implementação de um sistema erp em indústrias _ carla marina de sousa ferreira zaiden _ 83226_tcc

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA DISCIPLINA: PROJETO DE FIM DE CURSO GEM 41 IMPLEMENTAÇÃO DE UM SISTEMA ERP EM INDÚSTRIAS” Aluna: CARLA MARINA DE SOUSA FERREIRA ZAIDEN nº 83226 Uberlândia, setembro de 2013

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Trabalho de conconclusão de curso sobre implementa

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA

MECÂNICA

DISCIPLINA: PROJETO DE FIM DE CURSO – GEM 41

“IMPLEMENTAÇÃO DE UM SISTEMA – ERP – EM

INDÚSTRIAS”

Aluna: CARLA MARINA DE SOUSA FERREIRA ZAIDEN nº 83226

Uberlândia, setembro de 2013

2

IMPLEMENTAÇÃO DE UM SISTEMA ERP EM

INDÚSTRIAS

Banca examinadora

Prof. João Cícero da Silva – Orientador

Prof. Msc. Edsonei Pereira Parreira

Prof. Dr. Renan Billa

Uberlândia, 20 de setembro de 2013.

3

Dedicado à minha querida mãe, Cí Ferreira.

4

5

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado força durante toda a difícil

trajetória dentro do curso de Engenharia Mecânica.

Ao professor orientador Prof. João Cícero da Silva, pela colaboração não só

nesse projeto mais por todos os conselhos e orientações dados durante o curso.

Ao meu marido João Batista Zaiden Neto, por ter me ajudado nos momentos

difíceis e pelo amor incondicional.

Ao meu Pai Carlos Augusto, por ser quem me inspirou a fazer engenharia, pelo

apoio e por ser meu primeiro mestre. A minha Mãe Cí Ferreira, que mesmo tendo

partido precocemente me deu o carinho que eu precisava para me sentir segura e seguir

em frente.

A minha irmã Mariana, minha amiga e confidente.

Finalmente, agradeço à FEMEC e a UFU, por me oferecer um ambiente

produtivo e rico de conhecimentos.

6

RESUMO

Este trabalho de conclusão de curso apresenta um estudo bibliográfico sobre os sistemas

gestão integrado, mas conhecido como ERP (Enterprise Resource Planning).

Primeiramente, os conceitos importantes para a compreensão da lógica do sistema são

apresentados juntamente com a contextualização histórica. O trabalho busca mostrar

como o sistema interage com a indústria e a maneira como ele afeta a estrutura de

processos da mesma. As etapas envolvidas na tomada de decisão da empresa ao optar

por implementar o sistema ERP, bem o como o procedimento usado para a escolha do

fornecedor é discutido na sequencia do trabalho. Finalmente é detalhado todo processo

de implementação, mostrando os pontos mais relevantes dessa etapa.

Palavras-chave: ERP, Sistema de gestão integrado, MRP, MRP II, implementação,

impactos do ERP.

7

ABSTRACT

This final paper presents a bibliographic study on integrated management systems, more

commonly called ERP (Enterprise Resource Planning). First, the important concepts for

understanding the logic of the system are presented along with the historical context.

The work aims to show how the system interacts with industry and how it affects the

structure of the internal processes. The steps involved in the decision making of the

company to choose to implement the ERP system, as well as the procedure for the

choice of supplier are discussed in the sequence of the paper. Finally is detailed

throughout the implementation process, showing the most relevant points of this stage.

Keywords: ERP, Integrated management system, MRP II, ERP’s impacts,

Implementation.

8

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ERP Enterprise Resource Planning

SIGE ou SIG Sistema Integrado de Gestão Empresarial

TCC Trabalho de Conclusão de Curso

TI Tecnologia da informação

R/3 SAP Sistema ERP da empresa SAP

PP Planejamento da Produção

MM Gestão de Materiais

SD Vendas e Distribuição

FI Finanças

CO Controladoria

AM Gestão de Ativos Fixos

PS Sistema de Projeto

WF Fluxo de Trabalho

IS Soluções de Indústria

HR ou RH Recursos Humanos

PM Manutenção das Instalações

QM Gestão da Qualidade

FIFO ou PEPS First in First out (primeiro que entra primeiro que sai)

LIFO Last in, First out (último a entrar, primeiro a sair)

MRP Materials Requerements lanning

MRP II Manufacturing Resouce Planning

PCP Planejamento e Controle da Produção

SFC Shop Floor Control

PUR Purchasing (controle de compras)

CRP Planejamento dos Recursos de Capacidade

RCCP Capacidade de Recursos Críticos

SOP Planejamento de Vendas e Operações

DRP Distribution Resources Planning

9

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1: Principais Fornecedores de Sistemas Empresariais. ............................................................... 18

Figura 2: Estrutura geral do R/3 SAP. ................................................................................................... 20

Figura 3: A arquitetura de um sistema ERP .......................................................................................... 21

Figura 4: Visão geral MRP .................................................................................................................... 22

Figura 5: Evolução do MRP até o ERP ................................................................................................... 23

Figura 6: Ciclo de vida ERP ................................................................................................................... 30

Figura 7: Decisão e Seleção .................................................................................................................. 32

Figura 8: Participação por indústria global. .......................................................................................... 38

Figura 9: Estrutura organizacional do projeto ...................................................................................... 42

Figura 10: Etapa de implementação. .................................................................................................... 46

Figura 12: assistente de implementação ASAP ..................................................................................... 48

Figura 13: Visão geral do programa de gestão integrada de projeto. ................................................... 49

Figura 14: Modificação do pacote ........................................................................................................ 50

10

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1: Benefícios e problemas relativos à característica "Pacote Comercial" .................................. 27

Tabela 2: Benefícios e problemas associados à característica "Integração" ......................................... 28

Tabela 3: Benefícios e problemas associados à característica "Abrangência Funcional" ...................... 29

Tabela 4: Critérios para a seleção de um sistema ERP .......................................................................... 34

Tabela 5: Principais fornecedores de ERP. ............................................................................................ 39

Tabela 6: Plano geral de implementação X Plano detalhado de implementação.................................. 47

Tabela 7: Níveis de treinamento ERP. .................................................................................................. 51

Tabela 8: Aspectos relevantes ao sucesso na implementação do ERP .................................................. 53

Tabela 9: Fatores críticos de sucesso .................................................................................................... 56

11

Índice

INTRODUÇÃO .................................................................................................. 13

OBJETIVO ..................................................................................................... 14

RELEVÂNCIA DO PROBLEMA ................................................................. 14

ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................... 15

1. CAPÍTULO 1 – O SISTEMA ERP ....................................................... 17

1.1. O QUE É SISTEMA ERP .................................................................... 17

1.2. A HISTÓRIA DOS SISTEMAS ERP .................................................. 21

1.3. OS BENEFÍCIOS DE UTILIZAÇÃO DO SISTEMA ......................... 24

1.4. AS DESVANTAGENS DE UTILIZAÇÃO DO SISTEMA ERP ........ 25

1.5. ANÁLISE CUSTO BENEFÍCIO ......................................................... 26

2. CAPÍTULO 2 – PREPARAÇÃO .......................................................... 30

2.1. O CICLO DE VIDA DO SISTEMA ERP ............................................ 30

2.2. O PROCESSO DE DECISÃO E SELEÇÃO ....................................... 31

2.4. SELEÇÃO DO FORNECEDOR E IMPLEMENTADOR ................... 37

2.5. PLANEJAMENTO ............................................................................... 41

3. CAPÍTULO 3 – IMPLEMENTAÇÃO ................................................. 45

3.1. PLANO DETALHADO DE IMPLEMENTAÇÃO (BLUEPRINT) ..... 47

3.2. A ADAPTAÇÃO DO MÓDULO ......................................................... 49

3.3. TREINAMENTO .................................................................................. 50

3.4. INÍCIO DA OPERAÇÃO ..................................................................... 52

3.5. PONTOS CRÍTICOS NA IMPLEMENTAÇÃO DO SISTEMA ........ 53

3.6. O FIM DA IMPLEMENTAÇÃO ......................................................... 56

CONCLUSÃO ................................................................................................... 59

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 61

12

13

INTRODUÇÃO

Sistemas ERP (Enterprise Resource Planning), também chamados de sistema

SIGE ou SIG (Sistema Integrado de Gestão Empresarial), tem como objetivo integrar

todos os dados e processos de uma organização em um único sistema. Sendo assim, esse

recurso possibilita centralizar as informações e gerir o seu fluxo durante todo processo

de desenvolvimento da atividade industrial, integrando os setores da organização e

possibilitando aos gestores acesso ágil, eficiente e confiável às informações gerenciais,

dando suporte à tomada de decisões em todos os níveis do negócio.

Em uma indústria há várias atividades simultâneas e interdependentes

ocorrendo, uma rotina vital como o planejamento de produção, afeta diretamente vários

setores da empresa. Por exemplo, é necessário saber quantos módulos de produção estão

disponíveis, qual é a demanda a ser produzida, quantidade de matéria prima, a logística

de armazenamento e distribuição desse produto, entre outros. Esse exemplo simples

mostra como é importante a existência de um sistema que integre todas as áreas do

processo fabril.

Como pode-se concluir, os sistemas de gestão empresarial são vitais para

qualquer indústria, porém em muitas empresas eles são subaproveitados, isso ocorre

principalmente porque não houve uma implementação correta do sistema, o que pode

provocar grandes prejuízos.

Durante a implementação é importante que haja um mapeamento de todos os

processos atuais da organização, negligenciar esse mapeamento é uma das principais

causas de falha desse tipo de sistema.

Pensando em um profissional de engenharia ele pode estar vinculado de

diversas formas ao sistema ERP:

Usuário: um ERP básico normalmente abrange os seguintes módulos:

financeiro, compras, produção, controle de estoque (almoxarifado), vendas e

RH. Em qualquer um desses setores que o engenheiro estiver envolvido ele

estará em contato com o sistema;

14

Responsável por implementar o sistema no seu local de trabalho: nesse caso o

profissional será responsável por decidir quais módulos serão necessários,

mapear os processos envolvidos na atividade industrial, adaptar o sistema para

que ele atinja o melhor ajuste possível, ou desenhar processos eficientes dentro

das melhores práticas do negócio;

Desenvolvedor do sistema ERP: Esse profissional deverá ser responsável pelo

planejamento, treinamento, implementação, teste e entrega do sistema para a

empresa contratada.

Pode-se concluir que os sistemas ERP tem grande importância no dia-a-dia do

profissional de engenharia. Esse trabalho irá abranger principalmente os dois últimos

usuários (responsável por implementar o sistema no local de trabalho e o desenvolvedor

do sistema ERP).

OBJETIVO

O objetivo desse TCC é escrever um passo a passo de implementação de um

sistema ERP em uma indústria, descrevendo todas as etapas necessárias para que o

processo de implementação seja feito de maneira eficiente, impactando minimamente o

processo produtivo.

RELEVÂNCIA DO PROBLEMA

O profissional de Engenharia Mecânica tem a possibilidade de atuar em várias

frentes de trabalho, seja ela técnica ou gerencial. Uma vez inserido em uma indústria,

em qualquer uma das frentes ele provavelmente irá se deparar com um sistema ERP.

Sendo assim, esse trabalho além de mostrar os passos para implementar um sistema

ERP em uma fábrica, também configura uma fonte vasta de pesquisa sobre o tema.

15

Estudar a maneira como os sistemas ERP’s são implementados, também é um

passo para elucidar os problemas tipicamente encontrados em programas como esse, tais

como: subaproveitamento, dificuldade de manuseio por parte dos usuários e falta de

compreensão gerencial sobre a maneira como esses sistemas impactam o processo

produtivo.

Finalmente, há uma vasta fonte de dados que mostra como os projetos na área de

tecnologia são ineficientes, como os apresentados abaixo: (fonte Standish Group )

Apenas 16% dos projetos terminam no prazo e dentro do orçamento previsto;

Cerca de 94% dos projetos têm pelo menos um reinício;

Há aproximadamente aumento de 188% nos custos e 222% no prazo previsto;

Apenas 61% dos projetos são concluídos com os objetivos originais pré-

estabelecidos.

ESTRUTURA DO TRABALHO

O trabalho foi dividido em 4 capítulos:

Capítulo 1: O sistema ERP: trata-se de uma pesquisa teórica sobre as origens do

sistema, suas principais atribuições e objetivos;

Capítulo 2: Preparação: passa por todos os pontos relevantes antes da empresa

realmente começar o processo de implementação do sistema, focando

principalmente no processo de decisão e seleção ;

Capítulo 3: Implementação: Fala de todas as atividades envolvidas no processo

de implementação, destacando os pontos de atenção;

Conclusão: Faz uma análise geral do aprendizado obtido ao final da pesquisa e

enumera os pontos principais do trabalho.

O trabalho foi escrito de maneira a comparar a opinião de várias fontes sobre o

tema, o leitor irá perceber que em muitos pontos mais de um caminho é fornecido, isso

é feito para tornar o trabalho mais completo e apresentar as diversas visões sobre a

implementação de sistemas ERP em indústrias.

16

17

1. CAPÍTULO 1 – O SISTEMA ERP

1.1. O QUE É SISTEMA ERP

Nos dias de hoje o sistema ERP é uma das principais ferramentas de tecnologia

da informação (TI) e gestão empresarial, isso porque ele acomoda uma série de

informações que são fundamentais para o gerenciamento de qualquer indústria. Segundo

DAVENPORT (1994) a principal questão a se considerar ao referir-se a sistemas ERP é

a integração, visto que as informações e processos atravessam diversos setores da

indústria. Sendo assim pode-se definir esses sistemas como um banco de dados central

que unifica as informações de diversas áreas da empresa.

Outra definição é a fornecida por HABERKORN (1999), que entende sistema

ERP como o conjunto de ferramentas que buscam atender a necessidade das

organizações de automatizar processos e munir-se de informações precisas e atuais,

possibilitando a diminuição das taxas de erros e o fornecimento de respostas rápidas

para a administração. A essa definição faz-se importante ressaltar que esse tipo de

sistema não visa efetivamente gerenciar recursos, mais sim apenas auxiliar as tarefas

cotidianas, uma vez que se trata de um banco de informações integrado, ou seja, os

sistemas ERP guardam e cruzam as informações em uma indústria, mais não toma

nenhuma decisão gerencial, ele visa simplesmente fazer com que a informação esteja

disponível a quem necessita dela.

Esses sistemas de gestão empresarial são vendidos em pacotes comerciais 1de

software e são geralmente desenvolvidos de maneira genérica para atender diversos

públicos. Esse fato possibilita que a empresa ao adquirir um sistema ERP esteja não

somente comprando um sistema de gestão, mais sim se adequando a um modelo de

processo de negócios, ou seja, normalmente é a empresa que se adéqua ao sistema e não

o contrário.

Sobre esse tema BANCROFT (1998) disse: “[para fazer o sistema] os

desenvolvedores da SAP recolheram os requisitos de diferentes empresas dentro de uma mesma

indústria e os combinaram com resultados de estudos das principais empresas de pesquisa.

Essa compilação tornou-se a base para o desenvolvimento de cada módulo dentro do R/3.

1 Apesar de ser possível uma empresa desenvolver um sistema ERP próprio, esse termo

geralmente é associado a pacotes comerciais.

18

Dentro deste contexto, o termo melhores práticas [Best practices] é usado para representar o

sucesso dos processos de negócio padronizado implementados.”

Existem diversos exemplos de sistemas ERP no mercado, tais como: o Oracle

Applications da norte-americana Oracle, os brasileiros Magnus e EMS, ambos da

DataSul e o AP7 da Microsiga, porém o mais difundido dos sistemas ERP é sem dúvida

o famoso R/3 SAP. O SAP tornou-se tão expressivo no mercado desse tipo de sistema

que muitos usam ERP e SAP como sinônimos e ainda concede às empresas que o

possuem muita credibilidade. A figura 1 abaixo mostra os principais fornecedores de

soluções de sistemas empresariais e sua fatia no mercado.

Figura 1: Principais Fornecedores de Sistemas Empresariais.

Fonte: FGV-EAESP-CIA

Outro ponto relevante sobre esses sistemas é que ele atende a uma série de

funções, uma vez que um dos seus principais objetivos é cobrir o máximo de

funcionalidades possíveis e o maior número de atividades dentro da cadeia de valor.

Resumidamente pode-se entender sistema ERP como um pacote comercial de

software que é desenvolvido a partir de modelos-padrão de processos, sendo integrados

e de ampla abrangência funcional tornando-se assim um banco de dados corporativo.

19

Segundo SOUZA (2000) alguns termos estão geralmente associados aos

sistemas ERP, são eles: funcionalidade, módulos, parametrização, configuração,

customização, localização e atualização de versões.

Funcionalidade: Trata-se do conjunto de funções do sistema, ou seja, são todas

as situações e processos que o sistema contempla;

Módulos: É o menor grupo de funções que pode ser comprado e implementado

separadamente em um sistema ERP. Esses sistemas são divididos dessa maneira

de modo a permitir que a empresa adquira apenas os módulos que são do seu

interesse e ainda, mesmo que ela decida por usar todos os módulos, é possível

que a instalação seja feita módulo a módulo facilitando o processo. Os principais

módulos do ERP R/3 SAP são:

- PP (Production Planning) - Planejamento da Produção

- MM (Materials Management) - Gestão de Materiais

- SD (Sales and Distribution) - Vendas e Distribuição

- FI (Financial Accounting) – Finanças

- CO (Controlling) – Controladoria

- AM (Fixed Assets Management) - Gestão de Ativos Fixos

- PS (Project System) - Sistema de Projeto

- WF (Workflow) - Fluxo de Trabalho

- IS (Industry Solutions) - Soluções de Industria

- HR (Human Resources) - Recursos Humanos

- PM (Plant Maintenance) - Manutenção das Instalações

- QM (Quality Management) - Gestão da Qualidade

Parametrização: É a ação de estabelecer parâmetros de processamento do

sistema ERP, para isso faz-se necessário a instalação prévia de funcionalidades

alternativas. DAVENPORT (1998) cita como exemplo de parametrização a

utilização de um parâmetro que defina que tipo de controle de estoque que será

usado FIFO ou LIFO.

Configuração: Conjunto de todos os parâmetros após a definição dos mesmos.

Representa as diversas opções de funcionamento das funções do sistema.

20

Customização: São modificações do sistema, impossíveis de se conseguir por

meio da parametrização, afim de que ele se molde às necessidades da empresa.

Vale ressaltar que essas customizações são caras, aumentam o valor da

manutenção do sistema e ainda podem gerar problemas durante a atualização do

sistema. Segundo LAUDON (2001): “Quando o número de linhas de código

alteradas aproxima-se de 5% do total de linhas do programa, os custos são

multiplicados por 5.”

Localização: Trata-se da adaptação do sistema (usando parametrização e/ou

customização) para ser usado em um país diferente daquele que ele foi criado.

As adaptações feitas para o Brasil são chamadas de “tropicalização”.

Atualização de versões: Também chamado de “upgrading” é a maneira pela

qual o fornecedor disponibiliza novas funcionalidades e corrige erros.

A figura 2 abaixo permite o entendimento do conceito geral da arquitetura de um

programa ERP, isto é, um banco de dados central que se comunica com as diversas

áreas da empresa. Por se comunicar entende-se que ele alimenta e é alimentado de

informações advindas de cada um dos módulos.

Figura 2: Estrutura geral do R/3 SAP.

Fonte: SAP Fenasoft 2000.

Em sua dissertação de mestrado SOUZA (2000) usa uma citação de

DEVENPORT (1998) sobre o uso de um banco de dados central: “No coração de um

sistema empresarial está um banco de dados central que recebe e fornece dados para uma série

de aplicações que suportam as diversas funções de uma empresa. A utilização de um banco de

21

dados central agiliza dramaticamente o fluxo de informações através do negócio”. Essa

citação fica bem representada pela figura 3 abaixo.

Figura 3: A arquitetura de um sistema ERP

Fonte: SOUZA (2000) página 20

1.2. A HISTÓRIA DOS SISTEMAS ERP

Na década de 60 surgiam os primeiros sistemas de planejamento de recursos de

manufatura intitulados de MRP (Material Requirements Planing - Planejamento dos

Recursos Materiais). Sobre esse sistema PEINADO E GRAEML (2007) disse: “Com o

advento dos computares, uma grande carga representada pela manutenção dos registros de

estoques e determinação das necessidades de materiais foi transferida para os computadores. O

principal programa desenvolvido para tal, denominado MRP, rapidamente passou a ser parte

integrante dos processos de programação da produção e materiais das empresas de todo o

mundo. O crédito pela divulgação do MRP se deve a Joseph Orlick, autor do livro "Material

requirements planning", de 1975, a George Plossl, Oliver Wight e à Sociedade Americana para

o Controle de Estoques (APICS).”.

Após a revolução industrial ocorreu uma mudança significativa no setor

secundário, uma vez que a partir desse ponto as organizações cresceram em ritmo

22

acelerado. Como resultado a administração das atividades envolvidas na produção em

larga escala, tornou-se demasiadamente complexa.

Aos poucos as indústrias modernizaram-se e novos movimentos como

Taylorismo e Fordismo as tornou mais eficientes, principalmente no que diz respeito à

padronização, otimização do espaço e melhor aproveitamento da mão de obra. Mesmo

apresentando avanços consideráveis um dos principais problemas não foi resolvido, a

administração dos materiais. Imagine controlar uma quantidade considerável de

estoques (produto acabado, matéria prima, peças de reposição, inventário, etc)

manualmente.

O problema descrito acima só começou a ser solucionado após a 3º (terceira)

revolução industrial (também chamada de revolução tecnológica). O primeiro MRP,

resultado de uma parceria entre as empresas CASE e IBM, visava calcular a quantidade

de materiais necessários para a produção de um determinado produto.

Segundo PEINADO E GRAEML (2007): “Os primeiros programas de MRP

rodavam em computadores de grande porte (mainframes) que chegavam a trabalhar durante

todo um final de semana para calcular as necessidades de materiais. O objetivo era determinar,

com o auxílio de um sistema informatizado, quanto e quando os materiais seriam necessários à

produção planejada, sempre com um mínimo de estoque possível.”.

Para entender melhor o funcionamento do programa MRP veja a figura 4 abaixo:

Figura 4: Visão geral MRP

Fonte: PEINADO E GRAEML (2007) página 423.

23

Com o passar do tempo à capacidade de processamento dos computadores

aumentou consideravelmente, possibilitando que o sistema MRP fosse expandido a

outras áreas do setor secundário que ainda não eram atendidas, tais como gerenciamento

de vendas e distribuição. Após essa expansão de funcionalidades, o sistema mudou de

nome, surgindo na década de 80 a plataforma intitulado de MRP II (Manufacturing

Resouce Planning - Planejamento dos Recursos de Produção). Finalmente nos anos 90,

ocorre mais uma evolução dos sistemas MRP, nascia assim os sistemas ERP, que agora

atendia as áreas de engenharia e finanças. A figura 5 abaixo ilustra a diferença de

funcionalidade entre o ERP e o sistema MRP.

Figura 5: Evolução do MRP até o ERP

Fonte: ALMEIDA (2010) página 29

Segundo RODRIGUES (2010): “Os primeiros ERP basicamente lidaram com o

ambiente interno das empresas, porém outras opções foram incorporadas como gerenciamento

de cadeia de suprimentos (suply chain management) e gerenciamento de relacionamento com o

cliente. Muitas outras ferramentas foram sendo incorporadas aos ERP ao longo dos anos,

formando cada vez mais sistemas robustos e complexos, capazes de lidar com um grande nível

de informações de fontes distintas.”.

Ainda hoje algumas empresas de pequeno porte usam os sistemas MRP, porém

seu uso mais comum é estar incorporado como funcionalidade dos sistemas ERP.

Segundo PEINADO E GRAEML (2007) “O MRP (material requirements planning) é um

programa de computador que foi desenvolvido para auxiliar na determinação das necessidades

24

de materiais nas organizações. Com o vertiginoso aumento da capacidade de processamento

dos atuais computadores, hoje em dia, o MRP normalmente faz parte de um programa ainda

maior, chamado de ERP (enterprise resource planning),que controla todas as funções da

organização.”

1.3. OS BENEFÍCIOS DE UTILIZAÇÃO DO SISTEMA

Existe uma série de vantagens na utilização de sistemas ERP, uma vez que ao se

documentar e contabilizar os processos através da ferramenta cria-se a possibilidade de

um controle mais efetivo dos negócios, bem como uma melhor visualização das falhas.

Os sistemas ERP caracterizam-se por ser uma base tecnológica que suporta decisões e

operações das indústrias que o utilizam.

Empresas que tem várias unidades em locais diferentes tem nos sistemas ERP

uma possibilidade de integração das informações entre as diversas instalações da

mesma. Para aquelas de pequeno porte, os sistemas integrados de gestão fornecem uma

possibilidade de avanço tecnológico que poderá suportar futuras expansões dos seus

empreendimentos. Além disso, independente do porte da indústria ele diminui

consideravelmente o tempo do ciclo pedido/produção/entrega além de redução do

número de estoques e aumento de produtividade.

Segundo LOZINSKY (1996) outro ponto relevante é a redução de custos, isso

ocorre graças à disponibilização de informações em tempo real, redução de mão de obra

resultante da simplificação dos processos administrativos, abolição da duplicidade de

esforços e ainda a existência de indicadores que permitam uma avaliação fidedigna do

desempenho do processo.

Para STAMFORD (2000), o ERP é uma ferramenta importante para o aumento

da eficiência das indústrias que a utilizam, uma vez que permite a realização de

negócios em qualquer parte do mundo. Ele cita também vantagens como: aumento da

valorização da empresa pelos investidores e mercado; velocidade nas oportunidades de

negócios; base de dados única; informação atualizada em tempo real; atendimento a

requisitos globais, regionais e locais em um único sistema; suporte à estratégia de

ebusiness.

DEVENPORT (1988) fala da importância dos sistemas ERP no que tange a

integração de informações dentro de uma empresa: “a fim de se compreender a atração dos

25

sistemas empresariais, é necessário primeiro entender qual problema eles destinam resolver: a

fragmentação de informações em grandes empresas”. Como o sistema ERP possibilita a

concentração de informações em um único banco de dados ele elimina todos os outros

sistemas paralelos, isso aumenta a agilidade na obtenção de informações e confere

confiabilidade as mesmas.

1.4. AS DESVANTAGENS DE UTILIZAÇÃO DO SISTEMA ERP

Apesar das enumeras vantagens advindas do uso de sistemas ERP, existem

também algumas dificuldades e problemas na sua utilização, uma vez que a adoção

desse sistema exige uma mudança na cultura de gestão e como já foi falado

anteriormente, é a indústria que se ajusta ao ERP e não o contrário.

É de senso comum que a maior desvantagem dos sistemas ERP consiste na

enorme dificuldade de implementação, principalmente no que se refere ao tempo, uma

vez que pode levar até 3 (três) anos para a o sistema estar totalmente instalado e pronto

para uso. Segundo SOUZA (2000), essa dificuldade ocorre graças à necessidade da

introdução de mudanças organizacionais, isto é, as empresas, que normalmente são

orientadas a uma visão hierárquica e departamental, devem se adaptar a visão orientada

à processos. Sendo assim, para que seja possível a implementação do sistema ERP em

uma indústria, exige-se total comprometimento da alta direção e dos usuários,

treinamento e comunicação.

O investimento necessário para instalação do sistema é elevado, uma vez que

está relacionado a altas despesas em hardware e infraestrutura, bem como o valor pago

pela licença de utilização do software. A lista abaixo mostra os principais gastos iniciais

envolvidos: (Fonte: http://rubenscastro.wordpress.com/quanto-custa-um-erp/)

Licenciamento do fabricante ERP;

Servidor da aplicação do ERP;

Consultoria para implantação;

Treinamentos (datashows, desktops, material didático e local para treinamentos);

Customizações;

Atualização dos desktops;

26

Servidor de banco de dados;

Licenciamento para o software gerenciador de banco de dados;

Despesas de viagem, estadia e alimentação para o time de projeto;

Sistema operacional para os servidores;

Sistema antivírus para os servidores;

Sistema de backup para os servidores;

Mídias e unidades de backups;

Link de dados entre as estações clientes e o servidor;

Datacenter.

Além do investimento inicial, ainda há os custos de manutenção que envolve:

Manutenção mensal do fabricante do ERP;

Suporte interno ao ERP;

Customizações futuras (ajustes a mudanças da empresa, relatórios e melhorias);

Manutenção das licenças dos demais softwares envolvidos;

Upgrades.

Para minimizar os problemas com esse tipo de sistema é importante que a

empresa conheça suas necessidades e tenha uma visão clara sobre quais os benefícios

ela espera obter de um ERP. O ERP, não é a resposta para qualquer empresa, uma vez

que ele exige uma disciplina de negócios que não é compatível com a maioria das

organizações.

Sam Wee, em uma entrevista para revista Exame avalia da seguinte forma os

pacotes integrados de gestão: “O software é flexível demais. São mais de 60 000 transações,

15 000 tabelas de dados, com quase 2 milhões de telas possíveis. Ele foi feito para acomodar

todo tipo de processo, todo tipo de negócio, da refinação de petróleo à revenda de automóveis

usados. Isso gera dois problemas. O primeiro é encontrar, nesse emaranhado, a configuração

que melhor se adapta a cada empresa. Depois, uma vez instalado o programa, é preciso que os

dados sejam fornecidos corretamente por quem o usa, senão os erros também se propagam em

tempo real.”

1.5. ANÁLISE CUSTO BENEFÍCIO

27

Após analisar todo os prós e contras do uso do ERP fica claro que cada empresa

deve primeiramente fazer um exercício de auto-conhecimento antes de se comprometer

com o sistema. Segue abaixo algumas perguntas úteis ao se analisar os reais benefícios

do ERP:

Qual é o problema que quero solucionar?

Quais as deficiências em nosso sistema atual e qual a opção de software mais

adequada a suas resoluções?

Esse é o melhor momento para iniciar a implementação do sistema?

Quem serão os responsáveis pelo projeto?

Qual é o custo real?

Como o sistema irá interferir no modelo de negócios?

Segundo DONOVAN (1999) noventa por cento (90%) das instituições que

implantam o ERP não obtém êxito total na primeira tentativa, dessa forma é importante

estar ciente da complexidade envolvida nesse tipo de projeto e garantir que haja uma

correlação entre os objetivos da empresa e do software para que seja possível a

construção de um sistema consistente.

As tabelas 1, 2 e 3 apresentadas abaixo são uma adaptação do modelo proposto

por SOUSA E ZWICKER (1999) que relacionam os benefícios e problemas do sistema

ERP levando em consideração as seguintes características do software: pacote

comercial, integração, abrangência funcional e banco de dados corporativo.

Tabela 1: Benefícios e problemas relativos à característica "Pacote Comercial"

Pacote Comercial Aspectos Organizacionais Aspectos Tecnológicos

Benefícios

procurados

Foco na atividade principal da

empresa;

Possibilitar a reengenharia dos

processos, utilizando as

melhores práticas,

conhecimento e experiência de

outras empresas acumulados

nos sistemas;

Redução dos custos de

informática;

Focar a área de TI na busca de

soluções empresariais, e não no

desenvolvimento de sistemas.

Atualização de tecnologia;

Contar com ganho de escala na

pesquisa de novas tecnologias;

Ganho de escala no tempo para

desenvolvimento do sistema;

Redução do bach-log de

aplicações;

Criação de uma infraestrutura

de comunicação sobre a qual é

possível construir os sistemas

que a empresa precisa para

poder se diferenciar.

28

Problemas

potenciais

Dependência do fornecedor;

Problemas de adequação do

pacote à empresa;

Necessidade de alterar

processos empresariais;

Necessidade de utilização de

consultoria para

implementação;

Resistência a mudanças;

Tempo para aprendizado de

interfaces não desenvolvidas

especificamente para a

empresa;

Possível incompatibilidade

entre a estratégia da empresa e

a lógica do ERP.

Falta de controle sobre a

evolução tecnológica do

sistema;

O conhecimento a respeito do

funcionamento do pacote não

está na empresa;

Curva de aprendizado para o

novo modelo de

desenvolvimento e necessidade

de retreinamento da equipe de

TI;

Dificuldade em manter o

conhecimento a respeito do

funcionamento do pacote após

o término da implementação;

Nem toda a funcionalidade

necessária já está disponível ou

é adequada, o que obriga á

integração com outros

sistemas.

Tabela 2: Benefícios e problemas associados à característica "Integração"

Integração Aspectos Organizacionais Aspectos Tecnológicos

Benefícios

procurados

Redução de mão-de-obra;

Integração dos processos

permitindo maior controle

sobre a operação da empresa;

Entrada Única de informação

no sistema;

Maior velocidade nos

processos;

Aumentar a competitividade

da empresa através da

integração das atividades;

Atender à integração global

(pacotes internacionais);

Disponibilização em tempo

real de informações

alimentadas no sistema.

Eliminação da fragmentação

dos sistemas de informação da

empresa; Benefícios e

problemas associados à

característica "Integração"

Eliminação de interfaces entre

sistemas isolados;

Eliminação da necessidade de

manutenção em diversos

sistemas isolados e diferentes;

Consumação da visão de

sistemas integrados;

Problemas

potenciais

Dificuldades na

implementação: mudança

cultural da visão

departamental para a visão de

processos;

Dificuldades na

implementação: as decisões

devem ser tomadas em

conjunto por todos os

departamentos envolvidos;

Entrada de dados incorretos

pode ser imediatamente

propagada pelo sistema;

Maior preocupação sobre a

disponibilidade do sistema (se

um módulo não estiver

operacional, pode inviabilizar

a utilização de outros

módulos);

Maior dificuldade para fazer a

atualização de versões e

alterações no sistema, devido

á necessidade de acordo entre

todos os departamentos

envolvidos.

29

Necessidade de utilização de

consultoria para

implementação;

Altos custos e prazo de

implementação;

Possível incompatibilidade

entre a estratégia da empresa e

a lógica do ERP.

Tabela 3: Benefícios e problemas associados à característica "Abrangência Funcional"

Abrangência

Funcional Aspectos Organizacionais Aspectos Tecnológicos

Benefícios

procurados

Padronização de processos e

procedimentos;

Redução de custos de

treinamento.

Um único sistema para toda a

empresa;

Interface de acesso unificada

para toda a empresa;

Único fornecedor para

contato;

Redução dos custos de

operação.

Problemas

potenciais

Dependência de um único

fornecedor em um sistema

critico para a missão da

empresa.

Maior preocupação sobre a

disponibilidade do sistema,

pois a empresa inteira depende

de um único sistema.

30

2. CAPÍTULO 2 – PREPARAÇÃO

2.1. O CICLO DE VIDA DO SISTEMA ERP

Para implementação de um ERP existe uma série de etapas que devem ser

seguidas a fim de garantir que o projeto seja bem sucedido. Dessa forma, na literatura

existem duas abordagens de ciclo de vida de um sistema ERP o modelo waterfall (ou

linear) e o modelo de prototipação.

Modelo waterfall: as etapas são executadas em sequência e uma única vez.

Modelo de prototipação: as etapas são repetidas a fim de refinar

incrementalmente o produto até o mesmo estar pronto para ser implementado.

Ao se comparar o ciclo de vida dos sistemas ERP com outros pacotes comerciais

a maior diferença a ser considerada é a abrangência funcional, uma vez que ele irá

interferir em todos os setores da empresa.

Abaixo, pode-se ver uma proposta de ciclo de vida para um sistema ERP

apresentada por SOUZA (2000).

Figura 6: Ciclo de vida ERP

Fonte: SOUZA (2000) página 27.

31

Etapa de decisão e seleção: Consiste em escolher se o ERP é o melhor para a

empresa através da análise de vantagens e desvantagens do sistema (veja o

capítulo 1), bem como a escolha do fornecedor. É nesse ponto que é construído

o plano de implementação, tema que será discutido ao longo desse capítulo.

Etapa de implementação: Nesse ponto os módulos são colocados em

funcionamento na empresa, diferentemente da etapa de decisão, que ocorre uma

única vez, essa fase do projeto ocorre múltiplas vezes a fim de alcançar o melhor

desempenho do sistema. Segundo SOUZA (2000), é importante ressaltar que à

medida que os módulos são implementados as possíveis variações de

parametrização vão sendo reduzidas, graças a utilização e às restrições

determinadas pelos módulos já definidos.

Etapa de utilização: No modelo proposto por SOUZA (2000), essa fase ocorre

simultaneamente com a etapa de implementação e só termina quando o sistema

está em pleno funcionamento. Nessa etapa o foco é que a empresa conheça todas

as possibilidades de uso do ERP e que indique as melhores condições de

contorno para possibilitar o ajuste do software na fase de implementação.

2.2. O PROCESSO DE DECISÃO E SELEÇÃO

O Processo de decisão e seleção do sistema impacta diretamente no resultado

final, uma vez que é nessa fase que é definido não somente qual será o fornecedor do

ERP, mais também quais são as expectativas ao adotá-lo, quem serão os responsáveis

pelo projeto e por fim o investimento necessário.

Como foco desse trabalho é a utilização de ERP em indústrias, vale ressaltar que

para tal seguimento essa fase é especialmente crítica, isso porque a atividade fabril

geralmente engloba vários processos paralelos, como administração de suplementos,

manutenção, RH, entre outros. Sendo assim, o cuidado deve ser redobrado ao fazer um

planejamento que priorize o impacto geral que o sistema terá, isto é: focar na

comunicação do ERP com os sistema pré-existentes, decidir quais desses sistemas

devem ser descartados, treinamento de pessoal, análise de como a filosofia de negócios

32

do ERP irá influenciar na estrutura da indústria e principalmente que o processo de

implementação tenha impacto mínimo na produtividade.

O modelo abaixo (figura 7), proposto por SOUZA (2000), mostra de maneira

objetiva os principais pontos do processo de decisão e seleção.

Figura 7: Decisão e Seleção

Fonte: SOUZA (2000) página 29.

Diferentemente das outras etapas do ciclo de vida do ERP, a etapa de decisão e

seleção ocorre uma única vez. Como pode ser constatado na figura acima, os três pontos

principais dessa fase são: decisão, seleção de fornecedor e implementador e

planejamento. Cada um desses pontos será discutido separadamente no decorrer deste

capítulo.

2.3. DECISÃO

No capítulo 1, foi apresentada uma série de vantagens e desvantagens do ERP,

sendo assim, nesse ponto deve-se estar claro que optar por implementar um sistema de

gestão integrada em uma fábrica é muito mais complexo do que simplesmente instalar

um novo software.

Segundo LUCAS (1999), para evitar que o sistema traga resultados medíocres

para a empresa e consequentemente resultar na perda de todo o investimento, é

33

necessário que no processo de decisão fique claro quais são as metas da indústria ao

implementar um ERP. Objetivamente, a instituição deve ter como foco a melhoria do

desempenho do empreendimento como um todo e não reduzir o sistema a um simples

controlador de estoques.

A implantação de um sistema ERP significa a modificação dos métodos de

trabalho em todas as áreas de uma fábrica, tendo impacto direto no comportamento de

cada um dos funcionários frente a suas atividades específicas e na relação destes com os

demais participantes do processo produtivo.

NEIVA E CAMILA (2010) resume a etapa de decisão como a fase em que os

gestores se questionam sobre a necessidade de um sistema ERP como solução

tecnológica e de gestão tendo como objetivo o aperfeiçoamento da estratégia

organizacional.

Nessa fase também deve se optar por fazer ou comprar um sistema de gestão

integrada. A favor do “fazer” existe a possibilidade de criar um sistema que prioriza as

características individuais da empresa, porém optar por essa alternativa pode gerar um

consumo maior de tempo e recursos. Uma das maiores vantagens do uso um sistema já

existente no mercado é que estes conferem a indústria que o utiliza credibilidade, pois

significa que a mesma segue a práticas propostas pelo ERP. Para empresas de menor

porte, a solução de criar um sistema próprio pode ser mais atrativa, uma que vez que

haverá menos processos a serem mapeados tornando o software menos complexo.

Normalmente, ao se propor um projeto dentro de uma empresa ele deve se

justificar financeiramente, esse é um dos pontos mais críticos do processo de tomada de

decisão para projetos de ERP, isso ocorre porque os retornos tangíveis representam uma

pequena parcela do esperado visto que os retornos intangíveis são substancialmente

maiores. Sobre isso WAGLE (1998) fala: “a dificuldade e os custos associados à

implementação de sistemas ERP significa que a maioria das empresas deveriam analisar o

investimento puramente através de seu potencial de redução de custos.”. Sobre esse tema, o

autor também afirma que a implementação de um sistema integrado de gestão só deve ser feito

com base em um fluxo de caixa positivo, uma vez que trata-se de um projeto com um longo

período de payback e que demanda autos investimentos.

Segundo COLANGELO (2001), os principais motivos que levam uma empresa a optar

por utilizar um sistema ERP são:

Elevados custos de operação dos sistemas atuais;

34

As informações geradas pelos sistemas atuais não atenderem mais às necessidades da

empresa;

Inviabilidade de manter uma equipe de informática capaz de desenvolver sistemas

internamente;

Sistemas usados terem se tornado caros e obsoletos;

Necessidade de reduzir custos, principalmente, em áreas que não estão diretamente

ligadas à atividade-fim da empresa.

Na tabela 4 abaixo, COLANGELO (2001) analisa os três pontos mais relevantes

na decisão de implantar um ERP: negócio, legislação e tecnologia. Esses macro-motivos

são destrinchados em critérios de múltipla seleção.

Tabela 4: Critérios para a seleção de um sistema ERP

Critério Definição Importância

Escopo funcional e

aderência

Suporte aos processos de

negocio da empresa.

O sistema deve render às necessidades

básicas dos principais processos de

negócios, caso contrário, será

necessário utilizar bott-ons ou fazer

desenvolvimentos próprios. Propicia

custos elevados e maior complexidade

na implantação e no ambiente

operacional.

Cobertura do escopo

geográfico

Adequação às exigências

legais e condições locais dos

países em que será

implantado; cobertura de

diversos idiomas, moedas,

etc.

Problemas de localização ou

flexibilidade com idiomas ou moedas

podem inviabilizar sistemas em todas

as regiões em que ele é necessário.

Empresas de comércio internacional,

mesmo de um só país, devem emitir

documentos, como ordens de compra e

certificados de qualidade em diversos

idiomas.

Flexibilidade

Capacidade de adaptar-se a

mudanças com agilidade e

custos reduzidos.

O sistema deve ser flexível atendendo

às necessidades da organização em

termos de mudanças em processos de

negócios, expansão geográfica,

35

introdução de novos produtos, fusões,

aquisições, etc.

Conectividade

Possibilidade de acesso ao

sistema por redes públicas e

de interconexão a sistemas de

outras empresas parceiras.

A internet modifica a forma pela qual

os sistemas ERP operam e integram

com outros sistemas. Um ERP sem

acesso a conexões via internet é

inaceitável pela maioria das empresas.

Facilidade para

integração

Simplicidade para

implementar mecanismos de

intercâmbio de dados ou

mensagens com outros

sistemas.

Um ERP, geralmente, deverá ser

integrado com algum sistema já

existente ou complementar. Quanto

mais simples a integração, menores

serão os custos e riscos do projeto.

Maturidade

Estabilidade do sistema (na

versão que será instalada),

resultando de submissão à

teste de campo e ajustes por

longos períodos e muitos

usuários.

Quanto mais testado e estável o

sistema, menores os riscos da

implantação e de mudanças por

motivos fúteis.

Facilidade de

implantação e

manutenção

Disponibilidade de ambientes

"pré-configurados" e

ferramentas de configuração

que simplifiquem a

implantação e manutenção.

Reduz os riscos e custos da

implantação e posterior manutenção do

sistema.

Tecnologia

Arquitetura, ferramentas de

desenvolvimento e filosofia

adotadas no desenvolvimento

do sistema.

A arquitetura do sistema é fator

fundamental para atributos como

'flexibilidade" e " escalabilidade".

Custos

Montante de gastos com

aquisição e operação do

sistema, no conceito de TCO

(Custo Total de Propriedade).

Os custos a longo prazo (conceito de

TCO) são fundamentais para a

competividade da empresa.

Estabilidade

econômico-financeira

do fornecedor

Capacidade de sobrevivência

do fornecedor a longo prazo.

A incapacidade econômica do

fornecedor pode ter impactos como

perda do suporte, necessidade de

substituição prematura do EPP,

redução na evolução do ERP.

36

Suporte local do

fornecedor

Existência de escritório do

fornecedor nas regiões em

que o sistema será

implantado ou utilizado,

capacitado a treinar usuários

e resolver problemas.

Agiliza o atendimento e reduz custos

de serviços.

No que tange o parâmetro legal dos sistemas ERP, por força da Lei 12.741,

também conhecida como “Lei da Transparência” ou “Lei dos Impostos na Nota”, desde

10 de junho de 2013, as empresas devem apresentar o valor aproximado correspondente

à totalidade dos impostos federais, estaduais e municipais, cuja incidência influi na

formação dos respectivos preços de venda, em todos os documentos fiscais de venda ao

consumidor de mercadorias e serviços. Sendo assim os sistemas ERP devem estar

preparados para garantir a administração destas informações, fornecendo as informações

e as ferramentas necessárias para que as empresas atendam as obrigação legal.

Para facilitar o processo de toma de decisão GONÇALVES (2011) sugere que as

seguintes análises sejam feitas:

Análise da situação atual. O objetivo dessa etapa é que a empresa reflita sobre

seus pontos fortes e fracos.

Identificação dos pontos positivos:

- Identificar as maiores vantagens competitivas da empresa;

- Identificar os serviços e/ou produtos que são elogiados pelos clientes e o

porquê;

- Saber o que funciona bem na empresa;

- Saber quais são os pontos positivos da empresa.

Identificação dos pontos negativos:

- Identificar os maiores problemas e dificuldades da empresa possui;

- Definir seus pontos críticos;

- Conhecer as desvantagens da empresa com relação aos seus

concorrentes.

37

Análise conceitual do ERP. A empresa deve realizar um estudo sobre os

sistemas ERP.

Qual a definição de um sistema ERP por parte da empresa;

Saber se a empresa realizou visitas em outras organizações que possuem

sistemas ERP;

Conhecer as maiores vantagens observadas em sistemas ERP;

Conhecer as maiores desvantagens observadas em sistemas ERP;

Identificar os maiores problemas associados à adoção de ERPs enfrentados pelas

empresas.

Análise do ERP como solução. A empresa deve comparar as informações das

etapas anteriores e assim conseguir concluir se o ERP é ou não uma boa poção para a

empresa.

Qual o motivo da adoção de um sistema ERP pela empresa;

Quais os problemas poderão ser solucionados com a adoção do sistema;

Quais seriam as possíveis soluções para os problemas e dificuldades da empresa;

Saber se os funcionários estão habituados a trabalhar em ambientes

informatizados;

Saber se os funcionários possuem qualificações para receber treinamento sobre o

sistema ERP;

Analisar se a empresa possui outros sistemas que gostaria de manter integrado

ao ERP, quais seriam estes sistemas e qual o motivo para integrá-los ao sistema.

Após seguir todos os passos propostos por GONÇALVES (2011), a empresa

estará ciente de qual é o papel do ERP dentro da organização e como ele irá interferir na

estrutura do negócio. Uma vez decidido por implementar o sistema integrado de gestão

a próxima etapa será selecionar o fornecedor e o implementador.

2.4. SELEÇÃO DO FORNECEDOR E IMPLEMENTADOR

38

Essa etapa visa selecionar o melhor fornecedor para a realidade da indústria,

bem como decidir se o ERP será implementado internamente ou se contará com o

auxílio de uma consultoria para fazê-lo.

Existem vários fornecedores de pacote ERP no mercado, sendo assim, para que a

decisão seja assertiva faz-se necessário a criação de critérios que permitam a

comparação entre as opções existentes.

Segundo pesquisa realizada em 2011 pelo grupo Gartner as 10 maiores

fornecedoras de ERP no mundo são nessa ordem: SAP, Oracle, Sage, Microsoft, Infor,

Kronos, Totvs, Lawson Software, Unit4 e Concur. Os gráficos mostrados na figura 8,

apresentam a participação por industria global que cada ERP tem.

Figura 8: Participação por indústria global.

Fonte: http://www.slideshare.net/JulioCezarPinto/cenrio-do-mercado-erp

Conforme pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em 2012 a empresa

líder no mercado brasileiro de fornecedores de ERP é a Totvs (38%) seguida pela SAP

(28%) e a Oracle (16%). Essa diferença entre o Brasil e o resto do mundo se dá

principalmente ao fato de que o sistema oferecido pela Totvs é mais usado em empresas

de pequeno e médio porte.

A tabela 5 a seguir apresenta um quadro comparativo entre as fornecedoras de

sistemas de gestão integrado, o que é de grande utilidade uma vez que permite entender

como cada uma das empresas que fornecem ERP está posicionada no mercado.

39

Tabela 5: Principais fornecedores de ERP.

Companhia ERP Expertise da

Indústria

Opções de

Implantação Mercado Alvo

Microsoft

Microsoft

Dynamics AX,

NAV and GP

Produção, Governo e

Finanças

Tradicional e

SaaS

Produção,

Distruição e

Serviço

Oracle Oracle E-Business

suite / Oracle Apps

Produção, Varejo,

Construção Cívil,

Finanças, Telecom,

Agronegócio,

Utilities,

Petroquímico

Tradicional e

SaaS

Produção,

Distribuição,

Financeiro e

Serviço

SAP SAP R3, SAP B1

(Business One)

Saúde, Governo,

Óleo & Gás e

Varejo.

Tradicional e

SaaS

Produção,

Distribuição,

Serviços e

Financeiro

Infor

Infor10 Adagio,

system I, Express

Visual, Business

Syteline, Lawson,

LN

Varejo, Autos,

Construção,

Comunicação

Comério e Hotelaria.

Tradicional

Produção,

Distribuição,

Serviços e Varejo

Totvs

Microsiga Protheus

/ Datasul / RM

Sistemas

Agronegócio, Saúde,

Finanças, Jurídico,

Construção,

Educação, Logística.

- Produção e

Distribuição

Grupo Linx ERP Linx

Vestuário, Calçados

e Acessórios,

Farmácias,

Perfumaria

Tradicional Varejo

Kronos

Workfoce

Timekeeper /

Activities /

Forecast / Manager

/ Scheduler / HR /

Payroll

Governo, Saúde,

Educação,

Manufatura, Óleo &

Gás, Comércio,

Finanças e Logística.

Tradicional e

SaaS

Soluções de

gerenciamento de

força de trabalho

Unit4 Agresso World Governo, Finanças, Tradicional e Gestão Financeira,

40

Business, CODA Educação, Varejo e

Logístico.

SaaS Software de Gestão

de Recursos

Humanos

Um dos métodos mais confiáveis para a avaliação de sistemas ERP é o modelo

MEDE-PROS, que apoiado nas normas ISO/IEC 9126 e NBR ISO/IEC 12119, avalia o

sistema de acordo com as características de: Funcionalidade, confiabilidade,

usabilidade, eficiência, manutenibilidade e portabilidade.

Antes de efetivamente escolher a fornecedora GONÇALVES (2011), sugere

fazer uma análise dos processos da empresa.

Análise dos processos da empresa: Os processos devem ser mapeados e

revisados, visando avaliar os gargalos, as necessidades de adaptação e os processos

chaves. Segue abaixo as diretrizes para fazer essa análise:

Identificar os processos críticos da empresa;

Identificar as particularidades da empresa;

Identificar os processos que ela não deseja modificar e o motivo;

Identificar os processos que ela deseja modificar e o motivo.

O processo de escolha da fornecedora pode ser dividido em duas etapas. Na

primeira etapa considera-se a maior quantidade possível de candidatos usando, porém,

um número reduzido de critérios, levando em consideração apenas aqueles tidos como

primordiais para a empresa. Na segunda fase restringe-se o número de candidatos em no

máximo três e submete-se os finalistas à critérios mais rigorosos, além de envolver os

usuários chaves no processo de decisão.

Segundo CASTRO a etapa de aquisição do ERP deve seguir as seguintes etapas:

Formação de um grupo para definições e análise;

Definição dos requisitos funcionais, estratégicos e técnicos;

Pesquisa por fornecedores (triagem);

Consulta básica aos ERPs de cada fornecedor;

Comparação dos requisitos com as características de cada fornecedor;

41

Escolha dos fornecedores que melhor se enquadraram nos requisitos;

Consulta aprofundada aos produtos dos fornecedores melhores posicionados;

Elaboração da proposta comercial e do contrato;

Escolha do fornecedor/ERP.

Outra decisão que deve ser tomada nessa etapa é a contratação ou não de uma

consultoria especializada. A principal vantagem de utilizar esse tipo de serviço é o fato

dessas empresas terem uma metodologia testada e contar com uma equipe especializada

com dedicação exclusiva ao projeto. A desvantagem é o custo desse tipo de serviço e o

fato de não poder contar com as consultorias para auxiliar na hora de decidir qual

sistema usar, uma vez que a maioria está vinculada a um ERP o que elimina a

possibilidade de decisão imparcial.

Caso a empresa decida por usar uma consultoria, é importante ressaltar que não

é recomendado deixar todo o processo de implementação exclusivamente na mão da

mesma, visto que não existe maior conhecedor do processo fabril que os funcionários

que nela trabalham. Dessa forma o ideal é montar um time misto para gerir toda a

instalação do ERP, assim os resultados serão melhores e a identificação entre Software e

empresa será mais rápida.

É importante lembrar que, uma vez decidido por implantar o sistema de gestão

integrado na fábrica, é primordial que a alta gerência se envolva no processo e que haja

um esforço conjunto para garantir que as práticas empresariais impostas ao negócio pelo

sistema sejam implementadas para garantir o sucesso do projeto.

2.5. PLANEJAMENTO

Uma vez escolhido o fornecedor do sistema, deve-se fazer um planejamento do

processo de implementação. Nessa fase é importante construir um plano geral e definir

o escopo de projeto.

O primeiro passo é a formação do time de implementação. Esse time deve ser

escolhido por um comitê executivo, uma vez que são eles os responsáveis pelas

decisões estratégicas dentro da empresa. A equipe deve possuir um líder (com

42

experiência prévia em implementação de sistemas ERP), um consultor e um

coordenador de projetos (funcionário da empresa).

Muitas vezes é necessário montar mais de uma equipe, formando um time para

cada módulo. A literatura sugere que essa equipe seja composta por 75% de membros

de áreas usuárias e 25% de profissionais de TI, uma vez que se trata de um pacote já

pronto, sendo assim as decisões tomadas só irão abranger os processos de negócios.

Ainda sobre os responsáveis por implementar o sistema é importante que o time

responda a um gerente de projeto com poder de decisão dentro da organização. O

esquema abaixo (figura 9) apresenta o organograma ideal para a estrutura

organizacional do projeto.

Figura 9: Estrutura organizacional do projeto

Fonte: SOUZA (2000), página 38

Montado o time, a primeira decisão a ser tomada refere-se à definição de quais

módulos serão adquiridos, a ordem e o local de implementação de cada um deles.

Existem basicamente três opções:

Implementação em fases: os módulos são implementados sucessivamente, com

diferentes datas de operação. Essa opção é mais segura, uma vez que obedece a

curva de aprendizado da equipe de projetos, a cada módulo instalado o time

ganha mais segurança, aprende com os erros e adquire mais experiência antes de

colocar os processos mais críticos da empresa no novo sistema. Entretanto, essa

filosofia de implementação exige a construção de interface entre o ERP e os

43

sistemas antigos, o que exige recursos de tempo, pessoal e financeiro, e o

esforço empregado será descartado ao fim do processo de implementação ;

Implementação completa ou big-bang: os módulos são implementados

concomitantemente, tendo a mesma data de início da operação. Essa estratégia

só deve ser usada quando há necessidades reais da empresa, uma vez que ela

implica em altos riscos.

Projeto piloto ou small-bang: essa estratégia é usada por empresas que possuem

mais de uma unidade de negócios, consiste em escolher uma localidade que

tenha um porte menor e iniciar por ela o processo de implementação. Essa

filosofia é vantajosa, uma vez que permite o ganho de experiência da equipe sem

comprometer o negócio.

Na fase de planejamento deve-se construir um cronograma com a descrição

detalhada de cada fase do projeto, também é de extrema importância definir metas de

sucesso intermediárias para auxiliar na fase de implementação.

Os fatores essenciais para o sucesso dessa etapa segundo BANCROFT (1998)

são:

Comprometimento da alta direção com o processo desde o início;

Conhecimento e comunicação para todos os níveis dos benefícios possíveis e

potenciais dificuldades dos sistemas ERP;

Entendimento de que será provavelmente mudar a organização;

Envolvimento dos usuários desde o princípio e obtenção de seu

comprometimento com a alternativa selecionada;

Escolha de um líder de projeto que possua habilidades de negociação e

gerenciamento de projetos e experiência em realização de mudanças

organizacionais.

De forma objetiva pode se definir essa etapa pelos seguinte passos:

Entendimento da estrutura hierárquica da empresa;

44

Identificação das pessoas-chave (key-users) de cada processo e montagem de

time;

Definição da estratégia de implementação;

Estabelecer metas de curto prazo para que a equipe e os envolvidos se sintam

motivados com as pequenas conquistas;

Definição do escopo (project charter e WBS);

Definição da organização e padrão dos documentos;

Elaboração do cronograma;

Elaboração do plano de comunicação;

Elaboração do plano de projeto;

Gestão das aprovações das diversas etapas;

Criação de plano de gestão mudanças e gestão de conflitos;

Apresentação do andamento ao comitê executivo do projeto;

Treinamento da equipe de projetos.

45

3. CAPÍTULO 3 – IMPLEMENTAÇÃO

A fase de implementação é onde ocorre a maior aplicação de recursos, é nessa

etapa que o sistema é efetivamente adquirido. A implementação é considerada como o

ponto mais crítico do processo, uma vez que configura um desafio tanto tecnológico

quanto social.

LOZINSKY (1996) divide a implementação de sistemas ERP em 4 fases:

Levantamento da situação; Definição do Blueprint; Configuração, customização e

testes; Go-Live.

Etapa 1: Levantamento da Situação

Análise dos atuais processos de negócios;

Levantamento de aspectos específicos do negócio da empresa;

Planejamento da conversão de dados.

Etapa 2: Definição do Blueprint (situação desejada)

Preparação do ambiente para prototipação;

Prototipação (modelagem dos processos no sistema pelos usuários);

Decisões a respeito de como serão eliminadas as discrepâncias – por meio de

parametrização, customização ou mudanças nos procedimentos da organização;

Identificação das interfaces, caso necessário, com outros sistemas;

Definição de níveis de acesso, segurança e controle.

Etapa 3: Configuração, Customização, Testes

Programação das customizações planejadas;

Programação das interfaces e programas de conversão;

Desenvolvimento dos novos procedimentos e controles;

Testes por módulo e testes integrados;

Treinamento dos usuários finais.

Etapa 4: Go-live (início da operação)

Preparação do ambiente de processamento final;

46

Definição do plano para início da operação;

Migração dos dados dos sistemas anteriores;

Virada da chave ou Início da operação.

Segundo o autor as etapas 1, 2 e 3 não devem ser rígidas, uma vez que a natureza

do processo de implementação é iterativa. Sendo assim, essas fazes podem ocorrer

concomitantemente, dentro da mesma equipe ou em equipes separadas.

SOUZA (2000), propõe outro sistema de implementação, que será o adotado por

esse trabalho. O modelo do autor em questão é baseado na busca da melhor adaptação

entre a TI e a organização. Veja figura 10 abaixo.

Figura 10: Etapa de implementação.

Fonte: SOUZA (2000) página 44.

Esse modelo prevê que a partir de um plano detalhado de implementação

(baseado no plano geral, definido na etapa de decisão e seleção), os módulos vão sendo

implementados, e, para cada módulo implementado haverá as etapas de treinamento,

conversão e a inicialização da operação. A instalação dos módulos pode ser feita um a

um, ou simultaneamente, dependendo da estratégia de implementação escolhida (em

fase, big-bang ou small-bang).

Outro ponto favorável a essa modelo é o fato dele respeitar a curva de

aprendizagem tanto da equipe de implementação, quanto dos usuários do novo ERP,

uma vez que ao tratar a implementação de cada módulo individualmente, ele dá a

47

oportunidade do amadurecimento simultâneo do sistema, do time de implementação e

dos usuários.

3.1. PLANO DETALHADO DE IMPLEMENTAÇÃO (BLUEPRINT)

Pode-se definir o plano detalhado de implementação como a descrição

minuciosa de todas as atividades envolvidas no processo de implementação. Nessa fase

a empresa será completamente estudada, todos os seus processos serão mapeados, o

cronograma proposto na fase de seleção e decisão será revisado e por fim definirá os

pontos de verificação de cada etapa, bem como os responsáveis de cada módulo e

atividade.

É importante diferenciar o plano geral de implementação (desenvolvido na fase

de decisão e seleção) e o plano detalhado de implementação. A tabela 6 abaixo mostra

as atividades principais de cada uma dessas etapas.

Tabela 6: Plano geral de implementação X Plano detalhado de implementação

Plano geral de implementação Plano detalhado de

implementação

Descrição

Esta é a fase em que se dá início ao

projeto, onde são definidos os key-users

(usuários chaves de diversas áreas da

indústria), bem como arquitetada toda a

definição estratégica do sistema

O principal objetivo desta fase é gerar um

documento denominado Business

BluePrint, contendo os cenários, processos

e os requisitos de negócio da empresa

Etapas

- Definição do escopo de

implementação.

- Definição da estratégia de

implementação

- Definição da organização e padrão de

documentos.

- Definição do cronograma.

- Treinamento da equipe de projeto

quanto ao método de implantação

- Definição da estrutura organizacional da

empresa;

- Desenho dos processos;

- Revisão dos processos de negócio;

- Documentação do escopo/desenho dos

processos;

- Revisão de cronograma;

- Treinamento da equipe de projeto nos

processos abordados.

48

O plano de talhado de implementação deve ser feito pelo líder do projeto, e é de

suma importância que esse líder tenha conhecimento de como é realizado os processos

de implementação de ERP.

Um dos principais pontos desse plano é o cronograma, através dele todas as

atividades serão controladas. Nos dias de hoje existem uma série de softwares que

indicam metodologias de implementação e ajudam os participantes da força tarefa de

implementação a controlar os prazos e as obrigações de cada um.

Um dos softwares mais usados é o ASAP que indica a metodologia de

implementação para o ERP SAP R3. O ASAP permite que o nível de detalhamento da

metodologia proposta pelo software seja definido em conjunto com os

implementadores. A principal vantagem desse tipo de programa é que eles determinam

uma metodologia única para todos os módulos, permitem que os usuários vejam o

andamento do projeto e cria uma base de dados com todas as ações realizadas durante o

projeto. A figura 12 mostra a tela de início do programa ASAP.

Figura 11: Assistente de implementação ASAP

Fonte: http://www.ricardo-vargas.com/pt/articles/managingerp/

O uso de um programa de gestão de projetos é altamente recomendado, visto que

permite uma gestão centralizada da equipe e ainda fornece uma melhor visualização do

projeto como um todo ao mesmo tempo em que também possibilita a análise individual

por módulo. A figura 13 abaixo mostra a visão que o usuário tem ao utilizar esse tipo de

software.

49

Figura 12: Visão geral do programa de gestão integrada de projeto.

Fonte: http://www.ricardo-vargas.com/pt/articles/managingerp/

Uma vez definido o projeto detalhado de implementação, a empresa está pronta

para efetivamente começar a implementar os ERP em suas instalações.

3.2. A ADAPTAÇÃO DO MÓDULO

O modelo proposto por SOUZA (2000), sugere um processo de implementação

iterativo, onde a análise dos processos da empresa e do pacote acontece

simultaneamente. O objetivo dessa abordagem é eliminar a discrepância entre a

realidade do dia a dia da empresa e o cenário retratado no ERP.

O modelo proposto sugere que a adaptação do módulo seja subdividida em duas

categorias: parametrização e customização.

Parametrização: não modifica o pacote, apenas determina entre as opções

existentes qual é a mais indicada.

Customização: implica em desenvolvimento de programas que serão integrados

ou na modificação do sistema ERP.

50

O esquema abaixo (figura 14) mostra como é feito o processo de modificação do

pacote:

Figura 13: Modificação do pacote

Fonte: SOUZA(2000) página 45

Esse processo de eliminação de discrepâncias pode ser rápido quando a

customização é realizada usando apenas os recursos de parametrização, porém quando

faz-se necessário fazer customizações o processo pode ser lento uma vez que envolve

alterações no sistema padrão. Devido a esse fato, muitas vezes as soluções de

discrepâncias podem ser postergadas para etapas posteriores do processo. É importante

ressaltar que customizações são além de complexas, muito onerosas para empresa e elas

devem ser evitadas ao máximo.

A partir desse ponto o ERP está realmente entrando em funcionamento dentro da

indústria, por isso a cada modo implementado deve haver o treinamento do time e o

início efetivo da operação de cada módulo.

3.3. TREINAMENTO

Depois de terminada a etapa de adaptação do módulo inicia-se os treinamentos.

Essa é uma das atividades mais importantes de todo o processo de implementação, uma

51

vez que a instalação de um sistema ERP dentro de uma fábrica irá alterar a rotina de

trabalho da maioria dos funcionários da empresa, os quais deverão aprender suas novas

responsabilidades e entender seu papel individual no desempenho geral da empresa a

partir do uso do novo sistema de planejamento.

Cada nível hierárquico da empresa deverá ter um treinamento voltado para suas

necessidades. A tabela 7 abaixo mostra qual deve ser o foco do treinamento para cada

um dos colaboradores.

Tabela 7: Níveis de treinamento ERP.

Alta Administração

- Impacto na competitividade;

- Entendimento da filosofia;

- Necessidade de comprometimento.

Gerência intermediária

- Entendimento da filosofia;

-Necessidade de comprometimento;

- Novo processo de decisão.

Equipe de projetos

- Entendimento da filosofia;

- Requisitos de implantação;

- Difusão de conceitos.

Forças - tarefa

- Entendimento da filosofia;

- Requisitos de implantação;

- Mudança de processos.

Demais funcionários

- Entendimento da filosofia;

- Mudança na forma de trabalhar;

- Eliminação de resistência.

Fonte: Adaptado de CORRÊA (1997)

CORREA (1997) sugere a divisão do treinamento em três módulos distintos:

Treinamento conceitual;

Treinamento conceitual usando simulador para exercícios práticos do

gerenciamento da fábrica;

treinamento operacional, que consiste na familiarização com telas e

navegação, campos a serem preenchidos, interpretações de mensagens do

sistema, entre outros.

52

É de grande importância que os usuários aprendam a utilizar todos os recursos

do software, uma vez que dessa forma a ferramenta será totalmente explorada

justificando assim o investimento realizado.

Há um choque de interesses durante essa etapa, uma vez que quanto mais tempo

é investido em treinamento das equipes, maiores serão os prazos necessários para o

início da operação do ERP, sendo assim, a melhor forma de fazê-lo é criando

multiplicadores e incentivando o treinamento on the job.

3.4. INÍCIO DA OPERAÇÃO

É a etapa em que o sistema entra em funcionamento assistido, uma vez que a

equipe de implementação ainda está disponível para fornecer o apoio necessário para

que o ERP funcione da melhor maneira possível. Nesta fase procura-se dar os retoques

finais, fazendo os ajustes necessários e incentivando usuários inseguros. Por fim, a etapa

pode ser considerada concluída quando o sistema estiver sendo utilizado normalmente e

os sistemas antigos tiverem sido abandonados.

Como o modelo proposto por esse trabalho prevê um método iterativo de

implementação, o início da operação é ainda uma etapa do processo de implementação,

aqui se deve observar o comportamento do sistema e tentar corrigir possíveis erros, bem

como tornar mínima a discrepância entre indústria e ERP.

Nesse momento também ocorrerá o processo de transição do sistema antigo para

o sistema novo. Como foi falado várias vezes durante esse trabalho, a inserção de um

novo sistema de planejamento compreende a troca de um conjunto de processos de

decisão, procedimentos e fluxo de informação apoiados por ferramenta computacional,

cujo desempenho era conhecido, por um sistema que ainda gera dúvidas. Para

minimizar riscos, deve-se realizar testes, que devem ser de três tipos:

Piloto de software: tem por objetivo testar o funcionamento do sistema ERP em

implantação no hardware da empresa

Piloto de recursos humanos: abrange o treinamento executado durante a

implantação, devendo participar do mesmo os futuros usuários, capacitando-os

para operação do sistema e tomada de decisões com base nele;

53

Piloto real: constatação do funcionamento adequado às expectativas,

esclarecendo todas as eventuais dúvidas operacionais e problemas de

desempenho do sistema.

Uma vez terminado o piloto real, chega-se ao instante do corte definitivo do

sistema antigo, que poderá ser realizado de maneira global ou em fases, nas quais parte

dos itens são incorporados de modo gradual, fato que diminui riscos e permite um maior

equilíbrio da organização no processo de mudança.

3.5. PONTOS CRÍTICOS NA IMPLEMENTAÇÃO DO SISTEMA

Existem vários fatores importantes durante a implementação de um sistema

ERP, uma vez que é nessa etapa que o sistema ganha forma, sendo assim, quando se

fala em implementação de sistemas de gestão integrada deve-se ter em mente os

principais obstáculos desse processo.

O esquema abaixo (veja tabela 8), adaptado de MENDES E ESCRIVÃO (2002),

mostra uma compilação dos pontos mais relevantes do processo de implementação de

ERP segundo autores renomados sobre o assunto.

Tabela 8: Aspectos relevantes ao sucesso na implementação do ERP

Autores

Características 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Análise dos Processos

X

X

X X X Adequação de funcionalidades

X X X X

X

X

Etapa Crítica X

X X

X X

Estratégia X

X Confiabilidade do fornecedor

X

Gerência de Projeto

X

X Mudança organizacional X

X X X X X X X

Profissionais com conhecimento técnico do negócio

X X

X

X X

Treinamento

X X

X Comprometimento da alta direção X

X X

X

X

Comprometimento dos usuários

X X X

X X X Fonte: Adaptado de MENDES E ESCRIVÃO (2002)

Legenda:

1 – Buckhout et al (1999) 6 – Lopes et al (1999)

54

2 – Mendes e Escrivão Filho (2000)

3 – Centola & Zabeu (1999)

4 – Correa (1998)

5 – Lima et al (2000)

7 – Souza & Zwicker (2000)

8 – Stamford (2000)

9 – Taurion (1999)

10 – Wood Jr (1999)

Mudança organizacional foi ponto mais citado entre os autores, e isso só

confirma o que vem sendo discutido durante todo esse trabalho: a decisão de

implementar um ERP não se limita em somente escolher um sistema de gestão de

produção, mais sim adotar uma filosofia de trabalho que irá nortear o futuro da empresa.

Após analisar a opinião dos estudiosos sobre esse tema UJIHARA (2006) aponta os 8

erros comuns no esforço para gerar a mudança organizacional ao se implementar um

sistema ERP:

Não estabelecer um senso de urgência suficiente cuja responsabilidade é da alta

direção. É necessária absoluta clareza de que o projeto é prioritário. De outra

forma, o projeto será preterido em função de outras atividades.

Não criar uma coalizão forte o suficiente em torno da ideia. Ninguém pode fazer

tudo sozinho, é necessário conseguir mobilizar em torno de um team-working,

buscar o comprometimento interno, ressaltando-se que quem faz a implantação é

equipe interna.

Não ter uma visão clara que reflita a mudança. Os objetivos e caminhos devem

ser claros e deve-se explicitar o que a organização espera e onde espera chegar

com o ERP.

Comunicação falha da nova visão, que deve ser compartilhada, pois esforços

devem ser concorrentes e sem dispersão e o processo de comunicação deve ser

eficaz.

Falha em remover obstáculos à nova visão. Resistências sempre existirão em

sistemas que alteram a posse da informação; há resistências francas e veladas e

faz-se necessária a atividade sistemática de reconhecimento e remoção das

resistências.

Não planejar sistematicamente vitórias de curto prazo. Implantações de ERP são

de longo prazo e a motivação deve ser mantida por vitórias sucessivas

planejadas para se manter o foco.

55

Declarar vitória cedo demais. Processo de implantação longo implica mudanças

grandes e é necessária cautela, pois vitória cedo demais leva a complacência.

Não consolidar as mudanças na cultura da empresa. As mudanças devem ser

mantidas pela aplicação da nova cultura – mudanças organizacionais revertem-

se facilmente e fazer as mudanças se incorporarem à organização é essencial.

Caso contrário, as mudanças podem se reverter.

Outro ponto crítico importante é quando há a necessidade de implementar novas

versões do pacote (releases), quando estas são liberadas pelo fornecedor. Esse processo

chamado de upgrading, quando não é bem feito, pode gerar uma série de atrasos e

impactar diretamente na produção.

LIMA (2008) alerta sobre o cuidado com os custos do projeto, uma vez que

podem haver algumas despesas que não foram previstas na etapa de planejamento,

fazendo os custos superarem o orçamento inicial.

Para STAMFORD (2000), uma das principais razões para o sucesso de

implantação de ERPs é a organização estar preparada para enfrentar mudanças e

reengenharia durante o processo. Segundo o autor, a complexidade na implantação de

ERPs é grande e a empresa tem que estar preparada para essa grande mudança técnica,

muitas empresas subestimam a implantação de sistemas integrados e acabam tendo

fracassos, ou insatisfações com os resultados.

PEKELMAN (2000), elabora uma lista com os fatores crítico de sucesso para a

implementação de um ERP, dividindo-os em quatro tipos:

Fonte estratégica: considera se os objetivos de negócio foram atentados quando

se elaborou o planejamento da implantação;

Fonte ambiental: considera as peculiaridades da organização e de seu ambiente;

Fonte metodológica: preocupa-se com a metodologia de implantação;

Fonte técnica: considera se as funções executadas pelo software foram

devidamente levantadas.

O autor propõe a seguinte tabela (veja tabela 9):

56

Tabela 9: Fatores críticos de sucesso

Fatores Críticos de Sucesso

Estratégica - Relevância do projeto para a organização

Ambiental - Análise da empresa

- Entender sua cultura, peculiaridades e capacidades de mudanças;

- Prever mudanças em seu ambiente.

Metodológica - Comprometimento e apoio da alta administração

- Time balanceado com papéis claros e definidos;

- Comunicação clara e livre;

- Utilizar modelo para implantação.

Técnica - Capacidade do hardware e software.

Existem vários pontos críticos no processo de implementação de um ERP,

porém um planejamento sólido e uma equipe focada e bem preparada, somados uma

preocupação real em preparar as empresa e os usuário para receber o sistema e as

mudanças impostas por ele podem diminuir a quantidade de problemas, fazendo o

processo mais tranquilo e consistente.

3.6. O FIM DA IMPLEMENTAÇÃO

Após realizar todos os passos previstos na implementação agora a indústria tem

o ERP inserido no seu dia a dia. Como ocorre com qualquer nova tecnologia haverá um

período de adaptação, e mesmo que todos os treinamento indicados tenha sido realizado,

ainda ficarão dúvidas pendentes.

A atitude dos funcionários é de extrema importância para o sucesso da

implantação de um ERP e que quanto antes e melhor for formada uma visão positiva

sobre o sistema, maiores são as chances de a atitude do colaborador seja positiva à

implantação.

O autor ALADWANI (2001), propões um esquema para lidar com as mudanças

em implementação de ERP’s, divididas em três fases: Formulação de conhecimento,

implementação de estratégia e fase de acompanhamento.

57

Fase de formulação do conhecimento: A fase em que se identifica e avalia as

causas e motivos pelo quais os indivíduos ou grupos apresentam resistência à

implantação do sistema;

Fase de implementação da estratégia: A fase em que se atua para mudar as

atitudes das pessoas e/ou grupos a favor do sistema ERP baseados nas

informações coletadas na fase anterior. O autor cita que há algumas maneiras

para mudar a atitude das pessoas com relação à implantação do sistema. Elas

podem ser:

- Fornecendo informações aos funcionários, isso pode ser feito através:

Comunicação dos benefícios do ERP para a empresa;

Comunicação de como o sistema irá funcionar.

- Abordando o aspecto emocional, podendo ser através:

Do convencimento dos usuários de que o sistema não trará

grandes transtornos aos mesmos e pode representar um processo

de trabalho melhor;

Mostrar que o sistema é de alta qualidade, convencendo os

funcionários de que estarão utilizando algo avançado;

Oferecer treinamentos para que os usuários tenham a percepção

dos benefícios do ERP e, ao mesmo tempo, formar um conceito

positivo com relação ao sistema.

- Através da coação, ou seja:

Trazer pessoas influentes na organização para o lado da

implantação, fazendo com que pessoas antes contrárias se tornem

a favor do projeto;

Apoio e comprometimento da alta administração.

Fase de acompanhamento: Nesta fase o autor propõe o acompanhamento dos

funcionários com relação à suas atitudes, resistências e tensão, recomendando

um sistema de monitoramento. Os passos dessa fase estão descritos abaixo.

58

- Definir a visão: antevir como as pessoas afetadas se comportarão;

- Mobilizar: estabelecer as funções de cada indivíduo, estimulando-os;

- Catalisar: definir a estrutura do projeto, delineando como a organização

catalisará as mudanças;

- Conduzir: definir equipe de facilitadores que acompanharão o

desenvolvimento do Programa;

- Realizar: alterar o comportamento do funcionário depois de definir suas

novas funções e responsabilidades;

- Obter adesão: garantir a participação de todos;

- Lidar com emoções

- Lidar com questões de poder : identificar conflitos;

- Treinamento continuo;

- Comunicar ativamente : fazer com que todos participem das decisões

com relação às mudanças;

Se a empresa se empenhar para fazer uma implementação que respeite suas

características próprias e acompanhe a curva de aprendizado inerente ao projeto, o

sistema ERP trará grandes benefícios. Ao fim desse longo processo, espera-se que a

indústria se torne mais coesa, que o fluxo de dados ocorra mais rápida e suavemente e

que os processos de tomada de decisão sejam embasados por dados precisos.

Todos os passos apresentados nesse trabalho podem e devem ser usados toda a

vez que um novo módulo do ERP for implementado ou quando ocorrer atualizações do

sistema. A gestão integrada de dados é um órgão vivo dentro da fábrica, por isso, o ideal

é que ele esteja sempre sendo melhorado e atualizado.

59

CONCLUSÃO

No cenário globalizado atual as indústrias precisam investir em tecnologias que

as torne mais eficientes e, portanto mais competitivas perante a concorrência. Os

sistemas ERP são uma oportunidade real de automatizar e integrar processos além de

permitir que a informação chegue rapidamente a quem necessita dela, tornando as

tomadas de decisão mais rápidas e precisas.

É importante destacar que ao implementar o sistema ERP dentro de uma

empresa, a mesma se submeterá a mudanças drásticas na filosofia de negócios e a

abordagem departamental antes usada será substituída por uma abordagem sistêmica.

Apesar de o ERP impactar no processo de tomada de decisão e agilizar o fluxo

de informações dentro de um sistema fabril, o mesmo não implica necessariamente que

a empresa como todo esteja integrada, uma vez que trata-se apenas de um sistema que

centraliza todas as informações do processo em um único banco de dados. Sendo assim,

para real integração e para a garantia de comunicação interna eficiente, outras medidas

devem ser implantadas juntamente com o sistema.

Mesmo sendo úteis, os sistemas de gestão integrada tem suas desvantagens e não

são todas as indústrias que irão se beneficiar ao implementa-lo, uma vez que ele exige

rigidez no gerenciamento de processos o que não é necessariamente o padrão de todas

as instituições. Sendo assim, antes de optar por implementar o ERP a empresa deve

fazer uma autoanálise, estudando profundamente seus processos internos e também

pesquisar e entender a filosofia de gestão do ERP.

Percebe-se que a acomodação em torno do sucesso da implementação de um

software dessa magnitude pode ser uma barreira para a evolução do sistema e um

decreto de estagnação e visão de obrigatoriedade nas praticas com o ERP. Trabalhar o

psicológico para atrair os usuários ao objetivo comum de ter um sistema confiável e

praticável é tão importante quanto treiná-los para executar as atividades informatizadas.

Um série de medidas podem ser tomadas para tornar o processo de

implementação do ERP mais eficiente como, por exemplo: montar uma equipe de

implementação eficiente, envolvimento da alta gerencia, investimento em treinamento,

contratação de um consultoria especializada em ERP e estruturação de um plano eficaz

de implementação.

60

Os sistemas ERP fazem parte do dia a dia de diversas indústrias, sendo assim é

importante que um engenheiro conheça o sistema e a filosofia por de traz dele. Esse

trabalho forneceu uma biografia vasta de procedimentos que podem tornar a

implementação desses sistemas mais agradável ao usuário.

61

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