in-mind_português, 2010, vol.1, nº.2-3, carneiro e albuquerque, traições da memória
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Paradigma DRM: Traies da
memria
Paula Carneiro1 e Pedro Albuquerque2
Como pode uma memriaser falsa? As memrias no so re-
cordaes de coisas que nos acon-
teceram, que experiencimos, ouvi-
mos e vimos? Parece que nem sem-
pre O que a investigao nos
mostra que podemos recordar
informaes e acontecimentos que
na realidade no ocorreram. Vejamos o seguinte exemplo.
Imagine que lhe pediam para memorizar as se-guintes palavras: inverno, quente, calor, neve, gelo, casa-
co, roupa, lareira, desconforto, cachecol, arrepio, tremer,
agasalho, cama e aquecedor. Quando lhe pedirem para
dizer o que ouviu ou viu muito provvel que venha a re-
petir algumas das palavras que ouviu mas tambm a pala-
vra frio. E se lhe disserem que frio no tinha sido apresen-
tado voc no vai acreditar. Vai ficar confuso pois tinha
toda a certeza de que essa palavra tinha sido apresenta-
da. Na realidade trata-se de uma iluso de memria.
Esta iluso ocorre porque as palavras que foramapresentadas esto fortemente associadas palavra frio,
denominada de palavra crtica dessa lista. Na lista que foi
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1 Centro de Investigao em Psicologia da Universidade de Lisboa.
2
Escola de Psicologia, Universidade do Minho.
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apresentada aproximadamente 80% das pessoas comete
esse erro (Albuquerque, 2005).
Este procedimento to simples denomina-separadigma de associados convergentes ou DRM por
abarcar as primeiras letras dos autores que o conceberam
(Deese em 1959 e Roediger e McDermott em 1995), e tem
suscitado a realizao de muitas outras investigaes.
Este efeito tem-se mostrado muito robusto eacontece mesmo em variadssimas situaes nas quais se
esperaria a sua eliminao. Por exemplo, o efeito persiste,
se bem que em menor grau, mesmo quando as pessoas
so previamente avisadas de que este tipo de listas de
palavras pode originar memrias falsas (Gallo, Roberts, &
Seamon, 1997; McDermott & Roediger, 1998). surpre-
endente como as pessoas caem nesta iluso mesmo de-
pois de terem sido avisadas de que o procedimento pode
dar origem a erros de memria.
Da mesma forma, o efeito ocorre mesmo emsituaes em que a ateno dada s palavras escassa,
tais como quando a ateno se encontra dividida entre
esta tarefa e outra actividade (Pimentel, 2008; Prez-Mata,
Read, & Diges, 2002; Peters, Jelicic, Gorski, Sijstermans,
Giesbrecht, & Merckelbach, 2008; Dewhurst et al., 2007)
ou quando as palavras da lista so apresentadas sublimi-
narmente, i.e., com tempos de exposio que tornam as
palavras imperceptveis (Seamon, Luo, & Gallo, 1998;McDermott & Watson, 2001). Nestas situaes, a memria
para as palavras apresentadas fica prejudicada ou quaseinexistente mas mesmo assim ocorrem memrias falsas.
Sabe-se tambm que, quando decorrem grandesintervalos de tempo entre a apresentao das listas e o
teste de memria, de um ou dois dias a uma semana, as
memrias verdadeiras so as mais facilmente deterioradas
pelo tempo (McDermott, 1996; Thappar & McDermott,
2001). As memrias das palavras crticas so menos sus-
ceptveis passagem do tempo e por isso se diz que o
esquecimento destas palavras crticas menor do que o
esquecimento das palavras que na realidade foram apre-
sentadas.
Mas que erros de memria so estes relativamente
imunes a avisos, interferncia e passagem do tem-
po? E que ocorrem mesmo quando as palavras da
lista no so perceptveis?
So vrias as teorias que tm procurado explicareste tipo de memrias falsas mas presentemente aquelas
que concebem dois processos oponentes so considera-
das as mais promissoras. Ambas as teorias, do trao difu-
so (Brainerd & Reyna, 1998) e da activao-monitorizao
(Roediger, Balota, & Watson, 2001; Roediger, Watson,
McDermott, & Gallo, 2001) concebem um primeiro pro-
cesso em que existe a estimulao das memrias falsas e
um segundo processo em que poder existir a eliminao
desses erros. Segundo a teoria da activao-monitoriza-
o a estimulao das memrias falsas ocorre atravs daactivao automtica da palavra crtica, originada pela
acumulao de activao proveniente do processamento
das palavras da lista, enquanto de acordo com a teoria do
trao difuso este processo ocorre devido extraco do
gistou significado geral da informao, o qual se encontra
no tema da lista (palavra crtica). Enquanto a activao ou
extraco do gist ocorrem na fase de codificao da in-
formao, a eliminao do erro ocorre sobretudo na fase
de recuperao. O processo de eliminao do erro poder
ser denominado de diferentes formas consoante as teorias(monitorizao segundo a teoria da activao-monitoriza-
o ou verbatim segundo a teoria do trao difuso) e nor-
malmente corresponde a um processo deliberado e cons-
ciente em que so usadas informaes especficas para
rejeitar um item ou acontecimento falso. O conceito de
monitorizao refere-se a qualquer processo de deciso
que contribui para determinar as origens da informao
que foi activada. No caso do paradigma DRM, se atribuir-
mos a origem de uma memria falsa a um processo de
gerao interno (ao facto de termos pensado nessa pala-
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vra), em vez de a um acontecimento real do mundo exter-
no (ao facto de termos ouvido ou visto essa palavra), ento
ser mais fcil eliminar esse erro de memria; se pelo con-
trrio, existir uma falha na monitorizao, poder ento
surgir uma memria falsa, o que no caso do paradigma
DRM se traduz na recordao ou reconhecimento falsos
das palavras crticas das listas apresentadas. Por outro
lado, o conceito de trao verbatim tem sido usado pela
teoria do trao difuso para definir o trao que armazena as
caractersticas especficas do estmulo, o qual poder con-tribuir para a eliminao do erro proveniente da activao
dogistda lista.
No caso do paradigma DRM sabe-se que a rela-o associativa que as palavras apresentadas tm com a
palavra crtica (fora associativa retrgrada) um factor
determinante para a formao de uma memria falsa (Ro-
ediger, Watson, et al., 2001). Listas que possuem maior
fora associativa produzem, na generalidade, mais mem-
rias falsas do que listas com fraca fora associativa (Gallo
& Roediger, 2002).
Mas que factores sero determinantes para a elimi-
nao do efeito?
Um dos factores que nos parece fundamentalpara que a activao da palavra crtica no origine uma
memria falsa tem a ver com a identificabilidade do tema
da lista (Carneiro, Fernandez & Dias, 2009). Sabe-se que
em algumas listas de palavras o tema ou assunto da lista
facilmente detectado, correspondendo palavra crtica,
enquanto noutras listas dificilmente detectado. Se o
tema da lista for facilmente identificado, de uma forma
consciente na altura em que as palavras vo sendo apre-
sentadas, provvel que as pessoas faam um esforo
para no emitirem essa palavra num teste de memria
posterior. Assim, quando as pessoas percebem que todas
as palavras apresentadas esto relacionadas a uma outra,
a qual no foi apresentada, muito possvel que tentem
ficar com essa palavra em mente para a exclurem do teste
de memria, como um possvel item que no foi apresen-
tado. Esta estratgia utilizada para inibir a formao de
memrias falsas denomina-se identificar-para-rejeitar,
pois para rejeitarem a palavra crtica os participantes tero
de previamente identific-la correctamente como sendo o
tema da lista (Gallo, 2004).
Assim, num estudo em que se compararam listasem que as palavras crticas so muito facilmente identific-veis pela maior parte das pessoas com outras muito pou-
co identificveis, encontraram-se nveis mais elevados de
memrias falsas para as palavras crticas pouco identific-
veis, tanto em tarefas de recordao como de reconheci-
mento (Carneiro, Fernandez, & Dias, 2009). Este resultado
parece indicar que os participantes utilizam a estratgia
identificar-para-rejeitar quando conseguem identificar
correctamente o tema das listas. Mas s conseguiremos
utilizar a identificabilidade do tema da lista para rejeitar
memrias falsas se conseguirmos identificar correctamen-
te esse tema e tivermos tempo para pensar na resposta
(Carneiro, Diez, & Fernandez, 2009). Como qualquer estra-
tgia de rejeio de memrias falsas, o processo de dis-
criminar as palavras que foram apresentadas das no
apresentadas requer tempo e por isso, se a resposta num
teste de reconhecimento tiver de ser dada dentro de um
tempo definido e curto (por exemplo, menos de um se-
gundo), esse efeito de identificabilidade dissipa-se. Nessas
condies, no se encontram diferenas significativas en-
tre as memrias falsas de listas mais e menos identific-
veis (Carneiro, Diez, & Fernandez, 2009).
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Mas teremos todos ns a mesma capacidade de
utilizar estratgias de rejeio de memrias falsas?
Em que altura surge esta capacidade? Para respon-
der a esta questo necessitamos entender como as
crianas respondem a este paradigma.
Sabe-se que, ao contrrio do que se observanoutros paradigmas de estudo das memrias falsas (para-
digma da informao falsa ou da imaginao) as crianas
produzem menos memrias falsas com este paradigma doque os adultos (e.g., Brainerd, Reyna, & Forrest, 2002).
Isto deve-se ao facto de as crianas mais novas terem
mais dificuldade na extraco do significado geral de
qualquer informao ou acontecimento (gist) (Brainerd et
al., 2002). Ainda, outros autores (Howe, Wimmer, Gagnon,
& Plumpton, 2009) atribuem este resultado ao facto de o
vocabulrio, automaticidade e acessibilidade dos concei-
tos aumentar com a idade.
Este aumento das memrias falsas com o des-envolvimento persiste mesmo quando as listas so espe-
cificamente concebidas para a sua idade (Carneiro, Albu-
querque, Fernandez, & Esteves, 2007). No entanto, note-
se que listas especficas para a faixa etria estudada ge-
ram na generalidade mais memrias falsas, o que refora a
ideia que a extraco do gistnas crianas pode ser facili-
tado se for utilizado material apropriado para elas.
Poderia ento supor-se que, pelo facto de ascrianas produzirem menos memrias falsas do que os
adultos, isso significaria que elas seriam mais capazes de
rejeitar essas memrias. Na realidade algumas investiga-
es assim o indicam (Howe, 2005), mas a nossa pers-
pectiva de que, apesar de as crianas produzirem me-
nos memrias falsas do que os adultos, elas tambm tm
mais dificuldade em rejeit-las. E para elucidar este ponto
de vista apresentamos trs estudos que assim o indicam.
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Por exemplo, no estudo j citado (Carneiro et al., 2009)
verificou-se que, enquanto a estratgia identificar-para-re-
jeitar utilizada naturalmente por adultos, ela no es-
pontaneamente utilizada por crianas. Pelo contrrio, ob-
servou-se que as crianas produzem mais memrias fal-
sas para listas em que as palavras crticas so mais facil-
mente identificveis. possvel que as palavras mais iden-
tificveis sejam as mais activadas e por isso, em popula-
es com dificuldades de utilizar estratgias de rejeio,
elas acabem por produzir mais memrias falsas.
Noutro estudo mostrou-se que factores que habi-tualmente facilitam a rejeio de memrias falsas em adul-
tos, no produzem efeito em crianas (Carneiro & Fernan-
dez, 2010). Tanto o facto de se avisar os participantes do
efeito DRM, como o facto de se aumentar o tempo de
apresentao das palavras da lista, diminuram as mem-
rias falsas em pr-adolescentes, mas no em pr-escola-
res.
E ainda noutra investigao mostrou-se que,quando as listas de palavras so compostas por exempla-
res de categorias (ex., nomes de frutos, tais como banana,
pra, laranja, uvas, melo, etc.), as crianas mais novas,
contrariamente s mais velhas, produzem mais reconhe-
cimentos falsos para o nome da categoria (ex., fruta) (Car-
neiro, Albuquerque, & Fernandez, 2009). As crianas mais
velhas utilizam o seu conhecimento categorial, nomeada-
mente o facto de saberem que os itens apresentados so
de um nvel hierrquico diferente do nome da categoria
(bsico vs sobreordenado) para rejeitar todos os itens quecorrespondem a um nvel hierrquico diferente. Por sua
vez, as crianas mais novas produzem nveis considerveis
de reconhecimento falso para o nome da categoria (ex.,
fruta), idntico ao reconhecimento falso de exemplares
dominantes que no tinham sido apresentados (ex.,
ma), provavelmente porque no possuem um conheci-
mento explcito da organizao hierrquica do conheci-
mento conceptual (Blewitt, 1994).
Tal como as crianas, os idosos tambm possu-em dificuldades especficas na rejeio de memrias fal-
sas, sendo este o factor responsvel pelas diferenas que
se assistem entre idosos e jovens adultos na produo
dessas memrias. Enquanto a quantidade de memrias
verdadeiras diminui a partir da idade adulta, a quantidade
de memrias falsas normalmente aumenta (Balota, Corte-
se, Duchek, Adams, Roediger, McDermott, & Yerys, 1999;
Norman & Schacter, 1997). Este tipo de resultados parece
indicar que existe activao das palavras crticas nos ido-sos, mas que a correcta monitorizao no bem sucedi-
da.
Resumindo, o paradigma DRM exemplifica umadas metodologias de estudo das memrias falsas em la-
boratrio, ilustrando a facilidade com que produzido este
tipo de distores de memria. As explicaes mais actu-
ais deste fenmeno DRM reforam a ideia de que ns
dispomos de dois tipos de processos antagnicos, um
que leva ao erro e outro que tenta eliminar o erro e ser o
equilbrio destes dois processos que vai determinar a pro-
duo ou no de uma memria falsa. Nem sempre as
estratgias de memria que tentam prevenir a produo
de erros de memria esto operacionais e por isso se as-
siste a um elevado nmero de memrias falsas em algu-
mas listas. Ns defendemos que a facilidade ou dificulda-
de em detectar o tema da lista (palavra crtica) um factor
determinante na aplicao da estratgia identificar-para-
rejeitar, uma das estratgias de rejeio das memrias
falsas mais utilizadas no paradigma DRM. Defendemos
tambm que, na generalidade, os processos de rejeiovo estando mais operacionais ao longo do desenvolvi-
mento mas, apesar disso, em situaes standard, a pro-
duo de memrias falsas aumenta com a idade. Isto quer
dizer que ambos os processos de estimulao e de elimi-
nao do erro evoluem com a idade e que se o evento
no favorece a monitorizao ou qualquer outro processo
de rejeio ento encontramos um aumento das memrias
falsas. Pelo contrrio, se o evento favorece estes proces-
sos (ex., avisando os participantes ou aumentando o tem-
po de apresentao das palavras), normalmente assiste-se
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anulao das diferenas etrias, ou at em alguns casos
pode ocorrer uma diminuio das memrias falsas com a
idade.
Glossrio
Item crtico: palavra que no apresentada e qual to-das as palavras da lista esto fortemente associadas.
Fora associativa de uma lista: mdia da percentagem
com que cada palavra da lista est associada ao item crti-
co. normalmente derivada de tarefas de associao livre
em que pedido para os participantes evocarem a primei-
ra palavra que lhes vem mente depois de lhes ser apre-
sentada a palavra alvo.
Fora associativa retrgrada: reflecte a fora associati-
va na direco da palavra apresentada para o item crticoem oposio fora associativa antergrada que significa
a fora associativa do item crtico para com a palavra da
lista.
Gist: termo proposto pela teoria do trao difuso para ca-
racterizar um tipo de trao de memria que capta a es-
sncia do acontecimento, o seu significado geral. O outro
tipo de trao de memria proposto por esta teoria deno-
mina-se verbatim e representa as caractersticas especfi-
cas do estmulo.
Disperso automtica da activao: termo utilizado
pela teoria da activao-monitorizao para caracterizar a
propagao da activao atravs de uma rede semntica.
A activao de um n propaga-se para ns vizinhos rela-
cionados atravs das ligaes associativas. Este efeito
mais forte e mais rpido para ns que esto fortemente
associados e tende a dissipar-se medida que se espa-
lha.
Monitorizao: termo proveniente da teoria da monitori-
zao da fonte (Johnson, Hashtroudi, & Lindsay, 1993), a
qual defende que os sujeitos ao recuperarem a informao
tendem a reportar-se origem das suas memrias. Este
termo foi adaptado pela teoria da activao-monitorizao
para explicar a formao de memrias falsas: se o sujeito
atribui a origem da sua memria a uma fonte incorrecta
pode surgir uma memria falsa.
Identificabilidade: qualidade do item crtico ser identifi-cado como o tema da lista. Normalmente, a identificabili-
dade do item crtico pode ser medida atravs da percen-
tagem de participantes que depois de lhes ser apresenta-
da a lista de palavras refere o item crtico como o tema da
lista.
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Autores
Paula Carneiro Investigadora
Auxiliar no Centro de Investiga-
o em Psicologia da Universi-
dade de Lisboa. Esteve como
bolseira de Ps-Doutoramento
na Universidade de Salamanca,
fez o Doutoramento na Universi-
dade do Minho e o Mestrado em
Psicologia Experimental na Uni-
versidade de Sussex. Os seus
interesses situam-se na rea da Psicologia Cognitiva, mais
especificamente na rea da Memria e Desenvolvimento
Cognitivo. Tem desenvolvido investigao sobre memrias
falsas. E [email protected]
Pedro Albuquerque graduou-
se na Universidade do Porto e
doutorou-se na Universidade do
Minho onde actualmente Pro-fessor Associado da Escola de
Psicologia. Dirige o Grupo de
Investigao em Memria Hu-
mana da Universidade do Minho
(www.memory-uminho.pt.vu/)
onde estuda distores mnsi-
cas, memria operatria e memria adaptativa.
In-Mind_Portugus, 2010, Vol.1, N. 2-3, 14-21 Carneiro e Albuquerque, Traies da memria21
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