questão prejudicial (cf. CC 126.489/RN, Primeira Seção,Rel. Min. Humberto Martins, DJE 07.06.2013; CC 106.669/MG, Terceira Seção, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura,DJE 22.10.2009).2. O art. 1.723, do Código Civil, não enuncia a coabitação como requisito para a configuração da união estável e tampoucoa legislação previdenciária exige que a companheira prove a sua dependência econômica para fazer jus ao benefício depensão por morte (art. 16, §4º, da Lei n. 8.213/91). União estável comprovada a partir da análise do acervo probatório.3. Recursos conhecidos e desprovidos. . Condenação da recorrente NEUMA MARIA MORAIS DA GRAÇA LEITE aopagamento de 50% das custas processuais e de honorários advocatícios, os quais fixo em 5% (cinco por cento) do valor dacondenação, de acordo com o art. 55, da Lei n. 9.099/95, diante da igual repartição a ser feita entre os litisconsortes. Deixode condenar o INSS ao pagamento de custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei n. 9.289/96. Honorários advocatícios devidospelo INSS no valor correspondente a 5% (cinco por cento) do valor da condenação, com fulcro no art. 55, da Lei n.9.099/95.

RELATÓRIO

NEUMA MARIA MORAIS DA GRAÇA LEITE interpõe recurso inominado, às fls. 1.266/1.301, contra sentença (fls.1.254/1.259) proferida pelo MM. Juiz do 1º Juizado Especial da Seção Judiciária do Espírito Santo, que julgou procedentepedido feito por NELZA FROSI RANGEL para condenar o INSS a conceder-lhe o benefício de pensão por morte nopercentual de 50%, com data de início em 13.06.2003, e a pagar-lhe as parcelas vencidas, atualizadas monetariamente eacrescidas de juros moratórios, descontando-se o que a autora recebeu no mesmo período a título de pensão n.0100220614. A recorrente sustenta que: i) a Justiça Federal é absolutamente incompetente para processar e julgar a causaque envolva o reconhecimento de união estável (enunciado n. 53, do extinto Tribunal Federal de Recursos; art; 9º, da Lei n.9.278/96); ii) a parte autora não mantinha união estável com o instituidor do benefício no período imediatamente anterior aoóbito dele, conforme demonstram as provas documentais e testemunhais produzidas ao longo da dilação processual; e iii) arecorrida não fez prova de sua dependência econômica em relação ao ex-segurado (art. 16, §3º, da Lei n. 8.213/91; art. 1º,da Lei n. 9.278/96; art. 226, §3º, da Constituição da República de 1988).

02. O INSS, às fls. 1.307/1.312, também interpõe recurso inominado contra a referida sentença e, em suas razões,alega que: i) inexistiu união estável entre a parte autora e o ex-segurado até a data da morte dele; e ii) os documentosjuntados aos autos demonstram que a demandante e o instituidor do benefício haviam rompido relacionamento afetivoformado com o objetivo de constituir uma família.

03. NELZA FROSI RANGEL ofereceu contrarrazões aos recursos, às fls. 1.318/1.349, nas quais afirma: i) acompetência da Justiça Federal para processar e julgar a demanda, uma vez que o INSS integra o polo passivo do feito(art. 109, I, da constituição da República de 1988); ii) a manutenção da união estável com o instituidor do benefício até adata de sua morte, como comprovam os documentos e as declarações testemunhais constantes nos autos; iii) a suaresponsabilidade pelos cuidados pessoais e médicos do falecido companheiro até o seu óbito.

04. É o relatório.

VOTO

05. Presentes os pressuposto de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.

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06. Em exame da alegada incompetência absoluta da Justiça Federal para processar e julgar a causa, destaco que,não obstante a dicção do art. 9º, da Lei n. 9.278/96, a jurisprudência mais recente do Superior Tribunal de Justiça éfavorável à competência do Juízo federal para o julgamento de causas propostas para a concessão de benefício de pensãopor morte, disciplinado pelo Regime Geral da Previdência Social, nas quais a existência de união estável seja questãoprejudicial (cf. CC 126.489/RN, Primeira Seção, Rel. Min. Humberto Martins, DJE 07.06.2013; CC 106.669/MG, TerceiraSeção, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, DJE 22.10.2009). A referida orientação tem como fundamento a regraprevista pelo art. 109, I, da Constituição da República de 1988, uma vez que a presença do INSS, autarquia federal, no polopassivo do feito atrairia a competência deste Juízo. Portanto, em conformidade com esse entendimento, rejeito a arguiçãode incompetência absoluta suscitada pela recorrente Neuma Maria Morais da Graça Leite.

07. Para análise das alegações relacionadas à inexistência de união estável entre a autora e o Sr. João Gonçalvesdos Santos Júnior, assinalo que o benefício de pensão por morte será devido ao conjunto de dependentes do segurado (art.74, da Lei n. 8.213/91), consoante o rol contido no art. 16, da Lei n. 8.213/91, cujo §3º faz referência ao companheiro oucompanheira como “a pessoa que, sem ser casada, mantém união estável com o segurado ou com a segurada, de acordocom o §3º do art. 226 da Constituição Federal’.

08. A união estável constitui espécie de entidade familiar, reconhecida e tutelada pela Constituição da República (art.226, § 3º), caracterizada pela convivência pública e duradoura com a finalidade de constituir família (art. 1723, do CódigoCivil). Consoante a lição Exmo. Desembargador Federal Guilherme Calmon Nogueira da Gama (Direito de FamíliaBrasileiro, São Paulo: Juarez de Oliveira, pp. 33/34), a união estável tem as seguintes características: “a) finalidade deconstituição de família, ou seja, o desejo dos companheiros compartilharem a mesma vida, repartindo tristezas e alegrias,fracassos e sucessos, realizando atividades em comum que representem a posse de estado de casados, inclusive por meioda procriação, se for o caso; b) estabilidade, significando tratar-se de uma união sólida, duradoura, com a renovaçãocotidiana da vontade de manter o projeto familiar, não sendo união efêmera, passageira, constituída a título experimental; c)unicidade de vínculo, ou seja, deve cuidar-se do único vínculo existente entre os companheiros, fundado no regimemonogâmico; d) notoriedade (e, não publicidade), a saber, união reconhecida socialmente, ainda que por um grupo restrito,pela posse de estado de casados, dignificando a união que deixa de ser clandestina, oculta, para ser espécie de família; e)continuidade, no sentido de ser união ininterrupta, permanente (sem ser perpétua), pois protrai-se no tempo sem lapsos ourupturas; f) informalismo (ou ausência de formalidades), já que não há qualquer ato solene necessário para a constituição emesmo dissolução do vínculo familiar.”09. A existência de relacionamento afetivo não basta, por si, à configuração do companheirismo o qual exige que aunião seja revestida de notoriedade, que resta ausente quando a convivência é mantida de forma clandestina em relação aocônjuge, inexistindo, assim, a separação de fato. Em apoio a essa ilação, anoto julgado do Tribunal Federal da 2a Região:DIREITO ADMINISTRATIVO – PENSÃO MILITAR – ESPOSA LEGÍTIMA E COMPANHEIRA – CONCUBINATOADULTERINO – CONSTITUIÇÃO FEDERAL, ART. 226.1 – Dispõe o § 3º, do artigo 226, da vigente Constituição Federal, que “para efeito da proteção do Estado, é reconhecida aunião estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento”.2 – Não se pode admitir que uma Constituição que traduz em capítulo especial a preocupação do Estado quanto à família,trazendo-a sob o seu manto protetor, desejasse debilitá-la e permitir que uniões adulterinas fossem reconhecidas comouniões estáveis, hipótese em que teríamos bigamia de direito (TJERJ – AC nº 1999.001.12292). Em uma sociedademonogâmica, o ordenamento jurídico não protege o concubinato adulterino, relação paralela ao matrimônio. Acaracterização da união estável depende, inicialmente, da falta de impedimento de ambos os companheiros em estabelecera relação.3 – As relações eventuais, ainda que perdurem por algum tempo, mas que não cheguem a provocar um rompimento defato entre os cônjuges, não podem ser erigidas à condição de “união estável” para fins previstos no § 3º do art. 226 daConstituição Federal.4 – No presente caso, as provas não são suficientes para demonstrar a relação de companheirismo entre a autora e ofalecido militar, elas apontam mais para um mero relacionamento extraconjugal.5 - Apelação improvida.(AC 199902010353437-RJ, Quinta Turma, Rel. Des. Fed. Antônio Cruz Netto, DJ 01.04.2005)

10. A fim de comprovar a existência de união estável entre si e João Gonçalves dos Santos Júnior, entre 1999 e até amorte dele em 13 de junho de 2003 (certidão de óbito à fl. 64, na qual consta a recorrida como declarante em 16.06.2003),a autora colacionou aos autos: i) relatório de pesquisa feita por servidora do INSS, com entrevista de Maria Célia GomesCosta e Altair Melo Zaron Alves que afirmaram que “são conhecidas da Dona Nelza há muitos anos e confirmaram que elaviveu com o Sr. João (companheiro) até a data do óbito” (fl. 98); ii) cópia da ata de audiência realizada na 2ª Vara deFamília da Comarca de Vitória, na qual se homologou o divórcio consensual entre Neusa Maria da Graça Leite Gonçalves eJoão Gonçalves dos Santos Júnior em 05 de junho de 2000 (fl. 112); iii) cópia de panfleto para anúncio da empresa “João &Maria Festas” (fl. 126); iv) cópia do instrumento de mandato firmado por João Gonçalves dos Santos Júnior em favor de seufilho, Juliano da Graça Leite Gonçalves, para representá-lo junto ao INSS em 20.06.2002 (fl. 127); v) cópia de recibo dequantia paga por Juliano da Graça Leite Gonçalves para quitação de dívida de cotas de condomínio devidas por seufalecido pai entre abril de 1990 e abril de 2004 (fl. 144); vi) declaração prestada pelo Dr. Antonio Carlos Prest, em10.06.2003, de que o ex-segurado – identificado como “esposo” da autora - foi seu paciente e era acompanhado pela Sra.Nelza nas consultas médicas (fl. 180); vii) declaração de Josias Braz no sentido de que “trabalhou para o casal Nelza FrosiRangel e João Gonçalves dos Santos Júnior de 2001 até 21 de maio de 2003, no sítio do casal em Iguape” (fl. 181); viii)declarações de Arinese Bergamo de Carvalho, Alcileia Meireles Rocha Xavier, Ana de Paula, Bersilo Soares Bodart de queconheceram o casal Nelza Frosi Rangel e João Gonçalves dos Santos Júnior (fls. 182/186); ix) declarações prestadas por

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Maria Denise Echeverria junto ao INSS, na qual afirmou que o Sr. João era seu namorado à data de sua morte, mantendoele apenas uma relação de amizade com a parte autora (fls. 212/213); x) declarações prestadas por Ariosto Alves dosSantos, recepcionista do prédio onde morava o ex-segurado no sentido de que, aproximadamente oito meses antes do seuóbito, ele namorou a Sra. Nelza, mas que namorava a Sra. Denise à época do óbito (fl. 215); xi) declarações prestadas porLindon Johson Prando, em que afirmou que somente conheceu a Sra. Denise como namorada do Sr. João (fl. 216); x)declarações prestadas por Jair Guimarães, segundo as quais o Sr. João tinha terminado o namoro com a Sra. Nelza seis ouoito meses antes do óbito (fl. 218); xii) declarações prestadas por Alcileia Meireles Rocha Xavier, Arinese Bergamo deCarvalho e Josias Braz, nas quais afirmam que o Sr. João e a Sra. Nelza mantiveram relacionamento de natureza conjugalaté a morte dele (fls 221, 222/224, 226); xiii) declaração subscrita pela presidente do “Projeto Bem Viver”, centro derecuperação para dependentes de droga e álcool, na qual consta que João Gonçalves dos Santos Júnior esteve lá emtratamento em 02.07.2012, 10.007.2012, 17.07.2012 (fl. 332), bem como entre 22.07.2002 e 18.10.2002, e 14.11.2002 e19.01.2003, tendo ele buscado assistência por sua própria iniciativa (fl. 331) ; xiii) cartões de identificação de usuário, comvalidade até dezembro de 2002, dos planos “Odontoplus” e “FUNSSEST” em que o nome da autora está incluído comodependente de João Gonçalves dos Santos Júnior (fls. 334/335) , condição confirmada pela declaração de fl. 337, em queconsta que o ex-segurado cancelou sua vinculação a FUNSSEST em 25.06.2002; xiv) comprovantes de prestação deserviços odontológicos a Nelza Frosi Rangel (fls. 339/343 e 345/347, 352/375); xv) declaração em que a autora seapresenta como responsável pelas despesas de João Gonçalves dos Santos Júnior enquanto estivesse sendo tratado noHospital Santa Rita de Cássia em 02.10.2001 (fl. 379); xvi) cartões endereçados à autora e ao segurado falecido (fls.382/383); xvii) nota fiscal de Zanetti Móveis e Decorações, expedida em 13.03.2001, em que o João Gonçalves éidentificado como cônjuge da autora (fl. 385); xviii) comprovantes de compra e de movimentação bancária (fls. 386/388);xix) ficha de avaliação médica do ex-segurado, na data de 06.11.2001, em que ele fornece o endereço da Rua Dr. RobertoCalmon n. 198 como sendo o do seu domicílio (fl. 389/392); xx) documentos emitidos pela Associação de Moradores deIguape em nome de João Gonçalves (fl. 401); xxi) cartas enviadas pelo Sr. João à parte autora entre 17.12.2000 e29.12.2000 e (fls. 402/413); xxii) declaração do Dr. Antonio Carlos Prest de que tomou conhecimento da morte do Sr. Joãopor telefonema dado pela parte autora, quem o acompanhou em algumas das consultas médicas em seu consultório (fl.417); xxiii) declaração de compra de computador na loja Eletrocity em 06.02.2002 (fl. 426); xxxiv) cópia de cheque emitidopela demandante à empresa funerária Candepax Guarapari (fl. 428) em 13.06.2003; xxxv) cópia de recibo emitido porCandelabro – União Serviços Póstumos Ltda. à demandante em 13.06.2003 (fl. 429); xxxvi) cópias de comprovantes deemissão de cheques (fls. 439/484); xxxvii) cópias de fotografias (fls. 490/497); xxxviii) bilhetes e cartas do ex-segurado àautora (fls. 500/605); xxxix) declaração em que João Gonçalves dos Santos Júnior se apresenta como responsável pelasdespesas de Nelza Frosi Rangel enquanto estivesse sendo tratada no Hospital Santa Rita de Cássia em 29.09.1999 (fl.379); xl) relatório social de assistente social da Companhia Siderúrgica de Tubarão em que relata contatos com ademandante, na condição de companheira, para referir-se a tratamento médico a que o Sr. João se submetia (fls. 653/655);xli) correspondências enviadas ao Sr. João e à autora (fls. 657/660).

11. Em audiência de instrução e julgamento, as testemunhas Arinése Bergamo de Carvalho (fls. 1.206/1.207),Gracielma Santos Viana (fls. 1.214/1.215) e Arminda Gonçalves Damascena Pereira (fl. 1216) afirmaram que o falecidosegurado e a parte autora mantinham relacionamento conjugal, que teria perdurado até a data do óbito do Sr. João; aopasso que a testemunha Jair Guimarães (fls. 1.208/1.209) afirma que o referido relacionamento terminou aproximadamenteseis meses antes da morte do Sr. João. A testemunha Ariosto Alves dos Santos declarou que o Sr. João teve umrelacionamento com a parte autora e, posteriormente, com a Sra. Denise. A testemunha Lindon Johnson Prando nãoforneceu informações sobre a união estável além daquelas já dadas administrativamente (fl. 1.210).

12. Da análise das provas produzidas, verifico que a alegada união estável entre Nelza Frosi Rangel e JoãoGonçalves dos Santos Júnior tem suporte documental, podendo o seu início ser estimado em setembro de 1999, data deemissão do documento de fl. 611. O objetivo de constituição de uma família resta presente, tendo-se em vista o suportemútuo dado, especialmente quando se constata que foi a parte autora quem acompanhou, na maior parte das vezes, otratamento médico a que se submeteu João Gonçalves dos Santos Júnior, sendo mencionada como pessoa afetivamentemais próxima do ex-segurado em relatório social elaborado pelo seu ex-empregador (fls. 653/655). Outrossim, ademandante foi incluída como sua dependente em plano de assistência à saúde e, juntos, cuidavam de sítio ondeplanejavam passar parte de seus dias. Os desdobramentos comportamentais associados ao alcoolismo implicam sériasdificuldades no convívio familiar e social, razão por que as interrupções eventuais de contato mais próximo entre ademandante e o João Gonçalves dos Santos Júnior não configuram a extinção do relacionamento conjugal próprio à uniãoestável. Nesse sentido, observo que a demandante foi a primeira a encontrar o cadáver do ex-segurado, tendo adotado asprovidências necessárias para o seu funeral.

13. Acrescento que a existência de relacionamento afetivo entre João Gonçalves dos Santos Júnior e Maria DeniseEcheverria não tem apoio sólido em prova documental, sendo controversa a sua existência entre as testemunhas ouvidasem Juízo.

14. Ademais, o art. 1.723, do Código Civil, não enuncia a coabitação como requisito para a configuração da uniãoestável e tampouco a legislação previdenciária exige que a companheira prove a sua dependência econômica para fazer jusao benefício de pensão por morte (art. 16, §4º, da Lei n. 8.213/91). Portanto, comprovada a convivência pública, contínua eduradoura, com o objetivo de constituir família, restou configurada a união estável entre a recorrida e o instituidor dobenefício, razão por que ela faz jus à concessão da pensão por morte pleiteada.

15. Ante o exposto, conheço os recursos e nego-lhes provimento. Condeno a recorrente NEUMA MARIA MORAISDA GRAÇA LEITE ao pagamento de 50% das custas processuais e de honorários advocatícios, os quais fixo em 5% (cinco

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por cento) do valor da condenação, diante da igual repartição a ser feita entre os litisconsortes, de acordo com o art. 55, daLei n. 9.099/95. Deixo de condenar o INSS ao pagamento de custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei n. 9.289/96. Honoráriosadvocatícios devidos pelo INSS no valor correspondente a 5% (cinco por cento) do valor da condenação, com fulcro no art.55, da Lei n. 9.099/95.

16. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

90 - 0000707-94.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000707-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA RODRIGUESPEREIRA (ADVOGADO: ES016277 - PETERSON CIPRIANO, ES012708 - PATRÍCIO CIPRIANO.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).RECURSO Nº 0000707-94.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000707-2/01)RECORRENTE: MARIA RODRIGUES PEREIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. COMPROVAÇÃO DE DEPENDÊNCIA ECONÔMICA DOS PAIS EMRELAÇÃO AO INSTITUIDOR DO BENEFÍCIO.1. O benefício de pensão por morte, na hipótese do art. 16, II, §4º, da Lei n. 8.213/91, deve ser concedido se a morte dosegurado provoca transtorno patrimonial no núcleo familiar que se vê desprovido de fonte de renda que contava para suamanutenção, devendo ser, assim, excluídas as situações em que o auxílio econômico prestado era ocasional e nãoinfluente no pagamento das despesas correntes.2. Ausência de prova de que a renda obtida pelo ex-segurado era imprescindível para a formação do orçamento familiar.3. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, em razão dobenefício de gratuidade de justiça deferido.

RELATÓRIO

MARIA RODRIGUES PEREIRA interpõe recurso inominado, às fls. 77/85, contra sentença proferida pelo MM. Juiz doJuizado Especial Federal de Linhares (fls. 75/76), que julgou improcedente o pedido para concessão do benefício depensão por morte de seu filho, Anderson Rodrigues Pereira. Alega que o ex-segurado morava com ela e era responsávelpor pagamento de despesas para manutenção do lar, o que caracterizaria sua dependência econômica (enunciado n. 229,da súmula da jurisprudência do extinto Tribunal Federal de Recursos).

02. O INSS, em contrarrazões oferecidas às fls. 89/95, afirmou que o ex-segurado faleceu aos 21 anos, inexistindoprovas nos autos que demonstrem a efetiva existência de dependência econômica entre a recorrente o instituidor dobenefício.

03. É o relatório.

VOTO

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04. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.

05. A recorrente pediu a concessão de pensão por morte, com fulcro no art. 74, da Lei nº 8.213/91, em razão dadependência econômica que mantinha em relação ao seu finado filho, a qual lhe conferiria a condição de beneficiária nostermos do art. 16, II, da Lei nº 8.213/91. Cumpre, de início, assinalar que o benefício pleiteado independe de período decarência (art. 26, I, da Lei nº 8.213/91), todavia, a sua concessão exige a qualidade de segurado do extinto contribuinte e acomprovação da dependência econômica pelo beneficiário (art. 74, da Lei nº 8213/91).

06. No presente recurso, a questão controversa cinge-se à demonstração de dependência econômica. Para tanto, aparte autora juntou: i) notas fiscais emitidas por Dular Eletrodomésticos em 19 e 21 de outubro de 2009 referentes à comprade móveis e de um “video game” (fl. 15); ii) ficha cadastral no programa “Saúde da Família”, na qual a demandante e o seufilho Anderson Rodrigues Pereira estão arrolados como moradores em igual endereço (fl. 17); iii) declaração de “AntaresAuto Posto”, firmada em 29.01.2010, de que Anderson Rodrigues Pereira “comprava regularmente combustíveis e Gás(GLP) de cozinha” desde 28.11.2007 e “em seu cadastro constava sua mãe Maria Rodrigues Pereira como autorizada arealizar compras em seu nome” (fl. 18); iv) declaração do locador do imóvel, onde reside a autora, no sentido de que seufilho ajudava no pagamento do aluguel (fl. 19); e v) contrato de locação de imóvel, datado de 28.12.2009, em que o extintosegurado figurava como co-locatário, a despeito da ausência de sua assinatura (fl. 41).

07. A demandante, em seu depoimento pessoal, afirmou que trabalha como diarista na atividade rural, convive comJoão Carlos Messias Gomes há nove anos, o qual auferia renda mensal de R$ 600,00, embora estivesse desempregadoàquela época; tendo aduzido que seu filho ajudava na manutenção da casa (fls. 75/76). As testemunhas arroladasresponderam que Anderson Rodrigues Pereira morava com sua mãe e ajudava no pagamento das despesas da casa (fls.76).

08. Para análise das provas, afasto a incidência do art. 143, caput, do Decreto nº 3.048/99, quanto à exigência deinício de prova material para demonstração de existência de dependência econômica, bem como interpretação que reputeexaustivo o rol de documentos listados no art. 22, §3o, do Decreto nº 3.048/99, eis que o sistema de persuasão racional dojulgador (art. 131, do Código de Processo Civil) não está adstrito a uma prévia valoração de provas se inexistentefundamento legal que subsidie a delimitação dos critérios de ponderação entre os elementos fáticos levados aoconhecimento do magistrado (cf. TRF da 4ª Região, AC 200070070001287-PR, Quinta Turma, Rel. Des. Fed. Paulo AfonsoBrum Vaz, DJU 02.04.2003, p.734).

09. A apuração de efetiva dependência econômica não se restringe, porém, à observância estrita da provisão desubsistência do dependente, como já verificara o extinto Tribunal Federal de Recursos no enunciado n. 229, da súmula desua jurisprudência predominante (“A mãe do segurado tem direito à pensão previdenciária, em caso de morte do filho, seprovada a dependência econômica, mesmo não exclusiva.”). Entretanto, como observam Daniel Machado da Rocha e JoséPaulo Baltazar Júnior (Comentários è Lei de Benefícios da Previdência Social. 4a edição. Porto Alegre: Livraria doAdvogado, 2004, p.85):“Pelo simples fato de os filhos residirem com os pais, em famílias não abastadas, é natural a existência de colaboraçãoespontânea para toda a família. Porém, sendo estas contribuições eventuais, favorecendo o orçamento doméstico, mascuja ausência não implica um desequilíbrio na subsistência dos genitores, há que ser afastada a condição de dependênciados pais. De acordo com o art. 36 da Lei nº 10.741, de 1o de outubro de 2003 (Estatuto do Idoso): ‘O acolhimento de idososem situação de risco social, por adulto ou núcleo familiar, caracteriza a dependência econômica, para os efeitos legais’.”

10. Logo, o benefício de pensão por morte deve ser concedido se a morte do segurado provoca transtornopatrimonial no núcleo familiar que se vê desprovido de fonte de renda que contava para sua manutenção, devendo ser,assim, excluídas as situações em que o auxílio econômico prestado era ocasional e não influente no pagamento dasdespesas correntes. Neste sentido, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Tribunal Federal da 4ª Região emjulgamento do EI 96.04.44524-3/SC (Terceira Seção, Rel. p/ acórdão Des. Fed. João Surreaux Chagas, DJU 01.11.2000, p.161):PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS INFRINGENTES. PENSÃO POR MORTE DA FILHA. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA.Para fins de obtenção de pensão por morte da filha há que ser comprovada a dependência econômica em relação à decujus, ainda que não exclusiva, falecendo direito ao pensionamento se o auxílio prestado não era vital à manutenção dosgenitores.

11. No presente recurso, não restou demonstrado que a renda obtida pelo ex-segurado era imprescindível para aformação do orçamento familiar. Com efeito, o ex-segurado faleceu aos 21 anos (fl. 10), tendo iniciado emprego formalapenas 3 anos antes de seu óbito (fl. 22). Embora as testemunhas tenham afirmado que o Sr. Anderson colaborava para opagamento das despesas do lar, as notas fiscais juntadas apenas fazem referência à compra de eletrodomésticos emóveis, os quais não estão relacionados à subsistência do núcleo familiar. Acrescento que a ausência de assinatura doex-segurado no contrato de locação de imóvel afasta a força probatória do documento, bem como a declaração de fl. 18 émuito pouco precisa para que se saiba a frequência com que o Sr. Anderson comprava gás (GLP) para a casa ondemorava. Ademais, a coabitação não é prova da dependência econômica da mãe em relação ao ex-segurado,especialmente porque ela mantém união estável e seu companheiro, quando empregado, concorre para as despesas dolar. Portanto, não resta provada a dependência econômica da recorrente em relação ao seu falecido filho, o que apenasocorreria se a ajuda material que ele prestasse fosse imprescindível à subsistência da demandante.12. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Deixo de condenar a recorrente ao pagamento decustas e honorários advocatícios, em razão do benefício de gratuidade de justiça deferido, nos termos do art. 12, da Lei n.

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10.060/50 (fl. 54).13. Certificado o trânsito em julgado, baixem os autos à origem.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

91 - 0002206-56.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.002206-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSE FRANCISCOLOURENÇO (ADVOGADO: ES012036 - ANIBAL GUALBERTO MACHADO DOS SANTOS, ES013351 - KENIA PACIFICODE ARRUDA, ES013099 - MÁRIO SERGIO DE ARAÚJO PIMENTEL.) x CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERAL(ADVOGADO: ES010404 - ALEX WERNER ROLKE, ES012045 - RODOLFO PRANDI CAMPAGNARO.).RECURSO Nº 0002206-56.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.002206-5/01)RECORRENTE: JOSE FRANCISCO LOURENÇORECORRIDO: CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERALRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

FGTS. TRANSAÇÃO EXTRAJUDICIAL CELEBRADA ANTES DA PROPOSITURA DA AÇÃO. LEI COMPLEMENTAR N.110/01. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO, POR AUSÊNCIA DE INTERESSE PROCESSUAL.Recurso conhecido e parcialmente provido apenas para julgar extinto o processo, sem resolução do mérito, nos termos doart. 267, VI, do Código de Processo Civil. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, nos termosdo art. 55, da Lei n. 9.099/95.

RELATÓRIO

JOSÉ FRANCISCO LOURENÇO interpõe recurso inominado, às fls. 46/50, contra sentença proferida pelo MM. Juiz doJuizado Especial Federal de Cachoeiro de Itapemirim (fls. 43/44) que julgou improcedente, com fundamento no art. 269, III,do Código de Processo Civil, o pedido de aplicação dos índices de 18,02% (junho/87), 42,72% (janeiro/89), 44,80%(abril/90), 5,38% (maio/90) e 7% (fevereiro/91) no saldo de sua conta vinculada no FGTS. Sustenta que a sentença deveriaser substituída para que o processo fosse declarado extinto sem resolução do mérito ante a ausência de interesseprocessual, bem como que os índices pleiteados incidissem nos valores ainda não levantados de sua conta.

02. Contrarrazões às fls. 53/55, nas qual a Caixa Econômica Federal afirma a validade da transação pactuada.

03. É o relatório.

VOTO

04. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.

05. Em exame das alegações formuladas pelo recorrente, assinalo que a Caixa Econômica Federal apresentoudocumentos, às fls. 30/35, que comprovam a transação extrajudicial, firmada pelo autor 22 de novembro de 2001, na qualse tratou da forma em que ocorreria a aplicação dos expurgos inflacionários sobre o saldo de sua conta vinculada no FGTS.Tal negócio jurídico, celebrado sob a égide da Lei Complementar n. 110/01, pretendeu dirimir controvérsias acerca dosíndices de atualização monetária incidentes sobre aqueles depósitos, matéria objeto de volumoso número de demandasperante a Justiça Federal. Mediante concessões recíprocas, as partes acordaram, no âmbito extrajudicial, quais seriam oscoeficientes de reajuste incidentes sobre o total depositado e a forma de pagamento ao titular da conta.

06. Ao ser firmado tal instrumento, o titular da conta era cientificado dos termos do negócio pactuado, constando,

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inclusive no texto do acordo, a menção ao seu compromisso em não ingressar em juízo discutindo os complementos deatualização monetária relativos a junho de 1987, ao período de 1º de dezembro de 1988 a 28 de fevereiro de 1989, a abril emaio de 1990 e a fevereiro de 1991 (art. 6o, III, da Lei Complementar n. 110/01).

07. A transação, que sob o Código Civil de 1916 produzia entre as partes “o efeito da coisa julgada” (art. 1.030), “éato jurídico perfeito e acabado, que, após celebrado, obriga as partes contratantes” (STJ, AgRg no RESP 634.971DF,Primeira Turma, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ 18.10.2004). Destarte, se não for alegado dolo, coação, ou erroessencial quanto à pessoa ou coisa controversa (art. 849, Código Civil de 2001, art. 1.030, Código Civil de 1916), atransação não deve ser declarada nula.

08. No presente recurso, o exame de vício que pudesse acoimar de nulidade o negócio jurídico não foi suscitado pornenhuma das partes. Portanto, reputo hígida a transação pactuada e, por conseguinte, não vislumbro o interesseprocessual do demandante em pleitear judicialmente a correção do saldo de sua conta vinculada no FGTS, uma vez queforam aceitos mutuamente os termos em que o negócio foi celebrado, pois “ocorrendo a transação extrajudicial emmomento anterior à propositura da ação, carece o autor de interesse de agir, situação que conduz à extinção do processosem julgamento do mérito”(TRF da 2a Região, Quarta Turma, Rel. Des. Fed. Fernando Marques, DJU 13.05.2004, p. 195).

09. Nesses termos, assiste parcial razão ao recorrente ao pretender que seja substituído o fundamento legaldeclinado pelo Juízo a quo para extinção do processo, uma vez que não houve homologação de transação após apropositura da demanda, o que afasta a aplicação do art. 269, III, do Código de Processo Civil. Entretanto, no que atine àalegação de que os depósitos relacionados aos contratos firmados com J.L. Campos Tecidos Ltda., Bemge S/A e JoséMaria Pinheiro Furtado devem receber a incidência dos índices pleiteados, o recurso do autor não merece prosperar. Comefeito, o recorrente renunciou à opção pelo FGTS no contrato de trabalho firmado com J.L Campos Tecidos Ltda (fl. 10), eos contratos celebrados com Bemge S/A e José Maria Pinheiro Furtado não estão inclusos no período em que a aplicaçãodos expurgos inflacionários é discutida (fl. 10).

10. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe parcial provimento apenas para julgar extinto o processo, semresolução do mérito, nos termos do art. 267, VI, do Código de Processo Civil. Sem condenação ao pagamento de custas ehonorários advocatícios, nos termos do art. 55, da Lei n. 9.099/95.

11. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

92 - 0000590-70.2014.4.02.5051/01 (2014.50.51.000590-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) AMELIA REGINA MANZANOCOELHO (ADVOGADO: ES015776 - Dermeval César Ribeiro Júnior, ES009734 - DERMEVAL CESAR RIBEIRO.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JULIANA BARBOSA ANTUNES.).RECURSO Nº 0000590-70.2014.4.02.5051/01 (2014.50.51.000590-7/01)RECORRENTE: AMELIA REGINA MANZANO COELHORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO.IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO DE EQUIPARAÇÃO.1. Trata-se de recurso interposto pela parte autora em face da sentença que julgou improcedente o pedido de majoração dovalor pago a título de auxílio-alimentação, a fim de equiparar ao recebido pelo Tribunal de Contas da União.2. A fixação dos padrões de vencimento e dos demais componentes do sistema remuneratório observará a natureza, o graude responsabilidade e a complexidade dos cargos componentes de cada carreira, os requisitos para a investidura, e aspeculiaridades dos cargos, vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito deremuneração de pessoal do serviço públicos (arts. 37, XIII, e 39, §1º, da Constituição da República de 1988).3. A aplicação do princípio da isonomia, no âmbito da Administração Pública, exige que a identidade fática entre assituações jurídicas comparadas observe as ressalvas constitucionalmente admitidas ao tratamento a ser dado às carreirase cargos dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário (art. 5º, caput, e 37, caput, da Constituição da República de 1988).4. O Tribunal de Contas da União tem suas atribuições previstas na Seção IX, do Capítulo dedicado ao Poder Legislativo (I),do Título reservado à organização dos poderes da federação (IV). Como órgão incluído na estrutura do Poder Legislativo,cabe-lhe prestar auxílio ao Congresso Nacional no controle externo contábil, financeiro e orçamentário da União e dasentidades da Administração direta e indireta (arts. 71 a 73, da Constituição da República de 1988).5. A separação dos orçamentos fiscais dos Poderes da União na lei orçamentária anual (art. 165, 5º, I) indica que eventualdisparidade entre o valor das gratificações e verbas indenizatórias, pagas aos servidores que os integrem, não caracterizaviolação ao princípio da isonomia, ressalvada a regra que fixa que os vencimentos dos cargos dos Poderes Legislativo eJudiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Executivo (art. 37, XII, da Constituição da República de 1988). Talhipótese não resta configurada nos presentes autos, uma vez que o auxílio-alimentação é verba de natureza indenizatória,(art. 22, da Lei 8.460/92, STF, RE 318.684-RS, Primeira Turma, Rel. Min. Moreira Alves, DJ 09.11.2011), o que o exclui danorma que fixa a remuneração devida pelo trabalho do servidor do Poder Executivo como patamar máximo entre cargos

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com iguais atribuições.6. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é contrária à possibilidade de decisão judicial equiparar o valor doauxílio-alimentação pago aos servidores de diferentes Poderes (enunciado n. 339, da súmula da jurisprudência do STF;AgRg no RE 804.768-BA, Segunda Turma, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 03.06.2014)7. Precedente da Turma Nacional de Uniformização-TNU, que ao julgar o Incidente de Uniformização representativo dacontrovérsia (PEDILEF 0502844-72.2012.4.05.8501, Rel. Juiz Federal Rogério Moreira Alves, DOU 14.06.2013) deuprovimento ao recurso da União para afastar o pagamento das diferenças do auxílio-alimentação dos servidores da JustiçaFederal de 1º e 2º Graus em equiparação aos Tribunais Superiores.8. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 30).

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

93 - 0104028-52.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.104028-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) PAULO HENRIQUEGONÇALEZ CARVALHO (ADVOGADO: ES019660 - APARECIDA KETTLEN COSTA DALFIOR.) x INSTITUTO NACIONALDO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: DANILO PEREIRA MATOS FIGUEIREDO.).RECURSO Nº 0104028-52.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.104028-8/01)RECORRENTE: PAULO HENRIQUE GONÇALEZ CARVALHORECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

DIREITO ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO.IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO DE EQUIPARAÇÃO.1. Trata-se de recurso interposto pela parte autora em face da sentença que julgou improcedente o pedido de majoração dovalor pago a título de auxílio-alimentação, a fim de equiparar ao recebido pelo Tribunal de Contas da União.2. A fixação dos padrões de vencimento e dos demais componentes do sistema remuneratório observará a natureza, o graude responsabilidade e a complexidade dos cargos componentes de cada carreira, os requisitos para a investidura, e aspeculiaridades dos cargos, vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito deremuneração de pessoal do serviço públicos (arts. 37, XIII, e 39, §1º, da Constituição da República de 1988).3. A aplicação do princípio da isonomia, no âmbito da Administração Pública, exige que a identidade fática entre assituações jurídicas comparadas observe as ressalvas constitucionalmente admitidas ao tratamento a ser dado às carreirase cargos dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário (art. 5º, caput, e 37, caput, da Constituição da República de 1988).4. O Tribunal de Contas da União tem suas atribuições previstas na Seção IX, do Capítulo dedicado ao Poder Legislativo (I),do Título reservado à organização dos poderes da federação (IV). Como órgão incluído na estrutura do Poder Legislativo,cabe-lhe prestar auxílio ao Congresso Nacional no controle externo contábil, financeiro e orçamentário da União e dasentidades da Administração direta e indireta (arts. 71 a 73, da Constituição da República de 1988).5. A separação dos orçamentos fiscais dos Poderes da União na lei orçamentária anual (art. 165, 5º, I) indica que eventualdisparidade entre o valor das gratificações e verbas indenizatórias, pagas aos servidores que os integrem, não caracterizaviolação ao princípio da isonomia, ressalvada a regra que fixa que os vencimentos dos cargos dos Poderes Legislativo eJudiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Executivo (art. 37, XII, da Constituição da República de 1988). Talhipótese não resta configurada nos presentes autos, uma vez que o auxílio-alimentação é verba de natureza indenizatória,(art. 22, da Lei 8.460/92, STF, RE 318.684-RS, Primeira Turma, Rel. Min. Moreira Alves, DJ 09.11.2011), o que o exclui danorma que fixa a remuneração devida pelo trabalho do servidor do Poder Executivo como patamar máximo entre cargoscom iguais atribuições.6. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é contrária à possibilidade de decisão judicial equiparar o valor doauxílio-alimentação pago aos servidores de diferentes Poderes (enunciado n. 339, da súmula da jurisprudência do STF;AgRg no RE 804.768-BA, Segunda Turma, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 03.06.2014)7. Precedente da Turma Nacional de Uniformização-TNU, que ao julgar o Incidente de Uniformização representativo dacontrovérsia (PEDILEF 0502844-72.2012.4.05.8501, Rel. Juiz Federal Rogério Moreira Alves, DOU 14.06.2013) deuprovimento ao recurso da União para afastar o pagamento das diferenças do auxílio-alimentação dos servidores da JustiçaFederal de 1º e 2º Graus em equiparação aos Tribunais Superiores.8. Recurso da parte autora conhecido e desprovido. Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vistao deferimento da gratuidade de justiça, na forma do art. 12 da Lei nº 1060/50 (fl. 71).

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

94 - 0000082-97.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000082-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CONSELHO REGIONAL DEENGENHARIA, ARQUITETURA E AGRONOMIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO - CREA/ES (ADVOGADO:ES011101 - NICOLI PORCARO BRASIL, ES007313 - ALEXANDRE MELO BRASIL.) x WANTUIL LUIZ CORDEIRO

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(ADVOGADO: ES010517 - FABIO SIQUEIRA MACHADO, ES015442 - POLIANA ANDRE ADVERSI, ES003478 - VALDIRBARBOSA DA SILVA, ES006997 - VALMIR DE ARAUJO.).RECURSO Nº 0000082-97.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000082-0/01)RECORRENTE: CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA, ARQUITETURA E AGRONOMIA DO ESTADO DOESPÍRITO SANTO - CREA/ESRECORRIDO: WANTUIL LUIZ CORDEIRORELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

TRIBUTÁRIO. ANUIDADE. CONSELHO DE FISCALIZAÇÃO PROFISSIONAL.1. A anuidade cobrada pelo conselho profissional tem como fato gerador o poder de polícia sobre as atividadesprofissionais, o que lhe confere a natureza de taxa (STJ, RESP 552.894-SE, Primeira Turma, Rel. Min. Francisco Falcão,DJ 22.03.2004, p. 240) ou de contribuição de interesse de categoria profissional (STJ, RESP 900.274-PB, Segunda Turma,Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJe 28.11.2008), não lhe escapando a classificação como tributo, nos termos do art.3º, do Código Tributário Nacional. Portanto, a definição de sua hipótese de incidência e da sua base de cálculo deve estaradstrita ao princípio da legalidade (art. 150, I, da Constituição da República de 1988).2. O art. 70 da Lei n. 5.194/66, dispunha que caberia ao Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia a ediçãode resoluções que definissem o “Regimento de Custas”, incluindo-se nele as anuidades, os emolumentos e as taxas.Entretanto, a ausência de previsão legal para o escalonamento da base de cálculo do tributo torna o dispositivoinconstitucional, eis que incerta a obrigação tributária, impondo-se a aplicação da Lei n. 6.994/82. A definição imprecisa dabase de cálculo do tributo e a infração ao princípio da legalidade são vícios que se repetiram no art. 2o, caput, e §1o, da Lein. 11.000/2004.3. Aplicação do art. 1º, §1º, da Lei n. 6.994/82, que dispõe que os múltiplos do “maior valor de referência (MRV)” serão basepara liquidação da contribuição, cabendo aos conselhos a atualização de tais montantes (art. 25).4. Recurso conhecido e desprovido. Condenação do recorrente ao pagamento de custas e honorários advocatícios.

RELATÓRIO

CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA E AGRONOMIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO-CREA/ES interpõerecurso inominado, às fls. 51/55, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do Juizado Especial Federal de São Mateus (fls.44/49), que julgou parcialmente procedente pedido para condenar o recorrente a restituir os valores das anuidadescobradas a maior nos anos de 2004 e 2006 a 2008, atualizadas monetariamente e acrescidas de juros moratórios nostermos da fundamentação declinada. Alega que o pedido é juridicamente impossível, na medida em que o Conselho tem odever legal de fiscalizar o exercício das profissões regulamentadas e o art. 2º, da Lei n. 11.000/04 confere base legal paraque os conselhos profissionais fixem e cobrem o valor das anuidades pagas pelos seus associados, o que afastaria aalegada inconstitucionalidade das resoluções editadas para esse fim.

02. Contrarrazões às fls. 66/68, nas quais se requer o desprovimento do recurso.

03. É o Relatório.

VOTO

04. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.

05. A alegação de ausência de condição da ação, por impossibilidade jurídica do pedido não merece respaldo. Odever legal de fiscalizar e a existência de base legal para cobrança não excluem o dever de estabelecer regras compatíveiscom o ordenamento jurídico, sendo certo que a análise da impossibilidade jurídica do pedido não pode ser confundida como julgamento do mérito da causa.

06. Para análise da forma de cálculo da anuidade, assinalo que os conselhos de fiscalização profissional sãopessoas jurídicas de direito público, constituídas sob a forma de autarquias de regime especial, por exercerem atividadetipicamente estatal, a teor do art. 5º, XXIV, e art. 22, XVI, da Constituição da República de 1988, sendo-lhes deferida, ainda,autonomia administrativa e financeira. Esse foi o entendimento esposado pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento daADIN nº 1.717, em 07/11/2002 (Rel. Min. Sydney Sanches, DJU de 28/03/2003), na qual foram declarados inconstitucionaisos art. 58, caput e seus parágrafos § 1º, 2º, 4º, 5º, 6º, 7º e 8º da Lei nº 9.649/98.

07. Assente a natureza autárquica da recorrente, sublinho que a anuidade cobrada pelo conselho profissional tem

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como fato gerador o poder de polícia sobre as atividades profissionais, o que lhe conferiria a natureza de taxa (STJ, RESP552.894-SE, Primeira Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJ 22.03.2004, p. 240) ou a de contribuição de interesse decategoria profissional (STJ, RESP 900.274-PB, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJe 28.11.2008), nãolhe escapando a classificação como tributo, nos termos do art. 3º, do Código Tributário Nacional. Portanto, a definição desua hipótese de incidência e a sua base de cálculo devem estar adstritas ao princípio da legalidade (art. 150, I, daConstituição da República de 1988).

08. O art. 70 da Lei n. 5.194/66, dispunha que caberia ao Conselho Federal de Engenharia a edição de resoluçõesque definissem o “Regimento de Custas”, incluindo-se nele as anuidades, os emolumentos e as taxas. Entretanto, aausência de previsão legal para o escalonamento da base de cálculo do tributo torna o dispositivo inconstitucional, eis queincerta a obrigação tributária, impondo-se a aplicação da Lei n. 6.994/82. Acrescento que a definição imprecisa da base decálculo do tributo e a infração ao princípio da legalidade são vícios que se repetiram no art. 2o, caput, e §1o, da Lei n.11.000/2004, os quais foram declarados inconstitucionais pelo Pleno do Tribunal Federal da 4a Região em julgamento daArguição de Inconstitucionalidade na AMS 2006.72.00.001284-9/SC (j. 22.03.2007).

09. Nesse sentido, o art. 1º, §1º, da Lei n. 6.994/82, ao fixar múltiplos do “maior valor de referência (MRV)” comobase para liquidação da contribuição demonstra a adequação da norma impositiva ao princípio da legalidade, cabendosomente aos conselhos a atualização de tais montantes (art. 25). Colaciono, a propósito, a ementa do acórdão prolatadopelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento do RESP 963.115-RS (Segunda Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJ04.10.2007, p. 226):TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. EXERCÍCIO PROFISSIONAL CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA. ANUIDADES.CONTRIBUIÇÃO. FATO GERADOR. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. ARTIGO 97 DO CTN.1. As contribuições para os Conselhos Profissionais, à exceção da OAB, possuem natureza tributária.2. O fato gerador da contribuição decorre de lei, na forma do artigo 97 do CTN. (Princípio da Legalidade).3. O fato gerador da anuidade dos farmacêuticos está definido no artigo 22 da Lei nº 3.820/60, de seguinte teor: "Oprofissional de Farmácia para o exercício de sua profissão, é obrigado ao registro no Conselho Regional de Farmácia a cujajurisdição estiver sujeito, ficando obrigado ao pagamento de uma anuidade ao respectivo Conselho Regional até 31 demarço de cada ano, acrescida de 20% (vinte por cento) de mora, quando fora desse prazo".4. A dívida inscrita na certidão de dívida ativa goza de presunção de liquidez e certeza, cujo afastamento somente poderáocorrer por prova inequívoca a cargo do embargante, executado, o que ocorreu na hipótese.5. Recurso especial não provido.

10. No entanto, extinto o “maior valor de referência (MRV)” pelo art. 3º, III, da Lei n. 8.177/91, o seu montante empecúnia passou a ser corrigidos pelos índices oficiais para atualização monetária de tributos. A propósito, adoto, comorazões de decisão, a fundamentação expendida pelo Tribunal Federal da 4ª Região em julgamento da REOMS200872000017480-SC (Segunda Turma, Rel. Juíza Federal Vânia Hack de Almeida, DE 09.07.2008):A cobrança de anuidades pelo Conselho Profissional é regulada pela Lei nº 6.994/82, que autoriza os Conselhos Federais afixar as multas e anuidades devidas aos Conselho s Regionais, observados os limites que aponta.

A Lei nº 6.994/82 limitou o valor das anuidades, para as pessoas físicas, em 2 (duas) vezes o Maior Valor de Referência.Ocorre que a Lei nº 8.177/91 extinguiu o MVR em fevereiro/91, transformando os valores em cruzeiros, sendo, a partir daLei nº 8.383, de 30-12-91, fixados em UFIR.

A evolução da disciplina legal relativa ao valor da contribuição é a seguinte: o MVR , ao ser extinto, teve seu valor convertidoem moeda corrente para Cr$ 2.266,17 (Leis 8.177 e 8.178, ambas de 01-03-91, art. 3º, III e art. 21, respectivamente).Portanto, o valor da contribuição passou a estar fixado em moeda corrente, correspondendo a duas vezes o montante antesreferido.

Extinto o MVR e fixado o valor da contribuição em moeda, a legislação não previu qualquer forma de indexação ou decorreção monetária do valor da contribuição até o advento da Lei 8.383, de 30-12-91, que instituiu a UFIR, novo indexadorem matéria tributária.

Com a adoção da UFIR a partir de 01-01-92, o valor da contribuição, então expresso em moeda corrente, foi convertidonaquela unidade, na forma do art. 3º, II, da Lei 8.383/91:

Art. 3º. Os valores expressos em cruzeiros na legislação tributária ficam convertidos em quantidade de UFIR, utilizando-secomo divisores:I - o valor de Cr$ 215,6656, se relativos a multas e penalidades de qualquer natureza;II o valor de Cr$ 126,8621, nos demais casos.

Vale dizer: se a UFIR correspondia, em 02/91, a Cr$ 126,8621, e o MVR correspondia a Cr$ 2.266,17, cada MVRcorresponderia a 17,86 UFIR.

Desta forma pode ser feito o seguinte cálculo, com base nos limites estabelecidos na Lei 6.994/82:

Pessoa FísicaAté 500 MVR s = (8.930 UFIRs)................. 2 MVR s = 35,72 UFIRsPessoa Jurídica

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De 500 a 2.500 = (44.659 UFIRs) ...............3 MVR s = 53,58 UFIRsDe 2.500 a 5.000 = (89.300 UFIRs) ............4 MVR s = 71,44 UFIRsDe 5.000 a 25.000 = (446,500 UFIRs) ........5 MVR s = 89,30 UFIRsDe 25.000 a 50.000 = (793.000 UFIRs). ....6 MVR s = 107,16 UFIRsDe 50.000 a 100.000 = (1.786.000 UFIRs).8 MVR s = 142,88 UFIRsAcima de 100.000 ................... ...... .........10 MVR s = 178,60 UFIRs

Assim, o Conselho deveria observar os valores discriminados acima.

Neste caso, consta nos autos que o Conselho impetrado fixou, para 2008, anuidade de R$ 280,44 (pessoa física).

Com efeito, no cálculo dos valores deve ser utilizado o fator R$1,0641, último fixado antes de a UFIR ter sido extinta(27/10/2000), em decorrência do art. 3º do art. 29 da Medida Provisória 2095-76, nos termos do art. 6º, parágrafo único daLei nº 10.192/01, alcançando-se os seguintes resultados:

Valor Máximo em UFIR................ Máximo em R$(UFIR = 1,0641)35,72 UFIRs............................................... 38,00965253,58 UFIRs............................................... 57,01447871,44 UFIRs............................................... 76,01930489,30 UFIRs............................................... 95,02413107,16UFIRs.............................................. 114,028956142,88UFIRs.............................................. 152,038608178,60UFIRs.............................................. 190,04826

Assim, o valor da anuidade deve variar entre R$38,00 e R$190,04, observadas as situações específicas.

11. Extinta a UFIR e efetuada a conversão para a moeda corrente, as atualizações das anuidades deverão ser feitaspelo IPCA-E, índice utilizado para atualização monetária das obrigações assumidas pela União (cf. TRF da 4a Região, AC2005.72.00.003358-7/SC, Primeira Turma, Rel. Des. Fed. Joel Ilan Paciornik, D.E. 20.01.2010; APELREX2009.72.00.00006271-4/SC, Quarta Turma, Rel. Des. Fed. Marga Inge Bath Tessler, D.E. 18.01.2010).

12. A sentença recorrida adotou igual orientação, motivo por que o entendimento sufragado pelo Juízo a quo nãodeve ser alterado.

13. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Condeno o recorrente ao pagamento de custas ehonorários advocatícios, os quais fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, de acordo com o art. 55, da Lein. 9.099/95.

14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

95 - 0004310-24.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004310-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) RENATO RIBEIRO(ADVOGADO: ES011893 - LEONARDO PIZZOL VINHA, ES010751 - MARCELO MATEDI ALVES.) x FUNASA -FUNDACAO NACIONAL DE SAUDE (PROCDOR: ANESIO OTTO FIEDLER.).RECURSO Nº 0004310-24.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004310-2/01)RECORRENTE: RENATO RIBEIRORECORRIDO: FUNASA - FUNDACAO NACIONAL DE SAUDERELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. GRATIFICAÇÃO DE ATIVIDADE DE COMBATE E CONTROLE DE ENDEMIAS– GACEN. SERVIDOR APOSENTADO POR INVALIDEZ COM PROVENTOS INTEGRAIS.1. A Lei n. 11.784/08 (conversão da Medida Provisória n. 431/08) instituiu a Gratificação Especial de Atividade de Combatee Controle de Endemias – GECEN, devida aos ocupantes dos empregos públicos de Agente de Combate às Endemias, e aGratificação de Atividade de Combate e Controle de Endemias – GACEN, a ser paga aos ocupantes dos cargos de AgenteAuxiliar de Saúde Pública, Agente de Saúde Pública e Guarda de endemias (arts. 53 e 54), desde que seus titularesrealizassem, em caráter permanente, “as atividades de combate e controle de endemias, em área urbana ou rural, inclusiveem terras indígenas e de remanescentes quilombolas, áreas extrativistas e ribeirinhas” (art. 55). Posteriormente, as Leis n.11.907/09 e 12.269/10 ampliaram o rol de cargos cujos titulares teriam direito ao recebimento da GACEN.2. Embora o texto dos dispositivos legais transcritos indique que a GECEN e a GACEN são gratificações pro laborefaciendo, uma vez que a causa do pagamento delas seria o desempenho, em caráter permanente, de atividadesrelacionadas ao combate e controle de endemias, o §3º, do art. 55, da Lei n. 11.784/09, estendeu seu pagamento aosaposentados, incluindo-se aqueles que se tornaram inativos após 19 de fevereiro de 1994 (art. 55, II, da Lei n. 11.784/09).

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Para esses casos, observou-se que os servidores, que já haviam preenchido os requisitos para aposentadoria de acordocom os arts. 3º e 6º, da Emenda Constitucional n. 41/2003, e o art. 3º, da Emenda Constitucional n. 47/2006, receberiam asgratificações nos percentuais e nos períodos fixados pelo art. 55, §3º, I, da Lei n. 11.784/08 (art. 55, §3º, II, alínea ‘a’, da Lein. 11.784/09). Entretanto, os aposentados depois de 19 de fevereiro de 1994, que não atendessem a esses requisitos,receberiam as gratificações conforme o disposto pela Lei n. 10.887, de 18 de fevereiro de 2004, observando-se a regra deproporcionalidade prevista no cálculo do seu benefício.3. Recorrente aposentado por invalidez, com proventos integrais, no cargo de agente de saúde pública, em 31.03.2004 (fl.39). O fato de o benefício do recorrente ter sido calculado considerando a integralidade da sua remuneração (art. 40, §1º, I,da Constituição da República de 1988), a despeito da vigência da regra da proporcionalidade à data de sua concessão, nãodeve ser elemento que prejudique a fruição do seu direito, cabendo à Administração, no que toca ao cálculo, deixar deaplicar o desconto percentual que incidiria hodiernamente.4. Recurso conhecido e provido. Atualização monetária mediante aplicação do IPCA-E como índice de atualização débitospagos em Juízo (art. 27, da Lei n. 12.919/03), conforme orientação perfilhada pelo Superior Tribunal de Justiça nojulgamento do RESP 1.270.439/PR (Primeira Seção, Rel. Min. Castro Meira, DJE 02.08.2013), sob o regime do art. 543-C,do Código de Processo Civil. Em relação aos juros moratórios, permanece válido o disposto pelo art. 1º-F, da Lei n.9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, devendo incidir à razão de 0,5% por mês, tal como disposto para aremuneração básica das cadernetas de poupança. Sem condenação em custas processuais (art. 4º, I, da Lei 9.289/1996).Honorários advocatícios devidos pela recorrente, correspondentes a 10% sobre o valor da condenação (art. 55 da Lei nº9.099/95).

RELATÓRIO

RENATO RIBEIRO interpõe recurso inominado, às fls. 54/58, contra sentença (fls. 49/52) proferida pelo MM. Juíza do 2ºJuizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo que julgou improcedente o pedido para condenar aFUNASA a pagar-lhe a GACEN e incorporá-la aos seus proventos a contar da entrada em vigor do art. 55, §3º, II, alínea ‘b’,da Lei n. 11.784/08. Sustenta que, embora aposentado após a vigência da Emenda Constitucional n. 41/03, a gratificaçãodeve ser-lhe paga, nos termos do art. 55, §3º, II, alínea ‘b’, da Lei n. 11.784/08, o qual autorizaria o pagamento da verba aoagente de saúde aposentado, independentemente da data de jubilamento.

02. Contrarrazões apresentadas pela FUNASA, às fls. 64/66, nas quais se afirma que a alegação quanto à ausênciade fundamentação relacionada à aplicação do art. 55, §3º, II, alínea ‘b’, da Lei n. 11.784/08, deveria ter sido supridamediante a interposição de embargos de declaração perante o Juízo sentenciante, razão por que o julgamento da questãopela Turma Recursal poderia caracterizar supressão de instância. Afirma que a norma aludida não incide na situação fáticaexperimentada pelo recorrente, uma vez que seu cargo não está incluído no rol veiculado pelos arts. 53 e 54, da Lei n.11.784/08.

03. É o relatório.

VOTO

04. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.

05. Em exame da alegada supressão de instância, assinalo que a petição inicial faz expressa referência ao art. 55,§3º, II, alínea ‘b’, da Lei n. 11.784/08, como dispositivo legal que daria supedâneo ao pedido. A defesa apresentada pela

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FUNASA rebateu especificamente o pleito deduzido, tendo afirmado que o demandante não faria jus à GACEN, por ter seaposentado por invalidez, o que o excluiria das regras ordinárias de apuração de proventos pela média das maioresremunerações, as quais não considerariam a GACEN. Portanto, verifico que a matéria objeto do presente recurso foidiscutida no curso da dilação processual que antecedeu a prolação da sentença, não sendo estranha à lide, motivo por queinexiste a supressão de instância aduzida (arts. 128 e 515, §1º, do Código de Processo Civil). Ademais, a não interposiçãode embargos de declaração, com espeque no art. 535, II, do Código de Processo Civil, somente poderia beneficiar a partesucumbente que não o ofereceu, o que infirma o interesse da FUNASA em arguir prejuízo decorrente da sua nãoapresentação.

06. Para melhor resolução da questão controversa, destaco que a Lei n. 11.784/08 (conversão da Medida Provisórian. 431/08), instituiu a Gratificação Especial de Atividade de Combate e Controle de Endemias – GECEN, devida aosocupantes dos empregos públicos de Agente de Combate às Endemias, e a Gratificação de Atividade de Combate eControle de Endemias – GACEN, a ser paga aos ocupantes dos cargos de Agente Auxiliar de Saúde Pública, Agente deSaúde Pública e Guarda de endemias (arts. 53 e 54), desde que seus titulares realizassem, em caráter permanente, “asatividades de combate e controle de endemias, em área urbana ou rural, inclusive em terras indígenas e de remanescentesquilombolas, áreas extrativistas e ribeirinhas” (art. 55). Posteriormente, as Leis n. 11.907/09 e 12.269/10 ampliaram o rol decargos cujos titulares teriam direito ao recebimento da GACEN.

07. Embora o texto dos dispositivos legais transcritos indique que a GECEN e a GACEN são gratificações pro laborefaciendo, uma vez que a causa do pagamento delas seria o desempenho, em caráter permanente, de atividadesrelacionadas ao combate e controle de endemias, o §3º, do art. 55, da Lei n. 11.784/08, estendeu seu pagamento aosaposentados, incluindo-se aqueles que se tornaram inativos após 19 de fevereiro de 1994 (art. 55, II, da Lei n. 11.784/09).Para esses casos, observou-se que os servidores, que já haviam preenchido os requisitos para aposentadoria de acordocom os arts. 3º e 6º, da Emenda Constitucional n. 41/2003, e o art. 3º, da Emenda Constitucional n. 47/2006, receberiam asgratificações nos percentuais e nos períodos fixados pelo art. 55, §3º, I, da Lei n. 11.784/08 (art. 55, §3º, II, alínea ‘a’, da Lein. 11.784/09). Entretanto, os aposentados depois de 19 de fevereiro de 1994, que não atendessem a esses requisitos,receberiam as gratificações conforme o disposto pela Lei n. 10.887, de 18 de fevereiro de 2004, observando-se a regra deproporcionalidade prevista no cálculo do seu benefício. Nesse sentido, posicionou-se o Tribunal Federal da 5ª Região emjulgamento da APELREX 00004769620114058400 (Segunda Turma, Rel. Des. Fed. Francisco Wildo, DJE 19.04.2012, p.218):ADMINISTRATIVO. SERVIDOR INATIVO DA FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE. DIREITO A PERCEPÇÃO DAGRATIFICAÇÃO DE ATIVIDADE DE COMBATE E CONTROLE DE ENDEMIAS - GACEN - NO MESMO VALOR MENSALFIXO PERCEBIDO PELOS SERVIDORES ATIVOS. POSSIBILIDADE. ART. 40, PARÁGRAFO 8º DA CONSTITUIÇÃOFEDERAL/88.1. Ação Ordinária na qual os substituídos, aposentados e pensionistas vinculados a FUNASA, requerem a Gratificação deAtividade de Combate e Controle de Endemias - GACEN - no mesmo valor mensal fixo percebido pelos servidores ativos.2. A Gratificação de Atividade de Combate e Controle de Endemias – GACEN, instituída pela Lei nº 11.784/2008,beneficiou, a priori, os servidores efetivos que ocupam os cargos de Agente Auxiliar de Saúde Pública, Agente de SaúdePública e Guarda de Endemias, do Quadro de Pessoal do Ministério da Saúde e da Fundação Nacional de Saúde -FUNASA, que, em caráter permanente, realizam atividades de combate e controle de endemias. Com a edição das Leis nºs11.907/2009 e 12.269/2010 outras categorias foram agraciadas também com o recebimento da Gratificação em comento,no valor fixo de R$ 590,00 (quinhentos e noventa reais).3. O servidor aposentado ou instituidor da pensão que exerceu efetivamente os cargos previstos no art. 54 da Lei nº11.784/2008 ou nos Art. 284, 284-A da Lei nº 11.907/2009, e se aposentou até Emenda Constitucional nº 41/2003, com aparidade de vencimentos, tem direito a receber a GACEN no mesmo valor que os servidores da ativa que ocupam osrespectivos cargos, nos termos do parágrafo 8º do art. 40 da CF/88. 4. É de se ressaltar que o Legislativo pode estabelecervantagem de forma diferenciada para os servidores da ativa e aposentados e pensionistas, sem que implique eminconstitucionalidade, desde que observado o direito adquirido dos servidores aposentados com a paridade de vencimentos.5. Para as aposentadorias e pensões instituídas até 19 de fevereiro de 2004, sem a paridade vencimental, a GACEN édevida nos termos do parágrafo 1º, do art. 55 da Lei nº 11.784/2008, ou seja, a partir de 1º de março de 2008,correspondente a 40% (quarenta por cento) do valor pago aos servidores ativos; e a partir de 1º de janeiro de 2009,correspondente a 50 % (cinqüenta por cento) do seu valor.6. E para as aposentadorias e pensões instituídas após 19 de fevereiro de 2004, deve-se aplicar a disposição da Lei nº10.887/2004, que dispõe sobre a aplicação de disposições da Emenda Constitucional nº 41, de 19 de dezembro de 2004,que substituiu o regime de aposentadoria integral pelo regime de aposentadoria proporcional.7. Apelação e remessa oficial improvidas.

08. Traçadas tais premissas, assinalo que, no presente recurso, o autor foi aposentado por invalidez, com proventosintegrais, no cargo de agente de saúde pública, em 31.03.2004 (fl. 39). Portanto, por ter sido titular de cargo que faz jus aopagamento da GACEN, o pagamento da gratificação lhe é devido, nos termos do art. 55, §3º, II, alínea ‘b’, da Lei n.10.887/04. Assinalo que o fato de o benefício do recorrente ter sido calculado considerando a integralidade da suaremuneração (art. 40, §1º, I, da Constituição da República de 1988), a despeito da vigência da regra da proporcionalidade àdata de sua concessão, não deve ser elemento que prejudique a fruição do seu direito, cabendo à Administração, no quetoca ao cálculo, deixar de aplicar o desconto percentual que incidiria hodiernamente.

09. Adicionalmente, no que concerne à atualização monetária das parcelas vencidas, destaco que o art. 1º-F, da Lein. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009, disciplina a atualização monetária e a incidência de jurosmoratórios a todas as condenações pecuniárias impostas à Fazenda Pública. Acrescento que o Supremo Tribunal Federal,

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no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) declarou ainconstitucionalidade parcial, sem redução do texto, da expressão “independentemente da sua natureza”, contida no art.100, § 12º, da Constituição da República de 1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinar que,quanto aos precatórios de natureza tributária, fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquercrédito tributário, o que, por conseguinte, acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redaçãodada pela Lei n. 11.960/09, por infringir o princípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foideclarado inconstitucional, no que atine à extensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas depoupança à atualização monetária dos débitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art.5º, XXIII, da Constituição da República de 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real docrédito a ser pago sob esse regime.

10. O Supremo Tribunal Federal, em reiterados julgados, afirmou que o efeito da decisão, que declara ainconstitucionalidade ou a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal, inicia-se com a publicação da ata da sessãode julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl 3.473/DF, Pleno, Rel. Min.Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE 693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE 20.09.2012). Ainvalidade da lei ou do ato normativo, por ser vício originário, pode ser excepcionalmente protraída por decisão de doisterços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lei n. 9.868/99), o que ainda resta pendente de julgamento na presente hipótese.A despeito disso, para dirimir incerteza quanto ao regime de pagamento de precatórios, o Supremo Tribunal Federaldeterminou cautelarmente que houvesse a manutenção do regramento anterior. Embora o posicionamento acatado peloPleno da Corte não tenha especificado os índices a serem aplicados para atualização monetária dos créditos, reputoprevalecer a legislação específica para a matéria que, na presente hipótese, define o IPCA-E como índice de atualizaçãodébitos pagos em Juízo (art. 27, da Lei n. 12.919/03), conforme orientação perfilhada pelo Superior Tribunal de Justiça nojulgamento do RESP 1.270.439/PR (Primeira Seção, Rel. Min. Castro Meira, DJE 02.08.2013), sob o regime do art. 543-C,do Código de Processo Civil. Em relação aos juros moratórios, permanece válido o disposto pelo art. 1º-F, da Lei n.9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, devendo incidir à razão de 0,5% por mês, tal como disposto para aremuneração básica das cadernetas de poupança.

11. Ante o exposto, conheço o recurso e dou-lhe provimento para condenar a FUNASA a implantar a GACEN nosproventos do recorrente e a pagar-lhe as parcelas atrasadas, atualizadas monetariamente desde os seus respectivosvencimentos, acrescidas de juros moratórios a contar da citação, nos termos da fundamentação do voto. Sem condenaçãoem custas processuais (art. 4º, I, da Lei 9.289/1996). Honorários advocatícios devidos pela recorrente, correspondentes a10% sobre o valor da condenação (art. 55 da Lei nº 9.099/95).

12. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

96 - 0005130-09.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005130-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SEBASTIAO BRAZ DEALMEIDA REZENDE (ADVOGADO: ES011893 - LEONARDO PIZZOL VINHA, ES010751 - MARCELO MATEDI ALVES.) xFUNASA - FUNDACAO NACIONAL DE SAUDE (PROCDOR: CLEBSON DA SILVEIRA.).RECURSO Nº 0005130-09.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005130-7/01)RECORRENTE: SEBASTIAO BRAZ DE ALMEIDA REZENDERECORRIDO: FUNASA - FUNDACAO NACIONAL DE SAUDERELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

ADMINISTRATIVO. SERVIDOR. RESTITUIÇÃO. “INDENIZAÇÃO DE CAMPO”. GACEN. PAGAMENTO EMDUPLICIDADE.1. A correspondência entre a causa do pagamento da GACEN e da GECEN e aquela prevista para o pagamento da“indenização de campo”, nos termos do art. 16, da Lei n. 8.216/91, fez com que o legislador previsse a revogação expressadesta no art. 55, §7º, da Lei n. 11.784/08. A aplicação retroativa da Lei n. 11.784/08 encontrava fundamento no textoexpresso dos seus arts. 53 e 54, os quais dispõem que o pagamento da GECEN e da GACEN deve ser feito a partir de 1ºde março de 2008. Pagamento em duplicidade da GACEN e da “indenização de campo” entre março e maio de 2008.2. Desconto dos valores pagos indevidamente. Ausência de erro da Administração Pública.3. Declaração de nulidade do processo administrativo não traria proveito ao servidor se já efetuado o desconto dos valores(cf. STF, AgR no AI 764.402/SP, Segunda Turma, Rel. Min. Ellen Gracie, DJE 24.06.2010; MS 31.199/DF, Segunda Turma,Rel. Min. Cármen Lúcia, DJE 23.06.2014).4. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, ante o benefíciode gratuidade de justiça deferido, nos termos do art. 12, da Lei n. 1.060/50.

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RELATÓRIO

SEBASTIÃO BRAZ DE ALMEIDA REZENDE interpõe recurso inominado, às fls. 68/77, contra sentença proferida pela MM.Juíza do 1º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo (fls. 62/65) que julgou improcedente pedido paraque a FUNASA lhe restituísse aos valores recebidos a título de “indenização de campo” que foram compensados com ospagos a título de GACEN. Sustenta que inexiste previsão legal para a compensação (art. 37, caput, da Constituição daRepública de 1988), a qual seria incorreta, tendo-se em vista que o recorrente efetivamente exerceu atividades queacarretaram dispêndio de recursos, o que constitui causa para pagamento da “indenização de campo”. Afirma que a verbacompensada tem natureza alimentar, tendo sido recebida de boa-fé pelo servidor, motivo por que não deveria ser restituída(art. 5º, LIV, da Constituição da República de 1988).

02. Contrarrazões às fls. 83/94, nas quais a FUNASA alega que o pagamento da GACEN não pode ser feito de formacumulativa com a “indenização de campo”, por força do disposto pelos arts. 50 e 54, da Medida Provisória n. 431/08,convertida na Lei n. 11.784/08. Aduz que a Administração Pública não procedeu a uma compensação, mas a um desconto,nos termos do art. 46, da Lei n. 8.112/90, bem como que a hipótese não caracteriza interpretação errônea, mas estritaobediência ao princípio da legalidade.

03. É o relatório.

VOTO

04. Presentes os pressuposto de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.

05. Para melhor resolução da questão controversa, destaco que a Lei n. 11.784/08 (conversão da Medida Provisórian. 431/08), instituiu a Gratificação Especial de Atividade de Combate e Controle de Endemias – GECEN, devida aosocupantes dos empregos públicos de Agente de Combate às Endemias, e a Gratificação de Atividade de Combate eControle de Endemias – GACEN, a ser paga aos ocupantes dos cargos de Agente Auxiliar de Saúde Pública, Agente deSaúde Pública e Guarda de endemias (arts. 53 e 54), desde que seus titulares realizassem, em caráter permanente, “asatividades de combate e controle de endemias, em área urbana ou rural, inclusive em terras indígenas e de remanescentesquilombolas, áreas extrativistas e ribeirinhas” (art. 55). Posteriormente, as Leis n. 11.907/09 e 12.269/10 ampliaram o rol decargos cujos titulares teriam direito ao recebimento da GACEN.

06. Verifico que a causa do pagamento da GACEN e da GECEN corresponde àquela prevista para o pagamento da“indenização de campo”, nos termos do art. 16, da Lei n. 8.216/91, o que levou o legislador a prever a revogação expressadesta no art. 55, §7º, da Lei n. 11.784/08. A aplicação retroativa da Lei n. 11.784/08 encontrava fundamento no textoexpresso dos seus arts. 53 e 54, os quais dispõem que o pagamento da GECEN e da GACEN deve ser feito a partir de 1ºde março de 2008. Nesses termos, tem-se que, no mês seguinte à publicação da Medida Provisória n.431, de 14 de maiode 2008, a GACEN passou a ser paga aos servidores, tendo ocorrido em seguida o depósito das verbas devidas, entremarço e maio de 2008, a esse título. Contudo, nesse interstício houve também o pagamento de “indenização de campo”,cuja causa se assemelha àquela que gera o recebimento da GACEN.

07. Constada a duplicidade de pagamento que ocorreu em prol dos servidores, o desconto da quantia indevida teveamparo legal, não sendo necessária disposição expressa autorizadora, uma vez que a regra prevista no art. 46, da Lei n.8.112/90, incide na presente hipótese (art. 37, caput, da Constituição da República de 1988). A propósito, a alegação derecebimento de boa-fé não tem respaldo, uma vez que o acréscimo da remuneração mensal foi nítido, especialmentequando conhecido que as duas verbas objetivavam reparar a situação específica dos servidores que estavam envolvidosdiretamente no combate e no controle de endemias. Ademais, a impossibilidade de a Administração Pública ver-seressarcida geraria um enriquecimento sem causa do autor, que teria recebido duplamente gratificação por realizaratividades relacionadas ao controle e combate de endemias.

08. Cumpre registrar que o art. 46, da Lei n. 8.112/90, exige que o servidor seja previamente comunicado dodesconto e possa decidir se pretende que o desconto ocorra de modo parcelado. No entanto, da leitura dos autos, constatoque a subtração dos valores já ocorreu, não havendo interesse em ter-se declarada a nulidade, em homenagem ao devidoprocesso legal (art. 5º, LIV, da Constituição da República de 1988), apenas para que seja aberta nova oportunidade paraque o devedor eleja a melhor forma de repor o valor que ele já pagou ao erário, razão por que inexiste utilidade em serdeclarada a nulidade do ato administrativo apenas para repetição do desconto já efetuado (princípio pas de nullité sansgrief, STF, AgR no AI 764.402/SP, Segunda Turma, Rel. Min. Ellen Gracie, DJE 24.06.2010; MS 31.199/DF, SegundaTurma, Rel. Min. Cármen Lúcia, DJE 23.06.2014).

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09. Ante o exposto, conheço o recurso, mas nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas ehonorários advocatício, ante o benefício de gratuidade de justiça deferido, nos termos do art. 12, da Lei n. 1.060/50 (fl. 24)

10. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

97 - 0004410-42.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004410-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) DIRCEU FLORENCIO DEALENCAR (ADVOGADO: ES010751 - MARCELO MATEDI ALVES, ES011893 - LEONARDO PIZZOL VINHA.) x FUNASA -FUNDACAO NACIONAL DE SAUDE (PROCDOR: ANESIO OTTO FIEDLER.).RECURSO Nº 0004410-42.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004410-8/01)RECORRENTE: DIRCEU FLORENCIO DE ALENCARRECORRIDO: FUNASA - FUNDACAO NACIONAL DE SAUDERELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

ADMINISTRATIVO. SERVIDOR. RESTITUIÇÃO. “INDENIZAÇÃO DE CAMPO”. GACEN. PAGAMENTO EMDUPLICIDADE.1. A correspondência entre a causa do pagamento da GACEN e da GECEN e aquela prevista para o pagamento da“indenização de campo”, nos termos do art. 16, da Lei n. 8.216/91, fez com que o legislador previsse a revogação expressadesta no art. 55, §7º, da Lei n. 11.784/08. A aplicação retroativa da Lei n. 11.784/08 encontrava fundamento no textoexpresso dos seus arts. 53 e 54, os quais dispõem que o pagamento da GECEN e da GACEN deve ser feito a partir de 1ºde março de 2008. Pagamento em duplicidade da GACEN e da “indenização de campo” entre março e maio de 2008.2. Desconto dos valores pagos indevidamente. Ausência de erro da Administração Pública.3. Declaração de nulidade do processo administrativo não traria proveito ao servidor se já efetuado o desconto dos valores(cf. STF, AgR no AI 764.402/SP, Segunda Turma, Rel. Min. Ellen Gracie, DJE 24.06.2010; MS 31.199/DF, Segunda Turma,Rel. Min. Cármen Lúcia, DJE 23.06.2014).4. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, ante o benefíciode gratuidade de justiça deferido, nos termos do art. 12, da Lei n. 1.060/50.

RELATÓRIO

DIRCEU FLORENCIO DE ALENCAR interpõe recurso inominado, às fls. 86/95, contra sentença proferida pela MM. Juízado 1º Juizado Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo (fls. 82/84) que julgou improcedente pedido para que aFUNASA lhe restituísse aos valores recebidos a título de “indenização de campo” que foram compensados com os pagos atítulo de GACEN. Sustenta que inexiste previsão legal para a compensação (art. 37, caput, da Constituição da República de1988), a qual seria incorreta, tendo-se em vista que o recorrente efetivamente exerceu atividades que acarretaramdispêndio de recursos, o que constitui causa para pagamento da “indenização de campo”. Afirma que a verba compensadatem natureza alimentar, tendo sido recebida de boa-fé pelo servidor, motivo por que não deveria ser restituída (art. 5º, LIV,da Constituição da República de 1988).

02. Contrarrazões às fls. 100/113, nas quais a FUNASA alega que o pagamento da GACEN não pode ser feito deforma cumulativa com a “indenização de campo”, por força do disposto pelos arts. 50 e 54, da Medida Provisória n. 431/08,convertida na Lei n. 11.784/08. Aduz que a Administração Pública não procedeu a uma compensação, mas a um desconto,nos termos do art. 46, da Lei n. 8.112/90, bem como que a hipótese não caracteriza interpretação errônea, mas estritaobediência ao princípio da legalidade.

03. É o relatório.

VOTO

04. Presentes os pressuposto de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.

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05. Para melhor resolução da questão controversa, destaco que a Lei n. 11.784/08 (conversão da Medida Provisórian. 431/08), instituiu a Gratificação Especial de Atividade de Combate e Controle de Endemias – GECEN, devida aosocupantes dos empregos públicos de Agente de Combate às Endemias, e a Gratificação de Atividade de Combate eControle de Endemias – GACEN, a ser paga aos ocupantes dos cargos de Agente Auxiliar de Saúde Pública, Agente deSaúde Pública e Guarda de endemias (arts. 53 e 54), desde que seus titulares realizassem, em caráter permanente, “asatividades de combate e controle de endemias, em área urbana ou rural, inclusive em terras indígenas e de remanescentesquilombolas, áreas extrativistas e ribeirinhas” (art. 55). Posteriormente, as Leis n. 11.907/09 e 12.269/10 ampliaram o rol decargos cujos titulares teriam direito ao recebimento da GACEN.

06. Verifico que a causa do pagamento da GACEN e da GECEN corresponde àquela prevista para o pagamento da“indenização de campo”, nos termos do art. 16, da Lei n. 8.216/91, o que levou o legislador a prever a revogação expressadesta no art. 55, §7º, da Lei n. 11.784/08. A aplicação retroativa da Lei n. 11.784/08 encontrava fundamento no textoexpresso dos seus arts. 53 e 54, os quais dispõem que o pagamento da GECEN e da GACEN deve ser feito a partir de 1ºde março de 2008. Nesses termos, tem-se que, no mês seguinte à publicação da Medida Provisória n.431, de 14 de maiode 2008, a GACEN passou a ser paga aos servidores, tendo ocorrido em seguida o depósito das verbas devidas, entremarço e maio de 2008, a esse título. Contudo, nesse interstício houve também o pagamento de “indenização de campo”,cuja causa se assemelha àquela que gera o recebimento da GACEN.

07. Constada a duplicidade de pagamento que ocorreu em prol dos servidores, o desconto da quantia indevida teveamparo legal, não sendo necessária disposição expressa autorizadora, uma vez que a regra prevista no art. 46, da Lei n.8.112/90, incide na presente hipótese (art. 37, caput, da Constituição da República de 1988). A propósito, a alegação derecebimento de boa-fé não tem respaldo, uma vez que o acréscimo da remuneração mensal foi nítido, especialmentequando conhecido que as duas verbas objetivavam reparar a situação específica dos servidores que estavam envolvidosdiretamente no combate e no controle de endemias. Ademais, a impossibilidade de a Administração Pública ver-seressarcida geraria um enriquecimento sem causa do autor, que teria recebido duplamente gratificação por realizaratividades relacionadas ao controle e combate de endemias.

08. Cumpre registrar que o art. 46, da Lei n. 8.112/90, exige que o servidor seja previamente comunicado dodesconto e possa decidir se pretende que o desconto ocorra de modo parcelado. No entanto, da leitura dos autos, constatoque a subtração dos valores já ocorreu, não havendo interesse em ter-se declarada a nulidade, em homenagem ao devidoprocesso legal (art. 5º, LIV, da Constituição da República de 1988), apenas para que seja aberta nova oportunidade paraque o devedor eleja a melhor forma de repor o valor que ele já pagou ao erário, razão por que inexiste utilidade em serdeclarada a nulidade do ato administrativo apenas para repetição do desconto já efetuado (princípio pas de nullité sansgrief, STF, AgR no AI 764.402/SP, Segunda Turma, Rel. Min. Ellen Gracie, DJE 24.06.2010; MS 31.199/DF, SegundaTurma, Rel. Min. Cármen Lúcia, DJE 23.06.2014).

09. Ante o exposto, conheço o recurso, mas nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas ehonorários advocatício, ante o benefício de gratuidade de justiça deferido, nos termos do art. 12, da Lei n. 1.060/50 (fl. 24)

10. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

98 - 0004866-89.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004866-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x CARLOS BRUNO FERREIRA DA SILVA (ADVOGADO: ES014537 -MARIANA MARCHEZI BRUSCHI.).RECURSO Nº 0004866-89.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004866-7/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALRECORRIDO: CARLOS BRUNO FERREIRA DA SILVARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PROCESSO CIVIL. ADMINISTRATIVO. COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS. AJUDA DE CUSTO.PROCURADOR DA REPÚBLICA.1. O art. 3º, §1º, III, da Lei n. 10.259/01, exclui as ações, nas quais o pedido deduzido vise à desconstituição ou adeclaração de nulidade de ato administrativo, da competência dos Juizados Especiais Federais, ressalvadas as situaçõesem que o ato impugnado for de natureza previdenciária ou veicular lançamento fiscal. A restrição mencionada deve serinterpretada em conformidade com a previsão contida no art. 98, I, da Constituição da República de 1988, que dispõe que acriação dos Juizados Especiais está voltada à resolução de causas de “menor complexidade”, tendo-se em vista que acompetência para julgamento de disputas que exijam uma dilação probatória mais extensa poderia comprometer apromoção do acesso à justiça por um rito simples e mais célere.2. Esses propósitos se somam à interpretação que venha a ser dada ao art. 3º, §1º, III, da Lei n. 10.259/01, uma vez que aaferição da competência do Juizado deve ter como parâmetro o pedido imediato do autor, a despeito de as suas

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consequências implicarem a superação de prévia negativa apresentada pela Administração Pública a requerimento de igualteor.3. A remoção a pedido de membro do Ministério Público Federal é realizada para a consecução do interesse público, motivopor que é devida a correspondente ajuda de custo.4. Sem condenação ao pagamento de custas (art. 4º, I, da Lei n. 9.289/96). Honorários advocatícios fixados em 10% (dezpor cento) sobre o valor da condenação, nos termos do art. 55, da Lei n. 9.099/95.

RELATÓRIO

UNIÃO interpõe recurso inominado, às fls. 91/107, contra sentença proferida pela MM. Juíza do 1º Juizado Especial Federalda Seção Judiciária do Espírito Santo (fls. 83/89), que julgou procedente pedido para condená-la ao pagamento de ajuda decusto, correspondente ao subsídio do mês de dezembro de 2008, atualizado monetariamente e acrescido de jurosmoratórios. Sustenta que os Juizados Especiais Federais são incompetentes para processar e julgar o pedido, nos termosdo art. 3º, §1º, III, da Lei n. 10.259/01, porque a procedência dele implicaria a declaração de nulidade do art. 5º, do Edital n.39/2008, subscrito pelo Procurador-Geral da República, segundo o qual as remoções decorrentes do concurso aberto nãoacarretariam ônus adicional para o Ministério Público Federal. Ademais, alega que a indenização por ajuda de custo etransporte somente é devida se a remoção for feita ex officio, nos termos do art. 227, I, alínea ‘a’, e III, alínea ‘a’, §8º, da LeiComplementar n. 75/93, razão por que seu pagamento seria indevido na hipótese em que o deslocamento deu-se porpedido singular (arts. 209 e 212, da Lei Complementar n. 75/93). Afirma que o art. 53, da Lei n. 8.112/90, não seriaaplicável, pois a indenização nele prevista exige que a remoção seja feita no interesse do serviço, assim como interpretaçãodiversa não incidiria na demanda, uma vez que a Lei Complementar n. 75/93 veicularia norma especial que excluiria oregramento geral dos servidores públicos federais (art. 287, § 2º).

02. Contrarrazões, às fls. 113/145, nas quais se pugna pela competência dos Juizados Especiais Federais, uma vezque não houve a formulação de pedido para que fosse declarada a nulidade de ato administrativo, e pelo pagamento daajuda de custo, ante a ilegalidade e a imoralidade decorrente da recusa.

03. É o relatório.

VOTO

04. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo ao exame do seu mérito.

05. Em análise da competência do Juizado Especial Federal para processar e julgar a demanda, destaco que o art.3º, §1º, III, da Lei n. 10.259/01, exclui de seu âmbito as ações nas quais o pedido deduzido vise à desconstituição ou adeclaração de nulidade de ato administrativo, ressalvadas as situações em que o ato impugnado for de naturezaprevidenciária ou veicular lançamento fiscal. A restrição mencionada deve ser interpretada em conformidade com aprevisão contida no art. 98, I, da Constituição da República de 1988, que dispôs que a criação dos Juizados Especiais estávoltada à resolução de causas de “menor complexidade”, tendo-se em vista que a competência para julgamento de disputasque exijam uma dilação probatória mais extensa poderia comprometer a promoção do acesso à justiça por um rito simplese mais célere.

06. Esses propósitos se somam à interpretação que venha a ser dada ao art. 3º, §1º, III, da Lei n. 10.259/01, umavez que a aferição da competência do Juizado deve ter como parâmetro o pedido imediato do autor, a despeito de as suasconsequências implicarem a superação de prévia negativa apresentada pela Administração Pública a requerimento de igualteor. Com efeito, a oposição da parte ré não é por si um fator idôneo para infirmar a competência dos Juizados EspeciaisFederais, eis que a sua presença é elemento configurador da resistência própria ao conceito de lide. O aspecto relevante aser observado é o conteúdo principal do pleito, não devendo o julgador se ater à repercussão reflexa do julgamento deprocedência, que poderá resultar na nulidade do ato administrativo (STJ, AgR no CC 104.332, Terceira Seção, Rel. Min.Felix Fischer, DJE 25.08.2009).

07. No presente recurso, o pedido do cinge-se à condenação da União ao pagamento de indenização, por ajuda decusto, no valor correspondente ao subsídio mensal do recorrido, inexistindo pleito para que seja declarada a nulidade do art.5º, do Edital n. 39/2008, subscrito pelo Procurador-Geral da República. Logo, não identifico fundamento idôneo para afastara competência dos Juizados Especiais Federais para julgar a demanda.

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08. Adicionalmente, a recorrente sustenta que o pagamento da indenização não teria amparo legal, porquanto ela sedeu por pedido singular, hipótese não abrangida pelo art. 227, I, alínea ‘a’, e III, alínea ‘a’, §8º, da Lei Complementar n.75/93. Contudo, assinalo que a candidatura do recorrido foi apresentada após publicação de edital com vagas abertas pararemoção de Procuradores da República (fls. 25/26), não sendo correto afirmar que o deslocamento gerado não pretendessea consecução do interesse público, inerente ao exercício das atribuições do cargo ocupado pelo recorrido. O fato de achefia do Ministério Público Federal não ter efetuado a remoção da parte autora ao seu alvedrio não elimina a identidade depropósitos constatada quando tal vaga é promovida ex officio ou por pedido singular, uma vez que a sua oferta foiantecedida por uma avaliação feita pela direção do órgão quanto à maior urgência no preenchimento das vagas disponíveis.

09. A coincidência do interesse do recorrido com a necessidade dos seus serviços também atrai a regra do art. 53,da Lei n. 8.112/90, inexistindo fundamento legítimo para que os membros do Ministério Público Federal tenham umtratamento mais gravoso do que aquele concedido aos demais servidores públicos federais em igual situação, razão porque a regra de extensão prevista pelo art. 287, § 2º, da Lei Complementar n. 75/93, aplica-se à presente hipótese. Em apoioa esse entendimento, transcrevo ementa do acórdão prolatado pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento doAGRESP 1.128.630 (Sexta Turma, Rel. Min. Og Fernandes, DJE 02.08.2010):AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. MAGISTRADO. REMOÇÃO A PEDIDO. AJUDA DE CUSTO. DIREITORECONHECIDO. 1. A jurisprudência desta Casa firmou-se no sentido de que a remoção a pedido do magistrado também éefetuada no interesse da Administração, razão pela qual é devida a correspondente a ajuda de custo. Precedentes. 2.Agravo regimental a que se nega provimento.

10. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas (art. 4º, I,da Lei n. 9.289/96). Honorários advocatícios fixados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos doart. 55, da Lei n. 9.099/95.

11. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

99 - 0001850-59.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.001850-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: RENATA BUFFA SOUZA PINTO.) x LETICIA SILVEIRA BARBOSA CORRIA LIMA (ADVOGADO: MG086458- ALEXANDRE ORSI GUIMARÃES PIO.).RECURSO Nº 0001850-59.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.001850-7/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALRECORRIDO: LETICIA SILVEIRA BARBOSA CORRIA LIMARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PROCESSO CIVIL. ADMINISTRATIVO. COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS. AJUDA DE CUSTO.PROCURADOR FEDERAL.1. O art. 3º, §1º, III, da Lei n. 10.259/01, exclui as ações, nas quais o pedido deduzido vise à desconstituição ou adeclaração de nulidade de ato administrativo, da competência dos Juizados Especiais Federais, ressalvadas as situaçõesem que o ato impugnado for de natureza previdenciária ou veicular lançamento fiscal. A restrição mencionada deve serinterpretada em conformidade com a previsão contida no art. 98, I, da Constituição da República de 1988, que dispõe que acriação dos Juizados Especiais está voltada à resolução de causas de “menor complexidade”, tendo-se em vista que acompetência para julgamento de disputas que exijam uma dilação probatória mais extensa poderia comprometer apromoção do acesso à justiça por um rito simples e mais célere.2. Esses propósitos se somam à interpretação que venha a ser dada ao art. 3º, §1º, III, da Lei n. 10.259/01, uma vez que aaferição da competência do Juizado deve ter como parâmetro o pedido imediato do autor, a despeito de as suasconsequências implicarem a superação de prévia negativa apresentada pela Administração Pública a requerimento de igualteor.3. A remoção a pedido de membro da Advocacia-Geral da União é realizada para a consecução do interesse público,motivo por que é devida a correspondente ajuda de custo.4. Sem condenação ao pagamento de custas (art. 4º, I, da Lei n. 9.289/96). Honorários advocatícios fixados em 10% (dezpor cento) sobre o valor da condenação, nos termos do art. 55, da Lei n. 9.099/95.

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RELATÓRIO

UNIÃO interpõe recurso inominado, às fls. 68/77, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do 1º Juizado Especial Federalda Seção Judiciária do Espírito Santo (fls. 58/65), que julgou procedente pedido para condená-la ao pagamento de ajuda decusto, correspondente aos subsídios do mês de janeiro de 2010, atualizado monetariamente e acrescido de jurosmoratórios, estes nos moldes do art. 1º-F da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009, a contar dacitação. Sustenta que os Juizados Especiais Federais são incompetentes para processar e julgar o pedido, nos termos doart. 3º, §1º, III, da Lei n. 10.259/01, porque a procedência dele implicaria a declaração de nulidade do art. 10º, do Edital n.07/2009, subscrito pelo Advogado-Geral da União, segundo o qual as remoções decorrentes do concurso aberto nãoacarretariam ônus adicional para a Advocacia-Geral da União. Ademais, alega que a indenização por ajuda de custo etransporte somente é devida se a remoção for feita ex officio. Afirma que o art. 53, da Lei n. 8.112/90, não seria aplicável,pois a indenização nele prevista exige que a remoção seja feita no interesse do serviço. Aduz que os juros de mora sãodevidos com base no art. 1º-F da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009 e, a partir da citação dodevedor.

02. Contrarrazões, às fls. 80/88, nas quais se pugna pela competência dos Juizados Especiais Federais, uma vezque não houve a formulação de pedido para que fosse declarada a nulidade de ato administrativo, mas de aplicação dodisposto na Lei n. 8.112/90.

03. É o relatório.

VOTO

04. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo ao exame do seu mérito.

05. Em análise da competência do Juizado Especial Federal para processar e julgar a demanda, destaco que o art.3º, §1º, III, da Lei n. 10.259/01, exclui de seu âmbito as ações nas quais o pedido deduzido vise à desconstituição ou adeclaração de nulidade de ato administrativo, ressalvadas as situações em que o ato impugnado for de naturezaprevidenciária ou veicular lançamento fiscal. A restrição mencionada deve ser interpretada em conformidade com aprevisão contida no art. 98, I, da Constituição da República de 1988, que dispôs que a criação dos Juizados Especiais estávoltada à resolução de causas de “menor complexidade”, tendo-se em vista que a competência para julgamento de disputasque exijam uma dilação probatória mais extensa poderia comprometer a promoção do acesso à justiça por um rito simplese mais célere.

06. Esses propósitos se somam à interpretação que venha a ser dada ao art. 3º, §1º, III, da Lei n. 10.259/01, umavez que a aferição da competência do Juizado deve ter como parâmetro o pedido imediato do autor, a despeito de as suasconsequências implicarem a superação de prévia negativa apresentada pela Administração Pública a requerimento de igualteor. Com efeito, a oposição da parte ré não é por si um fator idôneo para infirmar a competência dos Juizados EspeciaisFederais, eis que a sua presença é elemento configurador da resistência própria ao conceito de lide. O aspecto relevante aser observado é o conteúdo principal do pleito, não devendo o julgador se ater à repercussão reflexa do julgamento deprocedência, que poderá resultar na nulidade do ato administrativo (STJ, AgR no CC 104.332, Terceira Seção, Rel. Min.Felix Fischer, DJE 25.08.2009).

07. No presente recurso, o pedido do cinge-se à condenação da União ao pagamento de indenização, por ajuda decusto, no valor correspondente ao subsídio mensal do recorrido, inexistindo pleito para que seja declarada a nulidade do art.10º, do Edital n. 07/2009, subscrito pelo Advogado-Geral da União. Logo, não identifico fundamento idôneo para afastar acompetência dos Juizados Especiais Federais para julgar a demanda.

08. Adicionalmente, a recorrente sustenta que o pagamento da indenização não teria amparo legal, porquanto ela sedeu por pedido singular, hipótese não abrangida pelo art. 53 da Lei n. 8.112/90. Contudo, assinalo que a candidatura dorecorrido foi apresentada após publicação de edital com vagas abertas para remoção de Advogados da União (fls. 09/11),não sendo correto afirmar que o deslocamento gerado não pretendesse a consecução do interesse público, inerente aoexercício das atribuições do cargo ocupado pelo recorrido. O fato de a Advocacia-Geral da União não ter efetuado aremoção da parte autora ao seu alvedrio não elimina a identidade de propósitos constatada quando tal vaga é promovida exofficio ou por pedido singular, uma vez que a sua oferta foi antecedida por uma avaliação feita pela chefia do órgão quanto àmaior urgência no preenchimento das vagas disponíveis.

09. Ressalto que a sentença determinou a incidência dos juros de mora nos moldes do art. 1º-F da Lei n. 9.494/97,com a redação dada pela Lei n. 11.960/2009, a contar da citação.

10. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas (art. 4º, I,da Lei n. 9.289/96). Honorários advocatícios fixados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos doart. 55, da Lei n. 9.099/95.

11. É como voto.

Page 169: ÍNDICE DE PESQUISA DA 2ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · relaÇÃo de advogados (e/ou procuradores) constantes nesta pauta: Índice de pesquisa da 2ª turma recursal adriana zandonade-105,

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

100 - 0005945-35.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.005945-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: PEDRO GALLO VIEIRA.) x EUGÊNIO CANTARINO NICOLAU (ADVOGADO: ES018487 - MAIRA MIRANDAMACEDO.).RECURSO Nº 0005945-35.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.005945-5/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALRECORRIDO: EUGÊNIO CANTARINO NICOLAURELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PROCESSO CIVIL. ADMINISTRATIVO. COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS. AJUDA DE CUSTO.PROCURADOR FEDERAL.1. O art. 3º, §1º, III, da Lei n. 10.259/01, exclui as ações, nas quais o pedido deduzido vise à desconstituição ou adeclaração de nulidade de ato administrativo, da competência dos Juizados Especiais Federais, ressalvadas as situaçõesem que o ato impugnado for de natureza previdenciária ou veicular lançamento fiscal. A restrição mencionada deve serinterpretada em conformidade com a previsão contida no art. 98, I, da Constituição da República de 1988, que dispõe que acriação dos Juizados Especiais está voltada à resolução de causas de “menor complexidade”, tendo-se em vista que acompetência para julgamento de disputas que exijam uma dilação probatória mais extensa poderia comprometer apromoção do acesso à justiça por um rito simples e mais célere.2. Esses propósitos se somam à interpretação que venha a ser dada ao art. 3º, §1º, III, da Lei n. 10.259/01, uma vez que aaferição da competência do Juizado deve ter como parâmetro o pedido imediato do autor, a despeito de as suasconsequências implicarem a superação de prévia negativa apresentada pela Administração Pública a requerimento de igualteor.3. A remoção a pedido de membro da Advocacia-Geral da União é realizada para a consecução do interesse público,motivo por que é devida a correspondente ajuda de custo.4. Sem condenação ao pagamento de custas (art. 4º, I, da Lei n. 9.289/96). Honorários advocatícios fixados em 10% (dezpor cento) sobre o valor da condenação, nos termos do art. 55, da Lei n. 9.099/95.

RELATÓRIO

UNIÃO interpõe recurso inominado, às fls. 56/72, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do 1º Juizado Especial Federalda Seção Judiciária do Espírito Santo (fls. 49/53), que julgou procedente pedido para condená-la ao pagamento de ajuda decusto, correspondente aos subsídios do mês de dezembro de 2008 e janeiro de 2012, atualizado monetariamente eacrescido de juros moratórios, estes a contar da citação. Sustenta que os Juizados Especiais Federais são incompetentespara processar e julgar o pedido, nos termos do art. 3º, §1º, III, da Lei n. 10.259/01, porque a procedência dele implicaria adeclaração de nulidade do art. 12º, do Edital n. 21/2008 e do art. 12º, do Edital n. 16/2010, subscritos pelo Procurador-GeralFederal, segundo os quais as remoções decorrentes do concurso aberto não acarretariam ônus adicional para aAdvocacia-Geral da União. Ademais, alega que a indenização por ajuda de custo e transporte somente é devida se aremoção for feita ex officio. Afirma que o art. 53, da Lei n. 8.112/90, não seria aplicável, pois a indenização nele previstaexige que a remoção seja feita no interesse do serviço. Aduz que os juros de mora são devidos a partir da citação dodevedor.

02. Contrarrazões, às fls. 77/87, nas quais se pugna pela competência dos Juizados Especiais Federais, uma vezque não houve a formulação de pedido para que fosse declarada a nulidade de ato administrativo, mas de aplicação dodisposto na Lei n. 8.112/90.

03. É o relatório.

VOTO

04. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo ao exame do seu mérito.

05. Em análise da competência do Juizado Especial Federal para processar e julgar a demanda, destaco que o art.

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3º, §1º, III, da Lei n. 10.259/01, exclui de seu âmbito as ações nas quais o pedido deduzido vise à desconstituição ou adeclaração de nulidade de ato administrativo, ressalvadas as situações em que o ato impugnado for de naturezaprevidenciária ou veicular lançamento fiscal. A restrição mencionada deve ser interpretada em conformidade com aprevisão contida no art. 98, I, da Constituição da República de 1988, que dispôs que a criação dos Juizados Especiais estávoltada à resolução de causas de “menor complexidade”, tendo-se em vista que a competência para julgamento de disputasque exijam uma dilação probatória mais extensa poderia comprometer a promoção do acesso à justiça por um rito simplese mais célere.

06. Esses propósitos se somam à interpretação que venha a ser dada ao art. 3º, §1º, III, da Lei n. 10.259/01, umavez que a aferição da competência do Juizado deve ter como parâmetro o pedido imediato do autor, a despeito de as suasconsequências implicarem a superação de prévia negativa apresentada pela Administração Pública a requerimento de igualteor. Com efeito, a oposição da parte ré não é por si um fator idôneo para infirmar a competência dos Juizados EspeciaisFederais, eis que a sua presença é elemento configurador da resistência própria ao conceito de lide. O aspecto relevante aser observado é o conteúdo principal do pleito, não devendo o julgador se ater à repercussão reflexa do julgamento deprocedência, que poderá resultar na nulidade do ato administrativo (STJ, AgR no CC 104.332, Terceira Seção, Rel. Min.Felix Fischer, DJE 25.08.2009).

07. No presente recurso, o pedido do cinge-se à condenação da União ao pagamento de indenização, por ajuda decusto, no valor correspondente ao subsídio mensal do recorrido, inexistindo pleito para que seja declarada a nulidade do art.12º, do Edital n. 21/2008 e do art. 12º, do Edital n. 16/2010, subscritos pelo Procurador-Geral Federal. Logo, não identificofundamento idôneo para afastar a competência dos Juizados Especiais Federais para julgar a demanda.

08. Adicionalmente, a recorrente sustenta que o pagamento da indenização não teria amparo legal, porquanto ela sedeu por pedido singular, hipótese não abrangida pelo art. 53 da Lei n. 8.112/90. Contudo, assinalo que a candidatura dorecorrido foi apresentada após publicação de edital com vagas abertas para remoção de Procuradores Federais (fls. 13/17e 21/25), não sendo correto afirmar que o deslocamento gerado não pretendesse a consecução do interesse público,inerente ao exercício das atribuições do cargo ocupado pelo recorrido. O fato de a Advocacia-Geral da União não terefetuado a remoção da parte autora ao seu alvedrio não elimina a identidade de propósitos constatada quando tal vaga épromovida ex officio ou por pedido singular, uma vez que a sua oferta foi antecedida por uma avaliação feita pela chefia doórgão quanto à maior urgência no preenchimento das vagas disponíveis.

09. Ressalto que a sentença determinou a incidência dos juros de mora a partir da citação, não sendo pertinente aimpugnação nesse ponto.

10. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas (art. 4º, I,da Lei n. 9.289/96). Honorários advocatícios fixados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos doart. 55, da Lei n. 9.099/95.

11. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

101 - 0004007-05.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.004007-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA.RECURSO Nº 0004007-05.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.004007-0/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALRECORRIDO: ERIN LUÍSA LEITE VIEIRARELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

PROCESSO CIVIL. ADMINISTRATIVO. COMPETÊNCIA DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS. AJUDA DE CUSTO.PROCURADOR FEDERAL.1. O art. 3º, §1º, III, da Lei n. 10.259/01, exclui as ações, nas quais o pedido deduzido vise à desconstituição ou adeclaração de nulidade de ato administrativo, da competência dos Juizados Especiais Federais, ressalvadas as situaçõesem que o ato impugnado for de natureza previdenciária ou veicular lançamento fiscal. A restrição mencionada deve serinterpretada em conformidade com a previsão contida no art. 98, I, da Constituição da República de 1988, que dispõe que acriação dos Juizados Especiais está voltada à resolução de causas de “menor complexidade”, tendo-se em vista que acompetência para julgamento de disputas que exijam uma dilação probatória mais extensa poderia comprometer apromoção do acesso à justiça por um rito simples e mais célere.2. Esses propósitos se somam à interpretação que venha a ser dada ao art. 3º, §1º, III, da Lei n. 10.259/01, uma vez que aaferição da competência do Juizado deve ter como parâmetro o pedido imediato do autor, a despeito de as suasconsequências implicarem a superação de prévia negativa apresentada pela Administração Pública a requerimento de igualteor.3. A remoção a pedido de membro da Advocacia-Geral da União é realizada para a consecução do interesse público,

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motivo por que é devida a correspondente ajuda de custo.4. Sem condenação ao pagamento de custas (art. 4º, I, da Lei n. 9.289/96). Honorários advocatícios fixados em 10% (dezpor cento) sobre o valor da condenação, nos termos do art. 55, da Lei n. 9.099/95.

RELATÓRIO

UNIÃO interpõe recurso inominado, às fls. 80/92, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do 1º Juizado Especial Federalda Seção Judiciária do Espírito Santo (fls. 73/77), que julgou procedente pedido para condená-la ao pagamento de ajuda decusto, correspondente ao subsídio do mês de julho de 2008, atualizado monetariamente e acrescido de juros moratórios.Sustenta que os Juizados Especiais Federais são incompetentes para processar e julgar o pedido, nos termos do art. 3º,§1º, III, da Lei n. 10.259/01, porque a procedência dele implicaria a declaração de nulidade do art. 1º, do Edital n. 01/2008,subscrito pelo Procurador-Geral Federal, segundo os quais as remoções decorrentes do concurso aberto não acarretariamônus adicional para a Advocacia-Geral da União. Aduz que a hipótese é de aplicação do prazo prescricional previsto do art.206, §3º, V do Código Civil. Ademais, alega que a indenização por ajuda de custo e transporte somente é devida se aremoção for feita ex officio. Afirma que o art. 53, da Lei n. 8.112/90, não seria aplicável, pois a indenização nele previstaexige que a remoção seja feita no interesse do serviço.

02. Manifestação da parte autora (fl. 93), na qual se reitera os argumentos da petição inicial e da manifestação de fl.54/72.

03. É o relatório.

VOTO

04. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo ao exame do seu mérito.

05. Em análise da competência do Juizado Especial Federal para processar e julgar a demanda, destaco que o art.3º, §1º, III, da Lei n. 10.259/01, exclui de seu âmbito as ações nas quais o pedido deduzido vise à desconstituição ou adeclaração de nulidade de ato administrativo, ressalvadas as situações em que o ato impugnado for de naturezaprevidenciária ou veicular lançamento fiscal. A restrição mencionada deve ser interpretada em conformidade com aprevisão contida no art. 98, I, da Constituição da República de 1988, que dispôs que a criação dos Juizados Especiais estávoltada à resolução de causas de “menor complexidade”, tendo-se em vista que a competência para julgamento de disputasque exijam uma dilação probatória mais extensa poderia comprometer a promoção do acesso à justiça por um rito simplese mais célere.

06. Esses propósitos se somam à interpretação que venha a ser dada ao art. 3º, §1º, III, da Lei n. 10.259/01, umavez que a aferição da competência do Juizado deve ter como parâmetro o pedido imediato do autor, a despeito de as suasconsequências implicarem a superação de prévia negativa apresentada pela Administração Pública a requerimento de igualteor. Com efeito, a oposição da parte ré não é por si um fator idôneo para infirmar a competência dos Juizados EspeciaisFederais, eis que a sua presença é elemento configurador da resistência própria ao conceito de lide. O aspecto relevante aser observado é o conteúdo principal do pleito, não devendo o julgador se ater à repercussão reflexa do julgamento deprocedência, que poderá resultar na nulidade do ato administrativo (STJ, AgR no CC 104.332, Terceira Seção, Rel. Min.Felix Fischer, DJE 25.08.2009).

07. No presente recurso, o pedido do cinge-se à condenação da União ao pagamento de indenização, por ajuda decusto, no valor correspondente ao subsídio mensal do recorrido, inexistindo pleito para que seja declarada a nulidade do art.12º, do Edital n. 01/2008, subscrito pelo Procurador-Geral Federal. Logo, não identifico fundamento idôneo para afastar acompetência dos Juizados Especiais Federais para julgar a demanda.

08. Afasto a alegação de prescrição do direito postulado, com base na aplicação do prazo prescricional previsto doart. 206, §3º, V do Código Civil, uma vez que o Decreto n. 20.910/32 é o diploma legal que rege a disciplina do prazoprescricional na hipótese, por tratar-se de norma especial em relação à legislação civil, tal como decidido pelo SuperiorTribunal de Justiça, nos termos do art. 543-C, do Código de Processo Civil, no RESP 1.251.993/PR (Primeira Seção, Rel.Min. Mauro Campbell Marques, DJE 19.12.2012).

09. Adicionalmente, a recorrente sustenta que o pagamento da indenização não teria amparo legal, porquanto ela sedeu por pedido singular, hipótese não abrangida pelo art. 53 da Lei n. 8.112/90. Contudo, assinalo que a candidatura dorecorrido foi apresentada após publicação de edital com vagas abertas para remoção de Procuradores Federais (fls. 18/22),

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não sendo correto afirmar que o deslocamento gerado não pretendesse a consecução do interesse público, inerente aoexercício das atribuições do cargo ocupado pelo recorrido. O fato de a Advocacia-Geral da União não ter efetuado aremoção da parte autora ao seu alvedrio não elimina a identidade de propósitos constatada quando tal vaga é promovida exofficio ou por pedido singular, uma vez que a sua oferta foi antecedida por uma avaliação feita pela chefia do órgão quanto àmaior urgência no preenchimento das vagas disponíveis.

10. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Sem condenação ao pagamento de custas (art. 4º, I,da Lei n. 9.289/96). Honorários advocatícios fixados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos doart. 55, da Lei n. 9.099/95.

11. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

102 - 0003595-16.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.003595-2/01) PAULO ROBERTO MARQUES (ADVOGADO: ES012916 -MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIAO FEDERAL (PROCDOR: GUSTAVO DE RESENDE RAPOSO.).RECURSO Nº 0003595-16.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.003595-2/01)RECORRENTE: PAULO ROBERTO MARQUESRECORRIDO: UNIAO FEDERALRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ERRO MATERIAL. CORREÇÃO.

A parte autora interpõe recurso de Embargos de Declaração, às fls. 184/186, contra acórdão proferido às fls. 180/181. Oembargante alega que o julgado é obscuro, pois, embora tenha se adequado à tese adotada pela TNU no PEDILEF200683005146716, negou provimento ao recurso interposto às fls. 44/56.

02. Passando-se ao exame de possíveis vícios, com fundamento no art. 535 do Código de Processo Civil, verifico aexistência de efetivo erro material no dispositivo do voto de fls. 180/181, que por equívoco fez referência a “NEGOPROVIMENTO” em substituição a “DOU –LHE PROVIMENTO”.

03. Posto isso, conheço os Embargos de Declaração e, no mérito, dou-lhes provimento para corrigir o erro material de fl.181.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

103 - 0002317-40.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.002317-3/01) CARLOS ROBERTO GUIMARAES (ADVOGADO:ES012916 - MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIAO FEDERAL (PROCDOR: JOSIANI GOBBI MARCHESIFREIRE.).RECURSO Nº 0002317-40.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.002317-3/01)RECORRENTE: CARLOS ROBERTO GUIMARAESRECORRIDO: UNIAO FEDERALRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTATRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA SOBRE VALORES RECOLHIDOS A TÍTULO DE CONTRIBUIÇÃO PARA ENTIDADEDE PREVIDÊNCIA PRIVADA.

1. Trata-se de recurso interposto contra sentença que julgou improcedente pedido de restituição de valores recolhidos atítulo de contribuição para entidade de Previdência Privada, na vigência da Lei nº 7.713/88, portanto antes da edição da leinº 9.250/95, com fundamento no art. 269, IV, do Código de Processo Civil. Contrarrazões às fls. 65/72. O acórdão, de fls.76/77, conheceu o recurso e negou-lhe provimento. Interposto Pedido de Uniformização de Jurisprudência, o MM. JuizFederal Coordenador das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo inadmitiu-o e determinou oencaminhamento dos autos a essa relatoria para apreciar a adequação do acórdão prolatado pela Turma Nacional deUniformização em julgamento do PEDILEF 200683005146716 (Rel. Juiz Federal Manoel Rolim Campbell Penna, DJ28.09.2012) à presente hipótese.2. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.I. PRESCRIÇÃO.

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3. O direito de pleitear a restituição de tributos pagos indevidamente está sujeito ao prazo decadencial de cinco anos. Tallapso temporal, para exações – como o imposto de renda – sujeitas a lançamento por homologação, tem sua contageminiciada quando da “manifestação de concordância expressa da autoridade com o resultado da subsunção efetuada pelodevedor (o que supõe que a autoridade proceda também à valorização fática e ao exame da legislação aplicável, apurandoo montante do tributo)” (Luciano Amaro. Direito Tributário Brasileiro. 8a edição. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 351) ou,quando inerte a administração tributária, do transcurso de cinco anos computados a partir da ocorrência do fato gerador,ensejando, pois, a homologação tácita do lançamento, nos termos dos arts. 156, VII, e 150, §4o, do Código TributárioNacional.4. A Lei Complementar n. 118, de 09 de fevereiro de 2005, em seu artigo 3o, dispõe que o início do prazo de cinco anospara o exercício do direito de pleitear a restituição dos tributos sujeitos a lançamento por homologação inicia-se nomomento do pagamento antecipado de que trata o art. 150, §1o, do Código Tributário Nacional. A natureza interpretativaque se pretendeu conferir ao dispositivo exsurge da regra veiculada pelo art. 4o, do mesmo diploma legal, que faz alusão aoart. 106, I, do Código Tributário Nacional, com o intuito de conferir aplicação retroativa ao art. 3o, da Lei Complementar n.118/05.5. Conquanto a doutrina debatesse a extensão do prazo para a extinção do direito de pleitear a restituição de tributossujeitos a lançamento por homologação, o STJ havia pacificado seu posicionamento favorável ao prazo de dez anos, o queafastaria a sua natureza interpretativa, fazendo com que a regra fosse apenas aplicada aos créditos tributários constituídosapós a publicação da Lei Complementar n. 118/05 (STJ, ERESP 555.038-DF, Primeira Seção, Rel. Min. José Delgado, DJ13.06.2005, p. 163). No entanto, a interpretação favorável à inconstitucionalidade total do art. 4º, da Lei Complementar n.118/05, foi rechaçada pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento, no regime de repercussão geral, do RE 566.621-RS(Pleno, Rel. Min. Ellen Gracie, DJE 10.10.2011).6. Embora tenha, em decisões anteriores, afirmado que o início do prazo prescricional deveria ser computado a partir doinício do pagamento da complementação de aposentadoria, momento quando já restaria configurada a dúplice incidênciado imposto de renda, a Turma Nacional de Uniformização adota orientação distinta, no sentido de que – ajuizada ademanda após 09 de junho de 2005 - a prescrição somente deve alcançar a exigibilidade dos pagamentos indevidos feitosno quinquênio anterior à propositura da ação (PEDILEF 2006830005146716, Rel. Juiz Federal Manoel Rolim CampbellPenna, DJ 28.09.2012).7. Logo, ajuizada a ação em 25.11.2009, há que ser declarada a prescrição das parcelas anteriores a 25.11.2004.II. DO IMPOSTO DE RENDA SOBRE COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA8. O art. 6o, VII, alínea ‘b’, da Lei n. 7.713/88, isentava as pessoas físicas do recolhimento de Imposto de Renda incidentesobre os valores recebidos de entidades de previdência privada correspondentes às contribuições arcadas pelo participante,desde que os rendimentos e ganhos de capital produzidos pelo patrimônio da entidade tenham sido tributados na fonte.Essa regra tinha sua aplicação complementada pela interpretação sistemática dada ao art. 31, I, da Lei n. 7.713/88, com aredação conferida pela Lei n. 7.751/89, segundo a qual as importâncias pagas ou creditadas às pessoas físicas, sob aforma de resgate, pecúlio ou renda periódica pelas entidades de previdência privada sujeitavam-se à incidência de impostode renda na fonte, relativamente à parcela correspondente às contribuições cujo ônus não tenha sido do beneficiário ouquando os rendimentos e ganhos de capital produzidos pelo patrimônio da entidade de previdência não tenham sidotributados na fonte.9. O art. 32, da Lei n. 9.250, de 26 de dezembro de 1995, suprimiu a alínea ‘b’ do art. 6o,VII, da Lei n. 7.713/88, conferindonova redação ao dispositivo legal, a qual tornava possível a incidência de imposto de renda sobre os resgates de valores deentidades de previdência privada decorrentes de depósitos cujo ônus recaíra sobre o participante. Contudo, o recebimentodos montantes pagos pelos participantes de entidades de previdência privada, que já sofreram a incidência de imposto derenda na fonte sob o pálio da Lei n. 7.713/88, não poderiam, sob o risco de bis in idem, constituir fato jurídico apto aprovocar a incidência do tributo aludido, tal como veio a ser previsto pelo art. 7o, da Medida Provisória n. 2.159-70, de 24 deagosto de 2001. Em apoio à tese ora esposada, contrária à nova incidência do imposto de renda, posiciona-se a iterativajurisprudência da Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (cf. ERESP 565.275-RS, Rel. Min. José Delgado, DJ30.05.2005, p. 204).10. Dos documentos juntados aos autos, verifico que o autor ingressou no plano de previdência complementar em10.12.1975 (fl. 47) e percebe o benefício de aposentadoria com data de início em 17.05.2004 (fl. 47), a qual é posterior àvigência da Lei n. 9.250/95. Destarte, são indevidos os descontos a título de imposto de renda sobre o resgate dos valoresde contribuição à entidade de previdência privada pagos pela parte autora no período compreendido entre 1º de janeiro de1989 e a data de sua aposentadoria, anterior a 31 de dezembro de 1995.III. DA ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA E JUROS MORATÓRIOS11. A correção monetária constitui simples atualização do valor da moeda, nada acrescentando ao valor original, devendoser integral, nos exatos termos do enunciado n.º 162, da súmula da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. Quantoaos índices a serem aplicados, tem-se que os valores indevidamente recolhidos deverão ser corrigidos integralmente, poríndices que reflitam a real inflação verificada no período.12. De março a dezembro de 1991, deve incidir o INPC, em substituição à Taxa Referencial (Lei n. 8.177/91), a UFIR dejaneiro de 1992 até 31 de dezembro de 1995 (Lei n. 8.383/91) e a taxa SELIC a partir de janeiro de 1996 (art. 39, § 4°, daLei n° 9.250/95). Confira-se, a propósito: STJ, AgRESP 331.665-SP, Primeira Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJ02.12.2002; RESP 2270.901-SP, Segunda turma, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ 08.05.2000; RESP 267.080-SC, SegundaTurma, Rel. Min. Francisco Peçanha Martins, DJ 26.05.2003.13. A partir de 01.01.96, os valores serão corrigidos tão-somente com a aplicação dos juros equivalentes à taxa SELIC,sem incidência de qualquer outro índice de correção monetária ou outro percentual de juros, nos termos do art. 161, § 1o,do Código Tributário Nacional (STJ, ERESP 517.359-PB, Primeira Seção, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ 07.03.2005,p. 135). No entanto, depois da expedição da requisição de pagamento, a correção monetária seguirá os índices adotadosem Tabela de Correção Monetária de precatórios na Justiça Federal.IV. FORMA DE LIQUIDAÇÃO DO JULGADO

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14. A complexidade do cálculo da quantia a ser restituída dispensa a prévia indicação desse total na petição inicial ou nasentença, bastando que o título judicial executivo fixe os parâmetros para apuração do montante devido. Nesse sentido, aorever posição por mim externada em julgamentos anteriores, destaco que a Turma Nacional de Uniformização, com arrimona jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, posiciona-se contrariamente à liquidação do julgado que calcule o totalpago pelo contribuinte, a título de imposto de renda, sobre as contribuições vertidas para fundo de previdênciacomplementar entre janeiro de 1989 e dezembro de 1995, como crédito a ser abatido do montante recebido a título decomplementação de aposentadoria por ano-base, conforme as Declarações Anuais de Ajuste do IRPF dos exercíciosimediatamente seguintes à aposentadoria do demandante, recalculando-se, assim, o Imposto de Renda de cada exercício,de modo a fixar o valor a ser restituído.15. Em obediência à orientação adotada pela Turma Nacional de Uniformização, primeiramente deve ser feito cálculo doimposto de renda recolhido sobre as contribuições que o demandante verteu entre janeiro de 1989 e dezembro de 1995, asquais deverão ser restituídas por compensação ou pagamento mediante expedição judicial de requisição apropriada,dispensando-se o respectivo ajuste nos anos seguintes à complementação. A propósito, colaciono as ementas dosseguintes acórdãos:TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. PREVIDÊNCIA PRIVADA. COMPLEMENTAÇÃO DEAPOSENTADORIA. CRITÉRIODE APURAÇÃO DO INDÉBITO. ACÓRDÃO RECORRIDO EM CONSONÂNCIA COM O ENTENDIMENTOCONSOLIDADO NESTA TNU. APLICAÇÃO DA QUESTÃO DE ORDEM N. 13. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NÃOCONHECIDO. 1. A União, ora recorrente, pretende a modificação de acórdão que, dando parcial provimento a seu recursoinominado, julgou procedente o pedido de inexigibilidade de imposto de renda sobre complementação de aposentadoria,relativamente às contribuições vertidas pelo autor ao fundo de previdência privada no período de 1989 a 1995, mandandocompensar o que foi pago indevidamente. Insurge-se apenas quanto ao critério de apuração do indébito tributário,argumentando a União que, para a liquidação do imposto de renda, deve ser adotado o método do cálculo do montantenão-tributável (poupança), segundo o qual os valores recolhidos pelo contribuinte à entidade de previdência privada nosexercícios de 1989 a 1995 deverão ser corrigidos conforme Manual de Cálculos da Justiça Federal, passando a compordedução dos rendimentos tributados anualmente a título de complementação de aposentadoria. Citou como paradigma, orecurso de n. 2009.72.56.000891-9, da 1ª Turma Recursal de Santa Catarina. 2. O incidente de uniformização deinterpretação do direito federal tem cabimento quando fundado em divergência entre decisões de turmas recursais dediferentes Regiões ou quando o acórdão recorrido for proferido em contrariedade a súmula ou jurisprudência dominantedesta Turma Nacional de Uniformização ou do Superior Tribunal de Justiça. 3. Ora, este Colegiado, na esteira dajurisprudência firmada pelo Superior Tribunal de Justiça, fixou o entendimento de que o indébito tributário é calculado combase no valor do imposto de renda recolhido entre 1-1-1989 e 31-12-1995, cujo montante será deduzido dos valorescobrados a tal título incidentes sobre a complementação da aposentadoria. Sobre esse assunto, além da decisão proferidano Pedilef 2006.83.00.515712-4 (DJ 28-10-2008), da relatoria da Srª. Juíza Joana Carolina Pereira. Registra-se, ainda, oacórdão prolatado no Pedilef 2006.72.58.00.3510-1, relator o Sr. Janilson Bezerra de Siqueira, julgado em 27-6-2012, com aseguinte ementa, na parte que interessa: EMENTA: TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO.IMPOSTODE RENDA SOBRE COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO. SENTENÇADE PROCEDÊNCIA CONFIRMADA PELA 2.ª TURMA RECURSAL DE SANTA CATARINA. ALEGAÇÃO DE DISSÍDIOJURISPRUDENCIAL COM A JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA E DA TURMANACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO. DIVERGÊNCIA DEMONSTRADA. CONHECIMENTO DO INCIDENTE.INEXIGIBILIDADE DO IMPOSTO DE RENDA SOBRE A COMPLEMENTAÇÃODE APOSENTADORIA APENAS ATÉ OLIMITE DO QUE JÁ FOI PAGO A ESSE TÍTULO SOB A ÉGIDE DA LEI N.º 7.713/88. TESE DA ISENÇÃO PARA OFUTURO. REJEIÇÃO. ACOLHIMENTO DA POSIÇÃO DO STJ: NON BIS IN IDEM. DIREITO DA FAZENDA DEAPRESENTAR CÁLCULOS QUE DEMONSTREM O VALOR CONSIDERADO DEVIDO. PROVIMENTO PARCIAL DOINCIDENTE. A Fazenda sustenta, ainda, que os valores recolhidos pelo contribuinte a entidade de previdência privada nosexercícios de 1989 a 1995 deverão ser corrigidos pelos índices de correção monetária geral até a data da aposentadoria e oseu somatório deverá ser utilizado como um valor dedutível da base de cálculo dos benefícios da aposentadoria, para finsde apurar-se o imposto de renda incidente sobre a complementação de aposentadoria. Contudo, não é esta a forma decálculo reconhecida pelo STJ, que entende pela compensação entre o valor recolhido de imposto de renda entre 1989 a1995 com os valores cobrados a título do imposto atualmente: “Consoante consignado pelo Ministro Castro Meira, nojulgamento do recurso repetitivo esta Corte assentou que, tendo em vista as dificuldades em identificar e distinguir, em cadaparcela do benefício previdenciário recebido, as contribuições recolhidas pelo segurado e o aporte vertido pela entidadepatrocinadora, há de se reconhecer a inexigibilidade do imposto de renda, até o limite do que foi recolhido pelo beneficiário,a título de tal imposto, sob a égide da Lei n.º 7.713/88, devidamente atualizado” (REsp n.º 1282609/RN, Relator MinistroMauro Campbell Marques, DJU 28 nov. 2011). 4. No caso em exame, é de se constatar que o acórdão recorrido está emsintonia com o entendimento deste Colegiado. Incidência, portanto, da questão de ordem n. 13 desta Turma Nacional,segundo a qual “não cabe pedido de uniformização quando a jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização deJurisprudência dos Juizados Especiais Federais se firmou no mesmo sentido do acórdão recorrido.”.5. Julgamento deacordo com o art. 46 da Lei 9.099/95. 6. Pedido de uniformização não conhecido.(PEDILEF 05318667020104058300, Rel. Juiz Federal Gláucio Ferreira Maciel Gonçalves, D.O.U. 16.05.2014, p. 125/165)

TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. IMPOSTODE RENDA SOBRECOMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIACONFIRMADA PELA 2.ª TURMA RECURSAL DE SANTA CATARINA. ALEGAÇÃO DE DISSÍDIO JURISPRUDENCIALCOM A JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA E DA TURMA NACIONAL DEUNIFORMIZAÇÃO. DIVERGÊNCIA DEMONSTRADA. CONHECIMENTO DO INCIDENTE. INEXIGIBILIDADE DOIMPOSTO DE RENDA SOBRE A COMPLEMENTAÇÃODE APOSENTADORIA APENAS ATÉ O LIMITE DO QUE JÁ FOIPAGO A ESSE TÍTULO SOB A ÉGIDE DA LEI N.º 7.713/88. TESE DA ISENÇÃO PARA O FUTURO. REJEIÇÃO.ACOLHIMENTO DA POSIÇÃO DO STJ: NON BIS IN IDEM. DIREITO DA FAZENDA DE APRESENTAR CÁLCULOS QUE

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DEMONSTREM O VALOR CONSIDERADO DEVIDO. PROVIMENTO PARCIAL DO INCIDENTE.- Comprovada a similitudefático-jurídica e a divergência entre o acórdão recorrido e a jurisprudência dominante do Superior Tribunal de Justiça (REspn.º 964.855 SC, Ministro Mauro Campbell Marques, DJU 1.º dez. 2008), da Turma Nacional de Uniformização (PEDILEF n.º200683005178681, Juiz Federal Leonardo Safi de Melo, DJU 7 mai. 2008), tem cabimento o incidente de uniformização.- AFazenda Nacional, deixando de impugnar o mérito, sustenta duas teses no presente recurso: a) na concretização do direitodo autor, não se deve atribuir um percentual de isenção para o futuro, mas sim corrigir os valores recolhidos pelocontribuinte a entidade de previdência privada nos exercícios de 1989 a 1995 até a data da aposentadoria, devendo o seusomatório ser utilizado como um valor dedutível da base de cálculo dos benefícios da aposentadoria, para fins de apurar-seo valor do imposto de renda; b) por ocasião de eventual liquidação de sentença, a União pode fazer todas as provasnecessárias para evitar enriquecimento sem causa.- A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente delei que especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo o caso, oprazo de sua duração, inexistindo previsão legal para a hipótese em comento, consoante disposição do artigo 176 doCódigo Tributário Nacional. Não há que se falar em isenção para o futuro no caso dos autos, por ausência de lei prévia quea institua. Trata-se, na verdade, não de isenção, mas de ilegitimidade da incidência do imposto, como forma de evitar aconfiguração de bis in idem. Assim já se pacificou a jurisprudência do STJ, no sentido de que “não se pode negar o fato deque as contribuições vertidas pelos beneficiários no período de vigência da Lei 7.713/88 – as quais, em alguma proporção,integram o benefício devido – já foram tributadas pelo IRPF. Assim, sob pena de incorrer-se em bis in idem, merece seratendido o pedido de declaração de inexigibilidade do referido imposto – mas apenas na proporção do que foi pago a essetítulo por força da norma em questão. Em outros termos: o imposto de renda incidente sobre os benefícios recebidos apartir de janeiro de 1996 é indevido e deve ser repetido somente até o limite do que foi recolhido pelo beneficiário sob aégide da Lei 7.713/88” (REsp n.º 200702954219, Ministro Teori Albino Zavascki, DJU 13 out. 2008).- A Fazenda sustenta,ainda, que os valores recolhidos pelo contribuinte a entidade de previdência privada nos exercícios de 1989 a 1995 deverãoser corrigidos pelos índices de correção monetária geral até a data da aposentadoria e o seu somatório deverá ser utilizadocomo um valor dedutível da base de cálculo dos benefícios da aposentadoria, para fins de apurar-se o imposto de rendaincidente sobre a complementação de aposentadoria. Contudo, não é esta a forma de cálculo reconhecida pelo STJ, queentende pela compensação entre o valor recolhido de imposto de renda entre 1989 a 1995 com os valores cobrados a títulodo imposto atualmente: “Consoante consignado pelo Ministro Castro Meira, no julgamento do recurso repetitivo esta Corteassentou que, tendo em vista as dificuldades em identificar e distinguir, em cada parcela do benefício previdenciáriorecebido, as contribuições recolhidas pelo segurado e o aporte vertido pela entidade patrocinadora, há de se reconhecer ainexigibilidade do imposto de renda, até o limite do que foi recolhido pelo beneficiário, a título de tal imposto, sob a égide daLei n.º 7.713/88, devidamente atualizado” (REsp n.º 1282609/RN, Relator Ministro Mauro Campbell Marques, DJU 28 nov.2011).- A jurisprudência do STJ é pacífica no sentido exposto no paradigma:“Deve ser reconhecido o direito do contribuintede optar pelo recebimento do crédito (indébito) por via do precatório (restituição direta), ou proceder à compensaçãotributária (restituição indireta), após a verificação pelo juízo de primeiro grau do quantum devido. Nessa verificação deveráser resguardado o direito da Fazenda Pública de alegar qualquer questão impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação,inclusive apresentando cálculos que melhor reflitam a sistemática da declaração de ajuste para evitar o locupletamentoilícito do credor” (REsp n.º 964.855/SC, Ministro Mauro Campbell Marques, DJU 01 dez. 2008). Assim, não poderia oacórdão recorrido, sob o fundamento de “respeito aos princípios da celeridade e economia processuais”, ter negado àFazenda o direito de fazer prova de qualquer fato que impeça, modifique ou extinga a sua obrigação, por meio daapresentação de cálculos que demonstrem o valor considerado devido ou, inclusive, se já ocorrida a restituição deste dequalquer outra forma.- Pedido de Uniformização parcialmente provido, para firmar as teses de que: a) não há direito aisenção para o futuro do imposto de renda sobre a complementação de aposentadoria, mas sim inexigibilidade do tributo,até o limite do que já foi pago a esse título sob a égide da Lei n.º7.713/88, devidamente atualizado, para evitar o bis in idem;b) deve-se assegurar o direito da Fazenda de apresentar cálculos, antes da requisição de pagamento, valendo-se damesma metodologia da declaração de ajuste, a fim de apurar o valor da restituição eventualmente devida.(PEDILEF 200672580035101, Rel. Juiz Federal Janilson Bezerra de Siqueira, D.O.U. 03.08.2012)

V. DISPOSITIVO16. Posto isso, conheço o recurso e dou-lhe provimento somente para julgar procedente o pedido para: i) declarar ainexigibilidade do imposto de renda retido na fonte quando do pagamento do benefício de aposentadoria por entidade deprevidência privada, a partir da data de efetiva percepção do benefício, na proporção do que foi pago pelo beneficiário, noperíodo de vigência da Lei 7.713/88, a título de contribuições vertidas para o fundo; e ii) condenar a União a restituir osvalores recolhidos indevidamente, observada a prescrição quinquenal. A restituição, por compensação ou expedição derequisição de pagamento, deverá seguir os critérios de atualização monetária, incidência de juros moratórios e a forma deliquidação definidos na fundamentação.17. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, nos termos do art. 55, caput, da Lei 9.099/1995.18. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

104 - 0000443-20.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000443-9/01) JOSE TARCISIO TEIXEIRA DE ALMEIDA (ADVOGADO:ES012916 - MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIAO FEDERAL (PROCDOR: PAULA ABRANCHES ARAÚJOSILVA.).RECURSO Nº 0000443-20.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000443-9/01)RECORRENTE: JOSE TARCISIO TEIXEIRA DE ALMEIDA

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RECORRIDO: UNIAO FEDERALRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTATRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA SOBRE VALORES RECOLHIDOS A TÍTULO DE CONTRIBUIÇÃO PARA ENTIDADEDE PREVIDÊNCIA PRIVADA.

1. Trata-se de recurso interposto contra sentença que julgou improcedente pedido de restituição de valores recolhidos atítulo de contribuição para entidade de Previdência Privada, na vigência da Lei nº 7.713/88, portanto antes da edição da leinº 9.250/95, com fundamento no art. 269, IV, do Código de Processo Civil. Contrarrazões às fls.57/62. O acórdão, de fls.67/69, conheceu o recurso e negou-lhe provimento. Interposto Pedido de Uniformização de Jurisprudência, o MM. JuizFederal Coordenador das Turmas Recursais da Seção Judiciária do Espírito Santo inadmitiu-o e determinou oencaminhamento dos autos a essa relatoria para apreciar a adequação do acórdão prolatado pela Turma Nacional deUniformização em julgamento do PEDILEF 200683005146716 (Rel. Juiz Federal Manoel Rolim Campbell Penna, DJ28.09.2012) à presente hipótese.2. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.I. PRESCRIÇÃO.3. O direito de pleitear a restituição de tributos pagos indevidamente está sujeito ao prazo decadencial de cinco anos. Tallapso temporal, para exações – como o imposto de renda – sujeitas a lançamento por homologação, tem sua contageminiciada quando da “manifestação de concordância expressa da autoridade com o resultado da subsunção efetuada pelodevedor (o que supõe que a autoridade proceda também à valorização fática e ao exame da legislação aplicável, apurandoo montante do tributo)” (Luciano Amaro. Direito Tributário Brasileiro. 8a edição. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 351) ou,quando inerte a administração tributária, do transcurso de cinco anos computados a partir da ocorrência do fato gerador,ensejando, pois, a homologação tácita do lançamento, nos termos dos arts. 156, VII, e 150, §4o, do Código TributárioNacional.4. A Lei Complementar n. 118, de 09 de fevereiro de 2005, em seu artigo 3o, dispõe que o início do prazo de cinco anospara o exercício do direito de pleitear a restituição dos tributos sujeitos a lançamento por homologação inicia-se nomomento do pagamento antecipado de que trata o art. 150, §1o, do Código Tributário Nacional. A natureza interpretativaque se pretendeu conferir ao dispositivo exsurge da regra veiculada pelo art. 4o, do mesmo diploma legal, que faz alusão aoart. 106, I, do Código Tributário Nacional, com o intuito de conferir aplicação retroativa ao art. 3o, da Lei Complementar n.118/05.5. Conquanto a doutrina debatesse a extensão do prazo para a extinção do direito de pleitear a restituição de tributossujeitos a lançamento por homologação, o STJ havia pacificado seu posicionamento favorável ao prazo de dez anos, o queafastaria a sua natureza interpretativa, fazendo com que a regra fosse apenas aplicada aos créditos tributários constituídosapós a publicação da Lei Complementar n. 118/05 (STJ, ERESP 555.038-DF, Primeira Seção, Rel. Min. José Delgado, DJ13.06.2005, p. 163). No entanto, a interpretação favorável à inconstitucionalidade total do art. 4º, da Lei Complementar n.118/05, foi rechaçada pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento, no regime de repercussão geral, do RE 566.621-RS(Pleno, Rel. Min. Ellen Gracie, DJE 10.10.2011).6. Embora tenha, em decisões anteriores, afirmado que o início do prazo prescricional deveria ser computado a partir doinício do pagamento da complementação de aposentadoria, momento quando já restaria configurada a dúplice incidênciado imposto de renda, a Turma Nacional de Uniformização adota orientação distinta, no sentido de que – ajuizada ademanda após 09 de junho de 2005 - a prescrição somente deve alcançar a exigibilidade dos pagamentos indevidos feitosno quinquênio anterior à propositura da ação (PEDILEF 2006830005146716, Rel. Juiz Federal Manoel Rolim CampbellPenna, DJ 28.09.2012).7. Logo, ajuizada a ação em 18.02.2009, há que ser declarada a prescrição das parcelas anteriores a 18.02.2004.II. DO IMPOSTO DE RENDA SOBRE COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA8. O art. 6o, VII, alínea ‘b’, da Lei n. 7.713/88, isentava as pessoas físicas do recolhimento de Imposto de Renda incidentesobre os valores recebidos de entidades de previdência privada correspondentes às contribuições arcadas pelo participante,desde que os rendimentos e ganhos de capital produzidos pelo patrimônio da entidade tenham sido tributados na fonte.Essa regra tinha sua aplicação complementada pela interpretação sistemática dada ao art. 31, I, da Lei n. 7.713/88, com aredação conferida pela Lei n. 7.751/89, segundo a qual as importâncias pagas ou creditadas às pessoas físicas, sob aforma de resgate, pecúlio ou renda periódica pelas entidades de previdência privada sujeitavam-se à incidência de impostode renda na fonte, relativamente à parcela correspondente às contribuições cujo ônus não tenha sido do beneficiário ouquando os rendimentos e ganhos de capital produzidos pelo patrimônio da entidade de previdência não tenham sidotributados na fonte.9. O art. 32, da Lei n. 9.250, de 26 de dezembro de 1995, suprimiu a alínea ‘b’ do art. 6o,VII, da Lei n. 7.713/88, conferindonova redação ao dispositivo legal, a qual tornava possível a incidência de imposto de renda sobre os resgates de valores deentidades de previdência privada decorrentes de depósitos cujo ônus recaíra sobre o participante. Contudo, o recebimentodos montantes pagos pelos participantes de entidades de previdência privada, que já sofreram a incidência de imposto derenda na fonte sob o pálio da Lei n. 7.713/88, não poderiam, sob o risco de bis in idem, constituir fato jurídico apto aprovocar a incidência do tributo aludido, tal como veio a ser previsto pelo art. 7o, da Medida Provisória n. 2.159-70, de 24 deagosto de 2001. Em apoio à tese ora esposada, contrária à nova incidência do imposto de renda, posiciona-se a iterativajurisprudência da Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (cf. ERESP 565.275-RS, Rel. Min. José Delgado, DJ30.05.2005, p. 204).10. Dos documentos juntados aos autos, verifico que o autor ingressou no plano de previdência complementar em01.08.1974 (fl. 42) e percebe o benefício de aposentadoria com data de início em 16.04.1998 (fl. 18), a qual é posterior àvigência da Lei n. 9.250/95. Destarte, são indevidos os descontos a título de imposto de renda sobre o resgate dos valores

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de contribuição à entidade de previdência privada pagos pela parte autora no período compreendido entre 1º de janeiro de1989 e a data de sua aposentadoria, anterior a 31 de dezembro de 1995.III. DA ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA E JUROS MORATÓRIOS11. A correção monetária constitui simples atualização do valor da moeda, nada acrescentando ao valor original, devendoser integral, nos exatos termos do enunciado n.º 162, da súmula da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. Quantoaos índices a serem aplicados, tem-se que os valores indevidamente recolhidos deverão ser corrigidos integralmente, poríndices que reflitam a real inflação verificada no período.12. De março a dezembro de 1991, deve incidir o INPC, em substituição à Taxa Referencial (Lei n. 8.177/91), a UFIR dejaneiro de 1992 até 31 de dezembro de 1995 (Lei n. 8.383/91) e a taxa SELIC a partir de janeiro de 1996 (art. 39, § 4°, daLei n° 9.250/95). Confira-se, a propósito: STJ, AgRESP 331.665-SP, Primeira Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJ02.12.2002; RESP 2270.901-SP, Segunda turma, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ 08.05.2000; RESP 267.080-SC, SegundaTurma, Rel. Min. Francisco Peçanha Martins, DJ 26.05.2003.13. A partir de 01.01.96, os valores serão corrigidos tão-somente com a aplicação dos juros equivalentes à taxa SELIC,sem incidência de qualquer outro índice de correção monetária ou outro percentual de juros, nos termos do art. 161, § 1o,do Código Tributário Nacional (STJ, ERESP 517.359-PB, Primeira Seção, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ 07.03.2005,p. 135). No entanto, depois da expedição da requisição de pagamento, a correção monetária seguirá os índices adotadosem Tabela de Correção Monetária de precatórios na Justiça Federal.IV. FORMA DE LIQUIDAÇÃO DO JULGADO14. A complexidade do cálculo da quantia a ser restituída dispensa a prévia indicação desse total na petição inicial ou nasentença, bastando que o título judicial executivo fixe os parâmetros para apuração do montante devido. Nesse sentido, aorever posição por mim externada em julgamentos anteriores, destaco que a Turma Nacional de Uniformização, com arrimona jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, posiciona-se contrariamente à liquidação do julgado que calcule o totalpago pelo contribuinte, a título de imposto de renda, sobre as contribuições vertidas para fundo de previdênciacomplementar entre janeiro de 1989 e dezembro de 1995, como crédito a ser abatido do montante recebido a título decomplementação de aposentadoria por ano-base, conforme as Declarações Anuais de Ajuste do IRPF dos exercíciosimediatamente seguintes à aposentadoria do demandante, recalculando-se, assim, o Imposto de Renda de cada exercício,de modo a fixar o valor a ser restituído.15. Em obediência à orientação adotada pela Turma Nacional de Uniformização, primeiramente deve ser feito cálculo doimposto de renda recolhido sobre as contribuições que o demandante verteu entre janeiro de 1989 e dezembro de 1995, asquais deverão ser restituídas por compensação ou pagamento mediante expedição judicial de requisição apropriada,dispensando-se o respectivo ajuste nos anos seguintes à complementação. A propósito, colaciono as ementas dosseguintes acórdãos:TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. PREVIDÊNCIA PRIVADA. COMPLEMENTAÇÃO DEAPOSENTADORIA. CRITÉRIODE APURAÇÃO DO INDÉBITO. ACÓRDÃO RECORRIDO EM CONSONÂNCIA COM O ENTENDIMENTOCONSOLIDADO NESTA TNU. APLICAÇÃO DA QUESTÃO DE ORDEM N. 13. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NÃOCONHECIDO. 1. A União, ora recorrente, pretende a modificação de acórdão que, dando parcial provimento a seu recursoinominado, julgou procedente o pedido de inexigibilidade de imposto de renda sobre complementação de aposentadoria,relativamente às contribuições vertidas pelo autor ao fundo de previdência privada no período de 1989 a 1995, mandandocompensar o que foi pago indevidamente. Insurge-se apenas quanto ao critério de apuração do indébito tributário,argumentando a União que, para a liquidação do imposto de renda, deve ser adotado o método do cálculo do montantenão-tributável (poupança), segundo o qual os valores recolhidos pelo contribuinte à entidade de previdência privada nosexercícios de 1989 a 1995 deverão ser corrigidos conforme Manual de Cálculos da Justiça Federal, passando a compordedução dos rendimentos tributados anualmente a título de complementação de aposentadoria. Citou como paradigma, orecurso de n. 2009.72.56.000891-9, da 1ª Turma Recursal de Santa Catarina. 2. O incidente de uniformização deinterpretação do direito federal tem cabimento quando fundado em divergência entre decisões de turmas recursais dediferentes Regiões ou quando o acórdão recorrido for proferido em contrariedade a súmula ou jurisprudência dominantedesta Turma Nacional de Uniformização ou do Superior Tribunal de Justiça. 3. Ora, este Colegiado, na esteira dajurisprudência firmada pelo Superior Tribunal de Justiça, fixou o entendimento de que o indébito tributário é calculado combase no valor do imposto de renda recolhido entre 1-1-1989 e 31-12-1995, cujo montante será deduzido dos valorescobrados a tal título incidentes sobre a complementação da aposentadoria. Sobre esse assunto, além da decisão proferidano Pedilef 2006.83.00.515712-4 (DJ 28-10-2008), da relatoria da Srª. Juíza Joana Carolina Pereira. Registra-se, ainda, oacórdão prolatado no Pedilef 2006.72.58.00.3510-1, relator o Sr. Janilson Bezerra de Siqueira, julgado em 27-6-2012, com aseguinte ementa, na parte que interessa: EMENTA: TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO.IMPOSTODE RENDA SOBRE COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO. SENTENÇADE PROCEDÊNCIA CONFIRMADA PELA 2.ª TURMA RECURSAL DE SANTA CATARINA. ALEGAÇÃO DE DISSÍDIOJURISPRUDENCIAL COM A JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA E DA TURMANACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO. DIVERGÊNCIA DEMONSTRADA. CONHECIMENTO DO INCIDENTE.INEXIGIBILIDADE DO IMPOSTO DE RENDA SOBRE A COMPLEMENTAÇÃODE APOSENTADORIA APENAS ATÉ OLIMITE DO QUE JÁ FOI PAGO A ESSE TÍTULO SOB A ÉGIDE DA LEI N.º 7.713/88. TESE DA ISENÇÃO PARA OFUTURO. REJEIÇÃO. ACOLHIMENTO DA POSIÇÃO DO STJ: NON BIS IN IDEM. DIREITO DA FAZENDA DEAPRESENTAR CÁLCULOS QUE DEMONSTREM O VALOR CONSIDERADO DEVIDO. PROVIMENTO PARCIAL DOINCIDENTE. A Fazenda sustenta, ainda, que os valores recolhidos pelo contribuinte a entidade de previdência privada nosexercícios de 1989 a 1995 deverão ser corrigidos pelos índices de correção monetária geral até a data da aposentadoria e oseu somatório deverá ser utilizado como um valor dedutível da base de cálculo dos benefícios da aposentadoria, para finsde apurar-se o imposto de renda incidente sobre a complementação de aposentadoria. Contudo, não é esta a forma decálculo reconhecida pelo STJ, que entende pela compensação entre o valor recolhido de imposto de renda entre 1989 a1995 com os valores cobrados a título do imposto atualmente: “Consoante consignado pelo Ministro Castro Meira, nojulgamento do recurso repetitivo esta Corte assentou que, tendo em vista as dificuldades em identificar e distinguir, em cada

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parcela do benefício previdenciário recebido, as contribuições recolhidas pelo segurado e o aporte vertido pela entidadepatrocinadora, há de se reconhecer a inexigibilidade do imposto de renda, até o limite do que foi recolhido pelo beneficiário,a título de tal imposto, sob a égide da Lei n.º 7.713/88, devidamente atualizado” (REsp n.º 1282609/RN, Relator MinistroMauro Campbell Marques, DJU 28 nov. 2011). 4. No caso em exame, é de se constatar que o acórdão recorrido está emsintonia com o entendimento deste Colegiado. Incidência, portanto, da questão de ordem n. 13 desta Turma Nacional,segundo a qual “não cabe pedido de uniformização quando a jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização deJurisprudência dos Juizados Especiais Federais se firmou no mesmo sentido do acórdão recorrido.”.5. Julgamento deacordo com o art. 46 da Lei 9.099/95. 6. Pedido de uniformização não conhecido.(PEDILEF 05318667020104058300, Rel. Juiz Federal Gláucio Ferreira Maciel Gonçalves, D.O.U. 16.05.2014, p. 125/165)

TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. IMPOSTODE RENDA SOBRECOMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIACONFIRMADA PELA 2.ª TURMA RECURSAL DE SANTA CATARINA. ALEGAÇÃO DE DISSÍDIO JURISPRUDENCIALCOM A JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA E DA TURMA NACIONAL DEUNIFORMIZAÇÃO. DIVERGÊNCIA DEMONSTRADA. CONHECIMENTO DO INCIDENTE. INEXIGIBILIDADE DOIMPOSTO DE RENDA SOBRE A COMPLEMENTAÇÃODE APOSENTADORIA APENAS ATÉ O LIMITE DO QUE JÁ FOIPAGO A ESSE TÍTULO SOB A ÉGIDE DA LEI N.º 7.713/88. TESE DA ISENÇÃO PARA O FUTURO. REJEIÇÃO.ACOLHIMENTO DA POSIÇÃO DO STJ: NON BIS IN IDEM. DIREITO DA FAZENDA DE APRESENTAR CÁLCULOS QUEDEMONSTREM O VALOR CONSIDERADO DEVIDO. PROVIMENTO PARCIAL DO INCIDENTE.- Comprovada a similitudefático-jurídica e a divergência entre o acórdão recorrido e a jurisprudência dominante do Superior Tribunal de Justiça (REspn.º 964.855 SC, Ministro Mauro Campbell Marques, DJU 1.º dez. 2008), da Turma Nacional de Uniformização (PEDILEF n.º200683005178681, Juiz Federal Leonardo Safi de Melo, DJU 7 mai. 2008), tem cabimento o incidente de uniformização.- AFazenda Nacional, deixando de impugnar o mérito, sustenta duas teses no presente recurso: a) na concretização do direitodo autor, não se deve atribuir um percentual de isenção para o futuro, mas sim corrigir os valores recolhidos pelocontribuinte a entidade de previdência privada nos exercícios de 1989 a 1995 até a data da aposentadoria, devendo o seusomatório ser utilizado como um valor dedutível da base de cálculo dos benefícios da aposentadoria, para fins de apurar-seo valor do imposto de renda; b) por ocasião de eventual liquidação de sentença, a União pode fazer todas as provasnecessárias para evitar enriquecimento sem causa.- A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente delei que especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo o caso, oprazo de sua duração, inexistindo previsão legal para a hipótese em comento, consoante disposição do artigo 176 doCódigo Tributário Nacional. Não há que se falar em isenção para o futuro no caso dos autos, por ausência de lei prévia quea institua. Trata-se, na verdade, não de isenção, mas de ilegitimidade da incidência do imposto, como forma de evitar aconfiguração de bis in idem. Assim já se pacificou a jurisprudência do STJ, no sentido de que “não se pode negar o fato deque as contribuições vertidas pelos beneficiários no período de vigência da Lei 7.713/88 – as quais, em alguma proporção,integram o benefício devido – já foram tributadas pelo IRPF. Assim, sob pena de incorrer-se em bis in idem, merece seratendido o pedido de declaração de inexigibilidade do referido imposto – mas apenas na proporção do que foi pago a essetítulo por força da norma em questão. Em outros termos: o imposto de renda incidente sobre os benefícios recebidos apartir de janeiro de 1996 é indevido e deve ser repetido somente até o limite do que foi recolhido pelo beneficiário sob aégide da Lei 7.713/88” (REsp n.º 200702954219, Ministro Teori Albino Zavascki, DJU 13 out. 2008).- A Fazenda sustenta,ainda, que os valores recolhidos pelo contribuinte a entidade de previdência privada nos exercícios de 1989 a 1995 deverãoser corrigidos pelos índices de correção monetária geral até a data da aposentadoria e o seu somatório deverá ser utilizadocomo um valor dedutível da base de cálculo dos benefícios da aposentadoria, para fins de apurar-se o imposto de rendaincidente sobre a complementação de aposentadoria. Contudo, não é esta a forma de cálculo reconhecida pelo STJ, queentende pela compensação entre o valor recolhido de imposto de renda entre 1989 a 1995 com os valores cobrados a títulodo imposto atualmente: “Consoante consignado pelo Ministro Castro Meira, no julgamento do recurso repetitivo esta Corteassentou que, tendo em vista as dificuldades em identificar e distinguir, em cada parcela do benefício previdenciáriorecebido, as contribuições recolhidas pelo segurado e o aporte vertido pela entidade patrocinadora, há de se reconhecer ainexigibilidade do imposto de renda, até o limite do que foi recolhido pelo beneficiário, a título de tal imposto, sob a égide daLei n.º 7.713/88, devidamente atualizado” (REsp n.º 1282609/RN, Relator Ministro Mauro Campbell Marques, DJU 28 nov.2011).- A jurisprudência do STJ é pacífica no sentido exposto no paradigma:“Deve ser reconhecido o direito do contribuintede optar pelo recebimento do crédito (indébito) por via do precatório (restituição direta), ou proceder à compensaçãotributária (restituição indireta), após a verificação pelo juízo de primeiro grau do quantum devido. Nessa verificação deveráser resguardado o direito da Fazenda Pública de alegar qualquer questão impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação,inclusive apresentando cálculos que melhor reflitam a sistemática da declaração de ajuste para evitar o locupletamentoilícito do credor” (REsp n.º 964.855/SC, Ministro Mauro Campbell Marques, DJU 01 dez. 2008). Assim, não poderia oacórdão recorrido, sob o fundamento de “respeito aos princípios da celeridade e economia processuais”, ter negado àFazenda o direito de fazer prova de qualquer fato que impeça, modifique ou extinga a sua obrigação, por meio daapresentação de cálculos que demonstrem o valor considerado devido ou, inclusive, se já ocorrida a restituição deste dequalquer outra forma.- Pedido de Uniformização parcialmente provido, para firmar as teses de que: a) não há direito aisenção para o futuro do imposto de renda sobre a complementação de aposentadoria, mas sim inexigibilidade do tributo,até o limite do que já foi pago a esse título sob a égide da Lei n.º7.713/88, devidamente atualizado, para evitar o bis in idem;b) deve-se assegurar o direito da Fazenda de apresentar cálculos, antes da requisição de pagamento, valendo-se damesma metodologia da declaração de ajuste, a fim de apurar o valor da restituição eventualmente devida.(PEDILEF 200672580035101, Rel. Juiz Federal Janilson Bezerra de Siqueira, D.O.U. 03.08.2012)

V. DISPOSITIVO16. Posto isso, conheço o recurso e dou-lhe provimento somente para julgar procedente o pedido para: i) declarar ainexigibilidade do imposto de renda retido na fonte quando do pagamento do benefício de aposentadoria por entidade de

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previdência privada, a partir da data de efetiva percepção do benefício, na proporção do que foi pago pelo beneficiário, noperíodo de vigência da Lei 7.713/88, a título de contribuições vertidas para o fundo; e ii) condenar a União a restituir osvalores recolhidos indevidamente, observada a prescrição quinquenal. A restituição, por compensação ou expedição derequisição de pagamento, deverá seguir os critérios de atualização monetária, incidência de juros moratórios e a forma deliquidação definidos na fundamentação.17. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, nos termos do art. 55, caput, da Lei 9.099/1995.18. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

105 - 0000855-39.2009.4.02.5054/02 (2009.50.54.000855-1/02) UNIAO FEDERAL (PROCDOR: ADRIANA ZANDONADE.)x DALVA DE ARAUJO PASSAMANI (ADVOGADO: ES012916 - MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.).RECURSO Nº 0000855-39.2009.4.02.5054/02 (2009.50.54.000855-1/02)RECORRENTE: UNIAO FEDERALRECORRIDO: DALVA DE ARAUJO PASSAMANIRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTATRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA SOBRE VALORES RECOLHIDOS A TÍTULO DE CONTRIBUIÇÃO PARA ENTIDADEDE PREVIDÊNCIA PRIVADA.

1. Trata-se de recurso interposto contra sentença que julgou procedente pedido de restituição de valores recolhidos a títulode contribuição para entidade de Previdência Privada, na vigência da Lei nº 7.713/88, portanto antes da edição da lei nº9.250/95, com fundamento no art. 269, I, do Código de Processo Civil. Contrarrazões às fls. 231/250.2. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.I. PRESCRIÇÃO.3. O direito de pleitear a restituição de tributos pagos indevidamente está sujeito ao prazo decadencial de cinco anos. Tallapso temporal, para exações – como o imposto de renda – sujeitas a lançamento por homologação, tem sua contageminiciada quando da “manifestação de concordância expressa da autoridade com o resultado da subsunção efetuada pelodevedor (o que supõe que a autoridade proceda também à valorização fática e ao exame da legislação aplicável, apurandoo montante do tributo)” (Luciano Amaro. Direito Tributário Brasileiro. 8a edição. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 351) ou,quando inerte a administração tributária, do transcurso de cinco anos computados a partir da ocorrência do fato gerador,ensejando, pois, a homologação tácita do lançamento, nos termos dos arts. 156, VII, e 150, §4o, do Código TributárioNacional.4. A Lei Complementar n. 118, de 09 de fevereiro de 2005, em seu artigo 3o, dispõe que o início do prazo de cinco anospara o exercício do direito de pleitear a restituição dos tributos sujeitos a lançamento por homologação inicia-se nomomento do pagamento antecipado de que trata o art. 150, §1o, do Código Tributário Nacional. A natureza interpretativaque se pretendeu conferir ao dispositivo exsurge da regra veiculada pelo art. 4o, do mesmo diploma legal, que faz alusão aoart. 106, I, do Código Tributário Nacional, com o intuito de conferir aplicação retroativa ao art. 3o, da Lei Complementar n.118/05.5. Conquanto a doutrina debatesse a extensão do prazo para a extinção do direito de pleitear a restituição de tributossujeitos a lançamento por homologação, o STJ havia pacificado seu posicionamento favorável ao prazo de dez anos, o queafastaria a sua natureza interpretativa, fazendo com que a regra fosse apenas aplicada aos créditos tributários constituídosapós a publicação da Lei Complementar n. 118/05 (STJ, ERESP 555.038-DF, Primeira Seção, Rel. Min. José Delgado, DJ13.06.2005, p. 163). No entanto, a interpretação favorável à inconstitucionalidade total do art. 4º, da Lei Complementar n.118/05, foi rechaçada pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento, no regime de repercussão geral, do RE 566.621-RS(Pleno, Rel. Min. Ellen Gracie, DJE 10.10.2011).6. Embora tenha, em decisões anteriores, afirmado que o início do prazo prescricional deveria ser computado a partir doinício do pagamento da complementação de aposentadoria, momento quando já restaria configurada a dúplice incidênciado imposto de renda, a Turma Nacional de Uniformização adota orientação distinta, no sentido de que – ajuizada ademanda após 09 de junho de 2005 - a prescrição somente deve alcançar a exigibilidade dos pagamentos indevidos feitosno quinquênio anterior à propositura da ação (PEDILEF 2006830005146716, Rel. Juiz Federal Manoel Rolim CampbellPenna, DJ 28.09.2012).7. Logo, ajuizada a ação em 25.11.2009, há que ser declarada a prescrição das parcelas anteriores a 25.11.2004.II. DO IMPOSTO DE RENDA SOBRE COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA8. O art. 6o, VII, alínea ‘b’, da Lei n. 7.713/88, isentava as pessoas físicas do recolhimento de Imposto de Renda incidentesobre os valores recebidos de entidades de previdência privada correspondentes às contribuições arcadas pelo participante,desde que os rendimentos e ganhos de capital produzidos pelo patrimônio da entidade tenham sido tributados na fonte.Essa regra tinha sua aplicação complementada pela interpretação sistemática dada ao art. 31, I, da Lei n. 7.713/88, com aredação conferida pela Lei n. 7.751/89, segundo a qual as importâncias pagas ou creditadas às pessoas físicas, sob aforma de resgate, pecúlio ou renda periódica pelas entidades de previdência privada sujeitavam-se à incidência de impostode renda na fonte, relativamente à parcela correspondente às contribuições cujo ônus não tenha sido do beneficiário ouquando os rendimentos e ganhos de capital produzidos pelo patrimônio da entidade de previdência não tenham sidotributados na fonte.9. O art. 32, da Lei n. 9.250, de 26 de dezembro de 1995, suprimiu a alínea ‘b’ do art. 6o,VII, da Lei n. 7.713/88, conferindonova redação ao dispositivo legal, a qual tornava possível a incidência de imposto de renda sobre os resgates de valores de

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entidades de previdência privada decorrentes de depósitos cujo ônus recaíra sobre o participante. Contudo, o recebimentodos montantes pagos pelos participantes de entidades de previdência privada, que já sofreram a incidência de imposto derenda na fonte sob o pálio da Lei n. 7.713/88, não poderiam, sob o risco de bis in idem, constituir fato jurídico apto aprovocar a incidência do tributo aludido, tal como veio a ser previsto pelo art. 7o, da Medida Provisória n. 2.159-70, de 24 deagosto de 2001. Em apoio à tese ora esposada, contrária à nova incidência do imposto de renda, posiciona-se a iterativajurisprudência da Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (cf. ERESP 565.275-RS, Rel. Min. José Delgado, DJ30.05.2005, p. 204).10. Dos documentos juntados aos autos, verifico que o autor ingressou no plano de previdência complementar em17.05.1976 e percebe o benefício de aposentadoria com data de início em 29.08.1997 (fl. 188), a qual é posterior à vigênciada Lei n. 9.250/95. Destarte, são indevidos os descontos a título de imposto de renda sobre o resgate dos valores decontribuição à entidade de previdência privada pagos pela parte autora no período compreendido entre 1º de janeiro de1989 e a data de sua aposentadoria, anterior a 31 de dezembro de 1995.III. DA ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA E JUROS MORATÓRIOS11. A correção monetária constitui simples atualização do valor da moeda, nada acrescentando ao valor original, devendoser integral, nos exatos termos do enunciado n.º 162, da súmula da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. Quantoaos índices a serem aplicados, tem-se que os valores indevidamente recolhidos deverão ser corrigidos integralmente, poríndices que reflitam a real inflação verificada no período.12. De março a dezembro de 1991, deve incidir o INPC, em substituição à Taxa Referencial (Lei n. 8.177/91), a UFIR dejaneiro de 1992 até 31 de dezembro de 1995 (Lei n. 8.383/91) e a taxa SELIC a partir de janeiro de 1996 (art. 39, § 4°, daLei n° 9.250/95). Confira-se, a propósito: STJ, AgRESP 331.665-SP, Primeira Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJ02.12.2002; RESP 2270.901-SP, Segunda turma, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ 08.05.2000; RESP 267.080-SC, SegundaTurma, Rel. Min. Francisco Peçanha Martins, DJ 26.05.2003.13. A partir de 01.01.96, os valores serão corrigidos tão-somente com a aplicação dos juros equivalentes à taxa SELIC,sem incidência de qualquer outro índice de correção monetária ou outro percentual de juros, nos termos do art. 161, § 1o,do Código Tributário Nacional (STJ, ERESP 517.359-PB, Primeira Seção, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ 07.03.2005,p. 135). No entanto, depois da expedição da requisição de pagamento, a correção monetária seguirá os índices adotadosem Tabela de Correção Monetária de precatórios na Justiça Federal.IV. FORMA DE LIQUIDAÇÃO DO JULGADO14. A complexidade do cálculo da quantia a ser restituída dispensa a prévia indicação desse total na petição inicial ou nasentença, bastando que o título judicial executivo fixe os parâmetros para apuração do montante devido. Nesse sentido, aorever posição por mim externada em julgamentos anteriores, destaco que a Turma Nacional de Uniformização, com arrimona jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, posiciona-se contrariamente à liquidação do julgado que calcule o totalpago pelo contribuinte, a título de imposto de renda, sobre as contribuições vertidas para fundo de previdênciacomplementar entre janeiro de 1989 e dezembro de 1995, como crédito a ser abatido do montante recebido a título decomplementação de aposentadoria por ano-base, conforme as Declarações Anuais de Ajuste do IRPF dos exercíciosimediatamente seguintes à aposentadoria do demandante, recalculando-se, assim, o Imposto de Renda de cada exercício,de modo a fixar o valor a ser restituído.15. Em obediência à orientação adotada pela Turma Nacional de Uniformização, primeiramente deve ser feito cálculo doimposto de renda recolhido sobre as contribuições que o demandante verteu entre janeiro de 1989 e dezembro de 1995, asquais deverão ser restituídas por compensação ou pagamento mediante expedição judicial de requisição apropriada,dispensando-se o respectivo ajuste nos anos seguintes à complementação. A propósito, colaciono as ementas dosseguintes acórdãos:TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. PREVIDÊNCIA PRIVADA. COMPLEMENTAÇÃO DEAPOSENTADORIA. CRITÉRIODE APURAÇÃO DO INDÉBITO. ACÓRDÃO RECORRIDO EM CONSONÂNCIA COM O ENTENDIMENTOCONSOLIDADO NESTA TNU. APLICAÇÃO DA QUESTÃO DE ORDEM N. 13. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NÃOCONHECIDO. 1. A União, ora recorrente, pretende a modificação de acórdão que, dando parcial provimento a seu recursoinominado, julgou procedente o pedido de inexigibilidade de imposto de renda sobre complementação de aposentadoria,relativamente às contribuições vertidas pelo autor ao fundo de previdência privada no período de 1989 a 1995, mandandocompensar o que foi pago indevidamente. Insurge-se apenas quanto ao critério de apuração do indébito tributário,argumentando a União que, para a liquidação do imposto de renda, deve ser adotado o método do cálculo do montantenão-tributável (poupança), segundo o qual os valores recolhidos pelo contribuinte à entidade de previdência privada nosexercícios de 1989 a 1995 deverão ser corrigidos conforme Manual de Cálculos da Justiça Federal, passando a compordedução dos rendimentos tributados anualmente a título de complementação de aposentadoria. Citou como paradigma, orecurso de n. 2009.72.56.000891-9, da 1ª Turma Recursal de Santa Catarina. 2. O incidente de uniformização deinterpretação do direito federal tem cabimento quando fundado em divergência entre decisões de turmas recursais dediferentes Regiões ou quando o acórdão recorrido for proferido em contrariedade a súmula ou jurisprudência dominantedesta Turma Nacional de Uniformização ou do Superior Tribunal de Justiça. 3. Ora, este Colegiado, na esteira dajurisprudência firmada pelo Superior Tribunal de Justiça, fixou o entendimento de que o indébito tributário é calculado combase no valor do imposto de renda recolhido entre 1-1-1989 e 31-12-1995, cujo montante será deduzido dos valorescobrados a tal título incidentes sobre a complementação da aposentadoria. Sobre esse assunto, além da decisão proferidano Pedilef 2006.83.00.515712-4 (DJ 28-10-2008), da relatoria da Srª. Juíza Joana Carolina Pereira. Registra-se, ainda, oacórdão prolatado no Pedilef 2006.72.58.00.3510-1, relator o Sr. Janilson Bezerra de Siqueira, julgado em 27-6-2012, com aseguinte ementa, na parte que interessa: EMENTA: TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO.IMPOSTODE RENDA SOBRE COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO. SENTENÇADE PROCEDÊNCIA CONFIRMADA PELA 2.ª TURMA RECURSAL DE SANTA CATARINA. ALEGAÇÃO DE DISSÍDIOJURISPRUDENCIAL COM A JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA E DA TURMANACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO. DIVERGÊNCIA DEMONSTRADA. CONHECIMENTO DO INCIDENTE.INEXIGIBILIDADE DO IMPOSTO DE RENDA SOBRE A COMPLEMENTAÇÃODE APOSENTADORIA APENAS ATÉ O

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LIMITE DO QUE JÁ FOI PAGO A ESSE TÍTULO SOB A ÉGIDE DA LEI N.º 7.713/88. TESE DA ISENÇÃO PARA OFUTURO. REJEIÇÃO. ACOLHIMENTO DA POSIÇÃO DO STJ: NON BIS IN IDEM. DIREITO DA FAZENDA DEAPRESENTAR CÁLCULOS QUE DEMONSTREM O VALOR CONSIDERADO DEVIDO. PROVIMENTO PARCIAL DOINCIDENTE. A Fazenda sustenta, ainda, que os valores recolhidos pelo contribuinte a entidade de previdência privada nosexercícios de 1989 a 1995 deverão ser corrigidos pelos índices de correção monetária geral até a data da aposentadoria e oseu somatório deverá ser utilizado como um valor dedutível da base de cálculo dos benefícios da aposentadoria, para finsde apurar-se o imposto de renda incidente sobre a complementação de aposentadoria. Contudo, não é esta a forma decálculo reconhecida pelo STJ, que entende pela compensação entre o valor recolhido de imposto de renda entre 1989 a1995 com os valores cobrados a título do imposto atualmente: “Consoante consignado pelo Ministro Castro Meira, nojulgamento do recurso repetitivo esta Corte assentou que, tendo em vista as dificuldades em identificar e distinguir, em cadaparcela do benefício previdenciário recebido, as contribuições recolhidas pelo segurado e o aporte vertido pela entidadepatrocinadora, há de se reconhecer a inexigibilidade do imposto de renda, até o limite do que foi recolhido pelo beneficiário,a título de tal imposto, sob a égide da Lei n.º 7.713/88, devidamente atualizado” (REsp n.º 1282609/RN, Relator MinistroMauro Campbell Marques, DJU 28 nov. 2011). 4. No caso em exame, é de se constatar que o acórdão recorrido está emsintonia com o entendimento deste Colegiado. Incidência, portanto, da questão de ordem n. 13 desta Turma Nacional,segundo a qual “não cabe pedido de uniformização quando a jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização deJurisprudência dos Juizados Especiais Federais se firmou no mesmo sentido do acórdão recorrido.”.5. Julgamento deacordo com o art. 46 da Lei 9.099/95. 6. Pedido de uniformização não conhecido.(PEDILEF 05318667020104058300, Rel. Juiz Federal Gláucio Ferreira Maciel Gonçalves, D.O.U. 16.05.2014, p. 125/165)

TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. IMPOSTODE RENDA SOBRECOMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIACONFIRMADA PELA 2.ª TURMA RECURSAL DE SANTA CATARINA. ALEGAÇÃO DE DISSÍDIO JURISPRUDENCIALCOM A JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA E DA TURMA NACIONAL DEUNIFORMIZAÇÃO. DIVERGÊNCIA DEMONSTRADA. CONHECIMENTO DO INCIDENTE. INEXIGIBILIDADE DOIMPOSTO DE RENDA SOBRE A COMPLEMENTAÇÃODE APOSENTADORIA APENAS ATÉ O LIMITE DO QUE JÁ FOIPAGO A ESSE TÍTULO SOB A ÉGIDE DA LEI N.º 7.713/88. TESE DA ISENÇÃO PARA O FUTURO. REJEIÇÃO.ACOLHIMENTO DA POSIÇÃO DO STJ: NON BIS IN IDEM. DIREITO DA FAZENDA DE APRESENTAR CÁLCULOS QUEDEMONSTREM O VALOR CONSIDERADO DEVIDO. PROVIMENTO PARCIAL DO INCIDENTE.- Comprovada a similitudefático-jurídica e a divergência entre o acórdão recorrido e a jurisprudência dominante do Superior Tribunal de Justiça (REspn.º 964.855 SC, Ministro Mauro Campbell Marques, DJU 1.º dez. 2008), da Turma Nacional de Uniformização (PEDILEF n.º200683005178681, Juiz Federal Leonardo Safi de Melo, DJU 7 mai. 2008), tem cabimento o incidente de uniformização.- AFazenda Nacional, deixando de impugnar o mérito, sustenta duas teses no presente recurso: a) na concretização do direitodo autor, não se deve atribuir um percentual de isenção para o futuro, mas sim corrigir os valores recolhidos pelocontribuinte a entidade de previdência privada nos exercícios de 1989 a 1995 até a data da aposentadoria, devendo o seusomatório ser utilizado como um valor dedutível da base de cálculo dos benefícios da aposentadoria, para fins de apurar-seo valor do imposto de renda; b) por ocasião de eventual liquidação de sentença, a União pode fazer todas as provasnecessárias para evitar enriquecimento sem causa.- A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente delei que especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo o caso, oprazo de sua duração, inexistindo previsão legal para a hipótese em comento, consoante disposição do artigo 176 doCódigo Tributário Nacional. Não há que se falar em isenção para o futuro no caso dos autos, por ausência de lei prévia quea institua. Trata-se, na verdade, não de isenção, mas de ilegitimidade da incidência do imposto, como forma de evitar aconfiguração de bis in idem. Assim já se pacificou a jurisprudência do STJ, no sentido de que “não se pode negar o fato deque as contribuições vertidas pelos beneficiários no período de vigência da Lei 7.713/88 – as quais, em alguma proporção,integram o benefício devido – já foram tributadas pelo IRPF. Assim, sob pena de incorrer-se em bis in idem, merece seratendido o pedido de declaração de inexigibilidade do referido imposto – mas apenas na proporção do que foi pago a essetítulo por força da norma em questão. Em outros termos: o imposto de renda incidente sobre os benefícios recebidos apartir de janeiro de 1996 é indevido e deve ser repetido somente até o limite do que foi recolhido pelo beneficiário sob aégide da Lei 7.713/88” (REsp n.º 200702954219, Ministro Teori Albino Zavascki, DJU 13 out. 2008).- A Fazenda sustenta,ainda, que os valores recolhidos pelo contribuinte a entidade de previdência privada nos exercícios de 1989 a 1995 deverãoser corrigidos pelos índices de correção monetária geral até a data da aposentadoria e o seu somatório deverá ser utilizadocomo um valor dedutível da base de cálculo dos benefícios da aposentadoria, para fins de apurar-se o imposto de rendaincidente sobre a complementação de aposentadoria. Contudo, não é esta a forma de cálculo reconhecida pelo STJ, queentende pela compensação entre o valor recolhido de imposto de renda entre 1989 a 1995 com os valores cobrados a títulodo imposto atualmente: “Consoante consignado pelo Ministro Castro Meira, no julgamento do recurso repetitivo esta Corteassentou que, tendo em vista as dificuldades em identificar e distinguir, em cada parcela do benefício previdenciáriorecebido, as contribuições recolhidas pelo segurado e o aporte vertido pela entidade patrocinadora, há de se reconhecer ainexigibilidade do imposto de renda, até o limite do que foi recolhido pelo beneficiário, a título de tal imposto, sob a égide daLei n.º 7.713/88, devidamente atualizado” (REsp n.º 1282609/RN, Relator Ministro Mauro Campbell Marques, DJU 28 nov.2011).- A jurisprudência do STJ é pacífica no sentido exposto no paradigma:“Deve ser reconhecido o direito do contribuintede optar pelo recebimento do crédito (indébito) por via do precatório (restituição direta), ou proceder à compensaçãotributária (restituição indireta), após a verificação pelo juízo de primeiro grau do quantum devido. Nessa verificação deveráser resguardado o direito da Fazenda Pública de alegar qualquer questão impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação,inclusive apresentando cálculos que melhor reflitam a sistemática da declaração de ajuste para evitar o locupletamentoilícito do credor” (REsp n.º 964.855/SC, Ministro Mauro Campbell Marques, DJU 01 dez. 2008). Assim, não poderia oacórdão recorrido, sob o fundamento de “respeito aos princípios da celeridade e economia processuais”, ter negado àFazenda o direito de fazer prova de qualquer fato que impeça, modifique ou extinga a sua obrigação, por meio daapresentação de cálculos que demonstrem o valor considerado devido ou, inclusive, se já ocorrida a restituição deste de

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qualquer outra forma.- Pedido de Uniformização parcialmente provido, para firmar as teses de que: a) não há direito aisenção para o futuro do imposto de renda sobre a complementação de aposentadoria, mas sim inexigibilidade do tributo,até o limite do que já foi pago a esse título sob a égide da Lei n.º7.713/88, devidamente atualizado, para evitar o bis in idem;b) deve-se assegurar o direito da Fazenda de apresentar cálculos, antes da requisição de pagamento, valendo-se damesma metodologia da declaração de ajuste, a fim de apurar o valor da restituição eventualmente devida.(PEDILEF 200672580035101, Rel. Juiz Federal Janilson Bezerra de Siqueira, D.O.U. 03.08.2012)

V. DISPOSITIVO16. Posto isso, conheço o recurso e dou-lhe parcial provimento somente para julgar procedente o pedido para: i)declarar a inexigibilidade do imposto de renda retido na fonte quando do pagamento do benefício de aposentadoria porentidade de previdência privada, a partir da data de efetiva percepção do benefício, na proporção do que foi pago pelobeneficiário, no período de vigência da Lei 7.713/88, a título de contribuições vertidas para o fundo; e ii) condenar a União arestituir os valores recolhidos indevidamente, observada a prescrição quinquenal. A restituição, por compensação ouexpedição de requisição de pagamento, deverá seguir os critérios de atualização monetária, incidência de juros moratóriose a forma de liquidação definidos na fundamentação.17. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, nos termos do art. 55, caput, da Lei 9.099/1995.18. É como voto.(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

106 - 0002325-17.2009.4.02.5051/02 (2009.50.51.002325-2/02) EDSON MARQUES GUARDIA (ADVOGADO: ES012916 -MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x UNIAO FEDERAL (PROCDOR: ROSELAINE MOREIRA ALVES.).RECURSO Nº 0002325-17.2009.4.02.5051/02 (2009.50.51.002325-2/02)RECORRENTE: EDSON MARQUES GUARDIARECORRIDO: UNIAO FEDERALRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

VOTO/EMENTATRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA SOBRE VALORES RECOLHIDOS A TÍTULO DE CONTRIBUIÇÃO PARA ENTIDADEDE PREVIDÊNCIA PRIVADA.

1. Trata-se de recurso interposto contra sentença que julgou improcedente pedido de restituição de valores recolhidos atítulo de contribuição para entidade de Previdência Privada, na vigência da Lei nº 7.713/88, portanto antes da edição da leinº 9.250/95, com fundamento no art. 269, IV, do Código de Processo Civil. Contrarrazões às fls. 95/103.2. Em exame dos pressupostos de admissibilidade, anoto que a arguição de intempestividade apresentada pela União nãodever acolhida, pois o envio da petição recursal por fax ocorrera em 17.07.2014, tendo sido juntados os originais no dia 22daquele mês, em obediência ao disposto pelo art. 2º, da Lei n. 9.800/99. Portanto, afastada a intempestividade arguida epresentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.I. PRESCRIÇÃO.3. O direito de pleitear a restituição de tributos pagos indevidamente está sujeito ao prazo decadencial de cinco anos. Tallapso temporal, para exações – como o imposto de renda – sujeitas a lançamento por homologação, tem sua contageminiciada quando da “manifestação de concordância expressa da autoridade com o resultado da subsunção efetuada pelodevedor (o que supõe que a autoridade proceda também à valorização fática e ao exame da legislação aplicável, apurandoo montante do tributo)” (Luciano Amaro. Direito Tributário Brasileiro. 8a edição. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 351) ou,quando inerte a administração tributária, do transcurso de cinco anos computados a partir da ocorrência do fato gerador,ensejando, pois, a homologação tácita do lançamento, nos termos dos arts. 156, VII, e 150, §4o, do Código TributárioNacional.4. A Lei Complementar n. 118, de 09 de fevereiro de 2005, em seu artigo 3o, dispõe que o início do prazo de cinco anospara o exercício do direito de pleitear a restituição dos tributos sujeitos a lançamento por homologação inicia-se nomomento do pagamento antecipado de que trata o art. 150, §1o, do Código Tributário Nacional. A natureza interpretativaque se pretendeu conferir ao dispositivo exsurge da regra veiculada pelo art. 4o, do mesmo diploma legal, que faz alusão aoart. 106, I, do Código Tributário Nacional, com o intuito de conferir aplicação retroativa ao art. 3o, da Lei Complementar n.118/05.5. Conquanto a doutrina debatesse a extensão do prazo para a extinção do direito de pleitear a restituição de tributossujeitos a lançamento por homologação, o STJ havia pacificado seu posicionamento favorável ao prazo de dez anos, o queafastaria a sua natureza interpretativa, fazendo com que a regra fosse apenas aplicada aos créditos tributários constituídosapós a publicação da Lei Complementar n. 118/05 (STJ, ERESP 555.038-DF, Primeira Seção, Rel. Min. José Delgado, DJ13.06.2005, p. 163). No entanto, a interpretação favorável à inconstitucionalidade total do art. 4º, da Lei Complementar n.118/05, foi rechaçada pelo Supremo Tribunal Federal em julgamento, no regime de repercussão geral, do RE 566.621-RS(Pleno, Rel. Min. Ellen Gracie, DJE 10.10.2011).6. Embora tenha, em decisões anteriores, afirmado que o início do prazo prescricional deveria ser computado a partir doinício do pagamento da complementação de aposentadoria, momento quando já restaria configurada a dúplice incidênciado imposto de renda, a Turma Nacional de Uniformização adota orientação distinta, no sentido de que – ajuizada ademanda após 09 de junho de 2005 - a prescrição somente deve alcançar a exigibilidade dos pagamentos indevidos feitosno quinquênio anterior à propositura da ação (PEDILEF 2006830005146716, Rel. Juiz Federal Manoel Rolim CampbellPenna, DJ 28.09.2012).7. Logo, ajuizada a ação em 25/11/2009, há que ser declarada a prescrição das parcelas anteriores a 25/11/2004.

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II. DO IMPOSTO DE RENDA SOBRE COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA8. O art. 6o, VII, alínea ‘b’, da Lei n. 7.713/88, isentava as pessoas físicas do recolhimento de Imposto de Renda incidentesobre os valores recebidos de entidades de previdência privada correspondentes às contribuições arcadas pelo participante,desde que os rendimentos e ganhos de capital produzidos pelo patrimônio da entidade tenham sido tributados na fonte.Essa regra tinha sua aplicação complementada pela interpretação sistemática dada ao art. 31, I, da Lei n. 7.713/88, com aredação conferida pela Lei n. 7.751/89, segundo a qual as importâncias pagas ou creditadas às pessoas físicas, sob aforma de resgate, pecúlio ou renda periódica pelas entidades de previdência privada sujeitavam-se à incidência de impostode renda na fonte, relativamente à parcela correspondente às contribuições cujo ônus não tenha sido do beneficiário ouquando os rendimentos e ganhos de capital produzidos pelo patrimônio da entidade de previdência não tenham sidotributados na fonte.9. O art. 32, da Lei n. 9.250, de 26 de dezembro de 1995, suprimiu a alínea ‘b’ do art. 6o,VII, da Lei n. 7.713/88, conferindonova redação ao dispositivo legal, a qual tornava possível a incidência de imposto de renda sobre os resgates de valores deentidades de previdência privada decorrentes de depósitos cujo ônus recaíra sobre o participante. Contudo, o recebimentodos montantes pagos pelos participantes de entidades de previdência privada, que já sofreram a incidência de imposto derenda na fonte sob o pálio da Lei n. 7.713/88, não poderiam, sob o risco de bis in idem, constituir fato jurídico apto aprovocar a incidência do tributo aludido, tal como veio a ser previsto pelo art. 7o, da Medida Provisória n. 2.159-70, de 24 deagosto de 2001. Em apoio à tese ora esposada, contrária à nova incidência do imposto de renda, posiciona-se a iterativajurisprudência da Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (cf. ERESP 565.275-RS, Rel. Min. José Delgado, DJ30.05.2005, p. 204).10. Dos documentos juntados aos autos, verifico que o autor ingressou no plano de previdência complementar em18/04/1972 (fl. 74) e percebe o benefício de aposentadoria com data de início em 02/09/1995 (fl. 18). Destarte, sãoindevidos os descontos a título de imposto de renda sobre o resgate dos valores de contribuição à entidade de previdênciaprivada pagos pela parte autora no período compreendido entre 1º de janeiro de 1989 e a data de sua aposentadoria,anterior a 31 de dezembro de 1995.III. DA ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA E JUROS MORATÓRIOS11. A correção monetária constitui simples atualização do valor da moeda, nada acrescentando ao valor original, devendoser integral, nos exatos termos do enunciado n.º 162, da súmula da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. Quantoaos índices a serem aplicados, tem-se que os valores indevidamente recolhidos deverão ser corrigidos integralmente, poríndices que reflitam a real inflação verificada no período.12. De março a dezembro de 1991, deve incidir o INPC, em substituição à Taxa Referencial (Lei n. 8.177/91), a UFIR dejaneiro de 1992 até 31 de dezembro de 1995 (Lei n. 8.383/91) e a taxa SELIC a partir de janeiro de 1996 (art. 39, § 4°, daLei n° 9.250/95). Confira-se, a propósito: STJ, AgRESP 331.665-SP, Primeira Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJ02.12.2002; RESP 2270.901-SP, Segunda turma, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ 08.05.2000; RESP 267.080-SC, SegundaTurma, Rel. Min. Francisco Peçanha Martins, DJ 26.05.2003.13. A partir de 01.01.96, os valores serão corrigidos tão-somente com a aplicação dos juros equivalentes à taxa SELIC,sem incidência de qualquer outro índice de correção monetária ou outro percentual de juros, nos termos do art. 161, § 1o,do Código Tributário Nacional (STJ, ERESP 517.359-PB, Primeira Seção, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ 07.03.2005,p. 135). No entanto, depois da expedição da requisição de pagamento, a correção monetária seguirá os índices adotadosem Tabela de Correção Monetária de precatórios na Justiça Federal.IV. FORMA DE LIQUIDAÇÃO DO JULGADO14. A complexidade do cálculo da quantia a ser restituída dispensa a prévia indicação desse total na petição inicial ou nasentença, bastando que o título judicial executivo fixe os parâmetros para apuração do montante devido. Nesse sentido, aorever posição por mim externada em julgamentos anteriores, destaco que a Turma Nacional de Uniformização, com arrimona jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, posiciona-se contrariamente à liquidação do julgado que calcule o totalpago pelo contribuinte, a título de imposto de renda, sobre as contribuições vertidas para fundo de previdênciacomplementar entre janeiro de 1989 e dezembro de 1995, como crédito a ser abatido do montante recebido a título decomplementação de aposentadoria por ano-base, conforme as Declarações Anuais de Ajuste do IRPF dos exercíciosimediatamente seguintes à aposentadoria do demandante, recalculando-se, assim, o Imposto de Renda de cada exercício,de modo a fixar o valor a ser restituído.15. Em obediência à orientação adotada pela Turma Nacional de Uniformização, primeiramente deve ser feito cálculo doimposto de renda recolhido sobre as contribuições que o demandante verteu entre janeiro de 1989 e dezembro de 1995, asquais deverão ser restituídas por compensação ou pagamento mediante expedição judicial de requisição apropriada,dispensando-se o respectivo ajuste nos anos seguintes à complementação. A propósito, colaciono as ementas dosseguintes acórdãos:TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. PREVIDÊNCIA PRIVADA. COMPLEMENTAÇÃO DEAPOSENTADORIA. CRITÉRIODE APURAÇÃO DO INDÉBITO. ACÓRDÃO RECORRIDO EM CONSONÂNCIA COM O ENTENDIMENTOCONSOLIDADO NESTA TNU. APLICAÇÃO DA QUESTÃO DE ORDEM N. 13. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NÃOCONHECIDO. 1. A União, ora recorrente, pretende a modificação de acórdão que, dando parcial provimento a seu recursoinominado, julgou procedente o pedido de inexigibilidade de imposto de renda sobre complementação de aposentadoria,relativamente às contribuições vertidas pelo autor ao fundo de previdência privada no período de 1989 a 1995, mandandocompensar o que foi pago indevidamente. Insurge-se apenas quanto ao critério de apuração do indébito tributário,argumentando a União que, para a liquidação do imposto de renda, deve ser adotado o método do cálculo do montantenão-tributável (poupança), segundo o qual os valores recolhidos pelo contribuinte à entidade de previdência privada nosexercícios de 1989 a 1995 deverão ser corrigidos conforme Manual de Cálculos da Justiça Federal, passando a compordedução dos rendimentos tributados anualmente a título de complementação de aposentadoria. Citou como paradigma, orecurso de n. 2009.72.56.000891-9, da 1ª Turma Recursal de Santa Catarina. 2. O incidente de uniformização deinterpretação do direito federal tem cabimento quando fundado em divergência entre decisões de turmas recursais dediferentes Regiões ou quando o acórdão recorrido for proferido em contrariedade a súmula ou jurisprudência dominante

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desta Turma Nacional de Uniformização ou do Superior Tribunal de Justiça. 3. Ora, este Colegiado, na esteira dajurisprudência firmada pelo Superior Tribunal de Justiça, fixou o entendimento de que o indébito tributário é calculado combase no valor do imposto de renda recolhido entre 1-1-1989 e 31-12-1995, cujo montante será deduzido dos valorescobrados a tal título incidentes sobre a complementação da aposentadoria. Sobre esse assunto, além da decisão proferidano Pedilef 2006.83.00.515712-4 (DJ 28-10-2008), da relatoria da Srª. Juíza Joana Carolina Pereira. Registra-se, ainda, oacórdão prolatado no Pedilef 2006.72.58.00.3510-1, relator o Sr. Janilson Bezerra de Siqueira, julgado em 27-6-2012, com aseguinte ementa, na parte que interessa: EMENTA: TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO.IMPOSTODE RENDA SOBRE COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO. SENTENÇADE PROCEDÊNCIA CONFIRMADA PELA 2.ª TURMA RECURSAL DE SANTA CATARINA. ALEGAÇÃO DE DISSÍDIOJURISPRUDENCIAL COM A JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA E DA TURMANACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO. DIVERGÊNCIA DEMONSTRADA. CONHECIMENTO DO INCIDENTE.INEXIGIBILIDADE DO IMPOSTO DE RENDA SOBRE A COMPLEMENTAÇÃODE APOSENTADORIA APENAS ATÉ OLIMITE DO QUE JÁ FOI PAGO A ESSE TÍTULO SOB A ÉGIDE DA LEI N.º 7.713/88. TESE DA ISENÇÃO PARA OFUTURO. REJEIÇÃO. ACOLHIMENTO DA POSIÇÃO DO STJ: NON BIS IN IDEM. DIREITO DA FAZENDA DEAPRESENTAR CÁLCULOS QUE DEMONSTREM O VALOR CONSIDERADO DEVIDO. PROVIMENTO PARCIAL DOINCIDENTE. A Fazenda sustenta, ainda, que os valores recolhidos pelo contribuinte a entidade de previdência privada nosexercícios de 1989 a 1995 deverão ser corrigidos pelos índices de correção monetária geral até a data da aposentadoria e oseu somatório deverá ser utilizado como um valor dedutível da base de cálculo dos benefícios da aposentadoria, para finsde apurar-se o imposto de renda incidente sobre a complementação de aposentadoria. Contudo, não é esta a forma decálculo reconhecida pelo STJ, que entende pela compensação entre o valor recolhido de imposto de renda entre 1989 a1995 com os valores cobrados a título do imposto atualmente: “Consoante consignado pelo Ministro Castro Meira, nojulgamento do recurso repetitivo esta Corte assentou que, tendo em vista as dificuldades em identificar e distinguir, em cadaparcela do benefício previdenciário recebido, as contribuições recolhidas pelo segurado e o aporte vertido pela entidadepatrocinadora, há de se reconhecer a inexigibilidade do imposto de renda, até o limite do que foi recolhido pelo beneficiário,a título de tal imposto, sob a égide da Lei n.º 7.713/88, devidamente atualizado” (REsp n.º 1282609/RN, Relator MinistroMauro Campbell Marques, DJU 28 nov. 2011). 4. No caso em exame, é de se constatar que o acórdão recorrido está emsintonia com o entendimento deste Colegiado. Incidência, portanto, da questão de ordem n. 13 desta Turma Nacional,segundo a qual “não cabe pedido de uniformização quando a jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização deJurisprudência dos Juizados Especiais Federais se firmou no mesmo sentido do acórdão recorrido.”.5. Julgamento deacordo com o art. 46 da Lei 9.099/95. 6. Pedido de uniformização não conhecido.(PEDILEF 05318667020104058300, Rel. Juiz Federal Gláucio Ferreira Maciel Gonçalves, D.O.U. 16.05.2014, p. 125/165)

TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. IMPOSTODE RENDA SOBRECOMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. RESTITUIÇÃO DO INDÉBITO. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIACONFIRMADA PELA 2.ª TURMA RECURSAL DE SANTA CATARINA. ALEGAÇÃO DE DISSÍDIO JURISPRUDENCIALCOM A JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA E DA TURMA NACIONAL DEUNIFORMIZAÇÃO. DIVERGÊNCIA DEMONSTRADA. CONHECIMENTO DO INCIDENTE. INEXIGIBILIDADE DOIMPOSTO DE RENDA SOBRE A COMPLEMENTAÇÃODE APOSENTADORIA APENAS ATÉ O LIMITE DO QUE JÁ FOIPAGO A ESSE TÍTULO SOB A ÉGIDE DA LEI N.º 7.713/88. TESE DA ISENÇÃO PARA O FUTURO. REJEIÇÃO.ACOLHIMENTO DA POSIÇÃO DO STJ: NON BIS IN IDEM. DIREITO DA FAZENDA DE APRESENTAR CÁLCULOS QUEDEMONSTREM O VALOR CONSIDERADO DEVIDO. PROVIMENTO PARCIAL DO INCIDENTE.- Comprovada a similitudefático-jurídica e a divergência entre o acórdão recorrido e a jurisprudência dominante do Superior Tribunal de Justiça (REspn.º 964.855 SC, Ministro Mauro Campbell Marques, DJU 1.º dez. 2008), da Turma Nacional de Uniformização (PEDILEF n.º200683005178681, Juiz Federal Leonardo Safi de Melo, DJU 7 mai. 2008), tem cabimento o incidente de uniformização.- AFazenda Nacional, deixando de impugnar o mérito, sustenta duas teses no presente recurso: a) na concretização do direitodo autor, não se deve atribuir um percentual de isenção para o futuro, mas sim corrigir os valores recolhidos pelocontribuinte a entidade de previdência privada nos exercícios de 1989 a 1995 até a data da aposentadoria, devendo o seusomatório ser utilizado como um valor dedutível da base de cálculo dos benefícios da aposentadoria, para fins de apurar-seo valor do imposto de renda; b) por ocasião de eventual liquidação de sentença, a União pode fazer todas as provasnecessárias para evitar enriquecimento sem causa.- A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente delei que especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo o caso, oprazo de sua duração, inexistindo previsão legal para a hipótese em comento, consoante disposição do artigo 176 doCódigo Tributário Nacional. Não há que se falar em isenção para o futuro no caso dos autos, por ausência de lei prévia quea institua. Trata-se, na verdade, não de isenção, mas de ilegitimidade da incidência do imposto, como forma de evitar aconfiguração de bis in idem. Assim já se pacificou a jurisprudência do STJ, no sentido de que “não se pode negar o fato deque as contribuições vertidas pelos beneficiários no período de vigência da Lei 7.713/88 – as quais, em alguma proporção,integram o benefício devido – já foram tributadas pelo IRPF. Assim, sob pena de incorrer-se em bis in idem, merece seratendido o pedido de declaração de inexigibilidade do referido imposto – mas apenas na proporção do que foi pago a essetítulo por força da norma em questão. Em outros termos: o imposto de renda incidente sobre os benefícios recebidos apartir de janeiro de 1996 é indevido e deve ser repetido somente até o limite do que foi recolhido pelo beneficiário sob aégide da Lei 7.713/88” (REsp n.º 200702954219, Ministro Teori Albino Zavascki, DJU 13 out. 2008).- A Fazenda sustenta,ainda, que os valores recolhidos pelo contribuinte a entidade de previdência privada nos exercícios de 1989 a 1995 deverãoser corrigidos pelos índices de correção monetária geral até a data da aposentadoria e o seu somatório deverá ser utilizadocomo um valor dedutível da base de cálculo dos benefícios da aposentadoria, para fins de apurar-se o imposto de rendaincidente sobre a complementação de aposentadoria. Contudo, não é esta a forma de cálculo reconhecida pelo STJ, queentende pela compensação entre o valor recolhido de imposto de renda entre 1989 a 1995 com os valores cobrados a títulodo imposto atualmente: “Consoante consignado pelo Ministro Castro Meira, no julgamento do recurso repetitivo esta Corteassentou que, tendo em vista as dificuldades em identificar e distinguir, em cada parcela do benefício previdenciário

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recebido, as contribuições recolhidas pelo segurado e o aporte vertido pela entidade patrocinadora, há de se reconhecer ainexigibilidade do imposto de renda, até o limite do que foi recolhido pelo beneficiário, a título de tal imposto, sob a égide daLei n.º 7.713/88, devidamente atualizado” (REsp n.º 1282609/RN, Relator Ministro Mauro Campbell Marques, DJU 28 nov.2011).- A jurisprudência do STJ é pacífica no sentido exposto no paradigma:“Deve ser reconhecido o direito do contribuintede optar pelo recebimento do crédito (indébito) por via do precatório (restituição direta), ou proceder à compensaçãotributária (restituição indireta), após a verificação pelo juízo de primeiro grau do quantum devido. Nessa verificação deveráser resguardado o direito da Fazenda Pública de alegar qualquer questão impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação,inclusive apresentando cálculos que melhor reflitam a sistemática da declaração de ajuste para evitar o locupletamentoilícito do credor” (REsp n.º 964.855/SC, Ministro Mauro Campbell Marques, DJU 01 dez. 2008). Assim, não poderia oacórdão recorrido, sob o fundamento de “respeito aos princípios da celeridade e economia processuais”, ter negado àFazenda o direito de fazer prova de qualquer fato que impeça, modifique ou extinga a sua obrigação, por meio daapresentação de cálculos que demonstrem o valor considerado devido ou, inclusive, se já ocorrida a restituição deste dequalquer outra forma.- Pedido de Uniformização parcialmente provido, para firmar as teses de que: a) não há direito aisenção para o futuro do imposto de renda sobre a complementação de aposentadoria, mas sim inexigibilidade do tributo,até o limite do que já foi pago a esse título sob a égide da Lei n.º7.713/88, devidamente atualizado, para evitar o bis in idem;b) deve-se assegurar o direito da Fazenda de apresentar cálculos, antes da requisição de pagamento, valendo-se damesma metodologia da declaração de ajuste, a fim de apurar o valor da restituição eventualmente devida.(PEDILEF 200672580035101, Rel. Juiz Federal Janilson Bezerra de Siqueira, D.O.U. 03.08.2012)

V. DISPOSITIVO16. Posto isso, conheço o recurso e dou-lhe provimento somente para julgar procedente o pedido para: i) declarar ainexigibilidade do imposto de renda retido na fonte quando do pagamento do benefício de aposentadoria por entidade deprevidência privada, a partir da data de efetiva percepção do benefício, na proporção do que foi pago pelo beneficiário, noperíodo de vigência da Lei 7.713/88, a título de contribuições vertidas para o fundo; e ii) condenar a União a restituir osvalores recolhidos indevidamente, observada a prescrição quinquenal. A restituição, por compensação ou expedição derequisição de pagamento, deverá seguir os critérios de atualização monetária, incidência de juros moratórios e a forma deliquidação definidos na fundamentação.17. Sem condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios, nos termos do art. 55, caput, da Lei 9.099/1995.18. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

107 - 0000208-13.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000208-6/01) UNIAO FEDERAL (PROCDOR: ANA BEATRIZ LINSBARBOSA.) x EDUARDO DOS SANTOS (ADVOGADO: ES011324 - ALINE TERCI BAPTISTI BEZZI, ES008304 -WANESSA MARIA BARROS GURGEL.).RECURSO Nº 0000208-13.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000208-6/01)RECORRENTE: UNIAO FEDERALRECORRIDO: EDUARDO DOS SANTOSRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

ADMINISTRATIVO. RESPONSABILIDADE CIVIL. DUPLICIDADE DE INSCRIÇÕES NO CADASTRO DE PESSOASFÍSICAS (CPF) MANTIDO PELO MINISTÉRIO DA FAZENDA. DANOS MORAIS. DATA DE INÍCIO DA ATUALIZAÇÃOMONETÁRIA E DO CÔMPUTO DOS JUROS MORAIS.1. A responsabilidade civil do Estado, nos termos do art. 37, §6o, da Constituição da República de 1988, é informada pelateoria do risco administrativo, ensejando-se, por conseguinte, o dever de reparação ao lesado se configurados os seguintespressupostos: a existência de ato lesivo praticado por agente público em decorrência de suas atribuições; dano material oumoral suportado; nexo de causalidade entre o eventus damni e o comportamento positivo do agente público e a ausência decausa excludente da responsabilidade estatal (cf. RTJ 55/503, RTJ 71/99, RTJ 91/377, RTJ 99/1155, RTJ 131/417).2. Embora a inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas, mantido pelo Ministério da Fazenda, tenha como fim precípuo oamparo à atividade de fiscalização do Fisco Federal, as informações nele contidas são consideradas importantes para ocomércio, uma vez que subsidiam a análise do crédito do comprador.3. A atualização monetária da indenização por danos morais deve ocorrer a partir da data da prolação da sentença, quandoa quantia foi arbitrada (enunciado n. 362, da súmula da jurisprudência do STJ), observando a incidência do IPCA-E.Cômputo de juros moratórios à razão mensal de 0,5%, a partir da data conhecida do primeiro ato ilícito provado nashipóteses de responsabilidade civil extracontratual da Administração Pública (enunciado n. 54, da súmula da jurisprudênciado STJ).4. Recurso conhecido e desprovido. Sem condenação em custas processuais (art. 4º, I, da Lei 9.289/1996). Honoráriosadvocatícios devidos pela recorrente, correspondentes a 10% sobre o valor da condenação (art. 55 da Lei nº 9.099/95).

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RELATÓRIO

UNIÃO interpõe recurso inominado, às fls. 123/129, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do Juizado Especial Federal deLinhares (fls. 118/121) que julgou procedente pedido formulado para condenar-lhe ao pagamento de R$ 5.000,00 (cinco milreais) a título de indenização por danos morais, e a proceder à retirada do nome da parte autora de cadastros restritivos àconcessão de crédito (SPC, SERASA, CADIN) no prazo de dez dias. A recorrente sustenta que não houve prova de que onúmero de inscrição, junto ao cadastro de pessoas físicas mantido pelo Ministério da Fazenda, 289.454.068-08 tenha sidoatribuído ao autor, o que infirma a existência do ato ilícito que teria dado causa ao dano sofrido pelo recorrido. Afirma,igualmente, que eventual mal-estar não seria fundamento para condenação ao pagamento de indenização e, se assim for, aquantia fixada pelo Juízo a quo deveria ser reduzida. Sustenta, ao final, que a indenização deve ser atualizadamonetariamente desde a data do arbitramento (enunciado n. 362, da súmula da jurisprudência do STJ), devendo serobservado o disposto pelo art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, no que atine ao índice decorreção e ao percentual de juros moratórios.

02. Contrarrazões, às fls. 133/137, nas quais se alega que a emissão em duplicidade de um mesmo número de CPFfoi provada nos autos, o que acarretou vários transtornos perante a Administração Pública e instituições bancárias privadas;motivo por que deve ser mantida a quantia fixada para indenizar o dano moral sofrido.

03. É o Relatório.

VOTO

04. A responsabilidade civil do Estado, nos termos do art. 37, §6o, da Constituição da República de 1988, éinformada pela teoria do risco administrativo, ensejando-se, por conseguinte, o dever de reparação ao lesado seconfigurados os seguintes pressupostos: a existência de ato lesivo praticado por agente público em decorrência de suasatribuições; dano material ou moral suportado; nexo de causalidade entre o eventus damni e o comportamento positivo doagente público e a ausência de causa excludente da responsabilidade estatal (cf. RTJ 55/503, RTJ 71/99, RTJ 91/377, RTJ99/1155, RTJ 131/417).

05. Compulsando-se os autos, verifico que a petição inicial contém erro material ao indicar o nome da mãe do autorcomo “Maria do Carmo Oliveira Santos” (fl. 03), sendo correto o nome “Maria do Carmo Santos” (fl. 102). Entretanto, oequívoco constatado não impede que se verifique que a Secretaria da Receita Federal conferiu ao demandante o númerode inscrição 289.454.068-08 no cadastro de pessoas físicas mantido pelo Ministério da Fazenda, o que se extrai da leiturados documentos juntados às fls. 18 e 57, os quais demonstram que Eduardo dos Santos, filho de Maria do Carmo dosSantos, com endereço em Linhares, teve, como número de inscrição, o mesmo que foi atribuído ao seu homônimo, filho deMaria do Carmo Oliveira Santos, residente em Osasco.

06. O ato administrativo que causou a identidade numérica de CPF para pessoas distintas restou provado. Ademais,ainda que a inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas, mantido pelo Ministério da Fazenda, tenha como fim precípuo oamparo à atividade de fiscalização do Fisco Federal, é cediço que as informações nele contidas são consideradasimportantes para o comércio, uma vez que subsidiam a análise do crédito do comprador. Nesse sentido, o recorrido juntou,às fls. 88/91, cópia das sentenças proferidas pelo MM. Juiz de Direito do 1º Juizado Especial Cível da Comarca de Linharesnas quais ficaram assentes os danos advindos da duplicidade de inscrição junto ao Banco Citicard S/A e à CredialEmpreendimentos e Serviços Ltda, bem como extrato de consulta ao banco de dados do DETRAN, que documenta aimpossibilidade de obter carteira nacional de habilitação usando-se o seu anterior número de CPF (fl. 25). Portanto, o abalopsicológico excepcional foi demonstrado pelo transtorno provocado na rotina cotidiana da parte autora, que teve suaimagem atingida indevidamente pelo equívoco cometido pela Administração Pública federal.

07. Acresça-se que a indenização por danos morais, fixada dentro dos postulados da proporcionalidade e da razoabilidade,não deve constituir fonte de enriquecimento para a parte autora. No presente recurso, o valor de R$ 5.000,00 (cinco milreais) corresponde ao parâmetro adotado pela Segunda Turma da Seção Judiciária do Espírito Santo em situaçõesanálogas, razão por que a sentença recorrida não merece reparos nesse ponto.

08. Embora o Juízo a quo não tenha fixado a data de início para atualização monetária da indenização fixada,assinalo que esta deve ocorrer a partir da data da prolação da sentença (03.09.2012), quando a quantia foi arbitrada(enunciado n. 362, da súmula da jurisprudência do STJ). Outrossim, a omissão quanto à data de início de incidência dejuros moratórios não impede que o início do cômputo deles se dê a partir da data conhecida do primeiro ato ilícito provadonas hipóteses de responsabilidade civil extracontratual da Administração Pública (enunciado n. 54, da súmula dajurisprudência do STJ), o que – consoante o documento de fl. 25 – seria 21.01.2010 (data em que foi feita consulta aoSistema Integrado de Trânsito/DETRAN-ES).

09. Adicionalmente, a recorrente afirma que o art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n.11.960/2009, disciplina a atualização monetária e a incidência de juros moratórios a todas as condenações pecuniáriasimpostas à Fazenda Pública. Acrescento que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF(Rel. p/acórdão Min. Luiz Fux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013) teria declarado a inconstitucionalidade parcial, sem redução

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do texto, da expressão “independentemente da sua natureza”, contida no art. 100, § 12º, da Constituição da República de1988, incluído pela Emenda Constitucional n. 62/09, para determinar que, quanto aos precatórios de natureza tributária,fossem aplicados os mesmos juros de mora incidentes sobre todo e qualquer crédito tributário, o que, por conseguinte,acarretaria a inconstitucionalidade do art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, por infringir oprincípio da isonomia ao incorrer no mesmo vício. No julgamento das ADI 4.357/DF e 4.425/DF (Rel. p/acórdão Min. LuizFux, j. 14.03.2013, DJE 18.12.2013), o referido dispositivo legal também foi declarado inconstitucional, no que atine àextensão do índice utilizado para correção dos depósitos feitos em cadernetas de poupança à atualização monetária dosdébitos a serem pagos por precatórios, por violação ao direito de propriedade (art. 5º, XXIII, da Constituição da Repúblicade 1988), uma vez que tal indexador seria incapaz de preservar o valor real do crédito a ser pago sob esse regime.

10. Para análise da questão, destaco que o Supremo Tribunal Federal, em reiterados julgados, afirmou que o efeitoda decisão, que declara a inconstitucionalidade ou a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal, inicia-se com apublicação da ata da sessão de julgamento (cf. Rcl 2.576/SC, Pleno, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ 20.08.2004; AgRg na Rcl3.473/DF, Pleno, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 09.12.2005; AgRg no RE 693.321/MG, Segunda Turma, Rel. Min. JoaquimBarbosa, DJE 20.09.2012). A invalidade da lei ou do ato normativo, por ser vício originário, pode ser excepcionalmenteprotraída por decisão de dois terços dos Ministros da Corte (art. 27, da Lei n. 9.868/99), o que ainda resta pendente dejulgamento na presente hipótese. A despeito disso, para dirimir incerteza quanto ao regime de pagamento de precatórios, oSupremo Tribunal Federal determinou cautelarmente que houvesse a manutenção do regramento anterior. Embora oposicionamento acatado pelo Pleno da Corte não tenha especificado os índices a serem aplicados para atualizaçãomonetária dos créditos, reputo prevalecer a legislação específica para a matéria que, na presente hipótese, define o IPCA-Ecomo índice de atualização débitos pagos em Juízo (art. 27, da Lei n. 12.919/03), conforme orientação perfilhada peloSuperior Tribunal de Justiça no julgamento do RESP 1.270.439/PR (Primeira Seção, Rel. Min. Castro Meira, DJE02.08.2013), sob o regime do art. 543-C, do Código de Processo Civil. Em relação aos juros moratórios, permanece válido odisposto pelo art. 1º-F, da Lei n. 9.494/97, com a redação dada pela Lei n. 11.960/09, devendo incidir à razão de 0,5% pormês, tal como disposto para a remuneração básica das cadernetas de poupança.

11. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. A atualização monetária deverá observar a incidênciado IPCA-E, desde o arbitramento da indenização na sentença. Juros moratórios à razão mensal de 0,5% a contar da datado primeiro ato ilícito conhecido e provado. Sem condenação em custas processuais (art. 4º, I, da Lei 9.289/1996).Honorários advocatícios devidos pela recorrente, correspondentes a 10% sobre o valor da condenação (art. 55 da Lei nº9.099/95).

12. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

108 - 0000206-83.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000206-6/01) CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA,ARQUITETURA E AGRONOMIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO - CREA/ES (ADVOGADO: ES005525 - MARLUCIAOLIVEIRA SANTOS, ES000232B - ESMERALDO A L RAMACCIOTTI.) x PAULO ROBERTO LOUGON (ADVOGADO:ES006997 - VALMIR DE ARAUJO.).RECURSO Nº 0000206-83.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000206-6/01)RECORRENTE: CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA, ARQUITETURA E AGRONOMIA DO ESTADO DOESPÍRITO SANTO - CREA/ESRECORRIDO: PAULO ROBERTO LOUGONRELATOR: FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRA

EMENTA

TRIBUTÁRIO. ANUIDADE. CONSELHO DE FISCALIZAÇÃO PROFISSIONAL.1. A anuidade cobrada pelo conselho profissional tem como fato gerador o poder de polícia sobre as atividadesprofissionais, o que lhe confere a natureza de taxa (STJ, RESP 552.894-SE, Primeira Turma, Rel. Min. Francisco Falcão,DJ 22.03.2004, p. 240) ou de contribuição de interesse de categoria profissional (STJ, RESP 900.274-PB, Segunda Turma,Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJe 28.11.2008), não lhe escapando a classificação como tributo, nos termos do art.3º, do Código Tributário Nacional. Portanto, a definição de sua hipótese de incidência e da sua base de cálculo deve estaradstrita ao princípio da legalidade (art. 150, I, da Constituição da República de 1988).2. O art. 70 da Lei n. 5.194/66, dispunha que caberia ao Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia a ediçãode resoluções que definissem o “Regimento de Custas”, incluindo-se nele as anuidades, os emolumentos e as taxas.Entretanto, a ausência de previsão legal para o escalonamento da base de cálculo do tributo torna o dispositivoinconstitucional, eis que incerta a obrigação tributária, impondo-se a aplicação da Lei n. 6.994/82. A definição imprecisa dabase de cálculo do tributo e a infração ao princípio da legalidade são vícios que se repetiram no art. 2o, caput, e §1o, da Lein. 11.000/2004.3. Aplicação do art. 1º, §1º, da Lei n. 6.994/82, que dispõe que os múltiplos do “maior valor de referência (MRV)” serão basepara liquidação da contribuição, cabendo aos conselhos a atualização de tais montantes (art. 25).4. Recurso conhecido e desprovido. Condenação do recorrente ao pagamento de custas e honorários advocatícios.

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RELATÓRIO

CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA E AGRONOMIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO-CREA/ES interpõerecurso inominado, às fls. 47/56, contra sentença proferida pelo MM. Juiz do Juizado Especial Federal de Cachoeiro deItapemirim (fls. 46/44), que julgou parcialmente procedente pedido para condenar o recorrente a restituir os valores dasanuidades cobradas a maior em 27.10.2005 e 02.04.2007, atualizadas monetariamente e acrescidas de juros moratóriosnos termos da fundamentação declinada. Alega que o Juizado Especial Federal é absolutamente incompetente paraprocessar e julgar a causa, “considerando-se que o artigo 109 da Constituição Federal impede que a referida demandasobre reparação de dano moral seja processada e julgada perante este MM. Juízo” (fl. 50). Igualmente, sustenta que o art.21, II, da Lei n. 8.178/9, e o art. 2º, da Lei n. 11.000/04, conferem base legal para que os conselhos profissionais fixem ecobrem o valor das anuidades pagas pelos seus associados, o que afastaria a alegada inconstitucionalidade das resoluçõeseditadas para esse fim.

02. Contrarrazões às fls. 65/68, nas quais se afirma que a competência do Juizado Especial Federal para ojulgamento da causa é dada pelo art. 3º, da Lei n. 10.259/01, bem como que o conselho profissional não poderia editarresolução para definir o valor da anuidade cobrada, ante as regras veiculadas pelos arts. 149, c/c 150, da Constituição daRepública de 1988, e pelo art. 97, do Código Tributário Nacional.

03. É o Relatório.

VOTO

04. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço o recurso e passo à análise do seu mérito.

05. A alegação de incompetência absoluta dos Juizados Especiais Federais para processar e julgar a causa deve serrejeitada, uma vez que o valor da causa e o conteúdo do pedido formulado se amoldam ao disposto pelo art. 3º, da Lei n.10.259/01. Observo que os Juizados Especiais Federais, por evidência, integram a Justiça Federal, o que torna poucocoerentes as razões recursais oferecidas pelo conselho profissional no que atine à possível infração da regra veiculada peloart. 109, I, da Constituição da República de 1988.

06. Para análise da forma de cálculo da anuidade, assinalo que os conselhos de fiscalização profissional sãopessoas jurídicas de direito público, constituídas sob a forma de autarquias de regime especial, por exercerem atividadetipicamente estatal, a teor do art. 5º, XXIV, e art. 22, XVI, da Constituição da República de 1988, sendo-lhes deferida, ainda,autonomia administrativa e financeira. Esse foi o entendimento esposado pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento daADIN nº 1.717, em 07/11/2002 (Rel. Min. Sydney Sanches, DJU de 28/03/2003), na qual foram declarados inconstitucionaisos art. 58, caput e seus parágrafos § 1º, 2º, 4º, 5º, 6º, 7º e 8º da Lei nº 9.649/98.

07. Assente a natureza autárquica da recorrente, sublinho que a anuidade cobrada pelo conselho profissional temcomo fato gerador o poder de polícia sobre as atividades profissionais, o que lhe conferiria a natureza de taxa (STJ, RESP552.894-SE, Primeira Turma, Rel. Min. Francisco Falcão, DJ 22.03.2004, p. 240) ou a de contribuição de interesse decategoria profissional (STJ, RESP 900.274-PB, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJe 28.11.2008), nãolhe escapando a classificação como tributo, nos termos do art. 3º, do Código Tributário Nacional. Portanto, a definição desua hipótese de incidência e a sua base de cálculo devem estar adstritas ao princípio da legalidade (art. 150, I, daConstituição da República de 1988).

08. O art. 70 da Lei n. 5.194/66, dispunha que caberia ao Conselho Federal de Engenharia a edição de resoluçõesque definissem o “Regimento de Custas”, incluindo-se nele as anuidades, os emolumentos e as taxas. Entretanto, aausência de previsão legal para o escalonamento da base de cálculo do tributo torna o dispositivo inconstitucional, eis queincerta a obrigação tributária, impondo-se a aplicação da Lei n. 6.994/82. Acrescento que a definição imprecisa da base decálculo do tributo e a infração ao princípio da legalidade são vícios que se repetiram no art. 2o, caput, e §1o, da Lei n.11.000/2004, os quais foram declarados inconstitucionais pelo Pleno do Tribunal Federal da 4a Região em julgamento daArguição de Inconstitucionalidade na AMS 2006.72.00.001284-9/SC (j. 22.03.2007).

09. Nesse sentido, o art. 1º, §1º, da Lei n. 6.994/82, ao fixar múltiplos do “maior valor de referência (MRV)” comobase para liquidação da contribuição demonstra a adequação da norma impositiva ao princípio da legalidade, cabendosomente aos conselhos a atualização de tais montantes (art. 25). Colaciono, a propósito, a ementa do acórdão prolatadopelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento do RESP 963.115-RS (Segunda Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJ04.10.2007, p. 226):TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. EXERCÍCIO PROFISSIONAL CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA. ANUIDADES.CONTRIBUIÇÃO. FATO GERADOR. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. ARTIGO 97 DO CTN.1. As contribuições para os Conselhos Profissionais, à exceção da OAB, possuem natureza tributária.2. O fato gerador da contribuição decorre de lei, na forma do artigo 97 do CTN. (Princípio da Legalidade).3. O fato gerador da anuidade dos farmacêuticos está definido no artigo 22 da Lei nº 3.820/60, de seguinte teor: "Oprofissional de Farmácia para o exercício de sua profissão, é obrigado ao registro no Conselho Regional de Farmácia a cujajurisdição estiver sujeito, ficando obrigado ao pagamento de uma anuidade ao respectivo Conselho Regional até 31 demarço de cada ano, acrescida de 20% (vinte por cento) de mora, quando fora desse prazo".4. A dívida inscrita na certidão de dívida ativa goza de presunção de liquidez e certeza, cujo afastamento somente poderáocorrer por prova inequívoca a cargo do embargante, executado, o que ocorreu na hipótese.

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5. Recurso especial não provido.

10. No entanto, extinto o “maior valor de referência (MRV)” pelo art. 3º, III, da Lei n. 8.177/91, o seu montante empecúnia passou a ser corrigidos pelos índices oficiais para atualização monetária de tributos. A propósito, adoto, comorazões de decisão, a fundamentação expendida pelo Tribunal Federal da 4ª Região em julgamento da REOMS200872000017480-SC (Segunda Turma, Rel. Juíza Federal Vânia Hack de Almeida, DE 09.07.2008):A cobrança de anuidades pelo Conselho Profissional é regulada pela Lei nº 6.994/82, que autoriza os Conselhos Federais afixar as multas e anuidades devidas aos Conselho s Regionais, observados os limites que aponta.

A Lei nº 6.994/82 limitou o valor das anuidades, para as pessoas físicas, em 2 (duas) vezes o Maior Valor de Referência.Ocorre que a Lei nº 8.177/91 extinguiu o MVR em fevereiro/91, transformando os valores em cruzeiros, sendo, a partir daLei nº 8.383, de 30-12-91, fixados em UFIR.

A evolução da disciplina legal relativa ao valor da contribuição é a seguinte: o MVR , ao ser extinto, teve seu valor convertidoem moeda corrente para Cr$ 2.266,17 (Leis 8.177 e 8.178, ambas de 01-03-91, art. 3º, III e art. 21, respectivamente).Portanto, o valor da contribuição passou a estar fixado em moeda corrente, correspondendo a duas vezes o montante antesreferido.

Extinto o MVR e fixado o valor da contribuição em moeda, a legislação não previu qualquer forma de indexação ou decorreção monetária do valor da contribuição até o advento da Lei 8.383, de 30-12-91, que instituiu a UFIR, novo indexadorem matéria tributária.

Com a adoção da UFIR a partir de 01-01-92, o valor da contribuição, então expresso em moeda corrente, foi convertidonaquela unidade, na forma do art. 3º, II, da Lei 8.383/91:

Art. 3º. Os valores expressos em cruzeiros na legislação tributária ficam convertidos em quantidade de UFIR, utilizando-secomo divisores:I - o valor de Cr$ 215,6656, se relativos a multas e penalidades de qualquer natureza;II o valor de Cr$ 126,8621, nos demais casos.

Vale dizer: se a UFIR correspondia, em 02/91, a Cr$ 126,8621, e o MVR correspondia a Cr$ 2.266,17, cada MVRcorresponderia a 17,86 UFIR.

Desta forma pode ser feito o seguinte cálculo, com base nos limites estabelecidos na Lei 6.994/82:

Pessoa FísicaAté 500 MVR s = (8.930 UFIRs)................. 2 MVR s = 35,72 UFIRsPessoa JurídicaDe 500 a 2.500 = (44.659 UFIRs) ...............3 MVR s = 53,58 UFIRsDe 2.500 a 5.000 = (89.300 UFIRs) ............4 MVR s = 71,44 UFIRsDe 5.000 a 25.000 = (446,500 UFIRs) ........5 MVR s = 89,30 UFIRsDe 25.000 a 50.000 = (793.000 UFIRs). ....6 MVR s = 107,16 UFIRsDe 50.000 a 100.000 = (1.786.000 UFIRs).8 MVR s = 142,88 UFIRsAcima de 100.000 ................... ...... .........10 MVR s = 178,60 UFIRs

Assim, o Conselho deveria observar os valores discriminados acima.

Neste caso, consta nos autos que o Conselho impetrado fixou, para 2008, anuidade de R$ 280,44 (pessoa física).

Com efeito, no cálculo dos valores deve ser utilizado o fator R$1,0641, último fixado antes de a UFIR ter sido extinta(27/10/2000), em decorrência do art. 3º do art. 29 da Medida Provisória 2095-76, nos termos do art. 6º, parágrafo único daLei nº 10.192/01, alcançando-se os seguintes resultados:

Valor Máximo em UFIR................ Máximo em R$(UFIR = 1,0641)35,72 UFIRs............................................... 38,00965253,58 UFIRs............................................... 57,01447871,44 UFIRs............................................... 76,01930489,30 UFIRs............................................... 95,02413107,16UFIRs.............................................. 114,028956142,88UFIRs.............................................. 152,038608178,60UFIRs.............................................. 190,04826

Assim, o valor da anuidade deve variar entre R$38,00 e R$190,04, observadas as situações específicas.

11. Extinta a UFIR e efetuada a conversão para a moeda corrente, as atualizações das anuidades deverão ser feitaspelo IPCA-E, índice utilizado para atualização monetária das obrigações assumidas pela União (cf. TRF da 4a Região, AC2005.72.00.003358-7/SC, Primeira Turma, Rel. Des. Fed. Joel Ilan Paciornik, D.E. 20.01.2010; APELREX2009.72.00.00006271-4/SC, Quarta Turma, Rel. Des. Fed. Marga Inge Bath Tessler, D.E. 18.01.2010).

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12. A sentença recorrida adotou igual orientação, motivo por que o entendimento sufragado pelo Juízo a quo nãodeve ser alterado.

13. Ante o exposto, conheço o recurso e nego-lhe provimento. Condeno o recorrente ao pagamento de custas ehonorários advocatícios, os quais fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, de acordo com o art. 55, da Lein. 9.099/95.

14. É como voto.

(ASSINADO ELETRONICAMENTE)FÁBIO CESAR DOS SANTOS OLIVEIRAJuiz Federal Relator

Anular a sentença e julgar prejudicado o recursoTotal 1 : Dar parcial provimentoTotal 7 : Dar provimentoTotal 19 : Negar provimentoTotal 81 :