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IMPLANTAÇÃO DE UMA EGP EQUIPE DE GESTÃO DE PERMANÊNCIA EM UMA IES PRIVADA: COMPOSIÇÃO, DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS MOTTA, Marcos Paulo de Oliveira; Faculdade Redentor; Itaperuna. [email protected] GOMES, André Raeli; Faculdade Redentor; Itaperuna. [email protected] RESUMO A evasão tem sido um dos grandes gargalos da gestão acadêmica e financeira no cenário atual do ensino superior privado brasileiro. A busca por conhecer esse fenômeno, identificar suas possíveis causas e as perdas de receita resultantes do abandono do discente, tem se tornado tema de estudos específicos de várias instituições educacionais a fim de se criar estratégias e ações capazes de combatê-los com eficácia. Neste contexto, este trabalho tem por finalidade implantar uma Equipe de Gestão de Permanência com a premissa de desenvolver a cultura de permanência na IES por meio do planejamento, organização e execução de ações sistêmicas voltadas para a permanência, pelo controle, registro e publicação dos resultados. Os meios utilizados para a realização do mesmo foram revisão bibliográfica para se definir o aporte teórico seguido de metodologias que buscam uma convergência com o tema proposto, observando a melhor forma de cálculo para evasão, além de um diagnóstico primário e secundário utilizando-se pesquisas qualitativas e quantitativas. Pretende-se demonstrar neste trabalho a real situação e tendência da evasão na IES e apresentar propostas de melhorias e intervenção a fim de se combater o fenômeno estudado. Após o estudo e análise, conclui-se que a evasão tem impactado a IES em estudo de forma negativa, sobretudo com a perda considerável de receita, fenômeno observado no seguimento educacional privado do país, porém percebe-se que é possível trabalhar de forma efetiva e eficaz no combate à evasão, criando estratégias e ações que reduzirão a taxa da incidência desse fenômeno na IES e consequentemente as perdas de receita. Ações de acompanhamento contínuo serão implantadas. Palavras-chave: Evasão; Gestão da Permanência; Perdas de Receita; Gestão Acadêmica; Gestão Financeira ABSTRACT The dropout has been one of the great bottlenecks of academic and financial management in the present scenery of the Brazilian higher education. The search for knowing such phenomenon, to identify its possible causes and revenue losses due to student dropout, has become subject of specific studies in various educational institutions in order to create strategies and actions capable of fighting them efficiently. In such context, the present study aims to implement a Team of Permanence Management with the premise of developing the permanence culture in the Institution of Higher Education through the planning, organization and execution of systemic actions for the permanence, the control, register and publication of the results. The means used for the accomplishment of this have

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IMPLANTAÇÃO DE UMA EGP – EQUIPE DE GESTÃO DEPERMANÊNCIA EM UMA IES PRIVADA: COMPOSIÇÃO,DIAGNÓSTICO E AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS

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  • IMPLANTAO DE UMA EGP EQUIPE DE GESTO DE

    PERMANNCIA EM UMA IES PRIVADA: COMPOSIO,

    DIAGNSTICO E AVALIAO DOS RESULTADOS

    MOTTA, Marcos Paulo de Oliveira; Faculdade Redentor; Itaperuna.

    [email protected]

    GOMES, Andr Raeli; Faculdade Redentor; Itaperuna.

    [email protected]

    RESUMO

    A evaso tem sido um dos grandes gargalos da gesto acadmica e financeira no cenrio atual do

    ensino superior privado brasileiro. A busca por conhecer esse fenmeno, identificar suas possveis

    causas e as perdas de receita resultantes do abandono do discente, tem se tornado tema de estudos

    especficos de vrias instituies educacionais a fim de se criar estratgias e aes capazes de

    combat-los com eficcia. Neste contexto, este trabalho tem por finalidade implantar uma Equipe de

    Gesto de Permanncia com a premissa de desenvolver a cultura de permanncia na IES por meio do

    planejamento, organizao e execuo de aes sistmicas voltadas para a permanncia, pelo controle,

    registro e publicao dos resultados. Os meios utilizados para a realizao do mesmo foram reviso

    bibliogrfica para se definir o aporte terico seguido de metodologias que buscam uma convergncia

    com o tema proposto, observando a melhor forma de clculo para evaso, alm de um diagnstico

    primrio e secundrio utilizando-se pesquisas qualitativas e quantitativas. Pretende-se demonstrar neste

    trabalho a real situao e tendncia da evaso na IES e apresentar propostas de melhorias e

    interveno a fim de se combater o fenmeno estudado. Aps o estudo e anlise, conclui-se que a

    evaso tem impactado a IES em estudo de forma negativa, sobretudo com a perda considervel de

    receita, fenmeno observado no seguimento educacional privado do pas, porm percebe-se que

    possvel trabalhar de forma efetiva e eficaz no combate evaso, criando estratgias e aes que

    reduziro a taxa da incidncia desse fenmeno na IES e consequentemente as perdas de receita. Aes

    de acompanhamento contnuo sero implantadas.

    Palavras-chave: Evaso; Gesto da Permanncia; Perdas de Receita; Gesto Acadmica; Gesto

    Financeira

    ABSTRACT

    The dropout has been one of the great bottlenecks of academic and financial management in the

    present scenery of the Brazilian higher education. The search for knowing such phenomenon, to

    identify its possible causes and revenue losses due to student dropout, has become subject of specific

    studies in various educational institutions in order to create strategies and actions capable of fighting

    them efficiently. In such context, the present study aims to implement a Team of Permanence

    Management with the premise of developing the permanence culture in the Institution of Higher

    Education through the planning, organization and execution of systemic actions for the permanence,

    the control, register and publication of the results. The means used for the accomplishment of this have

  • been the bibliographic revision in order to identify the theoretical apport followed by methodologies

    which search a convergence with the proposed subject, observing the best way of calculus for the

    dropout, besides a primary and secondary diagnostic using the quantitative and qualitative researches.

    This study aims to demonstrate the real situation and the tendency of the student dropout in the

    Institution of Higher Education and to present improvement and intervention proposals in order to

    fight the phenomenon studied. After the study and analysis, the conclusion is that the dropout has

    impacted the Institution of Higher Education studied in a negative way, especially with a considerable

    loss of revenue, phenomenon observed in the private educational segment of the country, however it is

    noticed that it is possible to work in an effective and efficient way in the combat of dropout, by

    creating strategies and actions which will reduce the incidence tax of such phenomenon in the

    Institution of Higher Education and consequently the revenue losses. Actions of permanent monitoring

    will be implemented.

    Key words: Dropout; Permanence Management, Revenue Losses; Academic Management, Financial

    Management.

    1. INTRODUO

    A evaso tem sido um dos grandes problemas para a gesto acadmica e financeira

    das Instituies de Ensino Superior privada. A busca pela identificao das possveis causas

    deste abandono e das perdas de receita resultantes da desero dos alunos, tem se tornado

    tema de estudos especficos de vrias consultorias e instituies educacionais, tanto no

    mbito nacional quanto a nvel mundial.

    Um dos gargalos da gesto no cenrio atual do ensino superior brasileiro a evaso

    dos alunos. Segundo Lobo et al (2007, p. 647), A evaso anual nas IES pblicas tem

    oscilado em torno dos 12%, variando entre 9 e 15% no perodo, enquanto as IES privadas

    mostram uma oscilao em torno de 26%, contra uma taxa nacional tpica de 22%.

    Os dados resultantes dessas pesquisas podem apresentar grandes variaes, quando

    observadas com foco nos mais variados tipos de instituies, cursos, turnos ou perfis de

    alunos, sobretudo no que tange a metodologia. Um ndice que tem se tornado considervel

    para gerar polticas pblicas de fomento ao ensino superior e controle dos ofcios

    educacionais nas IES a taxa de evaso mdia (CARTA CONSULTA, 2013).

    Nesse contexto, visando uma anlise de desempenho mais segura, de suma

    importncia criao de indicadores especficos, para mensurar a evaso na instituio,

  • subdividindo-as por cursos, por turnos, por turmas, a fim de se identificar grupos de risco

    permanncia que frequentam a IES e assim obter dados e informaes precisas que permitam

    intervir de forma abrangente, direta e eficaz no fenmeno da evaso, saindo do campo de

    anlise e avaliaes para o plano de efetivao e implantao de aes que impulsione a

    permanncia do aluno (op. cit., 2013).

    Diante do exposto, algumas instituies de ensino superior vm desenvolvendo

    medidas e alternativas para minimizar a evaso e manter o aluno, o que denominamos de

    Gesto da Permanncia. O trabalho em pauta pretende auxiliar no desenvolvimento dessas

    medidas, pesquisando e fornecendo subsdios para o processo de implantao de uma EGP

    em uma IES privada.

    Toda pesquisa que envolve o estudo da evaso e gesto da permanncia poder

    contribuir, sobremaneira e eficientemente, para facilitar a tomada de deciso no tocante

    qualidade de ensino e aprendizagem, convergindo numa gesto eficaz.

    Diante das informaes supracitadas e da necessidade de interveno no fenmeno da

    evaso, definiu-se como problema de pesquisa a seguinte questo:

    Quais sos os indicadores associados ao fenmeno da evaso e do risco

    permanncia?

    As seguintes problemticas abaixo necessitam ser pesquisadas a fim de responder o

    problema anterior:

    A evaso fato recente nas IES brasileiras?

    possvel se antecipar ao fenmeno da evaso, a fim de evit-las, com aes de

    interferncia?

    Para a IES privada, quanto custa a evaso e o trancamento dos alunos?

    Quais estratgias de permanncia necessitam ser implantadas para que a percepo dos

    benefcios da IES supere seus custos?

    possvel fomentar a Gesto da Permanncia sem identificar causas da evaso.

    2. OBJETIVO

    O presente trabalho prope um estudo sobre a implantao de uma EGP em uma IES

    privada com a premissa de desenvolver a cultura de permanncia na IES por meio do

    planejamento, organizao e execuo de aes sistmicas voltadas para a permanncia, pelo

    controle, registro e publicao dos resultados. De forma especfica o trabalho busca:

    Apresentar a situao e tendncia da evaso na IES privada;

    Propor um passo a passo do processo de implantao da EGP;

  • Apresentar os clculos da evaso propostos e o custo da perda do aluno para as

    organizaes educacionais;

    Propor meios de reduzir os custos com a gesto da permanncia;

    Apresentar a eficcia de uma equipe frente aos resultados alcanados.

    3. METODOLOGIA

    O presente trabalho ser estruturado por uma reviso bibliogrfica para se definir o

    aporte terico seguido de metodologias que buscam uma convergncia com o tema proposto,

    observando a melhor forma de clculo para evaso.

    Uma IES privada do Noroeste Fluminense tornou-se objeto de estudo e

    desenvolvimento deste trabalho, devido necessidade de se conhecer sua evaso mdia e de

    se gerir a permanncia de seus discentes.

    Segundo Lobo (2007) a evaso semestral mdia mede a taxa de discentes inscritos num

    sistema de ensino, numa Instituio de Ensino Superior, ou num curso que, no tendo

    concludo sua formao, tambm no se rematriculou no prximo perodo. Sendo assim, para o

    desenvolvimento deste trabalho foi selecionado o mtodo de clculo proposto pelo autor

    supracitado, num outro material, datado em 2009. Segue abaixo a descrio do modelo

    selecionado:

    Evaso Semestral

    Neste clculo medida a taxa de evaso semestral por curso, ou seja, 1 menos a razo

    entre o nmero de alunos de um determinado perodo que se rematriculou no perodo

    subsequente, com o nmero de ingressantes no perodo determinado.

    E1 = (1 n2 / n1)

    n1 = nmero de alunos ingressantes em um determinado perodo.

    n2 = nmero de alunos daquele determinado perodo que se rematrculou no perodo

    subsequente;

    Aps a definio do modelo de clculo a ser utilizado, iniciar-se- o processo de

    diagnstico que indicado por meio de um parecer geral que apresenta as informaes mais

    relevantes sobre a evaso e prope uma poltica para gerir a permanncia dos alunos na IES.

    Para o diagnstico, pretende-se utilizar duas formas de pesquisa:

    Qualitativa: visando realizar um diagnstico, ser feito um levantamento de

    informaes referentes permanncia dos alunos junto a Comisso Permanente de

  • Avaliao (CPA), levantamento das causas da evaso junto ao CASA1, analisando os

    dados coletados sob a tica da permanncia, proporcionando uma maior compreenso

    do fenmeno de evaso enfrentado pela IES, atravs de um estudo

    exploratrio/descritivo para aprofundar o conhecimento. Uma anlise crtica das

    informaes quantitativas ser realizada num segundo momento pelos coordenadores

    dos cursos, subsidiando o plano de ao proposto pela Equipe de Gesto de

    Permanncia. Vale ressaltar que o estudo ser realizado dentro de uma amostragem

    (perodos) de dois anos, a saber: 2011/1, 2011/2, 2012/1 e 2012/2, uma vez que se

    busca entender o fenmeno da evaso e a aplicabilidade da metodologia.

    Quantitativa: visando mensurar o percentual de alunos evadidos atravs de clculo

    especfico de evaso, dentro de uma amostragem pr-determinada, e quantificar o

    custo de perda destes alunos para a IES.

    Pretende-se tambm apresentar a situao e tendncia da evaso na IES, embasados

    nos resultados obtidos com o clculo da evaso e apresentar propostas de polticas de

    melhorias e interveno nesse fenmeno.

    4. DESENVOLVIMENTO

    4.1 EVASO NO ENSINO SUPERIOR

    Segundo o Instituto Lobo (2012), ao estudar o fenmeno da evaso no ensino superior

    possvel perceber que se trata de um tema relativamente recente. As principais pesquisas

    cientficas publicadas, visando busca por uma base terica que respalde o tema iniciou com

    Summerskill em 1962 com a teoria Atributos pessoais. Tal estudo fomentou a busca por novas

    teorias, levando diversos pesquisadores como Astin, Bean, Spady, entre outros, a desenvolver

    novos estudos vinculados evaso e permanncia de estudantes na universidade (FREITAS,

    2009).

    Para Pereira (2003), a evaso dos discentes nos cursos de graduao no Pas no se

    constitui num fenmeno simples, mas complexo, pois nem todos os alunos que ingressam em

    um curso conseguem conclu-lo. Ainda segundo a autora, a busca pela identificao das

    possveis causas deste abandono e dos custos resultantes da desero dos alunos, tem se

    tornado tema de estudos especficos de vrias consultorias e instituies educacionais,

    nacional e internacional, a fim de relatar a realidade das IES.

    1CASA Coordenadoria de Atendimento e Suporte ao Aluno. Projeto inovador que consiste em um

    setor totalmente voltado a apoiar o estudante, especialmente queles dos primeiros semestres do curso e bem como aos egressos.

  • Diante deste cenrio, Veloso (2001, p. 1) afirma que a evaso tambm tem sido objeto

    de pesquisas nos grandes pases nos ltimos anos, principalmente nos de primeiro mundo,

    demonstrando a amplitude do fenmeno e a semelhana de seu comportamento em

    determinadas vertentes do saber, ainda que cada estabelecimento de ensino tenha suas

    caractersticas e seu perfil socioeconmico e cultural.

    Buscando conhecer com mais afinco o fenmeno da evaso, Alves & Pereira (2012)

    declara que a evaso est presente em todos os ramos da educao e pode ser definida como a

    sada do discente de um curso, de uma instituio ou do sistema de educao sem finaliz-lo

    com xito. J Moraes & Thephilo (2006), definem evaso como o desligamento da

    instituio de ensino, sem que esta tenha controle do mesmo. Abrindo o leque, Carta Consulta

    (2013) relata que a evaso no ato que se d unicamente por conta do aluno, mas algo que

    parece ser, na grande maioria dos casos, decorrente de uma, ou vrias lacunas no

    relacionamento entre quem oferta e quem se vincula a um projeto educacional.

    O conceito de evaso ambguo e diferencia-se de excluso. O termo evaso se

    adqua a posio do aluno em desligar-se da instituio por vontade prpria enquanto

    excluso refere-se aceitao de responsabilidades da instituio de ensino, bem como os

    assuntos relacionados a ela pelo fato de no possuir estrutura que aproveite e direcione o

    estudante que busca um ensino profissionalizante (BUENO, 1993).

    Ristoff (1995, apud BRASIL/SESU/MEC, 1997, p. 25) diferencia evaso de

    mobilidade, pois para ele "evaso corresponde ao abandono dos estudos, enquanto mobilidade

    corresponde ao fenmeno de migrao do aluno para outro curso. De acordo com o autor,

    uma parte expressiva do que definimos como evaso no afastamento, mas sim a facilidade

    de se mover, no escapatria, mas a procura, no a perda, mas o investimento, no um

    insucesso, nem do discente nem do docente, nem do curso ou da IES, mas uma opo para se

    alcanar o xito, captando de forma natural as manifestaes de crescimento que as pessoas

    realizam sobre suas verdadeiras potencialidades.

    A proposta do autor supracitado induz a refletir sobre qual tipo de evaso est sendo

    tratada quando o assunto discutido, pois o mesmo se direciona a diferentes distines. A

    seguir buscar-se- evidenciar os tipos de evaso a fim de facilitar a compreenso dos mesmos.

    Como consta no relatrio da Comisso Especial de Estudo sobre Evaso nas

    Universidades Pblicas Brasileiras (BRASIL/SESU/MEC, 1997), a evaso do discente se

    subdivide em algumas etapas, sendo elas:

  • Evaso de curso quando o discente deixa de frequentar a graduao por diversos motivos,

    tais como: abandono, transferncia interna ou externa, trancamento, desistncia e etc;

    Evaso da instituio quando o discente deixa de frequentar a instituio na qual optou

    pela matrcula;

    Evaso do sistema quando o discente desliga-se do ensino superior de forma temporria ou

    definitiva.

    Confirmando o relato acima, o Instituto Lobo (2012, p. 15) declara que a evaso do

    curso, da IES ou do sistema gerada pela evaso do discente. essa Evaso que tem sido motivo

    de estudos por vrias reas do conhecimento e sobre a qual os gestores universitrios deveriam

    buscar mais informaes e dados, como se faz em qualquer atividade cientfica quando se quer

    resolver ou at entender um problema. Para ela, essencial que os coordenadores e docentes

    perguntem e respondam a si mesmos: O discente sempre o responsvel pelo fenmeno da

    Evaso? A resposta sendo negativa a sugesto remediar o assunto com certa relevncia. A

    resposta sendo afirmativa a sugesto que mesmo assim o assunto seja remediado com a mesma

    importncia visto que as consequncias desse fenmeno envolvem a todos.

    4.1.1 Nmeros do Ensino Superior

    Quanto ao nmero de matrculas no ensino superior, Scca & Leal (2009) informa que

    a partir dos anos 90 houve um grande crescimento do nmero de alunos matriculados no

    Brasil, saindo de um total de 1,76 milhes em 1995 para 4,88 milhes em 2007. J em 2011

    esse nmero chegou a 6.73 milhes, o que significou um aumento de 282%

    (BRASIL/MEC/INEP, 2013). O reflexo desse crescimento se deu especialmente nas IES

    privada, onde o nmero total de matrculas saiu de 1.059.163 em 1995 para 4.966.374 em

    2011, saltando de uma taxa de 60,2% do total das matrculas para 73.7%.

    Ainda segundo Scca & Leal (2009), entre 1995 e 2007 o crescimento das IES

    privadas foi proporcional ao crescimento do nmero de matrculas. O nmero destas

    instituies saltou de 684 para 2.032 nesse perodo, tendo um aumento significativo de

    197,1%. J em 2011, nos ltimos dados apresentados pelo Censo da Educao Superior

    (BRASIL/MEC/INEP, 2013), o nmero de IES privada saltou para 2.081, equivalente a 88%

    do total das Instituies de Ensino Superior no Pas, colocando-as assim como a Instituio

    que mais forma profissional para o mercado de trabalho.

    Com isso, Lobo et al (2007) afirma que esse bloco de informaes mostra que as

    instituies privadas imperam quantitativamente no ensino superior, permitindo concluir que

  • o conjunto dos dados pertinentes aos discentes das IESs privadas incidem direta e

    decisivamente sobre os indicadores do ensino superior brasileiro, inclusive a evaso.

    Essa realidade se concretiza nos dados apresentados na figura 1 e extrados do censo

    2009. De acordo com Nogueira (2011), do ano 2008 para o ano em anlise, 896.455 alunos

    deixaram as IESs do Pas, o que simboliza uma taxa mdia de 20,9% do universo de

    estudantes. Nas IESs pblicas, um total de 114.173 estudantes (10,5%) abandonaram seus

    cursos, j nas privadas esse nmero muito superior, chegando a um total de 782.282

    estudantes (24,5%) que se evadiram em um determinado momento, evidenciando assim a

    grandeza do impacto deste fenmeno no ensino superior.

    Figura 1: Evoluo das taxas de evaso anual nas IES Pblicas e Privadas do Brasil (NOGUEIRA,

    2011)

    No levantamento feito pelo Correio Braziliense (2012), mostra que de 2010 para 2011

    pouco mais de um milho de alunos no renovaram suas matrculas, uma percentagem

    equivalente a 18% do total de alunos matriculados. Dos 5.398.637 alunos graduandos,

    somente 4.392.994 se rematricularam. Sendo assim, o nmero de discentes evadidos foi

    estimado em 18%, e um nmero significativamente elevado, porm j foi pior, quando nas

    anlises do ano de 2008 para 2009 este nmero atingiu um pico, chegando a 20.9%.

    Devido falta de uma poltica de longo prazo para modificar a situao da evaso no

    sistema de ensino superior, o Brasil no conseguiu atingir a meta proposta de colocar 30% da

    populao dentro de uma IES em 2010, ao contrrio disso, o pas no passou dos 13%,

    demonstrando a fragilidade e ineficincia do sistema de educao brasileiro. (NOGUEIRA,

    2011).

  • 4.2 CAUSAS DA EVASO

    Abrangendo um campo macro das possveis causas da evaso, a Unesco (2006, apud

    JUNIOR, 2011, p. 4), no desenvolver de sua pesquisa, levantou e apontou os seguintes

    fatores:

    Falta de orientao vocacional e desconhecimento da metodologia do curso;

    deficincia da educao bsica; busca de herana profissional e imaturidade;

    mudana de endereo; problemas financeiros; horrio de trabalho

    incompatvel com o de estudo; concorrncia entre as IES privadas;

    reprovaes sucessivas; falta de perspectiva de trabalho; ausncia de laos

    afetivos com a universidade; falta de referencial na famlia; entrar na

    faculdade por imposio; e casamento no planejados/nascimento de filhos.

    Para Neto et al (2008, p. 66) existem fatores que levam os estudantes a se evadirem da

    IES e alguns deles fogem do controle da mesma. Segue abaixo alguns deles:

    Ausncia de aptido do discente para a rea acadmica/profissional escolhida;

    O desejo do discente em ajudar sua famlia ou constituir uma que demanda cuidados e

    dedicao especfica;

    Discentes sujeitos a empregos que necessitam de deslocamentos e viagens constantes;

    Falta de capacidade intelectual do discente para acompanhar o curso escolhido;

    Doena e morte.

    De acordo com o autor, os itens que referenciam a ausncia de aptido e a falta de

    capacidade intelectual por parte dos discentes so fatores preocupantes permanncia, pois

    estes podem influenciar de forma direta a outros alunos, contribuindo para a desmotivao e

    dificultando o desenvolvimento em alto nvel das aulas.

    Alm das causas expostas acima, Moraes & Thephilo (2006), ao se aprofundar em

    sua investigao, detectou que o processo educacional tambm pode contribuir de forma

    incisiva no fenmeno da evaso. O aluno, outrora acostumado a um processo de aprendizado

    fundamentado na memorizao, ao se deparar a uma nova metodologia de ensino e

    aprendizado, onde se busca desenvolver no discente um esprito investigador, levando-os a

    desenvolver seus prprios textos ao invs de copi-los, impactado de forma negativa,

    podendo lev-lo a perder o interesse pelo curso.

    Para o Instituto Lobo (2012) questes centrais relacionadas evaso do aluno se

    correlacionam a debilidade do processo educacional e esto ligados entre si por alguns

    aspectos legais, sendo elas:

    A precariedade da educao bsica brasileira, que pode ser medida por exames nacionais

    e internacionais aplicados;

  • A ineficincia do diploma do Ensino Mdio que no garante a capacidade intelectual do

    estudante ao ingressar no ensino superior, dificultando a adaptao e acompanhamento

    dos mesmos ao curso escolhido;

    Polticas de financiamento restritas ao estudante, principalmente aos alunos do setor

    pblico, que em muitas situaes se evadem por falta de meios de custear seus estudos;

    Precocidade na escolha da carreira profissional;

    Complexidade e falta de flexibilizao do aproveitamento dos crditos estudantis;

    Falta de implantao de uma cultura de permanncia a fim de combater a evaso;

    Docentes despreparados, sem formao didtico-pedaggica.

    Para a autora, as causas apontadas so as mais autnticas e discutidas entre os

    pesquisadores e gestores, embora existam outras que as complementam. Segundo ela de

    extrema relevncia a busca por estudos que sejam capazes de combater esses problemas e

    reduzir o ndice de evaso das IES e do Sistema, e a Carta Consulta (2013) confirma essa

    afirmao dizendo que Analisar as causas importante para compreendermos o fenmeno,

    ou seja, parte da soluo do problema, mas no capaz de resolver o problema (alterar o

    fenmeno).

    4.3 PERMANNCIA

    De acordo com Soares & Resende (2012), as IESs possuem um papel relevante no

    processo de controle e conteno da evaso no ensino superior, pois atravs da implantao de

    polticas institucionais ela poder gerir a permanncia do aluno, auxiliando-os a conclurem

    seus estudos. Sendo assim, ressalta-se no presente trabalho a importncia de polticas que

    fomentem a garantia da permanncia dos discentes no Ensino Superior.

    Tinto (2008) declara que o compromisso com a permanncia do aluno deve partir de

    todos os membros da instituio (administrativo, professores e funcionrios), e no apenas de

    uma reduzida equipe cuja funo focar na reteno do discente. Embora o trabalho da

    equipe seja de suma importncia, por si s no ser suficiente para garantir o sucesso dos

    esforos de gerir a permanncia. Ainda segundo o autor a frequncia e a qualidade do contato

    com professores, funcionrios e outros alunos um importante preditor independente da

    persistncia do aluno (TINTO, 1993), pois para ele o sucesso dos esforos de reteno

    institucional consiste na capacidade da instituio de envolver professores e administradores

    em todo o campus em um esforo colaborativo para a construo de contextos educativos,

    dentro e fora das salas de aula, que possa envolver ativamente os alunos no processo de

  • aprendizagem. O segredo do sucesso de se gerir a permanncia no est na reteno do aluno,

    mas em um objetivo mais amplo focado na formao slida e de qualidade (TINTO, 2008).

    O autor supracitado apresenta algumas estratgias importantes que devem ser observadas

    dentro de um contexto de permanncia. Segundo ele, a antecipao de esforos um timo plano de

    ao para se gerir a permanncia, pois quando se intervm de forma preventiva nas possveis causas

    que leva o aluno a se evadir no primeiro ano da graduao, maiores sero as probabilidades de mant-

    lo na instituio at sua formao. Ainda segundo o autor, as experincias obtidas no primeiro ano

    podero influenciar tanto no processo da permanncia e aprendizagem, sendo elas positivas, quanto no

    processe de evaso, sendo experincias negativas (op. cit. 2008).

    Soares & Rezende (2012) dentro do contexto financeiro, apresenta a proposta de

    bolsas como incentivos de permanncia no curso, tais como bolsas de pesquisa, bolsas

    trabalho, bolsas para custear alimentao, moradia e transporte. Os autores afirmam que tal

    proposta no significa a garantia de permanncia, mas um aumento na probabilidade do

    discente permanecer na IES, tal como acompanhamento psicopedaggico, verificao das

    presenas dos discentes em aula como indicador de que algo pode estar acontecendo e que

    deve ser sondada, como tambm uma maior integrao entre alunos, professores e

    coordenadores de curso, alm da oferta de um ensino diferenciado e de qualidade e uma

    estrutura capaz de atender as necessidades do curso e do aluno.

    Para que o processo de aprendizagem do aluno seja eficiente e aumente o seu sucesso

    no ensino superior, Cies (2008) relata que alguns requisitos institucionais so essenciais,

    como: existncia de bibliotecas com acessos a internet; espaos fsicos apropriados para

    desenvolver a aprendizagem e experincias dos alunos, tanto as que esto ligadas ao plano de

    estudo quanto as extracurricular; horrios de acesso s salas de estudos e bibliotecas flexveis.

    Todos estes requisitos constituem estmulos institucionais a fim de ampliar as condies de

    permanncia e concluso do ciclo de formao superior.

    Alm das condies expostas por Tinto, o Instituto Lobo (2012) apresenta uma

    sequencia de aes que visam garantia da permanncia do discente no sistema de ensino

    superior. Segundo ela a primeira ao seria instaurar uma equipe encarregada de gerir a

    permanncia, estabelecendo programas acadmicos de integrao e recuperao dos novos

    alunos. A segunda ao seria a de avaliar as estatsticas da evaso, levantando os perodos

    crticos e criando formas de interveno a partir dos achados. A terceira ao seria a de

    levantar as causas da evaso, fazendo um paralelo entre as preferncias dos alunos com a

    apreciao das tarefas educacionais, administrativas e comunitrias. A quarta ao seria a de

    incentivar a viso da IES centrada no discente, envolvendo a direo, coordenao,

  • professores e funcionrios em uma preocupao genuna em prol do sucesso e bem estar dos

    estudantes. A quinta ao seria a de trazer a existncia requisitos que acatam aos objetivos

    que induziram os discentes a iniciar sua carreira acadmica, procurando no decepcion-los.

    A sexta ao seria a de tornar o recinto e o trajeto na IES ameno aos alunos. A stima e ltima

    ao apresentada pela autora seria a de gerar projetos de aconselhamento e orientao dos

    estudantes, sendo estes proativos e permanentes. A autora conclui seu argumento explicitando

    que as IES que optam por implementar as aes propostas so sempre bem sucedidas no

    processo de implantao da cultura de permanncia (op. cit. 2012).

    4.3.1 Passo a Passo no Processo de Implantao da Gesto da Permanncia

    Para se implantar a gesto da permanncia em uma IES preciso cumprir algumas

    condies fundamentais a fim de alinhavar o meio acadmico para uma mudana significativa

    em sua cultura interna (CARTA CONSULTA, 2013). Dessa forma, o presente trabalho

    apresenta as diretrizes a serem seguidas dentro deste processo de implantao.

    Segundo o autor, a primeira ao desenvolvida a de comunicao e sensibilizao de

    todos os gestores, professores e colaboradores quanto s possibilidades e necessidades de se

    gerir a permanncia, podendo ser feito atravs de uma palestra sobre o tema. Aps essa

    divulgao, dar-se inicio de forma literal as etapas de implantao, sendo elas:

    1. Composio e capacitao da equipe;

    2. Diagnstico:

    2.1. Anlise qualitativa dos documentos institucionais e dos relatrios da Comisso

    Prpria de Avaliao (CPA), sob a perspectiva da permanncia;

    2.2. Levantamento de informaes quantitativas sobre os colaboradores, discentes,

    docentes e resultadas alcanados nas ltimas apreciaes externas;

    2.3. Obter informaes sobre os cursos da IES, o nmero de graduaes e os conceitos

    obtidos oficialmente; a vinculao candidatos/vaga nos ltimos trs vestibulares; o

    abandono por perodo em cada curso de graduao, e; dados adicionais e necessrios

    segundo a tica da equipe;

    2.4. Apreciao do composto mercadolgico e da afluncia, pesquisa de informaes

    sobre o valor das mensalidades dos cursos da IES e o apontamento dos principais

    concorrentes diretos;

    2.5. Sociedade com todos os setores dentro da prpria IES.

  • Concluindo as etapas supracitadas, inicia-se dentro de uma perspectiva retroativa, o

    processo de levantamento das causas da evaso, dividindo-as em: Acadmica, Motivacional,

    Psicossocial e financeira, logo aps d-se inicio a uma anlise quantitativa dos dados e

    informaes sobre evaso na IES.

    Partindo para uma perspectiva proativa dentro da gesto da permanncia, defini-se

    aes institucionais voltadas para evitar a evaso, sendo assim o trabalho de permanncia da

    IES deve estar focado em identificar e evitar estas causas por aluno, o que s ocorre por meio

    de relacionamento muito aproximado.(op. cit. 2013)

    5. ESTUDO DE CASO

    Para incio do estudo foi definido um campo de amostragem de dois anos, 2011 e

    2012, ou seja, quatro semestres letivos, 2011/1, 2011/2, 2012/1 e 2012/2. Aps a definio da

    amostragem a ser trabalhada, iniciou-se um levantamento qualitativo dos dados necessrios

    para se compreender a magnitude do fenmeno da evaso na IES Cursos e um levantamento

    quantitativo, atravs do sistema de T.I implantado na Instituio, a fim de se poder mensurar

    estatisticamente o percentual ou a taxa da evaso em cada curso e por fim apresentar as

    propostas de interveno.

    Em seguida, dentro da anlise da IES, ser apresentado um panorama da evaso nos

    dois primeiros perodos dos treze cursos de graduao da Faculdade Redentor (Itaperuna) e as

    perdas de receita provenientes deste fenmeno, de forma a convergir com o objetivo proposto

    neste trabalho.

    5.1 ANLISE DA IES

    O aquecimento do mercado de trabalho e a falta de mo de obra em alguns setores

    esto levando vrios egressos, tanto do ensino mdio quanto do ensino superior, a buscarem

    novas qualificaes e a se prepararem para um mercado de trabalho exigente e competitivo.

    Com isso, a demanda por um ensino de qualidade tem aumentado significativamente e a IES

    em estudo tem ofertado cursos que so capazes de satisfazer a necessidade deste mercado, e

    desta forma tem atraindo novos alunos em busca de um ensino diferenciado visando uma fatia

    mais expressiva deste mercado.

    Com o aumento do nmero de matrculas aumentou-se tambm a preocupao em

    manter estes alunos e reduzir o ndice de evaso na Instituio. Desta forma a Direo de

    Graduao da IES buscou inovar no quesito interveno, trazendo uma proposta de

  • implantao de um projeto que ser capaz de reduzir o possvel ndice de abandono destes

    discentes, fomentando a gesto da permanncia.

    Nesta atual conjuntura o projeto est implantado e em pleno desenvolvimento. J se

    possvel conhecer as taxas de evaso semestral em cada curso, as mdias da evaso por curso

    nos dois primeiros perodos e a mdia de evaso da IES nos dois primeiros semestres, dentro

    de uma amostragem pr-definida. Tambm se possvel conhecer as perdas de receita

    advindas da sada destes estudantes (clculo aproximado considerando valor da mensalidade

    atual 2013/2 sem desconto), as causas que levaram e que levam os alunos a abandonar a IES

    e principalmente se possvel, atravs dos dados apresentados, propor aes de interveno a

    fim de alcanar o principal objetivo do projeto, que reduzir a evaso e garantir a

    permanncia do aluno, convergindo com a misso institucional, ou seja, fomentar o

    desenvolvimento regional.

    Na figura 2 observa-se o comportamento das mdias da evaso nos dois primeiros

    perodos letivos. Cinco cursos da Instituio obtiveram uma reduo nas mdias do ndice de

    evaso do primeiro para o segundo perodo, sendo eles: Engenharia Civil, Mecnica e de

    Produo, Enfermagem e Fonoaudiologia, os outros oito cursos obtiveram um crescimento

    deste ndice na transio dos perodos. Na figura 3 se possvel conhecer a mdia de evaso

    da IES nestes dois perodos, sendo elas: 20,46% no primeiro perodo e 21,12% no segundo

    perodo, evidenciando uma problemtica a ser solucionada.

    Convergindo para uma vertente financeira, as perdas de receita proveniente do

    abandono dos discentes ao longo de dois anos de amostragem impactaram de forma negativa

    os gestores da IES. No apndice I so apresentadas tabelas com o fluxo das perdas por curso

    ao longo dos perodos em anlise e uma tabela com o total geral das perdas de receita para a

    IES, a percentagem de cada curso em relao ao montante final e o percentual acumulado

    destas, facilitando as anlises e as possveis tomadas de deciso.

  • Figura 2: Comportamento das mdias da evaso nos dois primeiros perodos dos cursos (Criao Prpria, 2013).

    1 Perodo 2 Perodo

    EGC 25.59 13.69

    EGM 20.92 11.72

    NUTRIO 20.73 22.77

    FONOAUDIOLOGIA 16.04 5.62

    CINCIAS BIOLGICAS 16.67 16.74

    SERVIO SOCIAL 18.43 28.78

    FISIOTERAPIA 16.32 25.16

    SIST. INFORMAO 17.86 29.39

    ADMINISTRAO 17.63 28.39

    ARQUITETURA 14.61 22.45

    EGP 24.30 17.47

    ENFERMAGEM 36.42 27.93

    DIREITO 24.53 26.49

    0.00

    5.00

    10.00

    15.00

    20.00

    25.00

    30.00

    35.00

    40.00

    P

    E

    R

    C

    E

    N

    T

    A

    G

    E

    M

    Comportamento das mdias da evaso nos dois primeiros perodos

  • Figura 3: Mdia de evaso da IES por perodo (Criao Prpria, 2013).

    5.2 PRINCIPAIS CAUSAS DA EVASO

    No levantamento feito junto ao CASA foi possvel conhecer e analisar, dentro da

    amostragem pr-determinada, as causas que levaram os alunos a se evadirem dos

    cursos/instituio em estudo. Abaixo sero apresentadas as que tiveram uma maior incidncia

    dentro do fenmeno estudado:

    Problema Financeiro;

    Perfil do aluno - Dificuldade em acompanhar contedo;

    Incompatibilidade de horrios servio x faculdade;

    Distncia Transporte.

    Mudana de endereo;

    Falta de informao e conhecimento sobre o curso;

    Sade.

    5.3 PROPOSTAS DE INTERVENO

    Aps a implantao da Equipe de Gesto de Permanncia, iniciou-se uma srie de

    reunies a fim de se compreender o fenmeno da evaso e a grandeza do projeto em

    desenvolvimento. Anteriormente foram apresentados os resultados e o comportamento deste

    fenmeno em cada curso, as causas que favorecem o abandono do discente e as perdas de

    receitas proveniente da evaso. Da ento foram propostas vrias aes de intervenes pela

    equipe de permanncia, projeto casa e pelos coordenadores de curso, a fim de amenizar esse

    20.50

    20.60

    20.70

    20.80

    20.90

    21.00

    21.10

    21.20

    21.30

    1 Perodo 2 Perodo

    20.77

    21.28

    MDIA DE EVASO DA IES POR PERODO

  • impacto, sendo elas discutidas e definidas as de nveis emergenciais. A figura 4 apresenta a

    equipe em uma das reunies onde foram discutidas as propostas e aes de interveno.

    Figura 4: Reunio da Equipe de Gesto da Permanncia (Criao Prpria, 2013).

    No tocante as propostas definidas como emergenciais, o planejamento estratgico

    abaixo apresenta de forma clara e sucinta cada uma delas, os objetivos a serem atingidos, as

    etapas estratgicas, os recursos necessrios, os pontos crticos do processo, os prazos para

    implantao e os responsveis por cada processo. Vale ressaltar que algumas destas propostas

    j esto sendo implementadas pela instituio.

  • PLANEJAMENTO ESTRATGICO

    SETOR: EGP ANO: 2013

    Perodo de cada

    Etapa

    Objetivo (o que quero atingir) Etapas Estratgicas (o que tenho

    que fazer para alcanar os

    objetivos)

    Recursos (De que necessito

    em cada etapa)

    Pontos crticos (que

    fatores dificultam cada

    etapa)

    Pontos Crticos

    (como resolv-los)

    Prazo (qual a

    previso para

    alcanar os

    objetivos)

    Responsveis pelo

    Processo

    Dezembro 2013

    Fevereiro 2014

    No permitir que alunos

    ingressantes sejam

    desmotivados pelos repetentes.

    Separar os 1 perodos em turmas

    de ingressantes e repetentes.

    Emisso de Relatrios Falta de parcerias com a

    coordenao dos cursos.

    Trabalho de

    sensibilizao para

    aceitao do modelo

    Fevereiro 2014

    DIREO DE

    GRADUAO/

    DCRA

    Fevereiro Abril

    2014

    Recuperar aprendizagem dos

    alunos que entram com o

    perodo em curso

    Disponibilizar vdeo-aula e

    material impresso necessrio

    Professores e/ou

    monitores, equipe de

    filmagem.

    Disponibilidade de tempo

    e de recursos financeiros

    Sensibilizao do

    Financeiro e do corpo

    docente

    Abril 2014 CASA /

    COORDENADORES

    / FINANCEIRO

    Novembro 2013

    Fevereiro 2014

    Contribuir para a deciso do

    aluno na escolha do curso e

    motivar os atuais a

    permanecerem e ajudarem na

    divulgao do mesmo.

    Montar tendas no hall de entrada

    da IES com divulgao plena dos

    cursos no dia do vestibular

    Coordenadores de curso,

    material de divulgao e

    espao fsico para

    montagem das tendas

    Disponibilidade dos

    coordenadores, recursos

    financeiros

    Sensibilizao dos

    envolvidos

    Fevereiro 2014 COMUNICAO /

    COORDENADORES

    / FINANCEIRO

    Janeiro Maro

    2014

    Aproveitar os estudos dos

    alunos vindos de outras IES

    Flexibilizar o aproveitamento de

    estudo

    Definio do limite aceitvel

    para o aproveitamento de

    estudo

    Critrios adotados pela

    IES (cultura)

    O desenvolvimento

    de novos critrios

    Maro 2014 COORDENADORES

    / DIREO

    ACADMICA

    Hoje Sempre Otimizao da Gesto da

    Permanncia

    Divulgar o CASA de forma plena;

    apresentar dentro da Plataforma

    Connection os objetivos do CASA

    para os docentes atravs de

    videoaula; Apresentar o CASA para

    os gestores de turma.

    Parcerias Comunicao x

    Direo Acadmica x

    Coordenao de Curso x

    CASA

    Recursos Financeiros /

    Falta de compreenso

    dos coordenadores x

    professores da

    importncia do CASA na

    gesto de permanncia

    do aluno

    Trabalho de

    Sensibilizao

    Fevereiro 2014 COMUNICAO /

    DIREO

    ACADMICA /

    COORDENADORES

    / CASA

  • Setembro a

    outubro 2013

    Melhorar o atendimento ao

    aluno e a comunicao interna

    entre setores

    Treinamento com setor de

    atendimento e secretrias

    Parceria com RH

    Falta de compreenso

    dos responsveis

    Trabalho de

    sensibilizao

    Fevereiro 2014 RH

    Hoje a sempre Garantir a permanncia do

    aluno colocando-o no mercado

    de trabalho

    Criar banco de ofertas de estgio e

    emprego; montar currculo;

    preparar para entrevistas de

    trabalho; divulgao na faculdade.

    Parcerias Empresas;

    Direo acadmica e

    financeira; comunicao;

    coordenadores de curso e

    professores

    Falta de parcerias Trabalho de

    Sensibilizao

    Fevereiro 2014 DIREO

    ACADMICA /

    COMUNICAO /

    FINANCEIRO /

    COORDENADORES

    Quadro 1: Planejamento Estratgico (Criao Prpria, 2013).

  • 6. CONCLUSO

    O pas passa por um momento favorvel educao superior. O Governo Federal tem

    implementado aes capazes de favorecer a muitos estudantes para que iniciem e completem

    seus estudos com sucesso. Desta forma, observa-se a relevncia deste estudo, pois de nada

    adianta ser eficiente no processo de captao de novos alunos, abarrotando a Instituio, se

    no for capaz de implementar medidas para gerir a permanncia. necessrio que se exista

    motivos reais e concretos para que os possveis novos alunos e os veteranos compreendam e

    confiem que h maior probabilidade de persistir com xito do que com insucesso.

    vlido ressaltar que, como qualquer pesquisa cientfica, o estudo desenvolvido tem

    suas limitaes e necessita de plena continuidade para aprofundamento. No entanto,

    compreende-se que com a iniciativa de pesquisar o Fenmeno da evaso e a Permanncia dos

    discentes na Faculdade Redentor de Itaperuna foi possvel levantar muitas informaes sobre

    a maneira mais eficaz da Instituio se organizar e ofertar ensino de qualidade compatvel

    com os mais variados perfis dos estudantes e contribuir para aprimorar a poltica de captao

    e permanncia de alunos na referida instituio, alm de alargar o campo de estudos sobre o

    tema que ainda escasso.

    Neste estudo, coadunando com tericos da rea, foi possvel observar que os cursos de

    Engenharias so tidos como complexos, difceis, que exigem dos alunos um alto nvel de

    dedicao e comprometimento. A Instituio buscando manter um alto nvel de qualidade em

    seu ensino exige de seu corpo docente a aplicao da ementa com clareza e didtica apurada,

    com isso existe uma cobrana destes docentes para com os alunos. Devido a essas

    peculiaridades, esses cursos apresentam altos ndices de evaso e como reflexo, perdas

    exacerbadas de receitas.

    O Grfico de Pareto abaixo demonstra o peso das engenharias no que tange o impacto

    destas no somatrio total das perdas de receitas advindas do abandono do aluno. Como se

    pode observar, s o curso de engenharia civil responsvel por 23,08% destas perdas e o

    somatrio total das trs engenharias atinge um percentual de 47,52%, ou seja, os trs cursos

    de engenharia so responsveis por praticamente 50% destas perdas na Instituio em anlise.

    No entanto, ressalta-se que os trs cursos so responsveis pelos maiores ganhos de receitas,

    causando um impacto, porm, menos traumtico a IES.

  • Figura 5: Peso dos Cursos de Engenharia no somatrio total das Perdas de Receita provenientes do

    impacto da evaso na IES (Criao Prpria, 2013).

    Importante relatar, no que tange a rea da sade, que uma concluso no percebida na

    literatura surge na anlise de dados do presente trabalho. Para esses cursos, uma evaso

    considervel nos 3 e 4 foi verificada. Motivo pelo qual suscitou uma srie de

    questionamentos e discusses pela EGP.

    Em se falando em perdas financeiras, as engenharias ocupam a maior fatia, sobretudo

    em se tratando do nmero de alunos desses cursos matriculados na IES em 2013/2,

    representando hoje 48% do total, ou seja, dos 2611 alunos matriculados, 1249 cursam

    engenharias.

    Um planejamento estratgico foi proposto, a ser implantado para 2014/1, objetivando

    fomentar a permanncia. Um controle efetivo da EGP e do CASA demandado.

    Prope-se como trabalhos futuros o clculo da evaso total da IES, buscando um

    horizonte de planejamento considervel, alm da atualizao dos dados utilizando o ano de

    2013.

    Por fim, conclui-se que o sucesso permanente dessa indita proposta o envolvimento

    pleno e permanente da EGP.

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    Acesso em: 27/08/2013.

    23.08%

    36.71%47.52%

    56.60%65.54%

    73.39%79.13%

    84.83% 89.50%93.58% 96.58% 98.49%

    100%

    0.00%

    20.00%

    40.00%

    60.00%

    80.00%

    100.00%

    120.00%

    R$ 0.00R$ 200,000.00R$ 400,000.00R$ 600,000.00R$ 800,000.00

    R$ 1,000,000.00R$ 1,200,000.00R$ 1,400,000.00R$ 1,600,000.00R$ 1,800,000.00

    Peso das Engenharias

    TOTAL PARCIAL % ACUMULADO

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