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B _ i ACIDI REVISTA Nº78 FEVEREIRO 2010 IMIGRANTES E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PROXIMIDADE OU BARREIRA? ENTREVISTA COM ROSÁRIO FARMHOUSE CLAII - UMA PRÁTICA EM TODO O PAÍS

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B_iACIDIrevista Nº78

Fevereiro 2010

IMIGRANTESE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

PROXIMIDADE OU BARREIRA?

ENTREVISTA COM ROSÁRIO FARMHOUSE

CLAII - UMA PRÁTICA EM TODO O PAÍS

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B_i 2ACIDI REVISTA Nº 78 fEVEREIRo 2010

O caminho percorrido nos últimos anos pela Administração Pública portuguesa, quer a nível central, quer a nível regional e local, no sentido da aproximação dos serviços às necessidades dos cidadãos, dirigiu-se também aos imigrantes que procuraram Portugal como destino.

Este esforço, desenvolvido em torno do objectivo de colocar o cidadão no centro da atenção do aparelho administrativo do Estado, generalizou-se em todo o país e trouxe efectivas mudanças no combate à excessiva burocracia praticada pela Administração Pública, muitas vezes exclusivamente para consumo interno. Se recuarmos cinco ou dez anos, embora já no século XXI, lembramo-nos das filas intermináveis de imigrantes que se deslocavam de Herodes para Pilatos para obterem informações fidedignas dos serviços, ou para resolverem as situações administrativas relacionadas com a sua residência em território nacional. Parece-nos recordar tempos do passado ao qual já não pertencemos.

E, no entanto, fomos todos nós, que continuamos a prestar serviço público, que mudámos. Claro que todas as ferramentas informáticas que entretanto foram implementadas e a gigantesca revolução tecnológica no universo da comunicação contribuíram para o sucesso da mudança. O sucesso foi, efectivamente, a mudança de atitude: aproximar a Administração do cidadão.

E agora, que o objectivo parece alcançado, importa não permitir um novo afastamento. Convém lembrar que no universo informático que utilizamos também existem pastas e arquivos onde se podem facilmente acumular processos, assuntos e documentos que ficam sem resposta.

O ACIDI está atento e empenhado. Muitos têm sido os passos na tentativa de manter a aproximação entre a Administração Pública e quem nos procura. São várias as plataformas desenvolvidas para o efeito que permitem uma maior interacção entre as pessoas e uma simplificação dos processos.

Outro importante contributo para eliminar barreiras tem sido a facilidade de contacto telefónico através da linha telefónica SOS Imigrante, que permite o esclarecimento de todas as dúvidas relacionadas com a temática da imigração e a pré-marcação telefónica. O Serviço de Tradução Telefónica (STT), utiliza um sistema de conferência telefónica que possibilita três intervenientes em conversa simultaneamente, construindo pontes entre pessoas que falam línguas diferentes.

Por isso, nunca será demais divulgar os CNAI (Centro Nacional de Apoio ao Imigrante) e as suas mais-valias cujo contributo tem permitido o aperfeiçoamento das condições de atendimento e uma real aproximação entre a Administração Pública e quem nos procura.

Rosário Farmhouse

Alta Comissária para a Imigração e Diálogo Intercultural

Construir a proximidade

EDITORIAl

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ENTREVISTA

Rosário Farmhouse

A AlTA ComISSáRIA pARA A ImIgRAção

E DIálogo INTERCulTuRAl

ComplETou DoIS ANoS DE

mANDATo Em fEVEREIRo. NESTA

ENTREVISTA, REAlIzA o bAlANço

DE um TRAbAlho DESENVolVIDo E

REAfIRmA quE A pRoxImIDADE ENTRE

o ESTADo E oS ImIgRANTES TEm SIDo

o pRINCípIo oRIENTADoR DA SuA

ACção.

A pROxIMIDADE TEM SIDOO PRINCíPIO COMO qUAL ME IDENTIfICO

Ao fim de dois anos do manda-

to, que balanço faz do traba-

lho de proximidade desenvol-

vido pelo ACIDI?

A proximidade tem sido o princípio com

o qual me identifico. Vinda de muitos

anos de trabalho no terreno, ao passar

para este cargo tentei não a perder. E,

embora já existissem muitos mecanismos de proximidade, estes têm sido desen-volvidos e aprofundados cada vez mais. No que respeita ao contacto do ACIDI com o terreno, acho que o consegui-mos através das equipas de terreno do CNAI (Centro Nacional de Apoio ao Imigrante), do apoio financeiro e técnico às associações de imigrantes, que é maior,

IMIGRANTESE ADMINISTRAÇÃO pÚBLICA

pROxIMIDADE OU BARREIRA?

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ENTREVISTA

sabem o que é estar do lado de lá. Para podermos definir políticas de proximida-de, temos que ver sempre os dois lados. Portanto, toda a Administração Pública tem procurado criar relações de maior proximidade, com os imigrantes e com os cidadãos em geral, desenvolvendo também mecanismos de maior celeri-dade.

Quais são actualmente os principais desafios desse esforço de proximidade?

Julgo que o maior desafio é conseguir que vejam no ACIDI um parceiro que, em conjunto, pretende construir algo em prol da integração dos imigrantes e das comunidades ciganas.O que acontece, e não apenas nesta área, é que o Estado é por vezes visto como um burocrata, ou então como um mero financiador, mas muito pouco como um parceiro que está “no mesmo barco”. E, neste desenvolvimento e execução de políticas públicas para a integração dos imigrantes, tenho sentido que este princípio da proximidade tem de existir nos dois sentidos, e que é preciso que os parceiros se apercebam de que do nosso lado há toda a abertura para poderem ajudar-nos a construir uma sociedade melhor. Queremos ser vistos como um parceiro e não como um concorrente, o que às vezes ainda acontece um pouco. Este é um esforço que tem de ser feito pelas partes para se poderem encontrar as ferramentas e os espaços adequados. A proximidade faz-se com relações de confiança e de amizade, e isso requer o seu tempo e o seu espaço. Por vezes, na correria do dia a dia, é difícil encontrar o tempo e a forma para a proximidade, e esse é um dos maiores desafios que temos. Um factor importante de proximida-de são as iniciativas ACIDI Junto das Comunidades, fundamentais para ter-mos o tal contacto de proximidade e para conhecermos ao vivo as dificuldades, os

dos Centros Locais de Apoio à Integração de Imigrantes (CLAII), cujo núme-ro aumentou, e através do Programa Escolhas, que também foi reforçado em número de projectos e apoio financeiro. Quanto à proximidade da Alta Comissária com o terreno procurei, ao vir para este cargo, que exige uma responsabilidade muito maior e todo um trabalho de retaguarda, não perder o contacto directo com as pessoas, quer no gabinete, quer através das iniciativas ACIDI Junto das Comunidades. Ainda há muito a fazer e a desenvolver, gostaria de ter dias maiores para poder ir a todos os locais para onde me convidam, mas tenho tentado não perder nunca essa proximidade no dia a dia, porque ela é também o meu alimen-to e o que me dá ânimo para continuar e para melhorar. Estes dois anos foram sem dúvida um enorme desafio! Do ponto de vista pes-soal, foi também um desafio enorme a conciliação da vida laboral com a vida familiar porque, enquanto mãe de três filhos, este trabalho é muito exigente em termos de horários, disponibilidade e exposição. Mas sem dúvida que o ACIDI me tem proporcionado momentos muito enriquecedores e uma enorme aprendiza-gem, tanto do ponto de vista profissional como pessoal. Sinto-me privilegiada por isso!

Como sintetizaria a ideia de uma Administração mais próxima dos imi-grantes?

Uma Administração mais próxima dos imigrantes é aquela que é construída

também pelos próprios imi-grantes. É isso que temos procurado fazer com a figura dos mediadores sócio-cultu-rais dos CNAI e do projecto que lançámos de mediado-res interculturais em serviços públicos, porque eles, melhor do que ninguém, conhecem e

POR VEzES, NA CORRERIA DO DIA A DIA, é DIFÍCIl ENCONTRAR O TEMPO

E A FORMA PARA A PROxIMIDADE,

E ESSE é UM DOS MAIORES DESAFIOS qUE TEMOS.

ATENDIMENTOS PRESENCIAIS

Atendimentos em 2009: 374 954nAcionAlidAdes dos utentes: 165

nAcionAlidAdes dos mediAdores: 12 número de gAbinetes: 16

Anos de existênciA: 6

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desafios e as boas práticas que existem. Há muito boas práticas espalhadas pelo país e essa é uma oportunidade única de estarmos com as pessoas e as conhecer-mos. Sem dúvida que é um modelo para continuar. No ano passado, foram feitas apenas duas e este ano quero fazer três. Não quero deixar de referir, a propósito do esforço de proximidade desenvolvido, as “Equipas no Terreno”. São pequenos braços do Centro Nacional de Apoio ao Imigrante, que vão a localidades onde não há Centros Locais, onde não exis-te por perto uma resposta institucional nesta matéria da integração, e tentam ajudar. O que acontece frequentemen-te, nas iniciativas “ACIDI Junto das Comunidades”, é estar presente uma “equipa no terreno”. Ou seja, não está apenas a Alta Comissária a conhecer as realidades, está também uma equipa por trás que procura dar informações úteis, quase sempre com um jurista que pres-ta informação nessa área, mas também alguém da triagem, do atendimento, que tem uma visão mais abrangente e que pode encaminhar as pessoas ao nível do apoio social, da saúde ou de outras áreas. São equipas essenciais para trabalhar segundo este princípio da proximidade, compostas por mediadores que traba-lham habitualmente no CNAI mas que vão ao terreno assim que seja solicitado, com uma antecedência de pelo menos duas semanas para que se possam orga-nizar.

Quais são as parcerias mais inovadoras que têm vindo a ser estabelecidas?

O ACIDI tem tido parcerias inovadoras. Todas as parcerias que temos realizado, principalmente tripartidas, entre poder central, poder local e sociedade civil são bastante originais, tanto a nível nacio-nal, como no estrangeiro. Não é muito comum termos o poder central e o poder local a trabalhar em conjunto com uma associação da sociedade civil, em prol

do mesmo objectivo e numa mesma parceria. Isto passa-se, por exemplo, com o projecto dos mediadores interculturais em serviços públicos e o projecto de mediadores municipais das comunidades ciganas. As parcerias com a Academia são tam-bém inovadoras, pois são parcerias com centros de investigação que permitem ao ACIDI um maior conhecimento da temática, um conhecimento científi-co, e que, nos seus estudos, através do Observatório da Imigração, elaboram recomendações de políticas públicas que têm sido para nós uma enorme inspira-ção. Talvez por a matéria da imigração ser tão transversal, tem feito com que o ACIDI consiga chegar a muitos parceiros. Essa é sem dúvida a sua grande mais valia, conseguir congregar à volta do mesmo objectivo muitas pessoas e muitos parcei-ros das mais diversas áreas e origens.

O Centro Nacional de Apoio aos Imigrantes vai fazer seis anos em Março. Quais são as inovações mais recentes?

Temos procurado que o CNAI não seja uma instituição estanque, no sentido de adaptarmos as respostas àquilo que são as necessidades, e por isso temos vindo a abrir novos gabinetes, como o Gabinete de Apoio ao Imigrante Consumidor ou o Gabinete de Apoio à Qualificação. Temos procu-rado encontrar novas res-postas, como o Projecto de Empreendedorismo Imigrante ou o Gabinete de Apoio ao Empreendedorismo. A mais recente transformação foi o alargamento do horário de atendimento até às 18h30, em que pro-curámos mais uma vez ir de encontro às necessidades dos imigrantes. A abertura da extensão do CNAI de Lisboa em Faro

TODAS AS PARCERIAS qUE TEMOS REAlIzADO, PRINCIPAlMENTE TRIPARTIDAS, ENTRE PODER CENTRAl, PODER lOCAl E SOCIEDADE CIVIl, SãO INéDITAS, TANTO A NÍVEl NACIONAl COMO NO ESTRANgEIRO

PROGRAMA ESCOLhAS Resolvemos designar o modelo de

funcionamento da Quarta Geração do

Programa Escolhas como “modelo sinérgico”.

Isto reflecte a nossa confiança e apoio

aos parceiros locais que apresentam um

diagnóstico e se candidatam a um apoio

financeiro. São eles - com o nosso apoio - que

melhor podem resolver as dificuldades que

encontram. Neste novo modelo, queremos que

se criem cada vez mais sinergias, do topo para

baixo e de baixo para cima, para um melhor

resultado no terreno.

Esta quarta geração tem 130 projectos que

foram apresentados pelos consórcios locais.

Envolve 1003 parceiros e 770 técnicos, o que é

extraordinário, e espera trabalhar com 96 mil

jovens ao longo destes três anos.

Nesta quarta geração há ainda a possibilidade

de aprovarmos mais dez projectos, que

serão decididos pelo Senhor Ministro

da Presidência, em locais que ficaram a

descoberto após esta aprovação ou em

projectos experimentais e inovadores.

Mais informações em:

www.programaescolhas.pt

IMIGRANTESE ADMINISTRAÇÃO pÚBLICA

pROxIMIDADE OU BARREIRA?

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B_i 6ACIDI REVISTA Nº 78 fEVEREIRo 2010

permitiu alargar a resposta ao segundo distrito com maior número de imigrantes do País. No CNAI do Porto, foram feitas obras de melhoramento que permitiram melhores condições no atendimento. O grande projecto nesta área é o novo CNAI no Largo do Intendente. O gran-de sonho é termos um Centro Nacional de Apoio ao Imigrante com maior capa-cidade e melhores condições, pois o edi-fício que temos em Lisboa já é pequeno para as solicitações. Gostaríamos de ter um modelo ainda melhor, sendo que este já é muito bom e já é um modelo inter-nacionalmente reconhecido. No novo edifício, apostaremos mais ainda no tra-balho sobre o diálogo intercultural, com um centro de exposições, um auditório, um restaurante étnico, etc..

A Rede CLAII tem também tido grandes transforma-ções...

A Rede CLAII tem vindo a aumentar e neste momen-to temos 85 Centros Locais de Apoio à Integração de Imigrantes, sempre segundo esta lógica: Aumentar se vale

a pena, fechar se já não vale a pena, e portanto também temos vindo a fechar pontualmente alguns CLAII. Não vale a pena termos 100 CLAII se alguns deles têm pouco trabalho realizado, e portanto temos feito uma avaliação, ampliando a Rede onde é necessário ampliar e fechan-do onde é necessário fechar, sem prejuízo da evidente concertação ACIDI/Câmaras ao nível da utilização dos recursos muni-cipais já existentes. Mas a grande altera-ção dos CLAII tem a ver com a ligeira mudança de foco: até aqui os CLAII estavam muito centrados no atendimen-to directo. Tendo nós neste momento uma estagnação de fluxos migratórios, e tendo também uma estabilização das legislações, seja a Lei da Nacionalidade seja a Lei dos Estrangeiros, o atendi-

mento directo já não é tão premente como foi em outros períodos em que o mais importante era prestar informação. Assim, os CLAII também têm funciona-do como pontos fundamentais de pro-moção da interculturalidade, ao nível local, assumindo simultaneamente estes dois desafios. Está também a decorrer nalguns CLAIIs estudos de diagnóstico ao nível da inte-gração social dos imigrantes, que ainda em 2010 nos irão dar um mapeamento dos imigrantes e das dificuldades reais que existem na sua integração. Portanto, os CLAII são pontos que procuram fazer localmente a diferença na vida dos imi-grantes, mas também contribuir para a descoberta pelos portugueses da riqueza que é uma sociedade mais plural.

Apesar de todos os esforços desen-volvidos, referiu a existência de um défice de informação sobre os serviços disponíveis...

É verdade. E é por isso que este ano está prevista uma grande campanha para divulgar os serviços do CNAI de Lisboa. Apesar de termos vários mecanismos e procurarmos com muito empenho trans-mitir a nossa mensagem, temos a noção de que ainda há muitos imigrantes que não nos conhecem. Seja porque não dominam a língua portuguesa e os meca-nismos que temos não estejam muito acessíveis nas zonas que frequentam, seja porque frequentemente estão de tal modo absorvidos pelas suas dificul-dades, pelo seu processo de integração, que quase não têm tempo de olhar à volta e acabam por se fechar um pouco neles próprios e nas suas comunidades. O certo é que neste século, em que encontramos cada vez mais diferentes e mais inovadoras formas de comunicar, continuamos a sofrer desta incapacidade de chegar até ao público-alvo. Está pre-vista para este ano de 2010 uma grande campanha com alguns focos principais,

A gRANDE MAIS VAlIA DO ACIDI é, SEM DúVIDA, CONSEgUIR CONgREgAR

à VOlTA DO MESMO ObjECTIVO

PESSOAS E PARCEIROS DAS MAIS DIVERSAS ÁREAS E

ORIgENS.

ENTREVISTA

DIvULGAR O ACIDI

Para além de divulgar todo o trabalho do

ACIDI na integração dos imigrantes e as

ferramentas que temos, o nosso Gabinete

de Comunicação procura acima de tudo

trabalhar em prol de uma sociedade mais

intercultural. Tem diversos meios, como o

Programa NÓS, na televisão, o programa

de rádio Gente Como Nós, o Boletim

Informativo, que agora mudou de formato,

e a Revista Escolhas. A sua principal missão

é sensibilizar a sociedade em geral para esta

temática, dando a conhecer boas práticas,

histórias de vida e de sucesso, para que sejam

multiplicadoras desta sensibilização.

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para que os imigrantes saibam que exis-te um instituto público especificamente dedicado a apoiá-los no seu percurso de integração.

As boas práticas do ACIDI têm sido amplamente referenciadas. Qual é a importância desse reconhecimento?

Para além dos benefícios óbvios para quem os toma por exemplo, esse reco-nhecimento é também benéfico para o ACIDI porque nos obriga a fazer ainda melhor. O reconhecimento das nossas boas práticas pôs Portugal num patamar do qual, espero, mesmo contra ventos e marés, o País não quererá sair. Por outro lado, o facto de o nosso trabalho ser reco-nhecido como boas práticas é contagian-te. Não só para os outros mas também para nós próprios, porque nos dá força para continuar neste caminho e para acreditar na nossa criatividade, tão típica do povo português, e na capacidade de pensarmos no que podemos fazer ainda de melhor e de mais inovador. Portanto, a importância desse reconhecimento é muito grande, porque é muito bom sabermos que somos, nesta matéria, um exemplo para os outros, e também por-que isso ajuda a auto-estima portuguesa, que nem sempre está muito elevada.

Como está a decorrer a colocação de mediadores imigrantes em postos da Administração Pública?

O projecto de mediação intercultural no atendimento em serviços públicos começou por ser um projecto piloto e tem possibilitado que imigrantes e seus descendentes, após a formação no ACIDI, estejam em serviços públicos importantes, a maioria na área da Saúde, mas também nas áreas da Educação, nas Autarquias, na Segurança Pública e Segurança Social . O projecto não só permite que estas pes-soas tenham um emprego reconhecido,

aproveitando os seus talentos e a sua especificidade, como faz com que qual-quer imigrante que se dirija a um serviço público, ao ver alguém com quem sente uma empatia cultural e linguística, possa desconstruir muros que por vezes sur-gem. É uma prática que facilita muito a integração dos imigrantes e que está a correr bastante bem. Os próprios serviços da Administração Pública que receberam estes mediadores têm dado esse feedback e em reuniões que temos tido muitos deles dizem que querem mais mediado-res. Penso que é um bom sinal de que estão a ser reconhecidos como uma gran-de mais-valia.

Em Portugal, o Estado tem as asso-ciações de imigrantes como parceiros, optando por as financiar. Outros paí-ses europeus têm soluções diferentes...

O grande objectivo do ACIDI é finan-ciar para capacitar. Financiar nunca na totalidade, pois a própria lei diz que o ACIDI só pode financiar em setenta por cento do valor total do projecto, mas é um grande apoio. O grande objecti-vo, e se nós o atingíssemos dentro de alguns anos seria fantástico, é cada vez mais capacitar as associações. Para isso, temos o Gabinete de Apoio Técnico às Associações de Imigrantes, que tem feito um trabalho extraordinário, investindo muito nesta capacitação e formação, de forma a que as associações sejam cada vez mais capazes de recorrer a financiamen-tos para além dos do ACIDI. A ideia é que as associações possam elas próprias criar a sua sustentabilidade, seja com o contributo de cada associa-do, seja com produtos que vão criando, seja com a responsa-bilidade social de empresas. O grande objectivo é que vejam no ACIDI, repito, um parceiro que está do mesmo lado e que quer a integração dos imigran-

PROGRAMA PORTUGUêS PARA TODOS (PPT)

O Português Para Todos (PPT) é um

programa que visa a aprendizagem da língua

portuguesa para quem não a tem como

língua materna. Este programa tem estado

a ser realizado quer nas escolas, através

das Direcções Regionais de Educação, quer

através do IEFP, sendo financiado pelo

Programa Operacional de Potencial Humano.

O ACIDI é o organismo intermédio e tem

procurado capacitar os imigrantes não só

para falarem correctamente português mas

também na vertente do português técnico,

nas áreas de Comércio, Cuidados de Beleza,

Engenharia e Construção Civil e Hotelaria.

Este ano vai haver uma forte aposta na

divulgação do PPT, porque ainda há muitas

pessoas que não conhecem a sua existência.

A grande mais valia deste programa é a

certificação: São cursos certificados, cujo

diploma possibilita quer a dispensa do exame

de português na aquisição da nacionalidade

portuguesa, quer a renovação da autorização

de residência permanente. São diplomas que

ajudam a que as pessoas demonstrem que já

falam português e que portanto facilitam a

sua integração.

A MAIS RECENTE TRANSFORMAçãO NO CNAI DE lISbOA FOI O AlARgAMENTO DO HORÁRIO DE ATENDIMENTO, PROCURANDO MAIS UMA VEz IR DE ENCONTRO àS NECESSIDADES DOS IMIgRANTES.

IMIGRANTESE ADMINISTRAÇÃO pÚBLICA

pROxIMIDADE OU BARREIRA?

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B_i 8ACIDI REVISTA Nº 78 fEVEREIRo 2010

SERvIÇOS

ACIDI ATENDIMENTO TELEfÓNICO

Linha SOS Imigrante 808 257 257 ou 21 810 61 91custo de chamada local. Informação útil na

área da Imigração, disponível em diferentes

línguas. Marcação de atendimento

presencial nos serviços dos CNAII’s.

Horário: de 2ª a sábado, das 8h30 às 20h30

STT – Serviço de Tradução Telefónica 808 257 257 ou 21 810 61 91custo de chamada local. Sessenta idiomas

disponíveis, formato de conferência

telefónica, garantia de confidencialidade e

tradução gratuita.

Horário: de 2ª a 6ª, das 10h00 às 18h00

ATENDIMENTO PRESENCIAL O atendimento presencial aos imigrantes

faz-se quer a nível nacional quer a nível local.

Existem três Centros Nacionais de Apoio ao

Imigrante (CNAI) em Lisboa, Porto e Faro,

abertos de 2ª a 6ª, das 08h30 às 18h30.

A Rede de Centros Locais – CLAII’s - tem,

neste momento, 85 centros espalhados por

todo o país.

Existem ainda a Rede GIP, Gabinetes de

Inserção Profissional, com 25 unidades

espalhadas pelo país, o PPT – Português Para

Todos e o PADE – Programa de Apoio a

Doentes Estrangeiros.

Mais informações disponíveis na Internet em:

www.acidi.gov.pt

ENTREVISTA

tes, procurando ajudar naquilo que é possível. Mas é fundamental que as asso-ciações sejam capazes de encontrar outros financiamentos, porque o dinheiro não é ilimitado e as associações são cada vez mais, o que é muito bom. É sinal que os imigrantes cada vez mais se estão a orga-nizar, principalmente as novas comu-nidades. O movimento associativo tem vindo a mudar muito. Neste momento, temos 120 associações reconhecidas de imigrantes de todas as origens, mesmo de algumas zonas do mundo que nunca imaginámos ter em Portugal.

Que balanço faz do Plano para a Integração dos Imigrantes (PII)?

O balanço é muito positivo. Pela pri-meira vez, tivemos um documento que, em 122 medidas, responsabilizou 13 ministérios em matéria de integração de imigrantes. Este documento funcionou como um pontapé de saída e a sua forte monitorização permitiu não só estarmos atentos e às vezes até mudar um pouco as metas e os indicadores previstos, porque a realidade muda, mas acima de tudo aju-dar a construir um PII Segunda Geração ainda melhor. Com a experiência que tivemos nestes anos, e também com a rede de pontos focais dos ministérios envolvidos, é pos-sível construirmos um documento mais actualizado, porque o anterior foi conce-bido em 2006-2007 e a realidade social mudou bastante. De facto, as grandes áreas em que o PII não conseguiu chegar tão longe quanto previa foram a área da habitação e a área da discriminação. Por isso mesmo, este novo PII vai ter essas áreas em grande atenção. Tudo aquilo que não se conseguiu alcançar no PII primeira geração vai ser analisado para ver até que ponto é transferível para o PII Segunda Geração. Este é um momento único, em que podemos desenhar um novo Plano, aproveitando toda a experi-ência que tivemos no passado.

BOLSA DE fORMADORES (Bf)A Bolsa de Formadores (BF) consiste numa

equipa móvel de formação para o acolhimento

e integração de imigrantes. Conta actualmente

com 30 formadores espalhados por diversas

áreas geográficas do país e tem os seguintes

objectivos: (1) Promover melhor compreensão

da diversidade cultural; (2) Sensibilizar

para o acolhimento e integração dos

imigrantes em Portugal; (3) Formar para a

interculturalidade; (4) Chegar a um número

mais alargado e diversificado de entidades.

Módulos disponibilizados:

«Acolher e Celebrar a diversidade: Pequenas

Ideias e Serviços de Apoio»;

«Lei da Nacionalidade»;

«Lei da Imigração»;

«Mitos e Factos sobre Imigração em Portugal»;

«Diálogo intercultural»;

«Saúde, (I)migração e Diversidade»;

«Educação Intercultural» (para jovens, escolas e

público em geral)

«Aprender com as histórias: primeiros passos para

a interculturalidade»

Condições de realização:

As acções de formação - que não envolvem

quaisquer custos para as entidades requerentes

- são solicitadas através de um formulário

on-line disponível em:

www.acidi.gov.pt ou www.entreculturas.pt

CNAI Porto

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9

Sergiu AlbulINhA SoS ImIgRANTE CNAI lISboA

Valorizo tudo aquilo que a Administração Pública criou para apoiar os imigrantes, com um atendimento específico, tornando possível economizar o

seu tempo. A concentração destas insti-tuições num só local facilita o acesso dos imigrantes, assim como ultimamente o alargamento do horário, que faz com que possam tratar dos seus assuntos depois do horário de trabalho. No futuro, seria desejável um alarga-mento do horário ainda maior, para os imigrantes poderem resolver todos os seus assuntos fora do horário de trabalho. Uma outra sugestão, para os imigrantes que já obtiveram títulos de residência e foram já verificados pelo SEF como sendo pessoas sem cadastro criminal nos países de origem, é que as renovações dos títulos possam ser feitas nas juntas de freguesia, câmaras municipais ou lojas do cidadão, num processo mais simplifica-do, para diminuir a demora.

ADMINISTRAÇÃOpÚBLICA TRABALhAR COMMAIOR PROXIMIDADENo âmbito das relações da Administração Pública com os imigrantes, quais são os elementos de proximidade mais relevantes? E quais os que, não existindo ainda, poderiam no futuro ser postos em prática? Foram estas as questões colocadas a quem, no dia a dia, tem como profissão atender os imigrantes e compreender as suas necessidades: os mediadores dos Centros Nacionais de Apoio ao Imigrante de Lisboa, Porto e Faro.

Manuel fidalgo gAbINETE DE ApoIo Ao ImIgRANTE CoNSumIDoR (gAIC)CNAI lISboA

São bons exemplos de uma Administração próxima dos imigran-tes os três Centros Nacionais de Apoio ao Imigrante, mul-tifuncionais no que

respeita às várias prestações de serviços. Outro exemplo são os CLAII, que estão mais perto do imigrante e existem para os servir melhor. Na área do que seria ainda preciso fazer, lanço o repto para três elementos. Maior abertura de horários, aprendendo com os privados: Se alguém quiser fazer um contrato com a TV Cabo, pode fazê-lo ao domingo, mas se alguém quiser saber os seus direitos ou obrigações ao domin-go não o pode fazer. Em segundo lugar, quanto aos aspectos subjacentes a toda a Administração Pública, há um que já temos mas temos de ter ainda mais: A solidariedade. Por fim, aquilo que assusta qualquer cidadão imigrante face à Admi-nistração Pública é a burocracia. Valeria a

pena ter um departamento, um gabinete, que ajude a ultrapassar os processos bu-rocráticos, nomeadamente no preenchi-mento de toda a documentação relacio-nada com a Administração Pública, mas também os contratos de trabalho, etc.

Álvaro Gaspar gAbINETE DE AColhImENTo E TRIAgEm (gAT) CNAI lISboA

A nossa comunidade imigrante consegue hoje em dia resolver mais rapidamente os seus problemas. O acesso à nacionalida-de, por exemplo, está

muito mais facilitado do que era há algum tempo atrás e a renovação dos documentos tem vindo também a ser facilitada. Em termos de propostas para uma maior proximidade da Administração em rela-ção aos cidadãos imigrantes, abordaria a questão do agendamento do SEF. Para uma pessoa se deslocar ao SEF tem de ser feito um agendamento, que por vezes é difícil de realizar. As pessoas perdem mui-to tempo à espera ao telefone e portanto

DEPOIMENTOS

IMIGRANTESE ADMINISTRAÇÃO pÚBLICA

pROxIMIDADE OU BARREIRA?

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B_i 10ACIDI REVISTA Nº 78 fEVEREIRo 2010

as chamadas deveriam ser gratuitas. Não se deveria ter de pagar para agendar uma deslocação a um serviço público. Assim, sugiro a criação de um serviço gratuito para que as pessoas possam fazer essa ins-crição sem encargos, mesmo a partir de telemóveis, a forma de comunicação mais usada pelos imigrantes.

Cristina Ribeiro gAbINETE DE AColhImENTo E TRIAgEm (gAT) CNAI lISboA

Um dos aspec-tos de proximidade da Administração Pública que me agra-da é este serviço muito mais personalizado que apareceu com os

CNAI e com os CLAII, e que ajuda muito a resolver os problemas. Quando vim trabalhar para o CNAI, o que tam-bém mais me agradou foi haver pessoas de várias nacionalidades, das nacionali-dades dos próprios imigrantes, a tratarem dos seus assuntos. Julgo que ainda há muito para fazer e que deveria haver uma proximidade maior ainda com os nossos clientes. Poderia haver mais diversificação dos serviços, tendo em conta que os imigrantes, neste momento, estão sobretudo num processo de integração e não estamos propria-mente num momento de novas vagas de imigração. Poderia também haver mais pessoas a trabalhar nos locais de apoio, para se conseguir menos tempo de espe-ra. Considero ainda que seria importante haver um maior contacto entre os vários serviços.

Camila MaurogAbINETE DE AColhImENTo E TRIAgEm (gAT) CNAI poRTo

Vejo como um ponto positivo na relação do imigrante com a Ad-ministração Pública a figura do mediador sócio-cultural. É atra-vés dele que se conse-

guem mediar situações difíceis, nas quais o imigrante, por conta própria, não con-seguiria explicar, fazer valer seus direitos, encontrar a melhor saída.Para o futuro, espero que as instituições presentes no CNAI tenham autonomia para darem as respostas necessárias e não fiquem limitadas a recepcionar documen-tos e prestar informações. Assim teremos, de facto, maior proximidade do imigran-te com a Administração Pública.

Teresa Pinheiro Torres gAbINETE DE ApoIo JuRíDICo Ao ImIgRANTE (gAJI) CNAI poRTo

Um elemento de proximidade da A d m i n i s t r a ç ã o Pública com o imi-grante, no GAJI do Porto, é sem dúvida a

óptima relação que temos com o posto de atendimento do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), o que resulta a maior parte das vezes a favor do imigrante, ser-vindo nós de ponte entre ambos.Penso ser essencial uma maior proximi-dade e disponibilidade dos vários sectores

da administração com o imigrante, com especial enfoque para o SEF, responsável pela regularização dos mesmos e também da Segurança Social, em momentos de dificuldade experimentados por estes, residindo num país que não é o seu e em que a comunicação é mais difícil. Julgo que seria bastante produtivo existir no SEF um gabinete de atendimento ao público somente para informações, para que os imigrantes soubessem sempre qual a melhor solução para a sua situação concreta.

DEPOIMENTOS

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Maria Demian gAbINETE DE ApoIo Ao REAgRupAmENTo fAmIlIAR (gARf) CNAI fARo

O nosso centro faz parte de uma política global na integração de proximidade dos imigrantes. Com a abertura deste tipo de centros, os imigrantes

passaram a ter a possibilidade de reque-rer o apoio na obtenção de informação e na resolução dos vários problemas. Mas devido à especificidade e complexidade dos processos e à barreira linguística, cabe aos colaboradores do centro pro-curar as melhores práticas. Para atingir este objectivo, procuramos tratar os casos de uma forma personalizada, em função dos elementos específicos de cada um, porque os mais pequenos pormenores podem fazer toda a diferença para a sua resolução positiva. É importante que quem contacta com o cliente saiba mostre uma postura de confiança e profissionalismo. Para isso, tem que dominar o serviço que represen-ta e saber “falar” com os clientes. Como regra geral, os imigrantes procuram os nossos serviços no início (obtenção da informação) ou já no fim dos processos (quando estão a surgir problemas). Nós temos a obrigação, sempre que e possível, de acompanhar os processos em todas as suas fases. Seria importante criar uma rede interna da informação que conste das melhores práticas na condução de qualquer processo. Quando verificadas algumas situações/factos que contribuí-ram e foram decisivos na resolução posi-tiva dos processos, temos que discutir, analisar e tirar conclusões.

Gonçalo Salgado CooRDENADoRCNAI fARo

Actualmente, vive-mos com uma A d m i n i s t r a ç ã o Pública muito próxi-ma do cidadão imi-grante, tendo como melhor exemplo desta

a constituição das lojas de cidadão. Um dos elementos caracterizadores dos órgãos administrativos consubstancia-se na modernização, pelo que a adminis-tração pública se apresenta hoje munida de meios tecnológicos capazes de dar res-posta com maior celeridade às exigências dos cidadãos.

Contudo, a forma como os meios tecno-lógicos intervêm no processo administra-tivo deve ser alvo de uma forte pondera-ção, de forma a salvaguardar os direitos e garantias dos cidadãos. A maior dificul-dade que se verifica na relação dos órgãos administrativos com o cidadão imigrante passa pela ausência de formação dos fun-cionários que efectuam os atendimentos, no sentido em que são transmitidas infor-mações erróneas que levam a situações de grande constrangimento e injustiça, que por vezes constituem consequências de carácter irreversível. Assim, a solução para colmatar esta dificuldade passaria por um maior número de iniciativas de formação, bem como pela atribuição de uma maior responsabilização aos órgãos administrativos.

IMIGRANTESE ADMINISTRAÇÃO pÚBLICA

pROxIMIDADE OU BARREIRA?

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B_i ACIDI REVISTA Nº 78 fEVEREIRo 2010 12

UM ExEMpLO pARADIGMáTICO DE UMA ADMINISTRAÇÃO PRÓXIMA DO IMIGRANTE

Se é verdade que o aparecimento da Rede de Centros Locais de Apoio à Integração de Imigrantes - CLAII - em 2003 nasce da tomada de consciência de que a integração se faz a nível local, não é menos verdade que o regime de itinerância que

alguns CLAII têm vindo a introduzir no serviço que pres-tam reforça a estratégia de integração de proximidade que o Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural – ACIDI - leva a cabo em parceria com entidades públicas e privadas com as quais tem vindo a celebrar protocolos de cooperação para o efeito – 47 autarquias / 32 sociedade civil / 6 tripartidos.

No contexto das políticas de imigração, os Centros Locais de Apoio à Integração dos Imigrantes – CLAII - constituem pro-vavelmente uma das boas práticas de uma Administração que se pretende próxima do imigrante, enquanto instrumento de apoio ao processo multivectorial de integração dos imigrantes na sociedade portuguesa.Fruto de parcerias diversificadas que o Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural tem vindo a cons-tituir desde 2003, com autarquias e entidades da sociedade civil, a Rede CLAII (actualmente com 85 centros) é o exem-plo paradigmático de um modelo de integração construído na proximidade com as comunidades imigrantes.

Uma aliança com o poder localA este apelo responderam de iniciativa própria muitos muni-cípios que reconheceram na Rede CLAII o potencial de resposta às necessidades que se faziam sentir nos concelhos na área da imigração. Este é um aspecto de particular relevância se atendermos ao facto de que os primeiros CLAII – quinze - nasceram exclusivamente da relação do ACIDI com entidades

da sociedade civil e não com autarquias. Só em 2004, a pedido das autarquias de 13 concelhos do país, foram constituídas as parcerias que haviam de levar à criação dos primeiros CLAII com o poder local, que actualmente integram 47 centros, para além dos seis cujas parcerias são compostas por autarquias e organismos da sociedade civil.De salientar que esta relação entre a Administração central e local é ainda reforçada pelo trabalho de parceria que os CLAII ligados às inúmeras entidades da sociedade civil – 32 no total - desenvolvem com o apoio das autarquias dos territórios onde intervêm, quer no que se refere ao trabalho desenvolvido ao nível dos atendimentos prestados pelos CLAII, quer ainda no que respeita à implementação de projectos na área da inter-culturalidade, enquanto estratégia para uma integração mais efectiva dos imigrantes.

Em jeito de balanço…É neste contexto de cooperação que a Rede CLAII realizou, em 2009, 61.427 atendimentos, que correspondem a uma média mensal de 5.119, o que traduz um aumento exponen-cial dos atendimentos, particularmente se atendermos à sua evolução desde o ano de criação da Rede:

CENTROS lOCAIS DE APOIO à INTEgRAçãO DOS IMIgRANTES

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Tal evolução traduz naturalmente o alargamento e expansão da Rede CLAII, sobretudo até ao ano de 2008, tanto mais que o ano de 2009 foi já um ano estrategicamente dedicado à consolidação:

Uma caracterização mais detalhada indica que dos 61.427 atendimentos realizados em 2009, 54% traduz uma procura de utentes do sexo masculino, tendência que também se man-tém desde 2003:

Maioritariamente, os atendimentos tiveram por público-alvo utentes entre os 26-35 anos, logo seguidos do escalão 36-45 (característica igualmente estável desde o início da Rede), tendo sido a regularização o assunto que desde 2003 mais atendimentos registou.

Por último, e no que respeita às nacionalidades, em 2009, foram os imigrantes de nacionalidade brasileira quem mais recorreu aos CLAII, facto que se mantém desde 2003, à excepção do ano de 2005, em que a nacionalidade ucraniana em Portugal foi a que mais sobressaiu ao nível dos atendi-mentos. Em segundo lugar, e sempre tendo por referência o ano de 2009, foi a nacionalidade cabo-verdiana a que mais se distinguiu, o que já em 2008 se verificou, depois de a nacio-nalidade ucraniana se ter mantido em segundo lugar durante os anos de 2003, 2004, 2006 e 2007. E, em terceiro lugar, registou-se a nacionalidade angolana, à semelhança do ano de 2005, sendo que em 2003, 2006 e 2007 foi a nacionalidade cabo-verdiana, em 2004 a nacionalidade romena e, em 2008 a nacionalidade ucraniana.

A REDE ClAII RUMO AO PII DE 2.ª gERAçãOEsta breve caracterização evolutiva da intervenção da Rede CLAII no terreno estaria incompleta sem o respectivo enquadramento no âmbito do Plano para a Integração dos Imigrantes – PII (2008-2009), para constarmos que todas as metas nele previstas foram amplamente ultrapassadas, quer ao nível do alargamento da Rede (80 CLAII até final 2008), quer no que se refere ao n.º de atendimentos (20.000/ano), quer ainda no que respeita ao grau de satisfação dos utentes (60% face aos 92,1% que resultaram da avaliação externa levada a cabo em 2007/2008).Assim, e rumo ao PII de 2.ª geração que em breve será anunciado para os anos de 2010-2011, pretende-se dar continuidade ao processo de consolidação da Rede CLAII, nomeadamente através do Projecto de Promoção da Interculturalidade a nível Municipal, congregando um número cada vez maior de entidades em torno de projectos comuns construídos em parceria com autarquias e demais entidades, conferindo assim sustentabilidade à sua intervenção.

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claii

< 18

18 - 25

26 -

35

36 -

45

46 - 55

56 - 65 > 65

Idades

< 18 18 - 25 26 - 35 36 - 45 46 - 55 56 - 65 > 65

29,823

33,235

Sexo

Feminino Masculino

Nacionalidades

ANGOLA BRASIL CABO VERDE GUINE BISSAU

INDIA MARROCOS MOÇAMBIQUE MOLDAVIA

PAQUISTAO PORTUGAL ROMENIA

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B_i ACIDI REVISTA Nº 78 fEVEREIRo 2010 14B_i

ASSOCIATIVISMO IMIGRANTEEM ASCENSÃO

COCAI

Espalhadas um pouco por todo o país, desenvolvem o seu trabalho em áreas tão diversificadas como o apoio escolar para crianças e jovens, as actividades de tempos livres, os eventos culturais e recreativos, o apoio jurídico, as aulas de língua e cultura por-

tuguesa e do país de origem, as iniciativas de sensibilização e informação dirigidas à sociedade portuguesa, as acções de intervenção política no âmbito das questões da imigração e da luta contra a discriminação e também projectos de apoio ao desenvolvimento nos países de origem.

N.º de associações reconhecidas por ano civil e por âmbito

ANO LOCAL REGIONAL NACIONAL TOTAL

2000/01/02 26 19 10 55

2003 5 3 2 10

2004 10 3 4 17

2005 5 4 3 12

2006 6 2 0 8

2007 9 0 0 9

2008 8 0 2 10

2009 2 1 0 3

TOTAL 71 32 21 124

N.º de associações reconhecidas por comunidade (origem)

O trabalho desenvolvido pelas associações ao longo dos últimos anos, tem vindo a ganhar um maior impacto nas suas comunidades, assim como na sociedade portuguesa, destacando-se o seu contributo no reforço da diversidade e expressão cultural e em iniciativas diversas que permitem e contribuem para um melhor acolhimento e integração. Por se encontrarem, de facto, mais próximas das comuni-dades, as associações de imigrantes reúnem potenciais con-dições para as informar, sensibilizar e promover mudança, constituindo-se como espaços privilegiados de organização de pertenças culturais e comunitárias e de participação, nos quais as pessoas não são meras destinatárias, mas actores intervenientes na defesa dos seus direitos e na promoção de condições de bem-estar social. É de referir, no entanto, que mais do que a simples coexis-tência de entidades que apregoam um mesmo objectivo – a promoção de melhores condições de vida para os cidadãos imigrantes e seus descendentes em Portugal – é urgente haver, cada vez mais, uma maior correlação entre elas através da criação de parcerias que se traduzam em acções concertadas e a uma verdadeira partilha e complementaridade de respon-sabilidades.Neste futuro de construção contínua, o desafio que se coloca a todos os intervenientes neste processo de constante adapta-ção às exigências do mundo actual, quer enquanto indivíduos, quer enquanto instituições, é o de sermos capazes de respon-der às necessidades de hoje sem comprometer o amanhã.

associaçõesPORTUgAl

São actualmente em Portugal 124 as associações de imigrantes cuja representatividade foi reconhecida pelo ACIDI (ao abrigo da Lei n.º 115/99, de 3 de Agosto, e do Decreto-Lei n.º 75/2000, de 9 de Maio).

O TRAbAlHO DESENVOlVIDO PElAS ASSOCIAçõES TEM VINDO A gANHAR UM MAIOR IMPACTO, TANTO NAS SUAS COMUNIDADES COMO NA SOCIEDADE PORTUgUESA.

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associações escolhas

DINAMIzADORES COMUNITáRIOS REfORÇAM PROXIMIDADE

ESCOlHAS

Na maioria das comunidades onde o Programa Escolhas está presente, jovens que pelo seu perfil de liderança positiva são considerados modelos de referência para os outros tornaram-se dinamizadores comunitários.

O desafio foi lançado às instituições locais dos pro-jectos candidatos à quarta geração do Programa Escolhas, para que, através da sua integração nas equipas técnicas dos projectos, estes jovens pudes-sem contribuir para a mobilização das crianças,

jovens e da comunidade em geral, graças à ligação privilegiada que têm ao território onde residem.Os dinamizadores, com idades compreendidas entre os 19 e os 35 anos, pela sua facilidade de relacionamento interpessoal, capacidade de negociação, representação institucional e de mediação social acrescentam valor efectivo aos projectos em que se integram. Todos eles serão, ainda, responsáveis pela dinamização de actividades nos seus projectos.Aceite o desafio, 105 projectos Escolhas integraram esta figu-ra nas suas equipas técnicas. Desde de 1 de Janeiro de 2010, 105 jovens colaboram activamente na promoção da inclusão social no território onde residem. Todos estes dinamizadores serão alvo de um processo de capacitação por via de forma-ção contínua, a disponibilizar pelo Programa, bem como de qualificação escolar, sendo que todos terão que atingir, pelo menos, o 12º ano até 2012.

JOvENS PROTAGONISTASDE SOLUÇõESPretende-se que os jovens se apropriem progressivamente das dinâmicas iniciadas pelos projectos, que as completem e prossigam no futuro, assegurando assim a sustentabilidade do trabalho desenvolvido pelas diversas equipas do Escolhas. O objectivo é fazer cada vez mais dos jovens destinatários do programa “protagonistas” das soluções para os problemas das suas comunidades, que recorrem ao Escolhas como um recur-so que os apoia e ajuda a viabilizar as suas ideias. Nesta linha, vem ainda a criação recente de uma nova medida estruturan-te do programa, que visa estimular o Empreendedorismo e Capacitação dos jovens.A proximidade continua também a ser uma palavra-chave no modelo do Programa Escolhas, um modelo assente em pro-jectos localmente planeados por instituições locais (escolas, centros de formação, associações, IPSS, entre outras). Em 71 concelhos, mais de mil entidades estão actualmente aliadas em consórcios, que se dedicam à concepção, implementação e avaliação de projectos, com vista à resolução dos problemas que afectam as respectivas comunidades.

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B_i 16ACIDI REVISTA Nº 78 fEVEREIRo 2010

O SEF atravessou nos últimos anos grandes mudanças. Que filosofia tem presidido a essas transfor-mações?

A filosofia do SEF, anunciada em 2005 pelo actual Director Nacional, foi a de encarar como prioritária a tarefa de conferir uma atenção especial à melhoria da vertente documental do Serviço. Desde então, a nossa filosofia tem assentado nalguns pilares que consideramos fundamentais. Em primeiro lugar, foi encetado à época um processo de recuperação das pendências processuais, que deu resultados num curto espaço de tempo. Demos prioridade à recuperação das pen-dências relacionadas com processos de reagrupamento fami-liar, passando desde logo a cumprir os prazos legais. O segundo pilar passou pela questão da desburocratização dos procedimentos e pela melhoria das condições físicas de atendimento dos cidadãos estrangeiros. Se nos reportarmos ao ano de 2006, havia na altura um grande número de cidadãos estrangeiros titulares das chamadas autorizações de perma-nência (AP’s). Na altura, a lei dizia que, após cinco anos com autorização de permanência, que tinha a forma de uma vinhe-ta, o cidadão estrangeiro podia solicitar autorização de resi-dência. Isto fez com que, face a um universo muito grande de pessoas que tiveram autorizações de permanência – no perí-

odo entre 2001 e 2003 foram emitidas cerca de 180 mil – em 2006 houvesse algum receio de que o SEF, na vertente documental, não conseguisse dar vazão a essas solicitações. Na altura, conseguimos desburocratizar o pro-cesso da passagem dos titulares de AP’s para autorizações de residência, fazendo acoplar também ao cidadão que tinha esse direito o próprio agregado familiar que muitas vezes estava já em Portugal com ele. Para isso, rea-lizámos o chamado atendimento integrado, fazendo com que, no momento em que o cidadão estrangeiro vinha ao SEF, trouxesse também consigo o agregado familiar, por forma a que os pedidos fossem englobados

e deferidos no seu todo, o que desburocratizou e simplificou todo o processo então encetado. Um outro aspecto importante foi a melhoria das condições físicas das instalações do SEF. Ao longo destes anos, fizemos um esforço enorme no sentido de modernizar e melhorar fisi-camente as condições de recepção aos cidadãos estrangeiros nos diferentes departamentos. Surgiram, por exemplo, novas direcções regionais e novas delegações em Bragança, Castelo Branco, Guarda, Setúbal, Portimão, Albufeira, Cascais, Espinho, etc. Esse esforço de melhoria das condições tem-se realizado não só em termos das condições físicas das instala-ções, mas também em termos das tecnologias disponíveis para fazer a gestão do fluxo de pessoas. Ainda como um dos pilares

SEF

A pROxIMIDADE COM O CIDADÃO ESTRANGEIRO é UM DOS PILARES DA fILOSOfIA DO SEf O Director Nacional Adjunto do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, Francisco Marques Alves, explica nesta entrevista as transformações que o SEF tem promovido e os seus efeitos práticos nas relações desta instituição com os cidadãos estrangeiros que vivem e trabalham em Portugal.

Francisco Marques Alves:

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da nova filosofia de actuação do SEF, há questão do esforço no sentido de maior proximidade com o cidadão estrangeiro. Procurámos incorporar no serviço de atendimento ao públi-co, quer presencial quer telefónico, a figura dos mediadores sócio-culturais.

O SEF tem também saído para o terreno ao encontro das comunidades imigrantes...

Há universos específicos de cidadãos estrangeiros que por vezes denotam dificuldades em se dirigir aos departamen-tos do SEF, para os quais criámos quer o projecto “SEF em Movimento”, quer, agora, o projecto “SEF vai à Escola”, no sentido de inverter um pouco o trajecto normal de acesso ao Serviço. Se o cidadão estrangeiro não tem as condições ideais para se dirigir ao SEF e tentar resolver o seu problema, é o próprio Serviço que disponibiliza meios materiais e humanos para, de forma articulada com as associações de imigrantes, com outras entidades públicas e, no caso do “SEF vai à Escola”, com o Ministério da Educação, ir ao encontro dessas pessoas que, tendo dificuldade em deslocar-se ao SEF, têm assim a possibilidade, face às janelas de oportunidade que há na Lei, de tentar regularizar a sua situação.

As novas tecnologias têm tido um papel importante nes-tas mudanças...

Na área da novas tecnologias, destacaria acima de tudo a cria-ção, em 2006, de um centro de contacto multilingue, onde é

possível as pessoas obterem informações, fazerem agendamen-tos de deslocações ao SEF e, se for caso disso, interagir com a pessoa que está ao telefone na língua materna. Isto permitiu, em certos departamentos onde havia uma grande procura, em vez de serem os cidadãos a procurarem o SEF, frequentemente mais do que uma vez, introduzir também uma nova filosofia. Actualmente, em quase todos os departamentos regionais, o atendimento do SEF obedece a um pré-agendamento, através de uma chamada grátis ou de custo reduzido. Por outro lado, alargámos a possibilidade de, em alguns casos, designada-mente em casos de pedidos de renovação de títulos de residên-cia, ser a própria pessoa, através do site do SEF, a fazer o seu próprio auto-agendamento. O SEF projecta ainda alargar a todos os departamentos regio-nais que têm a vertente do atendimento ao público o chamado “Workflow”, de forma a desmaterializar os procedimentos. O novo título de residência, o “Título de residência electrónico para cidadãos estrangeiros”, que incorpora dados biométricos e permite fornecer ao cidadão estrangeiro um serviço de excepcional qualidade, pode também ser apontado como um claro exemplo de modernidade. Procurámos ainda optimizar ao máximo o site do SEF (www.sef.pt). Foram criados micro-sites, quer da Lei da Nacionalidade, quer da aplicação da nova Lei de Estrangeiros e foram a este propósito encetadas pelo SEF duas campanhas, uma sobre a nova Lei de Estrangeiros e outra sobre a possi-bilidade de regularização de menores em idade escolar que tenham nascido em Portugal.

FIzEMOS UM ESFORçO ENORME NO SENTIDO DE MODERNIzAR E MElHORAR FISICAMENTE AS CONDIçõES DE RECEPçãO AOS CIDADãOS ESTRANgEIROS.

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B_i 18ACIDI REVISTA Nº 78 fEVEREIRo 2010

Pode dar exemplos concretos dos efeitos destas transfor-mações?

A nova lei veio introduzir a possibilidade de regularização, a título excepcional, de pessoas que tenham entrado legalmente em Portugal, que estejam plenamente integradas no mercado de trabalho, que tenham a sua situação legalizada perante a segurança social e perante a direcção-geral de Contribuições e Impostos. Este regime excepcional previsto na nova lei fez com que contactassem o SEF, em termos de manifestações de interesse, milhares de pessoas que queriam aceder ao novo regime. Para esbater os inconvenientes que a dada altura resultaram dessa grande afluência, foi criado um Sistema de Agendamento Prévio, feito através do site do SEF. Deste modo, todas as pessoas que queiram aceder a este regime excepcional, têm como elemento prévio a possibilidade de se inscreverem online. Não quer dizer que seja obrigatório as pessoas inscreverem-se online, existe também a possibilidade de o fazerem através de um formulário em papel. Mas consta-tamos que, apesar do grande número de cidadãos estrangeiros

que querem aceder a este regime, a esmagadora maioria das manifestações de interesse entraram através deste sistema e os formulários em papel têm tido uma procura residual. A partir do momento em que há o registo da manifestação de interesse, há um processo de análise prévia por parte do SEF para ver se a situação tem ou não viabilidade. Em vez de ser a pessoa a dirigir-se ao SEF, muitas vezes sem qualquer utilida-de, é o SEF que, depois de fazer a pré-triagem e a análise da situação, toma a iniciativa de contactar a pessoa e, se for caso disso, informá-la sobre o dia e a hora em que se deve deslocar ao Serviço. Com esta nova filosofia e com a introdução das melhorias referidas, das novas tecnologias e das inovações no site do SEF, para além do Contact Centre, foi possível erradicar certos focos de filas de espera que existiam há anos atrás em alguns departamentos regionais. Tornámos mais fácil o acesso ao serviço, porque, quer pela via do contacto telefónico, quer pela via do site do SEF, quer pela via do agendamento prévio,

fizemos com que as pessoas, na prática, tenham um grau de certeza de que, quando fazem o agendamento para aquela hora e local, o atendimento se vai concretizar. Com a figura dos mediadores sócio-culturais, reduzimos muito aquilo que se costuma designar por “ruído” na comunicação, porque muitas vezes o facto de a pessoa não poder ter ao telefone ou presencialmente uma informação na sua língua materna fazia com que ficasse um pouco confusa com os procedimentos. Procurámos esbater esses “ruídos” na comunicação através da figura dos mediadores sócio-culturais, e pensamos que o conseguimos. É sem dúvida uma experiência positiva.

Quais são actualmente os projectos para o futuro?

Pensamos que alcançámos o objectivo de diminuir a carga burocrática, quer dos processos quer dos diferentes proce-dimentos, e procuraremos o mais depressa que for possível atingir a chamada desmaterialização dos processos. Queremos alargar a todo o país e a todos os departamentos regionais a figura e o sistema da gestão documental, que já referi e que designamos por Workflow, que passa pela incorporação no sistema, através da digitalização em processo próprio, dos documentos que a pessoa, quando se dirige ao SEF, leva para comprovar a sua situação. O nosso objectivo é fazer com que haja, para cada pessoa, um processo desmaterializado que per-mita um serviço muito mais eficaz. Neste momento, o sistema de Workflow existe na sede da direcção regional de Lisboa, Vale do Tejo e Alentejo, na nova delegação de Portimão, no posto de atendimento da Reboleira e na Loja do Cidadão de Faro. Em termos de projectos futuros de modernização, que-remos alargar a todos os locais de atendimento ao público esta nova tecnologia, por forma a alcançarmos a referida desmate-rialização dos processos na medida do possível. Um outro projecto, em termos de curto e médio prazo, é alargar e potenciar as possibilidades de auto-agendamento via site do SEF a todas as situações que possam dar origem a uma deslocação a um departamento do SEF. Isto é, queremos alargar a todas as situações de actividade documental do SEF a possibilidade de a pessoa fazer o auto-agendamento através do site, libertando assim algum volume de chamadas que caem no Contact Centre. Um terceiro objectivo, nos tempos mais próximos, relaciona-se com o espólio documental já existente do SEF. Na medida do possível, queremos também avançar para a sua desmate-rialização e para a sua integração no sistema informático do SEF, por forma a que, a médio prazo, tenhamos o histórico dos cidadãos estrangeiros residentes em Portugal em formato digital.

qUEREMOS AlARgAR A TODO O PAÍS E A TODOS OS

DEPARTAMENTOS REgIONAISA FIgURA E O SISTEMA DA

gESTãO DOCUMENTAl, qUE DESIgNAMOS POR WORkFlOW.

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breves

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No âmbito do Plano de Actividades do Observatório da Imigração, o ACIDI lançou em 2007 a

revista Migrações, revista científica que publica textos originais que possam contribuir para

a reflexão de temas relacionados com a imigração. Os textos propostos podem ter a forma

de artigos científicos, artigos de opinião, notas e recensões de livros na área da imigração.

Uma parte substantiva das edições da revista corresponderam a números temáticos com

coordenadores científicos convidados: Imigração e Saúde; Imigração e Mercado de Trabalho;

Empreendedorismo Imigrante e Migrações entre Portugal e América Latina.

Procurando uma vez mais definir volumes não temáticos e abrir este espaço a todos os

interessados, convida-se à apresentação de artigos inéditos da comunidade científica nacional

e internacional que se debruça sobre a temática das migrações e dos movimentos

populacionais.

Os detalhes acerca da apresentação de originais podem ser encontrados na Internet em:

www.oi.acidi.gov.pt.

As propostas de artigos deverão ser enviadas, até 26 de Abril, para o e-mail:

[email protected].

REVISTA MIgRAçõES

CONVITE à APRESENTAçãO DE ORIgINAIS

TOlEDO

MINISTROS DA UE ANAlISAM POlÍTICA EUROPEIA DE IMIgRAçãO

Assentar as bases para o desenvolvimento da política de

imigração europeia, apostando na integração e na coesão

social, foi um dos objectivos centrais da reunião informal dos

ministros europeus da Justiça e do Interior, que decorreu

nos dias 21 e 22 de Janeiro em Toledo (Espanha). Conforme

explicou Consuelo Rumí, secretária de Estado espanhola da

Imigração e Emigração, a questão da imigração centrou um dos

três blocos do encontro, nos dias 21 e 22 de Janeiro. Espanha exerce actualmente a presidência rotativa da UE.

No encontro foram analisadas questões relacionadas com o apoio dos Estados membros em matéria de integração e o estabelecimento de

instrumentos que permitam uma imigração regular e ordenada. Na agenda estiveram, entre outros temas, a questão do tratamento de

imigrantes irregulares menores e não acompanhados, um dos novos fenómenos registados a partir do continente africano.

Rumí insistiu porém que o objectivo do encontro, mais do que analisar a questão da imigração irregular, foi assentar as bases para uma

política europeia de imigração, avançando mais e melhor na política de imigração regular e na integração. Conforme explicou, é nos momentos

de crise que tem de haver mais integração e mais apoio para favorecer a coesão social e a recolocação de trabalhadores estrangeiros. A

governante explicou também que o impacto da crise na imigração marcou também a agenda da reunião de Toledo.

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B_i 20ACIDI REVISTA Nº 78 fEVEREIRo 2010

CIDADANIA E DIREITOS HUMANOS

PROjECTO DO CONSElHO DA EUROPA EM PORTUgAl No dia 26 de Janeiro, realizou-se na Fundação Calouste Gulbenkian

o encontro nacional do projecto do Conselho da Europa “Educação

para a Cidadania Democrática e para os Direitos Humanos”.

Este projecto visa o conjunto das práticas educativas, formais ou

informais, que têm como finalidade preparar os jovens e os adultos

para a vida numa sociedade democrática, contribuindo para que

sejam cidadãos activos, informados e responsáveis.

A ECD/DH inclui as diferentes temáticas que emergem dos desafios

contemporâneos das nossas sociedades, nomeadamente a educação

para a cidadania, a educação para os direitos humanos, a educação

para a paz, a educação para o desenvolvimento sustentável e a

educação para os media.

Portugal tem participado neste projecto desde o seu início

através de reuniões, de redes internacionais e de um grupo de

acompanhamento nacional que constitui um veículo de divulgação

e de reflexão sobre a documentação produzida, assim como de

identificação e observação de práticas relevantes.

O encontro na Fundação Gulbenkian contou com as presenças,

entre outros, de Isabel Alçada, Ministra da Educação, Alexandra

Marques, Directora Geral de Inovação e de Desenvolvimento

Curricular e Luísa Araújo, Directora Geral do Gabinete de

Estatística e Planeamento da Educação.

TÍTUlO DE RESIDêNCIA ElECTRóNICO

MAIS DE 150 MIl UTENTES Mais de 150 mil cidadãos estrangeiros a viver em Portugal têm

títulos de residência electrónicos. Segundo dados do Serviço de

Estrangeiros e Fronteiras (SEF), divulgados pela Agência Lusa,

desde 3 de fevereiro de 2009 foram emitidos 151.369 títulos, a

maior parte dos quais (cerca de 67 mil) a cidadãos brasileiros. As

outras nacionalidades dominantes na distribuição dos títulos são

a ucraniana (18.536 títulos) e cabo-verdiana (16.839). Setúbal,

Cascais e Lisboa/Vale do Tejo foram as delegações do SEF que

emitiram mais títulos, entre 14 mil e 15 mil cada uma.

O SEF considera que a introdução do documento, destinado a

cidadãos de países fora da União Europeia, permitiu reforçar a

eficácia do controlo de documentos, uma vez que cada cartão inclui

dados biométricos do titular, armazenados num chip nele incluído.

Além disso, a simplificação do processo de obtenção do título

constitui uma mais valia para as pessoas que o requerem, considera

o SEF.

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Rostylav TronenkoEmbAIxADoR DA uCRâNIA

“2009 fOI UM ANO DE ACONTECIMENTOS IMPORTANTES”“O Centro Cultural da

Embaixada da Ucrânia foi

aberto em Julho de 2009,

aproveitando a estadia do

Vice-Ministro dos Negócios

Estrangeiros da Ucrânia. A

Ucrânia tem um Centro Cultural

em Paris e um outro em Lisboa.

Desde então, conseguimos já

mostrar cinco exposições, duas

das quais foram dedicadas à

arte da comunidade ucraniana

em Portugal. Esta exposição,

inaugurada por ocasião do

período natalício e das festas de

Ano Novo, é dedicada aos ícones pintados e talhados em madeira do

artista ucraniano Kostyantyn Shepliakov.

O ano de 2009, apesar de ter sido um ano difícil tanto para Portugal

como para a Ucrânia, foi cheio de acontecimentos importantes,

especialmente para a comunidade ucraniana em Portugal. Foi,

por exemplo, assinado o acordo da segurança social entre os dois

governos, e agora esperamos que se verifique a ratificação nos

dois parlamentos. Foram também reconhecidos os graus científicos

ucranianos em Portugal, tanto os anteriores ao processo de Bolonha

como aqueles que estão integrados neste processo. E, por fim,

abrimos o centro cultural da Ucrânia em Lisboa.

Tudo isso nos enche de orgulho e satisfação, e ficamos muito gratos

à senhora Alta Comissária para a Imigração e Diálogo Intercultural,

que junto com os representantes da comunicação social de Portugal

veio festejar este dia no Centro Cultural da Ucrânia.”

breves

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CENTRO CUlTURAl DA EMbAIxADA DA UCRâNIA

ExPOSIçãO DE ÍCONES ORTODOxOS

No dia 7 de Janeiro, por altura do Dia de Natal Ortodoxo, a Alta Comissária para a Imigração e Diálogo Intercultural, Rosário Farmhouse

visitou a Exposição de Ícones Ortodoxos no Centro Cultural da Embaixada da Ucrânia, a convite do Embaixador Rostylav Tronenko, prestando

assim homenagem à segunda comunidade de imigrantes mais significativa em Portugal.

A Exposição de Ícones Ortodoxos contou com a presença do autor, o artista ucraniano Kostyantyn Shepliakov. No evento estiveram ainda

presentes várias entidades da comunidade ucraniana, bem como representantes de associações de imigrantes e estudantes.

Nª SENhoRA DE fáTImA

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B_i 22ACIDI REVISTA Nº 78 fEVEREIRo 2010

PASTORAl PENITENCIÁRIA

MAIOR ATENçãO AOS REClUSOS ESTRANgEIROS

gRANDES OPçõES DO PlANO

PlENO ACESSO DOS IMIgRANTES AOS DIREITOS SOCIAIS O Governo quer garantir o pleno acesso dos imigrantes aos direitos

sociais e combater o abandono e insucesso escolar entre os seus

descendentes, no âmbito das Grandes Opções do Plano relativas à

integração dos imigrantes, divulgadas no dia 19 de Janeiro. Nas

principais linhas de actuação política 2010-2013, o executivo

propõe-se também a garantir o apoio à formação de professores

para dar resposta aos problemas das comunidades imigrantes e aos

desafios da multiculturalidade.

O Governo considera uma prioridade o combate ao insucesso escolar

e assume que tem de ser encarado, no que toca às comunidades

imigrantes, como um processo amplo de compreensão de problemas

de exclusão social. Assim, o executivo irá lançar um novo Plano para

a Integração dos Imigrantes 2010-2012, reforçando medidas que

incentivem a sua formação profissional e o empreendedorismo.

De acordo com as Grandes Opções do Plano, o Executivo vai investir

ainda na quarta geração do Programa Escolhas e nas iniciativas

que este financia. Uma outra área prioritária será continuar o apoio

ao reagrupamento familiar de imigrantes e criar instrumentos que

facilitem as migrações circulares dos idosos, ou seja, o regresso ao

país de origem depois da reforma.

O coordenador nacional da Pastoral Penitenciária, padre João

Gonçalves, referiu no dia 11 de Janeiro a necessidade de dar

maior atenção ao trabalho com reclusos estrangeiros. Para este

responsável, o desafio é repensar o modo de estar e de actuar junto

das pessoas que carregam consigo os mesmos problemas que têm

os presos portugueses e carregam ainda outros, como a distância,

a língua e até o tipo de crimes. Segundo o sacerdote, que falou à

agência Lusa por ocasião do VI Encontro Nacional da Pastoral

Penitenciária, que decorreu em Fátima, muitos dos reclusos

estrangeiros têm falta de apoio, mesmo do ponto de vista religioso.

O padre João Gonçalves esclareceu que muitos presos estrangeiros

já procuram os visitadores e voluntários que colaboram na Pastoral

Penitenciária, apesar das dificuldades linguísticas. Esclareceu

ainda que não tem tido queixas de falta de apoio por parte das

representações em Portugal dos países de origem dos reclusos

estrangeiros, acrescentando que os consulados ou as embaixadas

respondem quando solicitados. Por outro lado, alertou os advogados

para que não descurem os estrangeiros e estejam atentos às

dificuldades acrescidas que referiu.

O VI Encontro Nacional da Pastoral Penitenciária teve como tema

“Prisões – A Igreja procura respostas”, reunindo cerca de 100

pessoas.

AlgARVE

¼ DOS bEbéS COM MãES ESTRANgEIRAS Um quarto das crianças que nasceram nos hospitais algarvios no

ano passado são filhas de mães estrangeiras. De acordo com o

comunicado do dia 29 de Janeiro da Administração Regional de

Saúde (ARS) do Algarve, nasceram 4713 bebés durante o ano de

2009, sendo que 1090 são filhos de imigrantes. A nacionalidade

mais representativa das mães estrangeiras, segundo a ARS, é a

brasileira, com 345 bebés, seguida da ucraniana, com 144, e da

romena, com 137. O número de filhos de mães estrangeiras diminuiu

um pouco em relação a 2008, ano em que nasceram 1139 crianças.

Apesar da descida, a ARS destaca a importância dos imigrantes, ao

colocarem o Algarve como uma das regiões portuguesas com maior

natalidade, confirmando a importância da população migrante no

desenvolvimento da região. As outras nacionalidades predominantes

em termos de nascimentos no Algarve são a moldava, inglesa,

guineense, cabo-verdiana, chinesa, russa e alemã.

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FElIPE gONzÁlEz

IMIgRAçãO é NECESSIDADE E NãO UM FARDO

Conforme refere o jornal Público de 22 de Janeiro, o presidente do Grupo de Reflexão sobre o Futuro

da União Europeia, Felipe González, ouviu palmas enquanto falava na conferência de lançamento do

Ano Europeu Contra a Pobreza e a Exclusão Social, que decorreu em Madrid no dia 21, ao afirmar que

a imigração é uma necessidade de médio e longo prazo, embora provoque emoções a curto prazo.

Foi sobre a sustentabilidade do modelo social Europeu que González fez a sua reflexão. O continente

envelhece a olhos vistos, afirmou, e daqui a vinte anos a Europa terá menos trinta milhões de cidadãos

activos. O problema, reforçou, não é a população europeia, mas sim como criar uma economia

sustentável com a população existente.

O Ano Europeu contra a Pobreza é também o ano da Estratégia 2020, que substituirá a Estratégia

de Lisboa, em vigor há dez anos e que ficou aquém do objectivo traçado - erradicar a pobreza. O

documento já esteve em discussão pública e, conforme refere a mesma notícia, deverá ser votado na

Cimeira da Primavera.

EVENTO DESCRIÇÃO DATA LOCAL HORA

LANÇAMENTO DE LIVRO

Lançamento do número 8 da Colecção Olhares, “Etnografia e produção de conheciment – reflexões críticas a partir de uma investigação com ciganos portugueses”.

12 de Fevereiro CNAI Lisboa 17h30

ENCONTRO CLAII

Encontro intercalar no âmbito do projecto conjunto de “Estudos de diagnóstico de caractereização da população migrante em Portugal (no âmbito do Fundo Europeu para a Integração de Nacionais de Países Terceiros - FEINTP).

25 de Fevereiro CNAI Lisboa 14h30

SEMINÁRIO Seminário Media Imigração e Diversidade, uma parceria entre o ACIDI e o CENJOR.

26 e 27 de Fevereiro Coimbra 17h30

CONGRESSOCongresso da Associação Portuguesa de Ciência Política (APCP), com diversos painéis e intervenções dedicados à imigração, integração e a temas relacionados.

4, 5 e 6 de Março Universidade de Aveiro

ENCONTRO CLAII2º Encontro das Boas Práticas de Interculturalidade a Nível Local. ver: www.acidi.gov.pt

11 e 12 de Março ver: www.acidi.gov.pt ver: www.acidi.gov.pt

ENCONTRO CLAII Celebração do Dia Municipal do Diálogo Intercultural no Concelho da Maia, organizado em parceria entre a Câmara Municipal e o CLAII. Organizado no âmbito do FEINTP.

14 de Março Maia

ANIVERSÁRIO CNAI

16 de Março 2004 (Criação do CNAI Lisboa) 23 Março 2004 (Criação do CNAI Porto)

CNAI Lisboa e CNAI Porto - ver:www.acidi.gov.pt

PRÉMIOS CONCURSO Concurso Foto / Video contra a Discriminação Racial promovido pelo ACIDI.

3 de Março - Escolha dos trabalhos vencedores 19 de Março - Entrega dos Prémios.

CNAI de Lisboa - ver: www.acidi.gov.pt

ver: www.acidi.gov.pt

METROPOLIS Propostas de workshops para a Conferência Metropolis. Mais informa-ções na Internet em: www.metropolis2010.org.

1 de Abril: Data limitewww.metropolis2010.org/?pid=219

www.metropolis2010.org/?pid=219

REVISTA MIGRAÇÕES Convite à apesentação de propostas originais. 26 de Abril: Data limite.

www.oi.acidi.gov.pt/modules.php?name=News&file=article&sid=2403

www.oi.acidi.gov.pt/modules.php?name=News&file=article&sid=2403

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B_i ACIDI REVISTA Nº 78 fEVEREIRo 2010

lE DESTIN DES ENFANTS D’IMMIgRéS Autores: Claudine Attias-Donfut, François-Charles Wolff Edição: Stock (2009)

“Le destin des enfants d’immigrés: Un désenchaîne-ment des générations” aborda as ideias preconcebidas sobre a “segunda geração” de imi-grantes. Mas este é um grupo que está longe de corresponder à percepção que dele existe. Os seus destinos, de uma grande diversidade, contribuem para a construção do futuro do país que os seus pais escolheram.

Pela primeira vez em França, este livro apresenta um inquérito alargado sobre as famílias imigrantes vindas de todos os continentes, com a originalidade de se interessar pelos laços entre as gerações. O inquérito toma em consideração, em cada família, a situação das crianças, o que permite comparações interessantes, medindo, por exemplo, a disparidade entre o sucesso nos géneros masculino e feminino.

POUR UNE POlITIqUE OUVERTE DE l’IMMIgRATION Autor: Attac (Auteur)Edição: Editions Syllepse (2009)

As migrações constituem um fenómeno histórico permanente, que se confunde com a história da humanidade. As políticas de contenção, argumenta o autor, traduziram-se sempre em falhanços, tendo como consequência tornar ilegítima a presença de popula-ções resultantes da imigração instaladas há muito e reforçar a discriminação de que são vítimas. Este livro afirma que a imigração, longe de ser um perigo, pode e deve trazer benefícios para todos. Um a um, analisa os argumentos invocados para justificar a “for-taleza Europa” e o fechamento de fronteiras. Pelo contrário, defende uma política de imigração aberta, acompanhada de uma cidadania de residência, apelando à concessão aos imigrantes de mais direitos ligados à cidadania.

lES éTRANgERS EN ESPAgNE Autor: Alberto Martin Pérez Edição: l’Harmattan (2009)

“Les étrangers en Espagne: La file d’attente devant les bureux de l’immigration” debruça-se so-bre a fila de espera formada pelos trabalhadores imigrantes nos bal-cões da Administração Pública, quando estes solicitam uma auto-rização de residência, de trabalho ou a sua renovação. Para compre-ender esta fila, com os seus laços de sociabilidade intensos, o autor empregou os métodos etnográfi-

cos, privilegiando as observações prolongadas e as entrevistas informais. Os que esperam ficam muitas horas de pé. O autor transmite-nos essa longa espera e as relações complexas que se estabelecem. Ao mes-mo tempo, levanta interrogações sobre a sociedade de acolhimento, o papel dos imigrantes, os valores democráticos e as práticas sociais que contribuem para marginalizar estes cidadãos.

DROITS DE l’HOMME ET lIbERTéS FONDAMENTAlES Autor: Henri Oberdorff Edição: lgDj (2009)

Os direitos do homem e as liberdades fundamentais representam um dos pila-res essenciais de todas as sociedades democráticas. Representam também o patri-mónio jurídico comum da humanidade, tendo em conta o seu universalismo. Este livro analisa os desafios colocados a estes direitos e liberdades pelos novos desenvolvimentos da ciência e pela crescente

preocupação com a segurança nas sociedades oci-dentais. O trabalho tem ainda a ambição de revelar a um público mais alargado os direitos e liberdades, contribuindo para a educação para a cidadania. A apresentação dos direitos do homem e das liber-dades fundamentais não é apenas um exercício de técnica jurídica, é uma verdadeira aposta na demo-cracia que carece de rigor científico.

O ACIDI, I.P. prossegue atribuições da Presidência do Conselho de Ministros, regulado pelo D.L.

nº. 167/2007, de 3 Maio

ACIDI, I.P.Alto Comissariado para a Imigração

e Diálogo Intercultural

LISBOARua Álvaro Coutinho, nº 14-16 1150-025 Lisboa

Tel.: 218 106 100 Fax: 218 106 117LINHA SOS IMIGRANTE: 808 257 257 / 21 810 61 91

[email protected]

www.acidi.gov.pt

B_iDirecção

Rosário FarmhouseAlta Comissária para a Imigração e Diálogo Intercultural

Coordenação da ediçãoElisa Luis

RedacçãoJogo de Letras - João van Zeller

[email protected]

DesignBuilding Factory

Jorge Vicente_Fernando [email protected]

Colaboraram nesta edição Cristina Casas, Catarina Reis Oliveira, Isabel Cunha,

Luís Pascoal, Marisa Horta, Kattia Hernandez, Paula Moura, Susana Antunes, Tatiana Gomes

Fotografia de capaACIDI

Pré-impressão e ImpressãoTextype – Artes Gráficas, Lda

Tiragem7.000 Exemplares

Depósito legal23.456/99

“NóS”

DOMINgOS: RTP2 àS 9H50

SEgUNDA A SExTA: RTP1 àS 6H05

Em Fevereiro, o NÓS traz ao estúdio a italiana Giulia Battaglini, que depois do Erasmus voltou a Portugal e lançou o “Migalhas”, uma agenda cultural em formato de individuais de mesa. Uma

outra história que vale a pena conhecer é a de um fotografo e uma jornalista que uniram esfor-ços para contar a historia do bairro da Cova da Moura através da voz dos moradores mais velhos. Também no estúdio, vamos conhecer o espaço “Cowork”, uma boa opção para quem inicia uma empresa ou trabalha freelance. O GARSE da câmara de Loures foi já reconhecido pelo prémio de melhores práticas autárquicas há um par de anos. Vamos ver como o trabalho tem evoluído, no estúdio e em reportagens no terreno. Finalmente, o chef Chakall irá apresentar o seu segundo livro de cozinha e vai oferecer alguns exemplares aos telespectadores.

“gENTE COMO NóS”

AOS DOMINgOS NA TSF,

DEPOIS DAS 13H00

O “Gente Como Nós” vai continuar a abrir janelas para o mundo e a experimentar sabores vindos do Brasil, do Leste Europeu e da Ásia… Vamos ter reportagens em lojas e restaurantes típicos. Negócios conduzidos pelos próprios imigrantes, que servem para unir culturas e mostrar o que cada comunidade tem de melhor. Estes espaços, para além de servirem os hábitos de consumo, a cultura e as tradições das comunidades imigrantes, alimen-tam também o encanto e a curiosidade dos próprios portugueses…

cultura

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PRESIDÊNCIA DO CONSELHODE MINISTROS