impacto do programa saÚde da famÍlia no...

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558 IMPACTO DO PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA NO ATENDIMENTO HOSPITALAR PÚBLICO: ANÁLISE DE UM CASO Valdecir dos Santos da Silva Rego 1 (Uni-FACEF) Orient.: Drª Patrícia do Socorro Magalhães Franco do Espírito Santo 2 (Uni-FACEF) INTRODUÇÃO O presente trabalho refere-se a um estudo de caso realizado no município de Ituverava, interior de São Paulo tendo como objeto o Programa Saúde da Família (PSF). Neste estudo considera-se incluso ao PSF o Programa de Agentes Comunitários de Saúde, uma vez que a inter-relação e interação existente entre eles não permite uma separação sem que ocorra o comprometimento do estudo. O PSF é apontado como uma forma de se prestar assistência à saúde de forma rápida, eficiente e humanizada, rompendo com os paradigmas anteriormente estabelecidos. O mesmo foi concebido como uma nova forma de prestar a assistência em saúde à população, presente atualmente na quase totalidade dos municípios brasileiros, onde surge como mecanismo de prestação, atenção e educação à saúde. Com o lapso temporal já decorrido desde sua implantação, é possível uma análise de vários elementos, entre eles, se o mesmo é capaz de interferir e, de que forma e em qual intensidade na rede hospitalar pública. Este estudo foi realizado a partir de subsídios obtidos por meio da análise documental, centrada nos parâmetros federais que instituíram o programa, confrontando-os com as práticas adotadas no município de Ituverava-SP, no período decorrido entre os anos de 2000 a 2007. 1 -Mestrando no Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional do Centro Universitário de Franca (Uni- FACEF). Membro do GEDE/CNPq –Grupo de Estudos de Desenvolvimento 2 -Docente do Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional do Centro Universitário de Franca (Uni- FACEF). Membro do GEDE/CNPq –Grupo de Estudos de Desenvolvimento

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558

IMPACTO DO PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA NO ATENDIMENTO

HOSPITALAR PÚBLICO: ANÁLISE DE UM CASO

Valdecir dos Santos da Silva Rego1 (Uni-FACEF) Orient.: Drª Patrícia do Socorro Magalhães Franco do Espírito Santo2 (Uni-FACEF)

INTRODUÇÃO

O presente trabalho refere-se a um estudo de caso realizado no município de

Ituverava, interior de São Paulo tendo como objeto o Programa Saúde da Família

(PSF). Neste estudo considera-se incluso ao PSF o Programa de Agentes

Comunitários de Saúde, uma vez que a inter-relação e interação existente entre eles

não permite uma separação sem que ocorra o comprometimento do estudo.

O PSF é apontado como uma forma de se prestar assistência à saúde de

forma rápida, eficiente e humanizada, rompendo com os paradigmas anteriormente

estabelecidos. O mesmo foi concebido como uma nova forma de prestar a

assistência em saúde à população, presente atualmente na quase totalidade dos

municípios brasileiros, onde surge como mecanismo de prestação, atenção e

educação à saúde.

Com o lapso temporal já decorrido desde sua implantação, é possível uma

análise de vários elementos, entre eles, se o mesmo é capaz de interferir e, de que

forma e em qual intensidade na rede hospitalar pública.

Este estudo foi realizado a partir de subsídios obtidos por meio da análise

documental, centrada nos parâmetros federais que instituíram o programa,

confrontando-os com as práticas adotadas no município de Ituverava-SP, no período

decorrido entre os anos de 2000 a 2007.

1 -Mestrando no Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional do Centro Universitário de Franca (Uni-FACEF). Membro do GEDE/CNPq –Grupo de Estudos de Desenvolvimento 2 -Docente do Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional do Centro Universitário de Franca (Uni-FACEF). Membro do GEDE/CNPq –Grupo de Estudos de Desenvolvimento

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Breves referências históricas

O PSF está inserido dentro do conceito de atenção básica à saúde, de

âmbito federal, que teve início em 1994, e, conforme define o Ministério da Saúde é

elemento essencial... ... para a reorientação do modelo de atenção, tem possibilitado a identificação de um conjunto de questões relativas às bases conceituais e operacionais do que se tem denominado "Atenção Básica à Saúde" no Brasil... A expansão e a qualificação da atenção básica, organizadas pela estratégia Saúde da Família, compõem parte do conjunto de prioridades políticas apresentadas pelo Ministério da Saúde e aprovadas pelo Conselho Nacional de Saúde. Seu desafio é o de ampliar suas fronteiras de atuação visando uma maior resolubilidade da atenção, onde a Saúde da Família é compreendida como a estratégia principal para mudança deste modelo, que deverá sempre se integrar a todo o contexto de reorganização do sistema de saúde. (www.saude.gov.br em 15/09/2008)

Conforme apresentado acima, o PSF dada suas particularidades, em

especial, a humanização do atendimento e o deslocamento deste até o usuário,

apresenta dois elementos que marcam de forma positiva seu método de ação,

sendo, as equipes de saúde e os agentes comunitários de saúde (ACS). A equipe

deve ser composta por no mínimo um médico de família, um enfermeiro, um auxiliar

de enfermagem e seis agentes comunitários de saúde. Quando ampliada, conta

ainda com: um dentista, um auxiliar de consultório dentário e um técnico em higiene

dental.

Dada a importância das equipes de saúde, visando padronizar o atendimento

e, também, a remuneração, o Ministério da Saúde (www.saude.gov.br em 15/09/2008)

definiu as mais importantes regras que norteiam o procedimento das mesmas, sendo

que cada equipe deve responsabilizar-se pelo acompanhamento de cerca de 3 mil a

4 mil e 500 pessoas ou de mil famílias de uma determinada área, sendo que sua

atuação ocorre principalmente nas unidades básicas de saúde (UBS), nas

residências e na mobilização da comunidade, caracterizando-se como porta de

entrada do sistema público de saúde.

No que se refere aos ACSs podendo ser encontrados em duas situações

distintas: ligados a uma unidade básica de saúde ainda não organizada na lógica da

Saúde da Família ou ligados a uma unidade básica de Saúde da Família como

membro da equipe multiprofissional.

560

Portanto vemos que o Ministério da Saúde, considerando a importância e

relevância dos serviços prestados por estes dois grupos, definiu seus parâmetros de

trabalho, vocação e responsabilidades, razão pela qual não incorre em erro atribuir

aos mesmos a árdua tarefa de, além de prestar serviços próprios da área de saúde,

promover a educação ou re-educação dos atendidos, promovendo não apenas a

cura da doença física (em toda sua amplitude), mas, também, daquelas provocadas

pela exclusão social, pela falta de humanização e desprezo, que comumente

ocorriam quando do atendimento fora do programa em estudo.

O PSF, de abrangência federal, deve ser entendido como uma estratégia de

reorientação do modelo assistencial, devendo atuar em ações de promoção da

saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais freqüentes,

e na manutenção da saúde da comunidade.

Desafios Institucionais

O Ministério da Saúde especifica e disponibiliza em seu sítio na internet

(http://dtr2004.saude.gov.br/dab/atencaobasica.php) os desafios institucionais para

expandir e qualificar a atenção básica no contexto brasileiro destacando entre outros

a expansão e estruturação de uma rede unidades básicas de saúde que permitam a

atuação das equipes na proposta da saúde da família.

Cumpre ressaltar que os objetivos propostos pelo Ministério apontam para um

total rompimento com o atendimento anteriormente prestado adotando-se a postura

de humanização do atendimento, contínua evolução dos procedimentos, melhor

distribuição de funções e mecanismos de financiamento.

Percebe-se que o atendimento à saúde atinge um status de “política”

entendendo-se esta como o conjunto de ações adotadas em todas as esferas

administrativas, independentes e harmônicas entre si, com o único objetivo de

prestar serviços de saúde.

Para tanto, são distribuídas às unidades gestoras suas responsabilidades,

sendo que compete à União: elaborar as diretrizes da política nacional de atenção

básica; co-financiar o sistema de atenção básica; ordenar a formação de recursos

humanos; propor mecanismos para a programação, controle, regulação e avaliação

da atenção básica; manter as bases de dados nacionais.

No que se refere à competência dos Estados: acompanhar a implantação e

execução das ações de atenção básica em seu território; regular as relações

561

intermunicipais; coordenar a execução das políticas de qualificação de recursos

humanos em seu território; co-financiar as ações de atenção básica; auxiliar na

execução das estratégias de avaliação da atenção básica em seu território.

E quanto aos Municípios compete: definir e implantar o modelo de atenção

básica em seu território; contratualizar o trabalho em atenção básica; manter a rede

de unidades básicas de saúde em funcionamento (gestão e gerência); co-financiar

as ações de atenção básica; alimentar os sistemas de informações; avaliar o

desempenho das equipes de atenção básica sob sua supervisão.

Analisando as competências acima, observamos que a União, de forma

global, é quem elabora as diretrizes, ou seja, os parâmetros a serem observados são

ditados pela mesma, mas, é outorgada aos Estados a competência para

acompanhar a implantação e a execução das políticas.

Em virtude desta descentralização, a União consegue controlar, por meio dos

Estados, que cada um, dentro de seus limites territoriais, promova o cumprimento

das diretrizes ora fixadas.

Aos municípios, por sua vez, cabe, a implantação da política ora definida,

sendo ao mesmo resguardada a faculdade de estabelecer o modelo que melhor se

adéqüe a suas necessidades, sem com isso se eximir do cumprimento das

diretrizes.

Esta descentralização representa um avanço, pois, com isto, evita-se que

sejam consumidos recursos financeiros, incluindo-se nestes os gastos com pessoal,

em ações desnecessárias em municípios de menor densidade populacional, ou

ineficazes frente à grande demanda.

Outra característica da gestão é a co-responsabilidade quanto ao

financiamento das ações de atenção básica. As despesas decorrentes da

implantação e execução do programa são de responsabilidade comum da União,

Estado e Município, e desta forma, o município poderá contribuir com o

deslocamento de recursos financeiros, pessoal ou próprios públicos para a finalidade

de desenvolver as atividades inerentes ao projeto.

Quanto aos recursos humanos, compete a União a formação dos mesmos,

enquanto que ao Estado, compete a tarefa de qualificá-los e ao município a de

contratualizar, ou seja, toda a rede de saúde, no que tange a recursos humanos

trabalhará em perfeita sintonia sendo que, as duas primeiras proporcionarão à última

562

elementos suficientes para a contratação dos profissionais necessários, quanto à

formação, e este, por sua vez, a efetivará conforme sua necessidade.

O programa em estudo, uma vez implantado em um país de dimensões

continentais como o Brasil, requer mecanismos de controle que promovam o

acompanhamento de sua eficácia, deficiências, particularidades, etc..

Com este objetivo, compete a União propor mecanismos para a programação,

controle, regulação e avaliação sendo que a participação dos Estados consiste em

auxiliar a execução das estratégias de avaliação a serem utilizadas e, por último, ao

município cabe alimentar o sistema de informações.

De forma exclusiva, compete a União manter as bases de dados nacionais,

enquanto que, privativamente compete ao Estado regular as relações

intermunicipais.

As relações intermunicipais apresentam uma conotação muito relevante, pois,

em algumas regiões a existência de municípios não mais possui limites geográficos

definidos, configurando-se a denominada “conurbação”, ficando a população em

uma imaginária linha limítrofe diante da qual poderá optar pelo atendimento em

qualquer dos dois municípios.

Implicação prática é a destinação de investimento nestas áreas uma vez que,

dadas as características de cada gestor municipal, nem sempre é possível a mesma

qualidade de atendimento nos municípios então vizinho-confrontantes.

Neste sentido a atuação do Estado se faz imprescindível, pois é ele que,

valendo-se de suas prerrogativas poderá, e deverá ajustar o procedimento que

melhor atenda aos anseios dos gestores tendo em mente que, antes de tudo, deverá

ser considerada a população para a qual o programa está sendo implementado.

Ao município compete, exclusivamente, manter em funcionamento as UBSs

bem como promover a avaliação do desempenho de suas equipes de atenção

básica.

Tais atividades serão exercidas poder municipal, ou seja, pelo executivo,

responsável direto pela gestão; pelo legislativo que, pelos vereadores representam e

externam a vontade popular e pelo judiciário, quando a esse é levada denúncia de

irregularidades, tudo com fulcro na constituição federal.

O PSF no município de Ituverava

563

Ituverava aderiu ao programa de forma gradativa, contando hoje com a

seguinte gama de serviços colocados à disposição da população: neurologia,

otorrinolaringologia, oftalmologia, endocrinologia, cardiologia, pneumologia,

gastroenterologia, proctologia, urologia, nefrologia, ortopedia, dermatologia,

psiquiatria, infectologia, psicologia, fonoaudiologia, enfermagem, assistente social e

educadora em saúde.

Além das especialidades acima relacionadas, o município conta, ainda, entre

outros, com a seguinte estrutura de atendimento, oferecida sob o controle deste de

forma direta ou indireta: laboratório clínico, ultra-sonografia, eletrocardiografia,

eletroencefalografia, radiografia geral, tomografia computadorizada, endoscopia,

ecodopplercardiografia, holter, esteira ergométrica, fisioterapia, litotripsia.

O quadro 1 demonstra a estrutura do atendimento à saúde no município,

apresentando sua distribuição por toda sua área, englobando, não apenas o PSF,

mas também os demais mecanismos que atuam em conjunto com o mesmo como,

por exemplo, a vigilância sanitária.

Analisando o quadro mister se faz esclarecer que Aparecida do Salto, é um

bairro rural, distante 30 quilômetros da sede do município e São Benedito da

Cachoeirinha e Capivari da Mata são dois distritos, distantes, respectivamente, 13 e

26 quilômetros da sede do município.

Outro fator que merece destaque são as cidades de maior porte, que

representam maiores recursos quanto ao atendimento em saúde, sendo, a cidade de

Franca-SP, distante 70 quilômetros, Barretos-SP, distante 65 quilômetros e Ribeirão

Preto-SP, distante 100 quilômetros. Estes municípios oferecem à população a

garantia de serviços de alta complexidade ainda não disponíveis em Ituverava.

Quadro 1 – Demonstrativo da Estrutura do Sistema de Saúde

Municipal

564

SECRETARIA MUNICIPAL DA SAÚDE DE ITUVERAVA

USFAP.DO SALTO

USFSÃO BENEDITO

USFCAPIVARIDA MATA

USFPQ ESPORTESVL S.JORGE

USFJARDIM

INDEPENDENCIA

USFGUANABARA

USFCOHAB

USFBENEDITOTRAJANO

USFESTAÇÃO

LABORATÓRIO

PRONTO SOCORRO

FRANCA

RIBEIRÃO PRETO

BARRETOS

OUTROS

VIGILANCIAEPIDEMIOLOGICAVIGILANCIAAMBIENTAL

VIGILANCIASANITÁRIASAÚDE DOTRABALHADOR

VIGILANCIAEM SAÚDE

SANTACASA

NGAAMBULATÓRIODE REFERENCIA

CENTRO DE SAÚDECENTRAL

CENTROODONTOLÓGICO

Elaborado pela Sec. Mun. Saúde de Ituverava

DA PRODUÇÃO NA ÁREA DA SAÚDE

Para este estudo serão selecionados alguns procedimentos da área da saúde

executados pelo município, por meio de estrutura física e profissional própria que,

posteriormente, terão seu impacto na rede hospitalar pública analisado.

A tabela a seguir demonstra a evolução de consultas médicas domiciliares, a

partir do ano de 2000 até o ano de 2007.

Tabela 1 – Número de Consultas Médicas Domicilia r das Equipes

do PSF DE 2000 A 2007.

565

2000 20022001 2003 2004 2005 2006 2007

FONTE: WWW.DATASUS.GOV.BRMINISTÉRIO DA SAÚDE

Elaborado pela Sec. Mun. Saúde de Ituverava

A tabela acima demonstra o número de consultas realizadas por médicos, em

domicilio, mas, além dos médicos, os enfermeiros também realizavam consultas

que, da mesma forma, contribuíram para as mudanças acima observadas.

É importante salientarmos que o número de consultas ocorreu em virtude,

também, da ampliação das especialidades oferecidas à população, como resultado

do incremento do programa no município.

O atendimento domiciliar promoveu uma mudança no comportamento do

enfermo bem como de seus familiares. Quando do atendimento, além do mesmo, a

família ou os responsáveis pelo enfermo recebem orientação sobre os cuidados

médicos, higiene, etc..

Observou-se que o fato do enfermo receber tratamento em sua residência

facilitou a vida do mesmo e de seus familiares. Era comum o enfermo deixar de

comparecer aos retornos e/ou para fazer “curativos” uma vez que não dispunha de

veículos ou mesmo pessoa para acompanhá-lo.

Neste sentido, ocorreu a humanização do tratamento, aumentando sua

eficácia e contribuindo para uma mudança de conduta de todos os entes envolvidos

com o paciente frente sua doença.

Os atendimentos realizados em domicílio, pelos enfermeiros, sofreram a

seguinte alteração, durante o período de 2000 a 2007 conforme tabela abaixo

apresentada.

566

Tabela 2 – Número de Consultas Realizadas por En fermeiros nas

Unidades de Saúde (PSF) de 2000 a 2007

0

1.000

2.000

3.000

4.000

5.000

6.000

7.000

8.000

1 2 3 4 5 6 7 8

160485

714 867

2.094 1.990

4.871

7.133

2000 20022001 2003 2004 2005 2006 2007

FONTE: WWW.DATASUS.GOV.BRMINISTÉRIO DA SAÚDE

Elaborado pela Sec. Mun. Saúde de Ituverava

Os enfermeiros que servem ao PSF atendem, também, nas unidades do programa

saúde da família, ou como são conhecidas, no “posto de saúde da família”.

Da mesma forma que os demais serviços colocados à disposição da

população no presente programa, este atendimento também sofreu acentuado

aumento, conforme prova a tabela a seguir, que retrata o atendimento prestado nos

anos de 2000 a 2007.

Tabela 3 – Número de Visitas Domiciliares realiz adas pelos ACSs

de 2000 a 2007.

567

0

10.000

20.000

30.000

40.000

50.000

60.000

70.000

80.000

90.000

100.000

1 2 3 4 5 6 7 8

12.293

26.092 25.969 27.420 27.378

35.983

60.965

94.608

2000 20022001 2003 2004 2005 2006 2007

FONTE: WWW.DATASUS.GOV.BRMINISTÉRIO DA SAÚDE

Elaborado pela Sec. Mun. Saúde de Ituverava

Da mesma forma, completando o atendimento prestado em domicilio, temos

as visitas domiciliares realizadas pelos ACSs.

O PSF dada suas particularidades, em especial, a humanização do

atendimento e o deslocamento deste até o usuário, apresenta dois elementos que

marcam de forma positiva seu método de ação, sendo, as equipes de saúde e os

agentes comunitários de saúde.

De acordo com o Ministério da Saúde

... O trabalho de equipes da Saúde da Família é o elemento-chave para a busca permanente de comunicação e troca de experiências e conhecimentos entre os integrantes da equipe e desses com o saber popular do Agente Comunitário de Saúde. As equipes são compostas, no mínimo, por um médico de família, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e 6 agentes comunitários de saúde. Quando ampliada, conta ainda com: um dentista, um auxiliar de consultório dentário e um técnico em higiene dental (www.saude.gov.br em 15/09/2008).

O Programa de Agentes Comunitários de Saúde, que hoje é considerado

parte do Programa Saúde da Família, pode ser encontrados em duas situações

distintas, conforme se extrai do sitio do Ministério da Fazenda, ou seja, ligados a

uma unidade básica de saúde ainda não organizada na lógica da Saúde da Família

ou ligados a uma unidade básica de Saúde da Família como membro da equipe

multiprofissional.

Portanto vemos que o Ministério da Saúde, considerando a importância

e relevância dos serviços prestados por estes dois grupos, definiu seus parâmetros

de trabalho, vocação e responsabilidades, razão pela qual não incorre em erro

atribuir aos mesmos a árdua tarefa de, além de prestar serviços próprios da área de

568

saúde, promover a educação ou re-educação dos atendidos, promovendo não

apenas a cura da doença física (em toda sua amplitude), mas, também, daquelas

provocadas pela exclusão social, pela falta de humanização e desprezo, que

comumente ocorriam quando do atendimento fora do programa em estudo.

Tabela 4 – Número de Consultas Domiciliares Realiza das por

Enfermeiros do PSF de 2000 a 2007

2000 20022001 2003 2004 2005 2006 2007

FONTE: WWW.DATASUS.GOV.BRMINISTÉRIO DA SAÚDE

Elaborado pela Sec. Mun. Saúde de Ituverava

Da tabela constatamos um aumento de mais de 110% (cento e dez por cento)

do número de atendimentos comparando-se o ano de 2004 e o de 2007, o que

comprova a afirmação de que o programa em estudo encontrou período de avanço e

consolidação a partir do ano de 2005.

IMPACTO DO PROGRAMA NO ATENDIMENTO HOSPITALAR

PÚBLICO

Conforme já mencionado anteriormente, o PSF promove inúmeros benefícios

ao sistema de saúde público. uma vez que vários atendimentos são realizados em

domicilio, o doente, nestes casos, não precisa se deslocar até o hospital público

para, por exemplo, fazer um curativo.

569

Os benefícios ocorrem de ambas as partes, pois, se de um lado o doente não

precisa se deslocar e tem o risco de contrair uma contaminação hospitalar anulado,

e também não precisa mobilizar familiar ou amigo para levá-lo, não tem despesa

com transporte, por outro, a rede pública se beneficia com o fato de não ter que

mobilizar seu pessoal para promover tal atividade.

Além deste fato, sempre que possível e/ou necessário, quando do

atendimento, os profissionais promovem a orientação do enfermo e de seus

familiares, repassando ensinamentos sobre saúde, higiene e limpeza, promovendo,

assim, um novo conceito de vida e moradia.

Os dados apontados a seguir comprovam a redução da utilização do sistema

de saúde público como conseqüência dos procedimentos inerentes ao Programa de

Saúde da Família.

O primeiro item analisado diz respeito ao número de internações por infecção

respiratória aguda, no período de 2000 a 2007, em crianças menores de cinco anos

de idade.

Tabela 5 – Número de Internações por Infecção Re spiratória

Aguda em Crianças Menores de Cinco Anos de Idade de 2000 a 2007.

TAXA DE INTERNAÇÃO / 1.000 HABITANTES

2000 20022001 2003 2004 2005 2006 2007

FONTE: WWW.DATASUS.GOV.BRMINISTÉRIO DA SAÚDE

Elaborado pela Sec. Mun. Saúde de Ituverava

570

A queda das internações por infecção respiratória aguda se deve, em parte,

pelo trabalho desenvolvido pelo programa em estudo. O mesmo, ao acompanhar as

crianças desde o seu nascimento, orienta os pais/responsáveis quanto às medidas

de puericultura imprescindíveis para o desenvolvimento da mesma.

Aliado a isso, o desenvolvimento das crianças é acompanhado e todas as

intercorrências são levadas, de imediato, ao conhecimento do médico que promove

seu saneamento.

Veremos, em seguida, a tabela que demonstra o número de internações de

crianças, menores de cinco anos de idade, por doença diarréia, período de 2000 a

2007.

Tabela 6 – Número de Internações por Doença Diar réia em

Crianças Menores de Cinco Anos de Idade de 2000 a 2 007.

2000 20022001 2003 2004 2005 2006 2007

TAXA DE INTERNAÇÃO / 1.000 HABITANTES

FONTE: WWW.DATASUS.GOV.BRMINISTÉRIO DA SAÚDE

Elaborado pela Sec. Mun. Saúde de Ituverava

A doença “diarréia”, da mesma forma como a infecção anteriormente relatada

também é alvo dos integrantes do programa.

571

Higiene, cuidados com as crianças (desde seu nascimento) incluindo

alimentação e estímulos são ensinados à mãe, antes mesmo do nascimento e,

havendo necessidade, o serviço social local é chamado para amparar àquela nova

família que vai receber o bebê.

Medidas simples como ensinar o soro caseiro, a busca de orientação médica

imediatamente após os primeiros sintomas são orientações que promovem a

redução do índice de internação.

A próxima tabela apresenta o número de internações por insuficiência

cardíaca em adultos, maiores de 40 anos de idade.

Tabela 7 – Número de Internações por Insuficiênc ia Cardíaca em

Adultos (Maiores de 40 anos de idade) de 2000 a 200 7.

2000 20022001 2003 2004 2005 2006 2007

TAXA DE INTERNAÇÃO / 10.000 HABITANTES

FONTE: WWW.DATASUS.GOV.BRMINISTÉRIO DA SAÚDE

Elaborado pela Sec. Mun. Saúde de Ituverava

A insuficiência cardíaca apresentou queda uma vez que existe no PSF uma

atenção especial aos portadores de hipertensão arterial. Além dos cuidados

médicos, os pacientes são orientados quanto à alimentação, controle de peso,

pressão e demais hábitos de vida saudável.

A conseqüência é a queda de ocorrência de internação por insuficiência

cardíaca em adultos.

572

No que se refere a diabetes, doença que apresenta grande crescimento na

atualidade, é tema do próximo gráfico que mostra o número de internações por

diabetes mellitus em adultos, nos anos de 2000 ao ano de 2007.

Da mesma forma que a insuficiência cardíaca, a diabetes recebe atenção

especial do Programa.

Os portadores de diabetes são orientados para melhor conviverem com a

doença recebendo, além da orientação, medicamentos e equipamentos para

controle, quando necessário.

O resultado é a queda das internações o que reflete que os portadores de

diabetes estão assimilando os conhecimentos repassados, colocando-os em prática

e, assim, tendo uma vida melhor.

Tabela 8 – Número de Internações por Diabetes Me llitus em

Adultos de 2000 a 2007

2000 20022001 2003 2004 2005 2006 2007

TAXA DE INTERNAÇÃO / 10.000 HABITANTES

FONTE: WWW.DATASUS.GOV.BRMINISTÉRIO DA SAÚDE

Elaborado pela Sec. Mun. Saúde de Ituverava

As internações de adultos por crises hipertensivas e encefalopatia são

apresentadas no gráfico abaixo, que retrata o período de 2000 a 2007.

Tabela 9 - Número de Internações por Crises Hipe rtensivas e

Encefalopatia em Adultos de 2000 a 2007

573

2000 20022001 2003 2004 2005 2006 2007

TAXA DE INTERNAÇÃO / 10.000 HABITANTES

FONTE: WWW.DATASUS.GOV.BRMINISTÉRIO DA SAÚDE

Elaborado pela Sec. Mun. Saúde de Ituverava

Para finalizarmos esta apresentação sobre o impacto do PSF no hospital

público do município, temos as tabelas abaixo, referentes aos anos de 2000 a 2007,

que sintetizam toda a queda do número de atendimento, a partir do ano de 2005,

com a incrementação do Programa, no município, como sinal inequívoco de que o

mencionado programa ajuda a diminuir a demanda na rede de saúde pública.

Para melhor análise, devemos considerar que, durante o mesmo período a

população fixa cresceu, e, a população flutuante, esta representada pelos

trabalhadores rurais (cortadores de cana), que permanecem vários meses no

município e que não constam dos dados coletados pelo IBGE, mas, que, da mesma

forma como a população fixa, desfrutam dos serviços oferecidos, cresceu

vertiginosamente, com a instalação de usina em cidade vizinha.

Tabela 10 – Número de Atendimentos Anuais do SUS no Pronto

Socorro de 2000 a 2007 – Santa Casa de Misericórdia de Ituverava

70.502

73.866

76.387

66.000

68.000

70.000

72.000

74.000

76.000

78.000

2005 2006 2007

574

Tabela 11 – Número de Atendimentos Anuais do SUS na Santa

Casa de Misericórdia de Ituverava de 2000 a 2007

2000 20022001 2003 2004 2005 2006 2007

FONTE: SANTA CASA MISERICÓRDIA DE ITUVERAVA

Uma das responsabilidades do município quanto ao PSF consiste em avaliar

o desempenho das equipes de atenção básica sob sua supervisão.

É de sua importância para a unidade executora do programa a realização de

pesquisa de satisfação uma vez que é por meio dela que é possível reconhecer os

pontos falhos, e, promover sua correção, bem como, melhor definir as ações futuras

dentro da área de cada uma das unidades de atendimento.

Neste sentido o município promove a coleta de dados, de forma aleatória,

entre os usuários de seus serviços.A mais recente pesquisa, realizada em março de

2007, apontou os seguintes

resultados:

Notas

Item Pesquisado Ótimo Bom Regular Ruim

Recepção 49,56 43,25 5,63 1,56

Enfermagem 66,34 27,98 3,74 1,95

Médico 70,36 22,63 5,45 1,56

Farmácia 60,68 29,03 3,65 6,65

Limpeza 53,01 33,01 8,29 5,69

Outros serviços 51,71 30,90 14,24 3,15

Recomendação 93,80 6,20 0,00 0,00

575

Observa-se, portanto, que a população atendida pelo programa está em sua

maioria satisfeita uma vez que, mais de noventa e três por cento recomendariam sua

utilização.

CONCLUSÃO

Analisando os dados apresentados no presente trabalho verificamos

claramente que a implementação do PSF no município de Ituverava-SP, apresentou

resultados satisfatórios.

À medida que o mesmo foi implementado houve uma diminuição no

atendimento médico oferecido pela Santa Casa de Misericórdia, que promove o

atendimento de urgência/emergência e pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Acreditamos que muitos reflexos do trabalho desenvolvido na área da saúde

por meio do programa somente serão observados daqui a alguns anos quando, as

estatísticas apresentarem redução do número de casos de algumas enfermidades

como a diabetes, hipertensão arterial, obesidade, etc.

Esta diminuição será fruto do trabalho de educação desenvolvido pelo

Programa, o acompanhamento e apoio constante.

Observa-se que, à medida que o programa avança, diminui-se o número de

atendimentos médicos de urgência a crianças de zero a cinco anos de idade. Tal

fato é decorrente de trabalho realizado no período pré-natal e, também, após o

nascimento. A mãe é acompanhada durante toda a gestação recebendo noções

sobre puericultura, benefícios da amamentação, importância da vacinação e da

periodicidade de atendimento médico.

Da mesma forma, o hipertenso também recebe todo o apoio médico,

orientações e medicamentos o que reflete na diminuição do atendimento de urgência

prestado pela rede pública do município.

Observa-se, também, de forma clara, que o atendimento oferecido nos Postos

e, também, nos domicílios, promoveu na população beneficiada grande conforto e,

até mesmo melhoria na auto-estima.

Conclui-se que uma vez bem administrado, o PSF se mostra ferramenta

capaz de disponibilizar a população atendimento que alia qualidade e conforto, com

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o atendimento humanizado, resgatando a figura do antigo “médico da família”, o que

promove uma incontestável sensação de bem estar.

Sendo um programa relativamente novo, novos desafios surgirão e a

adequação será necessária a novas realidades e inovações, devendo-se, por

derradeiro destacar que o PSF é diretamente vinculado ao Governo Federal e,

portanto, estará sempre sujeito às intempéries políticas o que pode comprometê-lo

ou até mesmo torná-lo dispensável, determinando-se, assim, seu fim.

Por fim cumpre salientar que o mesmo contribui de forma direta, ou seja,

diminuindo a demanda pelos serviços, o congestionamento hospitalar e suas

drásticas conseqüências; e de forma indireta, diminuindo a incidência de moléstias,

por meio da educação e outras medidas preventivas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Departamento de Atenção Básica -

http://dtr2004.saude.gov.br/dab/atencaobasica.php, em 15/09/2008.

Portal da Saúde: www.saude.gov.br/portal/saude/cidadao/area.efm?id_area=149,

em 15/09/2008.

Portaria nº 1886/GM, de 18/12/1997 – Aprova as Normas e Diretrizes do Programa

de Agentes Comunitários de Saúde e do Programa de Saúde da Família.

SAÚDE, Ministério da, Política Nacional de Atenção Básica, 4ª Ed. Brasília (DF):

Ministério da Saúde, 2007.