identificação dos parâmetros de aplicação do sistema light

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387 Trabalho Inscrito na Categoria de Artigo Completo ISBN 978-65-86753-31-8 EIXO TEMÁTICO: ( ) Cidades inteligentes e sustentáveis ( ) Conforto Ambiental e Ambiência Urbana ( ) Engenharia de tráfego, acessibilidade e mobilidade urbana ( ) Habitação: questões fundiárias, imobiliárias e sociais ( ) Patrimônio histórico, arquitetônico e paisagístico ( ) Projetos e intervenções na cidade contemporânea ( ) Saneamento básico na cidade contemporânea (X) Tecnologia e Sustentabilidade na Construção Civil Identificação dos parâmetros de aplicação do sistema Light Steel Frame para escolas inclusivas Identification of Light Steel Frame system application parameters for inclusive schools Identificación de los parámetros de aplicación del sistema de armazón de acero ligero para escuelas inclusivas João Victor Giglioti Da Silva Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo, Unisagrado, Brasil [email protected] Giovana Innocenti Strabeli Professora Mestre, Unisagrado, Brasil. g[email protected]

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Page 1: Identificação dos parâmetros de aplicação do sistema Light

387

Trabalho Inscrito na Categoria de Artigo Completo

ISBN 978-65-86753-31-8

EIXO TEMÁTICO: ( ) Cidades inteligentes e sustentáveis

( ) Conforto Ambiental e Ambiência Urbana ( ) Engenharia de tráfego, acessibilidade e mobilidade urbana ( ) Habitação: questões fundiárias, imobiliárias e sociais

( ) Patrimônio histórico, arquitetônico e paisagístico ( ) Projetos e intervenções na cidade contemporânea ( ) Saneamento básico na cidade contemporânea

(X) Tecnologia e Sustentabilidade na Construção Civil

Identificação dos parâmetros de aplicação do sistema Light Steel Frame para escolas inclusivas

Identification of Light Steel Frame system application parameters for inclusive schools

Identificación de los parámetros de aplicación del sistema de armazón de acero ligero

para escuelas inclusivas

João Victor Giglioti Da Silva

Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo, Unisagrado, Brasil

[email protected]

Giovana Innocenti Strabeli Professora Mestre, Unisagrado, Brasil.

[email protected]

Page 2: Identificação dos parâmetros de aplicação do sistema Light

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RESUMO Educação Inclusiva (EI), inclusão social e sustentabilidade são assuntos de extrema importância no Brasil. Entretanto, a precariedade sem precedentes nos ambientes de ensino reforça a urgência das discussões sobre a temática. O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), diretamente ligado ao Ministério da Educação, oferece propostas de projetos padronizados e consequentemente, carentes em soluções inovadoras, assim, estão distantes de atender às necessidades de alunos com deficiência, resultando automaticamente na sua exclusão. Neste contexto, esse trabalho objetiva estudar o sistema construtivo Light Steel Frame (LSF) como sistema fundamental principal na

construção de uma arquitetura escolar, visando adaptabilidade, flexibilidade, sustentabilidade e inovação, conceitos fundamentais neste tipo de construção. Pretende-se com estudo promover a reflexão sobre os padrões projetuais especificados pelos órgãos competentes do Brasil.

PALAVRAS-CHAVE: Arquitetura Escolar. Educação Inclusiva. Inclusão Social. Sustentabilidade. Light Steel Framing.

ABSTRACT Inclusive Education (IE), social inclusion, and sustainability are extremely important issues in Brazil. However, the

unprecedented precariousness in educational environments reinforces the urgency of discussions on the subject. The National Fund for Education Development (FNDE), directly linked to the Ministry of Education, offers proposals for standardized projects and, consequently, lacks innovative solutions, thus, they are far from meeting the needs of

students with disabilities, automatically resulting in their exclusion. In this context, this work aims to study the Light Steel Frame (LSF) constructive system as the main fundamental system in the construction of a school architecture,

aiming at adaptability, flexibility, sustainability and innovation, fundamental concepts in this type of construction. The study intends to promote reflection on the design standards specified by the competent bodies in Brazil.

KEYWORDS: School Architecture. Inclusive Education. Social Inclusion. Sustainability. Light Steel Framing. RESUMEN La Educación Inclusiva (EI), la inclusión social y la sostenibilidad son temas muy importantes en Brasil. Sin embargo, la precariedad sin precedentes en los entornos educativos refuerza la urgencia de los debates sobre el tema. El Fondo Nacional para el Desarrollo de la Educación (FNDE), directamente vinculado al Ministerio de Educación, ofrece propuestas de proyectos estandarizados y, en consecuencia, carentes de soluciones innovadoras, por lo que están lejos de satisfacer las necesidades de los alumnos con discapacidad, lo que provoca automáticamente su exclusión. En este contexto, este trabajo pretende estudiar el sistema constructivo Light Steel Frame (LSF) como principal sistema fundamental en la construcción de una arquitectura escolar, buscando la adaptabilidad, flexibilidad, sostenibilidad e

innovación, conceptos fundamentales en este tipo de construcción. Su objetivo es promover la reflexión sobre las normas de diseño especificadas por los organismos competentes en Brasil. PALAVRAS-CLAVE: Arquitectura escolar. Educación inclusiva. Inclusión social. La sostenibilidad. Estructura de acero ligero

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1 INTRODUÇÃO

A educação inclusiva (EI) é uma proposta de aplicação prática ao campo da educação,

oriundo de um movimento mundial, denominado de inclusão social, o qual é colocado como um

novo paradigma, e implica a construção de um processo bilateral no qual as pessoas excluídas e

sociedade buscam, em parceria, efetivar a equiparação de oportunidades para todos (MENDES;

PALHARES; MARINS, 2002).

A ideia de inclusão se fundamenta em uma filosofia que reconhece e aceita a diversidade na vida em sociedade. Isto significa garantia de acesso de todos a todas as

oportunidades, independente das peculiaridades de cada indivíduo ou grupo social (ARANHA, 2001, p. 02).

Assim, este ideal foi formado por pessoas e pensamentos que lutam contra a exclusão

social que, historicamente, afeta grupos minoritários que não tem seu devido espaço na

sociedade. Segundo a Organização das Nações Unidas Para A Educação, Ciência E Cultura na

Declaração de Salamanca e Linha de Ação:

O princípio fundamental da escola inclusiva é o de que todas as crianças deveriam aprender juntas, independentemente de quaisquer dificuldades ou diferenças que possam ter. As escolas inclusivas devem reconhecer e responder às diversas

necessidades de seus alunos, acomodando tanto estilos como ritmos diferentes de aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade a todos através de currículo apropriado, modificações organizacionais, estratégias de ensino, usam de recursos e parceiras com a comunidade […] dentro das escolas inclusivas, as crianças com necessidades educacionais especiais deveriam receber qualquer apoio extra que

possam precisar, para que se lhes assegure uma educação efetiva […] (UNESCO, 1994, p. 6).

Mendes, Palhares e Marins (2002) afirmam que não é fácil construir uma escola

inclusiva em uma sociedade altamente excludente.

Segundo Silva (2012), a história da educação especial começou no Brasil no início da

segunda metade do século XIX e, anteriormente, as pessoas com deficiência eram vítimas de

abandono e negligência. Em um primeiro momento, a educação desses indivíduos acontecia em

escolas anexas aos hospitais psiquiátricos em instituições especializadas (SILVA, 2012).

Assim, embora o debate sobre a educação inclusiva não tenha nascido no contexto da

educação especial, se aplica também a ela, na medida em que sua clientela faz parte daquela

população historicamente excluída do sistema de ensino e da sociedade (MENDES; PALHARES;

MARINS, 2002).

Entretanto, ressalta-se que a EI não pode ser reduzida à errônea crença de que para

implementá-la, basta colocar crianças, jovens e adultos com necessidades educacionais

especiais em escolas regulares ou nas classes comuns (MENDES; PALHARES; MARINS, 2002).

Conforme aponta Jannuzzi (1985, p. 74):

Não havia preocupações com tais crianças no panorama nacional, tanto que nas Conferências Nacionais de Educação promovidas pela Associação Brasileira de

Educação (ABE), surgida nos anos 20, nas quais se discutiam os assuntos considerados relevantes no momento, não se cogitou o deficiente mental.

A autora ainda afirma que, na realidade, o que prevaleceu foi o descaso por essa

educação e pela educação popular como um todo (JANNUZZI, 1985).

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Segundo a Constituição Federal, no Artigo 205, a educação é direito de todos e dever

do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando

ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua

qualificação para o trabalho (BRASIL, 1988, n. p). Ainda enfatiza no Artigo 206 que o ensino será

ministrado com base nos seguintes princípios:

I - Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;

IV - Gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; V - Gestão democrática do ensino público, na forma da lei; VI - Garantia de padrão de qualidade;

VII - Piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos de lei federal; VIII – Garantia de padrão de qualidade (BRASIL, 1988, n. p.).

No entanto, na prática, a integração escolar não obteve êxito, principalmente, porque

era atribuída ao aluno a responsabilidade de se adaptar ao novo ambiente de ensino no qual ele

havia sido inserido (SILVA, 2012).

Tendo em vista a realidade brasileira, nota-se que a real deficiência seja o

entendimento sobre a importância da inclusão e integração de cada aluno ou indivíduo.

A ABNT (2020) define acessibilidade por meio da NRB 9050, como a possibilidade e

condições de alcance, percepção e entendimento para a utilização com segurança e autonomia

de edificações, espaço, mobiliário, equipamento urbano e elementos (ABNT, 2020).

A norma ainda ressalta a definição do termo acessível como espaço, edificação,

mobiliário, equipamento urbano ou elemento que possa ser alcançado, acionado, utilizado e

vivenciado por qualquer pessoa, inclusive aqueles com mobilidade reduzida (ABNT, 2020).

O termo acessível implica tanto a acessibilidade física como de comunicação. Assim,

para que isso aconteça com êxito, utilizou-se o Ligth Steel Frame (LSF), um sistema alternativo

de construção que visa à flexibilidade projetual, proporcionando uma alternativa mais

sustentável de construção, resultando na otimização de espaços e estruturas do projeto, levando

em conta a necessidade de construir de maneira mais rápida e com menos desperdício (HASS;

MARTINS, 2011).

O aço tem sido muito utilizado em várias aplicações, por ser um sistema construtivo

adaptável às mais diversas situações e condições atuais.

A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI, 2015) afirma que a

construção metálica teve início na Era do Ferro Fundido, que durou até 1850, passando pela Era

do Ferro Forjado, por volta de 1890, até chegar à Era do Aço, sempre evoluindo em resistência

mecânica e outras características, como a ductibilidade, soldabilidade e resistência à corrosão.

No Brasil, na década de 1920, o desenvolvimento de indústrias siderúrgicas começou

com a companhia siderúrgica Belgo Mineiro, que na mesma época, alcançava 94 mil toneladas

(ABDI, 2015).

Devido ao baixo consumo interno, na década de 1970 o Brasil começou a exportar em

uma escala mundial, e a partir desse período foram surgindo em todo o país grande número de

fabricantes, projetistas, desenhistas e outras profissionais do ramo (BELLEI, 2008).

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Na construção em aço, como ocorre com toda solução estrutural, o sucesso da

construção está atrelado a um projeto bem compatibilizado e o sistema construtivo deve ser

definido no projeto arquitetônico, para que os benefícios advindos da construção industrializada

sejam apreciados (ABDI, 2015).

Muitos espaços escolares, ainda que em grande escala, são considerados padronizados

por não corresponderem às atuais dinâmicas da educação e da comunidade. Segundo o Fundo

Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE, 2009) em sua Cartilha Técnica, estes projetos

obedecem aos conceitos dos padrões mínimos construtivos disseminados ao longo dos anos,

dotados de arquitetura condizente com a clientela escolar cada vez mais exigente e carente de

ambientes adaptados às atividades de ensino-aprendizagem (FNDE, 2009).

O desejo de se fazer uma escola com flexibilidade construtiva, idealiza a proposta

projetual de aliar a arquitetura com a pedagogia criando uma escola diferenciada, que além de

ensinar, o ambiente proporcionará debates, reuniões e palestras que trabalhem a integração

social de todos os indivíduos, para que alunos e professores possam ter experiências

diferenciadas ligadas ao lazer, diversidade, inclusão, cultura e ensino, possibilitando que todos

respeitem as diferenças individuais de cada aluno sendo no ambiente escolar ou na sociedade

em que habita.

A escolha do sistema construtivo Steel Framing ou Light Steel Framing (LSF) se deu não

só pela sustentabilidade, agilidade, racionalidade construtiva e redução de tempo e matérias,

mas também por proporcionar diversas soluções arquitetônicas.

Devido à sua alta resistência mecânica, o uso de estruturas de aço cria melhores

condições para se vencer grandes vãos, permitindo a concepção de projetos arquitetônicos

arrojados (ABDI, 2015).

Sendo assim, neste trabalho será utilizado o sistema modular, no qual exista a

possibilidade de trabalhar a projeção de espaços amplos e com múltiplas utilidades. Fazer isso

significa criar laços e facilitar relacionamentos, além de permitir o bem-estar de quem o utiliza

e, por consequência, estimular a criatividade; também atenderá à demanda da adaptabilidade,

quebrando a barreira do preconceito perante a pessoa com deficiência (PCD), que existe nas

escolas e na sociedade, dando sentido a inclusão social.

2 OBJETIVOS

Sintetizar os parâmetros e requisitos do sistema Ligth Steel Frame, que atenda às

exigências normativas quanto à acessibilidade, com vistas à sustentabilidade para a proposta de

projeto de uma escola inclusiva.

3 METODOLOGIA

O presente trabalho, de natureza qualitativa foi elaborado por meio de pesquisa

exploratória e bibliográfica, a partir do levantamento em diversos livros e artigos acadêmicos

disponíveis fisicamente e virtualmente, junto à biblioteca Cor Jesu no Centro Universitário

Sagrado Coração, na biblioteca Rodrigues de Abreu Bauru – SP e na Divisão Técnica de Biblioteca

e Documentação – UNESP, Bauru.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Conforme o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento da Arquitetura (IBDA, 2020), O Light Steel Framing (LSF) é um sistema construtivo estruturado em perfis de aço galvanizado formado a frio, esses perfis são projetados para suportar as cargas da edificação, garantindo o funcionamento desta.

O Light Steel Framing é um sistema construtivo estruturado em perfis de aço galvanizado formado a frio, projetados para suportar às cargas da edificação e trabalhar em conjunto com outros sub-sistemas industrializados, de forma a garantir os requisitos de funcionamento da edificação. É um sistema construtivo aberto, que

possibilita a utilização de diversos materiais de revestimento; flexível, devido à facilidade de reformas e ampliação; racionalizado, otimizando a utilização dos recursos e o gerenciamento das perdas; customizável, permitindo total controle dos gastos já

na fase de projeto; além de durável e reciclável (CAMPOS, 2020, n. p.).

Segundo o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento da Arquitetura (IBDA, 2020) Light Steel Framing vem da língua inglesa, e pode ser traduzida como Estruturas em Aço Leve, a palavra steel indica a matéria prima usada na estrutura, o aço, a palavra Light, ou leve, indica que os elementos em aço são de baixo peso uma vez que são produzidos a partir de chapa de aço com espessura reduzida, ressalta – se também a flexibilidade, que permite qualquer tipo de acabamento exterior e interior.

Framing é a palavra usada na língua inglesa para definir um esqueleto estrutural composto por diversos elementos individuais ligados entre si, passando estes a funcionar em conjunto, para dar forma e suportar o edifício e o seu conteúdo (IBDA, 2020).

Segundo Castro (2005) pode ser definida por: Processo pela qual compõe - se um esqueleto estrutural em aço formando por diversos elementos individuais ligados entre si, passando estes a funcionar em conjunto para resistir às cargas que solicitam a edificação e dando forma a edificação (CASTRO, 2005).

Resultando em um sistema construtivo, ele é composto por vários componentes e “subsistemas”, esses subsistemas vão além do estrutural, são agregados componentes de fundação, de isolamento, de fechamento interno e externo, e instalações elétricas e hidráulicas (CONSUL STEEL, 2002).

4.1 Características gerais

Light Steel Framing (LSF) ou Steel Framing, assim conhecido mundialmente, é um sistema construtivo de concepção racional, que tem como principal característica uma estrutura constituída por perfis formados a frio de aço galvanizado que são utilizados para a composição de painéis estruturais e não-estruturais, vigas de piso, vigas secundárias, tesouras de telhado e demais componentes (CASTRO, 2005).

Este sistema construtivo é uma proposta de construção que alia rapidez, qualidade construtiva e habitacional, além de apresentar características mercadológicas e de negócios diferenciadas das construções tradicionais (CAMPOS, 2020).

Como citado anteriormente, este tipo de sistema construtivo não se restringe somente à construção residencial, devido à sua flexibilidade e agilidade construtiva. Segundo ABDI (2015), o sistema construtivo (LSF) é indicado para uso em residências unifamiliares térreas ou sobrado, edifícios de até oito pavimentos, hotéis, edifícios da área de saúde, clínicas, hospitais, comércio em geral, creches, edifícios para educação e ensino, fachadas de edifícios em geral incluindo os de grande altura, retrofit e ampliações de edifícios existentes (ABDI, 2015).

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Campos (2020) afirma que as levezas da estrutura, aliada a alta capacidade resistente dos painéis e a sua grande versatilidade de uso, estão mudando os conceitos dos construtores e dos meios técnico e, cada vez mais, a construção seca, a industrializada.

Outra característica é a precisão do sistema, tanto dos cálculos quantitativos, quantidade de material que será utilizado, quanto da execução; a geração de resíduos é praticamente zero, já que a estrutura é fabricada com as dimensões definidas em projeto, dispensando o corte de peças, consequentemente isso gera uma construção mais barata, rápida e limpa (PEREIRA, 2020).

4.2 Métodos construtivos

Basicamente a estrutura em LSF é composta de paredes, pisos e cobertura, reunidos eles possibilitam a integridade estrutural da edificação, resistindo aos esforços que solicitam a estrutura (CASTRO, 2005).

Os métodos de construção e montagem de edificações em LSF variam de acordo com o projetista e a empresa construtora. Quanto maior o nível de industrialização proposto pelo projeto, maior é a racionalização empregada no processo de construção (ABDI, 2015).

De forma geral, existem três métodos para a construção de edificações em LSF. O Stick no qual os perfis são cortados no canteiro da obra. Painéis, lajes, coluna,

contraventamentos e tesouras de telhados são montados no local. Os perfis podem vir perfurados para a passagem das instalações elétricas e hidráulicas. Os demais subsistemas são instalados posteriormente à montagem da estrutura. Esta técnica é usada quando a pré-fabricação não é viável (Figura 1), (CASTRO, 2005).

Figura 1 – Light Steel Framing montado pelo método stick

Fonte: Castro (2005)

Os painéis estruturais ou não, lajes e tesouras de telhado podem ser pré-fabricados

fora do canteiro ou no próprio local da obra. A confecção dos componentes é realizada em mesas

especiais de trabalho com a orientação dos projetos estruturais, quanto maior a organização das

atividades melhor a qualidade e precisão dos componentes, os painéis e subsistemas são

conectados no local usando as técnicas convencionais como parafusos auto brocantes e auto

atarraxantes (Figura 2), (CASTRO, 2005).

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394

Figura 2 – Light Steel Framing montado pelo método de painéis

Fonte: Castro (2005)

Modular é um processo altamente industrializado e caracteriza-se pelo uso de

unidades modulares completamente pré-fabricadas que podem ser entregues no local da obra

com todos os acabamentos internos prontos: revestimentos, louças sanitárias, bancadas,

mobiliários fixos, metais, instalações elétricas e hidráulicas etc. As unidades podem ser

estocadas lado a lado, ou uma sobre as outras já na forma da construção final. Esse método é

vantajoso principalmente em obras maiores onde há grande repetição dos módulos (Figura 3),

(CASTRO, 2005).

Figura 3 – Light Steel Framing montado pelo método modular

Fonte: Oliveira (2019)

4.3 Etapas construtivas

Por ser muito leve, a estrutura de LSF e os componentes de fechamento exigem bem

menos da fundação do que outras construções, a escolha do tipo de fundação vai depender,

além da topografia, do tipo de solo, do nível do lençol freático e da profundidade de solo firme,

as fundações são efetuadas segundo o processo da construção convencional e como em

qualquer outra construção deve-se observar o isolamento contra a umidade (ABDI, 2015).

É importante destacar que um bom projeto e execução da fundação implicam em

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395

maior eficiência estrutural, e a qualidade final da fundação está intimamente ligada ao correto

funcionamento dos subsistemas que formam o edifício (CONSUL STEEL, 2002).

O radier é um tipo de fundação rasa que funciona como uma laje e transmite as cargas

da estrutura para o terreno, os componentes estruturais fundamentais do radier são a laje

contínua de concreto e as vigas no perímetro da laje e sob as paredes estruturais ou colunas e

onde mais for necessário para fornecer rigidez no plano da fundação (Figura 4), sempre que o

tipo de terreno permite, a laje radier é a fundação mais comumente utilizada para construções

em Light Steel Framing (CASTRO, 2005).

Na Figura 5 mostra-se o detalhe do esquema de ancoragem de um painel estrutural a

uma laje radier.

Figura 4 – Corte esquemático laje radier

Fonte: Castro (2005)

Figura 5 – Detalhe esquemático de ancoragem do painel

estrutural à laje radier

Fonte: Castro (2005)

A sapata corrida é um tipo de fundação indicada para construções com paredes

portantes, onde a distribuição da carga é contínua ao longo das paredes, constitui-se de vigas

que podem ser de concreto armado, de blocos de concreto ou alvenaria que são locados sob os

painéis estruturais, o contrapiso desse tipo de fundação é obtido por meio de perfis galvanizados

que apoiados sobre a fundação (Figura 6) constituem uma estrutura de suporte aos materiais

que formam a superfície do contrapiso (CASTRO, 2005).

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Figura 6 – Corte detalhado da fundação sapata corrida

Fonte: Castro (2005)

4.4 Fixação dos painéis na fundação

Para evitar o movimento da edificação devido à pressão do vento, a superestrutura

deve ser firmemente ancorada na fundação, esses movimentos podem ser de translação ou

tombamento com rotação do edifício (CASTRO, 2005).

A escolha da ancoragem mais eficiente depende do tipo de fundação e das solicitações

que ocorrem na estrutura devido às cargas, condições climáticas e ocorrência de abalos sísmicos

(CONSUL STEEL, 2002).

Os tipos mais utilizados de ancoragem são: a química com barra roscada; a com fita

metálica e a fixação com barra roscada tipo “J”.

Diferente dos dois outros tipos de ancoragem, a química com barra roscada é colocada

depois da concretagem da fundação, consiste em uma barra roscada com arruela e porca, que é

fixada no concreto por meio de perfuração preenchida com uma resina química a base de epóxi

formando uma interface resistente com o concreto. A fixação à estrutura se dá por meio de uma

peça em aço que é conectada à barra roscada e à guia e aparafusada ao montante geralmente

duplo, a (Figura 7) ilustram a fixação do painel à fundação (CASTRO 2005).

Figura 7 – Ancoragem química com barra roscada

Fonte: Castro (2005)

As fitas metálicas são peças de aço (Figura 8), com uma extremidade engastada na

Page 11: Identificação dos parâmetros de aplicação do sistema Light

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fundação, colocada antes da concretagem e a outra extremidade é aparafusada nos montantes

da estrutura (CASTRO 2005).

Uma recomendação construtiva é que essas fitas não devem ser fixadas aos “cripples”,

montantes curtos localizado embaixo de vãos de janela. (CONSUL STEEL, 2002, n.p.).

Figura 8 – Ancoragem com fita metálica

Fonte: Castro (2005)

A ancoragem com barra roscada tipo “J” (Figura 9) consiste em uma barra roscada e

curvada, engastada na fundação, pois é colocada antes da concretagem, a parte curva é

posicionada no interior da fundação e a parte reta serve para ser fixada à guia ou ao montante,

não é uma ancoragem muita recomendada, devido à dificuldade de locação da barra roscada.

Quando fixado à guia é necessário o uso de um reforço de comprimento mínimo igual a 150 mm

de um perfil Ue (CASTRO, 2005).

Figura 9 – Ancoragem com barra roscada

tipo “J”

Fonte: Castro (2005)

O conceito estrutural do sistema Light Steel Framing é dividir as cargas em um número

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maior de elementos estruturais, sendo que cada um é projetado para receber uma pequena

parcela de carga, o que possibilita a utilização de perfis conformados com chapas finas de aço

(ABDI, 2015).

Nem todos os painéis precisam ser estruturais, os painéis são estruturais ou auto

portantes quando compõem a estrutura, suportando as cargas da edificação, que podem ser

tanto internos quanto externos, e são não estruturais quando funcionam apenas como vedação

externa ou divisória interna, ou seja, sem ter função estrutural (CASTRO, 2005).

Os elementos estruturais mais utilizados para garantir a estabilidade estrutural dos

painéis e, consecutivamente da edificação do sistema, são as fitas e placas de contraventamento

e as linhas de bloqueadores (ABDI, 2015).

Externamente, os painéis podem ser fechados com placas cimentícias ou OSB,

independentemente do acabamento, as placas de OSB devem ser protegidas externamente da

umidade e da água, com uma manta ou membrana não tecido, formando uma barreira

impermeável à água (ABDI, 2015).

Os painéis no sistema LSF exercem basicamente a finalidade de componentes do

sistema estrutural da edificação, e associados a elementos de fechamento, desempenham a

função de vedação vertical (CASTRO, 2005).

Antes de se fechar o lado interno do painel, deve-se proceder à colocação do material

de isolamento térmico e acústico, com o avanço tecnológico dos produtos e processos de cálculo,

consegue-se mensurar a real necessidade do isolamento e quantificar o material isolante

necessário, os materiais mais empregados são as mantas de lã de vidro ou de rocha (ABDI, 2015).

4.5 Lajes

O conceito estrutural do sistema Light Steel Framing, que é basicamente dividir as

cargas entre os perfis, também é utilizado para os elementos que suportam as lajes e coberturas,

os elementos trabalham biapoiados e deverão sempre transferir as cargas continuamente, ou

seja, em elementos de transição até as fundações (ABDI, 2015).

As lajes no sistema LSF também são compostas de estrutura metálica em aço leve e

fechadas com materiais específicos, entre estes diversos tipos de laje (Figura 10), como exemplo,

pode-se citar a laje seca onde o piso é composto por um painel estrutural específico, ou a laje

“úmida”, que recebe este nome porque é construída com o contraventamento em OSB, aplicação

de manta impermeabilizante e com uma pequena camada de concreto para piso sobre este

contraventamento (MUNDO STEEL, 2020).

Page 13: Identificação dos parâmetros de aplicação do sistema Light

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Figura 10 – Tipos de lajes no Light Steel Frame

Fonte: Mundo Steel (2020)

4.6 Coberturas

A cobertura ou telhado é a parte da construção destinada a proteger o edifício da ação

das intempéries, podendo também desempenhar uma função estética, telhados podem variar

desde simples cobertas planas até projetos mais complexos com grande intersecção de águas ou

planos inclinados (CASTRO, 2005). Pode ser calculada para suportar qualquer tipo de telha.

Assim como os demais painéis, deve ser contraventada e bloqueada para suportar as cargas de

vento (ABDI, 2015).

A versatilidade do sistema Light Steel Framing possibilita a realização dos mais variados

projetos de cobertura (CASTRO, 2005).

4.7 Reflexões

A partir do exposto, entende-se que o sistema construtivo Ligth Steel Frame, a partir

da sua composição modular, pode ser eficaz quando aplicado à arquitetura escolar. e ser utilizado

para projetos modulares permanentes e/ou realocáveis isso significa que, os espaços de

interação e salas de aula de uma escola inclusiva poderão oferecer maior flexibilidade

favorecendo a acessibilidade.

O sistema modular é considerado uma opção que corresponde às intenções

sustentáveis já que o modelo racional de construção supera em muitos níveis os métodos

tradicionais de construção, entre eles, segundo o Portal Steel Frame (2020):

1. Maior flexibilidade e reutilização: Edifícios modulares podem ser

desmontados e os módulos realocados ou reformados para um novo uso,

reduzindo a demanda por matéria-prima e minimizando a quantidade de

energia gasta para atender a nova necessidade.

2. Menos desperdício de materiais: Ao construir em uma fábrica, o desperdício

é eliminado pela reciclagem de materiais, controle de estoque e proteção dos

materiais de construção.

3. Melhor qualidade do ar: Como a estrutura modular é substancialmente

concluída em um ambiente controlado de fábrica, com materiais secos, a

possibilidade de altos níveis de umidade serem retidos em novas construções

é eliminada (Portal Steel Frame, 2020).

Page 14: Identificação dos parâmetros de aplicação do sistema Light

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

É de extrema necessidade projetar escolas que atenda às reais necessidades dos

indivíduos que irão utilizá-la, de forma que os ambientes físicos não resultem em espaços

inacessíveis e insustentáveis.

A proposta de projeto para futuras escolas deve refletir sobre o cenário das escolas

atuais, na qual grande parte segue a padronização do FNDE, que impacta diretamente nos

indivíduos que a frequentam diariamente, em especial, as pessoas com deficiência

A partir dos resultados, constata-se que o sistema LSF remete a inúmeras vantagens

que viabilizam a construção mais ampla, flexível e sustentável, sucedendo ambientes planejados,

tipologia básica das edificações escolares.

6 REFERÊNCIAS

AGÊNCIA BRASILEIRA DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL (ABDI). Manual da Construção Industrializada: Conceitos e Etapas. Brasília, DF: ABDI – Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, 2015. 1 v. Disponível em:

http://www.abramat.org.br/datafiles/publicacoes/manual-construcao.pdf. Acesso em: 30 mar. 2020. ARANHA, Maria Salete Fábio (2001). Inclusão social e municipalização In: MANZINI, E. J. (org.) Educação especial:

temas atuais. Marília, Unesp, Publicações, 2011.

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