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CAMARAGIBE (PE) CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO II. CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE CAMARAGIBE (PE) 1. CARACTERÍSTICAS GEOGRÁFICAS E DEMOGRÁFICAS Localizado na região metropolitana de Recife, Camaragibe é um município relativamente novo (20 anos), emancipado em 1982 de São Lourenço da Mata. Em 2000 possuía 128.702 habitantes com alta densidade demográfica (2.681,29 hab/Km 2 ). A população distribuía-se em duas áreas principais: o centro, onde habitava a maior parte dos residentes, e a área de Aldeia, caracterizada pela presença marcante de chácaras, granjas e condomínios fechados de grande porte, habitados por população de renda mais alta, em contraste com a maioria dos que moram no centro e nos bairros de seu entorno. Por sua contigüidade com a capital Recife, atribui-se ao município um perfil de “cidade dormitório”, ocupado de forma desordenada e irregular, com um terço da população residindo em áreas de risco como alagados, morros e encostas em 2002. A população estava composta predominantemente por mulheres (51,4%) e por jovens em 1996 mais de 50% dos habitantes tinham até 24 anos. A população na faixa etária de 15 a 49 anos representava 55,9% do total e os residentes com mais de 60 anos correspondiam a 7% da população total. O crescimento da população no período de 1996-2000 foi em média 3,95% ao ano, mantendo a predominância feminina. Quadro 1 Características demográficas de Camaragibe (PE), 2000 Características demográficas N % População Total 128.702 100,0 População Urbana 128.702 100,0 População Rural 0 0,0 População Masculina 62.579 48,6 População Feminina 66.123 51,4 Área (Km²) 48 Densidade Demográfica (Hab/Km2) 2.681,29 Fonte: IBGE Cidades@, 2000

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Page 1: II. CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE CAMARAGIBE (PE) II... · em duas áreas principais: ... importante patrimônio ambiental, com trechos de Mata Atlântica, rios ... Pernambuco

CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

II. CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE CAMARAGIBE (PE)

1. CARACTERÍSTICAS GEOGRÁFICAS E DEMOGRÁFICAS

Localizado na região metropolitana de Recife, Camaragibe é um município relativamente

novo (20 anos), emancipado em 1982 de São Lourenço da Mata. Em 2000 possuía 128.702

habitantes com alta densidade demográfica (2.681,29 hab/Km2). A população distribuía-se

em duas áreas principais: o centro, onde habitava a maior parte dos residentes, e a área de

Aldeia, caracterizada pela presença marcante de chácaras, granjas e condomínios fechados

de grande porte, habitados por população de renda mais alta, em contraste com a maioria

dos que moram no centro e nos bairros de seu entorno.

Por sua contigüidade com a capital Recife, atribui-se ao município um perfil de “cidade

dormitório”, ocupado de forma desordenada e irregular, com um terço da população

residindo em áreas de risco como alagados, morros e encostas em 2002.

A população estava composta predominantemente por mulheres (51,4%) e por jovens – em

1996 mais de 50% dos habitantes tinham até 24 anos. A população na faixa etária de 15 a

49 anos representava 55,9% do total e os residentes com mais de 60 anos correspondiam a

7% da população total.

O crescimento da população no período de 1996-2000 foi em média 3,95% ao ano,

mantendo a predominância feminina.

Quadro 1 – Características demográficas de Camaragibe (PE), 2000

Características demográficas N %

População Total 128.702 100,0

População Urbana 128.702 100,0

População Rural 0 0,0

População Masculina 62.579 48,6

População Feminina 66.123 51,4

Área (Km²) 48

Densidade Demográfica (Hab/Km2) 2.681,29

Fonte: IBGE – Cidades@, 2000

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CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

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Quadro 1a – Distribuição da população por faixa etária em Camaragibe (PE), 1996

População por faixa etária N %

0 a 4 anos 10.851 9,8

5 a 9 anos 11.305 10,2

10 a 14 anos 12.145 10,9

15 a 19 anos 12.688 11,4

20 a 24 anos 12.055 10,9

25 a 29 anos 9.910 8,9

30 a 34 anos 8.936 8,0

35 a 39 anos 7.143 6,4

40 a 44 anos 6.184 5,6

45 a 49 anos 5.228 4,7

50 a 54 anos 3.948 3,6

55 a 59 anos 3.392 3,1

60 a 64 anos 2.380 2,1

65 anos ou mais anos 4.954 4,5

Total 111.119 100,0

Fonte: IBGE – Cidades@, 2000; Contagem da População, 1996

2. CARACTERÍSTICAS ECONÔMICAS

A principal atividade econômica de Camaragibe era o comércio, grande parte dele

informal. Uma atividade crescente na cidade era o turismo, sobressaindo a região

denominada Aldeia, importante patrimônio ambiental, com trechos de Mata Atlântica, rios

e um excelente clima.

Camaragibe contava em 1996 com 931 unidades locais (empresas com CGC) e 43

estabelecimentos agropecuários, a maioria de micro e pequeno porte (78%) onde

trabalhavam de uma a quatro pessoas. Em cerca de 90% do total das unidades locais

trabalhavam até nove pessoas e as que ocupavam quinhentas ou mais pessoas

representavam em 1996 somente 0,33% do total de unidades.

Tabela 1 – Unidades locais por número de pessoas ocupadas, Camaragibe (PE), 1996

Unidades locais por pessoas ocupadas N %

1 a 4 697 77,6

5 a 9 113 12,6

10 a 19 44 4,9

20 a 29 18 2,0

30 a 49 8 0,9

50 a 99 9 1,0

100 a 249 5 0,6

250 a 499 1 0,1

500 a 999 2 0,2

1.000 ou mais 1 0,1

Total 898 100,0

Fonte: IBGE – Contagem da População, 1996; Cidades@, 2000

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CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

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Por outro lado as grandes unidades locais empregavam a maior parte da população

ocupada em 1996: 33% dos trabalhadores estavam em unidades com 500 ou mais pessoas

ocupadas.

Observando as receitas orçamentárias em 1996, verifica-se que Camaragibe dependia dos

recursos repassados pelo governo federal e por outras transferências pois as receitas

tributárias eram significativamente menores que as oriundas de transferências. As receitas

orçamentárias foram cerca de 3% menores que as despesas orçamentárias e as despesas de

custeio representaram 74% do total.

Quadro 2 – Receitas e despesas de Camaragibe (PE), 1996-1998

Receitas e despesas Mil reais (R$)

Receitas orçamentárias realizadas – 1996 12.739

Despesas orçamentárias realizadas – 1996 13.135

Receitas orçamentárias realizadas correntes – tributárias – 1996 1.796

Receitas orçamentárias realizadas correntes – transferências – 1996 8.791

Despesas orçamentárias realizadas correntes – custeio – 1996 9.768

Valor do Fundo de Participação dos Municípios – FPM – 1998 5.903.640

Fonte: IBGE – Cidades@, 2000; Contagem da População, 1996

No município de Camaragibe, segundo o ICV, a renda familiar per capita média expressa

em salários mínimos de setembro de 1991, era igual ao da região porem inferior à de

Pernambuco (0,81) e a do Brasil (1,31). Em 1991, 62% da população do município vivia

com renda insuficiente, isto é, renda familiar per capita inferior a metade do salário

mínimo.

Tabela 2 – Indicadores do ICV – Renda, Camaragibe, Pernambuco, Região Nordeste,

Brasil, 1970, 1980, 1991

Região Renda familiar

per capita média

(sal. min. set. / 91)

Grau de

Desigualdade

(Theil – L)

Porcentagem de

pessoas com renda

insuficiente (P0)

Insuficiência

média de

renda (P1)

1970 1980 1991 1970 1980 1991 1970 1980 1991 1970 1980 1991

Camaragibe - - 0,65 - - 0,48 - - 61,94 - - 0,32

Pernambuco 0,38 0,83 0,81 0,63 0,65 0,80 84,19 60,02 65,17 0,54 0,30 0,37

Nordeste 0,31 0,69 0,65 0,57 0,65 0,78 87,85 66,53 71,68 0,58 0,35 0,42

Brasil 0,63 1,43 1,31 0,68 0,70 0,78 67,90 39,47 45,46 0,39 0,18 0,24

Fonte: PNUD/IPEA/Fund. João Pinheiro/IBGE – Atlas do Desenvolvimento Humano, 1999

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3. CARACTERÍSTICAS SOCIAIS

Camaragibe apresentava em 1991 o referente ao Índice de Desenvolvimento Humano

Municipal (IDH-M)1, superior ao da região Nordeste (0,517) e do estado de Pernambuco

(0,572), mas inferior a média nacional. Nas dimensões Longevidade e Educação do IDH-

M, Camaragibe tinha indicadores superiores aos apresentados por seu estado e sua região e

próximos a média brasileira, enquanto na dimensão Renda (0,458) revelava uma situação

de baixo desenvolvimento, ficando muito abaixo da média nacional (0,942).

Tabela 3 – Índice de desenvolvimento humano municipal e dimensões em

Camaragibe, Pernambuco, região Nordeste e Brasil, 1970, 1980, 1991

Região IDH-M IDH-M Longevidade IDH-M Educação IDH-M Renda

1970 1980 1991 1970 1980 1991 1970 1980 1991 1970 1980 1991

Camaragibe - - 0,585 - - 0,678 - - 0,620 - - 0,458

Pernambuco 0,332 0,502 0,572 0,375 0,470 0,600 0,372 0,445 0,537 0,248 0,590 0,579

Nordeste 0,306 0,460 0,517 0,385 0,483 0,593 0,336 0,409 0,499 0,196 0,490 0,459

Brasil 0,462 0,685 0,742 0,440 0,531 0,638 0,501 0,577 0,645 0,444 0,947 0,942

Fonte: PNUD/IPEA/Fund. João Pinheiro/IBGE – Atlas do Desenvolvimento Humano, 1999

O ICV2 - Índice de Condições de Vida reitera que a situação em Camaragibe (0,639) no

ano de 1991 era melhor que a apresentada pelo estado de Pernambuco (0,723) e região

Nordeste (0,573), sendo, entretanto, inferior a do Brasil (0,655). A dimensão Longevidade

era a única que está acima da média nacional, e as demais dimensões, embora indicassem

que as condições de vida do município eram melhores que as de Pernambuco e da região

Nordeste, estavam abaixo dos índices apresentados pelo Brasil. Observou-se que a

educação e a renda eram as dimensões que contribuíam para os baixos IDH e ICV do

município.

________________________ 1 IDH-M – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal é composto por três dimensões: Longevidade

(esperança de vida ao nascer), Educação (taxa de analfabetismo e número de anos de estudo) e Renda (renda

familiar per capita). 2 ICV – Índice de Condição de Vida é composto pelas dimensões acima citadas que incluem outros

indicadores: Longevidade (taxa de mortalidade), Educação (porcentagem da população com menos de 4

anos de estudo, porcentagem da população com menos de 8 anos de estudo e porcentagem da população com

mais de 11 anos de estudo), Renda (índice L de Theil – desigualdade de renda, porcentagem da população

com renda insuficiente, insuficiência média de renda e grau de desigualdade na população com renda

insuficiente). O ICV incorpora duas novas dimensões: Infância (porcentagem de crianças que não

freqüentam a escola, defasagem escolar média, porcentagem de crianças com mais de um ano de atraso

escolar e porcentagem de crianças que trabalham) e Habitação (porcentagem da população vivendo em

domicílios com densidade superior a 2 pessoas por dormitório potencial, porcentagem da população vivendo

em domicílios duráveis, porcentagem da população vivendo em domicílios com abastecimento adequado de

água e porcentagem da população vivendo em domicílios com instalações adequadas de esgoto).

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CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

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Tabela 4 – Índice de condições de vida e dimensões em Camaragibe, Pernambuco,

região Nordeste e Brasil, 1970, 1980, 1991

Região ICV ICV – Longevidade ICV – Educação

1970 1980 1991 1970 1980 1991 1970 1980 1991

Camaragibe - - 0,639 - - 0,751 - - 0,542

Pernambuco 0,420 0,525 0,616 0,370 0,501 0,663 0,305 0,382 0,478

Nordeste 0,390 0,495 0,573 0,412 0,536 0,668 0,270 0,343 0,435

Brasil 0,532 0,655 0,723 0,528 0,632 0,742 0,415 0,497 0,576

Fonte: PNUD/IPEA/Fund. João Pinheiro/IBGE – Atlas do Desenvolvimento Humano, 1999

Tabela 4 cont. – Índice de condições de vida e dimensões em Camaragibe,

Pernambuco, Região Nordeste e Brasil, 1970, 1980, 1991

Região ICV – Infância ICV – Renda ICV – Habitação

1970 1980 1991 1970 1980 1991 1970 1980 1991

Camaragibe - - 0,704 - - 0,576 - - 0,621

Pernambuco 0,586 0,591 0,698 0,397 0,624 0,582 0,444 0,526 0,656

Nordeste 0,522 0,530 0,641 0,369 0,563 0,514 0,378 0,501 0,609

Brasil 0,655 0,665 0,747 0,524 0,816 0,793 0,538 0,663 0,758

Fonte: PNUD/IPEA/Fund. João Pinheiro/IBGE – Atlas do Desenvolvimento Humano, 1999

Camaragibe apresentava indicadores próximos da média nacional quanto ao contigente que

freqüentou a escola fundamental (77%). Entretanto, a taxa dos que tinham mais de 11 anos

de estudo (3%), correspondia a metade da apresentada pela população do estado de

Pernambuco (6%) e menos da metade do percentual nacional.

Tabela 5 – Porcentagem da população de 25 anos e mais de idade, por anos de estudo

em Camaragibe, região Nordeste e Brasil, 1970, 1980, 1991

Região Menos de 4 anos de estudo Menos de 8 anos de estudo Mais de 11 anos de estudo

1970 1980 1991 1970 1980 1991 1970 1980 1991

Camaragibe - - 43,4 - - 77,3 - - 3,1

Pernambuco 80,1 67,4 53,4 93,7 86,8 76,6 1,4 3,8 6,3

Nordeste 85,3 74,8 61,1 95,8 90,1 80,5 0,9 2,5 4,1

Brasil 69,0 55,6 42,3 91,2 83,3 72,1 2,0 5,0 7,5

Fonte: PNUD/IPEA/Fund. João Pinheiro/IBGE – Atlas do Desenvolvimento Humano, 1999

A taxa de analfabetismo da população de Camaragibe com 15 anos ou mais de idade (21%)

era menor do que a de Pernambuco (33%) e da região Nordeste (37%), mas ultrapassava a

média nacional (19%). O número médio de anos de estudo dos habitantes de Camaragibe

com 25 anos e mais em 1991, era de 4,3.

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CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

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Tabela 6 – Taxa de analfabetismo da população de 15 anos e mais e número médio de

anos de estudo da população de 25 anos e mais em Camaragibe,

Pernambuco, região Nordeste e Brasil, 1970, 1980, 1991

Região Taxa de analfabetismo da

população de 15 anos e mais

Número médio de anos de estudo

(pop. de 25 anos e mais)

1970 1980 1991 1970 1980 1991

Camaragibe - - 21,3 - - 4,3

Pernambuco 49,7 42,2 32,9 1,7 2,7 4,0

Nordeste 53,9 45,9 36,6 1,3 2,1 3,4

Brasil 33,0 25,3 19,4 2,4 3,6 4,9

Fonte: PNUD/IPEA/Fund. João Pinheiro/IBGE – Atlas do Desenvolvimento Humano, 1999

A grande maioria dos domicílios particulares em 1996 eram chefiados por homens (79%) e

21% tinham chefia familiar feminina.

Tabela 7 – Chefia de domicílios particulares permanentes por gênero, Camaragibe

(PE), 1996

Gênero do chefe de domicílio N %

Homens 20.573 78,8

Mulheres 5.525 21,2

Total 26.098 100,0

Fonte: IBGE – Contagem da População, 1996; Cidades@, 2000

Em 1996, mais da metade dos chefes de família (57%) havia abandonado a escola antes de

concluir o primeiro segmento do ensino básico, sendo que destes 17% não tinham qualquer

instrução e 40% possuíam até quatro anos de estudo. Apenas 10% dos chefes de família

concluíram o ensino médio.

Tabela 8 – Chefia de domicílios particulares permanente por anos de estudo,

Camaragibe (PE), 1996

Anos de estudo do chefe de domicílio N %

Sem instrução ou menos de 1 ano 4.408 17,0

1 ano 1.521 5,9

2 a 3 anos 3.665 14,1

4 anos 5.106 19,7

5 a 7 anos 4.381 16,9

8 anos 2.417 9,3

9 a 10 anos 1.006 3,9

11 anos 2.601 10,0

12 a 15 anos 627 2,4

16 anos ou mais 197 0,8

Total* 25.929 100,0

Fonte: IBGE – Contagem da População, 1996; Cidades@, 2000

* O total é diferente do apresentado nas tabelas 7 e 9. O IBGE não apresentou o número de chefes da

domicílios sem informação sobre os anos de estudo.

Os domicílios de Camaragibe, totalmente urbanos, eram habitados predominantemente por

quatro moradores (26%). Por outro lado, em 20% dos domicílios viviam seis ou mais

pessoas.

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CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

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Tabela 9 – Número de moradores por domicílios particulares permanentes,

Camaragibe (PE), 1996

Número de moradores N %

1 morador 1.413 5,4

2 moradores 3.341 12,8

3 moradores 4.995 19,1

4 moradores 6.690 25,6

5 moradores 4.319 16,6

6 moradores 2.396 9,2

7 moradores 1.236 4,8

8 moradores 705 2,7

9 moradores 423 1,6

10 ou mais moradores 580 2,2

Total 26.098 100,0

Fonte: IBGE – Contagem da população, 1996; Cidades@, 2000

O ICV-Habitação de Camaragibe (0,621) revelou em 1991 uma situação pior a média

nacional (0,758) nessa área que demandava investimentos. O Censo Demográfico 2000

registrou que 61% da população tinha abastecimento de água canalizada ligada à rede

geral, mas cerca de 15% dos habitantes do município ainda não tinham canalização interna

de água, tendo que recorrer a outra fonte de abastecimento tal como poço ou nascente

(13%).

Em 2001, 71% das famílias cadastradas pelo PSF no município, de acordo com os dados

do SIAB, possuíam acesso ao abastecimento de água por meio de ligação com a rede

pública, – índice superior ao do conjunto de habitantes do município no ano anterior – e

26% utilizava poços ou nascentes – percentual também superior ao verificado no ano

anterior entre a população total de Camaragibe (Quadro 3).

Tabela 10 – Número de moradores segundo o tipo de abastecimento de água,

Camaragibe (PE), 2000

Abastecimento de água Total

N %

Rede geral canalizada em pelo menos um cômodo 77.928 61,3

Rede geral canalizada só na propriedade ou terreno 10.594 8,3

Poço ou nascente canalizada em pelo menos um cômodo 17.111 13,5

Poço ou nasc. s/canal. interna (só na propriedade ou terreno) 1.552 1,2

Poço ou nasc. não canalizada 9.404 7,4

Outra forma: canalizada em pelo menos um cômodo 2.601 2,1

Outra forma: s/canal. interna (só na propriedade ou terreno) 693 0,5

Outra forma: não canalizada 7.274 5,7

Total 127.157 100,0

Fonte: IBGE – Censo Demográfico, 2000

As instalações sanitárias também revelaram uma grave situação entre os moradores de

Camaragibe: em 2000 a maioria da população dispunha de fossas rudimentares (68%) e

somente 16% dos moradores tinham instalações ligadas a rede geral de esgoto. Vale ainda

ressaltar que cerca de 5% da população total escoavam o esgoto em rio, lago ou mar. Cerca

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CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

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de 91% das famílias cadastradas pelo PSF, segundo o SIAB, em 2001 não contavam com

sistema de esgoto, e entre elas, 79% utilizavam fossa séptica (Quadro 3).

Tabela 11 – Número de moradores segundo o tipo de instalação sanitária,

Camaragibe (PE), 2000

Instalação sanitária Total

N %

Rede geral de esgoto ou pluvial 19.896 15,7

Fossa séptica 5.145 4,1

Fossa rudimentar 86.540 68,1

Vala negra 4.278 3,4

Rio, lago ou mar 5.586 4,4

Outro escoadouro 1.967 1,6

Não tem instalação sanitária 3.745 3,0

Total 127.157 100,0

Fonte: IBGE – Censo Demográfico, 2000

A coleta de lixo por serviço de limpeza e caçamba atendia, em 2000, a maioria dos

moradores de Camaragibe (84%), embora cerca de 10% da população ainda jogasse seu

lixo em terrenos baldios ou logradouros. Ao redor de 77% das famílias cadastradas pelo

PSF eram servidas por coleta pública do lixo, 9% queimavam ou enterravam-no, mas 14%

deixavam-no a céu aberto (Quadro 3).

Tabela 12 – Número de moradores segundo o tipo de coleta de lixo, Camaragibe (PE),

2000

Coleta de lixo Total

N %

Serviço de limpeza 101.786 80,1

Caçamba de serviço de limpeza 5.319 4,2

Queimado (na propriedade) 6.159 4,8

Enterrado (na propriedade) 534 0,4

Jogado em terreno baldio ou logradouro 11.634 9,2

Jogado em rio, lago ou mar 1.247 1,0

Outro destino 478 0,4

Total 127.157 100,0

Fonte: IBGE – Censo Demográfico, 2000

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CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

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Quadro 3 – Características dos domicílios das famílias cadastradas pelo PSF,

Camaragibe (PE), 1999 a 2001

Situação 1999 2000 2001

N % N % N %

Total de domicílios 16.876 100,0 23.545 100,0 31.291 100,0

Tipo de construção

Tijolo / adobe 15.576 92,3 22.047 93,6 29.585 94,6

Taipa revestida 656 3,9 737 3,1 768 2,5

Taipa não revestida 500 3,0 565 2,4 685 2,2

Madeira 71 0,4 108 0,5 128 0,4

Material aproveitado 54 0,3 68 0,3 100 0,3

Outros 19 0,1 20 0,1 25 0,1

Abastecimento de água

Rede pública 12.582 74,6 17.672 75,1 22.585 71,2

Poço ou nascente 3.807 22,6 5.366 22,8 8.226 26,3

Outros 487 2,9 507 2,2 787 2,5

Tratamento de água no domicílio

Filtração 8.875 52,6 11.712 49,7 12.598 40,3

Fervura 178 1,1 217 0,9 271 0,9

Cloração 811 4,8 1.072 4,6 1.224 3,9

Sem tratamento 7.012 41,6 10.544 44,8 17.198 56,0

Energia elétrica

Sim 16.269 96,4 22,762 96,7 30.445 97,3

Destino do lixo

Coleta pública 11.833 70,1 17.107 72,7 24.082 77,0

Queimado / enterrado 2.013 11,9 2.337 9,9 2.694 8,6

Céu aberto 3.030 18,0 4.101 17,4 4.515 14,4

Destino de fezes / urina

Sistema de esgoto 1.564 9,3 1.918 8,2 2.721 8,2

Fossa 13.374 79,6 18.386 78,1 24.695 78,9

Céu aberto 1.938 11,5 3.241 13,8 3.875 12,4

Fonte: SAS/COSAC DATASUS – SIAB

4. CARACTERÍSTICAS EPIDEMIOLÓGICAS

Os cinco principais grupos de causas responsáveis pelos óbitos em Camaragibe, no período

entre 1996 e 1998, mantiveram-se estáveis. Cabe destacar que as doenças endócrinas,

nutricionais e metabólicas e as neoplasias alternaram-se na ordem de ocorrências no que se

refere à quarta e à quinta posição.

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CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

10

Quadro 4 – Mortalidade geral por grupos de causas, Camaragibe (PE), 1996 a 1998

1996 1997 1998

1ª Doenças do aparelho circulatório Doenças do aparelho circulatório Doenças do aparelho circulatório

2ª Causas externas de morbidade e

mortalidade

Causas externas de morbidade e

mortalidade

Causas externas de morbidade e

mortalidade

3ª Doenças do aparelho respiratório Doenças do aparelho respiratório Doenças do aparelho respiratório

4ª Doenças endócrinas, nutrição e

metabolismo

Neoplasias Neoplasias

5ª Neoplasias Doenças endócrinas, nutrição e

metabolismo

Doenças endócrinas, nutrição e

metabolismo

Fonte DATASUS/SIM

O grupo de causas com maior freqüência no período selecionado foi o das doenças do

aparelho circulatório (38%), sendo as doenças isquêmicas do coração a maior responsável

pelo número de óbito neste grupo. Em segundo lugar estavam as causas externas (21%), e

em terceiro as doenças do aparelho respiratório (11%), seguida por doenças endócrinas,

nutricionais e metabólicas e por neoplasias com números de ocorrência bem próximos.

Tabela 13 – Total de óbitos por principais grupos de causas, Camaragibe (PE), 1996 a

1998

Grupos de causas 1996 1997 1998

N % N % N %

Doenças do aparelho circulatório 109 34,4 147 38,2 156 38,4

Causas externas de morbidade e mortalidade 72 22,7 87 22,6 85 20,9

Doenças do aparelho respiratório 32 10,1 37 9,6 46 11,3

Doenças endócrinas, nutrição e metabolismo 29 9,1 28 7,3 23 5,7

Neoplasias 21 6,6 29 7,5 29 7,1

Total 317 100,0 385 100,0 406 100,0

Fonte: DATASUS/SIM

Tabela 14 – Total de óbitos por grupos de causas freqüentes nos principais grupos de

causas, Camaragibe (PE), 1996 a 1998

Principais grupos de causas 1996 1997 1998

N % N % N %

Doenças do ap. circulatório 109 147 156

Doenças isquêmicas do coração 48 44,0 64 43,5 71 45,5

Causas externas de morb. e mortal. 72 87 85

Agressões 43 59,7 65 74,7 58 69,2

Doenças do ap. respiratório 32 37 46

Pneumonia 14 43,8 15 40,5 16 34,8

Doenças end., nut. e metabol. 29 28 23

Diabetes mellitus 18 62,1 19 67,9 17 73,9

Neoplasias 21 29 29

Restante de neoplasias malignas 9 42,9 8 27,6 10 34,5

Fonte: DATASUS/SIM

A taxa de mortalidade infantil em Camaragibe (55,94 por mil nascidos vivos), em 1991,

revelava uma situação melhor que a de Pernambuco (87,50 por mil nascidos vivos) e

região Nordeste (82,45 por mil nascidos vivos), embora ainda superior ao indicador

nacional (49,49 por mil nascidos vivos).

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CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

11

Tabela 15 – Óbitos por faixa etária, Camaragibe (PE), 1996 a 1998

Faixa etária 1996 1997 1998*

N % N % N %

Menores de 1 ano 4 1,3 8 2,1 10 2,5

1 a 4 anos 3 0,9 3 0,8 2 0,5

5 a 9 anos 1 0,3 3 0,8 - -

10 a 14 anos 2 0,6 4 1,0 3 0,7

15 a 49 anos 90 28,4 110 28,6 114 28,1

50 a 59 anos 33 10,4 46 11,9 49 12,1

60 a 69 anos 44 13,9 59 15,3 63 15,5

70 a 80 anos e mais 136 42,9 151 39,2 165 40,6

Idade ignorada 4 1,3 1 0,3 - -

Total 317 100,0 385 100,0 406 100,0

Fonte: DATASUS/SIM

* Os dados referentes aos óbitos nas faixas etárias entre 5 e 9 anos e com idade ignorada, não estavam

disponíveis no Banco de Dados do DATASUS/SIM.

Os óbitos em menores de 1 ano apresentaram baixa ocorrência, embora tenham

apresentado tendência de crescimento no período. Nessa faixa etária o grupo de causas

mais freqüente foi o das afecções originárias no período perinatal.

Tabela 16 – Óbitos em menores de 1 ano por principais grupos de causas,

Camaragibe (PE), 1996 a 1998

Grupos de causas 1996 1997 1998

N % N % N %

Afecções orig. no período perinatal 1 25,0 5 62,5 6 60,0

Doenças do ap. respiratório 1 25,0 2 25,0 2 20,0

Malf. cong., def. e anomal. Cromossômicas 1 25,0 0 0,0 1 10,0

Doenças end., nut. e metabol. 1 25,0 0 0,0 1 10,0

Doenças infecciosas e parasitárias 0 0,0 1 12,5 0 0,0

Total 4 100,0 8 100,0 10 100,0

Fonte: DATASUS/SIM

A faixa etária entre 1 e 4 anos apresentou, em 1998, apenas dois óbitos, um causado por

doenças do aparelho respiratório e o outro devido a causas externas de morbidade e

mortalidade.

Tabela 17 – Óbitos em crianças de 1 a 4 anos por principais grupos de causas,

Camaragibe (PE), 1996 a 1998

Grupos de causas 1996 1997 1998

N % N % N %

Doenças do ap. respiratório 2 66,7 1 33,3 1 50,0

Causas externas de morb. E mortal. 0 0,0 1 33,3 1 50,0

Malf. cong., deform. e anomal. cromossômicas 1 33,3 0 0,0 0 0,0

Doenças end., nut. e metabol. 0 0,0 1 33,3 0 0,0

Total 3 100,0 3 100,0 2 100,0

Fonte: DATASUS/SIM

Camaragibe apresentou, em 1997, um número reduzido de óbitos em crianças entre 5 e 9

anos, um para cada um dos seguintes grupos de causas: sintomas, sinais e achados

anormais clínicos e laboratoriais, doenças do sistema nervoso e doenças do aparelho

circulatório. Em 1998 nenhum óbito foi registrado nesta faixa etária.

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CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

12

Tabela 18 – Óbitos em crianças de 5 a 9 anos por principais grupos de causas,

Camaragibe (PE), 1996 a 1998*

Grupos de causas 1996 1997

N % N %

Causas externas de morb. E mortal. 1 100,0 0 0,0

Sint., sin. e ach. anorm. clín. e lab., ncop 0 0,0 1 33,3

Doenças do sistema nervoso 0 0,0 1 33,3

Doenças do ap. circulatório 0 0,0 1 33,3

Total 1 100,0 3 100,0

Fonte: DATASUS/SIM

*Os óbitos desta faixa de idade em 1998 não estavam disponíveis no Banco de Dados do DATASUS/SIM.

Entre 1996 e 1998, o grupo das causas externas de morbidade e mortalidade foram

responsáveis pelo maior número de óbitos na faixa etária de 10 a 49 anos, chegando em

1998 a 59% do total. O segundo maior grupo foi o das doenças do aparelho circulatório

(23%) seguido por doenças do aparelho respiratório (4%).

Tabela 19 – Óbitos na faixa etária de 10 a 49 anos por principais grupos de causas,

Camaragibe (PE), 1996 a 1998

Grupos de causas 1996 1997 1998

N % N % N %

Causas externas de morb. e mortal. 54 60,0 68 61,8 67 58,8

Doenças do ap. circulatório 11 12,2 21 19,1 26 22,8

Doenças do ap. respiratório 6 6,7 5 9,1 5 4,4

Demais causas 19 21,1 16 14,5 16 14,0

Total 90 100,0 110 100,0 114 100,0

Fonte: DATASUS/SIM

Na faixa etária de 50 a 59 anos, as doenças do aparelho circulatório destacaram-se dos

demais grupos de causas, responsáveis no ano de 1998, 39% dos óbitos. Os grupos

restantes mantiveram-se estáveis durante o período de 1996 a 1998.

Tabela 20 – Óbitos na faixa etária de 50 a 59 anos por principais grupos de causas,

Camaragibe (PE), 1996 a 1998

Grupos de causas 1996 1997 1998

N % N % N %

Doenças do ap. circulatório 17 51,5 17 37,0 19 38,8

Doenças end., nut., e metabol. 5 15,2 4 8,7 4 8,2

Causas externas de morb. e mortal. 4 12,1 4 8,7 4 8,2

Neoplasias 4 12,1 8 17,4 6 12,2

Doenças do ap. respiratório 2 6,1 5 10,9 5 10,2

Demais causas 1 3,0 8 17,4 11 22,5

Total 33 100,0 46 100,0 49 100,0

Fonte: DATASUS/SIM

No período de 1996 a 1998 o grupo de doenças do aparelho circulatório cresceu

numericamente e alcançou em 1998 49% dos óbitos de pessoas com 60 ou mais anos de

idade. O grupo de doenças do aparelho respiratório (14%) foi responsável pelo segundo

maior número de óbitos entre aqueles que tinham 60 e mais anos de idade. Os demais

grupos mantiveram-se estáveis, com destaque para o das neoplasias em 1998 (9%)

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CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

13

Tabela 21 – Óbitos na faixa etária de 60 e mais anos por principais grupos de causas,

Camaragibe (PE), 1996 a 1998

Principais grupos de causas 1996 1997 1998

N % N % N %

Doenças do ap. circulatório 82 45,6 108 52,4 111 48,7

Doenças do ap. respiratório 21 11,7 24 11,4 34 14,9

Doenças end., nut., e metabol. 19 10,6 21 10,0 17 7,5

Neoplasias 11 6,1 18 8,6 20 8,8

Causas externas de morb. e mortal. 13 7,2 13 6,2 13 5,7

Demais causas 34 18,9 26 12,4 33 14,5

Total 180 100,0 210 100,0 228 100,0

Fonte: DATASUS/SIM

5. SISTEMA MUNICIPAL DE SAÚDE

O município de Camaragibe teve sua primeira habilitação na condição de gestão parcial em

1994 ainda nos critérios da NOB-93, passando a condição Semi-Plena em novembro de

1995. Em junho de 1998, habilitou-se na condição de Gestão Plena do Sistema Municipal

do SUS.

Segundo o organograma da Secretaria Municipal de Saúde esta está organizada em cinco

diretorias: Assistência à Saúde, Epidemiologia e Vigilância Sanitária, Planejamento,

Administrativa e Financeira, e Desenvolvimento Social. A diretoria de Assistência à Saúde

envolve os Departamentos de Atenção Psicossocial, de Organização de Serviços de Saúde,

de Assistência ao Pronto Atendimento, de Apoio Diagnóstico e Terapêutico, de

Reabilitação e Serviços de Administração da Rede Assistencial do município.

A diretoria de Epidemiologia e Vigilância Sanitária inclui o setor de Controle de Zoonoses

e Vigilância à Saúde do Trabalhador. A diretoria Financeira e Administrativa engloba a

Divisão Administrativa, o Serviço de Orçamento e Programação Financeira e de

Contabilidade. Outra diretoria é a de Planejamento composta pelo Departamento de

Recursos Humanos e o Departamento de Controle e Avaliação. Há também a diretoria de

Desenvolvimento Social, com as divisões de Educação em Saúde e de Comunicação e

Informação em Saúde.

O organograma funcional da Diretoria de Assistência à Saúde compreende três

coordenações: Coordenação de Assistência, Coordenação de Saúde Bucal e Coordenação

de Saúde Mental. Não há coordenação específica para o PSF, esta é exercida pela

coordenação de assistência.

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CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

14

O município de Camaragibe possui uma divisão geográfico–administrativa que organiza a

rede em cinco territórios. A partir do ano de 2000, a SMS passou a se organizar em

consonância com essa regionalização, criando cinco Gerências de Territórios. A

coordenação de atenção básica – que antes restringia-se ao PSF –, a partir da organização

dos territórios teve uma expansão de suas responsabilidades, favorecendo uma maior

integração da rede assistencial. Em Camaragibe, a rede assistencial básica própria do

município é formada por 32 unidades do PSF, duas unidades básicas convencionais, os

Centros de Saúde, localizados no Bairro Novo e em Vera Cruz, e por dois Centros de

Especialidades Médicas (CEMEC), um localizado em Tabatinga e outro no Centro, que

servem de referência pública para a rede básica.

Também integram a rede municipal um núcleo de apoio diagnóstico para exames de

patologia clínica, um núcleo de reabilitação física, e a Casa da Mulher responsável por

todas as ações relativas à saúde da mulher, inclusive as ações especializadas. Funcionam

nesse serviço, o laboratório de prevenção ao câncer de colo uterino, o pré-natal de alto

risco e o atendimento à mulher vítima de violência, no seu aspecto psico-terapêutico.

As unidades de referência para consultas especializadas em ginecologia, obstetrícia,

urologia, dermatologia, neurologia, cardiologia, ortopedia, traumatologia e

otorrinolaringologia são os CEMEC.

Quadro 5 – Distribuição de serviços da rede municipal própria, por território,

Camaragibe(PE), dezembro de 2001

Territórios USF Centros de

saúde

CEMEC–

Pronto

atendimento

Casa

Primavera

Núcleo de

reabilitação

Centro. de

apoio

diagnóstico

Total

I 12 1 1 - 1 1 16

II 9 - - _ - - 9

III 4 - - 1 - - 6

IV 3 1 1 - - - 4

V 4 - - - - - 5

Total 32 2 2 1 1 1 40

Fonte: SMS - Camaragibe (PE)

Na medida em que nas equipes de saúde da família não existem odontólogos, o

atendimento em saúde bucal também é realizado nos CEMEC, seguindo agendamento

próprio e com prioridade para gestantes, crianças e idosos. Os exames complementares

são, em geral, encaminhados para três laboratórios privados conveniados e para o Centro

de Apoio Diagnóstico.

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CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

15

O Centro de Saúde de Vera Cruz está sendo reformado com o objetivo de tornar-se um

centro de especialidades médicas e, portanto, uma referência para exames e consultas

especializadas. Está sendo construída uma maternidade.

Existe no município uma Central de Marcação, pouco estruturada, localizada no Centro de

Apoio Diagnóstico, que organiza a referência para exames e consultas especializadas. As

unidades de saúde da família possuem cotas para exames, as quais não seguem parâmetros

de necessidades da população.

Segundo os gestores, em muitos casos é difícil garantir o fluxo adequado de referência e

contra-referência. A oferta limitada de serviços públicos regionalizados de média e alta

complexidade cria sérios entraves para a integralidade das ações de saúde e, também,

repercute na expansão do setor privado prestador destes serviços mais complexos. Por

exemplo, Camaragibe possuía, em 2000, um número maior de laboratórios privados do que

em 1994.

Atenção ambulatorial

A rede de serviços ambulatoriais do SUS em Camaragibe estava constituída por 59

estabelecimentos segundo dados do cadastro no DATASUS de dezembro de 2001. Grande

parte dessa rede era composta por Unidades de Saúde da Família, cerca de 54% dos

estabelecimentos. Os centros de saúde representavam 14% da rede e as policlínicas 10%.

Entre 1998 e 2001 a rede ambulatorial SUS no município cresceu em torno de 50%,

especialmente devido a implantação de USF e de policlínicas que passaram de 2 para 6

unidades.

Tabela 22 – Rede ambulatorial do SUS, Camaragibe (PE), 1998 a 2001

Rede ambulatorial 1998 1999 2000 2001

Unidade de saúde da família 21 24 32 32

Centro de saúde 6 7 7 8

Policlínica 2 3 4 6

Outros serviços auxiliares de diagnose e Terapia 3 3 4 5

Ambulatório de unidade hospitalar geral 2 2 2 2

Consultório 1 1 1 1

Clínica especializada 1 1 1 1

Centro/núcleo de atenção psicossocial 1 1 1 1

Centro/núcleo de reabilitação 1 1 1 1

Unidade móvel terrestre 1 1 1 1

Unidades de vigilância sanitária - 1 1 1

Total 39 45 55 59

Fonte: DATASUS – SIA/SUS

Do total, de estabelecimentos ambulatoriais 83% eram públicos e 17% privados

conveniados ao SUS, divididos da seguinte forma: 48 municipais, 10 estabelecimentos

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CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

16

privados conveniados ao SUS e 1 universitário público; todos estavam sob gestão

municipal.

Tabela 23 – Rede ambulatorial do SUS por tipo de prestador, Camaragibe (PE), 1998

a 2001

Tipo de prestador 1998 1999 2000 2001

N % N % N % N %

Municipais 32 82,1 38 84,5 47 85,5 48 81,4

Privados 6 15,4 6 13,3 7 12,7 10 16,9

Universitários públicos 1 2,5 1 2,2 1 1,8 1 1,7

Total 39 100,0 45 100,0 55 100,0 59 100,0

Fonte: DATASUS – SIA/SUS

A rede ambulatorial pode ser classificada segundo níveis de hierarquia: cerca de 59% das

unidades correspondiam ao nível 2, que inclui ações básicas de atenção à saúde e alguns

procedimentos de média complexidade, além de serviços de apoio à diagnose e terapia.

Apenas pequena parte das unidades ambulatoriais (8) oferecia serviços de alta

complexidade, estava classificada nos níveis 4 e 6.3

Tabela 24 – Rede ambulatorial do SUS por nível de hierarquia, Camaragibe (PE),

2001

Nível Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4 Nível 6 NH

indevido

S/Orç. Total

N 1 35 6 7 1 1 8 59

Fonte: DATASUS – SIA/SUS

A rede SUS de Camaragibe produziu no ano de 2001, 1.581.539 procedimentos

ambulatoriais, sendo 81% de ações de atenção básica e 19% por procedimentos

especializados. O aumento da produção ambulatorial do ano de 2000 para 2001 não foi

muito expressivo, apenas 0,8%. Não são realizados no município procedimentos de alta

complexidade.

________________________ 3 O nível 1 inclui unidades de menor complexidade do sistema, que executam as atividades básicas de

atenção em saúde. O nível 2 inclui também procedimentos de média complexidade e/ou Serviços Auxiliares

de Diagnose e Terapia (SADT) de menor complexidade. O nível 3 oferece assistência especializada, podendo

ou não incluir as atividades dos níveis 1 e 2. O nível 4 inclui ações ambulatoriais de maior complexidade. O

nível 5 inclui ambulatórios de hospitais que oferecem, além das atividades do nível 1 e 2, internações nas

especialidades básicas. O nível 6 inclui ambulatórios de hospitais que, além dos procedimentos dos níveis 1,

2, 3 e 5, incluem consultas em especialidades médicas e odontológicas e SADT de média complexidade. O

nível 7 inclui as atividades dos níveis 1, 2, 3, 4 e 6 e SADT de alta complexidade. O nível 8 é composto por

ambulatórios de hospitais que são referência nacional, ambulatórios de hospitais de ensino e referência para

transplantes ou referência estadual para procedimentos de alta complexidade.

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CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

17

Tabela 25 – Produção ambulatorial do SUS*, Camaragibe (PE), 2000 e 2001

Produção ambulatorial 2000 2001

N % N %

Procedimentos de Atenção Básica 1.312.738 83,7 1.273.212 80,5

Procedimentos Especializados 255.450 16,3 308.327 19,5

Total 1.568.188 100,0 1.581.539 100,0

Fonte: DATASUS – SIA/SUS

*Quantidade aprovada

A produção de atenção básica entre 2000 e 2001 sofreu um leve decréscimo de cerca de

3%. As ações de enfermagem e de outros profissionais de nível médio aumentaram 6% e as

ações médicas básicas diminuíram 6%. A maior queda observada foi em relação ao número

de ações básicas em odontologia – 17% entre 2000 e 2001 – e a maior alta em relação aos

procedimentos básicos em vigilância sanitária – 195% no mesmo período.

Tabela 26 – Produção ambulatorial de atenção básica do SUS*, Camaragibe (PE),

2000 a 2001

Procedimentos de atenção básica 2000 2001

N % N %

Ações Enfermagem/outros de Saúde nível médio 549.268 41,8 580.044 45,6

Ações Médicas básicas 311.773 23,7 292.193 22,9

Ações Básicas em Odontologia 365.996 27,9 302.763 23,8

Ações Executadas p/outros prof. nível superior 81.910 6,2 87.028 6,8

Procedimentos básicos em vigilância sanitária 3.791 0,3 11.184 0,9

Total 1.312.738 100,0 1.273.212 100,0

Fonte: DATASUS – SIA/SUS

*Quantidade aprovada

Entre os procedimentos da atenção básica podem ser identificados os realizados pelo

PACS e PSF. Os procedimentos executados por profissionais do PACS/PSF representaram

38% do conjunto de ações de atenção básica no ano de 2001. As ações de atenção básica

realizadas pelo PACS e PSF sofreram um pequeno decréscimo, aproximadamente 0,6% de

2000 para 2001. As atividades executadas por ACS e consulta ou atendimento por

profissional de enfermagem na unidade aumentaram em 4% e 16% respectivamente.

Sofreram reduções o número de consultas médicas realizadas por profissional do PSF

(13%), as atividades educacionais com grupos na comunidade (19%) e as

consultas/atendimentos domiciliares realizadas por enfermeiro (47%).

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CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

18

Tabela 27 – Produção ambulatorial de atenção básica do PACS/PSF do SUS*,

Camaragibe (PE), 2000 a 2001

Procedimentos de atenção básica – PACS/PSF 2000 2001

N % N %

Atividade executada por agente comunitário de saúde - PACS 279.541 57,2 289.732 59,7

Consulta médica do PSF 128.868 26,4 112.286 23,1

Ativ. educ. c/grupos na comunidade (PACS/PSF) 9.495 1,9 7.728 1,6

Cons./atend. enfermeiro na unidade (PACS/PSF) 61.177 12,5 70.970 14,6

Cons./atend. domiciliar enfermeiro (PACS/PSF) 9.309 1,9 4.972 1,0

Total 488.390 100,0 485.688 100,0

Fonte: DATASUS – SIA/SUS

*Quantidade aprovada

Os procedimentos especializados corresponderam a 20% do total de ações ambulatoriais

realizadas no ano de 2001. O número de procedimentos especializados aumentou

aproximadamente 21% entre 2000 e 2001. As maiores altas foram observadas em relação

aos procedimentos de anatomopatologia e citopatologia (191%), diagnose (61%),

radiodiagnóstico (52%) e exames de ultra-sonografia (48%). Para o mesmo período, foi

observada queda no número de procedimentos especializados executados por profissionais

médicos e outros de nível superior (8%) e de procedimentos traumato-ortopédicos (41%).

Tabela 28 – Produção ambulatorial de procedimentos especializados do SUS,

Camaragibe (PE), 2000 a 2001

Procedimentos especializados 2001 2002

N % N %

Proced.espec.profis.médicos,out.nível sup. / méd 54.316 21,3 50.205 16,3

Cirurgias ambulatoriais especializadas 161 0,1 149 0,0

Procedimentos Traumato-ortopédicos 5.173 2,0 3.042 1,0

Ações especializadas em Odontologia 13.792 5,4 11.227 3,6

Patologia Clínica 155.846 61,0 204.674 66,4

Anatomopatologia e Citopatologia 2.584 1,0 7.526 2,4

Radiodiagnóstico 3.419 1,3 5.182 1,7

Exames Ultra-sonográficos 6.809 2,7 10.103 3,3

Diagnose 4.749 1,9 7.644 2,5

Fisioterapia (por sessão) 4.195 1,6 4.122 1,3

Terapias Especializadas (por terapia) 4.406 1,7 4.453 1,4

Total 255.450 100,0 308.327 100,0

Fonte: DATASUS – SIA/SUS

Atenção Hospitalar

De acordo com dados de dezembro de 2001, o SUS municipal contava com três hospitais

privados conveniados, número que se manteve estável nos últimos seis anos. Deste modo,

100% da assistência hospitalar no município era prestada pelo setor privado conveniado ao

SUS. A rede estava composta por um hospital geral e dois hospitais psiquiátricos. Todas as

unidades hospitalares localizadas em Camaragibe encontravam-se sob gestão municipal.

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CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

19

Tabela 29 – Rede hospitalar do SUS por natureza, Camaragibe (PE), 1996 a 2001

Natureza 1996 1997 1998 1999 2000 2001

Contratado 3 3 3 3 3 3

Total 3 3 3 3 3 3

Fonte: DATASUS – SIH/SUS

A rede hospitalar dispunha de um total de 1.366 leitos, todos privados (dezembro de 2001).

Segundo os dados do DATASUS este número não apresentou nenhuma alteração no período

compreendido entre 1996 e 2001.

Tabela 30 – Leitos vinculados ao SUS por regime, Camaragibe (PE), 1996 a 2001

Regime 1996 1997 1998 1999 2000 2001

N % N % N % N % N % N %

Privado 1.366 100,0 1.366 100,0 1.366 100,0 1.366 100,0 1.366 100,0 1.366 100,0

Total 1.366 100,0 1.366 100,0 1.366 100,0 1.366 100,0 1.366 100,0 1.366 100,0

Fonte: DATASUS – SIH/SUS

A relação leitos por mil habitantes em dezembro de 2001 foi 11, estando muito acima da

média da região Nordeste que era de 2,8, da média nacional para o mesmo período (2,9

leitos) e do recomendado pelo MS (3 a 4 leitos por mil habitantes). Em Camaragibe, esta

taxa sofreu pequena diminuição entre 1996 e 2001 (11%), uma vez que o total de leitos

manteve-se igual e a população cresceu. Esta relação era elevada devido a presença de dois

hospitais psiquiátricos no território municipal que internavam pacientes de todo o estado de

Pernambuco. Segundo a coordenação municipal de Atenção Básica, menos de 10% dos

pacientes internados nos hospitais de psiquiatria existentes eram moradores do município.

Quadro 6 – Indicadores da atenção hospitalar, Camaragibe (PE), 1996 a 2001

Indicadores 1996 1997 1998 1999 2000 2001

Internações SUS/100 hab. 8,3 8,1 7,7 7,5 6,9 5,0

Leitos SUS/1.000 hab. 12,3 12,0 11,7 11,5 10,6 11,0

Fonte: DATASUS – SIH/SUS

Quando classificada por especialidade a grande maioria dos leitos de Camaragibe, em

dezembro de 2001, eram de psiquiatria (94%). Os outros leitos distribuíam-se entre clínica,

cirúrgica (46), clínica médica (18), obstetrícia (2), pediatria (6) e crônicos (1).

No ano de 2001, foram realizadas 6.159 internações pelo SUS, aproximadamente 33% de

internações a menos que em 1996. A taxa de internações por 100 habitantes realizada pelo

SUS em Camaragibe apresentou decréscimo importante de 40%, passando de 8,3 no ano

de 1996 para 5 no ano de 2001. As taxas de internação em Camaragibe estavam abaixo da

média da região Nordeste (7,5) para o ano de 2001, e da média nacional (7,0) para o

mesmo período.

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CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

20

Como a rede hospitalar era privada conveniada, no ano de 2001, 100% das internações

foram realizadas em estabelecimentos hospitalares privados contratados, padrão que se

repetiu ao longo dos anos.

Neste mesmo ano, a psiquiatria foi responsável por 41% das internações e a cirurgia por

38%. A série histórica demonstrou que o número de internações sofreu queda em quase

todas as especialidades entre 1996 e 2001, exceto em cirurgia, que aumentou

aproximadamente 20%. O maior decréscimo pode ser verificado em relação às internações

em clínica médica (77%) e psiquiatria (48%) no mesmo período. A importante redução de

internações psiquiátricas em quase 50%, ocorreu entre 2000 e 2001.

Não houve registro de internações em pediatria desde 1997, e, segundo informações dos

gestores municipais a extinção de internações pediátricas foi em decorrência da expansão

do PSF, que possibilitou um melhor atendimento às crianças da região.

Tabela 31 – Internações hospitalares do SUS por especialidade, Camaragibe (PE),

1996 a 2001

Especialidade 1996 1997 1998 1999 2000 2001

N % N % N % N % N % N %

Psiquiatria 4.777 51,8 4.712 50,9 4.730 53,0 4.579 51,0 4.577 51,7 2.507 40,7

Cirurgia 1.968 21,3 2.240 24,2 2.324 26,0 2.471 27,6 2.410 27,2 2.364 38,4

Clínica médica 1.247 13,5 1.083 11,7 794 8,9 648 7,2 542 6,1 290 4,7

Obstetrícia 1.136 12,3 1.229 13,3 1.081 12,1 1.273 14,2 1.328 15,0 998 16,2

Pediatria 104 1,1 0 - 0 - 0 - 0 - 0 -

Total 9.232 100,0 9.264 100,0 8.929 100,0 8.971 100,0 8.857 100,0 6.159 100,0

Fonte: DATASUS – SIH/SUS

Transtornos mentais e comportamentais e doenças do sistema nervoso (48%) foram as

principais causas de internações hospitalares em Camaragibe no ano de 2001, seguidas do

grupo relativo a gravidez, parto e puerpério (16%) e causas externas (14%). Em 2001, 5%

das internações ocorreram em função de doenças do aparelho circulatório.

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CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

21

Tabela 32 – Número de internações por grupos de causas, Camaragibe (PE), 1998 a

2001

Grupos de causas 1998 1999 2000 2001

N % N % N % N %

I. Algumas doenças infecciosas e parasitárias 73 0,8 60 0,7 42 0,5 32 0,5

II. Neoplasias (tumores) 52 0,6 48 0,5 24 0,3 8 0,1

III. Doenças sangue órgãos hemat. e transt. imunitário 23 0,3 27 0,3 24 0,3 15 0,2

IV. Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas 154 1,7 131 1,5 109 1,2 57 0,9

V. Transtornos mentais e comportamentais 4.729 53,0 4.579 51,0 4.577 51,7 2.507 40,7

VI. Doenças do sistema nervoso 118 1,3 177 2,0 378 4,3 444 7,2

IX. Doenças do aparelho circulatório 534 6,0 442 4,9 450 5,1 321 5,2

X. Doenças do aparelho respiratório 179 2,0 127 1,4 146 1,6 86 1,4

XI. Doenças do aparelho digestivo 201 2,3 202 2,3 169 1,9 135 2,2

XII. Doenças da pele e do tecido subcutâneo 21 0,2 24 0,3 20 0,2 13 0,2

XIII. Doenças sist. ósteomuscular e tec. conjuntivo 286 3,2 320 3,6 269 3,0 251 4,1

XIV. Doenças do aparelho geniturinário 247 2,8 209 2,3 244 2,8 328 5,3

XV. Gravidez, parto e puerpério 1.081 12,1 1.273 14,2 1.328 15,0 998 16,2

XVI. Algumas afec. originadas no período perinatal 0 0,0 0 0,0 0 0,0 1 0,0

XVII. Malf. cong. deformid. e anomalias cromossômicas 8 0,1 3 0,0 3 0,0 4 0,1

XVIII. Sint., sinais e achad. anorm. ex. clín e laborat 47 0,5 49 0,5 54 0,6 50 0,8

XIX. Lesões enven. e alg. out. conseq. causas externas 871 9,8 1.168 13,0 913 10,3 848 13,8

XX. Causas externas de morbidade e mortalidade 1 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0

XXI. Contatos com serviços de saúde 118 1,3 132 1,5 107 1,2 61 1,0

CID 10ª Revisão não disponível ou não preenchido 186 2,1 0 0,0 0 0,0 0 0,0

Total 8.929 100,0 8.971 100,0 8.857 100,0 6.159 100,0

Fonte: DATASUS- SIH/SUS

Quanto ao valor médio das internações em 2001, as especialidades de psiquiatria e cirurgia

apresentaram os valores mais elevados. Entre as especialidades para casos agudos, as

internações em obstetrícia foram as de menor custo.

Tabela 33 – Valor médio das internações, em reais correntes, por especialidade,

Camaragibe (PE), 1996 a 2001

Especialidade 1996 1997 1998 1999 2000 2001

Psiquiatria 1.674,02 1.662,14 1.884,47 1.981,06 2.352,52 4.168,05

Cirurgia 440,62 422,64 486,35 539,56 550,00 618,88

Clínica médica 143,61 138,30 150,19 191,53 243,98 222,76

Pediatria 138,14 - - - - -

Obstetrícia 118,09 114,35 155,76 196,70 215,45 235,16

Fonte: DATASUS – SIH/SUS

O tempo médio de permanência nas internações hospitalares em psiquiatria e clínica

médica passaram de 89,7 dias para 163,4 dias e 4,1 dias para 5 dias, respectivamente, de

1996 a 2001. Observou-se uma diminuição de aproximadamente um dia de permanência

nas internações em cirurgia.

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CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

22

Tabela 34 – Tempo médio de permanência em internação hospitalar por

especialidade, Camaragibe (PE), 1996 a 2001

Especialidade 1996 1997 1998 1999 2000 2001

Psiquiatria 89,7 89,1 88,1 83,9 96,1 163,4

Cirurgia 5,2 4,8 5,1 4,6 4,0 4,3

Clínica médica 4,1 4,5 4,4 4,8 4,5 5,0

Pediatria 2,8 - - - - -

Obstetrícia 1,4 1,4 1,4 1,4 1,4 1,4

Fonte: DATASUS – SIH/SUS

Sistema de Referência

Segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde em Camaragibe ocorreu um incremento

na oferta de serviços de saúde entre 1999 e 2000, mas ainda há carências de procedimentos

de média e alta complexidade no município (SMS – Camaragibe, 2001).

A ampliação da cobertura do PSF no período criou um aumento da demanda por exames

laboratoriais de média complexidade, que passaram a ser prestados por laboratórios

privados. O núcleo de apoio diagnóstico permanecia sendo o único laboratório público

para exames de patologia clínica, e não conseguia atender toda a demanda pelo serviço.

Os encaminhamentos para níveis de maior complexidade do sistema deveriam ser

realizados pela Central de Marcação de Consultas e Exames, localizada no Centro de

Apoio e Diagnose. No entanto, esta Central não estava totalmente estruturada e na maioria

das USF não existiam equipamentos de informática, nem telefones, que garantissem a

comunicação. Os contatos telefônicos eram realizados por meio dos celulares dos

profissionais de saúde. A regulação das solicitações de exames e consultas especializadas

era pouco formalizada e, na maioria dos casos, existiam apenas cotas por USF para

procedimentos especializados. Somente nos casos de pré-natal de alto risco e de

atendimentos em saúde mental havia formulários para descrição detalhada dos motivos de

encaminhamento e informação sobre a conduta adotada.

Neste sentido, eram grandes as dificuldades para garantir o atendimento nas especialidades

médicas e exames de apoio diagnóstico de média complexidade. As unidades mantinham

um fluxo razoável de encaminhamentos para pré-natal de alto risco, ginecologia e saúde

mental, com tempo de espera não muito prolongado. No entanto, a referência para o

atendimento em dermatologia, otorrino, laringologia, oftalmologia e cardiologia exigiam

um tempo maior de espera pelos usuários.

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CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

23

Em algumas especialidades, como no caso de proctologia, freqüentemente os pacientes

abandonavam o tratamento devido às dificuldade para conseguirem o agendamento. O

sistema de referência e contra-referência era a grande fragilidade da rede local de serviços

de saúde. As cirurgias eram encaminhadas para o Hospital Geral existente no município e

os procedimentos de alta complexidade eram referenciados para a rede SUS de Recife,

distante 16 km de Camaragibe.

O município de Camaragibe não possuía Central de Ambulâncias. Nos casos de

emergência na área de adscrição, os profissionais das USF entravam em contato com a

SMS e a Diretoria de Assistência à Saúde para garantir a remoção de pacientes. As

ambulâncias serviam aos serviços de emergência e transportavam pacientes que chegavam

na unidade e precisavam ser encaminhados a outro serviço de maior complexidade.

Saúde suplementar

Era difícil estimar a cobertura por planos de saúde em Camaragibe, devido a falta de dados

específicos sobre o município nos bancos de dados do Ministério da Saúde e da Agência

Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

A cobertura por planos e seguros de saúde na região Nordeste em 1998, era 12% e no

estado de Pernambuco 17% (IBGE, PNAD 1998). No entanto, em dezembro de 2000, o

cadastro de beneficiários da Agência Nacional de Saúde Suplementar indicava percentual

de cobertura por planos de saúde no estado de Pernambuco de 10%, e em Recife de 31%.

Havia, portanto, discrepância entre as informações disponíveis nos bancos de dados.

Segundo os dados da ANS, a região metropolitana de Recife (região onde está localizada

Camaragibe), apresentava uma cobertura de 18% da população assistida por planos de

saúde, com um total de pessoas cobertas pela modalidade de em torno de 595 mil pessoas.

Destas, 194 mil recebiam cobertura de empresas de medicina de grupo, 137 mil por

cooperativa, 64 mil por operadoras do tipo autogestão, 50 mil por administradoras e 15 mil

por outros tipos de prestadores.

6. CONSELHO MUNICIPAL DE SAÚDE

O Conselho Municipal de Saúde (CMS) foi criado pela lei municipal 01/91 com a

finalidade de discutir assuntos relacionados à política municipal de saúde. O Regimento

Interno de 27 de abril de 1998 aprimorou na regulamentação do CMS, principalmente no

que se refere às fontes de financiamento para os gastos administrativos do órgão e dos

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CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

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Conselhos Locais de Saúde (CLS)4. Assim, a destinação de verbas para o CMS e CLS

passaram a ser previstas na Programação Orçamentária do Município.

O CMS é um órgão colegiado permanente, fiscalizador, com competências específicas.

Dentre suas principais atribuições destacam-se: proposição e aprovação das diretrizes da

política municipal de saúde, em consonância com as esferas federal e estadual e, também,

com as necessidades da população local; implantação de Conselhos Locais de Saúde;

difusão das informações sobre a política de saúde, com a participação efetiva das diversas

instituições envolvidas; discussão ampliada de aspectos de saúde com a sociedade civil

organizada em suas plenárias e conferências e a elaboração do Plano Municipal de Saúde

com suas respectivas programações anuais, tendo por base o diagnóstico e perfil

epidemiológico. É também papel do CMS tomar as medidas necessárias para que as ações

sejam agilizadas, no sentido de sua eficaz execução e resolução no âmbito municipal, com

prazos estabelecidos, estimulando a participação das comunidades no levantamento das

necessidades e propostas de solução.

É também competência do CMS de Camaragibe: zelar pelo cumprimento das normas e

orientações da política de saúde do município em consonância com as políticas federal e

estadual; estimular e orientar a adoção de uma política de recursos humanos adequada às

aspirações e necessidades das comunidades, de acordo com a realidade sanitária; analisar e

emitir parecer, quando solicitado pelo Executivo, sobre os processos de ampliação de

serviço ou da rede física de interesse no âmbito municipal; participar e promover outras

atividades necessárias à programação, acompanhamento e avaliação das ações de saúde no

nível municipal, como seminários, conferências, debates, palestras, capacitações,

pesquisas, etc.; atuar conjuntamente com a Defesa Civil em casos de calamidade pública,

na preservação da saúde da população atingida; constituir comissões temáticas ou grupos

de trabalho para desenvolver atividades específicas de interesse do Conselho; fazer-se

representar, quando necessário, com direito à voz, na Comissão Intergestores Bipartite e no

Conselho Estadual de Saúde – CES; elaborar uma proposta de atenção integral à saúde,

priorizando as ações básicas; prestar contas à comunidade das decisões e atividades do

CMS, devendo para tal ter acesso às informações e utilizá-las com transparência; fiscalizar

a movimentação de recursos repassados à Secretaria de Saúde e/ou Fundo Municipal de

Saúde; estimular, apoiar ou promover estudos e pesquisas sobre assuntos e temas na área

________________________ 4 Os Conselhos Locais de Saúde são órgãos sociais com sede nas próprias unidades de saúde que conjugam a

participação da comunidade onde estão inseridos e da respectiva equipe dos profissionais.

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CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

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de saúde de interesse para o desenvolvimento do Sistema Único de Saúde; realizar outras

atribuições estabelecidas pela Lei Orgânica da Saúde e pela Conferência Nacional de

Saúde; elaborar e aprovar o Regimento Interno do CMS; e, convocar a cada dois anos a

Conferência Municipal de Saúde (CMS – Camaragibe, Regimento Interno, 1998).

Cabe ainda ao CMS, criar comissões para acompanhamento de denúncias apresentadas ao

Conselho compostas por representantes dos segmentos que o integram, e para controle e

fiscalização dos recursos do Fundo Municipal de Saúde (FMS). Esta última comissão

deveria ser composta por representantes dos usuários, trabalhadores da saúde e prestadores

privados, eleitos pelos respectivos segmentos, e sua vigência acompanharia a do mandato

do Conselho Municipal de Saúde, podendo seus membros serem reeleitos por igual

período. As reuniões mensais teriam como objetivo analisar a execução financeira

trimestral do FMS, podendo solicitar informações, documentos e apoio técnico para o

pleno exercício de suas funções. Após a conclusão da análise, a comissão emitiria parecer

para o plenário do Conselho que faz apreciação do mesmo e procede a deliberação final.

Composição

O Conselho Municipal de Saúde de Camaragibe é composto de forma paritária entre

usuários e prestadores de serviços de saúde, de acordo com o art. 4º da lei 01/91,

modificado pela lei 039/94, atendendo à recomendação da IX Conferência Nacional de

Saúde realizada em agosto de 1992. São 16 membros escolhidos, sendo 2 representantes do

governo, 2 dos prestadores privados de serviços de saúde, 4 dos trabalhadores da saúde e 8

dos usuários.

Na gestão 1999-2001, o segmento dos usuários contou com a seguinte representação:

Associação de Moradores de Santana, Sindicato dos Feirantes; Sindicato do Transporte

Alternativo; Associação dos Idosos, Federação das Entidades Comunitárias de

Camaragibe, Conselho de Moradores da Gleba, Associação dos Portadores de Deficiências

de Camaragibe e Grupo de Mães de Tabatinga.

Para o biênio 2001-2003 a eleição dos representantes (titulares e suplentes) do segmento de

usuários para o CMS foi realizada em uma Assembléia Geral do Movimento Popular, em

julho de 2001, atendendo aos dispositivos legais do Regimento Interno do CMS (art. 2º,

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CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

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parágrafo quarto), as orientações da XI Conferência Nacional de Saúde e demais

conferências de saúde, e do Ministério da Saúde5.

A representação dos usuários foi constituída por associações e conselhos de moradores,

representação de mulheres e entidades sindicais. A votação na Assembléia Geral foi por

aclamação e voto declarado, com participação de 47 pessoas, dos quais 36 delegados aptos

a votar e serem votados. Foram eleitos oito titulares, oito suplentes e quatro reservas6 que

assumiriam em caso de impedimento, renúncia, afastamento definitivo de um ou dois dos

titulares e suplentes.

Em 2002 o segmento dos usuários tinham como representantes titulares: a Associação de

Moradores do Céu Azul, o Conselho de Moradores de São Pedro/São Paulo, a Associação

de Moradores do Loteamento Santana C. A., o Conselho de Moradores da Gleba, a

Pastoral da Saúde da Vila da Fábrica, a Creche C. V. Aprendendo, o Centro A. de

Desenvolvimento da Criança e do Adolescente, e o Sindicato dos Feirantes (Camaragibe,

Ata da Assembléia Geral do Movimento Popular, 2001).

Os representantes dos segmentos dos trabalhadores da saúde e dos prestadores de serviços

também foram eleitos em assembléias especificadas, e a representação do governo foi

definida por indicação das respectivas secretarias ou órgãos deliberativos. As entidades

devem apresentaram ao CMS, no prazo de 30 dias o estatuto, o CGC, a Ata de posse da

diretoria atual (devidamente registrada em cartório), e a cópia da Ata da assembléia da

entidade que escolheu seus candidatos titular e suplente para participarem do processo

eleitoral (CMS – Camaragibe, Regimento Interno, 1998).

Organização interna

O Regimento Interno estabeleceu como órgãos do CMS, a Coordenação do Conselho, o

Colegiado Pleno, a Secretaria Executiva, Comissões Temáticas e/ou grupos de trabalho

compostos por todos os conselheiros efetivos.

A Coordenação do CMS é exercida por um conselheiro eleito pelo Colegiado Pleno para

um mandato de dois anos, em reunião convocada especificamente para esse fim. Na sua

ausência ou impedimento assumirá o seu suplente e na ausência de ambos, assumirá

qualquer conselheiro de acordo com deliberações do Colegiado Pleno. A coordenação tem

________________________ 5 De acordo com o art. 12, parágrafo primeiro do capítulo 5 do Regimento Interno do CMS de Camaragibe,

segundo o Ministério da Saúde estão impedidos de participar deste Conselho, cônjuge ou parente de algum

representante de outro segmento que seja também representante dos usuários no próprio município.

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CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

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como atribuições: convocar e presidir as reuniões do Conselho, submetendo as questões

para discussão e votação; manter a ordem nos debates, podendo propor a suspensão da

reunião quando as circunstâncias exigirem; e, assinar os termos de abertura e encerramento

dos livros de ata e de presença do CMS.

O Colegiado Pleno é a instância máxima de deliberação do CMS, composto pelos

conselheiros titulares e, na sua ausência, pelos seus respectivos suplentes. O mandato tem

duração de dois anos. Os membros institucionais são indicados pelos órgãos

governamentais e, três meses antes do fim do mandato, é criada uma comissão eleitoral

formada apenas de usuários para coordenar o processo eleitoral desse segmento.

A Secretaria Executiva é, uma unidade de apoio ao funcionamento do Conselho, com as

seguintes funções: assessorar administrativamente o CMS; receber e manter atualizado o

expediente do Conselho; organizar a documentação do CMS; fornecer cópias das

resoluções e publicações de interesse do CMS; lavrar e ler as atas das reuniões; encaminhar

correspondência; e, proceder a convocação das reuniões. A Secretária Executiva é indicada

pelo Conselho, respondendo por ela, servidor cedido de órgãos públicos, com direito a voz.

As Comissões Temáticas e/ou grupos de trabalho são constituídos para tratar de temas

específicos quando há deliberação pelo CMS (CMS – Camaragibe, Regimento Interno,

1998).

A posse dos membros titulares e suplentes se dá em sessão solene presidida pelo chefe do

Executivo, em ato público. Além disso, deverá será realizada em recinto previamente

escolhido e divulgado para garantir a participação da comunidade. A ausência de qualquer

um dos membros no ato da posse não impede a sua investidura no posto para o qual tenha

sido indicado.

O conselheiro municipal de saúde em Camaragibe no que diz respeito aos segmentos de

usuários, trabalhadores da saúde e prestadores privados, tem 2 anos de exercício da função

com possibilidade de recondução ao cargo. A eleição, preferencialmente, não deverá

coincidir com o início e término do mandato do prefeito municipal.

Aos conselheiros municipais de saúde compete: comparecer às reuniões ordinárias,

independentemente de convocação e às extraordinárias quando convocado; sugerir ou

requerer medidas que visem o cumprimento das finalidades do CMS; emitir parecer sobre

________________________ 6Os reservas represenvam a Associação dos Idosos de Camaragibe, Conselho de Moradores da Gleba,

Pastoral da Saúde de Vila da Fábrica e Sindicato do Transporte Alternativo.

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CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

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assunto de competência do CMS; determinar o adiamento da votação de qualquer

processo, por deliberação do Colegiado Pleno; requerer a convocação de reunião

extraordinária para discussão de determinada matéria, justificando a proposição, e requer

justificadamente que conste da pauta assunto para apreciação e deliberação do plenário

para reunião seguinte, bem como preferência para questões urgentes.

Cabe também aos conselheiros de saúde de Camaragibe: apreciar e votar assuntos

submetidos ao CMS; convidar para participar das reuniões pessoas que contribuam para o

esclarecimento de temas ou questões de interesse do CMS; divulgar as atividades e

deliberações do CMS através dos meios de comunicação; propor projetos e resoluções no

âmbito da competência do CMS; desempenhar com eficiência as atribuições que lhe foram

conferidas pelo CMS; acatar as decisões tomadas pela maioria simples dos membros do

CMS presentes; e, responder pelo funcionamento do Conselho juntamente com o

Colegiado Pleno do CMS. Os conselheiros suplentes são estimulados a participar das

reuniões do CMS, não estando obrigados a justificar ausência quando da presença dos

titulares.

Em caso de renúncia, exclusão ou morte de um membro do CMS, assumirá imediatamente

o seu suplente. Qualquer segmento poderá substituir seus representantes quando julgar

necessário, o que será formalmente comunicado ao Colegiado Pleno do CMS através de ata

de deliberação coletiva do segmento, excetuando-se a representação do governo.

Quanto às penalidades, o conselheiro poderá responder a processo disciplinar que será

aplicado, quando necessário, perante o colegiado. São penalidades aplicáveis aos membros

do Conselho a advertência e a exclusão.

As causas de advertência são: falta não justificada a duas reuniões ordinárias consecutivas

e a três alternadas ou extraordinárias; praticar atos que contrariem os objetivos do CMS;

apresentar-se de forma desrespeitosa perante o CMS ou na qualidade de seu representante,

fazendo uso de bebidas alcoólicas, drogas ou similares, ou ainda assumir comportamento

que venha atentar contra a moral do CMS; e, defender posicionamento diferente do

deliberado no Conselho quando representando o mesmo.

As regras para a exclusão dos participantes do CMS são: ausência de qualquer

representação dos segmentos representados no CMS por três reuniões consecutivas ou

cinco alternadas; assumir reiteradamente comportamento que venha atentar contra a ética

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CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

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moral do Conselho; e, defender, mais de uma vez, posicionamento diferente do deliberado

no CMS quando representante do mesmo.

O processo será instalado pelo Colegiado Pleno e avaliado através de uma comissão de

ética formada por três membros do Conselho. A denúncia de infração cometida por

membro do CMS poderá ser apresentada por qualquer membro ou qualquer cidadão, sendo

assegurado ao conselheiro amplo direito de defesa enquanto estiver respondendo ao

processo disciplinar.

Ainda, segundo o Regimento Interno, o CMS poderá solicitar, quando necessário, apoio

técnico e orientação especializada das entidades relacionadas à saúde ou constituir

assessoria técnica especializada, em caráter temporário ou permanente, para assuntos

específicos. Cabe ao CMS assessorar tecnicamente os Conselhos Locais de Saúde sempre

que estes o solicitem. Além disso, o CMS deverá promover a integração das comissões ou

grupos de trabalho que constituir para desenvolver atividades específicas.

É facultado ao CMS convidar e receber para participar das reuniões pessoas, grupos

técnicos ou representantes de instituições direta ou indiretamente envolvidas com as

questões de saúde, apenas com direito a voz. Entretanto, o Regimento Interno também

prevê que qualquer cidadão que tumultue, atrapalhe ou impeça os trabalhos do Conselho

será convidado a deixar a reunião, garantindo-se a continuidade da mesma, de acordo com

a decisão do Colegiado Pleno.

No que diz respeito às decisões e deliberações do CMS, o Regimento Interno esclarece que

as decisões do CMS serão tomadas por maioria simples (metade mais um) dos votos do

Colegiado Pleno, buscando-se ao máximo o consenso. Será estabelecido quorum

qualificado de 2/3 do Pleno do CMS quando a deliberação tratar sobre prestação de contas,

exclusão de conselheiro e destituição da Coordenação. As mudanças regimentais só podem

ocorrer em Assembléia Extraordinária convocada para este fim pelo coordenador do

Conselho e/ou por maioria simples dos conselheiros, com antecedência de um mês, e com

presença de no mínimo, 2/3 dos conselheiros. Em caso de empate caberá ao coordenador

do CMS o voto decisivo após a segunda votação com resultado empatado.

Quando necessário, o CMS responsabilizar-se-á pelos custos referentes às despesas com o

deslocamento dos seus membros, caso esteja e seja devidamente comprovado que está

representando o Conselho. A escolha de qualquer conselheiro para representar o Conselho

Municipal de Saúde dentro ou fora do município e deverá ser feita por votação pelo

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Colegiado Pleno. O Regimento Interno informa que a escolha deve ser efetuada com base

nos critérios de participação, compromisso e assiduidade. Para tanto, o CMS poderá adotar

símbolos ou logotipos que o identifique dentro ou fora do município, quando estiver

representando o Conselho ou exercendo função fiscalizadora. Por fim, o Regimento

Interno declara que é vedado o uso político-partidário do nome e das atividades do

Conselho Municipal de Saúde de Camaragibe (CMS – Camaragibe, Regimento Interno,

1998).

Ação e consolidação do Conselho Municipal de Saúde em Camaragibe

O processo de municipalização da saúde foi iniciado a partir da gestão municipal de 1993-

1996 pela Secretaria Municipal de Saúde e incrementado após a implantação do Programa

Saúde da Família em 1994, aprovada pelo CMS, que exigiu ainda a avaliação do PSF pela

comunidade e debate ampliado na Plenária de Saúde em Camaragibe (SESAU –

Camaragibe, Projeto de Implantação do PSF, 1994).

O Plano Municipal de Saúde, contendo a política saúde do município para a gestão 1993-

1996, foi elaborado e submetido à discussão e deliberação no CMS de Camaragibe7.

A perspectiva de consolidar a gestão participativa em Camaragibe está expressa no

Programa de Administração Participativa implantado em 1997 (Bitoun, 2000). O Programa

busca promover a identificação de moradores com a própria cidade e responder aos

problemas sociais do município, através da criação de um Conselho de Delegados.

Para alcançar esses objetivos, a proposta consistiu na divisão de responsabilidades pela

gestão do município entre a prefeitura e a população, integrando as secretarias municipais e

garantindo a participação da população na discussão das necessidades e dos investimentos

prioritários em cada uma das cinco regiões de Camaragibe.

Os moradores elegem delegados na proporção de um para cada mil habitantes

aproximadamente, e formam conselhos cujos delegados discutem com os técnicos da

prefeitura o volume de recursos que será destinado ao atendimento das reivindicações

________________________ 7 A caracterização do Conselho Municipal de Saúde de Camaragibe fundamentou-se em documentos do CMS

e da Secretaria de Saúde (SESAU) e também nas informações obtidas por meio de entrevistas realizadas com

dois Conselheiros Municipais de Saúde representantes dos usuários do SUS. Conselheiro 1: representante do

Conselho de Moradores do Loteamento de São Pedro/São Paulo, participa do Conselho há 8 anos, desde a

implantação do PSF, mulher com 55 anos ou mais, semi-analfabeta e aposentada. Conselheiro 2:

representante do Grupo de Mães de Tabatinga, participa do Conselho há 8 anos, mulher com 55 anos ou

mais, semi-analfabeta e dona de casa.

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CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

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apresentadas pela população. Após um estudo da viabilidade das propostas apresentadas, o

Conselho de Delegados e os técnicos debatem o conjunto de problemas municipais, e, em

seguida, a população é novamente convocada para escolher as prioridades. O mandato dos

delegados é de quatro anos, sem previsão de remuneração. Os delegados mobilizam a

comunidade de suas respectivas regiões, bem como informam os moradores sobre o

funcionamento da administração e sobre a situação do município.

Além da criação do Conselho de Delegados, a administração municipal de Camaragibe

buscou reforçar o papel dos conselhos municipais especialmente os de saúde, educação e

assistência social, os quais se tornaram os principais fóruns de decisão sobre as políticas

setoriais.

De acordo com o Relatório de Gestão de 2000 (SESAU – Camaragibe 2000) uma das

diretrizes executada com ações contínuas foi o aprimoramento do controle social. O

mesmo documento afirmou o inegável avanço da participação popular por meio de

plenárias e do CMS. O documento também aborda outras cinco metas referentes ao

controle social, quais sejam: aprimorar o controle social; realizar fóruns de debates,

audiências públicas e plenárias de saúde; incentivar e garantir a implantação de conselhos

gestores nas unidades de saúde; promover o intercâmbio de saúde com outros municípios;

e, realizar prestação de contas trimestralmente. Assim, segundo o Relatório, estas metas

foram parcialmente cumpridas: realização das Plenárias de Saúde (fóruns), prestação de

25% das contas do ano de 1998 e a apresentação de 50% das contas de 1999.

Na avaliação das atividades do exercício de 2001, o Relatório da Diretoria de Assistência à

Saúde (SMS – Camaragibe, DAS, 2001) destacou como alguns avanços e dificuldades no

âmbito do controle social a eleição de representantes de ruas e de delegados do Orçamento

Participativo, e o desinteresse dos representantes de ruas pelos problemas da comunidade.

Como desdobramento, o documento priorizou a realização de reuniões mais freqüentes

com os representantes de ruas e com a comunidade, buscando garantir maior sensibilização

em relação ao modelo assistencial proposto. O relatório também apontou a necessidade de

estreitar os vínculos com o Conselho Tutelar, a fim de reduzir o abandono escolar, o uso de

drogas e garantir maior intercâmbio com as USF.

Incentivar a organização da comunidade para o efetivo exercício do controle social

também foi outro objetivo específico presente no relatório da Diretoria de Assistência à

Saúde (DAS, 2001), com propostas de algumas iniciativas nesta direção: realização de

seminários e painéis apresentados na Pré-Conferência de Saúde, painéis e grupos de

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CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

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trabalhos apresentados na V Conferência Municipal de Saúde (2001) e oficinas com as

equipes e reuniões com lideranças comunitárias. (SMS – Camaragibe, DAS, 2001)

Na V Conferência Municipal de Saúde de Camaragibe, realizada em 21 de julho de 2001,

os diversos grupos temáticos apresentaram suas propostas. O grupo de saúde mental

destacou a importância de ampliar a educação continuada para os trabalhadores do PSF, o

desenvolvimento de atividades de divulgação e informações sobre o modelo de atenção à

saúde com a comunidade, o estímulo de parcerias institucionais visando incentivar a

inserção social do usuário do serviço de saúde mental e promover discussão com o

Conselho Municipal de Saúde das questões relacionadas à saúde mental no município.

O grupo de Saúde Bucal discutiu as necessidades de aumento de ACS e diminuição do

número de famílias adscritas para a melhoria das atividades. E, também, a qualidade do

treinamento em saúde bucal dos ACS e a necessidade de realizar maior divulgação para a

população de Camaragibe dos modelos de atenção à saúde e saúde bucal.

No grupo de Reabilitação as discussões voltaram-se para o controle social, sugerindo a

implantação dos conselhos gestores nas unidades de saúde com a garantia de participação

da pessoa com deficiência, a avaliação por parte dos usuários dos serviços oferecidos, e a

criação do Conselho de Transporte Municipal.

O grupo do PSF propôs as seguintes diretrizes: estabelecer o número de 800 famílias

adscritas por ESF; estabelecer critérios para a implantação de novas USF, levando em

consideração os recursos financeiros, a avaliação do nível socioeconômico das áreas

descobertas e de expansão; implementar as capacitações dos profissionais das ESF; e

estabelecer parcerias com a comunidade para resolver os problemas de fossas à céu aberto.

Ainda foram sugeridas medidas tais como o desmembramento das USF de São João/São

Paulo e Paulo Afonso; a realização de planejamento local das atividades nas áreas de

atuação das ESF, rediscutindo inclusive o processo de trabalho; a realização de reuniões

com a comunidade (contato com lideranças do orçamento participativo, etc.); a criação de

comissão intersetorial dos conselhos já existentes para a elaboração de projetos que

busquem avançar na construção de uma “cidade saudável”, e realização de um fórum

intersetorial; a implantação de conselhos gestores nas unidades de saúde; implantar o

projeto de criação de Núcleo de Educação Popular em Saúde em todas as USF; e, a

ampliação do número de ESF.

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CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

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O grupo de Vigilância Sanitária recomendou que a SESAU realizasse uma ampla campanha

de educação em saúde nas comunidades visando ao controle das endemias e das doenças

sazonais; criação de um programa de educação em saúde e educação ambiental por rádios

comunitárias em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Camaragibe; revisão do

Código de Saúde municipal e sua divulgação na comunidade; ampliar e adequar a proposta

do “Gari Comunitário”; e, oferecer melhores condições aos trabalhadores da limpeza

urbana e realizar avaliação de saúde dos mesmos.

No grupo Referência e Contra-Referência cobrou-se a implantação de central de

ambulância já deliberada na IV Conferência Municipal de Saúde. (Conferência Municipal

de Saúde, 5ª, 2001).

Em julho de 2001 foi instalada a Assembléia Geral do Movimento Popular, no auditório da

Prefeitura Municipal de Camaragibe, para eleger ou reeleger conselheiros do segmento de

usuários no Conselho Municipal de Saúde. Segundo o Ofício 01/2001 referente a essa

Assembléia: “(...) o Movimento Popular apesar de suas diferenças e fragilidades, mostrou

que tem pessoas e entidades comprometidas com o buscar do conhecimento da

participação” (Ofício 01/2001, Assembléia Geral do Movimento Popular, Camaragibe,

2001).

A leitura das atas de reuniões ordinárias do Conselho Municipal de Saúde de Camaragibe

revelou o empenho dos conselheiros no acompanhamento dos temas prioritários da gestão

municipal em saúde, a saber: a avaliação pela Comissão de Fiscalização do Fundo

Municipal de Saúde dos destaques na prestação de contas, que incluiu a prestação de

contas da Cooperativa dos Trabalhadores de Saúde Comunitária de Camaragibe

(COOPERSAÚDE); a avaliação e aprovação do Relatório de Gestão anual; e a avaliação da V

Conferência Municipal de Saúde. Outra questão discutida abrangia o Código de Saúde, e a

estruturação da Vigilância Sanitária e do PSF.

Um ponto polêmico entre os conselheiros foi a prestação de contas da COOPERSAÚDE. Para

alguns sua criação promoveu uma forma de burlar os direitos trabalhistas, havendo críticas

severas à gestão que a implementou.

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CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

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O ponto de vista dos Conselheiros representantes de usuários sobre o funcionamento

e atividades do Conselho Municipal de Saúde

As entrevistas realizadas com os dois Conselheiros Municipais de Saúde representantes

dos usuários demonstraram uma razoável convergência de opiniões.

Ambos entrevistados concordaram que o CMS se reúne em caráter ordinário mais de uma

vez por mês, geralmente de 15 em 15 dias, e que as reuniões extraordinárias acontecem

poucas vezes. O Conselheiro 1 informou que os motivos que podem exigir a convocação

de uma reunião extraordinária são a urgência de aprovação de um documento, um projeto

importante ou até mesmo uma lei para a qual seja necessária a aprovação do CMS. Para o

Conselheiro 2 isso ocorreu quando houve previsão de recebimento de verba, projeto ou

relatório que necessitassem ser aprovados pelo Conselho e também quando não tinha sido

concluída uma prestação de contas.

Os conselheiros também declararam ser freqüente a manutenção do mesmo conselheiro em

mais de uma gestão. A duração do mandato dos conselheiros, segundo os entrevistados é

de dois anos com direito, a reeleição, e após quatro anos na função, o conselheiro não pode

se candidatar, devendo aguardar um ano, para voltar a se candidatar. Entretanto,

divergiram quanto à rotatividade dos membros do CMS. O Conselheiro 1 considerou-a

ocasional (dependendo de circunstâncias pessoais ou da entidade) enquanto o Conselheiro

2 relatou ser muito baixa (eventual ou só nas conferências de saúde).

Ambos conselheiros afirmaram que o voto aberto é o mecanismo de aprovação das

deliberações. Porém, o Conselheiro 1 relatou que também pode ser nominal: quando há

alguma divergência, após uma grande articulação entre os conselheiros buscando o

consenso, a votação ocorre com declaração de voto. Todas as reuniões são gravadas em

fitas de áudio, por exigência do movimento popular local devido a ocorrência de problemas

em relação à autoria de falas em reuniões do Conselho.

As decisões do CMS, segundo o Conselheiro 1 são muitas vezes transformadas em

resoluções e segundo o Conselheiro 2, sempre o são. Todavia, concordaram que as

resoluções são sempre homologadas pelo Executivo municipal. O Conselheiro 1 declarou

que quando o prefeito não está de acordo com determinada resolução, consulta sua equipe

e a secretária de saúde para em seguida, conversar com os membros do CMS. Há então,

uma tentativa de acordo entre CMS e prefeitura, e se os conselheiros acharem que o

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CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

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prefeito tem razão abre-se um novo debate a respeito. No entanto, o conselheiro enfatizou

que o CMS não costuma aprovar e depois desaprova resoluções.

Os conselheiros concordaram com a avaliação de que o CMS tem muita interferência na

definição das diretrizes e prioridades da política municipal de saúde, sendo que o

Conselheiro 1 afirmou que a maioria das decisões do CMS são respeitadas enquanto o

Conselheiro 2 enfatizou que essa interferência é parcial. Houve consenso entre os

entrevistados em relação ao poder de controle do CMS sobre as ações da Secretaria

Municipal de Saúde, embora o Conselheiro 1 tenha mencionado que não há um controle

total, já que certos assuntos não são da competência do CMS e, portanto, não tem que

passar pelo CMS.

Segundo os entrevistados, o CMS sempre recebe do executivo municipal material

informativo sobre os temas em discussão e essa informação muitas vezes é suficiente para

apoiar as deliberações e o exercício de suas funções. Para os entrevistados sempre ou na

maioria das vezes os conselheiros têm facilidade em entender as informações enviadas pelo

executivo municipal.

Houve concordância entre os dois representantes dos usuários quanto à possibilidade dos

conselheiros expressarem livremente suas posições e defender os interesses de seus

representados. E o que se refere à existência de interesses comuns, não houve divergência

entre os conselheiros entrevistados: sempre ou muitas vezes há interesses comuns entre

todos os conselheiros e entre o conjunto de representantes dos usuários no CMS. Por outro

lado, os conselheiros concordaram que, muitas vezes, ocorrem negociações das diversas

propostas com o objetivo de alcançar uma solução comum. Com relação à formação de

blocos de representantes, o Conselheiro 1 afirmou que isso acontece muitas vezes sem, no

entanto, identificar os blocos. Para o Conselheiro 2, nunca acontece a formação de blocos

de representantes no âmbito do CMS.

Em relação ao estabelecimento de intercâmbio do CMS com outros órgãos colegiados e

conselhos, os entrevistados representantes dos usuários concordaram que isso acontece

poucas vezes com órgãos de Defesa do Consumidor, nunca com os de Defesa e Proteção

de grupos indígenas, e, sempre com ONG de proteção ambiental, movimentos sindicais

fora da área de saúde, Conselhos Municipais de Educação e de Assistência Social e órgãos

de Defesa e Proteção de mulheres. Contudo, para o Conselheiro 1 o CMS poucas vezes

estabelece parcerias com o Ministério Público, com órgãos governamentais de proteção

ambiental e com o Conselho de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente; nunca

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CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

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com órgãos de Defesa e Proteção de grupos vulneráveis (negros); e, sempre com MST ou

entidades de defesa de trabalhadores rurais e de feirantes. Para o Conselheiro 2 o CMS

nunca estabelece parcerias com o Ministério Público, órgãos governamentais de proteção

ambiental e MST ou entidades de defesa de trabalhadores rurais e sempre as estabelece

com órgãos de Defesa e Proteção de grupos vulneráveis (negros). Este último entrevistado

também declarou não existirem Conselhos Locais de Saúde em Camaragibe.

Representatividade dos conselheiros

Os representantes dos usuários entrevistados declararam que ocupam cargos de direção em

suas respectivas entidades há oito anos. O Conselheiro 2 informou que sua entidade é

filiada a instituições ligadas às questões de infância, adolescência e idosos.

O Conselheiro 1 afirmou que sua entidade indica representantes também para o Conselho

Municipal de Assistência Social, e o Conselheiro 2 informou que sua entidade está

representada no Conselho Municipal de Segurança, fórum cuja composição é influenciada

por sua entidade.

Ambos conselheiros informaram que muitas vezes: mantêm as suas entidades informadas

sobre os trabalhos no CMS; consultam as suas entidades antes de tomar posição nas

questões discutidas no CMS; e as entidades que representam se interessam por suas

atuações no CMS. E, sempre participam de reuniões e atividades promovidas por suas

entidades.

O Conselheiro 1 afirmou ainda que muitas vezes discute com a sua entidade os assuntos

que estão em pauta no CMS e que esta informa seus associados sobre os temas debatidos

no Conselho. Sua entidade sempre lhe dá apoio para sua atuação no CMS, mas poucas

vezes orienta sua atuação no Conselho.

Por sua vez, o Conselheiro 2 muitas vezes recebe orientações da entidade representada para

sua atuação no CMS e sempre: discute com a entidade os assuntos que estão em discussão

no CMS; esta informa seus associados sobre assuntos importantes que estejam em

discussão no CMS; e também lhe dá apoio para sua atuação no CMS.

Os conselheiros entrevistados foram unânimes na avaliação de sua relação com entidades

partidárias e parlamentares. Ambos declararam que não mantém comunicação com estes

grupos e, poucas vezes com órgãos de Defesa do Consumidor ou de proteção de grupos

vulneráveis.

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CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO

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O Conselheiro 1 afirmou comunicar-se sempre com as organizações de base e municipais

de sua entidade, com a equipe de gestores da SESAU, E muitas vezes com as organizações

estaduais de sua entidade. O Conselheiro 2 declarou que poucas vezes comunica-se com as

organizações estaduais de sua entidade e muitas vezes com a equipe de gestores da SESAU.

Em relação à instância ou fórum de decisão onde são definidas as diretrizes de suas

atuações, o Conselheiro 1 indicou as secretarias municipais e demais associações de

moradores de Camaragibe e o Conselheiro 2 as reuniões do Grupo de Mães de Tabatinga e

dos próprios conselheiros municipais de saúde.

Segundo o Conselheiro 1 a sua entidade participou das Plenárias Regional e Nacional de

Conselhos de Saúde, inclusive da X Plenária Nacional de Conselhos de Saúde, realizada

em novembro de 2001, da última Conferência Municipal de Saúde (2001) e da 11ª

Conferência Nacional de Saúde realizada em Brasília no ano de 2000. Segundo seu relato,

sua entidade não participou da última Conferência Estadual de Saúde. O Conselheiro 2

declarou que tanto ele como sua entidade não participaram de nenhum dos eventos

supracitados.