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1 Instituto do Vinho, do Bordado e do Artesanato da Madeira, I. P.
INDÍCE
A ilha da Madeira
Vinho Madeira, uma história secular
Vinho de Roda ou Torna Viagem
Cultura da Vinha
Processo de Vinificação
Tipo de Castas
Tipos de Vinho Madeira
O Vinho Madeira à sua mesa
O Instituto do Vinho, do Bordado e do Artesanato da Madeira
Direcção de Serviços de Controlo e Regulamentação Vitivinícola
Direcção de Serviços de Vitivinicultura
Direcção de Serviços de Apoio à Qualidade
Serviços de Promoção
Confraria do Vinho da Madeira
Comercialização
2 Instituto do Vinho, do Bordado e do Artesanato da Madeira, I. P.
Madeira, a Ilha
Madeira, dádiva da natureza. É paisagem, montanhas e vales, onde o mar e a serra se encontram em
perfeita simbiose. Escrever a Madeira é revelar as suas raízes, a sua cultura e tradições. É sorver
texturas únicas, saberes e sabores. Ilha das flores, dos Verões quentes e dos Invernos amenos.
A Ilha, parte integrante de Portugal, expande-se no Oceano Atlântico e forma um arquipélago com a Ilha
do Porto Santo e com as Ilhas Desertas e Selvagens.
A paisagem vitícola profundamente enraizada na Ilha é palco de miríades de cores que se transformam
ao longo do ano, desde as diferentes tonalidades de verdes aos castanhos-avermelhados. A construção
dos socalcos, sustentados por paredes de pedras, faz lembrar escadarias que vão em algumas partes
da Ilha do mar à serra, parecendo pequenos jardins imbuídos na paisagem.
Reconhecida em todo o Mundo como um destino turístico por excelência, a notoriedade da Ilha da Ma-
deira deve-se, também, ao vinho que tem o seu nome e que nos mais variados pontos do globo ganhou
fama e prestígio. Um Vinho com nome de uma Ilha e uma Ilha com nome de um Vinho.
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Vinho Madeira, uma história secular
A Ilha da Madeira foi descoberta nos tempos áureos dos descobrimentos portugueses, por João Gon-
çalves Zarco, Tristão Vaz Teixeira e Bartolomeu Perestrello, em 1419. Os três capitães donatários rece-
beram o domínio das capitanias sob direcção do Monarca D. Henriques, e logo desbravaram as terras e
ocuparam o solo desta Ilha com cultura de trigo, vinha e cana-de-açúcar.
Os primeiros colonizadores eram membros da nobreza portuguesa e trouxeram para a Ilha
trabalhadores e artesãos vindos do Norte de Portugal. Os privilégios especiais concedidos a quem
colonizasse a Ilha, nestes primeiros anos de exploração, aliciaram igualmente grandes empresários da
Europa, que desde cedo se aperceberam das potencialidades da Madeira na exploração de ligações
com importantes mercados de exportação.
A densidade da vegetação da Ilha obrigou a que grandes áreas de terras fossem queimadas, o que con-
tribuiu ainda mais para a sua fertilidade. Logo nos primeiros anos de colonização, até 1461, foi
construído o primeiro sistema de levadas que, ao longo dos séculos, foi sendo paulatinamente
acrescentado.
A agricultura prosperou com grande incidência na cultura da cana-de-açúcar, mas também da vinha e
do trigo. Em 1466, o açúcar tinha-se tornado a principal cultura e, para além das exportações que até
então se dirigiam a Portugal Continental, Golfo do Quénia e mercados Africanos, deu-se a sua expansão
aos mercados do Mediterrâneo e do Norte da Europa.
Embora não se saiba com precisão quais e quando foram plantadas as primeiras vinhas, julga-se que os
primeiros colonizadores trouxeram consigo variedades que já existiam no Minho no Norte de Portugal.
Registos históricos do navegador veneziano Alvise da Mosto, conhecido por Luís de Cadamosto, que
datam de 1450, evidenciam a introdução da casta Malvasia Cândida nos primeiros anos de colonização.
O navegador refere que «…de entre as várias castas, o Infante D. Henrique mandou plantar terrenos
com Malvasia que foi enviada de Candia (capital da Creta) e que estão a se desenvolver muito bem…»,
e ainda tece elogios, no seu diário de viagens, à exportação de vinho e à sua boa qualidade.
Estes registos são notáveis, pois comprovam que, admiravelmente, 25 anos após o início da
colonização da Ilha, as exportações de Vinho Madeira eram já uma realidade!
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Ao longo do século XV, a área de cultura da vinha foi aumentando, tendo como consequência o
incremento das exportações, mas será sem dúvida a descoberta da América por Cristóvão Colombo, o
acontecimento que marcará determinantemente a história do Vinho da Madeira.
Desta época contam-se episódios envolvendo personagens históricas onde a notoriedade do Vinho
Madeira, no estrangeiro é já uma evidência. Consta que em 1478 George, Duque de Clarence, irmão de
Eduardo IV, rei de Inglaterra, ao ser condenado à pena capital pela Câmara Alta, escolheu morrer
afogado num tonel de Vinho Malvasia.
Séc. XVI
O século XVI inicia-se na Ilha com o decréscimo do cultivo da cana-de-açúcar, o que se deve a um
conjunto de factores entre os quais uma produção excedente e a exaustão dos solos. No final do século,
a crise instala-se, com a concorrência do açúcar do Brasil que oferece preços muito mais baratos. As
terras de cultivo do açúcar são agora convertidas em vinhedos. À Madeira continuam a chegar
colonizadores estrangeiros, entre os quais Simão Acciaioly, que terá introduzido na Ilha a casta Malvasia
Babosa.
Ao longo deste século vários são os testemunhos de visitantes como os do veneziano Giulio Landi e do
italiano Pompeo Arditique com referências à Malvazia. Giulio refere que «Toda a Ilha produz uma
grande quantidade de vinhos que são considerados excelentes e muito similares à Malvasia de Candia».
Séc. XVII
Ao longo do século XVII a produção e exportação de Vinho Madeira conheceu um grande incremento,
chegando a supor-se que no decorrer daquele período as exportações triplicaram. Sendo a maior parte
dos exportadores, estrangeiros, a influência britânica no sector só se fará sentir de forma predominante
com o desenvolvimento dos mercados coloniais da América e através de concessões comerciais feitas
aos comerciantes britânicos.
Estas concessões permitiram aos comerciantes ingleses, residentes na Ilha, uma posição privilegiada no
comércio com as Índias e Américas, tendo estes mercados suplantado em importância o Brasil, que até
então havia sido o maior mercado de exportação do Vinho Madeira. Foi assim que se deu a abertura do
comércio triangular entre a Madeira, o Novo Mundo e a Europa (com destaque para a Grã-Bretanha),
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triângulo este que também incluía o transporte de bens das colónias Portuguesas e Britânicas de volta
para a Europa.
Séc. XVIII
Logo no início deste século é celebrado o Tratado de Methuen (1703) entre Inglaterra e Portugal,
através do qual os vinhos portugueses passaram a pagar menos um terço de direitos aduaneiros ao
entrar em Inglaterra, comparativamente com vinhos oriundos de outros países, e segundo o qual os
têxteis ingleses passaram a entrar em Portugal sem que houvesse cobrança de quaisquer taxas
aduaneiras. Apesar desta medida, que em muito beneficiou, como pretendido, o Vinho do Porto, as
exportações do Vinho Madeira continuaram a dirigir-se essencialmente para as Índias e América do
Norte. As exportações para a Europa eram secundárias.
A associação do Vinho da Madeira à América do Norte é bastante estreita e testemunho desta
proximidade é o facto da celebração da Declaração de Independência dos Estados Unidos da América, a
4 de Julho de 1776, pelo seu primeiro Presidente, George Washington, ter sido brindada com um cálice
de Vinho da Madeira.
Presente nas mesas mais requintadas das cortes europeias, era o vinho preferido de reis, imperadores e
estadistas. Thomas Jefferson, de resto como todos os «Founding Fathers» era apreciador dos vinhos
mais requintados da época, mas tinha como vinho de eleição o Vinho Madeira.
A procura pelo Vinho Madeira era nesta época de tal forma exuberante, que acaba por ter, também,
consequências negativas: por um lado vinhos de boa qualidade passam a ser misturados com vinhos de
menor qualidade, regra geral produzidos na costa Norte da Ilha e, por outro lado, passam a entrar no
mercado, falsos Vinhos Madeira produzidos noutras paragens. Durante todo o século são feitos esforços
que passam pela criação e implementação de regulamentação rigorosa, tendo por objectivo manter a
qualidade dos Vinhos.
Para além de se tratar de uma época de grande notoriedade e fama do Vinho Madeira, este período que
decorre ao longo do século XVIII, é particularmente interessante e profícuo no que se refere ao desen-
volvimento do carácter do Vinho. A introdução de duas novas técnicas contribui para esse desenvol-
vimento, sendo elas, a fortificação e a estufagem. Em meados do século XVIII, a maior parte das
empresas produtoras já fortificavam os seus vinhos, através da adição de bebidas espirituosas. Um dos
cronistas anónimos de Thomas Cook aquando da sua primeira viagem à volta do Mundo refere que «é
geralmente afirmado que nenhuma bebida destilada é adicionada a estes vinhos, mas asseguraram-me,
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com toda a certeza, do contrário e eu tenho visto as bebidas espirituosas serem utilizadas com esse
propósito».
Curiosamente, a distribuição das exportações por mercado, no final deste século, conhece uma viragem,
que decorre provavelmente da guerra de Independência dos Estados Unidos da América, que trouxe de
volta à Grã-Bretanha muitos cidadãos ingleses, passando o mercado inglês a ganhar progressivamente
uma maior dimensão nas importações de Vinho Madeira.
Séc. XIX
O início do século XIX estreia-se com um «boom» nas exportações que são inflacionadas pelas guerras
napoleónicas. Mas afinal, este não viria a ser um século favorável ao Vinho Madeira. A depressão pós
guerra logo na primeira década do século revela-se prejudicial para o Vinho Madeira que conhece um
substancial decréscimo nas suas exportações. Para isto contribuíram a reabertura dos portos de França
e Espanha que até então se mantiveram encerrados, permitindo a entrada sem concorrência dos vinhos
portugueses no mercado britânico.
Dos muitos acontecimentos relacionados com esta época do pós-guerra, um continua a suscitar grande
interesse, tendo sido preconizado por Henry Veitch, Cônsul inglês na Madeira que, aquando da
passagem de Napoleão Bonaparte pela Ilha em 1815, a caminho do exílio para a Ilha de Santa Helena,
ofereceu ao imperador um tonel com Malvasia. Reza a história que perante a resistência do imperador
em fazer do Vinho Madeira o antídoto para as agruras do exílio, o tonel com o precioso néctar regressou
à Ilha da Madeira, reclamado pelo seu doador, tendo-se desmultiplicado, em 1840, em centenas de
garrafas que fizeram as delícias de inúmeros ingleses, entre os quais Sir Winston Churchill, que, de visita
à Madeira em 1950, teve o privilégio de o saborear.
A instabilidade na América do Norte decorrente da guerra civil de 1861 vai afectar dramaticamente as ex-
portações de Vinho Madeira para aquele destino. E, apesar do Vinho Madeira estar na moda na Inglaterra
do pós-guerra, a verdade é que isso não foi o suficiente para colmatar a contracção do mercado
americano.
Outros factores vêem pesar na diminuição do volume de exportações, nomeadamente, a abertura do
Canal do Suez em 1869, a partir de quando os navios que se dirigiam as Índias deixaram de passar pela
Ilha da Madeira.
A expansão do mercado russo aparece como um alento em meados do século, sendo que este mercado
viria inclusivamente a rivalizar durante algum tempo, em volume de negócio, com o britânico.
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Mas, a segunda metade do século é marcada pelo efeito devastador das doenças que atacaram em todo
o mundo os vinhedos: o oídio e a filoxera.
Durante este período, e apesar do aumento da vinha americana que surgiu como forma de fazer face à
filoxera, a maior parte da produção de Vinho Madeira tinha por base o Verdelho e a Tinta Negra, sendo
também relatada a existência frequente de Bual, Bastardo e Terrantez. O Vinho produzido com a casta
Malvasia continuava a ser feito em pequenas quantidades, mantendo muita fama a qualidade provinda
da mítica malvasia cândida da Fajã do Padres, terra inicialmente detida pela Ordem Religiosa dos
Jesuítas.
Apesar das várias crises, ao virar do século, a produção e comercialização de Vinho Madeira recuperou
e manteve-se no mercado projectando-se para o futuro.
Séc. XX e XXI
O século XX será para o Vinho Madeira relativamente estável se comparado com o século anterior. Na
primeira década deste século e até à Grande Guerra, os mercados de exportação alteram-se passando
o mercado alemão a ter uma projecção singular como mercado cimeiro das exportações. Mas no espaço
de tempo que separa as duas guerras mundiais, os principais destinos de exportação do Vinho Madeira
sofrem algumas oscilações, com o mercado Escandinavo, principalmente Suécia e Dinamarca, a surgir
como consumidor do melhor Vinho Madeira.
Este século é igualmente marcado por um esforço de regulamentação em prol da qualidade do Vinho
Madeira, e também por uma grande quantidade de fusões entre empresas produtoras, portuguesas e
inglesas, que mudam por completo o cenário do tecido empresarial dos produtores de Vinho Madeira.
A partir dos anos 80 começam a desenhar-se as tendências nos mercados de exportação, que não irão
sofrer alterações significativas até aos nossos dias.
A Revolução de 25 de Abril de 1974 em Portugal, e posteriormente a sua entrada em 1986 na
Comunidade Económica Europeia trouxeram um desenvolvimento à Região que teve impactos no sector
vitivinícola. Por um lado, o reforço do controlo em prol da qualidade passa a ser uma prioridade nas
políticas governamentais e, por outro, assiste-se a um significativo e salutar desenvolvimento da
indústria vitivinícola.
O século XXI inicia-se com o reforço da qualidade de um Vinho com mais de 500 anos de história. Hoje,
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os viticultores e o conjunto das empresas ligadas à produção e ao comércio do Vinho Madeira
encontram--se fortemente empenhados na constante melhoria da qualidade deste Vinho, procurando,
desde a plantação da vinha até ao engarrafamento do Vinho, contribuir para a preservação da fama e
prestígio de um dos melhores vinhos do Mundo.
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VINHO DA RODA A partir do séc. XVII o Vinho Madeira teve nas Índias um dos seus principais mercados. Esta rota
comercial tornou-se famosa para o Vinho Madeira não só pela quantidade de exportações que ao longo
de dois séculos se vieram a verificar, mas também pelo afamado Vinho da Roda.
O transporte do Vinho Madeira para aquelas paragens era feito nos porões dos navios que atingiam
temperaturas muito elevadas na passagem pelos trópicos. Acontecia, por vezes, que o Vinho regressava
à Europa, tendo-se verificado que estas viagens beneficiavam grandemente o vinho, aumentando, pela
aceleração do seu envelhecimento, a sua complexidade e a sua qualidade
É então que tonéis de Vinho Madeira são enviados para as Índias, com o único objectivo de o enriquecer
e valorizar, para então regressarem à Europa onde conquistaram uma fama sem precedentes. Este vinho
ficou conhecido por “Vinho da Roda” ou “Vinho Torna Viagem” porque era embarcado nos navios que
faziam as viagens até à Índia e regressavam para depois ser vendido. Em Inglaterra o Vinho da Roda
ganha uma reputação extraordinária o que levou à sua comercialização a preços astronómicos.
Motivados pelas evidências de que o calor engrandecia o Vinho Madeira e provavelmente aliciados pela
valorização do Vinho da Roda, os produtores de Vinho Madeira, em meados do século XVIII, investem na
estufagem, técnica que consiste em artificialmente produzir o mesmo efeito do Vinho da Roda através de
várias formas: uns por aquecimento directo, outros pela circulação de ar quente e posteriormente pela
utilização de vapor de água que circulava em serpentinas de cobre que mergulhavam no vinho e que é
utilizada até aos nossos dias.
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REGIÃO VITÍCOLA DA MADEIRA
A paisagem vitícola na Região da Madeira é única e caracterizada pela orografia acidentada do relevo. As
condições particulares do solo, de origem vulcânica, a proximidade com o mar, as condições climatéricas
e o processo único de produção conferem ao vinho características únicas e singulares.
A cultura da vinha é praticada em toda a Ilha da Madeira e na Ilha do Porto Santo. Na totalidade temos
cerca de 500 hectares de vinha para a produção de vinho com Denominação de Origem Protegida
“Madeira” (DOP Madeira) e de vinho com Denominação de Origem Protegida “Madeirense” (DOP
Madeirense).
Os principais Concelhos Vitícolas são Câmara de Lobos, com cerca de 186 ha, situado na costa Sul, São
Vicente, com 143 ha, e Santana com aproximadamente 86 ha, ambos situados na costa Norte.
Os Solos
Os solos, de origem vulcânica são na sua maioria basálticos. De uma forma geral têm uma textura
argilosa e quimicamente apresentam-se ácidos, ricos em matéria orgânica, magnésio e ferro, pobres em
potássio e suficientes em fósforo.
O Clima
O clima na Ilha da Madeira, caracterizado pelos seus microclimas, apresenta verões quentes e húmidos e
Invernos amenos. Nas zonas vitícolas encontramos os climas sub-húmido e húmido a árido, conforme
vamos da costa Norte no limite superior para a plantação da vinha, até à costa Sul, a cotas inferiores a
150 metros de altitude.
Em termos de precipitação, esta apresenta valores anuais médios que rondam entre 3000 mm, a altitudes
elevadas, e 500 mm, na costa Sul junto ao mar.
No Outono e no Inverno, por norma, ocorre cerca de 75% da precipitação total anual.
Na Primavera chove pouco mais de 20% e no Verão menos de 5% da precipitação anual. A precipitação
aumenta à medida que a altitude vai subindo, sendo este efeito mais acentuado na costa Sul.
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O Relevo
A área total da Ilha da Madeira é de 732 Km2. A maior parte desta área encontra-se em declives
superiores a 25% de inclinação. As superfícies mais planas encontram-se na zona urbana e suburbana
do Funchal ou localizadas onde o clima e a altitude não possibilitam a prática agrícola. Nas zonas de
declive entre os 16 e 25%, onde encontramos os terrenos agrícolas, esta só é possível devido à
construção de socalcos, os designados «poios», sustentados por paredes de pedras basálticas que tão
caracteristicamente marcam a paisagem agrícola da Madeira.
A Água de Rega
A água de rega na Madeira é captada nas zonas altas e conduzida ao longo da Ilha através de canais
denominados de «Levadas». A construção destas «levadas» iniciou-se com o povoamento das ilhas,
datando da segunda metade do séc. XV. Actualmente, este sistema é constituído por cerca de 2150 km
de canais, dos quais 40 km são em túneis.
A Cultura da Vinha
A paisagem da Madeira, da qual a viticultura é indissociável, é marcada pelo pequeno recorte das
parcelas de terrenos, que nela desenham um tapete de retalhos. Embora as vinhas nos apareçam em
grandes manchas, não se enganem os menos atentos, porque estas pertencem a dezenas de
explorações. As explorações vitícolas têm em média cerca de 0,3 hectares, divididos em mais do que
uma parcela.
A vinha plantada nestes pequenos socalcos torna a mecanização quase impossível, pelo que, na
maioria dos casos, todo o ciclo cultural, desde a poda à vindima, requer a utilização de mão-de-obra.
O sistema de condução da vinha mais tradicional é a «latada» (pérgola). Neste sistema as vinhas são
conduzidas horizontalmente sobre arames e suspensas do chão por estacas, o que dificulta todo o
processo de tratamento da vinha e a vindima. A altura da latada varia entre os 1 e os 2 m e as
densidades de plantação entre 2500 e as 4000 plantas por hectare. Na segunda metade do séc. XX,
introduziu-se o sistema de condução em espaldeira, que só pode ser utilizado em terrenos com o declive
pouco acentuado. Este sistema de condução da vinha na vertical é utilizado com densidades de
plantação que vão dos 4000 às 5000 plantas por hectare.
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As podas realizam-se entre finais de Fevereiro e o mês de Março. Na generalidade os viticultores da
costa Norte iniciam a poda nos finais de Fevereiro e os da costa Sul na segunda quinzena de Março. No
entanto, após a vindima e a partir de Novembro, tradicionalmente procede-se à espoldra, que é um
regionalismo que designa o trabalho de eliminar os sarmentos ou varas que não irão ser necessários
para a poda.
Entre meados de Agosto e meados de Outubro processa-se a vindima num ritual majestoso. A orografia
acidentada e o sistema de minifúndio dificultam todo o processo de vindima. É a concentração de
esforços dos agricultores. Homens, mulheres e jovens participam na vindima, que ainda hoje é totalmente
manual. É a reunião familiar. Apanhadas as uvas, seguem em caixas (com capacidade para 50 kg, de
forma a evitar o esmagamento e manter a sanidade da uva) para as Adegas.
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PROCESSO DE VINIFICAÇÃO
Nas Adegas, é feita uma triagem das uvas para avaliação do estado sanitário. Após serem pesadas e
verificado o grau alcoólico provável pelo refractómetro (instrumento de medição do teor em açúcar da
uva) é feita a selecção do tipo de uvas de acordo com o tipo de vinho que se pretende obter. A partir
daqui, dá-se início ao delicado processo de transformação. O mosto resultante da prensagem é sujeito a
uma fermentação que pode ser parcial ou total e posterior fortificação.
O processo de fortificação consiste na paragem da fermentação com a adição de álcool vínico a 96% vol.
A escolha do momento da interrupção da fermentação faz-se de acordo com o grau de doçura pretendido
para o vinho podendo-se com este procedimento obter quatro tipos de vinho: o seco, o meio-seco, o
meio- -doce e o doce.
Findo este processo, os vinhos podem ser submetidos a um dos seguintes processos de produção:
«Estufagem» ou «Canteiro».
«Estufagem» – O vinho é colocado em depósitos de aço inox, aquecidas por um sistema de serpentina,
por onde circula água quente, por um período nunca inferior a 3 meses, a uma temperatura entre os 45 e
50 graus Celsius. Concluída a «estufagem», o vinho é sujeito a um período de «estágio» de, pelo menos,
90 dias à temperatura ambiente. A partir deste momento pode permanecer em inox ou ser colocado em
cascos de madeira até reunir as condições que permitem ao enólogo fazer o acabamento do vinho para
que possa ser colocado em garrafa com a garantia de qualidade necessária. No entanto, estes vinhos
nunca podem ser engarrafados e comercializados antes de 31 de Outubro do segundo ano seguinte à
vindima. São vinhos maioritariamente de lote.
«Canteiro» – O vinho é colocado em cascos de madeira, normalmente localizados nos pisos mais
elevados dos armazéns onde as temperaturas são mais elevadas, pelo período mínimo de 2 anos. Esta
denominação provém do facto de se colocar as pipas sob suportes de traves de madeira, denominadas
de canteiros. Trata-se de um envelhecimento oxidativo em casco, através do qual a circulação de ar
provoca a evaporação do vinho, tornando-o mais concentrado e desenvolvendo nos vinhos
características únicas de aromas intensos e complexos.
Os vinhos de canteiro só poderão ser comercializados decorridos, pelo menos, 3 anos contados a partir
de 1 de Janeiro do ano seguinte ao da vindima.
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Tipo de Castas
De entre o conjunto de castas autorizadas e recomendadas, aquelas que são mais utilizadas e com
maior tradição na produção de Vinho Madeira são o Sercial, o Verdelho, o Boal, a Malvasia e a Tinta
Negra.
O «Vinho da Madeira» obtido exclusiva ou predominantemente a partir das castas Sercial, Verdelho, Boal
e Malvasia só pode estar associado aos seguintes tipos de vinho classificados em função do grau de
doçura:
. Seco ou extra seco no caso do vinho obtido a partir da casta Sercial;
. Meio seco no caso do vinho obtido a partir da casta Verdelho;
. Meio doce no caso do vinho obtido a partir da casta Boal;
. Doce no caso do vinho obtido a partir da casta Malvasia.
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Tipos de Vinho Madeira
O Vinho da Madeira contempla um conjunto de designações que permitem a identificação dos seus
diferentes tipos.
Designações tradicionais para o Vinho Madeira:
Frasqueira - Vinho da Madeira associado ao ano de colheita e cujo produto seja obtido das castas
nobres tradicionais, tenha sido envelhecido pelo menos durante 20 anos antes do engarrafamento e
apresente qualidade destacada, devendo constar de contas correntes específicas, antes e depois do
engarrafamento.
Colheita - Vinho da Madeira de uma só colheita, de boa qualidade, com direito à indicação da data da
respectiva vindima e com envelhecimento mínimo de 5 anos.
Colheita com indicação de “Casta” - Vinho da Madeira de uma só colheita e com 100% de uma só
casta, de boa qualidade, com direito à indicação da data da respectiva vindima e envelhecimento mínimo
de 5 anos.
Canteiro - Vinho da Madeira alcoolizado logo após a fermentação, sendo a seguir armazenado em
cascos, onde envelhece durante um período mínimo de 2 anos, devendo constar de conta corrente
específica e não podendo ser engarrafado com menos de 3 anos.
Com indicação de idade - Vinho da Madeira com direito ao uso da designação de idade, quando tenha
qualidade em conformidade com os respectivos padrões, sendo as indicações de idade permitidas as
seguintes: 5, 10, 15, 20, 30 e mais de 40 anos de idade.
Reserva (ou Velho) - Vinho da Madeira em conformidade com o padrão de 5 anos de idade.
Reserva Velha (ou Muito Velho) - Vinho da Madeira em conformidade com o padrão de 10 anos de
idade.
Reserva Especial - Vinho da Madeira correspondente ao padrão de 10 anos com qualidade destacada.
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Seleccionado - Vinho da Madeira envelhecido no mínimo durante 3 anos, de boa qualidade, com
aprovação prévia da respectiva amostra-padrão.
Solera - Vinho da Madeira associado a uma data de vindima que constitui a base do lote, retirando-se
anualmente para engarrafamento uma quantidade que não excede 10 % do lote existente, a qual é
substituída por outro vinho de qualidade. O máximo de adições permitidas é de 10, após o que poderá ser
engarrafado de uma só vez todo o vinho existente.
Rainwater - Vinho da Madeira com uma cor entre o «dourado» e o «meio dourado», com grau Baumé
compreendido entre 1,0 º e 2,5 º, de boa qualidade, com aprovação prévia da respectiva amostra-padrão.
Os tipos de Vinho Madeira de acordo com o grau de doçura são os seguintes:
Seco - Vinho da Madeira com o grau Baumé inferior a 1,5 º. Pode ser utilizada a expressão Extra-Seco
quando o grau Baumé for igual ou inferior a 0,5 º.
Meio Seco - Vinho da Madeira com o grau Baumé compreendido entre 1 º e 2,5 º.
Meio Doce - Vinho da Madeira com o grau Baumé compreendido entre 2,5 º e 3,5 º.
Doce - Vinho da Madeira com o grau Baumé superior a 3,5 º.
Existem ainda outros tipos de Vinho Madeira classificados quanto à cor e quanto ao corpo e sabor
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O VINHO MADEIRA À SUA MESA
O Vinho Madeira, dada a sua complexidade de aromas e características organolépticas, pode ser con-
sumido a qualquer hora do dia ou da noite. À mesa o Vinho da Madeira tem diversas variantes de
acompanhamento de acordo com os 4 tipos de vinho.
O Vinho Madeira Sercial ou Seco de cor clara, encorpado e perfumado é perfeito como aperitivo, acom-
panha bem azeitonas, amêndoas torradas, canapés de caviar ou salmão fumado e acepipes com maione-
se. É igualmente subtil com peixes fumados como o salmão, o espadarte, o atum ou a espada, os maris-
cos, o sushi ou as mousses de peixe, e delicado com queijos frescos de cabra ou ovelha. Refrescante
como long drink «Vinho Madeira com água tónica, rodela de limão e gelo» – o Vinho Madeira Seco apre-
senta-se muito refrescante.
O Vinho Madeira Verdelho ou Meio Seco estruturado, de cor dourada, é também excelente como ape-
ritivo, combina na perfeição com azeitonas, amêndoas torradas e frutos secos e agradável com
consommé, cremes com natas e sopa de cebola gratinada. É também exuberante com presunto serrano
ou caça fumada, terrinas de caça e de requeijão, cogumelos com alho ou recheados e saboroso com foie-
gras de pâté de pato ou ganso.
O Vinho Madeira Boal ou Meio Doce encorpado e frutado, é harmonioso com frutos tropicais frescos,
frutos secos, bolos e tartes de fruta. O Boal jovem é perfeito para acompanhar com queijos de pasta mole
e o Boal com mais idade combina muito bem com queijo curado. Delicado com souflês de queijo ou de
frutos silvestres de manteiga, o Vinho Madeira apresenta-se exótico com chocolate de leite, pralinés,
petit-fours, bolos de creme e bolo de mel. O Boal velho associa-se na perfeição com tabaco de cachimbo
e com charutos.
O Vinho Madeira Malvasia ou Doce de cor escura, encorpado e aromático pode ser apreciado com
frutos tropicais, e frutos secos como as nozes e as avelãs. É gracioso com bolos de frutos secos e tartes
de fruta e bolo de mel, biscoitos de manteiga, chocolate escuro ou de leite, pralinés e petit-fours e a sua
elegância combina muito bem com queijos portugueses como o da Serra, o de Serpa, o de Azeitão, o do
Rabaçal e o da Ilha, e com queijos azuis como o Danish blue, o Roquefort, o Stilton ou o Gorgonzola.
Os «Frasqueiras» da casta Malvasia são excepcionais com charutos Havana.
18 Instituto do Vinho, do Bordado e do Artesanato da Madeira, I. P.
INSTITUTO DO VINHO, DO BORDADO E DO ARTESANATO DA MADEIRA, I. P. – IVBAM, I.P. Considerando a extrema importância do Vinho Madeira, a Região Autónoma da Madeira criou em 1979 o
Instituto do Vinho da Madeira. Sucedendo à Delegação da Junta Nacional do Vinho na Região, o Instituto
do Vinho da Madeira, teve como principal missão assegurar a conveniente disciplina da produção e do
comércio do Vinho Madeira e, em geral, coordenar na Região Autónoma da Madeira as actividades
vitivinícolas.
Delineadas que foram as linhas prioritárias de actuação, o Instituto do Vinho da Madeira propôs e
apresentou uma série de medidas e disposições legais e de carácter administrativo tendo em vista
adequar a vitivinicultura e a produção e o comércio do vinho na Região aos padrões e exigências da
então Comunidade Económica Europeia.
Ficou assim criado, durante os anos que se seguiram, o quadro jurídico-legal que disciplinaria o sector da
vinha e do vinho na Região Autónoma da Madeira.
Internamente, o Instituto organizou-se com os serviços necessários a responder às solicitações dos
agentes económicos do sector e, ao mesmo tempo, a cumprir o seu papel dentro do quadro normativo
então criado.
Aos Serviços de Fomento Vinícola coube fiscalizar e controlar o fabrico e a comercialização dos vinhos e
das bebidas espirituosas, implementando o registo das instalações de fermentação, destilação,
rectificação, preparação e armazenagem, estabelecendo contas correntes de entradas, saídas e
existências, procedendo à colheita de amostras de vinhos para análise e emitindo selos de garantia e
certificados de origem. A par do Fomento Vinícola, instituiu-se um outro serviço operativo de não menos
importância que foi o Laboratório Vitivinícola, encarregue de realizar nos vinhos os ensaios laboratoriais e
as análises necessárias à emissão dos boletins para a respectiva certificação. Além da análise química
aos vinhos, o Instituto preocupou-se desde a primeira hora em ter uma Câmara de Provadores a quem
coube efectuar a análise sensorial dos vinhos e, através do seu parecer vinculativo, assegurar a
qualidade e genuinidade dos mesmos.
19 Instituto do Vinho, do Bordado e do Artesanato da Madeira, I. P.
Em Julho de 2006, o Instituto do Vinho, do Bordado e do Artesanato da Madeira, I. P. (IVBAM, I.P.),
nasce da fusão do Instituto do Vinho da Madeira (IVM) e o do Instituto do Bordado, Tapeçarias e
Artesanato da Madeira (IBTAM).
Num mercado global onde a competitividade exige uma permanente aposta na qualidade e na promoção,
sem perder de vista a consolidação e o crescimento sustentado da produção dos produtos tradicionais
regionais, importa, em prol da eficiência do serviço público e da economia de meios, concentrar a promo-
ção e divulgação destes produtos, sob a alçada de um único organismo, dotado de autonomia adminis-
trativa e financeira.
Neste sentido o IVBAM, I.P. procura dar continuidade à política de apoio aos sectores vitivinícola e das
bebidas espirituosas e do Bordado e Artesanato Regional e preservar todo o capital de credibilidade
conquistado pelos então IVM e IBTAM.
No âmbito das suas competências destaca-se o facto de ser a entidade emissora do certificado de quali-
dade para o Vinho e o Bordado Madeira e de ser o Organismo responsável pela promoção e divulgação
destes produtos regionais, quer no mercado interno, quer no mercado externo.
Direcção de Serviços de Controlo e Regulamentação Vitivinícola
A Direcção de Serviços de Controlo e Regulamentação Vitivinícola (DSCRVV) é o serviço operativo do
IVBAM, responsável pela coordenação e fiscalização da produção e do comércio dos vinhos e demais
produtos de origem vínica, assim como, das bebidas espirituosas, produzidas na Região Autónoma da
Madeira (RAM). A este Serviço compete também, em colaboração com outras entidades, o controlo e a
fiscalização das ajudas aos sectores vinícola, das bebidas espirituosas e da cana-de-açúcar.
Sendo o IVBAM, I.P. a entidade certificadora do Vinho Madeira, do vinho com Denominação de Origem
Protegida «Madeirense» e do vinho com Indicação Geográfica Protegida «Terras Madeirenses», procede
por intermédio da DSCRVV a todos os controlos físicos e administrativos necessários, emitindo
documentação relativa à expedição ou exportação desses produtos, bem como das bebidas espirituosas
produzidas na RAM.
Através deste Serviço, o IVBAM, I.P. controla também as existências nas empresas da RAM produtoras
de vinhos e bebidas espirituosas, sendo igualmente responsável pela emissão de certificados de análise
20 Instituto do Vinho, do Bordado e do Artesanato da Madeira, I. P.
e de origem, pela atribuição dos selos de garantia necessários à comercialização do Vinho Madeira e de
outros produtos vínicos e pela aprovação dos rótulos e embalagens utilizados.
Direcção de Serviços de Vitivinicultura
A Direcção de Serviços de Vitivinicultura (DSVV) é o Serviço Operativo do IVBAM, I.P. incumbido de
coordenar, assegurar, regular e fiscalizar a cultura da vinha e a elaboração do Vinho de Qualidade da
RAM.
No âmbito das suas funções, este Serviço, fomenta e promove a produção vitivinícola regional, regula-
menta e coordena as medidas de gestão do património vitícola e de reestruturação da vinha, e promove a
qualidade dos vinhos com direito a Denominação de Origem ou Indicação Geográfica através, nomea-
damente, da prestação de Serviços de Enólogos.
À DSVV cabe igualmente implementar e manter actualizado o ficheiro vitivinícola, emitir direitos de planta-
ção e replantação de vinhas e prestar assistência técnica aos viticultores, divulgando as boas práticas
agrícolas associadas a esta cultura. É também responsável por plantações de vinha com a vertente
experimental, de demonstração e de conservação do património vitícola regional, assim como é o único
viveirista regional.
Direcção de Serviços de Apoio à Qualidade
Laboratório
Realizar os ensaios laboratoriais necessários à prossecução das atribuições do IVBAM, I.P. nos sectores
vitivinícola, das bebidas espirituosas e das demais bebidas alcoólicas, incluindo as análises físico-
químicas necessárias à prevenção e repressão das infracções antieconómicas e contra a saúde pública,
emitindo os boletins de análise ou documentos correspondentes, promover e participar na realização de
estudos inter laboratoriais tendentes a melhorar a reprodutibilidade e a fiabilidade dos ensaios efectuados
nos laboratórios do sector vitivinícola, participar na realização de estudos laboratoriais destinados à
caracterização dos produtos e das suas condições de obtenção ou comercialização ou à melhoria dos
processos tecnológicos e realizar e participar no estudo e desenvolvimento de novos métodos de análise
a propor como métodos oficiais, métodos de referência ou métodos usuais.
21 Instituto do Vinho, do Bordado e do Artesanato da Madeira, I. P.
Câmara de Provadores
À Câmara de Provadores, que é constituída por enólogos ou por outras pessoas de reconhecida
competência na área da enologia, em número variável mas não superior a 10, compete efectuar a análise
sensorial dos vinhos e emitir parecer vinculativo relativamente à sua eventual comercialização e apoiar
tecnicamente o IVBAM, I.P. na área da enologia.
Serviços de Promoção
Os Serviços de Promoção do IVBAM, I.P são os serviços operativos responsáveis pela coordenação e
gestão da promoção e divulgação do vinho, do artesanato regional e dos demais produtos tradicionais e
agro-alimentares regionais. Cabe a estes Serviços organizar a participação do IVBAM, I.P., ou a de
alguns dos seus serviços ou representantes, em todos os eventos de natureza promocional,
responsabilizando-se pelo cumprimento das actividades protocolares que lhe sejam inerentes, assegurar
em geral as funções de relações públicas e de comunicação do IVBAM, I.P, elaborar e desenvolver
estratégias e campanhas de marketing e publicidade, proceder ao estudo e prospecção de mercados,
detectar oportunidades de negócio, observar o comportamento da concorrência e identificar canais de
comercialização e de distribuição nacional e internacional.
22 Instituto do Vinho, do Bordado e do Artesanato da Madeira, I. P.
Confraria do Vinho da Madeira
Em 1985, foi fundada a Confraria do Vinho da Madeira, com sede no Instituto do Vinho da Madeira. Trata-
-se de uma instituição de carácter cultural e associativo com a finalidade de promover o bom-nome do
Vinho da Madeira em todo o mundo.
A Confraria é constituída pelos seguintes órgãos:
A Chancelaria, que administra e rege as actividades da Confraria, a Mesa dos Vedores, que é Conselho
Fiscal da Confraria e o Capítulo, que é a Assembleia-geral da Confraria.
No Capítulo, preside à cerimónia o Cancelário-Mor, título honorífico de maior prestígio, cabendo-lhe
receber na Confraria os novos Confrades, nos termos das usanças e demais regras da Confraria. Sempre
que os Confrades se reúnem oficialmente tem lugar um CAPÍTULO.
O traje da Confraria é composto pelas seguintes peças:
- A capa, peça longa de veludo, cor de vinho carregado, lembrando o rubi da Malvasia vinda da Grécia.
- O chapéu, de veludo preto, com plumas de avestruz de várias cores, lembra os «gentilhommes» e
mercadores abastados do primeiro século da colonização da Madeira, os quais muito contribuíram para o
desenvolvimento económico da ilha, plantando a vinha que iam buscar a terras distantes.
- A Tambuladeira, peça com a qual que se faz o brinde aos novos confrades, normalmente construída em
estanho, é uma pequena taça, de pouca altura, e com o fundo trabalhado, de forma a permitir que os
reflexos da luz que atravessam a fina camada de vinho, possam indiciar o estado de limpidez e a cor do
precioso líquido.
23 Instituto do Vinho, do Bordado e do Artesanato da Madeira, I. P.
ESTATÍSTICA
Produção de Uvas e de vinho com DO ou IG na RAM
Em 2011, para além da produção de 3,40 milhões de litros de vinho licoroso com denominação de origem
(DO) «Madeira» ou «Vinho da Madeira», foram ainda produzidos 1.285 hectolitros de vinho, sendo 1.108
hectolitros vinho com Denominação de Origem Protegida (DOP) «Madeirense» e177 hectolitros vinho
com Indicação Geográfica Protegida (IGP) «Terras Madeirenses».
Na vindima de 2012, a produção total de uvas Vitis vinífera na Região Demarcada da Madeira foi de
5.030 toneladas. Salvo uma pequena quantidade que os viticultores reservaram para autoconsumo, 90,5
% da produção foi vendida às empresas que se dedicam à produção e ao comércio do «Vinho da
Madeira» e cerca de 4,2 % às empresas que se dedicam à produção e ao comércio de vinhos com DOP
«Madeirense» e com IGP «Terras Madeirenses».
Comercialização de «Vinho da Madeira»
Em 2012, a comercialização de «Vinho da Madeira» foi de 3,41 milhões de litros, representando os
países da União Europeia, com uma quota de mercado de 82,5 %, o principal destino deste vinho, com
especial destaque para a França, Portugal, Reino Unido, Alemanha e Bélgica. Naturalmente que o
mercado nacional, com uma quota de 14,5 %, assume uma importância considerável, destacando-se aqui
o «Vinho da Madeira» que é comercializado na própria Região, impulsionado em boa parte pelos turistas
que visitam a Ilha.
Fora da União Europeia, conforme resulta dos números constantes do quadro seguinte, os principais
mercados do «Vinho da Madeira» são o Japão e os Estados Unidos da América, seguidos pela Suíça.
Analisando ainda a comercialização de «Vinho da Madeira» de acordo os diferentes tipos e idades é
possível verificar que os vinhos mais comercializados, em função do grau de doçura, são os vinhos doce
e meio seco e, de entre os vinhos com indicação do nome de casta, os vinhos mais procurados são os da
casta Malvasia, seguidos pelos da casta Boal.
A comercialização de «Vinho da Madeira» situa-se maioritariamente ao nível dos vinhos correntes (com
cerca de 3 anos de idade) e, relativamente aos vinhos com indicação de idade, ao nível dos vinhos de 5 e
10 anos. No que diz respeito ao «Vinho da Madeira» com indicação do nome de casta, o volume de
comercialização é igualmente superior na faixa dos Vinhos com 5 e 10 anos de idade.
Comercialização de vinho com DOP «Madeirense» e de vinho com IGP «Terras Madeirenses»
Em 2012, a comercialização de vinho com DO ou IG foi de 793 hectolitros, sendo 644 hectolitros vinho
com DOP «Madeirense» e 149 hectolitros vinho com IGP «Terras Madeirenses».
24 Instituto do Vinho, do Bordado e do Artesanato da Madeira, I. P.
Comercialização de Vinho Madeira por mercados nos últimos 5 anos (litros)
2008 2009 2010 2011 2012
França 1.175.939,00 1.157.381,75 1.121.397,00 835.323,00 1.148.650,00
Madeira 531.304,25 445.316.30 396.118,59 479.010,25 444.578,70
Reino Unido 242.919,50 305.722,50 270.472,50 306.122,27 355.464,27
Alemanha 364.653,85 310.106,15 340.671,00 289.613,00 253.580,25
Japão 205.283,70 219.983,50 217.779,40 219.485,25 280.239,00
E.U.A. 152.818,50 135.779.75 145.823,25 186.463,25 160.355,50
Bélgica 150.170,50 175.468,00 171.550,00 181.833,50 217.684,50
Suécia 113.572,50 111.240,01 117.721,50 95.589,00 94.885,50
Suíça 96.793,00 93.974,70 114.274,00 83.856,00 71.672,00
Dinamarca 49.411,50 45.266.50 61.072,50 55.284,50 48.952,50
Outros 311.271,35 272.399,75 321.595,20 279.685,80 331.280,95
Total 3.415.054,05 3.273.406,91 3.277.614,94 3.012.265,82 3.407.343,17
O Vinho Madeira é exportado para mais de trinta países.
Comercialização do Vinho Madeira por Casta
CASTAS Quantidades (Litros)
2008 2009 2010 2011 2012
Castas Autorizadas e
Recomendadas
Doce 1.285.238,86 1.139.245,28 1.162.120,85 1.260.360,33 1.199.311,31
Meio Doce 598.256,09 818.131,55 678.419,95 399.349,29 749.392,69
Meio Seco 980.314,61 929.958,02 1.021.891,14 670.787,59 765.616,73
Seco 330.091,99 199.419,71 222.922,25 454.543,22 484.281,93
Malvasia 106.246,50 91.222,25 75.274,85 78.894,75 78.786,85
Bual 62.251,25 58.774,30 46.004,75 48.239,75 57.017,85
Verdelho 32.194,25 30.715,75 26.902,50 28.098,00 31.729,35
Sercial 41.017,00 40.440,20 38.470,25 35.927,25 38.576,10
Terrantez 0,00 0,00 0,00 1.096,50 2.546,36
Bastardo 0,00 0,00 0,00 4,50 84,00
TOTAL 3.777.141,92 3.415.054,05 3.273.406,91 3.277.614,94 3.407,343,17
25 Instituto do Vinho, do Bordado e do Artesanato da Madeira, I. P.
Comercialização do Vinho Madeira por Idade
IDADES Quantidades (Litros)
2008 2009 2010 2011 2012
Madeira s/ Aditivos 183.040,00 177.480,00 180.050,00 205.075,00 193.840,00
Modificado 649.000,00 681.880,00 729.750,00 362.900,00 791.350,00
Corrente 2.202.818,69 2.073.653,13 2.006.028,33 2.018.338,37 2.014.650,04
5 anos 242.717,21 234.829,43 250.244,36 281.507,99 267.700,52
10 anos 85.572,05 64.004,25 73.385,75 93.159,33 93.819,60
15 anos 12.532,50 12.590,85 9.805,50 16.161,00 14.785,50
20 anos 607,50 258,75 476,25 3.155,00 1.934,50
30 anos 805,50 42,00 15,00 18,00 42,75
40 anos 125,25 47,25 214,50 71,25 305,50
Colheita e Frasqueira 37.835,35 28.621,25 27.645,25 31.879,88 28.914,76
TOTAL 3.415.054,05 3.273.406,91 3.277.614,94 3.012.265,82 3.407.343,17
Para mais informação sobre a estatística, consultar o site: http://www.vinhomadeira.pt/Estatística-30.aspx
26 Instituto do Vinho, do Bordado e do Artesanato da Madeira, I. P.
PRODUTORES / ENGARRAFADORES / EXPORTADORES DE VINHO MADEIRA
Henriques & Henriques, Vinhos S.A. Sítio de Belém
9300 Câmara de Lobos Telefone:+ 351 291 941 551
Fax:+ 351 291 941 590 e-mail: [email protected] Website: www.henriquesehenriques.pt
H. M. Borges, Sucrs, Lda. Rua 31 de Janeiro, 83
9050-011 Funchal Telefone:+ 351 291 223 247
Fax:+ 351 291 222 281 e-mail: [email protected] Website: www.hmborges.com
J. Faria & Filhos, Lda. Travessa do Tanque, 85 e 87
9020-258 FUNCHAL Telefone:+ 351 291 742 935
Fax:+ 351 291 742 255 e-mail: [email protected]
Justino’s - Madeira Wines, S.A. Parque Industrial da Cancela
9125-042 Caniço Santa Cruz
Telefone:+ 351 291 934 257 Fax: +351 291 934 049
e-mail: [email protected] Website: www.justinosmadeira.com
Madeira Wine Company, S.A. Rua dos Ferreiros, 191
9000-082 Funchal Telefone:+ 351 291 740 100
Fax:+ 351 291 740 101 e-mail: [email protected] Website: www.madeirawinecompany.com
Pereira d’Oliveira (Vinhos), Lda. Rua dos Ferreiros, 107
9000-082 Funchal Telefone:+ 351 291 220 784
Fax:+ 351 291 229 081 e-mail: [email protected]
Vinhos Barbeito (Madeira), Lda. Est. R. Garcia - Parque Emp..Cª.Lobos – Lote 8
9300-324 Câmara de Lobos Telefone:+ 351 291 761 829
Fax:+ 351 291 765 832
e-mail: [email protected] Website: www.vinhosbarbeito.com
PRODUTORES / ENGARRAFADORES DE VINHO MADEIRA
Artur de Barros & Sousa, Lda. Rua dos Ferreiros, 111
9000-082 Funchal Telefone:+ 351 291 220 622
27 Instituto do Vinho, do Bordado e do Artesanato da Madeira, I. P.
INSTITUTO DO VINHO, DO BORDADO E DO ARTESANATO DA MADEIRA, I. P. Rua Visconde do Anadia, 44
9050- 020 Funchal Telefone: +351 291 211 600
Fax: +351 291 224 791
Rua 5 de Outubro, 78 9000- 079 Funchal
Telefone: +351 291 204 600 Fax: +351 291 228 685
e-mail: [email protected] Website: www.vinhomadeira.pt