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1ª. Etapa do Exame de Ordem Direito Tributário ABR/2013 Prof. Dalmiro Camanducaia 1 IMPOSTOS EM ESPÉCIE

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1ª. Etapa do Exame de Ordem Direito Tributário ABR/2013 Prof. Dalmiro Camanducaia

1

IMPOSTOS EM ESPÉCIE

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1ª. Etapa do Exame de Ordem Direito Tributário ABR/2013 Prof. Dalmiro Camanducaia

2

Sumário IMPOSTOS EM ESPÉCIE ................................................................... 5

1 - IMPOSTOS DE COMPETÊNCIA DA UNIÃO. ...................................... 5

1.1 - IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO ......................................... 5

1.1.1 - FATO GERADOR .................................................................... 6

1.1.2 - BASE DE CÁLCULO ................................................................ 9

1.1.3 - OUTROS IMPOSTOS ............................................................. 10

1.1.4 - ALTERAÇÃO DE ALÍQUOTAS .................................................. 11

1.1.5 - CONTRIBUINTE ................................................................... 12

1.2 - IMPOSTO SOBRE A EXPORTAÇÃO. ............................................ 16

1.2.1 – FATO GERADOR .................................................................. 17

1.2.2 - BASE DE CÁLCULO ............................................................... 18

1.2.3 – ALÍQUOTAS ........................................................................ 18

1.2.4 – CONTRIBUINTE ................................................................... 19

1.2.5 – JURISPRUDÊNCIA ................................................................ 19

1.3 - IMPOSTO SOBRE A RENDA E PROVENTOS DE QUALQUER

NATUREZA. ................................................................................... 20

1.3.1 – FATO GERADOR .................................................................. 21

1.3.2 – BASE DE CÁLCULO .............................................................. 27

1.3.3 – ALÍQUOTAS ........................................................................ 31

1.4 - IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS ..................... 33

1.4.1 - SELETIVIDADE .................................................................... 33

1.4.2 - ENTRADAS ONERADAS E SAÍDAS NÃO ONERADAS .................. 34

1.4.3 - ENTRADAS NÃO ONERADAS E SAÍDAS ONERADAS .................. 36

1.4.4 – BENS DE CAPITAL ............................................................... 37

1.4.5 – FATO GERADOR .................................................................. 38

1.4.6 – CONTRIBUINTES ................................................................. 39

1.4.7 – BASE DE CÁLCULO .............................................................. 39

1.4.8 – ALÍQUOTAS ........................................................................ 40

1.5 - IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS. ............................ 40

1.5.1 – FATO GERADOR .................................................................. 41

1.5.2 – BASE DE CÁLCULO .............................................................. 42

1.5.4 – SÚMULAS ........................................................................... 42

1.6 - IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL. ............. 43

1.6.1 – FATO GERADOR .................................................................. 44

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1ª. Etapa do Exame de Ordem Direito Tributário ABR/2013 Prof. Dalmiro Camanducaia

3

1.6.2 – BASE DE CÁLCULO .............................................................. 45

1.6.3 – CONTRIBUINTES ................................................................. 45

1.6.4 – ALÍQUOTAS ........................................................................ 46

1.7 – IMPOSTO SOBRE GRANDES FORTUNAS .................................... 47

2 - IMPOSTOS ESTADUAIS .............................................................. 47

2.1 – IMPOSTO SOBRE TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS E DOAÇÕES ..... 47

2.1.1 – FATO GERADOR .................................................................. 47

2.1.2 – COMPETÊNCIA .................................................................... 48

2.1.3 - ALÍQUOTAS ........................................................................ 48

2.1.4 – CONTRIBUINTES ................................................................. 49

2.1.5 – SÚMULAS ........................................................................... 49

2.2– IMPOSTO A CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS ........... 50

2.2.1– FONTES .............................................................................. 50

2.2.3 LANÇAMENTO ........................................................................ 54

2.2.4 CONTRIBUINTES E RESPONSÁVEIS .......................................... 54

2.2.5 – BASE DE CÁLCULO .............................................................. 55

2.2.6 – SITUAÇÕES ESPECÍFICAS .................................................... 58

2.2.6 – IMUNIDADES ...................................................................... 64

2.2.8 – NÃO CUMULATIVIDADE ........................................................ 67

2.2.9 – BENEFÍCIOS FISCAIS RELATIVOS AO ICMS ............................ 70

2.2.10 – ICMS NA IMPORTAÇÃO ...................................................... 70

2.3 – IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE DE VEÍCULOS AUTOMOTORES 71

2.3.1– FONTES .............................................................................. 71

2.3.2 – FATO GERADOR .................................................................. 71

2.3.3 LANÇAMENTO ........................................................................ 72

2.3.4 CONTRIBUINTES E RESPONSÁVEIS .......................................... 72

2.3.5 – DA BASE DE CÁLCULO ......................................................... 72

2.3.6 – DAS ALÍQUOTAS ................................................................. 72

3 - IMPOSTOS MUNICIPAIS ............................................................. 72

3.1 - IMPOSTO SOBRE A TRANSMISSÃO DE BENS IMÓVEIS POR ATO

ONEROSO INTER VIVOS .................................................................. 73

3.1.1 – FONTES ............................................................................. 73

3.1.2 – CARACTERÍSTICAS BÁSICAS ................................................ 75

3.1.3 – LANÇAMENTO ..................................................................... 75

3.1.4 – FATO GERADOR .................................................................. 76

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3.1.5 – SITUAÇÕES ESPECÍFICAS .................................................... 77

3.1.6 – IMUNIDADE ........................................................................ 78

3.1.7 – SUJEITOS........................................................................... 79

3.1.8 – BASE DE CÁLCULO .............................................................. 79

3.1.9 – ALÍQUOTAS ........................................................................ 79

3.1.10 – SÚMULAS ......................................................................... 79

3.2 - IMPOSTO PREDIAL E TERRITORIAL URBANO – IPTU ................... 80

3.2.1 – CARACTERÍSTICAS BÁSICAS ................................................ 81

3.2.2 – LANÇAMENTO ..................................................................... 82

3.2.3 – FATO GERADOR .................................................................. 83

3.2.4 – SUJEITOS........................................................................... 84

3.2.5 – BASE DE CÁLCULO .............................................................. 86

3.2.6 – PROGRESSIVIDADE EXTRAFISCAL ......................................... 87

3.2.7– SÚMULAS ............................................................................ 87

3.3 - IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS .................................................... 88

3.3.1– FONTES .............................................................................. 88

3.3.2 – CARACTERÍSTICAS BÁSICAS ................................................ 89

3.3.3 – LANÇAMENTO ..................................................................... 91

3.3.4 – FATO GERADOR .................................................................. 91

3.3.5 – OPERAÇÕES MISTAS ........................................................... 93

3.3.6 – SITUAÇÕES ESPECÍFICAS .................................................... 94

3.3.7 – SUJEITOS........................................................................... 98

3.3.8 – BASE DE CÁLCULO ............................................................ 101

3.3.9 – SÚMULAS ......................................................................... 102

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IMPOSTOS EM ESPÉCIE

Antes de iniciar o estudo dos impostos em espécie é necessário saber que a definição dos elementos essenciais dos impostos constitui reserva de lei

complementar.

Art. 146. Cabe à lei complementar:...

III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre:

a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores,

bases de cálculo e contribuintes;

1 - IMPOSTOS DE COMPETÊNCIA DA UNIÃO.

Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: I - importação de produtos estrangeiros;

II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados;

III - renda e proventos de qualquer natureza; IV - produtos industrializados; V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a

títulos ou valores mobiliários; VI - propriedade territorial rural;

VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar.

1.1 - IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO

Fundamento: CF, 153, I Norma Geral: CTN, 19 a 22 Norma Específica: DL 37/66 (recepcionada com status de lei ordinária)

A competência tributária relativa ao Imposto de Importação foi outorgada à

União nos termos art. 153, I da CF, cabendo relembrar que constitui exceção aos princípios da anterioridade (CF, 150, III, b e c) e da legalidade (CF, 150, I).

Suas normas gerais encontram-se nos artigos 19 a 22 do CTN. O imposto

foi instituído pelo DL 37/66 (ainda em vigor) e o Regulamento Aduaneiro está veiculado pelo Decreto 4.543/02.

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1.1.1 - FATO GERADOR

Art. 19. O imposto, de competência da União, sobre a importação de produtos estrangeiros tem como fato

gerador a entrada destes no território nacional.

Seu fato gerador é a entrada de produto produzido fora do território nacional, entendendo-se por produto qualquer bem independentemente de sua destinação (matéria prima, mercadoria ou destinada ao consumo). O DL

37/66 usa o termo “mercadoria” que deve ser entendido como “produto” para se ajustar ao texto constitucional.

Cabe dizer que essa entrada deve ter por objetivo a agregação do produto à economia nacional, o que afasta dessa tributação as

mercadorias em trânsito1.

O Regulamento Aduaneiro deixa claro que a entrada em território nacional de que trata o art. 19 do CTN é o território aduaneiro:

Art. 72. O fato gerador do imposto de importação é a entrada de mercadoria estrangeira no território aduaneiro.

“...o Regulamento Aduaneiro adota um conceito administrativo

considerando território aduaneiro aquele sobre o qual a Aduana tem jurisdição. Esse conceito abrange apenas o território geográfico, excluído o que, por extraterritorialidade, é considerado território pátrio.”2

Hugo de Brito Machado3 adverte que não se deve confundir a ocorrência

do fato gerador com sua formalização (documentação). Por uma questão de praticabilidade, em decorrência de uma ficção, para

fins de fixação da legislação aplicável, o momento de ocorrência do fato restou definido pela lei.

II

FG

FG ocorrência

entrada

registro da DI

II

Considera-se ocorrido fato gerador na data do registro da declaração de importação para fins de despacho aduaneiro junto à autoridade

alfandegária, nos termos do Decreto-Lei 37/66, verbis:

1Exemplos: entrada de carros de turista, de obras de arte para exposição temporária. 2 (Souza, 1998) 3 (Machado, 1997)

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Art. 23. Quando se tratar de mercadoria despachada para

consumo, considera-se ocorrido o fato gerador na data do registro, na repartição aduaneira, da declaração a que se refere o art. 44.

(...) Art. 44. Toda mercadoria procedente do exterior por

qualquer via, destinada a consumo ou a outro regime, sujeita ou não ao pagamento do imposto, deverá ser submetida a despacho aduaneiro, que será processado

com base em declaração apresentada à repartição aduaneira no prazo e na forma prescritos em regulamento.

“O despacho aduaneiro tem por finalidade verificar a exatidão dos dados declarados pelo exportador ou importador em relação à mercadoria

exportada ou importada, aos documentos apresentados e à legislação vigente, com vistas ao desembaraço. Em virtude do desembaraço é

autorizada a saída da mercadoria para o exterior, no caso de exportação, ou a entrega da mercadoria ao importador, no caso de importação.

O despacho aduaneiro é processado com base em declaração formulada pelo exportador ou importador. Com base nas informações prestadas, são

calculados os tributos porventura devidos e efetuados os controles administrativos e o controle cambial das operações de comércio exterior.”4

Para fins tributários, a operação de importação começa com o registro da declaração de importação (DI) no SISCOMEX (Sistema Integrado de

Comércio Exterior).

Com base nessas informações, três órgãos analisam, em tempo real, as informações relativas à operação. São eles:

Importação

Secretaria de Comércio Exterior

Secretaria da Receita Federal

Banco Central

documentação

tributos

moedas

Importação

É também na data de registro da declaração que o Imposto de Importação deve ser pago por meio eletrônico (débito em conta), valendo, para fins de apuração do valor devido, a legislação vigente nessa data.

4

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Despachocomumespecial

comércio

indústria

consumo

produtos em trânsito

admissão temporária

drawback

Zona Franca

Duty Free

Despacho

Nas hipóteses de admissão temporária os produtos entram no território

nacional não para ser integrados à economia interna. Ocorre a suspensão dos tributos incidentes até que ocorra a volta à origem. Ex: carros e

equipamentos da Fórmula 1. Drawback é uma forma de incentivar as exportações. Os insumos a serem

aplicados em produto destinado à exportação são importados com suspensão dos tributos. Ex: placa-mãe de computador nacional destinado à

exportação. As indústrias localizadas em Zona Franca podem importar insumos com

isenção de Imposto de Importação e Imposto sobre Produtos industrializados.

As chamadas lojas Duty Free tem por objetivo manter a moeda estrangeira no território nacional (gasta-se aqui ao invés de gastar fora do país) e para

tanto comercializa produtos importados sem qualquer tributação.

Para fins de caracterização do fato gerador, o DL 37/66 em seu art. 1º. dispõe que:

§ 1º - Para fins de incidência do imposto, considerar-se-á também estrangeira a mercadoria nacional ou

nacionalizada exportada, que retornar ao País, salvo se: a) enviada em consignação e não vendida no prazo autorizado;

b) devolvida por motivo de defeito técnico, para reparo ou substituição;

c) por motivo de modificações na sistemática de importação por parte do país importador; d) por motivo de guerra ou calamidade pública;

e) por outros fatores alheios à vontade do exportador. § 2º - Para efeito de ocorrência do fato gerador, considerar-

se-á entrada no Território Nacional a mercadoria que constar como tendo sido importada e cuja falta venha a ser apurada

pela autoridade aduaneira. § 3º - Para fins de aplicação do disposto no § 2º deste artigo, o regulamento poderá estabelecer percentuais de

tolerância para a falta apurada na importação de granéis que, por sua natureza ou condições de manuseio na

descarga, estejam sujeitos à quebra ou decréscimo de quantidade ou peso.

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§ 4o O imposto não incide sobre mercadoria estrangeira:

I - I – destruída sob controle aduaneiro, sem ônus para a Fazenda Nacional, antes de desembaraçada; II - em trânsito aduaneiro de passagem, acidentalmente

destruída; ou III - que tenha sido objeto de pena de perdimento, exceto

na hipótese em que não seja localizada, tenha sido consumida ou revendida.

Em regra, a mercadoria nacional já exportada que retorne ao país é considerada estrangeira para fins de incidência do imposto de importação,

observadas as exceções trazidas no DL 37/66. O § 2º faz presunção da importação de mercadoria que conste como

importada e cuja falta seja apurada.

Se assim não fosse, precário seria o controle aduaneiro. Imagine que tenham saído de determinado país com destino ao Brasil, 1000 placas de

computador. Quando da realização do despacho aduaneiro, a autoridade constatasse a existência de apenas 500. Não é muito difícil imaginar que as 500 placas faltantes tentam sido desembarcadas por caminhos transversos.

Por outro lado, em se tratando de mercadoria a granel (milho, soja, minério e outros) é natural a existência de diferença entre a quantidade tida como

importada e a mercadoria efetivamente descarregada; é a chamada “quebra”. Essa diferença pode resultar, em outros fatores, do próprio processo de descarga (certa quantidade ficou no porão da embarcação, por

exemplo).

Como já visto, é considerada importada a mercadoria que entre no país com objetivo de integrada à economia nacional. No entanto, pode acontecer de a mercadoria estrangeira estar de passagem pelo país, sem a ele se destinar.

Imagine, como exemplo, que o produto, produzido no Paraguai, venha a ser

exportado através do porto de Santos. Nessa hipótese, o produto ingressará no país mas não com objetivo de aqui permanecer, está realmente de passagem , ou seja, em trânsito. Essa passagem ocorrerá sob o controle da

autoridade aduaneira e recebe o nome de “trânsito aduaneiro”.

Art.73 - O regime de trânsito é o que permite o transporte de mercadoria sob controle aduaneiro, de um ponto a outro do território aduaneiro, com suspensão de tributos.

Parágrafo único. Aplica-se, igualmente, o regime de trânsito ao transporte de mercadoria destinada ao exterior.

1.1.2 - BASE DE CÁLCULO

Art. 20. A base de cálculo do imposto é:

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I - quando a alíquota seja específica, a unidade de medida

adotada pela lei tributária; II - quando a alíquota seja ad valorem, o preço normal que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da importação,

em uma venda em condições de livre concorrência, para entrega no porto ou lugar de entrada do produto no País;

III - quando se trate de produto apreendido ou abandonado, levado a leilão, o preço da arrematação.

A alíquota do Imposto de Importação pode ter natureza ad valorem ou específica. A alíquota ad valorem incide sobre o valor da importação. Nessa

hipótese, a base de cálculo é o valor aduaneiro, não importando o valor atribuído ao negócio jurídico realizado.

“O valor aduaneiro das mercadorias importadas significa o valor das mercadorias para fins de incidência de direitos aduaneiros ad valorem sobre

mercadorias importadas. Na maioria das vezes, o valor aduaneiro da mercadoria é encontrado a partir do seu valor FOB (Free on Board),

acrescido dos valores do frete e seguro internacionais, convertendo-se esses valores para Reais, por meio da taxa de câmbio do dia do registro da importação. O Imposto de Importação é calculado pela aplicação das

alíquotas fixadas na Tarifa Externa Comum do Mercosul (TEC) sobre o valor aduaneiro.”5

Tratando-se de aplicação de alíquota específica, a lei fixa um valor por determinada unidade considerada (Ex: R$ 0,20/maço de 20 cigarros).

Nessa hipótese, a base de cálculo a considerar será a quantidade importada sem importar o valor do produto tributado.

Sendo a base de cálculo expressa em moeda estrangeira, a conversão em moeda nacional se dá pela cotação do câmbio vigente na data da ocorrência

do fato gerador, ou seja, data do registro da guia de importação, em virtude da observância do art. 143 do CTN.

1.1.3 - OUTROS IMPOSTOS

Como forma de proteger a indústria nacional, as operações de importação são oneradas com a imposição de impostos internos tais como o IPI e o

ICMS. Na importação, a base de cálculo do IPI equivale à soma do valor aduaneiro

e do valor do imposto de importação.

Valor da Mercadoria 100,00

Frete 5,00

Seguro 2,00

5 http://www4.receita.fazenda.gov.br/simulador/glossario.html

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Valor Aduaneiro 107,00

II 10,70

Base de Cálculo do IPI

117,70

Para o ICMS, a base de cálculo é determinada pelo disposto na LC 87/96:

Art. 13. A base de cálculo do imposto é: ... a) o valor da mercadoria ou bem constante dos documentos

de importação, observado o disposto no art. 14; b) imposto de importação; c) imposto sobre produtos industrializados;

d) imposto sobre operações de câmbio; e) quaisquer outros impostos, taxas, contribuições e

despesas aduaneiras;

Valor da Mercadoria 100,00

Frete 5,00

Seguro 2,00

Valor Aduaneiro 107,00

II 10,70

Base de Cálculo do IPI 117,70

IPI 11,77

Taxas Siscomex 0,53

Contribuições 5,00

Base de Cálculo ICMS

135,00

1.1.4 - ALTERAÇÃO DE ALÍQUOTAS

Art. 21. O Poder Executivo pode, nas condições e nos limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas ou as bases

de cálculo do imposto, a fim de ajustá-lo aos objetivos da política cambial e do comércio exterior.

O art. 21 do CTN traz condições para o Imposto de Importação cumpra sua função extrafiscal, servindo de elemento que visa à consecução dos

objetivos traçados na política cambial e fazer face às necessidades decorrentes da regulação econômica.

Verifica-se que o art. 21 do CTN autoriza que o Executivo altere, não só as alíquotas como também as bases de cálculo desse imposto.

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12

A Constituição, no § 1º. do art. 153, somente faculta ao Executivo a

alteração de alíquotas do Imposto de Importação, sendo silente quanto à alteração de base de cálculo.

À míngua de suporte constitucional é de se concluir que a autorização contida no art. 21 do CTN para que o Executivo venha a alterar bases de

cálculo do Imposto de Importação não foi recepcionada pela Constituição de 88.

Note que a Constituição facultou ao Poder Executivo alterar as alíquotas do II e essa faculdade, normalmente, é exercida por meio de decretos. No

entanto, o STF6 reconheceu a possibilidade de Resolução da CAMEX – Câmara de Comércio Exterior alterar tais alíquotas.

1.1.5 - CONTRIBUINTE

Art. 22. Contribuinte do imposto é: I - o importador ou quem a lei a ele equiparar;

II - o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados

São equiparados a contribuinte do Imposto sobre Importação (DL 37/66):

Art. 31. É contribuinte do imposto:

I - o importador, assim considerada qualquer pessoa que promova a entrada de mercadoria estrangeira no Território Nacional;

II - o destinatário de remessa postal internacional indicado pelo respectivo remetente;

III - o adquirente de mercadoria entrepostada. São responsáveis (DL 37/66):

Art. 32. É responsável pelo imposto:

I - o transportador, quando transportar mercadoria procedente do exterior ou sob controle aduaneiro, inclusive em percurso interno;

II - o depositário, assim considerada qualquer pessoa incumbida da custódia de mercadoria sob controle

aduaneiro. Parágrafo único. É responsável solidário: I - o adquirente ou cessionário de mercadoria beneficiada

com isenção ou redução do imposto; II - o representante, no País, do transportador estrangeiro;

III - o adquirente de mercadoria de procedência estrangeira, no caso de importação realizada por sua conta e ordem, por intermédio de pessoa jurídica importadora.

6 RE 570.680

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O lançamento ocorre, em regra, por homologação. 1.1.6 – JURISPRUDÊNCIA

Erro de fato e retificação de lançamento

Determinada indústria farmacêutica importou substância X que regularmente despachada, foi tributada pelo Imposto de Importação à

alíquota hipotética de 10%, sendo certo que os tributos incidentes foram regularmente recolhidos. Passados mais de dois anos, a Receita Federal, em

virtude de nova classificação tarifária, notificou o importador do lançamento complementar baseado na alegação de que houve erro de classificação quando despacho aduaneiro. Na verdade a alíquota incidente do II era de

20% motivo pelo qual se fez novo lançamento.

O importador resistiu alegando a impossibilidade de alteração de critério jurídico nos termos do art. 146 do CTN:

Art. 146. A modificação introduzida, de ofício ou em consequência de decisão administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento somente pode

ser efetivada, em relação a um mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua

introdução.

Aqui, a Receita Federal alterou critério jurídico adotado, ou seja, inicialmente classificou o produto importado de uma forma e, depois,

alterou essa classificação com consequente majoração do tributo.

Do voto do Min. Luiz Fux temos a explicação do ocorrido:

“Com efeito, consoante se observa houve erro quanto à classificação tarifária da mercadoria desembaraçada cujas características constavam da Declaração de Importação. A mercadoria restou conferida pelo Agente

Fiscal, com suas características específicas, que a identificava para fins da classificação tarifária, e aquela autoridade, ratificou a identificação física

contida na Declaração de Importação. Concluída, a conferência aduaneira, sem impugnação de qualquer espécie, foi o produto desembaraçado e entregue a importador, após pagos os tributos correspondentes.

Consequentemente, deve se presumir que a classificação tarifária indicada na Declaração de Importação estava consoante o enquadramento

damercadoria na tarifa legal.”

O STJ entendeu que essa é uma hipótese de erro de direito, ou seja, erro na aplicação do direito e essa hipótese não autoriza a revisão do

lançamento, a teor do disposto do art. 146 do CTN.

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Para a jurisprudência, a alteração de lançamento por erro na aplicação do

direito equivale a estabelecer novos critérios jurídicos e sua aplicação retroativa encontra impedimento no art. 146 do CTN.

No voto, faz-se ainda alusão à aplicação da Súmula 227 do TFR:

O Acórdão ficou assim ementado:

“Ementa - TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO.

MANDADO DE SEGURANÇA. DESEMBARAÇO ADUANEIRO. CLASSIFICAÇÃO TARIFÁRIA. AUTUAÇÃO POSTERIOR. REVISÃO DE LANÇAMENTO. ERRO DE DIREITO. SÚMULA

227/TRF. PRECEDENTES. 1. "A mudança de critério jurídico adotado pelo fisco não autoriza a revisão do lançamento"

(Súmula 227 do TFR). 2. A revisão de lançamento do imposto, diante de erro de classificação operada pelo Fisco aceitando as declarações do importador, quando do

desembaraço aduaneiro, constitui-se em mudança de critério jurídico, vedada pelo CTN. 3. O lançamento suplementar

resta, portanto, incabível quando motivado por erro de direito. ...”7

Arrematação de mercadoria entrepostada

ENTREPOSTO ADUANEIRO é o regime especial que permite, nas operações

de importação e exportação, o depósito de mercadorias, em local determinado, com suspensão do pagamento de tributos e sob o controle

fiscal.

Na importação, a mercadoria admitida no regime poderá ser nacionalizada pelo importador, consignatário ou adquirente e, em seu nome, despachada para consumo ou exportada.

Imagine que você seja importador tratores agrícolas. Para aproveitar uma promoção especial que reduz em muito preço, você deve importar, de uma única vez, 100 tratores. No entanto, você não tem mercado interno

imediato para vender esses 100 tratores. Assim, você importa em regime de ENTREPOSTO ADUANEIRO, ou seja, os tratores são remetidos para o

Brasil e ficam estocados sob rigoroso controle fiscal. À medida da necessidade, você nacionaliza (efetua o despacho aduaneiro) dos trataores, recolhendo os tributos devidos e tendo a mercadoria liberada.

Enquanto entrepostada a mercadoria ainda não está nacionalizada.

7 REsp 1.112.702

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IMPORTAÇÃOENTREPOSTO

ADUANEIRO

DESPACHO

ADUANEIRO

LIBERAÇÃO DO

PRODUTO

VENDA NO

MERCADO

INTERNO

Pois bem! Determinada pessoa adquiriu em leilão judicial, cerca de 90.000 sacas de arroz importadas sob o regime de entreposto aduaneiro, pelo valor de R$ 750.000,00.

Ao recolher o imposto de importação devido, o fez tendo por base o valor da arrematação, tendo por arrimo o art. 20, III do CTN:

Art. 20. A base de cálculo do imposto é:... III - quando se trate de produto apreendido ou abandonado,

levado a leilão, o preço da arrematação.

No entanto, a União exigiu que o imposto fosse pago tendo por base o valor aduaneiro, ou seja, cerca de R$ 1.700.000,00.

Note que a aplicação do inciso III ocorre em relação a “...apreendido ou abandonado.”.

Do relatório desse recurso temos que:

“A situação apresentada pela recorrente em nada se assemelha, para fins de analogia, com a hipótese contemplada na lei tributária a que se busca

equiparação, pois: a) não se trata de leilão realizado pela autoridade aduaneira, mas pelo Poder Judiciário; e b) não se cuida de mercadoria

abandonada ou objeto de pena de perdimento, mas de mercadoria penhorada em ação de execução.”8

Não se tratando de mercadoria apreendida e levada a leilão (administrativo), aplica-se o inciso I do art. 20 do CTN, ou seja, a base de

cálculo do II será o valor aduaneiro. O acórdão ficou assim ementado:

TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. IMPOSTO DE

IMPORTAÇÃO. BASE DE CÁLCULO. ARREMATAÇÃO DE BEM PENHORADO PELO PODER JUDICIÁRIO. VALOR ADUANEIRO. ART. 20, III, DO CTN (VALOR DA ARREMATAÇÃO).

INAPLICABILIDADE. ...2. Regra geral, nos casos em que a alíquota for ad valorem (art. 20, II, do CTN, art. 2º, II, do

DL 37⁄66, alterado pelo Decreto 2.472⁄88, e 89, II, do Regulamento Aduaneiro) a base de cálculo do imposto de importação corresponde ao preço real da mercadoria, que

deve ser apurado pela autoridade aduaneira em

8 Relatório no REsp 1.089.289

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conformidade com o art. VII do Acordo Geral sobre Tarifas

Aduaneiras e Comércio (GATT). 3. A utilização do preço da arrematação como base de cálculo do imposto de importação restringe-se aos leilões promovidos pela

autoridade aduaneira nos quais são alienados os bens abandonados e aqueles que sofrem apreensão liminar para

posterior imposição de pena de perdimento (art. 20, III, do CTN e art. 63 do Decreto-Lei 37⁄66). 4. A situação apresentada pela recorrente em nada se

assemelha, para fins de analogia, com a hipótese contemplada na lei tributária a que se busca equiparação,

pois: a) não se trata de leilão realizado pela autoridade aduaneira, mas pelo Poder Judiciário; e b) não se cuida de mercadoria abandonada ou objeto de pena de perdimento,

mas de mercadoria penhorada em ação de execução. 5. No caso dos autos não se verifica o proibido emprego de

analogia pelo Fisco para cobrança de tributo a maior (art. 108, § 1º, do CTN), haja vista que a base de cálculo

utilizada na hipótese dos autos (valor aduaneiro) encontra respaldo na legislação de regência. 6. O argumento da recorrente para justificar a equiparação

da penhora à apreensão regulada pela lei tributária em comento, de que não é possível a utilização do valor

aduaneiro, uma vez que ela é "mera arrematante de mercadoria em hasta pública", "totalmente alheia à transação comercial efetuada entre importador e

exportador", encerra, em verdade, pedido de interpretação da lei tributária mediante juízo de equidade, o que é vedado

para fins de dispensa (ou redução) do imposto devido, nos termos do art. 108, § 2º, do CTN....

1.2 - IMPOSTO SOBRE A EXPORTAÇÃO.

Fundamento: CF, 153, II Norma Geral: CTN, 23 a 28

Norma Específica: DL 37/66 (recepcionada com status de lei ordinária)

Previsto no art. 153, II da Constituição, constitui exceção ao princípio da legalidade conforme § 1o do mesmo artigo, ou seja, é permitido que o

Executivo, através de decreto, altere as alíquotas deste imposto, sendo, por essa forma, vedada a alteração de sua base de cálculo.

As normas gerais estão previstas nos artigos 23 a 28 do CTN, sendo regulamentados no Decreto-Lei 1.578/77 que dispõe sobre os elementos do

tributo.

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Tal Decreto-Lei foi recepcionado pela nova ordem constitucional e sofreu

diversas alterações entre as quais, devemos citar as introduzidas pela lei 9.716/98 e MP 2.158-35/2001.

Pela similaridade da matéria tributada, o art. 8o. do DL 1.578/77 assim dispõe:

Art. 8º No que couber, aplicar-se-á, subsidiariamente, ao Imposto sobre a Exportação a legislação relativa ao Imposto

sobre a Importação.

1.2.1 – FATO GERADOR O fato gerador está disposto no art. 23 do CTN:

Art. 23. O imposto, de competência da União, sobre a

exportação, para o estrangeiro, de produtos nacionais ou nacionalizados tem como fato gerador a saída destes do

território nacional. É interessante notar que a expressão “...exportação, para o estrangeiro...”

afasta a hipótese de cobrança de impostos quando os produtos vão de um Estado para outro ou mesmo de um Município para outro. No entanto, a

remessa de produtos para a Zona Franca de Manaus equivale à exportação:

Decreto-Lei 288/67

Art. 4º A exportação de mercadorias de origem nacional para consumo ou industrialização na Zona Franca de

Manaus, ou reexportação para o estrangeiro, será para todos os efeitos fiscais, constantes da legislação em vigor, equivalente a uma exportação brasileira para o estrangeiro.

Produtos nacionais são aqueles produzidos em território nacional e os

nacionalizados são os produtos, em regra, estrangeiros, que entraram no país através de um processo regular de importação.

Art. 212. O imposto de exportação incide sobre mercadoria nacional ou nacionalizada destinada ao exterior.

§ 1º Considera-se nacionalizada a mercadoria estrangeira importada a título definitivo.

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PRODUTO

ESTRANGEIROIMPORTAÇÃO

PRODUTO

NACIONALIZADOEXPORTAÇÃO

INCIDE II INCIDE IE

NACIONALIZAÇÃO

O fato gerador ocorre na data de expedição da guia de exportação.

1.2.2 - BASE DE CÁLCULO

O art. 24 do CTN cuida da base de cálculo nos termos seguintes:

Art. 24. A base de cálculo do imposto é: I - quando a alíquota seja específica, a unidade de medida adotada pela lei tributária;

II - quando a alíquota seja ad valorem, o preço normal que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da exportação,

em uma venda em condições de livre concorrência. Parágrafo único. Para os efeitos do inciso II, considera-se a entrega como efetuada no porto ou lugar da saída do

produto, deduzidos os tributos diretamente incidentes sobre a operação de exportação e, nas vendas efetuadas a prazo

superior aos correntes no mercado internacional, o custo do financiamento. Art. 25. A lei pode adotar como base de cálculo a parcela do

valor ou do preço, referidos no artigo anterior, excedente de valor básico, fixado de acordo com os critérios e dentro dos

limites por ela estabelecidos. Art. 26. O Poder Executivo pode, nas condições e nos limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas ou as bases de

cálculo do imposto, a fim de ajustá-los aos objetivos da política cambial e do comércio exterior.

1.2.3 – ALÍQUOTAS

Os limites a serem observados quando da alteração de alíquotas previstas

no art. 26 do CTN estão dispostos no DL 1.578/77:

Art. 3o A alíquota do imposto é de trinta por cento,

facultado ao Poder Executivo reduzi-la ou aumentá-la, para atender aos objetivos da política cambial e do comércio

exterior.

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Parágrafo único. Em caso de elevação, a alíquota do imposto

não poderá ser superior a cinco vezes o percentual fixado neste artigo.

Note que a alteração das alíquotas está limitada às necessidades dos “...objetivos da política cambial e do comércio exterior.”

1.2.4 – CONTRIBUINTE

O Contribuinte está definido no art. 27 do CTN:

Art. 27. Contribuinte do imposto é o exportador ou quem a lei a ele equiparar.

Os equiparados estão no art. 5o. do DL 1.578/77:

Art. 5º O contribuinte do imposto é o exportador, assim considerado qualquer pessoa que promova a saída do

produto do território nacional.

Art. 28. A receita líquida do imposto destina-se à formação

de reservas monetárias, na forma da lei.

Por força do disposto no inciso IV do art. 167 da Constituição que proíbe a afetação da receita dos impostos, o art. 28 do CTN não foi recepcionado pelo novo texto constitucional.

1.2.5 – JURISPRUDÊNCIA

MAJORAÇÃO DE ALÍQUOTA E FINALIDADE EXTRAFISCAL

A União majorou a alíquota do imposto de exportação de armas e munições para países da América do Sul e Caribe para 150%.

O decreto-lei 1.578 (com a redação que lhe deu a lei 9.716) assim dispôs:

Art. 3o A alíquota do imposto é de trinta por cento, facultado ao Poder Executivo reduzi-la ou aumentá-la, para atender

aos objetivos da política cambial e do comércio exterior. Parágrafo único. Em caso de elevação, a alíquota do imposto

não poderá ser superior a cinco vezes o percentual fixado neste artigo.

Determinado fabricante foi ao Judiciário buscar a invalidação desse aumento alegando que seu objetivo não tinha por objetivo “...atender aos

objetivos da política cambial e do comércio exterior.”

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A União alegou que a majoração tinha por objetivo evitar que armas

brasileiras exportadas para esses países em condições fiscais favoráveis retornassem ao país pela via ilegal do contrabando, sendo essa uma política que atende não só aos objetivos da política cambial mas também de

segurança nacional.

Vale lembrar que as armas para exportação estavam imunes ao IPI e com alíquota zero para o IE.

O STJ sintetizou seu entendimento nos seguintes termos:

“...a majoração da alíquota foi motivada de maneira adequada. O Executivo indicou que a pesada tributação das exportações das armas e dos armamentos (150%) visa a combater o contrabando consistente no retorno

dos produtos para o Brasil. Trata-se de sólida argumentação não apenas atinente à política de comércio exterior, como também à Segurança Pública.

...”9

1.3 - IMPOSTO SOBRE A RENDA E PROVENTOS DE QUALQUER NATUREZA.

O Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza está assim

previsto na Constituição: Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:

(...) III - renda e proventos de qualquer natureza;

(...) § 2º O imposto previsto no inciso III: I - será informado pelos critérios da generalidade, da

universalidade e da progressividade, na forma da lei;

Os conceitos dos critérios apresentados no inciso I do § 2o. devem ser esclarecidos, senão vejamos:

1 -Generalidade: deve atingir todos os contribuintes que venham a praticar o fato gerador do tributo;

2 -Universalidade: deve incidir sobre as espécies de rendimentos, diz respeito à extensão da base de cálculo, impede a diferenciação de rendas.

O IR é dotado de extraterritorialidade, ou seja, até em homenagem ao

princípio da universalidade, não importa o local no qual foi obtida a disponibilidade da renda ou dos outros proventos.

9 REsp 614.890

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3 - Progressividade: a alíquota deve aumentar na medida em que

aumenta a base de cálculo. No campo legal, o IRPF tem arrimo, entre outras, nas leis 7.713/98 e

9.250/95; o IRPJ nas leis 8.981/95 e 9.430/96, ambos regulados pelo Decreto 3.000/99.

1.3.1 – FATO GERADOR

Os fatos geradores estão previstos no art. 43 do CTN, verbis:

Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica:

I - de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos;

II - de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso

anterior. § 1º A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica

ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção.

§ 2º Na hipótese de receita ou de rendimento oriundos do exterior, a lei estabelecerá as condições e o momento em que se dará sua disponibilidade, para fins de incidência do

imposto referido neste artigo.

Exemplos de renda: Comprar um caminhão para prestar serviços: inversão de capital Trabalhar como motorista de caminhão empregado: trabalho

Comprar um caminhão para prestar serviços e dirigir o veículo: combinação de inversão de capital e trabalho.

Os proventos de qualquer natureza estão associados a uma riqueza nova. Só se pode dizer da ocorrência de acréscimo patrimonial se se comparar a

equação patrimonial de uma pessoa em dois momentos diversos.

Seja uma pessoa que possui um patrimônio assim composto num momento P1:

Imóvel 60,00

Veículo 20,00

Dinheiro em espécie 20,00

Total 100,00

Essa pessoa vende o veículo por R$ 20,00 e recebe em dinheiro. A nova composição de seu patrimônio no momento P2 é:

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Imóvel 60,00

Veículo 0,00

Dinheiro em espécie 40,00

Total 100,00

Entre os momentos P1 e P2 não houve acréscimo patrimonial. Houve

somente uma transmutação na composição do patrimônio, ou seja, os R$ 20,00 antes representados por um veículo agora estão representados por

dinheiro. Não há que se falar em ocorrência de fato gerador.

Agora imagine que o veículo tenha sido vendido por R$ 30,00. A composição do patrimônio em P3 será:

Imóvel 60,00

Veículo 0,00

Dinheiro em espécie 50,00

Total 110,00

A operação de venda do veículo por R$ 30,00 implicou um acréscimo patrimonial de R$ 10,00. Nesta hipótese ocorreu o fato gerador do IR.

SITUAÇÕES ESPECÍFICAS

JETOM Nominou-se JETOM o valor recebido pelos parlamentares que comparecem

às sessões extraordinárias.

O STJ entendeu que tais verbas tem natureza indenizatória e por não implicar riqueza nova, não constituem fato gerador do IR.

“Ementa - ... No que toca à natureza da ajuda de custo parlamentar recebida pelo comparecimento a sessões

legislativas extraordinárias, todavia, este Sodalício manifestou-se outrora tratar-se de indenização, em face da recomposição patrimonial que ostenta. Dessarte, não

configura hipótese de incidência do imposto de renda previsto no art. 43 do Código Tributário Nacional, sobretudo

pelo reconhecimento expresso no Texto Constitucional da natureza indenizatória da verba percebida pelo parlamentar

em função de comparecimento a sessões legislativas extraordinárias (art. 57, § 7º, CF⁄88). ...”10

INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL

10 REsp 672.723⁄CE

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Que o dano somente moral é indenizável não há qualquer dúvida. Assunto

que já alimentou muita discussão é saber se o valor recebido a esse título é (ou não é) fato gerador do IR.

Podemos afirmar que o patrimônio é o conjunto de bens e direitos, deduzidas as obrigações de uma determina da pessoa. Então compõe esse

patrimônio direitos de diversas naturezas, inclusive aqueles direitos relativos à honra pessoal, por exemplo.

Seja o patrimônio de um determinado indivíduo assim representado.]

PATRIMÔNIO

Ao impor a alguém um dano de natureza moral, desfalcamos seu patrimônio no que se refere ao seu direito à honra pessoal. O patrimônio em questão

fica desfalcado.

PATRIMÔNIO

DANO MORAL

O tema que animou a discussão diz da impossibilidade se quantificar o dano eminentemente moral, daí a corrente que dizia que qualquer valor recebido

a esse título haveria de implicar acréscimo patrimonial e, por consequência, ser fato gerador do IR.

A solução vem com o reconhecimento da força da coisa julgada, o seja, o magistrado, atribuiu valor a algo que, a princípio, não tinha valor

quantificado. Suponha que o valor do dano moral seja equivalente a R$ 100,00.

PATRIMÔNIO

DANO MORAL

R$ 100,00

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Assim, ao acrescer o valor de R$ 100,00 ao patrimônio desfalcado, retorna-

se ao status quo ante, sem a geração de riqueza nova.

PATRIMÔNIO

O entendimento do STJ pode ser assim sintetizado:

“Ementa - ... Não há como equiparar indenizações com renda, esta entendida como o fruto oriundo do capital e/ou do trabalho, tampouco com proventos, estes tidos como os

demais acréscimos patrimoniais, uma vez que a indenização torna o patrimônio lesado indene11, mas

não maior do que era antes da ofensa ao direito. Não verificada a hipótese de incidência do imposto de renda previsto no art. 43 do CTN. Reconhecida a alegada não-

incidência do tributo em debate sobre as verbas da reparação de danos morais, por sua natureza indenizatória,

não há falar em rendimento tributável, ...”12 Sepultando a discussão, o STJ editou a seguinte súmula:

STJ-498

Não incide imposto de renda sobre a indenização por danos morais.

PLANO DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIA (PDV)

O Min. Luiz Fux assim definiu o PDV:

“Os Programas de Demissão Voluntária - PDV consubstanciam uma oferta pública para a realização de um negócio jurídico, qual seja a resilição ou

distrato do contrato de trabalho no caso das relações regidas pela CLT, ou a exoneração, no caso dos servidores estatutários. O núcleo das condutas

jurídicas relevantes aponta para a existência de um acordo de vontades para por fim à relação empregatícia, razão pela qual inexiste margem para

o exercício de liberalidades por parte do empregador”13 Aderindo ao PDV, o trabalhador abre mão de seu emprego (ou cargo) e, em

troca, para que possa sobreviver, recebe o valor pactuado.

A questão é saber se o valor recebido é (ou não é) fato gerador do IR.

11 que não sofreu perda, dano; livre de prejuízo 12 REsp 402035 13 REsp 940.759

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25

Não decorre de trabalho pois trabalho não haverá mais, descabendo

imaginar ser hipótese de inversão de capital. "De salário não se trata, pois, muito embora corresponda à importância fornecida diretamente ao trabalhador pelo empregador em decorrência do

contrato de trabalho, referido valor não é pago de forma continuada (habitual), nem em função da contraprestação do trabalho, ou da

disponibilidade do trabalhador ou das interrupções contratuais, não se enquadra, portanto, na definição doutrinária de salário. Poder-se-ia imaginar, então, trata-se de um tipo especial de salário, tal como o prêmio

ou a gratificação. Prêmio é o pagamento feito para agraciar o empregado por este ter implementado certas condições anteriormente estabelecidas, ou

seja, depende de o empregado pessoalmente esforçar-se para atingir determinadas metas pré-fixadas. O prêmio só terá natureza jurídica de salário quando for habitual, o que não ocorre na hipótese do valor pago a

título de PDV. A gratificação, por seu turno, depende da vontade do empregador (e não do esforço do trabalhador) e é paga com o intuito de

demonstrar o reconhecimento daquele para o trabalho do empregado, se não for ajustada e não houver habitualidade no pagamento, a gratificação

não será considerada verba salarial. Como se vê, já que não se trata de salário ante a ausência de habitualidade, trata-se, necessariamente, de verdadeira verba indenizatória, paga em uma única ocasião, com o

objetivo de recompor ao patrimônio do trabalhador os prejuízos que este terá em razão da perda do emprego. (Minharro, Erotilde, in "Plano

de Demissão Voluntária", Revista LTr., vol. 67, nº 11, novembro 2003, São Paulo: LTr, 2003)”14

Concluindo;

“7. A indenização pactuada no PDV diverge do conceito de renda e proventos, por representar reconstituição do patrimônio do empregado, para que este possa se manter sem emprego, até que consiga recolocação

no mercado de trabalho. 8. Deveras, tributar a verba paga por adesão ao PDV representa avançar sobre o mínimo vital garantido ao trabalhador

desempregado, situação que fere o princípio da capacidade contributiva.”15

Então, os valores recebidos em virtude adesão a PDV não constituem fato gerador do IR.

STJ-215 A indenização recebida pela adesão a programa de incentivo à demissão

voluntária não está sujeita à incidência do imposto de renda.

MOMENTO DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR

14 REsp 940.759 15 REsp 940.759

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O fato gerador do IR é classificado como COMPLEXIVO pois é constituído por uma série de eventos ocorridos durante um exercício financeiro, assim entendido o prazo de 1º. de janeiro e 31 de dezembro de um mesmo ano.

É necessário fixar uma data para a ocorrência do fato gerador para que se

possa determinar a legislação tributária a ser aplicada (nos termos do art. 144 do CTN) e o STF já fixou essa data em 31.12 de cada ano.

Art. 43. ... § 2º Na hipótese de receita ou de rendimento oriundos do

exterior, a lei estabelecerá as condições e o momento em que se dará sua disponibilidade, para fins de incidência do imposto referido neste artigo.

RECEBIMENTO DE VALORES ACUMULADOS

Há situações em que um determinado rendimento que deveria ter sido pago

ao longo de determinado período é pago de uma única vez e um exemplo é o caso de verbas recebidas em reclamações trabalhistas.

Vamos considerar a seguinte tabela progressiva do IRPF:

Base de cálculo mensal em

R$

Alíquota

%

Parcela a deduzir do imposto

em R$

Até 1.499,15 - -

De 1.499,16 até 2.246,75 7,5 112,43

De 2.246,76 até 2.995,70 15,0 280,94

De 2.995,71 até 3.743,19 22,5 505,62

Acima de 3.743,19 27,5 692,78

Vamos imaginar que determinada pessoa tenha um rendimento mensal de

R$ 3.000,00. Sua retenção de IR na fonte, por mês, é de R$ 169,38.

Por força de ação trabalhista, seu empregador foi condenado a pagar o valor de R$ 1.000,00 mensais a título de horas extras sonegadas, pelo prazo de 48 meses, resultando numa condenação de R$ 48.000,00.

Se esses valores relativos a horas extras tivessem sido pagos mês a mês (rendimento mensal de R$ 4.000,00), a retenção de IR seria de R$ 407,22.

A diferença de retenção seria de R$ 237,84 por mês.

Ao longo de 48 meses, o valor de IR retido seria de R$ 11.416,32 (R$ 237,84 x 48). No entanto, se esse valor fosse pago de uma única vez, a

tributação das horas extras seria de R$ 13.162,84.

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27

O resultado é prejudicial ao contribuinte e esse prejuízo se agrava ainda

mais se os rendimentos estiverem sujeitos às faixas iniciais de tributação. A lei 7.713/88, em seu art. 12 assim dispôs:

“No caso de rendimentos recebidos acumuladamente, o imposto incidirá no mês do recebimento ou crédito, sobre o

total dos rendimentos,...” A questão da constitucionalidade dessa lei ainda se encontra em

julgamento16 no STF (RE 614406). No voto do Min. Marco Aurélio restou consignado que essa de forma de tributa afronta o princípio da capacidade

contributiva e impõe dupla penalidade ao contribuinte. O Parecer PGFN/CRJ/nº 2.331/2010 suspendeu os efeitos do Ato

Declaratório PGFN nº 1, de 27 de março de 2009, que considerava que o cálculo do imposto sobre a renda incidente sobre rendimentos pagos

acumuladamente deveria ser realizado levando-se em consideração as tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se referiram tais rendimentos,

devendo o cálculo ser mensal e não global.

1.3.2 – BASE DE CÁLCULO

Art. 44. A base de cálculo do imposto é o montante, real, arbitrado ou presumido, da renda ou dos proventos tributáveis.

Para a Pessoa Física, a definição está na lei 7.713/88:

Art. 3º O imposto incidirá sobre o rendimento bruto, sem qualquer dedução, ressalvado o disposto nos arts. 9º a 14

desta Lei. § 1º Constituem rendimento bruto todo o produto do capital,

do trabalho ou da combinação de ambos, os alimentos e pensões percebidos em dinheiro, e ainda os proventos de qualquer natureza, assim também entendidos os acréscimos

patrimoniais não correspondentes aos rendimentos declarados.

§ 2º Integrará o rendimento bruto, como ganho de capital, o resultado da soma dos ganhos auferidos no mês, decorrentes de alienação de bens ou direitos de qualquer

natureza, considerando-se como ganho a diferença positiva entre o valor de transmissão do bem ou direito e o

respectivo custo de aquisição corrigido monetariamente, observado o disposto nos arts. 15 a 22 desta Lei.

16 Em 21/12/2012 estava concluso.

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28

§ 3º Na apuração do ganho de capital serão consideradas as

operações que importem alienação, a qualquer título, de bens ou direitos ou cessão ou promessa de cessão de direitos à sua aquisição, tais como as realizadas por compra

e venda, permuta, adjudicação, desapropriação, dação em pagamento, doação, procuração em causa própria, promessa

de compra e venda, cessão de direitos ou promessa de cessão de direitos e contratos afins. § 4º A tributação independe da denominação dos

rendimentos, títulos ou direitos, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem dos bens

produtores da renda, e da forma de percepção das rendas ou proventos, bastando, para a incidência do imposto, o benefício do contribuinte por qualquer forma e a qualquer

título

A Pessoa Jurídica deverá optar por uma das diversas formas de apuração da base de cálculo (regime de apuração do imposto de renda), sendo

vedada a modificação dessa opção ao longo do exercício. LUCRO REAL

De acordo com o art. 247 do RIR/9917, lucro real é o lucro líquido do

período de apuração ajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas pela legislação fiscal.

RIR/99 Art. 247. Lucro real é o lucro líquido do período de apuração

ajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas por este Decreto § 1º A determinação do lucro real será precedida da

apuração do lucro líquido de cada período de apuração com observância das disposições das leis comerciais. ...

Art. 248. O lucro líquido do período de apuração é a soma algébrica do lucro operacional (Capítulo V), dos resultados não operacionais (Capítulo VII), e das participações, e

deverá ser determinado com observância dos preceitos da lei comercial .

Então, para se chegar ao LUCRO REAL, parte do lucro líquido, fazendo os acréscimos e deduções previstos nos artigos 249 e 250 do RIR, observada a

legislação pertinente.

É o regime ordinário de apuração da base de cálculo do IR e é obrigatório para os seguintes contribuintes:

17 Regulamento do Imposto de Renda – Decreto 3.000/99

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29

Lei 9.718...

Art. 14. Estão obrigadas à apuração do lucro real as pessoas jurídicas: I - cuja receita total, no ano-calendário anterior seja

superior ao limite de R$ 48.000.000,00 (quarenta e oito milhões de reais), ou proporcional ao número de meses do

período, quando inferior a 12 (doze) meses; II - cujas atividades sejam de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas

econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades

corretoras de títulos, valores mobiliários e câmbio, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas

de seguros privados e de capitalização e entidades de previdência privada aberta;

III - que tiverem lucros, rendimentos ou ganhos de capital oriundos do exterior;

IV - que, autorizadas pela legislação tributária, usufruam de benefícios fiscais relativos à isenção ou redução do imposto; V - que, no decorrer do ano-calendário, tenham efetuado

pagamento mensal pelo regime de estimativa, na forma do art. 2° da Lei n° 9.430, de 1996;

VI - que explorem as atividades de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas

a pagar e a receber, compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de

serviços (factoring). VII - que explorem as atividades de securitização de créditos imobiliários, financeiros e do agronegócio.

A apuração por meio do lucro real tem vantagens tais como evitar o

pagamento de imposto maior que o realmente devido (daí seu nome), possibilitar a compensação de prejuízos e a opção de alguns incentivos fiscais. Por outro lado exige uma estrutura administrativa bastante

complexa de modo a permitir a correta escrituração de diversos livros e documentos.

LUCRO PRESUMIDO

Como o próprio nome diz, presume que parte do faturamento (de 1,6% a 32%) seja lucro, simplificando assim a escrituração contábil dos optantes

por essa modalidade de apuração.

Lei 9.718...

Art. 13. A pessoa jurídica cuja receita bruta total, no ano-calendário anterior, tenha sido igual ou inferior a R$

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48.000.000,00 (quarenta e oito milhões de reais), ou a R$

4.000.000,00 (quatro milhões de reais) multiplicado pelo número de meses de atividade do ano-calendário anterior, quando inferior a 12 (doze) meses, poderá optar pelo regime

de tributação com base no lucro presumido. § 1° A opção pela tributação com base no lucro presumido

será definitiva em relação a todo o ano-calendário.

Talvez sua maior vantagem seja a manutenção de estrutura administrativa

simplificada para sua escrituração. Por outro lado, não permite a compensação de prejuízos já que a cada faturamento há a presunção (daí o

nome) de parte dele ser lucro. LUCRO ARBITRADO

Trata-se de uma forma excepcional de apuração da base de cálculo e ao

contrário do que muitos imaginam, não se trata de uma forma de punição.

Lei 8.891/95... Art. 47. O lucro da pessoa jurídica será arbitrado quando: I - o contribuinte, obrigado à tributação com base no lucro

real ou submetido ao regime de tributação de que trata o Decreto-Lei nº 2.397, de 1987, não mantiver escrituração na

forma das leis comerciais e fiscais, ou deixar de elaborar as demonstrações financeiras exigidas pela legislação fiscal; II - a escrituração a que estiver obrigado o contribuinte

revelar evidentes indícios de fraude ou contiver vícios, erros ou deficiências que a tornem imprestável para:

a) identificar a efetiva movimentação financeira, inclusive bancária; ou b) determinar o lucro real.

III - o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e

fiscal, ou o livro Caixa, na hipótese de que trata o art. 45, parágrafo único; IV - o contribuinte optar indevidamente pela tributação com

base no lucro presumido; V - o comissário ou representante da pessoa jurídica

estrangeira deixar de cumprir o disposto no § 1º do art. 76 da Lei nº 3.470, de 28 de novembro de 1958; VI - (Revogado pela Lei nº 9.718, de 1998)

VII - o contribuinte não mantiver, em boa ordem e segundo as normas contábeis recomendadas, livro Razão ou fichas

utilizados para resumir e totalizar, por conta ou subconta, os lançamentos efetuados no Diário. VIII – o contribuinte não escriturar ou deixar de apresentar

à autoridade tributária os livros ou registros auxiliares de que trata o § 2o do art. 177 da Lei no 6.404, de 15 de

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31

dezembro de 1976, e § 2o do art. 8o do Decreto-Lei no 1.598,

de 26 de dezembro de 1977. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)

A apuração é trimestral (fato gerador no último dia de cada trimestre civil), podendo o contribuinte que optar pela apuração pelo lucro real também

optar pela apuração anual (fato gerador em 31/12) com antecipações mensais.

1.3.3 – ALÍQUOTAS

Sujeito à progressividade, o IR terá suas alíquotas dependentes da base de cálculo, ou seja, quando cresce a base cresce a alíquota.

Base de cálculo anual18 em

R$

Alíquota

%

Parcela a deduzir do imposto

em R$

Até 18.799,32 - -

De 18.799,33 até 28.174,20 7,5 1.409,95

De 28.174,21 até 37.566,12 15,0 3.523,01

De 37.566,13 até 46.939,56 22,5 6.340,47

Acima de 46.939,56 27,5 8.687,45

Para as pessoas jurídicas optantes pelo lucro real:

Lei 9.430...

Art. 2º A pessoa jurídica sujeita a tributação com base no lucro real poderá optar pelo pagamento do imposto, em cada

mês, determinado sobre base de cálculo estimada, mediante a aplicação, sobre a receita bruta auferida mensalmente, dos

percentuais de que trata o art. 15 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, observado o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 29 e nos arts. 30 a 32, 34 e 35 da Lei nº 8.981, de 20

de janeiro de 1995, com as alterações da Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995.

§ 1o O imposto a ser pago mensalmente na forma deste artigo será determinado mediante a aplicação, sobre a base de cálculo, da alíquota de quinze por cento.

§ 2o A parcela da base de cálculo, apurada mensalmente, que exceder a R$ 20.000,00 (vinte mil reais) ficará sujeita à

incidência de adicional de imposto de renda à alíquota de dez por cento.

1.3.4 – CONTRIBUINTES

18 2011/2012

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32

CTN...

Art. 45. Contribuinte do imposto é o titular da disponibilidade a que se refere o artigo 43, sem prejuízo de atribuir a lei essa condição ao possuidor, a

qualquer título, dos bens produtores de renda ou dos proventos tributáveis.

Parágrafo único. A lei pode atribuir à fonte pagadora da renda ou dos proventos tributáveis a condição de responsável pelo imposto cuja retenção e recolhimento

lhe caibam.

1.3.5 - SÚMULAS

STF-587 Incide imposto de renda sobre o pagamento de serviços técnicos

contratados no exterior e prestados no Brasil.

STF-586 Incide imposto de renda sobre os juros remetidos para o exterior, com base em contrato de mútuo.

STJ-498

Não incide imposto de renda sobre a indenização por danos morais. STJ-463

Incide imposto de renda sobre os valores percebidos a título de indenização por horas extraordinárias trabalhadas, ainda que decorrentes de acordo

coletivo. STJ-386

São isentas de imposto de renda as indenizações de férias proporcionais e o respectivo adicional.

STJ-215 A indenização recebida pela adesão a programa de incentivo à demissão

voluntária não está sujeita à incidência do imposto de renda

STJ-136 O pagamento de licença-prêmio não gozada por necessidade do serviço não está sujeito ao imposto de renda.

STJ-125

O pagamento de férias não gozadas por necessidade do serviço não está sujeito a incidência do imposto de renda.

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33

1.4 - IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS

O IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS (IPI) tem base constitucional no inciso IV do art. 153, foi instituído pela lei 4.502/64

(alterações posteriores) e regulamentado pelo decreto 4.544/02, alterado pelo decreto 4.859/03 que aprovou a Tabela de Incidência do IPI (TIPI).

O IPI incide nas operações em que houve processo de industrialização, não incidindo, por exemplo, nas operações simplesmente comerciais em que

não haja atividade de industrialização (o comerciante que vende um produto industrializado não estará sujeito ao pagamento de IPI).

A Constituição Federal traz critérios específicos a serem necessariamente observados na instituição e exigência do IPI, assim, passemos à análise

detalhada do artigo 153, § 3º, em seus incisos:

1.4.1 - SELETIVIDADE

§ 3º O imposto previsto no inciso IV: I - será seletivo, em função da essencialidade do produto;

A seletividade, técnica de tributação que atende ao princípio da capacidade contributiva consiste em tributar de forma diferenciada, conforme a

essencialidade do produto tributado. Não se confunde com a progressividade e tributa de forma branda produtos de uso essencial (ex: alimentos) e tributa de forma mais rigorosa os produtos considerados

supérfluos (ex: cigarro, perfumes, bebidas).

O critério de que seja supérfluo ou essencial está ligado a uma vida digna e não aos interesses pessoais de alguém.

O inciso II do artigo anteriormente citado, trata da não-cumulatividade:

II - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores;

A técnica da não-cumulatividade aplicada ao IPI impede a oneração excessiva da atividade produtividade, de forma que somente onera a

parcela da produção à medida que a mesma ocorre. Em termos simples, através de um sistema de débitos e créditos não se paga imposto sobre imposto.

Note-se que o creditamento independe do pagamento dos impostos devidos

nas operações anteriores (... com o montante cobrado). Vamos imaginar a fabricação de uma cadeira escolar cujos componentes, de

forma simplificada, sejam os seguintes: Estrutura tubular;

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34

Espumados para assento e encosto;

Tecido para revestimento; Apoio em madeira; Material de fixação.

O fabricante da cadeira resolve comprar os insumos no mercado e assim,

com base nas notas fiscais recebidas, temos a seguinte escrituração:

Insumo Valor Alíquota IPI Valor IPI

Estrutura 40,00 10% 4,00

Espumados 30,00 20% 6,00

Tecido 20,00 15% 3,00

Apoio 10,00 0% 0,00

Fixação 5,00 20% 1,00

Total 105,00 14,00

Em síntese, os insumos custaram o valor de R$ 105,00 e, em todas as

operações anteriores de produção desses insumos já foram cobrados R$ 14,00 a título de IPI.

Em virtude da norma de não cumulatividade, o fabricante, ao apurar o IPI relativo a essa cadeira deverá descontar esse valor já recolhido de IPI.

Pronta a cadeira, será ela vendida seja a seguinte escrituração:

Produto Valor Alíquota IPI Valor IPI

Cadeira 250,00 10% 25,00

Considerando esta única operação temos a seguinte apuração do valor

devido de IPI:

Produto Crédito Débito A recolher

Cadeira 14,00 25,00 11,00

Nas operações cujas entradas são desoneradas pelo IPI (repare que o apoio

tem alíquota zero), o sujeito passivo não escriturar qualquer crédito.

“A expressão utilizada pelo constituinte originário – montante “cobrado” na operação anterior – afasta a possibilidade de admitir-se o crédito de IPI nas operações de que se trata, visto que nada teria sido “cobrado” na operação

de entrada de insumos isentos, não tributados ou sujeito à alíquota zero.”19

1.4.2 - ENTRADAS ONERADAS E SAÍDAS NÃO ONERADAS

19 RE 372.005

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35

Imagine que a cadeira escolar em questão tivesse sua saída desonerada

pelo IPI, por exemplo, tributada à alíquota zero. Teríamos a seguinte escrituração:

Produto Valor Alíquota IPI Valor IPI

Cadeira 250,00 0% 0%

Considerando esta única operação temos a seguinte apuração do valor

devido de IPI:

Produto Crédito Débito A recolher

Cadeira 14,00 0,00 0,00

Muito embora o fabricante nada tivesse a recolher, o ônus da incidência do IPI nas operações anteriores haveria de repercutir sobre ele, quando, na

verdade, o IPI foi estruturado de forma a ter sua repercussão financeira a recair sobre o adquirente final. Nessa hipótese, o adquirente final não

sofreria a repercussão da incidência do IPI, posto que inexistente (alíquota zero) e, por sua vez, tal repercussão financeira recairia sobre o fabricante.

Nas operações com entradas oneradas e saídas não oneradas pelo

IPI, “O direito à manutenção e ao aproveitamento de créditos de IPI relativos a aquisições tributadas de insumos utilizados na industrialização e produtos desonerados do imposto depende de expressa previsão em

lei....”20

Por sua vez, o art. 11 da lei 9.779/99 assim dispôs:

Art. 11. O saldo credor do Imposto sobre Produtos

Industrializados - IPI, acumulado em cada trimestre-calendário, decorrente de aquisição de matéria-prima,

produto intermediário e material de embalagem, aplicados na industrialização, inclusive de produto isento ou tributado à alíquota zero, que o contribuinte não puder compensar

com o IPI devido na saída de outros produtos, poderá ser utilizado de conformidade com o disposto nos arts. 73 e 74

da Lei nº 9.430, de 1996, observadas normas expedidas pela Secretaria da Receita Federal - SRF, do Ministério da

Fazenda Em situações como essa, o crédito tomado em operações de saída não

onerada (R$ 14,00) será levado a compensação em outras operações com saída tributada. Por exemplo:

Produto Crédito Débito

20 RE 475.551

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Cadeira (saída não onerada) 14,00 0,00

Outros móveis (saída onerada) 10,00 25,00

Total 24,00 25,00

A recolher 1,00

Quanto ao efeito temporal da lei 9.779/99 há entendimento divergente entre o STJ e o STF:

O STJ entendeu que o direito ao crédito decorre da própria norma de não cumulatividade e que a lei em tela somente teria trazido uma forma de

aproveitar eventuais créditos. Vale dizer que para o STJ21 o direito ao crédito existe desde antes da edição da lei 9.779/99.

Por outro lado, para o STF22, somente podem ser objeto de crédito aqueles posteriores à vigência da lei 9.779/99.

Vejamos, na sequencia, o inciso III:

III - não incidirá sobre produtos industrializados destinados ao exterior.

Trata o inciso III de uma forma de imunidade, de maneira a não promover a “exportação” de impostos.

Imagine agora que a cadeira tenha sido exportada, ou seja, a imunidade

do IPI quando da exportação.

Produto Crédito Débito A recolher

Cadeira 14,00 0,00 0,00

1.4.3 - ENTRADAS NÃO ONERADAS E SAÍDAS ONERADAS

Imagine agora que todos os insumos da cadeira sejam desonerados pelo IPI

mas a cadeira pronta seja tributada à alíquota de 10%.

Produto Crédito Débito A recolher

Cadeira 0,00 25,00 25,00

Note que o IPI incidirá sobre o total do valor de venda da cadeira, sem a possibilidade de qualquer redução. No entanto, é possível que algum valor

de IPI já tenha sido recolhido antes de tais insumos terem sido adquiridos pelos fornecedores dos insumos.

Em síntese, diz-se de ofensa à norma da não-cumulatividade.

21 REsp 435.783 22 RE 460.785

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Insumos de

insumos

Insumos da

cadeiraCadeira Adquirente

INCIDÊNCIA DE IPI NÃO INCIDÊNCIA INCIDÊNCIA DO IPI

Em operações como esta, o STF entende não ser possível qualquer

creditamento, ou seja, o IPI há de incidir sobre o valor total da operação de saída sem qualquer redução.

Colhe-se do voto do Min. Marco Aurélio:

“... Consoante dispõe o inciso I do § 3º do artigo 153 da Carta Federal, o IPI é seletivo. Vale dizer sobre a possibilidade de haver alíquotas diferentes considerados não só os diversos insumos como também a variedade de

produtos. Eis a essência do caráter seletivo. Ora, uma vez adquirido o insumo mediante incidência do tributo com certa alíquota, o creditamento

faz-se ante o que realmente recolhido. A saída final do produto gera novo cálculo e, então, como já ocorreu o creditamento quanto ao que recolhido na aquisição do insumo, a incidência da alíquota dá-se sobre o preço, o

valor total. Não se comunicam as operações a serem realizadas, deixando-se de individualizar insumos e produtos. Se não fosse assim, o pandemônio

escritural se instalaria. É que o sistema consagrador do princípio da não-cumulatividade, presente quer o IPI, quer o ICMS, implica crédito e débito em conta única. O raciocínio desenvolvido no tocante ao que se denomina

crédito do IPI presumido, já condenado sob o ângulo da alíquota zero ou da não-tributação - e, por coerência, também deve sê-lo da isenção -,

considerada a entrada de insumo, resulta em subversão do sistema nacional de cobrança do tributo, partindo-se para a adoção do critério referente ao valor agregado.”23

1.4.4 – BENS DE CAPITAL

E o inciso IV, ainda do mesmo artigo:

IV - terá reduzido seu impacto sobre a aquisição de bens de capital pelo contribuinte do imposto, na forma da lei.

A EC 42 alterou as disposições sobre o IPI ao acrescentar o inciso IV ao

parágrafo 3º do art. 153. Dessa forma, por meio de lei ordinária a aquisição de bens de capital deverá

ser desonerada. Esta lei ainda não existe.

23 RE 566.819

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Leandro Paulsen24 destaca a eficácia negativa imediata do texto

constitucional de modo a impedir, por outra manobra legislativa, se venha a atuar em sentido contrário.

1.4.5 – FATO GERADOR

Quanto aos fatos geradores do IPI, o CTN assim dispõe:

Art. 46. O imposto, de competência da União, sobre

produtos industrializados tem como fato gerador: I - o seu desembaraço aduaneiro, quando de procedência

estrangeira; II - a sua saída dos estabelecimentos a que se refere o parágrafo único do art. 51;

III - a sua arrematação, quando apreendido ou abandonado e levado a leilão.

Parágrafo único. Para os efeitos deste imposto, considera-se industrializado o produto que tenha sido submetido a

qualquer operação que lhe modifique a natureza ou a finalidade, ou o aperfeiçoe para o consumo.

Ao menos de forma aparente, o parágrafo único acima parece definir com clareza e de forma definitiva o que seja produto industrializado.

No entanto, a legislação tributária sobre o tema, acresce algumas atividades e, ao final, por industrialização pode-se entender: a transformação, o

beneficiamento, a montagem, o acondicionamento ou reacondicionamento e a renovação ou recondicionamento.

A importação de mercadoria mediante a celebração de contrato de leasing internacional constitui fato gerador do IPI25 pois não se pode dizer da

existência de admissão temporária (que não seria fato gerador do imposto de importação).

O fato gerador ocorre quando da saída da mercadoria do estabelecimento industrial ainda que venha ser objeto de furto ou roubo a posteriori:

“Ementa - ... 3. A legislação tributária define o fato gerador

do IPI como sendo a saída do produto industrializado do estabelecimento industrial ou equiparado, seja qual for o título jurídico de que decorra essa saída do estabelecimento

produtor (art. 46, II, do CTN; art. 2º, II e §2º, da Lei n. 4.502⁄64; e art. 32, II, do Decreto n. 2.637⁄98 - RIPI-98).

4. O roubo ou furto de mercadorias é risco inerente à atividade do industrial produtor. Se roubados os produtos

24 (Paulsen 2012) 25 RE 429.306

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depois da saída (implementação do fato gerador do IPI),

deve haver a tributação, não tendo aplicação o disposto no art. 174, V, do RIPI-98. O prejuízo sofrido individualmente pela atividade econômica desenvolvida não pode ser

transferido para a sociedade sob a forma do não pagamento do tributo devido. ...”26

A arrematação de bens levados a leilão não é fato gerador do IPI por falta de expressão previsão na legislação específica.

1.4.6 – CONTRIBUINTES

O contribuinte do IPI fica assim definido: Art. 51. Contribuinte do imposto é:

I - o importador ou quem a lei a ele equiparar; II - o industrial ou quem a lei a ele equiparar;

III - o comerciante de produtos sujeitos ao imposto, que os forneça aos contribuintes definidos no inciso anterior; IV - o arrematante de produtos apreendidos ou.

abandonados, levados a leilão. Parágrafo único. Para os efeitos deste imposto, considera-se

contribuinte autônomo qualquer estabelecimento de importador, industrial, comerciante ou arrematante.

O IPI tem fato gerador instantâneo já que o fato gerador considera-se ocorrido nas hipóteses do artigo 46 do CTN embora a legislação aplicável

traga algumas ficções sobre o momento da ocorrência. O sujeito ativo é a União e o sujeito passivo os constantes do artigo 51 do

CTN embora a lista de equiparados e responsáveis seja longa.

1.4.7 – BASE DE CÁLCULO A base de cálculo está prevista no artigo 47 do CTN:

Art. 47. A base de cálculo do imposto é:

I - no caso do inciso I do artigo anterior, o preço normal, como definido no inciso II do art. 20, acrescido do montante: a) do Imposto sobre a Importação;

b) das taxas exigidas para entrada do produto no País; c) dos encargos cambiais efetivamente pagos pelo importador

ou dele exigíveis; II - no caso do inciso II do artigo anterior:

26 RE 734.403

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a) o valor da operação de que decorrer a saída da

mercadoria; b) na falta do valor a que se refere a alínea anterior, o preço corrente da mercadoria, ou sua similar, no mercado

atacadista da praça do remetente; III - no caso do inciso III do artigo anterior, o preço da

arrematação. O lançamento do IPI se dá por homologação nos termos do artigo 20 da Lei

4.502/64.

1.4.8 – ALÍQUOTAS As alíquotas do IPI são fixadas de acordo a essencialidade do bem tributado

em virtude da norma da essencialidade. Assim, há uma tabela (TIPI) que relaciona os produtos e suas respectivas

alíquotas de IPI.

_________________

NCM DESCRIÇÃO ALÍQUOTA (%)

I.- FORMAS PRIMÁRIAS

39.01 Polímeros de etileno, em formas primárias.

3901.10 - Polietileno de densidade inferior a 0,94

3901.10.10 Linear 5

3901.10.9 Outros

3901.10.91 Com carga 5

3901.10.92 Sem carga 5

3901.20 - Polietileno de densidade igual ou superior a 0,94

3901.20.1 Com carga

3901.20.11 Vulcanizado, de densidade superior a 1,3 5

3901.20.19 Outros 5

3901.20.2 Sem carga

3901.20.21 Vulcanizado, de densidade superior a 1,3 5

3901.20.29 Outros 5

3901.30 - Copolímeros de etileno e acetato de vinila

3901.30.10 Nas formas previstas na Nota 6 a) deste Capítulo 5

3901.30.90 Outros 5

1.5 - IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS.

Previsto na Constituição Federal de 1988 em seu art. 153, V, tem suas normas gerais nos arts. 63 a 66 do CTN, sendo regulado pelo Decreto 6.306/07.

O nome IOF não passa de um apelido pois este imposto onera as operações

de crédito, câmbio, seguros e aquelas que envolvem títulos e valores mobiliários.

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Assim, a melhor forma de estudar este imposto é considerar a existência de 4 impostos em um 1 só.

A própria CF, em seu artigo 153, cuida de estabelecer tratamento diferenciado quando o ouro for tratado como ativo financeiro:

§ 5º O ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial, sujeita-se exclusivamente à incidência

do imposto de que trata o inciso V do caput deste artigo, devido na operação de origem; a alíquota mínima será de

um por cento, assegurada a transferência do montante da arrecadação nos seguintes termos: I - trinta por cento para o Estado, o Distrito Federal ou o

Território, conforme a origem; II - setenta por cento para o Município de origem.

Por sua vez, a definição de ouro como ativo financeiro está assim:

Art. 1º O ouro em qualquer estado de pureza, em bruto ou refinado, quando destinado ao mercado financeiro ou à

execução da política cambial do País, em operações realizadas com a interveniência de instituições integrantes

do Sistema Financeiro Nacional, na forma e condições autorizadas pelo Banco Central do Brasil, será, desde a extração, inclusive, considerado ativo financeiro ou

instrumento cambial. § 1º Enquadra-se na definição deste artigo:

I - O ouro envolvido em operações de tratamento, refino, transporte, depósito ou custódia, desde que formalizado compromisso de destiná-lo ao Banco Central do Brasil ou à

instituição por ele autorizada; II - as operações praticadas nas regiões de garimpo onde o

ouro é extraído, desde que o ouro na saída do município tenha o mesmo destino a que se refere o inciso I deste parágrafo.

§ 2º As negociações com o ouro, ativo financeiro, de que trata este artigo, efetuadas nos pregões das Bolsas de

Valores, de Mercadorias, de Futuros ou assemelhadas, ou no Mercado de Balcão com a interveniência de instituição financeira autorizada,

serão consideradas operações financeiras.

1.5.1 – FATO GERADOR Esse tributo ainda tem por base econômica: operações de crédito, de

câmbio, de seguros e as relativas a títulos ou valores mobiliários.

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Art. 63. O imposto, de competência da União, sobre

operações de crédito, câmbio e seguro, e sobre operações relativas a títulos e valores mobiliários tem como fato gerador:

I - quanto às operações de crédito, a sua efetivação pela entrega total ou parcial do montante ou do valor que

constitua o objeto da obrigação, ou sua colocação à disposição do interessado; II - quanto às operações de câmbio, a sua efetivação pela

entrega de moeda nacional ou estrangeira, ou de documento que a represente, ou sua colocação à disposição do

interessado, em montante equivalente à moeda estrangeira ou nacional entregue ou posta à disposição por este; III - quanto às operações de seguro, a sua efetivação pela

emissão da apólice ou do documento equivalente, ou recebimento do prêmio, na forma da lei aplicável;

IV - quanto às operações relativas a títulos e valores mobiliários, a emissão, transmissão, pagamento ou resgate

destes, na forma da lei aplicável. 1.5.2 – BASE DE CÁLCULO

As bases de cálculos são variadas:

Art. 64. A base de cálculo do imposto é: I - quanto às operações de crédito, o montante da

obrigação, compreendendo o principal e os juros; II - quanto às operações de câmbio, o respectivo montante

em moeda nacional, recebido, entregue ou posto à disposição; III - quanto às operações de seguro, o montante do prêmio;

IV - quanto às operações relativas a títulos e valores mobiliários:

a) na emissão, o valor nominal mais o ágio, se houver; b) na transmissão, o preço ou o valor nominal ou o valor da cotação em Bolsa, como determinar a lei;

c) no pagamento ou resgate, o preço. (...)

1.5.3 - CONTRIBUINTES

Art. 66. Contribuinte do imposto é qualquer das partes na operação tributada, como dispuser a lei.

1.5.4 – SÚMULAS

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STF 664

É inconstitucional o inciso V do art. 1º da Lei 8.033/90, que instituiu a incidência do imposto nas operações de crédito, câmbio e seguros - IOF sobre saques efetuados em caderneta de poupança.

O art. 67 do CTN, por afrontar o inciso IV do art. 167 da Constituição, não

foi por ela recepcionado.

1.6 - IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL.

Previsto na CF, em seu art. 153, VI, tem suas normas gerais nos artigos 29 a 31 do CTN e é regulado pela Lei 9.393/96 e pelo Decreto 4.382/92.

A EC n.º 42 trouxe modificações importantes em relação ao tributo, vide artigo 153, § 4º, CF:

§ 4º O imposto previsto no inciso VI do "caput":

I - será progressivo e terá suas alíquotas fixadas de forma a desestimular a manutenção de propriedades improdutivas;

II - não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore o proprietário que não possua outro

imóvel; III - será fiscalizado e cobrado pelos Municípios que assim optarem, na forma da lei, desde que não implique redução

do imposto ou qualquer outra forma de renúncia fiscal. (grifos nossos)

A imunidade concedida às pequenas glebas perdeu o requisito de que tal gleba fosse explorada pelo proprietário, de forma isolada ou com sua

família, sendo agora necessário ser por ele explorada e que ele não possua outro imóvel.

O termo “pequenas glebas” ficou assim definido na Lei 9393/96, em seu art. 2o:

Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, pequenas

glebas rurais são os imóveis com área igual ou inferior a: I - 100 ha, se localizado em município compreendido na Amazônia Ocidental ou no Pantanal mato-grossense e sul-

mato-grossense; II - 50 ha, se localizado em município compreendido no

Polígono das Secas ou na Amazônia Oriental; III - 30 ha, se localizado em qualquer outro município.

Outra novidade é a de que os municípios que optarem por fiscalizar e arrecadar o tributo ficarão com 100% do produto de sua arrecadação.

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Aqueles municípios que não fizerem tal opção continuarão a receber 50% do produto, conforme CF, 158, II.

De qualquer forma, a competência tributária continua pertencendo à União, podendo o Município vir a ter capacidade tributária ativa.

O parágrafo alterado:

"§ 4º O imposto previsto no inciso VI terá suas alíquotas fixadas de forma a desestimular a manutenção de

propriedades improdutivas e não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore, só ou com sua família, o proprietário que não possua outro

imóvel."

1.6.1 – FATO GERADOR

CTN... Art. 29. O imposto, de competência da União, sobre a propriedade territorial rural tem como fato gerador a

propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, como definido na lei civil, localização fora da

zona urbana do Município. O CTN, ao tratar do IPTU, definiu o conceito de área urbana. Por exclusão, o

que não área urbana será área rural.

No entanto, no caso de exploração de atividade rural em imóvel localizado em área urbana (segundo o conceito do CTN), o STJ tem entende que aplica o art. 15 do DL 57/66, recepcionado com status de lei complementar.

“Art 15. O disposto no art. 32 da Lei nº 5.172 , de 25 de

outubro de 1966, não abrange o imóvel de que, comprovadamente, seja utilizado em exploração extrativa vegetal, agrícola, pecuária ou agroindustrial, incidindo

assim, sobre o mesmo, o ITR e demais tributos com o mesmo cobrados.”

Quando a área rural estiver invadida, os direitos decorrentes da propriedade ficam prejudicados e, dessa forma, o entendimento do STJ é no sentido de

não haver a incidência do ITR.

“Ementa - ... 4. A propriedade plena pressupõe o domínio, que se subdivide nos poderes de usar, gozar, dispor e reinvidicar a coisa. Em que pese ser a propriedade um dos

fatos geradores do ITR, essa propriedade não é plena quando o imóvel encontra-se invadido, pois o proprietário é

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tolhido das faculdades inerentes ao domínio sobre o imóvel.

...”27

1.6.2 – BASE DE CÁLCULO

CTN... Art. 30. A base do cálculo do imposto é o valor

fundiário.

A base de cálculo é o valor fundiário, nos termos do art. 30 do CTN. Assim, por força do § 1º do art. 10 da lei 9.393/96, são excluídos da base

de cálculo os valores referentes a:

Construções, instalações e benfeitorias; Culturas permanentes e temporárias;

Pastagens cultivadas e melhoradas; Florestas plantadas.

Por serem áreas nas quais o direito de propriedade sofre limitações, as áreas de preservação permanente e de reserva legal (Código Florestal) não

são incluídas no valor da área tributável. A lei 9.393/96 traz as seguintes hipóteses de isenção:

Art. 3º São isentos do imposto:

I - o imóvel rural compreendido em programa oficial de reforma agrária, caracterizado pelas autoridades competentes como assentamento, que, cumulativamente, atenda aos seguintes

requisitos: a) seja explorado por associação ou cooperativa de produção;

b) a fração ideal por família assentada não ultrapasse os limites estabelecidos no artigo anterior; c) o assentado não possua outro imóvel.

II - o conjunto de imóveis rurais de um mesmo proprietário, cuja área total observe os limites fixados no parágrafo único do artigo

anterior, desde que, cumulativamente, o proprietário: a) o explore só ou com sua família, admitida ajuda eventual de terceiros;

b) não possua imóvel urbano.

1.6.3 – CONTRIBUINTES CTN...

27 REsp 1.144.982

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46

Art. 31. Contribuinte do imposto é o proprietário do

imóvel, o titular de seu domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer título.

1.6.4 – ALÍQUOTAS

Considerando a natureza predominante extrafiscal do ITR, as alíquotas são fixadas em função do binômio área tributada e sua respectiva utilização dada por meio do Grau de Utilização definido como “...a relação percentual

entre a área efetivamente utilizada e a área aproveitável.”

TABELA DE ALÍQUOTAS

(Art.11)

Área total do imóvel

(em hectares) GRAU DE UTILIZAÇÃO - GU ( EM %)

Maior que80

Maior que 65

até 80

Maior que 50

até 65

Maior que 30

até 50 Até 30

Até 50 0,03 0,20 0,40 0,70 1,00

Maior que 50 até 200 0,07 0,40 0,80 1,40 2,00

Maior que 200 até 500 0,10 0,60 1,30 2,30 3,30

Maior que 500 até 1.000 0,15 0,85 1,90 3,30 4,70

Maior que 1.000 até 5.000 0,30 1,60 3,40 6,00 8,60

Acima de 5.000 0,45 3,00 6,40 12,00 20,00

Incluem-se no cômputo do Grau de Utilização as seguintes áreas:

Lei. 9.393/96... Art. 10 ... § 6º Será considerada como efetivamente utilizada a área

dos imóveis rurais que, no ano anterior, estejam: I - comprovadamente situados em área de ocorrência de

calamidade pública decretada pelo Poder Público, de que resulte frustração de safras ou destruição de pastagens; II - oficialmente destinados à execução de atividades de

pesquisa e experimentação que objetivem o avanço tecnológico da agricultura.

Sobre o momento de aplicação desse dispositivo, o STJ assim já decidiu:

“Ementa - TRIBUTÁRIO - IMPOSTO TERRITORIAL RURAL - ART. 10, § 6º, I, DA LEI 9.393/96 - RECONHECIMENTO DE

ESTADO DE CALAMIDADE PÚBLICA - CONCESSÃO DO BENEFÍCIO FISCAL. 1. Discute-se nos autos se o benefício

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fiscal previsto no art. 10 da Lei 9.393/96 pode ser aplicado

aos fatos geradores do ITR que se aperfeiçoaram antes de decreto que tornou público estado de calamidade na região do Município de Itabaiana. 2. O ato de decretação de

calamidade pública tem efeito meramente declaratório, de maneira que, reconhecida a situação de catástrofe

natural em que se encontra a propriedade do recorrido, pode ele se valer do benefício. ...”28

1.7 – IMPOSTO SOBRE GRANDES FORTUNAS

À míngua de lei complementar que defina o que seja “grande fortuna”, este imposto ainda não foi criado.

2 - IMPOSTOS ESTADUAIS

Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou

direitos; II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre

prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior;

III - propriedade de veículos automotores.

2.1 – IMPOSTO SOBRE TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS E DOAÇÕES

2.1.1 – FATO GERADOR

O ITCMD (essa é a sigla que vai aparecer nas provas) é um imposto de competência dos Estados e do Distrito Federal por força do texto constitucional.

Seu fato gerador, no que diz respeito a transmissões, está descrito no art.

35 do CTN:

Art. 35. O imposto, de competência dos Estados, sobre a

transmissão de bens imóveis e de direitos a eles relativos tem como fato gerador:

I - a transmissão, a qualquer título, da propriedade ou do domínio útil de bens imóveis por natureza ou por acessão física, como definidos na lei civil;

28 REsp 1.150.496

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II - a transmissão, a qualquer título, de direitos reais sobre

imóveis, exceto os direitos reais de garantia; III - a cessão de direitos relativos às transmissões referidas nos incisos I e II.

Parágrafo único. Nas transmissões causa mortis, ocorrem tantos fatos geradores distintos quantos sejam os herdeiros

ou legatários. Vale lembrar que, antes da CF de 88, as operações de transmissão de bens

imóveis, tanto causa mortis como por ato inter vivos, eram de competência dos Estados e do Distrito Federal.

A CF de 88 trouxe uma partição nessa competência e, dessa forma, aos Estados e ao Distrito Federal coube a competência tributária relativa às

operações de transmissão causa mortis e doações de bens de quaisquer espécies, ou seja, imóveis ou móveis e aos Municípios às de transmissão

por ato oneroso, inter vivos, de bens imóveis (ITBI).

2.1.2 – COMPETÊNCIA

CF, 155

1.º O imposto previsto no inciso I: I - relativamente a bens imóveis e respectivos direitos,

compete ao Estado da situação do bem, ou ao Distrito Federal II - relativamente a bens móveis, títulos e créditos, compete

ao Estado onde se processar o inventário ou arrolamento, ou tiver domicílio o doador, ou ao Distrito Federal;

Quanto ao aspecto espacial da incidência, a Constituição assim dispõe:

Bens móveis: local do ajuizamento do inventário ou do arrolamento;

Bens imóveis: local da situação do imóvel.

Quanto se tratar de doação, será competente o Estado no qual tiver domicílio o doador.

Há duas situações ainda carentes de regulação através de lei complementar nos termos da CF, 155, § 1º, III, a e b:

Doador com domicílio ou residência no exterior; Falecido com domicílio ou bens no exterior;

Falecido com inventário processado no exterior

2.1.3 - ALÍQUOTAS As alíquotas são fixadas pelos Estados/DF e estão limitadas a 8% nos

termos de Resolução do Senado Federal (res. 09/92).

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O texto da Resolução é o seguinte:

Art. 1° A alíquota máxima do imposto de que trata a alínea a, inciso I, do art. 155 da Constituição Federal será de oito

por cento, a partir de 1° de janeiro de 1992. Art. 2° As alíquotas dos impostos, fixadas em lei estadual,

poderão ser progressivas em função do quinhão que cada herdeiro efetivamente.

A Constituição é clara ao estabelecer a competência do Senado Federal:

Art. 155 ... § 1.º O imposto previsto no inciso I... IV - terá suas alíquotas máximas fixadas pelo Senado

Federal;

Como se vê, a Resolução do Senado não só estabeleceu a alíquota máxima como determinou a possibilidade de instituição de alíquotas progressivas,

desde que observado o limite. A tese de que a Resolução em tela teria ultrapassado sua competência está

em discussão no STF. Até o momento, tomando por parâmetro outros julgados, a posição do STF é no sentido de considerar o ITCMD um imposto

real e dessa forma não é possível a imposição de alíquotas progressivas.

2.1.4 – CONTRIBUINTES

Art. 42. Contribuinte do imposto é qualquer das partes na operação tributada, como dispuser a lei.

É a lei estadual que instituir o ITCMD que trará a definição do contribuinte que, nos termos do CTN, poderá ser qualquer das partes envolvidas na

operação tributada. 2.1.5 – SÚMULAS

São aplicáveis as seguintes Súmulas do STF:

STF 112 O imposto de transmissão "causa mortis" é devido pela alíquota vigente ao

tempo da abertura da sucessão.

STF 113 O imposto de transmissão "causa mortis" é calculado sobre o valor dos bens na data da avaliação.

STF 114

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50

O imposto de transmissão "causa mortis" não é exigível antes da

homologação do cálculo. STF 115

Sobre os honorários do advogado contratado pelo inventariante, com a homologação do juiz, não incide o imposto de transmissão"causa mortis".

STF 116 Em desquite ou inventário, é legítima a cobrança do chamado imposto de

reposição, quando houver desigualdade nos valores partilhados.

STF 331 É legítima a incidência do imposto de transmissão "causa mortis" no inventário por morte presumida.

STF 435

O imposto de transmissão "causa mortis" pela transferência de ações é devido ao estado em que tem sede a companhia.

STF 590 Calcula-se o imposto de transmissão "causa mortis" sobre o saldo credor da

promessa de compra e venda de imóvel, no momento da abertura da sucessão do promitente vendedor.

2.2– IMPOSTO A CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS

2.2.1– FONTES

Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:

II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e

intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior; § 2.º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte:

I - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou

prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal;

II - a isenção ou não-incidência, salvo determinação em contrário da legislação:

a) não implicará crédito para compensação com o montante devido nas operações ou prestações seguintes; b) acarretará a anulação do crédito relativo às operações

anteriores;

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51

III - poderá ser seletivo, em função da essencialidade das

mercadorias e dos serviços; IV - resolução do Senado Federal, de iniciativa do Presidente da República ou de um terço dos Senadores, aprovada pela

maioria absoluta de seus membros, estabelecerá as alíquotas aplicáveis às operações e prestações,

interestaduais e de exportação; V - é facultado ao Senado Federal: a) estabelecer alíquotas mínimas nas operações internas,

mediante resolução de iniciativa de um terço e aprovada pela maioria absoluta de seus membros;

b) fixar alíquotas máximas nas mesmas operações para resolver conflito específico que envolva interesse de Estados, mediante resolução de iniciativa da maioria absoluta e

aprovada por dois terços de seus membros; VI - salvo deliberação em contrário dos Estados e do Distrito

Federal, nos termos do disposto no inciso XII, "g", as alíquotas internas, nas operações relativas à circulação de

mercadorias e nas prestações de serviços, não poderão ser inferiores às previstas para as operações interestaduais; VII - em relação às operações e prestações que destinem

bens e serviços a consumidor final localizado em outro Estado, adotar-se-á:

a) a alíquota interestadual, quando o destinatário for contribuinte do imposto; b) a alíquota interna, quando o destinatário não for

contribuinte dele; VIII - na hipótese da alínea "a" do inciso anterior, caberá ao

Estado da localização do destinatário o imposto correspondente à diferença entre a alíquota interna e a interestadual;

IX - incidirá também: a)sobre a entrada de bem ou mercadoria importados do

exterior por pessoa física ou jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual do imposto, qualquer que seja a sua finalidade, assim como sobre o serviço prestado no exterior,

cabendo o imposto ao Estado onde estiver situado o domicílio ou o estabelecimento do destinatário da

mercadoria, bem ou serviço; b) sobre o valor total da operação, quando mercadorias forem fornecidas com serviços não compreendidos na

competência tributária dos Municípios; X - não incidirá:

a) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços prestados a destinatários no exterior, assegurada a manutenção e o aproveitamento do

montante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores;

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52

b) sobre operações que destinem a outros Estados petróleo,

inclusive lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e energia elétrica; c) sobre o ouro, nas hipóteses definidas no art. 153, § 5º;

d) nas prestações de serviço de comunicação nas modalidades de radiodifusão sonora e de sons e imagens de

recepção livre e gratuita; XI - não compreenderá, em sua base de cálculo, o montante do imposto sobre produtos industrializados, quando a

operação, realizada entre contribuintes e relativa a produto destinado à industrialização ou à comercialização, configure

fato gerador dos dois impostos; XII - cabe à lei complementar: a) definir seus contribuintes;

b) dispor sobre substituição tributária; c) disciplinar o regime de compensação do imposto;

d) fixar, para efeito de sua cobrança e definição do estabelecimento responsável, o local das operações relativas

à circulação de mercadorias e das prestações de serviços; e) excluir da incidência do imposto, nas exportações para o exterior, serviços e outros produtos além dos mencionados

no inciso X, "a"; f) prever casos de manutenção de crédito, relativamente à

remessa para outro Estado e exportação para o exterior, de serviços e de mercadorias; g) regular a forma como, mediante deliberação dos Estados

e do Distrito Federal, isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados.

h) definir os combustíveis e lubrificantes sobre os quais o imposto incidirá uma única vez, qualquer que seja a sua finalidade, hipótese em que não se aplicará o disposto no

inciso X, b; i) fixar a base de cálculo, de modo que o montante do

imposto a integre, também na importação do exterior de bem, mercadoria ou serviço. § 3º À exceção dos impostos de que tratam o inciso II do

caput deste artigo e o art. 153, I e II, nenhum outro imposto poderá incidir sobre operações relativas a energia elétrica,

serviços de telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País. § 4º Na hipótese do inciso XII, h, observar-se-á o seguinte:

I - nas operações com os lubrificantes e combustíveis derivados de petróleo, o imposto caberá ao Estado onde

ocorrer o consumo; II - nas operações interestaduais, entre contribuintes, com gás natural e seus derivados, e lubrificantes e combustíveis

não incluídos no inciso I deste parágrafo, o imposto será repartido entre os Estados de origem e de destino,

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mantendo-se a mesma proporcionalidade que ocorre nas

operações com as demais mercadorias; III - nas operações interestaduais com gás natural e seus derivados, e lubrificantes e combustíveis não incluídos no

inciso I deste parágrafo, destinadas a não contribuinte, o imposto caberá ao Estado de origem;

IV - as alíquotas do imposto serão definidas mediante deliberação dos Estados e Distrito Federal, nos termos do § 2º, XII, g, observando-se o seguinte:

a)serão uniformes em todo o território nacional, podendo ser diferenciadas por produto;

b) poderão ser específicas, por unidade de medida adotada, ou ad valorem, incidindo sobre o valor da operação ou sobre o preço que o produto ou seu similar alcançaria em uma

venda em condições de livre concorrência; c) poderão ser reduzidas e restabelecidas, não se lhes

aplicando o disposto no art. 150, III, b. § 5º As regras necessárias à aplicação do disposto no § 4º,

inclusive as relativas à apuração e à destinação do imposto, serão estabelecidas mediante deliberação dos Estados e do Distrito Federal, nos termos do § 2º, XII, g.

As normas gerais do ICMS estão veiculadas na LC 87/96, que “Dispõe sobre

o imposto dos Estados e do Distrito Federal sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, e dá outras providências.

(LEI KANDIR)”.

O ICMS onera então as operações de circulação de mercadorias e de prestação de três espécies de serviços, a saber:

Transporte intermunicipal;

Transporte interestadual; Comunicações.

2.2.2 – FATO GERADOR

As situações que constituem fato gerador do ICMS estão previstas na LC 87/96 nos seguintes termos:

Art. 2° O imposto incide sobre: I - operações relativas à circulação de mercadorias, inclusive

o fornecimento de alimentação e bebidas em bares, restaurantes e estabelecimentos similares;

II - prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal, por qualquer via, de pessoas, bens, mercadorias ou valores;

III - prestações onerosas de serviços de comunicação, por qualquer meio, inclusive a geração, a emissão, a recepção, a

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transmissão, a retransmissão, a repetição e a ampliação de

comunicação de qualquer natureza; IV - fornecimento de mercadorias com prestação de serviços não compreendidos na competência tributária dos

Municípios; V - fornecimento de mercadorias com prestação de serviços

sujeitos ao imposto sobre serviços, de competência dos Municípios, quando a lei complementar aplicável expressamente o sujeitar à incidência do imposto estadual.

§ 1º O imposto incide também:

I – sobre a entrada de mercadoria ou bem importados do exterior, por pessoa física ou jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual do imposto, qualquer que seja a sua

finalidade; II - sobre o serviço prestado no exterior ou cuja prestação

se tenha iniciado no exterior; III - sobre a entrada, no território do Estado destinatário, de

petróleo, inclusive lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e de energia elétrica, quando não destinados à comercialização ou à industrialização,

decorrentes de operações interestaduais, cabendo o imposto ao Estado onde estiver localizado o adquirente.

§ 2º A caracterização do fato gerador independe da natureza jurídica da operação que o constitua.

2.2.3 LANÇAMENTO

O lançamento é feito por homologação nos termos do art. 150 do CTN. O sujeito passivo percorre por sua conta e risco o disposto no art. 142 do

CTN e recolhe o valor que entender devido sem prévio conhecimento da autoridade administrativa, sujeitando então a ulterior homologação ou a

lançamento de ofício. 2.2.4 CONTRIBUINTES E RESPONSÁVEIS

Art. 4º Contribuinte é qualquer pessoa, física ou jurídica,

que realize, com habitualidade ou em volume que caracterize intuito comercial, operações de circulação de mercadoria ou prestações de serviços de transporte

interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior.

Parágrafo único. É também contribuinte a pessoa física ou jurídica que, mesmo sem habitualidade ou intuito comercial: I – importe mercadorias ou bens do exterior, qualquer que

seja a sua finalidade;

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II - seja destinatária de serviço prestado no exterior ou cuja

prestação se tenha iniciado no exterior; III – adquira em licitação mercadorias ou bens apreendidos ou abandonados;

IV – adquira lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos derivados de petróleo e energia elétrica oriundos de outro

Estado, quando não destinados à comercialização ou à industrialização. Art. 5º Lei poderá atribuir a terceiros a responsabilidade pelo

pagamento do imposto e acréscimos devidos pelo contribuinte ou responsável, quando os atos ou omissões

daqueles concorrerem para o não recolhimento do tributo. Art. 6o Lei estadual poderá atribuir a contribuinte do imposto ou a depositário a qualquer título a responsabilidade pelo

seu pagamento, hipótese em que assumirá a condição de substituto tributário.

§ 1º A responsabilidade poderá ser atribuída em relação ao imposto incidente sobre uma ou mais operações ou

prestações, sejam antecedentes, concomitantes ou subsequentes, inclusive ao valor decorrente da diferença entre alíquotas interna e interestadual nas operações e

prestações que destinem bens e serviços a consumidor final localizado em outro Estado, que sejacontribuinte do imposto.

§ 2o A atribuição de responsabilidade dar-se-á em relação a mercadorias, bens ou serviços previstos em lei de cada Estado.

Art. 7º Para efeito de exigência do imposto por substituição tributária, inclui-se, também, como fato gerador do imposto,

a entrada de mercadoria ou bem no estabelecimento do adquirente ou em outro por ele indicado.

2.2.5 – BASE DE CÁLCULO

Art. 13. A base de cálculo do imposto é: I - na saída de mercadoria prevista nos incisos I, III e IV do art. 1229, o valor da operação;

29 Art. 12. Considera-se ocorrido o fato gerador do imposto no momento: I - da saída de mercadoria de estabelecimento de contribuinte, ainda que para outro estabelecimento do mesmo titular; II - do fornecimento de alimentação, bebidas e outras mercadorias por qualquer estabelecimento; III - da transmissão a terceiro de mercadoria depositada em armazém geral ou em depósito fechado, no Estado do transmitente; IV - da transmissão de propriedade de mercadoria, ou de título que a represente, quando a mercadoria não tiver transitado pelo estabelecimento transmitente; V - do início da prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal, de qualquer natureza; VI - do ato final do transporte iniciado no exterior; VII - das prestações onerosas de serviços de comunicação, feita por qualquer meio, inclusive a geração, a emissão, a recepção, a transmissão, a retransmissão, a repetição e a ampliação de comunicação de qualquer natureza; VIII - do fornecimento de mercadoria com prestação de serviços:

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II - na hipótese do inciso II do art. 12, o valor da operação,

compreendendo mercadoria e serviço; III - na prestação de serviço de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, o preço do serviço;

IV - no fornecimento de que trata o inciso VIII do art. 12; a) o valor da operação, na hipótese da alínea a;

b) o preço corrente da mercadoria fornecida ou empregada, na hipótese da alínea b; V - na hipótese do inciso IX do art. 12, a soma das seguintes

parcelas: a) o valor da mercadoria ou bem constante dos documentos

de importação, observado o disposto no art. 14; b) imposto de importação; c) imposto sobre produtos industrializados;

d) imposto sobre operações de câmbio; e) quaisquer outros impostos, taxas, contribuições e

despesas aduaneiras; VI - na hipótese do inciso X do art. 12, o valor da prestação

do serviço, acrescido, se for o caso, de todos os encargos relacionados com a sua utilização; VII - no caso do inciso XI do art. 12, o valor da operação

acrescido do valor dos impostos de importação e sobre produtos industrializados e de todas as despesas cobradas

ou debitadas ao adquirente; VIII - na hipótese do inciso XII do art. 12, o valor da operação de que decorrer a entrada;

IX - na hipótese do inciso XIII do art. 12, o valor da prestação no Estado de origem.

§ 1o Integra a base de cálculo do imposto, inclusive na hipótese do inciso V do caput deste artigo:

a) não compreendidos na competência tributária dos Municípios; b) compreendidos na competência tributária dos Municípios e com indicação expressa de incidência do imposto de competência estadual, como definido na lei complementar aplicável; IX – do desembaraço aduaneiro de mercadorias ou bens importados do exterior; X - do recebimento, pelo destinatário, de serviço prestado no exterior; XI – da aquisição em licitação pública de mercadorias ou bens importados do exterior e apreendidos ou abandonados; XII – da entrada no território do Estado de lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos derivados de petróleo e energia elétrica oriundos de outro Estado, quando não destinados à comercialização ou à industrialização; XIII - da utilização, por contribuinte, de serviço cuja prestação se tenha iniciado em outro Estado e não esteja vinculada a operação ou prestação subseqüente. § 1º Na hipótese do inciso VII, quando o serviço for prestado mediante pagamento em ficha, cartão ou assemelhados, considera-se ocorrido o fato gerador do imposto quando do fornecimento desses instrumentos ao usuário. § 2º Na hipótese do inciso IX, após o desembaraço aduaneiro, a entrega, pelo depositário, de mercadoria ou bem importados do exterior deverá ser autorizada pelo órgão responsável pelo seu desembaraço, que somente se fará mediante a exibição do comprovante de pagamento do imposto incidente no ato do despacho aduaneiro, salvo disposição em contrário. § 3o Na hipótese de entrega de mercadoria ou bem importados do exterior antes do desembaraço aduaneiro, considera-se ocorrido o fato gerador neste momento, devendo a autoridade responsável, salvo disposição em contrário, exigir a comprovação do pagamento do imposto.

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I - o montante do próprio imposto, constituindo o respectivo

destaque mera indicação para fins de controle; II - o valor correspondente a: a) seguros, juros e demais importâncias pagas, recebidas ou

debitadas, bem como descontos concedidos sob condição; b) frete, caso o transporte seja efetuado pelo próprio

remetente ou por sua conta e ordem e seja cobrado em separado. § 2º Não integra a base de cálculo do imposto o montante

do Imposto sobre Produtos Industrializados, quando a operação, realizada entre contribuintes e relativa a produto

destinado à industrialização ou à comercialização, configurar fato gerador de ambos os impostos. § 3º No caso do inciso IX, o imposto a pagar será o valor

resultante da aplicação do percentual equivalente à diferença entre a alíquota interna e a interestadual, sobre o

valor ali previsto. § 4º Na saída de mercadoria para estabelecimento localizado

em outro Estado, pertencente ao mesmo titular, a base de cálculo do imposto é: I - o valor correspondente à entrada mais recente da

mercadoria; II - o custo da mercadoria produzida, assim entendida a

soma do custo da matéria-prima, material secundário, mão-de-obra e acondicionamento; III - tratando-se de mercadorias não industrializadas, o seu

preço corrente no mercado atacadista do estabelecimento remetente.

§ 5º Nas operações e prestações interestaduais entre estabelecimentos de contribuintes diferentes, caso haja reajuste do valor depois da remessa ou da prestação, a

diferença fica sujeita ao imposto no estabelecimento do remetente ou do prestador.

No Brasil, o ICMS é calculado “por dentro”, ou seja, o valor relativo ao ICMS inclui o próprio tributo. Explicamos:

Imagine que uma alíquota de ICMS de 20%. Um comerciante deseja

vender determinada mercadoria por R$ 80,00 pois esse o preço que,no seu entender é suficiente para cobrir os custos e gerar lucro. No entanto, ele sabe que deve incluir no preço o valor da tributação e para

determinar o valor final da venda, sabendo que o ICMS é calculado “por dentro”, ele deve obter um valor que, descontado o valor do ICMS, resulte

em R$ 80,00 para o comerciante. Sem entrar em maiores detalhes da aritmética aplicável, esse valor é de R$

100,00. Vejamos.

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R$ 100,0030 = valor da mercadoria31 + valor do ICMS

R$ 100,00 = R$ 80,00 + 20% valor de venda

R$ 100,00 = R$ 80,00 + R$ 20,00

R$ 100,00 = R$ 80,00 + R$ (16,0032 + 4,0033) Esse método de cálculo “por dentro” encontra amparo no entendimento do

STF:

“O Plenário desta Corte, ao julgar o RE 212.209, decidiu pela constitucionalidade de a base de cálculo do ICMS corresponder o valor da operação ou prestação somado ao próprio tributo, ...”34

Em outros países35, a tributação sobre a circulação de mercadoria ocorre

com cálculo “por fora”. Vejamos.

Valor de mercadoria = R$ 80,00 Imposto (20%) = R$ 16,00 Valor de venda = R$ 96,00

2.2.6 – SITUAÇÕES ESPECÍFICAS

BARES E RESTAURANTES

O fornecimento de refeições em bares e restaurantes, acompanhadas ou não de bebidas, constitui uma operação mista pois inclui o fornecimento de

mercadorias (ingredientes da refeição e bebidas) e serviço (preparo e higienização da louça). No entanto, por expressa disposição da LC 87/96, o “...fornecimento de alimentação e bebidas em bares, restaurantes e

estabelecimentos similares...” é fato gerador do ICMS.

SOFTWARE Antes de analisar a incidência de tributo, é necessário avaliar o destinatário

do uso do software.

Se o destinatário for indeterminado, ou seja, se for destinado ao público em geral, temos o que se convencional chamar software de prateleira e, nessa hipótese, sua venda implica a circulação de mercadoria sendo assim fato

gerador do ICMS.

30 Valor de venda 31 Valor desejado pelo comerciante 32 20% do preço da mercadoria 33 20% do valor do ICMS 34 Min. Moreira Alves citado pelo Min. Cezar Peluso no AgReg no AI 319.670. 35 Os Estados Unidos são um exemplo

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Por outro lado, o desenvolvimento de software por encomenda, ou seja,

aquele destinado a satisfazer as necessidades de determinado consumidor e que, por consequência, não se destina ao grande público, constitui fato gerador do ISS.

AQUISIÇÃO DE SOFTWARE VIA DOWNLOAD

O Estado do Mato Grosso fez publicar a lei 7.098/88 que consolidou as normas relativas ao ICMS. Entre outras medidas, a lei disse incidir o ICMS

sobre “...operações com programa de computador – software - , ainda que realizadas por transferência eletrônica de dados.” Na peça inicial, alega-se que há bitributação pois tais operações estariam no

âmbito da competência tributária dos Municípios e não do Estado, caracterizando-se assim a invasão de competência.

O STF, por maioria, indeferiu a medida cautelar nessa ADI 1945/MT que, no que interessa, foi assim lavrada: “Ementa - ... 8. ICMS. Incidência sobre softwares adquiridos por meio de

transferência eletrônica de dados (art. 2º, § 1º, item 6, e art. 6º, § 6º, ambos da Lei impugnada). Possibilidade. Inexistência de bem corpóreo ou

mercadoria em sentido estrito. Irrelevância. O Tribunal não pode se furtar a abarcar situações novas, consequências concretas do mundo real, com base em premissas jurídicas que não são mais totalmente corretas. O apego a

tais diretrizes jurídicas acaba por enfraquecer o texto constitucional, pois não permite que a abertura dos dispositivos da Constituição possa se

adaptar aos novos tempos, antes imprevisíveis....” Assim, o entendimento atual do STF é de que a aquisição de software através de download eletrônico constitui fato gerador do ICMS.

ÁGUA: CANALIZADA E ENGARRAFADA

A água não tem sua natureza alterada em virtude de ser posta à disposição do consumidor através de um sistema canalizações que a faz jorrar na torneira ou de estar acondicionada em vasilhames (garrafas ou copos

plásticos). No entanto, para o STF36, a disponibilização de água encanada decorre da

prestação de um serviço público. Ao contrário, a água envasada caracteriza-se por ser mercadoria cuja circulação está sujeita ao ICMS.

CDS, DVDs, FITAS MAGNÉTICAS E SIMILARES

Com certeza você já comprou um filme gravado em DVD e, conforme sua idade, já comprou fitas cassetes (videocassete)

A essas operações envolvendo tais suportes magnéticos aplicam-se duas súmulas que podem parecer contraditórias sem que o sejam.

36 STF – ADI 2114

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STF 662

É legítima a incidência do ICMS na comercialização de exemplares de obras cinematográficas, gravados em fitas de videocassete.

STJ 135 O ICMS não incide na gravação e distribuição de filmes e videoteipes.

A comercialização da fita gravada (o mesmo se aplica ao DVD) é fato gerador do ICMS. No entanto, a gravação (o ato de gravar) constitui não é

fato gerador do ICMS. Também não é fato gerador a distribuição gratuita (ex: em virtude de uma ação de marketing) desse material já gravado.

COMODATO

STF 573 Não constitui fato gerador do imposto de circulação de mercadorias a saída

física de máquinas, utensílios e implementos a título de comodato.

Em regra, postos de combustíveis recebem, em comodato, as bombas para abastecimento e os respectivos tanques de armazenamento. De forma similar, fabricantes de cervejas e refrigerantes entregam freezers e balcões

aos revendedores também em comodato.

O comodato é definido “...como o empréstimo gratuito de coisas fungíveis, para serem usadas e depois devolvidas.”37

Nessas operações, o bem objeto do comodato continua sendo de propriedade do comodante, não havendo assim transmissão de titularidade

e, por consequência, inexiste o fato gerador do ICMS.

TRANSFERÊNCIA ENTRE ESTABELECIMENTOS

Para que haja fato gerador do ICMS é necessário haver circulação

econômica, ou seja, circulação da qual decorre troca de titularidade da mercadoria. Esse é o entendimento do STJ:

STJ 166 Não constitui fato gerador do ICMS o simples deslocamento de mercadoria

de um para outro estabelecimento do mesmo contribuinte. Imagine a seguinte cena. Uma sociedade que se dedica a venda de tintas

possui dois estabelecimentos, um no centro de Belo Horizonte e outro no bairro do Prado. Um cliente vai à loja do Prado desejando comprar tinta

branca. O vendedor após consultar o estoque, verifica que só há tinta

37 Arnaldo Rizzardo.

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branca na loja do Centro. Avisa ao cliente que vai providenciar a

transferência da tinta da loja do Centro para a loja do Prado, possibilitando assim a venda. A operação de transferência entre as lojas não implica mudança na titularidade de mercadoria. Vale dizer que a

lata de tinta é da sociedade na loja do Centro e continua a ser da sociedade na loja do Prado. O fato gerador somente ocorrerá quando a lata de tinta

for vendida ao cliente. Esse entendimento do STJ contraria a literalidade da LC 87/96 que assim

dispõe:

Art. 12. Considera-se ocorrido o fato gerador do imposto no momento: I - da saída de mercadoria de estabelecimento de

contribuinte, ainda que para outro estabelecimento do mesmo titular;

CONCRETO USINADO De forma similar ao que acontece no fornecimento de refeições, o

fornecimento de concreto usinado implica a circulação de mercadorias (cimento, areia, aditivos, água e agregados) e prestação de serviço

(dosagem dos insumos, agitação em caminhão betoneira e controle das condições de aplicação).

No entanto, o STJ já entendeu o fornecimento de concreto usinado constitui não constitui fato gerador do ICMS.

STJ 167 O fornecimento de concreto, por empreitada, para construção civil,

preparado no trajeto até a obra em betoneiras acopladas a caminhões, é prestação de serviço, sujeitando-se à incidência do ISS.

CONSTRUTORAS E A AQUISIÇÃO DE INSUMOS

Imagine que a construtora CASAEMPÉ Ltda. adquira tijolos em Minas Gerais para construção de um conjunto habitacional em Sergipe. É esperado que

esses tijolos sejam aplicados na construção das habitações e assim sendo, a construtora não é comerciante (contribuinte do IMS) e sim seu consumidor final.

A operação é interestadual (MG-SE) atraindo assim a aplicação do texto

constitucional:

CF, 155, § 2º. ...

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VII - em relação às operações e prestações que destinem

bens e serviços a consumidor final localizado em outro Estado, adotar-se-á: a) a alíquota interestadual, quando o destinatário for

contribuinte do imposto; b) a alíquota interna, quando o destinatário não for

contribuinte dele; VIII - na hipótese da alínea "a" do inciso anterior, caberá ao Estado da localização do destinatário o imposto

correspondente à diferença entre a alíquota interna e a interestadual;

Sendo a construtora consumidor final, a aquisição dos tijolos em MG deve ser tributada com alíquota interna (18%) não se aplicando o inciso VIII

supra, inexistindo assim a obrigação de se pagar ao Estado de destino aquilo que se convencionou chamar de “diferencial de alíquota”.

STJ 432

As empresas de construção civil não estão obrigadas a pagar ICMS sobre mercadorias adquiridas como insumos em operações interestaduais.

LEASING

No leasing operacional interno (no Brasil), o fabricante coloca um bem seu a disposição de um usuário por tempo determinado, ao final do qual o bem será devolvido. Não há então troca de titularidade da mercadoria em virtude

de operação de leasing.

LC 87/96... Art. 3º O imposto não incide sobre:... VIII - operações de arrendamento mercantil, não

compreendida a venda do bem arrendado ao arrendatário;

Terminado o contrato de leasing, há a possibilidade de o arrendatário adquirir o bem pelo seu valor residual. Nessa hipótese, de compra, haverá sim o fato gerador do ICMS.

O tema merece outra análise quando de se trata de mercadoria oriunda do

exterior que entra no território nacional por força do contrato de leasing. Por força de EC 33, toda e qualquer mercadoria que venha do exterior

passou a constituir fato gerador do ICMS. Com base nessa disposição, o STF entendeu que a entrada de mercadoria estrangeira, ainda que objeto de

contrato de leasing, constitui fato gerador do ICMS. “EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TRIBUTÁRIO. ICMS.

ARRENDAMENTO MERCANTIL - "LEASING". 1. De acordo com a Constituição de 1988, incide ICMS sobre a entrada de mercadoria importada do exterior.

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Desnecessária, portanto, a verificação da natureza jurídica do negócio

internacional do qual decorre a importação, o qual não se encontra ao alcance do Fisco nacional. 2. O disposto no art. 3º,inciso VIII, da Lei Complementar nº 87/96 aplica-se exclusivamente às operações internas de

leasing. 3. Recurso extraordinário conhecido e provido.”38

Ao julgar a incidência do ICMS sobre aeronaves e suas partes, provenientes do estrangeiro em virtude de contrato de leasing, o STF entendeu não haver tal incidência já que nesses contratos não há opção de compra, não

havendo assim que se falar em circulação de mercadoria.

“EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ICMS. NÃO-INCIDÊNCIA. ENTRADA DE MERCADORIA IMPORTADA DO EXTERIOR. ART. 155, II DA CB. LEASING DE AERONAVES E/OU PEÇAS OU EQUIPAMENTOS DE AERONAVES.

OPERAÇÃO DE ARRENDAMENTO MERCANTIL. 1. A importação de aeronaves e/ou peças ou equipamentos que as componham em regime de leasing não

admite posterior transferência ao domínio do arrendatário. 2. A circulação de mercadoria é pressuposto de incidência do ICMS. O imposto --- diz o

artigo 155, II da Constituição do Brasil --- é sobre "operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e

as prestações se iniciem no exterior". 3.

Não há operação relativa à circulação de mercadoria sujeita à incidência do ICMS em operação de arrendamento mercantil contratado pela indústria aeronáutica de grande porte para viabilizar o uso, pelas companhias de

navegação aérea, de aeronaves por ela construídas. ...”39

Em síntese, sendo a hipótese de leasing internacional, é necessário investigar a natureza do contrato para da eventual incidência do ICMS. Se não houver possibilidade de aquisição do bem (caso das aeronaves), não há

a incidência do ICMS.

ACESSO À INTERNET O serviço de acesso à internet não é serviço de comunicação e sim serviço

de valor adicionado nos termos da Lei Geral de Telecomunicações.

STJ 334 O ICMS não incide no serviço dos provedores de acesso à Internet.

HABILITAÇÃO DE CELULAR

38 RE 206.069 39 RE 461.968

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O ato de habilitação do celular não constitui um serviço de comunicação,

nada mais sendo que um ato preparatório ao uso do celular. O uso do celular, sem dúvida, é um serviço de comunicação.

STJ – 350 O ICMS não incide sobre o serviço de habilitação de telefone celular.

RESERVA DE DEMANDA

Os grandes consumidores de energia costumam contratar com as concessionárias de energia uma “reserva de demanda”. Em termos simples,

funciona como colocar à disposição do consumidor uma determinada quantidade de energia que poderá utilizada ou não.

Se for utilizada, a energia será faturada em condições normais. Se não for usada, por óbvio, não será faturada. No entanto, para manter essa

quantidade de energia disponível, a concessionária cobra uma valor a título de reserva de demanda.

Esse valor pago a título de reserva de demanda não pode sofrer a incidência do ICMS.

STJ – 391

O ICMS incide sobre o valor da tarifa de energia elétrica correspondente à demanda de potência efetivamente utilizada.

2.2.6 – IMUNIDADES

São as seguintes as imunidades relativas ao ICMS:

X - não incidirá:

a) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços prestados a destinatários no

exterior, assegurada a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores;

A ideia é desonerar as exportações como forma de torná-las mais

interessantes. Em outras palavras, não incidindo o ICMS, o produto chega no exterior mais em conta, tornando-o assim mais competitivo no mercado internacional.

Uma forma adicional de incentivar as exportações é garantir aos

exportadores a manutenção do crédito do ICMS. Como você já sabe, em virtude da não cumulatividade aplicável ao ICMS, o

valor a pagar é apurado através de um sistema de créditos e débitos. Quando da aquisição das mercadorias, apropria-se o crédito do ICMS.

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Quando da saída da mercadoria apropria-se o débito do ICMS. Apura-se o

saldo da conta para que se possa recolher o valor devido. Em condições normais, as saídas desoneradas (as saídas objeto de

imunidade é uma delas) implicam o cancelamento do respectivo crédito de modo a evitar a geração de crédito de ICMS, nos seguintes termos:

CF, 155, § 2º. ... II - a isenção ou não-incidência, salvo determinação em

contrário da legislação: a) não implicará crédito para compensação com o montante

devido nas operações ou prestações seguintes; b) acarretará a anulação do crédito relativo às operações anteriores;

Nas operações de exportação, o crédito de ICMS é mantido como uma

forma adicional de incentivar as exportações.

b) sobre operações que destinem a outros Estados petróleo, inclusive lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e energia elétrica;

Tem-se aqui uma hipótese de imunidade na qual a circulação dessas

mercadorias sairá do Estado de origem sem a incidência do ICMS. O objeto dessa imunidade é proporcionar uma distribuição da arrecadação

mais justa de modo a beneficiar os Estados não produtores.

Esse foi o entendimento do STF que, ao julgar o RE 198.088, por seu plenário, entendeu que o “Benefício fiscal que não foi instituído em prol do consumidor ”.

Assim, quando tais mercadorias forem adquiridas para consumo (como no

exemplo da indústria) haverá a incidência do ICMS no Estado de destino. Esse é o texto da LC 87/96 que mostra estar em sintonia com a interpretação do texto constitucional feita pelo STF:

Art. 2° O imposto incide sobre:...

§ 1º O imposto incide também:... III - sobre a entrada, no território do Estado destinatário, de petróleo, inclusive lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos dele

derivados, e de energia elétrica, quando não destinados à comercialização ou à industrialização, decorrentes de operações

interestaduais, cabendo o imposto ao Estado onde estiver localizado o adquirente. ...

Art. 12. Considera-se ocorrido o fato gerador do imposto no momento:...

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XII – da entrada no território do Estado de lubrificantes e

combustíveis líquidos e gasosos derivados de petróleo e energia elétrica oriundos de outro Estado, quando não destinados à comercialização ou à industrialização;

Os artigos supra referem-se à hipótese de aquisição dessas mercadorias

para consumo. Em outras palavras, a mercadoria sai do Estado de origem sem a incidência do ICMS e sofre a integral tributação quando da entrada no Estado de destino.

Estado de Origem

Saída

ICMS: 0%

Estado de Destino

Entrada

FG do ICMS

ICMS: 18%

consumo

Art. 3º O imposto não incide sobre:...

III - operações interestaduais relativas a energia elétrica e petróleo, inclusive lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, quando destinados à industrialização ou à comercialização;

Estado de Origem

Saída Imune

ICMS: 0%

Estado de Destino

Comercialização/

Industrialização

ICMS: 12% ou 18%

Comércio/indústria

Repare que somente as operações interestaduais são imunes. As operações

no âmbito dos Estados não são imunes.

Vale lembrar que o etanol (álcool) não é derivado de petróleo. c) sobre o ouro, nas hipóteses definidas no art. 153, § 5º;

§ 5º - O ouro, quando definido em lei como ativo financeiro

ou instrumento cambial, sujeita-se exclusivamente à incidência do imposto de que trata o inciso V do "caput" deste artigo, devido na operação de

origem; a alíquota mínima será de um por cento, assegurada a transferência do montante da arrecadação nos

seguintes termos: I - trinta por cento para o Estado, o Distrito Federal ou o Território, conforme a origem;

II - setenta por cento para o Município de origem.

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67

d) nas prestações de serviço de comunicação nas modalidades de

radiodifusão sonora e de sons e imagens de recepção livre e gratuita;

2.2.8 – NÃO CUMULATIVIDADE

A Constituição dispõe que o ICMS será não-cumulativo nos seguintes termos:

Art. 155 § 2.º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte:

I - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas

anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal;

Cabem aqui alguns comentários sobre a sistemática de apuração não

cumulativa do ICMS, também aplicável ao IPI com as devidas adaptações. A apuração do ICMS (e do IPI também) ocorre de forma não cumulativa,

através de um sistema de débitos e créditos. Assim, a cada, operação, tanto de entrada como de saída de mercadorias, lançamentos são feitos em livros

contábeis próprios.

HISTÓRICO CRÉDITO DÉBITO

Assim, vamos ver como as coisas funcionam. Vamos considerar que a alíquota interna (operações realizadas nos limites do Estado) é de 18% e a

alíquota interestadual é de 12%.Vamos efetuar os lançamentos referentes às seguintes entradas de mercadorias, considerando um contribuinte

sediado em Minas Gerais:

MERCADORIA ORIGEM VALOR TOTAL

10 telefones celulares SP 1.000,00

100 capas plásticas MG 250,00

10 baterias MG 500,00

Ficaria assim:

HISTÓRICO CRÉDITO DÉBITO

10 telefones celulares 120,00

100 capas plásticas 45,00

10 baterias 90,00

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1ª. Etapa do Exame de Ordem Direito Tributário ABR/2013 Prof. Dalmiro Camanducaia

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Ao longo da primeira semana, foram realizadas as seguintes vendas:

MERCADORIA DESTINO VALOR TOTAL

4 telefones celulares MG 800,00

30 capas plásticas MG 180,00

3 baterias MG 320,00

1 telefone celular MG 100,00

3 telefones celulares SP 30,00

Os lançamentos ficaram assim:

HISTÓRICO CRÉDITO DÉBITO

10 telefones celulares 120,00

100 capas plásticas 45,00

10 baterias 90,00

4 telefones celulares 144,00

30 capas plásticas 32,40

3 baterias 57,60

1 telefone celular 18,00

3 telefones celulares 3,60

255,00 255,60

Ao longo de três outras semanas, as vendas foram as seguintes:

MERCADORIA DESTINO VALOR TOTAL

2 telefones celulares Exterior 200,00

70 capas plásticas RJ 500,00

7 baterias MG 850,00

Os lançamentos são os seguintes:

HISTÓRICO CRÉDITO DÉBITO

10 telefones celulares 120,00

100 capas plásticas 45,00

10 baterias 90,00

4 telefones celulares 144,00

30 capas plásticas 32,40

3 baterias 57,60

1 telefone celular 18,00

3 telefones celulares 3,60

2 telefones celulares 0,00

70 capas plásticas 60,00

7 baterias 102,00

255,00 417,60

Saldo 162,60

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Então, encerrado o período de apuração, os créditos (aquilo que foi descontado do valor da operação do contribuinte posto que já havia sido cobrado em todas as operações anteriores) somou R$ 255,00.

Lado outro, as vendas efetuadas resultaram num débito de ICMS igual a R$

417,60. O saldo é de R$ 162,60 a recolher ao Estado a título de ICMS. No entanto, vejamos alguns detalhes: Imagine que 1 telefone adquirido em

SP por R$ 100,00 foi vendido também por R$ 100,00 em MG.

HISTÓRICO CRÉDITO DÉBITO

1 telefone celular 12,00 18,00

6,00

Veja que embora o valor de compra seja igual ao valor de venda, há ICMS a pagar em virtude da diferença das alíquotas (interna e externa).

Imagine que três telefones foram vendidos a valor inferior ao valor de

custo. Então a venda a um preço que o de custo implica a geração de crédito de ICMS que será usado para diminuir o valor de ICMS a recolher.

HISTÓRICO CRÉDITO DÉBITO

3 telefones celulares 36,00 3,60

32,40

Imagine agora que 2 aparelhos foram exportados e que a exportação sob o amparo da imunidade do ICMS, garantida a manutenção do crédito respectivo.

HISTÓRICO CRÉDITO DÉBITO

2 telefones celulares 24,00 0,00

24,00

A exportação de mercadorias também gera crédito de ICMS.

É através da leitura da Nota Fiscal que o sujeito passivo identifica o valor do

“...imposto cobrado nas operações e prestações anteriores;”, seja relativo ao IPI ou ao ICMS.

Ao receber a Nota Fiscal, o adquirente verifica o valor lançado no campo “VALOR DO ICMS” e escritura em seus livros o respectivo crédito de ICMS.

Não importa se o tributo foi recolhido pelo remetente ou não.Exigir que o comerciante adquirente efetuasse esse controle seria atribuir a ele a função fiscalizadora do Estado.

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A manutenção dos créditos tomados quando da aquisição de mercadorias

depende de autorização legal. No caso da imunidade relativa à exportação de mercadorias, a própria Constituição garante o direito à manutenção do crédito.

Quando da aquisição de insumos destinados à produção de papel destinado

à produção de papel destinado à impressão de livros, jornais e periódicos (imunes por força da CF, 150, VI, d), o entendimento do STF40 é no sentido de manutenção do crédito de entrada.

2.2.9 – BENEFÍCIOS FISCAIS RELATIVOS AO ICMS

Para evitar a “guerra fiscal” entre os Estados, a Constituição dispõe que qualquer benefício fiscal relativo ao ICMS deverá ser concedido mediante

CONVÊNIO CONFAZ, cuja produção é regulada pela LC 24/75.

Através desses convênios, as partes (Estados e Distritos Federais) ajustam acordos.

Sendo o objeto desse convênio a concessão de benefícios, sua aprovação depende da manifestação favorável de todos os representados. Na hipótese

de revogação (total ou parcial) de benefícios, a aprovação do convênio requer manifestação favorável de 4/5 dos presentes.

Em até 10 dias após o encerramento da reunião, será publicada no DOU a resolução do que restar decidido na reunião e, partir daí, em até 15 dias,

cada membro, através de decreto legislativo, ratificará ou não o convênio, sendo que a falta de manifestação nesse prazo implica ratificação tácita.

A LC 24/75 dispõe que a concessão e a revogação de isenção referente ao ICMS somente poderá ser veiculada através de Convênio do CONFAZ. O

parágrafo único do art. 1º. dessa LC, em seu inciso primeiro, diz também ser reserva de Convênio o tema relativo “I – à redução de base de cálculo;”.

Concluindo, somente mediante deliberação do CONFAZ através de convênio é possível conceder, revogar ou alterar a isenção, ainda que concedida sob

a forma de redução da base de cálculo.

2.2.10 – ICMS NA IMPORTAÇÃO A importação é fato gerador do ICMS, nos termos da Constituição, com a

redação que lhe deu a Emenda 33:

IX - incidirá também: a)sobre a entrada de bem ou mercadoria importados do exterior por pessoa física ou jurídica, ainda que não seja

40 STF - AC 2559 – Ref.-MC

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contribuinte habitual do imposto, qualquer que seja a sua

finalidade, assim como sobre o serviço prestado no exterior, cabendo o imposto ao Estado onde estiver situado o domicílio ou o estabelecimento do destinatário da

mercadoria, bem ou serviço;

No entanto, a Súmula STF-660 continua vigente mas aplicável somente às importações anteriores à edição da citada emenda.

STF-660 Não incide ICMS na importação de bens por pessoa física ou jurídica que

não seja contribuinte do imposto. 2.3 – IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE DE VEÍCULOS

AUTOMOTORES

2.3.1– FONTES

Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: ... III - propriedade de veículos automotores. ...

§ 6º O imposto previsto no inciso III: I - terá alíquotas mínimas fixadas pelo Senado Federal;

II - poderá ter alíquotas diferenciadas em função do tipo e utilização.

Não existe norma geral relativa ao IPVA. Assim, cada Estado legisla livremente sobre o tema com base no art. 24 da Constituição:

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:...

§ 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estado exercerão a competência legislativa plena, para atender a

suas peculiaridades. § 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.

2.3.2 – FATO GERADOR

Se houvesse lei complementar tratando do IPVA, por força do art. 146, III da Constituição, lá estaria definido o fato gerador desse imposto. Como não

há, o fato gerador está definido na lei de cada Estado.

Em linhas gerais, é fato gerador do IPVA ser proprietário de veículo automotor.

Considerando a origem história do IPVA que é sucessor da extinta TRU (taxa rodoviária única), o STF tem entendimento forte no sentido de que a

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propriedade de aeronaves e embarcações não constitui fato gerador do

IPVA, embora sejam eles veículos automotores. O IPVA é um tributos daqueles chamados “lançado por período certo de

tempo” pois o fato gerador, ou seja, a propriedade, se prolonga ao longo de todo o ano. Por ficção, o fato gerador ocorre em cada 1º de janeiro.

2.3.3 LANÇAMENTO

O IPVA é lançado de ofício com base no inciso I do art. 149 do CTN.

2.3.4 CONTRIBUINTES E RESPONSÁVEIS Mais uma vez, a definição do fato gerador estará na legislação de cada ente

tributante.

Fato é que o contribuinte é o proprietário do veículo automotor.

As hipóteses de responsabilidade, sem prejuízo das já previstas no CTN, estão, também na lei estadual.

2.3.5 – DA BASE DE CÁLCULO

A base de cálculo é o valor venal do imóvel. A cada ano, o Estado tributante elabora uma tabela de valores e com base nessa tabela as bases de cálculo são determinadas.

Nos termos do § 1º do art. 150 da Constituição, a majoração da base de

cálculo do IPVA constitui exceção à noventena (CF, 150, III, c). A atualização dos valores que servem de base de cálculo pode ser feita

através ato do executivo nos termos do art. 97 do CTN.

2.3.6 – DAS ALÍQUOTAS Cabe ao Senado Federal definir as alíquotas máximas do IPVA, alíquotas

essas que poderão ainda ser diferenciadas em função do tipo e do uso.

Não cabe alíquota diferenciada em virtude de o veículo ser nacional ou importado sob pena de restar afrontado a Constituição em seu art. 152.

Não há definição legal do que seja tipo ou uso. Para Leandro Paulsen essa é uma autorização para exigir o IPVA de forma seletiva.

3 - IMPOSTOS MUNICIPAIS

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3.1 - IMPOSTO SOBRE A TRANSMISSÃO DE BENS IMÓVEIS POR ATO

ONEROSO INTER VIVOS 3.1.1 – FONTES

CF...

Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: ... II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato

oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem

como cessão de direitos a sua aquisição;... § 2º - O imposto previsto no inciso II: I - não incide sobre a transmissão de bens ou direitos

incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital, nem sobre a transmissão de bens ou direitos

decorrente de fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses casos, a atividade

preponderante do adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil;

II - compete ao Município da situação do bem.

CTN... Art. 35. O imposto, de competência dos Estados, sobre a transmissão de bens imóveis e de direitos a eles relativos

tem como fato gerador: I - a transmissão, a qualquer título, da propriedade ou do

domínio útil de bens imóveis por natureza ou por acessão física, como definidos na lei civil; II - a transmissão, a qualquer título, de direitos reais sobre

imóveis, exceto os direitos reais de garantia; III - a cessão de direitos relativos às transmissões referidas

nos incisos I e II. Parágrafo único. Nas transmissões causa mortis, ocorrem tantos fatos geradores distintos quantos sejam os herdeiros

ou legatários. Art. 36. Ressalvado o disposto no artigo seguinte, o imposto

não incide sobre a transmissão dos bens ou direitos referidos no artigo anterior: I - quando efetuada para sua incorporação ao patrimônio de

pessoa jurídica em pagamento de capital nela subscrito; II - quando decorrente da incorporação ou da fusão de uma

pessoa jurídica por outra ou com outra. Parágrafo único. O imposto não incide sobre a transmissão aos mesmos alienantes, dos bens e direitos adquiridos na

forma do inciso I deste artigo, em decorrência da sua

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desincorporação do patrimônio da pessoa jurídica a que

foram conferidos. Art. 37. O disposto no artigo anterior não se aplica quando a pessoa jurídica adquirente tenha como atividade

preponderante a venda ou locação de propriedade imobiliária ou a cessão de

direitos relativos à sua aquisição. § 1º Considera-se caracterizada a atividade preponderante referida neste artigo quando mais de 50% (cinquenta por

cento) da receita operacional da pessoa jurídica adquirente, nos 2 (dois) anos

anteriores e nos 2 (dois) anos subsequentes à aquisição, decorrer de transações mencionadas neste artigo. § 2º Se a pessoa jurídica adquirente iniciar suas atividades

após a aquisição, ou menos de 2 (dois) anos antes dela, apurar-se-á a preponderância referida no parágrafo anterior

levando em conta os 3 (três) primeiros anos seguintes à data da aquisição.

§ 3º Verificada a preponderância referida neste artigo, tornar-se-á devido o imposto, nos termos da lei vigente à data da aquisição, sobre o valor do bem ou direito nessa

data. § 4º O disposto neste artigo não se aplica à transmissão de

bens ou direitos, quando realizada em conjunto com a da totalidade do patrimônio da pessoa jurídica alienante. Art. 38. A base de cálculo do imposto é o valor venal dos

bens ou direitos transmitidos. Art. 39. A alíquota do imposto não excederá os limites

fixados em resolução do Senado Federal, que distinguirá, para efeito de aplicação de alíquota mais baixa, as transmissões que atendam à política nacional de habitação.

Art. 40. O montante do imposto é dedutível do devido à União, a título do imposto de que trata o artigo 43, sobre o

provento decorrente da mesma transmissão. Art. 41. O imposto compete ao Estado da situação do imóvel transmitido, ou sobre que versarem os direitos cedidos,

mesmo que a mutação patrimonial decorra de sucessão aberta no estrangeiro.

Art. 42. Contribuinte do imposto é qualquer das partes na operação tributada, como dispuser a lei.

Lendo o art. 35 do CTN tem-se que o ITBI é um imposto de competência dos Estados, situação essa que contraria a Constituição em seu art. 156.

Acontece que à época da edição do CTN, todas as transmissões de bens imóveis, a título oneroso ou gratuito, eram sujeitas à tributação pelos

Estados. No entanto, a Constituição de 88 dividiu essa competência da seguinte forma:

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Estados: transmissões de bens móveis e imóveis, a título gratuito, inclusive as transmissões causa mortis e doações;

Municípios: transmissões de bens imóveis por ato oneroso.

3.1.2 – CARACTERÍSTICAS BÁSICAS

A função do ITBI é predominantemente fiscal ou seja, sua função é arrecadar recursos para os cofres públicos em virtude da manifestação de

riqueza exteriorizada pelo patrimônio imobiliário urbano.

É classificado como imposto direto, ou seja, não há a possibilidade de repercussão do ônus financeiro decorrente da tributação, ônus esse suportado pelo contribuinte.

O imposto é real, ou seja, é cobrado em virtude da propriedade pura e

simples, não importando as condições pessoais do contribuinte, ou seja, não importa se rico (muita capacidade contributiva) ou pobre (pouca

capacidade contributiva). Essa classificação de imposto real acaba por proibir que o IPTU seja cobrado

com base em alíquotas progressivas de modo a fazer o tributo mais onerosos quanto mais valioso for imóvel tributado. Note que essa

progressividade leva em conta uma suposta capacidade contributiva. O STF já sumulou seu entendimento quanto à impossibilidade de

progressividade nas alíquotas do ITBI:

STF 656 É inconstitucional a lei que estabelece alíquotas progressivas para o imposto de transmissão “inter vivos” de bens imóveis –ITBI com base no valor venal

do imóvel.

3.1.3 – LANÇAMENTO O lançamento é feito por declaração nos termos do art. 147 do CTN.

O sujeito passivo (ou outro obrigado) informa ao sujeito ativo a ocorrência do fato gerador e as condições materiais de sua ocorrência.

O sujeito ativo, de posse dessas informações mas não vinculado a elas, termina o lançamento e notifica o sujeito passivo para pagar ou impugnar o

lançamento.

O sujeito ativo poderá lançar de ofício e ainda arbitrar o valor da operação nas hipóteses previstas nos artigos 149 e 148 do CTN:

Art. 148. Quando o cálculo do tributo tenha por base, ou tome em consideração, o valor ou o preço de bens, direitos,

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serviços ou atos jurídicos, a autoridade lançadora, mediante

processo regular, arbitrará aquele valor ou preço, sempre que sejam omissos ou não mereçam fé as declarações ou os esclarecimentos prestados, ou os documentos expedidos

pelo sujeito passivo ou pelo terceiro legalmente obrigado, ressalvada, em caso de contestação, avaliação contraditória,

administrativa ou judicial. Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos:...

II - quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e na forma da legislação tributária;

III - quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado declaração nos termos do inciso anterior, deixe de atender, no prazo e na forma da legislação tributária, a

pedido de esclarecimento formulado pela autoridade administrativa, recuse-se

a prestá-lo ou não o preste satisfatoriamente, a juízo daquela autoridade;

IV - quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer elemento definido na legislação tributária como sendo de declaração obrigatória;

3.1.4 – FATO GERADOR

Art. 35. O imposto, de competência dos Estados, sobre a transmissão de bens imóveis e de direitos a eles relativos

tem como fato gerador: I - a transmissão, a qualquer título, da propriedade ou do

domínio útil de bens imóveis por natureza ou por acessão física, como definidos na lei civil; II - a transmissão, a qualquer título, de direitos reais sobre

imóveis, exceto os direitos reais de garantia; III - a cessão de direitos relativos às transmissões referidas

nos incisos I e II. Quando a transmissão sobre direitos reais sobre imóveis tiver por objeto a

prestação de garantias não ocorrerá o fato gerador do ITBI. Assim, não estão sujeitas ao ITBI as operações que envolvam:

Penhor; Anticrese; Hipoteca;

Alienação fiduciária em garantia.

Em se tratando de transmissão de bens imóveis, o fato gerador ocorre quando do registro do título translativo (escritura pública de compra e venda) no respectivo cartório de registro de imóveis por força do art. 1245

do Código Civil.

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Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante

o registro do título translativo no Registro de Imóveis. § 1o Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a ser havido como dono do imóvel.

Também constitui fato gerador do ITBI a transmissão de direito de

aquisição de direitos reais. Suponha que alguém firme um contrato particular de compra e venda de bem imóvel. Ao invés de providenciar o registro no respectivo Cartório de Imóveis, resolve ceder de forma onerosa

esse direito a um terceiro. Essa cessão também é fato gerador do ITBI.

3.1.5 – SITUAÇÕES ESPECÍFICAS

Imóveis da pessoa jurídica

Como veremos logo à frente, a transmissão de bens imóveis à pessoa

jurídica em virtude de integralização de capital é imune ao ITBI.

E quando o imóvel é desincorporado, ou seja, deixa de integrar o patrimônio da pessoa jurídica?

O art. 36 do CTN assim dispõe:

Parágrafo único. O imposto não incide sobre a transmissão aos mesmos alienantes, dos bens e direitos adquiridos na forma do inciso I deste artigo, em decorrência da sua

desincorporação do patrimônio da pessoa jurídica a que foram conferidos.

Pela literalidade da lei, se o imóvel retorna ao antigo proprietário, ou seja, aquele que promoveu a transmissão ao abrigo da imunidade, também não

há a incidência do ITBI.

Repare a limitação: o retorno deverá ter por destinatário o alienante original. Do contrário, seria a institucionalização da fraude.

Herança

Aberta a sucessão, pode acontecer de um dos herdeiros renunciar ao que tem direito. Essa renuncia pode ser:

Abdicativa: quando o direito objeto da renuncia continua no monte para ser partilhados entre os demais herdeiros. Não haverá a

incidência de ITBI. Translativa: quando a renuncia é feita em favor de uma pessoa

específica. Se a renuncia for graciosa (doação) haverá a incidência de

ITCD. Do contrário, se for onerosa e relativa a bem imóvel, haverá a incidência de ITBI.

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O mesmo raciocínio deve ser aplicado à partilha de bens em separação de casais quando houver desproporção na partilha, hipótese essa que se convencionou chamar “excesso de meação”.

Aquisição originária

Há determinadas situações em que a aquisição de determinado bem ocorre como se fosse a primeira vez que alguém se torna titular desse bem: são as

chamadas aquisições originárias.

Nessas hipóteses, não há, efetivamente, uma transferência da propriedade pois é como se não conhecesse todas a propriedade anterior.

Em se tratando de desapropriação para fins de reforma agrária não há a incidência do ITBI nos termos do art. 184, § 5º da Constituição. Muito

embora o texto em tela diga “...São isentas...”, por sua sede constitucional, estamos diante de uma imunidade.

Imagine que determinado imóvel tenha sido desapropriado. Já vimos que a transmissão desapropriado-poder público não está sujeita ao ITBI. É o texto

constitucional.

No entanto, imagine que o poder público não deu ao imóvel desapropriado a destinação que justificou a desapropriação. Nessa hipótese, o imóvel deve ser devolvido ao antigo proprietário. Nessa hipótese, por estranho que

possa parecer, incide o ITBI, nos termos da seguinte súmula:

STF – 111 É legítima a incidência do ITBI sobre a restituição ao antigo proprietário de imóvel que deixou de servir à finalidade da sua desapropriação.

3.1.6 – IMUNIDADE

§ 2º - O imposto previsto no inciso II: I - não incide sobre a transmissão de bens ou direitos

incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital, nem sobre a transmissão de bens ou direitos

decorrente de fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses casos, a atividade preponderante do adquirente for a compra e venda desses

bens ou direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil;

Repare que somente há imunidade quando o objeto da sociedade não tiver como atividade preponderante “...a compra e venda desses bens ou

direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil;”

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O conceito de atividade preponderante está no § 1º do art. 37 do CTN.

3.1.7 – SUJEITOS

Podem exigir o ITBI:

O Município da situação do imóvel; O Distrito Federal quando imóvel nele estiver; A União, em se tratando de imóvel localizado em Território não

dividido em municípios.

Art. 42. Contribuinte do imposto é qualquer das partes na operação tributada, como dispuser a lei.

Então é a legislação específica que vai definir o sujeito passivo do ITBI. Por exemplo, a legislação de Belo Horizonte assim o define:

Art. 6° - Contribuinte do imposto é:

I - o adquirente ou cessionário do bem ou direito. II - Na permuta, cada um dos permutantes.

3.1.8 – BASE DE CÁLCULO

Art. 38. A base de cálculo do imposto é o valor venal dos bens ou direitos transmitidos.

Em se tratando de imóvel adquirido em hasta pública, o valor base de cálculo do ITBI é o valor da arrematação (REsp 1.188.655).

3.1.9 – ALÍQUOTAS

Sendo tributo de natureza real, não se admite a fixação de alíquotas progressivas em função do valor venal ou de qualquer outro parâmetro.

As alíquotas do ITBI serão fixadas pelas leis locais de cada Município.

3.1.10 – SÚMULAS

STF 108 É legítima a incidência do imposto de transmissão "inter vivos" sobre o valor do imóvel ao tempo da alienação e não da promessa, na conformidade da

legislação local.

STF 110 O imposto de transmissão "inter vivos" não incide sobre a construção, ou parte dela, realizada pelo adquirente, mas sobre o que tiver sido construído

ao tempo da alienação do terreno.

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STF 111

É legítima a incidência do imposto de transmissão "inter vivos" sobre a restituição, ao antigo proprietário, de imóvel que deixou de servir à finalidade da sua desapropriação.

STF 326

É legítima a incidência do imposto de transmissão "inter vivos" sobre a transferência do domínio útil.

STF 656 É inconstitucional a lei que estabelece alíquotas progressivas para o imposto

de transmissão "inter vivos" de bens imóveis - itbi com base no valor venal do imóvel

3.2 - IMPOSTO PREDIAL E TERRITORIAL URBANO – IPTU

Da nomenclatura desse imposto devemos fixar que sua incidência recai tanto sobre a propriedade do terreno (T) quanto dos prédios (P) construídos

sobre o terreno.

CF...

Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: I - propriedade predial e territorial urbana;...

§ 1º Sem prejuízo da progressividade no tempo a que se refere o art. 182 § 4º, inciso II, o imposto previsto no inciso I poderá:

I – ser progressivo em razão do valor do imóvel; e II – ter alíquotas diferentes de acordo com a localização e o

uso do imóvel.

CTN....

Art. 32. O imposto, de competência dos Municípios, sobre a propriedade predial e territorial urbana tem como fato

gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona urbana do Município.

§ 1º Para os efeitos deste imposto, entende-se como zona urbana a definida em lei municipal; observado o requisito

mínimo da existência de melhoramentos indicados em pelo menos 2 (dois) dos incisos seguintes, construídos ou mantidos pelo Poder Público:

I - meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais;

II - abastecimento de água; III - sistema de esgotos sanitários; IV - rede de iluminação pública, com ou sem posteamento

para distribuição domiciliar;

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V - escola primária ou posto de saúde a uma distância

máxima de 3 (três) quilômetros do imóvel considerado. § 2º A lei municipal pode considerar urbanas as áreas urbanizáveis, ou de expansão urbana, constantes de

loteamentos aprovados pelos órgãos competentes, destinados à habitação, à indústria ou ao comércio, mesmo

que localizados fora das zonas definidas nos termos do parágrafo anterior. Art. 33. A base do cálculo do imposto é o valor venal do

imóvel. Parágrafo único. Na determinação da base de cálculo, não se

considera o valor dos bens móveis mantidos, em caráter permanente ou temporário, no imóvel, para efeito de sua utilização, exploração, aformoseamento ou comodidade.

Art. 34. Contribuinte do imposto é o proprietário do imóvel, o titular do seu domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer

título.

3.2.1 – CARACTERÍSTICAS BÁSICAS A função do IPTU é predominantemente fiscal ou seja, sua função é

arrecadar recursos para os cofres públicos em virtude da manifestação de riqueza exteriorizada pelo patrimônio imobiliário urbano.

É classificado como imposto direto, ou seja, não há a possibilidade de repercussão do ônus financeiro decorrente da tributação, ônus esse

suportado pelo contribuinte.

É fato que na maioria dos contratos de locação o locatário assume o compromisso de pagar o IPTU. No entanto, essa relação que obriga o locatário a pagar o IPTU é uma relação de natureza contratual, estranha,

portanto, ao universo do direito tributário.

O imposto é real, ou seja, é cobrado em virtude da propriedade pura e simples, não importando as condições pessoais do contribuinte, ou seja, não importa se rico (muita capacidade contributiva) ou pobre (pouca

capacidade contributiva).

Essa classificação de imposto real acaba por proibir que o IPTU seja cobrado com base em alíquotas progressivas de modo a fazer o tributo mais onerosos quanto mais valioso for imóvel tributado. Note que essa

progressividade leva em conta uma suposta capacidade contributiva.

Exemplo típico de eventual distorção na vida real já foi objeto de prova cujo enunciado dizia de uma faxineira que, após trabalhar vários anos em uma residência, recebe, por legado, uma mansão cujo IPTU é maior que todo o

seu rendimento anual. Veja que o importante é o objeto tributado e não a capacidade econômica do sujeito passivo.

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O STF já sumulou seu entendimento quanto à impossibilidade de progressividade nas alíquotas do IPTU:

STF - 589 É inconstitucional a fixação de adicional progressivo do imposto predial e

territorial urbano em função do número de imóveis do contribuinte; STF 668 - É inconstitucional a lei municipal que tenha estabelecido, antes

da Emenda Constitucional 29/2000, alíquotas progressivas para o IPTU, salvo se destinada a assegurar o cumprimento da função social da

propriedade urbana. No entanto, a EC 29/2000 alterou o texto constitucional de modo a permitir

não só a progressividade fiscal como também a seletividade, prestigiando assim a capacidade contributiva do sujeito passivo.

Art. 156. ...

§ 1º Sem prejuízo da progressividade no tempo a que se refere o art. 182, § 4º, inciso II, o imposto previsto no inciso I poderá:

I – ser progressivo em razão do valor do imóvel; e II – ter alíquotas diferentes de acordo com a localização e o

uso do imóvel. Uma outra súmula do STF, por via transversa, reconhecida a possibilidade

de se graduar o IPTU de acordo com a capacidade contributiva.

STF 539 – É constitucional a lei do município que reduz o imposto predial urbano sobre imóvel ocupado pela residência do proprietário que não possua outro.

Repare que, quem tem mais de um imóvel urbano, presumidamente tem

mais capacidade contributiva que aquele que só tem um imóvel. 3.2.2 – LANÇAMENTO

O lançamento é de ofício ou direto nos termos do art. 142 do CTN.

O STJ editou súmula nos seguintes termos: STJ-397

O contribuinte do IPTU é notificado do lançamento pelo envio do carnê ao seu endereço.

Grifamos a palavra “envio” pois à Administração Pública, para caracterizar o lançamento, basta fazer prova de que enviou o carnê, sendo seu efetivo

recebimento de menor importância. Particularmente, acho isso um absurdo.

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Uma vez recebido o carnê, o sujeito passivo tem o prazo legal (em regra de 30 dias) para impugnar o lançamento.

3.2.3 – FATO GERADOR

Art. 32. O imposto, de competência dos Municípios, sobre a propriedade predial e territorial urbana tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem

imóvel por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona urbana do Município.

§ 1º Para os efeitos deste imposto, entende-se como zona urbana a definida em lei municipal; observado o requisito mínimo da existência de melhoramentos indicados em pelo

menos 2 (dois) dos incisos seguintes, construídos ou mantidos pelo Poder Público:

I - meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais;

II - abastecimento de água; III - sistema de esgotos sanitários; IV - rede de iluminação pública, com ou sem posteamento

para distribuição domiciliar; V - escola primária ou posto de saúde a uma distância

máxima de 3 (três) quilômetros do imóvel considerado. § 2º A lei municipal pode considerar urbanas as áreas urbanizáveis, ou de expansão urbana, constantes de

loteamentos aprovados pelos órgãos competentes, destinados à habitação, à indústria ou ao comércio, mesmo

que localizados fora das zonas definidas nos termos do parágrafo anterior.

O Código Civil, assim dispõe:

Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente. Art. 1.228. O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e

dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.

Num primeiro momento, poder-se-ia imaginar um conflito entre a Constituição que outorga competência tributária para que os Municípios

instituam o imposto sobre a propriedade e o CTN que diz ser fato gerador do IPTU “...a propriedade, o domínio útil ou a posse...”.

A doutrina não dá importância a esse eventual conflito pois entende que o CTN, lei complementar por recepção, cumpra sua missão prevista no art.

146, III da Constituição.

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Ademais, o domínio e a posse são elementos da propriedade.

Assim, o detentor do domínio útil (enfiteuta, usufrutuário) bem como o posseiro (com animus domini) praticam o fato gerador do IPTU.

A definição de zona urbana merece uma reflexão.

Para que determinada zona seja considerada urbana é necessário haver uma lei municipal definindo-a como tal. Embora imprescindível, a lei não

basta pois seria fácil ao município tornar urbana toda a área municipal. Se todos os municípios fizessem isso, não teríamos mais zona rural no

território nacional. Então, além da lei municipal, é necessário haver 2 melhoramentos

(quaisquer dois, no mínimo) dos elencados no art. 32 do CTN. Veja que o CTN adotou como critério a localização (critério topográfico) do imóvel, sem

qualquer importância para sua utilização.

No entanto, no caso de exploração de atividade rural em imóvel localizado em área urbana (segundo o conceito do CTN), o STJ tem entende que aplica o art. 15 do DL 57/66, recepcionado com status de lei complementar.

“Art 15. O disposto no art. 32 da Lei nº 5.172 , de 25 de

outubro de 1966, não abrange o imóvel de que, comprovadamente, seja utilizado em exploração extrativa vegetal, agrícola, pecuária ou agroindustrial, incidindo

assim, sobre o mesmo, o ITR e demais tributos com o mesmo cobrados.”

Por força do § 2º do art. 32 do CTN, as áreas constantes de loteamentos aprovados (área de expansão urbana) estarão sujeitas à incidência de IPTU,

ainda que não existam os melhoramentos citados .

3.2.4 – SUJEITOS Podem exigir o IPTU:

O Município da situação do imóvel; O Distrito Federal quando imóvel nele estiver;

A União, em se tratando de imóvel localizado em Território não dividido em municípios.

Art. 34. Contribuinte do imposto é o proprietário do imóvel, o titular do seu domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer

título. O contribuinte é aquele que pratica o fato gerador, ou seja, o proprietário, o

titular do domínio útil ou o detentor da posse.

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Imagine que a nua propriedade esteja com um, o usufruto com outro e a

posse com um terceiro. Quem é o contribuinte do IPTU? O STJ editou a seguinte sumula:

STJ- 399

Cabe à legislação municipal estabelecer o sujeito passivo do IPTU. Na verdade, o que a súmula quer significar é que, cabe à lei municipal

escolher o sujeito passivo entre as hipóteses previstas no art. 34 do CTN.

Tome como exemplo a legislação de Belo Horizonte:

Lei 5.461/89

Artigo 66 - Contribuinte do imposto é o proprietário do imóvel, o titular do domínio útil ou o seu possuidor.

A lei de Belo Horizonte elegeu qualquer dos três como contribuinte.

Havendo os três (tal qual na hipótese acima) entendo estarmos diante de uma situação de solidariedade.

RESPONSÁVEL

O CTN traz as hipóteses de responsabilidade por sucessão imobiliária nos seguintes termos:

Art. 130. Os créditos tributários relativos a impostos cujo

fato gerador seja a propriedade, o domínio útil ou a posse de bens imóveis, e bem assim os relativos a taxas pela prestação de serviços referentes a tais bens, ou a

contribuições de melhoria, sub rogam-se na pessoa dos respectivos adquirentes, salvo quando conste do título a

prova de sua quitação. Parágrafo único. No caso de arrematação em hasta pública, a sub-rogação ocorre sobre o respectivo preço.

No caso de arrematação em hasta pública, o arrematante recebe o imóvel

livre e desembaraçado. Havendo crédito tributário a ser pago, cabe ao sujeito ativo buscar sua satisfação no limite do valor pago.

SUPERFICIÁRIO

O direito à superfície está previsto no Código Civil nos seguintes termos:

Art. 1.369. O proprietário pode conceder a outrem o direito

de construir ou de plantar em seu terreno, por tempo

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determinado, mediante escritura pública devidamente

registrada no Cartório de Registro de Imóveis. Parágrafo único. O direito de superfície não autoriza obra no subsolo, salvo se for inerente ao objeto da concessão.

Art. 1.370. A concessão da superfície será gratuita ou onerosa; se onerosa, estipularão as partes se o pagamento

será feito de uma só vez, ou parceladamente. Art. 1.371. O superficiário responderá pelos encargos e tributos que incidirem sobre o imóvel.

Pela literalidade do Código Civil, o superficiário é sujeito passivo no que se

refere ao IPTU. O Código Civil usa o verbo “...responderá...” e daí pode surgir a dúvida se o superficiário é contribuinte ou responsável.

No entanto, a nosso aviso, o Código Civil não pode definir nem contribuinte de imposto nem hipóteses de responsabilidade sob pena de afrontar a

Constituição em seu art. 146, III.

3.2.5 – BASE DE CÁLCULO

Art. 33. A base do cálculo do imposto é o valor venal do

imóvel. Parágrafo único. Na determinação da base de cálculo, não se

considera o valor dos bens móveis mantidos, em caráter permanente ou temporário, no imóvel, para efeito de sua utilização, exploração, aformoseamento ou comodidade.

Como não é razoável esperar que o município venha a determinar o valor

de cada imóvel no município de forma individual, acontece que os municípios acabam por editar o que se convencionou chamar Planta Básica de Valores (contendo os valores de m2 de todos os terrenos e de todas as

construções) através da qual se chega ao valor venal de cada imóvel. Essa Planta deve ser veiculada através de lei.

Uma vez editada a Planta Básica, por lei, questiona-se a necessidade de lei para alterar esses valores. Em suma, se a alteração dos valores for

decorrente somente da atualização monetária, não há necessidade de lei em sentido estrito, podendo a atualização ser feita por decreto. No entanto,

se houver majoração real (em índice superior à correção monetária oficial), é indispensável a edição de lei sob pena de afronta ao art. 97 do CTN.

No que se refere ao princípio da anterioridade e da noventena (CF, 150, III, b e c), a síntese é a seguinte:

Se a majoração se der através da majoração da alíquota, é necessário observar tanto a anterioridade quanto a noventena;

Se a majoração se der através da majoração da base de cálculo

(exemplo, reajuste do valor venal em virtude de valorização

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imobiliária), não é necessário observar a noventena, sendo suficiente

observar a anterioridade. 3.2.6 – PROGRESSIVIDADE EXTRAFISCAL

CF, 182 ...

§ 4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não

edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:

I - parcelamento ou edificação compulsórios; II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;

III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo

Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor

real da indenização e os juros legais. Trata-se de uso extrafiscal da tributação, ou seja, tributação como

elementos indutor de comportamentos. O direito de propriedade (que não é absoluto) deve ser conjugado com a obrigação de dar a ela “...seu

adequado aproveitamento...” de modo que ela cumpra sua função social. Não se trata aqui de uma progressividade que implica o aumento da

alíquota à medida que cresce a base de cálculo e sim uma alíquota que cresce ao longo do tempo, em virtude da falta de aproveitamento adequado

da propriedade. 3.2.7– SÚMULAS

STF 724 –

Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, vi, "c", da constituição, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades

essenciais de tais entidades.

STF 668 – É inconstitucional a lei municipal que tenha estabelecido, antes da emenda constitucional 29/2000, alíquotas progressivas para o IPTU, salvo se

destinada a assegurar o cumprimento da função social da propriedade urbana.

STF 589 – É inconstitucional a fixação de adicional progressivo do imposto predial e

territorial urbano em função do número de imóveis do contribuinte.

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STF 583 –

Promitente comprador de imóvel residencial transcrito em nome de autarquia é contribuinte do imposto predial territorial urbano.

STF 539 – É constitucional a lei do município que reduz o imposto predial urbano sobre

imóvel ocupado pela residência do proprietário, que não possua outro. STJ 399 –

Cabe à legislação municipal estabelecer o sujeito passivo do IPTU.

STJ 397 – O contribuinte do IPTU é notificado do lançamento pelo envio do carne ao seu endereço.

STJ 160 –

É defeso, ao município, atualizar o IPTU, por meio de decreto, em percentual superior ao índice oficia correção monetária.

3.3 - IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS

3.3.1– FONTES

Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: ... III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no

art. 155, II, definidos em lei complementar. ... § 3º Em relação ao imposto previsto no inciso III do caput

deste artigo, cabe à lei complementar: I - fixar as suas alíquotas máximas e mínimas II - excluir da sua incidência exportações de serviços para o

exterior. III – regular a forma e as condições como isenções,

incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados. A Constituição atribuiu aos Municípios (e ao Distrito Federal) a competência

para criar o Imposto Sobre Serviços, ISS (ou ISSQN) a incidir sobre a prestação de serviços listados em lei complementar, excluídos os serviços

onerados pelo ICMS, quais sejam os serviços de transporte intermunicipal e interestadual e os serviços de comunicação.

Para que haja a incidência do ISS deve haver a prestação de serviço assim entendido como esforço de alguém em prol de outrem. No entanto, não

basta haver a prestação de serviço pois também é necessário que tal serviço esteja listado em lei complementar. Ainda que seja serviço, se não estiver listado em lei complementar, não haverá a incidência do ISS.

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Por força do disposto no art. 146 da Constituição, cabe à lei complementar

dispor sobre normas gerais em matéria tributária e, em relação aos impostos, definir sua base de cálculo, fato gerador e contribuintes.

Esse papel já desempenhado pelo CTN em seu artigo 71 e seguintes.

No entanto, essas disposições foram revogadas com o advento do DL 406/68 que também já teve suas disposições revogadas pela lei complementar 116/03.

Atualmente, as normas gerais em termos do ISS estão veiculadas pela LC

116/03 e os serviços passíveis de tributação são aqueles constantes da lista a ela anexa.

Do DL 406/68 ainda continua em vigor o art. 9º que dispõe sobre a tributação dos serviços prestados pelas sociedade uniprofisionais.

§ 3° Quando os serviços a que se referem os itens 1, 4, 8,

25, 52, 88, 89, 90, 91 e 92 da lista anexa forem prestados por sociedades, estas ficarão sujeitas ao imposto na forma do § 1°, calculado em relação a cada profissional habilitado,

sócio, empregado ou não, que preste serviços em nome da sociedade, embora assumindo responsabilidade pessoal, nos

termos da lei aplicável. 1. Médicos, inclusive análises clínicas, eletricidade médica, radioterapia, ultrassonografia, radiologia, tomografia e

congêneres;... 4. Enfermeiros, obstetras, ortópticos, fonoaudiólogos,

protéticos (prótese dentária); 8. Médicos veterinários; 25. Contabilidade, auditoria, guarda-livros, técnicos em

contabilidade e congêneres; 52. Agentes da propriedade industrial;

88. Advogados; 89. Engenheiros, arquitetos, urbanistas, agrônomos; 90. Dentistas;

91. Economistas; 92. Psicólogos;

Então, esses serviços, quando prestados por sociedades de profissionais, serão onerados pelo ISS com base em valor fixo por profissional prestador,

ao contrário dos demais serviços cuja base de cálculo é o valor da prestação de serviços.

3.3.2 – CARACTERÍSTICAS BÁSICAS

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A função do ISS é predominantemente fiscal ou seja, sua função é

arrecadar recursos para os cofres públicos em virtude da manifestação de riqueza exteriorizada pelo patrimônio imobiliário urbano.

No que importa a classificação quanto à possibilidade de repercussão, os impostos são classificados em impostos diretos e indiretos.

A doutrina é pacífica no sentido de afirmar que não há critério seguro para extremar os tributos quanto a esse aspecto (sobre o tema, sugiro a leitura

do voto do min. José Delgado no REsp 118.488).

Se o critério for somente o da possibilidade de transferência do ônus financeiro, chegaremos a conclusão de que todos os tributos comportam repercussão pois, no mínimo, todo o ônus tributário pode (e normalmente o

é) transferido ao beneficiário no custo da operação. Não é o fato de o imposto estar destacado no documento fiscal que faz dele ser direto ou

indireto.

Reconheço que há afirmações no sentido de que, somente pelo fato de o tributo vir destacado no documento fiscal, ele será indireto. Nessa hipótese, não resta dúvida de que o ISS será indireto.

O próprio STJ admite que o ISS pode, em algumas situações, ser indireto e

o sobre o tema reproduzido lição do professor Edivaldo Nilo: “As respostas destas perguntas estão numa nova orientação do STJ (REsp

1131872), adotada no procedimento do recurso repetitivo, ou seja, como jurisprudência que deve ser seguida pelos Tribunais Regionais Federais e

pelos Tribunais de Justiça dos Estados. Nesse rumo, o STJ entende que o ISS é espécie tributária que admite a sua

dicotomização como tributo direto ou indireto a depender do caso concreto.

Isto é, o ISS pode ser classificado como tributo direto ou indireto conforme as circunstâncias fáticas de cada caso.

Assim, o STJ, por exemplo, compreendeu que o pedido de restituição de valores indevidamente recolhidos “a título de ISS incidente sobre a locação

de bens móveis (cilindros, máquinas e equipamentos utilizados para acondicionamento dos gases vendidos), hipótese em que o tributo assume natureza indireta, reclama da parte autora a prova da não repercussão, ou,

na hipótese de ter a mesma transferido o encargo a terceiro, de estar autorizada por este a recebê-los”.41

41http://www.pontodosconcursos.com.br/artigos3.asp?prof=155&art=5559&idpag=4, professor Edivaldo Nilo, acesso em 02/08/2011.

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Realça-se que o Plenário do Supremo Tribunal Federal já reconheceu a

inconstitucionalidade do ISS sobre locação de bem móvel, sendo inexigível, portanto, tal tributação.

Deste modo, segundo o STJ, o ISS incidente sobre a locação de bens móveis assume natureza de imposto indireto, uma vez que a empresa

(contribuinte de direito) repassa ao locador da mercadoria (contribuinte de fato).

Nesse rumo, a empresa deve provar que assumiu o impacto financeiro decorrente do pagamento indevido ou que está autorizada a demandar em

nome do locador. Em outras palavras, a comprovação da inexistência de repasse do imposto

devido em cada operação ou a autorização para a demanda do locador é imprescindível para a restituição do ISS.

Relembrando o art. 166 do CTN: “A restituição de tributos que comportem,

por sua natureza, transferência do respectivo encargo financeiro somente será feita a quem prove haver assumido referido encargo, ou, no caso de tê-lo transferido a terceiro, estar por este expressamente autorizado a

recebê-la”.

Em resumo, o ISS é tributo que pode ser classificado como indireto e, por conseguinte, aplica-se o art. 166 nesta hipótese.

3.3.3 – LANÇAMENTO

O lançamento é feito por homologação nos termos do art. 150 do CTN. O sujeito passivo percorre por sua conta e risco o disposto no art. 142 do

CTN e recolhe o valor que entender devido sem prévio conhecimento da autoridade administrativa, sujeitando então a ulterior homologação ou a

lançamento de ofício. 3.3.4 – FATO GERADOR

LC 116...

Art. 1o O Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza, de competência dos Municípios e do Distrito Federal, tem como fato gerador a prestação de serviços constantes da lista

anexa, ainda que esses não se constituam como atividade preponderante do prestador.

§ 1o O imposto incide também sobre o serviço proveniente do exterior do País ou cuja prestação se tenha iniciado no exterior do País.

§ 2o Ressalvadas as exceções expressas na lista anexa, os serviços nela mencionados não ficam sujeitos ao Imposto

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Sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e

Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS, ainda que sua prestação envolva fornecimento de mercadorias.

§ 3o O imposto de que trata esta Lei Complementar incide ainda sobre os serviços prestados mediante a utilização de

bens e serviços públicos explorados economicamente mediante autorização, permissão ou concessão, com o pagamento de tarifa, preço ou pedágio pelo usuário final do

serviço. § 4o A incidência do imposto não depende da denominação

dada ao serviço prestado. Art. 2o O imposto não incide sobre: I – as exportações de serviços para o exterior do País;

II – a prestação de serviços em relação de emprego, dos trabalhadores avulsos, dos diretores e membros de conselho

consultivo ou de conselho fiscal de sociedades e fundações, bem como dos sócios-gerentes e dos gerentes-delegados;

III – o valor intermediado no mercado de títulos e valores mobiliários, o valor dos depósitos bancários, o principal, juros e acréscimos moratórios relativos a operações de

crédito realizadas por instituições financeiras. Parágrafo único. Não se enquadram no disposto no inciso I

os serviços desenvolvidos no Brasil, cujo resultado aqui se verifique, ainda que o pagamento seja feito por residente no exterior.

Em resumo, o fato gerador do ISS é a prestação de serviço ( esforço de

alguém em prol de outrem), desde que esse serviço não seja da competência do ICMS (transporte intermunicipal e interestadual e serviço de comunicação) e esteja listado em lei complementar (atualmente, lei

complementar 116/03).

Essa lista de serviços é taxativa (exaustiva) ou exemplificativa? Sob a vigência do DL 406/68 (que já fez as vezes das normas gerais

relativas ao IPTU) havia uma intensa discussão sobre a natureza da lista.

O STJ entendeu que a lista de serviços anexa à LC 116/03 é taxativa. No entanto, como a lista é pródiga em termos indefinidos como

“congêneres”, “semelhantes”, “similares” e “qualquer espécie”, o STJ também entendeu ser possível a interpretação extensiva ou por analogia.

São exemplos: 15.16 – Emissão, reemissão, liquidação, alteração, cancelamento e baixa de

ordens de pagamento, ordens de crédito e similares, por qualquer meio ou

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processo; serviços relacionados à transferência de valores, dados, fundos,

pagamentos e similares, inclusive entre contas em geral. 17.18 – Atuária e cálculos técnicos de qualquer natureza. 17.22 – Cobrança em geral.

34.01 - Serviços de investigações particulares, detetives e congêneres.

Permitir que haja a interpretação extensiva não significa admitir a analogia como fonte de tributo posto que, nessa modalidade de interpretação há lei a interpretar ao passo que, no uso da analogia a que se refere o art. 108 do

CTN, não há lei.

Serviço proveniente do exterior é aquele prestado por estrangeiro (pessoa física ou jurídica) com início no exterior e término no Brasil ou prestado inteiramente no Brasil.

3.3.5 – OPERAÇÕES MISTAS

Situação interessante quando há, numa mesma operação, a prestação de

serviços e o fornecimento de mercadorias. Exemplos:

Ao pedir um prato de feijão tropeiro no restaurante, você recebe

mercadorias (feijão, farinha, bacon, torresmo, ovo, couve e outras) e a prestação de serviço (o preparo do prato, o serviço à mesa, o

recolhimento da louça e sua higienização; Ao se internar em um hospital para a recuperação da saúde, você

recebe serviços (médicos, de enfermagem, de fisioterapia) e

mercadorias (medicamentos e materiais descartáveis)

A definição do imposto a ser recolhido está no § 2º do art. 1º da LC 116. Em síntese, nas operações em que há operações mistas (serviço e

circulação de mercadoria), as regras são as seguintes:

Não havendo exceção na LC 116, incidirá o ISS sobre o valor total da operação se o serviço estiver listado na LC 116;

o 14.11 – Tapeçaria e reforma de estofamentos em geral.

Incidirá o ICMS sobre o valor total da operação se o serviço não

estiver listado na LC 116; o I - operações relativas à circulação de mercadorias, inclusive o

fornecimento de alimentação e bebidas em bares, restaurantes

e estabelecimentos similares;

Havendo exceção na LC 116 haverá incidência do ISS sobre os serviços e ICMS sobre as mercadorias.

o 7.02 – Execução, por administração, empreitada ou

subempreitada, de obras de construção civil, hidráulica ou elétrica e de outras obras semelhantes, inclusive sondagem,

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perfuração de poços, escavação, drenagem e irrigação,

terraplanagem, pavimentação, concretagem e a instalação e montagem de produtos, peças e equipamentos (exceto o fornecimento de mercadorias produzidas pelo prestador de

serviços fora do local da prestação dos serviços, que fica sujeito ao ICMS).

Em se tratando de assistência médica, tudo o que constar da conta hospitalar estará sujeito unicamente ao ISS. Esse é o teor da Súmula 274:

STJ-274

O ISS incide sobre o valor dos serviços de assistência médica, incluindo-se neles as refeições, os medicamentos e as diárias hospitalares.

A prestação de serviço a si mesmo não constitui fato gerador do ISS.

3.3.6 – SITUAÇÕES ESPECÍFICAS

FRANQUIAS A nosso ver, a concessão de franquia constitui uma obrigação de tolerar

(uso da marca, por exemplo). Certo é que não há nessa operação uma obrigação de fazer.

No entanto, a lista anexa à LC 116/03 inclui entre os serviços a seguinte atividade:

17.08 – Franquia (franchising). O fato de a atividade constar da lista não

faz dessa atividade uma obrigação de fazer, nota essencial dos serviços: “A dicção constitucional, como evidente, não autoriza que a lei

complementar inclua no eu bojo atividade que não represente serviço e, a fortiori, obrigação de fazer, porque a isso corresponderia franquear a

modificação de competência tributária por lei complementar...”42 Nesse julgamento, o Min. Luiz Fux conclui que a franquia não constitui

serviço e, dessa forma, não é fato gerador do ISS posto que não traduz uma obrigação de fazer.

CARTÓRIOS

21 – Serviços de registros públicos, cartorários e notariais.

Esses serviços são serviços públicos prestados por força do disposto no art. 236 da Constituição:

42 Min. Luiz Fux, REsp 1.044.239

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Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público.

Durante muito tempo discutiu-se a incidência do ISS sobre esses serviços, alegando-se que tais serviços são públicos e ainda que são remunerados

por emolumentos, com natureza de taxa. Levado o tema a julgamento, o STF se pronunciou em ADI assim ementada:

“...Ação Direta de Inconstitucionalidade ajuizada contra os itens 21 e 21.1

da Lista Anexa à Lei Complementar 116/2003, que permitem a tributação dos serviços de registros públicos, cartorários e notariais pelo Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISSQN. Alegada violação dos arts.

145, II, 156, III, e 236, caput, da Constituição, porquanto a matriz constitucional do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza permitiria a

incidência do tributo tão-somente sobre a prestação de serviços de índole privada. Ademais, a tributação da prestação dos serviços notariais também

ofenderia o art. 150, VI, a e §§ 2º e 3º da Constituição, na medida em que tais serviços públicos são imunes à tributação recíproca pelos entes federados. As pessoas que exercem atividade notarial não são imunes à

tributação, porquanto a circunstância de desenvolverem os respectivos serviços com intuito lucrativo invoca a exceção prevista no art. 150, § 3º da

Constituição. O recebimento de remuneração pela prestação dos serviços confirma, ainda, capacidade contributiva. A imunidade recíproca é uma garantia ou prerrogativa imediata de entidades políticas federativas, e não

de particulares que executem, com inequívoco intuito lucrativo, serviços públicos mediante concessão ou delegação, devidamente remunerados. Não

há diferenciação que justifique a tributação dos serviços públicos concedidos e a não-tributação das atividades delegadas. Ação Direta de Inconstitucionalidade conhecida, mas julgada improcedente.”

SOCIEDADES UNIPROFISSIONAIS

Essas sociedades são aquelas cujo objetivo social é atingido através do exercício profissional de seus sócios e, como exemplo, se pode citar as

sociedades de advogados, médicos e outros profissionais.

A tributação de tais sociedades pelos Municípios no que se refere ao ISS é feita de forma diferenciada, com base no § 3º do art. 9º do DL 406/68, ou seja, através da cobrança de valor fixo por profissional, não importando o

valor do faturamento da sociedade.

Após intensa discussão iniciada após a edição da LC 116/03 (que revogou quase por completo as disposições do DL 406/68 relativas ao ISS), o STJ considerou vigentes os parágrafos 1º e 3º do art. 9º do DL 406/68:

Art 9º A base de cálculo do impôsto é o preço do serviço.

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§ 1º Quando se tratar de prestação de serviços sob a forma

de trabalho pessoal do próprio contribuinte, o impôsto será calculado, por meio de alíquotas fixas ou variáveis, em função da natureza do serviço ou de outros fatores

pertinentes, nestes não compreendida a importância paga a título de remuneração do próprio trabalho.

§ 3º Quando os serviços a que se referem os itens I, III, V (exceto os serviços de construção de qualquer tipo por administração ou empreitada) e VII da lista anexa, forem

prestados por sociedades, estas ficarão sujeitas ao impôsto na forma do § 1º, calculado em relação a cada profissional

habilitado, sócio, empregado ou não, que preste serviços em nome da sociedade, embora assumindo, responsabilidade pessoal, nos têrmos da lei aplicável.

Em síntese, o STJ entende que a tributação fixa não foi afetada pela edição

da LC 116/03.

LOCAÇÃO DE BENS MÓVEIS A locação é uma operação que tem por objeto uma prestação de dar ou

permitir, ainda que por tempo determinado. Fato é que tal locação não constitui prestação de serviços e, dessa forma, não implica a incidência do

ISS. O tema é assunto de súmula vinculante:

Súmula Vinculante 31

É inconstitucional a incidência do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS sobre operações de locação de bens móveis.

ARRENDAMENTO MERCANTIL (LEASING)

Há três modalidades de leasing: leasing operacional, o leasing financeiro e o leasing back.

No leasing operacional, o fabricante coloca um bem seu a disposição de um usuário por tempo determinado, ao final do qual o bem será devolvido,

sendo seu exemplo típico o leasing de aeronaves. Como não há prestação de serviços não há que se falar em incidência de

ISS.

No leasing financeiro, o usuário tem necessidade de determinado bem para uso próprio mas, em regra, não tem condições financeiras de adquiri-lo diretamente do fornecedor. Por sua vez, o fornecedor tem interesse em

vender mas não tem condições de financiar a venda, ou seja, precisa receber à vista. Surge o agente financeiro que, como meio de viabilizar o

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1ª. Etapa do Exame de Ordem Direito Tributário ABR/2013 Prof. Dalmiro Camanducaia

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negócio, adquire para si o bem e o aluga ao interessado, através de

contrato que, também em regra, contem opção de compra. Embora possa parecer que o agente financeiro é um simples locador e que a

locação não constitui fato gerador do ISS, tem-se que o núcleo dessa operação é o financiamento e, esse sim, constitui fato gerador do ISS.

O leasing back é similar ao leasing financeiro com a diferença de que o arrendante é uma empresa de leasing.

Em suma, o leasing operacional não constitui fato gerador do ISS e os

demais constituem. FACTORING

Factoring (fomento mercantil) é uma operação em que a empresa de

factoring adquire direitos creditórios assumindo o risco da operação.

Nessa hipótese não há que se falar em serviço posto que não há, embora possa parecer, qualquer atividade de financiamento ( REsp 998.566).

Ao contrário, quando na aquisição desse direitos o adquirente garante para si o direito de regresso contra o titular do crédito, caracteriza-se uma

operação de financiamento tendo tais títulos por garantia, sendo essa situação fato gerador do ISS (ADI 1763).

CARTÕES TELEFÔNICOS

A produção de cartão telefônicos inclui uma etapa de produção do cartão e outra de sua personalização. Assim, discutiu-se a possibilidade de incidência de duas operações: uma de industrialização e outra de prestação de

serviços.

O STJ entendeu não haver prestação de serviços no julgamento do REsp 650.687.

EMBALAGENS

Aqui há se considerar o destino da embalagem. Se a embalagem é produzida de forma personalizada e destinada ao uso do

encomendante, há uma prestação de serviço (13.05 – Composição gráfica, fotocomposição, clicheria, zincografia, litografia, fotolitografia) e, portanto o

fato gerador do ISS. Um exemplo é a produção de embalagens para acondicionar os produtos da Philco™ para destiná-los ao comércio.

Esse é o entendimento do STF manifestado nos RREE 92.927, 95.954, 101.346 e outros. No STJ, tal entendimento está sumulado.

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STJ-156 A prestação de serviço de composição gráfica, personalizada e sob encomenda, ainda que envolva fornecimento de mercadorias, está sujeita,

apenas, ao ISS.

Por outro lado, as embalagens produzidas para comercialização (ex: embalagens para acondicionar CD para presente, adquiridas em papelaria) não caracterizam a prestação de serviços, estando sujeitas ao ICMS

(Informativo 386 do STJ).

Sobre as “Embalagens sob encomenda para posterior industrialização (serviços gráficos)”, a Associação Brasileira de Embalagem ajuizou a ADI nr. 4.389 e o STF, em sede de medida cautelar, reconheceu a incidência

exclusiva do ICMS quando da “...industrialização por encomenda de embalagens, destinadas à integração ou utilização direta em processo

subsequente de industrialização ou de circulação de mercadoria.”

Há aqui, senão uma alteração do entendimento do STF, ao menos uma flexibilização pois, em determinados casos, a produção de embalagens personalizadas passa a ser fato gerador do ICMS.

MEDICAMENTOS MANIPULADOS Sua produção caracteriza prestação de serviços e é fato gerador do ISS

(REsp 881.035).

3.3.7 – SUJEITOS

Art. 3o O serviço considera-se prestado e o imposto devido no local do estabelecimento prestador ou, na falta do

estabelecimento, no local do domicílio do prestador, exceto nas hipóteses previstas nos incisos I a XXII, quando o imposto será devido no local: ...

Art. 4o Considera-se estabelecimento prestador o local onde o contribuinte desenvolva a atividade de prestar serviços, de

modo permanente ou temporário, e que configure unidade econômica ou profissional, sendo irrelevantes para caracterizá-lo as denominações de sede, filial, agência, posto

de atendimento, sucursal, escritório de representação ou contato ou quaisquer outras que venham a ser utilizadas.

Sob a égide do decreto-lei 406/68 (que veiculava as normas gerais do ISS até a edição da LC 116/03), o município competente para a exigência do

ISS era, por entendimento pacificado do STJ (entendimento contra legem), era o local da efetiva prestação dos serviços.

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"EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. ISS. COMPETÊNCIA. LOCAL DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO. PRECEDENTES. I - Para fins de incidência do ISS - Imposto Sobre Serviços -, importa o local onde foi concretizado o fato gerador,

como critério de fixação de competência do Município arrecadador e exigibilidade do crédito tributário, ainda que se releve o teor do art. 12,

alínea "a" do Decreto-Lei n.º 406⁄68. II - Embargos rejeitados." (EREsp. 130.792-CE, D.J. 12.06.00, Rel. Min. Ari Pargendler)

"TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. ISS.

COMPETÊNCIA. LOCAL DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO. FATO GERADOR. PRECEDENTES. – Para fins de incidência do ISS – Imposto Sobre Serviços, importa o local onde foi concretizado o fato gerador, ou seja,

onde foi prestado o serviço, como critério de fixação de competência do Município arrecadador e exigibilidade do crédito tributário. – Agravo

regimental improvido." (AGREsp. 299.838-MG, D.J. 15.10.01, Francisco Falcão)

"Tributário. ISS. Município Competente para exigir o Tributo. CTN, art. 127, II. Decreto-Lei 406⁄68 (art. 12, a). 1. É juridicamente possível as pessoas

jurídicas ou firmas individuais possuírem mais de um domicílio tributário. 2. Para o ISS, quanto ao fato gerador, considera-se o local onde se efetivar a

prestação do serviço. O estabelecimento prestador pode ser a matriz, como a filial, para os efeitos tributários, competindo o do local da atividade constitutiva do fato gerador. 3. Precedentes jurisprudenciais. 4. Recurso

provido." (REsp. 302.330-MG, D.J. 22.10.01, Rel. Min. Milton Luiz Pereira)

Após a edição da lei complementar 116/03 passou a ser local do estabelecimento prestador, nos termos dos seus artigos 3º e 4º.

“A competência para cobrança do ISS, sob a égide do art. 12 do DL 406/68, era do local da prestação do serviço, o que foi alterado pelo art. 3º

da LC 116/2003, quando passou a competência para o local da sede do prestador do serviço.”43

Apesar de haver uma polêmica sobre o tema, a posição de STJ é firme no sentido de dizer que é competente para exigir o ISS o município em cujo

território a prestação dos serviços ocorreu. São julgados do STJ:

TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. ISSQN. LC 116/03. COMPETÊNCIA.

LOCAL ESTABELECIMENTO PRESTADOR. SÚMULA 83/STJ. FUNDAMENTO NÃO ATACADO. SÚMULA 283/STF. 1. De acordo com os arts. 3º e 4º da LC 116/03, a municipalidade competente para realizar a cobrança do ISS é a

43 REsp 1139903

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do local do estabelecimento prestador dos serviços. Considera-se como tal a

localidade em que há uma unidade econômica ou profissional, isto é, onde a atividade é desenvolvida, independentemente de ser formalmente considerada como sede ou filial da pessoa jurídica. Isso significa que nem

sempre a tributação será devida no local em que o serviço é prestado. O âmbito de validade territorial da lei municipal compreenderá, portanto, a

localidade em que estiver configurada uma organização (complexo de bens) necessária ao exercício da atividade empresarial ou profissional.2. Afastar a aplicação das regras contidas na LC 116/03 apenas seria possível com a

declaração de sua inconstitucionalidade, o que demandaria a observância da cláusula de reserva de plenário. 3. No caso, o tribunal a quo concluiu que os

serviços médicos são prestados em uma unidade de saúde situada no Município de Canaã, o que legitima esse ente estatal para a cobrança do ISS. (...) 5. Recurso especial conhecido em parte e não provido. (REsp

1160253/MG, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 10/08/2010, DJe 19/08/2010)

RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. ISS. LEI COMPLEMENTAR Nº 116/03.

SERVIÇO DE INFORMÁTICA. COMPETÊNCIA PARA SUA COBRANÇA. FATO GERADOR. LOCAL DO ESTABELECIMENTO DO PRESTADOR. PRESENÇA DE UNIDADE ECONÔMICA OU PROFISSIONAL. 1. De acordo com os artigos 3º e

4º da Lei Complementar nº 116/03, conclui-se que a municipalidade competente para realizar a cobrança do ISS é a do local do estabelecimento

prestador dos serviços, considerando-se como tal a localidade em que há uma unidade econômica ou profissional, isto é, onde a atividade é desenvolvida, independentemente de sua denominação. 2. Ocorre que, no

presente caso, o Tribunal a quo, em seu voto revisor, considerou que os serviços de informática foram prestados na sede da instituição financeira,

localizada em Brasília, sendo disponibilizados técnicos residentes para a manutenção da solução durante o período, caracterizando uma unidade econômica ou profissional no âmbito do Distrito Federal, o que legitima esse

ente estatal para a cobrança o ISS. 3. Para infirmar o acórdão recorrido, neste ponto, faz-se necessário o revolvimento de matéria fático-probatória,

o que é inviável em sede de recurso especial pelo óbice do enunciado n. 7 da Súmula desta Corte. 4. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, não provido. (REsp 1195844/DF, Rel. Ministro MAURO

CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 01/03/2011, DJe 15/03/2011)

PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. ISS. COMPETÊNCIA. LOCAL DA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. QUESTÃO PACIFICADA PELA PRIMEIRA SEÇÃO.

RESP 1.117.121/SP. APLICAÇÃO DO ART. 543-C DO CPC.1. A Primeira Seção desta Corte, consolidou o entendimento no sentido de que o ISS

deve ser recolhido no local da efetiva prestação de serviços, pois é nesse local que se verifica o fato gerador (nos termos do art.12, letra "b", do DL n. 406/1968 e art. 3º, da LC n. 116/2003). 2. In casu, a empresa encontra-

se sediada em Belo Horizonte, prestando serviços de manutenção e aluguel de maquinaria e equipamentos para indústrias em diversos outros

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Municípios, dentre eles à MBR, em sua unidade denominada Mina do Pico,

em Itabirito. Logo, o fato gerador ocorreu no Município de Itabirito e, assim, a ele cabe a cobrança do tributo. Agravo regimental improvido. (AgRg no Ag 1318064/MG, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA,

julgado em 05/04/2011, DJe 13/04/2011)

Art. 5o Contribuinte é o prestador do serviço.

Art. 6o Os Municípios e o Distrito Federal, mediante lei,

poderão atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a

responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a a este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida

obrigação, inclusive no que se refere à multa e aos acréscimos legais.

§ 1o Os responsáveis a que se refere este artigo estão obrigados ao recolhimento integral do imposto devido, multa e acréscimos legais, independentemente de ter

sido efetuada sua retenção na fonte. § 2o Sem prejuízo do disposto no caput e no § 1o deste

artigo, são responsáveis: I – o tomador ou intermediário de serviço proveniente do exterior do País ou cuja prestação se tenha iniciado no

exterior do País; II – a pessoa jurídica, ainda que imune ou isenta, tomadora

ou intermediária dos serviços descritos nos subitens 3.05, 7.02, 7.04, 7.05, 7.09, 7.10, 7.12, 7.14, 7.15, 7.16, 7.17, 7.19, 11.02, 17.05 e 17.10 da lista anexa.

3.3.8 – BASE DE CÁLCULO

Art. 7o A base de cálculo do imposto é o preço do serviço. § 1o Quando os serviços descritos pelo subitem 3.04 da lista

anexa forem prestados no território de mais de um Município, a base de cálculo será proporcional, conforme o

caso, à extensão da ferrovia, rodovia, dutos e condutos de qualquer natureza, cabos de qualquer natureza, ou ao número de postes, existentes em cada Município.

§ 2o Não se incluem na base de cálculo do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza:

I - o valor dos materiais fornecidos pelo prestador dos serviços previstos nos itens 7.02 e 7.05 da lista de serviços anexa a esta Lei Complementar;

II - (VETADO) § 3o (VETADO)

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Art. 8o As alíquotas máximas do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza são as seguintes: I – (VETADO)

II – demais serviços, 5% (cinco por cento).

Note-se que o dispositivo da lei complementar que deveria definir a alíquota mínima foi vetado e, dessa forma, aplica-se o disposto no

ADCT: Art. 88...

Enquanto lei complementar não disciplinar o disposto nos incisos I e III do § 3o do art. 156 da Constituição Federal, o imposto a que se refere o inciso III do caput do mesmo

artigo: I – terá alíquota mínima de dois por cento, exceto para os

serviços a que se referem os itens 32, 33 e 34 da Lista de Serviços anexa ao Decreto-Lei no 406, de 31 de dezembro

de 1968; II – não será objeto de concessão de isenções, incentivos e benefícios fiscais, que resulte, direta ou indiretamente, na

redução da alíquota mínima estabelecida no inciso I.

Como forma de evitar a guerra fiscal entre os municípios, a constituição atribuiu a lei complementar estabelecer a forma segundo a qual benefícios fiscais seriam concedidos em relação ao ISS, em moldes similares ao que

acontece com o ICMS (LC 24/75).

CF. art. 156... § 3º Em relação ao imposto previsto no inciso III do caput deste artigo, cabe à lei complementar:

I - fixar as suas alíquotas máximas e mínimas; II - excluir da sua incidência exportações de serviços para o

exterior. III – regular a forma e as condições como isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados.

No entanto, essa lei complementar ainda não existe.

3.3.9 – SÚMULAS

STF – SV – 31 É inconstitucional a incidência do imposto sobre serviços de qualquer

natureza – iss sobre operações de locação de bens móveis. STF – 663

Os §§ 1º e 3º do art. 9º do dl 406/68 foram recebidos pela constituição.

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103

STF – 558 O imposto sobre serviços não incide sobre os depósitos, as comissões e taxas de desconto, cobrados pelos estabelecimentos bancários.

STJ- 424

É legítima a incidência do ISS sobre os serviços bancários congêneres da lista anexa ao dl n. 406/1968 e à LC n. 56/1987.

STJ- 274 O ISS incide sobre o valor dos serviços de assistência médica, incluindo-se

neles as refeições, os medicamentos e as diárias hospitalares. STJ – 167

O fornecimento de concreto, por empreitada, para construção civil, preparado no trajeto até a obra em betoneiras acopladas a caminhões, é

prestação de serviço, sujeitando-se à incidência do iss.

STJ - 156 A prestação de serviço de composição gráfica, personalizada e sob encomenda, ainda que envolva fornecimento de mercadorias, está sujeita,

apenas, ao ISS.

STJ -138 O ISS incide na operação de arrendamento mercantil de coisas móveis.