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CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO
II. CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE CAMARAGIBE (PE)
1. CARACTERÍSTICAS GEOGRÁFICAS E DEMOGRÁFICAS
Localizado na região metropolitana de Recife, Camaragibe é um município relativamente
novo (20 anos), emancipado em 1982 de São Lourenço da Mata. Em 2000 possuía 128.702
habitantes com alta densidade demográfica (2.681,29 hab/Km2). A população distribuía-se
em duas áreas principais: o centro, onde habitava a maior parte dos residentes, e a área de
Aldeia, caracterizada pela presença marcante de chácaras, granjas e condomínios fechados
de grande porte, habitados por população de renda mais alta, em contraste com a maioria
dos que moram no centro e nos bairros de seu entorno.
Por sua contigüidade com a capital Recife, atribui-se ao município um perfil de “cidade
dormitório”, ocupado de forma desordenada e irregular, com um terço da população
residindo em áreas de risco como alagados, morros e encostas em 2002.
A população estava composta predominantemente por mulheres (51,4%) e por jovens – em
1996 mais de 50% dos habitantes tinham até 24 anos. A população na faixa etária de 15 a
49 anos representava 55,9% do total e os residentes com mais de 60 anos correspondiam a
7% da população total.
O crescimento da população no período de 1996-2000 foi em média 3,95% ao ano,
mantendo a predominância feminina.
Quadro 1 – Características demográficas de Camaragibe (PE), 2000
Características demográficas N %
População Total 128.702 100,0
População Urbana 128.702 100,0
População Rural 0 0,0
População Masculina 62.579 48,6
População Feminina 66.123 51,4
Área (Km²) 48
Densidade Demográfica (Hab/Km2) 2.681,29
Fonte: IBGE – Cidades@, 2000
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Quadro 1a – Distribuição da população por faixa etária em Camaragibe (PE), 1996
População por faixa etária N %
0 a 4 anos 10.851 9,8
5 a 9 anos 11.305 10,2
10 a 14 anos 12.145 10,9
15 a 19 anos 12.688 11,4
20 a 24 anos 12.055 10,9
25 a 29 anos 9.910 8,9
30 a 34 anos 8.936 8,0
35 a 39 anos 7.143 6,4
40 a 44 anos 6.184 5,6
45 a 49 anos 5.228 4,7
50 a 54 anos 3.948 3,6
55 a 59 anos 3.392 3,1
60 a 64 anos 2.380 2,1
65 anos ou mais anos 4.954 4,5
Total 111.119 100,0
Fonte: IBGE – Cidades@, 2000; Contagem da População, 1996
2. CARACTERÍSTICAS ECONÔMICAS
A principal atividade econômica de Camaragibe era o comércio, grande parte dele
informal. Uma atividade crescente na cidade era o turismo, sobressaindo a região
denominada Aldeia, importante patrimônio ambiental, com trechos de Mata Atlântica, rios
e um excelente clima.
Camaragibe contava em 1996 com 931 unidades locais (empresas com CGC) e 43
estabelecimentos agropecuários, a maioria de micro e pequeno porte (78%) onde
trabalhavam de uma a quatro pessoas. Em cerca de 90% do total das unidades locais
trabalhavam até nove pessoas e as que ocupavam quinhentas ou mais pessoas
representavam em 1996 somente 0,33% do total de unidades.
Tabela 1 – Unidades locais por número de pessoas ocupadas, Camaragibe (PE), 1996
Unidades locais por pessoas ocupadas N %
1 a 4 697 77,6
5 a 9 113 12,6
10 a 19 44 4,9
20 a 29 18 2,0
30 a 49 8 0,9
50 a 99 9 1,0
100 a 249 5 0,6
250 a 499 1 0,1
500 a 999 2 0,2
1.000 ou mais 1 0,1
Total 898 100,0
Fonte: IBGE – Contagem da População, 1996; Cidades@, 2000
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Por outro lado as grandes unidades locais empregavam a maior parte da população
ocupada em 1996: 33% dos trabalhadores estavam em unidades com 500 ou mais pessoas
ocupadas.
Observando as receitas orçamentárias em 1996, verifica-se que Camaragibe dependia dos
recursos repassados pelo governo federal e por outras transferências pois as receitas
tributárias eram significativamente menores que as oriundas de transferências. As receitas
orçamentárias foram cerca de 3% menores que as despesas orçamentárias e as despesas de
custeio representaram 74% do total.
Quadro 2 – Receitas e despesas de Camaragibe (PE), 1996-1998
Receitas e despesas Mil reais (R$)
Receitas orçamentárias realizadas – 1996 12.739
Despesas orçamentárias realizadas – 1996 13.135
Receitas orçamentárias realizadas correntes – tributárias – 1996 1.796
Receitas orçamentárias realizadas correntes – transferências – 1996 8.791
Despesas orçamentárias realizadas correntes – custeio – 1996 9.768
Valor do Fundo de Participação dos Municípios – FPM – 1998 5.903.640
Fonte: IBGE – Cidades@, 2000; Contagem da População, 1996
No município de Camaragibe, segundo o ICV, a renda familiar per capita média expressa
em salários mínimos de setembro de 1991, era igual ao da região porem inferior à de
Pernambuco (0,81) e a do Brasil (1,31). Em 1991, 62% da população do município vivia
com renda insuficiente, isto é, renda familiar per capita inferior a metade do salário
mínimo.
Tabela 2 – Indicadores do ICV – Renda, Camaragibe, Pernambuco, Região Nordeste,
Brasil, 1970, 1980, 1991
Região Renda familiar
per capita média
(sal. min. set. / 91)
Grau de
Desigualdade
(Theil – L)
Porcentagem de
pessoas com renda
insuficiente (P0)
Insuficiência
média de
renda (P1)
1970 1980 1991 1970 1980 1991 1970 1980 1991 1970 1980 1991
Camaragibe - - 0,65 - - 0,48 - - 61,94 - - 0,32
Pernambuco 0,38 0,83 0,81 0,63 0,65 0,80 84,19 60,02 65,17 0,54 0,30 0,37
Nordeste 0,31 0,69 0,65 0,57 0,65 0,78 87,85 66,53 71,68 0,58 0,35 0,42
Brasil 0,63 1,43 1,31 0,68 0,70 0,78 67,90 39,47 45,46 0,39 0,18 0,24
Fonte: PNUD/IPEA/Fund. João Pinheiro/IBGE – Atlas do Desenvolvimento Humano, 1999
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3. CARACTERÍSTICAS SOCIAIS
Camaragibe apresentava em 1991 o referente ao Índice de Desenvolvimento Humano
Municipal (IDH-M)1, superior ao da região Nordeste (0,517) e do estado de Pernambuco
(0,572), mas inferior a média nacional. Nas dimensões Longevidade e Educação do IDH-
M, Camaragibe tinha indicadores superiores aos apresentados por seu estado e sua região e
próximos a média brasileira, enquanto na dimensão Renda (0,458) revelava uma situação
de baixo desenvolvimento, ficando muito abaixo da média nacional (0,942).
Tabela 3 – Índice de desenvolvimento humano municipal e dimensões em
Camaragibe, Pernambuco, região Nordeste e Brasil, 1970, 1980, 1991
Região IDH-M IDH-M Longevidade IDH-M Educação IDH-M Renda
1970 1980 1991 1970 1980 1991 1970 1980 1991 1970 1980 1991
Camaragibe - - 0,585 - - 0,678 - - 0,620 - - 0,458
Pernambuco 0,332 0,502 0,572 0,375 0,470 0,600 0,372 0,445 0,537 0,248 0,590 0,579
Nordeste 0,306 0,460 0,517 0,385 0,483 0,593 0,336 0,409 0,499 0,196 0,490 0,459
Brasil 0,462 0,685 0,742 0,440 0,531 0,638 0,501 0,577 0,645 0,444 0,947 0,942
Fonte: PNUD/IPEA/Fund. João Pinheiro/IBGE – Atlas do Desenvolvimento Humano, 1999
O ICV2 - Índice de Condições de Vida reitera que a situação em Camaragibe (0,639) no
ano de 1991 era melhor que a apresentada pelo estado de Pernambuco (0,723) e região
Nordeste (0,573), sendo, entretanto, inferior a do Brasil (0,655). A dimensão Longevidade
era a única que está acima da média nacional, e as demais dimensões, embora indicassem
que as condições de vida do município eram melhores que as de Pernambuco e da região
Nordeste, estavam abaixo dos índices apresentados pelo Brasil. Observou-se que a
educação e a renda eram as dimensões que contribuíam para os baixos IDH e ICV do
município.
________________________ 1 IDH-M – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal é composto por três dimensões: Longevidade
(esperança de vida ao nascer), Educação (taxa de analfabetismo e número de anos de estudo) e Renda (renda
familiar per capita). 2 ICV – Índice de Condição de Vida é composto pelas dimensões acima citadas que incluem outros
indicadores: Longevidade (taxa de mortalidade), Educação (porcentagem da população com menos de 4
anos de estudo, porcentagem da população com menos de 8 anos de estudo e porcentagem da população com
mais de 11 anos de estudo), Renda (índice L de Theil – desigualdade de renda, porcentagem da população
com renda insuficiente, insuficiência média de renda e grau de desigualdade na população com renda
insuficiente). O ICV incorpora duas novas dimensões: Infância (porcentagem de crianças que não
freqüentam a escola, defasagem escolar média, porcentagem de crianças com mais de um ano de atraso
escolar e porcentagem de crianças que trabalham) e Habitação (porcentagem da população vivendo em
domicílios com densidade superior a 2 pessoas por dormitório potencial, porcentagem da população vivendo
em domicílios duráveis, porcentagem da população vivendo em domicílios com abastecimento adequado de
água e porcentagem da população vivendo em domicílios com instalações adequadas de esgoto).
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Tabela 4 – Índice de condições de vida e dimensões em Camaragibe, Pernambuco,
região Nordeste e Brasil, 1970, 1980, 1991
Região ICV ICV – Longevidade ICV – Educação
1970 1980 1991 1970 1980 1991 1970 1980 1991
Camaragibe - - 0,639 - - 0,751 - - 0,542
Pernambuco 0,420 0,525 0,616 0,370 0,501 0,663 0,305 0,382 0,478
Nordeste 0,390 0,495 0,573 0,412 0,536 0,668 0,270 0,343 0,435
Brasil 0,532 0,655 0,723 0,528 0,632 0,742 0,415 0,497 0,576
Fonte: PNUD/IPEA/Fund. João Pinheiro/IBGE – Atlas do Desenvolvimento Humano, 1999
Tabela 4 cont. – Índice de condições de vida e dimensões em Camaragibe,
Pernambuco, Região Nordeste e Brasil, 1970, 1980, 1991
Região ICV – Infância ICV – Renda ICV – Habitação
1970 1980 1991 1970 1980 1991 1970 1980 1991
Camaragibe - - 0,704 - - 0,576 - - 0,621
Pernambuco 0,586 0,591 0,698 0,397 0,624 0,582 0,444 0,526 0,656
Nordeste 0,522 0,530 0,641 0,369 0,563 0,514 0,378 0,501 0,609
Brasil 0,655 0,665 0,747 0,524 0,816 0,793 0,538 0,663 0,758
Fonte: PNUD/IPEA/Fund. João Pinheiro/IBGE – Atlas do Desenvolvimento Humano, 1999
Camaragibe apresentava indicadores próximos da média nacional quanto ao contigente que
freqüentou a escola fundamental (77%). Entretanto, a taxa dos que tinham mais de 11 anos
de estudo (3%), correspondia a metade da apresentada pela população do estado de
Pernambuco (6%) e menos da metade do percentual nacional.
Tabela 5 – Porcentagem da população de 25 anos e mais de idade, por anos de estudo
em Camaragibe, região Nordeste e Brasil, 1970, 1980, 1991
Região Menos de 4 anos de estudo Menos de 8 anos de estudo Mais de 11 anos de estudo
1970 1980 1991 1970 1980 1991 1970 1980 1991
Camaragibe - - 43,4 - - 77,3 - - 3,1
Pernambuco 80,1 67,4 53,4 93,7 86,8 76,6 1,4 3,8 6,3
Nordeste 85,3 74,8 61,1 95,8 90,1 80,5 0,9 2,5 4,1
Brasil 69,0 55,6 42,3 91,2 83,3 72,1 2,0 5,0 7,5
Fonte: PNUD/IPEA/Fund. João Pinheiro/IBGE – Atlas do Desenvolvimento Humano, 1999
A taxa de analfabetismo da população de Camaragibe com 15 anos ou mais de idade (21%)
era menor do que a de Pernambuco (33%) e da região Nordeste (37%), mas ultrapassava a
média nacional (19%). O número médio de anos de estudo dos habitantes de Camaragibe
com 25 anos e mais em 1991, era de 4,3.
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Tabela 6 – Taxa de analfabetismo da população de 15 anos e mais e número médio de
anos de estudo da população de 25 anos e mais em Camaragibe,
Pernambuco, região Nordeste e Brasil, 1970, 1980, 1991
Região Taxa de analfabetismo da
população de 15 anos e mais
Número médio de anos de estudo
(pop. de 25 anos e mais)
1970 1980 1991 1970 1980 1991
Camaragibe - - 21,3 - - 4,3
Pernambuco 49,7 42,2 32,9 1,7 2,7 4,0
Nordeste 53,9 45,9 36,6 1,3 2,1 3,4
Brasil 33,0 25,3 19,4 2,4 3,6 4,9
Fonte: PNUD/IPEA/Fund. João Pinheiro/IBGE – Atlas do Desenvolvimento Humano, 1999
A grande maioria dos domicílios particulares em 1996 eram chefiados por homens (79%) e
21% tinham chefia familiar feminina.
Tabela 7 – Chefia de domicílios particulares permanentes por gênero, Camaragibe
(PE), 1996
Gênero do chefe de domicílio N %
Homens 20.573 78,8
Mulheres 5.525 21,2
Total 26.098 100,0
Fonte: IBGE – Contagem da População, 1996; Cidades@, 2000
Em 1996, mais da metade dos chefes de família (57%) havia abandonado a escola antes de
concluir o primeiro segmento do ensino básico, sendo que destes 17% não tinham qualquer
instrução e 40% possuíam até quatro anos de estudo. Apenas 10% dos chefes de família
concluíram o ensino médio.
Tabela 8 – Chefia de domicílios particulares permanente por anos de estudo,
Camaragibe (PE), 1996
Anos de estudo do chefe de domicílio N %
Sem instrução ou menos de 1 ano 4.408 17,0
1 ano 1.521 5,9
2 a 3 anos 3.665 14,1
4 anos 5.106 19,7
5 a 7 anos 4.381 16,9
8 anos 2.417 9,3
9 a 10 anos 1.006 3,9
11 anos 2.601 10,0
12 a 15 anos 627 2,4
16 anos ou mais 197 0,8
Total* 25.929 100,0
Fonte: IBGE – Contagem da População, 1996; Cidades@, 2000
* O total é diferente do apresentado nas tabelas 7 e 9. O IBGE não apresentou o número de chefes da
domicílios sem informação sobre os anos de estudo.
Os domicílios de Camaragibe, totalmente urbanos, eram habitados predominantemente por
quatro moradores (26%). Por outro lado, em 20% dos domicílios viviam seis ou mais
pessoas.
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Tabela 9 – Número de moradores por domicílios particulares permanentes,
Camaragibe (PE), 1996
Número de moradores N %
1 morador 1.413 5,4
2 moradores 3.341 12,8
3 moradores 4.995 19,1
4 moradores 6.690 25,6
5 moradores 4.319 16,6
6 moradores 2.396 9,2
7 moradores 1.236 4,8
8 moradores 705 2,7
9 moradores 423 1,6
10 ou mais moradores 580 2,2
Total 26.098 100,0
Fonte: IBGE – Contagem da população, 1996; Cidades@, 2000
O ICV-Habitação de Camaragibe (0,621) revelou em 1991 uma situação pior a média
nacional (0,758) nessa área que demandava investimentos. O Censo Demográfico 2000
registrou que 61% da população tinha abastecimento de água canalizada ligada à rede
geral, mas cerca de 15% dos habitantes do município ainda não tinham canalização interna
de água, tendo que recorrer a outra fonte de abastecimento tal como poço ou nascente
(13%).
Em 2001, 71% das famílias cadastradas pelo PSF no município, de acordo com os dados
do SIAB, possuíam acesso ao abastecimento de água por meio de ligação com a rede
pública, – índice superior ao do conjunto de habitantes do município no ano anterior – e
26% utilizava poços ou nascentes – percentual também superior ao verificado no ano
anterior entre a população total de Camaragibe (Quadro 3).
Tabela 10 – Número de moradores segundo o tipo de abastecimento de água,
Camaragibe (PE), 2000
Abastecimento de água Total
N %
Rede geral canalizada em pelo menos um cômodo 77.928 61,3
Rede geral canalizada só na propriedade ou terreno 10.594 8,3
Poço ou nascente canalizada em pelo menos um cômodo 17.111 13,5
Poço ou nasc. s/canal. interna (só na propriedade ou terreno) 1.552 1,2
Poço ou nasc. não canalizada 9.404 7,4
Outra forma: canalizada em pelo menos um cômodo 2.601 2,1
Outra forma: s/canal. interna (só na propriedade ou terreno) 693 0,5
Outra forma: não canalizada 7.274 5,7
Total 127.157 100,0
Fonte: IBGE – Censo Demográfico, 2000
As instalações sanitárias também revelaram uma grave situação entre os moradores de
Camaragibe: em 2000 a maioria da população dispunha de fossas rudimentares (68%) e
somente 16% dos moradores tinham instalações ligadas a rede geral de esgoto. Vale ainda
ressaltar que cerca de 5% da população total escoavam o esgoto em rio, lago ou mar. Cerca
CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO
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de 91% das famílias cadastradas pelo PSF, segundo o SIAB, em 2001 não contavam com
sistema de esgoto, e entre elas, 79% utilizavam fossa séptica (Quadro 3).
Tabela 11 – Número de moradores segundo o tipo de instalação sanitária,
Camaragibe (PE), 2000
Instalação sanitária Total
N %
Rede geral de esgoto ou pluvial 19.896 15,7
Fossa séptica 5.145 4,1
Fossa rudimentar 86.540 68,1
Vala negra 4.278 3,4
Rio, lago ou mar 5.586 4,4
Outro escoadouro 1.967 1,6
Não tem instalação sanitária 3.745 3,0
Total 127.157 100,0
Fonte: IBGE – Censo Demográfico, 2000
A coleta de lixo por serviço de limpeza e caçamba atendia, em 2000, a maioria dos
moradores de Camaragibe (84%), embora cerca de 10% da população ainda jogasse seu
lixo em terrenos baldios ou logradouros. Ao redor de 77% das famílias cadastradas pelo
PSF eram servidas por coleta pública do lixo, 9% queimavam ou enterravam-no, mas 14%
deixavam-no a céu aberto (Quadro 3).
Tabela 12 – Número de moradores segundo o tipo de coleta de lixo, Camaragibe (PE),
2000
Coleta de lixo Total
N %
Serviço de limpeza 101.786 80,1
Caçamba de serviço de limpeza 5.319 4,2
Queimado (na propriedade) 6.159 4,8
Enterrado (na propriedade) 534 0,4
Jogado em terreno baldio ou logradouro 11.634 9,2
Jogado em rio, lago ou mar 1.247 1,0
Outro destino 478 0,4
Total 127.157 100,0
Fonte: IBGE – Censo Demográfico, 2000
CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO
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Quadro 3 – Características dos domicílios das famílias cadastradas pelo PSF,
Camaragibe (PE), 1999 a 2001
Situação 1999 2000 2001
N % N % N %
Total de domicílios 16.876 100,0 23.545 100,0 31.291 100,0
Tipo de construção
Tijolo / adobe 15.576 92,3 22.047 93,6 29.585 94,6
Taipa revestida 656 3,9 737 3,1 768 2,5
Taipa não revestida 500 3,0 565 2,4 685 2,2
Madeira 71 0,4 108 0,5 128 0,4
Material aproveitado 54 0,3 68 0,3 100 0,3
Outros 19 0,1 20 0,1 25 0,1
Abastecimento de água
Rede pública 12.582 74,6 17.672 75,1 22.585 71,2
Poço ou nascente 3.807 22,6 5.366 22,8 8.226 26,3
Outros 487 2,9 507 2,2 787 2,5
Tratamento de água no domicílio
Filtração 8.875 52,6 11.712 49,7 12.598 40,3
Fervura 178 1,1 217 0,9 271 0,9
Cloração 811 4,8 1.072 4,6 1.224 3,9
Sem tratamento 7.012 41,6 10.544 44,8 17.198 56,0
Energia elétrica
Sim 16.269 96,4 22,762 96,7 30.445 97,3
Destino do lixo
Coleta pública 11.833 70,1 17.107 72,7 24.082 77,0
Queimado / enterrado 2.013 11,9 2.337 9,9 2.694 8,6
Céu aberto 3.030 18,0 4.101 17,4 4.515 14,4
Destino de fezes / urina
Sistema de esgoto 1.564 9,3 1.918 8,2 2.721 8,2
Fossa 13.374 79,6 18.386 78,1 24.695 78,9
Céu aberto 1.938 11,5 3.241 13,8 3.875 12,4
Fonte: SAS/COSAC DATASUS – SIAB
4. CARACTERÍSTICAS EPIDEMIOLÓGICAS
Os cinco principais grupos de causas responsáveis pelos óbitos em Camaragibe, no período
entre 1996 e 1998, mantiveram-se estáveis. Cabe destacar que as doenças endócrinas,
nutricionais e metabólicas e as neoplasias alternaram-se na ordem de ocorrências no que se
refere à quarta e à quinta posição.
CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO
10
Quadro 4 – Mortalidade geral por grupos de causas, Camaragibe (PE), 1996 a 1998
1996 1997 1998
1ª Doenças do aparelho circulatório Doenças do aparelho circulatório Doenças do aparelho circulatório
2ª Causas externas de morbidade e
mortalidade
Causas externas de morbidade e
mortalidade
Causas externas de morbidade e
mortalidade
3ª Doenças do aparelho respiratório Doenças do aparelho respiratório Doenças do aparelho respiratório
4ª Doenças endócrinas, nutrição e
metabolismo
Neoplasias Neoplasias
5ª Neoplasias Doenças endócrinas, nutrição e
metabolismo
Doenças endócrinas, nutrição e
metabolismo
Fonte DATASUS/SIM
O grupo de causas com maior freqüência no período selecionado foi o das doenças do
aparelho circulatório (38%), sendo as doenças isquêmicas do coração a maior responsável
pelo número de óbito neste grupo. Em segundo lugar estavam as causas externas (21%), e
em terceiro as doenças do aparelho respiratório (11%), seguida por doenças endócrinas,
nutricionais e metabólicas e por neoplasias com números de ocorrência bem próximos.
Tabela 13 – Total de óbitos por principais grupos de causas, Camaragibe (PE), 1996 a
1998
Grupos de causas 1996 1997 1998
N % N % N %
Doenças do aparelho circulatório 109 34,4 147 38,2 156 38,4
Causas externas de morbidade e mortalidade 72 22,7 87 22,6 85 20,9
Doenças do aparelho respiratório 32 10,1 37 9,6 46 11,3
Doenças endócrinas, nutrição e metabolismo 29 9,1 28 7,3 23 5,7
Neoplasias 21 6,6 29 7,5 29 7,1
Total 317 100,0 385 100,0 406 100,0
Fonte: DATASUS/SIM
Tabela 14 – Total de óbitos por grupos de causas freqüentes nos principais grupos de
causas, Camaragibe (PE), 1996 a 1998
Principais grupos de causas 1996 1997 1998
N % N % N %
Doenças do ap. circulatório 109 147 156
Doenças isquêmicas do coração 48 44,0 64 43,5 71 45,5
Causas externas de morb. e mortal. 72 87 85
Agressões 43 59,7 65 74,7 58 69,2
Doenças do ap. respiratório 32 37 46
Pneumonia 14 43,8 15 40,5 16 34,8
Doenças end., nut. e metabol. 29 28 23
Diabetes mellitus 18 62,1 19 67,9 17 73,9
Neoplasias 21 29 29
Restante de neoplasias malignas 9 42,9 8 27,6 10 34,5
Fonte: DATASUS/SIM
A taxa de mortalidade infantil em Camaragibe (55,94 por mil nascidos vivos), em 1991,
revelava uma situação melhor que a de Pernambuco (87,50 por mil nascidos vivos) e
região Nordeste (82,45 por mil nascidos vivos), embora ainda superior ao indicador
nacional (49,49 por mil nascidos vivos).
CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO
11
Tabela 15 – Óbitos por faixa etária, Camaragibe (PE), 1996 a 1998
Faixa etária 1996 1997 1998*
N % N % N %
Menores de 1 ano 4 1,3 8 2,1 10 2,5
1 a 4 anos 3 0,9 3 0,8 2 0,5
5 a 9 anos 1 0,3 3 0,8 - -
10 a 14 anos 2 0,6 4 1,0 3 0,7
15 a 49 anos 90 28,4 110 28,6 114 28,1
50 a 59 anos 33 10,4 46 11,9 49 12,1
60 a 69 anos 44 13,9 59 15,3 63 15,5
70 a 80 anos e mais 136 42,9 151 39,2 165 40,6
Idade ignorada 4 1,3 1 0,3 - -
Total 317 100,0 385 100,0 406 100,0
Fonte: DATASUS/SIM
* Os dados referentes aos óbitos nas faixas etárias entre 5 e 9 anos e com idade ignorada, não estavam
disponíveis no Banco de Dados do DATASUS/SIM.
Os óbitos em menores de 1 ano apresentaram baixa ocorrência, embora tenham
apresentado tendência de crescimento no período. Nessa faixa etária o grupo de causas
mais freqüente foi o das afecções originárias no período perinatal.
Tabela 16 – Óbitos em menores de 1 ano por principais grupos de causas,
Camaragibe (PE), 1996 a 1998
Grupos de causas 1996 1997 1998
N % N % N %
Afecções orig. no período perinatal 1 25,0 5 62,5 6 60,0
Doenças do ap. respiratório 1 25,0 2 25,0 2 20,0
Malf. cong., def. e anomal. Cromossômicas 1 25,0 0 0,0 1 10,0
Doenças end., nut. e metabol. 1 25,0 0 0,0 1 10,0
Doenças infecciosas e parasitárias 0 0,0 1 12,5 0 0,0
Total 4 100,0 8 100,0 10 100,0
Fonte: DATASUS/SIM
A faixa etária entre 1 e 4 anos apresentou, em 1998, apenas dois óbitos, um causado por
doenças do aparelho respiratório e o outro devido a causas externas de morbidade e
mortalidade.
Tabela 17 – Óbitos em crianças de 1 a 4 anos por principais grupos de causas,
Camaragibe (PE), 1996 a 1998
Grupos de causas 1996 1997 1998
N % N % N %
Doenças do ap. respiratório 2 66,7 1 33,3 1 50,0
Causas externas de morb. E mortal. 0 0,0 1 33,3 1 50,0
Malf. cong., deform. e anomal. cromossômicas 1 33,3 0 0,0 0 0,0
Doenças end., nut. e metabol. 0 0,0 1 33,3 0 0,0
Total 3 100,0 3 100,0 2 100,0
Fonte: DATASUS/SIM
Camaragibe apresentou, em 1997, um número reduzido de óbitos em crianças entre 5 e 9
anos, um para cada um dos seguintes grupos de causas: sintomas, sinais e achados
anormais clínicos e laboratoriais, doenças do sistema nervoso e doenças do aparelho
circulatório. Em 1998 nenhum óbito foi registrado nesta faixa etária.
CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO
12
Tabela 18 – Óbitos em crianças de 5 a 9 anos por principais grupos de causas,
Camaragibe (PE), 1996 a 1998*
Grupos de causas 1996 1997
N % N %
Causas externas de morb. E mortal. 1 100,0 0 0,0
Sint., sin. e ach. anorm. clín. e lab., ncop 0 0,0 1 33,3
Doenças do sistema nervoso 0 0,0 1 33,3
Doenças do ap. circulatório 0 0,0 1 33,3
Total 1 100,0 3 100,0
Fonte: DATASUS/SIM
*Os óbitos desta faixa de idade em 1998 não estavam disponíveis no Banco de Dados do DATASUS/SIM.
Entre 1996 e 1998, o grupo das causas externas de morbidade e mortalidade foram
responsáveis pelo maior número de óbitos na faixa etária de 10 a 49 anos, chegando em
1998 a 59% do total. O segundo maior grupo foi o das doenças do aparelho circulatório
(23%) seguido por doenças do aparelho respiratório (4%).
Tabela 19 – Óbitos na faixa etária de 10 a 49 anos por principais grupos de causas,
Camaragibe (PE), 1996 a 1998
Grupos de causas 1996 1997 1998
N % N % N %
Causas externas de morb. e mortal. 54 60,0 68 61,8 67 58,8
Doenças do ap. circulatório 11 12,2 21 19,1 26 22,8
Doenças do ap. respiratório 6 6,7 5 9,1 5 4,4
Demais causas 19 21,1 16 14,5 16 14,0
Total 90 100,0 110 100,0 114 100,0
Fonte: DATASUS/SIM
Na faixa etária de 50 a 59 anos, as doenças do aparelho circulatório destacaram-se dos
demais grupos de causas, responsáveis no ano de 1998, 39% dos óbitos. Os grupos
restantes mantiveram-se estáveis durante o período de 1996 a 1998.
Tabela 20 – Óbitos na faixa etária de 50 a 59 anos por principais grupos de causas,
Camaragibe (PE), 1996 a 1998
Grupos de causas 1996 1997 1998
N % N % N %
Doenças do ap. circulatório 17 51,5 17 37,0 19 38,8
Doenças end., nut., e metabol. 5 15,2 4 8,7 4 8,2
Causas externas de morb. e mortal. 4 12,1 4 8,7 4 8,2
Neoplasias 4 12,1 8 17,4 6 12,2
Doenças do ap. respiratório 2 6,1 5 10,9 5 10,2
Demais causas 1 3,0 8 17,4 11 22,5
Total 33 100,0 46 100,0 49 100,0
Fonte: DATASUS/SIM
No período de 1996 a 1998 o grupo de doenças do aparelho circulatório cresceu
numericamente e alcançou em 1998 49% dos óbitos de pessoas com 60 ou mais anos de
idade. O grupo de doenças do aparelho respiratório (14%) foi responsável pelo segundo
maior número de óbitos entre aqueles que tinham 60 e mais anos de idade. Os demais
grupos mantiveram-se estáveis, com destaque para o das neoplasias em 1998 (9%)
CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO
13
Tabela 21 – Óbitos na faixa etária de 60 e mais anos por principais grupos de causas,
Camaragibe (PE), 1996 a 1998
Principais grupos de causas 1996 1997 1998
N % N % N %
Doenças do ap. circulatório 82 45,6 108 52,4 111 48,7
Doenças do ap. respiratório 21 11,7 24 11,4 34 14,9
Doenças end., nut., e metabol. 19 10,6 21 10,0 17 7,5
Neoplasias 11 6,1 18 8,6 20 8,8
Causas externas de morb. e mortal. 13 7,2 13 6,2 13 5,7
Demais causas 34 18,9 26 12,4 33 14,5
Total 180 100,0 210 100,0 228 100,0
Fonte: DATASUS/SIM
5. SISTEMA MUNICIPAL DE SAÚDE
O município de Camaragibe teve sua primeira habilitação na condição de gestão parcial em
1994 ainda nos critérios da NOB-93, passando a condição Semi-Plena em novembro de
1995. Em junho de 1998, habilitou-se na condição de Gestão Plena do Sistema Municipal
do SUS.
Segundo o organograma da Secretaria Municipal de Saúde esta está organizada em cinco
diretorias: Assistência à Saúde, Epidemiologia e Vigilância Sanitária, Planejamento,
Administrativa e Financeira, e Desenvolvimento Social. A diretoria de Assistência à Saúde
envolve os Departamentos de Atenção Psicossocial, de Organização de Serviços de Saúde,
de Assistência ao Pronto Atendimento, de Apoio Diagnóstico e Terapêutico, de
Reabilitação e Serviços de Administração da Rede Assistencial do município.
A diretoria de Epidemiologia e Vigilância Sanitária inclui o setor de Controle de Zoonoses
e Vigilância à Saúde do Trabalhador. A diretoria Financeira e Administrativa engloba a
Divisão Administrativa, o Serviço de Orçamento e Programação Financeira e de
Contabilidade. Outra diretoria é a de Planejamento composta pelo Departamento de
Recursos Humanos e o Departamento de Controle e Avaliação. Há também a diretoria de
Desenvolvimento Social, com as divisões de Educação em Saúde e de Comunicação e
Informação em Saúde.
O organograma funcional da Diretoria de Assistência à Saúde compreende três
coordenações: Coordenação de Assistência, Coordenação de Saúde Bucal e Coordenação
de Saúde Mental. Não há coordenação específica para o PSF, esta é exercida pela
coordenação de assistência.
CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO
14
O município de Camaragibe possui uma divisão geográfico–administrativa que organiza a
rede em cinco territórios. A partir do ano de 2000, a SMS passou a se organizar em
consonância com essa regionalização, criando cinco Gerências de Territórios. A
coordenação de atenção básica – que antes restringia-se ao PSF –, a partir da organização
dos territórios teve uma expansão de suas responsabilidades, favorecendo uma maior
integração da rede assistencial. Em Camaragibe, a rede assistencial básica própria do
município é formada por 32 unidades do PSF, duas unidades básicas convencionais, os
Centros de Saúde, localizados no Bairro Novo e em Vera Cruz, e por dois Centros de
Especialidades Médicas (CEMEC), um localizado em Tabatinga e outro no Centro, que
servem de referência pública para a rede básica.
Também integram a rede municipal um núcleo de apoio diagnóstico para exames de
patologia clínica, um núcleo de reabilitação física, e a Casa da Mulher responsável por
todas as ações relativas à saúde da mulher, inclusive as ações especializadas. Funcionam
nesse serviço, o laboratório de prevenção ao câncer de colo uterino, o pré-natal de alto
risco e o atendimento à mulher vítima de violência, no seu aspecto psico-terapêutico.
As unidades de referência para consultas especializadas em ginecologia, obstetrícia,
urologia, dermatologia, neurologia, cardiologia, ortopedia, traumatologia e
otorrinolaringologia são os CEMEC.
Quadro 5 – Distribuição de serviços da rede municipal própria, por território,
Camaragibe(PE), dezembro de 2001
Territórios USF Centros de
saúde
CEMEC–
Pronto
atendimento
Casa
Primavera
Núcleo de
reabilitação
Centro. de
apoio
diagnóstico
Total
I 12 1 1 - 1 1 16
II 9 - - _ - - 9
III 4 - - 1 - - 6
IV 3 1 1 - - - 4
V 4 - - - - - 5
Total 32 2 2 1 1 1 40
Fonte: SMS - Camaragibe (PE)
Na medida em que nas equipes de saúde da família não existem odontólogos, o
atendimento em saúde bucal também é realizado nos CEMEC, seguindo agendamento
próprio e com prioridade para gestantes, crianças e idosos. Os exames complementares
são, em geral, encaminhados para três laboratórios privados conveniados e para o Centro
de Apoio Diagnóstico.
CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO
15
O Centro de Saúde de Vera Cruz está sendo reformado com o objetivo de tornar-se um
centro de especialidades médicas e, portanto, uma referência para exames e consultas
especializadas. Está sendo construída uma maternidade.
Existe no município uma Central de Marcação, pouco estruturada, localizada no Centro de
Apoio Diagnóstico, que organiza a referência para exames e consultas especializadas. As
unidades de saúde da família possuem cotas para exames, as quais não seguem parâmetros
de necessidades da população.
Segundo os gestores, em muitos casos é difícil garantir o fluxo adequado de referência e
contra-referência. A oferta limitada de serviços públicos regionalizados de média e alta
complexidade cria sérios entraves para a integralidade das ações de saúde e, também,
repercute na expansão do setor privado prestador destes serviços mais complexos. Por
exemplo, Camaragibe possuía, em 2000, um número maior de laboratórios privados do que
em 1994.
Atenção ambulatorial
A rede de serviços ambulatoriais do SUS em Camaragibe estava constituída por 59
estabelecimentos segundo dados do cadastro no DATASUS de dezembro de 2001. Grande
parte dessa rede era composta por Unidades de Saúde da Família, cerca de 54% dos
estabelecimentos. Os centros de saúde representavam 14% da rede e as policlínicas 10%.
Entre 1998 e 2001 a rede ambulatorial SUS no município cresceu em torno de 50%,
especialmente devido a implantação de USF e de policlínicas que passaram de 2 para 6
unidades.
Tabela 22 – Rede ambulatorial do SUS, Camaragibe (PE), 1998 a 2001
Rede ambulatorial 1998 1999 2000 2001
Unidade de saúde da família 21 24 32 32
Centro de saúde 6 7 7 8
Policlínica 2 3 4 6
Outros serviços auxiliares de diagnose e Terapia 3 3 4 5
Ambulatório de unidade hospitalar geral 2 2 2 2
Consultório 1 1 1 1
Clínica especializada 1 1 1 1
Centro/núcleo de atenção psicossocial 1 1 1 1
Centro/núcleo de reabilitação 1 1 1 1
Unidade móvel terrestre 1 1 1 1
Unidades de vigilância sanitária - 1 1 1
Total 39 45 55 59
Fonte: DATASUS – SIA/SUS
Do total, de estabelecimentos ambulatoriais 83% eram públicos e 17% privados
conveniados ao SUS, divididos da seguinte forma: 48 municipais, 10 estabelecimentos
CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO
16
privados conveniados ao SUS e 1 universitário público; todos estavam sob gestão
municipal.
Tabela 23 – Rede ambulatorial do SUS por tipo de prestador, Camaragibe (PE), 1998
a 2001
Tipo de prestador 1998 1999 2000 2001
N % N % N % N %
Municipais 32 82,1 38 84,5 47 85,5 48 81,4
Privados 6 15,4 6 13,3 7 12,7 10 16,9
Universitários públicos 1 2,5 1 2,2 1 1,8 1 1,7
Total 39 100,0 45 100,0 55 100,0 59 100,0
Fonte: DATASUS – SIA/SUS
A rede ambulatorial pode ser classificada segundo níveis de hierarquia: cerca de 59% das
unidades correspondiam ao nível 2, que inclui ações básicas de atenção à saúde e alguns
procedimentos de média complexidade, além de serviços de apoio à diagnose e terapia.
Apenas pequena parte das unidades ambulatoriais (8) oferecia serviços de alta
complexidade, estava classificada nos níveis 4 e 6.3
Tabela 24 – Rede ambulatorial do SUS por nível de hierarquia, Camaragibe (PE),
2001
Nível Nível 1 Nível 2 Nível 3 Nível 4 Nível 6 NH
indevido
S/Orç. Total
N 1 35 6 7 1 1 8 59
Fonte: DATASUS – SIA/SUS
A rede SUS de Camaragibe produziu no ano de 2001, 1.581.539 procedimentos
ambulatoriais, sendo 81% de ações de atenção básica e 19% por procedimentos
especializados. O aumento da produção ambulatorial do ano de 2000 para 2001 não foi
muito expressivo, apenas 0,8%. Não são realizados no município procedimentos de alta
complexidade.
________________________ 3 O nível 1 inclui unidades de menor complexidade do sistema, que executam as atividades básicas de
atenção em saúde. O nível 2 inclui também procedimentos de média complexidade e/ou Serviços Auxiliares
de Diagnose e Terapia (SADT) de menor complexidade. O nível 3 oferece assistência especializada, podendo
ou não incluir as atividades dos níveis 1 e 2. O nível 4 inclui ações ambulatoriais de maior complexidade. O
nível 5 inclui ambulatórios de hospitais que oferecem, além das atividades do nível 1 e 2, internações nas
especialidades básicas. O nível 6 inclui ambulatórios de hospitais que, além dos procedimentos dos níveis 1,
2, 3 e 5, incluem consultas em especialidades médicas e odontológicas e SADT de média complexidade. O
nível 7 inclui as atividades dos níveis 1, 2, 3, 4 e 6 e SADT de alta complexidade. O nível 8 é composto por
ambulatórios de hospitais que são referência nacional, ambulatórios de hospitais de ensino e referência para
transplantes ou referência estadual para procedimentos de alta complexidade.
CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO
17
Tabela 25 – Produção ambulatorial do SUS*, Camaragibe (PE), 2000 e 2001
Produção ambulatorial 2000 2001
N % N %
Procedimentos de Atenção Básica 1.312.738 83,7 1.273.212 80,5
Procedimentos Especializados 255.450 16,3 308.327 19,5
Total 1.568.188 100,0 1.581.539 100,0
Fonte: DATASUS – SIA/SUS
*Quantidade aprovada
A produção de atenção básica entre 2000 e 2001 sofreu um leve decréscimo de cerca de
3%. As ações de enfermagem e de outros profissionais de nível médio aumentaram 6% e as
ações médicas básicas diminuíram 6%. A maior queda observada foi em relação ao número
de ações básicas em odontologia – 17% entre 2000 e 2001 – e a maior alta em relação aos
procedimentos básicos em vigilância sanitária – 195% no mesmo período.
Tabela 26 – Produção ambulatorial de atenção básica do SUS*, Camaragibe (PE),
2000 a 2001
Procedimentos de atenção básica 2000 2001
N % N %
Ações Enfermagem/outros de Saúde nível médio 549.268 41,8 580.044 45,6
Ações Médicas básicas 311.773 23,7 292.193 22,9
Ações Básicas em Odontologia 365.996 27,9 302.763 23,8
Ações Executadas p/outros prof. nível superior 81.910 6,2 87.028 6,8
Procedimentos básicos em vigilância sanitária 3.791 0,3 11.184 0,9
Total 1.312.738 100,0 1.273.212 100,0
Fonte: DATASUS – SIA/SUS
*Quantidade aprovada
Entre os procedimentos da atenção básica podem ser identificados os realizados pelo
PACS e PSF. Os procedimentos executados por profissionais do PACS/PSF representaram
38% do conjunto de ações de atenção básica no ano de 2001. As ações de atenção básica
realizadas pelo PACS e PSF sofreram um pequeno decréscimo, aproximadamente 0,6% de
2000 para 2001. As atividades executadas por ACS e consulta ou atendimento por
profissional de enfermagem na unidade aumentaram em 4% e 16% respectivamente.
Sofreram reduções o número de consultas médicas realizadas por profissional do PSF
(13%), as atividades educacionais com grupos na comunidade (19%) e as
consultas/atendimentos domiciliares realizadas por enfermeiro (47%).
CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO
18
Tabela 27 – Produção ambulatorial de atenção básica do PACS/PSF do SUS*,
Camaragibe (PE), 2000 a 2001
Procedimentos de atenção básica – PACS/PSF 2000 2001
N % N %
Atividade executada por agente comunitário de saúde - PACS 279.541 57,2 289.732 59,7
Consulta médica do PSF 128.868 26,4 112.286 23,1
Ativ. educ. c/grupos na comunidade (PACS/PSF) 9.495 1,9 7.728 1,6
Cons./atend. enfermeiro na unidade (PACS/PSF) 61.177 12,5 70.970 14,6
Cons./atend. domiciliar enfermeiro (PACS/PSF) 9.309 1,9 4.972 1,0
Total 488.390 100,0 485.688 100,0
Fonte: DATASUS – SIA/SUS
*Quantidade aprovada
Os procedimentos especializados corresponderam a 20% do total de ações ambulatoriais
realizadas no ano de 2001. O número de procedimentos especializados aumentou
aproximadamente 21% entre 2000 e 2001. As maiores altas foram observadas em relação
aos procedimentos de anatomopatologia e citopatologia (191%), diagnose (61%),
radiodiagnóstico (52%) e exames de ultra-sonografia (48%). Para o mesmo período, foi
observada queda no número de procedimentos especializados executados por profissionais
médicos e outros de nível superior (8%) e de procedimentos traumato-ortopédicos (41%).
Tabela 28 – Produção ambulatorial de procedimentos especializados do SUS,
Camaragibe (PE), 2000 a 2001
Procedimentos especializados 2001 2002
N % N %
Proced.espec.profis.médicos,out.nível sup. / méd 54.316 21,3 50.205 16,3
Cirurgias ambulatoriais especializadas 161 0,1 149 0,0
Procedimentos Traumato-ortopédicos 5.173 2,0 3.042 1,0
Ações especializadas em Odontologia 13.792 5,4 11.227 3,6
Patologia Clínica 155.846 61,0 204.674 66,4
Anatomopatologia e Citopatologia 2.584 1,0 7.526 2,4
Radiodiagnóstico 3.419 1,3 5.182 1,7
Exames Ultra-sonográficos 6.809 2,7 10.103 3,3
Diagnose 4.749 1,9 7.644 2,5
Fisioterapia (por sessão) 4.195 1,6 4.122 1,3
Terapias Especializadas (por terapia) 4.406 1,7 4.453 1,4
Total 255.450 100,0 308.327 100,0
Fonte: DATASUS – SIA/SUS
Atenção Hospitalar
De acordo com dados de dezembro de 2001, o SUS municipal contava com três hospitais
privados conveniados, número que se manteve estável nos últimos seis anos. Deste modo,
100% da assistência hospitalar no município era prestada pelo setor privado conveniado ao
SUS. A rede estava composta por um hospital geral e dois hospitais psiquiátricos. Todas as
unidades hospitalares localizadas em Camaragibe encontravam-se sob gestão municipal.
CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO
19
Tabela 29 – Rede hospitalar do SUS por natureza, Camaragibe (PE), 1996 a 2001
Natureza 1996 1997 1998 1999 2000 2001
Contratado 3 3 3 3 3 3
Total 3 3 3 3 3 3
Fonte: DATASUS – SIH/SUS
A rede hospitalar dispunha de um total de 1.366 leitos, todos privados (dezembro de 2001).
Segundo os dados do DATASUS este número não apresentou nenhuma alteração no período
compreendido entre 1996 e 2001.
Tabela 30 – Leitos vinculados ao SUS por regime, Camaragibe (PE), 1996 a 2001
Regime 1996 1997 1998 1999 2000 2001
N % N % N % N % N % N %
Privado 1.366 100,0 1.366 100,0 1.366 100,0 1.366 100,0 1.366 100,0 1.366 100,0
Total 1.366 100,0 1.366 100,0 1.366 100,0 1.366 100,0 1.366 100,0 1.366 100,0
Fonte: DATASUS – SIH/SUS
A relação leitos por mil habitantes em dezembro de 2001 foi 11, estando muito acima da
média da região Nordeste que era de 2,8, da média nacional para o mesmo período (2,9
leitos) e do recomendado pelo MS (3 a 4 leitos por mil habitantes). Em Camaragibe, esta
taxa sofreu pequena diminuição entre 1996 e 2001 (11%), uma vez que o total de leitos
manteve-se igual e a população cresceu. Esta relação era elevada devido a presença de dois
hospitais psiquiátricos no território municipal que internavam pacientes de todo o estado de
Pernambuco. Segundo a coordenação municipal de Atenção Básica, menos de 10% dos
pacientes internados nos hospitais de psiquiatria existentes eram moradores do município.
Quadro 6 – Indicadores da atenção hospitalar, Camaragibe (PE), 1996 a 2001
Indicadores 1996 1997 1998 1999 2000 2001
Internações SUS/100 hab. 8,3 8,1 7,7 7,5 6,9 5,0
Leitos SUS/1.000 hab. 12,3 12,0 11,7 11,5 10,6 11,0
Fonte: DATASUS – SIH/SUS
Quando classificada por especialidade a grande maioria dos leitos de Camaragibe, em
dezembro de 2001, eram de psiquiatria (94%). Os outros leitos distribuíam-se entre clínica,
cirúrgica (46), clínica médica (18), obstetrícia (2), pediatria (6) e crônicos (1).
No ano de 2001, foram realizadas 6.159 internações pelo SUS, aproximadamente 33% de
internações a menos que em 1996. A taxa de internações por 100 habitantes realizada pelo
SUS em Camaragibe apresentou decréscimo importante de 40%, passando de 8,3 no ano
de 1996 para 5 no ano de 2001. As taxas de internação em Camaragibe estavam abaixo da
média da região Nordeste (7,5) para o ano de 2001, e da média nacional (7,0) para o
mesmo período.
CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO
20
Como a rede hospitalar era privada conveniada, no ano de 2001, 100% das internações
foram realizadas em estabelecimentos hospitalares privados contratados, padrão que se
repetiu ao longo dos anos.
Neste mesmo ano, a psiquiatria foi responsável por 41% das internações e a cirurgia por
38%. A série histórica demonstrou que o número de internações sofreu queda em quase
todas as especialidades entre 1996 e 2001, exceto em cirurgia, que aumentou
aproximadamente 20%. O maior decréscimo pode ser verificado em relação às internações
em clínica médica (77%) e psiquiatria (48%) no mesmo período. A importante redução de
internações psiquiátricas em quase 50%, ocorreu entre 2000 e 2001.
Não houve registro de internações em pediatria desde 1997, e, segundo informações dos
gestores municipais a extinção de internações pediátricas foi em decorrência da expansão
do PSF, que possibilitou um melhor atendimento às crianças da região.
Tabela 31 – Internações hospitalares do SUS por especialidade, Camaragibe (PE),
1996 a 2001
Especialidade 1996 1997 1998 1999 2000 2001
N % N % N % N % N % N %
Psiquiatria 4.777 51,8 4.712 50,9 4.730 53,0 4.579 51,0 4.577 51,7 2.507 40,7
Cirurgia 1.968 21,3 2.240 24,2 2.324 26,0 2.471 27,6 2.410 27,2 2.364 38,4
Clínica médica 1.247 13,5 1.083 11,7 794 8,9 648 7,2 542 6,1 290 4,7
Obstetrícia 1.136 12,3 1.229 13,3 1.081 12,1 1.273 14,2 1.328 15,0 998 16,2
Pediatria 104 1,1 0 - 0 - 0 - 0 - 0 -
Total 9.232 100,0 9.264 100,0 8.929 100,0 8.971 100,0 8.857 100,0 6.159 100,0
Fonte: DATASUS – SIH/SUS
Transtornos mentais e comportamentais e doenças do sistema nervoso (48%) foram as
principais causas de internações hospitalares em Camaragibe no ano de 2001, seguidas do
grupo relativo a gravidez, parto e puerpério (16%) e causas externas (14%). Em 2001, 5%
das internações ocorreram em função de doenças do aparelho circulatório.
CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO
21
Tabela 32 – Número de internações por grupos de causas, Camaragibe (PE), 1998 a
2001
Grupos de causas 1998 1999 2000 2001
N % N % N % N %
I. Algumas doenças infecciosas e parasitárias 73 0,8 60 0,7 42 0,5 32 0,5
II. Neoplasias (tumores) 52 0,6 48 0,5 24 0,3 8 0,1
III. Doenças sangue órgãos hemat. e transt. imunitário 23 0,3 27 0,3 24 0,3 15 0,2
IV. Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas 154 1,7 131 1,5 109 1,2 57 0,9
V. Transtornos mentais e comportamentais 4.729 53,0 4.579 51,0 4.577 51,7 2.507 40,7
VI. Doenças do sistema nervoso 118 1,3 177 2,0 378 4,3 444 7,2
IX. Doenças do aparelho circulatório 534 6,0 442 4,9 450 5,1 321 5,2
X. Doenças do aparelho respiratório 179 2,0 127 1,4 146 1,6 86 1,4
XI. Doenças do aparelho digestivo 201 2,3 202 2,3 169 1,9 135 2,2
XII. Doenças da pele e do tecido subcutâneo 21 0,2 24 0,3 20 0,2 13 0,2
XIII. Doenças sist. ósteomuscular e tec. conjuntivo 286 3,2 320 3,6 269 3,0 251 4,1
XIV. Doenças do aparelho geniturinário 247 2,8 209 2,3 244 2,8 328 5,3
XV. Gravidez, parto e puerpério 1.081 12,1 1.273 14,2 1.328 15,0 998 16,2
XVI. Algumas afec. originadas no período perinatal 0 0,0 0 0,0 0 0,0 1 0,0
XVII. Malf. cong. deformid. e anomalias cromossômicas 8 0,1 3 0,0 3 0,0 4 0,1
XVIII. Sint., sinais e achad. anorm. ex. clín e laborat 47 0,5 49 0,5 54 0,6 50 0,8
XIX. Lesões enven. e alg. out. conseq. causas externas 871 9,8 1.168 13,0 913 10,3 848 13,8
XX. Causas externas de morbidade e mortalidade 1 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0
XXI. Contatos com serviços de saúde 118 1,3 132 1,5 107 1,2 61 1,0
CID 10ª Revisão não disponível ou não preenchido 186 2,1 0 0,0 0 0,0 0 0,0
Total 8.929 100,0 8.971 100,0 8.857 100,0 6.159 100,0
Fonte: DATASUS- SIH/SUS
Quanto ao valor médio das internações em 2001, as especialidades de psiquiatria e cirurgia
apresentaram os valores mais elevados. Entre as especialidades para casos agudos, as
internações em obstetrícia foram as de menor custo.
Tabela 33 – Valor médio das internações, em reais correntes, por especialidade,
Camaragibe (PE), 1996 a 2001
Especialidade 1996 1997 1998 1999 2000 2001
Psiquiatria 1.674,02 1.662,14 1.884,47 1.981,06 2.352,52 4.168,05
Cirurgia 440,62 422,64 486,35 539,56 550,00 618,88
Clínica médica 143,61 138,30 150,19 191,53 243,98 222,76
Pediatria 138,14 - - - - -
Obstetrícia 118,09 114,35 155,76 196,70 215,45 235,16
Fonte: DATASUS – SIH/SUS
O tempo médio de permanência nas internações hospitalares em psiquiatria e clínica
médica passaram de 89,7 dias para 163,4 dias e 4,1 dias para 5 dias, respectivamente, de
1996 a 2001. Observou-se uma diminuição de aproximadamente um dia de permanência
nas internações em cirurgia.
CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO
22
Tabela 34 – Tempo médio de permanência em internação hospitalar por
especialidade, Camaragibe (PE), 1996 a 2001
Especialidade 1996 1997 1998 1999 2000 2001
Psiquiatria 89,7 89,1 88,1 83,9 96,1 163,4
Cirurgia 5,2 4,8 5,1 4,6 4,0 4,3
Clínica médica 4,1 4,5 4,4 4,8 4,5 5,0
Pediatria 2,8 - - - - -
Obstetrícia 1,4 1,4 1,4 1,4 1,4 1,4
Fonte: DATASUS – SIH/SUS
Sistema de Referência
Segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde em Camaragibe ocorreu um incremento
na oferta de serviços de saúde entre 1999 e 2000, mas ainda há carências de procedimentos
de média e alta complexidade no município (SMS – Camaragibe, 2001).
A ampliação da cobertura do PSF no período criou um aumento da demanda por exames
laboratoriais de média complexidade, que passaram a ser prestados por laboratórios
privados. O núcleo de apoio diagnóstico permanecia sendo o único laboratório público
para exames de patologia clínica, e não conseguia atender toda a demanda pelo serviço.
Os encaminhamentos para níveis de maior complexidade do sistema deveriam ser
realizados pela Central de Marcação de Consultas e Exames, localizada no Centro de
Apoio e Diagnose. No entanto, esta Central não estava totalmente estruturada e na maioria
das USF não existiam equipamentos de informática, nem telefones, que garantissem a
comunicação. Os contatos telefônicos eram realizados por meio dos celulares dos
profissionais de saúde. A regulação das solicitações de exames e consultas especializadas
era pouco formalizada e, na maioria dos casos, existiam apenas cotas por USF para
procedimentos especializados. Somente nos casos de pré-natal de alto risco e de
atendimentos em saúde mental havia formulários para descrição detalhada dos motivos de
encaminhamento e informação sobre a conduta adotada.
Neste sentido, eram grandes as dificuldades para garantir o atendimento nas especialidades
médicas e exames de apoio diagnóstico de média complexidade. As unidades mantinham
um fluxo razoável de encaminhamentos para pré-natal de alto risco, ginecologia e saúde
mental, com tempo de espera não muito prolongado. No entanto, a referência para o
atendimento em dermatologia, otorrino, laringologia, oftalmologia e cardiologia exigiam
um tempo maior de espera pelos usuários.
CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO
23
Em algumas especialidades, como no caso de proctologia, freqüentemente os pacientes
abandonavam o tratamento devido às dificuldade para conseguirem o agendamento. O
sistema de referência e contra-referência era a grande fragilidade da rede local de serviços
de saúde. As cirurgias eram encaminhadas para o Hospital Geral existente no município e
os procedimentos de alta complexidade eram referenciados para a rede SUS de Recife,
distante 16 km de Camaragibe.
O município de Camaragibe não possuía Central de Ambulâncias. Nos casos de
emergência na área de adscrição, os profissionais das USF entravam em contato com a
SMS e a Diretoria de Assistência à Saúde para garantir a remoção de pacientes. As
ambulâncias serviam aos serviços de emergência e transportavam pacientes que chegavam
na unidade e precisavam ser encaminhados a outro serviço de maior complexidade.
Saúde suplementar
Era difícil estimar a cobertura por planos de saúde em Camaragibe, devido a falta de dados
específicos sobre o município nos bancos de dados do Ministério da Saúde e da Agência
Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
A cobertura por planos e seguros de saúde na região Nordeste em 1998, era 12% e no
estado de Pernambuco 17% (IBGE, PNAD 1998). No entanto, em dezembro de 2000, o
cadastro de beneficiários da Agência Nacional de Saúde Suplementar indicava percentual
de cobertura por planos de saúde no estado de Pernambuco de 10%, e em Recife de 31%.
Havia, portanto, discrepância entre as informações disponíveis nos bancos de dados.
Segundo os dados da ANS, a região metropolitana de Recife (região onde está localizada
Camaragibe), apresentava uma cobertura de 18% da população assistida por planos de
saúde, com um total de pessoas cobertas pela modalidade de em torno de 595 mil pessoas.
Destas, 194 mil recebiam cobertura de empresas de medicina de grupo, 137 mil por
cooperativa, 64 mil por operadoras do tipo autogestão, 50 mil por administradoras e 15 mil
por outros tipos de prestadores.
6. CONSELHO MUNICIPAL DE SAÚDE
O Conselho Municipal de Saúde (CMS) foi criado pela lei municipal 01/91 com a
finalidade de discutir assuntos relacionados à política municipal de saúde. O Regimento
Interno de 27 de abril de 1998 aprimorou na regulamentação do CMS, principalmente no
que se refere às fontes de financiamento para os gastos administrativos do órgão e dos
CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO
24
Conselhos Locais de Saúde (CLS)4. Assim, a destinação de verbas para o CMS e CLS
passaram a ser previstas na Programação Orçamentária do Município.
O CMS é um órgão colegiado permanente, fiscalizador, com competências específicas.
Dentre suas principais atribuições destacam-se: proposição e aprovação das diretrizes da
política municipal de saúde, em consonância com as esferas federal e estadual e, também,
com as necessidades da população local; implantação de Conselhos Locais de Saúde;
difusão das informações sobre a política de saúde, com a participação efetiva das diversas
instituições envolvidas; discussão ampliada de aspectos de saúde com a sociedade civil
organizada em suas plenárias e conferências e a elaboração do Plano Municipal de Saúde
com suas respectivas programações anuais, tendo por base o diagnóstico e perfil
epidemiológico. É também papel do CMS tomar as medidas necessárias para que as ações
sejam agilizadas, no sentido de sua eficaz execução e resolução no âmbito municipal, com
prazos estabelecidos, estimulando a participação das comunidades no levantamento das
necessidades e propostas de solução.
É também competência do CMS de Camaragibe: zelar pelo cumprimento das normas e
orientações da política de saúde do município em consonância com as políticas federal e
estadual; estimular e orientar a adoção de uma política de recursos humanos adequada às
aspirações e necessidades das comunidades, de acordo com a realidade sanitária; analisar e
emitir parecer, quando solicitado pelo Executivo, sobre os processos de ampliação de
serviço ou da rede física de interesse no âmbito municipal; participar e promover outras
atividades necessárias à programação, acompanhamento e avaliação das ações de saúde no
nível municipal, como seminários, conferências, debates, palestras, capacitações,
pesquisas, etc.; atuar conjuntamente com a Defesa Civil em casos de calamidade pública,
na preservação da saúde da população atingida; constituir comissões temáticas ou grupos
de trabalho para desenvolver atividades específicas de interesse do Conselho; fazer-se
representar, quando necessário, com direito à voz, na Comissão Intergestores Bipartite e no
Conselho Estadual de Saúde – CES; elaborar uma proposta de atenção integral à saúde,
priorizando as ações básicas; prestar contas à comunidade das decisões e atividades do
CMS, devendo para tal ter acesso às informações e utilizá-las com transparência; fiscalizar
a movimentação de recursos repassados à Secretaria de Saúde e/ou Fundo Municipal de
Saúde; estimular, apoiar ou promover estudos e pesquisas sobre assuntos e temas na área
________________________ 4 Os Conselhos Locais de Saúde são órgãos sociais com sede nas próprias unidades de saúde que conjugam a
participação da comunidade onde estão inseridos e da respectiva equipe dos profissionais.
CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO
25
de saúde de interesse para o desenvolvimento do Sistema Único de Saúde; realizar outras
atribuições estabelecidas pela Lei Orgânica da Saúde e pela Conferência Nacional de
Saúde; elaborar e aprovar o Regimento Interno do CMS; e, convocar a cada dois anos a
Conferência Municipal de Saúde (CMS – Camaragibe, Regimento Interno, 1998).
Cabe ainda ao CMS, criar comissões para acompanhamento de denúncias apresentadas ao
Conselho compostas por representantes dos segmentos que o integram, e para controle e
fiscalização dos recursos do Fundo Municipal de Saúde (FMS). Esta última comissão
deveria ser composta por representantes dos usuários, trabalhadores da saúde e prestadores
privados, eleitos pelos respectivos segmentos, e sua vigência acompanharia a do mandato
do Conselho Municipal de Saúde, podendo seus membros serem reeleitos por igual
período. As reuniões mensais teriam como objetivo analisar a execução financeira
trimestral do FMS, podendo solicitar informações, documentos e apoio técnico para o
pleno exercício de suas funções. Após a conclusão da análise, a comissão emitiria parecer
para o plenário do Conselho que faz apreciação do mesmo e procede a deliberação final.
Composição
O Conselho Municipal de Saúde de Camaragibe é composto de forma paritária entre
usuários e prestadores de serviços de saúde, de acordo com o art. 4º da lei 01/91,
modificado pela lei 039/94, atendendo à recomendação da IX Conferência Nacional de
Saúde realizada em agosto de 1992. São 16 membros escolhidos, sendo 2 representantes do
governo, 2 dos prestadores privados de serviços de saúde, 4 dos trabalhadores da saúde e 8
dos usuários.
Na gestão 1999-2001, o segmento dos usuários contou com a seguinte representação:
Associação de Moradores de Santana, Sindicato dos Feirantes; Sindicato do Transporte
Alternativo; Associação dos Idosos, Federação das Entidades Comunitárias de
Camaragibe, Conselho de Moradores da Gleba, Associação dos Portadores de Deficiências
de Camaragibe e Grupo de Mães de Tabatinga.
Para o biênio 2001-2003 a eleição dos representantes (titulares e suplentes) do segmento de
usuários para o CMS foi realizada em uma Assembléia Geral do Movimento Popular, em
julho de 2001, atendendo aos dispositivos legais do Regimento Interno do CMS (art. 2º,
CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO
26
parágrafo quarto), as orientações da XI Conferência Nacional de Saúde e demais
conferências de saúde, e do Ministério da Saúde5.
A representação dos usuários foi constituída por associações e conselhos de moradores,
representação de mulheres e entidades sindicais. A votação na Assembléia Geral foi por
aclamação e voto declarado, com participação de 47 pessoas, dos quais 36 delegados aptos
a votar e serem votados. Foram eleitos oito titulares, oito suplentes e quatro reservas6 que
assumiriam em caso de impedimento, renúncia, afastamento definitivo de um ou dois dos
titulares e suplentes.
Em 2002 o segmento dos usuários tinham como representantes titulares: a Associação de
Moradores do Céu Azul, o Conselho de Moradores de São Pedro/São Paulo, a Associação
de Moradores do Loteamento Santana C. A., o Conselho de Moradores da Gleba, a
Pastoral da Saúde da Vila da Fábrica, a Creche C. V. Aprendendo, o Centro A. de
Desenvolvimento da Criança e do Adolescente, e o Sindicato dos Feirantes (Camaragibe,
Ata da Assembléia Geral do Movimento Popular, 2001).
Os representantes dos segmentos dos trabalhadores da saúde e dos prestadores de serviços
também foram eleitos em assembléias especificadas, e a representação do governo foi
definida por indicação das respectivas secretarias ou órgãos deliberativos. As entidades
devem apresentaram ao CMS, no prazo de 30 dias o estatuto, o CGC, a Ata de posse da
diretoria atual (devidamente registrada em cartório), e a cópia da Ata da assembléia da
entidade que escolheu seus candidatos titular e suplente para participarem do processo
eleitoral (CMS – Camaragibe, Regimento Interno, 1998).
Organização interna
O Regimento Interno estabeleceu como órgãos do CMS, a Coordenação do Conselho, o
Colegiado Pleno, a Secretaria Executiva, Comissões Temáticas e/ou grupos de trabalho
compostos por todos os conselheiros efetivos.
A Coordenação do CMS é exercida por um conselheiro eleito pelo Colegiado Pleno para
um mandato de dois anos, em reunião convocada especificamente para esse fim. Na sua
ausência ou impedimento assumirá o seu suplente e na ausência de ambos, assumirá
qualquer conselheiro de acordo com deliberações do Colegiado Pleno. A coordenação tem
________________________ 5 De acordo com o art. 12, parágrafo primeiro do capítulo 5 do Regimento Interno do CMS de Camaragibe,
segundo o Ministério da Saúde estão impedidos de participar deste Conselho, cônjuge ou parente de algum
representante de outro segmento que seja também representante dos usuários no próprio município.
CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO
27
como atribuições: convocar e presidir as reuniões do Conselho, submetendo as questões
para discussão e votação; manter a ordem nos debates, podendo propor a suspensão da
reunião quando as circunstâncias exigirem; e, assinar os termos de abertura e encerramento
dos livros de ata e de presença do CMS.
O Colegiado Pleno é a instância máxima de deliberação do CMS, composto pelos
conselheiros titulares e, na sua ausência, pelos seus respectivos suplentes. O mandato tem
duração de dois anos. Os membros institucionais são indicados pelos órgãos
governamentais e, três meses antes do fim do mandato, é criada uma comissão eleitoral
formada apenas de usuários para coordenar o processo eleitoral desse segmento.
A Secretaria Executiva é, uma unidade de apoio ao funcionamento do Conselho, com as
seguintes funções: assessorar administrativamente o CMS; receber e manter atualizado o
expediente do Conselho; organizar a documentação do CMS; fornecer cópias das
resoluções e publicações de interesse do CMS; lavrar e ler as atas das reuniões; encaminhar
correspondência; e, proceder a convocação das reuniões. A Secretária Executiva é indicada
pelo Conselho, respondendo por ela, servidor cedido de órgãos públicos, com direito a voz.
As Comissões Temáticas e/ou grupos de trabalho são constituídos para tratar de temas
específicos quando há deliberação pelo CMS (CMS – Camaragibe, Regimento Interno,
1998).
A posse dos membros titulares e suplentes se dá em sessão solene presidida pelo chefe do
Executivo, em ato público. Além disso, deverá será realizada em recinto previamente
escolhido e divulgado para garantir a participação da comunidade. A ausência de qualquer
um dos membros no ato da posse não impede a sua investidura no posto para o qual tenha
sido indicado.
O conselheiro municipal de saúde em Camaragibe no que diz respeito aos segmentos de
usuários, trabalhadores da saúde e prestadores privados, tem 2 anos de exercício da função
com possibilidade de recondução ao cargo. A eleição, preferencialmente, não deverá
coincidir com o início e término do mandato do prefeito municipal.
Aos conselheiros municipais de saúde compete: comparecer às reuniões ordinárias,
independentemente de convocação e às extraordinárias quando convocado; sugerir ou
requerer medidas que visem o cumprimento das finalidades do CMS; emitir parecer sobre
________________________ 6Os reservas represenvam a Associação dos Idosos de Camaragibe, Conselho de Moradores da Gleba,
Pastoral da Saúde de Vila da Fábrica e Sindicato do Transporte Alternativo.
CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO
28
assunto de competência do CMS; determinar o adiamento da votação de qualquer
processo, por deliberação do Colegiado Pleno; requerer a convocação de reunião
extraordinária para discussão de determinada matéria, justificando a proposição, e requer
justificadamente que conste da pauta assunto para apreciação e deliberação do plenário
para reunião seguinte, bem como preferência para questões urgentes.
Cabe também aos conselheiros de saúde de Camaragibe: apreciar e votar assuntos
submetidos ao CMS; convidar para participar das reuniões pessoas que contribuam para o
esclarecimento de temas ou questões de interesse do CMS; divulgar as atividades e
deliberações do CMS através dos meios de comunicação; propor projetos e resoluções no
âmbito da competência do CMS; desempenhar com eficiência as atribuições que lhe foram
conferidas pelo CMS; acatar as decisões tomadas pela maioria simples dos membros do
CMS presentes; e, responder pelo funcionamento do Conselho juntamente com o
Colegiado Pleno do CMS. Os conselheiros suplentes são estimulados a participar das
reuniões do CMS, não estando obrigados a justificar ausência quando da presença dos
titulares.
Em caso de renúncia, exclusão ou morte de um membro do CMS, assumirá imediatamente
o seu suplente. Qualquer segmento poderá substituir seus representantes quando julgar
necessário, o que será formalmente comunicado ao Colegiado Pleno do CMS através de ata
de deliberação coletiva do segmento, excetuando-se a representação do governo.
Quanto às penalidades, o conselheiro poderá responder a processo disciplinar que será
aplicado, quando necessário, perante o colegiado. São penalidades aplicáveis aos membros
do Conselho a advertência e a exclusão.
As causas de advertência são: falta não justificada a duas reuniões ordinárias consecutivas
e a três alternadas ou extraordinárias; praticar atos que contrariem os objetivos do CMS;
apresentar-se de forma desrespeitosa perante o CMS ou na qualidade de seu representante,
fazendo uso de bebidas alcoólicas, drogas ou similares, ou ainda assumir comportamento
que venha atentar contra a moral do CMS; e, defender posicionamento diferente do
deliberado no Conselho quando representando o mesmo.
As regras para a exclusão dos participantes do CMS são: ausência de qualquer
representação dos segmentos representados no CMS por três reuniões consecutivas ou
cinco alternadas; assumir reiteradamente comportamento que venha atentar contra a ética
CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO
29
moral do Conselho; e, defender, mais de uma vez, posicionamento diferente do deliberado
no CMS quando representante do mesmo.
O processo será instalado pelo Colegiado Pleno e avaliado através de uma comissão de
ética formada por três membros do Conselho. A denúncia de infração cometida por
membro do CMS poderá ser apresentada por qualquer membro ou qualquer cidadão, sendo
assegurado ao conselheiro amplo direito de defesa enquanto estiver respondendo ao
processo disciplinar.
Ainda, segundo o Regimento Interno, o CMS poderá solicitar, quando necessário, apoio
técnico e orientação especializada das entidades relacionadas à saúde ou constituir
assessoria técnica especializada, em caráter temporário ou permanente, para assuntos
específicos. Cabe ao CMS assessorar tecnicamente os Conselhos Locais de Saúde sempre
que estes o solicitem. Além disso, o CMS deverá promover a integração das comissões ou
grupos de trabalho que constituir para desenvolver atividades específicas.
É facultado ao CMS convidar e receber para participar das reuniões pessoas, grupos
técnicos ou representantes de instituições direta ou indiretamente envolvidas com as
questões de saúde, apenas com direito a voz. Entretanto, o Regimento Interno também
prevê que qualquer cidadão que tumultue, atrapalhe ou impeça os trabalhos do Conselho
será convidado a deixar a reunião, garantindo-se a continuidade da mesma, de acordo com
a decisão do Colegiado Pleno.
No que diz respeito às decisões e deliberações do CMS, o Regimento Interno esclarece que
as decisões do CMS serão tomadas por maioria simples (metade mais um) dos votos do
Colegiado Pleno, buscando-se ao máximo o consenso. Será estabelecido quorum
qualificado de 2/3 do Pleno do CMS quando a deliberação tratar sobre prestação de contas,
exclusão de conselheiro e destituição da Coordenação. As mudanças regimentais só podem
ocorrer em Assembléia Extraordinária convocada para este fim pelo coordenador do
Conselho e/ou por maioria simples dos conselheiros, com antecedência de um mês, e com
presença de no mínimo, 2/3 dos conselheiros. Em caso de empate caberá ao coordenador
do CMS o voto decisivo após a segunda votação com resultado empatado.
Quando necessário, o CMS responsabilizar-se-á pelos custos referentes às despesas com o
deslocamento dos seus membros, caso esteja e seja devidamente comprovado que está
representando o Conselho. A escolha de qualquer conselheiro para representar o Conselho
Municipal de Saúde dentro ou fora do município e deverá ser feita por votação pelo
CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO
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Colegiado Pleno. O Regimento Interno informa que a escolha deve ser efetuada com base
nos critérios de participação, compromisso e assiduidade. Para tanto, o CMS poderá adotar
símbolos ou logotipos que o identifique dentro ou fora do município, quando estiver
representando o Conselho ou exercendo função fiscalizadora. Por fim, o Regimento
Interno declara que é vedado o uso político-partidário do nome e das atividades do
Conselho Municipal de Saúde de Camaragibe (CMS – Camaragibe, Regimento Interno,
1998).
Ação e consolidação do Conselho Municipal de Saúde em Camaragibe
O processo de municipalização da saúde foi iniciado a partir da gestão municipal de 1993-
1996 pela Secretaria Municipal de Saúde e incrementado após a implantação do Programa
Saúde da Família em 1994, aprovada pelo CMS, que exigiu ainda a avaliação do PSF pela
comunidade e debate ampliado na Plenária de Saúde em Camaragibe (SESAU –
Camaragibe, Projeto de Implantação do PSF, 1994).
O Plano Municipal de Saúde, contendo a política saúde do município para a gestão 1993-
1996, foi elaborado e submetido à discussão e deliberação no CMS de Camaragibe7.
A perspectiva de consolidar a gestão participativa em Camaragibe está expressa no
Programa de Administração Participativa implantado em 1997 (Bitoun, 2000). O Programa
busca promover a identificação de moradores com a própria cidade e responder aos
problemas sociais do município, através da criação de um Conselho de Delegados.
Para alcançar esses objetivos, a proposta consistiu na divisão de responsabilidades pela
gestão do município entre a prefeitura e a população, integrando as secretarias municipais e
garantindo a participação da população na discussão das necessidades e dos investimentos
prioritários em cada uma das cinco regiões de Camaragibe.
Os moradores elegem delegados na proporção de um para cada mil habitantes
aproximadamente, e formam conselhos cujos delegados discutem com os técnicos da
prefeitura o volume de recursos que será destinado ao atendimento das reivindicações
________________________ 7 A caracterização do Conselho Municipal de Saúde de Camaragibe fundamentou-se em documentos do CMS
e da Secretaria de Saúde (SESAU) e também nas informações obtidas por meio de entrevistas realizadas com
dois Conselheiros Municipais de Saúde representantes dos usuários do SUS. Conselheiro 1: representante do
Conselho de Moradores do Loteamento de São Pedro/São Paulo, participa do Conselho há 8 anos, desde a
implantação do PSF, mulher com 55 anos ou mais, semi-analfabeta e aposentada. Conselheiro 2:
representante do Grupo de Mães de Tabatinga, participa do Conselho há 8 anos, mulher com 55 anos ou
mais, semi-analfabeta e dona de casa.
CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO
31
apresentadas pela população. Após um estudo da viabilidade das propostas apresentadas, o
Conselho de Delegados e os técnicos debatem o conjunto de problemas municipais, e, em
seguida, a população é novamente convocada para escolher as prioridades. O mandato dos
delegados é de quatro anos, sem previsão de remuneração. Os delegados mobilizam a
comunidade de suas respectivas regiões, bem como informam os moradores sobre o
funcionamento da administração e sobre a situação do município.
Além da criação do Conselho de Delegados, a administração municipal de Camaragibe
buscou reforçar o papel dos conselhos municipais especialmente os de saúde, educação e
assistência social, os quais se tornaram os principais fóruns de decisão sobre as políticas
setoriais.
De acordo com o Relatório de Gestão de 2000 (SESAU – Camaragibe 2000) uma das
diretrizes executada com ações contínuas foi o aprimoramento do controle social. O
mesmo documento afirmou o inegável avanço da participação popular por meio de
plenárias e do CMS. O documento também aborda outras cinco metas referentes ao
controle social, quais sejam: aprimorar o controle social; realizar fóruns de debates,
audiências públicas e plenárias de saúde; incentivar e garantir a implantação de conselhos
gestores nas unidades de saúde; promover o intercâmbio de saúde com outros municípios;
e, realizar prestação de contas trimestralmente. Assim, segundo o Relatório, estas metas
foram parcialmente cumpridas: realização das Plenárias de Saúde (fóruns), prestação de
25% das contas do ano de 1998 e a apresentação de 50% das contas de 1999.
Na avaliação das atividades do exercício de 2001, o Relatório da Diretoria de Assistência à
Saúde (SMS – Camaragibe, DAS, 2001) destacou como alguns avanços e dificuldades no
âmbito do controle social a eleição de representantes de ruas e de delegados do Orçamento
Participativo, e o desinteresse dos representantes de ruas pelos problemas da comunidade.
Como desdobramento, o documento priorizou a realização de reuniões mais freqüentes
com os representantes de ruas e com a comunidade, buscando garantir maior sensibilização
em relação ao modelo assistencial proposto. O relatório também apontou a necessidade de
estreitar os vínculos com o Conselho Tutelar, a fim de reduzir o abandono escolar, o uso de
drogas e garantir maior intercâmbio com as USF.
Incentivar a organização da comunidade para o efetivo exercício do controle social
também foi outro objetivo específico presente no relatório da Diretoria de Assistência à
Saúde (DAS, 2001), com propostas de algumas iniciativas nesta direção: realização de
seminários e painéis apresentados na Pré-Conferência de Saúde, painéis e grupos de
CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO
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trabalhos apresentados na V Conferência Municipal de Saúde (2001) e oficinas com as
equipes e reuniões com lideranças comunitárias. (SMS – Camaragibe, DAS, 2001)
Na V Conferência Municipal de Saúde de Camaragibe, realizada em 21 de julho de 2001,
os diversos grupos temáticos apresentaram suas propostas. O grupo de saúde mental
destacou a importância de ampliar a educação continuada para os trabalhadores do PSF, o
desenvolvimento de atividades de divulgação e informações sobre o modelo de atenção à
saúde com a comunidade, o estímulo de parcerias institucionais visando incentivar a
inserção social do usuário do serviço de saúde mental e promover discussão com o
Conselho Municipal de Saúde das questões relacionadas à saúde mental no município.
O grupo de Saúde Bucal discutiu as necessidades de aumento de ACS e diminuição do
número de famílias adscritas para a melhoria das atividades. E, também, a qualidade do
treinamento em saúde bucal dos ACS e a necessidade de realizar maior divulgação para a
população de Camaragibe dos modelos de atenção à saúde e saúde bucal.
No grupo de Reabilitação as discussões voltaram-se para o controle social, sugerindo a
implantação dos conselhos gestores nas unidades de saúde com a garantia de participação
da pessoa com deficiência, a avaliação por parte dos usuários dos serviços oferecidos, e a
criação do Conselho de Transporte Municipal.
O grupo do PSF propôs as seguintes diretrizes: estabelecer o número de 800 famílias
adscritas por ESF; estabelecer critérios para a implantação de novas USF, levando em
consideração os recursos financeiros, a avaliação do nível socioeconômico das áreas
descobertas e de expansão; implementar as capacitações dos profissionais das ESF; e
estabelecer parcerias com a comunidade para resolver os problemas de fossas à céu aberto.
Ainda foram sugeridas medidas tais como o desmembramento das USF de São João/São
Paulo e Paulo Afonso; a realização de planejamento local das atividades nas áreas de
atuação das ESF, rediscutindo inclusive o processo de trabalho; a realização de reuniões
com a comunidade (contato com lideranças do orçamento participativo, etc.); a criação de
comissão intersetorial dos conselhos já existentes para a elaboração de projetos que
busquem avançar na construção de uma “cidade saudável”, e realização de um fórum
intersetorial; a implantação de conselhos gestores nas unidades de saúde; implantar o
projeto de criação de Núcleo de Educação Popular em Saúde em todas as USF; e, a
ampliação do número de ESF.
CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO
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O grupo de Vigilância Sanitária recomendou que a SESAU realizasse uma ampla campanha
de educação em saúde nas comunidades visando ao controle das endemias e das doenças
sazonais; criação de um programa de educação em saúde e educação ambiental por rádios
comunitárias em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Camaragibe; revisão do
Código de Saúde municipal e sua divulgação na comunidade; ampliar e adequar a proposta
do “Gari Comunitário”; e, oferecer melhores condições aos trabalhadores da limpeza
urbana e realizar avaliação de saúde dos mesmos.
No grupo Referência e Contra-Referência cobrou-se a implantação de central de
ambulância já deliberada na IV Conferência Municipal de Saúde. (Conferência Municipal
de Saúde, 5ª, 2001).
Em julho de 2001 foi instalada a Assembléia Geral do Movimento Popular, no auditório da
Prefeitura Municipal de Camaragibe, para eleger ou reeleger conselheiros do segmento de
usuários no Conselho Municipal de Saúde. Segundo o Ofício 01/2001 referente a essa
Assembléia: “(...) o Movimento Popular apesar de suas diferenças e fragilidades, mostrou
que tem pessoas e entidades comprometidas com o buscar do conhecimento da
participação” (Ofício 01/2001, Assembléia Geral do Movimento Popular, Camaragibe,
2001).
A leitura das atas de reuniões ordinárias do Conselho Municipal de Saúde de Camaragibe
revelou o empenho dos conselheiros no acompanhamento dos temas prioritários da gestão
municipal em saúde, a saber: a avaliação pela Comissão de Fiscalização do Fundo
Municipal de Saúde dos destaques na prestação de contas, que incluiu a prestação de
contas da Cooperativa dos Trabalhadores de Saúde Comunitária de Camaragibe
(COOPERSAÚDE); a avaliação e aprovação do Relatório de Gestão anual; e a avaliação da V
Conferência Municipal de Saúde. Outra questão discutida abrangia o Código de Saúde, e a
estruturação da Vigilância Sanitária e do PSF.
Um ponto polêmico entre os conselheiros foi a prestação de contas da COOPERSAÚDE. Para
alguns sua criação promoveu uma forma de burlar os direitos trabalhistas, havendo críticas
severas à gestão que a implementou.
CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO
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O ponto de vista dos Conselheiros representantes de usuários sobre o funcionamento
e atividades do Conselho Municipal de Saúde
As entrevistas realizadas com os dois Conselheiros Municipais de Saúde representantes
dos usuários demonstraram uma razoável convergência de opiniões.
Ambos entrevistados concordaram que o CMS se reúne em caráter ordinário mais de uma
vez por mês, geralmente de 15 em 15 dias, e que as reuniões extraordinárias acontecem
poucas vezes. O Conselheiro 1 informou que os motivos que podem exigir a convocação
de uma reunião extraordinária são a urgência de aprovação de um documento, um projeto
importante ou até mesmo uma lei para a qual seja necessária a aprovação do CMS. Para o
Conselheiro 2 isso ocorreu quando houve previsão de recebimento de verba, projeto ou
relatório que necessitassem ser aprovados pelo Conselho e também quando não tinha sido
concluída uma prestação de contas.
Os conselheiros também declararam ser freqüente a manutenção do mesmo conselheiro em
mais de uma gestão. A duração do mandato dos conselheiros, segundo os entrevistados é
de dois anos com direito, a reeleição, e após quatro anos na função, o conselheiro não pode
se candidatar, devendo aguardar um ano, para voltar a se candidatar. Entretanto,
divergiram quanto à rotatividade dos membros do CMS. O Conselheiro 1 considerou-a
ocasional (dependendo de circunstâncias pessoais ou da entidade) enquanto o Conselheiro
2 relatou ser muito baixa (eventual ou só nas conferências de saúde).
Ambos conselheiros afirmaram que o voto aberto é o mecanismo de aprovação das
deliberações. Porém, o Conselheiro 1 relatou que também pode ser nominal: quando há
alguma divergência, após uma grande articulação entre os conselheiros buscando o
consenso, a votação ocorre com declaração de voto. Todas as reuniões são gravadas em
fitas de áudio, por exigência do movimento popular local devido a ocorrência de problemas
em relação à autoria de falas em reuniões do Conselho.
As decisões do CMS, segundo o Conselheiro 1 são muitas vezes transformadas em
resoluções e segundo o Conselheiro 2, sempre o são. Todavia, concordaram que as
resoluções são sempre homologadas pelo Executivo municipal. O Conselheiro 1 declarou
que quando o prefeito não está de acordo com determinada resolução, consulta sua equipe
e a secretária de saúde para em seguida, conversar com os membros do CMS. Há então,
uma tentativa de acordo entre CMS e prefeitura, e se os conselheiros acharem que o
CAMARAGIBE (PE) – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO
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prefeito tem razão abre-se um novo debate a respeito. No entanto, o conselheiro enfatizou
que o CMS não costuma aprovar e depois desaprova resoluções.
Os conselheiros concordaram com a avaliação de que o CMS tem muita interferência na
definição das diretrizes e prioridades da política municipal de saúde, sendo que o
Conselheiro 1 afirmou que a maioria das decisões do CMS são respeitadas enquanto o
Conselheiro 2 enfatizou que essa interferência é parcial. Houve consenso entre os
entrevistados em relação ao poder de controle do CMS sobre as ações da Secretaria
Municipal de Saúde, embora o Conselheiro 1 tenha mencionado que não há um controle
total, já que certos assuntos não são da competência do CMS e, portanto, não tem que
passar pelo CMS.
Segundo os entrevistados, o CMS sempre recebe do executivo municipal material
informativo sobre os temas em discussão e essa informação muitas vezes é suficiente para
apoiar as deliberações e o exercício de suas funções. Para os entrevistados sempre ou na
maioria das vezes os conselheiros têm facilidade em entender as informações enviadas pelo
executivo municipal.
Houve concordância entre os dois representantes dos usuários quanto à possibilidade dos
conselheiros expressarem livremente suas posições e defender os interesses de seus
representados. E o que se refere à existência de interesses comuns, não houve divergência
entre os conselheiros entrevistados: sempre ou muitas vezes há interesses comuns entre
todos os conselheiros e entre o conjunto de representantes dos usuários no CMS. Por outro
lado, os conselheiros concordaram que, muitas vezes, ocorrem negociações das diversas
propostas com o objetivo de alcançar uma solução comum. Com relação à formação de
blocos de representantes, o Conselheiro 1 afirmou que isso acontece muitas vezes sem, no
entanto, identificar os blocos. Para o Conselheiro 2, nunca acontece a formação de blocos
de representantes no âmbito do CMS.
Em relação ao estabelecimento de intercâmbio do CMS com outros órgãos colegiados e
conselhos, os entrevistados representantes dos usuários concordaram que isso acontece
poucas vezes com órgãos de Defesa do Consumidor, nunca com os de Defesa e Proteção
de grupos indígenas, e, sempre com ONG de proteção ambiental, movimentos sindicais
fora da área de saúde, Conselhos Municipais de Educação e de Assistência Social e órgãos
de Defesa e Proteção de mulheres. Contudo, para o Conselheiro 1 o CMS poucas vezes
estabelece parcerias com o Ministério Público, com órgãos governamentais de proteção
ambiental e com o Conselho de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente; nunca
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com órgãos de Defesa e Proteção de grupos vulneráveis (negros); e, sempre com MST ou
entidades de defesa de trabalhadores rurais e de feirantes. Para o Conselheiro 2 o CMS
nunca estabelece parcerias com o Ministério Público, órgãos governamentais de proteção
ambiental e MST ou entidades de defesa de trabalhadores rurais e sempre as estabelece
com órgãos de Defesa e Proteção de grupos vulneráveis (negros). Este último entrevistado
também declarou não existirem Conselhos Locais de Saúde em Camaragibe.
Representatividade dos conselheiros
Os representantes dos usuários entrevistados declararam que ocupam cargos de direção em
suas respectivas entidades há oito anos. O Conselheiro 2 informou que sua entidade é
filiada a instituições ligadas às questões de infância, adolescência e idosos.
O Conselheiro 1 afirmou que sua entidade indica representantes também para o Conselho
Municipal de Assistência Social, e o Conselheiro 2 informou que sua entidade está
representada no Conselho Municipal de Segurança, fórum cuja composição é influenciada
por sua entidade.
Ambos conselheiros informaram que muitas vezes: mantêm as suas entidades informadas
sobre os trabalhos no CMS; consultam as suas entidades antes de tomar posição nas
questões discutidas no CMS; e as entidades que representam se interessam por suas
atuações no CMS. E, sempre participam de reuniões e atividades promovidas por suas
entidades.
O Conselheiro 1 afirmou ainda que muitas vezes discute com a sua entidade os assuntos
que estão em pauta no CMS e que esta informa seus associados sobre os temas debatidos
no Conselho. Sua entidade sempre lhe dá apoio para sua atuação no CMS, mas poucas
vezes orienta sua atuação no Conselho.
Por sua vez, o Conselheiro 2 muitas vezes recebe orientações da entidade representada para
sua atuação no CMS e sempre: discute com a entidade os assuntos que estão em discussão
no CMS; esta informa seus associados sobre assuntos importantes que estejam em
discussão no CMS; e também lhe dá apoio para sua atuação no CMS.
Os conselheiros entrevistados foram unânimes na avaliação de sua relação com entidades
partidárias e parlamentares. Ambos declararam que não mantém comunicação com estes
grupos e, poucas vezes com órgãos de Defesa do Consumidor ou de proteção de grupos
vulneráveis.
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O Conselheiro 1 afirmou comunicar-se sempre com as organizações de base e municipais
de sua entidade, com a equipe de gestores da SESAU, E muitas vezes com as organizações
estaduais de sua entidade. O Conselheiro 2 declarou que poucas vezes comunica-se com as
organizações estaduais de sua entidade e muitas vezes com a equipe de gestores da SESAU.
Em relação à instância ou fórum de decisão onde são definidas as diretrizes de suas
atuações, o Conselheiro 1 indicou as secretarias municipais e demais associações de
moradores de Camaragibe e o Conselheiro 2 as reuniões do Grupo de Mães de Tabatinga e
dos próprios conselheiros municipais de saúde.
Segundo o Conselheiro 1 a sua entidade participou das Plenárias Regional e Nacional de
Conselhos de Saúde, inclusive da X Plenária Nacional de Conselhos de Saúde, realizada
em novembro de 2001, da última Conferência Municipal de Saúde (2001) e da 11ª
Conferência Nacional de Saúde realizada em Brasília no ano de 2000. Segundo seu relato,
sua entidade não participou da última Conferência Estadual de Saúde. O Conselheiro 2
declarou que tanto ele como sua entidade não participaram de nenhum dos eventos
supracitados.