ideais republicanos na educaÇÃo em pelotas/rs na … · tendo como tema a arquitetura escolar,...

19
Anais Eletrônicos do IX Congresso Brasileiro de História da Educação João Pessoa Universidade Federal da Paraíba 15 a 18 de agosto de 2017 ISSN 2236-1855 838 IDEAIS REPUBLICANOS NA EDUCAÇÃO EM PELOTAS/RS NA PRIMEIRA REPÚBLICA: UM OLHAR SOBRE A ARQUITETURA ESCOLAR Estela Maris Reinhardt Piedras 1 Introdução Esse artigo é parte de uma pesquisa mais ampla que está sendo realizada em nível de doutorado, inserida no âmbito da História da Educação, no diálogo da História Cultural e cultura material. Tendo como tema a arquitetura escolar, a investigação pretende analisar os edifícios construídos para escolas na área urbana da cidade de Pelotas/RS, no período denominado como a Primeira República (1889-1930). De acordo com a historiadora Rosa Fátima de Souza, é possível “ler e interpretar a história da educação pela arquitetura dos edifícios escolares” (SOUZA, 2005, p.7). Assim, a pesquisa de cunho histórico, educacional e social, busca o entendimento do processo de implantação do sistema educacional na cidade e pretende analisar, identificar e caracterizar essas escolas enquanto lugares 2 (VIÑAO; ESCOLANO, 2001). Também objetivamos estudar as influências do momento sociocultural e político, e suas relações com o contexto urbano. Conforme mencionado anteriormente, a delimitação temporal da presente investigação, define-se entre a época da Primeira República, correspondente ao período que marcou o fim do Império em 1889 até a Revolução de 1930, dado o destaque a ele atribuído por diversos estudiosos da história da educação brasileira, principalmente Jorge Nagle, que afirma: A partir de determinado momento, as formulações se integram: da proclamação de que o Brasil, especialmente no decênio da década de 1920, vive uma hora decisiva, que está exigindo outros padrões de relações e de convivências humanas, imediatamente decorre a crença na possibilidade de reformar a sociedade pela reforma do homem, para o que a escolarização tem um papel insubstituível, pois é interpretada como o mais decisivo instrumento de aceleração histórica (NAGLE, 2001, p. 134). 1 Mestre em Educação pela Universidade Federal de Pelotas. Doutoranda na Faculdade de Educação da Universidade Federal de Pelotas. E-Mail: <[email protected]>. 2 A categoria lugar para Viñao (2001), além de ser um espaço geográfico, é principalmente um conjunto de vivências, memórias e significados culturais. Embora dependa do espaço, o lugar está identificado ao uso e às representações que se tem dele. O autor evidencia que o espaço escolar é um local de construção social e cultural de significado, uma fonte de experiência cotidiana. Essa categoria, quando aplicada ao processo de escolarização, permite pensar a arquitetura escolar não como algo dado, fixo e imóvel que está ali para ser observado, apropriado e redefinido, mas uma forma de classificação que separa o lado de dentro e o lado de fora, ou seja, o escolar do não escolar.

Upload: vanbao

Post on 25-Nov-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: IDEAIS REPUBLICANOS NA EDUCAÇÃO EM PELOTAS/RS NA … · Tendo como tema a arquitetura escolar, ... edifícios construídos para escolas na área urbana da cidade de Pelotas/RS,

Anais Eletrônicos do IX Congresso Brasileiro de História da Educação João Pessoa – Universidade Federal da Paraíba – 15 a 18 de agosto de 2017

ISSN 2236-1855 838

IDEAIS REPUBLICANOS NA EDUCAÇÃO EM PELOTAS/RS NA PRIMEIRA REPÚBLICA: UM OLHAR SOBRE A ARQUITETURA ESCOLAR

Estela Maris Reinhardt Piedras1

Introdução

Esse artigo é parte de uma pesquisa mais ampla que está sendo realizada em nível de

doutorado, inserida no âmbito da História da Educação, no diálogo da História Cultural e

cultura material. Tendo como tema a arquitetura escolar, a investigação pretende analisar os

edifícios construídos para escolas na área urbana da cidade de Pelotas/RS, no período

denominado como a Primeira República (1889-1930).

De acordo com a historiadora Rosa Fátima de Souza, é possível “ler e interpretar a

história da educação pela arquitetura dos edifícios escolares” (SOUZA, 2005, p.7). Assim, a

pesquisa de cunho histórico, educacional e social, busca o entendimento do processo de

implantação do sistema educacional na cidade e pretende analisar, identificar e caracterizar

essas escolas enquanto lugares2 (VIÑAO; ESCOLANO, 2001). Também objetivamos estudar

as influências do momento sociocultural e político, e suas relações com o contexto urbano.

Conforme mencionado anteriormente, a delimitação temporal da presente

investigação, define-se entre a época da Primeira República, correspondente ao período que

marcou o fim do Império em 1889 até a Revolução de 1930, dado o destaque a ele atribuído

por diversos estudiosos da história da educação brasileira, principalmente Jorge Nagle, que

afirma:

A partir de determinado momento, as formulações se integram: da proclamação de que o Brasil, especialmente no decênio da década de 1920, vive uma hora decisiva, que está exigindo outros padrões de relações e de convivências humanas, imediatamente decorre a crença na possibilidade de reformar a sociedade pela reforma do homem, para o que a escolarização tem um papel insubstituível, pois é interpretada como o mais decisivo instrumento de aceleração histórica (NAGLE, 2001, p. 134).

1 Mestre em Educação pela Universidade Federal de Pelotas. Doutoranda na Faculdade de Educação da Universidade Federal de Pelotas. E-Mail: <[email protected]>.

2 A categoria lugar para Viñao (2001), além de ser um espaço geográfico, é principalmente um conjunto de vivências, memórias e significados culturais. Embora dependa do espaço, o lugar está identificado ao uso e às representações que se tem dele. O autor evidencia que o espaço escolar é um local de construção social e cultural de significado, uma fonte de experiência cotidiana. Essa categoria, quando aplicada ao processo de escolarização, permite pensar a arquitetura escolar não como algo dado, fixo e imóvel que está ali para ser observado, apropriado e redefinido, mas uma forma de classificação que separa o lado de dentro e o lado de fora, ou seja, o escolar do não escolar.

Page 2: IDEAIS REPUBLICANOS NA EDUCAÇÃO EM PELOTAS/RS NA … · Tendo como tema a arquitetura escolar, ... edifícios construídos para escolas na área urbana da cidade de Pelotas/RS,

Anais Eletrônicos do IX Congresso Brasileiro de História da Educação João Pessoa – Universidade Federal da Paraíba – 15 a 18 de agosto de 2017

ISSN 2236-1855 839

Neste momento emergem as preocupações com a construção de edifícios específicos

para fins educativos no Brasil. O mesmo ocorreu na cidade de Pelotas, local onde está sendo

realizada a pesquisa de campo.

Os espaços escolares vêm sendo investigados desde o início do século XX em vários

países, dentre os quais se destacam Inglaterra, França, Portugal, Espanha e Alemanha.

Extensa bibliografia pode ser encontrada em Viñao e Escolano (2001). No Brasil, é possível

perceber que vários pesquisadores da História da Educação, como Souza (1998), Faria Filho

(2000) e Bencostta (2001), tem como tema de pesquisa a arquitetura escolar. No decorrer

desta investigação, encontramos diversos trabalhos com diferentes denominações para

referir-se ao tema estudado, tais como: arquitetura escolar, espaços (e tempos) escolares,

edificações escolares, construções escolares e prédios.

Tendo como principal foco de estudo os prédios escolares construídos na área urbana

de Pelotas durante a Primeira República, esse artigo está organizado em quatro momentos.

Primeiro fazemos alguns apontamentos teóricos e metodológicos da pesquisa, embasado nos

autores Le Goff e Nora (1978), Burke (1992, 2008), Chartier (2002), Cellard (2008) e

Gonçalves (2012).

No segundo momento apresentamos uma contextualização da origem do espaço

escolar e a história da escola, e entre os autores que contribuem nesta reflexão destacam-se

Souza (1998), Faria Filho (2000), Bencostta (2001, 2005), Viñao Frago e Escolano

(2001,2005), Castro (2009) e outros que auxiliam o campo de investigação da arquitetura

escolar, do ponto de vista da apropriação e interpretação do espaço como lugar.

No terceiro momento fazemos uma discussão de âmbito regional, buscando

referenciais sobre o contexto que se pretende estudar. Para tal nos baseamos nos estudos de

Huch e Tambara (2005), Corsetti (2008), Ermel (2011), Barrozo e Arriada (2014), Amaral

(2005), dentre outros.

No quarto momento apresentamos o Quadro preliminar (uma vez que este se

encontra em fase de elaboração) que busca mostrar as instituições educacionais criadas no

período estudado e que tiveram edifícios construídos para finalidade escolar. Por último

fazemos algumas considerações como fechamento das discussões e explanações

apresentadas.

Apontamos teóricos e metodológicos da pesquisa

A prática da pesquisa no âmbito da História da Educação modificou-se de maneira

significativa, em especial na segunda metade do século XX. Na França a publicação da

Page 3: IDEAIS REPUBLICANOS NA EDUCAÇÃO EM PELOTAS/RS NA … · Tendo como tema a arquitetura escolar, ... edifícios construídos para escolas na área urbana da cidade de Pelotas/RS,

Anais Eletrônicos do IX Congresso Brasileiro de História da Educação João Pessoa – Universidade Federal da Paraíba – 15 a 18 de agosto de 2017

ISSN 2236-1855 840

terceira geração dos Annales3 trouxe mudanças propondo novos problemas, novas

abordagens e novos objetos. Na introdução da coletânea organizada por Jacques Le Goff e

Pierre Nora, os autores tecem algumas considerações.

Obra coletiva e diversificada pretende, no entanto, ilustrar e promover um novo tipo de história [...]. A novidade parece-nos estar ligada a três processos: novos problemas colocam em causa a própria história; novas abordagens modificam, enriquecem, subvertem os setores tradicionais da história; novos objetos enfim, aparecem no campo epistemológico da história (LE GOFF E NORA, 1978, p.11).

Junto com os novos problemas, novas abordagens e novos objetos, destacamos a

história dos objetos na sua materialidade (CHARTIER, 2002). Entre os chamados objetos

culturais mais estudados, estão os da cultura material. Peter Burke destaca que:

Nas décadas de 1980 e 1990, alguns e historiadores culturais voltaram-se para o estudo da cultura material, e assim se viram próximos dos arqueólogos, curadores de museus e especialistas em história do vestuário e do mobiliário, que há muito vinham trabalhando nessa área (BURKE, 2008, p. 91).

O estudo da cultura material, neste caso, a cultura material escolar, inclui o estudo de

objetos na sua materialidade, além de espaços edificados e não edificados, como a arquitetura

escolar, também considerada artefato cultural (GONÇALVES, 2012).

Como metodologia para a realização do estudo proposto, destacamos a pesquisa

documental. O uso de documentos em pesquisas na área de educação se constitui numa

técnica valiosa, visto que a as capacidades de memória são limitadas e, conforme Cellard

(2008), “a memória pode também alterar lembranças, esquecer fatos importantes, ou

deformar acontecimentos”. Sendo fonte estável e rica de informações, podendo ser

consultado inúmeras vezes e servir de base para diferentes estudos, justifica o seu uso em

várias áreas das Ciências Humanas e Sociais, pois permite ampliar o entendimento de objetos

cuja compreensão necessita de contextualização histórica e sociocultural. Como no caso da

pesquisa ora realizada do período de 1889 a 1930, ele é único testemunho na reconstrução de

uma história do passado relativamente distante,

[...] o documento escrito constitui uma fonte extremamente preciosa para todo pesquisador nas ciências sociais. Ele é, evidentemente, insubstituível em qualquer reconstituição referente a um passado relativamente distante, pois não é raro que ele represente a quase totalidade dos vestígios da atividade humana em determinadas épocas. Além disso, muito

3 A terceira geração dos Annales, também é conhecida pela expressão Nouvelle Historie, ou Nova História em português, traz como principal proposta o estudo de toda atividade humana. Segundo Burke (1992, p. 8), “a nova história é a história escrita como uma reação deliberada contra o ‘paradigma’ tradicional”.

Page 4: IDEAIS REPUBLICANOS NA EDUCAÇÃO EM PELOTAS/RS NA … · Tendo como tema a arquitetura escolar, ... edifícios construídos para escolas na área urbana da cidade de Pelotas/RS,

Anais Eletrônicos do IX Congresso Brasileiro de História da Educação João Pessoa – Universidade Federal da Paraíba – 15 a 18 de agosto de 2017

ISSN 2236-1855 841

freqüentemente, ele permanece como o único testemunho de atividades particulares ocorridas num passado recente (CELLARD, 2008, p. 295).

Além disso, outra vantagem do uso de documentos em pesquisa é que ele permite

acrescentar a dimensão do tempo à compreensão do social. A análise documental favorece a

observação do processo de maturação ou de evolução de indivíduos, grupos, conceitos,

conhecimentos, comportamentos, mentalidades, práticas, entre outros (CELLARD, 2008).

Assim, no processo de desenvolvimento da pesquisa, através dos documentos deste período

temporal, buscamos analisar as mudanças do processo educativo e suas relações com o

momento político bem como com o contexto sócio econômico e cultural.

A história da escola e a origem da arquitetura escolar brasileira

Voltando-se para a história da escola e a origem da arquitetura escolar no Brasil,

observamos que a proclamação da República no Brasil (1889), de inspiração positivista,

buscava uma nova estruturação social, trazendo parâmetros modernos ao país e tentando

romper com o modelo considerado arcaico vinculado ao Império. Esse “processo de

modernização passava pela incorporação da ciência e das novas tecnologias surgidas na

Europa e nos Estados Unidos e pela inserção do País na economia burguesa” (CASTRO,

2009, p. 124).

Segundo Faria Filho (2000), com o processo de urbanização e industrialização, surgiu

um crescente movimento que considerava a instrução como via de integração do povo à

nação e ao mercado de trabalho assalariado, fortalecido pela proclamação da República e

com a abolição do trabalho escravo. Republicanos manifestavam preocupação com a

realização dos ideais de ordem e progresso por eles defendidos, bem como com maior

adequação às necessidades e complexidades do mundo social. Como resposta à

heterogeneidade social, as elites dominantes indicavam a estruturação de amplos projetos de

controle e homogeneização cultural e política da sociedade, apontando para “a necessidade

de uma escola mais racionalizada e padronizada” (CORREA, 2005, p. 230).

Nesse sentido, a instituição escolar assumiu então um papel fundamental no projeto de

modernidade republicana que buscou o desenvolvimento econômico e social, a construção da

nacionalidade brasileira, a ordem e o progresso.

Como consequência do processo de modernização, muitas críticas eram dirigidas à

instrução pública primária da “escola isolada” ou “escola de improviso”, que funcionava nas

casas dos professores e em outros ambientes caracterizados pela falta de conforto,

impossibilidade de se observar as regras de higiene escolar, falta de material pedagógico,

Page 5: IDEAIS REPUBLICANOS NA EDUCAÇÃO EM PELOTAS/RS NA … · Tendo como tema a arquitetura escolar, ... edifícios construídos para escolas na área urbana da cidade de Pelotas/RS,

Anais Eletrônicos do IX Congresso Brasileiro de História da Educação João Pessoa – Universidade Federal da Paraíba – 15 a 18 de agosto de 2017

ISSN 2236-1855 842

entre outros. Eram espaços “pouco adaptados ao funcionamento de uma escola pública de

qualidade, como sendo um obstáculo quase intransponível para a realização da tarefa

educadora e salvacionista republicana” (FARIA FILHO, 2000, p.30).

Surgem então preocupações com a construção de edifícios específicos para fins

educativos objetivando atender as novas necessidades pedagógicas. Inicia-se a sistematização

do ensino primário, estruturado na criação de grupos escolares, e se estabelece um novo

programa de ensino: a escola graduada ou seriada. Assim, segundo Faria Filho (2000, p.21)

“nos grupos escolares, finalmente, a instrução e os diversos aspectos da educação

contemporânea lograriam realizar-se numa única e autorizada instituição, num mesmo

tempo e lugar, como educação escolar”.

A importância da arquitetura escolar também estava relacionada com o compromisso

de adequação às novas necessidades higienistas4, buscando atender padrões de conforto

físico-ambiental, bem como ao atendimento às normas construtivas.

Dessa maneira, afirma Castro (2009, p. 124), a escola moderna passou “a representar

uma articulação entre a expectativa da renovação do ensino, o projeto político de

disseminação da instrução popular e as vantagens econômicas da concentração de diversas

salas de aula em um único edifício”.

Para Faria Filho (1998), o conjunto do espaço escolar materializado no prédio, em suas

divisões e subdivisões internas, no seu afastamento da casa e na sua separação da rua,

produziu, tanto quanto foi produto, de uma nova forma e cultura escolar. Este foi o palco e a

cena de apropriações diversas, produzindo e incorporando múltiplos significados para um

mesmo lugar projetado pela arquitetura escolar. Considerando as reflexões de Certeau

(2007), Faria Filho (1998) destaca como a imponência arquitetônica da escola, comparada

aquela de outros lugares cotidianos (moradias, ruas, etc.), significou a produção de um lugar

próprio da educação escolarizada. A multiplicidade de apropriações deste lugar e suas

subdivisões (salas, pátios) implicou a produção de um espaço, ou seja, “um lugar praticado”,

como a rua que é geometricamente definida pelo urbanismo e transformada em espaço pelos

pedestres.

De acordo com Souza (1999), essa modalidade de escola que correspondeu a um novo

modelo de organização administrativo-pedagógico da escola primária com base na graduação

4 O higienismo pode ser considerado uma política de saúde iniciada na Europa no século 18 que transcendia os limites da medicina e integrava-se à gestão política e econômica, visando à racionalização da sociedade. Seu objetivo básico era combater a doença e a elevada taxa de mortalidade que afetavam diretamente a produtividade no trabalho. Sua atuação abrangia todas as instâncias da vida individual e social. Tanto a Arquitetura como a Pedagogia foram influenciadas por seus princípios (Castro, 2005, p. 22).

Page 6: IDEAIS REPUBLICANOS NA EDUCAÇÃO EM PELOTAS/RS NA … · Tendo como tema a arquitetura escolar, ... edifícios construídos para escolas na área urbana da cidade de Pelotas/RS,

Anais Eletrônicos do IX Congresso Brasileiro de História da Educação João Pessoa – Universidade Federal da Paraíba – 15 a 18 de agosto de 2017

ISSN 2236-1855 843

escolar foi implantada pela primeira vez no Brasil no ano de 1893, em São Paulo e depois em

vários estados brasileiros. Conforme os estudos de Viñao (2005) sobre a escola graduada,

este tipo de organização implicava uma determinada ordenação do espaço, das atividades,

dos ritmos e dos tempos, assim como uma distribuição de usos desses espaços e objetos, e

uma classificação–valorização de professores e alunos, ou seja, não se tratava apenas de uma

divisão horizontal e vertical do trabalho, senão, sobretudo, uma cultura ou modo de vida

específico.

A construção de edifícios específicos para os grupos escolares passou a ser então uma

preocupação das administrações dos Estados, especialmente no espaço urbano das capitais e

cidades prósperas economicamente, que se tornaram, segundo Souza (1998, p.91)

“depositárias das perspectivas de modernização social”. Ainda de acordo com a autora, as

cidades passaram por grandes transformações nesse período como crescimento urbano,

desenvolvimento do comércio, melhoramentos no saneamento básico, água, iluminação

transportes públicos, jardins públicos são marcas desse desenvolvimento, e o grupo escolar

faz parte desses melhoramentos, como a morada de um dos mais caros valores urbanos – a

cultura escrita.

O pesquisador Faria Filho (2000) relata que ao apresentar “tipos” ideais para

construção de prédios escolares em Belo Horizonte, o engenheiro responsável destacava

outras preocupações além da economia, tais como obedecer condições higiênicas e

pedagógicas. Era necessário definir detalhadamente as dependências internas, sua aparência

externa, mas também se preocupando com sua localização em relação ao sol, à água potável,

aos ventos e outros elementos do meio físico. As plantas “tipo” poderiam comportar 4, 8 ou

10 classes em um ou dois pavimentos, em função do número de alunos que deveria atender.

Os prédios deveriam dispor de salas de aula bastante espaçosas, iluminadas e ventiladas, um

vasto salão para museu e biblioteca, gabinetes para diretoria e professores, dependência para

instalação de reservados, galpões para exercícios físicos e trabalhos manuais, e, finalmente

pátio para recreação.

Essa dimensão “espacial” institui uma nova forma escolar que se impunha e que não

poderia ser ignorada, pois, conforme Escolano (2001, p. 26), o espaço-escola não é apenas

um “continente” em que se acha a educação institucional, isso é, “um cenário planificado a

partir de pressupostos exclusivamente formais no qual se situam os atores que intervêm no

processo de ensino-aprendizagem para executar um repertório de ações”. Para esse

pesquisador:

Page 7: IDEAIS REPUBLICANOS NA EDUCAÇÃO EM PELOTAS/RS NA … · Tendo como tema a arquitetura escolar, ... edifícios construídos para escolas na área urbana da cidade de Pelotas/RS,

Anais Eletrônicos do IX Congresso Brasileiro de História da Educação João Pessoa – Universidade Federal da Paraíba – 15 a 18 de agosto de 2017

ISSN 2236-1855 844

A arquitetura escolar é também por si mesma um programa, uma espécie de discurso que institui na sua materialidade um sistema de valores, como os de ordem, disciplina e vigilância, marcos para aprendizagem sensorial e motora e toda uma semiologia que cobre diferentes símbolos estético, culturais e também ideológicos (ESCOLANO, 2001, p. 26).

Assim, reinventar a escola significava organizar o ensino, “suas metodologias e

conteúdos; formar, controlar e fiscalizar a professora; adequar espaços e tempos para o

ensino; repensar a relação com as crianças, famílias e a própria cidade” (FARIA FILHO,

2000 p.31). E o edifício projetado especificamente para essa finalidade, estruturou-se no

intento de corrigir, educar e definir regras, espaço modelador de hábitos, atitudes e

sensibilidades (FARIA FILHO, 1998), espaço definidor e possibilitador da ordem.

Portanto, para os poderes públicos, o grande desafio republicano era superar as

dificuldades financeiras e construir os edifícios escolares adequados à sua função. Entretanto,

Bencostta (2001) questiona se este investimento, que contribuiu para a propaganda da

República tornou-se mais uma estratégia de visibilidade do que uma ação para a

democratização da escola. Dessa forma, foi no Período Republicano que a relação educação,

instituição-escola e edifício-escola foi configurada, ou seja, não poderia haver ensino

sistematizado sem uma escola que o abrigasse, e esta deveria ser uma edificação adequada à

sua função.

Arquitetura escolar no Rio Grande do Sul

Aproximando o campo de pesquisa, passamos a dissertar sobre os espaços destinados

ao ensino neste período no Rio Grande do Sul, e especialmente em Pelotas, analisando as

possíveis relações com o ensino estabelecido nos outros centros urbanos do país.

Considerando o contexto regional, observamos que relacionando a educação com a

ação do estado gaúcho e da ação positivista do grupo castilhista então no poder, podemos

afirmar que, com a solidificação dos ideais republicanos no Brasil, “também no Rio Grande

do Sul este período foi marcado por transformações sociais, econômicas, políticas e culturais,

e a educação foi um dos instrumentos utilizados para difundir esses ideais” (HUCH;

TAMBARA, 2005, p. 63).

Assim como nos demais estados brasileiros, também no Rio Grande do Sul, a expansão

educacional esteve presente de maneira significativa nas ações empreendidas por dirigentes

republicanos, conforme relata a pesquisadora Corsetti (2008):

Como um campo marcado por contradições, conflitos e mediações, a educação gaúcha, no primeiro período da República, em relação ao período Imperial teve avanços. A expansão do ensino, a diminuição do

Page 8: IDEAIS REPUBLICANOS NA EDUCAÇÃO EM PELOTAS/RS NA … · Tendo como tema a arquitetura escolar, ... edifícios construídos para escolas na área urbana da cidade de Pelotas/RS,

Anais Eletrônicos do IX Congresso Brasileiro de História da Educação João Pessoa – Universidade Federal da Paraíba – 15 a 18 de agosto de 2017

ISSN 2236-1855 845

analfabetismo, a modificação curricular e pragmática, representaram os aspectos progressistas da ação republicana, fundamento de um ufanismo que transbordou das falas governamentais como até então não se havia visto no Rio Grande do Sul (CORSETTI, 2008, p. 288).

A implantação e organização dos grupos escolares e dos colégios elementares estavam

relacionadas com as construções de prédios apropriados à nova organização escolar e

alinhados com as questões de saúde e higiene.

Em defesa da destinação de uma verba especifica para a construção de escolas

primárias, falava-se no engajamento dos poderes municipais, em conjunto com o Estado,

para a concretização desta ação, explica Ermel (2011). Ainda, segundo essa pesquisadora,

fazia-se um apelo para o envolvimento de todos os cidadãos, pois, contemplava diretamente

uma grande parcela da população que possuía filhos em idade escolar.

O Relatório de Obras Públicas do Estado do Rio Grande do Sul do ano de 1899 refere-se

à construção de edificações escolares por parte do Governo do Estado. Tratava-se de um

“projeto-tipo” para escola pública, que demonstra a iniciativa do governo em elaborar um

projeto que serviria de modelo para o estabelecimento de escolas elementares. Possamai

(2009) esclarece que este teria sido o primeiro projeto de edificação escolar elaborado pelo

executivo estadual. Indica uma prática encontrada também em outras províncias brasileiras,

na qual um único projeto embasa a construção de vários edifícios.

Segundo Ermel (2011), o poder público estadual, através de seus Relatórios, salientava

constantemente o desenvolvimento das construções escolares, tanto na capital quanto em

cidades do interior do Estado o que simbolizava a importância que o Estado atribuía à

instrução pública, destacada como um dos principais problemas sociais,

Edifícios importantes pela capacidade e adequada construção, que obedece aos modernos preceitos da higiene das habitações escolares, acham-se em execução ou estão sendo projetados e orçados. Alguns ficam situados na Capital do Estado, outros se destinam às zonas de fronteira, tendo V. Ex. recomendado, quando estes que se organizem, dois tipos de construções: um para colégios elementares, nas cidades, e outro para escolas rurais isoladas (Relatório de Obras Públicas do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, 1918, p.5 apud ERMEL, 2011, p. 92).

O estudo sobre a educação na Primeira Republica rio-grandense requer uma análise do

papel da Igreja Católica presente no estado desde o início de sua história, tendo esta

participado efetivamente em diversos setores do processo histórico regional, especialmente a

educação.

Corsetti (1998) nos mostra que as razões da aproximação entre a Igreja Católica e os

republicanos positivistas neste período, podem ser encontradas nos valores apregoados pela

Page 9: IDEAIS REPUBLICANOS NA EDUCAÇÃO EM PELOTAS/RS NA … · Tendo como tema a arquitetura escolar, ... edifícios construídos para escolas na área urbana da cidade de Pelotas/RS,

Anais Eletrônicos do IX Congresso Brasileiro de História da Educação João Pessoa – Universidade Federal da Paraíba – 15 a 18 de agosto de 2017

ISSN 2236-1855 846

instituição religiosa como fé, obediência, gratidão, justiça, sabedoria, além dos valores sociais

como a democracia cristã e o desprezo ao comunismo. Para essa pesquisadora:

No plano educacional, atuação da Igreja gaúcha na direção da recuperação do seu espaço, teve na escola o instrumento fundamental defendido ferreamente pela instituição através de suas lideranças, de sua revista oficial, organizações de seus seguidores leigos, enfim, de todos os meios que encontrou ou que pode criar para esse fim (CORSETTI, 1998, p. 130).

Estudos sobre a educação na Primeira República de Jaime Giolo, levaram a afirmar que

tanto “o PRR5 como a Igreja Católica, buscaram, antes, o mútuo favorecimento do que a

hostilização, embora motivos para o combate existissem de ambos os lados”, e, segundo o

pesquisador “os positivistas nunca esconderam suas incompatibilidades com a doutrina

católica apostólica romana”, contrapondo o PRR que valorizava a ciência e a religião da

humanidade, não admitindo nenhuma realidade transcendente. Entretanto, apesar dos

pontos de discórdia “o que se viu no Rio Grande do Sul foi um PRR bastante cordato com a

Igreja e uma Igreja entusiasmada com a administração republicana” (GIOLO, 1997, pag. 152-

5).

Na cidade de Pelotas, nos primeiros anos da Primeira República, pôde ser percebida a

influência atribuída aos ideários republicanos em relação à educação, através da expansão da

rede de ensino. Os pesquisadores Huch e Tambara (2005) afirmam que foi no período de

1889 a 1920 que houve uma grande expansão da rede de ensino, onde aconteceram grandes

transformações no campo educacional “como a instrução popular, o incentivo ao estudo das

mulheres, o ensino leigo e a visão de progresso onde a educação é vista como um processo e

não apenas como um fim em si mesma” (HUCH; TAMBARA, 2005, p. 69).

O auge do desenvolvimento econômico da cidade de Pelotas é atingido na segunda

metade do século XIX e início do século XX, “acompanhado de grande produção de edifícios,

cujas construções manifestam preocupações e ótimos resultados referentes à qualidade e

linguagem arquitetônica” (ROIG; POLIDORI, 1999, p.7). Os autores descrevem que foram

construídos basicamente seis tipos de prédios: os de cunho religioso, os administrativos e de

serviços, os de uso militar, os vinculados aos grandes proprietários e detentores dos meios de

produção (habitações, clubes, escolas, teatros, hotéis, etc.) e os vinculados à força de trabalho

(em geral habitações e pequeno comércio).

5 Partido Republicano Rio-grandense, se constitui num partido político moderno, o qual possuía um ideário (o positivismo) que foi insistentemente utilizado pelos seus dirigentes. Era um partido com princípios e que procurava administrar o estado em função desses princípios, bem como justificar suas ações através dele. (CORSETTI, 1998, pág. 25).

Page 10: IDEAIS REPUBLICANOS NA EDUCAÇÃO EM PELOTAS/RS NA … · Tendo como tema a arquitetura escolar, ... edifícios construídos para escolas na área urbana da cidade de Pelotas/RS,

Anais Eletrônicos do IX Congresso Brasileiro de História da Educação João Pessoa – Universidade Federal da Paraíba – 15 a 18 de agosto de 2017

ISSN 2236-1855 847

São representantes dos cinco primeiros as construções luxuosas, muitas delas

verdadeiros monumentos; são representantes do sexto tipo os prédios singelos cuja

linguagem se consagrou mediante a absorção dos elementos gramaticais da arquitetura dos

cinco primeiros. De modo integrado e útil ao modo de produção e à estratificação social é,

portanto, que o meio urbano nasceu e adquiriu sua forma, constituindo-se palco perfeito das

relações e contradições então existentes, facilitando e espelhando o gregarismo da época.

Esse período de nossa história determinou o polo de irradiação do crescimento de Pelotas,

influenciando e condicionando até hoje a vida de seus moradores.

Pelotas prosperou graças à intensa produção de riquezas geradas pelas atividades

econômicas destacadamente vinculadas ao charque, no período de ocupação, densificação e

evolução dos primeiros loteamentos

O espaço que integra esse processo de evolução urbana apresenta características peculiares, conferindo à Pelotas identidade e configuração diferenciada na Região e no País. Como fio condutor e representante de um processo que reúne natureza, saber fazer, artefatos e gente, seu traçado urbano e sua arquitetura determinam uma espacialidade que merece ser conhecida e preservada (ROIG E POLIDORI, 1999, p. 7).

A segunda metade do século XIX, mais exatamente o período de 1860 a 1890, marca o

auge da “Opulência e Cultura” (MAGALHÃES, 1993) da cidade de Pelotas, baseada nas

fortunas geradas pela fabricação do charque. A conversão da riqueza econômica em cultura é

produto dessa época, os charqueadores mandaram seus filhos estudar em são Paulo, Rio de

Janeiro, e cidades da Europa, criando em Pelotas uma sociedade que desfrutava do lazer e

sociabilidade, valorizando a cultura. Considerações essas que nos permitem problematizar a

possível influencia desse contexto na implantação dos estabelecimentos de ensino na cidade

de Pelotas, com a valorização da cultura letrada.

A cidade ingressa no processo de modernidade ocorrida inicialmente nas capitais e

cidades maiores do país, explica Barrozo e Arriada (2014). Segundo os pesquisadores, em

Pelotas os primeiros grupos escolares foram criados associando a educação ao laicismo, a

obrigatoriedade e a gratuidade. Novos modelos com organização didático-pedagógica mais

racionais estruturavam-se em edifícios escolares com diversas salas e vários professores.

No início da República, algumas congregações católicas começaram a se instalar na

cidade e a fundar instituições educacionais privadas e outras posteriormente passaram a

atuar em instituições filantrópicas já constituídas, como os asilos para órfãs. Entre as

instituições escolares privadas destacamos o Gymnasio Gonzaga, primeiro colégio religioso

de ensino secundário de Pelotas, criado em 1894 por padres jesuítas e o Colégio São José,

Page 11: IDEAIS REPUBLICANOS NA EDUCAÇÃO EM PELOTAS/RS NA … · Tendo como tema a arquitetura escolar, ... edifícios construídos para escolas na área urbana da cidade de Pelotas/RS,

Anais Eletrônicos do IX Congresso Brasileiro de História da Educação João Pessoa – Universidade Federal da Paraíba – 15 a 18 de agosto de 2017

ISSN 2236-1855 848

criado em 1910, administrado pelas Irmãs da Ordem de São José de Chambéry e frequentado

pelas moças da elite (CALDEIRA, 2014).

A maçonaria também teve atuação fundamental no cenário educacional pelotense. De

acordo com Amaral (2005, p. 45) “a Maçonaria encontrou, em Pelotas, um terreno fértil para

a propagação de seus ideais, pois desde o século XIX a cidade destacava-se por seu

desenvolvimento econômico cultural”. Em 1855 foi fundado o Asilo de Órfãs Nossa Senhora

da Conceição. O referido asilo foi instalado no edifício doado pela loja maçônica Sociedade

União e Concórdia. Em 1902 foi fundada a instituição educacional maçônica Gymnasio

Pelotense.

Além das instituições fundadas pelas congregações católicas e pela Maçonaria, durante

a primeira República o poder público estadual e municipal criaram outras instituições

escolares. Algumas delas ocuparam edifícios próprios construídos para o funcionamento de

escolas.

Edifícios escolares em Pelotas

Na Primeira República, Pelotas acompanha as mudanças de “modernização” da capital

federal Rio de Janeiro e das grandes cidades. O estabelecimento dos educandários

comprovam a preocupação de seus dirigentes com a educação, escolas começam a se instalar

e passam a ser construídos edifícios para abrigar estas instituições.

A expansão da rede de instituições para os diversos níveis de ensino ocorreu em Pelotas

durante a Primeira República, conforme mostra o QUADRO 1, que apresenta um inventário

organizado em ordem cronológica das instituições educacionais criadas no período estudado

e que ainda estão em funcionamento, apesar de algumas mudanças de endereço. Trata-se de

um inventário como metodologia aplicada ao estudo da arquitetura escolar de Pelotas, e a

metodologia adotada para a construção do inventário tomou como ponto de partida a revisão

bibliográfica, realização de levantamento de trabalhos que tratam do tema em teses e

dissertações dos Programas de Pós Graduação da Faculdade de Educação da UFPel (PPGE) e

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de Pelotas (FAUrb/ UFPel), no Núcleo de Estudos de

Arquitetura Brasileira (NEAB/FAUrb), em sites da Secretaria de Educação de Pelotas, sites

das Instituições para levantar dados e datas e história, bem como a observação de campo. As

denominações e administrações das instituições também passaram por modificações ao

longo do tempo. Aqui são utilizadas as denominações atuais esfera pelas quais foram criadas.

As linhas em cinza significam que os prédios foram projetados e construídos para a educação

escolar, objeto desta pesquisa.

Page 12: IDEAIS REPUBLICANOS NA EDUCAÇÃO EM PELOTAS/RS NA … · Tendo como tema a arquitetura escolar, ... edifícios construídos para escolas na área urbana da cidade de Pelotas/RS,

Anais Eletrônicos do IX Congresso Brasileiro de História da Educação João Pessoa – Universidade Federal da Paraíba – 15 a 18 de agosto de 2017

ISSN 2236-1855 849

TABELA 1 INSTITUIÇÕES ESCOLARES NA CIDADE DE PELOTAS NA PRIMEIRA REPÚBLICA

NOME ATUAL

DO

ESTABELECIMENTO

ANO LOCALIZAÇÃO ESFERA NIVEL DE ENSINO

PÚBLICO ALVO

1 COLÉGIO GONZAGA 1894 Entorno da

Catedral

Particular

Congregação religiosa

Primário

Secundário

Técnico

Masculino

Internato externato

2 ESCOLA SÃO FRANCISCO

DE ASSIS 1889 Centro

Assistencial Congregação

religiosa

Primário

Feminino

3 INSTITUTO SÃO

BENEDITO 1901

Entorno da Catedral

Assistencial Congregação

religiosa

Primário

Feminino

4 COLÉGIO MUNICIPAL

PELOTENSE 1902 Centro

Particular

Maçonaria

Primário

Secundário

Masculino

Internato externato

5 COLÉGIO SÃO JOSÉ 1910 Centro

Particular

Congregação religiosa

Primário

Secundário

Complementar

Feminino

Internato externato

6 E.M.E.F. MINISTRO

FERNANDO OSÓRIO 1912 Bairro Três Vendas Municipal Primário

Masculino

Feminino

7 COLEGIO ESTADUAL

FELIX DA CUNHA 1913 Centro Estadual Primário

Masculino

Feminino

8 COLEGIO ESTADUAL

CASSIANO DO NASCIMENTO

1913 Centro Estadual Primário Masculino

Feminino

9 E.M.E.F. ESCOLA JOAO

AFFONSO 1920

Praça Júlio de Castilhos

Municipal Primário Masculino

Feminino

10 E.M.E.F. ESCOLA CARLOS

LAQUINTINIE 1920 Porto Municipal Primário

Masculino

Feminino

11 E.M.E.F. DONA MARIANA

EUFRÁSIA 1923 Bairro Fragata Municipal Primário

Masculino

Feminino

12 E.M.E.F.. DONA ANTONIA 1927 Centro Municipal Primário Masculino

Feminino

13 E.M.E.F. DR JOAQUIM

ASSUMPÇÃO 1927 Centro Municipal Primário

Masculino

Feminino

14 E.M.E.F. BIBIANO DE

AMEIDA 1928 Bairro Areal Municipal Primário

Masculino

Feminino

Fonte: dados coletados pelo autor, 2016 e 2017

A história da formação urbana aponta que em 1812, na Freguesia de São Franscisco de

Paula, no local denominado Pelotas, inicia a construção da catedral (hoje a Catedral São

Francisco de Paula) e em torno dela desenvolve-se a abertura das ruas do novo agrupamento

urbano, “com traçado de um quadro de perfeito xadrez, com 12 ruas no sentido norte/sul e 7

no sentido leste/oeste, compreendendo o território mais antigo da área urbana da cidade”

Page 13: IDEAIS REPUBLICANOS NA EDUCAÇÃO EM PELOTAS/RS NA … · Tendo como tema a arquitetura escolar, ... edifícios construídos para escolas na área urbana da cidade de Pelotas/RS,

Anais Eletrônicos do IX Congresso Brasileiro de História da Educação João Pessoa – Universidade Federal da Paraíba – 15 a 18 de agosto de 2017

ISSN 2236-1855 850

(ROIG e POLIDORI,1999, pag. 19). Esta região onde se originou a cidade, está neste estudo

denominada de entorno da Catedral.

Os beneméritos Padres Jesuítas em 1895 lançaram as bases fundando o ginásio

Gonzaga “um estabelecimento de primeira ordem e do qual se honra a nossa cidade, no

entorno da Catedral. Sua fama já ultrapassou as fronteiras do estado e do País” (PIMENTEL,

1940, p.39), instalando-se no edifício construído para esta finalidade em 1899. Osório (1922)

relata que o ginásio era de propriedade da Sociedade Pe. Antônio Vieira, com sede em São

Leopoldo, neste Estado e que em 1905 foi equiparado ao Ginásio Nacional Dom Pedro II.

Este historiador local descreve o ginásio relatando que “dispõe de internato, em belo edifício,

amplo salão de festas, gabinetes de estudos e higiênicas instalações, administrando-o

competentemente, o Pe. Agostinho Scholl” (OSORIO, 1922, pag. 166). Em 1926 passou a ser

dirigido pelos filhos da Congregação de São João Batista de la Salle.

Na mesma região do entorno da Catedral foi fundado e instalado oficialmente em 1901

o Asilo de Órfãs São Benedito. De iniciativa de Luciana Lealdina de Araújo, conhecida por

“Mãe Preta”, o objetivo da instituição era recolher, amparar e instruir meninas órfãs e

desvalidas sem distinção de cor, e contando com o apoio da comunidade negra pelotense,

dando início as suas atividades na casa de número 7 no entorno da Catedral, “sendo

posteriormente transferida para o prédio da esquina da rua Félix da Cunha com a Praça José

Bonifácio, sendo que a Entidade funciona até hoje neste local” (MAGALHAES, 1991, p. 4). O

terreno para a construção do prédio do Asilo foi adquirido através de campanhas coordenada

por uma comissão de líderes pelotenses e desde 1912 que a consagração das Irmãs do

Imaculado Coração de Maria teve a incumbência do ensino primário, como também a

orientação dos serviços domésticos às meninas.

Com o passar dos anos, a povoação foi se expandindo para o sul, para onde transferiu-

se o centro da cidade e parcelas do loteamento foram reservadas para uma nova igreja, algo

que não passou das fundações, serviços públicos e praça (hoje Praça Coronel Pedro Osório).

No seu entorno estão Prefeitura Municipal, a Biblioteca Pública Pelotense, o Teatro Sete de

Abril, bem como prédios de padrão mais sofisticado, marcando a presença da classe

dominante no meio urbano, região essa, aqui neste artigo, denominada de Centro.

Localizada na região do Centro, outra instituição assistencial, a Escola São Francisco de

Assis de Pelotas, nasceu com as primeiras seis alunas, em 1889 e seis meses depois, as

meninas matriculadas já eram em número de cem. Da Congregação das Irmãs Franciscanas

da Penitência e Caridade Cristã originaria da Holanda, as primeiras irmãs chegaram a Pelotas

em 1888 a convite do vigário Pe. Canabarro, para tomar conta do Asylo de Orphãs Nossa

Page 14: IDEAIS REPUBLICANOS NA EDUCAÇÃO EM PELOTAS/RS NA … · Tendo como tema a arquitetura escolar, ... edifícios construídos para escolas na área urbana da cidade de Pelotas/RS,

Anais Eletrônicos do IX Congresso Brasileiro de História da Educação João Pessoa – Universidade Federal da Paraíba – 15 a 18 de agosto de 2017

ISSN 2236-1855 851

Senhora da Conceição. As famílias pelotenses reconheceram os resultados do trabalho

educativo por elas realizados e manifestaram o interesse de ter tais ensinamentos para suas

filhas. Sensibilizadas com os pedidos, visando subsídios para a manutenção do asilo e

recorrendo à ajuda de professoras leigas, as irmãs deram início à escola onde, paralelamente,

eram ministrados cursos de piano, trabalhos manuais e pintura (ALMANAQUE GAÚCHO,

2014).

A Maçonaria em Pelotas, empenhada na disseminação de escolas onde o ensino leigo

assegurasse a liberdade de consciência aos futuros cidadãos de uma democracia, fundou o

Ginásio Pelotense em 1902, como “uma alternativa de ensino laico de elevada qualidade,

destinado a camadas mais abastadas da sociedade, e que se contrapunha ao Gonzaga, criado

pelos jesuítas” (AMARAL, p.175, 2003). Instalado provisoriamente no entorno da Catedral,

foi no mesmo ano transferido para o Centro, em edifício próprio, um palacete familiar

adaptado para fins educacionais. Osorio (1922) relata que “tal sendo tomou esse

estabelecimento que na direção de Francisco R. de Araújo foi equiparado (8 de janeiro de

1906) ao Ginásio Nacional” (OSORIO, 1922, pag. 165). Atualmente recebe a denominação de

Colégio Municipal Pelotense e desde 1961 ocupa prédio próprio em um local próximo ao

Centro da cidade.

Na região do Centro, porém afastado da zona comercial, dos ruídos e movimentos mais

intensos, em 1910 passa a funcionar o conceituado Colégio São José, uma instituição para

moças, oferecendo inclusive internato para alunas provenientes de zonas mais afastadas.

Dirigido pelas Irmãs Francesas da Congregação de São José de Chambéry, conforme relata

Osório (1922), funcionou os primeiros anos em prédio alugado à Rua 15 de Novembro,

passando a funcionar em 1916:

[...] Em local bem central o moderno e solido predio do acreditado Collegio São José é todo iluminado a luz electrica, com amplos e confortaveis accommodações, obdecendo todos os preceitos da mais rigorosa hygiene. Em todas as aulas, dormitorios, salões e gabinetes de estudo etc., nota-se exemplar organisação, rigoroso asseio e muito bom gosto. [...] (CARRICONDE, 1922, s/p.).

Ainda no Centro localizaram-se os Colégios elementares, que foram estabelecidos no

Rio Grande do Sul a partir do ano de 1906, com a finalidade de desenvolver o ensino

elementar e preparar candidatos para o magistério público primário. Os Colégios elementares

foram organizados em um primeiro momento nas cidades do interior do Rio Grande do Sul,

sob uma fiscalização bastante rigorosa, mantidos pelo Estado sendo ministrado o ensino

graduado (PERES, 2000). Os colégios elementares Félix da Cunha e Cassiano do Nascimento

Page 15: IDEAIS REPUBLICANOS NA EDUCAÇÃO EM PELOTAS/RS NA … · Tendo como tema a arquitetura escolar, ... edifícios construídos para escolas na área urbana da cidade de Pelotas/RS,

Anais Eletrônicos do IX Congresso Brasileiro de História da Educação João Pessoa – Universidade Federal da Paraíba – 15 a 18 de agosto de 2017

ISSN 2236-1855 852

foram instalados em Pelotas utilizando residências alugadas e adaptadas para a função

educativa.

O incremento da população amplia o perímetro urbano mais para o sul, até o Canal do

São Gonçalo, zona de atividade portuária, por onde escoava a produção pelotense,

impulsionando a atividade industrial, no início o charque e depois os produtos

manufaturados das indústrias localizadas nas proximidades. No presente artigo essa região

está sendo denominada Porto.

Na Pelotas de 1920, “o Intendente Municipal Pedro Luis Osório inicia a construção de

edifícios adequados para a Escola Carlos Laquintinie localizado na Praça Domingos

Rodrigues na região do Porto, e a Escola João Affonso localizados na Praça Júlio de Castilhos

(hoje Dom Antônio Zattera), afastadas do centro da cidade. A criação desse modelo de escola,

logo foi percebido pelas autoridades públicas como algo novo, moderno e eficiente”

(Relatório de 1926, p.72 apud BARROZO 2014, p. 457). Como demonstração do empenho

patriótico deste Intendente em prol da instrução municipal, a seguinte circular foi por ele

dirigida, em abril de 1922, aos professores de Pelotas: “Comunico-vos, pela presente Circular,

achar-se dividida - EM ZONAS – esta cidade, para fim de intensificar-se, de modo prático, a

cruzada contra o analphetismo”. Continua afirmando que: “Não poderá prevalecer a alegação

da falta de escolas, dissiminadas, como aqui se encontram, pelos governos estadual e

municipal, a par do ensino particular [...]” (OSORIO, 1922, pag 167).

Essa valorização do ensino, em especial do ensino primário, levou o governo do

Intendente Augusto Simões Lopes a investir nessa área, mandando construir o G. E. Dr.

Joaquim Assumpção, considerado grupo escolar modelo e que foi expressão máxima de

modernização pedagógica em Pelotas. Um prédio suntuoso e estrategicamente construído no

espaço urbano, localizado no Centro, sendo destaque em nota do jornal: “O bello edificio, que

altamente honra a esthetica da nossa cidade, com suas vastas salas cheias de ar e de luz,

construidas de accordo com as mais exigentes regras da moderna hygiene escolar” (DIÁRIO

POPULAR, 02/08/1927, apud PERES, 2004, p. 103).

Durante sua administração, Simões Lopes realizou muitas obras de melhorias de

infraestrutura em Pelotas, conforme descreve Magalhães (1990, fasc. III, p12,) “a instrução

pública em Pelotas, teve no Intendente Dr. Augusto Simões Lopes um abnegado

incentivador”. Entre outras obras que o seu governo criou, a ele deve-se também o

ajardinamento da Avenida Saldanha Marinho e neste espaço, no Centro, foi construído o

Grupo Escolar do D. Antonia, uma doação feita pelo Dr. Edmundo Berchon, por dádiva

particular em memória de sua esposa. Noticiava o jornal: “Funccionam na cidade de Pelotas

Page 16: IDEAIS REPUBLICANOS NA EDUCAÇÃO EM PELOTAS/RS NA … · Tendo como tema a arquitetura escolar, ... edifícios construídos para escolas na área urbana da cidade de Pelotas/RS,

Anais Eletrônicos do IX Congresso Brasileiro de História da Educação João Pessoa – Universidade Federal da Paraíba – 15 a 18 de agosto de 2017

ISSN 2236-1855 853

dois grupos escolares municipaes, installados em prédios construidos especialmente para

esse fim, com todas as comodidades dos mais modernos estabelecimentos de ensino” A

matéria explica que ambos possuem gabinetes dentários e consultórios médicos para os

colegiais, suas instalações sanitárias são perfeitas, e a agua é filtrada e fornecida aos

estudantes em bebedouros higiênicos. (PERES, 2004, PAG.103).

Na virada do século, nos arredores da cidade existiam alguns aglomerados de

população dispersos, principalmente ao longo das estradas que ligavam a cidade à campanha,

às "colônias" formadas por população imigrante com suas pequenas fazendas produtoras de

alimentos; e às charqueadas, formando assim, uma rede viária suburbana perto da

cidade. “Esta rede, na forma de seus vetores de crescimento constituíram os "tentáculos" pelo

qual a cidade foi abastecida de alimentos e matérias-primas. Mais tarde eles se tornaram o

principal rede de expansão do espaço urbano de Pelotas” (SOARES,2006).

Segundo Moura(2006), como exemplo de estradas estruturadoras dos futuros bairros

aparece a estrada Domingos de Almeida, um dos eixos do futuro bairro do Areal, onde foi

construído o Grupo Escolar Bibiano de Almeida. Outra era a estrada das Três Vendas (hoje

Avenida Fernando Osório), eixo de ligação do bairro Três Vendas com o centro urbano, local

de instalação do Grupo Escolar Fernando Osorio. A Estrada do Fragata (hoje avenida Duque

de Caxias) era o principal acesso entre o centro urbano e a zona oeste da cidade, e quanto ao

município, era esta estrada que conectava a cidade com a região da Campanha, onde se criava

o gado que abastecia as charqueadas pelotenses, sendo nessa região construído o Grupo

Escolar D. Mariana Eufrásia.

Considerações finais

Este artigo buscou contribuir com o desenvolvimento de estudos acerca da história da

educação regional e local, tendo como o foco de interesse a organização do espaço escolar, e

sua relação com o contexto urbano, conciliando duas áreas do conhecimento: a arquitetura e

urbanismo e a educação. Buscando uma interpretação do contexto sócio espacial da pesquisa

ora realizada, sentiu-se a necessidade de investigar a localização espacial, as regiões e os

bairros onde as instituições educacionais foram instaladas. Procuramos responder questões

como: Porque aquele grupo escolar foi instalar-se naquele bairro? Como esse bairro está

hierarquizado dentro da cidade? Buscamos dimensionar essa a paisagem urbana e a

localização dos bairros na cena da cidade, para entender porque as escolas estão ali. O estudo

da localização das instituições escolares mostra que sua implantação acompanhou a

expansão urbana da cidade. As instituições privadas registram uma localização em zonas

Page 17: IDEAIS REPUBLICANOS NA EDUCAÇÃO EM PELOTAS/RS NA … · Tendo como tema a arquitetura escolar, ... edifícios construídos para escolas na área urbana da cidade de Pelotas/RS,

Anais Eletrônicos do IX Congresso Brasileiro de História da Educação João Pessoa – Universidade Federal da Paraíba – 15 a 18 de agosto de 2017

ISSN 2236-1855 854

centrais, especialmente as de caráter religioso que atendiam as elites que residiam nas

imediações. As escolas públicas, voltadas para as camadas populares urbanas estão em barros

na região periférica da cidade, em núcleos populacionais mais densos localizados nas vias

principais de acesso à cidade.

Referências

AMARAL, Giana Lange do.O Gymnasio Pelotense e a Maçonaria: uma face da História da Educação em Pelotas. 2. ed. Pelotas: Seiva Publicações, 2005. __________________. Gatos pelados X Galinhas gordas: desdobramentos da educação laica e da educação católica na cidade de Pelotas. (Décadas de 1930 a 1960). Tese de Doutorado, PPGE URGS, Porto Alegre, 2003. ARRIADA, Eduardo O ensino secundário em Pelotas. Almanaque do Bicentenário de Pelotas, v. 3: Economia, Educação e Turismo. Pelotas: Pró-Cultura RS/ Editora João Eduardo Keiber ME, 2014. BARROZO, Vanessa Teixeira . O ensino primário em Pelotas (1912-1980). Almanaque do Bicentenário de Pelotas, v. 3: Economia, Educação e Turismo. Pelotas: Pró-Cultura RS/ Editora João Eduardo Keiber ME, 2014. BENCOSTTA Marcus Levy Albino. Arquitetura e espaço escolar: reflexões acerca do processo de implantação dos primeiros grupos escolares de Curitiba (193-1928). Educar em Revista, Curitiba, nº 18. PP. 103-141, jul./dez., 2001. ______. Arquitetura e espaço escolar: o exemplo dos primeiros grupos escolares de Curitiba (1903-1928) In: BENCOSTTA Marcus Levy Albino (Org.) Historia da Educação, arquitetura e espaço escolar organizador. São Paulo: Cortez, 2005. BURKE, Peter. A Nova História, seu passado e seu presente. A escrita da História: novas perspectivas. 2. ed. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 1992. ______. O que é história cultural? 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2008. CALDEIRA, Jeane dos Santos. O Asilo de Órfãs São Benedito em Pelotas – RS (as primeiras décadas do século XX): trajetória educativa-institucional. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2014. CARRICONDE, Clodomiro. Album de Pelotas. Centenario da Independência. Pelotas: Livraria Universal Echenique & Cia., 1922. CASTRO, Elizabeth Amorim de. A arquitetura dos grupos escolares do Paraná na Primeira República. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, Brasília, v. 90, n. 224, jan./abr. 2009. CELLARD, André A análise documental. In: A Pesquisa qualitativa: enfoques epistemológicos e metodológicos. Ed. Vozes, Petropolis, RJ, 2012. CERTEAU, Michel de. A escrita da história. Tradução de Maria de Lourdes Menezes. 2. ed., 3ª reimp. Rio de Janeiro: Forense-Universitária, 2007. CHARTIER, Roger. A história cultural: entre práticas e representações. 2. ed. Portugal: Difel, 2002.

Page 18: IDEAIS REPUBLICANOS NA EDUCAÇÃO EM PELOTAS/RS NA … · Tendo como tema a arquitetura escolar, ... edifícios construídos para escolas na área urbana da cidade de Pelotas/RS,

Anais Eletrônicos do IX Congresso Brasileiro de História da Educação João Pessoa – Universidade Federal da Paraíba – 15 a 18 de agosto de 2017

ISSN 2236-1855 855

CORREIA, Ana Paula Pupo. Arquitetura escolar: a cidade e a escola rumo ao progresso- Colégio Estadual do Paraná (1943-1953) In: BENCOSTTA Marcus Levy Albino (Org.) Historia da Educação, arquitetura e espaço escolar organizador. São Paulo: Cortez, 2005. CORSETTI, Berenice Controle e Ufanismo: A escola pública no Rio Grande do Sul (1889-1930). Tese de doutorado em Educação. Faculdade de Educação. PPGE Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria,1998. CORSETTI, Berenice Cultura política positivista e educação no Rio Grande do Sul/Brasil (1889/1930). Cadernos de Educação FaE/PPGE/UFPel Pelotas julho/dezembro 2008. ERMEL, Tatiane de Freitas. O “Gigante do Alto da Bronze”: um estudo sobre o espaço e arquitetura escolar do Colégio Elementar Fernando Gomes em Porto Alegre/RS (1913 – 1930). Dissertação (Mestrado em Educação) - Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2011. FARIA FILHO Luciano M. O espaço escolar como objeto da história da educação: algumas reflexões. Revista Faculdade de Educação. Vol. 24 n.1, São Paulo, Jan./Jun 1998. _________. Dos Pardieiros aos Palácios: cultura escolar urbana em Belo Horizonte na Primeira República. Passo Fundo: UPF, 2000. FERREIRA, Marta Poetch, HUCKEMBECK, Inara Baade, PINTO, Maria Laura de Moura, SASTRE João Roger de Souza. Edifícios Escolares em Pelota. Pelotas: Gráfica UFPel, 1996. GIOLO, Jaime. Estado, Igreja e Educação no RS na Primeira República. São Paulo: Faculdade de Educação. Tese Doutorado em História e Filosofia da Educação. Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo. USP, 1997 GONÇALVES, Rita de Cássia. A arquitetura como uma dimensão material das culturas escolares. In: PETRY, Marilia Gabriela; SILVA, Vera Lucia Gaspar (Orgs.). Objetos da escola: espaços e lugares de constituição de uma cultura material escolar. Florianópolis: Insular, 2012. p. 27-62. HUCH, Michele e TAMBARA, Elomar. A educação em Pelotas: o entusiasmo republicano (1889-1920). XI Encontro Sul-Rio-Grandense de Pesquisadores em História da Educação, UNISINOS, São Leopoldo-RS, agosto 2005. LE GOFFF Jacques; NORA, Pierre História: Novos problemas. Rio de Janeiro:Francisco Alves, 1978. MAGALHÃES Nelson Nobre. Pelotas Memória. Fascículo III. Pelotas, 1990. MAGALHÃES, Mario Osório. Opulência e Cultura na Província de São Pedro do Sul. Um estudo sobre a cidade de Pelotas. Pelotas, 1993. MOURA Rosa Rolim : Habitação Popular em Pelotas (1880-1950) entre políticas públicas e investimentos privados. Tese de Doutorado. Pós Graduação em História do Brasil. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. PUC - RS, 2006. NAGLE, Jorge. Educação e Sociedade na Primeira República. – 2.ed. – Rio de Janeiro: DP&A, 2001 PERES, Eliana T. Aprendendo formas de pensar, de sentir e de agir: a escola como oficina da vida-discurso pedagógicos e práticas escolares da escola pública gaúcha(1909-1959). Belo Horizonte. Tese de Doutorado. Universidade Federal de Minas Gerais,2000. _________; CARDOSO, Aliana A. A Expressão da Modernidade Pedagógica em Pelotas: A Criação do Grupo Escolar Joaquim Assumpção. Cadernos de História da Educação - nº. 3 - jan./dez. 2004 .

Page 19: IDEAIS REPUBLICANOS NA EDUCAÇÃO EM PELOTAS/RS NA … · Tendo como tema a arquitetura escolar, ... edifícios construídos para escolas na área urbana da cidade de Pelotas/RS,

Anais Eletrônicos do IX Congresso Brasileiro de História da Educação João Pessoa – Universidade Federal da Paraíba – 15 a 18 de agosto de 2017

ISSN 2236-1855 856

POSSAMAI, Zita. Uma escola a ser vista: apontamentos sobre imagens fotográficas de Porto Alegre nas primeiras décadas do século XX. História da Educação, ASPHE/FaE/UFPel, Pelotas, v.13, nº 29 p. 143-169, Set/Dez 2009. ROIG, Carmem Vera, POLIDORI , Maurício Couto. Coordenação Patrimônio Cultural Cidade e Inventário: um caminho possível para a Preservação. Prefeitura Municipal de Pelotas, Departamento de Cultura, Divisão de Patrimônio Histórico e Cultural, 1999. SASTRE João Roger de Souza Edifícios Escolares na Cidade de Pelotas: um diagnóstico da rede estadual. Dissertação de Mestrado FaE UFPel, 2001.

SOARES, Paulo Roberto Rodrigues A Construção Social da Forma Urbana: Pelotas (Brasil) na

Transição dos Séculos XIX e XX. Scripta Nova: Revista Eletrônica De Geografia E Ciências Sociais. Universidade De Barcelona Vol X, 2006 http://www.ub.edu/geocrit/sn/sn-218-40.htm SOUZA, Rosa Fátima de. Templos de civilização: a implantação da escola primária graduada no estado de são Paulo (1890-1910). São Paulo:UNESP, 1998. ______. Prefácio. Arquitetura e espaço escolar: o exemplo dos primeiros grupos escolares de Curitiba (1903-1928). In: BENCOSTTA Marcus Levy Albino (Org.). Historia da Educação, arquitetura e espaço escolar organizador. São Paulo: Cortez, 2005. VIÑAO FRAGO, Antônio; ESCOLANO, A. Currículo, espaço e subjetividade: a arquitetura como programa. Tradução Alfredo Veiga-Neto. 2ª ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2001. VIÑAO FRAGO, Antônio. Espaços, usos e funções: a localização e disposição física da direção escolar na escola graduada. In: BENCOSTTA Marcus Levy Albino (org.) Historia da Educação, arquitetura e espaço escolar organizador. São Paulo: Cortez, 2005.

Sites

Prefeitura Municipal de Pelotas - Lista de Escolas Municipais: http://www.pelotas.com.br/educacao/centraldematriculas/menu/arquivos/escolas_Rede_Municipal.pdf Escolas públicas e particulares http://www.escolas.inf.br/rs/pelotas Escolas públicas e particulares http://wp.clicrbs.com.br/almanaquegaucho/2014/02/06/escola-sao-francisco-de-assis-de-pelotas-completa-125-anos/?topo=13,1,1,,,13