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Indíce 1 – Por autor e painéis temáticos

Adriana da Rocha Silva Dutra ............ 520 Alan Dutra de Melo ........................... 132 Alarcon Agra do Ó ............................. 399 Alex Juarez Müller ............................... 68 Alex Sandro Pail Curval...................... 120 Alexandra Vaz Viana ......................... 217 Alexandre Pereira Maciel .................. 139 Alexandre Vergínio Assunção ............ 200 Aline Abreu Migon dos Santos .......... 152 Aline Carmes Krüger ......................... 289 Aline Montagna da Silveira................ 256 Álisson Sousa Castro ......................... 423 Alvaro Hernán Acosta Páez ............... 508 Amanda Basílio Santos ...................... 211 Amanda Mensch Eltz......................... 245 Ana Inez Klein ................................... 381 Ana Lúcia G. Meira ............................ 268 Ana Paula de Andrea Dametto .......... 270 Ana Stela de Negreiros Oliveira ......... 474 Ana Utsch ......................................... 214 Anauene Dias Soares ......................... 500 Anderson Pires Aires ......................... 183 André Dal Bosco Carletto .................. 336 André Farias Cavaco .......................... 512 André Jacques Martins Monteiro ...... 354 André Winter Noble .......................... 378 Andrea de Oliveira ............................ 300 Andrea Gonçalves dos Santos ............. 52 Andréa Lacerda Bachettini ................ 306 Andrea Maio Ortigara ....................... 113 Ângela Mara Bento Ribeiro ............... 432 Angélica Bersch Boff ........................... 87 Ariel Ortega ...................................... 393 Aristeu Elisandro Machado Lopes ....... 66 Benedito Walderlino de Souza Silva .. 124 Bruna Rajão Frio ............................... 384 Bruno Blois Nunes ............................... 18 Camila Chaves Rael Laurett ............... 388 Camila Warpechowski ....................... 158 Carolina Ritter ................................... 173 Carolina Schwaab Marçal .................. 230 Cristiane Bartz Ávila .......................... 459 Cristiéle Santos de Souza .................. 386 Cristina Jeannes Rozisky .................... 223 Daniela Feter .................................... 367 Daniela Maria Alves Pedrosa ............ 101 Daniele Baltz da Fonseca ................... 206 Daniele Behling Luckow .................... 220 Daniele Borges Bezerra ..................... 110 Danielle do Carmo ............................ 498

Danilo Kuhn da Silva.......................... 347 Dhion Carlos Hedlund ......................... 47 Diandra Maron ................................. 515 Diogo Madeira .................................. 405 Eduardo R. Palermo .......................... 484 Eduardo Roberto Jordão Knack ......... 447 Elaine Binotto Fagan ......................... 456 Elis Regina Barbosa Angelo ............... 415 Elis Regina Barbosa Angelo ............... 439 Eliza Furlong Antochevis ................... 178 Érica Teixeira Isidoro Pereira ............. 331 Etiene Meyer Johannsen ................... 466 Éverton Quevedo ............................. 285 Fabio Galli Alves ............................... 277 Fabrício Locatelli Ribeiro ................... 171 Felipe Moreira Azevedo .................... 142 Felipe Radünz Krüger ........................ 351 Felipe Sousa Neves Andrade ............... 56 Fernanda Tomiello .............................. 63 Fernando Gonçalves Duarte ................ 40 Francielle Moreira Cassol .................... 78 Francine Morales Tavares Ribeiro ..... 472 Frantieska Huszar Schneid .................. 81 Gabriela Neves Frizzo ........................ 510 Genivalda Cândido da Silva ............... 341 Gilda Maria Wolf Amaya ................... 479 Giovane Rodrigues Jardim ................. 359 Gisele Dutra Quevedo ....................... 107 Glauber de Lima ................................ 338 Guilherme Pinto de Almeida ............. 186 Gustavo Meyer ................................. 463 Helena de Araujo Neves .................... 192 Helissa Renata Gründemann ............. 369 Iloir da Rosa Escoval .......................... 240 Imgart Grützmann ............................ 372 Ingrid Orlandi Meira .......................... 164 Isabel Halfen da Costa Torino ............ 263 Isadora Nuñez de Mattos .................. 361 Ivana Morales Peres dos Santos ........ 130 Janaina Schvambach ........................... 90 Janaina Silva Xavier ........................... 291 Janaina Vedoin Lopes ........................ 317 Jaqueline Marcos de Araujo .............. 481 Jeferson Dutra Salaberry ................... 136 João Henrique Ribeiro Barbosa .......... 43 João Paulo Oliveira Huguenin ............ 503 José Cláudio Alves de Oliveira ........... 375 José Fernando Rodrigues Jr. ................ 59 Juliani Borchardt ............................... 453 Jussara Vitória de Freitas .................... 16

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Karen Velleda Caldas ......................... 168 Karin Christine Schwarzbold ................ 21 Keli Cristina Scolari ............................ 260 Larissa Maria de Almeida Guimarães . 426 Larissa Patron Chaves ....................... 249 Laura Caroline de Carvalho da Costa . 161 Laura Ibarlucea Dallona..................... 116 Leonardo de Carvalho Prozczinski ..... 227 Leonora Romano .............................. 147 Letícia Nedel ..................................... 322 Letícia Nörnberg Maciel ................... 364 Lorena Alves Mendes ........................ 429 Luiane Soares Motta ......................... 407 Luzia Costa Rodeghiero ..................... 195 Maira Cristina Grigoleto .................... 489 Manuela Ilha Silva ............................. 303 Manuelina Maria Duarte Cândido ..... 295 Mara Denise Nizolli Rodrigues ............. 36 Marcelina das Graças de Almeida...... 242 Marcelo Cachioni .............................. 420 Marcelo Pimenta e Silva .................... 344 Maria Clara Lysakowski Hallal.............. 84 María Teresa Barbat.......................... 435 Mariana Garcia Junqueira ................. 311 Marilene Corrêa Maia ....................... 517 Marina Assunção Gois Rodrigues ...... 496 Marina Furtado Gonçalves .................. 14 Marina Gowert dos Reis ...................... 45 Mateus de Moura Rodrigues ............... 49 Matheus Rocha Moreira ..................... 27 Maurício Martini ............................... 155 Maurício Signorini Dias ..................... 349 Maurício Silva Gino ............................. 97 Michel Platini Fernandes da Silva ...... 298 Micheli Martins Afonso ..................... 333 Mirella de Jesus Honorato ................. 314 Miriam Francisca Rodrigues Couto .... 506 Murad Jorge Mussi Vaz .................... 234 Nadia Miranda Leschko ..................... 274 Natália Araújo de Oliveira ................. 442 Natália Martins de Oliveira Gonçalves523 Noris Mara P. M. Leal - ...................... 319 Olivia Silva Nery ................................ 396 Pablo Fabião Lisboa .......................... 122 Patricia Peruzzo Lopes ...................... 104 Paula Garcia Lima.............................. 209 Paulo Ricardo Muller ......................... 237 Pedro de Alcântara Bittencourt César 494 Priscila Kamilynn Araujo dos Santos .. 492 Raquel von Randow Portes ............... 253 Rebecca Corrêa e Silva ...................... 327 Renata Azevedo Requião .................. 410

Renata Barbosa Ferrari Curval ............. 25 Renata Cardozo Padilha ...................... 71 Rildo Bento de Souza ........................ 357 Rodrigo Pinnow .................................. 54 Rodrigo Vivas .................................... 266 Rogério Piva da Silva ......................... 402 Rojane Nunes ................................... 382 Romelia Gama Avilez ........................ 525 Rosangela Cristina Ribeiro Ramos ..... 232 Rossanna Prado .................................. 93 Rubens da Costa Silva Filho ................. 23 Sérgio Renato Lampert ....................... 30 Severino Cabral Filho ........................ 293 Simone Sola Bobadilho ..................... 181 Stéfano Nascimento Fonseca ........... 127 Talita Corrêa Vieira Silva ................... 203 Tassiane Mélo de Freitas ................... 325 Tatiana Carrilho Pastorini Torres ....... 198 Tatyana do Nascimento .................... 445 Tayrine Barcelos de Freitas Gomes .... 188 Thayse Fagundes ................................ 75 Thiago Sevilhano Puglieri .................... 33 Valdir Jose Morigi ............................. 469 Valéria Raquel Bertotti ...................... 280 Vania Inês Avila Priamo ..................... 450 Yussef Daibert Salomão de Campos .. 418

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Indíce 2 – Por títulos e painéis temáticos

MESA 1 - Ciência e preservação: a tecnologia como ferramenta para a conservação do patrimônio. ............................................................................................................................ 13

A tinta ferrogálica: a importância dos exames para determinar metodologias de tratamento...................................................................................................................... 14

Laboratório Cinema e Conservação: Conservação Preventiva e Gerenciamento da Informação...................................................................................................................... 16

Fontes Primárias e Internet: o uso da ferramenta para uma pesquisa sobre dança de corte, na França, nos séculos XVI ao XIX .......................................................................... 18

A capacitação como forma de preservar a memória cultural ........................................... 21

A biblioteca universitária como espaço de memória ........................................................ 23

Tecnologia utilizada para retardo na degradação de azulejos de fachada ........................ 25

Gerenciamento de exposições com elevado valor sócio econômico em função da conservação das obras expostas com foco para deficientes visuais. ................................. 27

O repositório digital como instrumento para preservação e acesso ao patrimônio arquivístico documental .................................................................................................. 30

Microscopia Raman aplicada à conservação e autenticação de obras de arte .................. 33

Representação gráfica digital aplicada à conservação e a restauração dos bens culturais 36

Restauro em Taxidermia: mamíferos do acervo do Museu Carlos Ritter .......................... 40

Dietilditiocarbamato de sódio como alternativa para a limpeza de produtos de corrosão em bens culturais feitos de ligas de cobre ....................................................................... 43

Preservação Patrimonial e a Cibercultura: mobilização no ciberespaço através da rede social Facebook ............................................................................................................... 45

O Patrimônio Fotográfico de Santa Maria em ambiente digital ........................................ 47

Patrimônio documental digital: políticas de segurança e preservação para o processo judicial eletrônico ............................................................................................................ 49

O acesso e preservação da memória institucional da FURG através do ICA-AtoM ............ 52

Livro Digital Comemorativo aos 70 anos do ICBNA: As novas tecnologias preservando a história da inserção cultural estadunidense em Porto Alegre. .......................................... 54

Estudo do impacto potencial das mudanças climáticas na biodeterioração de estruturas de madeiras no patrimônio cultural edificado do Vale Histórico Paulista ......................... 56

Aleijadinho 3D: tecnologia na difusão e preservação do patrimônio cultural .................. 59

MESA 2- Fotografia, cultura material e patrimônio imaterial ................................................. 62

Fotografia sequencial e colagem: fragmentos espaço-temporais da paisagem do Bairro Laranjal ........................................................................................................................... 63

Bagé sitiada: fotografia e memória da Revolução Federalista de 1893 no sul do Rio Grande do Sul .............................................................................................................................. 66

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As representações fotográficas de São Leopoldo e Taquara na obra “O Rio Grande do Sul” de Alfredo R. da Costa ..................................................................................................... 68

A inserção de acervos fotográficos em repositórios institucionais.................................... 71

A revelação do balneário de Cabeçudas,Itajaí/SC, pela fotografia. ................................... 75

O patrimônio imaterial Santamariense em imagens: a Romaria de Nossa Senhora Medianeira de Todas as Graças ....................................................................................... 78

Fotografia como lugar de memória: imagens de matrimônio compartilhadas .................. 81

O instante fotográfico: os lugares de memória da cidade do Rio Grande do período de Juscelino Kubistchek ........................................................................................................ 84

Pensando a fotografia presente na bibliografia sobre ballet ............................................ 87

A Paisagem Real: reflexões sobre fotografia, memória e arte .......................................... 90

A fotografia de saberes ................................................................................................... 93

Moritvri Mortvis – o papel da fotografia na reconstituição da história dos construtores de túmulos ........................................................................................................................... 97

Feira Livre da Avenida Brasil: o patrimônio cultural que desfila às margens do Paraibuna. ..................................................................................................................................... 101

O revelar de um acervo: cinquenta anos de produção fotográfica de Arthur Adriano Peruzzo ......................................................................................................................... 104

Carnaval de Piratini: a memória da Bicharada do Ari através de fotografias ................... 107

Patrimônio, fotografia e objetos de memória, uma espécie de colecionismo afetivo. .... 110

O cotidiano e o urbano: um estudo sobre a Belle Époque do Rio Grande através do álbum de família do Sr. Jorge Ruffier ........................................................................................ 113

MESA 3 - Direito, Políticas Públicas e Justiça na tutela de Bens Culturais. ........................... 115

El Plan de Gestión del Barrio Histórico de Colonia del Sacramento, un análisis crítico .... 116

“O instrumento jurídico do inventário e sua eficácia como instrumento de salvaguarda do patrimônio histórico cultural na cidade do Rio Grande: o sobrado dos azulejos da família Barbosa de Santa Marta” .............................................................................................. 120

Tombamento dos modos de fazer a Boneca Karajá: Patrimônio Imaterial do Centro-oeste ..................................................................................................................................... 122

A construção do patrimônio nas políticas públicas de salvaguarda cultural do Brasil...... 124

Meios de comunicação no Brasil: uma pluralidade cultural fictícia ................................. 127

As interferências das transformações legislativas no Patrimônio Cultural ...................... 130

Política Cultural Comparada entre Brasil e Uruguay ....................................................... 132

MESA 4 - Arquitetura e Patrimônio ...................................................................................... 135

A identificação de um zoneamento fabril na cidade de Pelotas-RS (1911-1922) ............. 136

ANTIGOS PRÉDIOS E NOVOS MUNICÍPIOS: Patrimônio Arquitetônico Urbano Capão do Leão, Morro Redondo, Turuçu e Arroio do Padre - RS .................................................... 139

Residências Neocoloniais do Bairro de Nazaré (Belém-PA): um percurso guiado pela Etnografia de Rua. ......................................................................................................... 142

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INTERVENÇÃO NO PATRIMÔNIO URBANO: O CASO DA DISCIPLINA DE ATELIÊ DE ARQUITETURA, URBANISMO E PAISAGISMO IX – CAU/UFSM ......................................... 147

Plantas arquitetônicas em papel translúcido industrial custodiadas por acervos patrimoniais. Metodologia de Caracterização ................................................................ 152

Estudos acadêmicos de reconfiguração do skyline original das antigas “14 casas” da Rua Astrogildo de Azevedo, Santa Maria/RS ......................................................................... 155

Patrimônio Histórico e Acessibilidade: a busca do equilíbrio entre o respeito pela memória e o respeito pelas pessoas ............................................................................................. 158

O “Raio que o parta” em Belém: um estudo sobre a valorização da arquitetura popular paraense ....................................................................................................................... 161

PIRENÓPOLIS: UM ESTUDO DE CASO SOBRE PATRIMÔNIO, MUSEU E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL................................................................................................................ 164

CONFLITOS TEÓRICO-PRÁTICOS NA RESTAURAÇÃO DO GRANDE HOTEL DE PELOTAS .... 168

Projeto Memória em movimento: Campus I Feevale: uma memória a ser contada ........ 171

Análise da Casa de Máquinas na represa do Arroio Moreira .......................................... 173

O século XIX e o Centro Histórico do Rio Grande ........................................................... 178

O Complexo Rheingantz: os valores desse Patrimônio ................................................... 181

O surgimento dos cemitérios no século XIX - o caso de Pelotas e Jaguarão, Rio Grande do Sul, Brasil. ..................................................................................................................... 183

Pelotas no tempo dos chafarizes ................................................................................... 186

Educação Patrimonial e Urbana como Ferramenta de Proteção do Patrimônio Cultural 188

MESA 5 - Patrimônio Material: histórias e inventários ......................................................... 191

INVENTÁRIO DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO PRIVADAS DE PELOTAS-RS CONSTITUÍDO POR MEIO DAS PROPAGANDAS IMPRESSAS (1872-2011) ...................................................... 192

A obra da atriz Carmen Silva para radioteatro: inventário, preservação e acessibilidade. ..................................................................................................................................... 195

Educação Patrimonial: uma proposta de metodologia para o ensino de história ............ 198

Patrimônio Material: design, imagens e inventário do mobiliário do Clube Comercial de Pelotas/RS ..................................................................................................................... 200

Coleções e História dos Museus: A Coleção Adail Bento Costa e o Museu Municipal Parque da Baronesa .................................................................................................................. 203

Inventário das escariolas pelotenses: Preservação das técnicas decorativas em revestimento de paredes............................................................................................... 206

O Almanach de Pelotas e os seus reclames: suportes materiais de questões imateriais . 209

Patrimônio Material: Usos da Igreja de St Mary e St David em Kilpeck, Herefordshire, como uma fonte histórica para o passado. .................................................................... 211

Um Inventário Material: a experiência do Laboratório de História do livro .................... 214

A Arquitetura Protomoderna no Inventário do Patrimônio Histórico de Pelotas ............ 217

Inventário como instrumento de interpretação e planejamento: O plano de preservação do patrimônio arquitetônico de São Lourenço do Sul-RS. .............................................. 220

Estuques artísticos em relevo, conhecer para reconhecer ............................................. 223

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Patrimônio Material em Erechim-RS - reconhecimento, divulgação e debate ................ 227

Capela São José: espaço de memória e identidade Cristã- Lasallista em Canoas............. 230

O Acervo Benno Mentz: alguns elementos de sua trajetória como patrimônio histórico-cultural da colonização alemã no Rio Grande do Sul ...................................................... 232

A construção da história da Arquitetura Modernista em Erechim através de recortes de Revistas ......................................................................................................................... 234

MEMÓRIA E PATRIMÔNIO MATERIAL: UM ESTUDO DE CASO DOS CINEMAS EM ERECHIM/RS .................................................................................................................. 237

Uma História sobre Educação Patrimonial: a Arqueologia do Lixo .................................. 240

Moritvri Mortvis – memória, história e patrimônio – os construtores de túmulos do Bonfim, o documentário................................................................................................ 242

O Inventário como perspectiva de pesquisa histórica no Museu Joaquim Francisco do Livramento .................................................................................................................... 245

HISTÓRIA E MEMÓRIA DA ARTE E DA IMIGRAÇÃO PORTUGUESA DE 1857 A 1910: RETRATOS IMPERIAIS NAS SOCIEDADES PORTUGUESAS DE BENEFICÊNCIA NO RIO GRANDE DO SUL. ........................................................................................................... 249

Estradas e Histórias: A imigração alemã e o processo de urbanização de Juiz de Fora – Minas Gerais ................................................................................................................. 253

A arquitetura moderna em Pelotas: inventário, conhecimento e preservação ............... 256

Estudos das Esculturas em faiança da cidade de Pelotas ................................................ 260

A ESCULTURA DO DEUS MERCÚRIO, DO ALTO DA TORRE DO MERCADO MUNICIPAL DE PELOTAS, RS, BRASIL: A TRAJETÓRIA DE UM SÍMBOLO DIVINO. ..................................... 263

A Exposição Museu Revelado no Museu de Arte da Pampulha: o fardo da história não revelada ........................................................................................................................ 266

Trajetória dos inventários arquitetônicos e urbanos no Rio Grande do Sul..................... 268

A Oficina Metalúrgica de Ernesto Giorgi : artefatos metálicos das primeiras décadas do século XX em Pelotas/RS ............................................................................................... 270

Repercussões Gráficas da Passagem do Graf Zeppelin pelo Brasil: Anúncios Publicados na Imprensa em 1930 ........................................................................................................ 274

A arte decorativa das superfícies murais dos ambientes internos dos prédios ecléticos Pelotenses..................................................................................................................... 277

Guia de Acervos: a representação dos acervos documentais ......................................... 280

MESA 6 - Patrimônio e Museus: interfaces necessárias ........................................................ 284

Hospital Beneficência Portuguesa: Presença e atuação na cotidianidade de Porto Alegre (1854 – 1904) ................................................................................................................ 285

Memória e Patrimônio: as coleções de arte nos museus de Florianópolis - SC ............... 289

PLANO MUSEOLÓGICO: uma ferramenta dos museus para gestão do patrimônio ......... 291

A memória em disputa: o Museu do Algodão de Campina Grande-PB, 1973-2013 ......... 293

Patrimônio, preservação e processo de musealização: interfaces necessárias e um caso concreto de aplicação no Museu da Cidade de Parambu ............................................... 295

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Interação, novas mídias e tecnologias da informação e comunicação em exposições museológicas. ............................................................................................................... 298

Museu Nacional do Mar: centro de referência do patrimônio naval brasileiro ............... 300

Instrumentos Paradidáticos em Sala de Aula: Aprender (e Viver) História através de Maquetes Físicas ........................................................................................................... 303

Reservas Técnicas: Algumas Reflexões Sobre o Espaço de Guarda dos Acervos.............. 306

A Expografia dos Tempos na Cidade Contemporânea .................................................... 311

Museus e Memória na Contemporaneidade .................................................................. 314

De prisão clandestina a arquivo de luta pela memória: o caso do Arquivo Provincial da Memória em Córdoba (ARG) ......................................................................................... 317

PROGRAMA DE PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL DA REGIÃO DO ANGLO: UMA EXPERIÊNCIA DE APROXIMAÇÃO ENTRE A UNIVERSIDADE E COMUNIDADE ................... 319

As ambivalências do voluntariado: a comissão de voluntários gestores do Museu Nacional de Imigração e Colonização de Joinville ......................................................................... 322

Reflexões sobre o processo de musealização dos remanescentes da antiga usina termoelétrica de Arroio dos Ratos (1985 - 1994) ........................................................... 325

“Museu Sensível e Museu no Feminino : mulheres artistas nas exposições museológicas” ..................................................................................................................................... 327

A memória nacional como atrativo turístico: um possível elo entre o Turismo Cultural e os museus históricos brasileiros ......................................................................................... 331

Instituições de memória nas Casas-Museu: a produção de conhecimento como ponto chave na preservação .................................................................................................... 333

Arqueologia nos Museus em Rio Grande - fronteiras silenciosas .................................... 336

Museus, Desenvolvimento e Política ............................................................................. 338

Abordagens e discussões sobre o espaço museal, a patrimonialização e a comunicação cultural: Estudo comparativo entre o Museu dos Ex-votos e a Sala de Milagres do Santuário do Bomfim, em Salvador, Bahia. .................................................................... 341

MESA 7 - Lembrar, esquecer, narrar. .................................................................................... 343

A memória construída pelo jornal Correio do Sul em torno da figura do ex-presidente Emílio Garrastazu Médici ............................................................................................... 344

Memória e cultura pomerana através do (re)conto Dái zuóvan kláina séicha ................. 347

A Memória como Patrimônio: o holocausto a partir da vivência dos povos bálticos ....... 349

Representações do Holocausto nos Quadrinhos ............................................................ 351

A Memória do Lugar e o Estabelecimento da Ordem: Fundamentos Comuns para a Afirmação das Desigualdades ........................................................................................ 354

A memória do esquecimento: a reinvenção do passado em Goiás no início da década de 1990 .............................................................................................................................. 357

Compulsão à Identidade: Memória e Esquecimento ...................................................... 359

Um testemunho do cárcere: o caso Sobrevivente André Du Rap (do massacre do Carandiru) ..................................................................................................................... 361

Descendência Indígena na Colônia Z-3 – Pelotas, RS ...................................................... 364

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A imigração judaica em Porto Alegre: Memória e Representação através do Pessach, Roshá Shaná e Iom Kipur. .............................................................................................. 367

“A gente aprendeu brincando”: narrativas sobre o modo de fazer Jurupiga ................... 369

O centenário da imigração alemã (1924) e suas representações em almanaques .......... 372

Cartas ex-votivas: histórias de vidas, memórias social e comunicação ........................... 375

Reforma Alfabética e as sobras da passagem humana sobre a Terra .............................. 378

Questões fundamentais sobre o Esquecimento ............................................................. 381

Narrar, lembrar e esquecer : aposentadoria, envelhecimento e memória coletiva entre ferroviários e policiais militares aposentados ................................................................ 382

Memórias do livro: o Quadro Antigo do Cemitério Ecumênico São Francisco de Paula nos registros da família Rojas ............................................................................................... 384

O copiador de cartas: memória e narrativa no texto epistolar ....................................... 386

Patrimônio e memória: as narrativas e a construção do espaço urbano e social de Erechim. ........................................................................................................................ 388

Memória e Infância: concepções quanto a infância rio-grandina em 1950. .................... 391

Empoderamento do discurso indigenista, a reivindicação da narrativa de si próprios a partir do projeto “Vídeo nas Aldeias”. ........................................................................... 393

Objetos, memórias e narrativas: a memória de Lyuba Duprat – Rio Grande, RS. ............ 396

Velhice, masculinidade e memória ................................................................................ 399

Notas Introdutórias sobre a História e Biografia de um Pioneiro: Carlos Guilherme Rheingantz, o Primeiro Industrial Gaúcho ...................................................................... 402

Narrativas escritas de José Sérgio L. Guimarães: discussões sobre identidade surda na década de 60 ................................................................................................................. 405

O otimismo e a denúncia: as duas faces das construções poéticas das autoras renascentistas Louïze Labé e Pernette du Guillet ........................................................... 407

De como a Arte Contemporânea nos propõe a lidar com a ausência (Arthur Bispo do Rosário e Leila Danziger) ............................................................................................... 410

MESA 8 - O Patrimônio Cultural Imaterial e suas normativas e instituições patrimoniais na América Latina ..................................................................................................................... 414

Patrimônio Cultural Imaterial : As Festas de Nova Iguaçu, Rio de Janeiro ....................... 415

O Patrimônio Cultural na Constituinte de 1987/88. ....................................................... 418

Inventário de Bens Culturais Imateriais de Piracicaba - SP ............................................. 420

Da “carne e osso” à “pedra e cal”: compreendendo a inscrição “imaterial” na Constituição Federal do Brasil de 1988 .............................................................................................. 423

Ações de salvaguarda do patrimônio cultural imaterial em contextos de “hibridismo institucional” ................................................................................................................. 426

As Políticas de Salvaguarda do Patrimônio Imaterial no IPHAN a serviço da Identidade Nacional Brasileira......................................................................................................... 429

“Compartilhando os bens culturais de Jaguarão-RS-patrimônio imaterial – proposta de educação patrimonial” .................................................................................................. 432

El Payador: desde “Ansina” a Diego Sosa ....................................................................... 435

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MESA 9 - Paisagem e cultura: patrimônio, turismo e memória. .......................................... 438

Patrimônio Cultural Imaterial : As Festas de Nova Iguaçu, Rio de Janeiro ....................... 439

Lugares de memória, lembranças e esquecimentos: um novo olhar para o turismo em Nova Xavantina ............................................................................................................. 442

Mercantilização X Identidade: O caso da Oktoberfest de Rolândia. ................................ 445

História, memória e visualidade urbana em álbuns comemorativos............................... 447

Roteiro Experimental de Turismo “Roda D’água”: modos “de viver e de fazer” em Nova Hartz/RS. ....................................................................................................................... 450

Os benzedores de São Miguel das Missões e a atividade turística .................................. 453

Cartilha didática: Quarta Colônia: terra, gente e história ............................................... 456

Pelotas, passado e presente: Usos dos espaços do Centro Histórico Pelotense. ............. 459

Sertanidades criativas ................................................................................................... 463

A elaboração de pães caseiros como resgate cultural do patrimônio imaterial, na Região de São Gotardo / RS ...................................................................................................... 466

Patrimônio cultural e memória: a Oktoberfest na construção da etnicidade alemã ........ 469

O inventário de Pelotas em 1983. .................................................................................. 472

Trilha Caminhos dos Maniçobeiros: integração da Cultura Imaterial, Turismo e vivência do Patrimônio .................................................................................................................... 474

La deseable injerencia de los patrimonios locales en los procesos de desarrollo urbano de pequeña escala ............................................................................................................. 479

A mercantilização e espetacularização das cidades: O desafio em preservar o patrimônio histórico e cultural ........................................................................................................ 481

Usina de Cuñapirú: patrimonialización, turismo y desarrollo local en la frontera rivera – Livramento. ................................................................................................................... 484

Rua do Porto: um lugar praticante e praticado .............................................................. 489

"Estações ferroviárias de Campinas (SP): estudo sobre a preservação do patrimônio industrial ferroviário e turístico industrial". ................................................................... 492

A composição territorial de Caxias do Sul como oportunidade para a Educação Patrimonial ..................................................................................................................................... 494

Proposta de autogestão do patrimônio comunitário pela associação solidária de mulheres de Quizambú. ................................................................................................................ 496

Memória e metamorfose da paisagem: análise das narrativas sobre a Avenida Goiás .... 498

Turismo e direito como estratégia na preservação do patrimônio arqueológico. ........... 500

A favela como constructo original brasileiro: pelo seu reconhecimento como paisagem cultural.......................................................................................................................... 503

O turismo como desenvolvimento de São José do Barreiro-SP ....................................... 506

Arquitectura, Memoria y Conflicto Armado en Colombia .............................................. 508

Fronteira: limite geográfico que separa. Culturas que se unem. ..................................... 510

O Inepac e a proteção da Paisagem Cultural: o caso de Tarituba, Paraty ........................ 512

Vila Evangelista: Planejamento Urbano e Patrimônio .................................................... 515

A Serra do Curral na paisagem belorizontina: uma interpretação .................................. 517

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Memória coletiva como suporte para o Turismo cultural : fronteiras porosas nas Folias de Reis em Nova Friburgo/RJ.............................................................................................. 520

Turismo e patrimônio industrial: memórias, revitalização e (re)significações do complexo ferroviário em Mariana e Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil ............................................ 523

El patrimonio cultural material e inmaterial y sus efectos en la actividad turística de la ciudad de Taxco, Guerrero en México. .......................................................................... 525

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MESA 1 - Ciência e preservação: a tecnologia como

ferramenta para a conservação do patrimônio.

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A tinta ferrogálica: a importância dos exames para determinar metodologias de tratamento

Marina Furtado Gonçalves1

Palavras-chave: Tinta ferrogálica. Exames organolépticos. Exames laboratoriais. Metodologias

de tratamento.

Introdução

A memória coletiva e documentada de uma sociedade representa boa parte do patrimônio

cultural existente. Segundo Edmondson (2002), considera-se que sua importância transcende

os limites do tempo e da cultura, portanto deve-se preocupar com a preservação e

disponibilização destes documentos para as gerações atuais e futuras. São vários os problemas

que podem ocorrer com esse tipo de documentação devido às más condições de

armazenamento e pelo próprio efeito do tempo. Papéis que apresentam escrita em tinta

ferrogálica são ainda mais suscetíveis à deterioração, uma vez que a tinta é um agente

catalisador da degradação, acarretando em danos irreversíveis para o suporte e para a própria

tinta.

Objetos cujo suporte é o papel foram produzidas com tinta ferrogálica, desde o final da Idade

Média até o início do século XX (ANDRADE, 2000). Os danos provocados por essa tinta ao

suporte de papel são irreversíveis e de difícil tratamento, devido à hidrólise ácida e à oxidação

catalisada pelos íons metálicos. Segundo Neevel e Reissland (1997), a degradação visual do

papel pela tinta ferrogálica dá-se por quatro estágios, assim descritos: fluorescência de halos

nas áreas da tinta quando iluminadas com radiação ultravioleta com comprimento de onda

igual a 365nm; leve migração da tinta para o verso do papel; intensa migração da tinta para o

verso do papel; rupturas e perdas do suporte nas áreas da tinta.

A presença de ferro em uma tinta não é indício suficiente para caracterizá-la como ferrogálica.

Estudos em diversos manuscritos demonstraram que nos vários locais analisados a quantidade

de ferro detectada não apresenta uma diferença substancial entre a tinta e o papel,

(BICCHIERI, 2008) não caracterizando assim uma tinta ferrogálica.

Metodologia e resultados

A partir dos exames visuais, sob luz reversa e ultravioleta é possível observar os primeiros

indícios se uma tinta é ferrogálica ou não, percebendo as tipologias de degradação. O teste

qualitativo não destrutivo para íons livres de Fe (II) fornece a primeira indicação sobre um dos

componentes da tinta que é o ferro, sob sua forma catalisadora da oxidação degradativa. Esse

exame fornece também dados para a escolha da metodologia de tratamento dos documentos,

assim como o teste de solubilidade, o de pH e o de tempo de absorção de água pelo papel.

Para conhecer sobre os componentes do papel e das tintas procede-se com exames que

requerem equipamentos mais especializados que fornecem resultados precisos e confiáveis

1 Bacharel em Turismo pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Bacharel em Conservação-

Restauração de Bens Culturais Móveis pela UFMG, Mestranda em Artes – Conservação

Preventiva/Tecnologia da Obra de Arte pela UFMG. [email protected]

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como a Fluorescência de Raios X, Espectroscopia de Infravermelho com Transformada de

Fourier e de Espalhamento de Luz Raman (Micro-Raman).

Conclusões

Antes de se aplicar qualquer metodologia de tratamento é necessário conhecer o objeto a ser

conservado/restaurado e a identificação das técnicas e materiais utilizados é o primeiro passo

a ser dado. Determinar se realmente trata-se de tinta ferrogálica e correlacionar suas

tipologias de degradação são importantes passos para saber qual tratamento deve-se adotar,

mesmo que se opte por um não tratamento. Existem vários exames disponíveis e, dependendo

da viabilidade e acesso aos equipamentos, devem-se escolher ensaios não destrutíveis e que

forneçam resultados precisos. Os exames químicos permitem a determinação do tipo de tinta,

fibra e carga presentes no papel, porém os exames organolépticos e por imagem são

importantes para identificar as tipologias de degradação, lembrando que nem sempre um

teste irá gerar um resultado definitivo, ou seja, a somatória de dados é que pode resultar em

um diagnóstico assertivo.

Para o tratamento desenvolvido por Neevel (1995), um dos mais adotados atualmente, que

utiliza fitato de cálcio e bicarbonato de cálcio, é de grande importância que se tenha certeza

de que se trata de tinta ferrogálica e que se identifique a tipologia de degradação. Desta

maneira, os ensaios realizados em laboratório, mesmo os mais simples, mostram-se essenciais.

Referências

ANDRADE, Gessonia Leite de. A corrosão do suporte celulósico pela tinta ferrogálica. Anais da

Abracor. X Congresso da ABRACOR - São Paulo-SP. 2000.

BICCHIERI, M. el al. All that is iron-ink is not always iron-gall! Journal Raman Spectroscopy

2008; 39:1074-1078.

EDMONDSON, Ray. Memory of the World: General Guidelines (Revised edition 2002). Paris:

UNESCO, 2002. 72 p.

NEEVEL, Johann G. Phytate: a potential conservation agent for the treatment of ink corrosion

caused by iron gall inks. Restaurator, v. 16, p. 143-160, 1995.

NEEVEL, Johann G.; REISSLAND, Birgit. The ink corrosion project at the Netherlands Institute

for Cultural Heritage: a review. In: Proceedings Workshop on Iron-gall Ink Corrosion,

Amsterdam, 1997. p. 37-46.

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Laboratório Cinema e Conservação: Conservação Preventiva e Gerenciamento da Informação

Jussara Vitória de Freitas2

Evandro José Lemos da Cunha3

Luiz Antônio Cruz Souza4

Palavras-chave: Conservação Preventiva. Gerenciamento de Riscos. Película Cinematográfica.

Introdução

A pesquisa buscou identificar, através de exames e diagnósticos pontuais, o processo ideal de

tratamento do acervo de películas cinematográficas da Escola de Belas Artes da Universidade

Federal de Minas Gerais, e, ainda, procurou detectar os fatores que comprometem a

integridade das obras e elaborar uma proposta de conservação preventiva e

acondicionamento desse acervo, para elaboração de um diagnóstico com base nos conceitos

da ciência da conservação. Pretendeu-se ainda auxiliar na formação de equipe multidisciplinar

para o exercício da prática de manuseio e conservação desse conjunto de obras, por meio da

estruturação do Laboratório de Cinema e Conservação para a guarda desse acervo fílmico. Esse

Laboratório acondiciona todo acervo da instituição em diferentes suportes e formatos, para

uso acadêmico e institucional. O estudo de gerenciamento de risco do acervo foi precursor da

elaboração desta proposta.

A conservação preventiva engloba todos os procedimentos relacionados à preservação dos

variados suportes fílmicos, com a finalidade de manter as informações contidas nos

documentos. Tais procedimentos correspondem aos princípios, métodos e técnicas de

produção e organização, armazenagem, e utilização dos arquivos, tratando os documentos

desde sua origem até o destino final.

A constante falta de recursos financeiro e humanos que afeta a maioria das instituições

detentoras de acervos acaba por protelar o aprimoramento de sua segurança; e, ainda, a falta

de conhecimento sobre o assunto conduz ao agravamento do problema, pois, não raro, são

implementadas “melhorias” que não contemplam o aspecto da segurança do acervo. É

importante que esse assunto seja cada vez mais discutido e estudado por profissionais

responsáveis por essas instituições. O crescente surgimento de coleções de repercussão

internacional, no Brasil, deveria ser acompanhado de uma preocupação com o aprimoramento

da proteção desses objetos expostos, tanto os pertencentes à própria instituição promotora,

quanto a outras instituições. Para isso, o estudo do gerenciamento de riscos desempenha um

papel fundamental no que diz respeito à proteção patrimonial, e que, aliado ao trabalho do

conservador, proporciona segurança a todo o acervo da instituição.

Metodologia e resultados

2 MS. Universidade Federal de Minas Gerais, [email protected]

3 Dr. Universidade Federal de Minas Gerais, [email protected]

4 Dr. Universidade Federal de Minas Gerais, [email protected]

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Após a realização dos estudos de gerenciamento de riscos, diante dos fatores apresentados,

ficou evidente a necessidade de implementar ações de preservação e conservação preventivas

no acervo fílmico da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais. O acervo

ganha um novo espaço denominado Laboratório Memória e Cinema, destinado à guarda de

toda a coleção, nos seus diferentes suportes: películas, fitas magnéticas, slides, roteiros,

fotografias, cartazes e toda a documentação correlata aos fundos ali depositados.

O espaço ganha mobiliário em melhores condições, iluminação apropriada, novas embalagens

de polietileno para abrigar os filmes, embalagens de poliéster para fotografias, embalagens de

entretela para outros suportes e é instalado sistema de refrigeração. O sistema de catalogação

proposto foi adotado pela instituição, bem como a implantação do gerenciamento da

informação (banco de dados), que proporciona melhor circulação e registro das informações

ali contidas. Os equipamentos que compõem o acervo do Fundo Igino Bonfioli receberam

tratamento especial, foram higienizados e acondicionados e depois foram incorporados à

coleção.

Na etapa de catalogação, foi realizada a análise física do suporte, a identificação do conteúdo

da obra e, ainda, levantamento sobre informações relativas à realização da obra como: título

original, data de produção e de lançamento, país de origem, créditos, sinopse, tipo de material

etc.

Conclusões

Nesta pesquisa, procurou-se apresentar soluções viáveis para problemas cotidianos

enfrentados por conservadores. Conhecendo os fatores que causam a degradação do acervo

fílmico, podemos protegê-lo, indo direto ao centro do problema, e sem dúvida alguma, para

prolongar a vida útil desses bens culturais.

No que diz respeito à conservação preventiva e à restauração, ficou evidente que são

atividades com finalidades distintas e que, nas últimas décadas, tem-se enfatizado mais a

prática da conservação preventiva, e menos a restauração propriamente dita.

Referências

BAER, Norbert S.; BANKS, Paul N. Poluição do ar em interiores: efeitos sobre os materiais. In:

MENDES, Marylka. 2006.

BARBOZA, Kleumanery de Melo. Tecnologia construtiva: estado de conservação e ações para a

preservação de um oratório mineiro. Monografia (Especialização em Conservação e

Restauração) – Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis, Universidade

Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2007.

FISHER, M.; ROBB, A. 2ª ed. Indicações para o cuidado e a identificação da base de filmes

fotográficos. Projeto conservação preventiva em bibliotecas e arquivos, 2001.

GÜTHS, S.; SOUZA, L. A. C.; PEREIRA, F. O. R. Sistema de gerenciamento térmico para

conservação de coleções. In: CONGRESSO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CONSERVADORES E

RESTAURADORES DE BENS CULTURAIS (ABRACOR), IX. Anais do... p. 36-39, Salvador/BA, 1998.

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Fontes Primárias e Internet: o uso da ferramenta para uma pesquisa sobre dança de corte, na França,

nos séculos XVI ao XIX

Bruno Blois Nunes

Elisabete Leal (orientadora)

Palavras-chave: Biblioteca Nacional da França. Fontes Primárias. Internet. Patrimônio

Documental. Dança.

Introdução

O trabalho, ora apresentado, trata do uso da tecnologia da Internet para a viabilização de uma

pesquisa histórica, cujas fontes não se encontram no Brasil. Esse estudo é realizado através de

pesquisa em fontes primárias da metade do século XVI até o início do século XIX, no site da

Biblioteca Nacional da França. Por meio desse acesso tecnológico é possível que se faça uma

pesquisa sobre a dança, na corte francesa, no período mencionado, o que justifica a utilização

dessa tecnologia.

Metodologia e resultados

Está sendo realizada uma pesquisa histórica sobre as danças de corte na França, cujas fontes

não estão no Brasil. Esse é o principal desafio a ser superado graças a Internet. Pode-se hoje

acessar documentos, arquivos, fotos, músicas, vídeos dos mais diversos locais do mundo.

Interessa-nos, nessa apresentação, mostrar a potencialidade do uso da Internet em pesquisas

histórica cujas fontes primárias não se encontram no Brasil.

As bibliotecas e arquivos, instituições que tem o dever de preservar seu acervo histórico,

também se utilizam da Internet como meio de disponibilizar seus documentos ao público em

geral e com isso reduzir o manuseio decorrente da pesquisa in loco. Com poucos cliques, obras

do século XVI e XVII, por exemplo, podem ser acessadas em instituições de guarda de acervos

históricos espalhadas pelo mundo todo. Uma das últimas Bibliotecas que entrou na era digital

foi a Biblioteca Apostólica Vaticana, em janeiro de 2013. É sobre essa facilidade de pesquisa

que trata esta apresentação.

A historiografia da dança não é ampla, mesmo na França. Em geral encontra-se variado livros

sobre a história geral da dança, cuja abordagem não é pautada por uma rigorosa pesquisa

histórica. Muitas vezes os livros sobre a dança acabam por serem redundantes, se

autorreferindo e não realizando uma pesquisa original. Entre os livros gerais sobre dança de

salão encontram-se: National Rhythms, African Roots de John Charles Chasteen, Learn to

Dance de Colette Redgrave e Fundamentos de dança de salão da Bettina Ried, Dança: bem-

estar e autoconfiança de Cínthia Ceribelli.

Outro tipo de bibliografia sobre dança é a que trata de gêneros musicais específicos, como:

Caribbean Currents: Caribbean Music from Rumba to Reggae de Peter Manuel e Kenneth Bilby,

The Book of Salsa de César Miguel Rondón, Samba de Gafieira: a história da dança de salão no

Brasil de Marco Antônio Perna e Maxixe: a dança excomungada de Jota Efegê.

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Algumas dessas obras, tanto os livros gerais quanto os específicos, são inclusive manuais de

dança, apresentando passos para aprender a dançar. A historiografia sobre a dança de corte é,

portanto, falha e foi necessário realizar uma pesquisa em fontes primárias, o que será

mostrado a seguir.

Com o avanço da Internet, foi encontrada uma solução: através da utilização da tecnologia das

bibliotecas virtuais, do acesso ao site da Biblioteca Nacional da França, foram encontrados

manuscritos, livros e imagens produzidos nos séculos em questão que servirão de fontes

primárias para meu trabalho. Além de ter acesso a uma infinidade de documentos que são

preservados, existe a possibilidade de fazer o download desses documentos, em sua

totalidade, gratuitamente. Foi possível encontrar livros como Orchésographie et traicté en

forme de dialogue, par lequel toutes personnes peuvent facilement apprendre et practiquer

l'honneste exercice des dances de Thoinot Arbeau e um documento que trata da Implantação

da Real Academia de Dança em Paris, em 1663.

Foi o avanço da tecnologia que permitiu a disponibilização dessas fontes primárias,

possivelmente, reprodução realizada por meio de scanner. O uso do mesmo, copiando os

documentos para um espaço online, evita o manuseio excessivo de obras bastante

prejudicadas pela ação do tempo. Algumas obras têm, no seu original, difíceis interpretações

seja por alguns serem manuscritos, pela fonte tipográfica ser de tamanho reduzido e pelo

francês arcaico. Entretanto, a maioria delas possui total condição de tradução e pesquisa para

o projeto.

Conclusões

Os resultados finais ainda não são conclusivos, pois farão parte de um projeto de pesquisa

mais aprofundado e que levará um tempo maior de pesquisa na área. Contudo, os resultados

encontrados até agora são satisfatórios, pois demonstram rápido acesso a essas obras

originais, o custo zero para obtenção dessas fontes que são, acima de tudo, patrimônio

cultural da França.

Referências

ARBEAU, Thoinot. Orchésographie et traicté en forme de dialogue, par lequel toutes

personnes peuvent facilement apprendre et practiquer l'honneste exercice des dances.

Langres: Thoinot Arbeau, 1589

CERIBELLI, Cínthia. Dança: bem-estar e autoconfiança. São Paulo: Escala, 2008.

CHASTEEN, John Charles. National Rhythms, African Roots. Albuquerque: Universtiy of New

Mexico, 2004.

EFEGÊ, Jota. Maxixe: a dança excomungada. 2.ed. Rio de Janeiro: Funarte, 2009.

Etablissement de l'Académie royale de danse en la ville de Paris. Paris: Pierre Le Petit, 1663.

MANUEL, Peter; BILBY, Kenneth; LARGEY, Michael. Caribbean Currents: Caribbean Music

from Rumba to Reggae. Philadephia: Temple University, 2006.

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PERNA, Marco Antônio. (Org.) 200 Anos de Dança de Salão no Brasil – Vol.1. Edição do Autor,

2011.

______. (Org.) 200 Anos de Dança de Salão no Brasil – Vol.2. Edição do Autor, 2012.

______. (Org.) 200 Anos de Dança de Salão no Brasil – Vol.3. Edição do Autor, 2012.

______. Samba de Gafieira: a história da dança de salão brasileira. 2. ed. Edição do autor,

2005.

REDGRAVE, Colette. Learn to Dance: A Step-by-Step Guide to Ballroom and Latin Dances. UK:

Parragon Books, 2008.

RIED, Bettina. Fundamentos de Dança de Salão. São Paulo: Phorte, 2005.

RONDÓN, César Miguel. The Book of Salsa: a chronicle of urban music from Caribbean to New

York City. North Carolina: The University of North Carolina, 2008.

Biblioteca do Vaticano é aberta a internautas. Disponível em:

<www.folha.uol.com.br/tec/1223635-biblioteca-do-vaticano-e-aberta-a-internautas.shtml>.

Acesso em: 15 set. 2013.

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A capacitação como forma de preservar a memória cultural

Karin Christine Schwarzbold5

Jorge Eduardo Barcelos6

Palavras-chave: Memória e Patrimônio, Patrimônio Documental, EaD, FURG, Arquivística.

Introdução

Este trabalho tem como foco de pesquisa o uso de ambientes virtuais de ensino –

aprendizagem (AVEA) na capacitação de servidores com a finalidade de preservar o patrimônio

documental da Universidade Federal do Rio Grande- FURG (FURG).

Apesar de existir desde 1969 foi apenas com a adesão da Instituição ao Programa de Apoio a

Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI) que se criou a

unidade Arquivo Geral. Uma das primeiras iniciativas tomada a realização de um diagnóstico

onde formulários foram aplicados em todos os órgãos da universidade. Como resultados

obtidos com o diagnóstico encontram-se: a falta de espaço físico, ambientes inadequados para

conservação da documentação e a falta de noções/orientações sobre arquivamento.

Com base nessa necessidade, foi realizado em 2010 um curso de capacitação para servidores

da instituição. Foram encontradas algumas dificuldades em relação ao local das aulas, tais

como: proximidade com o local de trabalho (servidores pertencentes a três campi distintos),

disponibilidade do ambiente durante todos os dias do curso, disponibilidade de equipamentos

como data-show no local. Além disso, durante o curso, vários servidores tiveram que desistir,

pois eram necessários em seus ambientes de trabalho. Pensa-se então na possibilidade de se

realizar essa capacitação na modalidade à distância.

Assim, surge a problemática que norteia esse trabalho: como efetivar a sensibilização dos

servidores das IFES , através de uma capacitação à distância, e dessa forma, contribuir para a

preservação do patrimônio documental institucional?

Metodologia e resultados

Esta pesquisa é considerada aplicada, por sua natureza, e qualitativa, quanto à forma de

abordagem do problema. Minayo (2001), explica que a pesquisa qualitativa trabalha com o

universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes. De acordo com

Barros e Lehfeld (2000), a pesquisa aplicada tem como motivação a necessidade de produzir

conhecimento para aplicação de seus resultados, com o objetivo de “contribuir para fins

práticos, visando à solução mais ou menos imediata do problema encontrado na realidade”

(p78).

Também foi adotada a pesquisa bibliográfica e foi justamente nesse momento que tomou-se

conhecimento da obra de Eboli (2004, p 51) onde a mesma sugere dez etapas para concepção

5 Especialista em Gestão de Arquivos (UFSM), Arquivista da Universidade Federal do Rio Grande- FURG,

[email protected]

6 Discente do Curso de Arquivologia, FURG, [email protected]

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de uma ação de educação corporativa que naturalmente se tornaram os passos metodológicos

usados para a implantação dessa proposta.

1. Envolver e comprometer a alta administração com o processo de aprendizagem

2. Definir o que é crítico para o sucesso

3. Realizar diagnóstico das competências críticas empresariais, organizacionais e

humanas

4. Alinhar o sistema de educação à estratégia de negócios

5. Definir público-alvo

6. Avaliar e ajustar os programas existentes contemplando as competências críticas

definidas

7. Conceber ações e programas educacionais presenciais e/ou virtuais sempre orientados

para a necessidade do negócio

8. Avaliar tecnologia de educação disponível

9. Criar um ambiente e uma rotina de trabalho propício à aprendizagem

10. Estabelecer um sistema eficaz de avaliação dos resultados obtidos com investimento e

treinamentos

Conclusões

Está proposta ainda se encontra em andamento. Como conclusões parciais podemos citar a

aceitação junto à administração com relação a aplicação do curso e a sua grande relevância, a

procura pelos servidores. Apesar de estar na metade já se verificou um aumento nas

solicitações de informações junto ao Arquivo Geral e um ganho, apesar de pequeno, mas

fundamental, que foi a inclusão, junto ao material disponível no almoxarifado, de clipes

plásticos.

Referências

BARROS, Aidil J. da Silveira; LEHFELD, Neide A. de Souza. Fundamentos de metodologia

científica: um guia para a iniciação científica. São Paulo: Makron Books, 2000.

EBOLI, M . Educação corporativa no Brasil: mitos e verdades. São Paulo: Gente 2004.

MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento. Pesquisa qualitativa em saúde. São

Paulo:HUCITEC, 2007.

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A biblioteca universitária como espaço de memória

Rubens da Costa Silva Filho7

Palavras-chave: Espaço de memória. Biblioteca universitária. Repositórios institucionais.

Introdução

A memória é o cerne da existência de instituições-memória, como as bibliotecas. De acordo

com Costa (1997), a memória é um elemento primordial no funcionamento das instituições.

Através da memória as instituições se reproduzem no seio da sociedade, retendo apenas as

informações que interessam ao seu funcionamento. No âmbito destas instituições ocorre um

processo seletivo do que deve ser retido e que se desenvolve segundo regras instituídas e que

variam de instituição para instituição.

Nas bibliotecas universitárias o processo de seleção das informações e documentos que devem

ser retidos ou descartados é de suma importância. As bibliotecas universitárias resguardam os

conhecimentos gerados nas instituições de ensino onde estão inseridas, além disso, reúnem,

organizam e disseminam as produções de cunho cultural e técnico-científico no âmbito de suas

instituições.

Metodologia e resultados

A transcendência da memória e do conhecimento humano é materializada nas

bibliotecas, uma vez que estas propõe-se além da preservação, a disseminação do

conhecimento contido em seu acervo,

[...] as bibliotecas abandonam seu estereótipo de depósito do conhecimento para se exibirem como “lugares de memória”, de tradição, de práticas culturais. Em resumo: como espaços onde nosso patrimônio material e imaterial é captado, preservado e disseminado. (SILVEIRA, 2012).

O acesso à memória nas bibliotecas se dá a partir do seu catálogo, que funciona como um guia

até o lugar onde se encontra o documento. Esta busca pelo documento poderá se dar em meio

físico com o uso de fichários ou por meio virtual através de catálogos virtuais que lhe

proporcionarão o acesso ao documento na íntegra ou sua localização em um acervo físico.

A importância das bibliotecas como espaço de memória e representatividade no seio de uma

sociedade é constatada por Oliveira e Santos (2009), onde

A possibilidade do saber e do amadurecimento científico e humano através da aprendizagem tem na Biblioteca um grande símbolo. A quantidade e variedade de livros que estão nela compilam muitos dos resultados da caminhada intelectual da humanidade: as descobertas, os inventos e os escritos, que impulsionaram o desenvolvimento, promoveram o contentamento ou o sofrimento; enfim, tudo que mereceu ou que pôde ser anotado e que, portanto, recebeu a imortalidade, reunido e arquivado num

7 Mestrando em Memória Social e Bens Culturais, UNILASALLE. Bibliotecário-Chefe da Biblioteca da

Escola de Enfermagem da UFRGS, [email protected].

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único espaço físico, porém, ilimitado, como imaginamos que seja “um” universo.

A biblioteca universitária caracteriza-se como espaço da memória científica dentro de uma

universidade, pois é nela que identifica-se como o local onde é reunida a produção científica

gerada na instituição. Além de preservar a memória das universidades, a biblioteca

proporciona a multiplicação do conhecimento gerando através de seu acervo novos

conhecimentos.

No contexto atual, surge com grande eficiência os repositórios digitais institucionais, onde são

armazenadas e disponibilizadas as produções das universidades em meio eletrônico.

Conclusões

A biblioteca como um espaço de preservação do conhecimento humano, naturalmente

identifica-se como espaço de memória, uma vez que a biblioteca universitária como guardiã da

produção científica, intelectual e cultural das universidades. A preservação do acervo histórico

da universidade tem papel fundamental na produção de novos conhecimentos, uma vez que

dissemina as informações já existentes.

Referências

COSTA, Icleia Thiesen Magalhães. Memória institucional: a construção conceitual numa

abordagem teórico-metodológica. 1997. 169f. Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Rio

de Janeiro, Rio de Janeiro, 1997.

OLIVEIRA, Edileusa Santos; SANTOS, Ana Elizabeth Alves. A inutilidade dos lugares de memória:

a “Biblioteca Verde” de Carlos Drummond de Andrade. Revista Espaço Acadêmico, Maringá,

v.8, n.96, 2009. Disponível em: <http://www.espacoacademico.com.br/096/96oliveira-

santos.pdf>. Acesso em: 15 jul.2013.

SILVEIRA, Fabricio José Nascimento da. Sendas entre o visível e o invisível: a biblioteca como

“lugar de memória” e de preservação do patrimônio. DataGramaZero - Revista de

Informação, Rio de Janeiro, v.13, n.5, 2012. Disponível em: <

http://www.dgz.org.br/out12/Art_03.htm>. Acesso em: 15 jul. 2013.

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Tecnologia utilizada para retardo na degradação de azulejos de fachada

Renata Barbosa Ferrari Curval8

Naira Maria Balzaretti9

Thais Alessandra Bastos Caminha Sanjad 10

Palavras-chave: Tecnologia, restauro, azulejos, fachada, degradação.

Introdução

O presente trabalho visa apresentar a comparação da degradação física ocorrida em azulejos

portugueses, de fachada, dos séculos XVIII e XIX que estão situados na cidade de Lisboa,

Portugal, Belém do Pará e Rio Grande, Brasil, bem como a tecnologia utilizada para retardo na

degradação física de azulejos de fachada.

Para atingir o objetivo proposto foi necessário: Apresentar tipos e características de três

imóveis onde os azulejos de fachada são encontrados nas cidades do Porto, Belém do Pará e

Rio Grande; apresentar as patologias existentes nas peças a serem estudadas (Porto, Belém do

Pará e Rio Grande), bem como seu efeito e sua causa; conhecer e apresentar as características

físicas e a composição química das amostras em questão, apontando a presença ou ausência

de agentes biológicos e umidade nas peças, assim como a composição das mesmas; tornar a

superfície do azuelejo super hidrofóbica.

Atendendo aos objetivos propostos foi possível desenvolver a aplicação de um produto

inovador e capaz de atender as demandas oriundas dos processos de restauro das

degradações físicas de azulejos de fachada do século XIX, sem alterar as características físicas

das peças, agindo, portanto, de forma diferenciadas dos demais vernizes e produtos

comercializados.

Metodologia e resultados

- Visitação in locco de três cidades com contextualização de azulejos de fachada;

- Mapeamento de patologias existentes em cada uma das três amostras analisadas;

- Difração de Raiox-X utilizado para caracterizar as fases cristalográficas presentes nas três

amostras;

8 Arquiteta e Urbanista, especialista em Patrimônio Histórico pela Universidade Federal de Pelotas,

Mestre em Memória Social e Patrimônio Cultural pela Universidade Federal de Pelotas e doutoranda em

Ciências dos Materiais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Bolsista CAPES.

[email protected].

9Física, Doutora em Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Física da UFRGS.

[email protected]

10 Arquiteta e Urbanista, Doutora pela Universidade Federal do Pará. Curso de Arquitetura e Urbanismo

da UFPA. [email protected]

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- Microscopia Eletrônica de Varredura utilizada para identificar os elementos químicos

presentes nas amostras;

- Medição de ângulo de contato para verificação da capacidade de absorção de água pelas

amostras;

- Testes com o produto para provar a eficiência do mesmo em relação a hidrofobicidade.

Conclusões

Foi possível com a elaboração deste trabalho constatar que a água é o principal agente

causador da degradação física das peças azulejares de fachada do século XIX. Essa umidade

causa vários tipos de degradação, dentre elas a mais frequente é o craquelê, existente em

todas as amostras analisadas.

Alguns produtos são comercializados e aplicados em azulejos de fachada, como o verniz

aquoso, com a finalidade de impermeabilizar os mesmos, mas estes materiais alteram de

forma significativa a aparência dos mesmos, conferindo-lhes tonalidades diferentes das

originais.

Com base nestas informações foi possível desenvolver a aplicação de um produto químico que

torna a superfície dos azulejos (higroscópicas) hidrofóbicas, evitando assim a penetração da

água (principalmente por entre os craquelês) e não alterando de forma alguma as

características físicas das peças.

Referências

- ALCÂNTARA, Dora Monteiro e Silva. Azulejos em Belém do Pará – IPHAN, São Paulo, 2012.

- MIMOSO, J.M.& PEREIRA, S. Sobre a Degradação Física dos Azulejos de Fachada em Lisboa.

Relatório 303/2011. Laboratório Nacional de Engenharia Civil. Lisboa, 2011;

- SANJAD. Thais A. Bastos Caminha. Azulejaria Histórica em Belém do Pará: Contribuições tecnológicas para réplicas e restauro. UFPA/SEDECT/FAPESPA, 2009.

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Gerenciamento de exposições com elevado valor sócio econômico em função da conservação das

obras expostas com foco para deficientes visuais.

Matheus Rocha Moreira11

Palavras-chave: Conservação. Réplicas. Acessibilidade. Exposições. Gestão de riscos.

Introdução

O trabalho tem a proposta de estudar as relações entre os visitantes com exigências especiais

(deficientes visuais) e as ações de conservação das obras de arte com relevância sócio

econômica. Gerenciar uma exposição com acervo considerado raro é de fundamental

importância para a curadoria e para o espaço expográfico de museus ou galerias que visam

aspectos de acessibilidades propostas por leis governamentais. Segundo MICKALSKI (1990)

existem vários fatores que podem afetar/ danificar as obras de arte que são: degradação

causada por danos físicos, (vibrações, choques, abrasão, etc); ação de agentes biológicos

(fungos, cupins, microorganismos, animais, etc.); vandalismo e roubo; água e umidade

(infiltrações, enchentes, etc.); fogo; sujidades, (provenientes da poeira, poluição, etc.);

radiação ultravioleta – luz natural, ou artificial); flutuações inadequadas de umidade relativa e

variações incorretas de temperatura. Além desses fatores de degradação é importante levar

em consideração a interação homem obra de arte. Mais especificamente a interação

decorrente de ações educacionais em exposições, que ocorrem entre a obra de arte e

deficientes visuais. Atualmente é de extrema relevância pensar na acessibilidade para todos os

visitantes, no entanto, a dificuldade do diálogo entre as peças em questão e a conservação das

mesmas é notória, logo, o profissional de conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis

deve pensar ativamente na solução destes empecilhos. A elaboração de uma exposição deve

conter aspectos de gestão de risco vinculados à acessibilidade, portanto, esse artigo vem

propor métodos que tornam os acervos raros mais acessíveis a todos, destacando assim, o

papel do conservador dentro de uma exposição.

Justificativa – A preservação e a segurança em museus não se encerram em si mesmas. O que

dá sentido à preservação é a comunicação. Assim, a necessidade da interação homem - obra

de arte será realizada com o desenvolvimento de métodos como replicas, placas táteis e

maquetes, que possuem o intuito de preservar o acervo e promover a arte educação.

Metodologia e resultados

O projeto encontra-se em andamento, porém a metodologia de trabalho iniciou o estudo da

situação da acessibilidade versos a conservação de acervos raros. Foram tomados como base

os teóricos de arte educação embasados na inclusão social. Em seguida alguns estudos e

desenvolvimento de métodos referentes à acessibilidade visual, levando em consideração a

conservação dos acervos expostos e ações ergonômicas que facilitam a acessibilidade. As

inserções da ergonomia e de técnicas como a criação de replicas podem facilitar radicalmente

a participação dos usuários (até então excluídos dos ambientes artísticos culturais). As

11

Design Gráfico/ Conservação Restauração de Bens Culturais Móveis, CECOR/ UFMG, e-mail

[email protected]

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sugestões são basicamente o desenvolvimento de réplicas vinculadas com métodos de

expografia ergonômicos e que visem à conservação da obra de arte e, por fim, a observação do

método proposto. O projeto está em andamento, logo, existem as primeiras respostas que

estão processo de análise.

Conclusões

A utilização de replicas, maquetes, telas táteis são fundamentais para a preservação do acervo

e contribuem em larga escala para a arte educação de deficientes visuais. O projeto ainda

encontra-se em andamento, logo, não existem resultados concretos. O que existe está em

processo de levantamento e produção de gráficos comparativos (brevemente expostos).

As replicas 3D, e em materiais reais (replica perfeita em relação à materiais) possuem um

excelente efeito arte educativo e melhor ainda para a conservação das obras de arte. Na

maioria das vezes nem precisa expor o acervo no mesmo espaço em que se encontram as

replicas, e se estiver exposto, poderá ficar em locais com maior rigor em relação ás condições

ideais de conservação (iluminação/ umidade/ temperatura), ou seja, poderemos criar

microclimas mais eficientes.

Referências

SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão: Construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro:

WVA, 1999.

COHEN, Regina. DUARTE, Cristiane Rose de Siqueira. BRASILEIRO, Alice de Barros Horizonte.

Caderno acessibilidade Ibram: Brasília, 2012.

GARCÍA CANCLINI, Néstor. “O patrimônio cultural e a construção imaginária da nação”. In:

Revista do IPHAN, nº 23, Cidade (org. Heloisa Buarque de Holanda), 2004.

ALVEREZ, José Alfonso Ballestero. Multissensorialidade no ensino de desenho a cegos. São

Paulo, 2013.

TOJAL, Amanda Pinto da Fonseca. Museu de arte e público especial. São Paulo, 1999.

MITTLER, Peter. Educação inclusiva: contextos sociais. Trad.: Windyz Brazão Ferreira. Porto

Alegre: Artmed, 2003.

REIS, Marlene Barbosa de Freitas. Educação inclusiva: limites e perspectivas. Goiânia:

Deescubra, 2006.

BEYER, H. O. EducaçãoEspecial: uma reflexão sobre paradigmas. In: Reflexão e Ação, Vol. 6 n.

2 Jul/Dez 1998. Santa Cruz do Sul: Editora da UNISC, 2000.

Sarraf, Viviane. Vista cansada. Artigo publicado no site do Fórum Permanente:

http://forumpermanente.incubadora.fapesp.br/portal/.painel/critica/viviane_sarraf>. Acesso

em 22 de setembro de 2007.

VASCONCELOS, Edmilson. Ergonomia na arte contemporânea. Santa Catarina, 2011.

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BALLESTERO-ALVAREZ, J.A. em 2002

MICHALSKI, Stefan. An Overall Framework for Preventive Conservation and Remedial

Conservation. ICOM Committee for Conservation 9th Triennial Meeting Preprints. Dresden,

1990. p. 589-591.

ERHARDT, D. Art in Transit: Material Considerations. In: Art in transit:studies in the transport

of paintings. Proceedings of the International Conference on the packing and transportation

of paintings. September, 9, 10 and 11, 1991, London. Edited by Mecklenburg, Marion F. /

Washington, DC: National Gallery of Art, 1991. p. 25-34.

AMIRALIAN, Maria Lucia T. M. Compreendendo o cego. São Paulo, 1997.

LYPOVETSKY, G. Os tempos hipermodernos. São Paulo: Ed. Barcarolla, 2004.

- Estatuto de Museus, Lei no 11.904, de 14 de janeiro de 2009.

- DECLARAÇÃO DE SALAMANCA. Sobre Princípios, políticas e práticas na área das

necessidades educativas especiais. Disponível em

http://redeinclusao.web.ua.pt/files/fl_9.pdf> Acesso em: 25/08/2013.

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O repositório digital como instrumento para preservação e acesso ao patrimônio arquivístico

documental

Sérgio Renato Lampert12

Daniel Flores13

Palavras-chave: Patrimônio documental. Repositório digital. Preservação digital.

Introdução

A ideia dos repositórios digitais para preservação dos documentos não é recente, embora os

documentos produzidos digitalmente sejam um fato novo, se comparado com as formas de

registro anteriores. Os arquivos, enquanto instituição, serviam como local para armazenar e

preservar documentos em suporte papel para as gerações futuras. Mais recentemente, no

final do século XX e início do século XXI, multiplicou-se a produção e a utilização de

documentos nato-digitais (produzidos, utilizados e destinados em meio digital), sem a

materialidade contida nos suportes como o papel. Isso significa que o desafio de preservar

esses documentos para as futuras gerações é redobrado.

À luz do exposto, o repositório digital desponta como uma solução para depósito de objetos

digitais, na medida que possibilita armazenar, preservar e dar acesso aos mesmos. Neste

sentido, conforme a Commission on Preservation and Access (CPA) e a Research Libraries

Group (RLG) “os sistemas de repositórios digitais se tornarão rapidamente os responsáveis

pelo acesso de longo prazo à herança social, econômica, cultural e intelectual mundial em

formato digital” (CPA/RLG, 1996 apud SAYÃO, 2011).

Neste contexto, a pesquisa aborda os aspectos relacionados às implicações da utilização do

repositório digital como um recurso para subsidiar o armazenamento, assim como para

promover o acesso por longo prazo aos documentos arquivísticos digitais de caráter

permanente. Para tanto, o estudo envolve princípios e conceitos da arquivística, patrimônio

cultural e documental, bem como da preservação digital.

Este estudo justifica-se por entender que os documentos digitais estão expostos à

obsolescência tecnológica, fragilidade dos suportes, facilidade de serem corrompidos,

impossibilidade de acesso, vulnerabilidade, perda de informações, entre outras adversidades.

Por esta razão, ressalta-se que o desenvolvimento de um ambiente que assegure a

preservação da documentação de caráter permanente, conjugado com iniciativas de

preservação digital, contribuem para garantir confiabilidade, integridade e autenticidade aos

documentos digitais. Em vista disso, Sayão (2004) salienta que preservar significa

tradicionalmente manter imutável e intacto, entretanto, no ambiente digital, preservar

significa, na maioria dos casos, recriar, mudar formatos, renovar mídias, hardware e software.

12 Graduação em Arquivologia (UFSM), Mestrado em Patrimônio Cultural (UFSM), Arquivista do Centro

Universitário Franciscano, [email protected].

13 Graduação em Arquivologia (UFSM), Doutorado em Documentação pela Universidade de Salamanca,

Docente do Departamento de Documentação (UFSM), [email protected].

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Por fim, destaca-se que este estudo faz parte da pesquisa desenvolvida no Programa de Pós-

Graduação Profissional em Patrimônio Cultural, na linha de pesquisa Patrimônio Documental,

intitulada “Repositório digital para o patrimônio arquivístico documental: subsídio para acesso

e preservação do Diário de Classe”, formulada entre o ano de 2012 e o corrente ano.

Metodologia e resultados

Em termos metodológicos, realizou-se uma pesquisa aplicada, com abordagem qualitativa, de

cunho exploratório e classificada como bibliográfica. A coleta de dados foi obtida por meio de

fichamento bibliográfico e análise de referencial teórico. Os dados foram analisados à luz do

marco teórico da pesquisa, visando aprofundar os conhecimentos referentes à temática do

trabalho, embasando o estudo por meio de subsídios teóricos sólidos, acerca de patrimônio

documental, preservação digital e repositório digital.

Os resultados do trabalho permitiram reunir conceitos acerca de documento digital sob a

perspectiva do patrimônio documental, assim como proporcionaram identificar o repositório

digital como uma solução que possibilita preservar documentos digitais e, ao mesmo tempo,

promover o acesso ao longo do tempo aos mesmos. Da mesma forma, foi possível relacionar

softwares para repositório digital, a fim de apontar suas características e averiguar o

desempenho destes para preservação, acesso e armazenamento de objetos digitais.

Conclusões

Pôde-se, ao término deste estudo, identificar que o repositório digital é caracterizado como

um local para armazenar documentos de maneira segura para o presente e, principalmente,

para o futuro. A partir disso, pode-se garantir que as informações contidas nos documentos

produzam, portanto, efeitos legais, de comprovação administrativa, jurídica ou fiscal, bem

como para fins históricos e de pesquisa, ao mostrar o que se fazia no passado.

Dos softwares de repositório digital relacionados, conclui-se que o DSpace é uma solução

voltada predominantemente para o acesso, disseminação e comunicação científica e

acadêmica. Em contrapartida, conclui-se que o Archivematica tem como objetivo armazenar a

documentação em formato digital, de acordo com os padrões exigidos em relação à

preservação digital, sob a ótica arquivística, visando torná-la acessível a longo prazo.

Não obstante, conclui-se que toda e qualquer intervenção a ser feita em documentos digitais,

deve, impreterivelmente, ser precedida de políticas arquivísticas para garantir o acesso por

longo prazo ao patrimônio arquivístico documental.

Referências

SAYÃO, L. F. OAIS – Open Archival Information System. 2004. 1 diapositivo, color. Disponível

em:

<http://www.documentoseletronicos.arquivonacional.gov.br/Media/publicacoes/oais.pdf>.

Acesso em: 07 jan. 2013.

________________. Repositórios Digitais Confiáveis: Conceitos, Tecnologias e Padrões. In:

Fórum de Ciência e Tecnologia: Repositórios Confiáveis de Documentos Arquivísticos Digitais,

2011, Campinas. Disponível em:

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<http://foruns.bc.unicamp.br/Arquivos%20Bibioteca%20Virtual/Palestras/11-

08/Prof.%20Say%C3%A3o%20-%20Repositorios-confi%C3%A1veis-agosto-2011-unicamp.pdf>.

Acesso em: 07 jul. 2013.

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Microscopia Raman aplicada à conservação e autenticação de obras de arte

Thiago Sevilhano Puglieri14

Dalva Lúcia Araújo de Faria15

Palavras-chave: Microscopia Raman. Conservação preventiva. Autenticação de obras de arte.

Química forense.

Introdução

A importância tanto social quanto econômica do patrimônio histórico, artístico e cultural levou

à necessidade de adoção de metodologias para sua conservação e, uma vez que os processos

químicos, físicos e biológicos envolvidos no decaimento desses bens são muitos, com a

necessidade do entendimento desses, surgiu a Ciência da Conservação.

Genericamente, os aspectos químicos das pesquisas na área de patrimônio histórico podem

ser classificados em: (i) aqueles que visam sua conservação; (ii) os que visam sua restauração e

(iii) aqueles que objetivam a identificação de fraudes e falsificações. Qualquer que seja o

aspecto considerado, a abordagem deve considerar a complexidade química dos objetos, o

ambiente no qual se encontram e suas manipulações sofridas, sendo essencial a comparação

das informações obtidas com outras provenientes de estudos realizados em condições

controladas.

Em qualquer um dos aspectos mencionados, é indispensável a utilização de alguma técnica de

caracterização química capaz de identificar inequivocamente as substâncias químicas

presentes e que seja não invasiva e não destrutiva, tanto pelo valor da obra quanto pelo valor

forense da amostra, garantindo a possibilidade de análises futuras para realização de contra-

provas. Nesse contexto, portanto, é que a microscopia Raman se destaca, pois ainda

acrescenta a possibilidade de análises com elevada resolução espacial, permitindo estudos de

componentes com dimensão da ordem de poucos μm.

Considerando-se o exposto, este trabalho tem como objetivos mostrar e discutir alguns

exemplos de estudos de casos que foram realizados durante os últimos anos, no Laboratório

de Espectroscopia Molecular do IQUSP, empregando-se microscopia Raman em análises de

conservação e autenticação de obras de arte.

Metodologia e resultados

Nosso laboratório tem se envolvido em estudos de conservação e restauração desde meados

da década de 1990, sendo aqui apresentados alguns exemplos de estudos realizados nos

últimos 5 anos (Figura 1).

14 Químico, Mestre em Físico-Química, Instituto de Química da Universidade de São Paulo,

[email protected]

15 Química, Doutora em Química, Instituto de Química da Universidade de São Paulo, [email protected]

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(a) (b) (c)

FIGURA 1 – Desenho sobre papel atribuído à Tarsila do Amaral (a), pintura a óleo atribuída a Amedeo Modigliani (b) e escultura policromada de Pb do Museu do Oratório de Ouro Preto - MG (c).

No primeiro caso, Fig. 1a, o objetivo era a verificação de autenticidade e no segundo, Fig. 1b, a

determinação da paleta empregada pelo pintor, enquanto no último caso, Fig. 1c, buscava-se

elucidar o processo de degradação e consequentemente propor estratégias de mitigação.

Para a verificação de autenticidade e determinação da paleta, a caracterização dos pigmentos

por microscopia Raman, junto do uso de mapeamento Raman, mostrou que a composição

química do desenho atribuído à Tarsila do Amaral[1] não é compatível com a data atribuída ao

mesmo, enquanto que no caso da pintura atribuída a Amedeo Modigliani[2], os espectros

Raman mostraram uma composição química condizente com o período histórico em que o

artista viveu e, junto de outras informações históricas, indicaram a autenticidade da obra.

Quando o interesse era a investigação da fonte de degradação, além da caracterização dos

produtos de corrosão, ensaios com simulações em ambientes controlados em laboratório

foram necessários.

Das esculturas policromadas de Pb do Museu do Oratório[3], formiato de chumbo e diferentes

carbonatos foram identificados como produtos de corrosão. Como é sabido que formiato de

Pb é formado tanto por ácido fórmico quanto por formaldeído[4] e que esses poluentes são

liberados por diferentes materiais[5], simulações em laboratório foram realizadas e mostraram

que o processo de degradação nesse caso foi causado pela tinta utilizada na base do

mostruário de vidro onde a obra era exposta. Além disso, simulações alertaram para os riscos

associados ao uso de produtos de limpeza irregulares no interior de museus.

Conclusões

Os exemplos aqui reportados evidenciam a importância da abordagem interdisciplinar na

investigação do patrimônio histórico, artístico e cultural, mostrando a importância da

microscopia Raman, inclusive na proposição de estratégias de mitigação do decaimento desses

bens.

Agradecimentos

Os autores agradecem a Ricardo Ribenboim, Alex Ribeiro, Luiz Antônio Cruz Souza, à equipe do

Museu do Oratório, FAPESP, CNPq e Capes.

Referências

[1] DE FARIA, Dalva L. A. e PUGLIERI, Thiago S. Um exemplo de aplicação da Microscopia

Raman na autenticação de obras de arte. Química Nova (Impresso), v. 34, p. 1323-1327, 2011.

[2] Artigo em redação.

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[3] DE FARIA, Dalva L. A.; PUGLIERI, Thiago S. e SOUZA, Luiz A. C. Metal Corrosion in

Polychrome Baroque Lead Sculptures: a Case Study. Journal of the Brazilian Chemical Society,

v. 24, p. 1345-1350, 2013.

[4] (a) DE FARIA, Dalva L. A.; CAVICCHIOLI, Andrea e PUGLIERI, Thiago S. Indoors lead

corrosion: Reassessing the role of formaldehyde. Vibrational Spectroscopy, v. 54, n. 2, p. 159-

163, 2010. (b) NIKLASSON, Annika; JOHANSSON, Lars-Gunnar e SVENSSON, Jan-Erik.

Atmospheric corrosion of lead - The influence of formic acid and acetic acid vapors. Journal

of the Electrochemical Society, v. 154, n. 11, p. C618-C625, 2007.

[5] THICKETT, David e LEE, L. R. Selection of Materials for the Storage or Display of Museum

Objects. The British Museum Occasional Paper, v. 111, 2004.

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Representação gráfica digital aplicada à conservação e a restauração dos bens culturais

Mara Denise Nizolli Rodrigues16

Francine Morales Tavares Ribeiro17

Jeferson Dutra Salaberry18

Palavras-chave: Representação gráfica. Ferramentas digitais. Documentação e registro.

Conservação Iconográfica.

Introdução

Este trabalho propõe apresentar e discutir os procedimentos de documentação como

ferramentas essenciais no processo de conservação e restauração de bens culturais; de forma

especifica a representação gráfica através da ferramenta CAD e também a documentação por

imagem.

No processo de reconhecimento, documentação, conservação e restauração dos bens culturais

o pesquisador deve estar amparado por registros que possibilitem um maior entendimento

sobre o objeto trabalhado, conseqüentemente, estes recursos servirão como subsídios para a

intervenção no bem cultural, também será útil como fonte histórica primária. (LEÃO, 2013)

O presente paper tem como referencial teórico a conservação iconográfica, disciplina que tem

longa história, nascida com a redescoberta das antiguidades durante o Renascimento italiano,

desenvolvida até o século XIX através dos antiquários, que estudavam os monumentos,

representando-os graficamente e organizando publicações. Ela contribuiu, no final do século

XVIII, para a criação da disciplina de História da Arte. (CHOAY, 2001)

Conservação Iconográfica

A conservação iconográfica consiste na representação gráfica dos bens reconhecidos como

portadores de valores culturais. O método vem se desenvolvendo dentro da disciplina mais

ampla da conservação e restauração, principalmente a partir da primeira metade do século

XIX, com as restaurações estilísticas de Violet Le-Duc.

A existência da conservação iconográfica se justifica pela impossibilidade de preservar os

monumentos do passado em razão da degradação, da falta de políticas públicas de

conservação real e/ou do interesse econômico mais forte de substituir os bens culturais,

16

Acadêmica do Curso Bacharelado em Conservação e Restauro de Bens Móveis na Universidade

Federal de Pelotas (UFPel), [email protected]

17 Graduação em Administração de Empresas (UFPel), Mestranda do Programa de Pós-Graduação em

Memória Social e Patrimônio Cultural da Universidade Federal de Pelotas (PPGMSPC/UFPel), Técnica

Administrativa na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) [email protected]

18 Graduação em Arquitetura e Urbanismo (UFPel), Mestrado em Arquitetura e Urbanismo

(PROGRAU/UFPel), Técnico em Restauro na Universidade Federal de Pelotas (UFPel),

[email protected]

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principalmente os monumentos arquitetônicos, continuamente trocados por novos, deixando

os objetos e construções antigas de existir.

Para os grandes monumentos nacionais a conservação iconográfica não é tão importante

quanto para os pequenos monumentos regionais, pois aqueles têm a sua conservação real

garantida, já que governo algum vai deixar ruir os grandes palacetes tombados a nível federal,

representativos de uma “identidade nacional”. Por outro lado, muita coisa desaparece

diariamente. Como exemplos, podemos citar edificações industriais (Fig. 1), residências,

conjuntos de casas operárias e os importantes revestimentos antigos de fachadas e interiores

(bens integrados) (Fig. 2). Muitos bens culturais significativos podem facilmente desaparecer, e

são realmente destruídos, sem jamais terem sido conhecidos/reconhecidos.

Figura 1: Retificação das fachadas da antiga cervejaria Sul Rio-Grandense. Pelotas. RS.

Fonte: SALABERRY, J. D., SILVA, A. B. A., 2010.

Essa ferramenta também é significativa para o estudo das antigas técnicas de construção,

como a documentação do “cimento penteado”, revestimento de fachada do início do século

XX que dia a dia é substituído. Também significativo é o registro das pinturas murais (Fig. 3) e

das “escaiolas”, técnica de revestimento interno de paredes de grande valor estético e

desenvolvimento no final do século XIX e início do XX. Ambas as técnicas são um “saber fazer”

perdido, não existem mais artesãos com conhecimento necessário para reproduzi-las, por isso

a necessidade de conservá-las de forma real, além de documental e iconograficamente.

(IRIGON, 2012)

Figura 2: Vaso Alto Ornado em faiança, Fábrica Devezas (Portugal), Casa 8, Pelotas. RS.

Fonte: Representação elaborada por Jeferson Salaberry para Keli Cristina Scolari em 2012.

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Figura 3: Pintura Mural Teatro Guarany. Pelotas. RS.

Fonte: BACHETTINI, A. L.; SALABERRY, J. D.; SCOLARI, K. S.; VASCONCELOS, M. L. C.; HEIDEN, R., 2010.

Metodologia

Além da conservação iconográfica, o ensaio pretende discutir sobre uma possível

representação científica dos bens culturais móveis e dos bens integrados à arquitetura,

especificamente para as atividades do conservador e restaurador. Para isso, a “nova”

representação gráfica deve desvincular-se daquela caracterizada pelo desenho de observação

e tradicionalmente vinculada à representação artística dos objetos da natureza; também deve

se diferenciar do desenho técnico, arquitetônico e industrial, os quais têm como finalidade

principal a construção ou produção de uma obra nova pela indústria.

É importante destacar que a representação científica deverá tratar dos objetos que já existem,

têm importância cultural e exigem, para sua valorização, uma representação digna que

restabeleça sua unidade e singularidade, não podendo seu desenho ser esquemático ou

simplificado.

A representação científica dos bens culturais tem como objetivo principal a representação

objetiva, desprovida de qualquer intenção artística, caracterizada por um levantamento

métrico preciso. Essa modalidade deve constituir-se como a representação científica dos

objetos de arte.

Considerações finais

A metodologia e as ferramentas utilizadas nesta etapa da pesquisa mostraram-se adequadas

para o levantamento dos referidos bens culturais. A utilização da tecnologia permitiu a

documentação dos bens culturais com eficiência e facilidade, tornando seu emprego viável a

laboratórios e entidades de preservação do patrimônio, permitindo a obtenção de vários

produtos visando à preservação, como o levantamento cadastral, o diagnóstico, o projeto de

intervenção.

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Referências

BACHETTINI, A. L., SALABERRY, J. D., SCOLARI, K. S., VASCONCELOS, M. L. C., HEIDEN, R.

Patrimonio e Identidad Cultural: Mapeo Y Documentación de las Pinturas Murales del Teatro

Guarany. NEWSLETTER ICOM-CC, v.2, p.7 - 9, 2010.

CHOAY, F. A alegoria do patrimônio. Tradução de Luciano Vieira Machado. São Paulo: UNESP,

2001.

IRIGON, P.; SALABERRY, J. Representação gráfica dos bens culturais através da ferramenta CAD [recurso eletrônico] Pelotas: Editora Universitária/UFPel, 2012.

LEÃO, A. C.; ALMADA, A. N. Procedimentos para a documentação científica por imagem de

bens culturais utilizando luz visível e ajuste cromático: estudo de caso sobre escultura em

madeira – Pináculo. In: 2º Encontro Luso-Brasileiro de Conservação e Restauração. Anais do

2º Encontro Luso-Brasileiro de Conservação e Restauração. São João Del Rei: PPGA-EBA-

UFMG, p.313 – 321, 2013.

SALABERRY, J. D.; SILVA, A. B. A. Levantamento Fotogramétrico Digital da Antiga Cervejaria Sul

Rio-Grandense. In: 4º Seminário Internacional em Memória Social e Patrimônio Cultural. Anais

do IV SIMP: Memória, Patrimônio e Tradição. Pelotas: Editora e Gráfica Universitária - UFPEL,

v.1. p.687 – 695, 2010.

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Restauro em Taxidermia: mamíferos do acervo do Museu Carlos Ritter

Fernando Gonçalves Duarte19

Palavras-chave: Restauro. Taxidermia de mamíferos. Acervo de história natural.

Introdução

Esse trabalho trata dos procedimentos de restauro empregados em dois exemplares

taxidermizados de mamíferos de pequeno porte. Um exemplar é um Hydrochoerus

hydrochaeris (Capivara) e, o outro um Tayassu tajacu (Cateto), ambos pertencentes à coleção

mastozoológica do acervo do Museu de Ciências Naturais Carlos Ritter da UFPel/RS. A

Taxidermia é a prática de criar uma ilusão ou alusão à vida (LARSEN, 1945). A partir do XVIII o

animal torna-se um objeto de observação, não somente para o olho atento do Naturalista, mas

também para o olho do esteta preocupado em revelar a perfeição de cada espécie.

O objetivo principal do trabalho foi procurar soluções de intervenção técnica e artística que

permitissem uma reconstituição realista na recuperação dos mamíferos. Outro objetivo foi a

das peças recuperaram a possibilidade de reintrodução nas exposições do Museu. Em tais

coleções museológicas, segundo Franco (2002, p. 285), "toda a coleção tem importância

didática, uma vez que a sua utilização sempre implica em atualização e geração de

conhecimento", este tipo de coleção serve de apoio para a identificação da espécie, o que

evidencia a importância de sua aparência para a comunicação.

O Museu possui vasta coleção de animais taxidermizados advindas da coleção particular de

Carlos Ritter, doados em 1926 à antiga Escola de Agronomia e Veterinária Eliseu Maciel, hoje

UFPel, justificando assim todo o esforço para a sua preservação, ou seja, para sua salvaguarda

e comunicação.

Metodologia e resultados

O restauro das peças foi planejado e discutido com o Laboratório de Taxidermia do Instituto de

Biologia da UFPel durante o ano de 2012. O trabalho desenvolvido pode ser descrito conforme

as etapas definidas a seguir.

A primeira etapa de trabalho foi a realização de uma revisão da literatura sobre as técnicas e

procedimentos de taxidermia e de materiais e técnicas de conservação e restauro para esta

prática. Observou-se a pouca literatura especializada e a falta de descrições detalhadas e

precisas.

Na segunda etapa foi realizado um diagnóstico do estado de conservação das peças,

identificando os problemas e o grau de intervenção necessária para que esses objetos

pudessem retomar o seu ciclo museológico.

O diagnóstico geral do estado de conservação está sintetizado a seguir:

19

Graduação em Conservação e Restauro de Bens Móveis, UFPel

[email protected]

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- As condições de armazenamento eram inadequadas, sem controle de iluminação,

temperatura e umidade relativa;

- As bases de apoio, em madeira, estavam em péssimo estado de conservação, gerando

instabilidade e desequilíbrio das peças;

- As condições de conservação eram muito ruins. Havia um desbotamento generalizado da

pelagem, partes do corpo quebradas como orelhas, unhas, etc., suturas diversas aparentes e

rompidas, assim como acabamentos e intervenções artísticas anteriores inadequadas sob o

ponto de vista técnico-artístico.

O processo de restauro foi um desafio técnico, pois se baseou na reconstituição das

características naturais dos animais com apoio na hipótese da viabilidade de utilização de

materiais e técnicas tradicionais do restauro de pinturas e papéis.

Figura 1 - As peças restauradas: a) Hydrochoerus hydrochaeris (Capivara); b) Tayassu tajacu (Cateto).

Fonte: acervo do autor.

Os procedimentos iniciais incluíram a realização de radiografias para a compreensão e registro

da estrutura interna. Foram realizados testes de sutura, colagem, obturação e pintura em

pedaços de couro de Hydrochoerus hydrochaeris. Inicialmente as peças foram lavadas com

espuma de sabão neutro. Optou-se pelo uso da cola Primal B 60A com reforço de borda em

tecido de algodão cru e linha Cordonê da Settanyl para o fechamento da peça. Utilizou-se a

porcelana fria e papel japonês para as obturações, K-Othrini para a desinfecção no interior das

peças e no tingimento da pelagem foi utilizado Holzbeize na Hydrochoerus hydrochaeris e tinta

para pelo na Tayassu tajacu.

Ao longo do processo sempre as ações realizadas tiveram como orientação básica os padrões e

princípios da taxidermia, onde as intervenções necessárias buscam resgatar uma similaridade

com o animal vivo.

Conclusões

Com base no estado de conservação em que as peças foram encontradas, pode-se afirmar que

o resultado final da intervenção foi muito positivo. No entanto, o trabalho realizado conta com

a fragilidade da falta de avaliações prévias da durabilidade e reversibilidade das técnicas

empregadas. Graças às intervenções, os problemas de ordem estética e de informação de

a) b)

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caráter científico foram resolvidos, proporcionando ao observador uma melhor apreciação das

peças. A salvaguarda e a comunicação atingiram plenamente seus objetivos, pautados pelo

restauro dos antigos exemplares taxidermizados e sua reintrodução nas exposições dedicadas

a divulgação da História Natural.

Referências

FRANCO, Francisco Luis. Coleções zoológicas. In: AURICCHIO, Paulo; SALOMÃO, M. G. (org. E

ed.) Técnicas de coleta e preparação de vertebrados para fins científicos e didáticos. São

Paulo: Arujá - Instituto Pau Brasil de Historia Natural, 2002. Cap.11.

LARSEN, Henry. La taxidermie moderne. Genève: Éditions de La Frégale, 1945.

MEDEIROS, André Luis de Vasconcelos. Parâmetros para a conservação e higienização de

espécimes taxidermizados: estudo de caso da coleção Carlos Ritter-Pelotas, RS, UFPel, 2013.

Monografia.

OLIVEIRA, Eder Ribeiro; DORNELLES, José Eduardo Figueiredo. Estabelecimento de

metodologia científica para análise do estado de conservação de espécimes de taxidermia

artística do Museu de Ciências Naturais Carlos Ritter. Pelotas: Editora e Gráfica Universitária –

PREC – UFPel, 2010.

SILVA, Mauricio Cândido da; RIVERO, Alexandre Augusto Carvalho; SALLES, Leandro de

Oliveira; Musealização do acervo do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo:

salvaguarda e comunicação de cinco mamíferos taxidermizados da fauna brasileira. Revista

CPC, São Paulo, n. 13, p. 74-106, abr. 2012.

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Dietilditiocarbamato de sódio como alternativa para a limpeza de produtos de corrosão em bens

culturais feitos de ligas de cobre

João Henrique Ribeiro Barbosa 20

João Cura D’Ars Figueiredo Junior21

Palavras-chave: Dietilditiocarbamato de sódio, inibidor de corrosão, limpeza química, metais.

Introdução

Os metais são materiais inorgânicos que tendem a corroer quando em contato com a

atmosfera. Devido a esse processo, surge uma camada composta por produtos de corrosão

chamada de pátina que pode ser passiva ou ativa. Quando é passiva a mesma é estável.

Quando é ativa, ela pode ser reativa e pulverulenta, induzindo processos contínuos de

corrosão, de modo a prejudicar a resistência mecânica do bem cultural e outras características

originais o que torna a sua remoção necessária. Essa remoção pode ser feita através da

decapagem ácida ou por ação de pré-ligantes para formar compostos de coordenação. Os dois

métodos se diferenciam pela maior possibilidade de controle da agressividade do mesmo.

Destaca-se como objetivo geral desse trabalho estudar o uso do composto de coordenação

dietilditiocarbamato de sódio (DTCNa ou NaEt2NCS2) para a remoção de produtos de corrosão

em bens culturais feitos de liga de cobre e avaliar se esse processo é menos agressivo que o

realizado na decapagem ácida.

Metodologia e resultados

Produtos artificiais de corrosão foram obtidos em peças de ligas de cobre através do

aquecimento a 250°C e recobrimento das mesmas com solução 33% de NH4Cl. Os produtos

obtidos foram caracterizados por espectroscopia vibracional no infravermelho (IV) como

atacamita: CuCl2.3Cu(OH)2. As peças com os produtos de corrosão foram imersas em

diferentes temperaturas e concentrações de solução aquosa de NaEt2NCS2 observando-se a

formação de um produto caracterizado por IV como [Cu(Et2NCS2)2]. A maior eficiência na

remoção foi observada na concentração de 0,1 mol.L-1 do pré-ligante a 25°C. A corrosividade

do banho de NaEt2NCS2 foi avaliada por métodos eletroquímicos: curvas de polarização (CP)

e espectroscopia de impedância eletroquímica (EIS) utilizando uma célula eletroquímica de

três eletrodos: trabalho (cobre 99,9 %), referência (Ag/AgCl com solução saturada de KCl) e

contra eletrodo (platina). As curvas de polarização e as de impedância estão na figura 1 e os

parâmetros de corrosão obtidos destas estão na tabela 1.

20 Graduando em Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis, Universidade Federal de Minas Gerais. [email protected].

21 Professor Doutor em Química Inorgânica. Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG.

[email protected].

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FIGURA 1 – CP de cobre metálico para soluções de HCl e NaEt2NCS2 0.1 mol.L-1

; e EIS de Cu em HCl e NaDTC ambos a 0,1 mol.L

-1.

TABELA 1 - Parâmetros de corrosão para HCl e NaEt2NCS2 0.1 mol.L-1

Solução aquosa 0,1

mol.L-1

Potencial de Corrosão (V)

Densidade de Corrente

(x 10-7 A.cm2)

Resist. da 2)

Resist. de transferência de

2) N

HCl -0,086 16,3 5,650 1,509 0,563

NaDTC -0,272 1,99 30,653 2,022 0,652

O menor valor de densidade de corrente para o banho de NaEt2NCS2 0.1 mol.L-1 e o aumento

da resistência de transferência de carga do metal indicam que o mesmo é menos corrosivo

que o banho ácido. O aumento do parâmetro n indica o aumento da heterogeneidade da

superfície do metal resultante da adsorção do NaDTC que ocorre por coordenação de Cu pelos

grupos ditiocarbamatos o que foi verificado pelo espectro IRRAS que indicou a presença de

Cu(NaEt2NCS2)2 na superfície metálica.

Conclusões

Os dados obtidos tornam a remoção de produtos de corrosão com NaEt2NCS2 0.1mol.L-1 em

meio aquoso um procedimento promissor para limpeza de bens culturais feitos de ligas de

cobre.

Referências

K. MARUSIC et al. Comparative studies of chemical and electrochemical preparation of

artificialbronze patinas and their protection by corrosion inhibitor. Electrochimica Acta, n° 54,

2009.

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Preservação Patrimonial e a Cibercultura: mobilização no ciberespaço através da rede social Facebook

Marina Gowert dos Reis22

Renata Ovenhausen Albernaz23

Palavras-chave: Preservação Patrimonial. Cibercultura. Mobilização no ciberespaço. Rede

Social Facebook.

Introdução

O patrimônio cultural se configura, quando se observa a evolução histórica do conceito, como

uma construção política e, desta forma, deve ser mostrado às comunidades (PRATS, 1998),

configurando uma imposição ao povo e, por vezes, não se caracterizando como uma

representação do mesmo, como constituinte de sua memória, identidade, história e tradição.

A própria identificação dos bens que adentram a categoria do patrimônio cultural não tem sido

feita, necessariamente, pelas comunidades a que tais bens advêm, mas sim pelos órgãos

técnicos de governo. Observa-se que, em um contexto de cibercultura, onde a vida social é

permeada pela tecnologia (LEMOS, 2002; LÉVY, 2007), as comunidades estão se mobilizando

na internet em torno de causas identitárias e, assim, também, patrimoniais, fazendo com que

as decisões sobre bens de memória e identidade não fiquem mais restritas ao poder

organizado. Essas afirmações se confirmam, em especial, na observação de grupos que se

organizam na rede social Facebook24 buscando-a como espaço de discussão pela defesa do

patrimônio cultural. Ainda, situam-se essas práticas e fenômenos dentro do conceito de pós-

modernidade, a modernidade líquida, caracterizada pela fluidez e maneira passageira pelas

quais se dão as relações humanas na contemporaneidade (BAUMAN, 2001).

Nesse cenário, esse artigo objetiva visualizar o panorama dos agentes patrimoniais colocada

por Prats (1998) em um contexto de cibercultura, tendo como objeto a observação de grupos

mobilizados na rede social Facebook para a defesa do patrimônio cultural, destacando o caso

do tombamento provisório do Centro Histórico de Santo Ângelo – RS.

Metodologia e resultados

A fim de entender os fenômenos que surgem da relação entre a preservação patrimonial e as

relações sociais em um contexto de cibercultura, inicia-se a pesquisa com um apanhado

teórico que permita compreender: a) a categoria do patrimônio cultural, seguindo a linha

teórica de Prats (1998), pela identificação dos agentes que têm poder para institucionalizá-lo e

a evolução desse conceito; b) defina a cibercultura como um fenômeno da pós-modernidade;

22Bacharel em Design Digital pela Universidade Federal de Pelotas, mestranda em Memória Social e Patrimônio Cultural pela Universidade Federal de Pelotas, e-mail: [email protected]

23 Bacharel em Administração e Direito pela Universidade Estadual de Maringá, mestre em Direito pela Universidade Estadual de Maringá, doutora em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina, professora adjunta da Universidade Federal de Pelotas, e-mail: [email protected]

24 http://www.facebook.com/ O Facebook é uma rede social na internet que hoje alcança extensa

popularidade entre os usuários conectados à internet,

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c) caracterize a mobilização no ciberespaço como potencializadora e resignificante de causas

compartilhadas por indivíduos, especialmente na rede social Facebook.

A partir desse levantamento referencial, apresentam-se algumas informações acerca do caso

do tombamento provisório do Centro Histórico da cidade de Santo Ângelo – RS, enquanto caso

em que as redes sociais foram estratégicas para as políticas de sua patrimonialização. Esse

processo de tombamento provisório teve início através de um abaixo-assinado digital

organizado a partir do grupo de discussão Defenda Santo Ângelo! Quero nossa história viva!25,

localizado na rede social Facebook.

Conclusões

Atentando para as questões da cibercultura e da “invasão” do ciberespaço na vida cotidiana,

observa-se a transformação dos paradigmas das relações sociais e da vida humana. Nesse

panorama está englobada a preservação patrimonial, como é possível observar nos casos de

grupos de discussão organizados na internet para tratar de tais questões que inquietam as

comunidades. No tombamento provisório do Centro Histórico de Santo Ângelo, entre outros

possíveis exemplos, percebe-se uma alteração na situação colocada por Prats. Ainda que o

poder de preservação patrimonial esteja com o poder político, formal ou informal, e, em

última instância, nos agentes sociais aportados pelo poder constituído, como Prats (1998)

pontua, observa-se que a comunidade, através do diálogo nas redes sociais, obtêm voz na

discussão do que deve ser institucionalizado, assim protegendo os bens patrimoniais que

representam sua memória coletiva.

Referências

BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Jorge Kahar Editor, 2001.

BOYD, Danah & ELLISON, N. Social network sites: Definition, history, and scholarship. Journal

of Computer Mediated Communication, 13(1), article 11, 2007. Disponível em:

<http://jcmc.indiana.edu/vol13/issue1/boyd.ellison.html>. Acesso em 01/08/2013.

LEMOS, André. Cibercultura. Porto Alegre: Sulina, 2002.

LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: 34, 2007.

PRATS. Llorenç. El Concepto de Patrimonio Cultural. Política y Sociedad. Nº 27, p. 63-76. 1998.

RECUERO, Raquel. Redes Sociais na Internet. Porto Alegre: Sulina, 2009.

25

Grupo na rede social Facebook, com necessidade de convite para acesso. Disponível em:

<https://www.facebook.com/groups/211236288937044/>. Acesso em: 01 de agosto de 2013.

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O Patrimônio Fotográfico de Santa Maria em ambiente digital

Dhion Carlos Hedlund26

Daniel Flores27

Palavras-chave: Acesso. Descrição arquivística. Digitalização. Patrimônio documental.

Introdução

O objetivo geral da pesquisa de mestrado intitulada “O Patrimônio Fotográfico de

Santa Maria em ambiente digital” é proporcionar e analisar o acesso ao acervo fotográfico do

AHMSM, por meio do ICA-AtoM, na internet, visando apresentar ao usuário do arquivo todas

as informações arquivísticas necessárias para o entendimento de cada registro fotográfico,

bem como de seu representante digital produzido na etapa de digitalização do acervo,

seguindo as normas arquivísticas nacionais que regem essas funções, colaborando assim para

a difusão do acervo, para o auxílio na preservação dos documentos originais – no momento

em que se evita o manuseio dos mesmos – e contribuindo para manter viva a memória santa-

mariense. O produto final dessa pesquisa será um instrumento de pesquisa on-line do acervo.

A pesquisa teve início no segundo semestre de 2012 e já obteve resultados parciais.

O ICA-AtoM é distribuído sob a política de software livre, inteiramente destinado ao

ambiente web, com suporte a vários idiomas, sendo uma ferramenta para auxiliar as

atividades de descrição arquivística, seguindo os padrões do Conselho Internacional de

Arquivos. Contempla as principais normas de descrição arquivística internacionais: ISAD(G),

ISAAR (CPF), ISDIAH e ISDF.

Com mais de cinquenta anos de existência, o AHMSM constitui-se num importante

local de memória do município. É um lugar onde pesquisadores de diversas áreas do

conhecimento interagem e realizam suas pesquisas. Esse caráter interdisciplinar do arquivo

evidencia a importância dos documentos ali armazenados e enriquece a produção de

conhecimentos, justificando as ações para acesso e preservação do acervo.

Metodologia e resultados

Do ponto de vista da sua natureza, esta pesquisa se caracteriza como uma pesquisa

aplicada, pois “objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática, dirigidos à solução de

problemas específicos. Envolve verdades e interesses locais.” (SILVA, 2005, p.20). A partir de

uma revisão teórica sobre o conteúdo a ser trabalhado, com o intuito de confrontá-los com os

resultados obtidos pela atividade prática, realizou-se uma pesquisa exploratória.

Esta pesquisa pode ser dividida em cinco etapas: 1) preparação da documentação e

revisão teórica; 2) digitalização das fotografias; 3) preparação dos requisitos técnicos para

26 Graduação em Arquivologia. Mestrando em Patrimônio Cultural – UFSM, [email protected]

27 Graduação em Arquivologia. Mestrado em Engenharia de Produção – UFSM. Doutorado em

Metodologías y Líneas de Investigación en Biblioteconomía y Documentación – Universidad de

Salamanca/España, Professor do Departamento de Documentação da UFSM. [email protected]

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instalação do ICA-AtoM; 4) descrição das fotografias e; 5) análise dos resultados obtidos pelas

atividades práticas anteriores, em confronto com as recomendações levantadas na revisão

teórica. As 4 primeiras etapas foram realizadas com êxito, sendo que a quinta etapa está em

fase de desenvolvimento.

Conclusões

Para atingir o objetivo da pesquisa, foi necessário o estudo de três áreas principais: a descrição

arquivística, a digitalização de documentos, e o acesso por meio de um sistema informatizado

de descrição arquivística.

Num primeiro momento realizou-se o diagnóstico da situação documental e verificou-se que o

acervo fotográfico selecionado estava arranjado, identificado no Quadro de arranjo da

instituição, possuindo alguns dos elementos descritivos mínimo obrigatórios exigidos pela

Norma Brasileira de Descrição Arquivística (NOBRADE). Procedeu-se à descrição arquivística

para completar o restante dos elementos obrigatórios, visando proceder à digitalização.

Também, foram estabelecidos os níveis de descrição conforme a NOBRADE: fundo (nível 1),

grupo (nível 2), série (nível 3), dossiê/processo (nível 4) e item documental (nível 5).

Em relação à digitalização, foi necessário procurar um meio alternativo para realizar a captura

digital, em vez de adquirir um equipamento pronto de fábrica. Foi construído um escâner

planetário, utilizando uma câmera digital profissional, uma mesa com bandeja anti-reflexiva e

um conjunto de luzes em cada lado da mesa, seguindo as recomendações para digitalização de

documentos arquivísticos permanentes do Conselho Nacional de Arquivos. Constatou-se que é

possível realizar a captura digital utilizando um custo baixo, pautado pelas recomendações de

preservação digital.

Em relação ao ICA-AtoM, concluiu-se até o momento, que há muitas vantagens em utilizá-lo na

descrição arquivística. É um software livre para modificações, gratuito, utiliza como

dependências outros softwares livres – o que favorece a adoção pelas instituições por não ser

dependente de empresas proprietárias – e contempla as principais normas internacionais de

descrição arquivística. Cada instituição tem suas especificidades em relação à descrição do seu

gênero documental e suas preferências na descrição, no entanto, quando comparado com

soluções comerciais, o ICA-AtoM permite explorar enormes potencialidades por uma fração do

custo das soluções proprietárias, e pautado pelas normas de descrição arquivística. Concluiu-

se também que há muitas funcionalidades que enriquecem e facilitam a atividade e

apresentação da descrição arquivística para o usuário final.

Referências

SILVA, E. L. da; MENEZES, E. M. Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação. 4. ed.

Florianópolis: UFSC, 2005. Disponível em:

<http://www.portaldeconhecimentos.org.br/index.php/por/content/view/full/10232>. Acesso

em: 26 jun. 2013.

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Patrimônio documental digital: políticas de segurança e preservação para o processo judicial

eletrônico

Mateus de Moura Rodrigues28

Daniel Flores29

Palavras-chave: Preservação digital. Segurança da informação. Documento digital. Processo

eletrônico. Arquivologia. Patrimônio documental.

Introdução

O presente trabalho apresenta resultados parciais da dissertação de mestrado do Programa de

Pós Graduação Profissional em Patrimônio Cultural da UFSM, iniciada em 2012 e com

perspectiva de conclusão em 2014. A temática abordada é o processo judicial eletrônico,

objeto que traz consigo problemáticas oriundas do ambiente digital, desde a produção, gestão,

segurança e preservação destes documentos. Cabe à presente produção fornecer, a partir de

conhecimentos específicos, soluções que visam à segurança e preservação digital em

consonância com a teoria arquivística e aos padrões e normativas vigentes. Para tanto, tem-se

como objetivo geral a elaboração de recomendações de segurança e preservação de

documentos digitais oriundos do processo eletrônico. Em termos específicos, busca-se

apresentar o documento digital como meio de prova; analisar, sob a ótica arquivística, a Lei

11.419/2006 que dispõe sobre o processo eletrônico; revisitar os preceitos arquivísticos da

preservação digital; e analisar a norma ISO 27002, a qual apresenta um código de práticas de

segurança da informação. Como aporte teórico para o atingimento dos objetivos, faz-se uso de

autores, como Guimarães (2005), Santos (2005), Innarelli (2008), Marques (2008), Atheniense

(2010) e Rondinelli (2005), além de resoluções e diretrizes da Câmara Técnica de Documentos

Eletrônicos do Conselho Nacional de Arquivos. A justificativa de realização desta pesquisa

reside na necessidade de um conjunto de recomendações de cunho arquivístico que somem-se

à legislação vigente para a gestão do futuro patrimônio digital oriundo dos processos findos,

tendo em vista que a Lei 11.419/2006 por si só não oferece respaldo suficiente para esta

demanda.

Metodologia e resultados

Para a obtenção dos resultados, incorpora-se a visão do profissional arquivista no que diz

respeito à segurança da informação e preservação digital. Neste sentido, de acordo com Silva e

Menezes (2001), a presente pesquisa é bibliográfica, de natureza aplicada, com abordagem

qualitativa e objetivos exploratórios. A obtenção dos resultados parciais deram-se a partir da

28

Graduação em Arquivologia, especialização em Gestão em Arquivos, mestrando em Patrimônio

Cultural, professor auxiliar do curso de Arquivologia da Universidade Federal do Rio Grande - FURG,

[email protected]

29 Graduação em Arquivologia, Doutorado em Metodologías y Líneas de Investigación en

Biblioteconomía y Documentación, professor adjunto do curso de Arquivologia da Universidade Federal

de Santa Maria - UFSM, [email protected]

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revisão da literatura pertinente, além de uma análise aprofundada da normativa e legislação,

fazendo-se o uso de fichamentos para a coleta de dados. Neste cenário, até o momento os

resultados foram a apresentação do documento digital como meio de prova, fundamentando-

se tal decorrência a partir dos fundamentos da Diplomática que, de acordo com Santos (2005)

tem como objeto de estudo a estrutura formal dos documentos, mediante a análise de seus

elementos físicos e conteúdo. Assim, o documento digital pode ser considerado documento

jurídico, amparado por Rodrigues (2008), que postula que os documentos diplomáticos são de

natureza jurídica, pois remetem ao poder de prova que deve acompanhar o documento,

independentemente de seu suporte. Procedeu-se, também à análise da Lei 11.419/2006, da

qual se pôde constatar o quão indispensável é uma infraestrutura de segurança que dê o

devido suporte a todos os requisitos de integridade documental necessários. Também foi

possível perceber que quesitos referentes à fidedignidade dos documentos que tramitam

digitalmente também estão presentes no texto da lei, além da preocupação da preservação

dos documentos originais em suporte físico como precaução quando da digitalização dos

mesmos para a submissão ao processo eletrônico, fato justificado pela fragilidade do meio

digital, como a obsolescência tecnológica, que torna vulnerável todo e qualquer objeto digital.

A partir dos resultados obtidos até aqui, percebe-se a pertinência desta pesquisa e a relevância

do cumprimento dos demais objetivos propostos, os quais visam apontar possíveis soluções

para minimizar as questões de segurança e preservação dos documentos oriundos do processo

eletrônico.

Conclusões

Diante do exposto, ao demonstrar o cunho probatório do documento digital, pôde-se concluir

que o mesmo cumpre papel de manifestar a verdade a partir da representação de um fato

jurídico, pois o Direito não impõe um determinado suporte para que haja comprovação

jurídica, demonstrando, assim, a equivalência entre o documento tradicional e o documento

digital. No que diz respeito à Lei 11.419/2006, pôde-se concluir que o advento da mesma

trouxe reformulação e renovação consciente ao trâmite processual, evidenciando que o

documento digital é uma realidade no âmbito judiciário. A análise da mesma permitiu

vislumbrar a necessidade de adoção de medidas que venham a preencher lacunas no que

concerne à segurança da informação e a preservação digital dos processos eletrônicos

destinados à guarda permanente, cumprindo papel de patrimônio documental digital, ao qual

deve ser garantido o acesso a longo prazo.

Referências

ATHENIENSE, Alexandre. Comentários à Lei 11.419/06 e as práticas processuais por meio

eletrônico nos tribunais brasileiros. Curitiba: Juruá, 2010. 381p.

CONARQ - Conselho Nacional de Arquivos. Glossário da Câmara Técnica de Documentos

Eletrônicos. Disponível em:

<http://www.documentoseletronicos.arquivonacional.gov.br/media/publicacoes/glossario/20

10glossario_v5.1.pdf> Acesso em 17 set. 2013.

CONARQ - Conselho Nacional de Arquivos. Modelo de requisitos para sistemas informatizados

de gestão arquivística de documentos: e-ARQ Brasil. Disponível em:

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<http://www.documentoseletronicos.arquivonacional.gov.br/media/e-arq-brasil-2011-

corrigido.pdf> Acesso em 19 set. 2013.

GUIMARÃES, José Augusto Chaves; NASCIMENTO, Lúcia Maria Barbosa do; NETO, Mário

Furlaneto. Aspectos jurídicos e diplomáticos dos documentos eletrônicos. São Paulo:

Associação de Arquivistas de São Paulo, 2005. 73p.

INNARELLI, Humberto Celeste. Preservação digital e seus dez mandamentos. In: SANTOS,

Vanderlei Batista dos; INNARELLI, Humberto Celeste; Souza, Renato Tarcisio Barbosa dos.

Arquivística: temas contemporâneos. 2.ed. Distrito Federal, 2008. 224p.

MARQUES, Antônio Terêncio Gouvea Luz. A prova documental na internet: validade e eficácia

do documento eletrônico. 1.ed. Curitiba: Juruá, 2008. 233p.

RODRIGUES, Ana Célia. Diplomática contemporânea como fundamento metodológico da

identificação da tipologia documental em arquivos. 2008. 258f. Tese (Doutorado em História

Social) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São

Paulo.

RONDINELLI, Rosely Curi. Gerenciamento arquivístico de documentos eletrônicos. 2.ed. Rio

de Janeiro: FGV, 2004. 158p.

SANTOS, Vanderlei Batista dos. Gestão de documentos eletrônicos: uma visão arquivística.

2.ed. Brasília: ABARQ, 2005. 223p.

SILVA, Edna Lúcia da; MENEZES, Estera Muszkat. Metodologia da pesquisa e elaboração de

dissertação. Florianópolis, 2001. Disponível em:

<http://tccbiblio.paginas.ufsc.br/files/2010/09/024_Metodologia_de_pesquisa_e_elaboracao_

de_teses_e_dissertacoes1.pdf> Acesso em 12 set. 2013.

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O acesso e preservação da memória institucional da FURG através do ICA-AtoM

Andrea Gonçalves dos Santos30

Catia Cinara Clavé Lopes31

Janaine da Silveira Xavier32

Luize Daiane Souza dos Santos33

Rosimeri Lobo Garcia34

Palavras-chave: Acesso. Difusão. Descrição. Preservação. ICA-AtoM. FURG.

Introdução

Este trabalho tem por objetivo a preservação e acesso aos fundos documentais custodiados

pela Universidade Federal do Rio Grande – FURG. Para isto, os acervos das faculdades que

deram origem à instituição (Escola de Engenharia Industrial, Faculdade de Medicina do Rio

Grande, Faculdade de Direito Clóvis Bevilaqua, Faculdade Católica de Filosofia de Rio Grande e

a Faculdade de Ciências Políticas e Econômicas) foram descritos de acordo com a Norma

Brasileira de Descrição Arquivística – NOBRADE e disponibilizado através do software para

descrição de documentos arquivísticos ICA-AtoM, vinculado ao website da Coordenação de

Arquivo Geral da instituição.

Metodologia e resultados

Para a organização e acesso às informações os acervos foram reunidos e arranjados, onde

foram observados o Princípio da Proveniência, da Ordem Original e a Teoria dos Fundos que

permitiram identificar o documento ao seu produtor. Considerando as normas ISAD(G),

ISAAR(CPF) e NOBRADE, definiu-se o arranjo dos fundos documentais nos níveis: fundo, série,

dossiê e item documental. Devido ao seu volume, optou-se por dispensar a existência de

grupos, seções e subséries para evitar a “poluição” interna destes. Para Schellenberg (2006, p.

239) “os princípios de arranjo de arquivos dizem respeito, primeiro, à ordenação dos grupos de

documentos, uns em relação aos outros e, em segundo lugar, ao ordenamento das peças

individuais dentro dos grupos”. Assim, após o arranjo, a descrição de documentos arquivísticos

30

Arquivista, mestra em Patrimônio Cultural, Universidade Federal do Rio Grande - FURG,

[email protected]

31 Graduanda do curso de Arquivologia, Universidade Federal do Rio Grande – FURG,

[email protected]

32 Graduanda do curso de Arquivologia, Universidade Federal do Rio Grande – FURG,

[email protected]

33 Graduanda do curso de Arquivologia, Universidade Federal do Rio Grande – FURG,

[email protected]

34 Graduanda do curso de Arquivologia, Universidade Federal do Rio Grande – FURG,

[email protected]

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toma lugar como uma representação do acervo visando a elaboração de instrumentos de

pesquisa. Neste sentido, o software ICA-AtoM está sendo analisado pela Divisão de Suporte,

para sua adoção na FURG. Uma das vantagens na sua utilização se refere a possibilidade de

acesso remoto aos documentos, bem como a visualização, através da estrutura do software,

das hierarquias e das vinculações que os documentos estabeleceram no cumprimento de sua

função. Como se trata de uma versão de teste o acesso como administrador/editor foi limitado

apenas para um usuário com senha, sendo o acesso irrestrito aos consulentes, que podem

obter informações através dos metadados já inseridos, nos níveis fundo e séries.

Conclusões

Em este trabalho salientou-se o tratamento, a descrição documental e a elaboração de

instrumentos de pesquisa, como um marco no âmbito institucional. Acredita-se que a boa

qualidade na descrição de cada fundo arquivístico permitirá que o pesquisador consiga

detectar, preliminarmente, a possível existência e a localização de documentos de seu

interesse, garantindo o pleno acesso aos documentos. Os instrumentos estarão disponíveis no

website da Coordenação de Arquivo Geral em formato PDF e através do ICA-AtoM visando o

acesso à informação, como forma de colaborar com o desenvolvimento, a transmissão, a

preservação e a difusão do conhecimento desenvolvido na instituição. Desta forma, deve-se

destacar, acima de tudo, a relevância da continuidade deste processo nos diversos fundos

documentais da FURG, como forma de preservar o patrimônio documental da Universidade e a

memória do ensino superior na região.

Referências

SCHELLENBERG, Theodore Roosevelt. Arquivos Modernos. Princípios e Técnicas. Rio de

Janeiro: Editora FGV. 2006.

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Livro Digital Comemorativo aos 70 anos do ICBNA: As novas tecnologias preservando a história da

inserção cultural estadunidense em Porto Alegre.

Rodrigo Pinnow35

Palavras-chave: Cultura. Digital. Fonte. Livro. Sociedade.

Introdução

Este trabalho trata do processo criacional do Livro Digital Comemorativo aos 70 anos do

Instituto Cultural Brasileiro Norte-Americano - ICBNA. O resumo tem por objetivo apresentar a

diversidade de fontes que constituem o acervo da instituição e como as mesmas foram

inseridas na “era digital”, através de um processo dividido em três partes: organização, seleção

e digitalização. Dessa forma, tornou-se possível que este importante acervo e toda a história

que o mesmo traz consigo pudesse ser disponibilizado no formato de Livro Digital, tendo como

principal finalidade a propagação da história institucional e sua importância para o

desenvolvimento cultural da capital gaúcha.

Metodologia e resultados

No processo de produção do Livro Digital, percebeu-se que o acervo institucional do ICBNA

contemplaria diversas pesquisas que abordassem os aspectos da evolução cultural da capital

gaúcha. Com isso, inicialmente, seria necessário analisar os setenta anos de história

institucional e elencar as fontes que expressariam a consolidação do ICBNA como parte

integrante da memória cultural e social de Porto Alegre.

Os acervos (artístico e documental) se encontravam dispersos pela instituição, sem qualquer

tipo de inventário mais preciso sobre o volume que existia. Sabia-se, contudo, que se tratava

de materiais de tipos variados, documentos de fundação, tais como atas, livros contábeis,

periódicos de época, periódicos institucionais, fichas de alunos, fitas VHS, fotografias,

materiais de divulgação, quadros, cerâmicas, dobraduras, estátuas e demais formas de

expressão artística. A seleção das fontes foi minuciosa, buscando contemplar a pluralidade do

acervo. Com isso, foram escolhidos aproximadamente 600 itens entre documentos, fotos,

obras de arte, periódicos entre outros acervos para digitalização. Terminada a etapa de

seleção de fontes, iniciou-se o processo de digitalização, dividida em duas partes:

- Digitalização das fontes documentais (atas, documentos de fundação, periódicos e fotos)

utilizando scanner de mesa HP scanjet g4050;

- Digitalização através de registro fotográfico utilizando uma máquina fotográfica modelo

Nikon D3100 com 14.2 megapixel de resolução, adaptada a um tripé ajustável para fotografar

as obras de arte e demais espaços da instituição;

A próxima etapa do processo consistiu no tratamento das imagens, por intermédio da

formatação e diagramação de todo o material coletado, utilizando os recursos do pacote

Adobe, compilando-o no formato de livro digital. Além disso, incluíram-se os arquivos das

35 Mestrando em História pela UFPEL/CAPES – [email protected]

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entrevistas realizadas com alguns dos principais protagonistas da história da instituição. Neste

sentido, somando todas as fontes, o projeto livro digital objetivava dar visibilidade ao acervo

institucional, as vozes dos fundadores e colaboradores, e principalmente, perpetuando

potencialmente o ICBNA na era digital.

O resultado final foi uma obra multimídia que mesclou historiografia, memória, fontes

primárias, acessibilidade ao acervo institucional para fins de pesquisa e principalmente a

preservação de um importante patrimônio cultural da cidade de Porto Alegre.

Considerações Finais:

Ao término do processo de digitalização e organização das fontes no documento multimídia,

ficou evidente que as possibilidades de pesquisa e preservação de acervos, combinadas ao

avanço do aparato tecnológico, são imensuráveis e de certa forma animadoras. O mundo que

se instaura hoje exige o conhecimento e a utilização das mais variadas tecnologias como

ferramentas que permitam o envio e a recepção de qualquer tipo de informação, contribuindo

para o desenvolvimento e estruturação da sociedade. Por isso, torna-se imperativo refletirmos

sobre a aplicabilidade dessa tecnologia no processo de preservação do patrimônio cultural.

Referências

http://www.cultural.org.br/Livro70anos/Default.htm . Acesso em : 29 de Setembro de 2013.

ALBERCH i FUGUERAS, Ramón. Archivos, memoria y conocimiento. In: Archivos y cultura:

manual de dinamización. ALBERCH i FUGUERAS, Ramón et al. Espanha, ediciones Treal, S.L,

2001, p. 13-26.

BERTONCELLO, Ludhiana. Novas tecnologias de informação e comunicação na educação

contemporânea - EaD/ Cesumar- Maringá - PR, 2011.

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Estudo do impacto potencial das mudanças climáticas na biodeterioração de estruturas de madeiras

no patrimônio cultural edificado do Vale Histórico Paulista

Felipe Sousa Neves Andrade36

Alejandra Teresa Fazio37

Andrea Cavicchioli38

Palavras-chave: Patrimônio edificado. Vale Histórico de São Paulo. Estruturas de madeira.

Biodeterioração. Mudanças climáticas. Estratégias de conservação.

Introdução

O presente trabalho está vinculado ao projeto de auxílio à pesquisa “Patrimônio cultural do

Vale Histórico Paulista: análise da vulnerabilidade às mudanças climáticas” (FAPESP-

Condephaat - 2011/51016-9) e aborda a problemática dos impactos das mudanças climáticas

na deterioração do patrimônio edificado em território brasileiro, com enfoque para a

biodeterioração de estruturas de madeira. O recorte geográfico limita-se ao Vale Histórico de

São Paulo (municípios de Areias, Arapeí, Bananal, Queluz, São José do Barreiro e Silveiras). Os

bens edificados do Vale representam um testemunho do ciclo econômico do café na região.

O documento “Previsão e Gestão dos Efeitos das Mudanças Climáticas no Patrimônio Mundial”

adverte para os riscos de degradação do patrimônio cultural gerado pelas mudanças climáticas

globais (UNESCO, 2007). Diante disso, O Noah’s Ark Project (SABBIONI et. al. 2007)

desenvolveu um mapa de risco biodeterioração da madeira devido ao crescimento de fungos

na Europa. O risco de ataque de fungos em objetos e estruturas de madeira outdoor deve

crescer até 50% no norte e no leste da Europa, como consequência de aquecimento com altos

níveis de precipitação.

Estudos GREC-USP prevêem aumentos de temperatura que podem chegar a 6ºC (cenário A2 –

mais pessimista) na região do Vale do Paraíba no fim do século XXI. Também se projeta

mudanças relevantes no regime de chuvas na região. (AMBRIZZI et al., 2007).

A elaboração de estratégias de conservação do patrimônio cultural edificado no Vale Histórico

justifica-se em função da necessidade de manutenção da integridade física do legado de uma

importante fase histórica do país. Para a elaboração dessas estratégias é indispensável a

36

Bacharel em Gestão Ambiental (Universidade de São Paulo). Atualmente mestrando em mudança

social e participação política na Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP

([email protected]).

37 Doutora em ciências biológicas (Universidad de Buenos Aires). Atualmente pós-doutoranda no

Instituto de Química da USP ([email protected]).

38 Bacharel em química industrial (Universidade de Milão), mestre em química analítica ambiental

(Universidade de Londres) e doutor em química analítica (Universidade de São Paulo). Atualmente,

professor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP, email: [email protected].

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compreensão dos processos de biodeterioração da madeira e da exacerbação desses

processos por conta das mudanças climáticas.

Portanto, o objetivo geral deste projeto é contribuir para a elaboração de estratégias de

conservação dos bens culturais edificados no Vale Histórico de São Paulo com enfoque em

processos de biodeterioração da madeira e atenção para abordagens preventivas, em um

contexto de mudanças climáticas.

Metodologia e resultados

Materiais e Métodos

A abordagem metodológica adotada nesse trabalho envolveu principalmente duas etapas: (i)

Coleta de amostras de madeira no local de estudo, seguida pela análise laboratorial com a

identificação dos fungos, a realização de estatísticas de ocorrência e a averiguação de alguns

padrões metabólicos relacionados à degradação da madeira. O resultado dessa primeira etapa

serviu de base à seleção dos fungos com o maior potencial de agressão, os quais foram

testados na segunda etapa; (ii) Avaliação da resposta dos microrganismos às alterações

climáticas previstas para o século XXI na região de acordo com investigações em andamento.

Essa avaliação foi realizada com a utilização de câmaras de simulação climática - descritas por

Paiva et. al. (2010). Para avaliar a implicação de aumentos de temperatura no

desenvolvimento de fungos que degradam madeira comparou-se o crescimento de duas cepas

de fungos submetidas a duas condições climáticas diferentes: (i) temperatura: 26,55ºC,

umidade relativa: 60% (clima presente); (ii) temperatura: 29,15ºC; umidade relativa: 60%

(clima previsto para o final do século XXI).

Resultados

A partir do procedimento de isolamento dos fungos das amostras de madeira, obtiveram-se

setenta e oito placas com fungos puros. Foram encontradas, por meio dos testes metabólicos,

quinze cepas capazes de degradar madeira. Duas dessas 15 cepas foram utilizadas nos testes

das câmaras climáticas. Essas duas cepas (H1 e H2) foram identificados como pertencentes a

classe Hyphomycetes. Comparando-se o crescimento das cepas nas duas temperaturas

simuladas, observou-se que o aumento de 3 °C na temperatura do ambiente causa na cepa H1,

uma nítida queda na cinética de crescimento e na H2, um leve aumento fase inicial de

crescimento.

GRÁFICO 1: A) Crescimento percentual da cepa H1 a duas temperaturas: 26,5 °C (preto contínuo) e 29,1 °C (vermelho tracejado). B) Crescimento percentual da cepa H2 a duas temperaturas: 26,5 °C (preto

contínuo) e 29,1 °C (vermelho tracejado).

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Conclusões

Os resultados obtidos demonstram que as mudanças climáticas projetadas para o fim do

século XXI podem alterar de forma relevante os processos de biodeterioração das estruturas

de madeira dos bens edificados, confirmando, portanto, a importância do tipo de investigação

desenvolvida nesse estudo. Também se pode concluir que diferentes formas de

microrganismos apresentam comportamentos distintos diante de alterações de temperatura,

o que evidencia a necessidade de se esclarecer tais especificidades de forma mais profunda.

Referências

AMBRIZZI, T., ROCHA; R. P.; MARENGO, J. A.; PISNITCHENKO, I; ALVES, L. M.; FERNANDEZ, J. P.

R. Cenários regionalizados de clima no Brasil e América do Sul para o século XXI: projeções de

clima futuro usando três modelos regionais. São Paulo. IN: Mudanças climáticas globais e

efeitos sobre a biodiversidade: Caracterização do clima atual e definição das alterações

climáticas para o território brasileiro ao longo do século XXI. Brasília: MMA, SBF, DCBio, 2007.

Disponível em: <www.grec.iag.usp.br/outros/ambrizzi/sumario_tecnico.pdf.> Acesso em: 08

out. 2011.

PAIVA, R. I.; ROCHA, J. R. C.; CAVICCHIOLI, A.; LOPES, F.S.; FARIA, D. L. A. Câmaras climáticas

para o envelhecimento acelerado: ação de microambientes sobre bens culturais. Química

Nova, v. 33, n. 1, p. 189-194. 2010.

SABBIONI, C.; BRIMBLECOMBE, P.; CASSAR, M. The atlas of climate change: Impact on

European Cultural Heritage. London: EU, 2007. 124 p.

UNESCO. Predicting and managing the impacts of climate change on World Heritage. IN:

Climate Change and World Heritage. World Heritage reports 22: Report on predicting and

managing the impacts of climate change on World Heritage and Strategy to assist States

Parties to implement appropriate management responses. 2007. Publication based on

Document WHC-06/30.COM/7.1 presented to the World Heritage Committee at its 30th

session,Vilnius, Lithuania, 8-16 July 2006. Paris: UNESCO, pp. 19- 38. Disponível

em: <http://whc.unesco.org/documents/publi_wh_papers_22_en.pdf> Acesso em 10 set.

2011

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Aleijadinho 3D: tecnologia na difusão e preservação do patrimônio cultural

José Fernando Rodrigues Jr.39

Mário Alexandre Gazziro40

Natália Martins de Oliveira Gonçalves41

Oscar Neto42

Yvan Fernandes43

Anayã Gimenes44

Caio Alegre45

Rômulo de Souza Assis46

Palavras-chave: Ajeijadinho. Scanner 3D. Realidade Virtual. Divulgação on-line. Extensão

Cultural.

Introdução

39 Bacharelado (2001), Mestrado (2003), Doutorado (2007) e Pós-Doutorado (2009) em Ciências de

Computação e Matemática Computacional (Universidade de São Paulo – USP); participou do programa

de doutorado com estágio no exterior da CAPES, por um período de seis meses (2005-2006), na

Universidade Carnegie Mellon em Pittsburgh, PA, EUA; Professor do Instituto de Ciências Matemáticas e

de Computação da Universidade de São Paulo (ICMC – USP), [email protected].

40 Bacharelado em Informática (Universidade de São Paulo – USP), Especialista em Embedded Software

Development (Toshiba Semiconductors – Japan), Mestre em Ciências da Computação (Universidade de

São Paulo – USP), Doutorado em Física (Universidade de São Paulo – USP/ Instituto Superior de

Engenharia de Lisboa), Professor do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da

Universidade de São Paulo (ICMC – USP), [email protected].

41 História (Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP), Mestranda em Memória Social e Patrimônio

Cultural (Universidade Federal de Pelotas – UFPel / CAPES), Historiadora do Núcleo de Estudos Oeste de

Minas, da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (NEOM-ABPF), [email protected].

Computação, ICMC-USP, [email protected]

42 Ciências da Computação, Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São

Paulo (ICMC-USP), [email protected]

43 Fisica, IFSC-USP, [email protected]

44 Ciências da Computação, Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São

Paulo (ICMC-USP), [email protected]

45 Artes Plásticas FAAP, pós em produção digital Gnomon/Los Angeles-EUA, [email protected]

46 Eng. Agrimensor (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro), Leica Geosystems,

[email protected]

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O projeto “Ajeijadinho 3D” trata-se de uma iniciativa apoiada pela Universidade de São Paulo,

e envolve a digitalização 3D das obras do escultor Antônio Francisco Lisboa, mais conhecido

como Aleijadinho.

O objetivo do trabalho é divulgar tais obras através da Internet, por meio de técnicas

avançadas de aquisição e tratamento de malhas tridimensionais, porém, gerando como

resultado final um portal na web de simples acesso, de forma que a população leiga tenha a

possibilidade de conhecer em detalhes tais obras, por meio de uma visualização 3D super

detalhada.

As aquisições 3D foram realizadas ao longo de uma semana, no final do mês de julho de 2013.

Cada sessão de aquisição não demorou mais do que algumas horas, porém o aproveitamento

da luz do dia para melhor atribuição das cores reais da obra aos pontos 3D digitalizados pelo

equipamento era desejável para melhores resultados.

Foram digitalizadas as igrejas em Ouro Preto, MG, Francisco de Assis, Nossa Senhora do Carmo

e Nossa Senhora das Mercês, além de todo santuário de Bom Jesus dos Matosinhos e seus

profetas em Congonhas, MG.

Metodologia e resultados

Foi utilizado um scanner modelo PE20 da empresa Leica Geosystems, com capacidade de

adquirir cerca de 1 milhão de pontos por segundo, até uma distância de 120 metros, com

resolução de 0,8 mm por ponto.

Para cada obra, o scanner foi posicionado em diferente pontos, e as aquisições parciais foram

geradas. Na etapa de pós-processamento, cada ponto de vista diferente foi unido aos demais,

para formar a chamada nuvem de pontos completa da obra.

Um trabalho para redução da complexidade (e consequentemente do tamanho) dessas nuvens

foi realizado pelos estudantes envolvidos no projeto. A Figura 1 mostra alguns dos resultados

obtidos no presente trabalho.

(a) (b) (c)

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FIGURA 1 – Modelos 3D do profetas Isaias (a) e Baruc (b) e da frente da igreja de Matosinhos (c).

Os resultados da Figura 1 já apresentam modelos com complexidade reduzida, porém, sem o

acabamento final, como fechamento de buracos, suavização e pintura, trabalhos que estao

andamento, com previsão de término para o inicio de novembro.

Conclusões

Até o momento os objetivos têm sido alcançados com êxito, e esperasse realizar a inauguração

do porta até o mês de novembro.

Agradecimentos

A toda equipe do CCEx/ICMC/USP, em especial a profa. Solange Rezende; a PR-CEU/USP (Pró-

Reitoria de Cultura e Extensão da USP), a empresa Leica Geosystems por ceder pessoal e

equipamentos avançados para realização do projeto, e por fim a equipe da empresa

Imprimate, pela finalização artística dos modelos.

Referências

MENDES, C. M. ; DREES, D. R. ; SILVA, L. ; BELLON, O. R. P. . Interactive 3D Visualization of

Natural and Cultural Assets. In: 2nd eHeritage and Digital Art Preservation Workshop - joint

with ACM Multimedia Conference 2010, Florença. Proceesdings of ACM Multimedia

Conference - 2nd eHeritage and Digital Art Preservation Workshop, 2010.

MOREIRA, Maria Cristina; ROCHA, José António Oliveira; MARTINS, Joana. História e

tecnologia: preservação do património estatuário como identidade cultural luso-brasileira.

Projeto História, São Paulo, n.34, p. 69-84 , jun. 2007. Disponível em:

http://www.pucsp.br/projetohistoria/downloads/volume34/Projeto_Historia34.pdf. Acesso

em: 30 de agosto de 2013.

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MESA 2- Fotografia, cultura material

e patrimônio imaterial

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Fotografia sequencial e colagem: fragmentos espaço-temporais da paisagem do Bairro Laranjal

Fernanda Tomiello47

Eduardo Rocha48

Palavras-chave: Paisagem. Fotografia sequencial. Colagem. Imagem.

Introdução

A paisagem da cidade integra e relaciona aspectos físicos, históricos, culturais e sociais da vida

urbana e, segundo Peixoto (2004, p. 13), também é constituída pelo cruzamento entre

diversos espaços e tempos. Este trabalho faz parte da dissertação de mestrado da autora (que

está em andamento e deve ser concluída ao final de 2014) e tem como foco o estudo da

dinâmica da paisagem urbana, através de diferentes cenas (espaço) e de vários instantes de

cada cena (tempo), representados através de imagens que integram técnicas de fotografia

sequencial e colagem.

Assim, a justificativa desse trabalho se baseia na necessidade de ampliação das formas de se

representar e criar a paisagem urbana, através de imagens que caracterizam colagens

temporais, entendendo que não há maneira única ideal para abordar a representação e

criação da paisagem, mas que a integração entre fotografia sequencial e colagem é uma

possibilidade com potencial que merece ser explorada. Para Peixoto (2004, p. 11), a paisagem

não se esgota naquilo que vemos em um determinado momento, sendo assim, cada leitura

feita a partir dela é um mero fragmento, uma fatia de um universo infinitamente maior. Dessa

forma, o objetivo geral dessa pesquisa é contribuir para um entendimento mais amplo da

paisagem urbana, especialmente da sua dinâmica, considerando variações de caráter

estrutural, funcional e natural (Santos, 1988, p. 24).

Metodologia e resultados

Este trabalho será realizado com o método de pesquisa qualitativa, da qual faz parte a

obtenção de dados descritivos mediante contato direto e interativo do pesquisador com a

situação/objeto de estudo (Neves, 2013) e o recorte empírico dessa pesquisa situa-se no bairro

Laranjal, na cidade de Pelotas/RS.

As três imagens a seguir fazem parte do estudo exploratório e permitem exemplificar a

utilização da fotografia sequencial e da colagem como instrumentos capazes de capturar a

dinâmica da paisagem urbana. A figura 1 é uma composição elaborada através da justaposição

de fragmentos circulares de 30 imagens diferentes, o intervalo entre cada fragmento é de

aproximadamente três minutos e a imagem toda contempla 76 minutos. A figura 2 é

constituída pela sobreposição de sete imagens, capturadas a cada duas horas, num intervalo

total de 12 horas e permite observar o movimento funcional e a concentração de transeuntes.

47 Arquiteta e Urbanista, mestranda no Programa de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo da

Universidade Federal de Pelotas, [email protected].

48 Arquiteto e Urbanista, Especialista em Artes, Mestre em Educação, Doutor em Arquitetura, Professor

da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFPel, [email protected].

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Por fim, a figura 3 também é uma justaposição, no entanto não é uma única imagem

constituída a partir de fragmentos de fotografias diferentes (como a figura 1) e sim seis

imagens diferentes postas lado a lado. Essa sequência de seis imagens faz parte de um ensaio

que está sendo repetido semanalmente, sempre no mesmo dia da semana e na mesma hora

do dia e pretende contemplar o ciclo de um ano, evidenciando as características de cada

estação com ênfase em variações de caráter natural.

1 2

3

FIGURA 1: 76 minutos (pôr-do-sol, agosto de 2013) Fonte: acervo da autora.

FIGURA 2: 12 horas (dezembro de 2012). Fonte: acervo da autora.

FIGURA 3: 6 semanas (agosto e setembro de 2013). Fonte: acervo da autora.

Conclusões

O estudo experimental realizado nesse trabalho permite observar que as colagens elaboradas

a partir de fotografias sequenciais, ao agregar fatias do tempo, constituem imagens que

podem parecer distantes da visão tradicional de paisagem - que apreendemos num lance de

vista - mas que, por outro lado, se aproximam do que é de fato a paisagem, um somatório de

diversos espaços e tempos Além disso, a integração entre fragmentos espaço-temporais da

paisagem permite representar processos e não apenas estados, relações e não apenas objetos,

ao criar simultaneidade entre coisas que não são simultâneas, ao justapor coisas que não

costumam ser vistas justapostas e ao colocar lado a lado frações espaço-temporais que

normalmente só podem ser observadas em um longo período de tempo.

Referências

GAMA, P., SENDRA, F. A fotografia sequencial de Eadweard Muybridge e o cinema de

animação. Disponível em: <http://www.dad.puc-rio.br/dad07/arquivos_downloads/32.pdf>.

Acesso em: 31 dez. 2012.

MEINIG, Donald W. O olho que observa: dez versões da mesma cena. Espaço e Cultura, n. 13,

p. 35-46, 2002 [1976].

MOHOLY-NAGY, László. Pintura, fotografia, cine. Barcelona: Gustavo Gili, 2005. 270p.

NEVES, J. L. Pesquisa qualitativa – características, usos e possibilidades. Caderno de pesquisas

em administração. 1996. Disponível em <http://www.ead.fea.usp.br/cad-pesq/arquivos/c03-

art06.pdf>. Acesso em: 10 ago. 2013.

PEIXOTO, Nelson Brissac. Paisagens Urbanas. São Paulo: Senac, 2004.

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SANTOS, M. Metamorfoses do espaço habitado, fundamentos teórico e metodológico da

geografia. São Paulo: Hucitec, 1988.

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Bagé sitiada: fotografia e memória da Revolução Federalista de 1893 no sul do Rio Grande do Sul

Aristeu Elisandro Machado Lopes49

Palavras-chave: Revolução Federalista de 1893. Fotografia. Bagé. Memória

Introdução

A Revolução Federalista de 1893 ocorreu a partir das rivalidades políticas que dividiam o

estado do Rio Grande do Sul nos primeiros anos da República. As disputas colocavam em lados

opostos republicanos, chefiados por Julio de Castilhos, e federalistas, liderados por Gaspar

Silveira Martins (FRANCO, 1996). As disputas políticas se transformaram em um conflito

armado que se espalhou por várias localidades no Rio Grande do Sul e nos estados vizinhos. As

batalhas ocorridas no sul do estado, contudo, ainda foram pouco abordadas e, visando

contribuir para a compreensão desse processo político e bélico foi desenvolvido o projeto de

pesquisa “Rememorando Combates: a Revolução Federalista de 1893 através de fontes

textuais, visuais e orais no sul do Rio Grande do Sul”.

A proposta deste trabalho almeja apresentar parte dos resultados alcançados no projeto. O

objetivo é averiguar um grupo de fotografias do fotógrafo José Greco, contemporâneo a

Revolução e morador da cidade de Bagé (BRASIL, 2013). Ao iniciar os conflitos, os republicanos

transformaram a Praça da Matriz em um local fortificado entrincheirando as ruas adjacentes

enquanto os federalistas sitiaram a cidade (FAGUNDES, 2005, p.71). José Greco, dono de um

ateliê fotográfico, caminhou pelas ruas fotografando as trincheiras, os soldados e os citadinos

que observavam a destruição ocasionada pelos enfrentamentos. As fotografias de Greco

exemplificam os resultados imediatos da Revolução em Bagé e são consideradas como parte

importante à compreensão histórica do conflito.

Os cenários urbanos fotografados não apresentam apenas as ruas entrincheiradas; as

fotografias narram um momento da história da cidade. Como aponta Boris Kossoy, sempre há

uma intenção para que elas existissem: “esta pode ter partido do próprio fotógrafo que se viu

motivado a registrar determinado tema do real ou de um terceiro que o incumbiu para a

tarefa” (KOSSOY, 2012, p. 47). Ao lado disso, os registros fotográficos são, igualmente,

elementos integrantes da memória da Revolução. Philippe Dubois enfatiza que “enquanto as

imagens, que na maioria das vezes são signos simbólicos, alegóricos, compósitos, só são

colocadas num lugar por um tempo, os lugares permanecem na memória” (DUBOIS, 1993,

p.315). Assim, enquanto as fotografias permitem visualizar o preparo para o combate entre

republicanos e federalistas, as ruas, as casas e a praça da Matriz – locais dos enfrentamentos –

ainda compõem o espaço urbano e patrimonial de Bagé e relembram a revolução.

Metodologia e resultados

A metodologia se desenvolveu a partir da pesquisa realizada no acervo fotográfico da Fototeca

Túlio Lopes do Museu Dom Diogo de Souza em Bagé. A coleção de fotografias de José Greco é

diversificada. Ela é formada por fotografias posadas de estúdio com famílias, casais, crianças,

49

Graduado em História/UFPel e Mestre e Doutor em História/UFRGS. Professor Adjunto da

Universidade Federal de Pelotas, e-mail: [email protected]

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homens, mulheres e locais públicos. Uma parte importante do acervo é constituída por

fotografias da Revolução Federalista de 1893, as quais foram selecionadas para o

desenvolvimento da proposta deste trabalho. A metodologia também objetivou identificar os

locais (as ruas da cidade) e as lideranças fotografadas. Assim, já foram identificados certos

logradouros e determinados estabelecimentos comerciais avariados pelos combates.

Conclusões

O principal objetivo do projeto de pesquisa – e que pretende ser explanado na proposta desta

comunicação – visava averiguar como se desenvolveram os conflitos ocorridos durante a

Revolução Federalista de 1893 no sul do Rio Grande do Sul. Dentro deste objetivo, surgiu

outro, específico, sobre o sítio imposto pelos federalistas aos republicanos em Bagé. Tal

objetivo foi desenvolvido a partir do estudo das fotografias de José Greco. A análise ainda está

em desenvolvimento, contudo, como principais resultados já obtidos são elencados os

seguintes pontos: 1. As fotografias demonstram que o fotógrafo se interessou pela situação

política e bélica que envolveu a cidade naquele momento. 2. A maioria das fotografias

registraram a preparação para os embates ou os seus resultados posteriores, mas sem

registros de feridos ou cadáveres. 3. O fotógrafo transitava entre os soldados de ambos os

lados, fotografando tanto republicanos como federalistas. 4. As fotografias não tinham

recebido uma atenção especial por parte da historiografia sobre a Revolução que as citavam

apenas para ilustrar o que era narrado/confirmado na parte textual. O resultado alcançado

com a análise desse conjunto fotográfico demonstra que as imagens possuem, em si, um

significado importante para a compreensão da Revolução.

Referências

BRASIL, Luisa Kuhl. Retratos em (Re)vista: Do estúdio à imprensa ilustrada em Bagé, 1890-

1921. Porto Alegre, 2013. Dissertação (Mestrado em História) – Faculdade de Filosofia e

Ciências Humanas, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2013,

145p.

DUBOIS, Philippe. O Ato fotográfico e outros ensaios. Campinas: Papirus, 1993.

FAGUNDES, Elizabeth Macedo de. Inventário Cultural de Bagé: um passeio pela história. Porto

Alegre: Evangraf, 2005.

FRANCO, Sérgio da Costa. Júlio de Castilhos e sua época. Porto Alegre: Editora da UFRGS,

1996.

KOSSOY, Boris. Fotografia & História. São Paulo: Ateliê Editorial, 2012.

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As representações fotográficas de São Leopoldo e Taquara na obra “O Rio Grande do Sul” de Alfredo

R. da Costa

Alex Juarez Müller50

Palavras-chave: Vale dos Sinos, representação, fotografia, imprensa, cidade.

Introdução

Esse estudo pretende analisar as fotografias das cidades de São Leopoldo e Taquara a partir da

obra “O Rio Grande do Sul (completo estudo sobre o Estado)”, organizada e editada por

Alfredo Rodrigues da Costa, durante o período da Primeira República.51

A pesquisa justifica-se pelo fato da obra ter como objetivo a realização de um compêndio

econômico, político e cultural dos municípios do Rio Grande do Sul no ano do centenário da

Independência (1922). A escolha do Vale dos Sinos justifica-se por a região ser uma área de

grande importância na produção agrícola do Rio Grande do Sul durante esse período da

história.

O objetivo do estudo é analisar as representações fotográficas urbanas das cidades do Vale

dos Sinos na República Velha para compreender como as essas áreas eram construídas

visualmente. Dessa forma, propomos analisar o que está e o que não está sendo representado

nas fotografias.

A obra de Alfredo Rodrigues da Costa foi realizada em conformidade com o governador

Antônio Augusto Borges de Medeiros. O autor menciona que os dois volumes que compõem

os escritos são de valor histórico, descritivo e ilustrado e como o próprio título menciona um

“completo estudo sobre o Estado”. Essa breve análise identifica, conforme Jacques Le Goff, que

os documentos para os positivistas eram considerados fatos históricos, provas históricas

verdadeiras, inquestionáveis. (LE GOFF, 2003) Assim, a obra caracteriza o aspecto de

veracidade e unidade do Rio Grande do Sul a partir da junção das regionalidades que cada

município representa.

De acordo com Pierre Bourdieu “as representações são enunciados performativos que

pretendem que aconteça aquilo que enunciam” (BOURDIEU, 1989, p.118), assim as fotografias

da obra de Alfredo Costa tem por objetivo ilustrar e afirmar a “verdade” que o texto

(re)apresenta.

As fotografias oficiais das cidades da Primeira República impõem uma visão de mundo social

de diferentes regiões que não representa a realidade. Deste modo, ocorre através da

fotografia o poder performativo do discurso regionalista que impõe como legitimo uma

determinada fronteira, uma visão única de identidade e unidade e a oficialização através das

manifestações ocorrendo a institucionalização de elementos regionais como sendo

verdadeiros. (BOURDIEU, 2009, p.116-117)

50 Mestrando em história – UPF/CAPES. Email: [email protected]

51 Essa pesquisa é parte integrante da dissertação de mestrado do PPG em história da Universidade de

Passo Fundo (UPF), com previsão de defesa para 2015/1, e financiamento da CAPES (2013-2015).

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Maria de Lourdes Eleutério menciona que as fotografias nas revistas do período da Primeira

República eram de fundamental importância, visto que “*...+ os ilustrados foram fundamentais

no quadro de uma população com alto índice de analfabetismo, para a qual imagens

comunicavam mais que texto.” (ELEUTÉRIO, 2008, p.91). Já Ilka Stern Coben discute que os

efeitos da Primeira Guerra Mundial modificaram o foco da imprensa, tornando as edições mais

voltadas para questões políticas e de formação da nacionalidade, principalmente com as

proximidades do centenário da Independência. (COBEN, 2008, p. 108)

A seguir podemos verificar detalhes da metodologia utilizada e resultados preliminares.

Metodologia e resultados

O método de análise das imagens constituiu-se no cruzamento de fontes diversificadas, visto

que além das fotografias “*...+ devem ser localizadas outras fontes que possam transmitir

informações acerca dos assuntos que foram objetos de registro em dado momento histórico

*...+”. (KOSSOY, 2001, p.64) Portanto, além da análise das fotografias também fizemos uso do

texto que compõe a obra e de outros documentos, tais como: relatórios de intendentes e

códigos de posturas dos municípios de Taquara e São Leopoldo (disponíveis nos arquivos

regionais).

Os resultados preliminares identificam que a obra tinha por finalidade realizar propaganda

positiva do Estado do Rio Grande do Sul para o Brasil, enaltecendo sempre os líderes do

Partido Republicano e colocando o poder público como grande promotor do progresso.

Também identificamos que as imagens fotográficas expostas seguiam um padrão de

exposição, por exemplo, representação de líderes políticos, principais casas comerciais e a

ideia de progresso urbano. Assim, observamos que as imagens expostas na obra de Alfredo da

Costa não representam a verdade, pois elas são recortes manipulados por múltiplos interesses.

Dessa forma, as imagens das cidades do Vale dos Sinos na obra “O Rio Grande do Sul”

representam uma área colonial produtiva e próspera ao contrário da realidade que

apresentava cidades acanhadas distantes de serem grandes áreas urbanas, como veremos nas

conclusões.

Conclusões

As fotografias da obra “O Rio Grande do Sul” tinham for finalidade ilustrar para afirmar o que

estava sendo mencionado no texto. Nesse caso, a imagem fotográfica é utilizada como prova

real da verdade, incontestável. Porém, a fotografia é um recorte de um determinado projeto,

assim ela não representa a verdade e muito menos a realidade.

As fotografias de “O Rio Grande do Sul” seguem um padrão fotográfico, evidenciado as

lideranças políticas (principalmente a figura do intendente), os grandes comerciantes, os

passeios públicos organizados e quase sempre uma imagem panorâmica da cidade para dar

ideia de grandeza do espaço.

As cidades de Taquara e São Leopoldo são representadas nas fotografias como símbolo do

progresso da atividade agropecuária e comercial atrelada aos imigrantes alemães e seus

descentes. No texto que acompanha as imagens sempre se caracteriza os municípios de

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população predominantemente de descendentes germânicos e uma minoria dos chamados

nacionais, os quais seriam negros, lusos e índios.

Portanto, as fotografias além de comporem um projeto com a finalidade de produzir um

“completo estudo sobre o Estado” para as comemorações do Centenário da Independência

(1922), existia a intenção maior de representar um padrão de cidade e uma população que não

condiziam com a realidade, pois o Brasil era um país predominantemente de pessoas vivendo

na área rural e não nas cidades, de centros urbanos acanhados sem planejamento e de maioria

populacional descente de negros e não de alemães.

Referências

BOURDIEU, Pierre. O Poder Simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1989.

COBEN, Ilka Stern. Diversificação e Segmentação dos Impressos In: LUCA, Tania Regina de &

MARTINS, Ana Luiza (org.). História da Imprensa no Brasil. São Paulo: Contexto, 2008.

COSTA, Alfredo Rodrigues da. O Rio Grande do Sul (completo estudo sobre o Estado). Porto

Alegre: Livraria do Globo, 1922. Disponível no Museu Histórico Municipal Adelmo Trott –

Taquara/RS.

ELEUTÉRIO, Maria de Lourdes. Imprensa a Serviço do Progresso. In: LUCA, Tania Regina de &

MARTINS, Ana Luiza (org.). História da Imprensa no Brasil. São Paulo: Contexto, 2008.

KOSSOY, Boris. Fotografia e história. 2. ed. São Paulo, SP: Ateliê Editorial, 2001.

LE GOFF, Jacques. História e Memória. 5ª ed. Campinas, SP: Ed. UNICAMP, 2003.

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A inserção de acervos fotográficos em repositórios institucionais

Renata Cardozo Padilha52

Palavras-chave: repositórios institucionais, acervos fotográficos, patrimônio cultural, Lume -

Repositório Digital da UFRGS.

Introdução

O trabalho pretende realizar uma reflexão acerca da inserção de acervos fotográficos nos

repositórios institucionais, tendo em vista acrescente valorização da fotografia no âmbito

material, como fonte documental, e em sua dimensão imaterial, enquanto suporte do

intangível ditado pelas interpretações do pesquisador. Busca-se averiguar quantos repositórios

institucionais brasileiros, de nove previamente selecionados, possuem acervo fotográfico

inserido no seu repositório. Com base nisso pretende-se analisar detalhadamente as formas de

busca, descrição, identificação, armazenamento e disseminação dos acervos em questão.

A reflexão teórica aborda a formação dos repositórios institucionais, bem como sua

importância no que diz respeito à disseminação da informação (TOMAÉL e SILVA, 2007;

GUEDÓN, 2009; SAYÃO, 2010; RODRIGUES et al., 2011). Além disso, identifica-se a função dos

acervos fotográficos no campo da pesquisa científica e enfatiza-se a relevância da inserção de

fotografias históricas nos repositórios institucionais. O trabalho visa explorar este assunto no

que se refere à valorização dos bens patrimoniais, a disseminação e preservação deste acervo

(BURGI, 2001; KOSSOY, 2001; MARCONDES, 2002; DODEBEI, 2006; LOPES, 2006; ALVES, 2006;

MANINI, 2008).

Metodologia e resultados

Realizou-se uma pesquisa exploratória nos sites dos nove repositórios institucionais brasileiros,

identificados na pesquisa de Cocco (2012), para averiguar quais desses possuíam acervo

fotográfico. Verificou-se que dos nove repositórios institucionais apenas o Lume Repositório

Digital da UFRGS possuía acervo fotográfico, para tanto se desenvolveu uma análise detalhada

dos procedimentos utilizados na sistemática de busca e descrição das fotografias do seu

acervo.

O Lume utiliza-se do DSpace, um software livre compatível com o Protocolo de Arquivos

Abertos (OAI), sendo assim, permite que os documentos sejam facilmente coletados através

de uma expressão de acesso aberto à informação. Nos casos de livre acesso, a grande maioria,

a página identifica que o item está licenciado na Creative Commons License e pode ser

pesquisado e salvo livremente. Com relação aos metadados, o Lume utiliza para a descrição

dos documentos digitais o padrão Dublin Core e o sistema CNRI Handle, sendo este usado para

designar identificadores permanentes para cada documento disponível no Repositório.

52

Graduada no Bacharelado em Museologia (UFPel), Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (UFSC). [email protected].

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FIGURA 1 – Sem Legenda.

Fonte: Lume Repositório Digital da UFRGS, 2012.

Após entrar na página principal do Lume Repositório Digital da UFRGS, o pesquisador deve

clicar na comunidade Acervos (figura 1) para iniciar o sistema de busca aos acervos

audiovisuais da Universidade. Destaca-se que dentro desta comunidade ainda existem

subcomunidades: CEME – Centro de Memória do Esporte; Instituto de Física; Museu

Universitário; Secretaria de Patrimônio Histórico.

FIGURA 2 – Sem Legenda.

Fonte: Lume Repositório Digital da UFRGS, 2012.

Ao abrir a comunidade “Acervos”, o usuário depara-se com metadados gerais e específicos

(figura 2) para a realização da busca a quaisquer documentos pertencentes aos acervos das

diversas Unidades Acadêmicas e demais órgãos da Universidade. O pesquisador, ao preencher

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os metadados de acordo com suas necessidades, gera variados resultados para comunidade

“Acervos”, portanto cabe ao usuário selecionar a fotografia que melhor atende suas

exigências.

FIGURA 3 – Sem Legenda.

Fonte: Lume Repositório Digital da UFRGS, 2012.

Com relação ao total de acervos fotográficos inseridos no repositório digital, destaca-se: 474

fotografias do Museu Universitário; 258 fotografias do Instituto de Física; 421 fotografias da

Secretaria do Patrimônio Histórico; 816 imagens (fotografias, convites, reportagens) do CEME

– Centro de Memória do Esporte, este que se divide em duas outas subcomunidades: Centro

de Memória do Esporte (contendo 712 imagens na coleção iconográfica) e Memória do

Programa Segundo Tempo (contendo 36 imagens na coleção iconográfica).

Conclusões

A partir do diagnóstico realizado em nove nos repositórios institucionais brasileiros, foi

possível identificar que a maioria dos repositórios analisados não inserem fotografias em suas

bases. Constata-se que essas instituições ainda não reconhecem a imagem fotográfica como

importante fonte documental para pesquisa científica. Esse resultado também se justifica por

estar tratando de repositórios que ainda estão se consolidando como ferramenta de

armazenamento e disponibilização da informação, e por isso ainda estão estabelecendo

métodos e técnicas de inserção de conteúdos.

Por meio da análise do Lume Repositório Digital da UFRGS, puderam-se verificar quais sãos os

métodos empregados para a sistematização dos acervos fotográficos, assim como foi possível

compreender a lógica de busca e descrição das imagens. Pode-se verificar que este se

apresenta como um repositório institucional modelar, uma vez que sua preocupação vai além

das publicações científicas, valorizando, preservando e disponibilizando seu acervo fotográfico.

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Referências

ALVES, Josefa Aparecida. Fotografia: fonte de pesquisa histórica. Olhares e Trilhas. Uberlândia,

Ano VII, n. 7, p.25-34, 2006.

BURGI, Sergio. Organização e Preservação de Acervos Fotográficos. Rio de Janeiro: Instituto

Moreira Salles, 2001.

COCCO, Ana Paula. Repositórios institucionais de acesso aberto: análise do cenário nos países

ibero-americanos. Dissertação (mestrado) Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de

Ciências da Educação. Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação. Florianópolis,

SC, 2012. 196 p.

DODEBEI, Vera. Patrimônio e memória digital. In: Morpheus: Revista eletrônica em Ciências

Humanas, Rio de Janeiro, ano 4, n. 8, p.1-13, 2006. Disponível em:

<http://www.unirio.br/morpheusonline/numero08-2006/veradodebei.htm>. Acesso em: 10

jun. 2010.

GUÉDON, Jean-Claude. It’s Repository, It’s a Depository, It’s Archive…: open access, digital

collections and value. Arbor Ciencia, Pensamiento y Cultura CLXXXV 737, maio-junio. p. 581-

595. 2009. Avaiable in: arbor.revistas.csic.es/index.php/arbor/article/download/315/316

LOPES, Ilza Leite. Diretrizes para uma política de indexação de fotografias. In: MIRANDA,

Antonio; Simeão, Elmira (org.). Alfabetização Digital e Acesso ao Conhecimento. Brasília:

Universidade de Brasília, Departamento de Ciências da Informação e Documentação, 2006.

p.199-245.

MANINI, Miriam Paula. A fotografia como registro e como documento de arquivo. In:

BARTALO, Linete; MORENO, Nádina Aparecida (org.). Gestão em Arquivologia: abordagens

múltiplas. Londrina: EDUEL, 2008. p.121-183.

MARCONDES, Marli. A importância da conservação fotográfica na reconstrução da memória.

Revista de Educação do Cogeime. Ano 11 - nº. 20 - junho/ 2002.

RODRIGUES, Rosângela ; TAGA, Vitor ; VIEIRA, Eleonora Milano Falcão. Repositórios

Educacionais: estudos preliminares para a Universidade Aberta do Brasil. Perspectivas em

Ciência da Informação (Impresso), v. 16, p. 181-207, 2011.

TOMAÉL, Maria Inês; SILVA, Terezinha Elisabeth da. Repositórios institucionais: diretrizes para

políticas de informação.. In: VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação -

ENANCIB, 2007, Salvador. Anais do VIII Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da

Informação. Salvador : UFBA, 2007. v. VIII.

SAYÃO, Luis Fernando. Repositórios digitais confiáveis para a preservação de periódicos

eletrônicos científicos. Ponto de Acesso, Salvador, v. 4, n. 3, p. 68-94, 2010.

Site:

LUME REPOSITÓRIO DIGITAL DA UFRGS. Disponível em: http://www.lume.ufrgs.br/. Acesso

em: 15 maio 2012.

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A revelação do balneário de Cabeçudas,Itajaí/SC, pela fotografia.

Thayse Fagundes53

Gilberto Sarkis Yunes 54

Palavras-chave: Fotografia. Urbanismo. Formação Sócio-espacial. Balneário de Cabeçudas.

Introdução

O presente trabalho é um estudo do significado e conteúdo cultural contidos nas imagens

fotográficas da praia de Cabeçudas (Itajaí/SC) em seu período de formação como balneário.

Esta praia foi uma das primeiras do estado de Santa Catarina a introduzir o banho de mar

como lazer e o turismo de veraneio. O objetivo deste artigo é apresentar as transformações

sócio-espaciais ocorridas na formação do balneário de Cabeçudas através da análise de

fotografias da década de 1910 até 1930. Esses dados fazem parte do tema em

desenvolvimento na pesquisa de dissertação de mestrado no Programa de Pós-Graduação em

Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade (PGAU-Cidade) de Thayse Fagundes, com

orientação do professor Gilberto Sarkis Yunes, iniciada em 2012.

A utilização da fotografia como fonte documental demonstra as relações entre fotografia,

história e memória, já definidas conceitualmente por Boris Kossoy e Annateresa Fabris. Kossoy

diz que “Toda fotografia tem atrás de si uma história” (KOSSOY, 2007, p.52). Assim este

trabalho se propõe a desvendar as histórias de Cabeçudas contidas em suas fotografias.

A fotografia é uma das melhores fontes para compreender as transformações sócio-espaciais

de Cabeçudas. Pois, através da observação destes registros percebe-se o modo como os

indivíduos ocupavam e frequentavam a praia e as relações que estabeleciam com o mar, com

o veraneio, com os demais moradores e entre si. Além disso, é possível observar as alterações

espaciais com os sucessivos desmatamentos, a abertura de ruas, melhoramentos na

infraestrutura para o turismo e nas arquiteturas presentes em cada período (Figura 01).

Metodologia e resultados

A pesquisa utilizada para este artigo foi realizada em três etapas, sendo a primeira a coleta de

fotografias de Cabeçudas das décadas de 1910 até 1930 no Arquivo Público de Itajaí e com

moradores de Cabeçudas. A segunda etapa foi de pesquisa bibliográfica nos jornais de Itajaí da

primeira metade do século XX e livros de memórias. Na última etapa foram entrevistados dez

moradores de Cabeçudas selecionados previamente por sua significância e apresentadas

fotografias daquele balneário para que discorressem sobre suas memórias. Neste período

53 Graduada em História pela Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), Especialista em História da Arte pela Universidade da Região de Joinville

(UNIVILLE) e Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade (PGAU-Cidade) pela Universidade Federal

de Santa Catarina (UFSC). E-mail: [email protected].

54 Graduação em Arquitetura e Urbanismo – UFPel, 1977. Doutor em Estruturas Ambientais Urbanas, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo –

USP,1995. Professor Adjunto do Curso Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC. Professor e Pesquisador do Programa

de Pós-Graduação em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade – PGAU/CIDADE. [email protected]

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destaca-se a presença e registro de imagens fotógrafo Imannuel Currlin (1886/1961) do que

vão definir a nova percepção do espaço, agora balneário, reforçando seu caráter pitoresco

(Figura 02). Neste caso, o olhar pela fotografia revela dois sentidos que podem ser atribuídos a

esta palavra: o que é digno de pintar-se e uma imagem em que se retratam as alterações

realizadas pelo homem na natureza em uma relação harmoniosa, o que vem a acentuar o

desejo de usufruir daquele balneário. Kossoy (2007) exalta o estudo destes fotógrafos

anônimos, segundo ele “a investigação desses fotógrafos provoca avanços significativos tanto

na área da fotografia em sua história própria como no que toca à memória histórica e

fotográfica do país, proporcionando, em suma, novos dados para o conhecimento do passado”

(KOSSOY, 2007, p.66).

Ao analisar as imagens de Cabeçudas do início do século XX com auxílio das fontes oral e

escrita pode-se entender o processo de intervenção social e urbana naquele espaço. Percebeu-

se que nas imagens da década de 1910 predominam as arquiteturas das edificações de

madeira, avarandadas e também as de pescadores, não havendo uma clara distinção social

entre elas. A partir da década de 1930, com a maior assimilação do banho de mar ao ideal de

progresso já se observa nas fotografias uma maior distinção social nas arquiteturas locais

ocasionadas pela mudança de material para a alvenaria de tijolo, alterando a tipologia e

dimensões das construções.

Conclusões

Com este artigo busca-se evidenciar o papel que a fotografia desempenhou na pesquisa

histórico-espacial, como uma fonte imagética tão importante para a leitura quanto as fontes

ditas oficiais. O registro do patrimônio material e imaterial pela fotografia, à medida que se

volta para a análise da formação sócio-espacial de um dos primeiros balneários do estado de

Santa Catarina, torna-se um importante estudo e introduz uma metodologia de pesquisa que

permite sua aplicação para a análise do processo de formação e desenvolvimento de outros

balneários do sul do Brasil.

Referências

CANABARRO, Ivo. Fotografia, história e cultura fotográfica: aproximações. Estudos Ibero-

americanos. PUCRS, Porto Alegre, v. , n. 2, p.23-29, 00 dez. 2005. Disponível

FIGURA 1 - Praia de Cabeçudas, década de

1920, primeiras residências. Arquivo Público de

Itajaí.

FIGURA 2 - Homens nas pedras. Cartão Postal

da praia de Cabeçudas, 1917. Fotógrafo

Immanuel Currlin. Arquivo Público de Itajaí.

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em:<http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/iberoamericana/article/view/1336>.

Acesso em: 10 set. 2013.

FABRIS, Annateresa (Org.). Fotografia: usos e funções no século XIX. 2. ed. São Paulo: Editora

da Universidade de São Paulo, 1998. 304 p. (Texto & Arte 3).

KOSSOY, Boris. Fotografia e história. São Paulo: Ática, 1989. 110 p.

KOSSOY, Boris. Os tempos da fotografia: o efêmero e o perpétuo. Cotia: Ateliê Editorial, 2007.

174 p.

KOSSOY, Boris. Realidades e ficções na trama fotográfica. 4º São Paulo: Ateliê Editorial, 2009.

153 p.

POSSAMAI, Zita Rosane. Fotografia, história e vistas urbanas. História: PUCRS, São Paulo, v. 27,

n. 2, jun. 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-

90742008000200012&script=sci_arttext>. Acesso em: 10 set. 2013.

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O patrimônio imaterial Santamariense em imagens: a Romaria de Nossa Senhora Medianeira de

Todas as Graças

Francielle Moreira Cassol55

Édison M. da S. Difante56

Palavras-chave: Patrimônio imaterial. Representação. Romaria. Religiosidade. Santa Maria.

Introdução

O Patrimônio é um conjunto dos bens, sejam estes materiais ou imateriais, e que, pelo seu

valor subjetivo, são considerados de interesse relevante para a permanência e a identidade da

cultura de um grupo de indivíduos ou uma sociedade. O patrimônio é a nossa herança do

passado, para as próximas gerações, é uma herança com que convivemos hoje, e que

passamos às gerações futuras. O patrimônio material asegurado pelo Decreto-Lei nº 25, de 30

de novembro de 1937 abrange edificações, paiagens e conjuntos histórico-arquitetônicos. Por

su vez, o patrimônio imaterial, que compreende as práticas sociais, e atualmente são

salvaguardados por quatro livros de registro que os dividem saberes, oficicios e modos de

fazer, celebrações, formas de expressão, entre outros, só obtive pesquisa e registro a partir da

Constituição Brasileira de 1988, mais precisamente através dos artigos 215 e 216. Para o

Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (IPHAN), orgão que fiscaliza o patrimônio

no Brasil

nesses artigos da Constituição, reconhece-se a inclusão, no patrimônio a ser preservado pelo Estado em parceria com a sociedade, dos bens culturais que sejam referências dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira. O Patrimônio Cultural Imaterial é transmitido de geração a geração, constantemente recriado pelas comunidades e grupos em função de seu ambiente, de sua interação com a natureza e de sua história, gerando um sentimento de identidade e continuidade, contribuindo para promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana. É apropriado por indivíduos e grupos sociais como importantes elementos de sua identidade

57.

Para criar instrumentos legais para a salvaguarda do patrimônio imaterial, na data de 04 de

agosto do ano 2000, o mesmo Iphan organizou os estudos que culminaram no Decreto nº

3.551 que institui o registro destes bens, todavia, essa legislação ainda é nova e poucos são os

bens salvaguardados atualmente. Por isso, tornam-se necessárias pesquisas no incipiente

55 Graduada em História e mestranda em História Regional pela Universidade de Passo Fundo, bolsista capes, [email protected]

56 Graduado, mestre e doutorando em Filosofia pela Universidade Federal de Santa Maria. Professor da área de ética e conhecimento do curso de Filosofia pela Universidade de Passo Fundo, [email protected]

57 Disponível em

http://portal.iphan.gov.br/portal/montarPaginaSecao.do?id=10852&retorno=paginaIphan. Acesso em 01 de set. de 2013, ás 18h e 22 min.

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campo do patrimônio, em especial tratando-se do imaterial que acreditamos ser o mais

complexo em seu estudo e consequentemente em seu registro.

Metodologia e resultados

Em Santa Maria, interior do RS acontece anualmente o que talvez seja o maior patrimônio

imaterial do Estado, trata-se de um festejo religioso, a saber, a Romaria em homenagem a

Nossa Senhora Medianeira de Todas as Graças. O mundo católico Santamariense participará,

hoje, dia de N. S. Medianeira, de diversas e tocantes comemorações religiosas. Assim, o jornal

A Razão noticiava dia 31 de maio de 1935. A devoção a Nossa Senhora Medianeira de Todas

as Graças, que teve seu início na Bélgica, na década de 1920, com o cardeal Desidério José

Mercier, um dos pioneiros da teoria da mediação, na qual Maria é venerada como Mediadora

das graças divinas. A Romaria em homenagem a Nossa Senhora Medianeira acontece em todo

segundo domingo de novembro e mobiliza mais de 250 mil pessoas por ano, sendo a mesma

ainda a padroeira do Estado. Dito isso, o presente estudo tem por finalidade apresentar os

jornais Diário do Interior e A Razão, visto que os mesmos presenciaram a criação do fé e da

Romaria à Nossa Senhora Medianeira de Todas as Graças; bem como em certa medida

auxiliaram na sedimentação da Romaria. Para isso, se utilizará da leitura de imagens de dois

conjuntos de fotografias, a saber, um primeiro, com quatro imagens retiradas dos jornais

Diário do Interior e A Razão e, um segundo, com seis imagens da última Romaria da

Medianeira, a partir do jornal A Razão. Deve-se ressaltar ainda, que a fotografia será utilizada

como fonte histórica do seu tempo, e não como um “espelho de real”. Pois, para Dubois (1993,

p.25), “toda reflexão sobre um meio de expressão (fotografia) deve se colocar a questão

fundamental da relação específica existente entre o referente externo e a mensagem

produzida por este meio”.

Conclusões

Através do estudo da romaria da Medianeira e sua representação concluímos que o uso das

fotografias serviu como auxiliar e difusor do patrimônio imaterial rio-grandense, servindo em

um momento como divulgadora da imagem da Virgem e em outro como difusora das benesses

que este ritual vem trazendo aos milhares de romeiros que dela participam ano a ano,

tratando-se portando do estudo de um dos mais importantes patrimônios do interior do

Estado.

Referências

DALMOLIN, Aline. A Imprensa Santa-mariense nos anos 70: o caso da Revista Santa Maria.

WEBER, Beatriz Teixeira; RIBEIRO, José Iran (org.). Nova História de Santa Maria: contribuições

recentes. Santa Maria: [s. n.], 2010.

DIÁRIO DO INTERIOR. Santa Maria, 16 de maio de 1930.

DUBOIS, Philippe. O ato fotográfico e outros ensaios. Trad. Marina Appenzeller. São Paulo:

Campinas: Ed. Papirus, 1993. (Série Oficio de Arte e Forma).

KOSSOY, Boris. Os tempos da Fotografia. São Paulo: Cotia, Ateie Editorial, 2007, p. 129-163.

____, Estética, memória e ideologia fotográficas. São Paulo: Cotia, 2000, p. 19-62.

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MANGUEL, Alberto. Lendo Imagens: uma história de amor e ódio. São Paulo: Companhia das

Letras, 2001, p. 17-106.

MENESES, Ulpiano Bezerra de. O Fogão da Société Anonyme du Gaz sugestões para uma

leitura histórica de imagem publicitária. In: Revista do Programa de estudos pós-graduados em

História e do departamento de História, nº 21, pp. 105-119.

IPHAN. Disponível em

http://portal.iphan.gov.br/portal/montarPaginaSecao.do?id=10852&retorno=paginaIphan.

Acesso em 01 de set. de 2013, ás 18h e 22 min.

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Fotografia como lugar de memória: imagens de matrimônio compartilhadas

Frantieska Huszar Schneid58

Palavras-chave: Fotografia. Lugar de memória. Matrimônio. Compartilhamento.

Introdução

O trabalho tem o objetivo observar sobre conjuntos de fotografias de matrimônio, no período

compreendido entre 1940 e 1969 o fenômeno do compartilhamento e os seus resultados

quanto a integração de pessoas dentro de um grupo. O referencial teórico empregado aborda

o casamento como rito compartilhado, no qual as fotografias do evento assumem um formato

colaborativo e formativo de uma memória familiar. Tudo o que está registrado ou implicado

como informação nestas fotografias como: materiais, fotógrafos, ateliês fotográficos, cenários

em que foram registradas as fotos, poses dos fotografados, objetos que compõem a cena e

indumentária, também são analisados nos seus possíveis significados.

A fotografia aqui é abordada não como ilustração de texto escrito, mas, ela própria, como

evidência histórica e protagonista da história, um instrumento portador de memória. A

fotografia pode ativar a memória e reavivar sentimentos antes esquecidos. Felizardo e

Samaian (2007, p. 217) afirmam que “é incontestável afirmar que a fotografia pode ser

considerada um dos grandes relicários, documento/ monumento, objeto portador de memória

viva e própria”.

Mauad (1998, p. 4) fala da possível relação da fotografia como lugar de memória: “portanto, a

fotografia apresenta, para então, representar – assumir a sua dimensão de mensagem

significativa, de classificação ou, quiçá, de lugar de memória”. A mesma autora ao falar de

objetos de memória afirma também que “a prática de trocar fotografais e de guardá-las em

álbuns, ratificou a padronização da imagem retratada, como forma de garantir a comunicação

entre fotografias, concebidas como objetos de memória” (1998, p. 7).

Metodologia e resultados

A metodologia aplicada estrutura-se em estudo de caso, com pesquisa bibliográfica, pesquisa

historiográfica em periódicos da época e principalmente fontes iconográficas, através das

fotografias fornecidas pelas entrevistadas.

A partir das entrevistas, forma-se um banco de dados com depoimentos, que contribuirá para

a análise das fotografias. Estes depoimentos poderão acrescentar elementos e informações

que significarão as imagens indicando quais são os personagens do passado retratados e em

que contexto foram feitas. Os procedimentos metodológicos adotados empregarão técnicas

utilizadas na história oral, a partir de entrevista semi-estruturada, com perguntas abertas –

permitindo às entrevistadas relembrarem os usos e costumes de uma época distante, mas

ainda presente na memória.

58

Tecnóloga em Moda e Estilo (UCS), Especialista em Docência na Educação Profissional (SENAC-RS),

Mestranda em Memória Social e Patrimônio Cultural (UFPel). [email protected]

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Conclusões

Sontag (apud Amaral, 1983, p. 118) diz que: “através da fotografia, cada família constrói uma

crônica - retrato de si mesma- uma coleção portátil de imagens que testemunha sua coesão”.

Mitsi e Souza (2008, p. 147) afirmam que “O retrato em si é a prova concreta da união

matrimonial, tornando-a pública, legitimando o casamento e a nova família que aí se inicia,

além de se fixar como memória da mesma”.

O grupo de fotografias do qual parte este estudo é característico das colocações feitas: reúne

imagens que foram produzidas ao longo de três décadas e resultam deste compartilhamento.

As fotografias vão formando o fio da teia, tecendo imagens e recordações que unem o passado

e presente, ascendentes e descendentes. Estes retratos produzem referências para a

rememoração dos fatos passados.

Felizardo e Samain (2007, p. 210) nos dizem que “... memória e fotografia se (con)fundem, são

uníssonas, uma está contida na outra, estão intrinsecamente ligadas, fundamentalmente

‘enamoradas’”. O casamento é um evento que os envolvidos consideram digno de memória, e

dentre as formas de preservação histórica do casamento se destaca a fotografia, graças a sua

capacidade de transformar instantes em imagens.

Registro não só de memória familiar, como também de comportamentos, relações familiares,

vestimentas, ritos de passagem, história da família a fotografia de casamento consegue

apresentar o rito do casamento em uma narrativa visual que consiste em possibilitar ao

espectador em qualquer tempo, perceber os meandros de seus sentidos.

A escolha de utilizar as fotografias neste estudo deu-se por acreditar que é uma categoria de

imagem rica em signos, e que além de se apresentar como memória familiar, permite a leitura

de uma cultura material da época. Pretende-se, por fim, verificar como o registro da imagem

permite que famílias acumulem, durante anos, fragmentos capazes de constituírem-se como

um lugar de memória.

Referências

AMARAL, Aracy. Aspectos da comunicação visual numa coleção de retratos. In: MOURA, Carlos

Eugênio de M. Retratos quase inocentes. São Paulo: Nobel, 1983.

FELIZARDO, Adair; SAMAIAN, Etienne. A fotografia como objeto e recurso de memória. In:

Discursos Fotográficos, Londrina, v.3, n.3, p. 205-220, 2007.

MAUAD, Ana Maria. Através da imagem: fotografia e história interfaces. Tempo. Rio de

Janeiro, v.1, n.2, p.73-98, 1996.

_________________. Imagens de passagem: fotografia e os ritos da vida católica da elite

brasileira, 1850-1950. In: VIII ENCONTRO REGIONAL DA ANPUH, 1998, Vassouras. Anais

eletrônicos. Vasssouras: ANPUH, 1998. Disponível em : <

http://www.rj.anpuh.org/conteudo/view?ID_CONTEUDO=307> , Acesso em 19/06/2013.

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MITSI, Márcia Ecléia Manha; SOUZA, Maria Irene Pellegrino de Oliveira. A fotografia como

evidência histórica: retratos da família Mitsi. In: Discursos Fotográficos, Londrina, v.4, n.5, p.

131-158, jul/dez. 2008.

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O instante fotográfico: os lugares de memória da cidade do Rio Grande do período de Juscelino

Kubistchek

Maria Clara Lysakowski Hallal59

Palavras-chave: Brasil. Rio Grande. Juscelino Kubistchek. Imagens. Patrimônio. Memória

Introdução

Este trabalho é fruto da dissertação de mestrado do Programa de Pós Graduação em História

da Universidade Federal de Pelotas e o inicio da pesquisa ocorreu a partir de 2012, com o

ingresso da mestranda no curso. Assim, este trabalho se desenvolve tendo como cenário o

Brasil nos anos 1950, mais precisamente, durante o governo de Juscelino Kubitscheck (1956-

1961).

Os anos 1950 eram marcados pelo desejo e anseio pela urbanização e, consequentemente,

modernização.60 Não existia modernização urbana, nesse período, que não fosse de base

industrial, calcada em um modelo econômico em vigor. Assim, chega-se a cidade do Rio

Grande, localizada no Rio Grande do Sul, e possuindo importância considerável portuária

(variando entre a 1ª a 3ª posição brasileira) e industrial.

Na cidade, durante o período de JK, apesar de várias indústrias têxteis e frigoríficos terem

fechado suas portas na segunda metade da década de 1950, foram abertas, nesse período, em

Rio Grande, três empresas de pescados, somando mais de 1000 operários.

O objetivo principal deste trabalho é compreender como se expressou a visualidade urbana,

consequentemente a modernização e urbanização na cidade do Rio Grande. Para isso, serão

utilizadas fotografias da cidade, oriundas do estúdio Casa Foto Rio Grande e do Jornal Rio

Grande.

Na historiografia brasileira, o tema modernização urbana e desenvolvimentismo já foi

amplamente analisado. Contudo, inexistem estudos sobre como se expressou na visualidade

urbana, a modernização na cidade do Rio Grande. Além da lacuna historiográfica, como

motivação para propor a pesquisa, tem-se o fato de que o País na década de 1950/1960

passava por inúmeras transformações, principalmente, voltado às questões urbanísticas e

industriais. Sabe-se que esses dois fatores podem ser interdependentes ou interligados. Em

virtude das transformações industriais ocorridas no País e a na cidade, é que se justifica este

trabalho.

A fotografia é um produto da cultura material do momento. Assim, este trabalho, sob a

perspectiva da atualidade, é um trabalho de “patrimonialização” daquele instante. As imagens,

configurações e representações do tempo vivido ou imaginado pertencem ao campo da

memória. Utilizando o conceito de Pierre Nora são “lugares, com efeito, nos três sentidos da

59 Graduação em História na Universidade Federal do Rio Grande (FURG). Mestranda em História na Universidade Federal de Pelotas. Email: [email protected]

60 Este trabalho compreende que modernização é o principio organizador das intervenções urbanas, e a

modernidade estaria ligada às questões edificadas. Por isso, a escolha do primeiro termo para este trabalho.

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palavra, material, simbólica, funcional *...+” (NORA, 1993, p.21). A memória está enraizada no

lugar. Os lugares de memória são verdadeiros patrimônios culturais, projetados

simbolicamente e que podem estar entrelaçados a um passado vivo que ainda marca presença

e reforça os lados de identidade com o lugar. Desse modo, o material são as imagens, e o

imaterial são as memórias, usos e significados atribuídos a essas fotografias.

Metodologia e resultados

As imagens foram analisadas sob o prisma da análise qualitativa, e para esse momento

específico, as fotografias do tema “Novos prédios, belas ruas: a presença do traçado moderno”

serão consideradas. Os autores Charles Monteiro (2006) e Zita Possamai (2005), com seus

respectivos trabalhos, fornecem subsídios para a análise dessas imagens. Essas, nesta

pesquisa, são analisadas sob o prisma formal (escolhas técnicas tais como luminosidade,

enquadramento e escolhas estéticas do fotografo) e através do plano de conteúdo (conjunto

de pessoas, lugares, vivências e ideias representadas na fotografia).

Conclusões

Como conclusões para esse momento, observa-se que o expectador, seja através das imagens

oriundas do estúdio e/ou do jornal Rio Grande, irá criar e recriar suas memórias, entrelaçando

a fotografia com o que viveram, no caso de pessoas que viveram na cidade no período

especificado.

A partir da analise das imagens, observa-se a preocupação de focar sempre que possível nos

elementos considerados modernizadores do período. Como por exemplo a questão das ruas:

na mesma fotografia tem-se a preocupação de mostrar como é a rua antiga – estreita,

calçamento ruim e pouco espaço para os carros transitarem – e ao lado tem-se já uma parte

da rua onde o moderno chegou – rua larga, com o devido espaço para os carros mais velozes e

também acomodando os transeuntes.

Referências

GINZBURG, Carlos. Representação: A Palavra, a ideia, a coisa. In: Olhos de madeira: nove

reflexões sobre a distância. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

MARTINS, Solismar Fraga. Cidade do Rio Grande: industrialização e urbanidade (1873 – 1990).

Rio Grande: Editora da Furg, 2006.

MONTEIRO, Charles. História, fotografia e cidade: reflexões teórico-metodológicas sobre o

campo de pesquisa. MÉTIS: história & cultura – v. 5, n. 9, p. 11-23, jan./jun. 2006.

NORA, Pierre. Entre memória e história – a problemática dos lugares. São Paulo: PUC. 1993.

POSSAMAI, Zita Rosane. Cidade fotografada: memória e esquecimento nos álbuns fotográficos

– Porto Alegre décadas de 1920-1930. Tese doutorado, UFRGS, Porto Alegre, 2005.

______, Zita. Fotografia e Cidade. ArtCultura, Uberlândia, v. 10, n. 16, p. 67-68 77, jan.-jun.

2008.

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VIVIAN, Diego Luiz. Indústria portuária sul-rio-grandense: portos, transgressões e a formação

da categoria dos vigias de embarcações em porto alegre e rio grande (1956 - 1964).

Dissertação, UFRGS, Porto Alegre, 2008.

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Pensando a fotografia presente na bibliografia sobre ballet

Angélica Bersch Boff61

Palavras-chave: fotografia.ballet.memória.iconografia.história visual

Introdução

Este trabalho é uma reflexão inicial sobre fotografia e história do ballet. Norteados por

historiadores que estudam representações, imagens, história visual, propomos questões sobre

algumas fotografias de ballet na segunda metade do século XIX, constantes em duas obras da

historiografia sobre ballet.

O ballet clássico é uma arte que, semelhante a outras, se desfaz no instante mesmo em que se

faz. De outra parte, é uma arte de grande visualidade e visibilidade – conceitos debatidos por

Ulpiano Bezerra de Meneses. Pensamos que essas duas características - visualidade e

fugacidade – se contrapõem, de certa forma, fomentando então problematizações tanto na

construção da memória e história do ballet, como no próprio desenvolvimento desta arte.

Como manter visível a cena, os bailarinos no palco, as poses e, muito mais difícil, como

perpetuar o movimento?

Mas assim como o ballet é uma prática imaterial, fugaz, também sua memória tem se

construído de forma imaterial. É uma dança de grande tenacidade em sua tradição, no entanto

é transmitida eminentemente por uma forte tradição oral. Ao dizer tradição oral nos referimos

no presente a uma oralidade ampla, envolvendo além da fala e conversação, gestos, toque e

contato físico, prática conjunta, visualização e repetição, audição, enfim, toda forma de

expressão do ser através do corpo e do movimento.

Metodologia e resultados

A partir de um balanço entre vivências/oralidade e visualidade, que se mostraram

fundamentais para o desenvolvimento do ballet ao longo de sua existência, vislumbramos a

necessidade de uma averiguação mais detida na constituição da iconografia sobre ballet.

Tendo por referência Roger Chartier, Ulpiano Bezerra de Meneses e Boris Kossoy, percebemos

a necessidade de se considerar a via entrecruzada entre representações imagéticas, as formas

de produzir e formas de ver, por exemplo, enfim, considerar a imagem e suas relações plurais

na história.

Nos chama atenção a ausência de trabalhos de História Visual ou mesmo, de qualquer análise

iconográfica em toda a historiografia sobre ballet, bem como em grande parte de estudos e

aulas de dança, por parte dos bailarinos e teóricos da dança. Visamos neste trabalho, apontar

questionamentos, possibilidades de pensar a história do ballet junto com o estudo de sua

iconografia (neste texto, a fotografia em particular) e apontar caminhos a serem tomados para

pesquisa, a partir da análise de alguns casos.

Neste artigo, elencamos assim algumas fotografias utilizadas por dois autores acadêmicos de

história do ballet, Jannifer Homans e Ivor Forbes Guest, e fazemos um ensaio de como essas

61 Historiadora Mestre em História pela UFRGS. [email protected]

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fotografias, cruzadas com a própria historiografia existente, podem ser problematizadas e nos

dizer algo mais sobre a história escrita e conhecida de uma dança, um movimento que não foi

visto.

Para escolha e delimitação das imagens determinamos marcos referenciais tanto para a

história do ballet como da produção e usos da fotografia. A década de 1850, marca o registro

das primeiras fotos relativas a ballet, e 1890, os últimos anos antes da invenção do cinema.

Consideramos o surgimento do cinema como um momento de grandes mudanças para os

registros imagéticos com relação à dança, ballet, movimento. O marco espacial é a Europa,

particularmente França, onde nasce e se desenvolve de forma proeminente o ballet clássico

nesta época, e é objeto de estudo central dos autores em questão.

Inicialmente mapeamos os dados de referência sobre as fotos das obras de Homans e Guest:

1) Como essas fotos constam e são citadas nas obras? 2)Quem são os autores delas? Sua

relação com o ballet? 3) Data. 4) Lugar. 5) Arquivamento e proprietários. 6) Condições de

reprodução. 7) Condições técnicas em que foram produzidas essas fotos? 8) Intenção e

contexto. 9) Bailarinos e ballet fotografado?

Conclusões

Após situarmo-nos, podemos iniciar um processo de problematização histórica destas

fotografias de ballet, e reflexões possíveis em torno dessas questões. Perguntamo-nos

inicialmente: 1) Que história essas fotos estão ilustrando? 2) Como a presença e o uso da

fotografia pode ter afetado o meio artístico da dança? 3) Quais as intenções do fotógrafo e do

fotografado? 4) Qual o papel da imagem fotográfica numa época de pós-romantismo? 5) Como

é a receptividade dessas fotografias pelo público? 6) Qual público?

Estas são algumas questões que surgem, considerando sempre as vias entrecruzadas da

complexidade social que permeiam cada uma das perguntas, bem como as particularidades de

tempo e espaço.

Referências

CHARTIER, Roger. O mundo como representação. In.: Estudos Avançados, vol.5 n.11. São

Paulo, jan/abr. 1991.

GUEST, Ivor. Le Ballet de l’Opéra de Paris. Paris: Flammarion; Opéra de Paris, 2001.

GUINZBURG, Carlo. Mitos, emblemas e sinais. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

HOMANS, Jennifer. Apollo’s Angels: a history of ballet. New York: Random House, 2010.

KOSSOY, Boris. Os tempos da fotografia: o efêmero e o perpétuo. São Paulo: Ateliê Editorial,

2007.

MENESES, Ulpiano Bezerra de. Rumo a uma História Visual. In.: ECKERT, Cornelia & NOVAES,

Silvia Caiuby (orgs). O Imaginário e o poético nas ciências Sociais. Bauru: EDUSC, 2005, p.33-

56.

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MENESES, Ulpiano Bezerra de. Fontes visuais, cultura visual, História visual: balanço

provisório, propostas cautelares. In.: Revista Brasileira de História. São Paulo, v.23 n.45, p11-

36 – 2003.

PEREIRA, Roberto. Giselle, o vôo traduzido: da lenda ao balé. Rio de Janeiro: UniverCidade,

2002.

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A Paisagem Real: reflexões sobre fotografia, memória e arte

Janaina Schvambach 62

Caroline Leal Bonilha 63

Palavras-chave: Fotografia. Paisagem. Memória. Patrimônio.

Introdução

O presente trabalho estabelece vínculos entre a produção em artes visuais e os conceitos

apresentados por Anne Cauquelin em seu livro “A Invenção da Paisagem” (2007), relacionando

os dois primeiros elementos a questões levantadas por pesquisas realizadas no âmbito do

patrimônio imaterial. A temática principal é alinhavada a partir da percepção de que a

paisagem constitui-se em elemento da cultural imaterial importante para compreensão dos

complexos processos memoriais e indentitários da contemporaneidade. A UNESCO define

patrimônio imaterial como um conjunto de ”práticas, representações, expressões,

conhecimentos e técnicas (...)64” incluindo, entre outros artefatos os lugares culturais

reconhecidos pela comunidade ou indivíduos, assim, as fotografias do projeto A Paisagem

Real, de Janaina Schvambach, permeiam entre conceitos implícitos a ontologia fotográfica na

perspectiva de registro de uma memória efêmera da paisagem. Os registros propõem a

observação do espaço como percepção de memória individual simbólica e, ao mesmo tempo,

construída como simulacros do real, neste sentido, o real é percebido como uma expansão do

olhar perante o tempo. Nesse cenário a fotografia aparece como dupla articuladora de

significados. De um lado, cumpre o papel de registrar e criar paisagens, tarefa anteriormente

relegada a pintura e, por outro, atua na apreensão de aspectos mutáveis da natureza

colaborando para a documentação do patrimônio imaterial.

O projeto fotográfico em desenvolvimento desde 2012, já foi contemplado pelo Edital Espaços

Visuais – SESC Santa Catarina em 2013, e foram realizadas exposições nas cidades catarinenses

de Jaraguá do Sul, São Bento e Chapecó.

Metodologia e resultados

A pesquisa tem sido desenvolvida a partir de revisão bibliográfica e produção visual. A revisão

bibliográfica tem por objetivo pensar questões relacionadas à paisagem como patrimônio e a

62

Licenciatura em Artes, Habilitação em Desenho e Computação Gráfica (UFPel),Mestrado em Memória

Social e Patrimônio Cultural (UFPel), Professora do curso de Artes Visuais, Arquitetura e Urbanismo,

Pedagogia e Licenciatura Indígena, na Universidade Comunitária da Região de Chapecó - Unochapecó,

[email protected]

63 Licenciatura em Artes Visuais (UFPel), Mestrado em Memória Social e Patrimônio Cultural (UFPel),

Professora Assistente de Arte e Cultura, Centro de Artes/UFPel, [email protected]

64 IPHAN, Patrimônio Imaterial. Disponível em

http://portal.iphan.gov.br/portal/montarPaginaSecao.do?id=10852&retorno=paginaIphan; acesso em

26 de setembro de 2013.

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construção da mesma sob um olhar artístico. Nesse sentido, o já citado livro de Anne Caquelin,

“A Invenção da Paisagem” (2007) constitui a base da pesquisa ao lado de artigos a respeito da

paisagem cultural e dos documentos produzidos sobre o assunto por parte do IPHAN e da

UNESCO65. As imagens produzidas são fotografias de vistas únicas, imóveis e efêmeras. Não se

trata porém, de uma temática ambiental, a discussão recai sim, sobre o olhar permanente e

atento ao nosso meio em contradição a vistas fugidias. Para Anne Cauquelin (2007), é

importante separar o conceito de paisagem da de natureza, percebendo assim, a paisagem

como construção. No caso da fotografia o conceito aparece aliado à possibilidade de

aprisionamento, através da técnica, de memórias transitórias. O diálogo entre paisagem,

fotografia e patrimônio imaterial ocorre através do elemento de criação e estruturação de

referências culturais que passam a constituir memórias e identidades. Aliado a isso, aparece

ainda à ideia de fotografia expandida (Fernandes Jr., 2006), em que as representações

dialogam entre si no espaço da galeria, como também, entre os suportes e técnicas escolhidas.

Os suportes e as técnicas utilizados foram variados, tendo sido utilizados diversos modelos de

câmeras - amadoras, profissionais e instantâneas. Abaixo imagem pertencente ao projeto:

Figura 1. Sem título, 180cm x 150cm, A Paisagem Real, Janaina Schvambach. Fonte: autora.

Conclusões

A relação entre a paisagem, memória fotográfica e arte procura estabelecer conexões que

provoquem um novo olhar que recaia tanto sobre o processo fotográfico, quanto a construção

da paisagem. Sendo assim, conforme o texto desenvolvido para a exposição é “através de um

olhar atento e delicado, essas imagens perenes procuram expandir a mera existência, para se

tornarem parte constituinte de uma lembrança concreta, efetivada pelo olhar. Além da

sensibilidade que contorna pequenos fatos cotidianos, esse olhar procura o infinito, e nele

estabelece uma relação com o real e não com a realidade. Esse real idealizado passa a ser

recodificado e se transforma em um pequeno jardim suspenso. Pairando pela leveza do

natural, pela calma da não representação humana e por, principalmente, falar em pequenas

65 UNESCO, Patrimônio Intangível. Disponível em:

http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/culture/world-heritage/intangible-heritage/; acesso em 26 de

setembro de 2013.

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doses de silêncio. A linha do horizonte causa uma estabilidade, uma ilusão de beleza plena,

segura, de caminhos traçados e alcançados. A memória implícita pode ser entendida pelo olhar

contemplativo, aquele olhar que só o encantamento pode transformar e fazer renascer

rotineiramente uma busca incessante por pequenas paisagens reais” (SCHVAMBACH, 2013).

Referências

CAUQUELIN, Anne. A invenção da Paisagem. São Paulo: Martins Fontes: 2007.

FERNANDES JR. Rubens. Processos de Criação na Fotografia: apontamentos para o

entendimento dos vetores e das variáveis da produção fotográfica. FACOM - nº 16 - 2º

semestre de 2006.

IPHAN, Patrimônio Imaterial. Disponível em

http://portal.iphan.gov.br/portal/montarPaginaSecao.do?id=10852&retorno=paginaIphan;

acesso em 26 de setembro de 2013.

PEIXOTO, Nelson Brissac. Paisagens Urbanas. São Paulo: Editora SENAC SP: Editora Marca d’a

Água, 1996.

UNESCO, Patrimônio Intangível. Disponível em:

http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/culture/world-heritage/intangible-heritage/; acesso

em 26 de setembro de 2013.

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A fotografia de saberes

Rossanna Prado66

Palavras-chave: fotografia. Saber-fazer. Patrimônio imaterial x cultura material.

Introdução

O estudo aborda os ofícios manuais enquanto técnicas produtivas pré-industriais e sua

permanência em Porto Alegre-RS. A partir do registro fotográfico dos processos produtivos

conforme se apresentam na contemporaneidade, baseado na obra de Richard Sennet, o

registro do trabalho dos artífices através da fotografia colorida ganha uma dimensão de meta-

permanência, ao oferecer imagens de processos vinculados a práticas imemoriais. Numa

equipe composta por Cármen Nunes, arquiteta urbanista, Letícia Nunes, tecnóloga em

fotografia e a autora, as imagens em questão foram realizadas para o projeto do Livro “Ofícios

antigos de Porto Alegre”, vinculado a Bolsa Funarte de Produção Crítica em Culturas Populares

e Tradicionais – Região Sul/2010, publicado em 2011, e levantam discussões referentes à

natureza dos conjuntos obtidos, sua função e uso. Ademais, trazem em si questões

semânticas da natureza da imagem, o processo de captação e a forma de transmissão

impressa. Fruto de um conjunto de escolhas, o tema continua sendo investigado no Programa

de Pós-graduação em Planejamento Urbano e Regional/PROPUR/UFRGS, já sob o enfoque da

relação intrínseca da oferta de bens e serviços acompanhando as transformações da cidade.

Fig. 1 – Sapateiro. Foto: Letícia Nunes.

Metodologia e resultados

O método de captação de imagens vinculou-se à necessidade de registrar 20 ofícios manuais

ainda em atividade em Porto Alegre, o que foi feito com suportes de áudio, entrevistas e

fotografias. As características comuns aos vinte fazeres compuseram o arcabouço das

entrevistas e da roteirização do registro proposto: a autonomia produtiva, o domínio técnico

do processo (início, meio e fim) e a transmissão do conhecimento. As imagens captadas

buscaram as mãos, em seu fazer contínuo, corporificado, as oficinas, registrando os locais e

66

Cientista social (UFRGS), Especialista em Patrimônio Cultural Urbano (PROPUR/UFRGS), Mestranda em

Planejamento Urbano e Regional (PROPUR/UFRGS) – [email protected]

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oficinas de trabalho em suas especificidades, e as ferramentas características de cada fazer.

Entrelaçadas com as falas captadas em áudio, as fotos agregam conteúdos, demonstram a

magnitude de cada saber-fazer e possibilitam a compreensão imaterial conectada à cultura

material associada pelos objetos e serviços prestados. O estudo apresenta resultados obtidos e

perguntas ainda sem resposta efetuadas nos processos de captação, seleção e impressão das

fotos para o Livro.

Fig.2 – Açougueiro. Foto: Letícia Nunes

Conclusões

Os resultados foram satisfatórios, demonstrando a necessidade de complementar tais

registros conforme Benjamin, “pois qual o valor de todo nosso patrimônio cultural, se a

experiência não mais o vincula a nós?” (Benjamin, 1994, p. 115). A dimensão dos valores do

patrimônio, trabalhada segundo Menezes (2009), amplia a possibilidades de conexões entre as

áreas envolvidas nos processos técnicos registrados imageticamente. A continuidade da

pesquisa visual efetuada, no entanto, aguarda a preempção de questões entremeadas nas

dinâmicas cotidianas da cidade, sob foco de investigação no PROPUR/UFRGS. Porém a riqueza

da experiência gerada demonstra a versatilidade que o pesquisador do âmbito do patrimônio

cultural deve manter frente às redes de mosaicos produtivos que se desenvolvem

continuamente em todas as cidades do mundo. Cada qual à sua maneira, cada um com suas

matérias-primas, os ofícios e as ocupações contemporâneas geradas carecem de análises que

captem as especificidades produtivas do trabalho manual, tradicional e ainda invisível. Busca-

se um paralelo entre as habilidades geradas pela repetição de uma prática ao longo dos anos e

a repetição da prática de registros de formas de patrimônio cultural, como geradoras de

habilidades próprias deste saber-fazer.

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Fig. 3 – Padeiro. Foto: Letícia Nunes.

Referências

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1. (7ªed.) São Paulo: Brasiliense.

Castro, M.(2008). Patrimonio Imaterial no Brasil. Brasília: UNESCO, Educarte.

Certeau, M. (2009). A Invenção do Cotidiano (16ªed). Petrópolis: Vozes.

Cunha, L. (2000). O ensino industrial-manufatureiro no Brasil. Revista Brasileira de Educação,

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http://www.anped.org.br/rbe/rbedigital/rbde14/rbde14_07_luiz_antonio_cunha.pdf, pp. 89-

107.

Franco, S. (1983). Porto Alegre e seu comércio. Porto Alegre: Assoc. Comercial de Porto Alegre.

Harvey, D. (2007). A Condição pós-moderna (16ªed). São Paulo: Ed. Loyola.

Hobsbawm, E. (2000). Mundos do trabalho: novos estudos sobre historia operária. São Paulo:

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Menezes, U. (2009). O campo do patrimônio cultural: uma revisão de premissas. In I Fórum

Nacional de Patrimônio Cultural - Conferência Magna. Recuperado em 12 de maio de 2013, de

http://www.iphan.gov.br/baixaFcdAnexo.do?id=3306.

Ministerio Agricultura, Industria e Comércio (1920). IBGE- Recenseamento do Brazil.

Recuperado em 24 de setembro de 2009 de

http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/monografias/GEBIS%20-

%20RJ/Censode1920/RecenGeraldoBrasil1920_v1_Introduccao.pdf

Ministerio do Trabalho e Emprego (2010). Classificação Brasileira de Ocupações (3ªed).

Brasília: MTE-SPPE.

Mumford, L. (1994). Técnica y Civilización. Madrid: Alianza Editorial.

Santos, C.N.F. (1984). Preservar não é tombar, renovar não é por tudo abaixo. Ensaio

&Pesquisa – Projeto, pp.59-63.

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Pesavento, S. (1989). Emergência dos subalternos: trabalho livre e ordem burguesa. Porto

Alegre: UFRGS.

Pesavento, S. (2002a). O imaginário da cidade: visões literárias do urbano-Paris, Rio de Janeiro

e Porto Alegre (2ªed.). Porto Alegre: UFRGS

Pesavento, S. (2002b). Historia do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Mercado Aberto.

Prado, R. Nunes, C. Nunes, L. (2011). Ofícios Antigos de Porto Alegre. Porto Alegre: Ed do autor.

Sennet, R.(2009). O Artífice. (2ª ed). Rio de Janeiro: Ed. Record.

Souza, M. (2005). Mudar a cidade: uma introdução crítica ao planejamento e à gestão urbanos.

(6ªed). Rio de Janeiro: Bertrand Brasil

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Universidade.

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Paulo: Cia. das Letras.

Villaça, F. (2001). Espaço Intra-urbano no Brasil (2ª ed). São Paulo: Estúdio Nobel: FAPESP:

Lincoln Institute.

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Moritvri Mortvis – o papel da fotografia na reconstituição da história dos construtores de túmulos

Maurício Silva Gino67

Marcelina das Graças de Almeida68

Palavras-chave: Fotografia. Imagem documental. Cultura material. Construtores de túmulos.

Cemitério patrimonial. Ofícios em Belo Horizonte

Introdução

Este trabalho tem por objetivo analisar o papel da imagem fotográfica na reconstituição da

história dos construtores de túmulos do cemitério patrimonial do Nosso Senhor do Bonfim, em

Belo Horizonte. Para isso, partimos do processo de criação da narrativa do documentário

Moritvri Mortvis – os construtores de túmulos do Bonfim. Esse filme foi produzido entre os

anos de 2012 e 2013 com recursos do Edital Ofícios em Belo Horizonte, lançado pela Fundação

Municipal de Cultura.

Nesse sentido, adotou-se como tema deste trabalho a análise do papel da imagem fotográfica

na construção de uma narrativa sobre os principais representantes do ofício de construção de

túmulos, objeto impregnado de uma cultura material suscetível a grandes mudanças ao longo

da breve história de Belo Horizonte.

No que se refere aos túmulos, ao cemitério e à própria cidade como cultura material, foram

utilizados como referência os livros Arte e Ofício da Marmoraria nos Primórdios de Belo

Horizonte, de Marlette Menezes (2005), e Album de Bello Horizonte: edição fac-similar com

estudos críticos, organizado pelo historiador Rogério Pereira de Arruda (2003).

Quanto ao papel da fotografia como documento histórico utilizado na construção da narrativa,

e da própria realização do filme como uma obra documental, partimos das ideias clássicas

presentes no texto Ontologia da Imagem Fotográfica, de André Bazin, mas porém ampliadas

pelo pensamento de autores ligados à fenomenologia, como Jean-Paul Sartre e Roland

Barthes.

Ressalta-se que as fotografias utilizadas no filme constituem acervo do Museu Histórico Abílio

Barreto, em Belo Horizonte, que gentilmente nos cedeu o direito de uso dessas imagens no

documentário e em todo material de divulgação dele decorrente, como por exemplo no seu

trailer e neste trabalho.

67 Graduação em Comunicação Visual (FUMA, 1989) e Belas Artes, habilitação em Cinema de

Animação (UFMG, 1996). Mestre em Educação Tecnológica (CEFET-MG, 2003) e Doutor em Ciência

Animal (UFMG, 2009). Professor da Escola de Belas Artes da UFMG. [email protected]

68 Graduação em História (1989), Mestrado em História (1993) e Doutorado em História (2007)

pela UFMG. Professora da Escola de Design da UEMG e Faculdade Estácio de Sá.

[email protected]

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Metodologia e resultados

Desde a roteirização do filme, definiu-se que a narrativa do documentário seria construída por

meio de três eixos principais: o primeiro deles é um passeio da câmera pela moderna Belo

Horizonte dos dias atuais, sem qualquer narração oral, evidenciando a inserção do cemitério

no seu espaço urbano; o segundo descreve o momento da inauguração e desenvolvimento da

nova capital mineira, e a criação do cemitério nesse contexto; o terceiro refere-se à história

dos construtores de túmulos, à evolução desse ofício, e às perspectivas para esses

profissionais, o que se dá basicamente por meio de relatos orais.

A estratégia narrativa utilizada no segundo eixo baseou-se na utilização de imagens

fotográficas documentais coletadas em acervos históricos da cidade. Por meio dessas imagens,

foi possível traçar um paralelo entre a cidade e seu cemitério. Assim, evidenciaram-se valores

dessa sociedade ao ter que enterrar todos os seus mortos em um único espaço (FIGURA 1).

Assim como sugerido por Sartre (1996), o registro fotográfico permitiu também que o

espectador possa imaginar como se deu a organização espacial do cemitério por meio de sua

semelhança com a própria ordenação do espaço urbano da cidade planejada, evidenciado pela

Figura 2.

Conclusões

Como resultado do projeto, produziu-se um documentário em curta metragem em que

buscou-se abordar a história dos construtores de túmulos inseridos na própria construção e

evolução da nova capital mineira, bem como traçar as condições atuais desse ofício e suas

perspectivas futuras.

Considerando que Belo Horizonte foi inaugurada em 1897, pode-se dizer que toda sua história

pode ser contada por meio de registros fotográficos, uma vez que é mais nova que a própria

fotografia. Esses registros fotográficos mostraram-se bastante eficazes às opções narrativas

adotadas na construção deste documentário.

Portanto, o uso da fotografia como elemento narrativo mostrou-se oportuno na reconstituição

de um ofício importante para nossa história, tendo surgido com a própria cidade, alcançando

seu apogeu algumas décadas depois, e experimentando profundas modificações até os dias

atuais.

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FIGURA 1 – Túmulo de Padre Eustáquio, que foi um importante ponto de peregrinação no

Cemitério do Bonfim.

Fonte: Acervo do Museu Histórico Abílio Barreto

FIGURA 2 – Traçado geométrico de Belo Horizonte, com grandes avenidas se convergindo para a Praça Raul Soares. Esta configuração assemelha-se à organização do espaço no cemitério do Bonfim.

Fonte: Acervo do Museu Histórico Abílio Barreto

Referências

ARRUDA, Rogério Pereira de (org.). Album de Bello Horizonte: edição fac-similar com estudos

críticos. Belo Horizonte: Autêntica. 2003.

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BARTHES, Roland. A Câmara Clara. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 1984

BAZIN, André. Ontologia da Imagem Fotográfica. In XAVIER, Ismail. A Experiência do Cinema.

Rio de Janeiro: Edições Graal / Embrafilme. 1983.

MENEZES, Marlette Aparecida Resende de (org.). Arte o Ofício da Marmoraria nos Primórdios

de Belo Horizonte. Belo Horizonte: IMX. 2005.

SARTRE, Jean-Paul. O imaginário: psicologia fenomenológica da imaginação. São Paulo: Ática.

1996.

Trailer do filme Moritvri Mortvis – os construtores de túmulos do Bonfim. Disponível em

https://vimeo.com/61276527 Consultado em 29/09/2013.

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Feira Livre da Avenida Brasil: o patrimônio cultural que desfila às margens do Paraibuna.

Daniela Maria Alves Pedrosa 69

Palavras-chave: Feira Livre. Patrimônio Cultural Imaterial. Antropologia Visual.

Introdução

O presente trabalho tem como objetivo relatar a história da feira livre que ocorre todos os

domingos na Avenida Brasil, na cidade de Juiz de Fora, Minas Gerais. A busca por essa

história tem como propósito registrar as relações que são estabelecidas naquele local,

buscando perceber como a feira é capaz de se tornar um espaço que abarca tantas

"dinâmicas" tais como sociabilização, comércio, tradição, cultura e memória. Dessa forma, a

pesquisa, que vem sendo realizada desde 2009, tem como objetivo incitar uma discussão

sobre memória, patrimônio e cultura, a partir da relação estabelecida entre feirantes e

fregueses. Torna-se importante destacar que existe um projeto, em âmbito municipal, para o

tombamento da Feira Livre da Avenida Brasil como patrimônio cultural imaterial.

O município de Juiz de Fora, segundo dados do censo, realizado pelo IBGE no ano de 2010,

conta atualmente com cerca de 500 mil habitantes. Emancipado em 1850, a cidade foi, aos

poucos, se tornando referência econômica e social para o seu próprio desenvolvimento

bem como para as diversas cidades que compõem as mesorregiões denominadas Campos das

Vertentes e Zona da Mata de Minas Gerais. Neste cenário, uma das mais tradicionais formas

de crescimento econômico presente na vida atual de moradores de Juiz de Fora, bem como de

visitantes dos municípios das mesorregiões acima exposta, é a Feira Livre da Avenida Brasil.

Sobrevivendo até hoje, apesar das modificações proporcionadas pela industrialização, pelo

comércio formal, pela tecnologia e pela implementação dos supermercados no Brasil em

meados da década de 1960, a Feira Livre faz parte da vida dos habitantes da cidade,

representando uma experiência de sociabilidade e de uso da rua no meio urbano.

Neste contexto, a Feira Livre da Avenida Brasil, presente desde 1967 na história de Juiz de

Fora, se torna uma tradição para diversos moradores, até mesmo como forma de lazer,

possibilitando encontros entre gerações. Ela faz parte da memória coletiva e do capital

cultural citadino marcado pela presença habitual dos fregueses, que, aos domingos

formam uma clientela cativa.

Metodologia e resultados

O trabalho está sendo desenvolvido a partir da execução de entrevistas semiestruturadas

com feirantes, ex-feirantes, fregueses e funcionários da prefeitura responsáveis pela

fiscalização e controle da feira livre. Além disso, através de uma observação participante,

69 Discente do curso de mestrado do Programa de Pós Graduação em Ciências Sociais da

Universidade Federal de Juiz de Fora e Graduada em Ciências Sociais pela mesma instituição.

e-mail: [email protected]

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acompanho o dia-a-dia de alguns feirantes, selecionados por mim, com o intuito de

engrandecer a pesquisa.

No decorrer do trabalho de campo faço uso da fotografia como um instrumento

metodológico. Neste sentido a antropologia visual surgiu, em meu estudo, como forma

de engrandecimento de minha narrativa etnográfica. Ora como fonte documental, ora

proporcionando uma descrição profunda do campo, o uso da imagem fotográfica me auxiliou

na obtenção de informações relevantes para o andamento da pesquisa, bem como fonte de

conhecimento das transformações históricas possibilitando, assim, uma maior credibilidade a

minha etnografia.

A partir de uma investigação guiada por uma visão antropológica, etnográfica,fotográfica,

descritiva, bibliográfica e documental, foi possível compreender, até o presente momento,

como ocorreu a ascensão da feira livre na cidade de Juiz de Fora e a importância desta na

consolidação do comércio local e no cotidiano dos indivíduos que participam direta, ou

indiretamente de sua composição. Acompanhando de perto a dinâmica da feira livre,

procuro perceber as sutilezas que envolvem as relações entre feirantes e fregueses e os

vínculos criados por este ambiente.

Conclusões

A rica história do tema aqui proposto nos leva a fazer uma relação, com a vida dos

feirantes que compõem esta tradicional forma de comercialização. A tradição que é passada

de pai para filho, a criação de relações de amizade entre os comerciantes e fregueses, a feira

livre como um evento semanal, um personagem e um patrimonio juiz-forano são

pontosimportantes percebidos no presente trabalho. Porém, ainda não é possível

apresentar um resultado parcial haja vista que a pesquisa ainda se encontra em andamento.

Referências

AQUINO, Giovanna. Uma discussão a cerca do Patrimônio Cultural Imaterial no Brasil e

Portugal tendo as feiras livres de Caruaru-PE (Brasil) e Barcelos (Portugal) como objeto

de análise.

BONI, Paulo César; MORESCHI, Bruna Maria. Fotoetnografia: a importância da fotografia para

o resgate etnográfico. Doc On-line, n.03, dezembro 2007, p. 137-157.

FONSECA, Walter. Pequena Enciclopédia da Cidade de Juiz de Fora – Gente, Fatos e Coisas. Juiz

de Fora: Ed. Ícone Editora LTDA.

HUBERMAN, Léo. História da Riqueza do Homem. 14.ed. Rio de Janeiro: Ed. Zahar

Editores, 1978.

MALINOWSKI, Bronislaw. Os Argonautas do Pacífico Ocidental in Os Pensadores. São

Paulo: Abril Cultura, 1978.

OLIVEIRA, Paulinho de. História de Juiz de Fora. 2.ed. Juiz de Fora, 1966.

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ROCHA, Gilmar. Cultura popular: do folclore ao patrimônio. Mediações v. 14, n.1, p. 218-236.

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VEDANA, Viviane. Fazer a Feira – dissertação apresentada ao PPGAS da Universidade Federal

do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: 2004.

VIANNA, Letícia C. R.; TEIXEIRA, João Gabriel L. C. Patrimônio Imaterial e Identidade.

Disponívelem http://www.cult.ufba.br/enecult2008/14437-02.pdf

Sites consultados

http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=313670 último acesso dia 26 de

setembro de 2013.

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O revelar de um acervo: cinquenta anos de produção fotográfica de Arthur Adriano Peruzzo

Patricia Peruzzo Lopes70

Palavras-Chave: Fotografia Catarinense. Fotografia no Século XX. Memória. Acervo

Fotográfico. Leitura de Imagens.

Introdução:

Neste estudo, revelo imagens e objetos fotográficos, procedo à análise das fotografias e dos

demais artefatos sob a perspectiva das distintas coleções que constituem o acervo do

fotógrafo Peruzzo, tangenciando temas como a memória, a história da fotografia e a história

através da fotografia. Parto da seleção, organização e análise de um conjunto de categorias

temáticas e distintas tipologias de fontes de pesquisa, próprias para o estudo do ato

fotográfico. Os materiais que compõem estas categorias e fontes fazem parte de cinquenta

anos da produção fotográfica de Arthur Adriano Peruzzo na região do meio-oeste do Estado de

Santa Catarina. Sua atuação deu-se entre a década de quarenta e a década de noventa do

século XX, sobretudo na cidade de Joaçaba. Importante se faz ressaltar que o estudo não se

refere apenas a um saber-fazer, a técnica, ou a um querer-fazer, a paixão. Suas fotografias,

com seus negativos em chapas de vidro e suas reproduções em papel contam a história da

época em que a fotografia, em seu formato analógico, ainda representava uma novidade nos

meios artísticos, culturais e sociais. Ao abordar os temas história da fotografia e história

através da fotografia, me aproprio das proposições de Boris Kossoy, Annateresa Fabris e

François Soulages. Reconhecendo que há mais de um campo de conhecimento que aborda o

tema memória, assim como existem vários teóricos que tratam desta questão, neste estudo

será dado destaque a alguns autores: Jacques Le Goff, Maurice Halbwachs, Pierre Nora e Lev

Vygotsky. Suas contribuições teóricas colaboraram para que eu compreendesse como este

tema varia de acordo com a área em que está inserida. O estudo é resultado da Dissertação de

Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais ao Centro de Artes da

Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC no ano de 2013.

Metodologia:

Esta pesquisa pretendeu investigar o fenômeno fotográfico dentro de uma determinada região

geográfica do país e de um Estado em particular, neste caso, o Estado de Santa Catarina, onde

ocorreu boa parte da produção fotográfica de Arthur Adriano Peruzzo. Algumas das etapas

metodológicas são descritas a seguir:

- rastreamento de imagens, objetos e pertences, relativos à produção fotográfica de Arthur

Adriano Peruzzo;

70 Licenciada em Educação Artística com hab. em Artes Plásticas - FAAP/SP; Mestre em Artes Visuais pelo

Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais - PPGAV/CEART/UDESC; Arte-educadora no Museu da

Imagem e do Som de Santa Catarina - MIS/SC; e-mail: [email protected].

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- localização, através de contatos e entrevistas informais com os familiares do fotógrafo, do

que foi preservado de sua produção fotográfica original, procedendo à seleção de objetos de

seu metier, seleção de documentos pessoais e profissionais, entre outros possíveis achados;

- exercício de interpretação dessa produção sob um ponto de vista contemporâneo, buscando

ressignificá-la;

Conclusões:

É necessário que pesquisadores se proponham a resgatar os fotógrafos brasileiros que

permaneçam no anonimato, seja, segundo Kossoy (2007), “sob o ângulo da história social e

cultural da fotografia, seja sob a perspectiva da memória histórica”. Nesta pesquisa, procurei

apresentar, entre os nomes de fotógrafos brasileiros já conhecidos por parte do público, o

nome de um fotógrafo ainda desconhecido e que tem parte de sua produção não revelada

integralmente. Busquei compreender como as fotografias feitas por Peruzzo repercutiram no

panorama social, cultural e político da época em que foram produzidas e se as mesmas

alteraram as relações de visualidade na sociedade em que estavam inseridas. Na

contemporaneidade, estamos todo o tempo visualizando imagens, e, nesse sentido, conforme

destaca Kossoy (2009), somos “personagens de uma civilização da imagem - alvos voluntários e

involuntários do bombardeio contínuo de informações visuais de diferentes categorias

emitidas pelos meios de comunicação”. Isto faz com que nem todos nós dispomos de

habilidade para refletir de forma crítica e para analisar e interpretar essas imagens

adequadamente e coerentemente dentro de um contexto. Ao contrário, quanto mais se

produzem e se consomem imagens, mais aceleramos nossos processos de percepção visual, se

é que assim podemos intitular hoje o ato de ver em uma sociedade imagética. Neste sentido,

trazer a produção fotográfica desenvolvida por Arthur Adriano Peruzzo por cerca de cinquenta

anos; realizar leituras das imagens fotográficas produzidas por ele e (re) significá-las sob um

olhar contemporâneo; e também, apresentar os testemunhos a partir das vivências e

memórias dos seus familiares, contribui para que valorizemos as histórias locais e regionais

presentes em nosso Estado, histórias narradas a partir de fotografias e com fotografias.

Figuras:

Fig.01 Fig.02 Fig.03

FIGURA 01 - Fotografia em papel, feita em estúdio, em 1956 na cidade de Joaçaba, Santa Catarina - Primeira Comunhão de um menino.

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Fonte: Arquivo Pessoal - Patricia Peruzzo Lopes

FIGURA 02 - Fotografia em papel, feita em estúdio, em 1950 na cidade de Joaçaba, Santa Catarina - Família reunida.

Fonte: Arquivo Pessoal - Patricia Peruzzo Lopes

FIGURA 03 - Negativo fotográfico feito em chapa de vidro, em um estúdio, em 1945 na cidade de Erechim, Rio Grande do Sul - Noivos fazendo pose para o fotógrafo no dia do casamento.

Fonte: Arquivo Pessoal - Patricia Peruzzo Lopes

Referências:

FABRIS, A. Fotografia e Arredores. Florianópolis: Letras Contemporâneas, 2009.

HALBWACHS, M. A Memória Coletiva. São Paulo: Centauro, 2006.

KOSSOY, B. Dicionário Histórico-Fotográfico Brasileiro: fotógrafos e ofício da fotografia no

Brasil (1833-1910). São Paulo: Instituto Moreira Salles, 2002.

______. Fotografia & História. 2ª ed. rev. São Paulo: Ateliê Editorial, 2009.

______. Os Tempos da Fotografia: o efêmero e o perpétuo. São Paulo: Ateliê Editorial, 2007.

______. Realidades e Ficções na Trama Fotográfica. São Paulo: Ateliê Editorial, 2002.

LE GOFF, J. História e Memória. Tradução Bernardo Leitão et. al. 5ª ed. Campinas: Editora da

UNICAMP, 2003.

NORA, P. Les lieux de mémoire. vol. I- vol. III. Paris: Quarto Gallimard, 1997.

SOULAGES, F. Estética da Fotografia: perda e permanência. Tradução Iraci D. Poleti e Regina S.

Campos. São Paulo: Editora SENAC, 2010.

VYGOTSKY, L. A Formação Social da Mente. 7ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

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Carnaval de Piratini: a memória da Bicharada do Ari através de fotografias

Gisele Dutra Quevedo71

Jezuina kohls Schwanz 72

Palavras-chave: Festa popular. Manifestação cultural. Memória. Tradição. Cidade. Bicharada.

Introdução

Este trabalho abordará aspectos de uma festa popular que ocorre todos os anos na cidade de

Piratini/RS nas semanas que antecedem a data do carnaval nacional. Surgiu no final da década

de 1940, como o Bloco Carnavalesco da Boa Vontade, criado por Ari Fabião Valente, e se

mantém até os dias atuais, tendo sido rebatizada como A Bicharada do Ari ou Bloco da

Bicharada. Os motivos que despertaram o interesse em produzir este artigo são muitos, entre

eles alguns se destacam, tais como: a forma como esta festa atraía a comunidade, de todos os

grupos sociais (moradores do centro e das vilas) para acompanhar o trajeto. Podemos afirmar

que este processo de convivência coletiva, mantem-se por mais de sete décadas, por estar

presente na memória coletiva dos piratinienses. Consideramos esse hábito um patrimônio

imaterial de grande valor e importância para a cidade e arredores, sendo, portanto

imprescindível à preservação dessa memória. O levantamento de dados sobre essa grande

festa popular de Piratini pretende contribuir para a salvaguarda da memória coletiva da

Bicharada, conhecendo aspectos peculiares de seus participantes e organizadores. Como

referencial teórico metodológico utiliza-se fundamentalmente os pressupostos da História

Cultural, tendo como principais categorias de análise a memória; identidade; patrimônio;

imaginário e representações. Dentre os principais referenciais a serem trabalhados no campo

da História Cultural destaca-se Chartier (1988); Ginzburg (1989); Le Goff (1996); e Burke

(1992). Questões relativas à memória serão analisadas em diálogo com autores como: Candau

(2012); Nora (1993); Halbwachs (1990); bem como, para o trato da História Oral destaca-se a

influência de Thompson (1992); Bosi (1994), (1996), (2003); Alberti (2004); Ferreira e Amado

(1998) e Meihy (2007). No que tange discutir o uso da fotografia como recurso de investigação

de memória visual do passado, foram utilizados os seguintes autores para este embasamento:

Roland Barthes (1984), Philip Dubois (1993) e Boris Kossoy (1999, 2001). Para o trato da

História Oral destaca-se a influência de Thompson (1992), Bosi (1994), (1996), (2003), Alberti

(2004), Ferreira e Amado (1998) e Meihy (2007).

Metodologia e resultados

A presente pesquisa encontra-se em andamento, dentre as fontes utilizadas, pode-se destacar

a história oral, presente nos relatos dos organizadores, participantes e de simpatizantes da

Bicharada. De acordo com Paul Thompson, a história oral é uma história construída em torno

das pessoas. “*...+ Ela lança vida dentro da própria história e isso alarga seu campo de ação.

71 Graduada em História, Especialista em Gestão Educacional e Abordagens Ludopedagógicas,

[email protected]

72 Pedagoga, Especialista em Memória e Identidade, Mestre em Memória Social e Patrimônio Cultural,

Doutoranda em Educação/UFPEL/ [email protected]

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Admite heróis vindos não só dentre os líderes, mas dentre a maioria desconhecida do povo...”

(THOMPSON, 1992, p.44). Portanto, a coleta de dados orais é fundamental para o estudo de

memória e das representações que se tem do passado. A pesquisa iconográfica está sendo

realizada a partir de fotografias antigas, recortes de jornais e cartazes da festa. Os jornais da

cidade e arredores dedicam um espaço bastante significativo para a Festa, o que tem se

constituído em uma fonte bastante profícua. A mídia impressa, quando trabalhada em

conjunto com outras fontes, tem muito a contribuir para a pesquisa através das

representações sociais que estão veiculadas as matérias.

Conclusões

Acredita-se que a investigação proposta servirá para formular um plano de salvaguarda deste

importante patrimônio imaterial e, este irá estimular a comunidade a cobrarem dos

representantes políticos ações em prol da preservação desta festa popular de Piratini, bem

como o reconhecimento formal desta como um bem imaterial fundamental para a memória

coletiva desta cidade.

Referências

BURKE, Peter (org.). A Escrita da História: novas perspectivas. São Paulo, Editora da UNESP,

1992.

BARTHES, Roland. A Câmara Clara: nota sobre a fotografia. 7.ed. Rio de Janeiro: Nova

Fronteira, 1984.

_______. Cartilha de Piratini: projeto “Reconstruindo a História de Piratini”. Memória de

Piratini. Piratini, 2005.

CANDAU, Joel. Memória e Identidade. Trad. Maria Letícia Ferreira. São Paulo: Contexto, 2012.

CHARTIER, Roger. A história cultural. Entre práticas e representações. Lisboa: Difel, 1988.

DUBOIS, Philippe. O Ato Fotográfico e outros ensaios; tradução Marina Appenzeller. Campinas,

SP: Papirus, 1993. KOSSOY, Boris. Realidades e Ficções na Trama Fotográfica. Cotia – SP:

Ateliê Editorial, 1999.

FUNARI, Pedro Paulo Abreu; PELEGRINI, Sandra de Cássia Araújo. Patrimônio histórico e

cultural. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Ed.,2006.

HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo, Vértice, 1990.

HOBSBAWM, Eric. Introdução: A invenção das Tradições. In: A invenção das tradições.

HOBSBAWM, Eric e RANGER, Terencer (orgs); trad. de Celina C. Cavalcanti. Rio de Janeiro, Paz

e Terra, 1984, p. 9-23.

KOSSOY, Boris. Fotografia & História. 2. ed. ver. São Paulo: Ateliê Editorial, 2001.

KOSSOY, Boris. Fotografia. In: Zanini, Walter (Org.) História da Arte no Brasil, 1983, volume 2.

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MICHELON, Francisca Ferreira. Alguma Relação Possível entre Fotografia e Patrimônio. In:

Revista do Pós-Graduação em Artes: EXPOR, Pelotas: Universitária, UFPel, ILA/UFPEL, 1996.

MICHELON, Francisca Ferreira. A Fotojornalística como documento: percursos de uma inserção

atualizada nos catálogos para pesquisa histórica. In: Histórica: Revista da Associação dos Pós

Graduandos em História da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, nº4, 2000,

Porto Alegre: APGH, PUCRS, 2000.

QUEVEDO, Gisele Dutra. Levantamento Histórico Cultural da Cidade de Piratini (Rs), Pelotas ,

ICH, UFPel, 2007 (Trabalho acadêmico apresentado ao Curso de Licenciatura Plena em

História).

THOMPSON, Paul. A voz do passado. São Paulo, Paz e terra, 1992.

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Patrimônio, fotografia e objetos de memória, uma espécie de colecionismo afetivo.

Daniele Borges Bezerra73

Tatiane Bolivar Lebedeff74

Palavras-chave: Memória. Idosos. Objetos afetivos. Fotografia. Narrativa

Introdução

Este trabalho resulta da pesquisa “Identidade, ambiente e memória: cartografia narrativovisual

da pessoa idosa”, iniciada em setembro de 2012. A pesquisa possibilitou uma reflexão sobre a

categoria patrimônio, entre 13 residentes do Asilo de Mendigos de Pelotas, suas memórias,

objetos de memória e a relação estabelecida entre fotografia e narrativa.

Durante a pesquisa percebeu-se que, na maioria das vezes, a categoria patrimônio é associada

à ideia de herança com uma atribuição de valor econômico, contudo, é interessante observar

que o exercício de um olhar para o passado e a identificação de uma imagem de si “em

velhice” forneceu dados que permitem pensar a categoria patrimônio enquanto algo precioso,

no sentido de raro, selecionado a partir de um ponto de vista afetivo.

A cultura material expressa através de coleções íntimas exerce função afirmativa ao atestar

um duplo temporal: presente e passado impregnados nos objetos. Contudo, é ao aspecto

imaterial transferido aos objetos que se deseja destacar, bem como à importância da

fotografia enquanto método para a construção da narrativa de si próprio.

Ao pensar os objetos como potenciais evocadores de lembranças, Alan Radley (1994) o faz

como pontos de contato entre as lembranças vividas pela pessoa da lembrança e os objetos

que a acompanham no processo de constituição de memórias. Tais objetos de caráter pessoal

ligam-se diretamente a noção de pessoa e a constituição da própria identidade através do

tempo.

É possível averiguar a constituição de uma coleção de objetos que compõem uma narrativa de

função estabilizadora (Cf HALBWACHS, 2004, p. 125) à medida que preserva, também, a

identidade. É possível, ainda, observar a delimitação de espaços íntimos (Cf. BACHELARD,

2000), verdadeiros universos reduzidos, que passam a ser incorporados como um acervo de

curiosidades ou de memórias não vividas. Este é o caso do canto do quarto do Sr. “João mudo”

que apresenta uma variedade de elementos: uma vela de dois anos nunca acesa, capas de

revista, recortes de animais, faixas, caixas, malas, fotografias de revista, balões murchos,

colares havaianos, enfim, um inventário de elementos que compõe o espaço e inventa uma

história que preenche lacunas. É interessante destacar que Hallbwachs (idem) atribui ao

73 Bacharelado em Artes Visuais, Especialização em Saúde Mental Coletiva, Mestranda do Programa de

Pós Graduação em Memória social e Patrimônio cultural, e-mail: [email protected]

74 Doutorado em Psicologia do Desenvolvimento, Docente do Centro de Letras e Comunicação da UFPEL,

[email protected]

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espaço75 e aos objetos materiais de convívio diário uma função estabilizadora. Neste sentido, a

fotografia parece ser o objeto por excelência a tornar material o instante intangível que se

perde no tempo.

Metodologia e resultados

A pesquisa utilizou o método de observação participante, tendo a fotografia como principal

interlocutor e suporte narrativo do processo. Foram realizadas três exposições fotográficas, a

visitação por parte da direção do asilo e dos moradores que participaram da pesquisa na

primeira exposição e o contato com familiares dos participantes, satisfeitos com a proposta. O

material produzido caracteriza-se como um trabalho de fotografia e memória, no qual texto e

imagem constituem uma narrativa memorial que “guarda” e “estabiliza” o patrimônio dos

idosos (material ou imaterial) ao mesmo tempo que provoca a reflexão sobre a identidade do

“velho” na sociedade contemporânea.

Foi possível incluir a pessoa retratada como produtora do seu retrato, ou seja, a fotografia

superou a função de registro e permitiu aos participantes selecionar momentos, requisitar

registros, avaliar resultados e expressar sua opinião sobre a própria imagem, sempre balizados

pelo fio condutor da memória, que foi objetivo central do projeto.

Conclusões

Foi possível observar um caráter de excepcionalidade, buscado pelos moradores do asilo

durante a construção da narrativa de si próprios. Eles compartilharam memórias que os

valoriza no passado como “o melhor corneteiro do exército, a melhor cozinheira, a melhor

costureira, entre outros”.

As narrativas dos idosos participantes ao priorizar memórias da belle époque de suas vidas

salientam o estreitamento dos laços entre memória e identidade em nível individual. Nesse

sentido, sugere-se que as memórias e os poucos objetos preservados ocupam lugar de

tesouros pessoais. Finalmente, observou-se que devido a rara presença de fotografias pessoais

entre os mesmos, o retrato transformou-se em uma solicitação constante e o ato fotográfico

passou a constituir uma espécie de acervo pessoal, um patrimônio, do qual não dispunham.

Referências

BACHELARD, Gaston. A poética do espaço. Tradução de: Antonio de Pádua Danesi. São Paulo:

Martins Fontes: 2000.

DEBARY, Octave e TURGEON, Laurier. Objets e Mémoires. Quebéc: Les presses de l’ Université

Laval, 2007.

HALBWACHS, Maurice. Los marcos sociales de la memoria. Traducción: Manuel A. Baeza y

Michel Mujica. Barcelona: Anthropos editorial, 2004.

7575

Cf. Bergson1999, p.169. Bergson afirma que o espaço serve como esquema para o futuro próximo “e

como esse futuro deve escoar-se indefinidamente, o espaço que o simboliza tem a propriedade de

permanecer, em sua imobilidade [...]”. (Grifos nossos).

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RADLEY. Alan. Artefacts, memory and a sense of the past. In Collective remembering: Inquiries

in social construction series. London: Sage Publications, 1994. (p. 46-59).

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O cotidiano e o urbano: um estudo sobre a Belle Époque do Rio Grande através do álbum de família

do Sr. Jorge Ruffier

Andrea Maio Ortigara76

Palavras-chave: cotidiano, urbano, Belle Époque, álbum de família, modernidade, Rio Grande.

Introdução

A presente pesquisa busca estabelecer relações entre a produção do espaço urbano e o

cotidiano no município do Rio Grande, em uma fase da modernidade que compreendeu o

início do século XX. Para tanto, analisamos a presença da cultura francesa no Rio Grande, e a

tendência do município à assimilação de hábitos dessa cultura, identificados na urbanização e

no cotidiano dos sujeitos. Esse panorama revela a cidade como um lugar privilegiado para o

fenômeno das formas comportamentais, resultado de uma construção cultural na qual as suas

transformações são apreendidas como um estado de espírito, conhecido por Belle Époque.

Para abordar o cotidiano e o urbano, adotaremos como referência a obra de Henri Lefèbvre.

Conforme o autor, o cotidiano tem uma significação política relevante, é o centro do modo de

vida da sociedade moderna, e constitui a cotidianidade. Entre fatos aparentemente

insignificantes, a cotidianidade possui algo de essencial, ou seja, ela ordena os fatos da vida,

permitindo conhecer a sociedade. Assim, com referência em Lefèbvre, investigamos como e

por meio de que estratégias teóricas, o autor propõe uma análise da vida cotidiana. Por

conseguinte, nos detemos em alguns elementos metodológicos lefèbvrianos, destacando a

forma dialética com que o autor pensa a cidade e o urbano, e refletirmos sobre os níveis e as

dimensões com que analisa tais fenômenos sociais.

O contexto do estudo está relacionado com a minha descendência francesa, motivo pelo qual

desde a infância convivi com narrativas sobre a cotidianidade da Belle Époque riograndina,

através da atividade profissional do meu bisavô paterno, Sr. Jorge Ruffier, na Cie. Française Du

Port do Rio Grande e, ainda, as leituras que realizei do diário escrito por ele, onde o mesmo

descrevia acontecimentos familiares e processos sociais ocorridos no Rio Grande no início do

século XX, acrescido do álbum de família que reúne um acervo fotográfico e desenhos. Nessa

investigação, também, consideraremos o panorama histórico que marca a produção do

referido documento, e os diferentes momentos de sua elaboração.

A presente pesquisa encontra-se em desenvolvimento, desde março de 2012, sob a orientação

do Prof. Dr. Solismar Martins, no Programa de Pós-Graduação, curso de Mestrado em

Geografia da Universidade Federal do Rio Grande, tendo previsão de defesa final para

dezembro de 2013.

Metodologia e resultados

76 Graduada em Geografia Bacharelado pela Universidade Federal do Rio Grande, Mestranda

do Programa de Pós-Graduação em Geografia pela Universidade Federal do Rio Grande,

[email protected]

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Com o objetivo de estabelecer relações entre a produção do espaço urbano e o cotidiano no

Rio Grande de início do século XX , analisaremos o acervo fotográfico reunido no álbum de

família do Sr. Jorge Ruffier, bem como os escritos do diário com vistas à refletir acerca da

crítica da vida cotidiana. Nesse sentido, nosso procedimento metodológico, parte de

realidades concretas, de seres humanos reais, de experiências cotidianas e as tornamos

essência das reflexões teóricas. A abordagem do cotidiano, nesta pesquisa, busca alargar as

possibilidades de compreensão deste modo de vida, de seus sentidos e de suas significações

enquanto experiência social vivida por um determinado grupo de sujeitos – os cidadãos que

residiam no Rio Grande do período Belle Époque.

Conclusões

As imagens e os registros escritos do Sr. Ruffier constituem valioso material de análise desta

pesquisa, dada a relevância desses documentos iconográficos e iconológicos para os estudos

no campo das sociedades e a relação entre fotografia, álbuns de família, narrativa e

representação. A partir desse pressuposto, consideramos como narrativas fotográficas as

imagens concebidas no espaço privado e público do arquivo. As fotografias são um texto

imagético que evoca leitura e entendimento, um discurso visual que revela a representação e

a identidade dessa família num determinado espaço social, devido ao seu papel documental e

narrativo, congregando informação e experiência, representação e imaginário. Pelo exposto,

propomos estabelecer um diálogo entre a materialidade e o campo de significações das

imagens fotográficas e dos escritos do diário com os conceitos de cotidianidade e urbano.

Assim, trataremos o álbum de fotografias de família e o diário como patrimônio simbólico que

assegura um ideal de pertencimento e identidade.

Referências

LEFÈBVRE, Henri. A revolução urbana. Belo Horizonte: Humanitas, 2002.

______. A cidade do capital. Rio de Janeiro: DP&A, 1999.

______. A vida cotidiana no mundo moderno. São Paulo: Ática, 1991.

______. Critique de la vie quotidienne. Paris: L’Arche, 1958, v. 1.

______. Critique de la vie quotidienne. Paris: L’Arche, 1961, v. 2.

______. Critique de la vie quotidienne. Paris: L’Arche, 1981, v. 3.

______. O direito a cidade. São Paulo: Centauro, 2001.

______. La production de l’espace. Paris: Antrophos, 1974.

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MESA 3 - Direito, Políticas Públicas

e Justiça na tutela de Bens Culturais.

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El Plan de Gestión del Barrio Histórico de Colonia del Sacramento, un análisis crítico

Laura Ibarlucea Dallona77

Sidney Vieira Gonçalves78

Palavras-chave: Patrimonio cultural. Colonia del Sacramento. Plan de Gestión. Unesco.

Introducción

El trabajo que se propone pretende abordar el análisis crítico del Plan de Gestión para el Barrio

Histórico de Colonia del Sacramento79 (en adelante PG) aprobado por la UNESCO en diciembre

de 2012. Este asunto forma parte de un proyecto de investigación más amplio, cuyo objetivo

es analizar la relación entre las narrativas del patrimonio y la memoria y el turismo cultural en

el caso del Barrio Histórico de Colonia del Sacramento (en adelante BH).

El PG procura definir los mecanismos de gestión sustentable del área ocupada por el

denominado BH y resolver un conjunto de problemas que habían sido detectados por la

UNESCO en el sitio en los años posteriores a su incorporación en la Lista del Patrimonio Mundial

de la Humanidad. El artículo propuesto intenta describir las principales orientaciones del PG y

realizar un análisis crítico de los principios fundamentales que lo rigen, en este sentido se

entiende que tal abordaje puede servir para identificar las fortalezas y debilidades del PG así

como prever algunos de sus efectos . En líneas generales se busca responder a la incógnita de

si ha sido adecuado como método de resolución de los principales problemas que afectaban y

afectan al sitio, en la hipótesis de que el PG no resuelve en su totalidad esa problemática.

Paralelamente cabe proponer una cierta reflexión acerca de qué significado tiene el proceso

concreto del BH, en particular en la resolución de la gestión planificada, en el proceso general

de desarrollo de la noción de patrimonio cultural en el Uruguay.

77

Profesora de Historia, maestranda Memória social e Patrimônio cultural, UFPel. Estudiante en UFPEL y docente y asistente de decanato (en disfrute de licencia) en la Facultad de la Cultura-CLAEH (Uruguay). Becaria CAPES y ANII (Uruguay). E-mail: [email protected].

78 Posdoctor en el Departamento de Geografía de la Universidad de Barcelona, España (CAPES / Fundación Carolina), 2011. Investigador visitante en el Departamento de Geografía de la Universidad de Barcelona, España, 2010/2011. En la actualidad es Director del Instituto de Ciencias Humanas de la Universidad Federal de Pelotas, 2010-2014. Doctor en Geografía, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Campus Rio Claro, SP, estancia "sandwich" en el Departamento de Geografía de la Facultad de Letras de la Universidad de Lisboa (2003). Master en Planificación Urbana y Regional, PROPUR, Facultad de Arquitectura y Urbanismo de la Universidad Federal de Rio Grande do Sul (1997). Especialista en Ciencias Sociales - Sociología de la Universidad Federal de Pelotas (1988). Licenciado en Geografía de la Universidad Federal de Pelotas (1986). Licenciado en Derecho por la Universidad Federal de Pelotas (1986). Profesor Asociado, Departamento de Geografía en el Instituto de Ciencias Humanas de la Universidad Federal de Pelotas. Profesor titular de la Maestría en Geografía de la Universidad Federal de Pelotas. Profesor titular de la Maestría en Memoria Social y Patrimonio Cultural, ICH. Profesor Adjunto en la Maestría en Geografía de la Universidad Federal de Río Grande. Coordinador de Estudios Urbanos y Geografía Regional Docente (LeurEnGeo/ICH/UFPel). Investigador de la investigación en Geografía urbana, con énfasis en los estudios de la regeneración urbana, geografía histórica urbano y comercial urbana. E-mail: [email protected]

79 El PG es el resultado del trabajo conjunto de técnicos de diversos países a lo largo de más de 24 meses. La responsabilidad administrativa del PG recae en las autoridades nacionales (representadas por el MEC a través de la Comisión del Patrimonio cultural de la Nación) y locales (Intendencia de Colonia y Municipio de Colonia del Sacramento).

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El análisis propuesto pretende articular elementos de diversas disciplinas teóricas y un

conjunto amplio de autores, que han permitido definir un grupo de conceptos de análisis. A

efectos de hacer más simple la presentación de las distintas líneas de análisis y los autores

seleccionados, se ha optado por hacerlo en forma separada. Sin embargo, es indispensable

considerar que estos asuntos están fuertemente interrelacionados y no podrán ser

comprendidos en forma cabal si no es considerando esa interrelación.

Así, sobre memoria son centrales los aportes de CANDAU, J. (2011), NORA, P. (2008) y

RICŒUR, P. (2010). En términos genéricos se considera fundamental el concepto de

metamemoria definido por CANDAU (2002, 2011) y desde ese lugar se realiza la lectura de

Nora y Ricœur. En relación al patrimonio, se ha considerado central intentar desnaturalizar el

término, asimismo, se hace indispensable analizar también de qué forma el concepto se

constituye en su carácter universal cuando es definido por los organismos internacionales

asociados a su gestión (UNESCO, ICOM fundamentamentalmente). De este modo, se ha

considerado indispensable incorporar los aportes teóricos de autores como CHOAY, F. (2007),

POULOT, D. (2006 y 2008) y PRATS, L. (1997 y 1998). En cuanto al turismo cultural, en un

intento de definir su singularidad (en caso de que la tenga), a la vez que en la búsqueda de

instrumentos para analizarlo como fenómeno complejo que conjuga aspectos económico-

comerciales con prácticas culturales explícitas o implícitas, se han considerado interesantes los

aportes teóricos de varios autores tales como: BARRETO, M. (2007a y 2007b), COUSIN, S.

(2003), PRATS, L. (2005), PRATS, L. - SANTANA TALAVERA, A. (2011) y SANTANA TALAVERA, A.

(1997).

Metodología y resultados

El análisis propuesto está orientado por la lectura crítica del documento a partir de algunos

conceptos fundamentales que han sido elaborados a partir de los aportes teóricos de diversas

disciplinas. Estos conceptos pueden resumirse en las nociones de patrimonio cultural -

incluyendo el concepto de patrimonio mundial-, memoria y turismo cultural. Las principales

fuentes teóricas que les dan sustrato de esta investigación están asociadas a un abordaje

multidisciplinar, en este sentido, se pretende conjugar los diversos recursos teóricos

considerados.

El PG ha sido analizado en su estructura general, así como en función de las propuestas en

torno a cada uno de los asuntos que pretende resolver. Esta lectura ha sido atenta al análisis

del contexto en el cual se ha desarrollado el PG, así como al proceso general en que se inscribe

el caso del Barrio Histórico en el marco más amplio del proceso de desarrollo de las nociones

de patrimonio, memoria y turismo cultural en Uruguay.

Los resultados de este análisis permiten identificar algunas de las fortalezas y debilidades del

PG así como prever posibles impactos. En primera instancia el PG ha resuelto uno de los

problemas más acuciantes del sitio relacionado a la ausencia, hasta 2012, de planificación que

resultara satisfactoria para UNESCO. Así como tender a resolver problemas de superposición de

responsabilidades en la gestión. Por otro lado es posible reconocer flaquezas y lagunas en el

PG que pueden acarrear efectos no deseados aunque evitables.

Conclusiones

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En cuanto a las hipótesis de partida, ha sido posible responder a ellas de forma

razonablemente satisfactoria. El PG logra resolver algunos de los problemas detectados en el

caso del Barrio Histórico, aunque no alcanza a resolverlos todos. Asimismo, en relación al

proceso general que vive Uruguay respecto del desarrollo del concepto de patrimonio, el PG

puede ser considerado un paso en la maduración del concepto y permite suponer otras

derivaciones que habiliten nuevos procesos de reflexión.

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“O instrumento jurídico do inventário e sua eficácia como instrumento de salvaguarda do patrimônio

histórico cultural na cidade do Rio Grande: o sobrado dos azulejos da família Barbosa de Santa Marta”

Alex Sandro Pail Curval80

Renata Barbosa Ferrari Curval81

Introdução

O patrimônio cultural vem ao longo dos séculos sendo subtraído do convívio interpessoal. Tal

acontecimento deve ser analisado sob o enfoque jurídico, visto que existem mecanismos

jurídicos de salvaguarda do patrimônio histórico cultural.

A utilização do azulejo de fachada nas edificações do Brasil colônia desencadeou-se de forma

natural junto às cidades do norte, nordeste e sudeste, sendo poucos os exemplares ainda

existentes no Rio Grande do Sul, sendo apenas dois imóveis na cidade do Rio Grande, um

tombado pelo IPHAN e outro inventariado pelo Município do Rio Grande, sendo que este

necessita de atenção urgente, dada a manifesta perda, pela sua deterioração, pela falta de de

intervenções, roubo e descaracterização do prédio e assim sua história.

Por força de disposição constitucional, cabe ao Poder Público, com a colaboração da

comunidade a promoção e a proteção do patrimônio cultural brasileiro por meio de institutos

jurídicos.Importante ser destacado que Poder Público “não significa só o Poder Executivo, mas

abrange o Poder Legislativo e o Poder Judiciário, tanto que no artigo 2º esses três Poderes

constam como ‘Poderes da União’” (Machado, 2005. P. 157).

Chamou atenção a forma indiscriminada em que o Município do Rio Grande tratou o instituto

jurídico do inventário, eis que 509 (quinhentos e nove) imóveis possuem esta proteção

municipal. Também chamou a atenção o estado de conservação dos mesmos e a falta de

intervenção dos poderes públicos competentes junto aos proprietários destes imóveis no

intuito de sua salvaguarda.

Diante do número alto de bens inventariados no referido Município, buscou-se a análise de um

imóvel que trás ínsito os costumes construtivos portugueses, mais precisamente o patrimônio

azulejar, material construtivo ou decorativo que expressa um momento histórico, político,

econômico, religioso e artístico dos seus primitivos proprietários, imigrantes portugueses.

O objetivo fulcral do presente trabalho é demonstrar que a ineficácia do instituto jurídico do

inventário, enquanto instrumento de salvaguarda do patrimônio azulejar com as referidas

técnicas construtivas “que permitem compreender a história recente e preservar e valorizar as

práticas sociais”(SOARES, 2009. p.229), tem como ponto de partida o desconhecimento do

referido instrumento legal por parte do Município, a inoperância dos Poderes Públicos

competentes para atuar na fiscalização, e as consequências diretas desta ausência de

aplicabilidade da lei face ao imóvel situado a Rua Benjamim Constant, 247 e 249 no município

do Rio Grande – RS.

80 Rio Grande/RS; [email protected]

81 Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Campus do Vale, Porto Alegre/RS; [email protected]

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Metodologia

O método de pesquisa utilizado foi o indutivo e fora utilizada a técnica de documentação

indireta, ou seja, partiu-se da leitura e análise da legislação federal e municipal do Rio Grande

que tratam da salvaguarda do patrimônio histórico cultural e sua eficácia em face da

salvaguarda do prédio que ostenta a fachada azulejada.

Trata-se de pesquisa qualitativa, na qual, segundo Elizabeth Teixeira, “o pesquisador procura

reduzir a distância entre a teoria e os dados, entre o contexto e a ação, usando a lógica da

análise fenomenológica, isto é, da compreensão dos fenômenos pela sua descrição e

interpretação. As experiências pessoais do pesquisador são elementos importantes na análise

e compreensão dos fenômenos estudados”. (TEIXEIRA, 2002)

A hipótese a ser confirmada foi estabelecida empiricamente pelos autores deste trabalho

quando analisada a legislação local, federal e confrontada com a atual situação do prédio que

encontra-se em estado de má conservação, descaracterizado pela utilização de materiais de

propaganda. Fora observado que grande parte dos azulejos retirados do referido prédio foram

utilizados como material decorativo de outros imóveis do mesmo proprietário.

Conclusão

Chegou-se a conclusão de que proprietários, município e ministério público não afiançam por

si só a efetividade da proteção do referido bem imóvel inventariado pelo município do Rio

Grande, em total desrespeito a legislação e constituição federal, perdendo-se desta feita parte

da história ora retratada pelas peças azulejares portuguesas que em seu contexto mais amplo,

pois os azulejos de fachada retratam de forma simples e ingênua a historicidade do povo

português, sua metodologia de trabalho, suas épocas e padrões construtivos.

Assim, faz-se de extrema necessidade que o instituto jurídico do inventário seja posto em

prática pelo município do Rio Grande e fiscalizado por órgãos competentes para que a história

de toda uma trajetória e arte da pátria-mãe possam ser salvaguardadas no sul do Brasil e para

que se mantenha viva a memória lusitana em terras brasileiras.

Enfim, conforme assevera Nabais(2010), patrimônio cultural constitui um assunto, que não

pode deixar de dizer respeito a todos e a cada um dos membros da comunidade, somente

assim poderemos salvaguardar de modo efetivo nosso patrimônio.

Referências Bibliográficas

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NABAIS, José Casalta. Introdução ao Direito do Patrimônio Cultural. Editora Almedina, 2ª

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Tombamento dos modos de fazer a Boneca Karajá: Patrimônio Imaterial do Centro-oeste

Pablo Fabião Lisboa82

Alexandre Melo Soares83

Palavras-chave: Boneca Karajá. Tombamento de Bens Culturais. Patrimônio Imaterial.

Introdução

O povo indígena Karajá situado nos estados de Tocantins e Goiás, tem como um dos elementos

que representam a sua identidade cultural a boneca Karajá. A partir do tombamento dos

modos de fazer a boneca, o IPHAN cumpre um papel jurídico importante na proteção do

patrimônio imaterial brasileiro, o que no aniversário de 10 anos da Convenção do Patrimônio

Imaterial da UNESCO, pactuado em 2003, constitui relevo para a preservação do patrimônio

cultural nacional. O artigo formulado a partir deste resumo vai apresentar os procedimentos

do tombamento da Boneca Karajá, destacando os seus aspectos jurídicos. Tal

empreendimento se torna necessário ao passo que muitos elementos da cultura imaterial do

Brasil ainda precisam ser tombados, e o entendimento e divulgação dos procedimentos de

tombamento podem contribuir nesse contexto.

Entre os conteúdos acadêmicos consultados, além dos documentos colhidos diretamente no

site do IPHAN sobre o processo de tombamento, encontramos: Anna Maria Alves Linhares que

em 2006 publicou o artigo “Bonecas Karajé: formação documental da coleção Natalie Petesch

(1986) do Museu Paraense Emílio Goeldi”; Uma lista de 73 produções acadêmicas entre artigos

científicos, livros, publicações de museus, dissertações de mestrado e teses de doutorado,

disponíveis em http://karajadigital.wordpress.com/lista-de-bibliografia/; Publicações do

projeto de pesquisa desenvolvida pelo Museu Antropológico e vinculado à Rede de Pesquisa

Museus e Expressões do Patrimônio Cultural. Trata-se do projeto intitulado “Bonecas Karajá:

arte, memória e identidade indígena no Araguaia” que objetiva os estudos sobre as bonecas

Karajá, também denominadas licocó, ritxkòò ou litjocô. Tal pesquisa foi o principal pilar teórico

que sustentou o seu registro como patrimônio cultural imaterial brasileiro, junto ao IPHAN.

Dentre os pesquisadores que atuaram nesse processo destacam-se: Rosani Moreira Leitão

(Museu Antropológico da UFG); Cintya Maria Costa Rodrigues, Maria Luiza Rodrigues Sousa,

Isabel Misságia de Mattos (Departamento de Ciências Sociais da UFG); Telma Camargo da Silva

(Pesquisadora Voluntária da UFG); Manuel Ferreira Lima Filho e Marlene Castro Ossami de

Moura (do Instituto Goiano de Pré-História e Antropologia da UCG) e Patrícia Rodrigues de

Mendonça (Vínculo livre).

O presente trabalho foi produzido no âmbito da linha temática 3. Direito, Políticas Públicas e

Justiça na tutela de Bens Culturais, do 7º SIMP da UFPEL.

82 Graduação em Design Gráfico (UFPEL), Mestrado em Memória Social e Patrimônio Cultural (UFPEL), Professor de Museologia da Universidade Federal de Goiás (UFG), e-mail <[email protected]>.

83 Graduação em Direito (UFPEL), Maestría en Desarrollo Sutentable (Universidad Nacional de

Lanús/Argentina). Professor de Direito da Universidade Nacional de Brasília (UNB), e-mail <[email protected]>.

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Metodologia e resultados

A metodologia adotada na presente pesquisa, partiu da análise dos arquivos digitais de

domínio público disponíveis no site do IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico

Nacional, bem como dos registros sobre o tombamento da boneca Karajá obtido em outras

fontes, como artigos, entrevistas e notícias publicadas online. Adicionado a esses métodos, o

fácil trânsito que os autores têm no Museu Antropológico da Universidade Federal de Goiás

(UFG) e no Museu Zoroastro Artiaga, administrado pelo governo do Estado de Goiás, foi

fundamental para a produção deste estudo, por serem museus que comercializam a boneca

Karajá e, por conseguinte, por serem fortes parceiros na preservação e divulgação da cultura

imaterial do povo Karajá.

Conclusões

Consideramos satisfatória a obtenção dos resultados sobre os procedimentos de tombamento

da boneca Karajá, principalmente pela eficácia dos órgãos governamentais em divulgar por

intermédio dos seus portais na internet os documentos contidos no processo. Outrossim, cabe

ressaltar ainda o alto grau de articulação e de investigação teórica, necessária a constituição

da justificativa para a efetivação de um tombamento.

Referências

IPHAN. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Disponível em:

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A construção do patrimônio nas políticas públicas de salvaguarda cultural do Brasil.

Benedito Walderlino de Souza Silva84

Larissa Maria Guimarães85

Lorena Alves Mendes86

Palavras-chave: Patrimônio cultural. Políticas públicas culturais. Gestão cultural participativa.

Introdução

Esta comunicação debate a evolução das políticas públicas de salvaguarda cultural brasileiras,

a partir de instrumentos legais, ação de atores e instituições dedicadas ao assunto. A discussão

se enquadra nos debates de intelectuais, organizações internacionais e nações a elas

associadas em torno da necessidade de diálogo quanto ao reconhecimento da alteridade

cultural humana. Nesse contexto, o Brasil tem participação incisiva e começa a considerar as

vertentes material e imaterial de seu patrimônio cultural. Entretanto, o diálogo entre estes

dois campos ainda não foi efetivamente estabelecido nos planos legal e prático.

No país, essas reflexões começaram com Mário de Andrade problematizando a cultura

nacional e políticas estatais para sua salvaguarda, o que alicerçou a criação do Serviço do

Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), primeira instituição pública voltada à

cultura brasileira, hoje atuando como Instituto (IPHAN). Defendendo uma concepção integrada

de cultura, Andrade entendia que a parceria entre Estado e sociedade deveria zelar pela

salvaguarda dos bens de natureza material e imaterial do país. Até os anos 80, essa concepção

foi desconsiderada pelo SPHAN, para quem a sociedade brasileira configurava uma civilização

material, na qual tinha maior influência bens arquitetônicos do período colonial (CHUVA,

2012), concepção sustentada com políticas de salvaguarda, como o Tombamento, voltado

apenas a vertente material do patrimônio e instituído pelo Decreto nº 25 de 1937 (BRASIL,

1937).

Assim, o descompasso entre as duas concepções se manteve até a década de 80, período em

que as concepções de Mário de Andrade se alinhavam com as do Centro Nacional de

Referência Cultural (CNRC). Envolvido com o CNRC, Aloísio Magalhães assume a presidência do

SPHAN. Criando a Fundação Nacional Pró-memória, incorpora ao SPHAN tanto as atividades do

CNRC como de outros órgãos da esfera cultural (CHUVA, 2012). A reestruturação trouxe

mudanças às ações de salvaguarda cultural do país. Atento aos limites do tombamento como

único instrumento de salvaguarda cultural, o CNRC se utiliza da noção de Referência Cultural,

com a qual considerou tanto a diversidade da produção material quanto dos simbolismos que

lhes são atribuídos como fator influente nas opções de salvaguarda. Ao destacar essas

84

Historiador com Especialização em Arqueologia, Historiador na Superintendência Estadual do Iphan no Pará, [email protected];

85 Mestre em Ciências Sociais (UFPA), Doutoranda em Antropologia Social (PPGAS/UFRGS), Antropóloga na Superintendência do Iphan no Pará (IPHAN/PA), [email protected].

86 Bacharel e licenciada em Ciências Sociais (UFPA), Mestrando em Preservação do Patrimônio Cultural, Superintendência Estadual do Iphan no Pará, [email protected].

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dimensões, de uma ação eminentemente técnica e controlada pelo Estado, a salvaguarda

cultural passa a contar também com a participação da sociedade (FONSECA, 2003).

Essas ações são parte do contexto de mudanças na noção de patrimônio cultural a partir da

globalização, o que reconfigurou identidades nacionais e ampliou a aceitação de bens como

elementos de patrimônios, tendo as políticas públicas brasileiras estruturado planos para

nortear a ação do Estado diante dessas mudanças (CHUVA, 2012). Essa releitura foi expressa

na Constituição Federal de 1988 com seus artigos 215 e 216 trazendo a noção de bem cultural

de natureza imaterial e propondo uma gestão participativa entre Estado e sociedade na

salvaguarda da cultural nacional (BRASIL, 1988).

Com essas orientações, nos anos 90, o Iphan discute a execução de políticas de salvaguarda do

patrimônio imaterial e a criação de instrumentos legais que a respaldassem. Assim, em 2004,

cria o Departamento do Patrimônio Imaterial e inicia uma política nacional de salvaguarda de

bens culturais imateriais (IPHAN, 2010), tendo como referência o Decreto n° 3.551/2000, o

qual institui o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial e cria o Programa Nacional do

Patrimônio Imaterial (BRASIL, 2000). Além disso, o Instituto segue diretrizes da política de

salvaguarda do patrimônio imaterial no plano internacional, aderindo à mobilização da

UNESCO para criação de comissões de salvaguarda desse patrimônio como instrumento de paz

e cooperação entre nações, como ocorrido com a Convenção para a Salvaguarda do

Patrimônio Imaterial de 2003 (UNESCO, 2003).

Contudo, apesar desses avanços das políticas públicas de salvaguarda cultural no país, ainda há

a necessidade de agregarem as vertentes material e imaterial do patrimônio em suas ações,

para que, assim, a sociedade possa atribuir ressonância a bens acautelados.

Metodologia e resultados

Para embasar o trabalho, foi realizado levantamento bibliográfico referente à política brasileira

de salvaguarda cultural, contemplando discussões sobre as atuações e diferentes percepções

das principais instituições e atores sociais envolvidos no assunto, bem como, instrumentos

legais resultantes de suas atuações.

Conclusões

O tratamento a bens culturais deve considerar que o patrimônio material tem uma dimensão

imaterial de significação, assim como, o patrimônio imaterial tem uma dimensão material que

lhe permite realizar-se (MENESES, 2012). Nesse contexto, como nota Carsalade (2012), é a

sociedade que estabelece os valores vitais à constituição do patrimônio enquanto elemento de

sua identidade cultural e social. Logo, políticas públicas de salvaguarda devem adotar posturas

éticas, pautadas na garantia de diálogo, negociação, consenso e respeito aos sentidos

atribuídos a bens culturais em espaços de construção da alteridade.

Referências

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Rodas, os Bumbas, os Meus e os Bois: Princípios, ações e resultados da política de salvaguarda

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120.

MENESES, Ulpiano Toledo Bezerra de. O campo do Patrimônio Cultural: uma revisão de

premissas. In: Anais - I Fórum Nacional do Patrimônio Cultural: desafios, estratégias e

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2003, p. 17. Disponível em: http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001325/132540por.pdf.

Acesso em: 15 de setembro de 2013.

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Meios de comunicação no Brasil: uma pluralidade cultural fictícia

Stéfano Nascimento Fonseca 87

Palavras-chave: Meios de comunicação; diversidade cultural; políticas públicas; legislação;

História do Brasil.

Introdução

Este artigo busca analisar o atual modelo de telecomunicações existente no Brasil, entendendo

a pluralidade de informação e de veículos de comunicação como elemento fundamental para o

fortalecimento da democracia e respeito à diversidade cultural, de acordo com a Convenção

para a salvaguarda do patrimônio cultural imaterial, da UNESCO. Serão analisados os artigos

da Constituição Federal do Brasil que regulamentam as concessões de canais de TV e rádio; de

que forma o Estado brasileiro contribuiu para a concentração midiática existente; e o papel do

Conselho de Comunicação Social na defesa dos interesses da sociedade.

Segundo Castriota, nesse início de século XXI o patrimônio emerge não apenas como elemento

central nas reflexões sobre cultura, mas também na análise sobre o futuro das cidades e do

meio-ambiente. Se pensarmos o patrimônio como espaço simbólico de disputa de

representações por diversos agentes, podemos perceber uma ampliação do debate para além

dos círculos especializados, gerando mobilização e comoção pública através do mundo. Para o

autor, isso pode ser parcialmente explicado pelo avanço da globalização que, através de certa

“padronização” de valores e comportamentos, surge como uma ameaça às diferenças

regionais e às tradições. (CASTRIOTA, 2009, p, 11)

O patrimônio cultural, segundo Convenção para a salvaguarda do patrimônio cultural

imaterial, assinada em 2003, se manifesta nos seguintes campos:

a) tradições e expressões orais, incluindo o idioma como veículo do patrimônio cultural imaterial; b) expressões artísticas; c) práticas sociais, rituais e atos festivos; d) conhecimentos e práticas relacionados à natureza e ao universo; e) técnicas artesanais tradicionais.

Com o fim da ditadura militar e a promulgação da nova Constituição Federal, em 1988, ficam

estabelecidas novas políticas em relação às comunicações no país. No capítulo V da

constituição § 5º determina que “Os meios de comunicação social não podem, direta ou

indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio.”, já o artigo 221, do mesmo capítulo

estabelece que

A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios: I - preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas; II - promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação; III -

87

Graduação: História – Unimódulo; Especialização: História e Culturas Políticas – UFMG; Cursando:

Relações Internacionais – UFPEL.

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regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei; IV - respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família. (CONSTUIÇÃO FEDERAL, 1988)

O artigo 224 estabelece que “Para os efeitos do disposto neste capítulo, o Congresso Nacional

instituirá, como seu órgão auxiliar, o Conselho de Comunicação Social, na forma da lei.”.

Apesar das restrições impostas pela constituição o setor de telecomunicações no Brasil é um

oligopólio formado por seis grandes empresas que não priorizam em suas programações a

cultura nacional e regional, nem os valores éticos e sociais, tal qual exige o artigo 221. Isso,

com a conivência do setor público que só efetivou o Conselho de Comunicação Social em 2002,

mas encerrou sua atuação no final de 2006 após o vencido o mandado dos conselheiros

eleitos.

As informações levantadas até o momento permitem identificar que o Brasil obriga, via leis

constitucionais, que os detentores de canais de TV e rádio disponibilizem em sua programação

conteúdo nacional e regional, educativo e cultural que promova a diversidade cultural

brasileira, tal como é defendida pela Convenção da UNESCO.

Este trabalho buscará analisar os resultados da pesquisa intitulada “Os Donos da Mídia”,

realizada pelo pesquisador Daniel Herz, integrante do Instituto de Estudos e Pesquisas em

Comunicação (Epcom). Através das informações levantadas buscaremos compreender o atual

modelo de comunicação existente no Brasil; como a concentração midiática prejudica o

conhecimento e a promoção do patrimônio cultural nacional, e as responsabilidades do Estado

no cumprimento das leis constitucionais referentes à comunicação.

A atuação da sociedade civil será analisada através das ações do Coletivo Brasil de

Comunicação Social – Intervozes, uma organização formada por ativistas e profissionais com

formação em Comunicação Social e em outras áreas, presente em quinze estados brasileiros e

no Distrito Federal, que defende a criação dos conselhos estaduais de comunicação e a

reativação do Conselho de Comunicação Social.

Referências Bibliográficas

BOSI, Alfredo. Cultura Brasileira. Temas e situações. Editora Ática. São Paulo, 1987.

COELHO. Teixeira. O que é indústria cultural. 7 ed. São Paulo: Brasiliense, 1985.

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Paulo: Annablume, Belo Horizonte. IEDS, 2009

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129 de 527

HAMBURGER, Esther. Diluindo fronteiras: a televisão e as novelas no cotidiano. IN: História da

vida privado no Brasil. Vol.4: Contrastes da vida contemporânea. NOVAIS. A. F e SCHWARCZ.

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http://www.scielo.br/pdf/ln/n82/a04n82.pdf. Acesso: 09 de janeiro de 2012

CHAUÍ, Marilena.O poder da mídia. Disponível em:

http://www.fenaj.org.br/materia.php?id=1324. Acesso: 18 de novembro de 2011

BUARQUE, Cristovam.Conselho de Comunicação Social – Três anos de ilegalidade. Disponível

em:

http://www.direitoshumanos.etc.br/index.php?option=com_content&view=article&id=6312:c

onselho-de-comunicacao-social-tres-anos-de-ilegalidade&catid=59:comunicacao-e-

direito&Itemid=246.Acesso: 27 de dezembro de 2011.

BUARQUE, Cristovam. Por que o CSS não será reinstalado. Disponível em

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HERZ, Daniel. Quem são os donos da mídia no Brasil. Entrevista concedida a Luiz Egypto.

Disponível em:http://www.observatoriodaimprensa.com.br/cadernos/cid240420021.htm e

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dezembro de 2011.

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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm. Acesso: 22 de

Dezembro de 2011.

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<http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001325/132540por.pdf> Acesso: 07/05/2013.

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<http://unesdoc.unesco.org/images/0012/001271/127160por.pdf> Acesso: 07/05/2013.

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As interferências das transformações legislativas no Patrimônio Cultural

Ivana Morales Peres dos Santos88

Renata Ovenhausen Albernaz89

Palavras-chave: Direito. Legislações. Patrimônio Cultural. Transformações.

Introdução

O presente trabalho pretende demonstrar que as mudanças legislativas, embora necessitem

ocorrer de tempos em tempos, em razão das transformações sociais, nem sempre geram um

saldo positivo para a preservação patrimonial, uma vez que as influências dos que governam,

muitas vezes, colocam em risco a preservação de um bem em prol de interesses particulares.

Uma abordagem sobre as modificações e evoluções das legislações existentes no Brasil acerca

da proteção do patrimônio cultural poderá demonstrar onde se encontram as lacunas

existentes e as falhas do Poder Legislativo e do Judiciário. Aqui se pretende fazer uma breve

demonstração da evolução dessas legislações, especificamente as relacionadas aos

instrumentos de proteção tombamento e inventário, a fim de que se compreenda no que

influenciaram essas transformações para o patrimônio cultural das cidades. Para tanto, serão

abrangidos conceitos sobre o tombamento e inventário, tendo como principais autores, Paulo

Affonso Leme, Ana Maria Moreira Marchesan, Édis MIlaré, Maria Cecília Londres Fonseca,

Carlos Frederico Marés, entre outros.

Por outro lado, também cabe analisar alguns casos que envolveram procedimentos para que

se conquistasse a devida proteção de um bem cultural. Desse modo, se trouxe como exemplo

o caso de um chafariz localizado na Praça Cipriano Barcelos, na cidade de Pelotas/RS e que foi

objeto de ação judicial proposta pelo Ministério Público, bem como o caso do imóvel

localizado na Rua Gonçalves Chaves, 702, em Pelotas/RS, popularmente conhecido como

“Casarão dos Mendonça”, em que se buscou o tombamento deste através de uma ação civil

pública.

Metodologia e Resultados

A metodologia utilizada é a dedutiva, analisando como o conjunto de normativas que

envolvem tanto o tombamento quanto o inventário se evidencia no processo de consolidação

da proteção patrimonial dos bens culturais.

São utilizadas as legislações que envolvem o patrimônio cultural, tanto na esfera estadual

quanto municipal, uma vez que, os casos concretos analisados estão localizados no Município

de Pelotas/RS.

88 Graduação em Direito pela Universidade Católica de Pelotas, Especialista em Direito Processual pela Universidade Católica de Pelotas, Mestre em Memória Social e Patrimônio Cultural e Doutoranda em Memória Social e Patrimônio Cultural na Universidade Federal de Pelotas, [email protected].

89 Doutora em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), mestre em Direito pela

Universidade Estadual de Maringá (UEM) e graduada em Direito e em Administração. Orientadora de Ivana Morales Peres dos Santos.

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Conclusões

Os objetivos alcançados nesse estudo foram obtidos a partir de uma breve análise acerca da

legislação existente sobre o tombamento e inventário e suas modificações. Percebeu-se que

embora modificações legislativas sejam necessárias, nem sempre elas são positivas, pois os

legisladores colocam em jogo seus interesses particulares, podendo influenciar negativamente

na preservação de bens culturais.

Por outro lado, com a demonstração de casos concretos ocorridos no Município de Pelotas foi

possível compreender a forma que os procedimentos administrativos e judiciais são utilizados

para que se obtenha a proteção do patrimônio cultural de uma forma adequada, o que não

significa sempre ser eficaz.

Referências

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Juruá, 2006.

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Política Cultural Comparada entre Brasil e Uruguay

Alan Dutra de Melo90

Paulo Roberto Gomes Santos91

Palavras-chave: Políticas Culturais. Patrimônio Cultural. Brasil. Uruguay.

Introdução

Trata-se de um trabalho em andamento à partir do projeto de pesquisa “Política Cultural

Comparada entre Brasil e Uruguay” e para tal é utilizado referências bibliográficas e

encontros presenciais entre gestores e pesquisadores da área que envolve os temas vinculados

a cultura e sociedade na Fronteira. A primeira etapa do projeto encerra ao final de março de

2014. Dentre outros os autores utilizados estão Marilena Chauí, Pedro Paulo Funari, Enrique

Mazzei, Lia Calabre, Antonio Rubim, Teixeira Coelho, Lúcio Rennó, Leonardo Secchi , Antônio

Joaquim Severino e documentos oficiais editados pelos Ministérios da Cultura do Brasil e do

Uruguay. O projeto está registrado como atividade de pesquisa junto à Universidade Federal

do Pampa no Curso de Bacharelado em Produção e Política Cultural e possui um acadêmico do

curso trabalhando como voluntário. Dentre os objetivos do projeto está a problematização

sobre a importância e a forma que se efetivam as Políticas Culturais no Brasil e no Uruguay;

Compreender as dinâmicas locais nas cidades de Jaguarão e Rio Branco no Uruguay e como

relacionam com os centros nacionais das políticas culturais e regionais, no caso brasileiro Porto

Alegre como capital do Rio Grande do Sul e Melo como capital do Departamento de Cerro

Largo onde está localizada Rio Branco; Relacionar a perspectiva do Patrimônio Cultural como

elemento relevante nas políticas de integração regional do Mercosul tendo em vista a

perspectiva de tombamento binacional da Ponte Internacional Mauá que liga Jaguarão e Rio

Branco; Aprofundar o conhecimento das políticas culturais como objeto de investigação e

formação do curso de Bacharelado em Produção e Política Cultural da Unipampa. A

Justificativa esta relacionada com os seguintes elementos: Produzir conhecimento dentro de um

aspecto que conforma a Universidade Federal do Pampa no contexto da Fronteira entre o Brasil e o

Uruguay; E especificamente no o Curso de Bacharelado em Produção e Política Cultural a temática é

oportuna tendo em vista que o tema também é abordado nos cursos de mesma natureza ofertados em

universidades brasileiras como a Universidade Federal Fluminense e a Universidade Federal da Bahia;

Convém mencionar o Plano Nacional de Cultura como documento elaborado pelo Ministério da Cultura

com apoio da sociedade civil especialmente através das conferências nacionais de cultura que aponta

para a necessidade de ampliação da formação acadêmica e da pesquisa em cultura; No mesmo sentido

convém citar o planejamento da CAPES 2011-2020 que apontou com uma das áreas prioritárias para a

pesquisa a área da cultura.

Metodologia e resultados

90 Graduado em Direito UFPel, Mestre em Memória Social e Patrimônio Cultural UFPel, Professor

Assistente da Universidade Federal do Pampa – Jaguarão RS, [email protected].

91 Graduando no Curso de Bacharelado em Produção e Política Cultural, Universidade Federal do Pampa

– Jaguarão RS, [email protected].

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O trabalho inicial envolve pesquisa bibliográfica e contato com os atores sociais que discutam

de forma teórica ou empírica os temas que abarcam as políticas culturais e sociedade entre

Brasil e Uruguay à partir da cidade de Jaguarão na fronteira com o Uruguay. Além do

referencial teórico foram realizadas reuniões de trabalho com pesquisadores uruguaios da

área da sociologia que trabalham no Núcleo de Estudos de Fronteira da Universidade da

República do Uruguay UDELAR, professores Enrique Mazzei e Mauricio de Souza que estão

participando da pesquisa. E após foi realizado no mês de setembro de 2013 um debate

denominado ”Política Cultural no Uruguay” com gestores Uruguaios na Unipampa conforme

convite realizado pelos pesquisadores uruguaios citados e na ocasião estiveram presentes as

coordenadoras dos Centros MEC (Ministério de Educação e Cultura) Isabel Abelar e Mónica

Botti e que atuam na Capital Melo e a Secretária de Cultura Mireya Brochado de Rio Branco.

Optamos por realizar uma conversa que foi aberta inclusive ao público de forma que o debate

fosse mais profícuo. Dentre os resultados alcançados está a disponibilidade dos gestores

mencionados para seguirmos em contato de realizando uma nova reunião agora também com

gestores brasileiros a ser realizada em outubro de 2013. Como os atores sociais em questão

incluindo os pesquisadores já tinham contato prévio realizado em outras ocasiões restou em

aberto a possibilidade da pesquisa ganhar o direcionamento como pesquisa ação.

Conclusões

O objetivo inicial do trabalho que envolve no plano empírico a mobilização de atores sociais foi

alcançado incluindo pesquisadores uruguaios e gestores. Tudo indica que no plano brasileiro

não será diferente. A análise preliminar do trabalho aponta para convergências de interesses e

também de problemas que caracterizam as o foco de atenção das políticas culturais em ambos

os países embora existam particularidades que serão mais bem detalhadas na continuidade do

estudo em questão.

Referências:

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COELHO, Teixeira. Dicionário Crítico de Política Cultural. 2.ed. São Paulo: Iluminúrias, 2012.

CHAUI, Marilena. Cidadania cultural: o direito a cultura. São Paulo: Fundação Perseu Abramo,

1.ed, 2006

CALABRE, Lia. Políticas Culturais no Brasil. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2009.

FUNARI, Pedro Paulo Abreu. Patrimônio Histórico e Cultural. Rio de Janeiro: Jorge Zahar

Editor, 2006.

MAZZEI, Henrique. Fronteras que nos unes y limites que nos separan. Montevideo, Uruguay :

CBA editora, 2013

MAZZEI, Henrique, SOUZA, Mauricio de. La Frontera em Cifras. Montevideo, Uruguay : CBA

editora, 2013;

RENNÓ, Lucio. Org. Coletânea de Políticas Públicas de Cultura: práticas e reflexões. Brasília:

Universidade Católica de Brasília: Ministério da Cultura, 2011;

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2007.

RUBIM, Antonio Albino Canelas; BAYARDO, Rubens. Orgs. Políticas culturais na Ibero-América.

Salvador: EDUFBA, 2008;

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Carballa : Montevideo, 2010.

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MESA 4 - Arquitetura e Patrimônio

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A identificação de um zoneamento fabril na cidade de Pelotas-RS (1911-1922)

Jeferson Dutra Salaberry92

Palavras-chave: Memória. Bairro do Porto de Pelotas-RS. Industrialização. Patrimônio

agroindustrial. Zoneamento Fabril.

Introdução

O tema do presente paper é as fábricas no bairro do Porto (Pelotas-RS). Este trabalho é parte

da pesquisa que resultou na dissertação de mestrado denominada: A AGROINDÚSTRIA NO

BAIRRO DO PORTO: PELOTAS – RS (1911-1922) apresentada ao Programa de Pós-Graduação

em Arquitetura e Urbanismo (PROGRAU-UFPel), em julho de 2012.

Em Pelotas, no Rio Grande do Sul, parte da antiga estrutura das manufaturas do charque, onde

o porto de Pelotas foi construído, foi aproveitada para a instalação de uma zona fabril, onde a

agroindústria se sobressaiu. Com a opção pelo transporte rodoviário em detrimento do

portuário e ferroviário, como os demais portos brasileiros, o de Pelotas foi sendo desativado e

os prédios das fábricas abandonados.

O objetivo principal deste artigo é demonstrar a importância das fábricas de produtos

agroindustriais e como estes estabelecimentos formaram um distrito industrial no período

estudado. O trabalho tem a justificativa de estar relacionada à emergência da preservação do

patrimônio industrial.

Metodologia e resultados

A pesquisa valeu-se do método comparativo da história. Buscou as semelhanças e as

diferenças que apresentaram as diferentes categorias de agroindústrias em um mesmo meio

social. Por isto, adquiriu cunho monográfico. (BLOCH apud CARDOSO, 1983)

Foram delimitados como recorte temporal os anos compreendidos entre 1911 e 1922. Estas

datas foram escolhidas por neste período existir rica documentação. A presente pesquisa tem

como base documental principal o manuscrito denominado Notícia Descritiva das Fábricas de

Pelotas em 1911, de Alberto Coelho da Cunha. O trabalho se apoia igualmente nos diversos

livros publicados por ocasião da comemoração do centenário da Independência do Brasil e do

aniversário de Pelotas em 1912.

A área do estudo (Fig. 1) teve como limites o encontro do arroio Santa Bárbara, junto a estação

ferroviária, com o Canal São Gonçalo até alcançar o porto e o antigo Passo dos Negros, onde

foi erguido o engenho Pedro Osório.

Baseado nas fontes primárias, principalmente na Notícia Descritiva de Alberto Coelho da

Cunha (1911), foi possível distinguir os estabelecimentos do início do século, comparar as

92 Graduação em Arquitetura e Urbanismo, Mestrado em Arquitetura e Urbanismo, Técnico

em Restauro na Universidade Federal de Pelotas (UFPel), [email protected]

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diferentes categorias de fábricas e verificar a representatividade de cada uma das atividades

fabris.

A indústria em Pelotas era essencialmente agropecuária. O estudo mostrou que, em relação

aos parâmetros estudados – capital, faturamento e número de operários – existiu grande

diferença entre a indústria que utilizava a matéria-prima proveniente da agropecuária e que

usava outras matérias-primas, como minerais, cerâmicas, metais etc., sendo estas últimas

quase inexpressivas na cidade.

Ao comparar os dados das fábricas de alimentos com os das demais agroindústrias, podemos

verificar que estas possuíam um faturamento maior, enquanto que as outras agroindústrias

tinham maior capital investido e número de operários. Portanto, parecia existir certa

equivalência entre elas, sendo ambas de muita importância.

Ao localizar e agrupar por categorias e classes os estabelecimentos, foi possível identificar um

zoneamento fabril. As charqueadas, o frigorífico, as fábricas de conservas e de bebidas, os

engenhos de arroz e o moinho de trigo estavam localizadas principalmente no bairro do Porto.

As fábricas que transformavam os demais produtos agropecuários estavam de forma

equivalente divididas entre o bairro do Porto e os demais bairros periféricos, e poucas se

localizavam no centro da cidade. As têxteis estavam situadas principalmente no bairro do

Porto. Os curtumes estavam localizados de forma mais significativa junto aos arroios Santa

Bárbara e Pepino, no bairro da Luz. As fábricas de sabões e velas estavam nas áreas

suburbanas do perímetro da cidade. As de fumos ficavam distribuídas pelo centro urbano, nas

proximidades da estação férrea e da Praça da Constituição (Praça das Carretas).

As diversas e pequenas fábricas de transformação de outras classes de produção que não a

agroindustrial ficavam em partes da cidade que não o bairro do Porto.

FIGURA 1 – Mapa localizando a área de estudo. Pelotas RS.

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Fonte: Mapa elaborado pelo autor, com base no aerofotogramétrico e Notícia Descritiva (1911), 2013.

Conclusões

Os estabelecimentos agroindustriais do bairro do Porto de Pelotas tiveram importância

histórica, entre 1911 e 1922, pela sua importância econômica, contribuindo para que Pelotas

persistisse como pólo econômico do estado. O conjunto de fábricas localizado no Porto

compõe uma zona fabril, vinculada diretamente à facilidade dos transportes portuários,

ferroviários e também urbanos. O bairro do Porto apresenta grande importância memorial,

sendo portador de valores culturais que devem ser reconhecidos e socializados.

Referências

CARDOSO, Ciro Flamarion. Os métodos da história. 3 ed. Rio de Janeiro: Graal, 1983.

CUNHA, Alberto Coelho da. Noticia Descritiva das Fábricas de Pelotas. Pelotas: 1911.

(Documento Manuscrito).

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ANTIGOS PRÉDIOS E NOVOS MUNICÍPIOS: Patrimônio Arquitetônico Urbano

Capão do Leão, Morro Redondo, Turuçu e Arroio do Padre - RS

Alexandre Pereira Maciel93

Palavras-chave: Patrimônio Arquitetônico. Morfologia Urbana. Identidade. Emancipação.

Introdução

O presente resumo tem como base a pesquisa apresentada para obtenção do Título de Mestre

em Memória Social e Patrimônio Cultural da Universidade Federal de Pelotas, Instituto de

Ciências Humanas no ano de 2009.

Constitui uma abordagem regional envolvendo quatro municípios emancipados de Pelotas:

Capão do Leão, Morro Redondo, Turuçu e Arroio do Padre. O estudo identifica e compara as

alterações ocorridas na arquitetura e morfologia urbana antes e depois das emancipações. A

hipótese central é a de que as mudanças no patrimônio arquitetônico, com a inserção de

prédios construídos após as emancipações, não reforçam as identidades originais das

respectivas áreas urbanas.

Os conceitos de morfologia urbana relacionam-se diretamente à imagem da cidade e à leitura

de seus objetos arquitetônicos e urbanos, como os edifícios, praças, ruas, vazios e cheios das

edificações. Passa também por uma análise interdisciplinar, que relaciona a morfologia com a

arquitetura e o processo de composição espacial da cidade. Segundo Ismael Pescarini “a

arquitetura da cidade estrutura-se em relações ideológicas e culturais onde acontecem

diversos processos de troca e vivência urbanas”. 94 Para José Lamas95 a morfologia urbana é

uma disciplina que estuda o objeto, a forma urbana nas suas características exteriores, físicas,

e na sua evolução no tempo.

A autora Clarissa da Costa Moreira96 desenvolve o conceito de que a cidade

contemporânea é genérica, fruto da aceleração dos processos de produção do espaço urbano,

ou seja, com um “porvir”, mas também com algo que já existe.

Metodologia e resultados

93 Arquiteto e Urbanista, Mestre em Memória Social e Patrimônio Cultural, Professor da

Universidade Católica de Pelotas. [email protected]

94 PESCARINI, Ismael Andrade. Revitalização de avenidas em São Paulo. Considerações

morfológicas. Vitruvius ano 3, vol. 9, abr. 2003, São Paulo SP, p. 65. Disponível em:

<www.vitruvius.com.br/arquitextos>.

95 LAMAS, José P. G. Morfologia urbana e desenho da cidade. Lisboa: Fundação Calouste

Gulbentrian, 1992, p. 38.

96 MOREIRA, Clarissa da Costa: A cidade contemporânea entre a tabula rasa e a preservação:

cenários para o porto do Rio de Janeiro. São Paulo. Editora UNESP, 2004. p. 66 - 75.

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A metodologia tem como primeiro passo a definição dos conjuntos arquitetônicos, um em

cada município. Após, inventaria, analisa e compara os prédios dos dois períodos, de antes e

de depois das emancipações.

O objetivo principal é analisar as mudanças ocorridas no conjunto urbano depois do processo

de emancipação. Parte-se da seguinte hipótese: as mudanças no patrimônio arquitetônico

construído após as emancipações não refletem as identidades originais das respectivas áreas

urbanas.

OS DOIS MOMENTOS – MUNICÍPIO DE MORRO REDONDO

Antes Depois

Conclusões

O resultado dessa análise comprovou a hipótese inicial da pesquisa, de que as novas

construções não compactuam com as características formais dos prédios de antes das

emancipações, ou seja, a identidade cultural local, aqui representada pelo patrimônio

arquitetônico, mudou a partir da emancipação dos municípios, com alterações nas áreas

urbanas com novas construções sem a preocupação com a morfologia do período anterior as

emancipações. Foram constatadas novas formas de telhados, inexistência de recuos e tipos de

materiais que divergem, ou seja, a harmonia do espaço urbano que proporciona a identidade

local foi alterada com os novos prédios.

APÓS AS EMANCIPAÇÕES - ANÁLISE CONJUNTA DOS QUATRO MUNICÍPIOS

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Forma do telhado - Capão do Leão, Morro Redondo, Turuçu e Arroio do Padre - RS.

Fonte: gráfico elaborado pelo autor com base no inventário, 2009.

Referências

LAMAS, José P. G. Morfologia urbana e desenho da cidade. Lisboa: Calouste Gulbentrian,

1992.

MOREIRA, Clarissa da Costa: A cidade contemporânea entre a tabula rasa e a preservação:

cenários para o porto do Rio de Janeiro. São Paulo. Editora UNESP, 2004.

PESCARINI, Ismael Andrade. Revitalização de Avenidas em São Paulo. Considerações

morfológicas. Vitruvius ano 3, vol. 9, abr. 2003, São Paulo SP, 2003. Disponível em:

<www.vitruvius.com.br.> Acesso em: mar. 2008.

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Residências Neocoloniais do Bairro de Nazaré (Belém-PA): um percurso guiado pela Etnografia de Rua.

Felipe Moreira Azevedo97

Cybelle Salvador Miranda 98

Palavras-chave: Arquitetura Neocolonial. Etnografia de Rua. Belém-PA.

Introdução

Na segunda metade de Abril de 2013, demos início à pesquisa de campo para o Mestrado do

Programa de pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo – cuja dissertação se intitula

“Preservação da Arquitetura Neocolonial Brasileira: estudo arquitetônico de Residências

situadas no bairro de Nazaré, em Belém do Pará”. O presente artigo consiste na apresentação

dos dados obtidos do exercício de “Etnografia de rua” realizado na disciplina Método

Etnográfico para Pesquisa em Arquitetura, quando se fez o corte geográfico no Bairro de

Nazaré, em virtude de seu significativo acervo de residências Neocoloniais. Cada incursão em

campo revelou-se uma cena que se pode relacionar a Atos operísticos, de modo que optamos

por identificar os percursos como “O início do risvéglio: a loucura de Carmem” ou “O fechar do

ciclo: o medo de Falstaff”. Utilizamos como “guias” os autores Rocha & Eckert (2001), Novaes

(1998), Darbon (1998) e Geertz, (1957), que nos permitiram “flanar” pelas ruas a fim de

descobrir e analisar elementos, formas, bem como intervenções que, ao atualizar as

construções, resultam em perda de características distintivas do estilo. Neste caminhar,

também, foi possível perceber o espaço urbano ao qual os edifícios se integram, a coexistência

de arquitetura de diversos períodos e formas, a circulação de transeuntes, moradores e

veículos, o clima, além de mobiliário e equipamentos urbanos.

Metodologia e resultados

Propor o contrário do que fazemos, é justamente o objetivo da Etnografia de rua. Quando

estamos nela e a percorremos sem ter definido onde chegar, colocamos em prática nossos

sentidos para perceber o comportamento da cidade, das pessoas, do trânsito, além das

construções. Assim “a cidade acolhe seus passos, e ela passa a existir na existência deste que

vive (...)”. (ROCHA & ECKERT, 2001, p. 03).

Durante as caminhadas identificamos os exemplares, documentando por fotografias e

analisando suas características externas. Concebemos a imagem uma cópia da realidade

(NOVAES,1998), através da qual o olhar do arquiteto muda, pois através do método captamos

da cena aquilo que desejamos destacar, aprimorando o entendimento, como na figura 1, onde

há um exemplar tomado por vegetação e presença de sujidade advindas das intempéries,

demonstrando o descaso de alguns com nossos bens imóveis.

97Discente Mestrado em Arquitetura e Urbanismo do ITEC, UFPA, Belém, PA. E-mail:

[email protected]

98Professora Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo do ITEC, UFPA, Belém, PA. E-mail:

[email protected]; [email protected]

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Dessa forma comprovamos, também, que há no bairro de Nazaré uma quantidade de

exemplares Neocoloniais ainda preservados, como mostra a figura 2, onde as pessoas

(moradores) procuram manter nas edificações a essência externa de sua organização.

Conclusões

Ao realizar esta etapa de etnografia de rua obtivemos que as casas Neocoloniais, no bairro de

Nazaré, projetadas em sua maioria para famílias de classe média (como as da Passagem

Joaquim Nabuco), adquirem um significado além do real, tendo a simbologia diante dos olhos

dos moradores e dos outros ainda

preservados.

Todavia, nas cinco incursões presenciamos prédios Neocoloniais que se comportam como um

cenário operístico, que relembra na memória deste observador/pesquisador fatos ou

momentos de óperas como Carmen, Romeu e Julieta e que se entrelaçavam aos obstáculos e

curiosidades vistos, assim como nas formas dos prédios Neocoloniais do Bairro, onde viu-se a

busca por funcionalidade, atendendo as necessidades humanas, mas também com um signo

moralizado que representasse a família que ali residia, conferindo valor de modelo cultural.

Referências

DARBON, Sébastien. O Etnólogo e suas imagens. In: SAMAIN, Etienne (org). O Fotográfico.

Editora HUCITEC, CNPq. São Paulo, 1998.

GEERTZ, Clifford. Uma descrição densa: Por uma Teoria Interpretativa da Cultura. In A

Interpretação das Culturas. 1957.

NOVAES, Sylvia Caiuby. O uso da imagem na antropologia. In: SAMAIN, Etienne (org). O

Fotográfico. Editora HUCITEC, CNPq. São Paulo, 1998.

ROCHA, Ana Luiza Carvalho da; ECKERT, Cornelia. Etnografia de rua: estudo de antropologia

urbana. In: Iluminuras – Banco de imagens e efeitos visuais, PPGAS/UFRGS, 2001.

FIGURA 1 – Casa Neocolonial na Av. José Malcher.

Fonte: AZEVEDO, Felipe Moreira. 2013.

FIGURA 2 – Casa Neocolonial na Av. Alcindo Cacela.

Fonte: AZEVEDO, Felipe Moreira. 2013.

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Theatro Sete de Abril: A fachada e suas transformações visuais a partir do século XIX, aos

dias atuais na cidade de Pelotas, R.S.

Letícia Beck Fonseca99

Profa. Dra. Ana L. C. de Oliveira100

Palavras Chaves: Theatro Sete de Abril. Fachada. Transformações visuais. Século XIX.

Introdução

A pesquisa contempla o estudo das transformações ocorridas na fachada do prédio do Theatro

Sete de Abril desde sua construção em 1834, até os dias atuais. Esse teatro originou-se da

Sociedade Scênica que iniciou em 1831 e conquistou sua autonomia através da venda de

títulos que proporcionou a renda possível de manter a mostra de espetáculos na cidade de

Pelotas. Foi tombado pelo IPHAN, em 1979, municipalizado e, recentemente, foi contemplado

pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) das Cidades históricas, para a restauração

O objetivo principal desse estudo é mostrar as intervenções sofridas pelo prédio. Analisar as

temáticas das linguagens estéticas pelas quais a fachada se modificou da origem em 1834 para

1916, bem como analisar as técnicas construtivas e os materiais utilizados nas várias

intervenções até os dias atuais, são os objetivos específicos.

A justificativa deste trabalho consiste em preservar o passado e o presente, resgatar a

conservação, divulgação, transmitir conhecimentos, acolher as manifestações contemporâneas

em suas funções de: coleta, estudo, documentação, armazenamento, exposição e ações

educacionais sempre com a conservação. Trabalhando com as informações no trabalho de

salvaguarda da memória.

Como referências bibliográficas serão feitas também relações com correntes de restauro e

historiadores, Viollet-le-Duc, César Brandi e Hanna Levy.

Para Viollet-le-Duc (1996) diz que nos restauros, existe uma regra dominante que é necessária

ter sempre presente: não substituir as partes retiradas senão por outras, executadas com

materiais melhores, mais duráveis e perfeitos. É necessário que, em seguida à operação

efetuada, o edifício restaurado passe ai futuro com uma duração maior do que a que ele teve

até então.

Metodologia e resultados

99 Arquiteta e Urbanista, Aluno do Curso de Patrimônio Cultural em Pós Graduação de Artes Visuais (CEARTE). (2013). E-mail: [email protected].

100Arquiteta e Urbanista, Professora Doutora da Ufpel, (Faurb) e do CEARTE. E-mail:

[email protected].

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A metodologia deverá, inicialmente, estabelecer a cronologia das transformações ocorridas

pelo prédio em material gráfico (fotografias, elevações e cortes de pele) e textual, contendo as

transformações ocorridas na fachada. Abordará também a contextualização das linguagens

formais, sobremaneira a luso-brasileira (1834) e a arte decô (1916).

Os resultados esperados serão a sistematização da cronologia das intervenções, bem como, a

análise dessas ações sobre a mudança da imagem do artefato construído. Com esses

resultados será possível a divulgação da história do prédio que permitirá futuros estudos e

ações de educação patrimonial. Espera-se, com isso, contribuir para a preservação da memória

do Teatro Sete de Abril que abarca em si a memória coletiva da história do teatro em Pelotas.

Conclusões

Com a realização deste trabalho, deseja-se demonstrar que o Theatro, sendo um prédio

tombado, não apenas desempenha o trabalho de salvaguardar testemunhos da história de

Pelotas, mas a preservação de sua memória possibilita investigar, documentar a vida da

população da região, através da sua existência.

Referências

BURDEN, Ernest. Dicionário ilustrado de arquitetura. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. 367

p.

MOURA, Rosa Maria Garcia Rolim. 100 Imagens da Arquitetura Pelotense. Pelotas: Pallotti,

1998. 240 p.

DUVAL, Paulo. “Apontamentos sobre o teatro no Rio Grande do Sul e síntese histórica do

Theatro Sete de Abril de Pelotas, que serviu de Quartel dos Farrapos”. Revista do Instituto

Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, n. 97, 38 p., 1°. Trim. 1945.

PELOTAS. GOVERNO MUNICIPAL. Fundação Teatro Sete de Abril. Pelotas. (Folhetos), 199-. 12

p.

SANTOS, Carlos Alberto Ávila. Palestra de Iconologia dos bens integrados as Fachadas Ecléticas

de Pelotas, 1870-1931. Pelotas, 2013.

SANTOS. Klécio. O Teatro do Imperador: Projeto da Quati Produções Editoriais, em parceria

com a Ato Produção Cultural e a Editora Libretos, 2012. 191p.

THEATRO SETE DE ABRIL, Site. Theatro Sete de Abril. Disponível em

<www.teatrosetedeabril.com.br/> Acesso em: 20 de abril de 2013.

PINIweb, Revista. Restauração de painel da fachada do Teatro Cultura Artística, é premiada

pelo Iphan. 24/Outubro/2012.

Disponívelem<http://www.piniweb.com.br/construcao/arquitetura/restauracao-da-fachada-

do-teatro-cultura-artistica-e-premiada-pelo-272545-1.asp> Acesso em: 24 de abril de 2013.

RESTAURO. Eugène Emannuel Viollet-le-Duc. Apresentação, Tradução e Comentários por

Odete Dourado. 3.ed.rev. e ampl. Salvador: Mestrado em Arquitetura e Urbanismo. UFBA,

1996, 52P. (PRETEXTOS, Sérieb, Memórias, 1).

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SEGAWA, Hugo. Arquiteturas no Brasil 1900-1990. São Paulo: Editora da Universidade de São

Paulo, 1997. 224 p.

Fontes: http://www.sinpro-rs.org.br/extra/mar98/cultu1.htm

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INTERVENÇÃO NO PATRIMÔNIO URBANO: O CASO DA DISCIPLINA DE ATELIÊ DE ARQUITETURA,

URBANISMO E PAISAGISMO IX – CAU/UFSM

Leonora Romano101

Gabriela Quintana de Castro102

Maiara Huber103

Palavras-chave: Patrimônio. Intervenção. Revitalização. Autenticidade.

Introdução

Este artigo propõe apresentar a experiência e resultados da quarta edição da disciplina de

Ateliê de Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo IX (DAU 9019), ocorrida no primeiro semestre

de 2013, vinculada ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFSM/RS. A disciplina, de caráter

prático, tem por objetivo conhecer, analisar e aplicar as variáveis intervenientes na atividade

de projetar e organizar o ambiente construído interior e exterior através do restauro e/ou

reciclagem de ambiente de interesse cultural.

Como referência para a construção de uma consciência crítica, fundamentada na teoria e na

história acerca do patrimônio cultural, são oferecidas ainda, em semestre antecedente, as

disciplinas de Teoria e História da Arquitetura e do Urbanismo VIII (DAU 8048) e Técnicas

Retrospectivas (DAU 8050). O aparelhamento teórico das disciplinas conduz ao levantamento

físico cadastral da área, primeira etapa da disciplina prática, onde a atividade de reflexão e

análise percorrem as variáveis físicas, socioculturais e ambientais. Só após esta etapa é que se

elaboraram propostas de revitalização urbana para a área, obedecendo a suas quatro escalas:

cidade, bairro, logradouro e objeto.

Iniciou-se a exploração da área de estudo analisando a cidade como um todo, com o objetivo

de solucionar eventuais problemas relacionados ao trânsito e fluxos, assim como qualificação

de áreas verdes e proposição de zoneamentos, levando à elaboração de um Modelo Territorial

Municipal (Figura 1).

FIGURA 1 – Modelo Territorial Municipal para a cidade de Santa Maria/RS.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2013.

101 Me. PROPAR UFRGS, Departamento de Arquitetura e Urbanismo UFSM, [email protected].

102 Acadêmica do Curso de Arquitetura e Urbanismo, UFSM, [email protected].

103 Acadêmica do Curso de Arquitetura e Urbanismo, UFSM, [email protected].

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Vencida a escala cidade, a área de estudo seguinte designada para o trabalho compreendeu o

Bairro Centro, com enfoque para o Centro Histórico - escala logradouro - e por último,

trabalhou-se a pequena escala, objeto, sito à Rua Astrogildo de Azevedo, mais precisamente

ao pequeno conjunto habitacional de quatorze casas, construído para solucionar as demandas

de habitação que foram destinadas aos militares. O empreendimento era pertencente à

família do Dr. Astrogildo de Azevedo.

Metodologia e resultados

A partir de um diagnóstico realizado através de pesquisa, fotos e visitas in loco buscou-se

conhecer, identificar e registrar os problemas e potencialidades da área de intervenção, a fim

de subsidiar a elaboração do projeto. O diagnóstico compreende o registro gráfico e

fotográfico do recorte urbano do centro histórico, através de imagens e mapas esquemáticos,

os quais continham legendas de pavimentação, mobiliário urbano, vegetação, sinalização,

além de perfis dos leitos veiculares e skylines dos quarteirões. Através deste, problemas e

potencialidades locais foram verificados para que pudessem ser solucionados ou explorados.

Partindo da escala cidade, com a proposta de intervenções que valorizem o espaço urbano

como um todo, segue-se para a escala bairro, a qual visava explorar principalmente o bairro

centro (Figura 2), para que se pudesse avaliar conjuntos e edificações importantes para a

cidade.

FIGURA 2 – Delimitações e análises do Bairro Centro da cidade de Santa Maria/RS.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2013.

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Na sequência, foi realizado o levantamento físico da área de intervenção, com enfoque para a

escala logradouro, área delimitada pelas Ruas Astrogildo de Azevedo, Rua Tuiuti, Rua do

Acampamento e Rua Riachuelo, considerado um recinto de valor patrimonial no município.

Este mapeamento permitiu que fossem detectados desde problemas mais pontuais, como as

falhas na acessibilidade e mobilidade, até a falta de disciplinamento para a sinalização e

linguagem publicitária.

Identificados os problemas na escala logradouro (Figura 3), o exercício seguiu na direção da

escala objeto, que consistiu na análise da pavimentação de passeios e vias e no desenho de

mobiliário urbano.

FIGURA 3 – Definição da escala Logradouro e da escala Bairro a partir do Centro Histórico de Santa Maria/RS.

Fonte: Elaborado pelo autor, 2013.

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A partir das etapas de análise anteriores, o exercício tem continuidade nas propostas

projetuais que perpassam cada uma das escalas analisadas, partindo da macro para a

microescala. Os resultados abrangem alterações no desenho urbano, através do tratamento de

passeios, leitos veiculares, disciplinamento de áreas verdes, proposição e padronização de

mobiliário urbano, entre outros.

Conclusões

O propósito deste trabalho foi o de apresentar estratégias de requalificação do desenho

urbano considerando as preexistências históricas ou de infraestruturas. Através dos estudos e

proposições realizados para a disciplina de Ateliê de Projeto de Arquitetura, Urbanismo e

Paisagismo IX, com enfoque para o projeto urbanístico, foram propostas diretrizes que visam

qualificar o espaço urbano da cidade de Santa Maria, e que simultaneamente, levam o aluno a

uma profunda reflexão sobre espaço urbano, as possibilidades de intervenção no mesmo,

assim como sua responsabilidade para com a sociedade e com a paisagem cultural

consolidada.

Referências

ALMEIDA, L. G. B. Retratos e Memórias. Santa Maria: Pallotti, 2007. 92p.

BELÉM, J. História do município de Santa Maria 1797-1933. Santa Maria: Ed. UFSM, 2000.

BELTRÃO, R. Cronologia Histórica de Santa Maria. Canoas: Tipografia Editora La Salle, 1979.

CRUZ, A. A história da Viação Férrea em Santa Maria: Memórias de um aposentado. Santa

Maria: Pallotti, 2004. 272p.

FOLETTO, V. T.(org.). Apontamentos sobre a história da arquitetura de Santa Maria. Santa

Maria: Pallotti, 2008. 222p.

MARCHIORI, J. N. C.; MACHADO, P. F. dos S.; NOAL, V. A. Fº. Do céu de Santa Maria. Editora D

Marin, 2008. Santa Maria.

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MORALES, N. C. Santa Maria Memória: 1848 – 2008. Santa Maria: Pallotti, 2008. 280p.

RECHIA, A. A. Santa Maria: Panorama Histórico Cultura. Santa Maria: Associação

Santamariense de Letras, 2006. 336p.

SANTOS, N. R. Z. dos. Arborização de vias públicas: ambiente x vegetação. 1. ed. Porto Alegre:

Pallotti, 2001. v. 1. 135p.

SCHLEE, A. R. (2001) A Mancha Ferroviária de Santa Maria. In Lopes, C. E. J; Müller, S. R.

Seminário Território, Patrimônio e Memória. ICOMOS. Santa Maria, Editora UFSM.

SOUZA, R. F. M. A arquitetura histórica de Santa Maria como referencial de design de

superfície para marcadores de página. 2011. 115f. Dissertação (Monografia de Especialização)

- Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2011.

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Plantas arquitetônicas em papel translúcido industrial custodiadas por acervos patrimoniais.

Metodologia de Caracterização

Aline Abreu Migon dos Santos104

Margarete Regina Freitas Gonçalves105

Silvana de Fátima Bojanoski106

Palavras-chave: Conservação. Metodologia de caracterização. Plantas arquitetônicas. Papel

translúcido. Fiocruz.

Introdução

Esta comunicação tem por objetivo expor e discutir questões do projeto de dissertação

proposto para o título de Mestre no Programa de Pós-Graduação em Memória Social e

Patrimônio Cultural da Universidade Federal de Pelotas, que tem como tema a conservação107

de plantas arquitetônicas em papel translúcido108 industrial encontradas em acervos

patrimoniais. O foco principal do projeto é mostrar a aplicabilidade e o entendimento da

metodologia de tratamento da conservadora norte americana Barbara Appelbaum na

caracterização das plantas arquitetônicas em papel translúcido industrial existentes no acervo

do Fundo Presidência da Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz.

Barbara Appelbaum observa que, embora a formação do conservador seja baseada nos

materiais, os dilemas em um tratamento de conservação têm pouco a ver com os materiais.

Segundo Appelbaum (2010, p. xviii) um conservador bem treinado tem um grande repertório

de habilidades de tratamento, mas a pergunta mais difícil não é sobre o que podemos fazer,

mas o que devemos fazer. A autora argumenta ainda que as questões éticas enfrentadas por

conservadores são melhor respondidas quando se buscam as ciências sociais e humanas, as

quais são uma rica fonte para obter uma perspectiva entre a relação dos seres humanos com

os objetos. É a partir desse ponto de vista que a conservadora norte americana apresenta uma

104

Artista Plástica, Mestranda em Memória Social e Patrimônio Cultural na Universidade Federal de Pelotas, [email protected].

105Engenheira Civil, Doutora em Engenharia de Materiais pela UFRGS, docente na UFpel,

[email protected].

106Historiadora, Mestrado em História pela Universidade Estadual de Maringá, docente na UFpel,

[email protected].

107Segundo o Comitê Internacional de Museus para Conservação (ICOM-CC), a terminologia conservação corresponde a “todas aquelas medidas ou ações que tenham como objetivo a salvaguarda do patrimônio cultural tangível, assegurando sua acessibilidade às gerações atuais e futuras. A conservação compreende a conservação preventiva, a conservação curativa e a restauração. Todas essas medidas e ações deverão respeitar o significado e as propriedades físicas do bem cultural em questão”.

108Popularmente conhecido como papel vegetal, no presente trabalho utilizar-se-á a terminologia papel translúcido, devido às características visuais, pois, embora seja possível visualizar o objeto que se deseja copiar, por exemplo, um desenho, essa atividade só acontece quando o papel é colocado bem próximo ao objeto, e, mesmo assim, não se alcança a transparência absoluta. Ao ser afastado, esse papel apresenta uma característica de translucidez e não de transparência.

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metodologia sistemática projetada para atender de uma forma explícita todas as questões

relevantes para a tomada de decisão em um tratamento de conservação.

Há algum tempo a tomada de decisão é um dos pontos centrais da epistemologia da

conservação-restauração. Medina-González (2011, p.5) caracteriza o profissional conservador-

restaurador pela sua capacidade de processar informações, identificar e analisar um problema,

aplicar a sua experiência e conhecimento, e, com base nisso, determinar um curso de ação.

Portanto, a tomada de decisão é composta pela relação entre teoria, metodologia e prática.

Nesse sentido Oliveira (2011, p. 72) afirma que decisão é a ação tomada com base na avaliação

de informações, ressaltando ainda a importância em considerar que para toda ação existe uma

reação, e, por consequência, a reação é a base da decisão.

Logo, sendo o conservador-restaurador um dos responsáveis pela preservação do patrimônio

cultural, este deve pensar profundamente sobre todo o processo de realização de um

tratamento, incluindo não apenas os procedimentos técnicos, mas, como na metodologia

proposta de Barbara Appelbaum, também a filosofia subjacente, suposições, e juízos de valor,

presentes e futuros, inerentes ao objeto, que podem contribuir em cada decisão durante o

tratamento. Mais que salvaguarda de resquícios do passado, a proteção do patrimônio cultural

é um trabalho de reapropriação, restituição e reabilitação do próprio presente, com vistas a

um futuro de relações sociais mais justas. Por conseguinte, para elaborar uma proposta de

tratamento de conservação, percebe-se uma necessidade inicial em entender os valores

materiais e imateriais109 do objeto que será tratado.

Metodologia e resultados

Tendo como estudo de caso o acervo de plantas arquitetônicas em papel translúcido industrial

do Fundo Presidência da Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz, Seção Diretoria da Administração

do Campus, que se refere à formação do campus de Manguinhos e de outros dois institutos da

Fiocruz, aplicou-se a metodologia seguiu o que Appelbaum identificada como "grade de

caracterização". A autora enfatiza que uma caracterização completa do objeto vai além de

apenas uma descrição física e inclui informações sobre os aspectos materiais e não-materiais

(intangíveis) de um objeto. Para desenvolver o trabalho foram feitos estudos bibliográficos,

entrevistas com funcionários, exames físicos (exames organolépticos e microscopia digital) e

contato com profissionais da área de conservação de papel.

Considerando que no Brasil a conservação desse tipo de papel especial110 ainda é pouco

divulgada, provavelmente, por ele não ser fabricado no país, além do fato das plantas de

arquitetura em papel translúcido industrial serem de difícil conservação, a aplicação da

metodologia proposta foi de grande valia, pois forneceu um método sistemático para garantir

que questões intelectuais, históricas, culturais e éticas fossem cuidadosamente consideradas e

109 Aqui para o tratamento de conservação não se busca apenas exames físicos, mas também uma investigação sobre os valores do objeto para quem o custodia e outras partes interessadas, baseando-se em uma investigação de informações culturais e sociais.

110 Papéis especiais são fabricados para fins específicos e necessitam de alguns componentes ou processo de fabricação especial para atingir sua finalidade. Alguns exemplos são: papel para cigarro, o papel carbono e papéis para desenhos.

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discutidas com atores envolvidos. O resultado é um diálogo entre: Arquitetura, Arquivologia,

Patrimônio e História.

Conclusões

Esse estudo permitiu verificar, através da importância dos desenhos das plantas arquitetônicas

em papel translúcido industrial na história da Fiocruz e da Arquitetura brasileira, que é possível

escrever sobre arquitetura tendo como base apenas o edifício, mas não é possível escrever

sobre a história da arquitetura sem consultar os desenhos arquitetônicos.

Referências

APPELBAUM, Bárbara. Conservation Treatment Methodology. Oxford: Butterworth-

Heinemann/Elsevier, 2007

MEDINA-GONZÁLEZ, Isabel. Hacia un nuevo centro de gravedad:el proceso de toma de

decisiones en la definición y formación de conservadores-restauradores profesionales.

Conserva, n. 16, p.5-15, 2011.

OLIVEIRA, Djalma, P.R. Sistemas, organização e métodos: uma abordagem gerencial. 15. ed.

São Paulo: Atlas, 2005.

VIÑAS, Salvador Muñoz. Teoría Contmporánea de la Restauración. Madrid: Editorial Síntese,

2004.

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Estudos acadêmicos de reconfiguração do skyline original das antigas “14 casas” da Rua Astrogildo de

Azevedo, Santa Maria/RS

Maurício Martini111

Ana Júlia Scortegana Socal112

Diego Dilly Both113

Filipe Bassan Marinho Maciel114

Leonora Romano 115

Palavras-chave: Reconfiguração. Skyline original. 14 casas.

Introdução

O trabalho a seguir é resultado de um estudo acadêmico realizado na disciplina de Ateliê de

Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo IX, do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade

Federal de Santa Maria (UFSM), durante o primeiro semestre de 2013. O tema da disciplina

encaminha-se para intervenções propriamente ditas em edificações de identificado valor

cultural, além de espaços abertos e verdes para uso público. O objeto de estudo consiste no

conjunto de sobrados em fita remanescentes da Rua Astrogildo Cézar de Azevedo, no Centro

Histórico de Santa Maria. Os sobrados possuem importante valor cultural para a cidade,

devido à personagem de seu empreendedor, Dr. Astrogildo Cézar de Azevedo, médico, o qual

empresta seu nome à rua onde se localiza o conjunto e ao principal hospital da cidade. O

conjunto das casas conferiu valor simbólico à paisagem urbana local, pelo menos até o final do

século XX, quando parte deste conjunto foi demolida (restam apenas sete de um conjunto de

quatorze sobrados), mutilada ou descaracterizada. O cenário local que se apresenta é

diversificado, provavelmente devido à crescente expansão e exploração imobiliária, dando

lugar a edificações de diferentes tipologias, volumetrias e proporcionalidades, subtraindo a

ideia de conjunto e depreciando a paisagem urbana preexistente.

Assim, o objetivo primeiro do trabalho foi justamente a liberação destas edificações

descaracterizantes, a reconfiguração do conjunto de quatorze casas e a devolução do skyline

original. O objetivo segundo diz respeito à apropriação de espaço livre e verde no meio do

quarteirão - como suporte à revitalização do conjunto preexistente - visando à melhoria

ambiental local e do uso e fruição do espaço ao imprimir uma nova unidade ao conjunto.

Metodologia e Resultados

111 Autor/Apresentador. Acadêmico de Graduação do Curso de Arquitetura e Urbanismo, UFSM,

[email protected]

112 Co-autor. Acadêmica de Graduação do Curso de Arquitetura e Urbanismo, UFSM, [email protected]

113 Co-autor. Acadêmico de Graduação do Curso de Arquitetura e Urbanismo, UFSM, [email protected]

114 Co-autor. Acadêmico de Graduação do Curso de Arquitetura e Urbanismo, UFSM, [email protected]

115 Orientadora. Arquiteta e Urbanista UFSM, Me. Teoria, História e Crítica PROPAR/ UFRGS, Docente DAU/ UFSM

[email protected]

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O trabalho compreendeu duas etapas distintas: o registro material do bem cultural imóvel e

posterior elaboração das propostas de intervenções arquitetônicas. O registro foi feito através

de pesquisa documental e levantamento cadastral. A primeira foi realizada em acervos

públicos e privados, compilando fotografias e plantas executivas de reformas realizadas.

Complementando a pesquisa documental, a neta de Astrogildo de Azevedo, Marina de

Azevedo Klumb Dallasta forneceu um relato memorial com informações relevantes da época

de construção e do processo de ocupação das casas. O levantamento cadastral consistiu na

tomada das medidas planimétricas e altimétricas in loco, para elaboração de uma base de

desenhos técnicos para a realização da etapa de projeto.

Como resultados, ao final da disciplina, foram elaboradas vinte e nove propostas individuais

diferentes, das quais quatro serão apresentadas, em maior detalhamento, no artigo

pretendido. Todas as propostas seguiram a diretriz comum de reconfigurar a ambiência do

conjunto com a inserção de sete novas edificações, cabendo aos alunos a definição dos usos

das casas e do interior do quarteirão.

Conclusões

As cidades são dinâmicas, permanecem em constante mutação através da vivência das pessoas

que nela passam. Devido a esta constante dinâmica, edificações de identificado valor

patrimonial, representativas da cultura e história da cidade acabam sendo desvalorizadas em

troca de edificações descaracterizantes a paisagem urbana. Nesse contexto que o trabalho

realizado na disciplina ganha importância. Ao estabelecer como eixo temático o Patrimônio

Cultural, foi possível qualificar os acadêmicos – através do processo metodológico de pesquisa

e levantamento e prática projetual – para a realização de projetos que visassem à manutenção

da ambiência pré-existente.

Nesse contexto, os objetivos do trabalho realizado na disciplina foram atingidos. Embora as

propostas para a área tivessem usos diferenciados, proporcionando diferentes tipos de

arquiteturas e conceitos, todas seguiram diretrizes semelhantes como conservar edificações

preexistentes investindo em intervenções que primem pelo princípio da reversibilidade;

preservar o patrimônio histórico e cultural da cidade e qualificar o meio do quarteirão, seja na

abertura de vias, proporcionando vivências, seja na manutenção da vegetação existente,

proporcionando um microclima diferenciado no espaço de intervenção.

Referências

DALLASTA. M. de A. K. Sobre a construção das 14 casas. Santa Maria, 17 de abril de 2013.

Relato memorial.

MARCHIORI, J. N C; MACHADO, P. F. dos S; FILHO, V. A. N. (org.) Do céu de Santa Maria. Santa

Maria: D Marin, 2008. 253p.

SOUZA, R. F. M. A arquitetura histórica de Santa Maria como referencial de design de

superfície para marcadores de página. 2011. 115f. Dissertação (Monografia de especialização)

– Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria.

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VARGAS, H. C; CASTILHO, A. L. H. de. (org.) Intervenções em centros urbanos: objetivos,

estratégias e resultados. 2. ed. Barueri: Manole, 2009. 289p.

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Patrimônio Histórico e Acessibilidade: a busca do equilíbrio entre o respeito pela memória e o

respeito pelas pessoas

Camila Warpechowski116

Palavras-chave: Acessibilidade. Monumento Histórico. Patrimônio Cultural.

Introdução

Os conceitos de patrimônio histórico e acessibilidade sofreram modificações ao longo do

tempo, bem como a evolução da legislação pertinente a esses temas. A preservação do

patrimônio é necessária para a valorização da identidade de um grupo humano, e o

reconhecimento do valor desse bem patrimonial é garantido através do uso que a comunidade

faz dele.

Quanto maior o conhecimento de uma comunidade sobre sua história e seus bens culturais,

mais estes serão respeitados e protegidos. A participação popular tem um papel importante na

preservação do patrimônio cultural, que deve ser incentivada pelo poder público. Para isso é

necessário buscar o acesso universal ao patrimônio edificado para que um maior número de

pessoas possa usufruí-lo e apreciá-lo.

São muitas as dificuldades encontradas na revitalização de edificações e sítios históricos, assim

como em seu entorno e acessos. Os monumentos históricos não foram originalmente

projetados para receber pessoas com necessidades especiais (PNE) e com mobilidade reduzida

(PMR), e principalmente quando tem seu uso reciclado, necessitam de adaptações que devem

incluir os parâmetros de acessibilidade. Nesta pesquisa são abordados os aspectos de inclusão

relacionados com questões arquitetônicas, relacionados com a acessibilidade espacial.

Metodologia e resultados

A metodologia utilizada consistiu basicamente no levantamento, reflexão e análise de dados

coletados em bibliografia existente sobre o tema e no estabelecimento de um diagnóstico de

um estudo de caso a fim de subsidiar a proposta das adequações possíveis em uma edificação

histórica.

A análise técnica da edificação foi feita com levantamentos fotográficos e vistorias, nas quais

foram realizadas medições e identificadas as intervenções necessárias bem como as

possibilidades de adequação. Foram utilizadas como parâmetros a ABNT NBR 9050/2004,

legislação específica vigente e bibliografia sobre patrimônio cultural e acessibilidade.

Através do relato de um estudo de caso em uma edificação histórica tombada, o Palácio

Piratini, podemos exemplificar o que pode ser desenvolvido em termos de projeto de

adequação à acessibilidade, elucidando os requisitos mínimos para sua adaptação.

116 Arquiteta e Urbanista, Pós graduanda em Especialização em Restauração e Reabilitação do

Patrimônio Edificado – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre,

RS. [email protected]

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Para o equilíbrio dos requisitos de conservação e acessibilidade são necessárias soluções

específicas para cada local. Devem ser evitadas alterações que afetem o caráter especial do

edifício e principalmente os que motivaram a sua proteção. As alterações que forem feitas

devem ser reversíveis e com materiais contemporâneos e sempre buscar medidas que

minimizem essas alterações. Conforme Art. 9° da Carta de Veneza “...todo o trabalho de

complemento que se reconheça indispensável por razões estéticas ou técnicas depende da

composição arquitetônica e possuirá a marca do nosso tempo.”

Os ambientes adequados necessitam de boa iluminação e acústica, com ruído de fundo

reduzido para facilitar a comunicação. As cores utilizadas, principalmente nos obstáculos,

devem ser contrastantes, os ambientes bem sinalizados e desobstruídos.

Os espaços devem ser planejados a receber pessoas com dificuldades de locomoção, sensoriais

e cognitivas. Os projetos de adequação devem dar prioridade à entrada e entorno da

edificação, como estacionamento e recepção; localização e orientação dos usuários; saída de

emergência segura, bem como saúde e segurança dos usuários; e instalação de sanitários

acessíveis.

Conclusões

É importante demonstrar que a inclusão social em bens acautelados é possível respeitando a

legislação de proteção e conservação, bem como de acessibilidade. A discussão sobre o tema é

importante para assegurar a qualidade dos projetos de readequação inclusiva e fomentar a

aplicação da legislação pertinente.

As diretrizes gerais apresentadas no texto, bem como as sugestões de adaptação da edificação

do estudo de caso apresentado, podem auxiliar em outros projetos de adaptações de

edificações históricas, demonstrando que é possível cumprir tanto as legislações existentes de

acessibilidade quanto de proteção do patrimônio edificado.

Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 9050: Acessibilidade a

edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, 2004. 104p.

BRASIL. Senado Federal. Secretaria-Geral da Mesa. Constituição da República Federativa do

Brasil, 1988. Disponível em :

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm> Acesso em: 19 ago.

2012.

BRASIL. Senado Federal. Declaração Universal dos Direitos Humanos, Brasília, DF: Senado,

2008. Disponível em:

<http://portal.mj.gov.br/sedh/ct/legis_intern/ddh_bib_inter_universal.htm> Acesso em: 28

out. 2012.

BRASIL. Decreto-lei n.° 25, de 30 de novembro de 1937. Organiza a proteção do Patrimônio

Histórico e Artístico Nacional. Diário Oficial da União: República Federativa do Brasil: Poder

Legislativo, Rio de Janeiro, RJ, 6 dezembro 1937. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del0025.htm> Acessado em: 14 out. 2012.

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BRASIL. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo demográfico 2000.

Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2000/>. Acesso

em: 12 ago. 2012.

BRASIL. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo demográfico 2010.

Disponível em: <http://www.censo2010.ibge.gov.br/apps/mapa/>. Acesso em: 12 ago. 2012.

BRASIL. Lei n.° 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Estabelece normas gerais e critérios

básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou

mobilidade reduzida. Diário Oficial da União: República Federativa do Brasil: Poder Legislativo,

Brasília, DF, 2000. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l10098.htm>

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CAMBIAGHI, Silvana. Desenho universal: métodos e técnicas para arquitetos e urbanistas. São

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Históricos, Veneza, 1966. Disponível em:

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INSTITUTO DO PATRIMÔNIO ARTÍSTICO NACIONAL. Instrução normativa n.° 1, de 25 de

novembro de 2003. Dispõe sobre a acessibilidade aos bens culturais imóveis acautelados em

nível federal, e outras categorias, conforme especifica. Brasília, DF. Disponível em:

<http://portal.iphan.gov.br/portal/baixaFcdAnexo.do?id=355> Acessado em: 28 jul. 2012.

PORTO ALEGRE. Lei Complementar n.° 678, de 22 de agosto de 2011. Institui o Plano Diretor

de Acessibilidade de Porto Alegre. Diário Oficial de Porto Alegre: Porto Alegre: Poder

Legislativo, Porto Alegre, RS, 24 agosto 2011. Disponível em:

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RIO GRANDE DO SUL . Casa Civil – Assessoria de Arquitetura. Secretaria de Estado da Cultura.

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Palácio Piratini: 85 anos; Patrimônio da arquitetura, cenário de história e política /

organização de Flávia Boni Licht; Luiz Antonio Custódio...[et al.]. – 2.ed. rev. – Porto Alegre:

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SOUZA FILHO, Carlos Frederico Marés de. Bens culturais e proteção jurídica. 2. Ed – Porto

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Editora Universidade de São Paulo: [Fundação] Vitae, (Série Museologia, 8), 2005. 118p.

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O “Raio que o parta” em Belém: um estudo sobre a valorização da arquitetura popular paraense

Laura Caroline de Carvalho da Costa117

Cybelle Salvador Miranda118

Palavras-chave: Arquitetura popular, raio que o parta, memória, valor afetivo.

Introdução

O artigo apresenta os principais resultados obtidos através da realização do Workshop “O Raio

que o parta na arquitetura modernista paraense” com os alunos da disciplina Estética das

Artes Plásticas, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Pará. O

objetivo da atividade consistiu em voltar o olhar da comunidade acadêmica para a arquitetura

popular paraense, em especial o que se convencionou chamar de “Raio que o parta”. Esse

fenômeno difundiu-se de maneira ostensiva em Belém, como comprovam pesquisas recentes

sobre o assunto (BRAGA, 1995; MIRANDA & CARVALHO, 2009; CARDOSO, 2012), além de

municípios do interior do Estado.

Metodologia e resultados

Os alunos dividiram-se em equipes para analisar exemplares do fenômeno da arquitetura

popular modernista denominado “Raio que o parta” em cinco bairros de Belém: Guamá,

Pedreira, Telégrafo, Cremação e Jurunas, fazendo uso do método etnográfico - elaboração de

diário de campo, registro fotográfico e entrevistas (GEERTZ, 1978; OLIVEIRA, 2000). Ao final da

pesquisa, foi realizado um seminário em que cada grupo apresentou os dados de seu

respectivo bairro.

Nas áreas estudadas, observou-se que muitas residências perderam alguns dos traços

característicos desse estilo, através de reformas empregadas pelo proprietário/morador. Em

obras que permanecem sem alterações significativas, notaram-se duas posturas: a de

manutenção por gosto (preservação da memória familiar) ou por falta de recursos

econômicos.

117 Designer, Arquiteta e Urbanista, Mestranda em Arquitetura e Urbanismo, Universidade

Federal do Pará, [email protected].

118 Arquiteta e Urbanista, Doutora em Antropologia, Universidade Federal do Pará,

[email protected].

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FIGURA 1 – Residência “raio que o parta” no bairro da Cremação

Fonte: Equipe Cremação (Natanael Cuimar, Emerson Cunha, Divan Rodrigues e Elidelson Souza)

FIGURA 2 – Residência “raio que o parta” no bairro do Telégrafo

Fonte: Equipe Telégrafo (Abílio Modesto, Ana Paula Vasconcelos, Barbara Salgado e Julia Ladeira)

Conclusões

Os alunos levantaram considerações pertinentes sobre a postura do morador em relação à

residência, no que diz respeito ao valor afetivo atribuído por este – quando opta por manter os

traços originais – e ao desejo de modernização, quando realiza ou mostra interesse em alterar

a edificação. Essas conclusões reforçam as idéias propostas por Riegl (2004), quando fala do

valor absoluto e valor relativo: para ele o termo “valor” é tratado como um evento histórico,

não permanente.

Como sugestões para minimizar o apagamento do estilo, os discentes propuseram um plano

de educação patrimonial junto à população, conscientizando sobre a importância do estilo

como elemento formador de identidade cultural do estado. A pesquisa sobre o tema

despertou nos discentes o interesse pela arquitetura popular do “raio que o parta” e sua

manutenção como forma de preservar a identidade arquitetônica de Belém.

Referências

CARVALHO, Ronaldo Marques de; MIRANDA, Cybelle Salvador. Dos mosaicos às curvas: a

estética modernista na Arquitetura residencial de Belém. In: Arquitextos, São Paulo, 10.112,

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antropólogo. São Paulo: Unesp, 2000.

RIEGL, Aloïs. O Culto dos monumentos: sua essência e sua gênese. Goiânia: Editora da

Universidade Católica de Goiás, 2006.

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(Especialização). Núcleo de Altos Estudos Amazônicos, Universidade Federal do Pará. Belém,

1995.

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PIRENÓPOLIS: UM ESTUDO DE CASO SOBRE PATRIMÔNIO, MUSEU E DESENVOLVIMENTO

SUSTENTÁVEL

Ingrid Orlandi Meira119

Natasha Mejia Buarque120

Palavras-chave: Pirenópolis. Cidade-Museu. Restauração. Revitalização. Desenvolvimento

sustentável. Patrimônio edificado.

Introdução

Pirenópolis é detentora de um rico patrimônio cultural, de natureza material e imaterial, tendo

bens culturais edificados tombados pelo IPHAN isoladamente (Igreja Matriz de Nossa Senhora

do Rosário, Fazenda Babilônia) ou em conjunto (conjunto arquitetônico, urbanístico e

paisagístico – centro histórico); registrado no Livro das Celebrações do IPHAN como a Festa do

Divino Espírito Santo; e também áreas de preservação ambiental como o Parque Estadual da

Serra dos Pireneus e a Área de Proteção Ambiental dos Pireneus. O propósito desta pesquisa

(Fase 1) é investigar as contribuições que a Museologia pode trazer para a preservação do

patrimônio cultural de Pirenópolis, a partir de estudos de caso.

Pirenópolis foi objeto de visita técnica, atividade programada para o segundo semestre letivo

de 2012, das disciplinas Museologia e Comunicação 1 e Museologia 2, do Curso de Museologia

da Faculdade de Ciência da Informação da Universidade de Brasília - UnB. Como resultado

dessa atividade, surgiu o Projeto de Iniciação Científica " Pirenópolis: um estudo de caso sobre

patrimônio, museu e desenvolvimento sustentável", orientado pela Prof.ª Dr.ª Celina

Kuniyoshi, que tem por objetivo realizar um estudo de caso sobre patrimônio, museu e

desenvolvimento sustentável, com foco na cidade de Pirenópolis/GO. Neste presente trabalho

será apresentada a primeira fase do Projeto, assim como os resultados obtidos até então.

Metodologia e resultados

O trabalho foi dividido em duas análises (planos de trabalho), em locais distintos da cidade de

Pirenópolis:

Análise 01: Restauração da Igreja do Bonfim e seu impacto sócio-cultural em Pirenópolis/GO:

um estudo de caso

Este plano de trabalho contempla a análise da restauração de um bem cultural isolado: a Igreja

de Nosso Senhor do Bonfim. Mediante um estudo aprofundado das Cartas Patrimoniais e das

técnicas retrospectivas, busca-se compreender as características peculiares da igreja e

119 Graduada em Arquitetura e Urbanismo pelo Centro Universitário de Brasília - UniCEUB,

estudante de graduação em Museologia na Universidade de Brasília - UnB. e-mail:

[email protected]

120 Estudante de Arquitetura e Urbanismo no Centro Universitário de Brasília - UniCEUB,

estudante de Graduação em Museologia na Universidade de Brasília - UnB. e-mail:

[email protected]

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acompanhar, documentar e analisar a restauração atual e as anteriores. Investiga a relação da

comunidade local com a Igreja de Nosso Senhor do Bonfim, bem como as representações

feitas pelos moradores sobre o bem cultural e as políticas de preservação do patrimônio

cultural em Pirenópolis, e consequentemente, os impactos sócio-culturais na cidade

decorrentes do tombamento pelo IPHAN e das intervenções de preservação do patrimônio

cultural pirenopolino.

Análise 02: Impactos sócio-culturais decorrentes do projeto de Revitalização da Orla Rio das

Almas, Pirenópolis/GO: um estudo de caso

Neste plano de trabalho é contemplada a análise da revitalização de uma área urbana (orla do

Rio das Almas – Projeto Beira-Rio). Investiga-se os estudos de impacto de vizinhança e

consulta-se a comunidade local e os especialistas responsáveis pela obra. Examina-se as

relações entre revitalização de extensa área urbana (tendo como parâmetros as questões

ambientais, as obras de paisagismo, os equipamentos urbanos para turismo e lazer) e o

turismo local, ecomuseu, museu de território, museu integral, chancela de paisagem cultural e

desenvolvimento sustentável.

Metodologia utilizada no projeto:

Execução de revisão bibliográfica e de levantamentos bibliográficos e de fontes (textuais,

iconográficas, vídeos, filmes, processos/estudos de tombamento, projetos de restauração

e revitalização, leis e decretos, cartas de preservação e outros) em arquivos, bibliotecas,

museus e centros de documentação de Brasília/DF, Pirenópolis/GO;

Visitas técnicas à cidade, ao canteiro de obras de restauração em andamento, às áreas

previstas para revitalização do Rio das Almas e respectivas documentações fotográficas,

iconográficas, sonoras e em vídeo;

Aplicação de questionários, entrevistas e gravação de depoimentos;

Elaboração de quadros cronológicos relativos às intervenções de preservação no município

e de seus impactos sócio-culturais;

Criação de base de dados informatizada e cadastramento de informações relevantes;

Redação de relatório final;

Conclusões

O projeto tem previsão de duração de um ano e encontra-se em sua fase inicial. Apesar disso

já podemos observar alguns resultados relevantes para o projeto.

Foram feitas visitas técnicas à cidade de Pirenópolis e aos locais específicos de cada um dos

planos de trabalho já citados. Durante essas visitas foram feitos os levantamentos fotográficos

das áreas em questão assim como a compatibilização dos projetos originais com os que foram

executados (principalmente no projeto de revitalização da Orla do Rio das Almas) como

também foi iniciada a elaboração dos questionários para analisar a percepção dos moradores

locais em relação ao tombamento do centro histórico cidade de Pirenópolis.

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Ao final do projeto esperamos melhorar a percepção e a integração da comunidade nos

trabalhos e intervenções referentes ao patrimônio cultural de Pirenópolis e buscamos como

resultado final a valorização e preservação, por parte da comunidade local, de seu patrimônio

cultural.

Referências

ALMEIDA, Miriam de Lourdes. A cidade de Pirenópolis e o impacto do tombamento.

Dissertação (Mestrado)—Universidade de Brasília, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo,

Brasília, 2006. Disponível em: <http://hdl.handle.net/10482/3493>. Acesso em: 30 abr. 2013.

BANDUCCI JR. Álvaro. Turismo e antropologia no Brasil: estudo preliminar. Turismo e

identidade local: uma visão antropológica. Campinas, SP: Papirus, 2001, p. 21-47

BARBUY, Heloisa. A conformação dos ecomuseus: elementos para compreensão e análise.

Anais do Museu Paulista. São Paulo, Nova Série, v. 3, p. 205-236, 1999.

BRASIL. Ministério do Turismo. Secretaria Nacional de Políticas de Turismo. Departamento de

Estruturação, Articulação e Ordenamento Turístico.Coordenação Geral de Regionalização. Os

aspectos da sustentabilidade turística. In: ___. Programa de Regionalização do Turismo -

Roteiros do Brasil : Turismo e Sustentabilidade. Brasília, 2007.

CARDOSO, Lourenço. Observando fotografias, enxergando discursos: narrativas fotográficas

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Dissertação (Mestrado em Comunicação)-Universidade de Brasília, Brasília, 2009. Disponível

em: <http://hdl.handle.net/10482/5252>. Acesso em: 30 abr. 2013.

CASTRO, Ana Lucia Sianes de. Museu e Turismo: uma relação delicada. In: ENANCIB, 8., 2007,

Salvador. 2007. 1 CD-ROM.

CORRÊA, Alexandre Fernandes. Metamorfoses conceituais do Museu de Magia Negra: primeiro

patrimônio etnográfico do Brasil. In: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ANTROPOLOGIA.

Antropologia e patrimônio cultural: diálogos e desafios contemporâneos. Blumenau: Nova

Letra, 2007, p. 287-318.

CURY, Isabelle. Cartas patrimoniais. Rio de Janeiro: IPHAN, MinC, 2000.

GONZÁLEZ, Lucía. Los museos como herramientas de transformación social del territorio. El

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Economia de Museus. Brasília: MinC/IBRAM, 2010, p. 53-72.

IPHAN, Processo n.° 240-T-41.

IPHAN, Processo n.° 1181-T-41.

KIMURA, Simone. Vestígios da imigração japonesa no Brasil: um patrimônio possível. Bens

tombados pelo IPHAN entre 1985 a 2010. 2013. 118f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e

Urbanismo)-Universidade de Brasília, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Brasília, 2013.

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ANPPAS, 3, Brasília, 2006. Anais eletrônicos... Brasília, UnB, 2006. Disponível em

<http://www.anppas.org.br/encontro_anual/encontro3/arquivos/TA452-03032006-

124319.DOC>. Acesso em: 10 maio 2013.

NASCIMENTO JÚNIOR, José do. Museus como agentes de mudança social e desenvolvimento.

IN: Musas. Revista Brasileira de Museus e Museologia. Rio de Janeiro, IBRAM, ano V, n. 4 , p.

149-162, 2009.

NASCIMENTO JÚNIOR, José do; COLNAGO, Ena. Economia da cultura. In: NASCIMENTO

JUNIOR, José do (org.). Economia de Museus. Brasília: MinC/IBRAM, 2010, p.203-234.

PAIVA, Andréa Lúcia da Silva. Museu dos escravos, museu da abolição: o museu do negro e a

arte de colecionar para patrimoniar. In: ABREU, Regina; CHAGAS, Mário de Souza; SANTOS,

Myrian Sepúlveda dos (Orgs.). Museus, coleções e patrimônios: narrativas polifônicas. Rio de

Janeiro: Garamond, MinC/IPHAN/DEMU, 2007, p. 203-228.

RAMÍREZ, Juan Antonio. Cómo escribir sobre arte y arquitectura. 2. ed. Barcelona: Ediciones

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Mário de Souza; SANTOS, Myrian Sepúlveda dos (Orgs.). Museus, coleções e patrimônios:

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SITE DO IPHAN: Principal: Patrimônio Cultural: Patrimônio Imaterial. Disponível em:

<http://portal.iphan.gov.br/portal/montarPaginaSecao.do?id=10852&retorno=paginaIphan>.

Acesso em: 9 maio 2013, 20:32h.

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CONFLITOS TEÓRICO-PRÁTICOS NA RESTAURAÇÃO DO GRANDE HOTEL DE PELOTAS

Karen Velleda Caldas121

Carlos Alberto Avila Santos122

Palavras-chave: Restauração. Teoria Contemporânea da Restauração. Patrimônio. Grande

Hotel de Pelotas. Tombamento

Introdução

Pelotas reúne inúmeras edificações inventariadas pela Secretaria Municipal de Cultura,

emblemas do apogeu econômico do ciclo do charque e da atividade industrial que se

desenvolveu durante a segunda metade do século XIX. É nesse contexto que se insere a

construção do Grande Hotel enquanto expressão do “espírito progressista da sociedade

pelotense” (SANTOS: 2007). O imponente prédio em estilo eclético, construído entre os anos

de 1925 e 1928, foi tombado pela municipalidade em 1986 e posteriormente foi alvo de duas

restaurações através do Programa Monumenta.

A primeira delas, executada em 2004, compreendeu intervenção na fachada e cobertura. A

segunda, que readequou o prédio como Hotel-Escola, foi dividida em duas etapas. A primeira,

iniciada em 2009, envolveu a remodelação da estrutura e da redistribuição interna. A segunda,

ainda não executada, realizará a finalização e os acabamentos do interior do prédio.

Alvo de críticas e debates, a segunda restauração é acusada de haver descaracterizado o

prédio internamente e de ter ferido a legislação que regulamenta o tombamento: foram

eliminadas paredes de estuque dos antigos quartos e, devido à nova circulação interna, foi

elevada a cobertura zenital do hall, alterando o espaço do pátio interno do edifício.

Após, fruto de parceria firmada entre a Prefeitura e a Universidade Federal de Pelotas, o

prédio tornou-se sede de uma graduação em Hotelaria. A análise deste estudo prevê

comparação do espaço do pátio interno antes e depois das intervenções, explorando a

dialética entre as teorias de restauro e a prática realizada nas referidas intervenções.

Pretende-se demonstrar que as restaurações resultam de tomadas de decisão não só técnicas,

mas prescindíveis de ações fundamentadas em conceitos teóricos consistentes e acordes com

a contemporaneidade, pois que estão diretamente conectadas com a memória que se deseja

manter.

A discussão está apoiada nos conceitos de Cesare Brandi (1963) e de Salvador Muñoz Viñas

(2004), nos critérios da mínima intervenção, da distinguibilidade e da retratabilidade.

121 Conservadora-Restauradora, Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Memória

Social e Patrimônio Cultural da UFPel, Universidade Federal de Pelotas,

[email protected]

122 Doutor em Arquitetura e Urbanismo, área Conservação e Restauro, pela Faculdade de

Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Bahia, professor adjunto da Universidade

Federal de Pelotas, Coordenador da Pós-Graduação Especialização em Artes do Centro de

Artes/UFPel, [email protected]

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Conjuntamente representam aspectos balizadores que deveriam determinar, a priori, as

escolhas das ações interventivas. Parte-se da premissa de que tais princípios são plenamente

aplicáveis, além de necessários para uma preservação adequada que efetive a fruição aos

grupos de pertencimento atuais e futuros. No caso em tela, trata-se de prédio tombado em

nível municipal e que, apesar da prerrogativa legal, o mesmo poder que lhe atribuiu significado

patrimonial permitiu intervenções que descaracterizaram o edifício de maneira irreversível. A

análise se desenvolve confrontando o antes e o depois das intervenções à luz dos conceitos de

Brandi e Muñoz Viñas, em relação a legislação pertinente, especialmente quanto à lei de

tombamento do município. Além das teorias dos dois especialistas, o debate proposto enfoca

os princípios consolidados no Código de Ética do profissional restaurador, bem como as

orientações das Cartas Patrimoniais.

Metodologia e resultados

O estudo realizou o levantamento e a análise dos dados históricos e estéticos. Com base na

análise da iconografia disponibilizada pela SECULT e produzida pelos autores do texto, as

informações foram sistematizadas graficamente, exemplificando as diferenças (antes e depois

da intervenção). Foram analisadas imagens digitais criadas com software SketchUp, plantas em

AutoCAD disponibilizadas pelo escritório do Programa Monumenta e fotografias executadas

pela SECULT e pelos autores. Para avaliar as alterações a discussão se baseou nos conceitos

teóricos da mínima intervenção e da reversibilidade e/ou retratabilidade. Foram averiguados

os conceitos para o tombamento do Grande Hotel para verificar os limites de intervenção

apresentados e regulamentados pela referida legislação, confrontando-os com a intervenção

propriamente dita.

Conclusões

Em relação aos aspectos históricos e estéticos, a conclusão é de que a percepção do espaço

interno do edifício foi modificada na restauração que reposicionou o teto zenital. As fotos

apresentadas e a simulação em 3D registraram sua posição antes e depois da intervenção. As

transformações verificadas contrariam o critério da mínima intervenção.

O caso em tela evidencia que as regulamentações não foram suficientes para a manutenção

dos valores simbólicos do bem, pois a segunda intervenção também contrariou princípios

determinados nas legislações do município que instituíram o tombamento. A inscrição do

prédio no Livro de Tombo Histórico e Cultural do município conferiu ao Grande Hotel uma

garantia presumida de preservação da totalidade de suas características internas e externas,

contudo a modificação dos espaços internos descaracterizou a edificação estética e

historicamente, ferindo a legislação.

Referências

ALMEIDA, Liciane Machado; BASTOS, Michele de Souza. A experiência da cidade de Pelotas no

processo de preservação patrimonial. Revista CPC, São Paulo, v.1, n.2, p.96-118, maio/out.

2006. p.96

APPELBAUM, Barbara. Criteria for treatment: reversibility. Journal of the American Institute

for Conservation, V. 26, Nº 2: p. 65-73, 1987.

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FRONER, Yacy-Ara; ROSADO, Alessandra. Princípios históricos e filosóficos da conservação

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GUTIERREZ, Ester J. B. Negros, Charqueadas e Olarias: um estudo sobre o espaço pelotense.

Pelotas: UFPel, 1993.

KÜHL, B. M. História e ética na conservação e na restauração de monumentos históricos.

Revista CPC - USP, São Paulo, n.1, p.16-40, 2006. Disponível em:

http://www.revistasusp.sibi.usp.br/pdf/cpc/n1/a03n1.pdf

Lei 2708/82. Dispõe sobre a proteção do patrimônio histórico e cultural do município de

Pelotas e dá outras providências. Disponível em:

http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/497517/lei-2708-82-pelotas-rs Acesso em: 23/06/2012

MAGALHÃES, Mário Osorio. Opulência e cultura na Província de São Pedro do Rio Grande do

Sul: um estudo sobre a história de Pelotas (1860-1890). Pelotas: Mundial: 1993.

MUÑOZ VIÑAS, Salvador. Teoría Contemporánea de la Restauración. Madrid: Sintesis, 2003.

PREFEITURA MUNICIPAL DE PELOTAS. Manual do usuário de imóveis inventariados. Pelotas:

SECULT/Edigraf, 2007.

SANTOS, Carlos Alberto Ávila. Ecletismo na fronteira meridional do Brasil: 1870-1931. Tese

(Doutorado em Arquitetura e Urbanismo – Área de Conservação e Restauro) Faculdade de

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Sistema Oficial de Classificação dos Meios de Hospedagem. Ministério do Turismo. Disponível

em: http://www.classificacao.turismo.gov.br/MTUR-classificacao/mtur-site/Entenda?tipo=2

Acesso em: 16/07/2012.

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Projeto Memória em movimento: Campus I Feevale: uma memória a ser contada

Fabrício Locatelli Ribeiro

Maicon José Alves

Palavras-chave: São Jacó. Ernst Seubert. Irmãos Maristas. Feevale.

Introdução

O trabalho “Prédio Campus I Feevale: uma memória a ser contada”, tem como objetivo

pesquisar a memória e a história desse prédio, que além de ser de grande valor histórico, teve

grande representação arquitetônica na cidade de Novo Hamburgo e na região, no inicio do

século XX, e foi utilizado ao longo de sua existência, para fins educacionais, tendo sido sede do

Colégio São Jacó de 1915 a 1969, e da Universidade Feevale de 1970, quando teve sua turma

inaugural até os dias atuais. A pesquisa está sendo desenvolvida no âmbito do projeto de

ensino “Memória em Movimento”, e pretende, além de constituir acervo documental sobre o

tema, realizar, posteriormente ações de Educação Patrimonial.

O projeto justifica-se pela inexistência de trabalhos sistematizados acerca da História e

Memória do Campus I, entendendo que a reconstrução desta memória não é apenas a do

prédio, ou das instituições que ali habitaram, mas também da comunidade que ajudou a

construí-lo e mantê-lo; uma memória tecida pelas lembranças de momentos históricos e

cotidianos e que precisa ser transmitida e contada a partir de processos educativos, para que

possa adquirir significado também para aqueles que fazem parte de sua história no presente.

Metodologia e resultados

As pesquisas do projeto se baseiam em diversos tipos de fontes históricas. Inicialmente,

buscou-se verificar quais fontes históricas e/ou memória constavam no acervo da própria

Instituição. Em seguida, iniciou-se a etapa de entrevistas com depoentes que foram alunos do

Colégio São Jacó, o que nos possibilitou compreender, a partir da memória, os diversos usos

sociais do prédio ao longo de sua existência, e os significados atribuídos por esses sujeitos e

protagonistas de sua história. Contamos também com materiais bibliográficos que contam um

pouco desta trajetória, bem como uma monografia que aborda a historia do arquiteto Ernst

Seubert - que foi o autor do projeto original do prédio – e outros tipos de documentos.

Conclusões

Como resultados parciais, conseguisse identificar as fontes históricas existentes e aqueles que

necessitamos ainda buscar, como as plantas arquitetônicas iniciais. Após estas etapas serão

elaboradas ações de educação patrimonial, para que todos possam conhecer às historias

vividas por este prédio quase centenário, que representa o marco do desenvolvimento

educacional na cidade de Novo Hamburgo.

Referências

MORCHEL, Hélio. 75 anos da presença marista em Novo Hamburgo. Porto Alegre: EDIPUCRS,

1990.

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ENGEL, Daniela. Monografia de Ernst Seubert. 1992. Trabalho de Conclusão de Curso

(Graduação em Arquitetura e Urbanismo) – Universidade do Vale do Rio do Sinos – UNISINOS,

Rio Grande do Sul,1992.

SCHEMES, Cláudia; SILVA Cristina Ennes da. ASPEUR: Uma trajetória comunitária Memórias de

seus colaboradores. ASSOCIAÇÃO PRÓ-ENSINO SUPERIOR em Novo Hamburgo Centro

Universitário Feevale: Editora Feevale RS 2003.

SCHEMES, Cláudia; SILVA Cristina Ennes da. Federação de Estabelecimentos de Ensino Superior

em Novo Hamburgo: FEEVALE (1969 / 1999). Editora Feevale, 2007.

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Análise da Casa de Máquinas na represa do Arroio Moreira

Carolina Ritter123

Aline Montagna da Silveira124

Sylvio Arnoldo Dick Jantzen125

Palavras-chave: Hydraulica Pelotense. Patrimônio Industrial. Análise Formal.

Introdução

A Escola de Belas Artes francesa disseminou no século XIX princípios arquitetônicos baseados

nas regras estéticas de Vitrúvio. Os três tópicos mais relevantes para uma análise formal são: a

táxe, os gêneros e a comensurabilidade (JANTZEN, 2013). Mediante essas categorias analisou-

se o edifício da Casa de Máquinas da antiga Companhia Hydraulica Pelotense, construído entre

1891 e 1894.

A Companhia foi criada em 1871, municipalizada em 1908 (SILVEIRA, 2009) e é atualmente o

Serviço Autônomo de Abastecimento de Água de Pelotas (SANEP) o proprietário das

instalações junto ao arroio Moreira, no município do Capão do Leão, aproximadamente a 20

km do centro de Pelotas.

O trabalho é um recorte do projeto de pesquisa: “O patrimônio da industrialização em Pelotas

no século XIX: um estudo sobre a Casa de Máquinas localizada junto ao arroio Moreira”. Esse

projeto aprofunda a investigação sobre a Casa de Máquinas, identificando princípios que

orientaram a concepção da obra. Assim, propõe-se uma abordagem estética e histórica da

edificação (FIGURA 1). O objeto de estudo é o projeto do engenheiro Leon Cassan, datado de

1892 (RELATÓRIO, 1892). Ainda não foi identificada a escola de formação do engenheiro. De

qualquer modo, a verificação de princípios compositivos permitirá confirmar uma arquitetura

erudita. O edifício, ainda que industrial, manifesta intenção estética.

As máquinas do final do século XIX, movidas a vapor, mas em bom estado de conservação,

foram substituídas por novas bombas, colocadas dentro do edifício.

O estudo contribui então para a preservação da memória da Companhia Hydraulica Pelotense

e de um de seus principais remanescentes do século XIX: um exemplar do patrimônio

arquitetônico industrial da cidade. Uma compreensão mais detalhada dessa tipologia justifica-

123Acadêmica do Curso de Arquitetura e Urbanismo. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo.

Universidade Federal de Pelotas. Bolsista do Programa de Educação Tutorial (PET-FAUrb).

Email: [email protected].

124 Arquiteta e Urbanista. Doutora em Arquitetura e Urbanismo. Professora do Curso de

Arquitetura e Urbanismo. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Universidade Federal de

Pelotas. Email: [email protected].

125 Arquiteto e Urbanista. Doutor em Educação. Professor do Curso de Arquitetura e

Urbanismo. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Universidade Federal de Pelotas. Email:

[email protected].

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se pelo “interesse pela preservação do patrimônio industrial *é+ relativamente recente e deve

ser entendido no contexto de ampliação daquilo que é considerado bem cultural”. (KÜHL, s.d.,

p. 1)

Metodologia e resultados

Preliminarmente analisou-se o projeto do edifício, pois constatou-se que existem diferenças

entre o desenho elaborado pelo engenheiro e a obra edificada. O projeto encontrado foi

apenas um conjunto de quatro desenhos: a fachada principal, a fachada lateral, o corte

longitudinal e o corte transversal em uma única prancha. A planta baixa não foi encontrada.

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A análise formal foi realizada em três etapas: a) determinação da táxe e da grade geométrica

(o equivalente à coordenação modular entre as partes compositivas); b) identificação de

elementos de ornamentação arquitetônica; c) verificação da comensurabilidade, para

encontrar relações entre o todo e as partes da fachada. Utilizou-se de um proporcionômetro

confeccionado pela autora (FIGURA 2). Confirmou-se que a comensurabilidade segue

retângulos irracionais, que ordenam as partes compositivas e efeitos de paralelismo e

contraste entre os elementos do projeto. Os efeitos são observados pelas posições das

diagonais dos retângulos entre si, que podem ser paralelas ou perpendiculares. Para

reconstruir a planta baixa será feito um levantamento in loco no prosseguimento da pesquisa.

Pelo que já foi estudado, espera-se encontrar táxe e comensurabilidade na projeção

horizontal, correspondendo às fachadas.

FIGURA 1 – Fachada principal da edificação

Fonte: acervo de Carolina Ritter, 2013

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FIGURA 2 – Proporcionomêtro utilizado nas análises.

Fonte: acervo de Carolina Ritter, 2013.

Conclusões

A análise prévia do projeto de Leon Cassan identificou comensurabilidade (simetrias) e

trimorfismo, ou seja, a disposição dos elementos de modo ternário na trama geométrica da

fachada principal da edificação. O estudo de uma das fachadas já confirmou que o edifício foi

projetado e construído com conhecimento e domínio de categorias de composição, estudadas

nas politécnicas e escolas de engenharia e também na École de Ponts et Chaussées de Paris. As

regras estéticas de todas essas escolas seguiam a tradição da Escola de Belas Artes francesa.

Referências

SILVEIRA, Aline Montagna da. De fontes e aguadeiros à penas d’água: reflexões sobre o

sistema de abastecimento de água e as transformações da arquitetura residencial do final do

século XIX em Pelotas – RS. 2009. 340f. Tese (Doutorado) – Faculdade de Arquitetura e

Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo.

RELATÓRIO da Companhia Hidráulica Pelotense anno de 1891. Pelotas: Typ. a Vapor da Livraria

Americana, 1892.

KÜHL, Beatriz Mugayar. Algumas questões relativas ao patrimônio industrial e à sua

preservação. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/portal/baixaFcdAnexo.do?id=527.

Acesso em 19 de setembro de 2013.

JANTZEN, Sylvio Arnoldo Dick. Análise Formal de Edificações Isoladas (PROJETO 8), jul. de

2013. 2 folhas. Notas de Aula.

Agradecimentos

Agradecemos ao apoio financeiro da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Rio Grande

do Sul – FAPERGS, através de Auxílio Récem-Doutor – ARD, Edital FAPERGS nº 003/2012

(Processo SPI nº 0504 12-7).

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O século XIX e o Centro Histórico do Rio Grande

Eliza Furlong Antochevis1

Palavras-chave: Arquitetura, patrimônio cultural, século XIX, Rio Grande.

Introdução

A arquitetura edificada durante o século XIX, no centro histórico da cidade do Rio Grande,

constitui o tema do trabalho proposto. O objeto de estudo são alguns dos conjuntos de

edificações situadas nas ruas Marechal Floriano (antiga Rua da Praia), e Riachuelo (antiga Rua

da Boa Vista).

A cidade foi fundada em 1737, para garantir a defesa de sua região. No começo do século XIX,

sua posição estratégica somada às funções portuária e comercial, possibilitou o surgimento de

uma planta urbana com maior número de ruas e edificações (OLIVEIRA, 2012). Surgiram na

mesma época novos imigrantes que acabaram por influenciar as técnicas construtivas na

cidade (SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO E DE CULTURA, 2012). Esses fatores fizeram

com que Rio Grande possuísse uma arquitetura rica, que pode ser constatada pelos cartões-

postais e algumas fotografias do período, como o apresentado na figura 1.

Figura 1 - Cartão postal de 1898 retratando a cidade do Rio Grande.

Fonte: TORRES, 2013.

O objetivo geral do trabalho é analisar a arquitetura do centro histórico da cidade no período

escolhido, relacionando-a com as correntes arquitetônicas existentes no Brasil na mesma

época e com as especificidades do local.

Assim, foram buscados os autores Maria Luiza Queiroz (1985), que aborda a história da cidade,

e Luiz Henrique Torres, que apresenta um livro com cartões-postais do Rio Grande. Sobre a

arquitetura brasileira foi consultado o autor Nestor Goulart Reis Filho (2011). Para melhor

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conhecer a arquitetura e urbanismo da cidade foram analisadas uma cartilha informativa da

Secretaria Municipal de Educação e Cultura (2012) e a tese da autora Ana Lúcia Oliveira (2012).

Como justificativa, o trabalho pretende contribuir para o entendimento de uma arquitetura

com publicações acadêmicas escassas, e que muitas vezes é desvalorizada por sua população.

É necessário um estudo aprofundado, baseado em referências seguras, da arquitetura do

centro histórico dessa cidade, que já recebeu o título de Cidade Histórica – Patrimônio do Rio

Grande do Sul.

Metodologia e resultados

A metodologia utilizada no trabalho foi composta primeiramente de pesquisa histórica, que se

dividiu entre bibliográfica e documental. A pesquisa bibliográfica visou à busca de dados sobre

a história da cidade e a história da arquitetura no Brasil. Já a pesquisa documental teve em

vista fontes iconográficas, como fotos e cartões postais antigos do Rio Grande. Em um segundo

momento, foi realizada uma saída de campo com levantamento fotográfico, para averiguação

do local atualmente.

Como resultado, observou-se que as edificações representadas nas fontes iconográficas

apresentavam características como aberturas com arcos abatidos, telhado de barro aparente e

pouca ornamentação, tendo sido construídas no alinhamento predial. Alguns poucos

exemplares possuíam platibandas e bandeiras das portas com arcos plenos. Os postais

mostram casas térreas e sobrados de até três pavimentos. O antigo prédio da Alfândega,

edificado em 1874, aparece em muitos deles, por ter sido a maior obra realizada na cidade no

século XIX (TORRES, 2013).

Vários viajantes que passaram por Rio Grande nesse período comentaram em crônicas

algumas dessas características. Segundo Queiroz (1985), o francês Auguste de Saint-Hilaire

escreveu em 1822 que a Rua da Praia concentrava a maioria das casas das famílias abastadas,

sendo essas belas construções, com telhas, tijolos e balcões com grades de ferro.

Conclusões

As edificações existentes no século XIX nas principais ruas da cidade eram, em sua grande

maioria, representantes da corrente arquitetônica colonial brasileira. Alguns poucos edifícios

no final do século possuíam características do ecletismo. A arquitetura riograndina seguiu as

tendências da época para o restante do Brasil. No entanto, alguns prédios peculiares, como o

sobrado com azulejos na fachada e o prédio da antiga Alfândega, com feições neoclássicas, são

diversidades que enriquecem o patrimônio cultural da cidade até os dias de hoje.

Referências

OLIVEIRA, Ana Lúcia Costa. O Portal meridional do Brasil: Rio Grande, São José do Norte e

Pelotas (1737 a 1822). Tese (Doutorado em planejamento urbano e regional). Faculdade de

Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2012.

Disponível em: <http://www.ufrgs.br/propur/teses_dissertacoes/Ana_L%C3% BAcia_Costa_de

_Oliveira .pdf >. Acesso em: 05 mai. 2013.

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QUEIROZ, Maria Luiza Bertulini. A Vila do Rio Grande de São Pedro (1737-1822). Rio Grande:

FURG, 1987.

REIS FILHO, Nestor Goulart. Quadro da arquitetura no Brasil. São Paulo: Perspectiva, 2011.

SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO E DE CULTURA (Rio Grande). Programa de educação

patrimonial. Folheto informativo. Ame Rio Grande - História, identidade e preservação do

patrimônio cultural. Rio Grande, 2012.

___________________ Rio Grande: Patrimônio e cartões-postais na Belle Époque. Rio Grande:

EDFURG, 2013.

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O Complexo Rheingantz: os valores desse Patrimônio

Simone Sola Bobadilho126

Palavras-chave: Patrimônio. Fábrica Rheingantz.Patrimônio Edificado. Valores. Monumento.

Alöis Riegl.

Introdução

O presente trabalho é parte da pesquisa que está sendo desenvolvida no Programa de Pós-

graduação Mestrado em Memória Social e Patrimônio Cultural da Universidade Federal de

Pelotas, iniciada em 2012.

O tema é a Fábrica Rheingantz, que foi uma indústria textil de origem alemã, fundada pelo

Carlos Guilherme Rheingantz, em 1873 na cidade do Rio Grande. Essa indústria foi muito

importante para a economia local, como também para o Brasil, além de ter a característica de

pioneirismo e, é um dos poucos exemplares existentes do processo de industrialização do

século XIX .

O Complexo Rheingantz é contituído pelas edificações da antiga Fábrica, as casas que formam

a Vila Operária, as casas dos Mestres, o Cassino dos Mestres, a Escola Comendador

Rheingantz, a Creche, o Clube União Fabril. Esse cojunto arquitetônico foi tombado pelo

Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado, em julho de 2012.

O objetivo dessa comunicação é trazer a discussão sobre os valores descritos no Parecer

Técnico do Processo de Tombamento do Complexo Rheingantz realizado pelo IPHAE,

comparando com a teoria dos valores atribuídos aos monumentos por Alöis Riegl e Françoise

Choay, tendo como estudo de caso o Complexo Rheingantz.

Metodologia e resultados

A metodologia empregada consiste na leitura dos documentos digitais do processo de

Tombamento do Complexo Rheingantz, obtido após contato com o IPHAE; e a leitura dos

textos de Alöis Riegl – O culto moderno aos monumentos, e de Françoise Choay – A alegoria

do Patrimônio.

A seguir apresentar as informações do Parecer Técnico do IPHAE que trata sobre os valores do

Complexo Rheingantz que embasaram o tombamento, e também as informações

apresentadas na perspectiva de Riegl e Choay sobre os valores dos monumentos e

monumentos históricos .

Finalizando a discussão, a interação da Teoria e da prática sobre a valorização dos

monumentos, tendo como exemplo o complexo Rheingantz.

126 Bibliotecária , formada pela Universidade Federal do Rio Grande (1997), Especialização em

Gestão Estratégica da Qualidade, pela Universidade de Caxias do Sul (2005) e Mestranda em

Memória Social e Patrimônio Cultural pela Universidade Federal de Pelotas, Bolsista da CAPES

– Demanda Social, [email protected]

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Resultados

Os resultados obtidos são parciais, destaca-se a leitura do Parecer Técnico do IPHAE, que o

Complexo Rheingantz “é um raro exemplar deste tipo de arquitetura” e a “ volumetria

original” dos edifícios, valor cultural e histórico para a cidade do Rio Grande.

Em relação a Riegl, o autor contribui para a definição moderna do conceito de monumento

histórico e para a análise critica sobre as distintas formas de percepção e recepção desses

monumentos pela sociedade, bem como sobre os valores que esta lhes atribui. A obra de Riegl

oferece ao agente preservador, um repertório de diferentes tipos de valor que podem ser

atribuídos aos monumentos, inaugurando uma fundamentação conceitual para que as

escolhas possam ser feitas com base em um juízo crítico.

Conclusões

As edificações industriais juntamente com outros tipos arquitetônicos, constam na

contemporaneidade como monumentos não intencionais de um tempo não muito distante,

inspirando uma reinterpretação dos feitos humanos, cuja imagem e identidade do lugar

abandonado tente se recuperar. Nesse processo, a percepção dos valores intrínsecos de que

estão imbuídos os monumentos industriais , sejam eles históricos, de antiguidade, ou mesmo

de uso, precisa levar a iniciativas que asseguram sua permanência, que regenerem a

autoestima esmaecida, que façam o espírito do lugar ao local de onde ameaça desvincular-se.

Referências

CHOAY, Françoise. Alegoria do patrimônio. Traduzido por Luciano Vieira Machado.3.ed. São

Paulo: Estação Liberdade: UNESP, 2006. Tradução de: L’allégorie du patrimoine.

IPHAE.Bem tombado: Complexo Rheingantz. Disponível em:<

http://www.iphae.rs.gov.br/Main.php?do=BensTombadosDetalhesAc&item=43405> Acessado

em 28 ago.2013.

RIEGL, Aloïs. O Culto dos monumentos: sua essência e sua gênese. Goiânia: Editora da

Universidade Católica de Goiás, 2006. 120 p.

tos/Manual_normas_UFPel_2006.pdf

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O surgimento dos cemitérios no século XIX - o caso de Pelotas e Jaguarão, Rio Grande do Sul, Brasil.

Anderson Pires Aires127

Aline Montagna da Silveira128

Palavras-chave: Cemitérios. Século XIX. Irmandades. Jaguarão. Pelotas.

Introdução

O trabalho apresentado a seguir busca investigar o surgimento de uma nova tipologia no final

do século XIX: os cemitérios extramuros. Nessa perspectiva, estuda dois exemplos com

características distintas, buscando comparar suas soluções projetuais. Pelotas é uma cidade

plana, às margens da Laguna dos Patos, que tem sua origem ligada à implantação de uma

Capela. Jaguarão apresenta uma topografia acidentada, e surge a partir de um acampamento

militar, caracterizando-se como uma cidade de fronteira. Ambas são fundadas no início do

século XIX e, na segunda metade deste mesmo século, devido à epidemia do Cholera-Morbus,

são palco de discussões para a criação de seus cemitérios públicos.

O estudo deste tema já foi tratado por outros autores, em suas dissertações de mestrado e

monografias, muitas vezes em áreas do conhecimento como a história e a geografia, como os

estudos de Cabaço (2009), Carvalho (2005) e Castro Filho (2007). No âmbito da arquitetura e

do urbanismo, o estudo de Cymbalista foi a referência utilizada neste trabalho. Este autor

debruça-se sobre os cemitérios paulistanos realizando investigações sobre a separação dos

sepultamentos das igrejas, a construção dos cemitérios municipais e uma análise sobre as

formas tumulares, apoiado com um levantamento fotográfico.

Este trabalho é um recorte do projeto de pesquisa Cemitérios – a cidade dos mortos entre a

cidade dos vivos, desenvolvido junto ao Programa de Educação Tutorial da FAUrb-UFPel. A

pesquisa tem como objetivo compreender o processo de formação dos cemitérios municipais

de duas cidades do sul do Rio Grande do Sul, comparando as decisões quanto às suas

localizações e formas de implantação. Neste estudo, o enfoque será o levantamento histórico,

que busca fornecer subsídios para compreensão das origens dessas construções.

Metodologia e resultados

O método de trabalho constou de uma revisão bibliográfica sobre o assunto, buscando

identificar o estado da arte do tema. As obras que subsidiaram este entendimento foram os

trabalhos de Castro Filho (2007), Cymbalista (2002) e Hoebel (1961). A primeira etapa da

pesquisa tratou da compreensão da formação destes locais, investigando, primeiramente,

acervos históricos que pudessem conter informações sobre a temática pesquisada. Foram

consultadas fontes primárias nos acervos da Biblioteca Pública Pelotense (Atas da Câmara de

Vereadores de Pelotas e Antigualhas de Pelotas), do Instituto Histórico e Geográfico de

127 Graduando em Arquitetura e Urbanismo, Programa de Educação Tutorial da Faculdade de

Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal de Pelotas. [email protected]

128 Doutora em Arquitetura e Urbanismo, Núcleo de Estudos de Arquitetura Brasileira, Faculdade de

Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal de Pelotas. [email protected]

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Pelotas, do Instituto Historiográfico de Jaguarão e da Associação do Cemitério das Irmandades

de Jaguarão.

Em 23 de novembro de 1855 foi inaugurado o Cemitério Ecumênico São Francisco de Paula

(Figura 1a), na Estrada do Fragata (CUNHA, 1978), afastado do centro urbano. Em Jaguarão

observa-se a mesma situação quando, três anos após a criação do cemitério de Pelotas, foi

fundado, em 15 de maio de 1858, o Cemitério das Irmandades (Figura 1b), administrado pelas

Irmandades do Santíssimo Sacramento e de Nossa Senhora da Conceição (SOARES, 2011). A

criação de ambos vincula-se ao surgimento das epidemias que se proliferavam na segunda

metade do século XIX, e que alteravam a prática dos sepultamentos. No Brasil, doenças como

o Cholera-Morbus, fizeram com que as inumações deixassem de ser realizadas no interior das

igrejas e passassem a ser feitas em locais afastados dos centros urbanos. Dessa forma, os

cemitérios municipais extramuros surgiram em meados do século XIX.

Através da pesquisa histórica em documentos primários e secundários, localizados em acervos

de instituições ligadas à preservação da memória e da história das cidades estudadas, pôde-se

observar como se deu a criação dos cemitérios municipais dessas duas cidades do Rio Grande

do Sul.

(a) (b)

FIGURA 1 – Cemitérios municipais: a) Cemitério Ecumênico São Francisco de Paula – Pelotas; b) Cemitério das Irmandades - Jaguarão.

Fonte: Acervo das Prefeituras Municipais de Pelotas e Jaguarão.

Conclusões

Através da pesquisa, procurou-se identificar como ocorreu a formação dos cemitérios

municipais no século XIX, utilizando como objetos de estudo as cidades de Pelotas e Jaguarão,

localizadas no sul do Rio Grande do Sul.

Foi possível identificar que os cemitérios estudados surgiram na segunda metade do século

XIX; eram administrados por irmandades ligadas às Santas Casas de Pelotas e Jaguarão; seus

terrenos de construção resultaram de compra e/ou desapropriação em local plano e

acidentado; ambos possuíam locais específicos para a inumação de pessoas ligadas às

irmandades.

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Uma das maiores dificuldades encontradas até o momento foi o acesso a algumas fontes

significativas para a compreensão dos objetos estudados, seja pela condição em que se

encontram os acervos (indisponíveis temporariamente para a consulta) ou pela

impossibilidade de consulta ao material original, levando-nos a recorrer, em alguns casos, a

fontes secundárias.

Referências

Bibliografia

CABAÇO, Patrícia Gonçalves. Cemitérios Municipais De Lisboa. Estratégias de Articulação

entre Thanatos e Polis. 2009. Dissertação (Mestrado) – Instituto Superior Técnico,

Universidade Técnica de Lisboa, Lisboa.

CARVALHO, Luiza Fabiana Neitzke de. O Cemitério Da Santa Casa: Contribuições Para História

Da Arte Funerária Em Pelotas. 2005. Monografia (Especialização) – Instituto de Artes e Design,

Universidade Federal de Pelotas.

CASTRO FILHO, Leonel de. Cidade Dos Mortos Ou Lugar Dos Vivos? Estudos das características

das manifestações sociais e suas implicações com a sociedade de União da Vitória a partir do

Cemitério Municipal. 21 de agosto de 2007. 101 folhas. Dissertação (Mestrado) – Universidade

Federal do Paraná. Curitiba, 2007.

CYMBALISTA, Renato. Cidade dos Vivos: Arquitetura e atitudes perante a morte nos cemitérios

do estado de São Paulo. São Paulo: Annablume: FAPESP, 2002.

HOEBEL, E. Adamson. El Hombre en el Mundo Primitivo. Editorial Omega: Barcelona, 1961;

SOARES, Eduardo Alvares de Souza. Igreja Matriz do Divino Espírito Santo da cidade de

Jaguarão. Porto Alegre: Evangraf, 2011.

Fontes

Ata de Inauguração do Cemitério das Irmandades. Acervo: Associação do Cemitério das

Irmandades de Jaguarão.

CUNHA, Carlos Alberto da. Antigualhas de Pelotas. Volume 1. 1978. Acervo: Centro de

Documentação e Obras Valiosas (CDOV) – Bibliotheca Pública Pelotense.

_____________________. Cemitérios de Pelotas. Acervo: Centro de Documentação e Obras

Valiosas (CDOV) – Bibliotheca Pública Pelotense.

Escritura Pública de venda do terreno do Cemitério das Irmandades. Acervo: Associação do

Cemitério das Irmandades de Jaguarão.

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Pelotas no tempo dos chafarizes

Guilherme Pinto de Almeida129

Jeferson Dutra Salaberry130

Francine Morales Tavares Ribeiro131

Palavras-chave: Patrimônio. Arquitetura. Urbanismo. Cidade. Pelotas.

Introdução

Para Pelotas, as últimas quatro décadas do século 19 foram especialmente movimentadas em

acontecimentos urbanísticos e sociais definidores de seu caráter como cidade e sociedade. Em

torno da criação da Companhia Hidráulica Pelotense e da implantação do sistema de

abastecimento de água, questões como o Ensino e a Instrução e a criação da Biblioteca Pública

Pelotense; a escravidão; o problema do transporte público e a Cia. De Ferro Carril e Cais de

Pelotas; a criação e definição de espaços públicos; os espaços de sociabilidades; a

desobstrução da foz do Canal de São Gonçalo e a sua consequente ampliação das perspectivas

econômicas e comerciais. A análise destes assuntos sob a ótica do cotidiano, proporcionada

pela consulta à imprensa de época – é o escopo desta pesquisa, desenvolvida de fevereiro a

setembro de 2012, em Pelotas. Ao recolher as impressões do noticiário de época frente às

citadas transformações, busca uma releitura do cotidiano deste período importante para a

cidade de Pelotas, visando contribuir, assim, para o fortalecimento da historiografia local.

Metodologia e resultados

Em um primeiro momento, foram pesquisados periódicos pelotenses e riograndinos da década

de 1870, momento em que se efetiva a criação da Companhia Hidráulica Pelotense. Foram

consultados exemplares disponíveis e constantes do acervo do Centro de Documentação e

Obras Valiosas (CEDOV) da Biblioteca Pública Pelotense (BPP), bem como do acervo da

Biblioteca Rio-Grandense, de Rio Grande. Posteriormente, a pesquisa foi complementada com

iconografia relativa através de busca realizada parte no acervo do CEDOV-BPP, parte no acervo

digital do Núcleo de Estudos de Arquitetura Brasileira (NEAB), da Faculdade de Arquitetura e

Urbanismo (FAUrb) da Universidade Federal de Pelotas. A busca percorreu iconografia

publicada originalmente no recorte da década de 1870 até as primeiras décadas do século 20.

Foram assim obtidas notícias e imagens de maneira a contribuir para a construção de uma

leitura deste momento da cidade, a partir da escrita – no noticiário da imprensa- e do aspecto

visual, pelas imagens da cidade, com seus melhoramentos.

129 Graduando em Arquitetura e Urbanismo, UFPel, [email protected]

130 Arquiteto e Urbanista, Mestre em Conservação e Restauro, Professor Assistente em

Conservação e Restauro, UFPel, [email protected]

131 Mestranda em Memória Social e Patrimônio Cultural, UFPel,

[email protected]

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FIGURA 1 – “Os habitues do passeio da Praça Pedro II estão com a paciência esgotada por tanta demora na conclusão do calçamento da mesma, pois estão privados de gozarem as boas noites de luar”.

Fonte: Acervo da Biblioteca da Pública Pelotense.

Conclusões

A partir deste resgate de informações na imprensa do período, e de iconografia, foi possível

traçar um panorama do comportamento da população local frente às transformações

ocorridas na cidade de Pelotas neste fim de século 19. Neste período, o intenso

desenvolvimento urbano é promovido por poucos e abastados pelotenses que, beneficiados

pelo sistema escravista vigente, articulam mudanças notadamente orientadas para a plena

manutenção de seu poderio econômico, ao passo que buscam crescente prestígio em

sociedade. As considerações neste sentido, discutidas nesta pesquisa (já trazidas ao

conhecimento e reflexão da comunidade pelotense na forma de livro, no ano de 2012), foram

neste trabalho lapidadas a ampliadas.

Referências

Acervo do Centro de Documentação e Obras Valiosas (CEDOV), Biblioteca Pública Pelotense.

Acervo da Biblioteca Rio-Grandense (Rio Grande).

Acervo do NEAB – Núcleo de Estudos de Arquitetura e Urbanismo – FAUrb, UFPel.

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Educação Patrimonial e Urbana como Ferramenta de Proteção do Patrimônio Cultural

Tayrine Barcelos de Freitas Gomes132

Humberto Amorim Oliveira Rezende133

Lourenço Lourman Nunes Santana134

Josélia Godoy Portugal135

Luiz Fernando Reis136

Palavras-chave: História da Cidade. Identidade Cultural. Educação Patrimonial. Patrimônio

Cultural. Patrimônio Imaterial.

Introdução

O trabalho a ser apresentado é parte do projeto de extensão “Educação Urbana e Patrimonial:

Construindo Sociabilidade e Cidadania na Microrregião de Viçosa – MG”. Desenvolvido por

professores e alunos dos departamentos de Arquitetura e Urbanismo e de Pedagogia da

Universidade Federal de Viçosa, o projeto visa a formação social de alunos e professores da

rede pública municipal e também de toda comunidade envolvida nas atividades extensionistas.

Tal projeto vem sendo desenvolvido desde 2007, mas ao longo do tempo sofreu alterações em

relação ao grupo desenvolvedor e foi crescendo e criando raízes na região.

Através do presente trabalho pretende-se apresentar as atividades desenvolvidas por

membros do projeto com a comunidade como instrumento de formador da consciência social

e identidade cultural. A utilização da Educação Urbana e Patrimonial como ferramenta para a

conscientização e formação de agentes multiplicadores para uma real proteção de bens

culturais.

Metodologia e resultados

São realizadas reuniões interdisciplinares entre alunos e professores das áreas de Arquitetura

e Urbanismo e Pedagogia, participantes do grupo de Educação Patrimonial e Urbana. As

reuniões interdisciplinares servem para expor leituras de autores que tratam de assuntos

variados como a construção das cidades ao longo do tempo, a preservação de bens materiais e

132

Graduanda em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). E-mail:

[email protected]

133 Graduando em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). E-mail:

[email protected]

134 Graduando em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). E-mail:

[email protected]

135 Graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). Mestrado em

Economia Doméstica pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). E-mail: [email protected]

136 Graduação em Licenciatura em Desenho e Plástica pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).

Mestrado em Arquitetura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Doutorado em

Arquitetura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). E-mail: [email protected]

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imateriais, questões sobre cultura contemporânea, bem como temas que abordam distintos

processos de aprendizagem e de educação popular, que interessam diretamente ao projeto.

Também se investe em palestras formativas e de capacitação dos alunos envolvidos, a partir

das experiências dos professores da instituição (UFV) que lidam diretamente com essas

questões em suas atividades de ensino, pesquisa e extensão.

Levantamentos e pesquisas servem como subsídio para as ações que ocorrem nas escolas

públicas municipais com alunos e professores e para as atividades efêmeras realizadas nas

cidades. Semanalmente são ministradas aulas de educação urbana e patrimonial nas escolas

por duplas compostas. Nestas aulas são instigados nas crianças - de forma intuitiva,

progressiva e simples - temas como a identidade de sua cidade e a importância de se valorizar

o espaço e a cultura do local em que se vive. São feitos ainda passeios urbanos com os alunos a

fim de se ressaltar o funcionamento da cidade e o estado em que ela se encontra no que diz

respeito à descaracterização das áreas visitadas e no entendimento dos processos que

poderiam levar essas mesmas áreas a receberem melhorias urbanas.

Realizou-se um curso de capacitação com os professores das escolas públicas municipais que

se inscreveram no evento. Quatro módulos foram desenvolvidos ao longo de um mês, com os

seguintes temas: “Cidades Atuais e a Educação Urbana”, “Meio Ambiente Urbano e

Sustentabilidade”, “Patrimônio Histórico e Cultural” e “Participação Política”.

Conclusões

As políticas de preservação patrimonial são deficientes não só em cidades pequenas como as

que o projeto Educação Urbana e Patrimonial realiza suas atividades, mas em todo o país.

Cidades de pequeno porte são carentes em programas desse gênero, como em muitos outros

sentidos. Então, trabalhar com Educação Patrimonial e Urbana nesses locais faz com que a

população se sinta mais participante e constituinte de sua própria história, identificando-se

mais com sua cultura local.

É necessário cada vez mais que a consciência acerca do patrimônio cultural como direito de

todos cresça. Para isso as atividades de Educação Patrimonial e Urbana devem se desenvolver

de maneira a formar cada vez cidadãos plenos, capazes de exercer sua cidadania e se tornarem

agentes multiplicadores do conhecimento. Além disso, é preciso formar profissionais

capacitados em formar tais agentes, para que seja um processo contínuo e crescente.

O projeto, em andamento desde 2007, já realizou diversas atividades com variados públicos-

alvo. Apesar de ainda estar em andamento o grupo vem recebendo respostas positivas em

relação às atividades já executadas. Como os trabalhos ainda estão em andamento, espera-se

obter um resultado positivo ao final de mais um ano letivo, podendo sempre levar

conhecimento e dar apoio à comunidade em geral para que o retorno seja benéfico para

ambas as partes.

Referências

FONSECA, M. C. L. O Patrimônio em processo: trajetória da política federal de preservação no

Brasil. 3 ed. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2009.

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________________. Para além da pedra e cal: por uma concepção ampla do patrimônio

cultural. In: ABREU, R.; CHAGAS, M. Memória e Patrimônio: ensaios contemporâneos. 2 ed.

Rio de Janeiro: Lamparina, 2003. p. 56-76

GRUNBERG, E. Educação Patrimonial: trajetórias. In: BARRETO, E; (org). Patrimônio Cultural e

Educação: artigos e resultados. _ Goiânia, 2008. p.37-41

HARVEY, D. Espaços Urbanos na “Aldeia Global”: Reflexos sobre a condição urbana no

capitalismo no final do século XX. Cad. Arquit. Urban. Nº 4. Belo Horizonte, 1996. p. 171-189.

HORTA, M. Educação Patrimonial. In: BARRETO, E; (org). Patrimônio Cultural e Educação:

artigos e resultados. _ Goiânia, 2008. p.15-21

ANI, J. Conservação do patrimônio no contexto da “cultura especulativa”. In: FERNANDES, E. e

RUGANI, J. (orgs.). Cidade, memória e legislação. Belo Horizonte: IAB-MG, 2002, p.159-167.

SANTOS, C. Preservar não é tombar, renovar não é por tudo abaixo. Projeto, n. 86. São Paulo,

1986. p. 59-63.

VASCONCELOS, S. Contribuição para o estudo da arquitetura civil do estado de minas gerais.

Belo Horizonte, 1999. p. 148-163.

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MESA 5 - Patrimônio Material: histórias e inventários

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INVENTÁRIO DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO PRIVADAS DE PELOTAS-RS CONSTITUÍDO POR MEIO DAS

PROPAGANDAS IMPRESSAS (1872-2011)

Helena de Araujo Neves137

Elomar Callegaro Tambara138

Giana Lange do Amaral139

Palavras-chave: Inventário. História da Educação. Imprensa. Propaganda Impressa.

Introdução

Este artigo tem por objetivo apresentar um inventário das escolas privadas que atuaram em

Pelotas, município localizado ao sul do Rio Grande do Sul, no período de 1872 a 2011. Esse

mapeamento, por sua vez, foi constituído por meio de duas pesquisas – uma de mestrado

(NEVES, 2007) e outra de doutoramento (NEVES, 2012) – ambas já concluídas – desenvolvidas

junto ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Pelotas.

O recorte temporal estabelecido para este artigo compreende um longo período que vai da

segunda metade do século XIX aos primeiros onze anos do século XXI. Essa determinação foi

estabelecida levando-se em consideração três fatores: o primeiro, e provavelmente mais

importante, é que a propaganda impressa torna-se, no final do século XIX, uma das poucas

fontes existentes que hoje contém informações sobre as instituições de ensino que atuaram

em Pelotas – algumas com uma duração efêmera, constituídas por um único professor. Essas

instituições representam um marco para se pensar a educação fora dos domicílios, como uma

prática de ensino particular, para a formação das primeiras instituições de ensino de caráter

privado. Além disso, o período inicial justifica-se pelo expressivo número de escolas que,

naquele tempo, aumentava a cada ano, com a mesma intensidade com que crescia o valor e a

importância atribuídos à instrução.

O segundo motivo está relacionado à possibilidade de acesso ao acervo de jornais existentes

na Bibliotheca Pública Pelotense. São disponibilizados para consulta jornais com publicações a

partir do ano de 1872, por isso a segunda metade do século XIX foi estabelecida neste estudo.

O terceiro fator é que se percebe, na atualidade, que existe uma freqüência das escolas

privadas anunciando nos jornais – deixando claras as suas visões sobre a educação.

Esse estudo longitudinal, portanto, possibilitou observar as disputas desse campo de atuação

em momentos históricos distintos, além de organizar um inventário das escolas existentes.

Metodologia e resultados

137 Graduada em Comunicação Social – habilitação em Publicidade e Propaganda, Doutora e mestre em Educação, Professora Adjunta no Centro de Artes da Universidade Federal de Pelotas atuando nos cursos de Design Gráfico e Design Digital, [email protected]

138 Graduado em Ciências Sociais, Mestre em Sociologia, Doutor e Pós-doutor em Educação, Professor Titular na Faculdade de Educação da Universidade Federal de Pelotas, [email protected]

139 Graduada em História, Mestre e Doutora em Educação, Professora Adjunta na Faculdade de

Educação da Universidade Federal de Pelotas, [email protected]

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Esta investigação foi realizada por meio de uma abordagem sócio-histórica, utilizando a análise

documental – em que as principais fontes consultadas, como já mencionadas, foram

propagandas institucionais, publicadas em distintos periódicos que circulavam na cidade de

Pelotas.

Ao manusear os periódicos observou-se que a cada nova instituição aberta na cidade, a

comunidade era avisada por meio de propagandas. Nestas fontes foram encontradas 101

instituições de ensino privadas anunciando nos jornais, além de 7.148 propagandas.

O procedimento adotado foi o de procurar os anúncios nos jornais e realizar a leitura e

transcrição (grafia original) de todos os que se referiam a instituições de ensino. Isso foi feito

até o ano de 2009. Após este período, dados gerais das propagandas eram anotados, tais como

ano de fundação da escola, qual o foco do texto do anúncio e a quantidade de vezes em que se

repetia. Após, realizou-se a separação dos anúncios por décadas e em categorias; o registro

fotográfico de parte dos anúncios; a contabilização das propagandas e das escolas; e a

elaboração de quadros que pudessem auxiliar a investigação.

Diante de uma quantidade significativa de instituições, optou-se por organizar um inventário

de todas as escolas rastreadas. Esse inventário expõe as instituições de ensino em uma ordem

cronológica de criação destacando, ainda, as seguintes informações: nome da instituição; ano

de inauguração; nível de ensino ofertado; vagas para o sexo feminino ou masculino; anos em

que publicou anúncios; total de anos de atuação rastreados pelos anúncios; localização, seus

diretores, quantidade de anúncios encontrada.

Para a construção teórico-metodológica desta pesquisa utilizou-se dos estudos de Roger

Chartier, Dominique Julia, Viñao Frago, dentre outros, capazes de dar suporte à investigação.

Conclusões

Com esta pesquisa percebeu-se que a propaganda impressa escolar privada se impôs como

uma prática cultural do século XIX tornando-se parte das estratégias de Marketing Educacional

dos séculos XX e XXI. Essa foi, portanto, uma fonte potencial para se obter dados sobre a

trajetória do ensino privado em Pelotas, sendo, assim, testemunha da constituição e da

legitimação dessa esfera de ensino na cidade. Este estudo não tem como pretensão esgotar as

múltiplas leituras que possam ser feitas sobre o ensino privado, mas contribuir com outras

pesquisas que possam utilizar o referido inventário.

Referências

CHARTIER, Roger. A História Cultural – entre práticas e representações. Rio de Janeiro:

Bertrand Brasil S.A., 1990.

JULIA, Dominique. A Cultura Escolar como objeto histórico. In: Revista Brasileira de História da

Educação. Campinas: SBHE; Editora Autores Associados. Nº. 1, p.09-4, Jan./Jun. 2001.

LUCA, Tania Regina de. História dos, nos e por meio dos periódicos. In: PINSKY, Carla

Bassanezi Pinsky. Fontes Históricas. São Paulo: Editora Contexto, 2005.

MEGGS, Philip B. História do Design Gráfico. São Paulo: Cosac Naify, 2009.

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NEVES, Helena de Araujo. O ensino privado em Pelotas-RS na Propaganda Impressa: séculos

XIX, XX, XXI. 2012. 410f. Tese (Doutorado em Filosofia e História da Educação) – Faculdade de

Educação da UFPEL, Pelotas.

_____________________. A “Alma do Negócio”: Aspectos da educação em Pelotas-RS na

Propaganda Institucional (1875-1910). 2007. 260 f. Dissertação (Mestrado em Educação) –

Faculdade de Educação da UFPel, Pelotas.

VIÑAO FRAGO, Antonio. A História Nova. São Paulo: Martins Fontes, 1995a.

___________________. Historia de la educación e historia cultural. Posibilidades, problemas,

cuestiones. Revista Brasileira de Educação nº0, Set/Out/Nov/Dez, p.63-82, 1995b.

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A obra da atriz Carmen Silva para radioteatro: inventário, preservação e acessibilidade.

Luzia Costa Rodeghiero140

Acevesmoreno Flores Piegaz141

Palavras-chave: atriz Carmen Silva. radioteatro no Brasil. memória e patrimônio da

dramaturgia brasileira. Rádio Record de São Paulo. preservação de acervos teatrais.

informatização e acesso.

Introdução

No Brasil, são raros os acervos de peças ou programas de radioteatro preservados na forma de

antigos originais escritos ou em gravações de áudio. Hoje, essa arte somente é lembrada pelos

ouvintes, já muito idosos, ou por alguns pesquisadores interessados no tema. O projeto

“Resgate e acesso à obra teatral da atriz Carmen Silva” foi contemplado para receber o

financiamento do Fumproarte (Fundo Municipal de Apoio à Produção Artística e Cultural de

Porto Alegre) da Secretaria Municipal da Cultura de Porto Alegre, através do Concurso

01/2010. Em desenvolvimento entre 2011 e com finalização em 2013, o projeto objetiva

sistematizar e difundir o acervo de peças escritas pela atriz gaúcha, nascida Maria Amália Feijó,

em 1916, em Pelotas. Carmen (Figura 1) faleceu em 2008, aos 92 anos, e deixou seu numeroso

conjunto de peças que foram veiculadas pela Rádio Record, de São Paulo, na década de 1950,

ao final da Era do Rádio no Brasil. Com a realização do projeto, coordenado por Luzia

Rodeghiero, neta da atriz, procura-se contribuir para o estudo e a pesquisa em artes cênicas e

preservar a grande produção intelectual de Carmen que, além do rádio, atuou no teatro, no

cinema e na televisão, projetou-se nacional e internacionalmente, durante uma longeva e

premiada carreira de 68 anos, sendo uma referência cultural em nosso país. Entre os

referenciais teóricos do trabalho, citamos: CASTRIOTA (2009), COSTA (2004), HUYSSEN (2000),

PONTES (2008), SCARPARO (1994), SILVA (2002), SOUZA FILHO (2011), SPRITZER (2005) e

WOLF (2009).

140 Graduada em Artes Visuais e Especialista em Artes – Patrimônio Cultural: Conservação de Artefatos pela UFPel, Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Memória Social e Patrimônio Cultural, do Instituto de Ciências Humanas da Universidade Federal de Pelotas (PPGMP/ICH/UFPel), [email protected]

141 Graduado em Artes Visuais e Mestre em Educação pela UFPel, Docente do Departamento de Artes, do Instituto de Filosofia, Arte e Cultura da Universidade Federal de Ouro Preto (Deart/IFAC/UFOP), [email protected]

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FIGURA 1 – Carmen Silva no Rio de Janeiro, à época do lançamento na cidade, entre 2003-4, do livro “Comédias do Coração e outras peças para rádio e TV”.

Fonte: Acervo pessoal.

Metodologia e resultados

O acervo de mais de 600 programas se constitui, na maior parte, de folhas em formato ofício,

datilografadas e mimeografadas, e esteve armazenado em pastas diversas, guardadas com

muito apreço pela atriz, desde o período em que residiu em São Paulo e depois, quando

retornou ao Sul. Procedeu-se a análise do acervo de peças e o estudo da forma de execução da

sistematização mais adequada. A seguir, houve a realização do inventário do acervo, para

identificação de cada programa e peça de radioteatro, a análise do estado de conservação dos

originais e a digitação dos textos. Simultaneamente, ocorreu a seleção dos textos a serem

publicados nos dois volumes impressos previstos. No momento, ocorre o trabalho de

conservação do acervo, com a higienização e o acondicionamento em embalagens individuais

confeccionadas em papel especial livre de ácidos.

Conclusões

O projeto viabilizou a informatização, a conservação dos originais e a organização de

publicações, que terão parte distribuída gratuitamente para instituições culturais, sociais e

educativas, e reunindo uma obra artística que pôde ser conhecida em seu conjunto. Essa

expressiva produção foi gerada num contexto de grande efervescência cultural paulista, em

uma época na qual o rádio era um meio de entretenimento das famílias, agregando-as em

torno de uma dramaturgia com a qual se identificavam em comédias ou outros gêneros, que

também espelhavam a realidade social do país para todos os públicos. Optou-se pela digitação

de todo o conjunto de peças a fim de prepará-lo para sua inserção em um banco de dados

digital e, também, para uma futura e necessária institucionalização do acervo, considerando a

relevância da obra da atriz Carmen Silva para a memória do radioteatro no Brasil.

Referências

CASTRIOTA, Leonardo Barci. Patrimônio cultural: conceitos, políticas, instrumentos. São Paulo:

Annablume; Belo Horizonte: IEDS, 2009.

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COSTA, Marilaine Castro da. Carmen Silva – A dama dos cabelos prateados. Porto Alegre:

Mercado Aberto, 2004.

HUYSSEN, Andreas. Seduzidos pela memória: arquitetura, monumentos, mídia. Rio de Janeiro:

Aeroplano, 2000.

PONTES, Heloisa. Intérpretes da Metrópole. História social e relações de gênero no teatro e no

campo intelectual, 1940-1968. Tese apresentada ao concurso de livre-docência. Departamento

de Antropologia, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Estadual de

Campinas, Março de 2008.

SCARPARO, Silvana Martos. A voz amiga em seu lar: análise das formas de relacionamento

entre ouvintes e radionovelas em São Paulo nas décadas de 40 e 50. Dissertação apresentada

ao Departamento de História do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade

Estadual de Campinas, Campinas, dezembro de 1994.

SILVA, Carmen. Comédias do Coração e outras peças para rádio e TV / Carmen Silva;

organização Mirna Spritzer e Raquel Grabauska. Porto Alegre: Instituto Estadual do Livro; AGE,

2002.

SOUZA FILHO, Carlos Frederico Marés de. Bens culturais e sua proteção jurídica. 3ª ed. (ano

2005), 6ª reimp. Curitiba: Juruá, 2011.

SPRITZER, Mirna. O corpo tornado voz: a experiência pedagógica da peça radiofônica. Tese

apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio

Grande do Sul, Porto Alegre, agosto de 2005.

WOLF, Mauro. Teorias das comunicações de massa / Mauro Wolf; tradução Karina Jannini. 4ª

ed. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009.

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Educação Patrimonial: uma proposta de metodologia para o ensino de história

Tatiana Carrilho Pastorini Torres142

Carmem G. Burgert Schiavon143

Palavras-chave: Patrimônio. História. Educação patrimonial.

Introdução

A presente proposta, ora desenvolvida como projeto de Dissertação de Mestrado, tem a

finalidade de buscar um novo direcionamento de reflexão e questionamentos na prática de

ensino de História a partir da Educação Patrimonial, metodologia baseada na identificação e

interação com o bem cultural que amplia as possibilidades de aprendizado e facilita a

compreensão da história local e sua relação com os temas históricos mais amplos. Entende-se,

ainda, que a Educação Patrimonial promove a educação do olhar, propiciando uma nova

dimensão para o significado dos bens culturais; nesta direção, constitui uma ferramenta para o

estudo da história das cidades, uma vez que, propicia um aprendizado mais dinâmico e valoriza

a preservação dos bens de valor representativos na formação da identidade individual ou

coletiva da comunidade. Tais considerações foram utilizadas como suportes para a pesquisa

feita com discentes de duas escolas da rede pública do município de Pedro Osório, RS.

Metodologia e resultados

A metodologia de Educação Patrimonial tem se transformado diante de novas possibilidades

para a construção de práticas pedagógicas a partir da troca de conhecimentos gerais e

específicos entre a comunidade e ambientes de ensino/aprendizagem. Entretanto, enfatiza-se

que essas práticas pedagógicas devem orientar “os estudantes e os educadores a identificar

‘signos’ e os significados atribuídos aos bens materiais e imateriais por uma determinada

comunidade” (SCHIAVON; SANTOS, 2013), com o objetivo de se refletir sobre o que tem sido

constituído como memória e patrimônio, bem como alargar as convicções acerca do

Patrimônio Cultural como uma invenção e construção social (PRATS, 1998, p. 63).

Para tanto, em um primeiro lugar, identificou-se o bem cultural a partir do olhar discente,

atividade que foi estimulada pelo estabelecimento de percursos pela cidade, tendo em vista

que a observação leva à capacidade de percepção, aspecto “essencial durante o aprendizado

para o desenvolvimento do processo de pensamento e maturação” (GRUNBERG, 2000, p. 165);

em outras palavras, constitui o momento que de fato se olha o que antes passava

despercebido. A seguir, registrou-se o bem cultural por meio de fotografias, desenhos e relatos

escritos, a fim de se estabelecer a sistematização acerca das informações e relações contidas

no bem cultural no tempo presente (FRAGA, 2010, p. 228). Por fim, a terceira etapa, que

corresponde à valorização do bem cultural, ou seja, o momento da socialização, comunicação

142 Licenciada em História e mestranda do Programa de Pós-Graduação em História da

Universidade Federal do Rio Grande (FURG). [email protected]

143 Doutora em História pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Professora da Universidade Federal do Rio Grande (FURG). [email protected]

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e divulgação das percepções do bem estudado (FRAGA, 2010, p. 228), encontra-se em

processo de desenvolvimento.

Ressalta-se, ainda, que a metodologia de trabalho aqui apresentada não é necessariamente

compartimentada, pois uma etapa pode entrar na outra sem prejudicar o objetivo final

(GRUNBERG, 2000, p. 169). Todavia, faz-se necessário planejar as etapas com capacidade de

“intervenções diferenciais que permitam interrogar e levantar o máximo de relações

existentes entre os bens patrimoniais e os textos e contextos da história da cidade a eles

imbricados” (FRAGA, 2010, p. 228), porque a divisão em etapas facilita a aplicação da

metodologia e proporciona uma visão maior das informações a serem coletadas junto ao bem

cultural pesquisado. Dessa maneira, chegou-se aos resultados que permitiram um

mapeamento parcial do patrimônio cultural do município de Pedro Osório e, por outro lado,

apontaram a possibilidade da utilização desses bens culturais como suporte para a

compreensão da complexidade do fazer histórico.

Conclusões

Tendo-se em vista que a pesquisa encontra-se em pleno desenvolvimento considera-se, após

esta breve análise, o patrimônio cultural como fonte de estudo, não apenas da história local

mas, também, do contexto no qual esta realidade encontra-se inserida em escala geral.

Portanto, a experiência proporcionada pela Educação Patrimonial foge ao cotidiano de sala de

aula e promove a dinamização do ensino de História por meio da educação do olhar, não um

olhar direcionado e determinado, mas aquele construído em conjunto com os envolvidos no

processo. Sendo assim, conclui-se que a Educação Patrimonial propicia uma maior dimensão

da compreensão histórica, afinal, promove a participação da sociedade na identificação da sua

identidade e auxilia na construção do conhecimento.

Referências

FRAGA, Hilda Jaqueline. A cidade como documento no ensino de história. In: POSSAMAI, Zita

Rosane (org.). Leituras da cidade. Porto Alegre: Evangraf, 2010.

GRUNBERG, Evelina. Educação patrimonial: utilização dos bens como recursos educacionais.

Cadernos do CEOM, Chapecó, SC, Argos, nº 12, 2000, p. 159-180.

PRATS, Llorenç. El concepto de patrimonio cultural. Política y Sociedad [27], Madrid, 1998, p.

63-76.

SCHIAVON, Carmem G. Burgert; SANTOS, Tiago Fonseca dos. O ambiente teórico-

metodológico da Educação Patrimonial (EP). No prelo.

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Patrimônio Material: design, imagens e inventário do mobiliário do Clube Comercial de Pelotas/RS

Alexandre Vergínio Assunção144

André Noronha Furtado de Mendonça145

Paula Treptow Ribeiro146

Palavras-chave: design do mobiliário; inventário; memória coletiva; patrimônio material;

simbolismo.

Introdução

Este trabalho é vinculado ao projeto "Design, imagens e padrões em inventários do mobiliário

pelotense - Projetos interdisciplinares na área do mobiliário - Clube Comercial (estudo de caso

1)", que iniciou em 2012 e está em andamento, registrado na Pró-reitoria de Pesquisa,

Inovação e Pós-graduação do IFSul/Pelotas, e faz parte da produção do grupo Topos: Grupo de

Estudos, Pesquisa e Extensão em Design, Educação e Imaginário - cadastrado no CNPq e

certificado pela Instituição. O objetivo do projeto é investigar e inventariar o mobiliário do

Clube Comercial de Pelotas, para tentar compreender o fenômeno do patrimônio material e da

memória coletiva desse tipo de artefato. A fundamentação teórica baseia-se, principalmente,

em autores como Gaston Bachelard, Gilbert Durand, Maurice Halbwachs, José Reginaldo

Gonçalves e Cliffort Geertz, que dizem que a interpretação antropológica de um objeto passa

necessariamente pela análise, descrição e compreensão dos usos individuais e coletivos do

mesmo. A interpretação, assim, tem um caráter polissêmico e interdisciplinar, pois se envolve

numa “teia” analítica através de técnicas, percepções, memórias e imaginações. Para estes

autores o patrimônio cultural de um povo tem a ver com a memória coletiva e com a sua

tradição. Halbwachs (2006) estudou os “contextos sociais da memória” (p. 21), nos quais as

relações a serem determinadas já não ficarão submetidas ao mundo do indivíduo, na relação

entre o corpo e o espírito, mas perseguirão a realidade interpessoal das instituições sociais.

Assim, “o móvel” pode atualizar lembranças e estimular sentidos, sendo, por isso, considerado

um patrimônio material. Como outros artefatos materiais e culturais, o móvel circula

significativamente em nossa vida social por intermédio das categorias de análise ou dos

sistemas classificatórios, dentro dos quais os inventariamos, ou seja, os situamos, separamos,

dividimos e hierarquizamos. Gonçalves (2007), diz que cada artefato material tem sua

“biografia cultural”. Sendo assim, sua inserção como “patrimônio material” é apenas um

“momento” na sua vida social. No entanto, esse “momento” é muito importante, pois permite

perceber os processos sociais e simbólicos por meio dos quais esses objetos vêm a ser

transformados em “patrimônios materiais”, ou seja, em ícones legitimadores de ideias, valores

e identidades assumidas por grupos ou categorias sociais. Na medida em que assim são

inventariados e coletivamente reconhecidos, esses objetos desempenham uma função social e

simbólica de mediação entre o passado, o presente e o futuro do grupo, assegurando a sua

continuidade no tempo e a sua integridade no espaço. Um móvel, neste sentido, está

144

Arquitetura e Urbanismo (UFPel), Doutorado em Educação (UFPel), IFSul/Pelotas - [email protected]

145 Desenho Industrial (CUC/RJ), Mestrado em Design (UFRGS), IFSul/Pelotas - [email protected]

146 Estudante - Bacharelado do em Design (IFSul/Pelotas) - [email protected]

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certamente a serviço do conhecimento técnico/científico, do conhecimento histórico e

antropológico, mas ao mesmo tempo, é incontornável a demanda para que o mesmo tenha

ressonância junto a determinados segmentos do público.

Metodologia

Esta investigação é do tipo estudo de caso em que se utilizam registros fotográficos do

mobiliário, fontes documentais (livros e jornais), entrevistas, observação in loco, bem como o

acervo fotográfico do clube onde constam os móveis em seus contextos sociais e originais de

uso. Para a operacionalização da pesquisa adotamos a abordagem qualitativa (MINAYO, 2011;

GIL, 2010; APPOLINÁRIO, 2006) com características antropo-fenomenológicas (GIL, 2010;

APPOLINÁRIO, 2006). Trata-se, pois, de um tipo de pesquisa que busca analisar, descrever e

interpretar os fenômenos em geral. Passo-a-passo metodológico: a) interpretação de todo o

material colhido; b) divisão do material em unidades de significado; c) interpretações e

análises de acordo com referências teóricas; d) tentativa de compreensão geral do fenômeno.

Por último, e) execução da redação do relatório de pesquisa com a elaboração um Catálogo

com imagens e textos, no intuito de constituir um inventário do mobiliário do Clube Comercial

com o objetivo de dar-lhe visibilidade e estatuto.

Resultados Parciais

Síntese: 1) o reconhecimento através de fotos antigas dos cenários originais de uso do

mobiliário, pois atualmente o mobiliário pesquisado encontra-se armazenado fora de seus

cenários originais, 2) as entrevistas com funcionários e membros societários, 3) o

levantamento documental referente à história do clube e de seu mobiliário, 4) a identificação

de bibliografia específica e a produção de desenhos à mão livre dos móveis com suas medidas

principais, e, 5) atualmente estamos executando o tratamento de imagens com software

adequado. Por fim, pode-se dizer que todos os resultados obtidos até o presente momento

indicam a relevância histórica, estilística e social do mobiliário investigado, justificando a

pesquisa.

Referências

ALVES-MAZOTTI, Alda Judith. O Método nas ciências sociais: pesquisa quantitativa e

qualitativa. São Paulo: Pioneira, 1998.

APPOLINÁRIO, Fabio. Metodologia da ciência: filosofia e prática da pesquisa. São Paulo:

Pioneira Thomson Learning, 2006.

BACHELARD, Gaston. A terra e os devaneios da vontade: ensaio sobre a imaginação das

forças. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

CARDOSO DENIS, Rafael. Design, cultura material e o fetichismo dos objetos. ARCOS/PPDESDI,

Rio de Janeiro, ano 01, nº 01, p. 14-39, 1998.

CASSIRER, Ernst. Ensaio sobre o homem: introdução a uma filosofia da cultura humana. São

Paulo: Martins Fontes, 1994.

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COELHO, Luiz Antonio L. (org). Conceitos-chave em Design. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio; Novas

Ideias, 2008.

GEERTZ, Cliffort. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC, 2008.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2010.

GONÇALVES, José Reginaldo Santos. Antropologia dos objetos: coleções, museus e

patrimônios. Rio de Janeiro: Coleção, museus, memória e cidadania, 2007.

HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Centauro, 2006.

MAGALHÃES, Mario Osório. História e Tradições da Cidade de Pelotas. Porto Alegre:

Ardotempo, 2011.

MINAYO, Maria Cecília de Souza. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis, RJ:

Vozes, 2011.

RIBEIRO, Claudia Campos. O estudo do mobiliário francês do período de 1860 a 1930 como

patrimônio da cidade de Pelotas. 2010, 155p. Dissertação (Mestrado em Memória Social e

Patrimônio Cultural). Instituto de Ciências Sociais. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.

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Coleções e História dos Museus: A Coleção Adail Bento Costa e o Museu Municipal Parque da

Baronesa

Talita Corrêa Vieira Silva147

Noris Mara Pacheco Martins Leal148

Palavras-chave: História dos Museus. Coleções. Adail Bento Costa. Museu da Baronesa.

Pelotas.

Introdução

Este texto apresenta os resultados do trabalho de conclusão de curso no Bacharelado em

Museologia na Universidade Federal de Pelotas, no ano de 2012, intitulado "Coleções e

Colecionadores'. O estudo buscou, a partir da história das coleções, refletir acerca dos motivos

pelos quais estas são constituídas, muitas vezes em virtude de gostos pessoais, de presentes

recebidos ou de lembranças de pessoas que gostamos, de viagens, de lugares, de momentos

marcantes.

As coleções sempre foram símbolo de poder, as grandes coleções dos séculos XVI e XVII, as dos

gabinetes de curiosidades, deram início aos primeiros museus. Estas, não possuíam uma

ordem, vagarosamente foram sistematizadas, passaram a existir preocupações com métodos

de conservação tanto física como documental.

Em âmbito regional, foi verificada a Coleção Adail Bento Costa, artista e restaurador pelotense,

atuante nas décadas de 70 e 80, que possuía coleção de objetos diversos. Adail demonstrou

em testamento, vontade de organizar um museu com sua coleção, que foi doada à Prefeitura

Municipal de Pelotas, com este intento. Como não foi realizado o desejo da criação de uma

instituição museológica para esta coleção ela se encontra, desde então, em comodato no

Museu Municipal Parque da Baronesa, que inaugurou no mesmo ano da doação.

Além de importante documento para a preservação da memória da cidade, este trabalho é

pioneiro ao tratar da Coleção de Adail Bento Costa, reconhecendo seus objetos como parte do

patrimônio cultural da cidade de Pelotas.

Metodologia e resultados

A metodologia empregada teve cunho qualitativo, utilizando-se dos seguintes procedimentos:

revisão de bibliografia e pesquisa documental. Foram utilizados documentos, como o que

efetiva a doação das peças pertencentes a Adail à Prefeitura de Pelotas, feita pela irmã do

colecionador, a relação das peças emprestadas ao Museu. Também foram realizadas

atividades durante estágio no Museu da Baronesa, dentre outras, a organização do catálogo da

Coleção Adail Bento Costa, buscando facilitar o acesso as informações.

147 Graduação em Museologia, Universidade Federal de Pelotas, [email protected]

148 Graduação em Licenciatura em História, Mestrado em História - UFRGS e Doutoranda em

Museologia - ULHT, Professora do Bacharelado em Museologia - UFPel,

[email protected].

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Conclusões

O ato de colecionar pode ser fonte de prazer e elemento de distinção na sociedade. A coleção

fala muito sobre seu proprietário, conferindo prestígio a quem possui, demonstrando sua

riqueza, seus interesses intelectuais, seu poder, e outras particularidades. Transformar estas

coleções em peças de museus, pode construir um conjunto de relíquias, normalmente aliados

a um tema ou imortalizando seu antigo proprietário.

O mundo das coleções particulares e dos museus podem parecer diferentes, mas é possível

identificar características comuns entre elas. Os objetos guardados em uma coleção ou no

acervo de museu já não são avaliados por seu valor de utilidade, seu uso faz parte do passado,

seu objetivo é ser admirado e ordenado. São rodeados de cuidados especiais, protegidos da

ação do tempo. São expostos de maneira que sejam vistos e, na maioria das vezes, para que

não sejam tocados.

Os museus surgem apresentando uma história singular, mostrada e reafirmada pelos objetos,

que se distinguem dos demais devido a uma concepção histórica orientada por eventos,

homens e fatos classificados como importantes, que compõem a história que é contada. Essa

ideia de história única e oficial encontrou no museu sua instituição principal, transformada em

uma plataforma de símbolos, que constroem uma memória única, homogenia.

Em Pelotas, a criação do Museu Municipal Parque da Baronesa veio atender esta demanda.

Até hoje, ele ainda é chamado de “Museu da Cidade”, dando a falsa ideia de que ali

encontram-se objetos referentes a história da cidade, quando na verdade trata-se de um

museu que apresenta parte da história de Pelotas. Como a maioria dos museus, as coleções

provêm de famílias e representantes da elite da cidade, sugerindo um falso histórico,

esquecendo das diversas camadas existentes na sociedade.

Adail foi representante ilustre da sociedade pelotense do século XX, por ter possuído muitos

objetos e vontade de criação de um Museu para abrigá-los, doou os objetos ao seu município

de nascimento. Embora tenham vivido em períodos diferentes, a família que habitou a casa

onde se encontra o museu e o colecionador em questão, fizeram parte da história de Pelotas,

exerceram influência na sociedade em que viveram, possuíram alguns objetos semelhantes

que hoje encontram-se no mesmo espaço, carregados de memória e significados.

Referências

CALVINO, Italo. Collection de Sable. Paris, Éditions du Seuil, 1990, p.11-17.

CLARA, Isabel Santa. Colecções. Episteme, Porto Alegre, n. 20, suplemento especial, p. 167-

171, jan./jun. 2005.

JANEIRA, Ana Luísa. A configuração epistemológica do colecionismo moderno (séculos XV-

XVII). Episteme, Porto Alegre, n.20, jan./jun. 2005.

________. Primórdios do colecionismo moderno em espaços de produção do saber e do gosto. Revista Memorandum, Belo Horizonte, 2006.

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________; PINTO, Paulo Mendes. Andarilhos, comerciantes, espiões naturalistas e outros cientistas em saques, expedições e exposições. Episteme, Porto Alegre, n. 20, jan./jun. 2005.

LEAL, Noris Mara Pacheco Martins. Museu da Baronesa: acordos e conflitos na construção da

narrativa de um museu municipal – 1982 a 2004. Dissertação (Mestrado em História).

Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2007.

MONTONE, Annelise Costa. Representações da vida feminina em um acervo de imagens

fotográficas do Museu da Baronesa, Pelotas/RS: 1880 a 1950. Dissertação (Mestrado em

Memória Social e Patrimônio Cultural) Instituto de Ciências Humanas.

Outras fontes:

Decreto lei de criação do MMPB;

Documentos administrativos do MMPB;

Documento que efetiva a doação das peças que pertenceram ao Prof. Adail Bento Costa à

Prefeitura de Pelotas de 16 de Abril de 1982;

Fichas catalográficas do acervo do MMPB;

Recortes de jornais da Coleção Adail Bento Costa: acervo MMPB;

Recortes de jornais da Coleção Família Antunes Maciel: acervo MMPB;

Relação das peças feita pela administração do Museu da Baronesa, em 25 de outubro de 1983;

Relação registrada em cartório das peças que pertenceram ao Prof. Adail Bento Costa, em 23

de março de 1982;

Testamento de Adail Bento Costa;

Testamento de Aníbal Antunes Maciel.

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Inventário das escariolas pelotenses: Preservação das técnicas decorativas em revestimento de

paredes

Daniele Baltz da Fonseca149

Pedro Luís Machado Sanches150

Jeferson Dutra Salaberry³

Palavras-chave: Escariolas. Stucco-lustro. Estuques lisos. Inventário do Patrimônio Cultural.

Introdução

Este artigo apresenta o trabalho em desenvolvimento que consiste na elaboração de um

inventário das escariolas pelotenses. Através do inventário busca-se conhecer o universo das

escariolas ainda existentes nas paredes das edificações já inventariadas como Patrimônio

Cultural desta cidade. Também se pretende buscar o reconhecimento desses revestimentos

como bem cultural, suscitando discussões acerca das técnicas decorativas das edificações

históricas e, consequentemente, colaborando com a sua preservação. Tal inventário é

promovido através do GEPE, grupo de estudo e pesquisa em estuques do Curso de

Conservação e Restauro de Bens Culturais Móveis da UFPel, e é viabilizado através de recursos

do PROEXT 2013, do Ministério da Educação.

Metodologia e resultados

As escariolas são um acabamento de paredes revestidas com argamassa tradicional de cal e

areia. O acabamento escariolado é feito com a aplicação de finas camadas de uma argamassa

de pasta de cal e pó de mármore, denominada marmorino. O marmorino é brunido com colher

ou desempenadeira metálica enquanto é umedecido com sabão dissolvido em água. Tal

técnica deixa o marmorino com aspecto lustroso, como o de mármore polido. Sobre o

marmorino são executadas pinturas afresco buscando simular incrustações de pedras

ornamentais como mármores. Segundo Aguiar (2002, p. 258) o nome correto da técnica seria o

stucco-lustro, enquanto que a verdadeira escaiola deriva do italiano scagliola e consiste em

técnica diferente na qual a simulação do mármore se dá por adição dos pigmentos à massa e

esta é recortada para formar as incrustações. Para Sanches et. al. (2013), em Pelotas seria

utilizada a variação lexical escariola, no lugar de escaiola. No entanto, o termo escaiola é

utilizado no Brasil, Portugal e Espanha para designar qualquer técnica de fingimento de

mármore.

149 Arquiteta e Urbanista, Mestre em Conservação e Restauro de Monumentos, professora da Universidade Federal de Pelotas, [email protected].

² Bacharel em Filosofia, Doutor em Arqueologia, professor da Universidade Federal de Pelotas, [email protected]

³ Arquiteto e Urbanista, Mestre em Arquitetura e Urbanismo, técnico em restauração da Universidade Federal de Pelotas, [email protected].

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FIGURA 2 – Escariola no prédio do

instituto João Simões Lopes Neto.

Fonte: acervo do GEPE, 2011.

FIGURA 3 – Escariola no prédio

localizado na Rua Félix da Cunha.

Fonte: acervo do GEPE, 2011.

FIGURA 4 – Escariola do

casarão 06 da praça Coronel

Pedro Osório. Fonte: acervo

do GEPE, 2013.

Inicialmente, identificou-se que as escariolas pelotenses constituem-se em bens culturais

ameaçados, uma vez que os mecanismos de preservação não atingem o interior dos edifícios,

na sua maioria. Nesta cidade, aproximadamente 50 edificações são tombadas ou

inventariadas com nível de preservação 1, enquanto o total de bens inventariados na cidade

soma mais de 2000, isso quer dizer que menos de 3% do total de bens do Patrimônio Cultural

têm a preservação de suas características interiores garantida por algum mecanismo legal.

A partir desta constatação percebeu-se a necessidade de se inventariarem as escariolas

pelotenses. O trabalho proposto constitui-se num registro de todas as escariolas que

pertencem à edificações do Inventário do Patrimônio Cultural Pelotense. Acredita-se que

através do estudo e da pesquisa acerca do bem é possível atribuir-lhe significado e valor

cultural e, com isto, buscar os mecanismos necessários para que sua preservação, baseada no

respeito, na apropriação e apreciação do objeto cultural pela comunidade, possa ser garantida.

Conclusões

Esta etapa do levantamento pretende inventariar os bens que estão inseridos na Zona de

Preservação do Patrimônio Cultural II –ZPPC II. Esta zona contém 811 imóveis inventariados.

Até o presente momento, 312 imóveis foram vistoriados, entre os quais se encontrou um total

de 33 imóveis que possuem pelo menos um ambiente com paredes escarioladas. Também

foram encontrados pelo menos 2 imóveis que possuem paredes escariolas e que, por já terem

sua fachada descaracterizada, não figuram entre os bens inventariados da cidade.

Referências

AGUIAR, José. Cor e Cidade Histórica: Estudos Cromáticos e Preservação do Patrimônio. Porto: FAUP, 2002.

GONZÁLEZ-VARAS, Ignacio. Conservación de bienes culturales: teoria, história, principios y normas. Madrid: Cátedra, 2000.

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MASCARENHAS, Alexandre. Ornatos Restauração e Conservação. In-Fólio, Rio de Janeiro 2008.

SANCHES, Pedro L. M.; ALVES, F. G.; PALLA, F. Fingir e escariolar: variações do léxico e do modo de fazer em Pelotas, RS, Brasil. In: II Congresso de História da Construção Luso-brasileira, 2013, Vitória/ES. Anais.

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O Almanach de Pelotas e os seus reclames: suportes materiais de questões imateriais

Paula Garcia Lima151

Francisca Ferreira Michelon152

Palavras-chave: Almanach de Pelotas, reclames, cultura material.

Introdução

Este trabalho integra estudos que vem sendo desenvolvidos desde 2010 dentro do projeto de

pesquisa “Memória Gráfica de Pelotas: um século de design”, lotado na Universidade Federal

de Pelotas, e estudos que estão em fase inicial para a composição de tese dentro do Programa

de Pós Graduação em Memória Social e Patrimônio Cultural, do Instituto de Ciências Humanas,

da mesma citada universidade.

Nas duas pesquisas citadas, tem-se como foco de análise os reclames do Almanach de Pelotas,

periódico veiculado na cidade entre os anos de 1913 e 1935. Os almanaques, de forma geral,

eram produtos de grande apego dentro das sociedades, considerados verdadeiros parceiros

dos leitores, lhes acompanhando dia a dia no decorrer do ano. Para Ferreira (2001, p.20), os

almanaques eram grandes conselheiros, guias das mais diversas áreas, fornecendo receitas e

contendo informações que perpassavam desde a magia até conhecimentos calcados na

medicina, com vistas a auxiliar na superação de dificuldades. Com o Almanach de Pelotas,

percebeu-se que tais características se confirmavam, ou seja, era uma fonte veiculadora deste

tipo de informações.

No entanto, o Almanach de Pelotas configura o objeto de estudo mais geral deste trabalho,

sendo o objeto de estudo mais específico os anúncios encontrados no decorrer desta

publicação, que não eram poucos, tendo em vista que o periódico se intitulava como um

periódico de variedades, informações e propaganda. Mesmo em uma primeira apreciação é

notória a grande quantidade de reclames e isto é perfeitamente compreensível, já que estes

eram responsáveis por sustentar a publicação. O enfoque em anúncios de produtos se justifica

pela compreensão de que estes são elementos que funcionam como importantes integrantes

da cultura material que muito tem a dizer sobre a sociedade na qual foram originados e

circularam. Sobre cultura material os principais autores utilizados são Villas-Boas (2002),

Radley (1992) e Csikszentmihalyi (1993). Ressalta-se que estes suportes materiais, conforme

citado, falam de muitos aspectos imateriais como os hábitos, costumes, formas de vida e

organização desta sociedade.

Metodologia e resultados

151 Design Gráfico, doutoranda em Memória Social e Patrimônio Cultural – UFPel, UFPel, [email protected].

152 Licenciatura Plena Em Educação Artística, Doutora em História – PUC-RS, UFPel,

[email protected].

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O estudo que, em parte se intenta apresentar aqui, inicialmente partiram de uma análise dos

anúncios a partir de um formulário de identificação dos reclames constituído por dados como:

título do periódico, data, página, cota, tipo de produto, estética, tema representado, tipo de

impressão, gráfica, tipógrafo, dimensões, cores, suporte, observações.

A partir deste formulário foi possível se ter um panorama geral dos anúncios, permitindo,

inclusive, que se iniciasse um inventário destes anúncios, através de uma classificação com

base na tipologia do produto que anunciado. No entanto, para a pesquisa que esta sendo

desenvolvida na tese que se encontra em fase inicial, sentiu-se a necessidade de uma análise

de forma mais focada no periódico no qual se encontram os anúncios. Desta forma, partiu-se

para uma leitura detalhada de todo o periódico, para uma melhor compreensão deste suporte

que veicula os anúncios, ou seja, para buscar compreendê-los de forma inserida neste

contexto maior.

Nesta análise do periódico como um todo, foi criado um arquivo de texto denominado

“Fichamento leitura Almanachs”, no qual foram anotadas questões curiosas relacionadas aos

anúncios e ao periódico como um todo. Este arquivo contém 186 páginas de informações,

porém, as mesmas ainda não foram sistematizadas.

Conclusões

Até o presente, reitera-se que se acredita estar a trabalhar importantes integrantes da cultura

material, tanto tomando o objeto de estudo de uma forma global – os Almanachs – quanto os

tomando a partir da especificidade do que se está a observar – os reclames. Já foi possível

perceber o quanto se pode saber, conhecer da sociedade pelotense daquele período, e as

inúmeras vertentes que, a partir destes objetos, pode-se analisar. Por fim, conclui-se indo ao

encontro da afirmação de Douglas Kellner (1995, p. 112), quem considera este tipo de produto

visual como textos culturais multidimensionais cuja análise exige um processo cuidadoso de

decodificação e interpretação que tem muito a revelar sobre nós mesmos e nossa sociedade.

Referências

CSIKSZENTMIHALYI, Mihaly. Why we need things. In: LUBAR, Steven; KINGERY, David W.

(orgs.). The history from things: essays on material culture. Washington: Smithsonian

Institution, 1993. p.20-29.

FERREIRA, Jerusa Pires. Almanaque. In: MEYER, Marlyse (Org.). Do Almanak aos Almanaques.

São Paulo: Ateliê Editorial, 2001.

KELLNER, Douglas. Lendo Imagens Criticamente: em direção a uma pedagogia Pós-Moderna.

In: SILVA, Tomaz Tadeu da (org.). Alienígenas na Sala de Aula. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995, p.

104-131.

RADLEY, Alan. Artefactos, memoria y sentidos del pasado. In: MIDDLETON, David; EDUARDS,

Derek (org.). Memoria compartida: la naturaleza social del recuerdo y Del olvido. Buenos Aires:

Paidós, 1992. p.63-76.

VILLAS-BOAS, André. Identidade e cultura. Rio de Janeiro: 2AB, 2002.

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Patrimônio Material: Usos da Igreja de St Mary e St David em Kilpeck, Herefordshire, como uma fonte

histórica para o passado.

Amanda Basílio Santos153

Palavras-chave: Patrimônio. Fonte. Mísulas. Cultura.

Introdução

O trabalho proposto aborda parte da pesquisa em desenvolvimento que resultará no TCC, que

trata da análise simbólica e artística das mísulas154 da Igreja de St. Mary e St. David em Kilpeck,

Herefordshire, na Inglaterra. A intenção é discutir a importância desta igreja em particular

como patrimônio material para pesquisas que abordam o período medieval.

A Igreja de Kilpeck foi construída no século XII, sendo fruto da invasão normanda na Inglaterra,

tendo o poder normando se consolidado na Batalha de Hastings em 1066. Após o começo do

reinado normando houve muitas construções tanto de prédios religiosos quanto de prédios

temporais, como castelos. A Igreja de Kilpeck foi construída entre 1134 e 1145, tendo como

patrono Hugh of Kilpeck. Ela foi construída em terreno onde já havia previamente uma igreja

desde o século VI, pois a região sempre foi de importância estratégica por ser fronteira com

Gales. (THURLBY, 2002)

Metodologia e resultados

Uma das conseqüências geradas pela Escola dos Annales foi o alargamento de fontes para a

pesquisa histórica deixando de privilegiar os documentos escritos, de cunho oficial, e

agregando elementos visuais, arquitetônicos, arqueológicos, orais, dentre outros (BURKE,

1992), este fato permite a realização deste trabalho cuja fonte principal se trata de elementos

visuais de um patrimônio arquitetônico.

A Igreja se encontra de forma incrivelmente conservada e poucas alterações ou restaurações

foram feitas desde a sua construção. Ela é um patrimônio importante pois é o melhor e mais

bem preservado exemplo de arte românica da Escola de Herefordshire. A Igreja sofreu poucas

alterações, apenas uma janela adaptada ao estilo gótico e a adição de uma proteção de metal

sob o pórtico da porta; não foi depredada na época quando muitas igrejas inglesas perderam

parte ou totalidade de sua iconografia e decoração. As reformas de Thomas Cromwell também

não afetaram a igreja e por fim esta sobreviveu ilesa aos bombardeios da I e II Guerra Mundial.

Tudo isto torna esta igreja um patrimônio arquitetônico e iconográfico importantíssimo do

período medieval inglês.

153 Graduanda em Bacharelado em História; Universidade Federal de Pelotas (UFPel);

[email protected].

154 Mísula: Segundo o dicionário Enciclopédico de Arquitetura “Peça saliente em forma de S

invertido, estreita na parte inferior e mais larga na superior, encostada a uma parede vertical e

servindo de apoio a uma cornija, busto, arco, etc. (PEVSNER et al., 1977).

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Para que fosse possível efetuar a análise destas 80 mísulas foi feito um banco de dados

abordando descrição de cada mísula, paralelo com bestiário quando se tratava de um animal,

bibliografia onde estas mísulas já foram citadas, disposição espacial na Igreja (nave, abside,

etc). À partir do banco de dados foi gerado gráfico de tipologias temáticas ou espécies (ao

lado). Através deste gráfico foi possível visualizar o que é mais recorrente tematicamente para

então poder fazer uma análise temática e posteriormente estilística.

As fontes desta pesquisa estão disponíveis on-line o que permite maior acesso aos

historiadores brasileiros com interesse no período medieval. As fotografias estão disponíveis

no site http://www.crsbi.ac.uk/index.html apresentando o conjunto completo das mísulas.

Conclusões

No decorrer da pesquisa, que ainda é inicial, a Igreja de Kilpeck tem provado ser de inestimável

importância para o entendimento da arquitetura românica de igrejas paroquiais do interior da

Inglaterra medieval, através da análise iconográfica de seu conjunto de mísulas até então ficou

claro a forte presença de um hibridismo cultural havendo elementos estilísticos e temáticos

cristãos e celtas compartilhando espaços importantes da arquitetura eclesiástica como a

abside155.

Referências

ALLEN, J. Romilly. Celtic Art in Pagan and Christian Times. Londres: Methüen & CO, 1904.

p.452.

BURAS, C. Social Influences on Sculpted Romanesque Corbels in the Eleventh and

Twelfth Centuries. 2012. 56f. Tese (Mestrado em Artes) – The School of Art, Louisiana State

University, Louisiana. p.56.

BURKE, Peter. Hibridismo Cultural. Rio Grande do Sul: UNISSINOS, 2003. p.116.

BURKE, Peter. A Escola dos Annales 1929 – 1989: A Revolução Francesa da Historiografia. São Paulo: Unesp, 1992. p.115.

155 Abside: Segundo o Dicionário Enciclopédico de Arquitetura “Uma extremidade poligonal ou semi-

circular, com abóbada, usualmente de uma capela ou capela-mor”. (PEVSNER et al., 1977)

22; 28%

24; 30%

20; 25%

5; 6%

9; 11%

Gráfico Classificatório das Mísulas

Animais

Rostos Humanos

Bestas/Híbridos

Cenas Específicas

Outros

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FREITAG, Barbara. Sheela-na-Gigs: Unraveling an Enigma. Londres: Routledge, 2004. p.205.

FUNARI, Pedro Paulo; PELEGRINI, Sandra C. A. Patrimônio Histórico e Cultural. Rio de Janeiro:

Jorge Zahar Ed., 2006.

GELDART, Ernest. A Manual of Church Decoration and Symbolism: The Explanation and the

History of the Symbols and Emblems of Religion. Londres: A.R. Mowbray & CO, 1899. p.228.

MAGRILL, B. Figurated Corbels on Romanesque Churches: The Interface of Diverse Social

Patterns Represented on Marginal Spaces. RACAR XXXIV, V.34, Nº2, p. 43 – 54, 2009.

PEVSNER, Nikolaus; FLEMING, John; HONOUR, Hugh. Dicionário Enciclopédico de Arquitetura.

Rio de Janeiro: Editora ArteNova, 1977. 271p.

TAYLOR, Richard. How to Read a Church. New Jersey: Hidden Spring, 2005. p.246.

THURLBY, Malcolm. The Herefordshire School of Romanesque Sculpture. Londres: Logaston

Press, 2002. p.178.

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Um Inventário Material: a experiência do Laboratório de História do livro

Ana Utsch156

Alice Almeida Gontijo157

Palavras-chave: Inventário Material. História do Livro. Codicologia. Restauração. Acervos

Bibliográficos.

Introdução

A presente comunicação pretende apresentar e discutir o processo de produção do Inventário

Material bibliológico inscrito nas atividades do Laboratório de História do Livro. Através da

construção de objetos capazes de ilustrar as diferentes modalidades técnicas, materiais e

gestuais que dão forma e realidade ao livro impresso em diferentes períodos históricos (séc.

XV-XIX), o Laboratório constituiu um inventário que, ao unir patrimônio material e imaterial,

abrange um projeto museológico, pedagógico e editorial.

Dedicado ao estudo da materialidade do objeto-livro ao longo de sua história, o Laboratório de

História do Livro é um dos segmentos do Museu Vivo Memória Gráfica (que conta ainda com

uma oficina tipográfica), projeto de pesquisa e extensão em atividade desde o primeiro

semestre de 2011, coordenado pela Profa Ana Utsch e integrado ao Centro Cultural UFMG.

Imperativamente associada aos suportes tradicionais da cultura escrita, a palavra, manuscrita

e impressa, forjou ao longo de seu longo percurso de inscrição, diferentes modalidades

técnicas e estéticas expressas pelas inúmeras materialidades encarnadas exemplarmente pelo

códice (CHARTIER, 1994). Percebidos como “dispositivos ativos”, os suportes e as formas que

sustentam a textualidade guardam a memória das operações efetivas que os produziram,

suscitando, antecipando ou programando seus modos de circulação e os gestos de apropriação

de seus diferentes destinatários (JACOB, 2010).

A estrutura que constitui o livro como objeto tridimensional – a encadernação – foi, por muito

tempo, negligenciada pela restauração de acervos bibliográficos e com ela os valores

patrimoniais e históricos dos elementos construtores de sua materialidade. Esta negligência

colocou, e ainda coloca, em risco o patrimônio bibliográfico mundial. Ao privilegiar o suporte

bidimensional (os fólios, o papel) em detrimento da encadernação, inúmeros códices

integrantes de importantes acervos bibliográficos foram destituídos de suas características

formais, que, além de serem detentoras de informações precisas sobre a fabricação do livro no

passado, guardam a memória das práticas de difusão e recepção do livro em diferentes

períodos históricos. A História do Livro (aliada à Bibliografia Material), ao exaltar na segunda

metade do século XX os valores patrimoniais e históricos destes elementos, questionou, ainda

que indiretamente, essa negligência. É também com a consciência das funções ativas exercidas

156 Doutorado, professora do Curso de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis da EBA/UFMG, [email protected]

157 Graduação, estudante do Curso de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis da EBA/UFMG, [email protected].

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pelas diversas materialidades do livro, que o Laboratório de História do Livro aproxima

efetivamente a História do Livro e a Restauração de Acervos Bibliográficos.

Metodologia e resultados

Como instrumento maior de consolidação dessa aproximação, o Laboratório constrói e divulga

o seu Inventário Material, contemplando diferentes estruturas e formas que contribuíram para

a fixação do livro impresso no Ocidente, em um período que vai do século XV – momento que

marca uma ruptura fundamental com os modelos técnicos próprios do corpus material do livro

medieval – ao século XIX – momento que pontua a “segunda revolução do livro” (BARBIER,

2001), com inúmeras transformações materiais provenientes dos processos de industrialização

e do aumento da produção editorial.

FIGURA 1 – O Laboratório de História do Livro na ocasião de sua inauguração em Agosto de 2011, Centro Cultural UFMG, Belo Horizonte.

Fonte: Arquivo fotográfico do Museu Vivo Memória Gráfica

Após a etapa de organização e aparelhagem do Laboratório, iniciamos a produção do

Inventario de maneira regressiva e elegemos a encadernação tradicional europeia do séc. XIX,

como ponto de partida, seguida por modelos dos séculos XVII, XVI. Cada modalidade foi

construída de maneira a dar a ver os materiais e técnicas utilizadas na elaboração das

diferentes estruturas.

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FIGURAS 2 E 3 – Peças do Inventário da encadernação tradicional do século XIX à esquerda e peça do Inventário da encadernação do século XVII à direita.

Fonte: Arquivo fotográfico do Museu Vivo Memória Gráfica

Conclusões

O Inventário Material constitui hoje uma importante fonte de pesquisa e ensino para a

comunidade da UFMG. Para os estudantes do Curso de Conservação-Restauração de Bens

Culturais Móveis, assim como de Biblioteconomia, Museologia e Letras, o Inventário Material

tem sido fundamental para a ampliação e sistematização de conhecimentos adquiridos através

das disciplinas Restauração de Livros e Documentos, História do Livro, História da

Encadernação e Encadernação. Além dessa dimensão acadêmica, as visitas guiadas ou

espontâneas, oferecem ao público externo a possibilidade de conhecer os diferentes processos

de constituição do livro.

Referências

BARBIER, Fréderic (dir.). Les trois révolutions du livre. Actes du colloque international de

Lyon/Villeurbanne (1998). Numéro spécial de la Revue française d'histoire du livre, n°106-109.

Genève, Droz, 2001.

CHARTIER, Roger. A Ordem dos Livros. Leitores, autores e bibliotecas na Europa entre os

séculos XIV e XVIII. Tradução de Mary Del Priore. Brasília: Editora UNB, 1994.

COILLY, Nathalie. Les écrins de l'écriture: reliures du Moyen âge à la Renaissance à la

Bibliothèque l'Arsenal. França: Mém. d'étude Lyon Ecole nationale supérieure des sciences de

l'information et des bibliothèques, 2000, p. 15-36.

JACOB, Christian (org.). Lieux de savoir 2. Les mains de l’intellect. Paris, Albin Michel, 2010.

MCKENZIE, Donald Francis. Bibliography and the Sociology of Texts. The Panizzi Lectures 1985.

London, The British Library, 1986. Reedição : Cambridge, Cambridge University Press, 1999.

PHILIPPOT, Paul. « La restauration dans la perspective des sciences humaines », in PHILIPPOT,

Paul, Pénétrer l’art, restaurer l’oeuvre. Une vision humaniste. Hommage en forme de florilège,

édité par C. Périer-D’Ieteren, éd. Groeninghe EDS, 1990.

RUIZ, Elisa. Manual de codicología. Salamanca, Madrid: Fundación Germán Sánchez Ruipérez,

1988.

UTSCH, Ana. « La restauration à la BnF : discours et pratiques », in Actualités de la

Conservation. Paris, Bibliothèque nationale de France, 2011.

VALE, Paulo Pires do; TAVARES, Gonçalo M. Tarefas Infinitas: onde o livro e a arte se ilimitam.

Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2012. (Catálogo da Exposição Tarefas Infinitas).

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A Arquitetura Protomoderna no Inventário do Patrimônio Histórico de Pelotas

Alexandra Vaz Viana158

Liciane Machado Almeida159

Daniele Behling Luckow³

Palavras-chave: inventário.arquitetura.protomoderna.patrimônio.histórico

Introdução

A arquitetura urbana de Pelotas chegou aos meados do século XX compondo-se através de

elementos mais geométricos e menos rebuscados, característicos da arquitetura

protomoderna. No campo teórico, esta arquitetura foi alvo de importantes estudos (MOURA,

2004 E 2005; SCHLEE, 1993; GONSALES, 2001; ALMEIDA, 2006). Este estilo, ainda

significativamente remanescente na cidade, em termos de proteção, encontra-se parcialmente

cadastrado no Inventário do Patrimônio Histórico e Cultural de Pelotas. É esse corpo de bens

protegidos que representa o objeto deste estudo.

A análise deste acervo arquitetônico tem como objetivo o reconhecimento desta produção

edilícia como forma de subsidiar o estudo em andamento sobre a Arquitetura Protomoderna

em Pelotas desenvolvido pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal

de Pelotas em parceria com a Prefeitura Municipal. O citado estudo levantou e mapeou todo o

acervo remanescente na malha urbana dos primeiros loteamentos da cidade. Atualmente está

em fase de análise do acervo identificado para definição dos bens passíveis de enquadramento

na lei municipal 4568/2000 (PELOTAS,2000), que regulamenta o inventário. O reconhecimento

dos exemplares protegidos é uma referência para as análises dos prédios atualmente em

estudo, tanto no que se refere à identificação dos significados a eles já atribuídos, como no

que diz respeito ao entendimento dos mecanismos de proteção vigentes.

Metodologia e resultados

A definição da amostra para o estudo tomou por base os 2095 exemplares arquitetônicos

cadastrados no Inventário do Patrimônio Histórico e Cultural de Pelotas. Os prédios

selecionados apresentam características da arquitetura protomoderna e foram identificados

através do cadastro da Prefeitura existente na Secretaria Municipal de Cultura, com base na

ficha de avaliação dos níveis de preservação. Constatou-se 282 exemplares com características

da arquitetura protomoderna, o que representa 13% do total de imóveis inventariados no

158 Acadêmica de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Católica de Pelotas,

[email protected]

159 Arquiteta e Urbanista, Especialista em Patrimônio Cultural, Mestre em Memória Social e

Patrimônio Cultural, Secretaria Municipal de Cultura de Pelotas,

[email protected]

³ Arquiteta e Urbanista, Mestre em Arquitetura e Urbanismo, Curso de Arquitetura e

Urbanismo Universidade Católica de Pelotas, [email protected]

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município. A análise desta amostra avaliou a situação atual destes imóveis, considerando suas

descaracterizações e sua localização na malha urbana.

FIGURA 1 – Exemplares da arquitetura protomoderna na cidade de Pelotas.

Fonte: Acervo Secretaria Municipal de Cultura

Os exemplares selecionados foram localizados no mapa da zona urbana permitindo avaliar a

tendência de construção em direção à zona portuária. Os imóveis com descaracterizações

significativas representam 14% dos imóveis mapeados com características protomodernas.

FIGURA 2 – Mapeamento da arquitetura protomoderna na cidade de Pelotas.

Fonte: Produção da autora

Conclusões

A permanência de exemplares da arquitetura protomoderna em Pelotas evidencia a

necessidade de sua manutenção como elemento representativo de uma importante fase da

história de desenvolvimento da cidade. O estudo desta arquitetura permite reconhecer as

transformações e tendências estilísticas empregadas ao longo da história, ressaltando que as

características protomodernas também foram fortemente empregadas na produção edilícia da

cidade. A análise destes 282 prédios caracteriza a sua importância na paisagem urbana, no

contexto histórico da cidade e o fortalecimento da memória de Pelotas.

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Referências

ALMEIDA, Liciane Machado. 2009. “Casas de Renda” – Um Estudo para Reabilitação dos

Conjuntos Residenciais do Patrimônio Edificado Pelotense no Início do Século XX. Dissertação

(Mestrado em Memória Social e Patrimônio Cultural) – Instituto de Ciências Humanas,

Universidade Federal de Pelotas, 2006.

GONSALES, Célia Helena Castro. Racionalidade e contingência, uma proposta de leitura da

arquitetura moderna brasileira: o caso de Pelotas. Cadernos de Arquitetura Ritter dos Reis-

Editora Ritter dos Reis. 2001. v. 3, p. 173-180

MOURA, Rosa Maria Garcia Rolim. Ari Marangon - 25 anos de arquitetura. Santa Maria:

Pallotti, 2004. v. 500.105 p

____________________________. Protomodernismo em Pelotas. Pelotas: Editora e Gráfica

da UFPel, 2005.v. 300. 200 p.

PELOTAS. Lei 4.568 de 2000. Declara área da cidade como zonas de preservação do Patrimônio

cultural de Pelotas – ZPPCs – lista seus bens integrantes e dá outras providências. Disponível

em: www.pelotas.com.br. Acesso em: 20 set. 2013.

PREFEITURA MUNICIPAL DE PELOTAS, SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA. Manual do

Usuário de Imóveis Inventariados. Pelotas: Nova Prova, 2008.

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Inventário como instrumento de interpretação e planejamento: O plano de preservação do

patrimônio arquitetônico de São Lourenço do Sul-RS.

Daniele Behling Luckow 160

Ana Lúcia Costa de Oliveira 161

Palavras-chave: Inventário. Patrimônio arquitetônico. Preservação. São Lourenço do Sul.

Introdução

No âmbito de atuação do patrimônio cultural a organização de planos de conservação e

gestão integrada tanto em escala local como nacional tem um papel importante na política de

proteção aos bens culturais. Dentro dessa política podem-se estabelecer três instâncias: a

proteção, o conhecimento e a gestão. Nesse sentido os inventários de cadastro do patrimônio

cultural podem ser interpretados a partir do conhecimento (cadastramento), da legislação de

proteção e da gestão. A sua leitura como instrumento de conhecimento e gestão incorpora a

análise da informação ao processo de trabalho configurando assim uma base para planos de

conservação e gestão integrada.

Dentro da gestão de preservação do patrimônio de bens imóveis a Declaração de Amsterdã

destaca o inventário como uma ferramenta apropriada, pois “ [...] fornecerá uma base realista

para conservação, no que diz respeito ao elemento qualitativo fundamental para a

administração dos espaços.” (CONGRESSO DO PATRIMÔNIO EUROPEU, 1975, p.4). Assim como

a Conferência de Nairóbi recomenda que “Deveria ser produzido um documento analítico

destinado a determinar os imóveis ou grupos de imóveis a serem rigorosamente protegidos,

conservados sob certas circunstâncias [...]”(CONFERÊNCIA GERAL DA UNESCO, 1976, p.7). Sob

este enfoque o objetivo do trabalho é pesquisar a aplicabilidade do inventário como subsidio

para a elaboração de um plano de conservação com base no aprimoramento de uma

metodologia de análise, tento como objeto de estudo o Plano de Conservação do Patrimônio

Arquitetônico de São Lourenço do Sul-RS.

Em 2007, a Prefeitura Municipal de São Lourenço do Sul em convênio com a Faculdade de

Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Pelotas realizou um inventário de

reconhecimento do acervo do patrimônio arquitetônico de seu Centro Histórico. Dando

continuidade à política de preservação para a proteção desta área, o atual executivo

municipal, solicitou, em novo convênio à FAUrb-UFPel, um estudo aprofundado do acervo,

aqui chamado laudo técnico, para viabilizar um plano de conservação e gestão. Este tem como

referencial o inventário de reconhecimento (SECRETARIA DE PLANEJAMENTO E MEIO

AMBIENTE, 2007) e sua posterior interpretação na dissertação de mestrado “Arquitetura

urbana e inventário: São Lourenço do Sul” (LUCKOW, 2010).

160 Arquiteta e Urbanista, Mestre em Arquitetura e Urbanismo, Curso de Arquitetura e

Urbanismo, Universidade Católica de Pelotas, [email protected]

161 Arquiteta e Urbanista, Doutora em Planejamento Urbano e Regional. Núcleo de Estudos de

Arquitetura Brasileira, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal de

Pelotas. [email protected].

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Metodologia e resultados

A partir do inventário de reconhecimento foi possível identificar as edificações relevantes e

caracterizar a área culturalmente representativa da identidade local, focos da atual pesquisa.

A saber, a área do antigo porto, historicamente a da primeira ocupação, com uma

concentração dos remanescentes da linguagem luso-brasileira e eclética em bom estado de

conservação e preservação, cuja paisagem forma “um ambiente pitoresco, com o sítio físico

bastante arborizado, marcado pela sinuosidade do Arroio São Lourenço e por um desnível mais

acentuado na ligação com a área central” (LUCKOW, 2010, p.142-143). (Figura 1)

FIGURA 1 – Mapa com a delimitação da área do antigo porto em vermelho (esquerda) e imagens da ambiência e edificações (direita).

Fonte: Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente, Prefeitura Municipal de São Lourenço do Sul. Editado pela autora.

A estrutura deste trabalho compõe-se de três partes: contextualização histórica e análise da

área do centro histórico; descrição das edificações de relevância cultural, segundo critérios de

análise; plano e recomendações de preservação visando à salvaguarda dos prédios e sua

ambiência. Os critérios de interpretação partem da prerrogativa de que um bem

arquitetônico, enquanto patrimônio apresenta três dimensões: a arquitetura em si, a

ambiência e a situação atual (preservação e conservação). Entendendo que a arquitetura trata

do bem pelo seu valor intrínseco; a ambiência reflete o contexto mais amplo (como entorno,

relações, configurações e significância da edificação) e a situação atual se refere às

intervenções do meio sobre as duas anteriores. A combinação dessas três dimensões procura

atribuir um valor mensurável a atributos de natureza predominantemente qualitativa. Outro

critério relevante é o valor simbólico que ultrapassa o âmbito mensurável, representa o

testemunho físico da identidade e da cultura regional ou local, é passível de ser detectado

através da interpretação do contexto histórico. Essas duas leituras combinadas, mensurável e

simbólica são entendidas aqui como nível de preservação.

Conclusões

O resultado do trabalho até o presente é a caracterização de uma metodologia de

interpretação do patrimônio construído e sua ambiência, gerada na aplicação do inventário

como instrumento de conhecimento, que possibilitará a construção de mecanismos de

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proteção do patrimônio cultural. Amparada na interpretação contemporânea da proteção do

patrimônio busca viabilizar futuras ações de preservação dentro de uma política cultural mais

abrangente por parte da Prefeitura Municipal de São Lourenço do Sul.

Referências

CONFERÊNCIA GERAL DA UNESCO, 19, Nairóbi, 1976. Recomendação de Nairóbi. Paris:

UNESCO, 1976. Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/portal/baixaFcdAnexo.do?id=249>.

Acesso em: 10 nov. 2009.

CONGRESSO DO PATRIMÔNIO EUROPEU, 1975, Amsterdã. Declaração de Amsterdã: Carta

Européia do Patrimônio Arquitetônico. Estrasburgo: Conselho da Europa, 1975. Disponível em:

<http://portal.iphan.gov.br/portal/baixaFcdAnexo.do?id=246>. Acesso em: 10 nov. 2009.

LUCKOW, Daniele Behling. Arquitetura urbana e inventário: São Lourenço do Sul. 2010. 81f.

Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de arquitetura e Urbanismo,

Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2010.

SECRETARIA DE PLANEJAMENTO E MEIO AMBIENTE. Inventário de reconhecimento da

arquitetura urbana de São Lourenço do Sul. 2007. São Lourenço do Sul.

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Estuques artísticos em relevo, conhecer para reconhecer

Cristina Jeannes Rozisky162

Carlos Alberto Ávila Santos 163

Palavras-chave: Patrimônio Arquitetônico, Bens Integrados, Conservação, Inventário.

Introdução

Este trabalho é vinculado à pesquisa intitulada “A arte decorativa de estuques em relevo nos

interiores de edifícios históricos na cidade de Pelotas 1876 | 1911” e trata especificamente da

arte decorativa de estuques164 em relevo, encontrada tradicionalmente ornamentando os

tetos dos ambientes nos interiores dos prédios da arquitetura eclética165 pelotense. Deste

universo, a pesquisa enfoca as seguintes construções: as antigas residências do Conselheiro

Maciel (Casarão 8) e do Barão de São Luis (Casarão 6); o Paço Municipal; o sobrado de

Francisco Alsina. A escolha desses exemplares foi definida, num primeiro momento, pela

qualidade das decorações estucadas e pela facilidade de acesso aos interiores dos casarões,

atualmente todos são de uso público.

162 Graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Pelotas (1997). Artífice

de Restauração de Bens Culturais, IPHAN/SENAC-RS (1999). Mestre Artífice Especialista em

Conservação e Restauração de Estuques pelo Centro Europeu de Veneza para os Ofícios da

Conservação do Patrimônio Arquitetônico, Itália, convênio Minc-Brasil/Unesco/BID (2001).

Mestranda no Programa de Pós Graduação em Memória Social e Patrimônio Cultural no

Instituto de Ciências Humanas/UFPel, [email protected]

163 Graduado em Licenciatura em Educação Artística, pelo Instituto de Letras e Artes da

Universidade Federal de Pelotas (1982). Especialista em Arte e Cultura Barroca, pelo Instituto

de Artes e Cultura da Universidade Federal de Ouro Preto (1991). Mestre em Teoria, Crítica e

História da Arte, pelo Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1997).

Doutor em Arquitetura e Urbanismo, área de Conservação e Restauro, pela Faculdade de

Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Bahia (2007). Professor adjunto da

Universidade Federal de Pelotas/UFPel. Integra o corpo docente do Curso de Especialização

em Artes e do Curso de Mestrado em Artes do Centro de Artes/UFPel, e do Curso de Mestrado

em Memória Social e Patrimônio Cultural, do Instituto de Ciências Humanas/UFPel,

[email protected]

164 Genericamente, o termo estuque se define como “toda argamassa de revestimento que

depois de seca adquire grande dureza e resistência ao tempo” (CORONA e LEMOS, 1972, p.

208). Contudo o conceito é mais amplo e inclui também uma diversidade de técnicas de

suporte e técnicas ligadas às expressões artísticas.

165 Ecletismo, estilo que se apropria de elementos de vários estilos, integrando-os de maneira

uniforme. Refere-se à seleção do que parece melhor em diferentes épocas e de civilizações

distintas, sendo assim, historicista. Na filosofia grega, “eklektikós” definia os filósofos que

absorviam os melhores ensinamentos de escolas conflitantes (SANTOS, 2007).

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Esta investigação tem como objetivos: analisar a produção da estucaria em Pelotas,

ponderando as influências sofridas pelos artífices pelotenses de procedimentos desenvolvidos

na Europa; efetuar leitura formal (WÖLFFLIN, 1989; JONES, 2012), iconográfica e iconológica

(KINDERSLEY, 2012; LURKER, 2003; PANOFSKY, 2004) dessas peças; desenvolver um inventário

dos forros decorados em estuque relevado, baseado em metodologias existentes pesquisadas

(INBMI-IPHAN, 2000; SOARES, 2011), ressaltando as peculiaridades dos estuques decorativos

nos ambientes interiores dos edifícios em estudo; criar uma referência com informações

históricas e plásticas da técnica na Itália, em Portugal, no Brasil e em Pelotas (AGUIAR, 2002;

ALBERTI, 1991; CHEVALIER, 2002; FOGLIATA e SARTOR, 1995; FÜLLER, 1924; LEITE, 2008; LIMA,

2001; MACAMBIRA, 1985; MASCARENHAS, 2008; MENDONÇA, 2009; ROJAS, 1999; SISÍ,1998;

TEIXEIRA, 2004; VIEIRA, 2002; VITRÚVIO, 2007); analisar o estado de conservação desses

elementos na arquitetura pelotense.

O acervo patrimonial de Pelotas, constituído por notáveis exemplos de fundamental

importância para a história da arquitetura brasileira, em sua maioria está listado no inventário

municipal. O Inventário do Patrimônio Histórico e Cultural está regulamentado pela Lei nº

4568/00, a qual resguarda as fachadas públicas e a volumetria dos bens integrantes do

inventário, sendo permitidas alterações internas (SECULT, 2008). Assim, não há proteção para

os bens integrados que estão nos interiores desse patrimônio arquitetônico.

O inventário é citado como instrumento de preservação desde o primeiro documento

internacional de proteção patrimonial, a Carta de Atenas (1931), da mesma forma na

Recomendação sobre propriedade ilícita, Paris (1964); Recomendação sobre obras públicas ou

privadas, Paris (1968); Compromisso de Brasília (1970); Compromisso de Salvador (1971);

Carta do Restauro, Itália (1972); Resolução de São Domingos (1974); Declaração de Amsterdã

(1975); Recomendação de Nairobi (1976); Carta de Petrópolis (1987); Recomendação sobre

salvaguarda da cultura tradicional e popular, Paris (1989); Carta de Lausanne (1990)(IPHAN,

2004). Ou seja, é consenso mundial que é preciso conhecer para reconhecer.

Metodologia e resultados

Para definir o estado atual do objeto de estudo, se fez necessário o seguimento de um

método, formado por um conjunto de ações que foram desenvolvidas segundo um plano pré-

estabelecido, com o fim de alcançar os objetivos da pesquisa. Primeiramente definido o objeto

da investigação: a técnica tradicional de estuque relevado em sua função decorativa, aplicada

em interiores de edificações históricas, construídas no final do século XIX até a primeira

década do século XX, na cidade de Pelotas, localizada no sul do Brasil. Posteriormente,

definido o problema, foi caracterizada a prática e a tradição do uso do estuque relevado em

suas variantes artísticas, identificando as técnicas e tipologias existentes em Pelotas.

A partir da identificação e definição do objeto e problema que se baseia esta investigação se

buscou obter uma perspectiva completa sobre o conhecimento acumulado sobre o tema da

técnica decorativa dos estuques. O processo começou por uma exaustiva revisão da

bibliografia existente, conhecendo assim, a história da técnica. Com base na informação

analisada, se desenvolveu um marco de referencia em torno do estuque como arte decorativa,

assim para realização dos objetivos desta proposta de estudo, se realizou outro procedimento

metodológico para o conhecimento, na totalidade, do objeto de estudo: o inventário. Este tem

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por finalidade evidenciar as técnicas, tipos e estilos presentes dos estuques em relevo nas

edificações analisadas, com a intenção de caracterizar a arte decorativa de estuques em relevo

aplicada nos interiores dos edifícios históricos de Pelotas.

Conclusões

A realização de um breve inventário permite fazer uma identificação das técnicas decorativas

em relevo mais empregadas no interior dos edifícios históricos. Destacaram-se, dentre os

demais analisados, os relevos executados na Antiga Residência do Conselheiro Maciel.

Também foi possível observar, através da avaliação do estado de conservação dos forros, que

praticamente todas as edificações haviam passado por intervenções recentes, o que

demonstra que o Patrimônio Cultural está, cada vez mais, sendo valorizado. As ações de

preservação são cada vez mais frequentes.

Referências

AGUIAR, José. Cor e cidade histórica: estudos cromáticos e conservação do patrimônio. Porto:

FAUP, 2002.

ALBERTI, Leon Battista. De Re Aedificatoria. Madrid: Akal, 1991.

CHEVALIER, Ceres. Vida e obra de José Isella: arquitetura em Pelotas na segunda metade do

século XIX. Pelotas: Mundial, 2002.

CORONA, Eduardo; LEMOS, Carlos. Dicionário da arquitetura brasileira. São Paulo: EDART,

1972.

FOGLIATA, Mario; SARTOR, Maria L. L’arte dello stucco a venezia. Roma: Edilstampa, 1995.

FÜLLER, Josef. Manual do Formador e Educador. Lisboa: Livrarias Aillaud e Bertrand/Biblioteca

de Instrução Profissional,1924.

IPHAN, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Cartas Patrimoniais. 3ª ed. rev.

aum. Rio de Janeiro: IPHAN, 2004.

JONES, Owen. A gramática do ornamento. São Paulo: Ed. SENAC São Paulo, 2010.

KINDERSLEY, Dorling. Sinais & Símbolos. São Paulo: Ed. WMF/Martins Fontes, 2012.

LEITE, Maria de São José P. Os Estuques no século XX no Porto: a Oficina Baganha. Porto:

Maiadouro, 2008

LIMA. Solange Ferraz de. Ornamento e Cidade: ferro, estuque e pintura mural em São Paulo

1870-1930. Tese (Doutorado em História Social) Faculdade de Filosofia Letras e Ciências

Humanas da Universidade de São Paulo, 2001.

LURKER, Manfred. Dicionário de simbologia. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

MACAMBIRA, Yvoti. Os Mestres da Fachada. São Paulo: C.C.S.P. Divisão de Pesquisas, 1985.

MASCARENHAS, Alexandre. Ornatos: restauração e conservação. Rio de Janeiro: Fólio, 2008.

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MENDONÇA, Isabel. Estuques Decorativos: a evolução das formas (sécs. XVI-XIX). Lisboa:

Príncipia/Terra Nova, 2009.

PANOFSKY, Erwin. Significado nas Artes Visuais. São Paulo: Perspectiva, 2004.

ROJAS, Ignácio. Arte de Los Yesos, Yeserías y Estucos. Madrid: Editorial Munilla-Lería, 1999.

SANTOS, Carlos Alberto Ávila. Ecletismo na fronteira meridional do Brasil: 1870-1931. Tese

(Doutorado em Arquitetura e Urbanismo – Área de Conservação e Restauro). Faculdade de

Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Bahia, 2007.

_______ et al. Elementos funcionais e ornamentais da arquitetura eclética pelotense: 1870-

1931. Estuques. Artigo. 2011. Disponível em:

http://ecletismoempelotas.wordpress.com/arquitetura. Acesso em: 05/09/2011.

SECULT, Secretaria de Cultura. Patrimônio Cultural de Pelotas: Manual do usuário de Imóveis

inventariados. Prefeitura Municipal de Pelotas. Pelotas: Nova Prova, 2008.

SISÍ, Mônica M. (Org.) Guia Práctica de la Cal y el Estuco. Leon: Editorial de los Ofícios, 1998.

SOARES, Samara. El Arte del Estuco Aplicado en Interiores de Edificios Historicos de

Pernambuco (Brazil). Aportación para la Conservación y Restauración. Tese de Master en

Tecnología en la Arquitectura, Departament de Construccions Arquitectònics, Universidad

Politetécnica de Catalunya, 2011.

TEIXEIRA, Joaquim José. Descrição do Sistema Construtivo da Casa Burguesa do Porto:

séculos XVII e XIX. Trabalho de Síntese. Provas de Aptidão Pedagógica e Capacidade Científica.

Portugal, 2004.

WÖLFFLIN, Heinrich. Conceitos fundamentais da história da arte. São Paulo: Martins Fontes,

1989.

VITRÚVIO, Pollio. Tratado de Arquitetura. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

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Patrimônio Material em Erechim-RS - reconhecimento, divulgação e debate

Leonardo de Carvalho Prozczinski166

Mateus Moreno Subtil dos Anjos167

Mariana Bortoluzzi Bortolini³

Érica Cristina Zanella4

Murad Jorge Mussi Vaz5

Melissa Laus Mattos6

Josicler Orben Alberton7

Daniella Reche8

Palavras-chave: Arquitetura Modernista. Roteiro. Patrimônio Material. Residência. Erechim.

Introdução

Reconhecer artefatos arquitetônicos bem como as paisagens urbanas nas quais estão inseridos

é fundamental para a reconstituição da trajetória socioeconômica, cultural e política de uma

cidade. A história transcrita pelas edificações e sua lógica de localização pode narrar como,

através do tempo, os diversos atores urbanos (cidadãos, administração pública, mercado

imobiliário, entre outros) idealizaram seu espaço de habitação e concretizaram espacialmente

essa idealização. Destarte, buscar a localização desses artefatos e os variados modos de

conceber e construir o espaço habitável, bem como identificar e elencar quais dentre estes

têm sido preconizados como passíveis de serem conservados e quais têm tido seu valor social

e histórico diminuído face às pressões de mercado – contribuiria para o desvelar de parte da

história ainda pouco iluminada no caso da cidade de Erechim-RS: a arquitetura moderna

residencial, e também para valorizar e proteger esses exemplares que compõem a paisagem

urbana local.

166 Acadêmico da oitava fase do curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo –

Bacharelado, UFFS – Campus Erechim, [email protected]

167 Acadêmico da quarta fase do curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo –

Bacharelado, UFFS – Campus Erechim, [email protected]

3 Acadêmica da sexta fase do curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo – Bacharelado,

UFFS – Campus Erechim, [email protected]

4 Acadêmica da oitava fase do curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo – Bacharelado,

UFFS – Campus Erechim, [email protected]

5 Orientador do Projeto, Docente da UFFS – Campus Erechim, [email protected]

6 Co-orientadora do Projeto, Docente da UFFS – Campus Erechim, [email protected]

7 Colaboradora do Projeto, Docente da UFSM – Campus Santa Maria, [email protected]

8 Colaboradora do Projeto, Docente da UFFS – Campus Erechim, [email protected]

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Se já se percebem velozes e profundas as transformações da paisagem da cidade - mediante

pressão de mercado e desconhecimento histórico – expressos no abandono e destruição das

arquiteturas da madeira, ecléticas e Art Déco (de forte presença na região), ainda mais

susceptível a esse processo se mostra a arquitetura moderna residencial, vítima de frequente e

recorrente destruição nas últimas décadas.

Isto posto, através de olhar voltado à arquitetura modernista de Erechim/RS, bem como à

lógica de construção do espaço urbano, intenta-se recuperar a memória de artefatos

arquitetônicos edificados em momento da história da arquitetura na cidade que ainda carece

de respaldo para seu reconhecimento como patrimônio, embora tenha tido na região

florescimento profícuo e paralelo à construção e ao desenvolvimento de ideiais modernistas

em âmbito nacional e internacional.

Por meio de discussões com artistas locais, com professores do Curso de Arquitetura e

Urbanismo e com os discentes, surgiu a demanda pelo registro sistemático dessas edificações

residenciais modernas, sua localização e seus autores (arquitetos, engenheiros e/ou

construtores), de modo que essas informações se perpetuem no meio acadêmico e entre a

população em geral, contribuído para sua conservação e valorização. Este projeto conta com

quatro professores, dois alunos bolsistas e dois alunos voluntários do curso de Arquitetura e

Urbanismo, e é parte de projeto de cultura institucionalizado – de mesmo título - na

Universidade Federal da Fronteira Sul em parceria com o Arquivo Histórico de Erechim/RS em

2013.

Metodologia e resultados

O projeto iniciou suas atividades em paralelo ao Projeto de Pesquisa “Arquitetura Residencial

Modernista em Erechim/RS: um inventário“, que busca inventariar as residências modernistas

em Erechim. Têm sido utilizadas como técnicas de pesquisa iconográfica que abrange

documentação histórica e levantamento de acervo fotográfico das casas nos arquivos da

Prefeitura e Arquivo Histórico Municipal, bem como levantamentos de campo para

identificação, reconhecimento e classificação das edificações de modo a compor um roteiro,

levantamento fotográfico atualizado.

Neste projeto algumas atividades foram previstas com intento de fomentar a visualização

dessa arquitetura como importante para a narrativa da história da arquitetura no Brasil.

A primeira, uma mostra de maquetes de casas classificadas como modernistas em âmbito

internacional, sensibilizando para a que a arquitetura desenvolvida no Brasil demonstra tanta

ou mais qualidade projetual que esses exemplares desenvolvidos em outros contextos.

A segunda refere-se a um roteiro, ainda em fase de construção, das casas localizadas na cidade

de Erechim elencadas como modernistas e que apresentem elementos para o reconhecimento

de preceitos da arquitetura moderna. Esse roteiro não pretende conter todos os exemplares,

mas busca sistematizar possibilidades de conhecimento dessa arquitetura que narra tanto a

trajetória de consolidação da cidade quanto da distribuição espacial de seus diversos agentes.

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A terceira ação será uma discussão com artistas e arquitetos locais que desenvolveram, em

algum ponto de sua trajetória, obras ou reflexões cuja temática do patrimônio foi abordada. O

debate acontecerá na Feira do Livro de Erechim, a ser realizada em novembro de 2013.

Conclusões

As conclusões até o presente são sumárias no que tange os produtos previstos no projeto, haja

vista ainda estar em desenvolvimento. Pretende-se, todavia, ampliar as discussões para além

do meio acadêmico, utilizando o roteiro como fonte de sensibilização e, ao mesmo tempo,

material de consulta e estímulo a uma nova postura face à história narrada pela arquitetura

moderna que têm sido cotidianamente banalizada e apagada da memória urbana local.

Referências

ABALOS, Iñaki. A Boa-vida: visita guiada às casas da modernidade. Barcelona: Gustavo Gili.

2008.

BEYEUX, Glória Maria. O debate da arquitetura moderna brasileira nos anos 50. Dissertação

(Mestrado) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 1991.

BRAGA, Marcia. Conservação e Restauro. Rio de Janeiro: Rio, 2003.

BRUAND, Yves. Arquitetura Contemporânea no Brasil. São Paulo: Perspectiva, 1981. 397p.

LEMOS, Carlos. Uma nova abordagem da historia da arquitetura brasileira. [2012]. Disponível

em: www.vitruvius.com.br/arquitextos/ . Acesso em: novembro de 2012.

MAHFUZ, Edson da Cunha. O sentido da arquitetura moderna brasileira. [2002]. 5p. Disponível

em : www.vitruvius.com.br/ arquitextos/. Acesso em: janeiro de 2006.

MCCOY, Esther. Case Study Houses 1945-1962. 2.ed. Santa Monica: Henessey + Ingals, 1977.

REIS FILHO, Nestor Goulart. Quadro da Arquitetura no Brasil. 4. ed. São Paulo: Perspectiva,

1978. 211p,

SMITH, Elizabeth. Case Study Houses: the complete CSH Program 1945-1966. New York:

Tashen. 2009.

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Capela São José: espaço de memória e identidade Cristã- Lasallista em Canoas

Carolina Schwaab Marçal168

Patrícia Kayser Vargas Mangan169

Palavras-chave: Memória. Patrimônio Imaterial. Audiodescrição.

Introdução

Este trabalho, realizado no contexto de um projeto em andamento relacionado a

audiodescrição (AD) patrimonial e cujos resultados iniciais já foram publicados (MARÇAL e

VARGAS MANGAN, 2013), se propõe a considerar o Patrimônio Cultural Imaterial que inclui

expressões orais, expressões artísticas e rituais de fé vinculadas à Capela São José em Canoas,

que são significativas para a comunidade lasallista e canoense. A Capela São José que é um

local rico em detalhes físicos e históricos, localizada no campos do Centro Universitário La

Salle, na cidade de Canoas/RS. Há poucos registros específicos, por isso os dados adquiridos

para a construção das AD são de memórias de um dos irmãos lasallistas, principal detentor de

dados e informações sobre a capela. A região ainda pertencia à cidade de Gravataí quando a

capela São José foi erguida em 1910 e logo em seguida a capela passou por três

reformulações. Em 1915 foi construído o Salão de Atos no segundo andar. Em 1939 foi

edificado um novo andar, onde se situa o Auditório Ir. Bruno Rüdell. Em 2000 a capela passou

por uma grande restauração, permanecendo fechada por três anos.

A capela tem trinta e sete vitrais, dos quais efetuou-se a AD dos que se localizam na

parte térrea. Os vitrais na parte térrea da Capela São José são compostos de imagens de

santos, mártires rio-grandenses, símbolos, escudos e educadores que foram importantes na

história da construção do La Salle

A relação da comunidade com a Capela se dá de várias formas com memórias de

alunos que estudavam na rede La Salle, de pessoas que participam dos rituais de fé cristãos.

As autoras Graebin e Penna em seu artigo explica o quão importante e preservar as memórias

do Local. A seguir um relato de um Irmão Lasallista que entrou no Juvenato dos Irmãos

Lassalistas em 13 de fevereiro de 1925, reforçando a importância do patrimônio Imaterial.

“Quando em vinte e cinco cheguei lá [Instituto São José] vi como tava organizado aquilo ali ... as avenidas ... as árvores frutíferas ... parreiras ... tudo organizado ...cinquenta e cinco hectares foram doados para tudo ... [mas foi extinto o curso

agronômico+” (GRAEBIN; PENNA , 2013, p. 122) .

Nesse contexto, apresentamos aqui um recorte de uma pesquisa maior que visa

identificar a melhor forma de construir e ofertar uma audiodescrição de acervos de museus

168

Licenciada em Computação pelo Centro Universitário La Salle. Atualmente aluna especial do

mestrado em Memória Social e Bens Culturais. E-mail [email protected]

169 Doutora em Engenharia de Sistemas e Computação pela COPPE/Sistemas da

Universidade Federal do Rio de Janeiro. É professora do Centro Universitário La Salle desde

2000. Atualmente, é professora do Mestrado Profissional em Memória Social e Bens Culturais

pertencendo a linha de Memória e Linguagens Culturais. E-mail [email protected]

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para pessoas com deficiência visual. Nesse processo, foi identificada também a questão do

patrimônio Cultural Imaterial (UNESCO, 2003, p4), onde percebeu-se que dentro da

comunidade local, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio e

identidade de grupo.

Metodologia e resultados

Dentro da metodologia para a construção das AD relativas aos vitrais da Capela São José, duas

importantes etapas foram a criação do roteiro e o refinamento do conteúdo da

audiodescrição. A segunda etapa, que incluiu a observação direta e dados históricos obtidos

via acervo do Museu e Arquivo Histórico La Salle (MAHLS), contou com uma etapa de coleta de

informações sobre o significado (simbolismo) dos vitrais com apoio de pesquisadora do

Unilasalle e da história do local e dos vitrais com o responsável pela Capela. Pensando em

contribuir com comunidade envolvida, a pesquisa aqui descrita teve como intuito levar o

patrimônio imaterial para o público deficiente visual (DV) utilizando a tecnologia da

audiodescrição (AD) gravada que é um recurso de acessibilidade de descrição de objetos com

ou sem a inserção de dados histórico cultural que proporciona a inclusão. Deste modo, além

da descrição, foram realizados registros em áudio sobre a história e o significado da capela.

Conclusões

A importância do patrimônio imaterial associada a patrimônios culturais edificados não pode

ser ignorada, e esse conhecimento precisa também ser levado também aos DV. A memória

também está ligada aos sons que para o público DV são muito mais evidenciados, podendo um

evento ser relatado das mais diferentes formas. Podendo ainda contribuir para motivar novos

pesquisadores a trabalhar nesta temática gerando produtos que possam ser utilizados pela

comunidade. O conjunto de imagens juntamente com as audiodescrições e relatos históricos

do irmão entrevistado continuarão sendo estudados, e novos dados serão coletados em

entrevistas com a comunidade local.

Referências

GRAEBIN, Cleusa M. G.; PENNA, Rejane S. Desvelando Memórias sobre Escolas e Educação

Lassalista do Início do Século XX. Cadernos de História da Educação – v. 12, n. 1 – jan./jun.

2013

MARÇAL, Carolina S.; VARGAS MANGAN, Patrícia K.; Audiodescrição no Contexto da Educação

Patrimonial. Anais do 2º Seminário Nacional de Inclusão Digital. Passo Fundo . 2013 Disponível

em http://senid.upf.br/download/senid2013/Artigo_Resumido/110993.pdf

UNESCO. Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial. 2003.

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O Acervo Benno Mentz: alguns elementos de sua trajetória como patrimônio histórico-cultural da

colonização alemã no Rio Grande do Sul

Rosangela Cristina Ribeiro Ramos170

Palavras-chave: Patrimônio. Memória. Acervo. Imigração. Colonização

O presente trabalho busca identificar e analisar elementos históricos da trajetória do Acervo

Benno Mentz (ABM), desde o século XIX. Tal pesquisa deriva de um projeto de mestrado, em

andamento. Inicialmente é preciso colocar que a preservação de tal corpus documental deve-

se, principalmente, à da biografia do empresário teuto-gaúcho Benno Frederico Mentz, pois,

interessado na genealogia das famílias alemãs e na história destes colonizadores e na condição

de rico empresário e benemérito à causa da identidade germânica - dos descendentes de

alemães no sul do Brasil- Benno Mentz investiu recursos humanos e financeiros na ânsia de

angariar material à sua coleção.

Sabe-se que a imigração alemã contribuiu, não apenas economicamente, mas também

culturalmente para a formação da sociedade rio-grandense, por isso, o desenvolvimento desta

pesquisa visa à contribuição de um novo material teórico para o estudo da colonização alemã,

através do estudo da formação do Acervo Benno Mentz e seu relevante papel, ao abrigar uma

imensidade de fontes materiais, preservadas, em diferentes níveis.

A partir do estudo e análise da história do ABM, será buscado compreender como foram

reunidos e preservados os materiais, dentre os quais: jornais, almanaques, livros,

correspondências e fotografias. Além disso, há uma biblioteca voltada à questões

genealógicas, o que explica a confecção de milhares de fichas sobre famílias de origem alemã,

sob liderança de Benno F. Mentz. Atualmente, o ABM encontra-se em organização, entretanto,

parte dele, em especial a imprensa, já está catalogada e acessível aos pesquisadores.

Atualmente, um vasto contingente de materiais, que possibilita diversas pesquisas se encontra

no Acervo Benno Mentz, de modo que se faz necessário apresentar alguns dos conceitos que

permeiram a abordagem do objetivo principal desta análise. Por exemplo, Patrimônio,

Memória, ambos complexos por envolverem diversos aspectos sócio-culturais, e também, por

se referirem aos bens incomensuráveis. Estes podem ser entendidos com bens a serem

conservados para que todos o apreciem, pois representam a identidade de um povo ou de

uma época. Daí ser considerado Patrimônio Histórico, podendo ainda ser classificado como

Patrimônio Cultural.

O patrimônio cultural se divide ainda em dois segmentos importantes que são chamados de

Patrimônio Material e Patrimônio Imaterial, sendo que para este trabalho, nos cabe utilizar o

primeiro que se define por bem tangível, como uma edificação, ou mesmo um objeto que

tenha sido selecionado por dada população, ou órgão, para representar a cultura de povo,

grupo ou pessoa.

170

Mestranda do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade do Vale do

Rio dos Sinos. Bolsista FAPERGS. E-mail: [email protected]

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Conforme Dominique Poulot o conceito de patrimônio vem se transformando ao se aproximar,

mais intimamente, de outros conceitos como identidade e memória, de modo a legitimar os

imaginários de autenticidade que baseam as políticas patrimoniais, com sua respectiva

institucionalização como herança e registro do passado nacional, pois para Poulot (2009,

p.235) “(...) o patrimônio inscreve-se entre a história e a memória”, visto que o patrimônio é

objeto e instituição de memória, permitindo uma aproximação das sociedades com os seus

passados materiais mesmo que através de representações de modo a ligá-los às relações

sociais do presente. Assim, os patrimônios materiais ou imateriais, classificados como

históricos ou culturais constituem se em fragmentos de memória, ao mesmo tempo, que

permitem observar o que cada sociedade elege como representação de seu passado.

Tratando sobre os lugares da memória Pierre Nora (1993) acredita que o lugar da memória é o

local do registro e seu sentido simbólico. São locais materiais e imateriais onde se pode fixar a

memória de uma sociedade. Lugar de reconhecimento coletivo de povos ou tribo, e local onde

se permite criar um sentimento de pertencimento a um grupo/identidade. A Memória possui

inúmeras definições, mas podemos dizer que esta confere identidade a uma pessoa ou

localidade, é composta por seu presente e passado e não está concentrada em um objeto,

fazendo uma conexão entre a objetividade e a subjetividade do homem. Envolve ainda a

memória coletiva construída socialmente, além da identidade de um povo.

O Acervo Benno Mentz abriga um patrimônio histórico cultural de inestimável valor para a

produção do conhecimento, seja em estudos voltados ao processo de colonização alemã no

Rio Grande do Sul, ou mesmo um panorama sobre a história tanto local quanto mundial, pois é

possível encontrar documentos sobre aspectos políticos e culturais de regiões do estado; e,

ainda, material sobre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial. Tendo em vista a pluralidade das

fontes que o acervo acolhe, é possível realizar inúmeros estudos de caráter cientifico, sobre as

mais variadas áreas do saber.

Referências

NORA, Pierre. Entre história e memória: a problemática dos lugares. Revista Projeto História.

São Paulo, v. 10, p. 7-28, 1993.

POULOT, Dominique. Uma história do patrimônio no Ocidente, séculos XVIII-XXI: do

monumento aos valores. São Paulo: Estação Liberdade, 2009.

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A construção da história da Arquitetura Modernista em Erechim através de recortes de Revistas

Murad Jorge Mussi Vaz 171

Gláucia Aline da Silva Andrade 172

Luís Ranulfo Costa Nunes 173

Josicler Orbem Alberton174

Palavras-chave: Modernismo. Revista. Erechim RS. Memória.

Introdução

O artigo apresenta resultados parciais do Projeto de Pesquisa Arquitetura Modernista em

Erechim – RS: a construção da história a partir de recortes de jornais e revistas, desenvolvida

na Universidade Federal da Fronteira Sul junto ao curso de Arquitetura e Urbanismo, cujo

objetivo é resgatar e compreender a disseminação do Movimento Moderno através de revistas

publicadas no interior do Rio Grande do Sul. Em 2010 o curso de Arquitetura e Urbanismo

iniciou suas atividades em Erechim e dentre as razões que justificaram sua abertura está a

carência da região em trabalhos relativos ao patrimônio e memória locais. Neste sentido, o

campo investigativo é amplo, mas uma revista (Revista Erechim), publicada entre as décadas

50 e 70 do século XX, foi o objeto escolhido por trazer artigos e propagandas relacionados à

arquitetura e urbanismo.

A arquitetura moderna brasileira ganhou o cenário mundial já nos anos trinta do século XX. Le

Corbusier, um dos arquitetos mais polêmicos do último século, já estava no Brasil em 1937

para participar do projeto arquitetônico do Ministério da Educação e Saúde no Rio de Janeiro

junto com Lucio Costa e Oscar Niemeyer. A arquitetura, por vezes, é utilizada como

instrumento político e de poder e no Brasil, a arquitetura modernista passou a ser símbolo de

desenvolvimento e progresso principalmente no Governo de Juscelino Kubitschek (1955|1960)

com Brasília. O centro de diversas cidades brasileiras passaram a ser pontilhados por

edificações construídas sob preceitos modernistas, inclusive o de Erechim. Seguindo um “ideal

progressista” a aparência de uma cidade moderna se fazia indispensável e a arquitetura e o

planejamento da cidade tornaram-se tema destaque nos periódicos que circulavam pelo

município, principalmente na Revista Erechim.

171 Orientador e Professor de Arquitetura e Urbanismo na Universidade Federal da Fronteira

Sul- UFFS, campus Erechim/RS. [email protected]

172 Acadêmica do curso de Arquitetura e Urbanismo e Bolsista do projeto “Arquitetura

modernista em Erechim – RS: a construção da história a partir de recortes de jornais e

revistas”, Edital Nº 093/UFFS/2013. [email protected]

173 Acadêmico do curso de Arquitetura e Urbanismo e Bolsista voluntário do projeto

“Arquitetura modernista em Erechim – RS: a construção da história a partir de recortes de

jornais e revistas”, Edital Nº 093/UFFS/2013. [email protected].

174 Co-orientadora da pesquisa e Professora do curso de Arquitetura e Urbanismo da

Universidade Federal de Santa Maria. Contato:[email protected].

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A arquitetura ilustrada nesta revista trazia o concreto armado e apresentava os “benefícios” da

planta- livre como a ampla flexibilidade ao espaço. Atendendo às questões de funcionalidade e

composição os artigos discutiam inovações. Em 1952 uma reportagem (Revista Erechim, Ano 2,

p. 8) apresentou a obra do arquiteto Gregori Warchavchik tratando da "Arquitetura Social para

Climas Quentes”. Tal fato ilustra o alcance das ideias modernistas por todo país e a

importância da vinculação das cidades do interior com questões inovadoras que aconteciam

nas capitais. Desta maneira, a abordagem sobre a arquitetura de Erechim neste recorte

histórico (décadas de 50 a 70), narrada através de recortes da Revistas Erechim, enriquece o

olhar arquitetônico através de um viés histórico socioeconômico e cultural do local.

Metodologia e resultados

Com o intuito de compreender o cenário em que se deram as construções modernistas em

Erechim, o papel destas edificações como bens patrimoniais, a memória coletiva e os sujeitos

envolvidos parte-se de uma análise criteriosa dos materiais existentes da Revista Erechim das

décadas de 1950 a 1970, disponíveis no Arquivo Histórico Municipal, somado a entrevistas

com personalidades e leitores da época. Para fins de catalogação foram abordadas três linhas

de reportagens: propagandas, discussões sobre arquitetura e questões urbanísticas. Além de

contribuir para discussão acerca de investigações e abordagens para construção da história, a

pesquisa em desenvolvimento contribui para a compreensão da difusão dos ideais advindos

das Capitais para as cidades do interior do Brasil e suas repercussões e desdobramentos.

Também diz respeito ao patrimônio material modernista e colabora para a construção da

história da arquitetura moderna no Rio Grande do Sul e no Brasil, ampliando assim o acervo

sobre o tema, subsidiando a reflexão crítica acerca de questões fundamentais para a

compreensão da história da arquitetura brasileira.

Conclusões

A pesquisa encontra-se em andamento cabendo aqui apresentar apenas alguns resultados

alcançados até o presente momento. Com a catalogação das matérias da revista disponíveis e

somadas as contribuição das entrevistas já realizadas, foi possível construir uma visão mais

apurada do que foi a Revista Erechim no que diz respeito a sua demanda, funcionamento e

público potencial. Além disso, também foi possível criar um breve cenário do contexto social

em que a revista circulava, sendo este o mesmo contexto do surgimento obras modernistas

em Erechim.

Referências

ABALOS, Iñaki. A Boa-vida: visita guiada às casas da modernidade. Barcelona: Gustavo Gili.

2008.

BEYEUX, Glória Maria. O debate da arquitetura moderna brasileira nos anos 50. Dissertação

(Mestrado) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 1991.

CAPELLO, Maria Beatriz Camargo. Arquitectura moderna en Brasil y su recepción en los

números especiales de las revistas europeas de arquitectura (1940-1960) De Arquitectura,

Norteamérica, 016 04 2013. Consultado el jun 9, 2013.

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SMITH, Elizabeth. Case Study Houses: the complete CSH Program 1945-1966. New York:

Tashen. 2009.

ALBERTON, Josicler O. Influência modernista na arquitetura residencial de Florianópolis.

Dissertação (Mestrado) – Universidade de Santa Catarina, Florianópolis, 2006.

NEUTRA, Richard. Arquitetura social em países de clima quente. São Paulo: Gerth Todtmann,

1948.

SEGAWA, Hugo. Arquiteturas no Brasil 1900-1990. 2. ed. São Paulo: Editora da USP, 2002.

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MEMÓRIA E PATRIMÔNIO MATERIAL: UM ESTUDO DE CASO DOS CINEMAS EM ERECHIM/RS

Paulo Ricardo Muller175

Fernanda Caroline Guasselli176

Palavras-chave: Memória. Patrimônio. Cinema. Erechim

Introdução

O presente trabalho se desenvolve no âmbito do projeto de extensão “Patrimônio material e

imaterial: os cinemas em Erechim/ RS” da Universidade Federal da Fronteira Sul – Campus

Erechim (UFFS-Erechim), iniciado em março de 2013. O projeto tem como objetivo principal

promover o debate sobre questões relativas ao patrimônio material e imaterial na região de

inserção da UFFS por meio da reconstituição da história das casas de cinema em Erechim a

partir de uma abordagem interdisciplinar que busca articular perspectivas oriundas dos

campos da antropologia, da arquitetura, do urbanismo e da história. A pesquisa de fontes

documentais e orais sobre os cinemas vem subsidiando a realização de eventos temáticos

tanto dentro quanto fora da universidade, nos quais se estabelecem interlocuções entre

setores governamentais, entidades da sociedade civil, pesquisadores acadêmicos e não-

acadêmicos, além dos antigos frequentadores dos cinemas de Erechim, com o intuito de “abrir

espaços para a participação da sociedade no processo de construção e de apropriação de seu

patrimônio cultural” (FONSECA 2003)

Os cinemas de Erechim

O primeiro cinema em Erechim foi fundado em 1919, um ano após a emancipação do

município. Construído em madeira e localizado na área central da cidade, o Cine Central

(Figura 1) projetava filmes de cinema mudo ao som de orquestras ao vivo. Posteriormente,

com a chegada do cinema falado, o edifício deixou de abrigar o cinema dando lugar a uma

escola de balé, ginástica, e música, e mais tarde a um ringue de patinação, fazendo que

passasse a ser reconhecido como ‘’casa da cultura’’. O segundo cinema de Erechim foi o Cine

Avenida, fundado ao longo dos anos 1920. Segundo Skowronski (2008), o Cine Avenida foi o

ponto inicial de um grande incêndio, em 1931, que destruiu parte considerável da área central

de Erechim, então formada exclusivamente por edificações em madeira. No contexto da

reconstrução desta área – completamente em alvenaria por força de um decreto-lei que

proibiu construções em madeira – surgiu o Cine Teatro Apollo (década de 1930; Figura 2), um

majestoso edifício em estilo Art Déco – cujo ciclo se iniciou na próprio processo de

175 Graduado em Ciências Sociais, mestre e doutorando em Antropologia Social; professor

coordenador do projeto de extensão “Patrimônio material e imaterial: os cinemas de Erechim/

RS”, Universidade Federal da Fronteira Sul – Campus Erechim; Email:

[email protected].

176 Graduanda em Arquitetura e Urbanismo, bolsista do projeto de extensão “Patrimônio material e

imaterial: os cinemas de Erechim/RS”; Universidade Federal da Fronteira Sul – Campus Erechim. Email:

[email protected].

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reconstrução após o incêndio (PETRY 2009) – que se tornou um espaço central de sociabilidade

da elite erechinense, angariando a alcunha publicitária de “a casa dos grandes espetáculos”.

Nos anos 1950 o Cine Teatro Apollo passou a se chamar Cine Ideal, mesmo período em que foi

construído (1953), em Erechim, um dos primeiros edifícios modernistas do interior do Estado,

que veio a abrigar o Cine Luz (BUENO 2012), cujos anúncios em jornais vinham acompanhados

da frase “o modernoso cinema de Erechim” (Figura 3). Entre os anos 1950 e 1970, o município

contou, assim, com dois cinemas, que se dividiam entre a exibição de franquias de filmes

norte-americanos, pelo Cine Ideal, e de filmes italianos, pelo Cine Luz, motivo pelo qual este

último também ficou conhecido como “Cine Itália”. Ambos os cinemas, juntamente com cafés

e a igreja matriz compunham um circuito de sociabilidade diariamente percorrido por famílias

da elite erechinense, que assim dinamizavam política e economicamente a área central da

cidade.

Com a industrialização vivida pelo município dentro do mesmo intervalo de duas décadas

(1950-1970), bairros e distritos periféricos tiveram um crescimento populacional significativo,

gerando demandas pela descentralização de serviços e recursos e de formas de inserção de

trabalhadores na vida social da cidade. Neste contexto o Serviço Social da Indústria (SESI)

realizou o projeto que ficou conhecido como Cine Ambulante, que levava os filmes exibidos

nos cinemas centrais a dezessete bairros de Erechim, exibindo-os na rua, com acesso gratuito.

Justificado como uma forma de benefício à população “carente” da cidade, o Cine Ambulante

cumpriu, assim, o papel de difusor do ideário modernista e cosmopolita também entre as

classes populares de Erechim, contribuindo para a contenção de possíveis tensões e conflitos

entre centro e periferia.

Considerações finais

Ao longo do século XX o município de Erechim passou por diferentes processos de renovação

urbana que levaram ao desaparecimento de suportes materiais relevantes para a

compreensão de sua história. No que tange à história dos cinemas, dos cinco edifícios que

operaram como salas de projeção restam somente dois, ambos totalmente modificados para

funcionar como lojas. A abordagem a partir da memória de antigos frequentadores,

trabalhadores e proprietários das casas de cinema vem se mostrando, assim, profícua não

somente para a compreensão particular da história dos cinemas em Erechim, mas também

para a compreensão dos valores e ideários que estruturam as relações econômicas, políticas e

culturais que configuram o cenário regional contemporâneo.

REFERÊNCIAS

FONSECA, M. C. L. Para além da pedra e cal: por uma concepção ampla de patrimônio

cultural. In: ABREU, Regina; CHAGAS, Mário (org.). Memória e patrimônio: ensaios

contemporâneos. Rio de Janeiro: DP & A, 2003. p. 56-75.

PETRY, Sandra. As manifestações do Art Déco na arquitetura de Erechim, RS. Tese de

mestrado, UFBA, Salvador, 2009, 300 p

SKOWRONSKI, Aline Beatriz. Erechim - das cinzas ao sonho. Erechim destruída por incêndios e

renovada pela modernidade. Tese de mestrado, UFRJ, Rio de Janeiro, 2008, 209p.

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TEITELROIT BUENO, Marcos Flávio. A obra do arquiteto Carlos Alberto de Holanda Mendonça.

Tese de mestrado, PROPAR UFRGS, Porto Alegre, 2012, 404 p

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Uma História sobre Educação Patrimonial: a Arqueologia do Lixo

Iloir da Rosa Escoval177

Celina Janete da Conceição Silva 178

Palavras-chave: História. Educação Patrimonial. Arqueologia.

Introdução

O presente trabalho apresenta uma ação de Educação Patrimonial, através de uma oficina

intitulada “Arqueologia do Lixo” que foi desenvolvida pelo projeto de ensino “Memória em

Movimento” da Universidade Feevale em parceria com a Escola de Educação Básica Feevale –

Escola de Aplicação e ocorreu no período de 29 de maio de 2013 a 10 de junho de 2013. A

proposta da oficina era de através da análise interpretativa, construir com os alunos a ideia de

que os “objetos contam uma história” e dão pistas sobre a própria identidade de um sujeito ou

de um povo e também sobre o que procuram os arqueólogos enquanto pesquisadores e como

eles trabalham. A justificativa para se trabalhar essa temática foi à importância que representa

a Educação Patrimonial bem como a valorização da nossa História enquanto sujeitos do

presente através daquilo que fazemos.

Metodologia e resultados

Algumas professoras dos alunos envolvidos trouxeram o lixo seco produzido em suas

residências, esse material foi acondicionado em caixas sendo uma para cada grupo. Separados

em grupos, os alunos tinham a tarefa de analisar, interpretar e quantificar o material

encontrado e a partir disso descobrir a qual professora pertencia aquele lixo. No último

encontro foi mostrado à eles de forma bem simples em PPT o papel do arqueólogo, onde,

como e quais são os objetos de pesquisa e as técnicas utilizadas, foi organizada também uma

tarefa lúdica que consistiu em uma caixa de papelão com tampa onde foram colocados objetos

de uso de um arqueólogo, os alunos deveriam com os olhos vendados pegar uma dessas

peças, tentar descobrir o nome do objeto e depois dizer para que servia. Essa interpretação da

cultura material, no caso, o lixo trazido pelas professoras mostrou aos alunos aspectos

importantes da vida delas, da vivência diária, sua maneira de se alimentar, animais de

estimação, filhos, modo de morar se em casa ou apartamento, enfim, esses objetos falam por

si mesmos, contam uma história de vida dessas pessoas que também fazem parte da rotina

dos próprios alunos. O resultado foi uma maior interação entre alunos e professoras,

momentos de troca de conhecimento e cumplicidade entre os alunos, interesse por aquilo que

estava sendo analisado, tanto o código de barras, a data de validade, o valor, a região de

compra do produto, tudo foi analisado e interpretado.

Conclusões

É de suma importância a diversidade nas formas de praticar a docência, seja ela em qualquer

disciplina. Perceber esses alunos envolvidos na investigação, na catalogação e interpretação

177 Graduanda em História pela Universidade Feevale, [email protected]

178 Graduanda em História pela Universidade Feevale, [email protected]

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dos materiais deixou claro que eles têm interesse em aprender, mas, que é preciso usar o

lúdico, o manuseio de objetos, a descoberta dos significados para que isso faça sentido.

Trabalhar o conceito de Arqueologia usando o lixo produzido pelas professoras é algo simples

e ao mesmo tempo de fácil entendimento, pois estamos falando de coisas próximas a eles, não

que o tema se resuma a isso, mas desperta o interesse para o aprofundamento do tema.

Referências

KARNAL, Leandro (org.). História na sala de aula: conceitos, práticas e propostas. 6. ed. São

Paulo: Contexto, 2010.

MAGALHÃES, Leandro Henrique et al. Educação Patrimonial: da teoria à prática. Londrina,

Unifil, 2009.

Oficina sobre Arqueologia na Escola de Aplicação. Disponível em 03 jun. 2013:

http://www.feevale.br/acontece/noticias/arqueologia-e-tema-de-projeto-na-escola-de-

aplicacao. Acesso em: 10 jun. 2013

O que é Arqueologia? Disponível em: http://www.recreio.com.br/licao-de-casa/arqueologos-

os-cacadores-de-historias. Acesso em: 05 jun. 2013.

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Moritvri Mortvis – memória, história e patrimônio – os construtores de túmulos do Bonfim, o

documentário

Marcelina das Graças de Almeida179

Maurício Silva Gino180

Palavras-chave: Documentário. Cemitério. Patrimônio. Marmoristas. História. Belo Horizonte.

Introdução

A Fundação Municipal de Cultura, FMC, de Belo Horizonte, por intermédio da Diretoria de

Políticas Museológicas, DIPM, tornou público o edital 004/2011, cuja proposta era a seleção de

projetos documentários de curta-metragem digital, tendo como tema: Ofícios em Belo

Horizonte. Os projetos a serem apresentados deveriam ser inéditos tanto do ponto de vista da

produção e finalização. A seleção foi estabelecida para duas categorias: diretor estreante e

diretor ou produtora independente não estreante. Dentre os projetos apresentados, 06 (seis)

seriam selecionados, desde que atendessem a todas as exigências definidas no mencionado

edital. Diante desta oportunidade constituiu-se uma equipe, tendo o diretor, professor e

pesquisador Maurício Gino como proponente e foi sugerida a realização de um documentário

tendo como tema o ofício dos construtores de túmulo em Belo Horizonte, tomando como

cenário o Cemitério do Nosso Senhor do Bonfim, situado nesta cidade.

O Cemitério do Bonfim é o mais antigo da cidade e possui uma relação forte e estreita com a

metrópole belorizontina e se no passado já foi lugar de exercício da profissão dos construtores

de túmulos, ainda hoje é um espaço onde este tipo de trabalho se faz presente e a produção

de um documentário sobre este tema é um sinal de sua pertinência. A proposta apresentada

foi aprovada em primeiro lugar, na categoria, não estreante, no processo seletivo e o

documentário foi realizado.

Metodologia e resultados

Para concretização do documentário foi realizada a pesquisa bibliográfica e documental,

consultando arquivos e acervos que guardam a memória histórica da capital belorizontina.

Foram, também, entrevistados marmoristas e outros profissionais que atuaram na cidade e no

cemitério no início do século passado e aqueles que atuam, na contemporaneidade, buscando

179 Graduada em História, mestrado e doutorado em História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), docente na Universidade do Estado de Minas Gerais, Escola de Design e coordenadora do curso de História da Faculdade Estácio de Sá, Unidade Prado, Belo Horizonte (FESBH). E-mail: [email protected]

180Graduado em Comunicação Visual pela Fundação Mineira de Arte (FUMA), graduado em Belas Artes-Habilitação em Cinema de Animação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Mestrado em Tecnologia pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET) e doutorado pela

Universidade Federal de Minas Gerais, professor adjunto do Departamento de Fotografia, Teatro e

Cinema da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais. E-mail: [email protected].

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assim o levantamento de fontes, em sua multiplicidade e que pudessem compor o cenário que

o enredo pretendia narrar.

Através do confronto dessa diversidade de fontes foi possível compilar dados que auxiliaram a

realização do roteiro e construção da narrativa do documentário, cujo propósito era permitir a

reflexão sobre o ofício, descrevê-lo, identificar o momento de ápice da profissão e as

transformações sofridas ao longo da história.

Conclusões

Refazer o caminho e recuperar a história, a memória e as lembranças em relação ao ofício foi o

fio condutor da construção narrativa do documentário. A proposta era partir das memórias

construídas no presente, através das recordações dos marmoristas que descendem das

famílias tradicionais que exerceram a atividade e confrontá-las com os profissionais

contemporâneos. O mesmo apresenta uma estrutura narrativa cíclica, através da qual é

identificada a situação contemporânea dos construtores de túmulos do cemitério do Bonfim

em Belo Horizonte. Para se chegar a esta situação foi realizada uma retrospectiva histórica

destacando-se o momento em que oficio encontrava-se em expansão, destacando

representantes do oficio. Finalmente retorna-se à atualidade, apontando-se as perspectivas

para esta atividade.

Com a fundação do cemitério municipal, como inicialmente foi chamado o Bonfim, os serviços

dos construtores de túmulos torna-se uma necessidade no contexto social da cidade recém-

nascida. Através deste oficio é construída uma verdadeira “cidade dos mortos”, carregada de

significados. Por meio de imagens gravadas no próprio cemitério, são mostradas diversas

características da construção tumular presente no Bonfim. Essas imagens são intercaladas com

entrevistas realizadas com pesquisadores ou herdeiros desses artífices. Por fim, retoma-se a

entrevista com o artífice já apresentado no início do documentário. Sua fala agora é conduzida

a projetar o futuro desse importante trabalho no cemitério do Bonfim em Belo Horizonte. E é

assim que se conclui a narrativa.

Referências

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ARIÉS, Philippe. História da Morte no Ocidente: da Idade Média aos nossos dias. Rio de

Janeiro: Francisco Alves, 1977.

ARIÈS, Philippe. O Homem Diante da Morte. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1990. Vol. II.

BARRETO, Abílio. Belo Horizonte: Memória Histórica e descritiva História Média. Belo

Horizonte: Fundação João Pinheiro, Centro de Estudos Históricos e Culturais, 1995.

BORGES, Maria Elizia. Os artistas - artesãos e a Escultura Cemiterial em Ribeirão Preto. R.

Italianística. Ano III, n.º 3 , p. 85 - 92 , 1995.

CAMARATE, Alfredo (pseud. Alfredo Riancho ) Por Montes e Vales. Revista do Arquivo Público

Mineiro. Belo Horizonte, Ano XXXVI.

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CAMPOS, Adalgisa Arantes. A Vivência da Morte na Capitania das Minas. Belo Horizonte:

FAFICH/UFMG, 1986. Dissertação de Mestrado em Filosofia.

Commisssão Constructora da Nova Capital Revista Geral dos Trabalhos sob a direção do

Engenheiro - chefe Francisco Bicalho. Rio de Janeiro: H. Lombaerts & Cia , agosto de 1895.Vol.

II .

HAROUEL, Jean – Louis. História do Urbanismo. Campinas, São Paulo: Papirus , 1990.

Produção Industrial do Município de Belo Horizonte 1942. Belo Horizonte, Instituto Brasileiro

de Geografia e Estatística, 1943.

REIS, João José. O Cotidiano da Morte no Brasil Oitocentista In:História da Vida Privada no

Brasil : Império . Coord. Geral da Coleção Fernando A. Novais; org. do volume Luiz Felipe de

Alencastro. São Paulo: Cia das Letras, 1997.

Relatório Final de Pesquisa de Inventário do Acervo de Estruturas Arquitetonicas e Bens

Integrados do Cemitério do Bonfim – Belo Horizonte. Belo Horizonte, IEPHA, 2010.

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O Inventário como perspectiva de pesquisa histórica no Museu Joaquim Francisco do Livramento

Amanda Mensch Eltz181

Palavras-chave: Objetos culturais. Inventário. Pesquisa histórica.

Introdução

Com o advento da inauguração do Centro Histórico-Cultural Santa Casa (CHC), inúmeras ações

estão sendo realizadas em seus acervos. Coube ao Museu Joaquim Francisco do Livramento,

uma das partes que compõem este Centro, realizar as atividades de conservação, inventário e

pesquisa histórica do acervo tridimensional.

Objetivo

O presente trabalho visa apresentar as experiências de inventariação e as perspectivas de

estudo histórico da cultura material no acervo museológico institucional. O inventário

começou a ser desenvolvido em 01 de agosto de 2012 e ainda não foi finalizado até o presente

momento devido a sua complexidade e extensão. Esta ação tem como objetivos o

levantamento dos bens patrimoniais do acervo e a fundamentação da relevância museológica

com o resgate da memória cultural através da pesquisa histórica. Como bases foram utilizadas

tais referenciais: CAMARGO-MORO, CIDOC, CHAGAS, CHARTIER, FERREZ, MARQUES,

POSSAMAI, RAMOS, RICOEUR, VAN MENSCH, VARINE, YASSUDA.

Justificativa

O inventário dos objetos culturais se fez necessário para que houvesse um registro

museológico padrão, seguindo parâmetros nacionais e internacionais, os quais não foram

utilizados em levantamentos anteriores, dentre eles: registro fotográfico, partes componentes,

vocabulário controlado, localização normal/atual, proteção, dados históricos, restaurações,

referências bibliográficas e arquivísticas, cruzamento com outro arquivo do CHC, observação,

nome do documentalista, revisor, descarte.

Metodologia

Primeiramente se constituiu a comissão de acervo, a qual realizou um estudo sobre o histórico

do museu e as necessidades do acervo: os diferentes suportes materiais, as tipologias dos

objetos, as coleções e a documentação existentes. Por seguinte, elaborou-se uma nova ficha

de registro e as ações do fluxo de atividades. O segundo momento foi a capacitação da equipe

para execução da conservação preventiva dos artefatos. Todas as peças, antes de serem

inventariadas, foram conservadas. Após, seguimos para a terceira fase - o inventário - na qual

a equipe priorizou três coleções: Pinacoteca, Arsenal Médico-Cirúrgico e Botica. No entanto,

outras coleções também foram trabalhadas, tais como Administração, Objetos Sacros, Placas,

Nutrição e Dietética, Mobiliário e Artigos Decorativos, de acordo com a demanda da futura

exposição.

181 Graduada em História pela Pontifícia Universidade Católica (PUCRS), Historiadora no Centro

Histórico-Cultural Santa Casa, [email protected]

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Com a atividade de inventário, dificuldades de identificação das peças surgiram, resultando na

pesquisa de identificação dos artefatos, que naturalmente se encaminhou para o resgate dos

históricos dos objetos, qualificando as coleções. Utilizamos como fontes de memória:

entrevistas de história oral visando fundamentar a biografia dos objetos a posteriori do

recebimento no Museu, fotografias históricas, livros e catálogos antigos, dentre outros

documentos do acervo operacional e de outras instituições.

Resultados

Atualmente a atividade de inventário apresenta os seguintes resultados: 2905 objetos

inventariados em nove coleções diferentes, contabilizando-se os desdobramentos dos 1823

registros. As coleções prioritárias estão em fase final de registro.

TABELA 1: Resultados do inventário a partir de 01/08/2012.

Autor: Amanda Eltz/Juliana Marques

Coleção Nome Numeração Qtde.

1 Administração 16 24

2 Botica e Farmácia 681 928

3 Arsenal médico-cirúrgico 686 1363

4 Objetos Sacros 86 112

6 Placas 111 136

9 Nutrição e Dietética 11 11

11 Pinacoteca 190 286

14 Mobiliário 22 25

15 Artigos Decorativos 20 20

TOTAL 1823 2905

Como a pesquisa histórica é efetuada de acordo com a demanda da futura exposição, somente

parte dos objetos inventariados recebeu uma pesquisa histórica aprofundada.

Conclusão

Percebe-se que o inventário dos bens patrimoniais do acervo o viabiliza como objeto

de investigação e pesquisa histórica nos diferentes campos do conhecimento da cultura

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material. A investigação científica propicia respostas quanto à trajetória, contextualização e

significação histórica social dos objetos culturais, qualificando-os como documentos. Desta

forma, os objetos selecionados para a futura exposição, tornam-se “objetos geradores”

(RAMOS, 2004, p. 31), cujas informações motivam reflexões sobre as relações dos sujeitos com

os artefatos, auxiliando na função social que o Museu desempenhará com a exposição.

Referências

CAMARGO-MORO, Fernanda. Museu: Aquisição-Documentação. Rio de Janeiro: Livraria Eça

Editora, 1986.

CIDOC. Diretrizes Internacionais para Informação de Objeto de Museu: As Categorias de

Informação do CIDOC [Subject Depicet Information Group]. Disponível em:

<http://network.icom.museum/fileadmin/user_upload/minisites/cidoc/DocStandards/guidelin

es1995.pdf >. Acesso em 15 ago. 2010.

CHAGAS, Mario. Cultura, patrimônio e memória. Ciências e Letras, Porto Alegre, n. 31, p. 15-

29, jan./jun. 2002.

CHAGAS, Mario; ABREU, Regina. Memória e patrimônio: ensaios contemporâneos. Rio de

Janeiro: DP&A, 2003.

CHARTIER, Roger. A História ou a leitura do tempo. Tradução: Cristina Antunes. Belo

Horizonte: Autêntica Editora, 2009.

FERREZ, Helena Dodd; PEIXOTO, Maria Elizabete Santos. Manual da Catalogação: Pintura,

Escultura, Desenho, Gravura. Rio de Janeiro: Museu Nacional de Belas Artes, 1995.

MARQUES, Lucia. Metodologia para o Cadastramento de Escultura Sacra-Imaginária. Edição

Especial Ilustrada – documento. Bahia, 1981.

MENSCH, Peter van. Objeto de estudo da museologia. Tradução: Débora Bolsabello e Vânia

Dolores Estevam de Oliveira. Rio de Janeiro: UNI-RIO/UGF, 1994.

POSSAMAI, Zita Rosane. A pesquisa no museu. Ciências e Letras, Porto Alegre, n. 31, p. 77-86,

jan./jun. 2002.

RAMOS, Francisco Régis Lopes. A danação do objeto: o museu no ensino de história. Chapecó:

Argos, 2004.

RICOEUR, Paul. A memória, a história, o esquecimento. Tradução de Alain François. São Paulo:

Editora da UNICAMP,2008.

VARINE, Hugues de. As Raízes do Futuro: o patrimônio a serviço do desenvolvimento local.

Porto Alegre: Medianiz, 2012.

YASSUDA; Silva Nathaly. Documentação museológica: Uma reflexão sobre o tratamento

descritivo do objeto no Museu Paulista. 2009. 113 f. Dissertação (Mestrado em Ciência da

Informação)-Universidade Estadual Paulista, Marília, 2009.

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HISTÓRIA E MEMÓRIA DA ARTE E DA IMIGRAÇÃO PORTUGUESA DE 1857 A 1910: RETRATOS

IMPERIAIS NAS SOCIEDADES PORTUGUESAS DE BENEFICÊNCIA NO RIO GRANDE DO SUL.

Larissa Patron Chaves182

Introdução

Este trabalho recupera a história de obras de arte encontradas nas Beneficências Portuguesas

das cidades de Porto Alegre, Pelotas, Rio Grande e Bagé, neste estudo, definidas como retratos

reais, parte da pesquisa de tese vinculada ao Programa de Pós Graduação em História da

Universidade do Vale do Rio dos Sinos e da Universidade do Porto em Portugal, publicado no

ano de 2008. Investiga o contexto de inserção da imagem dos monarcas portugueses por meio

de obras de arte, especificamente dos retratos dos mesmos, encontrados junto às

Beneficências Portuguesas das cidades de Porto Alegre, Pelotas, Rio Grande e Bagé, todas no

Estado do Rio Grande do Sul, como forma de interpretar esse patrimônio cultural que hoje, na

sua maioria, encontra-se pouco valorizado, nas suas respectivas instituições.

As Sociedades Portuguesas de Beneficência são instituições hospitalares criada por imigrantes

portugueses no Brasil e no mundo colonial português, a partir da segunda metade do século

XIX, dependente do pagamento e de doações advindas, normalmente, dos seus associados.

Além de atender aos associados na enfermidade e na morte - objetivo principal dessas

instituições, proporcionava em tempos passados também um considerável suporte cultural e

financeiro, diante da omissão das autoridades governamentais.

Como instituição privada, dependente do pagamento e de doações espontâneas advindas dos

associados, difere das Santas Casas de Misericórdia, fundadas também no Brasil, cujo

atendimento hospitalar é direcionado para a população em geral e as despesas

subvencionadas pelo então Império duante o século XIX. Entretanto, em instituições de

Beneficência Portuguesa, persistem elementos que as situam sob o modelo das Misericórdias

Portuguesas, criadas por Dona Leonor de Lancastre na Portugal do século XV, entre eles as

formas de perspectivar a caridade como elemento de distinção, suporte e projeção social.

A mais antiga associação de Beneficência Portuguesa criada no Brasil é a do Rio de Janeiro,

criada em 1840, seguida por outra em Santos, criada em 1859. Em Porto Alegre, a Sociedade

Portuguesa de Beneficência, da então Província de São Pedro do Rio Grande, foi fundada em

26 de fevereiro de 1854, pelo vice-cônsul honorário de Portugal, Antônio do Amaral Ribeiro.

Ao longo de seu desenvolvimento, a Sociedade Portuguesa de Beneficência de Porto Alegre

toma a iniciativa da criação de agências beneficentes em outros locais da Província, apêndices

da matriz em Porto Alegre, entidades que após alguns anos de funcionamento reivindicam sua

autonomia: Rio Grande, em 1856, Pelotas, em 1857, e Bagé, em 1871.

Metodologias e Resultados

182 Doutora em História pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Professora

Adjunta da Universidade Federal de Pelotas, atuante na graduação em Artes Visuais e

Mestrado em História. [email protected].

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Durante a pesquisa de tese, os locais de pesquisa permitiram um aprofundamento dos estudos

sobre o trabalho, em especial, dos arquivos encontrados em Portugal e a relação com a

documentação impressa e material das Instituições de Beneficência. Dentre as inúmeras

fontes pesquisadas em diferentes locais de pesquisa, destacam-se: 1. Pesquisa documental na

Biblioteca Nacional em Lisboa (nov. 2005- jan. 2006); b) Arquivos Periódicos e manuscritos, em

especial da Torre do Tombo em Lisboa; c) Os Salões de Honra encontrados nas Instituições de

Beneficência estudadas, em especial os retratos dos monarcas presentes nestas galerias.

A discussão sobre a função social e a categorização dos associados, bem como a escolha da

diretoria das Sociedades em questão, acompanha grande parte do material documental

encontrado sobre as Beneficências Portuguesas, remetendo ao fato de que não existe uma

aplicabilidade rígida das regras administrativas, definidas nos estatutos, para a prática social,

exposta nos relatórios, fazendo do uso da caridade um ato, por vezes, interessado ou

interesseiro, pois a semelhança das Misericórdias portuguesas, as Sociedades Portuguesas de

Beneficência agem na circulação social da caridade tanto como um meio ético, quanto como

forma de promover o favorecimento de determinados grupos e poderes elitários.

Além dos aspectos mencionados acima, existem outras características recorrentes na

configuração das beneficências portuguesas criadas em solo brasileiro, que acabam por

denotar a forma como a cultura portuguesa chega ao país. Em todos os exemplos analisados

por esta pesquisa, por exemplo, é possível observar que as Associações tendem a promover a

devoção régia à monarquia portuguesa. De fato, para que uma instituição dessa ordem possa

existir no Brasil, uma das prerrogativas é obter o “apadrinhamento” de um Monarca

Português, materializado pela presença simbólica do retrato nas galerias dos salões de honra

das Instituições de Beneficência. O lugar central destes retratos adorna um espaço que se

torna efetivamente simbólico, caracterizado por diferetens elementos de poder, tais como

bandeiras de Portugal, da Misericórdia, do poder real.

A imagem do retrato funciona como um substituto do poder, como duplicidade do corpo que,

na relação entre imagem e poder, funciona como uma reprodução da identidade da entidade,

pois o retrato cria a possibilidade de multiplicar a sua presença (Carlo Ginzburg, 2007: 15)

Conclusões

O protetorado se configurava como utilitário para os monarcas que assumiam essa função

frente as Beneficências Portuguesas. Isso porque essas e muitas outras proteções promoviam

frente a diversos tipos de associações em Portugal e no mundo a ampliação do poder

simbólico da regência e também do conteúdo dos próprios cofres públicos. A reciprocidade

entre a monarquia e, neste caso, entre as beneficências portuguesas, estabeleceu-se como

forma de contrato, na medida em que o rei, comprometendo-se como protetor, concedia à

Instituição o privilégio de ostentar o símbolo real, a exemplo da utilização dos retratos do

monarca nos salões dos edifícios-sede.

Neste sentido, os retratos reais que adornam as paredes dessas instituições hoje no estado do

Rio Grande do Sul, alguns descontextualizados, pouco preservados, ou mesmo,

descaracterizados, são resíduos da memória das Beneficências Portuguesas. Constituem, em

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diferentes instâncias, as formas como estas instituições agiram sobre os movimentos de

construção e reconstrução da identidade dos grupos de origem portuguesa, em solo brasileiro.

Referências Bibliográficas

BARTH, Fredrick (org.), Los grupos étnicos y sus fronteras. México: Fondo de Cultura

Econômica, 1998.

BOURDIEU, Pierre. Esquisse d´une théorie de la pratique. Genéve, Lib. Droz, 1972.

CHAVES, Larissa Patron. “Honremos a Pátria Senhores! As Sociedades Portuguesas de

Beneficência: caridade, poder e formação de elites na Província de São Pedro (1854-1910).

Porto Alegre: Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Programa de Pós-Graduação em História.

Tese. 2008.

DAVIS, Natalie Zemon. Essai sur le don dans la France du XVI siècle. Paris: Editions du Seuil,

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GINZBURG, Carlo. Olhos de madeira – nove reflexões sobre a distância. São Paulo: Companhia

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Livros de Registros da entrada de imigrantes na Província de São Pedro do Rio Grande. Ano:

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OLIVEIRA MARTINS, M. O Brasil e as colônias portuguesas. Lisboa: Verbo, 1978.

PEREIRA, Sônia. A Reforma Urbana de Pereira Passos e Construção da Identidade Carioca Rio

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Real Sociedade Portuguesa de Beneficência do Rio de Janeiro. Relatório. Ano 1888. Rio de

Janeiro: Typografia O Globo, 1889.

SÁ, Isabel dos Guimarães. Quando o Rico se faz pobre. Misericórdias, Caridade e Poder no

Império Português (1500-1800). Lisboa: Comissão Nacional para as Comemorações dos

Descobrimentos Portugueses, 1997.

SAMPAIO, Gabriela dos Reis. Nas Trincheiras da Cura - As Diferentes Medicinas no Rio de

Janeiro Imperial. Dissertação de mestrado apresentada ao Departamento de História da

Universidade Estadual de Campinas. Campinas, 1995.

SERRÃO, Joaquim Veríssimo. História de Portugal. Lisboa: Editora Verbo, 1978. Vol. IV.

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Sociedade Portuguesa de Beneficência de Bagé. Correspondência expedida. Ministério do

Reino - Maço 5018, Livro 03. Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Lisboa, Portugal.

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Sociedade Portuguesa de Beneficência de Campos. Relatório, Ano 1875. Rio de Janeiro: O

Globo, 1876. p. 45.

Sociedade Portuguesa de Beneficência de Pelotas. Relatório, 1909. Pelotas: Tipografia Diário

Popular, 1910: 35.

Sociedade Portuguesa de Beneficência de Porto Alegre. Relatório, 1866. Porto Alegre:

Typografia do Correio do Sul, 1866.p. 46.

Sociedade Portuguesa de Beneficência de Porto Alegre. Relatório, 1868. Porto Alegre:

Tipografia Correio do Sul, 1868.

Sociedade Portuguesa de Beneficência de Porto Alegre. Relatório, 1870. Porto Alegre:

Tipografia Jornal do Comércio, 1870.p. 26.

Sociedade Portuguesa de Beneficência do Rio de Janeiro. Relatório biênio (1904-1905). Rio

de Janeiro: O Globo, 1908. p.111.

SOUSA, Ivo Carneiro de. Da descoberta das Misericórdias às Misericórdias (1498-1525). Porto:

Granito, 1999.

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Estradas e Histórias: A imigração alemã e o processo de urbanização de Juiz de Fora – Minas Gerais

Raquel von Randow Portes 183

Palavras-chave: Juiz de Fora. Imigração alemã. Patrimônio cultural.

Introdução

O presente artigo aborda os vestígios da imigração alemã, sob os aspectos histórico, social,

politico e econômico com ênfase para a questão urbanística e o seu reflexo na formação e

expansão de Juiz de Fora. O período histórico abordado tem início em 1836, quando realiza-se

o primeiro traçado urbano da cidade pelas mãos do engenheiro alemão Henrique Guilherme

Halfeld, até meados de 1930, quando temos o declínio do processo de industrialização da

cidade. Destacamos aqui, num primeiro momento de pesquisa, a busca sobre “as outras

versões da história” que envolve a imigração alemã e a crescente urbanização de Juiz de Fora,

desencadeada pela construção da Rodovia União e Indústria, em 1875. Período marcado por

grandes transformações e definidor de um perfil singular da história urbana da cidade, revela

na atualidade um importante papel para o entendimento de sua ocupação e para formação do

patrimônio urbano local.184

Metodologia e resultados

Buscamos uma aproximação do objeto de estudo que parte do geral, sobre os múltiplos

processos de ocupação e formação da cidade, para o particular, com ênfase para as propostas

desenvolvidas a partir da instalação da Companhia União e Indústria e as transformações

desencadeadas neste momento. Como base para a implantação da pesquisa foi realizado um

levantamento bibliográfico sobre a história da cidade, bem como a identificação dos principais

acervos documentais e publicações periódicas locais.

Considerando as fontes utilizadas para remontar a história de Juiz de Fora e, por conseguinte,

a contribuição da imigração alemã a esta, encontramos várias lacunas, assim como a unicidade

183 Graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Juiz de Fora, Mestre

em Planejamento e Produção do Espaço Urbano e Doutoranda em Cultura e Espaço pela

Universidade Federal Fluminense. Professora Assistente do Departamento de Arquitetura e

Urbanismo da Universidade Federal de Juiz de Fora. E-mail: [email protected]

184 O texto aqui apresentado insere-se no escopo da tese de Doutoramento, em

desenvolvimento, sob o título provisório: Por Caminhos e Estradas: Vestígios da imigração

alemã no processo de urbanização de Juiz de Fora. Cabe citar também as pesquisas realizadas

através da participação no Núcleo de Pesquisa e Extensão Urbanismo em Minas Gerais,

voltadas para a memória da cidade, planos, projetos e urbanistas, como nos seguintes

projetos: “Urbanismo em Minas Gerais: Olhares de engenheiros, arquitetos e outros

profissionais nas idealizações e realizações urbanísticas para as cidades mineiras” (CNPq -

Edital MCT/CNPq 03/2008) e “Pelas Cidades: Jornadas de planejamento municipal pela

proteção da memória e do patrimônio cultural dos municípios” (Edital MinC – 2011).

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de discursos em relação a grandes agentes transformadores do espaço urbano. Neste sentido,

recorremos ao pensamento filosófico e o processo de construção da história, relevantes para a

reflexão quanto à postura, participação e real contribuição dos diversos autores dentro do

estudo proposto.

É necessário pensar historiograficamente, como sugere Carlo Ginzburg, indicando os caminhos

para se refletir sobre o “inextirpável componente artesanal do trabalho do historiador”185. O

atrelamento indissociável entre teoria e história articula as dimensões da prática

historiográfica(pesquisa em arquivos, manuseio de fontes primárias) com a da reflexão sobre o

ofício (a discussão dos métodos ou das abordagens, e mesmo a construção de teorias ou

filosofias da História), especificamente sobre a ocupação da imigração alemã, no sentido de

dar-lhe lugar na história, contribuindo para os processos de memória e preservação.

Conclusões

A abordagem sobre a história teuta em Juiz de Fora, em quase todas as obras estudadas

durante o processo de revisão bibliográfica, fazem uma alusão supervalorizada do perfil

empreendedor do imigrante alemão, sua aptidão para o trabalho e para a disciplina. Assim,

são descritos como agentes do progresso local, implementadores da civilização e do processo

de industrialização do município. Este perfil, poderia ser visto como de grande influência no

processo de urbanização e construção de uma “nova cidade”. Porém tal feito refere-se a

apenas uma parte bem sucedida da grande comunidade alemã, formada em sua maioria por

famílias de camponeses, que, por consequencia das circustâncias, acabaram ingressando ao

mercado de trabalho operário.

O espaço urbano, entendido como local de trajetórias múltiplas, possibilita a existência de

diversos atores/construtores de várias realidades186. Assim, consideramos as várias histórias,

os vários caminhos percorridos, como temas a serem tratados, assim como a história oculta

dos imigrantes operários e sua conexão e interação com e como grandes agentes

transformadores. Recolocar na história da cidade estas diversas trajetórias e suas

contribuições, resgata a memória e a identidade de grande parte da população hoje

“esquecida” e, possibilita o exercício político dentro do espaço urbano.

Referências

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Fora, Juiz de Fora, 1987.

BORGES, Célia Maia(Org.). Solidariedades e conflitos: histórias de vidas e trajetórias de

grupos em Juiz de Fora. Juiz de Fora: Editora da UFJF, 2000.

185 GINZBURG, Carlo. O fio e os rastros: verdadeiro, falso, fictício. São Paulo: Companhia das

letras, 2007. P 15.

186 MASSEY, Doreen. Pelo Espaço: uma nova política da espacialidade. Tradução Hilda Pareto

Macial, Rogério Haesbaert. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2009. P 65.

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CARNEIRO, Deivy Ferreira. Conflitos, crimes e resistências: uma análise dos alemães e teuto-

descendentes através de processos criminais (Juiz de Fora 1858 – 1921). Dissertação de

Mestrado – Programa de Pós-gradução em História, Universidade Federal do Rio de Janeiro,

Rio de Janeiro, 2004.

CHRISTO, Maraliz de Castro V. Europa dos Pobres, a belle-époque mineira. Juiz de Fora: EUFJF,

1994.

ESTEVES, Albino. Almanach de Juiz de Fora – 1914. Juiz de fora: Typografia Brasil, 1914

FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. 4 ed. Rio de Janeiro: Graal, 1984a.

GINZBURG, Carlo. O fio e os rastros: verdadeiro, falso, fictício. São Paulo: Companhia das

letras, 2007

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HEGEL, G. W. F. A Sociedade Civil Burguesa. Trad. José Saramago. São Paulo: Edições

Mandacaru, 1989.

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Fontes, 2009.

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Fora (1854-1920). Dissertação de Mestrado. Niterói: UFF, 1993

OLIVEIRA, Paulino de. História de Juiz de Fora. Juiz de Fora MG: Gráfica Com.e Ind. Ltda., 1966.

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A arquitetura moderna em Pelotas: inventário, conhecimento e preservação

Aline Montagna da Silveira187

Daniele Behling Luckow188

Célia Castro Gonsales189

Ana Lúcia Costa de Oliveira190

Palavras-chave: Inventário. Arquitetura art déco. Arquitetura moderna em Pelotas. Patrimônio

Arquitetônico.

Introdução

O início dos anos noventa marcou, no cenário brasileiro, o reconhecimento da importância da

documentação e da preservação da arquitetura, do urbanismo e de outras manifestações

modernas no país. Nesse momento foi criado o núcleo brasileiro do DOCOMOMO

(International Working Party for DOcumentation and COnservation of Buildings, Sites and

Neighbourhoods of the MOdern MOvement). Uma das ações deste núcleo está voltada para o

inventário das obras que integram o patrimônio moderno brasileiro.

Nessa mesma perspectiva, no âmbito local o III Plano Diretor de Pelotas preconiza como uma

das diretrizes para as Áreas Especiais de Interesse do Ambiente Cultural (AEIAC) o

“cadastramento do patrimônio arquitetônico pré-moderno para inclusão no inventário do

Patrimônio Cultural de Pelotas” (Pelotas, 2008, p.21). A convicção da importância do

conhecimento deste acervo foi o motivador do projeto de pesquisa “Inventário de arquitetura

moderna em Pelotas” que propõe a identificação e a sistematização da arquitetura art déco

produzida entre os anos 1930 e 1950.

Esta investigação está sendo desenvolvida por um grupo de professores do Núcleo de Estudos

de Arquitetura Brasileira – NEAB, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade

Federal de Pelotas. A pesquisa pretende contribuir para a reflexão junto aos órgãos de

preservação sobre as formas de salvaguardar os exemplares mais representativos dessa

arquitetura, assim como suas ambiências urbanas.

187 Doutora em Arquitetura e Urbanismo, Núcleo de Estudos de Arquitetura Brasileira,

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal de Pelotas.

[email protected].

188 Mestre em Arquitetura e Urbanismo, Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Católica de

Pelotas. [email protected].

189 Doutora em Arquitetura e Urbanismo, Núcleo de Estudos de Arquitetura Brasileira,

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal de Pelotas.

[email protected]

190 Doutora em Planejamento Urbano e Regional. Núcleo de Estudos de Arquitetura Brasileira,

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal de Pelotas. [email protected].

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A arquitetura moderna art déco em Pelotas vem sendo estudada por pesquisadores como

Moura (2004 e 2005), Schlee (1993) e Gonsales (2001), cujos estudos formaram o referencial

teórico sobre a produção arquitetônica local. Este trabalho propõe relatar esta experiência do

primeiro inventário de arquitetura moderna realizado na cidade, apresentando os resultados

das análises obtidas após a elaboração dos mapas temáticos da área estudada.

Metodologia e resultados

A proposta de cadastramento do patrimônio arquitetônico art déco (ou pré-moderno, como se

refere o III Plano Diretor de Pelotas) foi pautada em um inventário de reconhecimento. Este

cadastramento foi realizado através de um levantamento de campo, abrangendo o 1º, 2º e 3º

loteamentos de Pelotas. Nesta área foram identificadas, registradas e fotografadas as

edificações construídas no período de 1930 a 1950, que se enquadravam nos critérios

preestabelecidos pela equipe (Figura 1).

FIGURA 1 – Exemplares de diferentes tipologias identificados no levantamento

Fonte: Acervo do inventário da arquitetura moderna da cidade de Pelotas. NEAB, FAUrb-UFPel

Em paralelo, a revisão bibliográfica serviu para definir os critérios que qualificavam as obras a

serem inventariadas e permitiu conhecer o estado da arte sobre o tema, sistematizando

informações relevantes que foram tabuladas e georeferenciadas.

A utilização de ferramentas de georeferenciamento, especificamente o programa gvSIG

(software livre), para armazenar e organizar os dados coletados foi uma escolha da equipe,

que se fundamentou na possibilidade de gerenciar informações diferentes em uma mesma

base de dados. Os critérios selecionados para a elaboração das fichas de levantamento de

campo basearam-se nas categorias estabelecidas por Moura (2005), priorizando a coleta de

dados das fachadas e do entorno das obras selecionadas. Estes dados foram adaptados para a

sua inserção no gvSIG, e possibilitaram a confecção de mapas temáticos sobre o objeto

estudado (Figura 2).

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FIGURA 2 – Trecho do mapeamento e análise das informações sobre a preservação das obras inventariadas

Fonte: Acervo do inventário da arquitetura moderna da cidade de Pelotas. NEAB, FAUrb-UFPel

Conclusões

A primeira etapa da pesquisa, que consistiu na realização de um inventário de reconhecimento

(ou de varredura) já foi realizada. A ficha de levantamento de campo foi testada em uma ação-

piloto, e a equipe foi treinada para o seu preenchimento. Os critérios foram estabelecidos e as

dúvidas foram constantemente discutidas pela equipe, com o intuito de selecionar as obras

que compreendiam o acervo do patrimônio moderno art déco em Pelotas.

O banco de dados foi gerado com as informações coletadas. Os bens listados no inventário de

reconhecimento da arquitetura moderna em Pelotas totalizaram 887 exemplares na área

pesquisada. Uma das constatações é que apenas 5% dessas obras encontram-se protegidos

por legislação municipal e, a maioria destas obras encontra-se localizada no 1º e 2º

loteamentos da cidade. Nessa perspectiva, as ferramentas de georreferenciamento têm sido

essenciais para armazenamento de dados, possibilitando o cruzamento de informações que

nos ajudam a compreender as particularidades do patrimônio moderno art déco na cidade de

Pelotas.

Referências

GONSALES, Célia Helena Castro. Racionalidade e contingência, uma proposta de leitura da

arquitetura moderna brasileira: o caso de Pelotas. Cadernos de Arquitetura Ritter dos Reis.

Editora Ritter dos Reis. 2001. v. 3, p. 173-180

MOURA, Rosa Maria Garcia Rolim de. Ari Marangon - 25 anos de arquitetura. Santa Maria:

Pallotti, 2004.

MOURA, Rosa Maria Garcia Rolim de. Protomodernismo em Pelotas. Pelotas: Ed.

Universitária/UFPel, 2005.

PELOTAS. Lei 5.502 de 2008. Institui o Plano Diretor Municipal e estabelece as diretrizes e

proposições de ordenamento e desenvolvimento territorial no Município de Pelotas, e dá

outras providências. Disponível em: http://www.pelotas.rs.gov.br/. Acesso em: 07 mar. 2013.

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SCHLEE, Andrey Rosenthal. O ecletismo na arquitetura pelotense até as décadas de 30 e 40.

1993. 215p. (Mestrado em Arquitetura). Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade

Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.

Agradecimentos

Agradecemos ao apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico - CNPq, através do Edital CNPq/CAPES nº 007/2011 (Processo 401080/2011-7).

Agradecemos ao apoio financeiro da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Rio Grande

do Sul – FAPERGS, através do Programa Pesquisador Gaúcho – PqG -, Edital FAPERGS nº

004/2012 (Processo 12/1899-1).

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Estudos das Esculturas em faiança da cidade de Pelotas

Keli Cristina Scolari191

Raíssa Piedade Gará²

Palavras-chave: Faiança. Conservação.Patrimônio Cultural. Pelotas.

Introdução

Este trabalho tem como objetivo apresentar o trabalho de pesquisa que começou a ser

desenvolvido no Mestrado em Memória Social e Patrimônio Cultural da UFPel, primeiramente

com os casarões 8, 6, 2, localizados na praça Pedro Osório e posteriormente o estudo expandiu

para outros casarões da cidade.

Assim, o presente trabalho esta buscando a identificação das peças cerâmicas existentes em

edificações tombadas do patrimônio histórico da cidade de Pelotas, identificadas como

cerâmica em faiança originária de Portugal, e com vistas à conservação desse patrimônio e sua

condição de degradação. As edificações pesquisadas são os casarões de números 8, 6 e 2,

localizados na Praça Coronel Pedro Osório.

Imagem dos Casarões Barão de Butuí, Barão de São Luís e Barão de Cacequi, localizados na Praça Coronel Pedro Osór io, Pelotas, RS, s/data.

Fonte: Acervo de Nelson Nobre, Universidade Católica de Pelotas, 2011.

No Brasil colonial, a cerâmica foi instrumento de composição de projetos arquitetônicos com

variados estilos artísticos, principalmente pelo barroco, neoclássico e pelo eclético. Muitas das

cerâmicas constituem-se em um legado histórico, tais como a azulejaria portuguesa, contudo,

os azulejos e ornatos existentes nas fachadas dos prédios, destes estilos, eram importados da

Europa, principalmente de Portugal e da França.

191 Mestre em Memória Social e Patrimônio Cultural/ICH/UFPel, Bacharelado em Artes

Plásticas/IA/UFRGS, Restauradora do Departamento de Museologia, Conservação e Restauro

ICH/UFPel, e-mail: [email protected]

2Acadêmica em Conservação e Restauro de Bens Culturais Móveis UFPel

e-mail: [email protected]

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A conscientização de conservação desses bens, da história brasileira, surgiu no século XX pelo

Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional e, também, de alguns grupos privados, tais

como o Instituto Portucale de Cerâmica Luso-Brasileira, localizado no estado de São Paulo,

com a leitura de cerâmicas artísticas portuguesas como instrumento da memória de nossa

colonização.

Metodologia e Resultados

A cidade de Pelotas é pertencente do grupo das vinte e seis cidades que integram o Projeto

Monumenta do Governo Federal, possui de um dos maiores acervos edificados no estilo

eclético do século XIX, com 4 edificações com tombamento em nível federal, 1 em nível

estadual, 10 em nível municipal e mais de 1700 prédios inventariados, e possuem decoração

em cerâmica de fachada, e em sua maioria, na forma de ornatos e esculturas, que atualmente

estão sendo restaurado ou se encontram em processo de preservação.

Assim, Iniciou-se a pesquisa sobre a origem das esculturas em faiança e a sua tecnologia de

produção, posteriormente, foi realizado a identificação visual, documentada fotograficamente,

o levantamento cadastral, a partir de fichas catalográficas, das peças cerâmicas existentes nos

Casarões. Depois foi comparado os exemplares encontrados nos Casarões com peças

existentes no catálogo da Fábrica de Cerâmica e de Fundição das Devezas, editado em 1910.

(a) (b) (c)

(a) Escultura Europa, existente no frontão do prédio do Casarão Barão de Cacequi, (b) Imagem do catálogo da Fábrica de Cerâmica e de Fundição das Devezas. (c) Vasos em faiança existentes na platibanda do Casarão Barão de Cacequi.

Fonte: Acervo autora, 2011.

Para a análise do estado de conservação das peças cerâmicas foram utilizadas as informações

das fichas catalográficas, fez-se a determinação da composição química da pasta cerâmica e do

vidrado de uma amostra coletada em um vaso Krater, existente no Casarão Barão de Cacequi

(Casarão nº 8). As composições químicas da pasta cerâmica e do vidrado foram comparadas

com análises químicas de peças cerâmicas efetuadas pelo químico francês Charles Lepierre, em

1912. Os levantamentos e estudos feitos possibilitaram a elaboração de uma proposta para

futuras intervenções nas peças cerâmicas em faiança portuguesa existentes nos Casarões, a

partir da sua reconstituição ou substituição por peça original.

Conclusão

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Com a conclusão desta fase da pesquisa vai-se expandir para outros casarões da cidade,

iniciando pela edificação do Museu Municipal parque da Baronesa, onde já estão sendo feito

levantamentos fotográficos e inicio do preenchimento das fichas catalográficas.

Referencias

ALVES, José. Fontes d’Art no /au Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Artfolio,

2009.216 p.

BARATA, Mário. As condições do uso da azulejaria de revestimento externo no

Brasil e em Portugal: relacionamento parcial do trópico, no primeiro país. In

“Congresso Brasileiro de Tropicologia”,1, 1986, Recife: FUNDAJ, Massangana,

1987, 178-183 p..

BRANDI, Cesare. Teoria da Restauração. Tradução de Beatriz MuGaiar Kühl. São

Paulo: Ateliê Editorial, 2004.p. 30.

CARDOSO, Armando. Manual de Cerâmica. Coleção Nova biblioteca de instrução

Profissional, Livraria Bertrand, Portugal-Brasil, s/d, p.285.

CANDAU, Joel. Antropologia de la memória. Buenos Aires: Ediciones Nueva

Visión, 1988.

CATÁLOGO DA FÁBRICA CERÂMICA E DE FUNDIÇÃO DAS DEVEZAS. Vila Nova

de Gaia, Portugal, 1910, 37p.

CEIB – Centro de estudos da imaginária brasileira - Imagem Brasileira – No 3, Belo

Horizonte, MG, 2006, p. 99-111.

CIRLOT, Juan. Dicionários de Símbolos. São Paulo: Editora Moraes, 1984.

CHEVALLIER, Ceres. Vida e obra de José Isella: arquitetura em Pelotas na

segunda metade do século XIX. Pelotas: Livraria Mundial, 2002.

PEREIRA, José, As fábricas paulistas de louça domésticas: Estudo de

tipologias arquitetônicas na área de patrimônio industrial. São Paulo, 2007,

Dissertação de Mestrado na FAUUSP.

PERES, Rosilena, Levantamento e Identificação das manifestações Patológicas em Prédio

Histórico – Um Estudo de Caso. Dissertação de Mestrado da Universidade Federal do Rio

Grande do Sul. Porto Alegre. 2001.

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A ESCULTURA DO DEUS MERCÚRIO, DO ALTO DA TORRE DO MERCADO MUNICIPAL DE PELOTAS, RS,

BRASIL: A TRAJETÓRIA DE UM SÍMBOLO DIVINO.

Isabel Halfen da Costa Torino192

Fabio Vergara Cerqueira193

Palavras-chave: Deus Mercúrio. Mercado Público Pelotas. Preservação patrimonial.

Introdução

Desde a antiguidade até a contemporaneidade, podemos observar a prática de diferentes

processos de representação do passado, que ocorrem em tentativas de reafirmar, no

presente, laços que consideramos caros, ou seja, com o propósito de resgatar vínculos

identitários. Uma destas práticas se traduz na reivindicação patrimonial, pela valorização de

bens culturais a partir de valores de percepção que lhe são atribuídos. O conceito de

patrimônio e os valores a ele conferidos evoluíram ao longo da história da humanidade, mas a

sua relação com a memória e a identidade sempre persistiu, tornando-se cada vez mais forte e

íntima, chegando à atualidade com uma necessidade absoluta de manutenção desses laços.

Este trabalho aborda um bem cultural da cidade de Pelotas que esteve desaparecido por longo

tempo, embora esteja presente no imaginário pelotense e seja até hoje reivindicado por parte

da população. Trata-se da escultura em metal representando o deus Mercúrio na mitologia

romana ou Hermes, na mitologia grega. O tema desta pesquisa está delimitado na trajetória

sofrida por esta escultura, desde que foi fixada no alto da torre do Mercado Municipal de

Pelotas, por ocasião da reforma sofrida no prédio entre 1911 e 1914, seu desaparecimento por

motivo desconhecido entre a década de 1950 e 60, até seu reaparecimento posterior no

prédio da Secretaria Municipal de Cultura de Pelotas e sua recente colocação em uma sala do

Mercado Municipal (figura 1).

Além de não possuir documentação, a história desse bem cultural é cercada de informações

escassas e contraditórias. A escultura de metal passou, também, por algumas intervenções e

tentativas de restauro com material e técnicas desconhecidos.

Figura 1 Escultura do deus Mercúrio na sala do Memorial do Mercado

192 Bacharel em Conservação e Restauro de Bens Culturais Móveis/UFPel, pós-graduanda do Curso de Especialização em Memória, Identidade e Cultura Material/UFPel, Mestranda em Memória Social e Patrimônio Cultural/UFPel. E-mail: [email protected]

² Doutor em Antropologia Social pela USP. Professor do Curso de Bacharelado e Licenciatura em História e do Programa de Pós-graduação em Memória Social e Patrimônio Cultural da Universidade Federal de Pelotas. Coordenador do LEPAARQ–UFPel. E-mail: [email protected]

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Fonte: Isabel Torino

Metodologia e resultados

Para estudar o percurso patrimonial do Mercúrio pelotense, pretende-se apoiar no

conjunto de documentos e instrumentos de proteção legal aplicáveis aos bens culturais.

Para a pesquisa histórica, será feita busca de informações em fontes documentais e

bibliográficas. Pretende-se investigar em periódicos da Biblioteca Pública pelotense notícias e

relatórios da Intendência Municipal, que eram veiculados naquela época. Também serão

consultados arquivos do executivo e do legislativo municipal de Pelotas e o acervo

bibliográfico do Instituto Geográfico de Histórico pelotense, com o objetivo de obter

informações referentes à origem da escultura de Mercúrio, sua aquisição, instalação na torre,

sua degradação física e estrutural, as intervenções pelas quais passou e o seu percurso

patrimonial até o momento. Para tanto, serão aplicadas entrevistas com pessoas que fizeram

parte desta trajetória traçada pelo “Mercúrio pelotense”.

Conclusões

Tratando-se de uma pesquisa em fase inicial, muitos dos seus objetivos ainda não foram

cumpridos. No entanto, o estudo e a observação da trajetória sofrida pela escultura do deus

Mercúrio, já permitem conduzir a algumas reflexões sobre o seu percurso patrimonial, como o

seu desaparecimento, as intervenções de restauro sofridas e os procedimentos e tentativas de

proteção de órgãos que deveriam ter sido responsáveis pela sua preservação e pelo seu

retorno à comunidade pelotense.

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Ao mesmo tempo, se questiona por que, depois de tanto tempo descontextualizado em uma

sala da Secretaria Municipal de Cultura, foi escolhida justamente a “Semana do Patrimônio”

para a transferência da escultura para o Memorial do Mercado? Sobre essa operação não foi

veiculada qualquer informação, sendo que somente quem compareceu às solenidades de

comemoração desta data pode visualizar o Mercúrio no seu novo local. Pergunta-se, também,

que medidas de proteção foram tomadas e de que maneira esse bem cultural foi transportado,

já que apresenta novas escoriações no braço esquerdo? E, ainda, qual a relação pensada pelos

órgãos de preservação cultural no compromisso em informar a quem exerce a reinvindicação

patrimonial, ou seja, a população?

Consideramos que esta mudança da escultura para o Memorial do Mercado não foi

significativa em termos de resposta aos anseios da população, já que não devolve o Mercúrio

em sua plenitude à comunidade pelotense; ele continua em uma sala fechada, agora um

pouco mais próxima do seu local original, mas ainda longe dos olhares da população.

Estas reflexões não têm o intuito de pura crítica, mas a pretensão de contribuir, por meio da

percepção e entendimento desses problemas ocorridos, para medidas efetivas de uso dos

instrumentos de proteção legal na tutela e salvaguarda dos bens culturais. Estima-se, ainda,

que esta reflexão estimule uma nova concepção de políticas responsáveis de preservação

patrimonial dos bens móveis em nossa cidade.

Referências

CANDAU, Joël. Memória e identidade. São Paulo: Editora Contexto, 2011.

Carta de Veneza de 1964.

CARR-GOMM, Sarah. Dicionário de símbolos na arte: guia ilustrado da pintura e da escultura

ocidentais. São Paulo: EDUSC, 2004.

CHOAY, Françoise. A Alegoria do Patrimônio. Tradução Luciano Vieira Machado. São Paulo:

Estação Liberdade/Unesp, 2001.

KÜHL, Beatriz Mugayar. História e ética na conservação e na restauração de monumentos

históricos. Rev. CPC, Abr 2006, no.1, p.16-40. ISSN 1980-4466 Disponível em

<http://www.revistasusp.sibi.usp.br/pdf/cpc/n1/a03n1.pdf> acesso em 23/09/2013 às 22h.

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A Exposição Museu Revelado no Museu de Arte da Pampulha: o fardo da história não revelada

Rodrigo Vivas194

Palavras-chave: Museu de Arte da Pampulha, Salões de Arte da Prefeitura de Belo Horizonte,

Arte Moderna, Arte Contemporânea, Museu Revelado

Introdução

A Exposição “Museu Revelado” realizada no Museu de Arte da Pampulha de Belo Horizonte no

ano de 2012 confunde-se com a pesquisa desenvolvida nos últimos anos sobre o acervo da

instituição.195 O interesse parece ter iniciado com indagações óbvias: como a próspera capital

mineira não possuía um acervo permanente exposto ao público? Nenhum registro artístico

sobreviveu nestes últimos 100 anos? Mas o que se produziu nas Escolas de Arte? Como

artistas significativos tiveram sua produção direcionada para Belo Horizonte, mas não

possuíam obras disponíveis para consulta? Não existiria uma história da arte em Belo

Horizonte? Essa curiosidade inaugural me levou a buscar na reserva técnica do Museu de Arte

da Pampulha parte desse acervo “perdido”. Mas encontrar o magnífico acervo foi apenas o

início do problema, pois não existiam fichas técnicas consistentes ou sistema de organização

efetivo daquele conjunto de obras. Além disso, o Museu também não possuía um espaço para

consulta das obras e dos documentos disponíveis. O objetivo passou a ser localizar as obras em

jornais, catálogos de exposição e estabelecer o contato direto com os artistas. Mas por qual

razão desde a sua fundação nenhuma gestão se interessou pelo estudo do acervo? Esse parece

sempre estar submetido ao fardo do antigo Cassino. A suntuosa edificação de traços

modernistas de Oscar Niemeyer, que foi transformado em Museu demonstra nunca

corresponder ou ter correspondido às necessidades de exposição de um acervo museológico

permanente. Nesse caso são dois princípios que se tornaram incongruentes: a estrutura

cristalizada do prédio e as exigências crescentes do museu em acompanhar as modificações do

perfil do próprio acervo e seu público, considerando que as alterações ou convergiriam em

uma descaracterização, ou seriam insuficientes como as já realizadas. Para desenvolvimento

da proposta passamos a construir o conceito da exposição visando caracterizar um “perfil da

coleção”. Não seria possível, com poucos estudos elaborados sobre o acervo, propor uma

mostra que de fato revelasse todo o acervo ou parte representativa do mesmo. O objetivo foi

elaborar uma proposta que demonstrasse as mais diversas produções artísticas que

caracterizam o acervo do Museu. O primeiro passo foi pensar como a coleção foi formada.

Nesse sentido, temos historicamente inúmeras fontes que contribuíram para a criação do

acervo. As principais foram: 1) Salões de Arte da Prefeitura; 2) Doações diversas; 3) Programas

de Arte Contemporânea. Os salões de arte cumpriram uma importante função no processo de

194 Doutor em História da Arte (UNICAMP), Professor de História da Arte da Escola de Belas

Artes da UFMG, Professor da Pós-Graduação em artes da mesma instituição. Líder do Grupo de

Pesquisa: História da Arte, Crítica e Museus Mineiros. Email: [email protected]

195 CF: Vivas, Rodrigo ; ASSIS, Márcia Georgina de . A Academia Imperial de Belas Artes no

Museu Mineiro. 19&20 (Rio de Janeiro), v. VIII, p. 1, 2013. Vivas, Rodrigo . Por uma História da

Arte em Belo Horizonte: artistas, exposições e salões de arte. 1. ed. Belo Horizonte: ComArte,

2012. v. 1. 246p

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divulgação, discussão e formação de público e artistas. Na cidade de Belo Horizonte os salões

foram responsáveis, a partir do prêmio de aquisição, reunir o atual acervo que permitiu a

constituição da coleção. Na presente comunicação apresentaremos a proposta curatorial da

Exposição “Museu Revelado” com o objetivo de discutir questões referentes à constituição do

acervo da instituição e atuais estratégias de estudo e divulgação do mesmo.

Referências:

Vivas, Rodrigo; ASSIS, Márcia Georgina de. A Academia Imperial de Belas Artes no Museu

Mineiro. 19&20 (Rio de Janeiro), v. VIII, p. 1, 2013.

Vivas, Rodrigo. Por uma História da Arte em Belo Horizonte: artistas, exposições e salões de

arte. 1. ed. Belo Horizonte: ComArte, 2012. v. 1. 246p

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Trajetória dos inventários arquitetônicos e urbanos no Rio Grande do Sul

Ana Lúcia G. Meira196

Palavras-chave: valores, inventários, patrimônio cultural, INRC, INCEU.

Introdução

Etimologicamente, inventário deriva do latim inventarium, significando relação, elenco. No

campo do patrimônio cultural, em geral, é definido como o registro de informações técnicas

que constitui a identificação de um acervo para embasar as políticas de preservação do

patrimônio cultural. Especificamente em relação ao patrimônio cultural material, pode ser

definido como um “estudo que vise conhecer o universo de bens culturais de determinada

região (...) ou relacionados com determinado tema (...), que identifique e cadastre as

ocorrências materiais ainda existentes...”. (SICG-IPHAN, 2013). No Rio Grande do Sul, os

projetos institucionais de inventários do patrimônio cultural foram desenvolvidos

principalmente pelo IPHAN e IPHAE, mas não há uma avaliação crítica dessa trajetória. A

comunicação aqui apresentada versa sobre uma pesquisa que, embora não tenha sido

aprofundada, teve por objetivo estabelecer os momentos de inflexão das políticas públicas em

relação ao tema. Inventários são fruto de seleções e de escolhas – geralmente feitas por

técnicos. A partir dessa constatação pode-se formular algumas perguntas. Que olhar deve

prevalecer sobre os bens que compõem o nosso acervo cultural material e imaterial? Quem

tem legitimidade para escolher o que deve ser destacado do cotidiano, passando a se

constituir em patrimônio? E a partir da atribuição de que tipo de valores? A relevância que os

inventários assumiram nas políticas de proteção, atualmente, inclusive se constituindo

em requisito básico para a documentação dos tombamentos de áreas urbanas, como

nos tombamentos dos sítios urbanos de Jaguarão e Bagé, justifica que se busque

entender a trajetória e os diferentes enfoques com a finalidade de aprimorar sua

aplicação. As análises foram realizadas a partir da lista de inventários fornecida pelo

IPHAE com base em seus arquivos, bem como pela pesquisa nos arquivos, no site e na

biblioteca do IPHAN. O marco histórico dos inventários no RS deu-se em Porto Alegre,

com a Lei Orgânica de 1970, que resultou em duas listagens de edificações a serem

preservadas, posteriormente incorporadas do PDDU. Nessa década, houve o

desenvolvimento de importantes inventários regionais no Brasil. A partir dos anos

1980, diversificaram-se (áreas de imigração no RS e SC, estatuária missioneira,

Caminho das Tropas etc.). Os Projetos “Ecclesia" e "Caçapava" antecederam o

desenvolvimento do Inventário dos bens culturais do Rio Grande do Sul - parceria

entre IPHAN e IPHAE, restrito ao patrimônio arquitetônico. A partir de 1990,

desenvolveu-se um planejamento institucional nos inventários do IPHAN, culminando

com o SICG. No RS, intensificaram-se os inventários do patrimônio edificado, com

destaque para o inventário realizado pela EPAHC, em Porto Alegre, e para o Inventário

Participativo de Viamão, legitimando o olhar da população sobre os bens patrimoniais

196 Arquiteta e Urbanista pela UFRGS, Mestrado e Doutorado no PROPUR/UFRGS, IPHAN, [email protected].

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(ORTIZ, 2001). Na virada do século, foi instituído o Programa Nacional do Patrimônio

Imaterial. Dezenas de inventários de referências culturais foram realizados no Brasil.

No RS, foram seis experiências, que iniciaram pela abordagem de culturas

tradicionalmente excluídas das políticas públicas de patrimônio: a afrodescendente e a

indígena. Algumas universidades e prefeituras, com destaque para os municípios da 4ª

Colônia Italiana, também desenvolveram projetos de inventários, bem como

pesquisadores autônomos. Verificou-se que, nos últimos anos, houve uma grande

diversificação de métodos – especialmente daqueles relacionados ao registro da

configuração urbana e das referências culturais imateriais. A diversidade dos bens

inventariados em Viamão demonstrou a necessidade da diversificação dos olhares

sobre o patrimônio. Bens aos quais foram atribuídos sentidos pela população e que

passariam incólumes nos registros dos técnicos puderam ser registrados. Entre o

técnico e o popular debate-se a legitimação dos inventários hoje em dia.

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A Oficina Metalúrgica de Ernesto Giorgi : artefatos metálicos das primeiras décadas do século XX em

Pelotas/RS

Ana Paula de Andrea Dametto197

Palavras-chave: Inventário. História oral. Memória. Patrimônio.

Introdução

Ao realizar o inventário “Os metais nas fachadas públicas. Pelotas/RS (1870-1931)” (DAMETTO,

2009) observou-se em edificações de interesse cultural placas de identificação de oficinas

metalúrgicas que atuaram nas primeiras décadas do século XX - Jacobs & Tomberg e Ernesto

Giorgi. Estas placas (Figura 1) encontram-se fixadas em cortinas metálicas de edificações

inventariadas de uso misto e comercial da área central da cidade, entorno da Praça Coronel

Pedro Osório. O interesse em aprofundar o conhecimento sobre os artefatos metálicos em

cadastramento levou-nos a procurar informações sobre estas oficinas. A descoberta da origem

destes artefatos confirmou a existência de atividades metalúrgicas na economia local no início

do século XX e indicou que nem todos os componentes arquiteturais metálicos utilizados na

arquitetura desta época eram importados.

FIGURA 1 – Placas das oficinas Tomberg & Filho e Ernesto Giorgi em cortinas metálicas

Fonte: fotos da autora, outubro de 2008.

Materiais e Métodos

Para compreender a trajetória desta oficina metalúrgica do início do século XX e identificar

artefatos confeccionados pela empresa foram realizadas entrevistas com familiares, registros

fotográficos e pesquisa documental e iconográfica.

A oficina de Ernesto Giorgi

Segundo José Ernesto Giorgi, seu pai, Ernesto Giorgi, nasceu em 1893, em Pelotas, RS. Era filho

de italianos que tiveram quatro filhos, sendo um menino e três meninas. Aos oito anos de

idade ficou órfão e mudou-se para a Argentina aos cuidados de um casal de tios na cidade de

Mar Del Plata. Iniciou o aprendizado na arte de trabalhar o ferro ainda criança, provavelmente

com seu tio, ajudando-o no acionamento do “fole” da “forja”, onde era aquecido o metal para

a fabricação de artefatos forjados. Aos 25 anos casou-se com uma argentina, Maria Anglada

197 Graduação em Arquitetura e Urbanismo, Mestre em Memória Social e Patrimônio Cultural,

Universidade Federal de Pelotas, [email protected].

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Giorgi, e no mesmo ano, 1918, voltou para o Brasil para trabalhar “no ramo da ferraria” em

sociedade com seu cunhado José Mário Manfrim, casado com uma de suas irmãs chamada

Luiza Giorgi.

Em 1927, após o falecimento de José Mário Manfrim, Ernesto fez o registro de outra firma

chamada Maduel & Giorgi, que atuou até a década de 1930. Em 1937, oficializou sua empresa

individual, denominando-a “Ernesto Giorgi”, oficina metalúrgica conhecida como Serralheria

Central de Ernesto Giorgi. Confeccionavam qualquer tipo de componente arquitetural,

utilizando catálogos estrangeiros e nacionais como modelos para o projeto dos desenhos. Eram

referência na confecção de artefatos metálicos de alto padrão e concorrentes da empresa

Tomberg & Filho Ltda.

Além das cortinas metálicas da área central da cidade, foram identificados componentes

arquiteturais de provável autoria da Serralheria Central Ernesto Giorgi. Foram eles: marquise

(hoje inexistente) do prédio onde funcionava a antiga Confeitaria Nogueira, à rua XV de

Novembro n.559 (Figura 2), porta de edificação localizada à rua Tiradentes esquina Félix da

Cunha (Figura 3); portão entre os prédios da Prefeitura e do Antigo Liceu Riograndense,

localizado à Praça 7 de julho (Figura 4). Há a probabilidade do Balcão central do antigo prédio

da Confeitaria Nogueira também ter sido confeccionado por Ernesto Giorgi. Identificou-se o

gradil da Escola Municipal Joaquim Assumpção, localizada a rua Almirante Barroso n.1679,

esquina com a rua Tiradentes.

Figura 2: Edificação que abrigou a antiga

Confeitaria Nogueira. Marquise e balcão.

Fonte: foto da autora, outubro de 2008.

Figura 3: Porta de edificação situada na rua

Tiradentes esquina Félix da Cunha.

Fonte: foto da autora, outubro de 2008.

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Figura 4: Portão entre a Prefeitura Municipal e a antiga Escola de Agronomia e Veterinária, situado à Praça 7 de julho.

Fonte: foto da autora, outubro de 2008.

Conclusões

Através das entrevistas foi possível identificar a procedência de alguns componentes

arquiteturais metálicos que foram cadastrados no inventário e de outros não menos

relevantes.

O resgate da memória desta oficina metalúrgica valoriza os trabalhos realizados por artesãos

locais do início do século XX e reforça a importância dos inventários como fontes primárias

para pesquisas e estudos científicos.

Referências

DAMETTO, Ana Paula de Andrea. Os metais no patrimônio arquitetônico urbano de Pelotas,

RS - 1870 a 1931. Dissertação (Mestrado em Memória Social e Patrimônio Cultural)

Universidade Federal de Pelotas, 2009.

GIORGI, Fernando. Fernando Giorgi. Inédito. Pelotas, RS. Entrevista concedida a Ana Paula de

Andrea Dametto em abril de 2009.

GIORGI, José Ernesto. José Ernesto Giorgi. Inédito. Pelotas, RS. Entrevista concedida a Ana

Paula de Andrea Dametto em março de 2009.

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Repercussões Gráficas da Passagem do Graf Zeppelin pelo Brasil: Anúncios Publicados na Imprensa em

1930

Nadia Miranda Leschko198

Vera Maria Marsicano Damazio199

Edna Lúcia Oliveira da Cunha Lima200

Palavras-chave: Memória Gráfica brasileira. História Gráfica. Repercussão Gráfica. Graf

Zeppelin. Anúncios. 1930.

Introdução

Este trabalho tem por objetivo apresentar alguns resultados com base na análise gráfica dos

anúncios publicados na imprensa do Recife/PE, Rio de Janeiro/RJ e Pelotas/RS por ocasião da

passagem do dirigível “Graf Zeppelin” na década de 1930. O estudo completo das

manifestações gráficas geradas pela passagem do dirigível pelo Brasil encontra-se em

andamento no Programa de Pós-Graduação em Design da PUC-Rio e faz parte do projeto

“Memória Gráfica Brasileira: Estudos comparativos de manifestações gráficas nas cidades do

Recife, Rio de Janeiro e São Paulo”.

A participação neste grupo de pesquisa propiciou a realização de uma missão de estudos em

Recife/PE no qual a passagem do dirigível “Graf Zeppelin” pelo país, destacou-se como evento

que gerou repercussão gráfica merecedora de estudos no campo da memória gráfica

brasileira, como comprovado em pesquisa realizada ao longo de 2013 e que encontra-se nas

etapas finais como bolsista do Programa Nacional de Apoio à Pesquisa da Fundação Biblioteca

Nacional.

A passagem do dirigível pelo Brasil na década de 1930 gerou extensa repercussão gráfica,

termo que nesta pesquisa abrange manifestações gráficas tais como reportagens em jornais e

revistas que utilizaram recursos como fotografias, ilustrações, mapas com percurso da

aeronave, plantas dos locais de pouso, diagramas, fotomontagens, caricaturas, charges, além

de cartões postais, selos postais, brindes e os anúncios que são a base para este texto.

O recorte escolhido, anúncios publicados na imprensa, traz a parte mais tangível dos

sentimentos evocados pela passagem do dirigível tratando-se de uma categoria de

manifestação gráfica significativa para a história do design e para a memória gráfica brasileira.

198 Bacharel em Design Gráfico/UFPel, Mestre em Memória Social e Patrimônio Cultural/UFPel,

doutoranda em Design/PUC-Rio, bolsista PNAP Fundação Biblioteca Nacional. E-mail:

[email protected]

199 Bacharel em Desenho Industrial e Comunicação Visual/PUC-Rio, Mestre em Design Gráfico,

Universidade de Boston, EUA, Doutora em Ciências Sociais, UERJ, Professora Assistente no

Departamento de Artes & Design - DAD/PUC-Rio. Email: [email protected]

200 Bacharel em Comunicação Visual/UFPE, Mestre em Design/PUC-Rio, Doutora em

Comunicação/UFRJ. Professora adjunta no Departamento de Artes & Design - DAD/PUC-Rio. E-

mail: [email protected]

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Anunciantes procuravam associar seus produtos com valores emanados pela aeronave tais

como inovação, tecnologia, rapidez além de um ideal de futuro.

Esses anúncios, peças gráficas efêmeras, nos trazem um panorama fresco dos hábitos de

consumo da sociedade de 1930, e é nesse ponto que a análise gráfica, atenta aos valores

culturais da época, encontra sua justificativa.

Metodologia e resultados

De início, foi realizada pesquisa bibliográfica para levantar dados sobre a aeronave e seu

percurso pelo país. Nesse aspecto as obras de Lins, Lucchesi, Mendonça e Mooney foram

importantes para essa etapa. Após, de posse das datas e dados da passagem do dirigível,

foram examinados periódicos da década de 1930 dos acervos do Recife/PE, Rio de Janeiro/RJ e

Pelotas/RS com destaque para o acervo da Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional. Esse

inventário foi separado por cidade, por periódico e por categoria. Ao todo foram

documentadas mais de mil ocorrências. Com critérios baseados na relevância gráfica, as

ocorrências foram selecionadas sendo reduzidas a um total de 368. Esse montante foi

separado por categorias gráficas sendo que os anúncios representam 107 ocorrências

documentadas.

Além de categorizar por cidade, os anúncios foram categorizados por afinidade: anúncios do

Sindicato Condor, produtos que se associam ao Zeppelin, empresas e lojas que trazem suas

mercadorias no Zeppelin, produtos automotivos associados ao dirigível, além de uma categoria

de diversos que inclui anúncios de filmes e transporte de ônibus para o campo de pouso do

Zeppelin. Essa categorização facilitou a análise gráfica das peças gerando resultados

consistentes.

Conclusões

Como resultado inicial, foi possível perceber a presença do design nos anúncios analisados. Há

muitos recursos gráficos que os diagramadores utilizaram para chamar a atenção do público-

alvo. Segundo, de fato, a passagem do Zeppelin pelo Brasil causou impacto tão significativo na

sociedade da época que até xampu era anunciado com referência ao dirigível. Outro resultado

significativo diz respeito à troca de informações entre as cidades. Nos anúncios do Sindicato

Condor, responsável pela vinda dirigível ao país e pelas correspondências postais, o mesmo

formato gráfico de anúncio foi mantido nas três cidades sendo que Pelotas utiliza clichê

idêntico ao dos anúncios do Rio de Janeiro. Nesse ponto fica evidente o intercâmbio gráfico

entre as cidades.

Referências

LINS, Fernando Chaves. Por céus nunca d'antes navegados. Recife: Ed. Universitária, UFPE,

2006.

LUCCHESI, Claudio. Loucos e Heróis: Fatos e Curiosidades da História da aviação. São Paulo: C.

Lucchesi, 1996

MENDONÇA, Anna Amelia de Queiroz Carneiro de. Quatro pedaços do Planeta no tempo do

Zeppelin. Rio de Janeiro : Arquimedes, 1976

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MOONEY, Michael Macdonald. Zeppelin, a verdadeira história do desastre do Hindenburg. 2ª

Ed. São Paulo, Melhoramentos, 1973.

Hemeroteca Digital Brasileira da Fundação Biblioteca Nacional. Disponível em:

<http://memoria.bn.br/hdb/periodico.aspx> Acesso em 11 set. 2013

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A arte decorativa das superfícies murais dos ambientes internos dos prédios ecléticos Pelotenses

Fabio Galli Alves201

Carlos Alberto Ávila Santos202

Cristina Jeannes Roziski203

Palavras-chave: Inventário, Pinturas Murais, Decoração Mural, Ecletismo, Escaiola, Estêncil

Introdução

A necessidade de produzir inventários é uma premissa para a salvaguarda do patrimônio

cultural. E isso contribui para que se desenvolvam metodologias que englobem diversos

aspectos dos bens a serem inventariados, dentre eles: a investigação, a identificação, a

documentação e a classificação (FONSECA 2005, CASTRIOTA 2009).

O presente trabalho pretende inventariar a arte mural aplicada nas paredes dos ambientes

internos dos prédios ecléticos Pelotenses. Inicialmente, o levantamento foi realizado nas

decorações murais dos casarões do entorno da Praça Coronel Pedro Osório, edificados ou

reformados entre os anos de 1878 e 1880, de propriedade dos Barões de Butuí, de São Luis, e

do Conselheiro Maciel. O conjunto eclético foi tombado 1970 pelo Instituto do Patrimônio

Histórico Artístico Nacional (IPHAN). Os referidos prédios fazem parte do início da pesquisa

para dissertação de mestrado “As decorações de superfícies murais dos ambientes internos

dos prédios ecléticos Pelotenses”, junto ao Programa de Pós-Graduação em Memória Social e

Patrimônio Cultural da Universidade Federal de Pelotas. Os prédios de estilo eclético

relacionados foram edificados no período de apogeu econômico da cidade, no qual a

navegação permitiu a importação de técnicas decorativas e de artífices europeus, que

responderam ao gosto de uma burguesia em ascensão.

A inexistência de inventários deste tipo de bem integrado ao patrimônio edificado e o

desconhecimento das técnicas decorativas aplicadas às paredes, acarreta uma série de

201Mestrando do Programa de Pós Graduação em Memória Social e Patrimônio Cultural - Universidade

Federal de Pelotas. PPGMP | UFPel

e-mail: [email protected] fone: 53-9981-2966

202 Doutor em Arquitetura e Urbanismo – Área de Conservação e Restauro – pela Faculdade de

Arquitetura e Urbanismo da UFBA. Docente do Programa de Pós Graduação em Memória Social e

Patrimônio Cultural - Universidade Federal de Pelotas. PPGMP | UFPel

e-mail: [email protected] fone: 53-8115-9955

203 Cristina Jeannes Rozisky

Mestranda do Programa de Pós Graduação em Memória Social e Patrimônio Cultural - Universidade

Federal de Pelotas. PPGMP | UFPel

e-mail: [email protected] fone: 53-8127-4599

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confusões: confunde-se escaiola com marmoreado, pintura a têmpera com afresco, pintura de

arte com pintura de preenchimento, papel de parede com tecido. Essas diferentes

nomenclaturas e procedimentos serão esclarecidos com esta pesquisa. Metodologia e resultados

A metodologia aplicada foi a pesquisa bibliográfica, iconográfica e de campo, com análise

organoléptica e registro fotográfico para definição e identificação das técnicas e elementos

decorativos internos encontrados nos prédios selecionados. Produção de uma ficha baseada

em autores que tratam de inventários de bens integrados, como apoio para dissertação de

mestrado e de material para desenvolvimento de inventários posteriores deste tipo de bem

cultural.

Conclusões

Os resultados demonstraram a diversidade de técnicas decorativas exploradas num mesmo

ambiente. Apresentam dificuldade para precisar o período em que determinada técnica foi

aplicada, por terem ocorrido sucessivas intervenções e pela falta de registro destas

interferências. Demonstram a necessidade e urgência de inventários das artes decorativas com

o levantamento dos testemunhos que ainda restam.

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Guia de Acervos: a representação dos acervos documentais

Valéria Raquel Bertotti204

Carlos Blaya Perez205

Palavras-chave: Identidade. Memória. Espaços de Memória. Patrimônio Cultural. Descrição.

Guia de Acervos.

Introdução

Este trabalho apresenta o desenvolvimento do Guia de acervos da cidade do Rio Grande.

Compostos por documentos bibliográficos, iconográficos, textuais, cartográficos e

museológicos estes acervos representam uma parte da história da cidade. Inserida na Linha de

Pesquisa Patrimônio Documental, a pesquisa foi desenvolvida no períoido entre março de

2011 e novembro de 2012.

O trabalho constitui-se nos resultados da dissertação apresentada no Programa de Pós-

Graduação Profissional em Patrimônio Cultural (PPGPPC) da Universidade Federal de Santa

Maria (UFSM) e tem como tema a identificação, descrição e divulgação dos acervos

documentais e suas instituições custodiadoras denominadas Museus, Bibliotecas, Arquivos,

Centros ou Núcleos de Memória, e Memoriais da cidade do Rio Grande. Dentro da

complexidade de acervos das Instituições, a pergunta que se coloca é como realizar tal

descrição com acervos tão diferentes e possibilitar o entendimento de suas singularidades?

Desta forma a pesquisa estabelece um diálogo com as áreas da arquivologia, biblioteconomia e

museologia na perspectiva da produção de conhecimento e construção de um Guia de Acervos

para Rio Grande, possibilitando a divulgação de uma parte dos acervos da cidade.

Assim, o objetivo geral é analisar a Norma Internacional para Descrição de Instituições com

Acervo Arquivístico (ISDIAH) (CIA, 2008) e outros elementos da arquivologia, biblioteconomia e

museologia, visando a elaboração do Guia de Acervos Documentais da Cidade de Rio Grande,

produto desta pesquisa, possibilitando o intercâmbio de informações dos seus acervos

documentais.

Para tanto, os objetivos específicos constituem-se em:

analisar a Norma Internacional para Descrição de Instituições com Acervo

Arquivístico (ISDIAH) (CIA, 2008) e outros elementos da arquivologia, biblioteconomia e

museologia a fim de construir a descrição das instituições de custódia e seus acervos;

204 Graduação em Arquivologia pela UFRGS, Mestre em Patrimônio Cultural pela UFSM,

Professora do Curso de Arquivologia da Universidade Federal do Rio Grande,

[email protected]

205 Bacharel em Arquivologia pela UFSM, Mestre em Multimeios pela UNICAMP e Doutor

em Biblioteconomia e Documentación pela Universidad de Salamanca – Espanha, Professor

adjunto do Departamento de Documentação da Universidade Federal de Santa Maria,

[email protected]

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identificar e descrever os referidos acervos;

ressaltar as fontes relacionadas;

divulgar os acervos documentais da cidade.

O referencial teórico é pautado pelas discussões sobre a construção da(s) identidade(s) dos

indivíduos e grupos sociais, bem como de suas memórias. Os principais autores aqui debatidos

foram: Bauman (2005), Hall (2006), Hobsbawn e Ranger (2008), Le Goff (2003), Pollak (1992) e

Prats (2004). Abordou-se também a relação destas identidades e memórias com o patrimônio

cultural, com autores como Mario Chagas (2002), Pierre Nora (1993) e Zanirato (2006).

Apresenta-se ainda as diferenças e semelhanças entre as instituições arquivos, bibliotecas,

museu e centros de documentação no que tangem seu objeto de trabalho, o documento, e o

tratamento técnico sobre os acervos. Além disso, as áreas correspondentes – arquivologia,

biblioteconomia e museologia – foram debatidas a partir da visão de autores como Bellotto

(2004) que ressalta as diferenças dessas, e Araújo (2010, 2011), Smit (2003) e Malheiros Silva

(1998, 2002) que destacam as suas semelhanças. As questões sobre a representação da

informação foram debatidas a partir dos autores Alberch i Fugueras (2001), Couture e

Rousseau (1998), Heredia Herrera (1993), Mundet (1999).

Metodologia e resultados

A pesquisa foi desenvolvida em cinco etapas: elaboração do instrumento de coleta de dados

(formulário padrão), identificação das instituições de custódia e seus acervos, teste do

formulário padrão, descrição e por fim elaboração do Guia.

Na etapa de descrição das Instituições e respectivos acervos – aplicação do formulário padrão

– primeiramente as informações foram coletadas em sites e outros materiais sobre as

mesmas. A fim de complementar as informações reunidas, foram efetuadas visitas e

entrevistas com funcionários das respectivas instituições.

Conclusões

Os objetivos propostos foram cumpridos a partir do formulário padrão, desenvolvido pela

análise da Norma Internacional para Descrição de Instituições com Acervos Arquivísticos,

outros elementos da área de arquivologia, assim como elementos próprios das áreas de

biblioteconomia, museologia e história. A Identificação foi realizada através do mapeamento

de Instituições denominadas Museus, Bibliotecas, Arquivos, Centros ou Núcleos de Memória, e

Memoriais com endereço na cidade do Rio Grande e que já possuíam referências de

pesquisadores, informações sobre seus acervos em sites e publicações diversas, com acesso ao

público para visitação e/ou pesquisa, ainda que com restrições.

A elaboração do Guia de Acervos permitiu não apenas a difusão destes acervos, como também

apresentou a correlação de fontes dispersas em diferentes instituições possibilitando novas

representações a partir dos quatro índices: Tipologia do acervo, Temas preponderantes,

Gêneros documentais e Períodos de estudos.

Referências

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MESA 6 - Patrimônio e Museus: interfaces necessárias

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Hospital Beneficência Portuguesa: Presença e atuação na cotidianidade de Porto Alegre (1854 – 1904)

Éverton Quevedo 206

Palavras-chave: Beneficência Portuguesa. Hospital. Porto Alegre. Saúde Pública.

Introdução

Recuperar e evidenciar a trajetória da Sociedade Portuguesa de Beneficência de Porto Alegre e

de seu maior investimento, o Hospital Beneficência Portuguesa de Porto Alegre, do ponto de

vista de sua inserção na cotidianidade médico-social da capital do Rio Grande do Sul e, até

mesmo, na comunidade gaúcha de forma mais ampla. Este é o objetivo do Museu de História

da Medicina do Rio Grande do Sul (MUHM) desde sua instalação no prédio histórico da

instituição em outubro de 2007. Assim, neste texto pretendemos evidenciar as questões

teóricas que podem nos ser úteis neste processo.

Para um melhor entendimento, apresentaremos um breve histórico da instituição em questão:

A ideia da criação de uma Sociedade Portuguesa de Beneficência na capital da Província foi

levada a cabo pelo vice-cônsul de Portugal, Antonio Maria do Amaral Ribeiro. Após várias

reuniões, no dia 26 de fevereiro de 1854, na sala de sessões da Santa Casa de Misericórdia de

Porto Alegre, foi fundada a instituição.

A criação de um hospital para a assistência aos sócios sempre foi um dos objetivos de todas as

sociedades desse gênero. Em Porto Alegre, antes da criação deste órgão, os sócios eram

tratados na Santa Casa de Misericórdia, em convênio firmado com a Sociedade. Logo a

Sociedade Portuguesa de Beneficência organizou-se e no ano de 1858 foi comprado um

terreno na Rua da Figueira, atual Rua Coronel Genuíno, e construído o prédio do hospital,

onde os primeiros pacientes puderam ser internados (SPALDING, 1954).

Em 1861, tornou-se iminente a construção de um prédio maior, devido, principalmente, ao

aumento no número de sócios. Com recursos provenientes dos associados, legados e

empréstimos foram comprados outros dois prédios, logo destruídos para dar lugar à

construção do novo hospital. Em 1867, foi lançada a pedra fundamental do edifício no terreno

situado no Caminho da Aldeia, ou Estrada dos Moinhos de Vento, quase na esquina da Rua

União, onde também estava sendo erguida a Igreja de Nossa Senhora da Conceição. Mais

tarde, o Caminho da Aldeia passou a denominar-se Independência. O novo prédio do hospital

foi inaugurado no dia 29 de junho de 1870, e os enfermos do hospital da Rua das Figueiras

foram transferidos (SPALDING, 1954; FRANCO, 1988).

Metodologia e resultados

Apontamos, além do que coloca Roberto Machado (MACHADO, 1978, 28) - uma falta

considerável de ações de assistência à saúde - a questão do ponto de vista de quem não era

mais “colonizador”, ou seja, havia a necessidade de organização da comunidade lusa frente a

206 Doutorando em História - Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). Diretor Técnico do

Museu de História da Medicina do Rio Grande do Sul (MUHM).

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uma nação que saíra do jugo de sua terra natal. Temendo ficar sem apoio, sem ter suas

demandas atendidas por parte do Estado, organizam-se a fim de suprir qualquer pendência.

Considerando que a Sociedade Portuguesa de Beneficência de Porto Alegre é a primeira

sociedade de socorros mútuos criada no Rio Grande do Sul e que seu modelo teria sido

explicitamente o da homônima do Rio de Janeiro, que existia desde 1840. (SILVA, 2004: 112)

Nossa proposta consiste em perceber os atores sociais que participaram da trajetória da

Sociedade Portuguesa de Beneficência de Porto Alegre não como um bloco de pessoas, mas

percebê-las de modo particular dentro da estrutura maior que as significam. Desta forma nos

apropriamos da ideia de Grendi, ao defender que: “um modelo de análisis más modesto que

permitiera reducir el objeto de investigación” (SERNA; PONS, 1993: 104), pois, como diz Fábio

Kuhn citando Revel, a atenção aos “casos particulares está intimamente ligada às questões

mais gerais da sociedade estudada” (KUHN, 2006:18).

Cerutti, em “Processo e experiência: indivíduos, grupos e identidades em Turim no século

XVII”, discorre sobre a necessidade de se individualizar os critérios de descrição e explorar a

imagem que os atores históricos podiam ter de seu próprio universo social. O caminho a seguir

deveria ser o de reconstituir grupos sociais a partir das relações que ligam os indivíduos

(CERUTTI, 1998: 178, 183).

Esta “redescoberta” do indivíduo remete ao estudo do cotidiano, do “homem comum”

(LORIGA, 1998: 229, 244). O mundo cotidiano é passível de ser estudado ou levado em conta

em suas diversas formas de manifestações concretas a fim de espreitarmos a formatação das

leis que regulam a produção de todo o espaço social, pois o seu análise não o considera o lugar

da passividade, mas o espaço de cultura e invenção (LIMA, 2006: 250).

Uma das ideias que se torna para nós transparente é que o cotidiano é o fulcro da existência

do homem por inteiro: o homem do trabalho (intelectual/ físico), da vida privada, dos lazeres,

do descanso, das diversas atividades sociais, dos intercâmbios, do sagrado, da purificação. O

cotidiano é assim a instância onde os homens produzem as coisas, as ideias, valores, símbolos,

representações. Onde produzem, toda a sua vida, no teor de sua completa inteireza: produção

do mundo e produção de si mesmos, num ininterrupto e criador fazer histórico em que o

particular e o genérico, o individual e o universal, a parte e o todo ganham uma existência

eminentemente dialética, plena de conflitos e contradições.

Conclusões

Até o momento o trabalho rumou para a análise biográfica de algumas pessoas ligadas

diretamente a construção da instituição de mútuo socorro, como Antonio Maria do Amaral

Ribeiro, vice-cônsul de Portugal, fundador e primeiro presidente. Entendemos que a história

“desse grandeshomem” pode esclarecer aspectos populares e sociais da comunidade que

representavam e buscavam auxiliar a partir da formação da instituição.

A partir do contato com descendentes de Antonio Maria do Amaral Ribeiro, foi possível

mapearmos alguns aspectos de sua vida. Também localizamos a obra Domingos Joaquim

Pereira, intitulada “Memoria historica da Villa de Barcellos, Barcellinhos, Villa Nova de

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Famelicão”, publicada em Portugal em 1867. Neste livro o autor faz a genealogia de algumas

famílias da cidade de Barcelos, onde nosso personagem nasceu:

... filho legítimo de Joaquim José de Faria e de Maria Magdallena do Amaral, nascido na Rua de

São Francisco da vila de Barcelos em 3 de setembro de 1809, e era proprietário em

Barcellinhos [...] por sua instrução e aptidão serviu no consulado de Portugal em Porto Alegre,

capital da província do Rio Grande de São Pedro, no império do Brasil, desde fevereiro de 1832

até maio de 1859, primeiro como Chancelar, depois como Vice-Consul, e que, por decreto de

20 de agosto de 1860, Sua Majestade lhe conferiu as honras de Consul de Portugal. Que em 9

de março de 1817 foi nomeado sócio correspondente da Sociedade Promotora da Agricultura

Michaelense, na ilha de São Miguel; que por decreto de 10 de dezembro de 1850, foi nomeado

Cavaleiro da Ordem de Cristo; que foi fundador, em março de 1854, na província do Rio

Grande, da Sociedade Portuguesa de Beneficência, de que é o protetor Sua Magestade El-rei o

Sr. D. Fernando, e que tão próspera e opulenta ali se acha; que, em 11 de outubro de 1856,

mereceu o diploma de irmão protetor do Azilo da Infância Desvalida em Ponta Delgada, pelos

valiosos donativos; que em 20 de novembro de 1836 foi nomeado membro titular do Instituto

d’Africa em Paris; que em 23 de agosto de 1857 mereceu o diploma de irmão da Ordem da

Santa Trindade, no Porto; que por decreto de primeiro de abril de 1865 foi nomeado

administrador substituto do seu próprio conselho de Barcelos, cujo cargo exerceu com

dignidade, e do qual foi exonerado, a pedido seu, pelo decreto de 23 de outubro do mesmo

ano *...+ que em 1866 deu a luz a imprensa ‘Notícia Descritiva de Barcelos’” (PEREIRA, 1867:

148,149).

Recentemente, através da leitura da bibliografia “descobrimos” que Amaral Ribeiro, de volta a

Portugal, dedicou-se a escrever memórias sobre o período em que esteve no Brasil. Um

exemplo disso é a obra “Almanach de Lembranças Luso-brasileiro de 1858”, onde analisa a

lenda Negrinho do Pastoreio. Faleceu na mesma cidade em que nasceu, em 1879.

Sendo o biografado exemplo de seu contexto, o mesmo interage com as pessoas a sua volta,

sendo assim apenas um ponto de partida em uma trama social.

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Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2004.

SPALDING, Walter. A Beneficência Portuguesa. Porto Alegre: Santa Teresinha Ltda., 1954.

PEREIRA, Domingos Joaquim. Memoria historica da villa de Barcellos, Barcellinhos, Villa Nova

de Famelicão. Typ. de A.J. Pereira & filho, 1867

(http://books.google.com.br/books?id=RABXAAAAMAAJ – Acesso em 30/04/2010)

RIBEIRO, Antonio Maria do Amaral. Uma lenda do Rio Grande In: Almanach de Lembranças

Luso-brasileiro de 1858. Lisboa: Imp. Imprensa Nacional, 1857.

SERNA, Justo; PONS, Anaclet. El Ojo de La aguja. ¿De qué hablamos cuando hablamos de

micohistoria¿ TORRES, Pedro Ruiz. La Historiografia. Madrid, Marcial Pons, 1993.

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Memória e Patrimônio: as coleções de arte nos museus de Florianópolis - SC

Aline Carmes Krüger207

Palavras-chave: Memória. Patrimônio. Identidade. Museu. Arte.

Introdução

Os artistas exploram o caminho das experiências da memória com eventos do dia a dia,

registrando-os em pinturas, esculturas, desenhos e diversos outros suportes. O objetivo geral

desta pesquisa é analisar o processo de formação das coleções de arte nos museus de

Florianópolis, Santa Catarina, constituídas por obras de um único artista, e a sua relação com o

patrimônio, a memória, e a identidade da cidade.

A relação entre imagem e memória tem sido frequentemente ponto de discussão nos últimos

anos. Podemos citar antecipadamente autores que vem abordando o assunto como Bergson,

Proust, Michael Pollak e Maurice Halbwachs. Ernst Hans Josef Gombrich (2007, p.43) assinala

que o artista não pode transcrever o que vê, “aquilo que o pintor investiga não é a natureza do

mundo físico, mas a natureza das nossas reações a esse mundo”. Assim, as imagens são o

registro da intenção do artista, ou seja, o artista é um produtor de memória.

Percebendo o museu como um espaço no qual a sociedade projeta, repensa e reconstrói

permanentemente as memórias e identidades coletivas, observa-se nas coleções de um único

artista um movimento memorialístico, no qual alguns artistas buscam preservar determinadas

narrativas com os seus trabalhos. Observa-se, nessas memórias formas de pensar e de ver o

mundo pelo artista, pois aquilo que um pintor representa não é o mundo físico, mas a sua

forma de ver e pensar o mundo. Assim, o testemunho material produzido pelo artista vincula o

presente ao passado, construindo a memória, erigindo determinado discurso sobre a

realidade.

A relevância desta pesquisa para os estudos já existentes em Museologia e Patrimônio está no

olhar inédito dado aos museus da cidade de Florianópolis e na singularidade das coleções

estudadas, tendo em vista o fato de sua construção pelos artistas, o que permite aos artistas

nela se reconhecerem.

Metodologia e resultados

Foram identificadas e selecionadas as coleções de artistas em museus na cidade de

Florianópolis. A metodologia desenvolve-se em duas vertentes: pesquisa teórica de

abordagem conceitual, complementada por pesquisa empírica nos fundos da Coleção dos

museus selecionados.

A pesquisa está em andamento e visa analisar a constituição das coleções de arte nos museus

de Florianópolis, Santa Catarina, formadas por um único artista, e a sua relação com a

207 Graduação em História - UFSC, Mestrado em Artes Visuais - UDESC, Doutorado em andamento em

Museologia e Patrimônio – UNIRIO, professora auxiliar do Departamento de Ciência da Informação da

Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC , [email protected]

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memória e a identidade da cidade. Neste sentido abordaremos os museus como órgãos que

lidam com memórias coletivas e podem ser compreendidos como instituições categóricas na

formação de identidades.

Conclusões

Observa-se, o espaço, o local e o tempo no reconhecimento do patrimônio, bem como a

valorização da memória. Logo, Museu e Patrimônio devem ser apreendidos em multiplicidade.

Em patrimônio está presente o desejo do eterno, do duradouro, mesmas ideias presentes em

Museus. A memória retém do passado somente aquilo que está vivo ou é capaz de viver na

consciência do grupo, muitas vezes justifica-se a memória pelo medo do esquecimento. Por

meio da memória, as identidades se fazem presentes nos museus. A memória pode ser um

recurso metodológico e político de intervenção e de produção de mudanças coletivas nas

identidades locais ou regionais. A memória é estratégica na construção da identidade cultural

e do patrimônio local.

Observando estas características iniciais de memória e patrimônio, podemos identificá-las na

Museologia e repensar a importância das identidades e dos patrimônios, principalmente na

esfera local, a partir do estudo das coleções de arte.

Referências

GOMBRICH, Ernst Hans. Arte e ilusão. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

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PLANO MUSEOLÓGICO: uma ferramenta dos museus para gestão do patrimônio

Janaina Silva Xavier208

Palavras-chave: Museus. Museologia. Patrimônio. Plano Museológico.

Introdução

Este resumo apresenta os desdobramentos de um estudo que está sendo desenvolvido no

Programa de Pós-Graduação Interunidades em Museologia da USP, sob orientação da Prof.ª

Drª. Marília Xavier Cury, e que fará parte da minha dissertação de mestrado, com prazo de

defesa previsto para o segundo semestre de 2015. O objeto desta pesquisa é o Plano

Museológico (PM), implantado pelo IPHAN como ferramenta básica de gestão dos museus

através da Portaria Normativa nº 1, de 05 de julho de 2006. A Portaria que a princípio

determinava que o PM deveria ser adotado apenas pelos museus do IPHAN foi ampliada para

todos os museus em solo brasileiro através da Lei Federal 11.904, de 14 de janeiro de 2009, e

determinou um prazo de dois anos para os museus federais e cinco para os demais museus se

adequarem as suas exigências. O PM é entendido pelo governo federal como um instrumento

de administração dos museus que define a missão e função da instituição, contemplando um

diagnóstico, a identificação da estrutura física, bem como do acervo patrimonial e o seu

público alvo. Além disso, o PM deverá detalhar dez programas: Institucional, Gestão de

Pessoas, Acervos, Exposições, Educativo e Cultural, Pesquisa, Arquitetônico, Segurança,

Financiamento e Fomento e Comunicação. Em novembro de 2004, o Governo Federal criou o

Sistema Brasileiro de Museus (SBM) com o objetivo de formar uma rede integrada entre os

museus brasileiros auxiliando-os no desenvolvimento dos processos museológicos, oferecendo

oficinas de capacitação, entre elas a de PM. Diante desse quadro essa pesquisa pretende

investigar e analisar quais as origens do PM? O que propõe? Como se estrutura? Para que os

museus precisam de um PM? Que benefícios advêm de estruturar um PM para o museu?

Quantos e quais museus brasileiros já possuem seu PM? Quais foram os profissionais

envolvidos na elaboração do Plano? Que mudanças os museus perceberam depois de terem

seus PMs? O objetivo do estudo é analisar a relevância do PM para os museus brasileiros e

mapear a situação atual de sua implantação dado o prazo determinado pela lei que se encerra

em 2014.

Metodologia e resultados

A metodologia a ser empregada na pesquisa será um aprofundamento teórico das ciências

museológicas, visitas, entrevistas e estudos em museus para compreender como o PM pode

servir de auxílio a essas instituições na conservação, investigação e difusão do patrimônio. Será

realizado também um levantamento quantitativo junto ao Sistema Brasileiro de Museus a fim

de verificar quantos museus estão cadastrados no país e quantos deles já possuem PM. Como

208 Janaina Silva Xavier, licenciada em Artes Visuais, especialista em Patrimônio Cultural e Conservação

de Artefatos, mestre em Memória Social e Patrimônio Cultural pela UFPEL, mestranda em Museologia

pela USP. Professora do curso de História e curadora do Museu de Arqueologia Bíblica Paulo Bork do

Centro Universitário Adventista de São Paulo (UNASP). E-mail: [email protected]

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resultados espera-se perceber mais claramente o cenário museológico brasileiro em relação ao

PM.

Conclusões

O planejamento museológico tem sido uma preocupação crescente dos estudiosos da

museologia. Segundo Serra (2007, p. 13) a gestão dos museus e do patrimônio deve abranger

aspectos administrativos, econômicos, financeiros e de marketing. Porém, para Cândido (2013,

p. 121) “gerir um museu está associado a manter sua credibilidade junto ao público, o que

significa que gerir também envolve conhecimentos e procedimentos museológicos, (...) não

apenas uma boa gestão financeira e de pessoal.” Nas iniciativas do governo federal para os

museus nos últimos anos percebemos que a tônica está no planejamento. Isto porque,

instituições com propósitos vagos, sem compromisso social, depósitos de coleções, sem

iniciativas e sem diálogo com a comunidade não tem mais lugar na sociedade. É necessário,

portanto, que os museus se qualifiquem para lidar com essa nova realidade, buscando se

adaptar às exigências da lei, desenvolvendo suas potencialidades e enfrentando seus desafios.

Referências

CANDIDO, Manuelina Maria Duarte. Gestão de Museus, um desafio contemporâneo:

diagnóstico museológico e planejamento. Porto Alegre: Medianiz, 2013.

SERRA, Felipe Mascarenhas. Práticas de gestão nos museus portugueses. Lisboa: Universidade

Católica Editora, 2007.

Decreto n° 5.264, de 5 de novembro de 2004. Institui o Sistema Brasileiro de Museus e dá

outras providências. Disponível em: http://www.museus.gov.br/sbm/legislacao.htm Acesso

em: 20 de setembro de 2013

Lei Federal 11.904, de 14 de janeiro de 2009. Institui o Estatuto de Museus e dá outras

providências. Disponível em: http://www.museus.gov.br/sbm/legislacao.htm Acesso em: 20

de setembro de 2013

Portaria Normativa n° 1, de 5 de julho de 2006. Dispõe sobre a elaboração do Plano

Museológico dos museus do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, e dá outras

providências. Disponível em: http://www.museus.gov.br/sbm/legislacao.htm Acesso em: 20

de setembro de 2013

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A memória em disputa: o Museu do Algodão de Campina Grande-PB, 1973-2013

Severino Cabral Filho209

Palavras-chave: Museu do Algodão de Campina Grande. Memória. Patrimônio. Campina

Grande. Fotografia.

Introdução

O nosso trabalho objetiva discutir um dado projeto de memória para Campina Grande, na

Paraíba. Tal projeto e tal memória têm se imposto por meio do acervo que constitui o Museu

do Algodão de Campina Grande (MACG), fundado em 1973, composto por fotografias,

utensílios, acessórios e equipamentos que datam do século XIX à década de 1990. Por meio de

algumas dessas imagens fotográficas apresentamos e questionamos o que essa instituição

cristaliza e preserva como sendo uma memória coletiva.

Como é comum a tantas cidades, Campina Grande também tem os seus mitos de fundação, e

um deles é o intenso comércio do algodão que fora realizado a partir dos anos 1920 e cujo

declínio ocorreu por volta dos anos 1950.

Metodologia e resultados

Uma vez que a nossa crítica ao padrão de memória que o MACG institui derivou da análise de

imagens fotográficas que compõem o seu acervo, buscamos nas propostas de Boris Kossoy

(2001), feitas a partir dos conceitos de iconologia e iconografia, as bases metodológicas para

analisar as fotografias. Dialogamos ainda com a proposta metodológica esposada por Carlo

Ginzburg (1990), advinda do paradigma indiciário, que nos permitiu uma abordagem mais

profunda das imagens, na medida em que dispensamos uma maior atenção aos detalhes da

composição fotográfica. No tocante ao conceito de patrimônio, dialogamos com Françoise

Choay (2001); quanto à discussão teórica sobre museus, nos baseamos em Ulpiano Meneses

(1985) e em Marlene Suano (1986), e sobre o conceito de memória refletimos com Le Goff

(1994).

As primeiras impressões, ao analisarmos o conjunto das peças que compõem o acervo do

MACG, permitem constatar que o negócio do algodão foi responsável pelo enriquecimento de

uma parcela da elite local, mas permitiu a elaboração de um imaginário que difundia essa

riqueza como sendo da cidade, legitimando uma irresistível aura de progresso e glória para

Campina Grande. É a preservação de tal aura que o MACG preserva, cristalizando uma

memória celebrativa que se nos apresenta marcada pelas ideias de progresso,

desenvolvimento e modernização lineares e isentas de tensão social; organizada de maneira

cronológica, atesta a importância progressiva do negócio cotonicultor para a cidade.

O local onde o MACG foi instalado é bem significativo: nas dependências da primeira estação

ferroviária de Campina Grande, inaugurada em 1908 – outro símbolo de grandeza ao qual a

209

Graduado em História, pós-graduado em Sociologia (Mestrado e Doutorado), leciona História

Moderna e Contemporânea na Universidade Federal de Campina Grande. E-mail: [email protected]

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cidade é sempre associada. Assim sendo, ligam-se simbolicamente dois símbolos de poder e

modernização que reforçam a instituição de um padrão progressista de memória para a

cidade: o trem e o algodão. Era daquele endereço que, nos tempos gloriosos do “ouro

branco”, os milhares de fardos de algodão eram embarcados para o porto de Recife e, de lá,

para a Europa – particularmente para a Inglaterra, colocando Campina Grande em contato

direto com o mundo. Os organizadores do MACG desejaram legar à cidade um patrimônio

capaz de alegorizar uma narrativa histórica de uma cidade gloriosa e triunfante.

Conclusões

O repertório patrimonial e imagético de um museu pode e deve ser mais diverso no tocante à

memória que este deseja instituir. Reconhecemos que o acervo do MACG pode agregar

objetos que remetam diretamente aos homens e às mulheres pobres que trabalharam e que

contribuíram para a vitoriosa epopeia dos negócios do algodão na cidade; da mesma forma,

pode também dar a conhecer simbolicamente os conflitos havidos no mundo do trabalho. O

MACG tomou o partido da memória dos cotonicultores alijando praticamente os trabalhadores

deste processo. As máquinas, equipamentos e utensílios que ele guarda quase nada dizem

sobre os homens e as mulheres que os manipularam. Portanto, cristaliza-se uma memória

asséptica no que tange às tensões do mundo do trabalho. No caso do MACG a memória dos

trabalhadores é obliterada em benefício quase que exclusivo da memória de uma elite que

toma para si a exclusividade das vitórias e dos sucessos do magnífico “ouro branco”. O lugar de

proeminência ocupado pelos dirigentes empresariais campinenses no plano central das

fotografias sob a guarda do MACG é muito expressivo dos sentidos que se quer dar a tal

memória; os trabalhadores, quando fotografados, ocupam sempre um lugar secundário,

subalterno, naqueles processos produtivos. Assim, concluímos que a existência dos

trabalhadores e dos pobres em geral que viveram no entorno do grande negócio tem sido

relegada ao esquecimento.

Referências

CHOAY, Françoise. A alegoria do patrimônio. Tradução de Luciano Vieira Machado. São Paulo,

Estação Liberdade: Editora Unesp, 2001.

GINZBURG, Carlo. Mitos, emblemas e sinais: morfologia e história. Tradução de Frederico

Carotti. São Paulo, Cia. das Letras, 1980.

KOSSOY, Boris. Fotografia & História. São Paulo, Ateliê Editorial, 2001.

LE GOFF, Jacques. História e Memória. Tradução de Suzana Ferreira Borges. Campinas, Editora

da Unicamp, 1994.

MENESES, Ulpiano T. Bezerra. O museu na cidade X a cidade no museu. In Revista Brasileira de

História. São Paulo, Vol. 5 n° 8-9, Set. 1984/abr. 1985, pp. 197-205.

SUANO, Marlene. O que é museu. São Paulo, Ed. Brasiliense, 1986.

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Patrimônio, preservação e processo de musealização: interfaces necessárias e um caso concreto de

aplicação no Museu da Cidade de Parambu

Manuelina Maria Duarte Cândido210

Palavras-chave: Patrimônio, museu integrado, processo de musealização

Introdução

Discutimos as interfaces entre patrimônio e museus por meio da apresentação de um caso

concreto, o processo de implantação do Museu da Cidade de Parambu (CE) e aproximando as

noções de processo de musealização e museu. Neste caso, a opção metodológica da

implantação do museu deu ênfase ao aspecto educativo, realizando na primeira etapa a

formulação conceitual, o mapeamento das referências patrimoniais, a mobilização da

comunidade e a capacitação em serviço de equipes locais, em uma contundente afirmação de

que o museu não estará jamais pronto, porque é processo. Esta experiência, realizada em

2008-2009, ainda não foi devidamente analisada em alguns aspectos que serão aprofundados

aqui:

- à luz da discussão sobre patrimônio imaterial, perceber como a preservação do

patrimônio pode ser abordada como processo de musealização;

- o conceito de museu integral (ou integrado) que a Museologia incorporou desde a

Mesa-Redonda de Santiago do Chile;

- abordagem do museu como processo e do processo de musealização como museu;

- desafios da delimitação de conceito gerador museológico e diretrizes para políticas de

acervo na implantação de um museu integrado.

Metodologia e resultados

A origem do processo de implantação de um museu em Parambu, no sertão dos Inhamuns,

Ceará, encontra-se em uma demanda oriunda do próprio município. Na primeira etapa de

implantação foi negociado o estabelecimento de um processo de musealização, a ampliação

das noções de museu e de objeto museológico dos proponentes, o envolvimento de outros

sujeitos nas decisões sobre o que seria preservado. Planejamos musealizar as mais diferentes

referências patrimoniais e não apenas coleções de objetos móveis, promovendo diluição de

fronteiras entre patrimônio e museu, entre preservação e musealização. Após a seleção das

referências, elas ingressam na cadeia operatória (universo de aplicação da Museologia) de

salvaguarda e de comunicação patrimoniais, em equilíbrio (figura 1).

O processo de musealização em Parambu foi iniciado, portanto, não por um ato inaugural, mas

por um diagnóstico museológico do município, para identificar as referências patrimoniais,

210 Licenciada em História, Especialista em Museologia, Mestre em Arqueologia, Doutora em Museologia

– Profa. de Museologia da Universidade Federal de Goiás. E-mail: [email protected]

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potencialidades e desafios para a futura instituição, e pela elaboração dos programas e

projetos complementares. Além disso, apontamos como resultado obtido, a capacitação dos

envolvidos com o processo, e a realização de uma série de ações educativo-culturais, como o

1º Seminário do Projeto Museu da Cidade de Parambu.

Compreendemos, como Varine (2007), que ‘qualquer comunidade é um banco de saberes’ e

que as pessoas são os principais ‘recursos’. Assim, optamos por iniciar o processo de

musealização com um seminário amplamente divulgado em escolas, rádio e outros meios,

convidando a todos que desejassem participar da construção coletiva do museu para a cidade.

Procuramos captar junto à comunidade o que seria importante preservar, sendo um momento

de mapeamento dos saberes e recursos existentes naquele território. Concluímos

conjuntamente211 que as referências mais recorrentes na fala dos participantes eram: os sítios

arqueológicos, o Cococi212 compreendido como um todo (edificações, festa da padroeira,

paisagem e saberes remanescentes), os objetos antigos ligados ao cotidiano sertanejo, as

crendices e tradições populares. Ou seja, estava implícita a ideia de patrimônio integrado,

impedindo o delineamento de um processo de musealização convencional, voltado às

coleções. A apresentação e o texto completo irão aprofundar a metodologia utilizada que nos

permitiu chegar ao conceito gerador: Museu de Parambu - rotas e marcas do homem no

sertão dos Inhamuns.

Conclusões

No formato proposto, nosso trabalho não chegou até a fase de institucionalização de um

museu. O Museu de Parambu que existe hoje não possui relação direta como nosso trabalho e

parece ter como base outras premissas, diferentes das defendidas aqui, como preservação

integrada das diferentes vertentes patrimoniais e construção coletiva do processo. Entretanto,

consideramos que com base nas mesmas, ser possível afirmar que construímos um processo

de musealização denso e participativo, que não gerou um museu municipal porque as forças

do poder local permaneceram interessadas em um modelo de musealização mais imediatista,

centrado no produto-museu e não nos processos. Ainda assim, a primeira etapa do trabalho

caminhou a contento, envolvendo inúmeros sujeitos e utilizando metodologias participativas

para decisões sobre preservação. Para nós da área técnica, um processo de musealização

como este é também uma grande oportunidade de amadurecimento sobre potencialidades e

limitações envolvidas na gestão do patrimônio.

211 O texto completo irá detalhar a metodologia adotada no seminário para captar e dar forma às

diferentes ideias e sugestões apresentadas pelos participantes.

212 Distrito semi-abandonado com características singulares que o tornam um cenário de impacto já

muito apropriado pelo cinema cearense.

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FIGURA 5: Representação do processo de musealização (DUARTE CÂNDIDO, 2013)

Referências

BRUNO, Maria Cristina Oliveira (org.). O ICOM-Brasil e o pensamento museológico brasileiro:

documentos selecionados. São Paulo: Pinacoteca do Estado: Secretaria de Estado da Cultura:

Comitê Brasileiro do Conselho Internacional de Museus, 2010

CHAGAS, Mário. Imaginação museal: museu, memória e poder em Gustavo Barroso, Gilberto

Freyre e Darcy Ribeiro. Rio de Janeiro: UERJ, 2003. (Tese de Doutorado)

DUARTE CÂNDIDO, Manuelina Maria. Projeto Museu da Cidade de Parambu (etapa 1). Projeto

elaborado a pedido da Prefeitura Municipal de Parambu para apresentação ao Edital Mais

Museus (DEMU/IPHAN/MinC) em 2008, aprovado em 3º lugar nacional. Fortaleza: 2008.

(manuscrito não-publicdo)

DUARTE CÂNDIDO, Manuelina Maria. Gestão de museus, um desafio contemporâneo:

diagnóstico museológico e planejamento. Porto Alegre: Editora Medianiz, 2013.

DUARTE CÂNDIDO, Manuelina Maria. Ondas do Pensamento Museológico Brasileiro. Lisboa:

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, 2003. (Cadernos de Sociomuseologia,

21)

VARINE, Hugues de. Património e educação popular. In: O Direito de Aprender.

http://www.direitodeaprender.com.pt/revista02_02.htm, acesso em 29/04/2007

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Interação, novas mídias e tecnologias da informação e comunicação em exposições museológicas.

Michel Platini Fernandes da Silva213

Pablo Fabião Lisboa214

Palavras-chave: Museologia. Comunicação Museológica. Expografia. Interação. Tecnologia.

Introdução

O advento das tecnologias da informação e comunicação (TIC’s), cada vez mais presentes nas

exposições museológicas, proporciona diversas possibilidades de interação entre os conteúdos

e o público. Contudo, em muitas ocasiões, o que ocorre é a ação do visitante sobre uma

interface no qual ele apenas inicia um processo pré-programado que vai se desenrolar a partir

do toque de um botão. Em geral, isso é utilizado em exposições para a demonstração de uma

teoria científica ou apresentação de algum conteúdo. O que o visitante experimenta, nesse

caso, é uma falsa sensação de interatividade, visto que o sistema ação-resposta é de mão

única do usuário para a interface. Os inúmeros instrumentos e ferramentas tecnológicas

utilizadas em Expografia constituem diferentes níveis de interação. A despeito das TIC’s

estarem se voltando para a tentativa de reproduzir para o usuário de computador a mesma

experiência da visita presencial a um museu, nosso entendimento é de que apenas publicar

um website, ou fotografar uma visita em três dimensões e disponibilizá-la online em nada se

compara com a experiência da visita presencial; pois cada visita – a presencial e a “virtual” –

cumpre um diferente papel nos objetivos dos projetos expográficos, na preservação e

comunicação do patrimônio.

Neste trabalho apresentado ao Eixo Temático 6: “Patrimônio e Museus: interfaces

necessárias”, utilizaremos alguns autores como Johnson (2012) e Lévy (1999) para relatar as

primeiras experiências artísticas virtuais, e Cazelli (2003) que aborda o uso dos recursos

tecnológicos nos museus de ciências. Nas reflexões sobre os usos do patrimônio em ambientes

virtuais, dialogaremos com Ulpiano Meneses (2007) e Santiago (2007).

Com base no entendimento apresentado, o presente trabalho objetiva pontuar os níveis de

interação entre os museus e o público a partir de alguns exemplos. Tal proposta se faz

necessária devido ao desconhecimento ou subutilização das TIC’s nas instituições

museológicas.

Metodologia e resultados

Lançando mão de pesquisa dos websites de alguns museus nacionais e estrangeiros,

combinado com revisão de literatura a partir de autores que abordam o tema da

interatividade em museus e espaços culturais, foram encontradas evidências de diversos níveis

de interatividade, desde a simples comunicação eletrônica realizada utilizando endereços de e-

213 Graduação em História (UECE), Mestrado em Museologia e Patrimônio (UNIRIO/MAST), Professor de

Museologia da Universidade Federal de Sergipe (UFS), e-mail <[email protected]>.

214 Graduação em Design Gráfico (UFPEL), Mestrado em Memória Social e Patrimônio Cultural (UFPEL),

Professor de Museologia da Universidade Federal de Goiás (UFG), e-mail <[email protected]>.

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mail, até processos imersivos tendo a ação do público como peça fundamental no

estabelecimento da interatividade. A pesquisa resultou também na compreensão de que a

interatividade nesses espaços pode acontecer sem necessariamente fazer uso de tecnologias

eletrônicas, como é o caso da intervenção feita nas ruínas romanas Heidentor, no Museu a Céu

Aberto de Petronell, na Áustria. Nesse caso, utilizou-se um painel de acrílico com um desenho

em vinil adesivo recortado do contorno de como seria a edificação caso estivesse preservada;

vista a partir de certo ângulo, ruína e projeção se completam no olhar do visitante que faz a

relação entre os conteúdos apresentados na visita e a ocupação do lugar como forma de

interação entre visitante e espaço.

Conclusões

O artigo tratará do uso de tecnologias da comunicação e interação e conceitos tais como

geotagging, realidade aumentada, QR Code e imersão, visando contribuir para uma melhoria

da experiência de interação nas exposições museológicas.

Referências

CAZELLI, S. MARANDINO, M; STUART, D. Educação e Comunicação em Museus de Ciências.

Aspectos históricos, pesquisa e prática. In: GOUVÊA, G.; MARANDINO, M.; LEAL, M. C. (Org).

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Access/Faperj, Rio de Janeiro. 2003, p. 83-106.

LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Edições 34. 1999.

MENESES, Ulpiano T. Bezerra de. Os museus na era do virtual. In: BITTENCOURT, José Neves et.

al. (org.). Museus, Ciência e Tecnologia. Rio de Janeiro: Museu Histórico Nacional, 2007. p. 50-

70.

SANTIAGO, R.P. (2007). Memória e patrimônio cultural em ambientes virtuais. 2007. 150p.

Dissertação (Mestrado). Escola de Engenharia de São Carlos, USP, São Carlos, 2007.

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Museu Nacional do Mar: centro de referência do patrimônio naval brasileiro

Andrea de Oliveira¹

Palavras-chave: museu. memória. patrimônio

Introdução

O presente trabalho discute a história da construção naval no Brasil considerando as diferentes

influências culturais, condições aquáticas e sócio-geográficas, apresentando algumas

contribuições para a preservação do patrimônio naval brasileiro, entre elas as experiências

inseridas no contexto do Museu Nacional do Mar.

As referências bibliográficas que embasam tal trabalho são:

Patrimônio Cultural Naval Brasileiro – comissão de arqueoligia, história e etnografia naval

(1990);

Edições Técnicas sobre o Patrimônio Material - Patrimônio Naval Brasileiro (2009);

Barcos do Brasil (2011);

A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. de Milton Santos (2006);

e Diário de Bordo: a história da indústria naval brasileira, de Rodrigo Almeida (2008).

Metodologia

A diversidade dos barcos tradicionais do Brasil está presente nas diferentes regiões do

território, com expressividade plástica e funcionalidade ligadas aos mais extraordinários

contextos das culturas ribeirinhas e litorâneas.

Tal diversidade só foi possível graças a conhecimentos específicos da construção naval,

principalmente os de influência portuguesa, além da configuração do povo brasileiro formado

por culturas como indígena, africana e europeia, as condições aquáticas e os muitos saberes e

técnicas antigas utilizadas nas barrancas dos rios e beiras de praias. Existindo assim um

conjunto de fatores que contribuíram para que aqui tenhamos um contexto único. Muitas

gerações se sucederam nas atividades de navegação e de carpintaria naval. Ainda temos

alguns núcleos onde podemos encontrar embarcações tradicionais e mestres carpinteiros, mas

como contribuir para preservar tal patrimônio ligado tanto ao material como ao imaterial?

No sentido mais claro a primeira providência é de mapear e contextualizar a tipologia das

embarcações tradicionais, unido aos atos de catalogar, conhecer e registrar as especificidades

das embarcações para expandir a base de conhecimento, o que já vem acontecendo por

iniciativa do IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional com a publicação

das Edições Técnicas Sobre o Patrimônio Material (2009), onde pode-se perceber os contextos

locais onde as principais embarcações tradicionais estão inseridas e o projeto Barcos do Brasil

lançado em 2008 que tem como objetivo central a preservação e valorização do patrimônio

naval por meio de ações de identificação, proteção e conservação de embarcações,

considerando as manifestações correlatas que incorporam os saberes e fazeres como pesca,

culinária, festejos e artesanato. Além da iniciativa do Museu Nacional do Mar com o projeto

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Liceu de Artes e Modelismo Naval que iniciou em 2006 e hoje já está em sua 5ª edição e vem

atuando na pesquisa e salvaguarda do patrimônio naval brasileiro viabilizando em seu

processo educacional agregação de valores identitários, onde as embarcações que fazem

parte do acervo do Museu Nacional do Mar – EB, são reproduzidas e o repasse dos

conhecimentos se dão com base nos estudos dos barcos tradicionais de cada região do país,

partindo do ponto de vista tipológico por meio da divisão de três tipos principais de

embarcações que são: as canoas, as jangadas e os barcos encavernados.

O próprio Museu Nacional do Mar pode ser compreendido como um território para a

salvaguarda do patrimônio naval brasileiro. Criado por decreto estadual no ano de 1991, com o

objetivo de reunir em seu acervo embarcações que representem a diversidade do patrimônio

em questão, está instalado nos antigos armazéns da extinta Empresa de Navegação Cia

Hoepcke.

O prédio foi restaurado e hoje serve de porto seguro para canoas de um pau só, canoas

bordadas do litoral catarinense, canoas do baixo São Francisco, canoas de tolda ou Sergipana,

a canoa Chacreira do Rio Grande do Sul e ainda; as baleeiras de casco liso ou trincado,

traineiras, botes, jangadas, os saveiros da Bahia e o cúter do Maranhão.

No museu pode-se ainda conhecer a coleção Alves Câmara do século XXI que é a reprodução

da coleção original que se encontra no espaço cultural da Marinha com sede no Rio de Janeiro.

A coleção original leva o nome do então ministro da marinha que em comemoração ao

centenário da abertura dos portos, solicitou aos diversos estados brasileiros a doação de

modelos de suas embarcações típicas.

Em 2005 surgiu a ideia, estimulada pelo navegador Amyr Klink de reproduzi-la em escala (1:25)

e foi desta forma que nasceu a Coleção Alves Câmara do sec. XXI que já possui 88 modelos de

embarcações tradicionais de todo o Brasil.

A Coleção Alves Câmara do séc. XXI constitui-se num dos principais elementos do acervo do

Museu Nacional do Mar que é composto ainda por 91 embarcações em tamanho original e

cerca de 150 miniaturas que estão expostas na sala do modelismo, e ainda o acervo

bibliográfico da Biblioteca Kelvin Duarte, que já ultrapassa dois mil volumes de temática naval

incluindo obras raras, fotografias, desenhos e cartas náuticas.

Conclusão

O acervo integral do Museu nacional do Mar é protegido por Lei Federal devido a sua

importância e significado no contexto da preservação da memória do patrimônio naval

atualmente é considerado um centro de referência nessa área.

Referências

Almeida, Rodrigo de. Diário de Bordo: a história da indústria naval brasileira. São Paulo:

Zingara.2008.

Santos, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo:

EDUSP.2006.

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PATRIMÔNIO Cultural Naval Brasileiro – comissão de arqueoligia, história e etnografia naval –

Ministério da Cultura, SPHAN / Pró-memória, Brasília. 1990.

Edições Técnicas sobre o Patrimônio Material - Patrimônio Naval Brasileiro – IPHAN, orga.

Maria Regina Weissheimer, Brasília. 2009.

Barcos do Brasil – organização do IPHAN, 2011.

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Instrumentos Paradidáticos em Sala de Aula: Aprender (e Viver) História através de Maquetes Físicas

Manuela Ilha Silva215

André Luís Ramos Soares216

Palavras-chave: Educação Patromonial. Maquetes. O Cortiço.

Introdução

A adoção de novas estratégias para estimular e dar suporte ao processo de aprendizagem gera

possibilidade de novas experiências de ensino e de compreensão do conteúdo em discussão.

Através de maquetes, por exemplo, o processo de ensino/aprendizagem torna-se dinâmico e

facilitado, além de estreitar laços entre professores e alunos. Deste modo, o presente trabalho

busca apresentar a construção de maquetes como instrumentos paradidáticos, assim como

problematizar sobre sua utilização e potencial de uso. No entanto, promove-se também a

discussão acerca da função social que este instrumento agrega – através do conhecimento e

observação acerca de diferentes realidades socioculturais, o aluno é capaz de refletir de forma

crítica sobre sua própria realidade e, então, posicionar-se enquanto sujeito dentro de seu

grupo social.

Para Menezes e Santos (2002, s.p), é possível conceituar o produto paradidático como

materiais que “sem serem propriamente didáticos, são utilizados para este fim *...+ podendo

utilizar aspectos mais lúdicos que os didáticos e, dessa forma, serem eficientes do ponto de

vista pedagógico”. A prerrogativa é, então, assumir uma lógica de ensino “produtiva”, em

oposição à possibilidades “reprodutivas” de ensino. Neste sentido, Penteado (2008, p. 232)

destaca a necessidade de propor atividades que estimulem a compreensão da realidade em

detrimento de simples memorização de conteúdos que não tenham significado algum para os

alunos. Além disso, despertar a curiosidade do aluno é ação que coaduna e colabora com uma

pratica docente plena e capaz de garantir resultados mais expressivos.

Neste sentido, coadunam Soares e Lopes (2010, p. 143) ao afirmar que “as maquetes

proporcionam a visualização concreta das representações dos acontecimentos históricos,

tipologias arquitetônicas, acidentes geográficos, fenômenos climáticos e ambientais”. A

adoção de tais materiais se dá de forma paralela aos processos/métodos/produtos

convencionais, vindo a somar com as propostas didáticas vigentes.

Metodologia e Resultados

215 Bacharel em Comunicação – Jornalismo (UFSM), acadêmica do curso de Arquitetura e Urbanismo (UFSM) e mestranda do Programa de Pós Graduação Profissionalizante em Patrimônio Cultural (PPGPPC/UFSM). Bolsista do Programa de Licenciaturas 2013 (PROLICEN/UFSM). E-mail: [email protected] 216 Doutor em Arqueologia pelo Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo

(MAE/USP). Professor Adjunto do Departamento de História e do Programa de Pós-Graduação em

Ciências Sociais (PPGCS/UFSM). Coordenador do Núcleo de Estudos do Patrimônio e Memória

(NEP/UFSM). E-mail: [email protected]

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Esta ação é um subprojeto da edição 2011 do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à

Docência (PIBID) – Licenciatura em História, contemplado no Programa de Licenciaturas 2013

(PROLICEN/UFSM). A proposta para a edição deste ano é a construção de modelos

tridimensionais que representem a habitação popular nos meados dos séculos XIX e XX, indo

desde a moradia retratada por Aluísio Azevedo em “O Cortiço” até a expressão

contemporânea do fenômeno da favelização. As maquetes foi desenvolvidas em escala 1:100,

com algumas distorções mantidas para garantir o entendimento e evitar simplificações em

partes importantes como telhados, vestuário e mobiliário. Os passos metodológicos podem ser

divididos em dois momentos: pesquisa indireta (Marconi e Lakatos, 2009, p. 43), promovida

através da revisão bibliográfica e, posteriormente, a produção dos modelos em escala

reduzida. O primeiro passo é a pesquisa bibliográfica, a fim de levantar informações acerca do

projeto a ser executado e referências imagéticas e históricas do período.

Conclusões

Buscar formas para estimular e, por consequência, enriquecer o processo formativo do

cidadão também passa por ações que proporcionem experiências diferenciadas dentro da sala

de aula. A proposta de produtos paradidáticos como maquetes vem ao encontro de tal

premissa e, ao adotar produtos capazes de fomentar melhor compreensão e entendimento, os

modelos proporcionam a conexão entre os fatos de forma mais palpável. Para além de tal

relação, o apelo visual e lúdico proporcionado pelas maquetes é outro fator de importância a

ser considerado.

Esta prática alcança patamares diferenciados, especialmente em relação à construção

identitária do sujeito, do grupo social e de sua importância enquanto agente social. É possível

construir-se como sujeito (indivíduo ou coletivo) dentro de um espaço social onde se é atuante

ou, ao menos, não se é indiferente. As relações daquele sujeito (e, por consequência, seus

pares) com os elementos culturais, patrimoniais, religiosos e históricos do grupo social

cristalizam-se através de ações que estimulam o senso crítico e o conhecimento do outro. O

homem constrói sua identidade para representar as posições e escolhas que faz em suas

práticas.

Referências

DEMO, Pedro. (2009). Participação é Conquista. São Paulo/SP: Cortez, 2009.

HALL, Stuart. (2009). “Quem Precisa da Identidade?” In: SILVA, T. T. (Org.); HALL, Stuart;

WOODWARD, Kathryn. Identidade e Diferença – A Perspectiva dos Estudos Culturais.

Petrópolis/RJ: Vozes, 2009.

LOPES, William Molinos; SOARES, André Luis R. “As Maquetes no Ensino Formal:

Dinamicidade nas Aulas de História através do Lúdico”. (2010). In: KLAMT, Sergio; Soares,

André Luis R . (Orgs). Santo Amaro: Arqueologia e Educação Patrimonial. Santa Cruz do

Sul/RS: Edunisc, 2010.

MENEZES, Ebenezer Takuno de; SANTOS, Thais Helena dos. (2002). "Paradidáticos"

(verbete). Dicionário Interativo da Educação Brasileira – EducaBrasil. Disponível em:

<http://www.educabrasil.com.br/eb/dic/dicionario.asp?id=143>. Acesso em 11/12/2012.

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PENTEADO, Heloísa Dupas. (2008). Metodologia do Ensino de História e Geografia. São

Paulo/SP: Cortez, 2008.

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Reservas Técnicas: Algumas Reflexões Sobre o Espaço de Guarda dos Acervos

Andréa Lacerda Bachettini217

Juliane Conceição Primon Seres218

Palavras-chave: Reserva Técnica; Espaço de Guarda, Acervos, Conservação, Museu.

Introdução

O presente trabalho esta vinculado ao projeto de doutorado intitulado “As Reservas Técnicas

em Museus: Um Estudo sobre os Espaços de guarda dos Acervos” que desenvolvo dentro da

linha de pesquisa “Instituições de memória e gestão de acervos” do Programa de Pós

Graduação em Memória Social e Patrimônio Cultural do Instituto de Ciência Humanas da

Universidade Federal de Pelotas, que tem como orientadora a professora Juliane Serres.

No ano de 2012 estive à frente da organização do III Curso de extensão universitária

Preservação do Patrimônio Cultural: Tecnologias e Conservação, onde tive a oportunidade de

participar das discussões sobre conservação de acervos e das tecnologias utilizadas para sua

manutenção e documentação das coleções, com a participação de profissionais reconhecidos

nacionalmente e internacionalmente. A experiência deste evento aliada ao trabalho que

desenvolvi diretamente com acervos de diversas instituições no Estado do Rio Grande do Sul

foi decisiva para a escolha do tema desse projeto de tese doutoral, pois percebi a necessidade

de ampliar as discusões a respeito das questões ligadas à conservação preventiva nas reservas

técnicas, devido à falta de estudos relativos à viabilização de reservas técnicas e espaços de

guarda de acervos, que sejam realmente viáveis e sustentáveis para as instituições.

As reservas técnicas deveriam ser um dos itens prioritários na política de conservação e

difusão da informação de um museu, por ser o local de guarda e principalmente de cuidados

especiais para a preservação dos objetos patrimoniais que pertencem aos acervos dos museus.

Nota-se que isto na prática não ocorre por falta de conhecimento, por falta de profissionais

capacitados nas instituições ou mesmo por negligência. Importante lembrar que a implantação

da Lei nº 11.904, de 14 de Janeiro de 2009, que instituiu o “Estatuto dos Museus” diz em seu

Artigo 21 que os museus garantirão a conservação e a segurança de seus acervos. Para que

isto, efetivamente ocorra, as instituições museais deverão se organizar e investir na

implementação de reservas técnicas.

217

Bacharel em Gravura e Pintura pela UFPEL, Especialista em Patrimônio Cultural: Conservação de

Artefatos pela UFPEL, Especialista em Conservação e Restauração de Bens Culturais pelo

CECOR/EBA/UFMG, Mestre em História pela PUC-RS, Doutoranda em Memória Social e Patrimônio

Cultural pelo ICH/UFPEL, Professora do Departamento de Museologia e Conservação e Restauro do

ICH/UFPEl, [email protected]

218 Licenciada em História pela UFSM, Mestre em Museologia pela Universidad de Granada/ES, Mestre

em História pela UNISINOS, Doutora em História pela UNISINOS, Professora do Departamento de

Museologia e Conservação e Restauro do ICH/UFPEL, [email protected]

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De acordo com os conceitos estabelecidos pelo Conselho Internacional de Museus – Comite de

Conservação, ICOM-CC, as reservas técnicas são tratadas dentro da área da conservação

preventiva. As reservas técnicas são os ambientes de guarda dos acervos, portanto, merecem

atenção especial.

Um dos grandes desafios das instituições museais em nosso país é tentar manter os padrões

de conservação ambientais estabelecidos pelos organismos internacionais que dão as

diretrizes na área da conservação, como o ICOM-CC. Nesse anseio em chegar aos padrões de

conservação a grande maioria das instituições sonha em ter seus ambientes expositivos e de

guarda climatizados.

É preciso refletir sobre as instalações de sistemas de ar condicionado e também sobre a

manutenção destes sistemas, alternativas que podem ter um alto custo, onerando a

instituição, o que poderá ser inviável para algumas instituições.

Não podemos esquecer as dificuldades econômicas que a maioria das instituições passa,

muitas não tem orçamento próprio e acabam sobrevivendo através de projetos realizados por

seus diretores, técnicos e também pelas associações de amigos, buscando recursos na

renúncia fiscal, através das Leis de Incentivo à Cultura, tanto nacional, Lei Rouanet, como

estadual, a LIC, que trabalham com isenção fiscal para empresas privadas, ou buscando

recursos em editais de empresas estatais que frequentemente investem nas linhas de museus

e preservação do patrimônio cultural.

O problema que se apresenta neste projeto de pesquisa é justamente tentar estabelecer

condições eficazes e sustentáveis de conservação nas áreas de guarda dos acervos, que muitas

vezes são esquecidas por não terem a mesma visibilidade que a área expositiva.

As reservas técnicas, em algumas instituições, lembram depósitos desorganizados. Claro que

existem instituições em que as reservas técnicas apresentam as condições ideais estabelecidas

pelos organismos internacionais, mas são muito poucas e, geralmente, estão localizadas em

museus nas grandes capitais.

Metodologia e Resultados

A metodologia empregada no projeto é baseada no levantamento bibliográfico e estudos

relacionados à conservação preventiva, de reservas técnicas e em pesquisa de campo, que

consiste em visitas a reservas técnicas e na elaboração de diagnóstico de conservação nas

instituições selecionadas para fazer parte do projeto.

A coleta de dados feita através da aplicação de uma ferramenta para analisar a conservação

das coleções nas áreas de guarda dos acervos para montagem de um diagnóstico preciso sobre

a conservação.

Existem na literatura alguns exemplares de instrumentos diagnósticos para área da

conservação para aplicação em museus.

Uma das ferramentas que oferece, de forma clara e objetiva, uma serie de referências para

formular um diagnóstico de cada instituição, foi publicada em 2004, sendo revisada e

traduzida para o português por dois profissionais da área da conservação, Dra.Teresa Cristina

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Toledo de Paula e Dr. Gedley Belchior Braga, que tentaram em “Parâmetros para Conservação

de Museus, Arquivos e Bibliotecas” estabelecer um contato com a realidade brasileira já que o

texto original traz referências às normas e padrões ingleses.

Outra ferramenta, desenvolvida pelo Laboratório de Ciência da Conservação (LACICOR) da

Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais, coordenado pelo Prof. Dr. Luiz

Antônio Cruz Souza e Ms. Wivian Diniz é o “Manual de Conservação Preventiva do Patrimônio

Cultural”, publicado em 2002, que contém um conjunto de medidas e práticas que visam à

manutenção dos bens culturais.

Deve-se acrescentar outra ferramenta do LACICOR, publicada em 2008, coordenada pelo Prof.

Dr. Luiz Antônio Cruz Souza e pela Dra. Yacy-Ara Froner, “Roteiro de avaliação e diagnóstico de

conservação preventiva” o qual foi traduzido e adaptado do modelo original de diagnóstico

utilizado pelo Getty Conservation Institute (GCI), “The Conservation Assessment: A Proposed

Model for Evaluating Museum Environmental Management Needs” (1999), coordenado por

Kathleen Dardes, que tem o objetivo de diagnosticar e desenvolver soluções apropriadas e

sustentáveis para problemas que afetam as coleções.

A ferramenta desenvolvida pelo programa RE-ORG do ICCROM-UNESCO, para reorganização

de reservas técnicas apresenta quatro áreas de ação: gestão, edificação/espaço, coleção e

mobiliário/equipamentos, visa orientar a intervenção que se pretende realizar em uma

reserva técnica.

Serão ainda realizadas consultas e entrevistas com especialistas da área da conservação de

acervos e com profissionais das instituições museais selecionadas.

E finalmente, será realizada a organização de todo material coletado e os resultados serão

analisados à luz da bibliografia para formação do suporte teórico.

Conclusões

Finalizando, é importante salientar que projeto esta em sua fase inicial, mas já se observa que

as áreas de reserva não têm as condições ideais na maioria dos museus, como aponta a

pesquisa realizada em âmbito internacional pelo programa RE-ORG, que mostra o abandono

progressivo das áreas de armazenamento dos museus, e apresentou resultados

surpreendentes, divulgando que este não é apenas um problema que afeta os países em

desenvolvimento, mas todos os países. A pesquisa apontou ainda que 60% dos museus de

todo o mundo estão enfrentando este problema em particular, e as ferramentas e literatura

sobre estas questões são praticamente inexistentes.

Até final do projeto pretende-se investigar pelo menos três instituições museais diferentes,

para podermos estabelecer parâmetros de comparação e poder identificar problemas e propor

melhorias. As instituições estão sendo escolhidas através da disponibilidade de acesso e pelo

contato estabelecido através de seus diretores e conservadores/restauradores.

Percebe-se a dificuldade em se ter acesso a alguns museus, alguns diretores e profissionais da

área parecem ter receio em permitir o acesso para aplicação de um diagnóstico de

conservação por temor de que o trabalho revele aspectos negativos, mas também, acredita-se

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que o trabalho trará a possibilidade de grandes contribuições para as instituições escolhidas,

como uma avaliação das suas necessidades reais, um diagnóstico aprofundado do seu acervo e

das condições de armazenamento e guarda, um plano de conservação das áreas de guarda. O

projeto trará importante qualificação desses espaços de guarda de objetos patrimoniais dentro

das instituições.

Referências

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eletônico. Número 1, Junho de 2010. Disponível em:

www.abracor.com.br/novosite/boletim/062010/ArtigoICOM-CC.pdf. Acessado em:

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Acervos. Museologia. Roteiros Práticos nº 5. São Paulo: EDUSP e Vitae, 2004.

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SOUZA, Luiz Antônio Cruz e DINIZ, Wívian. Manual de Conservação Preventiva do Patrimônio

Cultural. Belo Horizonte: Gráfica LÊ - IEPHA/LACICOR/EBA/UFMG, 2002.

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A Expografia dos Tempos na Cidade Contemporânea

Mariana Garcia Junqueira219

Gilberto Sarkis Yunes220

Palavras-chave: Memória Urbana. Cidade Contemporânea. Expografia. Iluminação Artificial.

Introdução

Este artigo pretende referenciar as relações dos tempos com a interpretação museográfica da

cidade, situando os usuários locais e visitantes no contexto em que encontra-se documentado

o processo histórico, os valores culturais, os aspectos artísticos e naturais. Confome Rolnik

(1992, p.28) “a cidade, por excelência, produz e contém documentos, ordens, inventários”

cuja “arquitetura urbana também cumpre este papel de escrita, de texto que se lê da mesma

maneira que se lê um processo, um relato de um viajante”.

Como num percurso museal, a cidade permite diversas opções de ordenação das informações,

assim como também oferece aos próprios visitantes momentos e fases de informação e

aprofundamento. A articulação do museu com a cidade território forma uma rede material e

imaterial que cria percursos no interior da própria obra, como salas de exposição.

Assim entende-se a cidade como suporte de informações e de registros dos tempos. Portanto,

o território, como superposições de tempos históricos e culturas diversificadas, é reconhecido

por um acervo existente in loco, produto da qualidade da relação do homem com o ambiente.

Os usos, as experiências e as informações geradas por estes acervos nos espaços permitem

que o conjunto de ações defina a identidade do lugar e reforce sua permanência.

Na concepção do museu clássico ou tradicional a museologia se dá considerando o edifício, a

coleção e o público. Já no museu difuso ou ecomuseu, acontece considerando o território, o

patrimônio e a comunidade (YUNES, 2012). Este incorpora o homem e acrescenta ao museu

tradicional a experiência do espaço e do tempo, ou seja, as variações de diversos lugares num

mesmo tempo e de um mesmo lugar em diversos tempos.

Considerando que a expografia tem a meta de relacionar a obra com o espaço, no caso o

urbano, o artigo explora o uso da iluminação artificial como um dos seus componentes. O

219Graduada em Design de Interiores pela Universidade do Oeste Paulista (UNOESTE), Graduada em

Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), Especialista em Design de

Interiores e Iluminação pelo Instituto de Pós-Graduação (IPOG), Mestranda no Programa de Pós-

Graduação em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade (PGAU-Cidade) pela Universidade Federal

de Santa Catarina (UFSC), [email protected].

220Graduado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Doutor em Estruturas Ambientais Urbanas pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP), Professor Adjunto do Curso Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Professor e Pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade (PGAU-Cidade/UFSC), [email protected].

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estudo da cidade em suas diferentes escalas, introduzindo a iluminação artificial como

elemento auxiliar no planejamento urbano, atua de forma mais eficaz para valorizar e

evidenciar a funcionalidade de seus espaços de acordo com a leitura e organização

pretendidas para revelação de seus tempos.

Além das funções utilitária e de segurança a iluminação, tratada de forma adequada, pode

articular os diferentes elementos constitutivos da cidade, atribuindo-lhes uma personalidade

reconhecível e identificável, para todos os cidadãos. Enquanto fator de coerência e distinção,

ela valoriza as informações contidas no espaço urbano e auxilia na sua compreensão.

Destacam-se como suas principais contribuições: demarcar referenciais espaciais, criar ligações

e percursos, facilitar a leitura do espaço citadino, hierarquizar e organizar a cidade, propiciar a

reapropriação do espaço urbano pelos habitantes e valorizar o patrimônio.

A luz é um instrumento capaz de organizar e modelar o espaço através da escolha dos

elementos tratados, sobretudo pela sua hierarquização – valorização ou atenuação graças às

intensidades luminosas e às nuances de temperatura de cor. O potencial de hierarquização da

iluminação permite reforçar os referenciais espaciais da cidade como num projeto expográfico,

valorizando as melhores vistas e perspectivas, marcando planos visuais, permitindo apreender

a maneira como o espaço da cidade se organiza em seu processo histórico.

Metodologia e resultados

Este artigo corresponde à pesquisa em desenvolvimento no Programa de Pós-Graduação em

Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade da Universidade Federal de Santa Catarina cujo

tema é o estudo da função da iluminação artificial como elemento auxiliar da percepção do

processo de construção da cidade contemporânea. Considerando a literatura existente realiza-

se a análise e relação dos conceitos de Cidade, Paisagem, Memória Urbana, Museu e

Iluminação artificial, com o objetivo de fornecer subsídios para o estabelecimento de diretrizes

que coordenem as intervenções dos diversos atores.

Conclusões

Entende-se que ao integrar a função museológica à apreensão e uso da cidade, permite-se que

a leitura dos espaços realizada pelos seus usuários seja materializada como vestígios na

paisagem, ou seja, produtos reconhecidos pela qualidade documental. Por consequência, o

espaço museográfico é considerado como espaço de comunicação, onde a informação

incorpora-se à exposição e ao uso do lugar musealizado. A atuação da iluminação artificial no

projeto expográfico permite oferecer uma diversidade de leituras estruturadas como

revelações dos elementos da cidade, conferindo à sua paisagem as entonações desejadas pela

curadoria, de acordo com os propósitos de preservação, investigação e comunicação.

Referências

CHAGAS, M. Em busca do documento perdido: a problemática da construção teórica na área

da documentação. Cadernos de Museologia, n. 2, 1994, p. 29 / 47.

GASTAL, S. Alegorias urbanas: o passado como subterfúgio. Campinas: Papirus, 2006.

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MENEZES, U. T. B. de. O museu de cidade e a consciência da cidade. In: Museus & Cidades /

Afonso Carlos Marques dos Santos, Carlos Kessel, Cêça Guimaraens (organizadores). Rio de

Janeiro: Museu Histórico Nacional, 2004. p.255/282.

PESAVENTO, S. J. História, memória e centralidade urbana. Nuevo Mundo Mundos Nuevos,

Debates, 2007. Disponível em: http://nuevomundo.revues.org/3212 .

ROLNIK, R. História urbana: História na cidade? In: Cidade & História / Ana Fernandes e Marco

Aurélio A. de F. Gomes (organizadores). Salvador: UFBA / Faculdade de Arquitetura. Mestrado

em Arquitetura e Urbanismo; ANPUR, 1992.

SANTOS, E. R. dos. A Iluminação pública como elemento de composição da paisagem urbana.

109p. 2005. Dissertação (Mestrado em Arquitetura) – Universidade Federal do Rio Grande do

Sul, Curitiba, 2005.

VARINE-BOHAN, H. de. L’ écomusée: au-delà du mot. In: Museum International (Edition

Française). Volume 37, Issue 4, page 185, Jan./Dec., 1985. Disponível em:

http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/musf.1985.37.issue-4/issuetoc

YUNES, G. S. Uma ilha de paisagens culturais e espaços museográficos. In: Patrimônio cultural

e cidade contemporânea /Alicia Norma González de Castells, Letícia Nardi (organizadoras).

Florianópolis: Editora UFSC, 2012.

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Museus e Memória na Contemporaneidade

Mirella de Jesus Honorato221

Palavras-chave: Museus, Memória, Patrimônio Cultural, Contemporaneidade, Indústria

Cultural.

Introdução

Este trabalho tem como objetivo refletir sobre o Museu na contemporaneidade, considerando-

o como fruto da complexa relação entre a sociedade e a construção de sua memória e levando

em consideração os aspectos políticos envolvidos.

Metodologia e resultados

A contemporaneidade tem sido marcada por uma extrema valorização da memória

(HUYSSEN,2000, pg. 09). Esta valorização pode ser consequência das incertezas causadas pelas

mudanças aceleradas e pelas possibilidades de registros que os avanços tecnológicos

proporcionaram. Trata-se de um paradoxo interessante: os suportes que propiciam o registro

da memória se multiplicaram, ao mesmo tempo em que a fragilidade dos suportes vem sendo

discutida por especialistas da área da Conservação.

“A memória está na ordem do dia” disse Menezes (2007, pg. 20), mas, seu excesso poderia

levar a amnésia? O autor mesmo se questiona se a chamada efervescência da memória levaria

à percepção de que as transformações sociais são frutos da ação humana. Talvez esta

afirmação possa ser relacionada com o esvaziamento da memória enquanto consequência de

seu excesso, que Huyssen (2000, pg.18) também menciona.

O excesso de museus, por exemplo, poderia, então, levar a um excesso de esquecimento? Se

já é lugar comum dizer que os museus são responsáveis pela preservação da memória e do

patrimônio cultural das comunidades onde estão inseridos, não caberia perguntar de que

forma a decisão do que vai ser lembrado ou esquecido está sendo tomada? Cabe aqui

concordar com a pergunta de Gonçalves (2007, pg.29) se não seriam os patrimônios que nos

inventam, partindo da ideia de que nossas identidades também são representadas pela

reunião de objetos em uma exposição museológica.

É preciso também atentar para a instância política, que dá maior complexidade entre as

relações entre museus, memórias e esquecimentos. Huyssen (2000, pg.16), por exemplo,

mesmo entendendo que a memória e o esquecimento são indissociáveis, faz um alerta de que

a disseminação geográfica da cultura da memória é tão ampla quanto é variado seu uso

político. É difícil negar o caráter político da instituição museológica, considerando seus papéis,

ora reforçando sentimentos patrióticos nacionalistas (nos casos dos museus nacionais) ou a

história das pequenas elites locais (nos casos dos museus históricos municipais), ora afirmando

221

Bacharel em museologia pelo UNIBAVE/SC, mestranda em Turismo pelo Programa de Pós Graduação

em Turismo da Universidade de Caxias do Sul/RS, [email protected]

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minorias que lutaram por seu direito de representação (nas experiências de museus que

surgiram a partir da Nova Museologia ou a Museologia Social).

Se as transformações das sociedades vão refletir também na forma como elas se relacionam

com a construção do passado no presente, a principal questão para este trabalho é tentar

entender de que forma o Museu contemporâneo expressa esta sociedade.

Como fruto do seu tempo, do Museu da contemporaneidade é esperado o espetáculo e a

oferta de produtos culturais em um ambiente confortável para seu consumo. Grandes projetos

arquitetônicos, exposições interativas com a predominância de recursos tecnológicos em face

do acervo, lojas, cafés, auditórios... “distração, entretenimento, vivência e espetáculo”,

segundo Gastal (2010, pg.99).

Choay (2001) é incisiva em sua crítica contra a espetacularização do patrimônio. Para ela o

bem patrimonial fica relegado a segundo plano e desloca a atenção do espectador, distraindo-

o, de forma semelhante ao que fazem as estruturas comerciais. Para Gastal (2010), o Museu e

Turismo são fenômenos complexos, interligados, que não podem ser reduzidos à esfera

econômica. As transformações nos Museus e nas formas de se relacionar com o público

estariam intimamente ligadas à transformação que a própria sociedade está passando e a

concepção de tempo, memória e espaço.

Conclusões

Halbwachs (2006) definiu a memória como coletiva partindo da ideia de que, por mais

particular que a lembrança possa parecer, ela sempre remeterá a um ou mais grupos sociais

com o qual o sujeito se relaciona. Entendendo a memória como coletiva, mesmo que em sua

individualidade, o Museu pode ser entendido como o local onde as memórias irão ganhar a

legitimidade de memória histórica. Desde seu surgimento, o Museu é palco de disputa política,

de forma explícita ou não. Há Museus financiados por redes de comunicação, grandes

empresas, entre outras esferas de poder. Mas ele é também um prisma pelo qual podemos

enxergar a sociedade que o produziu. E o Museu contemporâneo foi produzido por uma

sociedade em que a tecnologia e o efêmero tomaram proporções ainda imensuráveis. E ele é

sim, fruto de uma sociedade de consumo, produto da indústria cultural, porém indispensável

para contar a história do presente.

Referências

CHOAY, Françoise. A alegoria do patrimônio. Liboa: Edições, 70, 2000.

GASTAL, Susana. Museus e Turismo: a complexa relação com o tempo e a memória. Revista

Eletrônica de Turismo Cultural, São Paulo, v. 4, n. 1, p.85-103, 01 jun. 2010. Semestral.

Disponível em: <http://www.eca.usp.br/turismocultural/07.5SGastal.pdf>. Acesso em: 03 jun.

2013.

GONÇALVES, José Reginaldo Santos. Antropologia dos Objetos: coleções, museus e

patrimônios. Rio de Janeiro: MINC/DEMU, 2007.

HALBWACHS, Maurice. A Memória Coletiva. Tradução de Beatriz Sidou. São Paulo: Centauro,

2006.

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HUYSSEN, Andreas. Seduzidos pela Memória: arquitetura, monumentos, mídia. Rio de Janeiro:

Aeroplano, 2000. 2ª ed.

MENESES, Upiano Bezerra de. Os Paradoxos da Memória. In: DANILO, Santos de Miranda

(org.). Memória e Cultura: a importância da memória na formação cultural humana. São

Paulo: Edições SESC SP, 2007.

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De prisão clandestina a arquivo de luta pela memória: o caso do Arquivo Provincial da Memória em

Córdoba (ARG)

Janaina Vedoin Lopes222

Glaucia Vieira Ramos Konrad223

Palavras - chave: Ditadura. Memória. Córdoba. Arquivo.

Introdução:

O presente trabalho faz parte de um projeto de pesquisa desenvolvido no ano de 2013 no

curso de Arquivologia da UFSM intitulado “ Ditadura Civil Militar, Acesso à Informação e

Direitos Humanos: os casos brasileiro e argentino” que tem por objetivo identificar as políticas

públicas de acesso aos arquivos da repressão no Brasil e na Argentina e como estes

contribuem na luta pelo direito a memória, verdade e justiça de ambos os países.

Dos anos de 1960 a 1980 ficaram marcados na história recente dos países do Cone Sul pelos

governos civis militares baseados na Doutrina de Segurança Nacional que instalou a cultura do

medo em um Estado caracterizado pela falta de democracia, supressão de direitos

constitucionais, perseguições, censura cultural, torturas, sequestros entre outros crimes que

violam os direitos humanos (PADRÓS, 2009, p. 50). Dentro deste contexto, muitos órgãos

legais e clandestinos ( BAUER, 2012, p. 29) foram criados pelo Estado para que a “ordem social

e política” fossem mantidas.

Com o fim da Ditadura na Argentina em 1984 e a criação da Comissão Nacional sobre a

Desaparição de Pessoas(CONADEP), cerca de 360 lugares de detenção clandestinas foram

identificados, entre eles o extinto Centro Clandestino de Detenção “D2” que durou de 1974 a

1978 , sendo descoberto após a aberturas de paredes que escondiam os locais onde ficavam

os presos políticos e os locais de tortura.

Após essa primeira identificação do espaço como um centro clandestino de detenção, em

maço de 2006 os legisladores da província de Córdoba aprovaram a Lei 9.286 denominada Lei

da Memória ( SANTOS; TELES; TELES, 2009, p. 100) que estabeleceu a criação da Comissão e do

Arquivo da Memória, bem como a preservação dos espaços que foram Centros Clandestinos

de Detenção.

O atual Arquivo da Memória é um espaço aglutinador de informações juntamente com os

demais espaços de memória existentes na província: La Perla e Campo Ribera. Além disso

possui os seguinte objetivos: resgatar o que aconteceu no período da Ditadura Argentina

através da identificação desse espaço físico, promover espaços de discussão através das

atividades como visitação pública, promoção de eventos referentes a temática de direitos

humanos e por fim um espaço de trabalho para a Comissão de Memória de Córdoba.

222 Licenciada em História (UNIFRA), Bacharel em Arquivologia (UFSM) e aluna do curso de

especialização em Gestão em Arquivos. Autora.

223 Professora Doutora do Departamento de Documentação da UFSM. Co-autora.

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O Arquivo da Memória ainda hoje é preservado fisicamente como foi encontrado como uma

forma de manter a memória do que aconteceu naquele espaço no período da repressão na

Argentina. Ainda existem salas destinadas a materiais pessoais dos presos políticos que ali

estiveram como uma forma de garantir a história política e pessoal dos mesmo.

Ainda o seu acervo documental é formado por documentos produzidos pelas forças de

segurança e defesa que existiram na Ditadura. Os mesmos, foram gerados através do trabalho

burocrático desses órgãos ou adquiridos em ações repressivas como documentos pessoais,

livros, cartas, publicações, entre outros.

Metodologia e resultados:

Para a realização desde trabalho foi necessário o uso de bibliografias referentes ao tema de

espaços de memória e a sua importância na construção da memória social e política e como

esses lugares tornam-se precisam ser preservados como um alerta a sociedade para que

crimes de lesa humanidade não voltem a acontecer. Também foi necessário uma visita in loco

ao Arquivo da Memória.

Os resultados obtidos é que é preciso de políticas públicas que auxiliem na identificação desses

centros de detenção e que ainda estes tornam-se centros de memória para que a história

política e social não se perca e ainda que se fortaleça o respeito aos direitos humanos.

Conclusões:

A identificação desses espaços que no passado serviram como centros de detenção

clandestina tem por objetivo despertar o debate sobre o passado social e político não apenas

da Argentina e sim dos demais países do Cone Sul e que ainda estão passando por um

processo de redemocratização.

Referências:

ANJOS, G. C. A arqueologia de repressão no contexto das ditaduras militares da Argentina,

Uruguai e Brasil. Arqueologia Pública, Campinas, n. 5, p. 79-91. 2012.

BAUER, C. S. Brasil e Argentina: ditaduras, desaparecimentos e políticas de memória. Porto

Alegre: Editora Medianiz, 2012.

PADRÓS, E. S. História do tempo presente: ditaduras e segurança nacional e arquivos

repressivos. In: Tempo e Argumentos. Revista do Programa de Pós-Graduação em História.

UDESC, Ed.1 ,2009.

SANTOS, C. M.; TELES, E.; TELES, J. A. (ORG) Desarquivando a Ditadura: memória e justiça no

Brasil. São Paulo: Aderaldo & Rotheschild Editores, 2009. 1v.

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PROGRAMA DE PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL DA REGIÃO DO ANGLO: UMA

EXPERIÊNCIA DE APROXIMAÇÃO ENTRE A UNIVERSIDADE E COMUNIDADE

Noris Mara P. M. Leal -224

Matheus Cruz225

Heron Moreira226

Palavras-chave: Patrimônio Cultural, Museus, Comunidade, Extensão.

Introdução

A Extensão, uma das atividades basilares da universidade é constantemente discutida e alvo

das mais diversas análises em muitos campos do conhecimento. Em se tratando de museus e

o patrimônio cultural não é diferente, o crescimento do número dos cursos de Museologia no

Brasil gerou uma explosão de projetos de extensão relacionados a museus e o patrimônio

cultural, e por compreender este como um fenômeno, abordaremos o caso do Programa de

Preservação do Patrimônio Cultural da Região do Anglo, extensão desenvolvida pelo Curso de

Museologia da UFPel, na região ocupada pelo Campus Anglo. Este programa foi aprovado pelo

ProExt227 (programa de Extensão Universitária) do Governo Federal.

A Região é composta pelos bairros da Balsa, Navegantes e Fátima área de periferia da cidade,

nas margens do canal de São Gonçalo. Local fortemente marcado pela ocupação histórica,

relacionada com a atividade charqueadora que caracterizou a economia pelotense até o inicio

do século XX, e a fabril principalmente dos frigorificos durante o século XX.

Em 1940 se instalou nessa região o Frigorífico Anglo que chegou a empregar cerca de 15000

operários, funcionando como abatedouro até 1985 e fechando suas portas definitivamente em

1991. Ocorrendo a urbanização desta região a partir deste empreendimento. A forte inserção

histórica no desenvolvimento econômico da cidade, não foi acompanhada por políticas

públicas. É uma região caracterizada pela ocupação desregrada das margens do canal, sem a

devida regularização dos terrenos pela administração municipal.

A comunidade ali instalada é composta por operários egressos dos empreendimentos

industriais das cercanias e, mais recentemente, por contingentes de pessoas oriundas de

224 Licenciatura e Mestrado em História - UFRGS - Doutoranda em Museologia - Universidade Lusófona

de Humanidades e Tecnologia

225 Bacharelado em Museologia e Mestrando PPG em Memória Social e Patrimônio Cultural - UFPel

226 Bacharelado em Museologia - UFPel

227 O Programa de Extensão Universitária (ProExt) tem o objetivo de apoiar as instituições

públicas de ensino superior no desenvolvimento de programas ou projetos de extensão que

contribuam para a implementação de políticas públicas. Criado em 2003, o ProExt abrange a

extensão universitária com ênfase na inclusão social.

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outras partes da cidade e da metade sul do estado. Ocupam desde as antigas casas dos

trabalhadores do frigorífico até palafitas em total situação de risco.

A instalação de um Campus Univresitário, onde antes estava instalado o frigorifico, trouxe um

impasse, a preocupação com uma possível perda de espaço, e de serem retirados de suas

casas, perdendo a sua identidade e a sua história ligada a este lugar.

O programa de preservação do patrimônio cultural do Anglo surge do anseio da comunidade

em ter sua história e patrimônio valorizados, a qual buscou a UFPEL para ser instrumentalizada

para este processo, através de associações de moradores e da CUFA - Central Única de Favelas.

Este é um trabalho que se desenvolve a mais de quatro anos com a participação de

professores do Bacharelado em Museologia e alunos de diversos cursos de graduação e pós-

graduação.

Metodologia e resultados

O programa conta com uma série de atividades, que vão desde a capacitação dos discentes e

docentes da universidade para tratar o caso dos museus comunitários e a relação das

universidades e comunidades até a capacitação da comunidade, outras ações como o

levantamento das histórias de vida e o inventário participativo serão levadas a cabo.

Através das narrativas das histórias de vida de alguns moradores escolhidos por serem mais

antigos, ou lideres comunitários, religiosos e agentes culturais busca-se observar a

problemática relação entre o espaço e a vida social, intentando compreender como se

constitui a apropriação simbólica do Bairro entre os diferentes sujeitos sociais.

O Inventário Participativo propõe que a comunidade seja chamada a discutir e se pronunciar -

a partir do seu ponto de vista – acerca de seus bens culturais. Desta forma a proposta é

inventariar esses bens com a participação dessas comunidades, objetivando o reconhecimento

desse patrimônio, por conseguinte de sua preservação.

Conclusões

E por fim busca-se impulsionar a expressão da diversidade, fomentando a iniciativa da

produção cultural e a reflexão sobre a realidade específica de cada comunidade. Assim, este

programa realizado na região do Campus Anglo, busca incentivar a apropriação consciente do

patrimônio cultural por parte do grupo de moradores, construindo e reconhecendo a

possibilidade de organização, fortalecendo o espírito de pertencimento e a criatividade de seus

integrantes, para que venham a participar e interferir na sua própria história, transformando-

a, através dos instrumentos necessários, na direção de um futuro melhor.

Referências

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Brasil. Rio de Janeiro: Rocco. 1996.

BOURDIEU, Pierre O Poder Simbólico. Rio de Janeiro: Difel. 1989.

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CANCLINI, Nestor Garcia O patrimônio Cultural e a Construção imaginária do Nacional. In:

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As ambivalências do voluntariado: a comissão de voluntários gestores do Museu Nacional de

Imigração e Colonização de Joinville

Letícia Nedel228

Palavras-chave: Memória – Museu – Etnicidade – Patrimônio – Santa Catarina - Brasil

Introdução

O paper apresenta resultados preliminares do projeto “Colecionamento e Ressignificação de

objetos no Museu Nacional de Imigração e Colonização”, desenvolvido no âmbito das

atividades do Laboratório Acervos Memória e Patrimônio da UFSC e elaborado a partir de uma

experiência de campo, realizada entre agosto e novembro de 2012 como parte do Projeto

“Educação Patrimonial e Acessibilidade”, apresentado pelo MNIC e financiado pelo Fundo de

Defesa dos Direitos Difusos do Ministério da Justiça.

A pesquisa atualmente em desenvolvimento explora as modalidades de apropriação social da

cultura material encenadas no espaço institucional e discursivo do MINIC, entre as décadas de

1960 e 2000. Seu objetivo é refletir sobre as estratégias de representação material do passado

em suas relações com determinados grupos e regimes de valor localizados no tempo e no

espaço. No caso aqui abordado, tais coordenadas definem-se em torno das práticas de

colecionamento e ressignificação de objetos operados pelos primeiros gestores do Museu, os

membros da Comissão do Museu Nacional de Imigração e Colonização, instalada em Joinville

em 1961.

Dos anos imediatamente seguintes à criação do MNIC procede parte significativa do acervo

reunido pela Comissão. Esta fora instalada pela municipalidade para providenciar o núcleo

inicial das coleções do museu, mas acabou se consolidando por cerca de quatro décadas como

instância administrativa, mantenedora e ideológica da instituição. Neste intervalo, os

comissários realizaram repetidas campanhas junto aos moradores da cidade, das quais

resultou um sistema de trocas solidamente estruturado em torno do MNIC, responsável pelo

acúmulo de um acervo que alcança hoje cerca de 5000 itens. Geograficamente concentrado

sobre Joinville e arredores, o sistema de trocas alcançava desde os habitantes do núcleo

urbano - lideranças políticas, intelectuais e artistas que dele participavam na condição de

mecenas, doadores ou avaliadores de itens colecionáveis – até os operários e agricultores da

periferia e das áreas rurais, que contribuíram com a doação de objetos herdados de familiares.

São essas redes de troca e reconhecimento, assim como os processos de atribuição de sentido

aos objetos nela transacionados que constituem o universo empírico da pesquisa.

Metodologia e Resultados

Elaborada em uma perspectiva de diálogo com os estudos de cultura material (Appadurai

2009; Clifford, 1994; Stocking Jr. 1983; Gonçalves 2007), esta análise histórica funda-se no

pressuposto de que os objetos não possuem significado intrínseco. Eles têm, pelo contrário,

228

Professora Adjunta do Departamento de História e do Programa de Pós-graduação em História

Cultural da UFSC

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seus estatutos e funções permanentemente redefinidos à medida que circulam por contextos

significativos variáveis, onde serão reclassificados e hierarquizados segundo os sistemas

classificatórios específicos operados pelos atores sociais. Ao tomarem parte desses sistemas é

que os chamados “patrimônios móveis” têm definidos os seus atributos, do mesmo modo

como incorporando-as aos segmentos físicos da realidade, indivíduos e coletividades instalam

no concreto as categorias sócio-culturais pelas quais expressam suas subjetividades.

(Gonçalves 2007) Neste sentido, as coleções do MNIC interessam-nos como uma chave

apropriada ao estudo das alteridades étnicas produzidas pelo recurso à memória e à

acumulação de objetos fisicamente conectados com o passado em Joinville.

Partindo do presente etnográfico da pesquisa, a análise delineia o projeto de memória

sustentado pelos primeiros gestores, bem como os tempos referenciais do passado eleito para

ser materialmente representado no museu. Primeiramente está o tempo histórico recortado

pelo circuito expositivo, que abrange o desenvolvimento histórico da cidade entre meados do

século XIX e meados do século XX – desde a chegada dos imigrantes até o avançar do processo

de industrialização. Subjacente a esse recorte, está o tempo da memória que orienta a

conduta colecionista dos gestores, e para quem a campanha de nacionalização das colônias

imigrantes durante Estado Novo constituem um marco fundamental. O avesso desse período -

a festa do centenário de fundação de Joinville (1951), quando a identidade teuto-germânica é

reabilitada publicamente, constitui o contexto de origem da própria instituição. Seus quadros

sociais de sustentação serão compostos por indivíduos pertencentes a tradicionais famílias de

origem germânica, a quem, por sua ascendência moral, política e econômica na cidade, o

poder público tradicionalmente delegou a gestão da memória local.

Conclusões

Os resultados preliminares da pesquisa permitem concluir que, se na retórica de valorização

do patrimônio é comum a separação tácita entre a esfera lucrativa das atividades econômicas

e o engajamento cultural “desinteressado”, o caso de Joinville demonstra o contrário: ali onde

a política cultural foi historicamente conduzida nas bases do mecenato e do voluntariado, e

onde os gestores da memória prendem-se, por seus próprios nomes, às linhagens de

empreendedores eleitos como heróis civilizadores da localidade, o que se tem é a

interpenetração e a transferência de recursos e competências de uma esfera a outra.

Referências

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25, 1985.

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Reflexões sobre o processo de musealização dos remanescentes da antiga usina termoelétrica de

Arroio dos Ratos (1985 - 1994)

Tassiane Mélo de Freitas229

Maria de Fátima Bento Ribeiro230

Palavras-chave: Região Carbonífera do Baixo Jacuí. Usina Termoelétrica de Arroio dos Ratos.

Musealização. Museu Estadual do Carvão.

Introdução

Há cerca de duzentos anos o carvão mineral foi descoberto na Região Carbonífera do Baixo

Jacuí - Rio Grande do Sul - Brasil. Ao longo do tempo esta região passou a ter importância na

conjuntura nacional, pelo fato de oferecer meios para o desenvolvimento econômico brasileiro

nos ramos de extração mineral e de geração térmica de energia elétrica. Neste contexto situa-

se a Usina Termoelétrica de Arroio dos Ratos. Propriedade da extinta Companhia Estrada de

Ferro e Minas de São Jerônimo (CEFMSJ), a usina funcionou de 1924 a 1956, sendo

considerada a primeira termoelétrica movida a carvão no país. O objetivo principal desta

pesquisa é compreender o processo de musealização dos remanescentes da antiga usina –

atual Museu Estadual do Carvão – a partir de 1985 até 1994.

Esta pesquisa justifica-se, sobretudo, pela necessidade de investigar as possíveis causas das

dificuldades enfrentadas, em termos de preservação patrimonial, pelo Museu Estadual do

Carvão, confrontando-as desta maneira com o processo de patrimonialização e musealização

dos remanescentes da antiga usina.

Entre as referências principais encontram-se: Françoise Choay (2006), Maria Cecília Londres

Fonseca (2009) e Candau (2011) a fim de pensar as questões sobre a patrimonialização;

Ulpiano B. de Meneses (1992) na discussão acerca do conceito de museu histórico e de

musealização; por fim, destaca-se a dissertação de mestrado de Frinéia Zamin (2006) que

discute a atribuição de valores a uma memória coletiva edificada para o Estado do Rio Grande

do Sul.

Metodologia e resultados

Tendo em vista que este estudo de caso encontra-se em andamento, primeiramente está

sendo realizada a revisão bibliográfica que auxiliará na contextualização histórica da mineração

de carvão no Rio Grande do Sul, mais especificamente atendo-se à formação da Usina

Termoelétrica de Arroio dos Ratos. Da mesma forma acontece uma revisão bibliográfica que

busca a compreensão dos conceitos de patrimônio/patrimonialização e de

museu/musealização.

229 Mestranda em Memória Social e Patrimônio Cultural, UFPEL, tassimelo@gmail.

230 Doutora em História. Professora do Programa de Pós Graduação em Memória Social e

Patrimônio Cultural, UFPEL, [email protected].

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Estão sendo levantados documentos administrativos (atas, ofícios, portarias, relatórios e

decretos) sobre o processo de tombamento dos remanescentes da antiga usina (1985 e 1993)

e criação do Museu Estadual do Carvão (1986). Ainda estão sendo coletados dados sobre o

processo de constituição da exposição de longa duração no ano de 1991, através da consulta

ao acervo de clippings do museu (recortes de jornais) e ao seu acervo fotográfico.

Conclusões

Até o momento foram localizadas as documentações referentes aos dois processos de

tombamento (processos de 1986 e 1993) dos remanescentes da antiga usina que estão sendo

analisadas. O acervo fotográfico e de clippings do Museu Estadual do Carvão está auxiliando na

compreensão sobre a constituição da exposição de longa duração no ano de 1991, que em

1994 foi deslocada para o antigo prédio dos geradores da usina, que foi então restaurado.

A dificuldade está na localização de fontes que auxiliarão na compreensão histórica sobre o

funcionamento da antiga usina. As fontes se revelam até o momento escassas, o que faz

concluir, até o presente momento, que o processo de musealização dos remanescentes da

antiga usina partiu de uma vontade política de maneira verticalizada, não foram, portanto,

consideradas a história por detrás das ruínas e nem as memórias da população que constitui os

municípios carboníferos, que por sua vez fizeram parte desta conjuntura.

Referências

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CHOAY, Francoise. A alegoria do patrimônio. 3. ed. São Paulo: UNESP, 2006.

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museu histórico. São Paulo: Museu Paulista, 1992.

ZAMIN, Frinéia. O patrimônio cultural do Rio Grande do Sul: atribuição de valores a uma

memória coletiva edificada para o Estado. Dissertação de mestrado. Departamento de

História. IFCH. Porto Alegre: UFRGS, 2006.

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“Museu Sensível e Museu no Feminino : mulheres artistas nas exposições museológicas”

Rebecca Corrêa e Silva231

Ursula Rosa da Silva232

Palavras-chave: Sociomuseologia. Gênero. Mulheres Artistas. Exposições museológicas

Introdução

O texto apresenta uma reflexão sobre o papel dos museus enquanto instituição que reelabora

e transmite valores e significados do patrimônio – devolvendo-os para a sociedade. Dentro

disto, destacamos a exposição museológica enquanto veículo primordial de comunicação com

o público, observando sua contribuição para construção de novas miradas sobre o patrimônio

produzido por mulheres artistas. Partindo de uma perspectiva que integra

Sociomuseologia e Gênero, realizamos uma análise comparativa de duas exposições

museológicas com a duração de três meses, ocorridas durante o período 2011-2012, que

expuseram exclusivamente obras de mulheres artistas: O Museu Sensível – uma visão da

produção de artistas mulheres na coleção do MARGS, que teve lugar no MARGS – Museu de

Arte do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, capital do estado do Rio Grande do Sul– Brasil; e a

mostra Museu no Feminino – mulheres artistas na coleção do MFTPJ, apresentada pelo MFTPJ

– Museu Francisco Tavares Proença Júnior, na região da Beira Interior e na cidade de Castelo

Branco– Portugal.

O embasamento teórico sobre gênero, e sobre a mulher artista na história e nos museus, se

deu principalmente através de Michelle Perrot (2007), Ana Paula Cavalcanti Simioni (2011),

Filipa Vicente (2005), e Ana Mae Barbosa (2003, 2008). Na relação conceitual entre

Sociomuseologia e Gênero, tivemos como principal contribuição e fonte de autores a tese de

doutorado da investigadora portuguesa Aida Rechena (2011a), pioneira nesta abordagem. Os

conceitos de memória e poder associado aos museus foram vistos em Mário Chagas (2002,

2005, 2007, 2009, 2010, 2012), já a temática da Sociomuseologia vem também de Mário

Moutinho (1989, 1993, 2007). As questões sobre expografia e comunicação museológica foram

vistas principalmente a partir da museóloga Marília Xavier Cury (2009, 2010).

Metodologia e resultados

A metodologia de investigação recebeu uma abordagem de caráter analítico e comparativo,

através da análise empírica das exposições realizadas no Brasil e em Portugal, baseado nos

dados fornecidos pelo diretor (a) e curador (a) de cada mostra, aliado aos materiais de texto,

vídeo e imagem obtidos via internet e pela visita à exposição do MARGS. Paralelamente

realizaram-se entrevistas com questões semiestruturadas, utilizando o método de análise do

231

Licenciatura em Artes Visuais, pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), Mestrado em Gestão

Cultural pela Universidade do Algarve (UALG), [email protected]

232 Licenciatura Plena em Filosofia pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), Doutorado em História pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e Doutorado em Educação pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), Professora Associada na UFPEL (desde 1995), Diretora do Centro de Artes da UFPel ( desde 2013), [email protected]

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tipo interpretativo, proposto por Severino (2002). Uma parte da entrevista foi aplicada por e-

mail a Gaudêncio Fidelis e a Aida Rechena, e outro conjunto de questões foi desenvolvido para

o museólogo Mário Chagas – sob o tema da Sociomuseologia e Gênero.

Para produzir uma análise comparativa, apresentaremos quatro tipologias como de análise do

material coletado. Seguimos, em parte, o modelo de análise de exposições proposto por

Cunha (2010). No esquema que apresentamos aqui, reformulamos os três itens, dos quais a

fundamentação corresponde ao item I, que abarca o contexto, o conceito e a curadoria; a

produção e a comunicação articulam-se no item II, que se refere à expografia e a comunicação;

enquanto que o ponto III, que se concentra nos domínios do público e da educação, é visto a

partir da perspectiva da Sociomuseologia.

Observamos que ambas as exposições prezaram o dever social dos museus, na medida em que

tiveram como objetivo promover a visibilidade da obra de mulheres artistas da coleção de seus

museus. No enfoque temático das duas curadorias, a diferença reside em uma mostra

centrada nas obras e a outra nas criadoras, o que também se estende visualmente até a

expografia. Já no tópico sobre públicos e educação, vimos que as duas exposições buscaram

além da visibilidade, o aspecto de inclusão social das mulheres artistas nas exposições. Neste

subitem, os casos estudados diferem nos tipos de público-alvo e na atenção dada aos estudos

de público e aos serviços educativos.

Conclusões

A partir deste estudo, constatamos que somente uma das instituições que nos dispusemos a

analisar trazia de fato uma perspectiva sociomuseológica: o Museu Francisco Tavares Proença

Júnior, que sob a direção de Aida Rechena, assume uma preocupação com o território, a

função social, e a comunicação, aliado a uma perspectiva integrada de gênero. Enquanto que o

Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli demonstra estar ainda mais voltado para a

museologia tradicional, que coloca a ênfase sobre as coleções, embora a atual direção afirme a

necessidade de atualizar o Museu na perspectiva mais contemporânea, ao adotar uma postura

reflexiva e autocrítica.

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A memória nacional como atrativo turístico: um possível elo entre o Turismo Cultural e os museus

históricos brasileiros

Érica Teixeira Isidoro Pereira233

Palavras-chave: Memória Nacional. Turismo. Identidade. Museus Históricos.

Introdução

Este trabalho se propõe a compreender os motivos que levaram à consolidação e à

perpetuação do imaginário nacional a partir dos acervos dos principais museus históricos e

artísticos do País. Para tanto, analisa-se a concepção da identidade brasileira entre os séculos

XIX e XX, levando em consideração a construção dos mitos e heróis nacionais deste período.

Dentro do Turismo Cultural, pode-se inferir que o interesse em aprofundar os conhecimentos

sobre a história da Nação seria um dos motivadores de visitas a estes espaços museológicos.

O trabalho está vinculado ao projeto “Museus Históricos e Artísticos de Petrópolis e o Turismo

Cultural”, também de autoria de Érica Teixeira Isidoro Pereira e sob orientação da Profa. Dra.

Camila Dazzi. O projeto é financiado pelo programa de Iniciação Científica do CEFET/RJ.

De acordo com as ideias de Hall (2006), parte-se do pressuposto de que o homem moderno,

apesar de se considerar independente e livre de certas pressões e rotulações da sociedade,

prescinde da necessidade de se auto identificar como integrante de um grupo maior que o

enxergue com igualdade. Ainda que essas identificações, metafóricas e figurativas não estejam

“impressas em nossos genes” (HALL, 2006, p. 47), é necessário que nos vejamos pertencentes

a um grupo onde estejamos em situação de igualdade, sem discrepância social, financeira, etc.

Nesse sentido, as identidades nacionais servem para definir quem somos, nos agregando a um

grupo de pessoas que, em comum, sejam pertencentes à nossa Nação e nos diferenciando

daquelas que venham de outros lugares.

As Nações, por sua vez, necessitam associar imagens e símbolos que as caracterizem,

valorizem e as destaquem das demais. Elas buscam encontrar bens, patrimônios, vivências que

possam ser reconhecidas pelas pessoas que nelas vivem formando ricas culturas nacionais e

consolidando a imagem da nação. Esses esforços se justificam uma vez que “não importa quão

diferentes seus membros possam ser em termos de classe, gênero ou raça, uma cultura

nacional busca unifica-los numa identidade cultural, para representa-los todos como

pertencendo à mesma e grande família nacional” (HALL, 2006, p. 59).

No decorrer deste trabalho, são levantados e debatidos os processos que levaram à formação

do imaginário nacional para o Brasil durante os períodos de Império e início República. As artes

plásticas apresentam-se como principal meio de inspiração, ensinamento e divulgação das

identidades nacionais criadas, graças às intencionalidades que carregaram e ao enorme poder

de alcance que obtém ainda hoje.

233

Graduanda em Gestão de Turismo – CEFET/RJ Campus Nova Friburgo, Bolsista de Iniciação Científica

CEFET/RJ, [email protected]

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Finalmente, analisam-se os pontos convergentes na relação entre museus históricos e turismo,

tomando como centro dos debates a transformação da memória nacional em atrativo

turístico. Segundo Barreto (2008), os museus, desde os seus primórdios na Grécia Antiga,

destinam-se ao estudo e proteção das artes e da ciência. Os museus históricos brasileiros,

atualmente, continuam carregando a noção de casas de memória, ao salvaguardar

identidades, vivências, símbolos e feitos marcantes do país. O Turismo Cultural, que

“compreende as atividades turísticas relacionadas à vivência do conjunto de elementos

significativos do patrimônio histórico e cultural e dos eventos culturais, valorizando e

promovendo os bens materiais e imateriais da cultura” (BRASIL, 2010, p.15), apresenta-se um

dos principais veiculares da memória e da identidade nacional e vai ao encontro às funções

socioeducativas do museu.

Metodologia e resultados

A metodologia utilizada correspondeu à seleção, leitura, análise e fichamento da fortuna

crítica disponível sobre cinco segmentos complementares: I. A formação de identidades

nacionais; II. A produção artística do século XIX e sua relação com o cenário político-social da

época; III. A relação entre patrimônio histórico e Turismo cultural; IV. A relação entre Museus

históricos e artísticos e o turismo; V. A transformação da memória nacional em atrativo

turístico.

Conclusões

Conclui-se que o turismo cultural em museus apresenta-se como uma das formas de manter

viva a memória da nação, através dos acervos. Ainda que museus e turismo tenham visões

diferentes a respeito do retorno financeiro de suas atividades, uma vez que o museu possui

caráter não lucrativo ao contrário do turismo, eles possuem muitos pontos em comum.

Entre os pontos convergentes são a procura pelo diferente, a disseminação de culturas e a

salvaguarda do patrimônio, etc. A relevância deste trabalho se dá através da possibilidade da

existência deste ele entre as áreas turística e museológica.

Referências

BARRETO, Margarita. Os museus e a autenticidade no turismo. In: Revista Itinerarium. vol. 1.

pp. 1-24. ISSN: 1983-7666. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2008.

Disponível em: <http://www.seer.unirio.br/index.php/itinerarium/article/view/135/106>

Acesso em: 14 jun. 2013

BRASIL. Turismo Cultural: orientações básicas. 3. ed. Brasília: Ministério do Turismo, 2010.

Disponível em:

<http://www.turismo.gov.br/export/sites/default/turismo/o_ministerio/publicacoes/downloa

ds_publicacoes/Turismo_Cultural_Versxo_Final_IMPRESSxO_.pdf> Acesso em: 13 abr. 2013

CARVALHO, José Murilo de. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. – São

Paulo: Companhia das Letras, 1987.

CHOAY, Françoise. A alegoria do patrimônio. 4 ed. São Paulo: Estação da Liberdade: UNESP,

2006.

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CHRISTO, Maraliz de Castro Vieira. A pintura de história no Brasil do século XIX: panorama

introdutório. In: Arbor. nov./dez, 2009. pp. 1147-1168. ISSN: 0210-1963. Disponível em:

<http://arbor.revistas.csic.es/index.php/arbor/article/view/386/387> Acesso em: 19 jun. 2013

HALL, Stuart. A identidade cultural da pós-modernidade. 11 ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.

MENESES, José Newton Coelho de. História & Turismo Cultural. Belo Horizonte: Autêntica,

2004.

MURTA, Stela Maris; ALBANO, Celina. (Org.). Interpretar o patrimônio: um exercício do olhar.

Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2002.

SANTOS, Myriam Sepúlveda dos. Os museus brasileiros e a constituição do imaginário nacional.

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http://www.scielo.br/pdf/se/v15n2/v15n2a05.pdf> Acesso em: 19 jun. 2013

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<http://anpuh.org/anais/wp-content/uploads/mp/pdf/ANPUH.S25.0765.pdf> Acesso em: 21

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SCHWARCZ, Lilia Moritz. As Barbas do Imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos. São

Paulo: Companhia das Letras, 1998. ISBN: 8571648379

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nacional (1816 – 1922). In: Revista História em Reflexão. Dourados– UFGD. vol.2, n.4.jul./dez.

2008. Disponível em:

<http://www.periodicos.ufgd.edu.br/index.php/historiaemreflexao/article/download/292/252

> Acesso em: 21 jul. 2013

Instituições de memória nas Casas-Museu: a produção de conhecimento como ponto chave na

preservação

Micheli Martins Afonso234

Juliane Conceição Primon Serres235

234 Graduada em Conservação e Restauro de Bens Culturais Móveis, graduada em Artes Visuais

Licenciatura, mestranda no programa de Pós-Graduação em Memória Social e Patrimônio

Cultural/UFPEL – Bolsista FAPERGS, [email protected].

235 Doutora em História pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Professora Adjunta da Universidade

Federal de Pelotas, [email protected].

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Palavras-chave: Casa-Museu. Instituição de Memória. Pesquisa. Patrimônio. Preservação.

Introdução

A temática das Casas-Museu ou Museus-Casas é um tópico a parte nas abordagens

museológicas. As argumentações e comunicações desenvolvidas em seminários e congressos

específicos sobre o tema, muitas vezes tendem a conduzir os diálogos para a esfera das ações

praticadas ou praticáveis em museus. Percebe-se que há uma discussão mais específica sobre

o tema, atingindo diretamente esta tipologia de instituição de guarda, em trabalhos que

versam sobre estudos de casos e exemplos de práticas museológicas in situ. É notório que

apenas a palavra Casa não separa totalmente estas duas instituições, pelo contrário, mas é

preciso estar atento às particularidades que as Casas-Museu apresentam para ampliar este

debate.

O presente texto buscará abordar questões relativas à produção de conhecimento dentro das

Casas-Museu, tanto quanto a sua comunicação e interação com a sociedade como fator crucial

para o fortalecimento, consolidação ou instituição de memória nestas instituições de guarda.

Este estudo legitima-se por instigar o aprofundamento das reflexões que permeiam a temática

das Casas-Museu, sobretudo porque promove questões prementes sobre a pesquisa nestas

instituições.

Metodologia e resultados

As Casas-Museu surgem mundialmente no século XIX (PONTE, 2007, p. 167). Esta instituição

que mescla o íntimo com o coletivo, o privado com o público, surgiu da ânsia de uma parcela

da sociedade em salvaguardar os seus bens, expor orgulhosamente o seu legado, manter viva

a memória de um ente querido ou homenagear uma personalidade social. Ainda “no século

XIX, o museu se configura como uma instituição por excelência produtora e difusora de

conhecimento, além de formadora para o exercício dessas atividades” (MENEZES, 2002, p.29).

O suporte metodológico utilizado nesta pesquisa foi uma ampla revisão bibliográfica sobre o

tema e visitas de pesquisa em uma Casa-Museu, localizada na cidade do Porto em Portugal.

A importância da pesquisa no Museu como uma das atribuições inatas a estas instituições não

é nenhuma novidade para os estudiosos do patrimônio cultural. Apesar disto, muitos museus

e, sobretudo, Casas-Museus não praticam esta premissa. O Museu Casa de Rui Barbosa,

exemplifica este discurso, tendo em vista que levou cerca de 30 anos para iniciar as pesquisas

em seu acervo, devido a carência de recursos e graças as mudanças filosóficas da atuação dos

museus com o passar dos anos. Ainda citando o Museu Casa de Rui Barbosa que ao pesquisar

uma escova de dentes do seu patrono possibilitou uma parceria com o Museu de Odontologia

Salles Cunha (REIS, 2002, p. 104) e fez florescer desta aliança diversas atividades que

despertaram a participação do público visitante. Desta forma, evidencia-se a urgência da

pesquisa dentro destas entidades, pois ampliam a sua visibilidade e fortalecem o

entendimento que se tem sobre o seu patrono e os objetos que ele cultivava.

A pesquisa e a difusão destas atividades permite que o discurso museográfico não se

mantenha restrito aos profissionais dos museus, mas atinjam de maneira eficiente os

visitantes das Casas-Museus. Conforme o sociólogo Francês Pierre Bourdieu:

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“Cada indivíduo possui uma capacidade definida e limitada de apreensão da “informação” proposta pela obra, capacidade que depende de seu conhecimento global (por sua vez, depende de sua educação e de seu meio) [...]. Quando a mensagem excede as possibilidades de apreensão do espectador, este não apreende sua “intenção” e desinteressa-se do que lhe parece ser uma confusão sem o menor sentido, ou um jogo de manchas de cores sem qualquer utilidade.” (BOURDIEU, 2007, p.71).

Uma organização museográfica nem sempre faz parte da concepção das Casas-Museus, por

isso muitas vezes não oferecem informações sobre o seu acervo e/ou patrono que satisfaçam

e instiguem o público visitante a terem outros contatos com às suas instituições. Sem a

pesquisa a Casa-Museu não conhece nem transmite a sua própria memória, ao mesmo tempo

em que se afasta do núcleo da sociedade por esgotar em apenas uma visitação as

possibilidades de diálogo com o seu público visitante.

Conclusões

A temática das Casas-Museu merece atenção e dedicação dos pesquisadores. Interessa

igualmente neste ponto o estudo no que diz respeito a instituição em si e não apenas no

tocante a seu espólio. A ausência de pesquisa em uma instituição de guarda compromete a sua

preservação, a difusão da sua memória e a construção de alicerces sólidos deste equipamento

cultural no seio da sociedade.

Referências

BOURDIEU, Pierre. O amor pela arte: os museus de arte na Europa e seu público. Tradução:

Guilherme J. de Freitas Teixeira, 2ª Edição. Porto Alegre: Editora Zouk, 2007.

MENEZES, Upiano Bezerra de. O museu e o problema do conhecimento in Anais do IV

Seminário sobre Museus-Casas: Pesquisa e documentação. Rio de Janeiro: Fundação Casa de

Rui Barbosa, 2002.

PONTE, António M. T. da. Casas-Museu em Portugal: Teorias e Prática. Dissertação de

mestrado em Museologia apresentada na FLUP. Porto, 2007.

REIS, Claudia Barbosa. A pesquisa sobre o acervo in Anais do IV Seminário sobre Museus-Casas:

Pesquisa e documentação. Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 2002.

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Arqueologia nos Museus em Rio Grande - fronteiras silenciosas

André Dal Bosco Carletto236

Palavras-chave: Arqueologia. Museu. Patrimônio.

Introdução

O presente trabalho pretende analisar a relação entre os museus e o patrimônio arqueológico

na cidade de Rio Grande. Tal problemática surgiu no contexto de uma Arqueologia que busca

um maior envolvimento social (MENEZES, 2010). Para isso, propõe-se a relação com os

museus, pois estes agem de forma permanente tanto na preservação como na comunicação

(CURY, 2006). Esta pesquisa é parte do trabalho de conclusão de curso deste pesquisador e

pretende.

Com relação à arqueologia da cidade de Rio Grande, esta se destaca por ser uma das primeiras

onde foram realizados estudos arqueológicos, desde a década de 60 (SCHMITZ, 2011), com

investigações de Jose Proenza Brochado e Pedro Ignácio Schimitiz. Entre 1968 e 1976 outros

pesquisadores como Naue, La Salvia, Valente, Basile Becker e Abrahão Schorr atuaram. Outras

pesquisas foram realizadas por pesquisadores diversos, entre professores da universidade,

funcionários da prefeitura e outros relacionados á arqueologia de contrato. Destaca-se,

também, a participação do Laboratório de Ensino e Pesquisa em Arqueologia e Antropologia –

LEPAN – da Universidade Federal do Rio Grande, que, com as pesquisas de Pedro Augusto

Mentz Ribeiro, fez um grande levantamento de sítios históricos e pré-coloniais, realizando,

além disso, coletas superficiais sistemáticas e escavações (THIESEN, 2011: 17).

Conforme o Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos – CNSA237 (mantido pelo IPHAN) consta

mais de 100 sítios arqueológicos na área da cidade de Rio Grande. Porém, sobre os museus,

segundo o catálogo do Ibram, existem 14, além de um virtual e um em projeto (IBRAM, 2011).

Além dos listados no catálogo, também há o Museu Náutico, da FURG. Foram visitadas as

instituições e analisadas as que possuíam coleções arqueológicas, segundo suas

nomenclaturas . A partir desta primeira análise surgirão abordagens mais pontuais referentes

à pesquisa.

Metodologia e resultados

Após a visita e/ou entrevistas, além da consulta ao guia do Ibram, nas instituições museais da

cidade, foram identificadas quatro instituições de interesse da pesquisa:

a) O Museu da Natureza (pelo catálogo do Ibram);

b) O Museu da Cidade do Rio Grande (idem);

c) O Núcleo de Pesquisa Arqueologica (NPA) no Centro Municipal de Cultura Inah Emil

Martensen (visitação);

236

Graduando em Arqueologia, FURG, [email protected]

237 http://portal.iphan.gov.br/portal/montaPaginaSGPA.do acesso em 05/03/2013.

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E, por último,:

d) o Museu Náutico da FURG (visitação).

Dos museus citados, o Museu da Natureza ainda não foi encontrado e sua coleção busca ser

rastreada. O Museu da Cidade, por sua vez, doou seu acervo, dito arqueológico, ao já citado

LEPAN. O Centro Municipal de Cultura, atualmente, encontra-se em reforma e, por isso, não é

possível uma análise maior sobre sua exposição. E, no Museu Náutico a Arqueologia

desempenha a função de contar a história pré-colonial da cidade.

Conclusões

Nota-se a evidente estratigrafia do abandono descrita em Bruno,(1999),em que as diferentes

camadas de abandono sufocaram os vestígios arqueológicos. Destacar-se-á, aqui, entre elas, o

Museu da Natureza, que aparenta nunca ter existido na escola onde ele deveria se localizar,

não havia nenhuma informação.

Ao analisar a coleção oriunda do Museu da Cidade, foi possível observar diversos objetos de

origem natural, como uma semente entre os materiais líticos, ou formações geológicas

naturais. Esses dados demonstram a distância das pesquisas arqueológicas com estas

instituições. Novas formas de interação precisam ser pensadas para tal diálogo com a

comunidade, de modo que o trabalho seja concluído com êxito.

Referências

BRUNO, M. C. O. Musealização da Arqueologia. Lisboa: Universidade Lusófona de

Humanidades e Tecnologia, 1999.

CURY, M. X. Para saber o que o público pensa sobre arqueologia. Arqueologia Pública, São

Paulo, v. 1, n. 1, p. 31-48, 2006.

FERREIRA, L. M. . Arqueología Comunitaria, Arqueología de Contrato y Educación Patrimonial

en Brasil. Jangwa Pana: Revista del Programa de Antropología de la Universidad del Magdalena

(Colombia), v. 9, p. 95-102, 2010.

SCHMITZ, P.I. Sítios de Pesca Lacustre em Rio Grande, RS Brasil. Erechim: Ed. Habilis, 2011.

THIESEN, B. V. DIAGNÓSTICO ARQUEOLÓGICO NA ÁREA DO ANTIGO JOCKEY CLUB, A SER

DIRETAMENTE IMPACTADA PELA INSTALAÇÃO DE UM COMPLEXO IMOBILIÁRIO MULTIUSO, NO

MUNICÍPIO DO RIO GRANDE, RS. Rio Grande: 2011.

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Museus, Desenvolvimento e Política

Glauber de Lima238

Palavras-chave: Nova Museologia. Transformação Social. Neoliberalismo. Minorias Sociais

Introdução

O protagonismo exercido pelas instituições que se relacionam com o Patrimônio em meio às

políticas culturais na atualidade merece um olhar menos festivo e mais crítico. No caso dos

museus, tão importante quanto ampliar a compreensão acerca do que lhe foi atribuído

enquanto papel social é evidenciar que discursos destoam deste entendimento, tornando

possível percebermos de forma clarividente que existem projetos hegemônicos e contra-

hegemônicos no campo museal.

Somado a isso, o museu acabou por se tornar uma instituição que possui uma associação

direta com os propósitos desenvolvimentistas e transformadores da sociedade. Este último

aspecto é que o torna “útil” e vigoroso na atualidade. Não há como conceber um

entendimento a respeito da identidade dessas instituições em que estas estejam desligadas de

um propósito de metamorfose social.

Contudo, os entendimentos e usos adotados pela museologia acerca do seu propósito

transformador estão longe de ser harmônicos. O campo dos museus trata a mudança social em

grande conta há algum tempo, mas não se deteve em esclarecer suficientemente a existência

de projetos distintos sobre o que deve ser transformado e quais estratégias e objetivos desse

processo.

Na América Latina, a Nova Museologia surge como um movimento que consagra politicamente

um determinado modelo de desenvolvimento que instrumentaliza, em certos termos, o

potencial transformador dos museus. Sua receptividade, em meio aos mais variados

segmentos do campo em questão, nos permite afirmar que é esta a lógica hegemônica do

fazer museológico contemporâneo.

Por conseguinte, projetos que primam por uma atuação transformadora dos museus sob

outros auspícios, que não os da nova museologia, acabam por se situarem em um plano

alternativo, quando não enfraquecidos, silenciados e, mais frequentemente, distorcidos por

meio de construções discursivas que tentam associá-las ao projeto hegemônico.

Sendo assim, a pesquisa a qual está relacionado com este trabalho tem por objetivo evidenciar

os termos em que estes distintos projetos de museus se apresentam, assim como oferecer um

contraponto às diretrizes hegemônicas que fundamentam as políticas públicas que

instrumentalizam os museus por meio da análise das experiências construídas em meio às

iniciativas que se opõem à nova museologia.

Metodologia e Resultados

238

Graduação em História - UFPE, Mestre em História Social – UnB, Professor Assistente do Curso de

Museologia da Universidade Federal de Goiás, [email protected]

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O processo de pesquisa consiste no levantamento dos indícios que ajudem a configurar com

maior clareza os contornos que definem cada um dos projetos existentes em meio ao campo

museal.

No que diz respeito à configuração do projeto hegemônico, as informações são fartas em razão

da própria amplitude alcançada pela nova museologia. Desde a academia até as instâncias que

discutem e deliberam acerca das políticas públicas para os museus, são muitos os registros que

permitem perceber quão pragmática e harmônica é a relação da museologia com o discurso do

desenvolvimentismo cultural.

Quanto às iniciativas contra-hegemônicas, estas possuem menor articulação e são,

naturalmente, mais escassas. Embora plurais, faz parte do método de análise identificar em

cada uma delas possíveis similaridades. Encaixam-se nesta perspectiva, por exemplo, o Museu

Molecular – iniciativa gerada no Museu de Arte Contemporânea de Barcelona, assim como El

Museo do Travesti no Peru.

Conclusões

A natureza desenvolvimentista dos museus é quase que naturalizada pela nova museologia, o

que torna as estratégias de construção desse processo em arranjos que harmonizam o fazer

museológico com os interesses do Capital. Tal condição se estende às relações destas

instituições com conceitos importantes como patrimônio, preservação, comunidade e público.

Estes acabam por terem reduzidos seus usos e sentidos em razão do que se consagrou por

meio da grande receptividade da nova museologia na América Latina.

Nas iniciativas que não se harmonizam com tais propósitos, há uma associação entre ativismo

político, museus e minorias sociais em meio a um projeto que busca enfraquecer as

contradições edificadas pelo capitalismo ao invés de naturalizá-las. Ao construírem uma

relação alternativa em seu fazer museológico, no que diz respeito aos referidos conceitos que

envolvem o campo do Patrimônio e dos Museus, tais iniciativas acabam por colocar em xeque

a legitimidade de cada um deles em sua percepção convencional, o que constitui uma questão

extremamente cara aos objetivos desta pesquisa.

Referências

YÚDICE, George. A conveniência da cultura. Usos da cultura na era global. Belo

Horizonte: UFMG, 2004.

HUYSSEN, Andreas. “Escapando da Amnésia: o museu como cultura de massa”. Revista do

Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, n. 23 - Cidade, 1994, p. 35-57.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 35. ed, São Paulo: Paz e Terra, 2003

VALENTE, Luiz Fernando. Paulo Freire: desenvolvimento como prática da liberdade. Revista

Alceu, N. 18 - v. 9, jan./jun. 2009, p. 186 a 197

YÚDICE, George. “Museu molecular e desenvolvimento cultural”. In: NASCIMENTO JUNIOR,

José do (org.). Economia de museus. Brasília: MinC/IBRAM, 2010.

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CAMPUZANO, Giuseppe. Andróginos, hombres vestidos de mujer, maricones… el Museo

Travesti del Perú. Revista Bagoas, n. 04, 2009, p. 79-93

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Abordagens e discussões sobre o espaço museal, a patrimonialização e a comunicação cultural: Estudo

comparativo entre o Museu dos Ex-votos e a Sala de Milagres do Santuário do Bomfim, em Salvador,

Bahia.

Genivalda Cândido da Silva239

Shirlene Lavigne Ferreira240

Palavras-chave: Ex-votos. folkcomunicação. Comunicação. Discussões. Santuário do Senhor do

Bomfim. Permanência.

Introdução

A pretensão principal deste trabalho, que advém do Projeto Abordagens e discussões sobre o

espaço museal, a patrimonialização e a comunicação cultural: Estudo comparativo entre o

Museu dos Ex-votos e a Sala de Milagres do Santuário do Bomfim, em Salvador, Bahia, é

abordar as discussões sobre o espaço museal e a sala de milagres na questão da

patrimonialização e da comunicação cultural observada a partir dos objetos ex-votivos

expostos nos respectivos ambientes do Santuário do Bom Senhor Bom Jesus do Bomfim.

Na atualidade a preservação do patrimônio cultural está intrinsecamente ligada à questão da

memória. Isso significa dizer que a preservação se tornou importante não apenas para

resguardar o patrimônio, mas como enfatiza Pollak (1992, p.5): principalmente para valorizar

um elemento que constitui e fortalece o sentimento de identidade, seja ele individual social ou

coletivo, abrindo precedentes para que possamos atribuir à memória a condição de

patrimônio, utilizando como base de estudos e análises, dois ambientes completamente

singulares e um tanto antônimos entre si, a sala de milagres e o museu dos ex-votos.

Se compreendermos os museus como instituições/mídias que tem por objetivos colecionar,

preservar, documentar, pesquisar, comunicar e interpretar culturas, somos estimulados a

pensar e analisar o ambiente museu como suporte/mídia de informação e representação da

cultura, da memória e diversos patrimônios.

Então, podemos observar, portanto, que nesse contexto muitos elementos importantes para a

construção do diálogo que é apresentado neste projeto, um deles a questão museológica,

estão intrinsecamente ligados às questões comunicacionais que envolvem os ambientes

estudados e referidos nesta proposta.

Metodologia e resultados

239

Graduada em Museologia pela Universidade Federal da Bahia, Mestranda em Museologia na

Universidade Federal da Bahia – UFBA. Bolsista do Projeto Ex-votos das Américas: etapa Américas do

Norte e Central. [email protected]

240 Bolsista AT-FAPESB no Projeto Ex-Votos das Américas: Etapa Américas do Norte, Central e Caribe.

[email protected]

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A abordagem do projeto dar-se-á a partir da observação sistemática do estudo in locus no

santuário do Senhor Bom Jesus do Bomfim, com análise de dados, análise empírica dos

ambientes objetivados, realização de estudos bibliográficos, documentação fotográfica e

videográficas. Para o desenvolvimento da pesquisa serão empregados métodos de

procedimentos e técnicas.

A abordagem analítica procurará estudar como um todo, a questão do patrimônio cultural a

cerca do museu dos ex-votos e da sala de milagres do Santuário do Bomfim. Notadamente o

estudo de cada parte, o museu e a sala de milagres, com direcionamentos comparativos e de

aspectos da museografia nos ambientes expositivos aqui demarcados. Que subdividir-se-ão em

sete etapas; iconográfico; histórico; comparativo; pesquisa bibliográfica; fotografação;

entrevistas e finalizando com a documentação museológica e estudo museográfico.

A base para a pesquisa, o estudo teórico sobre os ambientes e a construção epistemológica,

reside do fato de a autora desta proposta ter tido o estágio de dois anos no Projeto Ex-votos

do Brasil, vinculado ao CNPq, FAPESB e UFBA, onde foi bolsista da Iniciação Científica, e passou

a refletir sobre o tema com base nas incursões que fez em dezenas de salas de milagres e

museus do gênero pelo Brasil.

Como resultado, visa-se continuar e expandir a pesquisa que engloba o presente tema,

visualizando o museu e a sala de milagres como fontes potenciais para os estudos

museológicos e as ciências sociais aplicadas, notadamente dirigidas à memória social e

comunicação, é que o presente Projeto se propõe a este Programa de Pós Graduação em

Museologia.

Conclusões

O Projeto Abordagens e discussões sobre o espaço museal, a patrimonialização e a

comunicação cultural: Estudo comparativo entre o Museu dos Ex-votos e a Sala de Milagres do

Santuário do Bomfim, em Salvador, Bahia, está possibilitando o questionamento acerca das

presentes diferenciações comunicacionais e restrições presentes nos respectivos espaços.

Também apresenta possibilidades de ver os espaços como locais ricos em medias

folkcomunicacionais e patrimônio cultural num estágio científico, em que os objetos ex-

votivos, se encontram fora do seu contexto natural.

Referências

POLLAK, Michael. “Memória e Identidade Social”. In: Estudos históricos. Rio de Janeiro, vol.5,

n.10, 1992. p 05.

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MESA 7 - Lembrar, esquecer, narrar.

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A memória construída pelo jornal Correio do Sul em torno da figura do ex-presidente Emílio

Garrastazu Médici

Marcelo Pimenta e Silva241

Palavras-chave: Memória, Imprensa, Representações Sociais, Ditadura Militar

Introdução

O presente trabalho busca analisar a construção de uma memória coletiva específica em torno

da figura do ex-presidente da República, o general Emílio Garrastazu Médici. Para identificar os

elementos próprios que formam essa memória, pretende-se verificar o jornal Correio do Sul,

impresso da cidade natal do militar, o município de Bagé, no interior do Rio Grande do Sul. A

pesquisa aborda dois períodos distintos: o mês de outubro de 1969, quando o militar é

escolhido como presidente da República e o mês de dezembro de 2005, quando o mesmo

impresso traz uma série de textos homenageando-o pelo centenário de nascimento. A

investigação tendo como fonte primária o jornal foi realizada no Arquivo Público da cidade e

contou também com a utilização de fontes bibliográficas das áreas do jornalismo, psicologia

social e da história, baseando-se em aspectos teóricos acerca da história do Brasil, história da

imprensa, teoria das representações sociais e do conceito de memória coletiva. O objetivo

desse trabalho é iniciar uma investigação na imprensa escrita e de como ela fundamenta,

através de seus discursos, uma memória coletiva própria para determinados fatos e pessoas ao

longo da história. Dessa forma, o trabalho justifica-se pela importância da imprensa como

agente comunicacional que forma memórias coletivas e também se torna construtora de

“lugares de memória” que consolidam o sentido de pertencimento a uma determinada

comunidade em torno de vínculos identificatórios.

Metodologia e resultados

O trabalho de pesquisa utilizou-se de uma investigação exploratória que buscou através dos

exemplares do jornal Correio do Sul em outubro de 1969 e dezembro de 2005 observar no

processo discursivo da imprensa, elementos que formam representações sociais. Esses

discursos servem para produzir uma subjetividade num processo histórico-dialético de

representações da realidade social que resultam em “verdades inquestionáveis”

(JOVCHELOVITH: 2000). Logo a imprensa acaba fornecendo discursos que irão determinar uma

memória específica, determinando “amnésias” para acontecimentos e enaltecendo valores

distintos do restante da imprensa. Assim, em 1969, Médici quando de sua posse, é visto como

o herói positivista que se “sacrifica” em um momento conturbado para defender e proteger à

Pátria. É o pai de família que mescla duas identidades próprias do homem da fronteira gaúcha:

o militar e produtor rural, mas que também é o fraterno homem de família e que tem sua

figura mesclada a símbolos populares como seu apreço pelo futebol (E SILVA, BRIGNOL: 2010).

Com tais representações no discurso da folha, ocorre a produção de uma memória que

enaltece Médici para a história bageense e gera um esquecimento sobre as ações repressoras

241

Graduado em jornalismo pela Universidade da Região da Campanha, pós-graduado em Comunicação

Mercadológica pela Fatec SENAC Pelotas.

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do regime que liderava. Em 2005, já no período democrático, o jornal irá utilizar dos mesmos

elementos discursivos para ressaltar a biografia do bageense.

Conclusões

O impresso manterá um discurso positivo à figura do ex-presidente, com a intenção de manter

uma percepção favorável não apenas ao militar, mas à memória de um tempo em que o

discurso positivo de desenvolvimento e segurança era a bandeira ideológica de quem apoiou o

golpe civil-militar de 1964. Dessa forma, diferente de outros veículos de comunicação que no

século XXI, já com o fim da ditadura e, da censura prévia, a ditadura militar será criticada por

seus abusos e autoritarismo, entre outros fatos; no entanto a imprensa de Bagé, no caso

específico, do jornal Correio do Sul, legitima um discurso para produzir uma memória

referente ao período distinta, enaltecendo a figura do general Médici.

Referências

BARRETO, Mário. “Perspectivas alvissareiras” in Jornal Correio do Sul, p. 3, 23 de outubro de

1969. Bagé, Rio Grande do Sul.

COMBLIN, Joseph. A ideologia da segurança nacional. São Paulo. Editora Civilização Brasileira,

1978.

HARTMANN, Heitor. “Pronunciamento de estadista” in Jornal Correio do Sul. P. 3, 10 de

outubro de 1969. Bagé, Rio Grande do Sul.

HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Vértice 1990

JOVCHELOVITH, Sandra. Representações sociais e esfera pública. Rio de Janeiro. Editora

Vozes, 2000.

Jornal Correio do Sul. “Festividade de aniversário da revolução”, capa, 1° de abril de 1969.

Bagé, Rio Grande do Sul.

Jornal Correio do Sul. “Bageense na presidência”, capa, 08 de outubro de 1969. Bagé, Rio

Grande do Sul.

Jornal Correio do Sul. “Emílio Médici: Democracia e desenvolvimento não se resumem a

iniciativas governamentais”, p. 4, 08 de outubro de 1969. Bagé, Rio Grande do Sul.

Jornal Correio do Sul – Edição Extra. “Espetáculo Maravilhoso”, p.2, 30 de outubro de 1969.

Bagé, Rio Grande do Sul.

Jornal Correio do Sul – Edição Extra. “Entusiasmo e espontaneidade na imponente

homenagem ao Presidente Garrastazu Médici”, capa, 30 de outubro de 1969. Bagé, Rio

Grande do Sul.

MOTTA, Márcia Maria Menedes. “História, memória e tempo presente”. Novos Domínios da

História. Organizadores Ciro Flamarion Cardoso, Ronaldo Vainfas. Rio de Janeiro: Elsevier,

2012.

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E SILVA, Marcelo Pimenta, BRIGNOL, Rafael. “O jornal Correio do Sul e o presidente Médici: a

criação do herói pelas páginas do jornal bageense no ano de 1969”. Revista Cebela.

Disponível em: WWW.cebela.org.br/site/baCMS/files/24421ART4%Marcelo%Pimenta.pdf.

Acesso em: 10 de setembro de 2013.

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Memória e cultura pomerana através do (re)conto Dái zuóvan kláina séicha

Danilo Kuhn da Silva242

Palavras-chave: Memória. Identidade. Pomeranos. Contos. Oralidade. Narrativas.

Introdução

Este trabalho versa sobre a memória e a cultura pomerana expressas no conto Dái zuóvan

kláina séicha, versão do conto O lobo e as crianças (AT 0123) coletada no interior de São

Lourenço do Sul/RS. Inspirado no indiciarismo de Robert Darnton, analiso a versão pomerana

em comparação ao conto original grimmniano, apontando para indícios da memória e da

cultura pomerana na região sul do Rio Grande do Sul cristalizadas em seu (re)contar. Este

conto é parte do acervo recolhido pelo Projeto Pomerando, o qual desenvolvo na escola

Germano Hübner desde 2010 e que visa incentivar a escrita da língua pomerana, partindo de

uma padronização simplificada da escrita, haja vista que se trata de uma língua ágrafa, bem

como registrar músicas, brincadeiras e contos pomeranos junto à comunidade escolar, a fim

de preservar a cultura local, baseada na oralidade. Os resultados destes primeiros dois anos de

trabalho foram registrados em um livro, intitulado Projeto Pomerando: Língua Pomerana na

escola Germano Hübner (SILVA, 2012), o que se intenciona fazer periodicamente.

Metodologia e resultados

Através da aluna Talia Heller Rebeihn, aluna do 6º Ano da Escola Municipal de Ensino

Fundamental Germano Hübner, onde se desenvolve o Projeto Pomerando, foi recolhido em 16

de abril de 2013, por meio de entrevista com sua avó paterna, Alida Conrad Rebeihn, o conto

Dái zuóvan kláina séicha (Os sete cabritinhos), versão pomerana do conto grimmniano “O lobo

e as crianças” (AT 0123)243, um dos mais populares na Alemanha (DARNTON, 1986, p. 24).

As transcrições do conto em pomerano apresentadas no decorrer do trabalho, tanto do relato

oral quanto de uma versão escrita, estão de acordo com a padronização simplificada da escrita

proposta no livro Projeto Pomerando: língua pomerana na escola Germano Hübner (SILVA,

2012, p. 17-19).

Através do indiciarismo apreendido do livro O grande massacre de gatos e outros episódios da

história francesa, de Robert Darnton (1986), procura-se no (re)conto pomerano indícios de sua

cultura, de sua visão de mundo, comparando-o com o original grimminiano, com a versão

escrita pomerana feita pela neta da entrevistada, e de outras versões encontradas em livros

infantis, bem como realizando uma contextualização cultural a partir de estudos etnográficos

pomeranos.

Conclusões

242 Graduado em Licenciatura em Artes – Habilitação em Música (UFPel/2004), mestre em Teoria e

Criação - Composição Musical (UFPR/2010), [email protected].

243 De acordo com o esquema de classificação padrão elaborado por Antti Aarne e Stith Thompson

(1961).

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Entendendo os contos populares como documentos históricos que sofrem diferentes

transformações em diferentes tradições culturais (DARNTON, 1986, p. 26), e que os

mesmos são a arte de narrar histórias e o contexto no qual isto ocorre (ibid., p. 29),

abre-se a brecha para analisar o (re)conto pomerano e apreender dele elementos

culturais específicos a partir da comparação e da contextualização. Dentre outros

elementos pomeranos encontrados em Dái zuóvan kláina séicha, podem-se ressaltar a

troca do “bosque” pelo “baile” como o local para onde os pais dos cabritinhos vão ao

ausentarem-se de casa, o que revela a relação cultural desta comunidade com os

bailes tradicionais (SALAMONI, 1995, p. 45); a enfatização do “lobo preto” como

elemento antagonista, remetendo à endogamia, i. e., à manutenção de relações com

indivíduos da mesma etnia (schuát, que significa “preto” em pomerano, também é um

termo utilizado pelos pomeranos para designar os brasileiros) (BAHIA, 2011, p. 187); a

utilização de um produto da colônia, a farinha, em vez de tinta branca, utilizada pelo

antagonista para enganar os cabritos ao mudar a cor de suas pernas de preto para

branco, evidenciando seu habitat camponês (ibid., p. 47); e ainda a referência ao

misticismo pomerano na dança ao redor da fonte após o afogamento do lobo, como

comemoração (BAHIA, 2011; THUM, 2009).

Portanto, através da análise dos indícios que a comparação entre as versões do conto

ofereceu, com a devida contextualização cultural, pode-se identificar os elementos pomeranos

característicos atrelados em seu (re)contar.

Referências

AARNE, Antti; THOMPSON, Stith. The Types of the Folktale. A Classification and Bibliography.

F.F. Communications, nº184, Helsinki, Academia Scientiarum Fennica, 1961.

BAHIA, Joana. O tiro da bruxa: identidade, magia e religião na imigração alemã / Joana Bahia.

Rio de Janeiro: Garamond, 2011.

DARNTON, Robert. O grande massacre de gatos, e outro episódios da história cultural

francesa; tradução de Sônia Coutinho. Rio de Janeiro: Graal, 1986.

SALAMONI, Giancarla (org.). Os pomeranos. Valores culturais da família de origem pomerana

no Rio Grande do Sul – Pelotas e São Lourenço do Sul. Pelotas: Universitária, 1995.

SILVA, Danilo Kuhn da. Projeto Pomerando: língua pomerana na Escola Germano Hübner. São

Lourenço do Sul: Danilo Kuhn da Silva, 2012.

THUM, Carmo. Educação, história e memória: silêncios e reinvenções pomeranas na Serra

dos Tapes. São Leopoldo, 2009. Tese de doutorado, Instituto de Ciências

Humanas/Universidade do Vale dos Sinos.

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A Memória como Patrimônio: o holocausto a partir da vivência dos povos bálticos

Maurício Signorini Dias244

Gabriela Rocha Rodrigues245

Palavras-chave: Patrimônio. Holocausto. Identidade. Testemunho.

Introdução

Este artigo tem como objetivo a análise da obra "A Vida em Tons de Cinza" de Ruta Sepetys,

escritora americana lituana que relata a história de seus ascendentes, sobreviventes de um

holocausto pouco conhecido. A autora resgata a memória dos remanescentes dos povos

Bálticos – Estônia, Letônia e Lituânia – que foram anexados pela União Soviética em 1941, e só

reconquistaram sua independência na década de 1990. Por meio da literatura-memorialística

da autora busca-se discutir a questão da identidade e as relações entre história e memória.

Metodologia e resultados

A pesquisa da autora Ruta Sepetys resgata um momento da história pouco conhecido. Stalin,

que buscava reformar a sociedade soviética, elabora um projeto econômico violento. Sua

subida ao poder definitivo, como secretário-geral, marcou o início de uma transformação

radical. Ele criou listas de pessoas que considerava anti-soviéticas, incluindo militares,

professores, advogados, empresários, médicos; e até mesmo padres e crianças foram presos

sem cometer crime algum. Em poucos anos a União Soviética mudara drasticamente pela

coletivização de terras e o rápido crescimento industrial. Fazendo uso da polícia secreta

soviética (NKVD), Stalin, com seu reinado de terror, foi responsável pela morte de mais de

vinte milhões de pessoas.

Para a realização deste artigo, além da obra de Ruta Sepetys, lançada no Brasil pela Editora

Arqueiro em 2011, buscou-se analisar os fatos ali relatados e os próprios testemunhos dos

sobreviventes encontrados em vídeos na internet, produzidos e cedidos pela Domedia

Productions. Buscou-se analisar a identidade dos povos bálticos através destes dados,

compará-los com sua história e memória a fim de resgatar a identidade do povo em questão.

Conclusões

Em sua obra, Ruta descreve os relatos dos sobreviventes e de forma precisa a história dos

povos bálticos, especialmente os que foram mandados para campos de concentração no

extremo norte, no Ártico. Com base no livro de Ruta busca-se analisar a identidade desses

244 Acadêmico do Curso de Letras - Português/Alemão da Universidade Federal de Pelotas (RS). Integrante

do Grupo de Pesquisa: Linguagem, narrativas e identidades no contexto de formação e de atuação de professores de línguas. Email: [email protected]

245 Mestre em Letras pela Universidade Federal de Pelotas (RS). Professora da Universidade Federal de

Pelotas. Integrante do Grupo de Pesquisa Estudos Comparados de Literatura, Cultura e História. Email:

[email protected]

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povos dentro da história deste holocausto. Em meados de 14 de junho de 1941 a polícia

secreta começa a reunir os nomes das famílias que estavam nas listas. Eles invadem suas

casas, obrigando-os a retirar-se sem praticamente levar quase nada, pois tudo agora pertencia

ao governo. As pessoas são levadas e colocadas em vagões de gado, segundo relato minucioso

da sobrevivente Irena Valaityte-Spakauskiene:

Dentro de um dos vagões de gado lotado de homens, alguém me chamou, e ele tirou sua aliança de casamento e passou para mim, por entre as grades. - Vocês vão precisar disso para se alimentar. Dê isso para sua mãe, para ter comida. E diga ao Romas que de agora em diante ele terá de tomar conta da família. Em seguida os soldados me agarraram e me arrastaram de volta para o outro vagão. Foi a última vez que vi meu pai (VALAITYTE-SPAKAUSKIENE in SEPETYS, 2013).

Mesmo sem nenhuma condição mínima de vida, essas pessoas guardaram suas identidades

presas junto de suas histórias. Sem nenhuma liberdade, os deportados foram escravizados e

mantidos como prisioneiros.

Enquanto muitos pesquisadores e estudiosos concentram suas pesquisas no holocausto

alemão, buscasse procurar a identidade e a memória de um povo esquecido, que ainda clama

sua justiça.

Referências

SARLO, Beatriz. Tempo passado: cultura da memória e guinada subjetiva. Tradução: Rosa

Freire d’Aguiar. São Paulo: Companhia das Letras; Belo Horizonte: UFMG, 2007.

SEPETYS, Ruta. A Vida Em tons de Cinza. 1ª edição. São Paulo: Editora Arqueiro, 2011.

SILVA, Tomaz Tadeu da Silva. Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais /

Tomaz Tadeu da Silva (org.). Stuart Hall, Kathryn Woodward. 9.ed.- Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.

CABRAL, Danilo. O que eram Gulags? Site Mundo Estranho, Editora Abril

Disponível em: http://mundoestranho.abril.com.br/materia/o-que-eram-os-gulags

Acesso: 20/09/2013

WIKIPÉDIA, wikipédia. Era Stálin (1927-1953). Disponível em:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Era_St%C3%A1lin_(1927-1953) Acesso data 20/09/2013

Vídeo. A vida em tons de cinza - Ruta Sepetys - 2013. Site Youtube.

Disponível: http://www.youtube.com/watch?v=e80hAM8bxWY Acesso: 15/09/2013

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Representações do Holocausto nos Quadrinhos

Felipe Radünz Krüger246

Palavras-chave: Representação. Quadrinhos. V for Vendetta

Introdução

Partimos do pressuposto de que a produção cultural sobre o Holocausto é centrada na figura

do judeu. Filmes, literatura, seriados, documentários e HQs247 retratam os horrores causados

pelo Terceiro Reich, na maioria das vezes, exclusivamente relacionados à comunidade judaica.

Obviamente, existem exceções, mas ainda defendemos que, a partir da década de 1960, com o

investimento na memória do Holocausto, as vítimas mais lembradas são os judeus. Mas e as

demais vítimas? Sabemos que o exército nazista também perseguiu e dizimou negros,

homossexuais, ciganos e adeptos de filosofias de esquerda. A esfera cultural não tem interesse

nas memórias desses indivíduos?

Primeiramente apresentaremos alguns exemplos de Graphic Novels248 com temáticas

relacionadas ao antissemitismo e ao holocausto, posteriormente faremos uma breve discussão

sobre a memória do holocausto e como ele é representado. Por fim, analisaremos como o

holocausto foi exposto na obra V for Vendetta.

Esta pesquisa, ligada ao Mestrado em História - PPGH/ UFPEL apresenta por objetivo investigar

a graphic novel V for Vendetta, de autoria de Alan Moore e David Lloyd, a partir de sua

narrativa imagética e textual, considerando os principais aspectos do passado e a forma como

o holocausto foi representado na mesma.

Metodologia e resultados

De acordo com Ankersmit, “the relevant secrets of the nature of historical writing can only be

discerned if we see the historical text as a representation of the past in much the same way

that the works of art is a representation of what it depicts” (ANKERSMIT, 2001, p. 80).249

246

Graduado em História licenciatura pela universidade Federal do Rio Grande, mestrando e bolsista

Capes do PPGH – Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal de Pelotas.

Orientado pela Profª Dra. Larissa Patron Chaves, [email protected].

247 Histórias em Quadrinhos.

248 Termo popularizado por Will Eisner, graphic novel (romance gráfico) é um livro que normalmente

conta uma longa história através de arte sequencial (ou História em Quadrinhos - HQ). Sua utilização se

faz necessária para diferenciar as narrativas mais longas e complexas dos Quadrinhos comerciais e

infantis. Sobre essas questões ver mais em EISNER, W. Quadrinhos e arte Seqüencial. 3 ed.. São Paulo.

Martins Fontes, 2001.

249 “os segredos relevantes da natureza da escrita histórica só podem ser discernidos se vislumbrarmos o

texto histórico como uma representação do passado, da mesma forma que as obras de arte. É uma

representação do que retrata-se” (Tradução do autor).

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Partindo desse apontamento, consideramos historiografia, arte e literatura como construções

de realidades, logo, o conceito de representação é a chave para compreendermos o objeto

que pretendemos estudar.

Nesse sentido, acreditamos que as narrativas gráficas que analisamos no decorrer da pesquisa

possam ser vistas como uma metaficções historiográficas. Segundo Linda Hutcheon:

A metaficção historiográfica refuta os métodos naturais, ou de senso comum, para distinguir entre o fato histórico e a ficção. Ela recusa a visão de que apenas a história tem a pretensão à verdade, por meio de afirmação de que tanto a história como a ficção são discurso, construtos humanos, sistemas de significação, e é a partir dessa identidade que as duas obtém sua principal pretensão à verdade. Esse tipo de ficção pós-moderna também recusa a relegação do passado extratextual ao domínio da historiografia em nome da autonomia da arte (HUTCHEON, 1991, p. 127).

Para tanto, partimos de uma análise de conteúdo, proposta na obra “Análise de Conteúdo”, de

Laurence Bardin (1977). Com o auxílio desse método, foi possível elucidar uma série de

características que o leitor casual de das obras acaba deixando de perceber, encontrando

aspectos do contexto histórico e cultural.

Conclusões

Portanto, acreditamos que o discurso vinculado em V for Vendeta diferencia-se no sentido de

que, enquanto nas outras produções a figura central dos massacres seja a comunidade judaica

e os horrores cometidos contra a mesma, em V for Vendetta os autores se esforçam para

apresentar os perigos que outras minorias étnicas e raciais – negros, homossexuais e ciganos –

estavam sujeitos na Inglaterra, cada vez mais conservadora, de Margareth Thatcher(1979-

1990). Além disso, acreditamos que o conceito de metaficções historiográficas pode levar a

novas reflexões sobre o estatuto de fonte história e as formas de construção do passado na

historiográfia.

Referências

ANKERSMITH, F. R. Historical Representation. Stanford University Press. Stanford, California.

2001.

BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. Tradução de Luís Antero Reto e Augusto Pinheiro.

Edições 70, 1977.

BOOKER, M. KEITH(org.) Encyclopedia of Comic Books and Graphic Novels Vol. 01.

Greenwood. 2010. p. 285)

EISNER, Will.Quadrinhos e Arte Sequencial, Martins Fontes, São Paulo. 2001.

KELLER, J. V for Vendetta as Cultural Pastiche: A Critical Study of the Graphic Novel and Film.

McFarland & Company. 2008.

MOORE, Alan; LLOYD, David. V de Vingança. Panini Comics, Edição Especial, 2006.

_____________________. V for Vendetta (I - X). DC Comics, 1988.

HUTCHEON, LINDA. A Poética do Pós-modernismo. Imago Editora. Rio de Janeiro, 1991.

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A Memória do Lugar e o Estabelecimento da Ordem: Fundamentos Comuns para a Afirmação das

Desigualdades

André Jacques Martins Monteiro250

Palavras-chave: Violência. Processo Civilizador. Memória. Desigualdade.

Introdução

O presente estudo apresenta uma reflexão sobre determinados aspectos relativos à formação

da imagem das cidades fundamentadas em sua memória. A intenção é destacar a violência

inerente à imposição de um modelo civilizatório à diversidade de sujeitos que compõem uma

sociedade em formação, que é naturalizada pelas estratégias, ideais e valores que permeiam a

maneira como foram constituídas as narrativas sobre seu passado, amenizando o próprio

sentido de violência destas dinâmicas. Tais processos permeiam os aspectos materiais e

imaterias das memórias, seja na significação dos espaços ou dos modos de vida que fomentam

sentimentos de pertencimento e referenciais identitários.

Para a elaboração desta análise buscou-se dialogar principalmente com reflexões propostas

pelo filósofo Nietzsche e pelo sociólogo Norbert Elias, além de destacar como objeto de estudo

o município de Vassouras. Localizado no Vale do Paraíba fluminense no Estado do Rio de

Janeiro, o seu centro urbano é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico

Nacional (IPHAN). As narrativas de memórias que predominam na constituição da imagem

desta cidade reportam ao período de ocupação e desenvolvimento da economia cafeeira em

meados do século XIX, quando o contingente de indivíduos negros e escravizados era superior

à elite predominantemente branca de capitalistas e senhores de terras.

Esta proposta de estudo compõe etapa da elaboração da tese de doutorado intitulada “Um

Passado em Sombras: Memórias Subterrâneas Através de Registros Criminais”. Em linhas

gerais, a pesquisa destaca em registros criminais do século XIX o que os aspectos configurados

como memórias revelam sobre a sociedade de Vassouras neste período.

Metodologia

A metodologia aplicada nesta etapa do estudo é constituída pela análise de duas fontes

primárias referentes ao contexto da cidade de Vassouras em meados do século XIX. A

primeira, intitulada “Memória sobre a Fundação de huma Fazenda na Província do Rio de

Janeiro”, foi um manual que abordava a estrutura e funcionamento de uma fazenda cafeeira,

elaborado pelo Barão de Paty do Alferes, grande proprietário de terras da referida cidade,

destinado inicialmente ao seu filho que retornaria da Europa para assumir uma fazenda. A

segunda fonte primária são as “Instruções para a Comissão Permanente nomeada pelos

fazendeiros do Município de Vassouras”. Sinteticamente, este documento foi elaborado por

membros eleitos da elite local para prescrever aos senhores de terras medidas para conter as

rebeliões de escravos.

250

Graduado em História, doutorando no Programa de Pós-Graduação em Memória Social da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro-UNIRIO, na Linha de Memória, Criação e Subjetividade. E-mail: [email protected].

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São utilizados também trabalhos que abordam três instâncias imbricadas das narrativas do

passado de Vassouras: obras produzidas pelos memorialistas; estudos desenvolvidos pelos

profissionais vinculados ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e

pesquisas de historiadores que se dedicaram ao contexto desta localidade.

Conclusões

São duas as principais considerações apontadas neste estudo. A primeira destaca aspectos da

forma como a imposição de um processo civilizador inculca valores comuns através da

violência, possibilitando que se institua a manutenção de uma dinâmica social fundamentada

na desigualdade. A segunda é uma reflexão sobre um possível processo de ressignificação

desta violência nos vestígios e narrativas de memórias que constituem a apropriação

atualizada da imagem do lugar.

Referências

ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval Muniz de. História: a arte de inventar o passado. Bauru-SP:

Edusc, 2007.

BARRENECHEA, Miguel Angel de. O aristocrata nietzsniano: para além da dicotomia entre a

civilização/barbárie. In: LINS, Daniel; PELBART, Peter Pál (Orgs.). Nietzsche e Deleuze –

Bárbaros e Civilizados. São Paulo: Annablume, 2004.

______. Nietzsche e a genealogia da memória social. In: O que é memória social? GONDAR, Jô.

DODEBEI, Vera. (Orgs.). Rio de Janeiro: Contra Capa; Programa de Pós-Graduação em Memória

Social da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, 2005.

CHARTIER, Roger. “Formação Social e Economia Psíquica: a Sociedade de Corte no Processo

Civilizador”. In: ELIAS, Norbert. A Sociedade de Corte. Trad. Pedro Süssekind. Rio de Janeiro:

Jorge Zahar ed., 2001.

ELIAS, Norbert. Introdução à Sociologia. Lisboa: Edições 70, 1970.

______. A Sociedade dos Indivíduos. Trad. Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Jorge Zahar ed., 1994.

______. A Sociedade de Corte. Trad. Pedro Süssekind. Rio de Janeiro: Jorge Zahar ed., 2001.

MUNIZ, Célia Maria Loureiro. Os donos da terra: um estudo sobre a estrutura fundiária do

Vale do Paraíba Fluminense no século XIX. 1979. Dissertação (Mestrado) – Instituto de Ciências

Humanas e Filosofia, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 1979.

______. Riqueza fugaz: trajetórias e estratégias de famílias de proprietários de terras de

Vassouras – 1820-1890. Tese (Doutorado) – Instituto de Filosofia e Ciências Sociais,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2005.

POLLAK, Michael. Memória, esquecimento, silêncio. Revista Estudos Históricos, Rio de Janeiro,

v. 2, n. 3, p. 3-15, 1989. Disponível em:

<http://virtualbib.fgv.br/ojs/index.php/reh/article/viewArticle/2278>. Acesso em: 10 out.

2010.

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______. Memória e identidade. Revista Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 5, n. 10, p. 200-

212, 1992. Disponível em:

<http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/reh/article/view/1941/1080>. Acesso em: 28

abr. 2010.

ROCHA, Isabel. Arquitetura rural do médio Vale do Paraíba Fluminense no séc. XIX. In: Revista

Gávea. Rio de Janeiro: PUC-RJ, n. 1, 1984.

SANTOS, Afonso Carlos Marques dos. A invenção do Brasil: Uma questão nacional? In: A

invenção do Brasil: ensaios de história e cultura. Rio de Janeiro: editora UFRJ, 2007.

SILVA, Sérgio Luiz Pereira da. Sociedade da diferença: formações identitárias, esfera pública na

sociedade global. Rio de Janeiro: Mauad X; FAPERJ, 2009.

TAUNAY, Affonso de E. História do Café no Brasil: 1822-1872. Vol. 7. Tomo 5º. Rio de Janeiro:

Departamento Nacional do Café, 1939.

Fontes Primárias:

Instruções para a Comissão Permanente nomeada pelos fazendeiros do Município de

Vassouras. In: BRAGA, Greenhalgh H. Faria [compilação]. Vassouras: História, Fatos e Gente.

Rio de Janeiro: Ultra-sed Ed.,1978.

WERNECK, Luiz Peixoto de Lacerda. Memória sobre a fundação de huma fazenda na Província

do Rio de Janeiro. In: BRAGA, Greenhalgh H. Faria [compilação]. Vassouras: História, Fatos e

Gente. Rio de Janeiro: Ultra-sed Ed.,1978.

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A memória do esquecimento: a reinvenção do passado em Goiás no início da década de 1990

Rildo Bento de Souza251

Palavras-chave: Goiás. Esquecimento. Memória. Césio-137. Tocantins. Identidade.

Introdução

O objetivo desse trabalho é analisar, a partir da revista Goianidade, publicada pela Associação

Goiana de Imprensa, em 1992, a reinvenção do passado de Goiás, a partir de esquecimentos

voluntários, como por exemplo, o acidente com Césio-137, em 1987 e a separação do

território que deu origem ao Estado do Tocantins, em 1988. O início da década de 1990 é,

portanto, um período conturbado da história goiana. A revista Goianidade, por sua vez, visava

contribuir para despertar um sentimento de identidade e valorização do passado e das

tradições locais. O tema dessa pesquisa surgiu em nosso estudo de doutoramento que

estamos realizando sobre a construção mítica de Pedro Ludovico Teixeira, fundador da cidade

de Goiânia, capital do Estado. Ao analisar o discurso da referida revista em relação a este

personagem, percebemos uma clara intenção em construir um sentido histórico para o próprio

Estado, embasado num discurso jornalístico.

Metodologia e resultados

A partir dos estudos de RICOEUR (2007); HALBWACHS (1990); POLLAK (1989) e SARLO (2007)

procuramos evidenciar a construção, dentro do discurso da revista Goianidade, de um discurso

positivo em relação ao Estado e, principalmente, sua capital Goiânia. O processo de

esquecimento voluntário e as zonas de sombra no passado gerados por esse discurso visavam

despertar o orgulho de ser goiano, abalado com os eventos traumáticos no final da década de

1980.

Conclusões

Os dois fatos históricos que estigmatizaram o povo goiano: o acidente com o césio-137 em

setembro de 1987, e a divisão do território dando origem ao Estado do Tocantins, por

intermédio da Constituição de 1988, que veio a se concretizar no ano seguinte, contribuiu para

abalar o sentimento de pertencimento e orgulho em relação ao Estado. A revista Goianidade,

de forma intencional (é o que defendemos) visava resgatar esse orgulho ferido por meio da

reconstrução do passado do Estado, forjado a partir de uma memória oficial e de

esquecimentos voluntários

Referências

BERTRAN, Paulo. “A memória consútil e a Goianidade”. In: Ciências Humanas em Revista, v.5,

nº.1. Goiânia: Editora da UFG, 1994.

CAPELATO, Maria Helena Rolim. Imprensa e História do Brasil. São Paulo: Contexto/EDUSP,

1988.

251

Doutorando em História/UFG. Professor Assistente do curso de Museologia da Faculdade de Ciências

Sociais da Universidade Federal de Goiás. E-mail: [email protected].

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CHAUL, Nars Fayad. Caminhos de Goiás: da construção da decadência aos limites da

modernidade. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1995 (Dissertação de doutorado em

História – mimeo).

HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1990.

HALL, Stuart. A Identidade Cultural na Pós-Modernidade. Trad: Tomaz Tadeu da Silva e Guacira

Lopes Louro. 6 ed. Rio de Janeiro: DP&A editora, 2001.

OLIVEIRA, Eliézer Cardoso de. Imagens e Mudança Cultural em Goiânia. Goiânia: Universidade

Federal de Goiás, 1999 (Dissertação de mestrado em História – mimeo).

POLLAK, Michael. “Memória, esquecimento, silêncio”. In: Estudos Históricos, Rio de Janeiro,

vol. 2, n. 3, 1989.

RICOEUR, Paul. A memória, a história, o esquecimento. Campinas, SP: Editora da Unicamp,

2007.

SARLO, Beatriz. Tempo Passado: cultura da memória e guinada subjetiva. São Paulo:

Companhia das Letras; Belo Horizonte: UFMG, 2007

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Compulsão à Identidade: Memória e Esquecimento

Giovane Rodrigues Jardim252

Palavras-chave: Elaboração do Passado. Theodor Adorno. Dialética Negativa. Filosofia Política.

Introdução

A sociedade estabelecida se preocupa com o futuro. Seu passado ainda continua vigente em

sua memória planejada e em seu esquecimento traumático. Entre o passado e o futuro, o

presente da humanidade é uma incerteza, um emblemático problema político. Para Theodor

W. Adorno (1903-1069), a compreensão do passado é fundamental para que ele seja

encerrado, dando lugar para o comprometimento entres os seres humanos. O presente é

negligenciado, pois, sua situação contraria as promessas do passado não realizadas, bem

como, desmascara que os meios empregados não conduzem ao futuro antevisto. Nesse

sentido, para Adorno a memória e o esquecimento podem ser mecanismos de administração

social, de continuum progresso da sociedade repressiva, e isso a partir de uma “compulsão à

identidade” na qual sem distinguir-se do “todo social” os seres humanos se identificam.

A elaboração do passado apaga da memória o que o passado significa para o presente e suas

consequências futuras. Assim, a elaboração nos termos de uma “semi-formação” é o

aplainamento do significado das experiências subjetivas, das particularidades de cada ser

humano, dando lugar a uma versão oficial que passa a ser critério de entendimento. Adorno

discute esta questão a partir do pós-Nazismo e do projeto de reconstrução alemã. O

esquecimento produzido em nome de amenizar o “sofrimento do lembrar” implica na não

proteção dos novos seres frente aos efeitos do que passou, e nesses termos, é a possibilidade

para que ele volte a acontecer. Ao contrário, a compreensão é a possibilidade de evitar que ele

se repita; Adorno tem presente que não se pode mudar o passado, mas é possível a partir da

reflexão evitar que ele continue existindo. Assim, tanto a memória como o pensamento se

tornam condições de possibilidade para a sociedade futura, pois, quando a humanidade não se

aliena da memória não se esgota na adaptação ao existente, e pode refletir sobre suas ações

para além da realidade estabelecida, fazendo do presente o exercício de sua liberdade política.

Metodologia e resultados

A presente investigação objetiva dar as linhas gerais da compreensão política de memória e

esquecimento na acepção do texto de Adorno intitulado O que significa elaborar o passado?

Nesta pesquisa bibliográfica, os conceitos são abordados a partir do método dialético negativo,

e em complemento, procedimentalmente dos métodos monográfico e comparativo. A partir

deste delineamento é possível compreender o significado da crítica de Adorno a memória e ao

esquecimento enquanto veículos para o continuum progresso de uma sociedade repressiva. A

memória e o esquecimento possuem consequências políticas, e por isso torna-se relevante

pensa-las filosoficamente, pois, o que os seres humanos lembram, ou o que eles esquecem,

252 Mestre em Ética e Filosofia Política pelo Instituto de Filosofia, Sociologia e Política da UFPEL;

Especialista em Mídias na Educação pela UAB/UFPel; Bacharel e Licenciado em Filosofia pelo Instituto

Superior de Filosofia da UCPEL; [email protected]

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denunciam ou justificam o presente mesmo que este se encontre ofuscado pela fixação com o

futuro.

Conclusões

Pensar o futuro bem poderia ser uma preocupação com o mundo que se deixará para as

futuras gerações, mas não o é somente. Na sociedade administrada, a preocupação com o

futuro também é um desvio do enfrentamento de questões presentes, da repressão

desnecessária do humano, enfim, de uma sociedade que não compensa aos seres humanos os

sacrifícios infringidos para a sua realização. Nesse horizonte, a crítica de Adorno a elaboração

do passado enquanto projeto de mantê-lo é profícua, e possibilita a compreensão de nossa

situação histórica, por exemplo, na necessidade brasileira de superar em sua história o que

significou a repressão militar, a ditadura, etc. Adorno referia-se a reconstrução da Alemanha

no pós-Nazismo, mas sua assertiva sobre a memória e o esquecimento aponta para um

fenômeno mais amplo da sociedade de massas, ou seja, a uma lembrança compartilhada que é

planejada, bem como, do esquecimento enquanto uma catarse social. A memória

estereotipada e seu consequente esquecimento possuem consequências políticas, dentre elas,

a impossibilidade de sua compreensão, e isso implica em uma semiformação do humano, pois,

progressivamente são aplainadas as suas experiências subjetivas, dando lugar a sua identidade

com o todo. Não mais sendo capaz de se reconhecer, somente neste “todo” o individuo se

identifica, sendo a sua memória e o seu esquecimento uma “compulsão à identidade”.

Referências

ADORNO, Theodor. W. Mínima Moralia. Lisboa: Edições 70, 1951.

_____. Dialética Negativa. Rio de Janeiro: Jorge Zohar, 2009.

_____. Educação e Emancipação. São Paulo: Paz e Terra, 2010.

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Um testemunho do cárcere: o caso Sobrevivente André Du Rap (do massacre do Carandiru)

Isadora Nuñez de Mattos253

Aulus Mandagará-Martins ²

Palavras-chave: Literatura de cárcere. Literatura de testemunho. Testimonio. André Du Rap.

Massacre do Carandiru.

Introdução

O trabalho apresenta os resultados da pesquisa desenvolvida no projeto “Literatura de

cárcere: o testemunho político-histórico e a escrita de si” sob a orientação do professor Dr.

Aulus Mandagará Martins durante a vigência da bolsa PIBIC - CNPq: de setembro de 2012 a

julho de 2013.

O trabalho visou analisar a nova (e ainda não tão discutida) literatura de cárcere brasileira

através do livro Sobrevivente André Du Rap (do massacre do Carandiru) (2002) ³ de autoria do

ex- detento José André e do jornalista Bruno Zeni. Essa nova literatura quebra o paradigma de

representação da experiência do preso político ao trazer à tona a experiência do preso

comum. O principal objetivo da pesquisa foi analisar a aparente familiaridade entre o livro

escolhido em questão e a literatura de testimonio produzida na América Latina durante a

segunda metade do século XX. A familiaridade se dá principalmente devido ao fato de que a

obra estudada apresenta uma autoria híbrida, na qual uma testemunha oral dá seu

depoimento a um “narrador de ofício”. Sendo assim, o trabalho verificou essa familiaridade

analisando e comparando as estratégias discursivas e os pressupostos ideológicos presentes

em SAR e nas obras representativas do testimonio latino americano.

Como referências para a análise do contexto da nova literatura de cárcere brasileira foram

utilizados os trabalhos de: BEVERLEY (1987), GINZBURG (2008), LEITE (2006), MANDAGARÁ

MARTINS (2013), PALMEIRA (2006) e (2011) e SELIGMANN-SILVA (2003) e (2006). No tocante à

literatura de testimonio, as principais referências são: MARCO (2004), RANDALL (1992),

SANCHEZ (s/d), SKLODOWSKA(1993) e YÚDICE (1992).

Metodologia e resultados

Foi realizada, além de uma revisão da fortuna crítica da obra SAR, uma revisão teórica e crítica

sobre o conceito de Literatura de testemunho e suas duas principais correntes: a da Shoah

(testemunhos produzidos a partir da sobrevivência ao Holocausto) e o testimonio latino

americano. Na realização desta pesquisa bibliográfica foram utilizados os procedimentos de

leitura, resumo e fichamento, além de uma análise detalhada da obra, incluindo sua estrutura

e pressupostos ideológicos.

253 Graduanda em Letras Português Espanhol e Respectivas Literaturas. Universidade Federal de Pelotas,

[email protected]

² Professor Doutor. Universidade Federal de Pelotas, [email protected]

³ Doravante SAR

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Como resultados, foi possível constatar que a literatura de testimonio era fortemente marcada

por um pressuposto ideológico politicamente motivado. Isto é, um narrador de ofício – muitas

vezes jornalista ou etnólogo - teria o compromisso de fazer vir à tona, através do depoimento

de uma testemunha muitas vezes ágrafa, a identidade de um grupo socialmente subalterno e

subjugado pela força estatal. O trabalho desse narrador ou “gestor” consistiria em apagar-se

do relato ou fundir sua identidade com a da testemunha e transcrever seu discurso da maneira

mais fiel possível. O que claramente é um pressuposto problemático, já que inevitavelmente o

gestor interferirá de alguma maneira buscando a inserção do relato nos circuitos culturais.

Aparentemente, Bruno Zeni atua como esse gestor do testimonio ao manter o caráter oral dos

depoimentos de André. Entretanto, ao mesmo tempo em que faz isso, o jornalista admite no

prólogo do livro ter escolhido trechos, suprimido perguntas orientadoras das entrevistas e

alterado a ordem de alguns episódios como quando desloca para o início do livro o relato do

massacre ocorrido em outubro de 1992, além de escrever um artigo acadêmico ao final do

livro.

Conclusões

Conclui-se que os objetivos de análise das estratégias discursivas e dos pressupostos teóricos

tanto do testimonio quanto da obra SAR foram atingidos. Da comparação entre eles, foi

possível constatar que, apesar de utilizar a estratégia discursiva da manutenção do caráter oral

da narrativa de André, Bruno não age exatamente como se esperava de um gestor clássico. Ao

deixar marcado o discurso de André e marcar o seu através do artigo, Bruno resolve a

problemática de impossibilidade de fusão de identidades. Ao declarar que manipulou a

matéria do testemunho, o jornalista deixa margem para que se perceba que o objetivo não é

fazer emergir a identidade de um grupo subalterno, mas sim evocar a memória coletiva do

massacre e, mimetizar na estrutura fragmentada do livro, a estrutura do testemunho prenhe

de trauma que André apresenta.

Referências

BEVERLEY, John. Anatomía del testimonio. Revista de Crítica Literaria Latinoamericana. [s.l.],

Ano 13, Nº 25. 1987, p. 7-16. http://www.jstor.org/stable/4530303 Acesso em: 30/11/2012.

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GINZBURG, Jaime. Linguagem e trauma na escrita do testemunho. Conexão Letras, Porto

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LEITE, Carla Sena. Vozes do Carandiru: estudo comparativo de quatros narrativas do massacre.

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MARCO, Valeria de. A literatura de testemunho e a violência de estado.[s.l.] Lua Nova. Nº 62.

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RANDALL, Margaret. ¿Qué es y cómo se hace un testimonio? Revista de Crítica Literaria

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SELIGMANN-SILVA, Márcio. Novos escritos dos cárceres: uma análise de caso. Luiz Alberto

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http://www.jstor.org/stable/4530675 > Acesso em: 30/11/2012

YÚDICE, George. Testimonio y concientización. Revista de Crítica Literaria Latinoamericana.

[s.l.], Ano 18, Nº 36, La voz del Outro: Testimonio, Subalternidad y Verdad Narrativa. 1992,

p.211-232. < http://www.jstor.org/stable/4530631>. Acesso em: 30/11/2012.

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Descendência Indígena na Colônia Z-3 – Pelotas, RS

Letícia Nörnberg Maciel 254

Lidorine Gama Crispa255

Palavras-chave: Memória. Narrativa. Colônia Z-3. Dualismo. Descendência. Indígena.

Introdução

O presente trabalho foi inicialmente desenvolvido na disciplina de Etnologia Ameríndia do

curso de Bacharelado em Antropologia no ano de 2010 e retomado no corrente ano. Trata-se

de uma etnografia que teve seu foco nas narrativas apresentada pelo senhor Estale de Souza,

descendente indígena, pescador e morador da Colônia Z3 da cidade de Pelotas-RS. Durante o

desenvolvimento da mesma, foi analisada a construção da identidade a partir do discurso do

indivíduo, o qual partia do presente momento e ia em direção a sua infância no distrito de

Povo Novo-RS, de forma que a sua descendência indígena era utilizada para legitimar ações no

presente, tal como o manejo da horta e os cuidados com o seu jardim.

Durante a narrativa, Estale descreve a localidade em que morava em Povo Novo onde as casas

seriam organizadas de forma circular, sendo a estrada a divisória entre as duas metades desta

organização. De um lado moravam os Souza, descendentes indígenas de acordo com este

senhor e, do outro, os que não eram descendentes. Desta forma, baseando-nos nesta

descrição, utilizamos como principal referência o trabalho do antropólogo Claude Levi-Strauss

sobre organizações dualistas, apresentado no texto “As organizações duaslistas existem?”

presente no livro Antropologia Estrutural, o qual apresenta o dualismo como constituído por

duas metades opostas e não necessariamente simétricas, mas divididas territorialmente (LEVI-

STRAUSS, 1996).

O trabalho justifica-se, portanto, na análise dos usos do passado na construção do presente,

ou seja, a memória oral serviria como base para legitimar valores e hábitos atuais do indivíduo.

Metodologia e resultados

Nesta etapa, de fundamental importância para o resultado final da pesquisa, utilizou-se da

investigação qualitativa, uma vez que a mesma consiste essencialmente em estudar e interagir

com as pessoas em seu terreno, através da sua linguagem, sem recorrer a um distanciamento

que levaria ao emprego de formas simbólicas e estranhas a seu meio. Contudo, durante a

análise do material resultante do campo, utilizamo-nos do modelo interpretativista de

etnografia proposto por Frederick Erickson, no qual a investigação incidirá no modo como os

atores sociais desenvolvem e mantém as suas relações entre comportamento e sistemas de

significados (Lessard-Hébert et al, 2008, p.39-41).

Para a compreensão da construção de identidade do senhor Estale de Souza, baseamo-nos em

Geertz quando ele afirma que a noção de pessoa é explicada por um modelo em espiral,

254

Acadêmica do curso de Bacharelado em Antropologia/Arqueologia, UFPel, [email protected]

255 Acadêmica do curso de Bacharelado em Antropologia/Arqueologia, UFPel, [email protected]

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também chamado de “circulo hermenêutico” por Dilthey, onde utiliza-se da visão da

totalidade através das várias partes que a compõem para compreender a visão das várias

partes da totalidade que são a causa de sua existência, e vice-versa (Geertz, 1997, p.105).

Buscamos compreender como é a maneira de viver do indivíduo de forma geral e quais seriam

os veículos através dos quais esta forma de viver se manifesta.

Além disso, em campo, os materiais utilizados foram gravadores e câmeras fotográficas.

Conclusões

Os resultados alcançados até o momento reforçam as hipóteses iniciais, primeiro sobre os usos

da memória para legitimar o presente e, segundo, sobre a herança indígena no distrito de

Povo Novo – embora este não tenha sido o foco principal quando iniciamos o trabalho com o

senhor Estale. Desta forma, sua narrativa também contribui para a construção da memória

oral do distrito citado, contudo faz-se importante mencionar que não nos deslocamos até Povo

Novo, baseamo-nos apenas na narrativa de Estale e levantamentos arqueológicos e históricos

da localidade.

Tratamos aqui dos levantamentos e resultados alcançados até o presente momento, porém a

pesquisa segue em andamento.

Referências

CARLE, M. B. Investigação Arqueológica em Rio Grande: Uma proposta da ocupação Guarani

pré-histórica no Rio Grande do Sul. 2002. Dissertação (Mestrado em História) - Programa de

Pós-Graduação em História, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto

Alegre.

DURKHEIM, E. Representações individuais e representações coletivas. In: Sociologia e filosofia.

São Paulo: Editora Ícone, 2004, p. 9-43.

GOFFMAN, Erving. Estigma e Identidade Social. In: Estigma: Notas sobre a manipulação da

identidade deteriorada. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1982, p.11-50.

GEERTZ, Clifford. “Do ponto de vista do nativo”: A natureza do entendimento antropológicos.

In: O saber local. Petrópolis: Vozes, 1997, p.85-107.

LEMOS, Maria T. T. B.; MORAES, Nilson A. Subjetividade, Alteridade e Memória Social em Ruth

Landes. In: Memória, Identidade e Representação. Rio de Janeiro: Editora 7letras, 2000, p. 40-

58.

LESSARD-HÉBERT, M. et al. Questões de paradigmas e de linguagens. In: Investigação

Qualitativa: fundamentos e práticas. Lisboa: Instituto Piaget, 2008, p. 31-62.

LEVI-STRAUSS, Claude. As Organizações Dualistas Existem? In: Antropologia Estrutural. Rio de

Janeiro: Tempo Brasileiro, 1996, p. 155-192.

TURANO, Maria R. Memória e Identidade nos Contos de Teixeira de Sousa (para uma

antropologia da literatura). In: Memória, identidade, sincretismo na Diáspora literária

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caboverdiana em Lisboa. Tese (Doutorado em Antropologia) – Unversidade de Lecce. Itália,

2000, p. 224-236.

VENSON, Anamaria M.; Pedro, Maria J. Memória como fonte de pesquisa em história e

antropóloga. História Oral, v.15, n. 2, p. 125-139, jul.-dez. 2012.

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A imigração judaica em Porto Alegre: Memória e Representação através do Pessach, Roshá Shaná e

Iom Kipur.

Daniela Feter¹

Palavras-chave: Imigração judaica. Identidade cultural. Manifestações culturais.

Introdução

O presente estudo teve como objetivo geral investigar com a cultura judaica, através de suas

festas, é mantida na atualidade em Porto Alegre. Ainda, como objetivo especifico, pretendeu i)

averiguar os motivos da imigração judaica para Porto Alegre a partir do principio do século XX,

formando o Bairro Bom Fim, ii) analisar a dificuldades de adaptação que os imigrantes tiveram

no decorrer do tempo na cidade de Porto Alegre e iii) verificar como a cultura, e a identidade

judaica, embasada nas três festividades, é percebida na atualidade em Porto Alegre. Esta

pesquisa se justifica por ser um modo de preservar a memória do povo judeu, através de uma

pesquisa cientifica. Para isso, buscou-se na literatura embasamento teórico sobre o assunto,

onde autores como Durkheim, Ecléa Bosi, Fredrik Barth, Jacques A. Wainder, Gladis Wiener

Blumenthal, entre outros. O estudo iniciou-se em março de 2008 e teve seu término em

dezembro do mesmo ano.

Metodologia

Esta pesquisa apresenta abordagem qualitativa privilegiando estudo de caso. Foram realizadas

analises documentais (certidões, fotos e mapas), material bibliográfico já existente e

entrevistas semiestruturadas com um líder espiritual em Porto Alegre.

Resultados

A pesquisa bibliográfica evidenciou uma gama de dados relevantes sobre a memoria judaica na

literatura estudada. Fatos sobre a história e geopolítica foram uteis na compreensão dos

movimentos imigratórios do povo judeu ao longo dos séculos. Além disso, identificou-se a

primeira colônia judaica no Estado do Rio Grande do Sul, localizada nas terras de Pinhal, no

município de Santa Maria, fundada em 1904. Descobriu-se ainda que, em busca de uma vida

mais estável, seja para os estudos como economicamente, as famílias judias deixaram as

colônias e se mudaram para a capital do Estado, Porto Alegre, onde se alojaram na Avenida

Bom Fim, localizada no Bairro Bom Fim, na década de 1920. Desde então, este se tornou um

local da cidade muito relevante para a cultura judaica, visto que nele estão localizadas as

principais instituições religiosas e culturais. Ainda, através de entrevista semiestruturada, foi

possível buscar informações sobre a liturgia, ou seja, processos que são realizados dentro da

cultura judaica, em datas festivas e importantes que compõem seu calendário, como o Rosh

Hashaná (ano novo judaico), Yom Kipur (Dia do Perdão) e o Pessach (A considerada a páscoa

judaica, por ser geralmente celebrado perto da Páscoa Cristã). Ainda, segunda a entrevista

cedida pelo guia espiritual, é importante o papel do jovem judeu, na tarefa da conservação e

manutenção da memória judaica para as próximas gerações, e isso deve ser feito com o

simples fato de ouvir os idosos, para que assim ocorra a transmissão do conhecimento e

memória da historia e cultura judaica.

Conclusão

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Em síntese, o estudo conclui, com base na pesquisa bibliográfica e na entrevista, que as

dificuldades encontradas pelos imigrantes judeus contribuíram para preservar a cultura e a

religião. Ainda, pode-se perceber que a religião judaica é mantida hoje pela prática religiosa

diária. Percebeu-se também que a festividades que aqui foram estudadas não se modificaram,

o que mudou foi a mensagem que elas passariam a transmitir.

Referências

BARTH, F. Grupos Étnicos e suas fronteiras. In: POUTIGNAT, P. Teorias da etnicidade. Seguido

de grupos étnicos e suas fronteiras de Fredrik Barth, Philippe Poutignat, Jocelyne Streiff-

Fenard. Tradução de Elcio Fernandes. São Paulo: UNESP, 1998.

BOSI, Ecleia. Memoria e Sociedade: Lembrança de Velhos. São Paulo, SP: Editora Companhia

das Letras, 1994.

BLUMENTAL, Gladis Wiener ( organizador). Em terras gaúchas – a história da imigração judaica

alemã. Porto Alegre, RS: Ed. Sociedade Israelita Brasileira de Cultura e Beneficência (SIBRA),

2001.

EIZIRIK, Moysés Aspectos da vida judaica no Rio Grande do Sul. Caxias do Sul, RS: Ed da

Universidade de Caxias do Sul, 1984.

EIZIRIK, Moysés. Imigrantes Judeus –Relatos, crônicas e perfil. Caxias do Sul, RS: Ed da

Universidade de Caxias do Sul, 1986.

GILL, Lorena Almeida. Clientelchiks: os judeus da preservação em Pelotas ( RS): 1920-1945.

Pelotas, RS: Ed. Universitária UFPEL, 2001.

GUTFREIND, Ieda. A imigração judaica no Rio Grande do Sul: Da memória para a história. São

Leopoldo, RS: Ed. UNISINOS, 2004.

WAINBERG, Jacques. A. Cem anos de amor: A imigração judaica no Rio Grande do Sul. Porto

Alegre, RS: Ed. Federação Israelita do Rio Grande do Sul, 2004.

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“A gente aprendeu brincando”: narrativas sobre o modo de fazer Jurupiga

Helissa Renata Gründemann256

Lorena Almeida Gill257

Palavras-chave: Jurupiga. Ilha dos Marinheiros. Patrimônio Imaterial. História Oral. Rio

Grande.

Introdução

Este trabalho é baseado nas pesquisas feitas para o projeto de mestrado “O modo de fazer

Jurupiga: Memória, identidade e patrimônio na Ilha dos Marinheiros (Rio Grande/RS)”. A

bebida é um patrimônio imaterial do município de Rio Grande e essa comunicação se baseia

na narrativa do produtor Hermes da Silva Dias. Para a apresentação desse trabalho se busca

compreender o impacto que a geração da lei, a qual registra a bebida como patrimônio

imaterial da cidade, teve na comunidade, a fim de continuar a contribuir para a salvaguarda

deste modo de fazer assim como para melhor compreender o caráter de referência cultural e

identitária da bebida para os ilhéus.

A Jurupiga é uma bebida feita a base de uva, sendo produzida na Ilha dos Marinheiros, 2º

distrito de Rio Grande. A bebida quase foi extinta, pois a família Dias em 2010 foi intimada

pelo Ministério da Agricultura, que exigia que a produção se enquadrasse nas normas de

produção de bebida alcoólica industrial, o que significaria a completa descaracterização do

modo de fazer e implicaria em uma carga tributária que acabaria os levando a falência.

Sabendo disto, a partir de um projeto de extensão258 onde as pesquisas revelaram o caráter de

referência cultural da bebida na Ilha, buscou-se junto à prefeitura uma lei que registrasse esta

produção artesanal como Patrimônio Cultural Imaterial do município de Rio Grande,

salvaguardando então esta produção que também é o sustento da família Dias. A lei

6.972/2010 foi concretizada alguns meses depois do primeiro contato com a prefeitura e a

família conseguiu seguir produzindo a bebida.

De forma geral, entende-se por Patrimônio Imaterial “as criações culturais de caráter dinâmico

e processual, fundadas na tradição e manifestadas por indivíduos ou grupos de indivíduos

como expressão de sua identidade cultural e social” (CAVALCANTI; FONSECA, 2008, p.12). Já o

conceito de Referência Cultural é básico para compreender o que é o Patrimônio Imaterial,

pois ele considera que o importante não é o objeto em si, mas sim o modo de fazê-lo,

interpretá-lo, vivenciá-lo; o significado atribuído a ele pelos sujeitos (FONSECA, s/d, p.112).

256

Graduada em História Bacharelado pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG), mestranda e

bolsista CAPES pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Pelotas

(UFPel), [email protected]

257 Doutorado em História pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS),

Professora na Universidade Federal de Pelotas (UFPel), [email protected]

258 Projeto de extensão “O modo de fazer jurupiga:inventario, registro e salvaguarda de uma produção

artesanal”, inserido no programa de extensão Comunidades-FURG (COMUF).

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Assim, também serão utilizados conceitos de memória e identidade, sendo entendido que

“memória e identidade estão indissoluvelmente ligadas” (CANDAU, 2012, p.9-10); e que “*...] a

memória é um fenômeno construído. Quando falo em construção, em nível individual, quero

dizer que os modos de construção podem tanto ser conscientes como inconscientes” (POLLAK,

1992, p.204).

Metodologia e resultados

A metodologia utilizada foi a da História Oral, entendida como “um processo de registro de

experiências que se organizam em projetos que visam formular um entendimento de

determinada situação destacada na vivência social” (HOLANDA&MEIHY, 2011, p.64). A

entrevista com Hermes, 46 anos, deu-se a partir de um roteiro básico com trinta e seis

questões. Hermes é um narrador experiente, pois já tem muita prática em conversar sobre a

jurupiga e explicar o modo de fazer para o público consumidor da bebida. A entrevista durou

cerca de cinqüenta minutos, com as perguntas versando, principalmente, sobre as nuances do

modo de fazer. O que se pode interpretar da entrevista é que o modo de fazer realmente não

possui uma “receita” fixa, sendo importante tratar das diferenças entre cada produtor; que

houve modificações nos materiais utilizados para a produção ao longo das décadas; e que a lei

colaborou tanto no sentido prático, de oferecer alguma segurança para os produtores, assim

como serviu para valorizar a produção, o que estimulou e fortaleceu a produção na Ilha.

Conclusões

Percebe-se pela narrativa de Hermes o caráter identitário que a bebida possui, a seu ver

enquanto referência cultural não só para a Ilha como para o município. A lei apenas

reconheceu e valorizou isto, incentivando os próprios riograndinos a também notarem e

valorizarem. Pode-se perceber que a identidade dos ilhéus, relacionada à jurupiga, também se

fortalece com a lei. Quanto maior for a aceitação e o reconhecimento da sociedade (seja a

Universidade, o poder público, ou o público consumidor), mais ela tem se fortalecido dentro

da Ilha.

Fontes Orais:

- Entrevista realizada pela autora com o senhor Hermes da Silva Dias, em 29/07/2013, no

galpão da casa da família Dias local onde a Jurupiga é produzida.

Referências

CANDAU, Joël. Memória e identidade. São Paulo: Contexto, 2012.

CAVALCANTI, Maria Laura Viveiros de Castro; FONSECA, Maria Cecília Londres. Patrimônio

imaterial no Brasil – Legislação e Políticas Estaduais. Brasília: UNESCO, Educarte, 2008.

FONSECA, Maria Cecília Londres. Referências Culturais: Base para novas políticas de

patrimônio. Disponível em:

http://www.ipea.gov.br/sites/000/2/publicacoes/bpsociais/bps_02/referencia.pdf. Acesso em:

15/08/2011.

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HOLANDA, Fabíola & MEIHY, José Carlos Sebe B. História Oral: como fazer, como pensar. São

Paulo: Contexto, 2011.

POLLAK, Michael. Memória e identidade social. In: Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol. 5, n.

10, p.200-215, 1992.

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O centenário da imigração alemã (1924) e suas representações em almanaques

Imgart Grützmann259

Palavras-chave: Comemorações. Representações identitárias. Centenário da imigração alemã.

Almanaques em língua alemã.

Introdução

No ano de 1924 transcorreu o centenário da imigração alemã no Rio Grande do Sul, o qual

ensejou comemorações e também publicações em língua alemã e portuguesa, entre as quais

se destacam: Hundert Jahre Deutschtum in Rio Grande do Sul (Cem anos de germanidade no

Rio Grande do Sul), organizado pelo padre jesuíta Theodor Amstad e publicado em 1924; A

colonização germânica no Rio Grande do Sul, de Ernesto Pellanda, editado em 1925. A

passagem do centenário também foi objeto de reflexão em jornais de língua alemã, entre eles

o Deutsche Post (Correio Alemão) de São Leopoldo e Neue Deutsche Zeitung (Nova Folha

Alemã) de Porto Alegre, por meio da edição de matérias específicas e/ou cadernos temáticos

alusivos à comemoração. O centenário ainda encontrou espaço em almanaques de língua

alemã editados no Brasil e na Argentina, demonstrando, assim, que o centenário era

representativo para editores deste tipo de impresso. Por meio da publicação de diversas

formas simbólicas (THOMPSON, 1999), os editores de almanaques veicularam representações

acerca dos imigrantes e de seus descendentes e do processo imigratório ao longo de cem anos

ao público leitor alvo destes periódicos.

No presente trabalho, pretende-se analisar algumas representações veiculadas pelos

almanaques acerca da imigração e colonização alemã no Brasil e averiguar as razões de seu

acionamento. Para tanto, serão analisadas as formas simbólicas relativas ao centenário

integrantes dos seguintes almanaques: Der Familienfreund. Katholischer Hauskalender und

Wegweiser für das Jahr…(O amigo das famílias. Almanaque católico para o lar e guia para o

ano...), Koseritz’ deutscher Volkskalender für Brasilien (Almanaque popular alemão do Koseritz

para o Brasil), Kalender für die Deutschen in Brasilien (Almanaque para os alemães no Brasil),

Kalender für die deutschen evangelischen Gemeinden in Brasilien (Almanaque para as

comunidades evangélicas alemã no Brasil), Uhle’s Kalender (Almanaque do Uhle), todos

editados no Brasil e Förster’s illustrierter Familien-Kalender für die Deutschen der La Plata-

Staaten (Almanaque familiar ilustrado do Förster para os alemães dos estados de La Plata).

Metodologia e resultados

259

Graduada em Letras – Licenciatura português-inglês/UCPel. Doutora em Letras/PUCRS com estágio-

sandwich (1993-1995) no Institut für Kulturantropologie und europäische Ethnologie da Johann

Wolfgang Goethe – Universität Frankfurt am Main. Estágio pós-doutoral (2004-2006) junto ao Programa

de Pós-Graduação em História da UNISINOS. Estágio pós-doutoral em andamento junto ao Programa de

Pós-Graduação em Letras da UFRGS. Professora-pesquisadora do Centro de Letras e Comunicação da

UFPel. E-mail: [email protected]

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Após o levantamento, leitura, fixação e classificação das formas simbólicas, entre elas

matérias, poemas, contos e histórias de vida, publicadas em cada almanaque efetuou-se a sua

análise a partir de pressupostos teórico-metodológicos da história cultural, especialmente a

questão das representações sociais. As representações, conforme salienta Roger Chartier

(1990, p.17), são construídas a partir de “classificações, divisões e delimitações que organizam

a apreensão do mundo social como categorias fundamentais de percepção e de apreciação do

real”, as quais, segundo evidencia Sandra Pesavento (2004, p.39) “não só se colocam no lugar

deste mundo, como fazem com que os homens percebam a realidade e pautem a sua

existência. São matrizes geradoras de condutas e práticas sociais, dotadas de força integradora

e coesiva, bem como explicativa do real.” Na análise das formas simbólicas levou-se também

em consideração a sua inserção na imprensa. Os almanaques eram meios de comunicação,

editados anualmente, com linhas editoriais bem definidas e pautados por intenções didático-

pedagógicas e moralizantes que, por sua vez, decorriam dos ideários a que esses periódicos

estavam vinculados. Questões que remetem à importância do meio de comunicação na

transmissão e na construção de sentidos, conforme salienta Roger Chartier (2002, p.71): “não

há texto fora do suporte que o dá a ler (ouvir) e que não há compreensão de um escrito, seja

qual for, que não dependa das formas nas quais ele chega ao seu leitor.” Por isso, o corpus em

análise nesta comunicação, bem como as representações nela veiculadas, foram analisadas em

seu suporte material, levando-se em consideração a filiação institucional e ideológica e os

propósitos norteadores destes impressos. Outro aspecto observado na análise refere-se ao

fato de que festas e comemorações não são apenas veículos de enquadramento (POLLAK,

1989) de determinadas memórias como forma de assegurar uma continuidade com o passado,

atuando como momentos de afirmação e reiteração de certas identidades, mas também um

momento de reapropriação do passado para uma projeção futura (SILVA, 2002).

Conclusões

Análise da formas simbólicas evidenciou que predominam representações positivas da

imigração centradas no trabalho desbravador do imigrante, de conotações míticas, na sua

fidelidade aos valores dos antepassados e aos marcadores identitários. Visam atuar como

forma de integração interna e diferenciação externa, especialmente no que tange à afirmação

da germanidade (Deutschtum) na década de 1920.

Referências

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GEBHARDT, Winfried. Feste, Feier und Alltag. Frankfurt am Main: Peter Lang, s.d.

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.

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Cartas ex-votivas: histórias de vidas, memórias social e comunicação

José Cláudio Alves de Oliveira260

Palavras-chave: Ex-votos. História de Vida. Memória Social. Discurso. Comunicação.

Introdução

O intuito do artigo é analisar alguns aspectos dos bilhetes e cartas ex-votivos, encontrados e

documentados em salas de milagres dos santuários do Brasil e México. O trabalho parte de

dados coletados dos Projetos Ex-votos do Brasil e Ex-votos das Américas, em andamento, que

objetivam identificar, catalogar e iconografar a rica tipologia dos ex-votos no Brasil e Américas.

Aqui, o recorte tem por objetivo falar das cartas e bilhetes ex-votivos como fontes para a

informação e a memória social, por serem ricas fontes para o estudo da história local, regional

e nacional, por tratarem, a partir de discursos, de fatos e acontecimentos, íntimos ou coletivos,

narrados por “pagadores de promessas”.

O ex-voto é um objeto colocado através da desobriga em salas de milagres de igrejas e

santuários católicos, em formas variadas de bilhetes, esculturas, quadros pictóricos,

fotografias, mechas de cabelo, CDs, DVDs, monóculos, enfim uma infinidade de objetos que

ficam no espaço denominado “de milagres”, e que também se podem ver em cruzeiros,

cemitérios e, quando coletados e classificados, em museus específicos.

Em um dicionário da língua portuguesa encontra-se a seguinte definição: “Quadro, imagem,

inscrição ou órgão de cera ou madeira etc., que se oferece e se expõe numa igreja ou numa

capela em comemoração a um voto ou promessa cumpridos”. (FERREIRA, Apud OLIVEIRA,

2012).

Metodologia e resultados

O artigo advém de pesquisa que se desenvolve através da observação sistemática, do estudo

tipológico, iconográfico (fotografias e gravuras) e analítico, a partir de pesquisa in locus nos

museus e salas de milagres do Brasil e México; utiliza também do estudo bibliográfico; da

digitalização, que são procedimentos que dão apoio às análises do discurso, da semiótica, da

iconografia e iconologia, assim sendo quando o objeto for escrito, imagético, industrializado

ou abstrato. Aqui, o recorte, buscando o campo metodológico, dar-se-á pelo viés discursivo,

quando se busca a análise das carta e bilhetes ex-votivos.

Conclusões

No curso do texto alguns exemplos que ilustrarão o potencial desse documento, media ou

simplesmente testemunho social, o bilhete ou carta ex-votiva, como no caso do ex-voto da Sra.

Antônia, em Canindé, Ceará, (Figura 1) que narra a sua história de vida sinteticamente ao

mostrar o seu percurso para pagar uma promessa, inclusive se dirigindo “ao leitores”.

260

Professor do PPG Museologia da Universidade Federal da Bahia. Pesquisador do CNPq, CAPES e

FAPESB, Coordenador do Núcleo de Pesquisa dos Ex-votos, da FFCH-UFBA. [email protected]

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Como base, estão autores dos campos da memória, como Bérgson, Vovelle e Jacques Le Goff;

da comunicação, Luiz Beltrão e José Marques de Melo, e da Museologia, a pesquisadora Maria

Augusta da Silva. Orlandi, traz uma base para a argumentação sobre a análise do discurso, que

faz parte das narrativas dos denominados “ex-votos bibliográficos”.

Parnaíba-Pí, 17 de Junho de 1983 QUERIDOS LEITORES:

Aos 3 anos e 5 Meses e 5 Dias que tinha sido operada do Coração, tive uma crise muito forte de dores no coração e desmaios. Fiquei muito doente, e toda a família ficou preocupada. Um dos membros da minha família sentindo-se muito aflita, depois de uma crise muito forte que tive, dirigiu-se ao SÃO FRANCISCO e pediu com muita fé e amor a graça de ‘eu’ ficar boa. Passando aquelas crises que abalava a todos, depois de (3) Três dias que o médico de coração Dr. FRANCISCO XAVIER afirmava-me que o coração estava normal.

Hoje é dia de Meu Aniversário e vim passar com SÃO FRANCISCO e fazer minhas penitências que prometí. Estou acompanhado de minhas duas filhas, sendo uma de (2) Dois Anos e outra de (1) um Aninho. MINHAS PENITÊNCIAS SÃO: Pedir esmola para chegar aqui. Entrar na igreja, ajoelhada e acompanhada por minhas filhas. Rezar (3) Três Terços. Confessar-me e comungar no dia de meu Aniversário passando a parte do dia na Igreja. Agradecer ao meu Santo protetor a todas as graças por mim recebidas. Deixar um coração de madeira na casa dos milagres. ______________________ Antonia Gomes Rodrigues (sic) (

261)

Figura 1. Ex-voto da Sra. Antônia. Documentado em 2007 em Canindé, Ceará, Brasil

Busca-se situar algumas questões relativas à gramática da escrita e aos suportes, que trazem

características marcantes de uma rica tradição latina de longa duração, que almeja a relação

entre o crente e o ente superior, elucidada a partir de cartas e bilhetes documentados em

salas de milagres pelo Brasil e México, que retratam a voz de pessoas que passaram por

diversas situações, e que buscaram o “espaço dos milagres” para se apresentarem, não

somente ao santo padroeiro, mas também ao observador que apreenderá o universo de

histórias advinda do processo comunicacional dos ex-votos.

Referências

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261 Transcrição ipsis litteris. Grifos do autor deste texto.

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Ex-votos das Américas, no www.ex-votosdasamericas.net

Núcleo de Pesquisa, no www.nucleodepesquisadosex-votos.org

Projeto Ex-votos do Brasil, no http://projetoex-votosdobrasil.net/

Projeto Ex-votos do Brasil, no http://ex-votosdobrasil.blogspot.com

Facebook: http://www.facebook.com/ProjetoExVotos

Flickr: http://www.flickr.com/photos/ex-votosdobrasil/

Twitter, no http://twitter.com/exvotosdobrasil

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Reforma Alfabética e as sobras da passagem humana sobre a Terra

André Winter Noble 262

Renata Azevedo Requião263

Palavras-chave: escritura. gestualidade. perda do gesto. memória e esquecimento. Reforma

Alfabética. graphein.

Introdução

Graphein é palavra de origem grega, essencialmente associada aos atos de escrever e pintar.

Mas se graphein corresponde a esses gestos, marcadamente manuais, é sobretudo como

sinônimo de escritura, palavra referente a toda sorte de rastros deixados pelo homem sobre a

Terra, que ela mais nos interessa aqui. Corpo esse capaz de conquistar, pela mimesis, o

desenho, e, com essa avançada tecnologia, capaz de criar e adquirir a linguagem escrita, num

complexo exercício de abstração da natureza e de construção da cultura. Assim nos parece

esse rastro particular que é a escrita humana. Interessa aqui, a conquista da gestualidade

caligráfica e, devido a sua mutação, a gradativa perda dessa movimentação tão recentemente

adquirida pela espécie humana.

Considerado o Campo da Arte, caberia pois, ao artista, intrometer-se nesse processo de

extinção do gesto, e, na tentativa de subverter a tendência atual, trabalhar em prol do não-

apagamento da prática gestual em um período de escrituras tecladas. Trazemos, pois, para

essa conversa, questões particulares da poética de Cy Twombly, “operador de gestos”, para

pensarmos sobretudo na obra gráfica, caligráfica, intitulada Reforma Alfabética, proposta pelo

artista gaúcho radicado em Pelotas, André Winn.

Tal reflexão se dá, a partir da proposição de Roland Barthes de “distinção entre a mensagem,

que quer produzir uma informação, o signo, que quer produzir uma intelecção, e o gesto, que

produz todo o restante (o “suplemento”) sem querer obrigatoriamente produzir alguma

coisa”, sobre o trabalho de Twombly. Segundo o teórico, o artista é um “operador de gestos”,

e ele “quer e, ao mesmo tempo, não quer produzir um efeito” (BARTHES, 1990, p. 146).

As reflexões aqui apresentadas têm sido desenvolvidas associadas ao projeto de pesquisa de

longa duração, iniciado em 2006, registrado nesta universidade sob o título Poéticas

Contemporâneas: produção de leituras, produção de escrituras, produção de sentidos, e ao

Grupo de pesquisa, registrado também no CNPq, intitulado Artefatos para leitura e construção

do “pequeno território”, ambos coordenados pela profª drª Renata Azevedo Requião. Afora

262 graduação: Licenciatura em Artes Visuais; filiação: mestrando em Artes Visuais e bolsista CAPES /

Processos de Criação e Poéticas do Cotidiano, PPG–Artes Visuais / UFPel; email:

[email protected]

263 graduação: Licenciatura em Letras; Arquitetura e Urbanismo; pós-graduação: mestrado Letras /

Literatura Brasileira; doutorado Letras / Literatura Comparada; pós-doutorado Letras / Poesia no Brasil

Contemporâneo ]1970-2010[; filiação: Professora doutora, PPG–Artes Visuais / UFPel; email:

[email protected]

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isso, são resultado do processo de formação proposto pelo PPG – Artes Visuais, desta

universidade, com ênfase nas poéticas contemporâneas.

Metodologia e resultados

Associado ao trabalho poético em destaque, apresentamos aqui discussão sobre o próprio

gesto, como uma espécie de "complemento de um ato", para citar novamente Roland Barthes,

sendo "a soma indeterminada e inesgotável das razões, das pulsões, das preguiças que

envolvem o ato em uma atmosfera" (BARTHES, 1990, p. 145-146). Particularizado no gesto

caligráfico, no aprendizado da escrita.

Em oposição a esse gesto, Graphein, surge como resultado de toques e apertos de botões que

sequer existem, aproximando-nos, de certo modo dos antigos mesopotâmicos que apertavam

seus carimbos cuneiformes sobre placas de argila. Aqui, porém, vivemos num mundo

superpovoado, em permanentes tensões, no qual o consumo se coloca como um acelerador

do tempo, apagando as possibilidades de permanência de certas tradições e repetições.

Entre a recuperação do gesto e o aprendizado do graphein, o homem vive hoje entre

logomarcas que sobredeterminam nosso desejo. Valendo-se dos tantos brasões comerciais,

sob cujo império vivemos, foi proposto o trabalho Reforma Alfabética. Obra de arte e exercício

de reflexão, que vai ao encontro da perda da gestualidade caligráfica e corporal, motivada

sobretudo pela praticidade e sedentarismo anunciados e ofertados pelas novas tecnologias e

suas corporações promotoras. Hoje, se a “maçã mordida” é marca-símbolo de poder aquisitivo

e intelectual, de atualização de seu proprietário, ela entretanto alimenta nosso mercado de

consumo.

Vê-se na construção de Reforma Alfabética, as marcas e as identidades visuais, cujas imagens

são facilmente encontradas na internet. Elas são então vetorizadas, e assim viram matrizes que

podem ser aplicadas. Esse é uma etapa do jogo de subversão entre assinatura e cópia. Às

novas matrizes recebem o exercício de escrita caligráfica que por sua vez será digitalizada e

fotocopiada. Há um contínuo trabalho com o controle da gestualidade frente aos limites

impostos pelo virtual, permitindo lidar então com questões próximas à perda do gesto original.

Conclusões

Reforma Alfabética, obra composta através de marcas e ícones de propagandas oriundas dos

diversos meios de comunicação, vem a criticar as novas formas de estar no mundo, um mundo

virtual-televisivo, no qual as famílias se dispõem à mercê das informações aí divulgadas e

propaladas, seus modos e conselhos, sua ética e suas configurações. Seu redesenho propõe

um retorno ao gesto caligráfico como forma de apreensão das coisas do mundo. O mundo do

consumo sendo reapropriado por cada homem, em sua própria medida.

Referências

BARTHES, Roland. “Cy Twombly ou Non Multa sed Multum”. In.: O óbvio e o obtuso: ensaios

críticos III. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990. p. 143-160

_______________. Aula. São Paulo: Cultrix, 2007.

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Questões fundamentais sobre o Esquecimento

Ana Inez Klein264

Palavras-chave: Memória. História. Esquecimento. Literatura.

Introdução

O trabalho corresponde ao aprofundamento de uma questão apresentada na tese de

doutoramento da autora intitulada “Fronteiras de Cristal”, que propõe analisar o tema do

esquecimento, tal como proposto pelo hermeneuta Paul Ricoeur, no texto ficcional de Jorge

Luis Borges intitulado “Funes, o memorioso”.

Trata-se de um exercício teórico que utiliza o texto literário para refletir sobre o conceito de

memória e aprofundar questões ligadas à relação entre a Memória e a História, considerando

uma problemática essencial da memória, que é o esquecimento. Os objetivos gerais da análise

são mostrar a possibilidade de diálogo entre a História e a Literatura e, concomitantemente,

discernir a memória da história. Especificamente, busca-se atentar para a indissociabilidade

entre a Memória e o Esquecimento.

Metodologia e resultados

Para proceder à análise buscou-se compreender as ideias de Paul Ricoeur sobre o tema da

memória e do esquecimento para, então, cotejá-las com o conto do autor argentino Jorge Luis

Borges, cujo protagonista, chamado Funes, é despossuído da capacidade de esquecer.

Conclusões

Como resultado da análise, pode-se aprofundar o estudo da memória e do esquecimento, tão

caros à historiografia contemporânea e atentar para esta característica fundamental da

memória que é o esquecimento, constitutiva do próprio conceito de memória.

Referências

BORGES, Jorge Luis. Funes o Memorioso in Ficções, Jorge Luis Borges, Rio de Janeiro: Editora

Globo, 1989.

RICOEUR, Paul. A memória, a história, o esquecimento. Tradução. Alain François et. al.

Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2007.

264

Graduada em História pela UFSM, Doutora em História pela UFRGS, Professora do Departamento de

História da UFPEL, [email protected].

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Narrar, lembrar e esquecer : aposentadoria, envelhecimento e memória coletiva entre ferroviários e

policiais militares aposentados

Rojane Nunes265

Régis Brum266

Palavras-chave: aposentadoria; envelhecimento; memória coletiva; narrativa;

Introdução

Ao considerar o processo de aposentadoria enquanto uma ruptura espaço-temporal com o

mundo trabalho, este texto analisará as narrativas e as práticas cotidianas empreendidas por

ferroviários e policiais militares aposentados a fim de restabelecerem a continuidade na ordem

social, apesar das descontinuidades instauradas por essa ruptura.

As reflexões que serão apresentadas nesse texto, revisitam uma dissertação de mestrado,

realizada entre 2009 e 2010, entre ferroviários aposentados da Rede Ferroviária Federal

Sociedade Anônima (RFFSA) e dialogam com dados preliminares do projeto de mestrado a ser

desenvolvido entre policiais militares aposentados.

Metodologia e resultados

O estudo antropológico realizado entre esses atores sociais, a partir de uma pesquisa

etnográfica, com vistas a uma “etnografia da duração” (Eckert e Rocha, 2005) e através de um

diálogo interdisciplinar, aponta a centralidade do fenômeno da memória coletiva no processo

de vivenciar a aposentadoria.

Por outro lado, através da coleta e análise de narrativas biográficas, foi possível perceber as

suas implicações no processo de envelhecimento, que tende a ser vinculado, por diferentes

atores, campos e agentes, ao processo de aposentadoria, que nos termos de Pierre Bourdieu

(2000), pode ser considerado enquanto um “rito de instituição”.

Desse modo, a memória, em sua dimensão tanto individual quanto coletiva (Halbwachs, 2006),

apoiada no ato de narrar, lembrar e esquecer (Pollak,1989), revela-se enquanto o fluxo de um

tempo lacunar, consistindo, desse modo, no esforço de criar a continuidade sobre a

descontinuidade temporal (Bachelard, 1996; Eckert e Rocha, 2005).

Conclusões

Constata-se a partir das narrativas biográficas dos ferroviários e policiais militares

aposentados, a circularidade entre tempo e narrativa (Paul Ricouer, 1991) bem como a

circularidade entre a narrativa e a experiência (Benjamin, 1993).

265 Cientista Social, Mestre e doutoranda em Antropologia Social, Universidade Federal do Rio Grande

do Sul. [email protected]

266 Fisioterapeuta, Especialista em Terapia Manual, Instituto de Educação Superior de Santo Ângelo.

[email protected]

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Percebe-se por outro lado, a incidência das instituições estatais, nas quais eles traçaram as

suas trajetórias sociais e profissionais, na arte de significar e vivenciar o tempo, na medida em

que estas configuram modelos e estratégias de autodisciplina e controle dos ritmos temporais.

Nesse sentido, as memórias em torno do trabalho, narradas por esses interlocutores —

embora demonstrem que o tempo é “vibração e hesitação” (Bachelard, 1994), assumindo uma

feição lacunar — revelam, nas suas “configurações discursivas”, sobretudo, a representação de

um tempo histórico, linear e diacrônico.

Constata-se desse modo, que o “espaço-tempo do trabalho”, seja em uma fábrica ou em uma

autarquia do Estado, reforça a centralidade do caráter instrumental e regulador do tempo,

tendendo a inscrever no indivíduo uma construção linear da temporalidade, valendo-se de

“modelos sociais de autodisciplina engendrados pelo processo civilizador” (Elias, 1991).

Referências

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Memórias do livro: o Quadro Antigo do Cemitério Ecumênico São Francisco de Paula nos registros da

família Rojas

Bruna Rajão Frio267

Carla Rodrigues Gastaud268

Palavras-chave: Quando Antigo do Cemitério São Francisco de Paula. Família Rojas. Livro.

Inventário.

Introdução

Esta pesquisa tem um caráter pessoal e inspira-se em Brooks (2012, p. 14), quando questiona:

“mas o que este sujeito fez com o livro quando o teve em mãos”? O objetivo principal deste

trabalho é descobrir o que motiva a “sobrevivência” do livro - criado por Rui Rojas e guardado

durante anos na gaveta de seu irmão, Ricardo Rojas, ex-capataz e ex-morador do local - que

inventaria o Quadro Antigo do Cemitério Ecumênico São Francisco de Paula em Pelotas (RS), o

que sua produção e sobrevivência nos revelam e assim, entender qual o valor deste

documento. Para tanto, pretende-se, inicialmente, contar um pouco da trajetória da família

Rojas no Quadro Antigo e a partir disso, desvendar como o livro foi constituído, por que foi

escrito, como, quando.

Metodologia e resultados

Este trabalho se baseia em “documentos originais, que ainda não receberam tratamento

analítico por nenhum autor” (MOREIRA, 2005, p. 66) são estudados. Estes documentos podem

ser institucionais conservados em arquivos, institucionais de uso restrito, pessoais como cartas

ou e-mails, fotografias, vídeos e gravações, leis, projetos, regulamentos, registros de cartório,

catálogos, listas, convites, peças de comunicação ou instrumentos de comunicação

institucionais, considerados cientificamente autênticos.

Além da pesquisa documental, a história oral também será utilizada como metodologia, afinal

“a entrevista de história oral permite recuperar aquilo que não encontramos em documentos

de outra natureza: acontecimentos pouco esclarecidos ou nunca evocados, experiências

pessoais, impressões particulares” (ALBERTI, 2005, p. 22). Ricardo Rojas, ex-capaz e ex-

morador do Quadro Antigo será o entrevistado.

Conclusões

Após análise criteriosa do livro, além de várias conversas com o Sr. Ricardo Rojas, entendemos

um pouco mais sobre este documento, guardado por ele a sete chaves. Um livro de atas, de

capa dura bastante mofada, com cinquenta e três folhas amareladas – e algumas já soltas – foi

preservador muito mais por um valor sentimental do que propriamente por seu conteúdo.

267 Bacharel em Turismo, Especialista em Gestão de Eventos e Hotelaria, Mestranda em Memória Social

e Patrimônio Cultural, Universidade Federal de Pelotas, [email protected]

268 Licenciada em História, Mestre em História, Doutora em Educação, Universidade Federal de Pelotas,

[email protected]

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A intenção de Rui Rojas – irmão já falecido do Sr. Ricardo e “autor” do livro – era, sim,

inventariar o Quadro Antigo. Porém, este inventário serviria simplesmente para auxiliá-los na

localização dos túmulos durante o trabalho. Rui alegou ao Sr. Ricardo que “eles não teriam

uma cabeça tão boa para guardar a localização de todos os túmulos, como fazia seu pai, Sr. Elis

Rojas” (primeiro da família a ser capataz do cemitério).

De acordo com o Sr. Ricardo, durante três anos – iniciados em 1975 -, em seus intervalos de

trabalho no Quadro Antigo, Rui pegava folhas de papel almaço e escrevia. Definiu que cada

espaço do Quadro seria numerado (tendo no livro o Quadro inteiro separado em quatro

quadros) e estes, divididos em fileiras (como alguns dos túmulos/mausoléus/capelas não

formam filas retas, foi feito por aproximação). Após “finalizar” o inventário, Rui Rojas ficou

doente. Pediu, portanto, para que seu irmão, Ricardo, conferisse suas anotações. Este o fez e,

para “melhorar” a apresentação, passou a limpo em um caderno comum (já descartado). Rui,

porém, achou melhor comprar um livro de atas, com folhas numeradas e pedir para que

“Pipa”, um outro trabalhador do cemitério passasse a limpo com letra de imprensa. Em 25 de

janeiro de 1979 Pipa entregou ao Sr. Ricardo a versão finalizada do livro.

Concluímos, com este trabalho que, o livro, através de suas páginas, não nos apresenta apenas

um inventário com a caracterização detalhada de cada túmulo presente no Quadro Antigo. Ele

vai muito além. Ao folheá-lo temos ali narradas a maior parte da história da família Rojas,

grande parte da história do Quadro Antigo do Cemitério Ecumênico São Francisco de Paula e

um pouco da história da cidade de Pelotas.

Referências

ALBERTI, Verena. Manual de História Oral. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2005.

BELLOMO, Harry Rodrigues. 2000. Cemitérios do Rio Grande do Sul: arte, sociedade, ideologia.

Porto Alegre, EDIPUCRS.

BOSI, Ecléa. Memória e sociedade: Lembranças dos velhos. São Paulo: Companhia das Letras,

1994.

BROOKS, Geraldini. As memórias do livro. Rio de Janeiro: Agir, 2012.

MOREIRA, Sonia Virgínia. Análise documental como método e como técnica. In: DUARTE, Jorge;

BARROS, Antonio (org.). Métodos e técnicas de pesquisa em Comunicação. São Paulo: Atlas,

2005.

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O copiador de cartas: memória e narrativa no texto epistolar

Cristiéle Santos de Souza269

Palavras-chave: Escrita epistolar. Dom Joaquim. Cartas.

Introdução

Joaquim Ferreira de Mello, bispo de Pelotas entre os anos de 1921 e 1940, copiou e organizou

sua correspondência expedida, em “copiadores de cartas”, por mais de vinte anos, compondo,

assim, um conjunto de aproximadamente sete mil cartas escritas entre os anos de 1915 e

1940. Essas cartas que a um primeiro olhar pareciam referir-se apenas às questões

administrativas da diocese, aos poucos foram desvelando um universo de destinatários,

assuntos e contextos diversos. As anotações nas margens, a estrutura do texto, a forma como

foram arquivadas, as sucessivas tentativas de contagem e organização, deixaram marcas que

junto ao texto epistolar, compõem o conjunto de indícios cuja leitura conduz este estudo.

Uma carta expressa mais do que o assunto que ela contém. Seu texto e sua materialidade

denotam as condições de sua redação, a identificação de seus destinatários, a dinâmica que

motivou o trabalho da escrita, os mecanismos de circulação, as influencias estilísticas, dentre

outros elementos que compõe o conjunto de indícios observáveis no texto epistolar. Da

mesma forma, a presença das cartas em um arquivo ou museu indica não apenas a existência

de um gesto em prol de sua conservação, como também parte dos critérios que definiram sua

importância. O objetivo deste texto é analisar o processo de construção e arquivamento do

conjunto epistolar de Dom Joaquim, pensando as possíveis relações com os conceitos de

narrativa e memória.

Metodologia e resultados

Fundamentado nas ideias de Philippe Artières (1998), Priscila Fraiz (1998), Paul Recoeur

(1989), Theodore Schellenberg (1973) e Angela de Castro Gomes (2004), dentre outros

autores, este estudo parte do seguinte questionamento: se a escrita epistolar caracteriza-se

como uma escrita de si, no sentido de incorporar o discurso e a imagem que o remetente

concebe de si e tenciona transmitir para outro, o processo de guarda e sistematização do

conjunto textos produzidos também o faz, como um “arquivamento de si”?

Os indícios deixados ao longo do processo de arquivamento, como as anotações nas margens

ou as páginas destacadas constituíram as bases para uma primeira leitura do processo de

arquivamento do conjunto epistolar de Dom Joaquim. Em um segundo momento analisou-se

os excertos das cartas em que o processo de escrita e de arquivamento é mencionado. A

análise desses excertos evidenciou uma preocupação por parte do escrevente em manter

organizadas em seu acervo pessoal as cartas que não eram arquivadas na cúria diocesana. O

269 Graduação em História pela Universidade Federal de Santa Maria, mestranda do Programa de Pós-

Graduação em Memória Social e Patrimônio Cultural da Universidade Federal de Pelotas,

[email protected]

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escrevente mantinha, ainda, um controle de cartas escritas e não enviadas, escritas e enviadas

parcialmente e de cartas reservadas. A análise dos livros “copiadores de cartas” referentes aos

anos de 1920, 1921 e 1922, evidenciou ainda inúmeros diálogos epistolares, nos quais a escrita

e o destino das cartas são assuntos recorrentes.

Conclusões

Muito do que se sabe acerca da escrita de cartas provém do próprio texto epistolar. Nas cartas

é comum encontrar referencias ao universo da escrita no espaço privado e ao destino desses

escritos, seja como papéis acumulados em gavetas ou como documentos em arquivos oficiais.

No entanto, no epistolário de Dom Joaquim há mais do que referencias intrínsecas no texto

epistolar, há uma evidente intenção por parte do correspondente em preservar da ação do

tempo, as cartas que escreve. Da mesma forma, é possível observar no conjunto de anotações

e na ordem como foram arquivadas as cartas, uma preocupação narrativa, no sentido de

tornar inteligível para o leitor, a ordem dos acontecimentos.

A perspectiva de uma leitura da escrita epistolar como um documento multifacetado que

reúne as questões da memória e da narrativa em um mesmo texto amplia as possibilidades de

compreensão do destino que esses documentos têm em diversos contextos, seja como

suportes de discursos sobre uma memória compartilhada, como parece ser o caso do

epistolário de Dom Joaquim, ou mesmo como elementos “comprobatórios” de uma história

que se pretende contar.

Referências

ARTIÉRES, Philippe. Arquivar a própria vida. Revista Estudos Históricos, vol.11, n. 21, 1998.p.9-

34.

FRAIZ, Priscila. A dimensão autobiográfica dos arquivos pessoais: o arquivo de Gustavo

Capanema. Estudos Históricos, nº 21, p. 59-87, 1998.

GOMES, Ângela de Castro. Escrita de si, Escrita da História: a título de prólogo. In: Escrita de Si,

Escrita da História. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2004.

MENDES, Fábio Ranieri da Silva. Dom Joaquim Ferreira de Melo 2º Bispo de Pelotas e a

fundação do Seminário São Francisco de Paula: uma introdução. Pelotas: EDUCAT, 2006.

RICOEUR, Paul. Do texto a ação. Porto: Réis Editora, 1989.

SCHELLENBERG, T.R. Arquivos modernos: princípios e técnicas. Trad. Nilza Teixeira Soares. Rio

de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1973.

SOUZA, Francisco Silvano de. Dom Joaquim Ferreira de Melo 2º Bispo de Pelotas. Caxias:

Imprimi potest, 1964.

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Patrimônio e memória: as narrativas e a construção do espaço urbano e social de Erechim.

Camila Chaves Rael Laurett270

Daniella Reche271

Micheli Michele K. Zwirtes272

Palavras-chave: História oral. Memória urbana. Patrimônio imaterial. Erechim.

Introdução

O projeto de extensão "Café com Memória", vinculado ao Programa “Erechim para quem

quiser ver, discutir e intervir” da Universidade Federal da Fronteira Sul, tem como objetivo

reconstituir a memória local relativa ao patrimônio histórico e arquitetônico de Erechim

através do estímulo às narrativas de sujeitos sociais que testemunharam o desenvolvimento e

as transformações da arquitetura e do espaço urbano da cidade ao longo de sua história. As

narrativas dos participantes possibilitam um novo olhar sobre a cidade, facilitando a

compreensão de suas transformações, além da troca de conhecimentos entre antigos e novos

moradores. A sistematização destes registros formará um acervo que contribuirá para futuros

estudos sobre a história, cultura e arquitetura da cidade. O projeto tem contemplado a

comunidade acadêmica, mais especificamente dos cursos de Arquitetura e Urbanismo e

História da Universidade, como também parte da comunidade em geral que se interessa pela

pauta do evento. Essa interação permite, além da recuperação de testemunhos, uma

reconstituição de fatos e iniciativas que interferiram na formação urbana e social da cidade.

Metodologia e resultados

O projeto se desenvolve a partir da estruturação de eventos no formato de ciclo de debates.

Na primeira edição do projeto (2012) houveram cinco eventos distribuídos ao longo do ano e

ocorrerão mais cinco eventos na segunda edição (2013). Os relatos orais apresentados pelos

convidados são filmados, fotografados e transcritos e formam um acervo para futuras

pesquisas, bem como base para a reflexão sobre diversos elementos que hoje compõem a

dinâmica municipal e que muitas vezes não são compreendidos em uma perspectiva histórica.

270

Acadêmica do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFFS, Campus Erechim/RS e bolsista do Projeto

de Extensão “Café com Memória: as narrativas na construção do espaço urbano e social de Erechim”. E-

mail: [email protected].

271 Coordenadora da Ação de Extensão em 2012, Professora do Curso de Arquitetura e Urbanismo da

UFFS – Campus Erechim e membro do Projeto de Extensão “Café com Memória: as narrativas na

construção do espaço urbano e social de Erechim”. E-mail: [email protected].

272 Acadêmica do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFFS, Campus Erechim/RS e bolsista do Projeto

de Extensão “Café com Memória: as narrativas na construção do espaço urbano e social de Erechim”. E-

mail: [email protected].

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Na primeira edição os eventos possuíram temas diferenciados, procurando contemplar os mais

diversos públicos e interesses, sendo eles: “Erechim comentado”, “Memória e construção”,

“Fatos erechinenses”, “Literatura e educação” e “Arquitetura das cidades”.

Com esses cinco eventos realizados, concluímos as atividades que envolviam o público externo

em 2012, concentrando os esforços para o processo de transcrição e sistematização dos

materiais coletados no decorrer do ano. Ao total, foram 13 horas de áudio e,

aproximadamente, 104 horas no processo de transcrição, resultando em cerca de 140 páginas

de depoimento.

Para a segunda edição do “Café com Memória”, em 2013, estão previstos mais cinco eventos

com a mesma configuração de ciclo de debates, contemplando diversas áreas do

conhecimento, que vão da arquitetura e urbanismo, à música, à educação e ao futebol.

Na segunda edição do projeto, os temas abordados serão: “Tramas e traçados do espaço

urbano”, “A música no Alto Uruguai”, “Café Grazziotin”, “Treinando a memória futebolística” e

“A educação e a política erechinense”.

A partir da história oral o projeto tem permitido recuperar as memórias e registrar as

narrativas de sujeitos sociais e suas vivências sobre a história da cidade, além de possibilitar a

aproximação dialógica entre o antigo e o novo morador da cidade estimulando a reflexão, as

trocas e um estreitamento entre as visões possíveis sobre a cidade, sua história, suas

transformações e suas significações enquanto espaço de socialização. Com isso, o projeto

aproxima e estreita os laços entre os acadêmicos, os professores e a comunidade em geral

com o objetivo de resgatar e preservar as narrativas das memórias acerca da história urbana

erechinense.

Conclusões

Através dos eventos programados, o projeto visa à elaboração de um caderno digital com os

relatos transcritos, fotos e demais materiais coletados durante os encontros, destacando a

utilização da oralidade como método de pesquisa, além de proporcionar um novo panorama

histórico e urbano de Erechim.

Para além do registro de uma memória arquitetônica, a construção da cidade registra em seus

sujeitos sociais uma memória subjetiva, singular. É a memória de uma cultura material e

imaterial que, se não for documentada e divulgada, ficará restrita ao narrador ou mesmo

legada ao esquecimento. Assim, registrar a percepção de diferentes sujeitos sociais que

vivenciaram por longo período a história da cidade, sua dinâmica e de seus habitantes, torna-

se extremamente relevante a fim de contribuir para a compreensão de suas transformações.

Dessa forma, o projeto não estimula apenas o registro das narrativas em relação à

transformação arquitetônica e urbana da cidade, mas o debate entre antigos moradores e o

público em geral. Essa aproximação fomenta a reflexão entre as possíveis visões sobre a

cidade, sua história, suas transformações e suas significações enquanto espaço de socialização.

Bibliografia

BOSI, E. Memória e sociedade: lembranças de velhos. 11 ed. São Paulo: T. A. Queirós, 1983.

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BURKE, Peter. “História como memória social”. In: Variedades de história cultural. Rio de

Janeiro: Civilização Brasileira. 2000, p. 67-89.

HALBWACHS, Maurice. La memoire colletive. Paris: Albin Michel, 1997.

JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

JODELET, Denise. A Cidade e a Memória. In.: Projeto do lugar – colaboração entre Psicologia,

Arquitetura e Urbanismo. Organizadores Vicente del Rio, Cristiane Rose Duarte, Paulo Afonso

Rheingantz. Rio de Janeiro: Contra Capa Livraria/ Proarq, 2002.

LE GOFF, Jacques. “Memória”. In: História e Memória. Campinas: UNICAMP, 1994, p. 423-483.

LYNCH, K. A Imagem da cidade. São Paulo: M. Fontes, 1982.

POLLAK, M. Memória e identidade social. Estudos Históricos, nº 10, 1992.

RICOEUR, Paul. La lectura del tiempo passado: memória e olvido. Madrid, Arrecife, 1998.

ROUSSO, Henry. “A memória não é mais o que era”. In: AMADO, Janaína & FERREIRA, Marieta.

(Coords.). Usos e abusos de história oral. Rio de Janeiro: FGV, 1998, p. 93-101.

THOMPSON, Paul. A voz do passado: história oral. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.

THOMSON, Alistair. “Recompondo a memória: questões sobre a relação entre a história oral e

as memórias”. In: Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados em História do

Departamento de História da PUC/SP. São Paulo, n.15, abr. 1997, p.51-84.

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Memória e Infância: concepções quanto a infância rio-grandina em 1950.

Bruna da Silva Garcia273

Franceles Souza274

Grace Borges275 Silvia Duarte276

Palavras-chave: Memória. História Oral. Infância.

Introdução

Durante muito tempo, as crianças eram descritas pelos adultos. Seguindo essa perspectiva,

esse trabalho tem o intuito de descrevê-las, sob o olhar atento dos idosos que viveram seus

primeiros anos de vida na década de 1950, na cidade de Rio Grande. Brincadeiras, sonhos,

peripécias, o olhar atento aos lugares de memórias, as vivências com os familiares e amigos,

são os principais assuntos abordados nessa pesquisa. O objetivo primordial é observar nuances

do cotidiano citadino bem como analisar o imaginário infantil no ano de 1950, na cidade de Rio

Grande. Usando como principal fundamentação teórica os historiadores Philippe Àries e Mary

Del Priori. Ambos trabalham com essas questões, um trabalha com a infância no período

medieval e moderno. Já a outra, produziu pesquisas em âmbito nacional que exploram a

criança em vários momentos históricos. Sabemos que a criança antes do século XIV era vista

ainda como um adulto em miniatura. Segundo Àries “*...+ No mundo das fórmulas românticas,

e até o fim do século XIII, não existiam crianças caracterizadas por uma expressão particular, e

sim homens de tamanho reduzido." (ÀRIES, 1981) Por fim, este trabalho tem o intuito de

abordar aspectos da infância, sob a perspectiva da memória. Tendo como metodologia

principal a História Oral bem como os teóricos que desenvolveram suas pesquisas nessa área.

Verena Alberti, Eclea Bosi, Phillipe Àries, Maurice Halbwachs, Michel Pollak e Paul Thompson

são alguns dos principais nomes utilizados nesse trabalho.

Metodologia e resultados

Tendo como fonte de pesquisa a memória, esse trabalho usa a metodologia da História Oral

para colher e analisar os testemunhos que foram obtidos. Para o historiador oral Paul

Thompson, “ela foi a primeira espécie de história”. (THOMPSON,1992) E ainda hoje é vista com

273

Pós -Graduanda em História do Rio Grande do Sul: Sociedade, Política e Cultura pela

Universidade Federal do Rio Grande/FURG. [email protected]

274 Graduanda do curso de História Licenciatura pela Universidade Federal do Rio Grande/FURG.

[email protected]

275 Graduanda do curso de História Licenciatura pela Universidade Federal do Rio Grande/FURG.

[email protected]

276 Mestranda em História Profissional pela Universidade Federal do Rio Grande/FURG.

[email protected]

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certo preconceito pela acadêmia. Contudo, sabemos da necessidade da historiografia de

buscar novas fontes de conhecimento acadêmico e é nesse pressuposto que o estudo aqui

apresentado se legitima. Na tentativa de expor novas fontes de pesquisa em História e mais do

que isso, apresenta à academia os testemunhos de vida, vivenciados na década de 1950 em

Rio Grande.

Conclusões

Igrejas, praças, bonecas, casas, cantigas infantis, futebol tudo isso foi perceptível nas

entrevistas e fazia parte da cultura infantil dos anos 1950 em Rio Grande. Foi observado ainda

que o imaginário infantil se construiu diferentemente daquele que encontramos nos escritos

de Phillipe Àries, certamente que o contexto na qual essas crianças estavam inseridas era

outro, e a mentalidade enquanto pequenos e que necessitavam do auxílio dos adultos também

se difere. Todavia, sabemos que não foi assim que aconteceu, e que existem muitas

divergências, e esse trabalho certamente responde algumas delas. Por fim, de acordo com os

dados obtidos com essa pesquisa podemos perceber que existe também uma relação entre a

infância e o mundo do trabalho. Além disso, percebemos a dificuldade socioeconômica muito

presente, onde a criança não era nada além de um “adulto em miniatura”.

Referências

ALBERTI, Verena. Manual de História Oral. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2005.

BOSI, Eclea. Substância Social da Memória: História e Crônica. IN: BOSI, Eclea. O tempo vivo

da memória. São Paulo: Atêlie Editorial, 2003.

HALBWACHS, Maurice. A Memória Coletiva. São Paulo: Editora Vértice, 1990.

POLLAK, Michel. Memória, Esquecimento, Silêncio. IN: Estudos Históricos. Rio deJaneiro,

1989, pp. 3-15.

THOMPSON, Paul. A voz do Passado: história oral. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.

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Empoderamento do discurso indigenista, a reivindicação da narrativa de si próprios a partir do projeto

“Vídeo nas Aldeias”.

Ariel Ortega277

Daniele Borges Bezerra 278

Palavras-chave: Oralidade. Narrativa. Vídeo nas Aldeias (VNA).

Introdução

Para os povos indígenas é a partir da oralidade que se transmitem os saberes e se mantém viva

a cultura do grupo. Os modos de ser e de fazer, das sociedades tradicionais são

compartilhados em grupo como prática cotidiana da própria identidade e representam um

valioso exponente do patrimônio imaterial.

Segundo a Convenção da UNESCO para Salvaguarda do Patrimônio Imaterial realizado em

2003, “as comunidades, em especial, as indígenas *...+ desempenham um importante papel na

produção, salvaguarda, manutenção e recriação do patrimônio cultural imaterial *...+”

(UNESCO, 2003).

Ao dialogar com os princípios desta Convenção percebe-se que, apesar das alterações sofridas

a partir dos processos de globalização, existem caminhos a favor da preservação e do

compartilhamento do patrimônio imaterial com recursos provenientes da própria

transformação social. A utilização do audiovisual, por exemplo, foi incorporada pelas

comunidades indígenas como recurso utilizado para a transmissão da própria cultura. Em

matéria do jornal Correio do Povo, chama atenção a manchete: “Guaranis exibem seu

autorretrato” (grifo nosso), referindo-se a exibição do primeiro filme do cacique Ariel Ortega,

no Memorial do Rio Grande do Sul.

O projeto VNA foi criado em 1986, tem sua sede em Olinda e tem como objetivo apoiar as

comunidades indígenas a produzir uma narrativa sobre si próprios, fortalecer a identidade

indígena, seus patrimônios culturais e territoriais, auxiliando assim na redução dos estigmas

relacionados aos grupos indígenas. Em um dos vídeos do projeto VNA, Guaranis reproduzem

uma situação de caça. A seguir eles acrescentam: “Então nós temos que mostrar pros brancos

nosso modo de viver, mostrar a verdade [...] Para que não só os brancos falem por nós, mas

que vocês mesmos filmem, o que nos realmente temos para mostrar [...]”. (Duas aldeias uma

caminhada. 0:12:43). Na fala acima fica clara a importância do contar a prática.

277 Cacique da aldeia Tekoa Koenju, cineasta do projeto Vídeo nas Aldeias, e-mail:

[email protected]

278 Bacharelado em Artes Visuais, Especialização em Saúde Mental e em Saúde Pública, Mestranda do

Programa de Pós Graduação em Memória Social e Patrimônio Cultural - UFPel, e-

mail:[email protected]

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Para Assmann (2002), “enquanto a memória dos lugares se fixa em um lugar preciso do qual

não pode ser separado, os lugares da memória se caracterizam justamente pela sua

capacidade de transmissão279” (ASSMANN, 2002. p. 348). Assim, a narrativa indígena pode ser

pensada como um lugar de memória, pois exprime um tempo vivo, circular, não condensado e,

portanto, não histórico, o tempo da tradição. Um exemplo importante do lugar dado à

memória entre os Mbyá Guarani é o ritual de passagem que marca a idade de 16 anos dos

jovens da aldeia. Período no qual os homens recebem uma incisão no lábio inferior. Nesse

momento eles não podem falar, mas apenas escutar o que dizem os mais velhos. (Cacique

Ariel In: BEZERRA, 2013).

A utilização do vídeo é uma forma de empoderamento da narrativa de si próprio, pois busca a

redução dos estigmas. Entre os Mbyá um dos preconceitos sofridos decorre da sua circulação

entre países do Mercosul: “*...+ De maneira muito tardia a Fundação Nacional do Índio (FUNAI)

superou o preconceito que acusa serem os Mbyá índios “argentinos” ou “paraguaios” (De

SOUZA, 2009).

Metodologia e resultados

Foram realizadas entrevistas narrativas com o cacique Ariel Ortega que permitiram

compreender a dinâmica de suas ações enquanto cineasta e líder político da comunidade

Mbyá Guarani: Tekoa Koenju no RS, bem como sobre a relação de familiaridade com as aldeias

da Argentina e Paraguai. Destaca-se a importância do audiovisual como mediador do discurso

e recurso patrimonial.

Conclusões

O sentido de verdade dado à narrativa dos grupos através do projeto VNA é também um

caminho na busca pela descriminalização280 da pessoa indígena. Sugere-se que a utilização do

vídeo enquanto suporte narrativo permita a apropriação do direito à palavra e a clarificação da

própria identidade, contribuindo para a valorização da cultura indígena e o fortalecimento da

identidade do grupo, o que enriquece as culturas como um todo.

Referências

ASSMANN. Aleida, Ricordare: forme e mutamenti della memoria culturale. Bologna: Mulino,

2002.

279 “*...+ i luoghi della memoria si caratterizano próprio per la loro capacità di transmissione”. ASSMANN,

2002. p. 348

280 VELHO, Gilberto. Trata da questão do desvio social como uma modalidade de categorização

estigmatizante. Por estigmatização entende-se “uma forma de classificação social pela qual um grupo,

ou indivíduo, identificam outro segundo certos atributos reconhecidos pelo sujeito classificante como

negativos ou desabonadores. (VELHO, 2003. p.30). Erving Goffman também fala sobre isso no livro

Estigma: notas sobre a manipulação da identidade (1988).

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BEZERRA, Daniele Borges. Entrevista com o cacique Ariel Ortega sobre Mbyá Guarani realizada

em 22 de setembro de 2013. Porto alegre, RS.

CANDAU. Joël. Memória e identidade. São Paulo: Contexto, 2011.

CORREIO do POVO. Guaranis exibem seu autorretrato. Disponível in:

http://www.correiodopovo.com.br/jornal/A114/N184/html/09GUARAN.htm Acessado em:

16/09/2013.

De SOUZA. José Otávio Catafesto. Os Mbyá Guarani e os impasses das políticas indigenistas no

sul do Brasil. VIII Reunião de Antropologia do Mercosul: “Diversidade e Poder na América

Latina. Buenos Aires, 2009. Disponível em:

http://laced.etc.br/site/indigenismo/arquivos/GT12-Ponencia%5BCatafesto%5D.pdf. Acessado

em 24/09/2013.

ORTEGA, Ariel. Vídeo nas Aldeias: Duas aldeias, uma caminhada. Disponível em:

http://www.youtube.com/watch?v=RHObX0JQ4Fc. Acessado em 13/09/2013.

ORTEGA, Ariel. Vídeo nas Aldeias: Nós e a cidade. Disponível em:

http://www.youtube.com/watch?v=o3VljE4NJcY&list=PLFE811B6C9A78287E&index=1

Acessado em: 10/09/2013.

UNESCO. Convenção para Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial. 2003. Disponível em:

http://www.iphan.gov.br/portal/baixaFcdAnexo.do?id=3794. Acessado em 25/09/2013.

VELHO, Gilberto. Desvio e divergência: uma crítica da patologia social. 8ª edição. Rio de

Janeiro: Jorge Zahar editor, 2003.

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Objetos, memórias e narrativas: a memória de Lyuba Duprat – Rio Grande, RS.

Olivia Silva Nery281

Maria Letícia Mazzucchi Ferreira282

Palavras-chave: Objeto. Narrativas. Memória. Biografia. Lyuba Duprat.

Introdução

Segundo Moles (1972, p. 9) “o objeto é um dos elementos essenciais que nos cercam.

Constitui um dos dados primários do contato do indivíduo com o mundo”. Da mesma maneira

que os objetos fazem parte da construção de cada indivíduo, também são importantes para as

culturas, tradições, manifestações culturais, etc. Os etnólogos, antropólogos e arqueólogos

pesquisam a importância e o papel desses objetos em cada cultura. Os historiadores, por sua

vez, também entram nesse campo de cultura material, utilizando-a como fonte histórica para

suas pesquisas e para compreender também um pouco mais da sociedade e do assunto

estudado. Dessa maneira, os objetos, ou a cultura material, podem ser vistos e entendidos

como documentos

Se o objeto pode ser entendido como um documento, e como fonte de pesquisa para o

historiador, Meneses (1998, p. 92) diz que “o cerne da questão, para o historiador *...+ é,

acredito, que os artefatos estão permanentemente sujeitos a transformações de toda espécie,

em particular de morfologia, função e sentido, isolada, alternada ou cumulativamente. Isto é,

os objetos materiais têm uma trajetória, uma biografia”. Os objetos possuem uma biografia, é

possível fazer então um retrospecto dessa biografia, como apresenta Meneses (1998, p. 93)

posteriormente “a biografia dos objetos introduz um novo problema: a biografia das pessoas

nos objetos”, o que define o conceito de biografia cultural dos objetos criado por Koytoff

(1986).

Nesse caso específico, os objetos que serão analisados como documentos, e como fontes para

narrar histórias e memórias pertenceram à professora de francês Alice Lyuba Duprat (1900-

1994) e fazem parte de três instituições de memória: Museu da Cidade do Rio Grande,

Fototeca Municipal Ricardo Giovanini e Sala de Documentação Lyuba Duprat. Os relatos de ex-

alunos e pessoas que conviveram com a professora, são sempre pautados por dois elementos

que podem ser considerados estruturantes: a forte personalidade e o mundo dos objetos que

caracterizavam o lugar onde vivia e ministrava as aulas, espaço híbrido entre o público e o

privado. Uma de suas ex-alunas, Maria Helena de Souza (2009), escreveu em seu blog um

texto sobre Lyuba e o período em que foi sua aluna:

Andava sempre de saia preta e blusa de cambraia branca. Os cabelos, quando saía de casa, sempre presos por uma rede cinza claro que ela amarrava no coque preso por alfinetes de tartaruga. Seus alunos só a

281 Historiadora. Mestranda em Memória Social e Patrimônio Cultural – UFPel. Contato:

[email protected]

282 Doutora em História. Professora do Programa de Pós-Graduação em Memória Social e Patrimônio

Cultural – UFPel. Orientadora do trabalho. Contato: [email protected]

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chamavam de Mademoiselle – sem o nome. [...].Só usava tinta roxa em sua Mont Blanc, quando essa marca não era moda, era apenas a melhor caneta-tinteiro. Os bilhetes, as cartas e os cartões enviados da França eram reconhecidos à distância, pela cor da tinta. Para as correções em nossos cadernos, lápis vermelho grosso. Fecho os olhos e ainda vejo o Répétez!

Essa citação mostra um pouco da importância desses objetos na construção da personalidade

de Lyuba e principalmente a relação que eles tinham na sua vida cotidiana. Tendo em vista a

importância dos objetos para a construção da figura de Lyuba Duprat e para a permanência de

sua memória, e como estes objetos funcionam como suportes e evocadores de memória, a

relevância deste trabalho se dá na contribuição para os estudos da relação entre cultura

material e memória.

Metodologia e resultados

A metodologia utilizada nesta pesquisa baseia-se principalmente na história oral, no entanto,

pelo fato da pesquisa estar em fase inicial, somente algumas conversas com os entrevistados

foram feitas, Os entrevistados escolhidos são ex-alunos, amigos, vizinhos e familiares da

professora. A escolha da história oral para a esta pesquisa baseia-se, principalmente, na

perspectiva que aponta Meihy: “Esses registros podem ser analisados a fim de favorecer

estudos de identidade e memórias coletivas” (2010, p. 18). Além disso, Meneses (1998)

defende que os objetos deixam marcas específicas na memória, e que “daí a importância da

narrativa e dos discursos sobre o objeto para se inferir o discurso do objeto” (MENESES, 1998,

p. 91). Nesse sentido, as narrativas orais podem auxiliar também para compreender outras

informações sobre a sociedade rio-grandina da época, que podem estar inseridos explícita ou

implicitamente nas narrativas.

Conclusões

Por ser uma pesquisa em fase inicial, o trabalho não possui resultados até o momento. No

entanto, pode-se concluir parcialmente que os objetos salvaguardados nestas instituições

funcionam como evocadores e suportes de memórias, de uma memória ligada à Lyuba Duprat

e a sua personalidade. A imagem desta professora de francês está norteada pelos seus

objetos, eles auxiliaram a construir sua personalidade e identidade e, hoje, contribuem para a

permanência e compartilhamento de suas memórias.

Referências

KOPYTOFF, I. A biografia cultural das coisas: a mercantilização como processo. In:

APPADURAI, Arjun. 2008. A vida social das coisas: as mercadorias sob uma perspectiva cultural.

Niterói: EdUFF, 2008.

MEIHY, J. C. S. B. História oral: como fazer, como pensar. São Paulo: Contexto, 2010.

MENESES, U. T. B. Memória e cultura material: documentos pessoais no espaço público. In:

Estudos Históricos, 1998.

MOLES, A. A. Objeto e comunicação. In: MOLES, Abrahan; BAUDRILLARD, Jean; et al,.

Semiologia dos objetos. Petrópolis: Vozes Limitada, 1972.

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SOUZA, Maria Helena R. R. 2009. Pessoas, lugares momentos. Disponível em:

http://oglobo.globo.com/pais/noblat/ mariahelena/posts/2009/09/27/pessoas-momentos-

lugares-notas-226963.asp. Acessado em 15 de agosto de 2013.

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Velhice, masculinidade e memória

Alarcon Agra do Ó283

Palavras-chave: Velhice, Masculinidade, Memória

Introdução

O estudo, construído a partir de diálogos com referências capturadas no pensamento de

Michel Foucault, procurou mapear e analisar as formas através das quais a construção de

relatos memorialísticos serviu de estratégia de reconstrução de si por parte de letrados

brasileiros da primeira metade do século vinte, testemunhas, personagens e protagonistas da

invenção história da velhice no país.

Metodologia e Resultados

O primeiro movimento do estudo consistiu no levantamento, em acervos variados, de obras

memorialísticas escritas por letrados brasileiros, na primeira metade do século vinte. O corpus

se revelou, ao final, bastante ampliado, o que nos fez ver a relevância daquela produção no

seu momento histórico. Os textos foram lidos em busca de se entender como, neles, realizava-

se uma escrita de si de homens que se viam e se diziam como velhos, num contexto histórico

em que a cronologização da vida tornava-se elemento central na sociabilidade brasileira. Pode-

se perceber que a experimentação daquela escrita específica, paradoxalmente, sacralizava a

relação entre velhice e memória e a explorava numa chave irônica – isto no sentido de que os

autores lidos afirmavam que lembravam porque haviam chegado à velhice, num momento

histórico em que aos velhos cada vez mais cabia só recuperar o vivido, mas, por outro lado,

eles o faziam reiterando de forma insistente que aquela vinculação entre a idade avançada e a

memória era uma escolha civilizatória que enfraquecia o mundo. Homens ativos durante a

maturidade, eles encontravam outra forma de ação construindo outros passados e outros

presentes na sua escrita de si.

Conclusões

O estudo, no seu termo, oferece uma imagem historicizada das relações entre a velhice e a

memória, a partir da problematização das práticas do lembrar e do esquecer de um seleto

grupo de homens.

Bibliografia

ALBERTI, Verena. Literatura e autobiografia: a questão do sujeito na narrativa. Estudos

Históricos, Rio de Janeiro, vol. 4, n. 7, 1991, p. 66-81.

ALBUQUERQUE Jr, Durval Muniz de. História. A arte de inventar o passado. Bauru, SP: Edusc,

2007.

283 Licenciado em História e Mestre em Educação pela UFPB; Doutor em História pela UFPE. Professor

Adjunto III junto à Graduação e ao Mestrado em História (Linha de Pesquisa em Cultura e Cidades) da

UFCG. Coordenador do Laboratório de Pesquisas em Urbanidades (Laburbs). E-mail: [email protected]

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ALBUQUERQUE JR., Durval Muniz de. A invenção do nordeste e outras artes. Recife: FJN, Ed.

Massangana; São Paulo: Cortez, 2001.

ALBUQUERQUE JR., Durval Muniz de. Nordestino: Uma invenção do falo (uma história do

gênero masculino – Nordeste 1920/1940). Maceió: Catavento, 2003.

BELLO, Júlio. Memórias de um senhor de engenho. Recife, PE: Governo de Pernambuco;

Fundarpe, 1985.

BENJAMIN, Walter. A imagem de Proust. In. _________. Magia e técnica, arte e política.

Ensaios sobre literatura e história da cultura. (Obras Escolhidas, volume 1). São Paulo:

Brasiliense, 1985, p. 36-49.

CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano. 1. Artes de Fazer. Petrópolis: Vozes, 1994.

DEBERT, Guita Grin. A reinvenção da velhice. Socialização e processos de reprivatização do

envelhecimento. São Paulo: Editora da UNESP; FAPESP, 1999.

FOUCAULT, Michel. (coord.) Eu, Pierre Rivière, que degolei minha mãe, minha irmã e meu

irmão. Um caso de parricídio do século XIX apresentado por Michel Foucault. Rio de Janeiro:

Edições Graal, 1977.

FOUCAULT, Michel. A hermenêutica do sujeito. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

FOUCAULT, Michel. Em defesa da sociedade. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

FOUCAULT, Michel. Os anormais. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

FREYRE, Alfredo. Dos 8 aos 80 e tantos. Recife: UFPE, 1970.

FREYRE, Gilberto. Ordem e Progresso. Rio de Janeiro; São Paulo: Ed. Record, 2000.

FREYRE, Gilberto. Perfil de Euclides e outros perfis. Rio de Janeiro: Record, 1943; 1987.

FREYRE, Gilberto. Sobrados e mucambos. Decadência do patriarcado rural e o

desenvolvimento do urbano. Introdução à história da sociedade patriarcal no Brasil – 2. Rio de

Janeiro; São Paulo: Editora Record, 2000.

GAGNEBIN, Jeanne Marie. Lembrar escrever esquecer. São Paulo: Ed. 34, 2006.

GUIMARÃES NETO, Regina Beatriz. Cidades da mineração. Memória e práticas culturais. Mato

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MONTENEGRO, Antonio Torres. História oral e memória. A cultura popular revisitada. São

Paulo: Contexto, 1994.

PEDROSA, Pedro da Cunha. Minhas próprias memórias. (Vida Pública). Rio de Janeiro: Livraria

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RAMOS, Graciliano. Infância. Rio de Janeiro: Record, 1980.

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REZENDE, Antonio Paulo. (Des) Encantos modernos. Histórias da cidade do Recife na década de

vinte. Recife, PE: FUNDARPE, 1997.

REZENDE, Antonio Paulo. Cidade e modernidade. Registros históricos do amor e da solidão no

Recife dos anos 1930. Recife, PE, 2006. Dat.

REZENDE, Antonio Paulo. Freyre: as travessias de um diário e as expectativas da volta. In.

GOMES, Angela de Castro. (org.) Escrita de si, escrita da história. Rio de Janeiro: Editora FGV,

2004, p. 77-91.

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Notas Introdutórias sobre a História e Biografia de um Pioneiro: Carlos Guilherme Rheingantz, o

Primeiro Industrial Gaúcho

Rogério Piva da Silva284

Márcia Alonso Piva da Silva285

Ronaldo Bernardino Colvero286

Palavras-chave: Rheingantz. Biografia. Pioneirismo.

Introdução

Este trabalho tem como objetivo resgatar parte da história e biografia do pioneiro da

industrialização no estado do Rio grande do sul. Em que pese seu importante feito, Carlos

Guilherme Rheingantz, o fundador da Fábrica Nacional de Tecidos e Panos Rheingantz e Vater

em 1873, primeira indústria gaúcha, é pouco conhecido da maioria. Segundo a Revista Paulista

de Indústria (1955, P. 4), “com essa firma nasceu a indústria de tecidos de lã no Brasil”.

Este estudo se justifica pela importância que Rheingantz teve para a sociedade gaúcha, uma

vez que sua atuação não se resume ao campo empresarial, como também opera em diversos

setores na administração da comunidade, além de ter participação efetiva como benfeitor de

diversas instituições sociais e culturais.

Metodologia e resultados

Visando alcançar o objetivo proposto, utilizou-se de estudos de natureza exploratória,

mediante ampla pesquisa bibliográfica. Segundo Vianna e Júnior (2005), biografia significa

“narrativa, descrição, registro ou história de vida de uma pessoa”.

A pesquisa também se fundamentou em Ferraroti (1983), Eckert (1994-97) e Marre (1991),

numa tentativa de estabelecer uma ligação do indivíduo com seu ambiente sócio histórico,

assim como em Bourdieu (1996), que afirma ser possível a construção da trajetória ocupada

pelo agente através da história de vida.

Carlos Guilherme Rheingantz nasceu em 1849, filho de Jacob Rheingantz, fundador da Colônia

de São Lourenço e de Dona Maria Carolina Von Fella. Com oito anos de idade, viajou sozinho

para Hamburgo, onde cursou as aulas do Professor H. Schleiden até 1865. Buscando

complementar sua educação, percorreu vários países da Europa, antes de retornar ao Brasil.

284

Economista, Mestre e doutorando em Memória Social e Patrimônio Cultural pela Universidade

Federal de Pelotas - UFPEL, Professor Associado da Universidade Federal do Rio Grande – FURG,

[email protected]

285 Arte-Educadora e Pedagoga, aluna especial do Mestrado em Educação e Ciência – FURG,

[email protected]

286 Graduado em História, Doutor em História pela Pontífice Universidade Católica do Rio Grande do Sul,

Professor Efetivo do Programa de Pós-Graduação em Memória Social e Patrimônio Cultural da

Universidade Federal de Pelotas – UFPEL, [email protected]

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Em março de 1873, casou-se com Maria Francisca de Sá, filha de Miguel Tito de Sá. Em julho

do mesmo ano, Rheingantz, seu sogro e o alemão Herman Vater constituem a firma

Rheingantz e Vater. No ano de 1881, adquire a Fábrica de Chapéus Pelotense. Em 1883,

recebeu das mãos de D. Pedro II a Comenda da Ordem da Rosa, por seu pioneirismo industrial

com a implantação da indústria de lã no Brasil. Sua visão empresarial e a certeza de que

indivíduos mais qualificados poderiam render mais estabeleceu em 1881 uma aula obrigatória

a todos os menores que trabalhavam na fábrica. Em 1886, já com a fábrica no atual endereço,

assume as despesas totais da escola, que tinha duas turmas, e manda construir mais uma sala

ampla para estudos.

Outro fato que evidencia sua capacidade administrativa ocorreu em 1885. O novo prédio da

fábrica ficava bastante afastado da residência dos funcionários, o que dificultava o acesso

destes ao trabalho. Isso levou Carlos Guilherme a fazer uma grande doação de recursos para a

companhia Carris, que enfrentava dificuldades financeiras. Essa companhia era a única que

fazia a ligação do centro da cidade ao local das novas instalações. Essa doação evitou a falência

da Carris e possibilitou o acesso rápido e seguro dos funcionários à fábrica.

Em outros campos, fundou, junto com seu amigo Antônio Correa Leite, o Asylo de Mendigos.

No prédio ainda funciona o asilo de pobres. Da mesma forma, compôs a comissão que

administrou o município do Rio Grande de 1889 - 1891. Além disso, foi por muitos anos um

dos principais benfeitores da Banda Rossini fundada em 1890, da Santa Casa e do Educandário

Coração de Maria.

Conclusões

A busca por resgatar parte da história deste grande empresário gaúcho e as informações

coletadas permitiu concluir que Carlos Rheingantz foi mais do que o pioneiro da

industrialização do Rio Grande do Sul. Na verdade, trata-se de um visionário, um ícone da

sociedade da época que executava ideias de vanguarda. Mesmo que suas atitudes tivessem

como propósito final a ampliação dos lucros do seu empreendimento, afinal estamos falando

de um capitalista, estabeleceu muitos benefícios a seus trabalhadores. Aulas aos funcionários

desde 1881, distribuição de bônus como incentivo à produção, criação de um fundo social em

caso de morte, atendimento médico e aviamento gratuito de receitas, auxílio doença com

pagamento de diária e etc. Também participou de forma efetiva da vida da comunidade,

fundando o asylo de mendigos e fazendo doações a diversas instituições.

Enfim, podemos concluir que o Comendador Rheingantz, além de grande personagem no

processo de desenvolvimento da indústria gaúcha, foi um homem à frente de seu tempo.

Referências

BORDIEU, P. Razões práticas sobre a teoria da ação. Campinas: Papirus, 1996.

ECKERT, C. Questões em torno do uso de relatos e narrativas biográficas na experiência

etnográfica. Revista Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Porto Alegre, ano 94-97.

FERRAROTI, F. Histoire et histoire de vie: le méthode biografique das les sciences sociales.

Paris: Librarie des Meridiens, 1983.

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MARRE, J. L. História de vida e método biográfico. Cadernos de Sociologia, v. 3, p.55-88, 1991.

REVISTA PAULISTA DE INDÚSTRIA, Nº 41, 1955, ANO V.

VIANNA, Márcia Milton; MARQUES JÚNIOR, Alaôr Messias. Fontes Biográficas. IN: CAMPELLO,

Bernadete; CALDEIRA, Paulo da Terra (Org.). Introdução às fontes de informação. Belo

Horizonte : Autêntica, 2005. p. 43 – 51.

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Narrativas escritas de José Sérgio L. Guimarães: discussões sobre identidade surda na década de 60

Diogo Madeira287

Tatiana Lebedeff288

Palavras-chave: Narrativa. Comunidade Surda. Identidade.

Introdução

Este trabalho propõe analisar e discutir os escritos narrativos do surdo escritor Jorge Sérgio L.

Guimarães, da década de 60 que são praticamente desconhecidos para a atual comunidade

surda. Na época, ele escrevia crônicas para os jornais que circulavam na cidade do Rio de

Janeiro: O Globo, O Jornal das Moças e o Jornal News Shoopings. As crônicas se apresentam

autobiográficas por tratarem da sua vida cotidiana relacionada à Surdez. Questiona-se porque

este autor não ser conhecido da Comunidade Surda. Sabe-se que os escritos que não se

encaixam à ideologia de uma comunidade podem ser vistos como má influência aos valores

culturais e sociais, o que é muito comum, especialmente para comunidades minoritárias. No

caso dos surdos, pensando-se na década de 60, levanta-se como hipótese o estranhamento de

“um escritor surdo”, o que contrariava o perfil majoritário de surdos brasileiros. Autores que

discutem identidade, narrativa e memória são utilizados para a discussão, tais como: Leonor

Arfuch (2010) e Stuart Hall (1996). Ao produzir narrativas individuais, a subjetividade toma o

controle de escrever narrativas em razão da compreensão social. Segundo Arfuch (2010), o

efeito de narrativa surte com a presença do sujeito, ou melhor, da experiência do sujeito. Para

Hall (2006) a identidade é definida historicamente e não biologicamente, o sujeito assume

identidades diferentes em diferentes momentos, identidades que não são unificadas ao redor

de um “eu’’ coerente. Para o autor, dentro de cada pessoa há identidades contraditórias,

empurrando em diferentes direções, de tal modo que as identificações estão sendo

continuamente deslocadas. Nesse sentido, pode-se tentar compreender as dificuldades de

identificação do autor surdo, tanto na comunidade surda como na comunidade ouvinte. Na

comunidade ouvinte ele seria visto como algo exótico, já para a comunidade surda, como um

dissidente, uma identidade flutuante, embaçada ou de transição, de acordo com Perlin (1998),

apresentando comportamentos não usuais para um surdo na época, ou seja, ser cronista de

um jornal.

Metodologia

Os textos analisados fazem parte do livro intitulado “Até onde o surdo vai“ que foi lançado em

1961, buscando diagnosticar efeitos de autobiografia que possibilitem compreender questões

de identidade. Este livro reúne as crônicas publicadas no Jornal O Globo, no Jornal das Moças e

no Rio News Shopping. Foi realizada uma redução temática para organização e análise de

287 Mestrando em Memória Social e Patrimônio Cultural, Professor do IF-Sul,

[email protected]

288 Doutora em Psicologia do Desenvolvimento, Professora do Centro de Letras e Comunicação da

UFPEL, [email protected]

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categorias. A proposta foi analisar as produções do escritor surdo e categorizá-las através de

um procedimento de redução temática (JOVCHELOVITCH e BAUER, 2002, p.109).

Resultados

Foram organizadas seis categorias de análise: Política, Conceito de Surdez, Educação, Oralismo,

Língua de Sinais e Língua Portuguesa. Para fins deste trabalho foram analisadas as categorias

Conceito de Surdez, Oralismo e Língua de Sinais.

Conclusões

Os textos autobiográficos de Sérgio Guimarães utilizam sempre pronomes pessoais de primeira

ou terceira pessoa, indicando que está falando de si mesmo e do coletivo dos surdos. Na

década de 60 iniciaram os primeiros estudos e indicativos de que a Língua utilizada pelos

surdos não eram apenas mímicas, mas, língua constituída. O conceito de surdez, então, era de

uma situação incapacitante e limitadora. Sérgio incita os surdos a aderirem ao uso da Língua

de Sinais utilizando, como exemplo, a Universidade de Gallaudet, nos EUA. Questiona o

impedimento legal dos surdos dirigirem carros, dando exemplos de outros países. Salienta a

importância de que os surdos sejam oralizados para que tenham sucesso escolar e profissional.

Esses e outros dados permitiram compreender o autor em uma situação de identidade

Flutuante, como utiliza Perlin (1998) para falar de uma identidade na qual os surdos estão em

dependência do mundo dos ouvintes, orgulham-se de saber falar corretamente, colocam os

ouvintes acima dos princípios da comunidade surda, entre outras características. É sabido que

o autor não conheceu a Universidade de Gallaudet e o uso fluente da Língua de Sinais. Seu

parâmetro de surdez e língua de sinais é formado pelo contato com surdos brasileiros, pelas

representações de surdez correntes, então, no Brasil e por informações que lhe chegam

através de viajantes e material impresso. De qualquer forma, seus escritos são uma fotografia

de um período no qual os surdos eram vistos como doentes que deveriam ser “normalizados”.

Sua importância para a comunidade surda atual refere-se ao seu papel de divulgador de uma

identidade surda de resistência que germinava nos Estados Unidos, Europa e, timidamente no

Brasil.

Referências bibliográficas

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Janeiro-RJ: Editora ED UERJ, 2010.

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Petrópolis-RJ: Editora Vozes, 2002. P.90-113.

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Editora, 2002.

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O otimismo e a denúncia: as duas faces das construções poéticas das autoras renascentistas Louïze

Labé e Pernette du Guillet

Luiane Soares Motta289

Palavras-chave: Literatura. Mulheres. Renascimento. Lyon.

Introdução

A presente pesquisa buscou analisar as poesias de duas autoras lionesas renascentistas, Louïze

Labé e Pernette du Guillet, para entender o que nelas apresenta-se da visão do feminino sobre

si mesmo e demais construções sociais que perpassam suas interações.Tais agentes não só são

capazes de, por suas funções intelectuais, demonstrarem o desejo da dissolução dos limites

gerais que atribuem o feminino ao privado e o masculino ao público, como, por suas próprias

falas –intratextualmente-, testemunharem as regulações, transições e interdições que sofrem

e mesclam-se na sociedade em questão.

Metodologia e resultados

Narrar, seja através da exposição que se pretende histórica, seja através da divagação que se

assume literária, é um esforço para organizar, de alguma forma, o caos apresentado na

realidade.Contudo, embora essa realidade esteja cheia do aleatório, do acidental, existe, sim,

uma tentativa concreta de organizar as vivências, que carregam o peso, por sua vez, de um

processo socio-histórico.Ou seja, não é possível nem excluir a arbitrariedade da experiência

humana, nem o esforço racional de existir nela e tentar apreende-la.

As agentes Pernette du Guillet e Louïze Labé, devemos ressaltar, fazem parte de um contexto

específico, que diz respeito a sua região. Habitam, ambas, Lyon, cidade francesa cosmopolita

do século XVI.Esta concorre, junto a Paris, na produção manufatureira e no setor mercantil.

Principalmente: a produção manufatureira de Lyon está ligada não só à fabricação têxtil da

seda, como à indústria livreira ou informacional. Apresenta-se, também, para além dos dados

que advém desse aspecto socio-econômico, que estão atrelados a incentivos culturais de um

poder político que se quer refinado e reconhecido como divulgador da cultura clássica –

através da prática conhecida por mecenato – aumentando a circulação e fabricação da

mercadoria literária, um conhecimento que advém do próprio conjunto de obras

produzidas.Dessa forma, dispomo-nos a analisar a reelaboração do mundo através da fala

poética das duas autoras quinhentistas, utilizando-nos das vinte e oito poesias, canções e

elegias de Du Guillet e dos vinte e quatro sonetos de Louïze Labé.

Ao aceitarmos essas leituras enquanto fontes, entendemos estar lidando com algo que, assim

como a história, não nos reconstrói o real, mas, sendo o vestígio de outro tempo, possui um

referente nele, fruto de uma reelaboração. O certo é que contém o elemento criacional, mas

como oportuniza-nos a reflexão de Jacques Derrida, em a "História da Mentira", a invenção

289

Graduada e mestranda em História, vinculada a Universidade Federal de Pelotas,

[email protected].

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pode ser compreendida como efeito do que se quer melhorar.A partir de tal apontamento,

podemos entender que apresenta-se um vínculo com o real-que-não-pôde-ter-sido, pois a

mentira traz a potencialidade do ser e os contornos do cerceamento sofrido pelas condições

concretas do indivíduo. É o que elucida-nos, de alguma forma, Sandra Pesavento:

É por este patamar epistemológico que a história e a literatura se aproximam: como versões, representações e narrativas do real, portadoras, ambas, do imaginário de uma época. *...+A literatura é a narrativa do que poderia ter sido, do que não foi, do desejado e do temido, do senso comum, do imaginário social que dá coerência e sentido para uma época. (PESAVENTO, 2002, p.18)

É, por isso, necessário compreender que essas poesias são, antes de mais nada, um

testemunho de seu tempo, desprovido de um propósito fechado de narrar “A História”,mas

que referencia os contornos de sua realidade e demonstra-nos o emaranhamento que envolve

essas agentes no complexo universo da Renascença francesa.Complexo, porque o poder

centralizador do Estado, junto a outros elementos políticos que visam se cercar de certo

prestígio, colaboram com as tentativas femininas para que, estas, exerçam uma atividade

intelectual na esfera majoritariamente masculina/masculinizante, todavia, essa mesma

atmosfera está repleta de valores e designações que, introjetados nos indivíduos, não as

deixam escapar ilesas das atribuições morais quanto a tais atitudes nada convencionais às

mulheres.

Trabalhar com um tempo tão distante quantitativamente,foi importante,assim, para

compreendermos tanto os mecanismos persistentes quanto as ousadias infringidas frente a

eles,por grupos antes marginalizados historica/historiograficamente.

Conclusões

Se no universo renascentista existiram precedentes que colaboraram com o tangenciamento

das mulheres ao público, pareceu-nos,contudo,que isso não desvinculou o feminino de um

lugar marginal dentro da produção intelectual e pensado como impróprio pelos demais

membros da sociedade.Tais atitudes literárias,no entanto,demonstraram algo da resistência a

designações hierarquizantes e convidaram a participarem também outras damas na tentativa

de oportunizar maiores modificações.

Referências

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Bauru: Edusc, 2007.

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De como a Arte Contemporânea nos propõe a lidar com a ausência (Arthur Bispo do Rosário e Leila

Danziger)

Renata Azevedo Requião290

Palavras-chave: poéticas contemporâneas. palavra escrita. memória e esquecimento.

caligrafias. registros. narrativas autorreferenciadas.

Introdução

Na arte contemporânea, particularmente nas Artes Visuais, desenvolve-se com muita

potência, e de modo particular, certo pensamento, certa discursividade, como contraparte

para além da natural prática poética. Discursividade naturalmente associada ao fazer artístico,

a sua fabricação. Trata-se de pensamento expresso não em verbo, mas em imagens. Neste

tempo de visualidades, e de escrituras, muitas das vezes, como é o caso dos trabalhos aqui

relacionados, as obras das Artes Visuais associam imagens e palavras escritas, imagens do que

é visível e visualizável, às grafias da palavra escrita. Portanto, imagens de coisas que não são

escritura, não são grafias, a imagens da escrita.

Aparece assim, aí redimensionada, a imagem da palavra escrita, em sua pluralidade tipográfica

e caligráfica. Emergem também daí as qualidades comunicativas, informacionais, simbólicas e

expressivas da palavra. Todas postas em questão no encontro com a dimensão visual exigida

pelas Artes Visuais. Há, nessa produção, uma certa indiscernibilidade da palavra escrita, que

comparece nessas obras com outras, digamos assim, funções que não as frequentemente

associadas à presença da palavra: o dizer, o explicitar, o declarar, o identificar, o evidenciar.

A palavra, nas obras aqui destacadas, trabalha num jogo de presença e ausência e não apenas

por sua presença; é signo que tem sua força simbólica redimensionada, alterando sua

legibilidade e mesmo sua capacidade de registrar certas narrativas. Tanto a artista brasileira

contemporânea Leila Danziger quanto Arthur Bispo do Rosário se utilizam, em suas diferentes

configurações poéticas, de jornais e de outros registros escritos mais ou menos institucionais.

Ambos interferem nesses registros tipográficos, alterando-os com sua caligrafia. Para ambos se

trata de escrever, arquivar, registrar, redimensionar a experiência cotidiana; mas também de

lidar com o apagamento, a perda, a rasura, e com a aceleração do tempo.

Tais questões estão vinculadas a meu projeto de pesquisa de longa duração, iniciado em 2006,

registrado nesta universidade sob o título Poéticas Contemporâneas: produção de leituras,

produção de escrituras, produção de sentidos, e a meu grupo de pesquisa, registrado também

290 graduação: Licenciatura em Letras; Arquitetura e Urbanismo;

pós-graduação: mestrado Letras / Literatura Brasileira; doutorado Letras / Literatura Comparada;

pós-doutorado Letras / Poesia no Brasil Contemporâneo ]1970-2010[;

filiação: Professora doutora, PPG–Artes Visuais / UFPel;

email: [email protected]

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no CNPq, intitulado Artefatos para leitura e construção do “pequeno território”. Através deles,

trabalhando a partir de objetos estéticos produzidos na contemporaneidade, tenho pensado

sobre o lugar que habitamos na contemporaneidade, e sobre nossos modos de estar no

mundo.

Leila Danziger, Leituras da melancolia, 2012

Bispo do Rosário, caixa com fichas azuis, sem data

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Bispo do Rosário, carrinho com fichas papelão, sem data

Metodologia e resultados

A aproximação das obras da artista brasileira, Leila Danziger, Leituras da melancolia e Banzo, à

imensa obra de Arthur Bispo do Rosário, me permitiu perceber nuances na expressão poética

de Bispo do Rosário, particularmente no que diz respeito à presença da palavra escrita, às

quais ainda não tinha tido acesso. Em chave comparatista, encontrei nessa aproximação tanto

questões que dizem respeito ao arquivamento e ao registro dos nomes, quanto à própria

incomunicabilidade dos textos institucionais e dos documentos oficiais – os quais gerariam

discursividade distinta daquela promovida pelas obras aqui referidas. Para além de mais uma

vez encontrar procedimentos artístico-poéticos, no trabalho desse homem que, sabemos,

viveu durante cinqüenta anos segregado numa instituição manicomial brasileira.

Meu trabalho, já longevo, em torno da variada obra cosmogônica de Bispo tem se

desenvolvido até aqui, de certo modo, numa prática que é pura repetição de método:

encontro na produção contemporânea, brasileira preferencialmente (o que me permite

trabalhar colocando em perspectiva esses “intérpretes do Brasil”, em contraponto a esse

sujeito apartado do mundo, a contar histórias), artistas cuja obra repliquem modos e

estratégias antevistas no fazer de Bispo do Rosário. Todas essas “leituras comparadas”, à guisa

de produção de sentidos, fomentarão um site criado especificamente para divulgação da obra

de Bispo, intitulado O Jogo do Bispo, projetado com apoio de bolsista pibit/CNPq,

recentemente encerrada.

Conclusões

Através de tais comparações, e na corrente de alguns Críticos e de Historiadores da Arte –

pensadores que vêm se debruçando sobre a obra de Bispo do Rosário, sobre questões

associadas à Arte e à Saúde Mental, a procedimentos comuns e aos objetos estéticos criados –

tem ficado bastante evidente a potência poética de sua expressão (a ponto de sua obra

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merecer lugar de destaque na última Bienal de São Paulo, ano passado). Por suas

características, e dada a especificidade de sua produção, é obra que nos permite pensar,

através dela, a vida que contemporaneamente vivemos. Por outro lado, me interessa

identificar procedimentos, escolhas, e configurações, desenvolvidos por Bispo do Rosário, que,

se foram mapeados pela Área da saúde e pelo Campo da cognição, ainda precisam ser

incorporados pelo Sistema das Artes. Em grande parte porque a ainda imponente categoria do

autor é tensionada por todo o trabalho desse homem cuja obra foi até muito recentemente

apenas incorporada, no Sistema das Artes, pelas Artes do inconsciente.

Referências

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FGV, 1996.

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Iberê Camargo, Porto Alegre, 2012.

CATÁLOGO da Trigésima Bienal de São Paulo, A iminência das poéticas. Fundação Bienal, São

Paulo, 2012

DANTAS, Marta. Arthur Bispo do Rosário: a estética do delírio. Tese (Doutorado em

Sociologia), Araraquara, UNESP, 2002.

DANZIGER, Leila. Todos os nomes da melancolia. Rio de Janeiro: FAPERJ; Apicuri, 2012.

GAGNEBIN, Jeanne Marie. Lembrar escrever esquecer. São Paulo: Ed. 34, 2006.

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FAPERJ; Apicuri, 2012.

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MESA 8 - O Patrimônio Cultural Imaterial e suas

normativas e instituições patrimoniais na América Latina

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Patrimônio Cultural Imaterial : As Festas de Nova Iguaçu, Rio de Janeiro

Elis Regina Barbosa Angelo291

Palavras-chave: Festas. Identidade. Patrimônio Cultural Imaterial. Nova Iguaçu.

Introdução

As festas populares da cidade de Nova Iguaçu, na baixada fluminense, uma região

reconhecidamente marginalizada pela imagem de pobreza, exclusão social e criminalidade foi

escolhida nesta pesquisa favorecendo as comemorações populares enquanto possíveis

representações culturais da cidade, que podem tecer a memória de suas raízes, além de

favorecer o elo de pertencimento com a história e com a sociabilidade popular. Além disso,

merece destaque a carência de estudos que contemplem o universo da cultura popular, das

festas e da própria região. O tema deste trabalho permeia discussões acerca das festas

populares enquanto fontes e formações do universo imaterial, conduzidas por meio do tema

cultura, têm como principais aportes referenciais HALBWACHS (1990), Velho (2006), Abreu

(2005), Gonçalves (2005), Bortolotto (2011), tratando a formação do patrimônio cultural e a

valorização do universo popular. O projeto que deu ênfase à escolha desse artigo se concentra

no mapeamento das manifestações populares de Nova Iguaçu, desenvolvido no PIBIC 2013 da

UFRRJ, cujos objetivos se atrelam à necessidade de articulação entre as atividades turísticas e

os organizadores, como hotéis, restaurantes, atrativos, transportes, entre muitos outros

pontos fundamentais para o uso das potencialidades da região. Inicialmente foi trabalhada a

cidade de Nova Iguaçu, se estendendo posteriormente à Seropédica, Belford Roxo, Duque de

Caxias e demais cidades da baixada.

Metodologia e resultados

Como metodologia foi utilizada a História Oral, partindo dos protagonistas portadores de

tradições culturais específicas, pressupondo a identificação da dinâmica própria desses

personagens em suas respectivas localidades de tradições. Para complementar os dados,

utilizou-se fontes bibliográficas, periódicos, revistas e informações das próprias comunidades

onde as festas ocorrem, além da análise documental e bibliográfica. As entrevistas focalizaram

a historia oral temática, e, eventualmente, as histórias de vida dos entrevistados. Como

produto dessa investigação, almeja-se formar o inventário e análise das manifestações

culturais de Nova Iguaçu e da Baixada Fluminense, formatando um projeto mais amplo criado

a partir das expectativas e perspectivas de formação da memória viva da cidade.

Conclusões

Com o intuito de valorizar a cultura popular das festas, iniciou-se em Agosto de 2012, com a

pesquisa de Iniciação Científica, a proposta de construção de um mapeamento das

291 Graduada em Turismo pela PUCCAMP, Especialista em Administração Hoteleira pelo SENAC-SP,

Mestre em Turismo pelo UNIBERO, Mestre em História pela PUC-SP, Doutora em História pela PUC-SP,

Professora Adjunta na UFRRJ, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Contato:

[email protected]

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manifestações populares formadoras do universo cultural da cidade de Nova Iguaçu. As

construções das histórias dos moradores locais determinaram neste trabalho a formação das

festividades e suas funções sociais, culturais e econômicas. A partir daí, constatou-se a

necessidade de propor por meio do turismo cultural ações que verticalizem a preocupação de

não somente apresentar os aspectos culturais para o visitante, mas fazê-lo de forma a

despertar a interpretação, a proteção, a salvaguarda, e a promoção do patrimônio cultural de

forma responsável, visando à preservação, e a valorização das culturas locais, contribuindo

assim para o fortalecimento das identidades.

As festas têm todo um universo simbólico de construções, pois, o processo das relações sociais

se concentra no modo de representação à comunidade, para homenagear, honrar, cultuar,

preservar seu modus operandi, ao incluir hábitos, valores e costumes. A valorização das

manifestações populares em Nova Iguaçu pode despertar o auto-sentimento de valorização e

de pertencimento do espaço por meio de suas próprias expressões, além de divulgar e criar

perspectivas econômicas. Como resultado dessa investigação se encontra não apenas uma

descrição, mas uma apresentação das festas sob a perspectiva dos seus protagonistas, a fim de

fomentar o turismo cultural como uma alternativa para que Nova Iguaçu seja reconhecida

pelos seus atrativos na Baixada Fluminense e isso possa ser um meio de mudança para sua

imagem no Estado do Rio de Janeiro.

Referências

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nas questões do patrimônio. In: Sociedade e Cultura. Revista de pesquisas e debates em

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VELHO, Gilberto. Patrimônio, negociação e conflito. Mana, Apr. 2006, Vol.12, No.1, p.237-248.

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O Patrimônio Cultural na Constituinte de 1987/88.

Yussef Daibert Salomão de Campos292

Palavras-chave: Patrimônio Cultural. Constituinte de 1987/88. Agentes políticos e sociais.

Patrimônio Imaterial.

Introdução

A Constituição brasileira de 1988 é um marco jurídico e político da recente história nacional.

Conhecida como a “Constituição Cidadã”, a Carta Política de 1988 nasceu em um momento em

que o país se desvencilhou de mais de duas décadas de dominação autoritária, instituída pelo

golpe militar de 1964, passando a sonhar com dias iluminados pelos faróis da democracia. Mas

o processo de desenvolvimento e criação da nova carta magna brasileira não foi simples e

sumário: arrolou-se durante quase dois anos de debates, disputas e conflitos políticos na

elaboração das novas diretrizes constitucionais. Diversos temas foram discutidos de forma

exaustiva, como a forma de inserção dos direitos e garantias fundamentais do cidadão e da

inclusão de novos instrumentos jurídicos de proteção de bens difusos e coletivos. Entre esses

temas destaca-se o patrimônio cultural e a forma elástica com a qual a lei maior buscou trata-

lo, introduzindo inovações jurídicas (como o registro do patrimônio cultural imaterial) ao lado

de formas tradicionais de preservação (tombamento do patrimônio material).

Todavia, indagamos: quais eram os atores, sociais e políticos, envolvidos no processo de

elaboração das determinações constitucionais de preservação do patrimônio cultural? Quais

os movimentos sociais foram marcantes nesse momento constituinte, nos anos de 1987 e

1988?

Metodologia e resultados

A partir da ideia de que o documento é um vestígio (BLOCH, 2001), a Constituição será

interpretada, nessa proposta que nada mais é do que a pesquisa desenvolvida no Programa de

Pós Graduação em História da UFJF (doutorado), não como um dado rígido, mas como um

material a ser interrogado e interpretado, através da análise de sua elaboração e do estudo

sobre seus atores, políticos e sociais. Observaremos que o patrimônio cultural é uma seara

formada por uma miríade de identidades (POULOT, 2009), minada por campos de conflitos e

interesses econômicos, políticos e simbólicos, inerentes ao próprio patrimônio (CANCLINI,

1994; LOWENTHAL, 1998; 2005). Tais identidades, que constituem o campo patrimonial, são

constituídas por sentimentos de coesão protonacional (HOBSBAWM, 2008), que, em conjunto,

fundamentam o surgimento de comunidades imaginadas (HALL, 2006; ANDERSON, 2008).

Essas construções conceituais poderão pautar a construção das apresentações do presente

trabalho, mostrando como a Constituição de 1988 permitiu a fortificação de uma identidade

nacional, através de diretrizes nascidas de elaborações políticas e sociais.

Como pretendemos adotar a metodologia da história oral para fundamentar os aportes

teóricos dessa pesquisa e sustentar os conceitos adotados, assim como para auxiliar na

292

Graduado em Direito (UFJF), mestre em Memória Social e Patrimônio Cultural (UFPel), doutorando

em História (UFJF), bolsista CAPES, [email protected].

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investigação da identificação dos agentes e de suas condutas e percepção da questão do

patrimônio cultural na construção do texto, mostraremos os resultados parciais de entrevistas

já levantadas. Poderão ser identificadas também a inserção social desses agentes e os grupos

por eles representados.

Conclusões

A escassez de obras e trabalhos em torno da Constituinte de 1987-88, no que tange ao

patrimônio cultural, é a justificativa que mais salta aos olhos. Não existe um trabalho

organizado e direcionado ao momento de elaboração constitucional de diretrizes voltadas ao

patrimônio cultural. Os mais diversos profissionais que se apropriam do patrimônio cultural

como objeto de estudo utilizam, diuturnamente, da Constituição como ponto de apoio jurídico

em suas investigações em torno do tema. Mas inexiste pesquisa aprofundada que responda à

seguinte questão: quais foram as vozes responsáveis pela elaboração do artigo constitucional

que define o patrimônio cultural e dita regras acerca de sua promoção e preservação? Quais

foram os agentes políticos que levaram tais reivindicações para as pautas de discussão da

Assembleia Constituinte? Como se deu a construção política do texto do artigo 216? Quais

foram as reivindicações, atendidas ou não, nesse processo? E quem reivindicou? Ferreira

aponta que o patrimônio cultural “é capaz de mediar relações políticas e sociais, de fortalecer

hierarquias e poderes, legitimando-os por meio de testemunhos materiais que lhes dão

sustentação” (FERREIRA, 2008, p.38).

Referências

ANDERSON, Benedict. Comunidades imaginadas: reflexões sobre a origem e a difusão do

nacionalismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.

BLOCH, Marc. Apologia da História ou o Ofício de Historiador. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.

BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em:

http://www.senado.gov.br/sf/legislacao/const/. Acesso em: ago. 2011.

CANCLINI, Nestor Garcia. O patrimônio cultural e a construção imaginária do nacional.

Revista do IPHAN. Brasília: IPHAN, nº 23, 1994, p. 94-115.

FERREIRA, Lúcio Menezes. Patrimônio, pós-colonialismo e repatriação. In: Ponta de lança:

revista eletrônica de história, memória e cultura. Ano I, nº2, 2008. p. 37-62.

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 11. Ed. – Rio de Janeiro: DP&A, 2006.

HOBSBAWM, Eric J. Nações e Nacionalismos desde 1780. São Paulo: Paz e Terra, 2008.

LOWENTHAL, David. El pasado es un país extraño. Madrid: Ediciones Akal, 1998.

__________. Why Sanctions Seldom Work: Reflections on Cultural Property Nationalism.

International Journal of Cultural Property, (12): 393-423, 2005.

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Inventário de Bens Culturais Imateriais de Piracicaba - SP

Marcelo Cachioni293

Fernando Monteiro Camargo294

Palavras-chave: Patrimônio Imaterial, Piracicaba, Planejamento urbano.

Introdução

A realização do inventário dos bens culturais é o primeiro passo para o mapeamento,

reconhecimento e valorização do patrimônio cultural de uma localidade. O Departamento de

Patrimônio Histórico do Instituto de Pesquisas e Planejamento de Piracicaba (DPH IPPLAP), em

dez anos de funcionamento, realizou diversos inventários relacionados ao patrimônio cultural

material, tais como: Imóveis de interesse para tombamento; Monumentos públicos; Arte

Cemiterial; e Obras de arte do acervo municipal. Em Piracicaba, até 2011, não existia nenhum

mecanismo de valorização dos aspectos imateriais do patrimônio cultural. Dessa forma, o DPH

IPPLAP desenvolveu o ‘Inventário de Bens Culturais Imateriais’ com o objetivo de reconhecer e

documentar informações referentes à cultura imaterial da cidade. O intuito foi identificar esses

bens, avaliar sua historicidade e criar condições para que sejam alvos de registros e de planos

de salvaguarda. Participaram do projeto o arquiteto Marcelo Cachioni, e o então aluno de

Ciências Sociais da PUC Campinas, Fernando Monteiro Camargo, além dos estagiários do curso

de História da Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP), Juliana Cristina Teixeira e

Douglas Pinheiro Graciano. A ideia foi produzir conhecimento sistematizado das práticas

culturais que sirvam de subsídios para que grupos sociais possam garantir a realização de suas

práticas tradicionais.

Metodologia e resultados

O método empregado na realização do inventário foi elaborado com base na metodologia

criada pela antropóloga portuguesa Clara Bertrand Cabral (2009), o qual consiste no

preenchimento de fichas cadastrais que contém os seguintes campos: Identificação do bem

cultural imaterial; Designação do bem cultural imaterial; Tipo de bem cultural imaterial;

Localização de realização; Mapa de localização; Endereço; Outras informações quanto a

designações e localização geográfica do bem cultural imaterial. Domínios: Tradições e

expressões orais; Artes do espetáculo - música, dança, teatro; Práticas sociais - rituais e

eventos festivos; Conhecimentos e práticas relacionados com a natureza e o universo;

Aptidões ligadas ao artesanato tradicional. Descrição do bem cultural imaterial: Praticantes do

bem cultural imaterial; Acesso ao bem cultural imaterial; Contexto Espacial; Contexto

Temporal; Especificação do contexto temporal; Língua Utilizada na prática do bem cultural

imaterial; Registros gráficos, sonoros audiovisuais ou outros; Léxico relacionado com o bem

293 Arquiteto e Urbanista, Especialista em Patrimônio Arquitetônico e Mestre em Urbanismo pela FAU

PUC Campinas e Doutor em Arquitetura e Urbanismo pela FAU USP, Diretor do Departamento de

Patrimônio Histórico do Instituto de Pesquisas e Planejamento de Piracicaba, [email protected].

294Cientista Social pela PUC Campinas, Especialista em Gestão Cultural pelo SENAC SP,

[email protected].

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cultural imaterial; História do bem cultural imaterial; Disseminação do bem cultural imaterial -

bens semelhantes; Outras informações. Salvaguarda do Bem Cultural Imaterial: Descrição da

transmissão do bem cultural imaterial; Avaliação dos resultados da transmissão do bem

cultural imaterial; Entidades que promovem ou apoiam o bem cultural imaterial; Descrição das

medidas de salvaguarda existentes; Possibilidade de extinção; Descrição das medidas de

salvaguarda necessárias; Websites de informações sobre o bem cultural imaterial. Informações

complementares sobre o Bem Cultural Imaterial: Trabalhos de pesquisa (publicados ou não

publicados); Patrimônio cultural imóvel classificado relacionado com o bem cultural imaterial;

Patrimônio cultural móvel referenciado relacionado com o bem cultural imaterial; Informações

adicionais; Dados de quem preencheu. O preenchimento das fichas de três páginas foi

realizado por estagiários do DPH IPPLAP que entrevistaram praticantes dos bens, como

também consultada bibliografia especializada nos determinados assuntos. Como resultado,

foram inventariados 16 bens culturais imateriais, entre danças, tradições, festas, práticas e

saberes, entre eles: Festa do Divino Espírito Santo, Batuque de Umbigada, Congada, Cururu,

Samba-lenço e Catira.

Conclusões

Elaborar o inventário dos bens culturais imateriais dentro de uma autarquia de planejamento

foi um desafio, pois geralmente essa atribuição compete a órgãos públicos ligados às áreas

culturais como, cultura e/ou turismo. No entanto, uma vez que os bens culturais imateriais são

considerados com referência direta a determinados grupos sociais e com espaços territoriais

bem definidos, incluir nas atribuições do IPPLAP a sistematização do conhecimento desses

bens por meio do inventário foi um passo importante, no que se refere, ao planejamento

urbano. Assim, significou ampliar a participação de grupos tradicionais e populares nos

processos decisórios de planejamento da cidade e reconhecer as práticas culturais tradicionais

como fundamentais para identidade do povo piracicabano. Desta forma, manifestações

diversas das culturas piracicabanas como, por exemplo, as danças, cantos e saberes podem ser

agora reconhecidos nas elaborações de políticas públicas de planejamento da cidade o que

pode garantir a realização de tais práticas associando ao desenvolvimento sustentável de

Piracicaba.

Referências

ALLEONI, Olívio. Cururu em Piracicaba. Piracicaba: Degáspari, 2006.

BUELONI, Mauricio Tadeu. Os Bonecos do Elias. A Participação desses elementos de folkmídia

na publicidade e propaganda institucional de Piracicaba. Piracicaba: Prefeitura Municipal,

2001.

CABRAL, Clara Maria F. Bertrand. Património Cultural Imaterial. Proposta de uma

Metodologia de Inventariação. Dissertação de Mestrado em Ciências Antropológicas. Lisboa:

Universidade Técnica de Lisboa, Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, 2009.

CAMARGO, F.M. Patrimônio Cultural: A Festa do Divino Espírito Santo de Piracicaba.

Campinas: PUC Campinas, 2011.

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FRASSON, Lauro et al. Tanquinho: seu povo, sua história, sua glória. Piracicaba: Shekinah,

2010.

MACHADO, Iara. Festa do Divino em Piracicaba: Uma proposta de curadoria. São Paulo: USP,

2009.

ROCHA NETO, Delphim Ferreira. A História do XV. 43 anos de futebol profissional. Piracicaba:

Jornal de Piracicaba, 1988.

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Da “carne e osso” à “pedra e cal”: compreendendo a inscrição “imaterial” na Constituição Federal do

Brasil de 1988

Álisson Sousa Castro295

Palavras-chave: Patrimônio Cultural Imaterial . Constituição Federal . Modernismo

Introdução

Passados 10 anos da realização da Convenção para a salvaguarda do Patrimônio Cultural

Imaterial, promovida pela UNESCO296 e também 25 anos da inscrição do termo “imaterial” no

Art. 216 da Constituição da República Federativa do Brasil297, ainda podemos dizer que

vivemos uma “ofensiva patrimonial” (HARTOG, 2013, p. 244).

A ideia de patrimônio teria surgido no processo revolucionário francês de 1789 a partir da

atribuição de valor a bens que - ressemantizados de símbolos da opressão da nobreza para

sinônimos de grau civilizacional – estavam sendo ameaçados de destruição (CAMARGO, 2002,

p. 21; FONSECA, 2009, p. 57; FUNARI e ABREU, 2006, p. 19; OLIVEN, 2009, p. 80).

No Brasil - um dos principais colaboradores para a formulação do patrimônio cultural imaterial

em âmbito internacional (DEFOURNY, 2008, p. 7) - a inscrição do termo “imaterial” na

Constituição Federal é acompanhada de uma referência recorrente à Mário de Andrade

(IPHAN, 2010, p. 11). Porém, esta atribuição parece-nos forçosa na medida em que a proposta

de Mário de Andrade da década de 30 acabou por encontrar outros caminhos de

institucionalização que só se incorporaram ao campo patrimonial após a Convenção da

UNESCO de 2003 e também da incorporação do Centro Nacional de Folclore e Cultural Popular

à estrutura do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional também neste ano.

Como objetivo pretendermos compreender o que motivou a inscrição do termo “imaterial” na

Constituição Federal de 1988. Neste sentido, é importante compreender o contexto e o motivo

da não aceitação do anteprojeto de Mário de Andrade para o Serviço do Patrimônio Artístico

Nacional bem como as implicações do contexto do regime militar de 64-85 na campo

patrimonial que puderam influenciar no alargamento da noção de patrimônio inscrita na

295

Mestrando em Patrimônio Cultural e Sociedade (Univille). Bolsita Prosup/Capes. Integrante do

Grupo de Pesquisa Cidade, Cultura e Diferença (Univille). Historiador da Fundação Cultural de Brusque,

[email protected]

296 Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Convenção

para a salvaguarda do patrimônio cultural imaterial. Paris, 17 de outubro de 2003. Tradução Ministério

das Relações Exteriores, Brasília, 2006. Disponível em

<unesdoc.unesco.org/images/0013/001325/132540por.pdf>, acesso em 17 de maio de 2013.

297 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF,

Senado, 1998. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>,

acesso em 17 de maio de 2013.

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Constituição Federal a partir de diálogo com o arquiteto Yves Bruand, o historiador François

Hartog, o designer Aloísio Magalhães e a socióloga Maria Cecília Londres da Fonseca.

Metodologia e resultados

A pesquisa compreendeu inicialmente uma revisão bibliográfica em periódicos e livros sobre

Patrimônio Cultural. Também foi elaborada uma análise dos pronunciamentos registrados nas

atas do Conselho Consultivo do Serviços do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – atual

IPHAN.

Conclusões

A inscrição do termo “imaterial” na Constituição Federal de 1988 só foi possível graças ao

trabalho de Aloísio Magalhães frente ao Centro Nacional de Referências Culturais e, também, à

demanda patrimonial assinalada por François Hartog, devido à não correspondência das

retóricas holistas à realidade brasileira na década de 80. Se o contexto do anteprojeto de

Mário de Andrade pretendia afirmar um nacionalismo homogêneo, o contexto de Aloísio

Magalhães e posteriormente da Constituinte pretendia afirmar o nacional a partir do

heterogêneo, da singularidade.

Assim, pudemos perceber que as políticas patrimoniais ganharam destaque nos governos

brasileiros em períodos autoritários, como ferramenta de coesão sob o signo do nacionalismo.

Se no Estado Novo o dirigismo varguista contribui para a formação de uma ideia de patrimônio

a partir de cima (intelectuais nas fileiras do Estado); no regime militar pós 64 é a situação de

inverte: o nacional, e sua singularidade, devem ser buscados nas manifestações populares, o

que faz com que a ideia de patrimônio seja vista a partir de baixo, como patrimônio vivo, em

oposição ao patrimônio morto protegido por intelectuais no primeiro período.

Neste sentido, a compreensão destes períodos nos auxilia a pensar o papel fundamental que

desempenharam os intelectuais Rodrigo Melo Franco de Andrade e Aloísio Magalhães dentro

dos meandros da burocracia estatal e da negociação política com o congresso e com o próprio

regime político do qual estavam inseridos.

Referências

BRASIL. DECRETO Nº 3.551, DE 4 DE AGOSTO DE 2000. Institui o Registro de Bens Culturais de

Natureza Imaterial que constituem patrimônio cultural brasileiro, cria o Programa Nacional do

Patrimônio Imaterial e dá outras providências. Disponível em

<www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3551.htm>, acesso em 29 de jul. de 2013.

BRUAND, Yves. Arquitetura contemporânea no Brasil. Tradução Ana M. Goldberg. São Paulo:

Perspectiva, 2012.

CAMARGO, Haroldo Leitão. Patrimônio histórico e cultural. São Paulo: Aleph, 2002.

CANDAU, Joël. Memória e identidade. Tradução Maria Leticia Ferreira. 1. ed. São Paulo:

Contexto, 2012.

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DEFOURNY, Vincent. A UNESCO e o Brasil: alinhamento histórico nas proposições para o

Patrimônio Imaterial. Apresentação do livro. In: CASTRO, Maria Laura Viveiros de; e FONSECA,

Maria Cecília Londres. Patrimônio imaterial no Brasil. Brasília: UNESCO, Educarte, 2008. pp. 7-

8.

FONSECA, Maria Cecília Londres. O patrimônio em processo: trajetória da política federal de

preservação no Brasil. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2009.

FUNARI, Pedro Paulo Abreu; PELEGRINI, Sandra de Cássia Araújo. Patrimônio histórico e

cultural. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2006.

IPHAN. Na pancada do ganzá. In: ______. Os sambas, as rodas, os bumbas, os meus e os bois:

Princípios, ações e resultados da política de salvaguarda do patrimõnio cultural imaterial no

Brasil - 2003-2010. 2. ed. Brasília: IPHAN, 2010.

HARTOG, François. Regimes de historicidade: presentismo e experiências do tempo. Belo

Horizonte: Autêntica Editora, 2013.

OLIVEN, Ruben George. Patrimônio Intangível: Considerações iniciais. In: ABREU, Regina;

CHAGAS, Mário (orgs.). Memória e Patrimônio: ensaios contemporâneos. Rio de Janeiro:

Lamparina, 2009. p. 80-82.

WULF, Christoph. Homo pictor: imaginação, ritual e aprendizado mimético no mundo

globalizado. Tradução Vinicius Spricigo. São Paulo: Hedra, 2013.

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Ações de salvaguarda do patrimônio cultural imaterial em contextos de “hibridismo institucional”

Larissa Maria de Almeida Guimarães298

Lorena Alves Mendes299

Benedito Walderlino de Souza Silva300

Palavras-chave: Patrimônio Cultural; Políticas Públicas; Identidade; Territorialidade;

Referências Culturais; Hibridismo cultural e institucional.

Introdução

Nesta comunicação, pretendemos discorrer acerca das práticas de políticas institucionais de

salvaguarda, no âmbito de atuação do IPHAN301 no estado do Pará (IPHAN/PA), na interface

com outros orgãos da administração pública, tendo em vista os contextos sociais em que essas

políticas são realizadas e as delimitações de atuação institucional, onde o IPHAN apresenta-se

como orgão responsável pela identificação, proteção e preservação do Patrimônio Cultural

Brasileiro. O IPHAN/PA realiza projetos que visam inventariar, identificar, reconhecer, registrar

e salvaguardar o Patrimônio Cultural Brasileiro de Natureza Imaterial, desde a instrução do

processo de registro de bens culturais de natureza imaterial com o Decreto 3551/2000. A

partir deste marco legal, pensar no patrimônio imaterial tem sido um exercício político

contínuo de instrumentalização de políticas públicas, dando margem a diversas interpretações

que, à nível institucional, devem ser pensadas de modo a garantir direitos mínimos aos

detentores do saber.

O Património Cultural Imaterial não é de resto (...) um caso isolado. É um caso particular de processos mais gerais de democratização e institucionalização do conceito antropológico de cultura, de multiplicação dos seus usos políticos. (LEAL, 2013: 7).

Dentro deste prisma, são desenvolvidos no IPHAN/PA dois projetos que têm como perspectiva

operacional as políticas de salvaguarda, pensadas como meios de preservação cultural.

Entretanto, a preservação não pode ser concebida em sentido estrito, é preciso levar em conta

os interesses dos sujeitos sociais envolvidos e a dinamicidade da cultura, enquanto “processo

298

Bacharel e Licenciada em Ciências Sociais (UFPA), Mestre em Ciências Sociais (UFPA), Doutoranda em

Antropologia Social no Programa de Pós-graduação em Antropologia Social (UFRGS), antropóloga na

Superintendência do Iphan no Pará (IPHAN/PA), [email protected].

299 Bacharel e Licenciada em Ciências Sociais (UFPA); Mestranda Profissional no Programa de

Especialização em Patrimônio pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

(PEP/MP/IPHAN); [email protected].

300 Bacharel e Licenciado em História (UNIFAP); Especialista em Arqueologia (UFPA); Consultor Unesco

na Superintendência do Iphan no Pará; [email protected].

301 Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

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permanente de reorganização das representações na prática social, representações estas que

são simultaneamente condição e produto desta prática” (DURHAM, 2004: 231).

No município de Oriximiná, na região do Baixo-Amazonas (Pará), populações remanescentes

de quilombos convivem diariamente com questões ligadas à posse, uso e manejo da terra.

Dentro os principais problemas, o lento processo de delimitação e titulação de terras pelo

Incra302 ou pelo Iterpa303 e a exploração mineral causam um vasto impacto ambiental na área,

interferindo diametralmente na lida com os recursos naturais na área. Já na Terra Indígena

Alto Rio Guamá304 (Pará), os conflitos por terra entre populações indígenas Tembé-Tenetehara

e extrativistas colocam em risco a vida e sociabilidade desta população indígena. Tais situações

problematizam noções como “território” e “territorialidade”, que constituem pontos

importantes de referenciação identitária (HAESBAERT, 1999) e de reconhecimento identitário

(CARDOSO DE OLIVEIRA, 2005). São situações de grande tensão estrutural que, diante das

competências de um orgão ligado à cultura e ao patrimônio, fazem emergir novas formas de

pensar exatamente estas competências e, ante órgãos como Funai305, Fundação Palmares,

Incra, Iterpa, Ibama306, SEMA307 e outros, articular políticas que garantam ações diretas de

salvaguarda. Logo, o patrimônio imaterial aqui emerge não apenas como “bens culturais

acauteladas pelo estado brasileiro”, mas como reconhecimento da diversidade cultural no

Brasil, problematizando a ideia de “identidade nacional” tendo em vista os contextos de

hibridização cultural (BURKE, 2003).

Metodologia e resultados

Nos dois trabalhos citados, foi aplicada a metodologia do INRC308 (MANUAL DE APLICAÇÃO,

2003), com a realização da fase de Levantamento Preliminar, onde foram e estão sendo

inventariados os bens culturais significativos para as populações e comunidades envolvidas.

A partir dos dados inventariados, é possível problematizar os usos dos resultados obtidos e a

aplicabilidade das ferramentas disponíveis. Os dois projetos terão como resultado primário a

elaboração e publicação de livros que tratem das referências culturais das populações

quilombolas e indígenas das duas áreas pesquisadas. Os livros teriam por finalidade a) registrar

os bens culturais através de narrativas que sejam sensíveis aos sujeitos sociais, para assim b)

sistematizar estas informações em livros a serem utilizados nas escolas das áreas.

302 Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária.

303 Instituto de Terras do Pará.

304 Também conhecida/referenciada como TIARG.

305 Fundação Nacional do Índio.

306 Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis.

307 Secretaria Estadual de Meio Ambiente, do estado do Pará.

308 Inventário Nacional de Referências Culturais.

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Coloca-se em pauta uma questão a partir daí: como um livro pode atender às demandas

levantadas? E como este instrumento político legitima a moral do reconhecimento?

Conclusões

O que pretendemos pontuar é que a efetivação de uma política pública na área de patrimônio

em muitos momentos articula ações conjuntas com outros orgãos que, em suas atribuições

institucionais, não têm no “patrimônio” um foco primeiro de reflexão e ação. Entretanto, faz-

se necessário pensar em como os resultados de uma política de salvaguarda pode se mostrar

eficaz e efetiva, quando articulada a outras instâncias que apenas emergem a partir das

reivindicações contextuais das populações envolvidas; e como estas mesmas políticas só fazem

sentido quando evocadas por estes sujeitos sociais a partir da representação de suas

narrativas.

Ao mesmo tempo em que o IPHAN realiza suas ações tendo como perspectiva uma

ideia/definição de patrimônio, desta relação dialética e dialógica emergem reinterpretações de

conceitos basilares como “patrimônio”, “bens culturais” e “referências culturais”.

Referências

BURKE, Peter. Hibridismo cultural. São Leopoldo: Ed. da Unisinos. 2003.

CARDOSO DE OLIVEIRA, Roberto. Identidade étnica, reconhecimento e o mundo moral.

Revista ANTHROPOLÓGICAS, ano 9, volume 16(2): 9-40. 2005.

DECRETO 3551 de 4 de agosto de 2000. Disponível em:

http://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/101954/decreto-3551-00. Acessado em 26 de

set. de 2013.

DURHAM, Eunice. A dinâmica da cultura: ensaios de antropologia. São Paulo: Editora Cosac

Naify. 2004.

HAESBAERT, Rogério. Dos múltiplos territórios à multiterritorialidade. Disponível em:

http://www.uff.br/observatoriojovem/sites/default/files/documentos/CONFERENCE_Rogerio_

HAESBAERT.pdf. Acessado em: 26 de set. de 2013.

INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL (IPHAN). INVENTÁRIO

NACIONAL DE REFERÊNCIAS CULTURAIS: manual de aplicação. Apresentação de Célia Maria

Corsino. Introdução de Antônio Augusto Arantes Neto. Brasília: Instituto do Patrimônio

Histórico e Artístico Nacional, 2000.

LEAL, João. Agitar antes de usar: a antropologia e o património cultural imaterial. Revista

Memória em Rede, Pelotas, v.3, n.9, Jul./Dez. 2013.

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As Políticas de Salvaguarda do Patrimônio Imaterial no IPHAN a serviço da Identidade Nacional

Brasileira

Lorena Alves Mendes309

Benedito Walderlino Souza Silva310

Larissa Maria de Almeida Guimarães311

Palavras-chave: Estado Nacional. Identidade. IPHAN. Patrimônio Imaterial.

Introdução

O processo histórico de formação da identidade social brasileira está pautado na fábula ou

mito das três raças, onde estão presentes: o branco, o índio e o negro (DAMATTA, 1987). É

inegável a presença desses atores sociais na formação da sociedade brasileira, entretanto, o

modo como suas participações se deram nesse processo é tomado como base de recursos

ideológicos para a construção de uma identidade nacional.

Que os três elementos sociais - branco, negro e indígena - tenham sido importantes entre nós é óbvio, constituindo-se sua afirmativa ou descoberta quase que numa banalidade empírica. É claro que foram! Mas há uma distância significativa entre a presença empírica dos elementos e seu uso como recursos ideológicos na construção da identidade social, como foi o caso brasileiro (DAMATTA, 1987, p. 62-63).

A construção de uma nação precisa estar respaldada, entre outras, pela ideia de um mito

fundador, que para ser absorvido pela coletividade necessita de confirmações e reafirmações

cotidianas, difundidas nos mais variados espaços pelos mais diversos agentes, dentre eles os

institucionais a partir de suas políticas públicas.

Partindo do Decreto Presidencial 3.551 de 04 de Agosto de 2000, que instituí o Registro de

Bens Culturais de Natureza Imaterial como constituintes do patrimônio cultural brasileiro e

ainda, considerando que o conceito moderno de patrimônio parte da necessidade de

reafirmar o passado como a base de afirmação dos Estados Nacionais, propõe-se neste

trabalho discutir, a partir de referenciais antropológicos, de que modo a ideia de identidade

nacional se constitui como fundamental para a formação do Estado Nacional brasileiro e a

partir disso consideramos imprescindível analisar como o Instituto do Patrimônio Histórico e

Artístico Nacional (IPHAN), através de sua Instrução Normativa N.º 001/2009, de 02 de março

309

Bacharel e Licenciada em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Pará; Mestranda Profissional

no Programa de Especialização em Patrimônio pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

(PEP/MP/IPHAN); [email protected]

310 Historiador com especialização em Arqueologia, historiador na Superintendência Estadual do Iphan

no Pará, [email protected]

311 Bacharel e Licenciada em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Pará (UFPA); Mestre em

Ciências Sociais (UFPA); Doutoranda em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio Grande do

Sul (UFRGS); Antropóloga na Superintendência do Iphan no Pará; [email protected]

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de 2009, que instrui o processo de Registro de bens culturais, como instrumento de gestão,

contemplando as categorias patrimoniais estabelecidas no Decreto n.º 3.551, de 4 de agosto

de 2000, referentes ao patrimônio cultural imaterial, tem recebido e avaliado os pedidos de

inventário para preservação das inúmeras formas de expressão, saberes, celebrações e lugares

que constituem a identidade nacional brasileira, ou seja, como os conceitos caros à

antropologia como cultura, identidade, memória, saber popular, tradição e modernidade são

trabalhados pelos INRC’s na medida em que institui o registro oficial do que é patrimônio

cultural.

Metodologia e resultados

A partir da experiência no Mestrado Profissional em Preservação do Patrimônio Cultural, que

venho cursando no IPHAN/Pará, busco analisar três processos de INRC’s finalizados nesta

Superintendência (INRC Do Círio de Nazaré, INRC do Ver-o-Peso e INRC Cametá). Com o

intuito de compreender em que medida esses elementos da cultura paraense, inventariados,

inscritos em uma dinâmica cultural, que é passível de mudanças, dialoga com um instrumento

metodológico, no caso o INRC, no momento em que se entende essa política de salvaguarda,

em consolidação, como aquela que no âmbito federal registra o patrimônio cultural brasileiro.

Conclusões

A relação entre Antropologia e Patrimônio Cultural há tempos vêm sendo discutida. O espaço

e importância que o conceito de cultura foi ganhando, dentro da perspectiva antropológica, e

com isso o seu uso estendido para os domínios públicos (LEAL, 2013), ou seja, sendo utilizado

como parâmetro para políticas públicas, direcionadas ao patrimônio cultural, servem de

campo interessante para essa discussão.

O percurso construído historicamente na formação do Estado Nacional Brasileiro conta com as

contribuições da também construída identidade nacional brasileira. Se o conceito de

patrimônio dialoga com o passado de uma memória, de uma identidade, de um lugar, seja

lembrando, esquecendo ou narrando essa memória e os elementos que a constroem, torna-se

necessário preservá-lo e colocá-lo em diálogo com os instrumentos institucionais que,

também, podem assegurá-lo.

Referências

DAMATTA, Roberto. Relativizando; uma introdução à antropologia social. Rio de Janeiro:

Editora Rocco. 1987.

BRASIL. Decreto nº 3.551 de 04 de agosto de 2000. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3551.htm. Acessado em: 26 de set. de 2013.

INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL (IPHAN). Instrução Normativa

n° 01 de 02 de março de 2009. Autorização de uso do INRC . Disponível em:

http://portal.iphan.gov.br/portal/montarDetalheConteudo.do?id=14318&sigla=Institucional&r

etorno=detalheInstitucional. Acessado em: 26 de set. de 2013.

LEAL, João. Agite antes de usar: a Antropologia e o Patrimônio Cultural Imaterial. Revista

Memória em Rede, Pelotas, v.3, n.9, Jul./Dez.2013–ISSN-2177-4129 – Disponível em:

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http://www.ufpel.edu.br/ich/memoriaemrede/beta-02-

01/index.php/memoriaemrede/article/view/212/157. Acessado em 26 de set. de 2013

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“Compartilhando os bens culturais de Jaguarão-RS-patrimônio imaterial –

proposta de educação patrimonial”

Ângela Mara Bento Ribeiro312

Carlos José de Azevedo Machado313

Juliana Rose Jasper314

Palavras-chave: Jaguarão. Educação Patrimonial, Patrimônio Imaterial, História. Turismo.

Introdução

A cidade de Jaguarão – fronteira com o Uruguai, dotada de carências educacionais315, foi

beneficiada com o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência - PIBID316, a fim de

gerar as transformações indispensáveis no sistema de ensino da região. Neste trabalho nos

propomos a reflexão do papel de professor e a sua relação com Educação Patrimonial através

de ações ambientais e culturais de forma a buscar subsídios para formação do aluno como

cidadão sensível às questões sócio-culturais, possibilitando um trabalho multi e interdisciplinar

no Instituto Estadual de Educação Espírito Santo-IEEES e revelar o Patrimônio imaterial local

como desencadeador de lembranças presente na memória de jovens adolescentes tornando-

os integrantes do processo de discussão do patrimônio cultural da cidade de Jaguarão, que em

realidade, é o entorno do Rio Jaguarão, envolvendo também a cidade de Rio Branco no

Uruguai. É realizado com quinze bolsistas do Curso de História da Universidade Federal do

Pampa (Unipampa) três supervisores e uma coordenadora, no Instituto Estadual de Educação

Espírito Santo e os resultados referem-se ao período de 2013.

Metodologia e resultados

Na divisão de tarefas dos bolsistas além das observações em sala de aula e em reuniões (na

escola) as responsabilidades das duplas incluíram: pesquisar eventos, revistas, periódicos;

312

Prof,.Ms Angela Mara Bento Ribeiro, vinculado ao curso de Turismo da Universidade Federal do

Pampa-campus Jaguarão-RS. Coordenadora PIBID-Educação Patrimonial em 2011 e 2013 email:

[email protected]

313 Prof. Carlos José Azevedo Machado, professor Espírito Santo e supervisor do PIBID-Educação

Patrimonial. Email: [email protected]

314 Prof.. Ms. Juliana Rose Jasper vinculada a Universidade Federal do pampa-Campus Jaguarão. Email:

[email protected]

315 Diagnosticada através dos exames do Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Rio Grande do

Sul (SAERS)e o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).

316 Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência, ligado a CAPES - Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, tem por finalidade o incentivo a formação de docentes

para a atuação na educação básica. EDITAL-PIBID2011.

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registro de ata em reuniões; alimentação e criação do blog http://epjaguarao.blogspot.com/317

dossiê e portfólio; avisos e emails das reuniões e rodízio mensal das duplas. Dentre as

apresentações do subprojeto para comunidade acadêmica e escolar no auditório da

Unipampa, cabe destacar o que propiciou debruçar-nos no patrimônio imaterial. Na ocasião foi

apresentado pela aluna Ariadne Simões do 2º ano do Ensino Médio (noturno) um relato sobre

o “homem da boneca”, personagem folclórico da cidade o qual despertou nos bolsistas

desenvolver o trabalho de pesquisa com os professores na escola com os alunos para

apresentarem na Feira do Livro da cidade com o projeto de “Contação de Histórias”, que

culminou no programa para 2013. Tendo em vista os “10 anos da Convenção do Patrimônio

Imaterial (2003-2013).”

Foto: 01-Feira do Livro (Acervo Autores)

Foto:02 –Homem da Boneca (Acervo: Carlos José Machado)

Conclusões

317 Publicação das atividades desenvolvidas pelo Pibid-Educação Patrimonial promovendo a sensibilização sobre o tema para professores das mais diversificadas áreas de forma que possam através do Blog identificar elementos para seu trabalho em sala de aula.

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Consideramos que os jovens ao citarem elementos de natureza imaterial no caso “homem da

boneca” como estudada por Certeau na reinvenção do cotidiano. Operam a percepção, os

sentimentos, o imaginário coletivo, o lúdico, enfeixados nos mitos, ritos, arquétipos, crenças e

símbolos da visão e manifestação integradas da real representação e significado social da

comunidade na conservação, veiculação e revelação dos elos entre ambiente, cultura, história

e vida. Os esforços do grupo de envolvidos no trabalho de Educação Patrimonial avançam para

publicação do livro em 2014 financiado pela Capes.

Referências

CERQUEIRA, Fábio Vergara, GUTIERREZ Ester Judite Bendjouya, SANTOS Denise Ondina

Marroni, MELO, Alan Dutra.- Educação patrimonial : perspectivas multidisciplinares- Pelotas,

RS- Instituto de Memória e Patrimônio e Mestrado em Memória Social e Patrimônio Cultural-

UFPEL.- Pelotas: Editora da UFPEL, 2008.

CERTEAU, Michel. A invenção do cotidiano: artes de fazer. Petrópolis:Vozes, 1994.

HORTA, Maria de Lourdes Parreiras.Fundamentos da Educação Patrimonial. Ciências e Letras,

Porto Alegre, 2000.

FUNARI, Pedro Paulo; PELEGRINI, Sandra. O que é patrimônio cultural imaterial. SP:

Brasiliense, 2008.

JR Caio Prado; Discurso – Revista do Departamento de Filosofia da Faculdade de Filosofia,

Letras e Ciências Humanas da USP, ano IV, nº 4, PP. 41-78, 1973. MORAES, Maria Lucia;

Turismo transversalidade curricular. Pelotas: EDUCAT, 2004

IPHAN, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Brasil).Coordenação-Geral de

Pesquisa. Documentação e Referência. Oficina de Pesquisa (1.:2008 : Rio de Janeiro, RJ).

MURTA, Stela Maris; ALBANO Celina, orgs.- Interpretar o patrimônio um exercício do olhar.

Belo Horizonte : Ed. UFMG; território Brasílis, 2002.

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El Payador: desde “Ansina” a Diego Sosa

María Teresa Barbat318

Repentismo. Tradición. Música. Cultura

Introducción

En el Uruguay, así como en parte del Sur del Brasil y el Litoral y Sur Argentino, desde tiempos

remotos, existen personajes –hombres y mujeres- que realizan prácticas de diversas

expresiones artísticas. Una de las más tradicionales es el canto repentista, que por tradición en

muchos lugares se le denomina el canto del payador. Si bien este tema ha sido tratado por

musicólogos importantes en toda América, en esta zona mencionada y especialmente en el

Uruguay cobra una notoria impronta musical y por lo tanto involucra a toda la cultura del país,

sin que haya sido tenido en cuanta por las autoridades , para integrar las listas de Cultura

inmaterial de UNESCO, como sí lo han sido el Candombe y el Tango. PERO, creemos que es de

gran importancia , especialmente por su trayectoria en el tiempo y porque forma parte de

una enorme zona geográfica y de población, compartida por tres países que se mantiene

vigente desde sus inicios hasta el día de hoy. Debe incluirse en las listas de UNESCO.

Metodología y resultados

La metodología seguida para la realización de este Proyecto se basa principalmente en una

investigación primaria sobre pinturas, fotografías, grabaciones, videos, presentaciones en vivo

y entrevistas a los protagonistas. Fueron consultadas fuentes bibliográficas, en archivos,

bibliotecas, públicas y privadas. Diarios, revistas, internet.

Este Proyecto es reciente y pensamos continuar con el trabajo en vías de lograr incluir la

proposición que el canto del payador integre las listas de UNESCO de patrimonio inmaterial.

Partimos de un testimonio literario-poemas- y de la historia de nuestra Patria Vieja, alrededor

de 1800 con el Payador de Artigas, Joaquín Lenzina “Ansina” a través de cuadros, y

semblanzas de otros escritores, hasta llegar a este 2013 con el joven payador Diego Sosa, que

lo vemos y oímos en forma personal. Entre ellos han existido cientos de hombres y mujeres

que han ejercido ese oficio o técnica o arte del payador. Mediante el estudio de fotografías,

grabaciones y videos se conforma un archivo muy importante. También el estudio de campo,

con grabaciones y fotografías . El canto repentista es difícil de atesorar, porque los actores

suelen no tener a mano ni cámaras de fotos ni videos, por lo cual mucho de su material se

pierde y sólo por tradición oral puede rescatarse algo de lo realizado.

Conclusiones

Por lo dicho, el Proyecto está aún en vías de desarrollo y será un buen resultado si se logra

integrar las listas de UNESCO.

318 Egresada del Instituto de Profesores Artigas, estudiante de Tecnicatura en Museología de Facultad de Humanidades y Ciencias de la Educación. Montevideo, URUGUAY. “Grupo Santo Domingo Soriano”-Sociedad Civil, [email protected] . cel. 098 731 750

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Referencias

Bibliografía varia: Texto de Historia Nacional , Americana,-diversos autores-; Historia dela

Música URUGUAYA-varios autores. Archivos privados. Cuadros, fotografías,

grabaciones,videos. Revistas locales.

Figuras

Afiche de espectáculo con el Cuadro denominado “Ansina, el Payador de Artigas”, obra de la

artista plástica Mary Porto Casas. Montevideo

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Afiche acto cultural conmemorativo del Día del Payador-24 de agosto- por ley Nacional.

También luce una obra de Mary Porto Casas que se otorga como DISTINCIÓN “ANSINA”

Cada año.

El payador Diego Sosa- y el payador “Gurí” Rodríguez improvisando en vivo en la Sala Vaz

Ferreira de la Biblioteca Nacional. Montevideo, 2012

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MESA 9 - Paisagem e cultura:

patrimônio, turismo e memória.

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Patrimônio Cultural Imaterial : As Festas de Nova Iguaçu, Rio de Janeiro

Elis Regina Barbosa Angelo319

Palavras-chave: Festas. Identidade. Patrimônio Cultural Imaterial. Nova Iguaçu.

Introdução

As festas populares da cidade de Nova Iguaçu, na baixada fluminense, uma região

reconhecidamente marginalizada pela imagem de pobreza, exclusão social e criminalidade foi

escolhida nesta pesquisa favorecendo as comemorações populares enquanto possíveis

representações culturais da cidade, que podem tecer a memória de suas raízes, além de

favorecer o elo de pertencimento com a história e com a sociabilidade popular. Além disso,

merece destaque a carência de estudos que contemplem o universo da cultura popular, das

festas e da própria região. O tema deste trabalho permeia discussões acerca das festas

populares enquanto fontes e formações do universo imaterial, conduzidas por meio do tema

cultura, têm como principais aportes referenciais HALBWACHS (1990), Velho (2006), Abreu

(2005), Gonçalves (2005), Bortolotto (2011), tratando a formação do patrimônio cultural e a

valorização do universo popular. O projeto que deu ênfase à escolha desse artigo se concentra

no mapeamento das manifestações populares de Nova Iguaçu, desenvolvido no PIBIC 2013 da

UFRRJ, cujos objetivos se atrelam à necessidade de articulação entre as atividades turísticas e

os organizadores, como hotéis, restaurantes, atrativos, transportes, entre muitos outros

pontos fundamentais para o uso das potencialidades da região. Inicialmente foi trabalhada a

cidade de Nova Iguaçu, se estendendo posteriormente à Seropédica, Belford Roxo, Duque de

Caxias e demais cidades da baixada.

Metodologia e resultados

Como metodologia foi utilizada a História Oral, partindo dos protagonistas portadores de

tradições culturais específicas, pressupondo a identificação da dinâmica própria desses

personagens em suas respectivas localidades de tradições. Para complementar os dados,

utilizou-se fontes bibliográficas, periódicos, revistas e informações das próprias comunidades

onde as festas ocorrem, além da análise documental e bibliográfica. As entrevistas focalizaram

a historia oral temática, e, eventualmente, as histórias de vida dos entrevistados. Como

produto dessa investigação, almeja-se formar o inventário e análise das manifestações

culturais de Nova Iguaçu e da Baixada Fluminense, formatando um projeto mais amplo criado

a partir das expectativas e perspectivas de formação da memória viva da cidade.

Conclusões

Com o intuito de valorizar a cultura popular das festas, iniciou-se em Agosto de 2012, com a

pesquisa de Iniciação Científica, a proposta de construção de um mapeamento das

319 Graduada em Turismo pela PUCCAMP, Especialista em Administração Hoteleira pelo SENAC-SP,

Mestre em Turismo pelo UNIBERO, Mestre em História pela PUC-SP, Doutora em História pela PUC-SP,

Professora Adjunta na UFRRJ, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Contato:

[email protected]

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manifestações populares formadoras do universo cultural da cidade de Nova Iguaçu. As

construções das histórias dos moradores locais determinaram neste trabalho a formação das

festividades e suas funções sociais, culturais e econômicas. A partir daí, constatou-se a

necessidade de propor por meio do turismo cultural ações que verticalizem a preocupação de

não somente apresentar os aspectos culturais para o visitante, mas fazê-lo de forma a

despertar a interpretação, a proteção, a salvaguarda, e a promoção do patrimônio cultural de

forma responsável, visando à preservação, e a valorização das culturas locais, contribuindo

assim para o fortalecimento das identidades.

As festas têm todo um universo simbólico de construções, pois, o processo das relações sociais

se concentra no modo de representação à comunidade, para homenagear, honrar, cultuar,

preservar seu modus operandi, ao incluir hábitos, valores e costumes. A valorização das

manifestações populares em Nova Iguaçu pode despertar o auto-sentimento de valorização e

de pertencimento do espaço por meio de suas próprias expressões, além de divulgar e criar

perspectivas econômicas. Como resultado dessa investigação se encontra não apenas uma

descrição, mas uma apresentação das festas sob a perspectiva dos seus protagonistas, a fim de

fomentar o turismo cultural como uma alternativa para que Nova Iguaçu seja reconhecida

pelos seus atrativos na Baixada Fluminense e isso possa ser um meio de mudança para sua

imagem no Estado do Rio de Janeiro.

Referências

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nas questões do patrimônio. In: Sociedade e Cultura. Revista de pesquisas e debates em

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ANGELO, Elis Regina Barbosa. Métodos e Técnicas de Pesquisa em Turismo. Rio de Janeiro:

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BOURDIEU, Pierre. A Economia das Trocas Simbólicas. São Paulo: Perspectiva. 2007.

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FALCÃO, Andréa. Registro e Políticas de Salvaguarda para as Culturas Populares. Série

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Lugares de memória, lembranças e esquecimentos: um novo olhar para o turismo em Nova Xavantina

Natália Araújo de Oliveira320

Maria Stela de Campos França321

Palavras-chave: Lugares de memória. Memoriais. Turismo. Nova Xavantina/MT.

Introdução

Um modo dos grupos sociais externarem sua memória coletiva é por meio dos lugares de

memória, locais destinados à manutenção da memória coletiva (NORA, 1981). Nos lugares de

memória encontram-se os memoriais de um espaço, constituídos por: placas que dão nome a

lugares, estátuas, bustos, elementos da natureza e construções monumentais (FRANÇA, 2004).

Estes revelam a dinâmica de uma sociedade e por meio deles é possível entender o que foi

importante para certo grupo em dado momento de sua história e como esse acontecimento é

interpretado no presente. Esse conhecimento histórico acerca da memória coletiva é captado

a partir da interpretação dos lugares de memória e essa perspectiva está em consonância com

os paradigmas do turismo que acrescem a experiência do visitante informações e

representações que realçam a história e as características do lugar turístico (MARTINS, 2003).

Sob esta perspectiva, o presente trabalho objetiva contar a história de Nova Xavantina/MT por

meio de seus lugares de memória e memoriais, analisando o que eles representam aos

diferentes grupos etnoculturais da cidade, assim como pretende apresentar o turismo como

propulsor da valorização da diversidade etnocultural. Esta cidade, localizada no interior do

Mato Grosso, foi construída por diferentes grupos etnoculturais. Inicialmente estabeleceram-

se os Xavante, posteriormente os Pioneiros, participantes da Marcha para Oeste - projeto

nacionalista do presidente Getúlio Vargas, e em seguida os Gaúchos, que partiram do sul do

país em colonizações agrícolas durante a década de 1970, além de outros estabelecidos

posteriormente.

Metodologia e resultados

A metodologia utilizada na presente pesquisa foi o flânerie, descrito como uma atitude pela

qual se procura entender a vida social a partir de percepções enquanto se cruza a paisagem

urbana (FEATHERSTONE, 2000). Acrescida a observação do flânerie foram realizadas

entrevistas abertas.

320

Bacharel em Turismo pela Universidade do Estado de Mato Grosso, Mestre em Ciências Sociais pela

Universidade do Vale do Rio dos Sinos e doutoranda em Sociologia pela Universidade Federal do Rio

Grande do Sul. E-mail: [email protected]

321 Graduada em Psicologia pela Universidade São Marcos, mestre e doutora em Antropologia Social

pela Universidade de Brasília. Docente na Universidade do Estado de Mato Grosso. E-mail:

[email protected].

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A fim de mostrar os resultados encontrados na pesquisa, cita-se para cada grupo etnocultural

abordado algum lugar de memória significativo ou, ainda, a ausência destes, como é o caso

dos Xavante. Percebeu-se que não há nenhum lugar de memória ou memorial que os lembre.

É como se ocorresse uma velada negação de sua presença, o que acaba por negar o próprio

nome da cidade. Sendo assim a única maneira desses propagarem sua cultura é por meio de

redes das memórias subterrâneas (POLLAK, 1989).

Quanto ao outro grupo citado, os Pioneiros, um lugar de memória significativo é a Praça Cívica,

que está situada no local onde foi estabelecido o primeiro acampamento da cidade em 1944.

Nesta praça realizaram-se os festejos da vinda do presidente da república Getúlio Vargas a

região, em 1945. Na praça existe um marco construído pelos próprios Pioneiros, que dividiram

os custos para confecção do mesmo. A construção desse memorial por seus próprios agentes

mostra a dinâmica dessa memória coletiva, visto que a partir da construção dessa peça urbana

os Pioneiros reafirmam à sociedade sua importância para o município e o fato de construírem

tal marco em espaço público revela a intenção de dar essa mensagem à população.

Por fim, com a migração gaúcha criou-se um Centro de Tradições Gaúchas (CTG) em 1986 na

cidade, que tem por objetivo promover e cultuar tradições, cultura, história, lendas, canções,

danças, usos e costumes do Rio Grande do Sul. O CTG proporciona ao gaúcho a celebração

suas origens, a reafirmação da sua identidade coletiva e o resgate do seu passado assim como

o de sua família, tornando-se dessa maneira um lugar de memória, um local onde esses

migrantes (re)encontram sua identidade gaúcha.

Conclusões

Sendo Nova Xavantina um espaço onde diferentes grupos culturais convivem, é necessário que

propostas para o fortalecimento das identidades culturais da cidade surjam, e neste caso, o

turismo pode nascer como forte propulsor à valorização da memória coletiva dos grupos

culturais, visto que ele aumenta o orgulho da comunidade local que passa a reforçar seus

valores culturais. O turismo cultural também serve de reabilitação as culturas, pois o turista

busca o que é autêntico, reconhecendo na diversidade cultural do município um atrativo

cultural amplo e diversificado. Outro ponto a ser ressaltado é que, com valorização da

diversidade local pelo turismo, o patrimônio histórico da cidade pode ser revitalizado. Logo,

resgatar as memórias coletivas ou revelar memórias subterrâneas do município por meio do

turismo cultural é celebrar a multiculturalidade de Nova Xavantina.

Referências

FEATHERSTONE, M. O flâneur, a cidade e a vida pública virtual. In: ARANTES, Antonio A. (Org.).

O espaço da diferença. Campinas: Papirus, 2000. p. 186-207.

FRANÇA, M. S. C. de. Apanjaht: a expressão da sociedade plural no Suriname. Brasília, 2004.

217f. Tese (Doutorado em Antropologia Social). Programa de Pós-Graduação em

Antropologia, Universidade de Brasília, UNB, 2004.

MARTINS, J. C. de O. Identidade: percepção e contexto. In: ______ (Org.) Turismo, cultura e

identidade. São Paulo: Roca, 2003.

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NORA, P. Entre memória e história: a problemática dos lugares. In: Projeto História. São Paulo:

PUC, n. 10, pp. 07-28, dezembro de 1981.

POLLAK, M. Memória, esquecimento, silêncio. Estudos históricos, vol. 2, n 3, 1989, p.03-15.

Disponível em: <http://www.cpdoc.fgv.br/revista/arq/43.pdf>. Acesso em: 01 ago. 2007.

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Mercantilização X Identidade: O caso da Oktoberfest de Rolândia.

Tatyana do Nascimento322

Lorena Angélica Mancini323

Palavras- chave: Oktoberfest, Identidade, Patrimônio, Cultura, alemã, Rolândia.

Introdução

O trabalho proposto é de grande importância para Rolândia para expor a perda de identidade

e buscar um resgate dessa cultura, valorizando um bem patrimonial imaterial e sua tradição,

como a Oktoberfest, que traduz a cultura e a tipicidade colonial de Rolândia, que foi perdida

com a mercantilização da mesma.

Metodologia e Resultados

Com o intuito de descobrir como aconteceu e se a população tem consciência da perda de

identidade foi necessário realizar uma pesquisa bibliográfica, documental e pesquisa de campo

com aplicação de questionários e entrevistas. Obtendo assim a resposta da qual se esperava,

que a festa perdeu sim sua identidade e que a população tem consciência disso, lamentando

pois consideram a mesma como algo identitário, sendo assim esperam uma reestruturação

para voltarem a prestigiar a cultura alemã.

Objeto de estudo

Rolândia é uma cidade de colonização não só alemã, porém, é a que mais se destaca. Esta

cultura está presente na vida das pessoas até hoje, em questões de educação, de saúde, entre

outros resquícios deixados. Dentre eles a Oktoberfest, que foi uma celebração feita em

primeiro momento para comemorar uma boa colheita mas que também teve intuito de

resgatar a cultura. Essa celebração pode ser considerada um patrimônio histórico imaterial do

município, o qual é visto e valorizado pela comunidade como um bem que deve ou pelo menos

deveria transmitir a identidade firmada na memória dos munícipes de Rolândia.

Para melhor compreendersobre os patrimônios imateriais, explica-se que são aqueles que

remetem à cultura de determinado povo, tudo aquilo que se aprende e se firma como

322 Bacharelanda do curso de turismo da Faculdade de Ciências Econômicas de Apucarana – FECEA,

[email protected].

323Graduada em turismo e hotelaria pela UNOPAR, especialista em turismo, políticas públicas e

desenvolvimento local pela PUC-MG e em metodologia da ação docente com ênfase no ensino superior

pela FACCAR, mestre em turismo pela UNIVALI, professor assistente da FECEA,

[email protected]

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caracterização e identidade de determinada sociedade. No Brasil, o Decreto-Lei n

3.551/2000324 distinguem os patrimônios imateriais da seguinte maneira:

a) saberes: conhecimentos e modos de fazer enraizados no cotidiano das comunidades. b) formas de expressão: manifestações literárias, musicais, plásticas, cênicas e lúdicas. c) celebrações: rituais e festas que marcam a vivência coletiva do trabalho, da religiosidade, do entretenimento e de outras práticas da vida social. d) lugares: mercados, feiras, santuários, praças e demais espaços onde se concentram e se reproduzem práticas culturais coletivas.

A Oktoberfest então se caracteriza como uma celebração, utilizando-se de produtos tangíveis

para suprir o que o público realmente quer, que é vivenciar algo que marcou sua história, ou

algo relevante em sua cultura que foi deixado de lado pela globalização. (LEITE et al. s/a). A

festa oferece produtos gastronômicos, utiliza-se dos trajes típicos, entre outros itens, para

trazer a sensação de estarem presentes naquele devido momento.

A festa de Rolândia há alguns anos vem demonstrando uma descaracterização e

consequentemente uma perda de identidade grande em relação ao seu aspecto cultural. O

comercial tem prevalecido, fazendo que uma festa tradicional de origem alemã se

transformasse em um evento com atrações contemporâneas não ligadas à cultura em si,

havendo discrepância entre o objetivo da festa com o que é de fato encontrado durante sua

realização.

Através de questionários e entrevistas, foi possível perceber que as pessoas se sentem

representadas pelo evento e que a Oktoberfest é uma identidade para o município de

Rolândia, porém ela vem perdendo seu principal fundamento a partir de uma

descaracterização e comercialização. Então, pode-se dizer que os imigrantes alemães fizeram o

município de Rolândia ser o que é hoje, criaram e firmaram sua cultural na cidade, e a

Oktoberfest possui essa cultura vinculada, fazendo parte da identidade dos rolandenses que

querem buscar preservá-la, mesmo a frente ao desenvolvimento constante.

Referências

CAPONERO, M.C; LEITE, E; P, S. Patrimônio Imaterial: A lógica do mercado globalizado e as

festas populares na América Latina. s/a.

CASTRO, M. L. V. Patrimônio imaterial no Brasil: Legislação e Políticas Estaduais. Brasília:

UNESCO, Educarte, 2008, p. 18 Disponível em:

http://portal.iphan.gov.br/portal/montarDetalheConteudo.do?id=12308&sigla=Institucional&r

etorno=detalheInstitucional.

324

http://portal.iphan.gov.br/portal/montarDetalheConteudo.do?id=12308&sigla=Institucional&retorno

=detalheInstitucional

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História, memória e visualidade urbana em álbuns comemorativos

Eduardo Roberto Jordão Knack325

Palavras-chave: Cidades. História. Memória. Imaginário. Visualidade.

Introdução

O presente trabalho é um desdobramento de uma pesquisa em andamento realizada no

doutorado em História na PUCRS com o título “Passo e a construção da capital do planalto em

1957.” Nessa pesquisa objetiva-se estudar a construção da história, da memória e do

imaginário da cidade a partir das comemorações do seu centenário em 1957. Uma das

principais fontes de pesquisa é a publicação Passo Fundo centenário: guia turístico, literário e

comercial, de 1957. Para aprofundar a compreensão do estatuto, dos usos e funções de álbuns

comemorativos, foi necessário observar outros documentos semelhantes. Optou-se em buscar

publicações com características semelhantes, que marcam a comemoração de períodos

“fechados”, como centenários e cinqüentenários. Entre os álbuns analisados estão: Album

comemorativo do cincoentenário da fundação de Ijuí: 1890-1940, o Uruguaiana Um Século de

História de 1943, o Aspectos Gerais de Encruzilhada do Sul 1º Centenário de Municipalização

de 1949, o Passo Fundo centenário: guia turístico, literário e comercial, de 1957, o Alegrete,

Capital Farroupilha 1º Centenário – 1857-1957, o Album Ilustrado Comemorativo do 1º

Centenário da Emancipação Política do Município de Santa Maria (Rio Grande do Sul) 17 de

Maio de 1858 – 17 de Maio de 1958 e o Álbum oficial: cinqüentenário de Erechim, de 1968.

Metodologia e resultados

A partir dessa documentação é possível perceber a relação entre a história, a memória e a

visualidade urbana, elementos que marcam a construção/legitimação de um imaginário de

determinados grupos (essas publicações geralmente possuem vínculos com o poder público

local) sobre as respectivas cidades. As comemorações, como Candau (2012) aponta,

representam uma forma de situar às sociedades no tempo, mas especialmente períodos que

marcam um século, por exemplo, proporcionam momentos de definição/redefinição de

projetos e objetivos dos grupos. No caso das cidades, sua própria imagem passa a ser definida.

Esses álbuns são produzidos para marcar a passagem do tempo, auxiliam na construção de

imaginários que, de acordo com Baczko (1991), fornecem esquemas coletivos para

interpretação de experiências individuais, ou seja, contribuem para que os munícipes situem

suas experiências na memória coletiva definida por Halbwachs (2006). São instrumentos do

processo que Pollak (1992) definiu como enquadramento da memória. Mas esses álbuns

também são distribuídos para visitantes, negociantes e turistas que visitam esses municípios

durante as semanas das festividades. Nesse sentido, usam diferentes recursos para legitimar

sua ideia de cidade e convencer empresários (de diferentes ramos, dependendo da cidade) a

investir nos municípios.

325 Graduado e Mestre em História pela Universidade de Passo Fundo, Doutorando em História pela

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul sob orientação do Prof. Dr. Charles Monteiro,

bolsista CAPES, e-mail: [email protected]

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Conclusões

Foi possível identificar alguns elementos marcantes e comuns entre as publicações analisadas.

Participam de um enquadramento da memória municipal fornecendo datas, personagens e

acontecimentos marcantes nas localidades. Elas projetam uma determinada visão da história a

partir da definição/redefinição dos projetos políticos e econômicos dos grupos ligados ao

poder público. O elemento visual é um recurso fundamental na produção de séries

fotográficas de alguns municípios, onde alguns espaços e paisagens são monumentalizados. Os

anúncios comerciais também são significativos, caracterizando a entrada desses álbuns (e das

cidades) na economia urbano-industrial brasileira a partir de 1930.

Referências

ABREU, José Pacheco de. Album Ilustrado Comemorativo do 1º Centenário da Emancipação

Política do Município de Santa Maria (Rio Grande do Sul) 17 de Maio de 1858 – 17 de Maio de

1958. Porto Alegre: Metrópole S/A, 1958.

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CATROGA, Fernando. Pátria e Nação. In: VII Jornada Setecentista. CEDOPE, 2007.

COMISSARIADO DA GRANDE EXPOSIÇÃO. Album Comemorativo do Cincoentenario da

Fundação de Ijuí. Ijuí: Livraria Serrana, 1940.

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POLLAK, Michael. Memória e identidade social. In: Estudos Históricos. Rio de Janeiro, v. 5, n.10,

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Roteiro Experimental de Turismo “Roda D’água”: modos “de viver e de fazer” em Nova Hartz/RS.

Vania Inês Avila Priamo326

Palavras-chave: Patrimônio Cultural- Turismo – Identidade – Nova Hartz/RS

O presente texto é parte da pesquisa de mestrado que está sendo realizado na Universidade

do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS, sob a orientação da professora Dra. Eloisa Helena

Capovilla da Luz Ramos, cujo título é “Entre A História e o Turismo: as cidades e seu patrimônio

cultural (Nova Hartz- RS)” e com previsão de defesa para o mês de outubro de 2013.Trata-se

de um estudo acerca da preservação do patrimônio material e imaterial das cidades, tendo

como caso em estudo o município de Nova Hartz/RS, analisando algumas de suas

manifestações culturais e seu papel na preservação da história, da memória e da identidade

dos moradores.

Para tanto, nos valemos do suporte teórico metodológico da nova história cultural, bem como

da micro história e da história oral, ao entender que os depoimentos são essenciais

compreender as representações tecidas pela comunidade acerca do seu patrimônio cultural

material e imaterial.

Servimo-nos, também, da metodologia da pesquisa participante “(...) utilizada como forma de

controle dos dados, ao captar nas situações cotidianas os significados não explicitados, mas

vividos, e as contradições entre as práticas e as representações”. (BAHIA,2011, p.23).

Para desenvolver este trabalho faremos uso de autores como Chartier (1990) Thompson

(1998), Joutard (1999), Catroga (2001), Bahia (2011), Varine (2012), Hobsbawm (2012), Gastal

(2003, 2006), Santos; Micheli; Gastal(2008), Barreto (2010), Gimenes (2008), Montanari

(2009), Montesdeoca (2010), Weber (2006), Maciel (2011), entre outros .

O município de Nova Hartz está situado a 80 km de Porto Alegre, na zona de colonização alemã

do RS, numa “*...+ área de transição entre a borda do Planalto Meridional e a Depressão

Central.” (PRÓ-SINOS – Programa de Educação Ambiental, 2012?) tendo sua zona rural situada

nas escarpas/bordas desse Planalto parcialmente cobertos de Mata Atlântica e sua parte

urbana, em terras baixas. As características culturais e as belezas naturais advindas deste

contexto histórico cultural e geográfico são únicas, conferindo ao local um grande potencial

turístico.

O município de Nova Hartz, na tentativa de revitalizar e divulgar o patrimônio cultural material

e imaterial e incrementar a renda dos proprietários desses bens, promovendo a melhoria da

qualidade de vida dos moradores e o fortalecimento dos laços da comunidade para com a

cidade bem como a preservação e valorização deste bens, desenvolveu o “Roteiro

Experimental de Turismo Roda D’água”, que teve início em 2008. Este Roteiro é nosso objeto

de estudo no presente artigo, onde buscamos discutir e compreender as relações da

326 Graduada em história pela Unisinos, com especialização em Patrimônio Cultural em Centros Urbanos

pelo UFRGS; Mestranda em História- PPGH Unisinos. Diretora do Museu Histórico de Nova Hartz.

[email protected]

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comunidade com o seu patrimônio cultural e as interfaces com o turismo cultural, analisando

as possibilidades, as dificuldades e os riscos que advêm da utilização deste patrimônio cultural

como atrativo turístico, quando não há um planejamento adequado e compartilhado com a

comunidade local.

O roteiro em questão, num trajeto de aproximadamente 13 km, contempla o patrimônio

cultural material e imaterial da cidade. Surge de “dentro”/no seio da própria comunidade, por

isso ela tem para oferecer aquilo que conhece, que lhe é familiar: a cuca, o bolo, o pão de

milho, a schmier caseira/colonial, a linguiça, o beiju, os corais, os grupos de dança alemã, as

bandinhas e suas casas e atafonas. Montanari (2009, p.230, grifo do autor) afirma que “*...+ os

atributos de lugares, pessoas e cidades são definidos normalmente do lado de fora destes,

como imagens que refletem o que os outros pensam deles *...+”. Assim, através da atribuição

de valor à cidade e seus espaços, sua cultura, suas tradições pelo olhar de fora, os moradores

também começam a se ver de outra forma, valorizando suas características culturais que antes

podiam até ser considerados motivos de vergonha.

Este roteiro, conforme pudemos pesquisar, vem fazendo com que de alguma forma a

comunidade de uma maneira geral se “olhe”, se conheça e se reconheça através do seu

patrimônio cultural, promovendo o sentimento de pertença e os laços de afeto da comunidade

para com esses bens.

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Os benzedores de São Miguel das Missões e a atividade turística

Juliani Borchardt327

Ronaldo Bernardino Colvero328

Palavras-Chave: Benzedores. Turismo. São Miguel das Missões.

Introdução

Este artigo busca analisar e discutir a utilização da prática dos benzimentos pela atividade

turística no município de São Miguel das Missões e suas possíveis consequências. Como

subsídios do trabalho foram analisados materiais promocionais do município e relatos orais

dos próprios benzedores. Por ser uma prática cultural viva na comunidade, é passível de

interferências e mudanças, tornando necessária uma análise das possíveis mudanças que a

prática de benzimentos sofre ao ter um contato estimulado com os milhares de turistas que

visitam a comunidade onde estão inseridos.

O município de São Miguel das Missões-RS é conhecido pelo seu patrimônio histórico material:

o sítio arqueológico da redução329 de São Miguel Arcanjo, um dos sete povoados

desenvolvidos através das missões da Companhia de Jesus a partir do século XVII na região do

Tape, a qual tinha como objetivos o povoamento e organização do território através da

catequização e evangelização dos índios Guarani, território este pertencente a Coroa

Espanhola pelo Tratado de Tordesilhas (1494), espaço que hoje compreende o Estado do Rio

Grande do Sul. Sua fundação é datada em 1687330 tendo como possível fundador o padre

Jesuíta Cristovam de Mendonça. Seus remanescentes arquitetônicos foram declarados pela

UNESCO como Patrimônio Cultural da Humanidade no ano de 1983, sendo o único desta

categoria no sul do Brasil. Por esta ação institucional de patrimonialização passou a atrair

milhares de turistas anualmente, os quais se deslocam a fim de conhecer o munícipio e suas

principais características, destacando-se hoje como um dos principais destinos de turismo

cultural do Estado. Neste contexto, passou-se a explorar este segmento econômico como uma

potencialidade em São Miguel das Missões, atraindo investidores de hotéis, restaurantes e

guias de turismo, estimulando o surgimento de outros atores da sociedade como peça chave

para potencializar o turismo local. Um destes grupos foram os benzedores. Se pretende aqui

327

Bacharel em Administração- Projetos e Empreendimentos Turísticos. Especialista em História,

Cultura, Memória e Patrimônio. Aluna do Programa de Pós Graduação em Memória Social e Patrimônio

Cultural da Universidade Federal de Pelotas, Bolsista CAPES. Email: [email protected]

328 Doutor em História pela PUCRS. Prof.º Adjunto da Universidade Federal do Pampa - UNIPAMPA -

Campus São Borja. Professor Efetivo do programa de pós graduação em Memória Social e Patrimônio da

Universidade Federal de Pelotas. Email: [email protected]

329 O vocábulo “Redução” vem do latim “Reducere”, que significa conduzir. “Conduzir a um só local e a

uma só fé” era o objetivo dos missionários jesuítas da época.

330 BAIOTO, Rafael; QUEVEDO, Júlio. São Miguel: A Saga do Povo Missioneiro. 2ªed. Porto Alegre-RS,

Martins Livreiro, 2005, p.23.

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analisar e discutir a utilização da prática dos benzimentos pela atividade turística no município

e suas possíveis consequências.

Metodologia e resultados

Foram utilizadas como metodologia principal entrevistas orais com benzedores de São Miguel

das Missões, análise de materiais publicitários turísticos da cidade e pesquisa bibliográfica

referente ao tema, a fim de analisarmos a forma como os benzedores são utilizados pela

atividade turística na cidade e seus possíveis impactos e influências.

Conclusões

Através do material coletado e analisado, concluiu-se que a atividade turística influencia a

prática dos benzimentos em São Miguel das Missões. Os praticantes se deixam influenciar

pelas ações dos turistas e poder público em virtude de uma legitimação e manutenção de seu

ofício, tendo em vista as ameaças que o cercam, como por exemplo, a globalização, a falta de

interesse das novas gerações pelo ofício de benzer e o elevado surgimento de igrejas

evangélicas contrárias a prática de benzimentos.

Referências

BAIOTO, Rafael; QUEVEDO, Júlio. São Miguel: A Saga do Povo Missioneiro. 2ªed. Porto Alegre:

Martins Livreiro, 2005

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SÃO MIGUEL DAS MISSÕES. Prefeitura Municipal. São Miguel das Missões: Secretaria

Municipal de Turismo, 2013.

UNESCO. Convenção para Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial. Paris: UNESCO,

2003.

Entrevistas:

Alzira de Oliveira Leite, 2013.

Aureliano José Jardim, 2013.

Laídes Dutra, 2013.

Valter Braga, 2013.

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Cartilha didática: Quarta Colônia: terra, gente e história

Elaine Binotto Fagan331

Orientadora: Profª Drª Maria Medianeira Padoin332

Resumo

Conhecer a própria história e a própria cultura torna o ser humano mais atento, preocupado e

defensor de seu local de convívio, buscando preservar e valorizar este espaço. Paralelamente,

a escola deve ser um local onde conceitos e valores culturais podem ser despertados e

desenvolvidos de forma a mostrar a importância da preservação da história e da memória.

Portanto, o presente trabalho tem por objetivo contribuir para a preservação, valorização e

disseminação da história e da cultura ítalo-brasileira na Quarta Colônia do Rio Grande do Sul

por meio da elaboração de uma cartilha ilustrativa e didática. Essa cartilha, que será produto

final da Dissertação, tratará sobre a história da imigração italiana no Brasil e Rio Grande do Sul,

seguindo pela formação da Quarta Colônia Imperial, sua fragmentação, o patrimônio histórico,

turístico-cultural e natural de cada município dessa região. Esse material pretende ser

disponibilizado para as escolas municipais e estaduais da Quarta Colônia e irá atender a

carência de recursos didáticos sobre essa temática. A partir dessa cartilha pretende-se

despertar a consciência da importância da preservação do patrimônio, identificando

lugares/espaços de memória e a busca de reconhecimento como bem coletivo tanto no setor

público como privado. Esse trabalho busca levar até a escola discussões de conceitos

relacionados com Lugares de Memória, Políticas de Patrimônio, Educação Patrimonial,

definições de Identidade, Cultura, Pertencimento, Valorização e Preservação, entre outros.

Esta dissertação possui, também, como um de seus objetivos, contribuir para a preservação da

memória local no processo de desenvolvimento e integração dos municípios que compõem a

Quarta Colônia de Imigração Italiana do Rio Grande do Sul com a metodologia de Educação

Patrimonial de forma interdisciplinar.

Palavras-chave: Quarta Colônia. Cartilha. História. Educação Patrimonial. Identidade.

Preservação.

331

FAGAN, Elaine Binotto- atua como professora na Rede Estadual de Ensino, 40h na Escola Estadual de

Educação Básica João XXIII. Formada pela UFSM em Filosofia em 1990 e História em 1993. Atualmente

está no Programa de Pós-graduação- Mestrado profissionalizante em patrimônio Cultura, tendo como

tema Quarta Colônia- terra, gente e História. [email protected]

332 PADOIN, Maria Medianeira. Professora Doutora em História Platina e coordenadora do mestrado em

Integração Latino Americana, Núcleo de Pesquisa em História do RS II : imigração e religiosidade.

[email protected]

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Tema e Problema

Tema: Quarta Colônia de Imigração Italiana: Terra, Gente e História.

Problema: Como colaborar , enquanto professora da rede pública do ensino básico, com a

divulgação e valorização do conhecimento sobre a Quarta Colônia Imperial de Imigração

Italiana do Rio Grande do Sul e da preservação do seu patrimônio histórico-cultural?

Introdução e Justificativa

A Quarta Colônia de Imigração Italiana do RS é considerada uma fonte original de pesquisa, em

termos de patrimônio histórico e cultural da imigração italiana do século XIX, devido à

preservação e a continuidade em nível familiar tanto dos costumes quanto dos dialetos

trazidos da Itália.

A escola é o local ideal para despertar a consciência educativa e cultural sobre o patrimônio

presente na região, por isso, através dos projetos, realizo trabalhos em sala de aula sobre a

história da imigração: situação europeia e brasileira na época da imigração e da situação atual.

Após são também realizadas pesquisas sobre a história dos diversos núcleos de colonização e

seus pontos turísticos. Em seguida, fazem-se roteiros com acompanhamento de um guia

turístico, por todos os municípios de origem italiana da Quarta Colônia, conhecendo sua

história e os principais pontos turísticos. Como resultado final desses projetos já realizados, os

alunos confeccionam jornais, elaboram vídeos, blogs, desenhos, textos.

Compreender e explicar a formação da Quarta Colônia, criando conceitos e teorias, por meio

de um estudo comparativo entre o modo de vida da época da colonização e a atual

preservação da cultura italiana, através da elaboração de uma cartilha é a finalidade principal

desta pesquisa, que pretendo desenvolver através do projeto de mestrado, ao qual estou me

propondo. A elaboração desta cartilha terá como objetivo principal servir de guia para orientar

os professores a trabalhar a história e a cultura local em sala de aula, buscando despertar a

consciência na preservação e valorização do Patrimônio Histórico e Cultural deixados pelos

descendentes italianos. A distribuição dessa Cartilha será gratuita nas escolas e também

servirá como material de divulgação para turistas que visitam os municípios que compõem a

Quarta Colônia.

Objetivo

-Produzir, enquanto professora da Rede Pública Estadual de Ensino, um material didático com

propósito de divulgar e valorizar o conhecimento sobre a Quarta Colônia de Imigração Italiana

do Rio Grande do Sul e a preservação de seu Patrimônio Histórico- Cultural e Natural.

Metodologia

Esta pesquisa será realizada por meio de entrevistas e bibliografias disponíveis em arquivos de

bibliotecas, acervos culturais e familiares da Quarta Colônia de Imigração Italiana do RS. As

entrevistas orais ( questionário) serão realizadas com pessoas que estão diretamente ligadas

aos centros históricos, associações culturais e órgãos públicos da Quarta Colônia de Imigração

Italiana e pessoas das comunidades que tenham conhecimento empírico, buscando-se nas

fontes bibliográficas o apoio necessário para referendar as falas dos entrevistados.

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As fontes de pesquisa serão os documentos no centro de Pesquisas Genealógicas de Nova

Palma, livros contando a história da Quarta Colônia de Imigração Italiana, bem como

fotografias, imagens e documentos e acervos familiares. O Estudo terá cunho qualitativo. A

referida cartilha terá como personagens principais o avô Francesco e a neta Isabela e será

elaborada de forma a conter as informações coletadas, tendo como finalidade a divulgação da

história e do patrimônio cultural da Quarta Colônia de Imigração Italiana do Rio Grande do Sul.

A Cartilha terá aproximadamente 40 páginas.

Conclusões

A dissertação está em andamento. Foi realizada a qualificação em maio de 2013. Neste

momento o foco está na elaboração do livro/cartilha. O Trabalho conta com a parceria de um

cartunista que está realizando as ilustrações através de uma história em quadrinhos, que terá

como personagens principais (menina -Isabela) e seu avó (Francesco) que irão encontrar um

baú antigo repleto de memórias/recordações de seus antepassados e um terceiro personagem

que irá narrar os fatos históricos (texto). Os personagens irão decifrar a história da Quarta

Colônia, buscando entender o passado, compreender o presente e projetar o futuro. O

referido livro terá fotografias de época e atuais, mapas e pontos turísticos dos nove municípios

que compõem atualmente a Quarta Colônia 333e atividades lúdicas/educativas onde o leitor

poderá interagir.

333

Municípios que compõem atualmente a Quarta Colônia: Silveira Martins, Ivorá, Pinhal Grande, Nova

Palma, Dona Francisca, Faxinal do Soturno, São João do Polêsine, Agudo e Restinga Seca.

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Pelotas, passado e presente: Usos dos espaços do Centro Histórico Pelotense.

Cristiane Bartz Ávila

Maria de Fátima Bento Ribeiro

Palavras-chave: Memória. Patrimônio. Cultura. Espaço. Cidade. Legislação.

Introdução

O presente trabalho tem por objetivo refletir sobre os usos dados aos espaços do Largo do

Mercado Público e da Praça Coronel Pedro Osório pela população da cidade de Pelotas no

passado e no presente e qual a contribuição desses usos para a memória social desta região. O

Mercado Público, como local de venda de produtos, foi construído em meados do século XIX,

época de trabalho escravo na Cidade. A Praça Coronel Pedro Osório neste período tinha em

seu centro um Pelourinho, conforme aponta GUTIERREZ (1999). Portanto, esse dois espaços

frequentados por múltiplas vozes, teria se constituído de um território de intercâmbio cultural.

Atualmente, nos deparamos com vários trabalhos que estudam e divulgam histórias do ponto

de vista das “minorias”, iniciativas essas muitas vezes fomentadas em função das politicas

públicas que têm sido adotadas a partir das discussões iniciadas com leis, pareceres, decretos

que versam sobre a importância do Patrimônio Cultural Imaterial, cuja expressão de

fundamental importância é a Convenção da UNESCO do Patrimônio Imaterial de 2003. A

Convenção traz em seu primeiro artigo suas finalidades: Salvaguarda, respeito,

conscientização, cooperação e assistência em relação ao Patrimônio Imaterial. Em termos de

Brasil, os estudos avançam, há uma preocupação em conhecer o passado e uma

conscientização da contribuição cultural dos diversos povos que compõem o mosaico

territorial brasileiro. Os espaços citados eram propícios para a venda de doces e quitutes que

as mulheres negras produziam. RIETH et al (2008), ressalta a importância do contato das

escravas e de suas Senhoras esposas dos charqueadores locais, para a criação de um doce que

hoje em dia faz parte da tradição doceira da Cidade: O Quindin. Já no inicio do século XX

encontramos referencias na Revista Princeza do Sul, sobre essas mulheres com a denominação

de “Tias Minas”, que vendiam seus quitutes.

Na atualidade, há uma ressignificação desses dois espaços em relação ao passado. A Praça e o

Mercado Público podem ser considerados Patrimônio Cultural, pois neles ocorre a socialização,

a venda de mercadorias, a troca de conhecimentos. Citamos como exemplo o “Dia do

Patrimônio”, ocorrido nos dias 17 e 18 de agosto do presente ano, o qual ao fazermos um

passeio no entorno da Praça, nos deparamos na frente do mercado com um grupo de teatro

que trabalhava com figuras ilustres pelotenses: Lobo da Costa, Iolanda Pereira e a Tia Mina. A

figura das Tias Minas causava admiração em alguns presentes, pois, talvez estes não

conhecessem ou não estavam acostumados à referência desta que antes anônima e invisível,

circulava pela Cidade, e que atualmente numa clara mudança de paradigma, temos a alusão da

mesma em um evento que tratou de questões patrimoniais e de memória da Cidade.

Figura 1. Tio e Tia “Mina”.

Fonte: http://imperatrizdocesfinos.blogspot.com.br acesso em 24.02.2013

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Figura 2. Mercado Público de Pelotas.

Fonte: http://pelotasdeportasabertas.blogspot.com.br/2012/08/em-pelotas-mercado-central-

tera.html acesso em 16/09/2013.

Figura 3- Quindin- doce tradicional da cidade de Pelotas

Fonte: http://festaesabor.blogspot.com.br/2011/05/receita-de-quindin.html acesso em

16/09/2013.

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Metodologia e resultados

Como metodologia, utilizamos o referencial teórico da historiografia local, bibliografia cujos

temas referem-se a cidades, espaços, territórios, memória e patrimônio bem como

documentos que retratam a Cidade de Pelotas no século XIX e documentos sobre as políticas

públicas em relação ao Patrimônio Cultural e a percepção dos usos que são feitos nestes

espaços na atualidade registrados através da observação, fotos, sites, e depoimentos.

Como resultados pudemos observar que as políticas públicas de salvaguarda do Patrimônio

Imaterial, têm sido trabalhadas por diversos órgãos para que as manifestações culturais dos

diversos segmentos sejam valorizadas. Podemos vislumbrar uma socialização de informações

das mais diversas áreas do conhecimento, tanto do erudito quanto do popular, que hoje se

tornam visíveis através de ações de Educação Patrimonial.

Conclusões

Percebemos que os espaços analisados são permeados de significados atribuídos pelos atores

sociais de suas respectivas épocas. As politicas públicas vêm contribuindo sobremaneira para

que estudos e pesquisas sobre assuntos relacionados aos saberes e fazeres de comunidades e

etnias, consideradas o “outro”1, sejam trabalhados e divulgados, trazendo uma socialização

maior destes temas, numa procura pelo respeito à diversidade cultural. Dessa forma, o

presente trabalho cumpriu com o objetivo de analisar e refletir sobre os usos desses espaços

como espaços públicos onde ocorreram e ainda ocorrem manifestações culturais de cidadãos

(in) visíveis dentro das relações de poder existentes.

Referênciass

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Sertanidades criativas

Gustavo Meyer1

Flávia Charão Marques1

Palavras-chave: sertão; patrimônio cultural; Guimarães Rosa; espetacularização, criatividade.

Introdução

Este artigo surgiu a partir de uma pesquisa fundada na problematização das estratégias e

perspectivas de desenvolvimento rural no Brasil associadas à valorização de elementos do

campo artístico-cultural, tal qual o patrimônio cultural. Para além dos relativismos que

acompanham quaisquer estratégias de desenvolvimento, foram buscados, no campo empírico,

processos e contextos que pudessem pautar essa discussão. Assim, identificamos um contexto

“geográfico” particular, caracterizado pela presença de dois municípios (12.000 e 19.000

habitantes; Figura 1) que abrigam Pontos de Cultura e Sistemas Municipais de Patrimônio

Cultural, pela operação de uma rede de organizações locais vinculadas ao artesanato e pela

ocorrência anual de dois encontros de cultura popular. Objetiva-se especificamente com esse

artigo analisar os usos estratégicos do patrimônio cultural e da paisagem literária nesse

contexto.

Metodologia e resultados

A pesquisa, para a qual recorremos ao método etnográfico, faz parte de um projeto de

doutorado, e teve seis meses de duração a campo. Neste processo, valemo-nos dos métodos

de observação participante em eventos artístico-culturais locais, de registro de histórias de

vida de agentes culturais, de conversas informais, de entrevistas junto a informantes chaves e

da pesquisa documental.

Identificamos ali um constante revisitar da paisagem literária de João Guimarães Rosa (1908-

1967), mas um revisitar ativo e reflexivo pela própria incorporação estratégica dessa

perspectiva de paisagem aos discursos. E a incorporação estratégica inclui fazer a literatura

ascender ao status de patrimônio cultural local. Mas não um patrimônio cultural apenas

objetivo, e sim um que também sustenta um dispositivo pensado, de mobilização para o

cultural, para o natural e para o poético. É nesse sentido que os atores sociais, diferenciados

enquanto grupos discursivos, alimentam a perspectiva turística da região, sem que essa

constitua uma estratégia única, dadas a pluralidade de discursos e a necessidade de “negociar”

os vários interesses e significações É possível, no entanto, associar tal dispositivo pensado às

organizações da sociedade civil, cujo conjunto busca fazer um contraponto às estratégias dos

governos municipais, por sua vez fundadas em um discurso populista e no oferecimento de

elementos da cultura de massas.

Se a paisagem literária é um dos pontos a partir do qual foi possível observar a dinâmica

artístico-cultural desse contexto, o discurso da economia criativa constitui outro. Esse é o viés

pelo qual ocorrem os esforços de ressignificar simbolicamente o patrimônio cultural para o

valor econômico. Porém, observa-se uma ressignificação persuasiva onde, em termos de

objetivos últimos, interessa menos estabelecer a vinculação entre patrimônio cultural e

economia, e mais manter uma malha de projetos artístico-culturais e/ou socioambientais. Tal

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malha interfere ou garante recursos para articular atores locais, gerar empregos, constituir

redes e produzir debates e alianças. Paralelamente, a espetacularização é instrumento para

essa negociação.

Se nesse espaço o discurso da economia criativa está formalmente amparado por políticas

públicas, que se justificam segundo um “respaldo científico” e que garantem recursos para

este fim, ocorre ali, simultaneamente, a espoliação desse discurso com finalidades outras. A

espoliação é indicada a partir do distanciamento entre prática e discurso e pela assunção de

que o cenário almejado está “ainda muito distante”. Nesse sentido, os motivos da adesão local

a esse discurso hegemônico estão atrelados à produção de resultados mais imediatos que

aparecem como se despregados da noção de economia criativa (Florida, 2000; Golgher, 2008).

A economia criativa e a paisagem literária são, assim, os principais motes discursivos para o

turismo. Segundo a primeira, conseguir-se-á a atração de pessoas de fora para a visitação

(econômica) da região e para a compra de produtos artesãos. A partir da segunda, justificar-se-

á, no plano hipotético, o turismo, ao passo que, no plano prático, a literatura aparece como

linguagem proposta e como elo entre atores que se organizam em rede segundo um discurso

que tende ao “emancipatório”.

Conclusões

In situ observamos que a literatura de João Guimarães Rosa vem sendo manejada por grupos

sociais diversos, particularmente nas últimas duas décadas, no sentido de construir uma

imagem de sertão que é utilizada como instrumento político e econômico. Se por um lado

identificam-se práticas visando à espetacularização do patrimônio, por outro se visualiza o

apelo à obra do referido autor enquanto mecanismo propulsor de um discurso dinâmico que

foge aos clichês do evento turístico-cultural per se e aos grilhões da economia criativa.

Referências

FLORIDA, R. The Rise of the Creative Class: And How It’s Transforming Work, Leisure,

Community and Everyday Life. New York: Basic Books. 2002.

GOLGHER, A.B. As cidades e a classe criativa no Brasil: diferenças espaciais na distribuição de

indivíduos qualificados nos municípios brasileiros. Revista Brasileira de Estudos Populacionais,

v. 25, n. 1, p. 109-129, 2008.

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A elaboração de pães caseiros como resgate cultural do patrimônio imaterial, na Região de São

Gotardo / RS

Etiene Meyer Johannsen1

Rachel Mattos Bevilacqua1

Palavras-chave: Patrimônio cultural. Resgate gastronômico. Potencial turístico.

Introdução

A partir de Convenção da UNESCO de 2003, a noção de patrimônio cultural foi ampliada, com

propostas de valorização da expressão de coisas menos tangíveis, como parte desse

arcabouço, onde a língua insere-se naturalmente. Assim, conjuntos de práticas, associadas a

determinados grupos sociais, como receitas e histórias passadas de geração em geração estão

integradas e reconstituem memória abstrata de práticas ancestrais.

Assim, este trabalho, em andamento, visa a recuperar ancestralidade e importância da

valorização das raízes gastronômicas e lingüísticas locais, recriando receitas orais, num resgate

turístico e de patrimônio cultural. Então, buscamos estudar a elaboração de pão artesanal na

atualidade, inserida na linguagem do corpus escolhido. Colocamos em prática etapas de

elaboração deste alimento, abordando o simbolismo do pão, transmitido através das

conversas informais familiares.

Logo, investigamos cultivo e características de cereais utilizados, frequentemente ao longo da

história, técnicas de moagem, tradições populares que acompanham etapas de confecção e

processos de cocção do pão colonial na atualidade, produzidos na região de São Gotardo, no

Rio Grande do Sul.

O levantamento parcial de dados desta pesquisa está sendo realizado no Distrito de Vila Seca –

São Gotardo – Caxias do Sul, junto à família Ballardine Zanette, cujo discurso está diretamente

ligado ao de origem italiana.

Metodologia e Resultados

A ideia geradora desta pesquisa é resgatar memórias gastronômicas e linguísticas da região

como instrumento de turismo cultural. Questionamos a perda da naturalidade no sabor

original dos alimentos produzidos na atualidade e buscamos remontar receitas orais ancienne1

da região em estudo, com latente potencial de turismo e gastronômico. Em conversa com

alunos do Curso de Gastronomia da UCS1, foi sugerida visita a sua avó, que produz pães

caseiros com métodos artesanais, sempre com utilização de fornos a barro - diferencial de

sabor e aroma dos pães de nona. As receitas orais elaboradas pelas moradoras locais podem

tornar-se excelente atrativo turístico na área do turismo gastronômico.

A abordagem qualitativa ampara o presente estudo de observação participante. Este viés

metodológico aproxima teoria e fatos, com interpretação de episódios pontuais, focando

contexto histórico e ação propriamente dita. Ao optar por esta metodologia, sabemos que é

através da subjetividade do pesquisador que a realidade e dinâmica do fato observado são

relatadas, privilegiado aspectos internos e particulares da situação, como o estudo lingüístico

ora proposto.

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Neste viés metodológico e após reunião com a família1 em estudo, inicialmente foram

realizadas oficinas de elaboração de pães caseiros, em sua residência, assim organizadas:

Receituário verbal

Mise en place 1: insumos e utensílios

Elaboração de fermentos e mistura das massas

Sova e levedação

Boleamento e cocção

Nas oficinas, tudo foi realizado informalmente, inclusive as conversas com a nona, contando

da grande dificuldade na produção da farinha. A participante dizia que antes tudo era muito

complicado e hoje ela é mais feliz, pois tudo é mais fácil. Por outro lado, comenta que o trigo

moído a mão tinha mais sabor, com artesanais que tornavam o trigo mais escuro.

Outras participantes das oficinas afirmavam que não há necessidade de grandes tecnologias

para produção do pão, pois criam filhos e netos com a mesma receita da nona, cuja base é

banha e fermento de batata. Isso demonstra que o fator lingüístico também garante a

qualidade do produto, mantendo a tradição familiar.

Conclusões

Mesmo com a pesquisa em andamento, vemos que é possível a resposta às questões ora

levantadas tendem a reafirmar-nos nos caminhos da promoção cultura e turística da região

estudada. Isso se deve à reafirmação do desenvolvimento cultural de uma região por

processos produtivos aliados a uma releitura de processos artesanais vinculados à

gastronomia, podendo fomentar o mercado turístico gastronômico e regional.

Assim, o pão de nona pode ser elaborado, mantendo receitas orais originais, com sabores e

aromas diferenciados, aplicando insumos modernos, sem desconsiderar o patrimônio cultural

local, no resgate gastronômico em busca do desenvolvimento de seu potencial turístico.

Referências

BAKHTIN, M. (VOLOCHÍNOV, V. N.) (1929). Duas orientações do pensamento filosófico

lingüístico. In: ____. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec, 1981. p. 69-89.

_____. (1929). Tema e significação na língua. In: ____. Marxismo e filosofia da linguagem.

São Paulo: Hucitec, 1981. p. 128-136.

BRAGA, Paulo. 195 receitas de pão de países membros da ONU. Brasil: Gaia, 2006

CONVENÇÃO PARA A SALVAGUARDA DO PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL: assinada na

Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura,

Paris, França, em 17 de outubro de 2003. Disponível em: <

http://www.iphan.gov.br/portal/baixaFcdAnexo.do?id=3794>. Acesso em 21 set.2013.

FARACO, Carlos Alberto. Linguagem & diálogo: linguísticas do círculo de Bakhtin. São Paulo:

Parábola Editorial, 2009.

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HENRIQUES, Claudia. Turismo, cidade e cultura – Planejamento e gestão sustentável. Lisboa:

Editora Silabo, 2003.

HERNÁNDEZ, Josep Ballart. TRESSERAS, Jordi Juan. Gestión del patrimônio cultural. Barcelona:

Editora Ariel, 2007.

MARCHANTE, Garcia. et al. La función social del patrimonio histórico: el turismo cultural.

Castillha: Ediciones de La Universidade de Castilla, 2002.

MENASCHE, Renata. ALVAREZ, Marcelo. COLLAÇO, Janine (Org.). Dimensões socioculturais da

alimentação. Diálogos Latino-Americanos. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande

do Sul, 2012.

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Patrimônio cultural e memória: a Oktoberfest na construção da etnicidade alemã

Valdir Jose Morigi1

Maria Madalena Zambi de Albuquerque1

Luis Fernando Herbert Massoni1

Palavras-chave: Informação e Cultura Popular. Festa Étnica. Oktoberfest. Cultura Midiática.

Patrimônio.

Introdução

O presente artigo aborda as festas étnicas, celebrações comunitárias que dinamizam a

sociabilidade e fazem parte do acervo do patrimônio cultural e da memória dos grupos sociais.

Estuda os festejos a partir das perspectivas teóricas da cultura popular, bem como suas

articulações com a cultura midiática, dialogando com autores como DODEBEI e ABREU (2008),

FLORES (1997), GARCÍA-CANCLINI (1983; 1997), POUTIGNAT e STREIFF-FENART (1998), e

CHOAY (1999). A Oktoberfest é uma festa popular étnica, representativa da história e da

tradição da cultura germânica. É realizada no mês de outubro, com ampla visibilidade nos

meios de comunicação. O trabalho reflete sobre o patrimônio cultural e as construções dos

sentidos étnicos nas celebrações coletivas através das informações que circulam nos sites

oficiais das Oktoberfest realizadas em Blumenau/SC e Santa Cruz do Sul/RS, e os processos que

reforçam a etnização engendrados pelos dispositivos que constituem a cultura midiática.

O estudo faz parte do projeto de pesquisa “Informação, Comunicação e Cultura Popular: um

estudo sobre produção e uso de informações sobre festas comunitárias”, que objetiva verificar

como grupos sociais, através das expressões da cultura popular, interagem com elementos da

indústria cultural, entre os quais as tecnologias da informação e comunicação.

Metodologia e Resultados

Trata-se de um estudo com abordagem qualitativa, realizado no primeiro semestre de 2013,

com a análise de conteúdo das informações veiculadas nos sites de divulgação oficial dos

eventos (OKTOBERFEST BLUMENAU, 2013; OKTOBERFEST SANTA CRUZ DO SUL, 2013). A

análise dos sites considerou as seguintes dimensões da festa: os personagens, os

acontecimentos, o enredo e o cenário. A partir da análise destas quatro dimensões, que se

entrelaçam, foi possível identificar os principais elementos da Oktoberfest, considerados

marcas da cultura germânica, destacados na produção das informações que privilegiam o seu

caráter étnico.

A respeito dos personagens, procurou-se a sua identificação, caracterização (atributos e

funções, as suas vestimentas, adereços, os gestos...) e a rede de relações. A partir daí foi

possível perceber os estereótipos que circulam nessas mídias. Em relação aos acontecimentos,

procurou-se verificar a ordem temporal dos fatos, a história e sua relação com a festa. O

enredo se refere ao tema das festas. O cenário se refere aos lugares onde transcorrem os

fatos, os espaços onde ocorrem as diversas atividades das festas. A identidade do lugar está

impregnada de elementos emblemáticos, que aferem significados à memória individual e

coletiva.

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Através da análise das informações sobre as festas divulgadas pelos sites, percebe-se que os

festejos são espaços híbridos, constituídos de signos e de símbolos associados à cultura alemã,

sendo que os sites evidenciam atividades relacionadas a danças, músicas, indumentárias,

comidas e bebidas da tradição germânica.

Conclusões

É comum nos eventos comemorativos étnicos encontrar aspectos relacionados à exaltação do

“pioneirismo” dos imigrantes, sendo que esta prática promove continuidade da reprodução

das tradições culturais e suas representações e estereótipos, criados em torno da

autorepresentação identitária que os grupos fazem de si. Elas colaboram para a construção da

memória social e do imaginário sobre o fenômeno da imigração. A partir das mediações dos

sites desses eventos, é possível pensar as novas configurações das identidades culturais étnicas

como uma esfera pública interconectada, visibilizando as demandas, o caráter híbrido da festa,

os intercâmbios entre os sujeitos sociais e o compartilhamento de memória.

Através das Oktoberfest, o patrimônio de cada localidade expressa as marcas particulares, que

singularizam as festas em cada cidade, através das quais os patrimônios podem ser

identificados e reconhecidos como conjuntos de traços identitários que se constroem

continuamente, valorizando a identidade e a memória local.

O estudo conclui que as informações veiculadas nos sites das festas étnicas populares

enfatizam as características da tradição da cultura alemã, com expressão nos bens

patrimoniais tangíveis e intangíveis como as comidas típicas, artesanatos locais e danças

folclóricas. Tais elementos auxiliam a fortalecer o sentimento de pertencimento do sujeito ao

grupo social. Esses ambientes virtuais possibilitam a dinamização do patrimônio cultural,

interconectado com a cultura global, o corresponderia a uma nova forma de visibilidade, de

atuação, interação e de percepção do mundo.

Referências

CHOAY, F. A Alegoria do Patrimônio. Lisboa: Edições 70, 1999.

DODEBEI, V.; ABREU, R. (Orgs.). E o Patrimônio? Rio de Janeiro: Programa de Pós-graduação

em Memória Social da Unirio, 2008.

FLORES, M. B. R. Oktoberfest: turismo, festa e cultura na estação do chopp. Florianópolis:

Letras Contemporâneas, 1997.

GARCÍA-CANCLINI, N. As Culturas Populares no Capitalismo. São Paulo: Brasiliense, 1983.

GARCÍA-CANCLINI, N. Culturas Híbridas: estratégias para entrar e sair da modernidade. São

Paulo: Edusp, 1997.

OKTOBERFEST BLUMENAU. [Site institucional]. Blumenau, 2013. Disponível em:

< http://www.oktoberfestblumenau.com.br >. Acesso em: 23 maio 2013.

OKTOBERFEST SANTA CRUZ DO SUL. [Site institucional]. Santa Cruz do Sul: 2013. Disponível

em: < http://www.oktoberfestsantacruz.com.br >. Acesso em: 24 jun. 2013.

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POUTIGNAT, P.; STREIFF-FENART, J. Teorias da Etnicidade: seguido de grupos étnicos e suas

fronteiras de Fredrik Barth. São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1998.

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O inventário de Pelotas em 1983.

Francine Morales Tavares Ribeiro1

Jeferson Dutra Salaberry1

Guilherme Pinto de Almeida1

Sidney Gonçalves Vieira 1

Palavras-chave: Patrimônio edificado. Preservação. Inventário.Políticas Públicas.

Introdução

O presente trabalho trata da importância que o primeiro inventário teve na historiografia da

trajetória da proteção do patrimônio cultural pelotense, no caso dos bens culturais edificados,

inventariar significa coletar dados para o conhecimento de um bem como uma operação de

registros, assim uma ficha de inventário pode conter dados gerais do imóvel, ambiência,

aspectos arquitetônicos, estado de conservação, registros fotográficos, tudo vai depender de

quais informações se objetiva ter conhecimento.

Assim concebido, o inventário poderá ser a base de uma nova política de preservação, que, ao invés de tutelar apenas os bens excepcionais normalmente produzidos pelas elites, buscará administrar o patrimônio amplo e pluralista construído por todos os brasileiros. (AZEVEDO, 1987, p. 82).

Numa parceria da Prefeitura Municipal - Secretaria de Urbanismo e Meio Ambiente-,

Universidade Federal de Pelotas – Curso de Arquitetura e Urbanismo e Fundação Nacional Pró-

Memória em 1983, foram catalogadas vários prédios em Pelotas que consideravam dignos de

permanência no conjunto arquitetônico do município, este registro foi baseado na planta de

1815, que trata do 1° loteamento da cidade.

Figura 3 – Planta da Freguesia de São Francisco de Paula, 1815.

Fonte: Acervo do NEAB - Núcleo de estudos de Arquitetura Brasileira da FAUrb – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFPel.

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O referido trabalho se fundamenta pela importância de manter no histórico da trajetória de

preservação cultural pelotense, este episódio tão significativo em razão de ser o primeiro

cadastro na cidade com a intenção de resguardar as casas mais simples que se juntavam às

centenas de outras em formas mais expressivas (ROIG & POLIDORI, 1999).

Metodologia e resultados

A coleta de dados se baseou em entrevistas discursivas, com os atores participantes deste

cadastramento na época e análise de documentos e fichas utilizados para o presente registro.

Conclusões

Diante de tais estudos, foi possível verificar que dos imóveis estudados em 1983, a maioria não

foi inventariado naquele período pelo órgão municipal responsável, permanecendo no rol dos

preservados somente os monumentos isolados consagrados da época localizados no centro

histórico da cidade, porém este estudo foi primordial para alertar os gestores públicos na

importância que representa a preservação física da história da cidade. Este cadastramento,

somado aos próximos, constituiu o inventário do patrimônio cultural de Pelotas, documento

fundamental em que consta a relação dos imóveis preservados da cidade, servindo de base

para instrumentos futuros de políticas públicas patrimoniais.

Referências

AZEVEDO, Paulo Ormindo de. Por um inventário do patrimônio cultural brasileiro. Revista do

Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. n. 22, 1987.

POLIDORI, Maurício Couto; ROIG, Carmen Vera. Patrimônio Cultural, Cidade e Inventário: Um

caminho possível para a preservação. Pelotas: EdUFPel, 1999.

MIRANDA, Marcos Paulo de Souza. O inventário como instrumento constitucional de proteção

ao patrimônio cultural brasileiro. Jus Navigandi, 2008. Disponível em:

<http://jus.com.br/revista/texto/11164>. Acesso em: ago. 2013.

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Trilha Caminhos dos Maniçobeiros: integração da Cultura Imaterial, Turismo e vivência do Patrimônio

Ana Stela de Negreiros Oliveira1

Joseane Pereira Paes Landim1

Rosa Maria Gonçalves1

Palavras-chave: Maniçobeiros; Serra da Capivara, Memória, Patrimônio Cultural.

Introdução

No início do século XX o Estado do Piauí viveu um período de prosperidade econômica com a

exploração da borracha de maniçoba, especialmente em áreas que se encontram hoje

constituindo o Parque Nacional Serra da Capivara.

Pessoas vindas de outros estados e dos municípios da redondeza faziam das tocas encontradas

no local, antes ocupadas por povos pré-históricos, suas moradias, convivendo com vestígios

arqueológicos, reocupando a área e construindo um novo espaço, com novos simbolismos e

adaptações culturais. Toda essa experiência de vida estabelecida desde o plantio até a

comercialização do látex da maniçoba constituiu uma forma de vida única, estabelecida

apenas nessa região, gerando um patrimônio cultural material e imaterial singular, em

concordância com o conceito da UNESCO para Patrimônio Cultural Imaterial: as práticas,

representações, expressões, conhecimentos e técnicas e também os instrumentos, objetos,

artefatos e lugares que lhes são associados e as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os

indivíduos que se reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural.

Figura 1 - Toca do João Sabino. A Toca foi utilizada pelo maniçobeiro de mesmo nome, era o local

onde os festejos de São João eram organizados. Fonte: Acervo FUMDHAM

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Figura 2 – Forno de Farinha da Toca do Mulungú III.

Fonte: Acervo FUMDHAM

As atividades previstas nesse projeto estabelecem a ligação entre a memória do período da

extração do látex da maniçoba ao imaginário das pessoas para impedir o desaparecimento dos

vínculos entre descendentes de maniçobeiros e os locais de suas práticas existentes no interior

do Parque Nacional Serra da Capivara e intensificando a valorização do peculiar modo de vida

destas pessoas, ações que expandem a memória social dessa práxis para as novas gerações,

garantindo aos descendentes desse grupo social seu direito à cultura e à memória.

O projeto Trilha Caminhos dos Maniçobeiros foi submetido pela Fundação Museu do Homem

Americano/FUMDHAM ao Edital Petrobras Cultural, sendo selecionado para execução entre

2013/2014 e foi elaborado a partir da dissertação de mestrado “Catingueiros da Borracha: vida

de maniçobeiro no Sudeste do Piauí” de autoria de Ana Stela de Negreiros Oliveira (2001).

Trata-se de ações que incluem a restauração e conservação, e que estão sendo executadas

para a preparação turística dos sítios arqueológicos ocupados por maniçobeiros na Serra

Branca, Parque Nacional Serra da Capivara; a publicação do livro “Os Maniçobeiros do Sudeste

do Piauí” e de um Jogo de Tabuleiro Educativo, baseado nas gravuras rupestres existentes nas

rochas presentes nos Sítios Arqueológicos localizados na Trilha. Já o Programa de Capacitação

habilita os Condutores de Visitantes do Parque para a especificidade da Trilha e outras ações

de educação patrimonial.

Metodologia e resultados

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A partir do levantamento realizado pelo Escritório Técnico do IPHAN em São Raimundo Nonato

no Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos/CNSA-IPHAN e no Banco de Dados da

FUMDHAM, foram detectados 43 sítios arqueológicos da região da Serra Branca no Parque

Nacional Serra da Capivara que tiveram ocupação e uso por maniçobeiros. Destes, foram

selecionados os sítios interessantes do ponto de vista histórico, educativo e turístico

(relevância e pertinência) para a preservação dos vestígios materiais da presença dos

maniçobeiros (fornos, moradias, jogos, gravuras e pinturas feitas pelos maniçobeiros) em sua

inter-relação com os vestígios arqueológicos.

As ações de Educação Patrimonial são ministradas por maniçobeiros que revivem as técnicas e

procedimentos da extração do látex da maniçoba junto às novas gerações. A formação dos

Condutores de Visitantes para a Trilha é uma estratégia de divulgação e multiplicação dos

saberes e tradições da Cultura dos Maniçobeiros junto aos turistas que frequentam o Parque

Nacional, garantindo o acesso público a este Patrimônio Imaterial.

Conclusões

Considerado pela UNESCO como Patrimônio Cultural da Humanidade, O Parque Nacional Serra

da Capivara possui mais de 1343 sítios com registro rupestre, uma das formas de comunicação

de sociedades pretéritas. Para receber o público visitante, a Fundação preparou 172 sítios,

dentre eles, 16 são estão preparados para pessoas com mobilidade reduzida, distribuídos em

10 Circuitos Turísticos, A Trilha Caminhos dos Maniçobeiros facilita a compreensão das

múltiplas características presentes no Parque Nacional, e a ocupação histórica dessa região.

Foi preparada para que tanto o visitante como o morador local conheçam e valorizem os sítios

arqueológicos, pré-históricos e históricos e compreendam as diversas nuances deste

patrimônio cultural.

Os maniçobeiros e seus descendentes são sujeitos do processo de salvaguarda do Patrimônio

presentes na história da exploração do látex da Maniçoba no Piauí e sua presença está

assegurada em todas as etapas do projeto, da interpretação de sua história ao

rememoramento de suas festas e tradições no momento da inauguração da Trilha.

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Figura 3 – Mapa da Trilha Caminhos dos Maniçobeiros.

Fonte: Google/FUMDHAM

Referências

ALCÂNTARA, Tainã Moura. A ocupação maniçobeira dos abrigos sob rocha no Parque

Nacional Serra da Capivara: uma abordagem arqueológica. Monografia (Graduação em

Arqueologia). UNIVASF: Universidade Federal do Vale do São Francisco, 2009.

BUCO, Cristiane de A. Arqueologia do Movimento: Relações entre a Arte Rupestre,

Arqueologia e Meio Ambiente da Pré-história aos dias atuais, no Vale da Serra Branca. Parque

Nacional Serra da Capivara, Piauí, Brasil. Tese (Doutorado). Universidade de Trás – Os –

Montes e Alto Douro Vila Real, 2012.

BUCO, Elizabete. Turismo Arqueológico Região do Parque Nacional Serra da Capivara.

FUMDHAM: Fundação Museu do Homem Americano, 2011.

GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC, 2008, p.03-21.

GODOI, Emília Pietrafesa de. O Trabalho da Memória: um estudo antropológico de ocupação

camponesa no sertão do Piauí. Campinas. UNICAMP, 1993. (Dissertação de Mestrado)

LE GOFF, Jacques. História e Memória; tradução Bernardo Leitão – 5ª Ed – Campinas, SP:

Editora da Unicamp, 2003.

LUZ, Carolina Francisca Machiori. Sítios Arqueológicos de Registro Rupestre: O Modelo da

Gestão Compartilhada e as Ações de Preservação do Iphan no Parque Nacional Serra da

Capivara e entorno - Piauí, Brasil. Dissertação (Mestrado Profissional em Preservação do

Patrimônio Cultural). IPHAN, 2012.

OLIVEIRA, Ana Stela de N. Catingueiros da Borracha: Vida de Maniçobeiro no Sudeste do Piauí

1900/1960. Dissertação (Mestrado). Recife: Universidade Federal de Pernambuco, 2001.

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QUEIROZ, Teresinha. A Importância da Borracha de Maniçoba na Economia do Piauí: 1900 –

1920. Teresina: UFPI /APL, 1994.

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La deseable injerencia de los patrimonios locales

en los procesos de desarrollo urbano de pequeña escala

Gilda Maria Wolf Amaya334

Palavras-chave: PATRIMONIOS LOCALES.MEMORIA.GESTIÓN PATRIMONIAL.URBANISMO

Introdução

El trabajo es fruto de una investigación que busca hacer de los distintos patrimonios locales

los estructurante del desarrollo urbano.

La primera acción es la de delimitar el lugar, señalando los límites que los habitantes tienen y

que casi nunca coincide con los límites administrativos impuestos desde los Planes de

ordenamiento territorial.

Los límites definen el aquí y el allá y establecen el tamaño del territorio a considerar en la

investigación, esta área se estima como el laboratorio urbano para la pesquisa.

Metodología e resultados

La metodología se fundamenta en tres conceptos, el contexto, la sostenibilidad y la

participación. Con el primero se garantiza que se conoce la información que existe sobre el

lugar. La información se levanta en muy distintos soportes. Relatos, censos, planos,

fotografías, cartografías, historias locales, tesis de grado, noticias de periódicos y literatura.

Esta última es muy precisa en cuanto a las valoraciones que tiene un lugar, así por ejemplo,

cuando se hizo el trabajo con el barrio Boston de Medellín, la novela de Fernando Vallejo,

escritor y cineasta que nació y creció en este entorno, Los días azules, nos proporcionó una

manera poética de entender el lugar e influyó en los análisis y las propuestas que se

esbozaron.

Otra fuente importante para la pesquisa que busca entender el lugar, es la de las tesis de

grado que se han elaborado en las distintas carreras y facultades de la Ciudad, en torno al

lugar de nuestro estudio, tanto las de pre y post grado, porque en ellas están consignados los

problemas y alternativas de solución y los estudiantes que las elaboran, con más pasión que

interés, presentan una visión técnica y científica de ese lugar donde desarrollan su propio

trabajo.

En el entendimiento del lugar se han utilizado distintas técnicas de aproximación y

participación, las fotografías son una fuente importante de datos y sirven para señalar los

334 Arquitecta, magister en estética y candidata a doctora en gestión y conservación del patrimonio de la

Universidad de Granada, España. Docente de planta y tiempo completo de la Facultad de Arquitectura

de la Universidad Nacional de Colombia – Sede Medellín. Correo electrónico. [email protected]

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cambios y transformaciones que tiene el lugar y hablar sobre las imágenes amplía la

comprensión y valoración y es un estímulo para la participación.

La revisión de prensa es otro de los insumos en el trabajo de contexto, la prensa permite

aproximarnos a la percepción que tienen los no residentes del entorno estudiado. Hay sitios

estigmatizados en los medios impresos y las noticias se presentan de manera tendenciosa o

incompleta y esto hace que se modifiquen las visiones que se tienen sobre el lugar.

Cruzando todos estos insumos, emergen los patrimonios tangibles e intangibles, reconocidos

u ocultos. Para obtener los resultados esperados hay que establecer previamente procesos de

participación efectivos que luego en una tercera etapa hagan posible llevar a término los

proyectos más convenientes para lograr un desarrollo urbano adecuado y sostenible.

Conclusões

El proceso se ha aplicado con algún éxito en algunos de los barrios de Medellín-Colombia y en

municipios pequeños cercanos a Medellín que tienen material para elaborar planes de

desarrollo, estrategias, proyectos y programas acordes con las condiciones sociales y

económicas del territorio y afines con los deseos y aspiraciones de los habitantes.

En el trabajo se reconocen a los habitantes como los portadores de la información, la

formación y el interés, por lo que el proceso de participación se da de manera fluida y clara, y

las propuestas que resultan no se imponen sino que se construyen entre todos.

Referências

QUESADA AVENDAÑO Florencia. En el Barrio Amón. Historia del Barrio Amón, el barrio

burgués de San José de Costa Rica desde su construcción hasta hoy. Editorial de la Universidad

de Costa Rica. Colección Nueva Historia.2001

Otras fuentes son: Las Actas Municipales, los datos censales y catastrales, las memorias de

quienes vivieron en determinado lugar, las memorias de algunos arquitectos y los directorios

telefónicos y guías de viaje.

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A mercantilização e espetacularização das cidades:

O desafio em preservar o patrimônio histórico e cultural

Jaqueline Marcos de Araujo1

Palavras-chave: Espetacularização Urbana. Revitalização. Gentrificação. Preservação do

Patrimônio Histórico e Cultural.

Introdução

O presente trabalho apresenta uma breve exposição das atuais intervenções urbanísticas que

acontecem em cidades em que são empenhados investimentos que visam a espetacularização

e revitalização de seus centros históricos, prospectando futuros retornos financeiros,

preferencialmente no turismo, entrando no rol de cidades globalizadas com intuito de servir

ao consumo com seu patrimônio histórico e cultural, podendo aumentar problemas sociais no

desenvolvimento urbano da cidade, tais como a gentrificação, a homogeneização da cultura

local e a museificação do patrimônio histórico edificado.

Metodologia e resultados

O método utilizado para a sustentação do artigo é através da pesquisa qualitativa, com

referencial teórico que aborda temas como: espetacularização, revitalização, patrimônio

histórico e cultural e gentrificação. Os autores: Françoise Choay, Margarita Barreto e Fernanda

Sanchez, que abordam o tema patrimônio cultural e sua mercantilização para o turismo de

consumo. Paola B. Jacques, Beatriz Kara-José, Silvana Rubino, Ermínia Maricato e José Proença

Leite, Carlos Vainer que servirão para o embasamento sobre revitalização, espetacularização e

gentrificação.

O procedimento escolhido foi através de revisões bibliográficas de livros e artigos científicos

que investigam essas intervenções em cidades que tem seu patrimônio histórico e cultural

como chamariz para o consumo e mercantilização de seu espaço. O artigo abordará a temática

9 do Simpósio - Paisagem e cultura: patrimônio, turismo e memória.

Resultados (parciais ou finais): a análise crítica parcial sobre o tema escolhido apresenta que os

investimentos de revitalização de centros históricos que visam desenvolvimento social, muitas

vezes tornam problemas sociais ainda maiores, pois o patrimônio cultural local é tratado como

um bem de consumo, seguindo regras internacionais que diluem e homogeneízam a cultura

local.

Conclusões

O processo contemporâneo que procura executar uma nova imagem para as cidades ficou

conhecido como espetacularização e mercantilização, que transforma as cidades em

mercadoria, visando investimentos financeiros como uma forma de política de

desenvolvimento urbano sociedade. Segundo a autora Fernanda Sánchez:

“nas cidades-espetáculo, as políticas de marketing procuram

fixar hábitos sociais nos espaços renovados e reforçam a

tendência ao consumo de serviços, eventos recreativos e

circuitos culturais. Tanto para os cidadãos quanto para os

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turistas, a experiência da cidade é mediada pelo consumo de

imagens, uma justaposição de espaços-síntese, consagrados

e designados como os espaços mais eloquentes de uma nova

maneira de “fazer cidade” e de “viver na cidade”. (SÁNCHEZ,

2010)

Com o propósito em produzir uma imagem para a cidade, imagem única, algo como uma

marca, há uma clara contradição, já que a cidade de “identidade única” precisa seguir um

modelo internacional fortemente homogeneizador de culturas e identidades, que são

impostos por financiadores dos grandes projetos urbanos mundialmente. Esses projetos

excluem notavelmente o habitante local, com interesse exclusivo no turista internacional, o

“consumidor de cultura”.

Com a pouca da participação popular nestas intervenções, a espetacularização tem o impacto

da gentrificação, já que ocorre a expulsão dos mais pobres nestas áreas, maquiando a

realidade local e os conflitos.

Cidades com grande significância histórica, cultural e imaterial, possuem elementos que

atraem o investimento privado, este território é visto como mercadoria, a estratégia usada

para revitalizar atua em áreas principalmente históricas e com apelo cultural, essas

intervenções são responsáveis para o turismo de uma maneira geral, pois oferecem condições

para a produção e o consumo da cultura. A preservação do patrimônio cultural preservação e

implica com a mercantilização que ocorre devido à indústria do turismo, que transforma certos

lugares e cultura em meros produtos de consumo, os consumidores além de comprar e possuir

bens, querem possuir emoções e sensações, que são produzidos mediante consumo de bens

simbólicos, patrimônios culturais e imateriais.

Referências

BARRETTO, Margarita. Turismo e Legado Cultural. Campinas: Papirus, 2000

CHOAY, Françoise. A alegoria do patrimônio. São Paulo: Unesp, 2006.

DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. São Paulo. Contraponto.

MARICATO, Ermínia. As ideias fora do lugar e o lugar fora das ideias. In: Arantes, O. et al. A

cidade do pensamento único. Petrópolis: Vozes, 2000.

KARA-JOSÉ, Beatriz. Políticas culturais e negócios urbanos, a instrumentalização da cultura na

revalorização do centro de São Paulo. São Paulo: FAPESP, Annablume, 2009.

SANCHEZ, Fernanda. A reinvenção das cidades para o mercado mundial. Santa Catarina.

Argos: 2010.

Site da UNESCO. Disponível em: http://www.unesco.org/pt/brasilia. Acesso em 10 de

setembro de 2013.

VARGAS, Eliana; Castilho, Ana Luiza. Intervenções em centros urbanos: objetivos, estratégias

e resultados. São Paulo: Manole, 2006.

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Usina de Cuñapirú: patrimonialización, turismo y desarrollo local en la frontera rivera – Livramento.

Eduardo R. Palermo1

Palavras chaves: patrimonio material, paisaje patrimonial, turismo histórico, desarrollo local.

Introduçao:

El presente trabajo se inscribe dentro de las iniciativas de desarrollo patrimonial de la

Intendencia Departamental de Rivera con el apoyo de la Comisión Nacional de Patrimonio

Histórico y UTE, ente estatal responsable por la distribución de electricidad en Uruguay. El

proyecto tiende al desarrollo local y regional, planificando con la participación de la comunidad

de Minas de Corrales y la empresa minera allí instalada, una serie de acciones tendientes a la:

recuperación y preservación de la arquitectura industrial y minera de la Usina procesadora de

cuarzo aurífero y represa hidráulica - construidas en 1867 y reconstruida en 1880 - ; creación

de un Museo Histórico y Centro de investigaciones históricas sobre la minería; desarrollo del

turismo a partir de políticas de incentivo turístico-cultural vinculando el desarrollo comercial

de la ciudad de Rivera con los centros de interés históricos y paisajísticos del departamento;

promoción del trabajo local con el desarrollo de cursos de capacitación para guías turísticos y

perfeccionamiento de las artesanías típicas de la región. El proyecto se inscribe en una fuerte

revalorización de la identidad regional fronteriza, pautada por un marcado cosmopolitismo

producto de una fuerte y permanente migración de la fuerza de trabajo a través de la frontera

territorial y las fáciles vinculaciones con el puerto de Montevideo y Salto.

La Usina de Cuñapirú es uno de los principales patrimonios de arqueología industrial existentes

en Uruguay y único en el campo de la minería. El mismo se configura por un proceso temprano

de explotación del oro realizado por hacendados de origen luso-brasileño instalados en la zona

desde 1820, y por la utilización de mano de obra esclavizada traída de Minas Gerais, cuyos

resultados incentivaron la migración de garimpeiros provenientes de RGS, de los distritos

mineros de Caçapava, Camaquá y Cangussu. Hacia mediados del siglo XIX las noticias del oro

extraído llegaron a la prensa montevideana, sucediéndose varias denuncias de minas ante el

Estado uruguayo. Nacía así un largo ciclo de inversiones y especulación bursátil que incluyó a

los principales actores económicos, financieros y políticos del Río de la Plata así como a

personalidades y capitales de Francia, Inglaterra y Estados Unidos. La región es un típico

enclave imperialista, que incorporó alta tecnología para su época y especialmente para las

condiciones socio culturales de una zona netamente de ganadería extensiva, como ser: usina

hidráulica e hidroeléctrica, utilización de máquinas a vapor, ferrocarril de aire comprimido,

puentes de hierro, aerocarril, minas en galería, hospital con médicos formados en el exterior,

energía eléctrica temprana para la región. Desde el punto de vista social aquí ocurrieron las

primeras huelgas obreras del país en 1880 y funcionó el primer teatro de variedades hasta

donde llegaban grupos de actores y bailarinas de Europa y América. En lo arquitectónico hay

un valioso conjunto de construcciones civiles: casa de la dirección de la empresa francesa,

casas de los mineros, galpones de molienda y acopio de minerales, represa de agua,

edificaciones para las turbinas y fuerza motriz. Toda la estructura fue utilizada entre 1880 y

1945 para la producción de oro y hasta 1959 funcionó la usina hidroeléctrica.

A finales del siglo XX (desde 1990) la reactivación de la explotación aurífera ha despertado el

interés y la preocupación por preservar la historia y la identidad cultural en sus pobladores. La

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ausencia de una política clara y sustentable de protección patrimonial en el Uruguay, más allá

de haber sido declarado Patrimonio Histórico Nacional en 1981, ha provocado un deterioro

importante en las instalaciones de la usina y edificios, con caída de techos, rajaduras en las

paredes y el consecuente saqueo de las máquinas. En 2012 se formó una comisión de trabajo

con técnicos, historiadores y representantes de la comunidad que llevó a la conformación de

un proyecto de “Patrimonialización de la Usina de Cuñapirú” por parte del gobierno

departamental, que está en plena ejecución, finalizando su primera etapa en diciembre de

2013 con la preservación arquitectónica del sector de molienda y galpones, iluminación y

accesibilidad pública a todo el espacio histórico y colocación de la cartelería en el sitio.

Bibliografía de referencia:

HERNÁNDEZ, Nidia, CHIRICO, Selva. “Ana Packer, construyendo el saber y hacer enfermero. De

Inglaterra a Cuna pirú Corrales, 1841-1930”.Montevideo, Ed. Trilce, 2004.

LEAL, María M. “El turismo y la sustentabilidad perdida en áreas con valor patrimonial.” En:

Primer Congreso Internacional para la Conservación del Patrimonio Cultural, Comité

Ecuatoriano de ICOMOS, Riobamba, 9-12 de noviembre de 1994.

NORDENFLYCHT, José. “Patrimonio y Desarrollo Local: una práctica social entre el saber y el

poder”. En: Seminario Internacional Patrimonio Intangible: Hombre, Tierra y Patrimonio,

Salvador de Bahía, abril de 2002.

PALERMO, Eduardo; CHIRICO, Selva. De la crónica a la historia. Rivera: Ed. del autor, 1992.

PALERMO, Eduardo. “Banda Norte, una historia de la frontera oriental. De indios, misioneros,

contrabandistas y esclavos”. Rivera, Ed. Del Autor. 2001.

PALERMO, Eduardo. “La quimera del oro”, Historia de la región aurífera de Cuñapirú. Rivera.

2002. (Serie documental para televisión)

Proyecto de patrimonialización y desarrollo turístico de la usina de Cuñapirú. Intendencia

Departamental de Rivera. Dirección General de Promoción y Desarrollo – División Turismo -

2013.

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Casa del Director de la Cía. Francesa de Minas de Oro del Uruguay. Construida en 1879 y

utilizada como tal hasta 1945. Dirección de la obra: Ing. Victor L’Olivier. Foto: E. Palermo -2012

Cuerpo de construcciones de la Usina: zona de molienda a la izquierda y zona motriz a la

derecha, se pueden observar las rejas que protegen las turbinas. Toda la estructura, menos las

rejas, son de 1880 sin modificaciones. Foto: E.Palermo – 2013

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Una de las turbinas existentes, datan de 1890-1900.

Foto: E. Palermo – 2013.

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Pinturas de la pared originales de la casa del Director. Restan muy pocos metros cuadrados

originales, la mayoría se han deteriorado o destruido. Foto: E. Palermo – 2013

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Rua do Porto: um lugar praticante e praticado

Maira Cristina Grigoleto1

Marcelo Cachioni1

Palavras-chave: Rua do Porto. Lugar de memória. Lugar praticado.

Introdução

A proposta deste trabalho é apresentar reflexões resultantes dos estudos desenvolvidos sobre

o bairro Rua do Porto em Piracicaba -SP, tendo como enfoque quatro elementos: a água

(relação do homem com o meio), o peixe (arte do saber/fazer), as olarias (atividade

profissional e característica construtiva) e a pamonha (arte do saber/fazer). Tais análises são

parte integrante das atividades desenvolvidas pelo Instituto de Pesquisas e Planejamento de

Piracicaba - IPPLAP no processo de Revisão do Plano Diretor de Desenvolvimento de

Piracicaba, iniciado em 2013.

Por meio de um percurso retrospectivo sobre as vivências às margens do Rio Piracicaba, foi

possível verificar como que, alegórica ou materialmente, esses itens têm ou tiveram suas

existências e representações marcadas pelas características ribeirinhas de ‘ser’ e ‘viver’. Além

disso, percebemos como foram constituídos por meio da organização de uma memória

histórica e afetiva, que foi resultado de um processo de seleção que teve como base as ações

do poder público e dos cidadãos em suas manifestações de ‘contra poder’ (FOUCAULT, 1996;

2005; 2008a, 2008b).

A dinâmica do lugar, em seu aspecto político, cultural e social, foi sem dúvida o principal

‘dispositivo’ (AGAMBEN, 2009) que impulsionou as transformações dos usos e apropriações

desse bairro, instituído como um ‘lugar de memória’ (NORA, 1992), mas que é, acima de tudo,

um ‘espaço’, um ‘lugar praticado’ (CERTEAU, 2004). Esta questão leva-nos também ao

entendimento dessa área como um ‘não lugar’, uma vez que as manifestações temporais,

como a memória, são formas de apropriações e emergências criadas nas fissuras desejadas

pelo exercício de um poder institucional; que se manifesta em diferentes níveis para criar

condições de existência e permanência (materiais ou imateriais) (MURGUIA, 2011).

O que defendemos é que as práticas institucionais pensadas e direcionadas para a Rua do

Porto tiveram como desdobramento a constituição de campos de embate, pautados nos ‘usos

políticos do passado’ (PIMENTA, 2009), nos jogos de poderes e nos agenciamentos

governamentais entre os interesses públicos e privados (individuais e coletivos) (FOUCAULT,

2008c; 2005; 2003). Por fim, é possível destacar o entrelaçamento dos lugares com as

estratégias e os exercícios do poder, uma vez que tais táticas não são espaciais, pelo contrário,

temporais e, por esta razão, se esgotam ou são reinventadas em determinadas historicidades

(MURGUIA, 2011).

Metodologia e resultados

O estudo de caráter teórico e qualitativo está em fase de realização por meio de revisão e

análise bibliográfica, permitindo a verificação da configuração da sua paisagem cultural do

bairro Rua do Porto e a maneira como os elementos da cultura (material e imaterial)

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foram/são utilizados, estrategicamente, como armas no campo de disputa entre os interesses

públicos e privados (individuais e coletivos).

Conclusões

Pensar sobre a história do bairro Rua do Porto e suas transformações é colocar em destaque a

gama de associações - mais fracas e mais fortes - entre instrumentos, ferramentas,

deliberações e toda uma estrutura de apropriações e vivências que se alimentaram e se

retroalimentam pelos desejos e interesses de estar à beira-rio.

Mesmo quando a cidade ‘virou as costas’ para o rio ou utilizou-se de suas margens e paisagem

cultural para finalidades de especulação imobiliária ou turística (historicamente marcadas);

quando algumas atividades profissionais não encontraram mais funcionamento nas antigas

instalações fabris, nas olarias e na pesca, foram os elementos da cultura imaterial que

sustentaram o ‘estar’ e conviver às margens do rio. Foram as características desenvolvidas e

criadas pelo saber/fazer dos pescadores e dos antigos moradores ribeirinhos que mantiveram

ou mantêm o bairro Rua do Porto (‘lugar de memória’), em meio aos vários jogos de poder e

agenciamentos governamentais, como um lugar praticante e praticado.

Referências

AGAMBEN, Giorgio. O que é o contemporâneo? E outros ensaios. Chapecó: Argos, 2009.

CERTEAU, Michel de. A invenção do cotidiano: 1. Artes de fazer. Petrópolis: Vozes, 2004.

FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. Aula Inaugural no Collège de France, pronunciada

em 2 de dezembro de 1970. São Paulo: Edições Loyola, 1996.

FOUCAULT, Michel. A verdade e as formas jurídicas. Rio de Janeiro: NAU Editora, 2003.

FOUCAULT, Michel. Em defesa da sociedade. São Paulo: Martins Fontes, 2005. (Coleção

tópicos).

FOUCAULT, Michel. Segurança, território, população. Curso dado no Collège de France (1977-

1978). São Paulo: Martins Fontes, 2008a. (Coleção tópicos).

FOUCAULT, Michel. Nascimento da biopolítica. Curso dado no Collège de France (1978-1979).

São Paulo: Martins Fontes, 2008b. (Coleção tópicos).

FOUCAULT, Michel. A arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2008c.

MURGUIA, Eduardo Ismael. Archivo, memória e historia: cruzamientos e abordajes. Íconos. In:

Revista de Ciencias Sociales, Quito, n. 41, p. 17-37, 2011.

NORA, Pierre. Entre memória e história: a problemática dos lugares. In: Revista do Programa

de Pós-Graduados em História do Departamento de História da PUC-SP, São Paulo, n. 10, p.

7-28, 1993.

PIMENTA, Ricardo Medeiros. Construindo conhecimento através do espaço sindical francês:

um olhar sobre a informação e o papel do arquivo junto a uma política de memória militante.

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Perspectivas em Ciência da Informação, v. 14, número especial, p. 120-132, 2009. Disponível

em: <http://www.scielo.br/pdf/pci/v14nspe/a09v14nspe.pdf>. Acesso em: 14 set. 2010.

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"Estações ferroviárias de Campinas (SP): estudo sobre a preservação do patrimônio industrial

ferroviário e turístico industrial".

Priscila Kamilynn Araujo dos Santos1

Eduardo Romero de Oliveira1

Palavras-chave: Patrimônio Industrial. Ferrovias. São Paulo e Turismo Cultural.

Introdução

Este estudo é fruto de uma pesquisa de Iniciação Científica tendo linha de fomento a Fundação

de Àmparo a pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP e possui como bolsista a discente

Priscila Kamilynn Araujo dos Santos do curso de Turismo da Univeridade Estadual Paulista

“Júlio de Mesquita Filho”. Quanto ao período de desenvolvimento, estamos no oitavo mês de

pesquisa. Cabe ainda mencionar, que este projeto está vinculado ao projeto Memória

Ferroviária coordenado pelo Dr. Eduardo de Oliveira docente da Universidade.

Tendo como tema principal os usos sociais do patrimônio ferroviário no município de

Campinas, São Paulo-SP, este projeto tem por objetivo geral, propor uma reflexão de como se

deu o processo de reutilização dos bens ferroviários, realizando um estudo de caso a partir das

estações de Campinas. De maneira específica, coletaremos informações sobre os usos atuais

de cada uma delas (estação Guanabara, estação da Companhia Paulista, estação Tanquinho e

Anhumas), tal como seus respectivos responsáveis. Pretende-se verificar se houveram e/ou se

existe algum projeto de reutilização e preservação em relação aos bens estudados. Cabe, além

disso, verificar se nos projetos de reutilização estão previstos usos turísticos dos bens

ferroviários.

Nesta vertente, esta pesquisa justifica-se por possuir um caráter inédito, apesar de haver

bibliografia sobre patrimônio cultural, são pouco estudados os usos sociais de patrimônio

cultural por parte da bibliografia do turismo. Além disso, há poucos estudos sobre usos do

patrimônio ferroviário em particular, com destaque para os estudos arquitetônicos somente.

Assim, este estudo propõe ser uma primeira avaliação dos projetos de reutilização e sua

implantação sob a perspectiva do turismo.

Metodologia e resultados

A metodologia desse trabalho conta com aprofundamento teórico de temas afins a pesquisa

(patrimônio industrial, patrimônio e turismo cultural, preservação do patrimônio ferroviário e

história ferroviária); levantamentos de informações nos órgãos ou entidades atualmente

responsáveis pelos prédios (prefeitura, Unicamp e ABPF); entrevistas com responsáveis por

cada uma das estações; pesquisas documentais no CONDEPAAC, Unicamp, Secretaria de

Cultura e Turismo de Campinas, Estação Guanabara e ABPF; avaliação do estado atual de

preservação através de uma ficha de inventário do patrimônio industrial e avaliação do uso

turístico (in locu: infra-estrutura e do perfil do público visitante - as quais serão executadas por

meio de um questionário fechado).

Para compreendermos e compararmos os tipos de gestão realizamos entrevistas com os

representantes de cada uma das estações por nós estudadas, seguindo um roteiro

previamente elaborado as quais permitiram detalhar: os usos atuais destes bens, atividades

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neles realizadas; projetos (sociais, educativos, turísticos) e/ou plano de implementação em

andamento.

Para avaliação do estado de preservação, foi aplicada em pesquisa de campo uma ficha de

inventário do patrimônio industrial edificado e do conjunto industrial. Desta forma, utilizamos

apenas os tópicos de análise necessários à nossa pesquisa (estado, uso e proteção), com o

objetivo de verificarmos alterações feitas para fins de implementação de usos atuais e/ou

projetos relativos. Realizamos análises documentais no Centro de Memória da UNICAMP -

CMU, Arquivo Municipal de Campinas, consultas ao acervo bibliográfico da ABPF na Estação

Anhumas e Estação Guanabara. Além destas informações, tivemos a oportunidade de realizar

um detalhamento descritivo dos respectivos processos de preservação abertos por órgãos

estaduais e municipais.

Conclusões

Observamos três tipos de gestão com problemáticas e objetivos distintos (Prefeitura, Unicamp

e ABPF), mas ambas se utilizam de espaços com alto valor simbólico e representativo para a

história campineira.

Referências

ABAD, Carlos J. Pardo. Turismo y patrimonio industrial. Madri: Editorial Sintesis, 2008.

KÜHL, Beatriz M. Arquitetura de ferro e arquitetura ferroviária em São Paulo reflexões sobre

a sua preservação. São Paulo: Ateliê editorial/FAPESP, 1998.

POZZER, Guilherme Pinheiro. Arqueologia e Patrimônio Industrial: a Estação Cultura em

Campinas. Anais do XVIII Encontro Regional de História – O historiador e seu tempo.

ANPUH/SP – UNESP/Assis, 24 a 28 de julho de 2006, Cd-rom.

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A composição territorial de Caxias do Sul como oportunidade para a Educação Patrimonial

Pedro de Alcântara Bittencourt César1

Patrícia Pereira Porto1

Palavras-chave: Turismo. Educação Patrimonial. Identidade Cultural.

Introdução

O turismo cria oportunidades para se compreender o patrimônio material e imaterial. Muitas

vezes, a proposta de criação de um determinado roteiro, faz com que a comunidade inserida

nele questione o seu acervo cultural, relacionando as materialidades urbanas e arquitetônicas,

além das manifestações imateriais. Esta questão torna-se pano de fundo para a elaboração do

roteiro cultural.

O projeto “Valores do patrimônio e sua formação como atrativo cultural”, vinculado ao

Programa de Mestrado em Turismo da Universidade de Caxias do Sul, visa retratar a cultura

como objeto de atração turística e, desta forma, reconhecer seu estatuto formador. Têm-se

assim, o objetivo de inventariá-los e reconhecer suas possibilidades. Neste breve artigo, será

apresentado um recorte específico realizado no roteiro denominado Caminhos do Imigrante.

Inicialmente, com o intuito de reconhecer o ambiente por uma perspectiva patrimonial,

aproxima de CHOAY (2000; 2006), e seu entendimento de patrimônio, de Reis Filho (1995), e o

reconhecimento do urbano arquitetônico, além das questões espaciais (CORRÊA e ZENY, 2005)

e a das suas representações (BAILLY, 1993).

Na Educação e Interpretação Patrimonial se trabalha no processo de conservação do

patrimônio cultural, atuando junto à comunidade, colaborando na manutenção e valorização

de seus hábitos culturais, de suas práticas, dos modos de fazer e agir, isto é, de sua identidade.

Compartilhar uma cultura e identificar-se não é apenas compartilhar um espaço geográfico,

mas sim, encontrar sentidos semelhantes no mundo, para estar de forma semelhante neste

mesmo mundo. As tradições, enquanto mantidas, existem como significantes, mas há que se

fazer uma busca constante pelo sentido. Sair em busca do sentido de estar no mundo hoje, ou

seja, sair em busca da cultura e da identidade, leva a construir mapas totalmente diversos

daqueles que encerraram o homem em “países”, “nações”, “estados” - e até mesmo em

“culturas” marcadamente delimitadas.

Um dos objetivos da Interpretação e Educação Patrimonial é atuar junto aos visitantes e

moradores no intuito de conscientizá-los sobre a importância da valorização de suas tradições

e costumes que estão conhecendo, sobre sua responsabilidade no auxílio da conservação

patrimonial e auto-sustentabilidade, colaborando dessa forma, para atribuição de sentidos às

suas tradições.

Metodologia e resultados

Na pesquisa proposta adota-se analise de natureza qualitativa. Espera-se relacionar os hábitos

do cotidiano como referencia da memória patrimonial dos grupos sociais analisados. Como

abordagem metodológica se reconhece o estudo das contradições.

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A migração recente, presente nas memórias das famílias, torna-se marcante a possibilidade de

estudo de observação e por entrevista (BOGDAN; BIKLEN, 1994, p.16; CHIZZOTI, 2005, p.89).

Busca-se assim, inicialmente compreender o papel social dos entrevistados e sua relação com

a formação de hábitos diversos e por experiências sociais e individuais (GODOY, 1980). Tais

valores são relacionados a lógica apresentado por órgãos oficiais na identificação do

Patrimônio local. Finalmente, analisa a utilização e as potencialidades do recurso cultural para

sua utilização como instrumento de Educação e Interpretação Patrimonial.

Conclusões

A pesquisa realizada demonstrou que é possível estabelecer uma relação entre turismo,

Interpretação e a Educação Patrimonial, haja vista que o roteiro Caminhos do Imigrante,

atrativo turístico da Serra Gaúcha, passa a se constituir como uma forma de comunicação

sobre o patrimônio de Imigração Italiana para o visitante que o percorre. Desta forma, o

turismo se estabelece como uma importante “ferramenta” no que tange a valorização e a

preservação dessa cultura, permitindo o desenvolvimento de roteiros envolvidos com valores

memoriais. Tais devem-se remeter como referencias a constituição do patrimônio, servido de

base para o entendimento de identidade e como recurso como atrativo turístico.

Referências

BAILLY, Antoine. La représentation en géographie, In : BAILLY. Antoine, FERRAS, Robert,

PUMAIN, Denise. (org.), Encyclopédie de géographie, Antrhopos, Paris, 1992, p. 371-383.

BOGDAN, R.C., BIKLEN, S.K. Investigação qualitativa em educação. Porto: Porto Editora, 1994.

CANDAU, Joel. Memoria e Identidad. Buenos Aires: Ediciones Del Sol, 2001.

CHIZZOTI, A. Pesquisa em Ciências Humanas e Sociais. São Paulo: Cortez, 2005.

CHOAY, Françoise. A alegoria do patrimônio. Lisboa: Edições 70, 2000.

CHOAY, Françoise. Pour une anthropologie de l’ espace. Paris, Ed. Seuil, outubro de 2006.

CORRÊA, Roberto Lobato e ROSENDAHL, Zeny. Geografia cultural: introdução a temática, os

textos e uma agenda. In. CORRÊA, Roberto Lobato e ROSENDAHL, Zeny (orgs). Introdução à

geografia cultural. Rio de Janeiro: Bertrand, 2005, p.9-18.

GODOY, A. S. Introdução à Pesquisa Qualitativa e suas Possibilidades. Revista de

Administração de Empresas, São Paulo, 35(2), 1980.

HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva.São Paulo: Centauro, 2006.

REIS FILHO, Nestor Goulart. Quadro da arquitetura no Brasil. 9ed. São Paulo: Perspectiva,

2000.

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Proposta de autogestão do patrimônio comunitário pela associação solidária de mulheres de

Quizambú.

Marina Assunção Gois Rodrigues1

Palavras-chave: Narrativas. Testemunhos. Modos de vida. Patrimônio imaterial. Patrimônio

comunitário. Quizambú.

Introdução

Este trabalho tem como tema a articulação em torno da proposta de autogestão do

patrimônio comunitário, pela organização das mulheres da comunidade rural Quizambú, a

Associação Solidária de Mulheres da Zona Rural de Alagoinhas e Região.

Trata da articulação teórica resultante da pesquisa em campo realizada na comunidade rural

de Quizambú, distrito da cidade de Alagoinhas, na região do Agreste baiano. No intento de

responder às questões que surgiram em decorrência da pesquisa – sobre as expressões do

patrimônio imaterial preservado através das narrativas orais, e os modos articulação e

circulação cultural, presentes no território, relatamos aqui algumas atividades realizadas pelas

próprias mulheres da associação, em torno da necessidade de circulação e difusão cultural

local, para, deste modo, conseguirem representação pública de suas manifestações culturais

ancestrais, e conseguirem implantar futuramente um ponto de cultura na comunidade, para o

desenvolvimento de ações culturais voltadas para a formação de público no local, e divulgação

de suas memórias coletivas.

Procuramos de tal modo, perceber as reverberações positivas através das táticas de

articulação comunitária para o desenvolvimento local e a preservação da memória coletiva.

Não obstante, este trabalho está vinculado ao projeto de pesquisa intitulado Narrativas dos

Saberes e Práticas Herbários em Salvador e Quizambú, vinculado ao Programa de Pós-

Graduação em Crítica Cultural da Universidade do Estado da Bahia. Seu desenvolvimento ainda

se encontra em curso, e o período de conclusão do mesmo está previsto apara o mês de

fevereiro de 2014.

A partir da investigação sobre os saberes herbários e das artes de cura na comunidade rural

Quizambú, foi possível conhecer o trabalho das mulheres da região, que se articulam

politicamente na tentativa de se colocarem em lugares de fala representativos em relação à

preservação da memória e de seus patrimônios culturais.

A partir da busca por um maior conhecimento sobre alguns ritos da memória e das tradições

culturais locais, e a sua ligação com a história da comunidade, objetivamos interpretar as suas

ligações com contextos do patrimônio imaterial, e perceber as diversas ligações que as

manifestações culturais estabelecem na vivência do cotidiano.

Por isso, buscamos dar visibilidade às práticas culturais auto gestionadas na comunidade, seus

discursos acerca da preservação da memória e da valorização do patrimônio local como

mecanismo de desenvolvimento local, à luz de ferramentas teóricas conceituais dos principais

autores como Hugues de Varine, As raízes do futuro: patrimônio a serviço do desenvolvimento

local; George Yúdice, Os Zapatistas e a Luta pela Sociedade Civil; e Regina Abreu, “Tesouros

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Humanos Vivos” ou quando as pessoas transformam-se em patrimônio cultural – notas sobre a

experiência francesa de distinção do “Mestres da Arte”.

Metodologia e resultados

O método para a coleta de dados do projeto se configura no procedimento para uma pesquisa

qualitativa, pois, embora haja aplicação de questionários nas entrevistas diretas, a

investigação interpretativa dos dados coletados e a observação das diferenças e semelhanças

entre as variadas práticas mapeadas, ocorrem de forma que o entrevistado discorra sobre o

tema segundo suas próprias perspectivas históricas, religiosas, sociais e comunitárias, sem

uma abordagem de análise fechada sobre os dados. São também de igual relevância os

testemunhos obtidos sobre a história comunitária, que retrata a ancestralidade das tradições

abordadas.

Conclusões

Como metas alcançadas a respeito da proposta de realização do projeto, até o momento

foram feitos mapeamentos de moradores articuladores das ações locais na comunidade, e

levantamentos de dados a respeito das narrativas individuais e comunitárias acerca do

patrimônio local, dos causos, das práticas ancestrais, bem como, das perspectivas de ações

futuras planejadas pelas mulheres filiadas á associação solidária, para que seja possível a

realização do projeto de formação do ponto de cultura na comunidade.

Referências

ABREU, Regina. “Tesouros Humanos Vivos” ou quando as pessoas transformam-se em

patrimônio cultural – notas sobre a experiência francesa de distinção do “Mestres da Arte”. In:

ABREU, Regina; CHAGAS, Mario (Org.). Memória e Patrimônio: ensaios contemporâneos. Rio

de Janeiro: Lamparina editora, 2009.

VARINE, Hugues. As raízes do futuro. Patrimônio a serviço do desenvolvimento local. Porto

Alegre: Editora Medianiz, 2012.

YÚDICE, George. Os Zapatistas e a Luta pela Sociedade Civil. In: A Conveniência da Cultura:

usos da cultura na era global. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2004.

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Memória e metamorfose da paisagem: análise das narrativas sobre a Avenida Goiás

Danielle do Carmo1

Palavras-chave: Paisagem. Memória. Espaço Urbano.

Introdução

A Avenida Goiás localizada na cidade de Goiânia, atual capital do Estado de Goiás foi projetada

para ser o eixo norte-sul da composição urbana da cidade, sendo concebida inicialmente como

avenida-jardim. Em seus 80 anos de existência, a avenida sofre modificações em sua estrutura

física e seus espaços são apropriados para diversas atividades. A paisagem é liquida, muda de

tempos em tempos. “ A paisagem não é dada para todo o sempre, é objeto de mudança. É um

resultado de adições e subtrações sucessivas. É uma espécie de marca da história do trabalho,

das técnicas” (SANTOS. 1988, p.24 ). Ela se molda de acordo com os simbolos e significados do

tempo e da sociedade que nela está inserida. Mas não totalmente, ela ainda porta vestígios e

significados pertencentes a outros tempos. Para tentar vislumbrar esses vestígios, lançamos a

mão da análise de memórias. Por morar algumas quadras de distância da Avenida Goiás e por

essa avenida ser uma das principais de Goiânia, ela aparece como lugar cotidiano nas

narrativas memoriais de duas gerações de uma mesma famíia. Para Bosi, (2003, p.199-200)

“cada geração tem, de sua cidade, a memória de acontecimentos que são pontos de

amarração de sua história”. Por meio da análise das narrativas podemos notar que a avenida

que lembra Lili não é mais a avenida das lembranças de Cristiana, e a Avenida Goiás de

Cristiana tão pouco se parece com a de hoje. Deste modo podemos ter acesso ás camadas das

paisagens escritas e inscritas podendo revelar etapas desse processo de metamorfose do

espaço, e entender sua configuração atual. Esse estudo é um recorte do projeto de pesquisa

Um Lugar para memória: A Avenida Goiás, que está vinculado ao Programa de Mestrado em

Memória Social e Patrimônio Cultural da Universidade Federal de Pelotas, e está em fase de

conclusão.

Metodologia e resultados

Além da pesquisa bibliografica e documental, realizamos entrevistas semi-estruturadas com

nove individuos representantes de duas gerações integrantes do mesmo núcleo familiar que

viveram no centro de Goiânia e que vivenciaram as transformações da Avenida Goiás. Em uma

primeira etapa, tentamos realizar entrevistas individuais, mas esse método não se mostrou

produtivo, uma vez que os entrevistados diziam não se lembrar e indicavam outras pessoas

que diziam ter “melhor memória do que eu” (SIC). Então partimos para outra estratégia,

realizamos entrevistas grupais, e finalmente as memórias vinham à tona. Deste modo, as

entrevistas geraram narrativas memoriais dialógicas, pois um entrevistado se apoiava nas

lembranças dos outros para confirmar e preencher a lacuna das próprias lembranças. Após o

registro das narrativas orais foi feita a transcrição e a utilizada a técnica de análise de

conteúdo temático (RICHARDSON, 1989), para a interpretação dos dados.

Conclusões

Com base nas nossas pesquisas documentais, bibliograficas e nas narrativas memóriais

resultantes das entrevistas, podemos concluir que A Avenida Goiás suporta diversas

temporalidades demarcadas, em maior ou menor grau, pelas modificações de seu espaço

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físico e pelas diferentes apropriações de seus espaços. Como consequência dessas diversas

temporalidades, há uma sobreposição de paisagens nas memórias elaboradas pelas diferentes

gerações que vivenciaram esse espaço.

Referências

BOSI, Ecléia. Memórias paulistanas. In: Estudos Avançados. São Paulo: v. 17, p. 198-210, 2003.

RICHARDSON, R.J. Pesquisa Social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 1989.

SANTOS, Milton. Metamorfoses do Espaço Habitado, fundamentos teóricos e metodologicos

da geografia. São Paulo: Hucitec, 1988.

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Turismo e direito como estratégia na preservação do patrimônio arqueológico.

Anauene Dias Soares1

Filipe Vieira de Oliveira1

Palavras-chave: Patrimônio Arqueológico. Turismo. Direito. Estratégias de Conservação.

Introdução

O presente artigo foi elaborado no âmbito da disciplina “Estratégias de Conservação do

Patrimônio” do Programa de Pós-Graduação em Mudança Social e Participação Política da

Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo - EACH-USP.

Anauene Dias Soares tem como mote investigativo o patrimônio cultural e natural; investiga a

preservação de bens culturais, principalmente na área jurídico-legal sobre a prevenção e

repressão ao comércio e tráfico ilícito destes bens. Filipe Vieira de Oliveira atua nas áreas de

pesquisa em planejamento urbano; turismo e patrimônio. Ambos participam do grupo de

pesquisa em memória, patrimônio cultural, natural e desenvolvimento local na mesma

Instituição.

Os autores, de formações distintas buscaram trazer dentro de suas áreas de conhecimento,

uma discussão acerca de duas estratégias visando à preservação do patrimônio cultural

material, exposto na forma do patrimônio arqueológico identificado na cidade de Santarém –

Pará, devido à significativa dilapidação desse patrimônio. Sendo o turismo como fator de

valorização cultural e de desenvolvimento socioeconômico; e o direito na forma de elaboração

de uma normativa em conformidade com as necessidades da comunidade, bem como para a

repressão ao comércio ilegal, visando à atuação das novas relações entre o bem cultural e o

cidadão, sendo as normas e o turismo um acesso ao patrimônio cultural e de recuperação da

memória coletiva (SOUZA, p. 88 e 89, 2011), visto ser este o maior sítio arqueológico pré-

histórico da Amazônia (FOLHA UOL, 2013), além de contribuir para o conhecimento do modo

de vida dos indígenas Tapajós que habitaram essa região.

Além disso, ao relacionar dispositivos legais internacionais, constitucionais e

infraconstitucionais, pode-se trazer maior difusão desses bens culturais, pois são “suporte de

identidade e formação de uma sociedade” (SOUZA, p. 90, 2011). Nos dizeres de Bastos (2009):

Dentro desta possibilidade invocando a constituição federal que apregoa que o meio ambiente deve ser ecologicamente equilibrado, sendo ele bem comum de uso de todo o povo, assim como o patrimônio cultural bens de alcance social, referência na memória nacional, devemos incorporar de maneira destemida e efetiva a participação e a acessibilidade dos chamados grupos vulneráveis na apropriação do patrimônio arqueológico. (BASTOS, p. 89, 2009).

O turismo cultural é aquela forma de turismo que tem por objetivo, entre outros fins, o

conhecimento de monumentos e sítios hitórico-artísticos. Exerce um efeito realmente positivo

sobre estes tanto quanto contribui – para satisfazer seus próprios fins – a sua manutenção e

proteção (ICOMOS, 1976). Corroborando com essa ideia, Morais (2005) ressalta que:

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O turismo, entendido como opção de desenvolvimento social e econômico só pode acontecer sob o respaldo do planejamento previsto nas políticas públicas geradas pela União, pelos estados e municípios. E, em se tratando do uso do patrimônio arqueológico para fins turísticos, há de se considerar dois desdobramentos: as expectativas da comunidade que detém o patrimônio no seu território e a imposição das normas legais vigentes que intervém na interface arqueologia/turismo. (MORAIS,2005).

Metodologia e resultados

O método aplicado na pesquisa é o descritivo exploratório. Buscou-se coletar informações

sobre a problemática que envolve o patrimônio arqueológico e leitura de bibliografia

específica a fim de desenvolver uma discussão sobre essas duas estratégias e suas

singularidades para a preservação desses bens. Verificou-se que há uma grande carência de

uma gestão arqueológica voltada para a preservação dos bens culturais arqueológicos em

Santarém por meio do planejamento da atividade turística e da proteção normativa, assim

como sua efetiva aplicação.

Conclusões

A significativa incidência de comercialização ilegal do patrimônio cultural-arqueológico

Tapajônico na cidade de Santarém se dá em virtude do alto índice das atividades turísticas,

acadêmicas voltadas a pesquisas inadequadas de exploração dos sítios arqueológicos e,

principalmente, pela ausência de informação acerca da importância desse patrimônio como

identidade, memória e coesão social da região e, também, pela falta de esclarecimentos legais

diante da proibição do comércio destes como forma de deteriorização do patrimônio cultural.

Portanto, entende-se que a união de uma normativa e a aplicação adequada desta e o turismo

arqueológico planejado seria uma alternativa de preservação possível, visto que é fonte

permanente de recursos, de empregos e de envolvimento comunitário visando à salvaguarda

do objeto de visitação, colaborando significativamente para o desenvolvimento local de

Santarém e da preservação do patrimônio cultural local.

Referências

BASTOS, Rossano. Turismo, arqueologia e sustentabilidade. In: Turismo e arqueologia:

múltiplos olhares. MUNDET I CERDAN, Luís; SARTI, Antonio Carlos (Orgs.). Piracicaba:

Equilíbrio. 2009.

ICOMOS, Carta de Turismo Cultural, 1976. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br. Acessado

em 20/08/2013.

MORAIS, José Luiz de. Arqueologia e turismo. IN FUNARI, Pedro Paulo e PINSKY, Jaime. (Orgs)

Turismo e Patrimônio Cultural, São Paulo: Contexto, 2005.

SOUZA, Marise C. Arqueologia preventiva como veículo de coesão social IN Patrimônio cultural

arqueológico: diálogos, reflexões e práticas. BASTOS, Rossano; SOUZA, Marise C. São Paulo:

Superintendência do Iphan de São Paulo. 2011.

Direito do patrimônio cultural. MARTINS, João; MIRANDA, Jorge; ALMEIDA, MARTA

(Coords.).Portugal: Instituto Nacional de Administração. 1996

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Disponível em: < http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1710200503.htm> Acessado em:

08/09/2013.

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A favela como constructo original brasileiro: pelo seu reconhecimento como paisagem cultural

João Paulo Oliveira Huguenin1

Luciana da Silva Andrade1

Palavras-chave: Paisagem Cultural. Favelas Cariocas. Patrimônio Mundial. Rio de Janeiro.

Introdução

No desenvolvimento de pesquisas do CiHabE(PROURB/FAU/UFRJ) sobre diferentes formas que

os mais pobres encontram para habitar o Rio de Janeiro não raras foram as situações

encontradas em que as questões habitacional e patrimonial entram em conflito.

Com o reconhecimento do Rio de Janeiro como Patrimônio Mundial na categoria de paisagem

cultural pela UNESCO em 2012, novos assuntos envolvendo essa dualidade surgiram. Logo

apareceram posições favoráveis à remoção das favelas para preservação dessa paisagem.

Diante disso a questão que se colocou foi se as favelas não deveriam ser consideradas

integrantes da paisagem cultural carioca. Essa forma de ocupação, que surgiu em fins do

século XIX (ABREU, 1994), aparece em seu território marcando sua geografia.

Assim, o objetivo deste artigo é discutir a favela enquanto uma forma legitima de moradia e,

por isso mesmo, elemento constituinte da paisagem carioca, sem a qual parte do seu valor se

esvai.

Metodologia e resultados

Considerando a paisagem como tudo aquilo que damos significado através da apreensão feita

pelos nossos sentidos, principalmente a visão (SANTOS, 1988), constatamos que as favelas

fazem parte da paisagem carioca.

Como toda paisagem possui interpretações culturais, uma vez que ela é afetada pela

percepção ou ações do homem, buscamos compreender se as favelas poderiam ser

enquadradas na categoria de paisagem cultural1. O conceito de paisagem cultural representa

uma evolução no tratamento da preservação patrimonial uma vez que reconhece as

construções sociais, culturais e a realidade física como resultados das interações entre homem

e natureza.

Para verificar se as favelas se enquadrariam nesse conceito, partimos da análise do documento

da 36ª sessão do Comitê de Patrimônio Mundial da UNESCO (2012). Nesse documento estão

contidas as informações sobre o reconhecimento da paisagem carioca como Patrimônio

Mundial.

É interessante observar que o documento não faz referência a existência das favelas no

perímetro de proteção proposto. No entanto, encontramos na área várias ocupações

informais, como as históricas favelas Santa Marta e Babilônia.

Além disso, o documento deixa claro que as construções existentes na área não representam

ameaça a conservação dessa paisagem. Mas, de forma velada diz que deve se ter cuidado com

as "pressões urbanas". Como o documento não distingue essa forma peculiar de construção,

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deixa implícito que as favelas devem ser mantidas em seus lugares e a sua expansão deve ser

inibida, assim como, ao nosso ver, as demais áreas da cidade formal.

Uma das justificativas para o reconhecimento da paisagem como patrimônio foi a "cultura da

vida ao ar livre da cidade". Nesse sentido, destacamos que a cultura de vida nesses territórios

informais apresentam uma grande riqueza e diversidade, com situações muitas vezes mais

complexas que na cidade formal (ANDRADE, 2002) e, por isso mesmo, deveriam ser protegidas

e estimuladas.

Outra justificativa para a proteção da paisagem da cidade foi a sua celebração em obras de

arte. Assim como o Rio de Janeiro, suas favelas também tem inspirado artistas de diferentes

gêneros e diferentes épocas a exaltarem suas belezas. Desde os anos 1920 as favelas passaram

a ser reconhecidas em pinturas de artistas consagrados, como Tarsila do Amaral e Cândido

Portinari (ABREU, 1994). Por fim, vale destacar que esses territórios passaram a figurar como

importante destino turístico da cidade, particularmente para estrangeiros. (ANDRADE, 2013)

Conclusões

O atual estágio da pesquisa não nos permite fazer uma conclusão, mas sim lançar questões

para a reflexão do assunto.

Conforme apontamos, as mesmas justificativas que deram ao Rio de Janeiro o título de

Patrimônio da Humanidade são aplicáveis ao reconhecimento das favelas como parte

integrante e indispensável da paisagem cultural carioca. Acreditamos que o reconhecimento

formal dessa constatação é necessário.

Esse reconhecimento significaria a proteção do ambiente construído da favela, acabando ou

dando nova conotação às remoções. Porém, é importante deixar claro que não possuímos uma

visão romantizada da favela e reconhecemos a necessidade de melhoria das condições de vida

nesse local. Mas, se é para respeitar a paisagem formada por esse ambiente construído essas

intervenções devem ir contramão da atual tendência de espetacularização que essas parcelas

da cidade vem sofrendo, como aconteceu nos projetos de urbanização do Morro do Alemão,

Rocinha e Morro da Providência (CANEDO, 2012).

Referências

ABREU, Mauricio de Almeida . Reconstruindo uma história esquecida; origem e expansão

inicial das favelas do Rio. Espaço e Debates, São Paulo,v.14,n.37, p 34-46, 1994

ANDRADE, Luciana da Silva. Espaço Público e Favelas: Uma análise da dimensão pública dos

espaços coletivos não edificados na Rocinha. 2002.Tese (Doutorado em Geografia). Programa

de Pós-Graduação em Geografia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

ANDRADE, Luciana da Silva. A Pobreza Pitoresca: A Favela da Rocinha no Cenário Turístico

Carioca. In: ANDRADE, Luciana da Silva et alli. Reverso de um espetáculo urbano: desafios e

perspectivas para uma arquitetura habitacional popular. Rio de Janeiro. Casa 8. 2013.

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CANEDO, Juliana. Intervenções urbanas em favelas - o arquiteto no processo coletivo de

construção e transformação das cidades. 2012. Dissertação (Mestrado em Urbanismo).

Programa de Pós-Graduação em Urbanismo da Universidade do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

IPHAN. Portaria 127/2009. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. 2009.

SANTOS, Milton. Metamorfoses do Espaço Habitado - Fundamentos Teórico e Metodológico

da Geografia. Hucitec. São Paulo. 1988.

UNESCO. WORLD HERITAGE COMMITTEE- Thirty-sixth session. United Nations Educational,

Scientific and Cultural Organization. São Petesburgo. 2012.

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O turismo como desenvolvimento de São José do Barreiro-SP

Miriam Francisca Rodrigues Couto1

Palavras-chave: São José do Barreiro. Vale Histórico. Turismo. Desenvolvimento econômico.

Introdução

“Todo esse esplendor, porém, estava destinado a fenecer, a extinguir-se, a tornar-se muito

cedo uma grandeza pretérita” (FERNANDES, 1960, p.235). Essa foi uma das descrições

utilizadas por Florestan Fernandes para descrever o esplendor da economia cafeeira no Vale

do Paraíba. Hoje a região corresponde a Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral

Norte e é conhecida por suas indústrias e pelo polo tecnológico de São José dos Campos, mas

algumas cidades ainda conservam o urbanismo característico do período cafeeiro do século

XIX.

São José do Barreiro é uma dessas cidades e também integra o circuito turístico do Vale

Histórico. O município, que é uma estância turística do estado de São Paulo desde 1998, é

estudado por conservar arquiteturas no centro histórico e fazendas centenárias que recebem

visitantes e hóspedes, assim desenvolvendo turismo histórico, turismo rural, e ecoturismo, que

complementam a renda municipal, que possui a agropecuária como a maior atividade

econômica no município.

São José do Barreiro nasceu dos pousos de tropeiros que viajavam entre o interior do Brasil e

os portos na época do tropeirismo que servia a mineração, todavia, São José do Barreiro

consolidou-se como município quando o café já dominava a economia da região entre 1830 a

1900.

O turismo é visto como o grande potencial econômico do município, assim, muito se espera

que com a melhoria das estradas que dão acesso à cidade a atividade turística cresça e se

desenvolva. Deste modo, o objetivo deste trabalho é analisar como o turismo está se

desenvolvendo dentro do núcleo histórico de São José do Barreiro e qual a percepção da

população sobre essa atividade.

Este estudo está relacionado a um projeto de mestrado que busca compreender a produção

do Vale Histórico como um instrumento de planejamento territorial que está modificando o

espaço territorial do município de São José do Barreiro para efetivá-lo como uma estância

turística.

Metodologia e resultados

As análises se baseiam em dados disponibilizados pela prefeitura municipal e pelo governo

estadual como número e distribuição de empregos, dados econômicos e outros que auxiliem

na identificação das mudanças que ocorreram no município antes e depois do início da

atividade turística; com base em entrevistas procura-se conhecer qual é a preocupação da

população local sobre o processo de transformação da cidade ocasionado se houver grande

crescimento do turismo e compreender quais são os interesses e expectativas da população

local para o turismo de São José do Barreiro como: formação profissional e infraestrutura da

cidade. Assim, utilizando os elementos históricos necessários para a análise temporal, o

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método regressivo-progressivo de Lefébvre sustenta o estudo, de tal maneira que a pesquisa

compreenda a atual São José do Barreiro com o entendimento do passado e principalmente os

processos em curso no presente que geram expectativas para o futuro.

Embora São José do Barreiro seja uma estância turística e possua cerca de 38

empreendimentos entre pousadas, hotéis e hotéis fazendas; seis restaurantes; e duas agências

que auxiliam no turismo de aventura, a cidade ainda não possui uma organização e estrutura

que efetivamente corresponda a uma estância turística.

O município possui dois bens tombados sendo o Cemitério dos Escravos, sob responsabilidade

do CONDEPHAAT, e a Fazenda do Pau D’Alho, pelo IPHAN (SÃO PAULO, 2011), ambos

encontrando-se em péssimo estado de conservação, logo, sem uso pelo turismo. As fazendas

recebem turistas que retornam frequentemente, no entanto o acesso a essas fazendas é feito

por estradas mal cuidadas e que muitas vezes dependem de veículos apropriados para tais

circunstâncias. Observa-se que muito desses turistas não visitam a cidade, pois ficam apenas

na fazenda, onde podem ter um turismo rural e/ou histórico. Apenas algumas fazendas

históricas oferecem a visita guiada independente da hospedagem nos antigos casarões,

atrativo que atende ao turista que se hospeda ou passa parte da visita à São José do Barreiro

no centro da cidade.

Conclusões

Constatamos a vontade que a prefeitura e o comércio possuem em desenvolver o turismo,

porém espera-se muito que, primeiramente, a infraestrutura seja implementada, como o

conserto de estradas. São José do Barreiro se encontra em um ciclo vicioso de dependência de

políticas públicas para gerir seus patrimônios e manter a renda da população enquanto o

turismo não se torna efetivamente rentável ao município de modo geral.

Referências

FERNANDES, Florestan. Mudanças Sociais no Brasil. Ed.Difusão Européia do Livro – São Paulo,

1960.

SÃO PAULO (ESTADO). Conselho de DEFESA DO Patrimônio Histórico, Artístico e Turístico.

Busca de Bens Tombados. Secretaria da Cultura, 2011. Disponível em:

http://www.cultura.sp.gov.br/portal/site/SEC/menuitem.8fc0ff23d63c442aaacf3010e2308ca0

/?vgnextoid=662b7d2fbae72210VgnVCM1000002e03c80aRCRD. Acessado em: 05 de

setembro de 2011.

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Arquitectura, Memoria y Conflicto Armado en Colombia

Alvaro Hernán Acosta Páez1

Palabras-Clave: Memoria. Territorio. Arquitectura. Proyecto. Patrimonio

Introducción

El trabajo se refiere a una indagación sobre los mecanismos de producción y valoración de

memoriales, edificaciones y “monumentos”, asociados a la reparación o conmemoración de

las víctimas del conflicto armado en Colombia; los casos, articulados entre sí, constituyen un

fragmento de la memoria del territorio en tanto configuran, no solamente la

“conmemoración” a hechos recientes, sino además las prácticas discursivas en torno a la

noción de memoria espacial y prácticas disciplinares en torno a la creación de estos objetos;

así mismo, en algunos casos, refiere la problemática relación entre múltiples formas de

apropiación, el “marketing” urbano con fines de promoción turística y la memoria oficial.

Aunque la clásica definición de Alois Riegl referida a estos conceptos es ampliamente

conocida, en realidad, se articula a los trabajos mas recientes de Pierre Nora, en relación a los

registros de la memoria y las distinciones referidas a este ámbito teórico. La indagación

pretende elaborar una cartografía de esa memoria espacial y su relación con el diseño y la

construcción de unas arquitecturas puestas en funcionamiento a través de estos objetos,

asumiendo la existencia de una voluntad para construir un efecto conmemorativo en cada

objeto. En ese sentido, nos referimos a una caja de herramientas útil a indagar esos efectos y a

introducir el ámbito de la valoración de esta relación; la indagación se situa en el contexto de

del semillero de investigación en las asignaturas de historia y teoría de la escuela de

arquitectura de la Universidad Nacional de Colombia, en Medellín.

Metodologia y resultados

El desarrollo de la pesquisa parte de la realización de un inventario de los objetos en cuestión;

la aproximación a su status de carácter simbólico, se realiza a partir de un exámen de su

“anatomía”, privilegiendo la “experiencia” directa, en algunos casos, o mediatizada en otros,

con el propósito de caracterizar su naturaleza conceptual y la valoración del objeto. Asi mismo,

cada caso de estudio, implica el estudio del tipo de intervención y los problemas de contexto

que se desprenden, lo que refiere situaciones singulares por el carácter mismo de constituirse

en referentes de las víctimas en el contexto de la reparación colectiva y su relación con la

naturaleza del objeto propuesto o construído, conformando en ese proceso un catálogo de

imágenes de espacios conmemorativos y una “cartografía”analítica.

Conclusiones

Los resultados, aún parciales, dejan entrever las enormes dificultades que implica el diseño de

objetos “conmemorativos”, la relación entre los imaginarios de la cultura popular y la noción

de memoria oficial; asi mismo, abre un panorama problemático para la concepción de

reparación colectiva y el rol de los objetos conmemorativos en dicho proceso; desde el método

para una intervención espacial de esta naturaleza, en areas de post-conflicto, y claramente

hasta la construcción de la mirada del observador con relación a un paisaje de efectos y

sentidos, donde la patrimonialización intencionada de los lugares contribuye principalmente a

la definición de un paisaje oficial de efectos.

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Referencias

RIEGL, Alois. El culto moderno a los monumentos. Visor, Madrid, 1987

PÉREZ-GÓMEZ, Alberto. Questions of percepction, Phenomenology of architecture,

architecture and Urbanism: July, 1994.

PURINI, Franco. Comporre l’ Architettura. Laterza, Bari. 1999.

NORA, Pierre. Entre Memoria e Historia, la problemática de los lugares. Gallimard, Paris, 1984

TURRI, Eugenio. La conoscenza del territorio. Marsilio, Venezia, 2002

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Fronteira: limite geográfico que separa. Culturas que se unem.

Gabriela Neves Frizzo1

Palavras-chave: Fronteira. Antropologia. Cultura. Idioma.

Introdução

O presente trabalho foi escrito originalmente para contemplar a disciplina de Antropologia II,

do curso de Turismo da Universidade Federal de Pelotas/RS. A pesquisa foi feita na fronteira

entre as cidades de Jaguarão, Brasil, e Rio Branco, Uruguai. Tendo como ponto de partida a

observação da cultura singular que forma-se em uma, nesta fronteira.

O objetivo do trabalho é analisar, na fronteira Jaguarão-Rio Branco, suas peculiaridades, tais

como a língua, costumes, formas de vestir e outros. Para que se possa entrar em uma pesquisa

de campo é preciso deixar as análises e preconceitos prévios de lado. Conforme DA MATTA

(1981, p.162), para que o familiar possa ser percebido antropologicamente, ele tem que ser de

algum modo transformado em exótico. Com isso, percebemos quão profundo é o choque

cultural quando ocorre a exposição da cultura do “eu” com a cultura do “outro”. E para que

isso seja dado é, necessariamente, importante uma aproximação direta com o outro, bem

como sentir as diferenças do “desconhecido” para que esta forma torne-se objeto

fundamental para a constituição de uma futura subjetividade.

A fronteira é um lugar onde povos se cruzam, culturas misturam-se e, com o passar do tempo,

esta frequência vai tomando forma e transformando-se em uma cultura singular e única: a

cultura fronteiriça. Segundo SCHLEE (1998) apud SCHULER (2004):

“Vivia perplexo diante do Uruguai, não propriamente diante do mundo; mas, antes, diante daquele outro mundo: tão perto e tão longe, logo ali do outro lado da risca vermelha no cimento da ponte, muy cerca, cerquita, cercado (a risca vermelha no meio da ponte )... Aquele outro mundo, separado e unido pelo rio: tão diferente e tão igual; tão distinto e tan distinto; tão distinguido e tan distinguido; tão esquisito e tan exquisito...” (in SCHULER, 2004, p. 53)

Com a ida a campo, o lugar foi tornando-se exótico e deixou de ser meramente uma passagem,

passou a ser o foco, onde queríamos nos deter para ganharmos resultados condizentes com o

que estávamos dispostos. Para isso, aquilo que antes era “despercebido”, após a observação,

pode-se então, ter uma noção maior e mais aprofundada do lugar. E, muito se deve ao fato de

deixarmos de lado preconceitos, visões pré-estabelecidas, juízos de valor e suposições, para

então chegar na fronteira e deter uma maior visão do que ela é em si, quais suas

singularidades, suas formas, suas maneiras, entre outros.

Metodologia e resultados

Nas idas a campo, nos deparávamos com a surpresa do exótico em contraposição ao subjetivo

e a identidade como um todo. A heterogeneidade é evidente neste cenário, mas semelhanças

também são compartilhadas. As informações fornecidas pelos nativos da fronteira foram

importantes para o desenvolvimento do trabalho. Algumas situações só foram percebidas

através das declarações feitas por eles.

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O manual de ideias para o diálogo com o nativo foi elaborado com o intuito de encontrar

maior êxito na hora de entrevistar. Este manual trás perguntas-base para qualquer pré-

entendimento daquilo que se busca: fronteira separa ou une? Para tal, acreditou-se ser

necessário traçar um roteiro de perguntas, algumas delas foram:

I) O que você entende por fronteira? É somente uma delimitação geográfica ou cultural

também?

II) Acredita que a comunidade fronteiriça do lado brasileiro, por exemplo, carrega alguma

coisa que lembre os uruguaios?

III) Quando você “atravessa a ponte” (ou seja, cruza a fronteira), o que passa em sua

mente? Há um choque cultural? Tente subtrair o fato de viver na fronteira; imagine como

sendo um visitante analisando as duas partes (Jaguarão/Rio Branco).

Como a fronteira tem suas peculiaridades, pois é um canal que aproxima dois povos, buscou-

se observar, ouvir e tentar entender um pouco do que é viver em meio a duas culturas

diferentes que estão juntas convivendo em forma de “troca simultânea”.

Conclusões

Em campo, procuramos focar em detalhes que, às vezes, passam despercebidos aos olhos de

muitos visitantes. Com as respostas obtidas através das entrevistas, pode-se chegar a uma

conclusão no que diz respeito a mistura da fronteira, se ela une ou separa. Quando se está tão

próximo de um lugar, mas ao mesmo tempo tão longe, é onde se pode constatar que as

culturas não permanecem intactas; Elas evoluem (ou transforma-se), agregam valores,

experiências, convivências, que acabam por se tornarem, para aqueles que acreditam, em uma

outra cultura: aquela que se pode chamar de cultura fronteiriça.

Referências

DA MATTA, R. O Trabalho de Campo como Rito de Passagem. Petrópolis: Vozes, 1981.

RIBEIRO, G.L. Fronteiras da Cultura. Porto Alegre: Editora da Universidade, 1993.

SCHLEE, A.G. Contos de sempre. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1998.

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O Inepac e a proteção da Paisagem Cultural: o caso de Tarituba, Paraty

André Farias Cavaco1

Luciane Barbosa de Souza1

Palavras-chave: Tarituba. Tombamento. Paisagem. Cultural. Comunidade. Caiçara.

Introdução

O Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (INEPAC), órgão de preservação e fiscalização do

Patrimônio Cultural do Estado do Rio de Janeiro, vem sendo desde a sua criação, uma

instituição de vanguarda no que diz respeito ao reconhecimento do valor de bens materiais

não necessariamente arquitetônicos. Seus primeiros tombamentos, desde 1965, já

evidenciavam uma preocupação diferente da linha de pensamento do IPHAN, onde eram

priorizadas as obras modernas e coloniais. O período no qual Darcy Ribeiro foi Secretário

Estadual de Ciência e Cultura não foi diferente e tombamentos como a Pedra do Sal e aquele

denominado Litoral Fluminense são exemplos desta preocupação com o patrimônio natural e a

paisagem cultural.

Tarituba é um distrito do município de Paraty e foi uma das praias incluídas no tombamento

do Litoral Fluminense, publicado provisoriamente em 1985 e sancionado definitivamente em

1987. Este tombamento teve como intuito somar-se a outros instrumentos legais já existentes

na busca da preservação ambiental e cultural do litoral fluminense. Teve, portanto, dois

objetivos principais: preservar alguns dos mais belos e importantes ecossistemas naturais da

nossa costa; e garantir a permanência nessas áreas das comunidades tradicionais de

pescadores.

A pequena vila de pescadores preserva as tradições caiçaras, o saber e o fazer dos pescadores,

dos varais e redes de pesca; dos alambiques; da agricultura familiar; da medicina tradicional;

dos mestres cirandeiros, preservando as danças e as músicas tradicionais; e, o calendário de

festejos e devoções. Na pequena enseada, as conchas que quase não existem mais, guardam a

memória dos Beneditos, dos Bulhões, dos Meiras, de Mestre Chiquinho, das mais velhas e dos

mais velhos.

Metodologia e resultados

O INEPAC vem desenvolvendo um trabalho em conjunto entre os seus departamentos do

Patrimônio Cultural e Natural (DPCN) e Patrimônio Imaterial (DPI) visando acompanhar e

fiscalizar essa área tombada assim como registrar as manifestações populares tradicionais

desta comunidade, como é o caso da Ciranda de Tarituba.

A estratégia escolhida têm sido realizar o acompanhamento dos festejos tradicionais, como a

Festa de Santa Cruz e a Procissão de São Pedro. Esta “imersão”, mesmo que temporária, na

vida tradicional da comunidade caiçara tem permitido tanto aos arquitetos como aos outros

profissionais do patrimônio, realizar uma série de observações assim como recolher uma

grande diversidade de depoimentos e impressões sobre como o desenvolvimento vem

impactando na comunidade tradicional.

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Durante as vistorias pudemos perceber que a paisagem tradicional vem sendo

constantemente alterada, tradicionalmente os pescadores utilizavam a faixa de areia para

construírem seus varais e ranchos. Muitos destes foram removidos por “incomodarem” os

supostos proprietários das terras em frente à faixa de areia. Alguns restaram “espremidos”

entre as novas construções e outros passaram a ocupar o espaço em frente à igreja, obrigando

os festejos a serem transferidos de local. A faixa de areia passou, cada vez mais, a ser ocupada

por trailers que vêm sendo ampliados e hoje são verdadeiros restaurantes a beira-mar.

A proposta do Inepac é aproximar a preservação do patrimônio material tombado como

conceito e instrumento de preservação da memória, ou seja, garantir a preservação do

patrimônio imaterial local. Com base nos registros de história oral da comunidade, tarefa que

realizamos periodicamente, montamos a estrutura e ferramentas para a produção de um

inventário de registro do patrimônio cultural imaterial.

Conclusões

O Canto de Itaipu, localidade da Região Oceânica de Niterói-RJ, também é protegida pelo

tombamento Litoral Fluminense e recebeu recentemente um Projeto Urbanístico e

Socioambiental, coordenado pela Secretaria de Desenvolvimento Regional, Abastecimento e

Pesca – Sedrap, que adotou uma metodologia de participação popular e horizontalidade entre

órgãos governamentais, institucionais e associações. Foram realizadas reuniões de integração,

divulgação, sensibilização e cadastro da população, além de oficinas e grupos de trabalho.

Somente após a conclusão do processo participativo e a validação do projeto iniciou-se de fato

a elaboração do Projeto Urbanístico / Arquitetônico.

Esse artigo tem como objetivo analisar o projeto proposto para a comunidade do Canto de

Itaipu e de que forma a metodologia empregada poderia ser aplicada ao caso de Tarituba.

Dessa forma sugere-se que essa metodologia poderia ser aplicada a todas as comunidades

integrantes ao tombamento de 1985. Criando-se assim um ligação entre patrimônio cultural,

desenvolvimento regional e pesca, que tende a agregar valor a todos os lados, representados

institucionalmente pelo INEPAC e SEDRAP.

Referências

SECRETARIA DE ESTADO DE CULTURA. INEPAC. Processo de Tombamento E-18/300.459/8509

publicado no D.O em 11 de maio de 1987.

SECRETARIA DE ESTADO DE CULTURA. INEPAC. Relatório de Vistoria, trecho Paraty -

Tombamento E-18/300.459/8509. Técnico responsável André F. Cavaco. Acervo Inepac, 2013.

ROCHA-PEIXOTO, Gustavo. INEPAC - Um perfil dos 25 anos de Preservação do

Patrimônio Cultural no Estado do Rio de Janeiro. Disponível em

http://www.inepac.rj.gov.br/modules.php?name=Content&pa=showpage&pid=2. Acessado

em 24.09.2013

NASCIMENTO, Antonio Eugenio do e outros. Vamos indo na ciranda. Mestre Chiquinho de

Tarituba: de bailes e histórias. Rio de janeiro: DP&A, 2004.

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INEPAC. Guia do Folclore Fluminense. Rio de Janeiro: Presença Edições, 1985.

http://www.rj.gov.br/web/sedrap/exibeconteudo?generica&acaomenu=menufunc('ProjetoCa

ntodeItaipu');&article-id=1674944

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Vila Evangelista: Planejamento Urbano e Patrimônio

Diandra Maron1

Rosa Maria Locatelli Kalil1

Palavras-chave: Arquitetura. Patrimônio. Revitalização. Urbanismo.

Introdução

A presente pesquisa subsidia o projeto urbanístico/arquitetônico do trabalho final de

graduação do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Passo Fundo/RS. O tema é

uma revitalização urbanística/arquitetônica em sítio histórico no distrito de Evangelista que

pertence ao município de Casca/RS.A proposta tem a própria comunidade de Vila Evangelista

como usuário permanente e fomenta o turismo cultural,rural e ecológico tendo o turista como

usuário de passagem.A proposta busca resgatar e mostrar à comunidade a grande importância

dos bens que eles possuem,e a importância de preservá-los,levando em consideração toda a

paisagem urbana e o contexto natural simples, mas que complementam o conjunto

arquitetônico, também de caráter vernacular, dando charme e visuais diferenciadas ao

lugar.Revitalizar essa localidade será resgatar a identidade de um povo e seus potenciais

arquitetônicos e naturais para serem valorizados e resguardados para essa e futuras gerações.

Metodologia e resultados

Como processos metodológicos foram realizadas entrevistas com a comunidade e com o

turismólogo do distrito de Evangelista, além de pesquisa documental na prefeitura de Casca, e

visitas técnicas para levantamento fotográfico e observação de evidências quanto à situação

do local em 2012 e 2013. A pesquisa analisa referenciais teóricos, apresenta análises da área

de intervenção, do entorno e as diretrizes projetuais da proposta.

Vila Evangelista pertence ao município de Casca que faz parte do roteiro Uva e Vinho, e está

localizada a 230 km de Porto Alegre, entre os municípios de Serafina Correa e Vila Maria, na

Serra Gaúcha. Evangelista foi colonizada por famílias de origem italiana no início do Século XX,

e pertencia como distrito da colônia Guaporé.

As potencialidades da área de intervenção são: as visuais, paisagem, áreas verdes em grande

quantidade, área dentro de um contexto turístico regional, edificações históricas, espaço que

carrega história e identidade de um povo, espaço rural consolidado (diferentes tipos de

atrativos principalmente gastronômicos que ajudam a desenvolver a economia da localidade),

cultura italiana marcante na Vila, além de ser próxima ao município de Casca. As problemáticas

são: Vila caiu no esquecimento, patrimônio histórico sem uso e/ou abandonado, não possui

mobiliário urbano padronizado, não possui áreas de lazer adequadas, falta de acessibilidade,

passeio não existe ou péssimo estado de conservação, produtos locais não são

evidenciados,não possui equipamento urbano cultural,não possui local para refeições nem

hospedagem,placas indicativas precárias,áreas mortas à noite,falta de manutenção nas

vias,trilha ecológica está desativada e as visuais não são potencializadas.

Como equipamentos urbanos possui uma Igreja, uma Escola Estadual de Ensino Fundamental,

um posto de saúde e uma agência dos correios. A vila possui apenas dois estabelecimentos

comerciais: um bar, e um mercado/bazar/vestuário. Muitos lotes e ruas desapareceram desde

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o surgimento da vila, deixando muito vazios urbanos. Como área de lazer possui apenas um

local com campo de futebol e quiosque. A tipologia edilícia é caracterizada pelos sobrados

mistos, com porões de pedra e madeira, pavimento térreo com uso residencial, e um sótão.

Conclusões

Esta pesquisa contribuiu para demonstrar a real necessidade da revitalização desta área e da

importância da preservação desse local com relevância histórica, visando qualificar um espaço

urbano e rural e consequentemente gerar uma melhor qualidade de vida, gerenciando o

histórico e o pré-existente com as novas propostas e novos usos.

Referências

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Senado Federal.

IPHAN.Disponível em <www.iphan.gov.br>,acesso 11/2012.

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Revitalização Urbana: Contributos para a Definição de um Conceito. Portugal, 2004. Disponível

em<http://www.operativohttp://home.fa.utl.pt/~fs/FCT_2009/URB%20REHABILITATION/PAPE

R%2004%20_%202006_RevitalizacaoUrbana.pdf>, acesso 11/2012.

JORNAL HOJE. Casca. Disponível em <www.clicjh.com.br/verConteudo.php?cod=67>,acesso

08/2012.

MERGEN,Guilherme.Vida há um século. Disponível em <www.overmundo.com.br/guia/vida-

ha-um-seculo> acesso em 08/2012.

PREFEITURA MUNICIPAL DE CASCA.Legislação Municipal.2012.

PCH.Programa Nacional de Reconstrução de Cidades Históricas,1976.

WICKERT,Ana Paula.Linha 15: patrimônio,memória e cultura.Passo Fundo:Ed. Universidade de

Passo Fundo,2004.

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A Serra do Curral na paisagem belorizontina: uma interpretação

Marilene Corrêa Maia1

Mariah Boelsums1

Maria Clara de Assis1

Palavras-chave: Serra do Curral. Educação patrimonial. Preservação. Mediação. Patrimônio

matérias. Patrimônio imaterial.

Introdução

A Serra do Curral Del Rey aparece como elemento de destaque na paisagem natural e urbana

de Belo Horizonte, sendo de extrema importância evidenciar o papel que esta exerceu e

exerce na construção do imaginário coletivo da cidade. Mais que um pano de fundo na

paisagem de Belo Horizonte, ela possui características próprias e peculiares que merecem ser

destacadas.

O projeto 'Serra do Curral – em foco' teve como principal objetivo, estimular o público

participante (visitantes do Museu e transeuntes) a refletir sobre a Serra do Curral como

patrimônio ambiental e cultural, consequentemente na sua concepção material e imaterial, de

maneira a valorizar esta dualidade de valores. Desta forma, também foi discutida a crescente

ameaça sofrida pela Serra em função da especulação imobiliária e da exploração do minério de

ferro.

Esta oficina integrou o Projeto de extensão ‘Oficinas de Interpretação do Patrimônio – uma

parceria com o Museu Histórico Abílio Barreto’, de autoria e orientação da Professora Doutora

Marilene Corrêa Maia, financiado pela Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal de

Minas Gerais – UFMG. Duas alunas bolsistas de extensão aplicaram as oficinas três fins de

semana por mês, na área externa do próprio Museu, aos sábados na parte da tarde e

domingos pela manhã.

A Oficina ‘Serra do Curral - em foco’, compreendeu três meses de execução e dois de

montagem/pesquisa.

Metodologia e resultados

Para conceber e organizar esta Oficina de Interpretação do Patrimônio utilizamos como

recursos metodológicos: o estudo da formação geológica, fauna e flora da Serra do Curral Del

Rey; análise de mapas e curvas de nível do relevo de Belo Horizonte; notícias de jornal sobre a

Serra; monografias, dissertações e teses sobre o tema e por fim, fizemos um levantamento de

fotografias dos arquivos do Museu Histórico Abílio Barreto nas quais a Serra aparecia.

Como estratégia de mediação foi concebido uma apresentação power-point com imagens

coletadas, confeccionado um ‘Livro de Recados Para a Serra’, preenchido pelos participantes, e

um cartaz com imagens antigas e atuais, inclusive de sua devastação.

Durante nossas intervenções na entrada do Museu, procuramos sensibilizar o público quanto

ao valor patrimonial deste bem natural e cultural.

Nossa iniciativa foi bem aceita e houve participação de adultos, crianças e jovens, alguns

seduzidos pelo valor nostálgico de imagens antigas, redescobrindo a cidade e sua paisagem

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natural em tempos passados e outros, indignados pelos riscos evidentes de perda deste bem

patrimonial a ser preservado.

Conclusões

O tema de estudo possibilitou trabalhar com um bem cultural onde coexistem os valores

materiais e imateriais, de forma a deixar o público participante conceber as conclusões por

conta própria, a partir do primordial conceito de identificação do/com o bem.

Os participantes reagiram de forma extremamente positiva aos incentivos da mediação,

participando da construção de um pensamento que valoriza a Serra do Curral em seus âmbitos

gerais e específicos.

O Power-point com as fotografias foram, muitas vezes, a ponte que faltava entre o individuo e

a Serra e o ‘Livro de Recados para a Serra’ foi completado pelos apelos e memórias de muitos

participantes e nós, organizadores, realmente chegamos à conclusão de que existem vários

olhares diferentes quando a Serra do Curral Del Rey está em foco.

Referências

CASTRO, Maria Ângela Reis de; OLIVEIRA, Péricles Antônio Mattar de; CARSALADE, Flávio de

Lemos. Guia de bens tombados de Belo Horizonte. Belo Horizonte: Lastro, 2006. 316 p.

MURTA, Stela Maris.; ALBANO, Celina. Interpretar o patrimônio: um exercício do olhar. Belo

Horizonte: Editora UFMG: Território Brasilis, 2002. 282 p.

FUNARI, Pedro Paulo Abreu; PELEGRINI, Sandra de Cássia Araújo. Patrimônio histórico e

cultural. 2.ed. Rio de Janeiro: J. Zahar, 2009. 72p.

QUEIROZ, Moema Nascimento; SOUZA, Luiz Antônio Cruz; PIMENTEL, Lucia Gouvêa

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS. Rompendo os tapumes: uma proposta de

interação vivenciada através da restauração na comunidade de São Sebastião das Águas

Claras/MG. 2003. 218, [44] f.: Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Minas Gerais,

Escola de Belas Artes.

JÚNIOR, Mauro Quitino do Santos, UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS. Potencial

interpretativo do conjunto paisagístico da Serra do Curral, Monografia de turismo, 2009.

Sites: http://portalpbh.pbh.gov.br

BH Nostalgia

http://curraldelrei.blogspot.com.br

Google Earth

Arquivos: Arquivo Público Mineiro, APM – Belo Horizonte

Arquivo da Cidade de Belo Horizonte, APCBH – Belo Horizonte

Arquivo do Museu Histórico Abílio Barreto

Acervo IBGE

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FIGURA 1 – Fotografia dos anos de 1950 com o Pico Belo Horizonte, Serra do Curral ao fundo.

Fonte: Coleção José Góes, Arquivo Público Mineiro, 1950

FIGURA 2 – Fotografia dos anos 2000 com o complexo urbano de Belo Horizonte, Serra do Curral ao

fundo. Fonte: Arquivo Público Mineiro

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Memória coletiva como suporte para o Turismo cultural : fronteiras porosas nas Folias de Reis em

Nova Friburgo/RJ

Adriana da Rocha Silva Dutra1

Diego Bonan Sanches1

Camila Dazzi1

Palavras-chave: Folia de Reis; Religiosidade Popular;

Introdução

Envolvendo em sua realização dança e música e símbolos quase mágicos como a Bandeira, a

Folia de Reis é uma manifestação cultural de grande complexidade. A encenação do caminho

percorrido pelos Reis Magos até a manjedoura do recém-nascido Menino Jesus, foi, e continua

sendo, uma das histórias bíblicas mais encenadas do Ciclo Natalino. No Brasil, a expressividade

maior de fé da Folia de Reis é durante esse período que se inicia com ensaios, passa pelas

jornadas e finaliza com a festa de arremate, evento que marca o fim do ciclo. A Folia de Reis

atualiza a memória da narrativa bíblica da visita dos Reis Magos ao Menino Jesus que se

apresenta como um ritual itinerante do catolicismo popular.

Tendo a Folia de Reis como uma cultura complexa e polissêmica, observa-se que a mesma é o

“resultado das vivências, das reinterpretações, das ressignificações e das circularidades

culturais” (MENDES, 2007) atrelada a memória e seu valor simbólico atribuído aos bens e suas

razões que motivaram as relações, construções, acontecimentos e saberes (MENESES, 2004).

Portanto, o uso do patrimônio cultural pelo turismo remete à reflexões necessárias à sua

proteção, sendo a memória coletiva que permeia o universo das vivências experienciais e as

trocas ocorridas um arcabouço desse patrimônio.

Atentou-se para as fronteiras porosas e sua relevância que se desvelam através de

especificidades e pontos de intercessão observados durante trabalho de campo realizado para

o projeto de pesquisa “Religiosidade Popular e Turismo Étnico-Cultural: Identificação e

Registro da Folia de Reis em Nova Friburgo/RJ e suas relações com a umbanda”. Nesse sentido,

constatou-se, em alguns Grupos de Folias de Reis uma religiosidade sincrética referenciadas a

partir da Umbanda constituída de “elementos multiculturais que contribuíram para sua

construção. Isto é, a bricolagem de estruturas culturais distintas que permitiram o

amalgamento religioso das etnias ameríndias, europeias e africana” (OLIVEIRA, 2007 p. 21); e

também do Catolicismo que fazem com que os devotos possuam “uma identificação global

com a fé católica” (HIGUET, 1984, p. 24 apud MENDES, 2007).

Logo, observa-se que essa diversidade cultural pode contribuir para a implementação do

Turismo Cultural como oportunidade de salvaguarda do patrimônio através do uso da

memória como atrativo turístico.

Metodologia e resultados

As conclusões se baseiam em resultados preliminares, uma vez que o o projeto de pesquisa

encontra-se em andamento. Para subsidiar os levantamentos furtou-se da “triangulação de

fontes” a partir de registros imagéticos, entrevistas, questionários, documentos revelando-se

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como uma rica fonte de dados, dando apoio ao processo de compreensão da manifestação

cultural, ao exemplificar a imaterialidade da cultura local, o saber fazer.

Conclusões

Os traços percebidos da Umbanda em meio aos Grupos de Folia de Reis de Nova Friburgo

denotam uma vasta diversidade cultural no município que é formada sob a égide de diversas

etnias, onde os Grupos de Folia tornam-se uma referência importante não só como um dos

elementos formadores da identidade local, bem como um atrativo turístico, desde que se

implemente ações adequadas e sustentáveis mediante a prática do Turismo Cultural, que se

vislumbra como mais um gerador de renda e inclusão social dos Grupos e das comunidades.

O Turismo Cultural, se bem pensado, pode ser um modo privilegiado de promover a

valorização das “cerimônias e preservar seu conteúdo religioso” (JURKEVICS, 2007 p.78). A

cultura, portanto, deve ser compreendida não como um ‘bem’ a ser “embalsamado e

mumificado”, mas sim como um “recurso econômico”, tal como preconizado nas Normas de

Quito: “Trata-se de incorporar a um potencial econômico um valor atual, de por em

produtividade uma riqueza inexplorada, mediante um processo de revalorização que, longe de

diminuir sua significação, puramente, histórica ou artística, a enriquece *...+”. (OEA, 2000,

p.111).

Referências

BELEI, R.A. et al. O uso de entrevista, observação e videogravação em pesquisa qualitativa.

Cadernos de Educação | FaE/PPGE/UFPel | Pelotas [30]: 187 - 199, janeiro/junho 2008.

BRASIL. Ministério do Turismo. Turismo Cultural: orientações básicas. / Ministério do Turismo,

Secretaria Nacional de Políticas de Turismo, Departamento de Estruturação, Articulação e

Ordenamento Turístico, Coordenação-Geral de Segmentação. – 3. ed.- Brasília: Ministério do

Turismo, 2010.

CAVALCANTI, M.L.V.C.&FONSECA, M.C.L. Patrimônio Imaterial no Brasil: Legislação e Políticas

Estaduais. UNESCO, Brasília, 2008. Disponível em: <http://unesdoc.unesco.org/

images/0018/001808/18088 4POR.pdf>. Acessado em: 17 de Abr. de 2013.

CUCHE, D. O Conceito de Cultura nas Ciências Sociais. Tradução de Viviane Ribeiro. 1 ed.

Bauru: EDUSC, 1999.

DUTRA, A.R.S.; SANCHES, D.B.& EMERICH, L.M.S. Identidade cultural e turismo – uma proposta

para as Folias de Reis de Nova Friburgo/RJ. - Revista Conexão UEPG V8 N2, Novembro,2012.

Disponível em: <http://eventos.uepg.br/ojs2/index.php/conexao/article/view/4556>.

Acessado em 04 de Março de 2013.

FUNARI, P. e PINSKY, J. Turismo e patrimônio cultural. São Paulo: Contexto, 2002.

HALL, S. A identidade cultural da pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2006. 11 ed.

HIGUET, E. O misticismo na experiência católica. In: Religiosidade popular e misticismo no

Brasil. Coleção Ciência da religião 2. São Paulo, Ed. Paulinas, 1984.

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JURKEVICS, V. I. Festas religiosas: a materialidade da fé. História Questões & Debates, América

do Norte, 43, mai. 2007. Disponível em: <http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php

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LARAIA, Roque de Barros. Cultura: Um conceito antropológico. 14 Ed. Zahar ed. Rio de Janeiro,

2001.

LE GOFF, J. História e memória. Tradução: Bernardo Leitão et. al. Ed. da Unicamp, Campinas,

1990.

MENEZES, J.N.C. História e Turismo Cultural. Belo Horizonte: Autêntica, 2004.

MENDES, L.A.S. As folias de Reis em Três Lagoas: a circularidade cultural na religiosidade

popular dourado. (2007. 143 p.) Dissertação (Mestrado). UFGD. Dourados, MS, 2007.

OLIVEIRA, J.H.M. Entre a macumba e o espiritismo: uma análise comparativa das estratégias

de legitimação da Umbanda durante o Estado Novo. Dissertação, 165 fl. Instituto de Filosofia e

Ciências Sociais da UFRJ. Rio de Janeiro, 2007. Disponível em: < http://teses.ufrj.br/IFCS_M/

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ORTIZ, R. Cultura Brasileira e Identidade Nacional. SP: Editora Brasiliense: 2005.

QUITO. Normas de Quito. Reunião sobre conservação e utilização de monumentos e lugares

de interesse histórico e artístico. OEA. Quito, novembro/ dezembro de 1967.

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Turismo e patrimônio industrial: memórias, revitalização e (re)significações do complexo ferroviário

em Mariana e Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil

Natália Martins de Oliveira Gonçalves1

Palavras-chave: Patrimônio industrial ferroviário. Turismo. Fontes orais. Memória do trabalho.

Introdução

Em várias cidades ao redor do mundo, o período pós-industrial alterou as nuances da

paisagem urbana, culminando no cenário de ruína e abandono vislumbrado hoje. Fábricas,

vilas operárias e demais estruturas industriais desapareceram, não sem levar consigo registros

identitários e de memória das comunidades envolvidas: modos de fazer, técnicas, histórico de

lutas por direitos trabalhistas, relações sociais. A preocupação com esse passado – não

somente seus resquícios físicos – elevou muitos desses complexos à categoria de patrimônio

industrial. Não obstante a eficácia das restaurações arquitetônicas, o desafio continua para

que as iniciativas de salvaguarda dessa tipologia patrimonial abarquem também as referências

sociais, econômicas e afetivas daqueles que vivenciaram o cotidiano das indústrias em seu

auge (DAUMAS, 2006, p. 13). Dessa forma, as fontes orais figuram como substrato para os

estudos de memória e história dos trabalhadores, cuja polifonia narrativa constitui esses

espaços agora patrimonializados. Para além: suas memórias evocam as diversas nuances

temporais personificadas – e por vezes, suprimidas – nos prédios, praças, ruas; como um

espelho dos esquecimentos, disputas e pertencimentos (DELGADO, 2006, p.21).

No caso de Mariana e Ouro Preto (MG), tal processo (de patrimonialização) consistiu, por

iniciativa privada da Fundação Vale, em parceira com o Santa Rosa Bureau Cultural e a Ferrovia

Centro-Atlântica; na criação de um programa de educação patrimonial, em cujas atividades

figuraram a revitalização do trecho ferroviário entre as cidades de Mariana e Ouro Preto (MG);

a revitalização do espaço das estações, modificadas para atender às atividades do programa e

a constituição de um acervo de entrevistas com a comunidade local acerca de temas (Ferrovia,

Mineração, Clubes sócio esportivos, entre outros) que fizeram/ fazem parte da composição da

cidade.

Como foco para o estudo de caso, busca-se analisar o impacto de patrimonialização de um

espaço industrial, bem como a participação da história local nesse processo.

Metodologia e resultados

A tentativa de responder a essas perguntas se baseou na análise da produção audiovisual do

Programa de Educação Patrimonial Trem da Vale, bem como do acervo História Temática

Ferrovia e História de Vida. Dessa forma, pretende-se verificar qual a representatividade das

memórias ferroviárias no material produzido para fins turísticos e de educação patrimonial.

Conclusões

O trabalho, parte da dissertação de mestrado desenvolvida no Programa de Pós-graduação em

Memória Social e Patrimônio Cultural e financiado pela CAPES, está em desenvolvimento. A

articulação entre memórias, fontes orais, registro audiovisual e turismo é notável, e traz à tona

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as mudanças sofridas pela paisagem, fruto da ação dos homens ao longo do tempo. Para além,

é através desses relatos e sua difusão por recursos didáticos, que as nuances adormecidas por

um passado ligado ao período colonial emergem, e fazem-se valorizar e conhecer.

Referências

CARRIÓN, F. Estudio introductorio: Medio siglo en camino al tercer milenio: los centros

históricos en América Latina. In: _____. (ed.). Centros Históricos de América Latina y el Caribe.

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CASTRIOTA, Leonardo Barci. Patrimônio Cultural: conceitos, políticas e instrumentos. Belo

Horizonte: Annablume, 2009.

DAUMAS, Jean-Claude (org.). La mémoire de l’industrie. Besançon: Presses Univ. Franche-

Comté, 2006.

DELGADO, Lucília de Almeida Neves. História Oral: memória, tempos e identidades. Belo

Horizonte: Autêntica, 2006.

FUNDAÇÃO VALE. Trem da Vale: Mariana, Passagem de Mariana, Vitorino Dias, Ouro Preto.

Fundação Vale do Rio Doce. 2006.

GINZBURG, Carlo. O fio e os rastros: verdadeiro, falso, fictício. São Paulo: Companhia das

Letras, 2007.

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El patrimonio cultural material e inmaterial y sus efectos en la actividad turística de la ciudad de

Taxco, Guerrero en México.

Romelia Gama Avilez1

Palabras Clave: Patrimonio, Cultura, Turismo, Valorización.

Introducción.

La ciudad de Taxco de Alarcón, se ubica al norte del Estado de Guerrero y al sur del territorio

del país de México; es un destino turístico consolidado que cuenta con diversos elementos

correspondientes a patrimonio cultural, dignos de ser conservados, por sus atributos estéticos,

históricos, artísticos, simbólicos y porque además, generan una plusvalía que beneficia a todo

el municipio y al estado de Guerrero.

La investigación aquí presentada forma parte del proyecto de la tesis doctoral de la autora

denominada "Valorización del patrimonio cultural. Producción y consumo del patrimonio en

una comunidad indígena, Tlamacazapa". De la cual, han derivado diversos proyectos paralelos

que tienen como objetivo general, conservar el patrimonio cultural, edificado, inmaterial y

natural en la localidad y en la entidad federativa de Guerrero. Considerando además, que a

través de un grupo de investigación, el cual, la autora coordina, cultivamos una línea de

generación y aplicación del conocimiento denominada "Conservación del Patrimonio cultural

tangible e intangible en zonas y sitios patrimoniales", registrada ante la Subsecretaría de

Educación Pública (SEP), a través del Programa de Mejoramiento del Profesorado (PROMEP),

evaluados y con resultados favorables con vigencia 2012 -2015, lo que nos ha permitido ser

acreedores de financiamiento para elaboración de proyectos.

Método y resultados

La investigación se realiza con la aplicación de dos métodos de principalmente: el

fenomenológico, que dio la pauta para conocer y comprender los valores intangible que brinda

la autenticidad muy peculiar a la población en estudio y tiene que ver con sus costumbres y

tradiciones. Así mismo, la aplicación de la axiología, que permitió identificar la carga valorativa

de los diferentes objetos y sujetos patrimoniales que posee la ciudad, en base a su naturaleza y

fundamento de valor.

Como resultados principales, se identificaron y analizaron a través de la axiología, la naturaleza

y fundamento de valor de los objetos y sujetos que hacen de esta ciudad, un pueblo auténtico

y que imprimen un sello de peculiaridad que motivan la atracción turística al interior y exterior

del país; destacando entre ellos: El templo de Santa Prisca, como objeto arquitectónico que

posee grandes valores culturales, manifiestos en sus antecedentes históricos y artísticos. La

configuración urbana de la ciudad a base de la traza de plato roto que representa elementos

característicos de una ciudad minera, con la topografía accidentada que ofrece una

distribución constructiva escalonada. La arquitectura habitacional que obedece a patrones

arquitectónicos manifiestos en la forma, escala y color y que uniformizan las edificaciones.

Otros elemento que en el presente trabajo se considera como parte del patrimonio1 de esta

ciudad; son la actividad económica destinada a la manufactura y venta de artesanía de plata y

otras artesanías fabricadas en la región. Las costumbres y expresiones culturales propias de la

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CADERNO DE RESUMOS - 7º SIMP - Semniário Internacional em Memória e Patrimônio - http://simp.ufpel.edu.br Programa de Pós-graduação em Memória Social e Patrimônio Cultural- PPGMP – UFPel - http://www.ufpel.edu.br/ich/ppgmp

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población como son: la danza, música, fiestas tradicionales, gastronomía, entre otras. Siendo

cada uno de estos elementos, los motivos por los que la ciudad tenga un reconocimiento

turístico a nivel nacional e internacional.

Conclusiones.

La conservación del patrimonio es una labor que supera las tareas derivadas de la preservación

de las obras hechas por el hombre. El preservar garantiza la permanencia temporal de un

objeto; sin embargo, la valorización del patrimonio, es la consecuencia del proceso de conocer,

comprender, apropiar y actuar en favor del patrimonio que garantiza su conservación para las

generaciones futuras, gracias a que a través de la valorización, podemos relacionar tanto los

aspectos visibles como sensibles, cuantitativos como cualitativos, que percibimos a través de

los objetos y sujetos patrimoniales, derivados de la naturaleza, del ser humano como parte de

la naturaleza misma y las obras producidas por el hombre y que todos, pueden heredarse de

generación en generación de forma objetiva y subjetiva a través de la materia y de la memoria.

Referencias.

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funciones, en DADU. México, Año 3, No. 6, 2009.

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Taxco. Italia. Edición: RIGPAC, Universidad Politécnica de Valencia, Fórum Unesco. 2012.

Gama Romelia, et al. El imacto global en las rutas turísticas en un poblado de origen Minero.

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