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CONTRATAÇÃO DE CIDADÃOS DE NACIONALIDADE ESTRANGEIRA EM MOÇAMBIQUE - REGIMES JURÍDICOS E PRÁTICAS - REFERÊNCIA DOS INVESTIDORES Fevereiro de 2019 Agência para Promoção de Investimento e Exportações (APIEX) República de Moçambique

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Page 1: CONTRATAÇÃO DE CIDADÃOS DE NACIONALIDADE … · 2019-06-12 · trabalhadores estrangeiros nos projectos mencionados.6 O Regulamento da Lei de Investimentos7 enumera os projectos

CONTRATAÇÃO DE CIDADÃOS DE NACIONALIDADE

ESTRANGEIRA EM MOÇAMBIQUE

- REGIMES JURÍDICOS E PRÁTICAS -

REFERÊNCIA DOS INVESTIDORES

Fevereiro de 2019

Agência para Promoção de Investimento e Exportações (APIEX)

República de Moçambique

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i

Reconhecimento

Esta publicação foi preparada como um material de referência para empresas estrangeiras

e nacionais bem como indivíduos que consideram contratar mão-de-obra estrangeira na

República de Moçambique, tem em conta leis e regulamentos relevantes relacionados

com o tema em apreço, preparado pelo Fortalecimento da Capacidade de Promoção e

Facilitação de Investimentos patrocinado pela Agência Japonesa de Cooperação

Internacional (“JICA”), em colaboração com a Agência de Promoção de Investimentos e

Exportação (APIEX). O conteúdo legal (Capítulos 1, 2 e 3) foi preparado principalmente

pela JLA Advogados e os Anexos foram preparados pela equipa jurídica do Projecto JICA.

Aviso Legal

Este relatório tem sido preparado apenas para fins promocionais, com o objectivo de

fornecer informações gerais sobre as leis e regulamentos e não pretende fornecer

aconselhamento jurídico específico. Este relatório não deve ser usado como um substituto

de aconselhamento jurídico competente na jurisdição. A JICA e a JLA Advogados não

serão responsáveis por quaisquer perdas ou danos financeiros causados por investimentos

feitos por qualquer empresa ou indivíduo que se baseie nesta publicação.

Preparado por: Conteúdo Legal Preparado por:

JICA Projecto para o

Fortalecimento da Capacidade de

Promoção e Facilitação de

Investimentos na República de

Moçambique

c/a APIEX

JLA Advogados (antigamente FraLaw)

Avenida Vladimir Lenine, Edifício

Millennium Park n.º 174, 12.º D, 1100

Maputo, Mozambique

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ii

PREFÁCIO

O Governo de Moçambique mantém regulamentos de investimento liberais baseados na

Lei do Investimento (n.º 3/1993, de 24 de Junho) e Regulamento da Lei de Investimentos

(Decreto n.º 43 / 2009, de 21 de Agosto), proporcionando tratamento não discriminatório

e permitindo 100% de propriedade para investidores estrangeiros para a maioria dos

sectores. Por outro lado, por ser um País em desenvolvimento, o Governo está empenhado

em aumentar as oportunidades de emprego para os nacionais e fortalecer a capacidade

dos recursos humanos nacionais.

As leis e regulamentos a esse respeito foram promulgados com o objectivo de proteger a

força de trabalho nacional, assegurando a disponibilidade de empregos para eles sem

esquecer os desafios especiais colocados pelo desenvolvimento do País, o que requer

níveis de habilidades e qualificações técnicas e profissionais que são ou inexistentes ou

insuficientes.

Historicamente, o principal instrumento utilizado pelo Governo moçambicano para

alcançar o objectivo acima e o seu equilíbrio foi a contratação de trabalhadores

estrangeiros através do mecanismo de quotas, que actualmente ainda está em uso. No

contexto actual, é fundamental que o regime de contratação de mão-de-obra estrangeira

permita certa flexibilidade, mas ao mesmo tempo não comprometa o princípio estrutural

de protecção da força de trabalho local.

Este documento foi preparado para fornecer o quadro regulamentar actual para a

contratação de estrangeiros, como uma referência principalmente para os investidores

estrangeiros, que pretendem empregar estrangeiros em seus projectos em Moçambique.

Director Geral

Agência para Promoção de Investimento e exportações (APIEX).

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Referências legislativas

Este documento foi preparado com referência às leis e regulamentos em vigor em Dezembro de 2018,

conforme listado abaixo.

(i) Constituição da República de Moçambique (CRM/2004);

(ii) Lei n.º 23/2007 de 1 de Agosto – “Lei do Trabalho”;

(iii) Lei n.º 3/93 de 24 de Junho – “Lei de Investimentos”;

(iv) Decreto n.º 37/2016 de 31 de Agosto – “Regulamento de mecanismos e procedimentos para

contratação de mão-de-obra estrangeira”;

(v) Decreto n.º 63/2011 de 7 de Outubro – “Regulamento para contratação de mão-de-obra

estrangeira no Sector de Petróleo e Minas”;

(vi) Decreto n.º 43/2009 de 21 de Agosto – “Regulamento da Lei do Investimento”;

(vii) Decreto - Lei n.º 2/2011 de 19 de Outubro – “Regime Jurídico das Condições Relativas à

Contratação de Cidadãos de Nacionalidade Estrangeira para Prestação de Serviços na

Função Pública Moçambicana”;

(viii) Decreto n.º 75/99 de 12 de Outubro – “Regulamento das condições de trabalho nas Zonas

Francas Industriais”; e

(ix) Decreto-Lei n.º 2/2014 de 2 de Dezembro – “Regime Jurídico e Contratual Especial

Aplicável ao Projecto de Gás Natural Liquefeito nas Áreas 1 e 4 da Bacia do Rovuma”.

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iv

ÍNDICE

1. REGIME GERAL PARA A CONTRATAÇÃO DE CIDADÃOS DE

NACIONALIDADE ESTRANGEIRA EM MOÇAMBIQUE ................................. 1

1.1 CONTRATAÇÃO MEDIANTE REGIME DO TRABALHO DE CURTA

DURAÇÃ .................................................................................................................... 1

1.2 REGIME DE QUOTAS ....................................................................................... 2

1.3 PROJECTOS DE INVESTIMENTO .................................................................. 3

1.4 AUTORIZAÇÃO DE TRABALHO ..................................................................... 4

1.5 NÚMERO DE APROVAÇÕES ........................................................................... 4

2. REGIME DE QUOTAS ........................................................................................... 5

2.1 OBJECTIVO DO REGIME DE QUOTAS ......................................................... 5

2.2 VANTAGENS E RESTRIÇÕES DO REGIME DE QUOTAS ........................... 6

2.2.1 VANTAGEM DO REGIME DE QUOTAS ................................................. 6

2.2.2 RESTRIÇÕES À IMPLEMENTAÇÃO DO REGIME DE QUOTAS ....... 6

2.3 EXEMPLOS DE APROVAÇÃO NO REGIME FORA DA QUOTA ................. 8

3. REGIMES ESPECIAIS ........................................................................................... 9

3.1 ZONAS ECONÓMICAS ESPECIAIS / ZONAS LIVRES INDUSTRIAIS ....... 9

3.2 SECTOR DE PETRÓLEO E MINAS ............................................................. 10

3.3 BACIA DO ROVUMA ..................................................................................... 12

3.4 CONTRATAÇÃO DE CIDADÃOS DE NACIONALIDADE ESTRANGEIRA

PARA A PRESTAÇÃO DE SERVIÇO NA FUNÇÃO PÚBLICA EM

MOÇAMBIQUE .................................................................................................... 13

ANEXOS

Anexo A: Resumo sobre os Regimes de Contratação de Estrangeiros

Anexo B: Referência dos Investidores para Contratação de Estrangeiros em

Moçambique

Anexo C: Formulários de inscrição para o Regime de Quotas e de Autorização de

trabalho

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1. REGIME GERAL PARA A CONTRATAÇÃO DE CIDADÃOS DE

NACIONALIDADE ESTRANGEIRA EM MOÇAMBIQUE

A contratação de mão-de-obra estrangeira em Moçambique pode ser realizada através de diferentes

regimes legais que variam de acordo com a justificação apresentada para a necessidade de contratação.

Nos termos do Regime Jurídico1 aplicável à contratação de mão-de-obra estrangeira vigente, existem

4 (quatro) mecanismos legais a serem considerados para o estabelecimento de vínculo laboral com

trabalhadores estrangeiros, a saber:

• Contratação mediante o Regime do Trabalho de Curta Duração;

• Contratação mediante o Regime de Quotas;

• Contratação mediante o Regime do Projecto de Investimento; e

• Contratação mediante o Regime de Autorização de Trabalho

Além dos mecanismos de contratação de mão-de-obra estrangeira mencionados no parágrafo anterior,

os seguintes regimes especiais de contratação, aplicam-se em certas regiões ou a determinados

sectores de actividade, devendo ser levados em consideração:

• Regime de Contratação aplicável a Zonas Económicas Especiais e Zonas Francas Industriais2;

• Regime de Contratação aplicável aos sectores de Petróleo e Minas3; e

• Regime de Contratação aplicável ao Projecto de Gás Natural Liquefeito nas Áreas 1 e 4 da

Bacia do Rovuma4.

Nesse sentido, o regime legal estabelecido pelo Decreto n.º 37/2016 aplica-se à contratação de mão-

de-obra estrangeira, excepto a mão-de-obra contratada para operar nos Projectos de Gás da Bacia do

Rovuma, nas Zonas Económicas, nas Zonas Francas Industriais e nos sectores de petróleo e minas,

que estão sujeitas a regime específico, conforme descrito anteriormente.

1.1 CONTRATAÇÃO MEDIANTE REGIME DO TRABALHO DE CURTA DURAÇÃO

A contratação mediante o regime do trabalho de curta duração permite que o trabalhador estrangeiro

trabalhe em Moçambique por um período máximo de 90 (noventa) dias consecutivos ou interpolados

por ano.

Este regime só pode ser usado quando se pretende que o trabalhador estrangeiro preste serviços em

Moçambique que sejam pontuais, imprevisíveis e envolvendo elevado conhecimento científico ou

1 Decreto n.º 37/2016 de 31 de Agosto. 2 Decreto n.º 43/2009, de 21 de Agosto (Regulamento da Lei de Investimentos) 3 Decreto n.º 63/2011, de 7 de Dezembro 4 Decreto-Lei n.º 2/2014, de 2 de Dezembro.

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técnicos profissionais especializados. Caso contrário, a contratação não será considerada de acordo

com a lei.

O empregador moçambicano pode também utilizar este regime para contratar um trabalhador

estrangeiro vinculado por um contrato com o empregador estrangeiro ou com a sede no estrangeiro.

Considerando as suas características e requisitos, este regime pode ser usado para formar trabalhadores

locais de empresas estrangeiras e para acompanhar aspectos mais complexos das operações da

organização, que requerem qualificações e competências indisponíveis em Moçambique devido à

ausência ou deficiência.

Quanto às formalidades, o empregador deve comunicar à entidade que superintende a área do trabalho

da contratação do trabalhador estrangeiro no regime do trabalho de curta duração, antes de sua entrada

no País. A entrada do trabalhador estrangeiro no território nacional para a realização da referida

actividade laboral deve ocorrer após a verificação da conformidade da comunicação e a respectiva

comunicação ao empregador, que deverá ocorrer no prazo de 5 (cinco) dias úteis5.

Deve-se notar que a contratação sob este regime não afecta a quota legal a que a empresa tem direito,

nos termos da Lei.

1.2 REGIME DE QUOTAS

A aplicação do direito de contratar um determinado número de trabalhadores estrangeiros depende do

número total de trabalhadores nacionais dentro da empresa. Quanto maior o número de trabalhadores

nacionais na empresa, maior o número de trabalhadores estrangeiros permitidos.

Este regime de contratação não está sujeito a autorização do Ministério do Trabalho. No entanto, o

empregador deve informar ao Ministério a contratação do trabalhador estrangeiro até 15 (quinze) dias

após sua entrada no País, juntamente com o comprovativo de que a quota permitida não foi

ultrapassada.

Conforme mencionado, as empresas que empregam mais de 100 (cem) trabalhadores, classificadas

pela Lei como grandes empresas, têm uma quota de 5% (cinco por cento) do total de trabalhadores

com o objectivo de contratar trabalhadores estrangeiros. As médias empresas, que empregam entre 11

(onze) e 100 (cem) trabalhadores, têm uma quota de 8% (oito por cento) do total da relação nominal.

Já as pequenas empresas, que empregam até 10 (dez) trabalhadores, têm direito a 10% (dez por cento)

do total de trabalhadores para contratar trabalhadores estrangeiros. Empresas com menos de 10 (dez)

trabalhadores podem contratar no mínimo 1 (um) trabalhador estrangeiro.

5 N.º 1 do artigo 7 do Decreto n.º 37/2016, de 31 de Agosto

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1.3 PROJECTOS DE INVESTIMENTO

Em relação aos projectos de investimento que tenham sido aprovados pelo Governo, existe a

possibilidade de se obter uma quota maior que a legalmente estabelecida para contratação de

trabalhadores estrangeiros nos projectos mencionados.6

O Regulamento da Lei de Investimentos 7 enumera os projectos de investimento que devem ser

autorizados pelo Governo, e que podem, portanto, se beneficiar de uma quota maior do que a que se

teria direito, através de uma comunicação no regime geral de quotas.

Assim, os projectos de investimento a serem aprovados pelo Governo são os seguintes:

✓ Projectos de Investimento cujo valor exceda MZN 13.500.000.000 (treze bilhões e quinhentos

milhões de Meticais);

✓ Projectos de Investimento que requerem uma extensão de terra com área superior a 10.000 ha

(dez mil hectares);

✓ Projectos de Investimento que requerem concessões florestais com área superior a 100.000 ha

(cem mil hectares); e

✓ Os projectos de investimento com implicações políticas, sociais, económicas, financeiras ou

ambientais previsíveis e a determinação devem ser analisados caso a caso pelo próprio

Governo.

Este regime especial pode conceder benefícios aos investidores, tais como: protecção dos direitos de

propriedade industrial; expatriação de fundos; benefícios fiscais; e acesso ao crédito de investidores

estrangeiros nas mesmas condições aplicáveis aos nacionais (entidades moçambicanas).

Os investidores estrangeiros que pretendam investir em Moçambique - desde que os seus projectos de

investimento estejam no âmbito deste regime - podem colaborar com a Agência de Investimento e

Promoção das Exportações (doravante denominada “APIEX”) 8 , uma instituição pública com o

objectivo de ajudar investidores estrangeiros. A APIEX orienta os investidores durante todo o processo

de aprovação dos seus projectos de investimento e actua como intermediário entre o investidor

estrangeiro e entidades públicas moçambicanas que podem ser obrigadas a aprovar qualquer acto

provisório, ou seja, uma licença ambiental.

Quanto às formalidades, devido principalmente à rigorosa política cambial aplicada em Moçambique,

os investidores são obrigados a registar9 os seus projectos no Banco de Moçambique (doravante

6 Artigo 12 do Decreto n.º 37/2016, de 31 de Agosto. 7 Alínea d) do artigo 12 do Decreto n.º 43/2009, de 21 de Agosto alterado pelo Decreto n.º 48/2013, de 13 de Setembro. 8 Número 2 do artigo 4 do Regulamento da Lei de Investimentos. 9 Artigo 22 da Lei do Investimento

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“BM”), bem como a registar cada transacção financeira feita no âmbito do projecto de investimento,

incluindo os fluxos financeiros que entram em Moçambique.

Assim, qualquer projecto de investimento que se enquadre na situação acima deve ser submetido ao

Governo para aprovação e pode, por sua vez, beneficiar de uma quota superior ao regime geral de

contratação de cidadãos estrangeiros.

1.4 AUTORIZAÇÃO DE TRABALHO

A contratação de trabalhadores estrangeiros sob o regime10 de autorização de trabalho depende da

apresentação de um requerimento dirigido ao Ministro que superintende a área do trabalho,

justificando a necessidade de contratar mais trabalhadores estrangeiros do que os alocados pelo

sistema de quotas. Contanto que (i) a necessidade de contratar trabalhadores estrangeiros fora da quota

legalmente permitida seja devidamente fundamentada; (ii) as qualificações académicas ou

profissionais necessárias para a função pretendida pelo trabalhador estrangeiro pretendido tenham sido

certificadas; e (iii) tenha sido verificado que não há nacionais ou que não há número suficiente para

desempenhar essa função e que outros requisitos legais sejam cumpridos, o trabalhador estrangeiro é

contratado.

A contratação de trabalhadores estrangeiros para assistência técnica especializada também está sujeita

a autorização, especialmente para trabalhos em organizações não-governamentais estrangeiras,

trabalhos de pesquisa científica, ensino e outras áreas.

A contratação de um trabalhador estrangeiro por meio deste regime não afecta a quota aplicável à

empresa, pois é considerada como contratação fora da quota.

1.5 NÚMERO DE APROVAÇÕES

Esta secção inclui estatísticas dos últimos 5 (cinco) anos sobre a contratação de trabalhadores

estrangeiros no regime de quotas11, regime do trabalho de curta duração, projectos de investimentos e

regime de autorização de trabalho.

Tabela 1 Número de Autorizações por Regimes (2012-2017)

Ano Número de Aprovados consoante o Regime

Total

Aprovados

Rejeita

dos

Total Submetidos

1) Curta

Duração

2)

Quota

3) Projecto de

Investimentos

4)

Autorização

(aprovados+rejeit

ados)

2012 3,313 9,395 1,525 257 14,49 29 14,519

2013 4,776 11,094 3,095 417 19,382 125 19,507

10 Artigo 16 do Decreto n.º 37/2016, de 31 de Agosto.

11 Informação fornecida pelo Ministério do Trabalho, Emprego e Segurança Social. Quanto aos fundamentos para a

rejeição dos pedidos de autorização de trabalho, não foi possível obter a informação naquela instituição.

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2014 4,987 10,045 4,008 451 19,491 0 19,491

2015 6,329 8,936 2,624 936 18,825 124 19,07

2016 6,19 8,162 1,157 614 16,123 68 16,191

2017 (1.º

semestre 2,516 4,697 554 375 8,145 7 8,152

Total 28,111 52,329 12,963 3,053 96,456 47 93,93

Fonte: Ministério do Trabalho, Emprego e Segurança Social

A tabela acima reflecte a realidade de Moçambique em relação à contratação de cidadãos estrangeiros

nos diferentes regimes de contratação previstos por Lei. Em 2012, o número de casos submetidos à

entidade que superintende a área do trabalho foi de 14.519 dos quais 14.490 foram aprovados e apenas

29 pedidos rejeitados. Quanto ao total de 5 anos e meio, de 2012 até o primeiro semestre de 2017,

96.930 pedidos foram submetidos, dos quais 96.456 foram aprovados e 474 recusados, revelando que

99,5% foram aprovados e apenas 0,5% rejeitados.

Embora a distribuição desses casos rejeitados por cada regime não esteja disponível, o registo do

número de pedidos e aprovação, indicado pelos dados estatísticos acima, demonstra que a contratação

de cidadãos estrangeiros é exequível e não é muito difícil.

2. REGIME DE QUOTAS

2.1 OBJECTIVO DO REGIME DE QUOTAS

Constata-se que o objectivo principal do regime de quotas é a protecção dos interesses do trabalhador

nacional, ou seja, priorizar a força de trabalho nacional, em detrimento da mão-de-obra estrangeira.

Não obstante, este regime deve beneficiar o País de várias maneiras significativas, tais como:

✓ Assegurar a criação de mais postos de trabalho para trabalhadores nacionais - A Lei

Moçambicana prevê que os empregadores devem dar preferência aos trabalhadores nacionais

em detrimento dos cidadãos estrangeiros, excepto quando as qualificações especiais ou

habilidades profissionais necessárias são encontradas apenas nestes últimos;

✓ Trazer know-how qualificado de outros países – exemplos claros disto são encontrados nos

campos da exploração de petróleo / gás, fornecimento de energia e desenvolvimento de infra-

estruturas, que têm contribuído para a economia de Moçambique e culturalmente, uma vez

que os moçambicanos têm a oportunidade de familiarizar-se com eventos fora do seu espectro

diário;

✓ Aumentar o nível de especialização e competências profissionais da força de trabalho nacional

– A Lei Moçambicana incentiva empregadores para criar condições para a integração de

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trabalhadores nacionais qualificados em empregos que exigem conhecimentos técnicos e em

trabalhos de gestão e administração;

✓ Limitar a duração dos contratos de trabalho com cidadãos estrangeiros - A Lei Moçambicana

estabelece que os contratos de trabalho com trabalhadores estrangeiros não devem exceder 2

(dois) anos, e mesmo após várias renovações nunca podem ser convertidos em um contrato

por tempo indeterminado, e seu principal objectivo é limitar a permanência de trabalhadores

estrangeiros no território nacional;

✓ Controle da imigração de cidadãos estrangeiros - cidadãos de nacionalidade estrangeira que

desejam trabalhar em território nacional devem obter vistos de trabalho, e este visto deve ser

solicitado antes de entrar no território nacional, caso contrário a autorização de trabalho não

será concedida.

2.2 VANTAGENS E RESTRIÇÕES DO REGIME DE QUOTAS

As vantagens e restrições do regime de quotas devem ser destacadas, com base na explicação sobre os

objectivos do referido regime.

2.2.1 VANTAGEM DO REGIME DE QUOTAS

Quanto às vantagens do regime de Quotas, é importante notar que sua implementação permite:

✓ O empregador tenha 15 (quinze) dias de tolerância, após a entrada do trabalhador estrangeiro,

no país, para comunicar à entidade que superintende a área do trabalho;

✓ Submissão do processo de contratação do cidadão estrangeiro, pois depende do número de

trabalhadores na empresa e mera comunicação à entidade competente; e

✓ Não há necessidade de solicitar autorização de trabalho nos casos de contratação no âmbito

de projectos de investimento aprovados pelo Governo, sendo necessária apenas a

comunicação para contratação de trabalhadores estrangeiros.

2.2.2 RESTRIÇÕES À IMPLEMENTAÇÃO DO REGIME DE QUOTAS

1) Incumprimento da obrigação de comunicação

Com relação à resposta da conformidade da comunicação, há um período de 5 (cinco) dias para esse

fim12.

Esta obrigação também se estende aos empreiteiros em projectos de investimento, que por sua vez

também devem aguardar a resposta do Ministério do Trabalho no prazo de 5 (cinco) dias úteis13.

12 Artigo 11 do Decreto n.º 37/2016, de 31 de Agosto. 13 Idem

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O incumprimento das disposições legais é verificada diariamente pela entidade que superintende a

área do trabalho, o que pode levar mais de 30 (trinta) dias úteis para a tomada de decisão favorável

ou não.

Conclui-se que os constrangimentos acima referidos podem levar ao desencorajamento do

investimento estrangeiro, o que levará a uma perda de interesse versus oportunidade, o que pode

retardar não só o desenvolvimento do País mas também frustrar as expectativas dos empresários que

desejam investir em Moçambique.

2) Requisito de proporção nominal

A junção da folha da relação nominal - lista dos trabalhadores contratados com seus dados relevantes

- para o ano civil corrente14 é uma das formalidades a serem observadas na comunicação a ser

submetida perante a entidade supervisora.

Esta exigência constitui uma barreira em termos de que uma empresa recém-constituída, por vezes,

ainda não contratou trabalhadores ou ainda está em processo de contratação.

Consequentemente, para essas empresas esse requisito de relação nominal pode ser considerado como

um obstáculo ao início da empresa, causado pelos procedimentos que a organização da relação

nominal representa, do recrutamento, organização interna e levantamento da relação nominal.

3) Atraso na emissão do atestado15

A conformidade da comunicação deve ser verificada e comunicada num prazo de 5 (cinco) dias, com

o respectivo atestado a ser entregue ao portador da comunicação 16 .

Na prática, mas raramente, os atestados são emitidos dentro dos prazos legalmente estabelecidos, mas

em média leva de 7 (sete) a 15 (quinze) dias. Assim sendo:

✓ Esta lei tem uma baixa taxa de execução;

✓ Quando se trata de renovar o contrato de trabalho, até a emissão do atestado, o trabalho do

trabalhador estrangeiro é interrompido.

14 AlíneaAlíena e do artigo 10 do Decreto n.º 37/2016 15 Note que em casos de contratação de cidadãos estrangeiros sob o regime de Quotas e regime do trabalho de Curta

Duração, um atestado é emitido pelas entidades laborais. Porém, ao submeter uma comunicação de contratação de

trabalho no regime de Autorização de Trabalho, o Ministério que superintende a área do trabalho, emite uma

autorização de trabalho. 16 Artigo 11 do Decreto n.º 37/2016

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2.3 EXEMPLOS DE APROVAÇÃO NO REGIME FORA DA QUOTA

A tabela abaixo indica os casos de cada regime para obtenção de uma quota adicional ou fora da quota

para o cidadão estrangeiro, com base em casos reais. Esses casos ilustram a realidade na obtenção de

autorizações de trabalho com justificativas convincentes.

Tabela 2: Exemplo de casos para obtenção da Autorização de Trabalho Fora da Quota

Caso A: Contratação no Regime de: Curta Duração

Perfil da Sociedade

Ramo de actividade: Serviços de Seguro

Tipo de empresa: Categorizada como "pequena Empresa”17, com 3

trabalhadores (um dos quais é cidadão estrangeiro)

Justificação para contratação de

cidadão estrangeiro adicional

A razão pela qual a Sociedade B esta a contratar um trabalhador

estrangeiro, é para formar e implementar novos procedimentos de

trabalho adoptados pela sede da Sociedade.

Resultado Emitido um atestado de 90 dias

Data de Comunicação e

Aprovação

Comunicação submetida: 24 de Janeiro de 2018

Aprovado: 5 de Fevereiro de 2018 (menos de 2 semanas)

Caso B: Contratação no Regime de: Autorização de Trabalho

Perfil da Sociedade

Ramo de actividade: Serviços de Aviação e Turismo

Tipo de empresa: Categorizada como “Pequena Empresa, com 5

trabalhadores (um dos quais é cidadão estrangeiro)

Justificação para contratação de

cidadão estrangeiro adicional

Para prestar actividade como chefe de escala e formar os recém-

contratados da sociedade. Um pedido de autorização de trabalho

foi apresentado para a contratação de outro cidadão estrangeiro.

Resultado Autorização de Trabalho emitia a favor do trabalhador estrangeiro

por um período de dois anos

Data de Comunicação e

Aprovação

Data de submissão do pedido de autorização: 16 de Junho de 2017

Aprovado: 26 de Setembro de 2017 (três meses e dez dias)

Caso C: Contratação no Regime de: Projectos de Investimentos

Perfil da Sociedade

Ramo de actividade: Energia (Fábrica de produção e operação de

energia)

Tipo de empresa: Categorizada como "Grande Empresa"18,

Pretende contratar um total de 1.400 trabalhadores durante a fase

de construção e 350 após a fase de operação

17 Pequenas Empresas: menos de 10 trabalhadores

18 Grandes Empresas: mais de 100 trabalhadores

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Justificação para contratação de

cidadão estrangeiro adicional

Optou por este regime sob a condição de valor total (superior a

13,5 mil milhões de Meticais), e o projecto requer conhecimentos

técnicos altamente qualificados não disponíveis localmente.

Resultado

Fase de Construção: Quota 30% (420 trabalhadores estrangeiros

permitidos)

Fase de operação: Quota 20% (70) para 1-10 anos, 15% (52) para

ano 11-15 e 10% (35) para ano 16 em diante

Data de Comunicação e

Aprovação Aprovado em 2016

Fonte: Ministério do Trabalho

3. REGIMES ESPECIAIS

3.1 ZONAS ECONÓMICAS ESPECIAIS / ZONAS LIVRES INDUSTRIAIS

De acordo com a Lei de Investimentos 19 , Zonas Económicas Especiais (ZEE) e Zonas Francas

Industriais (ZFI) compreendem áreas geograficamente delimitadas ou unidades de áreas de actividade

industrial, nas quais as mercadorias produzidas para exportação estão isentas de todas as taxas

alfandegárias e são concedidos regimes fiscais, laborais e cambiais especiais e mais favoráveis.

Além disso, a fim de contratar cidadãos estrangeiros para trabalhar nas ZEE / ZFI, certos requisitos

devem ser cumpridos, a saber:

✓ Uma autorização de trabalho20 será exigida para o cidadão estrangeiro a ser contratado;

✓ A contratação só ocorre se os estrangeiros tiverem as qualificações profissionais únicas

necessárias para o projecto e se tais qualificações não forem encontradas na força de trabalho

nacional; e

✓ O número de trabalhadores estrangeiros contratados não deve exceder um máximo de 15%

(quinze por cento) do número total de trabalhadores21 para tais zonas.

Além disso, os trabalhadores estrangeiros podem começar a trabalhar antes que a autorização seja

concedida pela Direcção de Trabalho, mas o empregador deve apresentar um pedido para obter a

autorização até 45 (quarenta e cinco) dias após a data em que o cidadão estrangeiro começou a

trabalhar.

Vale ressaltar que os contratos celebrados com cidadãos estrangeiros têm a duração máxima de 7 (sete)

anos a partir da data de início da actividade, após o qual o empregador poderá ser autorizado a manter

19 Alínea (x) do artigo 1 da Lei n.º 3/93, de 24 de Junho.

20 A Autorização de Trabalho é emitida assim que o Ministro que superintende a área de trabalho autorizar a contratação

do cidadão estrageiro. 21 Cargos de direcção e membro do conselho de administração, não estão incluídos nesta percentagem.

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10

3 (três) empregos permanentes junto aos cidadãos estrangeiros, mediante autorização a conceder pela

entidade competente.

Além disso, nos casos em que cidadãos estrangeiros são contratados para as ZEEs / ZFIs, o empregador

deverá cumprir com as formalidades e o tempo de resposta de acordo com as disposições do regime

geral do regime de quotas.

Em relação às empresas que implementam projectos nas ZFIs, é estabelecido um limite de 15% (quinze

por cento) do total de trabalhadores das referidas empresas para contratação de cidadãos estrangeiros,

independentemente do tipo de empresas.

3.2 SECTOR DE PETRÓLEO E MINAS

Em relação ao sector de Petróleo e Minas, a contratação de trabalhadores estrangeiros está sujeita aos

mesmos 3 (três) regimes indicados anteriormente, sem prejuízo de algumas particularidades

estabelecidas pelo Decreto n.º 63/2011 de 7 de Dezembro, como segue:

a) Contratos de trabalho de curta duração:

Duração do contrato

-De acordo com o número 1 do artigo 5 do Decreto n.º 37/2016, o trabalho de curta duração é aquele

que não excede 90 (noventa) dias por ano, consecutivos ou interpolados, quando prestado por

trabalhadores estrangeiros;

-Em conformidade com o número 1 do artigo 12 do Decreto n.º 63/2011, trabalho de curta duração é

aquele que não excede 180 (cento e oitenta) dias por ano, consecutivos ou interpolados, quando

prestados por cidadãos estrangeiros.

Submissão da comunicação

-De acordo com o número 1 do artigo 6 do Decreto n.º 37/2016, antes da entrada do trabalhador

estrangeiro no território nacional, o empregador ou seu representante deve apresentar à entidade que

superintende a área do trabalho na província onde o trabalhador estrangeiro irá exercer a sua actividade,

uma comunicação indicando (i) a denominação e endereço do empregador, (ii) os detalhes de

identificação do trabalhador estrangeiro e a actividade a realizar, e (iii) o período de início e o fim da

actividade do trabalhador estrangeiro.

-Em conformidade com o número 3 do artigo 12 do Decreto n.º 63/2011, no prazo de 15 (quinze) dias

após a entrada do trabalhador estrangeiro no território nacional, o empregador ou seu representante

deve apresentar à entidade que superintende a área do trabalho na província onde o cidadão estrangeiro

irá prestar a sua actividade, uma comunicação indicando (i) os detalhes de identificação do trabalhador

estrangeiro; e (ii) o período em que o trabalhador estrangeiro desempenhará a sua actividade.

Período de resposta

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11

-Em conformidade com o número 1 artigo 7 do Decreto n.º 37/2016, a conformidade da comunicação

deverá ser verificada e comunicada num prazo de 5 (cinco) dias úteis.

-De acordo com o número 4 do artigo 12, conjugado com o artigo 7 do Decreto n.º 63/2011, a

conformidade da comunicação será verificada no momento da sua apresentação, sendo o respectivo

atestado imediatamente emitido e entregue ao portador da comunicação.

Taxa a pagar

-Em conformidade com a alínea (c) do número 2 do artigo 6 do Decreto n.º 37/2016, a comunicação

deve ser acompanhada de comprovativo de pagamento da taxa de 1 (um) salário mínimo vigente no

sector de actividades da empresa.

-Em conformidade com o número 2 do artigo 19 do Decreto n.º 63/2011, o trabalho no regime de curta

duração está sujeito a uma taxa correspondente a 10 (dez) salários mínimos vigente no sector da

indústria de extracção de minerais.

b) Regime de quotas:

Determinação da quota

-De acordo com o número 2 do artigo 9 do Decreto n.º 37/2016, para determinar a quota tem-se em

consideração o número de trabalhadores moçambicanos efectivamente contratados e constantes na

folha de relação nominal22 da empresa.

-Nos termos do número 3 do artigo 5 do Decreto n.º 63/2011 para determinar a quota, o número de

trabalhadores a ser considerado corresponde ao número médio de trabalhadores contratados no ano

civil anterior. O número 4 do mesmo artigo estabelece que no primeiro ano de actividade, o número

de trabalhadores a considerar é o do dia do início da actividade.

Período para resposta

-Em conformidade com o número 1 do artigo 11 do Decreto n.º 37/2016, a conformidade da

comunicação deve ser verificada e comunicada num prazo de 5 (cinco) dias úteis.

-Em conformidade com o artigo 7 do Decreto n.º 63/2011, a conformidade da comunicação deverá ser

verificada no momento em que for apresentada, mediante a emissão imediata do respectivo atestado,

a ser entregue ao portador da comunicação.

Taxa a pagar

De acordo com a alínea (g) do número 1 do artigo 10 do Decreto n.º 37/2016, a comunicação deve ser

acompanhada de um comprovativo de pagamento a uma taxa de 5 (cinco) salários mínimos vigentes

no sector de actividades da empresa.

22 Lista dos trabalhadores contratados contendo a sua informação relevante para o presente ano civil.

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12

Nos termos da alínea (e) do número 1, do artigo 6 do Decreto n.º 63/2011, a contratação de

trabalhadores estrangeiros no regime de quotas está sujeita a uma taxa correspondente a 3 (três)

salários mínimos vigente no sector da indústria de extracção de minerais.

c) Regime de autorização de trabalho

Neste regime de contratação, não há nenhuma diferença particular que pode ser detectada em ambos

os decretos, com excepção dos documentos que devem ser anexados ao pedido (o mesmo se aplica

aos regimes acima mencionados).

3.3 BACIA DO ROVUMA

Quanto à contratação de trabalhadores estrangeiros no Projecto da Bacia do Rovuma, a Lei prevê que

as entidades empregadoras devem sempre priorizar contratação de mão-de-obra nacional com

qualificações adequadas a todos os níveis da organização, incluindo especialistas em cargos de

complexidade técnica e de gestão, sem prejuízo de poderem contratar cidadãos23 estrangeiros para

prestar actividade neste sector24.

Os projectos de investimento aprovados pelo Governo são considerados como o principal regime de

contratação de trabalhadores estrangeiros na Bacia do Rovuma. No entanto, também é permitido

contratar trabalhadores estrangeiros pelo regime do trabalho de curta duração por um período máximo

de 180 dias por ano para qualquer tipo de trabalho, mesmo que não seja imprevisível, como ocorre

com a aplicação do regime geral, estabelecido para outras indústrias.

Por via de regra, a contratação de cidadãos estrangeiros neste sector é feita mediante a submissão do

plano de trabalho ao Instituto Nacional de Emprego e Formação Profissional, no prazo de 60 (sessenta)

dias antes do término de cada ano civil pelas Concessionárias e Entidades de Propósito Específico.

O plano de força de trabalho não deve prever a contratação de cidadãos estrangeiros para posições de

trabalho de menor complexidade técnica e para aquelas que não requeiram qualquer qualificação

técnica. Nos casos em que os trabalhadores estrangeiros serão contratados fora da quota estabelecida

no plano de força de trabalho devidamente aprovado, a contratação em questão será realizada sob o

regime de autorização de trabalho, mediante apresentação de requerimento ao Ministro que

23 De acordo com o artigo 19 deste Decreto, as concessionárias e as Entidades de Objecto Específico devem submeter

ao Instituto Nacional de Emprego e Formação Profissional, 60 (sessenta) dias antes do fim de cada ano civil, um plano

de formação para consulta e articulação devida com o Instituto Nacional de Petróleos que tenha em vista permitir um

aumento gradual da percentagem de cidadãos moçambicanos a trabalhar em qualquer Empreendimento da Bacia do

Rovuma em todos os níveis da sua organização e um programa de formação efectivo de trabalhadores moçambicanos,

seja em Moçambique ou no estrangeiro, em cada fase e nível de operações, tendo em conta os requisitos de segurança

e a necessidade de manter padrões razoáveis de eficiência na condução das operações. 24 Em relação a contratação de cidadãos estrangeiros, a folha de relação nominal relativa a qualquer Empresa da Bacia

de Rovuma não prevê a contratação de tais locais de trabalho para postos de trabalho de menor complexidade técnica

e para aqueles que não necessitam de qualificação técnica.

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13

superintende a área do trabalho. Uma resposta ao pedido deve ser entregue no prazo de 7 (sete) dias

úteis a contar da data da apresentação.

Assim, os regimes de contratação aplicáveis aos trabalhadores estrangeiros na Bacia do Rovuma são:

(i) Projecto de Investimento Aprovado pelo Governo; (ii) curta duração e (iii) autorização de trabalho.

No que diz respeito aos requisitos para a contratação de cidadãos estrangeiros para o projecto da Bacia

do Rovuma, os requisitos são os mesmos (vide o Capítulo 1).

Quanto à renovação de contratos, a Lei estabelece que os trabalhadores têm a opção de renovar uma

ou mais vezes os contratos de trabalho por um período fixo ou incerto durante a fase de construção de

cada Desenvolvimento da Bacia do Rovuma.

3.4 CONTRATAÇÃO DE CIDADÃOS DE NACIONALIDADE ESTRANGEIRA PARA A

PRESTAÇÃO DE SERVIÇO NA FUNÇÃO PÚBLICA EM MOÇAMBIQUE

A contratação de trabalhadores estrangeiros para prestação de serviço na função pública é realizada

mediante contrato de prestação de serviço a prazo fixo25, pelo prazo de até 5 (cinco) anos, renovável

uma vez, por igual período após a realização e a necessidade de prestação de serviço26. O serviço,

independentemente dessa renovação, o contrato celebrado com o trabalhador estrangeiro nunca poderá

ser convertido em contrato por tempo indeterminado e em nenhuma circunstância confere ao

trabalhador estrangeiro a qualidade de trabalhador do Estado.

Estes contratos estão sujeitos à fiscalização prévia do Tribunal Administrativo, e têm precedência

sobre os demais processos, nos termos estabelecidos em legislação específica27.

A contratação de trabalhadores estrangeiros para a prestação de serviço na função pública é feita por

meio de concurso público apenas quando houver falta ou insuficiência de pessoal nacional com as

qualificações e experiência profissional exigidas, salvo quando houver necessidade urgente de serviço

declarado por um membro do Governo, caso em que a referida contratação poderá dar cumprimento à

licitação pública28.

25 A celebração destes contratos é da responsabilidade dos responsáveis das entidades centrais, provinciais e

institucionais com autonomia administrativa e financeira, sendo os custos suportados pelo respectivo fundo salarial,

inscrito no Orçamento do Estado, doações, receitas próprias ou consignadas dessas instituições. 26 Excepcionalmente, devido a uma necessidade imperiosa e justificada de serviço, que é analisada caso a caso, o

contrato pode ser prorrogado por um período adicional não superior a 5 (cinco) anos. 27 Vide artigo 60 conjugado com a alínea (c), do artigo 1, ambos da Lei n.º 14/2014, de 14 de Agosto (Regime da

Organização, Funcionamento e Processo da Secção de Fiscalização das Receitas e das Despesas Públicas). 28 Moçambique tem o direito de preferência, onde, em regra, os cidadãos nacionais têm prioridade sobre os cidadãos

estrangeiros, e a contratação destes depende da prova (por concurso público) da falta de quadros nacionais para

satisfazer o que é exigido.

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14

Tais contratos são celebrados sob um regime exclusivo de funções, portanto, o trabalhador estrangeiro

é proibido de exercer qualquer actividade privada ou de aceitar qualquer outra remuneração além da

estabelecida pela legislação vigente, excepto nos casos de actividades de docência e pesquisa nas

instituições do Estado, mediante autorização prévia da entidade contratante.

Em caso de não cumprimento das disposições do parágrafo acima, o trabalhador estrangeiro pode ser

responsabilizado disciplinarmente. Tal responsabilidade disciplinar pode resultar na aplicação das

seguintes sanções:

✓ Uma multa varia entre 5 (cinco) a 10 (dez) salários do trabalhador estrangeiro (graduado de

acordo com a gravidade da infracção cometida e / ou reincidência), ou

✓ Rescisão imediata do contrato de trabalho.

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CONTRATAÇÃO DE CIDADÃOS DE NACIONALIDADE ESTRANGEIRA EM

MOÇAMBIQUE

- REGIMES JURÍDICOS E PRÁTICAS -

ANEXOS

Anexo A Resumo sobre os Regimes de Contratação de Estrangeiros

Anexo B Referência dos Investidores para Contratação de Estrangeiros em

Moçambique

Anexo C Formulários de inscrição para o Regime de Quotas e de Autorização

de trabalho

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Apêndice A

A-1

Resumo sobre os Regimes de Contratação de Estrangeiros

Regime Atestado de Curta

Duração

Quota Projecto de Investimento

(Quota Extra)

Autorização

Objecto Contratar trabalhadores

estrangeiros com alto nível

de conhecimento científico e

profissionais especiais.

Proporcionar o direito de

contratar determinado

número de trabalhadores

estrangeiros através da

dimensão total do emprego

Fornecer uma quota concreta de trabalhadores

estrangeiros, necessária para a implementação de um

determinado projecto; o número pode ser superior ou

inferior ao que normalmente é permitido no regime de

quotas

Contratar

trabalhadores

estrageiros com

qualificações

académicas e

profissionais.

Exigibilidade Verificar a qualificação e

prova de indisponibilidade

em Moçambique

5% para mais de 100

8% entre 11 e 100

10% para 10 trabalhadores

ou inferior

Valor do Investimento excede MZN 13,5 biliões

Uso do projecto de investimento superior a 10.000

hectares

Projecto florestal superior a 100.000 hectares

Projectos de investimento com considerações políticas,

sociais, económicas, financeiras e ambientais

Verificar a

qualificação e prova

de indisponibilidade

em Moçambique

Duração Máximo de 90 dias (180 dias

para o sector mineiro e para

a Bacia do Rovuma)

Máximo de 2 anos Máximo de 2 anos Máximo de 2 anos

Procedimento

para

submissão

Comunicar o Ministério do

Trabalho antes de entrar no

País

Comunicar o Ministério do

Trabalho no prazo de 15

dias após a entrada no País

Com antecedência, solicitar à APIEX para ajudar na

obtenção da aprovação do projecto de investimento junto

da entidade competente no sector em que será

implementado e, em seguida, comunicar o Ministério do

Trabalho dentro de 15 dias após a entrada no País de

qualquer trabalhador contratado, no âmbito da quota

permitida para o investimento concreto

Solicitar autorização

Autorização Não está sujeita à

autorização

Não está sujeita à

autorização

Não está sujeita à autorização Ministério de

Trabalho

Referência

Jurídica

Artigos 5 a 7 e 20 a 21 do

Decreto n.º 37/2016, de 31

de Agosto

Artigos 11 e 20 a 21 do

Decreto n.º 37/2016, de 31

de Agosto

Alínea d) do artigo 12 do Decreto n.º 43/2009, alterada

pelo Decreto n.º 48/2013

Artigos 12 e 20 a 21 do Decreto n.º 37/2016, de 31 de

Agosto

Artigos 16 a 19 e 20

a 21 do Decreto n.º

37/2016, de 31 de

Agosto

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Apêndice A

A-2

Nota: Para além destes regimes, existem regimes especiais aplicados ao Projecto de GNL no sector da Bacia do Rovuma, Mineração e Petróleo e regiões designadas

ao abrigo da ZEE / ZFI.

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Apêndice B

B-1

“Referência dos Investidores” para Contratação de Estrangeiros em Moçambique

1. Regime de Quotas (sob Quota Geral / Quota para Projectos de Investimento)

(a) Sectores não afectados pela aplicação da quota geral

O regime especial é aplicado para os seguintes sectores (que são guiados por regulamentos separados):

(a) Projecto de Gás Natural Liquefeito nas Áreas 1 e 4 da Bacia de Rovuma,29

(b) Zonas Económicas Especiais e Zonas Francas Industriais,30 e

(c) Sectores de Petróleo e Mineração.

(b) Como determinar a quota

Baseia-se na lista nominal do ano civil, detalhando as nacionalidades dos trabalhadores31. Para efeitos

de determinação da quota aplicável com base na mão-de-obra total, apenas os nacionais

moçambicanos são incluídos na “força de trabalho total” e os cidadãos estrangeiros actualmente na

folha nominal são excluídos.

(c) Arredondamento não permitido

Ao calcular o número de estrangeiros sob o regime de quotas, o arredondamento de números não é

permitido32.

(d) Envio da “comunicação” à entidade que superintende a área do trabalho

O empregador deve enviar uma “comunicação” à entidade que superintende a área do trabalho

competente no prazo de 15 dias a contar da data da entrada do trabalhador estrangeiro em

Moçambique33. A “comunicação” deve ser enviada juntamente com os seguintes documentos34:

(i) Dois exemplares do formulário de “comunicação” (junto ao ANEXO I),

comunicando a contratação do trabalhador estrangeiro e o grau de cumprimento da

quota;

(ii) Três exemplares do contrato de trabalho;

(iii) Certificado de habilitações literárias ou técnico-profissionais, acompanhadas, do

certificado de equivalência emitido pela entidade que superintende a área da

educação em relação aos obtidos no exterior ou documento comprovativo da sua

experiência profissional;

29 Decreto-Lei n.º 2/2014, de 2 de Dezembro. 30 Decreto n.º 43/2009 de 21 de Agosto (Regulamento da Lei de Investimentos). 31 Alínea e do artigo 1, Decreto n.º 37/2016, de 31 de Agosto. 32 Número 3 do artigo 8, Decreto n.º 37/2016, de 31 de Agosto. 33 Número 1 de artigo 8, Decreto n.º 37/2016, de 31 de Agosto. 34 Artigo 10, Decreto n.º 37/2016, de 31 de Agosto.

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Apêndice B

B-2

(iv) Certidão de quitação da empresa, emitida pela entidade que superintende a área das

Finanças, válida por 30 dias, contados a partir da data da sua emissão;

(v) Certidão de quitação da empresa, emitida pela entidade gestora do Sistema de

Segurança Social, válida por 30 dias, contados a partir da data da sua emissão;

(vi) Relação nominal, actualizada, de trabalhadores referente ao ano civil em curso, com

indicação das nacionalidades dos trabalhadores;

(vii) Cópia autenticada do passaporte ou do documento de identificação de residência para

estrangeiros (DIRE); e

(viii) Comprovativo de pagamento da taxa correspondente a cinco salários mínimos

vigentes no sector de actividade da empresa.

(ix) Para projectos de investimento aprovados pelo Governo, a comunicação deve ser

acompanhada de uma cópia do projecto de investimento aprovado pelo Governo que

especifica o número de estrangeiros a serem contratados.35

(e) Início de trabalho

O trabalhador estrangeiro só pode começar a trabalhar após o empregador ter recebido o “atestado”

(também conhecido como “autorização de trabalho”) da entidade que superintende a área do trabalho.

Nos termos da lei, esta é emitida no prazo de 5 dias úteis após a recepção da comunicação do

empregador36.

(f) Efeitos da cessação do contrato de trabalho de nacionais

Um empregador que cesse os contratos de trabalho de nacionais não é obrigado a cessar o contrato de

trabalhado de trabalhadores estrangeiros, desde que a autorização de trabalho seja válida. O número

de empregos nacionais será afectado aquando da renovação da autorização de trabalho para

estrangeiros, em número que cumpra com a quota37.

2. Regime de Autorização de Trabalho (ou Fora-de-quota)

A Autorização de Trabalho (ou Fora-de-quota) pode ser usada quando o empregador tiver esgotado a

sua quota.

(a) Condições do Regime de Autorização de Trabalho

(i) O trabalhador estrangeiro deve ter as qualificações académicas ou profissionais exigidas;

(ii) Não existirem trabalhadores nacionais com qualificações semelhantes, ou o seu número

seja insuficiente; e

35 artigo 14 do Decreto n.º 37/2016, de 31 de Agosto 36 Número 1 do artigo 11 do Decreto n.º 37/2016, de 31 de Agosto 37 Número 5 de artigo 27do Decreto n.º 37/2016, de 31 de Agosto.

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Apêndice B

B-3

(iii) Demonstrar que as disposições do Decreto n.º 37/2016 de 31 de Agosto (o “Regulamento

dos Mecanismos e Procedimentos para Contratação de Cidadãos de Nacionalidade

Estrangeira”) foram cumpridas.

A demonstração de tal cumprimento inclui, por exemplo, o currículo, diploma, certificado de grau

académico, certificado de treinamento, etc.

(b) Pedido de Autorização de Trabalho

Para a contratação de trabalhadores estrangeiros que excedam a Quota (sob quota geral ou Quota para

projectos de investimento aprovados pelo Governo), uma solicitação deve ser submetida pelo

empregador à entidade que superintende a área do trabalho competente38. Está sujeito à aprovação da

entidade laboral competente (Ministra do Trabalho).

(c) Requisitos de Aprovação

Um pedido de autorização para a contratação de trabalhador estrangeiro (usando o requerimento junto

ao ANEXO II) deve incluir o seguinte39:

(i) Denominação, endereço da empresa e ramo de actividade do requerente

(empregador);

(ii) Identificação do representante do empregador;

(iii) Identificação do cidadão estrangeiro cuja contratação se requer, sua categoria,

tarefas ou funções a exercer;

(iv) Fundamentação do pedido, indicando os motivos para a contratação; e

(v) A seguinte documentação deve ser anexada ao requerimento:

i. Três exemplares do contrato de trabalho;

ii. Certificado de habilitações literárias ou técnico-profissionais,

acompanhadas, do certificado de equivalência emitido pela entidade que

superintende a área da educação em relação aos obtidos no exterior ou

documento comprovativo da sua experiência profissional;

iii. Certidão de quitação da empresa, emitida pela entidade que superintende a

área das Finanças, válida por 30 dias, contados a partir da data da sua

emissão;

iv. Certidão de quitação da empresa, emitida pela entidade gestora do Sistema

de Segurança Social, válida por 30 dias, contados a partir da data da sua

emissão;

v. Parecer do delegado sindical ou comité sindical ou sindicato do ramo;

38 Número 1 de Artigo 17, Decreto n.º 37/2016, de 31 de Agosto. 39 Artigo 18 do Decreto n.º 37/2016, de 31 de Agosto.

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Apêndice B

B-4

vi. Cópia autenticada do alvará ou licença ou documento equiparado;

vii. Relação nominal, actualizada, de trabalhadores referente ao ano civil em

curso, com indicação das da nacionalidade dos trabalhadores; e

viii. Comprovativo do pagamento de uma taxa correspondente a dez salários

mínimos em vigor no sector de actividade onde a empresa se insere.

(d) Prazo para aprovação do pedido

O requerimento deve ser processado pela entidade que superintende a área de Trabalho competente

dentro de 15 dias a partir do recebimento do pedido40. A aprovação também é conhecida como

“autorização de trabalho fora da Quota41”.

(e) Início de trabalho

Os estrangeiros não podem começar a trabalhar antes de receberem a aprovação do pedido de

autorização de trabalho (ou fora da Quota42).

2. Casos Hipotéticos

1) Pretendemos estabelecer uma empresa envolvida no negócio de Soluções de Tecnologia

da Informação (IT) em Maputo. Devido ao aspecto muito técnico do negócio, a nossa empresa

mãe offshore planeja enviar dois de seus trabalhadores estrangeiros para Moçambique

Uma pequena empresa pode contratar 1 trabalhador estrangeiro. Para contratar um outro cidadão

estrangeiro fora da quota geral, a empresa tem que se solicitar autorização através do regime de

autorização de trabalho (fora da quota). A empresa tem que apresentar provas de que:

(a) O estrangeiro tem as qualificações académicas ou profissionais exigidas;

(b) Não há nacionais com qualificações semelhantes, ou são insuficientes em número; e

(c) Prova de que as disposições do Decreto n.º 37/2016, de 31 de Agosto (o “Regulamento dos

Mecanismos e Procedimentos para a Contratação de Cidadãos de Nacionalidade

Estrangeira”) foram cumpridas.

2) Actualmente, nossa empresa possui a seguinte força de trabalho: um Director geral

(estrangeiro); cinco gestores (estrangeiros) e 120 trabalhadores (nacionais moçambicanos). Qual

é a nossa Quota de trabalhadores estrangeiros?

40 Artigo 17 (2), do Decreto n. ° 37/2016 de 31 de Agosto

41 Observe que esses requerimentos são enviados ao departamento de Trabalho da província/cidade em que os

trabalhadores realizarão suas actividades para fins de verificação, e serão enviados ao Ministro para aprovação. O prazo

para a aprovação da autorização de trabalho pode não levar o prazo legal de 5 dias, devido ao facto d o Ministro analisar

a aplicação caso a caso. Portanto, um possível atraso ou situação em que os 5 dias indicados por lei são excedidos, pode

ocorrer.

42 Casos de renovação de contratos de trabalho de trabalhadores estrangeiros no regime de autorização de trabalho, é

recomendado para iniciar o processo de candidatura 6 meses antes da rescisão do contrato.

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Apêndice B

B-5

Como a força laboral total é de 100 trabalhadores (excluindo os estrangeiros), a quota de sua empresa

é de 6. A quota permitida de 6 estrangeiros já foi atingida.

3) A nossa empresa tem várias sucursais em Moçambique. Caso uma de nossas subsidiárias

ainda não tenha atingido a quota de trabalhadores estrangeiros, o saldo ou número não utilizado

pode ser utilizado por outra subsidiária que já tenha atingido sua quota?

Não. A quota refere-se à força laboral total de cada subsidiária. A quota não utilizada não é transferível.

A subsidiária que já tenha atingido a quota pode solicitar a contratação do trabalhador estrangeiro sob

o regime de autorização de trabalho (fora da quota).

4) Nossa empresa recém-constituída iniciará suas operações no próximo ano, no primeiro

ano contratamos apenas um trabalhador estrangeiro que agirá como gerente de nossa empresa.

Isso é permitido?

Sim. A uma empresa é permitida de contratar pelo menos um trabalhador estrangeiro, mesmo que o

número total de trabalhadores nacionais seja menor que 10.

5) A nossa empresa de fabrico está no seu primeiro ano de operações com 15 trabalhadores

que são cidadãos moçambicanos, mas pretendemos aumentar o seu número no segundo ano para

40. Podemos contratar 4 trabalhadores estrangeiros durante o primeiro ano?

Não. A quota é baseada no número de trabalhadores no início das suas operações. No primeiro ano,

só é permitido contratar 1 estrangeiro.

6) Nossa empresa esgotou a quota de estrangeiros, mas precisamos contratar especialistas

técnicos estrangeiros para realizar reparos de emergência em maquinarias. Ainda somos

autorizados a contratar trabalhadores estrangeiros para trabalhos de curto prazo, mesmo que

tenhamos esgotado nossa quota?

Sim, os estrangeiros podem ser contratados sob o regime de trabalho de curta duração, desde que o

período de trabalho não seja superior a 90 dias dentro de um ano, consecutivos ou não, e o objectivo

é a realização de trabalhos oportunos e imprevistos que exigem alto conhecimento científico ou

aptidões especializadas. Os estrangeiros contratados sob o regime de trabalho de curta duração não

estão incluídos na quota.

7) A nossa empresa pretende implementar, trimestralmente, uma semana de formação de

todos os trabalhadores em Moçambique, composta por 21 trabalhadores (20 nacionais

moçambicanos, 1 estrangeiro), sob direcção de dois (2) gestores de formação da nossa empresa-

mãe estrangeira, que são estrangeiros. Pagaremos as taxas do gerente de formação pelos serviços

dele/dela.

(a) A nossa empresa está autorizada a ter tal acordo com os dois (2) gerentes de

treinamento? Se sim, qual é o regime apropriado para tal arranjo?

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Apêndice B

B-6

Sua empresa está autorizada a contratar os serviços de dois gerentes de formação que são estrangeiros

sob o regime de trabalho de curta duração, desde que o período de seu trabalho não exceda 90 dias

dentro de um ano, consecutivos ou não. A empresa tem que provar que o trabalho requer um alto

conhecimento científico ou aptidões especializadas43.

(b) Quando devemos comunicar à entidade que superintende a área do trabalho, antes ou

depois da chegada dos gerentes de formação em Moçambique?

Sua empresa deve comunicar à entidade que superintende a área do trabalho antes da entrada dos

gerentes de formação em Moçambique, visto que eles só podem entrar no País após a verificação pela

entidade que superintende a área do trabalho44.

8) Para o projecto de investimento aprovado pelo Governo, nossa empresa já atingiu a

quota aprovada pelo Governo. Podemos ainda solicitar a contratação de um trabalhador

estrangeiro que exceda essa quota? Se sim, qual é o procedimento e prazo para aprovação do

pedido?

Sim. Para a contratação de trabalhadores estrangeiros que excedam a quota (mediante o projecto de

investimento aprovado pelo Governo), um requerimento deve ser apresentado pelo empregador à

entidade que superintende a área de trabalho competente na província onde o trabalhador estrangeiro

irá desempenhar as suas funções. O procedimento e prazo para a aprovação do requerimento são os

mesmos do pedido de autorização de trabalho (ou extra quota) na quota geral.

9) A nossa empresa tem vários recintos/filiais em Moçambique. Podemos transferir

temporariamente um dos nossos trabalhadores estrangeiros por um mês para outro recinto/filial

que já tenha atingido sua quota de trabalhador estrangeiro?

Sim. O empregador pode transferir temporariamente o trabalhador estrangeiro para outro local de

trabalho, se ditadas as circunstâncias excepcionais relacionadas à organização administrativa ou de

produção. O empregador deve comunicar à entidade que superintende a área do trabalho na província

onde o trabalhador estrangeiro está a desempenhar as suas funções. Como a transferência é apenas

temporária, esse trabalhador estrangeiro não é contado na quota do local/filial de destino.

43 Números 1 e 3 do artigo 5do Decreto n.º 37/2016, de 31 de Agosto. 44 Número 1 de Artigo 7, Decreto n.º 37/2016, de 31 de Agosto.

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Apêndice C

C-1

Anexo I: Formulário de "Comunicação" para Regime de Quotas

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Apêndice C

C-2

Anexo II: Formulário de Inscrição para o Regime de Autorização de Trabalho

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Apêndice C

C-3