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Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Centro de Ciências da Saúde Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva
Glaudênia Alves de Moura
Impacto do trabalho em profissionais de Saúde Mental de serviços
de saúde do município de Mossoró-RN, 2012.
Natal
2012
Glaudênia Alves de Moura
Impacto do trabalho em profissionais de Saúde Mental de serviços
de saúde do município de Mossoró-RN, 2012.
Dissertação apresentada à Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN) para a obtenção do título de
Mestre em Saúde Coletiva.
Professor Orientador: Dr. Luiz Roberto Augusto Noro
Natal
2012
Glaudênia Alves de Moura
Impacto do trabalho em profissionais de Saúde Mental de serviços
de saúde do município de Mossoró-RN, 2012.
Dissertação apresentada à Universidade Federal
do Rio Grande do Norte (UFRN), para a
obtenção do título de Mestre em Saúde
Coletiva.
Data da defesa: 19 de dezembro de 2012
Banca Examinadora:
_____________________________________________________
Professor Dr. Luiz Roberto Augusto Noro
___________________________________________________
Professor Dra. Maria Ângela Fernandes Ferreira
___________________________________________________
Professor Dr. Fernando Mussa Abujamra
Agradecimentos
Ao professor Luiz Noro, por ter acreditado na pesquisa e auxiliado na construção dela.
Ao professor Angelo Roncalli pela contribuição na análise dos dados.
Aos professores componentes da Banca Examinadora.
Ao Coordenador de Saúde Mental do Município de Mossoró, Alcedir Gabriel, pelo apoio.
Aos profissionais de saúde mental participantes da pesquisa.
Ao Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN),
por sua política de gestão e capacitação de recursos humanos.
RESUMO
A Reforma Psiquiátrica trouxe profundas modificações na assistência às pessoas
acometidas por transtornos mentais e de comportamento. Nesse contexto, os trabalhadores
de saúde mental desempenharam papéis decisivos de grande repercussão, atuando de forma
impulsionadora do processo. Objetivo: Avaliar o impacto laboral sentido pelos
profissionais de saúde, em virtude do trabalho diário com pessoas que apresentam
distúrbios psiquiátricos. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa de campo, numa
abordagem quantitativa, seccional, descritiva e aplicada. A coleta de dados ocorreu por
meio da Escala de Avaliação do Impacto do Trabalho em Serviços de Saúde Mental
(IMPACTO-BR), aplicada aos profissionais de Saúde Mental da cidade de Mossoró - RN.
Resultados: Participaram desse estudo 87 profissionais, em sua maioria do sexo feminino
casados, que assumiam cargo de nível superior, trabalhando em um único serviço, atuando
na área há mais de seis anos, com idade entre 25 e 64 anos. Foi observado um baixo efeito
de sobrecarga nos profissionais pesquisados. Discussão: Os resultados encontrados
corroboram com resultados encontrados em outras pesquisas realizadas anteriormente, não
identificando grande carga de impacto no trabalho entre os profissionais das equipes de
saúde mental estudadas. Das subescalas estudadas a maior pontuação foi observada na que
mede o impacto do trabalho no funcionamento da equipe. Observou-se que quanto maiores
a idade e o tempo de atuação, menor o impacto emocional no trabalho, o que sugere que a
experiência aumenta a segurança nas decisões tomadas e a possibilidade de um maior
controle sobre as demandas de trabalho. Considerações finais: O trabalho apresentado
demonstrou que as relações interativas entre os profissionais e os usuários não são as
causas de maior impacto no trabalho, embora tenha revelado sobrecarga em relação a
aspectos pontuais como: receio de ser agredido por um paciente e a sensação de cansaço
físico ao fim do expediente. Novas investigações nessa temática devem ser realizadas a fim
de colaborar para a efetivação dos avanços propostos pela Reforma Psiquiátrica tanto no
que se refere à assistência aos sujeitos quanto na qualidade de vida no trabalho dos
profissionais envolvidos.
Palavras Chaves: Recursos Humanos, Saúde do Trabalhador, Serviços de Saúde Mental.
Impact of work on mental health professionals of health services in the municipality of Mossoró-RN, 2012.
ABSTRACT
The Psychiatric Reform has brought profound changes in assistance to people affected by
mental disorders and behavior. In this context, mental health workers have played decisive
roles of great impact, acting driving the process. Objective: To evaluate the impact felt by
working professionals, because of the daily work with people who have psychiatric
disorders. Methodology: This is a search field, a quantitative approach, sectional,
descriptive and applied. Data collection occurred through the Assessment Scale Impact of
Working in Mental Health Services (IMPACT-BR) applied to mental health researchers
city Mossoró - RN. Results: Participants in this study 87 professionals, mostly female
married, which took charge of higher education, working on a single service, working in
the area for more than six years, aged between 25 and 64 years. There were a low effect of
overloading the professionals surveyed. Discussion: Our results corroborate findings in
other surveys conducted previously, not identifying large impact load at work among
professionals of mental health teams studied. Subscales studied the highest score was
observed in measuring the impact of work on team functioning. It was observed that the
greater age and duration of action, reduced the emotional impact at work, suggesting that
the experience enhances safety in decisions made and the possibility of greater control over
the demands of work. Final Thoughts: The work presented showed that the interactive
relationships between professionals and users are not the causes of greatest impact in the
workplace, although it revealed overload in relation to specific aspects such as: fear of
being assaulted by a patient and the feeling of physical exhaustion the end of the workday.
Further investigations should be conducted on this topic in order to contribute to the
implementation of psychiatric reform proposed by advances both in terms of assistance to
individuals and the quality of life in the work of the professionals involved.
Key Words: Human Resources, Occupational Health, Mental Health Services.
Lista de Tabelas
Tabela 1. Características sociais e funcionais dos profissionais de saúde mental, Mossoró-
RN, 2012.
Tabela 2. Escores do Efeito Global em relação às características funcionais e sociais dos
profissionais de saúde mental, Mossoró-RN, 2012.
Tabela 3. Escores do Fator 1 em relação às características funcionais e sociais em profissionais de
saúde mental, Mossoró-RN,2012.
Tabela 4. Escores do Fator 2 em relação às características funcionais e sociais em profissionais de
saúde mental, Mossoró-RN,2012
Tabela 5. Escores do Fator 3 em relação às características funcionais e sociais em profissionais de
saúde mental, Mossoró-RN,2012.
Tabela 6: Análise descritiva da escala Impacto-BR e suas sub-escalas, Mossoró-RN, 2012.
Tabela 7. Total e porcentagem de resposta para cada item da escala Impacto-BR de forma
agrupada. Mossoró- RN, 2012.
Tabela 8: Receio de ser agredido por um paciente relacionado à instituição pesquisada,
Mossoró - RN, 2012
Tabela 9. Receio de ser agredido em relação ao nível do cargo exercido e o tempo de
atuação dentro das instituições pesquisadas. Mossoró-RN, 2012
Tabela 10: Sentimento de cansaço físico relacionado à instituição pesquisada, Mossoró-
RN, 2012.
Tabela 11. Presença de cansaço físico em relação ao nível do cargo ocupado. Mossoró-RN,
2012.
Sumário
1. INTRODUÇÃO 8
2. REVISÃO DA LITERATURA 11
2.1. SAÚDE MENTAL E SAÚDE COLETIVA 11
2.2. TRABALHO E SAÚDE MENTAL 14
2.3. POLITICAS PÚBLICAS SOBRE A SAÚDE DO
TRABALHADOR DE SAÚDE MENTAL
15
3. HIPÓTESE 16
4. OBJETIVOS 16
4.1. OBJETIVO GERAL 16
4.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 16
5. METODOLOGIA 17
5.1. TIPO DE ESTUDO 17
5.2. POPULAÇÃO DO ESTUDO 17
5.3. COLETA DE DADOS 17
5.4. LOCAIS DO ESTUDO 19
5.5. PROCEDIMENTO E ANÁLISE DOS DADOS 19
5.6. CONSIDERAÇÕES ÉTICAS 19
6. RESULTADOS 21
7. DISCUSSÃO 31
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS 39
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 41
ANEXO 45
APÊNDICE 50
8
1. Introdução
Ao abordar o tema Saúde Mental, não há como deixar de resgatar a Reforma
Psiquiátrica e seus princípios, uma vez que esse movimento culminou em profundas
modificações na assistência às pessoas com transtornos mentais e de comportamento.
Para compreender essas transformações de nomenclatura e assistência, é
necessário entender como a sociedade outrora abordava a loucura. Na Antiguidade, a
sociedade convivia com a loucura como uma forma de viver e de estar no mundo. Na
Idade Média, a loucura passou a ser vista como possessão demoníaca, surgindo a Nau
dos Loucos, na qual as camadas excluídas da sociedade, como os loucos, os leprosos e
os doentes da peste, expulsos das cidades, eram transportados para territórios distantes.
No início do século XIX, a loucura passou a ser entendida como um desvio de conduta,
aparecendo a prática do internamento como medida eficaz para a retomada da razão. O
ambiente destinado a esse isolamento fez nascer um novo campo de conhecimento
representado pela psiquiatria, o hospital psiquiátrico como local de internação e uma
nova demanda, a doença mental. A figura do médico ganhou todo seu status e poder ao
classificar os fenômenos acessíveis ao conhecimento das ciências. No século XX,
durante o pós-guerra, os hospitais psiquiátricos passaram a ser criticados e comparados
aos campos de concentração. (VIEIRA, 2007; NASCIMENTO, 2004)
Neste momento, a atenção pública questionava a ética dessas instituições, o
modelo hospitalocêntrico, o saber absoluto do médico, os direitos dos internos e sua
cidadania. Com isso foi sendo alicerçado o campo para uma reorganização da
assistência médica, apontando para a inserção de outros saberes, com a presença de
outros profissionais de saúde, resultando no que conhecemos, atualmente, como o
campo da Saúde Mental. (NASCIMENTO, 2004)
No campo da Saúde Mental há espaço para a interdisciplinaridade, retira-se o
foco da doença e os meios social e familiar onde vivem os sujeitos passam a ser
considerados como interacionistas. No Brasil, esse movimento transformador ficou
conhecido como Luta Antimanicomial ou Movimento da Saúde Mental Coletiva.
Surgiu, de forma mais concreta, no fim da década de 70 do século XX, fundamentada na
crítica estrutural e do saber das instituições psiquiátricas clássicas. Ainda nesta década,
no combate ao Estado autoritário, eclodiram críticas quanto à ineficiência da assistência
9
pública em saúde e ao caráter privatista da política de saúde, denúncias de fraude no
sistema de financiamento dos serviços e, o mais chocante para a opinião pública,
denúncias de abandono, violência e maus-tratos aos quais os pacientes internos eram
expostos em grandes hospitais do país. Havia uma critica quanto aos “excessos” e não
quanto aos pressupostos dos asilos e da psiquiatria. (NASCIMENTO, 2004; TENÓRIO,
2002)
Nesse contexto, os trabalhadores de saúde mental desempenharam papéis
decisivos de grande repercussão, atuando de forma impulsionadora no processo,
sobretudo no modo como se organizaram, criando, em 1978, o Movimento dos
Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM). Esse movimento reivindicava questões
trabalhistas e humanitárias na assistência. Participavam desse grupo os trabalhadores do
movimento sanitário, sindicalistas, associações de familiares e profissionais e pessoas
com longo histórico de internações psiquiátricas. Lideraram, assim, a Luta
Antimanicomial, contestando coletivamente o saber psiquiátrico e o modelo
hospitalocêntrico na assistência aos internos. (BRASÍLIA, 2005)
Entretanto, o que veio dar início à chamada “desinstitucionalização” é a I
Conferência Nacional de Saúde Mental, que propunha não apenas a transformação do
sistema de saúde, mas um redirecionamento das instituições e da sociedade ao lidar com
a loucura. Da mesma forma, o II Encontro dos Trabalhadores em Saúde Mental trazia
como lema: “Por uma Sociedade sem Manicômios!”, ambos os eventos realizados em
1987. A partir desses encontros, a crítica abandonou os conceitos de humanização ou de
aperfeiçoamento dos equipamentos de saúde e avançou sobre os pressupostos da
psiquiatria e da condenação dos seus efeitos de normatização e controle. Era preciso
criar uma nova forma de cuidar dos agora “usuários” dos serviços de saúde mental,
substituir a clínica centrada no hospital e buscar serviços abertos de base comunitária e
territorial. (TENÒRIO, 2002)
Como fruto desse processo de desinstitucionalização e de uma nova prática de
cuidados em saúde mental, surgiu no Brasil o primeiro Centro de Atenção Psicossocial
(CAPS), na cidade de São Paulo, em 1987 (BRASILIA, 2005; TENORIO, 2002).
Constituindo-se como principal estratégia do processo de Reforma Psiquiátrica,
os CAPS são instituições destinadas a acolher pessoas com transtornos mentais,
10
buscando integrá-las a um ambiente social, cultural e familiar, bem como as apoiando
nas suas iniciativas e autonomias, oferecendo-lhes cuidados clínicos e de reabilitação
psicossocial, evitando internações e favorecendo o exercício da cidadania dos usuários e
seus familiares. (BRASÍLIA, 2004)
As atividades desenvolvidas nessas unidades devem ultrapassar o uso de
medicamentos e de consultas, seguindo a ótica de uma clínica ampliada, ofertando
diversos tipos de atividades terapêuticas como psicoterapia individual e grupal, oficinas
terapêuticas, atividades comunitárias e artísticas, orientação e acompanhamento quanto
ao uso de medicamentos, visitas domiciliares e atendimento familiar.
Essa nova forma de cuidar exige dos profissionais um maior envolvimento com
a clientela assistida, o que em muitos casos pode durar por toda a vida. Sendo assim, é
um fator considerável de influência na qualidade dos serviços, já que a baixa satisfação
com o trabalho e a sobrecarga sentida podem afetar o bem-estar e a saúde dos
profissionais, interferindo na qualidade dos atendimentos prestados. (BANDEIRA,
2007; REBOUÇAS, 2008).
A Organização Mundial da Saúde (OMS), preocupada com a qualidade desses
serviços, tem recomendado e estimulado uma prática de avaliação permanente, que
englobe todos os envolvidos (usuários, familiares e profissionais), abordando
perspectivas diferentes, porém complementares. (BANDEIRA, 2007)
Para viabilizar este processo é fundamental contar com profissionais de saúde
efetivamente engajados com as mudanças propostas, comprometidos com a perspectiva
de entender a saúde mental como campo de conhecimento aliado a melhoria de
qualidade de vida de pacientes e familiares, preparados científica e psicologicamente
para o enfrentamento de uma nova percepção e prática em saúde coletiva.
Considerando esta perspectiva, o presente estudo tem como objetivo avaliar a
sobrecarga sentida pelos profissionais, em virtude do trabalho diário com pessoas que
apresentam distúrbios psiquiátricos, uma vez que essa sobrecarga pode vir a afetar a sua
saúde física e emocional, interferindo na qualidade dos serviços oferecidos.
11
2. Revisão da literatura
2.1. Saúde mental e saúde coletiva
Desde o início da década de 1920, as ciências humanas começaram a ser
absorvidas no espaço antes tido como exclusivo da área da saúde. Com isso, os
conceitos de normalidade e anormalidade passaram a ser problematizados e
contextualizados. (BIRMAN, 2005).
Nunes (1994) assinala que a saúde coletiva foi constituída nos limites do
biológico e do social. Sua proposta é investigar, compreender e interpretar os
determinantes na formação social das doenças e da organização social dos serviços de
saúde.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde é crescente o número de
pessoas acometidas por transtornos mentais e de comportamento. Entretanto, a
importância e o investimento destinados a essa área da saúde são inferiores aos
direcionados à saúde física. (CAMPOS e FURTADO, 2006).
De acordo com o Ministério da Saúde (2011), 3% da população geral sofrem
com transtornos mentais severos e persistentes; mais de 6% da população apresenta
transtornos psiquiátricos graves decorrentes do uso de álcool e outras drogas; 12% da
população necessitam de algum atendimento em saúde mental, seja ele contínuo ou
eventual e 2,3% do orçamento anual do SUS são destinados à Saúde Mental.
Após 12 anos de tramitação, em 2001, o Congresso Nacional sancionou a lei
10.216, de 06 de junho de 2001. Essa lei dispõe sobre a proteção e os direitos das
pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde
mental. (BRASIL, 2001). Dessa forma, o Ministério da Saúde adota linhas específicas
de financiamento para serviços abertos e substitutivos dos hospitais psiquiátricos, cria
mecanismo de fiscalização, gestão e redução programadas de leitos psiquiátricos no
país, havendo, pois, maior consolidação na implantação de serviços substitutivos ao
modelo hospitalar de base comunitária, visando a uma reabilitação psicossocial
(BRASILIA, 2005).
Nesse contexto, os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) assumiram um
papel estratégico e articulador dessa demanda em meio a outros serviços existentes na
comunidade como escolas, assistência social, atenção básica, hospitais gerais etc.
(BRASÍLIA, 2004).
12
O funcionamento dos CAPS e sua organização seguem a noção de território,
porém consideram não apenas o espaço geográfico, mas os espaços em que as pessoas
habitam e os equipamentos sociais que as rodeiam, como igrejas, escolas, postos de
saúde, lazer, trabalho etc. Dessa forma, esses serviços precisam estar articulados com
outros dispositivos tanto da rede de saúde (ESF, NASF etc.), quanto das redes sociais
(CRAS, CREAS, Conselhos Tutelares etc.), bem como de outros setores que venham a
favorecer o processo de inclusão na sociedade daqueles que estão excluídos por
apresentarem transtornos mentais. (BRASÍLIA, 2004)
Os atendimentos acontecem no período matutino, vespertino e, quando
necessário, no período noturno. Além disso, há espaço para atendimento a pessoas em
situação de crise, desestruturadas psiquicamente e que não consigam, naquele momento,
participar de outras atividades planejadas pelo serviço. (BRASÍLIA, 2004)
Os CAPS se diferenciam conforme tamanho, estrutura física, profissionais,
atividades desenvolvidas e clientela assistida, sendo classificados da seguinte forma:
CAPS I e CAPS II – destinam-se a atendimento diário de adulto, conforme a sua
população de abrangência. CAPS I - municípios com população entre 20.000 e
70.000 habitantes e CAPS II - municípios com população de 70.000 a 200.000
habitantes.
CAPS III- oferece atendimento diário e noturno, durante sete dias da semana,
funcionando 24h. Estão presentes nos municípios com população acima de
200.000 habitantes.
CAPS i. – unidade destinada ao atendimento diário de crianças e adolescentes.
Estão presentes nos municípios com população acima de 200.000 habitantes.
CAPS AD - atende adultos com transtornos mentais decorrentes do uso de
álcool e outras drogas. Possuem leitos exclusivos para tratamento de
desintoxicação. Estão presentes nos municípios com população acima de
100.000 habitantes. (BRASÍLIA, 2004)
Apesar dos avanços, é um desafio permanente implantar a Reforma Psiquiátrica,
uma vez que envolve transformações de práticas, saberes, subjetividade, valores
culturais e sociais. Logo, é no dia a dia de cada serviço que esse processo vem se
consolidando, com impasses e desafios. Dentre esses desafios, temos a acessibilidade e
a equidade, a qualidade dos serviços oferecidos em todas as regiões do país e a
13
formação de recursos humanos capazes de superar o modelo hospitalocêntrico e os
conceitos arcaicos sobre loucura.
Além de oferecer maior apoio na implementação desses novos serviços e em sua
interligação com outros setores da sociedade, o Ministério da Saúde tem demostrado
preocupação com a qualificação dos trabalhadores dessa área por meio do Programa
Permanente de Capacitação de Recursos Humanos para a Reforma Psiquiátrica,
estimulando a supervisão clínica institucional dos CAPS e apoiando os programas de
residências multiprofissionais em saúde mental. Contudo, destaca que há ainda poucos
debate científico e produção de conhecimento acerca da saúde mental como parte
integrante da Saúde Pública. (BRASIL, 2002).
Contudo, tem-se buscado estreitar os laços da saúde física com a saúde mental,
por meio de iniciativas como a do apoio matricial. De acordo com Campos e Domitti
(2007), o apoio matricial em saúde tem por objetivo oferecer suporte técnico
especializado a equipes de profissionais encarregados da atenção à saúde, funcionando
de forma complementar. Soma-se ainda a esse suporte técnico um suporte técnico
pedagógico: as equipes de referência.
No campo da saúde mental, o apoio matricial promove um diálogo entre os
profissionais da área da saúde, favorece maior consistência às intervenções em saúde
em geral e em saúde mental, uma vez que os profissionais da saúde mental colaboram
para aumentar a capacidade resolutiva das equipes, qualificando a atenção ampliada em
saúde, contemplando a totalidade dos sujeitos, distinguindo as situações que necessitam
de atenção especializada daquelas situações individuais e sociais cotidianas, evitando
assim a medicalização do sofrimento e melhorando a equidade e o acesso aos serviços
especializados. (FIGUEIREDO E CAMPOS, 2007).
Ballarin et al (2011) concordam que, embora a reforma psiquiátrica tenha
surgido no cerne da reforma sanitária, observa-se um “paralelismo” entre essas
instâncias. Salientam que a reforma da saúde mental se sobressaiu em comparação a
outros ramos da saúde, por construir novos arranjos e dispositivos da atenção, mudando
paradigmas no que se refere ao entendimento do processo saúde-doença. Com isso,
torna-se indispensável à convergência desses arranjos, ou seja, é imprescindível a noção
de rede. Quando, pois, constituída essa rede e incorporada ao conceito de integralidade
das ações em saúde, nota-se que a saúde mental não deve ficar restrita às instituições
tradicionais, mas ligada à atenção básica, ao território, à intersetorialidade, à
participação da comunidade e ao apoio matricial. Todos esses são conceitos
14
constitutivos do campo da saúde coletiva. Desse modo, a consolidação da rede de
cuidado em saúde mental está sujeita ao avanço da saúde coletiva.
2.2 Trabalho e saúde mental
A palavra “Trabalho” vem do latim “TRIPALIUM”, um instrumento de tortura com
três (TRI) pedaços de madeira (PALIUM).
Tolfo e Piccinini (2007) afirmam que o trabalho possui sentido tanto no ponto de
vista individual quanto do social. Sob a ótica individual, o trabalho contribui para a
estruturação da identidade e da subjetividade. No aspecto social, há diferenças entre o
valar dado a essa atividade. Para os capitalistas, a importância do trabalho está na
existência da proprieadade privada e na conquista de excedentes: a mais valia, o lucro.
Em contrapartida, a corrente marxista enxerga o próprio trabalho como mercadoria dos
donos do capital e, sendo assim, não há sentido, significado algum para o trabalhador,
que é impedido de ser criativo e está preso às suas funções com sentimentos de
estranheza, sendo apenas uma parte de todo o processo de produção. É, pois, um
alienado. Com isso, a referida autora defende que o sentido concedido ao trabalho é uma
atribuição psicologica e social, influenciada por condições históricas da sociedade. Logo
é um conceito inacabado.
Dessa forma, na sociedade atual, não há como se pensar o trabalho de forma
isolada, mas como parte de um processo de transformações econômicas, politicas e
sociais caracterizadas pela globalização, competitividade de mercado, inovações
tecnológicas e sociais, flexibilização das relações de trabalho, dentre outras (TOLFO e
PICCININI, 2007).
Nesse sentido, a organização do trabalho tona-se um elemento de equilíbrio ou
desequilíbrio psicossomático gerador de satisfação ou insatisfação: “É provável que uma
parte não negligenciável da morbidade somática observada entre trabalhadores tenha suas
origens numa organização do trabalho inadequada” (DEJOURS, 2008).
No tocante à área de saúde mental, o profissional é o seu principal instrumento de
trabalho. É ele, com seus conhecimentos alcançados durante sua formação acadêmica e/ou pela
experiência, o principal recurso utilizado (REBOUÇAS et al, 2008).
Após a reestruturação da nova modalidade de assistência trazida pela Reforma
Psiquiátrica, o profissional de saúde mental é obrigado a pensar a doença mental e a
lidar com ela de uma de forma diferente, desenvolvendo novas atitudes, habilidades e
competências, compatíveis com o modelo psicossocial de atenção. Por suas
15
complexidade e especificidade, no trabalho em saúde mental, é considerada de
acentuada vulnerabilidade a sobrecarga emocional (SANTOS e CARDOSO, 2010a).
Além disso, observa Ramminger (2002), o trabalhador de saúde mental, como
qualquer outro ser humano, possui sua história de vida construída a partir de suas
relações com figuras parentais e sociais. Todavia, a diferença é que esse trabalhador
lança mão dessas ferramentas intersubjetivas no seu ambiente de trabalho, justamente
com uma clientela que ali se encontra por falência ou desagregação dessas relações.
2.3 Políticas públicas sobre a saúde do trabalhador de saúde mental
Diante do exposto, compreende-se a necessidade de se investir em políticas
voltadas para a saúde dos trabalhadores envolvidos com o acolhimento e o
acompanhamento dos sujeitos acometidos por transtornos mentais e de comportamento.
A III Conferência Nacional de Saúde Mental trouxe discussões sobre a
construção e a efetivação de uma política voltada para a gestão de recursos humanos
que fosse coerente com os princípios da Reforma Psiquiátrica. (BRASIL, 2001)
Como princípios e diretrizes norteadores dessa politica, há a valorização do
trabalhador, garantindo a sua qualificação continuada, a remuneração justa e condições
de trabalho adequadas, além da implantação de planos de cargos, carreiras e salários, da
democratização das relações e discussões em todos os níveis de gestão, da incorporação
da segurança, saúde e saúde mental do trabalhador, da supervisão clínica e institucional,
da avaliação de desempenho, da garantia da jornada de trabalho adequada para os
profissionais de nível superior, bem como isonomia salarial entre eles. Ademais, prevê a
contratação exclusivamente por concursos públicos. Embora possam ocorrer outras
formas de contratação, deve-se sempre assegurar a seleção pública. (BRASIL, 2001).
De forma mais específica, aponta para o desenvolvimento de estratégias para o
acompanhamento e o tratamento da saúde mental dos trabalhadores da saúde, a criação
de programas de saúde mental no âmbito da administração municipal para os
funcionários e servidores acometidos de sofrimento psíquico/ou dependência de álcool
drogas, a regulamentação do pagamento de insalubridade para os profissionais da saúde,
conforme a legislação vigente. (BRASIL, 2001).
16
3. Hipótese
Existe impacto negativo na saúde do profissional, causado pela sobrecarga de
trabalho e pela natureza das atividades desenvolvidas pela equipe de saúde mental.
4. Objetivos
4.1. Objetivo geral
Avaliar o impacto laboral sentido pelos profissionais de saúde em virtude
do trabalho diário com pessoas que apresentam distúrbios psiquiátricos.
4.2. Objetivos específicos
Identificar os efeitos do trabalho na saúde física e emocional dos
profissionais;
Identificar os efeitos do trabalho no funcionamento da equipe;
Identificar sentimentos de sobrecarga emocional diante das atividades
desenvolvidas.
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5. Metodologia
5.1. Tipo de estudo
Trata-se de uma pesquisa de campo, com abordagem quantitativa, seccional,
descritiva e aplicada.
5.2. População do estudo
Trabalhadores das instituições da Rede de Saúde Mental do município de
Mossoró-RN que possuem um modelo de atenção aos usuários baseado na Reforma
Psiquiátrica e que se encontravam inscritas no Cadastro Nacional dos Estabelecimentos
de Saúde (CNES). Como critério de inclusão foi considerada a necessidade de esses
trabalhadores possuírem vínculo empregatício com a instituição analisada e terem
exercido atividades diretamente relacionadas à assistência às pessoas com transtornos
emocionais. Foram excluídos da coleta de dados trabalhadores voluntários e estagiários.
5.3. Coleta de dados
A coleta de dados ocorreu por meio da Escala de Avaliação do Impacto do
Trabalho em Serviços de Saúde Mental - IMPACTO-BR. (anexo 1).
De acordo com Bandeira (2007) a escala IMPACTO-BR avalia a sobrecarga
sentida pelos profissionais de saúde mental em consequência do trabalho diário com
pessoas portadoras de distúrbios psiquiátricos. Por sobrecarga entende-se a percepção
que os trabalhadores têm de demandas excessivas, de um peso a carregar em
consequência do seu trabalho. Esta escala é distribuída em três subescalas: FATOR 1,
FATOR 2 e FATOR 3 (BANDEIRA, 2007).
A primeira subescala (FATOR 1) contém 5 itens que avaliam o impacto do
trabalho sobre a saúde física e mental do profissional. Aqui é avaliada a frequência de
problemas físicos ressentidos pelo profissional da equipe, a frequência de consultas ao
médico, a frequência da tomada de medicamentos, os efeitos do trabalho sobre sua
estabilidade emocional e sobre a necessidade de procurar ajuda profissional em
consequência desses problemas.
A segunda (FATOR 2) contém 6 itens que avaliam o impacto do trabalho sobre
o funcionamento da equipe. Diz respeito à frequência com que o profissional pensa em
mudar de campo de trabalho, sentir-se mais saudável por ter outro tipo de emprego,
18
afastamento por doença devido ao estresse no trabalho, grau em que o profissional tem
receio de ser agredido no trabalho, qualidade de sono e o efeito do trabalho na sua saúde
em geral.
A terceira (FATOR 3) contém 5 itens que avaliam os efeitos do trabalho no
estado emocional do profissional. Aborda o sentimento de sentir-se frustrado,
sobrecarregado, estressado, depressivo com os resultados do seu trabalho, além da
sensação de cansaço após o trabalho.
No que tange à Escala Global, temos dezoito itens que incluem questões dos três
fatores descritos acima e mais duas questões que se referem ao impacto do trabalho na
vida social e familiar do profissional.
A Escala IMPACTO –BR é uma escala ordinal do tipo Likert de cinco pontos,
segundo a qual quanto menor o valor, menor o impacto do trabalho. Contém 34
questões: 18 itens que avaliam, por meio de questões quantitativas, o grau de sobrecarga
sentida pela equipe; 11 itens que visam obter informações complementares como
características referentes ao local, horário, tempo de trabalho em saúde mental, jornada
semanal, tipo de atividade desenvolvida com o usuário do serviço e repercussões do
trabalho em saúde mental nos sentimentos de culpabilidade, no nível de estresse
ressentido, na necessidade de apoio profissional, na noção de satisfação profissional e
na atitude da família do profissional em relação ao seu trabalho; além de 6 questões que
avaliam as variáveis sociodemográficas, como idade, sexo, estado civil, nível de
escolaridade, profissão e tempo de trabalho em saúde mental.
Trata-se de um instrumento autoadministrado, preenchido pelos trabalhadores
das instituições analisadas. Por meio de uma reunião com o coordenador das
instituições, os objetivos da pesquisa foram apresentados e discutidos. Em seguida, com
o auxílio desse profissional, os demais trabalhadores foram convidados a participar.
Nesse momento, o instrumento de pesquisa foi entregue, juntamente com Termo Livre e
Esclarecido, sendo-lhes apresentados os objetivos do estudo e as instruções de
preenchimento da escala.
Cabe ressaltar que a Escala de Avaliação do Impacto do Trabalho em Serviços
de Saúde Mental (IMPACTO-BR) foi traduzida e adaptada para o Brasil pelo
Laboratório de Investigações em Saúde Mental da Universidade de São Paulo e a
análise e a validação foram produzidas no Laboratório de pesquisa em Saúde Mental da
Universidade Federal de São João Del Rei (LAPSAM), compondo parte de um projeto
multicêntrico da OMS (PITTA, 1996; BANDEIRA 2000).
19
5.4. Locais do estudo
Todas as instituições participantes são da rede pública municipal de saúde,
encontrando-se listadas a seguir:
Centro de Atenção Psicossocial para tratamento de dependência química (CAPS
Ad);
Centro de Atenção Psicossocial Enfermeira Mariana Neumam Vidal da Costa;
Centro de Atenção Psicossocial Antônio Herculano Soares de Oliveira;
Centro de Atenção Psicossocial para a Infância e a Adolescência Maria de
Fátima Araújo Fernandes de Medeiros.
Unidade Integrada de Saúde Mental.
5.5. Processamento e análise dos dados
A construção do banco de dados e sua posterior análise ocorreram no programa
SPSS 17.1 Foi feita uma análise descritiva dos dados, apresentando suas frequências e
medidas de dispersão. O cálculo do grau de sobrecarga geral da equipe no serviço de
saúde mental foi aferido por meio da média das respostas obtidas nas questões que
compõem a escala: 5, 6, 7, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 19, 20, 23, 24, 25, e 28. O
grau de sobrecarga sobre a saúde física e mental dos participantes (sub-escala ou Fator
1) foi calculada pela média das respostas obtidas nas questões 10,11,12,15 e 20. O grau
de sobrecarga sobre o funcionamento da equipe (sub-escala ou Fator 2 ) foi calculado
pela média das respostas obtidas nas questões 7,9,14,16,23,24. Quanto ao grau de
sobrecarga ressentida pela equipe (sub-escala ou Fator 3), foi calculada a média das
respostas obtidas nas questões 5,6,13,17 e 19.
5.6. Considerações éticas
O Projeto de Pesquisa foi submetido à apreciação do Comitê de Ética em
Pesquisa do Hospital Universitário Onofre Lopes (CEP-HUOL), da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte e aprovado pelo parecer 16563, em 29 de abril de 2012.
A pesquisa não apresentou riscos físicos aos participantes e propiciou-lhes um momento
de reflexão e exteriorização de sentimentos e percepções sobre seu ambiente de
trabalho.
20
Os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre Esclarecido
(Apêndice 1) e as instituições, por meio de seus representantes legais, deram seu
consentimento por meio da assinatura do Termo de Anuência.
21
6. Resultados
Participaram desse estudo 87 profissionais. A tabela abaixo descreve as
características sociodemográficas e funcionais dos profissionais participantes da
pesquisa.
Tabela 1. Características sociais e funcionais dos profissionais de saúde mental,
Mossoró-RN, 2012.
Variável N %
Sexo
Feminino 66 75,9
Masculino 21 24,1
Estado civil
Solteiro 18 20,7
Casado ou vive junto 58 66,7
Separado 3 3,4
Divorciado 6 6,9
Viúvo 2 2,3
Faixa etária 25 a 39 anos 38 40,2
40 anos ou mais 49 56,3
Escolaridade
Ensino fundamental 6 6,9
Ensino médio 21 24,1
Curso técnico 3 3,4
Graduação 15 17,2
Pós-graduação 42 48,3
Nível do cargo
Superior 50 57,5
Médio Fundamental 37 42,5
Quantidade de serviços onde trabalha Trabalha em um único serviço 76 87,4 Trabalha em dois ou mais serviços 11 12,6
Quantidade de turno de trabalho
Único turno 35 40,2
Dois ou mais turnos 52 59,8
Tempo de atuação
Menos de 6 anos 38 43,7
6 anos ou mais 49 56,3
TOTAL 87 100
Os participantes apresentaram idade média de 43,2 (DP = 9,6) anos, sendo que a
idade mínima foi de 25 anos e a máxima de 64 anos. A maioria é composta por pessoas
do sexo feminino (75,9%), casadas ou vivendo com companheiros (66,7%).
Em relação ao perfil do cargo, 56,3% assumiam cargos de nível superior, 48,3%
são pós-graduados, 87,4% trabalhavam em um único serviço de saúde mental, 59,8%
22
trabalhavam em dois turnos ou mais. Quanto à experiência em saúde mental, 56,3%
atuam nessa área há seis anos ou mais.
Vale lembrar que, neste estudo, os cargos de nível superior correspondem aos
profissionais enfermeiros, médicos, educadores físicos, assistentes sociais, terapeutas
ocupacionais, psicólogos, pedagogos e fonoaudiólogos. Os cargos de nível médio são
aqui representados por agentes administrativos, recepcionistas, auxiliar de serviços
gerais, cozinheiras e técnicos de enfermagem.
A distribuição das características funcionais e sociodemográficas dos
participantes da pesquisa em relação ao Fator Global é apresentada na tabela 2.
Tabela 2. Escores do Efeito Global em relação às características funcionais e sociais dos
profissionais de saúde mental, Mossoró-RN, 2012.
Efeito global
Características n Média Desv.padrão Mediana L.I. L.S.
Cargo
Superior 50 1,449 0,314 1,389 1,361 1,537
Médio/fund. 37 1,539 0,390 1,389 1,411 1,666
Tipo de serviço
Caps 65 1,468 0,337 1,389 1,386 1,550
Ambulatório 22 1,515 0,387 1,389 1,354 1,677
Quant. serviços
Único serviço 76 1,505 0,356 1,417 1,425 1,585
Dois ou mais 11 1,308 0,235 1,222 1,169 1,447
C.H. total
Mais 30h/sema 40 1,485 0,337 1,417 1,380 1,589
Menos 30h/sema 47 1,476 0,361 1,389 1,373 1,580
Tipo de atividade
Individual 54 1,472 0,365 1,361 1,375 1,570
Grupal 33 1,493 0,324 1,500 1,383 1,604
Quantidade turnos
Único 35 1,481 0,362 1,389 1,361 1,601
Dois ou mais 52 1,480 0,343 1,417 1,387 1,573
Faixa etária
25 a 39 anos 38 1,573 0,327 1,500 1,469 1,677
40 anos ou mais 49 1,408 0,351 1,278 1,310 1,506
Sexo
Masculino 21 1,418 0,311 1,389 1,285 1,551
Feminino 66 1,500 0,360 1,389 1,413 1,587
Tempo de atuação
Menos de 6 anos 38 1,525 0,378 1,417 1,405 1,645
6 anos ou mais 49 1,446 0,324 1,389 1,355 1,536
Estado civil
Solteiro 18 1,401 0,282 1,306 1,271 1,532
Casado ou vive 58 1,506 0,367 1,389 1,411 1,600
Separado 3 1,778 0,484 2,000 1,230 2,326
Divorciado 6 1,333 0,272 1,333 1,116 1,551
Viúvo (a) 2 1,444 0,079 1,444 1,336 1,553
Total 87
23
As maiores pontuações nessa subescala são constatadas nos profissionais que
trabalham em um único serviço, trabalham mais de 30 horas semanais, em dois ou mais
turnos, desenvolvendo atividades em grupo e que apresentam menor faixa etária e
menos tempo de atuação nos serviços.
A tabela 3 refere-se à subescala Fator 1 (impacto sobre a saúde física e mental),
relacionando-se às características funcionais e sociais dos participantes.
Tabela 3. Escores do Fator 1 em relação às características funcionais e sociais em profissionais
de saúde mental, Mossoró-RN,2012.
Fator 1
Características n Média Desv.padrão Mediana L.I. L.S.
Cargo Superior
50
1,343
0,372
1,200
1,239
1,447
Médio/Fund. 37 1,389 0,553 1,000 1,207 1,571 Tipo de serviço Caps 65 1,342 0,450 1,200 1,232 1,451 Ambulatório 22 1,391 0,480 1,200 1,190 1,591 Quant.de serviços Trab. único 76 1,387 0,474 1,200 1,280 1,493 Trab. dois ou mais. 11 1,127 0,185 1,000 1,018 1,237 C.H. total Mais 30h/semanal 40 1,335 0,484 1,200 1,185 1,485 Menos30h/semanal 47 1,370 0,433 1,200 1,246 1,494 Tipo de atividade Grupal 33 1,358 0,458 1,200 1,201 1,514 Individual 54 1,352 0,458 1,200 1,230 1,474 Quant. turnos Único turno 35 1,354 0,431 1,200 1,211 1,497 Dois ou mais turnos 52 1,354 0,475 1,200 1,225 1,483
Faixa etária 25 a 39 anos 38 1,432 0,484 1,400 1,278 1,586 40anos ou mais 49 1,294 0,426 1,000 1,775 1,413 Sexo Masculino 21 1,219 0,340 1,000 1,074 1,364 Feminino 66 1,397 0,480 1,200 1,281 1,513 Tempo de atuação Menos de 6 anos 38 1,390 0,530 1,200 1,221 1,558 06 anos ou mais 49 1,327 0,391 1,200 1,217 1,436 Estado civil Solteiro 18 1,233 0,0365 1,000 1,065 1,402 Casado ou vive 58 1,386 0,495 1,200 1,259 1,514 Separado 03 1,533 0,503 1,600 0,964 2,103 Divorciado 06 1,333 0,301 1,400 1,092 1,574 Viúvo (a) 02 1,300 0,424 1,300 0,712 1,888
TOTAL 87
24
No tocante ao impacto sobre a saúde física e emocional dos profissionais,
constata-se uma maior pontuação entre profissionais de nível superior, que trabalham
em um único serviço, do sexo feminino e com menor faixa etária.
A tabela a seguir demonstra a relação entre o Fator 2 e as características sociais e
funcionais dos participantes.
Tabela 4. Escores do Fator 2 em relação às características funcionais e sociais em profissionais
de saúde mental, Mossoró-RN,2012
Características Fator 2
n Média Desv.padrão Mediana L.I. L.S.
Cargo Superior 50 1,554 0,431 1,500 1,434 1,675 Médio/fund. 37 1,722 0,420 1,750 1,585 1,859 Tipo de serviço Caps 65 1,633 0,442 1,667 1,526 1,741 Ambulatório 22 1,576 0,407 1,417 1,406 1,746 Quant. serviços Único serviço 76 1,654 0,441 1,667 1,554 1,753 Dois ou mais 11 1,379 0,270 1,333 1,219 1,538 CH. total Mais30h/sema. 40 1,638 0,464 1,667 1,494 1,781 Menos 30h/sema 47 1,603 0,408 1,500 1,486 1,719 Tipo de atividade Grupal 33 1,682 0,455 1,667 1,526 1,837 Individual 54 1,508 0,417 1,500 1,469 1,691 Quant. turnos Único turno 35 1,614 0,406 1,667 1,480 1,749 Dois ou mais 52 1,622 0,453 1,583 1,499 1,745 Faixa etária 25 a 39 38 1,772 0,437 1,667 1,633 1,911 40 anos ou mais 49 1,500 0,392 1,333 1,390 1,610 Sexo Masculino 21 1,579 0,521 1,500 1,357 1,802 Feminino 66 1,631 0,404 1,667 1,534 1,729 Tempo de atuação
Menos de 6 anos 38 1,706 0,437 1,667 1,567 1,845 6 anos ou mais 49 1,551 0,420 1,500 1,433 1,669 Estado civil Solteiro 18 1,519 0,416 1,500 1,326 1,711 Casado ou vive 58 1,649 0,442 1,667 1,536 1,763 Separado 03 1,944 0,538 2,000 1,282 2,607 Divorciado 06 1,444 0,328 1,500 1,182 1,707 Viúvo (a) 02 1,667 0,000 1,667 .... ....
Total 87
25
Em relação ao impacto sobre o funcionamento da equipe, os dados apontam que
os profissionais com cargos de nível médio, trabalhadores de CAPS, profissionais que
atuam em um único serviço e que desenvolvem atividades em grupo e em um único
turno sentem mais esse impacto, assim como os profissionais do sexo feminino e com
menor tempo de atuação.
Quanto à subescala que mede o impacto sobre o estado emocional dos
profissionais, constatam-se maiores pontuações em trabalhadores com cargos de nível
médio, atuantes em ambulatórios de saúde mental com mais de 30 horas semanais, com
menor faixa etária e menos tempo de atuação, conforme apresentado na tabela a seguir:
Tabela 5. Escores do Fator 3.em relação às características funcionais e sociais em profissionais
de saúde mental, Mossoró-RN,2012.
Características Fator 3
n Média Des. padrão Mediana L.I. L.S.
Cargo
Superior 50 1,563 0,448 1,400 1,438 1,689
Médio/fund. 37 1,656 0,491 1,500 1,495 1,816
Tipo de serviço
Caps 65 1,560 0,430 1,400 1,455 1,665
Ambulatório 22 1,700 0,555 1,500 1,468 1,932 Quant. serviços
Único serviço 76 1,618 0,468 1,400 1,513 1,724
Dois ou mais 11 1,436 0,437 1,400 1,178 1,694
C.H. total Mais 30h/sema 40 1,595 0,438 1,600 1,459 1,731 Menos 30h/sema 47 1,596 0,493 1,400 1,455 1,737 Tipo de
atividade
Individual 54 1,619 0,523 1,400 1,479 1,758
Grupal 33 1,558 0,356 1,400 1,436 1,679
Quant. turnos
Único 35 1,611 0,502 1,400 1,445 1,778
Dois ou mais 52 1,585 0,444 1,400 1,464 1,705
Faixa etária
25 a 39 anos 38 1,663 0,449 1,600 1,521 1,806
40 anos ou mais 49 1,543 0,476 1,400 1,410 1,676
Sexo
Masculino 21 1,505 0,403 1,600 1,332 1,677
Feminino 66 1,624 0,483 1,400 1,508 1,741 Tempo de atuação Menos de 6 anos 38 1,621 0,485 1,600 1,467 1,775 6 anos ou mais 49 1,576 0,454 1,400 1,448 1,703 Estado civil Solteiro 18 1,556 0,403 1,400 1,369 1,742 Casado ou vive 58 1,635 0,492 1,600 1,508 1,761 Separado 3 1,667 0,072 1,600 0,872 2,462 Divorciado 6 1,333 0,327 1,300 1,072 1,595 Viúvo (a) 2 1,500 0,141 1,500 1,304 1,696 Total 87
26
De acordo com os resultados apresentados, observa-se que os profissionais que
trabalham em um único serviço, em relação aos que trabalham em dois ou mais
serviços, apresentam maior impacto no fator geral, fator 1 e fator 2.
Destaca-se também que os profissionais com idade entre 25 e 39 anos
apresentam maior impacto em todos os fatores da escala que o verificado naqueles
profissionais maiores de 40 anos. E ainda que os profissionais com menor tempo de
atuação nos serviços apresentam pontuações maiores no fator geral, fator 2 e fator 3,
quando comparados aos que possuem maior experiência.
A tabela 6 apresenta os valores descritivos de cada item da escala bem como as
subescalas.
Tabela 6: Análise descritiva da escala Impacto-BR e subescalas, Mossoró-RN, 2012.
Escala Impacto-BR Média Desvio padrão
Valores mínimos
Valores máximos
Fator 1 (Saúde física e mental ) 1,35 0,660
Aumento de queixas físicas 1,61 0,753 1 4
Aumento necessidade de procurar médico 1,29 0,608 1 4
Uso de mais medicação 1,25 0,686 1 5
Trabalho afetando a estabilidade emocional 1,40 0,739 1 4
Precisou ajuda profissional saúde mental 1,22 0,515 1 3
Fator 2 (Funcionamento da equipe) 1,62 0,847
Receio de ser agredido 2,17 0,892 1 4
Trabalho afetando o estado de saúde física 1,44 0,694 1 3
Afastamento por estresse 1,40 0,739 1 4
Presença de distúrbio do sono 1,41 0,883 1 5
Sentimento de ter outro tipo de emprego 1,62 1,040 1 5
Pensa em mudar de campo de trabalho 1,75 1,940 1 5
Fator 3 (Sentimento sobrecarregado) 1,60 0,775
Sentimento de frustração 1,64 0,902 1 5
Sentimento de sobrecarga 1,62 0,796 1 4
Sentimento de cansaço físico 2,17 0,943 1 5
Sentimento de depressão 1,13 0,426 1 3
Sentimento de estresse 1,41 0,708 1 4
Impacto geral 1,48 0,716
Trabalho interfere relacionamento familiar 1,06 0,234 1 2
Trabalho afetando a vida pessoal 1,13 0,501 1 4
27
Na análise descritiva da escala Impacto-BR observa-se um baixo efeito de
sobrecarga entre os profissionais pesquisados. O impacto geral foi de 1,48 (DP=0,716),
com valor máximo de 2,17. Entre os fatores, o Fator 2, que corresponde aos efeitos no
funcionamento da equipe, obteve maior índice: 1,62 .
Observando-se os valores de cada item da escala, verifica-se que o receio de ser
agredido por um paciente, o sentimento de cansaço físico, o sentimento de que ter outro
tipo de emprego o faria sentir-se mais saudável emocionalmente ou de mudar o campo
de trabalho são as que apresentam maiores pontuações.
A tabela 7 mostra as frequências das respostas de cada item da escala, agrupada
em três categorias: não sobrecarregado (valores 1 e 2), relativamente sobrecarregado
(valor 3) e sobrecarregado ( valores 4 e 5).
Tabela 7. Total e porcentagem de resposta para cada item da escala Impacto-BR de
forma agrupada, Mossoró- RN, 2012.
Itens da Escala Não sobrecarregado Relativamente Sobrecarregado
N % N % N %
1.Sentimento de frustação 67 77 19 21 1 1,1
2. Sentimento de sobrecarga 72 82,8 14 16,1 1 1,1
3. Receio de ser agredido 52 59,8 31 35,6 4 4,6
4.Trabalho afetando a saúde 77 88,5 10 11,5 ... ...
5. Aumento de queixas físicas 77 88,5 8 9,2 2 2,3
6. Aumento necessidade procurar médico 82 94,5 4 4,6 1 1,1
7. Uso de mais medicação 82 94,3 3 3,4 2 2,2
8. Sentimento de cansaço físico 55 63,2 26 29,9 6 6,8
9. Afastamento por estresse 83 95,4 4 4,6 1 1,1
10. Trabalho afetando emoções 76 87,4 10 11,5 1 1,1
11. Presença de distúrbio do sono 80 92 2 2,3 5 5,7
12. Sentimento de depressão 84 96,6 3 9,2 1 1,1
13. Sentimento de estresse 78 89,7 8 9,2 1 1,1
14. Precisou de ajuda de saúde mental 83 95,4 4 4,6 ... ...
15. Sentimento de ter outro emprego 69 79,3 12 13,8 6 6,8
16. Pensa em mudar campo de trabalho 67 77 15 7,2 5 5,7
17. Trabalho interfere na relação familiar 87 100 ... ... ... ...
18. Trabalho afeta a vida pessoal e social 83 95,4 3 3,4 1 1,1
Verificou-se que 100% dos participantes reconhecem que o trabalho não
interfere no seu relacionamento familiar e 95,4% admitem não interferência na sua vida
28
social e pessoal. Esse mesmo valor (95,4%) indica que os profissionais não precisaram
de ajuda de outro profissional de saúde mental, tampouco precisaram de se afastar do
trabalho por estresse. Além disso, 96,6% não se sentem deprimidos ao trabalhar com
essa clientela.
Apesar de os valores encontrados em cada subescala poderem ser considerados
de baixo impacto, a descrição dos itens isolados da escala revelam dados que merecem
atenção: 35,6% assumem que têm algum receio de ser fisicamente agredidos por um
paciente, enquanto 4,6% admitem sentir “muito” medo de serem agredidos; 29,9%
percebem alguuma sensação de cansaço físico ao fim do expediente enquanto 6,8%
reconhecem sentirem-se sobrecarregados em relação ao cansaço físico. Percentual
semelhante (6,8%) assinalou que se sentiria mais saudável emocionalmente caso tivesse
outro tipo de emprego, assim como 5,7% pensam em mudar o campo de trabalho.
Diante dos destes achados, detalharemos nas tabelas seguintes, esses tópicos que
receberam maiores pontuações, em relação ao local de trabalho pesquisado.
Tabela 8: Receio de ser agredido por um paciente relacionado à instituição
pesquisada, Mossoró - RN, 2012.
Receio de
ser agredido
Instituição
De forma
alguma Não muito
Mais ou
menos Muito Total
CAPS AD 5 6 7 1 19
CAPSII Antônio Herculano 5 6 5 1 17
UISAM 6 10 5 2 23
CAPS i 5 5 7 0 17
CAPSII Mariana Neumam 3 1 7 0 11
Total 24 28 31 4 87
Nota-se que, em todas as instituições pesquisadas, há algum profissional que
apresenta receio de ser agredido por algum paciente.
A tabela 9 retrata o receio do profissional de ser agredido em função do nível do
cargo exercido e do tempo de atuação nas instituições pesquisadas.
29
Tabela 9. Receio de ser agredido em relação ao nível do cargo exercido e ao tempo de
atuação nas instituições pesquisadas, Mossoró-RN, 2012.
Receio ser agredido
De forma
alguma Não muito
Mais ou
menos Muito Total
Nível
Superior 18 18 14 0 50
Médio/fund. 6 10 17 4 37
Tempo de atuação
Menos de seis anos 8 10 18 2 38
Seis anos ou mais 16 18 13 2 49
Nesse caso, observa-se que esse sentimento aparece em todos os níveis da
escala, nos cargos de nível médio/técnico/fundamental, ocupados pelos agentes
administrativos, recepcionistas e técnicos de enfermagem.
De acordo com a tabela, o receio de ser agredido surge com mais frequência nos
profissionais com menor tempo de atuação. Todavia, não desaparece ao longo da
experiência na área de saúde mental.
A tabela seguinte aborda o sentimento de cansaço físico em função da instituição
avaliada. Diferentemente do receio de ser agredido, o cansaço físico alcança até o maior
índice da escala, dependendo da instituição.
Tabela 10: Sentimento de cansaço físico relacionado à instituição pesquisada, Mossoró-
RN, 2012.
Cansaço físico
Instituição
De forma
alguma
Não
muito
Mais ou
menos Muito
Extrema
mente Total
CAPS AD 6 8 4 1 0 19
CAPSII Antônio Herculano 6 5 6 0 0 17
UISAM 6 12 2 3 0 23
CAPSi 4 4 7 1 1 17
CAPS II Mariana Neumam 2 2 7 0 0 11
Total 24 31 26 5 1 87
30
Já a tabela 11 evidencia a presença do cansaço físico em função do nível do
cargo ocupado.
Tabela 11. Presença de cansaço físico em relação ao nível do cargo ocupado. Mossoró-
RN, 2012.
Cansaço Físico De forma
alguma
Não
muito
Mais ou
menos Muito
Extrema
mente Total
Nível
Superior 15 18 14 3 0 50
Médio/fund. 9 13 12 2 1 37
Total 24 31 26 5 1 87
Conforme observado, as atividades exercidas geram algum grau de cansaço
físico. Entretanto, merece destacar que as funções exercidas pelos cargos de nível médio
receberam maior pontuação na escala.
Após análise descritiva e inferencial dos resultados encontrados, foi visto que
não houve diferenças estatisticamente significativas entre as características
sociodemográficas e funcionais e os valores da escala.
31
7. Discussão
A presente pesquisa buscou avaliar a sobrecarga sentida pelos profissionais de
saúde mental em função do seu trabalho diário com pessoas acometidas por transtornos
psiquiátricos. A percepção desses profissionais em relação à sua saúde física e
emocional, ao funcionamento da equipe e à sobrecarga geral revelou valores numéricos
que não apresentaram diferenças estatisticamente significativas.
Contudo, tais valores não podem ser descartados sem uma análise minuciosa,
tendo em vista tratar-se de uma pesquisa realizada com seres humanos que, no seu dia a
dia, trabalham com outros seres humanos em situação de vulnerabilidade emocional,
social e familiar. Além disso, esses números, ora sem relevância estatística, não podem
ser vistos de modo estanque, pois podem vir a sugerir o início de um processo de
adoecimento e de sobrecarga emocional.
Os resultados encontrados corroboram com resultados encontrados em outras
pesquisas realizadas anteriormente. Nesta pesquisa, a média para o Fator 1 foi de 1,35
(DP = 0,66), média semelhante à 1,32 (DP = 0,47) encontrada no estudo de Camilo et al
(2012), que avaliou a sobrecarga sentida pelos profissionais de uma equipe do interior
de Minas Gerais.
Quanto ao Fator 2, no estudo aqui apresentado, tem-se como resultado 1,62 (DP =
0,85). Resultado semelhante, 1,95 (DP = 0,83) e mediana de 1,67, foi verificado por
Santos et al (2011), em estudo que avaliou a sobrecarga entre profissionais de um
serviço de psiquiatria de Belém .
Em relação ao Fator 3, no presente estudo, foi encontrado o valor de 1,60
(DP=0,85) enquanto em outro estudo que avaliou a sobrecarga entre profissionais de um
município do interior do Rio Grande do Sul, realizado por Pelisoli et al (2007), o valor
apontado é de 1,64 (DP = 0,38).
No que tange à Escala Global, o valor desse fator corresponde a 1,48 (DP=0,72).
Valor aproximado foi encontrado por Leal et al (2012), 1,60 (DP = 0,26) em uma
pesquisa realizada entre os profissionais de um serviço no interior de Minas Gerais.
Condizente com um dos desafios da implementação da Reforma Psiquiátrica,
observa-se que, dentre as subescalas estudadas, tem-se uma maior pontuação naquela
que mede o impacto do trabalho no funcionamento da equipe.
32
De acordo com Sampaio et al (2011), o trabalho interdisciplinar surge como
consequência da complexidade do conhecimento, já que não há como um único
profissional deter todo o saber. Além disso, quando essa equipe consegue trabalhar de
modo integrado, esse tipo de organização das atribuições oferece novas direções para
antigos impasses frente à fragmentação do corpo coletivo do trabalho. Esses autores
ainda ressaltam que não é possível afirmar que o trabalho em equipe, na clínica
psicossocial, seja mais eficaz do que o trabalho individual. Todavia, destacam vantagens
ideológicas, teóricas e organizacionais. Do ponto de vista ideológico, impede a prática
onipotente e acrítica de um único saber face ao processo saúde/doença mental; quanto
ao teórico, expõe as teorias a competirem entre si, buscando aperfeiçoamento; quanto ao
aspecto organizacional, esse tipo de trabalho passa a ser uma imposição histórica diante
da mudança na assistência em saúde mental. Com isso, nessa nova forma de atuação,
pós-Reforma Psiquiátrica, os trabalhadores, além de se relacionarem entre si e com seus
gestores, precisam saber dialogar com os usuários e seus familiares, bem como com
outros equipamentos disponíveis na rede, na construção coletiva de um projeto
terapêutico. Daí pode-se destacar algumas contradições entre o que é proposto pela
Reforma Psiquiátrica e o que ocorre na prática.
Guimarães et al (2011) afirmam que os trabalhadores de saúde mental percebem
que não há prioridade orçamentária por parte da gestão pública em implantar uma rede
de serviços em saúde mental, refletindo nas estruturas das instituições já existentes e
nas condições de trabalho das equipes. Com isso, os trabalhadores reclamam dos
pequenos espaços físicos para o desenvolvimento de atividades, da escassez de
materiais e equipamentos, da carência de profissionais levando à constituição de equipes
pequenas e consequentemente à sobrecarga de trabalho, condições observadas nas
instituições pesquisadas neste estudo.
Soma-se a isso, segundo Vasconcellos (2010), o fato de a convivência entre os
diversos profissionais na Saúde Mental não ocorrer sem discordâncias, em virtude do
que cada disciplina compreende sobre a natureza das psicoses e das neuroses graves
além das práticas ou técnicas terapêuticas que consideram apropriadas para conduzir os
casos. Ressalta ainda que a tendência ao individualismo, a dificuldade em transferir
conhecimentos teóricos de cada saber para um trabalho coletivo, as representações dos
outros profissionais/saberes na forma de ameaça favorecem a não comunicação, o que
pode vir a alimentar os conflitos profissionais.
33
Dessa forma, chama atenção a predominância, no presente estudo, da assistência
individualizada em detrimento das atividades em grupo, mesmo quando a equipe do
CAPS é composta por profissionais de formação variada. Possivelmente, as instalações
físicas com salas pouco espaçosas ou em pequena quantidade e a disponibilidade de
recursos materiais, de lazer, esporte e cultura sejam escassas.
O instrumento usado na coleta de dados padroniza os tipos de atividades e apesar
de permitir um campo para que o profissional exponha outro tipo de atividade
desenvolvida, nota-se que a tendência foi expor atividades exercidas no próprio serviço.
Sobre isso, Nascimento e Galvanese (2009) lembram que os profissionais talvez não
reconheçam as atividades extramuros como trabalho ou não atribuem a essas atividades
o mesmo reconhecimento, o que acaba concentrando as atividades no interior da própria
instituição em detrimento das atividades que poderiam ser realizadas fora dela, seguindo
uma ótica de exploração do território.
Ademais, Silva e Costa (2003) salientam que os cursos de formação/graduação,
em sua maioria, ainda seguem o modelo biológico e medicamentoso e não estão
atualizados com outras práticas de assistência à saúde e com as novas exigências do
mercado profissional da área da saúde.
Amoretti (2005) considera o SUS como um dos maiores sistemas de saúde do
mundo, por garantir a todas as pessoas o acesso universal e gratuito, constituindo um
fator de democratização e distribuição equitativa dos recursos aplicados. Em
contrapartida, é urgente a qualificação dos profissionais de todas as áreas da saúde para
uma assistência integral, humanizada, desenvolvida em sintonia com as expectativas da
população. Portanto, essa formação de novos recursos humanos deve partir do interesse
conjunto de governantes, gestores, entidades representativas, instituições de ensino,
pesquisa e assistência, docentes, alunos, profissionais das áreas de saúde e usuários
desse sistema.
Martins (2003) discorre que, na prática de assistência à saúde, os padrões
conhecidos passam a ideia de maior segurança para os profissionais, enquanto novas
atitudes são mais difíceis de serem implantadas por não estarem prontas e dependerem
da construção de cada trabalhador, de cada equipe. Além disso, na formação dos
profissionais, deve-se considerar que a organização das práticas em saúde recebe
influências das representações sociais sobre saúde e doença, das politicas de saúde e dos
movimentos sociais.
34
Ainda sobre o funcionamento da equipe, é importante destacar que 43,7% dos
participantes desta pesquisa consideraram como “muito” interessante ter apoio de um
supervisor e 13,8% consideraram esse apoio como “extremamente” importante para
auxiliar a lidar melhor com o trabalho. Segundo, Santos e Cardoso (2010b), a
supervisão surge como uma estratégia suplementar que tende a favorecer uma melhor
utilização dos espaços formais de trocas de experiências nos serviços, não apenas
discutindo as questões técnicas, mas também contemplando discussões sobre o próprio
trabalho, sobre o estresse dos profissionais, sobre as dificuldades interpessoais e as
estratégias compartilhadas para situações estressoras. Seria, pois, um fator de proteção
contra o Burnout.
Apesar de não haver diferenças estatisticamente significativas entre as análises
realizadas, observa-se que, semelhantemente a estudos anteriores, quanto maiores a
idade e o tempo de atuação, menor o impacto emocional no trabalho, o que sugere que a
experiência aumenta a segurança nas decisões tomadas e a possibilidade de um maior
controle sobre as demandas de trabalho, diminuindo o estresse e a exaustão emocional.
(MARCO et al 2008).
Essa relação entre a idade e o tempo de atuação também foi destacada por Silva
e Costa (2003). Segundo esses autores, os trabalhadores mais recentes nesse campo de
trabalho sentem maiores insegurança, ansiedade e preocupação com os atendimentos
realizados. Por outro lado, apresentam maior disponibilidade para aprender sobre esse
novo modelo psicossocial. Enquanto isso, os tidos como mais experientes mostram-se
mais descrentes e insatisfeitos com os órgãos públicos e com as ações voltadas para a
área de saúde mental apesar de crerem nas propostas da Reforma Psiquiátrica. Com
isso, esses autores destacam a importância de capacitação dos profissionais até mesmo
com “informações básicas”, como a proposta da Reforma Psiquiátrica e as novas
formas de atendimentos, deixando esses profissionais em maior sintonia no que tange a
críticas, avaliações e objetivos comuns.
Sobre as condições de trabalho, a pesquisa mostrou que 12,6% trabalham em
dois ou mais serviços e a pontuação de sobrecarga desses indivíduos, na escala geral e
nas subescalas 1 e 2 é menor que a daqueles que trabalham em um único serviço.
Contrastando com esses resultados, Silva e Costa (2008) sinalizam que a baixa
remuneração e a dupla ou tripla jornada de trabalho dos profissionais demonstram o
quanto não são reconhecidos pela gestão, o que pode levar a uma desmotivação ou a
35
uma decepção com a sua atuação, tornando enfraquecido o vínculo do profissional com
a instituição.
Observa-se que 56,3% dos profissionais participantes deste estudo estão há seis
anos ou mais trabalhando nessa área e que 57,5% nunca pensaram em mudar de campo
de trabalho; 66,7% acreditam que ter outro tipo de emprego não os faria sentir-se mais
saudáveis emocionalmente e 82,8% afirmaram que nunca precisaram de ajuda de outro
profissional de saúde mental. Porém, isso não significa que não haja nenhum sofrimento
ou desgaste emocional, uma vez que, para os profissionais de saúde, o contato direto
com outros indivíduos doentes impõe necessariamente o contato com sua própria vida,
saúde e doença, com seus próprios conflitos. O manejo dessas situações dependerá de
recursos subjetivos, de mecanismos de defesa que permitam ter uma adequada
adaptação profissional. Todavia, esses mecanismos de defesa não podem ser tão rígidos
para não levar a uma inadequada adaptação profissional, acarretando padrões fixos de
atitudes e práticas diante dos usuários dos serviços, prejudicando assim a qualidade da
assistência (Brasília, 2001).
Além disso, um estudo qualitativo e comparativo realizado por Lambert e
Oliveira (1997), citado por Ramminger (2002), entre funcionários de hospitais gerais,
hospitais psiquiátricos e empresas de variadas atividades concluiu que os trabalhadores
de saúde mental apresentavam menor ansiedade do que os outros grupos pesquisados.
Os pesquisadores indicaram que esses trabalhadores, por lidarem diretamente com a
loucura, possuíam maior capacidade de repressão da sua própria ansiedade, o que
indicaria um importante mecanismo de defesa. Ramminger e Brito (2008) assinalam
que o trabalho em saúde mental, como atualmente é concebido, surge de um
“deslocamento” do hospital psiquiátrico para outros serviços da comunidade. Com isso,
entende-se que esse mecanismo de defesa, presente tanto nos hospitais psiquiátricos
quanto nos serviços comunitários, em certa medida, é necessário por permitir a
continuidade das atividades.
No entanto, vimos que, em todas as instituições pesquisadas, há algum
profissional que apresenta receio de ser agredido por algum paciente. Essa informação
surge também no trabalho realizado por Camilo et al(2012), no qual o receio de ser
agredido por um paciente e a sensação de cansaço físico obtiveram maior percentual
dentre os itens da escala.
Nesse caso, nota-se que esse sentimento é mais frequente nos cargos de nível
médio/técnico/fundamental. Fazem parte desses cargos os agentes administrativos,
36
recepcionistas e técnicos de enfermagem. Os agentes administrativos e recepcionistas
são geralmente aqueles profissionais que estão na chamada linha de frente do serviço,
ou ainda na porta de entrada, recebendo os usuários e seus familiares. São os
responsáveis em passar as primeiras informações, organizar a agenda e a marcação de
consultas dos profissionais, dentre outras atividades, lidando tanto com o público
externo quanto com os outros profissionais do serviço. Os técnicos de enfermagem, por
sua vez, dentre outras funções, acabam sendo os profissionais responsáveis por conter
os usuários mais agitados, por vezes ministrando alguma medicação. Tais circunstâncias
podem levar a uma maior sobrecarga entre esses profissionais e a uma maior sensação
de cansaço físico nessas categorias.
De acordo com os dados coletados, o receio de ser agredido surge com mais
frequência nos profissionais com menor tempo de atuação. Todavia, não desaparece ao
longo da experiência na área de saúde mental, indicando que possivelmente os
profissionais trabalhem num estado de alerta defensivo quanto a uma provável agressão
por parte dos usuários dos serviços.
Conforme apresentado, as atividades exercidas geram algum grau de cansaço
físico independentemente da jornada de trabalho, da quantidade de instituições onde
trabalham, da idade e do tempo de atuação. Entretanto, merece destacar que o CAPS i
recebeu pontuações em todos os níveis da escala. Uma possibilidade para essa situação
pode ser o público alvo desse serviço, pois, em saúde mental, quando uma criança é
acompanhada terapeuticamente, toda a família nuclear passa também a ser assistida,
ouvida, orientada e esclarecida, o que dispensa uma maior disponibilidade dos
profissionais envolvidos nesse tipo de assistência.
Apesar de o presente estudo ter trazido resultados coerentes com outras
pesquisas realizadas anteriormente em diferentes regiões do país, a generalização dos
dados obtidos para outras equipes merece cautela, uma vez que, dentre a população
estudada, os números das categorias de profissionais não eram idênticos, o que dificulta
comparações.
Contudo, esses fatos são reflexos da própria forma de organização dos serviços
em nível nacional, já que não há homogeneidade na estrutura dos serviços, na sua
política de gestão de recursos humanos e tampouco na constituição e na qualificação
dessas equipes. A Portaria 336/GM, que estabelece normas sobre o funcionamento dos
CAPS, ao tratar sobre a equipe técnica mínima necessária, regulamenta como
profissionais indispensáveis o médico e o enfermeiro para todos os tipos de CAPS.
37
Enquanto isso, os outros quatro profissionais de nível superior podem ser escolhidos
dentre as seguintes categorias: psicólogo, assistente social, pedagogo, terapeuta
ocupacional ou outro profissional necessário ao projeto terapêutico, como é o caso do
fonoaudiólogo no CAPS i e do educador físico em alguns serviços. Entre os seis
profissionais de nível médio, têm-se as seguintes possibilidades: técnico e/ou auxiliar de
enfermagem, técnico educacional, técnico administrativo e artesão. Logo, cada serviço
de saúde mental, em cada região do país, dependendo do cenário politico, dos
interesses, dos objetivos a que se destinam, possuindo certa flexibilidade no modo como
se organizam.
Nascimento e Galvanese (2009) chamam a atenção para o fato de os CAPS
ligados a uma mesma secretaria municipal de saúde apresentarem grande
heterogeneidade de organização e funcionamento, ou seja, destacam que encontraram
uma diversidade no que diz respeito às instalações físicas, aos serviços e à composição
das equipes, que também era heterogênea, havendo, em alguns casos, uma concentração
de determinados profissionais em um único serviço e outras equipes formadas por
diversas categorias profissionais.
Ainda sobre as limitações da pesquisa, há o fato de que, nos serviços de saúde
mental, existe uma dificuldade maior no que se refere ao processo de avaliação do
serviço, uma vez que aborda conceitos difíceis de serem mensurados, por receberem
influências de fatores políticos, culturais e sociais. (REBOUÇAS, 2008)
Guimarães et al (2011) apontam ainda que o trabalho em saúde é visto como
uma prática social e institucional e a percepção que o trabalhador tem é marcada por
conceitos subjetivos e intersubjetivos, de cuja análise a pesquisa quantitativa não dá
conta. Desse modo, os autores compreendem que a pesquisa qualitativa ofereceria
outras condições de análise por captarem os fenômenos sociais e suas relações,
considerando sua complexidade, riqueza e profundidade, enfatizando a experiência e a
subjetividade presentes no próprio contexto dos indivíduos envolvidos na pesquisa.
Portanto, não se pode concluir que essa nova assistência em Saúde Mental não tenha
suas deficiências no que se refere à percepção dos trabalhadores.
Silva e Costa (2003) destacam que os profissionais percebem que, para oferecer
uma boa assistência a outros, precisam estar bem consigo mesmos, principalmente
quando o caso demanda uma maior carga emocional ou quando o usuário não tem
aquela evolução esperada e/ou planejada pelo profissional. Além disso, as relações entre
38
o profissional e os colegas de trabalho, a baixa remuneração, a falta de reconhecimento
do trabalho desenvolvido também causam desmotivações e insatisfações.
Como exposto, os baixos índices de impacto encontrados neste estudo foram
similares aos encontrados em outros serviços com outros profissionais, contrariando a
hipótese sinalizada pelo presente estudo e o que seria esperado em consequência da
relação profissional prevista pela Reforma Psiquiátrica. Essa constatação permite
discutir se as práticas sugeridas pelo movimento da reforma são bem compreendidas
pelos profissionais. Percebe-se que os conceitos, os discursos da sociedade e dos
serviços de saúde sobre a “loucura” e o seu “tratamento” são politicamente corretos,
mas como ocorrem as mudanças de práticas? Os profissionais identificam-se com a
proposta? Por não terem acompanhado o processo histórico de mudança na assistência
ou não se apropriarem do tema com mais afinco, não acabam naturalmente por repetir
antigas práticas? Os serviços funcionam de forma integrada com outros equipamentos
do território? Há de fato uma reinserção dos usuários dos serviços de saúde mental em
outros contextos sociais? Enfim, são questionamentos que ultrapassam os objetivos da
presente investigação, mas cujas respostas contribuiriam para explicar melhor a
percepção dos profissionais envolvidos nesta e em outras pesquisas.
Sendo assim, recomendam-se novas investigações nessa temática a fim de
colaborar para a efetivação dos avanços propostos pela Reforma Psiquiátrica tanto no
que se refere à assistência aos sujeitos quanto à qualidade de vida no trabalho dos
profissionais envolvidos.
39
8. Considerações finais
São inegáveis os avanços ocorridos na qualidade e na humanização da
assistência em consequência da Reforma Psiquiátrica. Esse movimento retirou o foco da
doença e passou a enxergar o sujeito, retirando-o do isolamento e da exclusão
manicomial, levando-o a pertencer a uma comunidade, passando a ser sujeito atuante na
sociedade, ou seja, devolveu-lhe a cidadania e proporcionou-lhe uma posição ativa no
seu acompanhamento terapêutico.
Porém, a implantação e a consolidação da Reforma Psiquiátrica dependem de
muito esforço por parte de toda a sociedade, incluindo desde a participação constante de
usuários e familiares, até o interesse político em desenvolver mais estratégias que deem
suporte às instituições substitutivas dos hospitais psiquiátricos.
Dentre essas estratégias, é preciso investir, sobretudo, nos profissionais que
lidam diariamente com essa demanda, uma vez que estes são os principais recursos de
intervenção. Torna-se indispensável e urgente a execução de políticas que acompanhem
a saúde desses trabalhadores no sentido de auxiliá-los a encontrar alternativas para
desenvolver suas atividades sem prejuízo físico ou emocional, como também sem
adoção de mecanismos defensivos rígidos que venham a prejudicar o relacionamento
entre profissionais e usuários.
Quanto às condições de trabalho, é preciso que o poder público examine com
maior atenção a forma como esses profissionais são inseridos nos serviços de saúde, já
que os vínculos empregatícios são precários e não oferecem estabilidade, ficando os
profissionais, usuários e familiares submetidos aos interesses dos gestores municipais e
não aos interesses do que é orientado pela Reforma.
Há ainda a necessidade de capacitação e qualificação continuada, auxiliando a
formação técnica desses profissionais para atuarem no campo da saúde mental, evitando
assim atuações que vão de encontro às propostas reformadoras. Também é necessária
supervisão clínica e institucional para os serviços como um todo, dando suporte tanto
para os atendimentos realizados quanto para as relações interpessoais, contribuindo para
o trabalho e a superação das dificuldades encontradas. Além disso, os profissionais
necessitam, na sua atuação, fazer uma autocrítica sobre seu papel, seu saber e sua
prática, na busca da assistência idealizada pela proposta Antimanicomial.
40
Outro desafio é estabelecer efetivamente uma rede integrativa aos serviços
substitutivos, pois outros serviços existentes no território precisam estar articulados para
envolver toda a dimensão do cotidiano e da vida dos usuários.
O trabalho apresentado demonstrou que as relações interativas entre os
profissionais e os usuários não são as causas de maior impacto no trabalho, embora
tenha revelado sobrecarga em relação a aspectos pontuais, como receio de ser agredido
por um paciente e a sensação de cansaço físico ao fim do expediente. Todavia, a
generalização dos resultados merece cautela, tendo em vista as especificidades de cada
equipe de trabalho em cada instituição, sobretudo as diferenças regionais relacionadas
às estruturas físicas e organizacionais e da rede de assistência.
A abordagem de outros aspectos do cotidiano dessas instituições, sobretudo as
fontes de satisfação e insatisfação entre trabalhadores e usuários, os conflitos existentes
entre o que é preconizado e o que é possível ser feito só aumentam a possibilidade de
realmente haver uma sociedade sem manicômios e, sobretudo, sem o isolamento em
instituições especializadas.
41
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Anexo 1
ESCALA DE AVALIAÇÃO DO IMPACTO DO TRABALHO EM SERVIÇOS DE SAÚDE MENTAL (IMPACTO-BR)
CARGO/FUNÇÃO:___________________________________________________________ NOME DO SERVIÇO:_________________________________________________________ TIPO DE SERVIÇO:___________________________________________________________ UNIDADE DE TRATAMENTO (se aplicável):______________________________________ DATA |__|__|__|__|__|__|
I- Na primeira parte deste questionário, vamos lhe fazer algumas perguntas gerais sobre o seu
trabalho.
1. Quanto tempo você passa, por semana, com portadores de transtorno mental? Mais de 40h/semana Entre 31-40h/semana Entre 21-30h/semana Entre11-20h/semana Menos de 10h/semana 2. Qual é a sua principal atividade junto aos pacientes? Psicoterapia Individual Psicoterapia de Grupo Psicoterapia Familiar Terapia Farmacológica Atividades de Reabilitação Aconselhamento Cuidados Físicos de Saúde Cuidados Gerais Outro (especificar)______________ 3. Qual é o seu principal local de trabalho? Enfermaria Ambulatório Lares abrigados Hospital-dia Centro ocupacional Centro de reabilitação para o trabalho Serviço social Mais de um dos acima Outro (especificar)______________________
4. Qual é o seu horário de trabalho? Manhã Tarde Noite
II- As perguntas que vamos lhe fazer agora se referem às repercussões que podem ocorrer em sua vida cotidiana devido ao seu trabalho junto às pessoas portadoras de transtorno mental. Queira responder a todas as perguntas, sem exceção. Não há respostas certas ou erradas. Queira responder em função de sua percepção.
5. Quando você pensa nos resultados de seu trabalho com os portadores de transtorno mental, você se sente frustrado? De forma alguma Não muito Mais ou menos Muito Extremamente
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6. Você se sente sobrecarregado tendo que lidar com portadores de transtornos mentais todo o tempo? De forma alguma Não muito Mais ou menos Muito Extremamente
7. Você tem receio da possibilidade de ser fisicamente agredido por um paciente? De forma alguma Não muito Mais ou menos Muito Extremamente
8. De forma geral, até que ponto você diria que trabalhar no campo da Saúde Mental é satisfatório para você? De forma alguma Não muito Mais ou menos Muito Extremamente
9. Você acha que o seu trabalho com portadores de transtorno mental está afetando o seu estado geral de saúde física? De forma alguma Não muito Mais ou menos Muito Extremamente
10. Você está tendo mais problemas ou queixas físicas desde que começou a trabalhar no campo da Saúde Mental? De forma alguma Não muito Mais ou menos Muito Extremamente
11. Você sente necessidade de procurar médicos com mais frequência desde que começou a trabalhar no campo da Saúde Mental? De forma alguma Não muito Mais ou menos Muito Extremamente
12. Você toma mais medicações desde que está neste emprego? De forma alguma Não muito Mais ou menos Muito Extremamente
13. Você se sente fisicamente cansado quando termina de trabalhar? De forma alguma Não muito Mais ou menos Muito Extremamente
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14. Até que ponto seus períodos de afastamento por doença estão relacionados com períodos de estresse no trabalho? D De forma alguma Não muito Mais ou menos Muito Extremamente
15. Em geral, o contato com o portador de transtorno mental está afetando a sua estabilidade emocional? De forma alguma Não muito Mais ou menos Muito Extremamente
16. Você está tendo distúrbios de sono que você relacione com o trabalho? Nunca Raramente Mais ou menos Frequentemente Sempre
17. Você se sente deprimido por trabalhar com pessoas com problemas mentais? D De forma alguma Não muito Mais ou menos Muito Extremamente
18. Você se sente culpado quando não consegue ajudar os pacientes tanto quanto você acha que eles necessitam de ajuda? De forma alguma Não muito Mais ou menos Muito Extremamente
19. Você se sente estressado por causa do seu trabalho em Saúde Mental? De forma alguma Não muito Mais ou menos Muito Extremamente
20. Alguma vez você precisou procurar ajuda de um profissional de Saúde Mental por causa de problemas emocionais devido ao seu trabalho? Nunca Raramente Mais ou menos Frequentemente Sempre
21. Você acha que ter um apoio profissional (p.ex.: de um supervisor) no seu trabalho com portadores de transtornos mentais ajudaria você a lidar melhor com seu trabalho? De forma alguma Não muito Mais ou menos Muito Extremamente
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22. Você acha que outros profissionais de saúde enfrentam o mesmo nível de estresse relacionado aos seus trabalhos como você enfrenta em relação ao seu? Extremamente Muito Mais ou Menos Não Muito De alguma forma
23. Você algumas vezes sente que ter um outro tipo de emprego faria você se sentir mais saudável emocionalmente?
De forma alguma Não muito Mais ou menos Muito Extremamente
24. Você pensa em mudar de campo de trabalho? Nunca Raramente Mais ou menos Frequentemente Sempre
25. Em geral, você sente que trabalhar com portadores de transtorno mental impede você de ter relacionamentos mais com sua família? De forma alguma Não muito Mais ou menos Muito Extremamente
26. A atitude de sua família em relação aos portadores de transtorno mental ajuda você a continuar trabalhando nesse campo? Extremamente Muito Mais ou Menos Não Muito De alguma forma
27. Você pensa, às vezes, em como você se sentiria se tivesse um doente mental em sua família?
Nunca Raramente Mais ou menos Frequentemente Sempre
28. Você acha que seu contato com os portadores de transtorno mental está afetando pessoalmente sua vida social? De forma alguma Não muito Mais ou menos Muito Extremamente
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III- Para terminar, nós vamos lhe fazer algumas perguntas de informação geral.
29. Quantos anos você tem? |__|__|
30. Sexo: Masculino Feminino
31. Qual é o seu estado civil atualmente: Solteiro Casado ou vive com o companheiro Separado Divorciado Viúvo(a) Outro (especificar)________________
32. Qual foi o último nível de escolaridade que você concluiu? Sem escolaridade Ensino Fundamental (1°grau) Ensino médio (2o.grau) Curso Técnico Universidade Pós Graduação Outro (especificar)______________
33. Qual é a sua profissão? Psiquiatra Psicólogo Assistente social Médico Geral Enfermeiro Psiquiátrico Terapeuta Ocupacional Outro (especificar)______________
34. Há quanto tempo você trabalha em Saúde Mental: Mais de 10 anos Entre 6-10 anos Entre 1 - < 6 anos Menos de 1 ano
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Apêndice 1
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Este é um convite para você participar da pesquisa “Impacto do Trabalho em
Profissionais de Saúde Mental”, realizada pela pesquisadora Glaudênia Alves de
Moura, psicóloga, mestranda do curso de Saúde Coletiva da UFRN.
Sua participação é voluntária, o que significa que você poderá desistir a qualquer
momento, retirando seu consentimento, sem que isso lhe traga qualquer prejuízo ou
penalidade.
Essa pesquisa procura avaliar a sobrecarga sentida pelos profissionais de saúde,
em virtude do trabalho diário com pessoas que apresentam distúrbios psiquiátricos Caso
decida aceitar o convite, você será submetido (a) ao seguinte procedimento: responder
individualmente um questionário autoaplicado, composto por perguntas objetivas
relacionadas ao seu cotidiano profissional.
Os riscos envolvidos com sua participação são mínimos, podendo surgir algum
desconforto em função do processo de autoavaliação e reflexão sobre sua rotina como
profissional. Para diminuir qualquer sensação desconfortante, ressalta-se que a pesquisa
não tem objetivo de retaliação ou de julgamento do seu ser, saber ou fazer. Logo, não se
trata de uma avaliação profissional e/ ou pessoal. Não há respostas consideradas certas
tampouco erradas. Suas respostas fornecerão informações que podem subsidiar o
planejamento e a execução de intervenções que possam melhorar a qualidade de vida
dos trabalhadores da área de saúde mental além de contribuir para a melhoria dos
serviços prestados às pessoas com transtornos psiquiátricos.
Ademais, ao término da pesquisa, sugerimos a realização de atividades que
fortaleçam sentimentos de equipe, defesas pessoais em relação ao nível de estresses,
como forma de beneficio aos participantes do estudo.
Todas as informações obtidas serão sigilosas e seu nome não será identificado
em nenhum momento. Os dados serão guardados em local seguro e a divulgação dos
resultados será feita de forma a não identificar os participantes voluntários.
Não haverá gastos na sua participação.
Em qualquer momento, se você sofrer algum dano físico, material ou emocional
comprovadamente decorrente desta pesquisa, você terá direito à indenização. O valor
deverá ser calculado a partir de processo legal. Para tal, é necessário entrar em contato
com a pesquisadora
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Você ficará com uma cópia deste Termo e toda a dúvida que você tiver a
respeito desta pesquisa poderá perguntar diretamente para a responsável: Glaudênia
Alves de Moura. Rua Padre Cícero Nº69 Alto de São Manoel CEP. 59.628-220
Mossoró RN. Fone: (084)-9945-7326
Dúvidas a respeito da ética desta pesquisa poderão ser questionadas ao Comitê
de Ética em Pesquisa da UFRN, no endereço: Praça do Campus Universitário, Lagoa
Nova. Caixa Postal 1666, CEP: 59.072-970. Natal /RN. Fone/Fax: (084)3215-3135
Consentimento Livre e Esclarecido
Declaro que compreendi os objetivos desta pesquisa, como ela será realizada,
os riscos e benefícios envolvidos e concordo em participar voluntariamente da pesquisa:
“Avaliação do Impacto do Trabalho entre Profissionais da Rede de Saúde Mental do
Município de Mossoró-RN”.
______________________________
Participante da pesquisa:
Espaço para digital
_______________________________________________________
Pesquisador responsável