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I Implementação de um Sistema de Gestão da Qualidade numa gestora de frota automóvel Caminho até à Certificação pela Norma NP EN ISO 9001:2015 José Diogo Correia Romão de Matos Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Mecânica Orientadores: Prof. José Manuel Costa Dias de Figueiredo Prof. Artur Jorge da Cunha Barreiros Júri Presidente: Prof. Rui Manuel dos Santos Oliveira Baptista Orientador: Prof. José Manuel Costa Dias de Figueiredo Vogal: Prof. Paulo Miguel Nogueira Peças Junho 2016

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I

Implementação de um Sistema de Gestão da Qualidade

numa gestora de frota automóvel

Caminho até à Certificação pela Norma NP EN ISO 9001:2015

José Diogo Correia Romão de Matos

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Mecânica

Orientadores: Prof. José Manuel Costa Dias de Figueiredo

Prof. Artur Jorge da Cunha Barreiros

Júri

Presidente: Prof. Rui Manuel dos Santos Oliveira Baptista

Orientador: Prof. José Manuel Costa Dias de Figueiredo

Vogal: Prof. Paulo Miguel Nogueira Peças

Junho 2016

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II

Resumo

O processo de certificação ISO 9001 ganha cada vez mais importância para as empresas que

procuram atingir benefícios relacionados com a produtividade, qualidade dos produtos, serviços e

processos. Para alcançar a certificação, é essencial que o Sistema de Gestão da Qualidade

implementado pela organização esteja definido de uma forma completa, clara, atualizada e de acordo

com a norma ISO 9001 mais recente. Pelo exposto, este estudo focou uma empresa portuguesa

dedicada à gestão de frota que pretende obter a certificação pela norma ISO 9001:2015 até ao final

de junho de 2016. Para o seu desenvolvimento, acompanhou-se a elaboração do Sistema de Gestão

da Qualidade segundo os 7 novos princípios de gestão da qualidade e o cumprimento de todos os

requisitos da norma ISO 9001:2015. Foram verificados todos os processos auditados, assim como as

motivações, exigências e eventuais vantagens que a certificação possa vir a trazer. No final, apesar

da constatação de não conformidades e planos de melhoria, observou-se que a empresa auditada

apresenta todas as condições para obter a tão desejada certificação.

Palavras-chave: Certificação; ISO 9001:2015; Sistema de Gestão da Qualidade; Gestão de Frota;

Processos.

Abstract

ISO 9001 certification process is becoming increasingly important for companies seeking to achieve

benefits related to productivity, quality of products, services and maturity of processes. To achieve

certification, it is essential that the Quality Management System implemented by the organization is

set for a full, clear, and updated according to the latest ISO 9001. For these reasons, this study

focused on a Portuguese company dedicated to fleet management that want to obtain certification

under ISO 9001:2015 by the end of June 2016. For this purpose we accompanied the preparation of

the Quality Management System under the 7 new quality management principles and compliance with

all the requirements of ISO 9001:2015. All audit processes were approached as well as the

motivations, requirements and potential benefits that certification can bring. In the end, despite the

finding of non-compliance and improvement plans, it was observed that the audited company has all

the conditions to get the desired certification.

Keywords: Certification, ISO 9001:2015; Quality Management System; Fleet Management;

Processes.

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III

Índice

1) Introdução 1

1.1) Enquadramento teórico 1

1.1.1) Estratégia de Operações 1

1.1.2) Qualidade 1

1.1.3) Avaliação de Serviços 4

1.1.3.1) Os critérios de avaliação 5

1.1.3.2) Os instrumentos de avaliação 6

1.1.3.3) A auditoria da Qualidade como produto da avaliação 7

1.1.3.4) Os serviços e a Qualidade 7

1.1.3.5) Modelos de Qualidade 8

1.1.3.6) Programas e Ferramentas da Qualidade 12

1.1.3.7) Custos da Qualidade 13

1.2) Proposta de estudo, questão de investigação e estrutura da dissertação 14

2.) Gestão de frota 16

2.1) Definição e vantagens 16

2.2) Modelos de Aquisição de viaturas 17

2.3) Principais empresas de Gestão de Frotas em Portugal 25

3) Apresentação da empresa 27

3.1) Caracterização da empresa 27

3.2) Serviços 27

3.3) Estrutura organizacional 28

3.4) Parceiros comerciais, Clientes e Fornecedores 28

3.5) Perspetivas relacionadas com os sistemas de gestão certificados 29

4) As normas ISO 30

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IV

5) Sistemas de Gestão da Qualidade 34

5.1) Introdução 34

5.2) Princípios da Gestão da Qualidade 35

5.3) Abordagem por processos 36

5.3.1) Processo 36

5.3.2) Processos na empresa auditada 38

5.4) Estrutura da norma ISO 9001:2015 42

6) Impactos na implementação da noma ISO 9001:2015 nas empresas em geral e na locadora

auditada em particular 43

6.1) Razões e benefícios da implementação 43

6.2) Dificuldades 43

6.3) Comparação entre a norma ISO 9001:2015 e a norma ISO 9001:2008 44

7) Implementação do Sistema de Gestão da Qualidade na empresa auditada 46

7.1) Necessidades e expectativas das partes interessadas 47

7.2) Liderança 47

7.2.1) Liderança e compromisso 47

7.2.2) Política da Qualidade 48

7.2.3) Funções, responsabilidades e autoridade 48

7.3) Planeamento 48

7.3.1) Ações para identificar riscos e oportunidades 48

7.3.2) Objetivos da Qualidade e Planeamento 49

7.3.3) Planeamento das alterações 49

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V

7.4) Suporte 50

7.4.1) Recursos 50

7.4.2) Competências 51

7.4.3) Conhecimento 52

7.4.4) Comunicação 52

7.4.5) Informação documentada 52

7.5) Operação 53

7.5.1) Planeamento e controlo operacional 55

7.5.2) Requisitos para os produtos e serviços 55

7.5.3) Design e desenvolvimento de produtos e serviços 57

7.5.4) Controlo dos processos, produtos e serviços fornecidos por prestadores externos 57

7.5.5) Fornecimento de produtos e serviços 59

7.5.6) Libertação de produtos e serviços 61

7.5.7) Controlo dos produtos e serviços não conformes 62

7.6) Avaliação do Desempenho 63

7.6.1) Monitorização, medição, análise e avaliação 63

7.6.2) Auditoria Interna 66

7.6.3) Revisão pela Gestão 68

7.7) Melhoria 69

8) Certificação ISO 9001 71

8.1) O que é a certificação? 71

8.2) As motivações para a certificação ISO 9001 73

8.3) Os benefícios decorrentes da certificação ISO 9001 74

8.4) Dificuldades ou barreiras na certificação ISO 9001 75

8.5) Gestão da Qualidade Total 76

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VI

8.6) Entidades Certificadoras e Planeamento da Auditoria 76

9) Conclusão 79

9.1) Conclusões 79

9.2) Recomendações para estudos futuros 80

10) Referências bibliográficas 81

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VII

Índice de Figuras

Figura 1 - Determinantes da Qualidade dos Serviços, de acordo com Parasuraman et al. (1985) 9

Figura 2 – Questões adicionais, de acordo com Cronin e Taylor (1992) 11

Figura 3 – Evolução do número de entidades certificadas pela norma ISO 9001 em Portugal, de

acordo com o Barómetro de Certificação 2014 14

Figura 4 – Distribuição percentual das vendas de carros novos em Portugal no ano de 2015, de

acordo com a revista Fleet Magazine 23

Figura 5 – Evolução do mercado automóvel e do renting na última década em Portugal, de acordo

com a empresa auditada 25

Figura 6 – Quotas de mercado no final de 2015 das gestoras de frota portuguesas 26

Figura 7 - Organigrama da empresa analisada, de acordo com o manual de qualidade da mesma 28

Figura 8 – Estrutura do ciclo PDCA (Fonte: Marketing Minds) 32

Figura 9 - Representação esquemática dos elementos de um único processo, de acordo com a

Norma ISO 9001:2015 37

Figura 10 - Representação esquemática do SGQ da empresa analisada, de acordo com a própria 39

Figura 11 – Processos de suporte da empresa auditada 39

Figura 12 – Processos do SGQ 40

Figura 13 – Processos operacionais da empresa auditada, de acordo com o manual de Qualidade da

própria 41

Figura 14 – Processo de ações corretivas e medidas preventivas 41

Figura 15 - Relação entre a norma ISO 9001:2015 e o ciclo PDCA (Fonte: www.iso.org) 42

Figura 16 - Diferenças entre a norma ISO 9001:2008 e a norma ISO 9001:2015 45

Figura 17 – Divisão/distribuição dos Indicadores da Qualidade da empresa auditada 64

Figura 18 – Alguns indicadores de desempenho da empresa auditada 65

Figura 19 – Indicadores da empresa auditada cuja medição não foi possível 66

Figura 20 – Relatório de não conformidades da auditoria interna realizada no final de 2015 67

Figura 21 – Esquema que reflete a revisão pela Gestão na empresa auditada 69

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VIII

Índice de Tabelas

Tabela 1 - Indicadores de desempenho para medir o desempenho da empresa em relação ao objetivo

principal, de acordo com Martins (1998) 6

Tabela 2 – Questionário de Importância dos Itens para Avaliação, segundo Cronin e Taylor (1992) 11

Tabela 3 – Programas e Ferramentas da Qualidade, de acordo com Khanna, Laroiya e Sharma

(2010) 12

Tabela 4 - Vantagens e desvantagens dos principais modelos de aquisição de viaturas 23

Tabela 5 – Tipologia das viaturas adquiridas em Portugal no ano de 2015 através do renting, de

acordo com a Associação do Leasing e Factoring (ALF) 24

Tabela 6 – Comparação entre 2014 e 2015 no que se refere ao renting em Portugal, de acordo com a

Associação do Leasing e Factoring (ALF) 24

Tabela 7 - Metodologia de gestão e melhoria de processos segundo Hooper (2003) 37

Tabela 8 – Benefícios externos e internos da certificação, de acordo com Douglas, Coleman e Oddy

(2003) e Sampaio, Saraiva e Rodrigues (2009) 74

Tabela 9 – Benefícios qualitativos e quantitativos, de acordo com a ABNT (2000) 75

Tabela 10 – Planeamento da auditoria com vista à certificação da empresa analisada 77

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IX

Abreviaturas

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

AC – Ação Corretiva

ALD - Aluguer de Longa Duração

ALF - Associação Portuguesa de Leasing, Factoring e Renting

AOV - Aluguer Operacional de Veículos

APCER - Associação Portuguesa de Certificação

BSC – Balanced Scorecard

CCP - Contrato de condições particulares

CCQ - Círculo de Controlo de Qualidade

CEP - Controlo Estatístico do Processo

CNPD – Comissão Nacional de Proteção de Dados

EFQM - European Foundation for Quality Management (Fundação Europeia para a Gestão da

Qualidade)

ENI - Empresário em Nome Individual

EQ - Equipa da Qualidade

EUA - Estados Unidos da América

FMEA - Failure Mode and Effect Analysis (Análise do Modo e do Efeito das Falhas)

GQ – Gestor da Qualidade

ID – Informação Documentada

IPAC - Instituto Português de Acreditação

ISA - International Federation of the National Standardizing Associations

ISO - International Standard Organization

IVA – Imposto de Valor Acrescentado

KPI - Key Performance Indicator

MLA - Contrato de condições gerais

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X

NC – Não Conformidade

NP - Norma Portuguesa

NPC – Comité de Novos Produtos

NPR - New Product Report

OQ – Objetivo da Qualidade

PAC – Plano de Ações Corretivas

PAQ – Plano de Auditorias da Qualidade

PDCA – Plan, Do, Check, Act (Planear, Executar, Verificar, Atuar)

PGQ - Princípios de Gestão da Qualidade

PIR – Partes Interessadas Relevantes

PMC – Plano de Melhoria Contínua

PME - Pequena e Média Empresa

PQ – Política da Qualidade

PS – Permanent Supervision

P&S – Produto(s) e serviço(s)

PVP - Preço de Venda ao Público

QFD - Quality Function Deployment (Desdobramento da Função Qualidade)

RaC – Rent-a-Car

RO – Riscos e Oportunidades

SGQ - Sistema de Gestão da Qualidade

TCO - Total Cost of Ownership (Custo Total de Utilização)

TQM - Total Quality Management (Gestão da Qualidade Total)

UNSCC - United Nations Standards Coordinating Committee

VW- Volkswagen

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1

1) Introdução

Os grandes objetivos desta dissertação são a implementação de um Sistema de Gestão da

Qualidade numa empresa do ramo automóvel, verificar se os mesmos cumprem os requisitos da

norma ISO 9001:2015, perceber e acompanhar as etapas que visam a cetificação por essa mesma

norma e identificar as vantagens que a certificação pode vir a trazer. Em seguida é feito um

enquadramento histórico da Qualidade, assim como a importância deste conceito numa empresa de

serviços.

1.1) Enquadramento teórico

1.1.1) Estratégia de Operações

De acordo com Maia et al. (2005), diversas definições para o conceito de Estratégia de Operações

podem ser encontradas na literatura, cada uma focando um aspeto particular da gestão de

operações, ou uma escola particular de pensamento a esse respeito. Segundo a definição de Hayes

et al. (2004), “a estratégia de operações é um conjunto de objetivos, políticas e restrições

autoimpostas que conjuntamente descrevem como a organização se propõe dirigir e desenvolver

todos os recursos investidos nas operações, de forma a melhor executar a sua missão”.

Na ótica do planeamento estratégico, a Estratégia de Operações deve suportar e promover

sustentação à estratégia competitiva. Dado o facto de os elementos que compõem o sistema

produtivo terem de ser concebidos para atingir determinados fins e realizar determinadas tarefas,

estratégias competitivas diferentes poderão exigir configurações distintas do sistema de produção.

Neste sentido, cada tipo de estratégia procura certas tarefas da produção e especifica determinados

objetivos, os quais são conhecidos por “prioridades competitivas”. O modelo de Garvin (1993)

apresenta as prioridades como sendo custo, qualidade, entrega, flexibilidade e serviço. A qualidade

será abordada na próxima subsecção e estará na base de toda esta dissertação.

1.1.2) Qualidade

De acordo com Pires (2007), embora reconhecendo que a qualidade tem uma componente

subjetiva, por vezes difícil ou mesmo impossível de medir com precisão, olhada do ponto de vista do

controlo da qualidade, da garantia da qualidade ou da gestão da qualidade, a qualidade necessita de

ser objetivada e quantificada de forma a ser mensurável; de outro modo não existirá a possibilidade

de controlo e de melhoria. Mesmo as características subjetivas devem, na medida do possível,

permitir alguma forma de medição (ou comparação).

Em termos históricos, segundo Rocha (2011), a generalidade das pessoas atribui a paternidade da

gestão da qualidade total aos japoneses. Embora seja certo que a gestão da qualidade total se

desenvolveu no Japão em termos concretos, a origem da mesma em termos conceptuais deve

procurar-se nos Estados Unidos. A primeira ideia organizacional de qualidade ocorreu nos Estados

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Unidos, durante a Segunda Guerra Mundial, com o sentido do controlo da qualidade da indústria de

armamento. Mais tarde esta conceção foi exportada para o Japão, levada pelos gestores e

engenheiros que planearam a reestruturação do pós-guerra. Nos anos oitenta, o pensamento sobre a

qualidade desenvolveu-se noutras latitudes.

É possível assim estruturar o pensamento sobre a qualidade da seguinte forma:

Pensamento americano sobre a qualidade, exportado para o Japão;

Pensadores japoneses que desenvolveram novos conceitos;

Pensamento ocidental mais recente.

Conforme é mencionado em Rocha (2011), deve-se a Deming, Juran e Feigenbaum o

desenvolvimento do controlo da qualidade e da gestão da qualidade:

Edwards Deming é visto como o pai da moderna revolução da qualidade. Estava convencido de

que os métodos de amostragem estatística podiam ser aplicados às atividades da produção, de forma

a aumentar a produtividade. A qualidade tinha que estar definida em termos de satisfação dos

clientes, pois o objetivo que se pretendia era ajustar os produtos ao público e não o contrário e a

qualidade era considerada multidimensional, sendo virtualmente impossível de definir a qualidade de

um produto ou serviço em termos de uma simples característica.

Para Juran, a qualidade era uma questão de gestão, não acontecendo por acidente, integrando a

seguinte trilogia: qualidade do planeamento, qualidade do controlo e melhoria contínua. Em síntese, a

qualidade centrava-se nas características do produto que satisfaziam as necessidades do cliente e

geravam lucros.

Feigenbaum é o pai do controlo da qualidade total, conceito que desenvolve na sua obra Total

Quality Control (1983). De acordo com a sua abordagem, a qualidade devia preocupar todos os

trabalhadores e devia estar presente em todos os processos de fabrico e de gestão. Este autor é

conhecido por ser um dos pioneiros (a par com Taguchi) no estudo dos custos da não qualidade.

Ainda em termos evolutivos e de acordo com a mesma linha de pensamento, os conceitos

americanos de qualidade foram exportados para o Japão no pós-guerra, presidindo à reconstituição

da indústria japonesa; e foram facilmente assimilados porque combinavam com a cultura processual

japonesa. A melhoria da qualidade passou a ser uma filosofia que informou a gestão de topo, mas

também todos aqueles que trabalhavam nas organizações. Simultaneamente desenvolveu-se o

pensamento e a investigação nestas áreas, sendo importantes os nomes de Kaoru Ishikawa, Genichi

Taguchi e Shigeo Shingo.

O contributo de Ishikawa esteve associado aos círculos da qualidade que podem ser definidos

como pequenos grupos de trabalhadores voluntários de uma mesma área de atividade que se

reuniam regularmente para, através da utilização de vários instrumentos (gráficos, estudo de casos,

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3

brainstorming), identificarem os problemas, enumerarem as suas causas e proporem soluções para a

melhoria da qualidade.

A importância de Taguchi vem da introdução do conceito de determinação dos custos da não

qualidade. Para Taguchi, a chave para reduzir as perdas não estava na conformidade com as

especificações, mas na redução da variância estatística em relação aos objetivos fixados.

A Shingo fica associada a definição de estratégia de qualidade que consiste em criar instrumentos

que forneçam feedback imediato para reduzir os erros a zero, monitorizando as potenciais fontes de

erro por forma a que estes nunca se transformem em defeitos.

Já depois da experiência japonesa, vários autores americanos se debruçaram sobre a questão da

qualidade, tentando transpor a mesma experiência para as empresas ocidentais. Entre eles

destacam-se Crosby (1996), Tom Peters (1987) e Claus Moller (1992).

Crosby era conhecido pela preocupação com o conceito zero-defeitos que se obtinha através de

uma gestão rigorosa e preocupada com a qualidade, enquanto Peters definia qualidade como uma

viagem sem fim na senda da mesma, sem a alcançar, mas que devia ser sempre procurada, através

dos clientes, já que tudo na empresa devia ser feito em função do cliente e para o cliente. A

insistência de Moller fazia-se sentir na importância dada aos recursos humanos, em detrimento da

concentração apenas na qualidade do produto.

Em conclusão, as práticas da qualidade bem assim como a gestão da qualidade são o resultado

dos contributos destes autores, considerando os principais pensadores das filosofias de qualidade.

Relativamente ao conceito Gestão da Qualidade, e para haver gestão da qualidade, esta deve, de

acordo com Pires (2007), começar por ser definida ou especificada em cada caso, em cada contexto,

isto é, de forma situada. Três grandes divisões de qualidade podem ser consideradas para simplificar

a exposição: Conceção, Fabrico/Prestação de Serviço e Uso. A qualidade da conceção deve ser a

medida na qual o projeto incorpora as necessidades e expectativas do consumidor, quer em termos

funcionais, quer em termos técnicos, enquanto a qualidade do fabrico/prestação de serviço deve ser a

medida em que o produto/serviço esteja de acordo com as especificações. A qualidade na utilização

deve ser a medida em que o produto desempenha as tarefas ou preste os serviços que o consumidor

espera dele e uma quarta divisão tem a ver com a qualidade relacional, medida da eficácia dos

contactos com os clientes (a qualidade é afetada por todas as pessoas que contactam os clientes).

Nesse conceito estão incluídos os clientes internos.

A relevância que a garantia da qualidade tem vindo a assumir vem colocá-la como parte integrante

da gestão da empresa, constituindo-se como um seu subsistema. Daqui resulta a utilização da

palavra gestão associada à qualidade.

Embora historicamente os conceitos de garantia e gestão da qualidade tenham aparecido em

momentos diferentes e com significados diferentes, hoje já não tem sentido prático estabelecer

qualquer diferença.

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A evolução dos conceitos pode ser esquematicamente resumida na seguinte sequência:

Inspeção: atividades de medição, comparação, verificação;

Controlo da Qualidade: atividades que se centram na monitorização, nomeadamente na

análise dos desvios e reposição dos parâmetros dos processos nas condições desejadas;

Garantia da Qualidade: atividades planeadas e sistemáticas que de uma forma integrada

podem garantir que a qualidade desejada está a ser alcançada;

Gestão da Qualidade: atividades coincidentes com as da garantia, mas em que é enfatizada a

integração na gestão global da empresa;

Qualidade Total: cultura de empresa capaz de assegurar a satisfação dos clientes.

De acordo com Rocha (2011), o conceito de Gestão de Qualidade Total (TQM) foi originariamente

concebido para processos de rotina na indústria. A sua aplicação aos serviços tem várias dificuldades

já que estes são produzidos e consumidos simultaneamente, criando, por regra, dificuldades em obter

uniformidade no output, fazendo com que o consumidor não avalie apenas o serviço em si no que

concerne ao resultado, mas também o comportamento e até a aparência da pessoa que presta o

mesmo serviço.

Paralelamente à ampliação do reconhecimento da qualidade como uma arma competitiva, a sua

conceptualização tem vindo a sofrer modificações ao longo do tempo. Segundo a ABNT, Associação

Brasileira de Normas Técnicas (2005), e conforme já foi referido, a qualidade é o grau em que as

características inerentes satisfazem os requisitos. Todavia, algumas tipologias do termo também têm

vindo a ser construídas para uma melhor compreensão do seu significado. Uma das classificações

mais conhecidas consiste nas tipologias de enfoque e dimensão de Garvin (1992). O autor identifica

cinco tipologias da qualidade: transcendental, baseada no produto, baseada no utilizador, baseada na

produção e baseada no valor. Da mesma forma, ele também desagrega a qualidade em dimensões,

as quais compreendem o desempenho, as características, a confiabilidade, a conformidade, a

durabilidade, o atendimento, a estética e a qualidade percebida.

1.1.3) Avaliação de Serviços

Segundo Neves (2002), a medição da qualidade dos serviços é muito complexa, já que não se

trata de ações ou comportamentos mas sim de como os clientes percebem ou interpretam essas

ações e comportamentos. Torna-se assim difícil operacionalizar a qualidade nos serviços costumando

recorrer-se a cinco dimensões:

• Elementos tangíveis (instalações físicas, equipamento, pessoal e materiais de comunicação);

• Fiabilidade (capacidade para executar o serviço de forma precisa, fiável e rápida);

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• Capacidade de resposta (vontade e disposição para ajudar os utentes a proporcionar um

serviço rápido);

• Segurança (profissionais, cortesia, credibilidade e segurança);

• Empatia (atenção, acessibilidade, comunicação e compreensão na relação entre utente e

prestador de serviço).

De acordo com Alves (2009), a ferramenta mais comum e eficaz com que qualquer organização

conta para conhecer o seu estado atual (ao nível de quantidade, qualidade e atualização dos

serviços, tipo e número de visitantes, possíveis causas da sua não utilização por algum género de

público, detetar as possíveis falhas, tanto na organização como na execução dos seus serviços) é a

avaliação. A avaliação é muito importante para qualquer organização, considerando que avaliar

significa atribuir valor em sentido qualitativo ou mesmo quantitativo.

Na avaliação implantam-se sistemas de qualidade nas organizações, conseguindo:

Melhorar as relações internas entre os diferentes níveis hierárquicos (fluxos relacionados de

informação;

Melhorar as relações entre os membros de um único departamento (dinâmicas de grupo);

Resolução sistemática de problemas;

Competitividade no mercado global;

Melhorar a relação empresa-cliente.

No que concerne aos fins da avaliação, os responsáveis da gestão de uma organização podem

levar a cabo uma avaliação do serviço por várias razões:

Estabelecer cotas para mostrar o grau de rendimento do serviço;

Comparar o rendimento entre várias organizações ou serviços;

Identificar possíveis fontes de erro que existam num serviço com a finalidade de incrementar

o nível de rendimento futuro.

Tudo isto se realiza com o fim último de melhorar os serviços que a organização oferece e procurar

adaptá-los o máximo possível às necessidades dos utilizadores.

1.1.3.1) Os critérios de avaliação

Os critérios de avaliação mais importantes são:

Eficácia: medida do grau de cumprimento dos objetivos propostos;

Eficiência: relação entre o resultado alcançado e os recursos utilizados;

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Pertinência: grau de aplicabilidade de um indicador para avaliar uma atividade específica;

Impacto: resposta ou impressão surgida após apresentação ou realização de uma ação.

1.1.3.2) Os instrumentos de avaliação

Os principais instrumentos a utilizar na avaliação das organizações são as estatísticas e os

indicadores:

As estatísticas proporcionam dados quantitativos sobre o desenvolvimento das atividades,

possibilitando obter uma visão da realidade que a organização vive num determinado

momento;

Os indicadores permitem controlar e avaliar, mediante uma antecipação objetiva, qualquer

fenómeno de interesse numa determinada unidade de informação que possibilite a análise do

comportamento e a comparação de diferentes unidades de rede, como medida para facilitar a

tomada de decisões por parte dos níveis hierárquicos superiores.

É importante destacar que os indicadores de desempenho são um meio para auxiliar a gestão pela

qualidade total e não um fim em si. Eles são úteis para que o sistema de gestão possa controlar e

identificar necessidades, fazendo melhorar o desempenho, que está relacionado com a satisfação

dos stakeholders da empresa.

Assim sendo, é necessário estabelecer primeiramente quais são os indicadores de desempenho

que permitem efetuar medições em relação ao objetivo principal da empresa. A tabela 1 apresenta

um exemplo genérico, de acordo com os meios necessários para satisfazerem os stakeholders, com

alguns dos inúmeros indicadores de desempenho possíveis:

Stakeholders Meios Indicadores de Desempenho

Clientes

- preço

- qualidade

- variedade de produtos

- confiabilidade no prazo de

entrega

- inovação dos produtos

- preço de venda do retalho em relação à média da

concorrência e custo do produto

- nível de satisfação dos clientes; nº de chamadas de

campo; nº de reclamações e nº de devoluções

- tempo de atendimento de um pedido e tempo de ciclo

de fabrico

- nº de pedidos entregues no prazo e atraso médio da

entrega em dias

- participação de novos produtos na faturação e nº de

lançamentos de novos produtos

Empregados

- motivação

- higiene e segurança do trabalho

- salários

- crescimento pessoal e

profissional

- turnover; nº de sugestões aplicadas em relação às

sugestões propostas e absentismo

- nº de acidentes e horas-homem perdidas por acidentes

de trabalho

- salário médio em relação ao mercado

- horas gastas com formação e nº de pessoas formadas

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7

Acionistas

- dividendos

- valorização do valor do

património

- lucro

- valorização das ações

Fornecedores

- parceria

- volume de transações

- preço de compra

- nº de pedidos recebidos; nº de items fornecidos num

período de tempo e nº de devoluções

- percentagem de participação do fornecedor no total

gasto e valor das transações

- preço médio do item em relação ao preço médio da

concorrência

Sociedade - preservação do meio ambiente

- regularização de impostos

- nº de ocorrências ambientais e valor das multas

recebidas

- atraso na regularização dos impostos

Tabela 1 - Indicadores de desempenho para medir o desempenho da empresa em relação ao objetivo principal,

de acordo com Martins (1998)

1.1.3.3) A auditoria da Qualidade como produto da avaliação

Segundo a norma ISO 9000, a auditoria é um exame metódico e independente com vista a

determinar primeiro, se as atividades e os resultados satisfazem os dispositivos pré-estabelecidos,

depois se esses dispositivos são aplicados e aptos a atingir os objetivos.

No sector privado, o relatório da auditoria de qualidade é considerado como um manual no qual se

refere o que é a empresa, o que faz, a sua missão, as funções e as tarefas dos diferentes

departamentos, o papel das diferentes pessoas que têm responsabilidade no sistema da qualidade,

como serão tratadas as não conformidades e os defeitos face aos referenciais.

O pedido de certificação nas normas ISO 9000, para a segurança da qualidade, exige a realização

da auditoria de qualidade pois esta é que verifica a realização em conformidade das funções, das

tarefas e dos resultados da organização, conforme os princípios de qualidade definidos pelas normas

internacionais.

1.1.3.4) Os serviços e a Qualidade

A apreciação de uma norma internacional sobre qualidade destinada especificamente aos serviços,

ISO 9004-2 (explicada mais em pormenor no capítulo 4) coloca à disposição deste sector uma série

de linhas de orientação para a análise de matérias inerentes ao domínio do qualitativo, como por

exemplo, a avaliação do grau de satisfação do consumidor.

No que concerne à análise das abordagens teóricas e práticas da aplicação da qualidade no sector

dos serviços, destacam-se os seguintes aspetos:

O conhecimento do utilizador;

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8

O estabelecimento de modelos;

A implementação da norma internacional ISO 9000 e a conquista de prémios de qualidade.

1.1.3.5) Modelos de Qualidade

É conveniente destacar a existência dos modelos de gestão da qualidade: a família de normas ISO

9000 e o modelo EFQM (European Foundation for Quality Management). Estes conjuntos de normas

internacionais datam de 1987 e emergiram como uma ferramenta indispensável para a gestão da

qualidade, constituindo a base de mais de vinte mil Sistemas de Garantia de Qualidade nas

organizações de cento e vinte países.

Os pilares em que se baseia o Modelo EFQM desenvolveram-se em oito conceitos considerados

fundamentais para a excelência das organizações:

Orientação para os resultados;

Enfoque no cliente;

Liderança e constância de propósitos;

Gestão por processos e por factos;

Desenvolvimento e envolvimento das pessoas;

Aprendizagem contínua, inovação e melhoria;

Desenvolvimento de parcerias;

Responsabilidade pública.

O Modelo EFQM nas organizações permite que se realize um diagnóstico da situação da empresa,

que se determine os seus pontos fortes e as suas áreas de melhoria, de maneira a que o processo da

autoavaliação constitua um instrumento essencial para a melhoria dos serviços.

Quanto a outro modelo baseado em normas, importa desde já referir que a ISO (International

Standard Organization) com sede central em Genebra (Suíça), é um organismo dedicado ao

desenvolvimento e publicação de normas internacionais e que a partir da norma existente de British

Standard: B5-720 e BS 5750, realizou a série de normas ISO 9000 referentes aos sistemas de

qualidade. A primeira versão, em 1987, foi profundamente revista em 1994, surgindo no ano 2005 a

última modificação do seu normativo, como se poder ver mais à frente no capítulo 4.

Um dos objetivos que se procuram na qualidade é conseguir que seja possível medi-la; para o

conseguir devem criar-se indicadores para medir em cada momento o nível e o grau de qualidade de

uma característica ou de um parâmetro, relativamente a níveis pré-estabelecidos. Há que conseguir

converter o qualitativo em quantitativo, encontrando critérios simples de quantificação adaptados às

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características da organização que se administra. É concretamente a isto que se dedicam as normas

ISO.

No que se refere especificamente aos serviços, é crescente a importância deste sector na

economia dos países desenvolvidos e em desenvolvimento pelo que é cada vez maior a necessidade

de se empreender esforços em relação à medição da qualidade nos serviços prestados. Nesse

sentido, ao longo do tempo, diversos pesquisadores têm dedicado esforços nesta área, melhorando

os conceitos e desenvolvendo técnicas de medição. Um dos precursores nessa direção foi Gronroos

(1984), que desenvolveu um dos primeiros modelos para a medição da qualidade em serviços. Mais

tarde, Parasuraman et al. (1985) propuseram a medição da qualidade do serviço, conforme figura 1,

baseado no modelo de satisfação de Oliver (1980), trabalho também desenvolvido por Brown e

Swartz (1989). Em seguida, Parasuraman et al. (1988) complementaram o seu modelo com um

instrumento denominado ServQual, baseado na avaliação de dimensões da qualidade para serviços

(Parasuraman et al., 1990). A partir de então, vários autores têm-se dedicado a este campo de

pesquisa, seja a aperfeiçoar os modelos existentes (Parasuraman et al., 1991, 1994; Teas, 1993),

seja a propor outros modelos (Bolton, Drew, 1991; Cronin, Taylor, 1992), ou comparando-os (Lee et

al. (2000).

Figura 1 - Determinantes da Qualidade dos Serviços, de acordo com Parasuraman et al. (1985)

Os seis principais modelos para avaliação da qualidade em serviços são: Modelo de qualidade de

serviço, Modelo Gap e instrumento ServQual, Modelo perceção/expectativa, Modelo de avaliação de

serviço e valor, Modelo ServPerf e Modelo de desempenho ideal.

Não existe um consenso na literatura sobre qual o modelo mais apropriado. Alguns trabalhos

empíricos, como o de Lee et al. (2000), apontam para que o modelo ServPerf retrata melhor a

qualidade de serviços do que o modelo ServQual. Os criadores do Modelo ServPerf, Cronin e Taylor

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(1992), desenvolveram um modelo baseado somente na perceção de desempenho de serviços. Os

autores ressaltam ainda que a qualidade é conceituada mais como uma atitude do cliente nas

dimensões da qualidade, e que não deve ser medida com base no modelo de satisfação de Oliver

(1980), ou seja, através das diferenças entre expectativa e desempenho, mas somente pelo

desempenho, expresso por Qi = Di onde Qi é a avaliação da qualidade do serviço em relação à

característica i e Di são os valores de perceção de desempenho para a característica i de serviço.

Segundo este modelo, tal como o ServQual, as cinco dimensões da qualidade em serviço

consideradas são as seguintes:

Confiabilidade: capacidade de realizar um serviço prometido de forma confiável e precisa;

Disponibilidade: ajudar o cliente e promover um atendimento célere;

Segurança: habilidade em transmitir confiança e segurança, com cortesia e conhecimento;

Empatia: cuidados e atenção individualizados aos clientes;

Aspetos Tangíveis: instalações, equipamentos, pessoal envolvido e material de comunicação.

Os 22 itens utilizados para avaliação de desempenho estão enumerados na tabela 2, admitindo

que os questionários são elaborados com uma escala Lickert de 7 pontos, incluem ainda uma

avaliação para cada um dos itens quanto à sua importância, visando obter uma ponderação através

de um questionário adicional (figura 2). O questionário adicional compreendia três questões com o

objetivo de avaliar os sentimentos a respeito da empresa fornecedora de serviços, a satisfação do

cliente, a qualidade total dos serviços e a intenção de recompra. Cronin e Taylor concluíram que o

instrumento ServPerf é mais sensível em retratar as variações de qualidade em relação às outras

escalas testadas. Esta conclusão foi baseada na utilização do teste estatístico do qui-quadrado como

prova de aderência das distribuições empíricas de dados e também no coeficiente da regressão linear

dos dados.

Item Importância

1 Equipamentos modernos

2 Instalações físicas são visualmente atrativas

3 Os empregados estão bem vestidos e são asseados

4 A aparência das instalações físicas é conservada de acordo com o serviço oferecido

5 Quando algo é prometido num certo tempo, é cumprido

6 Quando há algum problema com a empresa, ela é solidária e deixa os clientes seguros

7 Tem confiabilidade

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8 Fornece o serviço no tempo prometido

9 Mantém os seus registos de forma correta

10 Informa exatamente quando é que os serviços serão executados

11 Recebe serviço imediato

12 Empregados estão sempre dispostos a ajudar os clientes

13 Empregados não estão sempre ocupados para responder aos pedidos dos clientes

14 Empregados são confiáveis

15 O sentimento de se sentir seguro em negociar com os empregados da empresa

16 Empregados são educados

17 Suporte adequado da empresa para cumprir as suas tarefas corretamente

18 Atenção individual

19 Empregados dão aos clientes atenção pessoal

20 Empregados sabem das suas necessidades

21 Os objetivos da empresa são os objetivos dos clientes

22 Horário de trabalho conveniente

(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7)

Sem muita importância Muito importante

Tabela 2 – Questionário de Importância dos Itens para Avaliação, segundo Cronin e Taylor (1992)

Além dos itens mencionados na tabela 2, na figura 2 encontra-se um questionário de modo a

completar a avaliação de um determinado serviço.

“O seguinte conjunto de afirmativas refere-se aos sentimentos a XYZ. Favor responder, colocando um círculo no

número que reflete melhor a sua perceção”

1. No próximo ano, o meu uso de XYZ será:

Absolutamente nenhum (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) Muito frequente

2. A qualidade de serviço de XYZ é:

Muito má (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) Excelente

3. Os meus sentimentos em relação aos serviços de XYZ podem ser melhor descritos como:

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Muito insatisfeito (1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) Bastante satisfeito

Figura 2 – Questões adicionais, de acordo com Cronin e Taylor (1992)

1.1.4.6) Programas e Ferramentas da Qualidade

A utilização de programas e ferramentas da qualidade é uma maneira de identificar onde estão os

problemas, sua extensão e a forma de solucioná-los. A tabela 3 apresenta alguns destes métodos

que medem o desempenho dos processos. Cabe a cada organização, de acordo com os seus

objetivos, a sua estrutura e o que pretende verificar, escolher o que melhor encaixe na sua gestão.

Programas e ferramentas da qualidade

5S

Seiri, Seiton, Seiso, Seiketsu e Shitsuke, de origem japonesa ou

em português Desperdício, Arrumação, Limpeza, Saúde e

Disciplina. Tem como objetivos a diminuição de desperdícios e

custos e aumento da produtividade baseado na melhoria da

qualidade de vida dos funcionários e modificações no ambiente de

trabalho.

5W1H ou 5W2H

Trata-se de uma ferramenta que auxilia na estruturação de planos

de ação a partir de questoes‑ chave (O quê? Quem? Quando?

Onde? Porquê? e Como?). Já a 5W2H acrescenta a questão

“Quanto?”, enfatizando o custo da ação.

Análise do modo e do efeito das falhas (FMEA)

É um processo sistemático e documentado para avaliação e

redução de riscos de falhas em projetos e processos. O seu

objetivo é identificar, definir, priorizar e reduzir os potenciais de

falhas o mais cedo possível, diminuindo as chances de sua

ocorrência tanto nos clientes internos como externos.

Benhchmarking

É um processo contínuo e sistemático para avaliar produtos,

serviços e processos em organizações que são reconhecidas

como possuidoras das melhores práticas, com a finalidade de

servir de referência para organizações menos avançadas.

Brainstorming

É um processo de grupo em que os indivíduos emitem ideias de

forma livre, em grande quantidade, sem críticas e no menor

espaço de tempo possível.

Check list

É utilizado para colher dados baseados em observações

amostrais com o objetivo de verificar com que frequência ocorre

um evento ao longo de um determinado período de tempo.

Controlo estatístico do processo (CEP)

Controla a variação da média e desvio padrão de uma

determinada grandeza utilizando as cartas de controlo. Pretende

manter os processos dentro dos limites estabelecidos.

Desdobramento da função da qualidade (QFD)

Tem por objetivo auxiliar a equipa de desenvolvimento a

incorporar no projeto as reais necessidades dos clientes. Através

de um conjunto de matrizes parte-se dos requisitos expostos pelos

clientes e realiza-se um processo de “desdobramento”

transformando-os em especificações técnicas do produto.

Diagrama de Ishikawa

É uma representação gráfica que permite a organização de

informações por semelhança a partir de seis eixos principais

(método, material, máquinas, meio ambiente, mão de obra e

medição), possibilitando a identificação das possíveis causas de

um determinado problema, ou efeito, de forma específica e

direcionada.

Fluxograma

Representa a sequência de atividades e processos, demonstra o

fluxo dessas ações e permite a identificação de problemas e qual

a sua origem.

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13

Gráfico de Pareto

Ferramenta gráfica e estatística que organiza e identifica os dados

de acordo com suas prioridades, como por exemplo pela

decrescente ordem de frequência.

Histograma O histograma é uma ferramenta estatística que, em forma de

gráfico de barras, ilustra a distribuição de frequência.

Poka yoke

Objetiva a minimização de erros por meio de sistematização de

mecanismos simples de prevenção. Tem o significado “à prova de

erros” em português.

Servqual

Questionário composto por 22 perguntas que pretendem medir o

desempenho da organização em 5 dimensões (tangibilidade,

confiabilidade/credibilidade, receptividade, garantia e empatia), em

dois eixos principais: percepção e expectativa. É no gap entre

esses dois elementos que deve se centrar a atenção dos

gestores.

Setup rápido

É utilizado para reduzir o tempo de troca de ferramentas. Objetiva

eliminar os setups ou, em último caso, mudar os setups internos

para externos.

Seis sigma

O seis sigma pode ser entendido como uma metodologia utilizada

para reduzir continuamente a variabilidade dos processos e

produtos, considerando a situação atual e a meta especificada,

normalmente pelos clientes. Um processo Seis sigma é aquele no

qual é rara a presença de uma variação fora das especificações.

Equipas da qualidade

Também conhecidos como círculos de controlo da qualidade, são

pequenos grupos de colaboradores, em geral de 5 a 10

profissionais, que se reúnem voluntariamente e de forma regular

para monitorar, identificar, analisar e propor soluções para os

problemas organizacionais (denominados de projetos),

principalmente aqueles relacionados com a produção.

Tabela 3 – Programas e Ferramentas da Qualidade, de acordo com Khanna, Laroiya e Sharma (2010)

1.1.3.7) Custos da Qualidade

Segundo Rosa, Sá e Sarrico (2014), os custos da qualidade foram inicialmente discutidos por

Juran em 1951 no seu livro Quality Control Handbook, tendo sido posteriormente sistematizados por

Feigenbaum. A determinação dos custos da qualidade surgiu, a partir da década de 50, pela

necessidade de sensibilizar a gestão de topo para a temática da qualidade, relativamente à qual esta

se manifestava, até aí, relativamente apática. De facto, a gestão de topo, e os investidores de forma

geral, são particularmente sensíveis à linguagem financeira e a sua adesão à filosofia da qualidade

total torna-se mais fácil quando tomam consciência da perda de lucros causada pelos desperdícios e

pela incapacidade em responder às expectativas dos clientes. Fica assim demonstrado que a

qualidade não só é estrategicamente defensável, como economicamente rentável. Adicionalmente, o

conhecimento dos custos relacionados com a qualidade ajuda a promover o conceito de que a

qualidade é responsabilidade de todos os colaboradores das empresas e que estes custos têm

consequências importantes no desempenho financeiro das empresas.

Segundo Juran (1988), os custos para se obter um determinado nível da qualidade podem ser

divididos em custos evitáveis e custos inevitáveis. Os custos inevitáveis são associados à prevenção

e avaliação (custos de desenvolvimento de fornecedores, inspeção, de controlo do processo, de

revisão do projeto…). Os custos evitáveis são associados aos defeitos e falhas dos produtos

identificados dentro da empresa e dos identificados quando o produto ou serviços já se encontram no

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mercado (custos com o processamento de reclamações, com substituições do produto nos prazos de

garantia, com processos de indemnização, com perdas de clientes…). Juran considerava que os

custos evitáveis (custos das falhas internas e das falhas externas) poderiam ser bastante reduzidos

investindo-se na melhoria da qualidade. O retorno desses esforços poderia ser substancial,

principalmente considerando-se os níveis de qualidade de conformidade normalmente insatisfatórios.

Assim, a gestão de topo passou a dispor de instrumentos, baseados em dados reais e económicos,

que permite identificar em que processos (e em que quantidade) se deve investir para a melhoria da

qualidade, além de se conhecer os custos específicos do sistema de produção.

1.2) Proposta de estudo, questão de investigação e estrutura da dissertação

Conforme Fonseca e Sampaio (2011) referem, com a finalidade de dar resposta à necessidade de

demonstrar, com credibilidade, que as organizações cumprem os requisitos das normas de gestão

aplicáveis, apareceram as entidades certificadoras e as entidades acreditadoras, dando origem a um

esquema global de certificação e acreditação. À semelhança do que acontece no restante “mundo

ISO”, em Portugal a implementação de sistemas de gestão da qualidade segundo a norma ISO 9001

é, de longe, a mais importante junto das organizações. Pela análise da figura 3, verifica-se que

existiam em Portugal, em dezembro de 2013, 7.553 entidades com sistemas de gestão da qualidade

certificados pela norma ISO 9001, valor este que corresponde a 0,72 entidades certificadas segundo

a norma ISO 9001 por 1000 habitantes, bem como a 18,07% das empresas com 10 ou mais

colaboradores. É evidenciado ainda a evolução do número de organizações certificadas segundo a

norma ISO 9001 por 1000 habitantes e a respetiva percentagem, calculada em função do número

total de empresas com 10 ou mais colaboradores. O número de certificados emitidos por 1000

habitantes segundo a norma ISO 9001 em Portugal (0,73) era, nesta data, ligeiramente superior à

média europeia, estando a certificação ISO 9001 em Portugal numa fase de aparente, ainda que

pouco acentuado, crescimento desde 2011. No final de abril de 2016, de acordo com o IPAC (Instituto

Português de Acreditação), o número de empresas portuguesas com certificação ISO 9001:2008 era

de 5529 e com certificação ISO 9001:2015 era de 9. Contudo, o número total e real deve ser superior

pois no que respeita ao número de empresas certificadas, o IPAC apenas tem acesso à informação

relativa às empresas certificadas no âmbito da acreditação; existem em Portugal empresas

certificadas fora do âmbito da acreditação, uma vez que se trata de uma acreditação voluntária.

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15

Figura 3 – Evolução do número de entidades certificadas pela norma ISO 9001 em Portugal, de acordo com o

Barómetro de Certificação 2014

No atual contexto socioeconómico, as empresas, sejam de que sector forem, devem ter um

Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) bem desenvolvido, completo, atualizado e eficaz. Para esse

efeito é essencial cumprir os requisitos da norma ISO 9001 de modo a que as mais altas exigências

de qualidade de produtos e serviços sejam alcançadas, que os clientes fiquem totalmente satisfeitos

e que os processos estejam bem definidos e cumpridos.

No sector automóvel, um dos mais importantes a nível mundial, a Qualidade é um fator

preponderante e vital. Tendo em conta que a norma ISO 9001:2015 já está totalmente definida e foi

disponibilizada há menos de um ano, faz todo o sentido elaborar esta dissertação com base nesta

norma, moderna e perfeitamente indicada para avaliar a eficácia de um SGQ.

Uma das gestoras de frota automóvel sediadas em Portugal tenciona ser este ano certificada pela

norma ISO 9001:2015, pelo que entendi como interessante e educativo abordar os passos para obter

esta certificação, assim como as vantagens que tal estatuto possa trazer. Esta problemática insere-se

num contexto de mudança organizacional e vou enquadrá-la numa abordagem de gestão de projeto.

Este é o contexto e a minha motivação, a questão de investigação que proponho, de forma mais

sintética e clara é: como definir um SGQ, que tipo de sistema está implementado na empresa em

questão e quais os passos a dar para garantir a certificação e, por fim, quais as consequências disso.

No capítulo 1 foi feita uma revisão da literatura genérica e enquadrou-se a Qualidade num contexto

organizacional, fazendo um apanhado do que tem vindo a ser a evolução deste conceito, realizando

ainda um paralelismo com a avaliação dos serviços, ou seja, de que modo é que a Qualidade

interfere no modo como uma organização é vista, quer internamente, quer externamente. No capítulo

2 é feita uma descrição dos produtos de gestão de frotas usados e do sector em que a empresa se

insere de modo a perceber-se em concreto o mercado em que se focam as gestoras de frota, assim

como o seu modo de atuação. No capítulo 3 é feita uma descrição da empresa analisada, seus

departamentos e serviços, enquanto que no capítulo 4 é feito um breve resumo histórico no que se

refere às normas ISO, assim como os princípios em que estas se baseiam. No capítulo 5 é realçada a

importância de um sistema de qualidade numa empresa, assim como as características que o mesmo

deve ter, ao passo que no capítulo 6 é desenvolvida a norma pela qual a empresa deseja ser

certificada. No capítulo 7 é explicado de que modo é que a empresa pretende cumprir com as

exigências da norma, sendo no capítulo 8 focados todos os passos que são exigidos aquando da

certificação, além das suas vantagens e dificuldades. Por fim, no capítulo 9 são feitas as conclusões

e referidas possíveis abordagens para próximos projetos que possam advir na sequência desta

dissertação. Seguem-se as referências bibliográficas.

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16

2.) Gestão de frota

2.1) Definição e vantagens

Ao longo dos últimos anos o negócio das empresas de gestão de frotas tem vindo, gradualmente, a

aumentar, com especial incidência para o Aluguer Operacional de Veículos (AOV). Em parte graças à

crise económica que se tem verificado em Portugal e que levou muitas empresas a abdicar de ter a

sua própria frota automóvel, por forma a reduzir os custos. De qualquer modo, os profissionais do

sector indicam que o crescimento tem vindo a ser gradual e que esperam um aumento sustentado

para os próximos anos, apontando-se o sector automóvel como atividade de bom futuro. Aliás, esta

tem sido a solução encontrada por muitos gestores na altura de compor ou remodelar a frota

automóvel da sua empresa. Os serviços que as gestoras de frotas oferecem são bastante variados,

podendo ir desde o AOV à contratação de soluções específicas para a gestão de frotas já existentes.

As vantagens que uma empresa poderá retirar da contratação em outsourcing da sua gestão de

frotas resumem-se a quatro fatores essenciais: a redução dos custos, a transferência de custos

variáveis para custos fixos, a transferência do risco e uma mais eficiente utilização dos recursos

disponíveis.

No que concerne à redução dos custos, as vantagens começam logo no facto de as gestoras de

frotas poderem obter descontos de grandes quantidades quando negoceiam a compra de viaturas,

ainda que o mesmo possa não reverter na totalidade para o cliente final. Além disso, também nos

serviços de manutenção e em todos os restantes serviços de pós-venda (troca de pneus, viaturas de

substituição, entre outros), os descontos obtidos por uma empresa de gestão de frotas são

necessariamente maiores do que um cliente isolado, ou mesmo uma grande empresa, poderiam

obter. Esses descontos serão em parte transmitidos ao cliente por via de um gasto mensal mais baixo

do que teria de suportar no caso de adquirir e gerir a sua própria frota. Para além disso, o cliente final

só vai pagar o que efetivamente utiliza da viatura, isto é, não se verá na necessidade de pagar a

amortização total da mesma, desembolsando apenas a desvalorização da viatura durante o período

de duração do contrato que faz com a empresa de gestão de frotas.

Se a quilometragem efetuada for inferior à inicialmente contratada, é sempre possível renegociar o

contrato durante a sua vigência, ou mesmo ser ressarcido no final pelos quilómetros não realizados.

Em termos de riscos, também nada é imputado ao cliente final, o que constitui outra das vantagens

da contratação de uma empresa externa para fazer a gestão da sua frota. O risco da revenda das

viaturas no final dos contratos é assumido pela empresa contratada, da mesma forma que o são a

gestão das avarias e manutenções programadas, cujos custos são suportados pela gestora de frotas.

Aliás, para estes casos é possível contratar com a gestora a atribuição de um veículo de

substituição, o que garante que a frota nunca estará parada por via de uma avaria ou da revisão.

Outra vantagem, vista com particular atenção pelos gestores financeiros das diversas empresas, é

o facto de se poder fazer uma orçamentação de despesas para o ano inteiro sem ter de se preocupar

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com um imprevisto, uma vez que a empresa de gestão de frotas contratada assegura todas as

despesas inerentes à utilização das viaturas, isto sem que a taxa de juro se altere durante toda a vida

do contrato.

Esta gestão do risco inerente à contratação de uma gestora de frotas permite que os recursos da

empresa sejam geridos de um modo mais eficiente, podendo o cliente investir no seu próprio negócio

a totalidade do capital que teria de ser investido na aquisição das viaturas,

de software e hardware de gestão de frotas, na alocação de recursos específicos, bem como na sua

instalação e possíveis reparações.

Os próprios recursos humanos que estariam afetos à gestão da frota própria podem, porque deixam

de ser necessários para essa atividade, dedicar-se a outros assuntos dentro da empresa, o que

permite reduzir ainda mais despesas. Em termos práticos, ao contratar uma destas empresas, seja

em que modalidade for, o cliente passa a ter à sua disposição um automóvel, sem que lhe caiba

qualquer outra responsabilidade acerca do dito veículo. No entanto, empresas há que apontam falhas

a este sistema, como as de ser demasiado impessoal e de não estar voltado para as reais

necessidades da empresa.

Contratar uma empresa em outsourcing tem a vantagem de reduzir o risco e os custos variáveis e

de garantir uma mais eficiente utilização dos recursos disponíveis.

Os argumentos em prol da aquisição de uma solução de gestão própria parecem fracos quando

comparados com todos os benefícios oferecidos pelas empresas que se especializam na gestão de

frotas. Se, por um lado, é importante que quem gere a frota de uma empresa conheça as suas reais

necessidades, por outro, os gestores de uma empresa especializada terão mais conhecimento e mais

ferramentas para otimizar soluções e reduzir desperdícios, ao mesmo tempo que estarão melhor

preparados para criar sinergias com os seus clientes, obtendo, assim, soluções à medida de cada um

deles.

2.2) Modelos de Aquisição de viaturas

As várias formas de financiamento existentes aquando da aquisição um automóvel são o leasing, o

Aluguer de Longa Duração (ALD) e o renting.

Relativamente ao leasing, se o cliente estiver disposto a abdicar da propriedade imediata do

veiculo e quiser contratar um seguro de danos próprios, então há que considerar o leasing. O cliente

assina um contrato de locação financeira, durante o qual o carro pertence à locadora, sendo que, no

final, pode mantê-lo se pagar o valor residual, trocá-lo ou devolvê-lo. Contudo, todos os encargos

com despesas de manutenção e reparação do automóvel ocorrem por conta do cliente.Esta é uma

das formas mais comuns de aquisição de frotas e é uma operação de financiamento através da qual

uma das partes (locadora) cede a outra (locatário) o direito de utilização de um determinado bem,

durante um período de tempo pré-estabelecido, em contrapartida de uma retribuição (renda). No final

do contrato, o locatário poderá adquirir o bem objeto de locação, mediante o pagamento do valor

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residual. O leasing é uma solução flexível para a aquisição de automóvel, que permite a aquisição de

veículos novos, sejam eles ligeiros ou mistos. Através do financiamento em leasing, o cliente

beneficia de rendas atrativas dada a existência de um valor residual que permite o pagamento de

parte do capital financiado no final do contrato. Com o leasing, o cliente poderá escolher um prazo

que varia entre os 12 e os 96 meses e um valor residual até 25% do PVP.

As principais vantagens deste modelo são:

Rendas baixas que resultam da conjugação de reduzidas taxas de juro com a existência de

valor residual;

Condições especiais no seguro automóvel associado a financiamento: desconto de 50% na

cobertura obrigatória de responsabilidade civil, durante todo o prazo de vigência do contrato;

Benefícios fiscais para empresas, ENI (empresários em nome individual) e profissões liberais;

Melhoria das disponibilidades de tesouraria, já que a parte do IVA não dedutível é distribuído

pela duração do contrato;

Existência de valor residual que permite que o pagamento de parte do financiamento ocorra

no final do contrato;

Possibilidade de cessão de posição contratual no decorrer do contrato.

As principais desvantagens deste modelo são:

Há limites no contrato;

O cliente nunca é dono do carro e não pode adquiri-lo se tiver alguma prestação em dívida;

O seguro automóvel contra todos é obrigatório;

A liquidação total fica mais cara caso opte por fazê-la antes do tempo.

Na opção ALD, quando termina o período do contrato, o cliente não tem outra hipótese senão ficar

definitivamente com o automóvel. Assim, terá de pagar o valor residual e comprar o veículo de acordo

com o valor estabelecido no início. É um contrato em que a locadora cede a utilização de uma viatura

mediante o pagamento de um aluguer mensal. Esta é uma modalidade de financiamento bastante

flexível para viaturas novas, que lhe permite obter uma prestação mensal reduzida com a compra do

automóvel no final do contrato. Permite escolher uma entrada inicial que pode ir até 60%, com ou

sem pagamento final, alterar o plano de pagamentos durante o contrato e ceder a posição contratual

durante a vigência do mesmo. O prazo máximo é 60 meses. Só no final do contrato a viatura passa

para o nome do locatário. É exigido um seguro de danos próprios, obrigação esta que ocorre também

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muitas vezes obrigatória na opção de leasing. O ALD oferece mensalidades muito competitivas e

permite ajustar as condições de financiamento à medida das necessidades do cliente. No final do

contrato, o automóvel será do cliente sem qualquer custo adicional ou mediante o pagamento de um

valor previamente acordado.

As principais vantagens deste modelo são:

Rendas baixas que resultam da conjugação de reduzidas taxas de juro com a existência de

valor residual;

Condições especiais no seguro automóvel associado a Financiamento: Desconto de 50% na

cobertura obrigatória de responsabilidade civil, durante todo o prazo de vigência do contrato;

Benefícios fiscais para empresas, ENI e profissões liberais;

Possibilidade de cessão de posição contratual no decorrer do contrato.

As principais desvantagens deste modelo são:

Obrigar à contratação de seguro de danos próprios;

As taxas de juro do ALD são, regra geral, mais altas do que as registadas num contrato

de leasing.

Atualmente, o ALD é uma das formas de aquisição de viaturas mais procurada pelo meio

empresarial, já que permite às empresas frotistas manter uma frota automóvel moderna e atualizada.

Este sistema consiste num contrato destinado à prestação de serviços de aluguer de viaturas por

prazos alargados, normalmente entre os 6 e os 60 meses. Esta modalidade, apenas disponível para

veículos novos e ligeiros, permite às empresas renovar a sua frota de cinco em cinco anos.

O início do contrato define o valor das mensalidades a pagar durante o período de contrato, sendo

que as mesmas são fixas e não estão sujeitas a quaisquer variações nas taxas de juro – esta é a

principal vantagem deste tipo de crédito. O cliente não é obrigado a fazer o aluguer para o valor total

da viatura, estando previsto reduzir o valor das prestações no máximo até 60% do valor final do

veículo. Este tipo de contrato permite à empresa comprar o veículo no final do contrato.

Este é um tipo de crédito especialmente vantajoso para Pequenas e Médias Empresas (PME), pois

permite negociar a gestão e otimização do orçamento dos veículos, o prazo e a quilometragem

pretendidas, bem como os serviços adicionais que se pretende incluir. A renda mensal cobre todos os

serviços. As grandes empresas podem também encontrar vantagens no ALD, nomeadamente ao

nível de contratos de serviços de manutenção, serviços de assistência em viagem e benefícios

fiscais.

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20

Quanto ao renting, também se pode chamar aluguer operacional de veículos e permite alugar um

automóvel por um período limitado e mediante uma quilometragem combinada no início do contrato.

Se ultrapassar o estipulado, paga um acréscimo por quilómetro. Caso circule menos, pode receber o

reembolso. Em princípio, o preço do carro não tem limite, pois a empresa tem capacidade negocial

para comprá-lo a um custo inferior. Depois, entrega-o mediante uma renda. A empresa define os

serviços de base, sendo que o principal é a manutenção. Também pode optar por contratar alguns

extras. No final, o objetivo é entregar o carro e assinar contrato sobre novo veículo, apesar de

também poder comprá-lo pelo valor comercial ou outro acordado. A frota passa a ser gerida

por especialistas. Além do financiamento da viatura, a gestão inclui também a prestação de um

conjunto de serviços complementares, como a manutenção, a viatura de substituição, a mudança de

pneus, ou os seguros, entre outros.

O mercado nacional de AOV ou renting continua, apesar da dificuldades que atravessa a

economia, a ser atrativo para o tecido empresarial português. As gestoras de frotas aumentam o

número de veículos a seu cargo, indicador de que as empresas nacionais recorrem cada vez mais a

este tipo de empresas para tentarem ultrapassar os tempos de crise. A aposta neste tipo de mercado

aumenta devido à comodidade que as gestoras de frota oferecem: as empresas deixam de se

preocupar com todos os pormenores relativos às viaturas, como a manutenção e as inspeções

periódicas, passando a poder concentrar-se em aumentar o lucro do seu negócio.

Os custos associados à gestão da frota estão prévia e perfeitamente definidos, uma vez que a

renda mensal a suportar é fixa. Por outras palavras, passa a existir uma variável do negócio das

empresas que é conhecida ao longo do período de duração do contrato.

Os riscos inerentes ao negócio – como por exemplo a redução do valor residual do veículo – são

assumidos pelas gestoras. A contabilização fica bastante mais simplificada, uma vez que não se

verifica imobilização das viaturas nos clientes. Com o AOV apenas se efetua um movimento

contabilístico mensal, que corresponde ao pagamento da renda. A utilização de viaturas não implica o

recurso a financiamento, libertando linhas de crédito para outras atividades ligadas ao core business

da empresa-cliente. Além disso, como o IVA não é calculado sobre o preço total, mas sobre a quota-

parte realmente utilizada do veículo, aplica-se sobre o aluguer mensal, sendo distribuído sobre a

duração total do contrato.

As principais vantagens deste modelo são:

Competitividade – Ao tomar a decisão de proceder à terceirização da sua frota, a empresa

poderá concentrar de uma forma mais intensa os seus recursos na sua atividade, delegando

na empresa de AOV toda a gestão da sua frota. Deste modo, a empresa cliente poderá

concentrar a sua atenção na sua atividade, o que lhe permitirá um aumento da sua

competitividade em relação aos seus concorrentes;

Qualidade e Produtividade – As frotas de AOV são objeto de contratos de aluguer que variam

entre os 12 e os 48 meses, consoante a opção do cliente, o que possibilita aos clientes terem

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uma frota sempre atual e operacional, mantendo deste modo a empresa tecnologicamente

atualizada em matéria de frota automóvel;

Flexibilidade – Consoante as necessidades e o crescimento do negócio, através do AOV, o

cliente pode ajustar a frota às suas necessidades em termos de modelos e quantidades dos

veículos que compõem a sua frota, os quais podem ser alterados de modo a adequaram-se

às reais necessidades da empresa em cada momento;

Assistência Permanente – As empresas de AOV possuem serviços de assistência 24 horas

por dia, durante todo o ano, os quais estão aptos a prestar serviços de apoio e manutenção,

reparações e substituição de viaturas em caso do surgimento de qualquer eventualidade.

Algumas transferências de serviços (e preocupações) das empresas clientes para as empresas de

AOV são:

1 – Negociação com as concessões de automóveis com vista à obtenção dos melhores preços de

aquisição dos veículos;

2 – Aquisição dos veículos;

3 – Receção e vistoria das condições dos veículos;

4 – Pagamento dos veículos às empresas vendedoras dos mesmos;

5 – Identificação das infrações cometidas com o veículo sempre que não exista interceção do

condutor/infrator;

6 – Entrega dos veículos no local convencionado com o cliente;

7 – Fornecimento de seguros para as viaturas;

8 – Gestão dos sinistros ocorridos com as viaturas;

9 – Gestão de ocorrências com as viaturas;

10 – Serviços de reboque dos veículos avariados ou sinistrados;

11 – Controlo da manutenção da viatura;

12 – Fornecimento de viatura de substituição em caso de avaria, acidente, ou realização de

intervenções de manutenção;

13 – Preparação dos veículos para venda em leilões, ou no mercado de ocasião;

14 – Negociação e venda dos veículos no termo dos contratos de aluguer;

15 – Gestão rigorosa das despesas do veículo durante a vigência do contrato (on-line em algumas

empresas de AOV);

16 – Gestão informatizada de toda a frota.

O AOV é assim uma prestação de serviços e como tal oferece inúmeras vantagens para quem o

contrata. As empresas que usufruem desta opção utilizam todo o tipo de veículos, ligeiros de

passageiros, ligeiros de mercadorias, veículos adaptados ao transporte de valores e mesmo alguns

veículos pesados até 6000 kg de peso bruto, especificamente destinados aos seus comerciais,

diretores, distribuição, entre outros.

O maior conhecimento do AOV tem levado também alguns (poucos) particulares a interessar-se

por este sistema para a utilização de automóvel, embora tal número seja considerado de muito

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reduzida expressão ou quase inexistente, ao contrário de outros países europeus como o Reino

Unido, ou mesmo os EUA, onde o AOV se encontra fortemente implementado entre privados.

Posteriormente, também os organismos públicos, que necessitam para o desenvolvimento da sua

atividade de uma frota de veículos moderna e operacional, têm vindo a recorrer ao AOV.

O pagamento mensal (numa única fatura) do AOV inclui o veículo, manutenção, reparação, troca

de pneus, assistência em viagem, seguro contra todos os riscos, cartão de combustível – tudo isto

por um preço fixo no fim do mês que será mais ou menos elevado em função dos produtos

escolhidos.

No AOV, a propriedade do veículo é do locador tendo a vantagem de o bem não se refletir no

balanço da empresa locatária, facilitando ainda a contabilização já que no valor do contrato poderão

estar incluído os custos de manutenção do veículo e o seguro, entre outros. Do ponto de vista da

contabilização, o AOV é seguramente a melhor alternativa ao investimento em ativos, uma vez que

permite equipar a empresa com uma frota automóvel, sem um grande desembolso económico num

topo de bens que pelas suas características, se desvalorizam ou se tornam obsoletos com grande

rapidez.

Conforme já referido na secção anterior, a opção pelo AOV evita às empresas mobilizar recursos

financeiros, uma vez que não têm que fazer um grande desembolso inicial e deve o seu crescimento

tanto à procura dos utilizadores (quer empresas, quer particulares), como aos serviços que presta e à

sua incontestável atração financeira. É um fenómeno social real que põe em marcha esta atividade.

Graças ao acompanhamento informático da empresa de AOV (gestão de faturas, de combustível

através de cartões de crédito fornecidos pelas empresas locadoras, contabilização do número de dias

de utilização de viaturas de substituição), tudo isto deve ser tido em consideração no momento da

substituição do veículo e da escolha do melhor tipo de contrato de aluguer.

Neste tipo de contratos todo o risco inerente ao bem dado em locação corre por conta do locador,

que poderá no entanto transferir esse risco para uma seguradora através de um contrato celebrado

especialmente para o efeito.

O veículo deve estar registado em nome do locador, pois não se deve esquecer de que estamos

perante um contrato de prestação de serviços, em que veículo é dado em aluguer ao locatário. O

utilizador é todavia civilmente responsável perante os tribunais e entidades policiais pela sua conduta

(excessos de velocidade, infrações, utilização do veículo em atividades ilegais, entre outros).

Analisando assim os principais modelos de aquisição, pode-se apresentar em seguida a tabela 4

onde são referidas algumas das vantagens e desvantagens de cada modelo:

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Modelo Vantagens Desvantagens

Leasing

Rendas baixas;

Benefícios fiscais para empresas;

Existência de Valor Residual.

O cliente nunca é dono do carro;

A liquidação total antecipada fica mais cara;

Todos os encargos com despesas de

manutenção do automóvel ocorrem por

conta do cliente.

ALD

Benefícios fiscais para empresas;

Possibilidade de cessão de posição contratual no

decorrer do contrato.

Obrigar à contratação de seguro de danos

próprios;

Taxas de juro elevadas.

Renting

Assistência Permanente;

Gestão informatizada de toda a frota;

Além do financiamento da viatura, a gestão inclui

manutenção, viatura de substituição, a mudança de

pneus, ou seguros.

Não é aconselhado se pretende ficar com a

viatura;

Quando são ultrapassados os km

contratados, existem penalizações.

Tabela 4: Vantagens e desvantagens dos principais modelos de aquisição de viaturas

Segundo a revista Fleet Magazine de março de 2016, uma média ponderada das vendas para

empresas, declarada pelas principais marcas representadas em Portugal, revela que 40% das

viaturas novas matriculadas em 2015 teve como destino direto gestoras de frota, em aquisições

diretas de organismos públicos ou privados e ainda empresários em nome individual.

O mercado profissional continuou a ser responsável pela maior fatia de vendas de carros novos em

Portugal, dada a prática, há muito instituída, de o automóvel ser utilizado como complemento salarial.

Particulares compraram apenas cerca de 1/5 dos carros novos vendidos em Portugal. As vendas

diretas a empresas, rent-a-car (Rac) e matrículas sem comprador, para garantir quota de mercado,

asseguraram os restantes 80%, como se pode ver na figura 4.

Figura 4 - Distribuição percentual das vendas de carros

novos em Portugal no ano de 2015, de acordo com a revista

Fleet Magazine de março de 2016

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O renting garantiu cerca de 13% das vendas de veículos novos em Portugal e foi o modelo de

financiamento preferido pelas empresas para a aquisição de veículos de passageiros.

Apesar do total de viaturas financiadas ter crescido 8,72% em 2015, o peso do renting desceu

quase 2% face ao volume total de veículos vendidos em 2015, 23,9% acima de 2014.

Mais expressivo parece o crescimento das empresas que recorrem a outras fontes de

financiamento, como o leasing ou o crédito bancário.

A opção pela aquisição direta das viaturas parece estar a crescer em algumas empresas,

nomeadamente no caso das versões comerciais, situação em que a possibilidade de dedução do IVA

e a utilização intensiva da viatura, com risco para os valores de recondicionamento, justificam esta

escolha.

Como se pode ver na tabela 5, 75% de viaturas financiadas através do renting são viaturas de

passageiros. Estas são cada vez mais requisitadas, ao contrário dos comerciais ligeiros.

2014 2015

Ligeiros de passageiros 74,8% 77,5%

Comerciais ligeiros 25,2% 22,5%

Tabela 5 – Tipologia das viaturas adquiridas em Portugal no ano de 2015 através do renting, de acordo com a

Associação do Leasing e Factoring (ALF)

Como se pode ver na tabela 6, a compra de viaturas em renting cresceu em 2015, embora o seu

peso no total de vendas tenha descido um pouco. É no segmento de comerciais que se verifica a

maior retração por este modelo de financiamento.

2014 2015 Nº contratos

(14/15)

% viaturas

(14/15)

Peso renting

nas vendas

Auto (14/15)

Ligeiros de

passageiros

19.740 22.137 2.397 12,1% - 1,4%

Comerciais

ligeiros

6.637 6.410 - 227 - 3,4% - 4,6%

Total 26.377 28.547 2.170 8,7% - 2,0%

Tabela 6 – Comparação entre 2014 e 2015 no que se refere ao renting em Portugal, de acordo com a

Associação do Leasing e Factoring (ALF)

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Por fim, a figura 5 ilustra a evolução do mercado automóvel e do renting em Portugal:

Figura 5 – Evolução

do mercado

automóvel e do

renting na última

década em Portugal,

de acordo com a

empresa auditada e

da ALF

2.3) Principais empresas de Gestão de Frotas em Portugal

A ALD Automotive é a empresa de renting e gestão de frotas do Grupo Société Générale, localiza-

se em Sintra e tem uma quota de mercado de cerca de 13%. Presente em 39 países, gere mais de

um milhão de veículos a nível mundial. Em Portugal há mais de 20 anos, a ALD Automotive iniciou a

sua atividade em Portugal em 1992, posicionando-se atualmente como uma das maiores operadoras

nacionais com mais de 13.000 veículos sob gestão.

A Arval foi criada durante o ano de 1989. É especialista em consultoria do aluguer operacional e

gestão de frotas. Em 2015 ficou concluído o negócio de aquisição da atividade de gestão de frota

europeia da GE Capital por parte da Arval. Em Portugal, este processo significa que a Arval comprou

a atividade da GE Fleet Services, representada pela Itelcar – Automóveis de Aluguer, Lda. A Arval

passou a ter uma frota financiada de cerca de 9300 viaturas no final de novembro de 2015. Presente

em Portugal desde 1999, a dimensão da frota financiada pela Arval no território nacional era de 5460

viaturas no final de 2014. Na mesma data, o número de contratos da GE em Portugal era 3735.

A BBVA FinanZiamento Automercantil, em Portugal, atua principalmente na área da gestão de

frotas, oferecendo várias soluções e serviços aos seus clientes, como manutenção, assistência

técnica e seguros. Disponibiliza ainda soluções de aluguer comercial ou renting de equipamento e um

sistema de aluguer de equipamentos para empresas.

A Leaseplan Corporation foi criada em 1963 na Holanda, tendo chegado a Portugal 30 anos

depois, a 1993, sob o nome Leaseplan Portugal. Gere atualmente uma carteira de 91 mil contratos,

dos quais 46 mil são em renting. Dos restantes, cerca de metade correspondem a serviços que a

gestora comercializa para o retalho e distribuição automóvel (nomeadamente contratos de

manutenção, extensão de garantia e garantia de usados), sendo que a outra metade é referente a

contratos de gestão, em que a propriedade do veículo não é da Leaseplan, mas que incluem todos os

serviços associados ao renting. A Leaseplan foi a primeira empresa de aluguer operacional em

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Portugal a obter a certificação de qualidade em 1998, tendo transitado para a norma ISO 9001:2008

em 2010, creditação atualmente em vigor.

A BMW Financial Services iniciou as suas atividades em Portugal em 2000. A sua função é

acompanhar os clientes das marcas BMW (automóveis e motociclos) e Mini através dos serviços e

produtos financeiros que mais se ajustam a cada situação, tendo um departamento específico para

AOV. A empresa disponibiliza o pacote BMW Select, que consiste num contrato de aluguer de longa

duração, no qual, ao ser desenhado o plano de pagamentos, se projeta o valor residual com base na

previsão do valor de mercado que o automóvel poderá atingir no seu termo.

A Locarent, Companhia Portuguesa de Aluguer de Viaturas, S.A., resulta de uma parceria entre o

Banco Espírito Santo e a Caixa Geral de Depósitos, tendo iniciado a sua vida comercial em maio de

2004. O renting surgiu como forma de complementar a oferta de financiamento automóvel dos dois

bancos.

A VW Financial Services lançou em março de 2015 um novo produto para o mercado de renting

(aluguer de viaturas), alargando um portefólio que conta já com serviços de seguros (em parceria

com seguradoras como a AXA), leasing e garantias pós-venda. O objetivo é "aproveitar o potencial de

um mercado (renting) que representa 20% das viaturas novas vendidas em Portugal”, explicou o

responsável nacional da VWFS, Luís Schunk. O vasto leque de marcas do grupo Volkswagen poderá

ajudar a tornar mais efetiva esta vontade.

A Finlog foi criada em 1993 e é atualmente detida a 100% pelos Grupos Salvador

Caetano e Mapfre. Dedica-se à gestão de frotas automóveis e ao aluguer operacional de viaturas e

gere uma frota superior a 8.000 viaturas. É certificada pela norma ISO 9001:2008 desde 2014.

Na figura 6 evidenciam-se as respetivas quotas de mercado, de modo a percebermos o número e

dimensão das gestoras de frota em Portugal.

Figura 6 – Quotas de mercado no final

de 2015 das gestoras de frota

portuguesas, de acordo com a empresa

auditada e ALF

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3) Apresentação da empresa

3.1) Caracterização da empresa

A empresa analisada centra a sua atividade no aluguer operacional de viaturas sem condutor e na

gestão de frotas automóveis, com o objetivo de assegurar a mobilidade dos seus clientes,

nomeadamente pequenas, médias e grandes empresas (nacionais e internacionais), mas também

particulares.

3.2) Serviços

A gama de serviços que pretende garantir a mobilidade dos seus condutores é composta por:

Manutenção: a frota beneficia dos serviços de manutenção da rede de parceiros, garantindo

assim que os condutores estão a utilizar um veículo bem mantido;

Pneus: a gestão de pneus permite à sua frota circular sempre com pneus seguros,

otimizando o risco, consumo de combustível e segurança;

Veículo de substituição: manter a mobilidade dos condutores é a prioridade pelo que os

mesmos podem providenciar, em qualquer situação, um veículo de substituição;

Drive: complemento do serviço de veículo de substituição, que permite ao cliente usufruir

da recolha e da entrega de um veículo de substituição no local indicado, em caso de revisão,

reparação, avaria, sinistro ou quebra de vidros;

Move: um produto que elimina o custo da renda, mantendo o usufruto de dias de viatura de

substituição extra-contrato;

Gestão de combustível: o cartão de combustível permite o acompanhamento dos seus

consumos de combustível. É uma ferramenta que permite ajustar os dois principais níveis: a

escolha dos veículos e o comportamento dos condutores;

Seguro e gestão de sinistros: é definida a melhor cobertura possível para o nível de risco

da frota, bem como na definição de todas as medidas preventivas apropriadas;

Linha de Apoio ao Condutor: é disponibilizada a todos os utilizadores uma linha verde

através da qual podem acionar os serviços contratados bem como esclarecer qualquer

dúvida, 24h por dia, 7 dias por semana. O serviço prestado pela linha de apoio desenvolve-

se em torno da assistência em viagem e apoio de call center;

Net: são disponibilizadas as ferramentas necessárias para monitorizar a frota, desde o apoio

direto na gestão diária dos veículos, analisando e otimizando as escolhas e custos;

Poolfleet: a necessidade de obter um veículo em condições flexíveis e a um custo

competitivo, juntamente com as mudanças registadas no mercado de emprego (tal como o

aumento dos contratos de curta duração), faz com que o poolfleet seja uma solução

adequada;

Electric: os veículos elétricos constituem hoje uma solução única para quem pretenda iniciar

um percurso pioneiro, a caminho de uma política de frotas mais sustentável e de uma

verdadeira revolução do paradigma da mobilidade.

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3.3) Estrutura organizacional

Como pode ser visto na figura 7, a Direção da empresa compõe-se pela Direção Geral e 7

Direções. As Direções Comercial e de Operações formam os departamentos operacionais, já as

Direções Financeira, IT, Recursos Humanos e Organização constituem os departamentos de suporte.

Figura 7 : Organigrama da empresa analisada, de acordo com o manual de qualidade da mesma

3.4) Parceiros comerciais, clientes e fornecedores

Os clientes (parceiros comerciais) são normalmente empresas que elaboram contratos com a

gestora de frota.

A escolha de novos clientes baseia-se na prospeção por parte do departamento comercial e depois

a área de crédito analisa diversos fatores:

Fiabilidade e veracidade da documentação enviada (validar se todos os documentos são

verdadeiros e coerentes);

Identificação clara dos respetivos sócios e gerentes (se pertencer a um grupo são analisadas

as contas consolidadas do grupo);

Despistar a existência de incidentes antecedentes (ações legais tanto à empresa como aos

sócios);

Verificar a saúde financeira da empresa (são analisados os últimos 3 anos de atividade);

Identificar se o pedido de viaturas é adequado ao perfil da empresa (exemplo: se uma

empresa com 2 colaboradores pedir 10 carros, tem de se averiguar a razão);

Histórico de pagamentos com a empresa (caso exista).

No final, é elaborado um parecer de crédito que poderá ser um dos seguintes:

Aprovado sem garantias;

Aprovado com garantias (Ex: letra, aval, caução, entrada inicial, garantia bancária ou carta de

conforto);

Recusado.

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O Departamento Financeiro avalia assim o risco de crédito, de reputação e de imagem dos

prospetos, clientes, parceiros e fornecedores.

Na Direção de Operações, quanto à escolha de fornecedores, é feita inicialmente uma análise

geográfica baseada nos tipos de serviços que os fornecedores podem realizar, assim como nas

marcas com as quais trabalham. Anualmente são atualizados esses critérios, assim como os

descontos que podem efetuar (na mão de obra, nos materiais e no óleo de motor) ou rappel (prémio,

na forma de devolução de dinheiro ou crédito futuro, estabelecido para quando um cliente atinge

determinados objetivos ou condições pré-definidas). O objetivo do rappel é estimular os canais de

venda ou clientes a atingir maiores volumes de encomendas.

Uma das áreas do Departamento de Operações é as Compras, e é responsável pela negociação

com Fornecedores para o fornecimento de viaturas conforme requisitos dos clientes, sendo o sector

das Encomendas e Entregas quem gere o processo desde a encomenda da viatura solicitada pelo

cliente junto dos fornecedores, até à entrega da mesma bem como do envio da documentação

contratual ao cliente.

Ainda na Direção de Operações, a área de assistência em viagem coordena os serviços prestados

pelos fornecedores de rent-a-car e de assistência em viagem, junto do cliente.

A área da Contabilidade (pertencente ao departamento financeiro) assegura a documentação e

registos contabilísticos segundo as normas fiscais, legais, contabilísticas, emitem a faturação para

clientes, asseguram os pagamentos aos fornecedores e a gestão diária da tesouraria (recebimentos e

pagamentos).

A gestão dos fornecedores (quer no âmbito técnico, quer nos serviços que são prestados) é

assegurada através da seleção (com base em critérios pré-definidos) e da contratação de

fornecedores qualificados, cuja performance é avaliada através de controlos regulares (de verificação

do cumprimento dos critérios) às suas atividades, conforme especificado no ponto 7.5.4. "Controlo

dos processos, produtos e serviços fornecidos por prestadores externos".

3.5) Perspectivas relacionadas com os sistemas de gestão certificados

O objetivo diário da organização em questão é implementar e manter de forma permanente um

SGQ, através do qual:

• São abordados os processos em conformidade com a Norma ISO 9001:2015, a lei portuguesa e os

standards do Grupo;

• Todos os processos são medidos, monitorizados e atualizados para melhorar continuamente a sua

eficácia, como pode ser visto mais à frente no ponto 7.6.1 “Monitorização, medição, análise e

avaliação”. Os processos, os critérios e os indicadores estão definidos no documento

“QUA_MAN_001_P03_Processos_&_Responsaveis_SGQ”;

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• São formados e dotados de recursos todos os colaboradores para maximizar a sua eficiência e

eficácia na proximidade com o cliente, apresentação de soluções e resolução dos problemas.

É assim promovida a importância da Gestão da Qualidade junto de todos os colaboradores como

uma mais-valia nos serviços prestados.

A Direção entende que a Gestão da Qualidade contribui para o sucesso da empresa, para a sua

melhoria contínua e que conduz à criação de valor para todas as partes.

4) As normas ISO

A série de normas ISO foi criada pela Organização Internacional de Padronização (ISO) com o

objetivo de melhorar a qualidade de produtos e serviços. A ISO é uma das maiores organizações que

desenvolve e estabelece normas no mundo e foi criada a partir da união da International Federation

of the National Standardizing Associations (ISA) e a United Nations Standards Coordinating

Committee (UNSCC). A ISO como organização começou a funcionar oficialmente no ano de 1947.

Segundo o IPQ, Instituto Português da Qualidade, uma norma é um documento estabelecido por

consenso e aprovado por um organismo reconhecido, que fornece regras, linhas diretrizes ou

características, para atividades ou seus resultados, garantindo um nível de ordem ótimo num dado

contexto. De uma forma geral as normas são de cumprimento voluntário. Tornam-se obrigatórias se

houver legislação que determine o seu cumprimento. Normalmente, a designação das normas é

composta por um prefixo alfabético seguido por um código numérico. As normas portuguesas têm o

prefixo NP. Quando se trata de normas portuguesas que adotam uma norma europeia designam-se

por NP EN. As NP EN ISO identificam as normas portuguesas que resultaram da adoção de uma

norma europeia, que por sua vez resultou da adoção de uma norma internacional.

As normas ISO certificam produtos e serviços em várias organizações no mundo inteiro. As normas

ISO, com destaque para a ISO 9001 permanecem como normas genéricas de aplicação universal,

complementadas por normas específicas para sectores de atividade e/ou sistemas de gestão.

Em relação à qualidade, as normas ISO são formadas por um grupo de normas direcionadas para

o SGQ, das quais as principais são:

ISO 9000 - Fundamentos e Vocabulário do SGQ; documento que contém todos os termos

utilizados no sistema.

ISO 9001 – Requisitos do SGQ; explica os requisitos para obter a certificação.

ISO 9004 - Gestão para o sucesso sustentado de uma organização (Uma abordagem de

Gestão da Qualidade) - é um documento com instruções para implantar o SGQ.

As normas ISO 9000 e 9001 são das principais normas relacionadas com o modelo de gestão da

qualidade. Essas normas são utilizadas por empresas que desejam utilizar sistemas de gestão e que

pretendem ser certificadas por meio desse organismo internacional.

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31

Para Hoyle (2009), a série de normas ISO 9000 é o conjunto de normas internacionais que têm o

propósito de apoiar as organizações a operar sistemas de gestão da qualidade efetivos. Foram

publicadas inicialmente em 1987 e têm sido amplamente utilizadas para o estabelecimento de

sistemas de gestão da qualidade em organizações de todo o mundo.

A empresa que escolhe seguir estas normas deverá estipular as metas a serem atingidas para

conseguirem a certificação e depois desenvolve e executa um projeto com várias etapas para

implantar a gestão de qualidade e obter o certificado ISO.

Na gestão de qualidade, a designação ISO 9000 costuma incluir o conjunto composto pelas

normas ISO 9000, 9001, 9004 e 19011. Elas podem ser aplicadas em diversos tipos de organização:

indústrias, empresas, instituições e afins e referem-se apenas à qualidade dos processos da

organização e não dos produtos ou serviços. Esse grupo de normas descreve regras relacionadas

com a implantação, desenvolvimento, avaliação e continuidade do SGQ. Elas tornaram-se oficiais a

partir do ano de 1987, baseando-se em normas britânicas e desde então têm vindo a sofrer revisões.

As empresas que aplicam as normas ISO 9000 têm uma vantagem adicional relativamente às

outras, pois têm maior credibilidade junto dos seus clientes, fornecedores e concorrentes.

A ISO 9001 foi elaborada pelo Comité Técnico Quality Management and Quality Assurance

(ISO/TC 176) e é a norma que certifica os Sistemas de Gestão da Qualidade e define os requisitos

para a implantação desses sistemas. Este documento, apresentando ferramentas ou métodos de

padronização, constitui um modelo seguro para a implantação da Gestão da Qualidade. Para

O’Hanlon (2006), a ISO 9001 serve para criar um conjunto de práticas de trabalho visando a obtenção

de produtos e serviços que atenderão a requisitos definidos.

O objetivo da norma é criar confiança no cliente garantindo que os produtos e serviços da empresa

serão definidos de modo sustentado e consistente, no sentido de garantir a qualidade acordada.

Qualquer empresa pública ou privada pode obter essa certificação com base na ISO 9001,

independente do seu sector, produto/serviço oferecido. Esse documento é um recurso valioso para a

gestão da empresa, pois significa que se integram e garantem um conjunto de práticas de gestão de

empresas provenientes e testadas no mundo inteiro. Quando a empresa se certifica nesta norma, ela

garante competência para utilizar consistentemente e eficazmente uma famosa ferramenta

conceptual da qualidade, o conhecido ciclo de Edwards Deming PDCA (Plan-Do-Check-Action) que

significa planear, fazer, confirmar e agir. A fase P (planeamento) consiste nas etapas de identificação

do problema, observação (reconhecimento das características do problema), análise do processo

(descoberta das causas principais que impedem o cumprimento das metas) e plano de ação (contra-

medidas sobre as causas principais). Esta fase define assim os objetivos e metas que a organização

pretende atingir. A fase D (execução) trata-se da execução do plano desenvolvido na fase anterior. A

fase C (verificação) trata-se de monitorizar e avaliar periodicamente os resultados, avaliando

processos e resultados. A fase A (ação) trata-se de agir de acordo com o avaliado e relatórios,

determinando e realizando novos planos de ação, de forma a melhorar a qualidade, eficiência e

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eficácia, aprimorando a execução e corrigindo eventuais falhas. A estrutura do ciclo PDCA pode ser

evidenciada na figura 8, sendo que a relação e envolvimento deste ciclo com a norma ISO 9001 mais

recente irá ser abordada na secção 5.4.

Figura 8 – Estrutura do ciclo PDCA (Fonte: Marketing Minds)

Relativamente à implementação da norma ISO 9001, inicialmente é feito um diagnóstico por um

especialista da norma e elaborado uma proposta para a empresa, acompanhada de um planeamento

ou calendarização e estimativa de custos. Após isso, é criado um cronograma de atividades do cliente

(empresa) de acordo com a norma. O especialista implementa-a através de consultoria e gestão.

Num segundo momento, é realizada uma auditoria interna e depois uma pré-auditoria, que pode ser

opcional. Um organismo certificador realiza uma auditoria de certificação e se tudo estiver conforme a

ISO 9001, a empresa recebe o certificado.

Após consulta de Pinto (2010), quanto ao teor e historial das normas mais relevantes para a

Qualidade, gostaria de salientar as seguintes:

Norma NP EN ISO 9001:1987: esta primeira norma tem uma estrutura idêntica à norma britânica BS

5750, mas também é influenciada por outras normas existentes nos Estados Unidos e por normas de

defesa militar. Dividia-se em três modelos de gestão da qualidade, conforme a natureza das

atividades da organização (design, produção e inspeção final);

Norma NP EN ISO 9001:1994: esta norma tem a garantia da qualidade como base da certificação. A

burocracia, ou a imagem que ficou de que a ISO 9001 é burocrática, vem da versão de 1994, onde

ficou célebre a frase “faça tudo o que escreveu e escreva tudo o que faz”;

Norma NP EN ISO 9001:2000: a partir da versão 9001:2000 houve bastantes melhorias. A norma

ficou mais fácil de ser interpretada e incorporada pelas empresas e também foi adaptada para que

fosse aplicada a todos os sectores do mercado. Nessa versão, a ISO 9001 perde a sua

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características mais burocráticas, de depósito de papel e torna-se dinâmica, fazendo parte atuante da

vida da empresa;

Norma NP EN ISO 9001:2008: esta versão mais atual da norma, aprovada no fim do ano de 2008, foi

elaborada para acrescentar maior compatibilidade com a família ISO 14000 e as alterações

realizadas trouxeram maior compatibilidade para as suas traduções e consequentemente um melhor

entendimento e interpretação do seu texto.

Especifica requisitos para um SGQ em que uma organização:

Necessita demonstrar a sua aptidão para proporcionar produto que vá ao encontro dos

requisitos do cliente e regulamentares aplicáveis;

Visa aumentar a satisfação do cliente através da aplicação eficaz do sistema, incluindo

processos para melhoria contínua do sistema e para garantir a conformidade com os

requisitos do cliente e regulamentares aplicáveis.

Norma NP EN ISO 9000:2005: descreve os princípios fundamentais dos sistemas de gestão da

qualidade que são objeto das normas da família ISO 9000 e define os termos relacionados;

Norma NP EN ISO 9004:2011: trata-se de um guia para a melhoria da performance. Proporciona

linhas de orientação que estão para além dos requisitos dados na ISO 9001, de forma a considerar

tanto a eficácia como a eficiência de um SGQ. Quando comparados com a ISO 9001, os objetivos de

satisfação do cliente e de qualidade do produto são alargados de forma a incluir a satisfação das

partes interessadas e o desempenho da organização. Esta norma não se destina a ser utilizada para

propósitos de certificação, nem como guia de implementação da ISO 9001. As organizações que

pretendem o caminho da excelência de forma sustentada devem implementar esta norma pois esta

reconhece a necessidade da gestão de todas as partes interessadas - acionistas, colaboradores,

clientes, parceiros, fornecedores e sociedade em geral. Para além disso, pondera questões não

equacionadas normalmente por outros referenciais da gestão da qualidade como a ISO 9001, as

avaliações do ambiente de negócio, a autoavaliação, os recursos financeiros ou a inovação;

Norma NP EN ISO 19011:2003: trata-se de um guia para auditorias. Indica linhas de orientação para

a execução de auditorias a sistemas de gestão da qualidade e sistemas de gestão ambiental.

As normas ISO 9000 são assim formadas por uma série de normas compostas e independentes

que, embora relacionadas entre si, conformam um guia para a seleção e uso de standards:

ISO 9000 – Sistemas de Gestão da Qualidade. Definições e fundamentos.

ISO 9001 – Sistemas de Gestão da Qualidade. Requisitos (Desenho, desenvolvimento).

ISO 9002 – Sistemas de Gestão da Qualidade. Produção, Instalação e Serviços. (Atualmente

obsoleta).

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ISO 9003 – Sistemas de Gestão da Qualidade. Inspeção Final. (Atualmente obsoleta).

ISO 9004 – Sistemas de Gestão da Qualidade. Diretrizes para melhoria do desempenho.

As 3 normas (ISO 9001, ISO 9002 e ISO 9003) foram agrupadas numa só, ISO 9001, no ano de

2000 (ISO 9001:2000). Este agregado só foi substituído em 2008 pela ISO 9001:2008 e no ano

passado pela norma ISO 9001:2015.

5) Sistemas de Gestão da Qualidade

5.1) Introdução

Segundo Pinto (2010), um SGQ é entendido como um sistema que exige a interiorização de uma

filosofia, processos e práticas de gestão que envolve todos os que trabalham na organização num

processo de cooperação que se concretize no fornecimento de produtos e serviços que satisfaçam as

necessidades e expectativas dos clientes. É, portanto, a cultura da organização que permite fornecer

produtos e serviços capazes de satisfazer as necessidades e expectativas dos clientes.

Ora, um SGQ pode, se for encarado por toda a organização como uma mais valia, aportar

benefícios valiosos tais como melhoria da relação com os clientes e diminuição do produto não

conforme, redução de custos operacionais e aumento de credibilidade no mercado. O aumento da

motivação dos colaboradores e redução dos custos de controlo da qualidade são também

consequências positivas de um SGQ, assim como a melhoria do clima organizacional e da imagem

da organização.

Segundo a ABNT (2005), a importância da qualidade para as organizações está relacionada com a

satisfação das necessidades dos clientes e, para isso, tem de se assegurar que os requisitos dos

clientes sejam atendidos, cumprindo as especificações dos produtos e serviços. Deste modo, um

SGQ visa sistematizar o processo de análise dos requisitos do cliente e definir os processos para

obtenção de produtos que atendam estes requisitos e controlo destes processos. A sua função dentro

do sistema de gestão é levar a organização a alcançar resultados referentes aos objetivos da

qualidade. Para isso, o sistema orienta-se pelas necessidades, expectativas e requisitos das partes

interessadas

Mello et al. (2007) consideram que um sistema de gestão se refere "a tudo o que a organização faz

para gerir os seus processos e atividades". A documentação de um sistema de gestão adquire a

importante função de assegurar que haja ordem no modo como a organização conduz os seus

negócios.

A partir da procura orientada e modelos para implantação e manutenção de um SGQ, surgiram ao

longo do tempo normas de sistemas de gestão. Estas pretendem incorporar as melhores práticas

organizacionais para fornecer um modelo aplicável a diferentes tipos de empresas, de forma genérica

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ou específica. A série de normas ISO 9000 (abordadas no capítulo anterior) cobre as normas mais

utilizadas atualmente em todo o mundo.

5.2) Princípios da Gestão da Qualidade

Tanto a ISO 9001 como a ISO 9004 são baseadas num conjunto de princípios de gestão da

qualidade que foram, originalmente, desenvolvidos nos anos 90 por um grupo de peritos intimamente

familiarizados com os ensinamentos e filosofias dos “gurus” da qualidade, incluindo Deming, Juran,

Crosby, Ishikawa, Feigenbaum, entre outros. Antes do início da revisão de 2015 da ISO 9001, a ISO

levou a cabo uma revisão completa destes princípios. Os oito princípios originais têm resistido à

prova do tempo, sendo necessários apenas pequenos ajustes para os atualizar para a próxima

geração de normas de gestão da qualidade. Uma das alterações foi juntar dois dos princípios

originais: “abordagem por processos” e “abordagem sistémica de gestão” num novo e único princípio,

como poderá ser visto mais à frente na secção 6.3. Os sete princípios de gestão de qualidade são

agora os seguintes:

Foco no cliente: o foco primordial da gestão da qualidade é a satisfação dos requisitos dos

clientes e o esforço em exceder as suas expectativas;

Liderança: os líderes estabelecem, a todos os níveis, unidade no propósito e direção e criam

as condições para que as pessoas se comprometam em atingir os objetivos da organização;

Comprometimento das pessoas: pessoas competentes, habilitadas e empenhadas a todos

os níveis em toda a organização são essenciais para melhorar a capacidade de criar e

proporcionar valor;

Abordagem por processos: resultados consistentes e previsíveis são atingidos de modo

mais eficaz e eficiente quando as atividades são compreendidas e geridas como processos

inter-relacionados que funcionam como um sistema coerente;

Melhoria: as organizações que têm sucesso estão permanentemente focadas na melhoria;

Tomada de decisões baseada em evidências: decisões tomadas com base na análise e

avaliação de dados e informação são mais suscetíveis de produzir os resultados desejados;

Gestão de relacionamentos: para um sucesso sustentado, as organizações gerem as suas

relações com partes interessadas relevantes, tais como fornecedores.

Os sete princípios da gestão da qualidade não se constituem como requisitos para o SGQ: são os

fundamentos que levaram ao desenvolvimento dos requisitos na ISO 9001:2015. Assim, são uma boa

ajuda na interpretação dos requisitos e permitem pensar sobre a organização de um modo mais

abrangente do que os requisitos da ISO 9001. Os princípios devem ser considerados e analisados em

conjunto, nenhum é mais importante do que outro ou menos necessário para o alcançar dos

resultados. No entanto, em determinado momento da vida da organização a aplicação e

desenvolvimento de determinado princípio poderá ser mais relevante do que outro. Cabe às

organizações encontrar este balanço.

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Relativamente ao SGQ que se implementou na locadora, esta centra a sua atividade no aluguer

operacional de viaturas sem condutor e na gestão de frotas automóveis. O SGQ foi definido

considerando os seguintes produtos e serviços:

Financiamento e aluguer da viatura pretendida

Gestão de serviços:

- Manutenção

- Pneus

- Assistência em Viagem

- Viatura de Substituição

- Gestão de Combustível

- Seguro e Gestão de Sinistros

- Gestão de Contratos

- Linha de Apoio ao Condutor

Terminação do Contrato e Venda do Usado

Na determinação do âmbito do SGQ, foram considerados os fatores internos e externos bem como

os requisitos de todas as PIR nomeadamente:

Assegurar a disponibilização dos recursos e a formação adequada dos colaboradores para a

prestação dos produtos e serviços de acordo com os requisitos;

Assegurar a continuidade da prestação dos produtos e serviços em caso de situações de

crise através do BCM (Business Continuity Management Process)

Manter um legal watch de forma a assegurar o cumprimento da legislação e a conformidade

dos processos, produtos e serviços;

Definir objetivos comerciais coerentes com a estratégia da empresa.

5.3) Abordagem por processos

5.3.1) Processo

Como consequência e principalmente diante da complexidade da teoria disponível sobre processos

organizacionais, entende-se que, além de realizar o mapeamento dos processos implantados numa

organização, é necessário discutir formas para a sua gestão, visando a implantação de melhorias.

A Figura 9 mostra uma representação esquemática de todo um processo e apresenta a interação

dos seus elementos. Os pontos de verificação para monitoramento e medição, que são necessários

para o controlo, são específicos para cada processo e irão variar em função dos riscos relacionados.

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Figura 9 - Representação esquemática dos elementos de um único processo, de acordo com a Norma ISO

9001:2015 (Fonte: www.iso.org)

Segundo Hooper (2003), uma vez que os processos necessários para o SGQ e suas sequências e

interações tenham sido identificadas, devem-se determinar as responsabilidades referentes à gestão

e ao desempenho desses processos. O autor descreve uma metodologia simples baseada em sete

etapas, conforme a tabela 7 evidencia.

Conforme conclusão do autor, as cinco primeiras etapas apresentadas proporcionam uma

metodologia básica para a gestão do processo. Para que ele seja sustentável, no entanto, é

necessário que a sexta e sétima etapas sejam alcançadas, para que o processo seja implementado

de forma sistémica e de contínua evolução e melhoria, como está patente na tabela 7.

Etapa Descrição Comentários

1ª Estabeleça as

responsabilidades

referentes à gestão do

processo

Independentemente dos sectores e departamentos de uma organização

que tem os seus limites definidos (inclusive responsabilidades), um

processo pode “atravessar” diversas áreas, sendo necessário designar um

“dono do processo” que tenha a visão do todo e principalmente que ocupe

uma posição hierárquica que o permita coordenar todo o processo,

incluindo a garantia de que todos os aspetos de gestão e melhoria do

processo estão a ser cumpridos.

2ª Defina o processo É muito importante que todos os envolvidos no processo tenham a clara

compreensão da sua natureza (início, desenvolvimento e fim). Nesta fase,

podem e devem ser utilizadas as ferramentas da qualidade para apoiar o

mapeamento do processo.

3ª Identifique os requisitos

do cliente

Além de definir claramente o que o cliente espera (saídas do processo), é

necessário estabelecer mecanismos de comunicação permanente com o

cliente. Além disso, sempre que possível, valide os requisitos do cliente

com o próprio cliente.

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4ª Estabeleça medidas de

desempenho

Traduza as necessidades e os requisitos dos clientes em medidas de

desempenho. Ligar diretamente as medidas de desempenho do processo

às necessidades dos clientes é um dos aspetos mais eficazes da gestão do

processo.

5ª Compare o desempenho

do processo com os

requisitos dos clientes

Utilize as medidas de desempenho do processo para assegurar-se de que

o processo está a funcionar de maneira estável e previsível.

6ª Identifique oportunidades

de melhoria

Utilize as lacunas de desempenho do processo em oposição às

necessidades do cliente para determinar oportunidades cruciais de

melhoria. Um dos métodos de melhoria da qualidade mais utilizado e

adequado ao enfoque de processos é o modelo PDCA (planear, fazer,

verificar e agir).

7ª Melhore o desempenho

do processo

Selecione as oportunidades de melhoria, utilize as ferramentas adequadas,

implemente e acompanhe essas melhorias, corrigindo o rumo a seguir e

visando a melhoria contínua do processo.

Tabela 7 - Metodologia de gestão e melhoria de processos segundo Hooper (2003)

5.3.2) Processos na empresa auditada

O documento QUA MAN 001 P03 Processos e Responsáveis identifica os procedimentos da

empresa e os incluídos no âmbito do SGQ, os responsáveis e a ID respetiva. A informação está

disponível para consulta, na intranet. O SGQ está implementado, é mantido e revisto de forma regular

e permanente para cumprir com os requisitos da Norma ISO 9001:2015 e das PIR. A eficácia do SGQ

e dos seus processos é revista e melhorada de forma contínua (ponto 7.2.2). Em cada procedimento

estão identificados os requisitos para as entradas, as atividades a realizar e os requisitos para as

saídas, bem como a ID e os responsáveis pelos mesmos. São também considerados os recursos

necessários e assegurada a sua disponibilidade bem como as informações necessárias para a

realização, monitorização e medição dos processos. A sequência dos processos incluídos no âmbito

do SGQ, assim como os Processos Operacionais, de Suporte e do SGQ estão identificados nas

figuras 11,12 e 13.

Estão também definidos os seguintes processos:

Recursos necessários para assegurar o bom e normal funcionamento das atividades bem

como o cumprimento dos requisitos (ponto 7.4);

Responsabilidades e autoridade para cada um dos processos incluídos no SGQ (ponto 7.5);

Riscos e oportunidades, ações corretivas ou de melhoria definidas e implementadas para o

seu tratamento (ponto 7.3.1);

Medição, monitorização e avaliação dos resultados dos processos bem como as ações para a

sua correção ou melhoria (ponto 7.6.1);

Avaliação da melhoria contínua dos processos pela Revisão pela Gestão (ponto 7.6.3);

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A ID que evidencia o cumprimento os requisitos da Norma está identificada nos seguintes pontos:

Política da Qualidade (ponto 7.2.2)

Objetivos do SGQ (ponto 7.3.2)

Descrição do SGQ (será desenvolvido em todo o ponto 7)

Instruções, procedimentos e processos definidos e implementados para assegurar o

funcionamento de forma eficiente das operações e atividades do SGQ, pelos Colaboradores,

quer para cumprimento dos requisitos do Cliente, quer para cumprimento das necessidades e

expetativas de todas as PIR (ponto 7.5.5)

Processo ORG PSU 001 - Permanent Supervision – este processo tem por objetivo verificar o

bom e normal funcionamento das atividades, bem como da informação documentada.

Todo o SGQ da empresa auditada, assim como os inputs e outputs que o mesmo acarreta,

encontra-se ilustrado na figura 10.

Figura 10 - Representação esquemática do SGQ da empresa analisada, de acordo com o manual de qualidade

da própria

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Figura 11 – Processos de suporte da empresa auditada

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Figura 12 – Processos do SGQ

Figura 13 – Processos operacionais da empresa auditada, de acordo com o manual de Qualidade da própria

Analisando os processos acima descritos, verificou-se aquando da elaboração do SGQ a

existência de alguns processos bem definidos quanto à performance do SGQ mas nunca

referenciando a Melhoria de um modo objetivo ou como um fim. Para tal definiu-se o seguinte

conjunto de processos relacionados com a Melhoria (será abordado novamente no ponto 7.7)

conforme a figura 14 evidencia.

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Figura 14 – Processo de ações corretivas e medidas preventivas

5.4) Estrutura da norma ISO 9001:2015

A estrutura da norma ISO 9001:2015, na qual se encontra baseado o SGQ da empresa auditada, é a seguinte:

1) Âmbito

2) Referências Normativas

3) Termos e definições

4) Contexto da organização

5) Liderança

6) Planeamento

7) Suporte

8) Operação

9) Avaliação do desempenho

10) Melhoria

O requisito 7.1.5. – Recursos de Monitorização e Medição da Norma ISO 9001:2015 não é

aplicável, uma vez que a empresa auditada não tem equipamentos de medição para os produtos e

serviços para os quais seja necessário assegurar a respetiva conformidade. A figura 15 representa

graficamente a estrutura de alto nível e texto comum da norma ISO 9001:2015 e a sua relação com o

ciclo PDCA de melhoria contínua:

Figura 15: Relação

Entre a norma ISO

9001:2015 e o ciclo

PDCA

(Fonte: www.iso.org)

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6) Impactos na implementação da norma ISO 9001:2015 nas empresas em geral

e na locadora auditada em particular

6.1) Razões e benefícios da implementação

Os principais objetivos da ISO 9001 são proporcionar uma abordagem sistemática para

incrementar a satisfação do cliente e criar a oportunidade de demonstrar a capacidade de fornecer

consistentemente produtos / serviços de acordo com as exigências dos clientes. A norma ISO

9001:2015 destina-se a fornecer um enquadramento estável dos requisitos para os próximos dez

anos e contemplar as recentes alterações da prática da gestão da qualidade, da tecnologia e do

ambiente de trabalho, cada vez mais complexo e dinâmico, por forma a enquadrar a sua relevância

prática. A norma pretende ser suficientemente genérica, continuando ainda a ser relevante para todos

os tipos e dimensões de organização, independentemente do tipo de indústria ou sector, mantendo

sempre o foco presente numa gestão eficaz dos processos. Outros dois objetivos essenciais são

simplificar a implementação nas organizações e a avaliação da conformidade e simplificar o texto dos

requisitos para garantir uma compreensão idêntica e interpretações uniformes.

Os chamados processos de trabalho, contribuem de um modo significativo para a qualidade dos

seus produtos ou serviços. Uma gestão eficaz da qualidade leva em consideração as necessidades e

as expectativas específicas do seu negócio. Através da orientação por processos um SGQ em

conformidade com a ISO 9001 alicerça o seu negócio e adequa-se às necessidades do seu mercado,

independentemente do tipo de indústria ou sector.

O SGQ certificado de acordo com a norma ISO 9001 especifica quem são os responsáveis pelas

atividades relacionadas com a gestão da qualidade e os procedimentos que devem ser seguidos no

dia-a-dia. A norma impõe metodologias de controlo e fornece de uma forma contínua, orientações

para o desenvolvimento dos processos de melhoria contínua (PMC). Isto garante que a orientação da

qualidade não é um mero exercício isolado mas, uma atividade programada que deve ser seguida por

todos os seus colaboradores no dia-a-dia; a revisão da norma ISO 9001 vem enfatizar ainda mais a

melhoria contínua.

Relativamente à empresa analisada, foi percetível que a empresa apresentava bastante

informação mas de uma forma algo desorganizada e sem processos adequados. Com a

implementação do SGQ procurou-se organizar a informação de uma forma clara, acessível, criando-

se processos adequados para o efeito.

6.2) Dificuldades

Um dos principais fatores que dificultam a implementação de um SGQ por parte das pequenas e

médias empresas é a falta de um diagnóstico de implementação desse sistema. Não conhecer o

quanto deve ser melhorado no sistema de gestão da empresa para a implementação do SGQ pode

também dificultar e atrasar a implementação efetiva do sistema.

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De acordo com Costal e Martins (2011), observa-se que as principais questões consideradas como

obstáculos ou dificuldades para a implantação e manutenção do SGQ são o alto custo para a

implantação da norma, o envolvimento dos colaboradores e da alta gerência, a mudança da cultura

da organização, a falta de tempo ou funcionários para lidar com a gestão da qualidade e a dificuldade

para lidar com a documentação das operações da organização, especialmente com os registos.

Na empresa auditada, muitos dos documentos mostraram-se obsoletos ou incompletos e alguns

colaboradores não se mostraram totalmente disponíveis em explicar detalhadamente as suas

funções, não percebendo assim as vantagens de uma correta implementação de um SGQ.

6.3) Comparação entre a norma ISO 9001:2015 e a norma ISO 9001:2008

Foi acordado em 2012 a revisão da norma internacional para a gestão da qualidade, ISO 9001.

Após a decisão de revisão da norma ISO 9001, em 2012, foi decidido que o primeiro projeto para os

requisitos da norma seria um documento de trabalho (WD0) que surgiu em junho do mesmo ano.

Este documento aparece estruturado de acordo com os requisitos harmonizados da norma ISO, no

1.º projeto de trabalho (WD1) que surgiu meio ano mais tarde. Em junho de 2013, a comissão lançou

o 1.º projeto de norma (CD) seguido do projeto da norma (DIS) um ano depois. A proposta para o

projeto final da revisão da norma ISO 9001 (FDIS) foi apresentada em maio de 2015. A versão

revista, ISO 9001: 2015 publicada em setembro de 2015 substituiu a norma NP EN ISO 9001: 2008.

Para as organizações já certificadas, o período de transição é de três anos, definido a partir da

data de publicação da ISO 9001:2015. Após esses três anos, todos os certificados acreditados tornar-

se-ão inválidos. A partir de março de 2017, uma certificação inicial só será possível segundo a nova

versão e os certificados apenas podem ser emitidos após a realização de uma auditoria e após o

reconhecimento da acreditação do organismo de certificação para esta versão da norma. A

acreditação do organismo de certificação só acontece após publicação da nova norma e para as

auditorias de acompanhamento ou de renovação a realizarem-se entretanto, espera-se que o período

de transição seja mais do que suficiente.

Relativamente a norma ISO 9001:2008, de acordo com Fonseca (2014), há algumas revisões

importantes a assinalar:

O Manual da Qualidade deixou de ser, com este título, um requisito obrigatório mas nada impede

que a organização o tenha. O novo requisito “informação documentada” permite maior liberdade

sobre o modo como pode ser implementado. Cada organização deverá, em função do contexto, dos

riscos e oportunidades, determinar qual o nível de documentação adequado para atingir os objetivos

planeados e fornecer de uma forma consistente bens e serviços conformes e satisfazer os seus

clientes.

O Representante da Gestão já não é um cargo específico mas é requerido que a gestão nomeie

alguém com as funções e responsabilidades do Representante da Gestão (cláusula 5.3) pelo que a

situação se mantém muito semelhante.

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Quanto à Ação Preventiva, a mudança de “ação preventiva” para “riscos e oportunidades”

(cláusula 6.1) é um exemplo de mudança no sentido do modo de pensar da gestão e da abordagem

de governo das organizações (governance). No entanto, as cláusulas 4.1 e 6.1 em conjunto dão

resposta ao requisito da norma ISO 9001:2008 sobre “ações preventivas”, ou seja, o conceito

continua presente mas sem referir a designação.

Relativamente à abordagem da Gestão como um Sistema, os Princípios de Gestão da

Qualidade (PGQ) foram reduzidos de 8 para 7: foi eliminado o princípio “Abordagem da Gestão como

um Sistema”. “Sistemas” e “processos” foram fundidos no novo princípio “Abordagem por Processos”

que se refere à “gestão de processos inter-relacionados”. Um sistema é a gestão de processos inter-

relacionados pelo que embora “Abordagem como um Sistema” não seja um princípio, considera-se

que o novo princípio é mais forte ao redefinir a abordagem por processos como os processos e as

suas inter-relações. A abordagem como um sistema está presente e ainda de uma forma mais clara

nos PGQ.

Quanto à cláusula 10, designada “Melhoria”, há diversos tipos de melhoria além da melhoria

contínua (incremental), como, por exemplo, a melhoria disruptiva (breakthrough improvements e a

reengenharia). A cláusula 10.3 que é intitulada “melhoria contínua” permanece na cláusula 10.3.

A figura 16 ilustra as principais diferenças entre a norma ISO 9001:2008 e a norma ISO 9001:2015:

Figura 16 - Diferenças entre a norma ISO 9001:2008 e a norma ISO 9001:2015

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7) Implementação do Sistema de Gestão da Qualidade na empresa auditada

A Direção da empresa decidiu através da sua estratégia e planeamento das suas atividades,

adaptar o seu sistema de gestão aos requisitos da Norma ISO 9001:2015, como forma de evidenciar

a sua capacidade em fornecer produtos e serviços de acordo com os requisitos dos Clientes e das

PIR e demonstrar o seu objetivo em melhorar o nível de satisfação do Cliente, seguindo critérios e

requisitos reconhecidos a nível internacional.

O âmbito do SGQ abrange o Aluguer Operacional e a Gestão de Frotas Automóveis, segundo a

estrutura organizacional (ponto 3.1) e os processos estabelecidos (ponto 5.3).

A meio de cada ano, a empresa inicia a preparação e revisão do seu Business Plan, dos seus

objetivos e da sua estratégia para o ano seguinte. Neste processo são considerados fatores internos

e externos que influenciam ou podem vir a influenciar a atividade da empresa, a realização das suas

operações, a prestação dos produtos e serviços a Clientes bem como o cumprimento dos requisitos

quer dos Clientes quer das PIR, e por consequência, a sua capacidade para satisfazer as respetivas

necessidades e expetativas. Estes fatores, incluídos no Business Plan, são considerados no

planeamento das atividades, na definição dos objetivos gerais para cada área, bem como na

identificação dos recursos e meios para os atingir.

Os resultados de cada ano, bem como a estratégia da empresa e os objetivos da Qualidade para o

ano seguinte são comunicados internamente a todos os Colaboradores nas reuniões gerais anuais e

na definição dos objetivos anuais para os Departamentos e também para cada Colaborador (ponto

7.4). O desenvolvimento das atividades e os objetivos gerais são medidos e monitorizados ao longo

do ano e os resultados alcançados são comunicados mensalmente à Direção e nas reuniões anuais a

todos os Colaboradores.

Os requisitos do Cliente, as expetativas e as necessidades das PIR bem como os fatores internos

e externos identificados são dinâmicos e por vezes com elevado grau de complexidade, podendo

quando não são cumpridos ou satisfeitos, gerar riscos para a empresa e colocar em causa a sua

capacidade para prestar produtos e serviços em conformidade com os requisitos. Para mitigar esses

riscos e identificar oportunidades de melhoria, a empresa definiu, implementou, mantém e monitoriza

um conjunto de processos para tratamento de riscos e oportunidades (ponto 7.3).

Para a realização das operações (pontos 7.4 Suporte e 7.5 Operação), a empresa identificou,

disponibilizou e mantém os recursos necessários e um sistema de controlo interno - Permanent

Supervision - de forma a identificar riscos e oportunidades de melhoria em cada processo bem como

a mitigar riscos e minimizar possíveis efeitos negativos que estes possam originar, quer para a

empresa, quer para os Clientes e outras PIR.

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7.1) Necessidades e expetativas das partes interessadas relevantes

As PIR determinadas pela empresa são em geral, os seus Stakeholders, nomeadamente:

• Cliente, Utilizador (condutor da viatura), Parceiro de negócio, Prestador Externo, os

Colaboradores, o Legislador e o Grupo.

As expetativas das PIR são consideradas no planeamento e na estratégia da empresa durante a

preparação do Business Plan e são identificadas no decorrer dos contatos e comunicações

estabelecidas entre as partes, nomeadamente:

• Nos contratos e acordos celebrados com Parceiros e Prestadores de Serviços

• Nos pedidos e solicitações dos Clientes, Utilizadores, Parceiros e Prestadores de Serviços

• Na avaliação individual de cada Colaborador

• Na legislação emitida e aplicável à atividade da empresa

• Nas diretivas do Grupo

7.2) Liderança

7.2.1) Liderança e Compromisso

O compromisso da Direção da empresa com o SGQ e o enfoque no Cliente são evidenciados

através de:

• Determinação de OQ e implementação de uma PQ consistentes com os objetivos

estratégicos (Business Plan, Reuniões Gerais, PQ)

• Comunicação dos OQ e da PQ e da sua importância (Reuniões Gerais, Evaluation,

Leadership Model)

• Integração e manutenção da PQ no SGQ e nos processos da empresa

• Incluir a eficácia do SGQ nos objetivos da empresa (Evaluation, Permanent Supervision)

• Promoção de uma cultura de risco na gestão dos processos internos e de melhoria continua

(Risco Operacional, Permanent Supervision, Business Continuity Management)

• Disponibilização dos meios técnicos e humanos necessários para a implementação e

manutenção do SGQ

• Compromisso dos Colaboradores e da Direção com a PQ, com a eficácia do SGQ e com a

conformidade dos requisitos

• Suporte às funções relevantes da Liderança e na implementação e manutenção do SGQ

• Implementação de um Leadership Model, promovido pela Direção de Recursos Humanos,

com o envolvimento das Direções de cada Departamento

• Implementação e manutenção de uma cultura de prevenção de risco e de um sistema de

gestão de risco que visa determinar e tratar os riscos que podem afetar a eficácia do SGQ assim

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como a conformidade dos produtos e serviços com os requisitos quer do Cliente, quer das PIR,

nomeadamente através de:

• ORG OPR 001 Risco Operacional

• Business Continuity Management

• ORG PSU 001 Permanent Supervision

• ADM QUA 001 Gestão e Tratamento de Reclamações

• Legal Watch – acompanhamento da legislação aplicável ao setor de atividade

• Realização de inquéritos de Satisfação aos Clientes, análise e tratamento dos resultados para

melhoria do nível de satisfação dos Clientes (ponto 7.6.1).

7.2.2) Política da Qualidade

A PQ foi definida e aprovada pela Direção, é disponibilizada a todas as PIR através do site onde é

mantida como ID. É comunicada a todos os Colaboradores através de email, da intranet e da

Professional Network do Grupo. A PQ é revista com uma frequência mínima anual e aprovada pela

Direção aquando da Revisão pela Gestão (ponto 7.6.3), sendo posteriormente comunicada a todas as

PIR.

7.2.3) Funções, responsabilidades e autoridade

As responsabilidades pelo SGQ estão definidas e são atribuídas à Direção de Organização. As

responsabilidades de cada Departamento e processo estão claramente definidas quer pela

Procuração de Poderes (delegação interna de poderes, mantida como ID e atualizada pelo

Departamento Jurídico com aprovação do Diretor Geral), quer pelas Descrições de Funções de cada

Colaborador (ponto 7.4.2). Os Procedimentos internos referem as responsabilidades de cada

interveniente no processo. O enfoque no Cliente é evidenciado quer pela PQ, quer pelo Leadership

Model (ponto 7.2). A Direção de Organização é responsável pela manutenção, avaliação do

desempenho, implementação de alterações e melhoria contínua do SGQ, conforme determinado pelo

Diretor Geral.

7.3) Planeamento

7.3.1) Ações para identificar riscos e oportunidades

Considerando os fatores internos e externos identificados aquando da definição da Estratégia e do

Planeamento e o risco de poderem afetar ou condicionar os objetivos que se pretendem alcançar ou

as expetativas das PIR, a empresa determina, implementa e mantém um conjunto de processos cujo

objetivo é mitigar esses riscos e assegurar que o SGQ alcança os resultados pretendidos e é

melhorado bem como prevenir eventuais efeitos indesejados, nomeadamente:

• BCM Business Continuity Management Process

o Business Continuity Strategy

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o Business Impact Analysis

o Disaster Recovery Plan

o BCM tests PLanning

• ORG PSU 001 – Permanent Supervision

• ORG OPR 001 – Risco Operacional

• ADM QUA 001 – Gestão e Esclarecimento de Reclamações

• ORG CMP 001 – Compliance and New Products

Através dos procedimentos referidos são também identificadas oportunidades de melhoria do SGQ.

As ações corretivas ou de melhoria que resultem da aplicação dos procedimentos referidos são

registadas nos relatórios que são emitidos, a sua implementação é acompanhada e é mantida como

ID, nomeadamente:

• Relatórios Trimestrais de Permanent Supervision

• Reportes anuais dos testes efetuados ao BCM

• Reportes trimestrais de Risco Operacional

• Reportes trimestrais de Reclamações, Compliance e de Controlo Interno

7.3.2) Objetivos da Qualidade e Planeamento

Os OQ são determinados na revisão anual para preparação do Business Plan, da Estratégia e do

Planeamento. São comunicados através da PQ, das reuniões gerais com os Colaboradores, e são

incluídos nos objetivos de cada departamento, para as funções relevantes. Esta informação fica

disponível para consulta pelos Colaboradores. Os OQ consideram os requisitos das PIR, são

monitorizados e medidos, e os resultados são comunicados ao Grupo, à Direção e aos

Departamentos relevantes. São atualizados aquando da revisão do Business Plan. No Planeamento

dos OQ, são considerados os recursos necessários, as responsabilidades, o prazo para

implementação, a forma de avaliação desses objetivos bem como a sua melhoria continua. Desta

forma, a Direção da empresa considera e assegura a integridade do SGQ durante o processo de

planeamento e de definição da sua estratégia.

7.3.3) Planeamento das alterações

Sempre que, em resultado da Revisão pela Gestão, se determine a necessidade de alterar o SGQ,

as alterações são planeadas, efetuadas e documentadas, considerando nomeadamente o objetivo da

alteração e eventuais consequências, assegurando a integridade do SGQ e identificando os recursos

necessários e disponíveis. As alterações são identificadas nos resultados da Revisão pela Gestão

efetuada ao SGQ.

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7.4) Suporte

7.4.1) Recursos

Os Colaboradores, as infraestruturas e o ambiente de trabalho para a realização das operações

são determinados pela empresa e revistos anualmente de forma a assegurar a sua constante

disponibilidade e garantir o desenvolvimento, manutenção e melhoria contínua da eficiência do SGQ

bem como o aumento do nível de satisfação do Cliente. Na determinação dos recursos, são

considerados os fatores internos e externos que possam afetar a capacidade da empresa no

cumprimento dos requisitos do Cliente e das PIR. Além destes, são considerados também os

prestadores externos para os produtos e serviços que são prestados externamente ou diretamente ao

Cliente. Os Colaboradores têm competências, formação (académica e especifica) e experiência

profissional necessárias para a correta execução das tarefas que lhes são atribuídas. A necessidade

de recursos é avaliada em cada ano (aquando da preparação do Business Plan) e as competências

necessárias desses recursos são determinadas para o processo de recrutamento (externo ou

mobilidade interna). A empresa determina, proporciona e mantém as infraestruturas necessárias

para assegurar a realização das operações e a prestação dos produtos e serviços bem como a sua

conformidade com os requisitos do Cliente e das PIR. Por infraestrutura, entende-se:

• Escritórios e áreas adjacentes;

• Mobiliário e equipamentos de escritório;

• Tecnologia e informação (softwares, aplicações informáticas, sistemas de comunicação,

hardwares (computadores, servidores)); a empresa utiliza apenas software licenciado e o

Departamento de Informática é responsável pela sua constante atualização e manutenção, segundo

os critérios e exigências do Grupo (políticas de Segurança da Informação);

• Viaturas para deslocação em serviço, para utilização dos Colaboradores.

O Diretor de Departamento é responsável por determinar o ambiente de trabalho necessário para

atingir a conformidade com os requisitos do produto no seu Departamento, incluindo recursos

humanos e técnicos. O responsável por assegurar o ambiente de trabalho na empresa é a Direção de

Recursos Humanos e a Direção Geral, que são em conjunto, responsáveis por assegurar as

condições necessárias para a realização das operações, determinadas pelo Diretor do Departamento.

Os requisitos dos Prestadores Externos são determinados contratualmente, e definidos através das

comunicações diárias aquando da prestação dos serviços aos Clientes.

A empresa determinou e implementou processos para monitorizar e medir os recursos,

nomeadamente:

• Recursos Humanos: – Satisfação dos Colaboradores (Employee Barometer, ponto 7.4.1); -

Ações de Formação internas e externas (Plano de Formação sob responsabilidade dos Recursos

Humanos); - Entrevistas (objetivos e avaliação) com a Direção do Departamento; - Entrevistas anuais

com a Direção de Recursos Humanos;

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• Infraestruturas: – as instalações são monitorizadas por uma entidade externa, e o resultado

dessa monitorização, bem como de eventuais anomalias, riscos e oportunidades de melhoria,

constam do Relatório de Saúde, Higiene e Medicina no Trabalho. Este documento pode ser

consultado no Departamento de Recursos Humanos; - as infraestruturas informáticas são geridas

pelo Departamento de IT, e os riscos identificados no ponto 6 deste Manual são monitorizados e

medidos através dos testes efetuados no âmbito do Business Continuity Management;

• Processos: – são medidos e monitorizados através de Permanent Supervision (ORG PSU

001) e dos Indicadores de Desempenho (QUA MAN 001 P03 Processos e Responsáveis); Os

resultados destas ações são reportados pela Direção de Recursos Humanos à Direção Geral e à

Direção da empresa e sempre que necessário, são definidas ações corretivas ou de melhoria a

implementar pelas Direções de cada Departamento. A Direção de Recursos Humanos verifica a

implementação dessas ações, bem como mantém a ID que permite o seu rastreamento.

O programa Starting permite o acolhimento dos novos Colaboradores, e a sua integração na

empresa e no Grupo. O conhecimento necessário à realização de cada tarefa é completado com os

procedimentos que suportam a atividade e que estão identificados no Anexo ao Procedimento QUA

MAN 001 P03 Processos e Responsáveis, e também através de ações de Formação (internas e

externas) cuja evidência está no Plano de Formação sob responsabilidade da Direção dos Recursos

Humanos (pontos 7.4.1. e 7.4.2).

Através do Employee Barometre, inquérito bianual de satisfação efetuado pelo Grupo a todos os

Colaboradores, é avaliado o nível de conhecimento que os Colaboradores têm acerca do Grupo, da

sua subsidiária, do seu departamento, da sua Direção, dos seus objetivos individuais, e do ambiente

geral, incluindo também os valores do Grupo. Os resultados do inquérito são comunicados à Direção

que pode determinar ações corretivas ou de melhoria, cuja implementação fica sob a

responsabilidade de cada Diretor ficando a responsabilidade da verificação da implementação dessas

ações sob a responsabilidade da Direção de Recursos Humanos. Os resultados são também

comunicados aos Colaboradores, pelas Direções respetivas.

7.4.2) Competências

Através da Descrição de funções, a empresa determina as competências necessárias para cada

função e para cada Colaborador. O documento é preparado pelo Diretor de Recursos Humanos em

conjunto com o Diretor de Departamento e é comunicado e assinado pelo Colaborador. Contém

informação sobre os requisitos necessários à função nomeadamente a escolaridade, a formação e a

experiência, e é guardado e mantido atualizado pelo Departamento de Recursos Humanos. A

empresa promove Ações de Formação regulares para manter adequado e melhorar o nível de

competências dos seus Colaboradores. As ações de formação são organizadas de acordo com o

Plano Anual de Formação definido e aprovado anualmente pelo Departamento de Recursos

Humanos em conjunto com a Direção de cada Departamento. A avaliação dos resultados das ações

de formação é efetuada anualmente pela Direção respetiva e durante a entrevista de Avaliação

Individual do Colaborador.

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7.4.3) Conhecimento

A PQ é comunicada a todos os Colaboradores através de e-mail, intranet e Professional Network

do Grupo. Através de ações de formação anuais e presenciais, é assegurado que todos os

Colaboradores tomam conhecimento de:

• Sua contribuição para o SGQ e das mais-valias da sua implementação, manutenção e

melhoria,

• Implicações da não conformidade do SGQ com os requisitos da Norma ISO e da relevância

para o Cliente e PIR.

7.4.4) Comunicação

A Comunicação é efetuada em duas vertentes, sob responsabilidade da Direção de Comunicação:

• Comunicação interna – para Colaboradores, mensalmente através da Newsletter interna

através da Professional Network do Grupo;

• Comunicação externa – para Clientes e PIR, mensalmente através das Newsletters através

do site, Advertising, Press Releases e Eventos;

O Departamento de Organização, assim como o Departamento de Recursos Humanos, efetua

comunicações a nível interno, através de e-mail, da intranet local e pela Professional Network do

Grupo, sempre que necessário. Podem ser também promovidas ações de formação internas em sala

e presenciais, para comunicação aos Colaboradores. Os objetivos estratégicos da empresa e os

resultados alcançados são comunicados aos Colaboradores através de reuniões gerais, com uma

frequência mínima anual.

7.4.5) Informação documentada (ID)

A empresa definiu, implementou e mantém o SGQ em conformidade com a Norma ISO 9001:2015.

O SGQ encontra-se documentado da seguinte forma:

• ID referida pela Norma - está identificada neste documento

• ID determinada pela empresa - está identificada nos procedimentos identificados no Anexo ao

Procedimento QUA MAN 001 P03 Processos e Responsáveis e disponíveis na Intranet.

O procedimento QUA MAN 001 P02 Informação Documentada define as regras para a criação,

atualização e aprovação de documentos no âmbito do SGQ. Este documento visa o cumprimento dos

requisitos da Norma ISO 9001:2015 e do Grupo, devendo ainda serem considerados os seguintes:

• Regras para a classificação da ID de acordo com o seu grau de confidencialidade ORG

REGRAS Classificacao Informacao

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• Regras para o atendimento presencial de Clientes, Fornecedores e outras PIR incluindo o

tratamento da correspondência (recebida e enviada) - HUM REC 001 Receção, Correspondência e

Serviço Externo

• Regras para o tratamento dos contratos celebrados entre a empresa e as PIR (Clientes,

Fornecedores, Parceiros, entre outros) - DJR GES 001 Gestão e Arquivo de Contratos

• Regras para a validação dos MLA - COM GES 009 Validação de Assinaturas (MLA)

• Regras para o arquivo de cada processo por matrícula – OPE LOG 002 Gestão do Arquivo

Físico das Matrículas

• Regras para a gestão e reporte do sistema de controlo interno do Grupo SG - ORG PSU 001

Permanent Supervision

• Regras, para tratamento da ID que é recebida e emitida em cada processo, estão nos

procedimentos respetivos identificados na lista anexa ao QUA MAN 001 P03 Processos e

Responsáveis do SGQ.

Adicionalmente, os procedimentos documentados incluem as regras para a sua utilização,

identificação do destinatário e são disponibilizados na intranet. A ID é sujeita a back up regular

efetuado de acordo com as normas do Grupo (Business Continuity) pelo Departamento de Informática

de forma a assegurar a sua integridade e a minimizar riscos originados pela potencial perda de

informação relevante (ponto 7.3.).

7.5) Operação

A empresa define, implementa e mantém um conjunto de processos e de atividades que interagem

entre si, e que visam assegurar o fornecimento dos produtos e serviços aos seus Clientes, garantindo

ao mesmo tempo, o cumprimento dos requisitos quer dos Clientes, quer das PIR. O processo

esquemático está descrito no ponto 5.3. Os processos dividem-se em três grupos distintos, com

propósitos e objetivos distintos:

• Processos de Gestão (Planeamento e Estratégia) - conjunto de atividades coordenadas entre

si que asseguram a direção e o controlo da atividade e das operações. Participam e contribuem para

a determinação, a elaboração de políticas e definição de objetivos e asseguram a mensuração, a

medição e a monitorização da coerência entre os processos de realização e de suporte. Contribuem

também para a identificação de riscos e oportunidades e definição de ações para assegurar a

conformidade com os requisitos do Cliente, e de todas as PIR. Estes processos têm por objetivo a

melhoria contínua do SGQ: Planeamento e Estratégia e Controlo Interno e Auditoria

• Processos de Realização - agrupam as atividades dedicadas ao ciclo de vida dos produtos e

serviços, são sequenciais e interagem entre si, gerando valor para o Cliente. São eles:

o Propostas / Aceitação

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o Encomendas e Entregas

o Serviços durante a vigência do contrato :

- Manutenção e Pneus

- Viatura de substituição

- Assistência em Viagem e LAC

- Combustível e Via Verde

- Multas e IUC

- Gestão de contratos

- Documentação da viatura

- Gestão de seguros e de sinistros

- Faturação a clientes e gestão de fornecedores

o Terminação de contratos

• Processos de Suporte - apoiam o negócio suportando Processos de Gestão e Realização.

A sua função é contribuir para o bom funcionamento dos outros processos fornecendo os recursos

necessários de forma transversal. Geram valor para as PIR e são eles:

o Design e desenvolvimento de novos produtos e serviços

o Comunicação interna e externa

o Recursos Humanos

o Prestadores Externos e Compras

o Análise de Crédito

o Gestão de Reclamações

o Inquéritos de Satisfação

o Processos do SGQ

• Performance do SGQ

• Melhoria Continua

• Controlo dos Recursos

• Controlo da Informação Documentada

Os processos e requisitos, os critérios de realização e os indicadores para medição do

desempenho dos processos estão definidos no Procedimento QUA MAN 001 P03 Processos e

Responsáveis.

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7.5.1) Planeamento e Controlo operacional

A empresa planeia e implementa um conjunto de processos e de atividades (ponto 5.3.) para que,

quer sejam realizados internamente quer sejam pelos Prestadores Externos, cumpram os requisitos

necessários para a prestação dos produtos e serviços aos Clientes. Esses processos e atividades

estão identificados no Anexo I do Procedimento QUA MAN 001 P03 – Processos e Responsáveis.

Cada um dos documentos refere também os critérios para aceitação dos produtos e serviços, os

recursos necessários (técnicos, ID) para a sua realização em conformidade com os requisitos

definidos. Define ainda um conjunto de controlos que visam assegurar que as operações cumprem os

requisitos definidos pelo Cliente e pelas PIR e que os riscos e oportunidades identificados são

tratados. Os controlos são realizados no âmbito do Procedimento ORG PSU 001 - Permanent

Supervision e dos seus resultados podem ser emitidas ações corretivas ou de melhoria, que são

depois incluídas e acompanhadas através do Relatório da Permanent Supervision.

7.5.2) Requisitos para os produtos e serviços

A comunicação com o Cliente é efetuada de forma permanente e constante, pelos diversos

departamentos envolvidos na prestação de produtos e serviços, nomeadamente através de:

• Disponibilização de informação permanente e atualizada sobre produtos e serviços pelo Dep.

Marketing no site da empresa e em Brochuras Comerciais / Meios Comerciais / Newsletter mensal

• Acompanhamento permanente pelos Departamentos Operações e Comercial:

Das encomendas em carteira: - gestão de eventuais aditamentos ou alterações com

origem quer no Cliente quer no Prestador Externo;

Dos contratos a decorrer: - gestão diária dos produtos e serviços contratados; -

gestão das alterações contratuais solicitadas; - acompanhamento e apresentação de

soluções alternativas;

• Realização regular pelo Departamento Marketing, de questionários e inquéritos de satisfação

ao Cliente e utilizadores

• Obtenção de retorno da informação prestada ao Cliente incluindo a proveniente da Gestão de

Reclamações

A comunicação com o Cliente está definida e é assegurada através dos seguintes procedimentos:

• HUM REC 001 - Atendimento Visitantes e Tratamento de Correspondência

• COM GES 001 – Criação de Prospetos

• COM GES 002 – Criação de Clientes

• COM GES 009 – Validação de assinaturas (MLA)

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• COM GES 004 – Gestão de Encomendas e de Entregas

• ADM QUA 001 – Gestão de Esclarecimentos e Reclamações

• Procedimentos da Gestão de Contratos, que realizam alterações aos produtos e serviços por

solicitação do Cliente ou do Departamento Comercial;

• Procedimentos da Logística, que fornecem os serviços solicitados pelo Cliente e a

documentação necessária para a circulação da viatura;

Os requisitos necessários para os produtos e serviços são determinados aquando do seu D&D,

constam no NPR e posteriormente na informação que é disponibilizada acerca dos mesmos. Incluem

os requisitos legais e estatutários, os que a empresa ou os seus Prestadores Externos considerem

necessários e aqueles que forem identificados como sendo relevantes para o Cliente. Os pedidos

dos Clientes são rececionados pelo Departamento Comercial e materializam-se numa Proposta de

Serviços ou num Pedido de Alteração contratual. A empresa definiu procedimentos e controlos para

verificar que os requisitos do Cliente são cumpridos, assim como a informação documentada

necessária para evidenciar essa conformidade, nomeadamente:

• OPE ENC 001 – Encomendas e Entregas

• Procedimentos de Gestão de Contratos

• Procedimentos de Logística

• ADM QUA 001 – Gestão e Tratamento de Reclamações

Antes de fornecer produtos ou serviços aos Cliente, a empresa revê os requisitos e a sua capacidade

de fornecimento, através de:

• Reuniões internas ou com os Clientes, contactos telefónicos ou e-mail para assegurar que os

requisitos estão bem identificados.

Os resultados desta revisão são registados internamente nas diversas bases de dados (Sales

Force (CRM), Declease (sistema principal), e-mail) e nos restantes sistemas e aplicações que são a

base para o fornecimento dos produtos e serviços ao Cliente e que estão identificados em cada

procedimento. A assinatura do Cliente no Contrato de Condições Gerais (MLA - Master Lease

Agreement), na Proposta de Serviços, na Proposta de Alteração de Serviços confirmam a revisão

final dos produtos e serviços a fornecer assim como a sua conformidade. A ID que evidencia a

revisão que é efetuada aos requisitos dos produtos e serviços está indicada nos seguintes

procedimentos:

• ADM QUA 001 – Gestão e Esclarecimento de Reclamações

• COM GES 001 – Criação de Prospetos

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• COM GES 002 – Criação de Clientes

• ORG PSU 001 - Permanent Supervision

• QUA MAN 001 P03 – Processos e Responsáveis

• OPE ENC 001 – Encomendas e Entregas

• Procedimentos da Gestão de Contratos

• Procedimentos da Logística

Sempre que solicitado pelo Cliente ou pelas PIR, podem ser efetuadas alterações aos requisitos

dos produtos e serviços. Quando tal ocorre, a respetiva ID é atualizada e as partes envolvidas

informadas, conforme definido nos procedimentos referidos no ponto anterior.

7.5.3) Design e Desenvolvimento de Produtos e Serviços

A empresa implementou e mantém um Procedimento ORG CMP 002 Compliance e Novos

Produtos, que cumpre os requisitos do Grupo e os da Norma ISO 9001:2015 para o design e

desenvolvimento de novos produtos e serviços. A Direção de Organização é responsável por verificar

que os requisitos são cumpridos e pelas comunicações com o Grupo. O Gestor de Produto é

responsável por aplicar a metodologia definida no D&D de cada novo produto ou serviço que for

incluído no Plano de Marketing elaborado em cada ano pela Direção de Marketing. O NPR (New

Product Report) é o documento que deve ser utilizado desde o design, passando pelo

desenvolvimento até à sua aprovação e disponibilização no portefólio de produtos e serviços para os

Clientes. O NPC (New Product Committee) é o comité interno que acompanha o D&D desde a

conceção inicial até à conclusão e disponibilização para os Clientes. A ID a manter, as entradas, os

controlos, as saídas, as revisões e verificações necessárias em cada uma das etapas estão

identificadas no NPR e são validadas em cada NPC, conforme o planeamento efetuado. A ID é

arquivada pelo gestor de Produto e pela Direção de Organização, responsável pelo Compliance. As

responsabilidades e a autoridade necessárias ao D&D do produto ou serviço constam no NPR e são

ajustadas às características dos produtos/serviços existindo contudo, um conjunto de elementos

permanentes no NPC, de acordo com os requisitos do Grupo.

7.5.4) Controlo dos processos, produtos e serviços fornecidos por Prestadores

Externos

Para assegurar que os produtos e serviços fornecidos por Prestadores Externos cumprem os

requisitos dos Clientes e das PIR, estes passam por um processo de identificação e de seleção,

incluindo a avaliação, definido nos seguintes procedimentos:

• QUA MAN 001 P01 – Compras - Princípios Gerais

• ORG KYC 001 – Contratação e Third party agreements

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• DAF CRE 002 – Análise de Risco de Crédito

• OPE ENC 001 – Encomendas e Entregas

• DAF BDA 001 – Abertura e gestão de BD de Fornecedores

• ORG PSU 001 - Permanent Supervision

Estes procedimentos definem os critérios para a seleção, os requisitos para a contratação,

formalização e avaliação dos Prestadores Externos de produtos e serviços, quer sejam prestados

diretamente ao Cliente em nome da empresa, quer sejam para incluir nos produtos e serviços

prestados pela empresa ao Cliente. Incluem ainda a avaliação da capacidade e competência do

Prestador Externo para fornecer os produtos e serviços e garantir a conformidade com os requisitos

do Cliente e das PIR. O processo de Compra de viaturas novas é gerido pela Direção de Operações,

que define os requisitos, os critérios, a contratação, a avaliação dos fornecedores de viaturas. No

âmbito do serviço Manutenção e Pneus, o de maior relevância no conjunto de serviços prestados pela

empresa, os seus Prestadores Externos são avaliados anualmente, cf. definido em QUA MAN 001

P05 - Compras, Princípios Gerais e OPE MAN 001 – Manutenção e Pneus, sendo a Rede

Preferencial de Fornecedores atualizada com base nessa avaliação. O serviço Linha de Apoio ao

Condutor é prestado por entidade externa com a qual foi definido um SLA (Service Level Agreement),

com relatórios mensais sobre as atividades e serviços prestados bem como da sua conformidade

com os requisitos definidos no SLA. A ID necessária para assegurar a conformidade com os

requisitos está definida nos documentos acima referidos.

A empresa planeia o fornecimento de produtos e serviços solicitados pelos Clientes em condições

controladas, nomeadamente através de:

• Disponibilização de informação com as características do produto ou serviço ao Cliente

através da Proposta de Serviços e da Confirmação de Encomenda;

• Disponibilização dos requisitos do Cliente ao Prestador Externo através da Nota de

Encomenda;

• Disponibilização das instruções de trabalho e procedimentos documentados aos

Colaboradores;

• Disponibilização de recursos, implementação e monitorização dos serviços prestados;

• Implementação de procedimentos para entrega do produto e utilização dos serviços, ao

Cliente;

• Definição e implementação de controlos para monitorizar e medir de forma permanente, a

qualidade dos serviços prestados por Prestadores Externas; e em consequência, definição e

implementação atempada de medidas preventivas ou corretivas que permitam mitigar riscos

resultantes dessa monitorização (ponto 7.5.7).

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A empresa definiu nos seguintes processos, controlos para verificar que os requisitos do Cliente

são cumpridos sempre que os produtos e serviços são fornecidos por entidades externas,

nomeadamente:

• OPE ENC 001 – Encomendas e Entregas

• Procedimentos da Logistica

• Procedimentos da Gestão de Contratos

• ORG PSU 001 - Permanent Supervision

Os produtos e serviços são verificados pelo Cliente aquando da entrega, e os resultados dessa

verificação constam na Nota de Encomenda e no Auto de Receção, assinados pelo Cliente, cf.

requisito do Procedimento OPE ENC 001 – Encomendas e Entregas. Através das comunicações com

o Cliente (ponto 7.5.2) são também obtidas informações sobre os produtos entregues (serviços

prestados no decorrer do contrato) que ficam registadas nos processos e permitem avaliar o

resultado do produto ou serviço fornecido externamente.

O processo de compra do produto ou serviço para o Cliente é realizado da seguinte forma: a

empresa emite uma Nota de Encomenda através da qual informa o Prestador Externo dos requisitos

do produto ou serviço a adquirir e das respetivas condições de aquisição. Os processos estão

definidos nos procedimentos:

• OPE SOU 001 – Compras de Viaturas novas

• ORG KYC 001 – Contratação e Third Party Agreements

• OPE ENC 001 – Encomendas e Entregas

Além dos documentos acima referidos, a aquisição de produtos e serviços é também realizada

conforme definido em QUA MAN 001 P05 Compras – Princípios Gerais, que identifica ainda a ID

necessária para assegurar a sua conformidade.

7.5.5) Fornecimento de produtos e serviços

A empresa planeia o fornecimento dos produtos e serviços em condições controladas que

consistem no seguinte:

• Disponibilização de informação com as características dos produtos ou serviços aos Clientes:

o Através da informação preparada pelo Departamento de Marketing assim como

documentos contratuais, fichas de produto, brochuras comerciais, e outros, que são

entregues ao Cliente pela área Comercial

o Através da informação disponibilizada através do site da empresa

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• Disponibilização dos requisitos aos Fornecedores:

o Através da Nota de Encomenda com os requisitos do Cliente e obtenção da

confirmação da aceitação do Fornecedor

o Através de comunicações diárias com os diversos prestadores dos serviços para

assegurar que os mesmos são prestados de acordo com as condições contratualizadas entre

as diversas PIR

• Disponibilização de informação de trabalho aos Colaboradores:

o Através dos procedimentos, processos e atividades definidos em cada departamento;

QUA MAN 001 P03 - Processos e Responsáveis

o Através de ações de Formação internas sobre produtos, novos produtos e serviços,

novos processos ou atividades

• Disponibilização, implementação e utilização de meios para monitorização dos serviços

prestados (ponto 7.6.1)

• Disponibilização dos recursos e dos meios necessários para o fornecimento dos produtos e

serviços (ponto 7.4.1)

• Realização de controlos regulares (através do processo Permanent Supervision) cujo objetivo

é verificar que os processos são realizados, que os produtos e serviços são prestados conforme

esperado, e também através de inquéritos de satisfação aos Clientes de forma a avaliar o seu grau

de satisfação com os produtos e serviços

• Implementação e manutenção de uma cultura de controlo de risco de forma a identificar,

reportar, analisar e tratar eventuais não conformidades e mitigar o erro de perdas ou de prejuízos

resultantes dessas não conformidades – Risco Operacional.

A empresa define nos seus processos, as entradas, as atividades, e as saídas esperadas de forma

a assegurar que os requisitos de todas as PIR são respeitados. Todos os produtos e serviços estão

identificados. O seu rastreamento é possível através dos sistemas informáticos.

A informação dos Clientes e PIR é classificada de acordo com o seu grau de confidencialidade,

estando definidas regras para o tratamento da informação, nomeadamente:

• Código de Conduta do Grupo

• Código de Ética da empresa

• COM GES 001 – Criação de Prospetos

• COM GES 002 – Criação de Clientes

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• ORG CMP 001 – Politica Anticorrupção

• ORG SSI 001 - Organização e Segurança dos Sistemas Informação

• QUA MAN 001 P02 - Informação Documentada

• ORG REGRAS Classificação da Informação

• DJR GES 001 – Gestão e Arquivo de Contratos

• OPE LOG 002 - Gestão do Arquivo físico das matrículas

A ID resultante dos processos é preservada, sendo classificada, guardada e mantida de forma a

cumprir com os requisitos definidos pelo Grupo e pela legislação local. Os processos referidos no

ponto anterior identificam a informação a manter bem como a forma de preservação desses dados.

Todos os documentos são mantidos em arquivo digitalizado e enviados para uma empresa externa

de gestão da documentação. Os requisitos das PIR e dos Clientes a cumprir durante e após a

entrega dos produtos e serviços ao Cliente, estão definidos nos procedimentos seguintes:

• OPE ENC 001 – Encomendas e Entregas

• Procedimentos da Gestão de Contratos e da Logística (cf. lista anexa ao procedimento QUA

MAN 001 P03 – Processos e Responsáveis)

• OPE MAN 001 – Manutenção e Pneus

• OPE SER 001 – Gestão da Viatura de Substituição

• OPE TER 001 – Terminações

Estes procedimentos definem os requisitos legais, do Cliente, dos Prestadores Externos e do

Grupo que devem ser cumpridos aquando da entrega de produtos ou da prestação de serviços

solicitados pelo Cliente. A empresa assegura que as operações são realizadas de acordo com os

requisitos definidos, e identifica NC ou potenciais efeitos indesejáveis, bem como o seu registo e

tratamento, no âmbito da Permanent Supervision. Em cada um dos procedimentos referidos no ponto

anterior, estão definidas as atividades para assegurar que as alterações ocorridas durante a

prestação dos serviços são revistas e controladas de forma a assegurar a sua conformidade com os

requisitos. Identificam também a ID necessária para confirmar o resultado da alteração e a

identificação das pessoas que autorizaram / aceitaram as alterações.

7.5.6) Libertação de produtos e serviços

Os produtos e serviços são libertados para o Cliente quando todos os requisitos, necessidades e

expetativas do Cliente e das PIR estão cumpridos, e ocorrem no momento da entrega do produto ou

no momento da prestação dos serviços. Em cada processo (lista anexa ao Procedimento QUA MAN

001 P03 – Processos e Responsáveis) estão definidos os requisitos de verificação para assegurar a

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respetiva conformidade. As autorizações necessárias para a libertação do produto quando não se

encontrem reunidos todos os requisitos, ou sempre que aplicáveis, estão também identificadas nos

procedimentos referidos.

A ID necessária para confirmar essa verificação, a conformidade e a autorização dada, está

também identificada nos procedimentos referidos.

7.5.7) Controlo dos produtos e serviços não conformes

A empresa definiu nos seus processos, as atividades a realizar para mitigar e tratar os riscos de

não conformidade dos produtos e serviços prestados, bem como que asseguram a sua identificação,

controlo e tratamento, nomeadamente:

• ADM QUA 001 – Gestão e Esclarecimento de Reclamações que identifica e trata não

conformidades identificadas nos produtos contratados e serviços prestados e que foram reportadas

pelos Cliente no decorrer da relação comercial;

• ORG PSU 001 - Permanent Supervision para identificação das não conformidades

identificadas nos processos;

• Business Continuity Plan tests para identificar e tratar não conformidades resultantes dos

testes efetuados ao BCP e que visam assegurar a continuidade das operações em caso de

catástrofe;

• ORG OPR 001 – Risco Operacional para identificar e tratar ocorrências de origem interna ou

externa, resultantes de erros de execução, de não cumprimento dos requisitos (legais, estatutários,

do Grupo);

• QUA MAN 001 P03 – Processos e Responsáveis em cada um dos procedimentos são

definidas ações para tratar as NC que sejam detetadas no decorrer dos processos.

A comunicação com o Cliente é assegurada em cada um dos processos referidos, assim como a

ID necessária para cumprimento dos requisitos da Norma, nomeadamente a descrição da NC, as

ações implementadas para o seu tratamento, a autoridade responsável pela decisão. A análise dos

resultados das ações tratadas no âmbito dos processos acima é efetuada, de forma a verificar que os

requisitos (do Cliente, do Grupo, das PIR, da Norma) foram cumpridos.

Também no Contrato de Condições Gerais (MLA) que é assinado entre a empresa e o Cliente,

estão referidas as condições de gestão e prestação dos serviços contratados bem como as condições

para a devolução e entrega do produto, alteração ou cancelamento dos serviços, e a forma para a

recusa dos produtos ou serviços quando não estiverem em conformidade. No Contrato de Condições

Particulares (CCP) assinado entre a empresa e o Cliente, está caracterizado o produto e estão

identificados os serviços e as condições contratuais. No site da empresa, o Cliente encontra

informação atualizada, clara e objetiva sobre os produtos e serviços disponibilizados pela empresa,

que lhes são entregues aquando da fase de contratação. A ID das NC detetadas e das ações

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empreendidas para o seu tratamento está identificada em cada processo da lista anexa ao

Procedimento QUA MAN 001 P03 – Processos e Responsáveis.

7.6) Avaliação do Desempenho

7.6.1) Monitorização, medição, análise e avaliação

A empresa determinou um conjunto de processos que devem ser monitorizados de forma a garantir

através da análise dos resultados dessas monitorizações, que o SGQ cumpre os requisitos das

partes interessadas assim como os objetivos definidos pela empresa e pela Norma ISO 9001:2015.

O Procedimento QUA MAN 001 P03 – Processos e Responsáveis define as responsabilidades e

inclui em anexo, o Mapa de Indicadores e Responsáveis, onde estão definidos para cada indicador, o

método de medição, os objetivos e frequência para a medição, bem como o tratamento a dar aos

resultados. Determina ainda a ID necessária reter para evidenciar a conformidade com os requisitos

da Norma ISO 9001:2015. As ações de melhoria ou corretivas que resultem da análise das medições

efetuadas são registadas e a sua implementação verificada. Os resultados desta análise bem como

das respetivas ações são incluídos na Revisão pela Direção (ponto 7.6.3).

Como o nível de satisfação do Cliente é um indicador importante da eficácia do SGQ e do

resultado das atividades realizadas pela empresa, estão implementados, são mantidos e

monitorizados os seguintes processos:

ADM QUA 001 – Gestão e Esclarecimento de Reclamações

Sempre que ocorra uma manifestação de insatisfação de um Cliente ou sempre que a

intervenção efetuada ou o procedimento adotado não tenha sido o mais adequado, a

empresa contacta o Cliente, trata e responde à sua reclamação, fazendo o registo dessas

reclamações, identificando ações corretivas, assegurando a sua implementação assim como

o registo do tratamento dado às mesmas. No procedimento está definido a ID necessária à

evidência da conformidade do processo. Os resultados deste processo são incluídos na

Revisão pela Gestão e são apresentados à Direção através dos Comités de Direção e/ou dos

Comités de Compliance e Controlo Interno.

Surveys – Inquéritos à satisfação dos Clientes

Uma vez por ano, o Dep. Marketing efetua inquéritos de satisfação aos Clientes (Customer

Surveys). O inquérito é preparado segundo as normas do Grupo, as questões e os Clientes

alvo são validadas pela Direção Comercial e inseridas na plataforma de gestão dos inquéritos

e os resultados são tratados e apresentados à Direção pelo Dep. Marketing, numa reunião de

onde resulta um Plano de Ações com vista a corrigir eventuais não conformidades, riscos ou

produtos não conformes que tenham sido identificados, bem como ações de melhoria ou

oportunidades detetadas. Os resultados dessa reunião são incluídos na Revisão pela Gestão

(ponto 7.6.3) e o Plano de Ações, os responsáveis e datas para implementação, são incluídos

no Plano de Ações Corretivas e de Melhoria no âmbito do SGQ, depois de definidos na

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reunião de apresentação dos resultados dos surveys, sob responsabilidade do Departamento

de Marketing.

Para demonstrar a eficácia e a adequação do SGQ, e também para avaliar onde podem ser

implementadas melhorias, a empresa analisa os dados recolhidos através dos indicadores de

monitorização e medição dos processos, bem como através de outras fontes relevantes,

nomeadamente dos processos: - ORG PSU 001 - Permanent Supervision; - ADM QUA 001 - Gestão

de Reclamações; - ORG POR 001 - Riscos Operacionais; - Surveys efetuados quer aos Clientes,

quer aos Colaboradores; - Avaliação dos prestadores externos no processo QUA MAN 001 P05 -

Compras – Principios Gerais; - QUA MAN 001 P04 – Auditoria Interna ao SGQ. A análise efetuada a

estes dados em cada um dos processos, deve proporcionar informação que permita avaliar:

Conformidade dos produtos e serviços com os requisitos definidos;

Apreciação do grau de Satisfação do Cliente;

Desempenho e eficácia do SGQ;

Resultados do planeamento efetuado para o tratamento dos riscos e oportunidades; A

eficácia das ações implementadas para tratar riscos e oportunidades que tenham sido

detetadas;

Dados sobre os Prestadores Externos;

As necessidades de melhoria do SGQ; Os dados recolhidos assim como o resultado da

análise que é efetuada no âmbito de cada um dos processos, são recolhidos e incluídos na

Revisão pela Gestão (ponto 7.6.3).

Os indicadores de desempenho da empresa auditada podem dividir-se de acordo com a figura 17.

Indicadores da Qualidade da empresa auditada

Grau de satisfação dos clientes Reclamações

Customer Survey

Processo de auditoria ao SGQ Auditoria ao SGQ

Auditoria aos processos do SGQ

Processos do SGQ Recursos Humanos

Comercial, operações e financeiro

Figura 17 – Divisão/distribuição dos Indicadores da Qualidade da empresa auditada

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Alguns dos indicadores de desempenho da empresa analisada encontram-se na figura 18.

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Figura 18– Alguns indicadores de desempenho da empresa auditada

No que se refere às reclamações dos clientes, antes da implementação do SGQ, só existiam o

1.01 e o 1.02. Achou-se por bem acrescentar os indicadores 1.03 e o 1.04 de modo não só a avaliar o

número total de reclamações como também a eficiência na resolução das mesmas. Quanto ao

customer survey (inquérito anual aos clientes), ao elaborar o SGQ, acresentou-se o indicador 1.07 de

modo a avaliar a percentagem de recomendação ou não por parte dos clientes. No que se refere ao

processo de auditoria e controlo interno, adicionaram-se os indicadores 2.03 e 2.07 pois achou-se

vital a verificação da implementação das acções correctivas, assim como a recorrência de anomalias

identificadas na Permanent Supervision. Na formação dos recursos humanos passou a avaliar-se a

percentagem de colaboradores que foram formados (indicador 3.03). Alguns dos indicadores não

puderam ser medidos, sendo especificados na figura 19.

Indicadores cuja medição não foi possível

Qualidade do atendimento - Central telefónica

Taxa de abandono de chamadas N.º de chamadas efetuadas para o numero geral abandonadas vs número total de chamadas atendidas (em horário normal de funcionamento)

Recebimentos Delay no envio da fatura do Cliente ao banco

Delay entre data de envio ao banco do ficheiro para cobrança e data de emissão de fatura

Terminações

Prazo médio de disponibilização do relatório de peritagem da viatura

Delay entre a "Data de entrada no parque de recolha" e a "Data de disponibilização do relatório de peritagem" pela empresa de peritagens

Assistência Comercial N.º de Visitas Comerciais (Canal Corporate)

N.º de Visitas realizadas por cliente corporate no ano N

Figura 19 – Indicadores da empresa auditada cuja medição não foi possível

7.6.2) Auditoria Interna

Anualmente, são efetuadas auditorias em todas as áreas e processos incluídos no âmbito do SGQ,

para assegurar a efetiva implementação e manutenção do SGQ, e a sua conformidade com os

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requisitos (da empresa, da Norma ISO 9001:2015, do Grupo e das restantes PIR). O procedimento

QUA MAN 001 P04 - Auditoria Interna SGQ foi criado de forma a cumprir com os requisitos da Norma

ISO 9001:2015 e tendo como base de referência a Norma ISO 19011:2012. Os resultados da

Auditoria ao SGQ são incluídos na Revisão pela Gestão (ponto 7.6.3). Através do procedimento

ORG PSU 001 – Permanent Supervision, são efetuados controlos aos processos, com o objetivo de

verificar que as atividades são realizadas e que são realizadas de acordo com o preconizado nos

procedimentos e nas normas do Grupo. Destes controlos resultam relatórios trimestrais, com

identificação de não conformidades, e a identificação para cada uma, das ações corretivas

necessárias, das datas de implementação e dos responsáveis. O objetivo deste processo Permanent

Supervision visa mitigar eventuais riscos bem como detetar potenciais oportunidades de melhoria em

cada processo / atividade.

É apresentado em seguida na figura 20 o relatório de não conformidades da auditoria interna

realizada no final de 2015.

Relatório de não conformidades

Ponto da Norma ISO 9001:2015 onde se verificou a não conformidade:

4.4.1; 8.4.1; 9.2.2; 9.3.2

Documento do SGQ onde os requisitos da norma não foram cumpridos

Descrição da não conformidade (preenchido pelo Auditor)

4.4.1 – Os processos principais estão identificados, alguns não estão atualizados 8.4.1 – A empresa não enviou o questionário de avaliação aos fornecedores 9.2.2 – Foi efetuada apenas uma auditoria para verificar o cumprimento dos requisitos da norma ISO – a primeira auditoria no âmbito da Qualidade. 9.3.2 – A Revisão pela Gestão não incluiu os resultados de auditoria ao SGQ, nem da avaliação dos Fornecedores;

Causas da não conformidade (preenchido pelo Auditado)

4.4.1 – A empresa tem em curso um plano para a revisão dos processos: documentação de todos os processos, simplificação, desmaterialização. 8.4.1 – O SGQ foi implementado recentemente- Os dados dos Fornecedores não estão disponíveis e é necessário, para sua utilização, efetuar a comunicação ao CNPD e obter o consentimento do titular dos dados para a sua utilização. O processo já está implementado mas os inquéritos só serão possíveis de enviar em Janeiro/16. 9.2.2. - O SGQ foi implementado em 2015; O processo foi implementado durante 2015 e no final do ano fez-se uma auditoria. Os processos são auditados trimestralmente (Permanent Supervision); as reclamações são analisadas trimestralmente; os inquéritos aos Clientes são efetuados há vários anos. 9.3.2. A auditoria ao SGQ foi efetuada posteriormente à Revisão; a avaliação dos fornecedores está já prevista no planeamento do SGQ para Q12016; - A Revisão p/ Gestão foi efetuada no início de Dezembro; os resultados serão apresentados na próxima reunião.

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Ações Corretivas e Preventivas (preenchido pelo Auditado)

4.4.1. Continuar a revisão dos processos 8.4.1 – Concluir requisito legal (comunicação/autorização do CNPD; autorização dos Fornecedores); - Proceder ao envio dos inquéritos de avaliação aos Fornecedores, obter os dados e analisar. 9.2.2. – Definir o Plano de Auditoria ao SGQ para o ano 2016. 9.3.2. – Planear nova Revisão pela Gestão, intercalar com o objetivo de incluir os resultados dos inquéritos e das auditorias.

Data prevista de implementação (indicada pelo Auditado)

4.4.1 processos principais - 31/12/2016 – Responsável pela Qualidade 4.4.1 processos restantes - 30/06/2017 – Responsável pela Qualidade 8.4.1. 28/02/2016 – Responsável pelo Inquérito; responsável pela conclusão do processo; 9.2.2 – 31/03/2016 – Responsável pela Qualidade 9.3.2 – 30/06/2016 – Responsável pela Qualidade

Conclusões do Auditor quanto às Acções Correctivas e Preventivas

O SGQ foi implementado de forma a cumprir com os requisitos mínimos da Norma ISO 9001 durante o ano 2015. Existe o compromisso por parte da Direção para a melhoria contínua dos processos, dos sistemas e da informação que será visível por tal, os pontos assinalados serão resolvidos no próximo ano.

Figura 20 – Relatório de não conformidades da auditoria interna realizada no final de 2015

7.6.3) Revisão pela Gestão

A Direção da empresa revê o SGQ com uma frequência mínima anual, de forma a assegurar a sua

contínua adequabilidade, eficácia e alinhamento com os objetivos estratégicos da empresa. A revisão

do SGQ inclui avaliar potenciais oportunidades de melhoria e de mudança ao SGQ, incluindo a PQ e

os OQ. O planeamento, o conteúdo da agenda da reunião, os objetivos e os resultados esperados,

estão definidos no procedimento QUA MAN 001 P06 Revisão pela Direção. As ações corretivas ou de

melhoria daí resultantes são incluídas no Plano de Ações corretivas e preventivas e comunicados aos

responsáveis. No seguimento da filosofia TQM, elaborei um documento evidenciado na figura 21 que

reflete a importância da Direção na implementação do SGQ na empresa em questão.

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Figura 21 – Esquema que reflete a Revisão pela Gestão na empresa auditada

7.7) Melhoria

A empresa identifica oportunidades de melhoria nos processos e implementa as ações necessárias

para cumprir com os requisitos do Cliente e aumentar o seu grau de satisfação, nomeadamente

através da Permanent Supervision. Procura melhorar os seus produtos e serviços de forma a cumprir

com os requisitos do Cliente e com as necessidades e expetativas das PIR através dos Inquéritos

efetuados anualmente aos Clientes. Previne a ocorrência de efeitos indesejáveis que possam afetar a

qualidade dos seus produtos e serviços através do Business Continuity Plan, da Gestão das

Reclamações e, no decorrer da realização dos processos, pela identificação, análise e

implementação de ações preventivas que permitam mitigar e reduzir eventuais riscos (tratados no

âmbito dos Riscos Operacionais) que possam ser originados pelos fatores internos e externos

identificados no seu contexto e pela Permanent Supervision (já referida).

As NC são analisadas, assim como as suas causas e consequências e com base nessa

informação, são definidas ações corretivas e verificada a sua implementação, através de vários

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procedimentos onde constam atividades para o tratamento de não conformidades detetadas durante

a realização dos processos, nomeadamente:

ORG PSU 001 – Permanent Supervision

OPE SOU 001 – Compra de viaturas novas

ORG KYC 001 – Contratação e Third Party agreements

QUA MAN 001 P04 – Auditoria Interna ao SGQ

ADM QUA 001 – Gestão e Esclarecimento de Reclamações

QUA MAN 001 P03 – Processos e Responsáveis do SGQ

ADM QUA 001 – Tratamento de Reclamações

ORG POR 001 – Risco Operacional

ORG CMP 001 – Compliance e Novos Produtos

Para assegurar que as ações implementadas são apropriadas, adequadas e eficientes no âmbito

do SGQ, são definidos ainda, nos documentos referidos, os requisitos necessários para,

nomeadamente:

Determinar as causas, avaliar possíveis ações preventivas para a não repetição das NC;

Efetuar a revisão das NC (incluindo as provenientes de Reclamações de Clientes) e

acompanhar a efetiva implementação das ações corretivas;

Determinar e implementar ações corretivas necessárias para corrigir as NC

Registar e rever os resultados dessas ações;

Atualizar os riscos e oportunidades identificados no planeamento, sempre que a causa ou a

consequência estiver relacionada com esses riscos e oportunidades;

Propor alterações ao SGQ se necessário, através da Revisão pela Gestão.

Nos processos atrás referidos estão mencionadas as ID que permitem evidenciar o tratamento

dado às NC detetadas e o resultado dessas mesmas ações. A informação acerca das NC (incluindo

ações corretivas e resultados) é incluída na Revisão pela Direção (ponto 7.6.3).

A promoção da melhoria contínua do SGQ e da sua eficácia é efetuada de forma constante e

verificada através da análise efetuada no processo de Revisão pela Gestão (Cf. Ponto 7.6.3),

nomeadamente através de:

Atualização e comunicação da PQ (ponto 7.2.2)

Nos preparativos (recolha e análise de dados para preparação) do processo Business Plan

Avaliação dos Resultados das Auditorias Internas (ponto 7.6.2)

Análise dos dados das monitorizações efetuadas (ponto 7.6.1)

Tratamento das NC e das AC (ponto 7.7 e ponto 7.3.1).

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8) Certificação ISO 9001

8.1) O que é a certificação?

Segundo Pinto (2010), quando uma organização assume o compromisso com a eficácia e

transparência dos processos, segurança nos produtos e sistema, preocupação ambiental, saberá que

a certificação é uma ferramenta que permite o reconhecimento sólido por parte dos clientes e outras

partes interessadas, assim como, um instrumento para o processo de melhoria contínua. Para a

generalidade das organizações, esta etapa constitui a meta final de todo o processo, ponto em que a

entidade certificadora assegura (certifica) que o sistema cumpre os requisitos do referencial

normativo. Assim, o sistema garante aos clientes (internos e externos), à gestão de topo e a todas as

partes interessadas que as atividades da organização se processam de modo controlado, de acordo

com o previsto e estabelecido pela norma.

Para a certificação NP EN ISO 9001, o SGQ de cada organização deve satisfazer os seguintes

requisitos:

Orientação para os processos: As tarefas são consideradas como processos, as quais

deverão apresentar resultados e portanto, necessitam de entradas (inputs). Ao fazê-lo, o

resultado desejado (output) é planeado, desenvolvido e implementado;

Orientação para o sistema: A empresa aprende a compreender as interdependências de

todos os processos e para as reconhecer terá encarar o todo como um sistema;

Melhoria contínua: A função principal de cada organização é melhorar continuamente. Estas

ações de melhoria contínua seguem o modelo PDCA. Este modelo, como é natural e descrito

na figura 8, implica aprendizagem contínua;

Abordagem factual para a tomada de decisão: As decisões desenvolvidas são baseadas

na análise sistemática de dados e informações, isto é, são baseadas em factos.

O Procedimento para a Certificação ISO 9001 segue diferentes etapas:

1. Pré-auditoria (opcional): Os auditores realizam uma avaliação preliminar do seu sistema.

Avaliam os requisitos da norma NP EN ISO 9001, que se encontram implementados na sua

organização de uma forma considerada satisfatória.

2. Auditoria de Certificação: O processo de certificação acontece em duas fases. A equipa

auditora avalia se a documentação do seu SGQ está em conformidade com a norma e

posteriormente, a organização demonstrará a sua aplicação prática e a eficácia do seu SGQ.

3. Emissão do Certificado: Após a auditoria de certificação e depois de validado o seu

processo de certificação com sucesso, a sua organização recebe o certificado. O certificado

demonstra o cumprimento das normas e operacionalidade do seu SGQ.

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72

4. Auditorias de Acompanhamento: Com as auditorias anuais de acompanhamento verifica-se

a melhoria contínua dos seus processos e se a conformidade com os requisitos da norma NP

EN ISO 9001 é mantida.

5. Renovação da Certificação: A renovação da certificação acontece antes da data de validade

do certificado (cada ciclo de certificação é de 3 anos) poderá desta forma prolongar o seu

processo de melhoria contínua, documentando assim o seu compromisso com os parceiros e

clientes. A partir de março de 2017, uma certificação inicial só será possível sob a nova ISO

9001:2015, como já foi referido.

Especificando para o processo de Certificação de Sistemas de Gestão, as etapas são:

Instrução de Processo

a) Receção do processo e registo

b) Análise documental do sistema de gestão

c) Planeamento de auditorias e proposta de Equipa Auditora

Auditoria de Concessão 1ª Fase (Na empresa auditada, esta auditoria realizou-se no dia

22/01/2016)

a) Plano de auditoria

b) Realização

c) Elaboração do Relatório

Auditoria de Concessão 2ª Fase (Na empresa auditada, esta auditoria realizou-se em abril e

maio de 2016)

a) Plano de auditoria

b) Realização

c) Elaboração do Relatório

d) Análise do Relatório e Plano de Ações Corretivas (PAC)

e) Após a execução desta auditoria, caso existam não conformidades constatadas, deve ser

definido pela organização um Plano de Ações Corretivas, cujo conteúdo contemple: análise

de causas, ações planeadas, responsáveis e data de conclusão das ações.

f) Decisão de certificação

g) Emissão dos certificados (3 anos de validade)

h) Não existe intervalo mínimo de tempo entre fases e o prazo máximo é de 1 ano.

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73

Auditorias de Acompanhamento

a) Plano de auditoria

b) Realização

c) Elaboração do Relatório

d) Análise do Relatório e Plano de Ações Corretivas (PAC)

e) Decisão de manutenção da certificação

No léxico da qualidade há 2 termos ou conceitos que por vezes se confundem. São eles a

Acreditação e a Certificação. A acreditação e a certificação de Sistemas de Gestão são atividades

que se diferenciam quer quanto aos objetivos quer quanto aos respectivos referenciais. A certificação

(de sistemas de gestão, de produtos, de pessoas) é uma das atividades de avaliação da

conformidade (certificação, inspeção, ensaio, calibração). A acreditação é o reconhecimento da

competência técnica para exercer as atividades de avaliação da conformidade. A acreditação

diferencia-se da certificação não só por exigir um sistema de qualidade, mas ainda requerer a

necessária competência técnica para garantir confiança nos resultados e produtos das atividades

acreditadas.

8.2) As motivações para a certificação ISO 9001

De acordo com Pinto (2010), as vantagens da certificação são a evidência, inequívoca, junto dos

colaboradores, dos clientes e de outras partes interessadas dos esforços desenvolvidos pela

organização ao nível da qualidade. A estas, acrescem as vantagens publicitárias dado que uma

empresa certificada poderá utilizar a marca de empresa certificada nos seus documentos e em ações

de publicidade/marketing. Fonseca (2006) menciona também algumas razões para o crescimento

sustentado da atividade de certificação:

• A confiança e credibilidade na certificação por entidades certificadoras credíveis e

reconhecidas;

• As exigências de clientes públicos e privados;

• A norma ISO 9001 está orientada segundo os princípios da Qualidade Total e da Melhoria

Contínua, o que é coerente com os modelos de negócio de muitas organizações contribuindo de uma

forma relevante para a melhoria do desempenho e da prestação de valor pelas organizações;

• As auditorias externas ajudam as organizações auditadas a detectarem não conformidades

que devem ser corrigidas e oportunidades de melhoria que devem ser aproveitadas;

• A norma ISO 9001 é uma boa base para a atividade de certificação e é reconhecida como tal

a nível mundial.

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74

Quanto à empresa auditada, esta decidiu que desejava obter a certificação pela norma ISO

9001:2015 em dezembro de 2015. A partir dessa data, a implementação do SGQ passou a ser uma

prioridade por parte das Direções. Estas transmitiram esta intenção faseadamente aos seus

colaboradores, enquanto eram analisados os processos em pormenor, assim como o manual de

qualidade. A empresa entendeu que a certificação poderia trazer uma melhoria substancial no que se

refere à organização de toda a documentação e que a sua imagem de credibilidade e inovação iria

ser reforçada com este novo estatuto.

8.3) Os benefícios decorrentes da certificação ISO 9001

Os benefícios que a empresa auditada visa alcançar com a certificação são bastantes e passam

por melhorar as oportunidades de acesso ao mercado, ganhar vantagem competitiva e aumentar a

eficiência dentro da sua organização. Reduzir a probabilidade de erros e reclamações e gerar mais

confiança aos seus clientes são igualmente metas a atingir. Espera-se um aumento da orientação do

seu negócio para o cliente e alcançar com isso economias significativas. A melhoria dos seus

processos e estruturas de uma forma sustentável assim como a motivação os seus funcionários

através de uma melhor comunicação e informação disponíveis serão também fins a alcançar. Muitas

organizações pretendem obter a certificação como uma ferramenta de marketing, pressões dos

concorrentes e consumidores e por motivações classificadas em externas e internas. Os eventuais

benefícios são apresentados na tabela 8.

Externos Internos

Acesso a novos mercados Aumento da produtividade

Melhora a imagem corporativa Diminui a taxa de produtos defeituosos

Aumento da participação no mercado Melhora a consciência da qualidade dos produtos

Aumenta e melhora a relação entre fornecedor/cliente Define as responsabilidades e obrigações individuais

Aumenta a satisfação dos clientes Diminui as não-conformidades

Aumenta a comunicação com os clientes Aumenta a qualidade dos produtos

Aumenta a perceção dos clientes, no que se refere à qualidade dos produtos

Melhora a documentação dos processos

Tabela 8 – Benefícios externos e internos da certificação, de acordo com Douglas, Coleman e Oddy (2003) e

Sampaio, Saraiva e Rodrigues (2009)

Além da identificação dos benefícios externos e internos percebidos pelas organizações, os

benefícios também podem ser classificados em qualitativos e quantitativos, apresentados na tabela 9.

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Qualitativos Quantitativos

Utilização adequada dos recursos (equipamentos,

materiais e mão-de-obra)

Redução de desperdícios

Uniformização da produção Redução de consumo de materiais

Facilita a contratação ou venda de tecnologia Padronização de componentes e equipamentos

Facilita a gestão da mão-de-obra, melhorando o seu nível técnico

Redução da variação dos produtos

Tabela 9 – Benefícios qualitativos e quantitativos, de acordo com a ABNT (2000)

Na empresa auditada, em termos concretos e objetivos, os grandes benefícios que visa obter são

a redução em 20% nas não conformidades identificadas pelo controlo interno Permanent Supervision

e uma redução de 15% no número de reclamações recebidas. Outro objetivo, após a certificação e

melhoria da imagem junto do mercado nacional e internacional, é o aumento de viaturas geridas até

ao número total de 20.000 viaturas no final de 2017, alcançando assim o 2º lugar nas gestoras de

frota com maior quota de mercado.

8.4) Dificuldades ou barreiras na certificação ISO 9001

Podem existir alguns obstáculos à implementação de sistemas, programas ou mesmo ferramentas

da qualidade e todos estes necessitam de especial atenção dos gestores. Muitas empresas que

implementaram sistemas de gestão da qualidade, apesar dos esforços, acabaram por abandoná-los,

principalmente devido à falta de comprometimento da alta gerência, restrições financeiras, culturas

inadequadas e excessiva burocracia encontrada no uso e interpretação errónea dos requisitos da

norma (Hellsten; Klefsjo, 2000; Franceschini; Galleto; Cecconi, 2006). Para Tarawneh (2000), as

principais dificuldades são: resistência à mudança, baixa capacitação da mão de obra, complexidade

de alguns instrumentos de gestão e de processos produtivos da empresa e necessidade de

investimento constante em capacitação e melhorias.

Para Asif et al. (2009), as empresas focam muito o caminho para implementação da norma

(processos e práticas), mas ignoram os mecanismos para a sua institucionalização, que é o processo

de torná-la parte integral e sustentável da organização, incorporando-a efetivamente à sua cultura e

estrutura. Por sua vez, Pinto, Carvalho e Ho (2006) destacam como as principais causas do

insucesso dos programas de qualidade ISO 9001, do Seis Sigma e da TQM (Total Quality

Management) a escassez de recursos financeiros para a implantação e o frágil apoio da direção da

empresa. Mattos e Toledo (1998), por sua vez, enfatizam dificuldades relacionadas com gestão e

formalização dos custos da qualidade (já abordados nesta dissertação), enquanto que, para Corbett,

Montes-Sancho e Kirsch (2005), outras dificuldades são os custos consideráveis com auditores e

consultores, tempo e esforço exigidos aos funcionários e dirigentes. Soma-se a isto o facto de a ISO

9001 ser geralmente o primeiro padrão normativo de gestão adotado pelas empresas, o que as faz ter

que desenvolver processos e documentos desde a fase inicial.

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Na empresa auditada, alguns colaboradores mostraram o seu desagrado em explicar

detalhadamente as suas funções, enquanto outros transmitiram que a certificação não iria mudar

nada na empresa. Alguma da informação encontrava-se obsoleta, desatualizada ou incompleta e

outra das dificuldades encontradas foi definir (ou alterar) de uma forma clara e atualizada os inputs e

outputs de todos os processos analisados.

8.5) Gestão da Qualidade Total

Conforme ZAIRI (1993) referiu, TQM é uma filosofia de gestão que enfatiza: a necessidade de

identificar com precisão as necessidades do consumidor, a importância de acertar na primeira vez e a

importância de reconhecer que a melhoria da qualidade somente pode ser atingida quando for um

objetivo de toda a empresa e tornar-se parte da cultura de toda a organização. Os princípios mais

importantes do TQM, segundo Brodie (1993) incluem: atenção aos requisitos do consumidor,

exemplos de liderança, envolvimento do empregado, melhoria contínua e redução dos ciclos de

tempo de produção. O primeiro passo numa metodologia viável de TQM é definir os processos pelos

quais o trabalho é realizado. Pontos relevantes de mensuração do desempenho podem então ser

identificados para que venham a revelar oportunidades de melhoria. Num próximo passo, as

oportunidades de melhoria são priorizadas e as soluções mais promissoras são implementadas. Esta

metodologia geral é monitorada para garantir sua eficácia e eficiência, além de possíveis melhorias,

conforme Postula (1990) mencionou.

Comparando as abordagens ISO 9000 e da Qualidade Total, existem diferenças fundamentais na

abordagens ao conceito de qualidade do processo de certificação de qualidade ISO 9000

(predominante na Europa, em países que desejam exportar para o mercado europeia e no Brasil) e

do movimento de Qualidade Total (predominante em Japão, a Ásia em geral e nos Estados Unidos).

O foco da Organização Internacional para a Normalização é basicamente interno à organização, na

avaliação do sistema geral de qualidade. O ênfase maior está no cumprimento de normas

processuais e estruturais e garantir que a empresa tem um sistema documentado de qualidade

representado por um manual compreensivo de qualidade. O movimento de Qualidade Total, embora

não ignore os aspectos processuais e estruturais, coloca a sua prioridade máxima na satisfação das

necessidades dos clientes internos e externos e mede seu sucesso pelos resultados em atingir ou

superar estas necessidades, conforme Scott (1998) mencionou. O ênfase maior do TQM é externo.

8.6) Entidades Certificadoras e Planeamento da Auditoria

De acordo com o Instituto Português de Acreditação, as empresas que poderão certificar a gestora

de frota através da norma ISO 9001:2015 são:

Associação Portuguesa de Certificação

CERTIF - Associação para a Certificação

SGS ICS - Serviços Internacionais de Certificação, Lda.

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Lloyd’s Register EMEA – Portugal

Bureau Veritas Certification Portugal, Unipessoal, Lda

EIC - Empresa Internacional de Certificação, S.A.

Tuv-Rheinland Portugal, Inspecções Técnicas, Unipessoal, Lda - TUV Rheinland Portugal,

Inspeções Técnicas, Lda.

A empresa auditora escolhida foi a Bureau Veritas, empresa esta fundada em 1828 e de momento

líder mundial em testes, inspeções e certificação.

O Planeamento seguido pela locadora auditada pode ser visto na tabela 10.

Data Hora Assunto Requisitos da norma ISO

9001:2015

x-y-

2016

09:30-

10:00 Reunião de abertura

10:00-

11:00 Planeamento e Estratégia

4.1 / 4.2 / 4.3 / 4.4 / 5.1 / 5.1.1 /

5.1.2 / 5.2 / 5.2.1 / 5.2.2 / 5.3 / 6.1

/ 6.2 / 6.3

11:00-

11:40 Design e Desenvolvimento

8.3 / 8.3.1 / 8.3.2 / 8.3.3 / 8.3.4 /

8.3.5 / 8.3.6

11:00-

11:40 Controlo Interno e Compliance 6.1 / 8.2.1 / 9.1 / 9.1.3

11:40-

12:20 Gestão Prospetos e Clientes 5.1.2 / 8.1 / 8.2 / 8.2.1 / 8.2.2

11:40-

13:00 Performance do SGQ

9.1.1 / 9.1.2 / 9.1.3 / 9.2 / 9.3 /

9.3.1 / 9.3.2 / 9.3.3

12:20-

13:00

Proposta e Contratação- Elaboração da proposta- Aprovação de

Crédito- Contratualização- Encomendas e Entregas

5.1.2 / 8.1 / 8.2 / 8.2.1 / 8.2.2 /

8.2.3 / 8.2.3.1 / 8.2.3.2

14:00-

18:00

Gestão dos serviços na vigência do contrato- Manutenção e

Pneus- Alugueres Curto Prazo: VS, Rent Service, Pool Fleet -

Assistência em Viagem

7.1.3 / 7.1.4 / 7.1.5 / 8.1 / 8.4 /

8.4.1 / 8.4.2 / 8.4.3 / 8.5 / 8.5.1 /

8.5.2 / 8.5.3 / 8.5.4 / 8.5.5 / 8.5.6 /

8.6 / 8.7 / 9.1 / 9.1.1 / 9.1.3

14:00-

18:00

Gestão dos serviços na vigência do contrato- Fuel, Multas, IUC,

Alterações e Rescisões, Documentação

7.1.3 / 7.1.4 / 7.1.5 / 8.1 / 8.4 /

8.4.1 / 8.4.2 / 8.4.3 / 8.5 / 8.5.1 /

8.5.2 / 8.5.3 / 8.5.4 / 8.5.5 / 8.5.6 /

8.6 / 8.7 / 9.1 / 9.1.1 / 9.1.3

18:00-

18:30 Reunião/ Ponto de situação

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z-y-

2016

09:30-

11:00 Terminação do Contrato - Driver Sales 8.1 / 8.5 / 8.5.5

09:30-

10:30 Seguros e Sinistros 8.1 / 8.5

10:30-

11:30 Comunicação 7.4

11:00-

12:00 Recursos Humanos 7.1 / 7.1.1 / 7.1.2 / 7.1.6 / 7.2

11:30-

12:15 Compras 8.1 / 8.4

12:00-

13:00 Controlo dos recursos

7.1 / 7.1.1 / 7.1.2 / 7.1.3 / 7.1.4 /

7.1.5 / 7.1.6 / 7.2 / 7.3 / 7.4

12:15-

13:00

Faturação e Gestão de Fornecedores- Faturação de Rendas e

outros- Pagamento a Fornecedores e outros

8.1 / 8.4 / 8.4.1 / 8.4.2 / 8.4.3 /

9.1.3

14:00-

15:30 Processo Cliente- Gestão de Reclamações- Inquéritos ao Cliente 8.1 / 8.4 / 8.5

14:00-

15:00 Risco de Crédito 8.1 / 8.5

15:00-

16:30 Melhoria Contínua 10.1 / 10.2 / 10.3

15:30-

16:30 Controlo da ID

7.5 / 7.5.1 / 7.5.2 / 7.5.3 / 7.5.3.1 /

7.5.3.2

16:30-

18:00

Reunião trabalho da Equipa Auditora

18:00-

18:30 Reunião encerramento

Tabela 10 – Planeamento da auditoria com vista à certificação da empresa analisada

Após a reunião de encerramento da auditoria, a empresa auditada focou-se na ocorrência das 4

não conformidades (NC) observadas e das 7 oportunidades de melhoria (OM) identificadas

(necessário para a conclusão do processo). De seguida, o processo será enviado para a fase final de

certificação (avaliação por uma comissão técnica com vista à certificação no prazo máximo de 90

dias). A principal NC foi identificada na Direção de Operações, mais concretamente no departamento

de encomendas e entregas. Não havia nenhum processo nem procedimento onde estivesse referido

qual a metodologia a seguir assim que a data de entrega da viatura ao Cliente fosse alterada (por

decisão do Cliente ou da locadora) ou caso ocorresse uma alteração na data de entrega da viatura

por parte do Fornecedor, conforme os requisitos inicialmente definidos pelo Cliente. Relativamente às

OM, estas centraram-se nas reclamações. O acompanhamento ao Cliente tem que ser mais rápido,

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eficaz e personalizado e terão que resultar mais ações correctivas na sequência das reclamações

recebidas. Nas reclamações onde estão envolvidos algum tipo de serviço de outsourcing, não foi

especificado nem discrimimado qual o procedimento ou workflow a seguir.

9) Conclusão

9.1) Conclusões

A globalização da economia veio destacar as debilidades do tecido empresarial português. Neste

contexto, a qualidade foi um dos fatores estratégicos de maior importância, encontrados como forma

de responder às novas exigências e à evolução tanto a nível económico como da própria sociedade.

Neste sentido, e tendo em conta a fragilidade económico-financeira que se vive atualmente nas

empresas, algumas organizações como a locadora analisada continuam a apostar na qualidade como

uma mais valia competitiva no mercado global e como estratégia “anticrise”.

A norma ISO 9001:2015 mostrou-se-se um guia bastante útil e importante para que uma

organização mantenha a sua sobrevivência ou alcance o sucesso, visando não só a satisfação dos

clientes mas também a dos próprios colaboradores. Sendo assim, a empresa analisada considerou

que se encontravam reunidas as condições necessárias à implementação de um SGQ segundo a

norma ISO 9001:2015. A opção da gestora de frota analisada em investir na qualidade, confirmando e

divulgando essa atuação através de um processo de certificação do sistema de gestão

implementado, visou o acesso a novos mercados, aumento da produtividade, melhoria da imagem

organizacional, diminuição do número de reclamações, consequente diminuição de custos e um

maior controlo e rigor na gestão dos processos, procurando com isso obter um aumento da eficácia e

da produtividade da empresa.

Foi possível acompanhar praticamente todo o processo de implementação do SGQ. A primeira

fase de implementação da norma, nomeadamente a concretização de toda a documentação

envolvida e inserida no sistema de gestão foi conseguida. A etapa seguinte incluiu a realização da

auditoria interna, que contou com a participação do gestor da qualidade, do assessor externo na

função de auditor e com os responsáveis por cada processo, onde foram assinaladas algumas não

conformidades que careceram de ações corretivas. Subsequentemente teve lugar a auditoria de

concessão (1ª fase) que decorreu conforme o plano de auditoria, e como qualquer outra auditoria,

esta foi realizada suportando-se em amostragens, tendo como objetivo principal a avaliação do

estado da estrutura documental do sistema. Dado que a data de entrega da presente dissertação

ocorre no mês de maio, não foi possível descrever com maior rigor o desfecho final do projeto,

nomeadamente o acompanhamento da auditoria de 2ª fase, isto é, para a almejada auditoria de

concessão/certificação. Ficou a faltar apenas formular as recomendações registadas no relatório de

auditoria de 2ª fase, para o qual foi realizado um plano de ações corretivas enviado dentro do prazo

estipulado à empresa certificadora, tendo um prazo máximo para implementar as ações corretivas até

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80

90 dias. Pelo conhecimento integral do sistema de gestão da empresa, instalações, processos e

pessoas envolvidas, seguramente se conclui que a organização analisada possui todas as

especificações essenciais para a obtenção da certificação na norma NP EN ISO 9001:2015.

Conforme Fonseca (2011) mencionou, a liderança da gestão de topo, a perspectiva estratégica dos

sistemas de gestão, a existência de conhecimentos e competências nas organizações e a utilização

de programas e ferramentas adequados, são aspetos relevantes para que os sistemas de gestão

certificados contribuam de uma forma efetiva para a criação de valor, a sustentabilidade e o sucesso

sustentável das organizações.

Com este estudo, percebeu-se que é essencial que as organizações independentemente do

segmento de atuação, não baseiem a sua decisão apenas nos benefícios que podem obter com a

implantação do SGQ e a certificação, mas percebam as dificuldades que enfrentarão. O apoio da

direção é fundamental e um planeamento de como a organização irá iniciar o processo de

implantação da norma é vital para minimizar o impacto negativo na cultura organizacional e,

consequentemente, receber maior participação e envolvimento dos colaboradores.

Conforme referido no âmbito deste estudo, acompanhou-se a definição e desenvolvimento do SGQ

a implementar na empresa referência, identificaram-se os passos e etapas necessárias à obtenção

da certificação pela norma ISO 9001:2015 e concluiu-se que, além da empresa estar apta a obter a

certificação, há inúmeras vantagens e benefícios que daí poderão advir.

9.2) Recomendações para estudos futuros

A aplicação da norma ISO 9004:2000 permitiria à organização alargar o âmbito da norma ISO

9001:2015 e centrar-se na melhoria contínua do processo de gestão da qualidade, que conduzirá à

excelência no negócio (aproximação aos modelos de Qualidade Total). As organizações que

pretendem o caminho da excelência de forma sustentada devem implementar a norma ISO 9004 -

Gestão do sucesso sustentado de uma organização - uma abordagem da gestão pela qualidade.

Esta norma reconhece a necessidade da gestão de todas as partes interessadas - acionistas,

colaboradores, clientes, parceiros, fornecedores e sociedade em geral. Para além disso, pondera

questões não equacionadas normalmente por outros referenciais da gestão da qualidade como a ISO

9001, as avaliações do ambiente de negócio, a autoavaliação, os recursos financeiros ou a inovação.

Seria igualmente útil num futuro próximo acompanhar de perto uma auditoria interna à organização

em questão, assim como a auditoria de acompanhamento que visa a manutenção ou renovação da

certificação. Futuramente, nomeadamente um ano após data em que a empresa obtém a certificação,

será importante elaborar um estudo de caso com base nesta mesma empresa, focando as grandes

diferenças entre o estado atual da empresa antes da certificação e o pós-certificação. Seria abordado

o plano de auditoria para 2016 e 2017 e penso que seria útil fazer um inquérito à direção, gestor de

qualidade e colaboradores da empresa onde seriam questionadas as grandes dificuldades que a

empresa enfrentou aquando da certificação e essencialmente as grandes vantagens, diferenças e

benefícios que a certificação pela norma ISO 9001:2015 trouxe à empresa.

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81

10) Referências bibliográficas

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ANEXOS

I. Requisitos da Norma NP EN ISO 9001:2015

1. Objetivo e campo de aplicação

2. Referências normativas

3. Termos e definições

4. Contexto da organização

4.1 Compreender a organização e o seu contexto

4.2 Compreender as necessidades e as expetativas das partes interessadas

4.3 Determinar o âmbito do sistema de gestão da qualidade

4.4 Sistema de gestão da qualidade e respetivos processos

5. Liderança

5.1 Liderança e compromisso

5.1.1 Generalidades

5.1.2 Foco no cliente

5.2 Política

5.3 Funções, responsabilidades e autoridades organizacionais

6. Planeamento

6.1 Ações para tratar riscos e oportunidades

6.1.1 Ações para tratar riscos e oportunidades

6.1.2 Planear as ações para tratar riscos e oportunidades

6.2 Objetivos da qualidade e como os atingir

6.3 Planeamento das alterações

7. Suporte

7.1 Recursos

7.1.1 Generalidades

7.1.2 Pessoas

7.1.3 Infraestruturas

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7.1.4 Ambiente para a operacionalização dos processos

7.1.5 Recursos de monitorização e medição

7.1.6 Conhecimento organizacional

7.2 Competência

7.3 Consciencialização

7.4 Comunicação

7.5 Informação Documentada

7.5.1 Informação documentada

7.5.2 Criação e atualização

7.5.3 Controlo da informação documentada

8. Operacionalização

8.1 Planeamento e controlo operacional

8.2 Requisitos para produtos e serviços

8.2.1 Comunicação com o cliente

8.2.2 Determinação dos requisitos relacionados com produtos e serviços

8.2.3 Revisão dos requisitos relacionados com produtos e serviços

8.2.4 Alterações aos requisitos para produtos e serviços

8.3 Design e desenvolvimento de produtos e serviços

8.3.1 Generalidades

8.3.2 Planeamento do design e desenvolvimento

8.3.3 Entradas para o design e desenvolvimento

8.3.4 Controlos do design e desenvolvimento

8.3.5 Saídas do design e desenvolvimento

8.3.6 Alterações ao design e desenvolvimento

8.4 Controlo dos processos, produtos e serviços de fornecedores externos

8.4.1 Generalidades

8.4.2 Tipo e extensão de controlo

8.4.3 Informação para fornecedores externos

8.5 Produção e prestação do serviço

8.5.1 Controlo da produção e do fornecimento do serviço

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8.5.2 Identificação e rastreabilidade

8.5.3 Propriedade dos clientes ou dos fornecedores externos

8.5.4 Preservação

8.5.5 Atividades posteriores à entrega

8.5.6 Controlo das alterações

8.6 Libertação de produtos e serviços

8.7 Controlo de saídas não conformes

9. Avaliação do desempenho

9.1 Monitorização, medição, análise e avaliação

9.1.1 Generalidades

9.1.2 Satisfação do cliente

9.1.3 Análise e avaliação

9.2 Auditorias internas

9.3 Revisão pela gestão

9.3.1 Generalidades

9.3.2 Entradas para a revisão pela gestão

9.3.3 Saídas da revisão pela gestão

10. Melhoria

10.1 Generalidades

10.2 Não conformidade e ação corretiva

10.3 Melhoria contínua

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II. Lista de Processos da gestora de frota analisada