impactos e contribuiÇÕes do uso de critÉrios de … · universo do aluno (história de vida,...
TRANSCRIPT
IMPACTOS E CONTRIBUIÇÕES DO USO DE CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO
EM CURSOS NA MODALIDADE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Ana Maria Silveira Turrioni – Professora Pesquisadora – UAB – UNIFEI
Eliana de Fátima Souza Salomon Benfatti – Professora Assistente – UNIFEI
João Batista Turrioni – Professor Associado - UNIFEI
RESUMO: A Educação a Distância tem demonstrado sua força quando se discutem
aspectos ligados a inserção social da população, que até bem pouco tempo encontrava-
se impossibilitada de acessar ao Ensino Superior Público, gratuito e com qualidade. Este
aspecto tem contribuído para o crescimento desta modalidade de ensino no Brasil.
Entretanto, este não pode acontecer com o prejuízo da qualidade dos cursos oferecidos.
Desta forma a avaliação dos mesmos passa a ser um processo fundamental, de forma a
garantir sua sustentabilidade. Esta tem basicamente quatro funções: verificar, controlar,
regular, aprimorar. Portanto, precisa ser contextualizada para que seus efeitos, impactos
e benefícios sejam identificados. Este aspecto da avaliação dentro do processo de
Gestão é fundamental para o aperfeiçoamento da Educação a Distância no Brasil,
transformando-a no grande desafio contemporâneo para os gestores educacionais.
Objetiva-se neste artigo analisar um instrumento para esta finalidade. Este foi
implantado e depois avaliado pelos diversos docentes e tutores que participam deste
processo inicial de sua utilização. Os resultados demonstraram que o mesmo pode ser
aperfeiçoado, mas já vem obtendo avanços no apoio a melhoria do curso.
Palavras chaves: Educação a Distância, Critérios de Avaliação, Gestão da Qualidade
I – INTRODUÇÃO
O projeto Universidade Aberta do Brasil (UAB) criado em 2005 em caráter
experimental pelo Ministério da Educação (MEC), para permitir a articulação e a
integração de Instituições Públicas do Ensino Superior (IPES) de forma a levar o ensino
de qualidade aos municípios brasileiros que não tem ainda uma oferta que atenda a
demanda dos cidadãos que buscam este serviço (OLIVEIRA e MORAES, 2009).
Entre os problemas encontrados na implantação de cursos dentro da UAB destacam-se:
Cultura e tradição das IPES baseada nos cursos presenciais;
Professores com uma concepção de Educação a Distância (EAD) baseada no
prejuízo da qualidade do ensino;
Dificuldades na formação e coordenação de equipes multidisciplinares;
Obstáculos na seleção de alunos para atender necessidades regionais;
Adequação do material didático em função das novas Tecnologias de
Informação e Comunicação (TICs);
Construção de novas estratégias pedagógicas adequadas à modalidade EAD.
O objetivo deste trabalho é discutir um instrumento de avaliação que possa contribuir
para a solução destes problemas e desta forma possibilitar o repensar dos cursos na
modalidade EAD no Brasil.
No Brasil, os referenciais para a Gestão da Qualidade da EAD destacam que o uso
inovador das TICs deve estar apoiado em uma filosofia de aprendizagem que
proporcione aos estudantes a oportunidade de interagir, de desenvolver projetos
compartilhados, de reconhecer e respeitar diferenças culturais e de construir o
conhecimento.
O princípio de interação e da interatividade é fundamental para o processo de
comunicação e deve ser garantido no uso de qualquer meio tecnológico a ser
disponibilizado, assim o uso das TICs deve estar apoiado em um processo de
aprendizagem que proporcione aos estudantes uma interação efetiva com os demais
alunos e com os formadores, oportunidades para o desenvolvimento de projetos e o
reconhecimento as diferenças culturais existentes entre os participantes.
Landim (1997) destaca este aspecto ao afirmar que: “A interação em EAD, não se dá
apenas entre o aluno e o material instrucional, alunos entre si, alunos e formadores,
alunos e Instituição de Ensino. Dá-se, também, entre os elementos que compõem o
universo do aluno (história de vida, trabalho, classe social, grupos de afinidades). E é a
conjugação destes fatores que permitirá a auto-estruturação e auto-direção do aluno
através de cursos na modalidade EAD.”
II – AVALIAÇÃO DE CURSOS NA MODALIDADE EAD
Na modalidade EAD, os processos de ensinar e aprender apresentam especificidades
que impedem a mera transposição didática e requerem competências e habilidades
docentes diferenciadas e cuidadosamente desenvolvidas.
Os sistemas de educação a distância surgiram como um projeto pedagógico
construtivista, através dos Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA), que geraram
novos comportamentos sociais e exigem uma prática pedagógica crítica. O sistema
EAD, distinto do sistema convencional, é complexo e possui características próprias,
visto que seu elemento fundamental não é a espacialidade, e sim, a comunicação; seu
espaço não é físico, mas comunicativo. A EAD se encontra em uma fase promissora,
começa a ser entendida como Educação e não como uma modalidade a ser utilizada
quando conveniente. Entretanto é importante discutir-se o padrão de qualidade
almejado, é essencial que seja dada atenção a fatores como planejamento, conteúdo,
ambientes de aprendizagem, material de aprendizagem. Este contexto vem conduzindo a
comunidade acadêmica à discussão sobre a necessidade de se proporem critérios para
acompanhamento das disciplinas, de forma que, através de acompanhamento e do
atendimento de critérios, o professor possa garantir a qualidade do conhecimento
construído no processo.
Todos estes aspectos tornam-se ainda mais complexos quando se discute a maneira
como um curso a distância poderá ter a garantia da qualidade em termos de
planejamento das disciplinas, saber-fazer dos professores, instrumentos e concepções de
avaliação, acompanhamento da aprendizagem dos alunos entre outros.
Surge, então, a necessidade de uma função de apoio que permita este acompanhamento
de forma adequada e que será exercida pelo denominado revisor. Integrado à equipe de
um curso de EaD, tem como função acompanhar o trabalho da coordenação, coletando
informações sobre as disciplinas e apoiando os professores na melhoria das mesmas,
tendo como fundamento a proposta pedagógica do curso em questão e as diretrizes
estabelecidas para o curso no projeto pedagógico.
Avaliar a qualidade em EAD não é uma tarefa simples, existem várias propostas para
definição de itens que possam apoiar o processo de avaliação indicando melhorias a
serem efetuadas sobre os diversos aspectos do curso avaliado. Embora sejam utilizadas
denominações diferentes para estes itens (indicadores, critérios, componentes, padrões),
todas elas têm o mesmo objetivo: fornecer pontos de referência para a avaliação da
qualidade em EAD.
Esta é uma tarefa árdua de ser realizada, pois verificar se um determinado item está
inteiramente, parcialmente ou não está contemplado requer que o avaliador compreenda
o que deve ser analisado e consiga obter as informações necessárias para a emissão do
parecer.
2.1 Critérios para a avaliação de cursos na modalidade EAD
Entre todos estes desafios, destacam-se algumas características específicas que
nortearam a definição dos critérios para revisão das disciplinas:
1. A comunicação: no modelo tradicional ela ocorria somente numa direção – a do
professor para o aluno. Na EAD a comunicação ocorre em múltiplas direções,
principalmente entre os alunos, exigindo do professor um trabalho muito sério
de direcionamento e estabelecimento de fronteiras, de tal forma que não seja
permitido o desvio dos objetivos visados para a disciplina.
2. A descontinuidade do acesso às informações disponíveis no ambiente de
aprendizagem. O professor não consegue prever o momento em que o aluno vai
acessar o ambiente, dificultando a interação e o apoio aos alunos. Da mesma
forma, o aluno também não sabe quando o professor está disponível,
dificultando o esclarecimento das dúvidas.
3. A avaliação, processo que exige mudanças nos instrumentos avaliativos,
conduzindo ao repensar os métodos de avaliação e exigindo muito mais dos
formadores.
Para atender a estes desafios, o professor tem à sua disposição várias ferramentas. O
problema está em decidir o como e quando utilizá-las. Isto gera uma série de problemas
e o professor muitas vezes tem dificuldades diante de tantas alternativas. Em função
deste cenário mudam as características das disciplinas, exigindo de professores e alunos
novas funções com habilidades distintas das anteriores.
Para aperfeiçoar o acompanhamento das disciplinas e apoiar as atividades dos revisores
e coordenadores, foram elaborados alguns critérios que estão sendo consolidados para
compor o instrumento que será utilizado para a revisão das disciplinas. Tais critérios
resultam de discussões e de uma construção necessária que se fez coletiva na dinâmica
de trabalho do curso de especialização à distância. A Equipe se compõe de professores,
tutores, coordenadora e revisora.
Na literatura concernente ao tema, foram encontrados alguns trabalhos que tratam do
estabelecimento de critérios para revisão de disciplinas. A proposta aqui é construir, a
partir destes, um conjunto de critérios que possa ser utilizado em um curso conduzido
na modalidade educação a distância.
Entre os modelos existe um de onze etapas para ajudar os formadores a melhorar seu
material instrucional e aumentar a satisfação dos alunos durante a aprendizagem,
considerando que a melhoria do processo de aprendizagem tem se tornado importante
tarefa no ensino. Os critérios propostos são os seguintes: 1. Experiência do formador;
2. Estabelecimento de fatores de influência para a satisfação dos alunos; 3.
Estabelecimento do ciclo de controle para o formador; 4. Construção de questionários
de avaliação junto aos alunos; 5. Projeto de melhorias na disciplina; 6. Coleta de
comentários com os alunos; 7. Determinação das ações de melhoria; 8. Execução do
plano de ação; 9. Condução de questionário de satisfação; 10. Avaliação da melhoria;
11. Estabelecimento de novo padrão. (CHIEN, 2007)
Entre as propostas para a análise da estrutura de disciplinas, destaca-se uma que contém
cinco critérios: programa, conteúdo, instrutor, pedagogia e plataforma de aprendizagem.
Os principais aspectos que podem fornecer informações para pesquisas sobre educação
a distância são: o estudante, o tutor/orientador, o processo de aprendizagem, o processo
de ensino, o processo de comunicação, o material de ensino/aprendizagem, o ambiente,
o momento, o corpo educacional, avaliação.(INGLIS, 2008)
Todos estes critérios relacionados à educação a distância são caracterizados por sua
flexibilidade, computabilidade, facilidade de uso e centralização no estudante, num
processo educacional que ative e ensine os estudantes a aprender e a como agir
independentemente ao longo do caminho exploratório.
Os resultados indicam que as avaliações estão mudando o foco da atenção, saindo do
modelo baseado no desempenho do aluno, passando para o foco na coerência do
programa de formação, tornando-a mais integrada e objetivando questões de ensino e
aprendizagem mais diretamente.
No Brasil, com a adoção do Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior
(SINAES), ficou acordado, entre outras coisas que o sistema nacional de ensino
superior deve incluir revisões externas. Esta proposta está dentro da lógica de que não é
possível atingir metas que não sejam mensuráveis e que não se gerenciam sem a
avaliação da realização das metas planejadas.
Os critérios propostos foram adaptados de duas instituições norte-americanas: a
University of Maryland University College (UMUC) e a Troy University, ambas com
tradição na utilização da Ead. Estas Universidades desenvolveram instrumentos para
avaliação de disciplinas conduzidas dentro do conceito de Ensino a distância. Apesar
dos instrumentos serem diferentes em sua estrutura, as áreas abordadas são similares, ou
seja, possuem os mesmos elementos básicos. A figura 1 apresenta o modelo proposto
em que as setas indicam as relações entre os vários critérios apresentados.
IV - Desenvolvimento do Modelo Quantitativo para Revisão de Disciplinas
Conforme descrito na figura 1, o modelo proposto é composto por 10 critérios. Foi
definida uma escala que permitiu a aplicação do modelo para avaliação de disciplinas
em um Curso na modalidade EAD.
Estes critérios foram analisados através de sua utilização para a revisão de disciplinas
do curso de especialização em Gestão de Pessoas e de Projetos Sociais da UNIFEI, que
vem sendo desenvolvido em sua totalidade com a utilização de disciplinas na
modalidade EAD. A análise considerou a adequação e aceitação dos critérios por parte
dos agentes envolvidos neste estudo, a saber: coordenador, revisor, professores e
tutores.
Condução das
Aulas
Atividades
Avaliativas
Avaliação
Discente
Interatividade
e
Comunicação
Conhecimento
Produzido e
Absorvido
Planejamento
e Programação
das aulas
Usabilidade
Inserção no
Projeto
Pedagógico
Conteúdo
da
Disciplina
Organização
e
Estrutura
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Usabilidade
Figura 1. Modelo de revisão de disciplinas dentro da EAD – Turrioni e Stano (2009 a)
Importante destacar que o modelo aqui proposto é de avaliação e não de verificação. A
avaliação direciona o objeto para uma trilha dinâmica enquanto a verificação provoca o
seu congelamento. Portanto, avaliar supõe uma maneira de apoiar novas possibilidades,
tornando o processo dinâmico e vivificado por tomadas de decisão.
Na análise destes critérios foram consideradas as melhores práticas de tutoria, conforme
proposto por Mendonça (2009) que estão sintetizadas no quadro 1.
QUADRO 1 – Práticas utilizadas em curso de formação de tutores em EAD –
adaptado de Mendonça (2009)
Práticas que adotaria Práticas que não adotaria
Interagir com a turma e responder dúvidas
rapidamente
Utilizar bate papo com cinco ou menos
alunos
Interagir com a equipe Utilizar questionários
Desenvolver atividades em grupo Aplicar muitas atividades
Utilizar ferramentas de comunicação Demorar a dar retorno aos alunos
Utilizar o ambiente virtual de
aprendizagem em ordem cronológica e
organizada
Exigir cronograma apertado para
desenvolvimento de atividades avaliativas
Definir claramente critérios de avaliação Extrapolar a carga horária
Utilizar os fóruns de discussão de forma
precisa, objetiva, dialogando com os
alunos
Usar dinâmicas motivacionais
Preocupar com a qualidade do curso
Assistir aos alunos diariamente
Incentivar a participação dos alunos
Manter postura motivadora e responsável
Utilizar processo de avaliação contínuo
Dar oportunidade de recuperação de
atividades
Pode-se inferir que as melhores práticas percebidas no quadro 1 estão relacionadas a
interação com os alunos, que reforça a hipótese que em qualquer situação de
aprendizagem, a interação entre os participantes é de extrema importância. É por meio
da interação que é possível a troca de experiências e o estabelecimento de parcerias e a
cooperação entre os alunos participantes do curso.
Normalmente esta interação acontece através do texto, que apesar das inúmeras
vantagens pode ser insuficiente como meio de interação, pois, não contém informações
sociais como tom da conversa e padrões de atividade. Estes problemas levam também à
necessidade de se considerar a utilização de ferramentas síncronas com maior
freqüência.
Outro aspecto que deve ser considerado na avaliação da qualidade do curso e a evasão
dos alunos durantes a realização do mesmo. Silva et al (2009) apresentam no quadro 2
os resultados de levantamento conduzido junto a alunos que participam de cursos de
graduação na modalidade EAD na Universidade Federal do Alagoas.
QUADRO 2 – Fatores que influenciam a evasão em cursos EAD adaptado de Silva
et al.(2009)
INSTITUCIONAIS Distância entre o pólo e a residência
Acesso ao computador e a internet
Acesso a biblioteca
CURSO Contato com professores
Associação entre teoria e prática
Interatividade
Qualidade das aulas
Adaptação a modalidade EAD
Critérios de Avaliação
Contato com colegas do curso
Atendimento do curso às expectativas
prévias
Qualidade do curso
ALUNO Tempo para estudar
Problemas pessoais
Cursos realizados simultaneamente
Desconhecimento prévio a respeito do
curso
Compreensão das matérias
Relacionamento com o tutor
Adaptação ao sistema universitário
Carga horária semanal
Influência familiar
Os fatores apresentados no quadro 2 demonstram que além de aspectos tecnológicos
ligados ao uso de TICs ou ao Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) escolhido,
existem critérios que impactam a satisfação ou a permanência do aluno dentro do curso
pretendido.
III – ANÁLISE DOS CRITÉRIOS DE UTILIZADOS NO CURSO GESTÃO DE
PESSOAS E DE PROJETOS PESSOAIS DA UNIFEI
A análise da utilização dos critérios para a avaliação da qualidade do curso foi feita
através de consulta a 18 formadores (dez tutores e oito professores) em Abril de 2010,
através de questionário composto pelas seguintes questões:
1) O uso dos critérios está favorecendo a sua prática?
2) A avaliação efetuada resultou em mudanças? Quais?
3) Qual a contribuição que os critérios trouxeram para as disciplinas que você
ministra?
4) Existe algum ou alguns critério(s) que você gostaria de acrescentar para a
melhoria dessa revisão?
O quadro 3 apresenta os resultados da consulta junto aos docentes.
QUADRO 3: RESPOSTA DOS DOCENTES
ITEM DO
QUESTIONÁRIO
PRATICA MUDANÇAS CONTRIBUIÇÃO CRITÉRIO
PROFESSORES
01 Melhor
prática
Várias
mudanças
Maior
objetividade
Maior interação
Incluir
critérios
Qualitativos
02
Maior
Sintonia
com
objetivos
Várias
mudanças
Motivação para
melhorar
Não
03
Fornece
parâmetros
para
melhoria
Destaque para
atuação no
fórum de
discussão
Aumentar a
interação com os
alunos
Não
04
Melhor
prática
Revisão de
diretrizes da
disciplina
Maior interação
com os alunos
Não
05
Dinamizar
olhares e
ajustes
Várias
mudanças
Maior interação
com os alunos
Não
06
Focar
conteúdo
Melhor
adequação a
EAD
Maior
interatividade
Ajuste do
conteúdo do curso
de acordo com a
modalidade EAD
Ouvir o
revisor sobre
quais critérios
devem ser
alterados
07
Melhor uso
do
Ambiente
Declarou estar
mais presente
na Disciplina
Melhor retorno
aos alunos
Analisar
relação entre
os formadores
e os alunos
08
Melhoria no
apoio aos
tutores
Passou a se
comunicar
mais com os
tutores
Melhoria em todos
os aspectos
avaliados
Fazer
consultas
regulares aos
formadores
Percebe-se na análise do quadro 03 que a maioria dos docentes concorda que a
utilização dos critérios de revisão trouxe melhorias para a disciplina, entre as mudanças
realizadas destacam-se: aumento da comunicação com os tutores, maior participação na
condução da disciplina, maior interatividade com os alunos o que demonstra que a
utilização do instrumento já esta bem amadurecida entre os docentes.
Entretanto, quando questionados sobre quais os critérios deveriam sofrer modificações
poucos responderam, entre as raras recomendações, destacam-se: a inclusão de critérios
qualitativos, o envolvimento do revisor para a atualização dos critérios e a maior prática
para identificação de possíveis melhorias.
Em relação aos tutores, notou-se uma participação mais ativa, os resultados estão
apresentados nos quadros 4.1 e 4.2.
QUADRO 4.1: RESPOSTA DOS TUTORES – PARTE 1
ITENS DO
QUESTIONÁRIO
PRATICA MUDANÇAS CONTRIBUIÇÃO CRITÉRIO
TUTORES
01 Focalização
das
ferramentas
Favoreceu a
tutoria
Maior
participação
no fórum
Maior visão do
trabalho
desenvolvido
Critérios
relativos ao
desempenho
do tutor
02
Sim
Maior
interação com
os alunos
Maior
participação dos
alunos
Tempo de
resposta dos
formadores
Tempo para
correção das
atividades
03
Favorece a
prática da
tutoria
Melhoria nos
pontos fracos
Aperfeiçoamento
da disciplina
Muito bons
04
Definir
objetivo de
cada critério
Melhor
resposta aos
alunos
Melhor
distribuição
da disciplina
Maior
participação de
todos: alunos e
formadores
Considerar a
avaliação
discente de
forma mais
efetiva
05 Comentar
as
atividades
Uso do
fórum de
discussão
Maior
freqüência na
resposta aos
alunos
Aumento da
participação
dos
professores
Melhor
aproveitamento do
TELEDUC
Conteúdos mais
claros
Diversidade de
mídias
Incluir
critérios de
inclusão e
acessibilidade
QUADRO 4.2: RESPOSTA DOS TUTORES – PARTE 2
ITENS DO
QUESTIONÁRIO
PRATICA MUDANÇAS CONTRIBUIÇÃO CRITÉRIO
TUTORES
06
Melhor
prática
Maior
satisfação dos
alunos
Não Não
07
Melhor
atuação da
Tutoria
Melhoria nos
critérios com
pontuação
mais baixa
Melhor uso das
ferramentas do
TELEDUC
Critério
medindo a
freqüência dos
alunos no
ambiente
08
Apoiar
melhoria
Passou a se
comunicar
mais com os
alunos
Analisar pontos
falhos para
melhorar
Critério
avaliando
agendas
09 Orientação
na
condução
do curso
Avaliar
pontos fracos
Mudanças na
estrutura
Aumento do uso
de ferramentas
síncronas
Não
10 Melhorou
Tutoria
Participar
mais
ativamente
dos fóruns
Critérios muito
uteis para o
diagnóstico
Critério
avaliando
Tutoria
Percebe-se na análise dos quadros 4.1 e 4.2 que a maioria dos tutores concorda que a
utilização dos critérios de revisão trouxe melhorias para a disciplina, entre as mudanças
realizadas destacam-se: melhores respostas aos alunos, melhor uso das ferramentas do
TELEDUC, melhor uso de ferramentas síncronas, maior diversidade de mídias.
Em relação aos critérios de avaliação os tutores demonstraram uma maior interatividade
com o instrumento apresentando um número maior de sugestões de critérios com
destaque para: avaliação de agendas, avaliação de tutores, avaliação discente,
necessidades especiais de acessibilidade.
Nota-se pela análise dos quadros 3, 4.1 e 4.2, uma maior participação por parte dos
tutores na recomendação de alterações nos critérios, isto pode se explicado pelo fato dos
mesmos estarem atuando de uma maneira mais próxima dos alunos e por isto
identificarem mais rapidamente oportunidades de melhoria nos cursos.
IV – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Turrioni e Stano (2009 b) afirmam em trabalho anterior com base em análise estatística
que os critérios para serem validados precisam ser capazes de detectar oportunidades de
melhorias e ter a aceitação dos formadores que utilizam o instrumento, concluindo que
os critérios usabilidade e avaliação discente eram inadequados e propondo que os
mesmos fossem construídos com o amplo envolvimento de toda a equipe que participa
de sua utilização.
O presente trabalho retificou que o critério avaliação discente é inadequado, pelo menos
na forma atual, isto indica que é urgente que o mesmo seja revisto. Neste trabalho
ocorreu também um maior envolvimento da equipe na construção do instrumento como
indicado no trabalho já citado, sendo este o principal aspecto na evolução do
instrumento, pois, é o que tem maior impacto sobre a sua melhoria.
O objetivo deste trabalho foi o de buscar junto aos usuários com a utilização de um
questionário bem simples, recomendações para a melhoria do instrumento. Apesar do
envolvimento de toda a equipe na resposta aos questionários, parece que este
envolvimento ainda está na fase inicial do seu amadurecimento, pois apesar de todos
responderem que os critérios apóiam a melhoria do curso em que trabalham a maioria
principalmente entre os professores preferiu não emitir opinião a respeito da adequação
dos critérios e nem sugerir mudanças de conteúdo.
Entre os tutores ocorreu um maior envolvimento, com alguns inclusive tendo
contribuído com aspectos que transcendiam o questionário apresentado comentários de
forma voluntária e desta forma propiciando uma melhor adequação do instrumento em
relação ao seu objetivo principal que é o de contribuir para a melhoria da qualidade de
cursos na modalidade EAD.
Recomenda-se agora que os dados obtidos sejam utilizados para o aperfeiçoamento do
instrumento e que o mesmo possa ser compartilhado com outros cursos da UAB para
avaliar se ele pode ser generalizado no formato atual e para que o mesmo possa receber
contribuições de outras instituições dentro da UAB.
V – Agradecimentos.
Os autores deste artigo agradecem ao apoio dos órgãos de fomento, especificamente a
FAPEMIG,CNPQ e CAPES que apóiam a implantação do projeto com auxilio através
de bolsas e projetos.
A UNIFEI, pelo apoio através do fornecimento da infraestrutura necessária para a
consolidação do projeto.
A coordenação do curso de especialização em Gestão de Pessoas e de Projetos Sociais,
pela capacidade de liderança e coragem em conduzir este processo de mudança tão
ambicioso e complexo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Chien, T.K “Using learning satisfaction improving model to enhance the teaching
quality” Quality Assurance in Education, vol. 15, n.2, pp. 192-214, 2007
Inglis, A. “ Approaches to the validation of quality frameworks for e-learning” Quality
Assurance in Education vol.16, n.4, pp. 367-372, 2008
Landim, C.M.F “ Educação a Distância: algumas considerações” , Rio de Janeiro, s/n,
1997.
Mendonça, G.A.A “ Formas de Atuação dos orientadores acadêmicos e tutores de pólo
da UFG” - VI Congresso de Ensino Superior a Distância – ESUD, São Luís, MA, 2009.
Oliveira, I.M.F. ; Morais, T.M.R. “UAB na UFMG: panorama atual” - VI Congresso
de Ensino Superior a Distância – ESUD, São Luís, MA, 2009.
Silva, S.S; Alves, A.A.S.; Liberati, E.S.N.; Lima, J.A.; Gimenes, E. “Avaliação do
curso de administração da UEM na ótica dos alunos e tutores” - VI Congresso de
Ensino Superior a Distância – ESUD, São Luís, MA, 2009.
Turrioni, A.M.S, Stano, R.C.M.T. “Critérios de Avaliação para a Educação a
Distância” XXII Congresso Internacional – EDUTEC, Manaus, 2009a.
Turrioni, A.M.S.; Stano, R.C.M.T. “Critérios para Avaliação de Cursos na
Modalidade EaD: o caso do curso Gestão de Pessoas e de Projetos Sociais da UNIFEI”
VI Congresso de Ensino Superior a Distância – ESUD, São Luis do Maranhão, 2009b.