histÓria e amnÉsia -...

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92 HISTÓRIA E AMNÉSIA Bruno Baendereck * (UNESP) Cientificamente, em termos medicinais, a amnésia constitui a perda total ou parcial da memória e entre as mais freqüentes causas da amnésia estão infecções e patologias que afetam o tecido cerebral (encefalite, derrame cerebral e outras). Também pode ser conseqüência de algumas doenças neurodegenerativas ou conseqüência de traumas físicos (pancadas na cabeça, por exemplo) e psicológicos, bem como o alcoolismo e o consumo de drogas. No presente trabalho, no entanto, pretendemos utilizar “amnésia” enquanto linguagem metafórica, que possibilitará iluminar algumas questões relativas ao oficio do historiador. A idéia básica que perpassa nossa proposta é tratar da história a partir do que significaria a ausência de história (como que uma amnésia social) na vida dos cidadãos urbanos (prioritariamente do brasileiro, dada nossa maior proximidade com suas vivências). Em última instância, ao pensarmos tais questões estamos propondo uma maior valorização da História numa contemporaneidade um tanto sombria 1 . Assim, realizaremos uma análise do álbum "Amnesiac" (2001) da banda inglesa Radiohead, com a finalidade última de discutir alguns porquês e sentidos da História na contemporaneidade. Para tanto, apoiar-nos-emos em bibliografia da área de teoria da História passando, assim, por alguns questionamentos básicos e importantes sobre qual a consistência do ofício do historiador, a importância de seu ofício na contemporaneidade, etc.. Não se trata de um trabalho na área de História do tempo presente, mas sim de caráter teórico. O trabalho se justifica na medida em que há uma defasagem até mesmo na formação teórica dos próprios historiadores. Esta defasagem é constantemente ressaltada por renomados pesquisadores da área, como Jurandir Malerba, entre outros. * Mestrando em História pela Universidade Estadual Paulista, sob a orientação da Profa. Dra. Ana Raquel Portugal. Bolsista CAPES. 1 Entraremos em detalhes sobre quais os sentidos sombrios que enxergamos na contemporaneidade.

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HISTÓRIA E AMNÉSIA

Bruno Baendereck* (UNESP)

Cientificamente, em termos medicinais, a amnésia constitui a perda total ou

parcial da memória e entre as mais freqüentes causas da amnésia estão infecções e

patologias que afetam o tecido cerebral (encefalite, derrame cerebral e outras).

Também pode ser conseqüência de algumas doenças neurodegenerativas ou

conseqüência de traumas físicos (pancadas na cabeça, por exemplo) e psicológicos,

bem como o alcoolismo e o consumo de drogas.

No presente trabalho, no entanto, pretendemos utilizar “amnésia” enquanto

linguagem metafórica, que possibilitará iluminar algumas questões relativas ao oficio

do historiador. A idéia básica que perpassa nossa proposta é tratar da história a

partir do que significaria a ausência de história (como que uma amnésia social) na

vida dos cidadãos urbanos (prioritariamente do brasileiro, dada nossa maior

proximidade com suas vivências). Em última instância, ao pensarmos tais questões

estamos propondo uma maior valorização da História numa contemporaneidade um

tanto sombria1.

Assim, realizaremos uma análise do álbum "Amnesiac" (2001) da banda

inglesa Radiohead, com a finalidade última de discutir alguns porquês e sentidos da

História na contemporaneidade. Para tanto, apoiar-nos-emos em bibliografia da área

de teoria da História passando, assim, por alguns questionamentos básicos e

importantes sobre qual a consistência do ofício do historiador, a importância de seu

ofício na contemporaneidade, etc.. Não se trata de um trabalho na área de História

do tempo presente, mas sim de caráter teórico. O trabalho se justifica na medida em

que há uma defasagem até mesmo na formação teórica dos próprios historiadores.

Esta defasagem é constantemente ressaltada por renomados pesquisadores da

área, como Jurandir Malerba, entre outros.

* Mestrando em História pela Universidade Estadual Paulista, sob a orientação da Profa. Dra. Ana Raquel Portugal. Bolsista CAPES. 1 Entraremos em detalhes sobre quais os sentidos sombrios que enxergamos na contemporaneidade.

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O historiador medievalista francês, Marc Bloch, traça um elogio ao ofício do

historiador, pelo seu esforço em recompor as vicissitudes do homem interpretando-o

no tempo2. Sem pretensões quanto a um conhecimento verdadeiro (algo improvável

quando se trata do humano), o historiador lança-se à pesquisa com métodos

próprios de observação e reconstrução do passado a partir de vestígios. É preciso

fazer perguntas ao passado, e tais questionamentos advêm do tempo presente.

Ora, sabemos bem que nenhum registro apenas registra imparcialmente. Ele

pressupõe, em verdade, um trabalho de linguagem e uma tomada de posição dos

sujeitos sociais. Outro historiador medievalista, Jacques Le Goff (que seguiu os

passos propostos por Marc Bloch) em 19943 afirmou que a memória funciona e se

constitui como instrumento de poder. Utilizando-nos da idéia de Ana Paula Goulart

Ribeiro sabemos que “tornar-se senhores da memória e do esquecimento é uma

grande preocupação dos que dominaram ou dominam as sociedades históricas.”4

Não é nossa intenção fazer nenhum tipo de separação simplista das classes

sociais enquanto dominantes de um lado e dominados do outro. Nosso propósito é

ressaltar que ao selecionar e ordenar os fatos segundo certos critérios, a “memória

oficial” se constrói sobre zonas de sombras, silêncios, esquecimentos e repressões5.

Sabemos que a disciplina-História exerceu por muito tempo o papel de construção e

formalização dessa memória oficial, basta pensar na construção de identidade

nacional ou da própria idéia de nação na viragem do século XIX para o XX. Em

oposição a essa memória oficial temos, ainda segundo Ana Paula, várias “memórias

coletivas subterrâneas”, que transmitem e conservam lembranças proibidas ou

simplesmente ignoradas pela visão predominante.

Marc Bloch nos legou a importante lição de que “a ignorância do passado não

se limita a prejudicar a compreensão do presente; compromete a própria ação.“6 A

vida diária do cidadão urbano oferece-lhe a simultaneidade espaço-temporal que

aloca o presente como única sede real da experiência. A modernidade inventou a

simultaneidade. Flaubert afirmava entusiasmado “tudo deve soar simultaneamente!”.

Contribuindo enormemente para aceleração (e compressão) do tempo, Henry Ford

instalou sua linha de montagem em 1913, fragmentando tarefas e distribuindo-as no 2 BLOCH, Marc. Apologia da História, ou o Ofício do Historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000. 3 LE GOFF, Jacques. O imaginário medieval. Portugal: Editorial Estampa, 1994. 4 RIBEIRO, Ana Paula Goulart. Jornais: memória ou amnésia. Revista tempo e presença, vol. 21, número 305, p. 29. 5 Idem, pp. 28-30. 6 BLOCH, Marc. Op. Cit. 2000, p.60.

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espaço (prolongando o espaço através da esteira de produção). Diante de tal

fenômeno, fica a impressão de que nos resta abrir mão de qualquer referência sólida

(pensando aqui em Bauman) imergir no tempo presente com unhas e dentes.

Acreditamos, como Kenneth Maxwell, que já foi o suficiente da defesa pelo

brasileiro de sua auto-imagem folclórica, de gente “eternamente jovem, bronzeada

(...), indiferente ao passado e sempre voltada para um futuro tão efêmero quanto as

tórridas telenovelas nacionais.”7

Segundo Maxwell o brasileiro tem se preocupado mais com o passado (nos

últimos dez anos), e que “o passado que o Brasil está redescobrindo é repleto de

contradições”. Assim, tem reconhecido como sujeitos pertencentes à sua história os

“desclassificados”, movimento acompanhado pelo surgimento de movimentos sem

terra, indígenas, trabalhadores da indústria, brasileiros de origem africana, etc.. “O

redescobrimento da história do Brasil pelos brasileiros desafia sobretudo o legado

peculiar que, desde o século XVIII permitiu que os governantes do país enxertassem

o imperativo do autoritarismo em sua visão de futuro.”8

Como sabemos, o desnível de renda no Brasil figura entre os maiores do

mundo. “Para que possa haver reforma, será preciso mudar um estilo político

oligárquico e uma burocracia entrincheirada...”9. Sabemos que o sistema

previdenciário não faz praticamente nada pelos trabalhadores pobres enquanto

beneficia bastante os funcionários públicos. Este é só um pequeno exemplo de

problemas enraizados historicamente, problemas que podem passar despercebidos

se prevalecer o ‘estado amnésico’ segundo o qual o presente é a única sede

referencial para a experiência. O redescobrimento da história do Brasil pelos

brasileiros fortalece essas novas vozes do interior do Brasil, que “mal existiam antes

da liberalização política e econômica, uma década atrás”10.

Cabe aqui, portanto, utilizar o álbum “Amnesiac” da banda musical Radiohead

como prisma para aprofundarmos a idéia de ‘estado amnésico’. Não escolhemos

essa obra aleatoriamente. Em verdade, até mesmo entre a literatura atual com a que

temos contato (não apenas no campo musical) acreditamos ser difícil encontrar uma

obra com começo, meio e fim que ilumine com tanta veemência a repetição e 7 MAXWELL, Kenneth. Chocolate, piratas e outros malandros: ensaios tropicais. São Paulo: Paz e Terra, 1999, p. 423. 8 Idem, p. 425 9 Idem, p. 435. 10 Idem, p. 439. Lembrando que já são vinte anos da época em que foi escrito “Chocolate, Piratas e outros Malandros”.

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circularidade de vivências sem referência no passado (amnésia) e sem projeção de

futuro (tão bem ilustradas por Camus em 1942 através de “O Mito de Sísifo”11). É por

isso que “Amnesiac” nos é tão caro enquanto prisma de análise. Basicamente, ao

tratar da idéia de amnésia, se relaciona com a matéria prima com a qual são

formulados documentos históricos e o próprio processo individual de construção de

imagens: a memória.

Selecionamos para a apresentação deste trabalho três canções que

consideramos fundamentais para traçarmos um panorama analítico. O que é comum

nas três é justamente o aviso do perigo da experiência cotidiana vivida por si só,

sem referência no passado (e, portanto, sem projeção de futuro). É interessante

notar que na própria musicalidade está marcada a repetição sem sentido, uma vez

que a banda transformou seu estilo musical em relação ao álbum anterior (Ok

Computer, 1997) deixando de lado o desencadeamento de melodias plurais e se

apropriando da linguagem musical repetitiva da música eletrônica. Com isso não

queremos dizer que toda música eletrônica é repetitiva, mas no caso de “Amnesiac”

é perceptível sua utilização nesse sentido.

Dessa forma, a primeira canção, “Embalado como sardinhas numa espremida

caixa pequena”12, tem como fundo musical uma renitente batida seca sem

progressão melódica complexa, que pode facilmente ser comparada a

desencontrados ‘martelares’ de uma fábrica no estilo fordista. A escritora e filósofa

francesa Simone Weil ao tornar-se operária da Renaut para descrever e sentir o

cotidiano do operariado nos dá em seu diário uma descrição extremamente

pertinente com aquilo que a música descreve. Sugerimos que por trás de ambas

descrições está a falta de sentido vivida num estado amnésico:

1) Radiohead:

“Depois de anos de espera, nada veio

Enquanto sua vida lampeja diante de seus olhos, você percebe:

‘sou um homem razoável, desista do meu caso.’

Depois de anos de espera, nada veio.

E você percebe, você está olhando no lugar errado:

‘sou um homem razoável, desista do meu caso’.

11 Ao final deste trabalho encerraremos com algumas idéias do filósofo sobre Sísifo, “proletário dos deuses”. CAMUS, Albert. O mito de Sísifo. 2a ed. Rio de Janeiro: Record, 2005. 12 A tradução é nossa. Optamos por colocar tudo em português para facilitar a leitura ao público geral, que tiver acesso a este trabalho.

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2) Simone Weil:

“Sua própria vida sai dele sem deixar marca ao seu redor”.

“Cada sofrimento físico inutilmente imposto, cada brutalidade, cada humilhação

parece-lhe um lembrete de que ele não é nada”.

A amnésia seria então um salto para o futuro sem base no passado, sem

reflexão, eliminando qualquer dialética. Ora, se a memória é fisilógica, se ela é uma

alteração fisiológica no interior das células, quanto mais intensa a emoção (impacto

na vida da pessoas), maior a fixação da memória. E se a vivência cotidiana de um

cidadão, como a destes trabalhadores fabris descritos por Simone Weil, é permeada

por tais sensações desagradáveis e incessantemente repetitivas podemos sugerir

que, ao invés de maior fixação dessas memórias, este homem realize

inconscientemente oposto, ou seja, aquilo que Freud chama de sublimação: o

esquecimento que viabiliza continuar vivendo mesmo em situações tão

depreciativas.

Daí a insistência da canção apresentada em marcar os anos de espera, da

vida que apenas lampeja diante dos olhos. Segundo nossa interpretação, esse

homem racional e razoável que pede para que desistam de seu caso sabe de sua

trajetória circular que sai do nada em direção ao nada. Esta circularidade da

experiência será ressaltada em todas as canções analisadas. Ela é, em realidade, o

fio condutor de nossa análise. É a amnésia metafórica.

O sujeito só pode estabelecer perspectiva com base me seus enraizamentos.

O mundo observado se passa por um conjunto de imagens externas filtradas pela

interioridade subjetiva. Fixação da memória é justamente a ação sobre o que o

sujeito quer olhar. Dado que nossa percepção do mundo físico não é integral, a

memória é a supressão do objeto concebido, mas que conserva a imagem subjetiva

a partir dessas percepções13. A memória é a fixação do passado agregado, é a base

de toda ação. Sem ela não há ação. Por isso a música apresentada acima faz

menção da vida que relampeja diante dos olhos, ou seja, uma vida inerte (e portanto

desmemoriada, em estado amnésico).

Não nos interessa aqui atribuir ao compositor Thom Yorke a intencionalidade

expressa de juntar o título do álbum (Amnesiac) e esta primeira música com a idéia

13 BERGSON, Henri. A evolução criadora. São Paulo: Martins Fontes, 2005, pp.1-106.

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de inércia ou falta de ação (ou relacioná-la a um ambiente de fábrica). Apenas

estamos sugerindo uma interpretação possível, e utilizando o amplo universo

semiótico apresentado pelo artista.

Dando prosseguimento, adentramos no universo menos individual da

memória (pois na primeira canção trata-se eminentemente de um indivíduo) ao

analisarmos a quinta música do álbum, chamada “Eu posso estar errado”.

Colocamos em negrito os elementos que mais nos chamam a atenção:

“Eu talvez esteja errado...

Eu poderia jurar ter visto uma luz surgindo

Eu costumava pensar que não nos resta futuro...

Eu costumava pensar

Abra, comece de novo.

Vamos descer a catarata,

Pensar em bons tempos

Nunca Olhar pra trás. Nunca olhar pra trás .

Abra e deixe-me entrar

Vamos descer a catarata,

Nos divertir, não há nada de mais .

E nada de mais”

Na canção, o narrador esta relacionado a um coletivo (assim também o é na

última música que analisaremos). O discípulo de Durkheim, Albax afirma que a

memória é coletivamente construída. Ora, mas se acreditarmos na máxima “eu só

sou nos outros” acabamos por ignorar as trajetórias individuais e ignorar o fato de

que existem fatores não explicáveis pela memória social (como por exemplo a

percepção de um mesmo livro por um indivíduo que muda no tempo, conforme sua

trajetória).

De qualquer maneira, a dimenção social da memória deve ser ressaltada.

Como já foi citado no artigo de Ana Paula Goulart, é difícil traçar os limites das

formas de estruturação da memória coletiva. Se há por um lado a “memória oficial”,

que seleciona e ordena os fatos segundos certos critérios próprios (e criando assim

zonas de esquecimento) há por outro várias “memórias coletivas subterrâneas” que

em quadros familiares, em grupos étnicos, culturais ou políticos “transmitem e

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conservam lembranças proibidas ou simplesmente ignoradas pela visão

dominante.”14

A musica em questão se assenta sobre uma proposta essencial: “vamos

descer a catarata”. Uma coletividade é convidada para descer a catarata, nunca

olhar pra trás, pensar nos bons tempos (como se não houvesse nada demais nisso).

Primeiramente, é impossível não precipitarmos um pouco um trecho da

próxima e última música que analisaremos por estar relacionado à mesma metáfora

do rio: “nossos corpos flutuando rio lamacento abaixo”. Está clara a referência de

ambas as canções à escuridão (ou à qualidade turva do presente), seja através do

adjetivo “lamacento” para designar o rio no qual flutuamos inertes, ou seja, através

da afirmativa “eu poderia jurar ter visto uma luz surgindo”. Diante da qualidade turva

das águas do presente, o narrador sugere então um “descer a catarata”

aproveitando o presente sem preocupação com o passado (“nunca olhar pra trás”) e

sem projeção de futuro (apenas com a atenção voltada a experimentar tempos

felizes). Mas a ironia é marca constante de inúmeras canções de Radiohead, e o

título desta não deixa dúvidas quanto à crítica à descida do rio proposta: “Eu posso

estar errado”. As conseqüências nefastas desse mergulho voluntário num rio

amnésico terão ainda mais expressividade na última música que analisaremos.

Em segundo lugar, esse narrador que sugere o mergulho impensado em tais

águas não poderia muito bem ser entendido como a mídia e o jornalismo que

‘espetacularizam’ o real (ainda segundo Ana Paula Goulart)? Esse jornalismo,

através da fruição do presente, causa um enfraquecimento da memória coletiva.

Ainda segundo a autora, a memória midiática tem sua especificidade em relação à

memória histórica: enquanto “espetaculariza” o real, enfraquece e esfalece a

memória. Em outras palavras, produz o esquecimento ao lançar inúmeros impulsos

caóticos, espetaculares, não deixando espaço para reflexão sobre aquilo que fica.

Retira assim a dimensão profunda do tempo, deixando às pessoas o sentimento de

efemeridade e superficialidade15.

Por fim, aprofundemos sobre a questão das memórias coletivas que se

esvaziariam quando todos acatassem consciente ou inconscientemente (se é que já

não o fizeram) a essa idéia de lançar-se à cachoeira amnésica de um eterno

presente. Num país de desmemoriados é impossível o agir crítico, já que se todos

14 RIBEIRO, Ana Paula Goulart. Op.Cit, p.29. 15 Idem, p.30.

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experimentassem uma cegueira branca (para utilizar a metáfora de Saramago)

estariam eternamente em ruínas circulares, experimentando a euforia de possíveis

mudanças, mas logo desilusões conseqüentes16. Sem consciência histórica como

podem estes homem direcionar suas práticas? Nossa população em geral tem

consciência histórica, mas esta consciência pode e deve ser reinventada pelas

próprias camadas populares. Como bem definiu José Murilo de Carvalho17, não

assistem às transformações bestializadas, mas um pouco alheias às decisões

importantes, ao engajamento político. A população não é massa inerte, informe

(como sugere a citada sentença “nossos corpos flutuando rio lamacento abaixo”),

muito pelo contrário: resiste à sua maneira, mas possivelmente não canaliza bem as

reivindicações (como termômetro desse fenômeno basta notar a sátira que é capaz

de fazer de seu próprio estado de vida, como bilontras).

Não podemos deixar de tocar na questão da Universidade, já que estamos

contextualizando a produção de ‘amnésia’. No Brasil ela é um espaço privilegiado,

meta prioritária dos jovens de classes média e alta, cuja grande parte do ônus é

arcado pelo Estado. “Não cessa de produzir pessoal habilitado para as carreiras

burocráticas ou burocratizáveis do país”18. A Universidade é o lugar em que a cultura

formaliza-se precocemente. Fora dela os bens simbólicos são consumidos

principalmente através de meios de comunicação de massa. Imagens e sons são

consumidos maciçamente e vêm como uma torrente, do público ao privado. Os

processos psicológicos dos programas e transmissões consumidos são de apelo

imediato (medo, sentimentalismo, violência, etc.). Constituem-se enquanto receitas

de sucesso, levadas ao grande público.

Se a Universidade e um maior contato com a história poderiam mudar um

pouco o cenário descrito acima, a erosão do ensino público propicia a evasão e o

desgosto por disciplinas como a História. As práticas educacionais deveriam

relacionar-se com as vivências cotidianas dos educandos e deveriam, sobretudo,

transcender níveis institucionais formais. A história é viva, experimentada e não

simplesmente estudada. Tal erosão do ensino público não faz mais que convidar-

nos a esse mergulho na cascata do tempo presente sem referências históricas e

sem projeção de futuro.

16 BAUMAN, Zygmunt. A Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001. 17 CARVALHO, José Murilo de. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que näo foi. Säo Paulo; Companhia das Letras; 1999. 18 Idem, p. 310.

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Segundo Robert Kurz (integrante do grupo Krisis na Alemanha), as

sociedades antigas não tinham sua existência decomposta em áreas funcionais

separadas, o que as sociedades atuais entendem como primitivismo, já que

desvalorizam a integração da sociedade em prol da diferenciação. Os atributos

sociais (como política, religião, cultura...) hoje separados em esferas autônomas

para nós eram na Antiguidade contidos uns nos outros. Numa espécie de amnésia,

segundo ele, “a sociedade moderna costuma encarar seu próprio modo de

existência e suas categorias como supra-históricas...”19. Em outras palavras, é como

se crises graves como desníveis sociais dramáticos não fossem “nunca um

problema histórico e superável pela crítica”20. Essa maneira de enxergar a vida

moderna é uma espécie de autolegitimação apologética do status-quo.

Nos permitimos aqui um parêntese para estenderemos algumas reflexões

sobre as potencialidades da reflexão histórica, utilizando uma anedota de Machado

de Assis: Brás Cubas, personagem sua, ao narrar suas memórias póstumas relata o

episódio do vergalho, no qual seu negro liberto. O moleque Prudêncio “sutilmente”

vergalhava seu novo escravo da mesma forma que fora chicoteado pelo antigo

senhor21. Estas situações circulares, viciosas, são típicas da ausência de reflexão

histórica. É realmente difícil transformar o imaginário de uma nação (especialmente

uma com tamanha expansão e diversidade cultural como a nossa), mas o incentivo

à reinvenção de raízes é preciso. Um sujeito só pode empreender uma ação se está

consciente de seus desejos e de sua própria auto-imagem. “Os brasileiros precisam

construir criticamente a própria imagem para vencerem em suas lutas e negociações

de reconhecimento e superarem sua situação de crise permanente.”22

Memória e história são indissociáveis, e num exercício crítico da História

podemos inventar tradições23. Fundamental é que esta invenção são seja relegada

unicamente às mentes “iluminadas”, mas que muitos sejam estimulados e sintam

necessidade de redefinir signos. Bem como o escritor argentino Jorge Luiz Borges

não entendemos a memória como reprodução exata do passado, mas como sua

19 KURZ, Robert. Com todo vapor ao colapso. Minas Gerais: Editora UFJF – PAZULIN, 2004, p.112. 20 Idem, 2004, p.112. 21 ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. Indiana: R.R. Donnelley & Sons Company, 1997, p. 131. 22 Idem, 2006, p.10. 23 Para aprofundar mais sobre a questão, ver HOBSBAWN, Eric. A invenção das tradições. São Paulo: Paz e Terra, 2002.

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reconstituição imaginativa de persistências e esquecimentos24. Temos assim o

passado como elemento de fixação de referências, plurais referências uma vez que

não apenas os acadêmicos ocupariam o oficio do memorioso (formalizando a

memória em História). Diminuiria assim o número de exilados em seu próprio país.

É-nos particularmente interessante a formulação não-essencialista do

problema identitário, a partir da qual podemos nos perguntar livremente “como

temos nos representado?” ou “o que desejamos nos tornar?”25. O indivíduo isolado

perdeu o sentido de si na multidão impessoal e urbana, e em meio a toda

impessoalidade é preciso reconstruir aquilo que se é, ainda mais num país de

desmemoriados. Da fratura entre o mundo e o espírito, é direito do cidadão ter

consciência dos conflitos vividos, sentindo novamente sua lâmina viva. Não mais o

ardor anestesiado do dia-a-dia a-histórico, sem clareza na longa duração, sem

perspectiva temporal. Visualizar o homem no tempo é esse reinventar histórico que

aqui nos referimos. Justamente essa reinvenção não deve ser um privilégio de elites

intelectuais. Conseguir ampliar a quantidade de pessoas que têm perspectiva

espaço/temporal para além do dia-a-dia de esgotamento no vazio seria também

conseguir diminuir os abismos sociais.

Analisemos então a última canção proposta, cujo nome é “Como chapas

rotatórias”:

“Enquanto você pronuncia belos discursos,

Sou dividido pela perspicácia

Você me alimenta para os leões

Um delicado equilíbrio.

Quando isso simplesmente sente-se como chapas rotat órias

Estou vivendo no nebuloso mundo de ‘cuco’

E simplesmente sente-se como chapas rotatórias

Nossos corpos flutuando num lamacento rio abaixo. ”

Esta canção é a penúltima do álbum. Toda sonoridade sugere repetição,

como se tudo estivesse sempre rodando ao redor de algo ou ao redor de si próprio.

24 PINTO, Júlio Pimentel. Ruas como entranhas: o tema urbano em Borges. Revista Estudos de História, vol. 04, número 02, 1997, pp. 79-91. 25 Para uma leitura nesse sentido da questão da identidade, ver HALL, Stuart. Identidade e diferença; a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis: Vozes, 2000.

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A referência ao relógio/despertador de ‘cuco’ não é sem sentido. O nebuloso mundo

de ‘cuco’ poderia ser entendido como a própria repetição circular da qual estamos

tratando. Como podemos trabalhar na mesma música a idéia de um rio (que é

materialmente extenso e ‘linear’) e a das chapas (ou pratos) rotatórios? Ora, se o rio

não fosse lamacento ele traria a sensação de continuidade, fluência (e movimento),

o que iria contra toda a sensação de repetição e nebulosidade que nos passa a

canção. Mas a característica lamacenta deste rio, no qual todos nossos corpos

estariam flutuando, é fundamental, pois nos proporciona vincular as três canções

selecionadas (uma no começo, outra bem no meio e outra no fim do álbum) e ligá-

las à idéia de ausência de referências relacionadas ao passado – como sugere o

próprio nome do álbum – e, assim, ausência de projeção de futuro.

Somente quando percebemos que o status de amnésico significa não apenas

perder referências passadas, mas projeções futuras é que podemos compreender o

pleno significado de rotatoriedade, repetição e circularidade. Em outras palavras,

quando o cotidiano é só rotina (mundo de ‘cuco’) ele é só passado, porque o

passado permanece repetido, bruto, intocável. É presente nas ações da vida

cotidiana. O futuro não será nada mais do que esta exata reprodução.

Até agora tratamos de tudo isso para elevar a História e o oficio do

memorioso como respostas possíveis a essas armadilhas do tempo (tradição

estagmentada), da mídia, ou do próprio indivíduo que monta mecanismos dos quais

permanece em seguida prisioneiro mais ou menos voluntário. Segundo Marc Bloch,

a faculdade de apreensão do que é vivo é justamente a qualidade mestra do

historiador [e de quem aventurar-se em sua própria história e (ou) na história de

forma geral]26.

Já está mais do que assinalado por pesquisadores atuais que a produção

historiográfica é uma construção e não um resgate, e tende ao verossímil, não ao

real. Ela sobrepõe alusões cifradas a uma temporalidade passada, permitindo

distinguir tal passado como lugar de tradições e referências. Já o memorioso “evita

os dilemas da história entendida como maleabilidade e mudança”27, e oferece

enraizamento, delimitação de fronteiras e preservação do que aparentemente é

efêmero no presente. Inventam-se tradições. Sim, a História representa um risco de

26 BLOCH, Marc. Op.Cit. 2001, pp.52-55. 27 PINTO, Júlio Pimentel. Borges, uma poética da memória. In SCHWARTZ, Jorge (org). Borges no Brasil. São Paulo: Imprensa oficial SP, 2001, p.122.

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dissolver o espaço possível da lembrança, historicizando a memória e se

construindo, assim, sobre zonas de esquecimento (como colocamos no início do

trabalho). Mas a História sem pretensão de compreender um tempo eterno e

contínuo e uma representação exata do passado pode abrir brecha para o espaço

da lembrança, para o espaço da memória. Caso contrário ela também poderia

construir amnésias. A nosso ver, não entender que há um abismo entre realidade e

representação (e buscar assim uma História oficial ou demasiado enrijecida pelo

caráter “científico”) é relegar ao esquecimento tudo que é movimento, construção e

invenção, ou seja, tudo que é mais humano. E como postulou Marc Bloch, “são os

homens que a História quer capturar. Quem não conseguir isso será apenas, no

máximo, um serviçal da erudição.”28

Assim concluímos este trabalho. No mais, encerraremos com mais uma

referência para iluminar a idéia metafórica de amnésia e circularidade repetitiva de

vivências.

Talvez a contemporaneidade seja composto em maioria numérica por gente

como Sísifo, “o herói absurdo”29. Condenado a carregar uma rocha incessantemente

até o alto de uma montanha, essa figura mítica via-se presa a um trabalho inútil e

sem esperança, já que a rocha rolaria montanha abaixo e Sísifo novamente haveria

de levá-la montanha acima. O trabalho diário da maioria dos cidadãos modernos

possui caráter semelhante, uma vez que seus benefícios não são colhidos por eles

próprios, mas por elites privilegiadas. Mais de 40 milhões de brasileiros vivem na

pobreza, com renda inferior a 150 reais por mês. Seu trabalho proporciona apenas a

reprodução de mais força de trabalho, e em longo prazo a situação de miséria

permanente.

O mito de Sísifo ”só é trágico porque seu herói é consciente”30. Os

trabalhadores brasileiros menos abastados têm consciência de sua situação, não

cumprem seu serviço a esmo como cordeirinhos domados. Segundo José Murilo de

Carvalho, respondem à situação com ironia, sátira. Não são bestializados (como

quis Oliveira Viana), mas bilontras. De uma vez por todas é preciso superar a noção

de “povão” aculturado.

28 BLOCH, Marc. Op.Cit, 2001, p.20. 29 CAMUS, Albert. Op.Cit., 2005, p.138. 30 Idem, 2005, p.139.

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Então, prossegue Albert Camus: “Não há destino que não possa ser superado

com o desprezo”31 – o que chamamos de sublimação, ou simples negação. Porém

ao desprezar uma história de longa data, desprezar a visão de um devir de pedras

carregadas montanha acima (em um suplício sem sentido), nossas populações

miseráveis perdem a oportunidade de deterem-se refletindo nos dias, anos ou

séculos de carregamento de pedras e esvaziamento de sua história. Ora, se só resta

à memória o cheiro da rocha, de sua textura, da dureza do trabalho em carregá-la e

do mínimo benefício pelo serviço, é natural a escolha por abolir tal memória, abolir

até mesmo grande parte de seu passado e entregar-se inteiramente ao momento

presente. Nomeamos a esse fenômeno o ‘viver em amnésia’ e contra ele fazemos

um apelo através do elogio ao oficio do memorioso e daquele que pensa, escreve,

vive e reinventa a história.

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31 Idem, 2005, p.139.

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Imagens utilizadas na apresentação

(fonte:

www.torrentreactor.net/torrents/2463035/Amazing-Desktop-Wallpapers-Radiohead)

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