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Impactos do Envelhecimento nas Políticas de Saúde: Uma Visão Global Impactos do Envelhecimento nas Políticas de Saúde: Uma Visão Global André Medici Banco Mundial (LCSHH) Seminário Internacional: As mudanças demográficas e seus impactos sobre a Saúde Suplementar Rio de Janeiro, 14 de Agôsto de 2013

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Impactos do Envelhecimento nas Políticas de Saúde: Uma Visão Global

Impactos do Envelhecimento nas Políticas de Saúde: Uma Visão Global

André MediciBanco Mundial (LCSHH)

Seminário Internacional: As mudanças demográficas e seus impactos sobre a Saúde Suplementar

Rio de Janeiro, 14 de Agôsto de 2013

ESTAMOS ENVELHECENDO...PARTE 1

Mas por que se queixar?

Estamos envelhecendo, não apenas como indivíduos, comunidades, países, continentes, mas também como população global. Pessoas com 65anos e +:

• 2006 – 500 milhões• 2030 – 1 bilhão

O envelhecimento Global é o resultado de uma história de sucesso da humanidade.

• Desenvolvimento Econômico e Social

• Avanços na Saúde Pública• Avanços na Medicina

No entanto, nem tudo são flores...

Gastos de saúde aumentam de forma diretamente proporcional àidade; Aumentos na taxa de dependência

(população em idade ativa sobre população total) fragilizam os sistemas de previdência social, especialmente em contextos de envelhecimento populacional; Uma sociedade que envelhece

tem que mudar seus paradigmas de produção, consumo, gasto público e tributação, mas nem sempre isso tem sido fácil

Estamos próximos do ano em que a população com mais de 65 anos será maior que a de mais de 5 anos de idade...

Fonte: Divisão de População da ONU

E quanto maior for a idade, maior será o crescimento....

Estimativa da Taxa de Crescimento da População Global entre 2006 e 2030 de acordo com o grupo de idade

E o processo será mais rápido nos países em desenvolvimento...

Tempo médio necessário para que o grupo com mais de 65 anospassasse de 7% para 14% do total da população

Paíse Desenvolvidos Países em Desenvolvimento

Vantagens e Desvantagens Comparativas da Velocidade do Envelhecimento

Países desenvolvidos Tiveram tempo para adaptar

progressivamente suas instituições para a proteção social dos idosos; Aumentaram a produtividade, o

capital humano, o capital social e geraram riqueza para sustentar estruturas mais envelhecidas; Tem restrições para mudar sua

base tecnológica e falta flexibilidade para conter os custos assistenciais; Com grandes déficits fiscais, tem

grandes restrições econômicas para manter o atual nível de benefícios.

Países em desenvolvimento Podem aprender com os êxitos e

fracassos dos países em desenvolvimento na transição ao envelhecimento; Mas tem pouco tempo para

enriquecer antes de envelhecer. Poderá faltar progresso no capital humano, capital social e na produtividade; Poderão ter flexibilidade para criar

um modelo assistencial que, de inicio, seja menos custoso do que o implantado nos países desenvolvidos.

Mudanças sócio-econômicas que vem com o envelhecimento

Na estrutura social Com menos filhos e relações familiares

marcadas por divórcios e novos casamentos, os idosos de amanhã não poderão contar com o apoio da estrutura familiar tradicional;

Doenças crônicas necessitam administração e cuidado permanente com o envelhecimento

Viver mais significará viver com menos capacidade física e a invalidez parcial poderá exigir apoio constante e intervenções de saúde mais frequentes, incluindo internações.

Vivendo mais, os idosos aumentam a necessidade de cuidado de longo prazo (long-term care) e apoio não-familiar para as atividades cotidianas;

Na estrutura econômica Sistemas de pensões baseados em

repartição simples não vão propiciar aos idosos os meios necessários para sobreviver;

Nos países em desenvolvimento, onde os sistemas de pensões são precários, as redes de proteção social terão dificuldades em prover os meios necessários para idosos pobres baseados em sistemas não contributivos.

Muitos países continuarão a fazer reformas constantes – paramétricas e não paramétricas – em seus sistemas de aposentadorias que poderão ser impopulares e trazer dificuldades para gerar renda suficiente para a sustentação dos sistemas de saúde.

Trabalha-se menos e vive-se mais nos países da OECD

Ano Anos de Trabalho

Anos de Aposent.

1960 46 1

1995 37 12

2010 32 21

Porcentagem de homens entre 55-65 anos que não trabalham

baixo altoIncentivo para Aposentadoria precoce

Gastos com aposentadorias nos países Da OECD representavam em 2010

Cerca de 15% do PIB

ENVELHECIMENTO E SAÚDEPARTE II

Os fatos são....

Em 2011, 37 milhões de pessoas morreram, ao nível mundial, em decorrência de doenças crônicas (coração, câncer e diabetes) 20% destas mortes ocorreram nos países desenvolvidos e

80% nos países em desenvolvimento. Nos próximos anos esse número vai aumentar em grandes

proporções, principalmente nos países de renda baixa e média; A expectativa de vida aumenta, mas um número maior de

pessoas passa a viver com limitações trazidas pela doença O desafio é: como melhorar a qualidade de vida e minimizar o

impacto da doença para aqueles que vivem mais?

Desafios para os sistemas de saúde associados ao envelhecimento

IndividuaisPerda de qualidade de

vida por incapacidade; Falta de sociabilidade

levando a perda de controle;Excesso de controle sobre

a saúde gerando ansiedade; Falta de recursos para

cuidar da saúde.

ColetivosSustentabilidade

Financeira Falta de recursos

humanos qualificados Falta de insumos,

medicamentos, meios de diagnóstico e terapia Falta de políticas de

acesso aos cuidados de longo prazo (long term care).

Doenças crônicas aumentam seu peso com a transição demográfica e o envelhecimento...

PAÍSES DE RENDAMÉDIA E BAIXA

PAISES DE RENDAALTA

Doenças crônicasCausas Externas e AcidentesDoenças Transmissíveis, causas maternase perinatais

….e aumenta a carga de doença dos mais velhos

AVISAS perdidos por idade na ALC por genero - 2004

Homens tem maiores perdas de AVISAS em todos os grupos de idade A mortalidade representa 53%

dos AVISAS entre os homens, mais somente 42% entre as mulheres. A morbidade pesa mais para

mulheres do que para homens, entre outros motivos, porque vivem mais.

Com isso, gastos com saúde também aumentam com a idade, tanto nos países ricos...

Gastos percapita em saúde como % doPIB percapita – Países da OECD - 2005

...como na América LatinaGastos per capita em saúde como % doPIB per capita – Países da ALC - 2005

Miller, Mason & Holtz (2009)

E quanto maior a idade, maior o gasto per capita com saúde.

E doenças crônicas são as que gastam mais ao nível mundial....

Doenças que representam maiores custos (associados aos AVISAs perdidos) ao nivel mundial –Em US$ bilhões - 2008

Fonte: Estudo da American Cancer Society e Livestrong, 2011

...e contribuem para o aumento da pobrezaPobreza Domiciliar População dos Países de Renda Média e Baixa

Envelhecimento Exposição a fatores de risco (tabaco, dieta Inadequada, sedentarismo, álcool, etc.)

Doenças Crônicas (Diabetes,Hipertensão, Doença

Cardiovascular, Câncer,

Perda de Renda por Comp. Não-Saudáveis

Perda de renda por doença e morte

Acesso precário aos serviços de saúde

Gastos Catastróficos

PARA UM ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL

PARTE III

As soluções são conhecidas mas pouco avançam

Aumentar o controle dos fatores de risco que influenciam no desenvolvimento de doenças crônicas; Organizar modelos de saúde centrados na Atenção Primária (APS) com

ênfase na promoção e prevenção e reduzir o uso desnecessário de serviços hospitalares de internação; Controlar o uso e incorporação de tecnologia médica, de acordo com

critérios de custo efetividade; Aumentar o uso de medicamentos genéricos sobre o uso de medicamentos

de marca; Fazer um monitoramento e avaliação constante da qualidade dos serviços e

insumos utilizados no setor saúde, bem como nos níveis de satisfação dos usuários e indicadores de saúde intermediários e finalísticos; Monitorar os preços dos serviços, seguros e prêmios pagos ao setor saúde

para que se comportem de acordo com as tendências reais de aumento dos custos de acordo com os critérios de custo-efetividade e qualidade.

Distribuição % dos Gastos em Saúde segundo a natureza dos gastos em alguns países da OECD - 2010

Categorias de Gasto Australia Canada Alemanha Japão Espanha Suiça

Internação 36.0 32,1 37,1 39,2 29,3 47,3

Atenção Básica Amb. 33,7 29,3 21,4 32,8 36,4 27,7

Atenção Domiciliar - 2,1 4,5 0,4 - 0,3

Serviços Auxiliares 6,4 8,5 6,5 1,3 3,4 4,9

Medicamentos e Insumos

18,9 18,8 20,2 20,3 25,8 12,6

Promoção,Prevenção, Saúde Pública

1,6 7,2 4,7 3,1 2,8 2,3

Administração e Seguros

3,4 2,0 5,4 2,9 2,3 4,9

Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0

Mas existem tendências favoráveis

Gastos em saúde pública tendem a aumentar;Gastos com

hospitalização tendem a se reduzirVer exemplo do

CanadáCanadian Institute for Health Information, National Health Expenditure Trend

1975-2004

Gerenciando Doenças Crônicas

Promover o auto-cuidado e facilitar a informação ao paciente e os incentivos para sua promoção Foco na educação para a saúde visando mudança de estilo de vida Estreitamento da relação entre os profissionais de saúde e o

paciente Melhor conhecimento das condições do paciente via registros

eletrônicos Gestão da satisfação do usuário Gerenciamento de custos pela redução da demanda não necessária Apoio à familia para aqueles que vierem a ser cuidadores de

pessoas idosas, de modo a facilitar os cuidados ao paciente e melhorar sua qualidade de vida.

Principais fatores de risco a serem considerados

Condição/Fator de Risco Câncer

Tabaco

Álcool e Drogas

Diabetes, Hipertensão, Dieta

Sedentarismo

Ação a Ser Tomada Prevenção, Detecção e Tratamento

Precoce; Campanhas Educativas, Preço,

Proibição em Lugares Públicos, Erradicação do Plantio; Campanhas Educativas e

Tratamento; Auto-cuidado, acompanhamento

APS, Regulação Pública, Campanhas Educativas; Campanhas Educativas e

Promocionais, áreas coletivas para a prática de educação física.

Vejamos o caso do tabaco: Qual a percentagem da população mundial que

recebe algum tipo de controle?

AmbientesLivres de

cigarro

Monitoramento Tratamento Incentivosno trabalho

Propaganda Aumento de Preços viaImpostos

% da População Mundial CobertaPor Políticas de Controle do Tabaco - 2008

Fonte: OMS

O Impacto Positivo da Atividade Física

Controlando a Diabetes: Alguns exemplosIntervenções com Evidência de

EficáciaBenefício Medido

Melhoria no estilo de vida através de dieta e atividade física

Redução de 35% a 58% da incidência

Uso da metaformina para prevenir e tratar diabetes tipo 2

Redução de 25% a 31% da incidência

Controle da pressão arterial dos que tem pressão acima de 13 por 8

Redução de 35% para cada 10% de redução da pressão arterial

Exame anual dos olhos Redução de 60% a 70% do risco de perda de visão

Cuidado dos pés para os que tem alto risco de ulcerações

Redução de 50% a 60% do risco de gangrena

Uso de Angiotensin convertin enzyme inhibitor

Redução de 42% da nefropatia e 22% de redução de risco de doença cardiovascular

Usar e abusar da APSFator de Uso de APS

Impacto na Saúde Coletiva

Impacto nos Serviços

Impacto nos Gastos

Educação e Promoção Evitar fatores de risco Utilização oportuna dos serviços

Maiores gastos regulares e menores gastos catastróficos

Nutrição, Vacinação, Saneamento Básico, atenção materno-infantil

Redução do risco de doenças e agravos preveníveis; Impacto no alcance dos ODM.

Maior uso programado dos serviços; Menor uso de urgências e emergências

Melhor programação dos gastos com saúde; redução de gastos com ambulatório e hospital.

Acesso a medicamentos essenciais

Recuperação rápida e controle de doenças crônicas

Redução no número de visitas e retornos por agravos à saúde

Redução dos custos por paciente com tratamento completo.

Promoção, prevenção e controle de condições crônico-degenerativas

Aumento da expectativa de vida de pacientes crônicos (diabetes, hipertensão, etc.)

Redução no uso de serviços de urgência e emergência e agravos associados a condições crônicas de saúde

Redução dos custos com internação;Redução dos gastos com saúde associados ao envelhecimento

Promoção de vida saudável

Longevidade e felicidade

Maior integração entre políticas sociais e saúde

Redução dos gastos médios por paciente ao longo do ciclo de vida

JAPÃO: NOTA SOBRE UMA EXPERIÊNCIA INTERESSANTE

Japão e Brasil: Uma comparação interessante

A terceira idade no Japão passou de 7% a 14% da população (26 anos) a um rítmo que o Brasil passará (21 anos). No entanto, o Japão conseguiu ter

a maior expectativa de vida ao nascer do mundo (82 anos), com um gasto em saúde (9,5% do PIB) relativamente menor que a média dos países ricos (12,5% do PIB). Com isso tem aumentado a

proporção de pessoas de mais de 65 anos no Japão que conseguem ter uma vida independente.

Como viviam as pessoas de mais de 65 anos no Japão na transição ao envelhecimento?

Em instituições ou com não parentes

Sozinhas

Com o Cônjuge

Com filhos ou parentes

Fonte: Instituto Nacional de Pesquisa de População e Seguridade Social do Japão, 2007

Que fatores podem explicar maior expectativa de vida no Japão?

Cultura familiar dedicada a temas de saúde Serviços de saúde pública orientados para a promoção e prevenção Aumento massivo das estratégias de long-term care a baixo custo; Incentivos aos familiares que se dedicam a ser care-givers Maior participação comunitária na vida dos idosos Mais atividade na vida dos idosos

Que fatores podem explicar menos gasto com saúde no Japão?

Sistema de saúde• Controle dos gastos com

saúde (salários, honorários e pagamentos a médicos e hospitais e preços dos medicamentos são controlados e revistos de dois em dois anos);

• Uso crescente de medicamentos genéricos e redução de medicamentos de marca (71% do valor dos medicamentos consumidos).

• Alta produtividade médica, trabalho em equipes de saúde (Japão tem 2,1 médicos por 100 mil hab, Brasil tem 2,0).

◆ Crescimento Annual dos Gastos Públicos com Saúde

● % de Aumento nos Preços de Saúde

● % de Aumento nos Preços de Serviços Médicos

● % de Aumento nos Preços de Medicamentos

Aumentos nos Gastos em Saúde no Japão

ObrigadoObrigado

[email protected](202) 458-0314