geomorfologia de goias

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Geomorfologia do Estado de Goiás, geomorfologia, SRTM, sensoriamento remoto, radar, mapa geomorfologico

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2006GeomorfologiaGois e Distrito FederalSRIE GEOLOGIA E MINERAO2Geomorfologia - Gois e Distrito FederalSuperfcies Regionais de Aplainamento I e IVSerra do Tombador - Municpio de Cavalcante - GOSuperfcie Regional de Aplainamento II, Zona de Eroso Recuante eSuperfcie Regional de Aplainamento IVASerra Geral do Paran - Municpios de Formosa e Planaltina - GOGeomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal1Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal2Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal GOVERNO DO ESTADO DE GOIS Alcides Rodrigues Filho GovernadorSECRETARIA DE INDSTRIA E COMRCIO Ridoval Darci Chiareloto SecretrioSUPERINTENDNCIA DE GEOLOGIA E MINERAO Luiz Fernando Magalhes Superintendente GERNCIA DE GEOLOGIA Antnio Passos Rodrigues Gerente GERNCIA DE GEOINFORMAO Maria Luiza Osrio Moreira Gerente Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal3GOVERNO DO ESTADO DE GOIS SECRETARIA DE INDSTRIA E COMRCIO SUPERINTENDNCIA DE GEOLOGIA E MINERAOGeomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal Srie Geologia e Minerao Nmero 2 AutoresDr. Edgardo Manuel Latrubesse Coordenador Tcnico - Cientfico MSc. Thiago Morato de Carvalho Goinia Gois 2006Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal4Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal Equipe TcnicaDr. Edgardo M. Latrubesse Coordenao MSc. Thiago Morato de Carvalho Dr. Jos Candido Stevaux Colaborao Gerncia de GeoinformaoMaria Luiza Osrio Moreira - Geloga Heitor Faria da Costa Gelogo Cludio Rodrigues da Silva Gelogo Jeovah Quintino da Silva Tcnico de Minerao Levindo Cardoso Medeiros Tecnlogo em Geoprocessamento Sabrina de Morais Guimares Estagiria Vladimir Chaves de Pina de Barros Estagirio Ilza Mara da Silva Gomes Estagiria Ivanilson Dantas da Fonseca Segundo - Estagirio Gerncia de GeologiaAntnio Passos Rodrigues - Gelogo Leonardo de Almeida - Gelogo Leonardo Resende - Gelogo GOIS(Estado).SecretariadeIndstriadeComrcio.SuperintendnciadeGeologiae Minerao. GeomorfologiadoEstadodeGoiseDistritoFederal.PorEdgardoM.Latrubesse, Thiago Morato de Carvalho. Goinia, 2006. 128 p.:il. (Srie Geologia e Minerao, n.2) GeomorfologiaGois.2.Relevo.3.SuperfciedeAplainamento.4.ZonadeEroso Recuante. I. LATRUBESSE, E.M. II. CARVALHO, T.M. de III. IV. Ttulo.CDU: 551.4 (817.3 + 817.4) Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal5APRESENTAOAGeomorfologiadoEstadodeGoiseDistritoFederal,apresentadoemtextoemapa,na escalade1:500.000,edisponibilizadacomoasegundapublicaodaSrieGeologiaeMinerao,constituiumtrabalhoinditorealizadopelaSecretariadeEstadodaIndstriaeComrcioatravsda SuperintendnciadeGeologiaeMinerao,dentrodoProgramadeGeologiaeMineraodoEstadode Gois. Aoseolharouintervirnumapaisagemourelevonosepodedeixarderefletirsobreomodopelo qualelaseconstituiu,suasformas,potencialidadesevulnerabilidades.AGeomorfologiadoEstadode GoiseDistritoFederalisto,abuscadoconhecimentoeentendimentodapaisagem,comodevido suportecientficoeumvisdesustentabilidade.Dessemodosodisponibilizadosimportantesdados, informaes e interpretaes atuais da geomorfologia do estado. Por sua estrutura, contedo e elaborao em bases e conceituaes cientficas esta publicao alcana rea cientfica e acadmica relacionadas s Cincias da Terra como uma importante contribuio. Oterritriogoianotem,portanto,nestetrabalhoedeacordocomsuaescala,umdiagnsticoe interpretao atualizados desse importante componente do meio fsico, que o relevo. Esse conhecimento torna-se,apartirdeento,umarefernciadeconsultaeconduta,tantonoplanejamento,ordenamento, ocupao territorial, aes e intervenes no meio fsico, como em estudos e trabalhos cientficos. Assim,polticaspblicas,empreendimentosprivadosemseusmaisdiversossegmentosecujos objetosalcanamomeiofsicoemqualquerpontodoterritriogoiano,comoinfra-estrutura(rodovias, ferrovias,saneamento,energia,etc.),ocupaourbana,indstrias,agricultura,pecuria,minerao,e instituies e comunidades acadmicas e cientficas, mais especificamente quelas relacionadas a Cincias daTerra,passamacontarcomumaimportantecontribuioparaosseuscompromissose responsabilidades quanto sustentabilidade do desenvolvimento e do meio ambiente de Gois.Ridoval Darci ChiarelotoLuiz Fernando MagalhesSecretrio de Indstria e Comrcio Superintendente de Geologia e Minerao Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal66APRESENTAO DOS AUTORES Os antecedentes de estudos geomorfolgicos no Estado de Gois, especialmente no que se refere a mapeamentosregionais,soescassos.Semdvida,atopresente,ascartografiasmaisutilizadasso aquelas do Projeto RADAMBRASIL. Produtos posteriores seguiram a mesma base metodolgica do Projeto RADAMBRASIL (Nascimento, 1991; Mamede,1998); mais recentemente dados parciais foram apresentados noProjetoGeologiaeRecursosMineraisdoEstadodeGoiseDistritoFederal(1999),resultadodeuma releitura dos mapas de Mamede 1981a, 1981b, 1983 e 1998. Embora esses mapeamentos sejam de grande importncia e tenham auxiliado muitas pesquisas em Gois, pode-se dizer que, ao longo do tempo, pouco se tem avanado nos mapeamentos geomorfolgicos desdequelesgeradosconceitualmentenoBrasilnasdcadasde70e80.Istonotemacontecidocom outrasreasdasGeocincias,comoocasoparticulardaGeologia,ondeforamgeradasatualizaes utilizandoumgrandenmerodenovasinformaestcnicaseacadmicas,comoarealizaodoMapa GeolgicoedeRecursosMineraisdoEstadodeGoiseDistritoFederal1:500.000(1999)pelaCPRM/UnB/METAGO/SMETeposteriormentecomnovasinformaesgeradasnaSuperintendnciade Geologia e Minerao (SGM) da Secretaria de Indstria e Comrcio do Estado de Gois (SIC). Afaltadeumametodologianicademapeamentogeomorfolgico,aliadaapoucaquantidadede conhecimento geomorfolgico sobre a regio, gerada nas universidades federais e estaduais, num sentido geral,tmcontribudoparaque,oProjetoRADAMBRASIL,tenhasidopraticamenteanicafontede informao regional disponvel no nvel estadual por trs dcadas. Nestelivro,sosintetizadosediscutidososresultadosobtidosnoMapeamentoGeomorfolgicodo EstadodeGoisexecutadonoanode2005,abordandoametodologiaempregadaesuasbases conceituais e os resultados sensu stricto.Aclassificaoutilizadadotipogentico,cujahierarquianocontempla,deformadeterminante, variveis de estado atual. Para explicar a formao das grandes unidades do relevo proposto pelo autores umnovomodelo,maisintegral,paraageraodasgrandessuperfciesregionaisdeaplainamentonos trpicos, denominado preliminarmente de Aplainamento Polignico. Dr. Edgardo Manuel Latrubesse Coordenador Tcnico Cientfico MSc. Thiago Morato de Carvalho Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal7 SUMRIO CAPTULO 1 METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS1.1. INTRODUO91.2. METODOLOGIA E BASES CONCEITUAIS: SISTEMAS GEOMORFOLGICOS COMO SISTEMAS ABERTOS 101.3. SISTEMA CLASSIFICATRIO GEOMORFOLGICO12 1.3.1 SISTEMAS DENUDACIONAIS14 1.3.2 SISTEMAS AGRADACIONAIS14 1.4. PRINCPIOS FUNDAMENTAIS DO SISTEMA DE MAPEAMENTO GEOMORFOLGICO14 1.5. REPRESENTAO CARTOGRFICA E INFORMAES ADICIONAIS CODIFICAO/REPRESENTAO 161.6. PADRES DE DISSECAO16 1.7. TCNICAS E ETAPAS PARA REALIZAO DO MAPEAMENTO17 1.7.1. GEOLOGIA, TOPOGRAFIA E HIPSOMETRIA17 1.7.2. ANLISE DA REDE DE DRENAGEM18 1.7.3. USO DE IMAGENS DE SATLITE 18 1.7.4. TRABALHOS DE CAMPO19 CAPTULO 2 SISTEMAS DENUDACIONAIS 2.1. INTRODUO212.2 SUPERFCIES REGIONAIS DE APLAINAMENTO (SRA)21 2.2.1. SUPERFCIE REGIONAL DE APLAINAMENTO I - SRAI23 2.2.2. SUPERFCIE REGIONAL DE APLAINAMENTO II - SRAII27 2.2.2.1. SUPERFCIE REGIONAL DE APLAINAMENTO II A SRAIIA27 2.2.2.2. SUPERFCIE REGIONAL DE APLAINAMENTO II-B-RT - SRAIIB - RT31 2.2.2.3. SUPERFCIE REGIONAL DE APLAINAMENTO II C33 2.2.3. SUPERFCIE REGIONAL DE APLAINAMENTO III SRAIII33 2.2.3.1. SUPERFCIE REGIONAL DE APLAINAMENTO IIIA SRAIIIA 34 2.2.3.2. SUPERFCIE REGIONAL DE APLAINAMENTO III-B-RT SRAIIIB-RT36 2.2.3.3. SUPERFCIE REGIONAL DE APLAINAMENTO IIIC - SRAIIIC37 2.2.4. SUPERFCIE REGIONAL DE APLAINAMENTO IV SRAIV37 2.2.4.1. SUPERFCIE REGIONAL DE APLAINAMENTO IVA- SRAIVA37 2.2.4.2. SUPERFCIE REGIONAL DE APLAINAMENTO IV-B SRAIVB44 2.2.4.3. SUPERFCIE REGIONAL DE APLAINAMENTO IVC SRAIVC44 2.3. ZONAS DE EROSO RECUANTE ZER45 2.4. MORROS E COLINAS MC48 2.5. ESTRUTURAS DOBRADAS ED49 2.6. ESTRUTURAS DE BLOCOS FALHADOS - BF52 2.7. ESTRUTURAS EM ESTRATOS HORIZONTAIS E SUBORIZONTAIS EH53 2.8. PSEUDO-DOMOS PSD542.9. OUTRAS FORMAS DMICAS NO-DIFERENCIADAS55 2.10. SISTEMAS CRSTICOS55CAPTULO 3 SISTEMAS AGRADACIONAIS3.1. INTRODUO593.2. SISTEMAS LACUSTRES (LA)59 3.2.1. Modelo de formao de lagos60 3.2.2. Covoais61 3.3. REDE DE DRENAGEM E PLANCIES FLUVIAIS (PF)61 3.3.1. Bacia Hidrogrfica do Rio Araguaia61 3.3.1.1. Rio Araguaia623.3.1.2. Afluentes do Rio Araguaia em Gois63 3.3.2. Bacia Hidrogrfica do Rio Tocantins64 3.3.3. Bacia Hidrogrfica do Rio Paran65 3.3.4. Bacia Hidrogrfica do Rio So Francisco 65CAPTULO 4 GEOMORFOLOGIA APLICADA4.1. INTRODUO694.2. MANTOS DE INTEMPERISMO E LATERITAS69 4.3. LATERITAS704.3.1. POTENCIAL ECONMICO DAS LATERITAS71 4.4. INSELBERGS E TORS 724.5. LINHAS DE PEDRAS (STONELINES)76 4.6. PLACERS E PLANCIES FLUVIAIS77 4.7. GEOMORFOLOGIA REGIONAL E CORRELAES COM O USO DO SOLO80 4.8. PROCESSOS EROSIVOS INDUZIDOS OU ACELERADOS POR AO ANTRPICA82 4.9. PROCESSOS DE SEDIMENTAO E MUDANAS GEOMORFOLGICAS NO RIO ARAGUAIA 854.10. CORRELAO ENTRE GEOMORFOLOGIA E HIDROGEOLOGIA86 4.10.1. Superfcie Regional de Aplainamento II - SRA II87 4.10.2 Superfcie Regional de Aplainamento III - SRA III87 4.10.3. Superfcie Regional de Aplainamento IV - SRAIV88 4.10.4. Zonas de Eroso Recuantes - ZER e Morros E Colinas - MC88 4.10.5. Estruturas Dobradas - ED88 4.10.6. Estruturas de Blocos Falhados - BF88 4.10.7. Sistemas Crsticos884.11. STIOS GEOMORFOLGICOS PATRIMNIO NATURAL88 4.11.1. Rio Araguaia88Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal8SUMRIOContinuao4.11.2. Chapada dos Veadeiros91 4.11.3. Cidade de Pedra de Pirenpolis92 4.11.4. Cachoeiras e Corredeiras92 4.11.5. guas Termais de Caldas Novas94 4.11.6. Outras reas de Interesse94 4.12. QUATERNRIO944.13. ENCHENTES DA CIDADE DE GOIS95 CAPTULO 5 - MODELOS5.1. MODELOS DE EVOLUO DA PAISAGEM: ALTERNATIVAS PARA AS GRANDES UNIDADES GEOMORFOLGICAS DO ESTADO DE GOIS E DISTRITO FEDERAL 975.2. CONCEITO DE PEDIPLANO DE KING97 5.3. MODELO DE PENEPLANAO DE DAVIS98 5.4. MODELO DE ETCHPLANAO DE BUDEL99 5.5. PROCURA DE UM MODELO MAIS INTEGRAL PARA A GERAO DAS GRANDES SUPERFCIES DE APLAINAMENTO NOS TRPICOS 100REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS105 ANEXOS113Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal9CAPTULO 1 METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS 1.1. INTRODUO Diversas tcnicas e mtodos foram utilizados na confeco do Mapa Geomorfolgico do Estado de Gois e Distrito Federal. Na primeira etapa a geomorfologia foi interpretada sobre produtos gerados pela equipedoLaboratriodeGeoprocessamentodaSuperintendnciadeGeologiaeMinerao-SGMda SecretariadeIndstriaeComrcio-SIC,atravsdaaplicaodevriasmetodologiassobreprodutosde imageamentoseprodutosvetoriaisdigitaisqueconstituemoSistemadeInformaesGeogrficasdo EstadodeGois/SIG-Gois.Esteprocessoresultouemprodutosanalgicos:mapageolgiconaescala 1:500.000,mapasdaredededrenagemedaaltimetrianaescala1:250.000plotadosem1:500.000, imagens LANDSAT 7 ETM+, nas bandas 5,4,3 e SRTM (Shuttle Radar Topography Mission) sombreadas e plotadas na escala 1:250.000. Os dados de campo que alimentaram as descries e discusses resultaram de vrias campanhas e mapeamentosrealizadospelosautoresealunosdegraduaoeps-graduaodaUniversidadeFederal deGois,emparticularnaregiodabaciahidrogrficadorioAraguaia,entreeles:MaximilianoBayer, PedroAlvesVieiraeRobertoPradodeMorais.OsdadossobreaserosesdoaltocursodorioAraguaia foramcedidospelaProf.Dra.SelmaSimesdeCastroesobreaslinhasdepedranaregiodeBraslia pela Prof. Dra. Cludia Valria de Lima. Valiosas discusses foram mantidas no campo com os gelogos da SGM, Antonio Passos Rodrigues, LeonardodeAlmeida,LeonardoResendeeMarcoAntonioPiresPaixo,dasgernciasdeGeologiaede DesenvolvimentoMineral,durantearealizaodeperfisdistribudospelasdiversasunidades geomorfolgicasqueconstituemapaisagemdeGoisedoDistritoFederal.Posteriormenteparaa consolidao final das informaes foram realizadas reunies de trabalho entre a equipe tcnica da SGM e os autores. Ressalta-seainda,aparticipaodoProf.Dr.JosCandidoStevaux,queseconstituiupea fundamental na equipe, durante a elaborao do Mapa Geomorfolgico.AequipedoLaboratriodeGeoprocessamentodaSGMutilizandooaplicativoSPRINGexecutoua digitalizaodomapageomorfolgicoapartirdas34folhas1:250.000interpretadas(figura1). Posteriormente o mapa foi migrado para o ambiente ArcView 3.2, ajustado em funo do Modelo Digital de Terreno(SRTM)eassociadoaumbancodedadoscujamodelagemmaximizaasinformaescomo objetivo de disponibilizao sociedade por intermdio do Programa SIG-Gois.Os profissionais da SGM envolvidos nesta etapa coordenados pela geloga Maria Luiza Osrio Moreira foram: gelogos Heitor Faria daCostaeCludioRodriguesdaSilva;TcnicoemMinerao:JeovahQuintinodaSilva;Tecnlogoem Geoprocessamento:LevindoCardosoMedeiros;Estagirios:VladimirChavesPinadeBarros,Sabrinade Morais Guimares, Ilza Mara da Silva Gomes e Ivanilson Dantas da Fonseca Segundo. Smia Aquino da Silva auxiliou na formatao e correo do texto. O Mapa Geomorfolgico do Estado de Gois e Distrito Federal na forma de SIG e de arquivos para impresso encontra-se em CD-ROM anexo. Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal10Figura 1 Corte cartogrfico 1:250.000 -Gois e Distrito Federal. 1.2. METODOLOGIA E BASES CONCEITUAIS: SISTEMAS GEOMORFOLGICOS COMO SISTEMAS ABERTOS ConsideradosospressupostosdaTeoriaGeraldeSistemas1,podem-sedescreverosfatores responsveis pela gnese, evoluo e desenvolvimento de um sistema natural2, assim como, compreender seus mecanismos internos.Sobesteenfoque,umSistemaGeomorfolgicoumconjuntodegeoformasinterligadas geneticamente, e com uma estrutura interna definida caracterizada por suas variveis de estado, tais como litologia, pendente regional, estruturas, entre outras, (figura 2). Estas variveis de estado se relacionam e se modificam por processos climticos e geomorfolgicos considerados variveis de transformao. Estas so numerosas: eroso, transporte, sedimentao, intemperismo/pedognese, oscilao do nvel fretico, entre outras. As variveis de transformao (processos) se mobilizam por aportes externos de energia e matria (por exemplo, energia solar, ventos, chuvas). 1Teoria Geral dos Sistemas lanada por Ludwig Von Bertalanffy em 1937, tem por objetivo uma anlise da natureza dos sistemas e da inter-relao entre eles em diferentes espaos, assim como a inter-relao de suas partes. 2 Sistema natural Pode-se categorizar os sistemas, em criados pelo ser humano (artificiais) e os de origem no-humana (naturais).Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal11Figura 2 - Sistema Geomorfolgico: definio e variveis de estado e transformao. AestruturadoSistemaeseusprocessosdeterminamumcomportamentotpicoparacadasistema, (figura 3). O comportamento tpico de boa parte de sistemas inundveis, por exemplo, devido ocorrncia de prolongadas inundaes em funo da interao de suas variveis de estado e de transformao, como relevosrebaixados,solosencharcados,sistemasdepaleocanaiscomumaredededrenagempouco integrada e em parte herdada geomorfologicamente. Figura 3 - Estrutura e comportamento tpico dos sistemas geomorfolgicos. A mudana de uma nica varivel externa3 provoca reajustes em todos os parmetros de um sistema. Os sistemas geomorfolgicos podem ser caracterizados por seu grau de estabilidade que varia entre limites amplos.Porexemplo,asreasinundveisdaplanciedoBananal,podemsermodificadasdrasticamente durante um perodo de estiagem; j nas superfcies de aplainamentos regionais no ocorrero modificaes importantesparaomesmoevento,mantendo-serelativamenteestveiseparcialmenteconservadas,ao longo,depelomenosalgunsmilhesdeanos.Sistemasestveisabsorvembemosimpactosdas perturbaes(regulao)enquantosistemasinstveisreagemrapidamente,se modificandoemfunoda nova situao (adaptao). Neste caso, entram em jogo a inrcia do sistema e a memria, (figura 4). 3 Varivel externa - no intrnseca ao sistema, como por exemplo, tectnica, mudanas climticas ou efeitos antrpicos.A estrutura do sistema e seus processosdetermina um Comportamento Tpico para cada tipo de sistema. O Comportamento Tpico caracteriza-se em funo da interao de suas variveis de ESTADO e de TRANSFORMAO.Estrutura do sistema LitologiaPendente Regional Estruturas.... ErosoTransporte Sedimentao Intemperismo/pedognese Oscilao de nvel fretico... TRANSFORMAO SISTEMA GEOMORFOLGICO O Sistema Geomorfolgico um conjunto de geoformas interligadas geneticamente, com estrutura interna definida. caracterizada por variveis de:ESTADODefinio Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal12Figura 4 - Estabilidade, inrcia e memria de um sistema geomorfolgico. Memriaainformaogeomorfolgicaquepersistenosistemacomoinformaoacumulada permitindo reconstruir o ambiente e os processos do passado. Inrcia a persistncia das formas ao longo do tempo aps o clima que as originou haver mudado, como por exemplo, as grandes superfcies de aplainamento regional do Brasil Central. Finalmente,pode-seconsiderarqueumSistemaGeomorfolgicoumsistemafsicoabertocom contnuo intercmbio de massa e energia.1.3. SISTEMA CLASSIFICATRIO GEOMORFOLGICO Aclassificaoutilizadadotipogentico,organizadaemvriosnveis,sendoascategorias dominantes no nvel 1, os Sistemas Agradacionais e os Denudacionais, tabela 1. Cada um destes Sistemas pode envolver tanto processos de agradao como de denudao, mas o critriodeclassificaodeterminadopeladominnciadegeoformasidentificadasnomapeamento: erosivas (denudacionais) ou de deposio (agradacionais).Naclassificaoproposta,hierarquiasgeomorfolgicasnocontemplamemformadeterminante asvariveisdeestadoatuaiscomovegetao,climaesolos,nem, deformaparticular, asvariveisde transformaocomoprocessosmorfogenticosatuantesnopresente,embora,asmesmaspossamser contempladasparcialmenteparadiferentesambientesdeacordocomadominncianosprocessosde erosoouagradao.Umavezquerelevospolicclicose/oupolignicossodominantesnasuperfcieda Terra,emumadeterminadaregio,asgeoformasrepresentativasdeumapaisagempodemestarem desarmoniacomascaractersticasclimticas,biogeogrficasemorfogenticasatuais.Assim,aunidade cartografada,poderpertenceraumSistemaGeomorfolgicoativo4ouinativo5.Paradefinioe representao cartogrfica considerada a predominncia das formas numa determinada regio, (figura 5). 4 Sistema geomorfolgico ativo funcional no tempo presente. 5 Sistema geomorfolgico inativo no-funcional no tempo presente.Grau de EstabilidadeA mudana de uma varivel externa provoca reajustes em todos os parmetros dos Sistemas Estveis Tem a capacidade de absorverem bem os impactos das perturbaes (regulao) Instveis Reagem rapidamente s perturbaes modificando-serapidamente (adaptao) INRCIA a persistncia das formas ao longo do tempo aps o clima que as originou haver se modificado MEMRIA a informao geomorfolgica que persiste no sistema comoinformao acumulada epermitindo reconstruir o ambienteGeomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal13Tabela 1 Sistema Classificatrio utilizado no mapeamento geomorfolgico do Estado de Gois. SistemasNvel 1Nvel 2Nvel 3Nvel 4 Faixa Aluvial Meandriformes Escoamento Impedido Bancos Acrescidos FluviaisPlancie Fluvial Espiras de Meandros Agradacionais Lacustres Morros e Colinas DissecaoZonas de Eroso Recuante Fraco ou sem Controle Estrutural Aplainamento Superfcies Regionais de Aplainamento Estruturas Dobradas Estruturas Dmicas e Pseudo - Dmicas Denudacionais Forte Controle EstruturalMorros e Colinas Figura 5: Sistemas Agradacionais e Denudacionais. Entretantoaclassificaopermitequecertasvariveisdopresentesejamincludascomoanexoao sistemaclassificatrio.Paraincrementarainformaodedadosmorfogenticosatuais,pode-se,seguira metodologiasimilarutilizadapelo ITC6,queaplicadanoZoneamentodefronteirasBrasil-Bolvia,que englobaestestiposdevariveisdentrodacategoriadeCaractersticasdoTerreno(relevo,pendente regional, processos, solos, condies hidrolgicas, vegetao, etc). Ofatorescala,freqentementeutilizadoparadeterminaodecategoriaspordiversosautores, consideradoaquiumavariveldeajuste,determinadapelainterpretaodosdistintoselementos geomorfolgicos nas diferentes hierarquias, e, portanto, totalmente dinmico, (figura 6). 6ITC International Institute for Geo-Information Science and Earth Observation.Sistema Classificatrio do tipogentico,organizado emnveisinseridos emSistemas Agradacionais e Denudacionais.Agradao Classificao GenticaProcessos Denudao O importante ao definir e representar cartograficamente uma regio a predominncia das formas do Sistema [ATIVO ou INATIVO] As distintas hierarquias geomorfolgicas no contemplam como elemento decisivo as variveisdeestadoatuaiscomotiposdevegetao,climaesolos,nemasvariveis detransformao,comoprocessosmorfogenticosatuantesnopresente.Aunidade cartografada poder ser um Sistema Geomorfolgico ATIVO ou INATIVO.Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal14Figura 6 - Escala e hierarquias no sistema de mapeamento geomorfolgico. 1.3.1 SISTEMAS DENUDACIONAIS OsSistemasDenudacionaissesubdividemnonvel2emSistemasDenudacionaiscomfraco(ou imperceptvel) controle estrutural e com forte (marcante) controle estrutural. Nonvel3dosSistemasDenudacionaiscomfortecontroleestrutural,oelementodeterminanteo estiloestrutural,comoporexemplo,blocosfalhadosebasculados,estratosdobradosgeradosporcorpos intrusivos,entreoutros.Comoelementosdonvel4soconsideradasasgeoformasassociadasaoestilo estrutural do nvel 3, como por exemplo, hogbacks, cuestas e facetas triangulares. OsSistemasDenudacionaiscomfracoouimperceptvelcontroleestrutural,sodivididosnonvel3 emdoisgrandesgrupos:SistemasDenudacionaisdeDissecaoeSistemasDenudacionaisde Aplainamento.Os Sistemas Denudacionais de Dissecao so aqueles onde predomina a eroso linear. No nvel 4 foramdiferenciadosdoistiposdeassociaesdeformas:deColinaseMorros(terminologiapopularno Brasil) e Badlands7.OsSistemasDenudacionaisdeAplainamentoapresentamgrandeimportncianosterritriosde Rondnia,MatoGrossoeGoisdevidosuarepresentatividadeemrea.Asgrandessuperfciesde aplainamentocaracterizadasnessesestadosreceberamadenominaodeSuperfciesRegionaisde Aplainamento.Emfuno dacaracterizaogentica degrandes superfciesdeaplainamento,particularmentenas regiestropicais,permaneceremdiscusso,nosoutilizadosnalegendatermoscomopediplanos, etchplanos ou peneplancies. Embora mais descritivo, o termo Superfcie de Aplainamento tem conotaes gentica, mas indica somente rea aplainada por processos geomorfolgicos. A discusso sobre a origem das grandes superfcies de aplainamento do Estado de Gois abordada aqui sobre a ptica dos autores (captulo 5). Para os padres de aplainamento localizados se recomenda utilizar o termo pedimento, quando associado a frentes montanhosas. 1.3.2 SISTEMAS AGRADACIONAIS AclassificaodosSistemasAgradacionaispraticamenteamesmapropostaporIriondo(1986), comalgumasmodificaes(Latrubesse,1998).Essaclassificaofoitestadaemdiferentesescalas,em projetos nos quais participou o autor tais como: Zoneamento Socioeconmico dos Estados de Mato Grosso eRondnia,ZoneamentoSocioeconmico-EcolgicodaRegiodeFronteirasBrasil-BolviaeaoProjeto MapadasPlanciesdaAmricadoSulCONICET8NationalGeographicSociety.Estaclassificao, elaboradaparaoestudodeplancies,contempladuasprincipaiscategorias:PlanciesEstruturaise PlanciesdeAgradao.NocasodoEstadodeGoiseDistritoFederalnoforamconsideradasessas subdivises.Nonvel2osSistemasAgradacionaispodemsersubdivididosemelicos,glaciais, lacustres/palustres,fluviais,litorneoseflvio-gravitacionais,sendoquecadaumdessespodeser compartimentado.OsSistemasAgradacionais,emGois,foramsubdivididosemlacustres/palustresefluviaissendo que os Sistemas Glaciais e Litorneos no sero discutidos uma vez que no ocorrem. 1.4. PRINCPIOS FUNDAMENTAIS DO SISTEMA DE MAPEAMENTO GEOMORFOLGICO Sendoumaclassificaodetipoaberta,significaque,novascategoriaspodemserincludas,caso sejanecessrioemfunodascaractersticasdedeterminadaregio.Algunsprincpiosfundamentaisdo Sistema de Mapeamento Geomorfolgico so apresentados a seguir, figura 7:7Badlands terras imprprias para agricultura, muito erodidas pela eroso pluvial, com sulcos ou valetas. 8CONICET - Consejo Nacional de Investigaciones Cientificas y Tecnicas, ArgentinaTratamento de Escala Escala uma varivel de ajuste determinada pela interpretao de elementos geomorfolgicos em diferentes hierarquias, sendo totalmente dinmica. As hierarquias propostas no tm relao com uma geoforma analisada em diferentes escalas; sempre ser classificada em uma mesma hierarquia.Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal15Sistemas: em cada um dos sistemas, pode se produzir agradao ou denudao, mas o critrio de classificaoemapeamentodaunidadeocorrepelaprevalnciadasgeoformasagradacionaisou denudacionais caracterizando unidades mapeveis. Unidades: como foi exposto existem duas grandes categorias de unidades, consideradas como de Denudao e de Agradao. Escala: a magnitude das formas atua como uma varivel de ajuste determinada pela interpretao dos elementos geomorfolgicos nas diferentes hierarquias, constituindo-se, portanto, em um parmetro totalmentedinmico,noatreladoavaloresdeescalapr-definidos.Umaplanciealuvialpodeter diferentesdimensesemfunodorioqueagerou,pormasuaclassificaocontinuarasera mesmaemqualquerescala.Umageoformapodeapresentarumagrandevariabilidadedetamanhos, podendosermapevelemdiferentesescalas(porexemplo,asespirasdeumgrandemeandrodorio Madeira ou Amazonas podem facilmente ser identificadas na escala 1:250.000 e pertencero a mesma categoria que as espiras de meandro de um rio pequeno que no podem ser mapeadas nesta escala). Concluindo,oobservadormapeiaaquiloqueconsegueidentificarsegundoaescaladetrabalho,mas nosegundoaslimitaesartificiaisdeescalaimpostasnascategoriasdeclassificao,como erroneamente acontece na maioria dos mtodos de mapeamento. Classificao: um fato fundamental que as unidades mapeadas podem ou no ser ativas. O que defineaclassificaooquedominaacenae,portanto,oqueseimpeaoobservadorna interpretao. Variabilidadeinterna:algunssistemaspodemsersubdivididos,enquantooutrosmostrampouca variabilidadeinterna.Sendoumsistemadeclassificaoaberto,podemseragregadossucessivos nveis. Por exemplo, um sistema de deposio lacustre poder ter uma variabilidade interna menor que umdedeposiofluvial,podendosersubdivididoemoutrossubnveis.Porexemplo,umSistemade AplainamentoporPedimentosteruma variabilidademenorqueumSistemadeDeposio,como encontrado na plancie aluvial do Araguaia.UnidadesAssociadas:tendoemvistaquealgunssistemassocompostosporvrioselementos interatuantes,constituindoreascomplexascomagrupamentosdegeoformasdediferentesorigens, utilizou-seoconceitodeUnidadesAssociadaspararesolveroproblemadomapeamento geomorfolgico.ConsiderandoqueosSistemassocompostosporvrioselementosinteratuantes, diferentesclassespodemseapresentarassociadasnosistemaqueasengloba.Porexemplo,alguns SistemasdeAplainamentoRegionalapresentamSistemasLacustresassociados.Estasreas subordinadassocartografadasseparadamente,semprequeaescalaopermitir,equandono puderamserindividualizadasseroconsideradasUnidadesAssociadasaoSistemadominante.Outro exemplo so alguns setores dos Sistemas Fluviais, como terraos, ocorrendo associados a Sistemas de reas Pantanosas ou Alagadias. Figura 7 - Conceitos de dominncia, variabilidade e unidades associadas. Dominncia do sistema Variabilidade interna Unidades Associadas Alguns sistemas podem ser subdivididosenquanto outros mostram uma pequenavariabilidade interna. Sendo um sistemaaberto, podem ser agregados sucessivosnveis e classes. O critrio de classificao e mapeamentoda unidade determinado pela prevalncia das geoformas agradacionais ou denudacionaisDesignavrioselementosinteratuantes, constituindoreascomplexas(agrupamentosde geoformas de vrias origens). Diferentes classespodem ocorrer associadas a umsistema que as engloba, e sero mapeadas individualmente quando a escala o permitir. Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal161.5. REPRESENTAO CARTOGRFICA E INFORMAES ADICIONAIS CODIFICAO/REPRESENTAO ParaacodificaodasUnidadesGeomorfolgicasfoiutilizadoumcdigodeletras.Porexemplo, SRA (fr), onde SRA (Superfcie Regional de Aplainamento), fr (dissecao fraca);PFm (Plancie Fluvial), m (padro meandriforme). Paraasrepresentaescartogrficasforamutilizadoscoresetons.Paraonvel1foramutilizadas cores. Para os nveis 2, 3 e sucessivos, foram utilizadas cores ou tons, conforme o grau de complexidade geomorfolgicainternadaunidadeeaspossibilidadesdemapeamento.Emboranoutilizadoneste trabalho,narepresentaocartogrficadeelementoslineares(e.g.escarpas)podemseraplicadasas simbologias correntemente utilizadas em geomorfologia. Aindanombitodarepresentaocartogrfica,codificaoelegenda,ascaractersticasdoterreno indicativasdeestadoedetransformaosoapresentadasemperfisgeomorfolgicosauxiliaresque incluem dados topogrficos e geolgicos. 1.6. PADRES DE DISSECAO Afimdecaracterizarograudedissecao/preservaodasunidadesmapeadas,determinou-se padressemiquantitativosdedissecao,considerandodensidadededrenagem,graudeincisoe amplitude dos vales. Os padres foram calibrados em reas definidas como tipo e sua posterior aplicao emumadeterminadaunidaderealizadaporcomparaovisualdireta,comotradicionalmenteutilizado no Brasil e tipicamente por RADAMBRASIL, (figura 8). Figura8-TexturanasimagensSRTMsombreadas(shade-relief),indicandoograudedissecao.A) Dissecao Muito Fraca (mfr); B) Dissecao Fraca (fr); C) Dissecao Mdia (m); D) Dissecao Forte (fo) e E) Dissecao Muito Forte (mfo). Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal171.7. TCNICAS E ETAPAS PARA REALIZAO DO MAPEAMENTO AelaboraodoMapaGeomorfolgicodoEstadodeGoiseDistritoFederalconsistiudevrias etapas e procedimentos, apresentados no fluxograma abaixo, (figura 9): Figura 9 - Fluxograma metodolgico 1.7.1. GEOLOGIA, TOPOGRAFIA E HIPSOMETRIA NomapeamentogeomorfolgicoforamprimeiramenteutilizadosarquivosvetoriaisdigitaisdoSIG-GoisreferentessbasescartogrficasdoIBGEnaescala1:250.000,comcurvasdenvelcom eqidistnciade100metros,plotadasnaescala1:500.000.Foramtambmanalisadososprodutosde hipsometria MDT9 gerados a partir de imagens de radar SRTM10. Em termos gerais, observou-se uma boa correlao entre as bases e o modelo hipsomtrico. O mapa hipsomtrico gerado a partir da SRTM indicou boacorrelaocomasprincipaisunidadesderelevo,embora,emalgunscasos,oslimitesdeclasses escolhidos para o MDT no se ajustem exatamente com a distribuio de unidades geomorfolgicas.Foram plotados na escala 1:250.000, mosaicos em tons de cinza (shaded relief) com exagero vertical de 3 vezes, com o objetivo de ajustar o relevo gerado pela introduo estatstica de classes hipsomtricas (fatiamento) distribuio hipsomtrica natural da paisagem.OMDTeomapageolgicoemformatosdigitaleimpressoauxiliaramsignificativamentena identificaodeunidadesgeomorfolgicas.Seguindoametodologiatradicional,omapaaltimtricopor curvas de nvel, pontos cotados e referncias de nvel impresso na escala 1:500.000 foi associado a mapas de hipsometria gerados a partir de imagens de radar SRTM.Osmosaicosemtonsdecinza(shadedrelief)naescala1:250.000semostraramumaferramenta fundamental, utilizada no cruzamento com a interpretao das imagens LANDSAT 7 ETM+ e com o prprio mapa geomorfolgico, j na fase final do trabalho para fins de ajustes nos limites das unidades. 9MDT Modelo Digital de Terreno. 10SRTM Shuttle Radar Topographic Mission um projeto comum entre as agncias Nacional de Inteligncia Geoespacial (NGA) e de Administrao Espacial e Aeronutica (NASA) com o objetivo de produzir dados topogrficos digitais para 80% da superfcie de terrada Terra (todas as reas de terra entre60 norte e 56 latitude sul). Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal181.7.2. ANLISE DA REDE DE DRENAGEM ParaanalisararedededrenagemforamutilizadosarquivosdoSIG-Goisdasfolhas1:250.000do IBGE, mosaicados e plotados na escala 1:500.000, para identificar os tipos de padres da rede, anomalias e variaes na densidade drenagem. A integrao das informaes obtidas a partir da rede de drenagem, geologia e da hipsometria (MDT) permitiuaidentificaodasunidadesmacrogeomorfolgicas.Osmapaspreliminaresgeradosforam discutidos e analisados com os gelogos da Superintendncia de Geologia e Minerao. 1.7.3. USO DE IMAGENS DE SATLITE Foramutilizadosdoissistemasorbitaisdesensoriamentoremotoparaidentificaremapearas unidadesmorfolgicasdorelevo,sendoumsensorativoeoutropassivo.Osistemapassivoutilizadofoi LANDSAT 7 ETM+ (Enhanced Thematic Mapper Plus) e o sistema ativo SIR-C/X-SAR (Spaceborn Imaging Radar C-band/X-band Synthetic Aperture Radar).O LANDSAT7eraosatlitemaismodernoemoperaodoprogramadaNASA(National AeronauticsandSpaceAdministration).Foilanadoem15deabrilde1999epermaneceuativoem condies normais at 31 de maio de 2003 e depois desta data em modo SLC - OFF, com a qualidade das imagens muitoprejudicadas.Possuaumsensora bordodenominadoETM+(EnhancedThematicMapper Plus).Uma imagem LANDSAT 7 ETM+ composta por 8 bandas espectrais que podem ser combinadas em inmeraspossibilidadesdecomposiescoloridaseopesdeprocessamento.Entreasprincipais melhorias tcnicas, se comparado ao seu antecessor, o satlite LANDSAT 5 TM, destacam-se a adio de umabandaespectral(bandapancromtica)comresoluode15m,perfeitamenteregistradacomas demaisbandas,melhoriasnascaractersticasgeomtricaseradiomtricas,eoaumentodaresoluo espacial da banda termal para 60 m.OusodasimagensSRTMtemsetornadocadavezmaisfreqente,destacando-seseuusopara estudosgeolgicos,hidrolgicos,geomorfolgicoseecolgicos,entreoutros,sejaparaanlises quantitativas ou qualitativas do relevo e seus agentes modificadores (Carvalho & Latrubesse, 2004). Por se tratarem de imagens Interferometric Synthetic Aperture Radar - IFSAR, obtidas no ano de 2000 atravs da ShuttleRadarTopographyMissionSRTM,permitemageraodemodelosdigitaisdoterrenopor interferometria(duascenasderadardamesmarea,formandointerferograma),atravsdossensores Spaceborn Imaging Radar C-band/X-band Synthetic Aperture Radar (SIR-C/X-SAR, comprimentos de onda 5,6 cm e 3 cm respectivamente), modificados e acoplados ao Space Shuttle. O sistema SIR-C imageia uma faixa de 225 km de largura e o SAR-X uma faixa de 50 km, cuja rbita determinada por um sistema GPS (formado por dois receptores e duas antenas), referenciado ao sistema World Geodetic Survey 1984 - WGS-84. Os produtos disponibilizados possuem resoluo horizontal global de 90 m (SRTM-3 arc-seconds) e 30 mparaosEstadosUnidos(SRTM-1arc-secondeumaacuidadeverticalabsolutade16m)-Carvalho, 2003. Os produtos nos formatos HGT (Height), TIFF (Tag Image File Format), ARCGRID (Arc/Info), BILL(BandInterleavedbyLine)eGRIDFLOAT(FloatingPointData)sodisponibilizadosgratuitamente atravs do Eros Data Center (Servio Geolgico dos Estados Unidos USGS).O formato utilizado neste estudo foi o HGT e ArcGRID, por ter maior fidelidade s informaes de altimetriaecoordenadasgeogrficas,utilizando-separatantooprogramadeprocessamentodeimagens ENVI4.0eERDAS8.7.Estessoftwares,paraanlisesdesensoriamentoremoto,comousodesuas ferramentas topogrficas, permitiram a montagem das cenas de imagens SRTM, gerando-se uma imagem para todo o Estado de Gois. Para analisar feies topogrficas/geomorfolgicas utilizou-se diversas rotinas no ENVI 4.0: a) sombreamentodorelevo(shaded-relief);b)fatiamentoaltimtrico(densityslice);c)perfistopogrficos (topographic profile); d) cruzamento de dados geolgicos, drenagem e estradas.a) RelevoSombreado(shaded-relief):importanteparadefinircontatoslitolgicosefeies estruturais.Orealcedorelevoatravsdasimulaodediferentesgeometriasdeiluminaoproporcionouo sombreamentodorelevo, dandoaimpressodeconcavidadeeconvexidade.Issopermitiuaidentificao defeiesestruturais,contatoslitolgicos,ZonasdeErosoRecuante,MorroseColinas,almde possibilitaraidentificaodepadresdiferenciadosdedissecao,feiesplanares,linearespositivo-negativasetabularesdorelevo,quenosoidentificadascomdetalheemMDTsderivadosdecartas topogrficas. Essafaltadeprecisodevido escalada cartatopogrfica, nmerode pontos cotadosno terreno, eqidistncia das cotas altimtricas, e tambm no tipo de interpolao utilizada para gerar o modelo do terreno. Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal19b) Fatiamento Altimtrico (density-slice): importante para identificar patamares diferenciados. Esta rotina permite identificar na imagem a altimetria, picos mais altos e baixos bem como patamares do relevo diferenciados. Esses so as Superfcies Regionais de Aplainamento, obtidas pelo fatiamento das cotas altimtricas, resultando no mapa hipsomtrico, onde podem ser estabelecidos intervalos de cotas na imagemcomdiferentescores.EsteprocedimentopermitemapearasSuperfciesRegionaisde Aplainamento e Zonas de Eroso Recuante. O critrio estabelecido para os intervalos de cotas altimtricas nofoiomesmoparatodososquadrantesdasimagens.Osintervalosforamdefinidoscombasenos dados de campo, da literatura e interpretaes em imagens sombreadas.c) Perfis Topogrficos (topographic profile): importantes para identificar variaes topogrficas. Estatcnicatilparadiversosestudos,desdeumarpidadescriodasgeoformasdoterreno, identificadaspelasirregularidadesdorelevo;estudosestratigrficosepedolgicos,nosquaisso acrescentadasinformaesestratigrficase/oupedolgicasobtidasemcampoeindicadasnoperfil topogrfico; de biogeografia, em especial da vegetao e sua relao com o relevo; para implementao de diversasobrascomoestradasderodagem;implementaoparaconstruodelinhasdetransmissode energia eltrica e outras.d) Cruzamento de dados geolgicos, drenagem e de estradas: importante para interpretar junto com o modelo digital do terreno, o mapa geolgico, a rede de drenagem e o mapa virio para identificao de reas de acesso. Paramelhorcompreensodosistemamorfolgico,muitasvezesprecisoagruparinformaesde seuscomponenteslitolgicoseagentesmodificadores;nestecaso,foramagrupadosomodelodigitaldo terreno (imagens SRTM), geologia e rede de drenagem, extrada do SIG-Gois. Aredededrenagemindicaosentidodedissecaodorelevo,ouseja,porondeasSuperfcies Regionais de Aplainamento esto sendo erodidas.1.7.4. TRABALHOS DE CAMPO Os trabalhos de campo foram realizados em diversas etapas, sendo a principal, um percurso de mais de 3.000 km ao longo do estado (perfis de 1 a 12) com participao dos tcnicos da SGM. Trabalhos nas regiesdosmunicpiosdeMorrinhoseGoispermitiramaobtenodedadosadicionais.Almdisso, informaesgeradaspelosautoresemdiversosprojetosdepesquisaauxiliaramnarealizaodomapa, relatrio e deste livro. Os dados geolgicos foram agrupados nos perfis topogrficos/geomorfolgicos, seguindo as estradas de rodagem. Estes dados tambm foram utilizados durante as interpretaes em escritrio, com a finalidade deconheceroembasamentogeolgicodecadaunidadegeomorfolgicae,assim,poderclassific-lasde acordo com as litologias e estruturas tectnicas englobadas.Osperfisforamescolhidoscombaseemdoiscritriosprincipais:a)representatividade geomorfolgica,aoseccionardiversasunidades;b)possibilidadedeseremencontradosaolongodas principais vias de acesso.Estes perfis foram gerados a partir do MDT, portanto, foram automaticamente georreferenciados. Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal20Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal21CAPTULO 2 SISTEMAS DENUDACIONAIS 2.1. INTRODUO NoEstadodeGoiseDistritoFederalhumaexpressivapredominnciadeformasdenudacionais que ocupam 98,30 % de suas superfcies (346.882 km2), tendo sido identificadas as seguintes categorias: Superfcies Regionais de Aplainamento (SRA); Zonas de Eroso Recuante (ZER); Morros e Colinas (MC) com ou sem marcante controle estrutural; Hogbacks (HB) geradas por processos de dobramentos formando colinas e morros; Braquianticlinais (BQ) geradas por dobramentos associados a corpos intrusivos plutnicos; Formas dmicas (DM) geradas por blocos falhados; Pseudo-domos(PSD)geradosporestruturastectnicascomplexassobrerochaspr-cambrianas; Relevostabulares(RT)geradossobrerochassedimentareshorizontaisasuborizontais geralmente relacionados com a formao de algumas Superfcies Regionais de Aplainamento; Relevoscrsticos no-cartografveisnaescaladomapeamento,masindicadasnasunidades correspondentes como unidade associada.2.2. SUPERFCIES REGIONAIS DE APLAINAMENTO (SRA) AsSuperfciesRegionaisdeAplainamentosoasunidadesmaisrepresentativasdageomorfologia doEstadodeGoiseDistritoFederal.UmaSRAumaunidadedenudacional,geradapelo arrasamento/aplainamento de uma superfcie de terreno dentro de um determinado intervalo de cotas e este aplainamentoseddeformarelativamenteindependentedoscontrolesgeolgicosregionais(litologiase estruturas).UmaSRA,nasuadistribuioespacial,podeseccionar/aplainarsobrelimiteslitolgicose estilos estruturais erodindo diversas unidades geolgicas. DiversosmecanismospodemlevarformaodeumaSRA.NoBrasil,desdeadcadade70se utiliza,fundamentalmente,omodelodepediplanaopropostoporKing(1956)baseadoemestudos realizados essencialmentenoBrasilenafrica(captulo5).Trabalhosrealizadosemoutrasregies tropicaistmlevadogeraodenovosmodelossobreainterpretaoevolutivadasgrandessuperfcies deaplainamento,tantonoqueserefereaosprocessosgeradores,comoidadedegerao.Nocaso especficodoEstadodeGois,asSuperfciesRegionaisdeAplainamentotemsidointerpretadascomo geradasfundamentalmenteporprocessosdeEtchplanao (Etchplains) ouporumamisturade processos (relevospolignicos,incluindopediplanao)enoexclusivamenteporpediplanaotpica(pediplanos), como sugerido pelo Projeto RADAMBRASIL. No capitulo 5 discutido com maior detalhe a gnese destas formas. Neste mapeamento foram identificadas quatro superfcies de aplainamento escalonadas em distintas cotas. Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal22A tabela 2 apresenta as caractersticas gerais das superfcies regionais de aplainamento: Tabela 2 Caractersticas gerais das Superfcies Regionais de Aplainamento - SRAs SRA Sub-unidade Cotas (m)Caracterstica GeralUnidades Associadas Localizao mais Representativa SRAI 1250-1600Superfciemaisantiga,mesozica,desenvolvidasobre metassedimentos. Antigos nveis de laterita quase totalmente desmantelados Chapada dos Veadeiros. FolhaSD.23-V-CSRAIIA ~900-1250Muitobemdesenvolvidaeemalgunssetoresbem preservada.Espalha-sesobrediversasunidadesde embasamentoeseapresentacomdiversosgrausde dissecao. Nvel de laterita presente. Setor central e centro-sul Folhas SD.23-Y-ASD.23-Y-CSE.22-X-B SRAII B- RT900-1000Desenvolvida nas rochas da Bacia do Paran. Relevos tabulares gerados sobre rochas horizontais a suborizontais Bacia do Paran, sudeste do estado. FolhasSE.22-Z-BSE.22-Y-A SE.22V-C SE.22-V-D SRAIIC 750-1000Desenvolvida nas rochas da Bacia do Paran Bacia do Paran sudoeste do estado. FolhasSE 22-V-A SE 22-V-B SRAIIIA 550-850Desenvolvidasobrediversasunidadesdoembasamento cristalino.Emalgunspontosmostracertatransioparaa SRA-IV-A.MenosdesenvolvidaqueaSRAII-Aecomrelevo mais irregular. Centro do estado. Folhas SD.22-Z-B SD.22-Z-C SRAIII B - RT550-750Formadaprincipalmente(noexclusivamente)sobreos basaltos da Formao Serra Geral. Relevos tabuliformes associados a derrames baslticos e rochas sedimentares Sudeste do Estado, Bacia do Paran.Folhas SE.22-Y-B SE.22-Y-D SE.22-Z-C SRAIIIC 550-750Desenvolvida sobre rochas paleozicas na Bacia do ParanMorros e Colinas Bacia do Paran sudoeste do estado FolhasSE 22-V-C SE 22-V-D SE 22-V-B SRAIVA 500-400Desenvolvidasobregrandevariedadederochasdo embasamentocomgeraoderelevosmuitoaplanados. Nveis de lateritas, bem desenvolvidos. Sistemas lacustres e crsticos quando desenvolvidos sobre rochas do Bambu. Vo do Paran e norte do estado. FolhasSD.23-Y-A SD.23-V-ASE.22-X-B SRAIVB 500-550RochasdoembasamentoebasaltosdaFormaoSerra Geral, gerao de relevos muito aplainados. Sistemas lacustres Centro-sul do estado (bacia fluvial do Paran). Folhas SE.22-Z-A SE.22-X-C SRAIVC1 250-400Rochaspr-cambrianascomnveisdelateritasbem desenvolvidos Morros e Colinas Oeste do estado(bacia fluvial do Araguaia) SD.22-Z-ASD.22-Z-CSE.22-V-A SD.22-Y-B SD.22-Y-D SRAIVC2 250-400Rochasdopr-cambrianocomgeraoderelevosmuito aplainados. Nveis de lateritas bem desenvolvidos. Sistemas lacustres Oeste do estado (bacia fluvial do Araguaia). FolhasSD.22-Z-ASD.22-Z-CSE.22-V-A SD.22-Y-B SD.22-Y-D Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal232.2.1. SUPERFCIE REGIONAL DE APLAINAMENTO I - SRAI A SRAI situa-se no nordeste do Estado de Gois na bacia hidrogrfica do rio Tocantins, ao longo dos municpiosdeguaFriadeGois,SoJoodaAliana,AltoParasodeGoiseCavalcante,ocupando umareade3.018km2(figuras10e11).Desenvolve-seacimadascotasde1.250at1.600mcom agrupamentosdemorros(inselbergs)sobreesta,queatingemat1.600mdealturaerepresentada tipicamente na Chapada dos Veadeiros.Desenvolve-se principalmente sobre as litologias pertencentes aos metassedimentos do Grupo Ara e embasamentograntico-gnassicodaFaixaBraslia.EstasuperfciecorrespondeSuperfciede AplainamentoPr-Gondwanica(pr-Cretceo)deKing,jqueanteriorsformaesmesozicas,eno est seccionando litologias do Cretceo. Nestaunidadesoobservadosespessosmantosdeintemperismoqumicosobreasrochas metamrficas,aexemplodoqueocorreaolongodasestradasGO-118(BR-010)eGO-239,ondeo saprolito aflora numa cota aproximada de 1.500 m (figuras 13 e 12). Nestas superfcies as rochas granticas mais resistentes ao intemperismo qumico originam colinas inselbergs, campos de mataces e tors no topo da chapada (figura 14). Pelofatodeconteras cotasmaiselevadasdoEstadodeGois estaunidadeapresentaumpadro climticoparticularcommdiaanualde21oC eprecipitaoanualde1.675mm.Avegetao caracterizada por pequenos arbustos e plantas herbceas em campos abertos, rupestre nos campos limpos e apresentando um porte mais arbreo nas encostas. Localmenteestaunidadeexibefalsiasimponenteseabruptasnasbordasdoschapades,de marcada beleza paisagstica pelo fato de ter contato direto com a superfcie SRAIVA, que se encontra numa cota muito mais baixa. Devido conjuno de beleza paisagstica e presena de ecossistemas particulares de altitude foi delimitado nesta unidade o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, que ocupa uma rea de 60.000 ha. Na figura 10 mostra-se as caractersticas do relevo em um perfil ao longo da GO-239, no interior da Chapada dos Veadeiros. Indica-se neste perfil a posio das figuras 11, 12, 13 e 14. Informaes adicionais sobre a articulao desta unidade com outras, podem ser visualizadas no perfil 5 anexos. Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal24Figura 10 Perfil topogrfico da SRAI no trecho de Nova Roma a Alto Paraso de Gois. Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal25Figura11ChapadadosVeadeiros,superfciebemconservadadaSRAI,GO-118/BR-010,coordenadas 1354.05 S e 4723.23 W, cota aproximada 1.250 m (perfil 5). Figura12-EspessomantodeintemperismoexpostonaSRAInaChapadadosVeadeiros,GO-239.O saprolitoafloranterepresentaumapartedomantodeintemperismooriginal,jqueosnveissuperiores foram erodidos pela SRAI (perfil 5).Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal26Figura13-EspessoafloramentodesaprolitodesenvolvidosobreaSRAI,GO-118/BR-010,coordenadas 1402.50 S e 4731.57 W, cota 1.509 m (perfil 5). Figura 14 Campo de Tors e mataces aflorando sobre a SRAI, GO-118/BR-010. Coordenadas 1358.25 Se4729.22W,cota1.500m(perfil5).Tors,originalmente,seriamtorresdepedrasdelicadamente equilibradasencontradasnosudoestedaInglaterra.Atualmente,otermousadoparadescrevertais formas de relevo em diferentes locais de mundo. Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal272.2.2. SUPERFCIE REGIONAL DE APLAINAMENTO II - SRAII Estasuperfciesedesenvolveentreascotas900-1.250m,abrangendopredominantementea poro sudoeste e sudeste do Estado de Gois, com uma pequena faixa no nordeste do Estado. Estaunidadesubdivididaemtrssubunidadespossivelmentecorrelacionveisemboraestudos mais detalhados sejam necessrios para confirmar a contemporaneidade das mesmas. As subunidades so SRAIIA,desenvolvidacommaiorabrangnciasobrerochaspr-cambrianaseSRAIIB-RTeSRAIICsobre as rochas sedimentares da Bacia do Paran. De forma geral, a SRAII caracteriza-se por ser uma unidade entre a SRAI e SRAIII, com uma Zona de Eroso Recuante intermediria e localizada acima da SRAIV. Os padres de dissecao apresentados nas trssubunidadesvariam,sendogeralmentefraco,mdioouforte,compequenaincidnciadepadres muito fracos e muito fortes.2.2.2.1. SUPERFCIE REGIONAL DE APLAINAMENTO II A SRAIIA Estasubunidadesedesenvolvesobrenasformaesproterozicasmenosresistentes, compostasporardsias,calcrios,dolomitosentreoutraseseestendedeformageraldesdeNova Roma at proximidades de Caldas Novas, totalizando uma rea de 39.783 km2.OcorrecomoumafaixanabordalestedoEstadoenoDistritoFederal,sendomelhor representadanaporosudeste.Porserumaunidadecomgrandeextensoarealseccionadiversas litologias e unidades estruturais do relevo, possuindo variados padres de dissecao.ASRAIIAsedesenvolvesobrediversasunidadesdaFaixaBraslia,RiftIntracontinentaledo Grupo Canastra, nas folhas SD-23-Y-C (centro, sul e leste, abrangendo Braslia e Planaltina) e SE-22-X-B (centro, nordeste e sudeste, abrangendo Goinia, Novo Gama e Nova Veneza).Ao longo da estrada Goinia Braslia BR-060, (figura 15), na regio de Anpolis Goianpolis ocorreocontatocomaunidadedeMorroseColinascomfortecontroleestrutural(dissecaomuito forte), figura 16. A SRAIIA passa de um padro de dissecao forte no municpio de Goianpolis para mdio em Anpolis (figuras 16 e 18). Neste local observa-se um espesso manto de intemperismo sobre rochas metamrficas na cota de 1.165 m, de colorao cinza-avermelhada capeando a SRAIIA (figura 17).Destaca-senestaunidade,alestedorioTocantinzinho,aSerraGeraldoParanformadapor metassedimentosdobrados(anticlinaisesinclinais),posteriormenteafetadosporumsistemade falhamentosinversos,comonoflancoleste.AsunidadesdoGrupoParanocomportam-secomo residuais erosivos (figuras 19 e 20). Na GO - 118/BR-010, Braslia - Nova Roma, a SRAIIA apresenta-se com padro de dissecao fraco no entorno de Braslia, com crostas laterticas pouco maduras (sem chegar a formar couraas) na cota de 1.050 m desenvolvida sobre rochas do Grupo Parano (figura 19). Ainda pela mesma estrada, o padro de dissecao muda para forte em Planaltina, onde a superfcie corta os metarritmitos do Grupo Parano(figura20)prximoaorioPipiripau.OmesmosegueatNovaRoma,ondeseobserva, direitadaBR-118,aSRAIIAisoladaentreaSRAIeaSRAIVA,sendoqueoladooestedaunidade isolada formado por uma Zona de Eroso Recuante da SRAIVA com dissecao forte e o flanco leste em contato direto com a SRAIVA, regio do Vo do Paran (dois patamares abaixo da SRAII). AslateritasqueseencontramsobreaSRAIIAsomacia,nodulares,pisolticas,brechoidais, vermiformesecolunareseformamcrostasdevriosmetrosdeespessura(Martinsetal.,2005a).As crostaslaterticasmaisantigas(protolito)desenvolvidassobreestasubunidadeseencontramem processodedesmantelamentoesoformadasporhematitaimpregnandoumamatrizcaolinitica (Martinsetal.,2005a).OssoloscaractersticossobreestasubunidadesoOxisolosqueconstituem solosresiduaisdesenvolvidosnosprocessosdealteraodasduricrostasoriginais,maisantigas (Martins et al., 2005b). Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal28Figura 15 Perfil geomorfolgico na SRAII no trecho de Goinia - Braslia.Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal29Figura 16 BR-060,Goinia-Braslia.SRAIIAcotade953m(aofundo)em transio comaSRAIIIA(em primeiro plano).Figura17BR-060,Goinia-Braslia,altitudede1165m.Espessosaprolitoaflorante desenvolvidosobrerochasmetamrficasformandoasuperfciedaSRAIIA,comescassa cobertura vegetal.Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal30Figura 18 BR-060, prximo a Terespolis de Gois. SRAIIA fortemente dissecada, representada pelostoposdosmorrosedesenvolvidassobrerochasgnissicas(1626.97Se4901.86W; altitude 960 m).Figura19Lateritaimatura(plnticaemblocosirregulareseangulosos),semformarcouraa sobreaSRAIIAcapeandometassedimentosdoGrupoParano,nacota1050m.Coordenadas 1534.82 S e 4731 W (perfil 2). Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal31Figura 20 BR-060 prximo ao rio Pipiripau. Metarritmitos do Grupo Parano, detalhe da atitude estrutural dos metarritmitos que foram arrasados pela SRAIIA. Coordenadas 1534.82 S e 4731 W. 2.2.2.2. SUPERFCIE REGIONAL DE APLAINAMENTO II-B-RT - SRAIIB - RT Estasubunidadesitua-seprincipalmentenosetorsudoestedoEstadodeGoisocupandorea de 22.760 km2. Desenvolve-se sobre rochas da Bacia do Paran sendo que sua maior expresso areal estcontidanabaciahidrogrficadorioParan.ASRAIIB-RTrepresentadaporchapades tabuliformesgeradossobrerochassedimentares,principalmentemesozicascomacamamento suborizontal e derrames de basalto (figuras 21 e 22). Entretanto,estasuperfciesecciona(erode)maisdeuma unidadelitoestratigrfica.Osrelevos estruturais dos estratos suborizontais ressaltam o carter tabuliforme dos residuais erosivos da SRAIIB; o estilo estrutural considerado um atributo desta subunidade: associao Relevos Tabuliformes RT em Estratos Horizontais - Suborizontais - EH. Esta superfcie est bem representada nas folhas SE-2-V-D (Montivdiu e Perolndia) e SE-22-Y-A (leste, Chapado do Cu). Os padres de dissecao variam entre muito fraco, fraco, mdio e forte, sendo que, a proporo de reas com relevo de dissecao fraco, mdio e forte so equivalentes, com apenas uma ocorrncia de relevo muito fraco. No municpio de Aurilndiaa SRAIIB apresenta um padro de dissecao forte, quemudaparamdioefraconomunicpiodeParana.NosmunicpiosdeMontividiueRioVerde apresentapadresdedissecaofracoemdio.EmJata,MineirosePerolndiaopadrode dissecao fraco enquanto que em Chapado do Cu e ao sul de Mineiros apresenta um padro de dissecao muito fraco. Em Joviana o padro de dissecao forte e ao sul de Morrinhos, Buriti Alegre e Itumbiara fraco. NosmunicpiosdeQuirinpolis,aosuldeRioVerde,CachoeiraAlta,Itaj,ItarumeCau ocorremtestemunhosisoladosdaSRAIIBcomformastabuliformesperfeitas,restandosomenteao redor a SRAIIIB com caimento para sudeste. Estas reas isoladas, de forma geral, apresentam padres de dissecao mdio e forte, destacando-se um morro isolado ao sul de Rio Verde com padro fraco. Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal32Figura 21 Perfil Geomorfolgico no trecho entre Jata e Rio Verde.Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal33Figura 22 BR-158 - km 18 entre Piranhas e Jata. ZER e relevos tabuliformes em rochas suborizontais da estruturamonoclinaldaBaciadoParan,quesofreramprocessosdeaplainamentoeformamparteda SRAIIB-RT, perfil 11. 2.2.2.3. SUPERFCIE REGIONAL DE APLAINAMENTO II C ASRAIIClocaliza-senosudoestedeGois,nabaciahidrogrficadorioAraguaia,sobrerochasna Bacia do Paran, com padres de dissecao fraco, mdio e forte. Ocupa uma rea de 3.499 km2 entre as cotas 750 a 1.000 m. Esta subunidade identificada nos municpios de Baliza e Caiapnia onde apresenta padres fraco e mdio, enquanto que nos municpios de Piranhas, Nova Palestina e Bom Jardim de Gois fraco. ASRAIICnomunicpiodeBalizaapresenta-seassociadaaMorroseColinasinseridosemsua estrutura entre a SRAIIIA e a SRAIVC1. Nesta regio no h uma rea significativa de contato direto com SRAIV, sendo intermediado sempre por uma Zona de Eroso Recuante ou contato com a SRAIIIC.Devido ao seu carter residual, sem articulao direta com a SRAIIA e SRAIIB foi cartografada como umasubunidadeindependente.Estudosmaisdetalhadossonecessriosparaoentendimentodas relaes espao - temporal entre esta subunidade e as outras superfcies de eroso.2.2.3. SUPERFCIE REGIONAL DE APLAINAMENTO III SRAIII A Superfcie Regional de Aplainamento III na poro central do Estado estendendo-se do norte at o suldoEstadoecomocorrnciamaisrestritanosudoestedeGois.Apresentavariadospadresde dissecao: fraco, mdio, forte e muito forte, predominado padres fraco e mdio. Esta unidade encontra-se entre as cotas de 550 850 m, subdividida em duas subunidades: SRAIIIA e SRAIIIB-RT. A SRAIIIA desenvolve-se sobre rochas pr-cambrianas e situa-se no centro-norte de Gois, fazendo contato com unidades de Morros e Colinas com forte controle estrutural. A SRAIIIB-RT ocorre sobre rochas da Bacia do Paran, principalmente rochas baslticas da Formao Serra Geral.Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal342.2.3.1. SUPERFCIE REGIONAL DE APLAINAMENTO IIIA SRAIIIAOcorre em uma faixa de direo SO-NE na poro central do Estado de Gois e borda sudoeste da BaciadoParan,ocupandoumareade27.059km2entreascotasde550a850m.Avanacomo reentrncias erosivas dentro da Superfcie Regional de Aplainamento II da qual localmente separada por escarpasqueatingemvriascentenasdemetrosdealtura.Desenvolve-seprincipalmentesobre metacalcriosequartzitosdosGruposAraxeSerradaMesa(FaixaBraslia)egranito-gnissese migmatitos (Complexos Indiferenciados - Rift Intracontinental).Esta subunidade recebe aporte de material das SRAI e II e das Zonas de Eroso Recuante da SRAII e se articula com SRAIV numa cota inferior. Na SRAIIIA ocorrem crostas laterticas, colvios nas vertentes dos vales e reas de sedimentao restrita onde se acumularam sedimentos aluviais (figuras 23 a 25). Amaiorpartedestaunidadeencontra-senocentro-nortedeGoiseemumareaisoladano sudoestedeGoisedrenadapelabaciahidrogrficadosriosAraguaiaeTocantinsepelabacia hidrogrfica do rio Paran numa pequena extenso. No sudoeste de Gois, nos municpios de Caiapnia e Doverlndia, drenada para a bacia hidrogrfica do rio Araguaia no sentido leste-oeste e, em geral, exibe umpadrodedissecaomdio.ApartirdeGoinia,aSRAIIIA,compadrodedissecaomdia, drenada para sul pela bacia hidrogrfica do rio Paran. Numapequenareanonorteenoroesteseapresentacomdissecaofracaemdiaedrenada para leste (rio Araguaia) e norte (rio Tocantins).Feiespositivasnaformadeserras,colinasedomos,seelevamsobreonvelgeraldaSRAIIA devidoasuaresistnciaeroso.EssesrelevossoformadosporgranitospaleoproterozicosdaSub-ProvnciaParan,rochasdobradaspaleoproterozicasdoGrupoAraemetassedimentaresdaFormao Traras, da unidade geotectnica Rift Intracontinental. Figura23Sedimentossuperficiaisarenososcomlentesdeseixosemgrandesvalesemformade anfiteatros desenvolvidos sobre a SRAIIIA. Coordenadas: 1429.53 S e 4838.97 W, cota 645 m, perfil 6. Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal35Figura 24 Laterita imatura sobre saprolito, associada a cascalho conglomertico com blocos de quartzo. Notopoocorrelateritamaisantigaemprocessodedesmantelamento.Saprolito,comespessurade aproximadamente7m,desenvolvidosobrexistos.Omantodeintemperismoestsofrendoprocessosde piping1.Figura25Lateritaemformadecouraacomaproximadamente6a8mdeespessuracapeandoa SRAIIIA. Coordenadas: 143138 S e 490615 W, cota 521 m. (Perfil 6 Anexo)1Piping eroso por percolao de gua no subsolo, formando cavidades em forma de tubos ou condutos estreitos, por onde material solvel ou granulado removido. Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal362.2.3.2. SUPERFCIE REGIONAL DE APLAINAMENTO III-B-RT SRAIIIB-RT EstinseridanaBaciaHidrogrficadorioParancompadrodedrenagemgeralsubparalelo,na formadeamplosvales.Coberturasdetrito-laterticasnaformademantosseestendemaolongodos interflvios (figura26).Crostaslaterticasformadasporseepageafloramnoteroinferiordasvertentes ou barrancos dos vales fluviais. Esta subunidade ocorre no sudoeste de Gois na regio da bacia sedimentar do Paran, abrangendo 30.634 km2, entre as cotas 550 e 750 m. A SRAIIIB-RT apresenta um carter relativamente irregular e erode principalmenteosbasaltosdaFormaoSerraGeral(GrupoSoBento) eFormaoAdamantina(Grupo Bauru).Articula-se com as unidades das Zonas de Eroso Recuante (ZERs) que erodem a SRAIIB.Estaunidadepossuicaimentonosentidogeralnoroeste-sulatoencontrocomaSRAIVB.Os padresdedissecaosomoderadosemrelaosunidadesanteriores,commaisdametadedesua reaapresentandorelevocomondulaessuavesedissecaofraca,alternandoparaopadromdio,e mais raramente forte. Figura 26 Cobertura arenosa na cidade de Rio Verde, contendo pequenos restos de carvo, grnulos e seixos. Este tipo de cobertura detrito-latertica cobre uma ampla vertente at o crrego do Sapo, onde aflora saprolito desenvolvido sobre os basaltos da FormaoSerra Geral. O perfil tem uma espessura de 3,5 m. Coordenadas: 174854.8 S e 505603.9 W. Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal372.2.3.3. SUPERFCIE REGIONAL DE APLAINAMENTO IIIC - SRAIIIC Localizanosudoestecompequenaexpressoarealentreascotas550e700m.Desenvolve-se sobre os arenitos das Formaes Ponta Grossa e Furnas, articulando-se com a SRAIIC e a SRAIVC.2.2.4. SUPERFCIE REGIONAL DE APLAINAMENTO IV SRAIV EntretodasasSuperfciesRegionaisdeAplainamentoaSRAIVamaisextensa,ocupandouma reade100.079km2,comcotasentre250-550m.Localiza-seprincipalmentenonoroesteeoeste, nordeste e centro sul do estado. Em funo da sua grande diversidade foi dividida em 5 subunidades: IVA; IVA-LA; IVB; IVC1 e IVC2. ASRAIVabrangereasdedepressesformadaspelasbaciashidrogrficasdorioAraguaia-Tocantins e Paran, com sistema de drenagens no sentido norte-oeste e sul respectivamente. Os padres de dissecao variam de muito fraco a mdio, com a predominncia de dissecao fraca. 2.2.4.1. SUPERFCIE REGIONAL DE APLAINAMENTO IVA- SRAIVA Estasubunidade,(figura27)ocupa29.554km2entreascotas400-500medivide-seemdois compartimentos: um ao norte e outro a nordeste. A SRAIVA associa-se a morros e colinas com hogbacks.Entre estes compartimentos ocorrem Morros e Colinas com Braquianticlinais com forte controle estrutural.Ocompartimentonortelocaliza-senoeixoPorangatu-CrixasesedesenvolvesobrerochasdoArco Magmtico de Mara Rosa e poro norte do Greenstone Belt de Crixs. Esta superfcie faz parte da Bacia Hidrogfica dos rios Araguaia-Tocantins abrangendo os municpios de Campos Verdes, Crixs e Amaralina (sub-baciadorioAraguaia);eosmunicpiosdeSantaTerezadeGois,Porangatu,EstreladoNorte, Tromba e Montividiu do Norte (sub-bacia do rio Tocantins). Apresenta dois sistemas de drenagem: sentido norte para a sub-bacia do rio Tocantins e oeste para a sub-bacia do rio Araguaia, onde exibe um padro de dissecao mdio e presena de pequenas faixas aluviais e mantos laterizados. No compartimento a nordeste, denominado de vale do Vo do Paran (municpios de Monte Alegre de Gois, Divinpolis de Gois, So Domingos e Iaciara), esta superfcie possui uma caracterstica peculiar queaexistnciadeSistemas Lacustresassociados,sendo,portantodenominadadeSRAIVA-LA(figura 28a).O relevo se desenvolve sobre rochas parametamrficas neoproterozicas do Grupo Bambu, em geral poucoresistenteserosocomosiltitos,argilitosecalcrios,apresentapadrodedissecaofracoe ocorrnciadefaixasaluviais.Aindaexibeextensacoberturadetrito-latertica,compresenadecrostas ferruginosasesedimentosfriveisnaformademantodelavagemdasuperfciedeetchplanaoformado porsilte-argilasesilte-argila-areia, freqentementeincluindopequenosfragmentosdelateritas desmanteladas (figura 29).A paisagem aplainada interrompida por colinas alongadas, com rochas fortemente dobradas, mais resistentes (calcrios, dolomitos e folhelhos) pertencentes Unidade Rtmica Pelito-Carbonatada, Formao Trs Marias, Formao Sete Lagoas, do Grupo Bambu. Algumas colinas chegam a atingir cerca de 1.000 m de altura, embora a maior parte do relevo oscile entre as cotas 700-800 m (perfis 3 e 4). Associadas a esta subunidadeocorremlagoaseformascrsticasquepodemserobservadasnotrechodaBR-020entre Formosa e Posse. ASRAIVAanordestedesenvolve-serelacionadaaoescarpamentodegrandesserras,comoada PedraBranca,doBoqueiro,daChapadadosVeadeirosentreoutras,comapresenadeespetaculares superfciesdepedimentaoquesearticulamcomorelevoplanodaSRAIIjevoludacomdissecao fraca (figura 27 - perfil 5 e figuras 30 a 32). Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal38Figura 27 Perfil Geomorfolgico - Topogrfico prximo a Posse em direo a Nova Roma. Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal39Figura 28 Sistemas Lacustres associados s Superfcies Regionais de Aplainamento. Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal40Figura 30 perfil 5 Superfcie de pedimentao associada ao pedimonte da Serra da Pedra Branca que coalesceeseintegraSRAIVA.Ospedimentoscortamrochasmetamrficaseapresentamumdelgado mantodealuvioemtrnsitodealgunscentmetrosdeespessura.Coordenadas:13o43.46Se4657.32 W. Cota: 525 m. Figura29BR-112-entre IaciaraeNovaRoma-Laterita bemdesenvolvidae relativamentemadura,notopo da SRAIVA desenvolvida sobre rochasintemperizadas quimicamente(saprolito).Coordenadas:1406Se 4644 W, cota 532 m. Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal41Figura 31 perfil 5 Superfcie de pedimentao no pedimonte da Serra de Pedra Branca. Marcado knickpoint2 entre a escarpa da serra e a superfcie quase horizontal do pedimento e carter tipicamente erosivo com rocha exposta e alguns detritos em trnsito. 2Knick point - qualquer interrupo ou quebra de declive. Um ponto de mudana abrupta ou inflexo no perfil longitudinal. Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal42Figura 32 - Rochas metamrficas e veios de quartzo cortados pela superfcie horizontal de pedimentao, demonstrando o carter erosivo do pedimento e da SRAIVA. Figura33Perfil8CouraaferruginosaparcialmentedesmanteladasobreaSRAIVA.Coordenadas 141714 S e 492149 W, cota 371 m. Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal43Figura 34 Colvio com concrees de plintita e seixos de laterita desmantelada em vertente de vale fluvial.Lateralmenteacouraaferruginosaencontra-senotopodavertentecapeandoaSRAIVA. Coordenadas: 142305 S e 493420 W, cota 388 m. Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal442.2.4.2. SUPERFCIE REGIONAL DE APLAINAMENTO IV-B SRAIVB Estasuperfcieocupaumareade16.507km2entreascotas400e550maproximadamente,faz contato principalmente com a unidade SRAIIIB-RT.Localiza-senocentro-suldoEstado,seestendendonosmunicpiosdeAdelndia,Firminpolis, Palmeiras de Gois, Santa Brbara de Gois, Palminpolis, Indiara, Acrena, Turvelndia, Edia, Porteiro, Gouvelndia, Castelndia, Maurilndia, Itumbiara, Inaciolndia, So Simo e a poro sul dos municpios de Itarum, Cau e Itaj.EstcortandoosbasaltosearenitosdaFormaoSerraGeralnaBaciadoParanerochasdo embasamento cristalino no setor central do Estado. Esta subunidade drenada pela bacia hidrogrfica do rio Paran, destacando-se a subacia do rio dos Bois. A SRAIVB apresenta um relevo pouco dissecado, com padro de dissecao fraco e mdio somente ao sul do municpio de Itumbiara e parte central de Goiatuba. A principal particularidade desta superfcie a associaocompotentescrostaslaterticaseapresenadeSistemasLacustres(figura28b).Lagosde formas arredondadas e de coberturas laterticas bem conservadas e com at dois metros de espessura so observadas no entorno dos municpios de Turvelndia, Edia, Porteiro e Gouvelndia (figura 35).Figura35DetalhedascouraaslaterticasquecapeiamaSRAIVB.Espessosperfisdecouraasmuito madurascomespessurasde2a3msofreqentementeencontradosnestaunidade.Coordenadas: 173831.6 S e 500557.9 W.2.2.4.3. SUPERFCIE REGIONAL DE APLAINAMENTO IVC SRAIVC Esta superfcie ocupa uma rea de 54.015 km2 rea drenada pela Bacia Hidrogrfica do rio Araguaia. Localiza-senascotasmaisbaixasquandocomparadaaSRAIVAeBsituando-seentre250450m. Apresenta relevo suave e subdividido em dois compartimentos SRACIV1 e IVC2. O SRAIVC1 possui uma morfologia mais acidentada e encontra-se numa posio mais proximal em relao s superfcies que erode Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal45(SRAII,MorroseColinas,SRAIII).OSRAIVC2maisdistaleapresenta-semenosdissecado,ocorrendo associado com lagos da Plancie Fluvial do rio Araguaia.Emalgumasregiesverifica-sequeasrochasdoembasamentocristalinoestocobertaspor sedimentos detrito-laterticos, com menos de um metro de espessura. Estes so, na realidade, uma aluvio em trnsito erodido da superfcie que sofreu forte laterizao, na forma de uma duricrosta ferruginosa cujo desmantelamentogerou,sobreestasubunidade,ummosaicodelagosarredondados(SistemaLacustre), figura 28c. Dependendo da composio das rochas do embasamento possvel achar na superfcie rochas no alteradas e outras muito intemperizadas quimicamente.ASRAIVCmergulhasuavementeemdireoplanciedoBananalondeafloraaFormao Araguaia,formadaporsedimentosareno-conglomerticosesilto-argilososdoTercirioSuperior- Quaternrio.Aarticulaoentreosdoiscompartimentosmuitosutilemalgunslocais,oquegera dificuldades na identificao precisa dos seus limites. Cobrindo a SRAIVC foram identificados sedimentos lateritizados entre o rio Araguaia e o rio do Peixe, nafazendaPlancieVerde.Nestelocal,encontra-seumafaixaestreitadesedimentoslaterizados (conglomerados)daSRAIVC,comdireodominanteleste-oesteecotasligeiramentessuperiores,eos sedimentosarenososlixiviadosdaformaoAraguaiaquerepresentamumaantigasuperfciefluvial associadaunidadedaplanciedoBananal.Osconglomeradossooligomcticos,comseixosangulosos de quartzo e quartzito de dimetro mdio de 4 cm, mas, que freqentemente atingem at 11cm e tamanhos mximos de 30cm. O registro de seixos imbricados indica direo geral leste-oeste para as paleocorrentes. Coberturas sobre a SRAIVC tambm foram descritas na base do IBAMA, no rio Crixs, onde este mesmo tipo de cobertura detrito-laterticas pode ser encontrada sobre rochas quartzticas do embasamento. Ossedimentosfluviaislaterizadosestosendodesmanteladosnoclimaatualeseencontram freqentementeformandocamposdisseminadosdeblocossobreassuperfciesdeaplainamento(figura 33).2.3. ZONAS DE EROSO RECUANTE ZER AsSuperfciesRegionaisdeAplainamentoencontram-seescalonadasemdiferentescotas geralmente delimitadas por escarpas de eroso. Grandes reentrncias marcam a eroso das superfcies de aplainamento antigas a partir de um nvel de base inferior (local ou regional), associado rede de drenagem que evolui por eroso recuante, dissecando as superfcies de aplainamento e gerando outras SRAs (figura 36).EstasreasidentificadascomoZonasdeErosoRecuante(ZER)freqentementepassam transicionalmenteparaaSRA,queatuacomonveldebaselocal. Nanomenclaturautilizadaoscdigos ZER-SRAIVCI/IIB-RTindicaaZERseguidodonomedaunidadedeaplainamentoqueestasendogerada (SRAIVCI) e seguido do nome da unidade que est sendoerodida (IIB-RT).Emfunodoexposto,oscontatosnosoexatos,masconsidera-sequeasZonasdeEroso Recuante so um artifcio til para a articulao de forma concreta e dinmica, do ponto de vista gentico, das distintas superfcies de aplainamento identificadas. Em algumas zonas onde o contato entre superfcies muitoabrupto,emboraexistaumaZonadeErosoRecuante,elanofoicatografadaemfunoda escala, sendo simplesmente indicado o contato entre as superfcies. Em locais onde o processo de recuo de taludeseorebaixamentoproduzidopelaerosofluvialentreduassuperfciesdeaplainamentosomais claramente observados, as Zonas de Eroso Recuante podem ser cartografadas de forma mais precisa. OgraudedesenvolvimentodasZERvariaemfunodascaractersticasdasuperfciequeest sendoerodida.QuandoumaZERestassociadaagrandesbaciasdedrenagempodeseestenderpor amplasreas,comrecuossignificativosevalescomvertentesapresentandodepsitoscoluviais, freqentementecomfragmentosdelateritaserodidascomoacontecenadissecaoapresentadapelas superfcies de aplainamento (Figura 37). Enquanto queem outras oportunidades est limitada s abruptas frentes/escarpamentos de chapades, inclusive com presena de taludes formados por processos de queda de blocos. medida que uma ZER evolui, uma paisagem de morros e colinas pode se encontrar associada na suafrente,iniciandoumnovoestgioevolutivo,emboraincipiente,paraageraodeumaSRAsituada numa cota inferior, figura 38.Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal46Figura 36 Perfil topogrfico da ZER-SRAIVA/IIA Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal47Figura 37 ZER-SRAIVA/IIA, colvio com blocos transportados de laterita desmantelada em vertente de 3 a4deinclinao,encontradoemvalesquedissecamassuperfciesregionaisdeaplainamento, desenvolvidas sobre xistos. Coordenadas: 1351.04 S e 4716.36 W, cota 844 m.Figura 38 Modelo Digital do Terreno (SRTM) mostrando a Zona de Eroso Recuante (ZER) que disseca a SRAIIB-RT e gera a SRAIVC1 na regio das nascentes do rio Diamantino. medida que a frente recua por erosoconsumindoaSRAIIB-RT,restammorrosecolinasresiduaisdissociados,afastadosdaatual posio do escarpamento/frente erosiva. Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal482.4. MORROS E COLINAS MC medida que a ZER avana e o recuo das vertentes evolui, morros e colinas podem ser identificados isoladosdafrentedasescarpas(ZER).Osmorroseascolinassedestacamsobreumasuperfciede extenso regional situada em uma cota inferior.Grandesreasconstitudasdemorrosecolinassoremanescentesdelitologiasmaisresistentes eroso, que foram preservados medida que uma SRA evolui com tendncia recuante, muitas vezes, com umfortecontroleestrutural(paisagensdobradas,rochasmetamrficascomestruturasbemmarcadas). Embora esta unidade se encontre largamente distribuda por toda a rea de trabalho, foram ser identificadas concentraes de morros e colinas (serranias), no eixo Minau Gois (figura 39). Emoutrassituaes,associaesmenoresdemorrosecolinasformamtpicosinselbergsquese destacam sobre as superfcies aplainadas circundantes. Figura 39 Modelo Digital do Terreno (SRTM). Associao de Morros e Colinas no eixo Minau Gois (A-C). A) morros e colinas se elevando at 500 m sobre a superfcie SRAIVA no municpio de Monte Alegre de Gois.B)morrosecolinasseelevandoat400msobreonvelmdiodaSRAIIIAentreNiquelndiae Uruau. C) morros e colinas elevadas at 300 m sobre a cota mdia da SRAIV-CI prximo a Jussara. Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal492.5. ESTRUTURAS DOBRADAS ED Esta categoria de geoformas engloba uma srie de morros, colinas e estruturas dmicas relacionados tectnicadedobramentoemrochaspr-cambrianas.Asformasmaiscaractersticassohogbackse domos.Hogbacks e cristas so definidas como colinas formadas por rochas apresentando mergulhos fortes, maiorque20.Omaiscaractersticodestasgeoformassoasassociaesdemorros,colinasecristas estruturaissobrerochasdoArcoMagmticodeMaraRosanonorte,doGrupoAraxnocentro-suldo estado e do Grupo Bambu na regio do Vo do Paran, onde as colinas na forma de hogbacks podem se elevar 400 a 500m sobre o nvel da SRAIVA circundante (figuras 40 e 41). Hogbacks so tambm tpicos no Grupo Ara, no norte do estado entre Nova Roma e Ourominas (figuras 42 e 43). As cristas de quartzito da Serra Dourada de Gois, desenvolvidas sobre o Grupo Arax, tambm se comportam como um sistema de hogbacks, mergulho geral entre 30 e 40 ao sul com variaes para S-SW e S-SE.As braquianticlinais (BQ) so outras estruturas de destaque que formam as serras da Mesa, Dourada, Branca e do Encosto j descritos por Mamede et al.,1981,(figuras 44 e 45).Embora a feio aparente seja adeumaestruturabraquianticlinalcomrochasdobradas,osdomosforamgeradospelaaoderochas intrusivasplutnicasqueformamoncleodestasestruturas.Porisso,asbraquianticlinaisforam conjuntamente classificadas com a categoria associada Corpos Intrusivos (CI).As mais espetaculares formas em estruturas dobradas so as registradas no norte do estado no limite comoTocantins.Tratam-sedegeoformasrelacionadasestruturassinclinaiseanticlinaisdaSeqncia Palmeirpolis. (folha SD-22-X-B).Figura40ModeloDigitaldoTerreno(SRTM)daSuperfcieSRAIVA,localizadanoVodoParan, destacando-se Hogbacks desenvolvidos sobre as rochas do Grupo Bambu. Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal50Figura 41 Modelo Digital do Terreno (SRTM) e perfil topogrfico de um Hogback na superfcie do Vo do Paran (SRAIVA) desenvolvido sobre rochas do Grupo Bambu.Figura42(perfil5)Hogbacks,destacando-secomocolinas,desenvolvidossobremetassedimentos dobrados do Grupo Ara, com mergulho aproximado de 30 W. Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal51Figura43(perfil5)GO-241,NovaRomaOurominas-Hogbackdesenvolvidosobremetassedimentos do Grupo Ara.Figura 44 Modelo Digital do Terreno (SRTM) das Braquianticlinais das serras do Encosto (A) e Dourada (B).OsncleosdasestruturassocompostosporgranitosdasubprovnciaTocantinseosflancospor rochas do Grupo Serra da Mesa (calcixistos, calcrios e quartzitos). Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal52Figura45BraquianticlinaldaSerradaMesa.Oncleodaestruturacompostoporgranitosda subprovnciaTocantinseosflancosporrochasdoGrupoSerradaMesa(calcixistos,calcreose quartzitos). 2.6. ESTRUTURAS DE BLOCOS FALHADOS - BFNageologiadareaestudadapredominamasrochasdeidadepr-cambriana,ondefenmenosde deformaorgida,comofraturasefalhassocaractersticos.Grandepartedasestruturassoantigase noapresentamumestiloestruturalprprio,caracterizandoumaunidademorfoestruturaltpicadeBlocos Falhados (BF), como ocorre em locais onde ocorreu intensa reativao, como, por exemplo, as Basin and Ranges nos Estados Unidos e as Serras Pampeanas na Argentina.A nica estrutura englobada nesta categoria o Domo de Cristalina que se caracteriza pela presena de uma rede de drenagem radial, figura 46. Estudos mais aprofundados de neotectnica na regio podero caracterizar melhor a influncia da deformao em blocos falhados na geomorfologia regional. Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal53Figura46ModeloDigitaldoTerreno(SRTM).BlocosFalhados-DomodeCristalina.Drenagemcom padro radial.2.7. ESTRUTURAS EM ESTRATOS HORIZONTAIS E SUBORIZONTAIS EH Relevos Tabulares (RT) so representados por chapades com dissecao fraca a mdia e grandes interflviosresponsveisporumrelevorelativamentemontono,ondebaixosmergulhosfavorecemo desenvolvimentodeformastabuliformes(figura47).SogeradosemderramesbaslticosdaFormao Serra Geral e rochas sedimentares da Bacia do Paran, associados s estruturas suborizontais. AsrochasdaBaciadoParansofreramprocessosdeaplainamentoregional,sendoasunidades dominantes as SRAs e Relevos Tabulares (RT) considerada uma unidade associada. Figura 47 - Relevos tabuliformes em estratos suborizontais da Bacia do Paran, Grupo Aquidauana. Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal542.8. PSEUDO-DOMOS PSD As estruturas tectnicas complexas sobre rochas pr-cambrianas, cuja morfologia possui aspecto de domos, so denominadas de pseudo-domos (PSD). A Serra de Caldas Novas apresenta uma morfologia elptica de aproximadamente 20 x 12 km com o eixomaislongoemdireonorte/noroeste.Sob opontodevistageomorfolgicoo principalexemplo de PSDconstituindo-senumamesarelctica/residualdaSRAII,sendoseuncleoformadoporrochas meso/neo-proterozicas do Grupo Parano, cobertas por uma nappe de rochas do Grupo Arax - Silva et al., 2004 -, (figura 48).O Complexo BsicoUltrabsico de Niquelndia outro exemplo caracterizado por uma seqncia de intrusesacamadadas,comcercade40x15kmdeextenso,localizadanomunicpiodeNiquelndia, (figura 49). Figura 48 Modelos Digitais do Terreno (SRTM) do pseudo-domo de Caldas Novas e perfil topogrfico transversal.Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal55Figura49ModeloDigitaldoTerreno(SRTM)depseudo-domodesenvolvidonoComplexoMfico-Ultramficode Niquelndia e rochas associadas. 2.9. OUTRAS FORMAS DMICAS NO-DIFERENCIADAS Oscorposintrusivosgranticosebsicosderochaspr-cambrianaspodemgerarformasdmicas. Trata-sedecorposexumadosassociadosevoluodealgumadasSuperfciesRegionaisde Aplainamento.Geomorfologicamentepodemserclassificadoscomoinselbergseforamenglobadosna categoria Morros e Colinas (MC). 2.10. SISTEMAS CRSTICOS KarstumapalavragermnicaoriginadadoEslovenoquesignificasolopedregosodesnudo. Descreveterrenoscalcriosondeocorrefaltaoubaixarepresentatividadededrenagemsuperficial, presenadecoberturadesolosdelgadae/oudescontnua,depressesfechadasabundantesedrenagem subterrnea,geralmentebemdesenvolvida,comformaodecavernasedeoutrasfeiesgeradaspela dissoluo de rochas carbonticas. AsrochascarbonticassoformadasprincipalmenteporCaCO3 eMgCO3,geralmentenaformade calcita, aragonita e dolomita. Aformaodorelevocrsticopodeserexemplificadaatravsdotpicoprocessodedissoluode calcrios produzido por carbonatao, que consiste na dissoluo e dissociao de dixido de carbono na gua numa reao reversvel. Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal56O dixido de carbono abundante na atmosfera e nos solos onde a atividade orgnica enriquece as guasdechuvagerandoonscarbonatos.Aformaodecidocarbnico,cidofraco,desencadeiaa reao de dissoluo dos carbonatos das rochas calcrias, em particular do mineral calcita. Asfeiescrsticassobemdesenvolvidasepossueminteressecientficoeturstico,emborano possam ser representados cartograficamente na escala deste trabalho. Resultam do processo de dissoluo qumica de rochas carbonticas dos Grupos Bambu e Parano e associam-se as ZER, SRAIVA e SRAIIIA.Ossistemascrsticosdestacam-senosmunicpiosdeCampinorte,Campinau,CamposBelos, ColinasdoSul,CorumbdeGois,Divinpolis,Formosa,GuaranideGois,Luzinia,Minau,Monte Alegre, Nova Roma, Niquelndia, Padre Bernardo, Pirenpolis, Planaltina de Gois, Posse, So Domingos, Stio d'Abadia e Uruau (figuras 50 e 51).Figura 50 - Parque Estadual de Terra Ronca, municpio de So Domingos - Entrada principal da Gruta de Terra Ronca. Esta feio resulta da dissoluo qumica de calcrios dolomticos do Grupo Bambu.Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal57Figuras 51 Parque Estadual de Terra Ronca, municpio de So Domingos. Entrada da Gruta Anglica. Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal58CAPTULO 3 SISTEMAS GRADACIONAIS3.1. INTRODUO Os Sistemas de Agradao ou Agradacionais ocupam aproximadamente 1,70% da rea de Gois e Distrito Federal. No estado so absolutamente dominantes os Sistemas de Agradao Fluvial (PF) sendo as planciesaluviaisdoRioAraguaiaedeseusprincipaisafluentesasunidadesmaisexpressivas. Subordinadamente destacam-se os Sistemas Lacustres (LA). 3.2. SISTEMAS LACUSTRES (LA) OsSistemasLacustrespossuemdistribuioespacialrelativamenterestrita,ocorrendoassociados s SRAIVA, SRAIVB (municpios de Acrena e Turvelndia) e SRAIVC2 (sul de Aruan) que so superfcies deaplainamentocomnveislaterticosbemdesenvolvidos(figura52).Emboraocorramprocessosdotipo crsticoassociadosSRAIVA,aformaodelagosemGoisestprincipalmenteligadaaprocessosde desmantelamentodalateritaeaocomportamentohidrolgicodiferenciadoentreomantodeintemperismo dosaprolitoedarochano-alterada,oquefavoreceaocorrnciadefenmenosdedissoluoe mobilizao subsuperficial de detritos de granulometria fina. Em alguns locais, tambm possvel relacionar os sistemas de fraturas das rochas gneas e metamrficas disposio espacial e evoluo dos lagos. Os lagosapresentam,emgeral,formasarredondadasedimensesreduzidas(dezenasdemetros),podendo ocasionalmente atingir centenas de metros ou quilmetros de comprimento.Figura52perfil12-Lagoarredondadosobresuperfciefracamentedissecada-SRAIVB.Exemplode lagogeradopordesmantelamentodelateritaassociadodrenagem/fluxosubsuperficialentrea laterita/saprolito e o substrato rochoso. Estrada GO-410, coordenadas: 180105,1 S e 50100,3 W, cota 502 m. Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal59CAPTULO 3 SISTEMAS GRADACIONAIS3.1. INTRODUO Os Sistemas de Agradao ou Agradacionais ocupam aproximadamente 1,70% da rea de Gois e Distrito Federal. No estado so absolutamente dominantes os Sistemas de Agradao Fluvial (PF) sendo as planciesaluviaisdoRioAraguaiaedeseusprincipaisafluentesasunidadesmaisexpressivas. Subordinadamente destacam-se os Sistemas Lacustres (LA). 3.2. SISTEMAS LACUSTRES (LA) OsSistemasLacustrespossuemdistribuioespacialrelativamenterestrita,ocorrendoassociados s SRAIVA, SRAIVB (municpios de Acrena e Turvelndia) e SRAIVC2 (sul de Aruan) que so superfcies deaplainamentocomnveislaterticosbemdesenvolvidos(figura52).Emboraocorramprocessosdotipo crsticoassociadosSRAIVA,aformaodelagosemGoisestprincipalmenteligadaaprocessosde desmantelamentodalateritaeaocomportamentohidrolgicodiferenciadoentreomantodeintemperismo dosaprolitoedarochano-alterada,oquefavoreceaocorrnciadefenmenosdedissoluoe mobilizao subsuperficial de detritos de granulometria fina. Em alguns locais, tambm possvel relacionar os sistemas de fraturas das rochas gneas e metamrficas disposio espacial e evoluo dos lagos. Os lagosapresentam,emgeral,formasarredondadasedimensesreduzidas(dezenasdemetros),podendo ocasionalmente atingir centenas de metros ou quilmetros de comprimento.Figura52perfil12-Lagoarredondadosobresuperfciefracamentedissecada-SRAIVB.Exemplode lagogeradopordesmantelamentodelateritaassociadodrenagem/fluxosubsuperficialentrea laterita/saprolito e o substrato rochoso. Estrada GO-410, coordenadas: 180105,1 S e 50100,3 W, cota 502 m. Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal603.2.1. Modelo de formao de lagosNasuperfcieSRAIVestopresentescoberturasdetrticasecouraaslaterticasespessassobre saprolito e rochas do pr-cambriano gneas e metamrficas. As guas subsuperficiais atingem no perfil de intemperismopHentre4,5e5,7.Devidoaoscontrastesnocomportamentodofluxohdriconoperfileao aumentodaimpermeabilidadedasrochasno-alteradasoudossaprolitosextremamentecompactose argilosos,fluxossubsuperficiaissobdonveldalateritasoresponsveispelotransportemecnicode particuladosfinose/ouemdissoluo.Ofluxopreferencialmenteconcentradoemreasondeh interfernciadesistemasdefraturasconjugadaspodendoseraindatransmitidonadireodadeclividade geraldaunidadelitolgicaougeomorfolgica.Emumprimeiroestgiosogeradospequenoslagos arredondados que podem evoluir para um estgio mais avanado, onde ocorre a coalescncia desses lagos formandolagosdemaiorporte.Estespodemtersuasformasoriginaisalteradaspelacoalescncia adquirindoformasalongadasnosentidodogradientehidrolgicosubsuperficialregional(figura53).O alinhamento dos lagos em arranjos lineares ou ortogonais reflete o controle estrutural das rochas sobre as quais desenvolveram as lateritas. Figura 53 Modelo de formao de lagos sobre a Superfcie Regional de Aplainamento IV (SRAIV). 3.2.2. Covoais Emboranosejamfeiestotalmentelacustres,osCovoaiscaracterizamreasdeprimidas, encharcadasebrejosquepodemestarrelacionadas,nasuaorigem,aprocessossemelhantesaos descritosparaformaodelagos.Sofeiesemformademicrorrelevo,commorrotesde1a2metros (estruturasarredondadasouelpticas)emreasplanasinundveisduranteosmeseschuvososeondeo lenolfreticositua-seprximo superfcie(soloshidromrficos).Nestas reasavegetaotipo campo savana gramneo-lenhosa (predominncia de gramneas e de vegetao lenhosa do Cerrado), constituindo-seemumnichoecolgicodereproduodeavesemamferos.OsCovoaistambmsoconhecidospor murundus,monches,cocorutos,ilhasecapozinhos(CastroJunior,2002;Rezendeetal.,2004; PRODEAGRO, 2004;).NoVodoParannomunicpiodeIaciaraforamdescritosexemplosdeCovoais,cujasfeiesde relevosocaracterizadaspormontculosoumorrotesassociadosanascentes.Possuemformassemi-elpticas com dimenses variando de 1 a 10 km2(Weis, 1999).3.3. REDE DE DRENAGEM E PLANCIES FLUVIAIS (PF) OEstadodeGoisdrenadoportrsdasgrandesbaciashidrogrficasbrasileiras: Araguaia/Tocantins, Paran e uma pequena rea da So Francisco.OterritriogoianoconstitudopredominantementeporunidadesgeolgicasdoPr-Cambriano, onde o controle estrutural (litolgico e tectnico) da rede de drenagem marcante. Padres anmalos com forte controle estrutural, tais como subparalelos, retangulares, radiais e outros, so observados. Umaplanciealuvialouplanciedeinundaoaquelaformadapelorioaodepositarasaluvies. Quando esta plancie foi gerada por processos recentes e ainda ocasional ou freqentemente inundada, recebe o nome de plancie de inundao (vulgarmente conhecida como vrzea). Porm, em muitos rios, as reasinundveisnoforamnecessariamentegeradasporprocessosfluviaisatuaisdosistema.Isso porque que um sistema fluvial alm de poder ser considerado um sistema fsico aberto, tambm envolve um componente temporal, ou seja, tem registradas as condies paleohidrolgicas que dominaram no sistema aolongodotempoatatingirasuaconformaoatual.Almdasreasmaisbaixasquecompema planciedeinundao,outrasunidadesdeorigemfluvialpodemserdetectadasaolongodeumrio.As unidadesgeomorfolgicasmaistpicasidentificadassoosterraosfluviais,quesoregistrosdo comportamento do sistema fluvial pretrito.Devido a mudanas no sistema, sejam estas de nvel de base por mudanas climticas ou efeitos da tectnica,ouajustesautignicosdoprpriosistema,oriopodeseencaixar,abandonandoasantigas aluvies e formando uma nova plancie aluvial a nveis inferiores. Desta forma os antigos depsitos aluviais constituemumterraofluvial.AunidadePlancieFluvialenglobanoapenasosterraos,mastambma plancie de inundao.Asprincipais categoriasqueforamidentificadasemfunodasescalasdetrabalhoforam:Plancie Fluvial no sentido amplo (PF) incluindo unidades funcionais e/ou no-funcionais e Faixa Aluvial (FA) atual. Em Gois dentre as Plancies Fluviais funcionais se destacam as meandriformes (PFm), onde os meandros sooselementosgeomorfolgicosdominantes.Sistemascomplexosedegrandeportepodemtersua PlancieFluvial(PF)subdivididaemdiversasunidades.Ondedominamasespirasdemeandrose paleomeandros,d-seonomedePlancieFluvialdeEspirasdeMeandro(PFem),enquantolocaisonde domina a acreo de bancos de areia so denominados Plancie Fluvial de Bancos Acrescidos (PFba) ou de BancosdeAreia(BA)quandoaacreod-senocanal.Nocasodedificuldadedeescoamentonafaixa aluvial,ondenohformasdefinidas,aunidaderecebeonomedePlanciedeEscoamentoImpedido (PFei).NoEstadodeGoisaextensodasreasdesedimentaofluvialmuitobaixa,oquepodeser utilizadocomoumindicadordevulnerabilidadeevaloraoambientaldestasunidadesparaplanejamento ambiental.3.3.1. Bacia hidrogrfica do Rio Araguaia AbaciahidrogrficadorioAraguaiaocupaumareatotalde377.000km2comescoamentono sentido nordeste/norte. Os principais afluentes do rio Araguaia no Estado de Gois so de sul para norte: os rios do Peixe, Caiap, Claro, Vermelho e Crixs-A. As principais litologias que constituem esta bacia na porosulsoasrochaspaleozicasemesozicasdabaciasedimentardoParan.Nabordaleste,no limite com a bacia hidrogrfica do rio Tocantins, as litologias dominantes pertencem ao Complexo Grantico-GnissicoqueseestendeatonortedoEstado,ondefazcontatocomxistosequartzitosdoGrupo Xambio. Nas zonas mais baixas, em direo Plancie do Bananal, afloram areias, siltes e cascalhos da Formao Araguaia.Geomorfologia do Estado de Gois e Distrito Federal613.2.1. Modelo de formao de lagosNasuperfcieSRAIVestopresentescoberturasdetrticasecouraaslaterticasespessassobre saprolito e rochas do pr-cambriano gneas e metamrficas. As guas subsuperficiais atingem no perfil de intemperismopHentre4,5e5,7.Devidoaoscontrastesnocomportamentodofluxohdriconoperfileao aumentodaimpermeabilidadedasrochasno-alteradasoudossaprolitosextremamentecompactose argilosos,fluxossubsuperficiaissobdonveldalateritasoresponsveispelotransportemecnicode particuladosfinose/ouemdissoluo.Ofluxopreferencialmenteconcentradoemreasondeh interfernciadesistemasdefraturasconjugadaspodendoseraindatransmitidonadireodadeclividade geraldaunidadelitolgicaougeomorfolgica.Emumprimeiroestgiosogeradospequenoslagos arredondados que podem evoluir para um estgio mais avanado, onde ocorre a coalescncia desses lagos formandolagosdemaiorporte.Estespodemtersuasformasoriginaisalteradaspelacoalescncia adquirindoformasalongadasnosentidodogradientehidrolgicosubsuperficialregional(figura53).O alinhamento dos lago