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Neurociências em Debate “Incontinência Urinária, Bexiga Neurogênica e Neuroplasticidade”, por Gabriel Valagni, Thaigor Rezek, Wilson Junior e Winnie Beilner 06/01/2013 0 Tweetar 1 INTRODUÇÃO Lesões ou doenças do sistema nervoso são causas frequentes de distúrbios vésico-esfinctéricos, podendo ter um importante impacto na qualidade de vida dos seus portadores como também determinar o aparecimento de complicações como infecções do trato urinário (ITU), retenção urinária e deterioração do trato urinário inferior e superior. A avaliação de pacientes com distúrbios miccionais neurogênicos requer um bom entendimento da fisiologia da micção, bem como das alterações fisiopatológicas que podem ocorrer em virtude de variadas doenças neurológicas. A prevalência da bexiga neurogênica está relacionada com os fatores que desencadeiam sua ocorrência, pois suas estatísticas cercam, por exemplo, os casos de trauma raquimedular, acidente vascular cerebral (AVC), lesão no tronco cerebral, lesão do córtex cerebral, lesão no sistema nervoso periférico (SNP), esclerose múltipla, quadriplegia e paraplegia. Assim, esse distúrbio funcional torna-se um problema de saúde pública, devido, principalmente, aos fatores decorrentes a esta disfunção, como: impacto na qualidade de vida, na independência do paciente, constrangimento social, impacto nos custos de internação e na recorrência de infecções de repetição, por exemplo. Os tratamentos conservadores (estimulação voluntária do reflexo vesical e cateterismo intermitente), farmacológicos e cirúrgicos são bem conhecidos pelos urologistas. No entanto, este artigo visa abordar a neuroplasticidade funcional que seria responsável por desenvolver um controle “alternativo” para a micção e correto funcionamento urinário. Por neuroplasticidade, ou plasticidade cerebral, entende-se a capacidade de remapeamento das conexões das nossas células nervosas, o processo que nos ajuda a continuamente aprender. Ela se refere à maneira do nosso sistema nervoso agir e reagir à medida que experimentamos uma mudança em nosso ambiente– o desenvolvimento da bexiga neurogênica – ou desenvolvemos uma habilidade. Este artigo apresenta uma revisão sobre o controle emocional da função vesical, a neurofisiologia da micção, as causas da bexiga neurogênica, a neuroplsticidade que a subjaz, assim como os efeitos desse distúrbio sobre o paciente, abordando aspectos do contexto social. DESENVOLVIMENTO 1. Controle emocional da função vesical. 148 Curtir Curtir Compartilhar Compartilhar “Incontinência Urinária, Bexiga Neurogênica e Neuroplasticidade”, por... http://cienciasecognicao.org/neuroemdebate/?p=647 1 de 19 03/06/2015 15:26

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Neurociências em Debate“Incontinência Urinária, Bexiga Neurogênicae Neuroplasticidade”, por Gabriel Valagni,Thaigor Rezek, Wilson Junior e WinnieBeilner06/01/2013

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INTRODUÇÃO

Lesões ou doenças do sistema nervoso são causas frequentes de distúrbios vésico-esfinctéricos,podendo ter um importante impacto na qualidade de vida dos seus portadores como tambémdeterminar o aparecimento de complicações como infecções do trato urinário (ITU), retençãourinária e deterioração do trato urinário inferior e superior. A avaliação de pacientes com distúrbiosmiccionais neurogênicos requer um bom entendimento da fisiologia da micção, bem como dasalterações fisiopatológicas que podem ocorrer em virtude de variadas doenças neurológicas.

A prevalência da bexiga neurogênica está relacionada com os fatores que desencadeiam suaocorrência, pois suas estatísticas cercam, por exemplo, os casos de trauma raquimedular, acidentevascular cerebral (AVC), lesão no tronco cerebral, lesão do córtex cerebral, lesão no sistemanervoso periférico (SNP), esclerose múltipla, quadriplegia e paraplegia. Assim, esse distúrbiofuncional torna-se um problema de saúde pública, devido, principalmente, aos fatores decorrentesa esta disfunção, como: impacto na qualidade de vida, na independência do paciente,constrangimento social, impacto nos custos de internação e na recorrência de infecções derepetição, por exemplo.

Os tratamentos conservadores (estimulação voluntária do reflexo vesical e cateterismointermitente), farmacológicos e cirúrgicos são bem conhecidos pelos urologistas. No entanto, esteartigo visa abordar a neuroplasticidade funcional que seria responsável por desenvolver umcontrole “alternativo” para a micção e correto funcionamento urinário. Por neuroplasticidade,ou plasticidade cerebral, entende-se a capacidade de remapeamento das conexões das nossascélulas nervosas, o processo que nos ajuda a continuamente aprender. Ela se refere à maneira donosso sistema nervoso agir e reagir à medida que experimentamos uma mudança em nossoambiente– o desenvolvimento da bexiga neurogênica – ou desenvolvemos uma habilidade.

Este artigo apresenta uma revisão sobre o controle emocional da função vesical, a neurofisiologiada micção, as causas da bexiga neurogênica, a neuroplsticidade que a subjaz, assim como osefeitos desse distúrbio sobre o paciente, abordando aspectos do contexto social.

DESENVOLVIMENTO

1. Controle emocional da função vesical.

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controle cortical da micção

A regulação vegetativa da bexiga é um exemplo específico do controle motor visceral, que possuiterminais motores viscerais liberadores de neurotransmissores. Esses neurotransmissoresinteragem com receptores pós-sinápticos colinérgicos (parassimpático) e noradrenérgicos(simpático). Na divisão simpática do sistema motor visceral, os neurônios pré-sinápticos queinervam o sistema urinário localizam-se entre T11 e L2, causando relaxamento do músculo daparede da bexiga e contração do esfíncter interno, enquanto que as aferências pré-ganglionares dadivisão parassimpática do sistema urinário estão entre S2 e S4 e causam contração da parede dabexiga e inibição do esfíncter interno.

Essas funções, no entanto, limitam-se ao controle motor visceral, sendo o hipotálamo o responsávelpor organizar funções viscerais específicas como o controle vesical. O controle emocional dafunção vesical, no entanto, é delimitado por outras áreas específicas do sistema nervoso central,como o mesencéfalo, que recebe aferências do hipotálamo, da amígdala e dos córtices orbital epré-frontal medial. Essas estruturas prosencefálicas participam de circuitos límbicos que avaliam orisco e o significado emocional de informações contextuais. No momento do enchimento vesical,eles sinalizam que é seguro e socialmente apropriado urinar.

O sistema límbico também é o responsável pelo esvaziamento indesejável da bexiga, ou seja, o atode urinar incontrolavelmente em momentos extremos de estresse emocional, em situaçõesdecisivas ou perigosas. O centro pontino da micção recebe aferências que informam sobre oenchimento vesical e também coordena a micção. O córtex pré-frontal envia sinais inibitórios para otronco cerebral. Sob condições de estresse e ansiedade, no entanto, os sinais inibitórios do lobofrontal são substituídos pelo sistema límbico. A estimulação do sistema límbico intensifica-se,nessas condições, a ponto de o tronco cerebral ter dificuldade para seguir os comandos inibitóriosdo córtex pré-frontal. Por conta disso, muitos indivíduos urinam com frequência em situações deestresse emocional.

Para o tratamento de doentes psiquiátricos com quadros de depressão e ansiedade, houvecirurgiões adotaram no passado a lobotomia, que consistia em uma secção bilateral da parteanterior dos lobos frontais. Tal cirurgia melhorave de fato os sintomas dos pacientes, que deixavamde reagir a circunstâncias de estresse emocional. Uma consequência indesejável da lobotomia,porém, era que muitos pacientes perdiam a capacidade de decidir sobre comportamentos maisadequados diante de cada situação, podendo, com naturalidade, urinar em público.

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2. Vias aferentes do reflexo da micção e sua modulação:

O processo de micção envolve dois passos principais: primeiro a bexiga se encheprogressivamente até que a tensão na sua parede atinja um nível limiar; isso dá origem ao segundopasso, que é um reflexo do sistema nervoso parassimpático chamado de reflexo da micção, que,embora seja autônomo e mediado na medula espinhal, também pode ser inibido ou facilitado porcentros superiores no tronco cerebral e no córtex.

2.1. Neurofisiologia da micção

reflexo da micção

O reflexo da micção é um reflexo espinhal totalmente autônomo, mas pode ser inibido ou facilitadopor centros cerebrais. Conforme a bexiga se enche, muitas contrações de micção que sesobrepõem ao tônus basal são responsáveis por ativar o estímulo mictório nos centros cerebrais.Essas contrações são o resultado de um reflexo de estiramento iniciado pelos receptores sensoriais

de estiramento na parede vesical. Estes receptores estão presentes principalmente na uretraposterior, quando esta área começa a ser preenchida com urina nas pressões vesicais mais altas,os sinais sensoriais dos receptores de estiramento da bexiga são conduzidos aos segmentossacrais da medula através dos nervos pélvicos. Em um ato reflexo, o sinal volta à bexiga atravésdas fibras nervosas parassimpáticas pelos mesmos nervos pélvicos. Quando a bexiga está apenasparcialmente cheia, essas contrações de micção geralmente desaparecem espontaneamente apósuma fração de minuto. Isso ocorre pelo relaxamento do músculo detrusor, que leva também a umadiminuição da pressão para a linha de base. Conforme a bexiga se enche, os reflexos da micçãotornam-se mais frequentes e causam contrações maiores no músculo detrusor.

Uma vez iniciado o reflexo da micção, pode-se considerá-lo “auto-regenerativo”. Isto é, a contraçãoinicial da bexiga ativa a geração de mais estímulos sensoriais pelos receptores de estiramento daparede da bexiga e da uretra posterior. Isto leva a um aumento do reflexo na contração da bexiga;assim, o ciclo se repete continuamente até que a bexiga tenha alcançado um alto grau decontração. Após um período variável de alguns segundos a mais de um minuto, o reflexoauto-regenerativo começa a fatigar e o ciclo se interrompe, permitindo que a bexiga relaxe.

No entanto, esse reflexo mictório pode ser facilitado ou inibido pelo cérebro, especificamente noscentros cerebrais que incluem potentes centros facilitadores e inibitórios no tronco cerebral,

localizados principalmente na ponte, denominado centro pontino da micção (CPM), que é a via finalcomum para os motoneurônios da bexiga, e vários centros localizados no córtex cerebral.Emcircunstâncias normais, a micção depende de um reflexo espino-bulbo-espinal liberado pelo CPM.Este recebe influências do córtex cerebral, cerebelo, gânglios da base, tálamo e hipotálamo

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anatomia masculina

anatomia feminina

(influências suprapontinas), em sua maior parte inibitórios.

O reflexo da micção é a causa básica da micção, mas os centros superiores normalmente exercemo controle final da micção da seguinte maneira: (a) os centros superiores mantêm o reflexo damicção parcialmente inibido, exceto quando se tem a vontade de urinar; (b) os centros superiorespodem evitar a micção, até mesmo quando o reflexo da micção está presente, pela contraçãotônica do esfíncter vesical externo até o momento conveniente para o esvaziamento; e (c) nomomento da micção, os centros corticais podem auxiliar os centros sacrais a iniciar um reflexo demicção e ao mesmo tempo inibir o esfíncter urinário externo, de forma que a micção ocorra.

Resumidamente, pode-se descrever o ciclo miccional normal da seguinte forma:

1. Enchimento: a distensão da bexiga leva à ativação progressiva dos nervos aferentes vesicais.Esta ativação é acompanhada pela inibição reflexa da bexiga, via nervo hipogástrico, e estimulaçãosimultânea do esfíncter externo via nervo pudendo. O CPM é continuamente monitorado sobre ascondições de enchimento vesical, mantendo sua influência inibitória sobre o centro medular sacral,que inerva a bexiga, liberando progressivamente a ativação do esfíncter externo.

2. Esvaziamento: após alcançar um nível crítico de enchimento vesical e sendo a micção desejadanaquele momento, o CPM interrompe a inibição sobre o centro sacral da micção (parassimpático),que ativa a contração vesical através do nervo pélvico. Ao mesmo tempo, a influência inibitóriasobre a bexiga, feita pelo sistema simpático através do nervo hipogástrico, é interrompida e ocorresimultânea inibição da ativação somática do esfíncter, relaxando o aparelho esfinctérico egarantindo a coordenação da micção.

Pode-se descrever o ciclo miccional normal como um simples processo de “liga-desliga”, em que,em um primeiro momento, ocorre inibição dos reflexos da micção (inibição vesical por meio daestimulação simpática e inibição da estimulação parassimpática) e ativação dos reflexos deenchimento vesical (estimulação esfinctérica pudenda). Este mecanismo é alternado para ativaçãodos reflexos da micção (estimulação vesical parassimpática) e inibição dos reflexos de enchimento(inibição da ativação esfinctérica) e as duas fases vão se alternando seguidamente.

A micção voluntária é geralmente iniciada da seguinte maneira: primeiro, o indivíduovoluntariamente contrai a musculatura abdominal, o que aumenta a pressão na bexiga e permiteque uma quantidade extra de urina, pelo aumento de pressão, entre no colo vesical e na uretraposterior, distendendo suas paredes. Isso estimula os receptores de estiramento e dispara o reflexoda micção, inibindo, simultaneamente, o esfíncter externo uretral.

2.2. Neuroanatomia da micção

Conforme a bexiga se enche, muitas contrações de micção que se sobrepõem ao tônus basalcomeçam a aparecer. Elas são o resultado de um reflexo de estiramento iniciado pelos receptores

sensoriais de estiramento na parede vesical. Estes receptores estão presentes principalmente nauretra posterior, quando esta área começa a ser preenchida com urina nas pressões vesicais mais

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Neurônio e dendritos

altas. Os sinais sensoriais dos receptores de estiramento da bexiga são conduzidos aos segmentossacrais da medula através dos nervos pélvicos. Em um ato reflexo, o sinal volta à bexiga atravésdas fibras nervosas parassimpáticas pelos mesmos nervos pélvicos.

Quando a bexiga está apenas parcialmente cheia, essas contrações de micção geralmentedesaparecem espontaneamente após uma fração de minuto. Isso ocorre pelo relaxamento domúsculo detrusor, que leva também a uma diminuição da pressão para a linha de base. Conformea bexiga se enche, os reflexos da micção tornam-se mais frequentes e causam contrações maioresdo músculo detrusor.

O reflexo da micção é um ciclo único completo com (1) um aumento rápido e progressivo dapressão, (2) um período de pressão sustentada e (3) retorno da pressão ao tônus basal da bexiga.Com a ocorrência de um reflexo de micção, mesmo que este não esvazie totalmente a bexiga,geralmente os elementos nervosos deste reflexo permanecem inibidos por alguns minutos a maisde uma hora antes que outro reflexo da micção ocorra. Conforme a bexiga se torna cada vez maischeia, o reflexo da micção passa a ocorrer de forma cada vez mais frequente e mais eficaz.

Quando o reflexo da micção se torna suficiente para esvaziar a bexiga, ele produz outro reflexopara relaxar o esfíncter externo através dos nervos pudendos. Caso este reflexo de relaxamento doesfíncter externo seja mais potente do que sua inibição voluntária, a micção ocorre. Caso contrário,a micção não ocorrerá até que a bexiga se encha mais e o reflexo da micção se torne suficientepara sobrepujar a inibição voluntária.

3. Bexiga Neurogênica

3.1 Definição

A bexiga neurogênica é a perda da função normal da bexiga provocada pela lesão de uma parte dosistema nervoso central ou nervos periféricos envolvidos no controle da micção. Essa perda podeocorrer por uma causa congênita ou adquirida, onde podem promover alterações na inervação dotrato urinário inferior e resultar em uma bexiga hipoativa (incapaz de se contrair, não esvaziandoadequadamente) ou hiperativa (esvaziando por reflexos incontroláveis).

A bexiga hiperativa é resultado de lesão neurológica parcial ou extensa acima do cone medular(T12), ela funciona ao nível dos reflexos segmentares, no entanto não possui regulação suficientedos centros cerebrais superiores. Esse tipo de bexiga apresenta um comportamento hiperrefléxicoque frequentemente está associado a uma anormalidade periférica, como exemplo: prostatite,hipertrofia prostática benigna ou uretrite.

A bexiga hipoativa é um resultado de uma lesão direta da inervação periférica da bexiga ou dossegmentos sacrais S2-4 que resultará em uma paralisia flácida da bexiga. Causas comuns desteacometimento vesical são traumatismo, tumor, espinha bífida e meningomielocele.

3.2. Neuroplasticidade na Bexiga Neurogênica

As funções do trato urinário inferior para armazenar e liberarperiodicamente a urina são dependentes dos circuitos neuraislocalizados no cérebro, medula espinhal e gângliosperiféricos. A dependência das funções do trato urinárioinferior sobre complexos centrais de redes neurais tornaestas funções suscetíveis a varias desordens neurológicasincluindo lesões na medula espinhal. Quando ocorre umalesão rostral no nível da lombossacral elimina-se o controlevoluntário supra espinal da micção, e com isso a bexigatorna-se mais distensível acumulando grande quantidade de

urina, que se leva ao desenvolvimento lento da micção automática e a uma hiperatividade domúsculo detrusor da bexiga. Esses lesões podem muitas vezes serem superadas por meio da

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neuroplasticidade que é uma característica do sistema nervoso de reorganizar-se, alterar-se e criarvias alternativas para possíveis alterações que essas lesões venham causar. A neuroplasticidadesegundo alguns autores como Mckennaetall é uma alternativa, pois conforme observado emresultados subjetivos (resposta clinica) e objetivos (urodinâmicos) essa seria responsável por umahiperatividade dos músculos do assoalho pélvico que causaria mudanças na inervação da bexiga.Os autores ainda afirmam que seria necessário um maior período de tempo para se reestabelecero controle urodinâmico do trato urinário inferior, e que a neuroplasticidade responsável por isso éocasionada por fatores tróficos locais.

A neuroplasticidade tem uma grande influencia na reabilitação das funções, pois por meio deprocedimentos como: diasquise ou depressão funcional transsináptica, supersensibilidade(pós-sináptica) de desnervação e/ou hiperatividade pré-sináptica, reativação de aferências inativase/ou preservação de colaterais, restituição por brotamento regenerativo e colateral, representaçãovicária ou substituição funcional e substituição comportamental são responsáveis pela recuperaçãofuncional após lesões cerebrais. Assim, quando um paciente é diagnosticado com acidentevascular cerebral na área do córtex que possui controle da micção um dos tratamentos possíveisseria por meio da neuroplasticidade.

No caso das lesões medulares traumáticas que comprometem o funcionamento da bexiga,causando a bexiga neurogênica, a neuroplasticidade pode ser utilizada no tratamento, poispossibilita reabilitar o paciente por meio de estímulos (táteis, dolorosos, térmicos) e a integraçãocom meio ambiente possibilita que o próprio organismo se adapte. Dessa forma, criam-se novasvias sinápticas que irão contribuir para um restabelecimento das funções neuronais responsáveispelo controle vesical. Em decorrência da lesão medular, a desestimulação vésico-esfincterianatorna o esvaziamento da bexiga urinária ineficiente, com isso acumula-se um grande volumeurinário e consequentemente uma distensão excessiva do órgão. Esse processo desencadeia umaresposta morfofisiológica compensatória que alteram a estrutura da parede, podendo desencadearmudanças nas propriedades morfológicas das fibras nervosas aferentes. Estudos sugerem que ahipertrofia muscular da parede do órgão levam a mudanças de diâmetro e hipertrofia das célulasneurais. Mudanças fisiológicas também são observadas devido ao estresse mecânico dehiperdistensão muscular, como o aumento da excitabilidade neuronal pela regulação da expressãode canais de sódio sensíveis e resistentes. Além disso, devido a esse aumento muscular eobstrução da irrigação sanguínea do órgão ocorre à morte de milhares de células neurais.

Sinapse

Os mecanismos responsáveis por essas mudanças nos neurônios aferentes da bexiga ou natransmissão sináptica após a lesão medular envolvem fatores neurotróficos liberados na bexiga ouna medula espinhal e são transportados retrogradamente para o corpo celular neuronal. Essacomprovação foi possível devido a experimentos realizados em ratos, a lesão medular nessascobaias provocou aumento dos níveis de fator de crescimento derivado do nervo (NGF), fatorneurotrófico derivado do cérebro (BDNF), fator neurotrófico derivado da glia (GDNF), neurotrofinas3 e 4 (NT3 e 4) na bexiga urinária, de NGF no fluído cerebroespinhal e de NGF e BDNF na medulaespinhal. Essas substancias alteram a excitabilidade das fibras aferentes através dos canais desódio, com essa mudança no perfil de excitabilidade foi possível aumentar o reflexo espinhal,

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A placa neural corresponde acerca de 125mil células queformarão com o decorrer dodesenvolvimento embrionário emcerca de 100 bilhões de neurônios.A placa neural formadora dagoteira neural e logo do tuboneural é um componenteembriológico fundamental para aformação de um sistema nervososadio.Em casos de problemas dedesenvolvimento embriogênico, acerca da terceira para quartasemana de gestação, poderáacarretar em graves distúrbios deconstituição do sistema nervoso,como aMielomeningocele, (espinha bífidaou disrafismo).

Mielomeningocele: Forma deespinha bífida císticamenos comum. As meninges estãodistendidas, passam por entre asvértebras que estão abertas,formando um cisto no local dalesão. Dentro deste cisto hátecidos (meninges) e líquidocefalorraquidiano, mas não hácomprometimento do sistemanervoso (nervos e medula), porisso, há pouco comprometimentodas funções neurológicas

caracterizado pela diminuição do limiar para desencadear a contração do músculo detrusor.

3.3.Causas

As principais causas da bexiga neurogênica são lesões ou distúrbios que afetam a medula espinhalcomo: trauma raquimedular, uma lesão na região inferior, que é a parte que controla a contração dabexiga e o relaxamento do esfíncter liso, pode levar a um descontrole na primeira fase da micção,que é involuntária. O acidente vascular cerebral isquêmico com lesão do tronco cerebral podeocasionar a bexiga neurogênica pois o controle da micção envolve o nervo vago e seus núcleos notronco encefálico e uma lesão que afete o tronco afeta também o controle da micção.

Já a segunda fase da micção pode ser controlada de forma voluntária, pois o córtex cerebral, alémde receber uma informação sensitiva sempre que a bexiga fica cheia, mantém igualmente ligaçõesespecíficas com o esfíncter estriado, que determinam, conforme as circunstâncias, quando este sedeve abrir e quando se deve manter fechado, dessa forma lesões no córtex cerebral podem levar abexiga neurogênica, como também lesões no sistema nervoso periférico (SNP), pois o sistemanervoso periférico é responsável pelo controle de relaxamento e contração do esfíncter da uretra.

A bexiga neurogênica está associada também a questões congênitas ou adquiridas como espinhabífida e mielomeningocele que promovem alterações na inervação do trato urinário inferiorresultando em uma bexiga hipoativa. A interrupção do controle normal da bexiga decorrente docérebro e da medula espinal acarreta na bexiga hiperativa, sendo que primeiramente a bexigatorna-se flácida durante dias, semanas ou meses(fase de choque). Essa interrupção pode levar aoesvaziamento da bexiga involuntariamente.

3.4.Classificação

A classificação funcional proposta por Wein e Barret (1988) é a mais aceita e recomendadaatualmente. Ela divide-se em falha de esvaziamento (por causa vesical e infra vesical) e falha dearmazenamento (vesical e infra vesical).

Esvaziamento – Causa vesical: neurológica, miogênica, psicogênica e idiopática.

Esvaziamento – Causa infra vesical: anatômica, obstrução prostática, estenose do colo vesical,

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estenose uretral, compressão uretral, funcional, dissinergia do esfíncter estriado, dissinergia doesfíncter liso.

Armazenamento – Causa vesical:contrações involuntárias do detrusor; doença ou lesãoneurológica, inflamação, idiopática, obstrução infravesical, déficit de complacência, doença oulesão neurológica, fibrótica, hipersensibilidade, inflamatória/infecciosa, neurológica, psicológica.

Armazenamento – Causa infra vesical: incontinência urinária de esforço genuína, falha de suportesuburetral, relaxamento do assoalho pélvico, hipermobilidade vésico-uretral, deficiência esfinctéricaintrínseca, doença ou lesão neurológica, fibrótica, mista.

Bexiga neurogênica

4. Exames Diagnósticos

O exame físico é fundamental para avaliar a presença de globo vesical, características da próstata,anormalidades genitais e da região sacral, prolapsos vaginais e déficits neurológicos. A partir destaavaliação, deve ser possível realizar um diagnóstico presuntivo e o direcionamento dos examescomplementares.

A avaliação urológica deve incluir exames laboratoriais para pesquisa de ITU, hematúria e funçãorenal, incluindo urina, cultura e urocultura. Nos pacientes com micção espontânea, a medida dofluxo e resíduo são fundamentais. Idealmente, um diário miccional de 2 a 3 dias deve ser obtidopara ajudar a caracterizar o padrão habitual de ingestão de líquidos, frequência miccional eseveridade da incontinência (quando presente).

A avaliação radiológica deve ser individualizada podendo incluir uma simples ultra-sonografia devias urinárias ou requerer uretrocistografia miccional/retrógrada (UCM/R), urografia intravenosa(UIV), estudos radioisotópicos ou tomografia computadorizada. Como regra, pacientes com lesõesneurológicas graves devem sempre realizar ultra-sonografia do aparelho urinário e uretrocistografiaao menos na investigação inicial.

5. Terapêutica Convencional

Após uma lesão neurológica e, consequentemente, o desenvolvimento da bexiganeurogênica, é realizado a passagem de um cateter pela uretra. Esse procedimento servepara drenar a bexiga de forma contínua. Com isso, impede-se que os músculos da bexigasejam lesados. Essa lesão pode ser ocasionada por ocorrer uma dilatação excessiva dessetecido. Esse procedimento também visa evitar uma infecção da bexiga.

A manutenção do cateter permanentemente é menos indicada para homens do que para mulheres.

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Pois, em homens ela pode causar inflamação da uretra e do tecido circundante. No entanto,independente das características anatômicas do homem e da mulher, é preferível o uso do cateter;de preferência que possa ser removido e colocado pelo próprio paciente (autosondagem; até6vezes/dia).

O cateter também é indicado para pacientes com bexiga hiperativa, principalmente quando osespasmos do esfíncter impedem o esvaziamento.No caso de pacientes com quadriplegia, existe anecessidade de secção do músculo esfinctário, pois esses indivíduos não conseguem realizar aautosondagem.Nesse caso, usa-se uma bolsa de coleta externa.

Encontra-se em fase experimental, um tratamento usando estimulação elétrica para induzir acontração da bexiga.

Para melhorar o armazenamento da bexiga e sua capacidade urinária, existem tratamentosmedicamentosos. No caso de bexigas hiperativas, usam-se fármacos que a relaxam (por exemplo:anticolinérgicos). Entretanto, essas drogas apresentam efeitos colaterais importantes (por exemplo:boca seca e constipação). No entanto, para o esvaziamento da bexiga ainda não existemmedicamentos eficazes.

Quando não se tem a eficácia do tratamento com o cateter e por meio de medicamentos, ocorre anecessidade de procedimentos mais incisivos. A cirurgia de desvio da urina é recomendadanessas situações; cria-se uma abertura externa (ostomia) na parede abdominal. O desvio da urinaproveniente dos rins para a superfície do corpo pode ser realizado por meio da remoção de umpequeno segmento do intestino delgado e, em seguida, da conexão dos ureteres a esse segmento,o qual é fixado à ostomia, permitindo que a urina seja coletada em uma bolsa. Em outras situações,cirurgicamente consegue um aumento da capacidade de armazenamento da bexiga. Ela pode seraumentada com um segmento do intestino, em um procedimento denominado cistoplastia. Para oslactentes, como medida temporária até a criança atingir a idade para a cirurgia definitiva, é criadauma conexão entre a bexiga e uma abertura na pele (vesicostomia).

Independentemente de o fluxo urinário ter sido desviado ou se o indivíduo faz uso de uma sonda,são realizados grandes esforços para reduzir o risco da formação de cálculos urinários. A funçãorenal é rigorosamente monitorizada. Uma infecção renal é tratada imediatamente. A ingestão de 8copos de líquido por dia é recomendada. Um indivíduo com paralisia deve ser mudado de posiçãofrequentemente e os outros são estimulados a deambular o mais breve possível. Embora arecuperação completa seja incomum em qualquer tipo de bexiga neurogênica, alguns indivíduosapresentam uma recuperação considerável com o tratamento.

Exercícios de Kegel para incontinência de esforço devido aoenfraquecimento do assoalho pélvico-Arnold Kegel, M.D., daUniversidade do Sul da Califórnia, que os introduziu há meioséculo.

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Reabilitação da musculatura do assoalho pélvico com biofeedback:sensor anal e vaginal

Estimulação sacral: também designadaneuromodulação sacral, envolve o implante de umestimulador programável via subcutânea, que forneceestimulação de baixa amplitude eléctrica através deum cabo para o nervo sacral, geralmente acedidaatravés do forame S3. Atualmente, o FDA aprovoucomo segura a Terapia InterStim da Medtronic comum estimulador de nervo sacral para o tratamento deincontinência de urgência urinária, freqüência urináriae retenção urinária.

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arando vermelho, ou uvado monte; em inglês:cranberry; em alemão:preiselbeeren; em italiano:mirtilo rosso

Jepson RG, Williams G, Craig JC. Cranberries for preventing urinary tractinfections. Cochrane Database Syst Rev. 2012 Oct 17;10:CD001321. doi:10.1002/14651858.CD001321.pub5.

Source Department of Nursing and Midwifery, University ofStirling, Stirling, UK. [email protected].

Abstract

BACKGROUND:

Cranberries have been used widely for several decades for the prevention andtreatment of urinary tract infections (UTIs). This is the third update of our reviewfirst published in 1998 and updated in 2004 and 2008.

OBJECTIVES:

To assess the effectiveness of cranberry products in preventing UTIs insusceptible populations.

SEARCH METHODS:

We searched MEDLINE, EMBASE, the Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL in The Cochrane Library) and the Internet. We contacted companies involved with the promotion and distribution of cranberrypreparations and checked reference lists of review articles and relevantstudies.Date of search: July 2012

SELECTION CRITERIA:

All randomised controlled trials (RCTs) or quasi-RCTs of cranberry products forthe prevention of UTIs.

DATA COLLECTION AND ANALYSIS:

Two authors independently assessed and extracted data. Information was collected on methods, participants, interventions and outcomes (incidence of symptomatic UTIs, positive culture results, side effects, adherence to therapy).Risk ratios (RR) were calculated where appropriate, otherwise a narrativesynthesis was undertaken. Quality was assessed using the Cochrane risk ofbias assessment tool.

MAIN RESULTS:

This updated review includes a total of 24 studies (six cross-over studies, 11parallel group studies with two arms; five with three arms, and two studies witha factorial design) with a total of 4473 participants. Ten studies were included inthe 2008 update, and 14 studies have been added to this update. Thirteenstudies (2380 participants) evaluated only cranberry juice/concentrate; ninestudies (1032 participants) evaluated only cranberry tablets/capsules; onestudy compared cranberry juice and tablets; and one study comparedcranberry capsules and tablets. The comparison/control arms were placebo, no

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treatment, water, methenamine hippurate, antibiotics, or lactobacillus. Elevenstudies were not included in the meta-analyses because either the design wasa cross-over study and data were not reported separately for the first phase, or there was a lack of relevant data. Data included in the meta-analyses showed that, compared with placebo, water or not treatment, cranberry productsdid not significantly reduce the occurrence of symptomatic UTI overall (RR0.86, 95% CI 0.71 to 1.04) or for any the subgroups: women with recurrent UTIs(RR 0.74, 95% CI 0.42 to 1.31); older people (RR 0.75, 95% CI 0.39 to 1.44);pregnant women (RR 1.04, 95% CI 0.97 to 1.17); children with recurrent UTI(RR 0.48, 95% CI 0.19 to 1.22); cancer patients (RR 1.15 95% CI 0.75 to 1.77);or people with neuropathic bladder or spinal injury (RR 0.95, 95% CI: 0.75 to 1.20). Overall heterogeneity was moderate (I² = 55%). The effectiveness ofcranberry was not significantly different to antibiotics for women (RR 1.31, 95%CI 0.85, 2.02) and children (RR 0.69 95% CI 0.32 to 1.51). There was nosignificant difference between gastrointestinal adverse effects from cranberryproduct compared to those of placebo/no treatment (RR 0.83, 95% CI 0.31 to2.27). Many studies reported low compliance and high withdrawal/dropoutproblems which they attributed to palatability/acceptability of the products,primarily the cranberry juice. Most studies of other cranberry products (tabletsand capsules) did not report how much of the ‘active’ ingredient the productcontained, and therefore the products may not have had enough potency to beeffective.

AUTHORS’ CONCLUSIONS:

Prior to the current update it appeared there was some evidence that cranberryjuice may decrease the number of symptomatic UTIs over a 12 month period,particularly for women with recurrent UTIs. The addition of 14 further studiessuggests that cranberry juice is less effective than previously indicated.Although some of small studies demonstrated a small benefit for women withrecurrent UTIs, there were no statistically significant differences when theresults of a much larger study were included. Cranberry products were notsignificantly different to antibiotics for preventing UTIs in three small studies.Given the large number of dropouts/withdrawals from studies (mainly attributedto the acceptability of consuming cranberry products particularly juice, overlong periods), and the evidence that the benefit for preventing UTI is small,cranberry juice cannot currently be recommended for the prevention of UTIs.Other preparations (such as powders) need to be quantified usingstandardised methods to ensure the potency, and contain enough of the ‘active’ingredient, before being evaluated in clinical studies or recommended for use.

CONCLUSÃO

O acontecimento de uma lesão em uma parte do sistema nervoso central ou periférico envolvida nocontrole da micção leva à bexiga neurogênica. Esta pode ser basicamente de dois tipos: hipoativa,quando não se esvazia adequadamente, ou hiperativa, quando se esvaziando por reflexosincontroláveis. Como terapêutica existem cateteres, fármacos e em situações sem eficácia podemser realizados procedimentos como o desvio de urina. A neuroplasticidade tem muita importânciano processo de recuperação de controle na micção e a evolução dos conhecimentos sobre seu usona bexiga neurogênica já demonstra que causará mudanças na condução do tratamento e melhoriana recuperação quase que total dos pacientes.

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Uma visão alternativa: O segundo chakra: sexualidade, fertilidade, sistema urinário, região pélvica, emoções e fluidezChakra é uma palavra sânscritaque significa Roda ou Vórtice e está relacionada com cada um dos sete centros energéticos que compõem a nossa consciência, o nosso sistema energético.Estes chakras, ou centros de energia, funcionam como bombas ou válvulas,regulando o fluir da energia através do nosso sistema energético. Ofuncionamento dos chakras reflete decisões que nós tomamos e o modo comoescolhemos responder às condições da nossa vida. Nós abrimos e fechamosestas válvulas quando decidimos o que pensar e sentir e com que filtro depercepção escolhemos conviver com o mundo à nossa volta.Os chakras não são físicos. Eles são aspectos da consciência. Eles interagem com o corpo físico através de dois grandes veículos: o sistema endócrino e o sistema nervoso. Cada um dos sete chakras está associado a uma das sete glândulas endócrinas e também a um grupo de nervos denominado por Plexo. Assim, cada chakra pode ser associado a partes e funções específicas do corpo controlado por esse plexo, ou à glândula endócrina associada a esse chakra.(extraído de http://www.healer.ch/po/chakras.htm).

O segundo chakra chamado Swadhisthana em sânscrito está localizado logoabaixo do umbigo, na altura do osso púbico. Os órgãos associados são osórgãos sexuais, os intestinos, os rins, a vesícula, a parte inferior das costas e asglândulas supra-renais. Quando este chakra está fora de equilíbrio desconfortosfísicos, tais como, dores nas costas, problemas urinários, dor ciática, dor pélvica, e problemas ginecológicos podem se manifestar.As emoções em jogoquando o segundo chakra se encontra em desequilíbrio são culpa, disfunçãosexual e lutas de poder. Quando em sintonia o chakra sacral libera criatividade e magnetismo. ponto no corpo dianteiro. O segundo chakra tem associaçõesmais amplas com os quadris, o sacro, a parte inferior das costas, os genitais, oútero, a bexiga e os rins. O seu elemento é a água e sua influência se fazsobre todos os fluxos aquosos do corpo: circulação, micção, orgasmo,menstruação e lágrimas. Suas funções incluem a procriação ea digestão dosalimentos. Este é o centro da sua vitalidade física e emocional e suasexualidade. Ele também está conectado com o inconsciente e com as emoções.Sua cor é o laranja e seu aspecto sensorial é gosto. Suas pedras são: coral,ouro, âmbar, citrino e topázio. Não surpreendentemente, os seus alimentos sãolíquidos e frutas e vegetais de cor laranja.(extraído dehttp://yogaeeu.blogspot.com.br/p/chakras.html)Algumas posturas que seassociam ao segundo chakra:

Bhujangasana-postura daserpente

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Paripurna navasana-postura do barco Setu Bandha Sarvangasana –

Postura da ponte

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Uma visão alternativa: Mula Bandha e o primeiro chakra (Muladhara)_ segurança, estabilidade da musculatura pélvica,vitalidade, fluxo de energia. Bandhas (extraído do texto completo porRegiane Cristina Rocha 08-02-2007 http://dharmabindu.com/?l=pt&

p=pratica&id=31)

Bandhas são fechos internos do nosso corpo que usamos na prática do YOGA. Em sânscrito Bandha significa segurar, reter, fechar. Esta definição descreve a ação física envolvida nas práticas de bandhas e seus efeitos no corpo prânico (energético). O objetivo é reter o prana (energia vital) em áreas particulares e redirecionar seu fluxo pela nadi sushumna (canal sutil central que passa pela base da coluna) com o propósito de despertar a espiritualidade. Os bandhas podem ser praticados individualmente ou incorporados aos mudras, asanas e pranayamas. Quando combinados,eles despertam capacidades psíquicas e proporcionam um adicional àspráticas elevadas do Yoga.

São eles: Mula Bandha, Uddiyana Bandha, Jalandhara Bandha

Quando os três bandhas (mula, uddiyana e jalandhara ) estão ativos aomesmo tempo , isso é chamado de Maha Bandha , o quarto bandha ,ogrande fecho.

Os textos antigos nos falam que usando os bandhas, agni (o fogo) édirecionado para o exato local onde as toxinas estão bloqueando o fluxode energia do corpo. Os bandhas intensificam o efeito desse fogo, docalor.

Mula Bandha: Fecho da raiz. O primeiro dos três fechos interiores usadona prática de asanas e pranayamas para controlar o fluxo de energia.Para ativar mula bandha , expire e contraia a área pélvica , desenhandoesse movimento para cima em direção ao umbigo. Se você não conseguevisualizar a área pélvica, pense no espaço entre o osso púbico e o cóccix .Inicialmente você precisará contrair os músculos ao redor do ânus e genitais, mas é necessário isolar e trazer o períneo ativo, o períneo localiza-se entre o ânus e os genitais. Não prenda a respiração. Mantermula bandha durante a execução dos asanas nos fornece maiorvitalidade. É especialmente útil nos saltos.

Mula bandha é uma técnica para conter e canalizar a energia domuladhara chacra (primeiro chacra ou chacra da raiz , base da coluna )que representa o estado de consciência onde a sobrevivência, o instintobásico dominam. Praticar mula bandha leva atenção à musculaturapélvica e aumenta a estabilidade dessa área, que é o assento da coluna, eesta estabilidade possibilita um desenvolvimento seguro dos movimentosda coluna. Mula bandha oferece,através do fortalecimento da musculatura,uma sólida fundação ou base para qualquer movimento. Mula bandhaenergiza e comprime os intestinos e o baixo abdômen. Isso cria umasólida plataforma sob a respiração que possibilita aumentar e diminuir apressão dentro do torso e facilitar os movimentos.

Execução: No nível físico, mula bandha requer a contração do períneo (região entre o ânus e os genitais). A contração do mula bandha é similarao exercício usado para corrigir incontinência urinária e fortalecer aparede vaginal. Um bom treino é interromper o fluxo urinário. Para aexecução completa do mula bandha temos de elevar o diafragma pélvico

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que é como uma cobertura do assoalho pélvico. É um conjunto demúsculos que se estendem desde o púbis até o cóccix e suportam parteda vagina, o útero, a próstata, o reto e ainda, regulam o intestino.Sentiremos com a execução, um levantamento da vagina e útero, uretra ,próstata e reto. Sinta a contração na base do seu abdômen. Com o tempoé possível levantar o assoalho pélvico sem contrair o ânus ou a coberturaexterna do períneo. A energia apana** que esta localizada na parte baixado corpo é forçada para cima e alcança agni ( fogo digestivo) no manipurachacra e depois, chega até o anahata chacra provocando uma onda decalor que aquece todo o corpo. Este forte calor desperta o fogo interno docorpo e acorda a energia da kundalini ajudando-a a penetrar no canal sutilcentral sushumna; Isolar a contração dos músculos que controlam o fluxourinário é na verdade, vajaroli ou sahajoli mudra.

**Apana significa literalmente “força que se move para fora”. Controlatodos os processos de excreção (sêmen, urina e fezes) e eliminação(eliminação de dióxido de carbono na respiração, menstruação enascimento). Por causa dessa função de expulsão, o apana é responsávelpelo bom funcionamento do sistema imunológico. No nível sutil, regula aexpulsão das experiências negativas, emocionais e mentais. Movimenta-se centrifugamente, para baixo e para fora e está localizado na parte inferior do abdômen.

Muladhara chakra-

muladhara chakra

*A palavra muladhara tem o sentido de “raiz” (mula) e de “base” (adhara);é, portanto, a raiz, o fundamento dos sete chakras. No corpo físico, ochakra muladhara localiza-se no períneo (a região entre o anus e osórgãos genitais). Ligado diretamente aos testículos, está associado aosnervos sensoriais que os alimentam. No corpo feminino, localiza-se nocolo do útero. As antigas escrituras iogues associam o muladhara aoelemento terra, cujo atributo principal é o olfato; assim, no nível físico omuladhara está ligado ao sentido do olfato e com o nariz. Segundo atradição, o muladhara é representado por um lótus de quatro pétalasvermelhas. O Muladhara Chakra está relacionado ao cuidado com nossasnecessidades de sobrevivência, à afirmação de uma sensação saudávelde ligação à terra, de proporcionar cuidados básicos ao corpo e limpar assuas impurezas. Entre as partes do corpo que se associam a ele estão abase da espinha, as pernas, os pés e o intestino grosso. O MuladharaChakra representa o “aterramento” físico e emocional, está associado aoelemento terra e à cor vermelha, que tem uma vibração mais lenta do queas cores que simbolizam os outros chakras.

Posturas associadas ao primeiro chakra:

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yogamudrasana-variação

Vrksasana-postura daárvore

Mulabandhasana-postura do chakrada raiz-variação

GABRIEL VALAGNI,THAIGOR REZEK, WILSON JUNIOR e WINNIE BEILNER- alunos degraduação do curso de Medicina da Faculdade de Ciências da Saúde/UFGD-XIIa TURMA.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

HASSE, V. G.; LACERDA, S. S.; Neuroplasticidade, variação interindividual e recuperaçãofuncional em neuropsicologia. Temas em Psicologia da SBP, Belo Horizonte, vol. 12, nº 1, p. 28-42,2004.

MORITZ, J.E.,SAAB L.S.A., GONZAGA M.L.C., LIMA N.F.G., PILAU N.M., SANTOS P.Q., LAUXENP. F.; Bexiga Neurogênica. Florianópolis, 2005.

BURKS, F. N., BUI, D. T., PETERS, K. M.; Neuromodulation and the Neurogenic Bladder.UrolClin NAm, vol. 37, p. 559–565, 2010.

GROAT, W. C., YOSHIMURA, N.;Changes in Afferent Activity After Spinal Cord Injury.NeurourolUrodyn, vol. 29, p. 63–76, 2010.

OLANDOSKI, K. P., KOCK, V., TRIGO-ROCHA, F. E.; Renal function in children withcongenitalneurogenic bladder.Clinical Science, vol. 66, p. 189-195, 2011.

GRIFFITHS, D; TADIC, SD.; Bladder control, urgency, and urge incontinence: evidence fromfunctional brain imaging. NeurourolUrodyn, 27(6):466-74, 2008.

ANDRADE, E. L.; Participação do Receptor TRPA1 na Hiperatividade da Bexiga Urinária Induzidapor Lesão Medular em Ratos. Departamento de Farmacologia, UFSC. Florianópolis, 2010.

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9 comentários

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claudinei

19/04/2015 em 17:40 (UTC 0)

ola, me chamo claudinei tenho duas meninas gemeas e portadoras de sequelas dehidrocefalia e mielo,tem 07 anos e tem tambem a bexiga neurogenica,já tentamos afisioterapia ,mas não deu certo .Existe algum medicamento que possa melhorar este quadroao menos.se poderem me ajudar?

Laurinda

01/04/2015 em 19:55 (UTC 0)

gostaria que enviancem-me todo material

rafaela caroline

07/03/2015 em 21:57 (UTC 0)

muito bom

Helenusa Maria da Silva

13/02/2015 em 3:32 (UTC 0)

Aos 33 fui diagnosticada com mieomenigocele fiz uma cirurgia pra correção,infelizmente nãoobtive um resultado muito bom,as dores que eu sentia não sinto mais,mas o problema daincontinencia urinaria só vem piorando a cada dia que passa,sinto muito dor na coluna oquecausa sangramento e coagulaçao na bexiga preciso tomar um comprimido de diclofenadosódico todos os dias oque tem me causado preocupação pois tem prejudicado meus rins,meumedico diz que tenho bexiga neurogenica sensitiva motora hiperativa,tomo de vez em quandoretemic ud mas me causa ummal estar muito grande,não sei o que fazer pois esse problema me tem limitado muito,moroem um estado onde não tem desenvolvimento nessa aréa,gostaria de saber sobre tratamentomais indicado,uso sonda de alivio e fralda geriatrica o tempo todo,por favor me responda essapergunta.grato

Denis Leão de Souza

30/01/2015 em 14:12 (UTC 0)

Olá, Ciência e Cognição!

Graça e Paz.

Somos do Instituto de Pessoas com Deficiência de Ananindeua do Estado do Pará no Brasil.

Gostaríamos de receber artigos sobre Lesão Medular para nosso Acervo de ReferênciasBibliográficas e a ajudar nossos associados, familiares e comunidade sobre assuntosrelacionados a Lesão Medular.

Abraços Fraternos,

Edson

15/01/2015 em 7:58 (UTC 0)

Necessito de modalidades de exercícios para incontinência urinária.

Gisele Oliveira

29/01/2015 em 21:38 (UTC 0)

Os exercícios de Kegel como descritos são indicados para incontinência urinária deesforço, contudo, o sucesso da terapêutica é a avaliação da consciência perineal por umfisioterapeuta.

elisabeth ferraz

11/08/2014 em 15:43 (UTC 0)

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Necessito muitissimo aprender com rigor e afinco esse exercicio tao salvador!!! Tenhoincontinencia urinaria e prefiro ir pela fisioterapia do que fazer a cirurgia porque ja me foiindicada, meu grau é serio… Obrigada

Gisele Oliveira

29/01/2015 em 21:40 (UTC 0)

Isso mesmo. Procure um fisioterapeuta especialista em saúde da mulher.

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