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Page 1: II IV Nova lista enumera espécies vegetais ameaçadas em SPbotanica.sp.gov.br/.../06/DO_2016_06...especies_vegetais_ameacadas.pdf · cie de bromélia que na lista anterior estava

Diário Ofi cial Poder Executivo - Seção I II – São Paulo, 126 (113) terça-feira, 21 de junho de 2016IV – São Paulo, 126 (113)

Nova lista enumera espéciesvegetais ameaçadas em SP

Instrumento norteador para políticas públicas, trabalho coordenado pelo Instituto de Botânica, vinculado à Secretaria de Meio Ambiente, atualiza relação elaborada em 2004

mais recente lista oficial de espécies vegetais ameaçadas de extinção no

Estado de São Paulo foi divulgada neste mês pela Secretaria do Meio Ambiente (SMA). Mais de 80 espe-cialistas, professores universitários e pesquisadores participaram de sua elaboração, num trabalho que demandou dois anos e foi coorde-nado pelo Instituto de Botânica (IBt), vinculado à SMA.

A primeira versão da relação foi feita em 1998. Atualizada em 2004, com critérios mais rigorosos, passou agora por nova atualização. A lista deste ano traz 1.088 espécies amea-çadas, sendo 368 presumivelmente extintas, 15 extintas na natureza, 57 em perigo crítico, 271 em perigo e 377 vulneráveis (ver tabela).

“Foram feitas consultas a espe-cialistas em cada família botânica, de diversas instituições”, afirma o dire-tor-geral do IBt, Luiz Mauro Barbosa. O grupo que trabalhou na elaboração adotou, assim como ocorrera na lista anterior, os critérios da International Union for Conservation of Nature (IUCN), respeitada entidade interna-cional do setor, ajustando-os à reali-dade do Estado de São Paulo, quan-do necessário.

Os dados foram compilados a partir de coleções de herbários ou

publicações originadas de herbários, infor-ma a pesquisadora Cíntia Kameyama, do IBt, uma das participantes do trabalho. “O objetivo foi manter um critério científico para a lista”, explica.

Diversidade – A definição sobre o status de cada espécie foi obtida a partir de uma pontuação atribuída a várias ocorrên-cias. Entre elas, ausência ou não de registro da espécie nos últimos 50 anos, distribuição geográfica restrita, ocorrência exclusiva em unidades de conservação e situação de coleta predatória. “Não houve mudanças significati-vas nos critérios, na comparação com a relação de 2004, apenas ajustes”, informa Barbosa.

O Brasil é um dos países de maior diver-sidade no mundo, com uma flora que abriga cerca de 41 mil espécies. No Estado de São Paulo estima-se a ocorrência de aproxima-damente 9,6 mil espécies de plantas.

Musgos – A grande novidade foi a inclusão de espécies do grupo das briófi-tas, popularmente conhecidas como mus-gos, com 76 espécies ameaçadas, de um total estimado de 900 existentes em território paulista. “Na lista anterior ainda não havia informações suficientes a respeito dessas espécies, ou não estavam sistematizadas. Agora, estão em bancos de dados, o que faci-lita o acesso”, afirma Cíntia. “As briófitas são sensíveis a fatores como poluição, alterações de luz e de ventos. Podem simplesmente desaparecer”, diz a pesquisadora.

Na tabela, o item que registra aumento mais significativo é o de espécies em perigo crítico, cujo número subiu 148% na compa-ração com os dados de 2004. Cíntia chama a

atenção para o fato de que nem sempre isso é má notícia, já que muitas, no levantamen-to anterior, eram dadas como extintas na natureza. “Com o maior número de coletas e a criação de unidades de conservação, algu-mas espécies foram reencontradas e podem ser protegidas”, afirma. Da mesma forma, parte do crescimento de 45% no número de espécies em perigo decorre do maior conhe-cimento a respeito de algumas famílias.

Iniciativas – Espécies que não haviam sido amostradas nos últimos 50 anos foram reencontradas. Contribuíram para isso, entre outras iniciativas, as realizadas no projeto Flora Fanerogâmica do Estado de São Paulo e no projeto temático Fauna e Flora de Fragmentos Florestais Remanes-centes da Região Noroeste do Estado de São Paulo, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa (Fapesp); as atividades de levan-tamento, resgate e restauração da flora oriunda das áreas das obras dos trechos Sul e Norte do Rodoanel Mario Covas; a criação de unidades de conservação, visto que estar ou não em áreas protegidas é um dos crité-rios para se considerar uma espécie amea-çada; e o processo de restauração ecológica adotado no Estado, com políticas públicas para o setor e recomendação de plantio com alta diversidade de espécies.

Cíntia diz que durante os trabalhos rea-lizados pelo IBt no trecho Sul do Rodoanel foi reencontrada a Tillandsia linearis, espé-cie de bromélia que na lista anterior estava como presumivelmente extinta. Trata-se de uma planta epífita, que cresce sobre outras plantas. Outra que tinha o mesmo status, antes de ser reencontrada no trecho Norte do Rodoanel, foi a Escobedia grandiflora, erva que cresce em áreas de campo e cerrado.

A pesquisadora esclarece que uma planta pode ser considerada ameaçada mesmo se é visível em grande número. Um bom exemplo é o palmito-juçara (Euterpe edulis) – “espécie que, apesar de se propagar, é ameaçada pela coleta predatória. Se não estivesse na lista, talvez já estivesse extinta”, argumenta.

Restauração – As principais ativida-des humanas responsáveis pela extinção de espécies são: a destruição de hábitat, matan-ça ou coleta excessiva, introdução de espé-cies exóticas e cadeias de extinção – situa-ção em que a extinção de algumas espécies ocasiona o desaparecimento de outras.

A lista de espécies ameaçadas de extin-ção tem um objetivo ao mesmo tempo cien-tífico e legal. De acordo com os especialistas do IBt, ela é essencial para a conservação, fornece informações-chave sobre o estado dos biomas e orienta ações governamentais e privadas destinadas à conservação. Serve também como instrumento norteador para políticas públicas.

Barbosa cita, entre outras iniciativas, o 6º Simpósio de Restauração Ecológica, realizado em novembro do ano passado, sob a coorde-nação do IBt, como exemplo de ação que se apoia também no conhecimento trazido pela lista de espécies ameaçadas de extinção. O site do IBt (ver serviço) traz a relação atualizada de várias espécies indicadas para restauração ecológica: espécies arbóreas, arbustos, ervas, epífitas e aquáticas, entre outras.

Cláudio Soares

Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial

SERVIÇOMais informações em http://botanica.sp.gov.br

Números de espécies sob ameaçaStatus de conservação 2004 2016 (sem

briófitas)Variação 2016 (com

briófitas)

Presumivelmente extinta (EX) 393 320 -19% 368

Extinta na natureza (EW) 14 15 +7% 15

Em perigo crítico (CR) 23 57 +148% 57

Em perigo (EN) 185 269 +45% 271

Vulnerável (VU) 471 351 -25% 377

Total 1.086 1.012 -7% 1.088

(Fonte: Instituto de Botânica)

AFO

TOS:

CLE

O V

ELLE

DA

Palmito-juçara – Espécie muito ameaçada pela coleta predatória Roupala sculpta – Está na lista por ter distribuição muito restrita

Cíntia: “Manter critério científico para a lista” Barbosa – Relação sofreu apenas ajustes

Araucária – Classificada como vulnerável