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Impacto da interiorização da UFAL no desenvolvimento econômico do estado de Alagoas análise baseada nas empresas incubadas Silvia Beatriz Beger Uchoa 1 , Josealdo Tonholo 2 , Kelyane Silva 3 , Hérmani Magalhães O. do Carmo 4 , Patrícia Brandão B. da Silva 5 RESUMO A Universidade Federal de Alagoas – UFAL – tem sido pioneira na formadora de recursos humanos altamente qualificados para atuar no estado de Alagoas. Inicialmente situada na capital, em 2006, começou a sua expansão para o interior, com o Campus de Arapiraca e unidades de ensino em Penedo, Palmeira dos Índios e Viçosa. Em 2010, foi criado o campus do Sertão em Delmiro Gouveia, com unidade de ensino em Santana do Ipanema. A Incubadora de Empresas de Alagoas, ligada a UFAL, iniciou suas atividades em 1999 e até 2011, somente houve incubação de empresas no Campus A. C. Simões em Maceió. No ano de 2012, houve a aprovação de três projetos de pré-incubação, sendo um em Penedo e dois em Arapiraca. Esse trabalho visa avaliar os impactos gerados pelas empresas incubadas no interior do Estado, avaliando as dificuldades e vantagens da incubação, bem como o que está dificultando a quebra das barreiras para possibilitar uma maior interiorização das empresas incubadas. Dessa forma, foi adotada uma pesquisa quantitativa de dados obtidos a partir de entrevista com pesquisadores para avaliar o interesse pela abertura de empresas incubadas e em um segundo momento, avaliação das empresas incubadas no interior e através de seus resultados, avaliar o impacto na economia do Estado. O impacto pode ser avaliado ainda como pequeno, mas com grande potencial de crescimento, a partir de novas parcerias de apoio as incubadoras e incubadas. A possibilidade de transferir conhecimento da universidade para a sociedade pode gerar empresas com características inovadoras, fundamentais para o desenvolvimento regional. Palavras-chave: incubação de empresas, desenvolvimento regional, relação universidade- empresa, empreendedorismo ABSTRACT 1 Doutora em Química e Biotecnologia pelo Instituto de Química e Biotecnologia da Universidade Federal de Alagoas UFAL, (82) 3214-1068, [email protected] 2 Doutor em Físico-Química pelo Instituto de Química de São Carlos, Professor do Instituto de Química e Biotecnologia da Universidade Federal de Alagoas UFAL, (82) 3214-1389, [email protected] 3 Mestre em Economia e Gestão de Ciência Tecnologia e Inovação pela Universidade de Lisboa, Pesquisadora do Instituto de Desenvolvimento Científico e Tecnológico de Alagoas ICTAL, (82) 4009-5127, [email protected] 4 Mestre em Economia pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade Federal de Alagoas UFAL, (82) 36211458, [email protected] 5 Mestre em Economia pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade Federal de Alagoas UFAL, (82) 3214-1067, [email protected]

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Impacto da interiorização da UFAL no desenvolvimento econômico do estado de

Alagoas – análise baseada nas empresas incubadas

Silvia Beatriz Beger Uchoa1, Josealdo Tonholo

2 , Kelyane Silva

3, Hérmani Magalhães O. do Carmo

4,

Patrícia Brandão B. da Silva5

RESUMO

A Universidade Federal de Alagoas – UFAL – tem sido pioneira na formadora de recursos

humanos altamente qualificados para atuar no estado de Alagoas. Inicialmente situada na capital,

em 2006, começou a sua expansão para o interior, com o Campus de Arapiraca e unidades de

ensino em Penedo, Palmeira dos Índios e Viçosa. Em 2010, foi criado o campus do Sertão em

Delmiro Gouveia, com unidade de ensino em Santana do Ipanema. A Incubadora de Empresas de

Alagoas, ligada a UFAL, iniciou suas atividades em 1999 e até 2011, somente houve incubação

de empresas no Campus A. C. Simões em Maceió. No ano de 2012, houve a aprovação de três

projetos de pré-incubação, sendo um em Penedo e dois em Arapiraca. Esse trabalho visa avaliar

os impactos gerados pelas empresas incubadas no interior do Estado, avaliando as dificuldades e

vantagens da incubação, bem como o que está dificultando a quebra das barreiras para possibilitar

uma maior interiorização das empresas incubadas. Dessa forma, foi adotada uma pesquisa

quantitativa de dados obtidos a partir de entrevista com pesquisadores para avaliar o interesse

pela abertura de empresas incubadas e em um segundo momento, avaliação das empresas

incubadas no interior e através de seus resultados, avaliar o impacto na economia do Estado. O

impacto pode ser avaliado ainda como pequeno, mas com grande potencial de crescimento, a

partir de novas parcerias de apoio as incubadoras e incubadas. A possibilidade de transferir

conhecimento da universidade para a sociedade pode gerar empresas com características

inovadoras, fundamentais para o desenvolvimento regional.

Palavras-chave: incubação de empresas, desenvolvimento regional, relação universidade-

empresa, empreendedorismo

ABSTRACT

1 Doutora em Química e Biotecnologia pelo Instituto de Química e Biotecnologia da Universidade Federal de Alagoas – UFAL,

(82) 3214-1068, [email protected] 2 Doutor em Físico-Química pelo Instituto de Química de São Carlos, Professor do Instituto de Química e Biotecnologia da

Universidade Federal de Alagoas – UFAL, (82) 3214-1389, [email protected] 3 Mestre em Economia e Gestão de Ciência Tecnologia e Inovação pela Universidade de Lisboa, Pesquisadora do Instituto de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico de Alagoas – ICTAL, (82) 4009-5127, [email protected] 4 Mestre em Economia pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade Federal de Alagoas –

UFAL, (82) 36211458, [email protected] 5 Mestre em Economia pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade Federal de Alagoas –

UFAL, (82) 3214-1067, [email protected]

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The Federal University of Alagoas - UFAL - has been a pioneer in forming highly qualified

human resources to act in the state of Alagoas. Originally situated in the capital, in 2006, it began

its expansion to inland, with the Campus Arapiraca and teaching units in Penedo, Palmeira dos

Indios and Viçosa. In 2010, it was created the campus in the hinterland Delmiro Gouveia, with

one teaching unit in Santana do Ipanema. The Business Incubator Alagoas, linked to UFAL,

began its operations in 1999 and until 2011 there were only business incubated in the Campus

AC Simões in Maceio. In 2012, there was the approval of three projects, pre-incubation, one in

Penedo and two in Arapiraca. This study aims to evaluate the impacts of incubated companies

within the state, assessing the difficulties and advantages of incubation, as well as what is

difficulting to break the barriers to enable greater internalization of the incubated companies.

Thus, we adopted a quantitative research data obtained from interviews with researchers to assess

the interest in opening incubated firms and in a second stage, the evaluation of incubated

companies in hinterland and through its results, assess the impact on the economy of the State.

The impact can be assessed as yet small, but with great potential for growth from new

partnerships to support incubators and incubated. The ability to transfer knowledge from

universities to society can generate businesses with innovative, fundamental to regional

development characteristics. Keywords: business incubation, regional development, the university-company relationship,

entrepreneurship

1 – INTRODUCAO

Na América, particularmente na Latina, as políticas de governo da maior parte dos países

foram lastreadas no modelo do “triângulo de Sábato”, que foca a relação Academia-Empresa-

Governo. No Brasil, de forma não muito diferente, reformadores reconhecem lacunas e

inadequação do modelo top-down da política científica, embora este gap tenha contribuído, na

década de 80, para a reformulação das estruturas universitárias a partir do movimento botton-up

de incubadoras em universidades e municípios espalhados por todo o país. A partir da década de

90, nota-se um significativa preocupação com a aplicação de modelos mais agressivos, como o da

Triple Helix (ETZKOVITZ et al., 2005).

Desde então, as Universidades têm assumido um papel diferenciado nos modelos

sistêmicos. Estes, por sua vez, tem possibilitado uma dinamização de atores no desenvolvimentos

de ações pautadas na transferência de conhecimento. A criação de startups e spin offs têm

contribuído certamente para a restruturação das políticas universitárias no Brasil, como uma das

potenciais formas de transferência de conhecimento para a estrutura produtiva, alargando assim, a

base do desenvolvimento científico e tecnológico para questões de inovação e desenvolvimento

regional.

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No Estado de Alagoas, de forma semelhante a outros estados brasileiros com indicadores

similares, o papel das Universidades Federais, como o caso da Universidade Federal de Alagoas

(UFAL), representa muito mais do que apenas o tripé de ensino, pesquisa e extensão, mas tem

atuado como um grande ator em prol do desenvolvimento regional.

A expansão da UFAL para as regiões como o Agreste e Sertão Alagoano tem

transformado a dinâmica das cidades, não apenas pela formação de pessoal, mas por agregar às

pequenas cidades uma cultura empreendedora e uma abertura de potenciais mercados

consumidores no entorno, principalmente porque muitos dos cursos ofertados estão diretamente

ligados ao desenvolvimento do setor produtivo, com a possibilidade de reter na região o capital

intelectual formado, promovendo assim, um desenvolvimento local sustentável.

Atualmente, o estado de Alagoas tem passado por um processo de transformação. Nos

últimos anos, a inovação passou a figurar como um dos principais pilares da política estadual. A

este fator, pode-se citar a construção do Plano Estadual de CT&I para o período até 2013, bem

como a implantação do Parque Tecnológico do estado de Alagoas. Este, por sua vez, é moldado a

partir de Polos Tecnológicos, incluindo espaços para incubação, formando, assim, um ambiente

colaborativo entre as universidades, governo e setor produtivo.

A UFAL tem participado ativamente do processo de desenvolvimento desse ecossistema,

principalmente por ser a instituição de ensino com maior maturidade na promoção de

empreendimentos voltados à inovação, tanto pela abrangência de atuação dos grupos de pesquisa

em empreendedorismo, bem como por seus mecanismos e ambientes promotores de

conhecimento com valor agregado. A exemplo, cita-se a atuação da Incubadora da UFAL

(primeira incubadora do Estado, criada em 1999), bem como a do seu Núcleo de Inovação

Tecnológica.

Assim, o presente trabalho tem como objetivo traçar o perfil da cultura empreendedora

dos Grupos de Pesquisas (GP) da UFAL, para em seguida possibilitar uma mensuração das

dificuldades e vantagens do processo de incubação no interior do estado, bem como, também

busca-se evidenciar as lacunas no desenvolvimento e interiorização da incubadora.

Dessa forma, visando definir o papel da Incubadora de Empresas de Alagoas (INCUBAL)

no contexto do desenvolvimento regional, inicia-se com uma breve descrição do Estado de

Alagoas, para em seguida contextualizar a relação da Universidade Federal de Alagoas (UFAL)

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no Sistema Regional de Inovação (SRI), com a sua atuação iniciando na capital e mais

recentemente realizando a sua interiorização, procurando atingir as demais regiões do Estado.

O trabalho contou com um levantamento do interesse dos pesquisadores da UFAL nos

assuntos ligados a Inovação e ao Empreendedorismo. Esse levantamento mostra-se fundamental

para a análise de resultados de captação de empresas pré-incubadas e incubadas nas chamadas

internas realizadas até o momento. Esse levantamento somente foi concluído com uma

amostragem da capital, sendo a resposta do interior, ainda incipiente e devendo ser ampliado para

o interior, posteriormente. Ao mesmo tempo, se faz uma análise das empresas aprovadas nos

diversos editais de incubação, com ênfase nas dos Campi do interior.

2 – ANTECEDENTES

O Estado de Alagoas está localizado na região Nordeste do Brasil, mais especificamente

no centro-leste dessa região. Tem uma população residente estimada em 3.243.224 habitantes,

com cerca de 985 mil habitantes na capital, Maceió, e o segundo maior município é Arapiraca

com 225.746 habitantes (SEPLANDE, 2013). Conta com uma área de cerca de 28 mil km2, ou

seja, pouco mais de 0,3% do território nacional, distribuídos em 102 municípios localizados em

três mesorregiões e treze microrregiões. As mesorregiões geográficas são: Leste, Agreste e

Sertão. No que se refere à sua posição em relação ao Nordeste e ao Brasil em termos da dimensão

do Produto Interno Bruto (PIB), o estado ocupa a 20ª posição no ranking nacional e a 7ª em

relação à região nordestina, com uma participação de cerca de 5% no PIB regional (IBGE, 2009).

Alagoas possui, atualmente, uma economia estruturada em torno do setor de serviços, mas

nem sempre foi assim. Em decorrência de sua formação socioeconômica e política, até meados da

década de 1980, o estado tinha como dinâmica econômica a agricultura e a agroindústria

sucroalcooleira, responsável pela consolidação do elevado padrão de concentração fundiária.

Mas, a partir de então, diante da falência fiscal do Estado brasileiro e de Alagoas, além da

aplicação de políticas liberalizantes a partir de 1990, o estado assistiu à perda de dinamismo de

sua indústria e agricultura.

Quanto à participação dos setores econômicos na geração de riqueza em Alagoas, nota-se

que mais de 65% desse valor é gerado pelo setor serviços (agregados em: a) saúde e educação

privada; b) administração, saúde e educação públicas; c) atividades imobiliárias e de aluguel; d)

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serviços prestados; e) intermediação financeira; f) logística; g) serviços de alojamento e

alimentação; h) comércio; i) serviços urbanos), sendo aproximadamente 25% da Administração,

Saúde e Educação Públicas, sinalizando para a fragilidade da teia empresarial ligada aos setores

industrial e agrícola. Dentre as atividades mais relevantes destes setores, pode-se verificar que:

a)Na agricultura, destaca-se a cultura de cana-de-açúcar com praticamente 90% do valor

bruto da produção; nos 10% restantes, se destacam as culturas de coco e banana (IBGE, 2009);

b) Na indústria, a agroindústria sucroalcooleira responde por 60% do valor da

transformação industrial do estado de Alagoas (FIEA, 2007);

c) O setor de serviços responde por mais de 60% do PIB alagoano, com destaque para o

comércio varejista (Comércio e Serviços de Manutenção e Reparação, 12%), os serviços da

Administração, Saúde e Educação Públicas (24,8%) e os Serviços de Informação (telefonia),

estes respondendo por 47% do valor da produção de serviços em Alagoas (IBGE, 2009).

No contexto de um Sistema Regional de Inovação (SRI), a UFAL desempenha papel

primordial no Estado, sendo um fator de impulso para a economia. Fundada em 1961 e instalada

no Campus A.C. Simões, em Maceió, com unidade avançada na vizinha cidade de Rio Largo

(Ciências Agrárias), e em mais dois campi no interior do Estado: Campus Arapiraca – com suas

unidades de ensino em Viçosa, Penedo e Palmeira dos Índios - e Campus do Sertão - com sede

em Delmiro Gouveia, e unidade de ensino em Santana do Ipanema, conta com cerca de 26 mil

alunos matriculados nos 84 cursos de graduação, distribuídos em 23 Unidades Acadêmicas, na

capital (53), e nos campi de Arapiraca (19) e do Sertão (8). Na modalidade de pós-graduação, são

39 programas stricto sensu oferecidos, sendo 30 mestrados e 9 doutorados, que contam com

2.312 alunos, além de 13 cursos de especialização. A UFAL conta ainda com 4 mil estudantes de

graduação na modalidade não presencial (Educação a Distância). A pesquisa científica se

encontra consolidada em algumas áreas, como: Física, Matemática, Química e Letras e

Linguística. Outras áreas tiveram investimento tardio e só começaram a estruturar suas atividades

de pesquisa nas décadas de 1980 e meados de 1990, como no caso das Engenharias, Agrárias e

Direito. As atividades de empreendedorismo foram contempladas no Plano de Desenvolvimento

Institucional (PDI) na versão de 2003, prevendo que a UFAL invista esforços no sentido de

interagir com a sociedade Alagoana e Brasileira de forma mais contundente, elegendo como

veículos prioritários de interação, o empreendedorismo e a inovação.

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A instituição oferece aos alunos o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação

Científica (Pibic/CNPq); o Programa de Educação Tutorial (PET); monitoria, estágio e bolsas de

estudo/trabalho. Também disponibiliza bolsas concedidas em editais da Sesu/MEC, para

programas como Afro-Atitude e de cotas, entre outros. Mantém cerca de 600 convênios com

empresas e instituições públicas e privadas.

A UFAL tem por missão produzir, multiplicar e recriar o saber coletivo em todas as áreas

do conhecimento, de forma comprometida com a ética, a justiça social, o desenvolvimento

humano e o bem comum. Seu objetivo é tornar-se referência nacional nas atividades de ensino,

pesquisa e extensão, firmando-se como suporte de excelência para as demandas da sociedade.

Para tanto, a UFAL tem como prioridades: i) Expansão do Campus Maceió: formação

graduada e pós-graduada, produção do conhecimento e extensão; ii) Expansão da instituição para

o interior: consolidação do Campus Arapiraca e do Campus Delmiro Gouveia (segunda etapa de

seu Projeto de Interiorização) e implantação do Campus Porto Calvo, no litoral norte; e iii)

Consolidação da reestruturação administrativa e pedagógica (iniciada em 2005).

Tais prioridades apresentam objetivos específicos:

Criar novos cursos de graduação e pós-graduação vinculando-os,

quando possível, ao desenvolvimento estadual;

Implantar novas turmas nos cursos já existentes, particularmente no

período noturno, visando ampliar a política de inclusão;

Oportunizar com maior intensidade a inclusão social por meio da

ampliação do Campus Arapiraca e da implantação do Campus Delmiro Gouveia;

Ampliar e fortalecer os grupos de pesquisa de modo a incrementar

a produção científica;

Consolidar e expandir os programas de extensão, articulando-os às

demandas sociais;

Consolidar iniciativas de desenvolvimento cultural;

Implementar política de Desporto Universitário;

Ampliar o quadro de docentes e técnicos-administrativos;

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Investir na qualificação dos técnicos-administrativos e na

preparação pedagógica docente;

Ampliar a assistência estudantil: número de bolsas, número de

comensais e de residentes, assistência médico-odontológica;

Criar núcleos de: assistência pedagógica, assistência psicológica;

Melhorar as condições de permanência dos discentes,

principalmente daqueles que apresentam vulnerabilidade social e econômica;

Criar espaços coletivos de convivência da comunidade

universitária;

Ampliar a infraestrutura física da Universidade;

Criar grupos de gestão e de execução do projeto de expansão.

A UFAL já tem forte atuação no estado, nas áreas ligadas ao ensino e a pesquisa, havendo

necessidade de uma consolidação de sua atuação no empreendedorismo, razão pela qual o

presente trabalho foi desenvolvido, e assim consolidar a participação no Sistema Local de

Inovação.

Em termos gerais, a ideia de Sistema de Inovação é oriunda da teoria dos sistemas, e uma

boa definição para o sistema é que ele consiste de dois tipos de elementos: seus componentes e as

relações entre eles (EDQUIST, 2005).

Em acordo com essa perspectiva sistêmica, um sistema de produção e inovação evidencia,

antes de tudo, a natureza sistêmica da inovação, a qual surge por meio de uma série de interações

entre a firma inovadora e outras organizações. Geralmente, uma das organizações mais ativas

nesse processo são as universidades públicas, uma vez que elas conseguem tanto gerar

conhecimento próprio, como absorver de forma mais eficiente conhecimento oriundo de qualquer

lugar, além disso, as universidades podem difundir esse conhecimento por diversos meios

possíveis (FRITSCH; SCHWIRTEN, 1999).

Existem alguns cortes analíticos importantes para se analisar os sistemas de inovação, o

primeiro a surgir foi à noção de Sistema Nacional da Inovação (SNI), proposto originalmente por

Chris Freeman em 1987, com seu estudo a respeito do sistema japonês, e reforçados por Bergt

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Lundval, em 1992, e Richard Nelson, em 1993 (EDQUIST, 2005). Outros cortes analíticos são o

Sistema Setorial de Inovações, proposto por Breschi; Malerba (1997), o Sistema Tecnológico de

Inovações, proposto por Carlsson; Stankiewicz (1991), e finalmente, a abordagem de Sistema

Regional de Inovação, desenvolvido e utilizado Cooke; Uranga; Etxebarria (1997) e Asheim;

Getler (2005).

Especificamente, será trabalhada aqui a abordagem de Sistema Regional de Inovação

(SRI) proposto por Cooke; Uranga; Etxebarria (1997, 1998) e complementado por Asheim;

Getler (2005). A idéia aqui é que quanto mais intensiva em conhecimento são as atividades

econômicas, mais geograficamente determinada é a geração desse conhecimento e de novas

capacidades produtivas (EDQUIST, 2005; COOKE; URANGA; ETXEBARRIA, 1997). E a

geração de capacidades produtivas e de inovação é resultado do grau de cooperação entre os

agentes do sistema regional, de sua infra-estrutura de financiamento dessas inovações e da cultura

produtiva regionalmente estabelecida (COOKE; URANGA; ETXEBARRIA, 1997).

A cooperação entre os agentes é o ponto-chave para o sucesso de um SRI (COOKE;

URANGA; ETXEBARRIA,1997), particularmente quando se tem nas universidades centros

geradores de conhecimento para a região, como é o caso de Alagoas.

O impacto da universidade na formação de capacidades produtivas regionais e na

introdução de novas tecnologias é fortemente influenciado pela cultura produtiva local e pela

cultura universitária, ambos os casos, mediados pela cultura de cooperação da região (COOKE;

URANGA; ETXEBARRIA, 1997). Por outro lado, o perfil de conhecimento desenvolvido pela

universidade deve ser direcionado para a necessidade da atividade produtiva presente na região,

onde os avanços nesse conhecimento poderá sustentar um novo tipo de produção, ou organização

desta, e crescimento econômico futuro (ANSELIN; VARGA; ACS, 1997).

Isto posto, o desenvolvimento e absorção de novos conhecimentos numa universidade irá

afetar as estruturas econômicas da região. Anselin, Varga e Acs (1997) sustentam ainda, que no

caso de indústria de alta-tecnologia, a relação causal do fluxo de conhecimento é da universidade

para a empresa, corroborando assim para a importância local dos transbordamentos de

conhecimentos oriundos dos centros de P&D das universidades. Além disso, existe uma área

definida para a existência desses transbordamentos, que para os autores foi de 50 milhas

(ANSELIN; VARGA; ACS, 1997), fortalecendo a noção de que o conhecimento inovador está

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geograficamente circunscrito e que a universidade é fundamental como fonte desse conhecimento

para o SRI.

Para o caso de uma região periférica no Brasil, ao exemplo de Alagoas, no entanto, as

estruturas de governança do Sistema Regional de Inovação ainda não estão plenamente

desenvolvidas para sustentar a efetiva transferência de tecnologia da universidade para as

empresas da região. Mesmo assim, a universidade mantém seu objetivo de produção e

transmissão de conhecimento, contudo, sem uma estrutura de incentivos que possibilite a

interação entre universidade-empresa esse conhecimento não irá transbordar de forma eficiente

para ser utilizado pelas empresas.

Por isso, é de grande importância a existência de uma universidade federal que permita e

incentive a difusão de novos conhecimentos, desenvolvendo a cultura do aprendizado,

incentivando a criação de instituições de governança desse conhecimento e aprendizado como

forma de garantir a competitividade regional e maior inserção das empresas locais no cenário

nacional e internacional.

Pode-se inferir que a inclusão desse tema em um documento de referencia da instituição

(PDI) possa ser derivado da criação da Incubadora de Empresas de Alagoas (INCUBAL), em

1999, e de suas atividades, inerentes ao Empreendedorismo Inovador. No entanto, as atividades

se encontraram restritas a capital do Estado, pois somente em 2006, houve a expansão das

atividades da UFAL no Campus Arapiraca , que engloba as Unidades de Ensino (UE) de Penedo,

Palmeira dos Índios e Viçosa e, em 2010, no Campus do Sertão, contemplando as atividades na

UE de Santana do Ipanema.

Tendo em vista as vocações regionais, a capacidade técnica da UFAL, a disponibilidade

de infraestrutura tecnológica para geração de negócio e os empreendimentos inovadores dispostos

no estado, colocará Alagoas numa rota de Inovação e ações estratégicas a nível nacional. As

metas para os rumos da CT&I, determinadas de forma coletiva e considerando as perspectivas

nacionais, também estão incorporadas ao ambiente. O fundamental para o momento é fortalecer e

fomentar, cada vez mais, a agregação de valor potencial e tecnológico aos celeiros de

conhecimento como as Universidades. Tudo isso permitirá a continuidade da nova configuração

do cenário científico e tecnológico do estado de Alagoas.

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3 – ATIVIDADES DA INCUBAL

Gerido pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, o Programa de Inovação

Tecnológica e Empreendedorismo (PITE) da UFAL inclui as duas incubadoras de empresas, as

disciplinas de empreendedorismo na graduação e pós-graduação e toda e qualquer ação que

vislumbre proteção da propriedade intelectual, transferência de tecnologia ou inovação dentro da

instituição. Compete ao programa, entre outras ações:

(a) Estimular e apoiar o desenvolvimento de uma cultura empreendedora, envolvendo

discentes, docentes e técnicos da Universidade Federal de Alagoas;

(b) Capacitar e apoiar professores das diferentes áreas do conhecimento a oferecerem o

ensino de empreendedorismo;

(c) Planejar, coordenar e avaliar atividades de incubação de empresas com a finalidade de

atender as necessidades relacionadas à criação de novas empresas e manutenção e

desenvolvimento de empresas já estabelecidas;

(d) Gerir as Incubadoras de Empresas vinculadas à UFAL.

O Programa de Empreendedorismo da UFAL é o mantenedor principal de duas

incubadoras de empresas: A INCUBAL (base tecnológica) – criada em 09 de novembro de 1999

e o Núcleo Espaço Gente (base tradicional) – criada em 13 de abril de 2003.

A Incubadora de Empresas de Alagoas (INCUBAL), é fruto da parceria de 11 instituições

importantes no Sistema Local de Inovação é pioneira no processo de incubação de negócios

tecnológicos em Alagoas. Esta incubadora, por sua vez, tem servido como laboratório e celeiro de

ideias, sendo a catalisadora do surgimento de outras 15 incubadoras que operaram/operam no

Estado. Inaugurada em 1999, experimentou um período de latência nos anos de 2000 a 2004,

após o que retomou suas atividades com vigor. Como incubadora de base tecnológica de acesso

direto dos estudantes e docentes da UFAL, vinculados aos cursos de pós-graduação, a INCUBAL

tem recebido bons projetos da comunidade acadêmica da UFAL.

Em seus 15 anos de existência, a INCUBAL aprovou 25 projetos para pré-incubação e 6

para incubação de empresas. Dessas, 6 foram graduadas e 3 permanecem como associadas.

Pediram desligamento por diversos motivos, 9 empresas. Atualmente, são 4 empresas incubadas e

12 pré-incubadas.

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De acordo com a literatura, o suporte oferecido pelas incubadoras de empresas faz com

que a taxa de mortalidade das empresas incubadas seja menor que 20% e para as associadas,

menor que 10% (ANJOS, 2009). Considerando esse parâmetro, pode se observar que a estatística

da INCUBAL mostra uma taxa de desligamento de cerca de 35%, mas deve-se considerar nessa

taxa, alguns projetos que foram abandonados antes de se formalizarem como empresas, o que

pode se traduzir em uma espécie de seleção dentro do próprio sistema de pré-incubação, o que

pode trazer menores prejuízos e frustrações.

O processo de incubação na UFAL tem um período de tempo variável e inicia com uma

chamada interna. Acompanhando os processos dos últimos dois anos, pode se verificar que o

nível de maturidade dos projetos ainda é pequeno, razão pela qual, a maioria dos ingressos se dá

na forma de pré-incubação. A partir do edital de 2012 houve a abertura para a participação de

empresas no interior do estado, sendo aprovados 3 projetos, sendo 2 em Arapiraca e um na UE de

Penedo.

É a partir desses três projetos aprovados em 2012 e um projeto aprovado em 2013 que se

situa a análise da contribuição de uma incubadora para o desenvolvimento de um estado ainda

com baixos índices de escolaridade e do próprio desenvolvimento humano. Como os projetos que

foram implementados e serão analisados são localizados no município de Arapiraca, a seguir faz-

se breve descrição do mesmo. Com o início das atividades nessa cidade, a seguir descreve-se

brevemente o município.

Arapiraca é o mais importante município do interior de Alagoas, distante 123 quilômetros

da capital do Estado, destacando-se como importante centro comercial da região agreste. A área

de influência do município atinge uma população de aproximadamente meio milhão de habitantes

e ficou conhecida, nos anos de 1970, como a ‘Capital do Fumo’ por ser um dos maiores

produtores de tabaco do país.

A partir da década de 1980, por conta da grande área plantada de fumo, houve um excesso

de produção e a conseqüente diminuição no preço, provocando um ciclo de decadência da

fumicultura. Porém, isso não impediu o crescimento econômico do município que se destaca no

setor industrial e de serviços.

4 – METODOLOGIA DA PESQUISA

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A pesquisa foi desenvolvida em dois tempos, sendo o primeiro de uma pesquisa aplicada,

através da elaboração de um questionário estruturado e aplicado a pesquisadores visando avaliar

o seu interesse e nível de conhecimento sobre as atividades de inovação e empreendedorismo.

Foram escolhidos os líderes de grupos de pesquisa e solicitados a responderem diversas questões

de forma objetiva.

O segundo momento foi uma avaliação das três empresas do interior do estado aprovadas

na seleção, e que iniciaram suas atividades em 2012. Procurou-se identificar o que pode ter

levado ao sucesso e ao insucesso, bem como a sua contribuição para o desenvolvimento da

região.

5 – RESULTADOS

5.1 Questionário aplicado a pesquisadores

A UFAL conta atualmente com 293 grupos de pesquisa (GP) certificados no CNPq, sendo

considerados de áreas tecnológicas, 159, com 834 linhas de pesquisa e 673 doutores envolvidos.

Nesse universo houve a resposta de 71 questionários, sendo preponderantemente a maioria da

capital, apenas 4 do interior.

Em primeiro lugar, foi perguntado se o GP desenvolvia atividades em parceria com

instituições privadas ou públicas, sendo que a maioria respondeu que não, como visto na figura 1.

Figura 1 Parcerias com empresas privadas (esquerda) e instituições públicas (direita).

Fonte: autores

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Considerando as parcerias, observam-se que alguns pesquisadores desenvolvem

atividades conjuntas com empresas privadas, destacando-se as do setor sucroenergético e

químico. Quanto as empresas públicas, esse número aumenta, pois muitos consideram as

parcerias com outras universidades nesse universo.

Quanto aos objetivos das pesquisas, os respondentes afirmaram, em sua maioria, que

pretendem publicar os resultados, e apenas 6% utilizar para abrir uma empresa, conforme

evidenciado na figura 2.

Figura 2 Objetivos das pesquisas desenvolvidas.

Fonte: autores

Percebe-se a cultura voltada para a questão da valorização de publicações científicas, em

detrimento do empreendedorismo.

Neste cerne, como contributo para o debate, pode-se dizer que o sistema acadêmico

brasileiro ainda é pautado pelo mérito baseado em publicações científicas quando comparado aos

pedidos de patentes. Este hiato é perceptível ao analisar, por exemplo, que no ano de 2009 o

Brasil respondia por , 9 da produção científica mundial, da mesma forma que o número de

artigos científicos indexados pelo Institute for Scientific Information (ISI) atingiu um aumento de

205% no período entre 2000 e 2009, enquanto que neste mesmo período o crescimento dos

depósitos de patentes brasileiros no United States Patent and Trademark Office (USPTO) foi de

apenas 8,5% ao ano (DOS SANTOS E TORKOMIAN, 2013; ARAÚJO, 2013). Ao relacionar a

0 20 40 60 80

Publicar

Proteger e transferir atecnologia

Criar empresa e comercializar

Fazer parceria com empresasinteressadas

outros

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possibilidade de abertura de empresas, muito provavelmente as publicações científicas se

sobressaem, uma vez que o grau de risco desta é muito menor.

Quando se questiona o interesse em constituir uma empresa o interesse em publicar

também se reflete, como pode ser visto na figura 3.

Figura 3 Interesse em construir empresa

Fonte: autores

No entanto, ao se referir a incentivar os alunos a constituírem uma empresa, esse discurso

muda, conforme se vê na figura 4.

Figura 4 Incentivo aos alunos para construir empresa.

Fonte: autores

18%

82%

sim

não

93%

7%

sim não

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Percebe-se que há pouco interesse por parte dos pesquisadores docentes em empreender,

quando se trata de ser o próprio responsável pela empresa, mas esse interesse aumenta quando se

cita incentivar os alunos a empreenderem a partir dos resultados obtidos nas pesquisas.

Essa pesquisa reflete fortemente a relativa baixa procura pelas atividades de inovação,

incluindo o processo de incubação de empresas na universidade.

Apesar da constatação do baixo interesse em empreender por parte dos pesquisadores

docentes, a pesquisa procurou traçar um perfil e avaliar o impacto dos projetos para incubação

das empresas selecionados no ano de 2012 e oriundos do interior do estado.

5.2 Projetos selecionados no interior

A chamada interna do ano de 2012, pela primeira vez na história da INCUBAL,

possibilitou a inscrição de projetos dos Campi interioranos. Salienta-se que uma das dificuldades

enfrentadas para a abertura dessas vagas foi a falta de espaço físico destinado a atividades de

empreendedorismo, consequência de atrasos na execução de obras de infraestrutura da

instituição. Foram submetidos 8 projetos, sendo aprovados 6 e entre esses, 3 do interior. Fato

inédito, pois 50% de projetos a serem desenvolvidos estavam localizados no Campus Arapiraca,

sendo dois na cidade de Arapiraca. Na chamada interna de 2013, foram aprovados apenas 4

projetos, pois não havia espaço físico para novas empresas, e as candidatas deveriam comprovar

a existência de local para sua instalação na própria unidade acadêmica que a originou.

Novamente, houve a aprovação de um projeto do interior, Campus Arapiraca. Na tabela 1 estão

listadas as empresas.

Tabela 1 Empresa aprovadas localizadas no interior do Estado

Ano Empresa Cidade

2012 Empresa A Penedo

2012 Empresa B Arapiraca

2012 Empresa C Arapiraca

2013 Empresa D Arapiraca

Fonte: autores

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EMPRESA A:

Empresa de beneficiamento de pescado. A proposta da empresa era de agregar valor a

produtos oriundos da atividade pesqueira, ainda realizada de forma artesanal na região. Apesar de

proposta bem estruturada, devido à saída do coordenador da equipe para qualificação, foi

solicitado o desligamento do projeto na INCUBADORA. Pretendia-se que essa empresa fosse um

vetor de desenvolvimento regional, pois estaria transformando produtos in natura em produtos

industrializados, utilizando estrutura já iniciada por outra instituição e não utilizada. Envolvia

um docente, um técnico administrativo e dois alunos, todos da Unidade de Ensino Penedo.

EMPRESA B:

Empresa para desenvolvimento de softwares, envolve um docente, um técnico e dois

discentes do Campus Arapiraca. Nasceu a partir de um laboratório de pesquisa de informática.

Apesar de ainda não ter sido formalizada a empresa, o processo está bem adiantado, com grande

empolgação dos envolvidos, os quais buscaram qualificação, principalmente a oferecida pela

INCUBAL. A equipe está se tornando multiplicadora dos conceitos de empreendedorismo, tendo

participado ativamente na edição do START UP WEEKEND realizado em Arapiraca. Mesmo que

não se tenha números empresariais, no momento, conta-se com os participantes do projeto para a

divulgação das atividades voltadas a incubação de empresas.

EMPRESA C:

Visando o desenvolvimento de websites, atua também como gerenciador de conteúdo

online, e-mail marketing e identidade visual, a empresa já se encontra formalizada, aguardando o

processo de graduação. Envolve discentes e ex-discentes da UFAL, tendo modificado a sua

estrutura societária, inicialmente com 4 pessoas. Ao final de 2013, contava com mais 4

colaboradores eventuais, além de estagiários da própria universidade. A empresa visa estar na

liderança do mercado local de desenvolvimento de websites, também começando a prestar

serviços para a capital. Apesar de não apresentar inovação radical, a empresa oferece uma

inovação local.

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EMPRESA D:

A ultima empresa a ter seu projeto aprovado é uma empresa de tecnologia que atua na

área de agricultura irrigável, através da prestação de serviços altamente especializados. Utiliza

software de otimização de recursos hídricos, com planejamento de irrigação e drenagem,

podendo ser adequado para cada situação demandada. Envolve um docente em nível de

doutorado, uma mestranda e dois discentes de graduação. Apesar de ser uma empresa nascente,

concorreu ao I Prêmio Alagoano Empreendedor Inovador, com um projeto voltado a otimização

dos recursos hídricos oriundos do canal do Sertão. A premiação, em terceiro lugar, veio

consolidar uma ideia que nasceu da academia e mostrou a grande potencialidade de aplicação

com grandes retornos para a sociedade.

Pode-se perceber que as empresas estão muito focadas em tecnologia da informação e

comunicação (TIC), sendo que somente a primeira iria atuar em outro setor, procurando agregar

tecnologia a um setor bastante tradicional. As empresas B e C atuam no segmento mais

tradicional da TIC, enquanto a terceira aplica a referida tecnologia em um setor ainda carente no

estado e que pode contribuir de forma acentuada para o desenvolvimento regional.

CONCLUSÃO

A estruturação de ambientes com o foco em desenvolvimento é um desafio encontrado

pelos governos de todos os países. A implantação de políticas de atração de grandes empresas,

choques econômicos, fatores sociais e indicadores de inovação proporcionam uma relação

inerente ao processo de desenvolvimento lastreado, também, por infraestrutura que congregue de

maneira satisfatória para alavancar áreas estratégicas do setor produtivo.

A partir da experiência de interiorização do processo de incubação de empresas no estado

de Alagoas, pode se avaliar a importância desempenhada pela UFAL também na área de

empreendedorismo. O impacto das empresas criadas na economia regional ainda é pequeno,

devido à escala de negócios das mesmas. No entanto, consegue-se vislumbrar um possível

posicionamento de vanguarda nas empresas incubadas, seja pelo viés tecnológico, seja pela

referência da sua ligação com a UFAL. Deve-se considerar ainda que a disseminação da cultura

do empreendedorismo está sendo consolidada, podendo ser citadas palestras realizadas, eventos

como o I Encontro Alagoano de Educação Empreendedora, em setembro de 2013, e mais

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recentemente, o Start Up Weekend, realizado em Arapiraca em abril de 2014. Como fruto desse

ambiente, voltado para o empreendedorismo inovador, pode-se ressaltar a presença, na chamada

interna para incubação de empresas da UFAL, metade dos projetos localizados nos Campi do

interior.

Por fim, percebe-se que o ambiente proporcionado pela presença da incubadora no

campus Arapiraca estimula o desenvolvimento de várias ações para o fortalecimento do

empreendedorismo na região, tanto para beneficiar a comunidade acadêmica, como para

colaborar com as instituições parceiras locais. O impacto dos novos projetos, somente será

possível conhecer após a formalização do processo de pré-incubação e de incubação.

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