impacto dos contaminantes (pesticidas,metais pesados) em...

37
Impacto dos contaminantes (pesticidas,metais pesados) em produtos destinados à alimentação animal (rações e insumos) Sergio Carlo Franco Morgulis II Conferência Nacional sobre Defesa Agropecuária 28 de Maio de 2010

Upload: doandang

Post on 13-Nov-2018

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Impacto dos contaminantes (pesticidas,metais pesados) em

produtos destinados à alimentação animal (rações e insumos)

Sergio Carlo Franco Morgulis

II Conferência Nacional sobre Defesa Agropecuária

28 de Maio de 2010

Contaminantes ou Substâncias indesejáveis

• «Substância indesejável» qualquer substância

ou produto, com exceção de agentes patogênicos, que se encontre presente no

produto destinado à alimentação animal e que constitua um perigo potencial para a saúde humana ou animal e o ambiente ou susceptível de afetar

negativamente a produção de gado. (directiva32 2002 EU)

• De uma maneira geral os alimentos para os animais e as forragens podem conter uma grande variedade de contaminantes que podem ter origem antropogenicaou serem de fonte natural.

– Metais pesados– Pesticidas (praguicidas)– Dioxinas– Substâncias radioativas– Micotoxinas– Toxinas vegetais (plantas tóxicas)– Medicamentos e Aditivos– Micróbios patogênicos– Toxinas bacterianas

Contaminantes ou Substâncias indesejáveis

Contaminantes ou

Substâncias indesejáveis

• O impacto dos contaminantes nos alimentos

para animais pode ser visto sobre 3 aspectos:

Toxicidade para o animal

(saúde e bem estar animal)

Resíduos nos alimentos

(segurança alimentar)

Contaminação ambiental

(sustentabili

dade)

Contaminantes ou

Substâncias indesejáveis

• O nível crítico deve ser o menor

Por ex. O máximo tolerável do cádmio como elemento tóxico na dieta de bovinos é de 10 mg/kg

de MS e o máximo tolerável para prevenir resíduos nos alimentos e contaminação ambiental proposto é de 0,5 mg/kg na dieta dos bovinos.

Contaminantes• Entram na cadeia alimentar de forma não

intencional.

• Uma visão holística que envolve:

ingredientes, ração animal, animal, alimentos

de origem animal e ambiente.

• Toxicidade, freqüência de ocorrência, análise

na cadeia produtiva.

• Contaminante no ingrediente e na dieta

(ingestão diária tolerável).

• Métodos analíticos e custo do controle.

• Em qual ponto da cadeia controlar, no início

onde ocorre a introdução do contaminante.

Ações devem ser preventivas.

• Educação e divulgação.

Pesticidas

– Qualquer substância utilizada para prevenir, destruir, atrair, repelir ou controlarqualquer praga incluindo plantas não desejadas ou animais durante a produção, armazenagem, transporte, distribuição e processamento de alimentos, produtos agrícolas ou alimentos para os animais ou que possam ser administrados para os animais para o controle de ectoparasitas. O termo inclui substâncias utilizadas como reguladores de crescimento de plantas, desfolhantes, dissecantes, agente para reduzir a densidade de frutas, inibidores de germinação e substâncias aplicadas nas plantações antes ou depois da colheita para proteger o produto da deterioração durante a armazenagem e transporte. Esse termo normalmente exclui fertilizantes, nutrientes de origem vegetal ou animais, aditivos alimentares, e medicamentos veterinários. (CodexAlimentarius)

Comércio Internacional

Fábricas de Ração *Industria de

Aditivos(vitaminas, minerais,

modificadores de

desempenho...)

Fertilizantes

Praguicidas *

Sementes

Indústria de

Medicamentos

Veterinários

Agroindústria vegetal *

Frigoríficos *

Laticínios *

Ovos *

Industria de Alimentos *

Supermercados – Restaurantes

*

Consumidores *

Industria se

subprodutos de

origem animal *Da fazenda

para a mesa

Fazendas

Produtor

de grãos

Produção

Pecuária

Produtos de origem vegetal

Produtos de origem animal

Rações para animais

Consumidores Intermediários

Boas Práticas em todas as etapas

• Boas Práticas na Produção Agrícola

• Boas Práticas na Indústria de Alimentação Animal

• Boas Práticas na Produção Pecuária

..........

• Uso adequado dos Praguicidas– Controle no uso

– Registros do uso

– Rastreabilidade no uso

Classificação Toxicológica

Categoria Tóxica

Toxicidade alta (Perigo)Toxicidade moderada

(Cuidado)Baixamente Tóxica

(Atenção)Baixamente Tóxica

(Atenção)

Oral DL 50 Menor que 50 mg/kg 50-500 mg/kg 500-5000 mg/kgMaior que 5000

mg/kg

Dérmica DL 50 Menor que 200 mg/kg 200-2000 mg/kg 2000-5000 mg/kgMaior que 5000

mg/kg

Inalatória DL 50 Menor que 0,05 mg/L 0,05-0,5 mg/L 0,5-2 mg/L Maior que 2 mg/L

Efeitos nos olhos Corrosivo Irritação persiste por 7 dias

Irritação reversível com 7 dias

Mínimos efeitos acabam em 24 h

Efeitos na pele Corrosivo Irritação severa às 72 hIrritação moderada às

72 hLeve ou suave

irritação

Fonte: U.S. Environmental Protection Agency, Office of Pesticide Programs, Washington, DC. Label Review

Manual.http://www.epa.gov/oppfod01/labeling/lrm/ (acesso Mar 2000).

LMR e LER

• LMR (MRL)

– O Limite Máximo de Resíduo é definido como o máxima concentração

do resíduo, resultado do uso registrado de substâncias químicas para a

agricultura e veterinária, que é recomendada para ser legalmente

permitida ou reconhecida como aceitável nos alimentos, produtos

agrícolas ou rações animais. A concentração é expressa em miligramas

por kg do produto (ou mg por litro no caso de produtos líquidos).

• LRE (ERL)

– Limite de Resíduos Estranhos refere-se a um resíduo de um praguicida

proveniente de fontes ambientais (incluído os usos agrícolas anteriores)

diferente do uso do praguicida diretamente ou indiretamente no produto

agrícola. LRE é definido como a concentração máxima do resíduo de

um pesticida que é recomendado e legalmente permitindo ou

reconhecido como aceitável nos alimentos, produtos agrícolas ou

rações animais. A concentração é expressa em miligramas por kg do

produto (ou mg por litro no caso de produtos líquidos).

Dioxinas

• O termo «dioxinas»,abrange:

um grupo de 75 congêneres de dibenzo-p--dioxinas policloradas (PCDD)

135 congêneres dedibenzofuranos policlorados (PCDF), dos quais 17

suscitam apreensão a nível toxicológico.

os bifenilos policlorados(PCB) são um grupo de 209 congêneres

diferentes,que se podem dividir em dois grupos, de acordo com as suas

propriedades toxicológicas:

12 destes congêneres apresentam propriedades toxicológicas

semelhantes às dioxinas, sendo por conseguinte denominados «PCB

sob a forma de dioxina».

Os restantes PCB não apresentam uma toxicidade semelhante à das

dioxinas, tendo um perfil toxicológico diferente.

DIRECTIVA 2006/13/CE DA COMISSÃO EUROPÉIA de 3 de fevereiro de 2006

Dioxinas

Viktor Yushchenko

Ukraine to launch thorough probe into

German dioxin corn allegations

• Ukraine will launch a comprehensive probe into reports in the

German media that traces of dioxin were found in Ukrainian

corn exports to Germany via Holand, a senior official said in

Kiev on Tuesday.

"Investigations would be carried out, despite the fact that

Germany has not yet made any formal charges," Ukrainian

Agriculture Minister Mykola Prysyazhnyuk was quoted by the

Interfax-Ukraine news agency as saying at a news briefing.

"There are only media reports, nothing else, but we will initiate

an investigation in any case," Prysyazhnyuk said.

According to Germany's international broadcaster Deutsche

Welle, millions of eggs were pulled from German Rewe and

Lidl supermarket chains for showing traces of dioxin, which

had apparently originated in the chicken fodder.

The German Consumer Rights Protection Association said

Ukrainian fodder corn had been supplied to farms in at least

nine German states.

Prysyazhnyuk said the Ukrainian government had already held

a special meeting to tackle the issue and that it "would take all

necessary steps to ensure the media allegations were

dropped."

"We will conduct an investigation because this (allegation)

affects our country's image," Prysyazhnyuk added.

Source: Xinhua

Metais Pesados

• Qualquer elemento químico com alta densidade, com número atômico maior do que 20 e densidade maior que 6 g/cm3

• Metal Pesado ≠ Elemento Tóxico

– Cobre, Zinco, Ferro e Manganês também são metais pesados, mas são essenciais em termos nutricionais

• Toxicidade depende da dose e do tempo e da via de administração

• O limite mínimo é o mais baixo possível de maneira economicamente viável e com o menor risco possível

Classificação dos elementos

minerais

segundo “Mineral Tolerance of

Animals 2005”• Essenciais:

– 17 são requeridos pelos vertebrados: Cálcio, Cloro,

Cromo, Cobre, Flúor, Iodo, Ferro, Magnésio,

Manganês, Molibdênio, Fósforo, Potássio, Selênio,

Sódio, Enxofre e Zinco

– 6 podem ser requeridos pelos vertebrados: Arsênio,

Boro, Níquel, Rubídio, Silício e Vanádio.

Classificação dos elementos

minerais

segundo “Mineral Tolerance of

Animals 2005”

• Preocupação com a Saúde Animal:

- Alta: Cádmio, Cobre, Chumbo, Mercúrio,

Molibdênio, Selênio, Cloreto de Sódio,

Enxofre, Vanádio

- Média: Arsênio, Boro, Bromo, Cálcio,

Ferro, Fósforo, Zinco

Importância da suplementação

mineral na alimentação dos

animais

• Freqüentemente as dietas para os animais são

deficientes em um ou mais elementos minerais.

• Os suplementos minerais visam balancear a

dieta para um melhor aproveitamento dos

nutrientes disponíveis.

• O uso adequado dos suplementos minerais

proporciona uma maior eficiência no sistema

produtivo.

Importância da suplementação

mineral na alimentação dos

animais

• As formulações dos suplementos devem

considerar a dieta como um todo e não somente

as necessidades dos animais.

• Os excessos na suplementação de elementos

minerais, visando garantir a prevenção das

deficiências, podem ser prejudiciais ao ambiente

principalmente em sistemas de produção

intensiva.

Importância da suplementação mineral

na alimentação dos bovinos

• Os suplementos minerais necessitam ser adequadamente formulados, fabricados e utilizados.

• É necessário o controle de substâncias indesejáveis nos ingredientes utilizados na produção dos suplementos minerais e no produto final.

Importância da suplementação mineral

na alimentação dos bovinos

• Os níveis na dieta total devem respeitar os limites máximos toleráveis para todos os elementos minerais, os essenciais e os tóxicos.

• Os suplementos minerais que contém macro e micro elementos normalmente não ultrapassam 2% da matéria seca da dieta.

A diferentes formas de suplementar

minerais

• Suplemento mineral de livre acesso

e consumo auto-regulado

• Suplementos minerais para serem

misturados na ração

• Suplementos minerais adicionados

na água de bebida

• Outros (Bolus, Injetáveis, Pastas....)

Tipo de suplementos e a preocupação

com os teores de contaminantes

• Exemplos extremos de animais para abate

• Vaca de leite (descarte 10 anos) confinada

com elevada ingestão de MS e de

suplemento. Reciclagem do esterco para a

produção de forragens.

• Confinamento de terminação

• Vaca de cria a pasto

• Boi de engorda (3 anos) a pasto, baixa

lotação e com pequena ingestão de

suplemento.

Níveis de Contaminantes

• Nível máximo tolerado:

– Na dieta total

– No suplemento

– No ingrediente

• Relação entre o percentual de inclusão na dieta

do ingrediente ou suplemento e o nível máximo

tolerável do contaminante mineral na dieta do

animal.

Composição e teores de um

exemplo de suplemento

mineral

Ingrediente

% de inclusão

no

suplemento

Fonte de P do

Suplemento50,00%

Fonte de Zinco (óxido) 0,80%

Fonte de Cobre

(sulfato)0,63%

Fonte de Manganês

(sulfato)0,80%

Fonte de Cobalto

(sulfato)0,02%

Fósforo 9 %

Zinco 5760 mg/kg

Cobre 1512 mg/kg

Manganês 2240 mg/kg

Cobalto 40 mg/kg

Teores por kgComposição

Participação do suplemento mineral nos

teores de Cd, Ar, Pb, Mg para um bovino

ingerindo 10 kg de MS e 0,1 kg de

suplemento mineral

* Fonte: AAFCO, 2007

Metal

Máximo

admissível

em mg/kg

na dieta

completa *

Ingestão

Total

Admissível *

10 kg de MS

Teores no

Suplemento

Mineral *

mg/kg

Ingestão do

Suplemento

Mineral mg

0,1kg

% de participação

do suplemento na

ingestão do

máximo

admissível

Arsênio 50 500 10,334 1,0334 0,207%

Cádmio 0,5 5 9,83 0,983 19,660%

Mercúrio 2 20 0,0513 0,00513 0,026%

Chumbo 30 300 35,52 3,552 1,184%

Suplemento mineral formulado com os níveis típicos mais altos de contaminantes AAFCO 2007

Valores dos níveis típicos de contaminantes

minerais na matérias primas segundo a

AAFCO 2007

Mg/kg do contaminante na fonte do nutriente

Nutriente Cádmio Arsênio Mercúrio Chumbo

Fósforo 5-10 2-5 0,05 5-30

Zinco 80-500 10-800 1 100-2000

Cobre 2-100 3-100 1 9-600

Manganês 1-20 2-100 - 1-90

Cobalto 2-200 2-20 1-20 1-100

Participação do suplemento mineral nos

teores de Cd, As, Pb, Mg para um bovino

ingerindo 10 kg de Ms e 0,1 kg de

suplemento mineral

Mineral

Máximo Ingestão Teor máximo Ingestão % de participação

do

admissível

em Total

admissível

no do suplemento na

ppm na

dieta *

Admissível

*Suplemento Suplemento ingestão máxima

Mineral* Mineral admissível

Arsênio 2 20 12 1,2 6,0%

Cádmio * 0,5 5 6,75 0,675 13,5%

Mercúrio 0,1 1 0,1 0,01 1,0%

Chumbo ** 5 50 15 1,5 3,0%

*para borregos, cabritos e bezerros (bovinos adultos 1 ppm)

para forragens 30 ppm de Chumbo, 4 ppm de Arsênio e 1 ppm de Cádmio

* Fonte: Directivas UE, 2003/100/CE e

2005/87/CE

Participação do suplemento mineral nos teores de Cd,

As, Pb, Mg para um bovino ingerindo 10 kg de MS e

0,1 kg de suplemento mineral

* Fonte: Directivas UE, 2003/100/CE e

2005/87/CE

Metal

Máximo

admissível

na

pastagem

em ppm

Ingestão

Total

Admissível

*

Teor

máximo

admissível

no

Suplemento

Mineral*

Ingestão do

Suplemento

Mineral

% de participação

do suplemento

na ingestão

máxima

admissível

Arsênio 4 40 12 1,2 3,0%

Cádmio * 1 10 6,75 0,675 6,75%

Mercúrio 0,1 1 0,1 0,01 1,0%

Chumbo 30 300 15 1,5 0,5%

*para borregos, cabritos e bezerros (bovinos adultos 1 ppm)

Simulando uma dieta para animais em regime de pastagem e suplemento mineral

Exemplo da contribuição do alimento (%) na

contaminação do solo pelo esterco de

Bovinos de Leite (Alemanha)

Alimentos

produzidos na

Fazenda

Cádmio, Cromo, Níquel,

Chumbo, e Zinco49 à 75%

Alimentos

Protéicos

Energéticos

Cádmio, Cromo, Níquel e

Chumbo14 à 37%

Suplementos

Minerais

Cádmio, Cromo, Níquel e

Chumbo1 à 7%

Adaptado de: Heavy metals balances in livestock farming Ute Schulttheri et. al. 2003

8 fazendas de gado de leite

Exemplo da contribuição (%) na

contaminação do solo pelo esterco de

Bovinos de Leite (Alemanha)

Alimentos

produzidos na

Fazenda

Cobre 25%

Alimentos

Protéicos

Energéticos

Cobre 17%

Suplementos

MineraisCobre 17%

Produtos para

PedilúvioCobre 41%

Adaptado de: Heavy metals balances in livestock farming Ute Schulttheri et. al. 2003

8 fazendas de gado de leite

Exemplo da contribuição (%) na

contaminação do solo pelo esterco de

Bovinos de Leite (Alemanha)

Alimentos

produzidos

na

Fazenda

Zinco 39%

Alimentos

Protéicos

Energéticos

Zinco 35%

Suplementos

MineraisZinco 21%

Adaptado de: Heavy metals balances in livestock farming Ute Schulttheri et. al. 2003

8 fazendas de gado de leite

Medidas de Controle

• Parâmetros para o registro das Matérias

Primas minerais usadas na produção de

suplementos minerais

• Rotulagem com garantias do máximo dos

contaminantes que são significantes na

Matéria Prima mineral .

• Fiscalização para o uso somente de Matérias

Primas minerais registradas

Medidas de Controle

• Responsável Técnico da formulação e do

estabelecimento que fabrica

• Estabelecimento com BPF e com garantia

de rastreabilidade

• Parâmetros de contaminantes minerais nos

diferentes suplementos necessitam estar

correlacionados com a ingestão e ou com a

composição.

Conclusões

• Priorizar quais contaminantes nos alimentos para animais

representam maior relevância.

• Princípios gerais e guias sobre contaminantes:

– Quais e em quais ingredientes.

– Quais os limites críticos nas rações e nos ingredientes.

• Pesquisar e conhecer a taxa de transferência e acumulação dos

pesticidas e metais pesados da ração animal para os alimentos de

origem animal.

• Desenvolvimento de métodos de analise rápidos, simples e de

baixo custo.

• Conhecimento sobre os possíveis contaminantes nos novos

produtos e sub produtos usados na alimentação animal.

• Comunicação sobre os riscos dos contaminantes com os diferentes

elos da cadeia e principalmente com o consumidor.