identificação e mapeamento da ocorrência de macaúba no estado do paraná – resultados...
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Artigo publicado nos anais do Congresso Brasileiro de Macaúba, em 2013.TRANSCRIPT
IDENTIFICAÇÃO E MAPEAMENTO DA OCORRÊNCIA DE MACAÚBA NO 1
ESTADO DO PARANÁ – RESULTADOS PRELIMINARES 2
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RUY SEIJI YAMAOKA 1 ; ALEX CARNEIRO LEAL2; JOÃO HENRIQUE CAVIGLIONI3; 4
JULIANA SAWADA BURATTO4; CAROLINA MARIA GASPAR DE OLIVEIRA5; ANDRE 5
LUIZ MEDEIROS RAMOS6; MATEUS CARVALHO BASILIO DE AZEVEDO7; WALTER 6
MIGUEL KRANZ8 7
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INTRODUÇÃO 9
O Plano Nacional de Agroenergia, lançado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e 10
Abastecimento, coloca a pesquisa a buscar novos patamares de rendimento de óleo de modo a 11
propiciar o adensamento energético da matéria prima, passando do nível atual de 500 a 700 kg/ha 12
de óleo obtido com as culturas tradicionais com domínio tecnológico, como soja e mamona, para 13
2.000 kg/ha de óleo no médio prazo e 5.000 kg/ha no longo prazo (MAPA, 2006). 14
A macaúba é uma das espécies que apresenta reais perspectivas de ser matéria prima para 15
produção de biodiesel no Brasil, pelo seu potencial para produção de grandes quantidades de óleo 16
por unidade de área, além da possibilidade de utilização em diversos sistemas de produção, 17
inclusive em sistemas agrosilvopastoris. 18
A macaúba (Acrocomia aculeata (Jacq.) Lood ex Mart) é uma palmeira nativa das 19
Florestas Tropicais que se distribui ao longo da América tropical e subtropical, desde o sul do 20
México e Antilhas até o sul do Brasil, chegando ao Paraguai e Argentina. Ocorre preferencialmente 21
em regiões com estação chuvosa bem definida e de baixas altitudes, apesar de registros de sua 22
ocorrência nos Andes Colombianos, cuja altitude é de 1.200 m. Sua área de distribuição tem sido 23
fortemente influenciada pelas atividades humanas. Fonte de óleos e frutos comestíveis para as 24
comunidades indígenas pré-colombianas, sua dispersão pelo continente americano provavelmente 25
foi realizada pelo homem, embora os animais, que apreciam seus frutos, tenham colaborado na 26
disseminação da espécie. Existem divergências entre autores sobre a classificação botânica da 27
macaúba, embora sua inclusão no gênero Acrocomia seja consensual. A questão da determinação 28
1 Instituto Agronômico do Paraná – [email protected] 2 Instituto Agronômico do Paraná – [email protected] 3 Instituto Agronômico do Paraná – [email protected] 4 Instituto Agronômico do Paraná - [email protected] 5 Instituto Agronômico do Paraná – [email protected] 6 Instituto Agronômico do Paraná – [email protected] 7 Instituto Agronômico do Paraná – [email protected] 8 Instituto Agronômico do Paraná – [email protected]
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das espécies e possíveis variedades ou ecotipos no gênero Acrocomia ainda carece de concordância 29
entre os especialistas. 30
No Brasil, é considerada como a palmeira de maior dispersão, com ocorrência de 31
povoamentos naturais em quase todo território. Contudo as maiores concentrações estão localizadas 32
em Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, fortemente espalhadas nas áreas de 33
Cerrados e matas semidecíduas (LORENZI, 2010). No estado de Minas Gerais ocorrem grandes 34
populações de macaúba, apontadas como economicamente promissoras (MOTTA et al., 2002). No 35
passado, Novaes (1952), citado por Von Linsingen e Cervi (2009), relata a ocorrência em 36
abundância também em São Paulo, mas comenta que as populações naturais foram 37
sistematicamente substituídas pelo cultivo do café. Até então a espécie não era citada na flora 38
paranaense. Von Linsingen e Cervi (2009) mostram que durante levantamento da vegetação das 39
formações de cerrado no Paraná, Hatschbach et al. (2005) e Von Linsingen (2006) observaram a 40
ocorrência restrita da espécie Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd ex Mart, em uma área de cerrado no 41
município de Sengés. Entretanto, a ocorrência de macaúbas no Paraná, mais especificamente ao 42
longo do rio Paraná, foi registrada por Maack (1968), que se refere à espécie pelo seu sinônimo 43
botânico A. sclerocarpa Mart. Observações recentes revelam que a macaúba cresce 44
espontaneamente no Noroeste do Paraná, onde pode-se encontrar com facilidade indivíduos 45
vegetando nas pastagens. 46
Gray (2011) avalia que muitas das espécies de Acrocomia (mais de 30) são provavelmente 47
variantes de A. aculeata, mas registra A. hassleri, A. media e A. totai como espécies diferentes e que 48
esta última, que ocorre no norte da Argentina e no Paraguai, é a espécie mais resistente ao frio. 49
Motoike et al. (2013) consideram que, do ponto de vista agronômico, a espécie A. aculeata 50
possui três populações com características morfológicas distintas e colocam as plantas da ‘espécie’ 51
A. totai como ocorrendo principalmente nas regiões Centro-Oeste e Norte, as de A. intumescens na 52
região Nordeste e as de A. aculeata na região Sudeste, principalmente no estado de Minas Gerais. 53
O objetivo deste trabalho é identificar e relacionar a ocorrência da macaúba (Acrocomia 54
aculeata Lodd. Ex Martius) no Estado do Paraná a atributos climáticos, pedológicos e vegetacionais, 55
identificando/mapeando os maciços naturais e/ou concentração de plantas. 56
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MATERIAL E MÉTODOS 58
O levantamento da ocorrência geográfica da macaúba, por municípios do estado, está 59
sendo realizado inicialmente, através de um levantamento expedito da ocorrência ou não, com apoio 60
dos técnicos da EMATER/PR, que possui escritórios locais em todos os municípios. Além de 61
identificar a ocorrência da palmeira, o questionário expedito permite informar se é nativa ou 62
plantada e se é encontrada de forma rara ou frequente. 63
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Os questionários respondidos pelos técnicos locais da EMATER foram recebidos e 64
tabulados em planilha eletrônica segundo o município de origem. A planilha foi previamente 65
preparada a partir da base cartográfica municipal do IBGE, preservando as informações de nome do 66
município, código do IBGE (7 dígitos), mesorregião e microrregião. Os resultados tabulados foram 67
espacializados utilizando um software de geoprocessamento ligando a base cartográfica municipal 68
do IBGE com a planilha de resultados. A base cartográfica foi disponibilizada no site do IBGE e 69
convertido para a projeção cartográfica UTM no datun SIRGAS-2000. 70
Em seguida será realizada uma prospecção a campo, com visita aos municípios com 71
presença das plantas de macaúba. Por ocasião deste levantamento será realizada também a 72
identificação e a descrição das variedades/subespécies de macaúba que ocorrem no Paraná. 73
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RESULTADOS E DISCUSSÃO 75
A tabulação dos primeiros resultados e a inserção das informações no mapa mostra uma 76
clara tendência de concentração da espécie na região noroeste do estado, conforme pode ser 77
observado na Figura 1, ainda em sua primeira versão bruta, como foram recebidas as respostas de 78
campo. Entretanto, algumas respostas parecem incongruentes, como por exemplo, em um 79
determinado município a espécie ocorre com frequência e nos municípios vizinhos não ocorre. Este 80
tipo de inconsistência será conferido por meio de visitas a campo e entrevista com o respondente, de 81
maneira a verificar a exatidão da informação fornecida. Ao final do levantamento o mapa deverá 82
apresentar apenas três situações: a) não ocorre, b) rara, e c) frequente. 83
O mapa com os resultados iniciais da ocorrência de macaúbeiras no estado do Paraná 84
(Figura 1) confere com a afirmação de Maack (1968), que registrou a ocorrência da espécie ao 85
longo do rio Paraná. Observações recentes revelam que a macaúba cresce espontaneamente no 86
noroeste do Paraná, onde pode-se encontrar com facilidade indivíduos vegetando nas pastagens. 87
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Figura 1. Mapa da ocorrência de macaúba no Paraná - versão preliminar 90
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CONCLUSÕES 91
O levantamento realizado até o momento mostra a ocorrência de macaúba no estado 92
do Paraná, com maior frequência na região noroeste, acompanhando a direção do rio Paraná. 93
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REFERÊNCIAS 95
GRAY, M. Palm and Cycad Societies of Australia. Disponível em: 96
<http://www.pacsoa.org.au/palms/Acrocomia/aculeata.html> Acesso em: 20 maio 2011. 97
98
LORENZI, H.; NOBLICK, L.; KAHN, F.; FERREIRA, E. Brasilian flora: Arecaceae (Palms). 99
Plantanum, Nova Odessa, 2010. 384p. 100
101
MAACK, R. Geografia física do Estado do Paraná. Curitiba, M. Roesner, 1968. 350 p. 102
103
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO (MAPA) Plano Nacional 104
de Agroenergia 2006-2011. Secretaria de Produção e Agroenergia, 2ª ed. rev. – Brasília, DF : 105
Embrapa Informação Tecnológica. 2006. 110p. 106
107
MOTTA, P.E.; CURI, N.; OLIVEIRA-FILHO, A.T.; GOMES, J.B.V. Ocorrência de 108
macaúba em Minas Gerais: relação com atributos climáticos, pedológicos e vegetacionais. Brasilia, 109
Pesquisa Agropecuária Brasileira, 2002. v.37, p.1023-1031. 110
111
MOTOIKE, S.Y. CARVALHO, M.; PIMENTEL, L.D.; KUKI, K.N.; PAES, J.M.V.; DIAS, L.A.S; 112
SATO, A.Y. A cultura da macaúba: implantação e manejo de cultivos racionais. Viçosa, MG. UFV. 113
2013. 114
115
NUCCI, S.M. Desenvolvimento, caracterização e análise da utilidade de marcadores microsatélites 116
em genética de população de macaúba. Campinas, 2007. Dissertação de mestrado. IAC. Pós-117
graduação em Agricultura Tropical e Subtropical. 118
119
VON LISINGEN, L. e CERVI, A. C. Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd ex Mart., nova ocorrência 120
para a flora do Estado do Paraná. In: Acta Biol. Par., Curitiba, 2009. 38 (3-4): 187-192 121
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