idf goias

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Pesquisa Agropecuária Tropical, 35 (1): 13-18, 2005 13 INTENSIDADE-DURAÇÃO-FREQUÊNCIA DE CHUVAS INTENSAS PARA LOCALIDADES NO ESTADO DE GOIÁS E DISTRITO FEDERAL 1 Luiz Fernando Coutinho de Oliveira 2 , Fernando Cardoso Cortês 3 , Tiago Roberto Wehr 2 , Lucas Bernardes Borges 2 , Pedro Henrique Lopes Sarmento 2 e Nori Paulo Griebeler 2 1. Extraído da pesquisa Regionalização de Chuva de Projeto de Drenagem Agrícola para o Estado de Goiás. Trabalho recebido em jan./2004 e aceito para publicação em jan./2005 (registro nº 579). 2. Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos, Universidade Federal de Goiás. E.mail: [email protected]; [email protected] 3. Cerrado Verde Sistemas de Irrigação. Goiânia, GO. E.mail: [email protected] INTRODUÇÃO Para a utilização prática dos dados de chuva nos trabalhos de drenagem, faz-se necessário conhecer a sua intensidade, duração e freqüência. Uma das formas de relacionar essas características da chuva é através da relação intensidade-duração- frequência. Os parâmetros da relação intensidade- duração-freqüência (IDF) de chuvas intensas são obtidos por meio de regressão linear com base nas informações extraídas de pluviogramas. Segundo Silva et al. (1999a, 1999b), Martinez Júnior (1999) e Costa & Brito (1999), a determinação da relação IDF apresenta grandes dificuldades, em função da escassez e dos obstáculos para a obtenção de registros pluviográficos, da baixa densidade da ABSTRACT INTENSITY-DURATION-FREQUENCY RELATIONSHIP OF INTENSIVE RAINFALL FOR SITES IN GOIÁS STATE AND FEDERAL DISTRICT This study had the objective of obtaining rain intensity- duration-frequency information for some sites in the State of Goiás and Distrito Federal, using the one-day rain disaggregation method. The precipitation intensities obtained through the equations generated in this paper were compared to those obtained by adjusted equations based on pluviographic data. The intensity- duration-frequency relationships generated through pluviometric data using the one-day rain disaggregation method presented relative mean deviations varying between -1.6% and 43.9%, for some municipalities in this region. This limits its use in sites where regression equations were not adjusted. KEY-WORDS: intense rainfall, drainage, intensity-duration- frequency RESUMO Este trabalho teve como objetivo a obtenção das relações intensidade-duração-frequência para algumas localidades do Estado de Goiás e Distrito Federal, empregando-se a metodologia da desagregação da chuva de um dia. Os resultados das intensi- dades de precipitação obtidos pelas equações geradas neste trabalho foram comparados com os obtidos pelas equações ajustadas com base em dados de pluviogramas. As relações geradas com o método de desagregação de chuvas de um dia apresentaram desvios relativos médios que variaram de -1,6% a 43,9%, para alguns municípios nessa região. Isso limita a sua utilização nas localidades para as quais não se ajustaram as equações de regressão. PALAVRAS-CHAVE: chuva intensa, drenagem, intensidade- duração-freqüência rede de pluviógrafos e o pequeno período de observações disponível. Além disso, a metodologia para sua obtenção exige um exaustivo trabalho de tabulação, análise e interpretação de um grande número de pluviogramas. Por essa razão, poucos trabalhos no Brasil têm sido desenvolvidos com esta finalidade. O trabalho clássico de estudos de chuvas intensas, no Brasil, foi publicado por Pfafstetter (1957). Na literatura, os mais recentes são os de Fendrich (1998), para o Estado do Paraná; Pinto et al. (1999), para o Estado de Minas Gerais; Costa & Brito (1999), para o Estado de Goiás e duas cidades do Tocantins; Silva et al. (1999a) e Martinez Júnior (1999), para o Estado de São Paulo; e Silva et al.

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Equação das chuvas intensas de Goias e Distrito Federal

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  • Pesquisa Agropecuria Tropical, 35 (1): 13-18, 2005 13

    INTENSIDADE-DURAO-FREQUNCIA DE CHUVAS INTENSAS PARALOCALIDADES NO ESTADO DE GOIS E DISTRITO FEDERAL1

    Luiz Fernando Coutinho de Oliveira2, Fernando Cardoso Corts3, Tiago Roberto Wehr2,Lucas Bernardes Borges2, Pedro Henrique Lopes Sarmento2 e Nori Paulo Griebeler2

    1. Extrado da pesquisa Regionalizao de Chuva de Projeto de Drenagem Agrcola para o Estado de Gois.Trabalho recebido em jan./2004 e aceito para publicao em jan./2005 (registro n 579).

    2. Escola de Agronomia e Engenharia de Alimentos, Universidade Federal de Gois. E.mail: [email protected]; [email protected] 3. Cerrado Verde Sistemas de Irrigao. Goinia, GO. E.mail: [email protected]

    INTRODUO

    Para a utilizao prtica dos dados de chuvanos trabalhos de drenagem, faz-se necessrioconhecer a sua intensidade, durao e freqncia.Uma das formas de relacionar essas caractersticasda chuva atravs da relao intensidade-durao-frequncia. Os parmetros da relao intensidade-durao-freqncia (IDF) de chuvas intensas soobtidos por meio de regresso linear com base nasinformaes extradas de pluviogramas.

    Segundo Silva et al. (1999a, 1999b), MartinezJnior (1999) e Costa & Brito (1999), a determinaoda relao IDF apresenta grandes dificuldades, emfuno da escassez e dos obstculos para a obtenode registros pluviogrficos, da baixa densidade da

    ABSTRACT

    INTENSITY-DURATION-FREQUENCY RELATIONSHIP OFINTENSIVE RAINFALL FOR SITES IN GOIS STATE

    AND FEDERAL DISTRICT

    This study had the objective of obtaining rain intensity-duration-frequency information for some sites in the State ofGois and Distrito Federal, using the one-day rain disaggregationmethod. The precipitation intensities obtained through theequations generated in this paper were compared to those obtainedby adjusted equations based on pluviographic data. The intensity-duration-frequency relationships generated through pluviometricdata using the one-day rain disaggregation method presentedrelative mean deviations varying between -1.6% and 43.9%, forsome municipalities in this region. This limits its use in siteswhere regression equations were not adjusted.

    KEY-WORDS: intense rainfall, drainage, intensity-duration-frequency

    RESUMO

    Este trabalho teve como objetivo a obteno das relaesintensidade-durao-frequncia para algumas localidades doEstado de Gois e Distrito Federal, empregando-se a metodologiada desagregao da chuva de um dia. Os resultados das intensi-dades de precipitao obtidos pelas equaes geradas nestetrabalho foram comparados com os obtidos pelas equaesajustadas com base em dados de pluviogramas. As relaes geradascom o mtodo de desagregao de chuvas de um dia apresentaramdesvios relativos mdios que variaram de -1,6% a 43,9%, paraalguns municpios nessa regio. Isso limita a sua utilizao naslocalidades para as quais no se ajustaram as equaes deregresso.

    PALAVRAS-CHAVE: chuva intensa, drenagem, intensidade-durao-freqncia

    rede de pluvigrafos e o pequeno perodo deobservaes disponvel. Alm disso, a metodologiapara sua obteno exige um exaustivo trabalho detabulao, anlise e interpretao de um grandenmero de pluviogramas. Por essa razo, poucostrabalhos no Brasil tm sido desenvolvidos com estafinalidade.

    O trabalho clssico de estudos de chuvasintensas, no Brasil, foi publicado por Pfafstetter(1957). Na literatura, os mais recentes so os deFendrich (1998), para o Estado do Paran; Pinto etal. (1999), para o Estado de Minas Gerais; Costa &Brito (1999), para o Estado de Gois e duas cidadesdo Tocantins; Silva et al. (1999a) e Martinez Jnior(1999), para o Estado de So Paulo; e Silva et al.

  • 14 Oliveira et al. (2005) Intensidade-durao-frequncia de chuvas intensas ...

    (1999b), para os Estados do Rio de Janeiro e Es-prito Santo.

    Algumas metodologias foram desenvolvidas noBrasil para a obteno de chuvas de menor durao,a partir de dados pluviomtricos, pois existe noterritrio nacional uma vasta rede pluviomtrica,sanando os problemas apontados por Silva et al.(1999a), Martinez Jnior (1999) e Costa & Brito(1999). Essas metodologias empregam coeficientespara transformar chuva de 24 horas em chuvas demenor durao. Dentre elas esto a de isozonas,proposta por Torrico (1975), e a da desagregao dachuva de 24 horas, de Daee-Cetesb (1980).

    Segundo Costa & Rodrigues (1999), ametodologia das isozonas tem sido empregada comorotina pelos orgos responsveis pelas estradas, noEstado de Gois (Departamento de Estradas eRodagem do Estado de Gois Dergo eDepartamento Nacional de Estrada e Rodagem DNER). Esses autores compararam os resultadosobtidos com o mtodo das isozonas aos obtidospor meio da relao IDF, tendo encontrado desviosentre 7,5% a 54,0%. Dessa forma, recomendarama busca de outra alternativa como metodologiade clculo.

    Barbosa et al. (2000) empregaram a metodo-logia da desagregao da chuva de 24 horas, paraalgumas localidades do Estado de Gois, a qual semostrou adequada, com valores de desvios menoresque 14,4%, quando comparados com s relaes IDFgeradas por Costa & Brito (1999). Isso permitiu asua utilizao em localidades em que no hdisponibilidade de registros pluviogrficos.

    Este trabalho teve como objetivos a obtenodas relaes intensidade-durao-frequncia dechuvas intensas para algumas localidades do Estadode Gois e Distrito Federal, empregando-se a meto-dologia da desagregao da chuva de 24 horas.Buscou tambm a comparao entre os valores dasintensidades de chuvas com perodo de retorno dedez anos, estimados pelas equaes geradas nestetrabalho e aqueles ajustadas por Costa et al. (2001)

    MATERIAL E MTODOS

    Utilizaram-se os dados pluviomtricospertencentes ao banco de informaes hidrolgicasda rede da Agncia Nacional de Energia Eltrica(Aneel), com 25 anos de observaes dirias, emmdia, para algumas localidades no Estado de Goise Distrito Federal. Para cada estao foram extrados

    os valores extremos de chuvas para a composiodas sries anuais.

    A desagregao da chuva de um dia em chuvasde menor durao, foi obtida pela metodologiaproposta pelo Daee-Cetesb (1980). Obtiveram, ento,sries anuais para as chuvas com duraes de cinco,dez, quinze, vinte, vinte e cinco, e trinta minutos, e deuma, seis, oito, dez, doze e vinte e quatro horas (Tabela1), permitindo a gerao de pontos suficientes paradefinir as curvas de intensidade-durao referentesa diferentes perodos de retorno.

    A variao da intensidade com a freqnciaest relacionada com a probabilidade de ocorrnciaou superao do evento chuva, obtida, portanto,atravs de uma funo de distribuio deprobabilidade que permite a extrapolao para umnmero maior em anos relativamente ao nmero deanos de observao. Em geral, as distribuies devalores extremos de grandezas hidrolgicas ajustam-se satisfatoriamente distribuio de Fisher-Tippettdo tipo I, empregada neste trabalho, tambmconhecida como distibuio de Gumbel, segundoVillela & Mattos (1975) e Leopoldo et al. (1984).

    A anlise de aderncia da distribuio deGumbel foi feita pelo teste de Sminorv-Kolmogorovno nvel de 1% de significncia. Verificada aaderncia dos dados distribuio de Gumbel, foramdeterminadas as relaes IDF, para cada estao,conforme a equao:

    ( )ca

    btTRKi

    +

    =

    em que: i a intensidade mxima mdia, em mm h-1;TR o perodo de retorno, em anos; t o tempode durao da chuva, em minutos; e K, a, b e cso os coeficientes locais ajustados por regressolinear.

    Conforme informaes de Villela & Mattos(1975) e Oliveira & Pruski (1996), na elaborao deprojetos de drenagem de superfcie, a seleo doperodo de retorno para estimativa da intensidade da

    Tabela 1. Coeficientes de desagragao de dados pluviomtricos1

    1- Fonte: Daee-Cetesb (1980).

    Durao Coeficientes Durao Coeficientes24h/1dia 1,14 30min/1h 0,7412h/24h 0,85 25min/1h 0,9110h/24h 0,82 20min/1h 0,818h/24h 0,78 15min/1h 0,76h/24h 0,72 10min/1h 0,541h/24h 0,42 5min/1h 0,34

    0,70

  • Pesquisa Agropecuria Tropical, 35 (1): 13-18, 2005 15

    chuva deve considerar, numa obra em anlise, os seuscustos, o grau de risco, a sua vida til, seu tipo deestrutura e a facilidade de reparo e ampliao, se foro caso. Neste trabalho, utilizou-se um perodo deretorno de dez anos, segundo recomenda Pruski(1993), para projetos hidroagrcolas.

    Para algumas localidades, foram comparados,por meio de regresso linear e desvios relativos mdios,os valores das intensidades mximas mdias daschuvas com perodo de retorno de dez anos e duraode trinta minutos, uma, duas, trs, seis, nove, doze,dezoito e vinte e quatro horas, obtidos pelas relaesIDF geradas neste trabalho e por Costa et al. (2001),empregando-se o sistema de informaes geogrficas(SIG) Idrisi, verso 3.2.

    RESULTADOS E DISCUSSO

    Para todas as localidades estudadas, adistribuio de Gumbel mostrou-se adequada pararepresentar as estimativas dos valores da intensidadeda chuva, no nvel de 1% de significncia, pelo testede Sminorv-Kolmogorov.

    A Tabela 2 apresenta as estimativas dosparmetros das relaes IDF, relativos s 73localidades no Estado de Gois e Distrito Federal,pela qual se pode observar um bom ajuste dasrelaes intensidade-durao-freqncia (valores der2 acima de 99% para todas as localidades estudadas).

    Com base na recomendao de Pruski (1993),foram ajustadas equaes lineares entre os valoresdas intensidades mximas mdias, obtidos pelasrelaes IDF geradas e por Costa et al. (2001), paraas localidades apresentadas na Tabela 3. Para essesmunicpios, fez-se a correlao entre as metodologiasde estimativa da intensidade mxima mdia da chuva,cujas equaes de regresso apresentaram um bomajuste aos dados (valores de r2 acima de 99%), comdesvios relativos mdios variando entre 1,6% a-43,9%, correspondentes aos municpios de SantaTerezinha de Gois e Itumbiara, respectivamente(Tabela 4).

    Para o municpio de Santa Terezinha de Gois,os valores das intensidades mximas mdiasobtidos pela relao IDF gerada neste trabalhoapresentaram pequenas diferenas quandocomparados com os estimados por Costa et al.(2001) (Figura 1). O mesmo no se verificou para omunicpio de Itumbiara, com valores das intensi-dades mximas mdias subestimados pela relao IDF(Figura 2), colocando em risco projetos de drena-

    Tabela 2. Coeficientes K, a, b e c das relaes intensidade-durao-frequncia de chuvas intensas ajustadas para variaslocalidades no Estado de Gois e Distrito Federal, e osrespectivos coeficientes de determinao (r2)

    Localidade Latitude Longitude K a b c r2 Alto Paraso de Gois 140800 473030 951,700 0,1629 12 0,7599 0,9914 Alvorada do Norte 142900 462930 1001,844 0,1354 12 0,7598 0,9937 Alto Garas 165600 533200 873,374 0,1328 10 0,7418 0,9931 Anicuns 162800 495624 1018,591 0,1354 12 0,7760 0,9937 Apor 185900 520000 1265,319 0,1368 15 0,7853 0,9975 Aragoinia 165600 492600 944,496 0,1148 12 0,7601 0,9951 Aruan 144900 511000 1274,090 0,1520 12 0,7599 0,9999 Balisa 161500 523000 1154,250 0,1697 12 0,7600 0,9937 Bandeirantes 134100 504800 1222,925 0,1702 12 0,7599 0,9999 Bela Vista de Gois 165800 485700 985,145 0,1165 12 0,7601 0,9950 Bom Jardim de Gois 161600 520700 1204,481 0,0626 12 0,7601 0,9472 Ponte Branca 162200 523900 1160,379 0,1944 12 0,7599 0,9884 Cabeceiras 154700 465900 999,079 0,1506 12 0,7599 0,9925 Cachoeira de Gois 164400 503900 1096,983 0,1387 12 0,7600 0,9926 Caiaponia 165700 515000 1138,151 0,1643 12 0,7599 0,9913 Catalo 181100 475700 1018,591 0,1323 12 0,7600 0,9939 Cavalcante 134748 472730 1074,732 0,1040 12 0,7597 0,9958 Corumbaba 180900 483400 913,061 0,1525 12 0,7599 0,9940 Corumbazul 181500 485000 864,371 0,1469 12 0,7598 0,9928 Ceres 151830 493600 959,622 0,1764 12 0,7601 0,9900 Colina do Sul 140900 480436 903,858 0,1383 12 0,7599 0,9934 Crrego do Ouro 161718 503300 1544,543 0,2592 12 0,7600 0,9809 Campo Alegre 183500 514900 939,507 0,1262 12 0,7602 0,9943 Cristalina 164500 473700 878,213 0,2088 12 0,7600 0,9869 Cristianpolis 171300 484500 726,255 0,1711 12 0,7598 0,9907 Edia 171800 495500 947,327 0,1736 12 0,7601 0,9905 Goiansia 151900 490700 927,684 0,1468 12 0,7600 0,9928 Goinia 164100 491600 920,450 0,1422 12 0,7599 0,9932 Gois 155600 500800 973,035 0,3082 12 0,7600 0,9751 Governador Leonino 140500 502100 998,160 0,1434 12 0,7598 0,9931 Bom Jardim de Gois 161600 520700 1014,979 0,1458 12 0,7600 0,9929 Inhumas 161800 493000 873,735 0,1575 12 0,7600 0,9919 Ipor 162800 510700 1025,652 0,1373 12 0,7599 0,9935 Israelndia 162200 505400 1120,211 0,1598 12 0,7598 0,9940 Itabera 160100 494800 1090,687 0,1302 12 0,7600 0,9941 Itaj 190700 513800 1008,092 0,1394 12 0,7598 0,9933 Itapirapu 154900 503600 1118,665 0,1329 12 0,7600 0,9938 Itarum 153342 495654 1017,419 0,1309 12 0,7600 0,9940 Itumbiara 184500 511800 918,756 0,1212 12 0,7600 0,9948 Itapuranga 153342 495654 1003,922 0,1491 12 0,7599 0,9926 Jaragu 154530 491930 1106,879 0,1485 12 0,7599 0,9926 Jeroaquara 152230 503000 1189,871 0,1534 12 0,7600 0,9923 Joviania 174800 493000 1024,000 0,1171 12 0,7600 0,9950 Marzago 175900 483900 826,038 0,1227 12 0,7597 0,9946 Maurilndia 180200 502000 953,894 0,1110 12 0,7600 0,9954 Montes Claros 171000 481000 933,684 0,1138 12 0,7600 0,9952 Mimoso 150318 480930 913,061 0,1536 12 0,7601 0,9922 Montividiu 155800 512000 1018,591 0,1354 12 0,7598 0,9937 Morrinhos 171900 511500 1003,460 0,1376 10 0,7418 0,9935 Mozarlndia 174600 490800 1162,251 0,1692 12 0,7600 0,9909 Canastra 190200 510800 1059,498 0,1390 12 0,7600 0,9934 Niquelndia 142824 482712 972,299 0,1204 10 0,7420 0,9947 Nova Amrica 150112 495330 961,391 0,1230 12 0,7601 0,9946 Novo Planalto 131430 493000 1272,038 0,1695 12 0,7601 0,9908 Nova Roma 135030 464900 852,707 0,1324 12 0,7600 0,9939 Ouro Verde de Gois 161300 491130 1010,183 0,1522 12 0,7598 0,9924 Palmeiras de Gois 164900 495600 885,727 0,1755 12 0,7599 0,9903 Peres 155800 515200 915,588 0,1517 12 0,7600 0,9924 Pilar de Gois 144548 493430 1258,346 0,1339 12 0,7599 0,9938 Piranhas 163100 515700 1270,867 0,1709 12 0,7591 0,9907 Pirenpolis 155100 485700 1018,591 0,1354 12 0,7598 0,9937 Planaltina 152712 473648 1018,591 0,1354 12 0,7598 0,9937 Pombal 181300 512400 1018,591 0,1354 12 0,7598 0,9937 Pontalina 173000 492600 978,588 0,1274 12 0,7601 0,9943 Porangantu 132700 490800 1185,498 0,1864 12 0,7600 0,9892 Quirinpolis 183400 503400 1050,026 0,1450 12 0,7599 0,9929 Rio Pintado 133400 502430 1180,864 0,1706 12 0,7599 0,9908 Montes Claros de Gois 155800 512000 1062,429 0,1352 12 0,7600 0,9937 Santa F de Gois 154100 511600 1070,040 0,1671 12 0,7599 0,9910 So Ferreira 162600 512500 1135,534 0,1621 12 0,7600 0,9914 So Joo da Aliana 144242 473112 1080,190 0,167 12 0,7601 0,9910 So Vicente 133230 462906 828,896 0,1530 12 0,7555 0,9923 Santa Teresinha de Gois 142600 494230 1168,154 0,1715 12 0,7600 0,9906

  • 16 Oliveira et al. (2005) Intensidade-durao-frequncia de chuvas intensas ...

    pelo grupo de pesquisa em recursos hdricos, daUniversidade Federal de Viosa (2004), para osmunicpios de Santa Terezinha de Gois e Itumbiara,num perodo de retorno de dez anos. As respectivashidrgrafas foram geradas considerando as relaesIDF aqui ajustadas e no trabalho de Costa et al.(2001), para uma rea no cultivada, caracterizadapor Silva et al. (2001). Nesta rea foi implantado umsistema de drenagem de superfcie, com terraos de100 m de comprimento, espaados de 30 m e comdeclividade mdia da rampa de 5%. O solo foiclassificado como Latossolo Vermelho Perfrrico,cuja taxa de infiltrao estvel, determinada pelomtodo dos anis concntricos, foi de 22 mm.h-1.

    Na hidrgrafa apresentada na Figura 3, pode-se observar uma diferena de 4,0% na vazo de picodo escoamento superficial, quando se utiliza a relaoIDF gerada pelo mtodo da desagregao de chuva,para o municpio de Santa Terezinha de Gois. Parao municpio de Itumbiara, a vazo de pico doescoamento superficial foi 78% menor quando seempregou a relao IDF gerada pelo mtodo dadesagregao de chuva, o que compromete odimensionamento das obras de terraceamento.

    gem de superfcie projetados com base nessesvalores.

    Para os municpios de Gois, Porangatu e SantaTerezinha de Gois, os valores estimados peloemprego do mtodo da desagregao de chuvassuperestimaram as intensidades mximas mdias dechuvas em 13,7%, 3,6% e 1,6%. Isso proporcionauma maior segurana s obras de drenagem,elevando, por outro lado, o seu custo de implantao.

    Para as demais localidades, a utilizao darelao intensidade-durao-freqncia gerada nestetrabalho fica comprometida, expondo as obras dedrenagem a cada dez anos, em mdia, a um evento27,32% menor. Isso eleva o risco das atividadesagrcolas que dependem dessas obras.

    As Figuras 3 e 4 apresentam as hidrgrafasgeradas pelo aplicativo Hidrograma 2.1, desenvolvido

    Localidade Equao1 r2 Alto Paraso iSIG = 1,0496 iD + 31,301 0,9966 Anicuns iSIG = 1,0596 iD + 33,173 0,9964 Bela Vista iSIG = 1,2056 iD + 22,244 0,9978 Cristalina iSIG = 1,3659 iD - 10,6438 0,9989 Goiansia iSIG = 1,0354 iD + 36,015 0,9956 Gois iSIG = 1,4133 iD - 44,625 0,9965 Inhumas iSIG = 1,1102 iD + 34,254 0,9956 Ipor iSIG = 1,1132 iD + 17,356 0,9989 Itabera iSIG = 0,9424 iD + 33,082 0,9962 Itumbiara iSIG = 1,2370 iD + 25,224 0,9976 Jaragu iSIG = 0,8032 iD + 21,095 0,8926 Jovinia iSIG = 1,0078 iD + 35,391 0,9956 Palmeiras iSIG = 1,1259 iD + 29,661 0,9967 Pirenpolis iSIG = 1,0405 iD + 28,924 0,9968 Planaltina iSIG = 1,3250 iD - 10,313 0,9989 Porangantu iSIG = 0,7885 iD + 32,882 0,9964 Quirinpolis iSIG = 1,0272 iD + 24,112 0,9977 Santa Teresinha de Gois iSIG = 0,7713 iD + 37,914 0,9953

    Tabela 3. Equaes lineares ajustadas para as metodologias deestimativa da intensidade mxima mdia da chuva e osrespectivos coeficientes de determinao (r2)

    Tabela 4. Desvios relativos mdios entre os valores da intensidadeda chuva mxima mdia obtidos pelo emprego dosmtodos da desagregao de chuvas de um SIG1

    1- iSIG e iD so as intensidades mximas mdias de chuvas geradasempregando-se o sistema de informao geogrfica e mtodo dedesagregao de chuvas, respectivamente.

    1- O Sistema de Informaes Geogrficas (SIG) utilizado foi o Idrisi(verso 3.2).

    Figura 1. Intensidade mxima mdia de precipitao para perodode retorno de dez anos e diferentes tempos de duraoda chuva para o municpio de Santa Terezinha de Gois.

    Figura 2. Intensidade mxima mdia de precipitao para perodode retorno de dez anos e diferentes tempos de duraoda chuva para municpio de Itumbiara, GO.

    0

    50

    100

    150

    200

    250

    300

    0 5 10 15 20 25 30

    tempo de durao da chuva (hora)

    inte

    nsid

    ade

    mx

    ima

    md

    ia (m

    m/h

    )

    COSTA et al. (2000)desagregao

    0

    50

    100

    150

    200

    250

    300

    0 5 10 15 20 25 30

    tempo de durao da chuva (horas)

    inte

    nsid

    ade m

    xim

    a m

    dia

    (mm

    /h)

    COSTA et al. (2000)desagregao

    Localidade desvio relativo (%) Localidade desvio relativo

    (%) Alto Paraso de Gois -26,9 Itumbiara -43,9 Anicuns -30,3 Jaragu -11,7 Bela Vista de Gois -37,3 Jovinia -26,5 Cristalina -29,3 Palmeiras de Gois -35,0 Goiansia -18,2 Pirenpolis -24,3 Gois 13,7 Planaltina -25,3 Inhumas -37,5 Porangantu 3,6 Ipor -23,3 Quirinpolis -18,7 Itabera -16,1 Santa Teresinha de Gois 1,6

  • Pesquisa Agropecuria Tropical, 35 (1): 13-18, 2005 17

    A Tabela 5 apresenta o relatrio fornecido pelosoftware Hidrograma 2.1, no qual esto apresentadasas principais caractersticas hidrolgicas doescoamento superficial gerado pelas chuvas intensascom base nas relaes ajustadas neste trabalho e porCosta et al. (2001). Para o municpio de Itumbiara,as caractersticas hidrolgicas do escoamentosuperficial foram subestimadas quando se empregoua relao IDF gerada pelo mtodo da desagregaode chuva, o que coloca em risco o sistema dedrenagem de superfcie.

    Por outro lado, os valores da vazo de pico e ovolume de gua escoada superficialmenteapresentaram pequenas variaes, quando seutilizaram as relaes geradas pelo mtodo dadesagregao de chuva e por Costa et al. (2001),para Santa Terezinha de Gois. Tais variaes poucointerfiram nas dimenses do sistema de drenagem,com pequenas diferenas para o tempo de propagaoda onda de cheia (tempo de pico) e profundidademxima do canal.

    CONCLUSES

    1. As relaes intensidade-durao-frequncia dechuvas intensas estimadas para alguns municpiosdo Estado de Gois e do Distrito Federal,apresentaram um bom ajuste, com coeficientes dedeterminao acima de 95% .

    2. As equaes geradas dos dados de pluvimetros,empregando-se o mtodo de desagregao dechuvas de 24 horas, apresentaram desvios relativosmdios variando entre -1,6% a 43,9%. Isso limitaa sua utilizao nas localidades para as quais nose ajustaram as equaes de regresso.

    REFERNCIAS

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    Figura 3. Hidrgrafa do escoamento superficial para uma encostade 30 m de comprimento, no municpio de SantaTerezinha de Gois, GO.

    Figura 4. Hidrgrafa do escoamento superficial para uma encostade 30 m de comprimento, no municpio de Itumbiara,GO.

    Tabela 5. Caractersticas hidrolgicas do escoamentosuperficial gerado pelas chuvas intensas.

    0

    20

    40

    60

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    100

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    0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

    Tempo ( min)

    Vaz

    o (L

    /s)

    Desagregao

    SIG

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    140

    160

    0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

    Tempo (min)

    Vaz

    o (L

    /s)

    SIG

    Desagregao

    1- O Sistema de Informaes Geogrficas (SIG) utilizado foi o Idrisi(verso 3.2).

    Itumbiara Santa Terezinha de Gois Localidade SIG Desagregao SIG Desagregao

    Vazo de pico (L.s-1)

    139,4

    78,3

    132,5

    127,3

    Tempo de pico (min)

    6,3

    7,3

    6,5

    6,2

    Volume de escoamento superficial (m3)

    155,9

    72,4

    156,7

    131,7

    Profundidade mxima no canal (m)

    0,61

    0,49

    0,60

    0,59

    Velocidade de escoa-mento no canal (m.s-1)

    0,52

    0,45

    0,52

    0,51

  • 18 Oliveira et al. (2005) Intensidade-durao-frequncia de chuvas intensas ...

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