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MÁRCIA OLIVEIRA KAUFFMANN LEIVAS INDICADORES NA LEGISLAÇÃO URBANÍSTICA CARIOCA EM NOVAS FORMULAÇÕES DE SUSTENTABILIDADE URBANA: contribuição para o desenvolvimento de indicador de ocupação sustentável da bacia hidrográfica (IOS-BH). Tese apresentada ao Curso de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Planejamento Urbano e Regional do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro – IPPUR/ UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Doutor em Planejamento Urbano e Regional. Orientador: Prof. Dr. Mauro Kleiman - IPPUR/ UFRJ. Rio de Janeiro 2011

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MÁRCIA OLIVEIRA KAUFFMANN LEIVAS

INDICADORES NA LEGISLAÇÃO URBANÍSTICA CARIOCA EM NOVAS FORMULAÇÕES DE SUSTENTABILIDADE

URBANA:

contribuição para o desenvolvimento de indicador de ocupação sustentável da bacia hidrográfica (IOS-BH).

Tese apresentada ao Curso de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Planejamento Urbano e Regional do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro – IPPUR/ UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Doutor em Planejamento Urbano e Regional.

Orientador: Prof. Dr. Mauro Kleiman - IPPUR/ UFRJ.

Rio de Janeiro

2011

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K21i Kauffmann Leivas, Márcia Oliveira. Indicadores na legislação urbanística carioca em novas formulações de sustentabilidade urbana : contribuição para o desenvolvimento de indicador de ocupação sustentável da bacia hidrográfica (IOS-BH) / Márcia Oliveira Kauffmann Leivas. – 2011. 303 f. : il. ; 30 cm. Orientador: Mauro Kleiman. Tese (doutorado) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional, 2011. Bibliografia: f. 277-303. 1. Planejamento urbano – Aspectos ambientais. 2. Sustentabilidade – Rio de Janeiro (RJ). 3. Direito urbanístico. 4. Bacias hidrográficas. I. Kleiman, Mauro. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro. Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional. III. Título. CDD: 333.7

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MÁRCIA OLIVEIRA KAUFFMANN LEIVAS

INDICADORES NA LEGISLAÇÃO URBANÍSTICA CARIOCA EM NOVAS FORMULAÇÕES DE SUSTENTABILIDADE

URBANA:

contribuição para o desenvolvimento de indicador de ocupação sustentável da bacia hidrográfica (IOS-BH).

Tese submetida ao corpo docente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro – IPPUR/UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Doutor em Planejamento Urbano e Regional.

Aprovado em: 13 de dezembro de 2011.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________ Prof.Dr. Mauro Kleiman – Orientador Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro – IPPUR/ UFRJ __________________________________ Prof.ª Dr.ª Hipólita Siqueira de Oliveira Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro – IPPUR/ UFRJ __________________________________ Prof.ª Luciene Pimentel da Silva, Ph.D. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental da Faculdade de Engenharia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro - PEAMB/UERJ __________________________________ Prof. Dr. Nilton Bahlis dos Santos Programa de Pós-Graduação em Informação, Comunicação e Saúde da Fundação Oswaldo Cruz – PPGICS/ FIOCRUZ __________________________________ Prof.ª Dr.ª Viviani de Moraes Freitas Ribeiro Instituto Estadual do Ambiente – INEA

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Aos pioneiros;

À coragem; às avós Euphrázia, Júlia, Sylvina, Aracy e Eneida tia (in memorian);

À solidariedade; a Marcello meu pai (in memorian);

Aos perseverantes;

Ao futuro nos jovens de esperança;

À Sylvia minha filha;

À luta, silenciosa ou não, por alegres dias e

Cidades, não abaladas, cujos rios tragam vida e que

Reflitam a sustentabilidade, com a ajuda de Deus.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, socorro bem presente na tribulação, providência imprescindível

ao cumprimento desta etapa;

À inspiração nos exemplos das muitas e preciosas vidas que se empenham

por melhores dias e melhores cidades;

Aos amigos e familiares, ao apoio, orações e palavras de incentivo;

Aos colegas da Câmara Municipal do Rio de Janeiro: da Biblioteca, da Comissão de

Assuntos Urbanos, da Diretoria de Comissões, da Divisão Gráfica, do Gabinete do

Vereador Luiz Antonio Guaraná, do Gabinete do Vereador Chiquinho Brazão,

a todos que de alguma forma ajudaram na realização deste trabalho;

Ao Vereador Luiz Antonio Guaraná e ao Vereador Chiquinho Brazão,

à compreensão e apoio ao cumprimento desta tarefa;

Aos professores e colegas da Turma 2006 pelas trocas de experiências,

informações e convívio enriquecedor;

Aos funcionários do IPPUR/UFRJ pela assistência prestada;

Aos professores Hermes Magalhães Tavares e Luciene Pimentel da Silva, membros

da banca de qualificação do doutorado, pelas valiosas contribuições

ao aprimoramento do trabalho desenvolvido;

Aos professores Hipólita Siqueira de Oliveira, Luciene Pimentel da Silva,

Nilton Bahlis dos Santos e Viviani de Moraes Freitas Ribeiro

por aceitarem o convite à participação da banca de defesa de tese;

Ao professor Mauro Kleiman, orientador e amigo, cuja paciência nas sugestões,

competência nas contribuições e incentivo constante, foram fundamentais

à superação deste desafio;

Agradeço.

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“Há um rio cujas correntes alegram a cidade de Deus,

O santuário das moradas do Altíssimo.

Deus está no meio dela; não será abalada:

Deus a ajudará ao romper da manhã.”

(Salmos 46:4;5)

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RESUMO

O presente trabalho discute a compreensão dos processos de expansão e

planejamento urbanos, como perspectivas potenciais para novas formulações de

sustentabilidade urbana e seus indicadores, com ênfase e suporte no pensamento

de Henri Lefebvre. Aplica-se à cidade do Rio de Janeiro, exemplo relevante, por seu

sítio ambiental exuberante e sua história de desenvolvimento, repleta de tensões

urbanas e sócio-ambientais e de contradições no complexo arcabouço jurídico-

urbanístico. Esta legislação reflete inclusive a transição incompleta entre o

planejamento racional-funcionalista e o planejamento estratégico, que, revistos,

coexistem desde 1992. Esta dinâmica favorece o estudo da tensão dialética entre

pólos opostos: entre a introdução de novos indicadores de sustentabilidade urbana

incluindo a adoção de nova unidade de planejamento (a bacia hidrográfica) e um

paradigma de planejamento (zoneamento) que entende a cidade por partes. Neste

contexto insere-se o IOS-BH, como recurso à identificação da intensificação da

ocupação urbana face à sustentabilidade. Este novo indicador, facilmente

incorporado à legislação urbanística, agrega os parâmetros: impermeabilização do

solo e qualidade das águas, disponibilidade de áreas verdes e densidade de

habitantes, relacionados à gestão dos recursos hídricos, urbanos e ambientais. O

IOS-BH encontra-se aplicado em estudo de caso na região da Barra da Tijuca, área

de expansão da cidade e ainda passível de recuperação urbano-ambiental. A tese

apresenta contribuição para a aplicação da sustentabilidade ao território; revisão das

formas de planejar a cidade; adoção de nova matriz de planejamento urbano e

ambiental integrado aos recursos hídricos e; principalmente para fundamentações

teóricas de indicadores e indicadores urbanos de sustentabilidade.

Palavras-chave: Indicadores Urbanos. Legislação Urbanística. Planos de Bacias

Hidrográficas Urbanas. Sustentabilidade Urbana.

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ABSTRACT

This thesis discusses the processes of urban expansion and planning, as

potential prospects for new formulations of urban sustainability and its indicators, with

emphasis and support on the thoughts of Henri Lefebvre. The studies were applied to

the city of Rio de Janeiro, relevant example for its location, its exuberant

environmental and its history of development, full of tensions between urban and

socio-environmental issues and contradictions in the complex urban legislation.

These laws also reflect the incomplete transition between the rational-functionalist

planning and strategic planning, which, both revised, are coexisting since 1992. This

dynamic favors the study of the dialectical tension between opposites: the

introduction of new urban sustainability indicators including the adoption of new

planning unit (watershed) and a paradigm of planning (zoning) which understands

the city for parts. In this context, inserts the IOS-BH as a resource to identify the

intensification of urban occupation against the sustainability. This new indicator,

easily incorporated into urban legislation, adds the parameters: landscape

imperviousness index and water quality; free green areas and demographic density,

related to water, urban and environmental resources management. The IOS-BH is

applied on a study case in Barra da Tijuca, an expansion area of the city that is still

capable of urban-environmental recovery. This thesis contributes to the

implementation of sustainability on territory; to review the ways to plan the city; to the

adoption of a new urban, environmental and water resources integrated planning unit

and mainly, to debate theoretical foundations of indicators and of urban sustainability

indicators.

Keywords: Urban Indicators. Urban Planning Legislation. Urban Watershed

Management Plans. Urban Sustainability.

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LISTA DE FIGURAS FIGURA 1.1.1 – Síntese da Evolução do Urbanismo........................................................................29

FIGURA 2.2.3.1 – Indicadores de Sustentabilidade no Contexto do Desenvolvimento Sustentável.........................................................................................................................................111

FIGURA 2.2.3.2 - Certificação de Materiais e Edifícios Sustentáveis: Alguns Exemplos no Brasil...................................................................................................................................................125

FIGURA 2.3.2.1 - Evolução da Instalação de Comitês de Bacia Hidrográfica no Brasil...................................................................................................................................................144

FIGURA 2.3.2.2 - Principais Características e Ações Realizadas pelos Comitês Interestaduais no Ano de 2010..................................................................................................................................145

FIGURA 2.3.2.3 - Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos............................146

FIGURA 3.2.2.1 - Limites da Área de Planejamento - AP4 e da Bacia de Jacarepaguá.......................................................................................................................................211

FIGURA 3.2.2.2 – Mapa 1 do Município do Rio de Janeiro - Divisões Administrativas até 2008.....................................................................................................................................................212

FIGURA 3.2.2.3 – Mapa 2 do Município do Rio de Janeiro – Divisões Administrativas - Plano Diretor de 2011...................................................................................................................................213

FIGURA 3.2.2.4 – Mapa 3 do Município do Rio de Janeiro – Divisão em 12 Regiões de Planos Estratégicos Regionais.....................................................................................................................213

FIGURA 3.2.2.5 – Mapa 4 do Município do Rio de Janeiro – Divisão em 4 Macro-zonas de Ocupação Urbana..............................................................................................................................214

FIGURA 3.2.2.6 – Mapa 5 do Município do Rio de Janeiro – Divisão em Bacias e Sub-bacias Hidrográficas......................................................................................................................................215

FIGURA 3.3.1 - Mapa de Densidades Construídas por Quadras do Município do Rio de Janeiro – 2000..................................................................................................................................................234

FIGURA 3.3.2 - Densidade Construída por Quadras......................................................................235

FIGURA 3.3.3 – Intervalos dos Valores de IAT Utilizados.............................................................235

FIGURA 3.3.4 – Mapa do Município do Rio de Janeiro com os Índices de Aproveitamento do Terreno – IAT nas áreas passíveis de outorga onerosa no Plano Diretor – Substitutivo Nº3/2006..............................................................................................................................................237

FIGURA 3.3.5 – Mapa do Município do Rio de Janeiro com os Índices de Aproveitamento do Terreno – IAT nas áreas passíveis de outorga onerosa no Plano Diretor – LC 111/2011..............................................................................................................................................237

FIGURA 3.3.6 – Mapa do Município do Rio de Janeiro com os Índices de Aproveitamento do Terreno – IAT máximos permitidos no Decreto 322/76..................................................................238

FIGURA 3.3.7 – Mapa do Município do Rio de Janeiro com os Índices de Aproveitamento do Terreno – AT máximos permitidos no Plano Diretor – LC 16/1992...............................................238

FIGURA 3.3.8 – Mapa do Município do Rio de Janeiro com os Índices de Aproveitamento do Terreno – IAT máximos permitidos no Plano Diretor–Substitutivo Nº3/2006..............................239

FIGURA 3.3.9 – Mapa do Município do Rio de Janeiro com os Índices de Aproveitamento do Terreno – IAT máximos permitidos no Plano Diretor–– LC 111/2011...........................................239

FIGURA 3.4.1 - Planta de Localização dos Terrenos 1 e 2 do Estudo de Caso...........................242

FIGURA 3.5.4.1 - Jardins Suspensos e Telhados Verdes: Exemplos...........................................260

FIGURA 4.1 – Processo de Construção do IOS-BH........................................................................264

FIGURA 4.2 – Constituição Teórica do IOS-BH..............................................................................268

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FIGURA 4.3 – Constituição Empírica do IOS-BH............................................................................272

LISTA DE QUADROS QUADRO 1.1.1.1 – Pesquisa por Palavras-Chave............................................................................35

QUADRO 1.2.2.1 – Atos Normativos..................................................................................................63

QUADRO 2.1.1.1 – Comparação de Expectativas.............................................................................82

QUADRO 2.1.1.2 – Desenvolvimento Sustentável – Síntese Histórica...........................................85

QUADRO 2.2.2.1 – Definições de Indicadores: Síntese.................................................................100

QUADRO 2.2.2.2 – Indicadores e Sistemas de Indicadores de Sustentabilidade: Vantagens e Limites................................................................................................................................................103

QUADRO 2.2.3.1 – Indicadores Aplicados à Sustentabilidade e Sustentabilidade Urbana: Exemplos............................................................................................................................................112

QUADRO 2.2.3.2 – Contribuições à Sustentabilidade e Sustentabilidade Urbana: Iniciativas...........................................................................................................................................120

QUADRO 2.2.3.3 - Iniciativas de Selos Ecológicos no Mundo......................................................123

QUADRO 2.3.1.1 – A Água e o Desenvolvimento Sustentável – Principais Eventos..................135

QUADRO 2.3.1.2 - Síntese do Sistema de Gestão da Água na Europa........................................139

QUADRO 2.3.1.3 – Rede Internacional de Organizações de Bacias Hidrográficas – Principais Eventos...............................................................................................................................................140

QUADRO 2.3.1.4 - Sistema de Gestão da Água na América Latina (Síntese)..............................141

QUADRO 2.4.2.1 – Principais Instrumentos de Regulação Urbana no Brasil..............................165

QUADRO 2.4.2.2 – Relação dos Principais Instrumentos de Planejamento................................171

QUADRO 2.4.2.3 – Disponibilidade dos Instrumentos de Planejamento nos Municípios Brasileiros em 2001...........................................................................................................................172

QUADRO 3.1.1 - Rio de Janeiro: Expansões e Intervenções........................................................190

QUADRO 3.2.1.1 – Constituição Federal de 1988: Aspectos de Recursos Hídricos, Urbanos e Ambientais.........................................................................................................................................192

QUADRO 3.2.1.2 – Interface dos Aspectos de Recursos Hídricos (RH), Urbanos (URB) e Ambientais (MA) com a Legislação Federal....................................................................................194

QUADRO 3.2.1.3 – Interface dos Aspectos de Recursos Hídricos (RH), Urbanos (URB) e Ambientais (MA) com a Legislação Estadual.................................................................................201

QUADRO 3.2.1.4 – Interface dos Aspectos de Recursos Hídricos, Urbanos e Ambientais na Lei Orgânica e no Plano Diretor do Município do Rio de Janeiro.......................................................208

QUADRO 3.2.2.1 – Principal Legislação de Uso do Solo – Rio de Janeiro..................................217

QUADRO 3.2.2.2 – Legislação que Altera o Decreto 322 de 03/03/1976 – Regulamento do Zoneamento do Município do Rio de Janeiro.................................................................................219

QUADRO 3.2.2.3 – Legislação de Uso do Solo Aplicada à Barra da Tijuca – RJ........................221

QUADRO 3.2.2.4 – Legislação de Uso do Solo Aplicada à Copacabana – RJ.............................224

QUADRO 3.2.2.5 – Legislação de Uso do Solo Aplicada à Lagoa- RJ..........................................226

QUADRO 3.3.1 - Proposições para Alteração de Gabaritos..........................................................229

QUADRO 3.3.2 - Proposições para Sustar Operações Interligadas.............................................232

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QUADRO 3.4.1 – Características dos Terrenos 1 e 2 do Estudo de Caso...................................242

QUADRO 3.4.2 – Parâmetros no Decreto 3.046 de 27.04.1981(Subzona A–18)...........................243

QUADRO 3.4.3 - Parâmetros no Decreto 11.990 de 24.03.1993 – ZOC 1......................................243

QUADRO 3.4.4 - Estudo Comparativo de Viabilidades de Ocupação dos Terrenos 1 e 2 do Estudo de Caso..................................................................................................................................244

QUADRO 3.5.2.1- Taxas de Impactação em Bacias Baseadas em Superfícies Impermeabilizadas.............................................................................................................................247

QUADRO 3.5.2.2 – Parâmetros do IOS-BH......................................................................................252

QUADRO 3.5.3.1 – Aplicação do IOS-BH.........................................................................................254

LISTA DE SIGLAS A-BH - Área da Bacia ou Sub-Bacia Hidrográfica

AEI - Áreas de Especial Interesse

AEIT - Área de Especial Interesse Turístico

ALERJ – Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro

ANA – Agência Nacional das Águas

APA - Área de Proteção Ambiental

APAC – Área de Proteção do Ambiente Cultural

APARU - Área de Proteção Ambiental e Recuperação Urbana

APA – Área de Proteção Ambiental

APP - Área de Preservação Permanente

AP - Área de Planejamento

AT - Área do Terreno

ATE - Área Total Edificada

AV – Área Verde ou Livre

BAWB - Business as an Agent of World Benefit

BCN – Balanço Contábil das Nações

BCV - Bogotá Cómo Vamos

BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento

BIP 40 - Baromêtre des Inegalités et de la Pauvreté

BIRD – Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento - Banco Mundial

BIRD – Banco Mundial

BNH - Banco Nacional da Habitação

BS - Barometer of Sustainability ou Barômetro da Sustentabilidade

CB - Centro de Bairro

CDS-ONU - Comissão de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas

CEBDS - Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável

CECA – Comissão Estadual de Controle Ambiental

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CEEIBH - Comitê Especial de Estudos Integrados de Bacias Hidrográficas

CEEIVAP - Comitê Executivo de Estudos Integrados do Paraíba do Sul

CEIVAP - Comitê de Integração do Rio Paraíba do Sul

CEPAL - Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe

CERES - Coalition for Environmentally Responsible Economies

CERN – Conselho Estadual de Recursos Hídricos

CEROI - Cities Environment Reports on the Internet

CGQUA - Coordenação Geral de Controle e Qualidade Ambiental

CIESP - Centro das Indústrias do Estado de São Paulo

CIPAM - Comitê de Integração de Políticas Ambientais

CMMAD – Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento.

CMPEPS - La Commission sur la Mesure des Performances Économiques et du Progrès Social

CMRJ - Câmara Municipal do Rio de Janeiro

CNDU- Conselho Nacional de Desenvolvimento Urbano

CNPU - Comissão Nacional das Regiões Metropolitanas Política Urbana

CNRH - Conselho Nacional de Recursos Hídricos

COMPUR - Conselho de Política Urbana

CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente

CRU - Coordenadoria de Regularização Urbanística

CSI - Center for Sustainable Innovation

CSN - Chesapeake Stormwater Network

CWA - Clean Water Act

DDUBI – Desenho e Desenvolvimento Urbano de Baixo Impacto

DIQUA – Diretoria de Qualidade Ambiental

DJSI - Dow Jones Sustainability Index

DMA/FIESP – Departamento de Meio Ambiente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo

DPSIR - driving–force–pressures–state–impact–responses

DS – Dashboard of Sustainability ou Painel de Sustentabilidade

DSR - driving-force–stress–response

ECO92 (ou RIO92) - Conferência Mundial Sobre Ecologia e Desenvolvimento de 1992

EEA - European Environment Agency

EF – Ecological Footprint

EIA - Estudo de Impacto Ambiental

EPI – Environmental Performance Index

ESI – Environmental Sustainability Index

EVI – Environmental Vulnerability Index

FAIR - Forúm Pour d’Autres Indicateurs de Richesse

FDM – Fondation Danielle Mitterrand

FEA/USP - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo

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FECAM - Fundo Especial de Controle Ambiental

FEEMA - Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente

FGV – Fundação Getúlio Vargas

FIB – Felicidade Interna Bruta

FIEP – Federação das Indústrias do Estado do Paraná

FIOCRUZ - Fundação Oswaldo Cruz

FLONAS - Florestas Nacionais

FNDF - Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal

Funbio – Fundo Brasileiro para a Biodiversidade

FUNDRHI - Fundo Estadual de Recursos Hídricos

GEO – Global Environmental Outlook

GFAL - Global Forum América Latina

GHG – Greenhouse Gas

GNH – Gross National Happiness

GOE - Gerência de Operações Especiais

GPI - Genuine Progress Indicator

GRI - Global Reporting Initiative

GS – Genuine Savings

GSI – Genuine Saving Indicator

HDI - Human Development Index

HPI – Happy Planet Index

IAA – Índice de Aproveitamento da Área

IAT – Índice de Aproveitamento do Terreno

IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

IBASE - Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas

IBES – Índice de Bem-Estar Econômico Sustentável

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICA – Indicadores de Condição Ambiental da Indústria

ICLEI - International Council for Local Environmental Initiatives

ICONS - Conferência Internacional de Indicadores de Desenvolvimento Sustentável e Qualidade de Vida

IDA – Indicadores de Desempenho Ambiental da Indústria

IDG – Indicadores de Desempenho de Gestão

IDG – Índice de Desenvolvimento Ajustado ao Gênero

IDH – Índice de Desenvolvimento Humano

IDH Ambiental – Índice de Desenvolvimento Humano Ambiental

IDH-M - Índice de Desenvolvimento Humano Municipal

IDO - Indicadores de Desempenho Operacionais

IDRC – The International Development Research Centre

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IDS - Indicadores de Desenvolvimento Sustentável

IE - Instituto de Economia

IEF – Instituto Estadual de Florestas

IEWB – Index of Economic Well-Being

IISD - International Institute for Sustainable Development (Instituto de Desenvolvimento Sustentável)

INBO - International Network of Basin Organizations

INEA - Instituto Estadual do Ambiente

IOS-BH - Indicador de Ocupação Sustentável da Bacia Hidrográfica

IPCY - Instituto de Pesquisas da Civilização Yoko

IPD - Instituto Paraná Desenvolvimento

IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

IPEN/USP - Instituto de Pesquisas em Energia Nuclear da Universidade de São Paulo

IPG – Indicador de Progresso Genuíno

IPH - Índice de Pobreza Humana

IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

IPLANRIO - Instituto Municipal de Informática

IPP - Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos

IPPUR/ UFRJ - Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro

IPRS – Índice Paulista de Responsabilidade Social

IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo

IQM - Índice de Qualidade dos Municípios

IQM-C - Índice de Qualidade dos Municípios – Carências

IQM-SF - Índice de Qualidade dos Municípios -Sustentabilidade Fiscal

IQM-V - Índice de Qualidade dos Municípios - Verde

ISA - Índice de Sustentabilidade Ambiental

ISA – UTL - Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa

ISE - Índice de Sustentabilidade Empresarial

ISEA - Institute of Social and Ethical Accountability

ISEW - Index of Sustainable Economic Welfare

ISH – Index Social Health

IUCN - The World Conservation Union

IUNC - International Union for Conservation of Nature and Natural Resources

LC – Lei Complementar

LID - Low Impact Development

LIUDD – Low Impact Urban Design and Development

LOM – Lei Orgânica do Município do Rio de Janeiro

LPI – Living Planet Index ou Índice Planeta Vivo

LUOS - Lei de Uso e Ocupação do Solo

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MDGs - Metas de Desenvolvimento do Milênio

MDL – Mecanismo de Desenvolvimento Limpo

MEP – Monitoring Environmental Progress

MEW – Measured Economic Welfare

MEWS – Medida de Bem-Estar Econômico Sustentável

MMA – Ministério do Meio Ambiente

MPG – Medida de Participação segundo o Gênero

MPV – Medida Provisória

MUNIC - Pesquisa de Informações Básicas Municipais

NEF – New Economics Foundation

NEPO - Núcleo Estudos de População

NEPP – Núcleo de Estudos de Políticas Públicas

NPDES - National Pollutant Discharge Elimination System

NRTTE – National Round Table on the Environment and Economy

OECD – Organization for Economic Co-Operation and Development

OMS - Organização Mundial de Saúde

OMVS/SOGED – Organisation pour la Mise en Valeur du Fleve Sénégal / Société de Gestion et d’Exploitation du Barrage de Diama

ONU – Organização das Nações Unidas

ORBIS – Observatório Regional Base de Indicadores de Sustentabilidade

PAA – Projeto Aprovado de Alinhamento

PADES - Pólos de Atração de Investimentos e Desenvolvimento Sustentável

PAL – Projeto Aprovado de Loteamento

PA – Projeto de Alinhamento

PCRJ – Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro

PDL – Projetos de Decreto Legislativo

PEAMB/UERJ - Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental da Faculdade de Engenharia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro

PER – pressão-estado-resposta

PEU – Projeto de Estruturação Urbana

PIB - Produto Interno Bruto

PL – Projeto de Lei

PLANASA - Plano Nacional de Saneamento

PLC - Projeto de Lei Complementar

PMCMV - Programa Minha Casa, Minha Vida

PMSP – Prefeitura Municipal de São Paulo

PNF - Programa Nacional de Florestas

PNRH - Política Nacional de Recursos Hídricos

PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

POCON - Programa de Auto-controle

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PPGICS – Programa de Pós-Graduação em Informação, Comunicação e Saúde da FIOCRUZ

PPP - Parceria Público-Privada

PROCAM/USP - Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental da Universidade de São Paulo

PRODES - Programa de Despoluição de Bacias Hidrográficas

PROPAR - Programa Estadual de Parcerias Público-Privadas

PSR - pressure–state–response

PUBRIO - Plano Urbanístico Básico da Cidade do Rio de Janeiro

RAMME - Regulamento de Assentamento de Máquinas, Motores e Equipamentos

RA - Região Administrativa

RCE – Regulamento de Construções e Edificações

RCI – Responsible Competitiveness Index

RESEAUX ACCT – Redes da Associação Canadense para a Comercialização de Tecnologias RIMA – Relatório de Impacto Ambiental

RIO+10 - Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável

RIOURBE - Empresa Municipal de Urbanização

RLF - Regulamento de Licenciamento e Fiscalização

RPT – Regulamento de Parcelamento da Terra

RSE - Indicadores Ethos de Responsabilidade Social Empresarial

RZ – Regulamento de Zoneamento

SMO - Secretaria Municipal de Obras

SADEC - Southern African Development Community

SDC - Sustainable Development Commission

SEA - Secretaria de Estado do Ambiente

Fundação SEADE – Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados

SEAE - Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos

SEMA - Secretaria Especial de Meio Ambiente

SEPA - Scottish Environment Protection Agency

SERFHAU - Serviço Federal de Habitação e Urbanismo

SERLA - Fundação Superintendência Estadual de Rios e Lagoas

SESI - Serviço Social da Indústria

SF – Social Footprint

SFB - Serviço Florestal Brasileiro

SIMARH - Sistema de Monitoramento Ambiental e dos Recursos Naturais por Satélite

SISNAMA - Sistema Nacional do Meio Ambiente

SMAC - Secretaria Extraordinária de Meio Ambiente

SMH - Secretaria Municipal de Habitação

SMU - Secretaria Municipal de Urbanismo

SNGRH - Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos

SOPAC - Comissão de Geociência Aplicada do Pacífico Sul

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SRH – Secretaria de Recursos Hídricos

SUDS - Sustainable Urban Drainage Systems

SVMA - Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente Prefeitura do Município de São Paulo

TI – Taxa de Impermeabilização do Solo

TNC – The Nature Conservancy

TO – Taxa de Ocupação

TVA -Tennessee Valley Authority

UC - Unidade de Conservação

UEPs – Unidades Especiais de Planejamento

UK – United Kingdom Government

UNCED - Conferência da ONU em Meio Ambiente e Desenvolvimento

UNCSD - United Nations Conference on Sustainable Development

UNDP - United Nations Development Programme

DEMSD/DDSMS – Division for Environment Management and Social Development of the United Nations Department for Development Support and Management Services

UNEP – United Nations Environment Programme

UNESCO - United Nations Educational Scientific and Cultural Organization

UNICAMP – Universidade de Campinas

USP- Universidade de São Paulo

WB - Word Bank

WBCSD - World Business Council for Sustainable Development

WN – The Well-Being of Nations

WSUD - Water Sensitive Urban Design

WWAP– World Water Assessment Programme

WWDR - Water Sensitive Design and Development Techniques

WWF - World Wildlife Fund

ZCVS - Zona de Conservação da Vida Silvestre

ZE – Zona Especial

ZEE - Zoneamento Ecológico-Econômico

ZOC – Zona de Ocupação Condicionada

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO .................................................................................................... 20

CAPÍTULO 1. APORTE TEÓRICO E METODOLÓGICO ......................................... 23

1.1. PRÓLOGO .......................................................................................................... 23

1.2. SISTEMATIZAÇÃO CONCEITUAL .................................................................... 44

1.2.1. Principais Questões ..................................................................................... .47

1.2.2. Palavras-Chave mais Utilizadas ................................................................... 54

1.3. TRÍADES TEÓRICAS ......................................................................................... 64

1.4. INTERAÇÃO DIALÉTICA: APLICAÇÃO E PROCESSO .................................... 67

1.4.1. Bacias Hidrográficas como Espaço Social ................................................. 67

1.4.2. Indicadores na Legislação Urbanística: Movimentos ................................ 73

1.4.2.1. Quantidade e Qualidade. .............................................................................. 73

1.4.2.2. Termo Médio. ............................................................................................... 73

1.4.2.3. Superação .................................................................................................... 73

1.5. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA .............................................................. .....77

CAPÍTULO 2. SUSTENTABILIDADE: FORMULAÇÕES E FERRAMENTAS ......... 81

2.1. SUSTENTABILIDADE ........................................................................................ 81

2.1.1. Antecedentes ao Conceito de Sustentabilidade ......................................... 81

2.1.2. Evolução do Conceito ................................................................................... 86

2.2. INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE ........................................................ 94

2.2.1. Introdução ...................................................................................................... 94

2.2.2. Principais Aspectos, Características e Limites dos Indicadores .............. 99

2.2.3. Histórico dos Indicadores .......................................................................... 104

2.3. SUSTENTABILIDADE URBANA: A BACIA HIDROGRÁFICA COMO UNIDADE

DE GESTÃO ............................................................................................................ 126

2.3.1. Contexto Internacional ................................................................................ 135

2.3.2. Contexto Brasileiro ..................................................................................... 142

2.4. OCUPAÇÃO URBANA: PROCESSOS E INSTRUMENTOS ............................ 153

2.4.1. Intervenções na Cidade Capitalista ........................................................... 153

2.4.2. Recursos do Planejamento Urbano ........................................................... 159

2.5. REFLEXÕES E TENSÕES ............................................................................... 173

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CAPÍTULO 3. CONTEXTO DA LEGISLAÇÃO URBANÍSTICA CARIOCA E CONTRIBUIÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DO IOS-BH ............................. 176

3.1. RIO DE JANEIRO: EXPANSÕES E INTERVENÇÕES ..................................... 176

3.2. ARCABOUÇO JURÍDICO URBANÍSTICO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO 191

3.2.1. Interfaces dos Aspectos de Recursos Hídricos, Urbanos e Ambientais 192

3.2.2. Legislação de Uso do Solo do Rio de Janeiro .......................................... 210

3.3. INDICADORES NA LEGISLAÇÃO URBANÍSTICA DO RIO DE JANEIRO ....... 228

3.4. ALTERAÇÕES NA LEGISLAÇÃO URBANÍSTICA: CASO DE ESTUDO NA

BARRA DA TIJUCA – RIO DE JANEIRO ................................................................. 241

3.5. MEDIAÇÃO E SUPERAÇÃO: IOS-BH .............................................................. 245

3.5.1. Formulação .................................................................................................. 245

3.5.2. Composição ................................................................................................. 246

3.5.3. Aplicação ..................................................................................................... 253

3.5.4. Discussão .................................................................................................... 255

CAPÍTULO 4. A MODO DE CONCLUSÃO: ASSIM CAMINHA A SUSTENTABILIDADE? .......................................................................................... 261

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 277

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APRESENTAÇÃO

Em favor da memória dos meus entes queridos e da de tantos outros

imigrantes, desbravadores e guerreiros que, silenciosamente ou não, têm construído

e sonhado nossas cidades, registro algumas indignações e motivações para o

presente estudo.

A chácara de propriedade da nossa família, nos arredores do Rio, como todas

as outras, já foi loteada há bastante tempo. O riacho ao fundo, agora é uma vala

fétida de escoamento de esgoto, cercada por favela. À direita construíram um

viaduto, hoje ocupado em baixo por moradores de rua. O casarão foi transformado

parcialmente em cortiço e em oficina mecânica, o restante está em ruínas. O bairro

não é mais exclusivamente residencial. A chácara, próxima à outra propriedade

nossa (um agradável sobrado ao estilo da arquitetura eclético, também hoje

completamente descaracterizado), onde comprávamos leite de cabra para o meu

irmão, é atualmente uma “comunidade”, mais uma região de violência e conflitos,

alvo de tentativas “pacificadoras”. As calçadas, palcos das nossas brincadeiras e das

conversas de fim de tarde, passeios de bicicleta nas noites de verão, assistem

impotentes e desertas, ao seu emparedamento cada vez mais alto e mais eficaz na

separação entre a casa e a rua. O pequeno comércio de bairro deu lugar a um

imenso e seguro shopping center igual ao de tantas metrópoles.

Metrópole, pois é: o Rio se tornou uma grande metrópole, no entendimento de

alguns autores, ou megalópole como preferem outros. O centro da cidade, e também

os antigos bairros são cada vez mais transformados, adensados, super povoados,

em tapetes pavimentados, em prejuízo das áreas verdes e da população mais pobre.

As contradições urbanas são mais evidentes e acirradas, tanto no acesso aos

serviços de infra-estrutura, como nas conseqüências das formas de ocupação e

apropriação da cidade. As inundações são constantes, o calor aumenta, as

construções se somam, se multiplicam. A legislação urbanística já mudou tanto!

Vários Projetos Aprovados de Alinhamento (PAAs), Projetos Aprovados de

Loteamentos (PALs), Projetos de Estruturação Urbana (PEUs), decretos e leis,

alteram e são alterados. Os parâmetros, os índices, taxas, indicadores são

cotidianamente metamorfoseados, qualitativa e quantitativamente, objetos de

emendas e mais emendas à legislação urbanística. Esta, uma colcha de retalhos

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urbanos que vão sendo costurados, recortados, substituídos, reformados, enfim,

segundo uma lógica complexa que atende a interesses, muitas vezes, velados.

Tantos projetos de intervenção urbana já foram realizados como alvos do

planejamento racional-funcionalista, do estratégico e quem sabe de quantos outros

que se foram e ainda virão. Tudo isto corre, a reboque e sem êxito para a maioria da

população, na tentativa de resolver ou melhorar os inúmeros e crescentes problemas

urbanos contemporâneos. Alguns autores falam da crise, do fim do modernismo, do

capitalismo, outros acreditam que estamos na era pós-moderna, pós-capitalista, ou

que se anuncia um novo tempo e, portanto novas cidades, novos parâmetros. A

busca da qualidade de vida e do desenvolvimento sustentável tem sido objeto de

preocupação de muitos e este é, ainda, acredito um terreno pouco explorado ou

entendido, principalmente se relacionado ao território, à cidade.

A atividade profissional de arquiteta e urbanista e, em especial na assessoria

técnica à Comissão de Assuntos Urbanos da Câmara Municipal do Rio de Janeiro,

realizada desde o ano 2001, me permitiu estranhar cada vez mais estas formas de

desenvolvimento das cidades e isto que chamamos de processo de planejamento

urbano.

Neste cenário, questiono especialmente os parâmetros na legislação

urbanística do Rio de Janeiro (alguns, em especial a taxa de impermeabilização do

solo, já objetos de estudo no meu mestrado), cidade exemplarmente rica e complexa

por seus atributos naturais, urbanísticos e sociais. Considero prioritariamente o

período a partir de 1992, quando se intensifica o debate acerca da sustentabilidade,

com a Conferência Mundial Sobre Ecologia e Desenvolvimento de 1992 - ECO92.

Inicia-se neste ano também a implantação do modelo estratégico de planejamento,

paralelamente à aprovação do Plano Diretor Decenal da cidade, aos moldes

funcionalistas. Procuro refletir sobre a forma de relacionamento dos indicadores com

as formas de planejar, com a unidade de planejamento, se guardam

correspondência direta com estas áreas, com as bacias hidrográficas, por exemplo.

Como podem ou se podem traduzir a tensão dialética entre o todo (a bacia

hidrográfica) e as partes (as zonas). Pretendo verificar de que forma eles são

calculados, como têm sido modificados e de que maneira têm servido aos diversos

tipos de planejamento urbano e aos interesses envolvidos. Que caminhos ou

descaminhos para a sustentabilidade urbana podem apontar?

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Imbuída então da expectativa de resgatar alguns dos esforços para a

recuperação da qualidade de vida da nossa cidade e, também poder incentivar

nossos filhos e netos na construção de cidades que não só sustentem, mas que

dignifiquem o homem e a sua Natureza, me coloco o desafio da “Contribuição para o

desenvolvimento de indicador de ocupação sustentável da bacia hidrográfica (IOS-

BH)” aplicado na legislação urbanística.

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CAPÍTULO 1. APORTE TEÓRICO E METODOLÓGICO

1.1. PRÓLOGO

No processo de formação e desenvolvimento das grandes concentrações

urbanas, um dos elementos identificadores da realidade atual, tem sido o

agravamento progressivo dos impactos ambientais, sobretudo nos recursos hídricos.

O aumento do nível de assoreamento dos rios e canais, da poluição industrial e

ambiental e da impermeabilização do solo urbano tem ocasionado como efeito direto

ou indireto, quando da ocorrência de chuvas, inundações recorrentes e cada vez

mais intensas no meio urbano1. A situação atual de degradação das bacias

hidrográficas urbanas, especialmente nas grandes metrópoles e, a crescente

necessidade de alternativas viáveis ao crescimento urbano de forma sustentável,

concentra a atenção de diversos estudos contemporâneos.

Entretanto, esta preocupação com o ambiente urbano e problemas decorrentes

do processo de urbanização2 já se manifestavam desde a Revolução Industrial, ao

final do século XVIII, quando o crescente processo de aceleração da urbanização

das cidades, como Londres e Paris e o agravamento das suas condições de

salubridade levaram à busca de controle e soluções para estas questões. O

urbanismo e diversas leis surgiram então, inicialmente na Alemanha, Inglaterra,

França e países da Europa, seguidos pelos norte-americanos e brasileiros, com

ênfase no saneamento. Identificam-se nesta fase pós Revolução Industrial, no pré–

urbanismo, a coexistência de principalmente três abordagens: a cidade sem modelo

entendida como local das contradições econômicas e sociais acentuadas pela

separação da cidade e campo, de acordo com Engels (1845) e posteriormente Marx

1 HALL (1984) ressalta que o aumento da impermeabilização do solo reduz as taxas de infiltração, as taxas de recarga para os aqüíferos e o escoamento básico. O escoamento superficial é intensificado, aumentando a velocidade e, a freqüência e magnitude dos picos de cheia, levando ocasionalmente às enchentes. O aumento da população contribui para o crescimento da demanda dos recursos hídricos e para o aumento dos volumes de efluentes e de resíduos sólidos. A mudança do uso do solo afeta a movimentação do ar, aumentando a transferência de calor para a atmosfera. Ainda, os depósitos de resíduos sólidos contribuem na emissão de gases do efeito estufa. Esses fatores conjugados tendem a produzir temperaturas mais altas, favorecendo a maior ocorrência de chuvas convectivas, freqüentemente associadas às enchentes urbanas. A interação entre processos físicos que ocorrem na superfície e na atmosfera pode levar ainda a mudanças na distribuição e disponibilidade dos recursos hídricos. 2 O processo de ocupação das cidades foi abordado especialmente no item 2.4 e, no item 3.1, encontra-se relacionado ao Rio de Janeiro.

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(1867); os ideais utópicos de cidade segundo os modelos: progressista e culturalista3

e; o urbanismo sanitarista ou reformista de Haussmann (FREITAG, 2006; CHOAY,

1979).

Marcando uma nova etapa na discussão das condições de vida nas cidades, já

no final do século XIX, especialistas, em geral engenheiros, passaram a uma maior

aplicação prática do urbanismo, assim denominado a partir de então. As correntes

pré-urbanistas inspiraram novas versões agora mais propriamente urbanísticas.

O modelo culturalista, seguindo os princípios ideológicos de seu precursor vai

conceber a cidade priorizando a totalidade e o aspecto cultural em detrimento do

individual e do material e, a sua inserção em limites precisos inclusive utilizando

cinturões verdes4. Sob a influência de modelos das cidades medievais, privilegia as

classes operárias e a residência do trabalhador, buscando solução para os

problemas que a organização, produção e poluição da sociedade industrial criavam.

A cidade jardim5, que antecipava uma preocupação ecológica e social, fez escola na

Inglaterra e na Europa6 e se mostrou então como a forma urbana adequada para

resolver boa parte destes problemas (FREITAG, 2006).

Em prosseguimento ao ideário dos seus antecessores e, com inspiração

também nas reformas “haussmanneanas”, no século XX7 se apresentaria o modelo

3 Destacaram-se como pré-urbanistas progressistas: Owen, Fourier, Richardson, Cabet, Proudhon e como defensores do pré-urbanismo culturalista encontram-se principalmente Ruskin e William Morris (CHOAY, 1979). 4 Este modelo encontrou como adeptos: Camillo Sitte, urbanista austríaco que publicou Der Stadtebau (1889), Ebenezer Howard, “o pai da cidade-jardim” (1902) e, Raymond Unwin, arquiteto que realizou com Barry Parker, a primeira “garden-city” inglesa (1907) (CHOAY, 1979). 5 Esta forma urbana inspirou, no Brasil, os loteamentos “cidade-jardim” que nos anos 50 vão fornecer o padrão na norma municipal para as zonas estritamente residenciais, um instrumento das elites buscando preservar a vizinhança e o valor dos imóveis. Posteriormente, o zoneamento foi se aperfeiçoando, mas seguindo principalmente as tendências de uso e valorização do solo, de especulação com os investimentos públicos e a proteção de áreas nobres. Já na década de 1970, a tônica do zoneamento passa a ser mais a regulação da verticalização do que a compatibilização dos usos (SOUZA, 1994). 6 Howard (1850 a 1928) e a cidade-jardim influenciaram os colegas ingleses, americanos, da Escola de Chicago e também Mumford (FREITAG, 2006). 7 Cabe lembrar aqui o fenômeno City Beautiful,que se manifestou por todo um período de quarenta anos, principalmente ao final do século XIX e início do século XX ,dentro de uma grande variedade de diferentes circunstâncias econômicas, sociais, políticas e culturais: como serviçal do capitalismo financeiro, como agente do imperialismo, como instrumento do totalitarismo pessoal, tanto de direita quanto de esquerda, até onde possam esses rótulos ter algum significado. Constituía-se na total concentração no monumental e no superficial, na arquitetura como símbolo de poder; e, por conseguinte, numa quase absoluta falta de interesse pelos objetivos sociais mais amplos do planejamento urbano. É planejamento de ostentação, arquitetura como teatro, projeto para causar impacto (HALL, 2005).

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progressista em nova versão, caracterizada como urbanismo racionalista,

concebendo cidades em soluções plásticas e utilitárias. Este pensamento se

consolidaria após 1928, com a sua divulgação nos CIAM (Congressos Internacionais

de Arquitetura Moderna), especialmente a partir da Carta de Atenas (documento

resultante do Congresso de 1933)8 que definia a modernidade como idéia-chave do

urbanismo progressista ou funcionalista, como passou também a ser nomeado.

O urbanismo funcionalista não considerava a existência de diferenças de

classes sociais nem as contradições capitalistas que se espelhavam nos espaços

urbanos, atribuindo a responsabilidade pelo crescimento e pela problemática das

cidades a interesses particulares associados à displicência do poder público. Por

tudo isto, o mesmo plano de cidade eficaz, estética, saudável e higiênica,

estratificada em zonas estanques, onde a geometria se torna o ponto de encontro

entre o belo e o verdadeiro, poderia servir para a França, Japão, Estados Unidos,

Rio de Janeiro e Argel (ABIKO et al., 1995; CHOAY, 1979).

Longe de equacionar as questões urbanas cada vez mais complexas, o

urbanismo progressista foi alvo de diversas críticas, já a partir da década de 40,

especialmente por sociólogos, historiadores, economistas, juristas e psicólogos.

Patrick Geddes (1854 a 1932), já a partir de 1900 defendia a pesquisa antes do

planejamento, levantamentos históricos do lugar e de suas populações, estudos

sociológicos da região, bacia, comunidade urbana, levantamento de dados com

informações geológicas, geográficas, sociológicas e culturais. Geddes (1904 e 1994)

inspirou diversos estudiosos, nos anos 20, membros fundadores da Regional

Planning Association of America e outros posteriormente9. Seu discípulo Lewis

Mumford (1945 e 1998) procurou resgatar a tradição cultural, o papel da

continuidade histórica, social, psicológica e geográfica no planejamento das cidades,

subordinadas à região, desenvolvendo-se em harmonia e com base nos seus

próprios recursos naturais, em contrapartida aos modelos progressistas10. Em

8 Este documento agrupava as idéias de Gropius, Le Corbusier, Rietveld, Van Eesteren, Lucio Costa e Neutra entre outros (CHOAY, 1979; FREITAG, 2006). 9 Relaciona-se, particularmente no item 2.3, a influência de Patrick Geddes no planejamento urbano e regional, em especial no que se refere à adoção da bacia hidrográfica como unidade de planejamento. 10 É realmente surpreendente o fato de que muitas das primitivas visões do movimento urbanístico tenham como origem o movimento anarquista que floresceu nas últimas décadas do século XIX e nos primeiros anos do século XX. Isso vale para Howard, para Geddes e para a Regional Planning Association of America, tanto quanto para os seus muitos derivados no continente europeu. Não

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relação à percepção visual da cidade pelos seus usuários, Kevin Linch (1960) (EUA)

discute a importância das especificidades e legibilidade do espaço urbano, ausentes

nos projetos progressistas em que as cidades são como obras de arte, de difícil

estruturação visual, sem riqueza de imagens, nem pontos de referência e limites,

sem variedades dos significantes que a compõem (FERRARI, 1979; HALL, 2005;

FREITAG, 2006). Das críticas ao Funcionalismo, sob o aspecto da higiene mental,

da necessidade de se valorizar a cidade enquanto local de diversidade,

heterogeneidade (arquitetural, funcional e demográfica), vitalidade e o espaço

público como local de comunhão urbana, vale destacar Jane Jacobs (2001), pela

difusão de seus trabalhos e desdobramento prático em planos de remodelação

urbana nos Estados Unidos11 (CHOAY, 1979; DEL RIO, 1990).

Nos anos 60, principalmente nos países europeus e nos Estados Unidos,

ocorreram diversas manifestações públicas e protestos quanto às práticas do

urbanismo e em relação ao ambiente urbano que vinha sendo produzido,

especialmente no que diz respeito às propostas para as regiões centrais das cidades

degradadas ou destruídas pelos bombardeios da Segunda Grande Guerra Mundial.

Grandes intervenções do Poder Público ou por ele apoiadas, baseadas no ideário

funcionalista, iriam viabilizar o arrasamento de quarteirões inteiros (normalmente

regiões ocupadas por grupos desfavorecidos economicamente) buscando adequar

estas áreas às novas funções determinadas por planos e políticas de renovação e

intervenção urbana. Evidenciaram-se nesta época também movimentos em favor da

preservação do patrimônio histórico e do resgate aos valores tradicionais,

alternativos e populares desconsiderados pelo Modernismo ou Funcionalismo.

Na verdade já a partir da década de 50 se delineava um novo urbanismo,

principalmente nos países centrais. A questão social se colocou como uma questão

valeu, contudo, e quanto a isso não há qualquer dúvida, para Le Corbusier, que era um centralista autoritário, nem para a maioria dos componentes do Movimento City Beautiful, fiéis serviçais do capitalismo financeiro ou de ditadores totalitários (HALL, 2005). 11 Desde o início do processo de urbanização (século XIX), se apresentava no urbanismo americano uma forte corrente anti-urbana que em contraposição ao Modernismo, se cristalizou no modelo naturalista (organicista ou orgânico), fortemente utópico, propondo uma baixíssima densidade demográfica, de Frank Lloyd Wright (1932 e 1958 entre outros). Contemporaneamente destacam-se dentre diversos trabalhos originais os de Venturi (2004) inspirador do Pós-Moderno na arquitetura e no urbanismo, de Christopher Alexander (1964), arquiteto e matemático, utiliza análise combinatória em estudos analíticos de teoria urbanística e de Louis Kahn (1944), formado em arquitetura em 1926, desenvolve uma obra ímpar principalmente entre 1951 e 1974, de características muito pessoais, marcando a transição do Movimento Moderno para as correntes que lhe seguiram (CHOAY 1979; FERRARI, 1979).

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urbana fundamental e, o envolvimento estatal se definiu como necessário no

processo de planejamento da cidade. O Planejamento Regional e Urbano no pós-

guerra assumiria posição de destaque nos processos de reconstrução e

reestruturação física e econômica, buscando a garantia da consecução de objetivos.

Paris e Berlim, que mantiveram o centro vivo e reaproveitaram os espaços

destruídos pela guerra, resistindo ao planejamento progressista, inspiraram, mais

tarde, por volta da década de 1970, o novo modelo que busca o retorno à cidade

mista, o planejamento estratégico12. Revive-se a idéia de intervenção pontual

buscando a regeneração do todo.

O poder público passou a incentivar a criação de cursos de planejamento e

muitos arquitetos-urbanistas foram se formando planejadores urbanos, adotando

instrumentos das ciências sociais para a intervenção urbana, sem, entretanto

abandonar os preceitos do Modernismo. Tal dinâmica resultou em enfoques

generalizantes, sem vínculos diretos com a realidade, distanciando-se cada vez mais

as intervenções urbanas do cumprimento das necessidades da população.

Apesar disto, diversas teorias exerceram papel significativo nesta nova

abordagem, ampliando a discussão da questão urbana no planejamento. A

Antropologia Urbana se expressou especialmente nas contribuições de Oscar Lewis

(1969), Richard Hoggart (1957) e Lisa Peattie (1968) e a Sociologia Crítica fortaleceu

o papel da questão social na perspectiva urbana, servindo de base à planificação

governamental, e transformando o urbanismo numa atividade cada vez mais estatal.

Na década de 70, os sociólogos contemporâneos Henry Lefebvre (1991 e 2001a) e

Alain Touraine (1969) estudaram a transformação do espaço produzida pela

apropriação dos habitantes que o ocupam e influenciaram a nova geração de

sociólogos. Manuel Castells (1983) e Allain Lipietz (1985 e 1993), seguidos por Jean

Lojkine (1981) valorizaram a questão do Estado na discussão urbana e no

urbanismo como prática política. Lefebvre (1991, 2001 e 2008) inspirou também

geógrafos, arquitetos e urbanistas de tradição marxista entre os quais Topalov

(1979), Harvey (1996 e 2005) e Milton Santos (1993 e 1994) que absorveram seus

12 O conceito de Planejamento Estratégico, de origem na prática militar, foi assimilado como técnica gerencial - instrumento analítico e decisório – pelo meio empresarial a partir de meados do século XX. Posteriormente seu uso se estendeu à gestão pública e, desde os anos 70, começou a ser aplicado também no campo do planejamento e da gestão urbana, representando uma transposição dos conceitos do planejamento de empresas para o planejamento urbano.

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ensinamentos em programas habitacionais e propostas de planejamento regional

(DANTAS, 2001; FREITAG, 2006).

A discussão do planejamento urbano passa então, nos anos 70 e 80, a enfocar

críticas a teorias e ideologias, gerando debates conceituais e analíticos sobre as

relações entre a política urbana, o Estado e o desenvolvimento sócio-econômico.

Cresce a participação popular na gestão urbana. Os movimentos reivindicativos, já

iniciados anteriormente, foram alcançando conquistas na Europa e nos Estados

Unidos e posteriormente no Brasil, construindo a sua participação nos processos de

planejamento urbano. Em concomitância se inicia um maior questionamento quanto

às formas de desenvolvimento e progresso e, começam a criar vulto as questões

ecológicas e de defesa do meio ambiente.

Vale lembrar que nos anos 60, diversos técnicos e cientistas ligados ao tema

ambiental já discutiam mais sistematicamente a questão do desenvolvimento urbano

associada à questão ambiental, refletindo sobre as ações antrópicas negativas

impostas ao meio ambiente. A Conferência de Estocolmo, em 1972, foi um

importante avanço em termos de estratégias para um desenvolvimento sócio-

econômico equitativo, denominado desenvolvimento sustentável, em 1987, a partir

da publicação do relatório "O Nosso Futuro Comum" (também conhecido como

Relatório Brundtland), de responsabilidade da Comissão Mundial para o Ambiente e

Desenvolvimento pela Assembléia Geral das Nações Unidas. Este documento

identificou os principais problemas ambientais que travam o desenvolvimento de

muitos países do sul e estabeleceu o ambiente como prioridade internacional,

lembrando ainda pela primeira vez, de uma forma mais consistente, que a

humanidade deve preservar os recursos naturais para as gerações futuras. Mais

tarde a expressão “desenvolvimento sustentável” seria amplamente divulgada a

partir da ECO92, conferência mundial sobre ecologia e desenvolvimento, realizada

no Rio de Janeiro.

Ou seja, desde o advento da Revolução Industrial até a atualidade, a cidade

tem sido foco privilegiado da atenção de diversos estudos. A análise da evolução do

urbanismo, trajetória até aqui pontuada e que a Figura 1.1.1 a seguir ilustra, permite

apontar para a necessidade de construção do desenvolvimento urbano de forma

sustentável, preocupação já preponderante na maioria das abordagens

contemporâneas.

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FIGURA 1.1.1 – Síntese da Evolução do Urbanismo

Fonte: Elaboração da autora com base nas referências teóricas ligadas ao tema.

Revolução Industrial (final século XVIII - problemas urbanos)

Corrente Polemista

Urbanismo (final século XIX a

meados século XX)

Urbanismo Contemporâneo

(meados séc. XX ao final)

Desenvolvimento Urbano Sustentável

(século XXI)

Humanitários (médicos e higienistas)

Pensadores Políticos (Engels e Marx)

Crítico à Cidade e sem Modelos

(Engels e Marx)

Pré-Urbanismo Progressista

(Owen, Fourier, Cabet, Proudhon)

Pré-Urbanismo Culturalista

(Ruskin e Morris)

Novo Urbanismo (questões sociais déc.50;

ambientais déc. 60; plan. estratégico e part. popular déc. 70 e 80)

Críticas ao Modernismo (déc. 40 - culturalistas, pós-

modernos, organicistas, antropólogos, socialistas)

Urbanismo Culturalista

(Sitte, Howard, Unwin)

Urbanismo Progressista (Modernista ou Funcionalista) (Garnier, Gropius, Corbusier,

Lucio Costa) (1928)

Urbanismo Sanitarista (Haussmann 1853 a

1870)

Pré-Urbanismo (início século XIX)

Visão de Cidade Regional

(Patrick Geddes)

Corrente Descritiva

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Na verdade, o conceito de sustentabilidade urbana13, necessariamente

assimilado inclusive pelo planejamento urbano brasileiro, já está contemplado

também no Estatuto da Cidade (Lei 10.257 de 10.07.2001). Nesta norma explicitam-

se os sentidos da justiça ambiental e social e, do direito às cidades sustentáveis

para as gerações atuais e futuras, bem como se recomendam providências para o

controle dos impactos ambientais decorrentes dos processos de ocupação urbana

(MEDAUAR, 2002).

A Agenda 21, ao propor as Agendas 21 Locais, também coloca a necessidade

de novos modelos de gestão territorial que incorporem os princípios ambientais do

desenvolvimento sustentável.

Em conformidade com a perspectiva da sustentabilidade, na legislação

urbanística, de recursos hídricos, e também de meio ambiente foram se

desenvolvendo procedimentos e recomendações no sentido da gestão integrada

ambiental e dos recursos hídricos com o planejamento urbano. Tais

regulamentações já encontravam amparo na Constituição Federal de 1988 que

estabeleceu as diretrizes gerais para a política urbana, especialmente nos artigos

182 e 183 (MEDAUAR, 2002). Verificou-se essa intenção na Lei Orgânica do

Município do Rio de Janeiro de 1990 (RIO DE JANEIRO, 1992) e no Plano Diretor

Decenal da Cidade do Rio de Janeiro de 1992 (RIO DE JANEIRO, 1996a) que

incorpora parâmetros ambientais ao zoneamento urbano, da mesma forma que a

sua revisão, o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Sustentável do Município

do Rio de Janeiro de 2011, que ainda avança para a elaboração dos PEUs, na

permissão para

instituição de Unidades Espaciais de Planejamento que correspondam a um ou mais bairros em continuidade geográfica, bem como a bacias ou sub-bacias hidrográficas, facilitando a articulação entre o planejamento urbano e a gestão dos recursos hídricos (artigo 36 parágrafo 2º) (RIO DE JANEIRO, 2011c).

Também a Lei 9.433, de 08.01.97 que instituiu a Política Nacional de Recursos

Hídricos e criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos,

reafirma a perspectiva da gestão integrada14 (MEDAUAR, 2002). Especialmente no

13 Os itens 2.1 e 2.3 tratam particularmente de sustentabilidade e de sustentabilidade urbana. 14 O item 3.2 trata do arcabouço jurídico urbanístico da Cidade do Rio de Janeiro, e, especialmente no item 3.2.1, apresenta as interfaces nesta legislação dos aspectos de recursos hídricos, urbanos e ambientais.

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que se refere à questão ambiental, cabe destacar que o zoneamento ambiental,

definido no Estatuto da Cidade (artigo 4º) como instrumento da política urbana,

embora seja uma prática recente no Brasil, já constava nas normas, desde 1981, na

Lei 6.938, de 31.08.81 (artigo 9º) que dispõe sobre a Política Nacional de Meio

Ambiente. Este recurso foi regulamentado no Decreto 4.297, de 10.07.2002, como

Zoneamento Ecológico-Econômico do Brasil – ZEE.

Cabe ressaltar ainda na busca deste desenvolvimento urbano integrado e

sustentável a importância da discussão dos indicadores ambientais urbanos, de

limites à expansão da urbanização da cidade, que viabilizem a qualidade de vida e

que sejam capazes, agregando novas variáveis a sua composição, de permitir

formas novas de fazer planejamento urbano15.

Na verdade, como destaca Rolnik (1998, p.1) além de acontecer de forma

pontual, o planejamento urbano tem se pautado em “instrumentos tradicionais

baseados na idéia da definição do modelo de cidade ideal ou satisfatório”,

desconhecendo conflitos e as desigualdades sociais expressas no contexto urbano.

A legislação urbanística que tradicionalmente tem se “concentrado no

estabelecimento de padrões desejáveis para a ocupação de determinadas áreas da

cidade”, definindo “parâmetros mínimos de ocupação de lotes, recuos, coeficientes

de aproveitamento e usos permitidos”, até os anos 70 praticamente ignorou a

questão ambiental e os assentamentos urbanos à margem da legislação (os

loteamentos clandestinos e as favelas) situados geralmente em áreas

ambientalmente frágeis (ainda que protegidas por legislação) e sem os necessários

serviços de infra-estrutura urbana.

Especialmente nas últimas décadas, o advento das megalópoles relacionado

ao crescimento vertiginoso da população mundial e sua concentração nas áreas

urbanas, principalmente nos países mais pobres, têm gerado ainda maiores

impactos ambientais e penalizado, especialmente, os setores economicamente mais

desfavorecidos da sociedade. E, como lembra Kleiman (2002, 2003 e 2008), o

período de 1975 a 1990, para o caso específico do Rio de Janeiro se caracterizou

pela ampliação da defasagem entre a oferta de água e a sua devida coleta e

tratamento, bem como pela manutenção da prioridade de investimentos nos espaços

ocupados pela população de mais alta renda. 15 A discussão acerca dos indicadores de sustentabilidade encontra-se sistematizada no item 2.2.

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Acentuaram-se, portanto, o surgimento das habitações precárias, em geral,

irregulares e inadequadas, em cortiços e favelas, apontando para soluções técnicas

populares para a obtenção de moradia, como forma, ainda que incipiente, de

conseguirem exercer seu direito à cidade. Na verdade, a crise da cidade é mundial

e a morfologia urbana explode de forma peculiar nos países em desenvolvimento,

formando as favelas, ao passo que nos países desenvolvidos, proliferam-se os

subúrbios e nos socialistas, o superpovoamento (LEFEBVRE, 2001).

Maricato (2002) ressalta que essa intensa urbanização, quase que espontânea,

sem diretrizes de planejamento capazes de organizar a ocupação do solo, suprir a

demanda de moradias e de infra-estrutura urbana, piorou a qualidade de vida

também nas cidades brasileiras. Na busca do enfrentamento destas questões, novas

e mais criativas perspectivas de análise e de soluções para o planejamento das

cidades têm surgido, inclusive contemplando a abordagem multidisciplinar da gestão

urbana, a associação à questão ambiental e à participação popular, com vistas a

uma regeneração ecológica urbana, uma maior eficiência na utilização do solo, com

restrições à ocupação, utilização de espaços verdes e diversas propostas de

viabilização do desenvolvimento sustentável. Ressalvam-se os aspectos polêmicos

deste conceito e as formas do chamado planejamento estratégico que preconiza a

gestão participativa e, cada vez com maior requinte técnico, utiliza indicadores, sem,

entretanto responder a estas necessidades da maioria da população.

Cardoso (2003, p.12) destaca que, embora seja, devido à

realidade brasileira em vigor, impossível se pensar em uma legislação totalmente adequada aos padrões sociais, econômicos ou culturais de nossa população, [devem-se] construir pactos sociais que permitam a reconstrução dos direitos sociais permitindo maior legitimidade à prática de um urbanismo renovado, adequado à nossa realidade, [mas que consiga, ao] regular a produção privada do ambiente construído, estabelecer padrões de qualidade de vida compatíveis com a dignidade e a ética.

A revisão teórica dos diversos discursos acerca da sustentabilidade, ou mesmo

da insustentabilidade urbana pode iluminar a história da ocupação urbana

especialmente a partir das últimas décadas (quando se acentua mais

significativamente o processo de expansão da urbanização principalmente da cidade

do Rio de Janeiro). Acredita-se, que o estudo das estratégias de planejamento

urbano utilizadas, no caso aqui, em especial, na cidade do Rio de Janeiro, pode

subsidiar novas propostas de pensar e fazer as cidades, em particular, quando

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articuladas ao estudo dos indicadores na legislação urbanística. Sob esta

perspectiva, podem-se avaliar as possibilidades da aplicação dos indicadores na

legislação urbanística do Rio e Janeiro de forma a possibilitar um novo ordenamento

e limitação do crescimento da cidade, ou seja, de forma sustentável.

Neste sentido a presente tese se dedica ao estudo da sustentabilidade

urbana sob a perspectiva da interação dialética com o seu oposto, a

insustentabilidade (LEFEBVRE, 1983)16; considerando os recursos fundamentais na

construção desta formulação: a adoção da bacia hidrográfica, espaço social e

unidade de gestão integrada do planejamento urbano, ambiental e de recursos

hídricos; relacionada ao elemento de conexão, o indicador de sustentabilidade

aplicado à legislação urbanística.

Em favor da escolha deste tema central, sustentabilidade urbana e, a

despeito do crescente interesse de estudos e pesquisas relacionados ao

planejamento urbano e às formas de desenvolvimento sustentável, o que destaca a

atualidade do assunto, vários aspectos ainda não foram suficientemente esgotados

nem equacionados, inclusive a própria discussão da territorialização das questões

relacionadas à sustentabilidade. Acredita-se também que a abordagem aqui

considerada se constitua em certa dose de novidade, principalmente o foco nos

indicadores presentes na legislação urbanística, especialmente quando se procura a

sua correspondência direta com a área de planejamento, a bacia hidrográfica.

Destaca-se como oportuna e inovadora a adoção da bacia hidrográfica como

a unidade de planejamento, recurso bastante adequado à gestão integrada, que

permite objetivamente o tratamento da ocupação urbana da bacia, na prática do

planejamento urbano. Embora se considere a complexidade desta solução, na

medida em que as áreas de planejamento, os zoneamentos, as divisões e

subdivisões administrativas por regiões e bairros (divisões da cidade utilizadas no

planejamento funcionalista predominante no Rio de Janeiro), comumente não

guardam correspondência com os limites das bacias.

16 Na presente tese aplicou-se o pensamento de Henri Lefebvre à discussão da sustentabilidade e suas interfaces com o território, destacando-se, entretanto que o autor não se dedicou especificamente ao estudo da sustentabilidade.

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Uma alternativa pode ser a adoção da divisão em sub-bacias relacionadas aos

Projetos de Estruturação Urbana, PEUs17, no Rio de Janeiro, que englobam bairros

e trechos de bairros, conforme proposto em Kauffmann et al. (2004a), Kauffmann

(2010) e mais recentemente recomendado na revisão do Plano Diretor de 2011. Na

elaboração destes diversos PEUs no Rio de Janeiro foram contempladas de certa

forma algumas questões associadas aos recursos hídricos tais como o

estabelecimento de taxas de permeabilidade, entretanto não foram diretamente

relacionadas a bacias hidrográficas. Em estudos recentes realizados na bacia do rio

Morto, na cidade do Rio de Janeiro pode-se verificar a importância da utilização da

bacia hidrográfica como unidade de planejamento e a utilidade da taxa de

impermeabilização (TI) tanto na concretização deste objetivo como para o estudo

dos efeitos do aumento da impermeabilização da superfície da bacia nos sistemas

de recursos hídricos (KAUFFMANN, 2003; KAUFFMANN e PIMENTEL DA SILVA,

2004 e 2005).

A questão da impermeabilização do solo tem sido registrada freqüentemente

na legislação urbanística, nos processos de planejamento urbano e na gestão dos

recursos hídricos, bem como em diversos trabalhos que discutem o assunto e que

o relacionam aos efeitos e impactos no regime hidrológico e no meio ambiente,

entretanto, diferentemente da abordagem proposta no presente estudo que se refere

ao índice TI agregado em um indicador de ocupação urbana sustentável, IOS-BH,

desenvolvido no item 3.5.

Ilustrando então a importância do tema escolhido, em recente (agosto de 2010)

pesquisa realizada na Internet (Google) de busca por palavras-chave relacionadas

diretamente à questão da sustentabilidade urbana, só para o ano de 2010, foram

encontrados diversos resultados, listados, em números aproximados, no quadro a

seguir.

17 Proposição também apresentada a seguir, especialmente no item 2.3 que trata da sustentabilidade urbana e da bacia hidrográfica como unidade de gestão.

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QUADRO 1.1.1.1 – Pesquisa por Palavras-Chave

PALAVRAS-CHAVE RESULTADOS EM

PORTUGUÊS RESULTADOS EM

INGLÊS Planejamento por bacias urbanas

508 mil 143 mil

Planejamento integrado urbano e de recursos hídricos

18,5 mil 241 mil

Impermeabilização do solo 86 mil 172 mil Indicador de impermeabilização do solo

17 mil 56 mil

Fonte: Elaboração da autora com base em Google, 2010.

Vale ressaltar que de cada pesquisa foram colhidas amostras de cinqüenta a

cem resultados e, mesmo considerando-se o caráter aleatório e a ausência de

critérios específicos para a amostragem, observou-se que nenhum dos textos

selecionados tratava diretamente de alguma das principais características do objeto

alvo da presente tese (indicador de ocupação sustentável de bacia hidrográfica

urbana) e nem com a abordagem proposta neste estudo, especialmente com o foco

na questão urbana. A maioria se incluía na área de modelagem hidrológica, recursos

hídricos, modelos computacionais, geografia e outros. Da mesma forma, em

pesquisa, na mesma época, (agosto de 2010) para os nomes de autores que por

ocasião da elaboração da dissertação de mestrado (KAUFFMANN, 2003), tratavam

de indicadores de impermeabilização do solo, entre eles Pauleit e Duhme (2003);

Ong (2003); Schueler (1994); Smith (2000); Sleavin, Civco, Prisole e Giannotti

(2000); Whitford, Ennos e Handley (2001) não foram encontrados trabalhos recentes

sobre tema diverso do anterior, ou especificamente relacionado à ocupação urbana.

Considerando-se ainda que o modelo predominante de cidade, ideal ou

satisfatória tem se apoiado em índices e em padrões de difícil compreensão, em

classificação rígida em funções e zoneamentos que não levam em conta os recursos

hídricos e ambientais, possibilitando um crescimento e adensamento extremos,

como parte de uma visão tecnocrática na legislação urbanística e que entende a

cidade como um objeto puramente técnico, acentua-se a importância da construção

do desenvolvimento urbano sustentável.

Neste sentido, sob o tema sustentabilidade urbana, o objeto de estudo

deste trabalho volta-se a uma contribuição para o desenvolvimento de indicador

de ocupação sustentável da bacia hidrográfica (IOS-BH). Para tal o estudo dos

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indicadores de sustentabilidade, bem como dos parâmetros e índices presentes na

legislação urbanística, especialmente, mas também na legislação de recursos

hídricos e de meio ambiente complementarmente, busca iluminar o papel que estes

indicadores exercem ou podem exercer na construção da sustentabilidade urbana,

inclusive como elementos facilitadores para novas formulações de planejamento

urbano.

Ou seja, o objetivo do presente estudo se constitui na aplicação dos

indicadores à legislação urbanística da cidade do Rio de Janeiro, considerando

sua correspondência com a área de planejamento, em especial a bacia

hidrográfica, buscando, à luz dos processos e formas de planejamento, as

possibilidades de contribuição para a superação do planejamento urbano

contemporâneo e construção da sustentabilidade urbana.

O estudo aplica-se à cidade do Rio de Janeiro devido ao seu crescimento

em sítio ambiental extremamente rico, à sua história como centro privilegiado de

política, cultura e sede do poder, e que guarda características e especificidades de

uma enorme complexidade que a história da evolução urbana, da legislação

urbanística e de seus parâmetros pode ajudar a desvendar e repensar. O recorte

espacial adotado para a aplicação do indicador proposto, o IOS-BH, foi o bairro

da Barra da Tijuca. Considerou-se da mesma forma as peculiaridades do local:

área de também exuberante ambiência natural, um dos atuais vetores preferenciais

de expansão da ocupação urbana da cidade e que tem sido alvo de crescente

investida da incorporação imobiliária, através de investimentos e constantes

alterações da legislação urbanística. A região interessa particularmente ao presente

estudo ainda porque é passível de recuperação ambiental e de viabilização de um

crescimento e planejamento urbano sustentáveis.

O período privilegiado no estudo: de 1992 até a atualidade, deve-se a que o

ano de 1992 marcou a ampliação da discussão da sustentabilidade com o advento

da ECO92. Nesta época houve também uma acentuação mais significativa do

processo de expansão da urbanização notadamente na direção oeste da cidade,

Barra da Tijuca e adjacências, o que se evidencia na análise da legislação

urbanística e suas alterações, tratada especialmente neste estudo, no capítulo 3.

Aprovou-se o Plano Diretor Decenal da Cidade do Rio de Janeiro aos moldes

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funcionalistas e, em seguida, foi implantado, em concomitância, o planejamento

estratégico. Ambos já revistos coexistem ainda na atualidade.

Contextualiza-se assim o Rio de Janeiro como local privilegiado ao estudo

da tensão dialética entre pólos opostos: entre a introdução de novos indicadores

de sustentabilidade urbana incluindo a adoção de nova unidade de planejamento (a

bacia hidrográfica) e um paradigma de planejamento (funcionalista) que entende a

cidade por partes.

Este percurso entre a sustentabilidade e a insustentabilidade urbana está no

presente estudo referenciado especialmente em Lefebvre, embora contemple

também as principais abordagens teóricas contemporâneas das questões

relacionadas à sustentabilidade urbana e à ocupação urbana, com ênfase nas

interfaces com a legislação urbanística e seus parâmetros.

A linha de pesquisa adotada (detalhada nos itens 1.2, 1.3 e 1.4 a seguir),

com ênfase nos estudos de Henri Lefebvre, se baseia na própria essência teórica

e metodológica da obra do autor. O pensamento não estanque de Lefebvre,

traduzido nos movimentos entre os pólos opostos de abordagem utilizados pelo

autor, especialmente em “Lógica Formal/ Lógica Dialética” (1983) ilumina

privilegiadamente o estudo das questões dialeticamente opostas tratadas na

presente tese, comentadas acima: sustentabilidade e insustentabilidade; bacia

hidrográfica como unidade de planejamento urbano integrado ao de recursos

hídricos em contraposição ao zoneamento funcionalista. A Bacia Hidrográfica é

entendida aqui, como também em Lefebvre (1991), um espaço social, contraditório

que comporta toda a diversidade da vida social, conforme discutido no item 1.4.1.

A opção privilegiada pela metodologia “lefebvreana” permite também uma

abordagem original na formulação de indicadores de sustentabilidade, ajuda a

examinar a propriedade desses parâmetros, conforme tratados nesta tese,

especialmente no item 1.4.2, de quantificar e qualificar o estado da sustentabilidade

ou insustentabilidade da bacia ou micro bacia hidrográfica, nas diferentes oposições

que compõem o indicador como, por exemplo, entre o passado e o futuro; o antigo e

o novo; entre o executor e a população, assumindo mesmo o papel de termo médio

como também bem apresenta Lefebvre (1983).

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Supõe-se assim que estes indicadores podem exercer um papel fundamental

na construção da sustentabilidade. Procura-se então refletir sobre a forma de

relacionamento dos indicadores com as formas de planejar, com a unidade de

planejamento, se guardam correspondência direta com estas áreas, com as bacias

hidrográficas, por exemplo. Como podem ou se podem traduzir a tensão dialética

entre o todo (a bacia hidrográfica) e as partes (as zonas). Pretende-se verificar de

que forma eles são calculados, como têm sido modificados e de que maneira têm

servido ao planejamento urbano e aos interesses envolvidos. Que pistas eles podem

velar ou revelar? Que caminhos ou descaminhos para a sustentabilidade urbana

podem apontar?

É possível evidenciar, a partir da análise (aqui voltada à cidade do Rio de

Janeiro, com estudo de caso aplicado à Barra da Tijuca) dos indicadores presentes

na legislação urbanística e suas interfaces com as teorias de planejamento urbano

e, à luz da sustentabilidade, pistas para novas formas de se pensar e fazer as

cidades? Elementos relacionais entre a realidade física alvo do projeto e o projetado

(o desenho, o plano), entre a legislação e sua aplicação, os indicadores podem

revelar a dinâmica da construção da cidade e as formas de sua apropriação,

trazendo à tona contradições deste processo, bem como iluminar a própria tensão

dialética do percurso entre a sustentabilidade e a insustentabilidade urbana?

Pode-se, então, a partir destas considerações, sintetizar a hipótese do

presente estudo de que os indicadores na legislação urbanística da cidade do Rio de

Janeiro não têm correspondência física com a área de planejamento e se constituem

em abstrações numéricas dificultando a mensuração e construção da

sustentabilidade urbana.

Considerando-se esta premissa pode-se destacar a questão central do

presente estudo: o novo indicador de ocupação sustentável da bacia hidrográfica

(IOS-BH) pode oportunizar a conexão da legislação urbanística com a bacia

hidrográfica, adotada efetivamente como área de planejamento urbano integrado ao

de recursos hídricos e ambientais e, contribuir assim para a superação do

planejamento urbano contemporâneo na perspectiva da sustentabilidade?

Buscando estas respostas a tese ora exposta está desenvolvida em

basicamente quatro capítulos precedidos da apresentação.

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O CAPÍTULO 1 – APORTE TEÓRICO E METODOLÓGICO, de cunho

conceitual, está organizado em cinco itens: Prólogo (1.1); Sistematização Conceitual

(1.2); Tríades Teóricas (1.3); Interação Dialética (1.4) e Procedimentos de Pesquisa

(1.5), comentados a seguir:

Prólogo (1.1)

Apresenta-se no prólogo a contextualização resumida do tema central da tese,

a sustentabilidade urbana em percurso dialético com a insustentabilidade, ao longo

dos anos, marcadamente após a industrialização e o aumento dos problemas

urbanos, em diversas formulações e alternativas em busca de melhor qualidade de

vida urbana, ainda que só se apresentassem sob a denominação de

sustentabilidade principalmente após a Conferência de Estocolmo de 1972. A

questão da sustentabilidade urbana se encontra relacionada à gestão integrada das

águas urbanas, apoiada na legislação urbanística e suas interfaces com os aspectos

de recursos hídricos e ambientais, instrumentalizada na adoção da bacia

hidrográfica como unidade de planejamento e no uso de indicador de

sustentabilidade aplicado à legislação urbanística, perspectiva em que se insere o

objeto de estudo: contribuição para o desenvolvimento de indicador de

ocupação sustentável da bacia hidrográfica (IOS-BH), bem como o objetivo

principal: aplicação dos indicadores à legislação urbanística da cidade do Rio

de Janeiro. Aponta-se a possível inovação e contribuição da tese. Justifica-se o

recorte espacial na cidade do Rio de Janeiro, bairro da Barra da Tijuca e o recorte

temporal de 1992 à atualidade. Destaca-se a justificativa da linha de pesquisa

adotada e da ênfase na referência teórico-metodológica em Lefebvre devido à

dinâmica do seu pensamento, em movimento entre pólos opostos de abordagem, o

que ajuda na compreensão da sustentabilidade urbana e, especialmente,

proporciona um enfoque original à formulação de indicadores. Com base nestas

referências e na premissa de que os indicadores (índices e parâmetros) na

legislação urbanística são apenas números que não se correspondem diretamente

com a área de planejamento e não facilitam a gestão integrada com os recursos

hídricos e ambientais e tampouco a construção do desenvolvimento urbano

sustentável, formula-se a questão central da tese: Existe a possibilidade de

contribuição do IOS-BH para a superação do planejamento urbano contemporâneo

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na perspectiva da sustentabilidade? Apresenta-se, por fim no Prólogo, a presente

estrutura da tese.

Sistematização Conceitual (1.2)

Trata-se aqui da síntese dos principais termos, com os respectivos

entendimentos, próprios do pensamento de Lefebvre tomado como referência

preferencial conforme já justificado no prólogo, que aparecem ao longo do texto da

tese e se revelaram úteis à sua compreensão e, particularmente à teoria

“lefebvreana” adotada, especialmente em tríades teóricas – item 1.3 e interação

dialética – item 1.4. As principais questões e palavras-chave mais freqüentes na

construção do pensamento que sustenta a pesquisa também estão esclarecidas e

relacionadas por ordem de relevância ao objeto de estudo. As definições,

referenciadas na revisão bibliográfica dos respectivos temas, estão apresentadas em

caráter de delimitação e contribuição à compreensão do enfoque utilizado, sem a

pretensão de esgotar as discussões a elas relacionadas.

Tríades Teóricas (1.3)

Neste item apresentaram-se as referências teórico-metodológicas que melhor

pudessem iluminar o objeto de pesquisa, aplicação dos indicadores à legislação

urbanística da cidade do Rio de Janeiro, permeando o percurso para o seu

enriquecimento. Do pensamento de Lefebvre (1983, 1991, 2001, 2001a, 2008)

considerou-se especialmente o movimento de interação dialética entre pólos

opostos, no qual o indicador se configura como o elemento médio na tríade e,

também, a tríade dialética do percebido, concebido e vivido, aplicável ao

entendimento da bacia hidrográfica como espaço social. Da tríade mítica de

Bourdieu (1996, 2000, 2004) buscou-se a inspiração para o processo de

estranhamento e construção do objeto: rigor, reflexividade e risco, com ênfase na

busca das variantes que permitissem verificar as invariantes, tanto para o

entendimento da unidade de planejamento bacia hidrográfica como na construção e

análise dos indicadores. Sartre (1972), Habermas (1994, 1997) e Leibniz (2009)

contribuíram com a base teórico-metodológica para a formulação do IOS-BH

particularmente no que se refere ao seu papel de mediação e a sua propriedade de

medir gradações.

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Interação Dialética (1.4)

Neste item, subdivido nos itens 1.4.1 e 1.4.2, explicitam-se os principais

pressupostos do pensamento de Lefebvre (1983, 1991, 2001, 2001a, 2008), tomado

como principal referência na construção do objeto de pesquisa conforme já

justificado. No item 1.4.1 trata-se da bacia hidrográfica como espaço social

aplicando-se os conceitos espaciais, inclusive a tríade do percebido, concebido e

vivido (LEFEBVRE, 1991) e os de outras contribuições. Os movimentos dos

indicadores na legislação urbanística considerados no item 1.4.1, se constituem na

aplicação da teoria de Lefebvre como base na formulação de indicadores

destacando a sua propriedade de qualificação (item 1.4.2.1 – Quantidade e

Qualidade), seu papel de mediação (item 1.4.2.2 – Termo Médio) e seu caráter

estratégico (item 1.4.2.3 – Superação).

Procedimentos de Pesquisa (1.5)

Aqui se esclarecem as referências teórico-metodológicas adotadas, e os

procedimentos que estruturaram a metodologia de trabalho e a análise da tese.

O CAPÍTULO 2 – SUSTENTABILIDADE: FORMULAÇÕES E

FERRAMENTAS apresenta o contexto teórico relacionado mais diretamente ao

tema de pesquisa, sustentabilidade urbana, com base na revisão dos principais

autores e literatura sobre a matéria. O presente estudo entende a sustentabilidade

urbana sob a perspectiva “Lefevbreana”, em interação dialética com o seu oposto, a

insustentabilidade das cidades, imbuída do referencial teórico-metodológico

sistematizado no capítulo 1. Considera ainda fundamental para a construção da

sustentabilidade urbana, conforme comentado, a integração do planejamento urbano

com o de recursos hídricos e ambientais e para tal, se fazem necessários a

utilização da bacia hidrográfica como unidade de gestão e o recurso dos indicadores

como elementos facilitadores do processo.

Sendo assim, adotou-se a subdivisão em cinco itens:

2.1 - tratando do conceito de sustentabilidade (antecedentes – item 2.1.1 e

evolução – item 2.1.2) com base na revisão bibliográfica sobre o assunto, permeada

pelo referencial teórico do capítulo1 e, apontando para a importância do papel dos

indicadores;

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2.2 - apresentando a discussão dos principais autores sobre indicadores de

sustentabilidade (2.2.1 – introdução; 2.2.2 – aspectos, características e limites;

2.2.3 – histórico) também referenciada no capítulo 1 e, destacando a sua relevância

na construção da sustentabilidade e sustentabilidade urbana;

2.3 - discorrendo propriamente sobre a sustentabilidade urbana e a bacia

hidrográfica como unidade de gestão sob os contextos: internacional (item 2.3.1)

e brasileiro (item 2.3.2). Enfatiza a gestão integrada do planejamento urbano,

ambiental e de recursos hídricos e a adoção da bacia hidrográfica como unidade de

gestão das águas urbanas;

2.4 – trata da análise crítica da ocupação urbana, referenciada nos estudos

mais relevantes sobre o tema, também sob a perspectiva da interação dialética entre

a sustentabilidade e insustentabilidade e, permeada pela tensão entre o

planejamento funcionalista em coexistência com o planejamento estratégico e a

possibilidade de novas formulações (item 2.4.1 – intervenções na cidade capitalista);

entre a divisão estanque da cidade em zonas e demais instrumentos do

planejamento e a utilização de novos recursos tais como a bacia hidrográfica como

unidade de planejamento e gestão e indicadores aplicados à legislação urbanística

(item 2.4.2 – recursos do planejamento urbano).

2.5 – em reflexões e tensões consideram-se algumas questões gerais em

síntese do capítulo 2 relacionando-as ao referencial teórico do capítulo1, apontando

para o capítulo 3, para a aplicação dos indicadores à legislação urbanística da

cidade do Rio de Janeiro e para a proposição do novo indicador IOS-BH.

O CAPÍTULO 3 – CONTEXTO DA LEGISLAÇÃO URBANÍSTICA CARIOCA E

CONTRIBUIÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DO IOS-BH trata do contexto

empírico, da aplicação dos indicadores à legislação urbanística da cidade do Rio de

Janeiro (objetivo de estudo) e da consecução do objetivo: contribuição para o

desenvolvimento de indicador de ocupação sustentável da bacia hidrográfica (IOS-

BH) resultando no objeto enriquecido, conforme a metodologia de Lefebvre. Este

texto procura resgatar os pressupostos teóricos dos capítulos 1 e 2, relacionando-os

ao objetivo de estudo, nos itens 3.1 a 3.4, que, em seguida, está aplicado à

proposição do IOS-BH (item 3.5).

Sendo assim o capítulo 3 está dividido em cinco itens:

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3.1 – discute as expansões e intervenções no Rio de Janeiro com base na

revisão da literatura sobre o tema, considerando o referencial teórico adotado e

exposto nos capítulos 1 e 2, e portanto, as tensões entre a sustentabilidade e

insustentabilidade urbanas; entre modelos de planejamento (plano diretor e

estratégico); unidades de planejamento (zoneamento e bacia hidrográfica); com

ênfase na legislação urbanística apontando para o item seguinte;

3.2 – trata do arcabouço jurídico urbanístico da cidade do Rio de Janeiro

buscando analisar a integração com os aspectos de recursos hídricos e ambientais

(item 3.2.1) e as variantes na legislação de uso do solo (item 3.2.2) que permitam

verificar as principais alterações e suas correlações com os indicadores

desdobradas no item 3.3;

3.3 - analisa as conexões dos indicadores na legislação urbanística do

Rio de Janeiro com as alterações desta legislação, buscando explicitar o potencial

destes indicadores em seu papel de mediação entre os pólos de oposição

comumente tratados no planejamento urbano como, por exemplo: passado e

presente; legislação e aplicação; executor e população; legislador e gestor;

quantidade e qualidade; sustentável e insustentável. Indica a exemplificação em

estudo de caso, tratado no item que segue;

3.4 – apresenta a aplicação das considerações anteriores acerca das

alterações na legislação urbanística no estudo de caso da Barra da Tijuca,

procurando evidenciar a importância dos indicadores, e da necessidade da sua

conexão com a área física da unidade de planejamento para possibilitar a

contribuição em novas formulações de planejamento na perspectiva da

sustentabilidade, apontando para o item 3.5;

3.5 – na mediação e superação: o IOS-BH apresenta-se a proposta de

contribuição para o desenvolvimento de novo indicador de ocupação sustentável da

bacia hidrográfica. No item 3.5.1 formula-se o IOS-BH considerando os

pressupostos e referenciais teóricos adotados nos capítulos 1 e 2; o papel do

indicador de mediação entre as oposições integrantes dos processos de

planejamento (conforme já comentado, por exemplo, entre projeto e teorias e sua

aplicação; entre o número e a realidade; entre a legislação e a unidade de

planejamento; entre o simples o complexo etc.) indicando o seu potencial de

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contribuição na superação da dicotomia entra sustentabilidade e insustentabilidade.

A composição do IOS-BH está desenvolvida no item 3.5.2, compreendendo

basicamente as variantes agregadas: taxa de impermeabilização do solo e qualidade

das águas urbanas; densidade máxima de habitantes e disponibilidade de áreas

verdes, referenciadas em diversos estudos sobre o tema e apresentada em

expressão numérica. A seguir, no item 3.5.3 o IOS-BH está aplicado ao estudo de

caso na Barra da Tijuca, considerando alterações significativas da legislação

urbanística para a área em questão buscando evidenciar o papel dos indicadores

envolvidos, discutindo-se no item 3.5.4 o potencial do IOS-BH, face os resultados

observados na aplicação do item anterior, à luz dos referenciais teóricos adotados,

em expectativa de uma contribuição para o desenvolvimento de indicador de

ocupação sustentável da bacia hidrográfica.

O CAPÍTULO 4 – A MODO DE CONCLUSÃO procura resgatar as questões e

os pressupostos teóricos adotados e discutidos no presente estudo, sem a

pretensão de esgotar os assuntos, mas contribuir no debate dos caminhos da

sustentabilidade urbana, recursos e instrumentos. Busca relacionar o contexto

teórico ao empírico, aproximar a base teórica que serviu de referência à fase de

aplicação do estudo, especialmente ao caso de estudo na Barra da Tijuca,

procurando identificar a partir do pressuposto inicial o alcance do objetivo pretendido

e a resposta ou respostas à questão central formulada.

Analisa a formulação e aplicação do IOS-BH à luz do referencial teórico-

metodológico avaliando se este novo indicador de ocupação sustentável da bacia

hidrográfica (IOS-BH) pode oportunizar a conexão da legislação urbanística com a

bacia hidrográfica, adotada efetivamente como área de planejamento urbano

integrado ao de recursos hídricos e ambientais e, contribuir assim para a superação

do planejamento urbano contemporâneo na perspectiva da sustentabilidade?

1.2. SISTEMATIZAÇÃO CONCEITUAL

A construção de “Indicadores na Legislação Urbanística Carioca em Novas

Formulações de Sustentabilidade Urbana: Contribuição para o desenvolvimento de

indicador de ocupação sustentável da bacia hidrográfica (IOS-BH)” está baseada

fundamentalmente nos trabalhos de Henri Lefebvre, conforme justificado no Prólogo,

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devido a peculiaridade de seu pensamento, dinâmico entre pólos opostos de

abordagem teórica e que facilita especialmente o estudo dos indicadores, conferindo

mesmo certo caráter de originalidade. Para efeitos de sistematização, se destacam

na teoria de Lefebvre alguns termos e os seus respectivos entendimentos, úteis

aos conceitos (principais questões e palavras-chave mais utilizadas) e referências

teóricas (tríades teóricas – item 1.3 e interação dialética – item 1.4) adotadas.

Preliminarmente Lefebvre (1983) ressalta que conhecimento é um fato,

simplesmente, e não um problema em si mesmo, a não ser que se isolem na

análise, os seus elementos, o sujeito e o objeto. O sujeito que, em termos

filosóficos, seria o pensamento, o homem que conhece, age e reage com o objeto

que se corresponde aos seres conhecidos. Estes, o “sujeito e o objeto, estão em

perpétua interação”, uma “relação entre dois elementos opostos”, por definição,

“[...] uma interação dialética” (p.49). O autor considera indispensável, sob a

perspectiva de que o conhecimento deve ser aceito como um fato indiscutível,

examinar e discutir como incrementar, aperfeiçoar o conhecimento e mesmo como

acelerar o seu progresso. E, para tal, sistematiza as características mais gerais do

conhecimento em: prático, social e histórico.

O conhecimento é prático e começa pela experiência. Somente a prática

coloca o ser humano em contato com as realidades objetivas e, em interação com

outros seres na vida social. Neste convívio social se estabelecem as relações, as

interações, cada vez mais ricas e complexas, transmitindo-se o conhecimento, o

saber adquirido uns aos outros. E, este conhecimento é adquirido e conquistado em

processo histórico, em longo caminho. Na “ciência [...] todo novo resultado supõe

um longo treinamento; e todo novo desempenho, todo melhoramento de resultados,

são obtidos de modo metódico” (LEFEBVRE, 1983, p.50).

A “razão, a lógica, a história se tornam simultaneamente concretas e

verdadeiras, ao se tornarem dialéticas” (p.89). A teoria “lefebvreana” pode ser

evidenciada na inserção das análises em contexto histórico tanto para a construção

do objeto teórico quanto do empírico:

em certos limites a oposição entre verdade e erro é absoluta; e, por essa razão, mantemos a distinção entre eles, bem como a idéia de uma verdade objetiva. Mas, fora de tais limites, fora do domínio indicado, fora do momento determinado da história e do pensamento, a oposição se torna relativa e a verdade se transforma em erro (e vice-versa). [...] A razão por sua vez constata que o elemento não pode viver fora do conjunto, [procura

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estabelecer o todo]; é função do movimento total (p.104), [...] é função da unidade. [Mas não pode se isolar], compreender um objeto é ver o detalhe no conjunto (LEFEBVRE, 1983, grifos da autora).

No seu desenvolvimento, objetos teórico e empírico incorporam, ainda de

acordo com Lefebvre (1983), as contribuições de outros autores que resultem no

objeto de estudo enriquecido. “Um conhecimento mediato, conquistado, adquirido,

assimilado, torna-se o meio de adquirir novos conhecimentos, mas nesse momento,

ele se apresenta imediatamente ao nosso pensamento”. O mediato converteu-se

em imediato. A mediação não foi destruída, o novo imediato é enriquecido obtido

em um nível aprofundado, desenvolvido através da mediação, o que “a lógica

dialética designa de imediato superior” [...], “é um grau superior de conhecimento”

(1983, p.107, grifos da autora). Esta resultante pressupõe também a reflexão

dialética a partir do movimento do pensamento entre pólos opostos em interação. A

obra individual e a coletiva são dois “aspectos inseparáveis do imenso esforço

humano”. Determina-se assim a “relação complexa entre a interação do absoluto e

do relativo, do verdadeiro e do não-verdadeiro” 18 (1983, p.100).

Especialmente a proposição, tanto na construção teórica, quanto na própria

composição do indicador IOS-BH, considera a perspectiva “lefebvreana”: o caráter

de mediação, o movimento entre pólos opostos de consideração, a história, a

materialidade e a expectativa de superação.

As questões conceituais e palavras-chave que permeiam o texto,

consideradas de maior relevância e passíveis de esclarecimentos para a

compreensão deste trabalho, estão sistematizadas, por ordem de relevância para o

texto, a seguir. As definições apresentadas, longe de esgotar os assuntos ou

pretender dar conta da totalidade das formulações e mesmo da complexidade do

pensamento de Lefebvre, se prestam a situar e ilustrar os referentes conceitos. Da

mesma forma as palavras-chave estão descritas mais no sentido de esclarecer o

enfoque utilizado no presente texto e delimitar as muitas vezes diversas

possibilidades de interpretação.

18 Os itens 1.3 e 1.4 que tratam das questões diretamente relacionadas ao pensamento de Lefebvre se dedicam a aprofundar estas bases teórico-metodológicas.

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1.2.1. Principais Questões

As principais questões passíveis de esclarecimentos estão a seguir

sistematizadas obedecendo, conforme comentado, a ordem de importância para o

texto.

Interação Dialética

Lefebvre (1983) considera que quanto mais avançamos no conhecimento, na

análise, tanto mais o pensamento, o entendimento considera incompatíveis os

diversos que ele descobre. O entendimento abstrativo cai em erro (relativo) ao

manter a separação. A razão restabelece as relações, a unidade, o concreto. É

assim que a razão dialética possuiu as características: imediato superior, captação

do concreto e do processo real, do movimento, verdade real mais alta, isto é o grau

superior de objetividade e de verdade relativa, mais próximo da verdade absoluta.

“Verdade e erro estão em interação dialética. Convertem-se um no outro.

Transformam-se. É por isso que podemos conquistar novas verdades e tender para

a verdade objetiva, através de verdades parciais e aproximativas, através de erros

momentâneos”.

Mediação e Superação

A mediação seria segundo Lefebvre (1983), um momento correspondente ao

próprio exercício da lógica dialética. A busca da mediação entre os pólos opostos de

análise, de consideração na pesquisa, concorre para a construção e conhecimento

do objeto de estudo. Enfim, o termo médio seria entendido como instrumento do

pensamento dialético, como conexão dialética que permita o movimento de interação

de diversos pólos que, em certa medida, está aplicado aqui ao tema de estudo,

buscando a superação, a construção de um objeto enriquecido, no caso um

indicador urbano ambiental, o IOS-BH.

O relativismo dialético, lembra Lefebvre (1983), é otimista. Aceita a relatividade

de nossos conhecimentos, não em razão de uma fatalidade metafísica, mas em

relação à etapa efetivamente atingida por nosso conhecimento. Admite a relatividade

de nossos conhecimentos, não no sentido de uma negação da verdade objetiva,

mas no sentido de uma perpétua superação dos limites de nosso conhecimento.

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Sustentabilidade e Insustentabilidade

Sustentabilidade é a habilidade, no sentido da capacidade, de sustentar ou

suportar uma ou mais condições, exibida por algo ou alguém. É uma característica

ou condição de um processo ou de um sistema que permite a sua permanência, em

certo nível, por um determinado prazo. Recentemente, o conceito se tornou um

princípio, segundo o qual o uso dos recursos naturais para a satisfação de

necessidades presentes não pode comprometer a satisfação das necessidades das

gerações futuras, imprimindo um caráter de longo prazo indefinido. O princípio da

sustentabilidade pode ser aplicado a qualquer empreendimento humano desde que

seja: ecologicamente correto; economicamente viável; socialmente justo e

culturalmente aceito (WIKIPÉDIA, 2010).

Considera-se aqui, também sob a inspiração em Lefebvre, a sustentabilidade

diretamente relacionada e em interação dialética com o seu oposto a

insustentabilidade. Os itens 2.1 e 2.2 explicitam estas questões, bem como o

conceito de sustentabilidade conforme aparece na lei, algumas interpretações e

aplicações ao contexto urbano.

Indicadores de Sustentabilidade

Os indicadores de sustentabilidade, a título de sistematização dos principais

termos utilizados neste trabalho, podem ser definidos, conforme se apresenta (e

também se detalha) no item 2.2, como: ferramentas constituídas por uma ou mais

variáveis que, associadas através de diversas formas, revelam significados mais

amplos sobre os fenômenos a que se referem (IBGE, 2002). São fundamentais

como subsídios ao processo de viabilização do desenvolvimento sustentável e

devem ser selecionadas criteriosamente segundo as diferentes necessidades

permitindo sua integração nas diversas políticas setoriais (FUNDAÇÃO GETÚLIO

VARGAS, 2000 e GOMES et al., 2002). Aparecem no presente texto tratados em

seus opostos, em seus aspectos qualitativos e quantitativos, como elementos de

mediação e instrumentos facilitadores da superação do planejamento

contemporâneo, especialmente no item 1.4.

Espaço Urbano e Espaço Social

O espaço urbano não deve ser confundido com a sua dimensão concreta, o

meio ambiente transformado (tratado em conceito adiante). Em uma

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analogia com o teatro, o meio ambiente é o palco; o governo, as instituições, as empresas e a população em todas as suas diversidades são os atores, [que apresentam] papéis diferenciados em decorrência do poder econômico e político de que desfrutam; e o espaço é a peça, constantemente reescrita pela dinâmica das relações sociais [as quais] alteram tanto as funções do meio ambiente quanto os papéis dos atores sociais (GRAZIA et al., 2001, p.93, grifo da autora).

O espaço urbano aqui tratado, especialmente no que se refere à unidade de

planejamento proposta, a bacia hidrográfica, a bacia hidrográfica urbana

(definidas a seguir), se pauta nas considerações de Lefebvre. O espaço urbano

seria entendido como uma síntese da dicotomia cidade-campo, um elemento

resultante da interação dialética cidade-campo, a manifestação material e sócio-

espacial da sociedade urbano-industrial contemporânea estendida, virtualmente, por

todo o espaço social, um espaço de superação: “O tecido urbano prolifera,

estende-se, corrói os resíduos de vida agrária. Estas palavras, ‘o tecido urbano’, não

designam, de maneira restrita, o domínio edificado nas cidades, mas o conjunto das

manifestações do predomínio da cidade sobre o campo” (LEFEBVRE, 1999, p.17).

O tecido urbano sintetiza, assim, o processo de expansão do fenômeno

urbano, incluindo as relações sociais, que resulta da cidade sobre o campo e,

virtualmente, sobre o espaço regional e nacional como um todo19. O urbano seria

definido

como o lugar da expressão dos conflitos, invertendo a separação dos lugares onde a expressão desaparece, onde reina o silêncio, onde se estabelecem os signos da separação. [Assim] o urbano poderia também ser definido como lugar do desejo, onde o desejo emerge das necessidades, onde se concentra porque se reconhece (LEFEBVRE 1999, p.160).

Lefebvre quando fala das leis do urbano, dialeticamente considera as

negatividades implicando em positividades, dentre as quais se destaca, para o

entendimento do objeto em questão, que a concepção do urbano, visa, também a re-

apropriação, pelo ser humano, de suas condições no tempo, no espaço, nos objetos.

Condições estas

que lhe eram, e lhe são arrancadas, para que só as reencontre mediante a compra e a venda. [Pode-se dizer] que o tempo, lugar dos valores, e o espaço, meio de troca, podem se encontrar numa unidade superior, o urbano? Sim. [Ou seja], criar a unidade espaço temporal é, com efeito, uma definição possível, entre outras, do urbano e da sociedade urbana (1999, p.163).

19 Lembra-se aqui, no que se refere à questão regional, da influência de Patrick Geddes apontada no Prólogo e tratada nos itens 2.3 e 2.4.

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Planejamento Urbano: o Contemporâneo e sua Superação

O Urbanismo, campo do conhecimento, ora considerado como ciência ora

como técnica, encontra na cidade o principal objeto de estudo e intervenção.

Segundo Ferrari (1979) os termos “urbanização” e “urbanismo” com a acepção de

planejamento urbano foram formulados pela primeira vez na segunda metade do

século passado. E teriam sido utilizados pela primeira vez pelo arquiteto espanhol

Ildelfonso Cerdá, em 1867 (apud FERRARI, 1979), em sua obra pioneira “Teoria

Geral da Urbanização”, para explicar “a organização das cidades resultantes da

revolução industrial, em seu sentido sociológico atual”. Surge no final do século XIX,

na Europa, período pós-revolução industrial, em busca de transformações

necessárias à realidade caótica das cidades20.

A partir do início do século XX até seus meados, os pressupostos da cidade

funcional presentes na Carta de Atenas, documento formulado com base nas

discussões das várias edições do Congresso Internacional de Arquitetura Moderna

(CIAM), do qual Le Corbusier (1974, 1977 e 1992) foi seu principal baluarte,

configuram o Urbanismo Modernista. Este urbanismo sobreviveu e resiste até hoje

na prática de planejamento nos mais diferentes países, não tanto por sua estética,

mas sim por seu espírito funcionalista de zoneamento do uso do solo21. Este

instrumento, carregado de um poder de difusão justificado na sua capacidade de

síntese, alcançou em todo o mundo, inclusive no Brasil, o planejamento urbano.

Esta uma das denominações distintas, que recebe o urbanismo, principalmente a

partir de meados do século XX, aplicado ao planejamento da cidade, abrangendo

toda a ação (ou discurso) do Estado sobre o urbano e sobre o processo de

urbanização caracterizada por uma suposta visão geral ou de conjunto. Neste

contexto o Estado encaminha a elaboração e execução de diversos Planos

Diretores22.

Ao final do século XX e início do século XXI, novos urbanistas, observando

cidades que resistiram ao planejamento funcionalista, inspirados em novo modelo de

retorno à cidade mista, no potencial das intervenções pontuais para regenerar o

20 O tema está desenvolvido nos itens 2.3 e 2.4. 21 A definição de zoneamento encontra-se nas palavras-chave a seguir. 22 Para o Rio de Janeiro, em 1992, foi aprovado o Plano Diretor Decenal, Lei Complementar 16/1992. Recebeu em 2006 o Substitutivo Nº 3 ao Projeto de Lei Complementar 25/2001 (projeto de revisão) e só recentemente em 2011 foi aprovada a sua revisão, Lei Complementar 111 de 01.02. 2011 (RIO DE JANEIRO, 2010).

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todo, formulam o planejamento estratégico, entendendo-o ainda como aquele que

engloba experiências difundidas a partir de Barcelona e suas intervenções para os

Jogos Olímpicos de 1992, alcançando ampla repercussão, também no Brasil.

O Rio de Janeiro convive então, já na década de 90 com os dois modelos de

planejamento: o racional-funcionalista (Plano Diretor Decenal da Cidade do Rio de

Janeiro aprovado em 1992) e o estratégico (Plano Estratégico I – Rio Sempre Rio de

1992). Ambos revistos em Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Sustentável do

Município do Rio de Janeiro, aprovado em 2011 e Plano Estratégico da Prefeitura do

Rio de Janeiro 2009-2012 – O Rio mais Integrado e Competitivo, caracterizando-se

como interessante peculiaridade do planejamento contemporâneo que importa

aqui tratar. Evidenciam-se as contradições próprias dessa concomitância e as

tensões constantes nas tentativas de compatibilizar a rigidez do planejamento

racional-funcionalista (aplicado às zonas estanques da cidade e respaldado na

legislação urbanística em vigor) com a descentralização e flexibilidade de

investimentos do planejamento estratégico, criando descontinuidades no espaço

urbano e acentuando as contradições já existentes, próprias do capitalismo.

Lembrando, Lefebvre (2001, p.147):

o capitalismo destrói a natureza e arruína suas próprias condições, preparando e anunciando seu desaparecimento revolucionário. Somente depois dele, as trocas (no sentido amplo: tanto orgânicas, quanto econômicas) entre o social e o natural, o adquirido e o espontâneo, poderão se estabelecer sob forma apropriada ao desenvolvimento humano integral e como lei reguladora da produção social. A cidade é, portanto, enquanto ligada às forças produtivas [...], a sede deste vasto processo contraditório. Ela absorve o campo e contribui para a destruição da natureza; destrói, ela também, suas próprias condições de existência e deve restabelecê-las de uma maneira sistemática.

Este contexto se mostra assim favorável a discussão da superação do

planejamento contemporâneo e, por isto mesmo, escolhido como aplicação do

objeto deste estudo.

Metrópoles e Megalópoles

O surgimento da cidade-mãe, da metrópole, se relaciona à existência de água

potável em abundância, facilidades de defesa, terra boa para cultivo, facilidade de

caminhos terrestres e fluviais, atraindo um grande número de habitantes. O

excedente de produtos regionais favorece o comércio especializado com outras

regiões, o cruzamento de culturas e o estímulo à ruptura da rotina. O comércio cria a

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necessidade de símbolos abstratos, signos, alfabetos, tábuas numéricas. Acentua-se

a especialização de funções econômicas e sociais. Surgem as fábricas e as

rivalidades entre donos de terras, comerciantes e industriais e os que não têm

posses e que têm que se empregar como jornaleiros sem perspectivas de melhoras

da situação econômica. O modo sistemático racional na religião, na literatura e no

teatro cresce em detrimento do modo orgânico e instintivo. O ambiente e a cultura

são remodelados e se estabelece um abismo entre o conhecimento sagrado e o

secular, entre o empirismo e a teoria, entre os fatos e as idéias. Cada vez se torna

mais difícil lidar com as disparidades culturais e cresce o individualismo. A luta de

classes começa de forma ativa e se estabilizam os símbolos do lucro na medida do

crescimento da influência das classes de mercadores e banqueiros (MUMFORD,

1945).

Freitag (2006) reconhece as metrópoles nas cidades com grande tradição

histórica tais como a centenária Berlim, as milenares Lisboa e Roma, que abrigam

cerca de cinco milhões de habitantes e que emergiram ao final do século XIX, ou

antes, da idade média, por exemplo, Paris. As cidades globais seriam também

grandes cidades, mas com importante peculiaridade, seriam sedes do capital

financeiro: Londres, Nova York e Tóquio a partir da virada do milênio.

As megalópoles seriam as cidades latino-americanas que a partir da segunda

metade do século XX resultantes da globalização da economia, se tornaram cidades

gigantes com mais de dez milhões de habitantes. Receberam a afluência de levas

migratórias, mas estavam despreparadas para recebê-las. Este grande contingente

de pessoas se estabeleceu na cidade ilegal, parte da cidade real que continua a

crescer, muito mais que a cidade legal. Exemplos seriam: Cidade do México com

18,9 milhões habitantes, São Paulo abrigando 17,8 milhões de pessoas, Buenos

Aires (13,1milhões de habitantes) e Rio de Janeiro com população de 11,2 milhões.

Todas estas cidades apresentando um desenvolvimento insustentável (FREITAG,

2006).

Esta fase da formação de metrópoles, segundo Mumford (1945), anuncia o

começo da decadência da cidade sob a influência do mito capitalista, concentrada

nos negócios e no poder. Os detentores dos meios de produção subordinam todos

os aspectos da vida à acumulação de riquezas e sua exibição. Cresce a expectativa

de conquista física com uso de força militar, dominação financeira e especulação. A

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necessidade de produtos agrícolas se amplia, as regras de abastecimento se tornam

mais fracas, cresce o espírito de competição agressiva, se abate a perspectiva de

crescimento cultural, a padronização da vida se estabelece sob a égide do dinheiro.

Triunfa a mecanização e a burocracia em detrimento da ação direta. O caráter

quantitativo se sobrepõe na arquitetura, na educação, no consumismo. O saber se

divorcia da vida que se fragmenta em compartimentos, se desorganiza e se debilita.

Cresce a exploração do proletariado e o conflito entre trabalhadores organizados e

proprietários. A “cidade como meio de associação e como porto da cultura se

converte em meio de dissociação e em ameaça cada vez maior para a cultura real.

Cidades menores caem sob a influência de megalópoles” (p. 366, grifo da autora).

Ressalta o autor neste sentido, as questões relacionadas aos processos de

formação e agravamento da aglomeração urbana, alerta dramático para a

possibilidade de extinção da civilização.

Mumford (1945) segue analisando os meios que favorecem este fenômeno,

destacando de forma talvez pioneira o papel dos serviços de infra-estrutura urbana

inclusive no que se refere aos custos e às disparidades do atendimento à população,

enfatizando como resultado as “zonas carcomidas” e a população proletária que a

ocupa, bem como as contradições e inconvenientes do modelo econômico da

metrópole, o capitalismo. Apresenta de forma inédita a preocupação com o meio

ambiente e mutilação da natureza associada ao desenvolvimento urbano. Prenuncia

o advento dos grandes Shoppings Centres quando fala do consumismo

desenfreado, da metrópole como uma Exposição Mundial permanente sob um

mesmo teto, um mesmo edifício de lojas de departamentos, com rotina subordinada

à exibição e venda de produtos buscando uma expansão cada vez maior.

Acredita Freitag (2006), baseada em diversos autores teóricos, urbanistas,

políticos e ecólogos tais como Ronald Daus (1990-1997) e Saskia Sassen (1991),

que dificilmente essas megalópoles de hoje teriam condições de se inserir no

contexto global como metrópoles. Seriam necessárias entre outras medidas,

políticas que buscassem a absorção de mão de obra; a proteção ao meio ambiente

a sustentabilidade dos processos de desenvolvimento econômico, o controle da

natalidade e da livre movimentação entre cidades; e mesmo entre bairros da mesma

cidade e, sobretudo o desenvolvimento de uma cidadania na qual as políticas seriam

bem sucedidas. Especificamente relacionada à questão urbana, Freitag (2006)

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aponta para a transformação da megalópole em cidade policêntrica, com novos

centros urbanos menores e cada vez mais autônomos, capazes de recuperar os

valores das cidades e metrópoles (ainda sustentáveis), em que novas formas de

exercício da cidadania e solidariedade tenham espaço.

Mumford (1998, p.621) sublinha que:

a missão final da cidade é incentivar a participação consciente do homem no processo cósmico e no processo histórico [e que] o engrandecimento de todas as dimensões da vida, mediante a comunhão emocional, a comunhão racional e o domínio tecnológico, e, acima de tudo, a representação dramática, tem sido na história a suprema função da cidade. E permanece como a principal razão para que a cidade continue existindo.

1.2.2. Palavras-Chave mais Utilizadas

Semelhantemente ao item anterior, as palavras-chave abaixo relacionadas

foram destacadas devido à relevância para a compreensão do texto e foram

dispostas de acordo com esta importância23.

Unidade de Planejamento

Unidade de planejamento é a porção do território tomada como base para a

formulação e execução do planejamento urbano. No planejamento racional-

funcionalista (já anteriormente comentado), esta unidade é a zona, a área

especializada por determinada função da cidade dividida em partes, o zoneamento.

Na proposta de superação da atual setorização, a unidade que melhor

corresponderia ao planejamento contemporâneo superado, ao planejamento

urbano (de fato) integrado ao de recursos hídricos seria a bacia hidrográfica

(definida e detalhada adiante).

23 Cabe destacar que o Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável do Município do Rio de Janeiro, promulgado em 01.02.2011, deverá sistematizar a legislação urbanística existente incluindo as matérias (zoneamento, áreas de preservação e parâmetros urbanísticos) aqui especialmente tratadas entre outras, conforme o artigo 45 que determina à Lei de Uso e Ocupação do Solo (LUOS) “estabelecer o zoneamento de todo o território municipal, atualizando, unificando, simplificando e sistematizando as normas reguladoras de utilização do espaço urbano vigentes”. Estabelece ainda no artigo 330 “o prazo de dois anos para o encaminhamento à Câmara Municipal do Projeto da Lei de Uso e Ocupação do Solo, que consolidará para todo o território municipal os índices e parâmetros urbanísticos determinados na legislação vigente adequados às disposições contidas neste Plano Diretor” (RIO DE JANEIRO, 2011c). Estas alterações regulamentadas e aprovadas provavelmente se constituirão em mais alguns retalhos na já tão remendada cidade do Rio de Janeiro.

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Zoneamento

Zoneamento é um tradicional instrumento característico do planejamento

urbano funcionalista24, caracterizado pela divisão da cidade em zonas, apoiado por

um sistema legislativo (normalmente em nível municipal) que procura regular o uso,

ocupação e arrendamento da terra urbana por parte dos agentes de produção do

espaço urbano, tais como as construtoras, incorporadoras, proprietários de imóveis e

o próprio Estado.

No Rio de Janeiro as macro-zonas de restrição à ocupação urbana

determinadas pela Lei Complementar 16/1992 que instituiu o Plano Diretor Decenal

da Cidade do Rio de Janeiro, se constituíram em áreas agrícolas, áreas com

condições físicas adversas à ocupação, áreas impróprias à urbanização e áreas

destinadas à proteção do meio ambiente. A Lei Complementar 111/2011 que

instituiu o Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável do Município do Rio de

Janeiro, define as macro-zonas de ocupação urbana em: Assistida, Condicionada,

Controlada e Incentivada. O novo Plano Diretor se propõe ainda a sistematizar,

atualizar e unificar a legislação existente, inclusive sobre a matéria zoneamento. Até

então as macro-zonas também estão definidas no Decreto 28.801/2007

(regulamenta as macro-zonas do Plano Estratégico – Plano de Legado Urbano e

Ambiental), que tem por objetivo orientar a expansão da ocupação urbana, as ações

de planejamento urbano, a regulamentação e a aplicação dos instrumentos da

política urbana, além de indicar as prioridades na distribuição dos investimentos.

Apresentam-se também as zonas, centros de bairro e logradouros comerciais

regulamentadas no Decreto 322/1976, o Regulamento de Zoneamento da cidade; as

zonas dos Projetos de Estruturação Urbana25 (PEUs), introduzidos no planejamento

urbano da cidade pelo Plano Urbanístico Básico da Cidade do Rio de Janeiro

(PUBRIO), aprovado pelo Decreto 1.269/1977; as zonas ambientais criadas com as

Áreas de Preservação e as Áreas de Especial Interesse (AEI), que se classificam

conforme sua destinação, promulgadas por leis especificas ou através dos PEUs. O

Zoneamento se constitui em amplo conjunto de normas que compõe o zoneamento

da cidade (RIO DE JANEIRO, 2010a).

24 O planejamento urbano funcionalista, ou Urbanismo Modernista já tratado em Planejamento Urbano: o Contemporâneo e sua Superação está também detalhado nos itens 2.4 e 3.1. 25 O Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável do Município do Rio de Janeiro também instituiu uma nova feição para o PEU, agora Plano de Estruturação Urbana, detalhado em Legislação Urbanística a seguir apresentada.

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Normalmente, as leis de zoneamento restringem o tipo de edificação a ser

construída em cada zona com base: na função, uso (residencial, comercial, industrial

ou mista) e nos índices e parâmetros constantes da legislação urbanística.

Índices e Parâmetros Urbanísticos

Os índices e parâmetros urbanísticos (também indicadores) incluem a taxa de

ocupação (TO) e coeficiente de aproveitamento máximo (Índice de Aproveitamento

da Área - IAA, Índice de Aproveitamento do terreno - IAT), o gabarito (limitação da

altura das construções), a densidade populacional e habitacional e outros. O

gabarito, calculado em geral em função do IAA ou IAT, representa as dimensões

regulamentares permitidas ou fixadas para uma edificação - altura máxima e/ou o

número de pavimentos permitidos - considerando o posicionamento da construção

no lote (se afastada ou não das divisas) e sua localização no bairro. Na cidade do

Rio de Janeiro o gabarito está regulamentado (até a regulamentação das

modificações constantes do novo Plano Diretor – Lei Complementar (LC) 111/2011)

pelo Decreto 322/76, pelos Projetos de Estruturação Urbana (PEUs), Projetos

Aprovados de Loteamento (PALs) e Projetos Aprovados de Alinhamento (PAAs).

Destaca-se dentre estes parâmetros a taxa de impermeabilização do solo (TI),

definida a seguir (RIO DE JANEIRO, 2010a).

Taxa de Impermeabilização do Solo – TI

A taxa de impermeabilização do solo é o parâmetro urbanístico expresso

pela relação entre a área da parcela do lote ou gleba que não permite a infiltração de

água, e a área total do lote ou gleba. É expressa em percentagem (%). Permite a

relação direta da área de planejamento com a área geográfica da bacia

hidrográfica, em favor da integração dos planejamentos urbano e de recursos

hídricos (KAUFFMANN, 2003).

Áreas de Preservação

As Áreas de Preservação foram implantadas em diversas regiões da cidade, a

partir da política de meio ambiente e de valorização do patrimônio cultural do

Município, que visa à proteção, recuperação e conservação da memória construída,

suas paisagens e seus recursos naturais. Compreendem (até a regulamentação das

alterações propostas no novo Plano Diretor - LC 111/2011) as Áreas de Proteção

Ambiental (APAs), Áreas de Proteção do Ambiente Cultural (APACs) e parques, que

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representam a proteção e valorização do meio ambiente e do patrimônio cultural

(RIO DE JANEIRO, 2010a).

Infra-estrutura Urbana

Infra-estrutura é um conjunto de elementos essenciais para o

desenvolvimento de qualquer cidade. Redes bem estruturadas de água, esgoto,

eletricidade, drenagem, comunicação e transporte são imprescindíveis para a

melhora na qualidade de vida da população de um município. Em cidades de grande

porte, distribuir esses recursos a toda população é um enorme desafio.

A técnica moderna a serviço das redes se caracteriza pelo manejo de

fenômenos físicos próprios para assegurar a função de cada rede em relação com a

cidade. A concepção teórica define a finalidade para determinar o desempenho da

rede (novas redes, adaptações, extensões, reduções), aliada à concepção técnica

que busca uma otimização da rede através da criatividade técnica (diretamente

relacionada ao desenvolvimento das cidades contemporâneas, com caráter

indiscutivelmente urbano).

Ou seja, a rede física urbana só tem sentido numa dialética cidade / rede.

Surge como uma modalidade privilegiada de intervenção técnica sobre a cidade que

aparece segundo a visão sistêmica, como um sistema decomponível em

subsistemas. Podem-se encontrar várias redes de interação: de ligação e de

organização. As redes urbanas possuem relativa permanência espaço-temporal e

as suas relações têm significação física: fluxos de tráfego, de matérias (água,

esgoto). São tanto relacionais como organizacionais na medida em que são

hierarquizantes. Têm complexidade, se relacionam às possibilidades técnicas e a um

atendimento do território. Redes de serviços são estruturas com dois movimentos de

igual valor e simultâneos: redes organizadas e prestação de serviços que são a

materialização dessas relações (KLEIMAN, s.d. e 2003).

Meio Ambiente

O meio ambiente26, comumente chamado apenas de ambiente, envolve todas

as coisas vivas e não-vivas ocorrendo na Terra, ou em alguma região dela, que

26 O conceito de meio ambiente apresenta uma dimensão bastante ampla. Diversos autores se dedicam a esta discussão que não está esgotada e nem sempre converge para um consenso. As definições aqui apresentadas se destinam mais a uma delimitação preliminar do termo na forma em

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afetam os ecossistemas e a vida dos humanos. É o conjunto de condições naturais

que atuam sobre os organismos vivos e o homem (WEBER, 2001).

O conceito de meio ambiente pode ser identificado por seus componentes:

Completo conjunto de unidades ecológicas que funcionam como um sistema

natural sem uma massiva intervenção humana, incluindo toda a vegetação,

animais, microorganismos, solo, rochas, atmosfera e fenômenos naturais

que podem ocorrer em seus limites.

Recursos e fenômenos físicos universais que não possuem um limite claro,

como ar, água, e clima, assim como energia, radiação, descarga elétrica, e

magnetismo, que não se originam de atividades humanas.

O ambiente natural se contrasta com o ambiente construído, que

compreende as áreas e componentes que foram fortemente influenciados pelo

homem. O meio ambiente natural é resultado da evolução da primeira natureza,

que se faz no tempo e referência das ciências naturais e localiza-se no interior das

cidades e nos fundos territoriais (espaços naturais do território que aguardam sua

transformação pelo movimento de valorização, por exemplo a Amazônia, o Pantanal

e os cerrados). O meio ambiente transformado é resultado da ação do conjunto da

sociedade ao valorizar o espaço, o que se faz no tempo histórico, e manifesta-se

neste espaço por meio de complexidades variadas, no qual se integram elementos

da natureza e objetos técnicos (GRAZIA et al., 2001).

Impacto Ambiental

Impacto ambiental significa qualquer alteração significativa das propriedades

físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, em um ou mais de seus

componentes, provocada por ação humana. Pode ser visto também como parte de

uma relação de causa e efeito (WEBER, 2001).

Impacto ambiental é todo efeito no meio ambiente causado pelas alterações

e/ou atividades do ser humano. Conforme o tipo de intervenção, modificações

produzidas e eventos posteriores, pode-se avaliar qualitativa e quantitativamente o

impacto, classificando-o de caráter "positivo" ou "negativo", ecológico, social e/ou

econômico.

que foi considerado no presente texto, já que um maior aprofundamento do tema fugiria ao escopo do presente estudo.

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Fragilidade Ambiental

O conceito de fragilidade ambiental ou de áreas frágeis se relaciona à

susceptibilidade do meio ambiente a qualquer tipo de dano, inclusive, a poluição

(WEBER, 2001).

Recursos Hídricos

Os recursos hídricos fazem parte dos recursos naturais (rios e florestas, por

exemplo), aqueles provenientes da natureza em estado bruto, diferentemente dos

recursos ambientais (canais de drenagem, represas e unidades de conservação,

entre outros) que são os provenientes da natureza transformada pelo movimento de

valorização do espaço (GRAZIA et al., 2001).

Os recursos hídricos são as águas superficiais ou subterrâneas disponíveis

para qualquer tipo de uso de região ou bacia hidrográfica. O consumo de água tem

excedido a renovação da mesma, atualmente verifica-se um stress hídrico, ou seja,

falta de água doce principalmente junto aos grandes centros urbanos e também a

degradação da qualidade da água, sobretudo devido à poluição hídrica por esgotos

domésticos e industriais. É a massa d’água encontrada nos ecossistemas

aquáticos e nos mananciais subterrâneos (WEBER, 2001).

Os recursos hídricos são bens de relevante valor para a promoção do bem-

estar de uma sociedade. A água é bem de consumo final ou intermediário na quase

totalidade das atividades humanas (TUCCI, 2001).

No âmbito do desenvolvimento sustentável, o manejo sustentável dos

recursos hídricos compreende as ações que visam garantir os padrões de

qualidade e quantidade da água dentro da sua unidade de conservação, a bacia

hidrográfica.

Ecossistema

Ecossistemas são sistemas abertos que incluem em certa área, todos os

fatores físicos e biológicos do ambiente e suas alterações, o que resulta em uma

diversidade biótica com estrutura trófica (de cadeia alimentar) claramente definida e

na troca de energia e matéria entre esses fatores (WEBER, 2001).

O ecossistema ou sistema ecológico é qualquer unidade (biossistema) que

abranja todos os organismos que funcionam em conjunto (a comunidade biótica)

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numa dada área, interagindo com o ambiente físico de tal forma que um fluxo de

energia produza estruturas bióticas claramente definidas e uma ciclagem de

materiais entre as partes vivas e não-vivas. É a unidade funcional básica na

ecologia, pois inclui tanto os organismos quanto o ambiente abiótico; cada um

destes fatores influencia as propriedades do outro e cada um é necessário para a

manutenção da vida (ODUM, 1988).

Também por isto, a bacia hidrográfica inteira, e não somente a massa de

água ou o trecho de vegetação, deve ser considerada a unidade mínima de

ecossistema, quando se tratam de interesses humanos. A unidade de ecossistema

para estudo ou gerenciamento, então, deve incluir os campos, as florestas, as

massas de água e as cidades, interligadas por um sistema de riachos ou rios em

interação como uma unidade prática (ODUM, 1988).

Bacia Hidrográfica

Bacia hidrográfica define a área topograficamente drenada por um curso

d’água ou por um sistema interligado de cursos d’água de tal forma que todos os

caudais efluentes sejam descarregados através de uma única saída. Os seus

terrenos são delimitados por dois tipos de linhas de separação de águas: uma

topográfica ou superficial outra freática ou subterrânea. A área da bacia é chamada

área de drenagem ou de contribuição, normalmente medida em quilômetros

quadrados (COSTA, 2001; WEBER, 2001).

A bacia hidrográfica “é uma área de captação natural da água da precipitação

que faz convergir os escoamentos para um único ponto de saída, seu exutório”. A

bacia hidrográfica compõe-se “basicamente de um conjunto de superfícies

vertentes e de uma rede de drenagem formada por cursos de água que confluem até

resultar um leito único no exutório” (TUCCI, 2001, p.40). As micro-bacias ou sub-

bacias são subdivisões da bacia hidrográfica conservando as suas características.

A bacia hidrográfica pode ser considerada um ente sistêmico, onde se

realizam os balanços de entrada proveniente da chuva e saída de água através do

exutório, permitindo que sejam delineadas bacias e sub-bacias, cuja interconexão se

dá pelos sistemas hídricos (PORTO e PORTO, 2008).

As bacias hidrográficas urbanas são as significativamente povoadas, as

ocupadas pela expansão da malha urbana das cidades. São áreas que, por

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definição, apresentam atividades humanas concentradas, com ocupação do solo

impermeabilizando extensas áreas e com cursos d’água canalizados e alterados

pela intervenção do homem.

Sob o ponto de vista físico da bacia, dependendo do estudo a ser realizado, os

fatores mais relevantes são: área de drenagem, tipo de solo, cobertura vegetal,

geometria, declividades, disposição predominante dos cursos de água e densidade

de drenagem (WEBER, 2001). Ou como prefere GARCEZ (1967), os aspectos

preponderantes nas características físicas de uma bacia hidrográfica são:

topográficos, flúvio-morfológicos (índices de conformação e índices de

compacidade), geológicos, térmicos e cobertura vegetal.

Na caracterização da bacia vale verificar além das condições físicas e

climáticas, as condições sociais e culturais, especialmente nas áreas urbanizadas.

As alterações provocadas pela ocupação humana, tais como o desmatamento,

alteração e retificação dos cursos dos rios e a impermeabilização do solo provocada

pela ocupação urbana especialmente quando realizada sem o adequado

planejamento podem agravar em muito os processos erosivos, diminuir a

capacidade de infiltração e aumentar o volume dos escoamentos superficiais,

contribuindo para enchentes e inundações.

Legislação Urbanística

Na Constituição Federal se estabelecem as competências específicas dos

poderes: nacional (União), regional (Estados) e local (Municípios e Distrito Federal)

também para as questões urbanas. A Lei Orgânica define, entre outras, a matéria de

Política Urbana, com as competências previstas na Constituição Federal e os

princípios gerais a serem tratados no Plano Diretor, nas Leis Ordinárias e

Complementares (SILVA, 1996a e b). O Código Civil apresenta ainda restrições de

vizinhança e limitações ao direito de construir.

A legislação urbanística se exemplifica mais claramente no âmbito municipal,

devido mesmo a sua competência constitucional, conforme o artigo 30, em especial

no seu inciso VIII: “promover, no que couber, adequado ordenamento territorial,

mediante planejamento e controle do uso do solo, do parcelamento e da ocupação

do solo urbano” (MEDAUAR, 2002, p.27).

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Esta legislação27 tem a sua formulação geral no Plano Diretor de

Desenvolvimento e seu detalhamento se efetiva através do Código de Obras; Lei de

Uso e Ocupação do Solo; Regulamentos de Zoneamento, de Parcelamento do Solo,

Código de Posturas etc. Nestas normas se encontram regulamentados os

parâmetros urbanísticos destinados a controlar a densidade e volume das

construções, área livre dos lotes e demais limitações ao uso e ocupação do solo

urbano.

Pode fazer parte também dos expedientes utilizados no planejamento, controle

e expansão da cidade, além do já citado Plano Diretor que estabelece diretrizes,

instrumentos e regras para o desenvolvimento da cidade, concomitantemente ou

não, o Plano Estratégico. No caso do Rio de Janeiro foi realizado o Plano

Estratégico da Cidade do Rio de Janeiro (conforme comentado, já desde 1993,

seguindo à aprovação do Plano Diretor da cidade em 1992) “visando a consolidação

do Rio como uma metrópole empreendedora e competitiva, com capacidade para

ser centro de negócios para o país e o exterior” (RIO DE JANEIRO, 2010a).

A legislação urbanística inclui ainda o Projeto Aprovado de Alinhamento, PAA

(ou PA) que define o traçado dos logradouros, separando o espaço público das

parcelas privadas ou de outros bens públicos; o Projeto Aprovado de Loteamento,

PAL, Projeto de Parcelamento da Terra podendo ser efetuado através de

Loteamento ou Desmembramento, ou através de Remembramento (neste projeto

são identificados os lotes e suas dimensões) e; o Projeto de Estruturação Urbana,

PEU, conjunto de regras norteadas por políticas e ações definidas para orientar o

desenvolvimento físico-urbanístico de um conjunto de bairros vizinhos com

características semelhantes, assim considerado até a aprovação do novo Plano

Diretor (LC 111/2011) (RIO DE JANEIRO, 2010a).

O Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável do Município do Rio de

Janeiro (LC 111/2011) definiu o PEU, agora Plano de Estruturação Urbana como

instrumento que estabelece as diretrizes para o desenvolvimento local e, segundo as

quais, atualiza e aprimora a legislação urbanística para um bairro ou um conjunto de

bairros nos casos em que for necessária a revisão da legislação urbanística

instituída pela Lei de Uso e Ocupação do Solo, em especial, nas áreas onde esteja

27 Mais detalhes sobre legislação urbanística ver, por exemplo, Rio de Janeiro (2002); Meirelles (1981); Silva (1996a e b).

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ocorrendo intenso adensamento, degradação urbana, esvaziamento econômico e

nas áreas onde a incidência de instrumentos de proteção ao ambiente cultural

demonstre a necessidade de novo ordenamento e controle da ocupação, por Lei de

iniciativa exclusiva do Poder Executivo. Foram estabelecidos no artigo 69 os

objetivos, diretrizes e conteúdo do novo PEU (RIO DE JANEIRO, 2011c).

Integram, assim, o arcabouço jurídico urbanístico (federal, estadual e

municipal): Leis Ordinárias, Leis Complementares, Decretos, Decretos-Legislativos,

Decretos Lei, Resoluções, Portarias e outros dispositivos como Declarações,

Medidas provisórias etc., discriminados esquematicamente no quadro que segue.

QUADRO 1.2.2.1 – Atos Normativos

TIPOS DEFINIÇÃO INICIATIVA OBSERVAÇÕES28

Lei Ordinária

ato normativo primário que contém normas gerais e abstratas

executivo ou legislativo

Tramitação: discussão, votação, aprovação (em plenário e maioria simples de votos para ser

aceita), sanção (pelo executivo), promulgação, publicação e vigência.

Lei Complementar

lei com propósito complementar,

explicar, adicionar algo à Constituição

executivo

Tramitação: discussão, votação, aprovação (em plenário e exige maioria absoluta de votos para

ser aceita), sanção (pelo executivo), promulgação, publicação e vigência.

Decreto

destinado a fazer nomeações,

regulamentações de leis e lhes dar

cumprimento efetivo

executivo

Embora sem tramitação em plenário, tem sido expediente bastante utilizado, a despeito da sua

destinação, na elaboração da legislação urbanística, incluindo PAAs e PALs.

Decreto-Legislativo

ato normativo com eficácia análoga à de

uma lei. legislativo Aprovado sem a sanção do prefeito.

Decreto Lei decreto com força de

lei executivo

No Brasil, o decreto lei deixou de ser previsto

na Constituição de 1988.

Resolução

ato de autoridade competente para

estabelecer normas regulamentares

órgão de deliberação

coletiva

Deliberação ou determinação, ato pelo qual a autoridade pública ou o poder público toma uma decisão, impõe uma ordem ou estabelece uma

medida.

Portaria documento de ato

administrativo

qualquer autoridade

pública

Contém instruções acerca da aplicação de leis ou regulamentos, recomendações de caráter

geral, normas de execução de serviço, nomeações, demissões, punições, ou qualquer

outra determinação da sua competência.

Fonte: Elaboração da autora com base em Rio de Janeiro (2010 e 2010a).

28 Em geral os projetos, substitutivos e demais expedientes a serem votados em plenário do legislativo (federal, estadual e municipal) são aprovados por maioria simples, exceto os casos discriminados nos regimentos internos que necessitam de maioria absoluta ou de dois terços para a aprovação.

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1.3. TRÍADES TEÓRICAS

A principal referência teórico-metodológica, de certa forma implícita e, que irá

permear todo o processo de contextualização teórica e de construção do objeto

empírico, conforme já comentado, está apoiada em Lefebvre (1983), especialmente

no que se refere ao movimento de interação dialética entre pólos opostos, à

busca de um objeto enriquecido cada vez mais se apropriando dos conceitos

naquilo que couber, refletindo sempre em contextualização histórica. Exemplo desta

discussão, deste movimento entre pólos opostos em interação, aqui tratada, seria

antes de tudo a interação dialética entre a sustentabilidade e a insustentabilidade

urbana; também a constante tensão dialética entre a introdução de indicadores de

sustentabilidade (aplicados à legislação urbanística considerando uma totalidade,

uma área geográfica e socialmente referenciada, a bacia hidrográfica) e o paradigma

do planejamento urbano (funcionalista) que entende a cidade em partes estanques

(zoneamento). Acrescenta-se a construção de indicadores, processo dinâmico,

enriquecido, inter-relacionado, em movimento, em interação dialética dos vários

aspectos da quantidade à qualidade29.

Acredita-se também na contribuição de Lefebvre (1991, 1999, 2001, 2001a e

2008) para a compreensão do espaço (em especial da bacia hidrográfica) segundo a

tríade dialética do percebido, do concebido e do vivido. Algumas considerações

referenciadas em Lefebvre procuram avançar no entendimento da bacia hidrográfica

como espaço social conforme se apresenta no item 1.4.1 a seguir.

Relaciona-se ainda este processo, ainda que não de forma explícita, com

Bourdieu (1996, 2000 e 2004), a partir da tríade mítica no processo de

estranhamento e construção do objeto: rigor, reflexividade e risco, com ênfase na

busca das variantes que permitam verificar as invariantes, tanto para o entendimento

da unidade de planejamento bacia hidrográfica como na construção e análise dos

indicadores30. No processo de produção de conhecimento novo em ciências sociais

Bourdieu (2004) ressalta que é necessário se ter noção de que a consciência dos

atores não é suficiente para explicar as suas ações. E que as ações individuais só

adquirem plenamente sentido quando referidas à estrutura das relações sociais as

29 O item 1.4.2 a seguir aprofunda esta discussão do movimento dos indicadores. 30 O item 1.4 que segue trata especificamente da bacia hidrográfica como espaço social (item 1.4.1) e dos indicadores na legislação urbanística (item 1.4.2).

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quais são complexas e devem ser desmistificadas, desnaturalizadas. Ateve-se,

portanto à postura de reflexividade intensa, acerca do objeto em estudo

(devidamente estranhado em todo o processo de construção), como sujeito do

conhecimento e sobre a sua posição na sociedade, na utilização dos instrumentos e

método como estimuladores da reflexão (LECHTE, 2003; BOURDIEU et al., 2004).

Três conceitos-chave podem condensar a sua teoria: campo31 (social, filosófico,

cultural), habitus32 e capital33 (social, econômico, cultural e simbólico). Esta teoria

que tem “como ponto central a relação, de mão dupla, entre as estruturas objetivas

(dos campos sociais) e as estruturas incorporadas (do habitus)”, opõe-se

radicalmente aos pressupostos antropológicos inscritos na linguagem e também às

teses mais extremas de certo estruturalismo e, se firma, desde logo, por romper com

algumas noções patenteadas e com uma série de oposições socialmente muito

fortes, indivíduo / sociedade, individual / coletivo, consciente / inconsciente, que

parecem constitutivas de qualquer espírito normalmente constituído (BOURDIEU et

al., 2004).

Sob a convicção de que não se pode capturar a lógica mais profunda do mundo

social a não ser submergindo na particularidade de uma realidade empírica,

historicamente situada e datada, para construí-la, porém, como caso particular do

possível, o autor, procura apanhar o invariante, a estrutura, na variante observada.

Busca indicar as diferenças reais que separam tanto as estruturas quanto as

disposições (o habitus) e cujo princípio é preciso procurar, não na singularidade das

naturezas – ou das almas – mas nas particularidades de histórias coletivas

diferentes (BOURDIEU, 1996 e 2000).

Em relação à formulação e entendimento do papel de mediação, gradação e

qualificação dos indicadores e mesmo do papel do planejamento, cabe lembrar a

proposta metodológica de Sartre (1972), principalmente relacionada às mediações,

ao método progressivo-regressivo e ao movimento totalizante da filosofia.

31 Espaço simbólico, local empírico de socialização, lugar em que os agentes determinam, validam e legitimam representações. 32 Relaciona-se à capacidade que uma determinada estrutura social tem de ser incorporada pelos agentes, por meio de disposições para sentir, pensar e agir. Dimensão do poder simbólico, articulação de disposições no espaço social. 33 Discute a quantidade de acúmulo de forças dos agentes em suas posições no campo.

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Vale ressaltar ainda o trabalho de Habermas (1994 e 1997) especialmente no

tocante à mediação34. Os conceitos desenvolvidos pelo autor de ação comunicativa

(comunicação livre, racional e crítica buscando o restabelecimento dos vínculos

entre socialismo e democracia) e das duas esferas que coexistem na sociedade: o

sistema e o mundo da vida (a ‘reprodução material’ e a esfera de 'reprodução

simbólica’) podem ser de contribuição para possíveis estudos futuros.

Semelhantemente, a obra de Leibniz (1646-1667) pode resultar em desdobramentos

interessantes da presente tese, particularmente sob o aspecto da gradação.

Destacam-se a grande descoberta de Leibniz (2009): o cálculo infinitesimal

(desenvolvido quase na mesma época de Newton que acabou recebendo o crédito)

e; o ponto principal do seu pensamento: a teoria das mônadas (conceito

neoplatônico, que em grego significam unidade) que seriam pontos últimos se

deslocando no vazio. Para Leibniz (2009), o espaço é um fenômeno não ilusório. É a

ordem das coisas que se relacionam. O espaço tem uma parte objetiva, a da

relação, mas não é o real tomado em si mesmo. Assim como o espaço, o tempo

também é um fenômeno35.

A apropriação destas metodologias, ainda que implícitas e guardadas as

devidas limitações, se mostram em conformidade com os ensinamentos de Lefebvre

(1983). Lembra-se que o autor discute que na construção do conhecimento podem-

se destacar a determinação progressiva de uma metodologia e uma lógica novas,

fundadas não somente sobre o conjunto dos resultados das ciências da natureza,

mas também sobre o estudo dos fatos e das questões históricas e sociais. Trata da

lógica concreta, da lógica do conteúdo que é feito da interação de elementos

opostos, como o sujeito e o objeto, é uma lógica dialética. A forma e o conteúdo

estão em uma interação constante e, a “lógica concreta será concebida como a

teoria de uma prática: o conhecimento”. Deve a “lógica concreta contribuir com uma

síntese da imensa experiência humana no contato com o real: com um resumo da

história do conhecimento”. Lefebvre (1983, p.85 e 87) propõe a construção histórica

do conhecimento (do objeto) como um movimento (do conhecimento e do

pensamento) que problematiza e desvenda as relações e as gradações existentes

34 Habermas (1994, 1997 e outros). Ver http://pt.wikipedia.org/wiki/Jürgen_Habermas, consultado em 26 out. 2010. 35 Ver também http://www.consciencia.org/leibniz.shtml e http://www.leibnizbrasil.pro.br/leibniz-vida.htm, consultados em 26 out. 2010.

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neste procedimento a partir da lógica dialética, permitindo mesmo a superação da

análise (em interação com a síntese), ou seja, o surgimento de novas proposições.

1.4. INTERAÇÃO DIALÉTICA: APLICAÇÃO E PROCESSO

1.4.1. Bacias Hidrográficas como Espaço Social

Henri Lefebvre (1991) entende espaço social36 como o espaço dos homens

reais que comporta toda a diversidade da vida social, e, portanto, traz em sua forma-

estrutura todos os elementos para o exercício da dominação e também o seu

contrário. O espaço é, por definição, um espaço contraditório, pois sujeito aos

interesses dos diferentes grupos sociais.

Na sua concepção do espaço social, Lefebvre (1991) examina determinadas

representações discursivas sobre o espaço dos especialistas (arquitetos, urbanistas,

planejadores) confrontando-as com os espaços de representações das pessoas e

grupos que estão presentes e se “formam permanentemente nas suas experiências

e vivências diárias que nem sempre são discursivamente acessíveis”. As

representações do espaço expressam uma perspectiva ideológica e dominante

daquela sociedade a respeito de seu espaço social “sempre relacionada às relações

de produção e às ordens que nelas têm sua origem”. Essas representações buscam

se impor a outras vivências sociais que formam aqueles espaços de representação

muitas vezes em desacordo com as formas oficiais da representação do espaço.

Pois, estes espaços podem estar

vinculados a um lado mais clandestino e subterrâneo (underground) da vida social que não obedece às regras de consistência e coesão; não envolve tanto o pensamento, mas mais os sentimentos, [esses] espaços têm um núcleo afetivo e abrangem os lugares de paixão, da ação e da situação vivida (RANDOLPH, 2006, p.16).

Na Produção do Espaço (1991) Lefebvre argumenta que há níveis diferentes

do espaço, do espaço muito abstrato, cru, natural (espaço absoluto) até

espacialidades mais complexas cujo significado seja produzido socialmente (espaço

social).

36 Espaço social também está conceituado na sistematização no item 1.2, relacionado ainda ao espaço urbano.

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Lefebvre (1991) acrescenta que o espaço é um produto social, ou uma

construção social complexa (baseada em valores, e na produção social dos meios

de produção) que afeta práticas e percepções espaciais. Como um filósofo marxista

(mas altamente crítico do estruturalismo e do economicismo que dominou o discurso

acadêmico em seu período), Lefebvre discute que esta produção social do espaço

urbano é fundamental à reprodução da sociedade e do próprio capitalismo.

Conseqüentemente, a noção de hegemonia como proposta por Antonio Gramsci

(1977) é usada enquanto uma referência evidenciando como a produção social do

espaço está comandada por uma classe hegemônica como uma ferramenta para

reproduzir sua dominação.

O espaço social é, assim, um produto social, é o espaço produzido e, de certa

forma, serve como uma ferramenta para o pensamento e para a ação. E serve não

somente como meio de produção, mas como meio de controle, e de dominação.

E, o espaço abstrato pode ser entendido como a exteriorização de práticas

econômicas e políticas que se originam com a classe capitalista e com o Estado. É

fragmentado, homogêneo e hierárquico. No que concerne ao espaço social, trata-se

do espaço dos valores-de-uso produzidos pela complexa interação de todas as

classes no cotidiano. Nesse sentido, considera que é a tensão entre valor-de-uso e

valor-de-troca que produz o espaço social de usos, produzindo também,

simultaneamente, um espaço abstrato de expropriação. Ou seja, “o espaço social

incorpora as ações sociais, as ações dos sujeitos tanto individuais como coletivos”

(LEFEBVRE, 1991, p.33, tradução da autora).

Lefebvre (1991) discute ainda que cada sociedade, e conseqüentemente cada

modalidade da produção, produz algum espaço, seu próprio espaço. A cidade do

mundo antigo não pode ser compreendida enquanto um simples aglomerado dos

povos e das coisas no espaço. Realizou sua própria prática espacial, fazendo seu

próprio espaço, auto-ajustado ao clima intelectual da cidade no mundo antigo que

era muito relacionado à produção social de sua espacialidade. Então se cada

sociedade produz seu próprio espaço, qualquer "existência social" que procura ser

ou se declarar ser real, se não produzir seu próprio espaço, se torna uma entidade

estranha, uma abstração muito peculiar incapaz de escapar do ideológico ou mesmo

das esferas culturais. Baseado neste argumento, Lefebvre criticou os planejadores

urbanos soviéticos, considerando que não produziram um espaço socialista,

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reproduzindo apenas o modelo modernista do projeto urbano (as intervenções no

espaço físico, que eram insuficientes para apreender o espaço social) aplicado neste

contexto:

Mude a vida! Mude a Sociedade! Estas idéias perdem completamente seu significado sem produzir um espaço apropriado. [Uma lição a ser] aprendida dos construtivistas soviéticos dos anos 1920 e 1930, e de sua falha, é que as novas relações sociais exigem um espaço novo, e vice-versa (LEFEBVRE, 1991, p.59, tradução da autora).

Ou seja, a constatação de que toda realidade se reveste de forma e conteúdo

leva Lefebvre (1991) a acreditar que o espaço social apresenta, também,

metodologicamente e teoricamente, as três categorias gerais: forma, função e

estrutura. Ademais, a articulação metodológica das três noções permite desvelar um

conteúdo sócio-espacial que se encontra oculto, posto que dissimulado nas formas,

funções e estruturas analisadas.

Argumenta Lefebvre (1991) que com o capitalismo, a relação entre a

reprodução das relações sociais de produção (aquelas constitutivas do capitalismo)

e a própria reprodução da família se complexificam. Assim, introduz um terceiro

termo aos dois anteriores, a reprodução da força de trabalho, e passa a pensá-los

de forma imbricada. E, é justamente a partir do reconhecimento de que o espaço

social contém uma multiplicidade de representações específicas, desta tripla

interação das relações sociais de reprodução social, que emerge a tríade conceitual

das práticas espaciais, das representações do espaço e dos espaços de

representação.

Ou seja, o conceito de espaço social de Lefebvre (1991) envolve a interseção

de três dimensões distintas:

1- Prática Espacial – produção e reprodução do conjunto espacial característico

de cada sociedade. Assegura a continuidade e certo grau de coesão. É a

dimensão da materialidade, da concretude do espaço, das construções, com

as quais os homens se habituam no seu dia-a-dia;

2- Representações do Espaço – concepção da sociedade que envolve os

conhecimentos que permitem compreender e ordenar as práticas materiais

(geografia, arquitetura, planejamento);

3- Espaços de Representação – dimensão da vivência cotidiana, implicando

nos códigos, signos, simbolismo das construções materiais que funcionam

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como espaços simbólicos, os quais criam novas possibilidades e sentidos

para as práticas espaciais.

A cidade deveria ser percebida como uma relação superadora dessa tríade à

qual se referiu Lefebvre (1991) ao refletir sobre a noção de espaço e, ao longo da

sua exposição, introduz ainda os termos percebido, concebido e vivido. Adverte-nos

Lefebvre (1991) que ao mesmo tempo em que o espaço carrega consigo

simbolismos explícitos ou clandestinos (representações das relações de produção)

próprios do cotidiano, do particular, do vivido, transmite, também, as mensagens

hegemônicas do poder e da dominação (representações das relações sociais de

produção), expressões do geral, do concebido.

Existem, portanto,

contradições do espaço, mesmo se dissimuladas ou mascaradas. [E, essas] contradições não advêm de sua forma racional, [mas sim] do conteúdo prático e social e, especificamente, do conteúdo capitalista. Com efeito, o espaço da sociedade capitalista pretende-se racional quando, na prática, é comercializado, despedaçado, vendido em parcelas. [Assim, ele é] simultaneamente global e pulverizado. Ele parece lógico e é absurdamente recortado. [Existem conflitos inevitáveis e] notadamente entre o espaço abstrato (concebido ou conceitual, global e estratégico) e o espaço imediato, percebido, vivido, despedaçado e vendido (LEFEBVRE, 2008, p. 56 e 57).

Trabalhar com a tríade espacial de Lefebvre através de uma transposição

direta pode trazer alguns problemas já que o autor, habituado à utilização do método

dialético, separa os três termos apenas no momento da análise. Práticas espaciais,

representações do espaço e espaço de representações (acompanhados dos termos

referentes: percebido, concebido e vivido) realizam-se simultaneamente,

confundindo-se, sobrepondo-se. Cabe ressaltar então a importância da percepção

deste movimento de interação dialética entre estes termos, bem próprio do

pensamento “lefebvreano”, realizado ao mesmo tempo em que supera as

costumeiras dicotomias entre pólos opostos, buscando sempre o salto, o novo,

conforme o próprio Lefebvre (1983) apresenta:

cada termo ou conceito pode ser encarado sob dois aspectos [...] por um lado uma extensão [...] e por outro uma compreensão (p.139), [...] a qualidade e a quantidade, a extensão e a compreensão do conceito são inseparáveis (p.141) e [...] cada processo importante do pensamento introduz o novo, mas posto em seu lugar pelo movimento e, portanto compreendido. E cada grau novo se manifesta através de um salto do pensamento vivo que avança (p.179), [...] a quantidade permite que nosso mundo qualitativo tenha uma estrutura definida, sem deixar de ser qualitativo (p.211), [...] a transformação consiste numa interrupção da

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gradualidade, numa modificação brusca da qualidade em decorrência de um aumento muito pequeno da quantidade. [...] Temos aqui a lei, de primordial importância, da transformação da quantidade em qualidade. O devir concreto jamais avança com passo regular. [...] Processa-se por saltos (p.212). [...] a quantidade é precisamente o aspecto através do qual as diferentes qualidades se relacionam e se comparam (p.214). [...] As modificações quantitativas lentas, [...] desembocam numa súbita aceleração do devir. A modificação qualitativa [...] ao contrário, brusca, expressa uma crise interna, uma metamorfose em profundidade [...] através de uma intensificação de todas as contradições. O salto dialético implica simultaneamente, a continuidade (o movimento profundo que continua) e a descontinuidade (o aparecimento do novo, o fim do antigo) (p.239).

Lefebvre (2008) destaca assim que:

a cidade é uma mediação entre uma ordem próxima e uma ordem distante. A ordem próxima é aquela do campo circundante que a cidade domina, organiza, explora extorquindo-lhe sobre-trabalho. A ordem distante é a da sociedade no seu conjunto. Enquanto mediação, a cidade também é o local onde as contradições da sociedade considerada se manifestam, como, por exemplo, aquelas entre o poder político e os diferentes grupos sobre os quais esse poder se estabelece (p. 82).

Considera ainda que a questão atualmente seja superar as fragmentações:

determinar a junção, a articulação dos dois níveis, o micro e o macro, a ordem próxima e a ordem distante, a vizinhança e a comunicação [...]. No nível intermediário se situa o que se pode pensar e projetar [...]. O nível inferior é o da aldeia, do bairro. O nível macro é o do urbano. Entre ambos, no ponto de ataque, a população, para a qual se poderia tentar atualmente a produção de um espaço apropriado, [...]. A essa escala o direito à cidade pode intervir de maneira operatória [...] (p. 30 e 31). Entendido o direito à cidade como a constituição ou reconstituição de uma unidade espaço-temporal, de uma reunião, no lugar de uma fragmentação [...] não elimina os confrontos e as lutas, mas implica e aplica um conhecimento, conhecimento de uma produção, a do espaço (p. 32 e 33).

Cabe então considerar, conforme prossegue o texto, as bacias hidrográficas

urbanas, nos moldes aqui comentados, como um indício de novidade em termos de

unidade integrada de planejamento urbano e gestão das águas, e de relação com o

espaço social de Lefebvre, em correspondência também com a escala intermediária

de planejamento acima citada, lembrando-se que se propõe a correspondência

destas bacias com os PEUs37. Vale destacar inicialmente, conforme já comentado

que se tratariam aqui de bacias urbanas e, entendidas como o

37 Ver sobre a unidade de planejamento por bacias relacionadas aos PEUs no Prólogo e detalhada a seguir no item 2.3.2.

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locus onde ocorrem as relações sociais de ordem cultural, política e econômica; o território relativizado, de limites físicos flexibilizados que privilegiam a dinâmica local, [principalmente quando a] abordagem de análise é direcionada para a área urbana enquanto ambiente antropizado (AFONSO E BARBOSA, 2005, p.15).

Neste sentido não se configuram como simples espaço natural, na medida em

que nos seus limites físicos ampliados, estariam abrangidas as relações sociais e

toda a dinâmica dos seus habitantes, considerados individualmente ou

coletivamente.

É importante ressaltar, que embora aqui se falem de bacias genericamente,

cada caso merece ser tratado em particular, verificando-se inclusive um dos pontos

principais que Lefebvre considera na sua análise do espaço social que é a questão

da especificidade e da história. Merecem sob este primeiro aspecto duas

considerações. A primeira em relação à análise regressiva, ao processo histórico de

formação das bacias como unidades de planejamento e gestão, tanto sob o enfoque

legislativo, como em relação à prática de gestão e planejamento através dos

comitês. Embora um processo lento e com uma série de limites, é alvo de grande

motivação pela própria característica de mobilização da água e seus usos e está

também em transformação. Aponta, em favor de uma análise progressiva, para a

consolidação não só de uma prática inovadora de planejamento e participação dos

usuários das bacias, à frente do planejamento estratégico, conforme discorrido a

seguir (item 2.3), como também para uma nova matriz de planejamento. Esta não

tão estanque (como no planejamento racional-funcionalista) e que favorece uma

integração do urbano-ambiental com os recursos hídricos, mas também uma inter-

relação entre diferentes instâncias institucionais.

Em relação ainda à matriz de planejamento, lembrando o já citado, vale

destacar a proposta de setorização (também não tão estanque quanto o

zoneamento racional-funcionalista em vigor, particularmente, mas não

exclusivamente para o caso do Rio de Janeiro) do município por bacias ou sub-

bacias em correspondência a grupos de bairros ou bairros e trechos de bairros

(PEUs, por exemplo). A partir de suas especificidades, revelariam em sua prática

comum, social, política e cultural, sua história e sua construção. Tal espaço suporia

a correspondência com o espaço social de Lefebvre.

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Ainda que se possam considerar os riscos de certa abstração na delimitação

desta unidade de planejamento integrado por bacias e, mesmo o de se incorrer em

análises e tentativas de quantificação, o que seria uma característica do espaço

abstrato, as práticas sociais deste mesmo espaço vinculadas à sua história podem

conferir unidade nesta representação do espaço. Podem se expressar em práticas

espaciais e criar novos sentidos para estas práticas, funcionando como espaços

simbólicos de tradução da vivência cotidiana, espaços de representação. Em

determinada medida esta tríade espacial de Lefebvre, das práticas espaciais,

representações do espaço e espaço de representações (acompanhados dos termos

referentes: percebido, concebido e vivido) podem ser então verificadas nestas bacias

hidrográficas, por exemplo, às relacionadas aos PEUs, guardadas as devidas

proporções e a necessidade de verificação em cada caso específico.

1.4.2. Indicadores na Legislação Urbanística: Movimentos

Destacam-se três enfoques principais, em interação dialética entre si, que

podem iluminar a discussão dos indicadores na legislação urbanística favorecendo

novos ângulos analíticos e metodológicos: Quantidade e Qualidade; Termo Médio e

Superação.

O primeiro se relaciona à qualificação dos indicadores; o segundo ao papel dos

indicadores de sustentabilidade e o terceiro à estratégia, à contribuição para a

formulação de metodologia de aplicação de indicadores nos processos de

planejamento urbano, conforme segue.

1.4.2.1. Quantidade e Qualidade

No processo de seleção e investigação, formulação e conceituação dos

indicadores devem ser considerados todos os aspectos apontados por Lefebvre

(1983), todos os pólos apresentados devidamente enriquecidos, inter-relacionados,

em movimento, em interação dialética. Os aspectos, bem colocados pelo autor, da

quantidade (relacionada ao imediato, ao conhecido, à extensão, ao contínuo, à

forma etc.) e qualidade (correspondendo ao mediato, ao desconhecido, à

compreensão, ao descontínuo, ao conteúdo e outros) podem, com muita

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propriedade favorecer a escolha e o estudo dos indicadores. Facilita ainda a

consideração nas relações de um fato do que é mais ou menos essencial:

cada termo ou conceito pode ser encarado sob dois aspectos [...] por um lado uma extensão [...] e por outro uma compreensão [...] (p.139). [...] A qualidade e a quantidade, a extensão e a compreensão do conceito são inseparáveis [...] (p.141). [...] cada processo importante do pensamento introduz o novo, mas posto em seu lugar pelo movimento e, portanto compreendido. E cada grau novo se manifesta através de um salto do pensamento vivo que avança (LEVEBVRE, 1983, p.179).

O autor destaca que:

a quantidade permite que nosso mundo qualitativo tenha uma estrutura definida, sem deixar de ser qualitativo (p.211). [...] a transformação consiste numa interrupção da gradualidade, numa modificação brusca da qualidade em decorrência de um aumento muito pequeno da quantidade. [...] Temos aqui a lei, de primordial importância, da transformação da quantidade em qualidade. O devir concreto jamais avança com passo regular. [...] Processa-se por saltos (p.212). [...] a quantidade é precisamente o aspecto através do qual as diferentes qualidades se relacionam, se comparam [...] (p.214). [...] As modificações quantitativas lentas, [...] desembocam numa súbita aceleração do devir. A modificação qualitativa [...] ao contrário, brusca, expressa uma crise interna, uma metamorfose em profundidade [...] através de uma intensificação de todas as contradições. [...] O salto dialético implica simultaneamente, a continuidade (o movimento profundo que continua) e a descontinuidade (o aparecimento do novo, o fim do antigo) (p.239) (LEVEBVRE, 1983).

1.4.2.2. Termo Médio

Os indicadores ambientais, urbanísticos, de sustentabilidade podem ser

entendidos no seu papel de mediadores entre o passado (as informações que

agregam e divulgam à população) e o futuro (o devir, o planejar, o permitir projetar,

modelar), além do seu papel muitas vezes estático de no presente ser capaz de

avaliar políticas públicas, procedimentos etc. A Taxa de Impermeabilização do solo

(TI), por exemplo, pode ainda ser um importante elemento de ligação entre a

realidade física alvo do projeto (a bacia hidrográfica) e o projetado (o desenho, o

plano, o papel), entre a legislação e a sua aplicação. Enfim o estudo dos indicadores

como termo médio, como instrumento do pensamento dialético, como conexão

dialética que permite o movimento de interação dos diversos pólos abordados por

Lefebvre (1983), em certa medida, pode ser aqui aplicado e contribuir na construção

de um objeto enriquecido (no caso um novo indicador, com novas variáveis

agregadas):

dentre [...] as exigências internas do pensamento, está [...] a ligação dos termos [...]: o ser e o nada, o ser vazio e o ser pleno, o devir e o ser, a

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qualidade e a quantidade. Nesse sentido, o pensamento é, e só pode ser transição, movimento, passagem de um grau a outro, de uma determinação a outra [...] (p.178). [...] Assim, nada existe no mundo que não seja um estado intermediário entre o ser e o nada (191). [...] o termo médio, realiza a mediação efetiva entre o singular e o universal. É através dele que o singular aparece, atinge a existência, realiza a essência. Portanto ele é a causa (Aristóteles) e a razão de ser (Hegel). E, no conhecimento, é através dele que o pensamento pode compreender o singular (p.225).

As leis de todo movimento, tanto no real quanto no pensamento são universais

e concretas, remetem dialeticamente um ao outro pólo, através de um termo médio.

E, Lefebvre acrescenta que:

o método fornece o termo médio [...], é alternadamente a expressão das leis universais e o quadro da aplicação delas ao particular; ou, ainda, o meio, o instrumento que faz o singular subsumir-se ao universal (1983,p.237).

Nas leis do método dialético, o autor considera o papel do termo médio:

na lei da interação universal, a conexão, a mediação recíproca de tudo o que existe [...]; na lei do movimento universal [...], a conexão lógica (dialética) das idéias reproduz (reflete), cada vez mais profundamente a conexão das coisas; [...] na lei da unidade dos contraditórios [...],o método dialético busca captar a ligação, a unidade, o movimento que engendra os contraditórios, que os opõe, que faz com que se choquem, que os quebra ou os supera [...]; na lei dos saltos [...], da transformação da quantidade em qualidade [...]; na lei do desenvolvimento em espiral (da superação) [...], no próprio movimento em espiral, dialético, revelado no devir do pensamento e da sociedade (p. 237, 238 e 239).

Sartre (1972) destaca que “falta ao marxismo uma hierarquia de mediações”

(p.50) e como intenção do existencialismo “sem ser infiel às teses marxistas,

encontrar as mediações que permitem engendrar o concreto singular, a vida, a luta

real e datada, a pessoa a partir das contradições gerais das forças produtivas e das

relações de produção” (p.51). Importa que:

o método regressivo-progressivo dê conta ao mesmo tempo da circularidade, das condições materiais e do condicionamento mútuo das relações humanas estabelecidas sobre esta base [...] a sociologia, momento provisório da totalização histórica, revela mediações novas entre homens concretos e as condições materiais de sua vida, entre as relações humanas e as relações de produção, entre as pessoas e as classes (SARTRE, 1972, p.64-65).

E que se pode estabelecer o método, aproximando-se do momento em que a

História só terá um único sentido em que

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ela tenderá a se dissolver nos homens concretos que a farão em comum (p.77). [Considera que o] homem caracteriza-se antes de tudo pela superação de uma situação [e que] esta superação só é concebível como uma relação do existente com seus possíveis (SARTRE, 1972, p.78-79).

Sartre acrescenta ainda que:

positiva e negativamente, os possíveis sociais são vividos como determinações, esquemáticas do futuro individual. E que o possível mais individual não é senão a interiorização e o enriquecimento de um possível social [...], considerando ainda que [...] a sociedade se apresenta para cada um como uma perspectiva de futuro e que este futuro penetra no coração de cada um como uma motivação real de suas condutas (SARTRE, 1972, p.82).

1.4.2.3. Superação

O trabalho de Lefebvre (1983) no próprio texto apresenta a metodologia

aplicada, apresentando em cada capítulo a dinâmica da interação dialética entre

pólos contraditórios, aprofundando as contradições, a própria interação, num

crescendo do processo no próprio capítulo e nos capítulos seguintes que se tornam

cada vez mais complexos, com mais aspectos de contraposição, mais enriquecidos.

E, a cada síntese, há uma superação, no momento seguinte. O autor atua como um

maestro, numa orquestra, após um clímax, a obra continua, a linguagem chega

mesmo a acentuar o tom, a atingir certa dramaticidade. Esta metodologia, pode com

muita propriedade favorecer a compreensão da complexa dinâmica do planejamento

urbano, das formas de planejar, das metodologias e dos instrumentos utilizados

(indicadores). O pensamento lógico dialético pode então contribuir bastante na

construção deste objeto, no seu entendimento e compreensão, na sua análise e

síntese devidamente enriquecida, superada (no caso aqui, contribuir na superação

do planejamento contemporâneo), como brilhantemente apresenta Lefebvre

especialmente em:

o pensamento supera e nega o que há de negativo, de destrutivo na análise; e o faz, precisamente, ao liberar o elemento positivo obtido e determinado pela análise, ao colocá-lo em seu devido lugar, em sua verdade relativa (p.181). [...] Descobrimos na coisa a contradição concreta: a identidade dela com o seu fenômeno, bem como a contradição da essência com sua própria aparência. Reencontramos também num nível cada vez mais alto, e cada vez mais dramático, o conflito entre o ser e o nada (LEFEBVRE,1983, p.219).

O autor ainda destaca que:

a verdadeira superação é obtida não através da amortização das diferenças (entre as doutrinas e as idéias), mas, ao contrário, aguçando essas diferenças (p.229). [...] Na superação, o que é superado é abolido,

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suprimido – num certo sentido. Não obstante, em outro sentido, o superado não deixa de existir, não recai no puro e simples nada; ao contrário, o superado é elevado a nível superior. E isso porque ele serviu de etapa, de mediação para a obtenção do resultado superior [...] (p.230). A superação exige [...] o confronto mais intenso, mais agudo, mais real das teorias ou dos seres (p.231). [...] Se o fim de um progresso reencontra o seu começo, não temos aqui um círculo vicioso, mas uma superação real, na condição de que o progresso do pensamento seja efetivo e consista num aprofundamento do ponto de partida (p.233). [...] o processo de aprofundamento do conhecimento [...] é infinito (LEFEBVRE, 1983, p. 241).

Lefebvre acrescenta citando Hegel que “naquilo com que um espírito se

satisfaz, mede-se a grandeza de sua perda” (HEGEL apud LEFEBVRE, 1983,

p.241). E, considera que em certas fases do pensamento, este deverá de

transformar, se superar [...]. O método dialético se revela “ao mesmo tempo rigoroso

(já que se liga a princípios universais) e o mais fecundo (capaz de detectar todos os

aspectos das coisas, incluindo os aspectos mediante os quais as coisas são

vulneráveis à ação)” (LEFEBVRE, 1983, p.241).

1.5. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA

A pesquisa para a tese busca, a partir do percurso entre a sustentabilidade e a

insustentabilidade urbana, refletir sobre a conceituação de indicadores, incluídos na

legislação urbanística e potencialmente capazes de promover a gestão associada

das águas urbanas e do território e, facilitar a superação da visão dicotômica

preponderante no planejamento urbano.

Este enfoque de investigação se justificaria a partir das considerações:

ainda não foram suficientemente esgotados nem equacionados, diversos

aspectos relacionados à sustentabilidade, inclusive a própria discussão da

territorialização destas questões;

o quadro das condições de vida nas cidades brasileiras guarda ainda na sua

base de indicadores e nos conceitos sobre sustentabilidade uma problemática que

não possibilita plena avaliação, planejamento e ações resolutivas;

os indicadores de sustentabilidade, em geral, se referem, sobretudo, à macro-

escala não permitindo o efetivo conhecimento de situações intra-urbanas, micro-

localizadas principalmente em áreas de baixa renda;

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medir determinada situação por indicadores deve, além de fazer uma revisão

da escala, supor a existência de pólos opostos possibilitando, no seu intervalo, obter

graus de diferenciação entre os extremos, bem como verificar a conexão dialética e

interação desses diversos pólos;

a conceituação dos indicadores é pouco reflexiva em relação à interação

dialética entre a sustentabilidade e a insustentabilidade urbana e, às contradições da

coexistência (especialmente para o Rio) do planejamento racional-funcionalista e o

estratégico e suas implicações;

a constante tensão dialética entre a introdução de indicadores de

sustentabilidade (aplicados à legislação urbanística considerando uma totalidade,

uma área geográfica e socialmente referenciada, a bacia hidrográfica) e o paradigma

do planejamento urbano (funcionalista) que entende a cidade em partes estanques

(zoneamento) ainda é insuficientemente discutida;

além da insuficiência de material teórico acerca da sustentabilidade aplicado

às questões urbanas e indicadores, a legislação urbanística, ambiental e de recursos

hídricos, as que tratam das questões direta ou indiretamente relacionadas à

sustentabilidade, algumas vezes até bastante completas e abrangentes, se detêm

nas possibilidades, proibições, limites e permissões, se dedicam ao “o que pode

fazer” e, muito raramente normatizam o “como fazer”, residindo muitas vezes aí, a

“brecha na lei” que permite muitas alterações prejudiciais à qualidade de vida

urbana;

neste particular, os indicadores na legislação urbanística se caracterizam

também como abstrações numéricas sem correspondência direta com a área de

planejamento, facilitando, também por isto a sua alteração sem critérios técnicos.

Sob este contexto e, com o foco na sustentabilidade urbana constituiu-se o

objeto de estudo na contribuição para o desenvolvimento de indicador de

ocupação sustentável da bacia hidrográfica (IOS-BH).

A concepção teórico-metodológica, apresentada no capítulo 1, com base

especialmente no pensamento de Lefebvre devido ao dinamismo, movimento

dialético entre pólos opostos de abordagem, ajudando à compreensão da

sustentabilidade urbana e das propriedades dos indicadores com originalidade,

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permeia todo o texto subsidiando a sua elaboração. Buscou-se a seguir na revisão

bibliográfica das principais questões relacionadas ao estudo, resgatar os respectivos

contextos históricos que pudessem iluminar o objeto, concentradas em maioria no

capítulo 2 de conteúdo teórico. Procedeu-se então ao objetivo da tese, à aplicação

dos indicadores à legislação urbanística da cidade do Rio de Janeiro,

concentrada no capítulo 3 que trata do contexto empírico, buscando-se assim, a

cada capítulo, resgatando o anterior e apontando para o seguinte, construir o objeto

cada vez mais enriquecido.

Neste sentido metodológico, a presente pesquisa relacionou as referências

teóricas e informações secundárias a aplicações práticas (quadros e estudo de

caso).

a) As referências teóricas estão apropriadas a partir da análise crítica dos

principais trabalhos contemporâneos sobre a matéria, sistematizadas e relacionadas

ao objetivo principal do estudo em questão (os indicadores urbanísticos e aplicação

na legislação urbanística para a sustentabilidade urbana).

b) As Informações secundárias foram coletadas a partir da legislação

urbanística (sites e textos), artigos, pesquisas e teses acadêmicas e científicas sobre

o assunto e outros. Foram gerados quadros com a principal legislação de interesse,

com ênfase às alterações da legislação urbanística. Estão consideradas como

variantes de importância para o estudo dos indicadores, sua composição, área de

aplicação e demais características e especificidades que interessem ao tema. O

arcabouço jurídico urbanístico principal está relacionado também por data, seguido

de comentários acerca da evolução urbana e aplicação de indicadores.

c) As aplicações práticas (estudo de caso e quadros) estão confrontadas com

as referências teóricas e metodológicas buscando uma análise crítica do objeto de

estudo e em seqüência à construção do objeto enriquecido, novas proposições,

aplicáveis à sustentabilidade urbana.

d) O período de abrangência considerado foi a partir do ano de 1992,

momento em que se verifica a ampliação da discussão da sustentabilidade (ECO92),

o Plano Diretor do Rio de Janeiro é aprovado com novidades na área ambiental e de

recursos hídricos, mas, aos moldes do planejamento racional-funcionalista, e passa

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a conviver com a introdução logo depois do planejamento estratégico e ambos

seguem, revistos, até a atualidade.

e) A área de referência adotada foi a cidade do Rio de Janeiro, por suas

características e especificidades históricas, ambientais, culturais e políticas. Cidade

que historicamente tem avançado sobre um sítio ambiental extremamente rico e

apesar da vasta e complexa legislação ambiental e urbanística continua se

expandindo de forma insustentável. A aplicação do indicador IOS-BH se procede no

bairro da Barra da Tijuca, localizado no vetor preferencial de expansão da cidade,

alvo de constantes modificações na legislação urbanística e também de relevante

interesse ambiental, ainda passível de recuperação urbana para a sustentabilidade.

A observação crítica do quadro de insustentabilidade urbana da maioria das

cidades, sobretudo as brasileiras, à luz do referencial teórico adotado, acabou por se

concentrar na hipótese, conforme já apontado, de que os indicadores na

legislação urbanística da cidade do Rio de Janeiro não têm correspondência

física com a área de planejamento e se constituem em abstrações numéricas

dificultando a mensuração e construção da sustentabilidade urbana. Em

seqüência, destas preocupações e, a partir deste contexto, emergiu a questão

central desta tese: o novo indicador de ocupação sustentável da bacia

hidrográfica (IOS-BH) pode oportunizar a conexão da legislação urbanística

com a bacia hidrográfica, adotada efetivamente como área de planejamento

urbano integrado ao de recursos hídricos e ambientais e, contribuir assim para

a superação do planejamento urbano contemporâneo na perspectiva da

sustentabilidade?

Na expectativa então, de uma contribuição objetiva e viável na legislação

urbanística, acrescentando ao “o que se pode fazer”, o “como fazer” consideram-se

as palavras:

“Cada vez mais vejo que quero viver num Grande Aqui e num Longo Agora”.

Brian Eno38

38 Apud CASTELLS (1999).

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CAPÍTULO 2. SUSTENTABILIDADE: FORMULAÇÕES E FERRAMENTAS 2.1. SUSTENTABILIDADE

2.1.1. Antecedentes ao Conceito de Sustentabilidade

O conceito de sustentabilidade que vem se construindo ao longo de vários

anos se conformou com a denominação desenvolvimento sustentável, mais

especialmente, a partir de 1987 quando formalizado no relatório de Gro Harlem

Brundtland, Notre avenir à tous, conhecido como Relatório Brundtland e, desde

então, principalmente a partir da Cúpula da Terra, no Rio em 1992, a ECO92, tem

sido discutido e divulgado em diversos fóruns acadêmicos, de técnicos e de

participação popular. O conceito agrega atualmente inúmeras abordagens, algumas

até contraditórias e, mesmo que não se tenha alcançado uma consolidação mais

plena do termo, a maioria dos estudiosos dedicados ao tema reconhece a sua

importância para a qualidade de vida no desenvolvimento das cidades.

O entendimento de sustentabilidade, conforme se encontra no Estatuto da

Cidade (Lei 10.257 de 10.07.2001), explicitada

[no sentido da] justiça ambiental e social [e, da] garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infra-estrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações, [complementada ainda pela preocupação em] evitar e corrigir as distorções do crescimento urbano e seus efeitos negativos sobre o meio ambiente, [não esgota a discussão devido à considerável abrangência e polêmicas que o conceito envolve] (MEDAUAR, 2002, p.395).

A tarefa de construção de um “futuro promissor para a humanidade, já

vislumbrada ao final do século XIX”, na virada do “século XX, revela um balanço de

frustrações e uma constrangedora pauta de pendências” conforme ilustra o Quadro

2.1.1.1 a seguir e, ainda hoje se mostra um grande desafio (BURSZTYN, 2001,

p.10).

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QUADRO 2.1.1.1 – Comparação de Expectativas

VARIANTES FIM DO SÉCULO XIX FIM DO SÉCULO XX

Expectativa geral para o futuro

Otimismo Pessimismo

Papel da ciência e da tecnologia

Forte crença na capacidade de resolução dos problemas

Desencanto e consciência da necessidade de precaução

Condições de vida Perspectiva de bem-estar

(welfare) Um mal-estar pelo agravamento

de carências Instância reguladora Crescentemente o Estado Crescentemente o Mercado

Relação entre os povos

Paz Guerras

Relações entre grupos sociais

Maior igualdade Maior desigualdade

Economia Forte crescimento Crescimento lento, estagnação

Progresso Promotor de riqueza Causador de impactos ambientais

Mundo Interdependência (mercados) e complementaridade

Globalização e exclusão de regiões “desnecessárias”

Fonte: Bursztyn (2001).

Bursztyn (2001, p.12) prossegue destacando que para “entender as lições

deixadas pelo século XX para o XXI, é relevante buscar lições na história como base

para, a partir do conhecimento dos impasses atuais, traçar linhas de conduta das

atividades de produção de conhecimento que estejam em sintonia com um horizonte

civilizatório sustentável”.

Viotti (2001, p.154) entende que “nos fins do século XX”, surgiu “uma nova

idéia força que está progressivamente mobilizando as nações: o desenvolvimento

sustentável. Um novo estilo de desenvolvimento que tem como meta a busca da

sustentabilidade social e humana capaz de ser solidária com a biosfera. A sociedade

brasileira, em consonância com esse movimento universal, também busca construir

esse novo estilo de desenvolvimento”.

Esta conceituação nova tem suas raízes na gradual mistura do movimento

ambiental e da comunidade de desenvolvimento internacional, após a segunda

guerra mundial, comentada a seguir. Alguns fatos históricos relevantes, resumidos a

seguir no Quadro 2.1.1.2 (ver também Figura 2.2.3.1), contribuíram na elaboração

deste conceito.

Com a criação da Organização das Nações Unidas, foi organizada a

Conferência das Nações Unidas para Conservação e Uso dos Recursos, nos

Estados Unidos, em 1949. As discussões de caráter científico englobavam questões

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acerca de recursos naturais, carência de alimentos e combustíveis, desenvolvimento

de novas tecnologias e desenvolvimento integrado de bacias hidrográficas

(AFONSO, 2006). Em 1962, Rachel Carson (apud INSTITUTO DE

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, 2009 e 2010) publicou o livro “Primavera

Silenciosa” de pesquisa em toxicologia, ecologia e epidemiologia, apontando para a

finita capacidade do meio ambiente de absorver poluentes. O Programa Biológico

Internacional iniciado em 1963 por diversas nações, após 10 anos consolidou dados

e lançou as bases para um ambientalismo científico. Em 1968, o Clube de Roma,

estabelecido por economistas e cientistas europeus, persegue um entendimento

holístico e soluções globais para a problemática que envolve as inter-relações entre

produção industrial, população, dano ambiental, consumo de alimentos e uso de

recursos naturais (INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, 2009).

A Conferência Intergovernamental pelo Uso Racional e Conservação da

Biosfera (UNESCO), em 1968, marcou as primeiras discussões para a elaboração

do conceito de desenvolvimento ecologicamente sustentável. Em 1971, o Instituto

Internacional para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, se reúne na Inglaterra

para pesquisar formas de progresso econômico sem a destruição ambiental. No

mesmo ano, o Relatório Fusex, fruto do encontro de especialistas na Suíça,

recomenda a integração das estratégias de meio ambiente e desenvolvimento,

destacando o subdesenvolvimento e a pobreza do mundo não industrializado, em

contrapartida à preocupação com o ambiente a partir dos padrões de produção e

consumo do mundo industrializado. Tais considerações acabaram por persuadir a

participação de muitos países em desenvolvimento na conferência do ano seguinte

(INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, 2010).

Este encontro, Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento

Humano, em 1972, ocorrido em Estocolmo (Suécia) proporcionou o reconhecimento

internacional para os temas ambientais, a criação de várias agências de proteção ao

meio ambiente e o estabelecimento do Programa das Nações Unidas para o Meio

Ambiente (PNUMA). Neste mesmo ano, O Clube de Roma publica um controverso

relatório, “Limites ao Crescimento” que prediz sérias conseqüências se o

crescimento não for diminuído. Em 1980, é lançada a Estratégia Mundial de

Conservação, pela International Union for Conservation of Nature and Natural

Resources - IUNC, definindo o desenvolvimento sustentável como “a modificação da

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biosfera e a aplicação de recursos humanos, financeiros, vivos e não vivos para

satisfazer as necessidades humanas e melhorar a sua qualidade de vida” e, entre

outras questões, identifica os principais agentes de destruição do habitat e

recomenda nova estratégia de desenvolvimento internacional, com redistribuição de

renda, economia mundial mais dinâmica e estável, aceleração do crescimento

econômico e diminuição dos impactos da pobreza (CURY, 2006, p.74; INSTITUTO

DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, 2009).

Destaca-se, em 1986, a Conferência da ONU sobre meio Ambiente e

Desenvolvimento ocorrida em Ottawa, que definiu o desenvolvimento sustentável

como um paradigma emergente de dois padrões estreitamente ligados: um de

reação contra a economia de livre mercado que considera os recursos vivos como

externalidades e bens livres e, outro baseado no conceito conservacionista dos

recursos naturais. Em 1987, a Comissão Mundial da ONU sobre o Meio Ambiente e

Desenvolvimento, por intermédio do Relatório Brundtland (também conhecido como

relatório “O Nosso Futuro Comum”), formulou o mais conhecido e divulgado conceito

de desenvolvimento sustentável: “o desenvolvimento sustentável descobre as

necessidades do presente, sem comprometer a habilidade de futuras gerações de

encontrar as suas necessidades” (CURY, 2006, p.77; INSTITUTO DE

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, 2009; COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO

AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO, 1991).

Em 1992, a Conferência da ONU em Meio Ambiente e Desenvolvimento

(UNCED), conhecida também como Conferência Mundial sobre Ecologia e

Desenvolvimento (RIO92 ou ECO92), no Rio de Janeiro, publica a Agenda 21 e,

também a Declaração do Rio com uma agenda para que os países da conferência

estabelecessem suas próprias metas ambientais. Acontece então em 1993 a

primeira reunião da Comissão das Nações Unidas sobre Desenvolvimento

Sustentável, em prosseguimento à UNCED do ano anterior, buscando aumentar a

cooperação internacional e racionalizar a capacidade intergovernamental de tomada

decisão. Em 1995 realiza-se o encontro da Cúpula Mundial para o Desenvolvimento

Social em Copenhagen e, pela primeira vez, a comunidade internacional expressa

um claro compromisso com a erradicação da pobreza absoluta. Em 2002 a Cúpula

Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável se reúne em Johanesburgo, marcando

os 10 anos desde a UNCED, produziu dois documentos: Declaração Política e Plano

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de Implementação que reafirmaram as decisões da RIO92. Só realizaram, após

difíceis negociações, acordos em relação a princípios e metas, e quase nada quanto

à implementação. O Protocolo de Kyoto, desdobramento da RIO92, entra em vigor,

em 2005, dentre outras providências, propõe aos países desenvolvidos metas de

redução de emissões gases de efeito estufa, e estabelece mecanismo de

desenvolvimento limpo para os países em desenvolvimento (INSTITUTO DE

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, 2009).

QUADRO 2.1.1.2 – Desenvolvimento Sustentável – Síntese Histórica

ANO EVENTO COMENTÁRIOS

1949 Conferência das Nações Unidas para

Conservação e Uso dos Recursos (nos EUA)

Discussão de caráter científico: recursos naturais, carência de alimentos, novas

tecnologias e desenvolvimento integrado das bacias hidrográficas.

1962 Rachel Carson publicou o livro “Primavera

Silenciosa” Finita capacidade do meio ambiente de

absorver poluentes.

1963 Programa Biológico Internacional Bases para ambientalismo científico.

1968 Clube de Roma Entendimento holístico e soluções globais.

1968 Conferência Intergovernamental pelo Uso

Racional e Conservação da Biosfera (UNESCO) (em Paris)

Primeiras discussões do conceito de desenvolvimento ecologicamente sustentável.

1971 Instituto Internacional para o Meio Ambiente

e o Desenvolvimento (na Inglaterra) Progresso econômico sem a destruição

ambiental.

1971 Relatório Fusex

(na Suíça)

Subdesenvolvimento e pobreza (mundo não industrializado) X padrões de produção e

consumo (mundo industrializado).

1972 Conferência das Nações Unidas sobre

Desenvolvimento Humano (em Estocolmo, Suécia)

Reconhecimento internacional para os temas ambientais e criação do Programa de Meio

Ambiente das Nações Unidas.

1972 Clube de Roma Controverso relatório, “Limites ao Crescimento”.

1980 Estratégia Mundial de Conservação

(IUNC)

Redistribuição de renda, aceleração do crescimento econômico e diminuição dos

impactos da pobreza, entre outros aspectos.

1986 Conferência da ONU sobre meio Ambiente e Desenvolvimento ocorrida (em Ottawa)

Contra a economia de livre mercado; conceito conservacionista dos recursos naturais.

1987 Comissão Mundial da ONU sobre o Meio

Ambiente e Desenvolvimento (na Noruega) Relatório Brundtland

1992 Conferência da ONU em Meio Ambiente e Desenvolvimento (UNCED) (ECO92) (no

Rio de Janeiro) Agenda 21 e Declaração do Rio39

1993 Comissão das Nações Unidas sobre

Desenvolvimento Sustentável

Aumentar a cooperação internacional e a capacidade intergovernamental de tomada

decisão.

1995 Cúpula Mundial para o Desenvolvimento

Social (em Copenhagen) Erradicação da pobreza absoluta.

2002 Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento

Sustentável (RIO+10) (em Johanesburgo) Declaração Política e Plano de Implementação

que reafirmaram as decisões da RIO92.

2005 Protocolo de Kyoto Redução de emissões gases de efeito estufa e

mecanismo de desenvolvimento limpo. Fonte: Elaboração da autora com base em Instituto de Desenvolvimento Sustentável (2009); Afonso (2006).

39 A Agenda 21 foi então aplicada em âmbito nacional e local em diversos países, entre outros, citados no item 2.2.3 e Quadros 2.2.3.1 e 2.2.3.2.

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2.1.2. Evolução do Conceito

Chega-se ao início do século XXI com poucos avanços concretos na direção da

sustentabilidade. Entretanto, do debate iniciado, a partir de meados do século XX,

conforme já comentado, cabe resgatar algumas das principais questões.

Esta discussão teve início no âmago das formulações sobre desenvolvimento

econômico, ao final da segunda guerra mundial, sob uma ideologia altamente

otimista que previa um crescimento econômico indefinido, resultando em total

inconsciência das repercussões ambientais e de degradação ecológica derivada das

atividades econômicas. Sob influência ainda, de expectativas do final do século XIX,

(conforme Quadro 2.1.1.1), na verdade, segundo Grunkemeyer e Moss (2001) este

posicionamento guardava raízes lá no final do século XVIII, quando o impacto da

Revolução Industrial começou a ditar direções econômicas, sociais e políticas,

levando as nações industrializadas a se tornarem imediatistas e voltadas para o

ganho em curto prazo, acreditando que o desenvolvimento não tinha limites e que os

avanços tecnológicos seriam capas de resolver todos os males sociais. Essa

ideologia econômica subsidiou a teoria econômica desenvolvimentista, o

keynesianismo, que adquiriu espaço institucional tanto nos setores conservadores,

como nos que se situavam mais à esquerda. Posteriormente, fundamentou toda a

ação dos organismos multilaterais de fomento, como o Banco Mundial (BIRD) e

Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) (CAPORALLI, 2001).

Sachs observa que esta teoria, um economicismo estreito, fazia crer que, no

momento em que o crescimento rápido das forças produtivas estivesse assegurado,

se produziria um processo completo de desenvolvimento que se estenderia

espontaneamente a todos os âmbitos da atividade humana. Considera que o

desenvolvimento sustentável é incompatível com as forças do mercado sem

restrições, ocasionando novos problemas sociais e agravando ainda mais a

desigualdade social (SACHS, 2001 e 2002).

Esta perspectiva, entretanto, começa a mudar em meados no século XX (ver

Quadros 2.1.1.1 e 2.1.1.2 e Figura 2.2.3.1), avança especialmente nos anos 70 a

partir das discussões e conferências internacionais, consolidadas, em 1987, no

relatório de Gro Harlem Brundtland, “Notre avenir à tous”, Relatório Brundtland,

conforme já comentado. Esta noção entrou verdadeiramente no debate público a

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partir da RIO92, em 1992. Comentando esse relatório, Duval (2004) considera que a

justaposição das duas palavras é o seu encanto. Desenvolvimento significa que

podemos continuar a melhorar as condições de vida da população mundial,

especialmente no Sul. Enquanto durável (sustentável) indica que chegamos a

restabelecer (ou a estabelecer) equilíbrios ecológicos de sorte que a economia

“responde às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das

gerações futuras”.

O Relatório Brundtland popularizou com tanto sucesso a noção de

desenvolvimento sustentável que, desde então, o conceito aparece em quase toda

instituição, agência ou ONG internacionais e, seus princípios acabaram sendo a

base da Agenda 21, aprovada no Relatório do Rio de Janeiro (Declaração do Rio),

documento que delineia uma parceria global pelo desenvolvimento sustentável. Este

documento se remete a uma larga série de temas ambientais e de desenvolvimento

através do mundo. Acabou por acarretar, já na década de 90, do século XX, na

publicação de estratégias de desenvolvimento sustentável na maioria dos países40,

incluindo o Brasil e também no lançamento de estratégias locais da Agenda 21 por

muitas autoridades, conforme já referido (CARTER, 2007).

Considera-se que as Agendas 21 ainda podem avançar no cumprimento do

papel a que se propuseram e contribuir mais diretamente para a construção da

sustentabilidade. Entretanto, podem-se identificar também nelas, fontes de

inspiração, desde então, cada vez mais, para a proliferação da discussão e da

utilização do termo desenvolvimento sustentável, também da sustentabilidade e

outros, especialmente para o desenvolvimento de indicadores de sustentabilidade

(conforme item 2.2), algumas vezes suscitando confusões e mesmo uma variada

gama de interpretações e desdobramentos, algumas comentadas a seguir.

A sustentabilidade vista como busca de eficiência na utilização dos recursos do

planeta poderia abrigar desde “otimistas tecnológicos” até “partidários do livre

comércio”. A sua associação com o debate sobre desenvolvimento das cidades se

relacionaria a três representações básicas: técnico-material da cidade; cidade como

espaço da qualidade de vida e da reconstituição da legitimidade das políticas

urbanas (ACSELRAD, 2001).

40 Para detalhes, ver alguns exemplos no item 2.2.3.

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Gell-Mann (1996, p.384) alerta que a necessária transição para um mundo

mais sustentável deve envolver diversos aspectos: demográfico, tecnológico,

econômico, social, institucional, ideológico e informacional. Considera que o mais

importante e mais difícil de tudo seria:

o predomínio de atitudes que favoreçam a unidade na diversidade, a cooperação e competição não-violenta entre tradições culturais diferentes e nações-estados, assim como a coexistência sustentável com os organismos com os quais nós humanos dividimos a biosfera. [Acredita que] vale a pena tentar construir modelos do futuro [...] traçar caminhos que possam conduzir a este mundo sustentável, [...] um mundo no qual a humanidade como um todo e o resto da natureza funcionem como um sistema adaptativo complexo em um grau muito maior do que o fazem hoje.

Com foco na solidariedade, Bursztyn (2004, p.10) discute a sustentabilidade.

Ressalta que:

quando surge o conceito de desenvolvimento sustentável, a idéia se equaciona em termos conceituais, embora a prática não esteja imediatamente resolvida. [A questão hoje é] como promover melhores condições de vida a populações que vivem em condições desfavoráveis, sem repetir o mesmo modelo de crescimento econômico que foi praticado nos países que atingiram condições de vida muito elevadas, mas também a um custo muito elevado. [Concorda com um modelo em] que se estenda, se radicalize a idéia de solidariedade, em relação ao próximo no presente, [ou seja, se estendam] condições mínimas satisfatórias a toda a população do universo e, iguais ou melhores ainda, às próximas gerações para satisfazer as suas necessidades básicas.

Bursztyn (2007, p.2) acredita que:

a sustentabilidade é possível, mas para isso é necessário uma radical mudança de práticas (do perdulário ao auto-suficiente), de mentalidades (ampliando o conceito de solidariedade para a dimensão temporal, incluindo as futuras gerações) de produção de conhecimentos (menos utilitários e mais coerentes com as condições naturais) e institucionais (criando mecanismos que coíbam atitudes insustentáveis e fomentem ações ambientalmente corretas).

Embora existam diversas sugestões, e controvérsias, acerca dos enfoques da

sustentabilidade e do desenvolvimento, Sachs (1997 e 2002), considerando a

sustentabilidade como um conceito dinâmico que envolve um processo de mudança,

destaca alguns critérios de sustentabilidade: social, cultural, ecológico, ambiental,

territorial, econômico e político (nacional e internacional), a partir dos quais

compreende o desenvolvimento sustentável em cinco dimensões principais:

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sustentabilidade social (desenvolvimento com justa distribuição do ter e da

renda, e melhoria dos direitos e condições de toda a população com redução

da distância entre os padrões de vida),

sustentabilidade econômica (alocação e distribuição eficientes dos recursos

naturais, em escala apropriada e por um fluxo regular do investimento

público e privado),

sustentabilidade ecológica (ampliação da utilização do potencial dos

diversos ecossistemas, com um nível mínimo de deterioração dos mesmos),

sustentabilidade cultural (busca das raízes endógenas para a modernização,

sem rompimento da identidade cultural e dos contextos espaciais

específicos),

sustentabilidade espacial (configuração rural-urbana adequada à proteção

da diversidade biológica, com melhores condições de vida, melhor

distribuição dos assentamentos humanos e das atividades econômicas).

No conceito de desenvolvimento sustentável, segundo Rutherford (1997), o

mundo é visto em termos de estoques e fluxo de capital. Considera, entretanto, não

apenas o capital monetário ou econômico, mas também capitais de diferentes tipos,

incluindo o ambiental e o natural, capital humano e capital social. Com relação à

questão ecológica, Rutherford (1997) enfoca em especial os impactos das atividades

humanas sobre o meio ambiente, no caso sobre o capital natural incluindo a

produção primária, oferecida pela natureza, como a base sobre a qual se assenta a

espécie humana.

Adotando o conceito de sustentabilidade ampliada que une os fatores sociais e

ambientais, ou seja, o enfrentamento da degradação ambiental associado ao

problema mundial da pobreza, Bezerra e Fernandes (2000) identificam quatro

parâmetros básicos:

ética (preocupação com as gerações futuras);

temporal (planejar o longo prazo);

social (desigualdade social como entrave da sustentabilidade;

prática (mudança de hábitos de consumo e de comportamento).

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Os autores sugerem então as sete vertentes: sustentabilidade ecológica;

sustentabilidade ambiental; sustentabilidade demográfica; sustentabilidade cultural;

sustentabilidade social; sustentabilidade política e sustentabilidade institucional; com

vistas ao crescimento econômico, eqüidade social, equilíbrio regional e equilíbrio

ecológico (BEZERRA e FERNANDES, 2000).

Afonso (2006, p.11) apresenta a definição de sustentabilidade como

“manutenção quantitativa e qualitativa do estoque de recursos naturais”, usando-os

sem danificar “suas fontes ou limitar a capacidade de suprimento futuro, para que

tanto as necessidades atuais quanto aquelas do futuro possam ser igualmente

satisfeitas”. Destaca que se trata e um processo de mudança, de transformação

estrutural que necessariamente deve ter a participação de todos os setores da

sociedade.

Cabe ressaltar que a visão, muitas vezes fragmentada (conforme algumas aqui

apresentadas), das dimensões da sustentabilidade tem inspirado, segundo os

estudos de Altafin (2008, p.22), duas correntes que dominaram o discurso e as

ações do desenvolvimento sustentável nas últimas décadas: as definições de

sustentabilidade fraca e forte.

A primeira é defendida por aqueles que advogam o limite das atividades

humanas como pré-condição para preservação do planeta, isto é, a prevalência da

conservação ambiental do planeta aos seres humanos. Tem como seguidores,

particularmente, as ONGs. Detém um viés predominantemente ambiental, abriga o

conceito de crescimento zero e a manutenção do capital natural como condição

essencial de sustentabilidade. Os seguidores da sustentabilidade fraca, de viés

fundamentalmente econômico, têm uma visão antropocêntrica, na qual o meio

ambiente não é mais do que uma construção social, isto é, a Natureza está sempre

sujeita a processos antrópicos e as soluções para as questões de desequilíbrios têm

resposta no progresso técnico (PEARCE e ATINSON, 1992; OECD, 2001; ALTAFIN,

2008, p.22).

Destacam-se neste contexto, para o presente trabalho, as formulações que

enfatizam o conceito de desenvolvimento sustentável aliado à noção de território,

defendido por diversos autores, em especial Dourojeanny (1993) e Magnaghi (1999),

pressupondo conciliar qualidade ambiental e desenvolvimento socioeconômico,

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dentro de um modelo democrático e participativo de gestão e planejamento. A

questão da sustentabilidade é assimilada nas discussões e legislações de

planejamento urbano, de gestão ambiental e de recursos hídricos (conforme

abordado no item 2.1, 2.2 e 2.3), apontando para uma nova matriz de planejamento

integrado, a bacia hidrográfica (ver especialmente itens 1.1.4 e 2.3) e para a

necessidade de superação do planejamento contemporâneo (ALVIM e RONCA,

2004).

Cury (2006, p.82) reforça esta posição quando destaca a formação de um

consenso na sociedade de que:

se devem administrar os recursos hídricos de maneira que o desenvolvimento das sociedades humanas se dê de maneira sustentável e racional em relação às suas necessidades e dentro dos limites de suporte do ambiente. Isto pode ser operacionalizado de maneira prática – através do poder público – por meio de um ecossistema fechado e completo, que tem a ver com os recursos hídricos, com o ciclo hidrológico e com o território, a bacia hidrográfica.

Mello et al. (2007, p. 61 e 62) entendem que a construção da sustentabilidade

também passa pela discussão da “questão do território e do lugar”. Aponta então

dois grandes desafios: a “mudança do padrão de ocupação do território e das

condições de acesso produtivo à terra” e o “desafio urbano, relacionado com a

questão da qualidade dos recursos hídricos”.

Esse processo inclui a construção da justiça ambiental no Brasil exigindo, o

“reconhecimento das formas históricas de significação e apropriação do espaço, que

anulam uma multiplicidade de formas de conceber e agir junto ao ambiente natural”

que se contrapõem à variedade das possibilidades de viver, que “se refletem na

diversificação do espaço e inspiram uma visão de sustentabilidade que deve

necessariamente articular as dimensões da equidade, da igualdade, da distribuição,

assim como do direito de viver na singularidade” (ZHOURI, 2005, p.19).

Grazia et al.(2001, p.32) argumentam que:

a sustentabilidade do espaço socioambiental urbano se baseia, não apenas nos elementos palpáveis, tais como a água, ar, solo e construções, mas também nas relações sociais que estabelecem entre os indivíduos e grupos. O trabalho e a renda, uma das principais expressões destas relações, estão entre os fatores cruciais para viabilizar a vida humana e, portanto, para definir a possibilidade de desenvolvimento sustentável.

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O movimento de valorização tradicional do espaço tem permitido a

determinados grupos sociais a acumulação de bens e poder político, ao mesmo

tempo em que tem gerado degradação e escassez dos recursos naturais e

desigualdade de acessos aos recursos ambientais, com maior impacto sobre a

qualidade de vida de outros setores em situação de desvantagem. É neste

movimento de valorização que residem as grandes contradições da

insustentabilidade urbana (GRAZIA et al., 2001).

Na verdade, no âmago da existência da profusão de terminologias e

considerações acerca da sustentabilidade, do desenvolvimento sustentável, está a

dicotomia entre meio ambiente e desenvolvimento, apontando mesmo para a

interdependência entre sustentabilidade e insustentabilidade, visão partilhada por

alguns autores, conforme se apresenta adiante.

Phillips (2003) fornece material em Sustainable Place para uma crítica da

insustentabilidade das cidades, procurando definir um método de avaliação da

sustentabilidade urbana e sua aplicação, fornecendo subsídios para a crença numa

sustentabilidade objetiva, mensurável a partia de indicadores ou construída a partir

de um projeto.

Carter (2002) destaca como característica central do desenvolvimento

sustentável, como paradigma político, a mudança dos termos do debate do

ambientalismo tradicional, com seu foco primário na proteção ambiental (proteção do

meio ambiente), para a noção de sustentabilidade (mudanças necessárias sem

alterar essencialmente o meio ambiente), a qual requer um processo mais completo

de negociar prioridades ambientais, sociais e econômicas. A tensão entre

crescimento econômico e proteção ambiental está no coração da política ambiental.

O conceito de desenvolvimento sustentável é uma tentativa direta de resolver esta

dicotomia ao mandar uma mensagem de que é possível se ter desenvolvimento

econômico, enquanto se protege o meio ambiente. A neutralidade ideológica do

conceito, entretanto, é apenas aparente. A sua ambigüidade pode ser tanto uma

força, como uma fraqueza: permite diversos interesses políticos e econômicos se

unirem sob uma mesma bandeira. Dificulta, ainda que muitas vezes de forma frouxa,

que esta série de idéias se torne em prática política.

Sabe-se que:

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o papel aceita tudo, inclusive os jogos de palavras. [A origem da] expressão desenvolvimento sustentável nada tem a ver com a geléia geral [dos entendimentos existentes]. [...] [Ao] contrário, ela surgiu da obrigatoriedade bem mais precisa de não se aceitar como uma fatalidade a idéia de que a relação objetiva entre o desenvolvimento e a conservação de sua própria natural pudesse ser de caráter antagônico, e não apenas contraditório (VEIGA, 2006, p.190).

Latouche (2004) radicaliza: o desenvolvimento é um “conceito armadilha” que

consegue realizar admiravelmente o “trabalho de ilusão ideológica” criando um

“consenso entre partes antagônicas graças a um obscurecimento do julgamento e à

anestesia do senso crítico das vítimas”. Considera que:

as expressões acumulação de capital, exploração da força de trabalho, imperialismo ocidental ou dominação planetária descrevem melhor o desenvolvimento e a globalização, e provocariam, genuinamente, um reflexo de rejeição por parte daqueles que estão do lado errado da luta de classes e da guerra econômica mundial (LATOUCHE, 2004, p.3).

E, acrescenta que a “obra prima desta arte da mistificação é,

incontestavelmente, o desenvolvimento sustentável” que, justamente por isto, é um

“conceito perverso”. Ao se juntar ao conceito de desenvolvimento o adjetivo

sustentável, as coisas ficam ainda mais confusas. Ao menos, com o

desenvolvimento insustentável, se manteria uma esperança de que esse processo

chegaria a seu fim, vítima de suas próprias contradições. O “desenvolvimento

sustentável tira de nós toda e qualquer perspectiva de saída, ele nos promete

desenvolvimento por toda a eternidade. Felizmente, o desenvolvimento não é nem

sustentável, nem durável!” (LATOUCHE, 2004, p.3).

Ribeiro (2005) discutindo a metrópole observa que “a meta de sustentabilidade

tem sido aplicada, difusamente, à urbanização e à metropolização, envolvendo

ideários e leituras da materialidade e das lutas sociais” (p.39). Considera

fundamental reconhecer a noção generalizante da sustentabilidade para o estudo da

questão urbana e o desvendar de “caminhos para uma apropriação mais justa dos

recursos concentrados na rede urbana brasileira” (p.40).

A autora ressalta que:

a compreensão da sociedade, que é mais do que mero entendimento da dinâmica social, pressupõe a formulação de conceitos que orientem a apreensão da totalidade em movimento, em contínuo devir. E neste, se sucedem as formas de realização da vida social, o que, já de início, indica que a noção de sustentabilidade traz a obrigação de que seja refletido o seu

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oposto, a insustentabilidade. [A] oposição dialética entre sustentável e insustentável não significa o simples contraste ou o uso de um binômio formal. Essa oposição implica em que o insustentável atua no que é sustentável num determinado contexto e por um determinado período. [Seria necessário então, buscar,] talvez, lições que costurem vozes dissonantes, sistematizações alternativas de recursos e pequenas verdades transitórias, nos fundos das fachadas brilhantes, na circulação diária e nas fronteiras entre o sustentável e o insustentável (RIBEIRO, 2005, p.44 e 56).

Em que pese a existência de diversos conceitos e formulações acerca da

sustentabilidade, além das aqui apresentadas e, ainda que o pensamento de

Lefebvre, especialmente no que se refere ao movimento de interação dialética entre

pólos opostos, à busca de um objeto enriquecido, ilumine especialmente a questão,

apontando na sua discussão a permanência do seu oposto, a insustentabilidade,

conforme consta em Ribeiro (2005) e nos itens 1.2; 1.3 e 1.4, pode-se arriscar,

concordando com Afonso (2006) que grande parte dos autores considera que “a

sustentabilidade não pode ser obtida instantaneamente. É um processo de

mudança, de transformação que necessariamente deve ter a participação de todos

os setores da sociedade” (p.8). E, neste processo, que se mantêm em aberto a

novas formulações, tanto os indicadores de sustentabilidade que exercem

importante papel, como os demais instrumentos para a sua aplicabilidade ao

território (unidade de gestão e outros), ainda estão em discussão. Neste sentido,

apresenta-se a seguir o processo de construção de indicadores de sustentabilidade,

bem como as suas principais características, aspectos e limites.

2.2. INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE

2.2.1. Introdução

A construção do desenvolvimento sustentável se depara, dentre outros

desafios com a difícil tarefa de criação de instrumentos de mensuração, tais como

indicadores de desenvolvimento. Estes seriam então ferramentas constituídas por

uma ou mais variáveis que, associadas através de diversas formas, revelam

significados mais amplos sobre os fenômenos a que se referem (IBGE, 2002). São

fundamentais como subsídios ao processo de viabilização do desenvolvimento

sustentável e devem ser selecionadas criteriosamente segundo as diferentes

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necessidades permitindo sua integração nas diversas políticas setoriais (Fundação

Getúlio Vargas, 2000; GOMES et al., 2002).

A escolha destes indicadores reflete ainda as peculiaridades de cada país em

relação à questão da sustentabilidade urbana, do desenvolvimento das cidades em

harmonia e equilíbrio ecológico e que tem sido mesmo estudada e discutida em

diversos âmbitos profissionais. A busca de indicadores, de parâmetros e limites ao

crescimento urbano que viabilizem a qualidade de vida urbana, inicialmente nas

décadas de 70 e 80 se evidencia no âmbito internacional (FRANCA, 2001) e, já a

partir da década de 90, aparece no Brasil (PNDU, 1990; NAHAS, 2003).

Os anos 1960 e início dos anos 70 viram a ascensão breve e queda dos

Indicadores Urbanos de Qualidade, movimento iniciado nos Estados Unidos. O

movimento veio e se foi porque que era difícil e muito caro gerenciar os dados

necessários com a tecnologia da época e, a prática era pouco direcionada à

avaliação. Na década de 1990, o advento da informática, juntamente com uma

preocupação crescente (e muito menos partidária) com o desenvolvimento

sustentável, deu à luz ao mais bem sucedido movimento de indicadores de

sustentabilidade. Computadores pessoais, editoração eletrônica, e a internet

tornaram possível o gerenciamento de dados complexos e a sua apresentação em

formato atraente (ATKISSON, 2004). Ao longo dos anos seguintes, tem ocorrido

uma explosão de iniciativas e projetos voltados aos indicadores de sustentabilidade,

buscando melhores condições de vida urbana, em todo o mundo, em centenas de

vilas, cidades, municípios, regiões e estados.

Qualidade de vida é uma questão bastante ampla, englobando desde aspectos

subjetivos, individuais e emocionais até outros coletivos, objetivos e materiais

(SANTOS e MARTINS, 2002). As considerações de Jannuzzi (2001) entendem que

o conceito de condições de vida poderia ser operacionalmente traduzido como o

nível de atendimento das necessidades materiais básicas para sobrevivência e

reprodução social da comunidade. Nesse caso as dimensões operacionais de

interesse seriam as condições de saúde, habitação, trabalho e educação dos

indivíduos da comunidade, dimensões para as quais existiriam estatísticas públicas

disponíveis que poderiam ser combinadas em um sistema de indicadores sociais

que representasse, aproximada e operacionalmente, o conceito de condições de

vida inicialmente idealizado (JANNUZZI, 2001).

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Lefebvre (1999) discutiu a questão do optimum urbano criado por teóricos

soviéticos em 1925 para mensurar, em termos de superfície e de número de

habitantes, o tamanho ideal de uma cidade para se ter qualidade de vida. O autor

apontou as objeções a esse tipo de medida devido à dificuldade de definição de

critérios para esse optimum. Ele também chamou a atenção para o fato de que o

optimum desejável na verdade é o optimum administrável, ou seja, exeqüível em

determinado local e contexto.

E, em que pesem as preocupações dos estudiosos com as definições de

qualidade de vida e, com os limites da sua mensuração incluindo o papel dos

indicadores e o risco da redução da quantidade de parâmetros esconderem

aspectos importantes para a análise da qualidade de vida nas cidades, alguns

trabalhos têm sistematizado os indicadores em basicamente quatro categorias ou

dimensões: ambientais, econômicos, sociais e institucionais, com subdivisões em

temas e sub-temas (GOMES et al., 2002; IBGE, 2002; FRANCA, 2001; SANTOS e

MARTINS, 2002).

Especificamente no que se refere ao planejamento urbano e a sua articulação

com a gestão dos recursos hídricos cabe destaque aos indicadores (algumas vezes

classificados como ambientais urbanos) que reflitam os aspectos pertinentes a este

processo tais como: percentuais de área construída e de área verde; taxa de

impermeabilização de solos; usos do solo urbano; disponibilidade de serviços de

infra-estrutura; densidade de habitantes e de construções; qualidade das águas,

entre outros.

Os sistemas de indicadores, muito propriamente utilizados na sustentabilidade

urbana e ambiental (comentados a frente) encontram no estudo de Ribeiro (2008) o

desenvolvimento de proposta para gestão ambiental de recursos hídricos, aplicável

aos municípios do Rio de Janeiro, como ferramenta para tomada de decisão,

orientando o governo e empreendedores no seu planejamento. Ribeiro (2006) se

dedica ao desenvolvimento de método que se constitua em instrumento para a

avaliação de desempenho de política pública de meio ambiente, em países em

desenvolvimento, baseada em indicadores, adequados as suas realidades e aos

dados disponíveis. Carvalho e Barcellos (2009) estudam os indicadores e políticas

ambientais e, relacionados também à gestão pública, os trabalhos de Guimarães e

Jannuzzi (2005) e Jannuzzi (2001, 2002 e 2009) discutem os indicadores sociais no

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Brasil, os indicadores nas políticas públicas municipais, bem como o aplicativo para

indicadores desenvolvido pelo autor.

Diversos estudos, tais como Brandão (1992), Hall (1984), Pauleit e Duhme

(2000) e Pimentel da Silva (1998) têm abordado os efeitos das ações antrópicas

negativas ao meio ambiente, relacionando o processo de urbanização, o aumento

das áreas impermeabilizadas dos solos das bacias hidrográficas e a ocupação de

margens de rios e de encostas com a interferência negativa nos processos

hidrológicos, contribuindo para o aumento e antecipação do pico de vazão e,

eventualmente para inundações; dificultando a manutenção dos ecossistemas

naturais, podendo alterar o clima e acarretar ao longo do tempo modificações na

distribuição e disponibilidade dos recursos hídricos, além do aumento da poluição, e

outros impactos nos ecossistemas.

Existe uma lacuna nas informações sobre os efeitos das alterações ambientais

urbanas e da cobertura vegetal, indicador essencial para um melhor entendimento

da sustentabilidade dos processos de desenvolvimento urbano, conforme destacam

Pauleit et al. (2003) nos estudos aplicados a áreas residenciais em Merseyside, UK

e também Scabbia (2006) que estuda os indicadores de desenvolvimento

sustentável a serem aplicados na avaliação de políticas e gestão ambiental voltadas

a proteção de sistema de verde urbano.

Ainda Guzzo (2002) e Universidade Técnica de Lisboa (2003) se preocupam

com o processo de urbanização e a disponibilidade de áreas verdes e, Ong (2002)

além da preservação ambiental aborda os aspectos estéticos, emocional e recreativo

da presença de áreas verdes no contexto urbano. Em relação também ao percentual

de área construída e de área livre Kauffmann et al. (2003; 2004c, d, e) e Whitford et

al. (2001) discutem a parametrização das taxas de impermeabilização do solo (TI)

contribuindo na verificação dos impactos da urbanização no regime hidrológico

natural e nas condições de sustentabilidade e qualidade de vida das bacias

hidrográficas. Bowles (2002) acrescenta que a superfície impermeável é um

resultado do crescimento da comunidade que pode ser diretamente medido. É um

indicador importante, uma medida compreensível do entorno. Ela é usada para

mostrar mudanças nas condições ambientais e avaliar a saúde dos recursos

naturais.

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A relação entre a superfície impermeável, a área verde e o índice de vegetação

é instrumento-chave na avaliação dos ambientes urbanos e, indicador aplicável no

estudo da inundação urbana, da quantidade e qualidade de vegetação. Lu et

al.(2009) utilizam este indicador em aplicações para a cidade de Taipei. Van e Bao

(2009), mais um exemplo entre os diversos estudos asiáticos acerca da

impermeabilização dos solos urbanos, também verificam a relação entre superfícies

impermeáveis em ambientes urbanos e a temperatura da superfície terra, como

indicador essencial para o planejamento e gestão do desenvolvimento sustentável

das áreas urbanas, no caso aplicado à Ho Chi Minh City, Northern Vietnam.

Relacionando diretamente o percentual de área impermeabilizada de bacias

hidrográficas à qualidade da água vale também destacar, dentre os diversos estudos

existentes relacionados à impermeabilização do solo (alguns aqui ilustram a

importância deste indicador) os trabalhos de Schueler (1994), Arnold e Gibbons

(1996), Smith (2000) e Sleavin et al. (2000). Esta última abordagem ainda se articula

à densidade de habitantes e de construções que direta ou indiretamente determinam

a demanda de serviços de infra-estrutura urbana e o grau de poluição dos recursos

hídricos. Por isto mesmo, relevante indicador de sustentabilidade urbana e

importante parâmetro técnico utilizado nos processos de planejamento urbano a

densidade é discutida em muitos aspectos tais como limites, custos, conforto

ambiental, viabilidade econômica e de parâmetros (ACIOLY e DAVIDSON, 1998;

FERRARI, 1979; FERREIRA DOS SANTOS, 1988).

Ainda no que se refere ao processo de construção do desenvolvimento

sustentável e formulação de indicadores de sustentabilidade, processo dinâmico e

ainda necessariamente aberto a novas contribuições (IBGE, 2002, 2004, 2008 e

2010), cabe ressaltar a importância crescente da participação das empresas.

Especialmente a partir dos anos 80 surgem e se desenvolvem os indicadores de

responsabilidade social empresarial, buscando gerenciar o impacto das atividades

empresariais sobre o meio ambiente e da sua participação na construção do

desenvolvimento sustentável (SANTOS, 1999; RODRIGUES, 1996; KAUFFMANN et

al., 2004b).

Conta-se ainda com a contribuição dos estudos acerca de indicadores de

sustentabilidade urbana de Coelho (2004), Silveira e Romero (2005); Romero et

al.(2005) entre outros, bem como os trabalhos voltados à formulação e aplicação de

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sistema de indicadores urbanos, buscando superar as limitações encontradas nos

atuais instrumentos de gestão do espaço urbano (ROSSETTO, 2003; FIORI et al.,

2008), apontando para a atualidade e interesse na questão e, indicando a

necessidade de novas formulações e estratégias para o planejamento urbano e

regional.

Ou seja, o estabelecimento de condições e limites à expansão urbana

buscando-se a ocupação urbana sustentável coloca-se hoje como discussão

fundamental. A importância do estudo dos índices presentes na legislação

urbanística como possíveis indicadores de sustentabilidade, aplicados ao

planejamento urbano, se apresentam como contribuição considerável,

principalmente quando relacionados à gestão dos recursos hídricos, em especial

relacionados à bacia hidrográfica como unidade de planejamento e gestão, conforme

aqui entendido.

Entretanto a sistematização dos indicadores se mostra tarefa difícil. Associada

ao baixo nível de consenso acerca do conceito de desenvolvimento sustentável

(conforme já apresentado no item anterior) existe a necessidade de se desenvolver

ferramentas que procurem mensurar a sustentabilidade e a sustentabilidade urbana.

São muitas as interpretações (algumas pontuadas na presente introdução e no item

2.2.2) acerca de indicadores e também são diferenciadas. O texto que segue

procura apresentar uma síntese destas abordagens, bem como os principais

indicadores em vigor, seu desenvolvimento e contexto histórico, incluindo os

aplicáveis ao contexto urbano.

2.2.2. Principais Aspectos, Características e Limites dos Indicadores

O termo indicador é originário do Latim indicare, que significa descobrir,

apontar, anunciar, estimar (HAMMOND et al., 1995). Os indicadores podem

comunicar ou informar acerca do progresso em direção a uma determinada meta,

como, por exemplo, o desenvolvimento sustentável, mas também podem ser

entendidos como um recurso que deixa mais perceptível uma tendência ou

fenômeno que não seja imediatamente detectável.

Bellen (2002) apresenta diversos significados de indicadores, em sentido mais

amplo, reunidos no Quadro 2.2.2.1 a seguir.

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QUADRO 2.2.2.1 – Definições de Indicadores: Síntese

AUTORES DEFINIÇÕES DE INDICADORES

MCQUEEN e NOAK (1988) Medida que resume informações relevantes de um fenômeno particular ou um substituto desta medida.

HOLLING (1978) Medida do comportamento do sistema em termos de atributos

expressivos e perceptíveis.

OECD (1993) Parâmetro, ou valor derivado de parâmetros que apontam e fornecem informações sobre o estado de um fenômeno, com

uma extensão significativa.

GALLOPIN (1996) Quantitativo e qualitativo; variável concreta, representação

operacional de um atributo, relevante para tomada de decisão, simplifica, agrega e quantifica informações relevantes.

CHEVALIER et al. (1992) Variável que está relacionada hipoteticamente com outra

variável estudada, que não pode ser diretamente observada.

TUNSTALL (1992 e 1994)

Reúne as funções de avaliação de condições; comparação entre lugares e situações em relação às metas e aos objetivos;

e funções de advertência e de antecipação às condições e tendências.

MEADOWS (1998) Maneira intuitiva de monitorar complexos sistemas que a

sociedade considera importantes e de controle necessário; ferramentas de mudança, de aprendizado e de propaganda.

HARDI e BARG (1997) Sinais referentes a eventos e sistemas complexos, apontam e

realçam características, simplificam informações para comunicação mais compreensível e quantificável.

Fonte: Elaboração da autora com base em Bellen (2002).

Os indicadores, em síntese, podem ser entendidos como instrumentos para

simplificar, quantificar e analisar informações técnicas e, comunicando-as aos

grupos de interessados, subsidiá-los no processo de tomada de decisões. Devem

alertar sobre um problema e mesmo se antecipar a ele, apontando soluções.

Os indicadores (econômicos e de qualidade ambiental, por exemplo)

consideram em geral apenas o aspecto específico a que se relacionam. Entretanto

para monitorar e avaliar as mudanças e seus impactos no ambiente, não basta um

indicador por si, é necessário um sistema de indicadores comparativos. A

sustentabilidade requer uma abordagem ampla, integrando aspectos econômicos,

ambientais, urbanos, sociais, políticos, guardando a característica da

interdisciplinaridade. Dahl (2001) entende que as medidas atuais de

desenvolvimento e progresso são estreitamente econômicas e falham em apresentar

as principais características da sociedade. Sugere, em contrapartida, a adoção de

um conjunto de indicadores mais equilibrados que inclua o bem estar individual,

progresso social, governança, vida comunitária efetiva e até mesmo dimensões

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científicas e espirituais do desenvolvimento que auxiliariam o mover na direção certa

(MORAES e RIBAS, 2005). Hoffmann (2005) destaca ainda que para a definição dos

indicadores devem-se considerar os aspectos quantitativos, reveladores, sobretudo

quando relacionados a crescimento econômico e, os aspectos qualitativos que

incluem abordagem mais abrangentes, humanas, reflexivas e, portanto, buscando

vislumbrar o desenvolvimento sustentável em sua complexidade. Cabe resgatar aqui

a importância da interação dos aspectos quantitativos e qualitativos no movimento

de formulação desses indicadores, conforme lembra Lefebvre (1983).

Os problemas complexos da sustentabilidade requerem sistemas interligados,

indicadores inter-relacionados ou a agregação de diferentes indicadores. Existem

poucos sistemas de indicadores que lidam especificamente com o desenvolvimento

sustentável, sendo em sua maioria em caráter experimental e desenvolvidos com o

propósito de melhor compreender os fenômenos relacionados à sustentabilidade

(BELLEN, 2002). Jannuzzi (2001) esclarece que um indicador de sustentabilidade é

uma medida em geral quantitativa dotada de significado substantivo, usada para

substituir, quantificar ou operacionalizar um conceito teórico (para pesquisa

acadêmica) ou programático (para formulação de políticas). Classifica os indicadores

em: Absoluto / Relativo; Simples/ Composto; Quantitativo / Qualitativo; Objetivo /

Subjetivo; Insumo / Fluxo / Produto; Esforço / Resultado; Fluxo / Estoque; Eficiência /

Eficácia / Efetividade Social; Descritivo / Normativo.

Os sistemas de índices agregados em contribuição para a sustentabilidade

foram desenvolvidos para melhor retratar o bem-estar humano. Embora não haja

muito rigor na diferenciação entre índice e indicador, pode-se entender o índice

como uma agregação de indicadores, ou um indicador com elevado grau de

agregação ou abstração (CARVALHO e BARCELLOS, 2009). Um dos exemplos

citados em Bossel (1999) é o ISEW (Index of Sustainable Economic Welfare - 1989)

que depois envolveu o GPI (Genuine Progress Indicator)41. Trata-se na verdade da

correção do Produto Interno Bruto (PIB) através de subtração dos fluxos econômicos

que são considerados indesejáveis pela sociedade. Outro exemplo de índice

agregado é o HDI (Human Development Index - 1990) que inclui alfabetização e

41 Estes e outros indicadores encontram-se listados no Quadro 2.2.3.1 apresentado no item seguinte.

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expectativa de vida42. Embora o problema fundamental dos indicadores agregados

seja o obscurecimento de informações em ameaça à visualização da saúde efetiva

do sistema, mascarando alguns setores e realçando outros, entretanto, a

necessidade de indicadores com certo grau de agregação é imprescindível para

monitoramento da questão da sustentabilidade. As informações devem ser

agregadas, mas os dados devem ser estratificados em termos de grupos sociais ou

setores industriais ou de distribuição espacial. A generalização deve permitir que o

indicador capture eventuais problemas de forma clara e concisa.

Os índices de sustentabilidade podem ser entendidos, então, como indicadores

que condensam informações obtidas pela agregação de dados. No nível mais alto

de tomada de decisão eles são necessários, uma vez que são mais fáceis de

entender e utilizar no processo decisório. Um dos exemplos mais comuns de índice,

que neste caso não está ligado à gestão ambiental, é o Produto Interno Bruto (PIB).

Outro índice que tem adquirido relevância é o Índice de Desenvolvimento Humano

da Organização das Nações Unidas HDI (Human Development Index) (BELLEN,

2002).

Importantes ferramentas para a tomada de decisão e para melhor compreender

e monitorar as tendências, os indicadores, portanto, são úteis na identificação dos

dados mais relevantes e no estabelecimento de sistemas conceituais para a

compilação e análise de dados. Diversos estudos discutem as vantagens e limites

dos indicadores e sistemas de indicadores de sustentabilidade, conforme o Quadro

2.2.2.2, exemplifica a seguir.

42 Também este, como outros indicadores, aparece no Quadro 2.2.3.1, bom como na Figura 2.2.3.1, ambos apresentados no item 2.2.3 a seguir.

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QUADRO 2.2.2.2 – Indicadores e Sistemas de Indicadores de Sustentabilidade: Vantagens e Limites.

AUTOR CARACTERÍSTICAS OBSERVAÇÕES

GALLOPIN (1996)

Ferramentas matemáticas da álgebra abstrata e análise

vetorial para melhor compreender o todo.

Consideram aspecto holístico e seleção em diferentes níveis hierárquicos de

percepção.

DAHL (1997)

Escalar (simples número gerado da agregação de dois ou mais

valores) ou vetorial (generalização de uma variável).

Verificam importância da dimensão do tempo, considerando que vetores, dados

bidimensionais, podem expressar a realidade das tendências no futuro de

maneira gráfica.

BELLEN (2002)

Valores implícitos (subjetivos, culturais) e explícitos (medições,

metas, pesos).

Valoriza diferenças entre esferas da sustentabilidade: mundial ou global, nacional, regional, local ou comunitária.

WALL et al. (1995)

Agregação dos dados na sua formulação.

Altamente agregados são necessários no aumento do grau de conhecimento e

desagregados são essenciais para tomar iniciativas específicas de ação.

BOSSEL (1999)

Agregação dos dados na sua formulação.

Quanto mais agregado mais distante do particular e maiores são as dificuldades

nas estratégias para problemas específicos e maior é a probabilidade de

problemas conceituais.

HARDI e BARG (1997)

Funções dos indicadores: sistêmicos e de performance.

Sistêmicos: descritivo, fundamentado em referenciais técnicos. De performance: de comparação, incorpora indicadores

descritivos e referências a objetivos específicos.

JESINGHAUS (1999)

Três estágios (preparatório; objetivos e cronogramas;

institucionalização); consenso e prioridades

Abordagem top-down (especialistas e pesquisadores, por fim audiências sem poder de alterações (modelo utilizado pela Comissão de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas) e a abordagem botom-up (atores sociais,

comunidade, tomadores de decisão, por fim consulta a especialistas).

RUTHERFORD (1997)

Métodos rapidamente reconhecidos e número de

indicadores pequeno a qualquer tempo.

Processos democráticos e de consenso.

Fonte: Elaboração da autora com base em Bellen (2002).

Existem várias justificativas para que se desenvolvam sistemas de avaliação de

sustentabilidade, bem como metodologias diversas baseadas em diferentes

características e vantagens dos indicadores, conforme aqui ilustrado. Entretanto a

utilização de indicadores de sustentabilidade resulta também em várias limitações.

Diferentes autores alertam para a possibilidade de perda da informação vital; o

risco de um único índice agregar toda a informação; a ausência de um sistema

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teórico conceitual que reflita a viabilidade e a operação do sistema total (BLANCO et

al., 2001; BOSSEL, 1999); a seleção inadequada de indicadores conduzindo a um

sistema com problemas; a super agregação de muitos dados condensados em um

índice; a dependência de falsos modelos que levam a resultados ambíguos; os

indicadores incompletos que não contêm todos os elementos da realidade em sua

diversidade e possibilidades (MEADOWS, 1998); a dificuldade de interpretar os

dados; os desafios conceituais; a questão da mensuração (quantificação ou

qualificação) (JESINGHAUS, 1999); a comparabilidade dos dados e escassez de

recursos (BELLEN, 2002) entre outros limites. Leff (2002) acrescenta que a questão

ambiental induz transformações teóricas para o desenvolvimento do conhecimento

em diversas disciplinas científicas, exigindo uma integração de conhecimentos e

uma totalização do saber, de forma sistêmica, holística e interdisciplinar. Muitos

ressaltam a necessidade de formulações teóricas de base às metodologias e

aplicações de sistemas de indicadores de sustentabilidade, contribuição almejada no

presente trabalho.

2.2.3. Histórico dos Indicadores

Da Conferência das Nações Unidas em Meio Ambiente e Desenvolvimento

(UNCED), ocorrida em 1992, no Rio de Janeiro, foram produzidos importantes

documentos, inclusive a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

e a Agenda 21 Global43. De acordo com Malheiros et al. (2008), estes textos

representaram instrumentos de comprometimento internacional voltados para o

desenvolvimento sustentável, considerados marcos institucionais para o esforço

conjunto de governos de todo o mundo para ações que aliem desenvolvimento e

meio ambiente.

A Agenda 21 global se constituiu de extenso documento elaborado na forma de

roteiro de planejamento, de escala mundial e, portanto, propositalmente genérico e

abrangente, de modo a funcionar como texto base para que cada um dos 179 países

signatários pudesse elaborar e implementar sua própria Agenda 21. Foi composta

por 40 capítulos divididos em quatro seções: dimensões sociais e econômicas;

conservação e gestão dos recursos para o desenvolvimento; fortalecimento do papel

43 Conforme foi pontuado no item 2.1 e Quadro 2.1.1.2.

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dos grupos principais (participação e integração dos diversos grupos sociais); meios

de implementação, tratando de todos os aspectos que devem ser trabalhados para

transformar a dinâmica social na direção da sustentabilidade (AFONSO, 2006).

O governo brasileiro, sob a coordenação do Ministério do Meio Ambiente,

iniciou em 1997 os trabalhos para a elaboração da Agenda 21 Brasileira. Publicou

em 2002 os documentos finais: Agenda 21 Brasileira (resultado da consulta

nacional) e Agenda 21 Brasileira (ações prioritárias, resultantes de encontros

regionais buscando expressar as especificidades das regiões do país). Foram

definidos seis temas prioritários, bem como as suas respectivas estratégias e ações.

Os temas compreendem: gestão dos recursos naturais; agricultura sustentável;

cidades sustentáveis; infra-estrutura e integração regional; redução das

desigualdades sociais e; ciência e tecnologia (AFONSO, 2006).

No Brasil, muitos municípios tomaram a iniciativa de construir suas Agendas 21

Locais, destacando-se os processos de Agendas 21 de São Paulo-SP (1996), Rio de

Janeiro-RJ (1996), Vitória-ES (1996), Joinville- SC (1998), Florianópolis-SC (2000),

Jaboticabal-SP (2000), Ribeirão Pires-SP (2003), entre outros. O IBGE, em sua

consulta nacional de 2002 identificou que dos 5560 municípios brasileiros, quase um

terço informou ter dado início ao processo de Agenda 21 Local. No âmbito estadual

foram poucas as experiências de Agenda 21, como, por exemplo, os Estados de

São Paulo, com o documento São Paulo do Século XXI, coordenado e publicado

pela Assembléia Legislativa em 2000, e Pernambuco, que lançou seu Plano

Estadual de Desenvolvimento Sustentável em 2002 (MALHEIROS et al., 2008).

Embora a Agenda 21 tenha fornecido inspiração à elaboração de indicadores

de sustentabilidade, cabe registrar a ausência na Agenda 21 Brasileira de

proposição de indicadores que componham um sistema de monitoramento e

avaliação. Afonso (2006) entende ainda que a sociedade brasileira não esteja

caminhando na direção proposta pela Agenda 21 o que coloca a dificuldade de real

transposição destes princípios teóricos para a dinâmica social e econômica.

Da mesma forma, extensivamente, as Agendas 21 Locais não podem ser

consideradas plenamente exitosas. Acselrad et al. (2006) fornecem subsídios para

aprofundar as discussões sobre o tema (aqui não detalhado) das quais se pode

extrair que especialmente a Agenda 21 Rio não se consagrou publicamente e

também não repercutiu como um espaço comunicacional relevante, mas as diversas

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ações apontaram ao menos para uma nova forma de planejamento diferente do

usual planejamento da ação sobre o meio ambiente (BEZERRA, 2006).

Na década de 1990, diversos países também elaboraram seus planos

nacionais estratégicos de desenvolvimento sustentável e se esforçaram na

construção de indicadores nacionais para a avaliação de avanços nesse processo44.

A Inglaterra foi um dos primeiros países a construir sua estratégia nacional de

desenvolvimento sustentável, em 1994 e, em 1999, atualizou-a com o documento A

Better Quality of Life. Em 2005, o documento Securing the Future, estabeleceu

novas estratégias e metas, aperfeiçoadas e alinhadas aos indicadores de

sustentabilidade, com consulta a amplos setores da comunidade, formando um

conjunto de 68 indicadores nacionais, incluindo um subconjunto de 20 indicadores

chave, compartilhados pelo governo do Reino Unido e das administrações da

Escócia, Pais de Gales e Irlanda do Norte (UNITED KINGDOM GOVERNMENT,

1999, 2005 e 2006). A campanha européia das cidades sustentáveis, iniciada na

cidade dinamarquesa de Aalborg em 1994, contribuiu para sensibilizar as cidades

européias, oferecendo-lhes um quadro de encontros, de reflexões e de

transformações para colocar em ação estratégias locais de desenvolvimento

sustentável 45 (EMELIANOFF, 2003).

Outra experiência46 que merece destaque foi a construção de indicadores

nacionais do Canadá, associada a sua Agenda 21 Federal Sustainable Development

Strategies, publicada em 1995. O processo47 foi conduzido pela Environment

Canada, resultando em 2003 no Environmental Signals – Canada’s National

Environmental Indicator Series 2003, relatório com 13 indicadores, sob quatro temas:

Sistemas Ecológicos de Suporte à Vida, Saúde Humana e Bem-Estar,

Sustentabilidade dos Recursos Naturais e Atividades Humanas (ENVIRONMENT

CANADA, 2003).

Observa-se nesta última década uma profusão de esforços na construção de

indicadores de desenvolvimento sustentável (INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO 44 A FIGURA 2.2.3.1 ilustra o aparecimento dos principais indicadores no contexto do desenvolvimento sustentável. 45 Aderiram à campanha: em 1994, 67 cidades; em 1996, 250; em 2000, 650 e, 1400 cidades em 2002 (EMELIANOFF, 2003). 46 Registram-se também as experiências de Seattle (EUA) (SUSTAINABLE SEATTLE, 2008) e da União Européia (EUROPEAN COMMUNITIES, 2007). 47 Para maiores detalhes sobre o processo de construção de indicadores no Canadá, ver também os documentos: NRTEE (2003 a e b).

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SUSTENTÁVEL, 2007), alguns deles integrados a processo de construção de

Agendas 21 locais, em âmbito de países e municípios.

Enquanto isto, a Comissão de Desenvolvimento Sustentável das Nações

Unidas (CDS-ONU) iniciou, em 1995, a partir da recomendação do capítulo 40 da

Agenda 21 Global, um projeto para a construção de Indicadores de Desenvolvimento

Sustentável, no prazo de cinco anos (1995-2000), convocando organizações do

sistema das Nações Unidas, organizações governamentais e não-governamentais,

em apoio aos processos de tomada de decisões e de base para formulação de

indicadores, no âmbito dos países. O Programa de Trabalho em três fases, incluiu

na primeira fase (1995-1996) ampla participação de especialistas para o

desenvolvimento dos indicadores, dentro do modelo forca motriz, estado e resposta

(driving-force-state-response)48. Desta fase resultou a publicação de uma lista de

134 indicadores (core-set), conhecida como Blue Book (UNITED NATIONS, 1996)49.

A segunda fase compreendeu (1996-1998) um período de capacitação e

treinamento para o uso dos indicadores e sua adequação às prioridades nacionais,

em oficinas de trabalho, com a participação de diversos países. Em seguida, houve

um período de testes, de 1996 a 1999, do qual participaram voluntariamente 22

países, os quais, com exceção da China, Áustria, Bélgica e Brasil, que testaram os

indicadores apenas no âmbito ministerial, adotaram estratégias participativas no

processo, com o envolvimento de organizações governamentais, não-

governamentais, universidades e setor privado. A terceira fase (1998-2000) teve a

finalidade de avaliar os resultados dos testes e do conjunto dos indicadores também

48 Este modelo forca-motriz–estado–resposta estabelece um vínculo lógico entre os seus componentes, de forma a avaliar o estado do meio ambiente a partir dos fatores que exercem pressão sobre os recursos naturais, do estado resultante destas pressões e das respostas que são produzidas para enfrentar esses problemas ambientais (PHILIPPI et al., 2005). Existem trabalhos anteriores baseados no modelo stress–resposta, datados da década de 1950, mas os modelos atuais de pressão–estado–resposta (PER), força motriz–estado–resposta, forca motriz–pressão–estado–impacto e resposta, encontraram sua base no trabalho de Tony Friend e David Rapport, da Statistics Canada (1979, 1989), voltada às estatísticas ambientais. Nesse modelo, o stress causado pelas atividades humanas incluía não apenas os efeitos da poluição, mas uma complexa série de formas físicas, químicas e biológicas. O modelo pressão–estado–resposta (pressure–state–response – PSR) foi utilizado pela Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento (Organization for Economic Co-Operation and Development–OECD), em 1994; o modelo força-motriz–estado–resposta (driving-force–stress–response–DSR) pelas Nações Unidas, em 1996, e o modelo força motriz-pressão–estado–impacto–resposta (driving–force–pressures–state–impact–responses–DPSIR) pela Agência Ambiental Européia (European Environment Agency–EEA), em 1999 (COUTINHO, 2006). Cabe lembrar, além destas metodologias, da utilização dos princípios da ISO 14031 que dispõe sobre a avaliação de desempenho ambiental. 49 Os Quadros 2.1.1.2; 2.2.3.1 e 2.2.3.2 ilustram algumas aplicações da Agenda 21 Global no âmbito nacional em diferentes países.

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em processo interativo, chegando a uma estrutura de quatro componentes

(ambiental, social, econômico e institucional), organizados em 15 temas e 38 sub-

temas passíveis de cobrir questões comuns a todas as regiões e países do mundo,

totalizando 57 indicadores, publicados com o título Indicators of Sustainable

Development: Guidelines and Methodologies (UNITED NATIONS, 2001).

Com relação a este projeto da CDS-ONU, destaca-se a adoção inicial do

modelo driving–force–stress–response – DSR, que posteriormente foi substituído

pelo modelo temático de organização dos indicadores de desenvolvimento

sustentável em quatro componentes (ambiental, social, econômico e institucional),

consolidando um modelo para construção de indicadores de desenvolvimento

sustentável para o âmbito de estados nacionais e impulsionando programas em

diversos países (ARGENTINA, 2005; IBGE, 2002 e 2004; MÉXICO, 2005). A

redução para 57 indicadores, em relação à lista inicial de 134 propostos, resultou em

algumas lacunas de temas não abordados, inclusive na ausência de indicadores

para o levantamento de iniciativas das autoridades locais em apoio a Agenda 21.

Com isto, conforme comentado, as experiências brasileiras de Agenda 21 Local

se concentraram muito mais na construção do que na avaliação dos planos de

desenvolvimento sustentável. Nesse contexto, destaca-se o papel dos indicadores

de sustentabilidade nas etapas de diagnóstico, prognóstico e implementação,

buscando condições adequadas de acompanhamento pelas partes interessadas e

alimentando o processo de tomada de decisão. Isso significa efetiva mudança de

paradigma: favorece que a sociedade se aproprie objetivamente das informações.

Semelhantemente a experiência do IBGE na construção dos indicadores de

desenvolvimento sustentável (IDS) representou uma resposta às pressões

internacionais, um passo importante na reflexão e a identificação de grupos usuários

potenciais dos IDS do IBGE. No entanto, no formato em que ocorreu esta

construção, mesmo em sua revisão de 2004, por não priorizar a integração com a

Agenda 21 Brasileira, gerou lacunas no conjunto de indicadores, dificultando a

avaliação e revisão do plano nacional de desenvolvimento sustentável e das

Agendas 21 Locais. O Governo brasileiro não conta ainda com uma estrutura própria

para monitoramento e avaliação destes planos. É preciso, dentro desse enfoque,

consolidar a amarração dos IDS do IBGE com o conjunto de políticas nacionais,

buscando eficiência, eficácia e efetividade, que exigem os processos de avaliação

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com participação social, pressupondo a utilização adequada de indicadores voltados

para a idéia e a visão de futuro por todos na sustentabilidade (MALHEIROS et al.,

2008).

Em prosseguimento às séries de 2002 e 2004 comentadas e também à

edição de 2008, a quarta edição dos Indicadores de Desenvolvimento Sustentável

2010 (IDS 2010), produzidos ou reunidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE, 2008 e 2010), teve o objetivo de, ao entrelaçar as dimensões

ambiental, social, econômica e institucional, mostrar em que ponto o Brasil estava e

para onde sua trajetória apontava no caminho rumo ao desenvolvimento sustentável.

Revelou ganhos importantes, mas indicou que ainda há uma longa estrada pela

frente para o Brasil atingir o ideal de sustentabilidade recomendado em 1987 pela

Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento.

Apesar de melhoras importantes em alguns indicadores ambientais, o Brasil

manteve seu ritmo de crescimento econômico em comparação ao ano de 2007 e,

persistiram as desigualdades sociais e regionais, a degradação de ecossistemas, a

perda de biodiversidade e da qualidade ambiental nos centros urbanos. Em linhas

gerais, é esse o diagnóstico dado ao Brasil pelos 55 indicadores do IDS 2010,

organizados nos quatro grupos referidos50 (NUNES e SPITZCOVSKY, 2010).

Atualmente registram-se diversos índices, indicadores e sistemas de

indicadores, de composição variada, utilizando diversos recursos gráficos de

representação e também com metodologias diferenciadas. Só no Brasil, até 2006,

Nahas et al. registravam cerca de 45 sistemas de indicadores de sustentabilidade

urbana e de qualidade de vida municipais, dos quais o Rio de Janeiro registrava 4

(IQM - Índice de Qualidade dos Municípios, IQM-C - Índice de Qualidade dos

50 O grupo, Dimensão Ambiental, constatou desmatamento em 14,6% da Amazônia Legal, quase metade do Cerrado e, restam menos de 10% da Mata Atlântica. O consumo de substâncias destruidoras da camada de ozônio sofreu aumento, com relação a 2007 e, nas grandes cidades, a poluição atmosférica se manteve estável, mas a concentração de ozônio cresceu. O segundo grupo, Dimensão Social, destacou maior redução nas desigualdades de gênero, do que nas de cor e raça; queda da mortalidade infantil e aumento da esperança de vida; condições de moradia inadequadas de 43% dos brasileiros e 25,4 mortes por homicídio e 20,3 por acidente de transporte, a cada cem mil habitantes. O grupo Dimensão Econômica mostrou que em 2009, o consumo de energia anual de cada brasileiro chegou ao seu maior índice, sem aumento da eficiência energética; quase metade da energia brasileira provém de fontes renováveis e mais de 90% das latas de alumínio produzidas aqui hoje são recicladas. O grupo Dimensão Institucional indicou: os domicílios com acesso à rede quase triplicaram entre 2001 e 2008 e o acesso à telefonia móvel dobrou de volume em quatro anos. O investimento em Pesquisa e Desenvolvimento aumentou, embora ainda represente menos de 1% do PIB brasileiro (NUNES e SPITZCOVSKY, 2010).

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Municípios – Carências, IQM-V - Índice de Qualidade dos Municípios - Verde e IQM-

SF - Índice de Qualidade dos Municípios -Sustentabilidade Fiscal).

O Quadro 2.2.3.1, a seguir, apresenta os principais indicadores em vigor,

relacionados às características que melhor esclarecem as suas especificidades.

Dentre a multiplicidade de iniciativas em favor da construção e mensuração da

sustentabilidade, algumas das mais divulgadas foram selecionadas e encontram-se

no Quadro 2.2.3.2. Os principais selos de certificação de sustentabilidade também

foram listados no Quadro 2.2.3.3 e Figura 2.3.3.2, conforme segue51.

Pode-se depreender da leitura dos itens sustentabilidade e indicadores de

sustentabilidade, incluindo os quadros a seguir, que as abordagens teóricas e

práticas destas questões têm sido bastante diversificadas. Embora, acredite-se, que

todas estejam num mesmo propósito de enfrentamento da insustentabilidade

urbana, destacam-se na sua maioria a justa preocupação com os limites, os

entraves e a fragilidade de formulação teórica dos indicadores. Cabe resgatar aqui o

pensamento de Lefebvre (1983)52, com ênfase no conceito de sustentabilidade

dialeticamente relacionado ao de insustentabilidade e no movimento de interação

dialética dos indicadores em seus aspectos opostos, apontando para a discussão

fundamental (apresentada a seguir) da adoção da bacia hidrográfica como unidade

integrada de planejamento urbano e de gestão de recursos hídricos (relacionada ao

espaço social de Lefebvre) e da aplicação de um indicador53 diretamente

relacionado à bacia, que possibilitem a superação teórica e objetiva das atuais

dicotomias acerca da sustentabilidade urbana.

51 As seleções apresentadas nos Quadros 2.2.3.1; 2.2.3.2 e 2.2.3.3 e Figuras 2.2.3.1 e 2.2.3.2 não cobrem a totalidade das experiências existentes e o critério utilizado para estas escolhas foi o maior grau de divulgação e freqüência de ocorrências na bibliografia disponível e revisada. 52 Detalhado nos itens 1.2, 1.3 e 1.4. 53 Trata-se no item 3.5 de proposição de novo indicador nesta perspectiva.

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QUADRO 2.2.3.1 – Indicadores Aplicados à Sustentabilidade e Sustentabilidade Urbana: Exemplos

INDICADORES E ÍNDICES

ANO REFERÊNCIAS CARACTERÍSTICAS

ISH – Index Social Health54

1987

EUA Institute for

Innovation in Social Policy

(Fordham University,

Tarrytown, NY)

Indicador que sintetiza múltiplas variáveis sociais dos EUA combinando vários indicadores, que influenciam uns aos

outros. Analisa os problemas nos estágios da vida ou em cada um deles (infância, juventude, idade adulta, velhice). Busca

fornecer uma compreensão da saúde social dos EUA.

ISEW – Index of Sustainable

Economic Welfare ou

IBES - Índice de Bem-Estar Econômico

Sustentável55

1989

REINO UNIDO Friends of the

Earth, Centre for Environmental Strategy - CE,

New Economics Foundation - NEF

É um índice monetário que visa substituir o PIB como medida de progresso das

nações. Vai além da medida total das atividades econômicas, pois leva em conta o quanto as políticas nacionais realmente

resultam em melhor qualidade de vida para todos.

IDH - Índice de

Desenvolvimento Humano56 ou HDI

– Human Development

Index

1990 (cálculos até 1975)

Programa das Nações Unidas

para o Desenvolvimento

(PNUD) Aplicação mundial

Um contraponto ao Produto Interno Bruto (PIB)57 (dimensão econômica do

desenvolvimento). Índice composto, medida geral, sintética, do desenvolvimento humano (dimensões econômicas, sociais,

culturais e políticas que influenciam a qualidade da vida) compara as condições

de vida entre os países e orienta na elaboração de políticas e programas

sociais.

EF – Ecological Footprint ou

Pegada Ecológica58

1993

EUA Mathis

Wackernagel e William Rees (University of

British Columbia)

Ferramenta de gerenciamento do uso de recursos naturais pela humanidade. Mede o grau em que as demandas ecológicas das economias humanas respeitam ou

ultrapassam a capacidade da biosfera de fornecer bens e serviços. Quantidade total de áreas de terra e água biologicamente produtivas que a população exige para

produzir os recursos que consome e para absorver os resíduos que elimina, usando a

tecnologia atual59.

54 Detalhes em: www.iisp.vassar.edu/ish.html 55 Friends of the Earth criou uma ferramenta disponível na Internet, no site www.foe.org, que permite a qualquer um criar seu IBES (Índice de Bem-Estar Econômico Sustentável), valorizando as variáveis da forma mais adequada à sua situação. 56 Detalhes em: www.pnud.org.br www.pnud.org.br/idh/ 57 O PIB foi desenvolvido por Simon Kuznets para um Congresso dos EUA em 1934, 58 Detalhes em: www.footprintnetwork.org www.rprogress.org/newprojects/ecolFoot.shtml www.eea.europa.eu/highlights/Ann1132753060 59 Para Calcular a Pegada Ecológica: Pegada Individual (Individual Footprint) – um questionário (Ecological Footprint Quiz) sobre hábitos e atitudes, disponível no site www.myfootprint.org.

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QUADRO 2.2.3.1 – Indicadores Aplicados à Sustentabilidade e Sustentabilidade Urbana: Exemplos (Continuação)

GSI – World Bank’s Genuine

Saving Indicator60 (Poupança Genuína)

1994 EUA

World Bank

Indicador simples, planejado por pesquisadores do Banco Mundial para

diagnosticar a sustentabilidade da economia. Pretende demonstrar a taxa de riqueza nacional (incluindo o capital natural

e o capital humano) que está sendo destruída ou criada, mediante diversas adições ou subtrações de recursos não

econômicos, sobretudo ambientais, a partir de uma base constituída pela poupança

econômica nacional.

WN – The Well-Being of Nations ou Avaliação do

Bem-Estar61

1994

CANADÁ International

Research Centre - IDRC e

World Conservation Union - IUCN

WN pode ser usado em qualquer âmbito, desde um único município até o mundo todo. Difere de outras abordagens para

avaliação de sustentabilidade por seu foco duplo, sobre o bem-estar humano e o do ecossistema, e por seu uso do Barômetro

da Sustentabilidade para combinar um conjunto abrangente de indicadores HWI, EWI, WI e WSI. É mais amplo em termos

de fatores humanos e ecológicos do que os tradicionais, PIB, IDH e ESI.

IDG + MPG Índice de

Desenvolvimento Ajustado ao

Gênero (IDG) e Medida de

Participação Segundo o

Gênero (MPG)

1995 Aplicação mundial

Mesmas dimensões do IDH, mas verificam as desigualdades de gênero. IDG mede

disparidade entre os sexos no desenvolvimento humano básico. MPG mede desigualdades entre homens e

mulheres em áreas-chave da participação econômica e política, e na tomada de

decisões.

Global Environment

Outlook - GEO ou Projeto GEO

Cidades

1995 PNUMA

Objetivo de produzir a avaliação contínua do estado do meio ambiente global,

regional e nacional, por meio de processos participativos e de parcerias institucionais.

Foram gerados os relatórios globais GEO-1 (1999), GEO-2 (2000) e GEO-3 (2002); GEO América Latina (2000) e Caribe

(2003) regionais; e os GEO Nacionais de Barbados, Chile, Costa Rica, Cuba, Nicarágua, Panamá, Peru e Brasil.

Este último sob coordenação do MMA e IBAMA, em 2002.

GPI – Genuine Progress

Indicator62 ou IPG – Indicador de

Progresso Genuíno

1995 update in

2004

EUA Redefining Progress

Índice de mensuração do progresso de nações que considera os parâmetros bem-

estar e meio ambiente, proposto para substituição do PIB.

60 Detalhes em: www.worldbank.org/ www.brettonwoodsproject.org/topic/environment/gensavings.pdf 61 Detalhes em: www.iucn.org/en/news/archive/2001_2005/press/wonback.doc 62 Detalhes em: www.rprogress.org. Os precursores do GPI atual foram o Measured Economic Welfare - MEW (William Nordhaus e James Tobin), em 1972 e o Index of Sustainable Economic Welfare – ISEW (Daly e Cobb), em 1989.

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114

QUADRO 2.2.3.1 – Indicadores Aplicados à Sustentabilidade e Sustentabilidade Urbana: Exemplos (Continuação)

Os Princípios de Bellagio63

1996

CANADÁ; IISD, Fundação

Educacional e Centro de

Conferências Rockfeller, em Bellagio, Itália

Princípios (10) que orientam a avaliação do progresso rumo ao desenvolvimento

sustentável. Orientações para a avaliação de todo o processo, desde a escolha e o

projeto dos indicadores e sua interpretação até a comunicação dos resultados, sendo princípios inter-relacionados, que devem

ser aplicados de forma conjunta.

IDH-M Índice de

Desenvolvimento Humano

Municipal64

1996

BRASIL Governo Federal e administração municipal (Atlas

do Desenvolvimento

Humano no Brasil)

Dimensões: vida longa e saudável, acesso ao conhecimento e padrão de vida digno.

Indicadores diferentes do IDH na composição.

IPH - Índice de Pobreza Humana65

IPH-1(para os países em

desenvolvimento) IPH-2 (para os

países mais ricos)

1997

Programa das Nações Unidas

para o Desenvolvimento

(PNUD) Aplicação mundial

Mesmas dimensões do IDH em seus cálculos (uma vida longa e saudável, o

acesso ao conhecimento e um padrão de vida digno) com o acréscimo de outra

dimensão: a exclusão social. Índice-chave dos objetivos de Desenvolvimento do

Milênio das Nações Unidas.

IEWB – Index of Economic Well-

Being66 1998

CANADÁ Centre for the Study of Living

Standards

Índice proposto para medir o componente econômico do bem-estar social de forma

mais realista e completa do que os índices tradicionais, como o PIB. Visa contribuir

para que os indivíduos de uma sociedade analisem e julguem se as decisões e

políticas públicas adotadas no país trazem melhorias efetivas para a sociedade.

BS - Barometer of Sustainability ou

Barômetro da Sustentabilidade67

1999

CANADÁ The World

Conservation Union- IUCN, The

International Development

Research Centre – IDRC,

(Prescott-Allen)

Uma metodologia para avaliar e relatar o progresso em direção a sociedades sustentáveis que combina diversos

indicadores sociais e ambientais, medindo, em escala de desempenho e em índices, o

bem-estar humano e do ecossistema conjuntamente, sem sobrepor um ao outro.

63 Detalhes em:

www.ead.fea.usp.br/Semead/9semead/resultado_semead/trabalhosPDF/331.pdf www.iisd.org/mesure/compendium 64 Sobre este indicador ver observações críticas: limites e problemas de natureza conceitual e metodológica especialmente no uso do indicador sintético como critério e elegibilidade de municípios para políticas sociais, em Jannuzzi (2002) e Guimarães e Jannuzzi (2005). 65 Detalhes em: www.pnud.org.br http://www.dhnet.org.br 66 Detalhes em: www.csls.ca/iwb.asp www.csls.ca/iwb/iewb-guide.pdf 67 Detalhes em: www.idrc.ca http://www.iucn.org/

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115

QUADRO 2.2.3.1 – Indicadores Aplicados à Sustentabilidade e Sustentabilidade Urbana: Exemplos (Continuação)

DS – Dashboard of Sustainability

ou Painel de Sustentabilidade68

1999

CANADÁ e outros Consultative

Group on Sustainable

Development Indicators,

coordenada pelo IISD

Índice agregado de vários indicadores (econômico, social e ambiental) mostra,

visualmente, os avanços dos países para a sustentabilidade (pode ser utilizado como

índice urbano e regional). Utiliza a metáfora de um painel de veículo69. Cobre

aproximadamente 100 nações; integra dispositivos das Nações Unidas e, contribuiu para o painel Metas de

Desenvolvimento do Milênio (MDGs) em 2003.

LPI – Living Planet Index ou Índice Planeta

Vivo70

1999

SUÍÇA World Wildlife Fund - WWF WWF-Brasil

Indicador do estado geral dos ecossistemas. Inclui dados nacionais e

globais do consumo dos recursos naturais e do aumento dos efeitos da poluição.

DJSI - Dow Jones Sustainability

Index 1999

227 companhias em um total de 22

países

Primeiro indicador de sustentabilidade corporativa a nível global para acompanhar a performance de empresas líderes em seu

campo de atuação em termos de sustentabilidade corporativa. Fornece às

empresas avaliação financeira de sua estratégia de sustentabilidade, de seu

gerenciamento das oportunidades, riscos e custos a ela ligados. É derivado e integrado com os indicadores globais do Dow Jones,

com mesma metodologia de cálculo, revisão e publicação dos índices.

Calvert -Henderson

Quality of Life Indicators71

2000

EUA Hazel Henderson, o Calvert Group, e 12 estudiosos em qualidade de

vida.

Objetiva medir e esclarecer sistematicamente os principais aspectos da

qualidade de vida, social, econômica e ambiental em 12 indicadores desdobrados

em indicadores mais pontuais.

RSE - Indicadores Ethos de

Responsabilidade Social

Empresarial

2000

Global Reporting Initiative – GRI,

Institute of Social and Ethical

Accountability – ISEA,

Associação entre Indicadores Ethos

de RSE e o Modelo de Balanço

Social do IBASE.

Ferramenta de auto-diagnóstico com finalidade de auxiliar as empresas a gerenciarem os impactos sociais e

ambientais decorrentes de suas atividades. Buscar pela qualidade nas relações com os

stakeholders e a sustentabilidade econômica, social e ambiental.

68 Detalhes em: www.iisd.org/cgsdi/ www.iisd.org/cgsdi/dashboard.asp 69 Ferramenta gratuita que associa um software livre a uma base de dados internacionais de uso flexível, permitindo a construção de um ou mais indicadores sintéticos alterando o número e o peso das variáveis. 70 Detalhes em: www.org.br/downloads/wwf_brasil_planeta_vivo_2006.pdf www.wwf.org.br 71 Detalhes em: www.calvert-henderson.com www.calvertgroup.com

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116

QUADRO 2.2.3.1 – Indicadores Aplicados à Sustentabilidade e Sustentabilidade Urbana: Exemplos (Continuação)

BIP 40 - Baromêtre des

Inegalités et de la Pauvreté72

2002

FRANÇA Rede de Alerta

sobre Desigualdade e

Pobreza (Réseau d’Alerte sur lês Inegalités et de La Pauvreté).

Abranger várias dimensões (6) das desigualdades e da pobreza. Construir, para cada dimensão, um indicador (ele

próprio produto de diversos indicadores) (total 58 indicadores) que permita

acompanhar a evolução no tempo das desigualdades correspondentes e, por fim, somar (ou agregar) esses indicadores por

dimensões, visando obter um índice global.

IDS – Indicadores de

Desenvolvimento Sustentável

IBGE73

2002

BRASIL IBGE - Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística

Indicadores de Desenvolvimento Sustentável do Brasil, com informações sobre a realidade brasileira (dimensões

social, ambiental, econômica e institucional). Integra os esforços

internacionais para concretização das idéias e dos princípios da Agenda 21, da Conferência das Nações Unidas sobre

Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio de Janeiro, em 1992) em relação ao meio

ambiente, desenvolvimento e informações para a tomada de decisões.

IDA – Indicadores de Desempenho

Ambiental da Indústria

2003

BRASIL Câmara

Ambiental da Indústria Paulista-

DMA/FIESP-CIESP

São classificados em dois tipos: IDG – Indicadores de Desempenho de Gestão

(esforços na redução de consumo de materiais; melhora da administração dos resíduos sólidos); IDO - Indicadores de

Desempenho Operacionais (operações do processo produtivo com reflexos no seu

desempenho ambiental, tais como consumo de água, energia ou matéria-

prima).

ICA – Indicadores de Condição Ambiental da

Indústria

2003

BRASIL Câmara

Ambiental da Indústria Paulista-

DMA/FIESP-CIESP

Fornecem informações sobre a qualidade do meio ambiente onde se localiza a empresa industrial, em resultados de

medições em padrões e regras ambientais estabelecidos pelas normas e dispositivos

legais.

IPRS – Índice Paulista de

Responsabilidade Social74

2003 BRASIL

Fundação SEADE

Sistema de indicadores socioeconômicos referidos a cada município do Estado de

São Paulo, destinado a subsidiar a formulação e a avaliação de políticas

públicas para o desenvolvimento. Compartilha com o IDH o entendimento de

desenvolvimento humano como um processo complexo que, ao lado dos

aspectos econômicos, deve considerar as dimensões da vida social e da qualidade de

vida.

72 Detalhes em: www.bip40.org 73 Detalhes em: www.ibge.gov.br www.ibge.gov.br/home/geociencias/recursosnaturais/ids/default.shtm 74 Detalhes em: www.seade.gov.br/produtos/iprs/pdf/metodologia.pdf www.seade.gov.br/produtos/iprs/pdf/informativo.pdf

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QUADRO 2.2.3.1 – Indicadores Aplicados à Sustentabilidade e Sustentabilidade Urbana: Exemplos (Continuação)

DNA Brasil75 2004

Instituto DNA Brasil, Núcleo de

Estudos de Políticas Públicas (NEPP-Unicamp),

Instituto de Economia (IE) e Núcleo Estudos de População

(NEPO)

Mede o progresso real e a qualidade de vida do País, em relação a uma situação ideal, projetada para ocorrer em 2029,

criando mobilização nacional e estabelecendo parâmetros para formulação de políticas e ação de atores individuais e institucionais. Inclui as dimensões usadas

pelo IDH em sete dimensões sociais, econômicas e demográficas.

ESI – Environmental Sustainability Index ou ISA -

Índice de Sustentabilidade

Ambiental76

2004

EUA YCELP - Yale

Center for Environmental

Law and Policy; CIESIN of Columbia

University-Center for International Earth Science

Information Network

Índice de Sustentabilidade Ambiental que classifica os países de acordo com “as

suas capacidades para proteger o ambiente durante as próximas décadas”.

Aplicado em cerca de 140 países, consiste na pesagem de 21 indicadores básicos, cada um com duas a oito variáveis que

caracterizam a sustentabilidade ambiental em escala nacional: qualidade do ar e da

água, biodiversidade e gestão dos recursos naturais.

GEO Cidade de São Paulo

2004 BRASIL

PMSP, SVMA, PNUMA, IPT

Modelo de avaliação ambiental, derivado do Projeto GEO Cidades (1995), aplica

estrutura PEIR (Pressão, Estado, Impacto, Resposta). Adota 53 indicadores:

fundamentais (da UNCSD, OCDE e CEROI77) e novos (Consórcio Parceria 21). Avalia o estado do meio ambiente a partir

de determinantes produzidos pela urbanização sobre os recursos naturais, os ecossistemas das cidades e seu entorno.

RCI – Responsible Competitiveness

Index78 2004

REINO UNIDO AccountAbility

Índice que relaciona o estado da responsabilidade corporativa com a

competitividade das nações, revelando os países que estão atingindo crescimento

econômico sustentável baseado em práticas de responsabilidade social.

SF – Social Footprint79

2004

EUA e HOLANDA Center for

Sustainable Innovation - CSI e a Universidade de Groningen, na

Holanda

Sistema de mensuração dos impactos nas pessoas e na sociedade. Primeiro com

rigor teórico, mensura a sustentabilidade organizacional em termos de Ecological

Bottom Lines e Social Bottom Lines, através de coeficientes matemáticos em Ecological Quotient e Societal Quotient,

que comparam a ação com seus impactos sobre o capital ecológico (restrito e não criado pelo homem) e o capital anthro

(irrestrito e criado pelo homem).

75 Detalhes em: www.dnabrasil.org.br 76 Detalhes em: www.ciesin.org/ www.yale.edu/epi/ 77 CEROI – Cities Environment Reports on the Internet 78 Detalhes em: www.accountability21.net 79 Detalhes em: www.sustainableinnovation.org/the-social-footprint.html

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QUADRO 2.2.3.1 – Indicadores Aplicados à Sustentabilidade e Sustentabilidade Urbana: Exemplos (Continuação)

IDH Ambiental 2005 BRASIL (BNDES)

Combinação dos indicadores que compõem o IDH e das variáveis do Índice de Sustentabilidade Ambiental (ISA) ou

Environmental Sustainability Index (ESI).

EVI – Environmental Vulnerability

Index80

2005

NOVA ZELÂNDIA, NORUEGA,

IRLANDA, ITÁLIA SOPAC -

Comissão de Geociência Aplicada do Pacífico Sul,

PNUMA

Um índice de vulnerabilidade do meio ambiente, todo o bem-estar humano.

Método rápido e padronizado para caracterizar a vulnerabilidade em sentido geral e identificar questões que possam

exigir enfrentamento específico no contexto de cada pilar da sustentabilidade: aspectos

ambientais, econômicos e sociais do desenvolvimento de um país.

EPI – Environmental Performance

Index81

2006

EUA Universidade de

Yale e Universidade de

Columbia

Método para quantificar e classificar numericamente o desempenho ambiental

em 16 metas de companhias e países, para aperfeiçoar o desenvolvimento de políticas e decisões ambientais com base nas Metas

de Desenvolvimento do Milênio, das Nações Unidas: redução de estresses ambientais sobre a saúde humana e

proteção da vitalidade do ecossistema. Não é atualização do ESI.

HPI – Happy Planet Index82

2006 REINO UNIDO New Economics

Foundation - NEF

É o primeiro índice a combinar impacto ambiental e bem-estar, a fim de medir a eficiência ambiental para vidas longas e

felizes. Representa a eficiência com a qual os países convertem os recursos finitos da Terra em bem-estar para os seus cidadãos.

Global City Indicators ou Indicadores

Urbanos Globais83

2007

Amman, Durban, Toronto, Milan, São Paulo, King County. IDRC,

OECD, W. Bank, UNHABITAT,

ICLEI, University of TORONTO.

Uma abordagem integrada para a mensuração e monitoramento do

desempenho das cidades com mais de 100.000 habitantes. Com 22 temas, 53

indicadores principais e, de apoio, outros 33 e sete índices para cidades, em

desenvolvimento.

GNH – Gross National

Happiness84 (FIB – Felicidade

Interna Bruta)

2008

BUTÃO (Centro de Estudos do

Butão, baseado na capital do país,

Thimphu)

Conjunto de 72 indicadores em nove dimensões, principais componentes da felicidade e do bem-estar no Butão, a

serem utilizados para tomada de decisões para o desenvolvimento mais global e

harmonioso de suas metas.

80 Detalhes em: www.vulnerabilityindex.net/EVI_Indicators.htm 81 Detalhes em: www.yale.edu/epi/ 82 Detalhes em: www.neweconomics.org/gen Para calcular o próprio HPI: http://www.itint.co.uk/hpisurvey 83 O site: www.cityindicators.org está disponibilizado para o Programa de Indicadores Urbanos Globais, armazena dados (em base de dados de livre acesso) sobre os indicadores urbanos, disponibiliza informações sobre pesquisa de indicadores urbanos e links para outras organizações com interesse em programas de indicadores urbanos. 84 Detalhes em: http://grossnationalhappiness.com

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QUADRO 2.2.3.1 – Indicadores Aplicados à Sustentabilidade e Sustentabilidade Urbana: Exemplos (Continuação)

BCN – Balanço Contábil das

Nações

2008 (Prêmio

Eco 2008 da

Amcham do Brasil)

BRASIL Departamento de Contabilidade e

Atuária da FEA/USP, Inst. de

Pesq. da Civ. Yoko- IPCY, -

PROCAM/USP e IPEN/USP

Objetivo evidenciar a conta que cada cidadão terá que arcar diante dos

fenômenos de mudanças climáticas globais, do aquecimento global e aumento da concentração dos gases de efeito estufa

(greenhouse gas - GHG). O Balanço Ambiental de cada país inclui os ativos

(recursos florestais), os passivos (obrigações em relação à preservação do

meio ambiente) e o patrimônio líquido (parcela residual para recompor as

reservas naturais).

ISE - Índice de Sustentabilidade

Empresarial 2008

BRASIL BOVESPA

PNUMA

Índice de ações que seja um referencial para os investimentos socialmente

responsáveis. Mede o retorno total de uma carteira teórica composta por ações de

empresas com reconhecido comprometimento com a responsabilidade

social e a sustentabilidade empresarial.

Fonte: Elaboração da autora com base nas principais referências sobre o tema85.

85 Destacam-se dentre estas referências os estudos de Bellen (2002), Bitar (2006), Carvalho e Barcellos (2009), Jannuzzi (2001), Krama (2008), Louette (2009) e São Paulo (2004).

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QUADRO 2.2.3.2 – Contribuições à Sustentabilidade e Sustentabilidade Urbana: Iniciativas

INICIATIVA ANO REFERÊNCIA OBSERVAÇÕES

Ação Global 1991

Promovidos pelo SESI e pela Rede

Globo de Televisão

Mutirão de diversos serviços essenciais, integrados e gratuitos, com a participação de mais de 2.700 parceiros. Com cerca de 37 mil profissionais e voluntários, das áreas

de saúde, lazer, educação e cidadania, oferece ao público, simultaneamente, em todos os estados do Brasil e no Distrito

Federal, em um mesmo local, serviços com infra-estrutura e atendimento de qualidade.

World Business Council for Sustainable

Development - WBCSD

1991

185 grupos multinacionais, rede global de

mais de 50 conselhos nacionais e regionais,

20 maiores setores industriais

e 35 países

Fatura anualmente US$ 6 trilhões e gera 11 milhões de empregos diretos, em

compromisso com o desenvolvimento sustentável, em crescimento econômico, equilíbrio ecológico e progresso social. Diversas organizações parceiras, quase

1.000 líderes empresariais em nova maneira de fazer negócios no mundo. No

Brasil é representado pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o

Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), com 50 associados.

Comissão de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas

(CDS-ONU)

1995 Alcance

internacional, âmbito dos países

Projeto para a construção de Indicadores de Desenvolvimento Sustentável, em cinco

anos (1995-2000), a partir da recomendação do capítulo 40 da Agenda

21 Global86.

Word Bank - WB Banco Mundial 1995

OCDE (ponto de partida)

Percebe o desenvolvimento ambientalmente sustentável sob três

perspectivas: econômica, sócio-cultural e ecológica nas quais a sustentabilidade é

medida por riqueza per capita não decrescente. Publicação: Monitoring

Environmental Progress (MEP). Apresenta série de indicadores, baseados

em modelo DSR e na Agenda 21.

Bogotá Cómo Vamos -

BCV 1997

Casa Editorial El Tiempo, a

Fundação Corona e a Câmara de Comercio de

Bogotá.

Exercício cidadão que monitora, periódica e sistematicamente, a evolução da qualidade

de vida, com ênfase no cumprimento do Plano de Desenvolvimento da

Administração Distrital. O objetivo é gerar impacto positivo sobre a qualidade de vida, construindo conhecimento sobre a cidade.

Global Reporting Initiative- GRI

1997

Coalition for Environmentally

Responsible Economies –

CERES (Coalizão por Economias

Ambientalmente Responsáveis) e

PNUMA

Desenvolve e divulga Diretrizes para Relatórios de Sustentabilidade para orientar as empresas. De alcance

internacional, usado por organizações de diferentes setores e tamanhos, privadas,

públicas e sem fins lucrativos e apoiado por diversas instituições e empresas, dentre elas o Instituto Ethos de Empresas de

Responsabilidade Social.

86 Para mais detalhes, ver item 2.2.3 e Quadro 2.2.2.

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QUADRO 2.2.3.2 – Contribuições à Sustentabilidade e Sustentabilidade Urbana: Iniciativas (Continuação)

Redefinição de Prosperidade Sustainable

Development Commission -

SDC

2000 Reino Unido

Entidade independente de assessoria ao governo em desenvolvimento sustentável,

reportando diretamente aos dirigentes nacionais. Mapeia as relações entre:

crescimento, sustentabilidade e bem-estar.

Observatório Regional Base de

Indicadores de Sustentabilidade

- ORBIS87

2004

Brasil Serviço Social da

Indústria do Paraná– SESI

PR, Instituto Paraná

Desenvolvimento – IPD

Mediante o uso de indicadores, monitora, analisa e dissemina informações sobre sustentabilidade e qualidade de vida no Estado do Paraná. Originada a partir da Conferência Internacional de Indicadores

de Desenvolvimento Sustentável e Qualidade de Vida - ICONS, em 2003, em Curitiba, a ORBIS foi orientada por Eco-

92/Agenda 21; Conferência Habitat II/1996; Protocolo de Kyoto/1997; Pacto

Global/1999; e Cúpula do Milênio/2000.

France Libertés FDM – Fondation

Danielle Mitterrand

2005

França e Brasil

Conselho de Desenvolvimento

Econômico e Social do Brasil e Fundação France

Libertés

Programa de cooperação internacional, para construção de novos indicadores de riqueza para o Estado do Acre a partir de reflexão qualitativa sobre a contabilização da riqueza e do crescimento econômico:

ressaltando o progresso social e a preservação ou proteção do meio

ambiente, incluindo a Floresta Amazônica.

Juruti Sustentável

2005

Funbio – Fundo Brasileiro para a Biodiversidade

FGV – Fundação Getulio Vargas

Construção participativa de indicadores de desenvolvimento sustentável para Juruti e

entorno, no Estado do Pará, face às transformações trazidas pela instalação da empresa de mineração ALCOA na região.

Projeto Lucas do Rio Verde

Legal 2006

TNC – The Nature

Conservancy

Objetiva transformar Lucas do Rio Verde, em Mato Grosso, num município sem

passivos socioambientais, sem problemas trabalhistas e, com uso correto e seguro de

agroquímicos, busca construir novo conceito de sustentabilidade para a

agroindústria no País.

Movimento Nossa

São Paulo: outra cidade

2007 Instituto São

Paulo Sustentável

O Movimento pretende construir uma força política, social e econômica capaz de

comprometer a sociedade e sucessivos governos com uma agenda e um conjunto de metas para melhor qualidade de vida

para todos os habitantes da cidade. Tem o propósito de transformar São Paulo em uma cidade segura, saudável, bonita,

solidária e realmente democrática; uma cidade “sustentável”, com base em

experiências vitoriosas já realizadas em Bogotá e Barcelona, entre outras.

87 Produziu em 2004 o relatório Indicadores do Milênio na Região Metropolitana de Curitiba e, em 2006, a primeira edição dos Indicadores do Milênio para o Estado do Paraná. Em 2008, foi implantado o Observatório Regional dos Campos Gerais, e, numa parceria com o PNUD e o UNICEF, estruturou o Portal ODM Brasil, com os Indicadores do Milênio dos 5.564 municípios brasileiros, lançado em 2009.

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QUADRO 2.2.3.2 – Contribuições à Sustentabilidade e Sustentabilidade Urbana: Iniciativas (Continuação)

Global Forum América Latina –

GFAL / Call for Action / Business as an Agent of World Benefit - BAWB

2008

FIEP – Federaçãodas Indústrias do

Estado do Paraná

Movimento que tem por objetivo incentivar a criatividade dos participantes para

estimular a cooperação entre instituições, organizações e a sociedade, em prol de um

mundo sustentável. É, mais especificamente, uma chamada para a

ação, com o intuito de identificar e programar ações inovadoras no campo da

educação utilizando a metodologia da Investigação Apreciativa88.

La Commission sur la Mesure des

Performances Économiques et

du Progrès Social - CMPEPS

2008

França Collectif FAIR:

Forúm Pour d’Autres

Indicateurs de Richesse

Comissão que oferece uma reformulação da visão da riqueza e do desenvolvimento humano sustentável. Organizada em torno de três temas: Reconsiderar o progresso da sociedade; Elaborar uma construção coletiva; Organizar os indicadores locais. Está organizada em torno de três grupos de trabalho: PIB; Sustentabilidade e Meio

Ambiente; Qualidade de vida.

Rede Cidadã por Cidades Justas e

Sustentáveis - Rede Social

Brasileira por Cidades Justas e

Sustentáveis

2008

Brasil e América Latina.

Barranquilla, Bogotá , Calí , Cartagena e

Medellín (Colômbia);

Buenos Aires (Argentina); Lima

(Peru); Quito (Equador) e

Santiago (Chile).

Missão de comprometer a sociedade e governos com comportamentos éticos e

com o desenvolvimento justo e sustentável de suas cidades. A Rede Brasileira

compreende: Belém (PA), Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Curitiba (PR),

Florianópolis (SC), Goiânia (GO), Holambra (SP), Ilhabela (SP), Ilhéus (BA), Januária (MG), Maringá (PR), Niterói (RJ), Peruíbe

(SP), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Salvador (BA), Ribei rão Bonito (SP), Rio de Janeiro (RJ), Santos (SP), São Luis (MA), São Paulo (SP), Teresópolis (RJ),

Vitória (ES).

Fonte: Elaboração da autora com base em Krama (2008) e Louette (2009).

88 Investigação Apreciativa, criada nos Estados Unidos por David Cooperrider, pode ser definida como uma abordagem positiva para a gestão de mudanças e o desenvolvimento organizacional. Permite construir conhecimentos em grupo a partir do que há de melhor nas pessoas, na reflexão coletiva, inspirada pela cooperação com um objetivo comum (LOUETTE, 2009).

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QUADRO 2.2.3.3 - Iniciativas de Selos Ecológicos no Mundo

SELO ECOLÓGICO

INICIATIVA

ALEMANHA FEDERAL ENVIRONMENTAL AGENCY Site: www.blauer-engel.de

AUSTRÁLIA ENVIRONMENTAL CHOICE (1991) Site: www.aela.org.au/homefront.htm

ÁUSTRIA UMWELTZEICHEN-BÄUME (1990) Site: www.umweltzeichen.at

BRASIL QUALIDADE AMBIENTAL (1993) Site: www.abnt.org.br

CANADÁ ECOLOGOM (1988) Sites: www.environmentalchoice.ca/ e http://www.terrachoice.com

CHINA China ’s Environmental Protection Administration Sites: www.zhb.gov.cn/english e www.sepa.gov.cn/

CHINA GREEN LABEL (2000) Site: www.greencouncil.org/

HONG KONG FEDERATION OF ENVIRONMENTAL PROTECTION (HKFEP) Site: www.hkfep.com

COREIA KOREA ECO-LABEL (1992) Site: www.kela.or.kr/english

CROÁCIA ENVIRONMENTALLY FRIENDLY (1993) Site: www.mzopu.hr/default.aspx?id=5145

ESTADOS UNIDOS GREEN SEAL (1989) Site: www.greenseal.org

ESLOVÁQUIA ENVIRONMENTÁLNE VHODNÝ VÝROBOK (1996) Site: www.sazp.sk/public/index/go.php?id=785

ESPANHA AENOR MEDIO AMBIENTE (1993) Site: www.aenor.es/desarrollo/certificacion/productos/tipo.asp?tipop=2#1

FILIPINAS GREEN CHOICE PHILIPPINES (2001) Site: www.epic.org.ph/product.htm

FRANÇA NF ENVIRONNEMENT (1992) Site: www.afnor.fr/portail.asp?Lang=English

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124

QUADRO 2.2.3.3 - Iniciativas de Selos Ecológicos no Mundo (Continuação)

HOLANDA MILIEUKEUR (1992) Sites: www.milieukeur.nl e http://www.milieukeur.nl/nl-NL/default.aspx

HUNGRIA KÖRNYEZETBARÁT TERMÉK (1994) Site:www.okocimke.kvvm.hu/public_eng/?ppid=2200000www.kornyezetbarat-termek.hu/angism.htm

ÍNDIA ECOMARK (1991) Site: www.envfor.nic.in/cpcb/ecomark/ecomark.html

INDONÉSIA EKOLABEL INDONESIA Site: www.menlh.go.id

ISRAEL GREEN LABEL – THE STANDARDS INSTITUTION OF ISRAEL Site: www.sii.org.il/siisite.nsf/Pages/GreenMark

JAPÃO ECO MARK (1989) Site: www.ecomark.jp/english/

NOVA ZELÂNDIA ENVIRONMENTAL CHOICE NEW ZEALAND (1990) Site: www.enviro-choice.org.nz

REPÚBLICA TCHECA EKOLOGICKY SETRANY VYROBEK (1993) Site: www.ekoznacka.cz/ENG/

SINGAPURA GREEN LABEL SINGAPORE (1992) Site: www.sec.org.sg/greenlabel_htm/greenlable_frameset.htm

ESCANDINAVIA MILJÖMÄRKT THE WHITE SWAN” (NORDIC SWAN LABEL) (1989) Site: www.svanen.nu/Eng/

SUÉCIA BRA MILJÖVAL (1992) Site: www.snf.se/bmv/english-more.cfm

TCO (SWEDISH CONFEDERATION OF PROFESSIONAL EMPLOYEES) Site: www.tcodevelopment.com

TAIWAN GREEN MARK (1992) Sites: www.greenmark.epa.gov.tw/english/index.asp e www.greenmark.org.tw/

UCRÂNIA THE PROGRAM FOR DEVELOPMENT OF ECOLOGICAL MARKING IN UKRAINE Site: www.ecolabel.org.ua/

UNIÃO EUROPEIA European Commission – DGENVIRONMENT Site: http://europa.eu.int/comm/environment/ecolabel/index.htm Department for Environment, Food and Rural Affairs (DEFRA) Site : www.defra.gov.uk/environment/consumerprod/ecolabel/index

Fonte: Elaboração da autora com base em Louette (2009).

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FIGURA 2.2.3.2 - Certificação de Materiais e Edifícios Sustentáveis89: Alguns Exemplos no Brasil

Fonte: Elaboração da autora com base em:

http://www.forumdaconstrucao.com.br/conteudo.php?a=23&Cod=89 http://www.criaarquiteturasustentavel.com.br/

http://www.usgbc.org http://sites.google.com/site/edificioseedificio/edificios-sustentaveis

http://www.abnt.org.br http://www.selosustentax.c

http://www.cbcs.org.br http://www.assohqe.org

http://www.ecoselo.org.br http://www.fsc.org.br

89 O Edifício Sustentável faz uso de eco-materiais e de soluções tecnológicas e inteligentes para promover o bom uso e a economia de recursos finitos (água e energia elétrica), a redução da poluição e a melhoria da qualidade do ar no ambiente interno e o conforto de seus usuários. Como denominador comum, o edifício sustentável e a ecológica têm o fato de gerarem habitações e edifícios que preservem o meio ambiente e de buscarem soluções locais para problemas por elas mesmas criados. A construção sustentável difere da ecológica por ser produto da moderna sociedade tecnológica, utilizando ou não materiais naturais e produtos provenientes da reciclagem de resíduos gerados pelo seu próprio modo de vida.

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2.3. SUSTENTABILIDADE URBANA: A BACIA HIDROGRÁFICA COMO UNIDADE DE GESTÃO

A despeito da diversidade e complexidade de indicadores e sistemas de

indicadores de sustentabilidade existentes, muitos apresentados nos itens

anteriores, diversos autores apontam para a necessidade que ainda persiste de

formulação teórica e objetiva de recursos e instrumentos voltados à superação da

insustentabilidade, especialmente quando aplicada ao território. A questão da

sustentabilidade tem se apresentado como importante aspecto nos estudos e

propostas para o desenvolvimento urbano, entretanto a discussão da construção e

aplicação de indicadores, bem como da adoção de recursos voltados à integração

dos planejamentos urbano, de recursos hídricos e ambientais, postura fundamental

para o avanço da sustentabilidade, ainda se faz necessária.

Atualmente sabe-se que o adensamento urbano não planejado, por exemplo, é

um dos fatores que muito inviabiliza a qualidade de vida nas cidades e que a

impermeabilização dos solos das bacias hidrográficas é fator preponderante para o

agravamento do problema de cheias e inundações associadas. A preocupação com

os impactos negativos ao meio ambiente e com os efeitos do desequilíbrio ecológico

prejudicando o conjunto da sociedade tem se traduzido na busca da ocupação

urbana economicamente viável e socialmente justa.

A integração do planejamento urbano com a gestão dos recursos hídricos,

portanto, também tem sido alvo de preocupação de muitos daqueles que objetivam

alcançar caminhos de enfrentamento a este desafio.

Destaca-se aqui que as sucessivas ações antrópicas negativas impostas ao

meio ambiente, resultantes inclusive dos processos de ocupação do solo urbano,

acabaram suscitando importantes reflexões acerca da preservação dos

ecossistemas e da qualidade de vida nas cidades. A despeito do imenso progresso e

avanço tecnológico alcançados pela humanidade especialmente no último século, o

tipo de desenvolvimento adotado acabou gerando grandes desigualdades na

distribuição de bens e serviços urbanos e ainda contribuindo para a degradação

ambiental.

Pode-se então ressaltar que o conceito de sustentabilidade urbana, a despeito

das muitas interpretações possíveis (conforme pontuado anteriormente), atualmente

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deve estar necessariamente assimilado ao planejamento urbano, à gestão ambiental

e dos recursos hídricos e às políticas públicas, de forma integrada. O surgimento das

megalópoles e o agravamento das condições de vida nas cidades longe de gerar um

imobilismo técnico e político no enfrentamento destas questões têm suscitado novas

e mais criativas perspectivas de análise e de soluções para o planejamento das

cidades, inclusive contemplando a abordagem multidisciplinar da gestão urbana,

com vistas a uma regeneração ecológica, uma maior eficiência na utilização do solo,

com preservação de espaços verdes e diversas propostas de viabilização do

desenvolvimento sustentável.

Nesta perspectiva, a adoção efetiva da bacia hidrográfica como unidade de

planejamento urbano sustentável se coloca como questão fundamental. Os recursos

hídricos de uma bacia hidrográfica são os alicerces para a sobrevivência e

transformação do meio pelo homem, e também suas reservas para as futuras

gerações (ALVIM, 2003). O recorte territorial adequado à gestão destes recursos é a

bacia hidrográfica, pois possibilita integrar a gestão dos recursos hídricos com os

outros aspectos da gestão territorial. Podem-se conciliar políticas setoriais de gestão

do território e políticas setoriais do gerenciamento dos recursos hídricos no âmbito

da bacia, além de facilitar a integração equitativa de todos os usuários nos

planejamentos. Neste contexto, o conceito de gestão integrada da bacia hidrográfica

deve incorporar a gestão do território articulada à gestão da bacia hidrográfica, onde

a bacia hidrográfica aparece como uma unidade espacial de conciliação destes

elementos em longo prazo. Essa ampla concepção reflete o conceito de

desenvolvimento sustentável que deve associar metas para o desenvolvimento

socioeconômico, eqüidade social e sustentabilidade ambiental (ALVIM, 2003).

E, para tal, é necessário, para a caracterização da bacia, verificar além das

condições físicas e climáticas, as condições sociais e culturais, especialmente nas

áreas urbanizadas. As alterações provocadas pela ocupação humana, tais como o

desmatamento, alteração e retificação dos cursos dos rios e a impermeabilização do

solo provocada pela ocupação urbana especialmente quando realizada sem o

adequado planejamento podem agravar em muito os processos erosivos, diminuir a

capacidade de infiltração e aumentar o volume dos escoamentos superficiais,

contribuindo para enchentes e inundações.

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Ou seja, o aumento da impermeabilização reduz as taxas de infiltração, que por

sua vez leva à diminuição das taxas de recarga para os aqüíferos e à diminuição do

escoamento básico. O escoamento superficial é intensificado, aumentando em

velocidade e, também a freqüência e magnitude dos picos de cheia, levando

ocasionalmente às enchentes. O aumento da população contribui para o

crescimento da demanda dos recursos hídricos e ao mesmo tempo aumentam os

volumes de efluentes e resíduos sólidos. A mudança do tipo de cobertura do solo

também tem impacto no balanço de energia entre superfície e atmosfera. Além da

mudança da resistência aerodinâmica que afeta a movimentação do ar das áreas do

entorno, aumenta a transferência de calor para a atmosfera. Ainda, os depósitos de

resíduos sólidos contribuem na emissão de gases do efeito estufa. Esses fatores

conjugados tendem a produzir temperaturas mais altas e favorecem a ocorrência de

chuvas convectivas nos conglomerados urbanos mais freqüentemente do que em

regiões com características mais rurais. A interação entre processos físicos que

ocorrem na superfície e na atmosfera pode ao longo do tempo levar a mudanças na

distribuição e disponibilidade dos recursos hídricos (HALL, 1984).

A situação de degradação das bacias hidrográficas, especialmente as urbanas,

que em suas raízes encontra um modelo de desenvolvimento econômico nada sustentável, tem se tornado foco de preocupação mundial e orientado o desenvolvimento das mais diversas ciências, pesquisas, manifestações e mobilizações mundiais, inclusive o pensamento urbanístico. Hoje, também no Brasil, discute-se a importância da conservação ambiental ligada à escala urbana e territorial, na tentativa de encontrar caminhos para as chamadas cidades sustentáveis, conforme Agenda 21 (AFONSO e BARBOSA, 2005, p.9).

É importante então que para o desenvolvimento de forma sustentável das

cidades se procure viabilizar a integração dos planejamentos urbano e de recursos

hídricos, procedimento oportuno e necessário para a minimização destas ações

antrópicas negativas. Esta medida pode ser efetivada com a adoção da bacia

hidrográfica como unidade de gestão. Essencial também se considera o

desenvolvimento de parâmetros urbanísticos especialmente relacionados aos Planos

de Bacias oportunizando o controle do crescimento urbano de forma sustentável e

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minimizando os efeitos nocivos das alterações destes parâmetros de forma

desvinculada das características objetivas das bacias90.

A adoção da bacia hidrográfica como unidade de planejamento em favor da

articulação da gestão dos recursos hídricos com o planejamento urbano, é

recomendação já incluída na legislação brasileira. Ou seja, A bacia hidrográfica, a

partir também das normas, se qualifica como a unidade de planejamento adequada

à gestão integrada, permitindo objetivamente o tratamento da ocupação urbana da

bacia. Contudo, a opção do planejamento urbano por bacias hidrográficas pode

encontrar sérias dificuldades de compatibilização, especialmente no planejamento

funcionalista que entende a cidade dividida em partes estanques.

A aplicação das sub-bacias hidrográficas, na medida do possível, como

unidade espacial no zoneamento ambiental tanto para o planejamento urbano como

para facilitar a gestão dos recursos hídricos, incluindo sua preservação e melhoria,

traduz um dos objetivos do próprio planejamento urbano (CARVALHO e BRAGA,

2005). Maricato (2001) reforça esta abordagem considerando a importância da

adoção das bacias e sub-bacias hidrográficas como unidades para a abordagem do

planejamento urbano, na medida em que o destino do esgoto e do lixo sólido, para

citar apenas dois resíduos das aglomerações urbanas, interfere na vida de todos os

usuários da mesma bacia.

Carvalho e Braga consideram que:

o uso do sistema hidrográfico como referência para a compartimentação territorial não pode ser unívoco. A linha de cumeada tanto pode ser um elemento de divisão quanto de coesão de unidades territoriais. O mesmo vale para o talvegue. Não se deve dividir a cidade em micro-bacias e, pura e simplesmente, adotá-las como unidades de zoneamento. A questão é mais complexa e deve ser avaliada considerando-se também os demais parâmetros ambientais e sócio-funcionais, bem como a complexidade dos processos ambientais, urbanísticos e sociais desenvolvidos num determinado espaço urbano (CARVALHO e BRAGA, 2005, p.4).

Neste sentido se revela a importância do estudo e da compreensão das

transformações da água, (solvente universal, modelador de relevos, insumo e vetor

de vida e doenças) no meio ambiente urbano, desde a sua dinâmica no ciclo

hidrológico (radicalmente transformado pelas ações antrópicas, principalmente a

urbanização) até a sua qualidade físico-química, buscando facilitar e viabilizar tanto

90 O estudo de caso apresentado no item 3.4 alerta para os efeitos, especialmente do aumento do potencial construtivo, decorrentes das alterações dos índices urbanísticos.

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a gestão ambiental das cidades como os próprios recursos hídricos na perspectiva

do desenvolvimento sustentável (CARVALHO e BRAGA, 2005).

Vale ressaltar que no modelo de gestão integrada da bacia hidrográfica, é no

nível do município e do conjunto deles, que a aplicabilidade das políticas acontece

apesar da unidade de gestão ser a bacia hidrográfica. É fundamental, portanto, que

as propostas de gestão da bacia levem em consideração sua relação com os

sistemas de gestão que funcionam com outros limites, sobretudo os limites políticos

administrativos (ALVIM, 2003), na relação das micro-bacias com as unidades de

planejamento urbano definidas pelos Projetos de Estruturação Urbana – PEUs91.

Na verdade, como bem lembram Afonso e Barbosa (2005), o momento atual

do planejamento no Brasil exige nova abordagem sobre as questões ambientais e urbanas, assim como novas posturas por parte dos organismos públicos e privados, que devem se adequar a uma integração e negociação interinstitucional (por um gerenciamento integrado em nível federal, estadual e municipal), à ética ecológica e ao fortalecimento de um espaço político para o embate/interação de idéias e posições dos interesses locais, ou seja, exige a definição de nova matriz de planejamento (p.12).

Reafirmando esta proposição Pimentel da Silva e Marques (2010, p.39 e 41)

destacam que o Desenho e Desenvolvimento Urbano de Baixo Impacto – DDUBI92,

modelo que se insere na discussão da conservação da água em meio peri-urbano,

embora “não substitua as formas já consolidadas de planejar as cidades, representa

uma nova estratégia” e, ainda que, para “sua consolidação no Brasil, necessite da

quebra de paradigmas e remoção de importantes barreiras”, inclusive no “sistema de

91 No item 2.3.2, conforme visto, apresenta-se a discussão da bacia hidrográfica como unidade de gestão e no item 3.5 formula-se a proposição desta aplicação. 92 Este modelo integra um conjunto de abordagens das últimas décadas mais próximas à sustentabilidade e que têm sido estudadas sob as denominações: Low Impact Development (LID), nos EUA e Canadá (WONG e STEWART, 2008; PORTLAND BUREAU OF ENVIRONMENTAL SERVICES, 2002); Sustainable Urban Drainage Systems (SUDS), no Reino Unido (SEPA, 2009); Water Sensitive Urban Design (WSUD), na Austrália (GOONETILLEKE et al., 2011); e Low Impact Urban Design and Development (LIUDD), na Nova Zelândia (VAN ROON, 2007; FEENEY, 2009) ou Desenho e Desenvolvimento Urbano de Baixo Impacto – DDUBI, no Brasil (CERQUEIRA, PIMENTEL DA SILVA e KLEIMAN, 2011). Este modelo também inclui “medidas não-estruturais, como layouts alternativos de estradas e prédios para minimizar a impermeabilização do solo e maximizar o seu uso, preservação da vegetação nativa, redução das fontes de contaminação e programas de educação” que promovam novas ações e/ou atividades com ganhos paisagísticos, ambientais e econômicos resultando no tratamento da drenagem urbana com controle não somente do pico, mas também do volume, da freqüência e da duração, além da qualidade do escoamento (SOUZA, 2005). A Suécia e a Noruega foram precursoras dessas iniciativas que se propagaram pela Europa, Estados Unidos, Canadá, Austrália, entre outros. Atualmente, o Reino Unido é tido como referência mundial. Em contrapartida, a despeito das crescentes iniciativas, “os países em desenvolvimento se encontram relativamente atrasados, já que o controle quantitativo da drenagem urbana ainda é limitado e o de controle da qualidade da água, resultante da drenagem, ainda está longe de ser atingido” (POLETO, 2011).

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gestão atual da infra-estrutura urbana”, busca na “sustentabilidade, através do

planejamento e da gestão descentralizada dos recursos hídricos e do saneamento” a

sua principal força motora. Souza e Tucci (2005) lembram também a utilidade do

DDUBI na implantação de novos desenvolvimentos e na recuperação da capacidade

de infiltração das superfícies urbanas, reduzindo os impactos, com ganhos

econômicos e paisagísticos em comparação aos métodos tradicionais. Entre outros

aspectos, o modelo valoriza os recursos naturais, adota a bacia hidrográfica como

unidade de planejamento, proporcionando a mitigação dos impactos ambientais, em

cooperação com as comunidades.

Este modelo se insere no processo de construção de novas relações

sociedade/natureza configuradas em novo formato de gestão que “tem seu foco

territorial na bacia hidrográfica”, que mesmo considerando-se que venha se

desenvolvendo conceitualmente com prioridade “dentro das políticas de recursos

hídricos, representa uma reorganização espacial e sócio-funcional inovadora, a ser

absorvida por nossas políticas públicas em várias escalas”, a exemplo mesmo do

que vem ocorrendo nos comitês de bacias (conforme comentados adiante)

(AFONSO e BARBOSA, 2005, p.12).

A partir destas considerações, a bacia hidrográfica (ou “bacia ambiental”)

poderia ser redefinida como sendo o “locus onde ocorrem as relações sociais de

ordem cultural, política e econômica”; o território relativizado, de limites físicos

“flexibilizados que privilegiam a dinâmica local, principalmente quando a abordagem

de análise é direcionada para a área urbana enquanto ambiente antropizado”

(AFONSO e BARBOSA, 2005, p.15).

Em que pesem todas estas considerações, e mesmo o caráter ainda inovador

da prática da adoção da bacia hidrográfica como a unidade adequada ao

planejamento urbano sustentável, incluindo a integração dos planejamentos e

gestão da cidade, das águas e do meio ambiente, deve-se resgatar que, na verdade,

esta concepção é bem antiga. Patrick Geddes (1854-1932) (GEDDES, 1904 e 1994),

antes do século XX, já considerava que o planejamento urbano deveria incluir o

planejamento da região que circunda a cidade abarcando a região natural, ou seja,

“uma bacia fluvial ou uma unidade geográfica com cultura regional própria. [...]

também as relações entre as regiões: por exemplo, relação entre a megalópole em

expansão e o despovoamento da zona rural” (HALL, 2005, p.7).

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Geddes (1904 e 1994) extraiu sua conceituação básica dos pais fundadores da

geografia francesa Elisée Reclus (1830-1905) (RECLUS, 1878 e 1908) e Paul Vidal

de la Blanche (1845-1918) (LA BLANCHE, 1883 e 1903) e, de um dos primeiros

sociólogos franceses Frédéric Le Play (1806-1882) (LE PLAY, 2011). Destaca-se o

seu conceito de região natural, de que é um exemplo a sua famosa seção de vale:

para um levantamento mais geral e comparativo como o nosso, são preferíveis os começos mais simples [...] a perspectiva clara, a visão mais panorâmica de uma determinada região geográfica [...] assim também uma bacia hidrográfica é, [...] um item essencial para o estudioso de cidades e civilizações [...] (HALL, 2005, p162).

O estudioso de cidades deve encaminhar seus estudos primeiramente para

essas regiões naturais:

tal levantamento de uma série de nossas próprias bacias hidrográficas [...] será considerado como a mais sólida das introduções para o estudo das cidades [...] até mesmo nas maiores cidades é útil que o pesquisador restabeleça constantemente o enfoque elementar e semelhante ao do naturalista (HALL, 2005, p.165).

Para Geddes (1904 e 1994)93 o estudo regional propiciava o conhecimento de

um “ambiente ativo e vivenciado”, que era a força motriz do desenvolvimento

humano. A região era mais que um objeto de levantamento, a ela cabia fornecer a

base para a reconstrução total da vida social e política (HALL, 2005, p.165).

O Plano de Bacia se confirma então ainda atualmente como unidade de

planejamento apropriada para a gestão integrada das águas urbanas, especialmente

quando devidamente associado à utilização de novos parâmetros. Estas novas

ferramentas de planejamento se relacionariam diretamente à área da bacia, tais

como um instrumento de conexão forte, um indicador de ocupação sustentável da

bacia hidrográfica (IOS-BH)94, e incorporariam no seu cálculo os diversos

condicionantes físicos, sociais e culturais, especificidades da bacia hidrográfica

urbana, conforme comentado, tais como: taxa de impermeabilização do solo,

disponibilidade de serviços de infra-estrutura; condicionantes de clima, ventos e

vegetação; densidade demográfica e edilícia; tipos de solo e de capacidade de

absorção e escoamento de águas pluviais nos terrenos e outros. Tal proposição

estaria ainda em favor do crescimento urbano de forma controlada e sustentável, de

acordo com critérios, qualificáveis e quantificáveis, passíveis de discussões técnicas

93 Lembra-se aqui do conceito de espaço social de Lefebvre. 94 O IOS-BH encontra-se detalhado adiante no item 3.5.

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e objetivas. As possíveis alterações dos parâmetros urbanísticos e edilícios se

dariam então de forma planejada, controlando ou minimizando os seus efeitos

antrópicos negativos nas bacias, de acordo com os respectivos cálculos e projetos.

Carneiro et al.(2008, p.172) lembram que:

o que se observa no país é a desarticulação entre os instrumentos de gerenciamento dos recursos hídricos e os de planejamento do uso do solo, refletindo, talvez, certa deslegitimação do planejamento e da legislação urbanística nas cidades brasileiras, marcadas por forte grau de informalidade e mesmo de ilegalidade na ocupação do solo.

Segundo Tucci (2004), a maior dificuldade para o planejamento integrado

decorre da limitada capacidade institucional dos municípios para enfrentar

problemas tão complexos e interdisciplinares e a forma setorial como a gestão

municipal é organizada.

Acrescentam-se à problemática as considerações de Mumford (1945)95 de que

o crescimento de uma grande cidade se dá de forma amebóide, um crescimento

contínuo e transbordante que rompe seus limites e aceita sua expansão e falta de

forma definida como subproduto inevitável de sua imensidão física. Entretanto, com

as mesmas características desta expansão horizontal no território, a extensão

vertical da cidade tende a buscar o lucro concentrando, o poder na metrópole em

escala cada vez maior. Deve-se considerar a necessidade de descentralização da

metrópole, através de planos eficientes para colocá-la em prática, planos que se

contraponham a esta dinâmica96 bem exemplificada nas alterações da legislação

urbanística que vêm ocorrendo na Barra da Tijuca, área de expansão da cidade do

Rio de Janeiro e constante alvo dos interesses da incorporação imobiliária que tem

obtido lucros significativos com as modificações, particularmente dos parâmetros

urbanísticos97.

Ou seja, atualmente no Brasil, acentuam-se, de forma generalizada,

especialmente para as capitais, estas alterações constantes na legislação

95 Cabe lembrar que Mumford, um dos fundadores da Regional Planning Association of America, deu prosseguimento aos estudos de Geddes, logo nos anos 1900, acerca do planejamento regional, dentro do qual cada parte sub-regional se desenvolveria harmoniosamente com base nos seus próprios recursos naturais, bem como num total respeito aos princípios de equilíbrio ecológico e pronta substituição. As cidades ficariam subordinadas à região: tanto as velhas metrópoles quanto as novas cidades só cresceriam como partes necessárias do esquema regional (HALL, 2005). 96 Esta dinâmica se encontra contextualizada no item 2.4 apresentado adiante. 97 Este exemplo aplicado à Barra da Tijuca está desenvolvido no item 3.4.

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urbanística, desconectadas de um plano de bacia (ou mesmo outro), sem as

necessárias previsões dos impactos decorrentes. Essas intervenções significam

muitas vezes a densificação e verticalização exacerbada de construções,

descaracterização de projetos e planejamentos, enfim um somatório de medidas

aparentemente isoladas, mas que no conjunto têm sua lógica própria e que precisa

ser superada.

Algumas iniciativas e proposições de planejamento urbano por bacias e de

gerenciamento integrado dos recursos hídricos, apontando para uma contraposição

a esta situação de insustentabilidade, estão consideradas a seguir inseridas na

evolução da gestão integrada por bacias hidrográficas nos contextos internacional

(item 2.3.1) e brasileiro (item 2.3.2).

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2.3.1. Contexto Internacional

A gestão integrada das águas urbanas, hoje meta e consenso na maioria dos

países, resultou e se inseriu nas discussões acerca da sustentabilidade em diversas

conferências e fóruns internacionais. Dentre estes, destacam-se os principais

eventos mundiais relacionados com a água listados no Quadro 2.3.1.1 que segue.

QUADRO 2.3.1.1 – A Água e o Desenvolvimento Sustentável – Principais Eventos

ANO EVENTO PRODUÇÃO / TEMA

1972 Conferência das Nações Unidas sobre

Desenvolvimento Humano (em Estocolmo)

Declaração da Conferência das Nações Unidas Sobre o Meio Ambiente Humano

(preservação e melhoria do ambiente humano)

1977 Conferência das Nações Unidas sobre

Água. (em Mar del Plata) Plano de Ação de Mar del Plata

(acesso aos recursos hídricos, uso da água) 1981 1990

Década Internacional de Água Doce e Saneamento

1990 Consulta Global sobre Água e Saneamento para os anos 90,

(em Nova Deli)

"Um pouco para todos é melhor do que mais para alguns" (abastecimento saudável, saneamento

ambiental)

1987 Comissão Mundial da ONU sobre o

Meio Ambiente e Desenvolvimento (na Noruega)

Relatório Brundtland

1990 Início da Década Internacional de Redução dos Desastres Naturais

1992 Conferência da ONU em Meio Ambiente e Desenvolvimento (UNCED) (ECO92)

(no Rio de Janeiro)

Agenda 21 e Declaração do Rio98 (cooperação, economia da água, participação)

(gerenciamento holístico da água, integração de planos e programas setoriais de água)

1992 Conferência Internacional de

Água e Meio Ambiente (em Dublin)

Declaração de Dublin sobre Água e Desenvolvimento Sustentável (valor da água, resolução de conflitos,

desastres naturais)

1994 Conferência Ministerial sobre

Fornecimento de Água Potável e Saneamento Ambiental (em Noordwijk)

Programa de Ação (fornecimento de água potável e saneamento)

1995 Cúpula Mundial para o Desenvolvimento

Social (em Copenhagen) Declaração de Copenhagen para o Desenvolvimento Social (fornecimento de água potável e saneamento)

1995 Quarta Conferência Mundial das Nações

Unidas sobre Mulheres (em Beijing) Declaração de Beijing e Plataforma de Ação (questões do sexo feminino, fornecimento de água e saneamento)

1996 Conferência das Nações

Unidas sobre Assentamentos Humanos (Habitat II) (em Istambul)

Agenda do Habitat (ambientes de vida saudável, fornecimento adequado de

água potável e gerenciamento do lixo)

1996 Cúpula Mundial sobre Alimentação (em

Roma)

Declaração de Roma sobre a Segurança da Alimentação Mundial

(alimentação, saúde, água e saneamento)

1997 Primeiro Fórum Mundial da

Água (em Marraquech)

Declaração de Marraquech (água e saneamento, compartilhamento de recursos hídricos, preservação de

ecossistemas, uso eficiente da água)

2000 Segundo Fórum Mundial da Água

(em Haia) Visão da Água Mundial: Água Negócio de Todos

2000 Cúpula do Milênio das Nações Unidas

Declaração do Milênio da ONU (reduzir à metade, até 2015 o número de pessoas sem

acesso à água potável). Estabelecido o World Water Assessment Programme - WWAP

2000 Fim da Década Internacional de Redução dos Desastres Naturais

98 A Agenda 21 aplica-se em âmbito nacional e local em diversos países, conforme comentado.

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QUADRO 2.3.1.1 – A Água e o Desenvolvimento Sustentável – Principais Eventos (Continuação)

2001 Conferência Internacional de Água Doce (em Bonn)

Declaração Ministerial (água: chave para o desenvolvimento sustentável)

2002 Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento

Sustentável (RIO+10) (em Johanesburgo)

Declaração Política e Plano de Implementação (reafirmação das decisões da RIO92)

(erradicação da pobreza, mudança nos padrões insustentáveis de consumo e produção; água;

saneamento e biodiversidade)

2003

Ano Internacional da Água Doce Terceiro Fórum Mundial da Água (em

Kyoto)

Relatório Mundial do Desenvolvimento da Água Declaração Preliminar do Fórum

(água, saúde e saneamento). Primeira Edição do World Water Development Report – WWRD: Water for People,

Water for Life

2005 Início da Década da Educação para o Desenvolvimento Sustentável

2005 Início da Década Internacional da "Água para a Vida”

2006 Quarto Fórum Mundial da Água (no

México)

Declaração Ministerial (reafirma a importância crítica da água, para os aspectos

do desenvolvimento sustentável) Editado o WWDR2: Water, a Shared Responsibility

2008 World Water Week (em Estocolmo) Stockholm’s seminar and side event.

2009 Quinto Fórum Mundial da Água

(em Istambul) Relatório do Desenvolvimento Mundial da Água. Editado

o WWDR3: Water in a Changing World.

2010 Celebração do Dia Mundial da Água (22

março) (na Itália) “Água Limpa para um Mundo Saudável”

(World Water Assessment Programme – WWAP)

Fonte: Elaboração da autora com base em UNESCO (2009 e 2011).

Cabe destacar, entretanto, que a proposta de gestão dos recursos hídricos

baseada no recorte territorial das bacias hidrográficas, teve suas origens bem antes

da década de 1970 e dos eventos relacionados à sustentabilidade. Registram-se as

experiências99 sobre os tratados de utilização do Rio Danúbio em 1616, o tratado

Brasil-Peru sobre a navegação do Rio Amazonas em 1851, o pacto do Rio Colorado

nos Estados Unidos, em 1922 (tratando da partição da utilização da água do rio

entre os Estados que compartilhavam a sua bacia hidrográfica) e o tratado entre o

Brasil e a República das Províncias Unidas do Rio da Prata em 1928 (GRANZIERA,

2001; GRIGG, 1991). Destaca-se a formação do Tennessee Valley Authority - TVA

(Autarquia do Vale do Tennessee) em 1933100 que exerceu forte influência nas

99 Sobre os processos de evolução da gestão integrada das bacias hidrográficas, dentre os diversos estudos merecedores de destaque, ver Araújo et al.(2007); Carneiro (2008); Coelho (2004); Cury (2006); Porto e Porto (2008); Santos (2002) e Silva (2002). 100 Llienthal (1972) ressalta que a TVA se tornou um símbolo do desenvolvimento unificado de recursos em diversos países e destaca, entre outros, alguns empreendimentos influenciados ou nos moldes da TVA até 1952: Plano de Desenvolvimento do Rio Jordão (Israel e Jordânia); Corporação do Vale do Damodar (Índia); Autarquia dos Recursos Hidráulicos de Porto Rico; a Corporação Santa (Peru), a repartição do Rio Níger (África); a Comissão de Papaloapán (México); Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Comissão do Vale do São Francisco) (Brasil); Comissão RIONE

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experiências no Brasil101. A agência proposta pelo então presidente Roosevelt foi

concebida no bojo do New Deal para resolver a crise da Grande Depressão nos

EUA. Foi uma tentativa para descentralizar o funcionamento do governo federal, dos

poderes em Washington, diluir, e retirar tais poderes da capital federal para as

diversas regiões geográficas, estados e localidades, no que se refere ao

desenvolvimento dos recursos naturais. Foi confiado à TVA o planejamento de todas

as potencialidades do rio que devia ser olhado como parte do conjunto maior de toda

a região, um dos muitos dotes que se acham mesclados na natureza: a terra, os

minerais, as águas, as matas, e todos eles reunidos em um todo, em suas relações

com a vida dos habitantes do vale. Tomou-se uma bacia fluvial inteira como área-

unidade e, a autarquia incumbida desta tarefa de reconstrução regional deveria gerir

a navegação, controle de cheias, controle de erosão, reflorestamento,

desenvolvimento agrícola e industrial e uso das áreas ribeirinhas, envolvendo os

sete Estados do vale, usuários das águas da bacia hidrográfica correspondente

(LLIENTHAL, 1972).

Cumpre registrar, também nos Estados Unidos, no Estado da Flórida, um dos

exemplos em atuação no gerenciamento integrado dos recursos hídricos. Desde

1972, o Florida Water Resources Act dividiu o Estado em cinco distritos de

gerenciamento de água (delimitados por bacias hidrográficas) com a

responsabilidade pela regulamentação, cobrança, organização, monitoramento e

manejo dos recursos hídricos (COELHO, 2004). Tal providência estava respaldada

na Federal Water Pollution Control Act Amendments of 1972, conhecida também

como Clean Water Act (CWA), legislação federal dos Estados Unidos que alterou as

leis anteriores sobre a matéria, estabelecendo a meta nacional de restauração e

manutenção das características físicas, químicas e biológicas das águas, apoiada

em um programa federal de licenciamento (o National Pollutant Discharge

Elimination System - NPDES) e em financiamento maciço para tratamento de águas

residuais e execução de programas estaduais de qualidade da água e de planos

(Uruguai); Projeto Snowy – Murray (Austrália); a Projetada YVA do Rio Yang-tsê (China); Projeto das Fontes do Rio Nilo (Uganda); Projetos-piloto de Demonstração nos Rios Orontes, Litani, Zerta e Qilt (Síria, Líbano e Jordânia); Corporação de Desenvolvimento do Chile; Junta Hidrelétrica do Norte da Escócia; Projeto do Vale do Mahanadi (Índia); Desenvolvimento do Rio Ródano (França); Desenvolvimento do Rio Lempa (El Salvador); Autarquia Projetada do Rio Volta (África). 101 A influência da TVA no Brasil, bem como de outras iniciativas estão comentadas no item seguinte, 2.3.2.

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estaduais de bacia hidrográfica. Dentre as exitosas experiências estaduais norte-

americanas, além do exemplo da Flórida citado, inclui-se o Plano para a Bacia

Hidrográfica Urbana de Ventura, na Califórnia (VENTURA - CA, 2005, p.2) cujo

objetivo “é ser um modelo para outras comunidades de responsabilidade ambiental,

para que vivam em equilíbrio com o ambiente natural da costa, rios e ecossistemas

de encosta”.

Em que pesem estas experiências, na verdade, o modelo de planejamento de

recursos hídricos no Brasil se inspirou também nos moldes e legislações européias,

principalmente no modelo francês102, no qual se destacam dois marcos legais: a Lei

das Águas de 1964 (regulamentada por decreto em 1966, que estabelece a luta

contra a poluição das águas, sua regeneração, seu regime e distribuição) e a Lei

Complementar de 1992 (que unificou as ações estatais em um só organismo e

estendeu o conceito de bem público para todos os tipos de água: superficiais e

subterrâneas). O sistema hídrico foi dividido em seis bacias, e constituído por seus

respectivos comitês de bacia (órgãos colegiados, ‘Parlamento das Águas’, no qual

participam políticos eleitos, usuários da bacia, e representantes das administrações,

com a competência para aprovar o plano plurianual de intervenção na bacia e

resolver conflitos); Agências de Água (agências financeiras das bacias, que, junto

com seus Conselhos de Administração, definem a política de gerenciamento da

bacia), e o Prefeito - coordenador da bacia (SILVA, 1998).

Vale ressaltar que a Alemanha foi o primeiro país a contar com uma agência

de bacia: a Agência do Rhur que remonta a 1912. Kraemer e Jäger (1998) ressaltam

ainda que a variedade de instituições envolvidas na gestão de recursos hídricos na

Alemanha espelha a diversidade cultural do país e denota a aplicação do princípio

do federalismo, como característica marcante do sistema alemão, principalmente

comparado com os países da União Européia.

Silva (1998) lembra também que a Europa se destacou nesta área de

gerenciamento de bacias hidrográficas por ter experiência na solução de conflitos

territoriais, buscando a gestão conjunta das águas dos seus grandes rios que, em

102 O presente texto privilegia as experiências internacionais que mais diretamente influenciaram as brasileiras, contudo cabe mencionar os casos do Canadá (http://www.ec.gc.ca), Nova Zelândia (http://www.mfe.govt.nz) e Suécia (http://www.m.lst.se), referências importantes de gerenciamento ambiental, nas quais os governos e população podem acompanhar o desempenho da política pública inclusive através de indicadores ambientais de fácil assimilação, conforme apresentado no Seminário Internacional: Indicadores Ambientais - Avaliação de Política Ambiental em 2006, Belo Horizonte, MG.

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geral, abastecem mais de um país. Em maio de 1968, o Conselho Europeu

proclamou a Carta Européia da Água cujo principal princípio era que “a água não

reconhece fronteiras”, entretanto, os países europeus adotaram administrações com

características diferentes, conforme se apresenta no Quadro 2.3.1.2 que segue.

Kenneweg (2005) observa neste aspecto o peso das disparidades nos processos de

urbanização na Europa (especialmente entre o leste e o oeste), face os desafios

ambientais, incluindo a sustentabilidade das bacias hidrográficas.

Algumas iniciativas buscam discutir estas diversidades, dentre as quais o

WATER 21 (1997–2002), exemplo de projeto, inserido no Programa de Pesquisa em

Meio Ambiente (Environmental Research Program), da União Européia, com o

objetivo de avaliar políticas de água sob a perspectiva da sustentabilidade, identificar

os desvios e propor mudanças. Participam a França, Reino Unido, Portugal, Holanda

e Alemanha, buscando estabelecer uma análise comparativa sistematizada das

dimensões institucionais da gestão dos recursos hídricos nesses cinco países

(CORREIA, 1998).

QUADRO 2.3.1.2 - Síntese do Sistema de Gestão da Água na Europa.

País Coordenação Administrativa

Planificação por Bacia (incluindo

uso do solo)

Participação dos Usuários

(Comitês)

Cobrança pelo Uso da Água

Agências de Bacia

Alemanha* Sim Não Consultivos (2) Estado Não

Áustria* Sim Não Não Não Não

Bélgica* Não Não Não Não Não

Dinamarca Sim Não Não Estado (3) Não

Espanha Sim (1) Sim Deliberativos Sim Sim (4)

Finlândia Sim Não Não Projeto Não

França Sim (1) Sim Deliberativos Sim Sim

Grécia Sim (1) Sim Projeto Não Não

Irlanda Sim (1) Não Não Projeto Não

Itália Não Sim Não Projeto Projeto

Luxemburgo Sim (1) Sim Não Não Não

Países Baixos Sim Sim Deliberativos Sim Sim (5)

Portugal Sim (1) Sim Projeto Projeto Projeto

Reino Unido Sim Sim Consultivos Não Técnicas

Suécia Sim (1) Não Não Não Não

*Estrutura Federativa. (1) Comitês nacionais, conselhos interministeriais da água; (2) Sindicatos cooperativos da Bacia do Rhur; (3) Limitadas; (4) Confederações hidrográficas; (5) Wateringues.

Fonte: Bourlon e Berthon (1998).

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140

Importa mencionar ainda, no contexto internacional da evolução do

gerenciamento das bacias hidrográficas, a formação, em 1994, da Rede

Internacional de Organizações de Bacias Hidrográficas, (International Network of

Basin Organizations – INBO) (além dos demais fóruns de discussões e troca de

experiências, algumas citadas no Quadro 2.3.1.1), que reúne cerca de 50 países,

incluindo o Brasil e diversas organizações internacionais tais como: RESEAUX

ACCT (Canadá); CEPAL (Chile); UNEP (Kenya); SADEC (Lesotho); OMVS/SOGED

(Mauritanie); Global Water Partnership (Suède); UNDP (USA) DEMSD/DDSMS;

Banque Inter-Américaine de Développement (USA); Secrétariat International de l’Eau

(Canadá); Bureau de la Convention de Ramsar (Suisse). O Quadro 2.3.1.3 a seguir

apresenta os principais encontros da INBO.

QUADRO 2.3.1.3 – Rede Internacional de Organizações de Bacias Hidrográficas – Principais Eventos

ANO EVENTO

1996 1st International Network of Basin Organizations (INBO) General Assembly

Morelia (MEXICO)

1997 2nd INBO General Assembly

Valencia (SPAIN)

1998 3th INBO General Assembly Salvador, Bahia (BRASIL)

2002 5th INBO’s General Assembly

Quebec (CANADÁ)

2004 6th World General Assembly

The Martinique (FRENCH ANTILLES)

2007 7th World General Assembly of the International Network of Basin Organizations

Debrecen (HUNGARY)

2010 8th World General Assembly of the International Network of Basin Organizations

Dakar (SENEGAL)

2010 Climate Change Impacts on Water: An International Adaptation Forum Washington, DC (USA)

Fonte: Elaboração da autora com base em International Network of Basin Organizations (2011).

Semelhantemente ao que ocorre na Europa, também nos países latino-

americanos se verificam diferentes características administrativas. O Quadro 2.3.1.4

apresentado a seguir ilustra as principais experiências verificadas na América

Latinas com as respectivas características.

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QUADRO 2.3.1.4 - Sistema de Gestão da Água na América Latina (Síntese)

País Coordenação

Administrativa

Planificação por Bacia (incluindo

uso do solo)

Participação dos Usuários

(Comitês)

Cobrança pelo Uso da Água

Agências de Bacia

Argentina* Não Projeto Consultivos Estado (3) Não América Central Não Não Não Não Não Bolívia Projeto Projeto Piloto Não Projeto Técnicas Brasil* (1) Sim (2) Sim Sim Sim Sim Caribe (outros) Não Não Não Não Não Chile Não Projeto Piloto Projeto Projeto Técnicas Colômbia Não Sim Não Projeto Não Costa Rica Não Projeto Piloto Consultivos Projeto Projeto Département d’Mer (França)

Sim Sim Deliberativos Projeto Não

El Salvador Não Não Não Não Não Equador Sim (2) Pilotos Consultivos Projeto Projeto Guiana Não Não Não Não Não México Não Sim Consultivos Estado (4) Técnicas Paraguai Não Projeto Piloto Não Não Não Peru Não Sim Não Não Técnicas Uruguai Não Não Não Não Não Suriname Não Não Não Não Não Venezuela Não Projeto Piloto Projeto Projeto Técnicas *Estrutura Federativa. (1) Após a Lei n.º 9.433, de 08 de janeiro de 1997; (2) Comitês nacionais ou conselhos interministeriais da água; (3) Qualidade em algumas províncias; (4) Qualidade e quantidade em todo o país;

Fonte: Bourlon e Berthon (1998).

Em grande parte da América Latina, a gestão da água está concentrada nas

estruturas estatais sem uma participação efetiva dos usuários e, a existência de um

grande número de organismos responsáveis pela administração dos recursos

hídricos acaba gerando conflitos pela falta de coordenação entre eles. Acrescenta-

se que grande parte das bacias latino-americanas são bacias compartilhadas

(BOURLON e BERTHON, 1998).

Cabe observar aqui a experiência do México, também como o Brasil,

influenciada pela TVA (Comissão de Papaloapán). Barkin e King (1970) consideram

que as comissões de bacias hidrográficas mexicanas têm oferecido uma forma de

planejar e coordenar o gasto público diversa da difícil gestão por meio das

secretarias e governos estaduais, independentemente da conveniência e dos

investimentos destinados ao uso mais eficiente da água, tão escassa em algumas

partes (na região do Pacífico com escassez de precipitação fluvial) e em outras, tão

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abundante (na região do Golfo com inundações periódicas). Ressaltam ainda que as

bacias hidrográficas atravessam os limites dos estados e esta estratégia de

planejamento pode ser a melhor forma de coordenar os investimentos em diferentes

estados. O seu êxito, mesmo com limitações, foi na verdade em grande parte o

responsável para o estabelecimento de um programa de desenvolvimento integrado

de bacias fluviais no México.

Winchester (2006) destaca ainda que o desenvolvimento integrado de bacias

hidrográficas, o desenvolvimento sustentável das cidades da América Latina e

Caribe se depara, com a necessidade de políticas integradas de desenvolvimento

urbano e de moradias que conduzam ao manejo adequado do território vinculado ao

desenvolvimento econômico, social e ambiental, quadro que, guardadas as

especificidades de cada país também se verifica no Brasil, conforme se apresenta

no item que segue.

2.3.2. Contexto Brasileiro

A bacia hidrográfica como unidade territorial já é idéia que vem se

desenvolvendo no Brasil desde a década de 1950, influenciada, entre outras, pela

experiência do Tennessee Valley Authority (TVA) de planificação regional conforme

comentado no item anterior. Exemplo disto, como uma das iniciativas pioneiras, foi

criada no fim dos anos 40 a Comissão do Vale do São Francisco que se destinava a

uma bacia envolvendo seis estados e o Distrito Federal. Entretanto, até os anos 70,

a questão da água tratava basicamente das necessidades do usuário, ou então das

políticas específicas de combate às secas e às inundações. Tucci (2001) ressalta

que a administração dos problemas de recursos hídricos, considerando - se os

limites de uma bacia hidrográfica, não era uma tradição verificada no Brasil.

A situação somente aponta para uma alteração quando no final da década de

1970. Em 1976, foi criado o Comitê do Alto Tietê (que atuou até 1983) com objetivo

melhorar as condições sanitárias das bacias do Rio Tietê e Cubatão do Estado de

São Paulo. Em 1978, criou-se o Comitê Especial de Estudos Integrados de Bacias

Hidrográficas (CEEIBH), pensado como instrumento para equacionar conflitos,

embutindo uma noção de território articulado e administração descentralizada. O

“CEEIBH deu origem a mais de dez comitês de integração pelo país, a ele

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subordinados, incluindo o Comitê Executivo de Estudos Integrados do Paraíba do

Sul (CEEIVAP) em 1979, mas que de fato não seriam executivos, mas promotores

de estudos em fórum de discussões levados à decisão do CEEIBH, revelando uma

centralização setorizada” (KLEIMAN e KAUFFMANN, 2006, p.4).

E, um novo modelo de gestão que realmente marcasse uma mudança mais

importante, seria implementado a partir de 1988 com a nova Constituição que

atribuía maior poder de gestão dos recursos hídricos aos estados e municípios. Ao

final da década de 1990, crescem os comitês de bacias103 em número (Figura

2.3.2.1, a seguir) e ações (Figura 2.3.2.2, a seguir), em acordo com a Lei das

Águas, Lei 9.433/97. Esta norma instituiu, dentre outras providências, as Agências

de Águas (secretarias executivas do respectivo comitê em rios de domínio da

União); o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SNGRH) cujo

órgão mais expressivo, o Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH),

recebeu, entre outras, a atribuição de decidir sobre a criação de comitês de bacias

hidrográficas em rios de domínio da União. A Agência Nacional das Águas – ANA,

responsável pela implantação da Política Nacional de Recursos Hídricos, foi

regulamentada na Lei 9.984/2000 (ANA, 2011). A Figura 2.3.2.3 apresentada

adiante traz a representação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos

Hídricos104.

103 Os comitês de bacia hidrográfica, organismos colegiados participantes então do SNGRH exercem a competência de gerir os recursos hídricos da bacia; aprovar o Plano de Recursos Hídricos da Bacia; arbitrar conflitos pelo uso da água, estabelecer mecanismos e sugerir os valores da cobrança pelo uso da água; entre outros. Fundamentam-se na democracia participativa, na qual as decisões são tomadas em negociações consensuais entre os três segmentos que compõem os comitês: os poderes públicos, os usuários de água e a sociedade civil organizada (ANA, 2011). 104 Também no tema sobre legislação desenvolvido no item 3.2 se encontram referenciados a ANA, o CNRH e o SNGRH.

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PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E AÇÕES REALIZADAS PELOS COMITÊS INTERESTADUAIS

NO ANO DE 2010

FIGURA 2.3.2.2 - Principais Características e Ações Realizadas pelos Comitês Interestaduais no Ano de 2010105. Fonte: ANA (2011).

105 O Comitê dos Rios Pomba e Muriaé, apesar de ter sido criado por decreto em 2001, não está em funcionamento. A atuação na gestão das águas dessas bacias tem se dado no âmbito do Comitê de Integração do Rio Paraíba do Sul (CEIVAP), visto que a bacia dos Rios Pomba e Muriaé está contida na Bacia do Rio Paraíba do Sul.

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FIGURA 2.3.2.3 - Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Fonte: ANA (2002).

Embora a implantação do Sistema Nacional de Recursos Hídricos ainda não

esteja concluída, e, apesar do pouco tempo de existência, a nova matriz (o Comitê)

trazida pela Lei das Águas revolucionou todo o processo de gestão das águas até

então implantado no país. Faz-se necessária ainda a integração dos dois sistemas: o

Sistema de Meio Ambiente e o Sistema de Recursos Hídricos, eliminando-se muitos

problemas, propiciando a descentralização da gestão ambiental e permitindo que as

populações diretamente afetadas pelos impactos ambientais tenham maior poder de

atuação e fiscalização. A bacia hidrográfica se consolidaria então como a unidade de

planejamento para todos os gestores de recursos ambientais, inclusive os culturais,

históricos e o urbanístico (ARAÚJO et al., 2007).

Cabe considerar ainda que esta concepção, dos comitês de bacias

hidrográficas, que se colocou num ambiente conceitual e de ação de configuração

do território onde vigorava a noção de estanqueidade entre as partes e por efeito,

ações pontuais parcializadas no território106 por meio de administração centralizada,

acompanhou a mudança do modelo de gestão territorial.

106 Esta dinâmica se encontra contextualizada no item 2.4 – ocupação urbana apresentado a seguir.

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De fato:

a concepção até então hegemônica, de base racional-funcionalista, de tratamento do território a partir de unidades espaciais estanques configurando áreas de especificidades tendo como efeitos políticas dirigidas a estas partes, com administração centralizada e formulação restrita ao corpo técnico, passou a ser redefinida pela concepção estratégica. Esta, diante de transformações econômico-produtivas, encontrou a necessidade e desafio de articular e integrar as partes precisando para tal descentralizar a administração. Por outro ângulo, o processo de transição democrática no Brasil concomitante àquele da globalização, introduziu um contraponto ao ideário dos modelos racional-funcionalista e estratégico através da proposição do modelo participativo para o ordenamento das cidades (KLEIMAN e KAUFFMANN, 2006, p.4).

A possibilidade de inclusão de atores sociais ainda não incluídos, ou com

pouco peso na correlação de forças do Estado brasileiro, encontrou sua brecha, no

longo processo de passagem do período autoritário explícito para uma democracia

representativa burguesa, para colocar a questão do direito à cidade por meio da

participação na planificação urbana. Supõe assim que:

o alargamento da democracia com a construção de espaços de participação popular na gestão urbana foi um direcionamento das decisões para as demandas sociais e a democratização das informações e do acesso aos bens e serviços públicos. Foi este novo corpo conceitual que forneceu a concepção impressa no bojo da criação dos comitês de bacia hidrográfica, especialmente a partir de 1997 (KLEIMAN e KAUFFMANN, 2006, p.5).

Apesar de criados de cima para baixo instituídos pelo Presidente da República,

mantendo assim o caráter da hegemonia do Executivo brasileiro, contêm elementos

novos que sinalizam uma passagem transformadora em curso. Buscou-se assim

com o Comitê outra inflexão, qual seja a passagem da gestão centralizada e restrita

a técnicos, para outra descentralizada e participativa, procurando também articular

governos de estados e municípios diferentes, através de consórcios intermunicipais,

na resolução da gestão da água que é comum a todos, fazendo passar as

discussões e decisões por um Parlamento das Águas. O Comitê expressaria assim a

busca pelo rompimento de um padrão de gestão centralizado na figura do Estado

fazendo uma passagem para um padrão descentralizado com a inclusão de outros

atores na esfera decisória (KLEIMAN e KAUFFMANN, 2006).

Esta integração na prática dos comitês poderia favorecer as bases para uma

nova modalidade de planejamento, possivelmente na direção que aponta Randolph

(2006), se reconhecendo “as divergências e possíveis conflitos entre as

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representações lógicas e abstratas do espaço-tempo concebidas pelos

planejadores, por um lado, e a vivência difusa, pouco explícita e nem sempre

discursivamente acessível daqueles que “participam” desse processo, por outro. A

partir daí, um “planejamento subversivo” ou “radicalmente espacial” deveria mediar

esses conflitos e divergências de uma forma análoga como o fez o “comunicativo”

em outra dimensão. Certamente, esse “modelo” esbarraria novamente com

limitações – não resolveria os “problemas” de fundo de sociedades profundamente

divididas. Mas, já permitiria que determinados problemas sociais aflorassem,

tivessem sua expressão pública assegurada e pudessem ser tratados de forma

diferente.

Porto e Porto lembram também que os instrumentos de gestão podem auxiliar

na construção dos mecanismos de gestão compartilhada, entretanto ainda “não há

um recorte geográfico que seja ideal para todos os agentes que participam do

processo”. A vantagem da “utilização do recorte por bacia hidrográfica está em que,

ao menos, este guarda relação física direta com a água, que é o bem objeto desta

gestão” (2008, p.54). A despeito dos avanços na aplicação dos instrumentos de

gestão, inclusive os mecanismos de comando e controle que apresentaram boa

eficácia durante os períodos iniciais do processo de gestão da bacia, “atualmente é

necessário o apoio em instrumentos de aplicação mais difícil, como são os

mecanismos econômicos, e em outros mais caros, como os sistemas de

informação”. Resta ainda “chamar a atenção para o principal problema de

articulação que é gestão territorial”, mas que encontra “bastante espaço para sua

viabilização se apoiada de forma criativa nos instrumentos de gestão previstos

inclusive na Lei 9.433/97” (PORTO e PORTO, 2008, p.59).

A atual legislação urbanística e de recursos hídricos, incluindo a Lei 9.433/97,

apresenta procedimentos e formulações no sentido desta integração107. Tais

regulamentações encontram amparo na Constituição Federal de 1988 que

estabelece as diretrizes gerais para a política urbana, especialmente nos artigos 182

e 183, destacando a competência do Poder Público Municipal para a execução da

política de desenvolvimento urbano, e que no Capítulo VI trata do Meio Ambiente

assegurando no artigo 225 o direito a todos “ao meio ambiente ecologicamente

107 O item 3.2 apresenta adiante a evolução da legislação urbanística do Rio de Janeiro e interfaces com aspectos dos recursos hídricos e ambientais.

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equilibrado” e impondo ao “Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e

preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (MEDAUAR, 2002, p. 112). A

Carta Magna contempla alguns conceitos presentes no Código das Águas de 1934,

ainda em vigor, principalmente no que se refere à propriedade social dos recursos

hídricos, como se verifica no artigo 20 que trata dos bens da união, entre eles “os

lagos, rios e quaisquer correntes de águas” nas situações que especifica e “os

recursos minerais inclusive os do subsolo”; e no seu artigo 26, inclui como bens dos

Estados “as águas superficiais ou subterrâneas, efluentes, emergentes e em

depósito” (MEDAUAR, 2002, p. 18 e 24).

Verifica-se essa intenção especificamente na Lei Orgânica do Município do Rio

de Janeiro de 1990 especialmente na recomendação da “adoção das áreas de

bacias e sub-bacias hidrográficas como unidades de planejamento e execução de

planos, programas e projetos” (artigo 463 inciso II) entre outros meios para

assegurar o devido controle e preservação do meio ambiente (RIO DE JANEIRO,

1992). No Plano Diretor Decenal da Cidade do Rio de Janeiro de 1992, tais

preocupações estão também contempladas no artigo 129 inciso XII que destaca a

“realização de estudos por bacias hidrográficas, para determinação de taxa de

impermeabilização do solo, a fim de subsidiar a elaboração de plano de macro-

drenagem e da legislação urbanística”108 (RIO DE JANEIRO, 1996a). O Plano

Diretor Revisto, Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Sustentável do Município

do Rio de Janeiro, Lei Complementar 111 de 01.02.2011, determina, em seu artigo

8º, parágrafo único, que “a ordenação do território observará também as condições

ambientais, tendo como referência as bacias e sub-bacias hidrográficas definidas

pelos maciços montanhosos e baixadas”. Prevê ainda, para verificar “a capacidade

de suporte das áreas urbanística e ambientalmente frágeis ou de natureza especial,

assim entendidas aquelas que, por suas características, sofram risco de danos

imediatos ou futuros” (artigo 30), a elaboração, entre outros “do Plano Diretor de

Manejo de Águas Pluviais, no que se refere à capacidade de esgotamento das

bacias e sub-bacias hidrográficas e à identificação da necessidade de obras de

108 Vale destacar que muitos dos planos diretores das cidades brasileiras já estão buscando a integração com os recursos hídricos, inclusive com a adoção de taxas de permeabilidade dos terrenos (mesmo que ainda sejam simples índices não relacionados a bacias). Entretanto o Plano Diretor da cidade de Niterói, Lei 1.157 de 29.12.1992 (NITERÓI, 1992) já dividia o município em cinco regiões, segundo critérios de homogeneidade, mas, principalmente, relacionadas com sub-bacias, significando, talvez, uma das raras exceções no Brasil de correspondência direta das áreas de planejamento urbano com as bacias hidrográficas.

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drenagem” (artigo 30, parágrafo 3º, inciso I). Estabelece, no artigo 36 (incisos I a V),

para efeitos de planejamento e de controle do desenvolvimento urbano do Município

as seguintes unidades territoriais: Áreas de Planejamento – APs, regiões de

Planejamento; Regiões Administrativas, bairros e, “bacias hidrográficas e bacias

aéreas, para efeito do planejamento e da gestão dos recursos hídricos, da

paisagem, do saneamento e do controle e monitoramento ambiental”. Apresenta no

parágrafo 2º, do artigo 36 a inovação: “para a elaboração de Planos de Estruturação

Urbana, conforme o estabelecido no artigo 68 desta Lei Complementar poderão ser

instituídas Unidades Espaciais de Planejamento que correspondem a um ou mais

bairros em continuidade geográfica, bem como a bacias ou sub-bacias hidrográficas,

facilitando a articulação entre o planejamento urbano e a gestão dos recursos

hídricos”. Ao que complementa, no artigo 161, inciso XXI com a “promoção da

gestão integrada dos recursos hídricos, utilizando as bacias hidrográficas como

unidade de planejamento” (RIO DE JANEIRO, 2011c).

No que se refere à Lei 9.433, de 08.01.97 que institui a Política Nacional de

Recursos Hídricos e cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos

Hídricos tais proposições estão explicitadas no artigo 1º, inciso IV, onde afirma que a

“bacia hidrográfica é a unidade territorial para a implementação da Política de

Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos

Hídricos” e no artigo 3º inciso V que propõe como diretriz geral de ação “a

articulação da gestão de recursos hídricos com a do uso do solo” (MEDAUAR, 2002,

p. 285 e 286).

Cabe destaque ainda às normas ambientais, especialmente no que se refere

ao zoneamento ambiental, instrumento também tratado no Estatuto da Cidade que

foi regulamentado no Decreto 4.297, de 10.07.2002, como Zoneamento Ecológico-

Econômico do Brasil – ZEE109 e que no seu artigo 2º está definido como:

instrumento de organização do território a ser obrigatoriamente seguido na implantação de planos, obras, atividades públicas e privadas, estabelece medidas e padrões de proteção ambiental destinados a assegurar a qualidade ambiental, dos recursos hídricos e do solo e a conservação da biodiversidade, garantindo o desenvolvimento sustentável e a melhoria das condições de vida da população (RIO DE JANEIRO, 2010a).

109 Esta regulamentação já foi comentada no prólogo.

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Mas na prática dos Planos de Bacias esta aparentemente simples solução se

complica na medida em que as áreas de planejamento, os zoneamentos, as divisões

e subdivisões administrativas por regiões e bairros (unidades de planejamento

estanques utilizadas no modelo funcionalista) comumente não guardam

correspondência com os limites das bacias. Muitas vezes ainda a legislação

urbanística, seja no nível federal, estadual ou municipal, reserva tratamento

específico para as unidades de planejamento, desconsiderando os aspectos

hidrográficos destas áreas.

Entretanto, na perspectiva da integração dos planejamentos urbano e de

recursos hídricos, oportunizada pela adoção da bacia hidrográfica como unidade de

planejamento (conforme discutido no presente texto), pode ser adotada uma

compatibilização da setorização do município (quase sempre necessária110) por

grupos de bairros ou de trechos de bairros que guardem determinadas

características em comum, inclusive uma prática social, política e cultural, que conte

sua história, sua construção: o que remeteria a uma correspondência com o espaço

social de Lefebvre (2001)111 e, possam ao mesmo tempo manter correspondência

com as bacias ou sub-bacias. No caso do município do Rio de Janeiro, o Plano

Diretor de 1992 já previa a elaboração de Projetos de Estruturação Urbana – PEUs

que apresentam os requisitos adequados a este objetivo112. A revisão deste plano,

Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Sustentável do Município do Rio de

Janeiro, avança neste sentido quando permite para a elaboração dos PEUs a

110 Resguardados os limites de integração no planejamento e gestão, especialmente a ausência de proposição de indicador ou índice de articulação forte do planejamento urbano com a bacia hidrográfica, conforme o IOS-BH proposto nesta tese, cabem ressaltar aqui algumas das experiências brasileiras, dentre outras tantas, que buscam correspondências das divisões político-administrativas e dos planos urbanos com as bacias e micro-bacias, tais como em Minas Gerais (FURTINI et al., 2009, em Lavras; TUCCI, 2002 em Belo Horizonte); em Goiás (FROTA, 2006 na bacia do rio Jardim no Distrito Federal); no Paraná (BOSCARDIN, 2008 e TUCCI, 2002 em Curitiba), no Rio de Janeiro (CARNEIRO, 2008 na Região Metropolitana); no Rio Grande do Sul (VILLANUEVA et al., 2001 em Porto Alegre e Caxias do Sul; TUCCI, 2002 em Porto Alegre); em São Paulo (ALVIM, 2003 na bacia do Alto Tietê; CARVALHO e BRAGA, 2005 em cidades médias; CURY, 2006 no Alto Paranapanema; SÁNCHEZ et al., 2008 num bairro da capital; TOLEDO e SILVA, 2003 na bacia do Alto Tietê; XAVIER, 2006 no Estado). 111 O conceito de espaço social se encontra detalhado no item 1.4.1. 112 Recentemente (KAUFFMANN, 2010) foram encaminhadas emendas ao Plano Diretor, participantes do processo de revisão, como desdobramento dos estudos realizados em Kauffmann (2003) e Kauffmann et al.(2004) entre outros, buscando contribuir justamente sob este aspecto da adoção dos Projetos de Estruturação Urbana, PEUs como unidades de planejamento urbano em correspondência a bacias ou sub-bacias hidrográficas (Sugestão Nº113). A contribuição parece ter logrado êxito, já que consta no Plano revisto, a possibilidade para a elaboração dos PEUs da constituição das Unidades Espaciais de Planejamento, com características semelhantes ao proposto diretamente para os PEUs.

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instituição de Unidades Espaciais de Planejamento que correspondam a um ou mais

bairros em continuidade geográfica, bem como a bacias ou sub-bacias hidrográficas,

buscando facilitar a integração do planejamento urbano com o de recursos hídricos.

Esta setorização pode se qualificar também como a unidade de planejamento

integrado aqui proposta, viabilizando a correspondência com bacias hidrográficas.

Vale, entretanto destacar que nesta revisão, da mesma forma que o plano anterior,

não estão previstos novos instrumentos de correspondência da unidade de

planejamento com as normas urbanísticas, embora a taxa de permeabilidade

apareça (artigo 226, inciso VIII) no que se refere à drenagem urbana relacionada por

bacias hidrográficas.

Neste sentido, a legislação em geral, no que couber e interessar ao projeto

específico, pode ser mantida, mas com os acréscimos necessários e

complementares, inclusive com recursos de parametrização da ocupação

diretamente afeitos aos processos hidrológicos, como a taxa de impermeabilização

do solo (TI) (KAUFFMANN, 2003) e, mais especificamente o IOS-BH aqui

proposto113 que facilitem a conexão da unidade de planejamento integrado, a bacia

hidrográfica com a legislação urbanística.

Para tal formulação a compreensão da bacia hidrográfica, pela abrangência de

sua conceituação, se impõe em sua totalidade, composta de recursos naturais e

sociais, dinâmicos e relacionados entre si. Reafirma-se, em acordo com Afonso e

Barbosa que:

a possibilidade de organizar a população por bacias hidrográficas é interessante pelo fato da água ser um elemento de mobilização social (pelo grau de interesse que ela gera na população, nos setores usuários e administradores públicos) e um excelente indicador de qualidade ambiental, por ser a bacia uma unidade geográfica muito propícia às análises das intervenções antrópicas, uma vez que o ciclo da água está intrinsecamente interligado a outros ciclos de escala mais ampla da biosfera (AFONSO e BARBOSA, 2005, p.13).

Os autores ainda consideram que isso114 permite que se encontre

na água a possibilidade de percepção de qualquer modificação ambiental catalisada pelo homem. A adoção da bacia hidrográfica exige, portanto, um recorte espacial complexo, por abranger vários sistemas naturais, nos quais

113 O IOS-BH se encontra desenvolvido no item 3.5. 114 O tema da adoção da bacia hidrográfica como unidade de gestão está discutido particularmente no item 2.3, conforme visto.

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estão implícitos processos de (re)produção do espaço, que não refletem apenas o uso dos recursos hídricos, visto sob o ângulo da ciência hidrológica, mas toda a relação do homem com o meio ambiente. [Por isso,] a percepção e a aplicabilidade, para o planejamento, do universo constituinte de uma bacia envolvem o amadurecimento de outros conceitos e instrumentos: educação, harmonização de interesses, atuação de diferentes instituições, gestão compartilhada, legislação, políticas públicas (AFONSO e BARBOSA, 2005, p.14).

A discussão dos processos e instrumentos de ocupação urbana apresentada a

seguir (item 2.4) ilumina esta questão, reforçando a perspectiva da superação dos

entraves ora colocados, apontando mesmo para uma nova metodologia e

alternativas de gestão integrada dos planejamentos urbano e de recursos hídricos.

2.4. OCUPAÇÃO URBANA: PROCESSOS E INSTRUMENTOS

2.4.1. Intervenções na Cidade Capitalista

A cidade capitalista nasce sobre a antiga estrutura feudal, sem nenhuma regra

ou lei, apoiada na ideologia liberal. Rapidamente surgem entraves ao

desenvolvimento do capitalismo, modo de produção conflituoso e que acontece sob

forma de cooperação urbana entre agentes que procuram o ponto ótimo para

desenvolver suas atividades de indústria, comércio, habitação etc. Na medida em

que não há normatização os conflitos no uso do solo se tornam cada vez mais

intensos. A intervenção do Estado, desde a sua criação, se faz então necessária ao

capitalismo tanto no planejamento da cidade como na economia.

Um exemplo emblemático foi o projeto do Barão de Haussmann que já se

constituía em um plano geral de intervenção urbana que previa reformar a cidade

para reformar a sociedade115. A Paris medieval é destruída e se constrói outra no

mesmo lugar. Aparece aí o germe da matriz de planejamento que vai permanecer

predominante até a atualidade. A desordem, a sujeira e a mistura de classes devem

dar lugar à ordem, lema essencial de uma nova classe, a burguesia, em ascensão

que busca imprimir sua imagem na cidade, através de uma nova estética da beleza,

mas também da ordem. Esta visão expressa a mudança de entendimento de um

universo estático para um universo dinâmico, mas de acordo com determinadas leis

e ordem, pensamento central do planejamento. À perspectiva de manter cada coisa

115 As intervenções “haussmanneanas” encontram-se comentadas no prólogo, conforme visto.

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no seu lugar e com determinada beleza se acrescenta um elemento novo: a

orientação da cidade para o futuro, trazendo a idéia do desenvolvimento. Isto se

constitui na matriz do modelo hegemônico de planejamento urbano chamado de

progressista que no capitalismo avançado estará embebido das idéias positivistas e

dos ideais republicanos de ordem e progresso (GREENE, 2005 e KLEIMAN et al.,

2006).

Esta proposta de planejamento progressista saiu vitoriosa116, no início do

século XX, do embate com os culturalistas, nas Corporações e Congressos

Internacionais a respeito, entre outras questões, do papel dos arquitetos na cidade e

das intenções da Carta de Atenas de 1933. Este modelo de intervenção na cidade é

propagado e concretizado em uma série de axiomas que vão se constituir na base

de todas as propostas desde então. A cidade é pensada para o indivíduo tipo,

independente do lugar onde se encontre, desconsiderando a existência e encobrindo

as diferenças de classes sociais, buscando atender às necessidades de habitar,

entreter, locomover e trabalhar. As respostas são, portanto respostas-tipo e dão

origem aos protótipos para escolas, apartamentos etc. Atendem também às

demandas da industrialização e estandardização crescentes. O espaço urbano se

relaciona às necessidades, às funções, às áreas com especificidades e perímetros

definidos, zonas estanques articuladas pelo automóvel, em substituição ao modal

ferroviário. Atrás desta divisão em zonas, deste zoneamento, está a idéia de

classificar a cidade de acordo com as classes sociais117. Cada classe usará, portanto

a cidade de forma diferenciada118. Este modelo trabalha o território a partir do viés

físico, através do desenho e redesenho da cidade, intensificando a

116 O planejamento urbano progressista, conforme já comentado no prólogo, assumiu posição hegemônica sobre as propostas culturalistas (cidades-jardim de Ebenezer Howard e variantes tais como Raymond Unwin, Barry Parker e Frederic Osborn na Grã-Bretanha; Henri Sellier na França; Ernst May e Martin Wagner na Alemanha; Clarence Stein e Henry Wright nos Estados Unidos e; concepções independentes como a visão da cidade linear, do espanhol Arturo Soria, ou a descentralizada Broadacre City de Frank Lloyd Wright) e também sobre a visão de cidade regional desenvolvida por Patrick Geddes, e interpretada durante os anos 20 pelos membros fundadores da Regional Planning Association of America: Lewis Mumford, Clarence Stein e Henry Wright, Stuart Chase e Benton MacKaye (HALL, 2005). 117 O zoneamento, importante recurso do planejamento funcionalista, está discutido no item 2.4.2 a seguir. 118 O Plano Agache para o Rio de Janeiro, em 1927, já reconhece a existência de pobres e propõe que sejam colocados nos subúrbios. As indústrias existentes na Gávea e Jardim Botânico são deslocadas para São Cristóvão e Benfica e posteriormente para ao longo da Avenida Brasil (aberta em 1941). A cidade vai sendo redesenhada (KAUFFMANN, 2003). No item 3.1 discute-se com mais detalhes a ocupação da cidade do Rio de janeiro.

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compartimentação do território definida tecnicamente (KLEIMAN et al., 2006; NACIF

XAVIER, 2002).

O “modelo progressista consolida-se no Brasil através do planejamento

racional-funcionalista como instrumento de Estado (incorporado como figura central

para assegurar equilíbrio econômico-social) através da corporação dos arquitetos e

seu corpo disciplinar”, além de outros profissionais, tais como economistas e

sociólogos buscando fazer um planejamento que não seja só com base em critérios

físicos (KLEIMAN et al., 2006, p.5). O Estado, principal ator deste planejamento,

encaminha a elaboração e execução de Planos Diretores e

controla o ordenamento das cidades investindo em infra-estrutura, equipamentos e serviços públicos naquelas áreas de maior renda em nexo com interesses imobiliários, e neles organiza usos, atividades e tipologias; e omite-se (ou atende apenas a necessidade única de reprodução da força de trabalho) nas áreas de menor renda (KLEIMAN et al., 2006, p.5).

Esta proposta de planejamento globalizante, estanque e centralizador terá

também influência e contradições com os projetos contemporâneos flexíveis e de

intervenção pontual e estratégica (KLEIMAN et al., 2006).

Ao final do século XX, início do século XXI, no bojo dos processos de

transformações produtivas e econômicas o campo neoliberal vai procurar recuperar

o projeto urbano com base em parte nas idéias e críticas ao planejamento

progressista, do grupo de arquitetos do final da década de 60, os novos

urbanistas119. Esta formulação120 propõe então a adoção de funções e usos

misturados, sem espaços verdes e sem longos deslocamentos e, a densificação da

cidade. Observando as cidades que resistiram ao planejamento progressista, tais

como, Paris e Berlim que mantiveram o centro vivo e reaproveitaram os espaços

destruídos pela guerra. O novo modelo, busca o retorno à cidade mista, intensificam-

se os centros e sub-centros, o espessamento por densificação e verticalização,

ampliação da periferia, mas, não por espalhamento (KLEIMAN et al., 2006).

119 Intitula-se ‘Novo Urbanismo’ o movimento iniciado nos anos 1960 por arquitetos, urbanistas e políticos, que criticava o crescimento dos subúrbios em virtude do fenômeno do carro, considerando-os uma forma de vida isolada, anti-social e longe do comércio, que não oferecia a qualidade de vida desejada por gerarem congestionamento, poluição e desertificação de certas zonas das cidades, defendendo que a ausência do carro promove o desenvolvimento de zonas mistas residenciais, comerciais e culturais, além de dar origem a bairros mais diversificados, com maior interação social e melhor qualidade de vida (FREITAS RIBEIRO, 2009). 120 Inclui-se aí a revitalização urbana, conforme pontuado no item 3.1.

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Com esta inspiração formula-se o planejamento estratégico. Esse padrão

chegou ao Brasil e nos países da América Latina através de assessores catalães

que ‘vendem’ às municipalidades brasileiras sua expertise, traduzida na metodologia

de planejamento estratégico, considerando o sucesso do modelo adotado em

Barcelona, e cuja ‘marca’ passa a ser difundida como um modelo a ser perseguido

pelas demais metrópoles do mundo, notadamente através da disseminação de um

ideário com base numa pretensa dimensão cultural inclusiva, que compõe um mapa

multicultural atraente e, de certa maneira, escamoteia e esvazia conflitos (BARROS

e PICINATTO, 2005; FREITAS RIBEIRO, 2009; VAINER, 1998; SARTOR, 1999).

Arquitetos são chamados para recriar espaços, retoma-se a idéia de projeto

urbano do planejamento progressista e de intervenções em partes e não na

totalidade da cidade, revivendo a idéia de que a intervenção pontual vai regenerar o

organismo como um todo121.

Estas mudanças, iniciadas nos anos 70 (e que passaram a ser utilizadas no

Rio de Janeiro, a partir dos anos 1990), se incluíram na reformulação da política

urbana que aliada ao “empresariamento” exerceram um “importante papel facilitador

na transição do sistema de produção fordista, fortemente dependente de fatores

locacionais e respaldado pelo Estado do bem-estar keynesiano, para formas de

acumulação flexíveis, muito mais abertas geograficamente e baseadas no mercado”.

Pode-se identificar aí “uma conexão vital, porém subjacente, entre o crescimento do

empresariamento urbano e a inclinação pós-moderna pelo desenho de fragmentos

urbanos em vez do planejamento urbano” (HARVEY, 1996, p.75-86). Harvey

considera que:

o novo empresariamento urbano se caracteriza, então, principalmente pela parceria público-privada tendo como objetivo político e econômico imediato muito mais o investimento e o desenvolvimento econômico através de empreendimentos pontuais e especulativos, do que a melhoria das condições em um âmbito específico. [E, o reforço do empresariamento e o] “renascimento da competição interurbana sugerem que a administração urbana se alinhou na direção dos requisitos essenciais da acumulação de capital (HARVEY, 1996, p.75-86).

121 Ressurgem ainda nesta virada do século XX as idéias culturalistas, submersas desde a derrota nas discussões de 1933, sob nova forma, condomínios fechados de casas ou prédios mais aos moldes progressistas, como, por exemplo, os da Barra da Tijuca no Rio de Janeiro, a seguir conforme comentado também no item 3.1.

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O “papel do Estado, figura central no modelo racional-funcionalista, terá seu

papel redistribuído a partir da noção de parceria público-privada na qual os

interesses empresariais e dos grupos sociais de maior peso estariam integrados em

captação de investimentos e em ações de urbanismo por projetos urbanos

caracterizados por atuações locais e particulares” (KLEIMAN et al., 2006, p.10).

Na verdade desde o pós-guerra com a evolução do planejamento urbano aliado

à crescente intervenção do Estado no território e com a complexidade dos

fenômenos de crescimento, se questiona o papel do Estado em defesa de um

Estado animador mais do que gestor (GUERRA, 2000); um Estado que abandona

suas funções tradicionais para se tornar um facilitador, um ente que gera

desenvolvimento local a partir da coordenação de instâncias de trabalho e do

fortalecimento de mecanismos participativos de tomada de decisões; um Estado

que, antes de tudo, se desmembra para potencializar os processos de

empoderamento e de governança local. A esta nova, porém neoclássica,

modalidade de regular e conduzir os processos urbanos se chamou de planejamento

estratégico (GREENE, 2005).

Ou seja, a passagem ocorrida da noção de crescimento para desenvolvimento

acarreta conseqüências tanto na complexificação das ações públicas como na forma

de ver a cidade, que passa então a ser “considerada como um sistema funcional

entendendo-se este como um conjunto de componentes relacionados entre si para a

consecução de fins comuns”. Configura-se assim o planejamento estratégico

distinguindo-se do planejamento tradicional também por certo discurso sobre a ação

pública. A “palavra-chave é a da mudança e o planejamento estratégico é

considerado como um método sistemático para gerir esta mudança”, apelando a

uma legitimidade não eleitoral, mas, democrática, baseada na cultura do consenso,

nas decisões coletivamente assumidas (GUERRA, 2000, p.42).

A metodologia do planejamento estratégico, portanto, é revista, se torna mais

interdisciplinar, mais ativa e mais incerta. Recupera velhas técnicas de previsão e de

decisão122 e desenvolve novas formas de análise das dinâmicas sociais capazes de

identificar variáveis-chave. E, embora seja “comum ao planejamento estratégico a

intenção de ser complementar e não suplantar o planejamento tradicional”, o

122 Ver instrumentos de planejamento no item 2.4.2.

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planejamento estratégico, qualquer que seja sua filiação123, procura uma abordagem

mais vasta, sistêmica e prospectiva, necessitando, portanto da revisão também dos

instrumentos utilizados124 (GUERRA, 2000, p. 48 e 49).

Ou seja, capacitar a cidade, mais propriamente a metrópole, para a competição

interurbana. A “imagem que uma cidade constrói de si mesma é criada

continuamente e pode ser peça fundamental para a sua ótima inserção no mercado

mundial” (GREENE, 2005). Este planejamento sugere a elaboração de um ‘projeto

de cidade’ que teria como objetivo a conquista de sua posição global, entendendo

que “o maior desafio do planejamento urbano contemporâneo é aumentar o

potencial competitivo das cidades no sentido de responder às demandas globais e

atrair recursos humanos e financeiros internacionais” (BORJA e FORN, 1996).

E, na medida em que a “competição interurbana se torna mais forte, ela

certamente irá operar como um poder coercitivo externo sobre cada uma das

cidades para alinhá-las mais fortemente à disciplina e lógica do desenvolvimento

capitalista”. Ela “poderá, inclusive, forçar a reprodução repetitiva e em série de

certos padrões de empreendimentos” (tais como centros de comércio internacional,

novos centros culturais, shopping centers e outros similares) (HARVEY, 1996, p.75-

86).

Destaca-se então a centralidade da idéia de competição entre cidades no

projeto teórico e político do planejamento estratégico urbano e que

é a constatação da competição entre cidades que autoriza a transposição do modelo estratégico do mundo das empresas para o universo urbano, autoriza a venda das cidades, o emprego do marketing urbano, a unificação autoritária e despolitizada dos citadinos e, enfim, a instauração do patriotismo cívico (VAINER, 2000).

Vainer destaca também que o

questionamento da transformação da cidade em mercadoria se dilui no momento em que ela ressurge travestida de empresa; e a crítica a esta analogia perde sentido quando é a cidade-pátria que emerge, oferecendo a paz, a estabilidade e a garantia de líderes capazes de encarnarem, graças a seu carisma, a totalidade dos citadinos. Esta permanente flexibilidade e

123 GUERRA (2000) apresenta dois modelos de planejamento estratégicos: o clássico, mais formal caracterizado pela “atenção ao contexto externo aos sistemas de ação e a formalização rigorosa das várias etapas e processos de planejamento” e; o interacionista, “desenvolvido através da crítica a um demasiado formalismo do modelo clássico e a um excesso de tecnicidade que faz esquecer o jogo estratégico de atores” (p.46 e 47). 124 Destaca-se aí a importância do papel dos indicadores.

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fluidez conceitual operam como poderoso instrumento ideológico, fornecendo múltiplas e combinadas, mesmo se contraditórias, imagens e representações, que podem ser usadas conforme a ocasião e a necessidade (VAINER, 2000).

Para o caso do Brasil, o modelo de planejamento estratégico é importado, mas

se mantém o papel centralizador do Estado ao lado das empresas que buscam na

descentralização dos investimentos, na flexibilização em intervenções pontuais o

atendimento dos seus interesses. Incorpora práticas empresariais no sentido da

produtividade urbana, mas convive com as contradições entre esta flexibilização e a

rigidez do planejamento racional-funcionalista consolidada no zoneamento e na

legislação urbanística em vigor. Baseado na idéia, resgatada do planejamento

racional-funcionalista, de que o desenho físico é capaz de formatar a vida, o

planejamento estratégico vai criar descontinuidades e acentuar as já existentes

(KLEIMAN et al., 2006).

O processo de expansão urbana do Rio de Janeiro exemplifica bem esta

dinâmica e permite identificar a passagem ainda incompleta do modelo racional-

funcionalista para o planejamento estratégico125. Também ilumina a contradição da

coexistência desses planejamentos funcionalista e estratégicos, o acompanhamento

do desenvolvimento dos instrumentos e recursos utilizados no planejamento urbano.

Para examinar esta contradição apresentam-se a seguir os elementos que informam

sobre estes modelos.

2.4.2. Recursos do Planejamento Urbano

O planejamento urbano funcionalista (planejamento hegemônico até a

atualidade, inclusive no Brasil), conforme visto, se consolidou no início do século XX,

em processo de busca por resolução dos crescentes problemas advindos da cidade

industrial e capitalista e, coexiste hoje, em freqüente contradição na sua aplicação e

formulação, com o seu sucessor, o planejamento estratégico, evidenciando a

necessidade da sua superação.

125 Esta discussão encontra-se sistematizada no item 3.1, bem como no Quadro 3.1.1 - Rio de Janeiro: Expansões e Intervenções.

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A instrumentalização deste planejamento contemporâneo (normas, planos,

Índices, setorizações etc.) encontra suas raízes, também como o próprio

planejamento126, em épocas bem anteriores.

Os atuais regulamentos urbanísticos, leis de zoneamento, uso e ocupação do

solo e os códigos de edificações, têm como origem a preocupação sanitarista de se

criar um ambiente salubre e adequado às cidades industriais.

Objetivamente tais intenções resultaram127 já no século XIX em várias

intervenções urbanas em cidades na Europa128. Paris sofreu uma grande

remodelação com a abertura de novos e amplos espaços urbanos e de grandes

avenidas com prédios monumentais em substituição dos quarteirões medievais

remanescentes, enfim, as preocupações sanitaristas imprimiram na cidade uma

grande transformação estético-viária ao gosto do Barão de Haussmann (1853 a

1870) que ainda influenciaria com sua visão urbanista diversas cidades francesas,

de colônias da França, da Europa e do Brasil.

Também, em 1835, na Grécia, se fixaram normas urbanísticas para projeto e

implantação de cidades, seguindo o traçado ortogonal e vilas dispostas ao redor de

edifícios públicos em esquemas circulares ou quadrados. Em 1848, é aprovada em

Londres a primeira lei sanitária, a Public Health Act, precursora dos Códigos

Sanitários Brasileiros. Na Itália, em 1865, a legislação urbanística enfoca o

saneamento, a comunicação e a estética da cidade. A expansão de cidades suecas

com mais de 10.000 habitantes passou a ser condicionada à elaboração de um

plano a partir de 1874 com a promulgação do que seria a primeira Lei de

Planificação das Cidades (DANTAS, 2001).

Entretanto, foi a Alemanha que, ao final do século XIX, adotou as primeiras

normas sobre usos do solo. Já em 1868, fixava critérios para alinhamento das

edificações e cuidados com o sistema viário e, em 1876, foi publicado Stadt-

Reweiterugem in Technischer, do alemão Reinhard Baumister, fundamentando o

urbanismo como disciplina independente (ABIKO et al., 1995; FERRARI, 1979).

126 As origens do planejamento estão resumidamente apresentadas, conforme visto, no item 1.1 – prólogo e também na Figura 1.1.1. 127 No prólogo, como visto, estas intervenções estão exemplificadas. 128 O presente texto prioriza os exemplos europeus, em particular da Alemanha por ter sido o pioneiro na aplicação do zoneamento e dos EUA, ambos por terem exercido maior influência aqui no Brasil no que se refere ao planejamento funcionalista. Para mais exemplos e detalhes ver HALL (2005).

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161

Segundo Mancuso (1980) na Alemanha, em 1891, o município de Frankfurt am

Main adotou e aplicou um instrumento urbanístico totalmente novo que subdividiu a

cidade em zonas dispostas em franjas concêntricas e assinalou a cada uma delas

normas diferenciadas segundo as atividades ou usos. Tais normas tratavam da

densidade de edificação, definida mediante parâmetros de altura dos edifícios e da

superfície coberta de cada parcela edificável e; das determinações de uso dos solos,

diferenciados em industriais, residenciais e para atividades mistas. Este se constituiu

realmente no primeiro plano de zoneamento, completo e acabado, pois se aplicou a

todo o território municipal afetando a todos os setores de atividade. No começo, os

planos de zoneamento foram muito esquemáticos, mas em vinte anos foram

aperfeiçoados, adotados e aplicados nas maiores cidades alemães: Düsseldorf,

Munich, Dresde, Breslau, Stuttgart, Leipzig, além de Frankfurt e Colônia. Foram

considerados como modelos, convertidos em objetos de estudo e exportados a

outros países europeus e aos EUA (MANCUSO, 1980).

Mas, em sua origem, também na Alemanha, o zoneamento apareceu como

forma de tentar solucionar graves conflitos de natureza econômica e social que se

manifestavam nas cidades industriais.

Os conflitos de natureza econômica se relacionavam aos interesses dos

proprietários dos solos urbanos contrários aos de empresários industriais, comerciais

e imobiliários. Enfrentaram-se interesses antagônicos entre quem manipulava o solo

para produzir renda de um modo direto (uso do solo como mercadoria em si, objeto

de troca em um regime de livre mercado) e de quem o usava para localizar as

atividades produtivas (uso do solo como fator instrumental). Tratou-se também de

um conflito político, entre velhas forças dominantes, que exerciam seu peso político,

em todos os níveis de poder, e as novas forças economicamente mais potentes e

estruturalmente necessárias para o desenvolvimento do país, mas menos influentes

no âmbito político (MANCUSO, 1980).

O segundo tipo de conflito econômico-social se deu entre as indústrias, o

comércio, as atividades de direção e financeiras e as edificações para moradia (na

busca de uma localização que possibilitasse aumento dos benefícios e a

minimização dos custos). A coexistência destas atividades (indústria e comércio X

residências) criava deseconomias para as atividades produtivas e degradava os

bairros residenciais devido à proximidade ao setor comercial. A questão da

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habitação se constituía numa das causas mais evidentes de conflito social entre

classe dominante e classe subalterna, devido inclusive às péssimas condições de

moradia que sofria o proletariado (escassez de oferta, alto preços dos aluguéis, uso

massivo de edificação precária, de altíssima densidade, os quartos de aluguéis).

Foi então, segundo Mancuso (1980), que, no aspecto funcional, o

zoneamento adquiriu as características, não só de simples instrumento, mas de

autêntico modelo de reorganização da nova grande cidade, porque estabeleceu os

parâmetros através dos quais se levaram a cabo a reorganização, sua

hierarquização e suas relações. E no plano teórico se definiu “seu caráter de

‘naturalidade’ e, em conseqüência, de objetividade e de cientificidade - que nunca

nada o colocará em dúvida” (p.80). A cidade achou naquele período a articulação

funcional que lhe permitiria andar, até hoje, de acordo com o processo de

desenvolvimento capitalista: “trata-se da cidade especializada por partes, em que

cada uma destas corresponde às funções econômicas mais importantes, unidas

entre si por relações simples e organizadas de modo que funcionem como uma

máquina produtiva” (p.111 e 112).

Nos Estados Unidos, que já no início do século XIX apresentavam um grande

desenvolvimento industrial e crescente processo de urbanização, da mesma forma,

se impunha a necessidade de organização urbana, especialmente em New York, na

ilha de Manhattam, que crescia sem ordenamento e concentrava cerca de 100.000

habitantes. Nesta cidade, fundada pelos holandeses em 1626 com traçado irregular

e muralha (“wall” – onde hoje se localiza a Wall Street), em 1811, foi implantado, sob

inspiração das cidades renascentistas européias, um projeto cartesiano e racional de

extensão da malha urbana segundo um plano retilíneo de vias ortogonais no sentido

Norte-Sul e Leste-Oeste, tal como um tabuleiro de xadrez, que se caracterizaria

como exemplo do urbanismo americano129 (ABIKO et al., 1995; FERRARI, 1979).

Semelhantemente à Alemanha, também nos EUA, na primeira década do

século XX130, se acentuou a necessidade de um instrumento legal de mediação, que

eliminasse os crescentes conflitos de interesses (dos grupos sociais, étnicos e

129 Várias cidades americanas foram implantadas de acordo com o traçado retilíneo das vias tais como: Filadélfia (1682), Savannah (1733), São Francisco e também Washington (1781) e Detroit (1807) com pequenas diferenças (FERRARI, 1979). 130 É preciso lembrar que desde o século XIX, nos EUA, começaram a se construir arranha-céus, o que em si já significava uma nova forma de concepção da cidade.

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operadores diversos) reduzindo a produtividade econômica do solo e, fizesse

funcionar o mecanismo de utilização e exploração do solo urbano e rural, baseado

em leis do mercado, conforme ocorria até então, de um modo “ordenado”. O

zoneamento foi introduzido então, aos moldes do alemão, nas cidades americanas

pela demanda de grupos sociais com orientações ideológicas e interesses

particulares bastantes distintos:

os que buscavam obter um controle das vias de desenvolvimento da cidade

e uma melhora das condições de habitabilidade urbana;

os relacionados de forma direta com o setor imobiliário e com o mercado de

solos (proprietários e empresários) que objetivavam definir e estabilizar os

valores dos solos e dos imóveis e;

os agentes ligados às maiores empresas produtivas e comerciais, que

pretendiam a proteção das características já adquiridas por solos e imóveis

e o distanciamento de atividades ou grupos sociais não desejados.

Para Mancuso (1980), apesar da diversidade institucional, cultural, profissional

e política desses agentes, existia um acordo substancial no que se refere aos

objetivos a alcançar e, portanto, sobre a natureza dos instrumentos a adotar.

Esperava-se com sua aplicação (o que parecia atingível mediante uma astuta

política de controle urbano) assegurar a manutenção das características

econômicas, sociais e formais dos melhores distritos residenciais, mantendo a

estabilidade dos valores que estes possuem e um crescimento controlado sem

quebrar sua estrutura; impedindo o acesso a grupos sociais de status menos

privilegiados (por exemplo, por meio de uma astuta definição das dimensões dos

lotes) e obtendo com isto um nível de segregação econômica e social impossível

com qualquer outro método.

O zoneamento, conforme comentado, foi introduzido nas leis urbanísticas de

alguns países, a partir da primeira década do século XX: na Suécia, em 1907; na

Holanda (em muitas cidades contempladas com a Lei de 1901); na Inglaterra (após

a adoção do Town Planning Act de 1909) e França (1919), importado da Alemanha

por viagens de estudo (Thomas Horsfall e R. Unwin), por delegações oficiais com

Aldridge, Patrick Geddes, Cadbury e muitos outros, por congressos e manuais que

registravam as melhores experiências alemãs (MANCUSO, 1980).

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O debate acerca da arquitetura e do urbanismo incluiu então oficialmente o

zoneamento com base no princípio da subdivisão zonal, utilizada por arquitetos

como Tony Garnier (1917) e o próprio Le Corbusier (1974, 1977 e 1992) que, na

declaração de Sarraz de 1928, por motivo da constituição da CIAM, não vacilou em

declarar que "no urbanismo o primeiro posto está reservado para a classificação das

funções: a) a moradia; b) o trabalho; c) a recreação" e que "os meios para o

cumprimento destas funções são: a) o zoneamento; b) a regulação do tráfego; c) a

legislação" (p. 274).

E, ainda segundo Mancuso, o zoneamento foi perdendo de vista a natureza

originária do instrumento (política de habitação e de solo), suas características de

caráter econômico e sócio-político e seus próprios condicionamentos, e assumiu por

completo seu significado técnico-projetual, ou mais ainda, de método novo para o

projeto da cidade. O zoneamento se converteu no principal instrumento para a

organização urbana do ponto de vista técnico/estrutural e, paralelamente, para sua

conformação do ponto de vista compositivo/formal. A despeito das diferenças das

situações e cidades, o instrumento da zonificação se mostrou adequado, e se impôs

autorizadamente por sua eficiência e intrínseca racionalidade, naqueles casos em

que se pretendiam obter efeitos de condicionamento dos comportamentos das forças

sociais e econômicas através da incidência sobre os elementos supra-estruturais: a

cidade e suas partes (MANCUSO, 1980, p.276).

No caso do Brasil, o planejamento funcionalista e seus instrumentos também

se consolidam131 como forma dominante de intervenção urbana, com a contribuição

de diversas iniciativas, das quais as principais encontram-se listadas no Quadro

2.4.2.1 a seguir. A partir da análise deste quadro, pode-se destacar que estes

instrumentos de regulação urbana até o início do século XX se caracterizavam

basicamente como intervenções de caráter sanitarista, utilizando poucos recursos de

controle de uso e ocupação do solo, tais como recuos, recomendação de estilos

arquitetônicos e usos permitidos. Ao final do século XIX é que se começa a verificar

maior diversidade de instrumentos urbanísticos e edilícios integrantes dos primeiros

códigos de obras e planos urbanísticos, estes já sob inspiração modernista. Da

década de 1960 até a atualidade o uso dos parâmetros urbanísticos se intensificou

131 A consolidação deste modelo de planejamento, conforme visto, encontra-se apresentada no item anterior (item 2.4.1) e pontuada também no prólogo.

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acompanhando a também crescente expansão urbana das cidades, servindo ainda

como ferramentas para as alterações da legislação urbanística em favor do

incremento do potencial construtivo, densificação e adensamento principalmente dos

centros urbanos132.

QUADRO 2.4.2.1 – Principais Instrumentos de Regulação Urbana no Brasil133

ANO INSTRUMENTOS OBSERVAÇÕES

Antes de 1822

Ordenações Afonsinas, Manuelinas e Filipinas Âmbito municipal.

Comissão de Melhoramentos Modificações dos lotes e dos estilos de

arquitetura inclusive com recuos progressivos nas ruas.

Códigos de Posturas Municipais Normas para o uso e ocupação do solo das

cidades, higiene e salubridade. Após 1822

Constituições de: 1824, 1891, 1934, 1937, 1946, 1967 e a atual de 1988

Competências municipais e nacional.

1850 Lei de Terras Regulamentado o direito de propriedade.

A partir de 1882

Vários decretos

Condições para a construção de habitações higiênicas para operários e classes pobres,

desapropriação e cessão de terrenos públicos, recuos para alargamento de ruas,

arborização e pavimentação de vias.

A partir de 1902

Primeiros projetos de alinhamento – PAs (origem dos atuais PAs e PALs)

Originados a partir dos recuos promovidos pela Comissão de Melhoramentos.

De 1898 a 1930

Vários melhoramentos urbanos em várias cidades (urbanismo sanitarista)

Embelezamento, ampliação de vias, expansão e saneamento.

A partir de

1792

Diversos planos urbanísticos para diversas cidades (já sob inspiração modernista)

Em São Paulo (1792, 1910, 1911, 1915, 1930, 1954 e até 1968 mais 16 outros); no Rio de

Janeiro (1972, 1965, 1977), em Porto Alegre (1914 e 1937), exemplos anteriores aos

planos diretores.

A partir de 1886

Primeiros regulamentos para construções, Códigos de Obras (diversos parâmetros e

índices para controle do uso do solo).

São Paulo (1886), Rio de Janeiro (1903) entre outros, sucedidos por outros, em acréscimos

e sobreposições à legislação urbanística.

1916 Código Civil134

Poder municipal executor da política de controle de construções e edificações

urbanas, ao limitar o exercício do direito de construir, inerente ao direito de propriedade

A partir de 1930

Vários planos de política nacional urbana

Plano Geral de Viação Nacional (1934), Plano de Obras Contra as Secas (Nordeste), Plano Especial de Obras Públicas e Aparelhamento de Defesa Nacional (1939/43), entre outros.

A partir de 1960

Construção de Brasília (1960-1965), marco do urbanismo modernista ou

funcionalista.

As regulamentações sobre usos e ocupação do solo urbano passam da associação a perímetros (central, urbano, suburbano e

rural) a um controle funcional por zonas de uso no conjunto da cidade, o zoneamento.

132 Os impactos decorrentes das alterações urbanísticas estão discutidos a seguir no capítulo 3 no contexto da cidade do Rio de Janeiro, inclusive no caso de estudo na Barra da Tijuca, no item 3.4. 133 No item 3.1 estão relacionados os principais parâmetros e índices na legislação mencionada para o caso do Rio de Janeiro, especialmente no Quadro 3.1.1. 134 Lei 3.071 de 01.01.1916 - Código Civil dos Estados Unidos do Brasil - vigência até o dia 10/01/2003, quando foi revogada pela Lei 10.406 de 10.01.2002 que instituiu o novo Código Civil.

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QUADRO 2.4.2.1 – Principais Instrumentos de Regulação Urbana no Brasil (Continuação)

A partir de 1960

Banco Nacional da Habitação – BNH (1964); Serviço Federal de Habitação e Urbanismo – SERFHAU (1964), CNPU (1975) - Comissão Nacional das Regiões Metropolitanas Política Urbana, depois CNDU- Conselho Nacional de

Desenvolvimento Urbano

Política urbana e planejamento territorial urbano passam a enfoque global e integrado

se inserindo no planejamento e política nacionais.

Emenda Constitucional 1/69 à Constituição de 1967, dá competência a União para legislar

sobre as águas; Plano Nacional de Saneamento – PLANASA (1971); Secretaria Especial de

Meio Ambiente (SEMA)(1973), Comitê Especial de Estudos Integrados de Bacias Hidrográficas

(CEEIBH)(1978).

Iniciam-se as articulações com as questões ambientais

Décadas de 1970 a

1990

Lei Federal 6.766/79 (parcelamento do solo)

Evolução das intervenções pontuais restritas a arruamentos (PAs) para o loteamento:

abertura de ruas, divisão das quadras em lotes, definição de áreas públicas, de condições topográficas e geológicas.

Constituição de 1988; Lei das Águas 9.433/97, Sistema Nacional de Gerenciamento de

Recursos Hídricos e vários comitês de bacias.

Ampliam-se as articulações com as questões ambientais, movimentos e discussões sobre sustentabilidade (Quadros 2.1.1.2 e 2.3.1.1).

Diversos Planos Diretores (funcionalistas) Aplicação do zoneamento

Século XXI

Estatuto da Cidade135, Lei 10.257/2001

Diretrizes gerais para a política urbana; à função social da propriedade urbana; aos Planos Diretores, na garantia da Gestão

Democrática das Cidades. Planos Estratégicos em coexistência com

planos diretores das cidades. Necessidade de superação do planejamento

contemporâneo

Fonte: Elaboração da autora com base nas referências sobre o tema adotadas136.

Resumidamente pode-se destacar ainda que estas intervenções acima

relacionadas integram o processo de busca da higienização e resolução dos

problemas das cidades capitalistas brasileiras, no qual o zoneamento passou a se

constituir, especialmente a partir do século passado, na principal ferramenta de

aplicação da organização urbana.

O zoneamento, também como verificado nos exemplos anteriores, segundo

Villaça (1998), pode ser entendido como um instrumento para favorecer a

segregação sócio-espacial de áreas de moradia da população de alta renda,

inclusive no Brasil. O autor demonstrou que as principais metrópoles brasileiras

(Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e Recife)

135 O Estatuto da Cidade regulamentou os artigos 182 e 183 da Constituição Federal, estabeleceu as diretrizes da política urbana em âmbito nacional, fornecendo viabilidade jurídica à prática do planejamento. Com forte posicionamento social, viabilizou intervenções no direito de propriedade do solo urbano para o bem coletivo e social (MENEZES e JANNUZZI, 2005). 136 Foram especialmente considerados os trabalhos de Abiko et al.(1995); Acioly e Davidson (1998); Dantas (2001); Ferrari (1979); Ferreira dos Santos (1988); Kauffmann (2003); Mancuso (1980); Resende (1982); Santos (1981) e Silva (1986 a e b).

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apresentam um mesmo padrão de estruturação do espaço intra-urbano, que se

estabelece na forma de setores de círculo (e não segundo círculos concêntricos), e

que isso decorre do fato da maioria dos bairros residenciais de alta renda (o principal

elemento estruturador do espaço intra-urbano) ser produzida, historicamente, num

processo de localização de forma radial, seguindo um único setor, a partir do centro

da cidade. Tal estruturação se dá sob a ação do conflito de classes em torno das

vantagens do espaço urbano, ou como afirma Castells (1983) “em torno da disputa

pela apropriação diferenciada do espaço urbano, enquanto produto do trabalho”. A

classe dominante que comanda o processo de apropriação diferenciada das

vantagens do espaço lança mão de vários estratagemas, incluindo a segregação

espacial e, controlam a estruturação (forma) do espaço urbano por meio de três

mecanismos: um de natureza econômica: o mercado imobiliário, um de natureza

política: o controle do Estado e, outro, por meio da ideologia.

O esforço dos legisladores do zoneamento, especialmente no período de

implantação nos EUA, mas também no Brasil, foi demonstrar que altura, uso e

densidade são elementos que concorrem para a saúde, segurança, moralidade e

bem estar da cidade. A definição desses parâmetros utilizados: altura, uso e taxa de

construção/ocupação do terreno, através dos quais se chega ao controle da

edificação, não foi imediata e nem casual. Nas experiências realizadas

anteriormente ao ano de 1916, o que interessava controlar era o uso, pois por meio

dele é possível se disciplinar as atividades e, de certa forma exercer um controle

social. Este seria o parâmetro mais fundamental e o mais difícil, devendo-se recorrer

então ao controle das alturas e densidades para uma maior articulação das áreas

residenciais com base em tipologias de edificações permitidas, o que não parece ter

ligação direta com intenções de controle social, dissimulando assim o verdadeiro

objetivo. Embora, em sua origem, o zoneamento seja um instrumento

fundamentalmente ideológico; marcadamente funcional para a consecução de

objetivos econômicos e sociais e, em conseqüência, rico em componentes de

natureza não disciplinar (MANCUSO, 1980).

É importante destacar aqui a ausência de correspondência direta destes

parâmetros com fatores objetivos tais como área de aplicação (bacia hidrográfica ou

outro), densidade de habitantes e disponibilidade de infra-estrutura, ocupação e

impermeabilização do solo, ou outro índice que permita um efetivo controle ou

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avaliação dos efeitos e impactos urbanos e ambientais, da aplicação destes

mecanismos de planejamento, reforçando também sob este aspecto o caráter

ideológico do planejamento funcionalista e seus instrumentos.

Cumpre destacar também que o planejamento urbano racional-funcionalista

que criou um uma ‘indústria de planos diretores’ de longo prazo, que dificultavam as

correções em curto prazo, entrou em crise em virtude dos fenômenos recentes da

globalização e da informatização nas cidades, em especial no que diz respeito às

transformações tecnológicas a ela associadas e que contribuíram para mudanças

radicais nos conceitos tradicionais de tempo e de espaço.

Em razão ainda da reestruturação da sociedade em redes e das cidades em

hierarquias, que geraram novos espaços de competitividade, bem como suas inter-

relações, esse modelo acabou cedendo lugar (conforme comentado), ao final do

século XX, embora de maneira incompleta, para o modelo de planejamento

estratégico por projetos urbanos pontuais, apoiado no contexto de mercado

(FREITAS RIBEIRO, 2009).

Em que pesem as diferenças paradigmáticas entre os ‘projetos de cidade’,

diagnósticos e estratégias de ação adotados nos planejamentos funcionalista e

estratégico, no processo voltado para flexibilizar a legislação urbanística, no ano de

1994, foi aprovado o instrumento das operações interligadas137, o único dos

instrumentos integrantes do Plano Diretor de 1992 a ser regulamentado,

considerado um dos mais importantes no sentido de alteração de parâmetros

urbanísticos mediante contrapartida paga pelo responsável pela solicitação da

operação138 (NACIF, 2007; FREITAS RIBEIRO, 2009).

A despeito da destinação de seus recursos para o financiamento de políticas

públicas, legitimando suas iniciativas, a operação interligada no Rio de Janeiro

caracterizou-se como um instrumento de negociação entre agentes públicos e

privados, sob a visão urbano-estratégica que acabava de se instituir no âmbito da

137 A Operação Interligada permite a “alteração de parâmetros urbanísticos, mediante contrapartida dos interessados, calculada proporcionalmente à valorização acrescida ao empreendimento projetado, sob a forma de recursos financeiros para o Fundo Municipal de Desenvolvimento Urbano; obras de infra-estrutura urbana; terrenos e habitações destinados à população de baixa renda; e recuperação do meio ambiente ou do patrimônio cultural” (artigos 28 e 29, Plano Diretor, LC 16/1992). 138 O Quadro 3.3.2, apresentado no item 3.3, apresenta as proposições do legislativo municipal para sustar operações interligadas encaminhadas entre os anos de 1995 e 2002, como exemplo da dinâmica da oposição de interesses na apropriação da cidade, bem como da contradição na própria utilização deste recurso.

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administração municipal (ARAÚJO, 2005). Este instrumento, segundo Oliveira (2003,

p. 184),

introduziu na legislação urbanística uma opacidade que é funcional para as estratégias dos incorporadores imobiliários na sua disputa pelo ganho fundiário com o proprietário de terras. Seu cálculo não tem como incorporar toda a valorização proporcionada por alterações nos parâmetros que permitam produtos imobiliários mais complexos, nem aquela proporcionada pela criação de novas sinergias entre o novo empreendimento e o ambiente construído.

Este recurso interessava particularmente ao planejamento estratégico segundo

ainda a lógica de que as “cidades devem ser dotadas de novos instrumentos que

lhes permitam simultaneamente formular projetos a médio e longo prazos, bem

como gerir o curto prazo, ou seja, fazer face ou tirar partido de toda a sorte de

imprevistos ou de oportunidades, de reagir às transformações do meio ambiente, de

levar em conta as lógicas de múltiplos parceiros”. Novos métodos se impõem aos

anteriores “documentos gerais de planejamento em longo prazo, os planos diretores,

forma particular do “master-plan”; regulamentações fundiárias precisas;

procedimentos de urbanismo operacional e programas de investimento público”

(ASCHER, 1994).

Buscando melhor utilizar ou controlar a dinâmica das operações pontuais e dos

grandes projetos, instrumentalizar o planejamento estratégico permitindo a utilização

dos “efeitos induzidos dos projetos particulares suficientemente importantes,

espacialmente, economicamente ou simbolicamente, para acarretar modificações

que superem o local e o objeto imediato do projeto”, surge o “master-project”. Este

que não se opõe ao “master-plan” trata da fixação de objetivos qualitativos muito

precisos em substituição ao zoneamento tradicional (que se tornou um entrave à

gestão flexível do planejamento estratégico). Um “projeto dito estratégico deve ter

uma dupla função: assegurar uma obra urbana específica (uma estação ferroviária,

um museu, uma sala de convenções etc.) e; impulsionar por e à volta desse

equipamento uma dinâmica urbana (de crescimento, de mutação, de

reestruturação)” (ASCHER, 1994).

Desta forma, tais mecanismos e metodologias estariam operacionalizando o

planejamento estratégico no cumprimento de seus principais objetivos, que segundo

Guerra (2000) se resumiriam em: (a) consideração pelo ambiente externo, buscando

identificar as vantagens em relação ao contexto exterior; (b) visão sistêmica da

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realidade inclusive para alcançar maior competitividade econômica; (c) concentração

em temas críticos para, a partir de projetos-âncora, conseguir saltos qualitativos; (d)

identificação das vantagens competitivas apoiando-se nos seus pontos fortes e

atenuando os pontos fracos; (e) visão do planejamento como processo com

conteúdos e metodologia flexíveis; (f) visão em longo prazo; (g) flexibilidade de

decisões e modernização da administração; (h) orientação para a ação e; (i) fomento

da coordenação da participação de todos os agentes sociais, participação entre o

setor público e o privado.

Freitas Ribeiro (2009) destaca também, como importante instrumento do

planejamento estratégico, a parceria público-privada139 utilizada como recurso

quando as intervenções urbanas realizadas necessitam de investimentos que o

capital privado por si só não pode arcar, por não serem, em um primeiro momento,

rentáveis, necessitando da participação estatal, que, por sua vez, cria novos

instrumentos de gestão da cidade, que tornam possíveis estas macro-operações.

Na verdade, os recursos utilizados neste modelo de planejamento urbano,

buscam a inserir a cidade em uma

rede de cidades, a partir da elaboração de ‘sistemas de ações’ caracterizados por planos estratégicos e recursos de marketing urbano, tomados como instrumentos para a valorização das vantagens comparativas consideradas capazes de atrair investimentos, em oposição às preocupações de retenção do crescimento urbano, norteadoras dos ‘sistemas de ações’ do planejamento racional-funcionalista (FREITAS RIBEIRO, 2009, p.147).

Vale ressaltar ainda a importância e possibilidade de utilização dos indicadores

como instrumentos de apoio ao planejamento estratégico, tanto nos planos e

projetos urbanísticos, já úteis ao planejamento funcionalista, mas também como

suporte nos processos de discussão e tomada de decisões nos diferentes fóruns de

gestão. A legislação, da mesma forma, subsidia e normatiza a formulação e

aplicação dos instrumentos de apoio aos planejamentos estratégico e também

funcionalista, que coexistem, como visto, para o caso do Brasil. 139 A “Lei 11.079/2004 define a parceria público-privada como um contrato administrativo de concessão, na modalidade patrocinada ou administrativa, sendo a concessão patrocinada o contrato de prestação de serviços ou obras públicas de que trata a Lei 8.987/1995, quando envolver, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários, contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado. Nesse sentido, a concessão administrativa é o contrato de prestação de serviços em que a administração pública seja a usuária direta ou indireta, ainda que envolva execução de obra ou fornecimento e instalação de bens. Não obstante lembrar também que os contratos abaixo de 20 milhões de reais não constituem parceria público-privada” (FREITAS RIBEIRO, 2009, p.60).

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Menezes e Jannuzzi (2005) sistematizam os principais instrumentos de

planejamento utilizados pelos municípios brasileiros. Correlacionam os instrumentos

propostos pelo Estatuto da Cidade participantes da estrutura de gestão municipal às

informações coletadas pela Pesquisa de Informações Básicas Municipais (MUNIC)

(Quadro 2.4.2.2) que, iniciada em 1999, levanta informações, junto ao poder público

local, acerca das principais características políticas e administrativas dos municípios.

QUADRO 2.4.2.2 – Relação dos Principais Instrumentos de Planejamento

PROPOSTOS PELO ESTATUTO DA CIDADE

COLETADOS POR INFORMAÇÕES DA MUNIC 2001

Plano Diretor Plano Diretor

Disciplina do Parcelamento do Solo

Lei do Perímetro Urbano

Lei de Parcelamento do Solo

Lei de Zoneamento ou Equivalente

Zoneamento Ambiental Legislação sobre Áreas de Interesse Especial

Legislação sobre Áreas de Interesse Social

Plano Plurianual Plano Plurianual

Diretrizes Orçamentárias e Orçamento Anual

Lei de Diretrizes Orçamentárias

Lei de Orçamento Anual

Gestão Orçamentária Participativa Conselho de Orçamento

Conselhos Paritários

Planos, Programas e Projetos Setoriais

Conselhos com Fundos

Plano de Desenvolvimento Econômico e Social

Plano de Governo ou Plano de Diretrizes Governamentais

Plano Estratégico do Município

Conselho de Desenvolvimento Setorial

Fonte: Menezes e Jannuzzi (2005).

Os autores apresentam também a freqüência com que estes instrumentos de

planejamento ocorrem nos 5.560 municípios brasileiros (existentes em 2001)

(Quadro 2.4.2.3 que segue).

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QUADRO 2.4.2.3 – Disponibilidade dos Instrumentos de Planejamento nos Municípios Brasileiros em 2001.

INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO FREQÜÊNCIA

ABSOLUTA PERCENTUAL

Lei de Diretrizes Orçamentárias 5.356 96,3

Lei de Orçamento Anual 5.206 93,6

Plano Plurianual 5.131 92,3

Lei do Perímetro Urbano 4.150 74,6

Plano de Governo 2.546 45,8

Lei de Parcelamento do Solo 1.819 32,7

Lei de Zoneamento ou equivalente 1.260 22,7

Plano Diretor 980 17,6

Legislação sobre Áreas de Interesse Especial 755 13,6

Legislação sobre Áreas de Interesse Social 646 11,6

Plano Estratégico do Município 233 4,2

Fonte: Menezes e Jannuzzi (2005).

Cabe comentar que, com exceção à Lei do Perímetro Urbano, os demais

instrumentos de planejamento encontram reduzida aplicação nos municípios

brasileiros, ainda que se relativize a época de realização da pesquisa (ano de 2001).

O Plano Diretor, no Estatuto da Cidade, o mais importante instrumento de

planejamento municipal apresenta freqüência muito baixa de ocorrência nos

municípios. Considerando-se que é exigência nesta lei para os municípios com mais

de vinte mil habitantes e os pertencentes a regiões metropolitanas e a aglomerados

urbanos, este total aproximado de municípios deveria ser de 1.800; se acrescidos

dos integrantes de áreas de especial interesse turístico e os inseridos na área de

influência de empreendimentos de grande impacto regional ou nacional (também

condições de obrigatoriedade nesta norma) deveria chegar a quase metade dos

municípios (2.780), pelo menos até junho de 2006, no prazo de adequação à lei.

Em que pesem estas considerações, a defasagem existente entre a

promulgação e aplicação da legislação e seus instrumentos (no caso, em especial a

urbanística) e mesmo a fiscalização do cumprimento das normas, associadas ainda

às contradições do próprio planejamento funcionalista, do estratégico e da

concomitância destes dois modelos (conforme aqui brevemente discutido), vale

reforçar a necessidade da superação destes entraves, do planejamento

contemporâneo e de seus mecanismos.

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E, ainda que a cultura urbanística e arquitetônica tenha tentado se abstrair das

motivações originárias dos instrumentos urbanísticos e, sobretudo do zoneamento,

exaltando os componentes de caráter técnico e operacional, propondo um sistema

de normas disponíveis para toda operação em qualquer contexto, “não é possível

operar sobre os instrumentos sem colocar em discussão o processo de gestão da

cidade em seu conjunto. O problema não é técnico, não se trata de substituir um

instrumento historicamente superado por um mais moderno, mas sim discutir uma

concepção de governo da cidade baseado na autoridade, na delegação, nas

competências específicas, em todos os expedientes através dos quais se filtrem

interesses particulares e objetivos político-sociais ligados aos grupos dominantes”.

Um governo que considere os princípios do compromisso entre os habitantes da

cidade, que restrinja o número de delegações, que renuncie ao autoritarismo e, a

partir daí potencialize novos instrumentos acessíveis e praticados por toda a

comunidade (MANCUSO, 1980). Com base também nestas considerações

desenvolve-se o IOS-BH conforme apresentado no item 3.5 sendo que se fazem

necessárias reflexões críticas a estas preocupações ao que se procede a seguir.

2.5. REFLEXÕES E TENSÕES

As intervenções urbanas nas suas formas mais diversas podem suscitar

complexas e variadas discussões que analisadas permitem, a título de reflexão,

apresentar preliminarmente algumas considerações em relação à estratégia do

planejamento.

Resgatando-se o sentido inicial do termo estratégico, como tática de guerra e,

sob a inspiração das palavras de Gramsci (1977): “na lógica de um conflito bélico, o

sujeito procura golpear o inimigo em seus pontos mais fracos. Quando se trata,

porém, de um esforço para compreender melhor, para conhecer mais

profundamente a realidade (e poder transformá-la de acordo com um projeto mais

conseqüente), o sujeito precisa reconhecer os pontos fortes do interlocutor, para

incorporá-los criticamente à ampliação de seus próprios horizontes”; podem-se

considerar duas frentes principais de ação. Uma em relação aos pontos fracos do

inimigo, procurando tirar vantagens e, a outra caracterizando um combate mais

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explícito de conquista de posição, de ampliação de horizontes ou fronteiras, voltada

aos pontos fortes do opositor.

Relacionando-se esta dinâmica à do planejamento estratégico nas cidades

podem-se identificar as políticas voltadas aos interesses locais (pontos fracos) e as

ligadas aos interesses globais (pontos fortes). Nas primeiras são tratadas as ações

de momento, as resoluções de caráter local e as questões de habitabilidade, das

lutas intra-urbanas, algumas encaminhadas pelo planejamento tradicional

funcionalista, enfim as, em algum momento, secundarizadas em prol dos grandes

objetivos em longo prazo mais diretamente relacionados ao planejamento

estratégico. Estes relacionados aos pontos fortes, à luta externa, que seriam

justamente correspondentes à competição entre cidades no mundo global,

adotando-se projetos de amplitude internacional, projetos-âncora, que possam

garantir ou conquistar cada vez maior espaço econômico, político e simbólico para

as metrópoles em concorrência. Ressaltando-se que tanto os pontos fortes, como os

fracos coexistem e se articulam participantes da mesma tática, da mesma guerra.

Considerando-se ainda a cidade, em particular a metrópole, como o local

privilegiado de ação do capital cabe destacar o âmbito de luta política interna, no

qual os instrumentos (técnicos, de participação, de busca de consenso, ideológicos,

simbólicos etc.) e novas metodologias, utilizados pelo planejamento estratégico,

procuram tirar vantagens junto aos citadinos, em proveito de seu projeto maior: a

ampliação das fronteiras, a expansão do capital em competição acirrada no mercado

global. Vale lembrar de Bourdieu (1996) quando se refere a importância de se

desvendar, no espaço social, nas relações entre os indivíduos, os grupos, os

agentes, os mecanismos de violência simbólica, que estão presentes nos discursos

do planejamento estratégico. Com referência ainda em Bourdieu (2000)

relacionando-se a metrópole ao espaço social, pode-se entendê-la como um pólo de

acumulação de capital global, diversificado na acumulação de capital econômico

enquanto cidade-mercadoria; de capital político como cidade-empresa e; capital

simbólico e cultural como cidade-pátria (VAINER, 2000). Capitais estes que buscam

ainda sua expansão no mercado externo e sob este aspecto, os pólos de

investimento urbano (portos restaurados, instalações para jogos pan-americanos,

museus e demais mega-projetos em geral estandardizados, projetos-âncora)

cumprem bem esta função: pólos geradores e acumuladores de capital internacional,

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em um mundo globalizado, pólos capazes de alavancar e manter esta estratégia de

guerra em uma rede internacional de produção e de acumulação de capital.

Tratando-se especialmente dos novos métodos e instrumentos do

planejamento estratégico cabe ressaltar a utilização dos indicadores (também

resgatados do âmbito da economia) nos processos de gestão e planejamento,

suscitando cuidados com o caráter exclusivamente técnico da sua construção e

aplicação, apontando também para a necessidade de aprofundamento do quadro

teórico acerca de indicadores, incluindo os ambientais urbanos.

No que se refere ao discurso do planejamento estratégico é interessante

verificar algumas similaridades com o discurso da sustentabilidade urbana (conforme

discutido no capítulo 2). Ambos fazem referências a gerações futuras, num contexto

globalizado, em escala planetária, muitas vezes abordando questões pontuais de

efeito simbólico e projeção ampliada para além do local, do cotidiano, dos indivíduos

e grupos, das diferenças e contradições econômicas e sociais, considerando a

cidade, o meio ambiente como o sujeito da história. Pode-se destacar a importância

da ampliação das discussões e referências acerca da sustentabilidade urbana em

interação dialética com a insustentabilidade da metrópole140.

Recorre-se por fim, na esperança da concretização de algumas destas

expectativas de contribuição para novas formulações, aos desafiadores

ensinamentos de Lefebvre (1983)141:

o devir concreto jamais avança com passo regular [...] processa-se por saltos [...] (p.212) e, o salto dialético implica, simultaneamente, a continuidade (o movimento profundo que continua) e a descontinuidade (o aparecimento do novo, a superação do antigo) [...] no próprio movimento em espiral, dialético, revelado no devir do pensamento e da sociedade (p.239 a 241).

Com esta inspiração segue-se à proposição do IOS-BH, especialmente no item

3.5, no contextualizado empiricamente no Rio de Janeiro, como se apresenta no

capítulo 3, analisando-se as expansões e intervenções na cidade (itens 3.1 a 3.4).

140 Ao temas sustentabilidade e sustentabilidade urbana estão tratados especialmente nos itens 2.1 e 2.3, respectivamente, conforme visto. 141 Os ensinamentos de Lefebvre, no que se refere ao presente trabalho, se encontram sistematizados nos itens 1.3 e 1.4.

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CAPÍTULO 3. CONTEXTO DA LEGISLAÇÃO URBANÍSTICA CARIOCA E CONTRIBUIÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DO IOS-BH 3.1. RIO DE JANEIRO: EXPANSÕES E INTERVENÇÕES

A cidade do Rio de Janeiro ao longo do tempo tem apresentado movimentos de

sua expansão conformados por um conjunto de intervenções urbanísticas

regulamentadas em planos, projetos e legislação. Tais expedientes, em verdadeira

superposição e variedade de normas, muitas vezes em contradição, têm configurado

a cidade num modelo cada vez mais insustentável, embora contraditoriamente, se

destinem à busca de melhor qualidade de vida. A elaboração deste arcabouço

jurídico parece ainda, estar sempre a reboque das demandas e, portanto incapaz de

planejar adequadamente a cidade. Entretanto no que se refere ao adensamento de

construções, aumento de potencial construtivo e estratégias de consolidação,

concentração e expansão de núcleos urbanos, os instrumentos urbanísticos e seus

parâmetros têm se mostrado bastante eficientes142. Esta dinâmica, consolidada no

Quadro 3.1.1 ao final deste item, pode ser verificada no histórico a seguir resumido.

A malha urbana que hoje se molda entre os montes, os escala e mutila, se

sufoca e se afoga devido às agressões aos habitantes e à exuberante natureza, de

início se instalou timidamente em núcleo urbano formado por um conjunto de vias de

traçado regular, ocupando as partes secas da várzea entre os Morros do Castelo, de

São Bento, da Conceição, e de Santo Antônio, sem ainda graves intervenções no

ambiente natural. Em seguida a cidade do Rio de Janeiro se expande pela planície

até o Campo de Santana. Os primeiros aterros e obras de drenagem começam o

domínio da natureza. As atividades comerciais e portuárias, especialmente a partir

do século XVII, no início, devido ao desenvolvimento dos engenhos de açúcar e a

seguir, estimuladas pela mineração de Minas Gerais, contribuem para esta

expansão urbana, ainda em lotes com casas acanhadas sem jardim e grudadas

umas nas outras.

A seguir se procedem ao abastecimento parcial de água e esgotamento

sanitário pela “City”, a ampliação de logradouros e melhorias no centro, a ampliação

da malha urbana até a Cidade Nova, Mata-Porcos, Catumbi e São Cristóvão (Zona 142 Os Quadros 3.2.2.1 e 3.2.2.2 tratam da principal legislação de uso do solo do Rio de Janeiro com ênfase nas modificações da legislação e de seus parâmetros.

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Norte) e à Glória, Catete, Botafogo e Laranjeiras (Zona Sul). Instalam-se também as

chácaras, construções em centro de lote, nas grandes propriedades fracionadas

situadas nas periferias (ABREU, 1987 e 1992; KAUFFMANN, 2003; SANTOS 1981).

Até então os primeiros regulamentos urbanísticos eram editados pelas

ordenações reais e tratavam de arruamentos, aspectos construtivos e posturas. Os

profissionais precursores do urbanismo foram os chamados mestres-do-risco,

seguidos dos engenheiros–militares e dos arquitetos-paisagistas (século XIX).

Destacam-se entre eles Mestre Valentim (obra do Passeio Público, entre outras); o

engenheiro-militar Brigadeiro Alpoim; os arquitetos-paisagistas Auguste Victor

Grandjean de Montigny (1816 – remodelação do centro da cidade e do Campo de

Sant’Ana, pioneiro na preocupação com a salubridade habitacional e orientação das

casas em relação ao sol e ventos) e Auguste Glaziou (1861 – reforma de praças e

jardins, entre eles o Passeio Público). O major Henrique de Beaupaire Rohan,

Visconde de Beaupaire Rohan e ex-Diretor de Obras Municipais, em seu relatório de

1843 propôs um plano de remodelação da cidade, englobando aspectos de

saneamento e embelezamento com visão dos problemas urbanos adiantada para a

época.

O final do século XIX assiste à expansão da cidade com residências ainda com

um ou dois pavimentos para a Zona Sul até Copacabana e em direção à Zona Norte

(favorecida pelos bondes) e ao longo da linha férrea, surgindo os subúrbios, para

onde a população pobre começa a ser direcionada se afastando do centro. E apesar

das péssimas condições de higiene, o primeiro Plano de Intervenções para a cidade

só seria elaborado, em 1875, pela Comissão de Melhoramentos, composição de

engenheiros recém nomeada: Morais Jardim, Marcelino Ramos e o jovem Pereira

Passos, entre outros, buscando inclusive a resolução de problemas de saneamento

e inundações, propondo obras de canalização e retificação de rios, drenagem,

alargamento e pavimentação de ruas (KAUFFMANN, 2003; SILVA, 1996 a e b).

A partir de 1902 os Projetos de Alinhamento (PAs) instituídos pelo Executivo

Municipal definiam o desenho das ruas, alturas e proporções das edificações, taxas

de ocupação dos terrenos etc. Faziam parte de uma drástica legislação, incluindo o

“Regulamento para a Construção, Reconstrução, Acréscimos e Consertos em

Prédios” de 1903, Decreto 391 que, legitimou diversas intervenções da Reforma de

Pereira Passos (1902-1906). Estes projetos se constituiriam (juntamente com os

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Projetos Aprovados de Loteamento – PALs) em importantes instrumentos de

regulação urbanística e teriam continuidade (até os dias atuais) em muitos outros e,

em uma prática de regulamentação urbanística autoritária, por decretos. Esta política

sanitarista e de renovação urbana143 encaminhada por Pereira Passos e seus

sucessores significou a demolições de prédios e habitações populares, arrasamento

de morros, aterros de pântanos e da orla, execução de vias com privilégio para o

centro e sul da cidade (RAGO, 1985; ROCHA, 1986). Surgem já nesta época as

primeiras favelas e, a malha urbana chega à Lagoa e Leblon e, em São Cristóvão e

periferia, devido à implantação de indústrias de médio porte. Iniciou-se a integração

urbana com a Baixada Fluminense e a renovação, adensamento e verticalização de

áreas da cidade (DEL RIO, 1990; KAUFFMANN, 2003).

Em 1924, foi promulgado também por decreto um novo código (em substituição

ao de 1903), denominado “novo padrão de construções”, permitindo maior

intensificação da ocupação urbana. Em 1927, elabora-se o Plano de Remodelação,

Extensão e Embelezamento, O Plano Agache que estabelecia controle edilício e

controle urbanístico separando áreas para moradia, comércio e indústria.

Privilegiava o centro da cidade e determinadas áreas mais valorizadas. Propunha a

construção de cidades satélites na periferia e próximas às zonas industriais como

forma de resolução do problema das favelas.

Apesar de não ter sido implantado o Plano Agache influenciou entre outras

medidas, na adoção do zoneamento da cidade consolidado no Decreto 6.000/37,

denominado Código de Obras. Esta legislação (com forte influência racional-

funcionalista) se manteve praticamente inalterada até 1967 e incentivou o

adensamento e verticalização da cidade principalmente no litoral da zona sul e

adjacências, no centro e ao longo das principais vias de circulação, processo de

verticalização e adensamento urbano já impulsionado pelo Decreto 5.481/28 e

143 Nesta época, simultaneamente ao crescente processo de expansão e ao agravamento das condições de vida urbana no antigo núcleo, a cidade passou a ser tematizada como uma questão ou, ainda, como um objeto de estudo ‘coisificado’, como corpo humano a ser investigado pela medicina, tornando-se então, segundo Pechman (1996), “referência fundamental na articulação de um pacto entre os grupos oligarcas dominantes enquadrando novos e velhos grupos citadinos à dinâmica de uma cidade em transformação e que entronizava os princípios higienistas como norma de comportamento social” (PECHMAN, 1996; KAUFFMANN e ABREU, 1996). Estes atos levaram ao surgimento de um grande número de projetos urbanos elaborados por médicos e sanitaristas, cujos ‘sistemas de ações’ baseavam-se na alteração do uso e na ocupação do solo, especialmente, no trecho correspondente a atual área central da cidade (FREITAS RIBEIRO, 2009).

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detalhado pelo Decreto 5.595/35. Já a partir de 1930, a industrialização crescente

acelerou o processo de urbanização na direção sul, e também para Jacarepaguá e

periferia, acentuando os impactos ambientais e as prioridades aos transportes

rodoviários individuais. Aumenta a população e proliferam as favelas. Acentua-se o

processo de renovação urbana com verticalização de bairros (Copacabana e Centro

principalmente) agora com prédios de vários pavimentos (KAUFFMANN, 2003;

RESENDE, 1982; SILVA, 1996 a e b).

A partir da década de 50 surgem vários projetos de renovação urbana

justificando o maior aproveitamento dos terrenos e maiores gabaritos. Este

paradigma nos países do Primeiro Mundo foi institucionalizado como política oficial

de intervenção nas áreas centrais e ocasionou inúmeras atrocidades a nível social,

contra comunidades locais como, por exemplo, nos projetos de renovação de áreas

centrais históricas de Londres e Paris, resultando na demolição de importante

patrimônio cultural e arquitetônico e de grandes impactos econômicos. Da mesma

forma, no Rio justificou, por exemplo, a demolição do Morro de Santo Antônio e a

execução de diversos projetos de arrasamento das regiões periféricas à central e

construção da Cidade Nova (DEL RIO, 1993). Proliferam também as unidades

habitacionais reduzidas, conhecidas como “kitchenettes”, principalmente na zona sul,

adensando ainda mais os bairros de Botafogo e Copacabana, problema só

minimizado com o Decreto 1.509/63. Entretanto o adensamento e verticalização

continuariam favorecidos pelo Decreto “E” 991/61 que passou a permitir um gabarito

único para toda a cidade ainda maior que os doze pavimentos previstos no Decreto

6.000/37.

Neste processo de urbanização extremamente rápido evidencia-se o

crescimento populacional e de construções, adensando e expandindo cada vez mais

a cidade especialmente na direção oeste (Barra da Tijuca e Jacarepaguá) e

periferias. A renovação urbana se manteve, bem como a intervenção na malha viária

e se acentua a remoção de favelas. Vários sub-centros se consolidaram, e também

os desequilíbrios e as desigualdades sociais. Foram encaminhadas várias

intervenções para a cidade. O Plano Doxíades de 1965, não implantado, apresentou

propostas para a rede viária e sistematizou uma série de dados estatísticos sobre a

cidade, subsidiando o processo, de modernização e atualização da legislação, que

então se iniciaria. Em 1967, a Lei de Desenvolvimento Urbano do Estado da

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Guanabara, Lei 1.574/67, é regulamentada pelo Decreto “E” 3.800/70 (ambos ainda

em vigor) que incentiva o adensamento da cidade e favorece o desenvolvimento de

áreas de comércio e serviços (Centros de Bairros – CBs), mas as características

ambientais e paisagísticas seriam preservadas, inclusive por decretos posteriores.

Entretanto a verticalização indiscriminada em toda a cidade continuava o que o

Decreto 322/76, procurou regulamentar com diversas alterações, em vigor até hoje

para grande parte da cidade, mas acabou por favorecer uma homogeneização

físico-espacial, o aumento das atividades da construção civil e servindo aos

interesses desenvolvimentistas. Em 1977, o Plano Urbanístico Básico da Cidade do

Rio de Janeiro (PUB RIO) busca uma caracterização do município, diretrizes para o

desenvolvimento urbano (no sentido oeste), uma nova regionalização (APs e UEPs)

e cria os Projetos de Estruturação Urbana (PEUs) para conjuntos de bairros com

certa homogeneidade urbanística, consolidando os regulamentos, decretos, PAAs e

PALs. Contariam ainda com a participação popular no processo de sua elaboração.

As sucessivas modificações ao Decreto 322/76, transformaram a legislação

urbanística do Rio de Janeiro “em um conjunto disperso e descoordenado de leis

que se modificam, se superpõem e, muitas vezes, estão em conflito” (RIO DE

JANEIRO, 2002). Foram elaborados ainda o Plano Lucio Costa para a Barra da

Tijuca e Baixada de Jacarepaguá (1965-71) e o Pit Metrô (Projeto em 1971, início da

operação em 1979). (DEL RIO, 1990; KAUFFMANN, 2003; RESENDE, 1982; SILVA,

1996 a e b).

Houve, a partir de década de 80, diminuição da velocidade de crescimento da

cidade, mas a expansão continuou na direção da Barra da Tijuca e Recreio dos

Bandeirantes, com luxuosos condomínios fechados. O debate acerca da qualidade

de vida se acentuou, a população assumiu papel ativo nas reivindicações por

melhores condições de vida. Cresce a participação popular na gestão urbana, junto

a um forte questionamento quanto às formas de desenvolvimento e progresso e,

começam a criar vulto as questões ecológicas e de defesa do meio ambiente.

Discute-se a questão do desenvolvimento urbano associada à questão ambiental, e

as ações antrópicas negativas impostas ao meio ambiente, também como reflexos

da realização da Conferência de Estocolmo, em 1972, e da publicação do Relatório

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Brundtland, em 1987 que apresentou o termo desenvolvimento sustentável,

amplamente divulgado a partir da ECO92144.

Neste período (início da década de 70) também no âmago das críticas ao

paradigma desenvolvimentista, seus modelos e políticas urbanas, se instaura nos

países do Primeiro Mundo a era do conservadorismo, da preservação histórica e

ambiental, congelando as testemunhas históricas, entendendo a arquitetura como

monumento145, com efeitos também no Brasil e no Rio. A esta etapa se segue, um

novo momento de maior preocupação pelos contextos existentes e pelo uso de

recursos não-renováveis, a ampliação do conceito de patrimônio, que passa a

incorporar a “memória coletiva e não apenas os chamados monumentos, e a busca

por maiores processos colaborativos entre os principais grupos políticos e

econômicos interessados (governo, comunidades e empresários)”. Vários modelos

com os mais variados ingredientes: comércio, serviços, habitação, lazer etc. são

adotados, partindo-se de elemento catalisador do desenvolvimento (que pode ser

um conjunto histórico, conjuntos culturais, centros de convenções), capaz de

colaborar intensa e continuamente com o processo e a geração desta nova imagem,

de se constituir em dinamizador econômico e social (DEL RIO, 1993).

A partir da década de 80, no Rio de Janeiro e, como no Brasil em geral, estes

projetos de revitalização urbana implementados foram em número reduzido,

limitados a projetos específicos e desligados de um pensamento mais global. Cabe,

entretanto destaque ao pioneiro e modelar Projeto Corredor Cultural no Rio (iniciado

ao final de 1979), abrangendo regulamentos e programas para preservação,

recuperação, permanência e revitalização de conjuntos histórico-arquitetônicos e sua

ambiência no centro da cidade recuperando sua imagem e conteúdo simbólico

atraindo novos usuários, novos usos culturais e comerciais e novos investimentos

(DEL RIO, 1993). Quanto a estas intervenções e projetos de revitalização urbana Del

Rio (1993) alerta especialmente para o incentivo fácil ao consumo de símbolos e

para a transformação de lugares históricos em objetos de merchandising, como que

antevendo os rumos do planejamento para o modelo estratégico.

144 Conforme já comentado especialmente no prólogo e item 2.1. 145 Conforme já visto no item 2.4.

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Na verdade já no início dos anos 90, o

projeto urbano ganha importância nos planos estratégicos, pois materializa as intervenções urbanas necessárias para aumentar a competitividade urbana. Sua função é revitalizar os espaços urbanos importantes e dotá-los de infra-estrutura moderna e de atrativos, sejam estes interativos ou contemplativos. O novo projeto urbano que será aplicado no Rio de Janeiro contém, em si, elementos que devem propiciar as trocas e intercâmbios sociais, melhorar a imagem urbana, integrar tecidos urbanos e sociais fragmentados e identificar ou criar pontos nodais e marcos (KLEIMAN et al., 2006, p.12).

Este projeto teria então o “papel decisivo de ligar o que nasceu desligado, para

servir de ponte entre centro e periferia, entre partes ou diferentes áreas mono-

funcionais da periferia”. As chamadas novas centralidades, que são um dos temas

mais recorrentes dos projetos urbanos atuais, incluindo componentes tão diferentes

como Universidade, shopping, formas de lazer mais livres ou, ao contrário,

temáticas. Portanto, é “uma conjugação destes elementos que procura dar

continuidade no espaço de uma cidade que é essencialmente descontínua”

(PORTAS, 1996).

Este projeto urbano seria ainda

um urbanismo de correção que corrige o antigo e produz o novo tanto na História quanto na imaginação; um urbanismo de articulação que articula o antigo e o novo, o social e o espacial; [...] um urbanismo localizado e um urbanismo de contexto; um urbanismo temático; um urbanismo de atores, das diferentes estratégias dos diferentes atores, mas também de definição de uma estratégia global; [...]um urbanismo que considera a duração do tempo e o tempo é estratégia; [...[um urbanismo de articulação, de coordenação das ações públicas e privadas (TSIOMIS, 1996).

Os projetos urbanos pontuais seriam então considerados

capazes de dotar as cidades com novos instrumentos, que lhes permitam simultaneamente formular programas em médio e longo prazo, bem como gerir o curto prazo, fazer face ou tirar partido de toda a sorte de imprevistos e de oportunidades, de reagir às transformações do meio ambiente, de levar em conta as lógicas de múltiplos parceiros e de definir uma imagem competitiva da cidade com base em novos objetos arquitetônicos monumentais com tipologias pretensamente globais, que passam a constituir os novos ‘sistemas de objetos’ da cidade, para os quais todas as ações públicas e privadas ou, seja, os ‘sistemas de ações’ devem se voltar (FREITAS RIBEIRO, 2009; GONZÁLES e VILLAVICENCIO, 2006; MARQUES DA SILVA, 1999).

Paralelamente a estas iniciativas do planejamento estratégico, paradoxalmente

se aprova o Plano Diretor Decenal da Cidade do Rio de Janeiro (1992) aos moldes

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funcionalistas, um plano físico-territorial de caráter geral, embora não possa ser

caracterizado como meramente um plano racional-funcionalista, já que agrega

concepções do ideário da reforma urbana que nega o conceito de cidade idealizada,

pressuposto daquele modelo de planejamento (FREITAS RIBEIRO, 2009). O Plano

Diretor contemplou parte dos anseios da população organizada, incluindo

recomendações quanto à preservação e recuperação do ambiente natural e

construído e à urbanização de favelas, que passaram a temas de discussão e de

implementação de programas públicos.

Neste contexto, em 1993, é formulado o Plano Estratégico I da Cidade do Rio

de Janeiro intitulado "Rio Sempre Rio", caracterizado por uma nova gestão de

governo, sob a administração do prefeito César Maia (1993-1996), de poder

decisório centralizado no executivo, marcada por grandes obras públicas e

programas sociais, entre outras, a construção da Linha Amarela (importante via de

ligação entre a Zona Norte e a Zona Oeste), o Programa Favela-Bairro (que

procurou integrar as favelas do Rio de Janeiro ao tecido urbano da cidade) e o

Programa Rio Cidade (propondo o bem-estar aliado à funcionalidade dos serviços à

população). Destaca-se também o Fortalecimento da Secretaria Municipal de

Urbanismo – SMU, da Secretaria Municipal de Habitação – SMH, do Instituto

Municipal de Informática – IPLANRIO (atual Instituto Municipal de Urbanismo Pereira

Passos – IPP, como uma espécie de ‘agência de urbanismo’), da Secretaria

Extraordinária de Meio Ambiente – SMAC e da Secretaria Municipal de Obras –

SMO e, a adoção de nova metodologia para a elaboração de PEUs (FREITAS

RIBEIRO, 2009; RIO DE JANEIRO, 1993).

A administração do prefeito Luiz Paulo Conde (1997-2000) manteve a

centralização das decisões no executivo, com o apoio da Secretaria Municipal de

Urbanismo – SMU (o órgão mais importante do período) envolvendo em sua órbita o

Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos – IPP, (vinculado à SMU); da

Empresa Municipal de Urbanização – RIOURBE, articulada à Secretaria Municipal

de Obras – SMO; da Secretaria Municipal de Habitação – SMH e; da Secretaria

Municipal de Meio Ambiente – SMAC. A concepção estratégica de planejamento

urbano teve seqüência, bem como o Programa Favela-Bairro II, do Programa Rio-

Cidade II e a construção da Linha Amarela. Foram criados o Programa Bairrinho o

Programa Grandes Favelas e o Programa Novas Alternativas para Projetos

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Habitacionais. A legislação urbanística foi adequada aos projetos urbanos pontuais e

à nova concepção de planejamento (FREITAS RIBEIRO, 2009; RIO DE JANEIRO,

2010a).

Em seguida, na segunda administração César Maia (2001-2004), manteve-se a

mesma feição do poder decisório, mas com ênfase na participação do presidente do

Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos – IPP e do secretário municipal de

obras. Foram criadas a Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos – SEAE; a

Gerência de Operações Especiais – GOE; a Coordenadoria de Regularização

Urbanística – CRU e o Conselho de Política Urbana – COMPUR foi recriado. Os

programas anteriores tiveram seguimento ao lado das iniciativas: Plano de

Revitalização e Reestruturação da Zona Portuária do Programa Urb-Cidade;

Programa de Obras ‘Pentágono do Milênio’146 e demais ações para o término da

obras dos equipamentos esportivos destinados aos Jogos Pan-americanos RIO

2007 (FREITAS RIBEIRO, 2009; RIO DE JANEIRO, 2001 e 2010a).

Foi elaborado, ainda nesta gestão, o Plano Estratégico II - "As Cidades da

Cidade”, constituído por 12 planos estratégicos regionais, voltado à elaboração de

planos por regiões, cujas principais orientações foram: focar o desenvolvimento

endógeno, aproveitar o acervo de conhecimento sobre a cidade que a equipe

técnica formada com quadros da própria Prefeitura já possuía, e estabelecer

parcerias com o talento das universidades, partícipes de todo o processo; de modo a

identificar o seu papel específico na cidade e as formas de desempenhá-lo,

definindo estratégias e projetos que construirão seus objetivos centrais de

construção de uma cidade voltada ao futuro (CASTRO, 2004; KLEIMAN et al., 2006).

146 Freitas Ribeiro (2009) destaca que as transformações ocorridas na cidade do Rio de Janeiro a partir de 1993 com a implantação do planejamento estratégico, mais especificamente, nos ‘sistemas de ações’ adotados e, portanto, nos ‘sistemas de objetos’ arquitetônicos monumentais especialmente o ‘Pentágono do Milênio’, materializam um conjunto de mudanças no modelo e nas práticas do planejamento urbano carioca que necessitam de investigação da noção de cidade que transcende o cenário físico da vida humana ou, ainda, como paisagem, objeto comum aos arquitetos e historiadores da arquitetura; mas sim, se configura como corpo social ou segundo o pensamento de alguns autores como: formas construídas como a expressão de um novo tipo de sociedade (HALL, 2005, p. 342); a forma física que corresponde à organização social e que contém numerosas informações sobre as características da sociedade (BENÉVOLO, 2006, p. 13 e 14); artefatos dinâmicos moldados pela intervenção humana (GRANT, 2005, p. 49); uma justaposição de matéria e cultura, onde, convergem os tempos passados, presentes e futuros (CONDE e MAGALHÃES, 2004); a configuração da estrutura social e a materialização desta estrutura no território (CARVALHO SANTOS, s.d.); a materialização das diversas ações coletivas, caracterizando-se como expressão da própria dinâmica social e de seus signos (KAUFFMANN, 1994, p.16); um espaço simbólico, de integração cultural, da identidade coletiva e que possui um valor e uma marca para o exterior (RIO DE JANEIRO, 1993).

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Kleiman et al. destacam que

tais planos regionais consistem em retratar as regiões através de um pré-diagnóstico, [detectando as debilidades], em diagnóstico constituído de um histórico e das potencialidades locais e das estratégias necessárias para alcançar o objetivo central através de projetos desenvolvidos com base em objetivos específicos, seguindo um programa e definindo os parceiros. Verifica-se, ainda, a inclusão desses projetos no Orçamento Municipal e a existência de uma articulação entre os planos com base no papel de cada região na cidade e de papéis complementares. Busca-se também, o envolvimento da sociedade para a realização dos planos, das estratégias e dos projetos, além de seu monitoramento por todos os envolvidos de modo a possibilitar uma avaliação dos impactos dos planos, dos projetos e da eficácia das estratégias ao final do processo (2006, p.16).

E, na sua terceira gestão, iniciada em 2005, César Maia (2005-2008) privilegia

a construção de objetos arquitetônicos monumentais como vetores privilegiados e

estruturantes do desenvolvimento econômico da cidade. É projetada a

imagem do Rio de Janeiro competitivo para a atração de recursos, de eventos e de turistas, [com base] na ‘mercadorização’ da cidade, da cultura e do esporte por meio da produção de espaços voltados ao consumo, com destaque para a dimensão cultural de todo este processo de reformulação do planejamento urbano (FREITAS RIBEIRO, 2009).

Esta administração foi marcada pela criação da “Cidade do Samba” na zona

portuária capitalizando o evento do carnaval carioca, e procurando assim

implementar igualmente a revitalização da área do porto do Rio de Janeiro. À

construção da “Cidade da Música” na Barra da Tijuca, complexo com grandes salas

para música clássica (KLEIMAN et al., 2006), seguiram-se os programas anteriores

ao lado do Programa Ciclovias Cariocas (FREITAS RIBEIRO, 2009). Neste contexto,

o grande evento estratégico foi a realização dos Jogos Pan-Americanos em 2007,

para o qual se programou um conjunto de obras de estádios incluindo uma Vila

Olímpica, seguindo o Plano de Legado Urbano e Ambiental – RIO 2016, plano da

candidatura da cidade do Rio de Janeiro para sediar os Jogos Olímpicos, ancorado

no processo de planejamento da cidade, expresso no seu Plano Diretor Decenal em

vigor, e na política de ordenamento territorial prevista na revisão deste plano, na

época ainda em discussão na Câmara dos Vereadores (RIO DE JANEIRO, 2007).

Na verdade este processo de revisão do Plano Diretor, já iniciado na virada do

século XXI, bem como a elaboração e votação de diversos PEUs, já a partir de 2001,

causaram polêmicas, traduzindo as contradições dos interesses na apropriação e

uso da cidade e, os reflexos da transição inacabada do modo de planejamento

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racional-funcionalista para o planejamento estratégico que concomitantemente

segue sendo implantado.

A nova administração do prefeito Eduardo Paes (2009-2012) manteve o

modelo estratégico de planejamento, com visão geral de abordagem da cidade e,

também integrada às ações setorizadas, no caso, foram articulados os objetivos

centrais do governo às diretrizes para cada uma das 10 áreas de resultado. Essas

diretrizes setoriais foram traduzidas em metas específicas e mensuráveis a serem

alcançadas a partir de trinta e sete iniciativas estratégicas, apoiadas em indicadores

de desempenho, cronogramas e, sobretudo, orçamentos. Adota também programas

de revitalização e requalificação urbana, e pólos de atração de investimentos. O

Plano Estratégico da Prefeitura do Rio de Janeiro (2009-2012): Pós 2016 – O Rio

mais Integrado e Competitivo, se aplica à divisão da cidade em quatro macro-zonas

de ocupação urbana147 e busca “recuperar o dinamismo econômico e o

protagonismo político da cidade, a se tornar referência em sustentabilidade e,

sobretudo, melhorar as condições de vida da população” (RIO DE JANEIRO, 2011d).

Também com ênfase no discurso da sustentabilidade, paralelamente, foi

aprovada a revisão do Plano Diretor, em 1º de fevereiro de 2011, na Lei

Complementar 111/2011, que instituiu o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano

Sustentável do Município do Rio de Janeiro, aos moldes do seu antecessor.

Apresenta, entretanto avanços em termos de preservação ambiental, na gestão

democrática da cidade, da integração do planejamento urbano com o de recursos

hídricos e ambientais, conforme já comentado, reforçando a adoção da bacia

hidrográfica como unidade de gestão, prevendo que para

a elaboração de Planos de Estruturação Urbana148, conforme o estabelecido no artigo 68 desta Lei Complementar poderão ser instituídas Unidades Espaciais de Planejamento que correspondam a um ou mais bairros em continuidade geográfica, bem como a bacias ou sub-bacias hidrográficas, facilitando a articulação entre o planejamento urbano e a gestão dos recursos hídricos (artigo 36, parágrafo 2º) (RIO DE JANEIRO, 2011 e 2011c).

147 Na Figura 3.2.2.5, item 3.2, a seguir, apresenta-se o mapa do município do Rio de Janeiro e as divisões nas macro-zonas de ocupação urbana. 148 A elaboração dos novos PEUs, agora planos e não mais projetos, se destinam aos “casos em que for necessária a revisão da legislação urbanística instituída pela Lei de Uso e Ocupação do Solo, em especial, nas áreas onde esteja ocorrendo intenso adensamento, degradação urbana, esvaziamento econômico e nas áreas onde a incidência de instrumentos de proteção ao ambiente cultural demonstre a necessidade de novo ordenamento e controle da ocupação” (LC 111/2011 artigo 68 parágrafo 1º) (RIO DE JANEIRO, 2011c).

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Cabe destacar ainda neste plano diretor uma peculiaridade que chama a

atenção devido à similaridade com o modelo estratégico149. A estruturação urbana

da cidade, quando necessária, será promovida mediante a

instituição de Pólos de Atração de Investimentos e Desenvolvimento Sustentável – PADES, localizados ao longo do anel viário de integração municipal, cujo objetivo é fomentar a atração de Investimentos e a valorização ambiental e social das respectivas áreas de influência, com vistas a um desenvolvimento mais homogêneo das diversas regiões da cidade, à redução dos deslocamentos e a valorização das identidades dos bairros e regiões (artigo11) (RIO DE JANEIRO, 2011c).

A abordagem parece bastante próxima do discurso do planejamento

estratégico no que se refere aos projetos de intervenção pontual em regiões ou

obras catalisadoras de investimentos e extensoras de valorização urbana. A divisão

administrativa do Plano Diretor de 2011, da mesma forma que o anterior e também

os estratégicos não guardam correspondência com as bacias hidrográficas150.

Destaca-se então a partir do exposto a permanência do planejamento racional

funcionalista não em paralelo, mas em concomitância (algumas vezes em

contradição, especialmente no âmbito legislativo, traduzida em polêmicas no

processo de revisão do Plano Diretor, entre outras) com o planejamento estratégico.

Embora não seja condição essencial do modelo estratégico a substituição do

anterior, conforme lembram alguns autores (por exemplo, GUERRA, 2000;

ASCHER, 1994) vale registrar como bem ressaltam Kleiman et al. (2006) a novidade

do planejamento estratégico na cidade do Rio de Janeiro, que passa a partir do

segundo plano estratégico a “considerar as escalas diferenciadas, porém

interligadas, configurando uma administração voltada à reformatação geral da

cidade, ou seja, um plano totalizante” (conforme o modelo progressista) de modo

diferente como foi desencadeado no primeiro plano estratégico baseado na gestão

por projetos urbanos pontuais, característicos dos anos 1990, “estruturado

principalmente a partir do interesse do capital, sendo legitimado e consolidado

indiretamente pelo Estado”, deslocando o recorte espacial da escala do local, 149 As considerações aqui apresentadas acerca dos modelos de planejamento, inclusive sobre o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Sustentável do Município do Rio de Janeiro, têm caráter mais ilustrativo, sem a pretensão de aprofundar ou esgotar a discussão, o que fugiria ao escopo da presente tese. 150 As Figuras 3.2.2.2 a 3.2.2.6, incluídas no item 3.2 a seguir, apresentam, respectivamente, os mapas do município do Rio de Janeiro com as divisões administrativas adotadas no Plano Diretor de 1992 e modificações; as do Plano Diretor de 2011 em vigor; a divisão nas 12 regiões do Planejamento Estratégico II; a divisão nas 4 macro-zonas de ocupação urbana do Plano Estratégico (2009-2012) em vigor e; a divisão em bacias e sub-bacias hidrográficas.

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atributo do espaço intra-urbano, para o Rio de Janeiro na sua totalidade e,

possivelmente, para escalas maiores (ABREU, 1987; KLEIMAN et al., 2006, p.16 e

17).

Pode-se sintetizar que a aplicação simultânea ao território da cidade do Rio de

Janeiro dos planos diretores e dos planos e projetos estratégicos tem sido

viabilizada pela apropriação parcial de ambos por parte do executivo municipal. Ao

mesmo tempo em que são utilizados instrumentos do plano diretor, concretizam-se

projetos do planejamento estratégico e a cidade se submete à influência do

urbanismo regulador, com suas formas racionais – eficientes e funcionais – de

organização do território; concomitantemente aos expedientes do urbanismo

operacional, chamado também de ativo, cuja ênfase consiste na ação (ARAÚJO,

2005). Cabe considerar que os planos estratégicos, ao contrário do plano diretor,

não são objetos de aprovação por Lei, podendo por isto sofrer alterações em

qualquer circunstância sem discussão na Câmara Municipal do Rio de Janeiro,

associa-se a isto a sua característica de ação através de projetos pontuais,

articulados ou não a uma visão mais geral da cidade, esta, contemplada no plano

diretor. Tais contradições acabaram por favorecer a aplicação do zoneamento

(funcionalista)151 como instrumento principal de planejamento e as sucessivas

alterações da legislação urbanística, muitas vezes sob a intenção de viabilizar, ou

adequar determinada iniciativa pontual ao contexto urbano geral, resultando

especialmente na alteração de alinhamentos viários e de parâmetros de uso e

ocupação do solo152, em geral concentradas nas áreas mais valorizadas da cidade.

Na verdade, o que se depreende da leitura do resumo das expansões e

intervenções no Rio de Janeiro, aqui exposto, é que tal dinâmica tem sido verificada

desde o início da expansão da cidade, agravando-se o grau de intervenção e

também as conseqüências negativas à qualidade de vida urbana para a maioria dos

moradores. Ou seja, o processo de desenvolvimento do Rio de Janeiro, guarda na

complexidade e diversidades de atuações, permanências e contradições,

151 A discussão acerca do zoneamento, conforme visto, encontra-se no item 2.4.2. 152 Esta dinâmica de alteração de parâmetros urbanísticos está sistematizada nos itens 3.2 a 3.4. Cabe ressaltar que entre aos anos de 1992 e 2002 foram listados 211 expedientes (incluindo-se Leis, Projetos de Lei, Decretos, Leis Complementares, Projetos de Lei Complementar e Resoluções) que apresentavam modificações de parâmetros de uso e ocupação do solo (ARAÚJO, 2005, Anexos: Tabela 4) e, 541 Decretos foram exarados entre os anos de 1993 a 2008 (não incluídos os Decretos que tratam de nomes de rua e praças) alterando a legislação urbanística em geral, não só os parâmetros (KAUFFMANN LEIVAS, 2010).

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possibilidades de revelar conexões importantes para o entendimento desta dinâmica

e para a construção da sustentabilidade urbana, especialmente se articulada à

gestão de recursos hídricos oportunizando a superação do planejamento

contemporâneo. A partir da análise desta síntese do desenvolvimento e crescimento

da cidade, também sistematizada no Quadro 3.1.1 a seguir, podem-se destacar as

constantes transformações urbanas, a utilização de diversos recursos de

planejamento incluindo a legislação urbanística viabilizando ou normatizando estas

atuações. O estudo da evolução da legislação urbanística da cidade do Rio de

Janeiro, tratada resumidamente no item 3.2 adiante, ilustra este processo trazendo

luz ao importante papel dos indicadores como elementos facilitadores das alterações

na legislação, no uso e nas feições da cidade.

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Fonte: Elaboração da autora com base nas referências adotadas no texto Rio de Janeiro: Expansões e Intervenções.

QUADRO 3.1.1 - Rio de Janeiro: Expansões e Intervenções

PERÍODO POPULAÇÃO CARACTERÍSTICAS DA EXPANSÃO URBANA INTERVENÇÃO URBANA – LEGISLAÇÃO, PROJETOS E PLANOS

COLONIAL

Século XVI

Reduzida Núcleo urbano na várzea seca entre os Morros do Castelo, de São Bento, da Conceição, e de Santo Antônio.

Primeiros regulamentos urbanísticos editados pelas ordenações reais tratavam de arruamentos, aspectos construtivos e posturas. Precursores do urbanismo: mestres-do-risco (Mestre Valentim - obra do Passeio Público), seguidos dos engenheiros–militares (Brigadeiro Alpoim) e dos arquitetos-paisagistas (Grandjean de Montigny 1816 e Auguste Glaziou (1861) entre outros. O major Henrique de Beaupaire Rohan, em 1843 propôs um plano de remodelação da cidade, englobando aspectos de saneamento e embelezamento com visão dos problemas urbanos bem adiantada para a época.

Século XVII / XVIII

Início séc XVIII 10.000 hab

Final 44.000

Expansão urbana pela planície até o Campo de Santana, em lotes com casas acanhadas sem jardim e grudadas umas nas outras.

IMPERIAL

Início do

Século XIX

Em 1818 110.000 hab

Malha urbana chega à Cidade Nova, Mata-Porcos, Catumbi e São Cristóvão (Zona Norte) e à Glória, Catete, Botafogo e Laranjeiras (Zona Sul). Instalam-se as chácaras, em centro de lote, nas grandes propriedades fracionadas situadas nas periferias

Final do Século

XIX. 500.000 hab

Expansão da cidade com residências ainda com um ou dois pavimentos para a Zona Sul até Copacabana e em direção à Zona Norte e ao longo da linha férrea, surgindo os subúrbios com população pobre.

Primeiro Plano de Intervenções para a cidade de 1875, elaborado pela Comissão de Melhoramentos buscando inclusive a resolução de problemas de saneamento e inundações, propondo obras de canalização e retificação de rios, drenagem, alargamento e pavimentação de ruas.

REPÚBLICA

De 1900 a 1930

Em 1906 800.000 hab

Em 1920 1.158.000 hab

Política sanitarista e de renovação urbana de Pereira Passos e seus sucessores. Surgem as primeiras favelas. A urbanização chega à Lagoa e Leblon e, em São Cristóvão e periferia. Iniciou-se a integração urbana com a Baixada Fluminense e a renovação, adensamento e verticalização de áreas da cidade.

Decretos: a partir de 1902 os Projetos de Alinhamento (PAs) definiam índices e taxas para construção e ocupação dos terrenos; em 1903, Decreto 391 legitimou diversas intervenções da Reforma de Pereira Passos (1902-1906) e PALs. Em 1924, um novo código (em substituição ao de 1903): “novo padrão de construções”, permite intensificação da ocupação urbana. Em 1927, o Plano Agache estabelece controle edilício e urbanístico, com áreas para moradia, comércio e indústria. Privilegia o centro da cidade e áreas valorizadas, e aloca pobres na periferia.

De 1930 a 1960

Em 1950 2.377.000 hab

Em 1960 3.300.431 hab

Processo de urbanização se acelera na direção sul, Jacarepaguá e periferia. Proliferam as favelas em “convivência pacífica” com as áreas nobres. Acentua-se o processo de renovação urbana com verticalização de bairros (Copacabana e Centro).

Plano Agache influenciou adoção do zoneamento da cidade consolidado no Decreto 6.000/37, Código de Obras, de influência racionalista, inalterado até 1947 incentivou o adensamento e verticalização da cidade. Vários projetos de renovação urbana a partir da década de 50. Proliferam as “kitchenettes” (Botafogo e Copacabana) problema minimizado com o Decreto 1.509/63. Adensamento e verticalização continuam favorecidos pelo Decreto “E” 991/61 que permite gabarito único para toda a cidade ainda maior que os doze pavimentos previstos no Decreto 6.000/37.

De 1960 a 1980

Em 1980 5.090.723 hab

Rápido adensamento e expansão urbana na direção oeste (Barra da Tijuca e Jacarepaguá) e periferias. Renovação urbana e consolidação de vários sub-centros. A intervenção na malha viária e a remoção de favelas. Legislação urbanística do Rio um conjunto disperso e descoordenado de leis que se modificam, se superpõem muitas vezes em conflito.

O Plano Doxíades (1965) propôs intervenção viária e sistematizou dados estatísticos sobre a cidade, modernização da legislação. Lei de Desenvolvimento Urbano do Estado da Guanabara, Lei 1.574/67 regulamentada pelo Decreto “E” 3.800/70 (ambos ainda em vigor) incentiva o adensamento da cidade e favorece o desenvolvimento de áreas de comércio e serviços (CBs). O Decreto 322/76 tenta regulamentar este processo, mas favorece homogeneização físico-espacial e aumento das atividades da construção civil. Em 1977, o PUB RIO busca caracterização do município, diretrizes para o desenvolvimento urbano (sentido oeste), nova regionalização (APs e UEPs) e cria os PEUs procurando consolidar os PAs e PALs. Elaboram-se ainda o Pit Metrô (1971) e o Plano Lucio Costa para a Barra da Tijuca e Baixada de Jacarepaguá (1965-71).

De 1980 a 2010

Em 1991 5.480.768 hab

Em 2000 5.851.914 hab

Em 2005 6.094.183 hab

Em 2010 6.323.037 hab

Expansão na direção da Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes, com luxuosos condomínios fechados. Preservação urbana e ambiental, urbanização de favelas. Aprovação do Plano Diretor de 1992. Desenvolvimento sustentável, elaboração de PEUs, a partir de 2001, polêmicas e contradições de interesses na apropriação e uso da cidade. Processo de transição do planejamento racional-funcionalista para o estratégico, desde os anos 90. Revisões do Plano Estratégico a cada gestão e do Plano Diretor em fevereiro de 2011. Necessidade de superação do planejamento contemporâneo.

Projeto Corredor Cultural (1984), Projetos de revitalização urbana, de 1988 a 1993, Prefeito Marcelo Alencar. Plano Diretor Decenal (1992). Movimentos Ambientalistas (ECO 92). Plano Estratégico I (1993): Rio Sempre Rio, Linha Amarela, Programa Favela Bairro, Rio Cidade. 1993 – 1996 Prefeito César Maia, Secretário de Urbanismo Luiz Paulo Conde: Linha Vermelha, COMPUR, Movimentos para elaboração de PEUs. Plano Estratégico da Cidade do Rio de Janeiro: Rio Sempre Rio (1993). 1996 – 2001 Prefeito Luiz Paulo Conde, Secretária de Urbanismo Hélia Nacif Xavier: PPPs, conceito de projeto urbano com maior flexibilidade. 2001 – 2004 Prefeito César Maia, Secretário de Urbanismo Alfredo Sirkis: Plano Estratégico II (As Cidades da Cidade), 12 planos estratégicos regionais. Estatuto da Cidade (2001). Encaminhado o Substitutivo do Plano Diretor Decenal da Cidade do Rio de Janeiro (2001). 2005 – 2008 Prefeito César Maia, Secretário de Urbanismo Augusto Ivan P. de Freitas: Jogos Pan-americanos, Cidade do Samba, Zona Portuária, Cidade da Música). Plano de Legado Urbano e Ambiental RIO 2016. 2009 – 2012 Prefeito Eduardo Paes, Secretário de Urbanismo Sérgio Rabaça Moreira Dias: Plano Estratégico da Prefeitura do Rio de Janeiro 2009-2012: Pós 2016 – O Rio mais Integrado e Competitivo. Aprovada revisão do Plano Diretor (2011).

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3.2. ARCABOUÇO JURÍDICO URBANÍSTICO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

O crescimento urbano do Rio de Janeiro vem ao longo do tempo sendo

normatizado e regulamentado por arcabouço jurídico urbanístico que vem se

consolidando, conforme se verifica a partir da leitura do percurso histórico da cidade

(resumido no item anterior), em processo também muitas vezes contraditório de

busca da sustentabilidade urbana.

Neste sentido, uma questão prioritária que hoje se coloca é a integração dos

planejamentos urbano, de recursos hídricos e ambientais que a legislação já tem

recomendado, inclusive a adoção da bacia hidrográfica como unidade de gestão,

junto a diversas regulamentações e limites dos impactos negativos ao ambiente

urbano e natural. O texto a seguir (item 3.2.1) procura destacar nas interfaces dos

aspectos de recursos hídricos, urbanos e ambientais as principais e mais gerais

normas aplicadas à gestão integrada das águas urbanas.

Na dinâmica da expansão urbana do Rio de Janeiro, como também destacado

no item anterior, tem se configurado em um conjunto de normas muitas vezes em

sobreposição, contraditórias e em descompasso com as necessidades da maioria da

população por melhores condições de vida urbana. As evidências mais diretas deste

processo podem ser observadas nas alterações da legislação urbanística e,

especificamente na legislação de uso do solo tratada no item 3.2.2, com ênfase nas

modificações dos parâmetros urbanísticos consideradas no item 3.2.3 e, também

evidenciadas na aplicação no estudo de caso na Barra da Tijuca (item 3.2.4). Com

base nestas considerações apresenta-se então no item 3.2.5 o desenvolvimento da

proposta do novo indicador, o IOS-BH.

Para tal, selecionaram-se, sob cada enfoque principal de investigação do

presente estudo: integração dos planejamentos (incluindo a bacia hidrográfica como

unidade de gestão) e legislação urbanística (e indicadores), as variantes que melhor

pudessem identificar na evolução da legislação urbanística os reflexos dos

movimentos de expansão e intervenção no Rio de Janeiro com vistas à superação

da insustentabilidade.

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192

3.2.1. Interfaces dos Aspectos de Recursos Hídricos, Urbanos e Ambientais

A construção da sustentabilidade urbana, conforme visto, questão bastante

ampla e nem sempre consensual em diversos pontos, entretanto, tem se

consolidado na perspectiva da integração dos planejamentos urbano, do ambiente e

das águas.

A questão urbana, enquanto questão social e ainda articulada à questão

ambiental e de recursos hídricos assumiu este enfoque já na promulgação da

Constituição Federal, em 1988, que, entre outros aspectos, dedicou capítulos

especiais ao Meio Ambiente e à Política Urbana, expressando entre outros o objetivo

de garantir o bem–estar dos habitantes das cidades e a competência da União

quanto aos planos e programas nacionais e regionais de ordenação do território e de

desenvolvimento. Instituiu o Plano Diretor para cidades com mais de vinte mil

habitantes como instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão

urbana e garantiu ao município autonomia para deliberar e executar sobre todos os

assuntos de interesse local. Destacam-se no texto constitucional alguns artigos que

tratam especificamente da questão urbana, ambiental e de recursos hídricos. O

Quadro 3.2.1.1 apresentado a seguir ilustra estes aspectos considerados

importantes para a gestão urbana de forma integrada e sustentável.

QUADRO 3.2.1.1 – Constituição Federal de 1988: Aspectos de Recursos

Hídricos, Urbanos e Ambientais Artigos Assunto (Aspectos de Recursos Hídricos)

20, Inciso III

São bens da União: os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limite com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais.

20, Inciso IX São bens da União: os recursos minerais, inclusive os do subsolo.

21, Inciso XIX Competência da União: Instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso.

22, Inciso IV Competência Privativa da União: Legislar sobre as águas.

22, Inciso XII Competência Privativa da União: Legislar sobre jazidas, minas, outros recursos minerais.

23, Inciso XI Competência Comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: Registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios.

26, Inciso I Incluem–se entre os bens dos Estados; as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União.

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193

QUADRO 3.2.1.1 – Constituição Federal de 1988: Aspectos de Recursos Hídricos, Urbanos e Ambientais (Continuação)

Artigos Assunto (Aspectos Urbanos)

21, Inciso IX Competência da União: Elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e social.

21, Inciso XX Competência da União: Instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos.

23, Inciso IX Competência Comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: Promover programas de construções de moradia e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico.

30, Inciso I Competência dos Municípios: Legislar sobre assuntos de interesse local.

30, Inciso II Competência dos Municípios: Suplementar a legislação federal e a estadual no que couber.

30, Inciso VIII Competência dos Municípios: Promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso do solo, do parcelamento e da ocupação do solo urbano.

182 e 183 Política Urbana (Título VII, Capítulo II).

Artigos Assunto (Aspectos Ambientais)

23, Inciso VI Competência Comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: Proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas.

23, Inciso VII Competência Comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: Preservar as florestas, fauna e flora.

24, Inciso VIII Competência Concorrente da União, dos Estados e do Distrito Federal: Legislar sobre responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.

225 Meio Ambiente (Título VIII, Capítulo VI).

Fonte: Elaboração da autora com base em Medauar (2002).

Cabe citar ainda nesta época, no que se refere à legislação federal, a

elaboração da proposta de gestão integrada de recursos hídricos; a criação do

Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos em 1988 e

posteriormente a formulação da Lei das Águas, Lei 9.433 de 08.01.97, importantes

marcos referentes à legislação de uso e proteção dos recursos hídricos, já

contemplando a bacia hidrográfica como unidade territorial de planejamento

(MEDAUAR, 2002). Em seguida somou-se a estas normas o Estatuto da Cidade, Lei

10.257 de 10.07.2001 que estabeleceu diretrizes gerais para a política urbana,

regulamentou a aplicação de instrumentos destinados a conferir uma função social à

propriedade urbana e determinou as condições para a elaboração e implantação dos

Planos Diretores, garantindo a Gestão Democrática das Cidades e explicitando o

conceito de sustentabilidade entendido como justiça social e ambiental. O Quadro

3.2.1.2 a seguir incluído apresenta de forma sistematizada estas normas juntamente

com a principal legislação federal relacionada ao meio ambiente natural e urbano.

Listaram-se adiante, no Quadro 3.2.1.3 a legislação de âmbito estadual e no

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Quadro 3.2.1.4153 das normas municipais: Lei Orgânica e Plano Diretor as interfaces

com os aspectos ambientais e de recursos hídricos.

Destacaram-se nestes quadros a correspondência mais direta com o tema

principal da tese: sustentabilidade urbana, buscando-se as variantes relacionadas à

gestão integrada das águas urbanas. Foram selecionadas, neste objetivo, a principal

legislação e a de caráter mais geral, agrupada por tipos de Atos Normativos (Lei,

Decreto Lei, Resolução e Portaria) e por data de promulgação, seguidas dos

comentários pertinentes.

Apresenta-se a seguir o Quadro 3.2.1.2154 que trata da interface dos aspectos

de recursos hídricos, urbanos e ambientais com a principal legislação federal.

QUADRO 3.2.1.2 – Interface dos Aspectos de Recursos Hídricos (RH), Urbanos (URB) e Ambientais (MA) com a Legislação Federal

LEIS Nº / Data Ementa / Comentários Aspectos

4.132 de 10.09.62

Define casos de desapropriação por interesse social e dispõe sobre sua aplicação.

URB

4.717 de 29.06.65

Regula a ação popular URB / MA/RH

4.771 de 15.09.65

Institui o Código Florestal. MA

6.403 de 15.12.76

Modifica dispositivos do Decreto Lei 227 de 28.02.67 (Código de Mineração), alterado pelo Decreto Lei 318 de 17.03.67.

MA

6.535 de 15.06.78

Declara as florestas e matas virgens nas regiões metropolitanas de preservação permanente (revogada).

MA/URB

6.726 de 21.11.79

Dá nova redação ao parágrafo único do artigo 27 do Decreto Lei 7.841 de 08.08.45 (Código de Águas Minerais).

RH

6.766 de 19.12.79

Dispõe sobre o parcelamento do solo urbano, e dá outras providências.

URB

6.803 de 02.07.80

Estabelece diretrizes básicas para o zoneamento industrial nas áreas críticas de poluição.

MA/ URB

6.902 de 27.04.81

Dispõe sobre a criação de estações ecológicas e de áreas de proteção ambiental.

MA/ URB

6.938 de 31.08.81

Dispõe sobre a Política Nacional de Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências.

MA

153 Neste Quadro 3.2.1.4 foram consideradas apenas as duas normas gerais, Lei Orgânica e Plano Diretor, favoráveis a identificação da interface dos aspectos principais aqui estudados, tendo em vista a competência constitucional municipal de legislar sobre assuntos urbanos e, portanto a preponderância do assunto na legislação municipal sobre os outros aspectos (recursos hídricos e ambientais) mais presentes na legislação federal e estadual. As principais normas municipais estão relacionadas no Quadro 3.2.2.1, no item 3.2.2., que trata do uso e ocupação do solo urbano. 154 As Declarações, Tratados e Atos Internacionais de importância ao tema não se encontram listados neste quadro e sim, no Quadro 2.1.1.2 – Desenvolvimento Sustentável – Síntese Histórica, apresentado no item 2.1.1.

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QUADRO 3.2.1.2 – Interface dos Aspectos de Recursos Hídricos (RH), Urbanos (URB) e Ambientais (MA) com a Legislação Federal (Continuação)

7.347 de 24.07.85

Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico e dá outras providências. Alterada pelas Leis 8.078/90; 8.884/94; 9494/97; 10.257/2001; MPV l.914-4 de 28.07.99; MPV 2.180-35 de 24.08.2001; Leis 11.448 de 15.01.2007 e 12.288 de 20.07.2010.

MA

7.511 de 07.07.86

Altera dispositivos da Lei 4.771 de 15.09. 65, que institui o novo Código Florestal (revogada).

MA

7.661 de 16.05.88

Institui o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro e dá outras providências. Prevê ainda o zoneamento costeiro.

RH

7.735 de 22.02.89

Dispõe sobre a extinção de órgão e de entidade autárquica, cria o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis e dá outras providências.

MA

7.754 de 14.04.89

Estabelece medidas para proteção das florestas existentes nas nascentes dos rios e dá outras providências.

MA/RH

7.797 de 10.07.89

Cria o Fundo Nacional de Meio Ambiente e dá outras providências. Alterada pelas Leis 8.028 de 12.04.90 e 8.134 de 27.12.90.

MA

7.803 de 18.07.89

Altera a redação da Lei 4.771 de 15.09.65 (Código Florestal) e revoga as Leis 6.535 de 15.06.78 e 7.511 de 07.07.86.

MA

7.804 de 18.07.89

Altera a Lei 6.938 de 31.08.81, a Lei 7.735 de 22.02.89 e a Lei 6.803 de 02.07.80 (zoneamento industrial).

MA/ URB

8.171 de 17.01.91

Dispõe sobre a política agrícola. Estabelece ainda no artigo19, Inciso II a recomendação da realização de zoneamentos agro-ecológicos. Alterada pelas Leis 9.272/96; 9.712/98; 9.972/2000; 10.228/2000; 10.246/ 2001; 10.298/2001; 10.327/2001; 10.990\2004; 11.718 de 20.06.2008; 11.775 de 17.09.2008; 12.058 de 13.10.2009; LC137 de 26.08.2010.

MA/URB

8.901 de 30.06.94

Regulamenta a disposição no parágrafo 2º do artigo 176 da Constituição Federal e altera dispositivos do Decreto Lei 227 de 28.02.67 – Código de Mineração, adaptando-o às normas constitucionais vigentes.

MA

9.433 de 08.01.97

Dispõe sobre a Política Nacional de Recursos Hídricos e institui o Sistema Nacional de Recursos Hídricos. Alterada pela Lei 12.334 de 20.09.2010.

RH

9.605 de 12.02.98

Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Alterada pela MPV 2.163-41 de 23.08.01; Lei 9.985 de 18.06.2000; MPV 62 de 22.08.2002; Leis 11.284 de 02.03.2006; 11.428 de 22.12.2006; 12.305 de 02.08.2010 e 12.408 de 25.05.2011.

MA

9.785 de 29.01.99

Dispõe sobre o parcelamento do solo urbano e dá outras providências (altera Lei 6.766 de 19.12.79).

URB

9.795 de 27.04.99

Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências.

MA

9.966 de 28.04.2000

Dispõe sobre a prevenção, o controle e a fiscalização da poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional e dá outras providências.

MA/RH

9.984 de 17.07.2000

Cria a Agência Nacional de Águas – ANA, responsável pela implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos – PNRH. A deliberação e formulação da PNRH ficam a cargo da Secretaria de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente – SRH/MMA.

RH

9.985 de 18.07.2000

Regulamenta o artigo 225, parágrafo1º, incisos I, II, III e VII, da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências.

MA/URB

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QUADRO 3.2.1.2 – Interface dos Aspectos de Recursos Hídricos (RH), Urbanos (URB) e Ambientais (MA) com a Legislação Federal (Continuação)

10.203 de 22.02.2001

Dá nova redação aos artigos 9º e 12 da Lei 8.723 de 28.10.93, que dispõe sobre a redução de emissão de poluentes por veículos automotores e dá outras providências.

MA

10.257 de 10.07.2001

Regulamenta os artigos 182 e 183 da Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras providências (Estatuto da Cidade).

URB

10.406 de 10.01.2003

Institui o Código Civil, Revoga a Lei 3.071 de 01.01. 1916 - Código Civil dos Estados Unidos do Brasil.

URB/MA/RH

10.881 de 09.06.2004

Dispõe sobre os contratos de gestão entre a Agência Nacional de Águas e entidades delegatárias das funções de Agências de Águas relativas à gestão de recursos hídricos de domínio da União e dá outras providências.

RH

11.284 de 02.03.2006

Dispõe sobre a gestão de florestas públicas para a produção sustentável; institui, na estrutura do Ministério do Meio Ambiente, o Serviço Florestal Brasileiro - SFB; cria o Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal - FNDF; altera as Leis 10.683 de 28.05.2003; 5.868 de 12.12.1972; 9.605 de 12.02.1998; 4.771 de 15.09.1965; 6.938 de 31.08.1981 e 6.015 de 31.12.1973 e dá outras providências. (Alterada pela Lei 11.516 de 28.08.2007).

MA

11.445 de 05.01.2007

Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico; altera as Leis 6.766 de 19.12.1979; 8.036, de 11.05.1990; 8.666 de 21.06. 1993; 8.987 de 13.02.1995; revoga a Lei 6.528 de 11.05.1978 e dá outras providências.

MA

11.997 de 07.07.2009

Dispõe sobre o Programa Minha Casa, Minha Vida – PMCMV e a regularização fundiária de assentamentos localizados em áreas urbanas; altera o Decreto Lei 3.365 de 21.06.1941; as Leis 4.380 de 21.08.1964; 6.015 de 31.12.1973; 8.036 de 11.05.1990 e 10.257 de 10.07.2001 e a M P 2.197-43 de 24.08.2001 e dá outras providências. Alterada pelas Leis 12.058 de 13.10.2009; 12.350 de 20.12.2010 e 12.424 de 16.06.2011.

URB

12.490 de 16.09.2011

Altera as Leis 9.478 de 06.08.1997 e 9.847 de 26.10.1999, que dispõem sobre a política e a fiscalização das atividades relativas ao abastecimento nacional de combustíveis; o parágrafo 1º do artigo 9º da Lei 8.723 de 28.10.1993, que dispõe sobre a redução de emissão de poluentes por veículos automotores; as Leis 10.336 de 19.12.2001, e 12.249 de 11.06.2010; o Decreto Lei 509 de 20.03.1969; a Lei 10.683 de 28.05.2003; revoga a Lei 7.029 de 13.09.1982 e dá outras providências.

MA

12.512 de 14.10.2011

Institui os Programas de Apoio à Conservação Ambiental e o de Fomento às Atividades Produtivas Rurais. Altera as Leis 10.696 de 02.07.2003; 10.836 de 09.01.2004 e 11.326 de 24.07.2006.

MA

DECRETOS LEI Nº / Data

Ementa / Comentários Aspectos

7.841 de 08.08.45

Código de águas minerais. Estabeleceu normas para o aproveitamento das águas minerais.

RH

227 de 28.02.67

Código de Minas. Dá nova redação ao Decreto Lei 1.985 de 29.01.1940. Estabeleceu a competência da União na administração dos recursos minerais e a sistemática do regime de aproveitamento dos mesmos. Reconheceu as águas subterrâneas como substâncias minerais de valor econômico e formadoras de jazida. Alterado pelos DLs 318 de 14.03.1967; 330 de 13.09.1967; 723 de 31.07.1969; 1.038 de 21.10.1969; Leis 6.403 de 15.12.1976; 6.567 de 24.09.1978; 7.085 de 21.12.1982; 7.805 de 18.07.1989; 7.886 de 20.11.1989; 8.522 de 11.12.1992; 8.901 de 30.06.1994; 9.314 de 14.11.996 e 9.827 de 27.08.1999.

MA

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QUADRO 3.2.1.2 – Interface dos Aspectos de Recursos Hídricos (RH), Urbanos (URB) e Ambientais (MA) com a Legislação Federal (Continuação)

1.413 de 14.08.75

Dispõe sobre o controle da poluição do meio ambiente provocada por atividades industriais.

MA

DECRETOS Nº / Data

Ementa / Comentários Aspectos

24.643 de 10.07.34

Código das Águas. RH

76.389 de 03.10.75

Dispõe sobre as medidas de prevenção e controle da poluição industrial.

MA

84.017 de 21.09.79

Regulamenta os parques nacionais brasileiros. URB

84.398 de 16.01.80

Dispõe sobre a ocupação de faixas de domínio de rodovias e de terrenos de domínio público e a travessia de hidrovias, rodovias e ferrovias, por linha de transmissão, sub-transmissão e distribuição de energia elétrica e dá outras providências.

URB

89.336 de 31.01.84

Dispõe sobre as reservas ecológicas e áreas de relevante interesse ecológico, e dá outras providências.

MA/URB

94.076 de 05.03.87

Institui o Programa Nacional de Micro-bacias Hidrográficas e dá outras providências.

RH

97.822 de 08.06.89

Institui o Sistema de Monitoramento Ambiental e dos Recursos Naturais por Satélite, SIMARH e dá outras providências.

MA

98.897 de 30.01.90

Dispõe sobre as reservas extrativistas, e dá outras providências. MA

99.274 de 06.06.90

Regulamenta a Lei 6.902 de 27.04.81, e a Lei 6.938 de 31.08.81, que dispõem, respectivamente, sobre a criação de estações ecológicas e áreas de proteção ambiental e sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, e dá outras providências.

MA/URB

99.556 de 01.10.90

Dispõe sobre a proteção das cavidades naturais subterrâneas existentes no território nacional e dá outras providências.

MA

1.298 de 27.10.94

Aprova o regulamento das florestas nacionais – FLONAS. MA

1.922 de 05.06.96

Dispõe sobre o reconhecimento das reservas particulares do patrimônio natural.

MA

2.119 de 13.01.97

Dispõe sobre o Programa Piloto para Proteção das Florestas Tropicais do Brasil e sobre a sua Comissão de Coordenação, e dá outras providências.

MA

2.612 de 09.06.98

Regulamenta o Conselho Nacional de Recursos Hídricos e dá outras providências.

RH

3.179 de 21.09.99

Dispõe sobre a especificação das sanções aplicáveis às condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências.

MA

3.420 de 20.04.2000

Dispõe sobre a criação do Programa Nacional de Florestas – PNF, e dá outras providências.

MA

3.692 de 19.12.2000

Dispõe sobre a instalação, aprova a Estrutura Regimental e o Quadro Demonstrativo dos Cargos Comissionados e dos Cargos Comissionados Técnicos da Agência Nacional das Águas – ANA e dá outras providências.

RH

3.834 de 05.06.2001

Regulamenta o artigo 55 da Lei 9.985 de 18.07.2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza, e delega competência ao Ministro de Estado do Meio Ambiente para a prática do ato que menciona, e dá outras providências.

MA

3.919 de 14.09.2001

Acrescenta artigo ao Decreto 3.179 de 14.09.99, que dispõe sobre a especificação das sanções aplicáveis às condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências.

MA

4.281 de 25.06.2002

Regulamenta a Lei 9.795/1999 que institui a Política Nacional de Educação Ambiental, e dá outras providências.

MA

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QUADRO 3.2.1.2 – Interface dos Aspectos de Recursos Hídricos (RH), Urbanos (URB) e Ambientais (MA) com a Legislação Federal (Continuação)

4.297 de 10.07.2002

Regulamenta o artigo9, inciso II, da Lei 6.938 de 31.08.1981, estabelecendo critérios para o Zoneamento Ecológico-Econômico do Brasil - ZEE, e dá outras providências.

MA/URB

4.326 de 08.08.2002

Institui no âmbito do Ministério do Meio Ambiente o Programa Áreas Protegidas da Amazônia, e dá outras providências.

MA

4.340 de 22.08.2002

Regulamenta artigos da Lei 9.985 de 18.07.2000, que dispõe sobre o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC, e dá outras providências.

MA

4.592 de 11.02.2003

Acresce parágrafo ao artigo 47-A do Decreto 3.179 de 21.09.99, que dispõe sobre a especificação das sanções aplicáveis às condutas lesivas ao meio ambiente.

MA

4.613 de 11.03.2003

Regulamenta o Conselho Nacional de Recursos Hídricos. RH

4.864 de 24.10.2003

Acresce e revoga dispositivos do Decreto 3.420 de 20.04.2000,que dispõe sobre a criação do Programa Nacional de Florestas – PNF.

MA

4.927 de 23.12.2003

Dá nova redação à alínea “e” do inciso I do artigo 3º do Decreto 2.119 de 13.01.97, que dispõe sobre o Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil e sua Comissão de Coordenação.

MA

5.440 de 04.05.2005

Estabelece definições e procedimentos sobre o controle de qualidade da água de sistemas de abastecimento e institui mecanismos e instrumentos para divulgação de informação ao consumidor sobre a qualidade da água para o consumo humano.

RH

5.975 de 30.11.2006

Regulamenta artigos das Leis 4.771/1965; 6.938/1981; 10.650/2003; altera Decretos 3.179/1999 e 3.420/2000.

MA

6.063 de 20.03.2007

Regulamenta Lei 11.284/2006 que dispõe sobre a gestão de florestas públicas para a produção sustentável.

MA

RESOLUÇÕES Nº / Data

Ementa Aspectos

CONAMA 04/85 de 18.09.85

Dispõe sobre as reservas ecológicas. MA

CONAMA 01/86 de 23.01.86

Disciplina o estudo de impacto ambiental. Dispõe sobre critérios básicos e diretrizes gerais para o Relatório de Impacto Ambiental – RIMA.

MA

CONAMA 20/86 de 08.06.86

Dispõe sobre a classificação dos corpos d’água. MA/RH

CONAMA 06/87 de 16.09.87

Dispõe sobre o licenciamento ambiental de obras de grande porte. MA/URB

CONAMA 09/87 de 03.12.87

Disciplina a realização de audiências públicas. MA

CONAMA 05/88 de 15.06.88

Submete obras de saneamento ao licenciamento ambiental. MA

CONAMA 06/88 de 15.06.88

Dispõe sobre o inventário de resíduos industriais. MA

CONAMA 10/88 de 14.12.88

Dispõe sobre as áreas de proteção ambiental. MA/URB

CONAMA 12/89 de 14.09.89

Dispõe sobre as áreas de relevante interesse ecológico. MA/URB

CONAMA 09/90 de 06.12.90

Dispõe sobre o licenciamento ambiental para pesquisa e extração de minerais classes I, III. IV, V, VI, VII, VIII e IX.

MA

CONAMA 10/90 de 06.12.90

Dispõe sobre o licenciamento ambiental para extração de mineral classe II.

MA

CONAMA 06/91 de 19.09.91

Dispõe sobre o tratamento de resíduos sólidos provenientes de estabelecimentos de saúde, portos e aeroportos.

MA

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199

QUADRO 3.2.1.2 – Interface dos Aspectos de Recursos Hídricos (RH), Urbanos (URB) e Ambientais (MA) com a Legislação Federal (Continuação)

CONAMA 04/93 de 31.03.93

Considera de caráter emergencial, para fins de zoneamento e proteção, as formações nativas de restinga.

MA/URB

CONAMA 05/93 de 05.08.93

Estabelece normas para tratamento e disposição de resíduos sólidos oriundos de serviços de saúde, portos, aeroportos e terminais ferroviários e rodoviários.

MA

CONAMA 03/96 de 18.04.96

Define vegetação remanescente de Mata Atlântica. MA

CONAMA 09/96 de 24.10.96

Define ‘corredores entre remanescentes’ de que trata o artigo 7º do Decreto 750/93.

MA

CONAMA 237/97 de 19.12.97

Dispõe sobre o licenciamento ambiental e distribuição de competências entre União, estados e municípios.

MA

CONAMA 274/2000 de 29.11.2000

Revisa os critérios de balneabilidade em águas brasileiras. RH

CONAMA 06/2001 de 20.03.2001

Institui o Programa Nacional de Despoluição de Bacias Hidrográficas.

RH/MA

ANA 26/2002 de 07.02.2002

Dá nova redação à Resolução ANA 06/2001 de 20.03.200, que instituiu o Programa Nacional de Despoluição de Bacias Hidrográficas.

RH/MA

CONAMA 302/2002 de 20.03.2002

Dispõe sobre os parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente de reservatórios artificiais e o regime de uso do entorno.

MA/URB

CONAMA 303/2002 de 20.03.2002

Dispõe sobre parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente.

MA/URB

ANA 117/2002 de 17.06.2002

Estabelece os critérios para a habilitação no Programa Nacional de Despoluição de Bacias Hidrográficas, dos empreendimentos localizados em rios de domínio da União que ainda não possuam Comitê de Bacia instituído e instalado e dá outras providências.

RH/MA

CONAMA 339/2002 de 03.11.2003

Dispõe sobre a criação, normatização e o funcionamento dos jardins botânicos, e dá outras providências.

MA/URB

CONAMA 357/2005 de 18.03.2005

Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. Alterada pelas Resoluções 370/ 2006, 397/ 2008, 410/ 2009 e 430/ 2011.

RH/MA

CONAMA 369/2006 de 29.03.2006

Dispõe sobre os casos excepcionais, de utilidade pública, interesse social ou baixo impacto ambiental, que possibilitam a intervenção ou supressão de vegetação em Área de Preservação Permanente – APP.

MA/URB

CONAMA 378/2006 de 20.10.2006

Define os empreendimentos potencialmente causadores de impacto ambiental nacional ou regional para fins do disposto no inciso III, parágrafo 1o, artigo19 da Lei 4.771 de 15.09.1965, e dá outras providências. Alterada pela Resolução 428/ 2010.

MA

CONAMA 379/2006 de 20.10.2006

Cria e regulamenta o sistema de dados e informações sobre a gestão florestal no âmbito do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA.

MA

CONAMA 396/2008 de 07.04.2008

Dispõe sobre a classificação e diretrizes ambientais para o enquadramento das águas subterrâneas e dá outras providências.

RH/MA

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200

QUADRO 3.2.1.2 – Interface dos Aspectos de Recursos Hídricos (RH), Urbanos (URB) e Ambientais (MA) com a Legislação Federal (Continuação)

CONAMA 397/2008 de 07.04.2008

Altera o inciso II do parágrafo 4o e a Tabela X do parágrafo 5o, ambos do artigo 34 da Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA 357/ 2005, que dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes. Alterada pela Resolução 410/ 2009.

RH/MA

CONAMA 404/2008 de 12.11.2008

Estabelece critérios e diretrizes para o licenciamento ambiental de aterro sanitário de pequeno porte de resíduos sólidos urbanos.

MA/URB

CONAMA 412/2009 de 13.05.2009

Estabelece critérios e diretrizes para o licenciamento ambiental de novos empreendimentos destinados à construção de habitações de Interesse Social.

MA/URB

CONAMA 422/2010 de 23.03.2010

Estabelece diretrizes para as campanhas, ações e projetos de Educação Ambiental, conforme Lei 9.795 de 27.04.1999, e dá outras providências.

MA

CONAMA 428/2010 de 17.12.2010

Dispõe, no âmbito do licenciamento ambiental sobre a autorização do órgão responsável pela administração da Unidade de Conservação (UC), de que trata o parágrafo 3º do artigo 36 da Lei 9.985 de 18.07.2000, bem como sobre a ciência do órgão responsável pela administração da UC no caso de licenciamento ambiental de empreendimentos não sujeitos a EIA-RIMA e dá outras providências.

MA/URB

ANA 71/2011 de 14.03.2011

Ato Normativo. Aprova o Regulamento do Programa de Despoluição de Bacias Hidrográficas – PRODES para o exercício de 2011. Alterada pela Resolução 310 de 23.05.2011.

MA/RH

PORTARIAS Nº / Data

Ementa Aspectos

SEMA 01 de 09.12.74

Estabelece normas e critérios gerais para exame e classificação das águas de recreação balneária.

RH

GM 13 de 15.01.76

Estabelece classificação das águas interiores do Território Nacional.

RH

MINTER 53/79 de 01.03.79

Dispõe sobre o tratamento, transporte e disposição final de resíduos sólidos.

MA

MINTER 124/80 de 20.08.80

Estabelece normas para localização e construção de instalações que armazenem substâncias potencialmente causadoras de poluição hídrica.

MA/RH/URB

MMA 220/2003 de 12.05.2003

Institui o Comitê de Integração de Políticas Ambientais – CIPAM. MA

MMA 319/2003 de 15.08.2003

Estabelece os requisitos mínimos quanto ao credenciamento, registro, certificação, qualificação, habilitação, experiência e treinamento profissional de auditores ambientais para execução de auditorias ambientais que especifica.

MA

MMA 354/2006 de 11.12.2006

Institui Grupo de Trabalho para propor diretrizes, programas, instrumentos e ações direcionadas a estimular a restauração e a preservação das Áreas de Preservação Permanente-APPs; propor estratégias e instrumentos para o monitoramento das APPs; planejar as atividades a serem desenvolvidas para a campanha nacional "Vamos cuidar das APPs”.

MA

MMA 357/2006 de 18.11.2006

Instituir, no âmbito do Ministério do Meio Ambiente, Comissão Permanente com a finalidade de sugerir procedimentos para articulação e integração das ações e temas conexos do Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA e do Conselho Nacional de Recursos Hídricos-CNRH.

MA/RH

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201

QUADRO 3.2.1.2 – Interface dos Aspectos de Recursos Hídricos (RH), Urbanos (URB) e Ambientais (MA) com a Legislação Federal (Continuação)

MMA 031/2007 de 23.02.2007

Instituir Grupo de Monitoramento Permanente para o acompanhamento da Resolução CONAMA 362 de 23.06.2005, que dispõe sobre o recolhimento, a coleta e a destinação final de óleo lubrificante usado ou contaminado.

MA

MMA 590/2007 de 05.12.2007

Designar os representantes dos órgãos e entidades, indicados por seus titulares, para compor a Comissão Permanente de articulação e integração do Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA e do Conselho Nacional de Recursos Hídricos-CNRH, instituída pela Portaria 357 de 18.11.2006.

MA/RH

Instrução Normativa IBAMA 14de 19.05.2009

Regula os procedimentos para apuração de infrações administrativas por condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, a imposição das sanções, a defesa ou impugnação, o sistema recursal e a cobrança de multa e sua conversão em prestação de serviços de recuperação, preservação e melhoria da qualidade ambiental no âmbito do IBAMA.

MA

Fonte: Elaboração da autora com base em ANA (2011a); Rio de Janeiro (2011a); Medauar (2002) e Brasil (2011).

A legislação de âmbito regional (estadual) da mesma forma que no nível

federal também apresenta novas formulações, principalmente a partir do final da

década de 80, em contribuição para a construção da sustentabilidade urbana,

conforme exemplificado para o Estado do Rio de Janeiro no Quadro 3.2.1.3, a

seguir, que relaciona os dispositivos da constituição estadual e as principais normas

que tratam dos aspectos urbanos, de meio ambiente e dos recursos hídricos.

QUADRO 3.2.1.3 – Interface dos Aspectos de Recursos Hídricos (RH), Urbanos (URB) e Ambientais (MA) com a Legislação Estadual

CONSTITUIÇÃO ESTADUAL de 89

Artigos Assunto Aspecto

229 a 241 Política Urbana (Título VII, Capítulo III), competência de legislar do Município e, do Estado onde couber de acordo com a Constituição Federal.

URB

261 a 282 Meio Ambiente (Título VII, Capítulo VIII), competência do Estado em comum com a União e Municípios de acordo com a Constituição Federal.

MA

Incluso em Meio Ambiente, especialmente nos incisos V, VII e XIX do artigo261

Recursos Hídricos, competência de legislar privativa da União de acordo com a Constituição Federal.

RH

DECRETOS LEI Nº / Data

Ementa Aspecto

13 de 15.03.75 Cria o conselho deliberativo e o conselho consultivo da Região Metropolitana do Rio de Janeiro e dá outras providências.

URB

77 de 29.04.75 Altera disposições do regulamento de zoneamento aprovado pelo Decreto “E” 3.800 de 20.04.1970, e dá outras providências.

URB

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202

QUADRO 3.2.1.3 – Interface dos Aspectos de Recursos Hídricos (RH), Urbanos (URB) e Ambientais (MA) com a Legislação Estadual

(Continuação)

134 de 16.06.75 Dispõe sobre prevenção e controle da poluição do meio ambiente no Estado do Rio de Janeiro e dá outras providências.

MA

LEIS Nº / Data

Ementa Aspecto

2.377 de 28.06.74Cria o Parque Estadual da Pedra Branca, no Município do Rio de Janeiro;

MA/URB

466 de 22.10.81 Dispõe sobre o zoneamento industrial na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

MA/URB

650 de 11.01.83 Dispõe sobre a Política Estadual de Defesa e Proteção das Bacias Fluviais e Lacustres do Rio de Janeiro;

MA/RH

690 de 01.12.83 Dispõe sobre a proteção às florestas e demais formas de vegetação natural e dá outras providências.

MA

784 de 05.10.84

Estabelece normas para a concessão da anuência prévia do estado aos projetos de parcelamento do solo para fins urbanos nas áreas declaradas de interesse especial à proteção ambiental e dá outras providências.

MA/URB

940 de 17.12.85 Preservação de coleções hídricas. MA/RH

965 de 06.06.86 Dispõe sobre obrigatoriedade de plantio de árvores em todos os loteamentos a serem aprovados no estado do Rio de Janeiro, e dá outras providências.

URB/MA

1.060 de 17.11.86 Institui o Fundo Especial de Controle Ambiental – FECAM. MA 1.071 de 18.11.86 Cria o Instituto Estadual de Florestas. MA

1.130 de 12.02.87

Define as áreas de interesse especial do Estado e dispõe sobre os imóveis de área superior a 1.000.000m2 (hum milhão de metros quadrados) e imóveis localizados em áreas limítrofes de municípios, para efeito do exame e anuência prévia a projeto de parcelamento do solo para fins urbanos, a que se refere o artigo 13 da Lei 6.766/79.

MA

1.204 de 07.10.87Institui o comitê de defesa do litoral do estado do Rio de Janeiro - CODEL e dá outras providências.

MA

1.315 de 07.06.88Institui a política florestal do estado do Rio de Janeiro e dá outras providências.

MA

1.331 de 12.07.88Dispõe sobre a criação de área de proteção ambiental - APA de Gericinó/Mendanha nos municípios de Nova Iguaçu, do Rio de Janeiro e Nilópolis.

MA/URB

1.356 de 03.10.88Dispõe sobre os procedimentos vinculados à elaboração, análise e aprovação dos estudos de impacto ambiental.

MA

1.671 de 21.06.90Institui e Fundação Superintendência Estadual de Rios e Lagoas - SERLA.

RH

1.681 de 19.07.90Dispõe sobre a elaboração do plano diretor das áreas de proteção ambiental criadas no estado, e dá outras providências.

MA

1.700 de 29.08.90Estabelece medidas de proteção ambiental da Baía de Guanabara.

MA

1.807 de 03.04.91Dispõe sobre a criação dos "Parques das Dunas" em todo o estado.

MA/URB

1.844 de 21.07.91Institui o Selo Verde, em todo território do estado do Rio de Janeiro, com o fim de identificar produtos fabricados e comercializados que não causem danos ao meio ambiente.

MA

1.898 de 26.11.91Normatiza a elaboração de Auditorias Ambientais no Estado do Rio de Janeiro.

MA

1.901 de 29.1.91 Dispõe sobre a criação do Parque Estadual da Serra da Tiririca e dá outras providências.

MA/URB

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203

QUADRO 3.2.1.3 – Interface dos Aspectos de Recursos Hídricos (RH), Urbanos (URB) e Ambientais (MA) com a Legislação Estadual

(Continuação)

2.189 de 05.12.93Dispõe sobre a criação de Área de Proteção Ambiental - APA -Tijuca, no município do Rio de Janeiro.

MA/URB

2.195 de 17.12.93Institui a Área de Proteção Ambiental - APA - da Ilha do Camembê, na baía de Guanabara, no município do Rio de Janeiro.

MA/URB

2.318 de 22.09.94Autoriza o poder executivo a criar a Reserva Ecológica da Ilha Grande.

MA/URB

2.484 de 18.12.95Autoriza o Poder Executivo a criar o Fórum Estadual de Acompanhamento do Programa de Despoluição da Baía de Guanabara.

MA

2.717 de 24.04.97Proíbe a construção, a qualquer título, de dispositivos que venham a obstruir canais de irrigação pelo mar, ou alterar o entorno das lagoas, em suas configurações naturais.

URB/RH/MA

2.787 de 15.09.97

Cria, no âmbito do estado do Rio de Janeiro, o Programa da Agenda 21, com a finalidade de normatizar, facilitar e integrar as ações necessárias ao planejamento sócio-econômico-ambiental participativo.

MA

3.239 de 02.08.99

Institui a Política Estadual de Recursos Hídricos que regulamenta toda a estrutura operacional estadual para gerenciamento dos recursos hídricos, incluindo instrumentos e sistemas (Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos – Comitês de Bacia Hidrográfica).

RH

3.325 de 17.12.1999

Dispõe sobre a educação ambiental, institui a política estadual de educação ambiental, cria o programa estadual de educação ambiental e complementa a Lei Federal 9.795/99 no âmbito do estado do Rio de Janeiro.

MA

3.467 de 14.09.2000

Dispõe sobre as sanções administrativas derivadas de condutas lesivas ao meio ambiente no estado do Rio de Janeiro, e dá outras providências.

MA

3.760 de 07.01.2002

Cria a área de Proteção Ambiental da Bacia do Rio Guandu e determina providências para defesa da qualidade da água.

MA

3.832 de 13.05.2002

Institui o dia estadual de limpeza das praias no estado do Rio de Janeiro.

MA

4.051 de 30.12. 2002

Dispõe sobre a criação do programa S.O.S rio Paraíba do Sul, objetivando a sua revitalização, no estado do Rio de Janeiro.

RH/MA

4.063 de 02.01.2003

Fica determinada a realização do zoneamento ecológico - econômico do estado do Rio de Janeiro, observados, no que couber, os princípios e objetivos estabelecidos no Decreto Federal 4.297/2002, que estabelece os critérios para zoneamento ecológico - econômico do Brasil.

URB/MA

4.247 de 16.12.2003

Dispõe sobre cobrança p/ utilização dos recursos hídricos de domínio Estado do Rio de Janeiro e dá outras providências.

RH

4.517 de 17.01.2005

Modifica a Lei 1.356 de 03.10.1988, que dispõe sobre os procedimentos vinculados à elaboração, análise e aprovação dos estudos de impacto ambiental.

MA

4.943 de 20.12.2006

Dispõe sobre a implantação de aterros sanitários na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.

URB/MA

4.962 de 20.12.2006

Cria o fundo estadual de habitação de interesse social - FEHIS e dá outras providências.

URB

5.000 de 08.03.2007

Altera a Lei 1.356 de 03.10.1988, que dispõe sobre os procedimentos vinculados à elaboração, análise e aprovação dos estudos de impacto ambiental.

MA

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204

QUADRO 3.2.1.3 – Interface dos Aspectos de Recursos Hídricos (RH), Urbanos (URB) e Ambientais (MA) com a Legislação Estadual

(Continuação)

5.067 de 09.07.2007

Dispõe sobre o zoneamento ecológico-econômico do estado do Rio de Janeiro e definindo critérios para a implantação da atividade de silvicultura econômica no estado do Rio de Janeiro.

URB/MA

5.068 de 11.07.2007

Institui o Programa Estadual de Parcerias Público-Privadas - PROPAR.

URB

5.101 de 04.10.2007

Dispõe sobre a criação do Instituto Estadual do Ambiente – INEA e sobre outras providências para maior eficiência na execução das políticas estaduais de meio ambiente, de recursos hídricos e florestais.

MA

5.192 de 16.01.2008

Dispõe sobre a Elaboração do Plano Diretor Metropolitano do estado do Rio de Janeiro.

URB

5.234 de 05.05.2008

Altera a Lei 4.247 de 16.12.2003, que dispõe sobre a cobrança pela utilização dos recursos hídricos de domínio do estado do Rio de Janeiro e dá outras providências.

RH

5.293 de 21.07.2008

Cria o Conselho Estadual das Cidades do Rio de Janeiro. URB

5.481 de 22.06.2009

Institui vias verdes para a prática de turismo ecológico à margem de ferrovias em desuso, cursos d'água, represas e estradas vicinais.

URB/MA

5.690 de 15.04.2010

Institui a política estadual sobre mudança global do clima e desenvolvimento sustentável e dá outras providências.

URB/MA

DECRETOS Nº / Data

Ementa Aspecto

134 de 16.06.65 Dispõe sobre a prevenção e o controle da poluição do meio ambiente no Estado do Rio de Janeiro e da outras providências.

MA

897 de 21.09.76 Aprova Normas de Segurança Contra Incêndio e Pânico previstas no Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico.

URB

1.633 de 21.12.77Institui o Sistema de Licenciamento de Atividades Poluidoras – SLAP.

MA

2.330 de 08.01.79

Regulamenta, em parte, os Decretos Lei 39 de 21.03.75 e 134 de 16.06.75. Institui o Sistema de Proteção dos Lagos e Cursos d’Água do Estado do Rio de Janeiro, regula a aplicação de multas e dá outras providências.

RH

9.760 de 11.03.87

Regulamenta a Lei 1.130 de 12.02.87, localiza as Áreas de Interesse Especial do interior do Estado, e define as normas de ocupação a que deverão submeter-se os projetos de loteamento e desmembramento a que se refere o artigo 13 da Lei 6.766/79.

URB

11.376 de 02.06.88

Institui o Comitê de Defesa do Litoral do Estado do Rio de Janeiro – CODEL.

RH

13.123 de 29.06.89

Altera o Decreto 9.760 de 11.03.87 e dá outras providências. URB

15.159 de 24.07.90

Transforma, mediante autorização do Poder Legislativo, a Superintendência Estadual de Rios e Lagoas - SERLA, entidade autárquica, na Fundação Superintendência Estadual de Rios e Lagoas –SERLA e dá outras providências.

RH

26.174 de 14.04.2000

Institui o Conselho Gestor da Baía de Guanabara. RH

32.862 de 12.03.2003

Dispõe sobre o Conselho Estadual de Recursos Hídricos do Estado do Rio de Janeiro, instituído pela Lei Estadual 3.239 de 02.08.99, revoga o Decreto 32.225 de 21.11.2002 e dá outras providências.

RH

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205

QUADRO 3.2.1.3 – Interface dos Aspectos de Recursos Hídricos (RH), Urbanos (URB) e Ambientais (MA) com a Legislação Estadual

(Continuação) 35.724 de 12.06.2004

Dispõe sobre a Regulamentação do artigo 47 da Lei 3.239 de 02.08.1999, que autoriza o Poder Executivo a instituir o Fundo Estadual de Recursos Hídricos - FUNDRHI, e dá outras providências.

RH

40.156 de 17.10.2006

Estabelece os procedimentos técnicos e administrativos para a regularização dos usos de água superficial e subterrânea, bem como, para ação integrada de fiscalização com os prestadores de serviço de saneamento básico, e dá outras providências.

RH

41.974 de 03.08.2009

Regulamenta o artigo 24 da Lei 4.247 de 16.12.2003, e dá outras providências.

RH

RESOLUÇÕES Nº / Data

Ementa Aspecto

CECA 804 de 20.02.86

Determina a metodologia de codificação de bacias hidrográficas. RH

INEA de 24.08.2009

Define mecanismos e critérios para Regularização de Débitos Consolidados referentes à Cobrança Amigável pelo uso de Recursos Hídricos de domínio do Estado do Rio de Janeiro.

RH

INEA 13 de 05.07.2010

Estabelece os procedimentos a serem adotados pelas entidades delegatórias de funções de competência das agências de água para compras e contratação de obras e serviços com emprego de recursos públicos, nos termos do artigo9 da Lei Estadual 5.639 de 06.01.2010.

RH

INEA 27 de 28.12.2010

Define regras e procedimentos para a arrecadação, aplicação e apropriação de receitas e despesas nas sub-contas das regiões hidrográficas e do INEA de Recursos Financeiros do Fundo Estadual de Recursos Hídricos - FUNDRHI.

RH

DELIBERAÇÕES Nº / Data

Ementa Aspecto

CECA 12 de 10.11.77

Aprova diretrizes para corpos receptores. RH

CECA 18 de 16.02.78

Classificação dos corpos d’água. RH

CECA 19 de 16.02.78

Roteiros para apresentação de projetos para tratamento de efluentes líquidos.

MA

CECA 26 de 06.07.78

Estabelece critérios para lançamento de efluentes líquidos. MA

CECA 38 de 23.11.78

Controle de poluição da água. MA

CECA 44 de 01.02.79

Programa de Auto-controle, POCON. Especifica freqüência de medições, coleta de amostra e análises de efluentes líquidos.

MA

CECA 48 de 08.03.79

Aprova o Regulamento de Fiscalização da Superintendência Estadual de Rios e Lagoas - SERLA.

RH

CECA 49 de 17.05.79

Delega poderes e competência à SERLA para aplicação de multas previstas no Decreto 2.330 de 08.01.79

RH

PORTARIAS Nº / Data

Ementa Aspecto

SERLA 261A de 31.07.97

Determina normas para demarcação de faixas marginais de proteção em lagos, lagoas e lagunas e dá outras providências.

RH

SERLA 324 de 28.08.2003

Define base legal para estabelecimento da largura mínima da Faixa Marginal de Proteção (FMP) e dá outras providências.

RH

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206

QUADRO 3.2.1.3 – Interface dos Aspectos de Recursos Hídricos (RH), Urbanos (URB) e Ambientais (MA) com a Legislação Estadual

(Continuação)

SERLA 385 de 12.04.2005

Estabelece os procedimentos técnicos e administrativos para emissão de autorização para perfuração de poços com a finalidade de pesquisa sobre a produção e disponibilidade hídrica para o uso de águas subterrâneas de domínio de Estado do Rio de Janeiro.

RH

SERLA 462 de 10.07.2006

Estabelece os procedimentos técnicos e administrativos para regularização dos usos de recursos hídricos, superficiais e subterrâneos, na área de abrangência das Bacias Hidrográficas dos rios Guandu, da Guarda, e Guandu-mirim no Estado do Rio de Janeiro.

RH

SERLA 555 de 10.02.2005

Regulamenta o Decreto Estadual 40.156, de 17.10.2006, que Estabelece os procedimentos técnicos e administrativos para regularização dos usos de água superficial e subterrânea pelas soluções alternativas de abastecimento de água e para a ação integrada de fiscalização com os prestadores de serviços de saneamento e dá outras providências.

RH

SERLA 567 de 07.05.2007

Estabelece critérios gerais e procedimentos técnicos e administrativos para cadastro, requerimento e emissão de Outorga de Direito de Uso de recursos hídricos de domínio do Estado do Rio de Janeiro, e dá outras providências.

RH

SERLA 591 de 14.08.2007

Estabelece os Procedimentos Técnicos e Administrativos para Emissão da Declaração de Reserva de Disponibilidade Hídrica e de Outorga para uso de Potencial de Energia Hidráulica para aproveitamentos hidrelétricos em rios de domínio do Estado do Rio de Janeiro e dá outras providências.

RH

Portaria Conjunta SEA/FEEMA/ SERLA/IEF155 001/2007

Cria o Protocolo Único para a Requisição de Licenciamento Ambiental.

MA

Fonte: Elaboração da autora com base em Rio de Janeiro (2011 e 2011a). .

Na Cidade do Rio de Janeiro, a Lei Orgânica do Município de 1990 dedicou um

capítulo especial à Política Urbana visando a qualidade de vida para os habitantes e

destacou no capítulo que trata do meio ambiente a preocupação com os recursos

hídricos expressa, entre outros momentos na “adoção das áreas de bacias e sub-

bacias hidrográficas como unidades de planejamento e execução de planos,

programas e projetos” (artigo 463 inciso II) como instrumento para assegurar o

controle e preservação ambiental (RIO DE JANEIRO, 1992).

Encontrava-se no Plano Diretor Decenal da Cidade do Rio de Janeiro de 1992

(LC 16/1992) contemplada, em diversos trechos, entre outras, a atenção com os

impactos ambientais e com a gestão dos recursos hídricos de forma articulada ao

155 Em 2009 a FEEMA - Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente foi oficialmente fundida à SERLA - Superintendência Estadual de Rios e Lagoas e ao IEF- Instituto Estadual de Florestas, substituídos pelo INEA - Instituto Estadual do Ambiente.

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207

planejamento urbano exemplificada na recomendação constante no inciso XII do

artigo 129: “realização de estudos por bacias hidrográficas, para determinação de

taxa de impermeabilização do solo, a fim de subsidiar a elaboração de plano de

macro-drenagem e da legislação urbanística” (RIO DE JANEIRO, 1996).

O plano diretor revisto, Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Sustentável

do Município do Rio de Janeiro (LC 111/2011) mantém estas preocupações

especialmente quando trata no artigo 8º parágrafo único: “a ordenação do território

observará também as condições ambientais, tendo como referência as bacias e sub-

bacias hidrográficas definidas pelos maciços montanhosos e baixadas”, definidas

também como unidades territoriais para o planejamento, controle do

desenvolvimento urbano e gestão dos recursos hídricos e ambientais (artigo 36,

inciso V). Destaca-se ainda, em caráter inovador156, no artigo 36 parágrafo 2º que:

para a elaboração de Planos de Estruturação Urbana, conforme o estabelecido no artigo 68 desta Lei Complementar poderão ser instituídas Unidades Espaciais de Planejamento que correspondem a um ou mais bairros em continuidade geográfica, bem como a bacias ou sub-bacias hidrográficas, facilitando a articulação entre o planejamento urbano e a gestão dos recursos hídricos (RIO DE JANEIRO, 2011c).

O Plano se dedica especialmente às questões dos recursos hídricos,

ambientais, áreas verdes e livres, de práticas sustentáveis, educação ambiental,

controle da poluição e outras relevantes para o desenvolvimento urbano sustentável.

Certamente estes foram alguns dos avanços importantes da regulamentação

das questões urbana e ambiental, em especial, para a integração aos recursos

hídricos no sentido de uma cidade com melhor qualidade de vida. Desta forma

podem-se destacar nesta legislação municipal mais geral: Lei Orgânica do Município

do Rio de Janeiro (de 05.04.1990) e Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável

do Município do Rio de Janeiro (Lei Complementar 111 de 01.02.2011) as interfaces

dos aspectos urbanísticos, de meio ambiente e de recursos hídricos, conforme se

apresentam no Quadro 3.2.1.4 a seguir.

156 Coincidindo, conforme já comentado, com a proposição constante nas emendas encaminhadas em 2010 à revisão do Plano Diretor (KAUFFMANN, 2010), como desdobramento dos estudos realizados em Kauffmann (2003) e Kauffmann et al. (2004) entre outros, da adoção dos Projetos de Estruturação Urbana, PEUs como unidades de planejamento urbano em correspondência a bacias ou sub-bacias hidrográficas.

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208

QUADRO 3.2.1.4 – Interface dos Aspectos de Recursos Hídricos, Urbanos e Ambientais na Lei Orgânica e no Plano Diretor do Município do Rio de Janeiro

LEI ORGÂNICA MUNICIPAL de 05.04.1990

Assunto

artigos 421 a 459 Política Urbana (Título VI, Capítulo V);

artigos 460 a 481 Meio Ambiente (Título VI, Capítulo VI);

artigos 482 a 492 Saneamento Básico (Título VI, Capítulo VII), inclui o aspecto de proteção aos corpos hídricos e abastecimento.

artigos 311 inciso I; 461 inciso X alínea a; 463 inciso II

Bacia Hidrográfica

artigos 30 inciso XXXVIII; 32; 228 parágrafo 1º; 461 inciso VIII e IX; 463 inciso VI; 469; 483

Recursos Hídricos

LEI COMPLEMENTAR 111 de 01.02.2011

Assunto

Título I - artigos 1 a 7 da Política Urbana e Ambiental

artigos 2º inciso III; 3º inciso III; 7º inciso II Meio Ambiente

Título II - artigos 8 a 36 do Ordenamento Territorial

artigos 8º parágrafo único; 30 parágrafo 3º; 36 inciso V e parágrafo 2º

Unidade de Planejamento e Gestão Integrada – Bacia e Sub-bacia Hidrográfica

artigos 36 inciso V e parágrafo 2º; Recursos Hídricos

artigos 14; 15; 16 inciso III; 25; 30 parágrafo 1º; 32 inciso IV; 35 inciso IV;

Meio Ambiente

Título III - artigos 37 a 158 dos Instrumentos da Política Urbana

artigo 116 Recursos hídricos

artigos 38; 45; 58 inciso II; 63; 64 inciso III; 69 inciso II; 70 inciso III; 97 inciso IV; 98 parágrafo 2º; 105; 107; 108; 113; 117 parágrafo 2º; 123; 125; 129; 146; 147 inciso VI

Meio Ambiente

Título IV - artigos 159 a 297 das Políticas Públicas Setoriais

artigos 161 inciso XXI; 219 inciso VIII; Unidade de Planejamento e Gestão Integrada –

Bacia e Sub-bacia Hidrográfica artigos 161 inciso XXI; 163; 164; 171 a 172 subseção II; 189 inciso IV; 224; 255;

Recursos Hídricos

artigos 159; 160 a 195 Capítulo II; 213; 216; 219 inciso III; 224; 247 inciso I; 250; 281 inciso V; 295 inciso II;

Meio Ambiente

Título V - artigos 298 a 325 das Estratégias de Implementação, Acompanhamento e

Controle do Plano Diretor artigos 304 inciso II; 311 parágrafo 3º; 314;

Meio Ambiente

Título VI - artigos 325 a 337 Disposições Gerais, Transitórias e Finais

Anexos

Anexo III Unidade de Planejamento e Gestão Integrada –

Bacia e Sub-bacia Hidrográfica

Anexo III Meio Ambiente

Fonte: Elaboração da autora com base em Rio de Janeiro (1992 e 2011c).

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209

Ressalta-se então a importância da articulação da legislação urbanística com a

gestão dos recursos hídricos e do meio ambiente, com vistas à sustentabilidade

urbana, aqui aplicada à cidade do Rio de Janeiro. Pode-se depreender da

sistematização apresentada que no que se refere à legislação, conforme ao longo do

presente texto já foi pontuado, o caminho para a sustentabilidade se encontra

normatizado. Especialmente a partir da década de 1980 se observa a preocupação

com as questões ambientais, conservação e preservação da cidade, dos recursos

naturais e da qualidade de vida. A recomendação da adoção da bacia hidrográfica

como unidade dos planejamentos se insere nas normas sob os contextos urbano, de

recursos hídricos e ambiental. A participação popular foi sendo também cada vez

mais respaldada pelos textos legais que acompanharam as demandas por

democratização da cidade. Considera-se, entretanto, observando-se o agravamento

do quadro de insustentabilidade das cidades, conforme especialmente abordado no

capítulo 2, incluindo-se à aplicação ao Rio de Janeiro (item 3.1), que o arcabouço

jurídico tem se mostrado insuficiente para a consecução dos objetivos propostos. Em

que pesem os aspectos da precariedade da fiscalização do cumprimento das leis,

dos diversos entraves e conflitos de interesses na sua elaboração e execução e

mesmo na gestão da cidade, cabe destacar dentre as questões especialmente

relacionadas à legislação, a variante indicador ou parâmetro e o seu desempenho

até então. Ou seja, os parâmetros na legislação urbanística aparentemente apenas

números, abstrações, se revelam excelentes camufladores das conseqüências das

alterações nos textos legais, normalmente o adensamento e o aumento do potencial

construtivo. O estudo apresentado a seguir, no item 3.4, ilustra bem esta situação. A

observação da evolução da legislação de uso do solo do Rio de Janeiro e dos

exemplos das intervenções nos bairros de Copacabana, Lagoa e Barra da Tijuca,

apresentados a seguir, face às expansões da cidade, resumidas no item 3.1,

também permitem iluminar o desempenho destes indicadores.

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210

3.2.2. Legislação de Uso do Solo do Rio de Janeiro

A Legislação Urbanística da cidade do Rio de Janeiro, conforme já comentado,

foi se constituindo, por acréscimos e sobreposições, às vezes conflitantes, numa

“colcha de retalhos” e foi sendo regulamentada157 nos Planos, Projetos e Planos

Diretores da Cidade do Rio de Janeiro, em concomitância com os mais recentes

Planos Estratégicos158 e, detalhada no Código de Obras, Lei de Uso e Ocupação do

Solo, Regulamentos de Zoneamentos, de Parcelamento do Solo, Código de

Posturas etc. e, diversas Leis e Decretos de Modificações e Acréscimos, muitas

vezes relacionados aos bairros e não raramente alterando as áreas de planejamento

e parâmetros urbanísticos, o que interessa particularmente ao presente trabalho.

O território do Município do Rio de Janeiro obedeceu inicialmente à divisão

administrativa em 5 Áreas de Planejamento - APs, formadas por agrupamento de 34

Regiões Administrativas -RAs e estas por grupos de bairros, definidos no Plano

Diretor de 1992 e emendas modificativas regulamentadas, conforme Mapa 1 (Figura

3.2.2.2). A seguir, com a revisão do Plano Diretor em 2011, as APs foram subdividas

conforme aparecem no Mapa 2 (Figura 3.2.2.3). O Plano Estratégico II (2001-2004)

(As Cidades da Cidade) considera ainda a divisão do município em 12 regiões (12

planos estratégicos regionais), apresentadas no Mapa 3 (Figura 3.2.2.4). Os Planos

Estratégicos: Plano de Legado Urbano e Ambiental RIO 2016 (2005-2008) e Plano

Estratégico da Prefeitura do Rio de Janeiro 2009-2012: Pós 2016 – O Rio mais

Integrado e Competitivo adotam as Macro-zonas de Ocupação Urbana

representadas no Mapa 4 (Figura 3.2.2.5) e também referenciadas no Plano Diretor

de 2011. Cabe ressaltar que estas setorizações territoriais não guardam

correspondência com bacias hidrográficas, estas delimitadas no Mapa 5 – Figura

3.2.2.6. A Figura 3.2.2.1159 a seguir, que apresenta os limites da Área de

Planejamento - AP4 em sobreposição ao da Bacia de Jacarepaguá, região que inclui

a Barra da Tijuca, onde se situam os terrenos de aplicação de alterações

urbanísticas do presente trabalho (apresentados no estudo de caso no item 3.4)

ilustra bem a não compatibilidade do zoneamento urbano com os limites de sub-

bacias hidrográficas.

157 No item 1.2.2. Palavras-Chave mais Utilizadas apresenta-se a definição resumida da legislação urbanística. 158 Conforme apresentado no item 3.1 acerca das expansões e intervenções no Rio de Janeiro. 159 A Figura 3.2.2.1 apresenta a Bacia do Rio Morto área de aplicação de diversos estudos da taxa de impermeabilização do solo (TI) (KAUFFMANN et al., 2004, 2005 e outros).

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FIGURA 3.2.2.1 - Limites da Área de Planejamento - AP4 e da Bacia de Jacarepaguá. Fonte: Rosa (2004 apud KAUFFMANN et. al, 2004).

Tal incompatibilidade (identificada a partir também da comparação entre os

Mapas 1 a 5 - Figuras 3.2.2.2 a 3.2.2.5 adiante incluídos) dificulta bastante a

adoção da bacia hidrográfica como a melhor unidade do planejamento urbano

integrado ao de recursos hídricos e ambientais (conforme tem se discutido ao longo

deste texto), reforçando a utilidade de instrumentos como o IOS-BH (desenvolvido a

seguir, item 3.5) que oportunizem esta opção e, ainda dificultem as alterações

constantes da legislação urbanística, especialmente de seus parâmetros.

Cabe considerar, entretanto, conforme já comentado a nova proposição

constante do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Sustentável do Município do

Rio de Janeiro (LC 111/2011), de instituir, para a elaboração de Planos de

Estruturação Urbana (os novos PEUs), Unidades Espaciais de Planejamento que

reúnem um ou mais bairros em continuidade geográfica, em correspondência a

bacias ou sub-bacias hidrográficas (artigo 36 parágrafo 2º) (RIO DE JANEIRO,

2011c), o que pode se constituir em iniciativas inovadoras e promissoras quanto à

articulação do planejamento urbano com o de recursos hídricos.

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FIGURA 3.2.2.2 – Mapa 1 do Município do Rio de Janeiro – Divisões Administrativas até 2008. Fonte: Rio de Janeiro (2011b).

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213

FIGURA 3.2.2.3 – Mapa 2 do Município do Rio de Janeiro – Divisões

Administrativas - Plano Diretor de 2011. Fonte: Rio de Janeiro (2011c).

FIGURA 3.2.2.4 – Mapa 3 do Município do Rio de Janeiro – Divisão em 12 Regiões de Planos Estratégicos Regionais. Fonte: Rio de Janeiro (2001).

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216

Ilustrando estas intervenções na legislação urbanística do Rio de Janeiro, as

principais normas que tratam da legislação de uso do solo, com as ementas,

ressaltando as modificações e alterações de parâmetros urbanísticos encontram-se

sistematizadas no Quadro 3.2.2.1 a seguir, relacionadas também às principais

conseqüências no contexto urbano, apropriadas a partir do item 3.1 que trata da

sistematização do processo de expansão da cidade do Rio de Janeiro. Após este

quadro apresenta-se o Quadro 3.2.2.2 que trata especialmente das alterações ao

Decreto 322/1976 que aprova o regulamento de zoneamento do município do Rio de

Janeiro e se constitui numa das principais normas de legislação do solo. Cabe

destacar, conforme já comentado, que a escolha deste conjunto de normas

considerou a sua importância e caráter geral de aplicação, bem como a sua

especificidade de regulamentação do uso do solo e, portanto maior potencial para

evidenciar mais diretamente as alterações realizadas na cidade, inclusive por

alteração de parâmetros urbanísticos, o que interessa particularmente à presente

tese. A variante selecionada: característica principal inclui as principais alterações,

inclusive de parâmetros, relacionadas às normas (apresentadas em ordem

cronológica crescente), suas ementas e observações necessárias, estruturam o

Quadro 3.2.2.1, seguido do Quadro 3.2.2.2 e das considerações pertinentes.

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QUADRO 3.2.2.1 – Principal Legislação de Uso do Solo – Rio de Janeiro

NORMAS Nº/ DATA

EMENTAS CARACTERÍSTICA/

MODIFICAÇÃO PRINCIPAL

OBSERVAÇÕES

1816 Plano de remodelação do centro da cidade e do Campo de Sant’Ana.

Pioneiro na preocupação com a salubridade habitacional e orientação das casas em relação ao sol e ventos.

Proposta.

1843 Plano de remodelação da cidade.

Aspectos de saneamento e embelezamento com visão dos problemas urbanos adiantada .

Proposta.

1875 Plano de Intervenções para a cidade.

Autoria da Comissão de Melhoramentos.

Primeiro plano de caráter geral.

1902 Projetos de Alinhamento-PAs.

Definem o desenho das ruas, alturas e proporções das edificações, taxas de ocupação dos terrenos.

Parte das reformas de Pereira Passos (1902/1906).

Decreto 391 de 1903

Regulamento para a Construção, Reconstrução, Acréscimos e Consertos em Prédios.

Legitimou diversas intervenções das reformas de Pereira Passos.

Demolições de prédios e habitações populares, arrasamento de morros, aterros, execução de vias com privilégio para o centro e sul da cidade.

Decreto de 1924

Novo padrão de construções. Substitui o Decreto de 1903.

Maior intensificação da ocupação urbana.

1927 Plano de Remodelação, Extensão e Embelezamento, Plano Agache.

Controle edilício e urbanístico separando áreas para moradia, comércio e indústria. Privilegiava o centro da cidade e determinadas áreas mais valorizadas.

Não implantado, mas influenciou adoção do zoneamento da cidade consolidado no Decreto 6.000/37, denominado Código de Obras.

Decreto 5481 de 1928.

Altera legislação. Modifica parâmetros urbanísticos.

Verticalização e adensamento urbano.

Decreto 5.595 de 1935

Altera legislação. Verticalização e adensamento urbano.

Acelera-se a urbanização principalmente na direção da zona sul.

Decreto 6.000/37

Código de Obras.

Incentivou o adensamento e verticalização da cidade principalmente no litoral da zona sul, no centro e ao longo das principais vias de circulação. Permite gabarito de 12 pavimentos.

Com forte influência racional/funcionalista, se manteve praticamente inalterada até 1967.

Decreto “E” 991 de 1961

Permitiu gabarito único para toda a cidade ainda maior que os doze pavimentos previstos no Decreto 6000/37.

Modifica parâmetros urbanísticos.

Verticalização e adensamento urbano.

Decreto 1.509 de 1963

Trata de “kitchenettes”.

Este tipo de apartamento se multiplicava principalmente na zona sul, nos bairros de Botafogo e Copacabana.

Restritivo.

Lei 1.574 de 11.12.1967

Estabelece normas para o desenvolvimento urbano e regional do Estado da Guanabara e dá outras providências.

Plano de uso e ocupação do solo. Altera legislação anterior.

Incentiva adensamento na cidade e favorece o desenvolvimento de áreas de comércio e serviços (CBs).

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Fonte: Elaborado pela autora com base nas referências adotadas para as Expansões e Intervenções na Cidade do Rio de Janeiro (item 3.1) e demais relacionadas à legislação.

160 A lista da principal legislação que altera o Decreto 322/1976 se encontra no Quadro 3.2.2.2.

QUADRO 3.2.2.1 – Principal Legislação de Uso do Solo (Continuação)

Decreto “E” 3.800 de 20.04.1970

Aprovou os Regulamentos: (RLF); (RPT); (RCE); (RZ); (RAMME).

Regulamenta a Lei 1.574 de 11.12.1967.

Incentiva adensamento na cidade.

Decreto 4.927 de 11.06.1971

Aprova projeto do traçado da Linha Prioritária do Metropolitano do Rio de Janeiro, e dá outras providências.

Plano de uso e ocupação do solo.

Pit Metrô. Entra em operação em 1979. “Cirurgias” na cidade.

Decreto 322 de 03.03.1976 (alterado por 5 LCs, 11 Leis e 97 Decretos)160

Aprova o Regulamento de Zoneamento do Município do Rio de Janeiro. Revoga o Decreto "E” 3.800 de 1970.

Institui o zoneamento legal da cidade (mantido até hoje na sua maioria) utiliza o termo “N”, equivalente ao IAT. Na ZE5 permanece o IAA.

Regulamenta diversas alterações, favorece homogeneização físico/espacial e aumento das atividades da construção civil.

Decreto 1.269 de 27.10.1977

Aprova o Plano Urbanístico Básico da Cidade do Rio de Janeiro - PUB/RIO.

Estabelece diretrizes para o desenvolvimento urbano (sentido oeste) e nova regionalização (APs e UEPs) e cria os PEUs.

Busca caracterização do município e consolidação dos regulamentos, decretos, PAAs e PALs.

Decreto 1.601 de 21.06.78

Código de Posturas Municipais do Rio de Janeiro.

Consolida as Posturas Municipais da Cidade do Rio de Janeiro

Acompanhado dos Regulamentos de 1 a 26.

Decreto 3.046 de 27.04.1981

Consolida as Instruções Normativas e os demais atos complementares baixados para disciplinar a ocupação do solo na área da Zona Especial 5 (ZE-5), definida e delimitada pelo Decreto 322 de 03.03.76.

Plano Piloto para a Baixada de Jacarepaguá e Barra da Tijuca – Plano Lúcio Costa.

Tem sido bastante alterado. A área de estudo de caso (item 3.4) se localiza na região de aplicação deste plano.

LOM de 05.04.1990

Lei Orgânica do Município do Rio de Janeiro

Trata da política urbana no Capítulo V.

O Quadro 3.2.1.4 apresenta a interface dos aspectos urbanos, de recursos hídricos e ambientais com a LOM.

Lei Complementar 16 de 04.06.1992

Dispõe sobre a Política Urbana do Município, institui o Plano Diretor Decenal da Cidade do Rio de Janeiro e dá outras providências.

Plano de uso e ocupação. Primeiro Plano Diretor do Rio de Janeiro. Permanecem índices na ZE5 – IAA.

Plano Físico-Territorial aos moldes funcionalistas foi revogado em 2011.

Lei 2.128 de 18.04.94

Regula o instituto da operação interligada.

Regulamenta os artigos 28 e 29 do Plano Diretor LC 16/1992.

O uso deste recurso e a valorização de áreas da cidade são comentados nos itens 2.4.2 e 3.3 (Quadro 3.3.2).

Decreto 28.801 de 05.12.2007

Cria o macro-zoneamento da Cidade do Rio de Janeiro, para orientar as ações de planejamento urbano e de controle do uso do solo.

Plano de Legado Urbano e Ambiental RIO 2016 – Regulamentação das macro-zonas

Plano estratégico. Ações pontuais.

Lei Complementar 111/2011 de 01.02.2011

Institui o Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável do Município do Rio de Janeiro.

Institui instrumento de aumento de índice de IAT por outorga onerosa em determinadas áreas. Mantém IAT na ZE5 , PEU Campo Grande, PEU São Cristóvão, PEU Vargens e AEIU do Porto.

Plano Físico-Territorial.

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219

QUADRO 3.2.2.2 – Legislação que Altera o Decreto 322 de 03/03/1976 – Regulamento do Zoneamento do Município do Rio de Janeiro

TIPO DE NORMA

LISTA EM ORDEM CRONOLÓGICA

Leis Nº (11)

Lei 361 de 18.10.1982; Lei 434 de 27.07.1983; Lei 495 de 09.01.1984; Lei 704 de 03.01.1985; Lei 1.322 de 27.07.1988; Lei 1.638 de 28.12.1990; Lei 1.825 de 26.11.1991; Lei 2.232 de 13.10.1994; Lei 2.236 de 14.10.1994; Lei 2.988 de 13.01.2000; Lei 4.887 de 28.08.2008.

Leis Complementares

Nº (5)

Lei Complementar 24 de 11.08.1994; Lei Complementar 42 de 03.11.1999; Lei Complementar 54 de 10.01.2002; Lei Complementar 58 de 10.09.2002; Lei Complementar 76 de 18.03.2005.

Decretos Nº (97)

Decreto 362 de 09.04.1976; Decreto 562 de 06.09.1976; Decreto 835 de 01.02.1977; Decreto 965 de 03.05.1977; Decreto 887 de 14.03.1977; Decreto 913 de 25.03.1977; Decreto 1.025 de 22.06.1977; Decreto 1.271 de 27.10.1977; Decreto 1.912 de 01.12.1978; Decreto 1.913 de 01.12.1978; Decreto 1.599 de 21.06.1978; Decreto 1.607 de 23.06.1978; Decreto 1.629 de 10.07.1978; Decreto 2.045 de 28. 02.1979; Decreto 2.108 de 14.03.1979; Decreto 2.150 de 11.05.1979; Decreto 2.367 de 08.11.1979; Decreto 2.400 de 30.11.1979; Decreto 2.418 de 05.12.1979; Decreto 2.472 de 25.01.1980; Decreto 2.541 de 25.03.1980; Decreto 2.542 de 26.03.1980; Decreto 2.595 de 12.05.1980; Decreto 2.612 de 15.05.1980; Decreto 2.638 de 28.05.1980; Decreto 2.678 de 18.07.1980; Decreto 2.735 de 20.08.1980; Decreto 2.811 de 08.10.1980; Decreto 2.831 de 21.10.1980; Decreto 2.930 de 15.12.1980; Decreto 2.939 de 19.12.1980; Decreto 3.044 de 23.04.1981; Decreto 3.046 de 27.04.1981; Decreto 3.087 de 02.06.1981; Decreto 3.103 de 16.06.1981; Decreto 3.155 de 21.07.1981; Decreto 3.188 de 20.08.1981; Decreto 3.219 de 15.08.1981; Decreto 3.278 de 06.11.1981; Decreto 3.610 de 18.10.1982; Decreto 4.682 de 06.09.1984; Decreto 4.691 de 19.09.1984; Decreto 4.871 de 10.12.1984; Decreto 4.875 de 12.12.1984; Decreto 5.050 de 23.04.1985; Decreto 5.252 de 05.08.1985; Decreto 5.269 de 14.08.1985; Decreto 5.280 de 23.08.1985; Decreto 5.345 de 23.09.1985; Decreto 5.458 de 07.11.1985; Decreto 5.519 de 27.11.1985; Decreto 5.616 de 20.12.1985; Decreto 5.725 de 19.03.1986; Decreto 5.840 de 21.05.1986; Decreto 5.947 de 15.07.1986; Decreto 5.996 de 30.07.1986; Decreto 6.115 de 11.09.1986; Decreto 6.155 de 29.09.1986; Decreto 6.253 de 06.11.1986; Decreto 6.368 de 08.12.1986; Decreto 6.461 de 05.02.1987; Decreto 6.640 de 20.05.1987; Decreto 6.464 de 09.02.1987; Decreto 6.790 de 07.07.1987; Decreto 6.881 de 10.08.1987; Decreto 7.001 de 07.10.1987; Decreto 7.024 de 15.10.1987; Decreto 7.051 de 29.10.1987; Decreto 7.284 de 11.12.1987; Decreto 7.438 de 29.02.1988; Decreto 7.440 de 29.02.1988; Decreto 7.569 de 15.04.1988; Decreto 7.635 de 17.05.1988; Decreto 7.755 de 13.06.1988; Decreto 8.502 de 13.06.1989; Decreto 8.548 de 04.07.1989; Decreto 8.637 de 19.08.1989; Decreto 8.638 de 19.08.1989; Decreto 8.712 de 14.09.1989; Decreto 8.851 de 25.10.1989; Decreto 9.123 de 30.12.1989; Decreto 9.132 de 15.01.1990; Decreto 9.966 de 18.01.1990; Decreto 9.314 de 07.05.1990; Decreto 9.316 de 07.05.1990; Decreto 9.448 de 09.07.1990; Decreto 9.454 de 09.07.1990; Decreto 9.854 de 28.11.1990; Decreto 9.956 de 08.01.1991; Decreto 10.061 de 13.03.1991; Decreto 10.040 de 11.03.199; Decreto 10.912 de 24.03.1991; Decreto 13.177 de 26.08.1994; Decreto 13.455 de 07.12.1994; Decreto “N”17.554 de 18.05.1999; Decreto 24.091 de 05.04.2004; Decreto 25.701 de 25.08.2005.

Fonte: Elaborado pela autora com base no Decreto 322/1976 (RIO DE JANEIRO, 2010a).

As constantes alterações neste arcabouço jurídico, conforme já comentado,

podem ser observadas nas relações apresentadas nos Quadros 3.2.2.1 e 3.2.2.2,

evidenciando a talvez principal característica desta legislação: a sobreposição e

complicação. Tal configuração, se por um lado dificulta a aplicação e cumprimento

da lei, por outro favorece cada vez mais as suas intervenções, muitas vezes sob a

intenção de condensar, sistematizar e compatibilizar as diversas normas tratando

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220

das mesmas matérias. Nesta dinâmica, os índices e parâmetros vão se conformando

como peças-chave na transformação e adequação da cidade aos principais

interesses em disputa na sua apropriação. Isto também porque estes instrumentos

tem se caracterizado em abstrações, números desconectados da área geográfica de

aplicação da lei e do planejamento urbano e, portanto, favoráveis às alterações,

muitas vezes sem critérios técnicos identificáveis.

Cabe ressaltar ainda neste quadro a prática de legislar por decretos,

evidenciada em recentemente trabalho de sistematização da legislação urbanística

(KAUFFMANN LEIVAS, 2010), especialmente considerada a partir da primeira

gestão do prefeito César Maia, quando se verifica um planejamento urbano que

privilegia o incremento de intervenções pontuais, próprias do então novo modelo de

planejamento estratégico, articulado ainda ao antigo modelo funcionalista de adoção

de planos diretores para a totalidade da cidade. Destaca-se nesta dinâmica o

recurso dos Decretos, em incentivo a uma prática de regulamentação urbanística

autoritária, comum no planejamento urbano do Rio de Janeiro, já desde os primeiros

expedientes da época das intervenções de Pereira Passos (1903), o que foi,

paulatinamente, contribuindo para a transformação da legislação urbanística da

cidade em uma “colcha de retalhos”. Ilustra esta situação, o quantitativo de 541

Decretos, exarados entre os anos de 1993 a 2008 (destacando-se que não foram

incluídos os Decretos que tratam de nomes de rua e praças), que alteram direta ou

indiretamente parâmetros urbanísticos, conforme material sistematizado a partir de

informações fornecidas pela Biblioteca da Câmara Municipal do Rio de Janeiro e

também disponíveis no site da Secretaria Municipal de Urbanismo161.

As alterações de legislação nos bairros cariocas da Barra da Tijuca,

Copacabana e Lagoa, vetores de expansão urbana e alvos privilegiados da

incorporação imobiliária, em diferentes momentos da história do desenvolvimento da

cidade do Rio de Janeiro, listadas e comentadas nos Quadros 3.2.2.3, 3.2.2.4 e

3.2.2.5 adiante, se configuram também em exemplos importantes do espelhamento

das intervenções na cidade, em seu arcabouço jurídico urbanístico, com destaque

para a contribuição das alterações dos indicadores.

161 Ver: <http://www2.rio.rj.gov.br/smu>.

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QUADRO 3.2.2.3 – Legislação de Uso do Solo Aplicada à Barra da Tijuca - RJ162

ITEM NORMA Nº/

DATA EMENTA

ASSUNTO / OBSERVAÇÕES

1 Decreto Lei 42 de 23.06.1969

Aprova o Plano Piloto de urbanização e zoneamento para a Baixada de Jacarepaguá.

Uso e ocupação do solo - plano

2

Lei 37 de 18.11.1977

Destina as ilhas das lagoas da Baixada de Jacarepaguá a atividades de lazer e dá outras providências.

Uso do solo -lazer

3 Lei 68 de 08.11.1978

Considera a Ilha da Coroa área de preservação ecológica e paisagística e dá outras providências.

Zoneamento – preservação ambiental

4 Decreto 3.046 de 27.04.1981

Consolida as Instruções Normativas e os demais atos complementares baixados para disciplinar a ocupação do solo na área da Zona Especial 5 (ZE-5), definida e delimitada pelo Decreto 322, de 03/03/1976.

Ocupação do solo – alteração de parâmetros

5 Decreto 7.437 de 29.02.1988

Estabelece os usos e atividades não permitidos nos lotes das quadras comerciais que menciona, situadas na XXIV Região Administrativa - Barra da Tijuca.

Uso do solo – alteração de parâmetros

6 Decreto 7.501 de 18.03.1988

Estabelece novos parâmetros para as edificações a serem construídas nos lotes 1, 2 e 3 da Quadra V do PAL39.697, localizados na Avenida "A" do PA 10.372, na Subzona A-2 da XXIV Região Administrativa - Barra da Tijuca.

Ocupação do solo – alteração de parâmetros

7 Decreto 7.548 de 07.04.1988

Aprova o projeto de alinhamento 10.608 urbanização 41.784 para uma área situada entre as avenidas Embaixador Abelardo Bueno e Alvorada, a Lagoa de Jacarepaguá e o Canal Arroio Pavuna, do Pólo Rio de Cine, Vídeo e Comunicação situado na Subzona A-16 da Zona Especial 5, Jacarepaguá - XVI RA.

Ocupação do solo – alteração de parâmetros

8 Lei 1.272 de 06.07.1988

Declarada Área de Proteção Ambiental a Orla Marítima das Praias de Copacabana, Ipanema, Leblon, São Conrado e Barra da Tijuca.

Zoneamento – preservação ambiental

9 Decreto 10.368 de 15.08.1991

CRIA a "Área de Proteção Ambiental (APA) do Parque Zoobotânico de Marapendi", compreendendo as Áreas de Preservação Permanente (APP) da Lagoa de Marapendi e Seu entorno e a área de Preservação Permanente do Parque Zoobotânico de Marapendi, na Barra da Tijuca - XXIV Região Administrativa.

Zoneamento – preservação ambiental

10 Decreto 10.834 de 31.12.1991

Estabelece condições de ocupação para a área que menciona.

Ocupação do solo – alteração de parâmetros

11 Decreto 11.990 de 24.03.1993

Regulamenta o Decreto 10.368 de 16.08.1991, que cria a Área de Proteção Ambiental (APA) do Parque Zoobotânico de Marapendi.

Zoneamento – preservação ambiental

12 Lei 2.059 de 14.12.1993

Permite alteração de parâmetros urbanísticos para a implantação de equipamento de especial interesse social mediante contrapartida.

Ocupação do solo – alteração de parâmetros

13 Lei 2.073 de 23.12.1993

Permite a implantação de uso hospitalar geriátrico e esportivo-recreativo na subzona A-15 da Zona Especial 5 (ZE-5) referida nas instruções normativas que acompanham o Decreto 3.046 de 27/04/1981, nas condições que menciona.

Uso do solo – alteração de parâmetros

14

Decreto 13.613 de 24.01.1995

Regulamenta o parcelamento e o uso residencial multifamiliar em edificações constitutivas de núcleo, previstos para a Subzona A-18 pelo Decreto Lei 42/69 e pelo Decreto 3.046/81.

Ocupação do solo – alteração de parâmetros

162 Foram selecionadas as principais normas diretamente relacionadas ao uso e ocupação do solo. Não consta da lista a legislação de caráter administrativo, organizativo e de denominação de áreas.

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QUADRO 3.2.2.3 – Legislação de Uso do Solo Aplicada à Barra da Tijuca – RJ (Continuação)

15 Decreto 13.812 de 06.04.1995

Aprova Operação Interligada para parte do lote 1 do PAL40.475, situado na Avenida das Américas, ZE-5, Subzona A-6, XXIV Região Administrativa.

Operação interligada

16 Decreto 13.873 de 02.05.1995

Aprova Operação Interligada para parte do lote 1 do PAL40.475, situado na Avenida das Américas, ZE-5, Subzona A-6, XXIV Região Administrativa.

Operação interligada

17 Resolução SMU 035 de 03.07.1995

Compatibiliza os projetos de alinhamento aprovados, para a SubZona A-17 da ZE-5, na forma do Decreto 13.757 de 16.03.1995, aos usos definidos no projeto especial de urbanização constante do Decreto 3.046 de 27.04.1981.

Uso e ocupação do solo – alteração de parâmetros

18 Decreto 14.203 de 18.09.1995

Transforma o Parque Zoobotânico de Marapendi em Parque Municipal Ecológico de Marapendi, acresce sua área e dá outras providências.

Uso do solo – alteração de parâmetros- preservação ambiental

19 Decreto 14.303 de 26.10.1995

Inclui na Área de Proteção Ambiental do Parque Zoobotânico de Marapendi, criada pelo Decreto 10.368 de 15.08.1991, o lote A do PAL 39.144, Barra da Tijuca, XIV R.A.

Uso do solo – alteração de parâmetros – preservação ambiental

20 Decreto 14.340 de 09.11.1995

Aprova Operação Interligada para implantação de grupamento residencial multifamiliar nos lotes 1, 2 e 3 do PAL 39.657, com frente para a Av. Sernambetiba e para a Av. Canal de Marapendi, situados na Subzona A-2 da ZE-5 da XXIV R.A.

Operação interligada

21 Decreto 15.207 de 18.10.1996

Aprova a Operação Interligada para o lote 03 do PAL 43.810, na Subzona A-2 da ZE-5, XXIV RA, Barra da Tijuca, e dá outras providências.

Operação interligada

22 Decreto 16.161 de 15.10.1997

Aprova a Operação interligada para a Av. das Américas, lote 02 do PAL 40.475 Subzona A-6/ ZE-5, XXIV R.A. e dá outras providências.

Operação interligada

23 Decreto 16.162 de 15.10.1997

Aprova a Operação Interligada para a Av. Sernambetiba lote, 03 do PAL 29.505, Subzona A-2/ZE-5, XXIV R.A. e dá outras providências.

Operação interligada

24 Decreto 16.164 de 15.10.1997

Aprova a Operação Interligada para a Av. Sernambetiba N° 6.200, Subzona A-3/ZE-5, XXIV R.A, e dá outras providências.

Operação interligada

25 Decreto 16.670 de 28.05.1998

Aprova a realização de Operação Interligada para a Av. das Américas, lote 2 do PAL 43.988, Subzona A-6 da ZE-5, XXIV RA, e dá outras providências.

Operação interligada

26 Decreto 17.024 de 25.09.1998

Aprova a Operação Interligada para a Avenida Sernambetiba, lote I do PAL 40.182, na Subzona A-3 da ZE-5, XXIV RA e dá outras providências.

Operação interligada

27 Decreto 17.025 de 25.09.1998

Aprova a Operação Interligada para a Av. Sernambetiba, lotes 01, 13 e 21 da Quadra 6 do PAL 27.560, na Subzona A-3/ZE-5, XXIV RA.

Operação interligada

28 Decreto 17.606 de 31.05.1999

Aprova a Operação Interligada para construção de edificação comercial no lote 5 do PAL 36.123, Subzona A-2 da ZE-5, Barra da Tijuca, XXIV RA.

Operação interligada

29 Decreto 18.005 de 19.10.1999

Aprova a Operação Interligada para a Av. Lúcio Costa (antiga Av. Sernambetiba) N° 4000, Subzona A - 2 da ZE-5, Barra da Tijuca, XXIV RA.

Operação interligada

30 Decreto 18.199 de 08.12.1999

Cria, delimita e regulamenta a Área de Proteção Ambiental das Tabebuias.

Uso do solo – Preservação ambiental

31 Decreto 18.714 de 27.06.2000

Aprova a Operação Interligada para Rua Sylvio da Rocha Pollis, lotes 10, 11 e 12 do PAL 27.403, Subzona A-18 da ZE-5, Barra da Tijuca, XXIV RA.

Operação interligada

32 Decreto 18.793 de 25.07.2000

Aprova a Operação Interligada para Av. das Américas, Nº 3.434 (lote 13 do PAL 29.505), Subzona A-6 da ZE-5, XXIV RA.

Operação interligada

33 Lei 3.202 de 27.03.2001

Tomba a área que descreve, no Bairro da Barra da Tijuca e dá outras providências.

Uso do solo – preservação Ambiental – alteração de parâmetros

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QUADRO 3.2.2.3 – Legislação de Uso do Solo Aplicada à Barra da Tijuca – RJ (Continuação)

34 Decreto 20.716 de 06.11.2001

Institui o Plano de Gestão Ambiental da Zona de Conservação da Vida Silvestre - ZCVS - da Área de Proteção Ambiental do Parque Municipal Ecológico de Marapendi.

Uso do solo – preservação Ambiental– alteração de parâmetros

35 Lei 3.356 de 03.01.2002

Torna inalienável a área que menciona na XXIV Região Administrativa, Barra da Tijuca, e dá outras providências.

Uso do solo – preservação Ambiental– alteração de parâmetros

36 Decreto 21.046 de 06.02.2002

Estabelece o Zoneamento Ambiental do Lote "A" do PAL 39.144 integrante da Área de Proteção Ambiental do Parque Municipal Ecológico de Marapendi.

Uso do solo – preservação Ambiental– alteração de parâmetros

37 Lei 3.413 de 18.06.2002

Determina o tombamento do Parque Arruda Câmara, no Bairro da Barra da Tijuca, XXIV Região Administrativa.

Uso do solo – preservação Ambiental– alteração de parâmetros

38 Decreto 21.622 de 25.06.2002

Restabelece os critérios de parcelamento estabelecidos pelo Decreto 3.046 de 27.04.1981, nos lotes que menciona, e dá outras providências.

Ocupação do solo – alteração de parâmetros

39

Lei Complementar 66 de 09.07.2003

Proíbe o uso residencial bifamiliar na área que menciona no Bairro da Barra da Tijuca e dá outras providências.

Uso e ocupação do solo – alteração de parâmetros

40

Lei Complementar 74 de 14.01.2005

Modifica a legislação de trecho da Subzona A-16-A do Capítulo III do Decreto 3.046 de 27.04.1981.

Uso e ocupação do solo – alteração de parâmetros

41 Decreto 25.030 de 17.01.2005

Define as situações previstas para o artigo 8.º da Lei Complementar 74 de 14.01.2005.

Ocupação do solo

42 Lei 4.176 de 02.09.2005

Proíbe a regularização de obras através do instrumento denominado "mais valia", na área que menciona.

Ocupação do solo – alteração de parâmetros

43

Lei Complementar 78 de 08.09.2005

Altera e revoga dispositivos que menciona do Decreto 11.990 de 24.03.1993, que regulamenta o Plano Diretor da Área de Proteção Ambiental (APA) do Parque Zoobotânico de Marapendi transformado em Parque Municipal Ecológico de Marapendi, pelo Decreto 14.203 de 18.09.1995, integrando e instituindo o Zoneamento Ambiental do Lote 27 do PAL 31.418 na delimitação da Área de Proteção Ambiental do Parque Zoobotânico de Marapendi.

Uso e ocupação do solo - zoneamento – alteração de parâmetros

44 Lei 4.855 de 09.06.2008

Declara os bairros da Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes, XXIV Região Administrativa, como Área de Especial Interesse Turístico - AEIT.

Uso e ocupação do solo - zoneamento – alteração de parâmetros

45

Lei Complementar 103 de 24.11.2009

Autoriza a alienação de imóveis do patrimônio municipal e define parâmetros urbanísticos.

Uso e ocupação do solo – alteração de parâmetros

46 Resolução SMU 888 de 04.03.2010

Dispõe sobre a aplicação dos parâmetros de uso e edificação nas áreas inseridas nas Curvas de Ruído do Plano Específico de Zoneamento de Ruído do Aeródromo de Jacarepaguá.

Uso e ocupação do solo - zoneamento – alteração de parâmetros

Fonte: Elaboração da autora com base em dados Rio de Janeiro (2010a).

Cabe comentar inicialmente, a partir da análise deste Quadro 3.2.2.3, o

significativo quantitativo de 42 normas aprovadas nas últimas cinco décadas, apenas

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voltadas à Barra da Tijuca, alterando o Plano Lucio Costa que regulamenta a

ocupação da região e a legislação urbanística de aplicação à cidade em geral.

Notam-se já na década de 80 algumas iniciativas de preservação ambiental,

seguidas da intensificação da ocupação deste bairro e adjacências, através da

alteração de parâmetros urbanísticos e utilização do instrumento da operação

interligada. Tais expedientes são observados principalmente na gestão do prefeito

Luiz Paulo Conde (1996-2001). Vale destacar que as conseqüências destas

alterações, tais como incremento do potencial construtivo, adensamento

populacional e densificação das construções, não são facilmente detectadas na

leitura dos textos das leis. Muitas vezes só são percebidas a partir do estudo de

viabilidades ou aplicação na área afetada163.

Semelhantemente à legislação aplicada à Barra da Tijuca, as normas

relacionadas à Copacabana, sistematizadas no Quadro 3.2.2.4 a seguir, ilustram as

transformações na configuração da cidade.

QUADRO 3.2.2.4 – Legislação de Uso do Solo Aplicada à Copacabana - RJ

ITEM NORMA Nº/DATA

EMENTA ASSUNTO /

OBSERVAÇÕES

1 Decreto Lei 8.264 de 01.12.1945

Dispõe sobre gabaritos de construções nos bairros do Leme, Copacabana, Ipanema e Leblon.

Ocupação do solo – alteração de parâmetros – gabarito.

2 Decreto 1.177 de 19.09.1977

Estabelece condições de altura para construções no logradouro que menciona.

Ocupação do solo – alteração de parâmetros – gabarito.

3 Lei 793 de 12.12.1985

Dispõe sobre o tombamento voluntário do imóvel que menciona e dá outras providências.

Ocupação do solo – alteração de parâmetros – tombamento.

4 Lei 1.272 de 06.07.1988

Declarada Área de Proteção Ambiental a Orla Marítima das Praias de Copacabana, Ipanema, Leblon, São Conrado e Barra da Tijuca.

Uso do solo – alteração de parâmetros – preservação ambiental.

5 Lei 1.390 de 12.05.1989

Cria a Área de Proteção Ambiental do Bairro Peixoto, em Copacabana. V Região Administrativa e dá outras providências.

Uso do solo – alteração de parâmetros – preservação ambiental.

6 Decreto 9.226 de 13.03.1990

Regulamenta a Lei 1.390 de 12 de maio de 1989 que criou a Área de Proteção Ambiental do bairro Peixoto em Copacabana, V Região Administrativa, e dá outras providências.

Uso do solo – alteração de parâmetros – preservação ambiental.

7 Decreto 9.763 de 08.11.1990

Dispensa do atendimento ao gabarito de profundidade previsto no PAL 22.351 a quadra formada pelas Ruas Santa Clara, Domingos Ferreira, Figueiredo Magalhães e Avenida Atlântica, na V Região Administrativa - Copacabana, e dá outras providências.

Ocupação do solo – alteração de parâmetros – gabarito.

163 O estudo de caso apresentado no item 3.4 ilustra esta situação.

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225

QUADRO 3.2.2.4 – Legislação de Uso do Solo Aplicada à Copacabana–RJ (Continuação)

8 Lei 1.912 de 28.09.1992

Cria as Áreas de Proteção Ambiental do Morro dos Cabritos e Morro da Saudade, autoriza a criação do Parque Municipal José Guilherme Merquior e Parque Municipal Fonte da Saudade, nas IV, V e VI Regiões Administrativas e dá outras providências.

Uso do solo – alteração de parâmetros – preservação ambiental.

9 Decreto 11.448 de 07.10.1992

Estabelece condições especiais de proteção ambiental e de ocupação do solo para a área conhecida como Lido, e adjacências, em Copacabana, V RA, e dá outras providências.

Uso e ocupação do solo – alteração de parâmetros – preservação ambiental.

10 Lei 2.087 de 04.01.1994

Cria a área de proteção ambiental das pontas de Copacabana e Arpoador e seu entorno e dá outras providências.

Uso e ocupação do solo – alteração de parâmetros – preservação ambiental.

11 Decreto 17.371 de 04.03.1999

Estabelece as condições de utilização, a título precário, das áreas do passeio da Avenida Atlântica para colocação de mesas, cadeiras e guarda-sóis, considerando as diretrizes estabelecidas pelo Projeto Rio-Mar, e dá outras providências.

Uso e ocupação do solo – alteração de parâmetros – preservação ambiental.

12 Decreto 19.143 de 14.11.2000

Cria o Parque Municipal Fonte da Saudade, situado no bairro da Lagoa, VI R.A. e o Parque Municipal José Guilherme Merquior, situado nos bairros de Copacabana, V R.A. e Lagoa, VI R.A.

Uso e ocupação do solo – alteração de parâmetros – preservação ambiental.

13 Lei 4.361 de 24.05.2006

Declara os Bairros de Copacabana e Leme-V Região Administrativa, como Área de Especial Interesse Turístico-AEIT.

Uso e ocupação do solo – alteração de parâmetros – preservação ambiental e turismo.

14 Lei 5.001 de 22.04.2009

Tomba por seu valor histórico, cultural, social e de lazer, o Parque Peter Pan, no Bairro de Copacabana, na V Região Administrativa do Município, e dá outras providências.

Uso e ocupação do solo – alteração de parâmetros – preservação ambiental.

15 Lei 5.019 de 06.05.2009

Institui a Área de Proteção Ambiental e Recuperação Urbana-APARU do Complexo Cotunduba-São João.

Uso e ocupação do solo – alteração de parâmetros – preservação ambiental recuperação urbana.

16 Decreto 30.875 de 07.07.2009

Estabelece procedimentos para o licenciamento de obras das edificações que menciona.

Ocupação do solo – alteração de parâmetros.

17

Lei Complementar 98 de 22.07.2009

Dispõe sobre os terrenos remanescentes das desapropriações para implantação da Linha 1 do Sistema Metroviário declarados "Áreas de Especial Interesse Urbanístico", de acordo com a Lei 2.396 de 16.01.1996, e dá outras providências.

Uso e ocupação do solo – alteração de parâmetros.

Fonte: Elaboração da autora com base em dados Rio de Janeiro (2010a).

A intensificação de construções em Copacabana e adjacências se acentua já

na década de 1950, acarretando na configuração da região em uma espécie de

floresta de concreto. A esta super concentração e densificação de edificações

seguiram-se uma série de normas de preservação do patrimônio histórico, urbano e

ambiental buscando a minimização destes efeitos, no bojo dos movimentos a favor

da sustentabilidade desencadeados ao final da década de 1970. Cabe considerar

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226

que diferentemente do ocorrido na Barra da Tijuca, as alterações de parâmetros

urbanísticos nestas áreas acontecem muitas vezes, mais na direção da recuperação

da qualidade de vida e do espaço verde remanescente do que do aumento do

potencial construtivo, já bastante intensificado. Situação similar se apresenta na

Lagoa e adjacências, conforme o Quadro 3.2.2.5 adiante exemplifica.

QUADRO 3.2.2.5 – Legislação de Uso do Solo Aplicada à Lagoa- RJ

ITEM NORMA Nº/DATA

EMENTA ASSUNTO /

OBSERVAÇÕES

1 Decreto 130 de 10.09.1975

Aprova o PA 9.548, referente a delimitação da superfície de domínio do espelho d’água da Lagoa Rodrigo de Freitas e dá outras providências.

Uso e ocupação do solo – alteração de parâmetros – preservação ambiental.

2 Decreto 5.251 de 05.08.1985

Estabelece condições de altura para construções da Rua Tabatinguera, na VI Administração Regional - Lagoa.

Ocupação do solo – alteração de parâmetros – gabarito.

3 Decreto 6.231 de 28.12.1986

Cria a Área de Proteção Ambiental do Sacopã, na IV e VI RA e dá outras providências.

Uso e ocupação do solo – alteração de parâmetros – preservação ambiental.

4 Decreto 7.635 de 17.05.1988

Exclui três logradouros da relação de Centros de Bairro1(CB-1) da VI RA - Lagoa, constante do Anexo 20 do Decreto 322 de 03.03.1976, com as modificações do Decreto 5.280 de 23.08.1985, e dá outras providências.

Uso do solo –alteração de parâmetros.

5 Lei 1.400 de 01.06.1989

Transforma o terreno onde funciona o Jockey Club Brasileiro em Área de Proteção Ambiental.

Uso e ocupação do solo – alteração de parâmetros – preservação ambiental.

6 Decreto 9.396 de 13.06.1990

Determina o tombamento definitivo do bem cultural que menciona e dá outras providências.

Uso e ocupação do solo – alteração de parâmetros – preservação cultural.

7 Lei 1.912 de 28.09.1992

Cria as Áreas de Proteção Ambiental do Morro dos Cabritos e Morro da Saudade, autoriza a criação do Parque Municipal José Guilherme Merquior e Parque Municipal Fonte da Saudade, nas IV, V e VI RAs e dá outras providências.

Uso e ocupação do solo – alteração de parâmetros – preservação ambiental.

8 Decreto 14.898 de 20.06.1996

Determina o tombamento definitivo dos bens culturais que menciona, cria sua área de entorno e estabelece critérios para sua proteção.

Uso e ocupação do solo – alteração de parâmetros – preservação cultural.

9

Lei Complementar 30 de 30.06.1997

Permite a construção de edificação na área que menciona e dá outras providências.

Uso e ocupação do solo – alteração de parâmetros.

10 Decreto 18415 de 01.03.2000

Estabelece parâmetros de uso para o espelho d’água da lagoa Rodrigo de Freitas.

Uso e ocupação do solo – alteração de parâmetros – preservação ambiental.

11 Resolução SMU 316 de 08.02.2001

Regulamenta os procedimentos para licenciamento de obras nas áreas de que trata a Portaria 104 de22.05.2000 do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN.

Ocupação do solo – alteração de parâmetros – preservação cultural.

12 Decreto 20424 de 16.08.2001

Cria Área de Especial Interesse Ambiental nos bairros Jardim Botânico e Lagoa - VI RA e dá outras providências

Uso e ocupação do solo – alteração de parâmetros – preservação ambiental.

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QUADRO 3.2.2.5 – Legislação de Uso do Solo Aplicada à Lagoa- RJ (Continuação)

13 Decreto 2.2007 de 12.09.2002

Determina o tombamento definitivo dos bens que menciona na área de entorno de Lagoa Rodrigo de Freitas.

Uso e ocupação do solo – alteração de parâmetros – preservação cultural e ambiental

14 Decreto 22.662 de 19.02.2003

Dispõe sobre a renomeação e a gestão dos parques públicos municipais, considerados como Unidades de Conservação, segundo a Lei 9.985 de 18.07.00 e Decreto 4.340 de 22.08.02 e dá outras providências

Uso e ocupação do solo – alteração de parâmetros – preservação ambiental.

15 Lei 4.149 de 10.08.2005

Dispõe sobre o tombamento do Estádio de Remo da Lagoa e dá outras providências.

Uso e ocupação do solo – alteração de parâmetros – preservação cultural.

16 Decreto 2.6041 de 02.12.2005

Aprova o projeto de modificação, com acréscimo de áreas, para construção, na área delimitada pela Av. Borges de Medeiros, Rua Mário Ribeiro, Rua Ministro Raul Machado e Rua Gilberto Cardoso, das dependências esportivas e de lazer do Clube, de acordo com as disposições da Lei Complementar 30 de 30.06.1997, e das novas dependências para Esportes Olímpicos na área remanescente do Clube de Regatas do Flamengo.

Uso e ocupação do solo – alteração de parâmetros – preservação cultural.

17 Portaria 1 de 28.12.2009

Estabelece critérios para intervenções nos prédios da antiga casa de geradores, das antigas casas de apostas e bilheterias externas e no prédio do antigo "bar do paddock" - e demais bens preservados nas dependências do Jockey Club Brasileiro nos termos do artigo 4º do Decreto 14.898 de 20.06.1996 e cria área non-aedificandi.

Uso e ocupação do solo – alteração de parâmetros – preservação cultural.

Fonte: Elaboração da autora com base em dados Rio de Janeiro (2010a).

A legislação de uso do solo especificamente aplicada ao bairro da Lagoa

Rodrigo de Freitas e adjacências conforme se observa neste quadro, está mais

presente a partir da década de 1980. Da mesma forma que em Copacabana e

outros bairros já extremamente adensados nos períodos anteriores, as modificações

das últimas cinco décadas se voltam mais à recuperação do seu patrimônio, seus

marcos urbanos e ambientais, espaços verdes e livres, e intervenções nas favelas,

também já consideravelmente expandidas. Contudo nestas alterações dos

parâmetros urbanísticos, muitas vezes se encontram também embutidas

possibilidades de incremento construtivo, em forma de recuperação e renovação

urbana.

Os exemplos de Copacabana e Lagoa ilustram as intervenções e expansões

da cidade particularmente até a década de 1980 e o da Barra da Tijuca, a partir

desta época até a atualidade. Entretanto a cidade em seu conjunto, com momentos

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228

e locais diferenciados de intervenção prioritária, tem experimentado o constante

movimento entre a sustentabilidade e insustentabilidade urbana164. Neste processo

diversos recursos têm sido utilizados, dentre os quais os índices e parâmetros

urbanísticos que merecem destaque, especialmente no seu papel como indicadores

desta dinâmica, ao que se procede em seguida.

3.3. INDICADORES NA LEGISLAÇÃO URBANÍSTICA DO RIO DE JANEIRO

Os índices e parâmetros na legislação urbanística, na verdade, guardam um

potencial revelador da complexidade da dinâmica das alterações desta legislação,

funcionam como indicadores além da sua relevância na articulação dos

planejamentos urbano e de recursos hídricos e, em especial, na adoção da bacia

hidrográfica como unidade de planejamento (já bastante enfatizado no presente

trabalho). O item 3.2 bem ilustrou esta situação, prática comum do legislativo de

propostas de alterações da legislação, de parâmetros quantificados (gabaritos, taxas

de ocupação e outros) que acaba ainda sendo facilitada, entre outras razões, pelo

fato da concretude, dos cálculos ou vínculos destes números com a área geográfica

de planejamento e aplicação da lei, não estar explicitada no texto das normas. Ou

seja, se tornam abstrações facilmente alteráveis muitas vezes por critérios

particulares e sem fundamentos técnicos.

A título de exemplo e justificativa da preocupação com esta dinâmica listam-se

no Quadro 3.3.1 e Quadro 3.3.2 diversas proposições do Legislativo Municipal

disponíveis na biblioteca digital da Câmara Municipal do Rio de Janeiro que mantém

arquivos a partir de 1976. Cabe destacar que foram considerados respectivamente

apenas os projetos sob a denominação de gabaritos e de operações interligadas.

Na listagem sob o assunto gabaritos (Quadro 3.3.1) verifica-se um grande

quantitativo de Projetos de Lei – PL ou Projetos de Lei Complementar – PLC

propondo alterações nas alturas das edificações, direta ou indiretamente, através da

modificação de índices urbanísticos, condições de uso do solo e de parâmetros

edilícios, aplicadas a diferentes bairros e áreas da cidade.

164 Para detalhes das intervenções e expansões da cidade do Rio de Janeiro ver item 3.1 e sistematização no Quadro 3.1.1.

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QUADRO 3.3.1 - Proposições para Alteração de GabaritosProposição/

Nº Ementa

Processamento Legislativo

PL 0291/78 Dispõe sobre o aumento do gabarito, quando imprescindível para a construção de garagem em decorrência de iminência ou desabamento de edifício.

Aprovado, Lei 77/1978

PL 0457/79 Autoriza o Poder Executivo a regular através da presente lei o gabarito de prédios de multiandares e dá outras providências.

Veto total

PL 1.206/85 Fixa o limite para o gabarito de edificações na Avenida Atlântica, em Copacabana.

Rejeitado

PL 1.285/85 Dispõe sobre o número de pavimentos das edificações na zona residencial ZR3 do bairro do Grajaú.

Aprovado, Lei 969/87 de 06.05.87

PL 1.492/86 Determina que as definições ou alterações de normas e índices urbanísticos referentes aos assuntos que menciona sejam estabelecidos por meio de lei.

Veto total

PL 1.688/87 Fixa limite para o gabarito de edificações na Avenida Sernambetiba, na Barra da Tijuca

Retirado

PL 1.778/87 Fixa limite para gabarito de edificações situadas nos locais que menciona e dá outras providências.

Retirado

PL 1.834/87

Estabelece critérios para implantação de projetos oriundos de órgãos federais, estaduais e municipais que impliquem em alterações nas condições de uso e ocupação do solo vigentes nas áreas atingidas e dá outras providências.

Aprovado, Lei 1.198/1988

PL 0724/89 Determina o gabarito para edificação na área que compreende parte da Baixada de Jacarepaguá e dá outras providências.

Em 1ª discussão: parecer às emendas de1 a 5

PL 1.197/91

Revoga o Decreto 9.763 de 08.11.1990, que dispensa do atendimento ao gabarito de profundidade previsto no PAL 22.351 a quadra formada pelas Ruas Santa Clara, Domingos Ferreira, Figueiredo Magalhães e Avenida Atlântica, na 5ª RA – Copacabana e dá outras providências.

Retirado

PL 1.387/91 Revoga o Decreto 9.763 de 08.11.1990 e cancela licenças concedidas em desobediência ao PAL 22.351.

Arquivado

PL 1.830/92 Proíbe a construção residencial ou comercial na orla marítima com gabarito capaz de projetar sombra sobre o areal e/ou calçadão.

Veto total

PL 2.122/92 Revoga todos os atos que importem em alteração de altura máxima e de número máximo de pavimentos, estabelecidos pela legislação concernente às edificações.

Arquivado

PLC 13/93 Proíbe a construção residencial ou comercial na orla marítima com gabarito capaz de projetar sombra sobre o areal e/ou calçadão.

Aprovado, Lei Complementar 47/2000

PL 0137/97

Institui o PEU Tijuca Projeto de Estruturação Urbana (PEU) dos Bairros da Tijuca (código 033) e Praça da Bandeira (código 032), integrantes da Unidade Espacial de Planejamento 16, (UEP 16), e dá outras providências.

Transformado no PLC 39/99

PLC 39/99

Institui o PEU Tijuca Projeto de Estruturação Urbana (PEU) dos Bairros da Tijuca (código 033) e Praça da Bandeira (código 032), integrantes da Unidade Espacial de Planejamento 16, (UEP 16), e dá outras providências.

Em 2ª discussão: parecer às emendas 2 e 3

PLC 40/99

Estabelece condições para edificação destinada à clínica de suporte terapêutico oncológico do Instituto Nacional do Câncer, anexa ao Centro de Pesquisas Luíza Gomes Lemos, situada na Rua Visconde de Santa Isabel Nº 274, Vila Isabel, IX RA.

Em 1ª discussão

PLC 43/99 Dispõe sobre o licenciamento e o funcionamento de hotéis-residência no município.

Aprovado, Lei Complementar 41/1999

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QUADRO 3.3.1 - Proposições para Alteração de Gabaritos (Continuação)

PL 1.801/2000

Estabelece condições para edificação destinada à implantação de centro de pesquisas do Instituto Nacional do Câncer, na Rua Washington Luís, entre os números 24 e 32, AC-1, II RA – Centro.

Em 1ª discussão

PL 2.150/2000

Define bairros da cidade como áreas de crescimento limitado e dá outras providências.

Arquivado: Resolução 584/89

PLC 25/2001 Dispõe sobre a Política Urbana do Município, Instituindo o Plano Diretor da Cidade do Rio de Janeiro. Revisão do Plano Diretor de 1992, recebeu 3 Substitutivos, o último em 2006.

Rejeitados. Só em 2011 foi aprovado: LC 111/2011

PLC 54/2002 Altera os parâmetros edilícios que determina e dá outras providências.

Aprovado, Lei Complementar 60/2002

PL 1.307/2003

Regulamenta a Área de Proteção Ambiental e Recuperação Urbana - APARU do Alto da Boa Vista.

Recebeu Substitutivo

PL 1.481/2003

Declara como área de especial interesse urbanístico a área que menciona e estabelece normas de uso e ocupação do solo e dá outras providências.

Aprovado, Lei 4.125/2005

PLC 32/2006

Autoriza o uso comercial em trechos das Subzonas A-20 e A-21-a da ZE-5, bairro do Recreio dos Bandeirantes, XXIV RA, modificando as instruções normativas que acompanham o Decreto 3.046 de 1981 e dá outras providências

Em tramitação, sem parecer

PLC 41/2007 Inclui dispositivo ao Decreto 3.046 de 27.04.1981, e dá outras providências.

Arquivado

PLC 45/2007 Institui a AEIU - Área de Especial Interesse Urbanístico do bairro do Itanhangá, XXIV RA, Barra da Tijuca, e dá outras providências.

Em 1ª discussão

PLC 67/2008

Altera o zoneamento das áreas classificadas como Zona Residencial 6 – ZR 6, localizadas nos bairros de Santa Cruz, Paciência e Sepetiba; estabelece os parâmetros para a ocupação dessas áreas, em atendimento ao Plano Diretor Decenal da Cidade do Rio de Janeiro, e dá outras providências.

Em tramitação, emendas de 1 a 3, sem parecer

PLC 70/2008 Dá condições especiais para o licenciamento de edifícios em parte do bairro de São Conrado, VI RA e dá outras providências.

Em tramitação, sem parecer

PL 0344/ 2009

Declara como área de especial interesse social para implantação de conjunto habitacional de baixa renda.

Em tramitação, sem parecer

PL 0485/2009

Declara como área de especial interesse social para implantação de conjunto habitacional de baixa renda.

Aprovado, Lei 5.284/2011

PLC 01/2009

Dispõe sobre os terrenos remanescentes das desapropriações para implantação da linha 1 do Sistema Metroviário declarados "Áreas de Especial Interesse Urbanístico", de acordo com a Lei 2.396 de 16.01.1996, e dá outras providências.

Aprovado, Lei Complementar 98/2009

PLC 14/2009 Estabelece normas relativas a edificações e grupamentos de edificações aplicáveis a empreendimentos de interesse social vinculados à política habitacional municipal, estadual e federal.

Aprovado, Lei Complementar 97/2009

PL 0759/2010

Declara áreas de especial interesse social os lotes que menciona para implantação de programa habitacional de interesse social e dá outras providências.

Em 2ª discussão

PL 0765/2010

Altera as condições de uso e ocupação do solo no bairro de Vila Isabel, IX RA, contidas no Decreto 6.997/87.

Em tramitação, sem parecer

PLC 38/2010

Altera o Decreto 7.654 de 20.05.1988, que estabelece as condições de uso e ocupação do solo para a área que compreende os bairros da penha, Penha Circular e Brás de Pina, da XI RA - Penha, e dá outras providências.

Aprovado em 2ª discussão: em Autógrafos

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QUADRO 3.3.1 - Proposições para Alteração de Gabaritos (Continuação)

PLC 42/2010

Dispõe sobre a modificação de parte do PAA 10.600 - PAL 41.632 - corredor cultural, nas áreas no entorno da praça do expedicionário, cria condições para sua ocupação e dá outras providências.

Aprovado, Lei Complementar 110/2011

PLC 44/2010

Define parâmetros urbanísticos e normas de uso e ocupação do solo, autoriza operação interligada, estabelece incentivos para a ampliação da capacidade de hospedagem na cidade do Rio de Janeiro e autoriza a alienação de imóveis, visando à realização da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016, e dá outras providências.

Aprovado, Lei Complementar 108/2010

PLC 47/2011 Define os parâmetros urbanísticos para a área que menciona, inserida no bairro da Gamboa, I RA – Portuária, e dá outras providências.

Em tramitação

PLC 54/2011

Veda a construção de novas edificações em favelas declaradas áreas de especial interesse social, estabelece normas para a legalização das edificações nas áreas de menciona e dá outras providências.

Em tramitação

PLC 67/2011 Autoriza a adoção de parâmetros especiais para implantação de centro cultural em botafogo, IV RA.

Em tramitação

Fonte: Elaboração da autora com base em Rio de Janeiro (2010).

No Quadro 3.3.2, apresentado a seguir, que trata das operações interligadas,

aparece a relação das propostas dos vereadores (Projetos de Decreto Legislativo –

PDL) para sustar os efeitos dos decretos de executivo aprovando operações

interligadas. Estas operações, criadas pela Lei 2.128 de 18.04.1994 que

regulamenta o artigo 28 e 29 do Plano Diretor LC 16/1992, conforme comentado

anteriormente, permitem a alteração de padrões urbanísticos, tais como gabaritos,

área total construída e tipo de edificação. A contrapartida deste acordo é dada em

dinheiro (aplicado em obras públicas, construções populares, recuperação do meio

ambiente ou patrimônio cultural), obras ou serviços. São aprovadas por decreto do

prefeito e a Câmara de Vereadores tem 60 dias, após publicação do ato em Diário

Oficial, para entrar com proposta de cancelamento da operação. O período

considerado na pesquisa apresentada Quadro 3.3.2 foi o de maior ocorrência de

operações interligadas, entre os anos de 1994, ano de regulamentação do recurso e

2002, quando foi promulgado o Decreto 21.307 de 19.04.2002 que na

regulamentação da tramitação das propostas de operação interligada, instituiu

algumas restrições, dificultando a sua aplicação. Verifica-se no mesmo quadro que

nenhum dos vinte e quatro recursos para sustar operações interligadas listados foi

aprovado, da mesma forma que o PL 546/97 que primeiro procurou restringir o

instrumento, o que só ocorreu em 2002, conforme comentado, frustrando a intenção

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232

do PDL 055/2002. Vale citar também que as operações interligadas porventura

decretadas e não questionadas, não constam deste quadro. Mesmo tendo sido alvo

de análises e críticas contundentes quanto à falta de transparência na sua utilização,

desconsiderando em suas decisões a consulta à população e a observância do

direito de vizinhança, as operações interligadas possibilitaram a implantação ou a

ampliação de empreendimentos nas áreas mais valorizadas da cidade – Zona Sul e

Barra da Tijuca principalmente; tendo a maior parte de seus decretos editada no

período 1997-2000, no governo de Luiz Paulo Conde (ARAÚJO, 2005).

QUADRO 3.3.2 - Proposições para Sustar Operações Interligadas

Proposição / Nº Ementa Observações PDL 0119/95 Susta o Decreto 13.812 de 06.04.95 Arquivado

PDL 0161/95

Susta o Decreto 14.340 de 09.11.95, que aprova operação interligada para implantação de grupamento residencial multifamiliar nos lotes 1, 2 e 3 do PAL 39.657

Arquivado

PDL 0009/97 Susta o Decreto “N” 15.548 de 27.02.97, que aprova operação interligada para os lotes V1 e V2, do PAL 34.291, na Barra da Tijuca

Arquivado

PDL 0010/97 Susta o Decreto “N” 15.549 de 27.02.97, que aprova operação interligada para o lote V3, do PAL 34.291, na Barra da Tijuca

Arquivado

PDL 0078/97 Susta os efeitos do Decreto 16.161 de 15.10.97 Arquivado

PDL 0079/97 Susta os efeitos do Decreto 16.162 de 15.10.97 Arquivado

PDL 0080/97 Susta os efeitos do Decreto 16.163 de 15.10.97 Arquivado

PDL 0081/97 Susta os efeitos do Decreto 16.164 de 15.10.97 Arquivado

PDL 0082/97 Susta os efeitos do Decreto 16.165 de 15.10.97 Arquivado

PDL 0083/97

Susta o Decreto “N” 16.161 de 15.10.97, que aprova operação interligada para a Avenida das Américas Lote 02 do PAL 40.475, Subzona A-6/ZE-5, XXIV R. A. e dá outras providências

Arquivado

PDL 0084/97

Susta o Decreto “N” 16.162 de 15.10.97, que aprova operação interligada para a Avenida Sernambetiba, Lote 03 do PAL 29.505, Subzona A-2/ZE-5, XXIV R. A. e dá outras providências

Arquivado

PDL 0085/97

Susta o Decreto “N” 16.163 de 15.10.97, que aprova operação interligada para a Avenida Sernambetiba, Lote 01 do PAL 33.812, Subzona A-3/ZE-5, XXIV R. A. e dá outras providências

Arquivado

PDL 0086/97

Susta o Decreto “N” 16.164 de 15.10.97, que aprova operação interligada para a Avenida Sernambetiba Nº 6.200, Subzona A-3/ZE-5, XXIV R. A. e dá outras providências

Arquivado

PDL 0087/97 Susta o Decreto “N” 16.165 de 15.10.97, que aprova operação interligada para a Rua Timóteo da Costa Nº 40, Leblon, VI R. A. e dá outras providências

Arquivado

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233

QUADRO 3.3.2 - Proposições para Sustar Operações Interligadas (Continuação)

PL 546/97 Altera a Lei 2.128, de 18.04.1994, que regula o instituto da operação interligada.

Devolvido ao autor sem parecer por desacordo com Regimento Interno

PDL 0136/98 Susta o Decreto “N” 17.024 de 25.09.98, que aprova operação interligada para a Avenida Sernambetiba Lote 1 do PAL 40.182, Subzona A-3/ZE-5, XXIV R. A.

Arquivado

PDL 0137/98

Susta o Decreto “N” 17.025 de 25.09.98, que aprova operação interligada para a Avenida Sernambetiba Lotes 1, 13 e 21 da Quadra 6 do PAL 27.560, Subzona A-3/ZE-5, XXIV R. A.

Arquivado

PDL 0138/98

Susta o Decreto “N” 17.022 de 25.09.98, que aprova operação interligada para a Avenida Ministro Afrânio Costa, Lote 3 do PAL 40.018, Subzona A-2/ZE-5, XXIV R. A. e dá outras providências

Arquivado

PDL 0139/98

Susta o Decreto “N” 17.023 de 25.09.98, que aprova operação interligada para a Avenida Célia Ribeiro da Silva Mendes, Lotes 18, 19 e 20 da Quadra 1 do PAL 30.211, Subzona A-17/ZE-5, XXIV R. A. Recreio dos Bandeirantes

Arquivado

PDL 0144/98

Susta o Decreto “N” 17.026 de 25.09.98, que aprova operação interligada para a Estrada do Pontal, Lotes 1, 2 e 3 do PAL 39.508, Subzona A-21/ZE-5, XXIV R. A. e dá outras providências

Arquivado

PDL 0185/99 Susta os efeitos do Decreto 17.605 de 31.05.99 Arquivado

PDL 0186/99 Susta os efeitos do Decreto 17.606 de 31.05.99 Arquivado

PDL 0225/99 Susta os efeitos do Decreto 18.005 de 19.10.99 Arquivado

PDL 0226/99 Susta os efeitos do Decreto 18.004 de 19.10.99

Rejeitado por inconstitucionalidade com voto em separado

PDL 0274/00 Susta os efeitos do Decreto 18.793 de 25.07.2000 Arquivado

PDL 0055/02 Susta os efeitos do Decreto 21.307 de 19.04.2002 que regulamenta a tramitação das propostas de operação interligada.

Arquivado

Fonte: Elaboração da autora com base em Rio de Janeiro (2010).

Cabe comentar ainda em relação ao Quadro 3.3.2 que diversos PDLs,

correspondentes a iniciativas de diferentes vereadores propõem sustar o mesmo

decreto e que ainda se notam a existência de alguns decretos com a mesma data,

aprovando operações interligadas para locais diversos.

As alterações de parâmetros urbanísticos e seus efeitos na cidade podem ser

ainda bem ilustrados na Figura 3.3.1 e nas Figuras 3.3.4 a 3.3.9 que tratam das

densidades construídas e da evolução do índice de aproveitamento do terreno – IAT

na legislação pertinente e nos planos diretores, conforme apresentado a seguir.

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234

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235

No mapa apresentado na Figura 3.3.1, observando-se as densidades

construídas por quadra, destacados os intervalos dos valores por cores na Figura

3.3.2 incluída a seguir, para a situação no ano 2000, pode-se destacar a maior

densificação de construções (tons mais escuros) na zona norte seguida do centro da

cidade e, especialmente na zona sul, com ênfase para Copacabana. Nas zonas

norte e oeste se notam em maioria densidades médias (tons alaranjados) e altas

apenas pontualmente.

FIGURA 3.3.2 - Densidade Construída por Quadras (unidade m2/m2). Fonte: Rio de Janeiro (2011d).

A legenda, ampliada a seguir na Figura 3.3.3, utilizada nos mapas

relacionados nas Figuras 3.3.4 a 3.3.9 que se apresentam adiante, adotada para

exprimir os valores de IAT encontra-se padronizada. Foram mantidos os mesmos

intervalos de valores em todos os mapas permitindo uma comparação da aplicação

dos índices em diferentes momentos.

FIGURA 3.3.3 – Intervalos dos Valores de IAT Utilizados (unidade m2/m2). Fonte: Rio de Janeiro (2011d).

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236

Observa-se para o Substitutivo Nº3 de 2006, ao Plano Diretor de 1992, a

ocorrência de maiores faixas de IAT, relacionado à outorga onerosa165, para as

regiões centro e sul da cidade, seguidas da zona oeste (Figura 3.3.4), com algum

decréscimo nestas mesmas áreas de acordo com o novo Plano Diretor PLC

111/2011 (Figura 3.3.5), entretanto, mantidas ou até acentuadas na zona oeste com

remanejamentos, bem como nas áreas de influência (principais vias de circulação e

pólos de atração de investimentos, especialmente em torno do Maracanã e

Engenhão e, na região do Porto).

Os valores de IAT da principal concentração no centro e zona sul, seguidos de

concentração média na zona norte, em bairros próximos a Duque de Caxias, São

João de Meriti, Nova Iguaçu, Itaguaí, e proximidades da Avenida Brasil, de acordo

com o permitido no Decreto 322/ 1976 (Figura 3.3.6), evoluíram para um grande

incremento na região próxima da baía de Sepetiba, zona oeste e, especialmente nos

bairros de Bangu, Campo Grande, Jacarepaguá, Penha e adjacências, conforme o

Plano Diretor de 1992, LC 16/1992 (Figura 3.3.7). O Substitutivo Nº3 de 2006, deste

Plano, prossegue na proposta de densificação destas áreas, ainda com acréscimo

do IAT especialmente ao longo da Av. Brasil, com ênfase para os bairros da Pavuna,

Realengo, Deodoro e entorno, seguidos de Santa Cruz e bairros vizinhos. Na região

Barra da Tijuca também ocorre um incremento do IAT (Figura 3.3.8). O Plano

Diretor LC 111/2011 de certa forma retorna aos valores praticados para o Plano

Diretor de 1992, com diferenças, dentre elas, o aumento de IAT para a região da

Baixada de Jacarepaguá e a diminuição para os bairros de Campo Grande e

adjacências. Vale lembrar que o recurso da outorga onerosa, conforme verificado no

mapa da Figura 3.3.5, passa a permitir, a partir do novo Plano Diretor, também um

alto IAT em diversas áreas, incluindo a valorizada região da Barra da Tijuca.

165 Outorga Onerosa é um instrumento de política urbana incluído no Estatuto da Cidade, Lei 10.257/2001, no artigo 4º, inciso V, alínea “n” e; definido no artigo 28 como “o direito de construir [...] acima do coeficiente de aproveitamento básico adotado, mediante contrapartida a ser prestada pelo beneficiário” de acordo com o estabelecido no plano diretor e lei específica conforme condições que constam nos artigos 29, 30 e 31 do mesmo Estatuto da Cidade (MEDAUAR, 2002). Também conhecido como “solo criado”, o recurso tem resultado em controvérsias na aplicação e mesmo na formulação e regulamentação.

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237

FIGURA 3.3.4 – Mapa do Município do Rio de Janeiro com os Índices de Aproveitamento do

Terreno–IAT nas áreas passíveis de outorga onerosa no Plano Diretor–Substitutivo Nº3/2006. Fonte: Rio de Janeiro (2011d).

FIGURA 3.3.5 – Mapa do Município do Rio de Janeiro com os Índices de Aproveitamento do

Terreno – IAT nas áreas passíveis de outorga onerosa no Plano Diretor – LC 111/2011. Fonte: Rio de Janeiro (2011d).

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238

FIGURA 3.3.6 – Mapa do Município do Rio de Janeiro com os Índices de Aproveitamento do

Terreno – IAT máximos permitidos no Decreto 322/1976. Fonte: Rio de Janeiro (2011d).

FIGURA 3.3.7 – Mapa do Município do Rio de Janeiro com os Índices de Aproveitamento do

Terreno – IAT máximos permitidos no Plano Diretor – LC 16/1992. Fonte: Rio de Janeiro (2011d).

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239

FIGURA 3.3.8 – Mapa do Município do Rio de Janeiro com os Índices de Aproveitamento do

Terreno – IAT máximos permitidos no Plano Diretor – Substitutivo Nº3/2006. Fonte: Rio de Janeiro (2011d).

FIGURA 3.3.9 – Mapa do Município do Rio de Janeiro com os Índices de Aproveitamento do

Terreno – IAT máximos permitidos no Plano Diretor – LC 111/2011. Fonte: Rio de Janeiro (2011d).

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240

Pode-se destacar a partir da observação dos Quadros 3.3.1 e 3.3.2 a

ocorrência de sucessivas propostas de alterações da lei, especialmente em relação

aos parâmetros selecionados, gabarito e os atingidos pelas operações interligadas.

Importa ressaltar que estes aspectos selecionados são fundamentais para a

ocupação do solo urbano e se relacionam diretamente à área a ser construída. São,

por isto mesmo, representativos do processo e, a possibilidade e facilidade de sua

alteração, evidenciam a maleabilidade desta legislação. Na Figura 3.3.1 e nas

Figuras 3.3.4 a 3.3.9 também se evidenciam a relação entre densidade de área de

construção com o IAT que se destina ao cálculo dos gabaritos e das áreas máximas

a serem construídas. Percebe-se o quanto o aumento do IAT se presta à

densificação. Nota-se inclusive como este índice está relacionado ao direcionamento

do crescimento da cidade e à aplicação do recurso da outorga onerosa.

Caso a legislação urbanística apresentasse de forma explícita a relação entre

os gabaritos e taxas de ocupação dos lotes com as densidades previstas para

determinadas regiões, especialmente com as bacias hidrográficas (correspondentes

aos PEUs, por exemplo, conforme já aqui proposto), mais dificilmente estes valores

poderiam ser alterados, muitas vezes sem critérios técnicos e atendendo a

interesses individuais ou de pequenos grupos. Para ressaltar a relevância dos

indicadores, em especial o IOS-BH nos moldes aqui propostos (e desenvolvido no

item 3.5) procede-se a seguir na aplicação em caso de estudo que pode exemplificar

bem a dinâmica da alteração dos parâmetros urbanísticos e as conseqüências

diretas no potencial construtivo e, portanto na configuração da cidade.

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3.4. ALTERAÇÕES NA LEGISLAÇÃO URBANÍSTICA: CASO DE ESTUDO NA BARRA DA TIJUCA – RIO DE JANEIRO

A ocupação urbana da Baixada de Jacarepaguá e Barra da Tijuca, região na

qual se insere a área do estudo aqui apresentado, que, até 1969 devia ser ordenada

pelo Plano de Diretrizes de Vias Arteriais, foi objeto então de novo Plano Piloto,

encomendado pelo Governador do Estado da Guanabara na época, Francisco

Negrão de Lima, ao arquiteto Lúcio Costa. O Plano Piloto para a Baixada de

Jacarepaguá e Barra da Tijuca, Decreto 3.046 de 27.04.1981, foi então elaborado.

Mesmo considerando “as peculiaridades da topografia local, os aspectos ligados à

orientação adequada e à preservação de muitas das características naturais do sítio”

o plano, devido mesmo a sua própria característica, à sua

concepção fluida – a inexistência de uma legislação urbanística detalhada e precisa, orientando a ocupação da área – vai acabar permitindo que os empresários do setor imobiliário atuem junto ao Estado, no sentido de promover os ajustes necessários à realização de seus interesses (LEITÃO, 1999, p.100).

Ou seja, nas últimas décadas, mesmo contrariando as intenções do seu

idealizador, diversas alterações foram realizadas no Plano Piloto, tais como

modificações de gabaritos e de usos previstos inicialmente, bem como das

condições de parcelamento do solo (LEITÃO, 2003).

Esta dinâmica, especialmente a partir de 1995, espelha a aceleração do

processo de expansão da urbanização da cidade do Rio de Janeiro, principalmente

na direção oeste, incluindo a Barra da Tijuca, acentuando os graves problemas

urbanos e ambientais, principalmente relacionados às pressões de interesses

comerciais e imobiliários e decorrentes da intensa urbanização.

O estudo166 a seguir, representativo destas modificações, compara as

possibilidades de ocupação máxima dos terrenos situados entre a Avenida Octávio

Dupont / Rua Líbero Oswaldo de Miranda e a Avenida Moisés Castelo Branco Filho,

na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, apresentados na Figura 3.4.1 a seguir, de

acordo com o Decreto 3.046 de 27.04.1981 (Plano Piloto para a Baixada de

Jacarepaguá e Barra da Tijuca – Plano Lúcio Costa) e com a legislação que o altera

(Decreto 11.990 de 24.03.1993), com base nas características dos terrenos

166 Trata-se de resultado de estudo comparativo preliminar de possibilidades de ocupação máxima dos terrenos em questão de acordo com a legislação citada, sujeito ainda a alterações de acordo com o projeto arquitetônico e urbanístico, especificidades dos terrenos, demandas de mercado etc.

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242

consideradas no Quadro 3.4.1) e nos parâmetros de ocupação constantes nos

Quadros 3.4.2 e 3.4.3.

Figura 3.4.1 - Planta de Localização dos Terrenos 1 e 2 do Estudo de Caso. (sem escala)

Fonte: Elaboração da autora com base em Rio de Janeiro (2011d).

QUADRO 3.4.1 – Características dos Terrenos 1 e 2 do Estudo de Caso

TERRENO 1 TERRENO 2

ÁREA DA GLEBA

216.725,00m2 (SG) = [158.240,00m2 +

58.485,00m2recuo] 756.950,00m2 (SG)

DIMENSÕES

215,00m (Av. das Américas) x 785,00m (dir.) x 240,00m (Lagoa de Marapendi) x 687,00m (esq. Rua Líbero Oswaldo de Miranda) + recuo

1.000,00m (Av. das Américas) x 591,82m (dir. Av. Moisés Castelo Branco Filho) x 1.133,00m (Lagoa de Marapendi) x 740,00m (esq.)

Fonte: Elaboração da autora com base na Planta de Localização dos Terrenos 1 e 2, Figura 3.4.1.

Av. Octávio Dupont / Rua Líbero Oswaldo de

Miranda

TERRENO 1 TERRENO 2

Av. Moisés Castelo Branco Filho

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243

QUADRO 3.4.2 – Parâmetros no Decreto 3.046 de 27.04.1981(Subzona A–18)

USO RESIDENCIAL MULTIFAMILIAR

USO COMERCIAL

USO RESIDENCIAL UNIFAMILIAR

PARCELAMENTO NÚCLEO (N) ÁREA MÁXIMA 70.000,00m2

(C) TESTADA P/ AV. AMÉRICAS PROF 70,00m ÁREA MÍN LOTE 3.500,00m2 TESTADA MÍN 50,00m

SL = 1/3 [SG – (C + N)] SG – ÁREA DA GLEBA ÁREA LIVRE=2/3 [SG – (C + N)] ÁREA MÍN 1.000m2 TESTADA MÍN 20,00m

EDIFICAÇÃO GAB 18 A 30 PAV IAA - 3,00 AFAST. MÍN F - ¼ ALT TOTAL DOS PAV. UNID. DIV. - ¼ ALT TOTAL DOS PAV. UNID. ENTRE ELES – 40% EDIF. MAIS ALTA

GAB 2 PAV. IAA - 0,75 TO – 30% AFAST. MÍN. F – 10,00m DIV. – 10,00m

GAB 2PAV. IAA – 0,60 TO – 40% AFAST. MÍN. F – 5,00m DIV. – 2,50m OU F – 10,00m OU MAIS DIV - ZERO

Fonte: Elaboração da autora com base na legislação correspondente, Decreto 3.046 de 27.04.1981.

QUADRO 3.4.3 - Parâmetros no Decreto 11.990 de 24.03.1993 – ZOC 1 (Lotes situados entre a Avenida Octávio Dupont / Rua Líbero Oswaldo de Miranda e a

Avenida Moisés Castelo Branco Filho)

USOS

ÁREA P/EQUIP. PÚBLICO 35% DO TOTAL (PL. DIRETOR ARTIGO 84 parágrafo ÚNICO) RESIDENCIAL UNIFAMILIAR E MULTIFAMILIAR 90% do ATE SERVIÇOS E COMERCIAL (TESTADA AV. AMÉRICAS) 10% do ATE

ALTERNATIVAS I II

ÁREA MÍN. LOTE 3.500,00m2 10.000,00m2 TESTADA MÍN. 50,00m 30,00m

GABARITO MÁX. 22 PAV. 25% 4 PAV. 50% 6 PAV. 25% 8 PAV.

IAT 1,30 2,0

TO 30% 40% AFASTAMENTOS F ¼ ALT. MIN. 10,00m 5,00m

DIV. ¼ ALT. MIN. 10,00m 5,00m ENTRE EDIF. 40% DA ALT. TOTAL MAIS ALTA ZERO / RCE

Fonte: Elaboração da autora com base na legislação correspondente, Decreto 11.990 de 24.04.1993.

O Quadro 3.4.4, a seguir, apresenta o resultado do estudo comparativo das

viabilidades de ocupação máxima dos terrenos 1 e 2 em análise, a partir da

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244

aplicação nos terrenos dos parâmetros de ocupação (Quadros 3.4.2 e 3.4.3)

constantes nos Decretos em questão.

QUADRO 3.4.4 - Estudo Comparativo de Viabilidades de Ocupação dos Terrenos 1 e 2 do Estudo de Caso

APLICAÇÃO DOS PARÂMETROS DOS

QUADROS 3.4.2 E 3.4.3

DECRETO 3.046 DE 27.04.1981

DECRETO 11.990 DE 24.03.1993

ALTERNATIVA I

DECRETO 11.990 DE 24.03.1993

ALTERNATIVA II TERRENO 1

USO RESIDENCIAL

ATE 236.334,574m2 164.819,304m2 253.568,25m2

UNIDADES 2.340 + 40 lotes (unif.)

1.761 2.513

USO COMERCIAL

ATE 9.030,00m2 18.313,26m2 28.174,25m2 UNIDADES 198 407 626

TOTAL ATE 245.364,574m2 183.132,56m2 281.742,50m2 TERRENO 2

USO RESIDENCIAL

ATE 333.390,00m2 575.660,36m2 885.631,50m2

UNIDADES 2.340 + 200lotes (unif.)

6.174 10.080

USO COMERCIAL

ATE 42.000,00m2 63.962,26m2 98.403,50m2 UNIDADES 920 1.422 2.187

TOTAL ATE 375.390,00m2 639.622,62m2 984.035,00m2

Fonte: Elaboração da autora com base na legislação correspondente, Decreto 3.046 de 27.04.1981 e Decreto 11.990 de 24.04.1993.

Observando-se o Quadro 3.4.4 destaca-se que a alteração da legislação, dos

parâmetros de ocupação dos terrenos, possibilitou, em relação ao Decreto 3.046 de

27.04.1981, o aumento do potencial construtivo, tanto em área de ocupação, como

em número de unidades construídas, particularmente na adoção da alternativa II do

Decreto 11.990 de 24.03.1993. Nota-se ainda, que esta opção se mostra favorável

ao incremento tanto do uso comercial, como também do uso residencial,

especialmente para terrenos de maior dimensão, como o terreno 2.

O estudo apresentado, através da aplicação dos parâmetros de ocupação e

construção nos terrenos em análise, permite desvendar o significativo aumento do

seu potencial construtivo. Dificilmente tais conclusões seriam possíveis apenas a

partir da leitura da legislação. Ou seja, a dimensão e possíveis conseqüências das

alterações na legislação urbanística podem estar camufladas, justamente, nos

parâmetros urbanísticos. Reside aí a sua importância e, a necessidade de se discutir

e propor a adoção de novos parâmetros que permitam uma relação direta com os

Planos de Bacia, tornando-os mais explícitos, mais facilmente quantificáveis e,

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245

portanto mais dificilmente alterados sem critérios objetivos e que contemplem os

possíveis impactos na área de planejamento, então a bacia hidrográfica.

O desenvolvimento e conceituação destes parâmetros, tais como a taxa de

impermeabilização do solo, percentuais de área construída e de área verde,

disponibilidade de serviços de infra-estrutura, condicionantes de conforto climático e

ambiental e outros, facilitariam a articulação do planejamento urbano com o de

recursos hídricos. Integração tão almejada, mas difícil de ser viabilizada.

Simultaneamente, na medida em que estivessem também explicitados e

devidamente acompanhados de seus cálculos, estariam a serviço de um

crescimento urbano controlado, desvendando e possibilitando a aplicação de

estratégias para um desenvolvimento urbano sustentável.

3.5. MEDIAÇÃO E SUPERAÇÃO: IOS-BH

3.5.1. Formulação

O indicador de ocupação sustentável da bacia hidrográfica – IOS-BH, aqui

proposto e a seguir desenvolvido, acredita-se, se constitui em importante e muito

simples ferramenta para a superação do planejamento contemporâneo no sentido da

sustentabilidade. Instrumento de excelente articulação dos planejamentos urbano e

de recursos hídricos e também ambiental viabiliza objetivamente esta aplicação,

porque se corresponde diretamente à bacia hidrográfica (observada em contexto

amplo, como espaço social), melhor unidade desta gestão articulada. Relaciona-se

facilmente à legislação urbanística na medida em que agrega índices já constantes

destas normas. Devido à simplicidade de sua composição é um indicador aplicável

aos projetos e planos em geral, subsidiando as discussões acerca das dicotomias

presentes na implantação dos planejamentos (funcionalista e estratégico), inclusive

no que se refere às unidades de planejamento, ao zoneamento e pólos de atração

urbana, estratégias, intervenções e alterações da legislação. O indicador pode

exercer papel de mediação entre projeto e teorias e sua aplicação; entre o número e

a realidade: a bacia hidrográfica, a densidade populacional, a área construída; entre

a população (entidades representativas, fóruns de discussão) e os legisladores e

executores do planejamento. O IOS-BH configura-se ainda em elemento de

referência na teoria de Lefebvre (1983), conforme discutido nos itens 1.3. e 1.4, pois

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permite o seu deslocamento, mediação e movimento entre diferentes pólos de

oposição: absoluto (cada terreno) e relativo (a bacia hidrográfica); simples e

complexo (adequação rápida e imediata de determinado prédio ao parâmetro de

sustentabilidade proposto até um planejamento completo e detalhado das sub-

bacias urbanas); passado, presente e futuro (imediato e mediato - pode retratar a

época desejada, inclusive prospecções, metas de sustentabilidade a serem

alcançadas); quantidade e qualidade (se caracteriza por um número, mas com

referências qualitativas: disponibilidade de áreas livres, qualidade da água e outros);

teoria e prática do planejamento; contribuindo para o enriquecimento das

formulações atuais, apontando para uma estratégia de superação da dicotomia

central entre sustentabilidade e insustentabilidade. Tal formulação, a seguir, se

apresenta no desenvolvimento do IOS-BH.

3.5.2. Composição

A composição do IOS-BH foi desenvolvida a partir do indicador TI (taxa de

impermeabilização) proposto em Kauffmann (2003) e aplicado em seguida em

diversos estudos relacionados ao planejamento urbano articulado à gestão dos

recursos hídricos (KAUFFMANN, 2009; KAUFFMANN et al. 2007; KAUFFMANN e

PIMENTEL DA SILVA, 2004 e 2005; KAUFFMANN et al., 2003, 2004a, b, c, d;

KAUFFMANN et al., 2004; KLEIMAN e KAUFFMANN, 2006 e 2008) se mostrando

adequado a esta integração. Foram considerados também os parâmetros: qualidade

da água (SCHUELER, 1994); disponibilidade de áreas verdes (Organização Mundial

da Saúde – OMS apud FERREIRA DOS SANTOS, 1988) e densidade de habitantes

(FERRARI, 1979), agora agregados à TI. Tomaram-se também na composição a

área total da bacia hidrográfica, a área total do terreno e a área total edificada – ATE

que se calcula a partir dos índices (números, abstrações conforme discutido no item

3.3) comumente presentes na legislação urbanística: IAA – índice de aproveitamento

da área; IAT – índice de aproveitamento do terreno; TO – taxa de ocupação,

gabarito e outros necessários aos estudos de viabilidades de ocupação dos

terrenos, conforme apresentado no item 3.4.

A seleção destes parâmetros, explicitados a seguir, buscou atender a um

mínimo de variantes que melhor pudessem compor o indicador proposto e que

proporcionassem a sua correspondência com a nova área de planejamento, a bacia

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hidrográfica, e também a sua inclusão na legislação urbanística. O indicador TI e

qualidade das águas (SCHUELER, 1994) se relaciona à disponibilidade de áreas

verdes e número de habitantes (12m2/hab) (OMS), que se conecta à densidade de

habitantes por área (2,5 a 4,5 /100m2) (FERRARI, 1979), que, por sua vez, relaciona

densidade de habitantes à área total construída (ATE) já incluída na legislação

urbanística.

A taxa de impermeabilização do solo importante indicador de sustentabilidade

da bacia hidrográfica urbana, conforme já discutido nos itens 2.2. e 2.3, se apresenta

relacionada à qualidade das águas nos estudos de Schueler167 que, a partir de

diversas aplicações, apontaram diferentes níveis de impactação nas bacias,

conforme demonstrado no Quadro 3.5.2.1. a seguir.

QUADRO 3.5.2.1- Taxas de Impactação em Bacias Baseadas em Superfícies Impermeabilizadas

Degradação Ambiental em Bacias Faixas de Taxas de Impermeabilização

Bacias Desgastadas < 10-15%

Bacias Impactadas 16-25%

Bacias Degradadas > 25%

Fonte: Schueler (1994). A disponibilidade de áreas verdes, parâmetro de grande relevância para

avaliação da sustentabilidade urbana168, revela a sua importância nos processos de

urbanização não só sob o ponto de vista ambiental, mas também, estético,

emocional e recreativo, fornecendo estratégia apropriada ao equilíbrio entre as

intervenções humanas e a natureza (ONG, 2002). Whitford et al. (2001), em estudo

167 Cabe destacar a importância dos estudos de Schueler. Thomas Schueler reúne mais de 30 anos de experiência em gestão e análise de águas pluviais de bacias hidrográficas. Fundou o Centro de Proteção de Mananciais, em 1992, e lidera a Rede de Águas Pluviais Chesapeake, nos Estados Unidos, desde 2007. Realizou extensa pesquisa sobre o desempenho de remoção de poluentes, custo e longevidade das práticas de águas pluviais, resultando em mais de vinte manuais de proteção e restauração de bacias hidrográficas urbanas. Schueler também trabalhou como especialista no painel National Research Council, produzindo o relatório de Gestão de Águas Pluviais nos Estados Unidos em 2008. Acumulou ainda vasta experiência em desenvolvimento de modelos para tratamento de bacias hidrográficas (SCHUELER et al., 2005 e 2007), ferramentas úteis para a implantação e acompanhamento do planejamento e gestão das águas urbanas (CSN, 2011). 168 Diversos autores têm se dedicado ao estudo dos efeitos dos processos de urbanização na ocupação das áreas livres e aumento das áreas impermeabilizadas, alguns citados no item 2.2.1. Sob este aspecto destacam-se os exemplos de Brandão (1992) aplicado no Rio de Janeiro, Ferraz (1996) em Piracicaba, SP, Pimentel da Silva et al. (2003) em Angra dos Reis, RJ, e Pauleit e Duhme (2000) na Alemanha.

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aplicado em áreas urbanas de Merseyside, Liverpool, Inglaterra, concluiram que a

principal influência no equilíbrio ecológico se deve ao percentual existente de áreas

verdes, especialmente com árvores, ferramenta efetiva para o desafio do

crescimento urbano sustentável. Guzzo (2002) lembra que as áreas verdes

proporcionam melhoria no ambiente excessivamente impactado das cidades e traz

benefícios para os seus habitantes.

Dentre diversos outros estudos (também já comentados no item 2.2) destaca-

se que segundo a Organização Mundial de Saúde - OMS o parâmetro indicado de

destinação nos projetos de loteamento é de no mínimo 12m2 de área verde por

habitante (parâmetro adotado na composição do IOS-BH, conforme se apresenta no

Quadro 3.5.2.2) (FERREIRA DOS SANTOS, 1988) e que estudos realizados pela

Secretaria Municipal de Meio Ambiente alertam que desde 1997 a cidade do Rio de

Janeiro tem perdido a cada ano um percentual de área verde superior ao de

reposição ou reflorestamento. Tal situação tem trazido conseqüências diretas no

aumento das enchentes e erosões e, indiretas no empobrecimento da biodiversidade

e em alterações radicais no micro-clima urbano (Rio de Janeiro, 2002).

Tucci (2002) destaca ainda a dificuldade de se contemplar na legislação

municipal aspectos pertinentes à drenagem urbana que por se tratar de matéria

relacionada ao meio ambiente e controle da poluição é de competência

constitucional (artigo 23) comum à União, Estados e Municípios, cabendo ao

Município legislar sobre uso do solo (artigo 30). Acontece então que no zoneamento

municipal, em geral os aspectos da drenagem e inundações não são

suficientemente abordados169. No Rio de Janeiro o Plano Diretor Decenal da

Cidade de 1992 apresentou uma série de recomendações e orientações quanto às

questões de inundações e drenagem, reforçadas no Plano Diretor de

Desenvolvimento Urbano Sustentável do Município do Rio de Janeiro de 2011

(conforme comentado no item 2.3.2). Diversos Projetos de Estruturação Urbana

como o PEU de Campo Grande, o PEU das Vargens e outros, se referem à questão

169 Os exemplos de Belo Horizonte, cujo Plano de Desenvolvimento Urbano de 1996 previa a possibilidade de impermeabilização de áreas permeáveis desde que compensada por detenção de determinado volume, o de Guarulhos que em 2000 adotou a obrigatoriedade de detenções para áreas impermeabilizadas superiores a 1 ha e o de Porto Alegre, quando em 2000 o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental regulamentou a manutenção das vazões naturais para qualquer novo empreendimento depois de implantado, todos com resultados insatisfatórios, ilustram esta consideração (ABRH, 2003; TUCCI, 2002).

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da ocupação do solo e às taxas de permeabilidade máxima permitidas. Embora

também ainda sejam incipientes, estas taxas podem ser consideradas como

avanços importantes no sentido de uma melhor articulação da legislação urbanística

com a questão dos recursos hídricos, drenagem e controle de inundações,

especialmente se articuladas à densidade de habitantes.

A densidade, na verdade, apresenta a propriedade (conforme comentado) de

relacionamento a estas taxas e aos indicadores escolhidos (TI e disponibilidade de

áreas verdes) e também à área construída (ATE) além de ser um parâmetro técnico

muito utilizado nos processos de planejamento urbano. Representa “o número total

da população de uma área urbana específica, expressa em habitantes por uma

unidade de terra ou solo urbano, ou o total de habitações de uma determinada área

urbana, expressa em habitações por unidade de terra”. É importante indicador de

sustentabilidade urbana, já que o tamanho, a forma e o padrão de urbanização de

áreas residenciais exercem influência direta na qualidade de vida da população. As

“cidades não podem crescer linearmente e indefinidamente sobre o seu entorno

natural” e nem se verticalizar indiscriminadamente, “sem colocar em risco os

recursos naturais essenciais à sua própria existência e sustentabilidade”. É

necessário discutir os limites da densificação das cidades, os “custos e benefícios de

determinadas taxas de ocupação e densidade populacional” (ACIOLY e DAVIDSON,

1998).

Diversos parâmetros devem ser considerados no estudo das densidades e,

Ferrari (1979) adverte que para cada caso específico deve-se buscar:

a densidade econômica ou ótima que varia de acordo com o nível e o gênero de vida da população, a estrutura ecológica da cidade e, sobretudo, o custo unitário dos equipamentos urbanos, [que] dentro da realidade local deve-se adensar ao máximo a população urbana [e ainda destaca que] no Brasil a densidade econômica se situa entre 250 a 450 hab/ha.

A densidade de 350 hab/ha seria então a densidade média adotada na

composição do IOS-BH conforme se apresenta no Quadro 3.5.2.2170.

170 Acioly e Davidson (1998) destacam algumas experiências relacionadas à densidade de habitantes e habitações. Em Curitiba, o “conceito de densidade utilizado como instrumento capaz de induzir maiores taxas de ocupação e coeficientes de aproveitamento dos lotes, ajudou a definir um perfil e uma silhueta urbana da cidade” (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba – IPPUC 1991 e 1993 apud ACIOLY e DAVIDSON, 1998). Em Brasília, a baixa densidade habitacional, resultou na grande quantidade de áreas verdes no Plano Piloto, mas, apesar de criar um ambiente

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Para o caso do Rio de Janeiro, Ettrich (1996)171 destaca que o Plano Diretor da

Cidade, embora apresente a recomendação de se adotar um adensamento

proporcional à capacidade de infra-estrutura existente

não apresenta referenciais absolutos sobre taxas de densidades aceitáveis ou recomendadas. O instrumento disponível (na legislação em geral) para o tratamento da densidade ainda é o Índice de Aproveitamento do Terreno – IAT, um número, [estabelecido por bairros ou conjunto de bairros], que multiplicado pela área do terreno, produz a área máxima edificável [e por conseqüência os gabaritos].

Apesar dos gabaritos terem sido revistos pelo Plano Diretor, procurando

maior coerência com a capacidade de infra-estrutura existente, ainda permitem densidades incompatíveis com essa capacidade. [A] operação interligada, instrumento que facilita a densificação, vem acontecendo de forma inteiramente desconectada de qualquer estratégia de ordenamento ou de controle do desenvolvimento da cidade [conforme exemplificado no Quadro 3.3.2] (ACIOLY e DAVIDSON, 1998, p.73).

O IOS-BH, agregando estes indicadores apresentados, quantifica (é um

número, um índice, agregado e relacionado a parâmetros) e qualifica (é uma

referência, um indicador de sustentabilidade) o quanto um determinado terreno

(caráter absoluto) ou uma determinada bacia ou sub-bacia hidrográfica (caráter

relativo) pode ser ocupada (densidade de habitantes e de área construída) sem

prejuízo da qualidade das águas, sem sacrifício das áreas verdes e livres e, sem

sobrecarga nos serviços de infra-estrutura considerados no parâmetro relacionado à

densidade de habitantes.

urbano agradável, reduziu as possibilidades de contatos sociais e elevou os custos da urbanização e manutenção dos espaços públicos. Na Califórnia o padrão de crescimento e expansão urbanos baseados na baixa densidade e empreendimentos suburbanos, não se mostra mais sustentável, pois provocou enormes custos de infra-estrutura, manutenção e transporte contribuindo para a degradação da qualidade de vida (Bankamerica Corporation, 1995 apud ACIOLY e DAVIDSON, 1998). Ao contrário, na Holanda um país pequeno, altamente urbanizado e com as maiores densidades demográficas do mundo, foram consideradas a maximização dos investimentos públicos e a necessidade de se adotar a cidade compacta. Entretanto este ambiente urbano é considerado por muitos holandeses como “um tanto monótono e as habitações amontoadas umas sobre as outras” (ROOSEN e KROPMAN, 1989 apud ACIOLY e DAVIDSON, 1998). Em São Paulo, a gestão do estoque de espaço urbano, propondo a densificação de áreas residenciais e não residenciais de acordo com a demanda e disponibilidade de infra-estrutura, desenvolvendo para tal uma série de indicadores parece, apesar de algumas críticas, ter obtido êxito (ACIOLY e DAVIDSON, 1998). Também em Porto Alegre, a capacidade de adensamento urbano tem sido estudada, buscando uma densificação adequada, em contrapartida à alternativa de dispersar ou espalhar a cidade, relacionando-se ainda densidades e custos de infra-estrutura, ao controle da drenagem urbana (MARASQUIN, 2002; ABRH, 2003). 171 Contribuições de Marlene Herta Moritz Ettrich, Secretaria de Urbanismo da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, 1996, no quadro preparado para ACIOLY e DAVIDSON, 1998, p.73.

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Relacionando-se então a área total edificada, a área do terreno e da bacia

hidrográfica aos parâmetros de impermeabilização do solo, disponibilidade de áreas

verdes e densidade de habitantes, chegou-se para o cálculo do IOS-BH à equação:

Equação 3.5.2.2

Onde se consideraram:

IOS-BH = Indicador de Ocupação Sustentável da Bacia Hidrográfica

IOS-BH é o somatório dos IOS-BH dos diversos terrenos ou sub-bacias incluídos na

área de aplicação

A-BH = Área da Bacia Hidrográfica (PEU ou área de aplicação)

AT = Área do Terreno (ou sub-bacia hidrográfica)

ATE = Área Total Edificada (do terreno ou sub-bacia hidrográfica)

Pode-se calcular o ATE quando necessário a partir da Área Livre do terreno

(AV):

ATE = AT – AV

TI = Taxa de Impermeabilização do terreno (ou sub-bacia hidrográfica)

A TI, quando não especificada, pode ser considerada igual à TO, taxa de

ocupação do terreno:

TI = TO

Para o cálculo do IOS-BH, quando a área do terreno é igual à da bacia

hidrográfica, aplicar:

AT/A-BH = 1

A Equação 3.5.2.2 foi desenvolvida a partir dos parâmetros limites adiante

listados e a seguir relacionados no Quadro 3.5.2.2 :

máximo de 25% de taxa de impermeabilização do solo para não

degradação das águas da bacia hidrográfica (Quadro 3.5.2.1) (SCHUELER,

1994);

mínimo de 12,00m2 por habitante de área verde ou livre de acordo com a

recomendação da OMS;

IOS-BH = ∑ (ATEi/ATi) x TIi x ATi/A-BH

i=n

i=1

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3,5 hab/ 100m2 média da variação de densidade entre 2,5 a 4,5 habitantes por

100m2 (250 a 450 hab/ha) (FERRARI, 1979).

QUADRO 3.5.2.2 – Parâmetros do IOS-BH

Parâmetros

Densidade Média (Dmed)

(1)

Percentual Mínimo recomendado de

Área Verde (AVrec) (2)

Taxa de Impermeabilização

máxima (TImáx) (3)

Área do Terreno (Área de Aplicação)

(cada terreno ou sub-bacia hidrográfica)

(AT) (100%)

3,5 hab/100m2

12,00 m2/hab

25%

Fonte: Elaboração da autora.

Os parâmetros (1) e (2) do Quadro 3.5.2.2 foram relacionados entre si

resultando na Área Verde mínima (AVmín):

AVmín = Dmed x AVrec Equação 3.5.2.2

Subtraindo-se do percentual da Área do Terreno (AT) o percentual de Área

Verde mínima (AVmín) , tem-se a Área Total Edificada máxima (ATEmáx):

ATEmáx = AT - AVmín = AT – (Dmed x AVrec ) Equação 3.5.2.3

Relacionando-se o parâmetro (3) do Quadro 3.5.2.2, Taxa de

Impermeabilização máxima (TImáx), à Área Total Edificada máxima (ATEmáx) da

Equação 3.5.2.3 , chega-se ao IOS-BH de referência:

IOS-BHref = ATEmáx x TImáx = [AT – (Dmed x AVrec )] x TImáx Equação 3.5.2.4

Esta equação deu origem à Equação 3.5.2.2 (apresentada inicialmente) na

qual o cálculo do IOS-BH se relaciona ao somatório do IOS-BH de cada sub-bacia

(ou terreno) da Área de Aplicação (Bacia Hidrográfica) e, traz, portanto ainda a

variável AT/A-BH (onde AT é específico para cada terreno ou sub-bacia) e que, para

o caso do IOS-BH de referência é igual a 1( AT=A-BH).

Por fim, aplicando-se os valores limites constantes do Quadro 3.5.2.2 à

Equação 3.5.2.4 chegou-se ao:

IOS-BHref = [100% - (3,5 hab/100m2 x 12,00 m2/hab)] x 25% = [100% - 42%] x

25% = 58% x 25% = 0,145

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IOS-BHref = 0,145

Então, a ocupação sustentável da bacia hidrográfica deve atender:

IOS-BH ≤ 0,145

Ou seja, o IOS-BH para cada terreno ou bacia hidrográfica, em todos os casos

referenciados a parâmetros diretamente relacionados às águas urbanas (TI) e à

legislação urbanística (ATE), pode medir o quanto cada edificação, empreendimento,

bairro, PEU ou até cidade (relacionados a bacias ou sub-bacias), se insere na faixa

de sustentabilidade (até o valor do IOS-BH de referência), possibilitando as

correções e adequações necessárias para a minimização de cheias e inundações;

recuperação e dotação das áreas verdes urbanas e, planejamento da ocupação

urbana de forma sustentável.

A aplicação do IOS-BH nos terrenos na Barra da Tijuca (ver Figura 3.4.1),

utilizados na demonstração das alterações na legislação urbanística do Rio de

Janeiro (item 3.4) ilustra bem a utilidade do indicador conforme se apresenta no item

3.5.3 a seguir.

3.5.3. Aplicação

A Barra da Tijuca, região de expansão da cidade do Rio de Janeiro, conforme

comentado, tem sido alvo prioritário de intervenção urbana, através inclusive de

alterações na legislação urbanística.

O estudo aplicado aos terrenos 1 e 2, apresentados na Figura 3.4.1, no item

3.4, permitiu a verificação do aumento do potencial construtivo em decorrência direta

das alterações nos parâmetros de ocupação destes terrenos. Nestes casos, como

na quase totalidade das situações, somente com o uso destes recursos se torna

viável tais constatações, dificilmente percebidas a partir da simples leitura das

normas e suas modificações. Os índices se prestam, em geral, para camuflar

justamente os possíveis “ganhos” construtivos. O IOS-BH concorreria para explicitar

mais facilmente estes prováveis impactos.

Os parâmetros relacionados a estes dois terrenos de estudo foram aplicados à

Equação 3.5.2.2, resultante da metodologia para o cálculo do IOS-BH desenvolvida

no item 3.5.2 e, reapresentada a seguir:

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Estes resultados para os cálculos do IOS-BH constam, no Quadro 3.5.3.1

que segue, apresentados e comparados, para os dois terrenos em análise,

considerando o Decreto 3.046 de 27.04.1981 e, o Decreto 11.990 de 24.03.1993

para as duas alternativas possíveis, as áreas totais edificáveis (ATE) resultantes, de

acordo com o exposto no Quadro 3.4.4, taxas de ocupação (TO) (Quadro 3.4.2 e

3.4.3) e, as áreas totais dos terrenos (AT ou SG – área total da gleba) conforme

Quadro 3.4.1.

QUADRO 3.5.3.1 – Aplicação do IOS-BH

APLICAÇÃO DOS PARÂMETROS

DECRETO 3.046 de 27.04.1981 DECRETO 11.990

de 24.03.1993 ALTERNATIVA I

DECRETO 11.990 de 24.03.1993

ALTERNATIVA II

TI = TO 30% uso comercial

40% uso residencial 30% 40%

TERRENO 1 AT = 216.725,00m2

ATE 9.030,00m2 (ATE comercial) +

236.334,574m2 (ATE residencial) 183.132,56m2 281.742,50m2

IOS-BH = ∑(ATE/AT x TO) x 1

(9.030,00m2/216.725,00m2) x 30% +

(236.334,574m2/216.725,00m2)x40%

= 0,013 + 0,436 = 0,45

(183.132,56m2/ 216.725,00m2) x

30% = 0,254

(281.742,50m2/ 216.725,00m2) x

40% = 0,52

TERRENO 2 AT = 756.950,00 m2

ATE 42.000,00m2 (ATE comercial) + 333.390,00m2 (ATE residencial)

639.622,62m2 984.035,00m2

IOS-BH = ∑(ATE/AT x TO) x 1

(42.000,00m2 /756.950,00m2) x 30% +

(333.390,00m2/756.950,00m2) x 40% = = 0,017 + 0,176 = 0,193

(639.622,62m2/ 216.725,00m2) x

30% = 0,254

(984.035,00m2/ 216.725,00m2) x

40% = 0,52

Fonte: Elaboração da autora.

Observando-se o Quadro 3.5.3.1 de aplicação do IOS-BH aos dois terrenos

em estudo destaca-se que em apenas uma situação o indicador se encontra próximo

do limite de sustentabilidade (0,145 ≥ IOS-BH): para o terreno 2, com o ATE

resultante da aplicação dos parâmetros do Decreto 3.046 de 27.04.1981, foi

calculado o IOS-BH de 0,193. O mesmo decreto, para terreno de menor área,

apresenta IOS-BH de 0,45, bem acima do limite de ocupação sustentável.

Semelhantemente para o Decreto 11.990 de 24.03.1993, nas duas alternativas, para

IOS-BH = ∑ (ATEi/ATi) x TIi x ATi/A-BH

i=n

i=1

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os dois terrenos, os indicadores (alternativa I: IOS-BH = 0,254 e alternativa II: IOS-

BH = 0,52) também estão acima do valor que atende à sustentabilidade. Cabe

destacar que no decreto de 1981 os parâmetros de ocupação (mais restritivos e com

obrigatoriedade de uso residencial unifamiliar) desfavoreciam a ATE para os

terrenos de maior área e que a alteração proporcionada pelo decreto de 1993

resultou em parâmetros mais permissivos e com resultados proporcionais à área

total do terreno, ou seja, apresentaram o mesmo IOS-BH, para os diferentes

terrenos. Conforme comentado no item 3.4, a alternativa II do decreto de 1993,

possibilita um maior incremento do potencial construtivo e da mesma forma, um

indicador mais insustentável.

Esta aplicação do IOS-BH demonstra bem a facilidade no cálculo do

indicador, nos estudos comparativos e na explicitação das alterações da legislação e

conseqüências diretas na ocupação urbana. Entretanto algumas considerações,

apresentadas a seguir, se fazem necessárias ao reforço e utilidade do indicador bem

como dos limites na sua formulação e aplicação.

3.5.4. Discussão

O IOS-BH, conforme ilustra o exemplo apresentado no item 3.5.3, aplicado à

legislação urbanística se mostra bastante interessante quanto à possibilidade de

“desvendar” as conseqüências das alterações dos parâmetros urbanísticos,

oferecendo instrumental de controle destas modificações; não por “engessamento”

da cidade, mas por “compensações”, “justa distribuição” de áreas livres e verdes,

adensamentos populacionais e edilícios, na busca do menor impacto urbano,

respeitada a integridade social e ambiental da bacia hidrográfica, de forma

sustentável; através de discussões dos setores organizados da sociedade (fóruns,

conselhos, associações de moradores, de profissionais e técnicos, comitês de

bacias) em apoio e intervenção nas instâncias legislativa e executiva do município.

As partes da cidade, não mais dividida em zonas estanques de planejamento,

passam a ser objetivamente tratadas em sua totalidade, em sub-bacias, bacias

hidrográficas articuladas entre si que configuram um mesmo sistema ambiental.

Mesmo um empreendimento, um edifício ou conjunto de construções não mais está

isolado, tem a sua parcela de contribuição, de efeitos e impactos urbanos e

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ambientais no conjunto da área de influência, de escoamento da bacia, identificado

pelo indicador proposto, conforme ilustra a aplicação apresentada no item anterior.

As conseqüências, através do estudo e comparação dos diferentes IOS-BH, podem

então ser previstas e evitadas nos casos de implantações e planejamentos futuros,

e, monitoradas, minimizadas (“compensadas”) nas já existentes através da criação

de telhados jardins, jardins suspensos, captação das águas pluviais, substituição

das pavimentações impermeáveis, recuperação e execução de áreas verdes e livres

para o lazer, amenização das condições adversas nas áreas urbanas mais

adensadas de aumento de temperatura e ausência de vegetação (ver Figura

3.5.4.1).

O indicador proposto, em correspondência direta com a área de planejamento,

a bacia hidrográfica, cria um elo, oportuniza a gestão urbana articulada aos recursos

hídricos e ambientais instrumentalizando as possíveis ações para a superação das

dicotomias do planejamento contemporâneo: a constante tensão dialética entre a

setorização da cidade em zonas do planejamento funcionalista e a adoção de uma

nova unidade de planejamento, a bacia hidrográfica, ou sub-bacia relacionada agora

às unidades de planejamento existentes (conforme se apresentam nos itens 2.1, 2.3

e 2.4).

Este indicador novo se constitui, ao mesmo tempo em:

parâmetro urbanístico aplicável à legislação e relacionado a índices já

constantes das normas tais como ATE, AT e ainda IAA, IAT, TO e outros

utilizados no cálculo da ATE;

mais um número, mas não somente, não é mais uma abstração (ver itens

3.1, 3.2 e 3.3), é um indicador agregado (quantidade e qualidade), porque se

relaciona também a parâmetros de densidade populacional, disponibilidade

de áreas verdes, de impermeabilização dos solos e, de qualidade das águas

das bacias hidrográficas urbanas;

instrumento, portanto, para a adoção da bacia hidrográfica como unidade do

planejamento integrado e sustentável;

indicador da sustentabilidade da bacia hidrográfica urbana, permitindo tratar

objetivamente da superação da dicotomia entre a sustentabilidade e a

insustentabilidade;

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mediador, portanto, entre pólos opostos, incluindo os movimentos entre o

passado (pode apresentar um retrato da situação de sustentabilidade da

cidade) e o futuro (projetar as recuperações, “compensações” e ocupações

com menor impacto urbano e ambiental); entre o simples (um edifício) e o

complexo (as cidades); entre o antigo e o novo (planejamento); entre as

teorias (novas formulações, incluindo aí as Teorias de Lefebvre) e a

aplicação etc. (considerada nos itens 1.3 e 1.4).

mediador também entre a população e os gestores e executores do

planejamento, divulgando, esclarecendo, democratizando as informações

especialmente sobre os impactos urbanos e ambientais e a situação de

sustentabilidade dos bairros, regiões e cidades (relacionados a bacias

hidrográficas);

um indicador simples, de fácil compreensão e aplicação, mas também de

forte coesão com a nova área de planejamento bacia hidrográfica e

interessante ferramenta para uma estratégia de superação do planejamento

contemporâneo.

Analisado mais especificamente sob o aspecto da sua composição o IOS-BH

atenderia a muitas das principais preocupações de diversos estudos sobre

indicadores e sistemas de indicadores de sustentabilidade (conforme tratado no item

2.2). Agrega poucos, mas consistentes parâmetros, é bastante simples (no

entendimento e aplicação), apresenta muita facilidade de cálculo, se corresponde

diretamente à área de aplicação e pode instrumentalizar as ações de intervenção

urbana. Aplica-se também a regiões cuja legislação específica não apresente os

parâmetros explicitados, já que podem ser facilmente apropriados, por exemplo, por

levantamento aerofotogramétrico.

Das vantagens apresentadas, o aspecto da novidade poderia ser o mais

interessante, mas a possibilidade de contribuição para a formulação e discussão de

novas teorias de planejamento, especialmente à luz do pensamento de Lefebvre,

seria talvez o mais necessário.

Entretanto, cabe considerar os limites e possíveis questionamentos ao IOS-BH.

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A presente proposta, como ocorre com diversos indicadores e sistemas de

indicadores não é um produto acabado e, sim pretende ser mais um passo na

construção da sustentabilidade urbana e ambiental.

A primeira questão que se colocaria como dificuldade à implementação deste

indicador seria a necessidade de sua inclusão na legislação urbanística e para tal,

seria imprescindível que fosse precedida de ampla discussão em fóruns de

participação da população organizada, incluindo usuários da cidade, da bacia

hidrográfica, técnicos, parlamentares, gestores e executores das políticas públicas.

Semelhantemente a aplicação do IOS-BH também deveria estar inserida em

processo democrático.

Em que pesem as discussões acerca da (in)sustentabilidade urbana, das

teorias e práticas de planejamento urbano, a adoção do IOS-BH dependeria

essencialmente de uma revisão das formas de gestão da cidade, questão bastante

ampla e complexa, no sentido da busca de melhor qualidade de vida para a maioria

da população. Ainda assim o indicador seria (importante, mas apenas) um

instrumento em contribuição ao alcance desta perspectiva, com limitações próprias e

essenciais. A experiência e prática profissionais no trato com a elaboração e

aplicação da legislação urbanística, bem como da fiscalização do seu cumprimento,

sugerem cuidados quanto às expectativas na transposição das formulações teóricas,

também acerca de indicadores, para a realidade das intervenções na cidade.

Vale ressaltar ainda as limitações quanto às possibilidades de extensão e

aplicação do IOS-BH a situações e locais diversos, especialmente em outras

escalas. Em grandes bacias hidrográficas, ou bacias com muitas características

diferenciadas (concentrações urbanas dispersas, grandes extensões de áreas livres,

etc) os aspectos considerados impactantes, na composição do indicador proposto

para as sub-bacias urbanas, podem se diluir adquirindo pesos relativos e talvez não

tão significativos no conjunto da bacia. A validação da ampla utilidade do IOS-BH

necessitaria assim de estudos e aplicações práticas em situações diversificadas, em

contribuição inclusive ao avanço de experiências ainda essenciais para a efetiva

integração do planejamento urbano com a gestão dos recursos hídricos e

ambientais.

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Em relação à composição do indicador cabe justificar as escolhas dos

parâmetros adotados. Foram separados, intencionalmente poucos parâmetros,

buscando maior simplicidade, facilidade de cálculos, de entendimento e aplicação. A

composição selecionada buscou as variantes que mais sintética e objetivamente

pudessem expressar um indicador relacionado ao mesmo tempo aos parâmetros

urbanísticos e aos de recursos hídricos, em especial à bacia hidrográfica.

Em Kauffmann (2003), a TI, taxa de impermeabilização do solo, foi estudada

como indicador de sustentabilidade, e, posteriormente aplicada em diversos estudos

(apontados no item 3.5.2), se mostrou bastante adequada à aplicação no

planejamento urbano integrado ao de recursos hídricos. O trabalho de Schueler

(1994), realizado para diversas bacias hidrográficas, agregou à TI o aspecto da

qualidade das águas urbanas, relacionando-a em diversos níveis às taxas de

impermeabilização dos solos, conforme Quadro 3.5.2.1. Foi selecionada a taxa de

25% por ser o limite da degradação da bacia, da insustentabilidade, portanto,

embora não seja um índice definitivo ou inquestionável. Cabe aqui a ponderação,

em que pese a abrangência do estudo de Schueler (1994), de que para cada bacia

poderiam ser considerados diversos aspectos específicos, tais como tipo de solo, de

vegetação, de ocupação urbana, de relevo, de coeficientes diferenciados de

escoamento das águas superficiais, contribuições de outras bacias vizinhas e muitos

outros, que poderiam alterar o resultado da aplicação.

A disponibilidade de áreas verdes, parâmetro bastante relevante e considerado

em vários trabalhos acerca da sustentabilidade urbana, se mostrou particularmente

interessante ao objetivo da presente proposta, pois permite a correspondência entre

a área livre e número de habitantes (12m2/hab) (OMS), o que por sua vez, favoreceu

a outra conexão de relevância para a composição do IOS-BH: a densidade média de

habitantes por área 3,5 /100m2 [(2,5/ 100m2 + 4,5/ 100m2) /2] (FERRARI, 1979), o

que finalmente levou à relação entre densidade de habitantes e a área total

construída (ATE), esta, referenciada na legislação urbanística.

Vale, apesar disto, questionar estes valores adotados que, embora bem

referenciados, não são inabaláveis, se sujeitam também a possíveis discordâncias

ou revisões. Da mesma forma o próprio IOS-BH, conforme já comentado, se

configura em proposta para o desenvolvimento de indicador de ocupação urbana

sustentável da bacia hidrográfica, aberto a críticas e contribuições.

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FIGURA 3.5.4.1 - Jardins Suspensos e Telhados Verdes: Exemplos Fonte: Elaborado pela autora a partir de Imagens do Google 2011172.

172 Imagens disponíveis em: www1.folha.uol.com.br; http://noticiasongs.org/archives/2471; www.ecodesenvolvimento.org.br; www.paoeecologia.wordpress.com; www.vorkurs.com.br; www.spaceblog.com.br; www.igreen.blogs.sapo.pt; www.ponttolavabo.com.br; www.ecodhome.wordpress.com. Acesso em: 07 nov. 2011.

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CAPÍTULO 4. A MODO DE CONCLUSÃO: ASSIM CAMINHA A SUSTENTABILIDADE?

“... a humanidade só levanta problemas que ela mesma pode resolver, escreveu Marx. Atualmente, alguns acreditam que os homens só levantam problemas insolúveis. Esses desmentem a razão. Todavia, talvez existam problemas fáceis de serem resolvidos, cuja solução está aí, bem perto, e que as pessoas não levantam...”

Henri Lefebvre173

A questão da sustentabilidade, antes mesmo da publicação do termo

‘desenvolvimento sustentável’ no Relatório Brundtland de 1987, tem estado em

pauta e tem progressivamente se acentuado, especialmente após a divulgação na

ECO92, nas mais diversas discussões e em múltiplos âmbitos: econômicos,

empresariais, técnicos, acadêmicos, ambientais, arquitetônicos, filosóficos,

urbanísticos, enfim, atualmente quase tudo e todos se referem ao tema.

Entretanto nem todos os caminhos levam à sustentabilidade!

Longe de um consenso, o assunto, ainda em aberto, é alvo de polêmicas e

controvérsias inclusive na ainda insuficiente aplicação ao território. As cidades

crescem, se densificam, se aglomeram e, paralelamente, se intensificam e se

complexificam os problemas decorrentes dos processos de urbanização.

A insustentabilidade urbana seria então um problema insolúvel?

Em acordo com Marx e também Lefebvre (2001, p.145), acredita-se que não!

Talvez existam soluções ou respostas ainda não alçadas! Mas o que poderia ser

considerada contribuição essencial nesta discussão?

A partir da experiência e prática profissional no trato com a legislação

urbanística podem se destacar as constantes alterações dos seus índices e

parâmetros, estes potencialmente reveladores da dinâmica insustentável de

construção e intervenção nas cidades brasileiras. Deste processo se evidencia

também a falta de integração dos planejamentos urbanos e de recursos hídricos e

ambientais, bastante considerada em diversos estudos e mesmo recomendada na

legislação pertinente, da mesma forma que, na prática, a adoção da bacia

173 LEFEBVRE, 2001, p.145.

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hidrográfica como unidade adequada à gestão integrada das águas urbanas não tem

se viabilizado.

No histórico do desenvolvimento urbano da cidade do Rio de Janeiro se

observam as constantes alterações na legislação urbanística, as sobreposições de

planos, projetos e modelos de planejamento urbano (do Plano Diretor ao

Planejamento Estratégico), moldando o tecido urbano em um sítio ambiental

exuberante, palco do clamor da maioria da população, desprovida dos mais

elementares recursos de infra-estrutura urbana, por melhor qualidade de vida.

Delineou-se assim, a partir destas preocupações, a hipótese de que os índices

e parâmetros, os potenciais indicadores, na legislação urbanística da cidade do Rio

de Janeiro por não apresentarem correspondência geográfica com a área de

planejamento e se constituírem em abstrações numéricas dificultam a mensuração e

construção da sustentabilidade urbana.

Sob esta premissa se constituiu o objetivo deste estudo na aplicação dos

indicadores à legislação urbanística da cidade do Rio de Janeiro, considerando sua

correspondência com a área de planejamento, a bacia hidrográfica, buscando

respostas à questão central então formulada: um novo indicador de ocupação

sustentável da bacia hidrográfica pode oportunizar a conexão da legislação

urbanística com a bacia hidrográfica, adotada efetivamente como área de

planejamento urbano integrado ao de recursos hídricos e ambientais e, contribuir

assim para a superação do planejamento urbano contemporâneo na perspectiva da

sustentabilidade?

Neste sentido configurou-se o objeto de estudo de tese na “contribuição para

o desenvolvimento de indicador de ocupação sustentável da bacia hidrográfica (IOS-

BH)” como desdobramento da análise dos “Indicadores na Legislação Urbanística

Carioca em Novas Formulações de Sustentabilidade Urbana”.

Na verdade, algumas questões antecederam e se encontram embutidas nesta

formulação. Inicialmente a possibilidade ou não de superação da

insustentabilidade urbana (1). Em seguida, se é possível esta viabilização, então

como proceder? (2). Nesta questão se apresentam duas vertentes: sob que

fundamentos teóricos pode ser entendido este processo? (3) e com quais

instrumentos pode ser oportunizado? (4) E, para tal, que procedimentos têm sido

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utilizados (5) e que papel estes recursos têm representado para a construção da

sustentabilidade? (6) Por último (mas não por fim) que contribuição poderia ser

relevante? (7)

Para tal, buscando respostas às questões formuladas, procederam-se ao

exame das formulações e ferramentas de sustentabilidade; dos entendimentos e

recursos para a sustentabilidade urbana (planejamento integrado e gestão por

bacias); dos processos e instrumentos de ocupação urbana; relacionando-se a base

teórica de referência à contextualização do objeto empírico. Neste contexto

sistematizaram-se as expansões e intervenções na cidade do Rio de Janeiro; o

arcabouço jurídico urbanístico do Rio de Janeiro; seus indicadores e alterações; em

seguida foram aplicadas as bases, teórica e empírica, ao caso de estudo na Barra

da Tijuca, buscando as evidências e variantes a serem retomadas na formulação do

IOS-BH.

Adotou-se em todo o processo de elaboração da tese a perspectiva teórica e

metodológica de Lefebvre, principalmente devido à dinâmica do seu pensamento em

constante movimento entre pólos opostos do conhecimento (LEFEBVRE, 1983), em

interação dialética, buscando a superação e construção de algo novo. Tal

abordagem foi selecionada por favorecer especialmente à análise da

sustentabilidade, da bacia hidrográfica, como espaço social, e conferir originalidade

à discussão e formulação dos indicadores.

No movimento de construção do objeto de estudo, do novo indicador, com base

também na estratégia metodológica contida no pensamento de Lefebvre, a

contextualização teórica das principais questões relacionadas à sustentabilidade se

refletiu na aplicação empírica. O objeto foi sendo enriquecido, agregando as

variantes teóricas e empíricas, sempre em contexto histórico e interagindo com o

conjunto, na busca do detalhe que respondesse aos questionamentos e pudesse

contribuir para a superação da insustentabilidade.

O diagrama apresentado a seguir, na Figura 4.1, ilustra o percurso

metodológico do objeto.

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FIGURA 4.1 – Processo de Construção do IOS-BH. Fonte: Desenvolvido pela autora.

Na base teórica, o pensamento de Lefebvre se evidenciou na própria

contextualização histórica, bem como na observação das dinâmicas não estanques,

de interação dialética entre os opostos. Cada item se referenciou ao anterior e

apontou para o seguinte num processo de enriquecimento do objeto até a sua

formulação última, não final, porque sempre existiria a possibilidade de sua

constante superação, em movimento espiral e contínuo de construção do

conhecimento (LEFEBVRE, 1983).

Sob esta inspiração, do percurso histórico da sustentabilidade destacaram-se

as conexões com o fundamento teórico, principalmente, com base em Lefebvre: a

interação com os opostos sustentabilidade e insustentabilidade urbana; o papel de

mediação dos indicadores e; a bacia hidrográfica como espaço social, indicando as

variantes relacionadas ao contexto empírico: sustentabilidade e insustentabilidade

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no Rio de Janeiro; papel de mediação da legislação urbanística carioca e de seus

indicadores.

Semelhantemente, este contexto apontou para a aplicação ao estudo de caso

dos detalhes selecionados no conjunto: indicadores e alterações na legislação

urbanística, contribuindo à formulação do indicador de ocupação sustentável da

bacia hidrográfica que se reportou ao questionamento central da tese de

contribuição do IOS-BH para a superação do planejamento urbano contemporâneo

na perspectiva da sustentabilidade.

Pode-se extrair das formulações acerca da sustentabilidade apresentadas que

o conceito está em construção gradativa, aberta, repleta de divergências, de

constantes controvérsias e em confronto com a realidade insustentável. Segundo

uma ótica pontual ou pouco reflexiva, poderia ser identificada neste contexto uma

situação de impasse, intransponível, muito complexa.

Entretanto, sob a perspectiva da teoria de Lefebvre, justamente esta

complexidade se ilumina como um processo, um percurso, em movimento dialético

entre pólos opostos, a ser conformado a partir das próprias contradições conceituais

e objetivas e, cada contribuição pode significar mais um passo na direção do salto

dialético que significará sim a sua superação.

Tal perspectiva responde favoravelmente à indagação inicial subsidiando ainda

novas formulações conceituais acerca da sustentabilidade, da sustentabilidade

urbana e também dos recursos para a sua consecução. Procedeu-se então à

investigação dos principais instrumentos que têm sido utilizados neste objetivo,

buscando-se identificar as variantes capazes de ressaltar o seu papel no processo

do desenvolvimento urbano sustentável.

Nesta dinâmica destacou-se a importância dos instrumentos de mensuração,

aplicação e avaliação, com ênfase aos indicadores de sustentabilidade. Sobre estes,

também tratados em contexto histórico, cabe considerar a dificuldade que ainda

persiste para novas formulações que possibilitem aferir a sustentabilidade,

principalmente a sustentabilidade urbana e suas interfaces com os recursos hídricos

e ambientais, a despeito da profusão de sistemas e indicadores existentes. Diversos

estudos apontaram a necessidade também de novas teorias que confiram maior

embasamento às metodologias e aplicações de indicadores e sistemas de

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indicadores de sustentabilidade, capazes mesmo de avançar teórica e objetivamente

na superação da insustentabilidade.

Também neste sentido o pensamento de Lefebvre pode contribuir para

destacar do processo de construção dos indicadores a sua qualidade de interação

com aspectos opostos de sua composição, mas principalmente, a sua característica

intrínseca e essencial de mediação entre o abstrato (o desenho, o plano, o papel, o

planejamento, a norma, o projeto) e o concreto (a realidade física alvo do projeto, a

unidade de planejamento, a aplicação, as conseqüências, os limites); entre

quantidade (número, aspectos mensuráveis) e qualidade (escalas, gradações,

aspectos subjetivos); entre o passado (o construído, as informações que agregam e

subsidiam a população) e o futuro (o devir, o planejar, o permitir projetar, o modelar)

além do seu papel muitas vezes estático de no presente ser capaz de avaliar

políticas públicas, procedimentos.

Este potencial seria correspondente ao próprio exercício da lógica dialética, da

busca da mediação entre os pólos opostos, problematizando o indicador,

relacionando-o ao termo médio, como instrumento do pensamento dialético, como

conexão dialética que permita o movimento de interação dos diversos pólos e a sua

própria superação.

Tais expectativas podem estimular a proposição de novas formulações em

favor da qualidade de vida urbana, inclusive de medidas objetivas que viabilizem a

adoção da bacia hidrográfica como unidade de planejamento urbano integrado ao de

recursos hídricos e ambientais. O agravamento das cheias e inundações urbanas no

decorrer dos processos de desenvolvimento e expansão das cidades tem apontado

para a sustentabilidade urbana necessariamente assimilada a esta integração do

planejamento e, para a utilização da bacia como unidade de gestão. Geddes (1904 e

1914), antes do século XX, já destacava a importância da inclusão no planejamento

urbano da região circundante da cidade, contemplando toda a região natural, a

“bacia fluvial ou a unidade geográfica com cultura regional própria [...] e também as

relações entre as regiões”. Diversos estudos consideram tal medida a mais

adequada à prática do planejamento tanto no contexto internacional como no Brasil,

apoiados inclusive em legislação que trata especificamente da matéria. Cabe,

entretanto indagar por que na prática tal recurso ainda não está implementado?

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No estudo dos processos e instrumentos de ocupação urbana algumas

questões se evidenciaram. A conformação da bacia hidrográfica como unidade

territorial de planejamento no Brasil já se delineava desde a década de 1950,

influenciada pela experiência do Tennessee Valley Authority (TVA) de planificação

regional. Ao final da década de 1990, com o crescimento dos comitês de bacias e as

recomendações quanto à gestão dos recursos hídricos, na nova Constituição de

1988 e na legislação pertinente, o modelo ganhou ênfase. Entretanto esbarrou com

a concepção predominante de planejamento urbano de base racional-funcionalista

que entende a cidade por partes estanques, as zonas, desenhadas e redesenhadas,

configurando tecnicamente a compartimentação do território.

Este recurso, o zoneamento, cujas origens estão na Alemanha mesmo antes do

século XX (MANCUSO, 1980), e que buscava a solução para os graves problemas

econômicos e sociais das cidades industriais, foi se distanciando das finalidades

iniciais voltadas à política de habitação e de uso do solo e, se foi consolidando como

forma hegemônica de intervenção na cidade, ao lado dos demais instrumentos de

regulação urbana. Estes que evoluíram dos recursos iniciais, tais como recuos,

recomendação de estilos arquitetônicos e de usos do solo dos primeiros códigos de

obras e planos, para as atuais operações interligadas, outorgas onerosas, IAAs,

IATs, PAAs, PALs, Planos Diretores e Estratégicos, projetos e pólos de atração e

outros, em vasta, complicada e muitas vezes conflitante legislação urbanística.

Desta dinâmica podem-se destacar algumas contradições essenciais. As

diversas iniciativas em favor de melhor qualidade de vida urbana contrastam com a

permanência da insustentabilidade nas partes da cidade, assim setorizada e

regulamentada por plano diretor, que convive com o planejamento estratégico que

tenderia a planejar a cidade em seu todo, denunciando assim a transição incompleta

entre os modelos de planejamento, ainda que não sejam incompatíveis. Entretanto,

a introdução de uma nova unidade de gestão, a bacia hidrográfica se depara com a

necessidade de transposição do paradigma da cidade partida, possível sim,

especialmente se entendida como um movimento de reflexão, buscando evidenciar

os entraves existentes e as possibilidades de superação alçadas das próprias

contradições, inclusive a adoção de novo indicador de sustentabilidade.

Tal perspectiva se insere na discussão da sustentabilidade, sob a perspectiva

de Lefebvre, em interação dialética com o seu oposto a insustentabilidade, portanto

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um processo, um caminho em construção para o qual se abrem três janelas também

interligadas:

1. A integração do planejamento urbano com a gestão dos recursos hídricos e

ambientais;

2. A adoção da bacia hidrográfica como unidade deste planejamento;

3. A inclusão na legislação urbanística de recurso que viabilize esta opção.

Este recurso seria o termo de mediação e conexão (também com referência em

Lefebvre) entre o planejamento integrado das águas urbanas e a sua unidade de

gestão (bacia hidrográfica); entre esta e a legislação urbanística e; entre a legislação

e o planejamento. Seria então o novo indicador (aplicado à legislação urbanística) de

ocupação sustentável da bacia hidrográfica (unidade do planejamento integrado):

IOS-BH, cujo esquema apresentado a seguir ilustra e sistematiza, embora se

caracterize ainda como objeto teórico, ainda em percurso para a sua proposição

última, consolidada após a interação com o contexto empírico.

FIGURA 4.2 – Constituição Teórica do IOS-BH. Fonte: Desenvolvido pela autora.

Na confrontação destas considerações ao contexto do Rio de Janeiro buscou-

se então elucidar os diferentes procedimentos que têm sido utilizados na busca da

sustentabilidade, que papel estes recursos têm exercido neste percurso, e que

variantes poderiam se agregar à contribuição do IOS-BH.

SUSTENTABILIDADE

URBANA INSUSTENTABILIDADE

URBANA

PLANEJAMENTO INTEGRADO

BACIA HIDROGRÁFICA

RECURSO NA LEGISLAÇÃO URBANÍSTICA

IOS-BH

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Semelhantemente à maioria das cidades brasileiras, o Rio de Janeiro se

desenvolveu sob um conjunto de intervenções urbanísticas regulamentadas por uma

sucessão de planos, projetos e normas, sobrepostos e muitas vezes em conflito,

incapazes de se antecipar às demandas e, portanto, insuficientes em planejar a

cidade e superar os desafios da insustentabilidade. Em processo de urbanização

extremamente rápido, o crescimento populacional e de construções, do núcleo

central, foi se expandindo para a zona sul e posteriormente para a zona oeste, Barra

da Tijuca, Jacarepaguá e adjacências, adensando cada vez mais a cidade e

acentuando os problemas decorrentes desta dinâmica, inclusive no que se refere às

cheias e inundações por ocasião de maior concentração de precipitação pluvial. As

constantes alterações da legislação urbanística estiveram em contribuição a este

crescimento insustentável, com destaque ao papel dos seus índices e parâmetros,

evidenciando a sua importância como elementos de mediação e de aplicação das

leis e seus objetivos.

Embora a legislação aplicada à cidade contemple a integração dos

planejamentos urbanos, de recursos hídricos e ambientais; apresente a

regulamentação de ampla interface destes aspectos e; recomende a adoção da

bacia hidrográfica como unidade adequada a esta interação, na prática, tal medida

também ainda não se consolidou. Exemplarmente no Rio de Janeiro, o planejamento

racional-funcionalista, instrumentalizado pelo zoneamento e planos diretores,

convive com o planejamento estratégico, seus planos e pólos de atração de

investimentos urbanos, acentuando as contradições da mudança incompleta destes

modelos e especialmente entre as concepções de cidade. Entretanto, fragmentada

ou não, em ambos os casos a cidade e unidades de planejamento não se

configuram como espaços de interação social.

Caberia então, preliminarmente, discutir o papel da unidade de planejamento

urbano como o espaço que comporta a totalidade da diversidade da vida social, da

relação entre homens concretos, espaço contraditório dos diferentes interesses dos

grupos sociais, consolidado historicamente; analisado sob a dimensão da prática

espacial (da materialidade, da concretude do espaço com suas construções e

referenciais urbanos cotidianos); sob o aspecto da representação do espaço

envolvendo os conhecimentos (geografia, arquitetura, planejamento) que permitem à

compreensão das configurações; no âmbito da representação, dos simbolismos que

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possibilitam novas possibilidades e sentidos para as práticas espaciais (LEFEBVRE,

1991). Ainda que não se deva fazer uma transposição direta do espaço social de

Lefebvre para a bacia hidrográfica urbana, esta unidade guarda um importante

potencial de correspondência com o conceito, tanto sob o aspecto da história como

o da especificidade. O processo histórico de conformação da bacia hidrográfica

como unidade de gestão, se revela nos procedimentos de regulamentação

legislativa como também no desenvolvimento da prática dos comitês.

A mobilização em torno da água e seus usos e, dos efeitos das ações

antrópicas no conjunto da bacia, em especial as inundações urbanas, conferem

características particulares a este espaço. Cabe considerar ainda as peculiaridades

(história, configuração, prática social, política e cultural) dos bairros e grupos de

bairros compreendidos nas áreas abrangidas pelos Projetos de Estruturação Urbana

(PEUs) em correspondência geográfica com as bacias ou sub-bacias hidrográficas

conforme proposto em Kauffmann (2010) e atualmente recomendado no Plano

Diretor de Desenvolvimento Sustentável do Município do Rio de Janeiro.

Em análise progressiva, a bacia hidrográfica efetivamente adotada como nova

matriz de planejamento, além de favorecer a integração da gestão das águas

urbanas, pode através da sua correspondência com os PEUs superar o entrave do

planejamento da cidade fragmentada em zonas estanques e, ao mesmo tempo,

oportunizar uma prática inovadora de participação dos usuários das bacias nas

instâncias do planejamento urbano estratégico.

Nesta perspectiva, a bacia hidrográfica, entendida em sua complexidade,

considerados os limites físicos e naturais, as relações sociais e experiências dos

seus habitantes, pode sim, se consolidar como unidade integrada de planejamento

urbano, ambiental e de recursos hídricos, favorecida ainda por importante elemento

de conexão, o IOS-BH, entendido no seu papel de mediação entre pólos opostos em

constante tensão dialética: sustentabilidade e insustentabilidade.

Na verdade, cabe considerar aqui a relevância dos indicadores, dos índices e

parâmetros na legislação urbanística, que analisados para o caso do Rio de Janeiro,

revelaram parte da sua contribuição na complexa dinâmica de alteração destas

normas especialmente em favor do incremento do potencial construtivo. Em grande

maioria destas modificações, mudaram-se os gabaritos, o índice de aproveitamento

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do terreno, a taxa de ocupação e outros. Muitas vezes estes números,

aparentemente meras abstrações, se camuflam no texto da lei e nos instrumentos de

planejamento tais como as operações interligadas e outorgas onerosas e, suas

alterações, em geral, são identificáveis, mesmo por técnicos, apenas a partir de

estudos de viabilidade construtiva ou quando diretamente aplicadas ao projeto.

O caso de estudo na Barra da Tijuca demonstrou objetivamente o quanto uma

alteração na legislação pode significar em acréscimo de área e de unidades

habitacionais construídas, suscitando ainda maior reflexão acerca da contribuição de

um indicador de sustentabilidade. Este novo indicador deveria, além de favorecer a

utilização da bacia hidrográfica como matriz do planejamento integrado das águas

urbanas, ao mesmo tempo, medir ou desvendar as alterações na legislação,

principalmente as que direta ou indiretamente se relacionassem ao aumento da área

construída, fator que mais impacta negativamente a bacia por impermeabilização da

superfície dos solos e por densificação das construções com efeitos diretos na

disponibilidade de infra-estrutura, amenidades climáticas e ambientais.

A taxa de impermeabilização do solo (TI) já se demonstrava, a partir de

diversos estudos, inclusive em Kauffmann (2003), um excelente indicador de

qualidade urbano-ambiental aplicável à bacia hidrográfica e especialmente indicado

à verificação da qualidade das águas (SCHUELER, 1994). A possibilidade de se

agregar a TI a outras variáveis já se configurava também como uma perspectiva

importante. A disponibilidade de infra-estrutura se corresponde diretamente à

população usuária e, portanto às suas habitações e respectivas áreas construídas. A

densidade de habitantes quantifica habitantes por área ocupada que, por sua vez se

relaciona por contraposição à disponibilidade de áreas verdes e livres (comumente

recomendada também por número de habitantes), ambas, estão relacionadas

também aos impactos nas águas urbanas tanto por consumo como por degradação

e impermeabilização dos solos das bacias.

Configurou-se então, a partir destas variáveis, o objeto de estudo enriquecido,

apresentado a seguir em sua constituição empírica, buscando quantificar (em

número) e qualificar (como indicador) o quanto a ocupação (por habitantes e área

construída) de um terreno ou bacia hidrográfica é sustentável sob os aspectos da

disponibilidade de áreas verdes e de serviços de infra-estrutura, qualidade das

águas e impermeabilização dos solos.

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FIGURA 4.3 – Constituição Empírica do IOS-BH. Fonte: Desenvolvido pela autora.

Sob o aspecto quantitativo, desenvolveu-se a partir da área total edificada, área

do terreno e da bacia-hidrográfica relacionadas aos parâmetros de

impermeabilização do solo, disponibilidade de áreas verdes e densidade de

habitantes, para o cálculo do IOS-BH, a equação:

Equação 3.5.2.2

Onde:

IOS-BH = Indicador de Ocupação Sustentável da Bacia Hidrográfica

A-BH = Área da Bacia Hidrográfica (PEU ou área de aplicação)

AT = Área do Terreno (ou sub-bacia hidrográfica)

ATE = Área Total Edificada (do terreno ou sub-bacia hidrográfica)

ATE = AT – AV

AV = Área Verde ou Livre do Terreno

TI = Taxa de Impermeabilização do terreno (ou sub-bacia hidrográfica)

SUSTENTABILIDADE

URBANA INSUSTENTABILIDADE

URBANA

Área Verde Livre

TI e Qualidade das Águas

Densidade

de Habitantes

IOS-BH

IOS-BH = ∑ (ATEi/ATi) x TIi x ATi/A-BH

i=n

i=1

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Consideraram-se então as referências limites:

máximo de 25% de taxa de impermeabilização do solo para não

degradação das águas da bacia hidrográfica (SCHUELER, 1994);

mínimo de 12,00M2 por habitante de área verde ou livre de acordo com a

recomendação da OMS;

3,5 hab/ 100m2 média da variação de densidade entre 2,5 a 4,5 habitantes

por 100m2 (250 a 450 hab/ha) (FERRARI, 1979).

Estas referências foram relacionadas e em seguida aplicadas à Equação

3.5.2.2, resultando174 em:

Este indicador numérico significa, portanto um limite de sustentabilidade

urbana, acima do qual a bacia hidrográfica já estaria significativamente impactada.

Especialmente devido ao aumento de área construída e de solo impermeabilizado,

que são justamente os índices que na Equação 3.5.2.2 aumentam o resultado.

Cabe destacar que estes parâmetros utilizados já se encontram incluídos na

legislação urbanística o que facilita e contribui para a também inclusão do IOS-BH

nas normas.

A aplicação dos parâmetros dos terrenos de estudo na Barra da Tijuca a esta

mesma equação apresentou, conforme visto no item 3.5.3, resultados de IOS-BH

acima de 0,145, e que aumentou, também proporcionalmente ao aumento do

potencial construtivo, exemplificando bem a utilidade do indicador.

Entretanto esta seria a primeira propriedade, quantitativa, do IOS-BH de medir

o estado de sustentabilidade da bacia hidrográfica num determinado momento, seja

a partir do projeto, da legislação ou considerando o que já está executado, devido

mesmo a sua composição que o articula diretamente à bacia hidrográfica. A partir de

cada situação podem ser tomadas providências de minimização dos efeitos ou para

alteração de conseqüências futuras. Podem-se preservar ou recuperar áreas livres

174 O desenvolvimento desta aplicação está explicitado no item 3.5.2.

IOS-BH ≤ 0,145

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na bacia; adotar medidas de contenção e retardo de escoamento de águas pluviais

através de reservatórios, criação de jardins suspensos e telhados verdes; utilizar

materiais permeáveis na pavimentação de vias e calçadas e outros.

O aumento da densificação e concentração urbanas pode ser aferido também a

partir da aplicação do IOS-BH, inclusive por sub-bacias buscando as especificidades

das diferentes regiões da cidade, devidamente relacionadas às sub-bacias vizinhas

e, portanto, alçando as soluções aplicáveis aos diferentes casos, inclusive as

relacionadas à dotação de infra-estrutura urbana.

Podem-se calcular os IOS-BH históricos das bacias hidrográficas, permitindo o

acompanhamento do desenvolvimento urbano das cidades, monitorando e

planejando o seu crescimento de forma sustentável, de forma objetivamente

articulada aos aspectos dos recursos hídricos e ambientais.

A integração das partes da cidade por intermédio da bacia hidrográfica permite

ainda objetivamente a superação da visão fragmentada da cidade predominante no

planejamento contemporâneo. O mapeamento do IOS-BH da cidade pode permitir

realizar uma espécie de balanço de áreas impactadas e, buscar então uma

“compensação” entre elas minimizando o efeito na totalidade da bacia hidrográfica, e

ainda pode apontar numérica e qualitativamente as regiões mais necessitadas de

intervenção, de “remediação”175 urbana.

O dado numérico relacionado ao IOS-BH longe de ser uma abstração, se

relaciona objetivamente à área geográfica de planejamento, pode ser facilmente

calculado, identificável e apropriado na “leitura” da cidade. Os aspectos quantitativos

do indicador interagem com os qualitativos, se articulam e se complementam aos

moldes da teoria de Lefebvre. A propriedade quantitativa do IOS-BH relaciona o

valor numérico ao

imediato, ao conhecido, à extensão, ao contínuo, à forma, [...] ao construído, ao regulamentado, ao passado e a qualitativa se corresponde ao [...] mediato, ao desconhecido, à compreensão, ao descontínuo, ao conteúdo, [...] ao planejado, ao futuro; [as duas propriedades, imprimindo ao IOS-BH a característica de indicador de posições e de perspectivas] (p.199), na qual [...] a quantidade é precisamente o aspecto através do qual as diferentes qualidades se relacionam, se comparam [...] (p.214).

175 Termo emprestado da química e da engenharia ambiental, que se refere a tratamento de terrenos impactados e quimicamente contaminados.

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Deste movimento entre os pólos quantidade e qualidade se evidencia também

a posição do IOS-BH de mediação entre estes aspectos, contraditórios e em

interação dialética, como também entre a sustentabilidade e a insustentabilidade. As

“leis de todo movimento, tanto no real quanto no pensamento são universais e

concretas, remetem dialeticamente um ao outro pólo, através de um termo médio”

(LEFEBVRE, 1983, p. 225).

A função essencial do IOS-BH como termo médio se verifica objetivamente na

conexão da legislação com a unidade de planejamento, a bacia hidrográfica. Esta

mediação se configura em estratégia fundamental para:

a integração dos planejamentos urbano, de recursos hídricos e ambiental;

a adoção da bacia hidrográfica como unidade destes planejamentos;

a inclusão de novo indicador na legislação urbanística que se corresponda

diretamente à área geográfica de planejamento e à gestão das águas

urbanas;

a quebra do paradigma do planejamento contemporâneo de compreender a

cidade por partes estanques;

instrumentalizar os usuários das bacias em novas formas de intervenção no

planejamento estratégico;

a contribuição teórica na formulação de indicadores;

a superação do planejamento contemporâneo.

O termo médio, no caso o IOS-BH, é fornecido pelo próprio método dialético, a

partir do movimento entre os opostos e representa um papel estratégico para a

etapa de superação a partir mesmo do aprofundamento das contradições existentes

num processo de construção do novo, enriquecido a cada superação, na

continuidade da construção coletiva do conhecimento.

Lefebvre (1983) destaca que:

o método dialético busca captar a ligação, a unidade, o movimento que engendra os contraditórios, que os opõe, que faz com que se choquem, que os quebra ou os supera; [...] na lei dos saltos, [da] transformação da quantidade em qualidade; [...] na lei do desenvolvimento em espiral (da superação), [no próprio movimento em espiral, dialético, revelado no devir do pensamento e da sociedade]. [...] A verdadeira superação é obtida não através da amortização das diferenças (entre as doutrinas e as idéias), mas, ao contrário, aguçando essas diferenças (p.229). [...] Na superação, o que é superado é abolido, suprimido – num certo sentido. Não obstante, em outro sentido, o superado não deixa de existir, não recai no puro e simples nada;

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ao contrário, o superado é elevado a nível superior. E isso porque, ele serviu de etapa, de mediação para a obtenção do resultado superior (p.230).

Nesta perspectiva o IOS-BH se qualifica à análise regressiva e progressiva da

ocupação urbana das bacias hidrográficas, oportunizando sim, a gestão das águas

urbanas de forma integrada, através da forte conexão com a matriz bacia

hidrográfica e com a legislação urbanística, informando e instrumentalizando a

população, legisladores, técnicos e executores para as ações de um novo

planejamento, que superado, caminha sim, para a sustentabilidade.

Entretanto cabe lembrar que o IOS-BH se constitui em proposta para o

desenvolvimento de indicador de ocupação sustentável da bacia hidrográfica,

portanto, ainda sujeito a críticas e contribuições tanto em sua composição como em

relação a sua aplicabilidade, considerados os possíveis limites decorrentes da

escala e abrangência da bacia hidrográfica de aplicação; dos recursos e

possibilidades de inclusão na legislação urbanística; dos processos e instrumentos

de gestão da cidade e dos demais condicionantes de compatibilização da teoria com

a efetivação prática, conforme apontados no item 3.5.4.

Vale destacar, contudo, a possibilidade de contribuição deste estudo na

aplicação da sustentabilidade ao território; para a revisão das formas de planejar a

cidade; para a adoção de nova matriz de planejamento urbano e ambiental integrado

aos recursos hídricos e; principalmente para as formulações teóricas de indicadores

e indicadores urbanos de sustentabilidade; considerando-se que:

“... é minha expectativa fervorosa que as brasas que ardem brilhantemente na obra de Jim (Jim Blaut), bem como – assim espero – em minha própria obra possam ser usadas pela geração mais jovem para inflamar o fogo [...] que continuará ardendo até termos construído uma sociedade mais justa, mais eqüitativa, e mais ecologicamente sadia e aberta do que aquela que vivemos até agora...”

David Harvey176

176 HARVEY, 2005, p.14.

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