impossibilidade da execução provisória da sentença penal condenatória à luz das recentes...

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Impossibilidade da execução provisória da sentença penal condenatória à luz das recentes decisões do STF Yordan Moreira Delgado Elaborado em 02/2009. Desativar Realce a A Discutia-se na jurisprudência acerca da possibilidade da execução provisória da sentença penal condenatória, quando pendente recurso especial e extraordinário. A 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal vinha admitindo a antecipação do cumprimento da pena privativa de liberdade nessa circunstância. Portanto, por este entendimento, o réu que fosse condenado criminalmente pelo segundo grau (Tribunal de Justiça e Tribunais Regionais Federais), ao interpor recurso especial e/ou extraordinário, deveria começar a cumprir a pena que lhe havia sido imposta, face a ausência do efeito suspensivo desses recursos, não obstante a ausência do trânsito em julgado. A 2ª Turma do STF, todavia, entendia inadmissível o cumprimento antecipado da pena por violação ao princípio do estado de inocência, consagrado no art. 5º, LVII, da Carta Magna. Em recente julgado, no dia 5 de fevereiro deste ano, o Pleno do Supremo Tribunal Federal decidiu, no Habeas Corpus nº 84078, conceder a ordem, por sete votos a quatro (os ministros Eros Grau, Cezar Peluso, Ricardo Lewandowski, Carlos Ayres Britto, Marco Aurélio, Celso de Mello e Gilmar Mendes se posicionaram pela concessão do habeas, vencidos os ministros Carlos Alberto Menezes Direito, Joaquim Barbosa, Cármen Lúcia Antunes Rocha e Ellen Gracie). A maioria dos Ministros concluiu pela impossibilidade da execução provisória da pena privativa de liberdade, em função do preceito constitucional da presunção de inocência. Cabe-nos, neste trabalho, realçar alguns comentários dos Ministros que votaram pela concessão e também dos que votaram pela denegação, e acrescentar outros argumentos de nossa autoria, bem como sugestões que objetivam o aprimoramento do sistema jurídico penal. O caso decidido pelo Plenário da excelsa Corte referia-se a um HC interposto por Omar Coelho Vítor, em que pleiteava o direito de recorrer em liberdade. Após ter sido condenado pelo Tribunal do Júri da Comarca de Passos (MG) à pena de sete anos e seis meses de reclusão, em regime inicialmente fechado, por tentativa de

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Impossibilidade da execuo provisria da sentena penal condenatria luz das recentes decises do STF Yordan Moreira Delgado Elaborado em 02/2009. Desativar Realce a A Discutia-se na jurisprudncia acerca da possibilidade da execuo provisria da sentena penal condenatria, quando pendente recurso especial e extraordinrio. A 1 Turma do Supremo Tribunal Federal vinha admitindo a antecipao do cumprimento da pena privativa de liberdade nessa circunstncia. Portanto, por este entendimento, o ru que fosse condenado criminalmente pelo segundo grau (Tribunal de Justia e Tribunais Regionais Federais), ao interpor recurso especial e/ou extraordinrio, deveria comear a cumprir a pena que lhe havia sido imposta, face a ausncia do efeito suspensivo desses recursos, no obstante a ausncia do trnsito em julgado. A 2 Turma do STF, todavia, entendia inadmissvel o cumprimento antecipado da pena por violao ao princpio do estado de inocncia, consagrado no art. 5, LVII, da Carta Magna. Em recente julgado, no dia 5 de fevereiro deste ano, o Pleno do Supremo Tribunal Federal decidiu, no Habeas Corpus n 84078, conceder a ordem, por sete votos a quatro (os ministros Eros Grau, Cezar Peluso, Ricardo Lewandowski, Carlos Ayres Britto, Marco Aurlio, Celso de Mello e Gilmar Mendes se posicionaram pela concesso do habeas, vencidos os ministros Carlos Alberto Menezes Direito, Joaquim Barbosa, Crmen Lcia Antunes Rocha e Ellen Gracie). A maioria dos Ministros concluiu pela impossibilidade da execuo provisria da pena privativa de liberdade, em funo do preceito constitucional da presuno de inocncia. Cabe-nos, neste trabalho, realar alguns comentrios dos Ministros que votaram pela concesso e tambm dos que votaram pela denegao, e acrescentar outros argumentos de nossa autoria, bem como sugestes que objetivam o aprimoramento do sistema jurdico penal. O caso decidido pelo Plenrio da excelsa Corte referia-se a um HC interposto por Omar Coelho Vtor, em que pleiteava o direito de recorrer em liberdade. Aps ter sido condenado pelo Tribunal do Jri da Comarca de Passos (MG) pena de sete anos e seis meses de recluso, em regime inicialmente fechado, por tentativa de homicdio duplamente qualificado (artigos 121, pargrafo 2, inciso IV, e 14, inciso II, do Cdigo Penal -CP), e ter sua condenao confirmada pela Tribunal, interps recurso especial e, mngua do efeito suspensivo desse recurso, o STJ havia negado o direito de recorrer em liberdade, tendo ento, sido interposto HC ao STF, cuja deciso a ser proferida pela segunda Turma foi submetida ao plenrio. Textos relacionados Um breve estudo sobre as alteraes trazidas pelo advento da Lei n 12.403/2011 Lei n 12.403/11: avano ou retrocesso na busca do sistema ideal? Breves crticas sobre a possibilidade da decretao da priso preventiva luz da Lei n 12.403/2011

Lei n 12.403/2011: uma anlise relativa as medidas cautelares e necessidade de se evitar a encarcerizao provisria Do poder/dever da autoridade policial de conceder a fiana Desde j, ressaltamos que concordamos com os votos majoritrios, no sentido de que nosso ordenamento jurdico, sobretudo, em face do princpio da presuno de inocncia, incompatvel com a execuo provisria da pena decorrente da prtica de crime e, com mais razo ainda, em se tratando de pena privativa da liberdade. Isto porque a pena oriunda de uma condenao no pode produzir efeitos antes do trnsito em julgado, sob pena de violao a esse princpio de ndole constitucional. Diferentemente a pena privativa de carter processual, cuja aplicabilidade est ligada a requisitos de cautelaridade e a fumaa do bom direito. Portanto, uma coisa a privao da liberdade como sano penal, a pressupor o trnsito em julgado; outra diferente a priso provisria, cuja espcie principal a preventiva - j que, com exceo da temporria, as demais espcies (flagrante, decorrente de pronncia ou de sentena condenatria recorrvel) se guiam pelos seus requisitos. Assim, a priso provisria est ligada a idia da necessidade de proteo social atravs da segregao do provvel responsvel pelo delito, antes do trnsito em julgado do seu processo. Todavia, parece-nos que os votos minoritrios dos Ministros do STF, que ressaltavam o fato do recurso extraordinrio e especial no terem efeito suspensivo, no foram totalmente rechaados como deveriam. Explico. Comungamos com a correta linha adotada pelos sete Ministros que votaram pela inviabilidade jurdica da execuo provisria da pena, cujos votos (em especial, o do Ministro Peluso), alm de realarem o princpio do estado de inocncia, destacaram ainda a violao a dignidade da pessoa humana em impor a mais grave penalidade ao ser humano (pena privativa de liberdade), atravs de um julgamento ainda passvel de alterao, considerando a impossibilidade de se devolver ao inocente o tempo que ficou enclausurado. Argumentou-se ainda que a execuo provisria da sentena penal, alm de encontrar bice na Carta Magna, tambm o encontra na prpria LEP, cujos artigos 105 a 107 mencionam a necessidade de o recolhimento ocorrer aps o trnsito em julgado. Contudo, faltaram aos votos majoritrios acrescentar que a ausncia de efeito suspensivo aos recursos extraordinrio e especial est prevista em lei infraconstitucional (L. 8.038/90), por isso mesmo inconstitucional em matria penal, pois sua aplicao violaria o art. 5, LVII, da CF. Noutras palavras, a previso legal da ausncia de efeito suspensivo a esses recursos s pode ser aplicada em matria cvel, pois em matria penal encontra o obstculo constitucional do princpio do estado de inocncia. Por ltimo, e no mesmo importante, em que pese a concordncia com os votos majoritrios, compartilhamos com a preocupao dos votos minoritrios, principalmente com a indignao do Ministro Joaquim Barbosa em relao demora do trmino de um processo de natureza penal e possibilidade da prescrio intercorrente, em funo do excessivo nmero de recursos de que possa se valer a defesa para impedir o trnsito em julgado de sua condenao. Neste ponto, h vrias observaes a serem feitas. Oportuno lembrar que os recursos especial e extraordinrio so limitados a discusses jurdicas, no se podendo rediscutir os fatos (Smula 7 do STJ e 279 do STF). Todavia,

sabemos que esta limitao por si s no bice para a defesa interpor estes recursos alegando violao a lei federal ou a Constituio, buscando ganhar tempo. Neste aspecto, parece-nos insuficiente a previso do art. 557 do CPC (a ser aplicado no processo penal por analogia), do relator indeferir o seguimento de recurso que se contraponha a jurisprudncia de Tribunais Superiores, no caso, do STJ e do STF, pois, em tal situao, seria possvel o manejo do agravo. inegvel, assim, a necessidade de melhoria da legislao infraconstitucional, buscando garantir o princpio constitucional da razovel durao do processo, bem como evitar que a prescrio cause a impunidade, j que nesta repousa o maior estmulo criminalidade. No que tange prescrio intercorrente, a questo ficou aparentemente equacionada com a Lei n 11.596/07, que estabeleceu como marco interruptivo da prescrio, alm da sentena condenatria, o acrdo condenatrio recorrvel. Desta sorte, como o acrdo condenatrio do Tribunal de Justia ou do Tribunal Regional Federal ir interromper o prazo prescricional (que comear a fluir do zero), para que ocorra a prescrio superveniente seria necessrio que o STJ ou o STF demorasse demasiadamente no julgamento do recurso especial e/ou extraordinrio, o que decerto no ocorrer caso venham a ser acatadas as sugestes de alteraes na nossa legislao nos termos abaixo. Sugerimos duas alteraes legislativas, dentre outras possveis. Primeiro, se a tese sustentada no recurso especial e extraordinrio contrariar a jurisprudncia do Superior Tribunal Justia e do Supremo Tribunal Federal, respectivamente, no devem ser recebidos esses recursos, cuja deciso dever ser irrecorrvel, salvo, por bvio, o remdio constitucional do habeas corpus, cujo julgamento mais clere. Em segundo lugar, teria que haver prioridade no julgamento dos recursos especiais e extraordinrios em matria penal, com prazos para julgamento. Com essas mudanas legislativas, garantiramos o princpio constitucional da durao razovel do processo, mantendo intacto o princpio da presuno de inocncia, o que a nosso ver, no ocorreria se o Supremo tivesse denegado o HC 84078. Todavia, enquanto no ocorrerem mudanas legislativas, os rus podem procrastinar o trnsito em julgado com uso desses recursos. Acrescente-se ainda que, na data de 12 de fevereiro deste mesmo ano de 2009, o pleno do STF julgou os recursos no HC 91676, 92578, 92691 e 92933, de relatoria do ministro Ricardo Lewandowski, e o RHC 93172, de relatoria da ministra Crmen Lcia, seguindo a orientao firmada no leading case comentado. Desta feita, os ministros decidiram por 8 votos a 2, uma vez que dois ministros vencidos no primeiro julgamento do pleno sobre a matria (execuo provisria da pena) se renderam ao entendimento da maioria, embora ressaltando seus posicionamentos em sentido contrrio (Crmen Lcia e Menezes Direito). Essas decises beneficiaram um condenado por tentativa de estupro, dois por apropriao de bens e rendas pblicas, um por estelionato e outro por roubo qualificado. Decidiu-se ainda que os ministros podem julgar individualmente o mrito de habeas corpus que tratem sobre esta matria, assim como de outras duas j decididas (priso civil por dvida e acesso de advogado a inqurito). Em sntese, em funo do princpio da presuno de inocncia, o recurso especial e extraordinrio acabam tendo efeito suspensivo em matria penal. Entretanto, em funo da possibilidade da demora na aplicao da lei penal, inclusive no que tange a crimes de grande ofensividade a sociedade, como so os crimes hediondos, h que se fazer

urgentemente reparos no sistema recursal e prescricional para evitar que a violao a outro princpio constitucional o da razovel durao do processo acabe por gerar a sensao de impunidade e de descrdito da populao no sistema jurdico penal. Dados Gerais Processo: HC 148957 Relator(a): Ministro CELSO LIMONGI (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SP) Julgamento: Publicao: DJ 10/02/2011

Deciso HABEAS CORPUS N 148.957 - RJ (2009/0189983-3) RELATOR : MINISTRO CELSO LIMONGI (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SP) IMPETRANTE : ALAN MONTEIRO ESPINOSA IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO PACIENTE : LUIS CARLOS CORSO (PRESO) HABEAS CORPUS. TRFICO E ASSOCIAO PARA O TRFICO DE DROGAS. PRISO CAUTELAR POR OCASIO DA SENTENA CONDENATRIA. EXPEDIO DE CARTA DE EXECUO PROVISRIA DA PENA IMPOSTA. POSSIBILIDADE. CORRUS EM IDNTICA SITUAO. EXTENSO DOS EFEITOS DA DECISO. NECESSIDADE (ART. 580 CPP). ORDEM CONCEDIDA E, DE OFCIO, ESTENDIDA AOS DEMAIS CORRUS. 1. Esta Corte tem firmado orientao no sentido da possibilidade de expedio de Guia de Execuo Provisria da Pena imposta, no intuito de possibilitar ao condenado custodiado a postulao dos benefcios da execuo penal, ainda que pendente julgamento de recurso da acusao. Precedente.

2. Verificada a identidade de situaes entre o paciente e os corrus, imperiosa a extenso dos efeitos da ordem concedida, nos moldes do art. 580 do Cdigo de Processo Penal. 3. Ordem concedida para, confirmando a liminar, determinar a expedio de Guia de Execuo provisria da pena imposta ao paciente e, de ofcio, estendida aos demais corrus. DECISO Trata-se de habeas corpus impetrado em benefcio de LUIS CARLOS CORSO, pelo qual se alegou constrangimento ilegal por parte do TRIBUNAL DE JUSTIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Narram os autos que o paciente foi condenado como incurso nos arts. 12 e 14 da Lei n 6.368/76; e art. 16, pargrafo nico, IV, da Lei n 10.826/03, s penas de dez anos e onze meses de recluso, no regime inicial fechado, e setenta e oito dias-multa. Alegou o impetrante que o paciente se encontra preso desde o dia 25 de novembro de 2005, razo pela qual deveria ser expedida Guia de Recolhimento Provisrio, para que o sentenciado pudesse pleitear os benefcio da execuo, em face do lapso que se encontra custodiado. Impetrado habeas corpus perante a Corte de origem, denegou-se a ordem sob o argumento da impossibilidade de expedio da Carta de Execuo Provisria quando houver recurso pendente de julgamento (fls. 25). Da o presente writ, em que a defesa postulou o deferimento de medida liminar, para que fosse expedida Guia de Execuo Provisria em favor do paciente. No mrito, requereu a confirmao da tutela de urgncia. Deferida a liminar (fls. 59/62), e prestadas as informaes (fls. 290/292), o Ministrio Pblico Federal opinou pela denegao da ordem (fls. 511/518). o relatrio. A ordem merece ser concedida e, de ofcio, estendida aos demais corrus. De feito, a Sexta Turma desta Corte possui o entendimento segundo o qual no possvel a execuo provisria da pena, enquanto pendente recurso especial e extraordinrio, na hiptese da ausncia de fundamentao da priso cautelar, em dados concretos dos autos que a justifiquem. Nesse sentido: AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS. RU QUE RESPONDEU AO PROCESSO EM LIBERDADE. JULGAMENTO DO RECURSO DE APELAO. EXPEDIO DE MANDADO DE PRISO TO-S PELO ESGOTAMENTO DA INSTNCIA ORDINRIA. DIREITO DE AGUARDAR O TRNSITO EM JULGADO EM LIBERDADE. CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO.

1. pacfica a compreenso de que toda priso cautelar, assim entendida aquela que antecede a condenao transitada em julgado, somente pode ser decretada quando evidenciada, com explcita fundamentao, a necessidade da rigorosa providncia. 2. Nesse sentido, a Sexta Turma desta Corte j vinha proclamando que a circunstncia dos recursos ditos extraordinrios no possurem efeito suspensivo no autoriza, s por isso, a expedio do mandado de priso aps o esgotamento da instncia ordinria, exigindo sempre que a custdia antecipada seja devidamente motivada. 3. Em deciso recente, o Plenrio do Supremo Tribunal Federal confirmou esse entendimento, afirmando que a execuo de sentena condenatria, enquanto pendente o julgamento de recurso especial ou extraordinrio, contraria o disposto no artigo 5, inciso LVII, da Constituio Federal, ressalvada, contudo, a possibilidade de imposio da segregao cautelar em deciso fundamentada, nos termos do artigo 312 do Cdigo de Processo Penal. (HC n 84.078/MG, Relator o Ministro Eros Grau, Informativo n 534). 4. Tendo o ru permanecido em liberdade durante todo o curso do processo, revela-se evidenciado o constrangimento ilegal se o Tribunal local determina a expedio de mandado de priso por ocasio do julgamento da apelao sem apontar qualquer justificativa para a imposio da medida extrema. 5. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no HC 105084 / SP, Rel. Min. NAPOLEO NUNES MAIA FILHO, DJe 28/10/2008) (Grifo nosso). HABEAS CORPUS. PACIENTE CONDENADA POR TRFICO DE DROGAS PENA DE 5 ANOS DE RECLUSO. REGIME INICIAL FECHADO. OMISSO NA EXPEDIO DA GUIA DE RECOLHIMENTO PROVISRIO PELO JUIZ SENTENCIANTE E PELO TRIBUNAL. CONSTRANGIMENTO ILEGAL. ART. 105 DA LEP E RES. 19/2006 DO

CNJ. ORDEM CONCEDIDA. 1. A execuo provisria da pena possvel, segundo entendimento pacfico da jurisprudncia nacional, o que se dessume do teor da Smula 267/STJ e da Resoluo 19/2006, que diz: a guia de recolhimento provisrio ser expedida quando da prolao da sentena ou acrdo condenatrio, ressalvada a hiptese de possibilidade de interposio de recurso com efeito suspensivo por parte do Ministrio Pblico, devendo ser prontamente remetida ao Juzo da Execuo Criminal. 2. Dest'arte, estando a paciente presa desde o flagrante, em 19.04.06, e possuindo condenao em seu desfavor, indispensvel a expedio da guia de recolhimento provisrio, para que a execuo seja devidamente cadastrada e a apenada possa pleitear, quando oportuno, os benefcios da Lei de Execuo Penal. 3. Parecer do MPF pela concesso da ordem. 4. Ordem concedida, para que seja expedida, com a mxima urgncia, a necessria guia de recolhimento provisria da paciente. (HC 104993 / MS, Rel. Min. NAPOLEO NUNES MAIA FILHO, DJ 15/09/2008). Entretanto, quando se tratar de sentenciado custodiado cautelarmente durante todo o curso da ao penal e, por ocasio da sentena condenatria a segregao tenha sido mantida de forma idnea (fundamentao em dados concretos dos autos), de rigor a expedio da Guia de Execuo Provisria, ainda que exista recurso pendente de julgamento, pois seria o nico meio pelo qual o sentenciado poderia pleitear, quando oportuno, os benefcios da Lei de Execuo Penal. A propsito: RECURSO EM HABEAS CORPUS. FURTO QUALIFICADO. INTERCEPTAO ILCITA DE COMUNICAES DE INFORMTICA. FORMAO DE QUADRILHA. PRISO

PREVENTIVA. REITERAO DE PEDIDO. SENTENA PROFERIDA. EXPEDIO DA GUIA DE RECOLHIMENTO PARCIALMENTE CONHECIDO E PROVIDO. 1 - No h como conhecer do pedido de revogao da priso preventiva, pois se trata de mera reiterao do requerido no RHC 21.886/BA. 2 - Proferida a sentena, deve ser expedida a Guia de Recolhimento Provisrio e assegurado ao paciente a obteno dos benefcios da execuo, mesmo quando pendente de julgamento recurso interposto pelo Ministrio Pblico. Precedentes. 3 - Recurso parcialmente conhecido e provido. (RHC 24930 / BA, Rel. Min. HAROLDO RODRIGUES (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/CE), DJe 23/11/2009) (grifo nosso); HABEAS CORPUS. PACIENTE CONDENADA POR TRFICO DE DROGAS PENA DE 5 ANOS DE RECLUSO. REGIME INICIAL FECHADO. OMISSO NA EXPEDIO DA GUIA DE RECOLHIMENTO PROVISRIO PELO JUIZ SENTENCIANTE E PELO TRIBUNAL. CONSTRANGIMENTO ILEGAL. ART. 105 DA LEP E RES. 19/2006 DO CNJ. ORDEM CONCEDIDA. 1. A execuo provisria da pena possvel, segundo entendimento pacfico da jurisprudncia nacional, o que se dessume do teor da Smula 267/STJ e da Resoluo 19/2006, que diz: a guia de recolhimento provisrio ser expedida quando da prolao da sentena ou acrdo condenatrio, ressalvada a hiptese de possibilidade de interposio de recurso com efeito suspensivo por parte do Ministrio Pblico, devendo ser prontamente remetida ao Juzo da Execuo Criminal. 2. Dest'arte, estando a paciente presa desde o flagrante, em 19.04.06, e possuindo condenao em seu desfavor, indispensvel a PROVISRIO. POSSIBILIDADE. RECURSO

expedio da guia de recolhimento provisrio, para que a execuo seja devidamente cadastrada e a apenada possa pleitear, quando oportuno, os benefcios da Lei de Execuo Penal. 3. Parecer do MPF pela concesso da ordem. 4. Ordem concedida, para que seja expedida, com a mxima urgncia, a necessria guia de recolhimento provisria da paciente. (HC 104993 / MS, Rel. Min. NAPOLEO NUNES MAIA FILHO, DJe 15/09/2008) (grifo nosso). Devem ser estendidos os efeitos desta deciso aos corrus Hudson Tavares Viana, Paulo Sergio de Souza Jnior, Giliard Mono da Silva, Leonardo Freitas Ferreira, Leandro Barreto Melo, Amaro Luiz de Azeredo Sardinha, Andr de Oliveira Pinto, Luciano Grain Lemos, Rodrigo Cardoso Faria, Marcius Augustos de Almeida Frias, Rogrio da Silva Dionsio e Elizandro do Carmo Coelho, nos moldes do art. 580 do Cdigo de Processo Penal, em face da identidade de situaes com o paciente, uma vez que a decretao e manuteno da priso por ocasio da sentena condenatria a eles tambm se refere (fls. 170/171). A extenso dos efeitos deste writ prescinde da interposio de recurso por parte dos corrus, pois a deciso no est fundada em motivo de carter exclusivamente pessoal, no havendo que se recear indevida supresso de instncia pela ausncia de impetrao de habeas corpus perante o Tribunal a quo. Esta Corte Superior de Justia tem entendido da mesma forma, conforme se depreende do seguinte precedente: HABEAS CORPUS. ORDEM CONCEDIDA. 1. PEDIDO DE EXTENSO. INPCIA FORMAL DA DENNCIA. NARRATIVA INSUFICIENTE PELO MINISTRIO PBLICO. IDENTIDADE DE SITUAO ENTRE PACIENTE E CO-RU ORA REQUERENTE. DENNCIA QUE SE IMPUTA OS MESMOS FATOS A AMBOS OS RUS. 2. PEDIDO DE

EXTENSO DEFERIDO. 1. A inpcia da denncia reconhecida por esta Corte de ser estendida ao requerente, denunciado nos mesmos termos que a paciente. Estando o co-ru na mesma situao que a paciente, beneficiada com ordem desta Turma, de se deferir o pedido de extenso, nos termos do artigo 580 do CPP. 2. Pedido de extenso deferido, para que o processo seja anulado, desde a denncia, tambm com relao ao requerente, dando oportunidade para que outra seja proferida, com a adequada exposio do fato. (PExt no HC 50804 / SP, Rel. Min. MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, DJe 02/03/2009) (grifo nosso); Sendo repetidamente decidida a matria posta em debate, conforme os precedentes citados, o presente writ comporta pronta soluo, com o fim de se agilizar a prestao jurisdicional, nos moldes do art. 557, 1-A, do Cdigo de Processo Civil c/c artigo 3 do Cdigo de Processo Penal. Em face do exposto, concedo a ordem impetrada, confirmando a liminar, para determinar a expedio de guia de recolhimento provisrio em benefcio do paciente e, de ofcio, estendo os efeitos desta deciso aos corrus Hudson Tavares Viana, Paulo Sergio de Souza Jnior, Giliard Mono da Silva, Leonardo Freitas Ferreira, Leandro Barreto Melo, Amaro Luiz de Azeredo Sardinha, Andr de Oliveira Pinto, Luciano Grain Lemos, Rodrigo Cardoso Faria, Marcius Augustos de Almeida Frias, Rogrio da Silva Dionsio e Elizandro do Carmo Coelho, nos moldes do art. 580 do Cdigo de Processo Penal, haja vista se encontrarem em situao idntica do paciente. Comunique-se com urgncia. Publique-se e intimem-se. Transitada em julgado, arquive-se.

Braslia (DF), 1 de fevereiro de 2011. MINISTRO CELSO LIMONGI (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SP) Relator

expedio da guia de recolhimento provisria antes do trnsito em julgado para o Ministrio Pblico. A tendncia em nossos tribunais Joo Paulo Serra Dantas Elaborado em 03/2009. Pgina 1 de 1 Desativar Realce a A O presente estudo tem como objetivo demonstrar qual o entendimento jurisprudencial a respeito da expedio da guia de recolhimento sem o trnsito em julgado para o Ministrio Pblico. Introduo O presente estudo tem como objetivo demonstrar qual o entendimento jurisprudencial a respeito da expedio da guia de recolhimento sem o trnsito em julgado para o Ministrio Pblico.

Para tanto, utilizaremos como base legislativa (em sentido amplo), a Lei de Execuo Penal Lei n. 7.210 ; o Provimento n 653/99 do Conselho Superior da Magistratura do Estado de So Paulo; bem como a resoluo n. 19/06 do Conselho Nacional de Justia.

Iniciaremos o trabalho falando sobre a guia de recolhimento provisria e, em seguida, entraremos na polmica acerca da possibilidade de sua expedio sem o trnsito em julgado para o Ministrio Pblico

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Da Guia de Recolhimento Provisria

De acordo com o que dispe o pargrafo nico do artigo 2 da Lei 7.210/84, aplicam-se ao preso provisrio, quando recolhido a estabelecimento sujeito jurisdio ordinria, todas as disposies do referido diploma normativo.

Vale frisar que tal dispositivo legal refere-se quele preso, motivadamente, em decorrncia da sentena penal condenatria, ainda passvel de recurso (art. 387, pargrafo nico, CPP acrescido pela lei 11.719/08).

Contudo, ainda h relutncia por uma parcela da jurisprudncia que no admite a execuo provisria das sentenas penais condenatrias no transitadas em julgado para as partes.

O argumento dos que adotam esta posio baseado na literalidade do artigo 105 da Lei de Execuo Penal LEP, segundo o qual exige expressamente o trnsito em julgado da sentena que aplicar pena privativa de liberdade, se o ru estiver ou vier a ser preso, para que se possa expedir a guia de recolhimento.

Portanto, no haveria motivos para se cogitar em "guia de recolhimento provisria", em razo de expressa vedao legal.

O professor Renato Marco, inclusive, em sua obra especializada (2007, p. 106), menciona alguns julgados neste sentido:

O art. 105 da LEP, ao tratar das execues das penas privativas de liberdade, dispe que sem a condenao definitiva no se expede guia de recolhimento, e sem a guia no se inicia a execuo, e uma vez no iniciada a formal execuo, no ser, tambm, admissvel a progresso do regime prisional do fechado para o semi-aberto (TACrimSP, HC 304.972/3, 8 Cm. rel. Juiz Barbosa de Almeida, j. em 22-5-1997, RT, 744/595).

Publicidade RevistaArtigoExecuo provisria e definitiva: a divergncia doutrinria acerca da definitividade da execuo fundada em ttulo executivo extrajudicial Antonio Henrique Graciano Suxberger

Pgina 1 de 1 Desativar Realce a A A execuo pode ser definitiva ou provisria, consoante expe o artigo 587, do Cdigo de Processo Civil, verbis:

"Art. 587. A execuo definitiva, quando fundada em sentena transitada em julgado ou em ttulo extrajudicial; provisria, quando a sentena for impugnada mediante recurso, recebido s no efeito devolutivo." A regra, com efeito, o carter definitivo da execuo. A execuo provisria tem carter rigorosamente excepcional, estando limitada aos casos expressos em lei e indicados no art. 520 do CPC.(1)

A execuo provisria, tanto nos casos enumerados no artigo 520 quanto em todas as demais hipteses de execuo provisional permitidas em leis especiais, inclusive na "execuo" de quaisquer liminares satisfativas, obedece ao princpio da responsabilidade objetiva. Fundada na teoria do risco, a responsabilidade objetiva ou sem culpa estabelece que aquele que provisoriamente executa a deciso judicial no definitiva, haver de ressarcir a outra parte, independentemente da existncia de dolo ou culpa, pelos danos que a execuo provisional lhe causar. Trata-se do princpio estabelecido no artigo 588, I, do CPC, que sujeita o exeqente a prestar cauo.

O segundo princpio insculpido no mesmo artigo 588, em seu inciso II, o que limita o alcance da execuo provisria impedindo que, atravs dela, se consumem atos irreversveis, particularmente aqueles que importem alienao do domnio ou, o que poderia ter idnticas conseqncias, o levantamento do depsito judicial de dinheiro, salvo, neste caso, mediante o oferecimento de cauo idnea. Esta limitao natural. Sendo provisria a execuo, sujeita a ser inteiramente desfeita, com a "restituio das coisas ao estado anterior" (artigo 588, III), no se admite, por exemplo, que o respectivo procedimento fosse conduzido, nas execues por quantia certa, at a realizao da arrematao do bem penhorado e sua transferncia a terceiro, resultado este que no poderia, como diz o mencionado preceito legal, "ficar sem efeito", sobrevindo sentena de grau superior que modifique, ou anule, a sentena provisoriamente executada. (2)

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Atividade probatria do juiz no processo de conhecimento. Paralelo com a normatizao do Projeto do novo Cdigo de Processo Civil (PL 8.046/2010) Atuao da precluso e da coisa julgada material. Um paralelo entre o procedimento de execuo e o procedimento de cognio Por ltimo, o terceiro princpio estabelecido pelo artigo 588, no inciso III, o de que, sobrevindo sentena que modifique ou anule a deciso provisoriamente executada, os atos praticados em virtude da execuo provisria ficaro sem efeito, "restituindo-se as coisas no estado anterior".

Sendo confirmada a sentena que se est executando provisoriamente pelo juzo recursal, a execuo, que era provisria, torna-se definitiva.

Acerca do procedimento especfico da execuo provisria, cumpre dizer que ser executada nos autos suplementares, como determina o artigo 589 do CPC, onde os houver, vale dizer, em todas as comarcas com exceo da do Distrito Federal e das comarcas das Capitais dos Estados (artigo 159, CPC). No havendo autos suplementares, a execuo provisria far-se- por carta de sentena, elaborada pelo respectivo cartrio e que conter as seguintes peas extradas dos autos em que fora proferida a sentena exeqenda:

a.autuao; b.petio inicial e procurao outorgada pelas partes a seus advogados; c.contestao; d.sentena exeqenda; e e.o despacho que houver recebido o recurso somente no efeito devolutivo. O artigo 520, V, do CPC, prescreve que a apelao interposta contra a sentena que julgar improcedentes os embargos opostos execuo ser recebida somente no efeito devolutivo, de modo que o recurso, em tal caso, no ter a virtude de impedir a execuo provisria do julgado recorrido. Com efeito, tal sistemtica cria um srio problema quando se tem de decidir a respeito da natureza da execuo permitida por este dispositivo quando a execuo por quantia certa seja fundada em ttulo executivo extrajudicial.

A execuo que tem como fundamento ttulo extrajudicial no poder ser provisria, posto que a provisoriedade da execuo, a que se refere o artigo 587, pressupe execuo fundada em sentena sujeita a recurso. Ao contrrio, a execuo que se funda em ttulo extrajudicial ser naturalmente execuo definitiva. (3)

Entretanto, segundo o artigo 520, V, tendo sido interpostos embargos do devedor nesta espcie de execuo, contra a sentena que os julgar improcedentes, caber apelao somente no efeito devolutivo. Nesta hiptese, indaga-se: a execuo que tivera carter definitivo, rejeitados os embargos, retomar seu curso agora como execuo provisria?

CELSO NUNES, a propsito, leciona que:

"(...) os embargos so, sempre, suspensivos e interrompem o curso da atividade jurissatisfativa prpria da execuo"; acrescenta, mais adiante, que "(...) essa ao de conhecimento, oposta de execuo fundada em ttulo extrajudicial, precisamente, a de embargos, com a qual se instaura um processo tipicamente jurisdicional. Enquanto esse processo no tiver termo final, est sobrestada a atividade juris-satisfativa, prpria do procedimento executrio que s se restabelece na hiptese do trnsito em julgado da sentena que rejeita os embargos opostos.

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"Autorizar a reabertura definitiva, quando provisria a rejeio dos embargos, medida que se nos afigura temerria, diante dos irremediveis prejuzos que poder acarretar aos embargantes, caso sejam vitoriosos na soluo do recurso."

"A nosso ver, s as situaes indiscutveis de plena certeza jurdica autorizam o juiz ultimar os atos de alienao forada dos bens penhorados."

"Por isso, se pende a apelao ou outro recurso da deciso que rejeitou os embargos, mesmo que de efeito apenas devolutivo, como o agravo ou o recurso extraordinrio, soluo definitiva da lide no existe, e a reabertura da execuo s se poder dar a ttulo precrio, isto , como medida provisria, sujeita s limitaes do art. 588." (4) o entendimento de HUMBERTO THEODORO JNIOR(5), ao sustentar que "autorizar a reabertura da execuo em carter definitivo, quando provisria a rejeio dos embargos, medida que se nos afigura temerria, diante dos irremediveis prejuzos que poder acarretar ao embargante, caso seja vitorioso na soluo do recurso". E acrescenta: "a nosso ver, s as situaes indiscutveis, de plena certeza jurdica, autorizam o juiz a ultimar os atos de alienao forada dos bens penhorados (...) por isso, se pende apelao ou outro recurso da deciso que rejeitou os embargos, mesmo que de efeito apenas devolutivo, como o agravo ou o recurso extraordinrio, soluo definitiva da lide no existe, e a reabertura da execuo s se poder dar a ttulo precrio, isto , como medida provisria, sujeita s limitaes do art. 588".

A matria no pacfica tanto na doutrina quanto na jurisprudncia dos tribunais. Em que pesem os argumentos de HUMBERTO THEODORO JNIOR, CELSO NUNES, J. FREDERICO MARQUES(6), dentre outros que comungam do mesmo entendimento, a melhor orientao a sustentada no julgado paradigma do Superior tribunal de Justia(7), segundo o qual " definitiva a execuo fundada em ttulo extrajudicial , no estando, assim, a exeqente obrigada a prestar cauo, uma das cautelas includas nos princpios que regem a execuo provisria".

O Cdigo de Processo Civil, em seu artigo 587, s expressas, conceitua a execuo fundada em ttulo extrajudicial como definitiva, equiparando-a, inclusive, as com suporte em sentena transitada em julgado.

o magistrio de JOS CARLOS BARBOSA MOREIRA:

"A execuo prossegue em carter provisrio, caso a sentena exeqenda que proferida no anterior processo de conhecimento, no a que repeliu os embargos esteja ainda sujeita a recurso (art. 587, segunda parte); em carter definitivo, na hiptese contrria, bem como na de ttulo extrajudicial (art. 587, primeira parte). A eventual pendncia de recurso contra a sentena que julgou improcedentes os embargos no obsta definitividade da execuo; esse recurso que alude o art. 686, V, segunda parte, por onde se v que apesar dele se promove, na execuo pecuniria, a hasta pblica inconcebvel se aquela fosse provisria (art. 588, II)." (8) Na mesma trilha, SILVA PACHECO:

"O disposto no art. 520, V, tem muito interesse, principalmente na execuo com base em ttulo extrajudicial. Julgados improcedentes os embargos opostos, a execuo prosseguir, independente do recurso, e nem por isso tornar-se- provisria, porque definitiva ela, desde o incio, consoante o art. 587." (9) Oportuno ainda consignar os ensinamentos de NELSON NERY JNIOR:

"Quando iniciada a execuo, por ttulo judicial transitado em julgado ou por ttulo extrajudicial, sempre definitiva. Iniciada definitiva, no se transmuda em provisria, nem pela oposio de embargos do devedor, nem pela interposio de recurso contra sentena que julgar improcedentes os embargos ou rejeit-los liminarmente (CPC, 520, V). que a sentena transitada em julgado e o ttulo extrajudicial tm plena eficcia executiva e gozam de presuno de certeza, liquidez e exigibilidade. Com a rejeio liminar ou a improcedncia dos embargos, essa presuno resta reforada e confirmada, de sorte que a execuo deve prosseguir sem a suspensividade operada pela oposio de embargos e/ou pela interposio de recurso recebido apenas no efeito devolutivo. Provido o recurso, resolve-se em perdas e danos em favor do devedor." (10)

Partilham do mesmo entendimento PONTES DE MIRANDA(11), CLITO FORNACIARI(12) e ARAKEN DE ASSIS(13), dentre outros. Este ltimo, afirma que "representaria flagrante contrasenso, alm de chancelar a completa inutilidade da amputao do efeito suspensivo da apelao nesta hiptese, transformar em provisria execuo iniciada definitiva" (14). ARAKEN DE ASSIS rebate os argumentos sustentados por aqueles que defendem o carter provisrio:

"A posio contrria lobriga temor quanto reverso da sentena e os conseqentes danos provocados na esfera jurdica do executado. Essas consideraes se mostram pouco razoveis. Em primeiro lugar, o ressarcimento do devedor se encontra assegurado pelo art. 574; ademais, o regime do art. 520, V, deriva de sbio juzo de probabilidade: o credor j dispunha de ttulo, beneficiado pela presuno de certeza, e, agora, a seu favor milita a sentena proferida nos embargos, verdade que provisria, mas que s refora a credibilidade de sua vantagem inicial. Entre travar por mais tempo a execuo, na pendncia do recurso, e desde logo atuar os meios executrios, o legislador optou, com razo, pela primeira diretriz. Ela no de assustar." (15) A construo interpretativa adotada pela primeira corrente no se compadece com a norma legal, data venia. Da forma como posto por aqueles que defendem a provisoriedade da execuo, na verdade, no se suspende, apenas, a executoriedade do ttulo, mas transforma a execuo, que j definitiva, a teor do citado artigo 507 da lei processual civil, em provisria, desfigurando o instituto.

Importa ressaltar que, no caso de eventual provimento dos recursos do devedorembargante interpostos contra a sentena que decretou a improcedncia dos embargos, quando as execues j estiverem definitivamente terminadas, no que pertine aos danos irreparveis, a soluo est prevista no artigo 574, da mesma lei adjetiva.

o entendimento esposado neste aresto do Tribunal de Alada do Paran:

"EXECUO DE TTULO EXTRAJUDICIAL DEFINITIVIDADE, MESMO NA PENDNCIA DE JULGAMENTO DE APELAO DE SENTENA QUE REJEITA OS EMBARGOS. O sistema do Cdigo , inequivocamente, o de considerar definitiva a execuo de ttulo considerar definitiva a execuo de ttulo extrajudicial (assim como o de sentena transitada em julgado), mesmo na pendncia de apelao da sentena que julga os embargos improcedentes (ou que os rejeita por qualquer fundamento), de acordo com os artigos 587, 520, V e 574.

A tese contrria , data venia, ilgica, pois uma execuo definitiva no pode converter-se em execuo provisria: o contrrio que acontece, quando, iniciada a

execuo como provisria, porque fundada em sentena (lato sensu) ainda no transitada em julgado, com o julgamento do ltimo recurso interposto, que confirma a condenao ela se torna definitiva."

(TAPR 2. Cmara Cvel. AG n. 71476900. Rel. Juiz Ribas Malachini. DJ de 16.02.96) No mesmo diapaso j se manifestaram o Superior Tribunal de Justia e o Supremo Tribunal Federal:

"PROCESSUAL CIVIL EMBARGOS ARREMATAO EXECUO FUNDADA EM TTULO EXTRAJUDICIAL SENTENA QUE OS JULGA IMPROCEDENTES NO TRANSITADA EM JULGADO CARTER DEFINITIVO ART. 587, DO CPC. I Assentado na doutrina e jurisprudncia o entendimento no sentido de que, julgados improcedentes os Embargos, a Execuo prosseguir em carter definitivo, se ou quando fundada em ttulo extrajudicial, equiparada esta, inclusive, quela com suporte em sentena transitada em julgado (art. 587, do CPC)."

(STJ 3. Turma. Resp. n. 11.203-SP. Rel. Min. Waldemar Zveiter. DJ de 03.08.92)

"Execuo de sentena, com liquidao transitada em julgado. Embargos do devedor. Carter definitivo da execuo. Cauo. Em casos dessa espcie, apresenta-se definitiva a execuo, ainda que penda apelao da sentena que julga improcedentes os embargos. Caso em que se no requer a prestao de cauo. Recurso especial no conhecido."

(STJ. Resp. n. 6.382-PR. Rel. Min. Nilson Naves. DJ de 30.09.91)

"PROCESSUAL CIVIL. EXECUO FORADA. Na pendncia de apelao oposta sentena que julgara improcedentes os embargos do devedor, pode ter prosseguimento, em carter definitivo, e no apenas provisrio, a execuo contra o devedor por ttulo extrajudicial (Cd. Proc. Civil, art. 587)"

(RE n. 95.583/PR, 2. Turma do STF, unnime, rel. Min. Dcio Miranda, RTJ 110/700) Diante disso, conclui-se pelo carter definitivo da execuo fundada em ttulo extrajudicial, afastando-se a necessidade do exeqente de prestar cauo, e resolvendo-se eventuais perdas e danos segundo a dico do artigo 574 do CPC.

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NOTAS 1.Cf. SILVA, Ovdio A. Batista da. Curso de Processo Civil. Vol. 2. So Paulo: RT, 1998. Pgina 51. 2.Idem. Pgina 53. 3.Idem. Pgina 54. 4.Processo de Execuo. 3. edio. Pginas 150-151. 5.Processo de Execuo. 17. edio. So Paulo: Leud, 1994. Pgina 141 e seguintes. 6.No seu Manual de Direito Processual Civil. Vol. 4. So Paulo: Saraiva, 1976. Pginas 51-56. 7.STJ 3. Turma. Ag. n. 50.548-SP. No mesmo sentido, o RE n. 95.583/PR RTJ 100/700. 8.O Novo Processo Civil Brasileiro. Rio de Janeiro: Forense, 1976, 1. edio. Vol. II. Pginas 166-167. 9.Tratado das execues. So Paulo: Saraiva, 1976. 2. ed. Vol. I. Pginas 209-210. 10.Cdigo de Processo Civil comentado. 2. edio. So Paulo: RT, 1996, pgina 1.021. 11.Comentrios ao Cdigo de Processo Civil de 1973. Vol. X, pgina 411. 12.Em seus Comentrios de jurisprudncia, in Revista de Processo, vol. I, pgina 181. 13.Manual do Processo de Execuo. 5. edio. So Paulo: RT, 1998. 14.Pgina 284. 15.Idem, pgina 1048.

A expedio da guia de recolhimento provisria antes do trnsito em julgado para o Ministrio Pblico. A tendncia em nossos tribunais Joo Paulo Serra Dantas Elaborado em 03/2009.

Pgina 1 de 1 Desativar Realce a A O presente estudo tem como objetivo demonstrar qual o entendimento jurisprudencial a respeito da expedio da guia de recolhimento sem o trnsito em julgado para o Ministrio Pblico. Introduo O presente estudo tem como objetivo demonstrar qual o entendimento jurisprudencial a respeito da expedio da guia de recolhimento sem o trnsito em julgado para o Ministrio Pblico.

Para tanto, utilizaremos como base legislativa (em sentido amplo), a Lei de Execuo Penal Lei n. 7.210 ; o Provimento n 653/99 do Conselho Superior da Magistratura do Estado de So Paulo; bem como a resoluo n. 19/06 do Conselho Nacional de Justia.

Iniciaremos o trabalho falando sobre a guia de recolhimento provisria e, em seguida, entraremos na polmica acerca da possibilidade de sua expedio sem o trnsito em julgado para o Ministrio Pblico

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Da Guia de Recolhimento Provisria De acordo com o que dispe o pargrafo nico do artigo 2 da Lei 7.210/84, aplicam-se ao preso provisrio, quando recolhido a estabelecimento sujeito jurisdio ordinria, todas as disposies do referido diploma normativo.

Vale frisar que tal dispositivo legal refere-se quele preso, motivadamente, em decorrncia da sentena penal condenatria, ainda passvel de recurso (art. 387, pargrafo nico, CPP acrescido pela lei 11.719/08).

Contudo, ainda h relutncia por uma parcela da jurisprudncia que no admite a execuo provisria das sentenas penais condenatrias no transitadas em julgado para as partes.

O argumento dos que adotam esta posio baseado na literalidade do artigo 105 da Lei de Execuo Penal LEP, segundo o qual exige expressamente o trnsito em julgado da sentena que aplicar pena privativa de liberdade, se o ru estiver ou vier a ser preso, para que se possa expedir a guia de recolhimento.

Portanto, no haveria motivos para se cogitar em "guia de recolhimento provisria", em razo de expressa vedao legal.

O professor Renato Marco, inclusive, em sua obra especializada (2007, p. 106), menciona alguns julgados neste sentido:

O art. 105 da LEP, ao tratar das execues das penas privativas de liberdade, dispe que sem a condenao definitiva no se expede guia de recolhimento, e sem a guia no se inicia a execuo, e uma vez no iniciada a formal execuo, no ser, tambm, admissvel a progresso do regime prisional do fechado para o semi-aberto (TACrimSP, HC 304.972/3, 8 Cm. rel. Juiz Barbosa de Almeida, j. em 22-5-1997, RT, 744/595).