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IMPACTOS E CONTRIBUIÇÕES DO USO DE CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO EM CURSOS NA MODALIDADE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Ana Maria Silveira Turrioni Professora Pesquisadora UAB UNIFEI Eliana de Fátima Souza Salomon Benfatti Professora Assistente UNIFEI João Batista Turrioni Professor Associado - UNIFEI RESUMO: A Educação a Distância tem demonstrado sua força quando se discutem aspectos ligados a inserção social da população, que até bem pouco tempo encontrava- se impossibilitada de acessar ao Ensino Superior Público, gratuito e com qualidade. Este aspecto tem contribuído para o crescimento desta modalidade de ensino no Brasil. Entretanto, este não pode acontecer com o prejuízo da qualidade dos cursos oferecidos. Desta forma a avaliação dos mesmos passa a ser um processo fundamental, de forma a garantir sua sustentabilidade. Esta tem basicamente quatro funções: verificar, controlar, regular, aprimorar. Portanto, precisa ser contextualizada para que seus efeitos, impactos e benefícios sejam identificados. Este aspecto da avaliação dentro do processo de Gestão é fundamental para o aperfeiçoamento da Educação a Distância no Brasil, transformando-a no grande desafio contemporâneo para os gestores educacionais. Objetiva-se neste artigo analisar um instrumento para esta finalidade. Este foi implantado e depois avaliado pelos diversos docentes e tutores que participam deste processo inicial de sua utilização. Os resultados demonstraram que o mesmo pode ser aperfeiçoado, mas já vem obtendo avanços no apoio a melhoria do curso. Palavras chaves: Educação a Distância, Critérios de Avaliação, Gestão da Qualidade I INTRODUÇÃO O projeto Universidade Aberta do Brasil (UAB) criado em 2005 em caráter experimental pelo Ministério da Educação (MEC), para permitir a articulação e a integração de Instituições Públicas do Ensino Superior (IPES) de forma a levar o ensino de qualidade aos municípios brasileiros que não tem ainda uma oferta que atenda a demanda dos cidadãos que buscam este serviço (OLIVEIRA e MORAES, 2009). Entre os problemas encontrados na implantação de cursos dentro da UAB destacam-se:

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IMPACTOS E CONTRIBUIÇÕES DO USO DE CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO

EM CURSOS NA MODALIDADE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Ana Maria Silveira Turrioni – Professora Pesquisadora – UAB – UNIFEI

Eliana de Fátima Souza Salomon Benfatti – Professora Assistente – UNIFEI

João Batista Turrioni – Professor Associado - UNIFEI

RESUMO: A Educação a Distância tem demonstrado sua força quando se discutem

aspectos ligados a inserção social da população, que até bem pouco tempo encontrava-

se impossibilitada de acessar ao Ensino Superior Público, gratuito e com qualidade. Este

aspecto tem contribuído para o crescimento desta modalidade de ensino no Brasil.

Entretanto, este não pode acontecer com o prejuízo da qualidade dos cursos oferecidos.

Desta forma a avaliação dos mesmos passa a ser um processo fundamental, de forma a

garantir sua sustentabilidade. Esta tem basicamente quatro funções: verificar, controlar,

regular, aprimorar. Portanto, precisa ser contextualizada para que seus efeitos, impactos

e benefícios sejam identificados. Este aspecto da avaliação dentro do processo de

Gestão é fundamental para o aperfeiçoamento da Educação a Distância no Brasil,

transformando-a no grande desafio contemporâneo para os gestores educacionais.

Objetiva-se neste artigo analisar um instrumento para esta finalidade. Este foi

implantado e depois avaliado pelos diversos docentes e tutores que participam deste

processo inicial de sua utilização. Os resultados demonstraram que o mesmo pode ser

aperfeiçoado, mas já vem obtendo avanços no apoio a melhoria do curso.

Palavras chaves: Educação a Distância, Critérios de Avaliação, Gestão da Qualidade

I – INTRODUÇÃO

O projeto Universidade Aberta do Brasil (UAB) criado em 2005 em caráter

experimental pelo Ministério da Educação (MEC), para permitir a articulação e a

integração de Instituições Públicas do Ensino Superior (IPES) de forma a levar o ensino

de qualidade aos municípios brasileiros que não tem ainda uma oferta que atenda a

demanda dos cidadãos que buscam este serviço (OLIVEIRA e MORAES, 2009).

Entre os problemas encontrados na implantação de cursos dentro da UAB destacam-se:

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Cultura e tradição das IPES baseada nos cursos presenciais;

Professores com uma concepção de Educação a Distância (EAD) baseada no

prejuízo da qualidade do ensino;

Dificuldades na formação e coordenação de equipes multidisciplinares;

Obstáculos na seleção de alunos para atender necessidades regionais;

Adequação do material didático em função das novas Tecnologias de

Informação e Comunicação (TICs);

Construção de novas estratégias pedagógicas adequadas à modalidade EAD.

O objetivo deste trabalho é discutir um instrumento de avaliação que possa contribuir

para a solução destes problemas e desta forma possibilitar o repensar dos cursos na

modalidade EAD no Brasil.

No Brasil, os referenciais para a Gestão da Qualidade da EAD destacam que o uso

inovador das TICs deve estar apoiado em uma filosofia de aprendizagem que

proporcione aos estudantes a oportunidade de interagir, de desenvolver projetos

compartilhados, de reconhecer e respeitar diferenças culturais e de construir o

conhecimento.

O princípio de interação e da interatividade é fundamental para o processo de

comunicação e deve ser garantido no uso de qualquer meio tecnológico a ser

disponibilizado, assim o uso das TICs deve estar apoiado em um processo de

aprendizagem que proporcione aos estudantes uma interação efetiva com os demais

alunos e com os formadores, oportunidades para o desenvolvimento de projetos e o

reconhecimento as diferenças culturais existentes entre os participantes.

Landim (1997) destaca este aspecto ao afirmar que: “A interação em EAD, não se dá

apenas entre o aluno e o material instrucional, alunos entre si, alunos e formadores,

alunos e Instituição de Ensino. Dá-se, também, entre os elementos que compõem o

universo do aluno (história de vida, trabalho, classe social, grupos de afinidades). E é a

conjugação destes fatores que permitirá a auto-estruturação e auto-direção do aluno

através de cursos na modalidade EAD.”

II – AVALIAÇÃO DE CURSOS NA MODALIDADE EAD

Na modalidade EAD, os processos de ensinar e aprender apresentam especificidades

que impedem a mera transposição didática e requerem competências e habilidades

docentes diferenciadas e cuidadosamente desenvolvidas.

Os sistemas de educação a distância surgiram como um projeto pedagógico

construtivista, através dos Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA), que geraram

novos comportamentos sociais e exigem uma prática pedagógica crítica. O sistema

EAD, distinto do sistema convencional, é complexo e possui características próprias,

visto que seu elemento fundamental não é a espacialidade, e sim, a comunicação; seu

espaço não é físico, mas comunicativo. A EAD se encontra em uma fase promissora,

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começa a ser entendida como Educação e não como uma modalidade a ser utilizada

quando conveniente. Entretanto é importante discutir-se o padrão de qualidade

almejado, é essencial que seja dada atenção a fatores como planejamento, conteúdo,

ambientes de aprendizagem, material de aprendizagem. Este contexto vem conduzindo a

comunidade acadêmica à discussão sobre a necessidade de se proporem critérios para

acompanhamento das disciplinas, de forma que, através de acompanhamento e do

atendimento de critérios, o professor possa garantir a qualidade do conhecimento

construído no processo.

Todos estes aspectos tornam-se ainda mais complexos quando se discute a maneira

como um curso a distância poderá ter a garantia da qualidade em termos de

planejamento das disciplinas, saber-fazer dos professores, instrumentos e concepções de

avaliação, acompanhamento da aprendizagem dos alunos entre outros.

Surge, então, a necessidade de uma função de apoio que permita este acompanhamento

de forma adequada e que será exercida pelo denominado revisor. Integrado à equipe de

um curso de EaD, tem como função acompanhar o trabalho da coordenação, coletando

informações sobre as disciplinas e apoiando os professores na melhoria das mesmas,

tendo como fundamento a proposta pedagógica do curso em questão e as diretrizes

estabelecidas para o curso no projeto pedagógico.

Avaliar a qualidade em EAD não é uma tarefa simples, existem várias propostas para

definição de itens que possam apoiar o processo de avaliação indicando melhorias a

serem efetuadas sobre os diversos aspectos do curso avaliado. Embora sejam utilizadas

denominações diferentes para estes itens (indicadores, critérios, componentes, padrões),

todas elas têm o mesmo objetivo: fornecer pontos de referência para a avaliação da

qualidade em EAD.

Esta é uma tarefa árdua de ser realizada, pois verificar se um determinado item está

inteiramente, parcialmente ou não está contemplado requer que o avaliador compreenda

o que deve ser analisado e consiga obter as informações necessárias para a emissão do

parecer.

2.1 Critérios para a avaliação de cursos na modalidade EAD

Entre todos estes desafios, destacam-se algumas características específicas que

nortearam a definição dos critérios para revisão das disciplinas:

1. A comunicação: no modelo tradicional ela ocorria somente numa direção – a do

professor para o aluno. Na EAD a comunicação ocorre em múltiplas direções,

principalmente entre os alunos, exigindo do professor um trabalho muito sério

de direcionamento e estabelecimento de fronteiras, de tal forma que não seja

permitido o desvio dos objetivos visados para a disciplina.

2. A descontinuidade do acesso às informações disponíveis no ambiente de

aprendizagem. O professor não consegue prever o momento em que o aluno vai

acessar o ambiente, dificultando a interação e o apoio aos alunos. Da mesma

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forma, o aluno também não sabe quando o professor está disponível,

dificultando o esclarecimento das dúvidas.

3. A avaliação, processo que exige mudanças nos instrumentos avaliativos,

conduzindo ao repensar os métodos de avaliação e exigindo muito mais dos

formadores.

Para atender a estes desafios, o professor tem à sua disposição várias ferramentas. O

problema está em decidir o como e quando utilizá-las. Isto gera uma série de problemas

e o professor muitas vezes tem dificuldades diante de tantas alternativas. Em função

deste cenário mudam as características das disciplinas, exigindo de professores e alunos

novas funções com habilidades distintas das anteriores.

Para aperfeiçoar o acompanhamento das disciplinas e apoiar as atividades dos revisores

e coordenadores, foram elaborados alguns critérios que estão sendo consolidados para

compor o instrumento que será utilizado para a revisão das disciplinas. Tais critérios

resultam de discussões e de uma construção necessária que se fez coletiva na dinâmica

de trabalho do curso de especialização à distância. A Equipe se compõe de professores,

tutores, coordenadora e revisora.

Na literatura concernente ao tema, foram encontrados alguns trabalhos que tratam do

estabelecimento de critérios para revisão de disciplinas. A proposta aqui é construir, a

partir destes, um conjunto de critérios que possa ser utilizado em um curso conduzido

na modalidade educação a distância.

Entre os modelos existe um de onze etapas para ajudar os formadores a melhorar seu

material instrucional e aumentar a satisfação dos alunos durante a aprendizagem,

considerando que a melhoria do processo de aprendizagem tem se tornado importante

tarefa no ensino. Os critérios propostos são os seguintes: 1. Experiência do formador;

2. Estabelecimento de fatores de influência para a satisfação dos alunos; 3.

Estabelecimento do ciclo de controle para o formador; 4. Construção de questionários

de avaliação junto aos alunos; 5. Projeto de melhorias na disciplina; 6. Coleta de

comentários com os alunos; 7. Determinação das ações de melhoria; 8. Execução do

plano de ação; 9. Condução de questionário de satisfação; 10. Avaliação da melhoria;

11. Estabelecimento de novo padrão. (CHIEN, 2007)

Entre as propostas para a análise da estrutura de disciplinas, destaca-se uma que contém

cinco critérios: programa, conteúdo, instrutor, pedagogia e plataforma de aprendizagem.

Os principais aspectos que podem fornecer informações para pesquisas sobre educação

a distância são: o estudante, o tutor/orientador, o processo de aprendizagem, o processo

de ensino, o processo de comunicação, o material de ensino/aprendizagem, o ambiente,

o momento, o corpo educacional, avaliação.(INGLIS, 2008)

Todos estes critérios relacionados à educação a distância são caracterizados por sua

flexibilidade, computabilidade, facilidade de uso e centralização no estudante, num

processo educacional que ative e ensine os estudantes a aprender e a como agir

independentemente ao longo do caminho exploratório.

Os resultados indicam que as avaliações estão mudando o foco da atenção, saindo do

modelo baseado no desempenho do aluno, passando para o foco na coerência do

programa de formação, tornando-a mais integrada e objetivando questões de ensino e

aprendizagem mais diretamente.

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No Brasil, com a adoção do Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior

(SINAES), ficou acordado, entre outras coisas que o sistema nacional de ensino

superior deve incluir revisões externas. Esta proposta está dentro da lógica de que não é

possível atingir metas que não sejam mensuráveis e que não se gerenciam sem a

avaliação da realização das metas planejadas.

Os critérios propostos foram adaptados de duas instituições norte-americanas: a

University of Maryland University College (UMUC) e a Troy University, ambas com

tradição na utilização da Ead. Estas Universidades desenvolveram instrumentos para

avaliação de disciplinas conduzidas dentro do conceito de Ensino a distância. Apesar

dos instrumentos serem diferentes em sua estrutura, as áreas abordadas são similares, ou

seja, possuem os mesmos elementos básicos. A figura 1 apresenta o modelo proposto

em que as setas indicam as relações entre os vários critérios apresentados.

IV - Desenvolvimento do Modelo Quantitativo para Revisão de Disciplinas

Conforme descrito na figura 1, o modelo proposto é composto por 10 critérios. Foi

definida uma escala que permitiu a aplicação do modelo para avaliação de disciplinas

em um Curso na modalidade EAD.

Estes critérios foram analisados através de sua utilização para a revisão de disciplinas

do curso de especialização em Gestão de Pessoas e de Projetos Sociais da UNIFEI, que

vem sendo desenvolvido em sua totalidade com a utilização de disciplinas na

modalidade EAD. A análise considerou a adequação e aceitação dos critérios por parte

dos agentes envolvidos neste estudo, a saber: coordenador, revisor, professores e

tutores.

Condução das

Aulas

Atividades

Avaliativas

Avaliação

Discente

Interatividade

e

Comunicação

Conhecimento

Produzido e

Absorvido

Planejamento

e Programação

das aulas

Usabilidade

Inserção no

Projeto

Pedagógico

Conteúdo

da

Disciplina

Organização

e

Estrutura

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

Usabilidade

Figura 1. Modelo de revisão de disciplinas dentro da EAD – Turrioni e Stano (2009 a)

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Importante destacar que o modelo aqui proposto é de avaliação e não de verificação. A

avaliação direciona o objeto para uma trilha dinâmica enquanto a verificação provoca o

seu congelamento. Portanto, avaliar supõe uma maneira de apoiar novas possibilidades,

tornando o processo dinâmico e vivificado por tomadas de decisão.

Na análise destes critérios foram consideradas as melhores práticas de tutoria, conforme

proposto por Mendonça (2009) que estão sintetizadas no quadro 1.

QUADRO 1 – Práticas utilizadas em curso de formação de tutores em EAD –

adaptado de Mendonça (2009)

Práticas que adotaria Práticas que não adotaria

Interagir com a turma e responder dúvidas

rapidamente

Utilizar bate papo com cinco ou menos

alunos

Interagir com a equipe Utilizar questionários

Desenvolver atividades em grupo Aplicar muitas atividades

Utilizar ferramentas de comunicação Demorar a dar retorno aos alunos

Utilizar o ambiente virtual de

aprendizagem em ordem cronológica e

organizada

Exigir cronograma apertado para

desenvolvimento de atividades avaliativas

Definir claramente critérios de avaliação Extrapolar a carga horária

Utilizar os fóruns de discussão de forma

precisa, objetiva, dialogando com os

alunos

Usar dinâmicas motivacionais

Preocupar com a qualidade do curso

Assistir aos alunos diariamente

Incentivar a participação dos alunos

Manter postura motivadora e responsável

Utilizar processo de avaliação contínuo

Dar oportunidade de recuperação de

atividades

Pode-se inferir que as melhores práticas percebidas no quadro 1 estão relacionadas a

interação com os alunos, que reforça a hipótese que em qualquer situação de

aprendizagem, a interação entre os participantes é de extrema importância. É por meio

da interação que é possível a troca de experiências e o estabelecimento de parcerias e a

cooperação entre os alunos participantes do curso.

Normalmente esta interação acontece através do texto, que apesar das inúmeras

vantagens pode ser insuficiente como meio de interação, pois, não contém informações

sociais como tom da conversa e padrões de atividade. Estes problemas levam também à

necessidade de se considerar a utilização de ferramentas síncronas com maior

freqüência.

Outro aspecto que deve ser considerado na avaliação da qualidade do curso e a evasão

dos alunos durantes a realização do mesmo. Silva et al (2009) apresentam no quadro 2

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os resultados de levantamento conduzido junto a alunos que participam de cursos de

graduação na modalidade EAD na Universidade Federal do Alagoas.

QUADRO 2 – Fatores que influenciam a evasão em cursos EAD adaptado de Silva

et al.(2009)

INSTITUCIONAIS Distância entre o pólo e a residência

Acesso ao computador e a internet

Acesso a biblioteca

CURSO Contato com professores

Associação entre teoria e prática

Interatividade

Qualidade das aulas

Adaptação a modalidade EAD

Critérios de Avaliação

Contato com colegas do curso

Atendimento do curso às expectativas

prévias

Qualidade do curso

ALUNO Tempo para estudar

Problemas pessoais

Cursos realizados simultaneamente

Desconhecimento prévio a respeito do

curso

Compreensão das matérias

Relacionamento com o tutor

Adaptação ao sistema universitário

Carga horária semanal

Influência familiar

Os fatores apresentados no quadro 2 demonstram que além de aspectos tecnológicos

ligados ao uso de TICs ou ao Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) escolhido,

existem critérios que impactam a satisfação ou a permanência do aluno dentro do curso

pretendido.

III – ANÁLISE DOS CRITÉRIOS DE UTILIZADOS NO CURSO GESTÃO DE

PESSOAS E DE PROJETOS PESSOAIS DA UNIFEI

A análise da utilização dos critérios para a avaliação da qualidade do curso foi feita

através de consulta a 18 formadores (dez tutores e oito professores) em Abril de 2010,

através de questionário composto pelas seguintes questões:

1) O uso dos critérios está favorecendo a sua prática?

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2) A avaliação efetuada resultou em mudanças? Quais?

3) Qual a contribuição que os critérios trouxeram para as disciplinas que você

ministra?

4) Existe algum ou alguns critério(s) que você gostaria de acrescentar para a

melhoria dessa revisão?

O quadro 3 apresenta os resultados da consulta junto aos docentes.

QUADRO 3: RESPOSTA DOS DOCENTES

ITEM DO

QUESTIONÁRIO

PRATICA MUDANÇAS CONTRIBUIÇÃO CRITÉRIO

PROFESSORES

01 Melhor

prática

Várias

mudanças

Maior

objetividade

Maior interação

Incluir

critérios

Qualitativos

02

Maior

Sintonia

com

objetivos

Várias

mudanças

Motivação para

melhorar

Não

03

Fornece

parâmetros

para

melhoria

Destaque para

atuação no

fórum de

discussão

Aumentar a

interação com os

alunos

Não

04

Melhor

prática

Revisão de

diretrizes da

disciplina

Maior interação

com os alunos

Não

05

Dinamizar

olhares e

ajustes

Várias

mudanças

Maior interação

com os alunos

Não

06

Focar

conteúdo

Melhor

adequação a

EAD

Maior

interatividade

Ajuste do

conteúdo do curso

de acordo com a

modalidade EAD

Ouvir o

revisor sobre

quais critérios

devem ser

alterados

07

Melhor uso

do

Ambiente

Declarou estar

mais presente

na Disciplina

Melhor retorno

aos alunos

Analisar

relação entre

os formadores

e os alunos

08

Melhoria no

apoio aos

tutores

Passou a se

comunicar

mais com os

tutores

Melhoria em todos

os aspectos

avaliados

Fazer

consultas

regulares aos

formadores

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Percebe-se na análise do quadro 03 que a maioria dos docentes concorda que a

utilização dos critérios de revisão trouxe melhorias para a disciplina, entre as mudanças

realizadas destacam-se: aumento da comunicação com os tutores, maior participação na

condução da disciplina, maior interatividade com os alunos o que demonstra que a

utilização do instrumento já esta bem amadurecida entre os docentes.

Entretanto, quando questionados sobre quais os critérios deveriam sofrer modificações

poucos responderam, entre as raras recomendações, destacam-se: a inclusão de critérios

qualitativos, o envolvimento do revisor para a atualização dos critérios e a maior prática

para identificação de possíveis melhorias.

Em relação aos tutores, notou-se uma participação mais ativa, os resultados estão

apresentados nos quadros 4.1 e 4.2.

QUADRO 4.1: RESPOSTA DOS TUTORES – PARTE 1

ITENS DO

QUESTIONÁRIO

PRATICA MUDANÇAS CONTRIBUIÇÃO CRITÉRIO

TUTORES

01 Focalização

das

ferramentas

Favoreceu a

tutoria

Maior

participação

no fórum

Maior visão do

trabalho

desenvolvido

Critérios

relativos ao

desempenho

do tutor

02

Sim

Maior

interação com

os alunos

Maior

participação dos

alunos

Tempo de

resposta dos

formadores

Tempo para

correção das

atividades

03

Favorece a

prática da

tutoria

Melhoria nos

pontos fracos

Aperfeiçoamento

da disciplina

Muito bons

04

Definir

objetivo de

cada critério

Melhor

resposta aos

alunos

Melhor

distribuição

da disciplina

Maior

participação de

todos: alunos e

formadores

Considerar a

avaliação

discente de

forma mais

efetiva

05 Comentar

as

atividades

Uso do

fórum de

discussão

Maior

freqüência na

resposta aos

alunos

Aumento da

participação

dos

professores

Melhor

aproveitamento do

TELEDUC

Conteúdos mais

claros

Diversidade de

mídias

Incluir

critérios de

inclusão e

acessibilidade

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QUADRO 4.2: RESPOSTA DOS TUTORES – PARTE 2

ITENS DO

QUESTIONÁRIO

PRATICA MUDANÇAS CONTRIBUIÇÃO CRITÉRIO

TUTORES

06

Melhor

prática

Maior

satisfação dos

alunos

Não Não

07

Melhor

atuação da

Tutoria

Melhoria nos

critérios com

pontuação

mais baixa

Melhor uso das

ferramentas do

TELEDUC

Critério

medindo a

freqüência dos

alunos no

ambiente

08

Apoiar

melhoria

Passou a se

comunicar

mais com os

alunos

Analisar pontos

falhos para

melhorar

Critério

avaliando

agendas

09 Orientação

na

condução

do curso

Avaliar

pontos fracos

Mudanças na

estrutura

Aumento do uso

de ferramentas

síncronas

Não

10 Melhorou

Tutoria

Participar

mais

ativamente

dos fóruns

Critérios muito

uteis para o

diagnóstico

Critério

avaliando

Tutoria

Percebe-se na análise dos quadros 4.1 e 4.2 que a maioria dos tutores concorda que a

utilização dos critérios de revisão trouxe melhorias para a disciplina, entre as mudanças

realizadas destacam-se: melhores respostas aos alunos, melhor uso das ferramentas do

TELEDUC, melhor uso de ferramentas síncronas, maior diversidade de mídias.

Em relação aos critérios de avaliação os tutores demonstraram uma maior interatividade

com o instrumento apresentando um número maior de sugestões de critérios com

destaque para: avaliação de agendas, avaliação de tutores, avaliação discente,

necessidades especiais de acessibilidade.

Nota-se pela análise dos quadros 3, 4.1 e 4.2, uma maior participação por parte dos

tutores na recomendação de alterações nos critérios, isto pode se explicado pelo fato dos

mesmos estarem atuando de uma maneira mais próxima dos alunos e por isto

identificarem mais rapidamente oportunidades de melhoria nos cursos.

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IV – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Turrioni e Stano (2009 b) afirmam em trabalho anterior com base em análise estatística

que os critérios para serem validados precisam ser capazes de detectar oportunidades de

melhorias e ter a aceitação dos formadores que utilizam o instrumento, concluindo que

os critérios usabilidade e avaliação discente eram inadequados e propondo que os

mesmos fossem construídos com o amplo envolvimento de toda a equipe que participa

de sua utilização.

O presente trabalho retificou que o critério avaliação discente é inadequado, pelo menos

na forma atual, isto indica que é urgente que o mesmo seja revisto. Neste trabalho

ocorreu também um maior envolvimento da equipe na construção do instrumento como

indicado no trabalho já citado, sendo este o principal aspecto na evolução do

instrumento, pois, é o que tem maior impacto sobre a sua melhoria.

O objetivo deste trabalho foi o de buscar junto aos usuários com a utilização de um

questionário bem simples, recomendações para a melhoria do instrumento. Apesar do

envolvimento de toda a equipe na resposta aos questionários, parece que este

envolvimento ainda está na fase inicial do seu amadurecimento, pois apesar de todos

responderem que os critérios apóiam a melhoria do curso em que trabalham a maioria

principalmente entre os professores preferiu não emitir opinião a respeito da adequação

dos critérios e nem sugerir mudanças de conteúdo.

Entre os tutores ocorreu um maior envolvimento, com alguns inclusive tendo

contribuído com aspectos que transcendiam o questionário apresentado comentários de

forma voluntária e desta forma propiciando uma melhor adequação do instrumento em

relação ao seu objetivo principal que é o de contribuir para a melhoria da qualidade de

cursos na modalidade EAD.

Recomenda-se agora que os dados obtidos sejam utilizados para o aperfeiçoamento do

instrumento e que o mesmo possa ser compartilhado com outros cursos da UAB para

avaliar se ele pode ser generalizado no formato atual e para que o mesmo possa receber

contribuições de outras instituições dentro da UAB.

V – Agradecimentos.

Os autores deste artigo agradecem ao apoio dos órgãos de fomento, especificamente a

FAPEMIG,CNPQ e CAPES que apóiam a implantação do projeto com auxilio através

de bolsas e projetos.

A UNIFEI, pelo apoio através do fornecimento da infraestrutura necessária para a

consolidação do projeto.

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A coordenação do curso de especialização em Gestão de Pessoas e de Projetos Sociais,

pela capacidade de liderança e coragem em conduzir este processo de mudança tão

ambicioso e complexo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Chien, T.K “Using learning satisfaction improving model to enhance the teaching

quality” Quality Assurance in Education, vol. 15, n.2, pp. 192-214, 2007

Inglis, A. “ Approaches to the validation of quality frameworks for e-learning” Quality

Assurance in Education vol.16, n.4, pp. 367-372, 2008

Landim, C.M.F “ Educação a Distância: algumas considerações” , Rio de Janeiro, s/n,

1997.

Mendonça, G.A.A “ Formas de Atuação dos orientadores acadêmicos e tutores de pólo

da UFG” - VI Congresso de Ensino Superior a Distância – ESUD, São Luís, MA, 2009.

Oliveira, I.M.F. ; Morais, T.M.R. “UAB na UFMG: panorama atual” - VI Congresso

de Ensino Superior a Distância – ESUD, São Luís, MA, 2009.

Silva, S.S; Alves, A.A.S.; Liberati, E.S.N.; Lima, J.A.; Gimenes, E. “Avaliação do

curso de administração da UEM na ótica dos alunos e tutores” - VI Congresso de

Ensino Superior a Distância – ESUD, São Luís, MA, 2009.

Turrioni, A.M.S, Stano, R.C.M.T. “Critérios de Avaliação para a Educação a

Distância” XXII Congresso Internacional – EDUTEC, Manaus, 2009a.

Turrioni, A.M.S.; Stano, R.C.M.T. “Critérios para Avaliação de Cursos na

Modalidade EaD: o caso do curso Gestão de Pessoas e de Projetos Sociais da UNIFEI”

VI Congresso de Ensino Superior a Distância – ESUD, São Luis do Maranhão, 2009b.