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  • 7/28/2019 In-Mind_Portugus, 2010, Vol.1, N.1, Teixeira, Negociaes intergrupais: Puzzles de 100 e muitas peas

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    Negociaes intergrupais:

    Puzzles de 1000 e muitas peas

    Ctia P. Teixeira1

    No presenteartigo apresentam-se

    algumas contribuies

    da Psicologia Social

    para a anlise do confli-

    to e negociao em

    situaes em que as partes intervenientes so indivduos,

    agindo em prol do grupo a que pertencem. Acreditamos

    que ter em conta os fenmenos aqui apresentados na

    anlise de situaes de conflito e negociaes intergru-

    pais, poder ser uma das formas de tentar minimizar a

    dificuldade de resoluo destas situaes.

    O ltimo Conflict Barometer (2008) elaboradopela Universidade de Heidelberg revela a existncia de 345

    conflitos a nvel mundial, na sua maioria motivados por

    divergncias ideolgicas, polticas ou partilha de recursos

    econmicos. Destes, 39 so descritos como empregando

    massivamente a violncia.

    Estes so dados com que nos confrontamosanualmente e os inmeros relatrios de observatrios in-

    ternacionais revelam que, desde os anos 40 do sculo

    passado, as tendncias so estveis.

    S em 2008, 208 tentativas de dilogo e negoci-ao foram conduzidas, mas dos 345 casos estas apenas

    cobriram 77. Para alm disso, aproximadamente metade

    destas tentativas foram infrutferas. Em suma, h uma ele-

    vada taxa de ineficcia neste tipo de negociaes e na

    maioria dos casos nem sequer h tentativas de negocia-

    o, tendo de recorrer-se interveno de terceiros. Por-

    qu?

    In-Mind_Portugus, 2010, Vol.1, N. 1, 1-6 Hag e Garcia-Marques, A criana dentro de ns 7

    1 Universit Catholique de Louvain.

    In-Mind_Portugus , 2010, Vol.1, N. 1, 7-12 Teixeira, Negociaes intergrupais: Puzzles de 1000 e muitas peas

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    Estas concluses parecem primeira vista para-doxais. Por um lado, uma simples busca das palavras

    tcnicas de negociao no motor de pesquisa Google

    origina cerca de 7.840.000 resultados, reveladores da

    proliferao de manuais de como ter sucesso numa ne-

    gociao. Por outro lado, todos os dias negociamos,

    entre colegas de trabalho, amigos, familiares e, na grande

    maioria das vezes, estas negociaes no acabam em

    conflitos extremos nos quais a violncia impera. Ento o

    que que torna certas situaes de conflito to comple-xas e difceis de solucionar por via do dilogo entre as

    partes?

    Uma particularidade das negociaes internacio-nais que quando nos referimos s partes intervenientes

    estamos a referir-nos a indivduos que negoceiam, no em

    benefcio pessoal (negociao interpessoal) mas para o

    benefcio de um grupo (negociao intergrupal).

    A Psicologia Social, e mais especificamente ainvestigao sobre relaes intergrupais, tem vrias con-

    tribuies a fornecer neste mbito, pela anlise que nos

    oferece acerca do comportamento dos indivduos enquan-

    to membros de um grupo. Tentaremos abordar algumas

    destas contribuies referindo trs dos fenmenos que

    tornam as negociaes internacionais to complexas e de

    difcil resoluo: a categorizao social, a representao e

    a simbolizao dos recursos em negociao.

    A categorizao social

    De forma geral os fenmenos ditos intergrupaistm como base a ideia de que, independentemente das

    nossas tendncias pessoais, h situaes nas quais nos

    comportamos menos de acordo com idiossincrasias e

    antes de mais de acordo com um grupo ao qual perten-

    cemos. Dado que vivemos num ambiente extremamente

    complexo, que torna impossvel a apreenso de todos os

    detalhes que o compem, temos necessidade de o resu-

    mir de alguma forma, de modo a podermos assimil-lo e

    control-lo. Da agruparmos os exemplares com os quais

    nos confrontamos em categorias. Estas categorias basei-

    am-se em representaes esquemticas dos estmulos

    com os quais nos confrontamos, reunindo o que comum

    a um grupo de objectos, e o que os distingue de outros

    grupos. Por exemplo, uma rvore tem tronco, ramos e

    folhas. Esta informao permite-nos saber quando esta-

    mos na presena de uma rvore que nunca antes vimos,

    mas tambm nos permite saber quando no estamos

    perante uma rvore, mas pelo contrrio, estamos peranteum arbusto (porque o seu tronco e altura no correspon-

    dem nossa representao de uma rvore). A esta repre-

    sentao idealizada de uma categoria de objectos cha-

    mamos prottipo (Rosch, 1975). Todos os dias categori-

    zamos todo o tipo de coisas, objectos e pessoas com as

    quais partilhamos a realidade social. A categorizao dos

    indivduos em grupos designa-se categorizao social e

    ocorre no s quando categorizamos os indivduos nos-

    sa volta mas tambm quando nos auto-categorizamos,

    por exemplo, enquanto portugueses, homens, mulheres,praticantes de uma profisso...

    Dado que cada um de ns pertence a inmerosgrupos, h situaes em que determinadas categorias

    sociais esto mais salientes, dependendo do contexto

    (Turner, 1987). O exemplo clssico o de um indivduo,

    adepto de um clube de futebol (entre outras coisas) que se

    encontra num estdio para ver um jogo. Nesta situao,

    as categorias mais salientes so as duas equipas e os

    indivduos presentes so categorizados, antes de mais,

    como adeptos de uma ou de outra equipa. Este processode auto-categorizao leva a que os indivduos baseiem o

    seu comportamento no facto de serem membros de um

    grupo e no serem membros do outro.

    Esta categorizao social, no entanto, qualitati-vamente diferente da categorizao de outros objectos,

    dado que ns prprios somos agentes e objectos neste

    processo. H um factor crtico que entra em jogo quando

    categorizamos indivduos: a auto-estima. Para alm de

    simplesmente agruparmos as pessoas, tambm valoriza-

    mos os grupos de forma sistematicamente diferente: os

    In-Mind_Portugus, 2010, Vol.1, N. 1, 1-6 Hag e Garcia-Marques, A criana dentro de ns 8In-Mind_Portugus , 2010, Vol.1, N. 1, 7-12 Teixeira, Negociaes intergrupais: Puzzles de 1000 e muitas peas

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    grupos aos quais pertencemos so mais valorizados dado

    que se o nosso grupo valorizado, uma parte de ns, da

    nossa auto-estima beneficia com esta valorizao. Da

    visarmos o sucesso, o bem-estar ou a imagem positiva

    do(s) nosso(s) grupo(s), e isto muitas vezes custa de um

    processo de comparao com os outros grupos presentes

    na realidade social (Teoria da Identidade Social, Tajfel e

    Turner, 1979).

    Um dos exemplos paradigmticos destas situa-es de comparao social so os estudos de Tajfel, Billig,

    Bundy e Flament (1971). Estas experincias revelaram

    que, na ausncia de uma situao de competio entre

    dois grupos, os indivduos poderiam discriminar em favor

    do seu grupo sem que fosse necessrio conhecerem ou-

    tros membros deste, ou saberem que caractersticas os

    diferenciavam de outros grupos. Em suma, a simples exis-

    tncia de rtulos, de categorias sociais que dividam as

    pessoas (mesmo que essa diviso seja praticamente alea-

    tria) frequentemente condio suficiente para que se

    observe o favorecimento dos grupos aos quais pertence-

    mos em prejuzo de outros. A metodologia que permitiu

    testar este fenmeno designa-se paradigma dos grupos

    mnimos.

    Desde a experincia original, muitas verses des-te paradigma surgiram, no entanto a experincia de base

    (Tajfel, et al, 1971) consiste numa primeira fase, a chama-

    da fase de categorizao, em que os indivduos respon-

    dem a um teste de personalidade fictcio que os classifica

    num dado grupo. No caso citado, os participantes expres-sam a sua preferncia por uma srie de quadros de Kan-

    disky e Klee, e no final da tarefa -lhes comunicado que

    pertencem ao grupo Klee ou ao grupo Kandisky. Numa

    segunda fase pedido aos participantes que distribuam

    pontos entre os dois grupos (o seu e o outro). Esta distri-

    buio de pontos est organizada em matrizes que permi-

    tem atingir objectivos diferentes, nomeadamente a maxi-

    mizao do lucro para o prprio grupo ou a maximizao

    das diferenas entre os dois grupos, sendo que esta lti-

    ma opo implica que os lucros objectivos do prprio gru-

    po sejam inferiores primeira. Os resultados mostram de

    forma clara e consistente o que ficou conhecido com en-

    viesamento pro-endogrupo, isto , a preocupao em

    favorecermos o nosso grupo pela maximizao de diferen-

    as com outros grupos, independentemente do lucro ob-

    jectivo.

    Estes so dados a considerar quando tentamoscompreender as complexidades das negociaes in-

    tergrupais que, pelo simples facto de envolverem grupos,

    devem ter em conta o comportamento dos negociadoresenquanto membros de uma categoria social que est sali-

    ente. claramente o que podemos constatar, por exem-

    plo, no contexto Israelo-Palestiniano, em que cada indiv-

    duo com quem se contacta no dia-a-dia , antes de mais,

    categorizado em funo da sua pertena a um dos dois

    grupos envolvidos no conflito.

    A representao

    Um outro aspecto a ter em conta quando anali-samos situaes de conflito intergrupal, e suas conse-

    quentes tentativas de resoluo atravs do dilogo, que

    nem todos os membros de cada grupo podem estar pre-

    sentes na mesa de negociaes. Regra geral os grupos

    escolhem determinados membros como seus represen-

    tantes, incumbindo estes da tarefa especfica de conseguir

    o melhor acordo para o seu grupo.

    Na linha do que vem sendo referido, estes indiv-duos encontrar-se-o, aquando da negociao, numa

    situao em que a sua identidade grupal estar saliente e,

    por conseguinte, comportar-se-oantes de mais enquanto

    membros do grupo que representam.

    Para alm dos grupos aos quais pertencemosserem uma fonte de informao sobre quem somos, por-

    que nos inserem em categorias, tambm o a posio

    que ocupamos no seu interior. No seu modelo do Valor do

    Grupo, Lind e Tyler (1988) postulam que do respeito e

    valor que os membros do nosso grupo nos atribuem, reti-

    In-Mind_Portugus, 2010, Vol.1, N. 1, 1-6 Hag e Garcia-Marques, A criana dentro de ns 9In-Mind_Portugus , 2010, Vol.1, N. 1, 7-12 Teixeira, Negociaes intergrupais: Puzzles de 1000 e muitas peas

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    ramos parte do valor que atribumos a ns mesmos. Desta

    forma, um dos objectivos dos membros de um grupo

    atingir o melhor estatuto possvel no seu seio. Os indivdu-

    os podem utilizar diferentes estratgias para conseguir um

    bom estatuto, e, uma situao em que so representantes

    do seu grupo numa negociao uma ocasio ideal para

    mostrar ao grupo a sua lealdade. claro que esta oportu-

    nidade pode tambm tornar-se um risco. Assim como

    uma boa performance, isto , um bom acordo, pode valo-

    rizar o representante aos olhos do grupo, um acordo queos membros do grupo estimem como mau, ter a conse-

    quncia contrria. Em vrios estudos levados a cabo des-

    de 1970 foi demonstrado que a simples presena do gru-

    po como observador/avaliador dos seus negociadores

    gera, da parte dos ltimos, comportamentos mais rgidos,

    competitivos e, consequentemente, mais dificuldade em

    atingir acordos e facilitar o ganho mtuo (ex., Benton e

    Druckman, 1974). Van Kleef, Steinel, van Knippenberg,

    Hogg e Svensson (2007) analisaram estes efeitos de audi-

    ncia numa experincia em que os participantes deveriamrepresentar o seu grupo numa negociao com outro gru-

    po. Os grupos foram criados segundo o paradigma dos

    grupos mnimos e cada participante recebeu, no s in-

    formao sobre a sua pertena grupal, mas tambm sobre

    o estatuto que ocupava no seio do seu grupo. De forma

    aleatria, foi dito a uns participantes que tinham maioritari-

    amente caractersticas do grupo ao qual pertenciam e a

    outros que, apesar de pertencerem ao grupo em questo,

    no eram muito tpicos deste. Os resultados revelaram

    que, quando o grupo era atractivo para os participantes e

    quando estes sabiam que o resto do grupo conheceria oseu desempenho, os participantes atpicos se comporta-

    ram de forma mais competitiva na negociao com o ou-

    tro grupo do que os tpicos. Estes resultados dizem-nos

    que nem todos os membros de um grupo se comportam

    da mesma forma quando chamados a representar o

    grupo e que estas diferenas de comportamento podem

    originar resultados finais substancialmente diferentes.

    Para alm de exibirem comportamentos diferen-tes, membros tpicos e atpicos so seleccionados comorepresentantes em situaes diferentes. Recentemente,

    Teixeira, Demoulin & Yzerbyt (em reviso) demonstraram

    em duas experincias que em negociaes puramente

    materiais entre grupos, isto , em que o mais importante

    o ganho absoluto, os indivduos preferem representantes

    que, sendo atpicos do seu prprio grupo, so mais pr-

    ximos do outro grupo. No entanto, em negociaes em

    que o que est em jogo no s material mas tambm

    toca a imagem ou o valor da identidade do grupo, os re-

    presentantes escolhidos tendem a ser mais tpicos do

    grupo ou mais extremos nas suas posies do que noprimeiro caso. Este tipo de negociaes em que divises

    de recursos se misturam com simbolismos e valores dos

    grupos envolvidos, o que encontramos na maioria dos

    conflitos internacionais mais graves e duradouros e o

    ultimo ponto que abordaremos.

    A simbolizao de bens e recursos materiais

    Uma outra consequncia da salincia da nossapertena grupal, que extremamente importante na anli-

    se de conflitos internacionais, o facto de que os recursos

    materiais em negociao, como por exemplo o territrio,

    adquirem, muitas vezes, valor simblico pela sua associa-

    o identidade do grupo. De facto, se pensarmos em

    conflitos como aqueles que se vivem em Israel, no Pas

    Basco ou na Osstia do Sul, deparamo-nos com situa-

    es de difcil resoluo, precisamente porque os recursos

    territoriais em questo so vistos pelos grupos envolvidos

    como representativos da identidade do grupo, e, conse-quentemente, percepcionados como bens indivisveis, isto

    , no negociveis. Recentemente Ledgerwood, Liviatan e

    Carnevale (2007) demonstraram, numa interessante srie

    de estudos, que esta supervalorizao de recursos mate-

    riais ocorre quando estes esto associados histria dos

    grupos e tanto maior quanto maior o comprometimen-

    to dos indivduos com o seu grupo e quanto mais a identi-

    dade do grupo estiver ameaada, ou seja, quanto mais

    esteja em causa o valor do grupo.

    In-Mind_Portugus, 2010, Vol.1, N. 1, 1-6 Hag e Garcia-Marques, A criana dentro de ns 10In-Mind_Portugus , 2010, Vol.1, N. 1, 7-12 Teixeira, Negociaes intergrupais: Puzzles de 1000 e muitas peas

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    Para alm desta mensagem geral, h um dadointeressante a reter dos estudos em questo. Num dos

    estudos apresentados, os autores apresentaram a quatro

    grupos de participantes israelitas um mesmo edifcio loca-

    lizado em Jerusalm. Consoante os grupos, o edifcio foi

    descrito como ligado histria do grupo dos participantes,

    histria do grupo com o qual esto em conflito (palestini-

    ano), histria de ambos ou de nenhum. Curiosamente,

    mais do que os participantes que avaliaram o edifcio

    quando associado apenas histria do seu grupo, foramos indivduos confrontados com o edifcio em associao

    aos dois grupos que mais valor lhe atriburam. Estes resul-

    tados ajudam a compreender a especial intransigncia

    negocial constatada em contextos de conflito em que as

    partes envolvidas percepcionam o objecto de negociao

    como de alguma formapertencente seu grupo. Esta asso-

    ciao de um recurso que os membros de um grupo vem

    como seu a um outro grupo representa uma ameaa es-

    pecialmente importante identidade do grupo, dado que,

    por um lado, pe em causa o valor do grupo (uma vezque, como vimos anteriormente tendemos a valorizar os

    grupos aos quais pertencemos e a desvalorizar aqueles

    dos quais no fazemos parte) e por outro questiona a dis-

    tino entre as identidades dos grupos envolvidos.

    Apenas algumas das contribuies da PsicologiaSocial para a anlise de conflitos e negociaes intergru-

    pais foram aqui descritas, haveria muitas outras... no se

    pretende, no entanto, fornecer uma anlise irrepreensvel

    destas situaes, tarefa que se revelaria impossvel de

    concretizar. A mensagem que pretendemos passar queestas so situaes extremamente complexas e que, ape-

    sar de os tradicionais manuais de negociao serem im-

    portantes para a anlise e resoluo de conflitos, benefici-

    ariam com a integrao destes e de outros mecanismos.

    Podero faz-lo a partir de uma perspectiva que tenha em

    conta, por exemplo, que os indivduos envolvidos nestes

    conflitos (soldados sem rosto ou representantes polticos)

    agem enquanto membros de um grupo, e que esta cate-

    gorizao poder ser suficiente para gerar comportamen-

    tos de competio e de favorecimento exclusivo do seugrupo, contribuindo assim para a desmistificao da divi-

    so entre Bem-Mal. Para alm disso, h que considerar

    que, muitas vezes, podemos estar a tentar dividir o que as

    partes vem como indivisvele a sujeitar representantes a

    presses antagnicas: por um lado tendo de se mostrar

    comprometidos com o seu grupo (e isso frequentemente

    conseguido mostrando comportamentos de competio);

    por outro lado, tendo necessariamente de ser cooperati-

    vos para com a outra parte para que a negociao tenha

    sucesso.

    Em jeito de concluso, achamos ser indispens-vel a considerao destes e de outros fenmenos em dois

    planos por vezes separados mas que na realidade so

    indissociveis: o plano conceptual, terico, da pura com-

    preenso dos mecanismos psicolgicos e sociais em jogo,

    e o plano aplicado, prtico, da anlise e interveno em

    situaes de conflito internacional.

    Glossrio

    Negociao: discusso entre duas ou mais partes tendo

    como objectivo a conciliao de objectivos incompatveis

    (Pruitt & Carnevale, 1993).

    Prottipo: o melhor exemplar de uma categoria, isto , a

    representao do membro de um grupo que melhor rena

    as caractersticas comuns e distintivas dos membros de

    um grupo. Cada exemplar concreto comparado a estarepresentao e pode assim ser percepcionado como

    mais ou menos prototpico dependendo do seu grau de

    correspondncia ao prottipo.

    Enviesamento pro-endogrupo: juzo subjectivo que

    reflecte a tendncia para os indivduos avaliarem os grupos

    a que pertencem de forma sistematicamente melhor que

    aqueles aos quais no pertencem. O termo vlido para

    os grupos como unidades, assim como para os seus res-

    pectivos membros.

    In-Mind_Portugus, 2010, Vol.1, N. 1, 1-6 Hag e Garcia-Marques, A criana dentro de ns 11In-Mind_Portugus , 2010, Vol.1, N. 1, 7-12 Teixeira, Negociaes intergrupais: Puzzles de 1000 e muitas peas

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    Efeitos de audincia: modificao indirecta do compor-

    tamento do negociador pela simples presena de outras

    partes na negociao, estas partes podem ser os indiv-

    duos ou o grupo representado pelo negociador, mas tam-

    bm, observadores externos que podero ou no ser

    afectados pelos resultados.

    Referncias

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    gaining orientation and intergroup negotiations. Journal of

    Applied Psychology, 4, 141-150.

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    categorization theory. Cambridge, MA US: Basil Blackwell.

    Teixeira, C. P., Demoulin, S., Yzerbyt, V. Y. (em reviso).

    Choosing the best means to an end: the influence of in-

    group goals on the selection of representatives in inter-

    group negotiations.

    van Kleef, G. A., Steinel, W., van Knippenberg, D., Hogg,

    M. A., & Svensson, A. (2007). Group member prototopical-

    ity and intergroup negotiation: How ones standing in the

    group affects negotiation behaviour.British Journal of So-

    cial Psychology, 46, 129-152.

    Autora

    Ctia P. Teixeira obteve a

    licenciatura em Psicologia na

    Universidade do Porto e nes-

    te momento doutoranda em

    psicologia social na Universit

    Catholique de Louvain, na Bl-

    gica. A sua investigao procu-

    ra analisar o impacto de vari-

    veis tradicionalmente estuda-

    das em Psicologia Social das

    relaes intergrupais em contextos de negociaes entre

    dois grupos. Mais especificamente, interessa-se pelos

    processos de seleco de representantes em funo do

    tipo de objectivo dos grupos em negociao. Para alm

    disso, procura analisar a influncia de diferentes tipos derepresentantes na imagem veiculada do grupo, assim

    como nos resultados finais das negociaes.

    E [email protected]

    In-Mind_Portugus, 2010, Vol.1, N. 1, 1-6 Hag e Garcia-Marques, A criana dentro de ns 12

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