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INCLUSÃO ESCOLAR: REFLEXÕES SOBRE A CONSTITUIÇÃO DE REDES DE 

APOIO.

 

Autora: Cleci Maria Fiori Pilger 1

Orientadora: MS. Ana Aparecida de Oliveira Machado Barby 2

RESUMO

Este artigo discute a importância do estudo da Inclusão Escolar tendo como foco o trabalho   realizado   pelos   professores   que   atuam   com   alunos   com   deficiência intelectual, com o objetivo de oportunizar aos professores do Ensino Comum e do Ensino   Especial,   através   da   organização   de   grupos   de   estudos,   momentos   de reflexão da sua prática pedagógica envolvendo alunos com deficiência intelectual. Trata­se   de   uma   pesquisa   qualitativa   com   levantamento   empírico   de   campo, realizada com 10 professores que atuam na Escola Municipal  Castro Alves e na Escola Novo Mundo – Educação Infantil e Ensino Fundamental na Modalidade de Educação Especial. Foram realizados oito encontros de discussão sobre a Inclusão de   alunos com deficiência no Ensino Comum, nos quais foram utilizados textos, vídeos,   filmes,   e   ainda   aplicado   um   questionário   com   3   perguntas   abertas.   Os resultados evidenciaram que há uma preocupação grande com a forma como se dá a Inclusão, questionando­se os critérios utilizados para tal. Que a inclusão precisa tornar­se uma atitude da sociedade num todo, com responsabilidade e compromisso político voltado as ações efetivas na promoção do desenvolvimento humano através da aprendizagem. 

Palavras­chave: Inclusão; rede de apoio; diversidade; desafio; Educação especial.

INTRODUÇÃO

Falar em inclusão virou moda nos últimos tempos, mas de que inclusão fala­

se? Aquela inclusão que apenas transfere o educando para o ensino comum?  Onde 

o   mesmo   permanece   na   sala   de   aula   aguardando   maneiras   de   atuar 

pedagogicamente do professor, condizente com suas especificidades, com práticas 

que respeitem as diferenças?

1 Professora PDE, 2010, Especializada em Educação Especial – DM2 Mestre em Educação – UNICENTRO 

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O desafio do sistema escolar brasileiro hoje é o de alcançar uma educação 

que contemple a diversidade da condição humana, de uma inclusão que se efetive 

na prática de forma prazerosa, buscando conhecer as dificuldades encontradas e 

tentando   solucioná­las   numa   perspectiva   em   que   o   educando   seja   beneficiado, 

sobre   isso   Mantoan   (2006,   p.   23)   nos   diz   “A   verdade   é   que   o   ensino   escolar 

brasileiro continua aberto a poucos, e essa situação se acentua drasticamente no 

caso dos alunos com deficiência.”

Diante   disso,   pode­se   considerar   que   a   inclusão   implica   numa   mudança 

educacional   mais   abrangente,   porque   não   envolve   somente   os   educandos   com 

desenvolvimento atípico, mas, a todos que fazem parte do sistema de ensino. 

É frequente a literatura trazer relatos de professores do Ensino Comum que 

revela as suas inseguranças e dúvidas quanto à prática pedagógica mais adequada 

para atender diversidade educacional. 

Sabe­se que para oferecer um ensino que atenda melhor as necessidades de 

cada aluno, trabalhar com relevância as diferenças na sala de aula e enfrentar os 

desafios da inclusão escolar é preciso investir na formação do docente.

Diante deste contexto, o plano de formação de professores deve servir para 

informá­los sobre o ensino na diversidade de toda demanda escolar, e os mesmos 

devem ter consciência dos benefícios, tanto para a escola e alunos quanto para seu 

desenvolvimento   profissional.   Diante   deste   cenário   é   comum   encontrarmos 

professores   inseguros,   com   dúvidas   e   preocupados,   aos   quais   propomos   as 

seguintes   reflexões:   qual   a   prática   pedagógica   adequada   para   atender   os 

educandos   que   apresentam   necessidades   educacionais   especiais?   Que 

informações   ou   estratégias   a   respeito   das   adequações   pedagógicas   poderiam 

contribuir para promover a educação dos alunos com deficiências? De que forma a 

constituição   de   redes   de   apoio   pode   promover   a   educação   dos   alunos   com 

deficiência?

Frente a estas questões e reconhecendo a pesquisa como um dos recursos 

que   permite   verificar   a   realidade   e   propor   alternativas   que   possam   auxiliar   na 

solução de problemas cotidianos,  propomos a  seguinte  problemática:  diante  das 

angústias dos professores do ensino comum, como as redes de apoio desenvolvem 

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esse   trabalho?   Existe   uma   pessoa   de   apoio   na   sala   de   aula   para   atender   as 

necessidades ou dar suporte ao professor na execução de tarefas? É suficiente o 

apoio oferecido nesta escola?

A   abordagem   metodológica   proposta   é   a   de   pesquisa   qualitativa,   com   a 

aplicação de questionário com perguntas abertas e grupo de discussão temática 

com registro em diário de campo. Os encontros foram realizados na Escola Especial 

Novo Mundo. 

Tendo como objetivo geral,   investigar a  implementação de redes de apoio 

escolar à inclusão como forma de incrementar práticas pedagógicas que auxiliem os 

professores a ensinarem na e para a diversidade escolar.

E como objetivos específicos: pesquisar, verificar como a Rede de Apoio pode 

proporcionar   um   espaço   para   que   o   diálogo,   a   criatividade,   a   solidariedade,   a 

cooperação e o espírito crítico sejam exercitados na escola por todos e todas, pois 

são habilidades mínimas para o exercício da cidadania; Promover a articulação entre 

escolas do Ensino Comum e Instituições especializadas por meio da implementação 

de redes de apoio; Observar se os professores acreditam na possibilidade de se 

constituir redes de apoio na inclusão onde os professores tenham a oportunidade de 

trocar experiências.

A educação inclusiva passou a ganhar forças a partir da luta que defendia os 

direitos   humanos   e   a   democratização   da   educação   fundamental,   nos   Estados 

Unidos   e   em   outros   países   também   (Barby,   2005).   Ao   longo   da   história   da 

humanidade os deficientes  tiveram sua escolarização negada,  mas o movimento 

inclusivo alcançou importantes conquistas recentemente e através da Declaração de 

Salamanca (1994) defendeu internacionalmente que o principio norteador da escola 

deve ser  o  de  propiciar  a  mesma educação a   todas as  crianças,  atendendo as 

especificidades de cada uma, objetivando reafirmar o direito a educação de todas as 

pessoas, previsto na Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948.

Ultimamente temos ouvido falar muito sobre inclusão, de acordo com Sassaki 

(2007)   o   movimento   de   inclusão   começou   por   volta   de   1985   nos   países   mais 

desenvolvidos, tomou impulso na década de 1990 nos países em desenvolvimento e 

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vai  configurar­se  fortemente nos primeiros dez anos do século XXI em todos os 

países.

Nesta perspectiva para melhor entender a situação atual, vamos fazer uma 

reflexão histórica no tempo e perceber que encontramos fases distintas: a primeira 

fase   foi   a   da   exclusão,   os   deficientes   eram   tidos   como   indignos   da   educação 

escolar,  e  foram encaminhados aos asilos,  leprosários,  hospícios e entidades de 

caridade em geral. Na segunda fase passaram a receber cuidados educacionais, 

mas em entidades segregadas, as instituições especializadas. A partir da década de 

1970 iniciou­se a terceira fase, fase da interação, onde o educando com deficiência 

começou   a   ter   acesso   à   classe   regular,   desde   que   se   adaptasse   sem   causar 

transtornos ao contexto escolar.

                 Afinal chegou o processo inclusivo, que seria a quarta fase, na década de 

1980, em que grande número de alunos com deficiência começou a frequentar as 

classes regulares, a partir de então se deu atenção à necessidade de educar esses 

educandos com deficiência no ensino regular. Segundo Aranha (2003, p. 207), “A 

palavra inclusão invadiu o discurso nacional recentemente, passando a ser usada 

amplamente, em diferentes contextos e mesmo com diferentes significados.”

Sob este aspecto, a inclusão escolar ainda é um desafio para os professores 

e  a  sociedade,  Mantoan   (2006,  p.  20)  diz,   “A   inclusão  é   uma provocação,   cuja 

intenção é melhorar a qualidade do ensino das escolas, atingindo todos os alunos 

que fracassam em suas salas de aula.” Espera­se que as escolas do Ensino Comum 

ao enfrentar esse desafio,  essa provocação, melhorem a qualidade da educação 

para oferecer aos educandos com deficiência uma educação em sua plenitude, a fim 

de atender as diferenças. Santos, apud, Carneiro, (2008, p.125) destaca, “Temos o 

direito a sermos iguais quando a diferença nos inferioriza; temos o direito a sermos 

diferentes quando a igualdade nos descaracteriza.” 

É interessante ressaltar que a sociedade está se tornando mais complexa a 

cada dia, como foi observado por Ferreira e Guimarães (2003), aumentando com 

isso a diversidade, este é o novo paradigma, viver a igualdade na diferença. Diante 

disso,   é   relevante   o   papel   que  a   educação   tem   a   desempenhar,   um   papel   de 

destaque. Por  isso, precisamos acreditar  que as pessoas de  fato são diferentes, 

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para  Ferreira  e  Guimarães (2003,  p.  37),   “São,  então,  diferentes de direito.  É  o 

chamado direito à  diferença; o direito de ser, sendo diferente.”  Observamos que, 

quando se pensa em educação, é preciso criar alternativas pedagógicas e sociais 

que possam contribuir na aprendizagem de todos os educandos. 

É oportuno lembrar que a inclusão de educandos com deficiência no Ensino 

Comum é garantida por lei, mesmo assim a segregação ocorre, muitas vezes dentro 

da  própria   escola  e  por   vários  motivos,   entre  os  quais:   o   preconceito,   a   forma 

inadequada de ensinar, a falta de estrutura física e outros. Para Barby (2005, p. 46), 

“A   inclusão é  um processo construído em conjunto,  a  partir  de  uma  relação de 

trocas, onde todos agem em prol de um objetivo comum, a educação de qualidade 

para todos.” 

Sabemos que a inclusão não depende somente da legislação favorável, mas 

também do envolvimento dos pais, educandos, professores, comunidade e gestores 

comprometidos   e   conscientes   com   o   processo   para   que   a   inclusão   não   fique 

suportada   apenas   em   questões   tecnocráticas,   e   sim   concretizada   através   das 

práticas referenciadas pelo cotidiano escolar. 

Nesta perspectiva, faz­se necessário que professores e diferentes segmentos 

sociais,   estejam   preparados   para   assumir   novos   desafios   e   novos   valores 

profissionais   que   abranjam,   além   de   uma   prática   diferenciada,   conhecimentos 

pedagógicos,   científicos  e   culturais   transformadores,   e   que   estejam  voltados   às 

características e especificidades individuais dos seus educandos: é  essa rede de 

apoio que as políticas educacionais precisam dar às escolas, para que a inclusão 

ocorra plenamente e de forma correta.

Diante disso, e para que a rede de apoio tenha pleno desenvolvimento deve­

se levar em conta o valor da diversidade, pois fortalece a escola e a sala de aula e 

oferece   a   todas   e   todos   oportunidades   de   aprendizagem.   (STAINBACK   & 

STAINBACK, 1999)

Neste contexto, é  relevante e necessário o diálogo entre Ensino Comum e 

Educação Especial, e a rede de apoio pode se constituir numa ponte, ou seja, na 

colaboração que permeia   todo sistema educacional  previsto  na  lei  nº  9394/1996 

LDBEN.

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II – MATERIAL E MÉTODOS

Trata­se de uma pesquisa qualitativa, de caráter empírico, realizada através 

de pesquisa­ação, na qual foi proposto diálogo com os professores, dando ênfase a 

compreensão e a participação dos mesmos, na busca de estratégias de ações que 

favoreçam   as   redes   de   apoio   à   inclusão   de   educandos   com   necessidades 

educacionais   especiais.   Para   tanto,   utilizou­se   o   levantamento   de   dados 

bibliográficos e empíricos com registros em diário de campo.

Foi aplicado o seguinte Questionário com perguntas abertas: 

1   –   Sassaki   (2007)   diz   que   o   movimento   de   inclusão   teve   início   nos   países 

desenvolvidos, por volta de 1985, tomou impulso na década de 1990 nos países em 

desenvolvimento e vai configurar­se fortemente nos primeiros dez anos do século 

XXI em todos os países.

a) Diante dessa colocação, para você professor o que é inclusão?

b) Como deve ser uma escola inclusiva?

2 – Professor, certamente já ouviu muito falar de Rede de Apoio, relate sucintamente 

o que é e como funciona?

3 –  Você  acha  relevante  e  necessário  os  professores  do  Ensino  Comum trocar 

idéias e experiências com os professores do Ensino Especial, a respeito da Inclusão 

e Rede de Apoio? Justifique.

Reconhecendo  a  pesquisa  como um dos  recursos  que permite  verificar  a 

realidade   e   propor   alternativas   que   possam   auxiliar   na   solução   de   problemas 

cotidianos propôs­se a seguinte  reflexão:  Como as  redes de apoio desenvolvem 

esse  trabalho? Existe  um profissional  de apoio na sala de aula para atender as 

necessidades ou auxiliar o professor na execução de tarefas? É suficiente o apoio 

oferecido nesta escola? 

A   pesquisa   situa­se   na   área   de   Educação,   enfocando   especialmente   a 

Educação Inclusiva e sua repercussão no Ensino Comum. As Redes de Apoio que 

dão   suporte   a   essa   Inclusão,   seu   funcionamento,   público   alvo   de   atendimento, 

trabalho realizado pelos professores.  

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Assim sendo,  pesquisa   foi  desenvolvida  na  Escola  de  Educação  Especial 

Novo Mundo ­ APAE de São João ­ NRE Pato Branco/PR com um grupo formado 

por professores da referida escola que também atuam na rede municipal de ensino 

na   rede  de  apoio,  e  professores  da  Escola  Municipal  Castro  Alves   com alunos 

inclusos em suas turmas, totalizando dez professores. 

A escolha deste grupo deu­se pelo fato de atuarem nas duas modalidades de 

ensino: no Ensino Comum e na Educação Especial  e, estarem cientes de que o 

desafio   do   sistema   escolar   brasileiro   hoje   é   o   de   alcançar   uma  educação   que 

contemple a diversidade da condição humana, de uma inclusão que se efetive na 

prática   de   forma   prazerosa,   buscando   conhecer   as   dificuldades   encontradas   e 

tentando solucioná­las numa perspectiva em que o educando seja beneficiado.

Para   o   desenvolvimento   do   presente   estudos,   foram   organizados   oito 

encontros de quatro horas cada, totalizando trinta e duas horas, nos quais foram 

utilizados textos, vídeos, filmes, roteiros de discussão.

III – DESENVOLVIMENTO 

3.1 ANÁLISE DO PROJETO DE INTERVENÇÃO

Os encontros aconteceram da seguinte maneira:

No  primeiro  encontro  houve apresentação do   tema e  da  organização dos 

encontros futuros quanto a, carga horária, local da realização dos encontros, textos 

e   filmes   trabalhados.   A   seguir,   discutiu­se   sobre   Inclusão,   as   professoras 

participantes  colocaram o  que pensam e sabem sobre  o   tema,  das dificuldades 

encontradas, a  falta de apoio no Ensino Comum, a discriminação do aluno e do 

professor que atua com esses alunos, a angustia por não ter certeza de estar agindo 

corretamente frente as situações que ocorrem. Durante a discussão, propôs­se uma 

reflexão   na   qual   se   buscou   delinear   caminhos   sobre   os   educandos   com 

necessidades educacionais especiais na perspectiva histórica – cultural diante da 

atual realidade educacional, pois várias são as indagações, principalmente a que se 

refere à  proposta da  inclusão escolar   ressaltando a  relevância da discussão,  da 

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reflexão, frente à atual prática educacional inclusiva e os desafios necessários à sua 

implementação, porque a inclusão vai muito além da presença física do educando 

na escola. A inclusão precisa tornar­se uma atitude da sociedade num todo, com 

responsabilidade e compromisso político voltado as ações efetivas na promoção do 

desenvolvimento humano através da aprendizagem. 

Quando questionados sobre o que é Inclusão, foi unânime a colocação dos 

professores de que Inclusão é o direito que toda criança tem sem distinção de credo, 

raça,   deficiência   ou   classe   social   em   estar   incluída   na   Escola   Comum   e   na 

sociedade, aceitando suas diferenças onde cada um possa ter qualidade de vida. É 

o direito do aluno que apresenta alguma deficiência estudar no ensino Comum, junto 

com os demais, tendo um atendimento a mais, ofertado pela Rede de Apoio.

E   ainda,   diante   do   questionamento   sobre   como   deve   ser   uma   Escola 

Inclusiva, as respostas foram que esta deve se adequar às necessidades do aluno, 

ou   seja,   estar   preparada   com   as   adaptações   necessárias,   para   atender   as 

especificidades de cada um. Ter professores preparados, espaço físico adequado, 

adaptação curricular, avaliação adequada e apoio de toda a equipe escolar. Superar 

todas   as   diversidades   existentes   em   seu   meio,   adaptando­se   para   atingir   tais 

diversidades. 

O   terceiro   questionamento   proposto   foi   sobre   a   Rede   de   Apoio   e   o 

conhecimento que os professores têm sobre o assunto. A maioria dos professores 

relatou   que   deve   funcionar   com   atendimento   em   contra­turno,   com   professores 

especializados onde o aluno recebe o reforço que atenda a suas necessidades. Com 

o professor especializado atuando juntamente com o aluno incluso na rede Comum 

de ensino. 

Stainback & Stainback, 1999, p. 226, se refere à rede de apoio onde diz que:          

Todas as pessoas estão envolvidas na ajuda e no apoio mútuos, tanto em arranjos   formais   quanto   em  arranjos   informais.   Os   relacionamentos   são recíprocos,  em vez de algumas pessoas  serem sempre  apoios e  outras sendo sempre os apoiados. 

Ao se refletir sobre a relevância e a necessidade dos professores do Ensino 

Comum  trocar   ideias  e  experiências   com os  professores  do  Ensino  Especial,   a 

respeito da Inclusão e Rede de Apoio, foi unânime a importância de que isso ocorra, 

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pois, a troca de experiência melhora a qualidade do ensino­aprendizagem, ajuda no 

bom andamento da educação e dá apoio para os alunos que necessitam e ajudam 

os professores a alcançar as metas propostas.

Segundo   a   UNESCO   (1994,   P.   61),   o   princípio   fundamental   da   escola 

inclusiva é:

[...]   o   de   que   todas   as   crianças   deveriam   aprender   juntas, independentemente de quais quer dificuldades ou diferenças que possam ter.   As   escolas   inclusivas   devem   reconhecer   e   responder   às   diversas necessidades   de   seus   alunos,   acomodando   tanto   estilos   com   ritmos diferentes de aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade a todos,   por   meio   do   currículo   apropriado,   modificações   organizacionais, estratégias de ensino, uso de recursos e parcerias, com a comunidade.

No   2°   encontro   após   assistir   ao   filme:   “Meu   nome   é   rádio”,   refletiu­se 

sobre a relevância da inclusão educacional, combatendo atitudes discriminatórias e 

preconceituosas.   A   exclusão   social   e   educacional   faz   com   que   as   pessoas 

deficientes,   sejam   vistas   como   alguém   com   doença   contagiosa,   que   não   tem 

importância  e nem capacidade.  Todo ser  humano  tem necessidade de viver  em 

sociedade, ter amizades e oportunidades. A compreensão, o respeito, as diferenças 

e   a   amizade   incondicional   são   fundamentais   para   que   a   verdadeira   inclusão 

aconteça. Percebe­se que ainda existe rejeição por parte da sociedade, alunos e 

professores  em aceitar  os  educandos  com deficiência.  Sabendo  que  o  direito  à 

Educação de qualidade para “todos” está garantida na Constituição Brasileira (1988) 

e sistematizada na LDB. Ainda há muitos desafios para uma Inclusão de qualidade.

Observemos o que diz Simão (2006, p. 15) sobre o direito à Inclusão:

Garantir o direito à educação é ainda um longo caminho a ser percorrido. Alcançar   um   atendimento   de   qualidade   à   esta   população,   que   vem crescendo e que luta pela sobrevivência e participação em todos os setores da   sociedade,   requer   um   grande   amadurecimento   de   todos,   além   de otimismo   em   relação   ao   nosso   futuro,   e   habilidade   nas   relações interpessoais [...] 

     No 3° encontro refletiu­se com os professores sobre o percurso histórico dos 

deficientes, usando para tal o Texto: A educação das pessoas com deficiências: uma 

conquista histórica. (BARBY, 2005)  

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A sociedade assim constituída traz ainda a herança de que só “sobrevivem” 

os   mais   “fortes”,   dotados   de   poder.   Muito   nos   angustiam   ver   tanta   evolução, 

mudanças que mal conseguimos acompanhar, e a humanidade excluindo cada vez 

mais.  Porque  não   conseguimos   viver   em meio  a   tanta  diversidade?  Afinal,   que 

mudanças   são   essas   que   não   muda   as   atitudes   das   pessoas?   Se   cada   vez 

evoluímos   mais,   abandonamos   mais   inferiorizamos   mais?   Apesar   de   tantos 

esforços, estudos e tentativas de mudanças ainda há segregação, preconceito com 

alunos deficientes. 

A Rede de Apoio  começa com um exame das  interações sociais  e das características de apoio que estão naturalmente operando nas classes e em outros ambientes da escola,  e é  construída sobre estes apoios naturais. (STAINBACK & STAINBACK,1999, p. 227)

No 4° encontro utilizando o texto sobre a Rede de Apoio, documento da ­ 

SEED/DEEIN, 2008. Promoveu­se a articulação entre a Escola Especial e Escola do 

Ensino Comum. Esclarecendo o que são as Redes de Apoio e seu funcionamento. 

A valorização da diversidade é um fator relevante para o desenvolvimento da 

Rede de Apoio.  “A diversidade fortalece a escola e a sala de aula e oferece a todos 

os   envolvidos   maiores   oportunidades   de   aprendizagem”   (STAINBACK   & 

STAINBACK,1999, p. 228). Os autores ainda nos ajudam a compreender a rede de 

apoio como suportes formados pela comunidade da equipe escolar, num trabalho 

em equipe e em consonância.

Bartalotti   (2001)   diz   que  ao   compreendermos  a  dinamicidade  da   rede  de 

apoio compreenderemos que a sociedade como um todo deve ser inclusiva, portanto 

sendo  inclusiva,  deve partilhar das necessidades que envolvem a construção da 

escola inclusiva.

No 5°  Encontro refletiu­se acerca dos valores atribuídos aos diferentes na 

chamada sociedade inclusiva, a partir do filme: O Enigma de  Kaspar  Hauser.

Partindo de uma perspectiva histórica ­  cultural  que enfatiza que cada ser 

humano é constituído como um ser único, pela historia de vida e suas experiências 

particulares.   As   práticas   culturais   são   relevantes   para   a   definição   do 

desenvolvimento psicológico do sujeito.

Através do filme fez­se uma reflexão sobre a curiosidade e a perplexidade da 

sociedade, diante do diferente, do estranho. O filme mostra como o diferente causa 

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curiosidade. Como era usado em circos, nas cortes dos reis, hoje em programas de 

humor, entre outros.

Inclusão é a nossa capacidade de entender e reconhecer o outro e, assim, ter o privilégio de conviver e compartilhar com pessoas diferentes de nós. A educação   inclusiva   acolhe   todas   as   pessoas,   sem   exceção.   É   para   o estudante com deficiência física, para os que têm comprometimento mental, para   os   superdotados,   para   todas   as   minorias   e   para   a   criança   que   é discriminada por qualquer outro motivo. Costumo dizer que estar junto é se aglomerar no cinema, no ônibus e até na sala de aula com pessoas que não conhecemos. Já inclusão é estar com, é interagir com o outro. (MANTOAN, 2006).

No 6° Encontro utilizou­se o texto: Como preparar­se para ser um professor 

inclusivo.  MANTOAN,  M.  T.   Inclusão  escolar.  O que  é?  Por  quê?  Como  fazer? 

Moderna, 2006. Proporcionou­se aos professores, momentos de reflexão diante da 

resistência de alguns profissionais ao enfrentar a inclusão educacional.

  Encontramos   diariamente   professores   inseguros,   preocupados   e,   com 

frequência, revelam as inseguranças e as dúvidas quanto à prática pedagógica mais 

adequada   ao   atendimento   dos   educandos   com   deficiências.   Sabe­se   que   para 

melhorar a qualidade de ensino e trabalhar com relevância as diferenças na sala de 

aula, precisam­se enfrentar os desafios da inclusão escolar. Porém, para que isso se 

efetive o professor precisa estar preparado. Para Glat e Nogueira, citado por Prieto 

(2006, p.60), faz­se necessário:

A   oferta   de   uma   formação   que   possibilite   aos   professores,   analisar, acompanhar e contribuir para o aprimoramento dos processos regulares de escolarização,   no   sentido   de   que   possam  dar   conta   das   mais   diversas diferenças existentes entre os alunos.

Diante deste contexto, o plano de formação de professores deve servir para 

torná­los   aptos   ao   ensino   de   cada   demanda   escolar,   e   os   mesmos   devem   ter 

consciência   dos   benefícios,   tanto   para   a   escola   e   os   alunos,   e   para   seu 

desenvolvimento   profissional.   Baseado   nisso,   o   grupo   chegou   a   conclusão   que 

primeiramente   o   professor   precisa   querer   por   vontade   própria   buscar 

aperfeiçoamento. O próprio sistema não oferece preparação para o professor. Os 

professores   do   Ensino   Comum   que   trabalham  com   alunos   incluídos   nunca   são 

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questionados quanto as suas expectativas, seus anseios, não lhes dão oportunidade 

para conversar. Falta apoio e troca de experiências.  

Esquizofrenia designa um vasto grupo de perturbações mentais em que um processo   desintegrador   das   capacidades   associativas   dos   doentes, alterando a sua forma de pensar, os mergulha numa vida autista, e em que, uma vez quebradas as conexões lógicas que hoje geralmente se considera serem baseadas na apropriação primária das aquisições histórico­sociais da espécie humana, além de o serem na experiência  individual,  as  ideias e sentimentos apresentam­se, em grande parte, como expressão simbólica de reações inconscientes. (BLEULER, 1911)

No 7° Encontro utilizou­se o filme: Uma Mente Brilhante com o objetivo de 

refletir e compreender que a solidariedade, o reconhecimento, o carinho e o amor 

prevalecem na luta contra todas as adversidades. 

A esquizofrenia pode ser definida atualmente como uma desordem cerebral 

grave, com causas que resultam entre fatores genéticos e ambientais. Os familiares 

diante do problema deparam­se com dúvidas, não sabem como reagir diante de uma 

alucinação ou delírio desenvolvendo sentimentos de culpa e até mesmo de revolta. 

A esquizofrenia é pouco conhecida atualmente, rodeada de preconceito e vergonha. 

O apoio familiar e social é fundamental no tratamento. A presença desses alunos na 

Escola de Ensino Comum, principalmente alunos com esquizofrenia, trazem muitos 

problemas e há   falta  de pessoal  capacitado para orientar em como agir  com os 

alunos. 

O projeto pedagógico que almejamos requer, em primeiro lugar, formas de gestão   democrática   da   escola   que   não   estão   nem   constituídas,   nem alicerçadas.   Alicerce   este   que   demanda   uma   política   de   mudança   da cultura administrativa, concomitante a uma capacitação e desenvolvimento profissional dos educadores para esta nova realidade. Isto implica recursos de   toda   natureza,   humanos,   materiais   e   econômicos.   As   marcas   da centralização, aliás, continuam bastante presentes, no âmbito orçamentário e nos processos de avaliação de sistemas, escolas e alunos. (FERREIRA, 2007, p.32)

No   8°   Encontro   com   o   estudo   do   texto:   Matrículas   de   crianças   com 

necessidades educacionais especiais na rede de ensino regular. De que e de quem 

se fala? GÓES, M. C. R., LAPLANE, A. L. F. (orgs.) Políticas e práticas de educação 

inclusiva. Campinas, S. P. 2007. Objetivou­se favorecer o acesso e a permanência 

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de  educandos   com necessidades  educacionais  especiais   no   sistema   regular   de 

ensino.

A  ausência  de  políticas  públicas  voltadas  para  a  educação,   fez  com que 

algumas   escolas   não   aceitassem   matrículas   de   educandos   “anormais”,   com 

deficiência. Crianças que não apresentavam plenas condições eram dispensadas da 

frequência à escola. 

Com o surgimento  das classes especiais,  entendia­se  que educando com 

“diferenças”,   deveriam   ter   meios   diversificados   e   específicos   de   educação, 

argumentando­se   da   necessidade   de   separação   desses   educandos   “normais”   e 

“anormais”. Alegando que o atendimento seria mais adequado.

O aumento considerável de classes especiais aconteceu a partir da década 

de 1970, atendendo a lei  5.692/71, no seu artigo 9º, em que previa atendimento 

especial a educandos “em atraso considerável quanto à idade regular de matrícula”. 

Quando se fala em inclusão, muitas vezes refere­se ao processo de matrículas nas 

escolas   da   rede   regular   de   ensino,   significando   várias   situações   nem   sempre 

satisfatórias.

Após  o   estudo  do   texto   fez­se  as   seguintes   considerações:  A  Escola  de 

Ensino Comum não está  preparada para receber alunos com deficiência física e 

intelectual, não há acessibilidade. Necessita­se de mudanças na estrutura física das 

escolas,   redução   de   alunos   por   turma,   apoio   ao   professor   na   sala   de   aula, 

capacitação para os professores do Ensino comum.   

 O desejo de entender, refletir e buscar novos caminhos para a inclusão de 

alunos com deficiência, principalmente a deficiência intelectual na rede comum de 

ensino, norteou a presente pesquisa, tendo por finalidade investigar e agir junto aos 

professores que atuam nessa área com a proposta de minimizar as frustrações e 

permitir que possamos junto percorrer um novo caminho sem desigualdades, com 

uma inclusão real, de qualidade.  

3.2 ANÁLISE DO GTR 

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Durante o GTR – Grupo de Trabalho em Rede – tivemos três momentos que 

nortearam o desenvolver do trabalho. No primeiro momento, com o objetivo principal 

de   promover   uma   discussão   sobre   o   Projeto   de   Intervenção   Pedagógica 

percebemos   que   o   interesse   e   a   participação   das   cursistas   foram   de   maneira 

positiva, relatando experiências vivenciadas com alunos com deficiência intelectual 

incluídos  no  Ensino  Comum.  Por   se   tratar  de  professores  que  atuam na  Rede 

Estadual de Ensino e na área de Educação Especial,  podemos observar que os 

anseios e as expectativas são os mesmos. Em busca de estratégias de ações que 

favoreçam as redes de apoio à inclusão de alunos com deficiência, o diálogo entre 

os profissionais que atuam na base, ou seja, na sala de aula, diretamente com os 

alunos,   proporcionando   uma   troca   de   experiência,   foi   um   dos   objetivos   desse 

momento da pesquisa realizada. O desafio do sistema escolar brasileiro hoje é o de 

alcançar uma educação que contemple a diversidade da condição humana. Sabe­se 

que para melhorar a qualidade de ensino e trabalhar com relevância as diferenças 

na  sala  de  aula,   precisam­se  enfrentar  os  desafios  da   inclusão  escolar.  É   com 

frequência   que   os   professores   do   Ensino   Comum   revelam   suas   dúvidas,   as 

inseguranças quanto à prática pedagógica adequada para atender educandos com 

necessidades   educacionais   especiais.   A   partir   disso,   propôs­se   o   seguinte 

questionamento: como você enfrenta esses desafios? Em sua opinião, existe uma 

prática   pedagógica   adequada   para   atender   educandos   com   necessidades 

educacionais especiais?  Das 15 professoras que participaram todas acreditam ser 

necessária   a   concretização   de   uma   prática   pedagógica   que   leve   o   aluno   com 

deficiência superar esses desafios de aprendizagem. Como podemos perceber na 

fala da professora 1:  

Sim, acredito que exista,  porém, somente a experiência do dia a dia do educador   com   o   aluno   com   necessidades   educativas   especiais,   vai desenvolver a prática pedagógica. E o sucesso dessa prática, vai ocorrer quando todos os educadores acreditarem que qualquer criança tem algo a prender,   também  ir   à   busca   de  novos   conhecimentos   para   desenvolver atividades de acordo com as dificuldades e características  individuais  de cada educando.

Compreende­se, assim, que não se trata apenas de organizar as salas de 

aula, modificar a metodologia de ensino, trata­se sim, da possibilidade de modificar 

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os objetivos, os conteúdos em sua essência e em sua sequência de apresentação. A 

existência de currículos abertos e flexíveis às adaptações, como coloca Carvalho, 

2004,   “é   uma   condição   fundamental   para   organizar   as   respostas   educativas 

compatíveis com as especificidades de todo educando.” É essa rede de apoio que 

as   políticas  educacionais   precisam   dar   às   escolas,   para   que   a   inclusão   ocorra 

plenamente de forma correta. 

Num   segundo   momento   com   a   apresentação   da   Produção   Didático­

Pedagógica   propôs­se   uma   discussão   sobre   os   objetivos   e   a   metodologia 

apresentada.   Podemos   concluir   que   a   aceitação   do   projeto   foi   muito   boa.   Os 

comentários e depoimentos das cursistas são unânimes ao afirmar que para que 

haja   uma   inclusão   consciente,   é   preciso   que   haja   responsabilidade   nas   ações 

propostas, incluir por inclui não basta, é preciso dar condições de trabalho para que 

haja   aprendizagem.  Algumas  escolas   já   estão   se  organizando,   como  vemos no 

depoimento da professora 2:

Trabalho   em   uma   Escola   de   Educação   Especial,   onde   a   proposta   é trabalhar para incluir os alunos na rede comum de ensino, na sociedade e no mercado de trabalho. Temos um número reduzido de alunos, por isso nosso trabalho é realizado e   auxiliado   individualmente,   procurando   atender   dentro   de   sua peculiaridade, respeitando sua individualidade. A ajuda que recebemos é a troca de experiências de professores, técnicos, hora de estudo e pesquisa, relacionada às dificuldades enfrentadas.Os apoios necessários seriam: espaço físico adequado, equipamentos de qualidade para atender a especificidade de cada aluno, biblioteca com livros obtendo conteúdos de acordo com a nossa necessidade, coordenador com formação pedagógica, materiais como jogos e brinquedos para trabalhar a ludicidade, pois, só assim teríamos melhores condições de ter uma escola aberta às diferenças, capaz de ensinar e dar o que é de direito a todos os alunos, condições mínimas de aprender.

Diante   dessa   realidade   podemos   acompanhar   o   que   se   faz   no   Ensino 

Especial e o que acontece no Ensino Comum, pois a falta de profissionais de apoio 

no  Ensino  Comum ainda  é   significativa.  Para  enfrentar  o  desafio  da   inclusão  é 

preciso um conjunto de ações bem elaboradas. 

Num terceiro momento com a função de socializar os avanços e desafios 

enfrentados durante a fase de Implementação Pedagógica do Projeto, os relatos 

 confirmam que, apesar da dificuldade em aplicar o projeto nas escolas, foi de 

grande importância, como afirma a professora 6: 

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[...] A fase de Implementação Pedagógica do Projeto na Escola, não é uma tarefa   fácil,  pois  estamos sempre  marcados pela  ansiedade,  pelo  medo, resistência   e   ao   mesmo   tempo   esperança.   Navegamos   em   caminhos desconhecidos com apenas um objetivo.  E para que cheguemos a esse objetivo temos que nos atualizar constantemente de forma a nos manter na vanguarda dos processos inovadores da área educacional. [...]

Os depoimentos foram os mais diversificados e contribuíram para qualificar a 

pesquisa aqui apresentada. 

[...] Ao explicar sobre as Redes de Apoio observa­se o quanto as mesmas são   necessárias,   um   suporte   pedagógico   indispensável   para   apoiar professor e aluno na caminhada para inclusão.Cabe   ressaltar   que  há   um   longo  caminho  a   ser  percorrido,  que   muitos profissionais da educação ainda estão ansiosos, preocupados, muitos não estão preparados ou informados devidamente para receber os alunos, fazer com que se sintam acolhidos e façam as intervenções necessárias para que a aprendizagem aconteça. [...] (PROFESSORA 7)

Ao concluir os trabalhos com o GTR, constamos um enriquecimento grande 

em nosso próprio trabalho, a troca de experiências, os relatos aqui apresentados 

demonstram a preocupação em todo o Estado do Paraná, em se fazer uma inclusão 

consciente,   responsável,   com   isso   buscando­se   caminhos   para   que   o   objetivo 

principal seja o aluno, no caso o aluno com deficiências que merece todo nosso 

respeito.

IV. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados obtidos com a referida pesquisa mostram que o desafio maior 

do sistema escolar brasileiro hoje é o de alcançar uma educação que contemple a 

diversidade   da   condição   humana.   A   Inclusão   consciente   e   feita   com 

responsabilidade que leve em conta todos os fatores, emocionais, sociais, afetivos, 

enfim,   que   proporcione   condições   para   que   realmente   haja   uma   mudança 

educacional que contemple todos os aspectos necessários para uma aprendizagem 

eficaz. 

Falar  em  inclusão virou  moda nos últimos  tempos,  mas de que  inclusões 

falaram e que inclusão queremos é que faz a diferença. Observa­se que as escolas 

ou a maioria delas estão longe de tornarem­se inclusivas pela forma que atendem 

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esses educandos, pelo despreparo de seus professores e pela falta de dinamicidade 

de seus currículos. Mantoan, (2006, p.  17) diz que “os professores resistentes à 

inclusão   argumentam   frequentemente   que   não   estão   preparados   para   esse 

trabalho.” O desafio, o desconhecido gera incertezas, dúvidas, medo e faz com que 

se busque o que já se conhece, já se tem como certo. Porém, não há como negar 

que a Inclusão está às portas de nossas escolas e que se precisa agir de forma a 

atender da melhor maneira possível a nova clientela que chega. 

A Lei é clara e garante aos alunos com deficiência atendimento prioritários na 

Rede   Comum   de   Ensino,   mas   se   for   necessário   atendimento   em   Escolas   de 

Educação Especial, desde que se garanta uma aprendizagem de qualidade. Quanto 

ao   atendimento   prioritário   no   Ensino   Comum,   a   escola   deve   adequar­se   para 

atender   a   diversidade,   não   esperar   que   o   contrário   ocorra.   Uma   inclusão 

despreparada pode acarretar problemas e agravar o  fracasso escolar dos alunos 

com deficiência, fazendo­os se sentirem desajustados e desamparados ao serem 

inseridos no ensino comum sem o apoio que necessitam.

No contexto das mudanças, é que surgem as redes de apoio, criadas pra ser 

o amparo legal e necessário para a aprendizagem. As redes de apoio à inclusão são 

apoios   pedagógicos   realizados   no   contexto   da   escola   do   ensino   comum   para 

atender   alunos   com   necessidades   educacionais   especiais   em   horário   diferente 

daquele em que o educando frequenta no ensino comum, podendo ser individual ou 

em grupos (SEED/ DEEIN, 2008, p. 4). 

O   objetivo   das   redes   de   apoio   é   dar   respostas   educacionais   para   as necessidades   especiais   nas   áreas   das   deficiências   (intelectual,   visual, física,   neuromotora   e   surdez),   transtornos   globais   de   desenvolvimento, transtornos funcionais especiais e altas habilidades/superdotação. As redes de   apoio   compreendem:   Sala   de   Recursos;   Centro   de   atendimento especializado, para educandos cegos e com baixa visão; Professor de apoio permanente   em   sala   de   aula,   para   educandos   com   deficiência   física neuromotora; Centro de atendimento especializado: CAES, para educandos surdos;   Instrutor  de surdos;  Tradutor  e  interprete  de LIBRAS (linguagem brasileira  de sinais)/  Língua portuguesa;  Professor  de  apoio  em sala  de aula. 

No   decorrer   deste   projeto   buscou­se   como   objetivo   geral,   investigar   a 

implementação de redes de apoio escolar à   inclusão como forma de incrementar 

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práticas   pedagógicas   que   auxiliem   os   professores   a   ensinarem   na   e   para   a 

diversidade escolar. Com os encontros realizados com professores que atuam tanto 

no Ensino Comum quanto no Ensino especial, pudemos concluir que ainda temos 

um  longo   caminho  a  percorrer   para  que  as   redes  de  apoio  atuem de   forma  a 

complementar o que se faz necessário para a aprendizagem destes alunos.

Os objetivos específicos dentre os quais, proporcionar um espaço para que o 

diálogo,   a   criatividade,  a   solidariedade,   a   cooperação  e  o  espírito   crítico   sejam 

exercitados  na  escola  por   todos  e   todas,   pois   são  habilidades  mínimas  para  o 

exercício da cidadania. Promover a articulação entre escolas do Ensino Comum e 

Instituições especializadas por meio da implementação de redes de apoio; Refletir 

com os professores sobre a possibilidade de se constituir redes de apoio na inclusão 

onde os professores tenham a oportunidade de trocar de experiências. Podemos 

concluir que conseguimos com encontros onde os professores puderam relatar suas 

angústias,   anseios   e   também,   experiências   de   sucesso   realizadas   em   algumas 

escolas. 

Pode­se concluir, portanto, que a inclusão escolar ainda é um desafio para os 

professores   e   a   sociedade,   Mantoan   (2006,   p.   20)   diz:   “A   inclusão   é   uma 

provocação, cuja intenção é melhorar a qualidade do ensino das escolas, atingindo 

todos os alunos que fracassam em suas salas de aula.” Espera­se que as escolas 

do   Ensino   Comum   ao   enfrentar   esse   desafio,   essa   provocação,   melhorem   a 

qualidade da educação para oferecer aos educandos com deficiência uma educação 

em sua plenitude, a fim de atender as diferenças. (SANTOS, in: CARNEIRO, 2008, 

p.125) destaca: “Temos o direito a sermos iguais quando a diferença nos inferioriza; 

temos o direito a sermos diferentes quando a igualdade nos descaracteriza.” 

V. REFERÊNCIAS

BARBY, A. A. Inclusão de alunos com deficiência no sistema regular de ensino: o pensar dos futuros professores. Curitiba: 2005. Dissertação. 

BEY, H. O.  Inclusão e avaliação na escola: de alunos com necessidades educacionais especiais ­ Porto Alegre: Mediação, 2005.

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BRASIL. Ministério da Educação e Cultura.  Declaração de Salamanca. Sobre Princípios, Políticas e Praticas, na Área das Necessidades Especiais Disponível em: (HTTP: //portal. mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf) acesso em 16 setembro de 2010.

CARNEIRO,   Moaci   Alves.   O   acesso   de   alunos   com   deficiência   às   escolas   e   classes comuns: Possibilidades e limitações. 2° edição ­ Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.

CARVALHO, R.  E.  Removendo barreiras  para  a  aprendizagem:  educação   inclusiva­Porto Alegre: Mediação, 2000.            

FACION,   José  Raimundo   (organizador).   Inclusão   escolar   e   suas   implicações.   Curitiba: editora IBPEX, 2008.

FERREIRA, M. E. C. GUIMARÃES, M. Educação Inclusiva. Rio de Janeiro: DP&A, 2003. MANTOAN, Maria Teresa Eglér.  Inclusão Escolar: O que é? Por quê? Como fazer?  2° edição. São Paulo: Moderna, 2006. 

MANTOAN, M. T. E. , PRIETO, R. G. ARANTES, V. A. (org.) Inclusão Escolar: Pontos e Contrapontos­ São Paulo: Summus, 2006.

MANTOAN, Maria Teresa Eglér (organizadora).  O desafio das diferenças nas escolas. 2° edição Petrópolis. RJ: Vozes, 2008.

PALANGNA,   I.   C.   –  Desenvolvimento   e   aprendizagem   em   Piaget   e   Vygotsky:  A relevância do Social ­ São Paulo: Summus, 2001.

SANTOS,   Mônica   Pereira   dos.   PAULINO,   Marcos   Moreira   (organizador).  Inclusão   em Educação: Culturas, Políticas e Praticas. 2° edição. São Paulo: Cortez, 2008.

SOUZA, A. M. C. (org.)  A Criança Especial:  temas médicos educativos e sociais.  São Paulo: Roca, 2003. 

STAINBACK & STAINBACK, Susan e  William.  Inclusão:  Um guia para educadores, tradução Magda França. Lopes­Porto Alegre: Artmed, 1999.      

WERLE, I. Inclusão: você sabe do que estamos falando? PDE­Projeto, 2009.  

FILMES:

Meu Nome é Rádio.Site oficial: http://www.sonypictures.com/movies/radio/index.html(Acessado em 01/07/2011).

O Enigma de  Kaspar  Hauser.http://www.scielo.br/scielo.php?pid=s 

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(Acessado em 01/07/2011).

Uma Mente Brilhante.http://ww.planetaeducação.com.br/portal/artigo.asp?artigo=69 Acessado em 01/07/2011