impacto no sistema processual dos tratados … · 5.3.2 - convenção internacional sobre a...

174
Estudo Sobre IMPACTO NO SISTEMA PROCESSUAL DOS TRATADOS INTERNACIONAIS Secretaria de Reforma do Judiciário SRJ MINISTÉRIO DA JUSTIÇA Seus Direitos Sua Proteção Sua Segurança Cejus | Centro de Estudos sobre o Sistema de Justiça

Upload: others

Post on 19-May-2020

4 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Estudo SobreIMPACTO NOSISTEMA PROCESSUALDOS TRATADOSINTERNACIONAIS

Secretaria de Reforma do JudiciárioSRJ MINISTÉRIO DA

JUSTIÇASeus DireitosSua ProteçãoSua Segurança

Cejus | Centro de Estudos sobre o Sistema de Justiça

Ministério da

JustiçaSecretaria de

Reforma do Judiciário

GOVERNO FEDERAL

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA

SECRETARIA DE REFORMA DO JUDICIÁRIO

O IMPACTO NO SISTEMA PROCESSUAL DOS TRATADOS INTERNACIONAIS

BRASÍLIA

2013

Pesquisa elaborada em parceria estabelecida em

acordo de cooperação internacional por meio

de carta de acordo firmado entre a Secretaria de

Reforma do Judiciário, o Programa das Nações

Unidas para o Desenvolvimento e a Universidade

do Vale do Rio dos Sinos (Projeto BRA/05/036).

EXPEDIENTE:

PRESIDENTA DA REPÚBLICA Dilma RousseW

MINISTRO DE ESTADO DA JUSTIÇA

José Eduardo Cardozo

SECRETÁRIA EXECUTIVA DO MINISTÉRIO DA JUSTIÇA Márcia Pelegrini

SECRETÁRIO DE REFORMA DO JUDICIÁRIO

Flávio Crocce Caetano

DIRETORA DE POLÍTICA JUDICIÁRIA Kelly Oliveira de Araújo

FICHA CATALOGRÁFICA:

12,5 cm

Ficha elaborada pela Biblioteca do Ministério da Justiça

341.124

I34S O impacto no sistema processual dos tratados internacionais /

coordenador: José Luis Bolzan de Morais. – Brasília : Ministério

da Justiça, Secretaria de Reforma do Judiciário, 2013.

174 p. : il., color. -- (Diálogos sobre justiça)

Pesquisa elaborada em parceria entre a Secretaria de Reforma do

Judiciário , Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e a

Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Projeto BRA/05/036).

ISBN:

1. Tratado. 2. Direito internacional público 3. Direito processual.

I. Morais, José Luis Bolzan, coord. II.Brasil. Ministério da Justiça.

Secretaria de Reforma do Judiciário. III. Programa das Nações Unidas

para o Desenvolvimento. IV. Universidade do Vale dos Sinos.

CDD

978-85-85820-46-6

PESQUISA SOBRE O IMPACTO NO SISTEMA PROCESSUAL DOS TRATADOS

INTERNACIONAIS:

PRODUTO FINAL

Jânia Maria Lopes Saldanha

Valéria Ribas do Nascimento

Ademar Pozzatti Junior

Daiane Moura de Aguiar

Leonardo de Camargo Subtil

Lucas Pacheco Vieira

Thaís Salvadori Gracia

Felipe Mello de Oliveira

José Luis Bolzan de Morais (Coordenação)

GOVERNO FEDERAL

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA

SECRETARIA DE REFORMA DO JUDICIÁRIO

BRASÍLIA

2013

6

7

Ao inaugurar a série “Diálogos sobre jus-

tiça”, a Secretaria de Reforma do Judiciário

optou por publicar pesquisas sobre temas

relevantes que possam ampliar a compre-

ensão por amplos segmentos da popula-

ção sobre o Sistema de Justiça no Brasil, ao

mesmo tempo em que se busca discutir a

melhoria do acesso à Justiça como garantia

de consolidação da cidadania.

As distintas experiências e políticas que

serão objeto de análise na presente série

têm como ponto de partida a Reforma do

Judiciário, que atravessa o marco de seus 10

anos de existência, e devem contribuir para

o desenvolvimento de novos parâmetros de

atuação governamental no tocante aos ser-

viços jurisdicionais prestados aos cidadãos

pelo Governo brasileiro. Trata-se, então, de

promover a discussão de alternativas para a

implementação de ações e de políticas pú-

blicas que aprimorem o trabalho do Poder

Judiciário e dos demais órgãos do Estado

que compõe o Sistema de Justiça.

Com vistas a alcançar tal objetivo, foram

selecionados, inicialmente, temas de pes-

quisa de interesse público, mas que até o

momento haviam sido pouco explorados,

como é o caso do impacto no sistema pro-

cessual dos tratados internacionais.

Além desse, outros temas considerados

relevantes pelo seu impacto sobre o Siste-

ma de Justiça foram selecionados com a fi-

nalidade de possibilitar o aprofundamento

do debate em torno do qual se consolida o

desenvolvimento de políticas públicas sobre

acesso a Justiça, tais como: a utilização de

meios de resolução extrajudicial de conflitos

no âmbito dos serviços regulados por agên-

PREFÁCIO

cias governamentais; os desafios da trans-

parência para o eficaz funcionamento do

Sistema de Justiça brasileiro; a análise de so-

luções alternativas de conflitos fundiários ru-

rais e de conflitos fundiários urbanos; e ain-

da, a atuação da advocacia popular no país.

Todos os temas envolvem, necessaria-

mente, a relação da sociedade civil com

os Poderes Públicos, e, em particular, com

o Poder Judiciário e operadores do direito.

Dessa forma, propiciam a melhoria do de-

senho institucional das políticas públicas

adotadas pelo Estado.

Cumpre ressaltar que a série “Diálogos

sobre a Justiça” é fruto de uma parceria

constituída pela Secretaria de Reforma do

Judiciário com algumas das mais renoma-

das instituições de pesquisa do país. As

entidades selecionadas para participar des-

ta primeira fase foram a Fundação Getúlio

Vargas, o Centro Brasileiro de Análise e Pla-

nejamento, a Organização Terra de Direitos,

a Universidade UNISINOS, e o Instituto Polis

atuando em parceria com o Instituto Brasi-

leiro de Direito Urbanístico e com o Centro

de Direitos Econômicos e Sociais (CDES).

Buscou-se, assim, agregar expertise e

qualidade ao trabalho ora desenvolvido,

na expectativa de que as ideias e reflexões

aqui introduzidas aprimorem as futuras di-

retrizes de atuação governamental, conse-

quentemente gerando resultados concre-

tos para o cidadão que pleiteia, no Sistema

de Justiça, a efetivação de seus direitos.

FLÁVIO CROCCE CAETANO

Secretário de Reforma do Judiciário

8

9

SUMÁRIO

PREFÁCIO

APRESENTAÇÃO

1 DOS PROCEDIMENTOS DE RATIFICAÇÃO E DE INTERNALIZAÇÃO DOS TRATADOS INTERNACIONAIS PELO BRASIL

2 EIXO UM - MAPEAMENTO DOS TRATADOS INTERNACIONAIS RATIFICADOS PELO BRASIL CUJAS DISPOSIÇÕES IMPACTAM O SISTEMA PROCESSUAL BRASILEIRO

2.1 - DIREITO PROCESSUAL CIVIL

2.1.1 - Dos Tratados de Matéria Processual Civil quanto ao Ano de Celebração,

à Entrada em Vigor Internacionalmente, à Assinatura pelo Brasil, à

Aprovação no Congresso Nacional e à Ratificação

2.1.2 - Dos Tratados de Matéria Processual Civil quanto à Promulgação do

Presidente da República, à Entrada em Vigor no Brasil, ao Acesso à

Informação, à Matéria e aos Atores

2.2 - DIREITO PROCESSUAL PENAL

2.2.1 - Dos Tratados de Matéria Processual Penal quanto ao Ano de Celebração,

à Entrada em Vigor Internacionalmente, à Assinatura pelo Brasil, à

Aprovação no Congresso Nacional e à Ratificação

2.3 - DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

2.3.1 - Dos Tratados de Matéria Processual do Trabalho quanto ao Ano de

Celebração, à Entrada em Vigor Internacionalmente, à Assinatura pelo

Brasil, à Aprovação no Congresso Nacional e à Ratificação

2.3.2 - Dos Tratados de Matéria Processual Penal quanto à Promulgação do

Presidente da República, à Entrada em Vigor no Brasil, ao Acesso à

Informação, à Matéria e aos Atores

2.4 - IDENTIFICAÇÃO DOS OBSTÁCULOS À INTERNALIZAÇÃO DOS TRATADOS

INTERNACIONAIS NO BRASIL

2.5 - ANÁLISE DOS IMPACTOS DOS TRATADOS INTERNACIONAIS NO SISTEMA

PROCESSUAL BRASILEIRO

2.6 - CONCLUSÕES DO EIXO 1

07

13

16

20

20

25

32

38

41

69

72

78

85

85

87

10

3 EIXO DOIS - RELAÇÃO ENTRE AS NORMAS INTERNACIONAIS E AS NORMAS VIGENTES NO SISTEMA PROCESSUAL INTERNO

3.1 - DIREITO PROCESSUAL CIVIL

3.1.1 - Tratados Internacionais de Direitos Humanos em Matéria Civil

3.2 - DIREITO PROCESSUAL PENAL

3.2.1 - Tratados Internacionais de Direitos Humanos em Matéria Penal

3.3 - DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

3.3.1 - Tratados Internacionais de Direitos Humanos em Matéria Trabalhista

3.4 - CONCLUSÕES DO EIXO 2

4 EIXO TRÊS - OS DISPOSITIVOS CONTIDOS NESSES TRATADOS VÊM SENDO INVOCADOS COMO FONTE DO DIREITO E, CONSEQUENTEMENTE, GERANDO IMPACTOS NA CONDUÇÃO DOS PROCESSOS JUDICIAIS?

4.1 - DIREITO PROCESSUAL CIVIL

4.2 - DIREITO PROCESSUAL PENAL

4.3 - DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

4.4 - CONCLUSÕES DO EIXO 3

5 EIXO QUATRO – COMO OS OPERADORES DO DIREITO VÊM APLICANDO ESSES DISPOSITIVOS? QUAIS AS DIFICULDADES ENFRENTADAS?

5.1 - DIREITO PROCESSUAL CIVIL

5.1.1 - Protocolo de Cooperação e Assistência Jurisdicional em matéria Civil,

Comercial, Trabalhista, Administrativa – Protocolo de Las Leñas (1992)

5.1.2 - Protocolo de Medidas Cautelares do MERCOSUL

5.1.3 - Convenção Americana sobre Direitos Humanos - Pacto de São José

da Costa Rica (1969)

5.1.4 - Convenção Sobre os Direitos da Criança – ONU

5.2 - DIREITO PROCESSUAL PENAL

5.2.1 - Convenção Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis,

Desumanas ou Degradantes da ONU (1984)

5.2.1.1 Aplicação da Convenção Contra a Tortura pelo Supremo Tribunal

Federal (STF)

5.2.1.2 Aplicação da Convenção Contra a Tortura pelo Superior Tribunal de

Justiça (STJ)

5.2.2 - Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de

Discriminação Racial da ONU (1968)

5.2.2.1 - Aplicação da Convenção Contra a Eliminação de Discriminação

Racial pelo Supremo Tribunal Federal (STF)

5.2.2.2 - Aplicação da Convenção Contra a Eliminação de Discriminação

Racial pel Superior Tribunal de Justiça (STJ)

5.3 - DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

5.3.1 - Tratados Sobre Cooperação Jurisdicional No Tribunal Superior do

Trabalho (TST)

88

89

92

93

96

102

104

106

108

108

111

112

114

116

116

117

118

119

120

123

123

123

127

129

129

131

132

133

11

5.3.2 - Convenção Internacional Sobre A Proteção De Todos Os

Trabalhadores Migrantes E Dos Membros Das Suas Famílias (TST)

5.3.3 - Convenção Suplementar Sobre A Abolição Da Escravatura –

Convenções 29 E 105 (STF)

5.3.4 - Questionários enviados ao Supremo Tribunal Federal (STF),

Superior Tribunal de Justiça e Tribunal Superior do Trabalho (TST)

5.3.5 - Questionário enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) e

Superior Tribunal de Justiça (STJ)

5.3.6 - Questionário enviado ao Tribunal Superior do Trabalho (TST)

5.4 - CONCLUSÕES DO EIXO 4

5.5 - QUESTIONÁRIOS ENVIADOS

5.5.1 - Aos Tribunais

6 EIXO CINCO – QUAIS AS CONSEQUÊNCIAS DO NÃO CUMPRIMENTO6.1 - CONSEQUÊNCIAS INTERNAS AOS TRIBUNAIS DA NÃO APLICAÇÃO

DOS TRATADOS INTERNACIONAIS

6.2 - CONSEQUÊNCIAS PROCESSUAIS DA INAPLICABILIDADE DOS

TRATADOS ANALISADOS

6.2.1 - Direito Processual Civil

6.2.2 - Direito Processual Penal

6.2.3 - Direito Processual do Trabalho

6.3 - CONCLUSÕES DO EIXO 5

7 EIXO SEIS – HÁ ESFORÇOS DESENVOLVIDOS NO SENTIDO DE DAR MAIOR EFETIVIDADE INTERNA AOS DISPOSITIVOS DESSES TRATADOS?

7.1 - CONCLUSÕES DO EIXO 6

8 EIXO SETE – LEVANTAMENTO DE ESTRATÉGIAS A SEREM ADOTADAS PARA DAR EFETIVIDADE, NO SISTEMA PROCESSUAL BRASILEIRO, AOS TRATADOS INTERNACIONAIS RATIFICADOS PELO BRASIL

8.1 - IDENTIFICAÇÃO DE PROJETOS QUE VIABILIZEM A UTILIZAÇÃO DOS

TRATADOS INTERNACIONAIS PELO SISTEMA PROCESSUAL BRASILEIRO

8.1.1 - A Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados

do Trabalho (ENAMAT). A Repercussão dos Tratados Internacionais

sobre o Processo do Trabalho em Disciplinas do Curso de Formação

da ENAMAT

8.2 - ESTRATÉGIAS PARA A CRIAÇÃO DE UMA CULTURA JURÍDICA

COMPROMETIDA COM A EFETIVAÇÃO DOS TRATADOS INTERNACIONAIS

8.3 - CONCLUSÕES DO EIXO 7

CONCLUSÃOREFERÊNCIAS

146

152

154

166170

146

153

154

158

160

163

147

147

148

149

150

135

137

140

140

141

141

142

142

12

13

APRESENTAÇÃO

O presente Projeto de Pesquisa,

aprovado no âmbito do edital da Secre-

taria de Reforma do Judiciário – Progra-

ma das Nações Unidas para o Desen-

volvimento – Pnud, Projeto Bra/05/036

– Fortalecimento da Justiça Brasileira,

tem por fim identificar o conjunto de

marcos normativos internacionais de que

o Brasil seja signatário e que impacta o

direito processual brasileiro. Para tan-

to, o projeto apresenta como estratégia

metodológica para o eficiente tratamen-

to do tema, trabalhar a pesquisa em 07

(sete) diretrizes básicas já apresentadas

no projeto aprovado.

Essas diretrizes foram nomeadas no

projeto como eixos, portanto, divididos

em 07 (sete) eixos básicos, quais sejam:

Eixo 1 - Mapeamento dos Tratados Inter-

nacionais ratificados pelo Brasil cujas

disposições impactam o sistema proces-

sual brasileiro; Eixo 2 - Relação entre as

normas internacionais e as normas vigen-

tes no sistema processual interno; Eixo

3 - Os dispositivos contidos nesses Tra-

tados vêm sendo invocados como fonte

do Direito e, consequentemente, geran-

do impactos na condução dos processos

judiciais? Eixo 4 - Como os operadores

do Direito vêm aplicando esses disposi-

tivos? Quais as dificuldades enfrentadas?

Eixo 5 – Quais as consequências do não

cumprimento desses dispositivos nos

processos judiciais? Eixo 6 - Há esforços

desenvolvidos no sentido de dar maior

efetividade interna aos dispositivos des-

ses Tratados? Eixo 7 - Levantamento de

estratégias a serem adotadas para dar

efetividade, no sistema processual bra-

sileiro, aos Tratados Internacionais ratifi-

cados pelo Brasil.

Para responder de forma adequada

aos questionamentos propostos nos ei-

xos, o trabalho foi dividido em 03 fases.

Na primeira fase, nomeada primeiro resul-

tado parcial, a equipe do projeto, mapeia

os Tratados Internacionais ratificados pelo

Brasil cujas disposições impactam no sis-

tema processual brasileiro. Dito de outro

modo, o presente relatório inicial, dentro

das proposições apresentadas, irá res-

ponder aos seguintes questionamentos já

apresentados no projeto: 1) Produção de

um banco de dados com os procedimen-

tos ratificados e internalizados pelo Brasil,

apresentando seus procedimentos, etapas

e órgãos; 2) Identificação, dentro desse

mapeamento produzido, das dificuldades

apresentadas na pesquisa na busca dessas

informações e seus obstáculos a essa in-

ternalização; 3) Verificação dos impactos

diretos ou indiretos no sistema processu-

al brasileiro. Portanto, respondendo aos

questionamentos do Eixo 1.

Nesse sentido, a metodologia uti-

lizada no projeto dividiu a análise dos

Tratados no Brasil nos seguintes eixos te-

máticos: 1) Matéria civil; 2) Matéria Penal;

3) Matéria Trabalhista, visando dar maior

didática e organização aos temas trata-

dos. Dessas informações, foi realizado um

balanço inicial dos dados, por temática,

visando identificar suas interferências no

sistema processual brasileiro.

Importante ressaltar que, durante

todo o projeto, foi imprescindível para

14

a identificação dos pontos centrais da

presente pesquisa e para as diretrizes

comuns ao projeto, compreender a in-

fluência dos Tratados Internacionais no

sistema processual brasileiro, como for-

ma de efetivação dos Direitos Humanos,

tendo como foco o Sistema de Justiça

brasileiro, um dos pilares do Estado De-

mocrático de Direito.

Dando sequencia a pesquisa, no

segundo relatório, teve por objetivo

responder aos Eixos 2 e 3. Dentro das

perspectivas apresentadas na primeira

reunião das equipes, realizada em São

Paulo, os indicadores apresentados fo-

ram aceitos e aprovados, na medida em

que, o Relatório I entregue pela equipe

de pesquisa atendeu às promessas apre-

sentadas no projeto aprovado. No entan-

to, após as considerações da consultora

acadêmica externa, Profª. Drª. Deisy de

Freitas Lima Ventura, apresentadas no

seminário de São Paulo, entendeu-se

que para a confecção deste Relatório, a

pesquisa poderia ser ampliada para que

a ela fossem agregados alguns Tratados

Internacionais, firmados pelo Brasil em

matéria de Direitos Humanos, relaciona-

dos ao direito material e não apenas ao

direito processual e que, de todo o modo,

pudessem causar impacto no direito pro-

cessual brasileiro.

Com efeito, como enunciado na me-

todologia, a equipe dividiu a pesquisa em

03 (três) áreas temáticas: a) cível; b) pe-

nal e; c) trabalhista. Seguindo essa mes-

ma metodologia, na parte cível os novos

marcos normativos internacionais, sele-

cionados, foram: a) Convenção sobre os

Direitos das Pessoas com Deficiência e;

b) Convenção sobre os Direitos da Crian-

ça. No campo penal, os marcos norma-

tivos selecionados foram: a) Convenção

Internacional sobre eliminação de todas

as formas de discriminação racial e; b)

Convenção contra a Tortura e outros Tra-

tamentos ou penas cruéis, desumanas e

degradantes. Derradeiramente, relativa-

mente à esfera do direito do trabalho a

equipe selecionou os seguintes: a) Con-

venção Internacional sobre a Proteção

dos Direitos de Todos os Trabalhadores

Migrantes e dos Membros das suas Famí-

lias e; b) Convenção 29 e 105 da OIT, a

Convenção Suplementar sobre Abolição

da Escravatura.

A escolha desses marcos norma-

tivos, decorre da importância das ma-

térias no contexto global e no contexto

particular do Brasil, seja em termos de

ocorrência de violação dos Direitos Hu-

manos previstos em tais documentos in-

ternacionais, quanto no que diz respeito

à sua efetividade. Esta deve ser consi-

derada amplamente, ora visualizada em

termos de políticas públicas existentes,

ora quanto à existência de marcos nor-

mativos internos que reflitam a influ-

ência do direito não nacional e ora em

termos de aplicação. Nesse sentido, na

análise dos eixos 2 e 3, foram mapeados

as repercussões dos marcos normativos

selecionados e analisados no Eixo 1, aos

quais se somaram os acima enunciados,

na produção legislativa interna e nas de-

cisões do STF e STJ. A pesquisa foi reali-

zada nos sítios eletrônicos dos referidos

tribunais, utilizando-se o nome do ato in-

ternacional e os decretos legislativos e

executivos que internalizaram o Tratado

como vetores da busca. Usou-se o méto-

do por amostragem, dado o imenso uni-

verso legislativo e jurisprudencial.

Na terceira fase do projeto, foram

trabalhados os Eixos 4, 5, 6 e 7. Nessa

etapa do trabalho - agregados os trata-

dos de direitos humanos - tencionou-se

investigar como os tribunais superiores

15

vem utilizando os Tratados Internacio-

nais em suas decisões e as repercussões

da sua utilização no sistema processual

brasileiro. Para tanto, visando responder

a tais questionamentos a metodologia

empregada foi de duas ordens. A primei-

ra foi o envio de um questionário aos tri-

bunais superiores, quais sejam, Supremo

Tribunal Federal (STJ), Superior Tribunal

de Justiça (STJ) e Tribunal Superior do

Trabalho (TST). Na mesma linha do ques-

tionário enviado aos Tribunais Superiores,

a partir dos dados coletados nos Eixos 1,

2 e 3, buscaram-se respostas aos questio-

namentos dos eixos 4, 5, 6 e 7.

Para tanto, a metodologia emprega-

da foi à análise, por amostragem, diante

do universo de Tratados catalogados pela

equipe, de decisões dos tribunais superio-

res em que foram utilizados os Tratados

catalogados. Levando em consideração

que o trabalho foi dividido em 03 (três)

focos importantes, quais sejam, cível, pe-

nal e trabalhista, deu-se continuidade na

divisão dessas respostas a mesma forma

de trabalho. No particular, cabe salientar

que as 04 (quatro) respostas, conjugan-

do, o questionário enviado aos tribunais

citados e a pesquisa realizada tenciona

responder basicamente de que forma os

operadores do direito vem utilizando os

Tratados Internacionais nas suas deci-

sões, bem como os reflexos da utilização

ou não desses Tratados como fundamento

da decisão. Na mesma medida, por meio

da análise da jurisprudência mapeada e

do questionário buscou-se responder se

há esforços na utilização desses Tratados

Internacionais, todos voltados ao impac-

to que eles podem causar ao sistema pro-

cessual brasileiro.

Todos esses questionamentos, res-

pondidos por meio dos questionários

enviados e dos dados coletados levam a

discussão e proposição de estratégias a

serem adotadas para dar efetividade ao

sistema processual brasileiro, aos Trata-

dos Internacionais ratificados pelo Brasil,

portanto, sendo o resultado derradeiro da

presente pesquisa. Para melhor esclareci-

mento de como ocorre a internalização

dos Tratados Internacionais no Brasil, an-

tes de adentrar aos resultados do projeto,

necessário se faz considerações sobre o

procedimento para a compreensão dos

resultados da pesquisa.

16

1 DOS PROCEDIMENTOS DE RATIFICAÇÃO E DE INTERNALIZAÇÃO DOS TRATADOS INTERNACIONAIS PELO BRASIL

Importante para a presente pesquisa a

análise dos obstáculos à internalização dos

Tratados Internacionais em matéria proces-

sual, sendo necessário mapear o estado da

arte dos Tratados Internacionais no Brasil e

seu modo de internalização. Para tanto, faz-

-se necessário um claro e sintético aporte

teórico sobre a forma como o Brasil trabalha

a internalização dos Tratados, conforme ob-

jetivo traçado na proposta inicial do Projeto

de Pesquisa.

De uma forma geral, são dois os mo-

delos de procedimentos disponíveis aos

Estados para internalizar os Tratados Inter-

nacionais. No modelo unifásico, a assinatu-

ra do Tratado basta para estar incorporado,

enquanto no modelo multifásico são neces-

sárias várias etapas (procedimentos) para a

incorporação de um Tratado Internacional.

Ressalta-se que o Brasil faz, claramente, a

opção por um modelo multifásico, com cin-

co etapas ao todo.

Entretanto, há exceções de Tratados

que não precisam passar por todos esses

procedimentos, são os Tratados acessórios,

os executive agreements que não inovam

no ordenamento jurídico e que dispensam

a aprovação no Congresso Nacional para a

incorporação, conforme o art. 49, I, da Cons-

tituição Federal. Assim, existem dois proce-

dimentos básicos de tramitação da inter-

nalização dos atos internacionais no Brasil:

o primeiro é o procedimento padrão, com

aprovação pelo Congresso Nacional, e o se-

gundo é o procedimento simplificado, que

dispensa a aprovação das casas legislativas

(executive agreements).

Nesse sentido, o procedimento pa-

drão, em sua primeira fase de incorporação

dos Tratados, chamada fase internacional, é

realizada em conferências ou tratativas in-

ternacionais bilaterais ou multilaterais. Nes-

sa etapa, não existe um procedimento espe-

cífico, que dependerá muito do número dos

participantes. Além disso, diversas pessoas

podem participar em nome do Estado brasi-

leiro como negociadores.

Como referência, o órgão competente

para entabular Negociações Diplomáticas

voltadas à celebração de atos internacio-

nais é o Ministério das Relações Exteriores

(Decreto nº 2.246/97, Anexo I, art. 1º, III).

Outros órgãos governamentais técnicos, se-

gundo o tema do Tratado em negociação,

podem participar no processo. Uma vez

concluída a negociação, o projeto, por vezes

rubricado pelos negociadores, é apreciado

pelas autoridades dos respectivos países.

Convém salientar que a negociação de Tratado multilateral em Organização Inter-nacional é realizada conforme os procedi-mentos da organização, que prepara o texto original. A Delegação brasileira deve ob-servar as instruções do Governo brasileiro. Cabe à Divisão de Atos Internacionais (DAI) preparar o credenciamento da Delegação e a Carta de Plenos Poderes.

Com a assinatura se encerram as ne-

gociações e se expressa o consentimento

de cada parte contratante. Após assina-

do, o texto não pode sofrer modificações

(segunda fase). A assinatura é um aceite

precário, porque precisa da ratificação. A

assinatura não significa a sua obrigação

17

jurídica interna ou internacionalmente,

que acarrete responsabilização perante

a Comunidade Internacional.

No Brasil os investidos de poderes

para assinar os Tratados são: o Presiden-

te da República (Art 84, VIII, CF/88), Mi-

nistro das Relações Exteriores, Chefe de

Missão Diplomática (Embaixador), Pesso-

as detentoras da Carta de Plenos Poderes

(Procuração) firmada pelo Presidente da

República e referendada pelo Ministro das

Relações Exteriores.

Em uma terceira fase, os Tratados In-

ternacionais, segundo o art 49, I, da CF, de-

vem ser aprovados no Congresso Nacional,

sendo que, dentro do processo legislativo

referente às normas internacionais, o ato

deve ser encaminhado para a Câmara dos

Deputados, onde é avaliado pelas Comis-

sões de Constituição e Justiça e de Rela-

ções Exteriores e por outras Comissões

interessadas na matéria. Após, os Tratados

Internacionais vão à Plenário. Se aprova-

dos, seguem para o Senado Federal, onde

são cumpridos os mesmos procedimentos.

A aprovação congressual é materializada

por Decreto Legislativo, assinado pelo Pre-

sidente do Senado e publicado no Diário

Oficial da União.

Observe-se que o Congresso não re-

solve definitivamente sobre a internalização

de Tratados Internacionais, pois o mesmo

precisa ser ratificado pelo Presidente da Re-

pública. O Congresso apenas decidirá, em

definitivo, quando rejeitar um Tratado Inter-

nacional, pois, quando aprovar, será enviado

à ratificação presidencial.

Nesse sentido, a quarta fase ou etapa

diz respeito à ratificação do Presidente da

República, isto é, é o aceite definitivo, por

meio do qual o Tratado entra em vigor inter-

nacionalmente. É a comunicação formal do

Presidente da República de que o Tratado

Internacional foi aprovado/internalizado. A

partir dessa etapa, já há responsibilização

internacional do país signatário.

Vale mencionar que existem duas

possibilidades de ratificação dos atos in-

ternacionais. O primeiro diz respeito aos

atos bilaterais que pode ser realizado pela

ratificação por troca de notas, podendo, o

ato, entrar em vigor, conforme seu texto,

na data de recebimento da segunda nota

ou em prazo estipulado após essa data.

Também pode ocorrer a ratificação bilate-

ral por troca de instrumentos de ratifica-

ção, mediante lavratura de uma Ata.

Por sua vez, os atos multilaterais tem

ratificação por meio do depósito da Carta

de Ratificação junto ao país ou órgão mul-

tilateral depositário. Este notifica o fato aos

demais signatários. Entretanto, a entrada

em vigor internacional do ato multilateral

depende do cumprimento de certos re-

quisitos presentes em seu próprio texto:

em geral, certo número de ratificações. As

cartas (ou instrumentos) de ratificação são

firmadas pelo Presidente da República e re-

ferendadas pelo Ministro de Estado das Re-

lações Exteriores.

Sendo assim, apresentado o modo

de internalização das normas internacio-

nais pelo Brasil, pode-se compreender que

o grau de complexidade é extremanente

elevado, o que dificulta o processo de rati-

ficação, vigência e efetividade dessas nor-

mas no sistema jurídico nacional. Portanto,

pretende-se demonstrar que essa forma de

incorporação dos Tratados obstaculiza a

operacionalidade pelos juristas em utilizar

frequentemente as convenções ratificadas

pelo Brasil como fonte do Direito.

Por fim, há que se ressaltar a fórmula

extraordinária de internalização dos Trata-

dos Internacionais sobre Direitos Humanos.

A Constituição Federal de 1988, preo-

cupada com a redemocratização e a institu-

cionalização dos direitos humanos, fez uma

18

verdadeira revolução na ordem jurídica na-

cional, passando a ser o marco fundamental

da abertura do Estado brasileiro à normati-

vidade internacional, especialmente no que

se refere a proteção dos direitos humanos.

Conforme a Constituição, os Tratados Internacionais sobre Direitos humanos de-tém status de norma constitucional, confor-me o art. 5º, §2º da Constituição Federal que dispõe: “Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros de-correntes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos Tratados Internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.”

A fim de confirmar esse status, a Emenda Constitucional nº 45 de 2004 acrescentou o §3º ao art. 5º que dispõe: “Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprova-dos, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equiva-lentes às emendas constitucionais.”

Por isso, o art. 5.º, § 3.º da Consti-tuição concedeu o status de emenda à Constituição aos Tratados Internacionais de proteção aos direitos humanos rati-ficados no Brasil com um quorum qua-lificado. Assim, além dos Tratados sobre direitos humanos serem normas mate-rialmente constitucional, compondo o bloco de constitucionalidade (conforme o art.5º, §2º) , passaram a ser formalmen-te constitucional quando aprovados pelo

quórum referido.

Esta particularidade na internaliza-

ção dos Tratados Internacionais sobre

Direitos Humanos no Brasil tem especial

relevância para a matéria objeto dessa

pesquisa sobre o impacto dos Tratados

Internacionais no direito processual bra-

sileiro, visto que as garantias processuais

estão protegidas pelo manto dos “direi-

tos humanos”.

Assim, tem-se, como exemplo, a ina-

plicabilidade da prisão civil do depositário

infiel, que mesmo tendo amparo na Cons-

tituição Federal, encontra vedação no art.

7º, 7, da Convenção Americana sobre Direi-

tos Humanos que dispõe: “Ninguém deve

ser detido por dívidas. Este princípio não

limita os mandados de autoridade judiciá-

ria competente expedidos em virtude de

inadimplemento de obrigação alimentar”.

Assim, toda e qualquer norma que permita

a prisão do depositário infiel, mesmo que

amparada na Constituição, não é aplicável,

pois conflita manifestamente com o Pacto

de São José da Costa Rica que só permite

a prisão civil em razão do inadimplemento

de obrigação alimentar.

Até agora, apenas um Tratado Inter-

nacional protetivo dos Direitos Humanos

foi aprovado pelo Brasil, em cada casa do

Congresso Nacional, em dois turnos, por

três quintos dos votos: o Decreto 6.949

de 2009, que promulgou a Convenção In-

ternacional sobre os Direitos das Pessoas

com Deficiência e seu Protocolo Faculta-

tivo, assinados em Nova York, em 30 de

março de 2007.

19

20

Nesse eixo do projeto, buscou-se a

produção de um banco de dados sobre os

procedimentos de ratificação e internaliza-

ção dos Tratados Internacionais pelo Brasil.

Desses dados produzidos, identificou-se os

Tratados Internacionais, ratificados pelo Bra-

sil, cujas disposições impactam no sistema

processual brasileiro (nas matérias civil, pe-

nal e trabalhista). Para tanto, a metodologia

empregada foi à pesquisa nos sites oficiais

do Governo Brasileiro, quais sejam, a Divi-

são de Atos Internacionais (DAI) é respon-

sável pelo registro de tratados, convenções,

acordos, declarações conjuntas, protocolos

e ementas que obriguem internacionalmen-

te o Estado brasileiro. Assim, a DAI, do Mi-

nistério das Relações Exteriores mantém

a listagem dos atos ratificados pelo Brasil,

bem como consulta ao site do Ministério da

Justiça, para confrontação dos dados ofere-

cidos por ambos os órgãos governamentais.

A partir dessas informações foram produzi-

das tabelas e gráficos que levam aos primei-

ros dados da pesquisa.

Nesse sentido, de forma geral são

apontados alguns dados importantes da

pesquisa. A primeira diz respeito ao acesso

à informação. Há que ser dito que o aces-

so aos dados é, no mínimo, trabalhoso para

o pesquisador, constituindo-se prova disso:

para que os dados das tabelas restassem

completos, as informações foram coletadas

não somente nos sites oficiais do governo

brasileiro – que deveriam ser a base para a

pesquisa ou acesso a informação. Os sites

do Ministério da Justiça (MJ) e site do Mi-

nistério das Relações Exteriores (MRE), em

alguns casos, não apresentam dados sufi-

cientes, desvelando a grande precariedade

no sistema de acesso à informação, quanto

aos Tratados Internacionais no Brasil.

Em segundo lugar, dos dados que fo-

ram coletados, o mais importante a ser anali-

sado é o tempo de tramitação dos tratados,

de sua assinatura por parte do Brasil e sua

entrada em vigência no país. Para que esses

Tratados tenham vigência no território na-

cional, na medida em que o Brasil faz opção

por um sistema de incorporação dos Trata-

dos Internacionais mais complexo, o tempo

de incorporação, levando em consideração

os Tratados analisados – ao final foram ana-

lisados 168 (cento e sessenta e oito Tratados

Internacionais) – apresenta uma média de

5,74 (cinco anos e sete meses) para serem

incorporados como fonte de direito no Bra-

sil. Podem ser visualizadas essas estatísticas

nos gráficos que seguem.

2 EIXO UM - MAPEAMENTO DOS TRATADOS INTERNACIONAIS RATIFICADOS PELO BRASIL CUJAS DISPOSIÇÕES IMPACTAM O SISTEMA PROCESSUAL BRASILEIRO

21

* Acordos Bilaterais são feitos entre Estados. Para maiores informações, consultar tabelas anexas.

22

Média total: 5,74 anos

Nesse sentido, dentro das duas cons-

tatações empreendidas, pode-se dizer que

não se pode exigir o conhecimento dessas

fontes, por parte dos operadores do direito,

se as fontes de consulta não são harmoniza-

das, muito menos completas. Da mesma for-

ma, o tempo de tramitação desses Tratados

leva à conclusão de que o Brasil, ao buscar

a efetivação desses Tratados, seja nas maté-

rias de cunho eminentemente processual ou

nas garantias gerais da proteção da pessoa

humana, encontra, nesse processo lento de

incorporação, graves dificuldades de imple-

mentação, como reais fontes de legitimação

e de aplicação do Direito. A seguir, segue a

explicação em números por matérias.

23

2.1 DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Primeiramente, convém referir que

são muitos os Tratados Internacionais que

impactam no Direito Processual Civil brasi-

leiro. Entretanto, são de difícil localização,

pois, praticamente, inexistem Tratados

marcados como “processual” ou “proces-

sual civil” nos mais diversos bancos de da-

dos disponíveis online para pesquisa em

torno desta temática.

A pesquisa dos Tratados em matéria

de Direito Processual Civil baseou-se em

quatro fontes: Portal do Ministério das Re-

lações Exteriores, Portal do Ministério da

Justiça, Portal do MERCOSUL e pesquisa

bibliográfica sobre Direito Processual In-

ternacional. No total, foram encontrados 38

(trinta e oito) Tratados Internacionais com

dispositivos sobre Direito Processual Civil.

24

Na pesquisa realizada no Portal do

Ministério das Relações Exteriores, foram

utilizadas palavras-chave na página do

Sistema de Atos Internacionais. Importan-

te salientar que os termos “processo civil”

e “direito processual” não resultaram em

qualquer Tratado. Passou-se, então, a uma

busca mais ampla, abordando o termo “ci-

vil”, para obter uma infinidade de resulta-

dos, sem especial referência ao conteúdo

processual.

No Portal do Ministério da Justiça, fo-

ram selecionados Tratados sobre matéria

processual civil, já previamente organiza-

dos no que concerne à cooperação judicial

em matéria processual civil. Em sua maio-

ria, são Tratados bilaterais sobre Coopera-

ção Judiciária e Assistência Jurídica Gra-

tuita e Convenções celebradas no âmbito

da Organização dos Estados Americanos

(OEA) a respeito de cartas rogatórias, sen-

tenças arbitrais, regime legal de procura-

ções, direito internacional privado e prova

acerca do direito estrangeiro.

Quanto aos Tratados no âmbito do

MERCOSUL, foram elencados seis diplo-

mas regionais. Os temas envolvidos são

diversos, tais como Cooperação e Assis-

tência Jurisdicional, Justiça Gratuita e As-

sistência Jurídica Gratuita, Medidas Caute-

lares e o próprio tratado constitutivo do

bloco, o Tratado de Assunção, de 1991.

25

AtoInternacional (Ementa)

Ano da assinatura

Entrada em Vigor

Internacional-mente

Assinatura pelo Brasil

Aprovação no Congresso

NacionalRatificação

Promulga a

Convenção so-

bre Prestação

de Alimentos

no Estrangeiro

20/06/1956 _ 31/12/1956

1958 (Decreto

Legislativo

10/1958)

14/11/1960

Convenção

sobre o Reco-

nhecimento e

a Execução de

Sentenças Ar-

bitrais Estran-

geiras

10/06/1958 07/06/1959 _25/04/2002

(Decreto 52)23/07/2002

Pacto Interna-

cional sobre

Direitos Civis e

Políticos

16/12/1966 23/03/1976 16/12/1966

16/12/1991 (De-

creto Legislati-

vo 226)

06/07/1992

Convenção das

Nações Unidas

contra o Crime

Organizado

Transnacional

15/11/2000 29/09/2003 15/11/2000

29/5/2003

(Decreto Le-

gislativo 231)

29/01/2004

Convenção

Americana

sobre Direitos

Humanos

22/11/1969 18/07/1978 25/09/1992

25/09/1992

(Decreto Legis-

lativo nº 27 de

25/09/1992)

25/09/1992

Convenção

Interamericana

sobre o Regi-

me Legal das

Procurações

para serem

utilizadas no

Exterior

30/01/1975 16/01/1976 30/01/1975

07/02/1994

(Decreto Legis-

lativo nº 4 de

07/02/1994)

03/05/1994

Convenção

Interamericana

sobre Cartas

Rogatórias

30/01/1975 16/01/1976 30/01/1975

19/04/1995

(Decreto Le-

gislativo 61, de

19/04/1995)

27/11/1995

2.1.1 Dos Tratados de Matéria Processual Civil quanto ao Ano de Celebração, à Entrada em

Vigor Internacionalmente, à Assinatura pelo Brasil, à Aprovação no Congresso Nacional e

à Ratificação

26

AtoInternacional (Ementa)

Ano da assinatura

Entrada em Vigor

Internacional-mente

Assinatura pelo Brasil

Aprovação no Congresso

NacionalRatificação

Convenção

Interamericana

sobre Normas

Gerais de Direi-

to Internacio-

nal Privado

08/05/1979 10/06/1981 08/05/1979

04/04/1995

(Decreto Legis-

lativo nº 36 de

04/04/1995)

27/11/1995

Convenção

Interamericana

sobre Eficácia

Extraterritorial

das Sentenças

e Laudos Arbi-

trais Estrangei-

ros

08/05/1979 14/06/1980 08/05/1979

20/06/1995

(Decreto Legis-

lativo nº 93 de

20/06/1995)

27/11/1995

Protocolo

Adicional à

Convenção

Interamericana

sobre Cartas

Rogatórias

08/05/1979 15/06/1980 08/05/1979

19/04/1995

(Decreto Le-

gislativo 61, de

19/04/1995)

27/11/1995

Convenção

Interamericana

sobre Prova

e Informação

acerca do

Direito Estran-

geiro

08/05/1979 14/06/1980 08/05/1979

10/04/1995

(Decreto Le-

gislativo 46 de

10/04/1995)

27/11/1995

Convenção

Interamericana

sobre Obriga-

ção Alimentar

15/07/1989 06/03/1996 15/01/1993

28/02/1996

(Decreto Le-

gislativo 1 de

28/02/1996)

11/07/1997

Convenção

Interamericana

sobre a Res-

tituição Inter-

nacional de

Menores

15/07/1989 04/11/1994 15/07/1989

07/02/1994

(Decreto Le-

gislativo 03 de

07/02/1994

03/05/1994

Convenção

Interamericana

sobre Tráfico

Internacional

de Menores

18/03/1994 15/08/1997 18/03/1994

30/10/1996

(Decreto Le-

gislativo 105 de

30/10/1996)

08/07/1997

27

AtoInternacional (Ementa)

Ano da assinatura

Entrada em Vigor

Internacional-mente

Assinatura pelo Brasil

Aprovação no Congresso

NacionalRatificação

Tratado de

Assunção26/03/1991 29/11/1991 26/11/1991

25/09/1991

(Decreto Le-

gislativo nº 197

de 25/09/1991)

30/10/1991

Protocolo de

Cooperação

e Assistência

Jurisdicional

em Matéria Ci-

vil, Comercial,

Trabalhista e

Administrativa

(Protocolo de

Las Lenas)

27/06/1992 17/03/1996 27/06/1996

19/04/1995

(Decreto Le-

gislativo 55 de

19/04/1995)

12/11/1996

Protocolo de

Medidas Cau-

telares

16/12/1994 13/04/1996 16/12/1994

15/12/1995

(Decreto Le-

gislativo 192 de

15/12/1995)

18/03/1997

Acordo sobre

o Benefício da

Justiça Gratui-

ta e a Assis-

tência Jurídica

Gratuita entre

os Estados Par-

tes do MERCO-

SUL, a Repúbli-

ca da Bolívia e

a República do

Chile

15/12/2000 30/08/2007 15/12/2000

15/07/2006

(Decreto Legis-

lativo 292 de

15/07/2006)

08/12/2008

Protocolo de

Olivos para

a Solução de

Controvérsias

no Mercosul

18/02/2002 01/01/2004 18/02/2002

14/10/2003

(Decreto Legis-

lativo nº 712 de

14/10/2003)

02/12/2003

28

AtoInternacional (Ementa)

Ano da assinatura

Entrada em Vigor

Internacional-mente

Assinatura pelo Brasil

Aprovação no Congresso

NacionalRatificação

Acordo de

Cooperação

e Assistência

Jurisdicional

em Matéria

Civil, Comer-

cial, Trabalhista

e Administra-

tiva entre os

Estados Partes

do Mercosul,

a República

da Bolívia e a

República do

Chile

05/07/2002 30/08/2007 05/07/2002

24/11/2005

(Decreto Le-

gislativo 1.021

de 24/11/2005)

28/03/2003

Convenção

sobre os As-

pectos Civis

do Seqüestro

Internacional

de Crianças,

concluída na

cidade de Haia,

em 25 de outu-

bro de 1980

25/10/1980 01/12/1983 25/10/1980

15/9/1999 (De-

creto Legislati-

vo 79/1999)

19/10/1999

Convenção

relativa à

Proteção das

Crianças e à

Cooperação

em Matéria de

Adoção Inter-

nacional

29/05/1993 01/05/1995 29/05/1993

14/1/1999 (De-

creto Legislati-

vo 01/1999)

10/03/1999

Acôrdo relativo

ao cumprimen-

to de cartas

rogatórias

entre o Brasil e

Portugal (Tro-

ca de Cartas)

29/08/1895 31/08/1895 29/08/1895(Troca de Car-

tas)_

29

AtoInternacional (Ementa)

Ano da assinatura

Entrada em Vigor

Internacional-mente

Assinatura pelo Brasil

Aprovação no Congresso

NacionalRatificação

Convenção so-

bre Assistência

Judiciária Gra-

tuita, firmada

entre o Brasil e

a Bélgica

10/01/1955 14/07/1957 10/01/1955

07/02/1957

(Decreto Le-

gislatovo 1 de

07/02/1957)

26/02/1957

Acordo de As-

sistência Jurídi-

ca entre Brasil

e Japão (Troca

de Cartas)

23/09/1940 _ _(Troca de Car-

tas)_

Convenção

sobre Assistên-

cia Judiciária

Gratuita Brasil

e Países Baixos

16/03/1959 30/04/1964 16/03/1959

Decreto Legis-

lativo 23, de

1963

30/03/1964

Convenção so-

bre Assistência

Judiciária Gra-

tuita entre a

República dos

Estados Uni-

dos do Brasil e

a República de

Portugal

09/08/1960 25/10/1963 09/08/1960

Decreto Le-

gislativo 26 de

1963

_

Convenção

sobre Assistên-

cia Judiciária

Gratuita

22600 24996 22600

1964 (Decreto

Legislativo nº

53 de 1964)

_

Acordo sobre

Cartas Rogató-

rias (Troca de

Notas)

10/02/1970 10/02/1970 _(Troca de Car-

tas)_

Tratado de

Itaipu26/04/1973 13/08/1973 26/04/1973

30/05/1973

(Decreto Legis-

lativo nº 23 de

30/05/1973)

13/08/1973

Acordo para a

Execução de

Cartas Roga-

tórias

22/12/1879 _ _ _ _

30

AtoInternacional (Ementa)

Ano da assinatura

Entrada em Vigor

Internacional-mente

Assinatura pelo Brasil

Aprovação no Congresso

NacionalRatificação

Convenção de

Cooperação

Judiciária em

Matéria Civil,

Comercial,

Trabalhista e

Administrativa

entre o Gover-

no da Repúbli-

ca Federativa

do Brasil e o

Governo da

República

Francesa

30/01/1981 02/02/1985 30/01/1981

31/08/1984

(Decreto Le-

gislativo nº 38

de 31/08/1984)

_

Convênio de

Cooperação

Judiciária em

Matéria Civil,

entre o Gover-

no da Repúbli-

ca Federativa

do Brasil e o

Reino da Espa-

nha

13/04/1989 31/07/1991 13/04/1989

16/10/1990

(Decreto Le-

gislativo 31 de

16/10/1990)

_

Tratado Relati-

vo à Coopera-

ção Judiciária

e ao Reconhe-

cimento e Exe-

cução de Sen-

tenças em

Matéria Civil,

entre Brasil e

Italia

17/10/1989 01/06/1995 17/10/1989

20/11/1992

(Decreto Le-

gislativo 78 de

20/11/1992)

_

Acordo de

Cooperação

Judiciária em

Matéria Civil,

Comercial,

Trabalhista e

Administrativa

20/08/1991 _ 20/08/1991

10/04/1995

(Decreto Legis-

lativo nº 47 de

10/04/1995)

_

31

AtoInternacional (Ementa)

Ano da assinatura

Entrada em Vigor

Internacional-mente

Assinatura pelo Brasil

Aprovação no Congresso

NacionalRatificação

Acordo de

Cooperação

Judiciária em

Matéria Civil,

Comercial,

Trabalhista e

Administrativa

28/12/1992 _ 28/12/1992

09/05/1995

(Decreto Legis-

lativo nº 77 de

09/05/1995)

_

Acordo de Co-

operação em

Matéria Civil

entre o Gover-

no da Repúbli-

ca Federativa

do Brasil e o

Governo da

República

Francesa

28/05/1996 01/10/2000 28/05/1996

03/08/2000

(Decreto Le-

gislativo 163 de

03/08/2000)

_

Tratado entre

a República

Federativa do

Brasil e Repú-

blica da Costa

Rica sobre

Cooperação

Jurídica Inter-

nacional em

Matéria Civil

2011 Em tramitação 2011 _ _

32

Ato Internacional (Ementa)

Promulgação do Presidente da República

Entrada em vigor no Brasil

Acesso à Informação

Matéria Atores/País

Promulga a

Convenção so-

bre Prestação

de Alimentos

no Estrangeiro

Decreto 56.826

de 02/09/196514/12/1960 Porta MJ

Prestação de

Alimentos no

Estrangeiro

ONU

Convenção

sobre o Reco-

nhecimento e

a Execução de

Sentenças Ar-

bitrais Estran-

geiras

23/07/2003 24/07/2002Presidência da

RepúblicaArbitragem ONU

Pacto Interna-

cional sobre

Direitos Civis e

Políticos

06/07/1992 24/04/1992Presidência da

RepúblicaDireitos Civis ONU

Convenção das

Nações Unidas

contra o Crime

Organizado

Transnacional

12/03/2004

(Decreto 5015)15/03/2004 Portal MJ Penal / Civil ONU

Convenção

Americana

sobre Direitos

Humanos

Decreto nº 678

de 06/11/199225/09/1992

Site da Pre-

sidência da

República

Direitos Huma-

nosOEA

Convenção

Interamericana

sobre o Regi-

me Legal das

Procurações

para serem

utilizadas no

Exterior

Decreto

nº 1.213 de

03/08/1994

01/06/1994Presidência da

RepúblicaProcurações OEA

Convenção

Interamericana

sobre Cartas

Rogatórias

Decreto 1899

de 09/05/199627/12/1995 Portal MJ

Cartas Roga-

tóriasOEA

2.1.2 Dos Tratados de Matéria Processual Civil quanto à Promulgação do Presidente da

República, à Entrada em Vigor no Brasil, ao Acesso à Informação, à Matéria e aos Atores

33

Ato Internacional (Ementa)

Promulgação do Presidente da República

Entrada em vigor no Brasil

Acesso à Informação

Matéria Atores/País

Convenção

Interamericana

sobre Normas

Gerais de Direi-

to Internacio-

nal Privado

Decreto nº

1.979 de

09/08/1996

27/12/1995Presidência da

República

Direito Interna-

cional PrivadoOEA

Convenção

Interamericana

sobre Eficácia

Extraterritorial

das Sentenças

e Laudos Arbi-

trais Estrangei-

ros

Decreto

nº 2.411 de

02/12/1997

27/12/1995Presidência da

RepúblicaArbitragem OEA

Protocolo

Adicional à

Convenção

Interamericana

sobre Cartas

Rogatórias

Decreto 2.022

de 07/10/199627/12/1995 Portal MJ

Cartas Roga-

tóriasOEA

Convenção

Interamericana

sobre Prova

e Informação

acerca do

Direito Estran-

geiro

Decreto 1.925

de 10/06/199626/12/1995 Portal MJ

Prova e Infor-

mação acerca

do Direito

Estrangeiro

OEA

Convenção

Interamericana

sobre Obriga-

ção Alimentar

Decreto 2.428

de 17/12/1997)11/08/1997 Portal MJ

Obrigação

AlimentarOEA

Convenção

Interamericana

sobre a Res-

tituição Inter-

nacional de

Menores

Decreto 1.212

de 03/08/199401/06/1994 Portal MJ

Restituição

Internacional

de Menores

OEA

Convenção

Interamericana

sobre Tráfico

Internacional

de Menores

Decreto 2.740

de 20/08/199815/08/1997 Portal MJ

Tráfico Inter-

nacional de

Menores

OEA

34

Ato Internacional (Ementa)

Promulgação do Presidente da República

Entrada em vigor no Brasil

Acesso à Informação

Matéria Atores/País

Tratado de

Assunção

Decreto nº 350

de 21/11/199129/11/1991 Portal MJ

Tratado Cons-

titutivo do

MERCOSUL

MERCOSUL

Protocolo de

Cooperação

e Assistência

Jurisdicional

em Matéria Ci-

vil, Comercial,

Trabalhista e

Administrativa

(Protocolo de

Las Lenas)

Decreto 2.067

de 12/11/199612/11/1996 Portal MJ

Cooperação

e Assistência

Jurisdicional

em Matéria Ci-

vil, Comercial,

Trabalhista e

Administra-tiva

MERCOSUL

Protocolo de

Medidas Cau-

telares

Decreto 2.626

de 15/06/199818/04/1997 Portal MJ

Medidas Cau-

telaresMERCOSUL

Acordo sobre

o Benefício da

Justiça Gratui-

ta e a Assis-

tência Jurídica

Gratuita entre

os Estados Par-

tes do MERCO-

SUL, a Repúbli-

ca da Bolívia e

a República do

Chile

Decreto 6.679

de 08/12/200809/12/2008 Portal MJ

Justiça Gratui-

ta e a Assis-

tência Jurídica

Gratuita

MERCOSUL

Protocolo de

Olivos para

a Solução de

Controvérsias

no Mercosul

Decreto nº

4.982 de

09/02/2004

01/01/2004Presidência da

República

Solução de

ControvérsiasMERCOSUL

35

Ato Internacional (Ementa)

Promulgação do Presidente da República

Entrada em vigor no Brasil

Acesso à Informação

Matéria Atores/País

Acordo de

Cooperação

e Assistência

Jurisdicional

em Matéria

Civil, Comer-

cial, Trabalhista

e Administra-

tiva entre os

Estados Partes

do Mercosul,

a República

da Bolívia e a

República do

Chile

Decreto

6.891 de

02/07/2009

08/02/2009 Portal MJ

Cooperação

e Assistência

Jurisdicional

em Matéria Ci-

vil, Comercial,

Trabalhista e

Administra-tiva

MERCOSUL,

Bolívia e Chile

Convenção

sobre os As-

pectos Civis

do Seqüestro

Internacional

de Crianças,

concluída na

cidade de Haia,

em 25 de outu-

bro de 1980

Decreto

3.413 de

14/04/2000

01/01/2000 Portal MJ

Aspectos Civis

do Sequestro

Internacional

de Crianças

Conferência de

Haia sobre o

DIPr

Convenção

relativa à

Proteção das

Crianças e à

Cooperação

em Matéria de

Adoção Inter-

nacional

Decreto 3087

de 21/06/199901/07/1999 Portal MJ

Cooperação

em Matéria de

Adoção Inter-

nacional

Conferência de

Haia sobre o

DIPr

Acôrdo relativo

ao cumprimen-

to de cartas

rogatórias

entre o Brasil e

Portugal (Tro-

ca de Cartas)

_ _ Portal MJCartas Roga-

tórias

Brasil - Portu-

gal

36

Ato Internacional (Ementa)

Promulgação do Presidente da República

Entrada em vigor no Brasil

Acesso à Informação

Matéria Atores/País

Convenção so-

bre Assistência

Judiciária Gra-

tuita, firmada

entre o Brasil e

a Bélgica

Decreto 41.908

de 29/07/195714/07/1957 Portal MJ

Assistência

Judiciária Gra-

tuita

Brasil - Bélgica

Acordo de As-

sistência Jurídi-

ca entre Brasil

e Japão (Troca

de Cartas)

_ _ Portal MJ

Cooperação

Judiciária em

matéria Civil

Brasil - Japão

Convenção

sobre Assistên-

cia Judiciária

Gratuita Brasil

e Países Baixos

Decreto 53.923

de 20/05/196430/04/1964 Portal MJ

Assistência

Judiciária Gra-

tuita

Brasil - Paises

Baixos

Convenção so-

bre Assistência

Judiciária Gra-

tuita entre a

República dos

Estados Uni-

dos do Brasil e

a República de

Portugal

Decreto Le-

gislativo 26 de

1963

25/10/1963 Portal MJ

Assistência

Judiciária Gra-

tuita

Brasil - Portu-

gal

Convenção

sobre Assistên-

cia Judiciária

Gratuita

Decreto nº

62.978 de

11/06/1968

24996 Portal MJ

Assistência

Judiciária Gra-

tuita

Brasil - Argen-

tina

Acordo sobre

Cartas Rogató-

rias (Troca de

Notas)

Nota Diplo-

mática nº 24,

de 10/02/1970

(BRASIL);

Nota nº 00841

(CHILE)

10/02/1970 Portal MJCartas Roga-

tóriasBrasil - Chile

Tratado de

Itaipu

Decreto nº

72.707 de

28/08/1973

13/08/1973 Site da Itaipu ITAIPUBrasil - Para-

guai

Acordo para a

Execução de

Cartas Roga-

tórias

Decreto nº

7.857 de

15/10/1880

Portal MJCartas Roga-

tóriasBrasil - Bolívia

37

Ato Internacional (Ementa)

Promulgação do Presidente da República

Entrada em vigor no Brasil

Acesso à Informação

Matéria Atores/País

Convenção de

Cooperação

Judiciária em

Matéria Civil,

Comercial,

Trabalhista e

Administrativa

entre o Gover-

no da Repúbli-

ca Federativa

do Brasil e o

Governo da

República

Francesa

Decreto nº

91.207 de

29/04/1985

02/02/1985

Site da Pre-

sidência da

República

Cooperação

Judiciária em

Matéria Civil,

Comercial,

Trabalhista e

Administra-tiva

Brasil - França

Convênio de

Cooperação

Judiciária em

Matéria Civil,

entre o Gover-

no da Repúbli-

ca Federativa

do Brasil e o

Reino da Espa-

nha

Decreto 166 de

03/07/199131/07/1991 Portal MJ

Cooperação

Judiciária em

Matéria Civil

Brasil - Espa-

nha

Tratado Relati-

vo à Coopera-

ção Judiciária

e ao Reconhe-

cimento e Exe-

cução de Sen-

tenças em

Matéria Civil,

entre Brasil e

Italia

Decreto 1.476

de 02/05/199501/06/1995 Portal MJ

Cooperação

Judiciária e

ao Reconheci-

-mento e

Execução de

Sentenças em

Matéria Civil

Brasil - Italia

Acordo de

Cooperação

Judiciária em

Matéria Civil,

Comercial,

Trabalhista e

Administrativa

Decreto nº

1.560 de

18/07/1995

18/05/1995Presidência da

República

Cooperação

Judiciária em

Matéria Civil,

Comercial,

Trabalhista e

Administra-tiva

Brasil - Argen-

tina

38

Ato Internacional (Ementa)

Promulgação do Presidente da República

Entrada em vigor no Brasil

Acesso à Informação

Matéria Atores/País

Acordo de

Cooperação

Judiciária em

Matéria Civil,

Comercial,

Trabalhista e

Administrativa

Decreto nº

1.850 de

10/04/1996

09/02/1996Presidência da

República

Cooperação

Judiciária em

Matéria Civil,

Comercial,

Trabalhista e

Administra-tiva

Brasil - Uruguai

Acordo de Co-

operação em

Matéria Civil

entre o Gover-

no da Repúbli-

ca Federativa

do Brasil e o

Governo da

República

Francesa

Decreto 3.598

de 12/09/200001/10/2000 Portal MJ

Cooperação

em Matéria

Civil

Brasil - França

Tratado entre

a República

Federativa do

Brasil e Repú-

blica da Costa

Rica sobre

Cooperação

Jurídica Inter-

nacional em

Matéria Civil

_ _ Portal MJ

Cooperação

Jurídica Inter-

nacional em

Matéria Civil

Brasil - Costa

Rica

2.2 DIREITO PROCESSUAL PENAL

A pesquisa sobre os Tratados Interna-

cionais que impactam o sistema processual

em matéria penal baseou-se em duas fontes

básicas para a coleta de dados: Portal do

Ministério das Relações Exteriores (MRE) e

Portal do Ministério da Justiça (MJ). Da mes-

ma forma, utilizou-se para a pesquisa, como

fonte suplementar para a coleta de alguns

dados faltantes dos sítios eletrônicos cita-

dos, os sites dos Organismos Internacionais

depositários dos tratados multilaterais. Fo-

ram analisados Tratados Internacionais em

matéria penal que abrangem os documen-

tos jurídicos internacionais ainda vigentes;

portanto, o marco temporal foi substituído

por validade dos Tratados.

No início das pesquisas sobre os Tra-tados que versavam sobre Direito Proces-sual Penal, utilizando-se dos verbetes “Pe-nal”, “Processo Penal” e “Criminal” foram localizados, aproximadamente, 134 (cento e trinta e quatro) documentos interna-cionais no site do Ministério de Relações Exteriores, conforme demonstração a se-guir; contudo, ao analisar determinados documentos, chegou-se à conclusão que a efetividade de tais documentos tratava, em sua maioria, de apenas troca de notas

39

diplomáticas que não causavam impactos

no Sistema Processual Brasileiro.

Com efeito, o grupo de pesquisa, ao

verificar esse dado, compreendeu por ana-

lisar apenas os documentos jurídicos inter-

nacionais que causassem, de forma efetiva,

efeito no sistema processual penal brasileiro.

Diante do apontado, dos 134 (cento e trinta

e quatro) documentos analisados, restaram

para análise perfunctória oitenta e três 83

(oitenta e três) Tratados que impactavam no

sistema processual penal brasileiro.

Desses 83 (oitenta e três) tratados, al-

gumas peculiaridades foram notadas para o sistema processual penal brasileiro. Nesse sentido, vislumbra-se que é preponderante o índice de Tratados bilaterais sob a forma de cooperação judicial em matéria penal – cinquenta e quatro 54 (cinquenta e quatro) Tratados bilaterais. Em contrapartida, foram firmados, em matéria penal na forma de Tra-tados multilaterais, apenas 29 (vinte e nove) Tratados. Dito isso, ainda salienta que den-tro dos Tratados bilatérias a preponderância desses é em matéria de execução de cartas rogatórias seguidos pela assistência jurídica mútua em matéria penal.

40

Os Tratados multilaterais relativos à

matéria processual penal dizem respeito, em

sua maioria, a documentos internacionais

relativos à proteção da pessoa (tráfico in-

ternacional de pessoas, crianças, mulheres),

Dado o exposto, ainda é importante salientar que os pesquisadores encontra-ram, como já apontado, dificuldades na coleta de dados; isto é, os dados cons-tantes dos sítios, fonte de consulta dos Tratados Internacionais no Brasil, site do Ministério das Relações Exteriores e site do Ministério da Justiça não possuem da-dos suficientes sobre as ratificações, as datas de entrada em vigor internacional e as datas de entrada em vigor dos Tra-tados Internacionais em matéria proces-

sual no Brasil.

Salienta-se que várias foram as oca-

siões em que os pesquisadores se utiliza-

ram de outras ferramentas de pesquisa na

rede mundial de computadores (internet)

para localizar tais informações. Como dito,

utilizou-se a busca de elementos nos ór-

gãos depositários do documento interna-

cional, sendo que essa consulta somente

foi eficaz no caso de Tratados multilate-

rais. No caso dos Tratados bilaterais, em

alguns casos, não há dados sobre as datas

de entradas em vigor, pois estes não estão

disponíveis nos sítios eletrônicos de con-

sulta principais (Ministério das Relações

Exteriores/MRE e Ministério da Justiça/

MJ), bem como não foram disponibiliza-

dos para pesquisa na internet.

tráfico (entorpecentes, armamentos), terro-

rismo, bem como no âmbito dos organismos

internacionais para matérias específicas de

cooperação judicial (prova assistência jurí-

dica, cumprimento de cartas rogatórias).

41

AtoInternacional (Ementa)

Ano da cele-bração

Entrada em Vigor Interna-cionalmente

Assinatura pelo Brasil

Aprovação no Congresso

NacionalRatificação

Tratado de Ex-

tradição Brasil-

-Argentina

196107 de junho de

1968

15 de novem-

bro de 1961.

Decreto Legis-

lativo nº 85, de

1964

07 de junho de

1968

Tratado de Ex-

tradição Brasil-

-Austrália

19941º de setembro

de 1996

22 de agosto

de 1994

Decreto Legis-

lativo nº 36, de

28 de março

de 1996

02 de agosto

de 1996

Tratado de

Extradição

Brasil-Bélgica

195314 de julho

1957

6 de maio de

1953

Decreto Legis-

lativo nº 26, de

19 de junho de

1956

14 de junho de

1957

Tratado de

Extradição

Brasil-Bolívia

193826 de julho de

1942

25 de fevereiro

de 1938

Decreto-Lei nº

345, de 22 de

março de 1938

26 de junho de

1942

Tratado de

Extradição

Brasil-Chile

193509 de setem-

bro de 1937

08 de novem-

bro de 1935

Decreto Legis-

lativo nº 1.888,

de 17/08/1937

09 de agosto

de 1937

Tratado de Ex-

tradição Brasil-

-Colômbia

19382 de outubro

de 1940

28 de dezem-

bro de 1938

Decreto-Lei nº

1.994, de 31 de

janeiro de 1940

2 de setembro

de 1940

Tratado de Ex-

tradição Brasil-

-República da

Coreia

199501 de fevereiro

de 2002

1º de setembro

de 1995

Decreto

Legislativo nº

263, de 28 de

dezembro de

2000

03 de janeiro

de 2002

Tratado de Ex-

tradição Brasil-

-Equador

19373 de junho de

1938.

4 de março de

1937

Decreto Legis-

lativo nº 110, de

24 de setem-

bro de 1937

3 de maio de

1938.

Tratado de Ex-

tradição Brasil-

-Espanha

198830 de junho de

1990.

2 de fevereiro

de 1988

Decreto Legis-

lativo n° 75, de

29 de novem-

bro de 1989

29 de novem-

bro de 1989

Tratado de

Extradição

Brasil-Estados

Unidos da

América

1961/196218 de novem-

bro de 1964

13 de janeiro

de 1961 e em

18 de junho de

1962

Decreto Legis-

lativo nº 13, DE

1964

18 de novem-

bro de 1964

2.2.1 Dos Tratados de Matéria Processual Penal quanto ao Ano de Celebração, à Entrada em

Vigor Internacionalmente, à Assinatura pelo Brasil, à Aprovação no Congresso Nacional e

à Ratificação

42

AtoInternacional (Ementa)

Ano da cele-bração

Entrada em Vigor Interna-cionalmente

Assinatura pelo Brasil

Aprovação no Congresso

NacionalRatificação

Tratado de

Extradição

Brasil-França

19961º de setembro

de 2004

28 de maio de

1996.

Decreto Legis-

lativo nº 219,

de 30 de junho

de 2004

30 de junho de

2004

Tratado de

Extradição

Brasil-Itália

19891° de agosto de

1993

17 de outubro

de 1989

Decreto Legis-

lativo n° 78, de

20 de novem-

bro de 1992

14 de junho de

1993

Tratado de

Extradição

Brasil-Lituânia

193703 de janeiro

de 1939.

28 de setem-

bro de 1937

Decreto-Lei nº

950, de 13 de

dezembro de

1938

03 de janeiro

de 1939.

Tratado de

Extradição -

Mercosul

19981º de janeiro de

2004

10 de dezem-

bro de 1998

Decreto Legis-

lativo nº 605,

de 11 de setem-

bro de 2003

02 de dezem-

bro de 2003

Tratado de Ex-

tradição - Mer-

cosul - Bolívia

e Chile

199811 de abril de

2005

10 de dezem-

bro de 1998

Decreto Legis-

lativo nº 35, de

11 de abril de

2002

11 de abril de

2002

Tratado de

Extradição

Brasil-México

1933/193523 de março

de 1937.

28 de dezem-

bro de 1933 e

18 de setembro

de 1935.

Decreto-Lei nº

28, de 30 de

novembro de

1937

23 de fevereiro

de 1937.

Tratado de Ex-

tradição Brasil-

-Paraguai

192222 de maio de

1925.

24 de fevereiro

de 1922.

Decreto n.

4.612, de 29 de

novembro de

1922

22 de maio de

1925.

Tratado de

Extradição

Brasil-Peru

200307 de março

de 1997

25 de agosto

de 2003

Decreto Legis-

lativo nº 71, de

18 de abril de

2006

05 de fevereiro

de 1997

Tratado de Ex-

tradição Brasil-

-Portugal

19911º de dezembro

de 1994

7 de maio de

1991

Decreto Legis-

lativo nº 96, de

23 de dezem-

bro de 1992

1º de outubro

de 1994

Tratado de Ex-

tradição Brasil-

-Reino Unido

da Grã-Breta-

nha e Irlanda

do Norte

199513 de agosto

de 1997

18 de julho de

1995

Decreto Legis-

lativo nº 91, de

11 de setembro

de 1996

13 de agosto

de 1997

43

AtoInternacional (Ementa)

Ano da cele-bração

Entrada em Vigor Interna-cionalmente

Assinatura pelo Brasil

Aprovação no Congresso

NacionalRatificação

Tratado de

Extradição Bra-

sil-República

Dominicana

200325 de dezem-

bro de 2008

17 de novem-

bro de 2003

Decreto Legis-

lativo nº 297,

de 13 de julho

de 2006

25 de novem-

bro de 2008

Tratado de Ex-

tradição Brasil-

-Romênia

200310 de junho de

2008

12 de agosto

de 2003

Decreto Legis-

lativo nº 304,

de 26 de outu-

bro de 2007

10 de junho de

2008

Tratado de

Extradição

Brasil-Rússia

200201 de janeiro

de 2007

14 de janeiro

de 2002

Decreto Legis-

lativo nº 306,

de 13 de julho

de 2006

31 de novem-

bro de 2006

Tratado de

Extradição

Brasil-Suíça

193224 de fevereiro

de 1934

23 de julho de

1932

Decreto n.°

23.997, de 13

de março de

1934

23 de janeiro

de 1934

Tratado de

Extradição

Brasil-Ucrânia

200327 de agosto

de 2006

21 de outubro

de 2003

Decreto Legis-

lativo nº 60, de

18 de abril de

2006

26 de julho de

2006

Tratado de Ex-

tradição Brasil-

-Venezuela

193814 de março de

1940

7 de dezembro

de 1938

Decreto nº

4.868, de 9 de

novembro de

1939

11 de fevereiro

de 1940.

Convenção das

Nações Unidas

contra a Cor-

rupção

200314 de dezem-

bro de 2005;

9 de dezembro

de 2003

Decreto Legis-

lativo nº 348,

de 18 de maio

de 2005

18 de maio de

2005

Convenção das

Nações Unidas

contra o Crime

Organizado

Transnacional

200029 de setem-

bro de 2003

15 de novem-

bro de 2000

Decreto Legis-

lativo nº 231, de

29 de maio de

2003

29 de janeiro

de 2004;

44

AtoInternacional (Ementa)

Ano da cele-bração

Entrada em Vigor Interna-cionalmente

Assinatura pelo Brasil

Aprovação no Congresso

NacionalRatificação

Protocolo

Adicional à

Convenção das

Nações Unidas

contra o Crime

Transnacio-

nal relativo

à Prevenção,

Repressão e

Punição do

Tráfico de Pes-

soas

200029 de setem-

bro de 2003

15 de novem-

bro de 2000

Decreto Legis-

lativo nº 231, de

29 de maio de

2003

29 de janeiro

de 2004

Protocolo

Adicional à

Convenção das

Nações Unidas

contra o Crime

Transnacio-

nal relativo

ao Combate

ao Tráfico de

Migrantes

200029 de setem-

bro de 2003

15 de novem-

bro de 2000

Decreto Legis-

lativo nº 231, de

29 de maio de

2003

29 de janeiro

de 2004

Protocolo con-

tra a Fabrica-

ção e o Tráfico

Ilícito de Ar-

mas de Fogo,

suas Peças,

Componentes

e Munições

20013 de julho de

2005

11 de julho de

2001

Decreto Legis-

lativo nº 36, de

22 de fevereiro

de 2006

16 de março de

2006

Convenção

Internacional

para a Supres-

são do Finan-

ciamento do

Terrorismo

200210 de julho de

2003

24 de novem-

bro de 2005

Decreto Legis-

lativo nº 769,

de 30 de junho

de 2005

25 de outubro

de 2005

45

AtoInternacional (Ementa)

Ano da cele-bração

Entrada em Vigor Interna-cionalmente

Assinatura pelo Brasil

Aprovação no Congresso

NacionalRatificação

Convenção so-

bre o Combate

da Corrupção

de Funcioná-

rios Públicos

Estrangeiros

em Transações

Comerciais

Internacionais

199715 de fevereiro

de 1999

17 de dezem-

bro de 1997

Decreto Legis-

lativo nº 125, de

14 de junho de

2000

24 de agosto

de 2000

Protocolo

Facultativo à

Convenção so-

bre os Direitos

da Criança re-

ferente à Ven-

da de Crianças,

à Prostituição

Infantil e à

Pornografia

Infantil

200018 de janeiro

de 2002

25 de maio de

2000

Decreto Legis-

lativo nº 230,

de 29 de maio

de 2003

27 de janeiro

de 2004

Convenção

para Repressão

do Tráfico de

Pessoas e do

Lenocínio

195021 de março de

1950

05 de outubro

de 1951

Decreto Legis-

lativo nº 6, de

11 de junho de

1958

12 de setembro

de 1958

Convenção

para Repres-

são do Tráfico

de Mulheres e

Crianças

200029 de setem-

bro de 2003

15 de novem-

bro de 2000

Decreto nº

37.176- de 15 de

abril de 1955

29 de janeiro

de 2004

Convenção

para Repressão

do Tráfico Ilí-

cito de Drogas

Nocivas

193626 de junho de

1936

Decreto-Lei nº

364, de 5 de

abril de 1938

2 de julho de

1938

Convenção

contra o Trá-

fico Ilícito de

Entorpecentes

e Substâncias

Psicotrópicas

198811 de novembro

de 1990

Decreto Legis-

lativo n° 162,

de 14 de junho

de 1991

46

AtoInternacional (Ementa)

Ano da cele-bração

Entrada em Vigor Interna-cionalmente

Assinatura pelo Brasil

Aprovação no Congresso

NacionalRatificação

Convenção so-

bre a Preven-

ção e a Puni-

ção de Crimes

contra Pessoas

que gozam de

Proteção Inter-

nacional , inclu-

sive Agentes

Diplomáticos

197320 de fevereiro

de 1977

14 de dezem-

bro de 1973

Decreto Legis-

lativo nº 25, de

31 de março de

1999

7 de junho de

1999

Convenção

Internacional

contra a Toma-

da de Reféns

19793 de junho de

1983

Decreto Legis-

lativo nº 2, de

26 de janeiro

de 2000

8 de março de

2000

Convenção so-

bre a Proteção

Física do Mate-

rial Nuclear

1980 198715 de maio de

1981

Decreto Legis-

lativo n° 50, de

27 de novem-

bro de 1984

17 de outubro

de 1985

Protocolo para

a Repressão

de Atos ilícitos

de Violência

em Aeroportos

que prestem

Serviços à

Aviação Civil

Internacional

19886 de agosto de

1989

24 de fevereiro

de 1988

Decreto Legis-

lativo nº 01, de

22 de janeiro

de 1997

09 de maio de

1997

Convenção

Internacional

sobre a Su-

pressão de

Atentados

Terroristas com

Bombas

199710 de abril de

2002

12 de março de

1999

Decreto Legis-

lativo nº 116, de

12 de junho de

2002

16 de setembro

de 2005

Convenção

Interamericana

sobre Assistên-

cia Mútua em

Matéria Penal

1992 11 de junho de

1993

Decreto Legis-

lativo nº 272,

de 4 de outu-

bro de 2007

12 de novem-

bro de 2007

47

AtoInternacional (Ementa)

Ano da cele-bração

Entrada em Vigor Interna-cionalmente

Assinatura pelo Brasil

Aprovação no Congresso

NacionalRatificação

Convenção

Interameri-

cana sobre o

Cumprimento

de Sentenças

Penais no Ex-

terior

199312 de abril de

1996

04 de dezem-

bro de 1996

Decreto Legis-

lativo nº 293,

de 12 de julho

de 2006

26 de abril de

2001

Convenção

Interamericana

contra a Cor-

rupção

199606 de março

de 1997

29 de março

de 1997

Decreto Legis-

lativo nº 152, de

25 de junho de

2002

24 de julho de

2002

Convenção

Interamericana

contra o Terro-

rismo

200210 de julho de

2003

03 de junho de

2002

Decreto

Legislativo nº

890, de 1o de

setembro de

2005

26 de setem-

bro de 2005

Convenção

Interamerica-

na contra a

Fabricação e

o Tráfico Ilícito

de Armas de

Fogo, Muni-

ções, Explosi-

vos e outros

Materiais

correlatos

199701 de julho de

1998

14 de novem-

bro de 1997

Decreto Legis-

lativo nº 58, de

18 de agosto

de 1999

26 de agosto

de 1999

Convenção

para Prevenir e

Punir os Atos

de Terrorismo

configurados

em Delitos

contra as

Pessoas e a

Extorsão Co-

nexa, quando

tiverem eles

transcendência

internacional

19718 de março de

1973 não assinou

Decreto Legis-

lativo nº 87, de

3 de dezembro

de 1998

5 de fevereiro

de 1999

48

AtoInternacional (Ementa)

Ano da cele-bração

Entrada em Vigor Interna-cionalmente

Assinatura pelo Brasil

Aprovação no Congresso

NacionalRatificação

Convenção

Interamericana

sobre Tráfico

Internacional

de Menores

199415 de agosto

de 1997

18 de março de

1994

Decreto Legis-

lativo nº 105,

de 30 de outu-

bro de 1996

03 de julho de

1997

Convenção

Interamericana

sobre Prova

e Informação

acerca do

Direito Estran-

geiro

197914 de junho de

1980

08 de maio de

1979

Decreto Legis-

lativo nº 46, de

10 de abril de

1995

31 de agosto

de 1995

Protocolo de

Assistência

Jurídica Mútua

em Assuntos

Penais

1996 25 de junho de

1996

Decreto Legis-

lativo nº 03, de

26 de janeiro

de 2000

28 de março

de 2000

Convenção da

UNIDROIT so-

bre Bens Cultu-

rais Furtados

ou Ilicitamente

Exportados

19951o de julho de

1998 não assinou

Decreto Legis-

lativo nº 4, de

21 de janeiro

de 1999

23 de março

de 1999

Acordo para

execução de

Cartas Rogató-

rias entre Brasil

e Argentina

1912 não consta16 de setembro

de 1912

DECRETO nº

40.998, DE 22

DE fevereiro

DE 1957

8 de janeiro

1957

Acordo para a

execução de

cartas rogató-

rias celebrado

entre o Brasil e

a Bolívia

1879 não consta22 de dezem-

bro de 1879

Decreto nº

7.857, de 15 de

outubro de

1880

15 de outubro

de 1880

Acordo, por

troca de notas,

para dispensa

de legalização

para Cartas

Rogatórias

entre o Brasil e

o Chile

1970 não consta não consta

Nota Diplomá-

tica nº 24, de

10 de fevereiro

de 1970

não consta

49

AtoInternacional (Ementa)

Ano da cele-bração

Entrada em Vigor Interna-cionalmente

Assinatura pelo Brasil

Aprovação no Congresso

NacionalRatificação

Acordo, por

troca de notas,

sobre Sim-

plificação de

Legalizações

em Documen-

tos Públicos

entre a Repú-

blica Argentina

e a República

Federativa do

Brasil

2003 não consta não consta

Nota Diplomá-

tica nº desco-

nhecido

não consta

Ajuste, por

troca de notas,

para a Dispen-

sa de Legaliza-

ção Consular

com relação ao

cumprimento

de Cartas Ro-

gatórias entre

o Brasil e os

Estados Unidos

da América

196822 de abril de

1969

04 de outubro

de 1968

Nota Diplomá-

tica nº desco-

nhecido

não consta

Acordo, por

troca de Notas,

sobre a Gratui-

dade Parcial

da Execução

das Cartas

Rogatórias em

Matéria Penal,

entre o Gover-

no da Repúbli-

ca Federativa

do Brasil e o

Governo da

República

Francesa

197817 de junho de

1991

05 de outubro

de 1978

Nota Diplomá-

tica nº desco-

nhecido

17 de junho de

1991

50

AtoInternacional (Ementa)

Ano da cele-bração

Entrada em Vigor Interna-cionalmente

Assinatura pelo Brasil

Aprovação no Congresso

NacionalRatificação

Acordo para

a Recíproca

Execução de

Cartas Rogató-

rias entre Brasil

e Peru

1879 não consta29 de setem-

bro de 1879

Decreto nº

7.582, de 27 de

dezembro de

1879

27 de dezem-

bro de 1879

Acordo Am-

pliativo para

execução de

cartas rogató-

rias entre Brasil

e Peru

1891 não consta08 de junho de

1891

Decreto nº

1.395, de 18 de

maio de 1893

18 de maio de

1893

Acordo, por

troca de notas,

Relativo ao

Cumprimen-

to de Cartas

Rogatórias

entre Brasil e

Portugal

1895 não consta08 de junho de

1891

Nota Diplomá-

tica nº desco-

nhecido

29 de agosto

de 1895

Protocolo Re-

lativo à Execu-

ção de Cartas

Rogatórias

entre Brasil e

Uruguai

1906 não consta12 de dezem-

bro de 1906

Decreto Legis-

lativo nº 2.370,

de 4 de janeiro

de 1911

30 de novem-

bro de 1911

Acordo sobre

Assistência

Judiciária

Gratuita entre

o Brasil e o

Japão

1940 não consta23 de setem-

bro de 1940

Nota Diplomá-

tica nº 41/1940

23 de setem-

bro de 1940

Convenção

sobre Assistên-

cia Judiciária

Gratuita entre

o Brasil e a

Argentina

1961 não consta15 de novem-

bro de 1961.

Decreto Legis-

lativo nº 53,de

1964

07 de junho de

1968

51

AtoInternacional (Ementa)

Ano da cele-bração

Entrada em Vigor Interna-cionalmente

Assinatura pelo Brasil

Aprovação no Congresso

NacionalRatificação

Convenção

entre o Brasil

e a Bélgica

sobre Assistên-

cia Judiciária

Gratuita

195514 de junho de

1957

10 de janeiro

de 1955

Decreto Legis-

lativo nº I, de 7

de fevereiro de

1957

26 de fevereiro

de 1957

Convenção

entre os Esta-

dos Unidos do

Brasil e o Reino

Unido dos

Países Baixos

relativa a Assis-

tência Judiciá-

ria Gratuita

195930 de março

de 1964

16 de março de

1959

Decreto Legis-

lativo nº 23, de

1963

30 de março

de 1964

Acordo, por

troca de

notas, para

a Extensão

ao Suriname

e às Antilhas

Neerlandesas

da Convenção

relativa à Assis-

tência Judici-

ária Gratuita,

de 1959, entre

Brasil e os Paí-

ses Baixos

1959 196416 de março

1959

Nota Diplomá-

tica nº desco-

nhecido

30 de março

de 1964

Convenção

sobre Assis-

tência Gratuita

entre o Brasil e

Portugal

196029 de outubro

de 1963

9 de agosto de

1960

Decreto Legis-

lativo nº 26, de

29 de outubro

de 1963

25 de outbro

de 1963

52

AtoInternacional (Ementa)

Ano da cele-bração

Entrada em Vigor Interna-cionalmente

Assinatura pelo Brasil

Aprovação no Congresso

NacionalRatificação

Acordo de

Cooperação

Judicial em

Matéria Penal

entre o Gover-

no da Repúbli-

ca Federativa

do Brasil e o

Governo da

República de

Cuba

2002 200224 de setem-

bro de 2002

Decreto Legis-

lativo nº 280,

de 4 de outu-

bro de 2007

21 de maio de

2008

Acordo de

Cooperação e

Auxílio Jurídico

Mútuo em Ma-

téria Penal en-

tre a República

Federativa do

Brasil e o Reino

da Espanha

20061 de fevereiro

de 2008

22 de maio de

2006

Decreto Legis-

lativo nº 299,

de 26 de outu-

bro de 2007

8 de dezembro

de 2008

Acordo de As-

sistência Jurídi-

ca Mútua em

Matéria Penal

entre o Gover-

no da Repúbli-

ca Federativa

do Brasil e o

Governo da

República Po-

pular da China

2004 200724 de maio de

2004

Decreto Legis-

lativo nº 296,

de 12 de julho

de 2006

3 de dezembro

de 2007

Acordo de

Assistência

Judiciária em

Matéria Penal

entre o Gover-

no da Repúbli-

ca Federativa

do Brasil e o

Governo dos

Estados Unidos

da América

1997 200114 de outubro

de 1997

Decreto

Legislativo nº

262, de 18 de

dezembro de

2000

2 de maio de

2001

53

AtoInternacional (Ementa)

Ano da cele-bração

Entrada em Vigor Interna-cionalmente

Assinatura pelo Brasil

Aprovação no Congresso

NacionalRatificação

Acordo de

Cooperação

Judiciária e

Assistência Mú-

tua em Matéria

Penal entre

o Governo

da República

Federativa

do Brasil e o

Governo da

República da

Colômbia

199729 de junho de

2001

07 de novem-

bro de 1997

Decreto Legis-

lativo nº 41, de

18 de junho de

1999

23 de agosto

de 2001

Acordo de

Cooperação

Judiciária em

Matéria Penal

entre o Gover-

no da Repúbli-

ca Federativa

do Brasil e o

Governo da

República

Francesa

199631 de dezem-

bro de 1999

28 de maio de

1996.

Decreto Legis-

lativo nº 74, de

03 de setem-

bro de 1999

30 de dezem-

bro de 1999

Tratado sobre

Cooperação

Judiciária em

Matéria Penal,

entre a Repú-

blica Federa-

tiva do Brasil

e a República

Italiana

19891 de agosto de

1993

17 de outubro

de 1989

Decreto Legis-

lativo n° 78, de

20 de novem-

bro de 1992

14 de junho de

1993

Acordo de

Assistência

Jurídica em

Matéria Penal

entre o Gover-

no da Repúbli-

ca Federativa

do Brasil e o

Governo da

República do

Peru

199924 de agosto

de 2001

31 de julho de

1999

Decreto Legis-

lativo nº 181, de

7 de junho de

2001

29 de outubro

de 2001

54

AtoInternacional (Ementa)

Ano da cele-bração

Entrada em Vigor Interna-cionalmente

Assinatura pelo Brasil

Aprovação no Congresso

NacionalRatificação

Tratado de Au-

xílio Mútuo em

Matéria Penal

entre o Gover-

no da Repúbli-

ca Portuguesa

e o Governo

da República

Federativa do

Brasil

19911 de dezembro

de 1994

07 de maio de

1991

Decreto Legis-

lativo nº 77, de

19 de novem-

bro de 1992

30 de novem-

bro de 1994

Tratado entre

a República

Federativa

do Brasil e a

República da

Coréia sobre

Assistência

Jurídica Mútua

em Matéria

Penal

20028 de fevereiro

de 2006

13 de dezem-

bro de 2002

Decreto Legis-

lativo nº 786,

de 8 de julho

de 2005

13 de março de

2006

Tratado de

Assistência Mú-

tua em Matéria

Penal entre

o Governo

da República

Federativa

do Brasil e o

Governo do

Canadá

19951 de novembro

de 2008

27 de janeiro

de 1995

Decreto Legis-

lativo nº 219, de

3 de setembro

de 2008

22 de janeiro

de 2009

Tratado de

Cooperação

Jurídica em

Matéria Penal

entre a Repú-

blica Federati-

va do Brasil e a

Confederação

Suíça

200427 de julho de

2009

12 de maio de

2004

Decreto Legis-

lativo nº 300,

de 13 de julho

de 2006

7 de outubro

de 2009

55

2.2.2 Dos Tratados de Matéria Processual Penal quanto à Promulgação do Presidente da

República, à Entrada em Vigor no Brasil, ao Acesso à Informação, à Matéria e aos Atores

Ato Internacional (Ementa)

Promulgação do Presidente da República

Entrada em vigor no Brasil

Acesso à Informação

Matéria Atores/País

Tratado de Ex-

tradição Brasil-

-Argentina

Decreto nº

62.979, de 11

de julho de

1968

15 de julho de

1968Portal MJ/MRE Extradição

Brasil-Argen-

tina

Tratado de Ex-

tradição Brasil-

-Austrália

Decreto nº

2.010, de 23 de

setembro de

1996

1º de abril de

1996Portal MJ/MRE Extradição Brasil-Austrália

Tratado de

Extradição

Brasil-Bélgica

Decreto nº

41.909, de 29

de julho de

1957

01 de agosto

de 1957Portal MJ/MRE Extradição Brasil-Bélgica

Tratado de

Extradição

Brasil-Bolívia

Decreto nº

9.920 – de 8

julho de 1942

10 de julho de

1942Portal MJ/MRE Extradição Brasil-Bolívia

Tratado de

Extradição

Brasil-Chile

Decreto nº

1.888, de

17/08/1937

20 de agosto

de 1937Portal MJ/MRE Extradição Brasil-Chile

Tratado de Ex-

tradição Brasil-

-Colômbia

Decreto nº

6.330 – de 25

de setembro

de 1940

27 de setem-

bro de 1940Portal MJ/MRE Extradição

Brasil-Colôm-

bia

Tratado de Ex-

tradição Brasil-

-República da

Coreia

Decreto nº

4.152, de 7 de

março de 2002

8 de março de

2002Portal MJ/MRE Extradição

Brasil-Repúbli-

ca da Coreia

56

Ato Internacional (Ementa)

Promulgação do Presidente da República

Entrada em vigor no Brasil

Acesso à Informação

Matéria Atores/País

Tratado de Ex-

tradição Brasil-

-Equador

Decreto nº

2.950 – de 8 de

agosto de 1938

11 de agosto de

1938Portal MJ/MRE Extradição Brasil-Equador

Tratado de Ex-

tradição Brasil-

-Espanha

Decreto N°

99.340, de 22

de junho de

1990

25 de junho de

1990Portal MJ/MRE Extradição Brasil-Espanha

Tratado de

Extradição

Brasil-Estados

Unidos da

América

Decreto nº

55.750, de 11

de fevereiro de

1965

15 de fevereiro

de 1965.Portal MJ/MRE Extradição

Brasil-Estados

Unidos da

América

Tratado de

Extradição

Brasil-França

Decreto nº

5.258 de 27

de outubro de

2004

28 de outubro

de 2004.Portal MJ/MRE Extradição Brasil-França

Tratado de

Extradição

Brasil-Itália

Decreto nº 863,

de 9 de julho

de 1993

12 de julho de

1993Portal MJ/MRE Extradição Brasil-Itália

Tratado de

Extradição

Brasil-Lituânia

Decreto nº

4.528 – de 16

de agosto de

1939

19 de agosto

de 1939Portal MJ/MRE Extradição Brasil-Lituânia

Tratado de

Extradição -

Mercosul

Decreto nº

4.975, de 30

de janeiro de

2004

1 de janeiro de

2004Portal MJ/MRE Extradição Mercosul

Tratado de Ex-

tradição - Mer-

cosul - Bolívia

e Chile

Decreto nº

5.867, DE 3

de agosto de

2006

4 de agosto de

2006.Portal MJ/MRE Extradição

Mercosul-Bolí-

via e Chile

Tratado de

Extradição

Brasil-México

Decreto nº

2.535 – de 22

de março de

1938

2 de abril de

1938.Portal MJ/MRE Extradição Brasil-México

Tratado de Ex-

tradição Brasil-

-Paraguai

Decreto nº

16.925 – de

27 de maio de

1925

30 de maio de

1925.Portal MJ/MRE Extradição Brasil-Paraguai

Tratado de

Extradição

Brasil-Peru

Decreto nº

5.853, de 19 de

julho de 2006

20 de julho de

2006Portal MJ/MRE Extradição Brasil-Peru

57

Ato Internacional (Ementa)

Promulgação do Presidente da República

Entrada em vigor no Brasil

Acesso à Informação

Matéria Atores/País

Tratado de Ex-

tradição Brasil-

-Portugal

Decreto

nº1.325, de 2

de dezembro

de 1994

5 de dezembro

de 1994Portal MJ/MRE Extradição Brasil-Portugal

Tratado de Ex-

tradição Brasil-

-Reino Unido

da Grã-Breta-

nha e Irlanda

do Norte

Decreto nº

2.347, de 10

de outubro de

1997

13 de outubro

de 1997.Portal MJ/MRE Extradição

Brasil-Reino

Unido da Grã

Bretanha e Ir-

landa do Norte

Tratado de

Extradição Bra-

sil-República

Dominicana

Decreto nº

6.738, de 12

de janeiro de

2009

13 de janeiro

de 2009Portal MJ/MRE Extradição

Brasil-Repúbli-

ca Dominicana

Tratado de Ex-

tradição Brasil-

-Romênia

Decreto nº

6.512, de 21 de

julho de 2008

22 de julho de

2008Portal MJ/MRE Extradição Brasil-Romênia

Tratado de

Extradição

Brasil-Rússia

Decreto nº

6.056, de 6 de

março de 2007

07 de março

de 2007Portal MJ/MRE Extradição Brasil-Rússia

Tratado de

Extradição

Brasil-Suíça

Decreto nº

23.997 – de 13

de março de

1934

16 de março de

1934Portal MJ/MRE Extradição Brasil-Suiça

Tratado de

Extradição

Brasil-Ucrânia

Decreto nº

5.938, de 19

de outubro de

2006

20 de outubro

de 2006Portal MJ/MRE Extradição Brasil-Ucrânia

Tratado de Ex-

tradição Brasil-

-Venezuela

Decreto nº

5.362 – de 12

de março de

1940

15 de março de

1940Portal MJ/MRE Extradição

Brasil-Vene-

zuela

Convenção das

Nações Unidas

contra a Cor-

rupção

Decreto nº

5.687, de 31

de janeiro de

2006

01 de fevereiro

de 2006Portal MJ/MRE Corrupção ONU

Convenção das

Nações Unidas

contra o Crime

Organizado

Transnacional

Decreto nº

5.015, de

12/03/2004

28 de fevereiro

de 2004Portal MJ/MRE

Crime Organi-

zadoONU

58

Ato Internacional (Ementa)

Promulgação do Presidente da República

Entrada em vigor no Brasil

Acesso à Informação

Matéria Atores/País

Protocolo

Adicional à

Convenção das

Nações Unidas

contra o Crime

Transnacio-

nal relativo

à Prevenção,

Repressão e

Punição do

Tráfico de Pes-

soas

Decreto nº

5.017, de

12/03/2004

28 de fevereiro

de 2004Portal MJ/MRE

Crime Organi-

zadoONU

Protocolo

Adicional à

Convenção das

Nações Unidas

contra o Crime

Transnacio-

nal relativo

ao Combate

ao Tráfico de

Migrantes

Decreto nº

5.016, de

12/03/2004

28 de fevereiro

de 2004Portal MJ/MRE

Crime Organi-

zadoONU

Protocolo con-

tra a Fabrica-

ção e o Tráfico

Ilícito de Ar-

mas de Fogo,

suas Peças,

Componentes

e Munições

Decreto nº

5.941, de

26/10/2006

30 de abril de

2006Portal MJ/MRE

Tráfico de

ArmasONU

Convenção

Internacional

para a Supres-

são do Finan-

ciamento do

Terrorismo

Decreto nº

5.640, de

26/12/2005

25 de outubro

de 2005Portal MJ/MRE Terrorismo ONU

59

Ato Internacional (Ementa)

Promulgação do Presidente da República

Entrada em vigor no Brasil

Acesso à Informação

Matéria Atores/País

Convenção so-

bre o Combate

da Corrupção

de Funcioná-

rios Públicos

Estrangeiros

em Transações

Comerciais

Internacionais

Decreto nº

3.678, de

30/11/ 2000

23 de outubro

de 2000Portal MJ/MRE Corrupção ONU

Protocolo

Facultativo à

Convenção so-

bre os Direitos

da Criança re-

ferente à Ven-

da de Crianças,

à Prostituição

Infantil e à

Pornografia

Infantil

Decreto nº

5.007, de

08/03/2004

27 de fevereiro

de 2004Portal MJ/MRE

Direitos da

CriançaONU

Convenção

para Repressão

do Tráfico de

Pessoas e do

Lenocínio

Decreto nº

46.981, de

08/10/1959

13 de outubro

de 1959Portal MJ/MRE

Tráfico de Pes-

soasONU

Convenção

para Repres-

são do Tráfico

de Mulheres e

Crianças

Decreto nº

23.812, de

30/01/1934

28 de fevereiro

de 2004Portal MJ/MRE

Tráfico de

Mulheres e

Crianças

ONU

Convenção

para Repressão

do Tráfico Ilí-

cito de Drogas

Nocivas

Decreto nº

2.994, de

17/08/1938

29 de setem-

bro de 1938Portal MJ/MRE

Tráfico de

DrogasONU

Convenção

contra o Trá-

fico Ilícito de

Entorpecentes

e Substâncias

Psicotrópicas

Decreto nº 154,

de 26 /07/1991

17 de junho de

1991Portal MJ/MRE

Tráfico de

DrogasONU

60

Ato Internacional (Ementa)

Promulgação do Presidente da República

Entrada em vigor no Brasil

Acesso à Informação

Matéria Atores/País

Convenção so-

bre a Preven-

ção e a Puni-

ção de Crimes

contra Pessoas

que gozam de

Proteção Inter-

nacional , inclu-

sive Agentes

Diplomáticos

Decreto nº

3.167, de

14/09/1999

7 de junho de

1999Portal MJ/MRE

Proteção Inter-

nacionalONU

Convenção

Internacional

contra a Toma-

da de Reféns

Decreto nº

3.517, de

20/06/2000

7 de abril de

2000Portal MJ/MRE Reféns ONU

Convenção so-

bre a Proteção

Física do Mate-

rial Nuclear

Decreto nº 95,

de 16/04/1991

08 de fevereiro

de 1987Portal MJ/MRE Nuclear ONU

Protocolo para

a Repressão

de Atos ilícitos

de Violência

em Aeroportos

que prestem

Serviços à

Aviação Civil

Internacional

Decreto nº

2.611, de

02/06/1998

08 de junho de

1997Portal MJ/MRE Aeroportos ONU

Convenção

Internacional

sobre a Su-

pressão de

Atentados

Terroristas com

Bombas

Decreto nº

4.394, de

26/09/2002

Portal MJ/MRE Terrorismo ONU

Convenção

Interamericana

sobre Assistên-

cia Mútua em

Matéria Penal

Decreto nº

6.340, de

3/1/2008

4 de janeiro de

2008Portal MJ/MRE

Assistência

MútuaOEA

61

Ato Internacional (Ementa)

Promulgação do Presidente da República

Entrada em vigor no Brasil

Acesso à Informação

Matéria Atores/País

Convenção

Interameri-

cana sobre o

Cumprimento

de Sentenças

Penais no Ex-

terior

Decreto nº

5.919, de

3/10/2006

26 de maio de

2001Portal MJ/MRE

Cumprimento

de SentençasOEA

Convenção

Interamericana

contra a Cor-

rupção

Decreto nº

4.410, de

7/10/2002

08 de outubro

de 2002Portal MJ/MRE Corrupção OEA

Convenção

Interamericana

contra o Terro-

rismo

Decreto nº

5.639, de

26/12/2005

24 de novem-

bro de 2005Portal MJ/MRE Terrorismo OEA

Convenção

Interamerica-

na contra a

Fabricação e

o Tráfico Ilícito

de Armas de

Fogo, Muni-

ções, Explosi-

vos e outros

Materiais

correlatos

Decreto nº

3.229, de

29/10/1999

28 de outubro

de 1999Portal MJ/MRE

Tráfico de

ArmasOEA

Convenção

para Prevenir e

Punir os Atos

de Terrorismo

configurados

em Delitos

contra as

Pessoas e a

Extorsão Co-

nexa, quando

tiverem eles

transcendência

internacional

Decreto nº

3.018, de

6/4/1999

5 de fevereiro

de 1999Portal MJ/MRE Terrorismo OEA

Convenção

Interamericana

sobre Tráfico

Internacional

de Menores

Decreto nº

2.740, de

20/08/1998

15 de agosto

de 1997Portal MJ/MRE

Tráfico Inter-

nacional de

Menores

OEA

62

Ato Internacional (Ementa)

Promulgação do Presidente da República

Entrada em vigor no Brasil

Acesso à Informação

Matéria Atores/País

Convenção

Interamericana

sobre Prova

e Informação

acerca do

Direito Estran-

geiro

Decreto nº

1.925, de

10/06/1996

26 de dezem-

bro de 1995Portal MJ/MRE Prova OEA

Protocolo de

Assistência

Jurídica Mútua

em Assuntos

Penais

Decreto nº

3.468, de

17/05/2000

27 de abril de

2000Portal MJ/MRE

Assistência

MútuaMercosul

Convenção da

UNIDROIT so-

bre Bens Cultu-

rais Furtados

ou Ilicitamente

Exportados

Decreto nº

3.166, de 14 de

setembro de

1999

1o de setembro

de 1999Portal MJ/MRE Bens Culturais UNIDROIT

Acordo para

execução de

Cartas Rogató-

rias entre Brasil

e Argentina

Decreto nº

7.871, de 03 de

novembro de

1880 + Decreto

nº 3.393, de 18

de novembro

de 1917

21 março de

1957Portal MJ/MRE

Cartas Roga-

tórias

Brasil-Argen-

tina

Acordo para a

execução de

cartas rogató-

rias celebrado

entre o Brasil e

a Bolívia

Decreto nº

7.857, de 15 de

outubro de

1880

15 de outubro

de 1880Portal MJ/MRE

Cartas Roga-

tóriasBrasil-Bolívia

Acordo, por

troca de notas,

para dispensa

de legalização

para Cartas

Rogatórias

entre o Brasil e

o Chile

Nota Diplomá-

tica nº 24, de

10 de fevereiro

de 1970

não consta Portal MJ/MRECartas Roga-

tóriasBrasil-Chile

63

Ato Internacional (Ementa)

Promulgação do Presidente da República

Entrada em vigor no Brasil

Acesso à Informação

Matéria Atores/País

Acordo, por

troca de notas,

sobre Sim-

plificação de

Legalizações

em Documen-

tos Públicos

entre a Repú-

blica Argentina

e a República

Federativa do

Brasil

Decreto nº 77,

de 23 de mar-

ço de 2004

23 de abril de

2004Portal MJ/MRE

Cartas Roga-

tórias

Brasil-Argen-

tina

Ajuste, por

troca de notas,

para a Dispen-

sa de Legaliza-

ção Consular

com relação ao

cumprimento

de Cartas Ro-

gatórias entre

o Brasil e os

Estados Unidos

da América

Nota Diplomá-

tica nº desco-

nhecido

22 de abril de

1969Portal MJ/MRE

Cartas Roga-

tórias

Brasil-Estados

Unidos da

América

Acordo, por

troca de Notas,

sobre a Gratui-

dade Parcial

da Execução

das Cartas

Rogatórias em

Matéria Penal,

entre o Gover-

no da Repúbli-

ca Federativa

do Brasil e o

Governo da

República

Francesa

Nota Diplomá-

tica nº desco-

nhecido

29 de junho de

1992Portal MJ/MRE

Cartas Roga-

tóriasBrasil-França

64

Ato Internacional (Ementa)

Promulgação do Presidente da República

Entrada em vigor no Brasil

Acesso à Informação

Matéria Atores/País

Acordo para

a Recíproca

Execução de

Cartas Rogató-

rias entre Brasil

e Peru

Decreto nº

7.582, de 27 de

dezembro de

1879

27 de dezem-

bro de 1879Portal MJ/MRE

Cartas Roga-

tóriasBrasil-Peru

Acordo Am-

pliativo para

execução de

cartas rogató-

rias entre Brasil

e Peru

Decreto nº

1.395, de 18 de

maio de 1893

18 de maio de

1893Portal MJ/MRE

Cartas Roga-

tóriasBrasil-Peru

Acordo, por

troca de notas,

Relativo ao

Cumprimen-

to de Cartas

Rogatórias

entre Brasil e

Portugal

Nota Diplomá-

tica nº desco-

nhecido

31 de agosto

de 1895Portal MJ/MRE

Cartas Roga-

tóriasBrasil-Portugal

Protocolo Re-

lativo à Execu-

ção de Cartas

Rogatórias

entre Brasil e

Uruguai

Decreto nº

9.169, de 30 de

novembro de

1911

30 de novem-

bro de 1911Portal MJ/MRE

Cartas Roga-

tóriasBrasil-Uruguai

Acordo sobre

Assistência

Judiciária

Gratuita entre

o Brasil e o

Japão

Nota Diplomá-

tica nº 41/1940

23 de setem-

bro de 1940Portal MJ/MRE

Assistência

Judiciária Gra-

tuita

Brasil-Japão

Convenção

sobre Assistên-

cia Judiciária

Gratuita entre

o Brasil e a

Argentina

Decreto n

62.978, de 11

de julho de

1968

07 de junho de

1968Portal MJ/MRE

Assistência

Judiciária Gra-

tuita

Brasil-Argen-

tina

65

Ato Internacional (Ementa)

Promulgação do Presidente da República

Entrada em vigor no Brasil

Acesso à Informação

Matéria Atores/País

Convenção

entre o Brasil

e a Bélgica

sobre Assistên-

cia Judiciária

Gratuita

Decreto nº

41.908, de 29

de julho de

1957

01 de agosto

de 1957.Portal MJ/MRE

Assistência

Judiciária Gra-

tuita

Brasil-Bélgica

Convenção

entre os Esta-

dos Unidos do

Brasil e o Reino

Unido dos

Países Baixos

relativa a Assis-

tência Judiciá-

ria Gratuita

Decreto nº

53.923, de 20

de maio de

1964

20 de maio de

1964Portal MJ/MRE

Assistência

Judiciária Gra-

tuita

Brasil-Países

Baixos

Acordo, por

troca de

notas, para

a Extensão

ao Suriname

e às Antilhas

Neerlandesas

da Convenção

relativa à Assis-

tência Judici-

ária Gratuita,

de 1959, entre

Brasil e os Paí-

ses Baixos

Nota Diplomá-

tica nº desco-

nhecido

20 de maio de

1964Portal MJ/MRE

Assistência

Judiciária Gra-

tuita

Brasil-Surina-

me e Antilhas

Neerlandesas

Convenção

sobre Assis-

tência Gratuita

entre o Brasil e

Portugal

Decreto nº 26,

de 25 de outu-

bro de 1963

29 de outubro

de 1963Portal MJ/MRE

Assistência

Judiciária Gra-

tuita

Brasil-Portugal

66

Ato Internacional (Ementa)

Promulgação do Presidente da República

Entrada em vigor no Brasil

Acesso à Informação

Matéria Atores/País

Acordo de

Cooperação

Judicial em

Matéria Penal

entre o Gover-

no da Repúbli-

ca Federativa

do Brasil e o

Governo da

República de

Cuba

Decreto nº

6.462, de 21 de

maio de 2008

23 de maio de

2008Portal MJ/MRE

Cooperação

JudicialBrasil-Cuba

Acordo de

Cooperação e

Auxílio Jurídico

Mútuo em Ma-

téria Penal en-

tre a República

Federativa do

Brasil e o Reino

da Espanha

Decreto nº

6.681, de 8 de

dezembro de

2008

9 de dezembro

de 2008Portal MJ/MRE

Cooperação

JudicialBrasil-Espanha

Acordo de As-

sistência Jurídi-

ca Mútua em

Matéria Penal

entre o Gover-

no da Repúbli-

ca Federativa

do Brasil e o

Governo da

República Po-

pular da China

Decreto nº

6.282, de 3 de

dezembro de

2007

4 de dezembro

de 2007Portal MJ/MRE

Cooperação

JudicialBrasil-China

Acordo de

Assistência

Judiciária em

Matéria Penal

entre o Gover-

no da Repúbli-

ca Federativa

do Brasil e o

Governo dos

Estados Unidos

da América

Decreto nº

3.810, de 2 de

maio de 2001

3 de maio de

2001Portal MJ/MRE

Cooperação

Judicial

Brasil-Estados

Unidos da

América

67

Ato Internacional (Ementa)

Promulgação do Presidente da República

Entrada em vigor no Brasil

Acesso à Informação

Matéria Atores/País

Acordo de

Cooperação

Judiciária e

Assistência Mú-

tua em Matéria

Penal entre

o Governo

da República

Federativa

do Brasil e o

Governo da

República da

Colômbia

Decreto nº

3.895, de 23

de agosto de

2001

24 de agosto

de 2001Portal MJ/MRE

Cooperação

Judicial

Brasil-Colôm-

bia

Acordo de

Cooperação

Judiciária em

Matéria Penal

entre o Gover-

no da Repúbli-

ca Federativa

do Brasil e o

Governo da

República

Francesa

Decreto nº

3.324, de 30

de dezembro

de 1999

31 de dezem-

bro de 1999Portal MJ/MRE

Cooperação

JudicialBrasil-França

Tratado sobre

Cooperação

Judiciária em

Matéria Penal,

entre a Repú-

blica Federa-

tiva do Brasil

e a República

Italiana

Decreto nº 862,

de 9 de julho

de 1993

12 de julho de

1993Portal MJ/MRE

Cooperação

JudicialBrasil-Itália

Acordo de

Assistência

Jurídica em

Matéria Penal

entre o Gover-

no da Repúbli-

ca Federativa

do Brasil e o

Governo da

República do

Peru

Decreto nº

3.988, de 29

de outubro de

2001

30 de outubro

de 2001Portal MJ/MRE

Cooperação

JudicialBrasil-Peru

68

Ato Internacional (Ementa)

Promulgação do Presidente da República

Entrada em vigor no Brasil

Acesso à Informação

Matéria Atores/País

Tratado de Au-

xílio Mútuo em

Matéria Penal

entre o Gover-

no da Repúbli-

ca Portuguesa

e o Governo

da República

Federativa do

Brasil

Decreto nº

1.320, de 30 de

novembro de

1994

1 de dezembro

de 1994Portal MJ/MRE

Cooperação

JudicialBrasil-Portugal

Tratado entre

a República

Federativa

do Brasil e a

República da

Coréia sobre

Assistência

Jurídica Mútua

em Matéria

Penal

Decreto nº

5.721, de 13

de março de

2006

14 de maio de

2006Portal MJ/MRE

Cooperação

Judicial

Brasil-Repúbli-

ca da Coreia

Tratado de

Assistência Mú-

tua em Matéria

Penal entre

o Governo

da República

Federativa

do Brasil e o

Governo do

Canadá

Decreto nº

6.747, de 22

de janeiro de

2009

23 de janeiro

de 2009Portal MJ/MRE

Cooperação

JudicialBrasil-Canadá

Tratado de

Cooperação

Jurídica em

Matéria Penal

entre a Repú-

blica Federati-

va do Brasil e a

Confederação

Suíça

Decreto nº

6.974, de 7 de

outubro de

2009

8 de outubro

de 2009Portal MJ/MRE

Cooperação

JudicialBrasil-Suíça

69

2.3 DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

A pesquisa sobre os Tratados Inter-

nacionais que impactam o processo do

trabalho brasileiro baseou-se em cinco

fontes: Portal do Ministério das Rela-

ções Exteriores, Portal do Ministério da

Justiça, Convenções da Organização In-

ternacional do Trabalho, bibliografia so-

bre processo do trabalho e tratados do

Mercosul. No total, foram encontrados 40

(quarenta) Tratados Internacionais com

dispositivos relacionados à processualís-

tica laboral.

Na pesquisa realizada no Portal do

Ministério das Relações Exteriores, foram

utilizadas palavras-chave na página virtu-

al do Sistema de Atos Internacionais. Os

termos “trabalho”, “trabalhista”, “laboral”,

“processo do trabalho” e “processo labo-

ral”. Os Tratados localizados no sistema

foram de grande variedade temática, não

sendo possível encontrar disposições so-

bre processo do trabalho. Em suma, o nú-

mero altíssimo de Tratados Internacionais

apresentados pelo sistema tornou absolu-

tamente improdutiva a seleção.

No Portal do Ministério da Justiça, fo-

ram selecionados Tratados sobre matéria

cível que contém dispositivos que afetem

o processo do trabalho. Em sua maioria,

são Tratados bilaterais sobre Cooperação

Judiciária e Assistência Jurídica Gratuita e

Convenções celebradas no âmbito da Or-

ganização dos Estados Americanos (OEA)

a respeito de cartas rogatórias, sentenças

arbitrais, regime legal de procurações, di-

reito internacional privado e prova acerca

do direito estrangeiro. Não há, portanto,

Tratados específicos sobre processo do

trabalho entre aqueles disponíveis no Por-

tal do Ministério da Justiça.

70

71

As Convenções da Organização Inter-

nacional do Trabalho também serviram de

fonte para a composição do banco de tra-tados. Estudaram-se todas as 80 (oitenta)

Convenções da OIT – vigentes no Brasil –

com a exclusão daquelas ratificadas que fo-

ram denunciadas posteriormente.

Por serem diplomas compostos na

sua quase totalidade por normas de direi-

to material, em apenas 10 (dez) Conven-

ções da OIT foram encontrados preceitos

de cariz processual. Os temas dessas con-

venções são dos mais variados, tais como

proteção do salário (nº 95), trabalhadores

migrantes (nº 97), férias remuneradas (nº

132), proteção de representantes de tra-

balhadores (nº 135), trabalho portuário (nº

137), promoção do emprego e combate ao

desemprego (nº 168) e direitos das popu-

lações indígenas (nº 169).

Na bibliografia sobre direito proces-

sual do trabalho, Arnaldo Sussekind indica

o Tratado de Itaipu. Os Tratados de Itaipu

relacionam-se especificamente à Usina de

Itaipu, empresa binacional construída pelo

Brasil e o Paraguai em parceria. Assim, a

temática da resolução de conflitos traba-

lhistas, no âmbito da Itaipu, apresenta pre-

ceitos especiais para a sua solução.

Quanto aos Tratados no âmbito do

Mercosul, foram elencados seis diplomas re-

gionais. Os temas envolvidos são diversos,

tais como Cooperação e Assistência Jurisdi-

cional, Justiça Gratuita e Assistência Jurídi-

ca Gratuita, Medidas Cautelares e o próprio

tratado constitutivo do bloco, o Tratado de

Assunção, de 1991.

Por fim, foram utilizadas 05 (cinco)

fontes para mapear os Tratados Internacio-

nais que impactam o processo do trabalho.

São elas: Portal do Ministério das Relações

Exteriores, Portal do Ministério da Justiça,

Convenções da Organização Internacio-

nal do Trabalho, bibliografia sobre proces-

so do trabalho e Tratados do Mercosul. Os

Tratados Internacionais selecionados foram

firmados no âmbito da Organização dos

Estados Americanos, do Mercosul, da Orga-

nização Internacional do Trabalho e da Or-

ganização das Nações Unidas, além de Tra-

tados bilaterais com diversos países. Em sua

maior parte, os documentos internacionais

localizados buscam conferir celeridade aos

atos processuais no cenário internacional,

bem como a garantia dos direitos trabalhis-

tas por meio do processo.

72

2.3.1 Dos Tratados de Matéria Processual do Trabalho quanto ao Ano de Celebração, à En-

trada em Vigor Internacionalmente, à Assinatura pelo Brasil, à Aprovação no Congresso

Nacional e à Ratificação

Ato Internacional (Ementa)

Data da Celebração

Entrada em Vigor Interna-cionalmente

Assinatura pelo Brasil

Aprovação no Congresso

NacionalRatificação

Protocolo de

Cooperação

e Assistência

Jurisdicional

em Matéria Ci-

vil, Comercial,

Trabalhista e

Administrativa

(Protocolo de

Las Lenas)

27/06/1992 17/03/1996 27/06/1992

19/04/1995

(Decreto Le-

gislativo nº 55

de 19/04/1995)

16/02/1996

Protocolo de

Medidas Cau-

telares (Proto-

colo de Ouro

Preto)

16/12/1994 16/12/1994

15/12/1995

(Decreto Le-

gislativo nº 192

de 15/12/1995)

18/03/1997

Acordo de

Cooperação

e Assistência

Jurisdicional

em matéria

civil, comercial,

trabalhista, e

administra-

tiva entre os

Estados-Partes

do MERCOSUL

e a República

da Bolívia e a

República do

Chile

05/07/2002 05/07/2002

24/11/2005

(Decreto

Legislativo

nº 1.021 de

24/11/2005)

28/03/2006

Convenção

Interamericana

sobre Prova

e Informação

acerca do

Direito Estran-

geiro

08/05/1979 08/05/1979

10/04/1995

(Decreto Legis-

lativo nº 46 de

10/04/1995)

27/11/1995

73

Ato Internacional (Ementa)

Data da Celebração

Entrada em Vigor Interna-cionalmente

Assinatura pelo Brasil

Aprovação no Congresso

NacionalRatificação

Convenção

Americana

sobre Direitos

Humanos

22/11/1969 18/07/1978 25/09/1992

25/09/1992

(Decreto Legis-

lativo nº 27 de

25/09/1992)

25/09/1992

Acordo sobre

o Benefício da

Justiça Gratui-

ta e a Assis-

tência Jurídica

Gratuita entre

os Estados Par-

tes do MERCO-

SUL, a Repúbli-

ca da Bolívia e

a República do

Chile

15/12/2000 39324 15/12/2000

15/07/2006

(Decreto Legis-

lativo nº 292 de

12/06/2006)

Acordo de Co-

operação em

Matéria Civil

entre o Gover-

no da Repúbli-

ca Federativa

do Brasil e o

Governo da

República

Francesa

28/05/1996 01/10/2000 28/05/1996

03/08/2000

(Decreto Legis-

lativo nº 163 de

03/08/2000)

Convenção de

Cooperação

Judiciária em

Matéria Civil,

Comercial,

Trabalhista e

Administrativa

entre o Gover-

no da Repúbli-

ca Federativa

do Brasil e o

Governo da

República

Francesa

30/01/1981 31080 30/01/1981

31/08/1984

(Decreto Le-

gislativo nº 38

de 31/08/1984)

74

Ato Internacional (Ementa)

Data da Celebração

Entrada em Vigor Interna-cionalmente

Assinatura pelo Brasil

Aprovação no Congresso

NacionalRatificação

Convênio de

Cooperação

Judiciária em

Matéria Civil,

entre o Gover-

no da Repúbli-

ca Federativa

do Brasil e o

Reino da Espa-

nha

13/04/1989 31/07/1991 13/04/1989

16/10/1990

(Decreto Le-

gislativo nº 31

de 16/10/1990)

Convenção so-

bre Assistência

Judiciária Gra-

tuita, firmada

entre o Brasil e

a Bélgica

10/01/1955 10/01/1955

07/02/1957

(Decreto Le-

gislatovo nº 1

de 07/02/1957)

26/02/1957

Tratado Relati-

vo à Coopera-

ção Judiciária

e ao Reconhe-

cimento e Exe-

cução de Sen-

tenças em

Matéria Civil,

entre Brasil e

Italia

17/10/1989 01/06/1995 17/10/1989

20/11/1992

(Decreto Le-

gislativo nº 78

de 20/11/1992)

Convenção so-

bre Assistência

Judiciária Gra-

tuita entre a

República dos

Estados Uni-

dos do Brasil e

a República de

Portugal

09/08/1960 23309 09/08/1960

25/10/1963

(Decreto Le-

gislativo nº 26

de 25/10/1963)

Convenção

sobre Assistên-

cia Judiciária

Gratuita Brasil

e Países Baixos

16/03/1959 30/04/1964 16/03/1959

1963 (Decreto

Legislativo nº

23 de 1963)

30/03/1964

Tratado de

Assunção26/03/1991 26/11/1991

25/09/1991

(Decreto Le-

gislativo nº 197

de 25/09/1991)

30/10/1991

75

Ato Internacional (Ementa)

Data da Celebração

Entrada em Vigor Interna-cionalmente

Assinatura pelo Brasil

Aprovação no Congresso

NacionalRatificação

Tratado de

Itaipu26/04/1973 13/08/1973 26/04/1973

30/05/1973

(Decreto Legis-

lativo nº 23 de

30/05/1973)

13/08/1973

Protocolo

sobre Relações

de Trabalho

e Previdência

Social Brasil -

Paraguai

11/02/1974 27249 11/02/1974

14/05/1974

(Decreto Le-

gislativo nº 40

de 14/05/1974)

06/06/1974

Convenção nº

95 da OIT01/07/1949 24/09/1952

29/05/1956

(Decreto Legis-

lativo nº 24 de

29/05/1956)

25/04/1957

Convenção nº

97 da OIT01/07/1949 19015

1965 (Decreto

Legislativo nº

20 de 1965)

18/06/1965

Convenção nº

99 da OIT28/06/1951 23/08/1953

29/05/1956

(Decreto Legis-

lativo nº 24 de

29/05/1956)

25/04/1957

Convenção nº

132 da OIT24/06/1970 26845

23/09/1981

(Decreto Le-

gislativo nº 47

de 23/09/1981)

23/09/1998

Convenção nº

135 da OIT23/06/1971 30/06/1973

14/12/1989

(Decreto Le-

gislativo nº 86

de 14/12/1989)

18/05/1990

Convenção nº

137 da OIT25/06/1973 27569

22/12/1993

(Decreto Le-

gislativo nº 29

de 22/12/1993)

12/08/1994

Convenção nº

145 da OIT28/10/1976 03/05/1979

31/10/1989

(Decreto Le-

gislativo nº 66

de 31/10/1989)

18/05/1990

Convenção nº

146 da OIT13/10/1976

27/11/1990

(Decreto Le-

gislativo nº 48

de 27/11/1990)

24/09/1998

76

Ato Internacional (Ementa)

Data da Celebração

Entrada em Vigor Interna-cionalmente

Assinatura pelo Brasil

Aprovação no Congresso

NacionalRatificação

Convenção nº

168 da OIT21/06/1988 17/10/1991

10/12/1992

(Decreto Le-

gislativo nº 89

de 10/12/1992)

24/03/1993

Convenção nº

169 da OIT27/06/1989 33486

20/06/2002

(Decreto Legis-

lativo nº 143 de

20/06/2002)

25/07/2002

Convenção

Interamericana

sobre Cartas

Rogatórias

30/01/1975 16/01/1976

19/04/1995

(Decreto Le-

gislativo nº 61,

de 19/04/1995)

27/11/1995

Protocolo

Adicional à

Convenção

Interamericana

sobre Cartas

Rogatórias

08/05/1979 29387

19/04/1995

(Decreto Le-

gislativo nº 61,

de 19/04/1995)

27/11/1995

Convenção

sobre o Reco-

nhecimento e

a Execução de

Sentenças Ar-

bitrais Estran-

geiras

10/06/1958 07/06/1959 25/04/2002

(Decreto nº 52)

Convenção

Interamericana

sobre o Regi-

me Legal das

Procurações

para serem

utilizadas no

Exterior

30/01/1975

07/02/1994

(Decreto Legis-

lativo nº 4 de

07/02/1994)

03/05/1994

Convenção

Interamericana

sobre Normas

Gerais de Direi-

to Internacio-

nal Privado

08/05/1979 10/06/1981

04/04/1995

(Decreto Legis-

lativo nº 36 de

04/04/1995)

27/11/1995

77

Ato Internacional (Ementa)

Data da Celebração

Entrada em Vigor Interna-cionalmente

Assinatura pelo Brasil

Aprovação no Congresso

NacionalRatificação

Convenção

Interamericana

sobre Eficácia

Extraterritorial

das Sentenças

e Laudos Arbi-

trais Estrangei-

ros

08/05/1979 29386

20/06/1995

(Decreto Legis-

lativo nº 93 de

20/06/1995)

27/11/1995

Protocolo de

Olivos para

a Solução de

Controvérsias

no Mercosul

18/02/2002 01/01/2004 18/02/2002

14/10/2003

(Decreto Legis-

lativo nº 712 de

14/10/2003)

02/12/2003

Convenção

sobre Assistên-

cia Judiciária

Gratuita

15/11/1961 24996 15/11/1961

1964 (Decreto

Legislativo nº

53 de 1964)

Acordo de

Cooperação

Judiciária em

Matéria Civil,

Comercial,

Trabalhista e

Administrativa

20/08/1991 20/08/1991

10/04/1995

(Decreto Legis-

lativo nº 47 de

10/04/1995)

Acordo para a

Execução de

Cartas Roga-

tórias

22/12/1879

Acordo sobre

Cartas Rogató-

rias (Troca de

Notas)

10/02/1970 10/02/1970

Acordo de

Cooperação

Judiciária em

Matéria Civil,

Comercial,

Trabalhista e

Administrativa

28/12/1992 28/12/1992

09/05/1995

(Decreto Legis-

lativo nº 77 de

09/05/1995)

78

Ato Internacional (Ementa)

Data da Celebração

Entrada em Vigor Interna-cionalmente

Assinatura pelo Brasil

Aprovação no Congresso

NacionalRatificação

Acordo de As-

sistência Jurídi-

ca entre Brasil

e Japão (Troca

de Cartas)

Pacto Interna-

cional sobre

Direitos Civis e

Políticos

16/12/1966 16/12/1966

16/12/1991 (De-

creto Legisla-

tivo nº 226 de

16/12/1991)

24/01/1992

2.3.2 Dos Tratados de Matéria Processual Penal quanto à Promulgação do Presidente da

República, à Entrada em Vigor no Brasil, ao Acesso à Informação, à Matéria e aos Atores

Ato Internacional (Ementa)

Promulgação pelo

Presidente da República

Entrada em Vigor no Brasil

Acesso à Informação

Matéria Atores/País

Protocolo de

Cooperação

e Assistência

Jurisdicional

em Matéria Ci-

vil, Comercial,

Trabalhista e

Administrativa

(Protocolo de

Las Lenas)

Decreto nº

2.067 de

12/11/1996

17/03/1996 Portal MJ

Cooperação

e Assistência

Jurisdicional

em Matéria Ci-

vil, Comercial,

Trabalhista e

Administrativa

MERCOSUL

Protocolo de

Medidas Cau-

telares (Proto-

colo de Ouro

Preto)

Decreto nº

2.626 de

15/06/1998

18/04/1997 Portal MJMedidas Cau-

telaresMERCOSUL

79

Ato Internacional (Ementa)

Promulgação pelo

Presidente da República

Entrada em Vigor no Brasil

Acesso à Informação

Matéria Atores/País

Acordo de

Cooperação

e Assistência

Jurisdicional

em matéria

civil, comercial,

trabalhista, e

administra-

tiva entre os

Estados-Partes

do MERCOSUL

e a República

da Bolívia e a

República do

Chile

Decreto nº

6.891 de

02/07/2009

08/02/2008 Portal MJ

Cooperação

e Assistência

Jurisdicional

em Matéria Ci-

vil, Comercial,

Trabalhista e

Administrativa

MERCOSUL,

República da

Bolivia e Repú-

blica do Chile

Convenção

Interamericana

sobre Prova

e Informação

acerca do

Direito Estran-

geiro

Decreto nº

1.925 de

10/06/1996

26/12/1995 Portal MJ

Prova e Infor-

mação acerca

do Direito

Estrangeiro

OEA

Convenção

Americana

sobre Direitos

Humanos

Decreto nº 678

de 06/11/199225/09/1992

Site da Pre-

sidência da

República

Direitos Huma-

nosOEA

Acordo sobre

o Benefício da

Justiça Gratui-

ta e a Assis-

tência Jurídica

Gratuita entre

os Estados Par-

tes do MERCO-

SUL, a Repúbli-

ca da Bolívia e

a República do

Chile

Decreto nº

6.679 de

08/12/2008

08/12/2008 Portal MJ

Justiça Gratui-

ta e a Assis-

tência Jurídica

Gratuita (art.

14 - matéria

trabalhista)

MERCOSUL

80

Ato Internacional (Ementa)

Promulgação pelo

Presidente da República

Entrada em Vigor no Brasil

Acesso à Informação

Matéria Atores/País

Acordo de Co-

operação em

Matéria Civil

entre o Gover-

no da Repúbli-

ca Federativa

do Brasil e o

Governo da

República

Francesa

Decreto nº

3.598 de

12/09/2000

01/10/2000 Portal MJ

Cooperação

em Matéria

Civil (compre-

ende direito

trabalhista,

conforme art.

1,1)

Brasil - França

Convenção de

Cooperação

Judiciária em

Matéria Civil,

Comercial,

Trabalhista e

Administrativa

entre o Gover-

no da Repúbli-

ca Federativa

do Brasil e o

Governo da

República

Francesa

Decreto nº

91.207 de

29/04/1985

02/02/1985

Site da Pre-

sidência da

República

Cooperação

Judiciária em

Matéria Civil,

Comercial,

Trabalhista e

Administrativa

Brasil - França

Convênio de

Cooperação

Judiciária em

Matéria Civil,

entre o Gover-

no da Repúbli-

ca Federativa

do Brasil e o

Reino da Espa-

nha

Decreto nº 166

de 03/07/199131/07/1991 Portal MJ

Cooperação

Judiciária em

Matéria Civil

Brasil - Espa-

nha

Convenção so-

bre Assistência

Judiciária Gra-

tuita, firmada

entre o Brasil e

a Bélgica

Decreto nº

41.908 de

29/07/1957

29/07/1957 Portal MJ

Assistência

Judiciária Gra-

tuita

Brasil - Bélgica

81

Ato Internacional (Ementa)

Promulgação pelo

Presidente da República

Entrada em Vigor no Brasil

Acesso à Informação

Matéria Atores/País

Tratado Relati-

vo à Coopera-

ção Judiciária

e ao Reconhe-

cimento e Exe-

cução de Sen-

tenças em

Matéria Civil,

entre Brasil e

Italia

Decreto nº

1.476 de

02/05/1995

01/06/1995 Portal MJ

Cooperação

Judiciária e

ao Reconhe-

cimento e

Execução de

Sentenças em

Matéria Civil

Brasil - Italia

Convenção so-

bre Assistência

Judiciária Gra-

tuita entre a

República dos

Estados Uni-

dos do Brasil e

a República de

Portugal

25/10/1963 Portal MJ

Assistência

Judiciária Gra-

tuita

Brasil - Portu-

gal

Convenção

sobre Assistên-

cia Judiciária

Gratuita Brasil

e Países Baixos

Decreto nº

53.923 de

20/05/1964

30/04/1964 Portal MJ

Assistência

Judiciária Gra-

tuita

Brasil - Países

Baixos

Tratado de

Assunção

Decreto nº 350

de 21/11/199129/11/1991 Portal MJ

Tratado Cons-

titutivo do

MERCOSUL

MERCOSUL

Tratado de

Itaipu

Decreto nº

72.707 de

28/08/1973

13/08/1973 Site da Itaipu ITAIPUBrasil - Para-

guai

Protocolo

sobre Relações

de Trabalho

e Previdência

Social Brasil -

Paraguai

Decreto nº

74.431 de

19/08/1974

08/08/1974 Site da Itaipu ITAIPUBrasil - Para-

guai

Convenção nº

95 da OIT

Decreto nº

41.721 de

25/06/1957

25/04/1958 Portal da OITProteção do

SalárioOIT

Convenção nº

97 da OIT

Decreto nº

58.819 de

14/07/1966

18/06/1966 Portal da OITTrabalhadores

MigrantesOIT

82

Ato Internacional (Ementa)

Promulgação pelo

Presidente da República

Entrada em Vigor no Brasil

Acesso à Informação

Matéria Atores/País

Convenção nº

99 da OIT

Decreto nº

41.721 de

25/06/1957

25/04/1958 Portal da OITSalário Mínimo

na AgriculturaOIT

Convenção nº

132 da OIT

Decreto nº

3.197 de

05/10/1999

23/09/1999 Portal da OITFérias Remu-

neradasOIT

Convenção nº

135 da OIT

Decreto nº 131

de 22/05/199118/05/1991 Portal da OIT

Proteção de

Representan-

tes de Traba-

lhadores

OIT

Convenção nº

137 da OIT

Decreto

nº 1.574 de

31/06/1995

12/08/1995 Portal da OITTrabalho Por-

tuárioOIT

Convenção nº

145 da OIT

Decreto nº 128

de 22/05/199118/05/1991 Portal da OIT

Continuidade

no Emprego

Marítimo

OIT

Convenção nº

146 da OIT

Decreto nº

3.168 de

14/09/1999

24/09/1999 Portal da OITFérias Anuais

dos MarítimosOIT

Convenção nº

168 da OIT

Decreto nº

2.682 de

22/07/1998

24/03/1994 Portal da OIT

Promoção do

Emprego e

Proteção con-

tra o Desem-

prego

OIT

Convenção nº

169 da OIT

Decreto nº

5.501 de

19/04/2004

25/07/2003 Portal da OIT

Direitos das

Populações

Indígenas

OIT

Convenção

Interamericana

sobre Cartas

Rogatórias

Decreto

nº 1899 de

09/05/1996

27/12/1995 Portal MJCartas Roga-

tóriasOEA

Protocolo

Adicional à

Convenção

Interamericana

sobre Cartas

Rogatórias

Decreto nº

2.022 de

07/10/1996

27/12/1995 Portal MJCartas Roga-

tóriasOEA

83

Ato Internacional (Ementa)

Promulgação pelo

Presidente da República

Entrada em Vigor no Brasil

Acesso à Informação

Matéria Atores/País

Convenção

sobre o Reco-

nhecimento e

a Execução de

Sentenças Ar-

bitrais Estran-

geiras

Decreto

nº 4.311 de

23/07/2002

Presidência da

RepúblicaArbitragem ONU

Convenção

Interamericana

sobre o Regi-

me Legal das

Procurações

para serem

utilizadas no

Exterior

Decreto

nº 1.213 de

03/08/1994

01/06/1994Presidência da

RepúblicaProcurações OEA

Convenção

Interamericana

sobre Normas

Gerais de Direi-

to Internacio-

nal Privado

Decreto nº

1.979 de

09/08/1996

27/12/1995Presidência da

República

Direito Interna-

cional PrivadoOEA

Convenção

Interamericana

sobre Eficácia

Extraterritorial

das Sentenças

e Laudos Arbi-

trais Estrangei-

ros

Decreto

nº 2.411 de

02/12/1997

27/12/1995Presidência da

RepúblicaArbitragem OEA

Protocolo de

Olivos para

a Solução de

Controvérsias

no Mercosul

Decreto nº

4.982 de

09/02/2004

01/01/2004Presidência da

República

Solução de

ControvérsiasMERCOSUL

Convenção

sobre Assistên-

cia Judiciária

Gratuita

Decreto nº

62.978 de

11/06/1968

07/06/1968 Portal MJ

Assistência

Judiciária Gra-

tuita

Brasil - Argen-

tina

84

Ato Internacional (Ementa)

Promulgação pelo

Presidente da República

Entrada em Vigor no Brasil

Acesso à Informação

Matéria Atores/País

Acordo de

Cooperação

Judiciária em

Matéria Civil,

Comercial,

Trabalhista e

Administrativa

Decreto nº

1.560 de

18/07/1995

18/05/1995Presidência da

República

Cooperação

Judiciária em

Matéria Civil,

Comercial,

Trabalhista e

Administrativa

Brasil - Argen-

tina

Acordo para a

Execução de

Cartas Roga-

tórias

Decreto nº

7.857 de

15/10/1880

Portal MJCartas Roga-

tóriasBrasil - Bolívia

Acordo sobre

Cartas Rogató-

rias (Troca de

Notas)

Nota Diplo-

mática nº 24,

de 10/02/1970

(BRASIL);

Nota nº 00841

(CHILE)

10/02/1970 Portal MJCartas Roga-

tóriasBrasil - Chile

Acordo de

Cooperação

Judiciária em

Matéria Civil,

Comercial,

Trabalhista e

Administrativa

Decreto nº

1.850 de

10/04/1996

09/02/1996Presidência da

República

Cooperação

Judiciária em

Matéria Civil,

Comercial,

Trabalhista e

Administrativa

Brasil - Uruguai

Acordo de As-

sistência Jurídi-

ca entre Brasil

e Japão (Troca

de Cartas)

Portal MJ

Cooperação

Judiciária em

matéria Civil

Brasil - Japão

Pacto Interna-

cional sobre

Direitos Civis e

Políticos

Decreto nº 592

de 06/07/199224/04/1992

Presidência da

RepúblicaDireitos Civis ONU

85

Diante de todos os dados apresenta-

dos no mapeamento dos Tratados Interna-

cionais em matéria processual civil, penal

e trabalhista, ratificados pelo Brasil, cujas

disposições impactam o sistema proces-

sual brasileiro, importante tecer conside-

rações – ainda que prévias – sobre a iden-

tificação dos obstáculos já apontados no

decorrer da pesquisa.

Como verificado nas tabelas constru-

ídas, uma das principais dificuldades para

a pesquisa foi à coleta de dados em geral.

Dito de outro modo, seja em matéria pro-

cessual civil, penal ou trabalhista, o grupo

encontrou dificuldades para poder realizar

o mapeamento proposto no Eixo Um (01)

do trabalho.

Convém salientar que as tabelas pro-

postas no Eixo Um (01) buscam demonstrar

o lapso temporal para que um Tratado seja

incorporado no sistema jurídico brasileiro,

determinando suas etapas, procedimentos,

órgãos, datas de entrada em vigor e acesso

à informação. Esse banco de dados produzi-

do reflete algumas considerações já aponta-

das, mas que devem ser repisadas, visando

uma ponderação para a pesquisa e seus pró-

ximos passos.

A primeira diz respeito ao acesso à

informação. Há que ser dito que o acesso

aos dados é, no mínimo, trabalhoso para o

pesquisador, constituindo-se prova disso:

para que os dados das tabelas restassem

completos, as informações foram coletadas

não somente nos sites oficiais do governo

brasileiro – que deveriam ser a base para a

pesquisa ou acesso a informação. Os sites

do Ministério da Justiça (MJ) e site do Mi-

nistério das Relações Exteriores (MRE), em

alguns casos, não apresentam dados sufi-

cientes, desvelando a grande precariedade

2.4 - IDENTIFICAÇÃO DOS OBSTÁCULOS À INTERNALIZAÇÃO DOS

TRATADOS INTERNACIONAIS NO BRASIL

no sistema de acesso à informação quanto

aos Tratados Internacionais no Brasil.

Em segundo lugar, dos dados que fo-

ram coletados, o mais importante a ser ana-

lisado é o tempo de tramitação dos trata-

dos, de sua assinatura por parte do Brasil e

sua entrada em vigência no país. Para que

esses tratados tenham vigência no territó-

rio nacional, na medida em que o Brasil faz

opção por um sistema de incorporação dos

Tratados Internacionais mais complexo,

o tempo de incorporação, levando em

consideração todos os Tratados analisados

– ao final foram analisados 168 (cento e ses-

senta e oito Tratados Internacionais) – apre-

sentam uma média de 5, 74 (cinco anos e

sete meses) para serem incorporados como

fonte de direito no Brasil.

Nesse sentido, dentro das duas cons-

tatações empreendidas, pode-se dizer que

não se pode exigir o conhecimento dessas

fontes, por parte dos operadores do direito,

se as fontes de consulta não são harmoniza-

das, muito menos completas. Da mesma for-

ma, o tempo de tramitação desses Tratados

leva à conclusão de que o Brasil, ao buscar

a efetivação dos mesmos, seja nas matérias

de cunho eminentemente processual ou nas

garantias gerais da proteção da pessoa hu-

mana, encontra, nesse processo lento de

incorporação, graves dificuldades de imple-

mentação, como reais fontes de legitimação

e de aplicação do Direito.

2.5 ANÁLISE DOS IMPACTOS DOS TRATA-

DOS INTERNACIONAIS NO SISTEMA PRO-

CESSUAL BRASILEIRO

A fase de construção do projeto de

pesquisa foram subdivididas em 07 (sete)

86

eixos teórico-pragmáticos, de onde re-

sulta o seu objetivo principal, qual seja, a

verificação do impacto dos Tratados Inter-

nacionais no sistema processual brasilei-

ro. Estes 07 (sete) eixos constituem o fio

condutor da pesquisa, sendo que todos,

obrigatoriamente, com vistas ao resultado

final desejado, dependem da constituição

sucessiva dos outros.

Este primeiro Eixo de pesquisa sobre

o mapeamento dos Tratados Internacio-

nais ratificados pelo Brasil, cujas disposi-

ções impactam o sistema processual bra-

sileiro (Eixo surge como ponto basilar de

todo o estudo, tendo em vista que – neste

momento – obtemos as informações so-

bre o número de Tratados Internacionais

em matéria processual civil, penal e traba-

lhista. Além disso, foram confeccionadas

as estatísticas em torno de:

A) Quantidade de Tratados/Acordos

por Matéria;

B) Tratados/Acordos Multilaterais

por Instituição;

C) Classificação Tratados/Acordos de

Matéria Processual;

D) Tempo de Tramitação por Área;

E) Conteúdo dos Tratados;

F) Tratados/Acordos de Matéria

Processual Civil;

G) Tratados/Acordos Multilaterais por

Instituição de Matéria Processual Civil;

H) Conteúdo dos Tratados da Área Cível;

I) Tratados/Acordos de Matéria

Processual Penal;

J) Tratados/Acordos Multilaterais por

Instituição de Matéria Processual Penal;

k) Conteúdo dos Tratados da Área Penal;

L) Tratados/Acordos de Matéria

Processual Trabalhista;

M) Conteúdo dos Tratados da Área

Trabalhista;

N) Tratados/Acordos Multilaterais

por Instituição de Matéria Processual

Trabalhista.

Essa base informativa constituiu o

cerne principal de desenvolvimento do

Eixo I – Do Mapeamento dos Tratados In-

ternacionais Ratificados pelo Brasil cujas

Disposições impactam o Sistema Proces-

sual Brasileiro, bem como dará sustenta-

ção ao desenvolvimento sólido dos Eixos

II – Relação entre as Normas Internacio-

nais e as Normas vigentes no Sistema

Processual Interno; III – Os Dispositivos

contidos nesses Tratados vêm sendo in-

vocados como Fonte de Direito e, conse-

quentemente, gerando impactos na Con-

dução dos Processos Judiciais?; IV – Como

os Operadores do Direito vêm aplicando

esses Dispositivos? Quais as Dificuldades

enfrentadas?; V – Quais as Consequên-

cias do não cumprimento desses Dispo-

sitivos nos Processos Judiciais?; VI – Há

Esforços desenvolvidos no Sentido de dar

maior Efetividade Interna aos Dispositi-

vos desses Tratados?; VII – Levantamento

de Estratégias a serem adotadas para

dar Efetividade, no Sistema Processual

Brasileiro, aos Tratados Internacionais Ra-

tificados pelo Brasil.

O desenvolvimento dos próximos Ei-

xos possibilitará um maior esclarecimento

acerca dos reais impactos dos Tratados In-

ternacionais no sistema processual brasi-

leiro. Para este primeiro momento da pes-

quisa, o recurso à construção de uma base

de dados – mapeamento dos tratados – já

constitui etapa essencial à consecução dos

demais objetivos, sempre em consonância

ao escopo final de levantar estratégias para

dar efetividade, no sistema processual brasi-

leiro, aos Tratados Internacionais e, por con-

seguinte, implicando no acesso à justiça e

ao fortalecimento dos mecanismos de aces-

87

so à informação nas instituições jurídicas e

judiciárias em nosso país.

Num olhar prévio, pode-se obser-

var que a dificuldade no acesso às infor-

mações constitui um impacto negativo

(omissão), tanto no (des)conhecimento

do sistema processual brasileiro – difi-

culdade de mapeamento dos Tratados –,

bem como um impacto positivo (ativo) na

verificação das reais interferências destes

Tratados Internacionais no sistema pro-

cessual brasileiro, civil, penal e trabalhis-

ta, seja em termos de legitimação/funda-

mentação legislativa, como no que tange

à aplicação/interpretação do Direito pe-

los Tribunais.

2.6 CONCLUSÕES DO EIXO 1

O banco de dados produzido apresen-

ta os procedimentos e as etapas de ratifi-

cação dos Tratados Internacionais firmados

pelo Brasil, chegando aos dados apresenta-

dos, de forma substancial e eficiente, como

se depreende das tabelas e dos gráficos

apresentados no Item 3; portanto, cumprin-

do o primeiro objetivo do Eixo I do Projeto

de Pesquisa;

Diante desse mapeamento dos Tra-

tados Internacionais, ficou patente, diante

da explicação apresentada no Item 2 do

Relatório, que o Brasil faz uma opção por

um sistema mais sofisticado de incorpora-

ção dos Tratados Internacionais, que leva

a uma apresentação de dados mais com-

plexa, visto que o sistema de incorporação

de Tratados Internacionais no Brasil apre-

senta cinco fases – determinadas e distin-

tas. As tabelas do Item 3 do relatório e os

gráficos apresentados são a amostra do

argumento apresentado.

Fica demonstrado por meio dos Itens

2 e 3 – apresentação dos procedimentos

de internalização e mapeamento dos Tra-

tados Internacionais – que a identificação

dos obstáculos à internalização dos do-

cumentos jurídicos internacionais dizem

respeito – neste primeiro momento da

pesquisa – ao tempo de tramitação e ao

acesso às informações. Com efeito, isso

responde o segundo objetivo do Eixo I do

trabalho, ao se identificar as dificuldades

e os obstáculos à tramitação dos Tratados

Internacionais no Brasil;

Do mapeamento realizado, vê-se que

as estatísticas apresentadas quanto ao

conteúdo e aos procedimentos foram de-

terminadas de forma preliminar: o tempo

de tramitação prolongado desses trata-

dos para sua internalização como norma

vigente no Brasil, aliado à dificuldade no

acesso às informações, constitui um im-

pacto negativo (omissivo), pois consiste

na principal dificuldade de conhecimento

da existência desses Tratados Internacio-

nais. Contudo, paradoxalmente, consiste

em um dado positivo (ativo), pois, dessa

maneira, a pesquisa atinge seu objetivo ao

verificar que, por mais que haja disposi-

ções de diversos Tratados Internacionais,

que impactam no sistema processual bra-

sileiro, este não é utilizado devidamente,

pois o acesso à informação é confuso e in-

completo. Dessa forma, a sua utilização in-

completa e confusa dificulta e obstaculiza

o acesso à justiça;

Diante disso, do concluído anterior-

mente, pode-se dizer que os objetivos do

Eixo I foram respondidos em sua totalida-

de, compreendendo os seus 04 (quatro)

objetivos principais, ou seja, produzindo

um Banco de Dados (Item 3), identifican-

do os obstáculos à internalização desses

Tratados Internacionais (Item 2), mape-

ando os Tratados Internacionais (Item 3),

analisando o mapeamento dos Tratados

Internacionais ratificados pelo Brasil e

seus impactos no sistema processual bra-

sileiro, em matéria civil, penal e trabalhista

(item 4 e 5).

88

Para o desenvolvimento do eixo 2 da

presente pesquisa, levando em considera-

ção os dados apontados no eixo 1 e, dando

segmento coerente às proposições do Proje-

to e as considerações da consultoria acadê-

mica externa realizada pela Profª. Drª. Deisy

de Freitas Lima Ventura e aprovadas pela

comissão de avaliação do projeto, foram

agregados alguns Tratados Internacionais

firmados pelo Brasil em matéria de direitos

humanos relacionados ao direito material e

não apenas ao direito processual e que, de

todo o modo, pudessem causar impacto no

direito processual brasileiro.

Seguindo essa mesma metodologia,

como já apontado, de separação em maté-

rias cível, penal e trabalhista, para a parte

cível os novos marcos normativos interna-

cionais selecionados foram: a) Convenção

sobre os Direitos das Pessoas com Defici-

ência e; b) Convenção sobre os Direitos da

Criança. No campo penal, os marcos nor-

mativos selecionados foram: a) Conven-

ção Internacional sobre eliminação de to-

das as formas de discriminação racial e; b)

Convenção contra a Tortura e outros Trata-

mentos ou penas cruéis, desumanas e de-

gradantes. Derradeiramente, relativamen-

te à esfera do direito do trabalho a equipe

selecionou os seguintes: a) Convenção

Internacional sobre a Proteção dos Direi-

tos de Todos os Trabalhadores Migrantes e

dos Membros das suas Famílias e; b) Con-

venção 29 e 105 da OIT, a Convenção Su-

plementar sobre Abolição da Escravatura.

A escolha desses marcos normativos,

no seu aspecto geral, decorre da importân-

cia das matérias no contexto global e no

contexto particular do Brasil, seja em ter-

3 EIXO DOIS - RELAÇÃO ENTRE AS NORMAS INTERNACIONAIS E AS NORMAS VIGENTES NO SISTEMA PROCESSUAL INTERNO

mos de ocorrência de violação dos direitos

humanos previstos em tais documentos in-

ternacionais, quanto no que diz respeito à

sua efetividade. Esta deve ser considerada

amplamente, ora visualizada em termos de

políticas públicas existentes, ora quanto à

existência de marcos normativos internos

que reflitam a influência do direito não na-

cional e ora em termos de aplicação, ou seja,

como em relação às mesmas posiciona-se o

sistema de justiça brasileiro.

Ressalta-se que, assim como ocorreu na primeira fase do projeto, aqui também os pesquisadores se depararam com dificulda-des para determinar a exatidão dos dados encontrados no meio virtual, devido, sobre-tudo, à grande divergência de nomenclatura utilizada para referir os Tratados.

A pesquisa foi realizada nos sítios ele-trônicos dos referidos tribunais, utilizando--se o nome do ato internacional e os decretos legislativos e executivos que internalizaram o Tratado como vetores da busca. Usou-se o método por amostragem, dado o imenso universo legislativo e jurisprudencial.

Dadas essas considerações, o presen-te eixo pretende identificar, primeiramen-te, o nível de influência dos marcos nor-mativos internacionais, identificados no Eixo I, na produção de normas do direito processual brasileiro, bem como elaborar um quadro comparativo, tanto na ausência quanto na vigência das relações entre as normas internacionais (Eixo I) e o sistema processual brasileiro, com o intuito de ve-rificar as transformações ocorridas na pro-cessualística brasileira.

Dentro da metodologia, foram realiza-

das pesquisas por amostragem, referente

89

às discussões no Congresso Nacional, em

consulta aos Anais de Discussão/ Debates

Legislativos sobre as referidas matérias con-

cernentes à processualística brasileira. Com

efeito, foram comparados os dispositivos

sobre direito processual dos Tratados Inter-

nacionais e os respectivos dispositivos do-

mésticos a fim de identificar de que maneira

eles produzem efeitos nos institutos proces-

suais brasileiros. Ao final, da comparação,

será produzido um quadro dos Tratados In-

ternacionais sobre cada uma das temáticas

e suas influências no Direito Processual Bra-

sileiro. Para tanto, novamente será utilizado

o critério de classificação material do Eixo 1:

a) matéria geral; b) matéria civil; c) matéria

penal; d) matéria trabalhista, sendo anexa-

dos a cada matéria os respectivos tratados

de Direitos Humanos que tenham influencia

no Direito Processual Brasileiro, recebendo

destaque no topo de cada tabela.

3.1 DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Para as análises propostas no eixo 2,

foram acrescentados dois marcos norma-

tivos internacionais importantes: a) Con-

venção sobre os Direitos das Pessoas com

Deficiência b) Convenção sobre os Direi-

tos da Criança.

Com efeito, dado os limites da pesqui-

sa, a escolha da primeira Convenção justi-

fica-se pelo fato não só da importância do

tema quanto porque foi recentemente inter-

nalizada pelo Brasil obedecendo ao quórum

constitucional que, segundo a jurisprudên-

cia do STF, a situa no mesmo patamar hie-

rárquico das Emendas Constitucionais. Ain-

da, no campo da proteção às pessoas com

deficiência, embora sejam também públicas

e notórias ações afirmativas que os discrimi-

nem positivamente, tal área ainda demanda

políticas públicas mais efetivas e mudança

nas ações dos atores jurídicos. Quanto ao

segundo Tratado, ainda que seja reconheci-

do apresentar o campo específico do direito

das crianças e dos adolescentes, legislação

interna avançada, como o Estatuto da Crian-

ça e do Adolescente, políticas públicas mais

efetivas ainda são necessárias.

Nesta etapa da pesquisa, foram anali-

sados os 38 (trinta e oito) Tratados Interna-

cionais que tratam de temática sobre direito

processual civil elencados no Eixo 1 sob dois

aspectos: se houve atividade legislativa no

direito interno para a afirmação do compro-

misso internacional.

Assim, dá-se prosseguimento ao que

foi prometido originalmente no projeto de

pesquisa, ou seja, será analisada a relação

entre as normas internacionais e as normas

vigentes no sistema processual interno. Os

Tratados que servirão como base para o es-

tudo são aqueles catalogados na parte de

processo civil no Eixo 1.

A fim de atender o Eixo 2, foi realiza-

da uma análise da relação entre as normas

internacionais e as normas vigentes no sis-

tema processual civil. Isto foi feito por meio

da identificação da influência dos Tratados

Internacionais catalogados no Eixo 1 sobre

a produção legislativa brasileira em termos

de processo civil. Foi elaborada uma tabe-

la demonstrando as transformações que os

Tratados Internacionais impuseram ou não

ao processo civil brasileiro.

No Relatório Parcial I, foram cataloga-

dos 38 (trinta e oito) Tratados Internacionais

com dispositivos relacionados à processua-

lística civil. Entretanto, foram identificadas

poucas influências desses Tratados Interna-

cionais, conforme demonstra a tabela que

segue anexa.

Não foram encontradas referências

expressas a Tratados Internacionais que tra-

tassem de processo civil nos Anais da As-

sembleia Nacional Constituinte, conforme o

Diário da Constituinte, segundo os dados do

documento eletrônico disponível online. No

90

entanto, é visível a influência dos Tratados

Internacionais na Constituição. Isso fica es-

pecialmente claro, com a semelhança entre

os muitos Tratados Internacionais e o rol de

direitos e garantias fundamentais da CF/88.

Há uma aproximação da Carta Constitucio-

nal com Convenção Americana de Direitos

Humanos (Pacto de São José da Costa Rica)

sobre o extenso rol das garantias processu-

ais presentes no artigo 5º da CF/88.

Reconhecendo a internacionalização

do direito, o legislador constituinte de 1988

firmou, no art. 5º, § 2º da CF/88, a perme-

abilidade do ordenamento jurídico pátrio

aos Tratados Internacionais em que o Brasil

seja parte. Devido à importância do tema, o

constituinte fez constar de maneira expres-

sa: “Os direitos e garantias expressos nesta

Constituição não excluem outros decorren-

tes do regime e dos princípios por ela adota-

dos, ou dos Tratados Internacionais em que

a República Federativa do Brasil seja parte”.

O constituinte derivado, por sua vez,

foi influenciado no campo processual civil

por Tratados Internacionais. No campo ge-

ral, a criação da antecipação dos efeitos da

tutela no processo civil brasileiro no ano de

1994 e que inseriu o artigo 273 no Código de

Processo Civil e as sucessivas reformas no

sistema de recursos, assim como, mais tar-

de, a inclusão, pela Emenda Constitucional

45/2004, do princípio da razoável duração

do processo no inciso LXXVIII ao artigo 5º

da Constituição Federal de 1988, ao que se

soma a criação da repercussão geral do re-

curso extraordinário, são exemplos de que

o Estado brasileiro, por meio de legislação

constitucional e infraconstitucional, alinhou-

-se às regras protetivas internacionais em

matéria de garantias processuais. Também,

há que ser dito, que os inúmeros marcos nor-

mativos em matéria de cooperação jurisdi-

cional parecem ter ensejado referências mais

pormenorizadas no Projeto de novo CPC, em

trâmite no Congresso Nacional, como consta

no Capítulo II do Título II, na oportunidade

em que cria, pioneiramente, capítulo sobre

cooperação judiciária e sobre auxílio direto

para cumprimento de atos processuais.

Outrossim, no campo específico da

proteção às crianças e adolescentes, per-

cebe-se que o ECA – Estatuto da Criança

e do Adolescente antecipou-se estando

alinhado aos marcos normativos interna-

cionais. Veja-se que o sigilo dos processos

que envolvem tal categoria de pessoas é a

regra, os prazos recursais são encurtados

e ao juiz de primeiro grau é oportunizada

a retratação da sentença.

No que diz respeito às pessoas com

deficiência, a Convenção respectiva pre-

vê em seu artigo 13º a garantia de acesso à

justiça mediante “a provisão de adaptações

processuais e conforme a idade”. Além dis-

so, o Estado deverá promover a capacitação

das pessoas que trabalham na administra-

ção da justiça. Do mesmo modo, percebe-

-se uma influência dos Tratados Internacio-

nais que instituem garantias processuais em

matéria civil, notadamente a Convenção

Americana de Direitos Humanos sobre o

teor da Lei 9.099/95 que instituiu os Juiza-

dos Especiais Cíveis e Criminais, sobre a Lei

10.259/2001 que instituiu os Juizados Es-

peciais Federais, e sobre a Lei 10.741/2003

que institui o Estatuto do Idoso e no Projeto

de Lei 8.046/2010 que expõe o Projeto do

Novo Código de Processo Civil.

Observa-se, também, as inúmeras

modificações no Código de Processo Civil,

levadas a cabo para atender a razoável du-

ração do processo e o acesso à justiça pre-

vistos na Convenção Americana de Direitos

Humanos. Dentre as reformas, destacam-

-se: a criação da fase do cumprimento da

sentença prevista na redação dada ao arti-

go 475 do CPC, dada pela Lei 11.232/2005;

a criação do processo eletrônico pela Lei

11.419/2006, que modificou o artigo 154, §

2º, o artigo 164, § único e o artigo 169, §

91

2º do CPC; a criação da súmula impeditiva

de recursos com a redação dada pela Lei

11.276/2006 ao artigo 518, § 1º do CPC e

a criação da repercussão geral do recurso

extraordinário pela Lei 11.418/2006, que

modificou o artigo 543- A do CPC.

Da análise dos Tratados em matéria

processual civil, verificou-se a existência de

marcos normativos internos em matéria pro-

cessual civil, novos ou parcialmente refor-

mados, para adequar a legislação brasileira à

normativa internacional ou mesmo para dar

maior efetividade aos Tratados Internacio-

nais internalizados. Muito mais poderia ter

sido feito. Contudo há que ser considerado

o tradicional peso do direito interno e da re-

lativa consideração ao direito internacional

por parte dos juristas, o que se deve, ainda,

à pouca permeabilidade do ensino do direi-

to aos elementos “não nacionais”. Entretan-

to, como acima referido, do ponto de vista

das previsões constitucionais, a presença na

Constituição brasileira de um amplo conjun-

to de garantias processuais e, mais tarde,

os acréscimos nessa matéria oportunizados

pela Emenda Constitucional nº 45 de 2004,

são elementos indicadores da influência dos

marcos internacionais na matéria, sobre o

plano interno. Igualmente, a criação de al-

gumas leis infraconstitucionais em matéria

processual civil e a reforma ocorrida em leis

infraconstitucionais indicam essa influência.

No primeiro caso, pode ser reconhecido que

as mudanças no atual Código de Processo

Civil, desde o ano de 1994, indicam a neces-

sidade de simetria entre o sistema de justiça

civil e as previsões, por exemplo, da Con-

venção Americana de Direitos Humanos. No

segundo caso, as leis que criaram os juiza-

dos especiais no Brasil, as regras de nature-

za processual civil presentes no Estatuto do

Idoso comprovam essa influência.

Ainda no que cabe ao impacto dos

1 Em análise comparativa são observadas iniciativas comuns entre a convenção e o ECA, como o direito de filiação, não intervenção do Estado na esfera familiar, excetuando casos de interesse do menor, ambos tratam da adoção, direito à guarda, direito à família substituta, exigência de devido processo legal para retirar o menor da família, liberdade de expressão e de informação da criança, responsabilidade dos pais concomitante ao Estado na formação e desenvolvimento da criança, direito à educação, à cultura, ao lazer, etc.

Tratados Internacionais quanto à matéria ci-

vil, merece destaque a influência específica

da legislação internacional no que se refere

às temáticas que envolvem à proteção das

crianças e das pessoas com deficiência.

Em que pese às medidas internacionais

de proteção à criança, deve-se destacar a

adesão a duas importantes convenções que

dão trato a matéria, sendo elas: a Convenção

Sobre os Direitos da Criança e a Convenção

sobre os Aspectos Civis do Sequestro Inter-

nacional de Crianças. Além destas, mereceu

atenção o Protocolo Facultativo à Conven-

ção sobre os Direitos da Criança, referente à

venda de crianças, à prostituição infantil e à

pornografia infantil.

No que concerne a Convenção sobre

direitos da criança na legislação brasileira,

necessário afirmar que se não diretamen-

te (por trâmite legislativo-processual), mas

indiretamente (pela observação da matéria

vinculada ao tratado ratificado), a principal

lei brasileira referente à proteção da crian-

ça ECA - Estatuto da Criança e do Adoles-

cente - sofre influência da Convenção sobre

os Direitos da Criança da ONU. Embora a

Convenção tenha sido sancionada por De-

creto Presidencial em 21/11/1990 e o ECA

sancionado em 13 de Julho de 1990, existe

uma base principiológica comum entre am-

bas1. Portanto, a demonstração de atenção

do legislador brasileiro com os debates em

torno dos direitos humanos no plano inter-

nacional, por si, já demonstra a inspiração

ou mesmo influência das medidas prote-

tivas consagradas pela ONU. Em vista de

aperfeiçoar o procedimento da adoção in-

ternacional e enquadrá-lo aos ditames da

Convenção sobre os direitos da criança, o

legislativo editou o Decreto nº 3.174, de 16

de Setembro de 1999, designando as au-

toridades essenciais a dar cumprimento às

exigências da mencionada Convenção.

92

3.1.1 Tratados Internacionais de Direitos Humanos em Matéria Civil

Ato Inter-nacional (Ementa)

Atores/Paises

Aprova-ção no

Congresso Nacional

Promulga-ção pelo Presidente da Repú-

blica

Atividade Legislativa sobre o tema

Aplicação STF (em números)

Aplicação STJ (em números)

Convenção

Sobre os

Direitos da

Criança

ONU

26/01/1990

(Decreto Le-

gislativo nº

28, de 1990)

21/11/1990

(Decreto nº

99.710, de 21

de Novem-

bro de 1990)

ECA (Lei nº

8.069, de

13/07/1990);

Decreto nº

3.174, de 16

de Setembro

de 1999

10 docu-

mentos

24 docu-

mentos

Convenção

sobre os

Aspectos

Civis do

Sequestro

Internacional

de Crianças

ONU

25/10/1980

(Decreto Le-

gislativo nº

79, de 1999)

Decreto nº

3.413, de 14

de Abril de

2000

não há 2 documen-

tos

13 documen-

tos

Protocolo

Facultativo

à Conven-

ção sobre

os Direitos

da Criança

referente à

venda de

crianças, à

prostituição

infantil e à

pornografia

infantil

ONU

29/05/2003

(Decreto

Legislativo

nº 230, de

29 de maio

de 2003)

DECRETO

Nº 5.007, DE

8 DE MAR-

ÇO DE 2004

não há0 documen-

tos

0 documen-

tos

Convenção

sobre os

Direitos das

Pessoas com

Deficiência

ONU

25/08/2009

(Decreto nº

6.949)

CF; Decre-

to nº 7.612,

17/11/2011;

Lei

10.098/2010

01 docu-

mento

01 docu-

mento

93

3.2 DIREITO PROCESSUAL PENAL

No contexto dos Tratados que versam

sobre matéria penal, foram analisados 29

(vinte e nove), levando em consideração a

sua relevância para o Estado brasileiro em

afirmar e (re)afirmar seu compromisso com

a garantia e defesa dos direitos humanos.

Foi enfocada, assim, a internalização do tra-

tado/convenção internacional no que diz

respeito à produção legislativa interna rela-

tiva ao seu teor.

Diante disso, a análise empreendida

dos Tratados e Convenções, em matéria

processual penal, diagnosticou que, por

mais que haja reconhecimento por parte

do poder legislativo brasileiro das normas

de direito internacional, a inspiração nes-

sas normas para a criação legislativa na-

cional é bastante tímida. Isso fica claro ao

se perceber que poucos foram os marcos

normativos internacionais que serviram

como fonte, sendo citados apenas como

inspiração para a criação de legislação

interna (ROCHA, 2010), ou mesmo para

constatar as irregularidades da legislação

brasileira frente ao firmado nos atos inter-

nacionais. (BRASIL, 2007).

Percebe-se que tal fenômeno pode ser

justificado em dois motivos que se espera

possam ser confirmados ao final da pesqui-

sa. Primeiro: o desconhecimento das nor-

mas internacionais de proteção aos direitos

humanos por parte do Parlamento brasilei-

ro, na medida em que essa é uma tradição

recente. Dito de outro modo, apenas com o

advento da Constituição Federal de 1988, a

tradição humanística retoma discussões no

Brasil. Tal retomada é feita na concepção

de uma Constituição extremamente analíti-

ca dos direitos e garantias fundamentais do

cidadão brasileiro. Estes direitos reprisam e

reafirmam o previsto nos Tratados que, em

sua maioria, são reconhecidos posterior-

2 A biblioteca digital da Câmara dos Deputados disponibiliza em 338 episódios o Diário da Constituinte, onde resgata esse acontecimento histórico, disponibilizando documentos e informações que possam contribuir para uma melhor compreensão daquele momento político e dos desdobramentos posteriores. Disponível em: <http://bd.camara.gov.br/bd/handle/bdcamara/8366>. Acesso em: 15 jan. 2013.

mente ao advento da nova Constituição.

Isso fica patente nas discussões em-

preendidas durante a Constituinte. Ou seja,

as discussões cultivadas no processo da

Assembleia Nacional Constituinte não leva-

ram para a pauta o reconhecimento desses

Tratados Internacionais diretamente. Essa

constatação fica evidente nos documentos

que a própria Câmara dos Deputados dis-

ponibiliza a respeito dos debates que ocor-

reram naquele período2. Visando comprovar

o afirmado, por meio dos questionamentos

dos Eixos dois e três, serão também ana-

lisados dois atos internacionais importan-

tes para a internalização de suas regras no

ordenamento jurídico pátrio. O primeiro é a

Convenção internacional sobre a eliminação

de todas as formas de discriminação racial.

Aberta para assinatura em sete de março de

1966, entra em vigor no plano internacional

na data de quatro de janeiro de 1969, com

o depósito da vigésima sétima ratificação,

como dispõe o seu art. 19.

Nesse sentido, o Brasil deposita seu instrumento de ratificação em 27 de mar-ço de 1968 no organismo internacional. No plano interno, o Brasil, promulga a referida Convenção por meio do Decreto nº 65.810 de 08 de dezembro de 1969. Para tanto, no texto do Decreto o Brasil assume a respon-sabilidade do Brasil de executar e cumprir inteiramente o conteúdo da Convenção.

A segunda é a Convenção das Nações

Unidas Contra a Tortura, datada de 10 de

dezembro de 1984. Entra em vigor inter-

nacionalmente com o depósito de sua vi-

gésima assinatura em 26 de junho de 1987.

O Brasil deposita sua ratificação em 20 de

setembro de 1989, vez que o reconhece

por meio do Decreto nº 40, de 15 de feve-

reiro de 1991. Da Mesma maneira, no texto

do decreto o Brasil assume a responsabili-

94

dade de executar e cumprir inteiramente o

conteúdo da Convenção.

Como dito, foram catalogados 84 (oi-

tenta e quatro) Tratados Internacionais com

dispositivos relacionados à processualística

penal. Neste rol estão incluídos Tratados bi-

laterais, tratados do sistema ONU, conven-

ções da UNIDROIT, convenções da OEA e

marcos normativos do MERCOSUL. Contu-

do, optou-se por analisar somente os mar-

cos multilaterais, os quais atingiram o total

de 29 (vinte e nove). Justifica-se a escolha

por considerar que os Tratados bilaterais re-

cebem tratamento diferenciado. Explica-se.

Tradicionalmente, no campo específi-

co da cooperação penal, matéria que reúne

boa parte dos tratados pesquisados, tal ati-

vidade era - e ainda é - efetuada por meio

de canais diplomáticos. Portanto, tais Trata-

dos são efetivados via pedido de auxílio do

Ministério das Relações Exteriores dos en-

tes estatais interessados, por meio das res-

pectivas áreas competentes ou das missões

diplomáticas no exterior. Nesse sentido, no

Brasil, é comum que no campo penal as au-

toridades responsáveis por dar vazão a essa

cooperação internacional sejam variadas,

dependendo da forma como deverá ser exe-

cutada a cooperação. Em território nacional

as autoridades centrais para tais casos são:

a) Departamento de recuperação de ativos

e cooperação jurídica internacional da Se-

cretaria Nacional de Justiça do Ministério

da Justiça que cuida de todos os casos; b)

Departamento de Estrangeiros da Secreta-

ria Nacional de Justiça do Ministério da Jus-

tiça para deportação, expulsão, extradição,

regime jurídico de estrangeiro, nacionalida-

de, transferência de presos, asilo político e

refugiados; c) Procuradoria Geral da Repú-

blica para auxílio mútuo em Matéria Penal

entre Brasil e Portugal e Tratado de auxílio

mútuo em Matéria Penal entre governo do

Canadá e Brasil e; d) Secretaria de Direi-

tos Humanos da Presidência da República,

para as matérias relacionadas à Convenção

sobre Aspectos Civis do Sequestro Interna-

cional de Crianças, Cooperação em Matéria

de Adoção Internacional e Convenção Inte-

ramericana sobre Restituição Internacional

de Menores.

Com base em tal realidade, os Tratados

bilaterais foram excluídos, pois sua aplicação

depende, em primeiro lugar, de ações das

autoridades referidas para, posteriormente,

passarem à apreciação do Poder Judiciário.

Sua execução em território brasileiro, signi-

fica dizer, está na dependência de órgãos

de Poder Executivo e, posteriormente, da

análise de caso a caso do Poder Judiciário

brasileiro.

Dito isso, analisados os 29 (vinte e

nove) Tratados multilaterais de direitos hu-

manos, a tarefa subsequente é verificar se

a produção legislativa brasileira foi influen-

ciada pelos mesmos. Dessa maneira, foram

identificadas oito incidências. Da leitura dos

projetos de lei, percebe-se que o legislador

buscou nos Tratados reunidos no Eixo 1 a

base estruturante da legislação.

O primeiro marco normativo sobre

discriminação racial, como já apontado, foi

a Convenção sobre Discriminação Racial

firmado no ano de 1969 pelo Brasil. Contu-

do, em uma retrospectiva histórica, pode-se

afirmar que no Brasil, antes da internaliza-

ção dessa norma no ano de 1969, existia a

Lei nº 1.390/1951 conhecida como Lei Afon-

so Arinos. Referida Lei possuiu mais uma

importância histórica do que propriamente

uma atribuição de punição aos crimes de

racismo, sendo que a sua principal contri-

buição relacionou-se ao reconhecimento da

existência de racismo no Brasil, apenas por

preconceito de raça. Somente com a Lei nº

7.437, de 20 de dezembro de 1985, foram

incluídos no rol das discriminações a prática

de atos resultantes de preconceito de cor,

sexo ou de estado civil. Deu-se, assim, nova

redação à Lei Afonso Arinos.

95

A Constituição Brasileira de 1967, no

seu capítulo IV – Dos Direitos e Garantias In-

dividuais-, previa no Art. 150 § 1º, que: “To-

dos são iguais perante a lei, sem distinção,

de sexo, raça, trabalho, credo religioso e

convicções políticas. O preconceito de raça

será punido pela lei.” Sabe-se que a Consti-

tuição de 1967, imposta pelo regime militar,

foi apresentada pronta e acabada ao Con-

gresso nacional da época. Seguramente há

que ser afirmada a inexistência de influência

dos marcos normativos internacionais so-

bre o seu texto, aliás, carente legitimidade

diante do reduzidíssimo tempo exigido para

a sua aprovação pelo Congresso Nacional,

qual seja, apenas 43 dias.

Por outro lado, a Assembleia Nacio-

nal Constituinte, que antecedeu advento da

Constituição de 1988, não refere nenhuma

influência dos Tratados Internacionais, prin-

cipalmente no atinente ao racismo. Entre-

tanto, nos registros do Diário da Constituin-

te é possível verificar as opções legislativas

na Constituição de 1988, na medida em que

fica evidenciada a proposta do Brasil em

afastar o racismo e qualquer forma de discri-

minação. Contudo, a sugestão de refrear as

aproximações diplomáticas com países que

tinham a discriminação racial como política

de governo foi rechaçada pela Constituinte

tendo como justificativa as relações comer-

ciais e econômicas com a África do Sul, que

trazia o apartheid como política de Estado3.

Com efeito, pode-se afirmar que a previsão

constitucional acerca dessa matéria parece

ter sofrido menos influência direta e mais in-

fluência indireta porque, no que poderia di-

zer respeito a essa, não foram encontrados

registros na Constituinte que tenham feito

referência ao marco normativo internacional

apresentado anteriormente.

As leis posteriores ao advento da Cons-

tituição Federal, quais sejam, Lei 7.716/ 1989

e Lei 9459/1997, que dispõem, respectiva-

mente, sobre crimes resultantes de raça ou

cor e a Lei 8.081/1990, que estabelece os cri-

mes e as penas aplicáveis aos atos discrimi-

natórios ou de preconceito de raça, cor, et-

nia ou procedência nacional, praticados por

meio de comunicação ou por publicação de

qualquer natureza, também em seus projetos

de tramitação no Congresso não apresentam

uma influência direta. O histórico do Estatu-

to da Igualdade Racial - Lei n. 12.288/2010

- também retrata a baixa influência do texto

internacional, tanto que, no relatório da Co-

missão Especial do Projeto de Lei4, poucas

são as referências a respeito e, quando exis-

tem, seu conteúdo é meramente descritivo.

Nesse sentido, as influências diretas tan-

to ao processo quanto à defesa dos direitos,

no caso da Convenção Internacional sobre a

Eliminação de todas as formas de Discrimina-

ção Racial, não são visíveis seja no que tange

à Constituição, seja quanto à edição de leis

que regulamentem discriminação.

Por outro lado, no que tange a Con-

venção Contra a Tortura, que vigora no Bra-

sil desde 1987, a tipificação desse ato como

crime só ocorreu dez anos após sua edição

por meio da Lei nº. 9.955 de 1997. A criação

dessa Lei é um atendimento inescusável ao

reconhecimento dos documentos jurídicos

internacionais firmados pelo Brasil. Na pes-

quisa realizada não foi encontrada referência

a tal Convenção.5

Com efeito, nota-se uma fraca influên-

cia das duas Convenções analisadas na pro-

dução de normas internas para a garantia de

direitos. É possível afirmar, ainda, que a ação

do parlamentar brasileiro é extremamente

acanhada para reconhecer o peso dos Trata-

dos internacionais para o trabalho nas casas

legislativas brasileiras.

3 O Diário da Constituinte deixa bem clara essa opção do legislador brasileiro no Diário da Constituinte [gravação de vídeo] : [programa n. 215]. Disponível em: http://bd.camara.gov.br/bd/handle/bdcamara/6568. Acesso em: 30 de jan. 2013.4 Disponível em: em: http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=307731. Acesso em : 23. Jan. 2013.5 Nos arquivos do senado e da câmara dos deputados não foi encontrada referencia a convenção em discussão naassembleia nacional constituinte.

96

3.2.1 Tratados Internacionais de Direitos Humanos em Matéria Penal

Ato Inter-nacional (Ementa)

Aprova-ção no

Congresso Nacional

Atividade Legislativa sobre o tema

Aplicação STF (em números)

Aplicação STJ (em números)

Atores/PaísDecreto Presiden-

cial

Convenção

das Nações

Unidas Con-

tra a Tortura

Decreto

Legislativo

nº 04, de 23

de maio de

1989

Lei 9.455 de

1997 define

o crime de

tortura

3 documen-

tos

0 documen-

tosONU

Decreto nº

40, de 15

/02/1991

Convenção

Internacio-

nal sobre a

eliminação

de todas as

formas de

discrimina-

ção racial

Decreto

Legislativo

nº 23, de 21

de junho de

1967

Estatuto da

Igualdade

Racial Lei

nº 12.288 de

20/07/2010

01 docu-

mento

02 docu-

mentosONU

Decreto nº

65810 de

07/08/1972

Convenção

para Re-

pressão do

Tráfico Ilícito

de Drogas

Nocivas

Decreto-Lei

nº 364, de 5

de abril de

1938

Código Pe-

nal (Decre-

to-Lei n.

2.848/1940)

e Código

de Processo

Penal ( (De-

creto-Lei n.

3.689/1941)

nenhum do-

cumento

nenhum do-

cumentoONU

Decreto nº

2.994, de

17/08/1938

Convenção

para Re-

pressão do

Tráfico de

Pessoas e do

Lenocínio

Decreto

Legislativo

nº 6, de 11

de junho de

1958

não hánenhum do-

cumento

nenhum do-

cumentoONU

Decreto nº

46.981, de

08/10/1959

Convenção

sobre a

Prevenção e

a Punição de

Crimes con-

tra Pessoas

que gozam

de Proteção

Internacio-

nal, inclusive

Agentes Di-

plomáticos

Decreto

Legislativo

nº 25, de 31

de março de

1999

não hánenhum do-

cumento

nenhum do-

cumentoONU

Decreto nº

3.167, de

14/09/1999

97

Ato Inter-nacional (Ementa)

Aprova-ção no

Congresso Nacional

Atividade Legislativa sobre o tema

Aplicação STF (em números)

Aplicação STJ (em números)

Atores/PaísDecreto Presiden-

cial

Convenção

Internacio-

nal contra a

Tomada de

Reféns

Decreto Le-

gislativo nº

2, de 26 de

janeiro de

2000

não hánenhum do-

cumento

nenhum do-

cumentoONU

Decreto nº

3.517, de

20/06/2000

Convenção

sobre a Pro-

teção Física

do Material

Nuclear

Decreto Le-

gislativo n°

50, de 27 de

novembro

de 1984

Não há

relatório p.

79 e 95 da

Comissão

disponível

em: http://

bd.camara.

gov.br/bd/

bitstream/

handle/

bdcama-

ra/3743/re-

latorio_gru-

po_trabalho.

nenhum do-

cumento

nenhum do-

cumentoONU

Decreto

nº 95, de

16/04/1991

Protoco-

lo para a

Repressão

de Atos

ilícitos de

Violência em

Aeroportos

que prestem

Serviços à

Aviação Civil

Internacional

Decreto

Legislativo

nº 01, de 22

de janeiro

de 1997

não hánenhum do-

cumento

nenhum do-

cumentoONU

Decreto nº

2.611, de

02/06/1998

Convenção

contra o

Tráfico Ilícito

de Entor-

pecentes e

Substâncias

Psicotrópi-

cas

Decreto

Legislativo

n° 162, de 14

de junho de

1991

Considera o

Tratado base

estruturante

disponível

em: http://

bd.camara.

gov.br/bd/

handle/

bdcama-

ra/3850

14 documen-

tos

nenhum do-

cumentoONU

Decreto nº

154, de 26

/07/1991

98

Ato Inter-nacional (Ementa)

Aprova-ção no

Congresso Nacional

Atividade Legislativa sobre o tema

Aplicação STF (em números)

Aplicação STJ (em números)

Atores/PaísDecreto Presiden-

cial

Convenção

Internacional

sobre a Su-

pressão de

Atentados

Terroristas

com Bom-

bas

Decreto

Legislativo

nº 116, de 12

de junho de

2002

não hánenhum do-

cumento

nenhum do-

cumentoONU

Decreto nº

4.394, de

26/09/2002

Convenção

sobre o

Combate da

Corrupção

de Funcio-

nários Públi-

cos Estran-

geiros em

Transações

Comerciais

Internacio-

nais

Decreto

Legislativo

nº 125, de 14

de junho de

2000

não hánenhum do-

cumento

nenhum do-

cumentoONU

Decreto nº

3.678, de

30/11/ 2000

Protocolo

Facultativo

à Conven-

ção sobre

os Direitos

da Criança

referente à

Venda de

Crianças, à

Prostituição

Infantil e à

Pornografia

Infantil

Decreto Le-

gislativo nº

230, de 29

de maio de

2003

Considera o

Tratado base

estruturante

disponível

em: http://

bd.camara.

gov.br/bd/

handle/

bdcama-

ra/3850

nenhum do-

cumento

nenhum do-

cumentoONU

Decreto nº

5.007, de

08/03/2004

Convenção

para Re-

pressão do

Tráfico de

Mulheres e

Crianças

Decreto nº

37.176- de 15

de abril de

1955

Considera o

Tratado base

estruturante

disponível

em: http://

bd.camara.

gov.br/bd/

handle/

bdcama-

ra/3850

não há01 docu-

mentoONU

Decreto nº

23.812, de

30/01/1934

99

Ato Inter-nacional (Ementa)

Aprova-ção no

Congresso Nacional

Atividade Legislativa sobre o tema

Aplicação STF (em números)

Aplicação STJ (em números)

Atores/PaísDecreto Presiden-

cial

Convenção

das Nações

Unidas con-

tra o Crime

Organizado

Transnacio-

nal

Decreto

Legislativo

nº 231, de 29

de maio de

2003

Considera o

Tratado base

estruturante

disponível

em: http://

bd.camara.

gov.br/bd/

handle/

bdcama-

ra/3850

14 documen-

tos

03 docu-

mentosONU

Decreto nº

5.015, de

12/03/2004

Protocolo

Adicional à

Convenção

das Nações

Unidas con-

tra o Crime

Transnacio-

nal relativo

à Prevenção,

Repressão e

Punição do

Tráfico de

Pessoas

Decreto

Legislativo

nº 231, de 29

de maio de

2003

Lei n.

11.106/2005,

que tipifica

o tráfico de

pessoas no

Código Pe-

nal Brasileiro

nenhum do-

cumento

nenhum do-

cumentoONU

Decreto nº

5.017, de

12/03/2004

Protocolo

Adicional à

Convenção

das Nações

Unidas con-

tra o Crime

Transnacio-

nal relativo

ao Combate

ao Tráfico de

Migrantes

Decreto

Legislativo

nº 231, de 29

de maio de

2003

Considera o

Tratado base

estruturante

disponível

em: http://

bd.camara.

gov.br/bd/

handle/

bdcama-

ra/3850

nenhum do-

cumento

nenhum do-

cumentoONU

Decreto nº

5.016, de

12/03/2004

Protocolo

contra a Fa-

bricação e o

Tráfico Ilícito

de Armas de

Fogo, suas

Peças, Com-

ponentes e

Munições

Decreto

Legislativo

nº 36, de 22

de fevereiro

de 2006

não hánenhum do-

cumento

nenhum do-

cumentoONU

Decreto nº

5.941, de

26/10/2006

100

Ato Inter-nacional (Ementa)

Aprova-ção no

Congresso Nacional

Atividade Legislativa sobre o tema

Aplicação STF (em números)

Aplicação STJ (em números)

Atores/PaísDecreto Presiden-

cial

Convenção

Internacio-

nal para a

Supressão

do Financia-

mento do

Terrorismo

Decreto Le-

gislativo nº

769, de 30

de junho de

2005

não hánenhum do-

cumento

nenhum do-

cumentoONU

Decreto nº

5.640, de

26/12/2005

Convenção

das Nações

Unidas con-

tra a Corrup-

ção

Decreto

Legislativo

nº 348, de 18

de maio de

2005

não há04 docu-

mentos

03 docu-

mentosONU

Decreto nº

5.687, de 31

de janeiro

de 2006

Convenção

para Preve-

nir e Punir

os Atos de

Terrorismo

configura-

dos em Deli-

tos contra as

Pessoas e a

Extorsão Co-

nexa, quan-

do tiverem

eles trans-

cendência

internacional

Decreto Le-

gislativo nº

87, de 3 de

dezembro

de 1998

não hánenhum do-

cumento

nenhum do-

cumentoOEA

Decreto nº

3.018, de

6/4/1999

Convenção

Interameri-

cana sobre

Prova e

Informação

acerca do

Direito Es-

trangeiro

Decreto

Legislativo

nº 46, de 10

de abril de

1995

não hánenhum do-

cumento

nenhum do-

cumentoOEA

Decreto nº

1.925, de

10/06/1996

Convenção

Interameri-

cana sobre

Assistência

Mútua em

Matéria

Penal

Decreto

Legislativo

nº 272, de 4

de outubro

de 2007

não hánenhum do-

cumento

nenhum do-

cumentoOEA

Decreto nº

6.340, de

3/1/2008

101

Ato Inter-nacional (Ementa)

Aprova-ção no

Congresso Nacional

Atividade Legislativa sobre o tema

Aplicação STF (em números)

Aplicação STJ (em números)

Atores/PaísDecreto Presiden-

cial

Convenção

Interameri-

cana sobre

o Cumpri-

mento de

Sentenças

Penais no

Exterior

Decreto

Legislativo

nº 293, de 12

de julho de

2006

não hánenhum do-

cumento

nenhum do-

cumentoOEA

Decreto nº

5.919, de

3/10/2006

Convenção

Interameri-

cana sobre

Tráfico Inter-

nacional de

Menores

Decreto

Legislativo

nº 105, de 30

de outubro

de 1996

não há01 docu-

mento

nenhum do-

cumentoOEA

Decreto nº

2.740, de

20/08/1998

Convenção

Interameri-

cana contra

a Corrupção

Decreto

Legislativo

nº 152, de 25

de junho de

2002

não hánenhum do-

cumento

nenhum do-

cumentoOEA

Decreto nº

4.410, de

7/10/2002

Convenção

Interameri-

cana contra

a Fabricação

e o Tráfi-

co Ilícito

de Armas

de Fogo,

Munições,

Explosivos

e outros

Materiais

correlatos

Decreto

Legislativo

nº 58, de 18

de agosto

de 1999

Considera o

Tratado base

estruturante

disponível

em: http://

bd.camara.

gov.br/bd/

handle/

bdcama-

ra/3850

nenhum do-

cumento

nenhum do-

cumentoOEA

Decreto nº

3.229, de

29/10/1999

Convenção

Interameri-

cana contra

o Terrorismo

Decreto

Legislativo

nº 890, de 1o

de setembro

de 2005

não há01 docu-

mento

nenhum do-

cumentoOEA

Decreto nº

5.639, de

26/12/2005

Tratado de

Extradição -

Mercosul

Decreto

Legislativo

nº 605, de 11

de setembro

de 2003

não há17 documen-

tos

nenhum do-

cumentoMercosul

Decreto nº

4.975, de 30

de janeiro

de 2004

102

Ato Inter-nacional (Ementa)

Aprova-ção no

Congresso Nacional

Atividade Legislativa sobre o tema

Aplicação STF (em números)

Aplicação STJ (em números)

Atores/PaísDecreto Presiden-

cial

Protocolo

de Assistên-

cia Jurídica

Mútua em

Assuntos

Penais

Decreto

Legislativo

nº 03, de 26

de janeiro

de 2000

não há02 docu-

mentos

01 docu-

mentoMercosul

Decreto nº

3.468, de

17/05/2000

Conven-

ção da

UNIDROIT

sobre Bens

Culturais

Furtados ou

Ilicitamente

Exportados

Decreto Le-

gislativo nº

4, de 21 de

janeiro de

1999

não hánenhum do-

cumento

nenhum do-

cumentoUNIDROIT

Decreto nº

3.166, de 14

de setembro

de 1999

3.3 DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

Em virtude do que foi discutido e acor-

dado na reunião realizada nos dias seis e

sete de dezembro de 2012, foram agregados

ao rol de Tratados identificados na primeira

fase da pesquisa, que correspondeu ao Eixo

1, os marcos normativos internacionais de

direitos humanos relacionados com os te-

mas do trabalho escravo e do trabalho dos

migrantes. A escolha se deve à atualidade e

à gravidade dos problemas ligados à explo-

ração do trabalho dos migrantes e ao traba-

lho escravo no Brasil, que demandam novos

marcos legislativos protetivos, interpretação

jurisprudencial compatível com as Conven-

ções e com a Constituição, e a promoção de

políticas públicas que possam impulsionar

mudanças na conduta dos atores jurídicos

nestes campos do direito do trabalho.

Deste modo, o temos, aqui, duas se-

ções: a primeira relacionada com os Trata-

dos Internacionais inicialmente arrolados,

aqueles com dispositivos que possam im-

pactar o processo do trabalho; e, a segunda,

referente aos documentos internacionais de

direitos humanos que podem influenciar o

direito material do trabalho nas temáticas

do trabalho escravo e do trabalho dos mi-

grantes.

Aqui se demonstra a relação entre as

normas internacionais e as normas vigentes

no sistema processual interno.

A análise da relação entre as normas

internacionais e as normas vigentes no sis-

tema processual laboral interno foi feita

através da identificação da influência dos

Tratados Internacionais inventariados no

Eixo 1 sobre a produção legislativa pátria em

termos de processo do trabalho.

No primeiro eixo, foram catalogados

40 (quarenta) Tratados Internacionais com

dispositivos relacionados à processualística

laboral. Neste rol, estão incluídos somente

os documentos de direito das gentes ratifi-

cados pelo Brasil, consistindo em Tratados

bilaterais, tratados do sistema ONU, conven-

ções da OIT, convenções da OEA e marcos

normativos do MERCOSUL.

No que tange à produção legislativa,

constatou-se que durante a Assembleia

103

Nacional Constituinte houve discussões

sobre temas trabalhistas pautadas por do-

cumentos internacionais. Na Subcomissão

dos Direitos dos Trabalhadores, foi intensa-

mente debatida a necessidade de o Brasil

ratificar a Convenção nº 97 da Organização

Internacional do Trabalho (OIT), cujo objeto

é a liberdade sindical. (SUBCOMISSÃO DOS

DIREITOS DOS TRABALHADORES, 3013,

p. 164-165). Na Subcomissão da Nacionali-

dade, da soberania e das relações interna-

cionais, o Professor Celso de Albuquerque

Mello defendeu que a denúncia dos Trata-

dos Internacionais tivesse sempre que pas-

sar pelo crivo do Poder Legislativo, utilizan-

do como exemplo as Convenções da OIT.

(SUBCOMISSÃO DA NACIONALIDADE, DA

SOBERANIA E DAS RELAÇÕES INTERNA-

CIONAIS, 2013. p. 20).

No entanto, não foram encontradas re-

ferências a Tratados Internacionais para tra-

tar de temas de processo do trabalho nos

Anais da Assembleia Nacional Constituinte.

Sindicalismo e procedimento de denúncia

de tratados, portanto, foram os assuntos

nos quais houve menção a documentos in-

ternacionais laborais na Constituinte.

Por outro lado, o constituinte derivado

foi influenciado no campo processual por

Tratados Internacionais. A inclusão do inciso

LXXVIII ao artigo 5º da Constituição Federal

de 1988 é exemplo disso. Em virtude da afir-

mação do princípio da razoável duração do

processo no sistema interamericano tanto

pelo Pacto de San José da Costa Rica (1969)

como pela Corte Interamericana de Direitos

Humanos, o legislador constituinte derivado

inseriu entre as mudanças trazidas na Emen-

da Constitucional nº 45 o reconhecimento a

todos do direito à razoável duração do pro-

cesso (inclusive laboral), em âmbito judicial

e administrativo, e aos meios que garantam

a celeridade de sua tramitação.

Na produção legislativa sobre proces-

so do trabalho, entretanto, não foram identi-

ficadas influências dos Tratados Internacio-

nais catalogados no Eixo 1.

Destarte, os Tratados Internacionais com dispositivos sobre processo do trabalho não tiveram influência durante a Assembleia Nacional Constituinte nem sobre a produção legislativa infraconstitucional. Apenas o Po-der Constituinte derivado foi impactado na confecção da Emenda Constitucional nº 45, conhecida como Reforma do Judiciário, es-pecificamente pela Convenção Americana de Direitos Humanos. Entretanto, impõe-se esclarecer que esta Convenção, por ser de caráter geral em matéria de proteção aos di-reitos humanos, estende sua influência por várias áreas do campo normativo interno.

O trabalho dos migrantes e o trabalho escravo são temas da ordem do dia no di-reito do trabalho brasileiro contemporâneo. A precária condição dos trabalhadores bo-livianos em minúsculas salas de confecções de tecidos em São Paulo e dos trabalhado-res paraguaios fronteiriços no Mato Grosso do Sul, ou a condição análoga à escravidão de muitos trabalhadores rurais no Pará, são exemplos públicos e notórios de violação a

direitos humanos laborais no Brasil.

Em relação aos direitos dos trabalha-

dores migrantes, existem documentos inter-

nacionais que visam garanti-los e preservar

o bem estar das suas famílias. Os principais,

em âmbito global, são a Convenção Inter-

nacional sobre a Proteção dos Direitos de

Todos os Trabalhadores Migrantes e dos

Membros das suas Famílias, da ONU, e as

Convenções 97 e 143 da OIT. No plano re-

gional, destaca-se o Acordo sobre Residên-

cia para Nacionais dos Estados Partes do

Mercado Comum do Sul – MERCOSUL.

Há dispositivos que protegem os tra-

balhadores contra a discriminação em vir-

tude da origem nacional também na De-

claração Universal dos Direitos do Homem,

no Pacto Internacional sobre Direitos Eco-

nômicos, Sociais e Culturais, a Convenção

104

Americana de Direitos Humanos e o Proto-

colo de San Salvador – todos componen-

tes do corpus iuris do direito internacional

dos direitos humanos.

Entre os Tratados Internacionais men-

cionados, o Brasil não ratificou a Convenção

143 da OIT e a Convenção Internacional so-

bre a Proteção dos Direitos de Todos os Tra-

balhadores Migrantes e dos Membros das

suas Famílias da ONU, fundamentais para

a proteção dos direitos dos trabalhadores

migrantes. Consequentemente, estes dois

documentos fulcrais não serão examinados,

dado que apenas os Tratados Internacionais

3.3.1 Tratados Internacionais de Direitos Humanos em Matéria Trabalhista

Ato Inter-nacional (Ementa)

Atores/País

Aprova-ção no

Congresso Nacional

Promulga-ção pelo Presidente da Repú-

blica

Atividade Legislativa sobre o tema

Aplicação pelo STF (em núme-

ros)

Aplicação pelo TST (em núme-

ros)

Convenção

nº 29 da OITOIT

29/05/1956

(Decreto

Legislativo

nº 24 de

29/05/1956)

Decreto nº

41.712 de

25/06/1957

não há

(relativas ao

tema)

nenhum (so-

bre temática

processual

trabalhista)

nenhum (so-

bre temática

processual

trabalhista)

Convenção

nº 105 da

OIT

OIT

30/04/1965

(Decreto

Legislativo

nº 20 de

30/04/1965)

Decreto nº

58.822 de

14/07/1966

não há

(relativas ao

tema)

nenhum (so-

bre temática

processual

trabalhista)

nenhum (so-

bre temática

processual

trabalhista)

Declaração

Universal

dos Direitos

do Homem

ONU

Convenção

Suplemen-

tar sobre

Abolição da

Escravatura

ONU

Decreto Le-

gislativo nº

66, de 1965

Decreto nº

58.563 de

01/05/1966

não há

(relativas ao

tema)

nenhum (so-

bre temática

processual

trabalhista)

nenhum (so-

bre temática

processual

trabalhista)

Pacto

Internacio-

nal sobre

Direitos Civis

e Políticos

ONU

16/12/1991

(Decreto

Legislativo

nº 226 de

16/12/1991)

Decreto

nº 592 de

06/07/1992

não há

(relativas ao

tema)

nenhum (so-

bre temática

processual

trabalhista)

nenhum (so-

bre temática

processual

trabalhista)

ratificados são abarcados na presente pes-

quisa, conforme previsto no Eixo 1.

Conforme exposto acima, na Assem-bleia Constituinte, os temas da Convenção 97 da OIT, relativa ao sindicalismo, e do pro-cedimento de denúncia de Tratados Interna-cionais foram os únicos debatidos que são referentes ao direito internacional do traba-lho. Não há, portanto, produção legislativa constituinte sobre trabalho dos migrantes.

A legislação em geral também não foi influenciada pela Convenção 97 da OIT nem pelos outros documentos internacionais in-cluídos nesta seção.

105

Ato Inter-nacional (Ementa)

Atores/País

Aprova-ção no

Congresso Nacional

Promulga-ção pelo Presidente da Repú-

blica

Atividade Legislativa sobre o tema

Aplicação pelo STF (em núme-

ros)

Aplicação pelo TST (em núme-

ros)

Convenção

Americana

sobre Direi-

tos Huma-

nos

OEA

25/09/1992

(Decreto

Legislativo

nº 27 de

25/09/1992)

Decreto

nº 678 de

06/11/1992

não há

(relativas ao

tema)

nenhum (so-

bre temática

processual

trabalhista)

nenhum (so-

bre temática

processual

trabalhista)

Convenção

nº 97 da OITOIT

1965 (Decre-

to Legislati-

vo nº 20 de

1965)

Decreto nº

58.819 de

14/07/1966

não há nenhum nenhum

Declaração

Universal

dos Direitos

do Homem

ONU

não há

(relativas ao

tema)

nenhum nenhum

Convenção

Americana

sobre Direi-

tos Huma-

nos

OEA

25/09/1992

(Decreto

Legislativo

nº 27 de

25/09/1992)

Decreto

nº 678 de

06/11/1992

não há

nenhum

(relativo ao

tema)

nenhum

(relativo ao

tema)

Protocolo de

San Salva-

dor

OEA

19/04/1995

(Decreto

Legislativo

nº 56, de

19/04/1995)

Decreto nº

3.321 de

30/12/1999

não há nenhum nenhum

Pacto Inter-

nacional so-

bre Direitos

Econômicos,

Sociais e

Culturais

ONU

12/12/1991

(Decreto

Legislativo

nº 226 de

12/12/1991)

Decreto

nº 591 de

06/07/1992

não há nenhum nenhum

Protocolo de

Cooperação

e Assistên-

cia Jurisdi-

cional em

Matéria Civil,

Comercial,

Trabalhista e

Administra-

tiva (Proto-

colo de Las

Lenas)

MERCOSUL

19/04/1995

(Decreto

Legislativo

nº 55 de

19/04/1995)

Decreto nº

2.067 de

12/11/1996

não há nenhum 3

106

Ato Inter-nacional (Ementa)

Atores/País

Aprova-ção no

Congresso Nacional

Promulga-ção pelo Presidente da Repú-

blica

Atividade Legislativa sobre o tema

Aplicação pelo STF (em núme-

ros)

Aplicação pelo TST (em núme-

ros)

Acordo

sobre Resi-

dência para

Nacionais

dos Estados

Partes do

Mercado

Comum do

Sul

MERCOSUL

20/05/2004

(Decreto

Legislativo

nº 210 de

Decreto nº

6.964 de

29/09/2009

não há nenhum 2

3.4 CONCLUSÕES DO EIXO 2

O presente eixo de trabalho procu-rou diagnosticar as influências legislativas dos Tratados Internacionais mapeados no eixo um do presente trabalho. Consideran-do a preocupação do Ministério da Justiça em agregar a análise dos documentos inter-nacionais de importância e relevância nas respectivas matérias - tanto em termos te-óricos, quanto práticos - foram adicionados ao rol de tratados analisados no eixo um, os tratados internacionais que voltam seu olhar para as questões da criança, dos deficien-tes, da tortura, da discriminação racial, do trabalho escravo e, finalmente, do trabalho dos migrantes, na medida em que, são te-mas que estão na ordem do dia não só da sociedade brasileira, como também da co-munidade internacional.

Para tanto, os dados analisados no eixo dois, foram direcionados em sua técnica para essas normativas internacionais. Nesse sentido, a preocupação do grupo na identi-ficação das influências legislativas das Con-venções internacionais abrangeu a análise da produção legislativa, tendo como marco regulatório primeiro a Assembleia Nacional Constituinte, a influência ou não dos marcos normativos internacionais sobre os traba-lhos do Parlamento e a produção legislativa infraconstitucional oriunda da receptividade

dos Tratados Internacionais.

Com efeito, da análise de cada área, identifica-se que os marcos normativos in-ternacionais identificados na área do pro-cesso civil provocaram relativa modificação no Código de Processo Civil, fomentaram microssistemas processuais e, derradeira-mente, parece que trarão influência no novo Código de Processo Civil, especialmente no que diz respeito à cooperação judiciária.

Já no que diz respeito aos documen-tos internacionais pesquisados em matéria de direito processual penal, seja do ponto de vista da produção legislativa, quanto do seu impacto sobre o trabalho jurispruden-cial, os números indicam apenas uma relati-va presença desses textos.

Finalmente, quanto aos marcos norma-tivos relacionados ao processo do trabalho, a equipe identificou, do mesmo modo, a sua parca influência sobre o trabalho legislativo.

Diante isso, percebe-se que a preo-cupação do legislador em atender a or-dem internacional na criação de normas que impactem o sistema processual bra-sileiro, assim evoluindo principalmente na defesa dos direitos e garantias do cidadão brasileiro na ordem interna, é tímida nos aspectos analisados.

107

108

O terceiro eixo da pesquisa tem por

objetivo investigar o grau de conhecimen-

to/desconhecimento dos Tratados Interna-

cionais no que atine à processualística bra-

sileira, pelo Supremo Tribunal Federal (STF),

Superior Tribunal de Justiça (STJ) e Tribunal

Superior do Trabalho (TST), como fontes de

direito. Igualmente, quer-se verificar as res-

sonâncias efetivas dos marcos normativos

internacionais, elencados no Eixo I, na fun-

damentação das decisões judiciais oriundas

dos Tribunais referidos no item anterior, de-

notando, por conseguinte, a argumentação

jurídica dos advogados (públicos e priva-

dos) nestes processos.

Para o desempenho dessas tarefas, foi

realizada pesquisa jurisprudencial, no Su-

premo Tribunal Federal (STF), Superior Tri-

bunal de Justiça (STJ) e Tribunal Superior

do Trabalho (TST), por amostragem, para

identificar quais Tratados Internacionais ge-

ram impactos nas decisões dos processos

judiciais. Da mesma forma, foi produzido

um relatório, por meio de gráficos e de ta-

belas, que aponta quais instrumentos pro-

cessuais, provenientes de Tratados Interna-

cionais, são utilizados, em maior ou menor

grau, pelos Tribunais mencionados em suas

decisões judiciais (impacto direto).

4.1 DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Avança-se, então, para o exame da in-

cidência destes Tratados Internacionais na

4 EIXO TRÊS - OS DISPOSITIVOS CONTIDOS NESSES TRATADOS VÊM SENDO INVOCADOS COMO FONTE DO DIREITO E, CONSEQUENTEMENTE, GERANDO IMPACTOS NA CONDUÇÃO DOS PROCESSOS JUDICIAIS?

jurisprudência do Supremo Tribunal Federal

e do Superior Tribunal de Justiça. A pesqui-

sa foi realizada nos sítios eletrônicos dos

referidos tribunais, utilizando-se como veto-

res da busca o nome do ato internacional e

os números dos decretos legislativo e exe-

cutivo que internalizaram o tratado.

Na jurisprudência do Supremo Tribu-nal Federal foram encontradas muitas de-cisões em que foram referidos os Tratados pesquisados. Embora isso, verificou-se que o conteúdo de tais decisões nem sempre tratava de questões processuais. Ou seja, muitos dos acórdãos em que foram cita-dos na fundamentação documentos como o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos ou a Convenção Americana de Di-reitos Humanos, tal citação não se referia à matéria processual civil. É o que será deta-lhado a seguir.

Em relação aos tratados do Siste-

ma ONU, localizaram-se 48 (quarenta

e oito) decisões que, apesar de empregar

o Pacto Internacional sobre Direitos Civis

e Políticos na fundamentação, não tratam

de matéria processual civil. Já a Conven-

ção sobre Prestação de Alimentos no Es-

trangeiro foi encontrada três vezes no site

do STF e a Convenção das Nações Unidas

contra o Crime Organizado Transnacional,

13 vezes. Por fim, não foi encontrado qual-

quer acórdão sobre a Convenção sobre o

Reconhecimento e a Execução de Senten-

ças Arbitrais Estrangeiras.

109

Quanto aos Tratados firmados no âm-

bito da OEA, foram encontradas 156 deci-

sões invocando a Convenção Americana de

Direitos Humanos, muitas delas referindo-se

à impossibilidade da prisão do depositário

infiel, conforme a Convenção, e de modo

contrário a Constituição Federal de 1988. No

que diz respeito à Convenção Americana

sobre Cartas Rogatórias, encontrou-se três

acórdãos e sobre o Protocolo Adicional à

Convenção Americana sobre Cartas Roga-

tórias, foi encontrado apenas um acórdão

sobre matéria processual civil. A Convenção

Interamericana sobre Tráfico Internacional

de Menores foi referida apenas uma vez na

jurisprudência do STF. Os demais Tratados

firmados no âmbito da OEA (Convenção

Interamericana sobre o Regime Legal das

Procurações para ser utilizada no Exterior,

Convenção Interamericana sobre Normas

Gerais de Direito Internacional Privado e a

Convenção Interamericana sobre Eficácia

Extraterritorial das Sentenças e Laudos Ar-

bitrais Estrangeiros) não acusaram qualquer

acórdão nos mecanismos de busca.

No âmbito do MERCOSUL, a pesqui-sa jurisprudencial dos seis Tratados que referem a matéria processual civil resul-tou em apenas dez acórdãos, dos quais quatro tratam da matéria processual civil especificamente.

Relativamente aos dois Tratados fir-mados no âmbito da Convenção de Haia sobre o Direito Internacional Privado foi encontrado apenas um acórdão referindo a Convenção relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em Matéria de Adoção In-ternacional.

Por fim, relativamente aos 16 Trata-dos bilaterais pesquisados, a pesquisa rea-lizada na jurisprudência do STF não locali-zou referência aos mesmos como matéria

de fundamentação.

Na jurisprudência do Superior Tribunal

de Justiça não se verificou um quadro muito

diferente, não sendo frequentes as referên-

cias aos Tratados Internacionais pesquisa-

dos. Destaca-se a Convenção Americana de

Direitos Humanos, o Tratado de Assunção e

o Pacto de Direitos Civis e Políticos entre os

mais utilizados pela Corte.

Entre os tratados do Sistema ONU, fo-ram encontrados 28 (vinte e oito) acórdãos fazendo referência ao Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, 13 (treze) à Convenção das Nações Unidas contra o Cri-me Organizado Transnacional e 03 (três) à Convenção sobre Prestação de Alimentos no Estrangeiro, sendo que apenas algumas de-las referem matéria processual civil. Quanto à Convenção sobre o Reconhecimento e a Execução de Sentenças Arbitrais Estrangei-ras, não foram encontradas decisões que a ela fizesse referência.

No que tange aos Tratados da OEA, localizaram-se 237 (duzentos e trinta e sete) decisões invocando a Convenção Americana de Direitos Humanos em sua fundamentação. Muitas temáticas são abrangidas por esses acórdãos, sendo que a matéria processual civil diz respeito, sobretudo, à prisão do depositário infiel. Também, foram encontrados 06 (seis) re-sultados para a Convenção Interamericana sobre Cartas Rogatórias e 03 (três) para o Protocolo Adicional à Convenção Inte-ramericana sobre Cartas Rogatórias. Refe-rentemente aos demais Tratados firmados no âmbito da OEA não foram encontradas menções na jurisprudência do STJ.

No âmbito do MERCOSUL, foram en-

contradas 24 (vinte e quatro) referências ao

Tratado de Assunção, sendo que nenhuma

delas aborda o direito processual civil. Além

dessas, consta apenas 01 (uma) decisão re-

ferindo o Protocolo de Medidas Cautelares.

Por fim, quanto aos Tratados firmados

no âmbito da OEA e aos Tratados bilaterais,

nenhum foi acusado no mecanismo de bus-

ca jurisprudencial do STJ.

110

Realizado o diagnóstico quantitativo das referências aos Tratados Internacionais elencados no Eixo 1 pelo STF e STJ, é mis-ter apontar as decisões selecionadas, por amostragem, para serem estudadas no Eixo 4. São as seguintes: o Agravo Regimental em Carta Rogatória nº 7613.4/STF, de rela-toria do Ministro Sepúlveda Pertence, jul-gado em 03/04/1997 e a Carta Rogatória nº 8279/STF, de relatoria do Ministro Cel-so de Melo, julgado em 17/06/1998, ambas sobre Cooperação Jurisdicional em Matéria Civil no âmbito do MERCOSUL. Ainda, so-bre a aplicação da Convenção Americana de Direitos Humanos, em matéria de ga-rantias processuais civil, serão analisados o Habeas Corpus nº 87.585/STF, de relato-ria do Ministro Marco Aurélio, julgado em 03/12/2008 e o Habeas Corpus nº 96772/STF de relatoria do Ministro Celso de Melo, julgado em 09/06/2009. Justifica-se a es-colha desses casos uma vez provocarem re-flexão crítica sobre a produção doutrinária e jurisprudencial na matéria que apresen-tam, como também sinalizarem impacto sobre o sistema processual.

Em referência à jurisprudência, a Con-venção sobre os direitos da criança é men-cionada nos tribunais, tendo sido referida em 10 oportunidades no STF e em outras 24 no STJ. Cabe destaque à sua utilização em sede de conflitos internacionais, como no exemplo do HC 2010/0154483-7 (STJ)6 – Tráfico internacional de drogas praticado por estrangeiro, com previsão de deporta-ção -. A Convenção foi um dos parâmetros legislativos para que o Habeas Corpus fosse deferido, com base “na máxima prioridade

da criança”.

É válida também menção quanto ao

Protocolo Facultativo à Convenção sobre

os direitos da criança, que seguindo o mes-

mo percurso, é ratificado para que se pos-

sam organizar, junto aos órgãos políticos

6 Disponível em: <https://ww2.stj.jus.br/revistaeletronica/Abre_Documento.asp?sLink=ATC&sSeq=15235928&sReg=20100154483 7&sData=20110511&sTipo=5&formato=PDF >. Acesso em 12/02/2013.7 Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=612648>. Acesso em: 12/02/2012.8 Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=601123>. Acesso em: 12/02/2012.

e responsáveis pela segurança pública, os

procedimentos que, em territórios nacio-

nais, sirvam de proteção à criança. A pes-

quisa não encontrou nas bases legislativa e

jurisprudencial (STF, STJ, TST) menção a tal

Protocolo. Entretanto, aceita-se que o mes-

mo seja válido para apoiar a realização de

medidas como as delegacias especializadas

em questões que envolvem a criança e o

adolescente e a própria instrumentalização

tecnológica dos órgãos de segurança para

combater questões lesivas aos menores,

destacando o abuso sexual e a pedofilia,

esta muitas vezes virtual.

No que se verifica quanto à influên-

cia da Convenção sobre os Aspectos Civis

do Sequestro Internacional de Crianças,

não são vislumbradas contribuições no pla-

no legislativo, o que não inibiu os tribunais

pátrios de se valerem da Convenção, como

demonstrado no Agravo de Instrumento

728.785 – RJ7 e na ADPF 172 mc-ref / RJ8, no

STF, e em outras 13 oportunidades no STJ.

Na segunda proposta de análise, que

se refere às pessoas com deficiência, a in-

vestigação se amolda ao principal Tratado

sobre a matéria: A Convenção sobre os Di-

reitos das Pessoas com Deficiência, aprova-

da com status de emenda constitucional.

Diante das pesquisas legislativas, ape-

sar da recente assinatura (2007) e sancio-

namento (2009) da Convenção, o legislador

nacional foi célere em ampliar a proteção

aos direitos dos deficientes físicos e cogni-

tivos-intelectuais, criando em 2011, o Plano

Nacional dos Direitos da Pessoa com Defi-

ciência - Plano Viver sem Limite -, que visa

estabelecer políticas públicas para efetiva-

ção da melhoria de qualidade de vida do

deficiente. É o que se percebe no texto do

Plano Viver Sem Limite (Decreto nº 7.612),

o qual estabelece: “a finalidade de promo-

ver, por meio da integração e articulação

111

de políticas, programas e ações, o exercício

pleno e equitativo dos direitos das pessoas

com deficiência, nos termos da Convenção

Internacional sobre os Direitos das Pessoas

com Deficiência e seu Protocolo Faculta-

tivo (...)”9. Da jurisprudência do STF cabe

destacar a ADI 2649-6 (DF)10 , no âmbito da

qual o Tribunal afastou a tese da Associação

Brasileira de Transporte Interestadual, Inter-

municipal e Internacional de passageiros de

que a isenção de passagem para deficientes

seria uma afronta ao princípio da isonomia.11

4.2 DIREITO PROCESSUAL PENAL

Avança-se, então, para o exame da incidência destes Tratados Internacionais na jurisprudência do Supremo Tribunal Fe-deral e do Superior Tribunal de Justiça. Na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal foram encontradas 54 (cinquenta e quatro) decisões sobre processo penal mencionan-do os Tratados Internacionais elencados no Eixo 1. Destes Tratados, 32 (trinta e dois) acórdãos faziam referência a 03(três) Tra-tados da ONU, quais sejam: a) Tráfico de Entorpecentes; b) Crime Organizado e Cor-rupção. Quanto aos Tratados da OEA foram localizados 02 (dois) acórdãos que utilizam a Convenção de Tráfico de Menores e a Con-venção sobre Terrorismo.

Quanto ao MERCOSUL, foram localiza-dos no sítio do Supremo Tribunal Federal, 19 (dezenove) acórdãos que utilizam o Tratado de Extradição e a Convenção sobre assun-

tos penais.

No que diz respeito ao Superior Tri-

bunal de Justiça, por meio dos mesmos ve-

tores de pesquisa foram encontrados ape-

nas oito documentos no conjunto dos vinte

9 Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/2011/decreto-7612-17-novembro-2011-611789- publicacaooriginal-134271-pe.html>. Acesso em:12/02/2012.10 Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=555517>. Acesso em: 12/02/2012.11 Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=555517>. Acesso em: 12/02/2012.12 O acórdão pode ser encontrado na íntegra no sítio eletrônico so Supremo Tribunal Federal (STF). Disponível em:http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%28caso+ellwanger%29&base=baseAcordaos. Acesso em: 19.01.2013.13 Os acórdãos podem ser encontrados na íntegra no sitio eletrônico do Superior Tribunal de Justiça (STJ).Disponível em: http://www.stj.jus.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?argkey=Conven%E7%E3o+Internacional+sobre+a+elimin a%E7%E3o+de+todas+as+formas+de+discrimina%E7%E3o+racial. Acesso em 19. jan. 2013.

nove Tratados analisados. Dentre estes, 07

(sete) tratam sobre convenções da ONU,

sendo citados os tratados de: a) Tráfico de

Mulheres e Crianças; b) Crime Organizado e

Corrupção. Da mesma forma, foi localizado

apenas 01(um) Tratado no âmbito do MER-

COSUL em Assuntos Penais.

As outras organizações não citadas

no Relatório, como se depreende da tabela

anexa, não foram citadas pela jurisprudên-

cia do STF e STJ.

Passa-se à análise da incidência dos

dois Tratados de direitos humanos em ma-

téria penal tanto no campo da legislação

brasileira, quanto das decisões do Supre-

mo Tribunal Federal e do Superior Tribunal

de Justiça.

No que se refere à jurisprudência, na

busca efetuada no sítio do STF, a questão

do racismo foi identificada no Habeas Cor-

pus 82.424-212 originário do Rio Grande do

Sul, conhecido como “caso Ellwanger”. Tal

demanda versa sobre a negativa de Habeas

Corpus a Siegfried Elwanger pela edição de

livros antissemitas. No caso em análise a ci-

tação de qualquer convenção internacional

sobre racismo, mesmo que a título de co-

nhecimento, foi tímida e não invocada como

fonte de direito para a resolução do caso.

Uma busca do mesmo verbete no sítio

do STJ trouxe à lume duas ações em que a

convenção foi utilizada, entre outras, como

razão de decidir. Nos recursos especiais -

REsp 1254118 e REsp 1132476/PR13 -, locali-

za-se na fundamentação da decisão a refe-

rência àquele marco normativo, tomado

como base para as políticas de ações

afirmativas implementas nas Universidades

por meio das políticas de cotas raciais.

112

No que diz respeito às referências ju-

risprudenciais, quanto à Convenção Contra

a Tortura, o sítio do STF indica ter sido re-

ferida por ocasião do julgamento da ADPF

153, cujo objeto dizia respeito à (in)constitu-

cionalidade da Lei de Anistia. A citação des-

sa Convenção, pela Corte Suprema, ocorreu

no sentido de negar sua vigência.14

O sítio eletrônico do STJ indica que

a Convenção em comento foi referida nas

questões de responsabilização civil do Es-

tado em casos de tortura identificada em

estabelecimentos prisionais, como se vê nos

três acórdãos encontrados a respeito, quais

sejam: REsp 1201326 / SP, RHC 31124 / PA,

REsp 1165986 / SP.15

4.3 DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

O exame sobre a frequência com que

os Tratados Internacionais são invocados

como fonte de direito e o seu impacto na

condução dos processos judiciais dá pros-

seguimento à primeira seção. Trata-se do

Eixo 3. Nele será investigado o grau de

conhecimento/desconhecimento dos Tra-

tados Internacionais objeto da pesquisa

pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) e

o Supremo Tribunal Federal (STF). Tal em-

preitada será levada a cabo por meio da

verificação da presença dos dispositivos

internacionais nas decisões destas Cortes

Superiores. A quantificação das referên-

cias na jurisprudência estará incluída na

tabela mencionada acima, de modo a per-

mitir uma visão ampla dos resultados da

pesquisa empreendida neste relatório.

Avança-se, então, para o exame da in-

cidência destes Tratados Internacionais na

jurisprudência do Supremo Tribunal Federal

e do Tribunal Superior do Trabalho. A pes-

quisa foi realizada nos sítios eletrônicos dos

referidos tribunais, utilizando-se o nome do

14 Isso pode ser verificado no acórdão da presente ação. Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%28ADPF%24%2ESCLA%2E+E+153%2EN UME%2E%29+OU+%28ADPF%2EACMS%2E+ADJ2+153%2EACMS%2E%29&base=baseAco rdaos. Acesso em: 12. Jan. 2013.15 Os acórdãos podem ser verificados no site do STF na íntegra. Disponível em: http://www.stj.jus.br/SCON/

ato internacional e os decretos legislativos

e executivos que internalizaram o tratado

como vetores da busca. Assim como ocor-

reu na primeira fase do projeto, os pesquisa-

dores se depararam com dificuldades para

determinar a exatidão dos dados encontra-

dos no meio virtual.

Na jurisprudência do Supremo Tribu-

nal Federal não foram encontradas decisões

sobre processo do trabalho mencionando

os Tratados Internacionais elencados no

Eixo 1. Vale dizer, existem acórdãos em que

o Tribunal utilizou documentos como a Con-

venção Americana de Direitos Humanos e a

Convenção 137 da OIT na fundamentação

decisória, porém o dispositivo citado não é

de matéria processual laboral. É o que será

detalhado a seguir.

Em relação aos tratados do sistema

ONU, localizaram-se somente decisões

que empregaram o Pacto Internacional

sobre Direitos Civis e Políticos na funda-

mentação, não tendo sido encontrados

acórdãos sobre a Convenção sobre o Re-

conhecimento e a Execução de Sentenças

Arbitrais Estrangeiras. Apesar do Pacto In-

ternacional sobre Direitos Civis e Políticos

ter sido mencionado em 48 (quarenta e

oito) decisões, em nenhuma delas o tema

era processo do trabalho.

No que tange aos compromissos fir-

mados no âmbito da OEA, foram encon-

tradas decisões invocando a Convenção

Americana de Direitos Humanos (156), a

Convenção Americana sobre Cartas Ro-

gatórias (1) e o Protocolo Adicional à

Convenção Americana sobre Cartas Ro-

gatórias (1). Em nenhum dos casos consta

no acórdão referência a processo do tra-

balho. As decisões são referentes a outros

campos do direito, como direito civil e di-

reito penal.

113

Entre as dez Convenções da OIT lis-

tadas no Eixo 1, somente foram localizadas

referências às Convenções 137 e 169. Em

ambos os casos, o acórdão não cuida de

processo laboral, apenas de direito material

do trabalho.

O mesmo ocorre com os marcos nor-

mativos do MERCOSUL. Em cinco decisões

foram encontradas menções ao Tratado

de Assunção, porém em nenhuma delas o

tema é processo do trabalho.

O último grupo de Tratados Inter-

nacionais é o dos bilaterais. Na pesquisa

realizada na jurisprudência do STF foram

encontrados somente dois acórdãos, refe-

rentes aos Tratados de Itaipu. Novamente,

a matéria dos julgados não atine à proces-

sualística laboral.

Na jurisprudência do Tribunal Su-

perior do Trabalho, verificou-se que

não são frequentes as referências aos

Tratados Internacionais pesquisados.

Destacam-se a Convenção Americana de

Direitos Humanos, os Tratados de Itaipu e

o Pacto de Direitos Civis e Políticos, entre

os mais utilizados pela Corte. O Protocolo

de Las Leñas e o Convênio de Cooperação

Judiciária Brasil/Espanha também são

empregados na fundamentação de deci-

sões do TST. Ainda, as Convenções da OIT

são bastante mencionadas nos acórdãos

da Corte trabalhista.

Apesar destes resultados, somente

a Convenção Americana de Direitos Hu-

manos, o Protocolo de Las Leñas e o Con-

vênio de Cooperação Judiciária Brasil/

Espanha foram invocados para tratar de

matéria processual laboral, sendo os ou-

tros acórdãos relativos ao direito material

do trabalho.

Entre os tratados do Sistema ONU,

foram encontrados 88 (oitenta e oito)

acórdãos fazendo referência ao Pacto In-

ternacional sobre Direitos Civis e Políticos.

Não houve nestas decisões discussão so-

bre matéria processual laboral.

No que tange aos tratados da OEA,

localizaram-se 509 (quinhentos e nove)

decisões invocando a Convenção Ameri-

cana de Direitos Humanos em sua funda-

mentação. O dispositivo mais citado é o

artigo 8, 1, do Pacto de San José, que tem

por objeto o direito a ampla defesa. Cuida-

-se, portanto, da utilização de um preceito

processual por excelência. Nota-se, assim,

a adoção de uma jurisprudência de prote-

ção dos direitos processuais pelo TST vin-

culada a Tratados Internacionais, particu-

larmente de direitos humanos.

Quanto às Convenções da OIT, exis-

te farta jurisprudência sobre a maior par-

te das convenções pesquisadas. Contu-

do, não foram encontrados casos em que

o documento internacional juslaboral

fosse invocado para cuidar de processo

do trabalho.

Em relação aos tratados do MER-COSUL, foram encontrados três acórdãos referindo ao Protocolo de Cooperação e Assistência Jurisdicional em Matéria Civil, Comercial, Trabalhista e Administrativa, conhecido como Protocolo de Las Leñas. Os temas abordados nestas decisões não incluem direito processual do trabalho, apenas direito material laboral.

Entre os Tratados bilaterais, foram lo-calizados 7 (sete) acórdãos sobre o Con-vênio de Cooperação Judiciária em Ma-téria Civil, entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Reino da Espanha. Ainda, um número considerável de deci-sões mencionando os Tratados de Itaipu. O direito processual do trabalho desponta como tema da decisão nos casos do Con-vênio Brasil/Espanha, enquanto nos Trata-dos de Itaipu o assunto é o direito mate-

rial laboral.

Em material de trabalho escravo e

de trabalho de imigrantes, ao se verificar

114

a incidência destes documentos interna-

cionais na jurisprudência do STF e do TST,

os resultados são ínfimos. Entre todos os

Tratados de direito das gentes cataloga-

dos, apenas 5 (cinco) acórdãos foram en-

contrados, exclusivamente no âmbito do

Tribunal trabalhista.

Na jurisprudência do STF, não foram

localizadas decisões fazendo referência à

Convenção 97 da OIT. As decisões sobre a

Convenção Americana de Direitos Huma-

nos, a Declaração Universal dos Direitos

Humanos e o Protocolo de San Salvador

apontadas no sistema virtual de pesquisa

de jurisprudência não versam sobre o tema

do trabalho dos migrantes. A pesquisa so-

bre os outros tratados na jurisprudência

do STF não obteve resultados.

Na jurisprudência do TST, foram en-

contrados acórdãos referindo apenas a

Tratados do MERCOSUL. Três decisões

citando o Protocolo de Cooperação e As-

sistência Jurisdicional em Matéria Civil,

Comercial, Trabalhista e Administrativa

(Protocolo de Las Leñas) e duas decisões

mencionando o Acordo sobre Residência

para Nacionais dos Estados Partes do Mer-

cado Comum do Sul.

Realizado o diagnóstico quantitativo

das referências aos Tratados Internacio-

nais com dispositivos sobre trabalho dos

migrantes pelo STF e pelo TST, aponta-se

a decisão selecionada, por amostragem,

para ser analisada no Eixo 4. Trata-se do

RR 49800- 44.2003.5.04.0005, de relato-

ria do Ministro Vieira de Mello Filho, julga-

do em 2010.

No tocante ao trabalho escravo, exis-

tem diversos documentos internacionais

que visam evitá-lo, protegendo o traba-

lhador desta antiga forma de exploração.

Os principais são a Convenção 29 e 105

da OIT, a Convenção Suplementar sobre

Abolição da Escravatura, a Declaração

Universal dos Direitos Humanos, o Pacto

Internacional sobre Direitos Civis e Políti-

cos e a Convenção Americana sobre Direi-

tos Humanos.

Já, com relação à influência dos Tra-

tados Internacionais referentes ao trabalho

escravo e a produção legislativa brasileira,

ocorre o mesmo mencionado quanto aos

trabalhos dos migrantes, ou seja, ínfima

influência em âmbito interno. E, quanto à

incidência na jurisprudência do STF e TST,

os resultados giram em torno de aspec-

tos materiais ou princípios constitucionais

processuais.

Foram encontradas dez jurisprudên-

cias sobre o tema “trabalho escravo” no

site do STF e diversas TST. Entretanto,

percebe-se clara ênfase à legislação in-

terna, como, por exemplo, cita-se o art.

149 do Código Penal, que trata da con-

dição análoga de escravo. Ademais, os

julgados apontam não ser necessária

comprovação de coação física da liberda-

de de ir e vir ou mesmo cerceamento da

liberdade de locomoção para configurar

trabalho escravo. Basta a submissão da

vítima “a trabalhos forçados ou a jornada

exaustiva” ou “condições degradantes de

trabalho”, condutas alternativas previstas

no tipo penal. A jurisprudência também

indica que a violação do direito ao traba-

lho digno impacta a capacidade da vítima

de realizar escolhas segundo a sua livre

determinação.

4.4 CONCLUSÕES DO EIXO 3

Da análise empreendida no eixo

dois, visando encontrar as influências le-

gislativas dos Tratados Internacionais, o

presente eixo procurou identificar a inci-

dência desses Tratados na jurisprudência

do Supremo Tribunal Federal (STF), Su-

perior Tribunal de Justiça (STJ) e Tribunal

Superior do Trabalho (TST). Dentro desta

115

perspectiva, divididas as análises em pro-

cesso civil, processo penal e processo do

trabalho encontraram resposta diversa a

cada temática tratada.

Diante da vastidão dos Tratados refe-

rentes à temática do processo civil e dos

dados apresentados anteriormente, para

este campo foram selecionados os seguin-

tes Tratados para análise de decisões para-

digmáticas sobre a aplicação das normati-

vas: Protocolo de Cooperação e Assistência

Jurisdicional em matéria Civil, Comercial,

Trabalhista, Administrativa – Protocolo de

Las Leñas (1992), sendo objeto de analise

o Agravo Regimental em Carta Rogatória

nº 7613.4/STF e a Carta Rogatória nº 8279/

STF. Ainda, sobre a aplicação da Conven-

ção Americana de Direitos Humanos, em

matéria de garantias processuais civil foi

analisado o Habeas Corpus nº 87.585/STF

e Habeas Corpus nº 96772/STF. No que se

refere aos Tratados Internacionais sobre

Direitos Humanos com impacto no Direi-

to Processual Brasileiro, os casos selecio-

nados foram os seguintes: Habeas Corpus

nº 182834(2010/0154483-7)/STJ, da ADPF

172 mc-ref/RJ.

No caso do direito processual penal,

diante da vastidão dos Tratados mapea-

dos e conforme a justificativa apresenta-

da no corpo do texto, optou-se por ana-

lisar duas convenções que versam sobre

direitos humanos, mas que têm impacto

direto no sistema processual brasileiro em

sua temática. A primeira Convenção da

ONU contra a Tortura e Tratamentos De-

gradantes é analisada sob a perspectiva

do julgamento no STF da ADPF 153 e no

STJ dos Resp 1201326/SP, Resp 1165986/

SP e Resp 797989/ PR. Quanto à Conven-

ção da ONU sobre Racismo o caso eleito

no STF é o Habeas Corpus 82424-214, no

STJ a mesma Convenção é analisada na

perspectiva dos Resp 1264649/RS e Resp

1132476/PR. Os casos foram eleitos, os

resultados colhidos nos sítios eletrônicos,

tendo como verbete de busca o nome ofi-

cial da Convenção Internacional.

Na temática de direito processual do

trabalho, pesquisando os verbetes sobre as

Convenções sobre trabalho escravo e so-

bre trabalho do imigrante, no sítio eletrô-

nico do TST foram encontradas as seguin-

tes ações RO – 5165-78.2010.5.10.0000/

TST, ROMS - 161/2005-000-10-00.1/TST,

RR 49800-44.2003.5.04.0005/TST, In-

quérito 3412/STF, Inquérito 2131/STF e RE

398041/STF.

Nesse sentido, dentro da busca reali-

zada pelos Tratados selecionados nos Tri-

bunais, por amostragem, pode-se concluir

que da análise empreendida, o cenário ge-

ral aponta para uma baixa referência, em

particular no que tange ao direito proces-

sual, foco central da pesquisa. Nos eixos 4,

5 e 6 o conteúdo das jurisprudências sele-

cionadas neste eixo será objeto de estudo,

condicionando, uma resposta qualitativa

ao estudo.

116

Visando responder ao questionamen-

to acima, com base nos dados apresenta-

dos pelo relatório até o presente momento,

foram elaborados dois objetivos. O primei-

ro foi investigar como os Tratados Interna-

cionais em matéria processual vêm sendo

invocados como fundamento das decisões

pelos Tribunais mencionados (STF e STJ). O

segundo objetivo quis elencar as principais

dificuldades na aplicação das referidas nor-

mativas internacionais por esses Tribunais

em suas decisões judiciais.

Para a execução do presente trabalho,

procedeu-se a análise, por amostragem, de

decisões judiciais oriundas do Supremo Tri-

bunal Federal (STF), Superior Tribunal de

Justiça (STJ) e no Tribunal Superior do Tra-

balho (TST), que se utilizam ou não de nor-

mativas internacionais em suas fundamen-

tações. Da mesma forma, como se procedeu

em toda a pesquisa o exame dos arestos

dar-se-á dividindo as análises em matérias

(cível, penal e trabalhista).

Por meio dessa metodologia, verifi-

caram-se as dificuldades encontradas na

aplicação das normativas internacionais

(Tratados) na fundamentação das deci-

sões judiciais. No mesmo sentido, visando

complementar a análise de dados, foi en-

viado aos Tribunais analisados um ques-

tionário direcionado ao objeto de análise

do projeto, buscando subsídios para apon-

tar os principais obstáculos apresentados

à aplicação dos Tratados internacionais

em matéria processual. Os questionários

enviados e seu conteúdo seguem ao final

5 EIXO QUATRO – COMO OS OPERADORES DO DIREITO VÊM APLICANDO ESSES DISPOSITIVOS? QUAIS AS DIFICULDADES ENFRENTADAS?

das conclusões do presente eixo.

5.1 DIREITO PROCESSUAL CIVIL

Neste momento, é imprescindível

identificar como os Tratados Internacio-

nais elencados na justificativa acima vêm

sendo invocados no conteúdo das deci-

sões do Tribunal, a fim de verificar se eles

são utilizados como ratio decidendi ou

como mero argumento.

Com vistas aos objetivos propostos,

procedeu-se uma análise por amostragem

das decisões judiciais no Supremo Tribu-

nal Federal (STF) e no Superior Tribunal

de Justiça (STJ), que se utilizam de nor-

mativas internacionais arroladas no Eixo 1,

em suas fundamentações.

Após ter sido realizado no Eixo 3, o

diagnóstico quantitativo das referências aos

Tratados internacionais elencados no pelo

STF e STJ, é mister apontar as decisões se-

lecionadas para serem estudadas no Eixo 4.

No que se refere aos Tratados inicial-

mente arrolados, no Eixo 1, os casos arrola-

dos são os seguintes: o Agravo Regimental

em Carta Rogatória nº 7613.4/STF, de rela-

toria do Ministro Sepulveda Pertence, julga-

do em 03/04/1997 e a Carta Rogatória nº

8279/STF, de relatoria do Ministro Celso de

Melo, julgado em 17/06/1998, ambas sobre

Cooperação Jurisdicional em Matéria Civil

no âmbito do MERCOSUL. Ainda, sobre a

aplicação da Convenção Americana de Di-

reitos Humanos, em matéria de garantias

processuais civil, serão analisados o Habeas

117

Corpus nº 87.585/STF, de relatoria do Minis-

tro Marco Aurélio, julgado em 03/12/2008

e o Habeas Corpus nº 96772/STF de rela-

toria do Ministro Celso de Melo, julgado em

09/06/2009.

No que se refere aos Tratados Inter-

nacionais sobre Direitos Humanos com im-

pacto no Direito Processual Brasileiro, os ca-

sos selecionados são os seguintes: Habeas

Corpus nº 182834(2010/0154483-7)/STJ, de

relatoria do Ministro Castro Meira, julgado

em 27/04/2011 e da ADPF 172 mc-ref/RJ, de

relatoria do Ministro Marco Aurélio, julgada

em 10/06/2009.

Justifica-se a escolha desses casos,

pois são julgados enigmáticos para a dou-

trina e para a jurisprudência brasileira so-

bre o tema.

5.1.1 Protocolo de Cooperação e Assistência

Jurisdicional em matéria Civil, Comercial,

Trabalhista, Administrativa – Protocolo de

Las Leñas (1992)

Agravo Regimental em Carta Rogatória

nº 7613.4/STF16

Trata-se de carta rogatória expedida

pelo Juizo Nacional de Primeira Instância

de Buenos Aires requerendo a execução de

sentença através de Carta Rogatória, ale-

gando tal possibilidade estar prevista no

Protocolo de Las Leñas, que cria um pro-

cedimento facilitado para a circulação de

laudos arbitrais e sentenças estrangeiras.

Indeferido o exequatur e devolvida

a Carta à jurisdição de origem, os interes-

sados opuseram agravo regimental. Ale-

garam os agravantes que a concessão de

exequatur à decisão de natureza executó-

ria estaria amparado no artigo 19 do Pro-

tocolo de Las Leñas, que diz: “o pedido de

reconhecimento e execução de sentenças

e laudor arbitrais por parte das autorida-

des jurisdicionais será tramitado por via 16 Trata-se de Agravo Regimental em Carta Rogatória nº 7613.4 julgado pelo STF. Órgão Julgador: Tribunal Pleno. Relatoria Ministro Sepulveda Pertence. Data do julgamento: 03/04/1997. Data da publicação: 15/04/1997. Disponível em: http://stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?incidente=1651739. Data do acesso: 15/05/2013.

de cartas rogatórias e por via das Autori-

dades Centrias”.

Observe-se que o Protocolo de Las Leñas não alterou a legislação brasileira

no que tange a necessidade de homolo-

gação da sentença estrangeira de país de

sua área para efeito executório no Brasil.

O Protocolo de Las Leñas, tão somente,

facilitou a tramitação do pedido de reco-

nhcecimento, não dispensando o procedi-

mento de reconhecimento.

Do voto do Ministro Relator, Sepúl-

veda Pertence, extrai-se: “É ponto absolu-

tamente firme na doutrina brasileira e na

jurisprudência do Tribunal a inadmissibi-

lidade do exequatur a rogatória, cujo ob-

jeto seja a prática de atos executórios de

decisões estrangeiras”.

Nesstes termos, foi à decisão, por una-

nimidade, do STF, cuja ementa reproduz-se:

“O Protocolo de Las Leñas (“Protocolo

de Cooperação e Assistência Jurisdicional

em matéria Civil, Comercial, Trabalhista, Ad-

ministrativa”) não afetou a exigência de que

qualquer sentença estrangeira – à qual é de

equiparar-se a decisão interlocutória con-

cessiva de medida cautelar – para tornar-se

exequível no Brasil, há de ser previamente

submetida a homologação do Supremo Tri-

bunal Federal, o que obsta à admissão de

seu reconhecimento incidente, no foro bra-

sileiro, pelo juízo a que se requeira a execu-

ção; inovou, entretanto, a convenção inter-

nacional referida, ao prescrever, no art. 19,

que a homologação (dito reconhecimento)

de sentença provinda dos Estados partes

se faça mediante rogatória, o que importa

admitir a iniciativa da autoridade judiciá-

ria competente do foro de origem e que o

exequatur se defira independentemente de

citação do requerido, sem prejuízo da pos-

terior manifestação do requerido, por meio

de agravo à decisão concessiva ou de em-

bargos ao seu cumprimento”.

118

Observe-se que o Protocolo de Las Leñas não dispensou o juízo homologatório

da decisão estrangeira, conforme alegou o

agravante. Ressalta-se que a Convenção do

MERCOSUL não inovou nesse sentido, o que

poderia ter sido feito, inclusive para agilizar

o diálogo entre as jurisdições nacionais.

Dessa maneira, há que se reconhecer

que a decisão do STF está em conformidade

com tal Convenção Internacional. No caso, a

normativa internacional foi à razão de deci-

dir do STF.

5.1.2 Protocolo de Medidas Cautelares do

MERCOSUL

Carta Rogatória nº 8279/STF17

A Carta Rogatória 8279, julgada em

1998, reforça a necessidade do cumpri-

mento de todas as formalidades para a in-

corporação e plena eficácia dos Tratados

Internacionais dentro da jurisdição bra-

sileira, isto é, não basta aprovação pelo

Congresso Nacional, mas também a sua

promulgação mediante decreto pelo Pre-

sidente da República.

O caso em tela trata de carta rogatória

expedida pela Justiça da República da Ar-

gentina com a finalidade de viabilizar a efe-

tivação, em território brasileiro, de uma me-

dida cautelar de caráter executório, sendo

invocada para tanto o Protocolo de Medidas

Cautelares do MERCOSUL.

Em seu parecer, o Ministério Público

Federal enfatizou que “O objeto da carta

encontra respaldo no Protocolo de Medidas

Cautelares firmado entre Brasil, Argentina,

Paraguai e Uruguai, que prevê a possibilida-

de de cumprimento de medidas cautelares

destinadas a impedir a irreparabilidade de

um dano em relação à pessoas, bens e obri-

gações de dar, e fazer e não fazer, desde que

17 Trata-se da CR 8279 AgR/AT-Argentina, de Relatoria do Min. Celso de Mello. Órgão Julgador: Tribunal Pleno. Data do julgamento: 17/06/1998. Data da Publicação: DJ Data-10-08-00. Decisão disponível em: http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=324396. Data do acesso: 13/05/2013.toc.>jsp?tipoao=null&livre=Conven%E7%E3o+contra

atendidos os requisitos do art. 21 da mesma

Convenção, o que ocorre no presente caso”.

O Relator Ministro Celso de Mello ale-

gou que “em regra, as cartas rogatórias en-

caminhadas à Justiça brasileira somente de-

vem ter por objeto a prática de simples ato

de informação ou de comunicação proces-

sual, ausente, desse procedimento, qualquer

conotação de índole executória, cabendo

relembrar, por necessário, a plena admissi-

bilidade, em tema de rogatórias passivas, da

realização, no Brasil, de medidas cientifica-

tórias em geral (intimação, notificação ou

citação), consoante expressamente autori-

zado pelo magistério jurisprudencial preva-

lecente no âmbito desta Suprema Corte”.

E segue: “Não constitui demasia enfatizar

que a jurisprudência do Supremo Tribunal

Federal orienta-se no sentido de conside-

rar insuscetíveis de cumprimento, no Brasil,

as cartas rogatórias passivas revestidas de

caráter executório, ressalvadas, unicamen-

te, aquelas expedidas com fundamento em

atos ou convenções internacionais de coo-

peração interjurisdicional”.

Portanto, ressalta-se no caso que o

STF reconheceu a possibilidade de haver

um procedimento de caráter executório

tramitado por carta rogatória, desde que

exista uma convenção internacional que o

permita. Nesse sentido, o agravante arguiu

a existência do Protocolo de Medidas Cau-

telares aprovado pelo Conselho do Mercado

Comum (MERCOSUL).

Sobre a aplicabilidade desse Proto-

colo, conclui o Relator: “É que esse ato de

direito internacional público, muito embora

aprovado pelo Congresso Nacional (Decre-

to Legislativo nº 192/95), não se acha for-

malmente incorporado ao sistema de direi-

to positivo interno vigente no Brasil, pois, a

despeito de já ratificado (instrumento de ra-

tificação depositado em 18/3/97), ainda não

foi promulgado, mediante decreto, pelo Pre-

119

sidente da República. Na realidade, o Pro-

tocolo de Medidas Cautelares (MERCOSUL)

- que se qualifica como típica Convenção

Internacional - não se incorporou definitiva-

mente à ordem jurídica doméstica do Esta-

do brasileiro, eis que ainda não se concluiu o

procedimento constitucional de sua recep-

ção pelo sistema normativo brasileiro”. As-

sim, o sistema constitucional brasileiro não

consagra o princípio do efeito direto e nem

o postulado da aplicabilidade imediata dos

Tratados ou Convenções internacionais.

Não havido sido promulgado o Proto-

colo de Medidas Cautelares do MERCOSUL,

e dado o entendimento jurisprudencial do

STF de não conceder exequatur às Cartas

Rogatórias de caráter executório, o STF in-

deferiu o pedido apresentado pelo juízo de

Buenos Aires.

É o que consta na ementa: “Mercosul

- Carta rogatória passiva - Denegação de

exequatur - Protocolo de medidas caute-

lares (Ouro Preto/MG) - Inaplicabilidade,

por razões de ordem circunstancial - Ato

internacional cujo ciclo de incorporação,

ao direito interno do Brasil, ainda não se

achava concluído à data da decisão de-

negatória do exequatur, proferida pelo

presidente do Supremo Tribunal Federal

- relações entre o direito internacional, o

direito comunitário e o direito nacional

do Brasil - Princípios do efeito direto e da

aplicabilidade imediata - Ausência de sua

previsão no sistema constitucional brasi-

leiro - Inexistência de cláusula geral de re-

cepção plena e automática de atos inter-

nacionais, mesmo daqueles fundados em

Tratados de integração - Recurso de agra-

vo improvido. A recepção dos Tratados ou

Convenções internacionais em geral e dos

acordos celebrados no âmbito do Merco-

sul está sujeita à disciplina fixada na Cons-

tituição da República”.

18 Trata-se do Habeas Corpus 87.585 julgado pelo STF, de Relatoria do Min. Marco Aurélio. Órgão Julgador: Tribunal Pleno. Data do julgamento: 03/12/2008. Data da Publicação: DJe 26/06/2009. Decisão disponível em: http://stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%2887585%2ENUME%2E+OU+87585%2EACMS%2E%29&base=baseAcordaos&url=http://tinyurl.com/bjplykc. Data do acesso: 13/05/2013.

Dessa maneira, há que se reconhecer

que a decisão do STF não contraria a con-

venção internacional em tela, apenas não

sendo aplicada por não estar devidamente

incorporada ao direito brasileiro.

5.1.3 Convenção Americana sobre Direitos

Humanos - Pacto de São José da Costa Rica

(1969)

Habeas Corpus nº 87.585/STF18

Trata-se de pedidos de Habeas Corpus

impetrado em favor de Alberto de Ribamar

Ramos Costa contra decisão do STJ, para

ver relaxada a sua prisão civil levada a cabo

por infidelidade depositária. Pretendeu o

impetrante a concessão da ordem de habe-

as corpus para invalidar o decreto de prisão

civil, ante sua suposta ilegalidade.

O fundamento do pedido é de que, em

que pese a Constituição de 1988 permitisse

dois tipos de prisão civil, a do devedor de

alimentos e a do depositário infiel, o Brasil

ratificou a Convenção Americana sobre Di-

reitos Humanos (Pacto de São Jose da Cos-

ta Rica), em 1992, que teria suprimido a pos-

sibilidade da prisão do depositário infiel.

Nesses termos, foi a decisão do STF.

Para o Tribunal, a manutenção da prisão do

depositário infiel “não pode prevalecer, eis

que frontalmente contrária à Convenção

Americana sobre Direitos Humanos, ao Pac-

to Internacional sobre Direitos Civis e Po-

líticos e à Constituição da República, con-

siderada, no ponto, a jurisprudência que o

Supremo Tribunal Federal firmou na matéria

em causa, de que não mais subsiste, em nos-

so ordenamento positivo, a prisão civil do

depositário infiel, inclusive a do depositário

judicial”.

Nessa decisão, o STF afirmou o “cará-

ter subordinante dos Tratados internacio-

nais em matéria de direitos humanos e o

120

sistema de proteção aos direitos básicos da

pessoa humana”. A decisão foi tomada por

unanimidade em 03/12/2008.

Assim, consta na ementa: “Depositário

Infiel. A subscrição pelo Brasil do Pacto de

San José da Costa Rica, limitando a prisão

civil por dívida ao descumprimento inescu-

sável de prestação alimentícia, implicou à

derrogação das normas estritamente legais

referentes a prisão do depositário infiel”.

Dessa maneira, há que se reconhecer

que a decisão do STF está em conformidade

com a Convenção Americana sobre Direitos

Humanos. No caso, a convenção internacio-

nal foi a razão de decidir do STF.

Habeas Corpus nº 96772/STF19

Trata-se de pedidos de Habeas Cor-

pus impetrado em favor de João Marcos

Bachega contra decisão do STJ, para ver

relaxada a sua prisão civil levada a cabo

por infidelidade depositária. Pretendeu o

impetrante a concessão da ordem de ha-

beas corpus para invalidar a sua prisão,

ante sua suposta ilegalidade.

O fundamento do pedido é de que, em

que pese a Constituição de 1988 permitisse

dois tipos de prisão civil, a do devedor de

alimentos e a do depositário infiel, o Brasil

ratificou a Convenção Americana sobre Di-

reitos Humanos (Pacto de São Jose da Cos-

ta Rica), em 1992, que suprimiu a possibili-

dade da prisão do depositário infiel.

Para o Tribunal, a manutenção da pri-

são do depositário infiel “não pode preva-

lecer, eis que frontalmente contrária à Con-

venção Americana sobre Direitos Humanos,

ao Pacto Internacional sobre Direitos Civis e

Políticos e à Constituição da República, con-

siderada, no ponto, a jurisprudência que o

19 Trata-se do Habeas Corpus 96772 julgado pelo STF, de Relatoria do Min. Celso de Mello. Órgão Julgador: Segunda Turma. Data do julgamento: 09/06/2009. Data da Publicação: DJe 20/08/2009. Decisão disponível em: http://stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%2896772%2ENUME%2E+OU+96772%2EACMS%2E%29&base=baseAcordaos&url=http://tinyurl.com/bplv6g9. Data do acesso: 13/05/2013.20 Trata-se do Referendo em Medida Cautelar na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 172 cujo pelo tribunal pleno do STF. Relator foi o Ministro Marco Aurélio. Data do Julgamento: 10/06/2009. Data da Publicação: 21/08/2009. Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia>. Data do acesso: 14/06/2013.

Supremo Tribunal Federal firmou na maté-

ria em causa, de que não mais subsiste, em

nosso ordenamento positivo, a prisão civil

do depositário infiel, inclusive a do deposi-

tário judicial”.

Nessa decisão, o STF firmou o “cará-

ter subordinante dos Tratados internacio-

nais em matéria de direitos humanos e o

sistema de proteção aos direitos básicos

da pessoa humana”.

Assim, para o STF, o Pacto de San José

da Costa Rica, passando a ter como funda-

mento de validade o artigo 5º, parágrafo 2º

da CF/88, prevalece como norma supralegal

na ordem jurídica brasileira e, assim, proíbe

a prisão civil por dívida. Isso não porque a

Convenção retificara a Constituição, mas

porque a leis que regulamentavam a prisão

civil foram revogadas. Decisão por unanimi-

dade tomada em 09/06/2009.

Dessa maneira, há que se reconhecer

que a decisão do STF está em conformidade

com a Convenção Americana sobre Direitos

Humanos. No caso a convenção internacio-

nal foi a razão de decidir do STF.

5.1.4 Convenção Sobre os Direitos

da Criança – ONU

Ação de Descumprimento de Preceito Fun-

damental (ADPF) 172 mc-ref/RJ20

A presente ADPF 172 tem por objeto

sentença legitimamente proferida, em ação

ordinária de busca, apreensão e restituição

de menor, por Juízo Federal no enfrenta-

mento de caso concreto permeado de cir-

cunstâncias particulares.

Por unanimidade, incluindo o próprio

relator que concedera a liminar, os minis-

121

tros extinguiram, sem julgamento do mé-

rito, a arguição de descumprimento de

preceito fundamental (ADPF 172) propos-

ta pelo Partido Progressista (PP) contra a

sentença da 16ª Vara Federal da Seção Ju-

diciária do Rio de Janeiro que deu a guar-

da de Sean Richard Goldman para o pai

biológico, David Goldman, na ação movi-

da pela União contra o padrasto do garoto,

João Paulo Lins e Silva.

A decisão tem por base a Convenção

sobre os Aspectos Civis do Sequestro Inter-

nacional de Crianças, firmada no âmbito da

ONU. “A Convenção estabelece regra pro-

cessual de fixação de competência interna-

cional que em nada colide com as normas

brasileiras a respeito, previstas na Lei de

Introdução ao Código Civil. Verificando-se

que um menor foi retirado de sua residên-

cia habitual, sem consentimento de um dos

genitores, os Estados-parte definiram que

as questões relativas à guarda serão resol-

vidas pela jurisdição de residência habitual

do menor, antes da subtração, ou seja, sua

jurisdição natural. O juiz do país da residên-

cia habitual da criança foi o escolhido pelos

Estados-membros da Convenção como o

juiz natural para decidir as questões relati-

vas à sua guarda”.

Em que pese o STF reconheça a va-

lidade e aplicabilidade da Convenção no

presente caso, o relator e demais ministros

acataram manifestação do procurador-geral

da República, Antonio Fernando de Souza,

segundo o qual os pressupostos para ad-

missibilidade da ação de descumprimento

de preceito fundamental não estão presen-

tes, pois “não pode ser viabilizada a tutela

de direitos individuais no âmbito de contro-

le concentrado de constitucionalidade, no

qual se inclui a ação de descumprimento

de preceitos fundamental”. Segundo Anto-

nio Fernando “não se trata de reexame da

legalidade, justiça ou injustiça da decisão

proferida pelo juízo de primeiro grau, e sim

da decisão do próprio relator, pois não há

condições para que em controle concentra-

do de constitucionalidade esta corte inverta

o pronunciamento do magistrado federal”.

Nesses termos, foi produzida a emen-

ta: “Ordem de cautela - Judiciário. Além

de resultar da cláusula de acesso para evi-

tar lesão a direito - parte final do inciso

XXXV do artigo 5º da Constituição Fede-

ral -, o poder de cautela, mediante o im-

plemento de liminar, é ínsito ao Judiciário.

Arguição de descumprimento de precei-

to fundamental - subsidiariedade. Ante a

natureza excepcional da arguição de des-

cumprimento de preceito fundamental,

o cabimento pressupõe a inexistência de

outro meio judicial para afastar lesão de-

corrente de ato do Poder Público - gênero.

Arguição de descumprimento de precei-

to fundamental - liminar - insubsistência.

Uma vez assentada a inadequação da ar-

guição de descumprimento de preceito

fundamental, fica prejudicado o exame da

medida acauteladora deferida”.

No presente caso, verificou-se, então,

que a não aplicação da Convenção Interna-

cional não se deu por descumprimento do

STF, mas porque esse se entendeu incom-

petente para apreciar a demanda proposta.

Verificou-se que as Convenções não

deixam de ser utilizadas pelo simples fato

do não reconhecimento dos Tratados inter-

nacionais, mas por questões de cunho pro-

cessual ou mesmo por problemas na inter-

nalização dos Tratados Internacionais. São

muitas as dificuldades apresentadas na apli-

cação das normativas internacionais pelos

Tribunais brasileiros.

Deve-se apresentar como primeira di-

ficuldade o restrito número de casos sub-

metidos aos Tribunais pátrios, envolvendo

as Convenções Internacionais em análise,

e especificamente no que tange ao objeto

da presente pesquisa, a pequena invoca-

122

ção dos dispositivos sobre direito proces-

sual contidos nas Convenções.

Uma dificuldade premente é a ausên-

cia de efeito direto e da aplicação imediata

dos Tratados Internacionais, o que dificulta

imensamente a efetividade do direito inter-

nacional, o que ficou demonstrado no caso

da Carta Rogatória nº 8279, que não pode

ser executada porque ainda carecia uma das

tantas etapas do processo de incorporação

de um Tratado Internacional no Brasil.

Outra importante dificuldade é a fal-

ta de conhecimento dos operadores jurí-

dicos acerca dos Tratados Internacionais,

o que justifica alguns movimentos como o

do CNJ e do STF de divulgação de deter-

minadas matérias. Este movimento está

claro no voto do Ministro Marco Aurélio,

no texto do acórdão da ADPF 172, onde

demonstra o seu trabalho para capitalizar

o entendimento sobre a Convenção sobre

os Aspectos Civis do Sequestro Interna-

cional de Crianças, da ONU: “Data de mi-

nha gestão na Presidência desta Corte a

deliberação de reunir um grupo de traba-

lho onde estivessem representados todos

os órgãos que têm atuação na fase judi-

cial desses casos em território brasileiro.

A motivação para essa iniciativa decorreu

das constantes observações recebidas

por intermédio de diversos representan-

tes diplomáticos acreditados em nosso

país, relativamente à delonga na aplica-

ção e na apreciação judicial de tais pedi-

dos, o que colocava o país em situação de

descumprimento das regras pactuadas na

Convenção. Recebemos a adesão imedia-

ta do Ministério das Relações Exteriores,

da Procuradoria-Geral da República, da

Advocacia-Geral da União, da Justiça Fe-

deral e da Autoridade Central, que desig-

naram seus membros representantes no

Grupo. Pois a primeira tarefa desempe-

nhada pelo Grupo Especial foi a de propor

21 Trata-se do Habeas Corpus nº 2010/0154483-7/STJ cujo relator foi o Ministro Carlos Meira. Data do Julgamento: 27/04/2011. Data da Publicação: 11/05/2011. Disponível em: https://ww2.stj.jus.br/revistaeletronica/Abre_Documento.asp?sLink=ATC&sSeq=15235928&sReg=201001544837&sData=20110511&sTipo=5&formato=PDF. Data do acesso: 14/06/2013.

medidas que favorecessem o melhor de-

sempenho do Poder Judiciário Brasileiro

naquilo que lhe toca no tipo de procedi-

mento peculiar previsto pela Convenção.

Seguiu-se um amplo e aprofundado estu-

do do texto-base a que o grupo fez juntar

seus comentários baseados na interpreta-

ção já pacificada de cada um dos disposi-

tivos. E, afinal, o resultado desse trabalho

foi colocado à disposição dos operadores

do Direito, a fim de que, de forma rápida e

segura pudessem esclarecer suas dúvidas

a respeito da matéria”.

Habeas Corpus nº 182834 (2010/0154483-

7)/STJ21

Trata-se de habeas corpus contra ato

praticado pelo Ministro de Estado da Jus-

tiça que determinou a expulsão de estran-

geira do território nacional, após o cum-

primento de pena por tráfico internacional

de drogas. Requer a impetrante a anulação

do ato impugnado, a fim de inviabilizar sua

expulsão, fundamentando o pedido no di-

reito à convivência familiar e no princípio

da máxima prioridade da criança, nascida

em território nacional.

Para os ministros do STJ caracteriza-

-se situação excludente de expulsabilidade

“mesmo na hipótese em que o nascimen-

to da prole nacional ocorre após a conde-

nação criminal ou a edição do decreto de

expulsão, quando há comprovação inequí-

voca da relação de dependência econômi-

ca e do vínculo sócio-afetivo entre estran-

geiro e prole nacional, resguardando-se a

proteção à unidade familiar e aos interes-

ses da criança”. Para tanto foram citados

inúmeros precedentes.

Segundo o STJ, “a proibição de expul-

sar estrangeiro que tenha prole brasileira

objetiva não somente proteger os interesses

da criança no que se refere à assistência ma-

123

terial, mas também, resguardar os direitos à

identidade, à convivência familiar e à assis-

tência pelos pais”.

E segue: “ainda que não haja prova

explícita da dependência econômica, essa

se presume da situação fática, qual seja,

uma criança com três anos incompletos,

sem indicação de paternidade no registro

de nascimento ou informação de outros

parentes, além de sua mãe, ora impetrante

e paciente”.

A ordem foi concedida por unanimi-

dade. Observe-se que o fundamento para

inviabilizar a expulsão é direito à convivên-

cia familiar e o princípio da máxima prio-

ridade da criança, nascida em território

nacional, que se extrai de inúmeras legis-

lações internas e internacionais, entre elas

a Convenção Sobre os Direitos da Criança,

firmada no âmbito da ONU.

Infere-se, ainda, que a Convenção So-

bre os Direitos da Criança foi um dos parâ-

metros legislativos para que o habeas cor-

pus fosse deferido, com base “na máxima

prioridade da criança”, mas não na razão

de decidir.

5.2 DIREITO PROCESSUAL PENAL

Concernente ao relatório da área de

direito processual penal, levando em con-

sideração o que foi discutido e debatido

nas reuniões anteriores e, tendo em conta

seguir o condão do trabalho já desenvol-

vido no relatório 1 e 2, visando responder

os questionamentos do relatório 3, deno-

minado relatório final, para a análise do

presente eixo, como determinado na pro-

posta aprovada pelo ministério da justi-

ça, as duas perguntas serão respondidas

conforme a metodologia já exposta, tendo

por base, os dois Tratados Internacionais

já analisados no relatório 2, quais sejam, a

Convenção Contra a Tortura e a Conven-

ção contra a discriminação racial.

5.2.1 Convenção Contra a Tortura e Outros

Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanas

ou Degradantes da ONU (1984)

Como já investigado no relatório dois

e determinado na metodologia da execução

do eixo 04, a resposta a essas duas ques-

tões, no que diz respeito aos Tribunais Supe-

riores, será feito por amostragem. Para tan-

to, levando em consideração o determinado

e aprovado, dentro dos tribunais superiores,

no que tange ao processo penal, os casos

eleitos para análise são os que englobam a

aplicabilidade da Convenção de Tortura.

5.2.1.1 Aplicação da Convenção Contra a Tor-

tura pelo Supremo Tribunal Federal (STF)

Quanto ao STF foi eleito a Ação de

Descumprimento de Preceito Fundamental

(ADPF) 153, pois ela é tronco comum nas

referências relativas à aplicação da Conven-

ção Contra a Tortura no Brasil, vez que ela

reúne em sua análise e o posicionamento

do Supremo Tribunal Federal (STF) no cor-

rer de sua existência quanto à persecução

penal da tortura no Brasil. O cerne da dis-

cussão da presente demanda diz respeito

à (in)constitucionalidade da Lei de Anistia

Brasileira, como já referido, a citação dessa

Convenção, pela Corte Suprema, ocorreu no

sentido de negar sua vigência.

Todavia cabe analisar profundamen-

te os votos, vez que o sistema do Supre-

mo Tribunal Federal (STF) é composto por

decisão de maioria de votos e não deci-

são unanime oriunda do consenso dos

Ministros, portanto, para poder detectar

a aplicação e eventuais dificuldades de

aplicação da Convenção como previsto na

execução do presente relatório os votos

foram analisados quanto a dois aspectos

importantes que, ao examinado, foram o

eixo de discussão do processo penal Brasi-

leiro, tendo como contrapartida a Conven-

ção Contra a Tortura. A primeira discussão

124

que foi comum nos os votos é a questão

da discussão de “crimes conexos”, adian-

te, a segunda discussão foi relativa à apli-

cabilidade da Convenção, tendo por base

o reconhecimento do Brasil da presente

Convenção. Para tanto, visando elucidar

o afirmado, necessário a análise da ADPF

tendo como ponto chave a definição “cri-

mes conexos” e a vigência ou não da con-

venção analisada.

Ação de Descumprimento de Preceito Fun-

damental (ADPF) nº 153

O caso em análise trata da Arguição de

Descumprimento de Preceito Fundamental

(ADPF) nº 153 impetrada pelo Conselho Fe-

deral da Ordem dos Advogados do Brasil,

objetivando o não recebimento da Lei de

Anistia (Lei nº 6683 /79) pela Constituição

Federal de 1988, na medida em que, de-

terminada lei concede anistia a todos que,

durante o período da Ditadura Civil Mili-

tar Brasileira, cometeram crimes políticos

ou conexos a esses durante esse período,

esclarece no seu art. 1º, § 1 que os crimes

considerados conexos crimes de qualquer

natureza relacionados com crimes políticos

ou praticados com relação política. Nesse

sentido, a natureza do julgado para além

das motivações ideológicas, arrazoa sobre a

inconsistência da Lei com os preceitos fun-

damentais da Constituição Federal.

No sentido da pesquisa proposta a dis-

cussão, como será verificado, gira em torno

de matéria atinente ao direito processual pe-

nal visto que a discussão central é definição

de crimes conexos cometidos durante a di-

tadura militar, bem como, da prescritibilida-

de desses crimes cometidos pelos agentes

de Estado. Dito de outro modo, a discussão

gira em torno de determinar se os crimes

comuns cometidos pelos agentes de Estado

se assemelham aos crimes políticos cometi-

dos por todos aqueles que se opunham ao

regime da época, portanto, desqualificando

esses crimes como o tipo penal da tortura,

perfazendo, portanto em dois resultados,

como ficará demonstrado: 1- Se o crime é

conexo aos crimes anistiados não existe

o crime de tortura. 2- Por consequência, a

Convenção Contra Tortura se torna não apli-

cável para a apuração das torturas cometi-

das pelos agentes de Estado. Como já dito,

diante da estrutura das decisões oriundas

das Cortes Supremas, passamos a análise da

aplicabilidade ou não da Convenção Contra

tortura e as dificuldades enfrentadas na de-

cisão ao invocar o presente Tratado.

O relator do processo foi o Ministro

Eros Roberto Grau. O Ministro, ao oferecer

o arrazoado, o faz no sentido de denegar a

vigência da Convenção Contra a Tortura no

Brasil. Aduz o Ministro que quanto à cone-

xão dos crimes de tortura com os crimes de

anistiados, pois crimes políticos, é possível,

pois o momento histórico que o país vivia o

que se procurou foi estender a anistia crimi-

nal de natureza política aos agentes de esta-

do para evitar mais violência. Determina em

seu voto que foi uma conexão sui generis da

utilizada no processo penal na medida em

que o legislador procurou estender a cone-

xão vistas ao momento histórico da lei, pois

como ficará claro em voto posterior, não há

previsão no ordenamento jurídico pátrio da

conexão de crimes que foi proposta na lei

de anistia, portanto, como qualificada pelo

Ministro, é uma conexão sui generis.

Quanto à aplicabilidade da Conven-

ção entendeu o Ministro Relator que a Lei

de Anistia precede a Convenção das Nações

Unidas Contra Tortura e outros Tratamentos

ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradan-

tes, bem como a Constituição Federal de

1988 que acolheu a Lei de Anistia, portan-

to, a Convenção não alcança no preceito de

imprescritibilidade da pratica de tortura as

anistias consumadas antes da sua vigência.

Da mesma forma cita a doutrina sobre a in-

ternalização das normas internacionais no

125

Brasil só ocorrem após seu reconhecimento

no Congresso Nacional na forma prescrita

em lei (ADPF 153 p. 37 e seguintes). Dian-

te dos argumentos o relator declara a lei de

anistia Constitucional, negando a vigência,

ao caso, da aplicação ou utilização da pre-

sente Convenção.

Seguindo os votos a Ministra Carmen

Lúcia Antunes Rocha, por sua vez, não

adentra a nenhuma das discussões propos-

tas pelo Relator. A Ministra reconhece que o

Crime de Tortura é um Crime Contra a Hu-

manidade, mas em momento algum cita a

Convenção contra a , avaliando sua validade

ou não, ou, aponta a questão dos crimes co-

nexos. Assenta seu voto no sentido de con-

firmar o já arguido pelo Ministro Eros Grau.

O Ministro Ricardo Lewandowiski ao

julgar a demanda, quando ao critério da

conexão refuta os argumentos utilizados

pelos Ministros relator e aponta que o le-

gislador pretendeu caracterizar, para efei-

to da anistia, a conexão material entre ilí-

citos praticados entre pessoas diferentes

em circunstancias diversas, objetivando a

absorção de condutas delituosas pelos cri-

mes políticos. Para o Ministro do ponto de

vista técnico seria impossível não encon-

trando amparo na legislação processual

penal brasileira, pois a conexão delitiva é o

instituto do processo penal que considera

haver conexão entre vários crimes, come-

tidos pelo mesmo agente, ou agentes di-

ferentes, para que seus processos corram

perante um mesmo juízo. Nessa perspec-

tiva, não há como se cogitar conexão ma-

terial entre os ilícitos em exame, conforme

pretenderam os elaboradores dos ilícitos

sob exame. (ADPF 153 p. 105 e seguintes)

Quanto à tipificação do crime de tor-

tura, não acha necessário salientar que são

crimes de lesa – humanidade, portanto im-

prescritíveis. Para o Ministro esse enten-

dimento é pacífico, não restando dúvidas

sobre a tipificação, existência e aceite do

Brasil dos documentos jurídicos que o re-

conhecem e necessária a persecução pe-

nal a respeito deles.

Para tanto, com relação à anteriorida-

de da lei de anistia e do aceite pela Consti-

tuição Federal de 1988 da referida lei, lem-

bra o Ministro que antes mesmo do advento

da Constituição Federal de 1988 inclusive

durante o período da ditadura militar já ha-

via previsão tanto no Código Penal Militar,

quanto na Lei Penal Brasileira ao crime de

abuso de autoridade sujeitando esses a san-

ção administrativa, penal e civil.

Quanto à elucidação do entendimen-

to do STF, a respeito da definição de crimes

político e crimes conexos, o Ministro cola-

ciona entendimento do STF em diversos ca-

sos de extradição em que a Corte decidiu

no sentido de determinar a distinção entre

crimes políticos típicos identificáveis e os

crimes políticos relativos à doutrina estran-

geira com relação as quais para descartá-los

deve se fazer uma análise caso a caso. Nes-

se sentido, o Ministro também fundamenta

sua motivação: como a lei de anistia não faz

distinção entre crimes comuns e crime po-

lítico fica aberto a possibilidade de caso a

caso ser analisado os crimes cometidos por

agentes públicos. (p. 127 e seguintes).

O Ministro relembra que a apreciação

dessas questões pelo judiciário é essencial

sob pena de ferir um dos preceitos basilares

da Constituição, qual seja, o acesso univer-

sal à jurisdição (art. 5º XXXV), na medida em

que, reconhecemos o Pacto Internacional

de Direitos Civis e Políticos que dentre suas

afirmações assentou que é dever dos esta-

dos partes investigar, ajuizar e punir os res-

ponsáveis por violação de direitos, vedando

anistias desses crimes a agentes de estados

que perpetraram a violência. Da mesma

forma, reconhece as decisões advindas da

Corte Interamericana que seguem esse en-

tendimento. Contudo, não se utiliza da Con-

venção ora analisada na pesquisa.

126

O Ministro Carlos Ayres Britto com-

preende que não enxerga na lei de anistia

o caráter amplo, geral e irrestrito dando in-

terpretação conforme, excluindo do texto

interpretado qualquer estender de anistia

aos crimes previstos nos art. 5º da Consti-

tuição, logo os crimes hediondos e os que

são equiparados como a tortura, homicídio

e estupro. Convém lembrar que o Ministro

não faz qualquer referencia a Convenção

Contra a Tortura no seu voto ou se refere ao

problema da conexão feita pelo Relator da

ADPF. Vota contra a constitucionalidade da

lei de anistia.

A Ministra Ellen Gracie Northfleet ao

utilizar seus fundamentos ancora seu voto

nas manifestações já exaradas pelo Ministro

Eros Grau, afirmando as questões de transi-

ção negociada e pacífica necessária a época

e pela legitimidade da Lei de Anistia. Não

trata das temáticas aos crimes conexos nem

se utiliza da Convenção Contra a Tortura em

momento algum.

O Ministro Marco Aurélio de Mello- Ao

julgar constitucional a Lei de Anistia com-

preende na mesma linha do Ministro Relator,

ou seja, que a conexão a que se revela os

crimes cometidos pelos agentes da ditadura

era um crime conexo sui generis que ultra-

passa ao previsto no processo penal brasi-

leiro, assentando suas razões nas mesmas

da relatoria do Ministro Eros Grau não fa-

zendo referencia aos pontos analisados pela

presente pesquisa.

O Ministro Celso de Mello em seu voto

reconhece a exitencia dos documentos in-

ternacionais, inclusive a Convenção Contra

a Tortura e das decisões da Corte Interame-

ricana de Direitos Humanos que vedam leis

de autoanistia. Contudo, o Ministro entende

que a lei de anistia brasileira não se enqua-

dra no tipo, pois a anistia foi concedida bi-

lateralemente, tanto aos opositores do regi-

me, quanto aos agentes de Estado, portanto

não fazendo jus ao termo autoanistia. Quan-

to aos termo “crimes conexos” concorda

com o emprego ao caso no sentido de que

como a anistia foi bilateral ela está em per-

feita consonancia com a abertura política

realizada no Brasil dado o momento históri-

co que se vivenciava.

O Ministro Cezar Peluzo, ao proferir

seu voto, segue a mesma linha de argumen-

tação do Relator da ADPF, pois compre-

ende que a anistia brasileira foi concebida

com a determinação de “crimes conexos” e,

esses seriam um modelo metajuridico não

previsto no ordenamento processual penal.

Da mesma forma, não entende pela autoa-

nistia não sendo o tipo que é vedado pelos

documentos jurídicos internacionais. Com-

preende que o nosso processo de apuração

dos crimes se deu pela concordancia e não

pela investigação. Em momento algum cita

a Convenção Contra a Tortura.

O Ministro Gilmar Mendes segue a li-

nha de argumentação do Ministro relator e

refere que foi a forma que encontramos de

iniciar a Democracia no Brasil. Quanto a co-

nexão reconhece legitima e diferenciada da

prevista no processo penal. Não cita a Con-

venção Contra a Tortura.

Do apresentado pode-se apresentar

o seguinte resultado quanto à convenção:

Apenas dois (2) Ministros do Supremo Tri-

bunal Federal (STF) citam e analisam a Con-

venção Contra a Tortura e denegam a sua

aplicação. Nenhum Ministro cita a Conven-

ção para a aplicação positiva dela ao caso.

Os demais seis (6) Ministros não citam a

Convenção. Portanto, diante do questiona-

mento, vemos que os operadores aplicam

pouco a Convenção em análise, mesmo ten-

do conhecimento dela.

Do analisado, percebe-se que em sua

maioria, os Ministros, tirando os votos di-

vergentes no caso de dois (2) Ministros,

ancoram seus votos nos votos do Ministro

Relator neste caso, portanto, ao realizarem

127

seu arrazoado, concordam sem divergência,

no argumento do Ministro Relator, portanto

não citando a Convenção.

As dificuldades são diagnosticadas no

sentido do reconhecimento ou análise da

Convenção que ainda é fundamentada em

questões de reconhecimento e internaliza-

ção dos Tratados, na arguição de denega-

ção de vigência no voto relator, o marco

regulatório levado em consideração é a in-

ternalização do Tratado via decreto legis-

lativo no caso, sendo aí determinados os

efeitos no Brasil da Convenção. Outro ponto

a salientar, é que não há desconhecimento

da norma pelos juristas, mas eles preferem

analises com o direito comparado ou bus-

cam subsídios no direito interno para suas

razões de decidir.

5.2.1.2 Aplicação da Convenção Contra a

Tortura pelo Superior Tribunal de Justiça

(STJ)

A pesquisa da Convenção Contra a

Tortura e a eleição dos arestos analisados

foram realizados na busca do verbete da

Convenção no sitio eletrônico do Superior

Tribunal de Justiça (STJ). Esta análise, como

relatado no relatório II, trouxe a lume três

(3) arestos que citam a convenção como

fundamento da Responsabilização Civil do

Estado nos casos de tortura cometidos por

agentes estatais. Cada julgado traz uma

perspectiva diferente de aplicação depen-

dendo do caso. Apesar das decisões no STJ

operarem no mesmo modo dos demais Tri-

bunais superiores, nesses casos, o voto do

relator foi seguido pelos demais Ministros,

portanto se apresenta o resultado da deci-

são. Senão vejamos:

Recurso Especial (REsp) 1201326 / SP

O presente acórdão trata da ação de

responsabilidade civil danos materiais e mo-

rais por tortura em estabelecimento prisio-

nal. O acórdão gira em torno da discussão

do aumento da indenização levando em

conta a gravidade dos atos cometidos pelos

agentes prisionais. Para tanto no aresto fica

reconhecido a gravidade do atos cometidos

pelos agentes de Estado e que esses aten-

tam contra a humanidade e contra a Consti-

tuição Brasileira. Refere que além da Cons-

tituição vedar a tortura salienta que o Brasil

aderiu à Convenção contra a Tortura e Ou-

tros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desuma-

nos ou Degradantes, por meio do Decreto

nº 40, de 15 de fevereiro de 1991, a qual, em

seu art. 1º, ao definir o termo tortura, repudia

a ação do agente público que, conquanto

não pratique os atos de violência e castigo,

consente que este seja praticado contra a

pessoa. Nesse sentido, fundamentam que a

responsabilidade do Estado, no caso, é no-

tória, portanto devendo o montante da in-

denização dos danos morais ser majorada

não somente pelo caráter reparatório, mas

para a prevenção de novas condutas ilícitas

por parte do Estado Brasileiro.

Recurso Especial (REsp) 1165986 / SP

O presente acórdão trata de ação de

indenização contra o Estado de São Paulo

durante a ditadura militar de 1964. O autor

trabalhava na Delegacia Regional da Di-

visão do Imposto de Renda de são Paulo

foi preso em 1964 sob a acusação de co-

brar caixinha de empresas que fiscalizava

para que não aplicasse multas, torturado

e seviciado e, ao final, demitido a bem do

serviço público. Foi humilhado e obrigado

a assinar documentos previamente preen-

chidos sem que pudesse lê-los, sob ame-

aça de se entregue ao DEOPS/DOI-CODI.

A sucessão da vítima pleiteou indenização

por danos morais e materiais alegando a

responsabilidade do Estado nos fatos que

culminaram com a morte do torturado. O

STJ no caso analisado compreendeu por

128

reconhecer o direito de indenização de-

vida por parte do governo brasileiro ne-

gando vigência a tese apresentada de

prescrição do direito dos autores da ação

defendida pelo Estado. Nesse sentido, o

Tribunal assenta sua decisão na imprescri-

tibilidade do fato, pois a Constituição não

estipulou lapso prescricional ao direito de

agir, correspondente ao direito inalienável

à dignidade. Além disso, fundamentam no

sentido de reconhecer, as inúmeras con-

venções internacionais firmadas pelo Bra-

sil, a começar pela Declaração Universal

da ONU, e demais convenções específicas

sobre a tortura, tais como a Convenção

contra a Tortura adotada pela Assembleia

Geral da ONU, a Convenção Interameri-

cana contra a Tortura, concluída em Car-

tagena, e a Convenção Americana sobre

Direitos Humanos (Pacto de São José da

Costa Rica). Nesse sentido reconhece a

dignidade humana desprezada, no caso,

decorreu do fato de ter sido o autor tor-

turado revelando flagrante violação a um

dos mais singulares direitos humanos, os

quais, segundo os tratadistas, são ina-

tos, universais, absolutos, inalienáveis

e imprescritíveis .

Recurso Especial (REsp) Nº 797.989 – SC

O presente caso trata da persegui-

ção e tortura de pessoa de ascendência

alemã e a aplicação da Lei 10.559/02 aos

perseguidos políticos do Estado Novo a

despeito da semelhança nas violações aos

direitos fundamentais ocorridas neste pe-

ríodo da ditadura militar concernente ao

período de 1964-1985. Sobre a tortura, jun-

tamente ao lecionado pela Constituição

Federal de 1988, o julgamento refere, a

título de argumentação, três documentos

internacionais considerados importantes:

(I) Declaração sobre a Proteção de todas

as pessoas contra a Tortura e outros Tra-

tamentos ou Penas Cruéis, Desumanas ou

Degradantes, de 9.12.1975; (II) Convenção

contra a Tortura e outros Tratamentos ou

Penas Cruéis, Desumanas ou Degradan-

tes, de 10.12.1984, da Organização das Na-

ções Unidas, ratificada pelo Brasil com o

Decreto n. 40, de 15.2.1991; e (III) Conven-

ção Interamericana para Prevenir e Punir

a Tortura, de 9.12.1985, da OEA, ratificada

pelo Brasil com o Decreto n. 98.386, de

9.11.1989. Contudo, no caso, nega o pedi-

do indenizatório, pois o Tribunal Superior

compreende que os danos patrimoniais

devem observar, no caso, o rito prescricio-

nal do Decreto n.20.910/32, pois não faz

sentido que o erário público fique sempre

sujeito a indenizações ou pagamentos de

qualquer outra espécie por prazo dema-

siadamente longo. Mesmo levando-se em

conta o ajuizamento da ação entre o pe-

ríodo dos anos de 1996 e 2001, prescritas

estão as pretensões dos efeitos patrimo-

niais da demanda, pois nada nesse perío-

do era devido, tendo em vista que os auto-

res já tinham conhecimento dos fatos já no

advento da Constituição Federal de 1988.

Percebe-se nos casos analisados, que

em dois deles, a Convenção Contra a Tortura

foi utilizada no sentido de reconhecer sua vi-

gência e aplicabilidade ao caso. No primeiro

caso vemos que a internalização da norma é

condição de possibilidade para a utilização

da Convenção. NO segundo caso, relativo à

ditadura de 1960, prosperou a argumenta-

ção que a Constituição não estipulou lapso

prescricional ao direito de agir, correspon-

dente ao direito inalienável à dignidade,

bem como a previsão de imprescritibilida-

de nos documentos jurídicos internacionais,

incluindo, a Convenção Contra a Tortura

como documento fundamental ao entendi-

mento exarado pelo STJ no caso. Apenas

em (01) dos casos, apesar do reconheci-

mento da tortura e da convenção estudada,

se aplicou prazo prescricional interno para

negar a ação indenizatória. Portanto, diante

129

do questionamento, conclui-se que no caso

do STJ, a aplicabilidade da convenção en-

controu maior discussão nos acórdãos seja

para conceder ou negar sua legitimidade

ao caso. Da mesma forma, observa-se que

foram utilizadas como fundamento de deci-

são, levando em conta sempre seu processo

de internalização, como condição de possi-

bilidade para sua aplicação.

Da mesma forma que no STF no STJ,

ficou claro que as dificuldades são diagnos-

ticadas no sentido do reconhecimento ou

análise da Convenção que ainda é funda-

mentada em questões de reconhecimento e

transformação desses em legislação interna.

5.2.2 Convenção Internacional sobre a Eli-

minação de Todas as Formas de Discrimina-

ção Racial da ONU (1968)

Dando a continuidade ao trabalho

proposto no eixo 04, a convenção sobre

todas as formas de discriminação percor-

re o mesmo caminho da convenção ante-

rior. Primeiro será analisado um caso pa-

radigmático sobre o assunto no Supremo

Tribunal Federal (STF) que envolve a con-

venção. Posteriormente, será analisada a

convenção e sua aplicação pelo Superior

Tribunal de Justiça (STJ).

5.2.2.1 Aplicação da Convenção Contra a

Eliminação de Discriminação Racial pelo

Supremo Tribunal Federal (STF)

Para análise da aplicação da presen-

te convenção foi eleito o Habeas Corpus

82.424-214, conhecido como Caso Elwan-

ger, onde se discutiu as questões atinentes

ao crime de racismo e a aplicação da con-

venção sendo referência no país para o re-

conhecimento e persecução penal do crime

de racismo. A partir da definição desse con-

ceito é que os rumos do julgamento deter-

minaram a prescritibilidade ou não do crime

cometido. Para tanto, necessário a análise

dos votos dos ministros para compreender

a amplitude e consequências do caso.

Habeas Corpus 82.424- 214- Caso Elwanger

O presente caso trata sobre a edição,

divulgação e comercialização de livros que

contem ideais antissemitas, constituindo

crime de racismo que fica sujeito a cláusulas

de inafiançabilidade e imprescritibilidade

do crime, levando em consideração o pre-

visto na Constituição Republicana e a ade-

são do Brasil a Tratados e acordos multilate-

rais que repudiam as distinções e restrições

ou preferências oriundas da raça, cor, credo,

descendência ou origem nacional ou étnica.

A discussão versou sobre dois pontos prin-

cipais: 1- a prescritibilidade do crime come-

tido pelo autor que publicou, divulgou e co-

mercializou as obras de conteúdo contra a

comunidade judaica e 2- a questão de raça.

Para tanto, necessário compreender o

posicionamento do Tribunal voto a voto dos

ministros do STF.

O Ministro Moreira Alves, relator do

processo, não cita a Convenção e compre-

endeu pelo deferimento do Habeas Corpus

ao autor, pois levou em consideração que

o conceito de raça não pode ser utilizado

pelos judeus- atendendo orientações de

que as pesquisas com o genoma humano

determinam que não haja raças, mas ape-

nas a raça humana, portanto se judeu não

é uma raça não se pode qualificar o crime

de discriminação pelo qual foi condenado,

assim, não se qualifica o crime de racismo,

portanto prescritível a pretensão puniti-

va. De outra banda lembrou que o sentido

constitucional do racismo tem seu objeto

histórico determinado na discriminação

contra o negro, ou seja, o preconceito de

cor que se ajustaria a noção naturalística

de raça.

130

Por sua vez, o Ministro Mauricio Cor-

rêa, refuta a tese do relator do processo,

dando interpretação diferenciada ao enten-

dimento do relator. Avoca para a decisão a

Declaração sobre raça e preconceito racial

da UNESCO que determina que apesar da

diversidade dos indivíduos a raça humana

é somente uma. Nesse sentido, visando re-

pudiar a superioridade de raças foi criada a

convenção contra quaisquer formas de dis-

criminação racial, assinada e retificada pelo

Brasil, sendo seus preceitos harmônicos

com o que prevê a Constituição Federal. Re-

fere que ao caso a Convenção em seu arti-

go primeiro traz subsídios para a solução do

caso na medida em que determina o que é

o racismo, bem como determina as práticas

discriminatórias. Refere que a Constituinte,

ao levar em consideração a Convenção, bali-

zou a determinação do racismo no Brasil ao

acolher formalmente ela no nosso ordena-

mento jurídico. Dessa forma, reconhecendo

o crime de racismo e sua imprescritibilidade

e o reconhecimento da Convenção de racis-

mo o ministro indefere o pedido de HC.

O Ministro Celso de Mello indefere o

Habeas Corpus, cita a Convenção como fun-

damento para que o Brasil efetive seus com-

promissos internacionais ao assinar e reco-

nhecer documentos tão importantes. Para

tanto o Brasil, em sua legislação interna,

criou mecanismos, visando a imprescritibili-

dade do crime de racismo no ordenamento

jurídico interno. Lembra que o direito inter-

no brasileiro encontra-se alinhado ao direito

internacional ao reconhecer a imprescritibi-

lidade desse crime. Para o Ministro reduzir o

conceito de raça a partir do conceito puro

lega a uma seletividade que coloca em ris-

co a questão da universalidade, interdepen-

dência, inter-relacionamento, que compõe a

indivisibilidade dos Direitos Humanos, afir-

mada, em nome do Brasil, nos documentos

internacionais, representa, também, reduzir

o bem jurídico tutelado.

O Ministro Gilmar Mendes reafirma o

já exarado nos votos dos Ministros Celso de

Melo e Maurício Correa, contudo não cita

diretamente a Convenção, faz uma análise

voltada ao direito comparado, dessa forma,

indeferindo o pedido de Habeas Corpus.

O Ministro Carlos Velloso não cita a

convenção, mas relembra os compromis-

sos oriundos da Declaração Universal de

Direitos Humanos e o Compromisso da

Constituição com esses documentos ao se

preocupar em coibir as praticas discrimi-

natórias, impondo-lhes a imprescritibilida-

de. Nesse sentido, indefere o HC.

O Ministro Nelson Jobim, transcre-

ve os votos do Ministro Maurício Corrêa e

Celso de Mello, declarando a imprescritibi-

lidade do crime e vigência à norma cons-

titucional. Nesse sentido, indefere o pedi-

do de Habeas Corpus, contudo, não cita a

Convenção diretamente.

O Ministro Marco Aurélio de Mello -

Não cita a convenção e, seguindo a linha

do Ministro Moreira Alves, compreende

que a não incidiu em crime de racismo, de-

clarando a prescritibilidade do crime.

O Ministro Ayres Britto- Compreen-

de que ele não incorreu no fato- tipo, por-

tanto, defere o Habeas Corpus, não cita a

Convenção em nenhum momento.

O Ministro Cezar Peluso- Denega a

medida assentado no voto do Ministro Se-

púlveda Pertence e não cita a convenção

como razão de decidir.

O Ministro Sepúlveda Pertence ao fa-

zer um breve arrazoado sobre as duas te-

ses levantadas no julgamento decide pelo

indeferimento do Habeas Corpus, pois

compreendeu que o autor ao expressar

sua opinião abusou do seu direito afetan-

do terceiros, portanto, devendo responder

por suas responsabilidades civis e penais

pelo fato.

131

A Ministra Ellen Gracie Northfleet dei-

xa claro que o preconceito de raça que se

refere à Constituição Federal leva em conta

a percepção do outro como diferente e infe-

rior e não critérios científicos para defini-la,

define a Ministra que é impossivel aceitar a

argumentação segundo a qual, se não há ra-

ças, não é possivel o delito de racismo. In-

defere o HC, contudo não cita a convenção.

Do apresentado podemos apresentar

o seguinte resultado quanto a convenção:

Apenas dois (2) Ministros do Supremo Tri-

bunal Federal (STF) citam e analisam a Con-

venção Contra a Tortura e deferem a sua

aplicação. Nenhum Ministro cita a Conven-

ção para a aplicação negativa da mesma.

Dito de outro modo, os outros nove (9) Mi-

nistros não citam a Convenção diretamente,

ao citarem os votos dos dois Ministros que os

utilizaram como fundamento à convenção o

reconhecem, mas não fazem referencia exa-

ta ao ponto do aresto dos colegas. Portanto,

diante do questionamento, vemos que os

operadores aplicam pouco a Convenção em

análise, mesmo tendo conhecimento dela.

A arguição tanto para o deferimento ou in-

deferimento pautou-se pela Constituição ou

por aspectos voltados a pesquisas antropo-

lógicas, históricas, outros métodos que não

abrangiam a análise da Convenção.

Do avaliado, conclui-se que em sua

maioria, os Ministros, tirando os votos de

dois (2) Ministros que citam a Convenção

são a âncora para os votos dos demais co-

legas que acrescem considerações, como já

dito, que não trabalham diretamente com a

Convenção sobre a Eliminação do Racismo.

As dificuldades são diagnosticadas no

sentido do reconhecimento ou análise da

Convenção que ainda é fundamentada em

questões de reconhecimento e internali-

zação dos Tratados, na arguição feita pelo

voto divergente do Ministro Maurício Corrêa

o marco regulatório levado em consideração

é a internalização do Tratado via decreto le-

gislativo no caso, sendo aí determinados os

efeitos no Brasil da Convenção. Outro pon-

to a salientar que não há desconhecimento

da norma pelos juristas, mas eles preferem

analises com o direito comparado ou bus-

cam subsídios no direito interno, aspectos

históricos, científicos e até antropológicos

para as razões de decidir do presente caso.

5.2.2.2 Aplicação da Convenção Contra a

Eliminação de Discriminação Racial pelo

Superior Tribunal de Justiça (STJ)

A pesquisa da Convenção Contra To-

das as formas de Discriminação Racial e a

eleição dos arestos analisados foi realizada

na busca do verbete da Convenção no sitio

eletrônico do Superior Tribunal de Justiça

(STJ) a pesquisa, como relatado no relató-

rio II trouxe à discussão dois (2) acórdãos

que citam a convenção como fundamento o

acesso de alunos à Universidade Pública por

meio das cotas sociais ou raciais, sendo co-

nhecido como as ações afirmativas. Relem-

brando que a política de ações afirmativas é

determinada pela inclusão de parcela da so-

ciedade que historicamente foram excluídas

do acesso aos direitos básicos garantidos

pela Constituição, inclusive o acesso ao en-

sino superior gratuito de qualidade. Nesse

sentido, os acórdão que se seguem deter-

minam como é aplicado a política de cotas

nas Universidades e quais os mecanismos

para determinação de quem é beneficiário

ou não das ações afirmativas.

Recurso Especial (Resp) Nº 1.264.649 - RS

O caso em especificidade trata de

candidato pela política de cotas que cursou

uma disciplina em supletivo e concorreu a

vagas, em Universidade pública, pela polí-

tica de cotas. A Universidade alega que a

aluna não e oriunda de escola pública, por-

tanto não seria digna da vaga. Compreen-

deu o Tribunal por deferir a vaga ao autor

132

da ação tendo por base que o candidato

cursou apenas uma disciplina em supletivo

particular. Nos seus argumentos relembram

que o ingresso na instituição de ensino

como discente é regulamentado basica-

mente pelas normas jurídicas internas das

universidades, logo a fixação de cotas para

indivíduos pertencentes a grupos étnicos,

sociais e raciais afastados compulsoria-

mente do progresso e do desenvolvimento,

na forma do art. 3º da Constituição Fede-

ral de 1988 e da Convenção Internacional

sobre a Eliminação de Todas as Formas de

Discriminação Racial, faz parte, ao menos –

considerando o ordenamento jurídico atual

– da autonomia universitária para dispor do

processo seletivo vestibular.

Recurso Especial (Resp) Nº 1.132.476 - PR

No caso em pauta, o autor da ação

cursou um ano do ensino fundamental em

escola privada. Votaram em não dar provi-

mento ao caso, contudo citam que a política

de ações afirmativas tem amparo nos arts.

3º e 5º ambos da Constituição Federal/88 e

nas normas da Convenção Internacional so-

bre a Eliminação de Todas as Formas de Dis-

criminação Racial, integrada ao nosso orde-

namento jurídico pelo Decreto n. 65.810/69.

Neste contexto de reparação a danos causa-

dos a grupos sociais, raciais ou étnicos, foi

ratificada pelo Brasil em 27.3.1968 a Conven-

ção Internacional sobre a Eliminação de To-

das as Formas de Discriminação Racial, in-

tegrada ao nosso ordenamento jurídico pelo

Decreto n. 65.810/69. Este Tratado, bem an-

tes da nossa Constituição Federal de 1988, já

exigia da República Federativa do Brasil, no

item 1 do artigo II, a adoção de ações positi-

vas de reparação social (ações afirmativas)

aos grupos étnicos, sociais ou raciais que

sofreram ao longo do tempo tratamento de-

sigual que impediu o seu desenvolvimento

econômico, social e cultural e a sua integra-

ção total à sociedade circundante.

Do analisado, percebe-se que nos dois

(2) casos, a Convenção foi utilizada no sen-

tido de reconhecer sua vigência e aplica-

bilidade no ordenamento jurídico interno.

No primeiro, vê-se que a internalização da

norma é condição de possibilidade para a

utilização da Convenção No segundo caso,

ela é utilizada apenas para relembrar que a

política de cotas é programar esse direito

aos historicamente excluídos. Nas duas essa

argumentação é utilizada para demonstrar

que a regulamentação da política de cotas

pelas Universidades deve se pautar por es-

ses mandamentos, portanto, sendo argu-

mento não para as razoes de decidir, pois

em um caso se defere o direito da vaga e, no

outro não, mas sim para dizer que o Brasil

reconhece a Convenção e que ela está sen-

do efetivada no Brasil.

Da mesma forma que no STF, no STJ

ficou claro que as dificuldades são diagnos-

ticadas no sentido do reconhecimento ou

análise da Convenção, que ainda é funda-

mentada em questões de reconhecimento e

transformação desses em legislação interna.

5.3 DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

A divisão feita na presente pesquisa

é entre decisões que utilizam os Trata-

dos Internacionais como ratio deciden-di e decisões que os empregam apenas

como argumento retórico. Trata-se de

perquirir se os documentos internacio-

nais compõe o centro da fundamenta-

ção dos acórdãos ou se servem somente

como reforço argumentativo.

Para tanto, empreendeu-se análise

de decisões do Supremo Tribunal Federal

(STF) e do Tribunal Superior do Trabalho

(TST) que haviam sido selecionadas no Eixo

3 por amostragem. Tais acórdãos foram es-

colhidos, conforme esclarecido no relatório

anterior, com base nos critérios da relevân-

cia jurídica e do impacto social dos casos.

133

No que tange aos Tratados sobre Coo-

peração Jurisdicional, arrolados no Eixo 1, os

casos que serão analisados são os seguin-

tes: RO – 5165-78.2010.5.10.0000/TST, de

relatoria do Ministro Carlos Alberto Reis de

Paula, julgado em 2007, e ROMS - 161/2005-

000-10-00.1/TST, de relatoria do Ministro

Ives Gandra Martins Filho, julgado em 2007.

Em relação aos Tratados Internacio-

nais sobre Direitos Humanos que impactam

o Direito do Trabalho, nos temas específicos

do trabalho dos migrantes e do trabalho es-

cravo, os casos selecionados para pesquisa

são: o RR 49800-44.2003.5.04.0005/TST,

de relatoria do Ministro Vieira de Mello Fi-

lho, julgado em 2010, o Inquérito 3412/STF,

de relatoria do Ministro Marco Aurélio, de

2012, o Inquérito 2131/STF, de relatoria da

Ministra Ellen Gracie, julgado em 2012, e o

RE 398041/STF, de relatoria do Ministro Jo-

aquim Barbosa, julgado em 2006.

É imprescindível sublinhar que a am-

pliação do objeto da pesquisa trabalhista

para englobar o estudo dos Tratados de

direitos humanos relativos ao trabalho dos

migrantes e ao trabalho escravo foi suge-

rida pelos representantes da Secretaria de

Reforma do Judiciário e adotada de comum

acordo com os pesquisadores em Reunião

realizada em São Paulo nos dias 6 e 7 de de-

zembro de 2012.

A escolha desses casos se justifica pela

representatividade dos casos, que são dota-

dos de grande repercussão social e jurídica.

5.3.1 Tratados Sobre Cooperação Jurisdicio-

nal No Tribunal Superior Do Trabalho (TST)

Trata-se de Recurso de Ofício e Ordi-

nário n. 5165-78.2010.5.10.0000, proposto

pela União e ONU/PNUD, contra o Recorrido

Nílson Luiz Nogueira, visando reformar de-

cisão proferida pelo egrégio Tribunal Regio-

nal do Trabalho da 10ª Região, pois o mes-

mo não reconheceu às Organizações ONU/

PNUD a postulada imunidade absoluta de

jurisdição. Ocorre que, diferentemente dos

Estados estrangeiros, que atualmente têm

a sua imunidade de jurisdição relativizada,

segundo entendimento do próprio Supremo

Tribunal Federal, os organismos internacio-

nais permaneceriam detentores do privilé-

gio da imunidade absoluta.

Os organismos internacionais, ao con-

trário dos Estados, são associações disci-

plinadas, em suas relações, por normas es-

critas, consubstanciadas nos denominados

Tratados e/ou acordos de sede. Não têm,

portanto, a sua imunidade de jurisdição

pautada pela regra costumeira internacio-

nal, tradicionalmente aplicável aos Estados

estrangeiros. Em relação a eles, segue-se

a regra de que a imunidade de jurisdição

rege-se pelo que se encontra efetivamente

avençado nos referidos Tratados de sede.

No caso específico do PNUD/ONU, a

imunidade de jurisdição, salvo se objeto de

renúncia expressa, encontra-se plenamente

assegurada na Convenção sobre Privilégios

e Imunidades das Nações Unidas, também

conhecida como “Convenção de Londres”,

ratificada pelo Brasil por meio do Decreto

nº 27.784/1950. Acresça-se que tal privilé-

gio também se encontra garantido na Con-

venção sobre Privilégios e Imunidades das

Agências Especializadas das Nações Unidas,

que foi incorporada pelo Brasil por meio do

Decreto nº 52.288/1963, bem como no Acor-

do Básico de Assistência Técnica com as Na-

ções Unidas e suas Agências Especializadas,

promulgado pelo Decreto nº 59.308/1966.

Assim, porque amparada em norma de

cunho internacional, não podem os organis-

mos, a guisa do que se verificou com os Es-

tados estrangeiros, ter a sua imunidade de

jurisdição relativizada, para o fim de subme-

terem-se à jurisdição local e responderem,

em consequência, pelas obrigações contra-

tuais assumidas, dentre elas as de origem

trabalhista. Isso representaria, em última

134

análise, a quebra de um pacto internacio-

nal, cuja inviolabilidade encontra-se consti-

tucionalmente assegurada (art. 5º, § 2º, da

CF/88). Dessa forma, há que se reconhecer

que a decisão do TST está com conformida-

de com as convenções internacionais, cita-

das acima.

Outro caso analisado, versa sobre o

Mandado de Segurança n. 161/2005-000-

10-00.1/TST, impetrado pelo Reino da Es-

panha contra ato que seria praticado pelo

juízo da execução, em sede de execução

definitiva, ante a iminência da penhora de

bens ou numerário existente em sua conta

corrente. A segurança foi pleiteada após a

interposição do Recurso Ordinário em virtu-

de da determinação pelo juízo da execução

da penhora de valores da conta corrente do

Reino da Espanha, a pedido da Reclamante.

O Relator concedeu efeito suspensivo

ao Recurso Ordinário e determinou a sus-

pensão do processo de execução, com o

consequente desbloqueio da conta corrente

do Reino da Espanha, por afronta ao art. 3º

da Convenção de Viena.

No mérito, a Espanha visava ao reco-

nhecimento da imunidade absoluta no pro-

cesso de execução dos entes de direito pú-

blico externo, de modo a não alcançar sua

conta corrente e todos os demais bens não

afetos à representação espanhola. Decisão

em sentido oposto configuraria ofensa aos

princípios da reciprocidade, soberania e in-

violabilidade.

O Tribunal Superior do Trabalho, man-

tendo-se fiel à sua jurisprudência e àquela

firmada pelo Supremo Tribunal Federal, en-

tendeu que o princípio da imunidade ab-

soluta deve ser abrandado no processo de

execução quando se tratar de litígios traba-

lhistas. Logo, não há obstáculos para que os

juízes e tribunais brasileiros conheçam de

tais controvérsias e decidam conforme os

marcos normativos pátrios.

A decisão pela relativização da te-

oria da imunidade jurisdicional relativa

dos Estados Soberanos, no entanto, não

foi tomada sem a necessária fundamen-

tação. O Tribunal elencou três fatores

essenciais para que seja aplicada esta

exceção, quais sejam: a) a natureza do

ato motivador da instauração da lide de-

monstra que deixou de prevalecer, excep-

cionalmente, a prerrogativa institucional

de jurisdição, pois o Estado Estrangeiro

estava atuando em matéria de ordem es-

tritamente privada, estranha ao domínio

dos atos “jure imperii”; b) o comporta-

mento ilícito dos agentes diplomáticos,

que feriu legítimo direito do particular,

foi em caráter “more privatorum” em

nome do País que representam perante o

Estado Brasileiro; c) a inviabilidade de os

nacionais brasileiros, ou as pessoas com

domicílio no Brasil, litigarem perante tri-

bunais estrangeiros, desde que o caso

tenha ocorrido na estrita atuação “more

privatorum” do Estado Estrangeiro.

Assim, com base nos precedentes do

TST e do STF e nos fundamentos acima

enumerados, a Corte Trabalhista entendeu

que a tese da imunidade relativa da lide

executória se aplicava ao caso, não haven-

do afronta aos princípios da reciprocida-

de, soberania e inviolabilidade.

O outro argumento apresentado pelo

Reino da Espanha é referente à necessida-

de de envio de carta rogatória para que se

possa dar regular prosseguimento à exe-

cução. A previsão está no Convênio de Co-

operação Judiciária em Matéria Civil entre

Brasil e Espanha, internalizado pelo Decre-

to nº 166, de 03/07/91.

Este é o ponto que mais interessa

à pesquisa. Como o Tribunal enfrentou o

questionamento sobre a aplicação ade-

quada de dispositivos de um Tratado Bila-

teral sobre Cooperação Jurisdicional que

afeta diretamente o processo do trabalho?

135

A resposta é positiva. O TST reconhe-

ceu a pertinência do Tratado para a reso-

lução do caso e proferiu decisão sobre o

ponto em conformidade com o texto con-

vencional. É o que se nota no extrato trans-

crito abaixo:

“In casu”, verifica-se que foi promul-

gado, na cidade de Madri, em13/04/89, o

“Convênio de Cooperação Judiciária em Matéria Civil, entre o Governo da Repú-blica Federativa do Brasil e o Reino da Espanha”, que, após ter sido aprovado

por meio do Decreto Legislativo 31, de

16/10/90, resultou na edição do Decreto

166, de 3 de julho de 1991, que, em seu art.

1º, preceitua que o referido convênio “será executado e cumprido tão inteiramente como nele se contém”, ambos publicados

no Diário Oficial da União, de 04/07/91,

ps. 12.990-12.992.

Da leitura do referido Decreto, que

se encontra em plena vigência, verifica-

-se que o art. 2º atribui como faculdade (e

não obrigação) dos Estados contratantes

a transmissão das cartas rogatórias origi-

nadas dos processos referentes às maté-

rias que são objeto do Convênio, de modo

a revelar tão-somente o seu caráter pro-

cedimental, razão pela qual deve ser ob-

servado pelo juízo da execução, “in casu”,

que a penhora (via execução direta) recaia

apenas sobre os bens não afetos à repre-

sentação diplomática, conforme o dispos-

to no art. 3º da Convenção de Viena e na

jurisprudência pacífica do Supremo Tribu-

nal Federal.

A conclusão a respeito do sentido e

do alcance do artigo 2º do Convênio de

Cooperação Judiciária entre Brasil e Es-

panha demonstra que a Subseção II Espe-

cializada em Dissídios Individuais do TST

analisou atentamente a norma convencio-

nal, dando cumprimento ao dever do Es-

tado Brasileiro de conferir efetividade aos

documentos internacionais que assina.

Com base neste entendimento sobre o

artigo 2º, o TST determinou que o juízo da

execução desbloqueasse imediatamente a

conta corrente do Reino da Espanha, vis-

to que se trata de bem afeto ao exercício

da missão oficial do Estado Estrangeiro no

país acreditado (Brasil). A execução deveria

prosseguir regularmente, desde que obser-

vado que, no caso, a penhora recaísse ape-

nas sobre os bens não afetos à representa-

ção diplomática, consoante o disposto no

artigo 3º da Convenção de Viena.

Portanto, no Recurso Ordinário em

Mandado de Segurança 161/2005-000-

10-00.1, os Ministros da Subseção II Espe-

cializada em Dissídios Individuais do TST

deram provimento ao recurso interposto

pelo Reino da Espanha para (a) reconhe-

cer a imunidade relativa de execução em

casos que preencham determinados re-

quisitos – acima elencados – e (b) ordenar

que o juízo da execução imponha a penho-

ra apenas sobre bens não afetos à repre-

sentação diplomática, independentemen-

te do envio de carta rogatória, conforme

se depreende da interpretação do artigo

2º do Convênio de Cooperação Judiciária

entre Brasil e Espanha.

5.3.2 Convenção Internacional Sobre A Pro-

teção De Todos Os Trabalhadores Migrantes

E Dos Membros Das Suas Famílias (TST)

O Recurso de Revista n. 49800-

44.2003.5.04.005 versa sobre o pedido

de reconhecimento de vínculo empregatí-

cio e verbas rescisórias por Cláudia Marti-

nez Bandeira, cidadã colombiana, contra a

Companhia Telefônica Vivo S.A. no perío-

do de 01/01/1999 a 08/08/2002. A deci-

são teve repercussão na revista eletrônica

Consultor Jurídico, uma das mais acessa-

das publicações sobre temas jurídicos no

Brasil, em matéria publicada no dia 8 de

novembro de 2010, conforme se nota pelo

trecho abaixo:

136

TST reconhece vínculo de emprego

de colombiana

Uma analista de sistemas colombina

(sic), que pleiteava direitos trabalhistas no

Brasil, teve o vínculo de emprego reconhe-

cido com a Vivo. A 1ª Turma do Tribunal Su-

perior do Trabalho, ao confirmar decisão do

Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região

(RS), negou Recurso de Revista interposto

pela empresa. [...] (REVISTA CONSULTOR

JURÍDICO, 2013).

O caso foi igualmente noticiado pelo

Portal Última Instância, periódico eletrônico

especializado em matéria jurídica:

TST reconhece vínculo de emprego de es-

trangeira irregular com empresa brasileira

O TST (Tribunal Superior do Traba-

lho) reconheceu a existência de vínculo

empregatício de uma analista de sistemas

colombiana com a Vivo. A funcionária plei-

teva direitos trabalhistas e a Primeira Tur-

ma da Corte confirmou decisão regional

e negou provimento ao recurso de revista

proposto pela empresa. [...]. (ÚLTIMA INS-

TÂNCIA, 2013).

A decisão também foi divulgada em

sites de escritórios de advocacia, o que de-

monstra a sua relevância para os profissio-

nais que militam na seara trabalhista.22 Este

precedente une, portanto, interesses práti-

cos e estudo acadêmico.

No caso, o Juiz de Primeira Instância

havia reconhecido a carência de ação relati-

vamente aos pedidos anteriores a março de

2000, data em que obtido o visto pela Re-

clamante. O magistrado reconheceu o vín-

culo apenas após esse período, condenando

22 GALVÃO E FREITAS ADVOGADOS. Reconhecido vínculo de emprego de estrangeira em situação irregular no Brasil. Disponível em: <http://blog.galvaoadv.adv.br/tag/seguranca/>. Acesso em: 28 de jun. 2013. TREVISAN, TANAKA E VIEIRA SOCIEDADE DE ADVOGADOS. Reconhecido vínculo de emprego de estrangeira em situação irregular no Brasil. Disponível em: <http://www.ttv.adv.br/site/index.php?pag=noticias_det&param=391>. Acesso em: 28 de jun. 2013. POSOCCO E ADVOGADOS ASSOCIADOS. TST reconhece vínculo de emprego de estrangeira irregular com empresa brasileira. Disponível em: <http://www.posocco.com.br/noticias_view.php?id=1095>. Acesso em: 28 de jun. 2013. DENEGRI, LINDOSO, SUMIDA E ADVOGADOS ASSOCIADOS. TST reconhece vínculo de emprego de estrangeira em situação irregular no Brasil. Disponível em: <http://www.denegri.adv.br/conteudo.php?MENU=3&LISTA=detalhe&ID=181> Acesso em: 28 de jun. 2013. ADVOCACIA GARCEZ. TST reconhece vínculo de emprego de estrangeira em situação irregular no Brasil. Disponível em: <http://advocaciagarcez.blogspot.com.br/2010/11/tst-reconhece-vinculo-de-emprego-de.html>. Acesso em: 28 de jun. 2013.

a Vivo S.A. ao pagamento das respectivas

verbas rescisórias.

O Tribunal Regional do Trabalho da 4ª

Região declarou o vínculo de emprego no

período anterior a 26/03/2000, e reconhe-

ceu o direito à participação nos lucros rela-

tivos ao ano de 2002, às horas extras e às

horas de sobreaviso. A Corte entendeu que

a situação irregular da reclamante no Brasil

entre 01/01/1999 e 26/03/2000 jamais po-

deria gerar prejuízo no que tange ao ressar-

cimento pelo trabalho prestado. O trabalho

de estrangeiro irregular no país poderia até

ser considerado proibido, mas não ilícito.

A Vivo, então, interpôs Recurso de Re-

vista alegando, em suma, cerceamento de

defesa e se insurgindo contra os pontos aci-

ma citados da decisão da Corte Regional,

pleiteando também a carência de ação em

virtude da situação irregular da Reclamante

até 26 de março de 2000. Quanto ao pri-

meiro argumento, de pouca relevância para

a presente pesquisa, o Tribunal Superior do

Trabalho negou provimento.

Em relação ao pleito pela carência de

ação, o TST negou seguimento com fulcro

nos fundamentos expedidos pelo TRT4.

No que diz respeito à discussão cen-

tral da lide, o reconhecimento do vínculo de

emprego no período em que a Reclamante

estrangeira estava clandestina no Brasil e os

efeitos de tal declaração, o Tribunal Supe-

rior do Trabalho sublinhou inicialmente que

a controvérsia envolveria, em última análise,

o debate sobre o princípio da dignidade da

pessoa humana, positivado no artigo 1º, inci-

so III, da Constituição Federal.

O motivo da ligação com o princípio

fundador do sistema constitucional pátrio

137

é que o reconhecimento da relação de em-

prego, que viabiliza a subsistência do traba-

lhador e traduz a própria essência do valor

social do trabalho, é imprescindível para se

alcançar uma existência digna.

Os efeitos irradiados pelos princípios

da dignidade humana e da igualdade, ver-

dadeiros vetores da aplicação do direito do

trabalho, atingem tanto brasileiros como es-

trangeiros residentes no país, vedadas dis-

tinções de qualquer natureza, salvo aquelas

explícita na Constituição Federal.

A situação do estrangeiro no país,

portanto, não condiciona o reconhecimen-

to do vínculo de emprego. O TST recolhe

também, no ponto, fundamentos doutri-

nários e sua própria jurisprudência para

amparar o decisum. Entre os julgados

destaca-se o RR 29300-72.2005.5.08.005,

de relatoria da Ministra Rosa Maria We-

ber, de 2010, em que se adota o Decreto

nº 6.964/2009, que internalizou o Acordo

sobre Residência para Nacionais dos Esta-

dos Partes do Mercado Comum do Sul –

MERCOSUL, cuja lógica se aplica perfeita-

mente ao caso em comento, pois conferiu

aos cidadãos mercosulinos direitos traba-

lhistas independentemente da regularida-

de da situação migratória.

Outro precedente utilizado pelo TST

para fundamentar a decisão também refere

texto convencional mercosulino. Trata-se

do RR 750094-05.2001.5.24.5555, julgado

em 2006, que se embasou no Protocolo de

Cooperação e Assistência Jurisdicional em

Matéria Civil, Comercial, Trabalhista e Ad-

ministrativa, celebrado em 1992 na cidade

de Las Lenãs, na Argentina, e incorporado

à ordem jurídica brasileira pelo Decreto nº

2.067, de 1996. O Protocolo de Las Leñas

garante que os cidadãos e os residentes

permanentes de um dos Estados Partes

gozarão, nas mesmas condições dos cida-

dãos e residentes permanentes do outro

Estado Parte, do livre acesso à jurisdição

desse Estado para defesa de seus direitos

e interesses, dentre os quais aqueles de

caráter laboral.

Desta forma, o RR 49800-

44.2003.5.04.0005 abrange tanto a temáti-

ca dos direitos humanos trabalhistas quanto

direitos processuais previstos na Constitui-

ção Federal e em Tratados Internacionais,

como é o caso do direito de acesso à justiça.

Cuida-se, portanto, de precedente que esta-

belece um elo entre as duas matérias abor-

dadas na presente pesquisa, o que justifica

a ampliação do seu objeto.

5.3.3 Convenção Suplementar Sobre A

Abolição Da Escravatura – Convenções 29 E

105 (STF)

O Inquérito n. 3.412 contra João José

Pereira de Lyra e Antônio Arnaldo Baltar

Cansanção foi proposto em virtude da

prática do delito tipificado no artigo 149

do Código Penal. Segundo consta da peça

acusatória, os denunciados teriam sub-

metido à jornada exaustiva e a condições

degradantes de trabalho empregados da

empresa Laginha Agroindustrial Ltda., cer-

ceando-lhes a locomoção com o objetivo

de retê-los no local de trabalho.

O Supremo Tribunal Federal, com

base em legislação interna e Tratados

Internacionais assinados pelo Brasil,

decide que para configurar o trabalho

escravo e/ou “escravidão moderna” é

desnecessária a coação direta contra a

liberdade de ir e vir.

Para configuração do crime do art.

149 do Código Penal, não é necessário que

se prove a coação física da liberdade de ir

e vir ou mesmo o cerceamento da liberda-

de de locomoção, bastando a submissão

da vítima “a trabalhos forçados ou a jor-

nada exaustiva” ou “a condições degra-

dantes de trabalho”, condutas alternativas

previstas no tipo penal.

138

A “escravidão moderna” é mais sutil

do que a do século XIX e o cerceamento da

liberdade pode decorrer de diversos cons-

trangimentos econômicos e não necessa-

riamente físicos. Priva-se alguém de sua

liberdade e de sua dignidade tratando-o

como coisa e não como pessoa humana,

o que pode ser feito não só mediante co-

ação, mas também pela violação intensa e

persistente de seus direitos básicos, inclu-

sive do direito ao trabalho digno. A viola-

ção do direito ao trabalho digno impacta a

capacidade da vítima de realizar escolhas

segundo a sua livre determinação. Isso

também significa “reduzir alguém a condi-

ção análoga à de escravo”.

Não é qualquer violação dos direitos

trabalhistas que Supremo Tribunal Federal

configura trabalho escravo. Se a violação

aos direitos do trabalho é intensa e persis-

tente, se atinge níveis gritantes e se os tra-

balhadores são submetidos a trabalhos for-

çados, jornadas exaustivas ou a condições

degradantes de trabalho, é possível, em

tese, o enquadramento no crime do art. 149

do Código Penal, pois os trabalhadores es-

tão recebendo o tratamento análogo ao de

escravos, sendo privados de sua liberdade e

de sua dignidade.

Já o Inquérito n. 2.131, que também é

analisado no STF, trata de inquérito relativo

a aliciamento de trabalhadores (art. 207, §

1º, CP) e da redução à condição análoga à

de escravo (art. 149). Vale referir que o art.

395 do CPP só permite a rejeição da denún-

cia quando for manifestamente inepta, faltar

pressuposto processual ou condição para o

exercício da ação penal, ou, ainda, faltar jus-

ta causa para o exercício da ação penal, si-

tuações que não se configuram na hipótese.

A persecução penal relativa à suposta

prática dos crimes previstos nos arts. 207,

§ 1º (aliciamento de trabalhadores), 203, §

1º, I, e § 2º (frustração de direito assegurado

pela legislação trabalhista majorado), e 149

(redução a condição análoga à de escravo)

do Código Penal, independe do prévio des-

fecho dos processos trabalhistas em curso,

ante a independência de instâncias.

A orientação jurisprudencial relativa

ao delito de sonegação tributária é inapli-

cável à situação, porquanto a redução ou

supressão de tributo é elemento típico do

crime do art. 1º da Lei nº 8.137/90, o mes-

mo não ocorrendo com relação aos delitos

apontados na denúncia.

Os argumentos de fato suscitados pelo

denunciado, como a temporariedade do vín-

culo de trabalho, a inexistência da servidão

por dívida ou de qualquer coação, dentre

outros, não merecem análise nesta sede de

cognição sumária, que se limita a apurar a

existência de justa causa, esta configurada

pelas inúmeras provas colhidas pelo Minis-

tério Público Federal.

Os elementos de prova acostados à de-

núncia são capazes de conduzir a um juízo

de probabilidade a respeito da ocorrência

do fato típico, antijurídico e culpável, bem

como de sua autoria. Denúncia recebida.

Quanto ao Recurso Extraordinário n.

398.041 /STF, o mesmo foi interposto pelo

Ministério Público Federal contra Sílvio Ca-

etano da Almeida, acusado de cometer in-

fração penal prevista no art. 149 do Código

Penal. Também, acusado de violar a digni-

dade humana.

Como nas decisões anteriores, o STF

decide pela aplicação dos direitos hu-

manos/direitos fundamentais ao afirmar

que “Quaisquer condutas que possam

ser tidas como violadoras não somente

do sistema de órgãos ou instituições com

atribuições para os proteger direitos e

deveres dos trabalhadores, mas também

dos próprios trabalhadores, atingindo-

-lhes em esferas que lhes são mais caras,

em a Constituições lhes confere proteção

máxima, são enquadráveis da categoria

139

dos crimes contra a organização do tra-

balho, se praticadas no contexto das re-

lações de trabalho.” Assim, configura-se a

prática de crimes, prevista no art. 149, do

CP. Recurso conhecido e provido.

São muitas as dificuldades apresenta-

das na aplicação das normativas internacio-

nais pelos tribunais brasileiros.

Deve-se apresentar como primeira di-

ficuldade o restrito número de casos sub-

metidos aos tribunais pátrios envolvendo

as convenções internacionais sob análise, e

especificamente no que tange ao objeto da

presente pesquisa, a exígua invocação dos

dispositivos sobre direito processual conti-

dos nas convenções. Na verdade, na maioria

dos casos os dispositivos internacionais são

citados para corroborar as normas do or-

denamento interno, sendo que geralmente

o que prevalece na fundamentação são as

normas internas

Buscando investigar as principais di-

ficuldades na aplicação das normativas in-

ternacionais pelos Tribunais nas decisões

judiciais, foi elaborado um questionário con-

tendo entrevistas direcionadas aos ministros

do STF, STJ e TST. A metodologia teve por

objetivo complementar o rol dos obstáculos

à aplicação dos Tratados Internacionais em

matéria processual.

O questionário para os Ministros do

STF foram enviados no mês de março de

2013. Continham indagações sobre as três

matérias examinadas na Pesquisa, quais

sejam trabalhista, penal e cível. Não foram

obtidas respostas dos membros da Corte.

Por conseguinte, restaram frustrados

os esforços de investigação e a intenção

de efetuar um diálogo fecundo entre pes-

quisadores e magistrados. Não obstante

a abertura dos membros do projeto para

ouvir visões moldadas pela prática coti-

diana da atividade jurisdicional, a intera-

ção não ocorreu em virtude de não terem

sido sequer respondidos os formulários

com as indagações.

O questionário enviado para os Mi-

nistros do TST também não obteve êxito.

A Corte Máxima em matéria trabalhista foi

contatada por meio de e-mails que con-

tinham as indagações no mês de abril de

2013. Antes do envio dos e-mails, os mem-

bros responsáveis pela elaboração da se-

ção relativa ao direito processual do tra-

balho entraram em contato via telefone

com servidores e assessores do Tribunal

Superior do Trabalho, incluindo-se servi-

dores ligados à Presidência da Corte.

Embora tenham sido envidados tais

esforços no sentido da efetivação do diá-

logo com os Ministros do TST, não foram

obtidas respostas. Restou, assim, sem re-

sultados essa parte do trabalho.

Ressalte-se que a ausência de resul-

tados não decorre da falta de empenho ou

diligência dos pesquisadores, que busca-

ram por diversos meios concretizar o in-

tercâmbio entre academia e magistratura.

O motivo da falha de comunicação com

os Ministros do STF e do TST foi prova-

velmente o fechamento das Cortes para a

interação com Projetos de Pesquisa sobre

Tratados Internacionais, especialmente

quanto aos que influenciam o direito pro-

cessual, uma vez que suas discussões não

gravitam em torno de questões de grande

relevo político ou econômico, se compara-

das com outras áreas do direito.

Os resultados trazidos no Eixo 3 já si-

nalizavam que a probabilidade de se con-

seguir empreender um diálogo com Minis-

tros das Cortes Superiores era pequena. A

razão é simples: são poucos os casos de de-

cisões sobre as matérias pesquisadas. Ine-

xistentes são as questões com repercussão

geral, ou de elevado impacto econômico,

político ou social. Isto provoca um menor in-

teresse por partes dos magistrados e certo

fechamento para o diálogo com o projeto.

140

5.3.4 Questionários enviados ao Supremo

Tribunal Federal (STF), Superior Tribunal

de Justiça e Tribunal Superior do Trabalho

(TST)

Com o intuito de investigar as prin-

cipais dificuldades na aplicação das nor-

mativas internacionais pelos Tribunais nas

decisões judiciais, foi elaborado um ques-

tionário contendo entrevistas direcionadas

aos ministros do STF, STJ e TST. Tal meto-

dologia teve por objetivo complementar as

respostas aos questionamentos aos eixos

4,5 e 6 sobre os obstáculos à aplicação dos

Tratados Internacionais em matéria proces-

sual. Com efeito, ao remeter o questionário,

restou claro a apresentação do projeto, sua

finalidade e perspectivas.

Na mesma medida fica evidente que

os questionamentos foram voltados aos

profissionais do Direito que trabalham mais

proximamente às questões que reivindicam

a aplicação de Tratados Internacionais em

matéria processual e a Tratados Internacio-

nais sobre Direitos Humanos, especifica-

mente quanto à Convenção sobre os Direitos

das Pessoas com Deficiência, à Convenção

sobre os Direitos da Criança, à Convenção

Internacional sobre eliminação de todas as

formas de discriminação racial, à Conven-

ção contra a Tortura e outros Tratamentos

ou penas cruéis, desumanas e degradantes,

à Convenção Internacional sobre a Proteção

dos Direitos de Todos os Trabalhadores Mi-

grantes e dos Membros das suas Família e

à Convenção 29 e 105 da OIT, a Convenção

Suplementar sobre Abolição da Escravatura.

A escolha de profissionais do Direito

e de Instituições Jurídicas para responder a

este questionário, encontrou sua justificati-

va nas funções que exercem e na atribuição

para qualificar quadros voltados ao conheci-

mento, respeito e aplicação dos marcos nor-

mativos objeto da pesquisa. Por tais razões,

solicitou-se que a presente pesquisa fosse

respondida até o dia 19 de abril de 2013,

uma vez que o projeto tem por objetivo a

criação de políticas públicas na matéria.

5.3.5 Questionário enviado ao Supremo

Tribunal Federal (STF) e Superior Tribunal

de Justiça (STJ)

Nos dois tribunais superiores o ques-

tionário aplicado foi o mesmo. O contato

para a entrega dos questionários para am-

bos os Tribunais foi feito por meio do Juiz

Acessor da Presidência do STJ, Jairo Scha-

efer, anteriormente Juiz Acessor do Ministro

Gilmar Mendes do STF. Nesse sentido, en-

viados os questionários de forma eletrôni-

ca, em março de 2013 e realizado contatos

telefônicos para obter informações sobre o

preenchimento do questionário, até a con-

fecção do relatório final, não foram obtidas

respostas desses tribunais.

Realizadas as apresentações do proje-

to e seus objetivos foram apresentadas três

perguntas que os profissionais do direito

deveriam responder.

A primeira versava sobre como os Tra-

tados Internacionais em matéria processu-

al e de Direitos Humanos, apresentados na

introdução, são invocados no conteúdo das

decisões do Tribunal? Caso positiva a res-

posta, questionava-se sobre a utilização do

Tratado, se era meramente argumentativa

ou compunha as razões de decidir.

A segunda solicitava ao Tribunal para

apontar as principais dificuldades encontra-

das para a aplicação do referidos Tratados.

Por último, questionou-se sobre a exis-

tência de consequências internas à institui-

ção, ou seja, punições aos magistrados que

não observavam os Tratados Internacionais

que foram citados. Caso a resposta fosse

positiva, quais seriam as consequências.

Na medida em que as perguntas pro-

postas não foram respondidas a equipe de

trabalho buscou a resposta a esses questio-

141

namentos na análise dos arestos seleciona-

dos para compor o presente estudo. Nesse

sentido, a falta de resposta dos Tribunais

apresenta uma espécie de resposta ao que

foi questionado, sendo as hipóteses traba-

lhadas na conclusão do presente eixo.

5.3.6 Questionário enviado ao Tribunal Su-

perior do Trabalho (TST)

No Tribunal Superior do Trabalho, os

questionários foram enviados por meio

eletrônico em 16 de abril de 2013 para a

Presidência do TST. Foi realizado conta-

to telefônico com o servidor responsável

pela acessória do Ministro Carlos Alberto

Reis de Paula (Presidente do TST) nos dias

16 e 18 de abril de 2013. No entanto, não

houve resposta.

5.4 CONCLUSÕES DO EIXO 4

O questionário para os Ministros do

STF, STJ e TST foram enviados no mês de

março de 2013. Continham indagações so-

bre as três matérias examinadas na Pesqui-

sa, quais sejam trabalhista, penal e cível.

Não foram obtidas respostas dos membros

da Corte.

Por conseguinte, restaram frustrados

os esforços de investigação e a intenção

de efetuar um diálogo fecundo entre pes-

quisadores e magistrados. Não obstante a

abertura dos membros do projeto para ou-

vir visões moldadas pela prática cotidiana

da atividade jurisdicional, a interação não

ocorreu em virtude de não terem sido se-

quer respondidos os formulários com as

indagações.

Em que pese o movimento dos pes-

quisadores na confecção e no envio dos

questionários, não houve qualquer respos-

ta dos ministros do STF, STJ e TST. O fato

de não ter havido resposta é um sintoma

que deve ser entendido como resposta.

Através dessa análise, verificaram-se algu-

mas dificuldades encontradas na aplica-

ção dos Tratados Internacionais na funda-

mentação das decisões judiciais.

Acima de todas essas dificuldades, a

maior delas é a estreita percepção do ju-

diciário brasileiro do direito internacional

o que fica evidente na análise dos acór-

dãos estudados. É necessária uma verda-

deira mudança paradigmática. Para isso é

necessário compreender de que forma os

Tratados Internacionais sobre direito pro-

cessual poderiam ser um instrumento efe-

tivo para a concretização dos direitos com

conexão internacional.

Verifica-se que é necessário construir

a ideia de que existe um verdadeiro dever

de aplicar os Tratados Internacionais, as-

sim como um dever de cooperação jurisdi-

cional entre os Estados. Da mesma forma,

é imprescindível entender que cada pessoa

carrega consigo um título para exigir de

todos os outros homens a posse daquela

medida da própria liberdade, daquela ex-

tensão do seu exercício, onde quer que ele

se encontre sobre a terra, independente-

mente da autoridade que o governe. Sen-

do assim, o processamento internacional

não deveria ser encarado como um mero

ato de cortesia, muito ao contrário, deve

ser vista como uma garantia que aproxi-

ma a previsão legal do acesso à justiça, de

um lado, da operacionalização da justiça

transfronteiriça, do outro.

Mais do que o dever de obedecer aos

chamados internacionais, o direito pro-

cessual internacional deve se adequar à

realidade da contemporaneidade, onde é

intensa a interlocução de entes privados

de diversos Estados e crescentes a litigio-

sidade e a judicialização.

Na identificação dos obstáculos à

efetividade dos Tratados Internacionais

sobre o direito processual, percebeu-se

142

que o grande formalismo dos procedi-

mentos da justiça transfronteiriça é, na

verdade, reflexo da grande resistência dos

Estados na transposição do paradigma

nacionalista – origem não só da produção

normativa, mas também da prestação ju-

risdicional positivista - e na relativização

do conceito de soberania.

Os entraves à efetivação da justiça

transfronteiriça acontecem, de forma ge-

ral, porque a prestação jurisdicional não

se internacionalizou na mesma medida

que se internacionalizaram os fatos sociais

e, até mesmo, a produção do direito. Daí

surge as grandes mazelas da prestação

jurisdicional com conexão internacional,

decorrentes da incapacidade dos siste-

mas jurisdicionais nacionais darem con-

ta de tais demandas complexas. Deve-se

somar aqui o fato de existir uma grande

quantidade de procedimentos diferencia-

dos de direito processual internacional.

Para exemplificar, em matéria civil foram

mapeados 38 (trinta e oito), sem contar

na gama de Tratados abarcados pelo di-

reito processual penal 83 ( oitenta e três)

e os no direito processual do trabalho 40

(quarenta) Tratados Internacionais que

impactam de formas diferentes no direito

processual brasileiro.

Ressalte-se que a ausência de resul-

tados não decorre da falta de empenho ou

diligência dos pesquisadores, que busca-

ram por diversos meios concretizar o in-

tercâmbio entre academia e magistratura.

O motivo da falha de comunicação com

os Ministros do STF e do TST foi prova-

velmente o fechamento das Cortes para a

interação com Projetos de Pesquisa sobre

Tratados Internacionais, especialmente

quanto aos que influenciam o direito pro-

cessual, uma vez que suas discussões não

gravitam em torno de questões de grande

relevo político ou econômico, se compara-

das com outras áreas do direito.

Os resultados trazidos no Eixo três já

sinalizavam que a probabilidade de se con-

seguir empreender um diálogo com Minis-

tros das Cortes Superiores era pequena. A

razão é simples: são poucos os casos de

decisões sobre as matérias pesquisadas.

Inexistentes são as questões com reper-

cussão geral, ou de elevado impacto eco-

nômicas, político ou social. Isto provoca

um menor interesse por partes dos magis-

trados e certo fechamento para o diálogo

com o projeto.

5.5 QUESTIONÁRIOS ENVIADOS

Como forma de complementação da

exposição dos resultados e os meios de

atingi-los, pode-se verificar os questionários

que foram enviados aos tribunais.

5.5.1 Aos Tribunais

O presente questionário visa respon-

der aos objetivos do projeto de pesquisa

intitulado O IMPACTO NO SISTEMA PRO-

CESSUAL DOS TRATADOS INTERNACIO-

NAIS, o qual está vinculado à SECRETA-

RIA DE REFORMA DO JUDICIÁRIO E AO

PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA

O DESENVOLVIMENTO – PNUD, especifi-

camente no que diz respeito ao PROJETO

BRA/05/036 – Fortalecimento da Justiça

Brasileira, sendo desenvolvido no âmbito

do Programa de Pós-Graduação em Direi-

to da UNISINOS.

O edital publicado pelos órgãos aci-

ma nominados apresentou 7 (sete) pontos

de investigação a saber:

Eixo 1 - Mapeamento dos tratados

internacionais ratificados pelo Brasil

143

cujas disposições impactam o siste-

ma processual brasileiro;

Eixo 2 - Relação entre as normas in-

ternacionais e as normas vigentes no

sistema processual interno;

Eixo 3 - Os dispositivos contidos

nesses tratados vêm sendo invoca-

dos como fonte do Direito e, conse-

quentemente, gerando impactos na

condução dos processos judiciais?;

Eixo 4 - Como os operadores do

Direito vêm aplicando esses disposi-

tivos? Quais as dificuldades enfren-

tadas?;

Eixo 5 - Quais as consequências do

não cumprimento desses dispositi-

vos nos processos judiciais?;

Eixo 6 - Há esforços desenvolvidos

no sentido de dar maior efetivida-

de interna aos dispositivos desses

tratados?;

Eixo 7 - Levantamento de estratégias

a serem adotadas para dar efetivida-

de, no sistema processual brasileiro,

aos tratados internacionais ratifica-

dos pelo Brasil.

Para dar conta dos objetivos do re-

ferido projeto de pesquisa, o presente

questionário tem por finalidade encon-

trar respostas aos Eixos 4, 5 e 6, estan-

do direcionado a profissionais do Direi-

to que trabalham mais proximamente às

questões que reivindicam a aplicação de

tratados internacionais em matéria pro-

cessual e a tratados internacionais sobre

direitos humanos, especificamente quanto

à Convenção sobre os Direitos das Pesso-

as com Deficiência, à Convenção sobre os

Direitos da Criança, à Convenção Interna-

cional sobre eliminação de todas as for-

mas de discriminação racial, à Convenção

contra a Tortura e outros Tratamentos ou

penas cruéis, desumanas e degradantes,

à Convenção Internacional sobre a Pro-

teção dos Direitos de Todos os Trabalha-

dores Migrantes e dos Membros das suas

Família e à Convenção 29 e 105 da OIT, a

Convenção Suplementar sobre Abolição

da Escravatura.

A escolha de profissionais do Direito

e de Instituições Jurídicas para responder

a este questionário encontra justificativa

nas funções que exercem e na atribuição

para qualificar quadros voltados ao conhe-

cimento, respeito e aplicação dos marcos

normativos objeto da pesquisa.

Por tais razões, solicitamos sua aten-

ção e disposição em responder a presen-

te pesquisa de relevante interesse para o

Estado brasileiro até o dia 19 de abril de

2013, uma vez que tenha responsabilidade

e interesse em promover políticas públicas

na matéria.

QUESTIONÁRIO PROJETO MJ/PNUD/

PPGD-UNISINOS

“O IMPACTO NO SISTEMA PROCESSUAL

DOS TRATADOS INTERNACIONAIS”

Solicitamos que os questionamentos

sejam respondidos da maneira mais com-

pleta possível, justificando as respostas da-

das a cada uma das proposições.

EIXO 4 – Aplicação dos Tratados

1. Como os tratados internacionais

em matéria processual e de Direitos

Humanos acima referidos vêm sendo

invocados no conteúdo das decisões

144

do Tribunal? Como ratio decidendi

ou como mero argumento?

2. É possível apontar as principais

dificuldades encontradas para a

aplicação dos referidos tratados?

EIXO 5 – Consequências do não

cumprimento dos Tratados

1. Podem ser identificadas

consequências internas à instituição

em que vossa excelência atua, no

não cumprimento dos tratados

internacionais acima enunciados?

Em caso afirmativo, quais?

145

146

Para responder sobre as consequên-cias do não cumprimento dos dispositivos analisados nos processos judiciais, em se-guimento das conclusões retiradas nos ei-xos anteriores, primeiro foi necessária a identificação de inferências internas ao não cumprimento dos Tratados Internacionais em matéria processual nos processos ju-diciais. Com efeito, buscou-se responder à interrogação acerca de quais as consequ-ências da não aplicação desses dispositivos nos processos judiciais.

Na mesma medida, foram enviados questionários ao STF, STJ e TST, buscando a resposta ao questionamento quanto aos resultados internos do não cumprimento desses dispositivos nos processos judiciais pelos Ministros dessas Cortes. Contudo, como já exposto no item anterior, tais per-guntas não foram respondidas, apesar os esforços empreendidos.

Nesse sentido, para a execução das proposições do eixo, a análise das situações será realizada por amostragem, como de resto nos demais eixos, visando identificar em quais situações a não aplicação da nor-ma levou a consequências internas aos tri-bunais, caso elas existam. De outra ordem, também foi analisado, por amostragem, as consequências da não aplicação desses dis-

positivos nos processos judiciais.

6.1 CONSEQUÊNCIAS INTERNAS AOS TRI-BUNAIS DA NÃO APLICAÇÃO DOS TRATA-

DOS INTERNACIONAIS

Realizado o diagnóstico da aplicação

prática dos Tratados e as dificuldades de-

6 EIXO CINCO – QUAIS AS CONSEQUÊNCIAS DO NÃO CUMPRIMENTO DESSES DISPOSITIVOS NOS PROCESSOS JUDICIAIS?

correntes deste processo no Eixo 4, passa-

-se ao exame das implicações da utilização

ou não dessas documentos pelo STF, STJ e

TST. Investiga-se quais são as implicações

do não cumprimento desses Tratados nos

processos judiciais.

A análise é exposta de forma separa-

da para cada um dos Tribunais Superiores

pesquisados, em razão das especificidades

encontradas ao longo da pesquisa.

Supremo Tribunal Federal (STF)

No Regimento Interno do Supremo Tri-

bunal Federal e na Constituição Federal não

há previsão ou qualquer tipo de constrangi-

mento pela não utilização das duas Conven-

ções Estudadas no ramo do Direito Proces-

sual Civil, Penal ou Trabalhista.

Há, contudo, no que se refere ao tema,

a previsão de, em grau de recurso, julgar

decisões que contrariem os Tratados, como

única referência no regimento interno, mas

não há consequências agregadas.

Além disso, a Lei da Magistratura Nacio-

nal, Lei Complementar nº 35, de 14 de março

de 1979, não dispõe em nada sobre a respon-

sabilidade dos Magistrados em caso de não

aplicação dos Tratados internacionais.

Superior Tribunal de Justiça (STJ)

No Regimento Interno do Superior Tri-

bunal de Justiça, da mesma forma que no

do Supremo Tribunal Federal, não há previ-

são regimental que contemple a não utiliza-

ção das duas Convenções analisadas.

147

No que se refere aos Tratados, há previ-

são de que cabe, em grau, de recurso julgar

decisões que contrariem os Tratados. Esta é

a única referência no regimento interno, mas

não há implicações previstas.

Além disso, a Lei da Magistratura Nacio-

nal, Lei Complementar nº 35, de 14 de março

de 1979, não dispõe em nada sobre a respon-

sabilidade dos Magistrados em caso de não

aplicação dos Tratados Internacionais.

Tribunal Superior do Trabalho (TST)

No Regimento Interno do Tribunal

Superior do Trabalho e na Constituição

Federal não há punição pela não utili-

zação dos Tratados Internacionais. Não

obstante, a ausência de previsão, verifi-

cou-se nos precedentes analisados, que

o Tribunal Superior do Trabalho aplicou

a normativa convencional de forma ade-

quada e coerente.

À luz das decisões analisadas, pode-

-se concluir que o Tribunal Superior do

Trabalho aplica adequadamente os Tra-

tados Internacionais em matéria proces-

sual de direitos humanos. Desta forma,

a busca por resultados da não aplicação

de dispositivos convencionais nos pro-

cessos judiciais perdeu o objeto na esfera

trabalhista.

O TST pode ser criticado por não

aplicar os Tratados Internacionais com a

frequência necessária para torná-los mais

efetivos, mas não por seu uso meramente

retórico, pois quando utiliza a normativa

convencional, ao menos nos casos analisa-

dos, o faz de forma adequada e coerente.

6.2 CONSEQUÊNCIAS PROCESSUAIS DA

INAPLICABILIDADE DOS TRATADOS ANA-

LISADOS

A doutrina de direito internacional,

principalmente no que consiste à recepti-

23 Cf. entre outros Jacob Dolinger, Direito Internacional Privado; parte geral, 3ª Ed. Rio de Janeiro:Renovar, 1994. 24 Nadia de Araújo, Direito Internacional Privado 5ª Ed. Rio de Janeiro:Renovar, 2011. Beat Walter Rechsteiner. Direito Internacional Privado. 13 ed.São Paulo: Saraiva: 2010. Flávia Piovesan. Direitos Humanos e Direito Constitucional Internacional. 8ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2007.

vidade do direito internacional deixa claro

que cada Estado poderia se utilizar no di-

reito interno a todas as questões jurídicas

fossem elas de direito interno ou de direito

internacional. Isso não ocorre, pois todos os

ordenamentos jurídicos nacionais estabele-

cem regras relacionadas concernentes ao

direito internacional privado e público.23

Com efeito, o direito internacional pri-

vado ao resolver relações jurídicas de direi-

to privado com conexão internacional difere

dos conflitos de leis interespaciais de direito

público, pois essas são reconhecidas como

normas que necessitam de aplicação imedia-

ta quando do seu reconhecimento. Isso não

impede que as mesmas se comuniquem com

o direito internacional privado, principalmen-

te no que tange à cooperação em matéria

jurídica internacional. Temáticas como a co-

operação jurídica internacional nos aspectos

do direito processual civil, penal e trabalhista

fazem parte desse rol de disciplinas em que

os dois ramos do direito internacional, públi-

co e privado, se comunicam.24

A recepção e aplicação das normati-

vas internacionais, tanto de direito publico,

quanto de direito privado, fazem parte de

uma escolha crucial para o desenvolvimento

social e econômico do país e para a garantia

do não retrocesso dos direitos e garantias

fundamentais, os quais são o centro gravita-

cional de todas as relações públicas e priva-

das do processo internacional.

Nesse sentido, da receptividade ou

não dessas normas, conclui-se - pela amos-

tragem utilizada - diante das jurisprudências

analisadas, distinguir seus efeitos processu-

ais no sistema processual brasileiro na esfe-

ra civil, penal e trabalhista.

6.2.1 Direito Processual Civil

Quanto ao Agravo Regimental em Car-

148

ta Rogatória nº 7613.4/STF, não se pode

afirmar que houve o descumprimento de

Tratado Internacional, ficando prejudicada

a investigação da busca por consequências

da não aplicação do Tratado Internacional.

No caso, o Protocolo de Las Leñas

não se dispensou o juízo homologatório

da decisão estrangeira, conforme alegou

o agravante. Ressalta-se que a convenção

do MERCOSUL não inovou nesse sentido,

o que poderia ter sido feito, inclusive para

agilizar o diálogo entre as jurisdições na-

cionais. Dessa maneira, há que se reconhe-

cer que a decisão do STF está em confor-

midade com tal convenção internacional.

No caso a convenção internacional foi à

razão de decidir do STF.

O mesmo aconteceu com a Carta Ro-

gatória 8279, julgada em 1998. No caso,

o STF reforçou a necessidade do cumpri-

mento de todas as formalidades para a in-

corporação e plena eficácia dos Tratados

Internacionais dentro da jurisdição brasi-

leira, isto é, não basta a aprovação pelo

Congresso Nacional, mas também a sua

promulgação mediante decreto pelo Pre-

sidente da República.

Dessa maneira, há que se reconhecer

que a decisão do STF não contraria a con-

venção internacional em tela, não sendo

aplicada por não estar devidamente incor-

porada ao direito brasileiro. Assim, ficou

prejudicada a investigação da busca por

consequências da não aplicação do Trata-

do Internacional.

Nos casos do Habeas Corpus nº

87.585/STF e do Habeas Corpus nº 96772/

STF, restou claro que as decisões do STF

estão em conformidade com a Convenção

Americana sobre Direitos Humanos. Por

esta razão, ficou prejudicado a investiga-

ção da busca por consequências da não

aplicação do Tratado Internacional.

No caso da ADPF 172, verificou-se,

então, que a não aplicação da convenção

internacional não se deu por descumpri-

meno pelo STF, mas porque esse se consi-

derou incompetente para a apreciar a de-

manda proposta. Da mesma forma, então,

ficou prejudicada a investigação da busca

por consequências da não aplicação do

Tratado Internacional.

No caso do Habeas Corpus nº 182834

(2010/0154483-7)/STJ, a Convenção Sobre

os Direitos da Criança foi um dos parâme-

tros legislativos para que o habeas corpus

fosse deferido, com base “na máxima prio-

ridade da criança”, mas não a razão de de-

cidir. Por isso, não cabe a investigação da

busca por consequências da não aplicação

do Tratado Internacional.

6.2.2 Direito Processual Penal

Com vistas ao cumprimento dos ob-

jetivos traçados acerca das consequências

internas aos tribunais da não aplicação

dos Tratados Internacionais em matéria

processual penal, tem-se o quadro juris-

prudencial estabelecido no seio do Supre-

mo Tribunal Federal (STF) e do Superior

Tribunal de Justiça (STJ), a seguir demons-

trados, ainda que de forma resumida, pon-

tual e conclusiva, em função da análise

exaustiva feita no eixo anterior.

No caso da aplicação da Convenção

Contra a Tortura e outros Tratamentos ou

Penas Cruéis, Desumanas ou Degradantes,

analisando o conteúdo das decisões e os

reflexos da ADPF 153, a decisão, ao con-

siderar compatível com a ordem consti-

tucional de 1988 a lei de anistia produziu,

consequentemente, o entendimento pela

inaplicabilidade desta Convenção, levan-

do à não responsabilização administrativa,

civil e criminal dos agentes de Estado que

cometeram atos de tortura durante a dita-

dura civil- militar de 1964-1985.

Quanto a Convenção Internacional so-

149

bre a Eliminação de todas as formas de Dis-

criminação Racial, no julgamento do “caso

Elwanger, Habeas Corpus 82424, a Conven-

ção foi utilizada em apenas 02 (dois) votos,

como fundamento, sendo que a ação foi jul-

gada no sentido de reconhecer o racismo,

independentemente, no caso, dos manda-

mentos e fundamentos da Convenção pros-

perarem para a fundamentação da persecu-

ção penal, então, estabelecida.

No caso da Convenção Contra a Tor-

tura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis,

Desumanas ou Degradantes e suas reper-

cussões nos julgados do STJ foram analisa-

dos 03 (três) casos, sendo que em 02 (dois)

foi reconhecida a convenção quanto à res-

ponsabilização civil do Estado no caso de

atos de tortura cometidos por agentes es-

tatais. Salienta-se que um dos casos trata da

demanda de responsabilização do Estado

por atos de tortura durante a Ditadura Mi-

litar. Como o caso do Superior Tribunal de

Justiça (STJ) é anterior ao julgamento da

ADPF 153, ainda não se tem como analisar

se o Superior Tribunal de Justiça (STJ) mu-

dará de entendimento em ações semelhan-

tes ou confirmará o entendimento anterior.

Cumpre salientar, além disso, que uma das

decisões diz respeito à indenização durante

a Ditadura do Estado Novo, quando o tribu-

nal negou vigência à Convenção. A consequ-

ência, portanto, foi a não responsabilização

pecuniária pelos danos causados a vítima.

Quanto à Convenção Internacional

sobre a Eliminação de todas as formas de

Discriminação Racial nos 02 (dois) casos

analisados no STJ ficou evidente que não

foi aplicada a Convenção diretamente, pois,

se tratava de o candidato cumprir requisitos

da legislação interna. A Convenção é citada

como principio basilar para as Universida-

des se guiarem na aplicação da política de

cotas, conforme os dois arestos analisados,

isto é, a construção de políticas públicas e

da elaboração de programas de Estado em

função do conteúdo convencional. Portanto,

seu conteúdo direto não foi utilizado.

6.2.3 Direito Processual do Trabalho

As consequências processuais da não

aplicação dos Tratados Internacionais que

impactam o processo do trabalho seriam es-

sencialmente restrições ao acesso à justiça,

o que impediria os trabalhadores de pleitear

seus direitos no Poder Judiciário, negando

efetividade os direitos trabalhistas.

No entanto, os casos analisados apon-

tam para um quadro em que foi garantido o

acesso à justiça e garantida à aplicação dos

dispositivos internacionais relativos ao pro-

cesso do trabalho, de modo que a repercus-

são é positiva para a proteção e a promoção

dos direitos trabalhistas.

Verificou-se que nas decisões do Su-

premo Tribunal Federal - STF, a aplicação

foi satisfatória. Foram assegurados o aces-

so à justiça e os direitos humanos laborais.

Assim, pode-se concluir que existem con-

sequências processuais positivas nos casos

examinados, e não negativas.

As observações realizadas sobre os

julgados do STF valem plenamente para as

decisões do Tribunal Superior do Trabalho

– TST, estudadas pelos pesquisadores. De-

parou-se com um quadro de boa aplicação

dos dispositivos internacionais, como ratio decidendi, e não como mera citação a títu-

lo de reforço argumentativo. Deste modo,

emanam dos julgamentos do TST consequ-

ências processuais favoráveis à implementa-

ção do direito internacional do trabalho, vez

que é imperioso reconhecer a qualidade das

decisões examinadas.

Portanto, não há que se cogitar de

consequências processuais negativas,

porquanto os temas cardeais da pesqui-

sa, como o acesso à justiça e o efetivo

impacto do direito internacional sobre

150

o processo do trabalho, foram cuidados

satisfatoriamente nos acórdãos do TST

analisados.

A ressalva que fica é apenas da bai-

xa utilização em termos quantitativos

dos dispositivos de direito internacional

que influenciam a legislação processual

laboral.

6.3 CONCLUSÕES DO EIXO 5

O presente eixo de trabalho buscou

apontar, depois de realizada uma análise de

forma exaustiva no eixo quatro dos arestos

eleitos para análise qualitativa da pesquisa,

os efeitos internos e externos da não utili-

zação dos Tratados Internacionais nos acór-

dãos pesquisados.

Esse item do trabalho além da análise

dos julgados, também pretendia, em suas

conclusões, promover a análise das res-

postas dadas aos questionários enviados

aos Tribunais Superiores – seus membros

e dirigentes -, como objeto de qualificação

da análise a ser desenvolvida no presen-

te projeto. Contudo a negativa de respos-

ta obriga os pesquisadores a seguirem as

suas conclusões sem o auxílio deste mate-

rial, embora possa-se considerar a omissão

destas autoridades como um indicativo do

apreço que se dá à matéria no âmbito des-

tes órgãos, por seus componentes e, mes-

mo, por seus dirigentes.

Como apontado no eixo cinco, às res-

postas às consequências foram divididas em

duas partes.

A primeira busca responder se os

profissionais do direito no exercício de

suas funções ao não utilizarem os Trata-

dos Internacionais reconhecidos e interna-

lizados pelo Brasil poderiam sofrer alguma

consequência. Como apontado nos regi-

mentos internos do Supremo Tribunal Fe-

deral, Superior Tribunal de Justiça e Tribu-

nal Superior do Trabalho, não há nenhuma

previsão ou consequência prevista para a

não utilização dos Tratados.

A única previsão nestes regimentos

é a possibilidade de, em grau de recurso,

haver a revisão das decisões que contra-

riem tais Tratados, sendo essa a única re-

ferência à matéria contida nos regimen-

tos internos.

Analisando a Lei da Magistratura Na-

cional, Lei Complementar nº 35, de 14 de

março de 1979, não se encontra disposi-

ção referente a responsabilidade dos Ma-

gistrados em caso de não aplicação dos

Tratados Internacionais.

Quanto às consequências externas ou

processuais para cada temática a resposta

é diferente. No que tange ao processo civil

, em nenhum dos casos analisados pode-se

afirmar que houve a negativa dos tribunais

na aplicação do Tratado Internacional, o que

deixou frustrada a investigação da busca

por consequências da não aplicação do Tra-

tado Internacional.

No processo penal, a não utiliza-

ção da Convenção de Tortura no caso da

ADPF 153 julgada pelo STF extinguiu a

pretensão de punição administrativa, pe-

nal e civil dos agentes de Estado que pra-

ticaram atos de tortura durante a ditadura

civil-militar de 1964.

No que tange aos julgados do STJ,

que faziam referência à Convenção de

Tortura da ONU, em dois dos três casos

analisados foi reconhecida a convenção

quanto à responsabilização civil do Esta-

do no caso de atos de tortura cometidos

por agentes estatais. Apenas em um deles

a convenção não foi aplicada.

No que diz respeito à Convenção da

ONU sobre a Discriminação Racial no jul-

gamento do caso Elwanger, Habeas Cor-

pus 82424, a Convenção foi utilizada em

apenas 02 (dois) votos como fundamen-

151

to, apesar do reconhecimento do crime de

racismo no caso, sendo que nesses dois

votos os mandamentos e fundamentos da

Convenção prosperaram para a fundamen-

tação da persecução penal da controvér-

sia, então, estabelecida. Quanto aos julga-

mentos a respeito dessa convenção no STJ

nos dois casos ela é utilizada como mero

argumento, sendo que seu conteúdo não é

utilizado no caso.

No processo do trabalho, as con-

sequências processuais foram positivas,

especialmente no que tange ao acesso à

justiça e efetividade do direito interna-

cional, de modo que a busca implicações

do não uso dos diplomas internacionais

restou prejudicada. Da mesma forma, não

foram encontrou sanções internas previs-

tas pelo STF e pelo TST, fato que seria es-

tranho em relação a esta matéria, pois as

decisões foram receptivas ao direito in-

ternacional, não gerando efeitos nocivos

no tema abordado.

Em um aspecto geral, observa-se

que os tribunais não sofrem consequ-

ências internas pela não aplicação dos

Tratados Internacionais. Dito de outro

modo, os Tratados sequer são invoca-

dos pelas partes e na maioria das vezes,

quando utilizados, o são apenas como

justificativa argumentativa para um voto

de algum ministro.

Assim, a pouquíssima utilização dos

Tratados Internacionais não se dá tanto

pelo seu descumprimento pelos tribunais,

mas mais pela pouca utilização no sistema

de justiça brasileiro como um todo.

152

O presente eixo foi elaborado para

atender dois objetivos: o primeiro objeti-

vo foi investigar, por meio de amostragem,

a forma que os Tratados Internacionais, no

que se refere ao direito processual, são utili-

zados nas decisões judiciais; o segundo ob-

jetivo foi verificar se há esforços desenvolvi-

dos dentro desses tribunais em utilizar tais

Tratados de matéria processual.

No presente tópico a metodologia em-

pregada, buscava, da mesma forma que nos

eixos 4 e 5, a resposta dos questionários.

Como não houve êxito relativamente à

obtenção de respostas, a equipe trabalhou

com o material disponível nos sítios eletrô-

nicos oficiais dos tribunais para determinar

se, nesses arestos, foram desenvolvidos es-

forços da jurisdição na aplicação dos Trata-

dos Internacionais e a evolução ou não da

jurisprudência no sentido de dar maior efi-

cácia a esses Tratados.

Nesse sentido, no que concerne

aos esforços desenvolvidos em busca da

maior efetividade interna aos dispositivos

dos Tratados Internacionais delimitados

no Eixo seis, tem-se o seguinte quadro ju-

risprudencial:

Nos casos de utilização das conven-

ções como juízo homologatório de sen-

tenças estrangeiras, que atendem os re-

quisitos dos Tratados internalizados pelo

Brasil sem um alto grau de complexidade

da demanda, as decisões estão em confor-

midade com a Convenção, inclusive sendo

7 EIXO SEIS – HÁ ESFORÇOS DESENVOLVIDOS NO SENTIDO DE DAR MAIOR EFETIVIDADE INTERNA AOS DISPOSITIVOS DESSES TRATADOS?

utilizada nas razões de decidir. Isso fica

claro no Agravo Regimental em Carta Ro-

gatória nº 8279/STF que foi objeto de aná-

lise do direito processual civil. Nos casos

que envolvem mais complexidade, como

no caso dos julgamentos da ADPF 153,

que incorpora questões de aplicação di-

reta de Tratado Internacional que afetam

o direito processual interno, observa-se

que o STF se utiliza pouco e mal do direito

internacional. O próprio aresto traz subsí-

dios demonstrando que o STF retrocede

no uso da Convenção de Tortura da ONU,

vez que, em momentos anteriores, já havia

se utilizado da mesma para configurar o

crime de tortura em homologações de car-

tas rogatórias. No caso da aplicação pelo

STF da Convenção de Racismo ocorre o

mesmo fato, ou seja, ela não é argumento

das razões de decidir no processo. Entre-

tanto, mesmo que utilizada somente como

base argumentativa, tal decisão confirma

os avanços na jurisprudência da Suprema

Corte, no que tange ao cumprimento dos

compromissos assumidos pelo Estado bra-

sileiro em matéria de Direito Internacional

em matéria processual penal.

Nos casos referentes às duas con-

venções e sua aplicabilidade no STJ, con-

cluiu-se que a Convenção de tortura da

ONU demonstrou um avanço da jurispru-

dência no sentido de aplicação da Con-

venção, bem como do cumprimento dos

compromissos assumidos pelo Estado

brasileiro em matéria de Direito Interna-

153

cional em matéria processual penal.

Quanto à Convenção da ONU para eli-

minação de discriminação racial a utilização

da Convenção, a mesma demonstrou uma

postura afirmativa do Tribunal no que con-

cerne à aplicação das Convenções Interna-

cionais, no cumprimento dos compromissos

assumidos pelo Estado brasileiro em maté-

ria de Direito Internacional em matéria pro-

cessual penal, mesmo que essa convenção

não faça parte do conjunto das razões de

decidir do processo.

As observações realizadas sobre os

julgados do STF valem plenamente para

as decisões do TST, estudadas pelos pes-

quisadores do eixo de Direito Processual

do Trabalho. Deparou-se com um quadro

de boa aplicação dos dispositivos inter-

nacionais, como ratio decidendi, e não

como mera citação a título de reforço ar-

gumentativo. Deste modo, emanam dos

julgamentos do TST consequências pro-

cessuais favoráveis à implementação do

direito internacional do trabalho, vez que

é imperioso reconhecer a qualidade das

decisões examinadas.

Portanto, não há que se cogitar de

consequências processuais negativas,

porquanto os temas cardeais da pesquisa,

como acesso à justiça e o efetivo impacto

do direito internacional sobre o processo

do trabalho, foram cuidados satisfatoria-

mente nos acórdãos do TST analisados. A

ressalva que fica é apenas da baixa utiliza-

ção em termos quantitativos dos disposi-

tivos de direito internacional que influen-

ciam a legislação processual laboral.

7.1 CONCLUSÕES DO EIXO 6

Dado o exame realizado, nota-se que

a análise dos acórdãos selecionados apre-

senta um descompasso na sua técnica, de-

pendendo da matéria a ser analisada e o

grau de complexidade. Contudo podem-se

apontar três aspectos importantes para a

conclusão do tópico. A primeira é que em

todos os casos analisados é imprescindível

aos tribunais que o Tratado tenha cumpri-

do todas as formalidades de internaliza-

ção necessárias ao modelo adotado pelo

Brasil, qual seja, o modelo dualista.

De outra banda, outro ponto impor-

tante aos dados apresentados é o posi-

cionamento dos tribunais quanto à irre-

troatividade dos efeitos dos Tratados na

ordem interna.

Dito de outro modo, os tratados só

possuem efeitos na ordem jurídica brasi-

leira da data em que ele cumpriu todas

as formalidades necessárias, antes disso,

qualquer efeito previsto no Tratado não é

válido em território brasileiro. Isso fica cla-

ro principalmente ao analisarmos os Trata-

dos sobre Direitos Humanos, observa- se

que esse posicionamento é condição para

a utilização do direito internacional como

fonte do direito nas decisões, mesmo que

isso contrarie a ordem humanista e demo-

crática do Estado Brasileiro.

Outra circunstância importante é a

utilização dos Tratados como argumen-

to corroborativo aos fundamentos da

decisão, ou seja, para confirmar o que

foi regulamentado pela legislação inter-

na. Qualitativamente, quando o conteú-

do previsto nas Convenções é utilizado

buscando efetividade na ordem interna

desses dispositivos, os acórdãos, princi-

palmente os referentes ao Direito Proces-

sual do Trabalho apontam um resultado

satisfatório. Como já dito a ressalva se

faz, nesse sentido, a baixa utilização em

termos quantitativos da utilização desses

dispositivos, diagnosticada nesse ponto,

de uma forma generalizada.

154

O presente Eixo foi elaborado para

atender dois objetivos: o primeiro objetivo

foi identificar a existência ou não de proje-

tos governamentais, inseridos na estrutura

do Poder Judiciário Brasileiro, em torno da

formação de uma cultura jurídica aberta à

aplicação dos Tratados internacionais rati-

ficados pelo Brasil em matéria processual.

Na sequência, o segundo objetivo consiste

em desenvolver estratégias para o desen-

volvimento de uma cultura jurisdicional

brasileira, aberta à recepção dos Trata-

dos Internacionais em matéria processual

como fonte de Direito.

Para tanto, foram pesquisados, na

estrutura do Poder Judiciário Brasileiro,

programas ou projetos governamentais

voltados à formação de seus quadros fun-

cionais em torno de uma nova mentalidade

de jurisdição, comprometida com a aplica-

ção de Tratados Internacionais ratificados

pelo Brasil em matéria processual.

Da existência ou inexistência de tais

programas ou projetos, serão aponta-

das estratégias, com base em referencial

teórico-pragmático sobre jurisdição em

uma perspectiva da internacionalização

do direito, com vistas ao desenvolvimento

dessa cultura jurisdicional brasileira reco-

nhecedora dos Tratados Internacionais ra-

tificados no Brasil.

8 EIXO SETE – LEVANTAMENTO DE ESTRATÉGIAS A SEREM ADOTADAS PARA DAR EFETIVIDADE, NO SISTEMA PROCESSUAL BRASILEIRO, AOS TRATADOS INTERNACIONAIS RATIFICADOS PELO BRASIL

8.1 IDENTIFICAÇÃO DE PROJETOS QUE

VIABILIZEM A UTILIZAÇÃO DOS TRATA-

DOS INTERNACIONAIS PELO SISTEMA

PROCESSUAL BRASILEIRO

Para o primeiro item salientamos que

é de extrema importância a identificação de

projetos que possam contribuir para uma

cultura de utilização dos Tratados Interna-

cionais no que tangem ao direito processu-

al. Para tanto, necessário se faz a análise dos

processos de admissão nas carreiras jurídi-

cas públicas para identificar a preocupação

dos organismos governamentais em alimen-

tar uma cultura jurídica engajada no respei-

to às normativas de direito internacional e a

aplicabilidade das mesmas, principalmente,

no direito processual, foco do presente estu-

do. Por amostragem foram eleitas algumas

carreiras para a análise da cobrança em seus

editais de concurso e, efetivamente, em suas

provas da disciplina de direito internacional.

Os resultados apresentados seguem:

Magistratura do Trabalho

Os Concursos para Juiz do Trabalho

Substituto dos últimos três anos (2010,

2011 e 2012) foram pesquisados, com foco

nas questões sobre direito processual do

trabalho, direito internacional e direito co-

munitário. Certames dos Tribunais do Tra-

155

balho da 1ª Região, da 2ª Região e da 4ª

Região foram analisados.

Em relação às questões de direito pro-

cessual do trabalho, não foram encontradas

questões que demonstraram o impacto do

direito internacional.

No que tange às questões de direito

internacional e direito comunitário, o Pro-

grama constante nos Editais dos Concursos

para Juiz Substituto, entre 2010 e 2012, pre-

via pontos em que o direito internacional

conectou-se o processo do trabalho brasi-

leiro. Veja-se nos itens abaixo, extraídos dos

Editais dos Concursos realizados pelos Tri-

bunais do Trabalho da 1ª, 2ª e 4º Regiões:

DIREITO INTERNACIONAL E

COMUNITÁRIO

3. A imunidade de jurisdição dos Esta-dos: origem, fundamentos e limites. Imuni-dade de execução.

9. Direito comunitário: conceito e

princípios e orientações sociais. Merco-

sul, Nafta e União Europeia: constituição

estrutura, principais normas em matéria

social. Livre circulação de trabalhadores,

normas processuais do Mercosul. (desta-

que em itálico nosso).

A redação destes pontos é idêntica

nos Concursos para Juiz Substituto dos re-

feridos Tribunais nos últimos três anos. No

entanto, em nenhuma das Provas Objetivas

examinadas foi encontrado questionamento

a respeito destes temas.

Quanto ao tema dos direitos huma-

nos trabalhistas, os Editais igualmente

previam em seus Programas esta matéria.

Entretanto, não foram cobradas questões

sobre os Tratados Internacionais sobre

trabalho dos migrantes e trabalho escravo,

temas aqui analisados.

Conclui-se desta análise que o Pro-

grama de Conteúdos previsto nos Edi-

tais dos Concursos para Juiz do Trabalho

Substituto dos Tribunais do Trabalho da

1ª Região, 2ª Região e 4ª Região contém

itens relacionados com o impacto dos Tra-

tados Internacionais sobre o processo do

trabalho no Brasil. Contudo, tais pontos

não têm sido exigidos nas Provas Objeti-

vas no período 2010-2012.

Ministério Público Federal

No Ministério Público Federal (MPF),

a problemática da exigência da disciplina

de Direito Internacional Publico é regula-

mentada pela Resolução nº 116, de 4 de ou-

tubro de 2011 que, justamente, estabelece

as normas sobre o concurso para ingresso

na carreira. Em seu artigo 3º, a Resolução

mencionada estabelece, no Grupo II, a exi-

gência de, no mínimo, 25 (vinte e cinco)

questões, incluindo ainda as disciplinas de

Direito Administrativo e Direito Ambien-

tal, Direito Tributário e Direito Financeiro,

além do Direito Internacional Privado.

Da análise dos 03 (três) últimos edi-

tais de concurso para ingresso na Carreira

do Ministério Público Federal (MPF), 27º,

26º e 25º Concurso Público para provimen-

to de cargos de Procurador da República,

respectivamente, Editais 05/2013, 30/2011

e 05/2011, convém salientar que todos

cobraram, de forma direta ou indireta, as

questões referentes aos Tratados Interna-

cionais ratificados pelo Estado brasileiro,

sejam de Direitos Internacional dos Direi-

tos Humanos, sejam de Direito Processual

Internacional em Matéria Penal.

No 26º Concurso Público para provi-

mento de cargos de Procurador da Repú-

blica, no Grupo II – Direito Administrativo

e Direito Ambiental, Direito Tributário e

Direito Financeiro, Direito Internacional

Público e Direito Internacional Privado – as

questões 51 (Direito Processual Internacio-

nal em matéria Penal – Responsabilidade

156

Internacional do Estado), 52 (Execução de

Políticas Públicas em Matéria Ambiental

decorrente de Tratados Internacionais de

Direitos Humanos), 53 (Direito Processual

Internacional em Matéria Penal – Condi-

ção Jurídica do Estrangeiro), 54 (Direito

Processual Internacional em Matéria Pe-

nal – Persecução Penal em Crimes de Lesa

Humanidade), 55 (Direito Processual Penal

Internacional – Persecução Penal em caso

de reconhecimento da Jurisdição Univer-

sal), 56 (Direito Processual Internacional

em matéria Civil – Convenção de Haia, de

25 de outubro de 1980, sobre Aspectos Ci-

vis da Subtração Internacional de Menores

e da Convenção de Haia, de 29 de maio

de 1993, relativa à Proteção das Crianças

e à Cooperação em Matéria de Adoção In-

ternacional), 57 (Direito Processual Inter-

nacional em Matéria Penal – Cooperação

Jurídica Internacional em Matéria Penal),

tratam, direta ou indiretamente, de inseri-

rem a problemática dos papeis institucio-

nais do Ministério Público Federal (MPF),

bem como das normatizações acerca do

Direito Processual Internacional em Maté-

ria Penal e do Direito Internacional dos Di-

reitos Humanos.

No 25º Concurso Público para pro-

vimento de cargos de Procurador da Re-

pública, no Grupo II – Direito Internacio-

nal Público, Direito Internacional Privado

e Proteção Internacional dos Direitos Hu-

manos, as questões 32 (Incorporação dos

Tratados Internacionais em Matéria Geral

sobre a questão das reservas), 35 (Direi-

to Processual Internacional em Matéria

Penal – Imunidade de Ministro de Estado

das Relações Exteriores no caso Yerodia

na Corte Internacional de Justiça), 36 (Di-

reito Processual Internacional em Matéria

Penal – Imunidade de Ex-Chefe de Estado

no caso Pinochet), 37 (Direito Processu-

al Internacional em Matéria Penal – Juris-

dição do Tribunal Penal Internacional na

incidência do princípio da complementa-

ridade), 40 (Direito Processual Interna-

cional em Matéria Penal – Imunidades dos

Agentes Consulares), 41 (Direito Proces-

sual Internacional em Matéria Penal – As-

sistência Jurídica Mútua em matéria Penal

“Asset Sharing”), 43 (Direito Processual

Internacional em Matéria Penal – Assistên-

cia Jurídica Recíproca em Matéria Penal),

45 (Direito Processual Internacional em

Matéria Civil – Cartas Rogatórias), 46 (Di-

reito Processual Internacional em Matéria

Penal – Jurisdição Penal Internacional), 47

(Direito Processual Internacional em Maté-

ria Civil – Convenção de Haia sobre os As-

pectos Civis do Sequestro Internacional de

Crianças e a Execução de suas Medidas no

Brasil pelos órgãos competentes), 48 (Di-

reito Internacional dos Direitos Humanos

– Derrogação em caso de Emergência),

50 (Direito Internacional dos Direitos Hu-

manos – Abolição do Trabalho Escravo), 51

(Direito Internacional dos Direitos Huma-

nos – Princípio do Esgotamento Prévio dos

Recursos Domésticos), 52 (Direito Proces-

sual Internacional em Matéria Penal – Co-

operação Internacional Penal), 53 (Direito

Internacional Penal – Crimes contra a Hu-

manidade), 54 (Direito Internacional dos

Direitos Humanos – Direito à Autodeter-

minação dos Povos), 57 (Direito Interna-

cional dos Direitos Humanos – Declaração

Universal dos Direitos Humanos), 58 (Di-

reito Internacional dos Direitos Humanos

– Carta da ONU), 60 (Direito Internacional

dos Direitos Humanos – Direito à Autode-

terminação dos Povos), tratam, direta ou

indiretamente, de inserirem a problemáti-

ca dos papeis institucionais do Ministério

Público Federal (MPF), bem como das nor-

matizações acerca do Direito Processual

Internacional em Matéria Penal e do Direi-

to Internacional dos Direitos Humanos.

Em especial, no que concerne à análi-

se da Convenção contra a Tortura e outros

157

Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanas

ou Degradantes, da ONU, de 1984, convém

mencionar a questão 49 que demonstra

justamente a necessidade de interrelação

dos marcos normativos internacionais de

Direitos Humanos na formação institucio-

nal dos aplicadores do Direito no Estado

brasileiro. Eis o enunciado da questão:

“A expressão “tortura ou penas ou tratos cruéis, desumanos ou degradantes”, usual na Declaração Universal dos Direitos Hu-manos (art.5º), na Convenção Europeia de Direitos Humanos (art.3º, sem termo do uso “cruéis”), no Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos (art.7º) e na Con-venção Americana de Direitos Humanos (art.5º, parágrafo 2º)”.

A Resolução nº 116, de 4 de outubro

de 2011, os Editais 05/2013, 30/2011 e

05/2011, bem como as questões referidas

anteriormente, portanto, demonstram o

grau de importância dado pelo Ministério

Público Federal (MPF) à problemática do

real entendimento e aplicação das Con-

venções Internacionais de Direitos Hu-

manos para os seus futuros integrantes,

preocupação institucional esta que deve

servir de modelo aos programas de for-

mação e de capacitação de outras insti-

tuições brasileiras.

Defensoria Pública da União

Na Defensoria Pública da União

(DPU), a problemática da exigência da dis-

ciplina de Direito Internacional Publico é

regulamentada pela Resolução nº 36, de 16

de dezembro de 2009, anteriormente pela

Resolução nº 21 de 26 de junho de 2007,

art. 3º, XII, que, justamente, com apoio na

Lei Complementar nº 80, de 12 de janeiro

de 1994, estabelecem as normas sobre o

concurso para ingresso na carreira. Em seu

artigo 3º, VIII, a Resolução atual mencio-

nada estabelece a exigência de questões

sobre Direito Internacional Público.

Da análise dos 02 (dois) últimos edi-

tais de concurso para ingresso na Carrei-

ra da Defensoria Pública da União, 4º e 3º

Concurso para Ingresso na Categoria Ini-

cial da Carreira de Defensor Público Fede-

ral, convém salientar que todos cobraram,

de forma direta ou indireta, as questões

referentes aos Tratados Internacionais ra-

tificados pelo Estado brasileiro, sejam de

Direitos Internacional dos Direitos Huma-

nos sejam de Direito Processual Interna-

cional em Matéria Penal.

No 4º Concurso para Ingresso na

Categoria Inicial da Carreira de Defensor

Público Federal, as questões 05 (Direito

Processual Internacional em Matéria Civil

– Competência Jurisdicional), 06 (Direito

Processual Internacional em Matéria Civil

– Competência Jurisdicional), 07 (Direito

Processual Internacional em Matéria Civil

– Competência Jurisdicional), 08 (Direito

Processual Internacional em Matéria Civil

– Homologação de Sentença Estrangeira),

09 (Direito Processual Internacional em

Matéria Civil – Homologação de Sentença

Estrangeira), 10 (Direito Processual Inter-

nacional em Matéria Civil – Homologação

de Sentença Estrangeira), 151, 152, 153,

154, 155 (Direito Internacional Público –

Condição Jurídica do Estrangeiro), 169

(Direito Internacional dos Direitos Huma-

nos – Declaração Universal dos Direitos

Humanos), 170 (Direito Internacional dos

Direitos Humanos – Corte Internacional

de Justiça), 171 (Direito Internacional dos

Direitos Humanos – Declaração Universal

dos Direitos Humanos), 172 (Direito Inter-

nacional dos Direitos Humanos – Sistema

Interamericano de Direitos Humanos), 173

(Direito Internacional dos Direitos Huma-

nos – Sistema Interamericano de Direitos

Humanos), 174, 175 (Direito Internacional

dos Direitos Humanos – Declaração Uni-

versal dos Direitos Humanos).

158

No 3º Concurso para Ingresso na

Categoria Inicial da Carreira de Defensor

Público Federal, as questões 110 (Direito

Internacional Público – Tratados Interna-

cionais), 111 (Direito Internacional Público

– Costumes Internacionais), 112 (Direito

Internacional Público – Tratados Interna-

cionais), 113 (Direito Internacional Público

– Direito da Integração), 114 (Direito In-

ternacinal Público – MERCOSUL), 115, 116,

117 (Direito Processual Civil Internacional

– Homologação de Sentença Estrangeira),

161 (Direito Internacional dos Direitos Hu-

manos – Corte Interamericana de Direitos

Humanos), 162 (Direito Internacional dos

Direitos Humanos – Sistema Interameri-

cano de Direitos Humanos), 163 (Direito

Internacional dos Direitos Humanos – Tra-

tados Internacionais), 164 (Direito Inter-

nacional dos Direitos Humanos – Sistema

Interamericano), 165 (Direito Internacional

dos Direitos Humanos – Comissão Intera-

mericana de Direitos Humanos), 166 (Di-

reito Internacional dos Direitos Humanos),

167 (Direito Internacional dos Direitos Hu-

manos – Incidente de Deslocamento de

Competência), 168 (Direito Internacional

dos Direitos Humanos), 169 (Direito Inter-

nacional dos Direitos Humanos – Estatuto

de Roma), 170 (Direito Internacional dos

Direitos Humanos – Refúgio).

A Resolução nº 36, de 16 de dezem-

bro de 2009, anteriormente Resolução nº

21 de 26 de junho de 2007, art. 3º, XII e

os Editais 04/2010, 03/2007, bem como

as questões referidas anteriormente, por-

tanto, demonstram o grau de importância

dado pela Defensoria Pública da União

(DPU) à problemática do real entendimen-

to e aplicação das Convenções Interna-

cionais de Direitos Humanos para os seus

futuros integrantes, preocupação institu-

cional esta que deve servir de modelo aos

programas de formação e de capacitação

de outras instituições brasileiras.

25 Tais resultados podem ser encontrados nos editais nos sites das defensorias públicas estaduais e a presente carta. Disponível em: http://www.anadep.org.br/wtk/pagina/congressos. Acesso em: 12.jun.2013..asp?s1=%28Conven%E7%E3o+sobre+os+Aspe

Defensoria Pública Estadual

Nas defensorias públicas estaduais

não há cobrança da disciplina de direito

internacional público. No Brasil as Defen-

sorias Públicas Estaduais estão presentes

nos 27 Estados da Federação. Nas provas

dos concursos a disciplina de direito in-

ternacional não é c disciplina presente no

conteúdo programático dos concursos. No

entanto, os Tratados Internacionais que

versam sobre Direitos Humanos são obje-

to de análise como parte da Disciplina de

Direitos Humanos. Em que pese a cobran-

ça não direta a Carta de Natal, redigida no

último congresso da Associação Nacional

dos Defensores Públicos datada de 2011

traz em seu conteúdo a preocupação da

defensoria com as defesa dos direitos hu-

manos na ordem internacional, bem como

a preocupação na integração das defen-

sorias públicas das Américas como instru-

mento garante do acesso à justiça.25

8.1.1 A Escola Nacional de Formação e Aper-

feiçoamento de Magistrados do Trabalho

(ENAMAT). A Repercussão dos Tratados In-

ternacionais sobre o Processo do Trabalho

em Disciplinas do Curso de Formação da

ENAMAT

Além do exame das Provas Objetivas

de Concursos para Juiz do Trabalho Subs-

tituto, foi pesquisada também a contri-

buição da Escola Nacional de Formação e

Aperfeiçoamento de Magistrados do Traba-

lho – ENAMAT – para o desenvolvimento de

cursos e materiais que vinculem direito in-

ternacional e processo do trabalho.

A Escola Nacional de Formação e

Aperfeiçoamento de Magistrados do Traba-

lho foi criada pelo Tribunal Superior do Tra-

balho pela Resolução Administrativa nº 1.140

do Pleno do TST em 1º de junho de 2006.

A instituição da ENAMAT veio para cumprir

o disposto no inciso I do § 2º do artigo 111-

159

A da Constituição Federal, que foi incluído

pela Emenda Constitucional nº 45/2004.

A ENAMAT tem como objetivos insti-

tucionais (i) implantar o concurso público

de ingresso na magistratura trabalhista de

âmbito nacional; (ii) organizar, em âmbito

nacional, curso de formação inicial para os

juízes do trabalho aprovados em concur-

so, com a finalidade de lhes dar o conheci-

mento teórico e prático para o exercício da

magistratura, e coordenar os cursos com-

plementares ministrados pelas Escolas Re-

gionais da Magistratura do Trabalho com fi-

nalidade similar; (iii) regulamentar os cursos

de formação continuada e aperfeiçoamen-

to de magistrados, com vistas ao vitalicia-

mento e à promoção na carreira, ministra-

dos pelas Escolas Regionais; (iv) promover

seminários, encontros regionais, nacionais

e internacionais para debate das questões

mais relevantes para o exercício da magis-

tratura; (v) promover o estudo e a pesquisa

no campo do Direito e do Processo do Tra-

balho, visando ao aperfeiçoamento da pres-

tação jurisdicional; (vi) propiciar o intercâm-

bio com Escolas da Magistratura nacionais

e estrangeiros, bem como com instituições

internacionais congêneres; (vii) organizar

cursos de formação de formadores.

Os candidatos aprovados no Con-

curso para Juiz do Trabalho Substituto em

todo o Brasil, ao tomarem posse, entram em

exercício e são lotados primeiramente na

ENAMAT, como alunos da Escola, até a con-

clusão do módulo nacional do Curso de For-

mação Inicial. A realização do Curso é uma

das etapas para aquisição da vitaliciedade

do cargo de magistrado, tendo como obje-

tivo proporcionar uma formação específica

para a atividade da judicatura, razão pela

qual engloba disciplinas diversas daquelas

ministradas em cursos de graduação e pós-

-graduação em Direito.

O conteúdo mínimo do módulo na-

cional do Curso de Formação Inicial é com-

posto pelas seguintes disciplinas: a) Deon-

tologia Profissional Aplicada; b) Técnica

da Decisão Judicial; c) Sistema Judiciário;

d) Linguagem Jurídica; e) Administração

Judiciária; e) Técnica de Juízo Concilia-

tório; f) Psicologia Judiciária Aplicada; g)

Relacionamento com a Sociedade e a Mí-

dia; h) Temas Contemporâneos de Direito;

i) Efetividade da Execução Trabalhista; j)

Laboratório Judicial.

Após a realização de análise dos

Cadernos de Formação das disciplinas

ofertadas aos novos juízes trabalhistas,

observou-se que o tema da imunidade ju-

risdicional das pessoas jurídicas de direi-

to público externo, abordado na presente

pesquisa no Eixo 4, foi objeto de estudos

na matéria Temas Contemporâneos de Di-

reito. A referência é um artigo do Juiz An-

dré Araújo Molina, Diretor e Professor da

Escola Superior da Magistratura Trabalhis-

ta da 23ª Região, intitulado “Imunidade ju-

risdicional das pessoas jurídicas de direito

público externo: Um diálogo com George-

nor de Souza Franco Filho.”

Não foram encontrados textos ou ma-

teriais a respeito da influência dos Tratados

Internacionais sobre direito dos migrantes e

trabalho escravo no sítio da ENAMAT.

Destarte, pode-se concluir que na

esfera trabalhista a magistratura conta

com uma Escola de Formação aberta à

internacionalização do direito, uma vez

que promove seminários internacionais e

possibilita o intercâmbio com instituições

estrangeiras congêneres. Além disso, foi

constatado pela pesquisa, que um tema re-

lacionado ao impacto dos Tratados Inter-

nacionais sobre o processo do trabalho já

foi objeto de estudos na ENAMAT, embora

não esteja prevista a disciplina de direito

internacional na grade das matérias minis-

tradas na instituição. Entretanto, os temas

dos Tratados Internacionais sobre direito

dos migrantes e trabalho escravo não fo-

160

ram abordados nos Cadernos do Curso de

Formação disponíveis no sítio da ENAMAT.

8.2 ESTRATÉGIAS PARA A CRIAÇÃO DE

UMA CULTURA JURÍDICA COMPROMETIDA

COM A EFETIVAÇÃO DOS TRATADOS IN-

TERNACIONAIS

Para o desenvolvimento de uma cul-

tura jurídica que propicie condições de

desenvolvimento da utilização do direito

internacional de forma adequada e eficaz,

principalmente no que tange ao objeto des-

se projeto, qual seja a efetiva utilização dos

Tratados Internacionais que impactam no

sistema processual brasileiro é necessária

a criação de mecanismos eficazes. Nesse

sentido, o presente item, a partir de toda a

análise empreendida no projeto, avalia pos-

síveis estratégias realizáveis no plano nacio-

nal para a implementação dos mecanismos

estruturais à efetivação de uma cultura jurí-

dica sintonizada com as estruturas do direi-

to internacional, principalmente, aos Trata-

dos Internacionais.

Visando dar vazão ao trabalho é impe-

rioso deixar claro que as estratégias foram

construídas para a ação do Estado Brasileiro

no campo político e jurídico como ficará de-

monstrado. A primeira estratégia que abran-

ge o campo político é a criação de uma Co-

missão de Controle de Convencionalidade

no Congresso Nacional.

Para poder demonstrar a viabilida-

de da primeira estratégia no campo políti-

co é necessário deixar bem determinado o

conceito do controle de convencionalida-

de. Dessa forma, o controle jurisdicional de

convencionalidade é o judicial review das

leis nacionais a partir das normas de direito

internacional. Seus fundamentos político-

-jurídicos residem na obrigação dos Estados

de cumprir efetivamente os pactos que as-

sinam, no dever de boa-fé nas relações in-

ternacionais e no compromisso de preservar

e fortalecer uma comunidade internacional

regida pelo direito das gentes.

A razão jurídica específica é a supe-

rioridade hierárquica do direito interna-

cional em relação ao direito interno. Não

há sentido na existência de normas inter-

nacionais caso elas possam ser alteradas

por leis ordinárias dos Estados quando

for conveniente para a Legislatura, ou por

outros atos estatais. A primazia do direi-

to internacional sobre o direito interno

temperado eventualmente pelos direitos

fundamentais previstos nas Cartas Consti-

tucionais é a única forma de se garantir o

respeito à ordem jurídica internacional.

O controle de convencionalidade,

por mais que seja uma forma de contro-

le jurídico, seria uma alternativa viável ao

processo de criação de uma cultura atrela-

da ao cumprimento dos Tratados Interna-

cionais. O processo de criação de leis no

Brasil dentro de sua técnica tem, nas Co-

missões Parlamentares, os organismos res-

ponsáveis pelo estudo e exame das propo-

sições legislativas apresentando pareceres

a respeito. As comissões podem ter várias

naturezas: as comissões permanentes são

aquelas previstas no art. 58 § 2ª da Consti-

tuição Federal e dos Regimentos Internos

das Casas Legislativas do Congresso Na-

cional, tendo atribuições como de discus-

são e votação de projetos, realização de

audiências públicas, dentre outras.

Por sua vez, as comissões especiais ou

temporárias são criadas para a apreciação

de uma matéria específica extinguindo-se

com o término da legislatura ou cumprida

sua finalidade, conforme a previsão do art.

58 §3 e dos Regimentos Internos das Ca-

sas Legislativas do Congresso Nacional. O

papel desempenhado pelas comissões na

fiscalização das futuras normas é impres-

cindível à efetivação de um Estado Demo-

crático de Direito e crucial ao sistema de

freios e contrapesos.

161

Nesse sentido, a Comissão do Con-

trole de Convencionalidade, ao avaliar o

conteúdo da legislação interna, teria com

função crucial a verificação se a norma in-

terna, em fase de criação, está em conso-

nância com os Tratados Internacionais fir-

mados pelo Brasil, portanto, fazendo um

controle político dos impactos dos Trata-

dos Internacionais. Mais especificamente,

ela assemelharia suas funções as comis-

sões de constituição e justiça da câmara

dos deputados e do senado federal; con-

tudo, sua atribuição específica é controlar

a convencionalidade das leis brasileiras.

Em virtude de o direito das gentes ser

protegido também por Cortes Internacio-

nais, cuja jurisprudência vincula o compor-

tamento de todos os órgãos dos Estados,

o controle jurisdicional de convencionali-

dade não se restringe ao âmbito do direi-

to interno, sendo exercido igualmente por

tribunais como o Tribunal de Justiça da

União Europeia e a Corte Interamericana

de Direitos Humanos.

Evidentemente, a expansão da judi-

cialização do direito internacional contém

um elevado teor político. Demanda, essen-

cialmente, um estágio avançado de respei-

to ao princípio da separação dos poderes,

ao princípio da legalidade, ao princípio da

igualdade perante a lei e da independência

e imparcialidade dos juízes. Em suma, são

indispensáveis as instituições que materiali-

zam a rule of law no âmbito interno.

Com efeito, a postura dos países fren-

te ao direito internacional e o grau de evo-

lução das instituições do Estado de Direito

não são uniformes globalmente. Dessas ca-

26 Cfe. DOLINGER, Jacob. Conflito entre fontes no Direito Internacional Privado. Disponível em: < http://direitousp.freevar.com/curso/dolinger7.htm> Acesso em: 2 de dez. de 2012.JIMENA QUESADA, Luis. Control de constitucionalidad y control de convencionalidad: ¿un desafío para los Tribunales Constitucionales en la Unión Europea? VIII Congreso de la ACE. “Derecho constitucional europeo”. San Sebastián/Donosti: 4-5 de fevereiro de 2010. p. 12. Disponível em: <http://www.acoes.es/congresoVIII/documentos/Jimena.Ponencia.pdf.> Acesso em: 10 de abril. 2013. BAZÁN, Víctor. “La Corte Interamericana de Derechos Humanos y las cortes nacionales: acerca del control de convencionalidad y la necesidad de um diálogo interjurisdiccional sustentable.” VIII Congresso Mundial da Associação Internacional de Direito Constitucional. “Constituciones y Principios”. México: 6 a 10 de dezembro de 2010. p. 6. Disponível em: http://www.juridicas.unam.mx/wccl/ponencias/13/215.pdf. Acesso em: 1º de dez. de 2012. FERRER MAC-GREGOR, Eduardo. “El control difuso de convencionalidad en el Estado Constitucional. In: FIX-ZAMUDIO, Héctor e VALADÉS, Diego. Formación y perspectiva del estado mexicano. México: UNAM, 2010. p. 174. Disponível em: http://biblio.juridicas.unam.mx/libros/6/2873/9.pdf. Acesso em: 1º de dez. de 2012.SANGÜES, Néstor. “El “control de convencionalidad”, en particular sobre las constituciones nacionales.” La Ley. Buenos Aires, nº 35. Ano LXXIII, 19 de fevereiro de 2009.

racterísticas decorre a maior probabilidade

de aplicação do controle jurisdicional de

convencionalidade pelos juízes nacionais, e

de respeito às decisões proferidas por Cor-

tes Internacionais em sede de judicial re-view, na União Européia e em alguns países

do continente americano.26

Depara-se, deste modo, com uma de-

fesa judicial da ordem internacional rea-

lizada em diferentes níveis no que tange

ao controle de convencionalidade, viável

somente em poucos lugares do mundo,

os quais são as referências do presente

estudo. A polêmica sobre a prevalência

absoluta do direito internacional sobre o

direito interno ou da tese contrária fica em

segundo plano, emergindo um paradigma

caracterizado pela judicialização das re-

gras internacionais.

Quanto ao controle de convenciona-

lidade judicial, em virtude de o direito das

gentes ser protegido também por Cortes

Internacionais, cuja jurisprudência vincula

o comportamento de todos os órgãos dos

Estados, o controle jurisdicional de conven-

cionalidade não se restringe ao âmbito do

direito interno, sendo exercido igualmente

por tribunais como o Tribunal de Justiça da

União Europeia e a Corte Interamericana de

Direitos Humanos.

A expansão da judicialização do di-

reito internacional contém um elevado

teor político. Demanda, essencialmente,

um estágio avançado de respeito ao prin-

cípio da separação dos poderes, ao prin-

cípio da legalidade, ao princípio da igual-

dade perante a lei e da independência e

imparcialidade dos juízes. Em suma, são

162

indispensáveis as instituições que materia-

lizam a rule of law no âmbito interno.

Com efeito, a postura dos países frente

ao direito internacional e o grau de evolução

das instituições do Estado de Direito não

são uniformes globalmente. Dessas carac-

terísticas decorre a maior probabilidade de

aplicação do controle jurisdicional de con-

vencionalidade pelos juízes nacionais, e de

respeito às decisões proferidas por Cortes

Internacionais em sede de judicial review, na

União Européia e em alguns países do conti-

nente americano.

Depara-se, deste modo, com uma de-

fesa judicial da ordem internacional realiza-

da em diferentes níveis no que tange ao con-

trole de convencionalidade, viável somente

em poucos lugares do mundo, os quais são

as referências do presente estudo. A polê-

mica sobre a prevalência absoluta do direito

internacional sobre o direito interno ou da

tese contrária fica em segundo plano, emer-

gindo um paradigma caracterizado pela ju-

dicialização das regras internacionais.

Nesse sentido, cabe lembrar que na

Europa a jurisprudência ativista do Tribunal

de Justiça europeu erigiu três pilares sólidos

para o direito comunitário: a primazia das

normas comunitárias, a aplicabilidade dire-

ta delas e a uniformidade na interpretação

e aplicação. Em decorrência da consolida-

ção destes princípios na ordem comunitária,

o Tribunal de Luxemburgo transformou a

prestação jurisdicional no Velho Continen-

te. As Cortes e os juízes nacionais viram-se

obrigados a compatibilizar a ordem nacio-

nal com as normas comunitárias.

A maior parte das jurisdições nacio-

nais acabou por aceitar a superioridade hie-

rárquica das normas comunitárias sobre as

leis internas ordinárias, havendo maior con-

trovérsia nos conflitos envolvendo normas

constitucionais. Demonstrar-se-á tal asser-

ção a partir dos casos da Holanda, da Fran-

27 Para mais informações consultar CANÇADO TRINDADE, Antônio Augusto. Tratado de Direito Internacional dos Direitos Humanos. V. I. Porto Alegre: Safe, 2003. PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e justiça internacional: um estudo comparativo dos sistemas regionais europeu, interamericano e africano. 3ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2012.

ça e da Alemanha, que permitem entrever

inclusive a aplicação do controle jurisdicio-

nal de convencionalidade.

Nesse mesmo sentido, nas Américas a

Corte Interamericana e alguns países como

Peru e Chile avançam ainda ao declarar

que os juízes nacionais deveriam exercer o

controle de convencionalidade ex o�cio,

respeitadas a distribuição interna de com-

petências e os estatutos processuais corres-

pondentes (CORTE IDH, 2006, p. 128). Ou

seja, o controle de convencionalidade seria

realizado no plano internacional pela Corte

Interamericana e no plano nacional por juí-

zes e tribunais, inclusive ex o�cio.

O rico acervo jurisprudencial da Corte

Interamericana de Direitos Humanos sobre a

temática do controle de convencionalidade,

antes e depois do uso desta nomenclatura é

vasto. Essa jurisprudência deve servir como

orientação constante na busca por respos-

tas aos problemas suscitados pela necessi-

dade de elaboração da estrutura procedi-

mental do controle aplicado pela Corte e

pelos Estados nacionais.27

Assim, percebe-se que controle juris-

dicional de convencionalidade é realizado

em dois planos: o internacional e o interno.

Em nível internacional, é efetuado pelas

Cortes internacionais; enquanto no âmbito

estatal, por analogia, deve ser feito pelos

órgãos judiciais autorizados a fiscalizar a

constitucionalidade das normas e atos do

poder público.

Para o presente projeto necessário

delinear as formas de ação do controle de

convencionalidade judicial. Nos estados os

órgãos encarregados de realizar o controle

jurisdicional de convencionalidade são os

juízes e tribunais. A efetividade do corpus iuris interamericano de direitos humanos

depende fundamentalmente dos Judiciários

nacionais se comprometerem em todos os

níveis com esta tarefa.

163

Em países como a vizinha Argentina

não é novidade alguma o controle de con-

vencionalidade. No Brasil, o parâmetro ma-

terial de controle de convencionalidade em-

pregado pelo Supremo Tribunal Federal é a

Convenção Americana de Direitos Humanos,

conforme se depreende do paradigmático

Recurso Extraordinário 466.343, de 2008,

quando foi decidido que alguns dispositivos

do Código Civil brasileiro não eram compa-

tíveis com o Pacto de San José, decretando-

-se a paralisação dos efeitos de tais normas

(SALDANHA; VIEIRA, 2010).

Nesse sentido, no que tange às técni-

cas de decisão no controle de convencio-

nalidade realizado pelos Estados nacionais,

deve-se buscar respostas nos desenvolvi-

mentos atingidos pelas Cortes em matéria

de controle de constitucionalidade.

A expansão do controle de conven-

cionalidade no Brasil, portanto, pode ser

beneficiada pela sistemática do controle

de constitucionalidade, repousando a tare-

fa de conferir a eficácia condizente com a

proteção da ordem convencional dos direi-

tos humanos – erga omnes – sobretudo nas

mãos do Supremo Tribunal Federal. (VIEI-

RA, 2012). Todavia, a efetivação do controle

de convencionalidade no Brasil ainda passa

pela criação de uma cultura jurídica que re-

conheça o presente instituto como forma

de efetivação principalmente das cartas

internacionais vinculas aos direitos huma-

nos, sendo reflexos dessa interpretação os

impactos no sistema processual brasileiro

como vimos da análise, principalmente do

caso da ADPF 153, esse caso é a amostra da

necessidade de um amadurecimento da ju-

risdição brasileira na aplicação das normati-

vas internacionais.

Para tanto, buscando esses resultados

na cultura jurídica a proposta derradeira

para a efetividade de tudo que foi expos-

to, dentro do campo jurídico, a sugestão da

equipe é a criação de uma Escola Nacional

de Formação em Direito Internacional. Essa

escola teria um formato interinstitucional,

ou seja, composta por membros da Ordem

dos Advogados do Brasil, Membros da Ad-

vocacia Pública, Membros do Ministério

Publico e Membros da Magistratura. Além

disso, contaria com o auxílio nos seus cur-

sos com a participação dos Magistrados da

Corte Interamericana de Direitos Humanos,

membros de organismos internacionais e de

outros Estados que pudessem contribuir na

formação dos juristas brasileiros. Nesse sen-

tido, os cursos oferecidos pela fariam parte

dos cursos de formação de carreiras jurídi-

cas públicas brasileiras, bem como para a

advocacia privada, por meio da Ordem dos

Advogados do Brasil.

Outra estratégia importante, além de

todas as propostas oferecidas, é a conscien-

tização tanto das comissões de concurso

das carreiras públicas jurídicas, quanto da

comissão do Exame da Ordem dos Advoga-

dos do Brasil, quanto à inserção efetiva em

suas provas das temáticas que envolvam o

direito internacional de forma transdiscipli-

nar e prática.

8.3 CONCLUSÕES DO EIXO 7

Diante do apontado podemos fazer

um breve levantamento do estado da arte

das estratégias para a efetividade dos Tra-

tados Internacionais. Tendo como ponto

de partida a análise dos editais dos con-

cursos de admissão das carreiras públicas,

percebe-se que a cobrança da disciplina

de direito internacional em alguns já é re-

alizada de forma efetiva, contudo em ou-

tras carreiras ainda carece de efetividade,

dito de outro modo, a cobrança no con-

teúdo programático no edital não leva ao

resultado de que o conteúdo será cobrado

nas provas de admissão.

De outra banda, a estratégia apre-

sentada pela ENAMAT deve ser elogiada

164

e seguida pelas escolas de formação prin-

cipalmente pelas carreiras jurídicas pú-

blicas. É necessário voltar os olhos para

uma formação dos quadros das carreiras

jurídicas no Brasil que atentem ao movi-

mento da internacionalização do Direito.

Como se apresentou nas estratégias esse

não é um movimento novo ou recente no

mundo ele é um resultado já sedimentado

e estudado como condição para a evolu-

ção no caso do estudo realizado do direi-

to processual brasileiro, mas também, dos

direitos humanos, principalmente no Brasil

um país de Democracia tardia que ainda

alimenta uma postura atávica vinculada ao

direito nacional.

Dito isso, foram apontadas três es-

tratégias necessária para a criação de uma

cultura jurídica atenda ao chamado ur-

gente do direito internacional. A primeira

ocorre no campo político com a criação

da Comissão de Controle de Convenciona-

lidade, nas casas do Congresso Nacional,

não obstante, apresentou-se também no

campo jurídico a possibilidade de criação

de uma escola de direito internacional,

composta por vários atores jurídicos, que

ofereceria cursos sobre direito internacio-

nal para os profissionais do direito do se-

tor público e privado. Nesse sentido, a co-

brança transdisciplinar eficaz da disciplina

de direito internacional nas provas para

admissão nas carreiras jurídicas é, tam-

bém, uma das saídas apontadas.

165

166

No Projeto de Pesquisa “O impacto no

sistema processual dos Tratados Internacio-

nais”, Edital BRA/05/036 - Fortalecimento

da Justiça Brasileira, foi realizada uma inves-

tigação sobre o conjunto dos marcos nor-

mativos internacionais em matéria proces-

sual, bem como da relação destes marcos

com os órgãos de Estado brasileiros, incluí-

dos o Poder Executivo, o Poder Legislativo

e o Poder Judiciário. Em decorrência do ca-

ráter geral dos diversos Tratados Internacio-

nais ratificados pelo Estado brasileiro, foram

escolhidas 03 (três) temáticas centrais para

abordagem da pesquisa, quais sejam: 1) Di-

reito Processual Civil; 2) Direito Processual

Penal; 3) Direito Processual do Trabalho.

Com vistas à consecução da propos-

ta geral estabelecida pelo Ministério da

Justiça (MJ), no referido Edital, foram tra-

çadas diretrizes específicas, desenhadas

em 07 (sete) questionamentos que, por

conseguinte, foram divididos em 07 (sete)

eixos estruturantes. Convém salientar que

os referidos eixos não foram construídos

ou analisados de forma isolada, mas se-

guindo o objetivo central da pesquisa,

qual seja, verificar o impacto dos Tratados

Internacionais no sistema processual bra-

sileiro, sobretudo, a partir da Constituição

da República Federativa do Brasil de 1988,

sendo este o marco temporal adotado.

Utilizando-se das técnicas de pesqui-

sa bibliográfica, jurisprudencial, legislativa

e de campo, no que se refere esta última

aos órgãos do Poder Judiciário, a presente

pesquisa, ainda que estruturada nos eixos

mencionados, fora inteiramente desenvol-

vida no intuito de contribuir na construção

de uma cultura jurídico-política brasileira

de respeito e de aplicação dos compro-

missos internacionais assumidos pelo Es-

tado brasileiro e, em razão disso, do pro-

CONCLUSÃO

gresso de suas instituições.

As conclusões obtidas, para efeitos de

melhor otimização de toda a pesquisa reali-

zada, serão demonstradas, a seguir, seguin-

do a descrição e a ordem dos 07 (sete) ei-

xos, sendo apresentadas em itens.

Eixo 1 – Mapeamento dos Tratados Inter-

nacionais Ratificados pelo Brasil cujas

Disposições Impactam o Sistema Proces-

sual Brasileiro

Quanto ao acesso à informação so-bre a internalização dos Tratados Interna-cionais analisados, conclui-se pela inexis-tência de uniformidade das informações, carecendo, o Estado brasileiro, de um banco de dados que reúna informações sobre conteúdo, entrada em vigor interna-cionalmente, ano de assinatura pelo Brasil, aprovação no Congresso Nacional e rati-ficação, bem como a ausência de textos integrais dos Tratados Internacionais rati-ficados pelo Estado brasileiro;

Quanto ao tempo de tramitação dos Tratados Internacionais analisados, verifi-cou-se que a média de tempo de internaliza-ção é de 5,74 (cinco anos e sete meses) para serem incorporados como fonte de direito no Brasil, dentre os 168 (cento e sessenta e oito) Tratados Internacionais analisados.

Dos dados apresentados, no Eixo 01, constatou-se que não se pode exigir o co-nhecimento integral dessas fontes por parte dos operadores do direito, tendo em vista que estas não estão harmonizadas, muito menos completas, em razão da inexistência de um banco de dados unificado capaz de suprir a demanda por informações.

Quanto ao tempo de tramitação dos

Tratados analisados, observou-se um pro-

cesso lento de incorporação, que gera difi-

167

culdades de implementação e de posterior

aplicação destes Tratados na ordem jurídi-

ca brasileira.

Eixo 2 – Relação entre as Normas Interna-

cionais e as Normas Vigentes no Sistema

Processual Interno

No que concerne à identificação das

influências legislativas dos Tratados Inter-

nacionais mapeados, concluiu-se que houve

uma relativa modificação no Código de Pro-

cesso Civil, especialmente no que diz res-

peito à cooperação judiciária.

No que tange à influência das normas

internacionais no sistema processual brasi-

leiro, em matéria de direito processual civil,

penal e trabalhista, verificou-se uma peque-

na influência sobre o trabalho legislativo,

tanto no que concerne às discussões prepa-

ratórias dos projetos de lei, bem como no

desenho normativo final.

Ainda, percebeu-se a ausência de um

banco de dados sistematizados acerca das

políticas públicas brasileiras implementa-

das, com o intuito de dar efetividade inter-

na aos Tratados Internacionais, em todas as

matérias, inclusive no que se refere ao direi-

to processual. Disso surge a terceira propos-

ta dessa pesquisa: a criação de um banco

de dados demonstrando as políticas públi-

cas implementadas pelos Poderes Legisla-

tivo e Executivo para dar cumprimento aos

Tratados. Isso demonstraria o compromisso

brasileiro com o processo legislativo inter-

nacional, assim como seria uma fonte de fis-

calização (controle democrático) – domésti-

co e internacional - do Estado brasileiro.

Eixo 3 – Os Dispositivos Contidos nes-

ses Tratados vêm Sendo Invocados como

Fonte de Direito e, Consequentemente,

Gerando Impactos na Condução dos Pro-

cessos Judiciais?

No que concerne ao grau de conhe-

cimento ou de desconhecimento sobre os

Tratados Internacionais em matéria pro-

cessual civil, penal e trabalhista, objeto

desta pesquisa, constatou-se que os Tribu-

nais Superiores, apesar de breves citações

nas decisões judiciais, não aplicam efeti-

vamente estes marcos normativos ratifica-

dos pelo Estado brasileiro em razão, mui-

tas vezes, do desconhecimento da própria

existência destes.

Eixo 4 – Como os Operadores do Direito

Vêm Aplicando esses Dispositivos? Quais as

Dificuldades Enfrentadas?

Quanto aos questionamentos realiza-

dos, com vistas ao cumprimento dos obje-

tivos propostos, foram enviados questioná-

rios aos Ministros do Tribunal Superior do

Trabalho, Superior Tribunal de Justiça e Su-

premo Tribunal Federal, buscando um diag-

nóstico mais apurado do judiciário brasileiro

em torno das questões concernentes aos

impactos dos marcos normativos interna-

cionais ratificados em nossa jurisprudência.

No que concerne aos questionários

enviados aos Ministros do Tribunal Superior

do Trabalho, Superior Tribunal de Justiça e

Supremo Tribunal Federal, verificou-se que

nenhum formulário fora respondido, mesmo

que com insistência reiterada na obtenção

de respostas pelo presente Grupo de Pes-

quisa. Além disso, concluiu-se que a não resposta aos questionários enviados serviu

como verdadeira resposta, isto é, como um

sintoma da dificuldade da aplicação dos

Tratados Internacionais em matéria proces-

sual nas decisões judiciais.

Quanto à análise qualitativa de aplica-

ção dos Tratados internacionais e sua res-

pectiva incidência nos acórdãos do Tribunal

Superior do Trabalho, Superior Tribunal de

Justiça e Supremo Tribunal Federal, restou

evidente que são poucos utilizados e, na

168

maioria dos casos analisados, tais marcos

normativos são apenas citados para cor-

roborar as decisões judiciais tomadas com

base nos dispositivos do direito interno.

Eixo 5 – Quais as Consequências do não

Cumprimento desses Dispositivos nos Pro-

cessos Judiciais?

No que tange às consequências in-

ternas da não aplicação dos Tratados In-

ternacionais pelos operadores do direito,

conclui-se que não há qualquer consequ-

ência administrativa em virtude do não

cumprimento desses dispositivos nos

processos judiciais.

No que concerne às consequências

externas da não aplicação dos Tratados In-

ternacionais pelos operadores do direito,

verificou-se que: a) Em matéria processual

civil, concluiu-se que houve a negativa dos

referidos Tribunais na aplicação dos Trata-

dos internacionais; b) Em matéria processu-

al penal, a não utilização da Convenção de

Tortura no caso da ADPF 153 julgada pelo

STF extinguiu a pretensão de punição admi-

nistrativa, penal e civil dos agentes de Esta-

dos que praticaram atos de tortura duran-

te a Ditadura Civil Militar de 1964. No que

tange aos julgados do STJ que faziam refe-

rência a Convenção de Tortura da ONU, em

dois dos três casos analisados sobre tortura,

foi reconhecida a Convenção quanto à res-

ponsabilização civil do Estado no caso de

atos de tortura cometidos por agentes es-

tatais. Apenas em um, a Convenção não foi

aplicada. Além disso, no que diz respeito à

Convenção da ONU sobre a Discriminação

Racial no julgamento do caso Elwanger, Ha-

beas Corpus 82424, concluiu-se que a Con-

venção foi utilizada em apenas 02 (dois)

votos como fundamento, apesar do reco-

nhecimento do crime de racismo no caso,

sendo que nesses dois votos os mandamen-

tos e fundamentos da Convenção prospera-

ram para a fundamentação da persecução

penal da controvérsia, então, estabelecida.

Quanto aos julgamentos a respeito dessa

convenção no STJ nos dois casos ela é uti-

lizada como mero argumento, sendo que

seu conteúdo não é utilizado no caso; c)

No processo do trabalho, verificou-se que

as consequências processuais foram positi-

vas, especialmente no que tange ao acesso

à justiça e efetividade do direito internacio-

nal, de modo que a busca de implicações do

não uso dos diplomas internacionais restou

prejudicada. Da mesma forma, não foram

encontradas sanções internas previstas pelo

STF e pelo TST, fato que seria estranho em

relação a esta matéria, pois as decisões fo-

ram receptivas ao direito internacional, não

gerando efeitos nocivos no tema abordado.

Eixo 6 – Há Esforços Desenvolvidos no Sen-

tido de Dar Maior Efetividade Interna aos

Dispositivos desses Tratados?

No que concerne aos casos analisa-

dos, restou evidente que é imprescindível

aos Tribunais que os Tratados Internacionais

tenham cumprido todas as formalidades de

internalização. Do contrário, os Tratados

não serão utilizados no momento da deci-

são judicial. Assim, concluiu-se que os Tri-

bunais só reconhecem os efeitos do Tratado

a partir do momento em que ocorre a sua

ratificação. Portanto, não causando efeitos

retroativos no tempo.

Em termos qualitativos, o conteúdo

dos Tratados Internacionais, quando aplica-

do, é considerado satisfatório, fazendo res-

salva a baixa aplicação em termos quantita-

tivos dos Tratados internacionais analisados

como razão de decidir.

Vale ressaltar que não se constatou

qualquer política pública sendo imple-

mentada no âmbito dos Poderes da re-

pública para dar maior efetividade aos

Tratados internacionais. Isso coloca em

169

cheque a imagem e inserção internacio-

nal buscada pelo Brasil.

Disso advém outra proposta dessa

pesquisa: a necessidade de criação de po-

líticas públicas que criem uma cultura de

cumprimento dos Tratados Internacionais.

Isso pode se dar no âmbito da formação ju-

rídica, da criação de seminários específicos

para os operadores do direito, na criação de

órgãos específicos dentro dos três Poderes

da república. Essas políticas são comple-

mentares e apenas exemplificativas.

Eixo 7 – Levantamento de Estratégias a Se-

rem Adotadas para Dar Efetividade, no Sis-

tema Processual Brasileiro, aos Tratados In-

ternacionais Ratificados pelo Brasil

Para melhor determinação das estraté-

gias a serem apontadas o ponto de partida

foi a análise dos editais dos concursos de

admissão das carreiras públicas, nesse senti-

do, verificou-se que a cobrança da disciplina

de direito internacional em algumas provas

já é realizada de forma efetiva, contudo em

outras carreiras ainda carece de efetividade,

dito de outro modo, a cobrança no conteú-

do programático no edital não leva ao resul-

tado de que o conteúdo será cobrado nas

provas de admissão.

Dito isso, foram apontadas três estra-

tégias necessária para a criação de uma cul-

tura jurídica atenda ao chamado urgente do

direito internacional. A primeira ocorre no

campo político com a criação da Comissão

de Controle de Convencionalidade, nas ca-

sas do Congresso Nacional. Não obstante,

apresentou-se também no campo jurídico a

possibilidade de criação de uma escola de

direito internacional, composta por vários

atores jurídicos, que ofereceria cursos sobre

direito internacional para os profissionais

do direito do setor público e privado. Nes-

se sentido, a cobrança transdisciplinar efi-

caz da disciplina de direito internacional nas

provas para admissão nas carreiras jurídicas

é, também, uma das saídas apontadas.

Do estudo ficou clara a necessidade de

repensar a prestação jurisdicional em ter-

mos mais uniformes e efetivos, independen-

te da sua dimensão interna ou internacional.

É necessário repensar a cessão – ou redistri-

buição – de soberania entre os Estados, que

ainda são fundados em uma cartilha esta-

talista, onde o Estado tem o monopólio da

produção e aplicação do direito.

Nesse sentido, é necessário pensar

em propostas que considerem a liberali-

zação da circulação de sentenças, de pro-

dução de provas e comunicação de atos

processuais como sendo resultado direto

dessa concepção pós-moderna de sobera-

nia, onde as fronteiras estatais já não são

obstáculos para a realização dos direitos

humanos/fundamentais com elementos

de conexão internacional.

Essa relativização da soberania impli-

ca em uma recomposição das paisagens

jurídicas nacionais, regionais e internacio-

nais. A referida relativização do estatalis-

mo é percebida no intento das diversas

convenções internacionais que tratam de

convencionar internacionalmente a coo-

peração jurisdicional. Trata-se de conven-

cionar um direito comum através da har-

monização entre as normas provenientes

dos mais diversos ordenamentos.

170

REFERÊNCIAS

ADVOCACIA GARCEZ. TST reconhece vínculo de emprego de estrangeira em situação irregular no

Brasil. Disponível em: <http://advocaciagarcez.blogspot.com.br/2010/11/tst-reconhece-vinculo-de-

-emprego-de.html>. Acesso em: 28 de jun. 2013.

ARAÚJO, Nadia de. Direito Internacional Privado. 5. Ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2011.

BAZÁN, Víctor. “La Corte Interamericana de Derechos Humanos y las cortes nacionales: acerca del

control de convencionalidad y la necesidad de um diálogo interjurisdiccional sustentable.” VIII Con-

gresso Mundial da Associação Internacional de Direito Constitucional. “Constituciones y Principios”.

México: 6 a 10 de dezembro de 2010. p. 6. Disponível em: http://www.juridicas.unam.mx/wccl/po-

nencias/13/215.pdf. Acesso em: 1º de dez. de 2012.

BRASIL, Câmara dos Deputados. Relatório sobre o setor nuclear no Brasil desenvolvido por meio

de ações do grupo de trabalho criado pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sus-

tentável. Câmara dos Deputados: Brasília, 2007. Disponível em: http://bd.camara.gov.br/bd/handle/

bdcamara/3743. Acesso em: 28 jan. 2013. P. 78.

CANÇADO TRINDADE, Antônio Augusto. Tratado de Direito Internacional dos Direitos Humanos. V.

I. Porto Alegre: Safe, 2003. PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e justiça internacional: um estudo

comparativo dos sistemas regionais europeu, interamericano e africano. 3ª Ed. São Paulo: Saraiva,

2012.

CORTE IDH. Caso Trabalhadores demitidos do Congresso versus Peru. Exceções preliminares, méri-

to, reparações e custas. 24 de novembro de 2006. Parágrafo 128.

DENEGRI, LINDOSO, SUMIDA E ADVOGADOS ASSOCIADOS. TST reconhece vínculo de emprego de

estrangeira em situação irregular no Brasil. Disponível em: <http://www.denegri.adv.br/conteudo.ph

p?MENU=3&LISTA=detalhe&ID=181> Acesso em: 28 de jun. 2013.

Disponível em: <http://www.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/toc.jsp?tipo_visualizacao=null&livre=

Conven%E7%E3o+contra+a+Tortura+e+Outros+Tratamentos+ou+Penas+Cru%E9is%2C+Desumanos

+ou+Degradantes&b=ACOR>. Acesso em: 23. jan. 2013.

Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=612648>.

Acesso em: 12/02/2012.

Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=601123>.

Acesso em: 12/02/2012.

Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=555517>.

Acesso em: 12/02/2012.

Disponível em: <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=324396>.

Data do acesso: 13/05/2013.

Disponível em: <http://stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%2887585%2EN

UME%2E+OU+87585%2EACMS%2E%29&base=baseAcordaos&url=http://tinyurl.com/bjplykc>. Data

do acesso: 13/05/2013

171

Disponível em: <http://stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%2896772%2ENU

ME%2E+OU+96772%2EACMS%2E%29&base=baseAcordaos&url=http://tinyurl.com/bplv6g9>. Data

do acesso: 13/05/2013

Disponível em: <http://stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?incidente=1651739>.

Data do acesso: 15/05/2013.

Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%28caso+el

lwanger%29&base=baseAcordaos>. Acesso em: 19.01.2013.

Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%28Conven

%E7%E3o+sobre+os+Aspectos+Civis+do+Sequestro+Internacional+de+Crian%E7as%29&base=bas

eAcordaos&url=http://tinyurl.com/a6awhjl>. Data do acesso: 14/06/2013.

Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/2011/decreto-7612-17-novem-

bro-2011-611789- publicacaooriginal-134271-pe.html>. Acesso em:12/02/2012

Disponível em: <https://ww2.stj.jus.br/revistaeletronica/Abre_Documento.asp?sLink=ATC&sSeq=15

235928&sReg=20100154483 7&sData=20110511&sTipo=5&formato=PDF >. Acesso em 12/02/2013.

Disponível em: <https://ww2.stj.jus.br/revistaeletronica/Abre_Documento.asp?sLink=ATC&sSeq=152

35928&sReg=201001544837&sData=20110511&sTipo=5&formato=PDF>. Data do acesso: 14/06/2013.

Disponível em: em: http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposic

ao=307731. Acesso em : 23. Jan. 2013.

Disponível em: http://bd.camara.gov.br/bd/handle/bdcamara/6568. Acesso em: 30 de jan. 2013.

Disponível em: http://bd.camara.gov.br/bd/handle/bdcamara/8366. Acesso em: 15 jan. 2013.

Disponível em: http://www.anadep.org.br/wtk/pagina/congressos. Acesso em: 12.jun.2013.

Disponível em: http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%28ADPF%2

4%2ESCLA%2E+E+153%2EN UME%2E%29+OU+%28ADPF%2EACMS%2E+ADJ2+153%2EACMS%2E

%29&base=baseAco rdaos. Acesso em: 12. Jan. 2013.

Disponível em: http://www.stj.jus.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?argkey=Conven%E7%E3o

+Internacional+sobre+a+elimin a%E7%E3o+de+todas+as+formas+de+discrimina%E7%E3o+racial.

Acesso em 19. jan. 2013.

DOLINGER, Jacob. Conflito entre fontes no Direito Internacional Privado. Disponível em: < http://

direitousp.freevar.com/curso/dolinger7.htm> Acesso em: 2 de dez. de 2012.

DOLINGER, Jacob. Direito Internacional Privado; parte geral, 3ª Ed. Rio de Janeiro: Renovar, 1994.

FERRER MAC-GREGOR, Eduardo. “El control difuso de convencionalidad en el Estado Constitucio-

nal. In: FIX-ZAMUDIO, Héctor e VALADÉS, Diego. Formación y perspectiva del estado mexicano. Mé-

xico: UNAM, 2010. p. 174. Disponível em: http://biblio.juridicas.unam.mx/libros/6/2873/9.pdf. Acesso

em: 1º de dez. de 2012.

GALVÃO E FREITAS ADVOGADOS. Reconhecido vínculo de emprego de estrangeira em situação

irregular no Brasil. Disponível em: <http://blog.galvaoadv.adv.br/tag/seguranca/>. Acesso em: 28 de

jun. 2013.

172

JIMENA QUESADA, Luis. Control de constitucionalidad y control de convencionalidad: ¿un desafío

para los Tribunales Constitucionales en la Unión Europea? VIII Congreso de la ACE. “Derecho cons-

titucional europeo”. San Sebastián/Donosti: 4-5 de fevereiro de 2010. p. 12. Disponível em: <http://

www.acoes.es/congresoVIII/documentos/Jimena.Ponencia.pdf.> Acesso em: 10 de abril. 2013.

PIOVESAN , Flávia. Direitos Humanos e Direito Constitucional Internacional. 8. ed. São Paulo: Saraiva,

2007.

POSOCCO E ADVOGADOS ASSOCIADOS. TST reconhece vínculo de emprego de estrangeira irregular

com empresa brasileira. Disponível em: <http://www.posocco.com.br/noticias_view.php?id=1095>.

Acesso em: 28 de jun. 2013.

RECHSTEINER, Beat Walter. Direito Internacional Privado. 13 ed. São Paulo: Saraiva: 2010.

REVISTA CONSULTOR JURÍDICO. TST reconhece vínculo de emprego de colombiana. Disponível

em: <http://www.conjur.com.br/2010-nov-08/tst-reconhece-vinculo-emprego-estrangeira-situacao-

-irregular>. Acesso em: 28 de jun. 2013.

ROCHA, Claudionor. A contribuição do parlamento brasileiro na luta contra o tráfico de drogas e

o crime organizado. Câmara dos Deputados: Brasília, 2010. Disponível em: http://bd.camara.gov.br/

bd/handle/bdcamara/3850. Acesso em: 28 jan. 2013.

SALDANHA, J. M. L.; VIEIRA, L. P. “O controle difuso de convencionalidade das leis na justiça do

trabalho com base nas convenções da organização internacional do trabalho: caminhos para a inter-

nacionalização do direito”. Revista Pensar. Fortaleza, v. 15, n. 2, jul./dez. 2010.

SANGÜES, Néstor. “El “control de convencionalidad”, en particular sobre las constituciones naciona-

les.” La Ley. Buenos Aires, nº 35. Ano LXXIII, 19 de fevereiro de 2009

SUBCOMISSÃO DA NACIONALIDADE, DA SOBERANIA E DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS. Anais

da Assembleia Nacional Constituinte. Disponível em: <http://www2.camara.gov.br/> Acesso em: 31

de jan. 2013. p. 20.

SUBCOMISSÃO DOS DIREITOS DOS TRABALHADORES. Anais da Assembleia Nacional Constituinte.

Disponível em: <http://www2.camara.gov.br/> Acesso em: 31 de jan. 2013. pp. 164-165.

TREVISAN, TANAKA E VIEIRA SOCIEDADE DE ADVOGADOS. Reconhecido vínculo de emprego

de estrangeira em situação irregular no Brasil. Disponível em: <http://www.ttv.adv.br/site/index.

php?pag=noticias_det&param=391>. Acesso em: 28 de jun. 2013.

ÚLTIMA INSTÂNCIA. TST reconhece vínculo de emprego de estrangeira irregular com empresa bra-

sileira. Disponível em: <http://ultimainstancia.uol.com.br/conteudo/noticias/49089/tst+reconhece+

vinculo+de+emprego+de+estrangeira+irregular+com+empresa+brasileira.shtml> Acesso em: 28 de

jun. 2013.

VIEIRA, L. P. “Algumas reflexões sobre o controle jurisdicional de convencionalidade.” III Congresso

Internacional Jurisdição, Constituição e Democracia - Homenagem ao Professor Ovídio Araújo Bap-

tista da Silva. São Leopoldo: UNISINOS, 2012.

173