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Índice Preâmbulo ..................................................................................................................................... 3

Introdução ..................................................................................................................................... 4

Teletrabalho .................................................................................................................................. 7

Características do Teletrabalho .................................................................................................. 9

Modalidades de Teletrabalho ................................................................................................... 10

Teletrabalho na América Latina .................................................................................................... 14

Portais de Teletrabalho em Mercados Selecionados da América Latina .................................... 14

Número de Teletrabalhadores Mercados Selecionados da América Latina - 2014 ..................... 15

Participação de Teletrabalhadores em Relação ao Número de Pessoas Economicamente Ativas

em Mercados Selecionados da América Latina - 2014 .............................................................. 16

Implementação de Teletrabalho............................................................................................... 18

50% da força de trabalho colombiana será digital em 2020 ...................................................... 18

A conectividade melhora a competitividade internacional das PMEs ........................................ 20

Ilhas Virgens Britânicas implementam TIC para analisar o mercado de trabalho ....................... 20

Entrevista ................................................................................................................................. 21

SOBRATT quer criar uma rede de Teletrabalho no Brasil........................................................... 21

Olhando para o futuro... .............................................................................................................. 25

Termo de responsabilidade .......................................................................................................... 27

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PREÂMBULO

A América Latina é uma região onde realidades muito diferentes convergem em vários setores da sociedade. Os desafios do futuro incluem não apenas o trabalho de reduzir as diferenças em termos de desenvolvimento econômico, mas também atingir uma série de metas que envolvem a saúde, educação, segurança pública, estabilidade democrática e muitas outras áreas.

Essas metas também incluem a adoção de Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs). Esse desenvolvimento é horizontal, ou seja, permite uma convergência entre os trabalhos realizados por diferentes setores para potencializar e melhorar a qualidade de vida das populações dessa região.

Nesse sentido, especialmente focado no uso de redes sem fio, a BrechaCero.com nasceu. BrechaCero.com é um blog da 5G Americas que dissemina e promove essas iniciativas. Nesse espaço, de acesso gratuito, apresentamos informações sobre as várias iniciativas, tendências e serviços que estão usando a tecnologia para melhorar a vida do povo latino-americano. Além disso, o blog apresenta colunas e entrevistas de analistas e profissionais do setor.

As atividades da BrechCero.com também incluem a produção de vários documentos que analisam temas específicos. Esses documentos apresentam informações detalhadas sobre o uso da TIC para potencializar o desenvolvimento de vários setores verticais e representam uma fonte de consulta permanente.

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INTRODUÇÃO

Os vários países da América Latina apresentam várias características comuns em termos socioeconômicos e culturais, mas também existem diferenças muito específicas entre cada um. Os desafios comuns em toda a região incluem a necessidade de aumentar o nível de emprego, especialmente o emprego formal.

A maioria das economias da América Latina ainda precisam atingir níveis de emprego que permitem o desenvolvimento social. Uma das oportunidades para reduzir as diferenças socioeconômicas regionais seria de criar novas fontes de emprego. Nesse sentido, as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) representam uma oportunidade de aumentar a criação de empregos na região.

A globalização e padrões produtivos do novo milênio estão criando várias oportunidades que devem mudar os costumes e hábitos do trabalho. As oportunidades incluem a possibilidade de usar a TIC para criar novas condições de trabalho e os ambientes necessários para desenvolver o Teletrabalho.

A opção de realizar o trabalho em locais fora da sede do empregador oferece várias vantagens. Entre as quais a redução de custos e um impacto ambiental positivo. Mesmo assim, existem abordagens que consideram a TIC um meio para potencializar o desenvolvimento social, aumentando a inclusão de mulheres, jovens e portadores de necessidades especiais no mercado de trabalho.

Destacamos que um dos objetivos propostos pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) na Agenda de Desenvolvimento Sustentável de 2020, é de “promover o crescimento econômico sustentado, inclusive e sustentável, o emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos1. O organismo também destaca que durante os últimos 25 anos, o número de trabalhadores vivendo em extrema pobreza caiu.

1 Em “Agenda de 2030 para o desenvolvimento sustentável” Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). http://www.undp.org/content/undp/es/home/sdgoverview/post-2015-development-agenda/goal-4.html

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A organização destaca que houve uma recuperação gradual da economia após a crise global de 2008 e 2009, mas uma de suas consequências foi um aumento das desigualdades e uma taxa de crescimento de emprego insuficiente para absorver a crescente força de trabalho. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), mais de 204 milhões de pessoas estavam desempregadas em 2015.

Nesse sentido, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável pretendem estimular o crescimento econômico sustentável, aumentando a produtividade e a inovação tecnológica.

De acordo com a edição mais recente do relatório “Conjuntura de trabalho na América Latina e no Caribe” 2, em 2016 o desemprego urbano cresceu mais de meio ponto percentual (0,5) comparado com o ano anterior. A região apresentou índices favoráveis durante os últimos 15 anos, mas o contexto desfavorável da economia global é um dos principais motivos da queda antecipada.

Nessa situação, a região precisa mitigar os efeitos da crise a curto prazo, além de enfrentar as desigualdades e brechas num horizonte maior, como a falta de diversificação produtiva, as diferenças de produtividade, o alto nível de informalidade e a desigualdade.

Nesse cenário, a TIC pode representam uma oportunidade - através do teletrabalho - de aumentar as possibilidades de emprego nos vários mercados regionais. De acordo com a CEPAL, “o teletrabalho, apesar de ser um tema nascente e ainda em desenvolvimento, é uma realidade nos mercados de trabalho regionais e representa uma tendência de trabalho crescente entre a população” 3.

É importante ressaltar que o teletrabalho começou em vários mercados regionais como o trabalho de casa, e com o tempo o teletrabalho começou a criar espaço para os serviços de TI e tecnologias de comunicação, radicalmente mudando as características dos teletrabalhadores, sua renda e as condições gerais de seu trabalho.

2 “Conjuntura de trabalho na América Latina e no Caribe (No. 14)”. Por CEPAL / OIT http://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/---americas/---ro-lima/---sro-santiago/documents/publication/wcms_480311.pdf 3 Em “Documento de projeto da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL). Detalhes da medição do teletrabalho: Evidências de alguns países da América Latina” Por Martha Sánchez Galvis. http://repositorio.cepal.org/bitstream/handle/11362/3966/1/S1200081_es.pdf

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Para o desenvolvimento efetivo desta modalidade de trabalho, os vários mercados da região devem oferecer bons serviços de conectividade banda larga que permitem trabalhar de maneira remota. Nesse sentido, a banda larga pode representar uma alternativa para a conectividade em locais mais remotos. Para isso é necessário criar condições favoráveis para a adoção dessas tecnologias, simplificando as normas que regem o desenvolvimento de redes.

Além disso, as políticas públicas que favorecem maior cobertura teriam um efeito positivo sobre o crescimento do teletrabalho. Isso seria o caso por que, com cobertura para uma parcela maior da população, seria possível ampliar as possibilidades desse setor e atrair mais trabalhadores para essa modalidade de trabalho.

A implementação da requer maior disponibilidade do espectro de radiofrequências, e por esse motivo as iniciativas que buscam aumentar a disponibilidade de espectro para serviços de acesso são muito importantes. Também seria importante simplificar a construção de redes e reduzir a carga tributária sobre a importação de equipamentos e dispositivos de acesso.

As políticas públicas que aumentam a penetração de smartphones também são muito importantes para potencializar o teletrabalho, principalmente com a adoção de diferentes aplicativos que podem ser usados para aumentar as possibilidade de trabalho a distância.

O maior objetivo deste último grupo de iniciativas deve ser de facilitar a entrada de tablets e smartphones para poder massificar a adoção desse tipo de dispositivo. Ressaltamos que a América Latina já conta com uma grande variedade de serviços móveis. De acordo com informações da Ovum divulgadas pela 5G Americas, ao final de 2016 a América Latina deve contar com 729 milhões de linhas móveis, das quais 448 milhões de acesso via banda larga móvel (365 milhões HSPA e 83 milhões LTE).

A Ovum também prevê 696 milhões de acessos de banda larga móvel até o final de 2020 (419 milhões HSPA e 277 milhões LTE). O crescimento das possíveis formas de conectividade também representa uma grande oportunidade para ampliar o teletrabalho na região.

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TELETRABALHO

A incorporação das Tecnologias da informação e comunicação (TIC) no mercado de trabalho também pode melhorar as condições de trabalho de muitos trabalhadores. As TICs também podem superar vários desafios do setor no futuro.

Um dos primeiros passos para entender o potencial dessas tecnologias é saber o que o teletrabalho realmente é. De acordo com o Convênio sobre o Teletrabalho da União Europeia, “a expressão teletrabalho, cuja definição sempre apresentou diversas dificuldades, e definida como o trabalho em que se utiliza as TICs, regularmente desenvolvido fora das instalações do empregador”4 .

Também existem várias recomendações de boas práticas para evitar a deterioração da qualidade do emprego com a dinâmica do teletrabalho. As principais recomendações incluem:

- A adoção do teletrabalho deve ser voluntária e os teletrabalhadores devem ter a opção de voltar a práticas trabalhistas tradicionais

- A igualdade de direitos e condições para teletrabalhadores comparados com modalidades tradicionais de trabalho

- Oferecer as TICs necessárias como o bom andamento do teletrabalho

- Que as tarefas devem ser realizadas de acordo com normas e padrões relevantes em matéria de privacidade de proteção de informações.

- Garantir acesso aos sistemas de proteção social de cada país aos teletrabalhadores.

- Manter a ética que deve caracterizar o mercado de trabalho.

Existem outras abordagens para as características do teletrabalho. Algumas enfatizam o trabalho realizado fora da empresa e fora da esfera de controle diário;

4 Em “Documento de projeto da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL). Detalhes da medição do teletrabalho: Evidências de alguns países da América Latina” Por Martha Sánchez Galvis. http://repositorio.cepal.org/bitstream/handle/11362/3966/1/S1200081_es.pdf

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outras estão focadas nas hierarquias descentralizadas nas relações entre o empregador e o empregado. Mesmo assim, a maioria concorda que as TICs são um aspecto chave do conceito de teletrabalho.

Dessa maneira, as TICs são necessárias para criar opções de teletrabalho. A possibilidade de adotar essa modalidade de trabalho é uma oportunidade para reduzir as várias desigualdades que afetam os países desta região. Em outras palavras, as TICs teriam o potencial de melhorar as condições de trabalho em muitas das atividades que serão desenvolvidas nesse novo milênio.

Por esse motivo, no sentido de ampliar as oportunidades de teletrabalho, é muito importante criar políticas públicas que apoiam a adoção de TICs. As políticas devem aumentando a disponibilidade de espectro para serviços de banda larga móvel, facilitando acesso a essas tecnologias e criando um universo cada vez maior de empregos conectados.

O teletrabalho oferece várias opções que simplesmente não existem na modalidade de trabalho mais tradicional. Em termos gerais, o teletrabalho oferece horários flexíveis e a opção de trabalhar em vários locais, além de oferecer a oportunidade de trabalhar em função de metas, entre outras características. As diferenças dessa nova modalidade de trabalho foram apresentados de maneira gráfica pelo Ministério de Comunicações da Colômbia5 :

5 Em “O ABC do Teletrabalho na Colômbia”. Ministério de Tecnologias da Informação e Comunicação e Ministério do Trabalho da Colômbia. Em http://www.teletrabajo.gov.co/622/articles-8228_archivo_pdf_libro_blanco.pdf

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CARACTERÍSTICAS DO TELETRABALHO

Fonte: Mintic

Também existem várias modalidades de teletrabalho. As diferenças foram elencadas pelo MINTIC da Colômbia 6e são baseadas na forma de contratação dos empregados, o local onde trabalham e o tipo de dispositivo que utilizam.

6 Em “O ABC do Teletrabalho na Colômbia”. Ministério de Tecnologias da Informação e Comunicação e Ministério do Trabalho da Colômbia. Em http://www.teletrabajo.gov.co/622/articles-8228_archivo_pdf_libro_blanco.pdf

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MODALIDADES DE TELETRABALHO

Fonte: Mintic

Em linhas gerais, os vários tipos de teletrabalho podem ser divididos em três categorias:

- Tipo de conexão: pode ser online, ou bidirecional: One way line, ou unidirecional, com o trabalhador enviando seus resultados; ou Off-line, quando os resultados enviados não dependem da conectividade.

- Local de trabalho: a casa do teletrabalhador, um telecentro ou móvel.

- Tipo de contrato de trabalho: dependente da empresa; autônomo vinculado exclusivamente com uma empresa; ou totalmente autônomo, prestando serviços como trabalhador externo.

Desse ponto de vista, os conceitos iniciais do teletrabalho foram associados com a “crise do petróleo”. Os primeiros passos foram passos foram dados nos Estados Unidos e tinham como objetivo a resolução de novas preocupações e de estabelecer

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“compromissos entre empresas multinacionais e atores governamentais para reduzir os custos de produção após a crise do petróleo” 7. Mas, o trabalho nessa área teria que esperar a evolução das TICs para otimizar esse tipo de abordagem.

Ou seja, a conectividade era fundamental para a adoção do teletrabalho em mercados globais. Da mesma maneira, a disponibilidade em massa de terminais de acesso foi um grande acelerador do teletrabalho no mundo inteiro.

O teletrabalho se consolidou da década de 80 do século passado, principalmente com o apoio de empresas multinacionais e especialmente as companhias de informática , que ofereciam essa modalidade de trabalho a seus executivos.

A adoção do teletrabalho foi afetada pela demora na massificação global das TIC. A Europa demorou até o fim do século passado, e a massificação coincidiu com o crescente investimento empresarial na informática e a consequente redução de preços.

Em linhas gerais, sabemos que a adoção do teletrabalho reduziu os custos para a sociedade. As redes de transporte e os investimentos em urbanização e meio ambiente sofreram o maior impacto. A redução desses custos está relacionada aos benefícios econômicos da menor demanda por transporte público e privado. Essa situação também teve um impacto ambiental positivo.

De acordo com a Organização Internacional de Trabalho (OIT) 8 “existem muitas provas de que os teletrabalhadores tendem a ser mais produtivos e trabalhar mais horas que seus pares que trabalham no escritório”. A organização comentou que o teletrabalho “beneficia o empregador tanto quanto o empregado”. A OIT observou que o teletrabalho aumenta a satisfação pessoal do empregado, que reduz a rotação de pessoal, economizando custos de treinamento e contratação de novos empregados.

De acordo com a OIT, outra vantagem para as companhias é a redução de faltas em até 63%9. Isso é devido ao fato que os empregados podem trabalhar em horários

7 Em "Teletrabalho. O impacto das tecnologias de informação e comunicação sobre o emprego”. Por Paula Lenguita. Em http://www.trabajo.gba.gov.ar/informacion/Publicaciones%20P%C3%A1gina/Teletrabajo%20doble.pdf 8 Em “As vantagens de trabalho a distância”. Em http://www.ilo.org/global/about-the-ilo/newsroom/news/WCMS_208161/lang--es/index.htm 9 Em “As vantagens de trabalho a distância”. Em http://www.ilo.org/global/about-the-ilo/newsroom/news/WCMS_208161/lang--es/index.htm

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flexíveis e conseguem cumprir com suas obrigações familiares e outras tarefas ou agendar compromissos sem perder um dia inteiro de trabalho.

Para a OIT, a diversidade é o argumento mais forte a favor do teletrabalho. O teletrabalho é uma modalidade de trabalho que pode ser adotada por muitas mulheres que não participam do mercado de trabalho e também cria oportunidades para pessoas com necessidades especiais e enfrentam dificuldades para chegar ao local de trabalho. Além disso, a OIT observou que existem empregadores totalmente virtuais que contratam pessoas a distância sem encontrá-los, que reduz a discriminação por raça, religião e outros motivos.

De acordo com um relatório da IDC, em termos mensuráveis, mais de 1,3 bilhões de pessoas estavam trabalhando remotamente até o final de 2015. A consultoria destacou que mais de 1 bilhão de teletrabalhadores existiam em 201010.

A análise da consultoria International Data Service, reproduzida pelo Ministérios de TIC da Colômbia11, prevê que 37,2% da população economicamente ativa do mundo inteiro estará trabalhando remotamente no final de 2015. Não existe uma referência específica à América Latina, mas é possível que a região apresenta crescimento proporcional à média global.

A maioria dos governos que querem melhorar o nível de emprego deve considerar essa evolução e aproveitar da revolução digital. Também é importante considerar esse tipo de trabalho em termos das constantes mudanças dos processos produtivos.

A conectividade é um fator chave em qualquer proposta de ampliar o teletrabalho. Em outras palavras, qualquer iniciativa que pretende ampliar a adoção de teletrabalho deve também considerar a conectividade disponível no mercado. Por esse motivo, é fundamental facilitar a implementação de redes.

Para garantir maior cobertura e ampliar a conectividade, é importante disponibilizar acesso ao espectro de radiofrequências que pode ser usado para implementar serviços de banda larga sem fio. Ou seja, é necessário liberar as radiofrequências recomendadas pela UIT para o desenvolvimento de serviços de banda larga móvel (um total de 1960 MHz por mercado até 2020).

10 Em “Aproximadamente 40% dos funcionários serão teletrabalhadores em 2015”. Em http://es.workmeter.com/blog/bid/334698/Casi-el-40-de-los-empleados-har-n-teletrabajo-en-2015 11 Em “Panorama do teletrabalho a nível mundial: números”. Em http://www.mintic.gov.co/portal/604/w3-article-4462.html

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Com mais espectro, é possível oferecer maior conectividade através da banda larga sem fio. Isso também iria criar novas oportunidades de conectividade para os empregados e incentivaria a adoção do teletrabalho.

As tecnologias LTE podem usadas para oferecer conectividade aos teletrabalhadores, que poderão acessar seus escritórios de qualquer parte da cidade. Devido às suas características, é importante lembrar que a seria uma oportunidade de aumentar a cobertura em zonais rurais ou zonas urbanas de difícil acesso, por que consegue cobrir grandes áreas sem exigir grandes investimentos de operadoras. A LTE também viabiliza a mobilidade sem a necessidade de mudar de tecnologia de acesso.

Além disso, é importante incentivar um ecossistema de aplicativos para o teletrabalho. O desenvolvimento de software que cria condições melhores para os funcionários que trabalham a distância seria mais uma forma de incentivar esse tipo de atividade. Ao mesmo tempo, precisamos facilitar a aquisição desse tipo de dispositivo.

Nesse sentido, também seria importante considerar políticas públicas que incentivam a adoção de dispositivos de rede e de acesso, reduzindo o preço desse tipo de dispositivo para torná-lo mais acessível. Dessa maneira, seria possível reduzir os custos para os teletrabalhadores, aumentando a adoção dessa modalidade de trabalho.

As políticas públicas para aumentar o número de smartphones no mercado também seriam importantes. Esses dispositivos são capazes de realizar atividades cada vez mais complexas que permite aos teletrabalhadores realizarem várias tarefas. Seria, dessa maneira, importante para os governos considerar as vantagens da massificação desse tipo de produto.

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TELETRABALHO NA AMÉRICA LATINA

De acordo com a Organização Internacional de Trabalho, o regime de trabalho em casa está associado com a contratação de mão de obra clandestina na América Latina. A organização também registrou que este modalidade de trabalho, como o trabalho autônomo, frequentemente é usado para a subcontratação12. O estudo realizado pela OIT revela que as condições de contratação são mais frequentemente violadas quando o trabalho for realizado fora das dependências da companhia contratante.

A alerte da OIT é um aviso importante, especialmente por que, com a massificação da informática e a conectividade, o teletrabalho está começando a ser tratado da mesma maneira na América Latina. Levando esse fator em consideração, seria importante oferecer algum tipo de proteção para o teletrabalho. A organização acredita que existe o perigo de exploração de mão de obra, e, em alguns momentos, existe o risco de uma dupla jornada, acumulando as atividades do trabalho e as atividades domésticas.

Existem algumas iniciativas incentivando o teletrabalho. Uma dessas iniciativas na região está baseada na criação de portais que podem ser consultados pela população. Esse portais são desenvolvidos pelo governo, em países como a Argentina, Colômbia e Peru, ou por associações criadas para promover o teletrabalho, como no Brasil.

PORTAIS DE TELETRABALHO EM MERCADOS SELECIONADOS DA AMÉRICA LATINA

País Portal Organização Argentina http://www.trabajo.gob.ar/teletrabajo/ Ministério do Trabalho Brasil www.sobratt.org.br/ SOBRATT Colômbia www.teletrabajo.gov.co/ MinTIC e Ministério do

Trabalho Peru http://teletrabajo.gob.pe/ Ministério do Trabalho Fonte: Elaboração Própria

A existência desse tipo de portal é uma forma positiva de promover o teletrabalho e também oferece informações que podem ser consultadas pelos teletrabalhadores. Além disso, esses portais podem ser meios onde companhias podem contratar trabalhadores certificados em várias áreas. Ou seja, esses portais conseguem criar um certo nível de confiabilidade no mercado, promovendo esse tipo de trabalho.

12 Em “O trabalho em casa em vários países da América Latina: uma visão comparativa. Por Manuela Tomei. Em http://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/@ed_emp/documents/publication/wcms_123592.pdf

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Essas iniciativas devem ser acompanhadas por outras que aumentam a conectividade para ter um impacto positivo sobre os trabalhadores. Em outras palavras, as pessoas precisam da mais acesso a serviços de banda larga. Nesse sentido, os serviços de banda larga pode representar uma alternativa para a conectividade em zonas rurais.

A disponibilidade de espectro para esse tipo de serviço e um processo simplificado para a construção de redes são duas políticas positivas que podem potencializar acesso a serviços de banda larga. Em todos os mercados, essas iniciativas devem ser consideradas como parte do planejamento do teletrabalho.

Na América Latina, os trabalhadores são predispostos a trabalharem remotamente. No início de 2015, aproximadamente 80% dos funcionários aceitariam uma oferta para trabalhar a distância, de acordo com a Meta4 13. Isso criou um grande potencial para o crescimento do teletrabalho.

NÚMERO DE TELETRABALHADORES MERCADOS SELECIONADOS DA AMÉRICA LATINA - 2014

Fontes Elaboração Própria14

13 Em “Teletrabalho, uma nova forma de trabalhar nas empresas.” Em http://elempresario.mx/actualidad/teletrabajo-nueva-forma-laborar-empresas 14 Baseado em dados coletados em “Teletrabalho, uma nova forma de trabalhar nas empresas.” Em http://elempresario.mx/actualidad/teletrabajo-nueva-forma-laborar-empresas. E Sobratt

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Considerando os principais mercados da América Latina, de acordo com a Fedesarrollo, no início de 2015, 31,000 pessoas eram teletrabalhadores no Colômbia. De acordo com a Universidade de Guadalajara, o México contava com 2.600.000 pessoas trabalhando remotamente. A Argentina contava com 2 milhões de pessoas trabalhando de casa, e o Ministério do Trabalho do Chile registrou 500,000 teletrabalhadores. A SOBRATT do Brasil calculou que existiam aproximadamente 12 milhões de teletrabalhadores no mercado.

É importante lembrar que o número de teletrabalhadores não reflete a maturidade da atividade em cada país. Especialmente por que nem todos os mercados de trabalho da região contam com o mesmo número de trabalhadores. Para ter uma ideia mais precisa, podemos considerar a relação entre o número de teletrabalhadores e a população economicamente ativa de cada mercado, apresentada no gráfico a seguir:

PARTICIPAÇÃO DE TELETRABALHADORES EM RELAÇÃO AO NÚMERO DE PESSOAS ECONOMICAMENTE ATIVAS EM MERCADOS SELECIONADOS DA AMÉRICA LATINA -

2014

Fonte: Elaboração Própria15

http://www.sobratt.org.br/index.php/26082015-thecityfix-brasil-entrevista-os-beneficios-do-teletrabalho-para-as-cidades-do-futuro/ 15 Baseado em dados coletados em “Teletrabalho, uma nova forma de trabalhar nas empresas.” Em http://elempresario.mx/actualidad/teletrabajo-nueva-forma-laborar-empresas. Sobratt http://www.sobratt.org.br/index.php/26082015-thecityfix-brasil-entrevista-os-beneficios-do-teletrabalho-para-as-

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A relação entre esses variáveis mostra que o Brasil apresenta o melhor índice, embora a Argentina apresenta uma participação semelhante. No entanto, o México possui a menor relação entre o número de teletrabalhadores e a população economicamente ativa.

Incentivos para investir em TICs e reduzir as desigualdades digitais são fundamentais para abrir acesso ao teletrabalho em todos os países. Nesse sentido, é muito importante incentivar o setor privado a complementar o trabalho realizado pelo Estado para garantir o acesso universal.

Neste cenário, é importante criar condições adequadas para implementar a estrutura necessária, facilitando a construção de redes e disponibilizando o espectro necessário. O espectro de radiofrequências é um fator crítico para aumentar a cobertura de banda larga móvel, com tecnologias que oferecem maior cobertura com menos investimento.

O incentivo mais importante é o acesso às radiofrequências necessárias, por que o espectro é um recurso limitado que as operadoras precisam para oferecer serviços de banda larga móvel. Ao mesmo tempo, seria importante reduzir as barreiras tributárias para dispositivos de acesso e equipamentos de infraestrutura de rede.

É importante observar que precisamos de dispositivos acessíveis para incentivar o crescimento do teletrabalho. Os laptops e netbooks são ferramentas indispensáveis para o teletrabalhador. Por esse motivo, a redução dos tributos sobre esses equipamentos reduziria os custos que o teletrabalhador enfrenta. O setor também se beneficiaria, por que os smartphones e outros dispositivos móveis conseguem desempenhar funções complexas que antes eram o domínio exclusivo de computadores.

Políticas públicas que aumentam a penetração de smartphones também são muito importantes para o mercado de teletrabalho. Esses dispositivos podem criar um ecossistema baseada em aplicativos para o teletrabalho, aumentando a adoção das TICs no mercado e ampliando o mercado de teletrabalho. Isso também seria uma forma de promover o desenvolvimento de uma economia digital em cada país.

cidades-do-futuro/ . A População Economicamente Ativa foi extraída do Repositório Digital da CEPAL: http://repositorio.cepal.org/

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IMPLEMENTAÇÃO DE TELETRABALHO

Existem vários exemplos de iniciativas para desenvolver as TICs no local de trabalho na América Latina. Esses exemplos levam em conta as diferentes variáveis em cada região, onde a tecnologia complementa o trabalho da população.

A seguir, Brecha Zero apresenta uma série de exemplos mostrando como as TICs foram utilizados na educação e artigos que descrevem os maiores debates no setor.

50% DA FORÇA DE TRABALHO COLOMBIANA SERÁ DIGITAL EM 2020

De acordo com o Ministério de Tecnologias da Informação e Comunicação (MinTIC) da Colômbia, 50% da força de trabalho no país será digital até 2020. O MinTIC realizou uma pesquisa para identificar as necessidades da comunidade de teletrabalhadores autônomos no país, focando principalmente em Bogotá, Medellín, Cali e Barranquilla.

O relatório entrevistou mais de 25.000 pessoas e 1.500 empresas, para identificar tendências na oferta e demanda de serviços autônomos (“freelance”) e de teletrabalho. A pesquisa destacou que 60% dos trabalhadores digitais tinham formação universitária. Além disso, 30% das pessoas trabalham como “freelancer”, e os demais dividem seu tempo entre empregos formais e trabalhos digitais.

Baseado nesse perfil do trabalhador digital, a pesquisa mostrou que a maioria se especializam em áreas de TIC e geralmente tenham menos de 25 anos. O relatório também apontou que 50% desses trabalhadores levaram mais de três meses para conseguir seu primeiro projeto, com uma renda média de US$ 500, embora 70% disseram que sua renda subsequentemente aumentou 66%. As mulheres participam mais do setor de serviços, enquanto os homens estão mais envolvidos em atividades como programação web/desenvolvimento/sistemas. 60% dos entrevistados reportaram que são contratados por companhias trabalham em período integral.

A pesquisa também mostrou que 70% das entrevistados são empreendedores ou independentes, e praticamente 30% são donos ou sócios de microempresas. As empresas destacaram a redução de custos de contratar profissionais online. Entre as vantagens relatadas estão a possibilidade de contratar especialistas para projetos específicos, a redução de custos operacionais, acesso a profissionais treinados, e a possibilidade de contratar profissionais de qualquer lugar do mundo.

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Na Colômbia, o MinTIC e o Ministério do Trabalho estão responsáveis pelas iniciativas de promover o teletrabalho. O objetivo é de promover essa modalidade de trabalho para aumentar a produtividade de organizações públicas e privadas. Além disso, o teletrabalho é uma forma de aumentar a qualidade de vida dos trabalhadores, desenvolver a mobilidade sustentável, promover o uso efetivo das TIC e criar empregos. Para conseguir esses objetivos, o MinTIC desenvolveu o Portal de teletrabalho. O Portal é um ponto de acesso a todas as informações e aos serviços ligados à iniciativa.

Desde a passagem da Lei do Teletrabalho, o número de teletrabalhadores na Colômbia aumentou 26%, de 31,553 para um total de 39,767 pessoas até o final de 2014. Além disso, de acordo com o Portal de Teletrabalho da Colômbia, o mercado incluía 1.083 teletrabalhadores no setor público. Bogotá, com 30.355 era a cidade com o maior número de teletrabalhadores, seguida por Medellín com 4.574 e Cali com 3.719. Por setor, a área de serviços com 18.665 teletrabalhadores, liderava o mercado no final de 2014. Em segundo lugar estavam as áreas de comércio (14.081) e indústria (4.576).

Para continuar promovendo essa experiência, é muito importante garantir a boa conectividade para a população. Na Colômbia, 84% dos teletrabalhadores disseram que em alguma ocasião usaram a banda larga fixa até o final de 2014. Mas, apenas 19% do total disseram que haviam usado a banda larga móvel.

Esse fato é importante, especialmente por que o mercado colombiano conta com cinco redes LTE ativas. De acordo com dados da Pyramid Research, publicados em 2015 pela 5G Americas, o mercado colombiano contava com 1,2 milhão de acesso LTE de um total de 54,2 milhões de linhas. A consultoria está prevendo que o mercado terá 12,5 milhões de acesso LTE até 2019, ou seja, 19% do número total de linhas previstas para o mesmo ano.

Dessa maneira, os serviços de banda larga móvel representam um importante canal para a inclusão de serviços de teletrabalho. A LTE é especialmente importante por que oferece altas velocidades de transmissão de dados. Essa tecnologia oferece acesso em zonas não cobertas pelas atuais redes cabeadas, possibilitando a inclusão de teletrabalhadores em zonas rurais.

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A CONECTIVIDADE MELHORA A COMPETITIVIDADE INTERNACIONAL DAS PMES

De acordo com uma pesquisa realizada pelo Centro do Comércio Internacional, um projeto conjunto da Organização Mundial do Comércio e as Nações Unidas, as possibilidades de conectividade e acesso à Internet são fundamentais para o sucesso de pequenas e médias empresas (PMEs) no mercado internacional.

A pesquisa destaca três pilares fundamentais para o sucesso: a capacidade das PMEs de se conectar, competir e mudar. Nesse sentido, oportunidades de usar conexões móveis usando tecnologias de alta velocidade como a LTE beneficiam mais esse tipo de empresa. Observamos que, de acordo com dados da Ovum publicados pela 4G Americas, em 2020 a América Latina terá 259 milhões de linhas LTE.

A pesquisa revelou que a maior diferença entre as PMEs e as empresas de grande porte é a conectividade. Além disso, os países em desenvolvimento estão atrasados nessa área: as pequenas empresas contam com apenas 22% da conectividade disponibilizada para empresas locais de grande porte, comparado com 64% em países desenvolvidos.

ILHAS VIRGENS BRITÂNICAS IMPLEMENTAM TIC PARA ANALISAR O MERCADO DE TRABALHO

As Ilhas Virgens Britânicas terão um Sistema de Informação do Mercado de Trabalho (LMIS, pelas siglas em inglês). Esse software pode ser usado pelo governo para avaliar o mercado local e regional de trabalho dentro de um plano implementando pela Organização Internacional de Trabalho (OIT).

As Ilhas Virgens Britânicas se inscreveram no programa OECS-LIMS como parte da Organização de Estados do Caribe Oriental (OECS, pelas siglas em inglês). O programa permite uma troca de informações para produzir vários indicadores do mercado de trabalho, oferecendo maior acesso a informações sobre esse setor.

O LMIS usa o “Big Data” para seguir as tendências de demanda industrial. A informação produzida é usada por órgãos de governo para planejar as necessidades da indústria com mais eficiência e adaptar seus planos para melhorar as condições no mercado de trabalho.

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A iniciativa OECS-LIMS faz parte de um memorando de entendimentos entre a OIT e a Secretaria da OECS. O acordo foi assinado para produzir estatísticas sobre níveis de emprego e informações sobre a relação entre aspectos chaves da economia com o desenvolvimento regional.

Neste caso, o OECS LIMS fornece estatísticas importantes sobre salários e outros indicadores do trabalho que não estão disponibilizados pelos censos periódicos realizados por cada Estado. Essas informações são importantes para a supervisão do trabalho e formulação de políticas correlatas, e para elaborar índices de produtividade.

O programa ajudou a desenvolver um foco mais estratégico para responder a desafios estruturais na região, criando um conjunto de estatísticas que podem ser usadas para implementar políticas para melhorar as condições no mercado de trabalho. Essas informações se tornaram ainda mais importantes depois da crise econômica e financeira global.

O OECS-LIMS é financiado por organizações nacionais (como os departamentos de trabalho de cada um dos países participantes) e internacionais, e contam com a assistência técnica da OIT, o Banco Mundial e a Comissão Econômica das Nações Unidas para a América Latina (CEPAL), entre outros.

ENTREVISTA

SOBRATT QUER CRIAR UMA REDE DE TELETRABALHO NO BRASIL

Uma das áreas ajudando a desenvolver as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) é o teletrabalho. A possibilidade de trabalhar a distância, muitas vezes a partir da casa do trabalhador, cresceu com o desenvolvimento de novas tecnologias.

A Sociedade Brasileira de Teletrabalho e Teleatividade (SOBRATT) é responsável pela promoção deste tipo de atividade. Trata-se de uma sociedade civil sem fins lucrativos, fundada em 1999 e, desde então, tornou-se a única fonte autorizada sobre o tema no Brasil.

A SOBRATT tem como principais funções estudar, promover, difundir e desenvolver o teletrabalho e a Teleatividade no Brasil. A organização também apoio as iniciativas e associações que dedicam-se à estas atividades no país, além de tornar-se uma

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associação forte, que tenha capacidade de unificar os principais gestores na promoção deste conceito.

Sobre a realidade de teletrabalho no Brasil, o Brecha Zero entrevistou Alvaro Mello, Diretor de Relações Internacionais da SOBRATT:

Brecha Cero: O senhor poderia destacar quais são as principais contribuições da SOBRATT para o teletrabalho no Brasil?

Alvaro Mello: A SOBRATT influenciou a criação de leis e incentivos fiscais, tributários e de trabalho no âmbito municipal, estadual e federal, que contribuem para o crescimento desta prática. Ainda assim, a organização participa com apoio e tomada de decisões das organizações públicas e privadas em torno do teletrabalho.

Entre os serviços que a SOBRATT oferece para os seus associados, destaca-se o clipping de notícias da área, além de encontros sobre o tema com duração de duas horas, onde especialistas convidados participam de debates. Estes encontros são voltados para os sócios da organização e para faculdades ou instituições focadas na promoção do teletrabalho.

A organização também oferece oportunidades aos seus participantes para consultar a biblioteca do teletrabalho. Também oferecemos a possibilidade de trocar informações, acessando o próprio banco de dados do currículos e oportunidades, além do acesso aos eventos promovidos pela SOBRATT.

Brecha Cero: Qual é a situação atual do teletrabalho no Brasil?

Alvaro Mello: No Brasil são usadas diferentes denominações para o teletrabalho, tais como home Office, trabalho à distância e trabalho virtual. Entre os precursores do teletrabalho no país, estão a pressão crescente em relação às questões de mobilidade urbana, a necessidade permanente por produtividade, os recentes custos associados ao espaço físico, a busca de melhoria da qualidade de vida, a sensibilização para as questões ambientais e virtuais, a disponibilidade de tecnologia e a crescente virtualização das organizações no pais.

Brecha Cero: Quais são os benefícios gerados pelo teletrabalho para os setores econômicos do país?

Alvaro Mello: Do ponto de vista do trabalhador, melhora o ambiente, aumenta a produtividade e a qualidade. Além de melhorar a moral e a satisfação dos

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funcionários, gerando uma maior responsabilidade e independência, melhora a flexibilidade e reduz o estresse e os custos.

Se considerarmos do ponto de vista das empresas, reduz o espaço físico ocupado pelos colaboradores, assim como os gastos com transporte e alimentação. O teletrabalho também ajuda a melhorar a produtividade e aumenta a retenção dos talentos da organização. Esse tipo de trabalho também ajuda a reduzir acidentes de trabalho e ausência. E por fim melhora o vínculo com os trabalhadores e a imagem institucional.

Brecha Cero: Quais benefícios gera o teletrabalho em termos sociais?

Alvaro Mello: Em termos gerais, a implementação de teletrabalho gera menor congestionamento no trânsito urbano. Além disso, reduz o consumo de combustível e as emissões de gases contaminados. O teletrabalho também gera mais oportunidade de trabalho para pessoas com deficiência, e aumenta a oferta de trabalho para as áreas de difícil acesso, como as rurais.

Brecha Cero: Quais condições são necessárias para que o teletrabalho possa desenvolver-se em um mercado?

Alvaro Mello: Entre as condições ressalta-se a criação de uma rede de colaboradores públicos e privados que tenham influência no mundo do trabalho, incluindo entidades dedicadas à formação para o trabalho, motivação, produtividade, desenvolvimento tecnológico, condições físicas, humanas e psicológicas, legislativas e regulamentação de trabalho, entre outros assuntos. Também é importante fortalecer e formalizar os acordos com entidades internacionais ligadas ao teletrabalho, assim como desenvolver propostas ou contribuições destinadas à formulação de políticas públicas voltadas para o local de trabalho atual e futuro.

Brecha Cero: De que maneira as tecnologias móveis influenciam a implementação do teletrabalho?

Alvaro Mello: É importante considerar que o teletrabalho deve ter à sua disposição outras tecnologias, além de serem necessárias para a realização do trabalho, que também permitam manter o tratamento cotidiano com seus colegas. A comunicação, seja por meio das telecomunicações ou de forma presencial, deve ser ilimitada para melhorar a produtividade. Ainda assim, devem existir regras flexíveis e sempre negociáveis com a empresa, onde fique claro quem são os responsáveis pelo custo

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dos equipamentos e de seu funcionamento, bem como o tempo que será dedicado ao trabalho.

No futuro, estas condições deve permitir que as pessoas trabalham não somente em um escritório, mas em uma rede de ambientes de trabalho. Ou seja, existirá uma grande variedade de possibilidades de locais de trabalho como em casa, na empresa, em um café, no escritório do cliente ou em um centro comunitário. Essa rede deverá permitir tanto a concentração quanto a interação social, o trabalho individual e em grupo.

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OLHANDO PARA O FUTURO...

A adoção do teletrabalho é um processo ainda em desenvolvimento na América Latina, que se encontra em diferentes estágios em cada um dos países desta região. As iniciativas nessa área são patrocinadas pelos setores público e privado.

Olhando para o futuro, o atual cenário na América Latina é positivo. Vários mercados criaram portais com informações que podem ser consultadas pelos teletrabalhadores, uma iniciativa positiva nessa época nascente do teletrabalho.

É importante apoiar esse tipo de iniciativa com políticas para melhorar os serviços de conectividade disponibilizados para a população. O acesso a banda larga é fundamental em qualquer mercado que pretende promover o teletrabalho.

Também é importante criar incentivos para melhorar a conectividade, principalmente oferecendo mais acesso ao espectro de radiofrequências, por que a tecnologia de banda larga móvel consegue reduzir as desigualdades regionais de acesso. Serviços de acesso de maior qualidade serão um ativo crítico para o desenvolvimento do teletrabalho.

Da mesma maneira, é importante facilitar a implementação de redes. A implementação rápida e efetiva de novas tecnologias de acesso será um fator muito importante em qualquer iniciativa de criar um mercado de teletrabalho. Acima, mencionamos que a conectividade é fundamental para esse tipo de emprego.

As políticas públicas apoiando a massificação dos terminais de acesso são tão importantes quando as políticas que incentivam a implementação de redes de acesso para aumentar a conectividade em toda a região. Isso é ainda mais importante em mercados onde existem aplicativos apoiando a expansão do teletrabalho. Também precisamos lembrar que iniciativas para criar um ecossistema de aplicativos móveis promovendo o teletrabalho dependem de um mercado de smartphones que podem usá-los.

Ou seja, maior penetração de terminais e dispositivos de acesso, em conjunto com uma maior cobertura de banda larga móvel, devem criar um ambiente fértil para o desenvolvimento do teletrabalho. Para o sucesso desse tipo de iniciativa, também precisamos da colaboração do setor privado.

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Em resumo, as iniciativas desenvolvidas na América Latina para promover o teletrabalho são um passo inicial importante para sua futura proliferação. Essas iniciativas dependem de mais opções de conectividade em cada país e a colaboração do setor privado.

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