inclusÃo escolar: um desafio entre o ideal e o...

49
UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Educação Especial Inclusiva Helena Aparecida Silva INCLUSÃO ESCOLAR: UM DESAFIO ENTRE O IDEAL E O REAL LINS – SP 2010

Upload: truongnguyet

Post on 12-May-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: INCLUSÃO ESCOLAR: UM DESAFIO ENTRE O IDEAL E O …unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/49222.pdf · Inclusão Escolar e Social. 4. Desafio e Mudança. 5. Abordagem Multidisciplinar

1

UNISALESIANO

Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium

Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Educação Especial

Inclusiva

Helena Aparecida Silva

INCLUSÃO ESCOLAR: UM DESAFIO ENTRE O

IDEAL E O REAL

LINS – SP

2010

Page 2: INCLUSÃO ESCOLAR: UM DESAFIO ENTRE O IDEAL E O …unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/49222.pdf · Inclusão Escolar e Social. 4. Desafio e Mudança. 5. Abordagem Multidisciplinar

2

HELENA APARECIDA SILVA

INCLUSÃO ESCOLAR: UM DESAFIO ENTRE O IDEAL E O REAL

Monografia apresentada à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, como requisito parcial para obtenção do título de especialista em Educação Especial Inclusiva sob a orientação das Professoras M.Sc. Fátima Eliana Frigatto Bozzo e M.Sc. Heloisa Helena Rovery da Silva.

LINS – SP

2010

Page 3: INCLUSÃO ESCOLAR: UM DESAFIO ENTRE O IDEAL E O …unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/49222.pdf · Inclusão Escolar e Social. 4. Desafio e Mudança. 5. Abordagem Multidisciplinar

3

Silva, Helena Aparecida

Inclusão escolar: um desafio entre o ideal e o real / Helena Aparecida Silva. – – Lins, 2010.

49p. il. 31cm.

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins, SP para Pós-Graduação “Lato Sensu” em Educação Especial Inclusiva, 2010

Orientadores: Fátima Eliana Frigatto Bozzo; Heloisa Helena Rovery da Silva.

1. Deficiência Múltipla. 2. Concepções de Pais e Professores. 3. Inclusão Escolar e Social. 4. Desafio e Mudança. 5. Abordagem Multidisciplinar. I Título

CDU 615

S58i

Page 4: INCLUSÃO ESCOLAR: UM DESAFIO ENTRE O IDEAL E O …unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/49222.pdf · Inclusão Escolar e Social. 4. Desafio e Mudança. 5. Abordagem Multidisciplinar

4

HELENA APARECIDA SILVA

INCLUSÃO ESCOLAR: UM DESAFIO ENTRE O IDEAL E O REAL

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,

para obtenção do título de especialista em Educação Especial Inclusiva.

Aprovada em: ______/______/______

Banca Examinadora:

Profª. M.Sc. Fátima Eliana Frigatto Bozzo

Mestre em Docência no Ensino Superior pela Universidade do Sagrado

Coração, USC, Brasil.

_________________________________________________________

Profª M.Sc. Heloisa Helena Rovery da Silva

Mestre em Administração pela CNEC/FACECA – MG

_________________________________________________________

Lins - SP

2010

Page 5: INCLUSÃO ESCOLAR: UM DESAFIO ENTRE O IDEAL E O …unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/49222.pdf · Inclusão Escolar e Social. 4. Desafio e Mudança. 5. Abordagem Multidisciplinar

5

Dedico este trabalho aos meus filhos , em desculpas pela minha

ausência nestes dois anos, ao meu esposo, pela compreensão e paciência

durante todo este tempo e à minha cunhada, por sempre ter me ajudado nesta

busca por um futuro melhor.

Page 6: INCLUSÃO ESCOLAR: UM DESAFIO ENTRE O IDEAL E O …unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/49222.pdf · Inclusão Escolar e Social. 4. Desafio e Mudança. 5. Abordagem Multidisciplinar

6

AGRADECIMENTOS

A Deus por me proporcionar coragem em todos os momentos, e

principalmente quando o desânimo e o cansaço pareciam me abater. Pelas

pessoas iluminadas que Ele colocou em meu caminho, proporcionando

condições para o enriquecimento da minha formação profissional.

Ao meu esposo Mauricio e aos meus filhos Lucas e Leonardo, de quem

privei momentos de convívio.

A orientadora Fátima Eliana pela disponibilidade e atenção.

As minhas colegas Shirlei, Aparecida, Irene e todas as outras, pela

parceria e solidariedade durante todo esse tempo em que estivemos juntas.

A Prefeitura Municipal de Lins na figura da Secretaria Municipal de

Educação, por proporcionar a oportunidade desse curso e pela contribuição

parcial financeiramente, que muito me auxiliou na realização dessa conquista.

A todos aqueles que direta o indiretamente contribuíram, tornando assim

possível me descobrir e me transformar.

Page 7: INCLUSÃO ESCOLAR: UM DESAFIO ENTRE O IDEAL E O …unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/49222.pdf · Inclusão Escolar e Social. 4. Desafio e Mudança. 5. Abordagem Multidisciplinar

7

RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo identificar as concepções históricas da inclusão social de pessoas com necessidades educacionais especiais em relação à inclusão escolar e social dessas crianças. Participaram deste estudo 6 famílias (quatro casais e duas mães) e 6 professoras. Foram utilizadas entrevistas semi-estruturadas com os pais e os professores e observações no ambiente escolar. Os resultados indicaram que as escolas municipais têm buscado mudanças no sentido de aplicar as leis vigentes e nas mudanças no processo ensino aprendizagem. Os pais percebem a deficiência do filho como algo que acarreta grande sofrimento e que traz comprometimentos sociais, principalmente relacionados ao trabalho especialmente das mães. Os pais e os professores acreditam não ser possível a inclusão escolar dessas crianças, por conceberem o desenvolvimento delas como inexistente e por considerarem a escola de ensino regular despreparada para recebê-las. Todo ser humano deve ter o direito às mesmas oportunidades para adquirir conhecimentos, de desenvolver suas capacidades e de exercer sua cidadania, alcançando, desse modo, formas de integrar-se completamente ao meio social. Torna-se imprescindível que as escolas tenham infra-estrutura e professores capacitados para que seus educandos com necessidades educacionais especiais realmente possam desenvolver e integrar-se à vida social na comunidade que vive. A inclusão mais do que uma mudança de concepção, deve ser baseada em uma mudança de valores da sociedade, com reflexões dos professores, diretores, pais, alunos e comunidade, além do que é necessário diferenciar integração da inclusão, bem como do principio fundamental da inclusão, porém essa abordagem não é tão simples, vai muito além dos muros da escola, para uma abordagem multidisciplinar. Palavras-chave: Deficiência Múltipla. Concepções de Pais e Professores. Inclusão Escolar e Social. Desafio e Mudança. Abordagem Multidisciplinar.

Page 8: INCLUSÃO ESCOLAR: UM DESAFIO ENTRE O IDEAL E O …unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/49222.pdf · Inclusão Escolar e Social. 4. Desafio e Mudança. 5. Abordagem Multidisciplinar

8

ABSTRACT

This study aimed to identify the historical conceptions of social inclusion of people with special educational needs in relation to school and social inclusion of these children. The study included 6 families (four couples and two mothers) and 6 teachers. We used semi-structured interviews with parents and teachers and observations in the school environment. The results indicated that the municipal schools have sought changes to implement the laws and changes in the learning process. Parents realize the child's disability as something that causes great suffering and bringing social commitments, primarily related to work especially the mothers. Parents and teachers believe it is not possible to include these school children, by designing their development as non-existent and for considering the regular high school unprepared to receive them. Everyone should be entitled to the same opportunities to acquire knowledge, develop their capacities and exercise their citizenship, reaching thus ways to integrate fully into the society. It is essential that schools have the infrastructure and trained teachers for their students with special educational needs can actually develop and integrate into the social life in community living. Including more than a change of design, should be based on a change in societal values, with thoughts of teachers, principals, parents, students and the community, beyond what is necessary to differentiate gender inclusion, and the fundamental principle of inclusion, but this approach is not so simple, goes well beyond the school walls, to a multidisciplinary approach. Keywords: Multiple Disabilities. Conceptions of Parents and Teachers. School and Social Inclusion. Challenge and Change. Multidisciplinary Approach.

Page 9: INCLUSÃO ESCOLAR: UM DESAFIO ENTRE O IDEAL E O …unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/49222.pdf · Inclusão Escolar e Social. 4. Desafio e Mudança. 5. Abordagem Multidisciplinar

9

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Evolução de matriculas em classes especiais e classes

comuns..........................................................................................................

Figura 2: Matriculas de alunos com necessidades especiais na rede

publica e privada...........................................................................................

Figura 3: Formação dos Professores da EMEF João Alves da Costa..........

Figura 4: Fachada da EMEF João Alves da Costa.......................................

Figura 5: Formação dos professores da rede Municipal...............................

24

24

26

26

27

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AEE: atendimento educacional especializado

APAE: Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais

CNE: Conselho Nacional de Educação

EMEF: Escola Municipal de Ensino Fundamental

FNDE: Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação

IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INES: Instituto Nacional da Educação dos Surdos

MEC: Ministério da Educação e Cultura

NAAH/S: Núcleos de Atividade das Altas Habilidades/Superdotação

ONU: Organização das Nações Unidas

PAC: Plano de Aceleração do Crescimento

PDE: Plano de Desenvolvimento da Educação

UNESCO: Organização para as Nações unidas para Educação, Ciência e

Cultura

Page 10: INCLUSÃO ESCOLAR: UM DESAFIO ENTRE O IDEAL E O …unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/49222.pdf · Inclusão Escolar e Social. 4. Desafio e Mudança. 5. Abordagem Multidisciplinar

10

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO................................................................................................. 12

CAPÍTULO I - CONCEPÇÃO HISTÓRICA SOBRE A INCLUSÃO................. 15

1 UMA BREVE HISTÓRIA DA INCLUSÃO NO BRASIL ............................ 15

1.1 O surgimento da inclusão no Brasil ....................................................... 15

1.2 A inclusão e o Brasil atual ..................................................................... 16

1.3 A inclusão no município de Lins ............................................................ 20

CAPÍTULO II - A ESCOLA E A INCLUSÃO.................................................... 23

2 DIAGNÓTICO DA INCLUSÃO E DA EDUCAÇÃO ESPECIAL ............... 23

2.1 Acessibilidade das pessoas com necessidades educacionais

especiais .......................................................................................................... 23

2.2 Diagnóstico da formação dos professores no município de Lins........... 25

CAPÍTULO III - A PERSPECTIVA DE PAIS E PROFESSORES SOBRE A

INCLUSÃO EM LINS....................................................................................... 28

3 CONTEXTUALIZAÇÃO DA PESQUISA .................................................. 28

3.1 Participantes.......................................................................................... 28

3.2 As famílias e sua visão em relação à inclusão ...................................... 29

3.2.1 Primeira entrevista com as famílias ................................................... 29

3.2.2 Segunda entrevista com os pais ........................................................ 31

3.3 O que professores pensam sobre a inclusão ........................................ 33

3.4 Relação família-escola .......................................................................... 35

3.5 Parecer final sobre a pesquisa .............................................................. 36

CONCLUSÃO .................................................................................................. 38

Page 11: INCLUSÃO ESCOLAR: UM DESAFIO ENTRE O IDEAL E O …unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/49222.pdf · Inclusão Escolar e Social. 4. Desafio e Mudança. 5. Abordagem Multidisciplinar

11

REFERÊNCIAS ............................................................................................... 41

APÊNDICES .................................................................................................... 43

Page 12: INCLUSÃO ESCOLAR: UM DESAFIO ENTRE O IDEAL E O …unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/49222.pdf · Inclusão Escolar e Social. 4. Desafio e Mudança. 5. Abordagem Multidisciplinar

12

INTRODUÇÃO

A inclusão escolar da pessoa com necessidades educacionais especiais

é um tema de grande relevância e vem ganhando espaço cada vez mais com

intensidade em debates e discussões que explicitam a necessidade das

escolas em atender as diferenças inerentes à condição humana.

Tendo finalidade assegurar, com absoluta convicção, principalmente as

pessoas com necessidades especiais, que todo ser humano deve ter o direito

às mesmas oportunidades para adquirir conhecimentos, desenvolvendo suas

capacidades e exercendo sua cidadania, alcançando, desse modo, formas de

integrar-se completamente ao meio social.

A chance dada às pessoas ditas normais deve ser abrangente às

pessoas com deficiências físicas, bem como às que apresentam problemas

relacionados à aprendizagem escolar. Assim, torna-se imprescindível que as

escolas tenham infra-estrutura com professor capacitado, funcionários prontos

a auxiliarem esse educandos com necessidades educacionais especiais, para

assim desenvolver-se e integrar-se à vida social na comunidade que vive.

O objetivo fundamental desse trabalho foi investigar como a mediação

pedagógica do professor, pode contribuir para a inclusão da criança com

necessidades educacionais especiais, para assim Investigar a situação real do

processo de inclusão das pessoas com necessidades especiais, comparando o

funcionamento da inclusão em relação à teoria, bem como a formação dos

profissionais que atendem essa criança, mas principalmente a visão dos

Professores da Rede Municipal de Lins, e a sua capacitação para o trabalho.

Assim sendo, esse estudo foi estruturado com a finalidade de abordar a

concepção histórica sobre a inclusão no Brasil, fazer um diagnóstico da

inclusão e da formação dos professores de uma escola do município de Lins,

através de figuras para análise e descobrir quais as perspectivas de pais e

professores sobre a inclusão em Lins, através de entrevistas.

Para se perceber quais são os benefícios de uma escola que busca

situações de inclusão, tanto na perspectiva dos próprios alunos, quanto na

perspectiva de pais e professores, se faz necessário perceber que o consenso

que a pessoa com necessidades educacionais especiais se beneficia das

Page 13: INCLUSÃO ESCOLAR: UM DESAFIO ENTRE O IDEAL E O …unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/49222.pdf · Inclusão Escolar e Social. 4. Desafio e Mudança. 5. Abordagem Multidisciplinar

13

interações sociais e da cultura na qual está inserida, sendo que essas

interações, se desenvolvidas de maneira adequada, serão propulsoras de

mediações e conflitos necessários ao desenvolvimento pleno do indivíduo e à

construção dos processos mentais superiores. (VYGOTSKY, 1987)

A concepção que o professor tem de mundo e de homem tem relação com sua concepção sobre o processo de alfabetização, assim como a leitura que faz do desenvolvimento da criança tem relação com a qualidade da sua intervenção. (ESTEBAN apud VYGOTSKY, 1987, p. 77)

Concomitantemente com a concepção dos professores em relação à

inclusão é necessário que se indague se os recursos existentes na estrutura

das escolas públicas municipais de Lins têm apresentado mecanismo de

desenvolvimento qualitativo para a inclusão de pessoas com necessidades

especiais?

Percebe-se claramente que as legislações existentes pertinente à

inclusão no município de Lins são mais voltadas ao assistencialismo do que a

efetivação da Inclusão. O município nesses últimos anos tem definindo como

sua responsabilidade a capacitação do professor no trabalho através do

Programa de Educação Especial e Projetos Especiais e Curso de Educação

Especial – parceria com o Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium.

Diante desse cenário o objetivo primordial desse estudo foi investigar a

visão dos professores em relação à inclusão de pessoas com necessidades

especiais, através de pesquisa realizada numa escola da rede Municipal de

Educação Infantil e Fundamental de Lins, bem como a maneira em que se dá a

relação pais - professores - escola, nesse embate sobre a inclusão.

Por reconhecer a importância da escola e da família no desenvolvimento

das crianças com deficiência múltipla, optou-se por ouvir um grupo de

professores e pais de alunos, momento em que foi possível identificar as

angústias e frustrações das pessoas envolvidas no processo educacional, com

base nisso, justifica-se a elaboração desse estudo, para auxiliar aqueles que

virão com vontade de programar de fato a Inclusão de todos.

Durante a pesquisa surgiu o questionamento: qual a importância da

inclusão escolar para alunos com necessidades especiais? Em resposta

procurou-se demonstrar as concepções históricas da inclusão social de

pessoas com necessidades educacionais especiais.

Page 14: INCLUSÃO ESCOLAR: UM DESAFIO ENTRE O IDEAL E O …unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/49222.pdf · Inclusão Escolar e Social. 4. Desafio e Mudança. 5. Abordagem Multidisciplinar

14

O trabalho está assim dividido:

Capítulo I: descreve a concepção histórica sobre a inclusão, bem como

uma breve história da inclusão no Brasil.

Capítulo II: fala sobre a escola e a inclusão; a acessibilidade das

pessoas com necessidades educacionais especiais e o diagnóstico da

formação dos professores no município de Lins.

Capítulo III: descreve o estudo de caso sobre a perspectiva de pais e

professores sobre a inclusão em Lins.

Por fim, vem a conclusão.

Page 15: INCLUSÃO ESCOLAR: UM DESAFIO ENTRE O IDEAL E O …unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/49222.pdf · Inclusão Escolar e Social. 4. Desafio e Mudança. 5. Abordagem Multidisciplinar

15

CAPÍTULO I

CONCEPÇÃO HISTÓRICA SOBRE A INCLUSÃO

1 UMA BREVE HISTÓRIA DA INCLUSÃO NO BRASIL

1.1 O surgimento da inclusão no Brasil

Durante muito tempo a educação especial foi vista como uma educação

para a adaptação em sociedade, substituindo ao ensino comum, para que essa

adaptação fosse efetivada era necessária a criação de instituições

especializadas em atendimento de pessoas portadoras de necessidades

especiais.

Essas instituições determinavam as formas de atendimento clínico

terapêutico de acordo com os diagnósticos, para assim se estabelecer as

práticas escolares adequadas para a deficiência de cada aluno.

O atendimento as pessoas portadoras de necessidades especiais no

Brasil, teve inicio no período Imperial com a criação de duas instituições: o

Imperial Instituto dos Meninos Cegos, em 1854, atual Instituto Benjamin

Constant (IBC), e o Instituto dos Surdos Mudos, em 1857, atual Instituto

Nacional da Educação dos Surdos (INES), ambos no Rio de Janeiro, além

disso, nesse período havia a roda dos expostos que era um local, normalmente

em conventos, onde as crianças indesejáveis eram colocadas para adoção,

para serem criados, os portadores de necessidades quase nunca eram

adotados e acabavam sendo criados nesses locais.

Somente no século XX que se iniciam os movimentos de solicitações

para atendimento dessas crianças, assim numa breve história no documento

elaborado pelo Grupo de Trabalho nomeado pela Portaria Ministerial nº 555, de

5 de junho de 2007, prorrogada pela Portaria nº 948, de 09 de outubro de 2007.

Em 1926 – fundação do Instituto Pestalozzi, instituição especializada no atendimento às pessoas com deficiência

Page 16: INCLUSÃO ESCOLAR: UM DESAFIO ENTRE O IDEAL E O …unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/49222.pdf · Inclusão Escolar e Social. 4. Desafio e Mudança. 5. Abordagem Multidisciplinar

16

mental. Em 1945 é criado o primeiro atendimento educacional especializado às pessoas com superdotação na Sociedade Pestalozzi, por Helena Antipoff. Em 1954 é fundada a primeira Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE. Em 1961 – Lei 4.024/61- o atendimento educacional às pessoas com deficiência passa ser fundamentada pelas disposições da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nela é estabelecido o direito dos “excepcionais”, preferencialmente dentro do sistema geral de ensino. A Lei nº 5.692/71, que altera a Lei nº 4.024/61, ao definir tratamento especial para os alunos com deficiências físicas, mentais, os que se encontram em atraso considerável quanto à idade regular de matrícula e os superdotados, não promove a organização de um sistema de ensino capaz de atender às necessidades educacionais especiais e acaba reforçando o encaminhamento dos alunos para as classes e escolas especiais. Em 1973, o Ministério da Educação e Cultura (MEC), cria o Centro Nacional de Educação Especial – CENESP, responsável pela gerência da educação especial no Brasil, que, sob a égide integracionista, impulsionou ações educacionais voltadas às pessoas com deficiência e às pessoas com superdotação, mas ainda configuradas por campanhas assistenciais e iniciativas isoladas do Estado. (BRASIL, 1988, p. 88)

É evidente que as ações no Brasil se davam muito mais no campo

assistencialista do que de efetiva inclusão, com métodos e práticas que

levavam a integração e não a Inclusão de fato.

1.2 A inclusão e o Brasil atual

Com o fim da Ditadura no Brasil e consequentemente com a reabertura

política, após vinte anos de ditadura militar, é necessária a convocação de uma

nova Assembléia Constituinte em 1988 é promulgada a nova Constituição.

A nova Constituição federal evidencia os objetivos fundamentais para a

educação inclusiva:

Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação (art.3º inciso IV). A educação como um direito de todos, garantindo o pleno desenvolvimento da pessoa, o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho. (artigo 205)

Page 17: INCLUSÃO ESCOLAR: UM DESAFIO ENTRE O IDEAL E O …unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/49222.pdf · Inclusão Escolar e Social. 4. Desafio e Mudança. 5. Abordagem Multidisciplinar

17

Estabelece a “igualdade de condições de acesso e permanência na escola”, (artigo 206, inciso I); Princípios para o ensino e, garante como dever do Estado, a oferta do atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino (art. 208).

O Estatuto da Criança e do Adolescente em 1990 – Lei nº. 8.069/90,

artigo 55, reforça os dispositivos legais e determina que os pais ou

responsáveis têm a obrigação de matricular seus filhos na rede regular de

ensino. (BRASIL, 1990)

Em 1994- A Declaração de Salamanca (1994) passa a influenciar a

formulação das políticas públicas da educação inclusiva. Também em 1994, é

publicada a Política Nacional de Educação Especial, orientando o processo de

‘integração instrucional’ que condiciona o acesso às classes comuns do ensino

regular àqueles que:

[...] possuem condições de acompanhar e desenvolver as atividades curriculares programadas do ensino comum, no mesmo ritmo que os alunos ditos normais. Ao reafirmar os pressupostos construídos a partir de padrões homogêneos de participação e aprendizagem, a Política não provoca uma reformulação das práticas educacionais de maneira que sejam valorizados os diferentes potenciais de aprendizagem no ensino comum, mantendo a responsabilidade da educação desses alunos exclusivamente no âmbito da educação especial. (BRASIL, 1990, p.19)

Em 1999 - o Decreto nº 3.298 que regulamenta a Lei nº 7.853/89, define

a educação especial como uma modalidade transversal a todos os níveis e

modalidades de ensino, enfatizando a atuação complementar da educação

especial ao ensino regular, e a convenção da Guatemala, promulgada no

Brasil pelo Decreto nº 3.956/2001, estabelece que as pessoas portadoras de

necessidades especiais tenham os mesmos direitos que as demais pessoas,

definindo como discriminação, toda diferenciação ou exclusão que possa

impedir ou anular o exercício dos direitos humanos e de suas liberdades

fundamentais. A repercussão foi imensa na educação na medida em que passa

a exigir uma nova interpretação para a educação especial, buscando a

eliminação das barreiras que impende a escolarização dessas pessoas.

Em 2001 – As Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na

Educação Básica propõe mudanças através da CNE/CEB nº 2/2001,

determinando no artigo 2º:

Page 18: INCLUSÃO ESCOLAR: UM DESAFIO ENTRE O IDEAL E O …unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/49222.pdf · Inclusão Escolar e Social. 4. Desafio e Mudança. 5. Abordagem Multidisciplinar

18

Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizar-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para uma educação de qualidade para todos. (MINISTERIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA, 2001)

No mesmo ano em 2001 – O Plano Nacional de Educação - PNE, Lei nº

10.172/2001, destaca que o grande avanço que a década da educação deveria

produzir seria a construção de uma escola inclusiva que garanta atendimento à

diversidade humana. (MINISTERIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA, 2001)

No ano de 2002 foi revolucionário no que tange a legislação – A

Resolução CNE/CP nº1/2002, estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais

para a Formação de Professores da Educação Básica, prevendo que as

instituições de Ensino Superior devam organizar o currículo de maneira a

formar docentes voltados para a atenção à diversidade contemplando

conhecimentos específicos para o atendimento de alunos com necessidades

educacionais especiais.

Nesse mesmo ano é colocado em vigor Portaria nº 2.678/02 que vai

aprovar diretrizes e normas para o uso, o ensino, a produção e a difusão do

Sistema Braille em todas as modalidades de ensino, compreendendo o projeto

da Grafia Braile para a Língua Portuguesa e a recomendação para o seu uso

em todo o território nacional.

É criado pelo MEC, em 2003, o Programa de Educação Inclusiva: direito

à diversidade, tem por finalidade a transformação dos sistemas de ensino, em

sistemas educacionais inclusivos promovendo um amplo processo de formação

de gestores e educadores nos municípios brasileiros, para a garantia do direito

de acesso a todos da escolarização, a organização do atendimento

educacional especializado e a promoção da acessibilidade.

São várias as tentativas de implantação efetiva da garantia de

atendimento das pessoas com necessidades especiais, mais recentemente em

2004 – o Decreto nº 5.296/04 e as leis nº 10.048/00 e nº 10.098/00,

estabelecem e regulamentam normas e critérios para a promoção de

acessibilidade ás pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida.

Implementação do Programa Brasil Acessível, a Implantação dos Núcleos de

Atividade das Altas Habilidades/Superdotação – NAAH/S em todos os estados

Page 19: INCLUSÃO ESCOLAR: UM DESAFIO ENTRE O IDEAL E O …unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/49222.pdf · Inclusão Escolar e Social. 4. Desafio e Mudança. 5. Abordagem Multidisciplinar

19

e no Distrito Federal, sendo formados centros de referência para o atendimento

educacional especializado aos alunos com altas habilidades/superdotação, a

orientação às famílias e a formação continuada aos professores.

Nacionalmente, são disseminados referenciais e orientações para organização

da política de educação inclusiva nesta área, de forma a garantir esse

atendimento aos alunos da rede pública de ensino, ocorre em 2005.

Também em 2005 é convocada a Convenção sobre os Direitos das

Pessoas com deficiência que em 2006 será ratificada através Convenção sobre

os Direitos das Pessoas com Deficiência, aprovada pela ONU, e que

estabelece que os estados devam assegurar um sistema de educação inclusiva

em todos os níveis do ensino, adotando medidas para garantir que:

As pessoas com deficiência não sejam excluídas do sistema educacional geral sob alegação de deficiência e que as crianças com deficiência não sejam excluídas do ensino fundamental gratuito e compulsório, sob alegação de deficiência; As pessoas com deficiência possam ter acesso ao ensino fundamental inclusivo, de qualidade e gratuito, em igualdade de condições com as demais pessoas na comunidade em que vivem (Art.24: Educação. Cap.2-alíneas a,b.) (BRASIL, 1990)

Avanços vão ocorrendo e em 2006 é lançado o Plano Nacional de

Educação em Direitos Humanos, que objetiva, dentre as suas ações,

programarem no currículo da educação básica, as temáticas relativas às

pessoas com deficiência e desenvolver ações afirmativas que possibilitem

inclusão, acesso e permanência na educação superior, pela Secretaria

Especial dos Direitos Humanos, o Ministério da Educação, o Ministério da

Justiça e a UNESCO.

No Governo do Presidente Luis Inácio Lula da Silva, com a implantação

do PAC – Plano de Aceleração do Crescimento, em 2007 é lançado o PDE –

Plano de Desenvolvimento da Educação. Tendo como objetivos, a

acessibilidade arquitetônica dos prédios especialmente os escolares, a

implantação de salas de recursos e a formação docente para o atendimento

educacional especializado.

No ano de 2008 o Decreto MEC nº 6.571/2008. – garante recursos de

acessibilidade para os alunos em situação de deficiência, transtornos globais

do desenvolvimento e superdotação/altas habilidades na educação básica.

Revela avanços, estimulando e dando sustentabilidade ao processo de

Page 20: INCLUSÃO ESCOLAR: UM DESAFIO ENTRE O IDEAL E O …unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/49222.pdf · Inclusão Escolar e Social. 4. Desafio e Mudança. 5. Abordagem Multidisciplinar

20

inclusão escolar no Brasil, cuja importância é inquestionável.

Mais recentemente, em setembro de 2009 é aprovado o parecer nº

13/2009- homologado no dia 23 de setembro, pelo ministro da Educação,

Fernando Haddad, que trata das diretrizes operacionais para o atendimento

educacional especializado para os alunos com deficiência, transtornos globais

do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação matriculados em

classes regulares e no atendimento educacional especializado. O objetivo

desse parecer é garantir recursos de acessibilidade, bem como estratégias de

desenvolvimento da aprendizagem, previstos no projeto político-pedagógico da

escola. A ação vai ao encontro da Política Nacional de Educação Especial na

perspectiva da Educação Inclusiva, que orienta os sistemas educacionais na

organização e oferta de recursos e serviços da educação especial de forma

complementar.

Diante desse cenário histórico, percebe-se que apesar do longo caminho

já percorrido, a escola inclusiva ainda tem um longo caminho a percorrer

principalmente no Brasil.

1.3 A inclusão no município de Lins

O movimento pela inclusão social está atrelado à construção de uma

sociedade democrática, na qual todos conquistam sua cidadania; a diversidade

é respeitada e há o reconhecimento político das diferenças. Conforme aponta

Aranha (2001):

A idéia de inclusão fundamenta-se numa filosofia que reconhece e aceita a diversidade na vida em sociedade. Isto significa garantia de acesso de todos a todas as oportunidades, independentemente das peculiaridades de cada indivíduo ou grupo social. (ARANHA, 2001, p.35)

Na cidade de Lins, durante toda sua trajetória se evidenciou mais a

legislação que visava o assistencialismo, através de recursos e suplementação

de verbas para entidades que atendiam as pessoas portadoras de

necessidades especiais.

Na história recente da cidade é que tem existido a preocupação em

estabelecer regulamentação para o atendimento e diagnóstico das pessoas

Page 21: INCLUSÃO ESCOLAR: UM DESAFIO ENTRE O IDEAL E O …unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/49222.pdf · Inclusão Escolar e Social. 4. Desafio e Mudança. 5. Abordagem Multidisciplinar

21

com necessidades especiais.

O Programa de atendimento diferenciado e gratuito, aos portadores de

necessidades educacionais especiais de aprendizagem e de adaptação social,

é instituído a partir da Lei Complementar 4325 de 2000.

Já em 2001 foi firmado o convênio com o Hospital Regional de

Anomalias Crânio faciais - centrinho de Bauru para o estudo e tratamento das

deformidades craniofaciais, através da Lei Complementar 4461/01.

A lei 4547/02, institui no município o Programa de diagnóstico precoce

de deficiência auditiva em Neonatos.

A Linguagem em Braile foi contemplada como forma de lei, dispondo

sobre a impressão na linguagem Braille dos livros, apostilas e materiais

pedagógicos no município de Lins, através da Lei complementar 4596 de 2003.

Um grande avanço ocorreu nos últimos anos, levando a cidade de Lins à

condição de pólo junto ao Ministério da Educação, por meio da Secretaria de

Educação Especial, que tem os objetivos de programar a Política Nacional de

Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, nas redes públicas

de ensino, formando uma rede de gestores e de educadores para a construção

de sistemas educacionais inclusivos, aprimorando a gestão da educação

especial na perspectiva inclusiva, realizando cursos de formação presencial e

disponibilizando referenciais pedagógicos para a oferta de recursos, serviços e

atendimento educacional especializado – AEE nas escolas regulares

selecionou 169 municípios-pólo, dentre eles o Município de Lins.

A abrangência do pólo de Lins é de 26 municípios, sendo eles: Bauru,

Marília, Balbinos, Borá, Boracéia, Duartina, Garça, Iacri, Indiana, Igaraçu do

Tietê, Inúbia Paulista, João Ramalho, Neves Paulista, Oscar Bressane,

Paranapuã, Parapuã, Paulistânia, Platina, Pompéia, Óleo, Presidente Alves,

Quintana, Salmourão, Santa Mercedes e Tupã.

Não há duvidas de que a inclusão é um desafio, já que se trata de um

novo paradigma de pensamento e de ação, pois trata da inclusão de todos os

indivíduos em uma sociedade heterogênea. E como diriam Stainbach e

Stainbach (1999), a inclusão deve ser de todos os indivíduos em uma

sociedade na qual a diversidade deve se tornar uma norma e não uma

exceção. O caminho não é, certamente, um dos mais fáceis. Mudanças dessa

natureza não se fazem sem resistências, mas é o único meio para uma prática

Page 22: INCLUSÃO ESCOLAR: UM DESAFIO ENTRE O IDEAL E O …unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/49222.pdf · Inclusão Escolar e Social. 4. Desafio e Mudança. 5. Abordagem Multidisciplinar

22

social verdadeiramente democrática.

Page 23: INCLUSÃO ESCOLAR: UM DESAFIO ENTRE O IDEAL E O …unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/49222.pdf · Inclusão Escolar e Social. 4. Desafio e Mudança. 5. Abordagem Multidisciplinar

23

CAPÍTULO II

A ESCOLA E A INCLUSÃO

2 DIAGNÓTICO DA INCLUSÃO E DA EDUCAÇÃO ESPECIAL

2.1 Acessibilidade das pessoas com necessidades educacionais especiais

Anualmente o Ministério da Educação e Cultura (MEC), realiza o Censo

Escolar em todas as escolas de educação básica, acompanha, na educação

especial, indicadores de acesso à educação básica, matrícula na rede pública,

inclusão nas classes comuns, oferta do atendimento educacional

especializado, acessibilidade nos prédios escolares e o número de municípios

e de escolas com matrícula de alunos com necessidades educacionais

especiais.

Com a atualização de conceitos e terminologia em relação à educação

especial, a partir de 2004, existe a necessidade de mudanças no Censo

Escolar, que passa a coletar dados sobre a série ou ciclo escolar dos alunos

atendidos pela educação especial, possibilitando a criação de novos

indicadores em relação à qualidade da educação.

Entre 1998 e 2006, houve crescimento de 640% das matrículas em

escolas comuns (inclusão) e de 28% em escolas e classes especiais.

Os dados do Censo Escolar/2006, na educação especial, registram o

avanço que ocorreu no atendimento de alunos com necessidades educacionais

especiais.

Na figura a seguir é possível perceber uma evolução de matrículas em

1998 e em 2006, expressando um crescimento de 107%. No que se refere à

inclusão em classes comuns do ensino regular, o crescimento é de 640%,

passando de 43.923 alunos incluídos em 1998, para 325.316 alunos incluídos

em 2006:

Page 24: INCLUSÃO ESCOLAR: UM DESAFIO ENTRE O IDEAL E O …unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/49222.pdf · Inclusão Escolar e Social. 4. Desafio e Mudança. 5. Abordagem Multidisciplinar

24

Fonte: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA, 2002

Figura 1: Evolução de matriculas em classes especiais e classes comuns

Evidenciam-se ao observar a figura abaixo que o maior número de

matriculas de pessoas com necessidades educacionais especiais em escola

públicas principalmente à partir do desenvolvimento de políticas de educação

inclusiva, é possível perceber um crescimento de 146% das matrículas nas

escolas públicas, que passaram de 179.364 (53,2%) em 1998, para 441.155

(63%):

Fonte: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA, 2002

Figura 2: Matriculas de alunos com necessidades especiais na Rede Publica e

Privada

Page 25: INCLUSÃO ESCOLAR: UM DESAFIO ENTRE O IDEAL E O …unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/49222.pdf · Inclusão Escolar e Social. 4. Desafio e Mudança. 5. Abordagem Multidisciplinar

25

2.2 Diagnóstico da formação dos professores no município de Lins

A aprovação da Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,

lei 9394/96, assinala um momento de transição significativo para a educação

brasileira, todos passam a se preocupar na aplicabilidade dessa lei tão

abrangente e que tem como objetivo: a busca da qualidade (total), no sentido

de formar cidadãos integrais.

Nessa nova forma de visualizar a educação uma das preocupações e de

cuidar da formação dos docentes para a melhoria da qualidade do ensino

ministrado às nossas crianças e aos nossos jovens e em especial as pessoas

com necessidades educacionais especiais dessa mesma preocupação têm

ocorrido na Rede Municipal de Educação de Lins.

Tudo o que é novo pode causar relutância e os professores mostram-se

relutantes em abandonar suas formas de trabalho de um modo radical, é o que

diz Ainscow (2009).

A rede municipal de Educação de Lins já percebeu que as mudanças na

prática pedagógica ocorrem de modo gradativo, em torno de um trabalho

cooperativo e participativo, onde os profissionais da educação repensam sua

prática e sentem-se desafios a modificar suas perspectivas e visões.

Trata-se do resgate do professor iniciado por Nóvoa (1992):

O professor é a pessoa. E uma parte importante da pessoa é o professor. Urge por isso (re) encontrar espaços de interação entre as dimensões pessoais e profissionais, permitindo aos professores apropriar-se dos seus processos de formação e dar-lhes um sentido no quadro de suas histórias de vida. (NÓVOA, 1992, p. 49)

São raros os professores que acabam por assumir publicamente que

são despreparados para o trabalho com alunos com necessidades

educacionais especiais.

Na escola em que foi aplicado estudo percebe-se que a formação inicial

dos quatorze professores efetivos esta assim distribuída:

Page 26: INCLUSÃO ESCOLAR: UM DESAFIO ENTRE O IDEAL E O …unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/49222.pdf · Inclusão Escolar e Social. 4. Desafio e Mudança. 5. Abordagem Multidisciplinar

26

Fonte: EMEF- 2009 – dados obtidos a partir da pesquisa realizada

Figura 3: Formação dos Professores da EMEF João Alves da Costa

O processo de formação tem ocorrido de forma distinta no município de

Lins:

1º Capacitação no trabalho através de Curso para os professores que já

atendem crianças com necessidades educacionais especiais;

2º Parceria com Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium e

FNDE para Curso de Educação Especial para todos os professores

interessados.

3º Capacitação no trabalho através de estudo de temas relevantes a

perspectiva educacional.

Fonte: EMEF João Alves da Costa – imagem coletada na pesquisa

Figura 4: Fachada da EMEF João Alves da Costa

Page 27: INCLUSÃO ESCOLAR: UM DESAFIO ENTRE O IDEAL E O …unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/49222.pdf · Inclusão Escolar e Social. 4. Desafio e Mudança. 5. Abordagem Multidisciplinar

27

Percebe-se que a educação tem assumido lugar de destaque no

município e constitui-se em um de seus pilares de sustentação das suas

políticas públicas. Assim valores e crenças estão sendo modificados em função

das mudanças que ocorrem na atualidade.

Fonte: EMEF – João Alves da Costa – imagem coletada na pesquisa

Figura 5: Formação dos professores da rede Municipal

Page 28: INCLUSÃO ESCOLAR: UM DESAFIO ENTRE O IDEAL E O …unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/49222.pdf · Inclusão Escolar e Social. 4. Desafio e Mudança. 5. Abordagem Multidisciplinar

28

CAPÍTULO III

A PERSPECTIVA DE PAIS E PROFESSORES SOBRE A INCLUSÃO EM

LINS

3 CONTEXTUALIZAÇÃO DA PESQUISA

3.1 Participantes

O presente estudo foi realizado com pais e professores de crianças com

deficiências múltiplas que freqüentam a Escola Municipal de Educação

Fundamental de Lins. Participaram os pais e os professores de seis crianças,

totalizando seis famílias e oito professores (seis professores titulares da sala,

mais as professoras de educação física e artes). As seis crianças tinham, na

época do estudo, idade entre 6 e 12 anos, sendo duas crianças do sexo

feminino e quatro do sexo masculino.

Foram seis famílias que (duas mães e quatro casais) que participaram

desse estudo. Os pais tinham entre 23 e 35 anos e as mães entre 21 e 43

anos. Apresentam as mais variadas ocupações, sendo: pedreiro, mototaxista,

balconista e auxiliar de serviços gerais, e as mães, quatro são donas de casa

uma enfermeira e uma professora.

Quanto aos professores quatro possuem formação superior em área de

educação (outra faculdade que não a de pedagogia), dessas quatro duas

apresentam especialização, uma professora tem a formação em pedagogia e

não possui especialização e uma tem a formação de Magistério e não

conseguiu acabar o curso de pedagogia, esta esperando a rede municipal

oferecer o curso. Os professores são todas do sexo feminino.

Dentre os problemas diagnosticados, uma criança é portadora de

síndrome de dow, três apresentam deficiências físicas, e um é autista. As três

crianças com deficiência física são em decorrência de problemas no trabalho

de parto.

Page 29: INCLUSÃO ESCOLAR: UM DESAFIO ENTRE O IDEAL E O …unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/49222.pdf · Inclusão Escolar e Social. 4. Desafio e Mudança. 5. Abordagem Multidisciplinar

29

Tanto os professores, como os pais, foram esclarecidos sobre os

objetivos da pesquisa, aceitaram e autorizaram, por escrito, participar de sua

realização.

A coleta dos dados com os pais ocorreu no período de junho a agosto de

2009, tendo a primeira entrevista a duração média de uma hora e as

entrevistas com apoio de fotografias a duração média de uma hora e 30

minutos. As entrevistas com os professores foram realizadas nos meses de

agosto e setembro de 2009 e tiveram a duração de 50 minutos. As

observações das atividades desenvolvidas pelos professores com seus alunos

ocorreram nesse mesmo período, e tiveram a duração de uma hora e 15

minutos. Essas observações ocorreram em sala de aula, no pátio e no

refeitório.

Todas as entrevistas foram registradas de maneira escrita e reafirmada

e através de conversa com pais e professores. Após a análise das entrevistas e

diálogo, os dados foram submetidos à análise de conteúdo.

Diante da visualização isolada de cada entrevista foi possível reunir

material riquíssimo para estudo e desenvolvimento de ações sobre ações

relativas à inclusão, e reflexão sobre o ideal e o real no âmbito da inclusão

escolar e a formação dos professores

3.2 As famílias e sua visão em relação à inclusão

3.2.1 Primeira entrevista com as famílias (Apêndice B)

Após as primeiras entrevistas com a família das crianças, foi feita

algumas considerações que possibilitou levantar quatro tópicos para reflexão:

1º Impacto do diagnóstico de um filho com necessidades especiais na

vida da família:

Os pais relataram terem vivenciado momentos iniciais de bastante

angústia, já que existe um despreparo dos profissionais da saúde em

diagnosticar e tratar emocionalmente esse momento tão doloroso para as

Page 30: INCLUSÃO ESCOLAR: UM DESAFIO ENTRE O IDEAL E O …unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/49222.pdf · Inclusão Escolar e Social. 4. Desafio e Mudança. 5. Abordagem Multidisciplinar

30

famílias.

Depois a dificuldade no trato da criança em casa, o despreparo e falta de

conhecimento em relação à doença do filho.

Os pais têm dificuldade de encontrar uma explicação para o diagnóstico

e, diante da inexistência de explicação pela equipe de saúde, preenche o

espaço vazio deixado pela falta de etiologia com explicações baseadas no

senso-comum, é vontade de Deus, culpa da minha mulher, é porque meu

marido bebia muito, uma mãe mais simples chegou a dizer que na época da

gravidez teve que trabalhar na roça cortando cana e o calor intenso tinham

cozinhado o cérebro do seu filho, a maioria atribui a Deus a explicação de tudo.

2º Mudanças na estrutura familiar:

Em relação às mudanças na estrutura familiar das seis mães, quatro

deixaram o trabalho para cuidar exclusivamente dos filhos, pois se sentem

culpadas pelo filho terem nascido assim, e duas acham que os maridos as

culpam, por isso atribuiu para si mesma exclusivamente o cuidado com suas

crianças doentes.

Muito se fala sobre esse tema, mas a literatura mostra que as

mudanças, inevitáveis diante do nascimento de um filho, particularmente de um

filho com necessidades educacionais especiais, podem ser percebidas, como

foi encontrado nas respostas dos pais, de forma positiva ou negativa. Pode

haver casos em que alguns relacionamentos são fortalecidos e em outros

casos, essa relação pode ser de intenso sofrimento, no qual um dos pais sofre

de maneira isolada e a seu modo a situação (MILLER, 2002).

3º Aprendizagem e a inclusão:

Dos seis pais entrevistados, quatro acreditam que os filhos deveriam

estar em escolas especializadas, mas por problemas de transporte acabaram

por matricular seus filhos nessa escola.

Cinco famílias acreditam que é muito difícil a possibilidade de seus filhos

estarem inseridos em classes regulares. Dizem que os problemas de suas

crianças impedem da inclusão. Um pai não vê problema já que seu filho tem

uma professora exclusivamente para ele. Mas solicita veementemente à escola

que não mudem a professora do Filho (o aluno esta matriculado em uma sala

comum, mas na maioria das vezes fica com uma professora, participam

somente de atividades coletivas com sua turma, como arte e educação física).

Page 31: INCLUSÃO ESCOLAR: UM DESAFIO ENTRE O IDEAL E O …unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/49222.pdf · Inclusão Escolar e Social. 4. Desafio e Mudança. 5. Abordagem Multidisciplinar

31

O resultado das entrevistas leva a perceber em consonância com Kassar

(1999, p. 83), que, “para os pais, a escola tem seu valor para seus filhos

somente no sentido da interação com outros colegas em detrimento da

aprendizagem sistemática.”

4º A vida social das famílias após o nascimento das crianças com

necessidades especiais:

A maioria das famílias entrevistadas tem dificuldades em inserir seus

filhos na sociedade e tentar estimulá-lo a autonomia com a tendência de

infantilizá-los eternamente.

Quatro pais disseram que a dificuldade de locomover seus, filhos, e o

medo da discriminação das pessoas fazem com que o lazer em família seja

comprometido. Somente dois disseram que aonde vão levam os filhos e que se

os filhos não são bem vindos não vão.

Todos disseram que já presenciaram o descumprimento dos direitos

legais de seus filhos, tais como vaga de deficiente ocupada por pessoas

normais, falta de rampas, até mesmo a escola não é adequada aos nossos

filhos, tem muita escada, não tem rampas e nem elevador.

Os pais que em sua maioria são usuários do transporte coletivo

relataram comportamentos de impaciência dos motoristas, além de não terem

rampa de acesso para a cadeira de rodas, mas para dizer a verdade um ônibus

possui o letreiro informando a existência de elevador, mas o motorista não

sabe manusear. Esses relatos nos deixaram evidente constatação de que

existe um despreparo da população em relação ao convívio e aos direitos das

pessoas com necessidades educacionais especiais em termos dos assentos

preferenciais.

3.2.2 Segunda entrevista com os pais

Na segunda entrevista foi solicitado aos pais que levassem uma

fotografia de seus filhos, poderia ser da criança sozinha, no contexto familiar ou

no contexto social. Penn, ao ressaltar a importância da análise de imagens

para o campo científico, denota a importância de uma leitura que se apóie em

Page 32: INCLUSÃO ESCOLAR: UM DESAFIO ENTRE O IDEAL E O …unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/49222.pdf · Inclusão Escolar e Social. 4. Desafio e Mudança. 5. Abordagem Multidisciplinar

32

informações adicionais para além do que está registrado em fotografias.

Estudos que abordam as relações familiares de crianças com problemas

no desenvolvimento apontam um alto nível de estresse nos pais, em especial

nas mães, de crianças com deficiências e uma maior tendência desses pais em

desenvolverem depressão (GLIDDE, FLOYD; NEGRIN, CRISTANTE, apud

DESSEN; SILVA, 2000). Assim o trabalho com imagens serviu para descontrair

e ser um ponto para abordagem de um tema tão complexo.

Em cada imagem selecionada pelas famílias nos mostram que para a

família tornava-se mais fácil de se construir o pensamento, é como se as fotos

falassem fundo, na verdade a fotografia foi o centro de apoio a uma narrativa

mãos ampla e complexa.

As fotografias foram antes de tudo como um amuleto para falar à alma

de cada família, buscando lembranças e garantindo ao entrevistador pistas

sobre as concepções dos pais sobre a necessidade de seus filhos.

As fotografias na maioria das vezes retratavam cenas familiares,

dificilmente a criança aparecia sozinha nas fotos. No caso das crianças que

tiveram precocemente seu diagnóstico de deficiência, fotos foram verbalizadas

com muito sofrimento e angústia em relação ao problema da criança, nenhum

trouxe fotos tiradas ainda no hospital ou em internações posteriores, quando de

crianças com diagnóstico precoce. Das crianças que foram diagnosticadas

posteriormente, as primeiras fotos demonstravam momentos felizes e de

grande descontração, anteriormente sofrimento ou castigo como eles mesmo

atribuem.

Quase todas as famílias apresentaram fotos de passeio, porém esses

passeios eram somente nas casas de parentes.

Ao ser solicitado aos pais que escolhessem uma foto que para ele

representasse efetivamente seu filho, os pais escolheram fotos alegres onde se

distinguia nitidamente o sorriso de seus filhos, e que não demonstrava a

diferença de seus.

Pela abordagem dessa pesquisa foi possível perceber que a maioria dos

pais tem concepções com base nas visões biológicas, e medicalizadas que

dificulta o desenvolvimento de práticas que favorecem efetivamente a

promoção da aprendizagem e desenvolvimento das crianças.

Um pai deixou claramente que por seu filho ser muito agitado ele

Page 33: INCLUSÃO ESCOLAR: UM DESAFIO ENTRE O IDEAL E O …unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/49222.pdf · Inclusão Escolar e Social. 4. Desafio e Mudança. 5. Abordagem Multidisciplinar

33

precisava da escola para que ele e a esposa pudessem descansar, já que o

filho é muito agitado e não dorme a noite.

Para os pais, a inclusão escolar e social de seus filhos é determinada

por concepções baseadas em visões medicalizadas e biológicas que dificultam

o desenvolvimento de práticas que promovam a aprendizagem e o

desenvolvimento.

3.3 O que professores pensam sobre a inclusão

Após realização de análise minuciosa em relação às entrevistas

realizadas com os professores, foi possível constatar efetivamente que mesmo

com o discurso da inclusão na ponta da língua a maioria dos professores tem

muito receio de receber e de como trabalhar com alunos portadores de

necessidades educacionais especiais. Além disso, quatro desses professores

vêem uma intencionalidade oculta por parte da rede municipal no oferecimento

de cursos de capacitação, temem que sejam obrigados a trabalhar com uma

clientela que a ela seja imposta.

Foi possível observar alguns argumentos comuns por parte dos

professores:

1º - Critérios para a inclusão – a maioria das professoras acreditam que

a inclusão só é efetivamente possível em alunos com necessidades

educacionais especiais com menos comprometimento, e não acreditam ser

possível incluir todos efetivamente. Essa fala acaba por divergir do que é

anunciado pelo MEC (2002), quando afirma que a grande maioria dessas

crianças adapta-se muito bem à educação regular, com a convivência.

Segundo os participantes da pesquisa outros fatores impossibilitam a

inclusão, tais como, condições precárias do ambiente escolar; falta de estrutura

arquitetônica, falta de preparo dos professores e dos funcionários da escola,

demonstrando nitidamente que esses profissionais concordam com Carvalho

(2001), que afirma que o discurso do despreparo técnico e prático apenas

cristaliza e imobiliza as ações inclusivas.

2º Impacto da deficiência nas atividades – A maioria não acredita no

Page 34: INCLUSÃO ESCOLAR: UM DESAFIO ENTRE O IDEAL E O …unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/49222.pdf · Inclusão Escolar e Social. 4. Desafio e Mudança. 5. Abordagem Multidisciplinar

34

desenvolvimento e aprendizagem, conseqüentemente, na capacidade das

pessoas com necessidades educacionais especiais em executarem atividades

que denotam autonomia e exigem reflexão, abstração e memória. Cinco

desses professores se intitulam babás, enquanto os pais descansam do peso

que são seus filhos.

Os Professores não se perceberam ainda como mediador no processo

de aquisição de conhecimento, na formação de conceitos científicos e no

desenvolvimento cognitivo de seus alunos. Para Vygotsky (1989), a

transformação dos processos mentais elementares em funções superiores

ocorre por meio das atividades mediadas e por meio das ferramentas

psicológicas, o que implica, para esse autor, que a formação da subjetividade

individual decorre do relacionamento com os outros. Com certeza esse

mediador é o professor.

Vygotsky (1987) assume uma posição que privilegia a importância dada

à aprendizagem escolar como promotora do desenvolvimento e que reconhece

o papel desempenhado pelo professor como mediador no processo de

aquisição de conhecimento, na formação de conceitos científicos e no

desenvolvimento cognitivo de seus alunos.

Em relação a objetivos e metas a serem alcançados com essas

crianças, os professores demonstraram dificuldades em defini-los. Também

não definem as atividades de socialização, de autonomia em relação à higiene

pessoal, como atividades de cunho pedagógico, dizendo que necessitam de

um auxiliar na sala de aula para o atendimento dessas crianças. Os

professores consideram apenas as atividades de letramento e aquisições

matemáticas como atividades pedagógicas.

A maioria dos professores relatou estarem em constante conflito e dom

sentimentos de frustração em relação ao atendimento à criança, mas, a fim de

resolverem os conflitos emergentes desses sentimentos, acabam se tornando

mauzonas dessas crianças, superprotegendo-as e acreditam que a afetividade

é capaz de suprir todas as necessidades das crianças. As informações a que

se depara nesta pesquisa seguem na mesma direção da literatura. Há uma

tendência em se considerar a pessoa com necessidades educacionais

especiais tendo baixas perspectivas de aprendizagem, de escolarização e com

total nível de dependência por toda a vida (CARVALHO, 2001).

Page 35: INCLUSÃO ESCOLAR: UM DESAFIO ENTRE O IDEAL E O …unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/49222.pdf · Inclusão Escolar e Social. 4. Desafio e Mudança. 5. Abordagem Multidisciplinar

35

3º Atendimento individualizado para o deficiente múltiplo – A pesquisa

nos levou a nítida conclusão que os professores consideram o ensino regular

como um espaço que não propicia o desenvolvimento concomitante de

atividades com os alunos regulares e com os deficientes múltiplos. Eles

acreditam que a dependência dessas crianças, tais como dar banho, trocar

fraldas, auxiliar a subir e descer escadas, a tomar a merenda, sendo um fator

de impedimento ao trabalho pedagógico do professor, evidenciando assim essa

comprovação, Kruppa (2001, p.28) assegura que “a escola não acredita na

capacidade de aprender de todo ser humano e se julga competente para

apontar de forma arbitrária, preconceituosa e equivocada aqueles que podem’

aprender”.

Muito surpreendeu o trabalho desenvolvido pela professora de educação

física, que tem uma visão diferente. Tem desenvolvido um trabalho pedagógico

de qualidade com as crianças com necessidades educacionais especiais,

desenvolvendo as habilidades que são pertinentes nessas crianças; tem o perfil

do profissional de acordo com a diretriz do MEC (2007) – “tem a habilidade de

promover a integração entre e intragrupo. Em troca possibilita a cada aluno a

descoberta de suas habilidades e singularidades, permitindo-lhe valorizar suas

características e potencialidades, e reorganizar sua auto-imagem”

3.4 Relação família-escola

Esse estudo fez com que fosse possível identificar que os professores

reconhecem importância do trabalho em conjunto com as famílias. Na

concepção dos professores, os pais são omissos e transferem a

responsabilidade aos professores da educação total de seus filhos. Os

professores relataram o bom relacionamento entre família e escola e afirmaram

ser necessário o trabalho em conjunto para melhor atender as pessoas com

necessidades educacionais especiais. Por outro lado, apesar de os

professores reconhecerem as dores e as dificuldades dos pais de crianças com

necessidades educacionais especiais os professores acreditam que os pais

são acomodados e omissos.

Page 36: INCLUSÃO ESCOLAR: UM DESAFIO ENTRE O IDEAL E O …unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/49222.pdf · Inclusão Escolar e Social. 4. Desafio e Mudança. 5. Abordagem Multidisciplinar

36

Pais e professores têm a mesma concepção de que é impossível se

realizar a inclusão escolar, por acreditarem que a estrutura física, os demais

alunos na sala entre outros aspectos inviabilizariam o processo de inclusão

escolar.

Ambos acreditam ser de fundamental as interações sociais efetivas

pelas crianças com necessidades educacionais especiais e afirmam que só a

inclusão social é viável.

Em relação ao desenvolvimento cognitivo, as concepções dos pais e as

dos professores parecem convergir quando se trata das características do

desenvolvimento das pessoas com necessidades educacionais especiais. Para

os professores, as necessidades especiais são meramente de caráter biológico

e, sendo assim seu desenvolvimento seria muito lento o desenvolvimento seria

imperceptível.

Pais e professores reconhecem que a criança após a entrada na escola

apresentou algum progresso, principalmente aqueles relacionados à autonomia

em atividades práticas cotidianas e a socialização, porém, embasados em

concepções enraizadas em suas mentalidades, continuam a levar ao enfoque

primordial de que as crianças são limitadas.

Em relação às necessidades especiais das crianças pais e os

professores tem uma visão estagnada. Já antecipam resultados de fracassos e

de decepções, antes dos resultados de fato. No entanto, os pais mostraram

perspectivas futuras mais positivas e mais esperançosas que os professores,

pois possuem um sentimento de amor e confiança, ao contrario dos

professores que são mais racionais.

3.5 Parecer final sobre a pesquisa

Tanto os pais como os professores têm visões parecidas em relação a

Inclusão, embora os professores tentem não demonstrar isso. Enfatizam a

dificuldade da inclusão escolar das pessoas com necessidades educacionais

especiais, principalmente no que se refere a dificuldades desses alunos

acompanharem os conteúdos ministrados nasala de ensino regular, bem como

Page 37: INCLUSÃO ESCOLAR: UM DESAFIO ENTRE O IDEAL E O …unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/49222.pdf · Inclusão Escolar e Social. 4. Desafio e Mudança. 5. Abordagem Multidisciplinar

37

a falta de auxiliares e de apoio para o atendimento das necessidades básicas

dessas crianças.

Diante dos dados obtidos pode-se perceber a necessidade de rever o

posicionamento das escolas sobretudo no que diz respeito a mudanças e

inquietações, que vem assinalar a necessidade de transformações no sistema

educacional, no sentido de considerar as pessoas, suas histórias, concepções,

percepções, crenças, experiências e trajetórias pessoais.

Pais e professores apresentam um olhar cauteloso no desenvolvimento

e na aprendizagem das crianças com necessidades educacionais especiais.

Nessa perspectiva a formação profissional passa a ser uma questão

central para a implantação da escola inclusiva, mas uma formação, não só para

os professores que atendem as crianças com necessidades educacionais

especiais, mas para todos os envolvidos no processo educacional.

Assim, urge que se torne efetivamente disponível a garantia de um

espaço de informação, formação, redefinição de práticas pedagógicas, onde

haja espaços de promoção de debates sobre os fatores referentes às baixas

expectativas dos pais e professores em relação ao desenvolvimento e à

aprendizagem dos portadores de necessidades educacionais especiais,

articulando-os para cobrarem de todo o sistema educacional e principalmente

do poder público, posturas e práticas qualitativas de atendimento.

Page 38: INCLUSÃO ESCOLAR: UM DESAFIO ENTRE O IDEAL E O …unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/49222.pdf · Inclusão Escolar e Social. 4. Desafio e Mudança. 5. Abordagem Multidisciplinar

38

CONCLUSÃO

As concepções dos pais e as dos professores remetem a dificuldade da

inclusão escolar das pessoas com necessidades educacionais especiais,

principalmente no que se refere a dificuldades de acompanharem os conteúdos

elaborados para os alunos do ensino regular, já que não existe ainda o trabalho

diversificado formalmente, todas as crianças com necessidades educacionais

especiais estão tendo garantia e direito a estar na escola, mas suas

necessidades individuais ainda não estão sendo atendidas.

O olhar de pais e profissionais da educação ainda é revestido de um

disfarce de crença que tudo está dando certo, sem ainda ser um olhar de

mudanças. As inquietações são constantes, apontando que transformações no

sistema educacional são urgentes, transformações arquitetônicas, de

mentalidade e de formas de ação para assim perceber as pessoas, suas

histórias, concepções, percepções, crenças, experiências e trajetórias

pessoais.

È evidente que a maioria dos pais e professores se revestem de uma

aparente credibilidade sobre a inclusão, mas ainda é muito presente em suas

falas o descrédito no desenvolvimento e na aprendizagem das crianças com

necessidades educacionais especiais.

Muito se tem feito no município de Lins em relação à formação

profissional para a implantação da escola inclusiva. Cursos de capacitações,

palestras, convênios, no sentido de capacitarem profissionais competentes e

capazes de atuarem na área da inclusão nas escolas publicas municipais .

Certamente foi possível observar que os recursos existentes na estrutura

escolar não têm apresentado mecanismos de desenvolvimento qualitativo para

a inclusão de Pessoas com Necessidades Especiais, especialmente por

resistência dos pais e professores, que recebem os alunos, mas não os

percebem como seres capazes de se desenvolverem integralmente. Existe

uma inquietação muito grande, pois os professores se percebem como peça-

importante no desenvolvimento do aluno, e sabem que são responsáveis pelas

mudanças que urgem serem realizadas no processo educacional

A escola deve estar aberta, a todo o momento, à participação dos pais

Page 39: INCLUSÃO ESCOLAR: UM DESAFIO ENTRE O IDEAL E O …unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/49222.pdf · Inclusão Escolar e Social. 4. Desafio e Mudança. 5. Abordagem Multidisciplinar

39

dessas crianças, inclusive no que se refere à presença em determinadas aulas,

para que esteja claro, para os pais, a seriedade da proposta pedagógica

específica para seu filho, bem como para que se possam instrumentalizar os

pais para atividades possíveis de serem realizadas em casa. Tratando-se das

políticas públicas, a partir dos discursos de pais e professores, a respeito das

situações em que experienciaram o desrespeito aos seus direitos, percebemos

que se faz necessário a aplicação das leis destinadas à população em geral

buscando garantir o respeito à necessidade de todos e estimulando ações de

tolerância à diversidade humana.

Faz-se necessário ainda em relação às políticas públicas, um maior

investimento em materiais pedagógicos, recursos de adaptação arquitetônica

para as escolas inclusivas, garantindo meios que facilitem a acomodação,

comunicação e aprendizagem dos alunos com necessidades educacionais

especiais.

As mudanças são fundamentais para inclusão, mas exige que todos se

esforcem possibilitando que a escola possa ser vista como um ambiente de

construção de conhecimento, deixando de existir a discriminação de idade,

capacidade, peso, altura, deficiência física ou mental. A educação assim tem

que ter um caráter vasto e abstruso, que favorece uma educação que fará

parte de uma grande construção, uma construção ao longo da vida,

independente das dificuldades, é claro que se essas pessoas receberem as

oportunidades adequadas para o desenvolvimento de sua personalidade e

potencialidade de maneira integral.

Com certeza essas mudanças devem passar por uma mudança de

postura do professor. Se quisermos que a inclusão seja uma realidade, temos

que rever série de limitações, tanto no âmbito da política e práticas

pedagógicas como nos processos de avaliação.

Para uma formação efetiva dos professores é necessário conhecer o

processo de ensino aprendizagem, levando em conta como se dá este

processo para cada aluno. Os órgãos públicos devem utilizar novas tecnologias

e investir em capacitação, atualização, sensibilização, envolvendo toda

comunidade escolar, especialmente as pessoas que atuam diretamente com as

crianças com necessidades educacionais especiais.

Faz-se necessário também assessorar o professor para resolver

Page 40: INCLUSÃO ESCOLAR: UM DESAFIO ENTRE O IDEAL E O …unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/49222.pdf · Inclusão Escolar e Social. 4. Desafio e Mudança. 5. Abordagem Multidisciplinar

40

problemas no cotidiano na sala de aula, criando alternativas que possam

beneficiar todos os alunos.

E como diria Pereira (2009):

Utilizar currículos e metodologias flexíveis, levando em conta a singularidade de cada aluno, respeitando seus interesses, suas idéias e desafios para novas situações. Investir na proposta de diversificação de conteúdos e práticas que possam melhorar as relações entre professor e alunos. Avaliar de forma continuada e permanente, dando ênfase na qualidade do conhecimento e não na quantidade, oportunizando a criatividade, a cooperação e a participação. (PEREIRA, 2009, p.116)

A Inclusão deve ser repensada com urgência, especialmente no que diz

respeito à transformação de uma realidade que aparta as crianças com

necessidades educacionais especiais.

Page 41: INCLUSÃO ESCOLAR: UM DESAFIO ENTRE O IDEAL E O …unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/49222.pdf · Inclusão Escolar e Social. 4. Desafio e Mudança. 5. Abordagem Multidisciplinar

41

REFERÊNCIAS

AINSCOW, M. O processo de inclusão é um processo de aprendizado. Disponível em: <http://www.crmariocovas.sp.gov.br/ees_a.php?t=002>. Acesso em: agosto de 2009. ARANHA, M. S. F. Paradigmas da relação da sociedade com as pessoas com deficiência. Revista do Ministério Público do Trabalho, Ano XI, n.º 21, março, 2001. BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil, Brasília, 1988. ______, Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Brasília, 1990. ______, Lei nº9394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Brasília, 1996. CARVALHO M.C.B., Avaliação de projetos sociais. Gestão de projetos sociais. São Paulo: AAPCS, 2001 DESSEN, M. A.; SILVA, N. L. P. Deficiência mental e família: uma análise da produção científica. Paidéia – Cadernos de Psicologia e Educação. 2000. p. 105 à 120. KASSAR, M. C. M. Deficiência múltipla e educação no Brasil - discurso e silêncio na história dos sujeitos. Campinas: Autores Associados, 1999. KRUPPA, S. M. P. As linguagens da cidadania. Educação especial: múltiplas leituras e diferentes significados. Campinas: Mercado de Letras: Associação de Leitura do Brasil- ALB, 2001. P. 13 à 39 . MILLER, N. B. Ninguém é perfeito. 3. ed. Campinas: Papirus, 2002. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA, Plano decenal de educação para todos. 1993 a 2003. Brasília: MEC, 1993.

Page 42: INCLUSÃO ESCOLAR: UM DESAFIO ENTRE O IDEAL E O …unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/49222.pdf · Inclusão Escolar e Social. 4. Desafio e Mudança. 5. Abordagem Multidisciplinar

42

______. A Convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência, adotada pela ONU em 13 de dezembro de 2006, comentada.pdf/adobe Acrobat-html. _______. BRASIL. INEP. Censo Escolar, 2006. Disponível em: <http://www.inep.gov.br/basical/censo/default.asp>. Acesso em: 20 jan. 2007. ______. Diretrizes nacionais para a educação especial na educação básica – Resolução CNE/CEB Nº 2: MEC, 2001. ______. Estratégias e orientações pedagógicas para a educação de crianças com necessidades educacionais especiais. Dificuldades acentuadas de aprendizagem. Deficiência múltipla. Brasília: MEC, 2002. NÓVOA, A. Formação de professores e profissão docente. In NÓVOA, Antônio(org.) Os professores e a sua formação. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1992. PENN, H. Primeira infância: a visão do Banco Mundial. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n. 115. PEREIRA, M.M, Inclusão escolar: um desafio entre o ideal e o real. Disponível em: <http://www.profala.com/arteucesp53.htm>. Acesso em: 25 jun. 2009. STAINBACK, S.; STAINBACK, W. Inclusão: um guia para educadores. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999. UNESCO, Declaração de Salamanca e linhas de ação sobre necessidades educativas especiais. Brasília: Corde, 1994. VYGOTSKY, L. S, Pensamento e linguagem. Tradução J. L. Camargo. São Paulo: Martins Fontes. (Trabalho original publicado em 1962), 1987. ______. L. S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. São Paulo: Martins Fontes, 1989.

Page 43: INCLUSÃO ESCOLAR: UM DESAFIO ENTRE O IDEAL E O …unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/49222.pdf · Inclusão Escolar e Social. 4. Desafio e Mudança. 5. Abordagem Multidisciplinar

43

APÊNDICES

Page 44: INCLUSÃO ESCOLAR: UM DESAFIO ENTRE O IDEAL E O …unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/49222.pdf · Inclusão Escolar e Social. 4. Desafio e Mudança. 5. Abordagem Multidisciplinar

44

APÊNDICE A– Roteiro de Entrevista para os professores

I - Identificação do Entrevistado:

1- Nome:________________________________________________________

2- Endereço:_____________________________________________________

3- Formação:____________________________________________________

4- Estado Civil___________________________________________________

5- Nome da escola em que trabalha __________________________________

6- Há quanto tempo trabalha como professor___________________________

II - A inclusão na sua escola

1. Fale sobre o que você pensa da inclusão escolar e social da pessoa com

necessidades educacionais especiais.

2. Faça considerações a respeito da inclusão escolar e social das pessoas com

necessidades educacionais especiais.

3. Relate as atividades desenvolvidas com crianças com necessidades

educacionais especiais.

4. Com os recursos disponíveis, como você pensa que poderia melhorar o

atendimento a essas crianças?

5. Como tem se dado à interação família-escola?

Page 45: INCLUSÃO ESCOLAR: UM DESAFIO ENTRE O IDEAL E O …unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/49222.pdf · Inclusão Escolar e Social. 4. Desafio e Mudança. 5. Abordagem Multidisciplinar

45

APÊNDICE B – Roteiro de Entrevista para os Pais

l - Identificação do Entrevistado:

1- Nome:_____________________________________________________

2- Endereço:__________________________________________________

3- Profissão:__________________________________________________

4- Estado Civil________________________________________________

5- Nome da escola municipal de educação que o seu filho está

matriculado______________________________________________________

II – Nascimento e diagnóstico da deficiência

1. Como foi para vocês, para os irmãos e para demais familiares o nascimento

de uma criança com necessidades educacionais especiais?

2. Por ocasião do nascimento, vocês procuraram ou receberam algum tipo de

ajuda profissional? O que vocês entendem sobre o diagnóstico do seu filho e

o que, para vocês, pode ter causado a deficiência?

3. Atualmente como vocês e os irmãos se relacionam com (nome da criança)?

III – Dinâmica familiar

1. Quem é ou quem são os responsáveis pelos cuidados com o/a (nome da

criança)?

2. Relate um fato marcante da infância do/da (nome da criança)

3. Quais mudanças e/ou adaptações foram efetivadas na vida familiar após o

nascimento da criança (nome da criança)?

4. Como é a educação do/da (nome da criança)? O que ela realiza de forma

autônoma?

5. Como vocês imaginam o futuro do/da (nome da criança)?

Page 46: INCLUSÃO ESCOLAR: UM DESAFIO ENTRE O IDEAL E O …unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/49222.pdf · Inclusão Escolar e Social. 4. Desafio e Mudança. 5. Abordagem Multidisciplinar

46

IV – Atitudes e percepções frente à escolarização e socialização

1. Como e de quem foi à iniciativa de levá-lo/la ao Centro de Ensino Especial?

O que vocês pensam sobre a escolarização do/da (nome da criança)?

2. O que vocês pensam sobre a inclusão social e escolar da pessoa com

necessidades educacionais especiais?

3. Como vocês avaliam a qualidade da escolarização do/da (nome da criança)?

4. O que vocês pensam que poderia mudar em relação à escolarização do/da

(nome da criança)?

5. O que a família faz nos momentos de lazer?

6. O que vocês pensam a respeito da participação do (nome da criança) em

atividades com outras crianças, como festas de aniversário e brincadeiras?

7. Fale algo sobre os direitos da pessoa com necessidades especiais.

8. Houve algum episódio em que vocês tiveram que cobrar, de algum membro

da sociedade, uma postura diferenciada em relação à socialização, aceitação e

escolarização do seu filho com necessidades educacionais especiais?

Page 47: INCLUSÃO ESCOLAR: UM DESAFIO ENTRE O IDEAL E O …unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/49222.pdf · Inclusão Escolar e Social. 4. Desafio e Mudança. 5. Abordagem Multidisciplinar

47

APÊNDICE C – Segundo roteiro para entrevista com pais

I - Identificação do Entrevistado:

1- Nome:_______________________________________________________

2- Endereço:____________________________________________________

3- Profissão:____________________________________________________

4- Estado Civil__________________________________________________

5- Nome da escola municipal de educação que o seu filho está

matriculado___________________________________________________

II – Introdução

Mais uma vez eu convidei vocês para conversarmos sobre o/a (nome da

criança), pois eu gostaria de saber um pouco mais sobre como vive o/a (nome

da criança), o que ele/ela gosta de fazer, enfim, como é o seu dia-a-dia.

Acredito que com as fotos em mãos será mais fácil lembrar sua trajetória de

vida, seus primeiros anos, suas brincadeiras e os fatos marcantes de sua vida.

III – História de vida

Em primeiro lugar, gostaria que contassem sobre a vida do/da (nome da

criança) utilizando os fatos registrados pelas Fotografias.

Conte-me, por meio das fotos, a história de vida do/da (nome da criança).

1. Em que circunstâncias foram tiradas as primeiras fotos?

2. Vocês lembram o que sentiam na época dessa foto?

3. Vocês registraram algum momento do/da (nome da criança) em situação de

brincadeira?

4. Eram oferecidos brinquedos para que brincasse? Que tipos de brinquedos?

5. Com que freqüência costumam passear? Onde e como são esses passeios?

Há registros em fotos?

Page 48: INCLUSÃO ESCOLAR: UM DESAFIO ENTRE O IDEAL E O …unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/49222.pdf · Inclusão Escolar e Social. 4. Desafio e Mudança. 5. Abordagem Multidisciplinar

48

6. Qual a foto que melhor representa a vida do/da (nome da criança)?

Page 49: INCLUSÃO ESCOLAR: UM DESAFIO ENTRE O IDEAL E O …unisalesiano.edu.br/biblioteca/monografias/49222.pdf · Inclusão Escolar e Social. 4. Desafio e Mudança. 5. Abordagem Multidisciplinar

49

APÊNDICE D – Autorização para utilização de imagem e informações

AUTORIZAÇÃO

Eu_____________________________________________________________

RG_____________________________________, residente e domiciliado à rua

_______________________________________________________________

responsável por_________________________________________________,

Matriculado na EMEI/EMEF_________________________________________,

autorizo ________________________________________________________,

RG_____________________________________, residente e domiciliado à rua

_______________________________________________________________,

aluna do curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Educação Especial

Inclusiva – Unisalesiano de Lins, a captar e utilizar imagens e informações da

criança com fins pedagógicos.

_________________________________________

Assinatura

Lins,_____de_____________de 2009