imposto sobre importacao

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  • 7/31/2019 imposto sobre importacao

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    UNIVERSIDADE ESTADUAL DO ESTADO DO PIAUI

    DISCIPLINA: DIREITO TRIBUTARIO

    PROF.: IVONEIDE ALENCAR

    CURSO: CIENCIAS CONTABEIS 5 BLOCO TARDE

    ALUNOS: SLVIO BARBOSA CAMPOS DE OLIVEIRAPAULO KSSIO BARBOSA SOUSA

    IMPOSTO SOBRE IMPORTAO

    Teresina, 22 de junho de 2011

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    INTRODUO

    Para iniciarmos o presente trabalho, desejvel que seja explanada umanoo bsica de imposto, gnero onde est incluso o imposto de importao,objeto do estudo atual.

    Tal explanao prvia se faz necessria, posto que imprescindvel para umentendimento satisfatrio da matria. Sendo assim, o imposto o tributo comum fato gerador que consiste em situao independente de qualquer atividadepor parte do Estado, a qualquer ttulo.

    Tal preceito foi estipulado no art. 16 do Cdigo Tributrio Nacional, editado em1966, e vigente at hoje. In verbis: art. 16. Imposto o tributo cuja obrigaotem por fato gerador uma situao independente de qualquer atividade estatalespecfica, relativa ao contribuinte.

    Sendo assim, aqui no h aquela caracterstica de contrapartida do Estado,face ao adimplemento da obrigao tributria. Isto se deve ao fato de que ovalor do imposto de acordo com uma medida geral de capacidade econmicado contribuinte, e destinado ao Errio Pblico como forma de captao derecursos. Os impostos podem ser diretos ou indiretos.

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    1. CARACTERSTICAS PRINCIPAIS

    O Imposto de importao consiste na prestao pecuniria, cobrada peloEstado brasileiro, quando da entrada de mercadorias estrangeiras destinadasao comrcio nacional. O referido imposto, alm da arrecadao, possui

    finalidades extrafiscais, conforme ser melhor explicado posteriormente, poisvisa um maior controle da balana comercial, atravs do aumento oudiminuio de suas alquotas.

    Esse controle de alquotas realizado pelo Poder Executivo de forma maissimples do que para outos impostos, objetivando uma agilidade maior para aregulao da economia.

    Ressalte-se que, sobre a mercadoria nacional, que exportada eposteriormente importada para o Brasil, incide o imposto de importao, excetose enviada em consignao e no vendida no prazo autorizado, devolvida por

    motivo de defeito tcnico, para reparo ou substituio, devido a modificaesna sistemtica de importao por parte do pas importador, por motivo deguerra ou calamidade pblica e por outros fatores alheios vontade doexportador.

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    2. COMPETNCIA

    Uma das principais caractersticas do Imposto de Importao que somente aUnio tem competncia para institu-lo e cobr-lo, portanto um impostofederal. Tal assertiva encontra guarida no art. 153 da Constituio Federal, que

    trata dos impostos da Unio. Seno vejamos:

    Seo III - DOS IMPOSTOS DA UNIO

    Art. 153. Compete Unio instituir impostos sobre:

    I - Importao de produtos estrangeiros;

    II - exportao, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados;

    III - renda e proventos de qualquer natureza;

    IV - produtos industrializados;

    V - operaes de crdito, cmbio e seguro, ou relativas a ttulos ou valoresmobilirios;

    VI - propriedade territorial rural;

    VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar.(...)(grifo nosso).

    Ressalte-se que, com o advento da Constituio Federal de 1988, o elenco deimpostos federal diminuiu, posto que no ordenamento anterior podia a UnioFederal dispor de uma gama maior de sua disposio.

    Ainda sobre a competncia, outros dispositivos legais so plenamenteaplicveis, tais como o Cdigo Tributrio Nacional, arts. 19 a 22, a Lei n3.244/57, o Decreto-Lei n 37/66, e o Decreto-Lei n 2.472/88.

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    3. DA FUNO DO IMPOSTO DE IMPORTAO

    Conforme a parte introdutria, o imposto em estudo considerado extrafiscalem sua funo, pois ele regulado no por motivos de arrecadao, mas porrazes de poltica econmica, consistindo em importante instrumento para esta

    regulao, e por isso mesmo sua alquota pode ser alterada por decretopresidencial, no incidindo o princpio da legalidade nem anterioridade.

    passvel de meno que o princpio da legalidade veda a criao oumajorao de tributo sem lei que o preveja, enquanto que o princpio daanterioridade estabelece que o imposto institudo ou majorado somente podeviger no exerccio seguinte sua publicao, obedecida a regra da noventena.

    Tal vedao objetiva uma maior agilidade, assentada na necessidade dapoltica econmica de dar respostas rpidas, face s exigncias da economiamundial, que no sculo XXI altamente integrada. A Constituio prev esta

    faculdade do Poder Executivo no 1o. de seu artigo 153.

    Um dos principais motivos da extrafiscalidade do imposto de importao proteger os produtos nacionais da concorrncia dos produtos estrangeiros. plenamente justificvel, pois, com os altos custos de produo nacionais, certo que o preo final seja maior do que os produtos oriundos de pasesestrangeiros.

    As razes para a baixa capacidade de concorrncia de alguns produtosnacionais so vrias, mas as principais que podemos citar so os gastos queas empresas brasileiras tm com direitos trabalhistas e a prpria tributao,institutos estes que, se por um lado beneficiam a classe trabalhadora e o bemcomum, prejudicam a concorrncia de nossos produtos, que chegam para oconsumidor mais caros do que produtos estrangeiros (que precisam vir delonge e ainda sim chegam mais baratos).

    No podemos deixar de comentar o caso da China, que possui um imensoexrcito de trabalhadores com o valor de mo de obra mais barato do mundo.Essa situao no deixa de ser um crculo vicioso, pois se o Estado nooferecesse proteo aos produtos nacionais atravs do alto valor do impostode importao, nossa indstria pereceria, ante concorrncia de produtos

    estrangeiros, que so mais baratos, e em muitos casos, de superior qualidade,como o caso de automveis, roupas, eletrnicos e instrumentos musicais.

    Uma eventual diminuio na alquota dos impostos de importao poderia levarao aumento de nosso desemprego, fechamento de empresas, e at o aumentoda criminalidade, com a massa de populares sem trabalho. Assim, estplenamente justificada a necessidade do carter extrafiscal do imposto deimportao.

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    4. DO FATO GERADOR

    O imposto de importao, em nosso pas, tem como fato gerador a entrada deprodutos estrangeiros no territrio nacional. mister ressaltar que, ao produtoque no se destina ao mecado nacional, mas to somente de passagem pelo

    territrio, no se aplica o imposto de importao.

    Conforme o Cdigo Tributrio Nacional, a formalizao do imposto em estudose d quando do desembarao aduaneiro. considerado o cmbio do dia doregistro da declarao realizada, para a converso do valor do produto, narepartio fiscal aduaneira.

    Existem mais alguns aspectos acerca do fato gerador, que merecem comento.O aspecto material, nos termos da lei vigente, caracterizado pela entradafsica do produto estrangeiro no territrio nacional.

    Mas deve ser pontuado que o produto deve destinar-se ao consumo interno,sob pena de no incidncia do imposto ora em anlise.

    O aspecto espacial delimita o local onde a lei considera consumado o fatogerador. No tocante ao imposto de importao, o local onde a mercadoriaencontra-se armazenada, sob o controle da alfndega (o chamado territrioaduaneiro).

    Para esta condio ser verificada, no relevante se o produto encontra-se nazona primria ou secundria, bastando estar sob o controle da aduana. O localdo fato gerador verificado pela autoridade atravs dos documentosconhecimento de transporte e manifesto de carga, que, alm do localalfandegado, igualmente identifica o sujeito passivo da obrigao.

    Quando estas informaes no puderem ser indentificadas, faz-se necessria ainstaurao de processo administrativo, a ser formalizado pelo sujeito ativo.

    Ressaltamos ainda que, com a falta da documentao necessria, o sujeitopassivo est sujeito a penalidade pecuniria. A jurisdio do territrio aduaneiroest compreendida no Decreto-Lei n 37/66, conforme transcrito a seguir:

    Art.33. A jurisdio dos servios aduaneiros se estende por todo o territrioaduaneiro e abrange:

    I Zona Primria compreendendo as faixas internas de portos, aeroportos,recintos alfandegados e locais habilitados nas fronteiras terrestres, bem comoem outras reas nas quais se efetuam operaes de carga e descarga demercadorias ou embarque e desembarque de passageiros, procedentes doexterior ou a ele destinados;

    II Zona Secundria compreendendo a parte restante do territrio nacional,nela includos as guas territoriais e o espao areo correspondente. Pargrafo

    nico. Para efeito de adoo de medidas de controle fiscal, podero serdemarcadas, na orla martima e na faixa de fronteira, zonas de vigilncia

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    aduaneiras, nas quais a existncia e a circulao de mercadorias estosujeitas s cautelas fiscais, proibies e restries que forem prescritas noregulamento.

    O aspecto temporal diz respeito data de ocorrncia do fato gerador, e

    verificado na data do registro do documento conhecido como declarao deimportao. O ilustre jurista Geraldo Ataliba, explica que:

    A lei continente da hiptese de incidncia tributria traz a indicao dascircunstncias de tempo, importantes para configurao dos fatos imponveis.Esta indicao pode ser implcita ou explcita. Na naioria das vezes simplesmente implcita.(...)

    Raramente a lei tributria estabelece condies especiais explcitas de tempo,restringindo o mbito da hiptese de incidncia, e, portanto, limitando a salguns fatos cabentes na descrio em que hipteses de incidncia consiste

    a qualificao de fatos imponveis.

    A mais importante funo do aspecto temporal diz respeito indicao necessariamente contida na hiptese de incidncia do momento em que sereputa ocorrido o fato imponvel (e, pois, nascida a obrigao tributria).

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    5. DAS ALQUOTAS

    O Poder Executivo o ente competente para a alterao das alquotas doimposto em comento, conforme Constituio, em seu artigo 153, 1,dispositivo este que ainda estabelece que sero respeitadas condies e

    limites de lei.

    A lei editada para a regulao destas condies e limites a de n 3.244/57,conforme Lei n 8.085, de 23-10-90 (DOU, 24-10-90), a qual preleciona o quesegue:

    Art. 3 Poder ser alterada dentro dos limites mximo e mnimo do respectivocaptulo, a alquota relativa a produto:

    1. cujo nvel tarifrio venha a se revelar insuficiente ou excessivo aoadequado cumprimento dos objetivos da Tarifa:

    2. cuja produo interna fr de intersse fundamental estimular;3. que haja obtido registro de similar;4. de pais que dificultar a exportao brasileira para seu mercado, ouvido

    prviamente o Ministrio das Relaes Exteriores;5. de pas que desvalorizar sua moeda ou conceder subsdio exportao,

    de forma a frustrar os objetivos da Tarifa.

    1 Nas hipteses dos itens a, b e c a alterao da alquota, em cada caso,no poder ultrapassar, para mais ou para menos, a 30%(trinta por cento) "ad-valorem".

    2 Na ocorrncia de "dumping", a alquota poder ser elevada at o limitecapaz de neutraliz-lo.

    O dumping consiste na prtica comercial perpetrada por uma ou maisempresas que, atravs da baixa exagerada de preo de um produto, eliminama concorrncia para depois impor preos altos. Tal medida altamenterechaada pelos governos quando detectada, geralmente pelo aumento dasalquotas incidentes sobre aquele produto.

    No imposto de importao incidem dois tipos de alquotas, quais sejam,

    especfica e ad valorem. A alquota especfica especificada por uma quantiadeterminada, em funo da unidade de quantificao dos produtos importadose sujeitos ao imposto.

    A alquota ad valorem calculada atravs de porcentagem incidente sobre ovalor do produto. No caso de produtos que possam desestabilizar o comrciointerno, o Estado geralmente impe alquotas elevadssimas, de forma adificultar a sua entrada no territrio.

    O Estado tambm pode reduzir as alquotas, para forar uma eventual baixanos preos dos produtos nacionais. Dada a extrafiscalidade do tributo em

    questo, as alquotas so fixadas conforme critrios polticos e econmicos,conforme acima explanado.

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    O rgo competente para fixar as alquotas de importao, bem como deexportao, a Cmara de Comrcio Exterior CAMEX rgo integrante doConselho de Governo, e presidida pelo Ministro do Desenvolvimento,Indstria e Comrcio Exterior, alm da participao de outros Ministrios, comoo da Casa Civil, Relaes Exteriores, da Fazenda, da Agricultura, Pecuria e

    Abastecimento e do Planejamento, Oramento e Gesto.

    A competncia do referido rgo foi estabelecida pelo Decreto-Lei 4.732/2003,o qual estipula em seu art. 2o., 1o , incisos I a IV, que na implementao daPoltica de Comrcio Exterior, a CAMEX ir observar os compromissosinternacionais assumidos em particular pelo Pas, com a OMC, o MERCOSULe ALADI Associao Latino-americana de Integrao.

    Alm destes compromissos, o referido Decreto-Lei estabelece que o referidorgo ir definir o papel do comrcio exterior como instrumento indispensvelpara promover o crescimento da economia nacional e para o aumento da

    produtividade e da qualidade dos bens produzidos no Pas, as polticas deinvestimento estrangeiro, de investimento nacional no exterior e detransferncia de tecnologia, que complementam a poltica de comrcio exterior.

    Ainda, as competncias de coordenao atribudas ao Ministrio das RelaesExteriores no mbito da promoo comercial e da representao do Governona Seo Nacional de Coordenao dos Assuntos relativos ALCA - SENALCA, na Seo Nacional para as NegociaesMERCOSUL - Unio Europia - SENEUROPA, no Grupo Interministerial deTrabalho sobre Comrcio Internacional de Mercadorias e Servios - GICI, e naSeo Nacional do MERCOSUL.

    Verifica-se, portanto, que a criao da Cmara de Comrcio Exterior (entidadevinculada ao Poder Executivo), se por um lado assegura agilidade para ogoverno, por outro lado o limita, ao celebrar o respeito aos contratosinternacionais bilaterais e multilaterais, servindo como um sistema de freios econtrapesos.

    Os decretos para alterao de alquotas, de forma expressa pelo CdigoTributrio Nacional, somente podem ser do tipo regulamentadores ou deexecuo (ver artigo 99), o que confirma o enquadramento constitucional dos

    decretos (Constituio Federal, artigo 49, V, e 84, IV)

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    6. DA BASE DE CLCULO

    As normas para definir a base de clculo do imposto de importao so decarter geral, no podendo ser calculadas a cada vez de forma diferente.Geralmente considerado o valor constante na fatura comercial, mas tambm

    admitido o preo de referncia, estipulado pelo Conselho de PolticaAduaneira, e a pauta do valor mnimo, estipulado pela Comisso Executiva doreferido conselho.

    No caso da alquota especfica, a base de clculo corresponde quela queprev importncias fixas, aplicvel as modos de quantificao do produtoimportado, a base de clculo expressada pela quantidade de mercadoriaexpressa em unidades de medida utilizadas pelo ordenamento, conformeditame do Cdigo Tributrio Nacional, art. 20, inciso I e art. 2o. do Decreto-Lein 37/66.

    J na alquota ad valorem, a base de clculo o valor monetrio damercadoria, incidindo sobre este valor um percentual.

    O valor considerado o que consta na fatura de comrcio, expedida pelo pasoriginrio (artigo 20, inciso II do Cdigo Tributrio Nacional).

    Destaque-se que o Fisco tem a discricionariedade de aceitar ou no o preoindicado na fatura original, podendo atribuir um preo com base no mercadointerno, o chamado preo normal.

    A alquota mista combina os parmetros utilizados em ambas as modalidades,quando por exemplo, atribui uma porcentagem de R$50,00 (cinquenta reais)por kilograma (Kg).

    No caso de produtos apreendidos ou abandonados, quando levados leilo, abase de clculo o preo da arrematao.

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    7. O CONTRIBUINTE

    O contribuinte, ou seja, a pessoa que deve pagar o imposto de importao, oimportador, ou o equiparado por lei (Cdigo Tributrio Nacional, art. 22, I). Nocaso de mercadorias apreendidas ou abandonadas, o contribuinte o

    arrematante (Cdigo Tributrio Nacional, art. 22, II).

    Geralmente o contribuinte pessoa jurdica, no entanto, para fins de cobranado referido imposto tambm admitido pessoa fsica. O ordenamento jurdicotributrio no faz distino quanto ao formalismo, do sujeito passivo.

    8. DO LANAMENTO

    O lanamento, que o procedimento administrativo atravs do qual aautoridade administrativa constitui o crdito tributrio, realizado com afinalidade de tornar a quantia devida para o Errio em lquida e certa. No casodo imposto de importao, o lanamento ocorre por homologao, ou seja, a leidetermina o pagamento do tributo antes de qualquer procedimento defiscalizao.

    O importador, no caso, deve fazer declarao, oferecendo ao Fisco todos oselementos informativos para o pagamento do imposto.

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    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    1. BRITO MACHADO, Hugo de. Curso de Direito Tributrio, 27a. edio,Malheiros Editore;

    2.CALMON, Sacha. Curso de Direito Tributrio Brasileiro, Ed. Forense, RJ;

    3. CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito tributrio. 6. ed. atual. SoPaulo: Saraiva, 1993;

    4. NOGUEIRA, Ruy Barbosa. Curso de direito tributrio. 11. ed. So Paulo:Saraiva, 1993;

    5. DENARI, Zelmo. Curso de direito tributrio. 8. ed. So Paulo: Atlas, 2002.