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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ GRAZIELI VIEIRA O IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO E SEU IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DO BRASIL CURITIBA 2014

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

GRAZIELI VIEIRA

O IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO E SEU IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO

ECONÔMICO DO BRASIL

CURITIBA

2014

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GRAZIELI VIEIRA

O IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO E SEU IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO

ECONÔMICO DO BRASIL

Trabalho de Conclusão de curso apresentado ao Curso de Direito da Faculdade de Ciências Jurídicas da Universidade Tuiuti do Paraná como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito.

Orientador: Prof. Dr. Jorge de Oliveira Vargas.

CURITIBA

2014

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TERMO DE APROVAÇÃO

GRAZIELI VIEIRA

O IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO E SEU IMPACTO NO DESENVOLVIMENTO

ECONÔMICO DO BRASIL

Esta monografia foi julgada e aprovada para a obtenção do título de Bacharel em Direito no Curso de Direito da Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba, de de 2014.

_________________________________ Professor Doutor Eduardo de Oliveira Leite Coordenador do Núcleo de Monografias do Curso de Direito Universidade Tuiuti do Paraná

Orientador: _____________________________________Prof. Dr. Jorge de Oliveira Vargas Universidade Tuiuti do Paraná

_____________________________________ Prof. Universidade Tuiuti do Paraná

_____________________________________ Prof. Universidade Tuiuti do Paraná

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho a toda minha família, inclusive meu pai (in memoriam), que

assim como eu, sonhara com a realização desse curso.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à Deus me deu disposição e força para enfrentar os

desafios desse mundo.

Aos meus familiares e amigos, que sempre me incentivaram e apoiaram desde o

início dessa jornada e aguentaram todo o meu nervosismo diante dos desafios da

faculdade, além da minha distancia nesse final, em especial a Carla que sempre

sonhou junto comigo e torceu por mim.

Aos meus amigos de faculdade, Fabio, Natalie e Urbano, que sempre estiveram ao

meu lado me apoiando, incentivando, e também sofrendo junto.

Aos colegas da Atlas Copco, que me apoiaram, incentivaram e torceram por mim.

Aos ilustres e queridos Professores da UTP, por toda a dedicação e orientação

prestada.

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RESUMO

O presente trabalho visa estudar o quanto o protecionismo proposto pelo Poder

Executivo perante o imposto de importação influencia no mercado interno. Buscar

entender como é determinada a aplicação do imposto de importação e o quanto a

economia brasileira consegue se desenvolver diante das medidas restritivas

impostas por este ato. Os aspectos benéficos e prejudiciais dos incentivos fiscais

referente ao imposto dentro do mercado interno em diversos setores. Será

trabalhado com uma Revisão Bibliográfica, observando publicações sobre o tema

abordado em sites especializados. Também consultar-se-á obras de autores

proficientes no assunto e doutrinas necessárias. Os tratados internacionais são os

principais vínculos que norteiam as relações entre os países, nos quais se podem

determinar as concessões que serão aplicadas de forma recíproca entre os

participantes dos tratados. Inclusive determina-se a legislação tributária, que

conforme determina o art. 98 do Código Tributário Nacional, os tratados revogam ou

modificam legislação tributária. Nesse sentido, fala-se em imposto de importação e

principalmente o fato gerador do referido imposto que é determinado como a entrada

de produtos estrangeiros no território nacional, como previsto no art. 19 do CTN.

Agora, falando-se sobre incentivos fiscais, em um breve resumo pode-se dizer que

de forma geral são poucas empresas privadas que tem acesso aos incentivos fiscais

que os isenta do pagamento do imposto de importação, tendo em vista os requisitos

especificados na Instrução Normativa 1.291 de 19 de Setembro de 2012. Diante

disso verifica-se que a possibilidade de importação e até mesmo a aquisição de

novas tecnologias para o país estão nas mãos de poucos, que se resume a grandes

empresas, sendo assim, o desenvolvimento do país está restrito e os pequenos

empresários não conseguem esses benefícios, o que fere o princípio da legalidade e

igualdade.

PALAVRAS-CHAVE: Imposto de Importação. Fato Gerador. Incentivos Fiscais.

Desenvolvimento.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..................................................................................................8

2 TRATADOS INTERNACIONAIS.......................................................................9

2.1 ESPÉCIES.......................................................................................................11

2.1.1 CONVENÇÃO DE VIENA................................................................................11

2.1.2 GATT ..............................................................................................................12

2.1.3 OMC.................................................................................................................13

2.1.4 MERCOSUL.....................................................................................................13

3 TRIBUTO.........................................................................................................14

4 IMPOSTO........................................................................................................16

5 FATO GERADOR............................................................................................17

5.1 ASPECTO MATERIAL.....................................................................................17

5.2 ASPECTO TEMPORAL...................................................................................18

5.3 ASPECTO ESPACIAL.....................................................................................18

5.4 ASPECTO QUANTITATIVO............................................................................19

5.5 ASPECTO PESSOAL......................................................................................19

6 IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO.........................................................................20

6.1 FATO GERADOR PENDENTE........................................................................20

6.2 ASPECTO MATERIAL DO II...........................................................................22

6.3 ASPECTO TEMPORAL DO II..........................................................................23

6.4 ASPECTO ESPACIAL DO II............................................................................24

6.5 ASPECTO PESSOAL DO II.............................................................................24

6.6 ASPECTO QUANTITATIVO DO II...................................................................26

7 INCENTIVOS FISCAIS....................................................................................28

7.1 DRAWBACK ...................................................................................................28

7.2 REGIMES ADUANEIROS ESPECIAIS............................................................29

7.2.1 TRÂNSITO ADUANEIRO ...............................................................................30

7.2.2 ADMISSÃO TEMPORÁRIA ............................................................................30

7.2.3 ENTREPOSTO INDUSTRIAL SOB CONTROLE ADUANEIRO

INFORMATIZADO – RECOF.....................................................................................31

7.2.4 ZONA FRANCA DE MANAUS.........................................................................32

8 O IMPACTO DO IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO NO DESENVOLVIMENTO

ECONÔMICO DO BRASIL........................................................................................33

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9 CONCLUSÃO..................................................................................................37

REFERÊNCIAS..........................................................................................................38

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1 INTRODUÇÃO

As comercializações entre países no mundo é uma prática comum desde a

antiguidade, foi quando surgiram diversos tratados entre os países europeus

conhecido como União Europeia e também entre os países da América do Sul

conhecido como Mercosul. Porém diante da crescente globalização, verifica-se que

grande parte dos produtos produzidos no Brasil possuem componentes importados.

Diante disso, faz-se necessário uma verificação em como a lei trata o imposto de

importação, o seu fato gerador, o que faz com que se configure a obrigação

tributária. Inclusive como os tratados internacionais revogam ou modificam a

legislação tributária, o que vem a influenciar a aplicabilidade do referido imposto.

Vale lembrar ainda sobre os incentivos fiscais previstos em lei, que podem beneficiar

as empresas privadas a fim de facilitar a importação, visando o desenvolvimento

econômico e tecnológico do país.

O objetivo principal desse trabalho é justamente estudar os tratados e como

influenciam a relação do Brasil com os demais países, o imposto de importação, sua

aplicação, as instituições que recebem incentivos fiscais no que tange o imposto. E

como a soma de todos esses fatores influencia o desenvolvimento do mercado

interno.

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2 TRATADOS INTERNACIONAIS

Os tratados são celebrados pelo Presidente da República, ou seus auxiliares,

sujeitos a referendo do Congresso Nacional, nos casos que acarretem encargos ou

compromissos gravosos ao patrimônio nacional. Mediante a promulgação dos

tratados ocorre a integração de seus preceitos no ordenamento jurídico nacional,

passando a constituir o próprio direito interno. Ocorrendo os pressupostos formais:

celebração, ratificação, promulgação e publicação; passam então a produzir seus

efeitos jurídicos.

Determina o art. 96 do CTN:

“Art. 96 - A expressão “legislação tributária” compreende as leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes.” (BRASIL, 1966).

E ainda o art. 98 do CTN:

“Art. 98 - Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha.” (BRASIL, 1966).

Assim, os Tratados e convenções internacionais servem de instrumento para

a disciplina das relações tributárias, com implicações no âmbito internacional. Em

muitos casos, prestam-se a evitar a bitributação internacional ou a tutelar o comercio

entre nações.

O Estado brasileiro admite a incorporação automática ao direito nacional

apenas os tratados que disponham sobre direitos e garantias individuais. Em relação

aos demais tratados é necessária a aprovação pelo Congresso Nacional por meio de

Decreto Legislativo, seguido de ratificação, promulgação e publicação para que

então a norma do tratado tenha vigência e eficácia no ordenamento jurídico interno.

O art. 97 do CTN e seus incisos, juntamente com o art. 150 da CF,

determinam que somente por lei, pode-se estabelecer tributos, sua extinção, fixação

de alíquotas, penalidades, definição de fato gerador, dentre outros, ou seja,

contempla diversos princípios tanto implícitos quanto explícitos, tais como: isonomia,

irretroatividade, legalidade, universalidade de jurisdição, capacidade contributiva,

anterioridade, vinculabilidade, etc. Porém, devido ao crescente processo de

globalização e a necessidade de integração entre os países visando a cooperação

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internacional, faz-se necessário o respeito aos Tratados cujas normas venham a ser

integradas em nosso país.

Os tratados podem ser tidos como tratados-contratos, pois através deles as

partes realizam uma operação jurídica (acordos de comércio, de aliança, cessão

territorial), e os tratados leis, no qual as partes editam uma regra de direito

objetivamente válida. Podemos citar aqui a definição do autor Francisco Rezek, que

vem a especificar essa distinção:

“[...] tanto no tratado chamado contratual quanto naquele dito normativo, a vontade convencional das partes tem sempre um mesmíssimo objeto, constituído pela integralidade do teor do tratado.” (REZEK, 2011, p.53).

Os Tratados formam um sistema normativo autônomo, constituído por um

conjunto de normas e por uma estrutura responsável por produzir e aplicar as

normas. Os tratados não estão previstos de forma expressa a sua posição

hierárquica na legislação. No art. 5º, § 2º, CF, parece ter sido atribuído hierarquia

constitucional a direitos e garantias expressas em tratados internacionais dos quais

o Brasil seja parte.

O art. 105, III, alínea a, determinada que o STJ tem a competência para julgar

em última instancia causas decididas pelos TRF´s, Tribunais dos Estados e do DF

quando a decisão contraria tratado ou lei federal ou negar-lhes vigência, parecendo

ter equiparado os tratados internacionais as leis federais.

As decisões adotadas pelos tribunais de justiça, com relação a hierarquia

constitucional dos tratados tendem a acompanhar o Recurso Extraordinário 80.004

de 01 de Junho de 1977, conforme abaixo:

“A maioria valeu-se de precedentes do próprio Tribunal para dar como certa a introdução do pacto – no caso, a Lei uniforme de Genebra sobre letras de câmbio e notas promissórias – na ordem jurídica brasileira, desde sua promulgação. Reconheceu em seguida o conflito real entre o pacto e um diploma doméstico de nível igual ao das leis federais ordinárias – o Decreto-lei n. 427/69, posterior, em cerca de três anos, à promulgação daquele –, visto que a falta de registro da nota promissória, não admitida pelo texto de Genebra como causa de nulidade do título, vinha a sê-lo nos termos do decreto-lei. Entenderam as vozes majoritárias que, faltante na Constituição do Brasil garantia de privilégio hierárquico do tratado internacional sobre as leis do Congresso, era inevitável que a Justiça devesse garantir a autoridade da mais recente das normas, porque paritária sua estatura no ordenamento jurídico.”(STF, 1977).

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Neste Recurso Extraordinário 80.004/77, o Supremo Tribunal Federal decidiu

que no caso de conflito entre lei ordinária e tratado internacional, prevalece a

posterior observando-se a possibilidade da responsabilidade no plano internacional.

Aqui se pode citar um trecho da Dissertação de Mestrado da Silvana Bussab

Endres, mencionada pelo autor José Eduardo Soares de Melo na obra Importação e

Exportação no direito Tributário, que retrata como deve ser a postura de um país em

relação a tratados referentes ao Imposto de Importação.

“Assim, se o país assume compromissos com outros Países, por meio de tratados internacionais, fixando de comum acordo os níveis tarifários que vai aplicar aos produtos importados, bem como, comprometendo-se a seguir determinados critérios para o estabelecimento da base de cálculo do Imposto de Importação e, se esses tratados foram integrados, segundo procedimento constitucionalmente previsto, ao ordenamento interno, nem o legislador federal , nem o Poder Executivo, poderão desrespeitar essas normas e cobrar imposto fora dos referidos parâmetros, salvo mediante denuncia do tratado. [...] Norma interna, que introduz no ordenamento jurídico, normas convencionais, só pode, no âmbito do direito tributário ser revogada por outra da mesma natureza e origem.” (MELO, 2012, p.46)

Os tratados que tratam de matéria tributária, em sua grande maioria, visam

evitar a dupla tributação no âmbito do imposto de renda, eliminação de direitos

alfandegários, ou outras medidas que venham a facilitar o livre transito de bens,

serviços e fatores produtivos entre os países signatários, sendo assim, não podem

ser revogados por lei posterior por possuírem nível hierárquico superior às leis

internas; o art. 98 do CTN determina expressamente que os tratados revogam a lei

interna, além de ser um ato contrário a boa-fé internacional.

2.1 ESPÉCIES

A seguir serão estudados os Tratados mais importantes com seus conceitos

básicos, tendo por objetivo a aplicação no âmbito das importações realizadas por

nosso país.

2.1.1 CONVENÇÃO DE VIENA

Esta Convenção foi firmada em 23 de Maio de 1969 por 110 países,

estabelecendo as regras de negociação, conclusão, entrada em vigor, interpretação

e extinção dos atos internacionais, sendo o tratado entendido como um acordo

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internacional celebrado por escrito entre os Estados e regido pelo Direito

Internacional.

As regras de interpretação estabelecem que um Tratado deve ser interpretado

pela boa fé, segundo o sentido comum dos termos do tratado em seu contexto à luz

de seu objeto e finalidade. Isso se aplica a qualquer tratado feito entre todas as

partes.

A extinção dos atos internacionais pode ocorrer pelo consentimento de todas

as partes, quando substituído por outro ato internacional, quando o seu cumprimento

se tornar impossível.

2.1.2 GATT

É o Acordo Geral de Tarifas Aduaneiras e Comércio (General

AgreementonTariffsand Trade), está em vigor através da Lei 313/1948, é uma

organização internacional intergovernamental para a cooperação econômica e

atividade comercial de seus membros, mediante a aceitação da cláusula da Nação

Mais Favorecida, objetivando uma redução geral dos tributos aduaneiros, e abolição

de discriminação na relação entre seus membros.

Nesse Acordo ficou estabelecido que os signatários podem observar

procedimentos para evitar praticas danosas à sua economia interna, conforme

consta de Acordos de Subsídios e Medidas, sobre Barreiras Técnicas ao Comércio,

Valoração Aduaneira, Receitas e Formalidades Relacionadas à Importação e à

Exportação, dentre outras. Foi também definido os níveis máximos de tarifas de

importação que cada país pode praticar. Para o Brasil, isso está previsto no

documento denominado “Lista III”, em que os bens são referidos por ordem de NCM

(Nomenclatura Comum do Mercosul).

Esse Acordo deu origem a OMC (Organização Mundial do Comércio) em 31

de Dezembro de 1994, tendo a Rodada do Uruguai de Negociações Comerciais

Multilaterais criado cláusulas interpretativas e prazos para redução dos níveis

tarifários e alíquotas consolidadas que variam por produto em relação a cada país

signatário, implementando cinco reduções percentuais, em no máximo quatro anos,

após a entrada em vigor do Acordo da OMC, o que acarretou a equalização do nível

tarifário médio do comércio internacional.

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E por fim, estabeleceu o Acordo de Valoração Aduaneira de mercadorias

importadas estipulando seis métodos diferentes para a apuração do valor real a ser

considerado nas transações de importação e exportação.

2.1.3 OMC

A Organização Mundial do Comércio foi criada como resultado da Rodada

Uruguai do Gatt em 31.12.1994. Engloba todos os resultados da Rodada Uruguai e

quatro acordos plurilaterais surgidos na Rodada de Tóquio.

O objetivo da OMC é a redução substancial das tarifas e demais obstáculos

ao comércio, por meio da celebração de acordos, além da solução de conflitos

decorrentes de posturas ou práticas comerciais adotas por um país que venham a

violar acordos no entender dos demais países.

2.1.4 MERCOSUL

Foi instituído com o Tratado de Assunção de 26.03.1991, que tinha como

objetivo a constituição de um mercado comum entre a Argentina, Brasil, Paraguai e

Uruguai.O Mercosul implica na livre circulação de bens, serviços e fatores produtivos

entre os países através da eliminação dos direitos alfandegários e restrições não

tarifárias à circulação de mercadorias de qualquer outra medida de efeito

equivalente. Além do estabelecimento de uma tarifa externa comum e a ação de

uma política comercial comum em relação a terceiros Estados.

Com relação aos impostos, taxas e outros gravames internos, os produtos

originários do território de um Estado-parte gozarão do mesmo tratamento que se

aplique ao produto nacional quando em outros Estados-partes.

Em 25.06.1996 foi assinado o Protocolo de Adesão da Bolívia e do Chile, que

inclusive cita a necessidade de que os Estados membros do Mercosul sejam

democráticos para que se mantenha a integração regional entre eles. E em

02.08.2010, o Conselho do Mercado Comum do Mercosul aprovou o novo Código

Aduaneiro do Mercosul.

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3 TRIBUTO

A definição de tributo está descrita no próprio Código Tributário Nacional, em

seu art. 3º, conforme segue:

“Art. 3º - Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.” (BRASIL, 1966).

Esse é considerado o principal conceito por se tratar do conceito legal

referente ao instituto em questão, porém diversos doutrinadores expressaram sua

definição sobre tributo, dentre as quais se destaca a de Rubens Gomes de Sousa

que afirma ser “tributo a receita derivada que o Estado arrecada mediante o

emprego da sua soberania, nos termos fixados em lei.” (CARVALHO, 2012, p. 54)

Outros autores ainda definem tributo não com ênfase na prestação pecuniária

em si, mas sim o comportamento de determinada pessoa física ou jurídica que

resulta no pagamento de determinada importância, isso fica mais visível na definição

de Arnaldo Borges, quando afirma: “Tributo é conduta humana. Esta conduta é

conceituada por uma endonorma que estabelece o dever de alguém dar ao Estado

certa soma de dinheiro.” (CARVALHO, 2012, p.53)

Por fim, a definição de Paulo de Barros Carvalho preceitua que:

“Tributo quer exprimir toda a fenomenologia da incidência, desde a norma instituidora, passando pelo evento concreto, nela descrito, até o liame obrigacional que surde à luz com a concorrência daquele fato.” (CARVALHO, 2012).

Voltando a examinar de forma breve o conceito legal de tributo tem-se que o

tributo é prestação pecuniária, ou seja, em dinheiro para o Estado; compulsória,

decorrente do poder de império estatal; em moeda, ou cujo valor nela se possa

exprimir que não constitua sanção de ato ilícito, com o objetivo de excluir a

penalidade do conceito de tributo; instituída em lei, aplica-se o princípio da

legalidade na tributação; cobrada mediante atividade administrativa plenamente

vinculada.

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A natureza jurídica do tributo é expressamente determinada pelo art. 4º do

CTN, conforme abaixo:

“Art. 4º - A natureza jurídica específica do tributo é determinada pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la: I – a denominação e demais características formais adotadas pela lei; II – a destinação legal do produto da sua arrecadação.”(BRASIL, 1966).

Diante da definição legal, tem-se que a qualificação do tributo decorre do fato

que origina a obrigação de recolhê-lo independente do nome que lhe seja atribuído

pela lei ou o destino do produto que decorre sua arrecadação.

Os tributos ainda se classificam em vinculados e não vinculados. Será

vinculado quando a obrigação tiver origem de uma atividade estatal específica

relativa ao contribuinte. E será não vinculado quando a obrigação decorre de uma

situação independente da atividade estatal específica relativa ao contribuinte.

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4 IMPOSTO

O imposto está previsto de forma genérica no art. 145, I da CF e é definido

pelo art. 16 do CTN, como segue:

“Art. 16 - Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica relativa ao contribuinte.” (BRASIL, 1966).

Pelo que se entende, o imposto gera a obrigação de recolhimento a partir do

chamado fato do indivíduo, ou seja, uma atividade da qual não participa o Estado.

Fatos geradores típicos de impostos são a propriedade de bens, a aquisição de

renda, a produção e a circulação de riquezas e os impostos que gravam o comércio

exterior que são atribuídos à União.

Os impostos podem ser classificados em Impostos Fiscais e Extrafiscais.Os

Fiscais são impostos detentores de finalidade arrecadatória, ou seja, são instituídos

no objetivo de produzir receita para o abastecimento dos cofres públicos. Os

Estados, Distrito Federal e os Municípios tributam basicamente para arrecadar, aí

pode-se dizer que os impostos são fiscais.

Já os Impostos Extrafiscais, mesmo produzindo receita pública, a finalidade

básica difere dos impostos fiscais. Aqui, os impostos são instrumentos de

intervenção estatal na economia. Os impostos extrafiscais vem garantir a União

Federal o cumprimento da sua missão constitucional que inclui a coordenação

econômica no plano nacional.

Um bom exemplo é o Imposto de Importação, que é objeto do estudo, pois

esse visa proteger a indústria nacional, onerando a entrada de bens estrangeiros no

território nacional de forma que o produto interno não sofra com a concorrência de

países que produzem bens a custo mais baixo do que no Brasil.

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5 FATO GERADOR

O fato gerador é definido em lei no art. 114 do CTN como: “situação definida

em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência.”

A definição de necessária e suficiente é entendida como situações em que

apenas a sua ocorrência já é suficiente para que gere a obrigação tributária.

Para se aplicar uma norma tributária é necessário a existência do fato gerador

e para isso a subsunção do fato com a norma, ou seja, quando o fato jurídico

tributário (que é a norma tributária) está em absoluta identidade com a hipótese

tributária, que é também chamada de regra matriz de incidência. Somente depois de

preenchido os requisitos da regra matriz que se pode confirmar o cumprimento do

fato gerador.Mas esse enquadramento do fato a hipótese normativa deve ser

completo, ou seja, o fato deve se adequar ao tipo tributário.

Paulo de Barros Carvalho define regra matriz de incidência da seguinte forma:

“a regra matriz de incidência tributária é, por excelência, uma regra de comportamento, preordenada que está a disciplinar a conduta do sujeito devedor da prestação fiscal, perante o sujeito pretensor, titular do direito de crédito.” (CARVALHO, 2012, p. 317).

A regra matriz de incidência ou fato gerador é determinada através de seus

principais aspectos que são: material, temporal, espacial, quantitativo e pessoal.

5.1 ASPECTO MATERIAL

O critério ou aspecto material pode ser definido por Paulo de Barros Carvalho

como: “um comportamento de pessoas físicas ou jurídicas, condicionado por

circunstancias de espaço e de tempo.” (CARVALHO, 2012, p. 324).

Esse elemento na verdade descreve a essência do fato, podendo se tratar de

um comportamento humano voluntário ou involuntário, como uma atividade de

vender mercadorias ou industrializar produtos ou ainda pode ser um estado humano,

como ser proprietário de um veículo ou imóvel.

Ocorrendo o fato gerador definido em lei, tem-se imediatamente inaugurada a

relação tributária, não importando se o contribuinte agiu de forma lícita ou ilícita.

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5.2. ASPECTO TEMPORAL

O aspecto temporal, como o próprio nome diz, expõe as circunstancias

temporais que indicam o surgimento do fato jurídico. O seu critério principal é a

indicação do momento em que se concretiza o dever tributário do contribuinte.

Novamente cita-se o doutrinador Paulo de Barros Carvalho para a definição

de critério temporal da hipótese tributária:

“Compreendemos o critério temporal da hipótese tributária como o grupo de indicações, contidas no suposto da regra, e que nos oferecem elementos para saber, com exatidão, em que preciso instante acontece o fato descrito, passando a existir o liame jurídico que amarra devedor e credor, em função de um objeto – o pagamento de certa prestação pecuniária.” (CARVALHO, 2012, p. 331)

Pela definição de Paulo de Barros Carvalho pode-se verificar que no

momento da consumação do fato gerador em sentido estrito, tem-se o aspecto

temporal, que é representado pela norma e indica o instante em que se considera

nascida a obrigação. Cada norma define o momento específico de consumação do

fato gerador, o que implica na configuração do vinculo tributário e

consequentemente a realização do lançamento tributário.

5.3 ASPECTO ESPACIAL

O aspecto espacial indica os parâmetros espaciais da ocorrência do fato

jurídico tributário, é associado ao território no qual a vigência da norma tributária

está vinculada. É extraído das disposições legais que determinam o local de sua

ocorrência.

Carvalho (2012, p. 329) estabelece três formas de apresentação do aspecto

material: a) o critério faz menção à determinado local para a ocorrência do fato

típico; b) trata de áreas específicas, de tal sorte que o acontecimento apenas

ocorrerá se dentro delas estiver geograficamente contido; c) um local genérico, onde

todo e qualquer fato poderá desencadear seus efeitos peculiares.

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5.4 ASPECTO QUANTITATIVO

O aspecto quantitativo enseja a identificação do valor da prestação tributária,

ou seja, é possível a apuração do quantum debeatur devido pelo sujeito passivo. Ele

pode ser um valor fixo previsto em lei ou então pode o valor ser apurado através da

base de cálculo e alíquota.

A base de cálculo decorre do fato gerador, sobre a qual faz incidir a alíquota

legal para se chegar ao valor da prestação tributária. Em outras palavras, é a base

de cálculo que dá a exata dimensão da hipótese tributária, estabelecendo a

correlação necessária entre o fato descrito na norma como pressuposto e a

prestação tributária.

Carvalho (2012, p. 400) apresenta três funções distintas para a base de

cálculo: a) medir as proporções reais do fato; b) compor a específica determinação

da dívida; c) confirmar, infirmar ou afirmar o verdadeiro critério material da hipótese.

Já a alíquota determina a quantia que será objeto da prestação tributária, ela

determinará com exatidão o valor do crédito tributário. Ela pode ser específica, a fim

de indicar alíquota expressa em dinheiro e que, naturalmente incide sobre a base de

cálculo técnica. Porém o mais usual são as alíquotas expressas em percentagem

(%), são chamadas alíquotas ad valorem, que incidem sobre as bases de cálculo em

dinheiro.

5.5 ASPECTO PESSOAL

O aspecto pessoal identifica os sujeitos envolvidos no vínculo obrigacional, o

sujeito ativo e passivo. O sujeito ativo, regra geral, será a própria pessoa política

competente para instituir o tributo, tais como União, Estados, Distrito Federal e

Municípios, pode-se porém aceitar a delegação de funções de arrecadação,

cobrança e fiscalização.

Enquanto o sujeito passivo é também chamado de contribuinte, está previsto

no art. 121 do CTN, é aquele obrigado ao pagamento do tributo, podendo ser

pessoa física ou jurídica, podendo ou não ser a pessoa que realiza o fato, conforme

previsão em lei específica para cada caso.

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6 IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO

O Imposto de Importação está previsto no art. 153, I da CF, atrelado a

competência tributária da União Federal. As normas gerais do imposto estão nos

arts. 19 a 22 do CTN.

A função do imposto de importação é predominantemente extrafiscal, é

menos arrecadatória e mais de proteção da indústria nacional, que não teria como

sobreviver em competição econômica com os produtos importados produzidos

muitas vezes com custos industriais reduzidos, em países mais desenvolvidos e que

oferecem incentivos à exportação. Esse controle exige do Estado respostas rápidas

o que muitas vezes são incompatíveis com a necessária cautela do processo

legislativos ou ainda com os lapsos temporais da anterioridade.

Porém deve-se levar em consideração o descrito no art. 173, §4º, CF, que

determina que o industrial brasileiro não pode abusar da proteção estatal para

buscar o domínio do mercado ou o aumento arbitrário dos lucros em função da

superproteção, inclusive desestimulando-se de promover a modernização de sua

empresa.

O fato gerador do Imposto de Importação está previsto no art. 19 do CTN,

conforme abaixo:

“Art. 19. O imposto, de competência da União, sobre a importação de produtos estrangeiros tem como fato gerador a entrada destes no território nacional.” (BRASIL, 1966).

6.1 FATO GERADOR PENDENTE

O fato gerador pendente é citado pelo CTN no art. 105, em que determina que

a ocorrência se iniciou porém não está completa, nos termos do art. 116 do mesmo

código. Esse último descreve que para o fato gerador tenha ocorrido é necessário

atender os requisitos, conforme segue:

“Art. 116 – Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos: I – tratando-se de situação de fato, desde omomento em que se verifiquem as circunstancias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios; II – tratando-se da situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente constituída, nos termos de direito aplicável.” (BRASIL, 1966)

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Paulo de Barros Carvalho, apresenta sua definição de fato gerador pendente,

que vem a confirmar o que foi dito anteriormente:

“Fato gerador pendente é aquele que não aconteceu e, se por alguma razão deixou de completar-se, não pode ser chamado de fato gerador. Pendente é adjetivo que qualifica a expressão fato gerador. Se essa inexistir, não terá o que qualificar.” (CARVALHO, 2012, p. 125).

Sendo assim, fica evidenciado que o fato gerador do imposto de importação

está configurado quando da entrada do produto estrangeiro no território nacional,

como descrito no art. 19 do CTN, ou seja, apenas quando isso ocorrer que nascerá

a obrigação tributária.

Encontraram-se alguns julgados que tratam dessa situação e que

demonstram que os Tribunais Federais têm entendido, que por mais que tenham-se

estipulados alíquotas nos contratos, o que prevalece é a da data da ocorrência do

fato gerador, ou seja, somente quando ocorrer a chegada da mercadoria em

território nacional. Nesse sentido, tem-se:

TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. IMPOSTO DE IMPORTACAO. MOMENTO DO FATO GERADOR. REGISTRO DA DECLARAÇÃO DE IMPORTAÇÃO. LEGALIDADE DO DECRETO N. 3.212/99. CONTRATO DE IMPORTAÇÃO FIRMADO ANTES DA ALTERAÇÃO DA ALÍQUOTA. IRRELEVÂNCIA. APELAÇÃO IMPROVIDA 1. "É pacífico nesta Corte, a qual acompanha o posicionamento do Pretório Excelso, que o fato gerador da exação em tela ocorre no momento do registro da declaração de importação do bem na aduana, obviamente após a chegada da mercadoria no território nacional" (REsp 157.162, Min. Castro Meira, DJ de 01.08.05). 2. Hipótese em que as declarações de importação foram registradas quando já vigente o Decreto nº 3.212/99, publicado em 20/10/1999, que alterou a alíquota do produto importado para 13%. 3. Legalidade do Decreto nº 3.212/99, a uma, porque o art. 153, § 1º da Constituição Federal confere ao Poder Executivo a faculdade para, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos de importação, exportação, produtos industrializados e operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativa a títulos ou valores mobiliários; a duas, porque a alteração promovida respeitou as limitações fixadas da Lei nº 3.244/57, que prevê a alíquota máxima do imposto de importação em 17%; e por fim, porque a alteração da alíquota foi devidamente fundamentada através de exposição de motivos que, por sua vez, foi juntada aos autos às fls. 123/124. 4. Não há falar em direito adquirido à alíquota zero em razão dos contratos de importação terem sido celebrados antes da alteração da alíquota promovida pelo Decreto nº 3.212/99, porquanto a alíquota aplicável ao tributo é a vigente ao tempo do fato gerador que, no caso de imposto de importação, é o registro da declaração de importação, sendo irrelevante a data da celebração do contrato com o exportador. 5. Apelação improvida. (TRF-1 - AMS: 41155 MG 1999.38.00.041155-2, Relator: JUIZ FEDERAL MÁRCIO LUIZ COÊLHO DE FREITAS, Data de Julgamento: 12/03/2013, 1ª TURMA SUPLEMENTAR, Data de Publicação: e-DJF1 p.873 de 05/04/2013).

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Pode-se verificar mais um julgado no mesmo sentido também de Tribunal

Federal que determina que somente será aplicado a alíquota do imposto de

importação assim que configurado o fato gerador, ou seja, assim que o produto

entrar em território nacional, como determina o art. 19 do CTN.

IMPOSTO DE IMPORTACAO. ALTERAÇÃO DE ALÍQUOTAS. MOMENTO DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR. PRECEDENTES. 1. A lei aplicável para a apuração e lançamento de exações tributárias é aquela vigente na data de ocorrência do fato gerador. 2. O fato gerador do Imposto de Importação ocorre quando da entrada de produtos estrangeiros em território nacional (art. 19 do CTN), o que se materializa pelo registro da declaração de importação. 3. A instituição ou majoração do imposto de importação não se subordina ao princípio da anterioridade (art. 150, § 1º da CF) e suas alíquotas podem ser alteradas mediante atos do Poder Executivo (art. 153, § 1º, da CF). 4. A circunstância de a Portaria eximir da nova alíquota as mercadorias objeto de guias de importação emitidas até 30 de setembro de 1991 consiste em benefício fiscal instituído por conveniência política do legislador. Essa disposição não significa que o fato gerador ocorra com a emissão das guias de importação, nem autoriza a utilização de analogia para o caso da apelante. A não-aplicação da norma vigente no momento do fato gerador, para que se aplique aquela em vigor na data do embarque, consiste em exceção à regra geral do art. 144 do CTN, de modo que deve ser prevista de forma expressa e enseja interpretação restritiva, não comportando analogia. 5. Apelação improvida. (TRF-2 - AMS: 9302123235 RJ 93.02.12323-5, Relator: Desembargador Federal LUIZ ANTONIO SOARES, Data de Julgamento: 06/10/2009, QUARTA TURMA ESPECIALIZADA, Data de Publicação: DJU - Data::21/10/2009 - Página::75)

Com a finalidade de esclarecer os principais aspectos do Imposto de

Importação, dar-se-á seguimento ao descritivo dos mesmos.

6.2 ASPECTO MATERIAL DO II

A incidência do imposto de importação ocorre em razão de operações

jurídicas que tem produto por objeto. O produto, pode ser entendido como todas

as utilidades materiais tiradas do solo e subsolo, ou produzidas direta ou

indiretamente por eles, como os que fabricam ou se produzem pela ação do homem,

pela transformação de uma coisa em outra e pelo trabalho. Desse modo, os

produtos dizem-se naturais ou industriais. (Plácido e Silva, 1990, p. 464).

No caso do Imposto de Importação (art. 153, I, CF) a incidência é mais

significativa, o legislador restringiu a tributação ao estabelecer que o tributo incide

sobre mercadoria estrangeira (Decreto Lei 37/1966), que pode ser considerada bem

corpóreo ou incorpóreo da atividade empresarial do produtor, industrial e

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comerciante, tendo por objeto sua distribuição para o consumo, como os bens de

uso e consumo.

O imposto de importação incide também sobre a bagagem de viajante e sobre

bens enviados como presente ou amostra, ou a titulo gratuito.

6.3 ASPECTO TEMPORAL DO II

O art. 1º do Decreto Lei 37/1996 determina o momento de ocorrência do fato

gerador: “O Imposto sobre a Importação incide sobre mercadoria estrangeira e tem

como fato gerador sua entrada no Território Nacional.” Sendo assim, entende-se que

o aspecto temporal do imposto de importação é determinado pela entrada da

mercadoria estrangeira no território aduaneiro.

O legislador ainda no art. 23 do referido Decreto determina que “Quando se

tratar de mercadoria despachada para consumo, considera-se ocorrido o fato

gerador na data do registro, na repartição aduaneira, da declaração a que se refere

o art. 44.” Vale ressaltar que o referido registro documental só pode ter importância

exclusiva para efeito de liquidação do tributo, tendo já sido entendido tratar-se de

uma entrada física dos produtos estrangeiros no território nacional.

O STF sedimentou entendimento que o fato gerador do imposto de

importação considera-se ocorrido na data do registro da declaração apresentada

pelo importador à repartição alfandegária competente, conforme consta na ADIn

1293-DF da seguinte forma:

“O imposto de importação tem como fato gerador a entrada de produtos estrangeiros no território (CTN-66, art. 19). Tratando-se de mercadoria despachada para consumo, considera-se ocorrido o fato gerador na data do registro, na repartição competente, da declaração apresentada pelo importador (Dec.-lei 37/1996, art. 23 c/c art. 44), sendo irrelevante para esse efeito específico, a data da celebração do contrato de compra e venda ou a do embarque ou a do ingresso no país da mercadoria importada.” (STF, 1995).

A legislação ainda estabelece no art. 1º, § 2º do Dec.-lei 37/1966 que “para

efeito de ocorrência do fato gerador, considera-se à entrada no Território Nacional a

mercadoria que constar como tendo sido importada e cuja falta venha a ser apurada

pela autoridade aduaneira.”

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6.4 ASPECTO ESPACIAL DO II

O aspecto espacial compreende ao âmbito territorial de validade da lei,

reduzido aos limites geográficos e ao local da especifica realização do fato gerador,

sendo que o legislador determinou como território aduaneiro. O Dec.-lei 37/1996 em

seu art. 33 determina a jurisdição dos serviços aduaneiros que se estende por todo o

território e é divido em: zona primaria e zona secundária. Na zona primaria estão os

portos, aeroportos e pontos de fronteira alfandegados, os recintos alfandegados que

são pátios, armazéns, terminais e outros locais destinados ao movimento e ao

depósito de mercadorias importadas, além das lojas francas.

Os portos secos são recintos alfandegados de uso público, nos quais são

executadas operações de movimentação, armazenagem e despacho aduaneiro de

mercadorias e de bagagens procedentes do exterior ou a ele destinadas. Conforme

o art. 11, §1º do Dec.-lei 6.759/2009 esses portos não podem ser enquadrados na

zona primária.

Já a zona secundária compreende a parte restante do território nacional, nela

incluídos as águas territoriais e o espaço aéreo correspondente (art. 33, II, Dec.-lei

37/1996).

6.5 ASPECTO PESSOAL DO II

O Sujeito Ativo do Imposto de Importação, conforme art. 153, I, CF, é a União,

pois esse imposto só pode ser instituído e alterado pela mesma. Porém a União

pode transferir sua capacidade tributária a terceiros, pessoas jurídicas públicas e/ou

privadas, ou pessoas naturais, configurando parafiscalidade.

O Sujeito Passivo é o contribuinte, que pode ser pessoa jurídica ou natural

que realizar importação ou praticar atos pertinentes a aquisição direta de produtos

estrangeiros. O art. 22 do CTN estabelece:

“Art. 22 - Contribuinte do imposto é: I – o importador ou quem a lei a ele equiparar;

II – o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados.” (BRASIL, 1966).

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O art. 31 do Dec.-lei 37/1966 determina:

“Art. 31 – É contribuinte do imposto: I – o importador, assim considerada qualquer pessoa que promova a entrada de mercadoria estrangeira no território nacional; II – o destinatário de remessa postal internacional indicado pelo respectivo remetente; III - o adquirente de mercadoria entrepostada.” (BRASIL, 1966).

O Regulamento Aduaneiro (Dec. 6.759/2009) estabelece em seu art. 105 os

responsáveis pelo imposto de importação, do qual cita-se o transportador, quando

esse transportar mercadoria procedente do exterior; o depositário, que é a pessoa

responsável pela mercadoria sob controle aduaneiro; e qualquer outra pessoa que a

lei determinar. No art. 106 do mesmo Decreto a legislação elenca os responsáveis

solidários do imposto de importação.

O art. 32 do Decreto Lei 37/1966 responsabiliza pelo pagamento do imposto o

transportador, quando transportar mercadoria procedente do exterior ou sob controle

aduaneiro, inclusive em percurso interno. O STJ ficou entendimento sobre a

responsabilidade do transportador em caso de extravio, conforme abaixo:

“[...] no caso de extravio de mercadoria importada ao abrigo de isenção do tributo, o transportador não é responsável pelo valor deste. Se na hipótese de isenção o transportador não responde, na importação efetivada ao abrigo de redução legal do imposto também não responderá logicamente, pelo que exceder ao valor que seria devido caso se concretizasse a importação. (STJ, AgRg no REsp 1.090.518/RJ, 1ª. T., j. 18.08.2011, rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJe 24.08.2011)

O agente marítimo não se equipara ao transportador, nem pode ser

considerado responsável tributário, conforme determina Súmula 192, TFR. Assim

como o despachante aduaneiro não é qualificado como contribuinte ou responsável

pelo pagamento do imposto de importação. Presume-se de boa fé pessoa que

adquire mercadoria importada em estabelecimento regular, mediante nota fiscal, não

podendo ser responsabilizada pelo imposto não recolhido na importação, nem

perder o bem para o fisco. (Eresp nº 535536, Min. Humberto Martins).�

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6.6 ASPECTO QUANTITATIVO DO II

O art. 20 do CTN determina o base de cálculo do imposto de importação

“Art. 20 - A base de cálculo do imposto é: I – quando a alíquota seja específica, a unidade de medida adotada pela lei tributária; II – quando a alíquota sejaad valorem, o preço normal que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da importação, em uma venda em condições de livre concorrência, para entrega no porto ou lugar de entrada do produto no País; III – quando se trate de produto apreendido ou abandonado, levado a leilão, o preço de arrematação.” (BRASIL, 1966).

A expressão “específica” indica a alíquota expressa em dinheiro e que incide

sobre a base de cálculo técnica. Conforme Dec.-lei 37/1966, art. 2º,I, a alíquota para

a tributação das importações há de corresponder a uma quantia determinada

multiplicada pela unidade de quantificação dos bens importados adotada pelo

legislador.

As alíquotas mais comuns são as chamadas alíquotas ad valorem, que se

expressam em percentagem (%) e incidem sobre bases de cálculo em dinheiro. Com

relação ao imposto de importação, a base de cálculo corresponde ao preço normal

que o produto alcançaria ao tempo da importação em venda em condições de livre

concorrência, para entrega no porto ou lugar de entrada do produto no País. É o

chamado preço CIF (cost, insuranceandfreight), no qual incidem os custos e fretes

necessários para a entrega da mercadoria ao porto de destino nomeado, além de

despesas com seguro.

O Dec.-lei 37/1966 também consagra o preço normal da mercadoria que

poderia ser aquele indicado no preço da fatura (em substituição ao valor externo),

tendo o Dec.-lei 1.111/1970 adotado o preço de referencia, no caso de se verificar

disparidade de preços de importação de mercadoria de diversas origens,

prejudicando a produção interna similar. Hoje em princípio não se usa mais a pauta

fiscal, mas o preço efetivo da operação, conforme Dec.-lei 37/1966 no art. 2º, II,

afirma que a base de cálculo do imposto de importação consiste no valor aduaneiro

apurado segundo as normas do art. 7º do Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e

Comércio – GATT.

Em caso de ocorrência de dano causal ou de acidente com o produto

importado deverá ocorrer a redução do valor da base de cálculo do imposto,

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proporcionalmente ao prejuízo sofrido pelo importador. Quando se tratar de alíquota

específica, a redução se fará no montante do imposto apurado. (Decreto.-lei

37/1966, art. 25, caput e parágrafo único).

Quando as importações forem realizadas em moeda estrangeira, o valor deve

ser convertido em moeda nacional observando a taxa de cambio vigente no

momento da ocorrência do fato gerador, como determina o art. 143 do CTN.

Vale lembrar que o Poder Executivo tem competência para alterar, por ato

próprio, alíquotas do imposto de importação, atendidas as condições estabelecidas

em lei, como preceitua o art. 153, § 1º, CF.

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7 INCENTIVOS FISCAIS

Em um breve resumo, pode-se perceber que as diversas regras criadas que

tratam de isenções ou reduções do imposto de importação, estão vinculadas apenas

a produtos que são importados, porém tem a destinação de exportação, ou seja, o

produto não fica no país (exceto para os casos de consumo próprio ou venda interna

em que só acontecem nas áreas de livre comércio). Aplica-se apenas para

mercadorias que servirão para exposição de qualquer tipo ou ainda os produtos que

serão utilizados como matéria prima na fabricação de determinada mercadoria, ou

integrarão aparelhos, máquinas, equipamentos, sendo que todos deverão ser

posteriormente exportados.

O Regulamento Aduaneiro (Decreto 6.759/2009) em seus arts. 136 a 189

tratam das diversas formas de isenções ou reduções do imposto, estabelecendo os

termos, limites e condições, dispondo sobre o reconhecimento da isenção ou da

redução vinculada a qualidade do importador ou a destinação do produto.

Essa isenção ou redução do imposto só beneficia mercadorias que não

possuam similar nacional e que sejam transportadas em navio de bandeira

brasileira, sendo ainda condicionada a comprovação da quitação do tributo e

contribuições federais por parte do contribuinte.

A apuração da Similaridade está previsto no Regulamento Aduaneiro em seus

arts. 193 a 209, e é realizada em cada caso concreto, antes da importação pela

Secretaria de Comercio Exterior, conforme normas e regulamentos descritos nos

referidos artigos.A Secretaria poderá estabelecer critérios gerais ou específicos, por

meio de lei complementar, para a apuração da similaridade, tendo em vista as

condições de oferta do produto nacional, a política econômica e a orientação de

órgãos governamentais responsáveis pela política relativa a produtos ou setores de

produção.

7.1 DRAWBACK

Nessa modalidade, as isenções ou reduções dos impostos se dá, como regra

geral, quando o beneficiário importar um produto que será utilizado na fabricação de

uma nova mercadoria a ser exportada. Há quatro modalidades de drawback: a

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Suspensão, a Isenção, a Restituição e as Sistemáticas Especiais, previstos nos art.

78 do Decreto.-lei 37/1966, conforme abaixo:

“Art.78 - Poderá ser concedida, nos termos e condições estabelecidas no regulamento: I - restituição, total ou parcial, dos tributos que hajam incidido sobre a importação de mercadoria exportada apósbeneficiamento, ou utilizada na fabricação, complementação ou acondicionamento de outra exportada; II - suspensão do pagamento dos tributos sobre a importação de mercadoria a ser exportada após beneficiamento,ou destinada à fabricação, complementação ou acondicionamento de outra a ser exportada; III - isenção dos tributos que incidirem sobre importação de mercadoria, emquantidade e qualidade equivalentes àutilizada no beneficiamento, fabricação, complementação ou acondicionamento de produto exportado.” (BRASIL, 1966).

A Suspensão trata-se da suspensão do pagamento de tributos exigíveis na

importação de mercadoria a ser exportada após beneficiamento ou destinada a

fabricação, complementação ou acondicionamento de outra a ser exportada. O

benefício somente é concedido após análise do plano de exportação do beneficiário,

além dos fluxos financeiros das importações e exportações e a compatibilidade entre

as mercadorias que serão importadas e as que serão posteriormente exportadas.

A Isenção do imposto refere-se a importação de produtos em quantidade

equivalente a utilizada na fabricação, complementação de produto que será

exportado, ou seja, deverá ser comprovado que no produto que será exportado

foram utilizadas as mercadorias importadas em igual qualidade e quantidade.

Já a Restituição, pode ser total ou parcial, também referente a mercadorias

importadas utilizadas na fabricação, complementação ou acondicionamento de outra

que será exportada. Porém aqui, de forma diversa das demais, o benefício consistirá

na concessão de credito fiscal que poderá ser utilizado em qualquer outra

importação posterior.

7.2 REGIMES ADUANEIROS ESPECIAIS

Aqui serão tratados apenas os principais e mais usuais regimes aduaneiros

no país e que demonstram as isenções do imposto de importação para essas

transações.

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7.2.1 TRÂNSITO ADUANEIRO

Refere-se a permissão para o transporte de mercadoria importada, sob o

controle aduaneiro, de um ponto a outro do território aduaneiro, com a suspensão do

pagamento de tributos. Esse regime permanece desde o local de origem até o local

do destino, desde o desembaraço aduaneiro da mercadoria, permitindo o seu

transito pela unidade, até o momento da chegada a unidade de destino, concluindo o

transito aduaneiro.

São modalidades do regime o transporte de mercadoria procedente do

exterior, do ponto de descarga no território aduaneiro até o ponto onde deva ocorrer

outro despacho; mercadoria estrangeira despachada para reexportação, do local de

origem ao local de destino, para embarque ou armazenamento em área alfandegada

para posterior embarque; transporte de mercadoria procedente do exterior,

conduzida em veículo em viagem internacional até o ponto em que verificar a

descarga.

Poderão se beneficiar pelo regime, o importador ou exportador domiciliado, o

depositante, o operador de transporte multimodal, o transportador, dentre outros.

As obrigações fiscais serão constituídas em termo de responsabilidade

firmado na data do registro da declaração de admissão no regime, que venha a

assegurar de forma eventual a sua cobrança e liquidação.

7.2.2 ADMISSÃO TEMPORÁRIA

Esse regime está previsto no art. 353 do Regulamento Aduaneiro, conforme

abaixo:

“Art. 353 – O regime aduaneiro especial de admissão temporária é o que permite a importação de bens que devam permanecer no País durante prazo fixado, com suspensão total do pagamento de tributos, ou com suspensão parcial, no caso de utilização econômica, na forma e nas condições deste Capítulo.” (BRASIL, 2009).

Esse regime aplica-se a bens importados em caráter temporário e sem

cobertura cambial; adequados à finalidade para a qual foram importados e utilizáveis

em conformidade com o prazo de permanência e com a finalidade constante do ato

concessivo. Poderão ser submetidos ao regime, dentre outros, os bens destinados a

feiras, exposições, congressos científicos ou técnicos, pesquisa, espetáculos ou

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eventos culturais, competições esportivas, feiras e exposições comerciais, manuseio

de outros bens importados destinados a exportação, atividades temporárias de

interesse da agropecuária como animais para exposição, em situações de

calamidade a assistência e salvamento, ao exercício temporário de atividade

profissional de não residente e etc.

7.2.3 ENTREPOSTO INDUSTRIAL SOB CONTROLE ADUANEIRO INFORMATIZADO - RECOF

Esse regime permite a empresa importar, com ou sem cobertura cambial, com

a suspensão do pagamento de tributos, mercadorias que depois de industrializadas

sejam exportadas, mediante o controle aduaneiro. Vale lembrar que parte da

mercadoria que foi importada e depois industrializada poderá ser despachada para

consumo. Podendo ainda ser além de exportada, reexportada ou destruída.

Poderão participar nesse regime as empresas que atendam as condições

determinadas pela Instrução Normativa 1.291 de 19 de Setembro de 2012, conforme

abaixo:

“Art. 5º - Para habilitar-se ao regime, a empresa interessada deverá atender aos seguintes requisitos: I - cumprir os requisitos de regularidade fiscal perante a Fazenda Nacional, para o fornecimento de certidão conjunta, negativa ou positiva com efeitos de negativa, com informações da situação quanto aos tributos administrados pela RFB e quanto à Dívida Ativa da União (DAU), administrada pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN); II - possuir patrimônio líquido igual ou superior a R$ 25.000.000,00 (vinte e cinco milhões de reais); III - dispor de sistema informatizado de controle de entrada, estoque e saída de mercadorias, de registro e apuração de créditos tributários devidos, extintos ou com pagamento suspenso, integrado aos sistemas corporativos da empresa no País, que permita livre e permanente acesso da RFB; IV - possuir autorização para o exercício da atividade, expedida pela autoridade aeronáutica competente, se for o caso; V - não ter sido submetida ao regime especial de fiscalização de que trata o art. 33 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, nos últimos três anos; e VI - estar habilitada ao Despacho Aduaneiro Expresso (Linha Azul), em conformidade com a regulamentação específica. [...]” (BRASIL, 2012).

Conforme artigo supracitado e demais informações constantes na Instrução

Normativa, pode-se perceber que os requisitos para habilitar-se nesse tipo de

regime é bem específico no que tange ao patrimônio liquido, por exemplo, e até

mesmo ao valor mínimo de exportações anuais, que caso não sejam atendidas

causam penalidade ao importador que obviamente deverá pagar o tributo por não ter

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cumprido o valor mínimo. Diante desse cenário, têm-se que esse regime de

importação só é cabível para grandes empresas, que possuem um alto patrimônio e

exportações, o que geralmente ocorre com multinacionais que se instalam no país,

possuindo sua unidade fabril para exportação para países do Mercosul, o que

também vem a ser uma facilidade devido ao Tratado que o Brasil possui com alguns

países da America Latina participantes do Mercosul.

7.2.4 ZONA FRANCA DE MANAUS

A Zona Franca de Manaus é definida através do Decreto 6.759/2009 em seu

art. 504:

“Art. 504 – A Zona Franca de Manaus é uma área de livre comércio de importação e exportação e de incentivos fiscais especiais, estabelecida com a finalidade de criar no interior da Amazônia um centro industrial, comercial e agropecuário, dotado de condições econômicas que permitam seu desenvolvimento, em face dos fatores locais e da grande distancia a que se encontram os centros consumidores de seus produtos.” (BRASIL, 2009).

E os benefícios fiscais concedidos quando da entrada dos produtos nessa

área estão determinados no art. 505 do referido Decreto:

“Art. 505 – A entrada de mercadorias estrangeiras na Zona Franca de Manaus, destinadas a seu consumo interno, industrialização em qualquer grau, inclusive beneficiamento, agropecuária, pesca, instalação e operação de indústrias e serviços de qualquer natureza, bem como a estocagem para reexportação, será isenta dos impostos de importação e sobre produtos industrializados.” (BRASIL, 2009).

Excetuam-se da isenção algumas mercadorias, tais como: armas e munições,

fumo, bebidas alcoólicas, automóveis de passageiros, produtos de perfumaria e

preparados e preparações cosméticas, dentre outras.

As mercadorias entradas na ZFM poderão posteriormente ser destinadas a

exportação, mantendo-se a isenção dos tributos decorrentes da importação. Porém

quando as mercadorias importadas forem destinadas a outros locais dentro do

território aduaneiro, estarão sujeitas ao pagamento de todos os impostos exigíveis

sobre a operação de importação. Poderá ser autorizada a saída temporária de

mercadoria que teve sua entrada pela ZFM para outros pontos do território

aduaneiro, com a suspensão do pagamento dos tributos incidentes na internação.

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8 O IMPACTO DO IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO NO DESENVOLVIMENTO

ECONÔMICO DO BRASIL

No que tange o impacto do Imposto de Importação no mercado brasileiro,

deve-se analisar vários aspectos, vistos no presente trabalho, como se

podeexaminar.

De forma inicial cita-se a importância dos tratados internacionais dentro das

relações do Brasil com os demais países. Vale lembrar que dentro da matéria

tributária os tratados revogam norma interna, como determina o art. 98 do CTN. O

que inclusive tem sido o entendimento dos Tribunais, tendo como base o Recurso

Extraordinário 80.004, que trata do referido assunto, confirmando o que está previsto

no art. 98 do Código Tributário Nacional. Sendo assim, as alíquotas impostas para

alguns produtos advindos de determinados países são determinadas nesses

tratados, ou seja, o incentivo ou o desestímulo através dos impostos são previstos e

ajustados nesses tratados, que são negociados pelo Presidente da República.

Ainda, podem-se analisar as imunidades tributárias, previstos no art. 150, VI

da CF, que prevê as instituições que estão imunes de tributação. Destacam-se aqui

as instituições de educação, tendo em vista que essas não tem a obrigação tributária

no que se refere ao imposto de importação, isso deveria ser um benefício para o

país, visto que não há melhor lugar para desenvolver novas tecnologias do que em

uma instituição de ensino; inclusive mencionam-se as Universidades, a fim de tornar

essa análise menos abrangente. Olhando sobre esse cenário, ter-se-ia a situação

ideal, uma Universidade com imunidade tributária podendo importar os mais

diversos equipamentos de tecnologia avançada a fim de trazer essas novidades

para as instituições de ensino, inclusive formando profissionais com maiores

possibilidades e visões tecnológicas que poderiam ser aplicadas nas mais diversas

áreas. Porém sabe-se que a realidade é outra, apesar desse benefício, as

Universidades muitas vezes não possuem os recursos suficientes para a aquisição

desses equipamentos, por se tratarem de maquinas de alta tecnologia, o custoé

elevado, sendo assim, por mais que possuam esse benefício não conseguem

usufruir do mesmo devido a falta de recursos. Diante disso, o que poderia trazer

grandes benefícios ao desenvolvimento do Brasil, no que tange a estudos de novas

tecnologias em diversas áreas acaba sendo barrado devido a falta de recursos.

Pode-se ousar a dizer, que há a falta de interesse do Estado em trazer essas

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tecnologias para o país, pois em algum momento haverá uma cobrança por parte da

população para que essas tecnologias sejam acessíveis a todos. Como por

exemplo, no caso da saúde, onde os postos existentes não conseguem prestar o

serviço básico, então como falar em equipamentos de diagnóstico mais avançados

se nem o simples conseguimos atender; e muitas vezes não há pessoal capacitado

para operar os equipamentos mais modernos.

Outro ponto que vale destaque é com relação a suspensão do imposto de

importação para as indústrias via RECOF. Conforme estudo, para que ocorra essa

suspensão do imposto é necessário que a empresa seja cadastrada para concessão

esse benefício. Porém para tal, é importante que a empresa preencha alguns

requisitos que constam no Instrumento Normativo da Receita Federal citado

anteriormente, dentre outros pontos, destaca-se o que exige queo patrimônio

líquidoda empresa deva ser igual ou superior a R$ 25.000.000,00 (Vinte e cinco

milhões de reais), ou seja, só é cabível esse benefício a empresas de médio (em

alguns casos) e grande porte, geralmente empresas que possuem esse patrimônio

são multinacionais que instalaram filial no Brasil. Além disso, para que seja

concedido esse benefício é necessário ainda que a empresa ao receber o item

importado, mesmo que seja industrializado é indispensável que ou ela exporte,

reexporte ou ainda destrua o produto gerado com esse item importado. Em pesquisa

sobre as empresas que possuem o benefício da RECOF no Brasil, percebe-se que a

grande maioria é multinacional e do ramo automobilístico, citando-se aqui a Renault

do Brasil e a Volvo do Brasil, dentre outras. Segue abaixo a decisão da Renault

informando os motivos de sua isenção do imposto.

“Art. 1º Fica a empresa Renault do Brasil Automóveis S/A, inscrita no CNPJ sob o nº 00.913.443/0001-73, situada na Avenida Renault, 1300, Distrito de Borda do Campo, Município de São José dos Pinhais (PR), autorizada a operar no regime aduaneiro especial de Entreposto Industrial sob Controle Informatizado para a Indústria Automotiva (Recof Automotivo),e considerando o que consta do processo no 10980.000043/2004-94. Art. 2º Para efeito de exclusão da responsabilidade tributária da autorizada, fica estabelecido em 0% (zero por cento) o percentual de tolerância referente à perda inevitável no processo produtivo, em razão da inadequação do sistema de controle informatizado do beneficiário ao que estabelece a IN SRF 417/2004. Art. 3º O estabelecimento fabril referido no art. 1º ficará sob a jurisdição da Inspetoria da Receita Federal em Curitiba (PR), que adotará os procedimentos necessários ao controle fiscal exigido, devendo verificar o cumprimento dos compromissos de: I - exportar produtos industrializados, com a utilização de mercadorias estrangeiras admitidas no regime, no valor mínimo anual equivalente a US$ 20.000.000,00 (vinte milhões de dólares dos Estados Unidos da

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América); e II aplicar anualmente pelo menos 80% (oitenta por cento) das mercadorias estrangeiras admitidas no regime na produção dos bens que industrialize. § 1º Para atendimento dos compromissos referidos no caput, serão computadas as operações realizadas a partir da data do desembaraço aduaneiro da primeira declaração de importação (DI) de mercadorias para admissão no regime. § 2º Os compromissos de exportação referidos no inciso I ficam reduzidos em cinquenta por cento no primeiro ano da habilitação da empresa industrial.” (RECOF, 2004). [grifo meu]

Isso demonstra que para conseguir esse benefício é necessário ter um

grande patrimônio e ainda dar destinação ao item conforme descrito em lei. Diante

desse cenário, percebe-se novamente o benefício aindústria automobilística, que por

se tratarem de multinacionais de grande poder em todo o mundo ainda recebem o

benefício da isenção do imposto de importação para fabricação dos seus produtos.

Logicamente que esse é apenas um exemplo, porem vale lembrar que havia

empresas de outros ramos também como metalurgia, computadores, eletrônicos,

etc.

Perante esses aspectos pode-se verificar que para as pequenas e médias

indústrias o imposto de importação é um empecilho para o seu desenvolvimento,

visto que não possuem nenhum tipo de benefício ou até mesmo incentivo por parte

do Estado para a importação ou ainda a inclusão de novas tecnologias em sua

indústria. Isso não permite que a indústria local venha a competir com as

multinacionais que aqui estão instaladas, pois essas têm o benefício na importação

de seus produtos e matéria prima, enquanto a indústria interna deve trabalhar com

os recursos disponíveis no seu país, local que muitas vezes não possuem recursos

suficientes e nem competitivos com relação as grandes indústrias, ou seja, apenas

as últimas são as que detém o acesso a tecnologia avançada, provenientes de

outros países.

Tudo isso vem a impactar de forma negativa o desenvolvimento do Brasil,

visto que as novas tecnologias estão nas mãos de poucos, que são as grandes

indústrias e empresários que possuem um alto poder aquisitivo e conseguem o

benefício das isenções dos impostos, tornando-se praticamente um monopólio da

tecnologia avançada. Enquanto os médios e pequenos empresários devem pagar

seus impostos o que acaba encarecendo o valor de seus produtos, deixando de se

tornar competitivo dentro do mercado interno.

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Deve-se inclusive falar no princípio da igualdade nesse momento, visto que

não há igualdade de tratamento para essa questão, se o objetivo é proteção da

indústria interna, como proteger apenas alguns? Não há igualdade nessa

situação.Em sua grande maioria, os empresários desejam importar devido ao custo

reduzido de algumas mercadorias além da busca por novas tecnologias, sendo que

dentro do país o custo ainda é elevado. Agora, o Estado barrando essas

importações ou cobrando tributos, majorando em alguns casos, não há como haver

o desenvolvimento da indústria interna, sendo que o custo de produção no Brasil é

elevadíssimo tendo em vista todos os custos envolvidos, tais como material de

produção, mão de obra, maquinários, impostos, taxas, dentre outros.

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9 CONCLUSÃO

Após todo o estudo realizado, dentre vários aspectos sobre o imposto de

importação, alguns pontos mostram-se relevantes para o desenvolvimento não só do

Brasil, como no mundo.

Fala-se inicialmente dos tratados internacionais dos quais o Brasil faz parte,

são de extrema importância visto que, através deles o país consegue estreitar suas

relações políticas e comerciais com os demais países participantes dos tratados.

Esse benefício ocorre com base nas concessões que é uma via de mão dupla, tudo

que é concedido pelo Brasil e de mesma sorte pelo outro país, sendo assim, isso

pode beneficiar o país através dessas permissões que fazem com que as relações

comerciais sejam mais efetivas e benéficas.

Tambémpode-se falar sobre os incentivos fiscais concedidos para empresas,

que tem como objetivo além de importar os produtos, os exportar, dentre outras

características e peculiaridades relativas à esse benefício que já foram citadas

anteriormente, que beneficiam algumas empresas incentivando o desenvolvimento

dessas que conseguem a habilitação.

As isenções e incentivos fiscais para algumas empresas ou até mesmo

instituições de ensino, dentre outros previstos em lei, tem restringido o crescimento e

desenvolvimento tecnológico no Brasil, em alguns casos esse desenvolvimento está

monopolizado em empresas de grande porte e multinacionais que possuem os

incentivos fiscais, o que facilita a importação de materiais que integram a sua

produção e que muitas vezes trazem novas tecnologias e não só isso, como também

podem reduzir o custo dos seus produtos, o que dificulta ainda mais a

competitividade dentro do mercado interno.

Sendo assim, esse protecionismo apesar de funcionar de maneira adequada

ainda está longe do ideal, visto que as consequências das normas impostas

referentes ao imposto de importação são colhidas por todo o mercado e, por

conseguinte toda a sociedade de maneira direta e indireta.

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