ideia inovadora melhora plantação de agricultores rurais no semiárido piauiense

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Ideia inovadora melhora plantação de agricultores rurais no semiárido piauiense Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Ano 7 • nº1185 Outubro/2013 Simplício Mendes A história do casal Reginaldo Alves de Sousa e Rosimeire de Sousa Costa Alves começou há 23 anos quando se conheceram. Eles se apaixonaram e decidiram casar, ainda jovens, e construir uma família. O casal de agricultores tem dois filhos, Rogério de Sousa Costa e Reginaldo de Sousa Costa Júnior, e mora no povoado Formosa, que fica a 62 km da cidade de Simplício Mendes. Conviver com o Semiárido nunca foi tarefa fácil, principalmente quando se passa por uma grande estiagem, aumentando o desafio do acesso ao bem mais precioso, a água. Dona Rosimeire e seu Reginaldo sabem bem o que a falta de água faz e o quanto ela é preciosa. “Quando fizeram o poço ficou mais fácil pra gente. Como era perto, ficava melhor pra levar os bichos pra beber e trazer água nas ancas dos jumentos. Mas quando chegou a primeira cisterna, ai mudou a nossa vida de vez. Apesar de ter apenas um ano de pronta ela já nos trouxe muita felicidade e facilidade” conta seu Reginaldo. Dona Rosimeire, que já trabalha com canteiros há 20 anos, explica que para ter uma boa produção não é só plantar e pronto, tem que ter cuidado com os canteiros e com as hortaliças. Falou da importância de um bom adubo e também de uma proteção contra o sol escaldante da região. “Aqui o clima ta muito quente, ai se não cuidar o coentro fica amarelo, queimado do sol. Então o que eu fiz: Peguei as folhas secas e botei ao redor do barcão, porque o certo é fazer uma cobertura com lona para botar em cima e proteger as hortaliças, mas, como eu não encontrei as forquilhas para fazer esse serviço, coloquei palhas e deu certo. Porque dá sombra e o coentro

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Page 1: Ideia inovadora melhora plantação de agricultores rurais no semiárido piauiense

Ideia inovadora melhora plantação deagricultores rurais no semiárido piauiense

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 7 • nº1185

Outubro/2013

Simplício Mendes

A história do casal Reginaldo Alves de Sousa e Rosimeire de Sousa Costa Alves começou há 23 anos quando se conheceram. E les se apaixonaram e decidiram casar, ainda jovens, e construir uma família. O casal de agricultores tem dois filhos, Rogério de Sousa Costa e Reginaldo de Sousa Costa Júnior, e mora no povoado Formosa, que fica a 62 km da cidade de Simplício Mendes.

Conviver com o Semiárido nunca foi tarefa fácil, principalmente quando se passa por uma grande estiagem, aumentando o desafio do acesso ao bem mais precioso, a água. Dona Rosimeire e seu Reginaldo sabem bem o que a falta de água faz e o quanto ela é preciosa. “Quando fizeram o poço ficou mais fácil pra gente. Como era perto, ficava melhor pra levar os bichos pra beber e trazer água nas ancas dos jumentos. Mas quando chegou a primeira cisterna, ai mudou a nossa vida de vez. Apesar de ter apenas um ano de pronta ela já nos trouxe muita felicidade e facilidade” conta seu Reginaldo.

Dona Rosimeire, que já trabalha com canteiros há 20 anos, explica que para ter uma boa produção não é só plantar e pronto, tem que ter cuidado com os canteiros e com as hortaliças. Falou da importância de um bom adubo e também de uma proteção contra o sol escaldante da região. “Aqui o clima ta muito quente, ai se não cuidar o coentro fica amarelo, queimado do sol. Então o que eu fiz: Peguei as folhas secas e botei ao redor do barcão, porque o certo é fazer uma cobertura com lona para botar em cima e proteger as hortaliças, mas, como eu não encontrei as forquilhas para fazer esse serviço, coloquei palhas e deu certo. Porque dá sombra e o coentro

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Piauí

Realização Apoio

não fica mais amarelo” explicou a agricultora.

O casal produz no seu quintal ecológico: alface, coentro, pimentão, pimenta malagueta, pimenta de gosto, abóbora, milho, macaxeira, cenoura, beterraba, batata, maxixe, feijão, cana, tomate, maracujá, banana, manga, melancia, caju. Ainda cultivam plantas medicinais como capim, capim santo, coronha, cro de fralda, eucalipto e criam ovelha, gado, cavalo, bode, porco, galinha e jumento. A produção, além de alimentar a família e os animais, faz com que a família coma alimentos totalmente saudáveis e sem agrotóxicos.

Apesar da pouca água, o quintal de seu Reginaldo é bem verde. Quando questionado sobre o segredo de uma plantação tão viva ele explicou. “Antes da chegada da primeira cisterna, eu pegava água do poço, o que era pouco. Ai ouvi falar de um aspersor que molhava de três em três metros, então tive uma ideia. Peguei uma garrafa pet, furei em centímetros e centímetros ao redor dela no fundo, peguei uma mangueira três quarto e coloquei na rede de água, e deu um maravilhoso aspersor. Com a gravidade ele molha de seis em seis metros de um para o outro. Melhor que o próprio aspersor comprado nas lojas. Primeiro fiz um, e hoje to com dez no meu canteiro, e ele gasta pouca água. É um regador beleza. Com meia hora está tudo aguado. Ajuda bastante. Porque se for para jogar água na boca do balde, não tem quem aguente” explica.

Além de agricultor seu Reginaldo também é apicultor. O trabalho com o quintal ecológico começou há 5 anos, mas há 13 produz mel de abelha para o consumo pessoal e para vender. São 60 colmeias e em cada uma ele consegue 15 quilos de mel. O mel é produzido na própria residência e depois vendido em Simplício Mendes para uma cooperativa, por R$ 4,00 reais o quilo.

Mesmo com as dificuldades o casal não pretende se mudar da região e veem na segunda água uma nova vida. Eles pretendem aumentar sua plantação com a chegada da nova cisterna, que será construída próximo ao quintal ecológico. A iniciativa faz parte do P1+2 (Programa Uma Terra e Duas Águas), em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), com realização da Obra Kolping do Piauí.