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IDADE MODERNA I A TRANSIÇÃO DO FEUDALISMO PARA O CAPITALISMO A TRANSIÇÃO DO FEUDALISMO PARA O CAPITALISMO 1. DEFINIÇÃO: - Processo conhecido tradicionalmente como “Época Moderna”, estende-se tradicionalmente do século XV ao XVIII e é assinalado, na Europa Ocidental, por uma série de transformações que, vistas em conjunto, constituem o momento da transição, isto é, da passagem do Feudalismo para o Capitalismo. 2. AS TRANSFORMAÇÕES DA TRANSIÇÃO: +os mecanismos através dos quais a sociedade européia procurou superar a crise dos séculos XIV/XV. + sob a aparência de grandes mudanças, ainda persistia uma estrutura essencialmente feudal: verifica-se a convivência de uma velha estrutura e de elementos novos, tipicamente capitalistas, que começam a aflorar: - Expansionismo Marítimo. - Renascimento. - Reforma. - Absolutismo. - Estado Nacional. - Mercantilismo. - Sistema Colonial. - Acumulação Primitiva de Capital. A EXPANSÃO MARÍTIMA E COMERCIAL EUROPÉIA (SÉC. XV E XVI) A EXPANSÃO MARÍTIMA E COMERCIAL EUROPÉIA (SÉC. XV E XVI) 1. DEFINIÇÃO: - Processo de expansão ultramarina européia realizada nos séculos XV e XVI em busca de novas rotas comerciais. 2. FATORES: - a crise do feudalismo. - a retração do comércio. - o monopólio do comércio das especiarias pelas repúblicas italianas.

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IDADE MODERNA I

A TRANSIÇÃO DO FEUDALISMO PARA O CAPITALISMOA TRANSIÇÃO DO FEUDALISMO PARA O CAPITALISMO

1. DEFINIÇÃO:- Processo conhecido tradicionalmente como “Época Moderna”, estende-se tradicionalmente do século XV ao XVIII e é assinalado, na Europa Ocidental, por uma série de transformações que, vistas em conjunto, constituem o momento da transição, isto é, da passagem do Feudalismo para o Capitalismo.

2. AS TRANSFORMAÇÕES DA TRANSIÇÃO:+os mecanismos através dos quais a sociedade européia procurou superar a crise dos séculos XIV/XV.+ sob a aparência de grandes mudanças, ainda persistia uma estrutura essencialmente feudal: verifica-se a convivência de uma velha estrutura e de elementos novos, tipicamente capitalistas, que começam a aflorar:- Expansionismo Marítimo.- Renascimento.- Reforma.- Absolutismo.- Estado Nacional. - Mercantilismo.- Sistema Colonial.- Acumulação Primitiva de Capital.

A EXPANSÃO MARÍTIMA E COMERCIAL EUROPÉIA (SÉC. XV E XVI)A EXPANSÃO MARÍTIMA E COMERCIAL EUROPÉIA (SÉC. XV E XVI)

1. DEFINIÇÃO:- Processo de expansão ultramarina européia realizada nos séculos XV e XVI em busca de novas rotas comerciais.

2. FATORES:- a crise do feudalismo.- a retração do comércio.- o monopólio do comércio das especiarias pelas repúblicas italianas.- a necessidade de novos mercados.- a falta de metais preciosos.- fortalecimento do poder real.- interesse dos Estados nacionais.- propagação da fé cristã.- novo caminho para o Oriente (Índias).- progresso tecnológico: bússola, astrolábio, quadrante, caravela, mapas geográficos (portulanos: cartas geográficas marítimas), concepção de que a Terra é redonda.- a Tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos. reunião de esforços e interesses da burguesia, do rei, da nobreza e da Igreja.

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3. EXPANSÃO MARÍTIMA PORTUGUESA:· Fatores do Pioneirismo Português:- a precoce centralização política.- a aliança do rei com a burguesia: Revolução de Avis.- a presença de uma burguesia forte e ambiciosa.- a posição geográfica.- o progresso náutico: Escola de Sagres.· Périplo Africano ou Rota Oriental (Viagens Portuguesas):- 1415: Ceuta.- 1418-32: ocupação das ilhas de Açores: capitanias hereditárias.- 1434: Gil Eanes dobra o Cabo do Bojador.- 1460: ilhas de Cabo Verde.- 1482: Diogo Cão atinge a foz do rio Zaire.- 1488: Bartolomeu Dias dobra o Cabo das Tormentas (Cabo da Boa Esperança).- 1498: Vasco da Gama chega a Calicute, na Índia.- 1500: Pedro Álvares Cabral : tinha por objetivo estabelecer uma sólida relação comercial e política com os povos do Oriente, mas, também , acabou oficializando a posse sobre o Brasil.

3. A EXPANSÃO MARÍTIMA ESPANHOLA:

· Fatores do Atraso Espanhol:

- o atraso na centralização política: formação do Estado Nacional.- a luta para expulsar os muçulmanos: Guerra de Reconquista.· “El levante por el poniente” (Viagens Espanholas):- 1492: Cristóvão Colombo descobre a América (ilha de Guanaani, atual San Salvador, nas Bahamas).- 1513: Vasco Nunez Balboa alcança o oceano Pacífico.- 1519-21: Fernão de Magalhães e Sebastião Del Cano realizam a primeira viagem de circunavegação.

4. OS TRATADOS ULTRAMARINOS:

- resultado da corrida expansionista ibérica, que provocou vários conflitos sobre a posse das terras descobertas ou a descobrir.- tinham por objetivo delimitar direitos, áreas de navegação e a posse sobre as terras: solucionar conflitos e as disputas ibéricas.- assinados entre Portugal e Espanha.+ Tratado de Toledo (1480):- garantiu a Portugal o controle da navegação do Atlântico ao sul das ilhas Canárias. + Bula Intercoetera (1493):- editada pelo papa Alexandre VI.- estipulava a partilha (divisão) das terras ultramarinas através de um meridiano localizado a 100 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde: as terras a leste pertenceriam a Portugal e as terras localizadas a oeste caberiam à Espanha.- Portugal não aceitou tal divisão e reagiu, exigindo sua reformulação.

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+ Tratado de Tordesilhas (1494):- o meridiano anterior passaria a localizar-se a 370 léguas garantiu a Portugal a navegação do Atlântico Ocidental.

6. A EXPANSÃO MARÍTIMA DA FRANÇA, INGLATERRA E HOLANDA:

+ motivos do atraso:- guerras.- atraso na centralização política.- inexistência de burguesia forte.

· França:- contestação ao Tratado de Tordesilhas: rei Francisco I dizia desconhecer a cláusula do “Testamento de Adão” que teria dividido o mundo entre Portugal e Espanha.- ataques piratas.- invasões ao Brasil: Rio de Janeiro e Maranhão.- expedições: na América do Norte conseguiram a posse sobre o Canadá e a Louisiana.

· Inglaterra:- ataques piratas: com apoio do Estado.- viagens de reconhecimento: América do Norte.- tráfico de escravos negros.

· Holanda:- ocupação da Guiana e das Antilhas.- fundação na América do Norte da cidade de Nova Amsterdã (Nova York).- invasão do Nordeste do Brasil.

7. CONSEQUÊNCIAS: · Revolução Comercial (séc. XVI e XVII):

- aumento da circulação de mercadorias e moedas.- grande afluxo de metais preciosos.- acumulação primitiva de capitais.- a alta geral dos preços.

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· deslocamento do eixo econômico europeu do Mediterrâneo para o Atlântico: via de comércio em escala mundial.· incorporação da América e da Ásia às rotas tradicionais de comércio.· declínio econômico das repúblicas italianas: perda do monopólio do comércio das especiarias.· ascensão das potências mercantis atlânticas.· fortalecimento dos Estados Nacionais Europeus: política de intervenção na economia mercantilismo.· desenvolvimento do tráfico de escravos.· extermínio de grupos e nações indígenas na América.· montagem do Antigo Sistema Colonial na América.· europeização das áreas conquistadas: imposição.

O MERCANTILISMOO MERCANTILISMO

1. CONCEITO:- Política econômica adotada pelos estados absolutistas europeus durante a transição do feudalismo para o capitalismo.

2. CARACTERÍSTICAS:- intervenção do Estado na economia.- não constitui uma doutrina, mas um conjunto de medidas.- cada Estado europeu aplicou as medidas que mais se adequavam a sua realidade.

3. OBJETIVOS:- fortalecer o Estado.- enriquecer a burguesia.

4. PRINCÍPIOS (PRÁTICAS OU MEDIDAS OU IDÉIAS) MERCANTILISTAS:+ metalismo: acumulação de metais preciosos.+ balança comercial favorável: exportar mais e importar menos.+ protecionismo: pesados impostos sobre produtos estrangeiros com o objetivo de defender a produção nacional.+ incentivo à produção manufatureira.+ incentivo à construção naval.+ colonialismo.

5. TIPOS DE MERCANTILISMO:

· Metalismo ou Bulionismo:+ Espanha.- estocagem de ouro e prata.- restrição das importações.

· Colbertismo ou Industrialismo:+ França.- estimula as manufaturas (artigos de luxo).- companhias de comércio.

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- limitar as importações e aumentar o valor das exportações.- Colbert, ministro de Luís XIV.

· Comercialismo ou Industrialismo:+ Inglaterra.- desenvolvimento da frota naval e da marinha mercante.- incentivo à produção manufatureira.- rígida política alfandegária.

+ Holanda.- protecionismo alfandegário.- companhias de comércio.

[ּ Cameralismo- Sacro-Império ( ligas de cidades mercantis).- intermediação no comércio de cereais entre a Europa oriental e a ocidental.

O RENASCIMENTOO RENASCIMENTO

1. CONCEITO:- movimento cultural (artístico, literário, filosófico e científico) ocorrido na Europa Ocidental, principalmente na Itália, na transição do feudalismo para o capitalismo (séc. XIV, XV e XVI).

2. RENASCIMENTO CULTURAL:- movimento urbano, comercial e burguês.- cultura laica (não-eclesiástica), racional, científica e não-feudal.- negação da cultura medieval: “Idade das Trevas” e “Longa Noite de Mil Anos”.- anticlerical e antiescolástico.- oposição à cultura religiosa e teocêntrica medieval.

3. O PIONEIRISMO ITALIANO:+ Fatores:- desenvolvimento comercial, urbano e burguês.- a atuação dos mecenas: patrocinadores das artes e ciências os Médicis (Florença) e os Sforza (Milão).- o classicismo: presença da cultura clássica.- a presença dos sábios bizantinos.- influência dos árabes.

4. CARACTERÍSTICAS DA PRODUÇÃO CULTURAL RENASCENTISTA:· Humanismo: foi uma visão de mundo que, baseada na concepção de que o Homem é o centro das preocupações intelectuais (construção do mundo centrado no Homem), permitiu à herança greco-romana adquirir uma importância renovada no âmbito do movimento renascentista.

· Antropocentrismo: o Homem como centro do universo.· Racionalismo. explicar o mundo através da razão.

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· Individualismo: reconhecer e respeitar as diferenças individuais dos homens associado ao espírito de competição e à concorrência comercial.· Classicismo: recuperar a tradição clássica (greco-romana), reinterpretando-a à luz das novas preocupações culturais (valores burgueses).· Otimismo.· Naturalismo.· Hedonismo.· Heliocentrismo.· Uso da língua (idioma) nacional.

5. A PRODUÇAO CULTURAL RENASCENTISTA:· Precursor: Dante Alighieri: “Divina Comédia” dialeto toscano poema relata a sua viagem imaginária pelo Inferno, Purgatório e Paraíso encontra-se com mortos ilustres reflexões sobre a fé, razão, religião, ciência, amor, paixões quadro completo da cultura dos fins da Idade Média apesar de fazer críticas ao comportamento eclesiástico, ainda apresentava fortes influências medievais.· Fases:- Trecento (o século XIV); Quattrocento (o século XV); Cinquecento (o século XVI).· Manifestações Culturais:+ Artísticas:- mudanças técnicas e temáticas.- equilíbrio e elegância.- técnica da perspectiva (ilusão de profundidade).- pintura a óleo (misturando tintas: cores vivas e atraentes).- temas: mitologia, cenas do cotidiano, o corpo humano, religião.- escultura e pintura.- os artistas passaram a assinar suas obras.+ Científicas:- espírito crítico e racionalista.- desenvolvimento da ciência moderna.- experimentação e observação.+ Literárias:- uso da língua nacional.- desenvolvimento da imprensa.- críticas ao mundo feudal.- maneira moderna de ver o mundo.

· EXPANSÃO DO RENASCIMENTO:

*Itália:+ Giotto: “São Francisco Pregando aos Pássaros” e “Lamento ante Cristo Morto”.+ Petrarca: “De África” e “Odes a Laura”.+ Giovanni Boccaccio: “Fiammetta”, “Filistrato” e “Decameron”.+ Masaccio: “A Expulsão de Adão e Eva do Paraíso”, “Tributo”, “Distribuição de Esmolas por São Pedro”, “Histórias de Ananias”.+ Sandro Botticelli: “Nascimento de Vênus”, “Alegoria da Primavera”, “Fallade e o Centauro”.

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+ Leonardo da Vinci: atuou em diversos campos do saber (ciências e artes) pintor, escultor, urbanista, engenheiro, inventor, músico, filósofo, físico, botânico.- obras: “A Última Ceia” (“Santa Ceia”), “Monalisa” (Gioconda), “A Virgem dos Rochedos” (“Virgem das Rochas”), esboços de inventos (pára-quedas, escafandro, canhão, helicóptero).

Monalisa, de Leonardo da Vinci (detalhe).

+ Rafael Sanzio: retratos dos papas Júlio II e Leão X, afrescos de algumas salas do Vaticano, “Escola de Atenas”, pintura de inúmeras madonas (representação da Virgem Maria com o menino Jesus), mesclando elementos religiosos e profanos, “La Donna Velata”.+ Michelangelo Buonarroti: afrescos pintados na Capela Sistina, esculpiu “Moisés”, “Pietá”, “Davi”, arquitetura (cúpula de Basílica de São Pedro).+ Ticiano: “A Fonte do Amor” e “Vênus Deitada”.

Davi, de Michelangelo

*França:+ François Rabelais: “Gargântua” e “Pantagruel”.+ Michel de Montaigne: “Ensaios”.

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*Inglaterra:+ Thomas Morus: “Utopia”.+ William Shakespeare: “Ricardo III”, “Sonhos de Uma Noite de Verão”, “O Mercador de Veneza”, “Romeu e Julieta”, “Macbeth”, “Hamlet”, “Otelo”, “Rei Lear”, “Júlio César”, “Antonio e Cleópatra”, “As Alegres Comadres de Windsor”.

*Alemanha:+ Albrecht Durer: “A Adoração dos Magos” e “A Trindade” (Adoração da Santíssima Trindade), “Auto-retrato”, “Natividade”.+ Hans Holbein, o Moço: “Henrique VIII”, “Erasmo de Rotterdam”, “Thomas Morus”, “Cristo na Sepultura”.

*Portugal:+ Luís Vaz de Camões: “Os Lusíadas”.+ Gil Vicente: “Auto da Visitação” e “Auto dos Reis Magos”.

*Holanda:+ Erasmo de Rotterdam: “Elogio da Loucura”.+ Hubert e Jan Van Eyck: “Adoração do Cordeiro”.+ Bosch: “As Tentações de Santo Antão”, “Carroça de Feno” e “Jardim das Delícias”.+ Pieter Brueghel: “O Alquimista”, “Banquete Nupcial”, “Dança Campestre”, “Os Cegos”.

*Espanha:+ Miguel de Cervantes: “Dom Quixote”.

+ El Greco: “O Enterro do Conde Orgaz” e “Vista de Toledo sob a Tempestade”.+ Tirso de Molina: “Don Juan”.

*Renascimento Científico:+ Giordano Bruno: heliocentrismo.+Nicolau Copérnico: “De Revolutionibus Orbium Celestium” heliocentrismo.

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+ Johann Kepler: movimento elíptico dos astros.+ Miguel Servet e William Harvey: circulação sanguínea.+ Ambroise Paré: laqueação (ligação das artérias) para deter hemorragias.+ André Vesálio: anatomia “Sobre a Estrutura do Corpo Humano”.

6. SIGNIFICADOS:- o Renascimento retirou da Igreja o monopólio da explicação das coisas do mundo.- o método experimental passou a ser, aos poucos, o meio de se alcançar o saber científico da realidade.- empirismo: a verdade racional comprovada na prática, ou seja, empiricamente.- lançou os fundamentos que derrubariam definitivamente a escolástica (fundamentada no misticismo).- as principais barreiras culturais do progresso científico foram abaladas.- contribuiu para o progresso capitalista burguês.- abriu espaço para o progresso científico dos séculos XVII e XVIII.

A REFORMA

1. CONCEITO- Movimento de ruptura da unidade da Igreja Cristã na Europa Ocidental no século XVI, marcado pelo surgimento de novas religiões cristãs (igrejas protestantes).

2. SIGNIFICADO:- foi um movimento religioso de adequação aos novos tempos capitalistas.- representou no campo espiritual um ajustamento de ideais e valores às transformações socioeconômicas da Europa.

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3. PRECURSORES:+ Movimentos heréticos do século XIV:- John Wyclif (Universidade de Oxford na Inglaterra).- John Huss (Universidade de Praga na Boêmia).+ Humanistas:- Erasmo de Rotterdam. - Thomas Morus.

Thomas Morus Erasmo

4. MOTIVOS:+ A crise do feudalismo.+ Desenvolvimento dos Estados Nacionais:- contradições decorrentes do universalismo da Igreja e dos interesses dos nascentes Estados Nacionais.- conflito entre o poder temporal e o espiritual.- excessiva interferência da Igreja nos assuntos internos dos Estados europeus.+ Interesse da nobreza e da burguesia nas terras da Igreja.+ Necessidade de uma nova ética econômica mais adequada à época da transição (nova teologia):- a ética cristã escolástica condenava a usura, o comércio, o lucro e defendia o “justo preço”.+ O confronto entre dois sistemas teológicos:- o tomismo (São Tomás de Aquino): livre arbítrio, boas obras, o “justo preço”.- teologia agostiniana (Santo Agostinho): predestinação, fé.+ Crise moral da Igreja:- despreparo da maioria dos membros do clero.- determinados “abusos” do clero: venda de indulgências, relíquias e cargos.- a opulência e o luxo do alto clero.+ desenvolvimento do capitalismo e da burguesia.· Causa Imediata: a venda de indulgências (absolvição papal a pecados cometidos).

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5. O INÍCIO DA REFORMA:

· O Luteranismo:+ Alemanha: parte do Sacro Império Romano Germânico, região feudal, incipiente comércio, 1/3 do território pertencia à Igreja, desejo de autonomia em relação a Roma.

· Martinho Lutero: (1483 - 1546)

- monge agostiniano e professor da Universidade de Wittenberg (na Saxônia). em 1517, revoltou-se com a venda de indulgências (realizada na Alemanha pelo dominicano João Tetzel a mando do papa Leão X, que queria recursos para a construção da Basílica de São Pedro). as 95 Teses: condenava a venda de indulgências e alguns dogmas da Igreja e criticava o sistema clerical dominante.· Reação da Igreja: em 1520, por meio de uma bula, o papa Leão X condenou Lutero e intimou-o a se retratar: Lutero queimou a bula papal. Lutero foi excomungado e obrigado a se submeter a um tribunal secular: o imperador Carlos V não teve condições de punir Lutero em função de sua popularidade e do apoio dos príncipes. Na Dieta de Worms (1521), Lutero foi condenado como herege: Lutero negou-se a se retratar e, com o apoio da nobreza, não foi punido (refugiou-se no castelo do príncipe da Saxônia) e lá traduziu a Bíblia latina para o alemão. Na Dieta de Spira (1529), tentou-se conter o luteranismo (tolerar a doutrina luterana nas regiões convertidas, mantendo, porém,a proibição no restante do país), havendo protestos (daí o nome de protestantes). Na Dieta de Augsburgo (1530), o desacordo originou sérias lutas entre o imperador (Carlos V) e os nobres (Liga de Smalkalde): guerra de religião.

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· Confissão de Augsburgo: escrita por Lutero e o teólogo Felipe Melanchton em 1530; fundamentava a doutrina luterana: extinção da hierarquia eclesiástica. apenas dois sacramentos: batismo e comunhão. Bíblia como fonte de fé e livre exame. salvação obtida exclusivamente pela fé. uso das línguas nacionais. supressão do celibato e das imagens (ícones). submissão da Igreja ao Estado. negação da transubstanciação (transformação do pão e vinho em corpo e sangue de Cristo) e aceitação da consubstanciação (o pão e o vinho quando abençoados são as mesmas substâncias, obtendo-se, porém, a presença sagrada, divina).- Estados do Norte da Alemanha, Dinamarca, Noruega, Suécia, regiões bálticas.· Paz de Augsburgo (1555): estabelecia que a religião dos súditos seria aquela professada pelo príncipe , cujo princípio seria: cujus Regis ejus religio (“tal príncipe, sua religião”).

· A Revolta Camponesa dos Anabatistas (1524-1525): liderada por Thomas Muntzer e Florian Geyer. caráter nitidamente antifeudal. composta pelos anabatistas influenciados pelas idéias luteranas. milenarismo: crença popular que dizia que Cristo voltaria uma segunda vez, combatendo os males e instituindo o reino de Deus na terra, com a duração de mil anos, e no fim haveria a ressurreição dos mortos e o Juízo Final. os anabatistas acreditavam, também, no estabelecimento de uma sociedade igualitária, justa e sem hierarquia. Lutero condenou violentamente esses camponeses, movendo contra eles uma guerra sem trégua, o que demonstrava o seu comprometimento com a nobreza alemã. violenta repressão por parte dos príncipes alemães.

Thomas Muntzer

6. A EXPANSÃO DA REFORMA:

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· O Calvinismo:+ a Suíça: região de próspero comércio e independente do Sacro Império Romano Germânico ; iniciou a Reforma protestante com Ulrich Zwinglio (1484 - 1531), originando uma guerra civil; a Paz de Kappel (1531) estabeleceu a autonomia religiosa às regiões do país - "cantões".

+ João Calvino: francês ( 1509 - 1564). Obra: “Instituição da religião cristã”. pregação e controle da vida religiosa, moral e política dos cidadãos.

+ Doutrina Calvinista: extinção da hierarquia eclesiástica. apenas dois sacramentos: comunhão e batismo. Bíblia como fonte de fé, livre exame. salvação obtida através da graça de Deus (predestinação). uso das línguas nacionais. condenava a adoração de imagens. sábado como dia santificado. culto: comentário sobre a Bíblia aproximava-se da moral burguesa: encorajava o trabalho e o lucro. Expansão: Suíça, Holanda, França (huguenotes), Inglaterra (puritanos), Escócia e Irlanda (presbiterianos), Dinamarca.

+ Max Weber, um sociólogo alemão, publicou no início do século XX, um estudo intitulado “A ética protestante e o espírito do capitalismo”, onde procurava enfatizar as relações entre a ética calvinista e o início do capitalismo na Europa.

· O Anglicanismo:+ Inglaterra.

+ Líder: o rei Henrique VIII.

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o movimento teve uma característica eminentemente política. rompeu com o papado usando problemas pessoais: casamento.

+ Ato de Supremacia (1534): o rei tornava-se chefe da Igreja na Inglaterra. excomungado pelo papa, confiscou os bens da Igreja Católica.

+ Elizabeth I: mesclou o anglicanismo com os fundamentos calvinistas. garantiu a independência diante de Roma. o monarca como chefe supremo da nova Igreja. manteve a hierarquia eclesiástica.+ Doutrina Anglicana: manutenção da hierarquia eclesiástica. apenas dois sacramentos: comunhão e batismo. Bíblia como fonte de fé. salvação obtida através da graça (predestinação).uso da língua inglesa.

7. A CONTRA-REFORMA:· Conceito: movimento de reação da Igreja Católica diante do avanço do protestantismo. teve um caráter conservador e violento. também chamada de Reforma Católica.

· Momentos:+ Companhia de Jesus (1534): criada pelo militar espanhol Inácio de Loyola em moldes militares. os jesuítas dedicaram-se a educação e a difusão do catolicismo (América, África e Ásia).

+ Concílio de Trento (1545): negou qualquer valor às doutrinas protestantes. criou os Seminários e o Catecismo. proibiu a venda de indulgências. manteve a doutrina católica: salvação pela fé e boas obras, o culto à Virgem Maria e aos santos, a existência do purgatório, a infalibilidade do papa, o celibato do clero, a hierarquia eclesiástica e a indissolubilidade do casamento, 7 sacramentos, Bíblia como fonte de fé e interpretação pela igreja, uso do latim. criou o INDEX: índice de livros proibidos (livros religiosos e obras científicas e culturais); dificultou o progresso cultural e científico.

+ Inquisição: Tribunal do Santo Ofício. criada na Idade Média. tinha por finalidade combater as heresias. prisões, torturas e mortes.

· Significados: não eliminou o protestantismo, mas conseguiu contê-lo.

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anulou as principais causas do movimento reformista.

8. OS REFLEXOS DA REFORMA: rompimento da unidade cristã. crescente intolerância religiosa. ruptura do poder político do papado. fortalecimento do poder monárquico. guerras provocadas por pretextos religiosos. expansão das práticas capitalistas. expansão da educação popular. retrocesso científico devido à extrema importância à Bíblia e à negação do racionalismo.