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19 MANUAL DE FORMAÇÃO DESENVOLVIMENTO PESSOAL E SOCIAL UFCD 4.3 Culturas, etnias e diversidades

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MANUAL DE FORMAÇÃO

D E S E N V O L V I M E N T O P E S S O A L E S O C I A L

U F C D 4 . 3 C u l t u r a s , e t n i a s e d i v e r s i d a d e s

- Cursos de Aprendizagem -

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ÍNDICE

Introdução --------------------------------------------------------------Pág.3

UFCD 4.3 Culturas, etnias e diversidades---------------------------------------------Pág.5

BIBLIOGRAFIA -------------------------------------------------------------- Pág. 241

ANEXOS ----------------------------------------------------------------------- Pág. 243

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INTRODUÇÃO

A área de Desenvolvimento Pessoal e Social pretende proporcionar aos

formandos oportunidades deles próprios explorarem um conjunto de situações

sociais, de refletirem sobre a natureza das relações interpessoais e

desenvolverem a compreensão dos fatores pessoais e sociais que influenciam

as suas vidas.

Deste modo, as sessões foram organizadas de forma a que fosse

possível percorrer-se várias abordagens para diferentes situações. As

abordagens são centradas em dinâmicas que encorajam os formandos a refletir

e partilhar as suas experiências, de modo a promover o desenvolvimento de

competências úteis para lidar com uma grande variedade de situações (em

casa, no local de estudo, de trabalho e na sociedade) e tendo como base a

perspetiva de que o cidadão do futuro se constrói no presente.

Neste âmbito, todas as atividades foram elaboradas de acordo com os

objetivos de aprendizagem, refletindo, ainda, as necessidades, conhecimentos

e interesses dos formandos.

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UFCD 4.3 CULTURAS, ETNIAS E DIVERSIDADES

Ao longo desta UFCD vais aprender a:

Compreender os conceitos de cultura, raça e etnia.

Reconhecer as especificidades culturais dos principais grupos étnicos

representados na sociedade portuguesa.

Identificar os fluxos de emigração portuguesa na atualidade.

Identificar tipos e situações de racismo e de discriminação.

Compreender como o desconhecimento gera preconceitos e medo.

Entender a diversidade como uma forma de riqueza.

Conhecer os dispositivos legais e institucionais de promoção da

igualdade étnico-cultural.

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Afinal, o que é que distingue estes três conceitos?

Cultura: modo como vivem as pessoas de uma sociedade ou comunidade,

forma como está organizada a sociedade, família, língua, religião, costumes,

tradições, festividades, arte e gastronomia.

Raça: a raça é um conceito que obedece diversos parâmetros para classificar

diferentes populações de uma mesma espécie biológica de acordo com as

suas características genéticas. Existe, à superfície da Terra, um conjunto muito

vasto de raças e sub-raças humanas: a raça branca domina na Europa, na

Austrália e Nova Zelândia; a raça negra predomina no continente Africano a sul

do Sara e na América e raça amarela predomina na Ásia.

Etnia: grupo de indivíduos que apresenta um conjunto de características

sociais comuns: a língua, os costumes, a religião e a nacionalidade.

Raça e Etnia não são sinónimos, apesar de muitas vezes confundidos. A

diferença entre raça e etnia é que etnia também compreende os fatores

culturais, como a nacionalidade, religião, língua e as tradições, enquanto raça

compreende apenas os fatores morfológicos, como a cor de pele, constituição

física, estatura, etc.

Algumas Etnias País/Região

Turcos Turquia

Ciganos Roménia e Hungria

Massai Quénia e Tanzânia

Pigmeus Uganda e Congo

Tuaregues Deserto do Sara

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FATORES DE IDENTIDADE E DIFERENCIAÇÃO DAS POPULAÇÕES

Os povos distinguem-se entre si pela cor da pele, pela cor do cabelo,

pela estatura, pela forma do crânio, entre outras características.

Fatores de ordem geográfica, histórica, religiosa e linguística originam a

diferenciação entre as etnias e permitem explicar a diversidade cultural.

A cultura de um povo é formada por um conjunto de elementos materiais

(formas de produção, gastronomia, técnicas de construção) e elementos não

materiais (arte, crenças, língua, religião …).

A cultura é adquirida por um grupo ou sociedade e transmitida de

geração em geração.

Os movimentos migratórios contribuem para a mistura étnica.

A definição de grandes áreas culturais resulta de semelhanças culturais

e do estádio de desenvolvimento da sociedade. Dentro de cada área cultural

pode distinguir-se uma grande diversidade cultural.

Áreas culturais, são aquelas em que predominam determinados

elementos culturais característicos - exemplo: área europeia (portugueses,

espanhóis, ingleses…), área islâmica (árabes, africanos do norte de África…),

área hindu (paquistaneses, indianos...), área nórdica (finlandeses, suecos,

noruegueses…).

A história de um país também contribui para a identidade das

populações. A colonização, por exemplo, foi um fenómeno histórico que

permitiu a mistura de culturas. Em alguns países as marcas da colonização,

associadas à arquitetura, à gastronomia, ao desporto, entre muitos outros

aspetos, são evidentes.

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UM OLHAR POR PORTUGAL

Em Portugal a diversidade cultural manifesta-se nas tradições festivas, a

gastronomia, na musica, na pronúncia linguística. As várias nacionalidades,

cada vez mais representadas em Portugal, contribuem para uma crescente

diversidade cultural e étnica. Tal como na grande parte dos restantes países

europeus, Portugal é também constituído por vários grupos étnicos e culturais,

que se observam pelas várias nacionalidades presentes no nosso país.

População estrangeira residente

No século XX, até à década de 60, Portugal foi um país de índole

predominantemente emigratória, onde os fluxos migratórios registavam um

saldo claramente negativo. Com a revolução de 25 de Abril de 1974 e a

independência dos atuais países africanos de língua portuguesa esta realidade

alterou-se profundamente e, no início da década de 80, verificou-se um

aumento exponencial e atípico do número de estrangeiros residentes em

Portugal. Os anos 90 caracterizam-se pela consolidação e crescimento da

população estrangeira residente, com destaque para as comunidades oriundas

dos países africanos de expressão portuguesa e do Brasil.

No início do século XXI, novos fluxos do leste europeu assumiram um

súbito e inesperado destaque, em especial no caso da Ucrânia, país que

rapidamente se tornou numa das comunidades estrangeiras mais

representativas. Em síntese, a primeira década do presente século caracteriza-

se por um crescimento sustentado da comunidade estrangeira residente no

país.

No final de 2010, a população estrangeira residente em Portugal

totalizava 445.262 cidadãos, quantitativo que representa um decréscimo do

stock da população residente de 1.97%, face ao ano precedente.

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População Estrangeira por Nacionalidade

As nacionalidades de estrangeiros residentes mais representativas em

Portugal são o Brasil (26,81%), Ucrânia (11,12%), Cabo Verde (9,88%),

Roménia (8,27%) e Angola (5,28%). A Guiné-Bissau (4,45%), Reino Unido

(3,86%), China (3,53%), Moldávia (3,51%) e São Tomé e Príncipe (2,36%)

constituem igualmente comunidades de dimensão assinalável a residir em

território nacional. Este grupo de dez nacionalidades totaliza 79,78% da

população estrangeira com permanência regular em Portugal (362.343

indivíduos).

É perfeitamente reconhecível a presença destes emigrantes no nosso país,

sobretudo pelas especificidades das suas culturas, que possuem

características muito próprias, distintas da nossa.

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Este puzzle cultural diversificado resultou, sem dúvida, da mobilidade das

populações.

A MOBILIDADE DAS POPULAÇÕES: AS MIGRAÇÕES

Desde sempre que o Homem se deslocou entre diferentes espaços.

Com o desenvolvimento dos transportes, essas deslocações tornaram-se mais

fáceis e mais abrangentes. A deslocação das pessoas de uma área para outra

chama-se migração.

A imigração corresponde ao número de indivíduos que entram num

determinado país por um certo período de tempo.

A emigração corresponde ao número de indivíduos que saem de um

determinado país por um certo período de tempo.

A diferença entre estes dá origem ao saldo migratório.

Assim, o verdadeiro crescimento de uma população resulta do seu

crescimento natural mais o saldo migratório. A adição entre estes dois valores

chama-se crescimento efetivo.

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MIGRAÇÕES (classificadas quanto à)

Tempo de PermanênciaDefinitiva (+ de 1 ano)TemporáriaSazonal

Decisão da DeslocaçãoVoluntáriasForçadas

Relação com a LeiLegaisClandestinas

Espaço

ExternasInternasMovimentos PendularesÊxodo UrbanoÊxodo Rural

EmigraçãoImigração

Intercontinentais Intracontinentais

CRESCIMENTO EFETIVO = CN (NATALIDADE – MORTALIDADE) + SM (IMIGRAÇÃO – EMIGRAÇÃO)

Existem diferentes tipos de migrações dependendo do lugar para onde

se desloca, do tempo de permanência, da decisão da deslocação ou da relação

com a lei.

Normalmente, as migrações ocorrem de áreas repulsivas (onde existe

desemprego, fome, guerra, intolerância…) para áreas atrativas (onde existe

paz, liberdade, emprego, qualidade de vida…).

As áreas emissoras ou de partida de migrantes são sobretudo os

países Africanos, Sul-americanos e da Ásia. As áreas recetoras ou de

chegada de migrantes são a América do Norte, a UE, a Península Arábica…

As migrações devem-se a diferentes causas: económicas, naturais,

turísticas, políticas, étnicas, religiosas, culturais... e têm consequências tanto

nas áreas de partida como nas de chegada.

CONSEQUÊNCIAS DA MIGRAÇÕES

Nas Áreas de Partida Nas Áreas de Chegada

Demográficas

Diminuição da população absoluta;Diminuição da natalidade;Envelhecimento da população;Diminuição do crescimento natural

Aumento da população absoluta;Aumento da natalidade;Rejuvenescimento da população;Aumento do crescimento natural

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Económicas

Diminuição da população ativa;Redução do dinamismo económico;Ligeira melhoria dos salários (dada a falta de mão-de-obra);Entrada de divisas (vindas dos emigrantes);

Aumento da população ativa;Aumento do dinamismo económico;Redução dos salários (dada a oferta excessiva de mão-de-obra);Desemprego;

Socioculturais

Enfraquecimento das relações familiares.

Aparecimento de bairros-de-lata;Aumento da marginalidade (dada a falta de emprego);Dificuldades de integração dos migrantes;Racismo e xenofobia.

Refugiados ambientais, exilados políticos, emigrantes económicos,

expatriados... Todos os anos, milhões de pessoas optam por mudar de país ou

são forçados a tal. Seja qual for o continente de destino, o acolhimento é difícil

e as leis tornam-se cada vez mais restritivas (tal como se observa no quadro).

DIREITO DE ESTAPaís Direito de Estada

Alemanha A «autorização de estada permanente» é concedida a estrangeiros residentes há mais de cinco anos, com meiosde subsistência garantidos, sem antecedentes judiciais e que tenham conhecimento suficiente do alemão.

Espanha O visto de estada (90 dias no máximo) ou de residência (mais de três meses) é outorgado a pessoas que consigamprovar, através de um contrato, que vieram trabalhar ou que gozam do direito ao reagrupamento familiar.

França O cartão de estada temporário, válido por um ano, menciona a razão por que foi atribuído: visita, estudos,investigação científica, atividade remunerada, etc. O cartão de residente, vigente por dez anos e renovável, éconcedido, entre outros, aos estrangeiros que tenham residência legal na França há cinco anos, no mínimo.

Reino Unido Podem permanecer em território britânico durante seis meses as pessoas que obtenham um visto ou certificadode entrada e sejam capazes de assegurar a sua subsistência sem apoio do Estado. Para lá desse prazo, a autorizaçãode residência só é dada a quem trabalha ou beneficia do reagrupamento familiar.

A falta de conhecimento sobre outras culturas pode gerar sentimentos

negativos como o racismo (discriminação de povos ou pessoas com base na

raça), o etnocentrismo (um indivíduo ou um grupo social que se considera

superior a outro) ou a xenofobia (descriminação de todos os indivíduos ou

povos com cultura diferente) e levar até a guerras, genocídio e perseguições.

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O contacto entre as culturas pode ser feito de três formas: assimilação,

integração e inserção.

O modo de relacionamento dos diversos grupos étnico-culturais nem

sempre é casual, tornando-se, por vezes, muito complexo. O relacionamento

pode ser pacífico (cooperação ou indiferença) ou conflituoso (conflitos

pontuais, circunstanciais ou prolongados).

O relacionamento entre diferentes culturas pode ter consequências

positivas ou negativas. De entre as positivas destacam-se o

desenvolvimento de laços de solidariedade, de respeito e de tolerância ou a

aceitação entre indivíduos de raças, religiões e culturas diferentes. Os atos de

vandalismo, a violação dos direitos humanos, o racismo, a xenofobia… são

aspetos negativos do relacionamento cultural (Documento 1 e 2).

Documento 1

Em Portugal, tal como por todo o mundo assistimos a comportamentos e atitudes culturais de racismo e de discriminação social. Sendo o povo português colonizador, que contactou com diversas raças, culturas e etnias, é um povo que no panorama internacional é considerado como uma nação que sabe lidar com as diferenças. No entanto, tal não se verifica na prática. Existem, de facto, atitudes e comportamentos de exclusão e diferenciação social que se refletem no quotidiano social.             O racismo em Portugal remonta desde muito cedo, sendo mais visível aquando do Estado Novo, regime ditatorial liderado por António Oliveira Salazar no ano de 1932. Caraterística dos regimes fascistas e ditatoriais, estes defendem a existência de uma única raça superior, qualificando todas as outras como sendo inferiores. Este facto é, claramente, um modo de discriminação e racismo, pois nesta

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época era considerada superior a raça branca e todas as outras eram postas de parte e tratadas de forma diferente.             Nesta época a discriminação não se refletiu apenas nas pessoas de diferentes raças, como também nas pessoas de diferentes religiões. O Cristianismo era na época a única religião aceite. Ao ser a religião oficial e um valor primordial para os criadores do Estado Novo, toda a sociedade devia seguir a religião oficial para poder encaixar nela. Ainda hoje verificamos em Portugal uma população maioritariamente cristã, onde uma maioria da população tem difícil aceitação de outras religiões. Deste modo, vemos como os regimes políticos condicionam a mentalidade e comportamentos socioculturais da população.

Como toda a gente sabe, Portugal é um país de emigrantes, que teve de recorrer a outros países do mundo para ganhar a vida e para sobreviver. Apesar disto, continua a ser um povo com atitudes racistas e de discriminação social. Um exemplo disto foi o facto de aquando da independência das colónias portuguesas os nacionais que até então fizeram nessas colónias foram apelidadas pelos portugueses em Portugal continental como os retornados. Este foi uma forma depreciativa e injusta de designar aqueles que outrora procuraram desenvolver e colonizar os territórios nacionais ultramarinos. Se tal aconteceu com os portugueses de raça branca, pior foi a forma do povo português encarar a vinda de povos das colónias de outras raças. Se perguntarmos às camadas etárias mais elevadas, estes manifestam uma opinião de desagrado face a esta imigração.

Uma grande parte da população associa os povos de raça negra como sendo criminosos, sem vontade de trabalhar, ou seja, uma camada nefasta para a população portuguesa. Este modo de pensar verifica-se nos comportamentos e atitudes do quotidiano. Frequentemente assistimos a queixas por parte das populações de diferentes raças e etnias, alegando comportamentos de discriminação onde não têm tratamento igualitário a nível laboral, salarial e mesmo de acesso ao mundo do trabalho. Também são denunciados comportamentos de racismo onde são alvos de maus-tratos, de comentários desagradáveis, entre outros. Não sendo uma consequência direta, o facto de Portugal ser um país com uma população envelhecida, com dificuldade de aceitação de novas culturas, hábitos e raças, contribui para o nível de racismo e discriminação existente em Portugal.

Felizmente, temos assistido por parte das camadas jovens a uma alteração de mentalidades que passa pela aceitação de diferentes raças, culturas, religiões e hábitos. Também o Estado português tem contribuído em muito para a atenuação dos conflitos socioculturais e atitudes de racismo. Este 2007, vai ser o ano de todos os testes à política de imigração aplicada pelo Estado. Uma política de integração e de acolhimento, como apregoa o Governo, ou uma política de contenção e pouco ambiciosa, como criticam as associações. Será também altura de se arrumar a casa para se saber

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quantos imigrantes legais existem em Portugal, até porque há processos de legalização a decorrer. Chegaram a ser quase 500 mil em 2004, mas os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística já indicam apenas 415 934.

De facto Portugal tem sido palco de uma grande afluência de imigração de povos oriundos de todo o mundo. Atualmente encontramos em Portugal mais de 15000 chineses, 34 267 angolanos, 64 471 brasileiros, 62 766 cabo-verdianos, 65 199 ucranianos, mais de 7000 russos e mais de 13 600 romenos.

Para atenuar as dificuldades dos imigrantes e contribuir para a sua melhor aceitação no país (culminando as atitudes de discriminação e racismo aquando da sua chegada ao país) o Parlamento tem em debate a proposta de criação de turmas bilingues a partir do ensino básico para proporcionar aos filhos de imigrantes a aprendizagem da língua materna. O projeto de lei propõe que as escolas com uma percentagem significativa de alunos imigrantes ou filhos de imigrantes possam criar turmas bilingues, em que as matérias sejam dadas em simultâneo em Português e na língua materna daqueles estudantes, através da presença de dois professores na sala de aula.            Estas iniciativas promovidas pelo Estado aliadas aos esforços conduzidos por diversas instituições e fundações em Portugal têm vindo a contribuir para atenuar o racismo e discriminação em Portugal e assim, permitir uma melhor integração dos imigrantes. A Fundação Calouste Gulbenkian tem contribuído em muito para atenuar o racismo e permitir a integração pacífica dos imigrantes, criando para tal uma secção de apoio e proteção aos imigrantes.             A mentalidade da população e a imagem que têm das diferentes etnias e raças é resultado também dos estereótipos existentes na nossa cultura. Os estereótipos, uma imagem preconcebida de um grupo, raça ou etnia que as pessoas adquirem aquando da sua aculturação e que são desassociáveis da cultura em si. Desta forma, quando um se encara alguém “diferente” a nossa cultura exerce uma força que nos leva a fazer um julgamento prévio e muitas vezes erróneo da pessoa. Esta força cultural age também quando estamos perante uma notícia que envolve diferentes etnias ou raças. Notícias como por exemplo:

      “Uma Equipa de Intervenção Rápida (EIR) da esquadra da PSP do Bairro da Bela Vista em Setúbal, constituída por seis agentes, estava em missão de patrulha na noite de passagem de ano quando reparou numa cena de pancadaria entre quatro africanos. Os agentes avançaram de imediato para pacificar a situação. Mas, em vez disso, os polícias foram recebidos com mais agressões.”

      “Os bombeiros de Campo Maior e de Ponte de Sôr, no distrito de Portalegre, foram esta semana vítimas de agressão durante o desempenho das suas funções. Foram dois episódios

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distintos, ocorridos em terras alentejanas, que obrigaram três bombeiros a receber assistência médica. Em Campo Maior, os bombeiros locais envolveram-se numa rixa no bar do quartel com quatro indivíduos de etnia cigana. Em Ponte de Sôr, os bombeiros foram igualmente agredidos enquanto socorriam um indivíduo que acabara de ser espancado.”

Face a estas notícias entram em ação os estereótipos e imagens preconcebidas, servindo como reforço das imagens negativas que delas possuímos. Ainda hoje verificamos que os portugueses associam a maior parte das etnias, nacionalidades e raças diferentes á nossa, a atitudes de violência, crime e vícios. Se as notícias descreverem como culpados indivíduos nacionais de raça branca, a notícia não tem o impacto e o condicionamento na mentalidade das pessoas como tem quando se tratam de sujeitos imigrantes. Indiretamente esta mentalidade e preconceitos inerentes á própria cultura portuguesa é muito prejudicial pois fomenta os atos e atitudes de discriminação e racismo. Quando nos referimos ao racismo é necessário ter em conta que tal ocorre não só devido às imagens que a nossa cultura nos incute e que é hereditária, transmitindo-se de geração em geração, como também muitas vezes deve-se ao desconhecimento e desentendimento de diferentes culturas, religiões, etnias. 

 Documento 2

Discriminação

racial ainda é uma

realidade, 40 anos

depois de instituído

o Dia Internacional

para a Eliminação

da Discriminação

Racial.

O Dia Internacional

para a Eliminação da

Discriminação Racial

é uma data estipulada pela Nações Unidas em memória ao massacre de

Sharpeville, na África do Sul em 1960. A polícia disparou e matou 69 pessoas e

feriu 186 numa manifestação pacífica contra as "leis do passe" (os cartões de

identificação indicando os locais por onde as pessoas podiam passar eram

obrigatórios).

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40 anos depois, a discriminação racial ainda é uma realidade na nossa

sociedade.

Segundo Ana Cruz, membro da direcção da SOS Racismo, a melhor parte dos

estudos desenvolvidos demonstram que a comunidade que mais sofre do

racismo é a comunidade cigana.

"É aquela sobre a qual os portugueses manifestam mais desconhecimento e o

desconhecimento leva à intolerância. Apesar de eles também serem

portugueses, o isolamento dessa comunidade é muito grande", afirmou Ana

Cruz ao JPN.

O maior número de queixas recebidas na SOS Racismo têm a ver com

situações problemáticas que envolvem patrões e empregados, como

pagamentos em atraso. Muitas vezes os patrões aproveitam a barreira da

língua dos trabalhadores imigrantes para fazer deles mão-de-obra mais barata.

Outras queixas recebidas pela SOS Racismo têm a ver com a intolerância.

"Temos muitos casos de recusas em alugar casas e de maus tratamentos das

instituições públicas em relação aos imigrantes", acrescentou Ana Cruz.

Poucos são aqueles que ganham coragem e denunciam situações de

discriminação racial. A vergonha, o receio de represálias, a precariedade no

emprego e a falta de conhecimento dos direitos humanos impedem as vítimas

de racismo de apresentar queixa.

"Há uma falta de informação. A maioria dos imigrantes desconhecem a

existência de uma Comissão pela Igualdade e contra a Discriminação Racial

onde podem apresentar queixa", explicou a membro da direção da SOS

Racismo.

A RIQUEZA DA MULTICULTURALIDADE

A diversidade cultural deve ser respeitada para que a convivência entre

as etnias seja pacifica. (Documento 3 e 4)

Documento 3

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Diversidade Multicultural: Fonte de valor múltiplo para as empresas

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Durante os anos 90, movimentos como a globalização e responsabilidade social

ganharam espaço em velocidade e dimensão sem precedentes, enquanto um

movimento de multiculturalismo ainda está muito aquém do seu potencial de oxigenar

a educação corporativa; um paradoxo, uma vez que os dois primeiros movimentos

poderiam se alimentar do último e vice-versa.

Como cultura entendemos as crenças e comportamentos transmitidos de geração em

geração, através do aprendizado. Um condicionamento que traz consigo o risco de

atrofia biológica e miopia cultural; é como na agricultura: monocultura apodrece o solo.

Porque não romper com esta visão "próprio umbigo" e partir para uma perspectiva

multiculturaln(…) A oxigenação que cada pessoa pode oferecer pela sua diferença

cultural é a chave da inovação, hoje reconhecida como competência central chave dos

negócios; o espectro do multiculturalismo, olhando os cinco continentes evidencia uma

mistura global, composto de seriedade europeia, pragmatismo americano, flexibilidade

latina, esperteza árabe, sabedoria oriental, resistência africana e modernidade

australiana. No âmbito humano a diversidade abrange uma grande extensão de

qualidades e características que tornam únicos os indivíduos e os grupos, como etnia,

raça, cultura e habilidades físicas.

Dada a dificuldade que muitas empresas têm para lidar com questões multiculturais,

pretendo destacar aqui a importância da inclusão multicultural na cultura corporativa e

sugerir linhas de acção para as empresas perceberem o valor da diversidade

multicultural.

Não existem receitas que possam ser aplicadas, se não práticas mais eficientes que

outras, idéias que surgem de diferentes âmbitos no mundo do conhecimento de

ambientes culturais diversos.

A globalização traz oportunidades de contatos que superam fronteiras e distâncias,

formando uma rede interativa entre os países, através da crescente mobilidade das

pessoas, facilitada pela tecnologia nova da informação e comunicação; basta seguir

com mobilidade mental e comportamental para evitar o risco: estar rico em dados e

informações multiculturais, mas pobre em conhecimento e compreensão multicultural,

ou seja, carente de competência de adaptação.

Nesta perspectiva, é necessária uma gestão cultural, que integre a diversidade cultural

de tal forma que permita conciliar a conservação dos rasgos culturais próprios com a

participação num mundo cada vez mais inter-relacionado. Chegou o momento de

pensar globalmente, aprender internacionalmente e agir localmente. Empresas que

querem, podem e/ou precisam competir num mercado global têm necessidade de

profissionais que conheçam culturas do mundo lá fora e que "apanham, aprendem e

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avançam" com elas.A globalização deve começar dentro da autogestão de cada

pessoa: nasce o empreendedor que está aberto a incorporar outras culturas no seu

modo pensar, sentir e agir ( sem jamais entregar a própria identidade ) e identifica

referências no mundo para os seus objetivos de crescimento, pessoal e profissional.

No âmbito empresarial, as práticas de diversidade multicultural visam medidas que

promovam a diferença racial, mental e comportamental entre pessoas, como um valor

a ser desenvolvido em benefício do empreendedorismo corporativo e da inteligência

corporativa, ou seja, da empresabilidade, entendida como a capacidade da empresa

de atrair e reter talentos, clientes, fornecedores, parceiros e investidores, para

alcançar seu objetivo maior: crescer e expandir com lucro (…).

Documento 4

Na Suiça convivem pacificamente diferentes comunidades. Do ponto de

vista linguistico, são quatro as línguas oficiais: o alemão, o francês, o italiano e

o romanche. Do ponto de vista religioso, professam o catolicismo e o

protestantismo. A Suiça considera a diversidade cultural um fator importante e

esforça-se por manter as várias tradições culturais.

A PROMOÇÃO DA IGUALDADE ÉTNICO-CULTURAL

Momentos históricos, personalidades e organizações determinantes na

luta contra as diferentes forma de discriminação

Todos os anos em consequência dos conflitos ou guerras decorrentes

de divergências politicas, étnicas ou religiosas, ou de catástrofes naturais,

centenas de milhares de pessoas de todas as idades abandonam as

povoações onde vivem e procuram asilo num país mais seguro.

O número de refugiados tem aumentado significativamente nos últimos

anos.

Refugiados:

O termo refugiado refere-se ao indivíduo que é alvo de discriminação e violência devido à sua etnia, raça, crença religiosa ou política.

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Os países Africanos (Serra Leoa, região dos Grandes Lagos …) e os

países asiáticos (Timor-Leste, Afeganistão, Paquistão …) são os que

contribuem para o maior número de refugiados no Mundo.

O problema dos refugiados é tão grande que, por vezes, provoca

grandes dificuldades no país de acolhimento.

Nos campos de refugiados as diversas organizações humanitárias

asseguram o abastecimento de água, alimentos, medicamentos, educação, etc.

A ONU, através da ACNUR (Alto-Comissariado das Nações Unidas para

os Refugiados), tenta proteger e ajudar os refugiados no Mundo. Este

comissariado tem como principal papel garantir proteção aos refugiados,

alertando os países acolhedores para o cumprimento das suas obrigações e

procurando encontrar soluções para os seus problemas.

Instituições que promovem a igualdade étnico-cultural

Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural (ACIDI)

Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas

Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF)

Associação de mulheres ciganas portuguesas (AMUCIP)

Três "feras" que dedicaram as suas vidas à luta pelos direitos civis e pelo

fim da discriminação racial

Martin Luther King Jr.

Foi um grande líder negro americano, que lutou pelos

direitos civis dos cidadãos, principalmente contra a

discriminação racial. Martin Luther King era pastor e

sonhava com um mundo onde houvesse liberdade e justiça

para todos. Foi assassinado em 4 de abril de 1968 e a sua

figura ficou marcada na História da Humanidade como

símbolo da luta contra o racismo.

Na véspera da sua morte, 3 de abril de 1968, Martin Luther King fez um

discurso à comunidade negra, no Tennessee, Estados Unidos, um país

dominado pelo racismo. No seu discurso disse: "Temos de enfrentar

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dificuldades, mas isso não me importa, pois eu estive no alto da montanha.

Isso não importa. Eu gostaria de viver bastante, como todo o mundo, mas não

estou preocupado com isso agora. Só quero cumprir a vontade de Deus, e ele

deixou-me subir a montanha. Eu olhei de cima e vi a terra prometida. Talvez eu

não chegue lá, mas quero que saibam hoje que nós, como povo, teremos uma

terra prometida. Por isso estou feliz esta noite. Nada me preocupa, não temo

ninguém. Vi com os meus olhos a glória da chegada do Senhor".

Com este discurso parecia estar prevendo o que ia acontecer. No dia

seguinte, foi assassinado por um homem branco. Durante 14 anos, Martin

Luther King lutou para acabar com a discriminação racial no seu país e nesse

tempo ganhou o prêmio Nobel da Paz. Sempre procurou lembrar a todos e

fazer valer o princípio fundamental da Declaração da Independência Americana

que diz que "Todos os homens são iguais" e conseguiu convencer a maioria

dos negros que era possível haver igualdade social. Alguns dias após a morte

de Martin Luther King, o presidente Lyndon Johnson assinou uma lei acabando

com a discriminação social, dando esperanças ao surgimento de uma

sociedade mais justa de milhões de negros americanos.

Martin Luther King é lembrado em diversas comemorações públicas nos

Estados Unidos e a terceira segunda-feira de janeiro é um feriado nacional em

sua homenagem.

Malcolm X

"Não lutamos por integração ou por separação.

Lutamos para sermos reconhecidos como seres humanos.

Lutamos por direitos humanos."

Malcolm X, ou El-Hajj Malik El-Shabazz, foi outra

personalidade que se sobressaiu na luta contra a

discriminação racial.

Há quem diga que Malcolm X foi muito mais que um

homem, foi na realidade uma ideia. Desde cedo ele enfrentou a discriminação e

marginalização dos negros americanos, que viviam em bairros periféricos,

excluídos e sem condições dignas de habitação, saúde e educação.

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Foi nesse cenário que Malcolm X se tornou um dos grandes líderes do nosso

tempo, dedicando-se à construção e organização do Movimento Islâmico nos

Estados Unidos (Black Muslim), defendendo os negros e a religião do

islamismo. Em março de 1964, afastou-se do movimento e organizou a Muslim

Mosque Inc, e mais tarde a Afro-Americana Unity, organização não religiosa.

Malcolm X foi um dos principais críticos do sistema americano. E por isso

mesmo era visto pela classe dominante como uma ameaça a esse sistema. No

dia 21 de fevereiro de 1965, na cidade de Nova Iorque, foi assassinado por três

homens, que dispararam 16 tiros contra ele. Muitas de suas frases ficaram

famosas.

Nelson Mandela

"A luta é a minha vida". A frase de Nelson Mandela, nascido

em 1918, na África do Sul, resume a sua existência. Desde

jovem, influenciado pelos exemplos do seu pai e outras

pessoas marcantes na sua infância e juventude, Mandela

dedicou a sua vida à luta contra a discriminação racial e às

injustiças contra a população negra.

Mandela foi o fundador da Liga Jovem do Congresso

Nacional Africano, em 1944, e traçou uma estratégia que foi adotada anos mais

tarde pelo Congresso na luta contra o apartheid. A partir daí ele foi o líder do

movimento de resistência a opressão da minoria branca sobre a maioria negra

na África do Sul.

Hoje, ele ainda é símbolo de resistência pelo vigor com que enfrentou os

governos racistas no seu país e o apartheid, sem perder a força e a crença nos

seus ideais, inclusive nos 28 anos em que esteve preso (1962-1990), acusado

de sabotagem e luta armada contra o governo. Nem mesmo as propostas de

redução da pena e de liberdade que recebeu de presidentes sul-africanos ele

aceitou, pois o governo queria um acordo onde o movimento negro teria que

ceder. Ele preferiu resistir e em 1990 foi solto. A sua liberdade foi um dos

primeiros passos para uma sociedade mais democrática na África do Sul,

culminando com a eleição de Nelson Mandela como presidente do país em

19

1994. Um fato histórico onde os negros puderam votar pela primeira vez no seu

país.

Em suma, e em jeito de conclusão, importa salientar que uma das

formas de melhorarmos situações concretas de injustiça vividas por

algumas culturas, será a de cumprir e fazer cumprir a Declaração

Universal dos Direitos do Homem. Para que a igualdade dos Homens não

seja uma utopia, mas uma realidade, devemos respeitar a diferença,

porque somos todos diferente, mas todos iguais.

19

BIBLIOGRAFIA

GOMES, Ana; BETO Anabela, Fazer Geografia, População e Povoamento,

Porto Editora

SANTOS, Fernando; LOPES, Francisco, Geo População e Povoamento,

Edições ASA

SANTOS, Clara; SILVA, Conceição, Formação Cívica – Um guia prática de

aprendizagem - Edições ASA

HENRIQUES, Mendo, Educação para a Cidadania, Plátano Editora

Neto, Félix, Psicologia Social, Universidade Aberta

Declaração Universal dos Direitos Humanos, 1948.

Convenção Europeia dos Direitos do Homem, 1950.

19

ANEXOS

19

FICHA DE AUTO AVALIAÇÃO – DESENVOLVIMENTO PESSOAL E SOCIAL

Curso de Aprendizagem ____________________________________ UFCD 4.3

FORMANDO:________________________________________________ N.º _________

Qu

ase

Nu

nca

Às

Vezes

Mu

itas

Vezes

ParticipaçãoParticipo de forma adequada

Colaboro nas actividades propostas

Sentido deResponsabilidade

Sou pontual e assíduo

Trago os materiais necessários

O meu caderno está organizado

O meu comportamento é adequado às regrasTenho hábitos de trabalho

A minha avaliação nos elementos escritos foi…

Teste:

Fichas de trabalho:

Outros:

Analisando todos os parâmetros anteriores, penso que o meu nível global, numa escala de 1 a 5, deve ser: ________________________________________________________________________________

Pensa como foi a tua atuação nas sessões de Desenvolvimento Pessoal eDesenvolvimento Pessoal e SocialSocial ao longo desta UFCD e preenche o quadro:

CRÍTICAS E SUGESTÕES:CRÍTICAS E SUGESTÕES:O que é que mais gostei de fazer nas aulas foi:_____________________________________________________________________________________________________________

O que é que menos gostei foi:__________________________________________________________________________________________________________________________

O que sugiro para melhorar as aulas desta disciplina :_________________________________________________________________________________________________________

Grelha de registo de trabalhos de grupo

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Curso: Módulo: Trabalho de grupo:

ESCALA:

1 - Nunca 2 - Poucas vezes 3 - Algumas vezes 4 - Quase sempre 5 - Sempre

Nome:Responsabilidade

/ Empenho

Colaboração /

Cooperação

Iniciativa /

Liderança

Método/ organizaçã

oApresentação

NOTA FINAL

Grupo I

Grupo II

Grupo III

Grupo IV

Grupo V