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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ MESTRADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA AMBIENTAL Implantação de uma Infraestrutura de Dados Espaciais com Base em Tecnologias Open Source para Riscos Costeiros Suzana Zeni Guedes Itajaí, 29 de Novembro 2010

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ MESTRADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA AMBIENTAL

Implantação de uma Infraestrutura de Dados Espaciais com Base em Tecnologias Open

Source para Riscos Costeiros

Suzana Zeni Guedes

Itajaí, 29 de Novembro 2010

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ MESTRADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA AMBIENTAL

Implantação de uma Infraestrutura de Dados Espaciais com Base em Tecnologias Open

Source para Riscos Costeiros

Suzana Zeni Guedes

Dissertação apresentada à Universidade do Vale do Itajaí, como parte dos requisitos para obtenção do grau de Mestre em Ciência e Tecnologia Ambiental.

Orientador: Antonio H. F. Klein Co-Orientadores: Rafael Medeiros Sperb João Thadeu de Menezes

Itajaí, 29 de Novembro 2010

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SUMÁRIO

Lista de Figuras ..................................................................................................................................... iv

Lista de Quadros .................................................................................................................................... v

Lista de Abreviações ............................................................................................................................. vi

Resumo .................................................................................................................................................. 7

Abstract ................................................................................................................................................. 8

1.Introdução .......................................................................................................................................... 9

1.1.Estrutura da Dissertação ................................................................................................................ 11

2.Objetivo Geral .................................................................................................................................. 13

2.1.Objetivos Específicos ..................................................................................................................... 13

Capítulo 1– Diretrizes e Normas Para a Implementação de Infraestruturas Espaciais de Dados ........... 14

1. Introdução ....................................................................................................................................... 14

1.1. Padrões e Normas ......................................................................................................................... 15

1.1.1.Panorama Mundial ..................................................................................................................... 18

1.1.2.Panorama Nacional ..................................................................................................................... 19

1.3.Metadados ..................................................................................................................................... 20

1.3.1.Padrões e Perfis .......................................................................................................................... 22

1.3.2.Perfil de Metadados .................................................................................................................... 23

1.3.3.Perfil de Metadados Brasileiro .................................................................................................... 24

2. Infraestrutura Espacial de Dados (IDE) ............................................................................................. 27

2.1.Hierarquia de IDEs ......................................................................................................................... 29

2.2. Componentes de IDE ..................................................................................................................... 30

3. Padrões Globais ............................................................................................................................... 32

3.1.Global Spatial Data Infrastructure Association (GSDI).................................................................... 33

3.2.Infraestrutura de Informação Espacial na Europa (INSPIRE) ........................................................... 34

3.3.International Organization for Standardization (ISO) ..................................................................... 34

3.4.Open Geoespatial Consortium (OGC) ............................................................................................. 34

3.4.1.Web Services ............................................................................................................................... 35

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3.5. Panorama Mundial ....................................................................................................................... 36

3.6.Panorama Brasileiro....................................................................................................................... 37

4. Interoperabilidade ........................................................................................................................... 39

5.Softwares Livres e de Código Aberto ................................................................................................. 42

5.1.Softwares Livres e de Código aberto em Geotecnologias ............................................................... 42

5.2.Servidores de mapa ....................................................................................................................... 44

5.2.1.GeoServer ................................................................................................................................... 45

5.3.Catálogos de metadados ................................................................................................................ 46

5.3.1.GeoNetwork ................................................................................................................................ 46

6. Conclusão ........................................................................................................................................ 47

Capítulo 2 – Estudo de Caso – Implantação de uma IDE utilizando as Cartas de Sensibilidade ao Derramamento de Óleo ....................................................................................................................... 50

1.Cartas de Sensibilidade Ambiental ao Derramamento de Óleo ......................................................... 50

1.1. Estrutura da base de dados .................................................................................................... 52

1.2. Análise das bases para descoberta de padrões ...................................................................... 54

1.3.Padronização ................................................................................................................................. 55

1.4.Simbologia ..................................................................................................................................... 57

2.Correção das Informações ................................................................................................................ 59

2.1.Dados ............................................................................................................................................. 59

2.2.Simbologia ..................................................................................................................................... 59

2.3.Documentação ............................................................................................................................... 60

3.Configuração de Dados em Servidor de Mapas ................................................................................. 61

4.Testes de Interoperabilidade ............................................................................................................ 62

5.Catálogo de Informações Geoespaciais ............................................................................................. 62

6. Resultados ....................................................................................................................................... 62

7.Discussão .......................................................................................................................................... 69

8. Conclusão ........................................................................................................................................ 73

Capítulo 3 – Avaliação da Padronização de Informações Cartográficas Digitais Referentes a Riscos Costeiros .............................................................................................................................................. 75

1.Análise dos dados ............................................................................................................................. 75

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2.Estruturação dos dados .................................................................................................................... 76

2.1. Campos de Atributos ..................................................................................................................... 76

2.2.Simbologia ..................................................................................................................................... 79

2.3.Criação de Metadados ................................................................................................................... 79

3.Servidor de Mapas ............................................................................................................................ 80

3.1. Estilos no Servidor de Mapas ........................................................................................................ 81

4.Catálogo de Metadados .................................................................................................................... 82

5.Resultados ........................................................................................................................................ 82

6.Discussão .......................................................................................................................................... 85

7.Conclusão ......................................................................................................................................... 88

Considerações Finais ............................................................................................................................ 89

8. Referências Bibliográficas ................................................................................................................ 91

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Lista de Figuras Figura 1 - Padrões e perfis de metadados. Fonte: CONCAR 2010 ................................ 24

Figura 2- Hierarquia de IDEs segundo Rajabifard ( 2000) ............................................ 30

Figura 3- Componentes de uma IDE, adaptado de WARNEST (2005) ......................... 32

Figura 4- Linha do tempo das iniciativas de IDE do panorama mundial. ..................... 37

Figura 5 - Representação das agências usuárias do catálogo de metadados GeoNetwork ........................................................................................................................................ 47

Figura 6-Fluxograma referente à metodologia empregada para a disponibilização das informações em catálogo de dados geoespaciais. ........................................................... 52 Figura 7 - Exemplo da falta de atributos em um shape da base de dados da Carta SAO54

Figura 8 - Exemplo de falta de padrão e inconsistência de atributos de um shape da base de dados da Carta SAO ................................................................................................... 55 Figura 9 - Atributos nominais usados para padronizar os dados da base das Cartas SAO ........................................................................................................................................ 56

Figura 10- Simbologia sugerida no documento de estruturação de cartas de sensibilidade ambiental ao derramamento de óleo (Brasil, 2004). ....................................................... 58

Figura 11- Catálogo de símbolos utilizados nos estilos de dados geográficos no servidor de mapas. ........................................................................................................................ 60

Figura 12- Arquitetura da IDE do estudo de caso desenvolvido com as Cartas SAO ... 63

Figura 13- Testes de conexão WMS nos softwares QuantumGIS,gvSIG, OpenJUMP e uDig. ............................................................................................................................... 65

Figura 14- Testes de conexão WFS nos softwares QuantumGIS,gvSIG, OpenJUMP e uDig. ............................................................................................................................... 67

Figura 15- Simbologia utilizada para a disponibilização das informações sobre projeções de linhas de costa............................................................................................ 79 Figura 16 - Configurações de dados no servidor de mapas GeoServer. ......................... 81

Figura 17- Fluxograma de configuração de metadados no GeoNetwork. ...................... 82

Figura 18- Informações sobre projeções de linha de costa da enseada do Itapocorói de Freitas et al. (2010) no catálogo de metadados GeoNetwork. ....................................... 84

Figura 19 - Fluxo de informação na IDE do Grupo de Oceanografia Geológica de Ambientes Costeiros e Oceânicos. ................................................................................. 87 Figura 20 - Fluxo de informações desejável para uma IDE de Riscos Costeiros. .......... 88

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Lista de Quadros Quadro 1- Problemas relacionados a geoinformação modificado de Ariza ( 2002) .... 10

Quadro 2- Seções, entidades e elementos do perfil completo de metadados geográficos brasileiro. ........................................................................................................................ 25

Quadro 3- Entidades e elementos do perfil brasileiro de metadados sumarizado (Fonte: CONCAR, 2009) ............................................................................................................ 27 Quadro 4- Definições dos web services abordados na presente pesquisa. .................... 36

Quadro 5 - Características dos SIGs Desktops de código aberto. ................................. 44

Quadro 6 - Teste de interoperabilidade em diferentes plataformas de SIGs. ................ 68

Quadro 7 - Características do desenvolvimento da IDE. .............................................. 70

Quadro 8 - Atributos mínimos referentes a definição de transects................................ 77

Quadro 9 - Atributos mínimos referentes à posição de linha de costa atual. ................ 77

Quadro 10 - Atributos mínimos referentes à posição de linha de costa prevista para 50 anos. ................................................................................................................................ 77

Quadro 11- Atributos mínimos referentes à posição de linha de costa devido a tempestades. .................................................................................................................... 78

Quadro 12- Atributos mínimos referentes ao ajuste de linha de costa. ......................... 78

Quadro 13- Atributos mínimos referentes á áreas suscetíveis a inundações. ................ 78

Quadro 14- Estilos disponíveis no servidor de mapas GeoServer em http://siaiacad20.univali.br/geoserver_novo ................................................................... 81

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Lista de Abreviações ANZLIC - Australia New Zeland Land Information Council CEMG -Comitê de Estruturação de Metadados Geoespaciais CEN - Comissão Européia, para Normalização CENPES - Centro de Pesquisa e Desenvolvimento CEPAD -Comitê Especializado para Estudo do Padrão de Intercâmbio de Dados Digitais CGDI - Canadian Geospatial Data Infrasctuture CNPq- Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CONCAR -Comissão Nacional de Cartografia FAO- Food and Agriculture Ornanization FGDC - Federal Geographic Data Comittee GINIE –Geographic Information Network In Europe GML – Geography Markup Language GSDI - Global Spatial Data Intrastructure HTTP – Hyper Text transfer Protocol IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IDE – Infraestrutura de Dados Espaciais IMO - Organização Marítima Internacional INDE – Infraestrutura nacional de dados espaciais INSPIRE - Insfrastructure for Spatial Information in the European Community ISO – International Organization for Standardization MGB - Metadados Geográficos Brasileiro MMA – Ministério do Meio Ambiente NOAA – National Oceanic and Atmospheric Administration NSDI - National Spatial Data Infrastructure OGC – Open Geoespatial Consortium ONU- Organização das Nações Unidas SAIF - Spatial Archive and Interchange Format SAO – Sensibilidade ao Derramamento de Óleo SFS – Simple Features Specification SIG - Sistemas de Informações Geográficas SLD – Styled Layer Descriptor URL- Uniform Resource Locators WCS – Web Coverage Service WFS – Web Feature Service WMS – Web Map Services XML - Extensible Markup Language

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Resumo Este trabalho apresenta a definição de diretrizes para a estruturação de informações

cartográficas digitais com o emprego de tecnologias open source,referentes a riscos

costeiros naturais.A revisão de conceitos sobre infraestrutura de dados espaciais para

informações geoespaciais auxiliaram a escolha de ferramentas open source que

possibilitaram a disponibilização de dados referentes a riscos costeiros na internet. Um

estudo de caso utilizando a base de dados do projeto Carta SAO possibilitou a criação

de uma IDE corporativa. A arquitetura da IDE utilizou softwares livres e recomendados

pela iniciativa brasileira (INDE) viabilizando a disponibilização de informações

referentes a riscos costeiros na internet de maneira interoperável. A validação da

metodologia adotada no estudo de caso foi feita nos dados de quantificação de perigos

costeiros da Enseada do Itapocorói, a fim de comprovar a eficiência da infraestrutura e

dos padrões propostos. Foram testadas quatro diferentes plataformas de sistemas de

informações geográficas livres e de código aberto para a garantia da interoperabilidade

dos dados. A alimentação de um catálogo de metadados propiciou a disponibilização

das informações cartográficas digitais com suas características preservadas e

independentes de plataformas, permitindo que outros usuários, não somente os

produtores da informação, possam descobrir, acessar e as utilizar.

Palavras- Chave: Interoperabilidade, padrões, IDE, riscos costeiros, Carta SAO

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Abstract

This work presented herein provides guidelines for the structuring of digital chart

information, relating to natural coastal hazards, with the use of open source technology.

A review of concepts regarding spatial data infrastructure for geospatial information

facilitated the choice of open source tools, which would enable the availability of

coastal hazard data on the internet. A case study using the database from the project

‘Carta SAO’ made the creation of a corporative (geo) spatial data infrastructure (SDI)

possible. The architecture of the SDI used free software, recommended by the Brazilian

initiative (INDE), enabling the provision of information relating to coastal hazards on

the internet in an interoperable manner. The validation of the methodology adopted in

the case study was performed with coastal hazard data from Itapocorói Cove in order to

examine the efficiency of the infrastructure and proposed standards. Four different free

and open source GIS platforms were tested to assure the interoperability of the database.

The composition of a metadata catalog led to the availability of digital cartographic

information with its characteristics preserved, independent of platforms, allowing not

only the users who generate data, but also other users, be able to discover, access and

use the information.

Keywords: Interoperability, standards, SDI, coastal hazards, Carta SAO.

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1.Introdução

A expansão do uso de geotecnologias por diversos usuários, não

necessariamente especialistas em geoinformação, tem ocasionado inadequações na

utilização e integração de dados. Questões que estão relacionadas à falta de

planejamento na coleta de informação ou mesmo na utilização de padrões para a

elaboração da informação. Ariza (2002) faz referência a problemas usuais relativos ao

manejo da informação geoespacial (Quadro 1), que os produtores de geoinformação

estão habituados a lidar rotineiramente.

Os vários formatos de dados, a adoção de diferentes projeções cartográficas,

escalas, simbologias e a utilização de mídias diversas são questões importantes de

heterogeneidade dos dados comprometendo o compartilhamento e a reutilização dos

mesmos. As diferentes maneiras de representar uma mesma feição aumentam a

complexidade do dado, dificultando o aproveitamento do mesmo.

Os inúmeros produtores de informação, utilizando metodologias diferentes de

coleta e produção de informação, finalidades distintas e precisões diferentes aumentam

a complexidade de distribuição e reutilização das informações. A falta de documentação

das informações geoespaciais compromete a qualidade da informação e dificulta a

descoberta do dado.

A falta de protocolos únicos para a geração da informação faz com que inúmeros

modelos de informações sejam criados, dificultando e por vezes inviabilizando sua

integração. Todas essas questões levantadas por Ariza (2002) são contempladas na

adoção de infraestrutura de dados espaciais. Estas, são ferramentas ou estruturas que são

implementadas com a finalidade de harmonização e distribuição de informações

geopaciais de maneira interoperável, ou seja, que os dados possam ser acessados através

de diferentes plataformas.

Aspectos relevantes, tais como modelo de dados, aquisição, referenciais e

tratamento geodésico/cartográfico e formas de representação, armazenamento, entre

outros itens técnicos de produção, são muitas vezes ignorados, contribuindo para a

ocorrência de inconsistências na utilização de documentos cartográficos como

referência para outros mapeamentos.

Frente a esta problemática, diversas são as iniciativas que vem se utilizando de

IDEs com a finalidade de distribuir dados geográficos para múltiplos usuários,

disponibilizar ferramentas de descoberta e acesso aos dados, promover a manutenção

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de dados, padronizar sua aquisição e seu armazenamento. Contudo, essas infraestruturas

servem para viabilizar a economia de recursos, evitando duplicação de esforços de

aquisição, distribuição, atualização de dados.

Quadro 1- Problemas relacionados a geoinformação modificado de Ariza ( 2002)

QUESTÕES ORIGEM

Heterogeneidade

Mídias diversas

Formatos Diferentes

Cartográfica: escalas, Projeções, Simbologia,

Temática

Referência temporal Diferentes datas de elaboração

Complexidade Representação de elementos com diversas

geometrias

Múltipla Procedência

Variedade de produtores

Finalidades distintas

Precisões diversas

Métodos Diferentes

Documentação

Legenda não completa

Não adoção de padrão de metadados

Inexistência de metadados

Todas as questões ressaltadas por Ariza (2002) são comumente enfrentadas no

Grupo de Oceanografia Geológica de Ambientes Costeiros e Oceânicos da Universidade

do Vale do Itajaí. O Grupo é composto pelos Laboratórios de Oceanografia Geológica,

Computação Aplicada e Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto. Os três

laboratórios vêm fazendo pesquisas em parceria, coletando dados e tratando

informações referentes a riscos costeiros, que são provenientes de diferentes fontes

(diversos usuários) e coletadas para finalidades distintas. A necessidade de investir

tempo para a descoberta da informação bem como a sua procedência e sua posterior

padronização motivara o desenvolvimento de uma pesquisa sobre implantação de

infraestruturas de dados espaciais.

O levantamento sistemático de informações relacionadas a riscos costeiros

oferece uma valiosa ferramenta para os governos e instituições encarregadas de

financiar as atividades de planejamento e de socorro bem como descobrir as causas dos

acontecimentos a fim de tentar minimizá-los.

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Para o desenvolvimento da presente pesquisa, foram assumidos como riscos

costeiros os riscos associados ao derramamento de óleo que são previstos nas Cartas de

Sensibilidade ao Derramamento de Óleo (Cartas SAO) e a potencial elevação do nível

do mar e os efeitos de tempestades estudados por Freitas et al. (2010).

1.1.Estrutura da Dissertação

A presente dissertação está dividida em capítulos que fazem referência aos

objetivos específicos da pesquisa. O primeiro capítulo é uma breve introdução sobre a

problemática abordada na dissertação. O capítulo 2 foi destinado à revisão de padrões e

normas adotados nacional e internacionalmente para a produção, catalogamento e

disponibilização de informação geográfica de maneira interoperável, atendendo ao

objetivo de levantar critérios técnicos para a estruturação, padronização e sistematização

de dados geoespaciais para a implementação de uma IDE. Foram revisadas normas e

padrões de metadados. Serviços e tecnologias utilizados para o alcance da

interoperabilidade também foram o foco deste capítulo. O levantamento de diretrizes e

padrões levou ao conhecimento de iniciativas de sucesso na implantação de IDEs,

propiciando a eleição de arquiteturas de Open Source na implantação da infraestrutura.

O terceiro capítulo foi destinado à aplicação das diretrizes do Capítulo 2 em um

estudo de caso envolvendo uma base de dados pré-existente. As Cartas de Sensibilidade

Ambiental ao derramamento de óleo do trecho do Estado de Santa Catarina foram

escolhidas para o desenvolvimento do estudo de caso por apresentarem informações

referentes a riscos costeiros, e serem de abrangência costeira e estadual. A padronização

e sistematização das informações propiciaram o carregamento de dados em um servidor

de mapas e a posterior disponibilização em um catálogo de metadados. Esta experiência

revelou o potencial da arquitetura de IDE escolhida e o potencial dos softwares eleitos.

O quarto capítulo utilizou dados de “Quantificação de perigos costeiros e

projeção de linhas de costa futuras para a Enseada do Itapocorói”, de Freitas et al.

(2010), para a aplicação da metodologia utilizada na execução do estudo de caso com as

Cartas SAO. A eleição desta base de dados para a aplicação do procedimento se deu

pela importância dos dados para as avaliações de risco costeiro ambiental. Foram

sistematizadas e padronizadas informações sobre variação de linha de costa do

Balneário Piçarras e posteriormente carregados no servidor de mapas para a

disponibilização via catálogo. Além disso, o procedimento de coleta das informações foi

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padronizado, através da eleição de conjuntos de informações imprescindíveis para o

tratamento da informação ( atributos nominais, metadados e simbologia padronizada).

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2.Objetivo Geral

Implantar uma infraestrutura de dados espaciais para riscos costeiros utilizando

ferramentas Open Source.

2.1.Objetivos Específicos

• Levantar critérios técnico-científicos para a estruturação, padronização e

sistematização de dados espaciais digitais para implementação de infraestrutura

de dados espaciais;

• Aplicar os critérios propostos em um estudo de caso: padronização e

sistematização de informações referentes ao Projeto Cartas SAO, Bacia de

Santos, trecho SC (MMA/CNPq - CT-PETRO);

• Avaliar os resultados da padronização e sistematização das informações

referentes a riscos costeiros.

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Capítulo 1– Diretrizes e Normas Para a Implementaçã o de Infraestruturas Espaciais de Dados

1. Introdução

A cartografia é definida como uma disciplina que trata da organização,

apresentação, comunicação e utilização da geoinformação nas formas gráfica, digital ou

tátil incluindo todos os processos, desde o tratamento dos dados até o uso final na

criação de mapas e produtos relacionados com a informação espacial. É definida pela

Associação Internacional de Cartografia (2003) como a habilidade singular para a

criação e manipulação de representações, visuais ou virtuais, do espaço geográfico –

mapas – permitindo a exploração, análise, compreensão e comunicação de informação

acerca desse espaço.

Sob a influência dos avanços tecnológicos a cartografia passou a considerar a

elaboração de mapas e outros documentos cartográficos em formato digital, dando

origem a uma nova linguagem como computação gráfica, cartografia automatizada ou

cartografia digital.

Um mapa, definido pela Associação Internacional de Cartografia (2003), é uma

representação simbolizada da realidade geográfica, apresentando aspectos e

características selecionados, resultante do esforço criativo do autor, que é concebida

para ser utilizada quando as relações espaciais têm importância essencial.

A cartografia brasileira passou por diversos períodos desde sua aparição no

início do século XX , quando existiam problemas de conseqüentes mudanças nas

instituições ligadas a cartografia, passando pela criação do Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE), pelo desenvolvimento tecnológico e da engenharia

cartográfica. Nos anos 90 a introdução e desenvolvimento de novas tecnologias do

sensoriamento remoto, cartografia digital e sistemas de informações geográficas (SIG)

vieram a dinamizar e popularizar a cartografia no Brasil (Archela, 2007).

Os SIGs vêm sendo usados amplamente como ferramenta de análise de

exploração de variações/ mudanças de paisagem, por proverem funcionalidades para o

armazenamento de dados espaciais, gerenciamento, análise e representação (Steiniger &

Hay, 2009). São ferramentas que estão sendo difundidas em diversas áreas do

conhecimento e utilizadas por diferentes perfis de pesquisadores.

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Comparando a cartografia convencional e digital, existem diversos contrastes,

porém a maior diferença está na composição em camadas que um mapa digital possui.

Se alguma feição do mapa muda, como uma desembocadura de rio, linha de costa,

urbanização, no mapa convencional não seria possível alterar somente a feição que foi

modificada, tendo a necessidade de recriar o mapa novamente. No mapeamento digital,

neste caso, seria necessário apenas atualizar a camada referente a feição modificada.

Camadas estas que podem ser compartilhadas em diversos mapeamentos, para

diferentes finalidades, através do cruzamento de informações.

Este processo de automação de mapas influenciou diretamente na simbologia

gráfica pelas novas possibilidades de representação simbólica permitida pelos softwares

de desenho (Rodrigues, 2009). Com a digitalização da cartografia com um simples

clique do mouse ou com poucas linhas de código o computador analisa, desenha e

colore um mapa. Aprender a produzir mapas digitais requer certo esforço, porém vem

agilizando a tomada de decisões e auxiliando a disseminação de informações na

internet. Atualmente a geoinformação está presente em diversos setores da economia,

auxiliando os negócios, direta e indiretamente. Para isso, algumas premissas básicas têm

que ser adotadas, que serão comentadas ao longo deste capítulo, que se dispõe a

apresentar diretrizes e normas para estruturar informações cartográficas digitais.

1.1. Padrões e Normas

Com o avanço da tecnologia, aumenta a quantidade de ferramentas utilizadas no

compartilhamento de diversos tipos de dados. Contudo, estes, muitas vezes não

obedecem a um padrão. A adoção de padrões pretende garantir a preservação de

características desejáveis de produtos e serviços tais como qualidade, segurança,

confiabilidade, eficiência e interoperabilidade. Lima & Câmara (2002) ressaltam que o

intercambio de dados geoespaciais é um importante desafio no uso das geotecnologias,

impulsionado pelo alto custo na produção de dados. Em sistemas heterogêneos, o

mesmo autor afirma que os custos de aquisição de dados variam de 60 a 80% do valor

do custo total da implantação de um SIG.

Durante os anos 1980, quando uma grande parte do setor privado e

governamental começou a desenvolver SIGs no Brasil, o maior desafio foi a integração

desses sistemas, pois cada departamento criou seu próprio sistema local,e naturalmente

a duplicação de informações na mesma agência era comum (Paixão et al., 2008). O

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resultado é um ambiente heterogêneo em que cada organização tem sua maneira de

tratar sua informação geoespacial.

Devido ao aumento da demanda e à necessidade da produção de dados digitais

georreferenciados, as normas que antes garantiam padrões mínimos necessários

passaram a não regular todos os aspectos essenciais, surgindo conjuntos de dados

dispersos e redundantes (Granemann, 2009). Houve, então, a necessidade da

padronização de normas, políticas, tecnologias e recursos humanos necessários para

adquirir, processar, armazenar, distribuir e melhorar a utilização de dados

georreferenciados (Lunardi, 2006), formando, assim, o conceito de infraestrutura de

dados espaciais (IDE).

Os padrões constituem uma importante abordagem para a troca de informações

(Hadzilakos et al., 2000).Os benefícios da adoção de padrões que podem ser apontados

são: diminuição de custos da tecnologia para produção de dados, aumento da

possibilidade de comunicação e integração de dados geoespaciais, aumento da produção

de dados e aumento de potenciais produtores de dados.

Burity & Sá (2003) afirmam que a necessidade de criação de padrões é

amplamente justificada quando se objetiva a redução de custos, a interoperabilidade, a

integração com outras bases de dados e a produção especifica dos mesmos. A

padronização implica que os dados devem manter o mesmo significado e características

quando forem migrados e usados em sistemas distintos.

Para que as informações sejam disponibilizadas de maneira eficientemente e que

os usuários possam fazer seu uso da melhor forma, o ideal é que o formato dos dados

esteja padronizado, sendo necessária a adoção de um padrão comum para a estrutura de

dados que permita sua utilização por diversas instituições sem que haja a necessidade de

um re-trabalho para adaptá-los à base de dados (Silva & Ribeiro, 2009). Trabalho esse

que consome tempo e recursos e muitas vezes pode comprometer a qualidade do dado.

Há padrões de fato, que existem pelo constante uso e não por um decreto ou

regulamento, e padrões de direito, que são legais, provenientes de normas estabelecidas

por órgãos oficiais de padronização (Burity & Sá, 2003).

O objetivo da padronização de dados geoespaciais é a busca de soluções para

problemas de interoperabilidade, que tem como causa fundamental a diversidade de

SIGs e dados geográficos que utilizam diferentes modelos e estruturas. Burity & Sá

(2003) afirmam que a migração entre sistemas só é possível quando os dados estão

padronizados. O intercâmbio de dados é a capacidade de compartilhar e trocar dados,

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17

informações e processos entre diferentes usuários de geoinformação (Hübner &

Oliveira, 2008). Para Casanova et al. (2005) o grande desafio do intercâmbio de dados é

enfrentar a diversidade de modelos conceituais dos SIGs disponíveis no mercado.

Questões como formulação, estrutura, semântica, consistência e atributos são

guiados por regras que objetivam manter a integridade do dado espacial, em todas as

suas instâncias (Burity & Sá, 2003). O processo de coleta de dados deve ser guiado por

diretrizes que garantam a qualidade da informação, a falta de planejamento e adoção de

padrões no momento de coleta dos dados pode comprometer a qualidade da informação.

Padrões de informação têm sido estabelecidos em várias áreas do conhecimento.

Via de regra determinam não só unidades e padrões técnicos, a serem seguidos pelas

instituições e pessoas, como também procedimentos para acesso e transferência de

informação (Ribeiro, 2006). As aplicações geográficas, em geral, podem ser

desenvolvidas em diferentes arquiteturas de hardware, diferentes ambientes de software

e distintas localizações geográficas. Uma vez que são estabelecidos padrões da

informação geográfica de forma globalizada e generalizada, é possível conhecer

descrições desses padrões com mais rapidez e, desta forma, os usuários e os sistemas

podem conhecer e podem tratar, respectivamente, de informações mais adequadas para

atender aos requisitos das aplicações.

Muitos são os esforços no sentido de fornecer mecanismos computacionais de

padronização de formatos e uniformização sintática e semântica de objetos geográficos.

Atualmente é inquestionável o uso da Extensible Markup Language (XML)

(www.w3.org/xml) como padrão de troca de dados. O OGC fornece um conjunto de

especificações para padronizar o processo de interoperabilidade entre diferentes

formatos de dados baseado na tecnologia XML. A Geographic Markup Language

(GML) (www.opengeospatial.org/standard/gml) pode ser considerada a principal delas,

por ser utilizada em outras especificações. Ela foi concebida com o objetivo de

representar as informações geográficas, incluindo tanto as informações espaciais quanto

as não espaciais (Azevedo et al., 2006).

Alguns benefícios da padronização, ressaltados por Burity & Sá (2003) são a

diminuição dos custos da tecnologia para produzir e utilizar dados georreferenciados,

aumentar a possibilidade de comunicar e de integrar dados geoespaciais, aumento de

produtores potenciais da informação e aumento do volume de dados produzidos. Mais

que isso, as normas e as especificações técnicas para a padronização de dados

constituem o marco regulador para que os dados a serem gerados e a informação a ser

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integrada ofereçam a garantia de: comparabilidade, compartilhamento, compatibilidade,

confiabilidade, consistência e completeza (CONCAR,2010).

1.1.1.Panorama Mundial

Esforços em todo o mundo estão sendo feitos no sentido de estabelecer

infraestruturas de dados espaciais nos níveis global, regional, nacional e local, para que

as organizações, agências, empresas e indivíduos possam ter acesso às informações

geográficas de maneira simples e segura. As iniciativas de normatização de dados

espaciais começaram na Europa, com a comissão técnica 278 da Comissão Européia,

para Normalização – CEN: no âmbito mundial, com a comissão técnica 211 da

Organização Internacional para Padronização – ISO e através do Consórcio OpenGIS

(Fernandes & Loch, 2007).

As iniciativas de adoção de padrões são diversas e devem ser comentadas. A

Austrália e a Nova Zelândia possuem um conselho chamado Australia New Zeland

Land Information Council (ANZLIC) desde 1986. Trata-se de um conselho de

informação espacial intergovernamental de coleta, gestão e utilização de informação

geoespacial, a fim de facilitar o uso e o acesso dos dados espaciais e serviços prestados

por diferentes organizações dos setores públicos e privados.

Em nível mundial pode ser citada a Global Spatial Data Intrastructure (GSDI),

que é a associação de organizações, agências, empresas e indivíduos de todo o mundo

num objetivo de promover a cooperação internacional e a colaboração para apoiar o

desenvolvimento de IDEs locais, nacionais e internacionais.

Nos Estados Unidos National Spatial Data Infrastructure (NSDI) de 1996 é

uma iniciativa do Federal Geographic Data Comittee (FGDC), que desenvolveu um

padrão de metadados com o mesmo nome. A NSDI estabelece tecnologias, políticas e

recursos humanos necessários para o alcance da interoperabilidade no setor

governamental, privado, acadêmico e individual.

A União Européia estabeleceu em 2001 o Insfrastructure for Spatial

Information in the European Community (INSPIRE) com os objetivos de criar uma IDE

européia comserviços que possibilitem identificar e acessar a informação espacial de

uma variedade de fontes, em nível local ao global. Porém o estabelecimento da

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19

infraestrutura de dados espaciais da comunidade Européia foi concretizado a partir do

decreto da diretiva que data de 2007.

1.1.2.Panorama Nacional

No Brasil o órgão responsável por padrões de informações geoespaciais é a

Comissão Nacional de Cartografia (CONCAR) que possui a missão de coordenar e

orientar a elaboração e a implementação da Política Cartográfica Nacional e a

manutenção do Sistema Cartográfico Nacional, com vistas à ordenação da aquisição,

produção e disseminação de informações geoespaciais para a sociedade brasileira. Seus

principais objetivos são garantir a aplicação e atualização da legislação cartográfica e

das especificações e normas de produção, fiscalização e disseminação cartográfica, nas

escalas cadastral, topográfica e geográfica; promover a articulação entre entidades,

públicas e privadas, que produzam e/ou utilizem, efetiva ou potencialmente, dados e

informações geoespaciais; elaborar e acompanhar a execução do Plano Cartográfico

Nacional. Promover a formulação e a articulação de uma política cartográfica como

suporte à condução do processo de planejamento e gestão territorial com apoio nos

diversos fóruns do Governo Federal. Promover a cultura do uso da cartografia como

instrumento de inserção e referência territorial da sociedade. Buscar fontes de recursos

financeiros que garantam os investimentos necessários para execução do plano e

programas da Política Cartográfica Nacional.

Esforços paralelos de padronização que cabem ser citados neste momento são a

Infra-Estrutura Nacional de Dados Espaciais (INDE), a Mapoteca Nacional Digital

(MND) e Padrões de Interoperabilidade de Governo Eletrônico( e-PING).

A INDE engloba as tecnologias, políticas, normas e recursos humanos

necessários para adquirir, processar, armazenar, distribuir e melhorar a utilização de

dados georreferenciados. Entre as normas desta infraestrutura deve estar presente uma

que defina apropriadamente a descrição e distribuição de informações geoespaciais, e

que permita a disseminação a e disponibilização das informações digitais, otimizando

assim sua partilha, e maximizando a utilidade dos recursos informacionais.

Tal necessidade foi identificada pelos órgãos responsáveis pelo mapeamento de

referência e os produtores de informação geográfica do Sistema Cartográfico Nacional

(SCN), quando se percebeu o problema da multiplicidade de estruturas de dados e que

algumas delas eram incompatíveis. Já em 1992, foi verificada a referida necessidade na

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20

Agenda 21, documento elaborado durante a Conferência das Nações Unidas para o

Meio Ambiente, realizada no Rio de Janeiro (MMA, 2000), onde foi levantado que a

disponibilização dos produtos geoespaciais deve garantir a facilidade de intercâmbio de

dados. (Lunardi & Augusto, 2006)

A MND é o marco inicial dos esforços brasileiros para a obtenção de um padrão

único de estrutura de dados nacional, prevendo o compartilhamento de dados do

mapeamento de referência através da adequação à nova estrutura e disponibilização dos

produtos do Sistema Cartográfico Nacional (Lunardi & Augusto, 2006).

A utilização desta estrutura de dados da MND implicará na portabilidade dos

arquivos, na facilidade de agregação de novas informações e sua atualização, na

possibilidade de agregação de informações temáticas sobre a base cartográfica, na

facilidade de construção de programas conversores para gerar estruturas compatíveis

com o padrão único, na possibilidade de auditoria por parte dos órgãos do Sistema

Cartográfico Nacional, possibilidade de geração de base cartográfica contínua,

economia de recursos públicos, entre outros.

e-PING é um documento do governo federal que entre outras coisas visa a

padronização na área de tecnologia de informação do Brasil por meio da adoção de

padrões abertos. Define padrões de interoperabilidade de Governo Eletrônico através de

um conjunto mínimo de premissas, políticas e especificações técnicas que

regulamentam a utilização da Tecnologia de Informação e Comunicação na

interoperabilidade de Serviços de Governo Eletrônico, estabelecendo as condições de

interação com os demais Poderes e esferas de governo e com a sociedade em geral.

O governo brasileiro, no entanto, estabelece essas especificações como o padrão

por ele selecionado e aceito, ou seja, estes são os padrões em que deseja interoperar com

as entidades fora do governo federal - Poder Executivo brasileiro. A adesão dessas

entidades dar-se-á de forma voluntária e sem qualquer ingerência por parte da

Coordenação da e-PING.

1.3.Metadados

O uso efetivo de informações geográficas requer fácil acesso à documentação

(em papel ou formato digital com mais freqüência) que descreve a origem, a

propriedade, qualidade, idade (Magüire & Longley, 2005).

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A Associação Internacional de Cartografia define que "metadados espaciais são

dados que descrevem o conteúdo, a definição dos dados, a estrutura, extensão (temporal

e geográfica), as referências espaciais, a qualidade, a disponibilidade, o status e a

administração do conjunto de dados geográficos" (Guptill & Morrison 1997).

Elaborados para uma série de utilidades, os dados geográficos digitais são

produzidos e comumente disponibilizados em ambientes corporativos. Por isso há a

necessidade de descrever as características dessas informações, o que é papel dos

metadados.

Os metadados descrevem o conteúdo, a qualidade, a condição e outras

características que acercam os dados. Definidos de maneira corriqueira, os metadados

são os dados sobre os dados. São as respostas para as perguntas: O que? Quem?

Quando? Onde? E como? , ou seja, são informações úteis para identificar, localizar,

compreender e gerenciar os dados.

A adoção de metadados geográficos é justificada por permitir a identificação das

fontes geradoras da informação, de suas possíveis atualizações e de auxiliar a criação de

interfaces de consulta e recuperação em bancos de dados (Lima& Câmara,2002).

A documentação de dados é um trabalho necessário para uma boa gestão e

exploração de dados. O aproveitamento de dados não destina-se apenas para uso interno

de uma organização, mas também para ser capaz de compartilhar e trocar dados entre

diferentes produtores, ou entre produtores e usuários.

Os metadados geoespaciais tem como objetivo descrever as características,

possibilidades e limitações dos dados geoespaciais através de informação estruturada e

documentada, possibilitando a criação de repositórios de dados dessa natureza, os quais

podem ser encontrados pelos usuários através de um buscador geográfico ligado a

diversos serviços, páginas e portais especificamente direcionados a este fim (IBGE,

2009).

Os metadados geográficos surgiram com o desenvolvimento dos mapas digitais,

produzidos pela cartografia digital, e pela manipulação da informação geográfica

através dos SIGs ( Prado et al, 2009).

Existem diferentes propostas de padrões de metadados, sendo algumas

iniciativas mais importantes como: o padrão canadense Spatial Archive and

Interchange Format (SAIF), padrão australiano proposto pelo Australia New Zealand

Land Information Council (ANZLIC), padrão americano do United States Federal

Geographic Data Comitte (FGDC) e o padrão internacional da International

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Organization of Standards (ISO), citados anteriormente. Estes padrões fornecem

informações para o conhecimento dos dados existentes, o enquadramento em

determinadas aplicações e as condições de acesso e transferência para o usuário.

No Brasil, a Comissão Nacional de Cartografia (CONCAR), através do seu

Comitê de Estruturação de Metadados Geoespaciais (CEMG), é responsável pela

implementação do perfil de metadados Geoespaciais Brasileiro (Perfil MGB) baseado

no padrão ISO 19115.

Os metadados representam a principal questão para a interoperabilidade de

sistemas baseada em dados, pelo fato de facilitar a construção de consultas e o

estabelecimento de correlações entre os dados em um nível mais abstrato. Metadados

estão sendo progressivamente incorporados aos dadosgeográficos e não somente

permitem identificar os dados e acelerar as consultas, mas também possibilitam o reuso

dos dados por meio das informações qualitativas (Smits, 1997).

Visto isso, fica claro que as normas de metadados tem determinadas funções

como: fornecer as informações necessárias para descrever seus dados corretamente,

facilitar a organização e manutenção de metadados para dados geográficos, permitir que

os usuários utilizem dados geográficos de forma mais eficiente por conhecer as suas

características básicas, facilitar a descoberta, valorizar e reutilizar dados e permitir aos

usuários determinar se os dados geográficos podem ser usados por eles.

1.3.1.Padrões e Perfis Um padrão de metadados estabelece um conjunto de elementos de metadados

para uma comunidade, incluindo a especificação de cada elemento e esquemas de

codificação para permitir a interoperabilidade entre os sistemas que utilizam o padrão

(E-ping, 2009).

A utilização de um padrão comum de metadados possibilita o compartilhamento

dos mesmos facilitando o acesso dentro das organizações além da troca de informações

entre organizações. Os padrões fornecem notação descritiva para os dados

armazenados, visando facilitar a construção de consultas e permitir estabelecer

correlações de dados em um nível mais abstrato. Proporcionam informações adicionais

sobre a produção de dados, descrevendo o conteúdo, a qualidade, a origem, o formato,

os procedimentos de geração, a disponibilidade, entre outras características. Os padrões

de metadados são planejados a fim de abranger todos os tipos de dados, genericamente.

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Prado et al. (2009) afirma que os padrões FGCD e ISO são amplamente

adotados por abrangerem uma maior variabilidade de informações geográficas

permitindo atender usuários diversificados, apresentando diferenças estruturais e

conceituais.

O padrão FGDC é organizado em 11 seções, cada uma composta por subseções

com campos que devem ser preenchidos de acordo com as especificidades dos dados

descritos. As agências norte americanas são obrigadas a utilizar este padrão por

exigência do FGDC para disponibilizar livremente os dados geoespaciais no repositório

virtual americano National Geospatial Data Clearinghouse.

A ISO é uma organização composta por representantes de empresas privadas e

governos a fim de estruturar e estabelecer padrões internacionais em diversos segmentos

da sociedade (Prado et al., 2009). Atua através de comitês técnicos sendo o ISO/TC211

(Geographic Information/Geomatic) responsável pela concepção de um esquema de

metadados para dados geográficos digitais, apresentando seus resultados na norma ISO

19115:2003. Neste padrão os elementos de metadados estão organizados em 92 classes.

Trata-se de uma norma complexa, uma vez que foi desenvolvida para qualquer

tipo de informação espacial e não está disponível gratuitamente pois trata-se de um

padrão fechado, tendo que ser adquirida junto a organização, por U$ 220atualmente.

A ISO 19115 é uma norma muito ampla que permite definição de perfis e de

extensões para campos específicos de aplicação, mostrando-se ideal, para uso nos

departamentos e agências internacionais de produção de dados geoespaciais (CONCAR,

2009). Muitas são as iniciativas que vêm baseando seus perfis nesta norma sendo a mais

difundida nos dias de hoje.

1.3.2.Perfil de Metadados

Um perfil de metadados é um detalhamento da norma geral, segundo linguagem

e características locais. A Figura 1 ilustra a esfera dos padrões e perfis de metadados. O

perfil é composto de uma descrição detalhada do padrão, definindo termos, definições e

valores de domínio, para uma comunidade específica. O perfil pode também estender a

norma, colocando mais atributos, ou diminuí-la, descartando campos irrelevantes.

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Figura 1 - Padrões e perfis de metadados. Fonte: CONCAR 2010

Os metadados precisam ser estruturados de maneira que suporte uma indexação

automática, ou seja, em um formato que possibilite a busca e recuperação dessas

informações por diferentes usuários, através de aplicações com estas finalidades, neste

caso, catálogos de metadados.

1.3.3.Perfil de Metadados Brasileiro

O perfil MGB foi homologado em 2009 pelo Comitê de Estruturação de

Metadados Geoespaciais (CEMG1). A expectativa deste comitê é que todos os órgãos

produtores de dados geoespaciais, cartográficos e temáticos se integrem ao esforço de

validar este Perfil MGB, e que ele atenda as demandas de informações sobre produtos

do Sistema Cartográfico Nacional (CONCAR, 2009). A fim de fomentar a cultura de

documentação de produtos através de padrão de metadados, nas organizações que

porventura não disponham de elementos que compõem o Perfil MGB completo,

recomenda-se o uso do perfil MGB sumarizado. O Quadro 2- Seções, entidades e

elementos do perfil completo de metadados geográficos brasileiro.2 apresenta as seções

e elemento/entidades do perfil completo e o Quadro 3- Entidades e elementos do perfil

brasileiro de metadados sumarizado (Fonte: CONCAR, 2009) o perfil sumarizado.

1 O CEMG é composto por representantes dos principais órgãos produtores de dados geoespaciais no Brasil e reuniu-se ao longo dos anos de 2008 e 2009 com o objetivo de especificar um perfil nacional de metadados geoespaciais (CONCAR, 2009), submetendo-o a consulta pública.

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Quadro 2- Seções, entidades e elementos do perfil completo de metadados geográficos brasileiro. Seção Entidade/Elemento Entidade/Elemento

Identificação

Citação

Título

Data

Edição

Séries

ISBN

Resumo

Objetivo

Créditos

Status

Responsável pelo Recurso Nome da Organização

Função

Palavras Chaves Descritivas

Disciplinar

Toponímia

Temática

Pré-visualização Gráfica

Informação de Dados Agregados Nome

Tipo de Associação

Identificação do CDG

Tipo de Representação Espacial

Escala Escala equivalente

Idioma

Norma de Codificação de Caracteres

Categoria Temática

Ambiente de Produção

Extensão

Extensão Geográfica

Extensão temporal

Extensão Altimétrica- Batimétrica

Informação de restrição Restrição Legal

Restrição de Acesso

Restrição de Uso

Restrição de Segurança Classificação

Qualidade

Nível Hierárquico

Linhagem

Declaração

Fontes dos Dados

Denominados escala

Etapas do Processo

Relatório

Completude

Consistência Lógica

Exatidão Posicional

Exatidão Temporal

Exatidão Temática

Informação de Manutenção Freqüência de Manutenção e Atualização

Informação de Representação

Espacial

Representação Espacial Vetorial Nível Topológico

Tipos de Objetos Geométricos

Representação Espacial Matricial

Representação Espacial Matricial

Georretificada

Representação Espacial Matricial

Georreferenciável

Sistema de Referência Identificador do Sistema de Referência

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Elipsóide

Parâmetros de Elipsóide Semi-eixo maior

Achatamento

Datum

Projeção

Parâmetros de Projeção

Informação de Conteúdo

Descrição do Catálogo de Feições Catálogo Incluído

Citação do Catálogo de Feições

Descrição do Conteúdo dos Dados Matriciais

Descrição do conteúdo da partição ( pixel)

Tipo da Informação representada pelo valor

do pixel

Descrição da imagem

Banda espectral

Distribuição

Formato de distribuição

Opções de Transferência Digital Acesso Online

Acesso Offline

Responsável Nome da organização

Função

Metametadados

Dados dos Metadados

Identificador de Metadados

Idioma dos Metadados

Nível Hierárquico

Norma de codificação de caracteres dos

Metadados

Designação da Norma e Perfil de Metadados

Responsável pelos Metadados Nome da Organização

Função

Versão da Norma de Metadados

Restrições Legais Restrições de Acesso

Restrições de Uso

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Quadro 3- Entidades e elementos do perfil brasileiro de metadados sumarizado (Fonte: CONCAR, 2009)

Entidade/elemento Sumarizado

Título Obrigatório

Data Obrigatório

Responsável Obrigatório

Extensão Geográfica Opcional

Idioma Obrigatório

Código de Caracteres do CDG Condicional

Categoria Temática Obrigatório

Resolução Espacial Opcional

Resumo Obrigatório

Formato de Distribuição Obrigatório

Extensão Temporal e Altimétrica Opcional

Tipo de Representação Espacial Opcional

Sistema de Referência Obrigatório

Linhagem Opcional

Acesso Online Opcional

Identificador de Metadados Opcional

Nome e Padrão de Metadados Opcional

Versão da Norma de Metadados Opcional

Idioma dos Metadados Condicional

Código de Caracteres dos Metadados Condicional

Responsável pelos Metadados Obrigatório

Dados dos Metadados Obrigatório

Status Obrigatório

2. Infraestrutura Espacial de Dados (IDE)

A partir do levantamento de diferentes significados do conceito IDE, constatou-

se que não existe uma definição única ou mesmo um consenso. Seu objetivo principal é

compartilhar dados por meio de padrões abertos entre as instituições. As diferenças

estão basicamente relacionadas ao contexto escolhido, porém tendo muito em comum,

ou seja, assumem que as IDEs são um conjunto de componentes e princípios que

contemplam harmonia , sendo um conceito relativamente novo que tende a sofrer uma

considerável evolução em termos conceituais e metodológicos. Encarada como

iniciativa, ferramenta ou estratégia, o importante é que as IDEs estão emergindo de

maneira a diminuir os custos com levantamentos cartográficos, diminuir no sentido de

não fazer coletas redundantes de informações, o que vem despendendo recursos em

diversas organizações que não tem um sistema de gerenciamento de informações e nem

uma política de distribuição das mesmas.

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O termo IDE instituído em 1993 pelo Conselho Nacional de Pesquisa da união

Européia para descrever, entre outras coisas, a oferta de acesso a informações

geográficas padronizadas. O FGDC define IDE como o conjunto de "tecnologias,

políticas, normas, recursos humanos e atividades relacionadas, necessárias para

aquisição, processamento, distribuição, utilização, manutenção e preservação de dados

espaciais em todos os níveis de governo, os setores privados e sem fins lucrativos, e

universidades” ( Magüire & Longley, 2005).

As IDEs existem em diversas escalas ( global, nacional, estadual, regional e

local) embora os mesmos princípios básicos aplicáveis em todas as escalas. Magüire &

Longley (2005) destacam que mais de 100 programas de IDE foram estabelecidas

dentro e entre muitos países.

Programas regionais, nacionais e internacionais vêem trabalhando para

melhorar o acesso aos dados geográficos disponíveis, promover a sua reutilização,

garantir a disponibilização das informações geoespaciais sem investimentos adicionais.

O grande aumento na produção de dados geoespaciais, aliado à necessidade da

digitalização dessas informações, criaram a necessidade da definição de padrões

tecnológicos e políticos, auxiliando no gerenciamento das infraestruturas de dados

geoespaciais, formando-se, assim, o conceito de IDE (Granemann, 2009), a fim de

garantir os recursos financeiros e tecnológicos sejam utilizados de maneira correta,

tornando as informações geoespaciais facilmente acessíveis aos seus usuários.

As pesquisas sobre requisitos de IDEs começaram em 1995 na Europa e Ásia-

Pacífico e em 2000 nas Américas, principalmente em resposta à evolução de

infraestruturas nacionais de dados ocorrendo em poucas nações dentro dessas regiões (

Longhorn, 2003).

Como definido pelo Conselho Nacional Holandês, uma IDE é uma coleção de

políticas, dados, padrões, tecnologias (hardware, software e comunicações eletrônicas)

e conhecimentos que provê as informações geográficas necessárias para uma

determinada tarefa (Rajabifard, 2001). Já o comitê americano explica que IDEs

consistem de organizações e indivíduos que geram ou utilizam dados geoespaciais e as

tecnologias que facilitam o uso e a transferência desses dados (Rajabifard, 1999).

As IDEs têm o potencial de aumentar as oportunidades comerciais para a

indústria da informação geográfica e promover a utilização generalizada de conjuntos

de dados geoespaciais disponíveis que são essenciais para otimizar a tecnologia

geoespacial, dando apoio para os processos de tomada de decisão (Feeney et al.,

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2000).O mesmo autor afirma que objetivo principal do desenvolvimento de IDE para

qualquer nível político / administrativo é conseguir melhores resultados em níveis de

decisão econômica, social e ambiental para tomada o planejamento de utilização e

monitoramento de recursos.

As boas práticas de implementação de uma IDE, sugeridas pela Global Spatial

Data Infrastructure Association (GSDI, 2009) são atender aos requisitos mínimos de

interoperabilidade através de implementação e adoção de um conjunto de normas

fundamentais e softwares recomendados por iniciativas como a GSDI, que vem

pesquisando a implementação de IDEs desde 1995.

As IDEs têm permitido a arquitetura de uma estrutura eficiente de

gerenciamento de dados espaciais e promovem uma visão mais compreensiva de como

esses dados podem ser distribuídos e utilizados. Sua finalidade principal é conectar o

produtor e o usuário da informação geoespacial, sendo estes do setor privado,

governamental, acadêmico ou do publico em geral.

2.1.Hierarquia de IDEs

Segundo Rajabifard (2000) o conceito de hierarquias é aplicado para o

desenvolvimento de IDEs devido as razões e propriedades comuns entre elas, ou seja:

são desenvolvidas por um mesmo propósito e com as mesmas propriedades e estão

contidas ou contém umas as outras, ou seja, existe uma relação vertical entre elas ,

ilustrada pela seta dupla apresentada na Figura 2. Uma IDE de nível estadual é

composta por IDEs corporativas e locais, que tem o mesmo princípio e práticas, porém

outro foco, ou seja, são mais específicas.

Para o mesmo autor a hierarquia de IDEs cria um ambiente em que os

tomadores de decisão em qualquer nível de trabalho podem recorrer a dados de outros

níveis, consoante os temas, escalas, moeda e cobertura dos dados necessários.

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Figura 2- Hierarquia de IDEs segundo Rajabifard ( 2000)

Este esquema de hierarquia proposto por Rajabifard (2000) identifica a

importância da inter-relação entre os diferentes níveis de IDEs e interdependência de

seus componentes. Basicamente o principal benefício do modelo de organização

piramidal é a possibilidade do topo da pirâmide dar suporte tecnológico, informacional

e normativo para as IDEs da base. Ao mesmo tempo, as iniciativas da base da pirâmide

são extremamente importantes por terem uma maior especificidade de dados.

Quanto mais dados disponíveis, mais potente, mais útil e mais produtiva é uma

infraestrutura de dados espaciais, em qualquer um dos níveis pois deve haver

comunicação vertical e horizontal entre todas. A hierarquia representa a soma de todos

os dados disponíveis mediante a aplicação de padrões que tornam as mesmas acessíveis.

2.2. Componentes de IDE

Apesar das diferentes definições existem um consenso sobre a existência de

cinco componentes de IDEs, e elas são sucintamente descritas abaixo e ilustradas na

Figura 3:

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31

• Pessoas: são partes envolvidas ou interessadas, também chamadas

atores: o setor público e o setor privado respondem pela aquisição,

produção, manutenção e oferta de dados espaciais; o setor acadêmico é

responsável pela educação, capacitação, treinamento e pesquisa em IDE;

e o usuário determina que dados espaciais são requeridos e como devem

ser acessados (Rajabifard et al., 2002).

• Dados: são a componente central em IDE, podendo ser entendidos como

vários conjuntos de dados geoespaciais, classificados em diferentes

categorias(Warnest,2005).

• Institucional: compreende as questões de política, legislação e

coordenação. Da perspectiva de política, a custódia, o preço e o

licenciamento têm papéis importantes (Warnest, 2005).

• Tecnologia: diz respeito aos meios físicos e de infraestrutura necessários

para o estabelecimento da rede e dos mecanismos tecnológicos que

permitam: buscar, consultar, encontrar, acessar, prover e usar os dados

geoespaciais, auxiliando a manutenção, o processamento, a disseminação

e a acessibilidade dos dados espaciais (Rajabifard et al.,2002).

• Normas e padrões: são responsáveis pela descoberta, o intercâmbio, a

integração e a usabilidade da informação espacial. Padrões de dados

espaciais abrangem sistemas de referência, modelo de dados, dicionários

de dados, qualidade de dados, transferência de dados e metadados

(CONCAR, 2010).

Para o desenvolvimento de uma IDE é necessário um estudo de custo –

benefício, uma vez que a sua implementação requer investimentos de tempo e capital e

tais investimentos devem ser justificados para fins de financiamento. Na maioria das

vezes os custos são imediatos e os benefícios vêem em longo prazo. Os custos

associados a implantação de uma IDE seriam: hardware ( neste caso servidores e

computadores), treinamento e mão de obra.

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Figura 3- Componentes de uma IDE, adaptado de WARNEST (2005)

O conceito de IDE está em constante evolução, juntamente com as necessidades

das pessoas e tecnologias, as interações entre as suas diferentes componentes, que são

dinâmicas por natureza. Isto impõe uma necessidade de mediação por uma política, o

que poderia facilitar a interação entre os vários componentes da IDE. Educação e

conscientização para a população, e melhor colaboração, cooperação coordenação entre

atores são necessários para um IDE eficiente.

Existe a necessidade de compreender a natureza das redes sócio-técnicas que

constituem IDE, incluindo dados, bases de dados, informação e comunicação, as

normas, os povos, histórias e práticas institucionais, e aplicações (Singh, 2009).

3. Padrões Globais Muitos governos e organizações têm reconhecido a importância da IDE como

forma de maximizar os recursos econômicos, sociais e ambientais. A importância da

IDE para a boa administração e para o desenvolvimento econômico e social, tem

conduzido a maioria dos países do mundo a envolverem-se no processo de

desenvolvimento de tais infraestruturas (Ginie, 2004).

Os governos desempenham um papel absolutamente crucial no desenvolvimento

das IDE e da sociedade de informação porque são ao mesmo tempo produtores de

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dados, utilizadores, executores de política, e reguladores que fornecem orientação aos

organismos mais importantes do setor público.

Existem padrões globais, criados por organizações internacionais, que guiam o

desenvolvimento de iniciativas e sugerem uma estrutura de dados e arquitetura de

softwares que possibilita a disponibilização da informação geoespacial.Alguns deles são

a Global Spatial Data Infrastructure Association (GSDI), Infraestrutura de Informação

Espacial na Europa (INSPIRE), International Organization for Standardization (ISO),

Open Geoespatial Consortium (OGC) entre outros.

3.1.Global Spatial Data Infrastructure Association (GSDI) GSDI é uma organização que reúne associações, agências, organizações,

empresas e técnicos de todo o mundo para promover o desenvolvimento da IDEs para

todas as escalas. Seu objetivo é apoiar o acesso global à informação geográfica. Ele é

atingido através das ações coordenadas de nações e organizações que promovem a

sensibilização e a implementação de políticas, a normalização e mecanismos eficazes

para o desenvolvimento, acessibilidade e interoperabilidade de dados geográficos

digitais e de tecnologias como a base para a tomada de decisões em todas as escalas

para múltiplos fins. Estas medidas incluem políticas de gestão organizacional, dados,

tecnologias, normas, mecanismos de transmissão e de recursos humanos e financeiros

necessários para assegurar que aqueles que trabalham na escala global e regional não

sejam impedidos de cumprir os seus objetivos (GSDI, 2004).

Esta organização sem fins lucrativos surgiu em 1996 , quando a comunidade

geoespacial global tomou consciência dos benefícios de uma gestão eficiente de

informação, baseada na normalização e interoperabilidade de dados, processo e sistemas

para resolução de problemas globais (Afonso, 2008).

Seu objetivo é contribuir para o desenvolvimento de estratégias de

implementação de IDEs em diferentes países. As normativas estão em um manual

chamado “The SDI Cookbook” (2004 em sua primeira versão e 2009 em sua segunda

versão) que inclui as recomendações no âmbito da normalização, desenvolvimento de

políticas e estratégias, boas práticas e estabelecimento de parcerias. A maioria das

iniciativas é guiada por estas diretrizes que facilitam a padronização das iniciativas,

fazendo com que as informações adquiram um perfil interoperável.

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3.2.Infraestrutura de Informação Espacial na Europa (INSPIRE)

Iniciativa da Comissão Européia firmada em 2007, que objetiva a construção de

uma infraestrutura de dados espaciais para os países europeus e foi adotado como lei

desde 2009 por todos os países membros da União Européia. INSPIRE é uma iniciativa

jurídica que estabelece normas e protocolos de técnicas organizacionais e de

coordenação das políticas relativas à informação que inclui o acesso aos dados e a

criação e manutenção da informação espacial.

Tal diretiva é o desenvolvimento de um conjunto de regras que visam

implementar diversos domínios como metadados, catálogo de metadados, webservices ,

comunicação e monitoramento e política de serviços de dados.

3.3.International Organization for Standardization (ISO) Organização Internacional de Normalização, ou ISO, é responsável pela

promoção do desenvolvimento de normas internacionais em quase todos os domínios da

indústria e dos serviços (produção, comunicação, comércio, etc.)A ISO é uma rede de

institutos nacionais de normalização de 160 países na base de um membro por país, com

um Secretariado Central em Genebra (Suíça), que coordena o sistema. É composta por

delegações governamentais e dividida em um número de subcomissões responsáveis

pelo desenvolvimento de orientações ou normas. No que diz respeito à Geomática ou de

informação geográfica, esta organização internacional tem um grupo de trabalho

denominado CT-211 (Comitê Técnico 211) (em www.iso.org acessado em abril 2010).

3.4.Open Geoespatial Consortium (OGC)

Trata-se de uma entidade internacional, ou seja, um consórcio de 350 empresas,

instituições, agências governamentais, universidades e indivíduos com o intuito de

definir padrões abertos para geoinformação. O principal objetivo é promover o

desenvolvimento de tecnologias que facilitem a interoperabilidade entre diferentes

sistemas que trabalhem com a informação geográfica. O OGC possui a missão de

desenvolver especificações para interfaces espaciais que serão disponibilizadas

livremente para uso geral. O conjunto de padrões e especificações sob licenças livres da

OGC é amplamente utilizado em ferramentas SIG e definem o funcionamento dos

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servidores de mapas como o GeoServer (Granemann, 2009). É a organização mais

influente no campo da geoinformação na internet. Entre os padrões OGC destacam-se:

WMS, WFS, GML, KML, SLD a seguir apresentados.

3.4.1.Web Services

É uma aplicação que permite a comunicação com outras aplicações usando

XML 2 e independente de plataformas, linguagens de programação e sistema

operacional. Os requisitos dos web services são: estar disponível na internet ou intranet,

usar sistema de mensagem padronizada em XML, não ser amarrado a nenhum sistema

operacional ou linguagem de programação, ser auto-descritivo através da gramática

XML comum, poder ser descoberto através de simples mecanismos de busca. Existem

padrões pra diferentes finalidades como padrões de dados, de entrega e outros padrões.

Alguns deles estão descritos no Quadro 4, somente os que foram utilizados na presente

pesquisa.

2 eXtensible Markup Language : maneira flexível para criar formatos de informações comuns e compartilhar ambos os formatos e os dados na internet, intranet e em qualquer lugar ( E-Ping, 2009).

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Quadro 4- Definições dos web services abordados na presente pesquisa. Padrões Web

Service

Descrição D

ados

GML

Padrão baseado em XML desenvolvido para permitir o transporte

e armazenamento de informações geográficas incluindo suas

propriedades espaciais e não espaciais (Brandão & Ribeiro,

2007).

KML Formato de arquivo usado para exibir dados geográficos em um

navegador web, como Google Earth e Google Maps.

Ent

rega

WMS Define a interface de um serviço para disponibilizar mapas (dados

geográficos editados) ou imagens na Internet (HTTP).

WFS Define a interface de um serviço que permite acessar e manipular

dados geográficos codificados em GML na Internet (HTTP)

WCS

Define a interface de um serviço para acessar informações

georreferenciadas que possuem valores em todo o espaço

considerado, sem fronteiras bem definidas (geo-campos).

Out

ro

SLD

Define a estrutura de um arquivo XML, o qual aplica regras de

simbologia em feições. Na solicitação de um WMS ou WFS, a

simbologia é preservada somente pela existência desse padrão

OGC.

3.5. Panorama Mundial

Warnest et al.(2005) afirmaram que a maioria países têm iniciativas nacionais de

IDE. A comparação e avaliação de diferentes IDEs pode ajudar a entender melhor os

conceitos, os componentes e encontrar a melhor prática para determinadas tarefas.

Desde 1994, muitos países em todo o mundo têm tomado medidas para estabelecer

IDEs (Masser, 2005). Até 2002, mais de 100 países estavam trabalhando no

desenvolvimento de infraestrutura de dados espaciais nacionais (Crompvoets, 2006).

A Figura 4 é uma representação do surgimento das IDEs ao longo do tempo em

um panorama mundial. Estas iniciativas são exemplos pioneiros da intenção de

encontrar mecanismos para o melhor aproveitamento dos dados geoespaciais e sua

disseminação entre organizações governamentais privadas e de caráter científico. Como

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pioneiras e bem sucedidas, as iniciativas vem sendo adotadas por diversos países o que

facilita o intercambio de informações, uma vez que se baseiam nos mesmos padrões e

possuem a mesma estruturação.

As IDEs apresentam diversos pontos comuns em relação às tecnologias,

ideologia e hierarquia, sendo iniciativas bem heterogêneas. Tratam-se de iniciativas

nacionais, focadas em informação geográfica e preocupam com a formulação de

mecanismos de gestão da informação geoespacial. A grande maioria das IDEs

pesquisadas adotam a norma ISO 19115 para a documentação de dados geográficos. A

diretiva INSPIRE guia o desenvolvimento de todas as iniciativas européias, porém as

diretrizes da GSDI guiam de todos os outros países. Todas as iniciativas atendem aos

pré-requisitos de uma IDE, principalmente na adoção de padrões abertos (OGC).

Algumas iniciativas existentes não puderam ser caracterizadas por não apresentarem

documentação disponível ou estarem disponíveis somente em seu idioma de origem.

Figura 4- Linha do tempo das iniciativas de IDE do panorama mundial.

3.6.Panorama Brasileiro

A CONCAR é a responsável pela padronização do material cartográfico digital

que disponibiliza as especificações técnicas para estruturação de dados geoespaciais

digitais vetoriais. Seus principais objetivos são garantir a aplicação e atualização da

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legislação cartográfica e das especificações e normas de produção, fiscalização e

disseminação cartográfica, nas escalas cadastral, topográfica e geográfica; promover a

articulação entre entidades, públicas e privadas, que produzam e/ou utilizem, efetiva ou

potencialmente, dados e informações geoespaciais; elaborar e acompanhar a execução

do Plano Cartográfico Nacional (Archela, 2007). A especificação da Mapoteca Nacional

Digital, na versão 2007, é o marco inicial para a obtenção de um padrão de estrutura de

dados espaciais para o mapeamento sistemático brasileiro, e possibilitará a criação de

repositórios de dados geoespaciais distribuídos nacionalmente. A adoção do padrão

permitirá a manutenção da integridade estrutural dos dados e, conseqüentemente, a

interoperabilidade dos mesmos. O uso dos dados, pelos vários participantes da

infraestrutura nacional de dados espaciais, independe de plataformas de aplicativos, e

gera significativa economia de tempo e otimização de recursos.

Por definição, oficialmente, a INDE deve englobar políticas, normas, dados,

padrões, tecnologias e recursos humanos necessários para adquirir, processar,

armazenar, distribuir e melhorar a utilização de dados geoespaciais (CONCAR, 2007).

Ou seja, não difere ou mesmo abrange as características das IDEs apresentadas no item

anterior. De fato, os projetos internacionais vêem ajudando o Brasil a construir sua IDE.

Um bom exemplo são as iniciativas de padronização brasileiras baseadas nos padrões

internacionais, por estes apresentarem um histórico de iniciativas de sucesso.

Em 1997 surgiu o Comitê Especializado para Estudo do Padrão de Intercâmbio

de Dados Digitais (CEPAD) com o objetivo de elaboração de uma proposta que

orientasse o intercambio de dados cartográficos digitais (Burity & Sá, 2003). Uma vez

que o desenvolvimento de padrões visando a interoperabilidade entre sistemas estava

sendo realizado por iniciativas isoladas, seria interessante que um comitê regulasse

todos os padrões.

A partir do Decreto nº 6666, de 27 de novembro de 2008 foi instituída

legalmente a Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais (INDE) com o objetivo de

ordenação na geração, armazenamento, acesso, compartilhamento, divulgação e uso dos

dados geoespaciais. Decreto este que aponta as responsabilidades, formula definições e

estabelece diretrizes para a implantação da INDE e estipula um prazo para a CONCAR

elaborar um plano de ação a fim de colocá-la em vigor, até dezembro de 2010. Desta

maneira, o governo sinalizou que está trabalhando para a padronização de dados e o

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compartilhamento de informações geoespaciais na esfera pública. Da mesma forma, a

iniciativa privada tem agora diretrizes claras sobre o que se espera de uma IDE.

Segundo a CONCAR (2010) a INDE tem o objetivo de ordenar a geração,

armazenamento, acesso, compartilhamento, disseminação e uso dos dados geoespaciais

de origem federal, estadual, distrital e municipal; promover a utilização, na produção

dos dados geoespaciais, dos padrões e normas homologados pela CONCAR; e evitar a

duplicidade de ações e o desperdício de recursos na obtenção de dados geoespaciais

pelos órgãos da administração pública, por meio da divulgação dos metadados relativos

a esses dados disponíveis nas entidades e nos órgãos públicos.

Em suma, INDE é a uma iniciativa do Governo Federal que visa catalogar,

integrar e harmonizar dados geoespaciais produzidos ou mantidos por instituições do

governo brasileiro, de maneira que possam ser facilmente localizados, explorados em

suas características e acessados para os mais diversos usos, por qualquer cliente com

acesso à Internet, prevendo o estabelecimento de normas e padrões para a produção,

armazenamento, compartilhamento e disseminação dos dados.

Paralelamente ao decreto, algumas iniciativas surgiram em organizações

privadas e governamentais no Brasil. No panorama hierárquico de IDEs, podem ser

citadas como regionais/estaduais a Infraestrutura de Dados Espaciais da Bahia, o Projeto

Geobases do Estado do Espírito Santo, o Projeto EmplasaGeo, da Emplasa- SP. A

Agência Executiva de Gestão de Águas do Estado da Paraíba possui um Geoportal que

disponibiliza as informações geoespaciais nos Padrões OGC, se utilizando dos

servidores de mapas MapServer e GeoServer. Em esfera municipal, a experiência de

Belo Horizonte na Prodabel. No plano institucional/corporativo, as iniciativas do

Gabinete de Segurança Institucional (GSI), com o projeto GEOPR, e do Ministério do

Meio Ambiente, com o projeto SINIMA (Sistema Nacional de Informações sobre Meio

Ambiente), que compreende aplicativos para composição de mapas e catálogo de

metadados de informação geográfica ambiental. Dentre as companhias brasileiras que

têm iniciativas de implantação de IDEs cabe citar a Vale, a CPRM e a Petrobras.

4. Interoperabilidade

Num sentido geral a interoperabilidade é a habilidade de dois ou mais sistemas

ou componentes trocarem e usarem informações trocadas (Frehner & Brändli, 2006). A

interoperabilidade de dados geoespaciais é uma questão cada vez mais importante,

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tendo em vista o aumento em número e volume das fontes de dados disponíveis e o

crescimento exponencial de novos sistemas e aplicações (Medeiros & Alencar, 2000).

As iniciativas atuais para a interoperabilidade entre IDEs podem ser entendidas, como

"o meio de agregar informações geográficas e descrever a organização e os atributos das

feições e fenômenos na superfície terrestre", segundo FGDC (1997).

No entanto a interoperabilidade de dados não se resume somente na integração

de sistemas construídos com uma mesma base tecnológica, e sim na criação e estruturas

e padrões que permitam a troca de dados independente da arquitetura adotada (Bughi,

2007).

O alto custo da coleta e produção de dados geográficos é um fator de incentivo à

interoperabilidade das informações espaciais já produzidas por diversas instituições

(Azevedo et al., 2006).Interoperabilidade de dados, no sentido de reuso e intercâmbio,

pois existem outros sentidos de interoperabilidade que não serão comentados no

presente estudo.

Cabe aqui ressaltar a diferença entre dado e informação geoespacial definida por

Hübner & Oliveira (2008). O primeiro é puramente sintático e o segundo contém

necessariamente semântica, ou seja, o acréscimo de significado e contexto para um dado

geográfico, através do processamento e análise deste dado, gera informação geográfica

ou geoinformação, que comunicada, interpretada e aplicada para uma determinada

finalidade, resulta na construção de conhecimento geográfico.

A interoperabilidade se refere à habilidade de um software trocar informações

ou funcionalidades com outro software (Mitchell, 2005), o que geralmente adota

padrões abertos, protocolos para comunicação entre aplicações. Um exemplo da ação

desses padrões é a habilidade do programa fazer a requisição de mapas de outro

programa de mapeamento pela internet, chamado web service, que será comentado no

item 3.4.1.

A interoperabilidade é o intercâmbio e o acesso a sistemas de informações e seus

dados por meio de diferentes tecnologias, a fim de se comunicar por meio de

mecanismos que não demandem conversões de formatos e garantam que não haja perda

ou danos aos dados originais. É a habilidade de acessar informações sem maiores

esforços.

Interoperabilidade de SIGs é o conceito-chave para integrar diversos tipos de

informações armazenadas em repositórios diferentes. Usualmente nas organizações não

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existe interoperabilidade de dados espaciais devido à incompatibilidade de produtos de

diferentes softwares, formatos de dados inadequados, equívocos semânticos e modelos

de dados heterogêneos (Hadzilakos et al., 2000).A natureza heterogênea dos dados

geográficos é passível de distintas interpretações dificultando o reuso e o intercâmbio

dos mesmos. Esta heterogeneidade se deve pela não adoção de padrões comuns por

diferentes produtores de informação geoespacial até mesmo dentro de uma mesma

equipe/ grupo de pesquisa.

A interoperabilidade em SIG freqüentemente se ocupa de atividades de

integração de dados ou de padronização de dados como comentado por Medeiros &

Alencar (2000), com menos ênfase em aspectos de processos.

O objetivo da interoperabilidade é desenvolver uma comunidade de informação

geospacial com um único conjunto de semântica, feições e relações de atributos válidos,

coletas de dados padrões e simbologias formalizadas, procedimentos de gestão de dados

e propriedades de coleções individuais ( Hadzilakos et al., 2000).

Conforme Lima & Câmara (2002), a busca pela interoperabilidade é uma tarefa

complexa, que vem sendo tratada em três diferentes frentes: a conversão entre formatos

de dados específicos de cada SIG, a conversão entre semânticas de bancos de dados

distintos e o desenvolvimento de modelos gerais de dados geográficos. O autor

considera dois níveis de abordagens da interoperabilidade: sintático e semântico. No

nível sintático, o armazenamento dos dados geográficos é organizado em estruturas

próprias que descrevem suas características. A conversão sintática direta realiza a

tradução dos arquivos de informação geográfica entre diferentes estruturas lógicas de

armazenamento de dados. Queiroz Filho (2002) explica a diferença entre os dois níveis:

o nível semântico está relacionado à representação conceitual da informação geográfica

presente em cada sistema. Como não há padronização, entidades iguais podem ser

denominadas por nomes diferentes, ao passo que um mesmo nome pode ser utilizado

para descrever entidades distintas em domínios diferentes.

Os metadados representam a principal questão para a interoperabilidade de

sistemas baseados em dados pelo fato de facilitar a construção de consultas e o

estabelecimento de correlações entre os dados em um nível mais abstrato (Granemann,

2009). Sendo assim, a adoção de padrões de dados e de metadados tornam-se recursos

disponíveis para o alcance da interoperabilidade de informações geoespaciais.

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5.Softwares Livres e de Código Aberto

A área de Geotecnologias, durante vários anos, esteve dominada por soluções de

elevado custo e formatos proprietários. O elevado valor das licenças para construção de

uma infraestrutura integrada inviabiliza muitos projetos em inúmeras empresas privadas

e instituições públicas, estas últimas são justamente as principais usuárias dos produtos

cartográficos e as que mais sofrem com o modelo de negócios das empresas de soluções

proprietárias (Uchoa & Ferreira, 2004). Os softwares proprietários são protegidos por

algum tipo de patente, seu uso, redistribuição ou modificação é proibida, e tem custo de

licença. Dois recentes movimentos mudaram este quadro abrindo um novo leque de

opções, principalmente para os SIGs, como a criação do consórcio internacional Open

Geospatial Consortium (OGC) e a revolução do software livre (Free Software

Foundation) (Uchoa & Ferreira, 2004).

Argumentos para a adoção de softwares livres e de código aberto são:

implementação de funcionalidades específicas que concordem com as necessidades e a

economia de custos com licenças (Steiniger& Hay, 2009).

Já em relação a liberdade dos softwares livres e de código aberto Steiniger& Hay

(2009) ressaltam: a liberdade de executar o programa, para qualquer propósito, a

liberdade de estudar como o programa funciona e adaptá-lo para necessidades

específicas, a liberdade de aperfeiçoar o programa e redistribuir para a comunidade.

5.1.Softwares Livres e de Código aberto em Geotecnologias

Nos últimos anos, o paradigma do desenvolvimento de softwares livres e de

código aberto está enraizado nas comunidades de geotecnologias resultando na criação

de vários projetos de softwares sofisticados que objetivam o desenvolvimento de

software livre para fins diversos, variando de aplicações de servidores de mapas (como

Mapserver e GeoServer), sistemas gerenciadores de banco de dados para armazenar

dados espaciais como o PostGIS, a SIGs Desktops3 para edição e análise de dados

como Quantum GIS, uDig, Open JUMP, gvSIG(Steinger & Hay, 2009). Steiniger &

3Os SIGs Desktop são softwares utilizados em computadores convencionais que são utilizados para coleta

de dados, edição, análise e apresentação, isto é, possuem uma interface gráfica para interagir com o usuário. São

distintos pelas funcionalidades que apresentam, como edição, visualização ou funções mais avançadas de

mapeamento e funções estatísticas (Steiniger & Weibel, 2009).

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Hay (2009) pesquisaram a existência e funcionalidade de diferentes SIGs Desktop livres

e de código aberto que tenham atingido um estágio maduro de desenvolvimento,

proporcionando funcionalidade suficientes para dados de criação, edição e análise, e

serão comentados no decorrer do texto.

O OpenJUMP foi desenvolvido especialmente para o edição vetorial e

cruzamento de dados, em linguagem JAVA, permitindo rodar em qualquer plataforma.

Possui ambiente gráfico amigável, com excelente documentação e facilitando a

programação de novas funcionalidades. Aceita arquivos em formato ESRI®Shapefiles e

GML, permite conexão a servidores WMS e possui um plugin em desenvolvimento para

WFS. A deficiência do sistema é não trabalhar com dados matriciais e suporte limitado

para projeções cartográficas. Suporta os padrões OGC: SFS, WMS, WFS e GML

(OpenJump, 2008)

O Quantum GIS é um visualizador de dados geográficos com poucos recursos

para tratamento dos dados vetoriais e matriciais suportando vários formatos matriciais

(ESRI® ArcGrid, ERDAS, GeoTIFF, etc). Porém é considerado como um dos mais

promissores SIG Desktop, por fornecer uma interface eficaz para GRASS e oferecer

boas possibilidades de personalização, como definido por Steiniger& Hay (2009). Além

disso, ele é capaz de rodar em qualquer sistema operacional, e suporta os padrões OGC,

WMS e WFS (QuantumGIS,2009). A equipe de desenvolvimento do Quantum GIS está

trabalhando para estender a funcionalidade além dos dados de visualização,

implementando a integração de dados em formato raster e vetorial, bem como o acesso

via web. Como a comunidade GRASS tem uma das comunidades GIS mais numerosas

o processo de desenvolvimento tem sido rápido e a documentação satisfatória (Steiniger

& Bocher, 2008)

O desenvolvimento do uDig data de 2004 e 2005, quando o SIG Desktop foi

idealizado para visualizar e editar bases de dados através da internet (Steiniger &

Bocher, 2008), já em 2007 foram implementadas funcionalidades para o tratamento de

imagens. É um SIG destinado a visualização de dados e edição de bancos de dados e

fontes da Internet (Steiniger& Hay 2009). Suporta os padrões OGC: WMS, WFS, WCS,

SLD e KML. Algumas aplicações que foram desenvolvidas e podem ser citadas como

modelos hidrológicos, hidrodinâmicos, de apoio a agricultura, manejo florestal, de

logística e planejamento de rotas (uDig, 2009).

Provavelmente, o maior projeto em termos de recursos financeiros e de

desenvolvimento é atualmente o projeto gvSIG. Foi desenvolvido e financiado pelo

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governo regional de Valência (Espanha) para substituir o software proprietário de

ArcGIS ESRI®. Seu desenvolvimento teve início em 2003 e vêem sendo realizado em

conjunto com as universidades. Diversas extensões científicas estão sendo

desenvolvidas, como uma conexão para a biblioteca Sextante, que prevê funções de

análise do terreno e geoestatística. Aceita os padrões OGC: WMS, WFS e WCS.

OpenJUMP e gvSIG fornecem boas ferramentas de edição vetorial e análise de

dados e oferecem poucos ou nenhuma análise de imagens. Porém o uDig, tem uma

interface amigável e suporta todas as conexões web services, além de criar estilos

através do SLD, preservando a simbologia das informações geoespaciais.

Por serem livres e de código aberto, as comunidades de programadores e

desenvolvedores são capazes de aprimorar as funções dos SIGs. Com o crescimento

destas comunidades, vários plugins estão sendo disponibilizados livremente na Internet,

permitindo expandir as funcionalidades das ferramentas, podendo ser customizadas para

a finalidade que se destinam. O Quadro 5 se destina a caracterização dos softwares

comentados neste item.

Quadro 5 - Características dos SIGs Desktops de código aberto.

SIG Desktop

Data

De

Criação

Aplicação Plataforma de Desenvolvimento Padrões OGC Suportados

QuantumGIS 2002 Visualização

Edição

C + +

Python SFS, WMS, GML, WFS

gvSIG 2003

Visualização

Edição

Análise

JAVA WMS, WFS, WCS, CSW

OpenJUMP 2004

Visualização

Edição

Análise

Foco em padrões OGC

JAVA SFS, WMS, GML, WFS (plug-in)

UDig 2004

Visualização

Edição

Análise

JAVA SFS, WMS, GML, WFS

5.2.Servidores de mapa

Servidores de mapas possibilitam a disponibilização de dados armazenados em

banco de dados via internet/ intranet adotando ou não padrões OGC. Permite a quem

desejar o acesso à informações de diferentes fontes, de forma segura e com qualidade.

Os servidores Web permitem aos clientes a visualização interativa de dados

geoespaciais e a criação de mapas com capacidade simultânea de dados que podem ser

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45

acessados por diversos clientes ao mesmo tempo, com um mesmo padrão de símbolos,

cores, acima de tudo preservando a qualidade da informação.

Como ferramentas de código aberto existem disponíveis atualmente dois grandes

projetos o GeoServer e o MapServer. Na presente pesquisa só será comentado e adotado

o GeoServer devido ao outro projeto não ser totalmente compatível com os padrões

OGC e por ser adotado pena iniciativa brasileira de IDE.

5.2.1.GeoServer

GeoServer é um servidor de mapas disponível em código aberto, desenvolvido

em Java, o que faz com que seja um sistema multi-plataforma, permitindo aos usuários

compartilhar e editar dados geoespaciais. Concebido para a interoperabilidade, os dados

publicados a partir de qualquer fonte de dados espaciais utilizando padrões abertos,

podem ser acessados em outras fontes independentes.

GeoServer é construído com base na Geotools, uma biblioteca de sistemas de

informação geográfica. GeoServer é capaz de reconhecer dados de uma variedade de

formatos, incluindo PostGIS, Oracle Spatial, Arcsde, DB2, MySQL, Shapefiles,

GeoTiff, Gtopo30, ECW, Mrsid e JPEG2000. Através de protocolos padrões é capaz de

gerar KML, GML, Shapefile, GeoRSS, PDF, GeoJSON, JPEG, GIF, SVG, PNG e

outros. Além disso, possibilita a edição de dados utilizando WFS transacional (WFS-T).

Possibilita a visualização dos dados através do OpenLayers. Permite a publicação de

dados geoespaciais no software Google Earth através do uso de links de rede, utilizando

KML.

O GeoServer é um software livre mantido pelo Open Planning Project, que

permite o desenvolvimento de soluções web mapping, integrando diversos repositórios

de dados geográficos com simplicidade e alta performance (Oliveira, 2008). O mesmo

autor afirma que o foco do GeoServer é facilitar o uso e suporte para padrões abertos, a

fim de permitir o rápido compartilhamento de informações geoespaciais de maneira

interoperável.

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46

5.3.Catálogos de metadados

Os catálogos de metadados são portais de acesso aos metadados e conteúdo

geográfico, sendo considerados um elemento-chave de uma IDE. Armazenam

descrições de coleções de dados armazenadas em diversas fontes (Nebert, 2004),

oferecendo serviços de localização, consulta e gerência de metadados, assim como

serviços de solicitação de dados, que são repassados às fontes, através de um ponto de

contato da instituição.

Atualmente existem diversos softwares que implementam ambientes de

documentação, edição, recuperação e divulgação de metadados geoespaciais como o

ArcIMS Metadata Server (da ESRI), o GeoConnect Geodata Management Server (da

Intergraph) e o GeoNetwork (da FAO/ONU) (CONCAR , 2010). No entanto, dentre

estes apenas o Geonetwork é disponível em código aberto.

5.3.1.GeoNetwork

O GeoNetwork Opensource é uma aplicação de catálogo de dados geográficos

baseada em padrões abertos, que auxilia usuários e organizações a reunir e publicar

metadados de dados geoespaciais na Internet. O aplicativo é uma ferramenta para a

gestão e concepção de metadados, desenvolvida através da parceria entre o United

Nations Environment Programme (UNEP) e a Food and Agriculture Ornanization

(FAO) (Prado et al., 2009). É um editor de metadados online que tem suporte a diversos

padrões como FGDC, Dublin Core e ISO 19115. Por ser de código aberto e possível

costumizá-lo em função das necessidades do usuário. A adoção deste catálogo está

prevista no plano de implementação de IDEs de diversas nações bem como a brasileira.

O aplicativo é usado atualmente por cerca de 50 iniciativas de infraestrutura de dados

espaciais ao redor do mundo conforme ilustrado na Figura 5.

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Figura 5 - Representação das agências u

Em janeiro de 2010, foi disponibilizada, pela equipe de desenvolvimento do

IBGE, a customização do

importação em lote de metadados, é compatível a todos os sistemas operacionais, possui

documentação disponível na internet, tem lista de discussão e opções de idiomas de

diversos idiomas como: francês, espanhol, inglês e chinês.

Tais características facilitaram a sua customização para atender as necessidades

brasileiras. O trabalho de customização do

Informática do IBGE e incluiu a sua tradução par

melhorias, mudanças de layout

GeoNetwork é recomendado no Plano

metadados geoespaciais.

6. Conclusão

O crescimento do mercado de g

informações gerado nas últimas décadas faz necessária a padronização de informações

Representação das agências usuárias do catálogo de metadados GeoNetwork

Em janeiro de 2010, foi disponibilizada, pela equipe de desenvolvimento do

tomização do GeoNetwork do perfil MGB. Apresenta a possibilidade de

importação em lote de metadados, é compatível a todos os sistemas operacionais, possui

documentação disponível na internet, tem lista de discussão e opções de idiomas de

francês, espanhol, inglês e chinês.

Tais características facilitaram a sua customização para atender as necessidades

brasileiras. O trabalho de customização do GeoNetwork foi realizado pela Diretoria de

Informática do IBGE e incluiu a sua tradução para o português, implementação de

layout e implantação dos perfis MGB completo e sumarizado

é recomendado no Plano de Ação da INDE, para carga e gestão

O crescimento do mercado de geotecnologias associado ao volume de

informações gerado nas últimas décadas faz necessária a padronização de informações

47

GeoNetwork

Em janeiro de 2010, foi disponibilizada, pela equipe de desenvolvimento do

do perfil MGB. Apresenta a possibilidade de

importação em lote de metadados, é compatível a todos os sistemas operacionais, possui

documentação disponível na internet, tem lista de discussão e opções de idiomas de

Tais características facilitaram a sua customização para atender as necessidades

foi realizado pela Diretoria de

a o português, implementação de

e implantação dos perfis MGB completo e sumarizado.

de Ação da INDE, para carga e gestão de

eotecnologias associado ao volume de

informações gerado nas últimas décadas faz necessária a padronização de informações

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48

para o alcance da interoperabilidade. O presente capítulo foi destinado ao levantamento

de diretrizes, ou melhor, do estado da arte no gerenciamento de informações

geoespacias.

As pesquisas em torno do tema são emergentes, uma vez que esta área é um

tanto quanto nova no cenário mundial. Foram selecionadas algumas iniciativas dentre as

inúmeras existente nos dias de hoje, para situar o panorama brasileiro a respeito de

IDEs. Tais iniciativas apresentam-se similares, porém com algumas particularidades de

acordo com o contexto em que estão inseridas. Os objetivos principais das IDEs são

atendidos em todas os casos pesquisados. Por mais heterogêneas que sejam, tais

iniciativas apresentam particularidades estreitamente ligadas a sua finalidade.

O custo de implementação de uma IDE está relacionado a arquitetura do projeto,

envolvendo tecnologias e profissionais especializados, sendo despendido recursos para

pesquisas e implementação da IDE propriamente dita, como custos com formação e

capacitação de profissionais e hardwares. A implementação de estruturas de

distribuição de informação geospacial apresenta custos, como investimentos iniciais, e

que os custos tendem a diminuir a medida da evolução dos projetos.

Experiências em desenvolvimento de IDEs indicam que as pessoas, os

procedimentos e as culturas de trabalho envolvidos exercem 80% da responsabilidade

pelo sucesso ou não de uma IDE (Sing, 2009). A tecnologia (hardware e softwares)

necessária para a consolidação de uma IDE, detém 20% da influência total sobre a sua

eficácia operacional. Sendo assim, as instituições devem estar dispostas a trabalhar com

uma visão comum e dependem do comprometimento da equipe responsável pela gestão

da informação.

As experiências de implementação de IDEs no mundo mostram claramente que

diferentes modelos emergem em conseqüência de diferentes circunstâncias culturais e

institucionais. Não há um modelo único que sirva a todos, e sim adaptações de

iniciativas de sucesso.

O desenvolvimento de IDEs teve inicio na década de 90 e, quase 20 anos depois,

o Brasil apresentou projeto de implementação de uma infraestrutura nacional de

compartilhamento de dados. O lado positivo deste atraso é a adoção de iniciativas de

sucesso, baseada em elementos maduros. Ficou evidente a existência de padrões de

dados e normas de metadados abertos e ferramentas Open Source para a implementação

de IDEs. Nesta altura os padrões já estão desenvolvidos, as tecnologias já estão

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49

devidamente testadas e já existem casos de sucesso em que podem ser baseadas a

iniciativa nacional.

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50

Capítulo 2 – Estudo de Caso – Implantação de uma ID E utilizando as Cartas de Sensibilidade ao Derramamen to de Óleo

Este estudo de caso foi desenvolvido com a finalidade de aplicar os conceitos

presentes no capítulo anterior em uma base de dados pré-existente. Sendo assim, foi

escolhido o projeto Cartas de Sensibilidade Ambiental ao Derramamento de Óleo

na Costa de Santa Catarina (CARTA SAO) por tratar-se de uma base de dados

concisa, de abrangência estadual e que envolve riscos costeiros ambientais.

A proposta foi baseada e justificada pelo potencial aproveitamento dos dados

por um maior número usuários, aumentando o benefício do investimento e diminuindo

re-trabalho. A partir da aplicação dos padrões elencados no capítulo anterior e seguindo

um fluxo de trabalho exposto na Figura 6, os dados deixam de ser/estar restritos a um

determinado tipo de software, a um determinado perfil de usuário, conseqüentemente

aumentando sua aplicabilidade, garantindo o acesso da informação geográfica e

permitindo a reutilização da informação.

1.Cartas de Sensibilidade Ambiental ao Derramamento de Óleo

As cartas de sensibilidade ao derramamento de óleo surgiram em 1979 nos

Estados Unidos (NOAA, 1997), porém somente em 1989 elas começaram a ser

produzidas com o auxilio de SIGs. Diversos países vêm mapeando a sensibilidade

costeira seguindo uma metodologia comum, sugerida pela organização americana

“National Oceanic and Atmospheric Administration” (NOAA), como: Brasil, Japão,

Índia, Nigéria, Caribe, Espanha, Israel.

As Cartas SAO objetivam auxiliar a redução das conseqüências ambientais de

vazamentos e tornar mais eficaz os esforços de contensão, limpeza e remoção de óleo

pela identificação de sensibilidade dos ecossistemas costeiros e marinhos de seus

recursos biológicos, atividades socioeconômicas que caracterizam a ocupação do espaço

e o uso dos recursos costeiros e marinhos nas áreas representadas (Brasil, 2004).

Constituem ferramentas essenciais e de fonte primária para o planejamento de

contingência e implementação de ações de resposta a incidentes de derramamento de

óleo a fim de facilitar a identificação dos ambientes mais sensíveis e com prioridade de

proteção. O mapeamento de sensibilidade litorânea utiliza uma escala de sensibilidade

de 1 a 10, onde o ambiente menos sensível é classificado como 1 e o mais sensível

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recebe a classificação 10. São representadas de três diferentes maneiras: cartas

estratégicas (em escala da ordem de 1:500.000, abrangendo toda a área de uma

determinada bacia, ou de bacias contíguas, em caso de bacias menores) cartas táticas (

da ordem de 1:150.000) e cartas operacionais com locais de alto risco, diferindo a escala

de apresentação representadas na escala 1:50.000. As cartas devem ser veículo de uma

mensagem clara, rápida e precisa para que planejadores e responsáveis pela resposta a

derramamentos de óleo consigam tomar decisões sensatas frente a alguma ocorrência

sem a necessidade de um especialista, nem consulta a outras fontes.

O projeto CARTA SAO de Santa Catarina foi desenvolvido no ano de 2006, sob

o convênio MMA/CNPq - CT-PETRO a partir do documento “Normas Técnicas para a

Elaboração da Carta SAO” preparado pela Secretaria de Qualidade Ambiental publicado

em 2004 pelo do ministério do Meio Ambiente. As normas técnicas estão baseadas em

normas internacionais como a Environmental Sensitivity Index Guidelines do NOAA,

1997, em normas da Organização Marítima Internacional (IMO) e também em

experiências do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento (CENPES) (Brasil, 2004).

Entretanto a metodologia sofreu substanciais alterações que devem ser levadas em

consideração, como a falta de adoção de atributos pré-definidos.

Em 2002 o documento de estruturação foi submetido à CONCAR para tornar as

Cartas SAO documentos cartográficos oficiais brasileiros de uso obrigatório no

planejamento de contingência, na avaliação geral de danos e na implementação de ações

de resposta a incidentes de poluição por óleo na zona costeira e nas áreas marítimas sob

jurisdição nacional (Gherardi et al., 2009). Porém sem vistas a interoperabilidade, uma

vez que não prevê a adoção de padrões e nem de ferramentas livres e de código aberto.

Frente a esse panorama, as Cartas SAO do Estado de Santa Catarina foram escolhidas

como estudo de caso, para aplicar as diretrizes abordadas para a construção da INDE.

O documento de padronização prevê um padrão para os índices de sensibilidade,

para a simbologia, para a terminologia empregada e para os procedimentos técnicos

empregados na confecção de mapas uma vez que o projeto deve ser executado na costa

brasileira inteira e diferentes equipes tiveram que executar todo o processo de confecção

dos mapas a partir de uma mesma técnica, permitindo a comparação da sensibilidade de

áreas distintas e uma uniformização do esforço.

A simbologia recomendada para a confecção das cartas são símbolos fonte

ArcGIS ESRI ® e também símbolos e abreviaturas previstos da publicação INT 1/

CARTA 12000 da Diretoria de Hidrografia e Navegação da Marinha Brasileira. O

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documento prevê a descrição de metadados a fim de detalhar o dicionário de dados e as

técnicas de processamento e outras informações a cerca da base de dados das cartas,

porém não define o padrão ou perfil a adotar e nem mesmo um editor de metadados

específico. O fluxo de trabalho está representado na Figura 6.

Figura 6-Fluxograma referente à metodologia empregada para a disponibilização das informações em catálogo de dados geoespaciais.

1.1. Estrutura da base de dados

Como comentado anteriormente a base de dados do projeto foi desenvolvida

seguindo o documento “Normas Técnicas para a Elaboração da Carta SAO” (Brasil,

2004) que guiou a coleta e o processamento de informações. Diferente da metodologia

do NOAA (1997), este documento não apresenta uma lista de atributos referentes às

feições representadas, para que estas fossem representadas de uma maneira padronizada

pelos diferentes grupos de trabalhos envolvidos no processo, apresentando consistência

de informação e possibilitando a união de todas as bases de dados.

O documento americano de estruturação das informações referentes a

sensibilidade ambiental dedica um capítulo referente a organização da base de dados,

em relação a acurácia geoespacial e consistência de atributos, contendo nomes

padronizados de diretórios e de arquivos de dados, além de atributos condizentes com as

feições representadas, o que não foi adotado na versão brasileira.

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Em relação à documentação das informações, existe um simples comentário

sobre a existência de metadados em todas as versões das normas de estruturação, ou

seja, ainda não existia uma preocupação com a correta documentação das informações,

muito menos adoção de padrões atualmente utilizados e a recomendação de utilização

de um editor de metadados. “Um capítulo separado deverá descrever os metadados, que

detalham o dicionário de dados, as técnicas de processamento e outras informações

acerca dos bancos de dados e cartas digitais utilizados para a confecção do Atlas”

(Brasil, 2004).

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1.2. Análise das bases para descoberta de padrões

Para manter um controle de qualidade na base de dados geográficos todos os

parâmetros devem conter atributos (NOAA,1997), devem apresentar uma informação

consistente referente a tal posição geográfica. As bases do projeto Carta SAO foram

analisadas em relação à consistência, isto é, se as informações contidas nas tabelas de

atributos estavam condizentes aos objetos geográficos representados.

800 shapes que compõe o mapeamento

Foram descobertas certas deficiências da base de dados

(2002) em relação a qualidade

atributos de um shape referente aos ace

compromete a qualidade da informação, uma vez que impossibilita que outro usuário

que não o produtor da infor

inconsistência da informação, quando um mesmo atributo é escrito de diferentes

maneiras agregando incerteza ao dado ou mesmo diminuindo sua qualidade.

A falta de padronização

disponibilização das informações. A necessidade de reconhecer algum padrão pré

existente ou aplicar um padrão para os atributos se tornou tarefa primordial para o

desenvolvimento do projeto.

Figura 7 - Exemplo da falta de atributos em um

Análise das bases para descoberta de padrões

Para manter um controle de qualidade na base de dados geográficos todos os

devem conter atributos (NOAA,1997), devem apresentar uma informação

consistente referente a tal posição geográfica. As bases do projeto Carta SAO foram

analisadas em relação à consistência, isto é, se as informações contidas nas tabelas de

m condizentes aos objetos geográficos representados. Foram analisados

que compõe o mapeamento de sensibilidade ao derramamento de óleo.

oram descobertas certas deficiências da base de dados, bem como afirmou Ariza

(2002) em relação a qualidade da informação geoespacial. A Figura 7 ilustra a falta de

referente aos acessos a costa de Santa Catarina, situação esta que

compromete a qualidade da informação, uma vez que impossibilita que outro usuário

que não o produtor da informação possa fazer uso da mesma. A Figura 8 apresenta a

inconsistência da informação, quando um mesmo atributo é escrito de diferentes

maneiras agregando incerteza ao dado ou mesmo diminuindo sua qualidade.

onização de atributos foi um fator determinante/ limitante para a

disponibilização das informações. A necessidade de reconhecer algum padrão pré

existente ou aplicar um padrão para os atributos se tornou tarefa primordial para o

desenvolvimento do projeto.

Exemplo da falta de atributos em um shape da base de dados da Carta SAO

54

Análise das bases para descoberta de padrões

Para manter um controle de qualidade na base de dados geográficos todos os

devem conter atributos (NOAA,1997), devem apresentar uma informação

consistente referente a tal posição geográfica. As bases do projeto Carta SAO foram

analisadas em relação à consistência, isto é, se as informações contidas nas tabelas de

Foram analisados

de sensibilidade ao derramamento de óleo.

, bem como afirmou Ariza

7 ilustra a falta de

ssos a costa de Santa Catarina, situação esta que

compromete a qualidade da informação, uma vez que impossibilita que outro usuário

mação possa fazer uso da mesma. A Figura 8 apresenta a

inconsistência da informação, quando um mesmo atributo é escrito de diferentes

maneiras agregando incerteza ao dado ou mesmo diminuindo sua qualidade.

determinante/ limitante para a

disponibilização das informações. A necessidade de reconhecer algum padrão pré-

existente ou aplicar um padrão para os atributos se tornou tarefa primordial para o

da base de dados da Carta SAO

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Figura 8 - Exemplo de falta de padrão e da Carta SAO

1.3.Padronização Foram utilizados atribu

classificação do objeto geográfico. São 22 classes de atributos

categorias temáticas: recursos biológicos, recursos socioeconômicos, parâmetros físicos,

base cartográfica, resposta ao derram

atributos nominais estão expostos na

classes de atributos a distribuição da informação foi facilitada, uma vez que se as

informações não estivessem devidamente repre

dado.

Exemplo de falta de padrão e inconsistência de atributos de um shape da base de dados

atribu tos nominais baseados em distintas classes para a

classificação do objeto geográfico. São 22 classes de atributos em

categorias temáticas: recursos biológicos, recursos socioeconômicos, parâmetros físicos,

base cartográfica, resposta ao derramamento de óleo, sensibilidade litorânea. Os

atributos nominais estão expostos na Figura 9. A partir da utilização de padrões de

classes de atributos a distribuição da informação foi facilitada, uma vez que se as

informações não estivessem devidamente representadas não agregariam qualidade ao

55

da base de dados

baseados em distintas classes para a

em 6 diferentes

categorias temáticas: recursos biológicos, recursos socioeconômicos, parâmetros físicos,

amento de óleo, sensibilidade litorânea. Os

. A partir da utilização de padrões de

classes de atributos a distribuição da informação foi facilitada, uma vez que se as

o agregariam qualidade ao

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56

Fi Figura 9 - Atributos nominais usados para padronizar os dados da base das Cartas SAO

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1.4.Simbologia

Foram analisadas as simbologias utilizadas nas Cartas SAO de Santa Catarina e

comparadas ao documento de estruturação do MMA e também ao mapeamento de

outras áreas costeiras executados por outras equipes, dando subsídios para a

padronização da simbologia a ser utilizada na representação cartográfica.

Foram encontradas diferentes formas de representação das feições, como Ariza

(2002) ressaltou como um dos problemas relacionados a qualidade da informação

geoespacial. Diferentes equipes utilizaram diferentes cores e layouts para representar

feições geográficas compatíveis. Na Figura 10 estão representadas as simbologias

sugeridas no manual de estruturação.

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Figura 9- Simbologia sugerida no documento de estruturação de cartas de sensibilidade ambiental ao derramamento de óleo (Brasil, 2004).

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59

2.Correção das Informações

Após a análise da base de dados, as informações sofreram uma sistemática

padronização de dados, simbologia e metadados para a agregar qualidade ás

informações.

2.1.Dados

Na tabela de atributos dos arquivos dos 800 shapes foi adicionada uma coluna

referente à simbologia, ou seja, foram aplicados os padrões em referência a simbologia

de atributos nominais relacionados objetos geográficos representados (Figura 9).

Os dados foram divididos em 6 grupos de categorias, conjuntos específico de

feições definidos previamente no documento de padronização como: respostas a

derramamento de óleo, recursos sócio econômicos, recursos biológicos, circulação e

elementos associados, sensibilidade litorânea e base cartográfica. Estes foram

subdivididos em 23 categorias: transporte, resposta, recreação, área de gestão especial,

uso e extração de recursos naturais, cultural, unidades de conservação, mamíferos

aquáticos e terrestres, invertebrados marinhos, peixes, répteis e anfíbios, aves, algas e

plantas aquáticas, recifes, plâncton, parâmetros físicos, índice se sensibilidade do litoral,

localidades, sistema viário, hidrografia, hipsometria.

2.2.Simbologia

Após a análise dos símbolos empregados na confecção das cartas, foi constatada

a necessidade da criação de um catálogo referente aos símbolos que representam os

dados pontuais do mapeamento. A simbologia sugerida pelo protocolo de mapeamento

(Brasil, 2004) utiliza simbologia composta, com fontes exclusivas da ESRI – NOAA,

sendo assim, a criação do catálogo foi imprescindível para tornar disponíveis as figuras

(pontos) utilizadas para representar recursos socioeconômicos e biológicos. O catálogo

encontra-se disponível em www.siaiacad09.univali.br/adm (Figura 10- Catálogo de

símbolos utilizados nos estilos de dados geográficos no servidor de mapas.1).

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Figura 10- Catálogo de símbolos utilizados nos estilos de dados geográficos no servidor de mapas.

A partir da simbologia padronizada foram definidos estilos para cada feição.

Para isso foram criados os estilos (Styled Layer Descriptor), baseados em simbologias

nacional e internacionalmente utilizadas e definidas em Normas Técnicas para a

Elaboração da Carta SAO (Brasil, 2004). O SLD é o padrão OGC que permite que os

mapas tenham uma simbologia padronizada, a partir de um conjunto de regras que

definem os estilos para serem representados da mesma maneira para todos os usuários

de Web Services, já comentado no item 3.4.1 do capítulo anterior.

2.3.Documentação

A edição dos metadados dos 800 arquivos referentes as Carta SAO foi feita no

ArcCatalog (ESRI®), utilizando o padrão ISO 19115, uma vez que no ato da edição dos

metadados o perfil brasileiro ainda não estava em vigor, só existia a definição de que

seria baseado neste padrão. A eleição deste software proprietário para a edição dos

metadados se justifica por nenhum dos outros SIGs Desktop não apresentarem a

habilidade de editar metadados. As informações preenchidas foram:

• título,

• data,

• data de edição,

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• nome individual,

• nome da organização,

• responsável pela informação,

• resumo,

• ponto de contato,

• descrição do ambiente,

• informações sobre a distribuição,

• recursos online,

• informações sobre o sistema de referência,

• idioma dos metadados,

• nome do padrão de metadados,

• autor dos metadados,

• responsável pela edição.

3.Configuração de Dados em Servidor de Mapas

Considerando a necessidade da utilização de um servidor de mapas para a

disponibilização das informações de forma interoperável e que atenda as especificações

da infraestrutura computacional do estudo de caso descrito neste projeto, optou-se pela

utilização do GeoServer, que possui suporte à maioria dos padrões definidos pela OGC

e principalmente por ser uma aplicação oficialmente recomendada pelo Plano de Ação

da INDE (CONCAR, 2010). Por esses motivos o GeoServer foi identificado como o

servidor de mapas mais adequando para a disseminação dos dados geográficos da Carta

SAO, atingindo os principais objetivos de uma IDE. Por ser uma aplicação para a

publicação de dados espaciais e mapeamento interativo (Steiniger & Hay, 2009),

apresentou os requisitos necessários para o desenvolvimento da pesquisa. Ainda mais, é

um software livre de código aberto, que apresenta suporte aos padrões WMS, WFS,

WCS além de apresentar diversos formatos de saída, como KML, Shapefile, pdf e

OpenLayers.

A utilização de web services torna acessíveis bancos de dados que estejam em

qualquer servidor de mapas na internet sem a necessidade de download de arquivos.

Sendo assim, os dados não precisam necessariamente estar em um mesmo servidor de

arquivos, uma vez que padrões possibilitam o acesso dos mesmos via internet, com a

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preservação da qualidade da informação. Tais serviços habilitam aos usuários a

composição de mapas com diferentes fontes seguras de informação.

Os servidores de mapa permitem que os usuários acessem descrições e

conteúdos de conjuntos de dados geográficos sem acessar diretamente a base de dados,

fazendo uma requisição, via um SIG Desktop.

Aproximadamente 800 arquivos que compõe as 34 cartas foram carregados após

a aplicação dos padrões assumidos para este estudo de caso. A publicação das

informações se deu através da devida configuração dos dados no servidor de mapas

subsidiado pela equipe do Laboratório de Computação Aplicada da Univali, onde foi

desenvolvida parte da pesquisa.

4.Testes de Interoperabilidade

Com a finalidade de testar a interoperabilidade dos sistemas foram testadas

conexões WMS e WFS nos seguintes sistemas: ArcGIS, uDig, Quantum GIS ,

OpenJUMP e gvSIG. O software Google Earth foi testado em relação a vizualização das

informações no formato KML e também na sobreposição de imagem, como WMS. . A

aceitação e a criação de estilos, também foi testada, uma vez que a preservação da

simbologia é um dos objetivos da pesquisa e tem grande importância para a cartografia.

5.Catálogo de Informações Geoespaciais

O catálogo4 de metadados acessível através de autenticação com senha do

usuário no sistema. Além dos metadados, as informações que estão disponíveis para

download : OpenLayers, Shapefile e KML.

6. Resultados

A IDE para o Grupo de Oceanografia Geológica de Ambientes Costeiros e

Oceânicos da UNIVALI foi implantada com sucesso e sua arquitetura está representada

na Figura 11- Arquitetura da IDE do estudo de caso desenvolvido com as Cartas SAO.

A disponibilização das informações na internet dependeu de adoção de padrões em

termos de atributos, adoção de simbologia comum, documentação em forma de

metadados e adoção de padrões OGC.

4 http://siaiacad20.univali.br/geonetwork login: convidado senha: convidado

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Figura 11- Arquitetura da IDE do estudo de caso desenvolvido com as Cartas SAO

Foram aplicados padrões a base de dados do projeto Carta SAO a fim de

construir bases distribuíveis, uma vez que foi descoberta a necessidade de adoção dos

mesmos para tal. Somente após a padronização da base de dados com atributos

nominais, simbologias e estilos definidos e criados os metadados puderam ser

carregadas em um servidor de mapas.

A documentação dos dados geoespaciais assegurou que as informações fossem

organizadas de forma sistemática e padronizada a fim de facilitar a busca, descoberta e

usabilidade dos dados. Os dados geográficos que faltam ou que são mal interpretados

representam fonte de erro e incerteza quando utilizados por terceiros e não pelo

produtor da informação (Ribeiro, 2009). Um servidor de mapas que utiliza padrões

OGC, o GeoServer, habilita webservices como WMS, WFS e WFS –T foi utilizado para

suportar as informações deste estudo de caso. Desta maneira as informações podem ser

requisitadas de maneira remota, utilizando outras plataformas que não somente a

plataforma em que os dados foram gerados, neste caso, um sistema proprietário, o

ArcGIS ( ESRI ® ), que necessita de licenças. A utilização de web services se mostrou

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uma opção funcional para a disseminação de informação que estavam restritas a alguns

usuários e dependentes de plataformas proprietárias.

Como resultado do estudo de caso da padronização e sistematização de

informações cartográficas digitais apresenta-se o catálogo de informações geoespaciais

em http://siaiacad20.univali.br/geonetwork, contendo os metadados dos 800 arquivos

que compõe as cartas de sensibilidade ao derramamento de óleo do estado de Santa

Catarina. O visualizador de mapas do catálogo de metadados tem as funções básicas de

navegação e possibilita a sobreposição de camadas com elementos básicos de

referência. Além disso, as informações estão disponíveis para download nos formatos:

kml, .shp, openlayers, e as 34 cartas em formato .jpeg , como recursos online nos

metadados.

Os testes das conexões em diferentes plataformas (ArcGIS, gvSIG, uDig,

OpenJUMP e Quantum GIS) comprovaram a eficiência da utilização dos padrões OGC.

Tais conexões nada mais são que a disponibilização da informação geoespacial em

formato de imagem e vetorial com conexão suportada pela internet. A aceitação e a

criação de estilos, também foi testada, uma vez que a preservação da simbologia é um

dos objetivos da pesquisa e tem grande importância para a cartografia. A Figura 13 e a

Figura 14 ilustram o resultado dos testes de interoperabilidade.

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Figura 12- Testes de conexão WMS nos softwares QuantumGIS,gvSIG, OpenJUMP e uDig.

.

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Os softwares se mostraram adequados para as conexões WMS, respondendo

rapidamente a solicitação de camadas. Os testes foram simples requisições de camadas e

não apresentaram problemas de compreensão de funcionamento dos mesmo. O retorno

das camadas em formato de imagem preservam a simbologia definida no servidor de

mapas comprovando a utilização do padrão SLD.

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Figura 13- Testes de conexão WFS nos softwares QuantumGIS,gvSIG, OpenJUMP e uDig.

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O OpenJUMP apresentou deficiência na conexão WFS e foi o único software

que não conseguiu completar a operação. Os demais responderam a requisição de

maneira eficiente e rápida. A Figura 14ilustra a camada requisitada e sua tabela de

atributos a fim de diferenciar o WMS do WFS, pois o primeiro retorna uma imagem e o

segundo o dado em si.

No Quadro 6 estão representadas as funcionalidades que foram testadas. O uDig

se destacou nos testes por atender da melhor maneira os requisitos de

interoperabilidade. Este SIG Desktop suporta todos os webservices e também possui a

funcionalidade criar estilos (arquivos com a extensão .sld) . O ArcGIS também aceita os

mesmos webservices que o uDig, porém é um sistema proprietário, entretanto apresenta

a vantagem de ter um editor de metadados , o ArcCatalog. Com a utilização de um

plugin/extensão é capaz de fazer a conexão WFS-T.

Quadro 6 - Teste de interoperabilidade em diferentes plataformas de SIGs. Plataformas WMS WFS WFS - T Estilo Metadados

ArcGIS ( ESRI ® ) sim sim sim/plugin sim/ plugin ArcCatalog

gvSIG sim sim não não não

uDig sim sim sim sim não

Open Jump sim não não sim não

Quantum GIS sim sim não não não

O principal resultado do estudo de caso foi a construção de uma infraestrutura de

dados espaciais para a descentralização/disseminação das informações geoespaciais que

compõe as cartas SAO. A partir de uma base de dados que foram carregados em

servidores com interfaces com padrões OGC os dados puderam ser publicados para

clientes externos que são capazes de visualizar através da internet e também utilizar em

SIGs Desktop. A utilização de interfaces como normas e padrões (OGC e ISO)

permitiram que as informações estivessem acessíveis através da internet e pudessem ser

utilizadas em diferentes plataformas de SIG. A IDE facilita a troca de informações

independente de localização, plataforma de processamento, sistema operacional e

linguagem pelo uso dos padrões OGC.

As componentes de uma IDE foram preenchidas. O quadro institucional que

define a política, os acordos administrativos para a construção manutenção e acesso dos

dados é preenchido pelo grupo de Oceanografia Geológica de Ambientes Costeiros e

Oceânicos. As normas técnicas que definem as características fundamentais dos dados

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foram preenchidas pelos padrões que foram adotados para a disponibilização das

informações na internet. Os dados fundamentais neste caso eram as informações

contidas na Carta SAO do estado de Santa Catarina e a rede foi contemplada com os

softwares livres e de código aberto GeoServer e GeoNetwork. Os recursos humanos são

os atores envolvidos no processo de criação das informações geoespaciais.

7.Discussão

Em 1997, no manual de estruturação de informações cartográficas para o

mapeamento da sensibilidade ambiental o maior produto da pesquisa era o mapa

impresso (NOAA, 1997). Nos dias de hoje, com o desenvolvimento da ciência e

tecnologia, pode-se pensar em disponibilizar as informações para que além de acesso ao

mapa os usuários possam utilizar as informações para compor outros mapeamentos,

desenvolvendo cada vez mais a ciência.

Hoje em dia a necessidade de possuir, atualizar, controlar e disponibilizar as

informações é vital em nas mais diversas áreas (saúde, comércio, mimização de

impactos, logística, administração, urbanismo, entre outros). Com o desenvolvimento da

ciência, muitas empresas internacionais têm apostado em novas formas de organizar e

disponibilizar informações geográficas na internet (Oliveira, 2008). Conseqüentemente,

possuir o melhor conjunto de informações e tecnologia para acessá-las possibilita a

tomada de decisões com antecedência, eficiência e garantia de sucesso. Mais do que

isso, preservação do patrimônio de informação que por muitas vezes é o principal ativo

das corporações.

A motivação do desenvolvimento deste estudo de caso foi a distribuição das

informações contidas na base de dados do projeto Carta SAO. As cartas estavam

disponíveis somente em formato impresso na publicação “Atlas de Sensibilidade

Ambiental da Bacia de Santos” (Brasil, 2007) e em um CD que acompanha essa

publicação (Brasil, 2008). A disponibilização dos mapas somente nesses formatos

inviabiliza a construção de diferentes mapeamentos, que poderiam aproveitar as

informações já coletadas e tratadas, através do cruzamento de novas informações, uma

vez que mapas podem facilmente agregar informação adicional, tornando - se mais

atrativo e versátil, podendo servir para diversas finalidades (Tortell, 1992). A intenção

era descobrir uma maneira de transformar uma base de dados que estava restrita a

alguns integrantes da equipe de execução do projeto em uma base distribuível,

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independente de plataformas e com a qualidade de dados preservada. Foi necessário o

esforço de análise dos dados, para a descoberta de padrões existentes, o que consiste em

checar a proveniência das informações e descobrir padrões utilizados para a confecção

dos mapas.

Quadro 7 - Características do desenvolvimento da IDE.

Pontos Fortes Pontos Fracos

• Melhorar a comunicação inter e

intra-laboratórios responsáveis

pela produção de dados,

• Utilização de normas e padrões,

• Garantia de interoperabilidade

• Utilização de Softwares livres e

de código aberto,

• Diferentes perfis de usuários,

• Publicação de mapas, imagens e

dados geoespaciais,

• Potencial de descoberta dos

dados.

• Conscientização dos produtores

de informação,

• Fragilidade devido às

tecnologias emergentes,

• Ausência de controle quanto ao

uso dos dados,

• Ausência de Política de

informação.

O interesse também, além da descentralização da informação é a socialização da

informação, uma vez que nem só especialistas podem fazer uso destes dados, outro

pesquisadores podem se beneficiar com tais produtos, mesmo sem serem especialistas

em geoprocessamento. O Google Earth é amplamente difundido nos dias de hoje, uma

ferramenta extremamente poderosa para mapeamento e visualização, que

provavelmente sofrerá melhorias ao longo do tempo (Oberlies et al, 2009), que

aproxima não especialistas em geoprocessamento dos conceitos básicos de localização e

mapeamento, uma vez que a visualização de um dado é mais informativa e expressiva

que a leitura descritiva em muitos casos. O Google Earth apresenta uma interface

intuitiva que não requer treinamento nem experiência e pode rodar em computadores

comuns.

Todo o processo entre a análise das bases, a descoberta de um padrão, a

formulação de um padrão, a documentação, a sistematização e a carga de dos dados em

um servidor de mapas e disponibilização em um catálogo de informações geoespaciais

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demandou seis meses de estudos. O desenvolvimento do projeto todo demandou um ano

de trabalhos de campo, processamento, análise e confecção das 34 cartas. Uma simples

norma no documento de estruturação das informações (Brasil, 2004) já evitaria o re-

trabalho e o investimento de tempo. Uma vez que as informações não tinham um padrão

pré-definido (atributos, simbologia e metadados) ficava impossível compartilhá-las

através das ferramentas escolhidas da maneira como se encontravam. Sendo que a

atualização e a disseminação de informações são facilitadas por estruturas uniformes de

dados (NOAA, 1997). Sendo assim, a simples adoção de um padrão comum a todas as

informações promoveu o acesso a informação de maneira eficaz via internet, facilitando

a reutilização de dados espaciais frente aos elevados custos de produção.

Comumente, na comunidade científica, muitas das tomadas das decisões vêem

sendo feita baseadas em estudos espaciais. O crescente uso da informação geoespacial

traz consigo o desenvolvimento desta ciência, bem como a utilização de informações

comuns a diversos especialistas, muitas vezes produzidas por agências governamentais,

responsáveis pelo mapeamento brasileiro, como IBGE, Secretarias de planejamento e

urbanismo, prefeituras entre outras.

A falta de padrões encontrados no projeto é somente um exemplo desta lacuna

que existe nos dias de hoje na produção das informações geoespaciais. Tal preocupação

deve estar presente no momento da coleta das informações para evitar o re-trabalho,

economizando desta maneira tempo e recurso. O trabalho de padronização da base de

dados demandou 768 horas, ou seja, foram 6 meses de dedicação para a correta

disponibilização e descentralização das informações.

Com a devida documentação e padrões e normas atribuídos aos dados a

preservação e qualificação da informação são alcançadas, uma vez que os metadados

servem como base para avaliar a qualidade dos dados. Eles podem evitar retrabalho e

diminuir custos e erros, eles definem a autoria e a responsabilidade da informação além

da forma de disponibilização dos dados, conferindo transparência aos mesmos.

Facilitam a descentralização das informações, isto é, as informações referentes aos

dados não ficam restritas ao produtor, porém garante a sua autoria, protegendo contra o

mau uso da informação e acima de tudo permitem a troca de informações entre

instituições em diversos níveis.

Promover o acesso a informação geoespacial de maneira cômoda e eficaz,

possibilitando que os usuários de informações geoespaciais sejam beneficiados e

permitam o desenvolvimento dessa área da ciência, foi um resultado da execução deste

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estudo de caso baseado nas diretrizes e normas para estruturação de informações

cartográficas digitais.

A adoção dos padrões que possibilitou todo o desenvolvimento de uma IDE

local para o Grupo de Oceanografia Geológica de Ambientes Costeiros e Oceânicos. A

infraestrutura construída facilita a troca de informações independente de localização,

plataforma de processamento, sistema operacional e linguagem pelo uso dos padrões

OGC.

Os altos custos de coleta e tratamento da informação hoje em dia têm que ser

contabilizados quando se fala em armazenamento e reutilização da informação. A

necessidade de adoção de práticas que preservem a qualidade e a integridade dos dados

é emergente quando se trata de informação geoespacial. A disponibilização das

informações permite que os dados sejam melhorados e não re-coletados, uma vez que

usuários sabem quais dados já foram coletados e disponibilizados outro horizontes

podem ser alcançados, ou seja, outras informações podem ser coletadas que venham a

melhorar o conteúdo informativo, através de cruzamentos de dados.

Uma grande deficiência da pesquisa está relacionada à dificuldade de recuperar

informação para criação e edição de metadados. Tal fato ressalta a importância de que

os produtores da informação geográfica assumam a responsabilidade do devido

preenchimento dos metadados no momento da criação/edição das informações.

Quanto a interoperabilidade, o teste de diferentes plataformas de SIGs

demonstraram que os dados que foram carregados no servidor de mapas e

disponibilizados no catálogo de informações geospaciais podem ser visualizados e

utilizados através dos serviços WMS e WFS. Os testes com cinco diferentes plataformas

obtiveram sucesso. Além disso, o alcance a interoperabilidade facilitou a visualização

das informações em softwares mais populares, como a utilização dos arquivos com a

extensão KML no Google Earth e até mesmo a própria conexão WMS. Devido à

popularidade do Google Earth, tais informações poderão ser mais e melhor aproveitadas

uma vez que estará ao alcance de pesquisadores não especialistas que podem se

beneficiar da espacialização das informações. O benefício da aplicação dos padrões e da

arquitetura de uma infraestrutura espacial de dados é notável, uma vez que descentraliza

a informação e possibilita que as mesmas sejam utilizadas por diversos perfis de

pesquisadores e para diferentes finalidades. Os tomadores de decisões e os planejadores

do desenvolvimento sustentável podem se prevalecer do conhecimento gerado pelas

bases espaciais distribuídas para melhor planejar e monitorar suas atividades. Os

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especialistas em SIG e analistas espaciais tem a necessidade de troca e atualização de

dados para realizar pesquisas e previsões referentes a sua área de estudo.

A arquitetura de IDE estudada na presente pesquisa condiz com os objetivos da

pesquisa, podendo ser adotado para os dados coletados pelo grupo de Oceanografia

Geológica de Ambientes Costeiros e Oceânicos. A adoção desses padrões seria o fim do

desperdício de tempo e de trabalho, uma vez que muitos dados são “perdidos” com a

partida de pesquisadores que não se comprometem a deixar as informações de maneira

que outros possam utilizar, isso é, informações que possuam metadados e atributos

condizentes as informações e feições representadas.

Pode-se considerar que a maior limitação deste capítulo foi a falta de

informações sobre os dados da base de dados do projeto Carta SAO, uma vez que não se

sabiam com certeza de onde os dados eram provenientes. Desta maneira, muitas

informações referentes aos metadados não foram devidamente preenchidos, não

cumprindo a especificação do perfil ISO 19115 de metadados. Esta limitação só vem a

ressaltar a importância do preenchimento da documentação dos dados (metadado) no

momento da criação e edição, uma vez que o autor é responsável por isso. A partir do

momento que os dados passam para a mão de outro especialista, sem a devida

documentação, a tarefa de preenchimento de metadados se torna um desafio, por haver

incertezas de procedência e procedimentos que envolvem o dado. Esta limitação que

ficou evidente neste estudo de caso faz parte do dia-a-dia de muitas equipes que

trabalham com dados gerados por diferentes autores.

8. Conclusão Todas as questões indicadas por Ariza (2002) foram evidenciadas no estudo de

caso. A heterogeneidade, complexidade de dados, falta de documentação, múltipla

procedência além de diferentes referências temporais dificultaram a pronta

disponibilização das informações de maneira correta e interoperável. Este cenário é

devidamente abordado na implantação de uma IDE.

O desenvolvimento adequado de uma IDE exige o estabelecimento de normas,

regras de trabalho e utilização de critérios comuns acordados por todos os

interessados/envolvidos, com o crédito necessário do ponto de vista tecnológico. Para

este desenvolvimento fez-se necessária a exploração de idéias e experiências de

diferentes pessoas e entidades envolvidas e representadas no Grupo de Oceanografia

Geológica de Ambientes Costeiros e Oceânicos.

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Quando as informações não apresentam um padrão pré-definido, existe a

necessidade de um re-trabalho, ou seja, um investimento de tempo e esforço para tornar

as informações padronizadas exigindo um investimento, por muitas vezes duplicado, de

tempo e recursos financeiros.

O recomendável neste caso é a adoção de padrões no ato de coleta da informação, a

fim de desenvolver procedimentos padronizados minimizando duplicação de esforços

individuais e coletivos, bem como a economia de recursos e tempo.

Foi estabelecida uma infraestrutura de dados espaciais para o grupo de Oceanografia

Geológica de Ambientes Costeiros e Oceânicos utilizando as ferramentas sugeridas pelo

decreto n º6.666, seguindo o plano de ação da INDE, só que localmente. Sendo assim, a

infraestrutura de dados estabelecida enquadra-se no âmbito institucional, ou seja, a base

da pirâmide hierárquica das IDEs. Sem os arranjos institucionais para a criação de IDEs

o desenvolvimento de outros níveis fica mais difícil.

Este modelo organizacional das informações espaciais, não só melhora a troca de

dados entre instituições como a organização de dados, a eficiência de mapeamento e a

continuidade de projetos dentro da organização, como facilita o processo de

disponibilização das informações em servidores de mapas e catálogos de informação

geoespacial. Desta maneira preserva a informação mesmo no momento de troca de

equipe, evitando que dados sejam subutilizados, perdidos ou mal entendidos. O

desenvolvimento do estudo de caso comprovou a eficiência e viabilidade das

ferramentas Open Source para a construção de IDE

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Capítulo 3 – Avaliação da Padronização de Informaçõ es Cartográficas Digitais Referentes a Riscos Costeiro s

Entre os objetivos da pesquisa, a avaliação da padronização de informações

referentes a riscos costeiros ambientais aparece como conseqüência do levantamento

das diretrizes de boas práticas de tratamento da informação geoespacial. O conjunto de

informações escolhidos para tal pertence ao projeto de “Quantificação de perigos

costeiros e projeção de linhas de costa futuras para a Enseada do Itapocorói” do edital

Ed272007 – Processo 136328/2008-3, desenvolvido pelo Grupo de Oceanografia

Geológica de Ambientes Costeiros e Oceânicos da Univali e subsidiado pelo Conselho

Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. O objetivo geral do projeto é

desenvolver um mapa de vulnerabilidade aos riscos costeiros relativos ao aumento do

nível do mar, grandes tempestades e galgamentos oceânicos; e prever linhas de costa

futuras quantificando e integrando esses perigos para a Enseada de Itapocorói no

Balneário Piçarras. Este capítulo foi destinado a estruturação de informações que

possibilitem a quantificação de perigos costeiros como representações de linhas de costa

futuras segundo Freitas et al. (2010) uma vez que, diferente do capítulo anterior, não

existia um protocolo para a geração da informação. A implementação de diretrizes para

a estruturação destas informações de forma a propiciar o intercâmbio dos dados,

controle de qualidade da informação e homogeneidade foi a finalidade do presente

capítulo, aplicando a metodologia utilizada no capítulo anterior.

Bem como a capítulo anterior, a metodologia empregada envolveu as etapas de

análise das informações referentes à linha de costa da Enseada do Itapocorói de Freitas

et al. (2010), criação dos metadados das informações, sistematização das informações,

definição da simbologia, configuração dos dados em um servidor de mapas e a

publicação dos metadados no catálogo, bem como os procedimentos adotados no

capítulo anterior.

1.Análise dos dados Foram analisados 6 shapefiles referentes a “Quantificação de perigos costeiros e

projeção de linhas de costa futuras para a Enseada do Itapocorói” ( Freitas et al. ,2010),

que apontou as áreas mais problemáticas expostas a perigos através da metodologia de

Ferreira et al. (2006). Os dados analisados foram:linha de costa de 2005, transects

utilizados para a delimitação de linhas de costa futuras, linha de costa prevista para 50

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anos, ajuste da linha de costa, linha de costa sob efeito de tempestades e zonas

suscetíveis a inundação.

2.Estruturação dos dados

A informação geográfica pode ser definida como informação relacionada a uma

localização específica e passível de análise espacial, ou seja, é atribuída de uma

referencia espacial e características a cerca da natureza da entidade ou fenômeno em

questão. A informação geográfica tem como componentes o espaço, os atributos e os

metadados.

A componente espaço descreve o espaço ocupado pelos fenômenos

representados, referenciados por um sistema de coordenadas e representados por pontos,

linhas ou polígonos. Os atributos podem ser definidos como um conjunto de

propriedades associadas que indicam a natureza do dado e agregando informação. Os

metadados descrevem a componente espacial e não espacial a fim de assegurar a

correta utilização da Informação Geográfica. Correspondem a um conjunto de

características que não estão normalmente incluídos nos dados propriamente ditos.

As tabelas de atributos foram devidamente preenchidas como descritas nos

quadros 8 a 13 a fim de conter informações coerentes e condizentes ao objetivo de

criação dos dados.Algumas informações que são de extrema importância para a

qualidade da informação e são campos de preenchimento obrigatório são: data, método

utilizado para a obtenção da informação, responsável pela informação e pela aquisição

da informação, projeto a que se refere, alguma observação pertinente que não esteja

prevista em um campo específico. O preenchimento do campo simbologia com um

atributo próprio do estilo do símbolo a ser adotado deu subsídios a disponibilização da

informação no servidor de mapas.

2.1. Campos de Atributos

Foram elaboradas as tabelas de atributos das informações referentes a

quantificação dos perigos costeiros na intenção de preservar o conteúdo do dado e

garantir a qualidade da informação foram levantados requisitos mínimos que devem

estar presentes na tabela de atributo da informação geográfica. Os arquivos devem

conter os atributos representados nos quadros 8 a 13 para obedecer a padronização

desejada para o conjunto de dados referentes a riscos costeiros ambientais.

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Transect - definição de linhas perpendiculares a linha de costa para projeção de linhas

de costa futuras.

Nome do shapefile: transect.shp Quadro 8 - Atributos mínimos referentes a definição de transects.

Atributo Conteúdo Simbologia Shape Linha

transect Número setor Número data Data de mapeamento projeto Projeto relacionado responsavel Responsável pelo projeto observacao Observação pertinente simbologia transect

Linha de Costa Atual – Representação da linha de costa atual segundo Freitas et al. (

2010)em relação ao ano de 2005 em dependência da imagem de satélite utilizada na

pesquisa.

Nome do shapefile: linha_costa_atual.shp Quadro 9 - Atributos mínimos referentes à posição de linha de costa atual.

Atributo Conteúdo Simbologia Shape Linha

ano Ano metodo Método de definição de linha de costa data Data de mapeamento projeto Projeto relacionado responsavel Responsável pelo projeto observacao Observação pertinente simbologia Ano

Linha de costa Prevista para 50 anos( L50) - Representação da linha de costa prevista

para 50 anos, de acordo com Freitas et al. (2010), considerada em relação ao ano de

2005 em dependência da imagem de satélite utilizada na pesquisa sendo a linha de costa

mais recente passível de extração.

Nome do shapefile: L50.shp Quadro 10 - Atributos mínimos referentes à posição de linha de costa prevista para 50 anos.

Atributo Conteúdo Simbologia Shape Linha

Ano Ano metodo Método de previsão de linha de costa Data Data de mapeamento Projeto Projeto relacionado responsavel Responsável pelo projeto observacao Observação pertinente simbologia L50

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Linha de tempestade ( L50T) – Linha de costa devido a tempestades segundo Freitas et

al. ( 2010), a fim de prever zonas potenciais de inundação

Nome do shapefile: L50T.shp

Quadro 11- Atributos mínimos referentes à posição de linha de costa devido a tempestades. Atributo Conteúdo Simbologia Shape Linha

ano Ano metodo Método de previsão de linha de costa devido tempestades data Data de mapeamento projeto Projeto relacionado responsavel Responsável pelo projeto observacao Observação pertinente simbologia L50T

Ajuste de linha de costa (L50C) – ajuste da linha de costa considerando uma taxa no

aumento do nível do mar.

Nome do shapefile: L50C.shp

Quadro 12- Atributos mínimos referentes ao ajuste de linha de costa. Atributo Conteúdo Simbologia Shape Linha

ano Ano metodo Método de ajuste de linha de costa data Data de mapeamento projeto Projeto relacionado responsavel Responsável pelo projeto observacao Observação pertinente simbologia L50C

Área suscetível a inundação – Delimitação de áreas que estejam suscetíveis a inundações através do aumento do nível do mar. Nome do shapefile: inundacao.shp

Quadro 13- Atributos mínimos referentes á áreas suscetíveis a inundações. Atributo Conteúdo Simbologia Shape Polígono

area Metro2 metodo Método utilizado data Data de coleta do dado projeto Projeto relacionado responsavel Responsável pela coleta do dado observacao Observação pertinente simbologia inundacao

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2.2.Simbologia Na Figura 14 estão representados os símbolos utilizados para a disponibilização

das informações referentes às projeções de linha de costa na IDE do Grupo de

Oceanografia Geológica de Ambientes Costeiros e Oceânicos. Estes padrões de

simbologia pretendem auxiliar no processo de comunicação visual entre o criador e o

usuário da informação, exibindo a informação de forma clara e objetiva através de

símbolos cognitivos. O Quadro 14 refere-se aos estilos utilizados no servidor de mapas

GeoServer.

Figura 14- Simbologia utilizada para a disponibilização das informações sobre projeções de linhas de costa.

2.3.Criação de Metadados

Os metadados foram criados de acordo com a norma ISO 19115 e foram

devidamente preenchidos cinco diferentes grupos de informação para a correta

documentação do dado geoespacial.. Informações gerais: título, data de criação e

idioma, resumo, autor de metadado, e ponto de contato. Os responsáveis pelos

metadados são Antonio Henrique da Fontoura Klein e João Thadeu de

Menezes.Histórico : histórico do conjunto de dados Identificação do conjunto de

dados: temas e categorias, características adicionais.Informação espacial: informações

adicionais (tempo e escala)Distribuição da informação : meios de distribuição da

informação. São endereços que serão preenchidos quando os dados forem

disponibilizados no GeoServer e GeoNetwork. Informações Gerais: Preencher o título

do dado, título alternativo se existir, versão ou edição do dado se pertinente e data de

edição.

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3.Servidor de Mapas

O servidor de mapas utilizado foi o GeoServer, adotado por facilitar o uso e

suporte para padrões abertos, para permitir o rápido compartilhamento de informações

geoespaciais de maneira interoperável, o que já foi discutido no capítulo de diretrizes

para a implementação de uma infraestrutura de dados espaciais ( Item 5.2.1) e adotado

no estudo de caso do capítulo anterior ( Item 3).Os shapefiles produzidos pelos

criadores de informação cartográfica digital referentes a riscos costeiros foram

armazenados na pasta G: do servidor Siaiacad20

(http://siaiacad20.univali.br/geoserver_novo) do laboratório de computação aplicada. Os

dados foram carregados no servidor seguindo o fluxograma ilustrado na Figura 16. A

primeira etapa foi a criação de estilos, que suportarão a simbologia adotada que estão

descritos no Quadro 14 .O segundo passo foi a configuração das pastas dentro do

servidor de mapas. Após a configuração é necessária a criação de diretórios, que devem

ter nomes relacionados ao projeto a que as informações se referem, neste caso: Riscos.

A configuração dos dados geográficos se deu através da definição do estilo a ser

utilizado, o sistema de referência que o dado foi criado e os limites dos mesmos. Após

as corretas configurações os dados assumem o padrão aberto OGC sendo

disponibilizados via internet em kml, shapefile e OpenLayers. As conexões web

services também são resultados desta configuração de dados.

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Figura 15 - Configurações de dados no servidor de mapas GeoServer.

3.1. Estilos no Servidor de Mapas

Os estilos que foram utilizados para os dados referentes a quantificação de

perigos costeiros segundo Freitas et al. (2010) estão representados no Quadro 14, que é

composto pelo nome do estilo, forma de representação, símbolo utilizado e a

composição de cores no sistema RGB.

Quadro 14- Estilos disponíveis no servidor de mapas GeoServer em http://siaiacad20.univali.br/geoserver_novo

Estilo Forma Símbolo R G B L50 Linha 0 112 255 L50c Linha 255 0 0 L50t Linha 255 170 0 Lo Linha 163 255 115

Transect Linha 0 0 255 Inundação Polígono 255 128 128

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4.Catálogo de Metadados

A partir da documentação adequada dos dados foi possível carregar os

metadados em um catálogo que favorece a distribuição das informações e também

possibilita a colheita de informações de outras instituições. O carga de metadados no

catálogo GeoNetwork de metadados obedeceu o fluxograma ilustrado na Figura 17.

Após os metadados devidamente preenchidos com os endereços disponibilizados

pelo servidor de mapas, foram exportados em XML para a pasta de armazenamento dos

dados documentados ( neste caso pasta G: do servidor 20 do laboratório de computação

aplicada). No GeoNetwork foram carregados os arquivos XML e posteriormente

categorizados de acordo com sua finalidade, neste caso Carta 8, que é a carta referente a

Armação do Itapocorói, e enfim publicados. A partir do cumprimento destas etapas os

metadados tornaram-se disponíveis no catálogo para acesso dos usuários.

Figura 16- Fluxograma de configuração de metadados no GeoNetwork.

5.Resultados

Este capítulo foi destinado à estruturação das informações cartográficas digitais

referentes a quantificação de perigos costeiros a fim de validar a metodologia adotada

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no estudo de caso das Cartas SAO. O levantamento de diretrizes para a estruturação e

padronização de informações cartográficas digitais foi a percepção do que vem

acontecendo em torno do tema e de quais seriam as melhores práticas a serem adotadas

por um grupo de trabalho. O presente capítulo objetivou avaliar os padrões propostos no

capítulo anterior em informações geoespaciaias através da aplicação dos mesmos em

dados de importância para a o grupo de pesquisa.

O resultado foi a disponibilização de informações de Freitas et al. (2010) de

projeções de linhas de costa futuras da Enseada de Itapocorói, através de um conjunto

de padrões definidos para o balizamento da construção da informação geospacial

referente a riscos costeiros. As informações disponibilizadas foram: linha de costa atual

(2005), linha de costa prevista para 50 anos, ajuste da linha de costa, representação de

efeitos de tempestades associados à retração instantânea da linha de costa, áreas

suscetíveis a inundação e os transects utilizados para a delimitação de linhas de costa

futuras.

Estas informações estão disponíveis em siaiacad20.univali.br/geonetwork

(Figura 18) nos formatos shapefile, kml, OpenLayers. Os as conexões web services

também podem ser estabelecidas através do endereço

http://siaiacad20.univali.br/geoserver_novo/wms e

http://siaiacad20.univali.br/geoserver_novo/wfs, o primeiro endereço retorna uma

imagem e o segundo o dado em si.

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Figura 17- Informações sobre projeções de linha de costa da enseada do Itapocorói de Freitas et al. (2010) no catálogo de metadados GeoNetwork.

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6.Discussão

A aplicação da metodologia de padronização de informações geoespaciais foi

feita para garantir a disponibilização dos dados referentes a riscos costeiros, bem como

padronizar as informações pretéritas. O volume de informações dos projetos

desenvolvidos pelo Grupo de Oceanografia Geológica de Ambientes Costeiros e

Oceânicos é considerável e merece ser perpetuado, uma vez que os dados são o maior

ativo de um grupo de pesquisa. Além da preocupação com a geração da informação os

produtores devem estar preocupados com a estrutura e o formato dos dados, pensando

em conteúdo e qualidade das informações.

A intenção de padronizar, documentar e disponibilizar as informações é

justificada diante do histórico de diversas pesquisas que foram desenvolvidas ao longo

dos anos por pesquisadores do grupo cujos dados não foram disponibilizados ou não

obedeciam nenhum padrão. Nestes casos existe a necessidade de retrabalho,

comprometendo a qualidade da informação. Diante deste panorama, é interessante que

se instaure uma cultura de adoção de padrões no desenvolvimento de projetos, no

momento de coleta de dados.

O resultado do levantamento de diretrizes para a estruturação e padronização de

informações cartográficas digitais subsidiou a descoberta de tendências das melhores

práticas a serem adotadas por produtores de informação geográfica. Exemplos esses são

a adoção de padrão de metadados, utilização de softwares livres e de código aberto que

adotem padrões OGC e garantam a interoperabilidade da informação.

Para o alcance de uma base de dados uniforme e concisa, foram definidos

atributos necessários para a correta criação de dados espaciais. Algumas informações

não podem ser esquecidas no momento de geração do dado como, por exemplo, o

método de coleta dos mesmos. Informações estas que farão diferença em longo prazo,

quando utilizada por outros usuários que não o próprio produtor. Dados que são

espacializados a partir de outras fontes que não a coleta em campo, como dados de uma

revisão bibliográfica, devem conter em seus atributos a sua procedência e onde se

encontram a versão original de tais fontes.

A eleição de símbolos a serem utilizados em mapeamento de risco deverá tornar o

trabalho do produtor da informação mais ágil e promover a uniformização da

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informação, cumprindo a missão do mapa, que é passar a informação através de uma

imagem de maneira simples e eficiente.

A correta documentação da informação através de metadados traz vantagens tanto

para o utilizador da informação quanto para o produtor. Aos utilizadores permitem

localizar e perceber o significado da informação que necessitam enquanto que para os

produtores permitem a disseminação da informação e auxiliam no processo de produção

e manutenção.

O desenvolvimento de uma IDE para o Grupo de Oceanografia Geológica de

Ambientes Costeiros e Oceânicos subsidiou a descoberta de uma arquitetura eficiente

para o armazenamento de informações a fim de facilitar a coleção das informações em

uma base única, sólida e distribuível, como foi o caso do estudo de caso do capítulo

anterior.

A utilização de softwares livres e de código aberto garantem a interoperabilidade

de dados, uma vez que estes obedeçam a um padrão e estejam em conformidade com os

padrões OGC. A estruturação adequada das informações no momento da coleta do dado

viabiliza a pronta disponibilização dos mesmos em servidores de mapas bem como no

catálogo de metadados.

Cada produtor de informação geoespacial fica encarregado de registrar seus dados

no servidor de mapas e também no catálogo, tornando a disponível para os outros

pesquisadores que desfrutam da IDE do grupo. A disponibilização das informações

padronizadas em ambientes como o GeoServer e o GeoNetwork dão subsídios a

disseminação das informações bem como sua correta utilização. Os usuários das

informações podem procurar as informações de interesse no catálogo de metadados e

encontrá-los, com a possibilidade de visualização das informações via OpenLayers,

download dos metadados ( como XML), dos shapefiles e também dos dados em formato

KML para visualização no Google Earth.

O servidor de mapas é quem disponibiliza as informações geoespaciais, e

permite as conexões de usuários a bases de dados externas. Torna possível a requisição

dos dados via internet através dos web services. Não existe necessidade de

armazenamento do dado em um diretório local uma vez que as conexões via internet

permitem a composição de mapeamentos utilizando os dados disponíveis no servidor.

Esta política de disponibilização dos dados já coletados tende a minimizar

esforços de recoleta e desenvolver as pesquisas relacionadas aos interesses do grupo de

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pesquisa. A Figura 18 ilustra o fluxo da informação na IDE do Grupo de Oceanografia

Geológica de Ambientes Costeiros e Oceânicos. Os laboratórios são responsáveis por

produzir os dados e também disponibilizá-los a fim de publicar os dados existentes e

partilhando a informação. A construção desta IDE é de grande importância para um

núcleo de pesquisa desta magnitude, uma vez que é composto por acadêmicos que

desenvolvem pesquisas e deixam a organização após a conclusão dos estudos. Muitas

foram as experiências em que os produtores dos dados deixaram o grupo deixando

informações sem atributos padronizados, sem preenchimento de metadados e até sem

sistema de referência definido ou contendo mais de um sistema no mesmo projeto.

Quando as informações são somente analógicas o que importa é o layout da

informação, ou seja, a legenda e a simbologia são suficientes para passar a mensagem

desejada. Porém, quando pensamos na construção de uma base sólida e temporal, é

impossível sem os requisitos mínimos das boas praticas de estruturação de dados

espaciais. A falta de qualidade de informações cartográficas digitais dificulta o

estabelecimento de uma infraestrutura de dados robusta.

.

Figura 18 - Fluxo de informação na IDE do Grupo de Oceanografia Geológica de Ambientes Costeiros e Oceânicos.

Em um cenário ideal, a Figura 19 ilustra o fluxo de informações uma IDE de

Riscos Costeiros onde diversos grupos de pesquisas podem utilizar as informações

coletadas em favor do meio ambiente. O compartilhamento das informações favorece o

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desenvolvimento da ciência através da transferência de experiências e conhecimento

entre diferentes grupos de trabalho com um mesmo objetivo e linha de pesquisa.

Figura 19 - Fluxo de informações desejável para uma IDE de Riscos Costeiros.

O desenvolvimento de IDE vem colaborar com o desenvolvimento da ciência,

uma vez que as informações já existem e estão disponíveis aos pesquisadores e acima de

tudo, de maneira interoperável, possibilitando o cruzamento de informações e a

transferência de conhecimento. Especialmente uma IDE de riscos costeiros assume uma

grande importância frente aos acontecimentos envolvendo danos sociais e econômicos

que poderiam ser evitados mediante um monitoramento adequado. Tomadores de

decisões e planejadores são diretamente beneficiados com o desenvolvimento de um

ambiente destes uma vez que favorece o fluxo de informações de qualidade e a troca de

experiência e de metodologias de sucesso.

7.Conclusão

A correta disponibilização das informações referentes a projeções de linha de

costa de Freitas et al. (2010) validou a estruturação das informações proposta na

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presente pesquisa. Foram abordadas a formulação e estrutura dos dados, consistência

dos atributos, documentação, adoção de símbolos padronizados com o objetivo de

conferir qualidade e integridade a informação em todas as instâncias. O estabelecimento

da IDE favorece a troca de informação entre diferentes pesquisadores de diferentes

laboratórios e de diferentes instituições, possibilitando o desenvolvimento da ciência.

Uma vez que as informações estejam disponíveis de maneira correta para diversos

usuários de geoinformação é possível que os produtores de informação norteiem suas

pesquisas para agregar conhecimento a estes dados e não recoletá-los. Uma IDE de

riscos costeiros auxiliaria substancialmente a tomada de decisões e a minimização de

impactos causados por eventos que possam danificar o ambiente costeiro e a população

e patrimônio envolvidos.

Considerações Finais

A falta de adoção de padrões no momento de criação da informação pode onerar

a processo de criação do conhecimento. Frente à quantidade significativa de dados

geoespaciais criados por diferentes produtores para diferentes finalidades, existem uma

real preocupação com a disseminação destas informações.

As IDEs fornecem uma base para localização, avaliação e aplicação de dados

espaciais para usuários e provedores em todos os níveis de governo, além do setor

privado, terceiro setor, academia e cidadãos em geral. È uma iniciativa que contempla a

a racionalização de ações e recursos por parte dos criadores de informação geoespacial e

também usuários. Ficou evidente a viabilidade de implementação de IDEs utilizando

ferramentas Open Source.

A execução do estudo de caso comprovou a viabilidade de uma infraestrutura de

dados espaciais para o grupo de Oceanografia Geológica de Ambientes Costeiros e

Oceânicos, uma vez que existe a disponibilidade de softwares, hardware e pessoas

comprometidas com a correta disponibilização de informações geoespaciais referentes a

riscos costeiros. A construção de uma IDE para o Grupo de Oceanografia de Ambientes

Costeiros e Oceânicos visa o benefício do mesmo através da utilização de padrões OGC

e serviços Web (OWS) tendo em vista agilizar a oferta de geoserviços para o grupo de

pesquisadores, apresentando serviços de localização, visualização e descarga de

informações, tornando as informações distribuíveis e acessíveis via internet. A

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utilização de uma infraestrutura com essa arquitetura decreta o fim do desperdício de

tempo e de informações que acabavam abandonando o grupo junto com seus autores.

Nesta pesquisa os padrões e as boas práticas de elaboração de informações

espaciais foram levantados e foi construída uma arquitetura de IDE que vem sendo

utilizada por diversas instituições que vem compartilhando seus dados geoespaciais com

sucesso. O emprego de padrões possibilita identificar, descobrir, acessar e combinar

informações geoespaciais de diversas fontes.

Apesar do reconhecimento dos evidentes benefícios da constituição da IDE para

o intercambio de informações em um grupo de pesquisa, é preciso percorrer um longo

caminho alcançar-se um grau de organização e harmonização que permita a sua

existência, é necessário o envolvimento e a conscientização dos produtores de

informação para a aplicação dos padrões para que os procedimentos sejam executados e

o objetivo de disseminar o conhecimento seja cumprido.

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