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Iara Del Fiaco Rocha E-book técnico-científico: estudo de caso da produção editorial da Embrapa Informação Tecnológica Brasília, DF 2013

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Iara Del Fiaco Rocha

E-book técnico-científico: estudo de caso da produção editorial da Embrapa Informação Tecnológica

Brasília, DF

2013

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Iara Del Fiaco Rocha

E-book técnico-científico: estudo de caso da produção editorial da Embrapa Informação Tecnológica

Artigo apresentado à Universidade de Brasília como

pré-requisito para obtenção de Certificado de

Conclusão de Curso de Pós-Graduação Latu Sensu,

na área de Gestão e Tecnologias Editoriais.

Orientador Professor e Doutor Rogerio José Camara

Brasília, DF

2013

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Iara Del Fiaco Rocha

E-book técnico-científico:

estudo de caso da produção editorial da Embrapa Informação Tecnológica

Artigo apresentado à Universidade de Brasília como

pré-requisito para a obtenção de Certificado de

Conclusão de Curso de Pós-Graduação Latu Sensu,

na área de Gestão e Tecnologias Editoriais.

Orientador Professor e Doutor Rogerio José Camara

Brasília, julho de 2013.

Banca Examinadora

__________________________________________

Professor e Doutor Rogerio José Camara

Orientador

__________________________________________

__________________________________________

Brasília, DF

2013

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Resumo

Neste artigo, analisa-se a produção editorial de e-books técnico-científicos na Embrapa

Informação Tecnológica, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

(Embrapa) que cuida da divulgação das pesquisas desenvolvidas pela instituição. Foi

feito um histórico do trabalho da unidade no mercado editorial e sua inserção no

contexto específico da edição eletrônica. Trata-se também dos elementos necessários

para o acesso aos textos digitais: o reader, aplicativo auxiliar de leitura, e o dispositivo

de leitura, suporte físico desenvolvido para a tarefa. Foi analisado o aplicativo

selecionado pela Embrapa Informação Tecnológica para utilização e distribuição de

seus livros eletrônicos. Nessa avaliação foram identificados dificuldades e desafios

encontrados pela equipe responsável pela produção editorial de e-books e propostas

algumas soluções.

Palavras-chave: livro digital, publicação eletrônica, aplicativo de leitura, dispositivo de

leitura, hipertexto.

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Abstract

In this paper, we analyze the editorial production of technical-scientific e-books of

Embrapa Technological Information, a unit of the Brazilian Agricultural Research

Corporation (Embrapa), which handles the dissemination of research conducted by the

institution. A history of the units work in publishing and its insertion in the specific

context of the electronic edition was created. The following are also elements needed

for access to digital texts: the reader, helper application for reading, and reading device,

hardware developed for the task. We analyzed the selected application by Embrapa

Technological Information for use and distribution of your eBooks. In this evaluation

were identified difficulties and challenges faced by the team responsible for the editorial

production of e-books and some proposed solutions.

Keywords: digital book, electronic publication, e-book reader, electronic display,

hypertext.

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Sumário

1. Introdução 6

2. Histórico: Embrapa Informação Tecnológica 8

3. E-book no contexto Embrapa Informação Tecnológica 9

3.1. Reader 13

3.2. Saraiva Digital Reader 13

3.3. Dispositivo de leitura 14

4. Dificuldades e desafios encontrados na produção editorial da Embrapa

Informação Tecnológica 16

4.1. ePub 3.0 18

4.2. Codificação do ePub 20

5. Avaliação dos e-books da Embrapa Informação Tecnológica 23

5.1. Hipertexto 23

5.1.1. Índice 27

5.1.2. CrossRef 29

5.2. A navegação nos e-books da Embrapa Informação Tecnológica 31

5.2.1. A pesquisa nos e-books da Embrapa Informação Tecnológica 33

5.3. Estrutura da informação nos e-books técnico-científicos da Embrapa

Informação Tecnológica 36

5.3.1. Social DRM 39

5.3.2. Multimídia 40

6. Conclusão 42

7. Referências 43

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1. Introdução

O desenvolvimento de e-books técnico-científicos se configura como um campo

novo no mercado editorial. Nessa área, é preciso compreender o que está ocorrendo em

relação aos e-books e às tecnologias envolvidas no processo. Para tanto, é necessária a

busca constante de atualização, a observação das novas tendências e o acompanhamento

das inovações tecnológicas. Em resposta a tal cenário, a Embrapa Informação

Tecnológica vem investindo na formação, em desenvolvimento de e-books para atender

à nova demanda editorial.

Mas será que os e-books técnico-científicos desenvolvidos pela Embrapa

Informação Tecnológica até o momento são satisfatórios? O que podemos fazer para

melhorar esse serviço? E como fazer? Tratar de tais questões é o intuito deste artigo, no

qual se procura avaliar os e-books técnico-científicos da Embrapa Informação

Tecnológica e reflete-se sobre essa nova ferramenta editorial, visando ao ganho de

qualidade da gestão e difusão de informação em âmbito nacional e internacional

(EMBRAPA INFORMAÇÃO TECNOLÓGICA, 2013).

Por esse motivo, é importante a realização deste estudo voltado à análise dos e-

books técnico-científicos da Embrapa Informação Tecnológica, e, durante tal exame,

serão discutidos alguns desafios que a equipe responsável pela produção editorial dos

livros digitais da Embrapa terá de resolver e métodos que terá de melhorar para que seus

e-books possam se tornar referência dentro do mercado editorial.

Essa avaliação se limita a comparar o que foi feito pela unidade até agora, com o

enfoque teórico em três características consideradas fundamentais para desenvolver e-

books mais interativos, por isso a análise será feita apenas nos e-books no formato

ePub, já que o PDF é, por sua natureza, um formato mais rígido. Afinal, a expectativa é

que os e-books técnico-científicos da Embrapa sejam um suporte digital, aberto,

acessível e interativo, possibilitando a difusão do conhecimento e solucionando

problemas próprios das publicações impressas, como a distribuição, o custo e a

portabilidade (DUARTE, 2010). Relataremos também o que já está sendo desenvolvido

pela Embrapa Informação Tecnológica em relação às características analisadas.

A partir desses objetivos, identificamos os problemas encontrados na produção

editorial dos e-books técnico-científicos da empresa e oferecemos possíveis soluções

para os mesmos problemas.

Os instrumentos utilizados para a coleta de dados foram os seguintes: revisão de

literatura, observação e análise do processo de produção de e-books na empresa,

entrevista com a editora responsável por e-books da Embrapa e com um diagramador da

respectiva equipe e exame da experiência na produção editorial de e-books da Embrapa

Informação Tecnológica. A particularidade deste estudo se deve ao fato de a análise ser

feita em vários níveis do mesmo objeto, por exemplo, sobre o formato, o aplicativo

(reader), o suporte físico, além de examinar diferentes características dos livros digitais.

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Primeiramente, apresenta-se o histórico da Embrapa Informação Tecnológica,

em seguida o relato da experiência desde o início do processo de produção editorial de

e-books técnico-científicos, logo após foram identificados dificuldades e desafios

durante a análise do processo editorial e a avaliação dos primeiros e-books produzidos

pela unidade, em relação às funções de hipertextualidade, navegação e estrutura da

informação dos e-books técnico-científicos.

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2. Histórico: Embrapa Informação Tecnológica

Criada em 1991, a Embrapa Informação Tecnológica é uma das unidades da

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) destinada a organizar e

disponibilizar a informação produzida pela empresa, levando em consideração a forma

de distribuição, de apresentação do conteúdo e o suporte adequado para atender a

demanda de seus diferentes públicos.

Atualmente essa unidade é responsável:

[...] pela gestão, pelo tratamento editorial, pela disponibilização e pela

publicação – impressa e eletrônica – de informações e de dados tecnológicos,

científicos e socioeconômicos obtidos em pesquisa; incumbe-se da

coordenação de tais atividades no âmbito da Embrapa e busca também

integrar as demais Unidades da Empresa. (EMBRAPA INFORMAÇÃO

TECNOLÓGICA, 2013)

A Embrapa Informação Tecnológica trabalha com vários serviços de produção e

disseminação da informação, entre eles, programa televisivo, radiofônico, periódicos,

além de projetos internos e externos que utilizam modernas ferramentas de tecnologia

da informação e da comunicação para divulgar os resultados das pesquisas a toda a

sociedade brasileira e a parceiros. Ainda organiza e constrói bases de dados técnico-

científicas e socioeconômicas, supervisiona a gestão dos arquivos e das bibliotecas do

Sistema Embrapa de Bibliotecas e realiza e coordena eventos técnicos com o intuito de

promover a transferência de tecnologia. (EMBRAPA INFORMAÇÃO

TECNOLÓGICA, 2013).

Em 1979, foi implantada a primeira política editorial da Embrapa para

documentos impressos a serem comercializados e distribuídos, quando, devido à

complexidade das atividades, sentiu-se a necessidade de compor uma equipe

especializada em processo editorial para criar, produzir e distribuir as informações

provenientes das pesquisas das demais unidades da Embrapa e também as informações

institucionais.

Para tal atividade, a Embrapa Informação Tecnológica conta com a Gerência-

Adjunta de Projetos Editoriais (Gape), que coordena a concepção e a execução de

livros, revistas, manuais, cartilhas, CDs, DVDs, fôlderes e outros materiais necessários

à divulgação dos trabalhos da instituição, adequando e normalizando as edições e

publicações da informação gerada, em mídia impressa e eletrônica, em parceria com

outras unidades da Embrapa e/ou outros órgãos que trabalham com áreas afins, por

exemplo, agropecuária e meio ambiente.

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3. E-book no contexto Embrapa Informação Tecnológica

Mantendo o foco na missão que a Embrapa Informação Tecnológica (2013)

divulga em seu site de “propor, coordenar e executar, em benefício da sociedade,

soluções para a gestão e a difusão de informações geradas pela Embrapa”, juntamente

com sua visão de futuro, de “ser referência nacional e internacional em gestão e em

difusão de informações”, a equipe da Gape identificou um novo produto que atenderia

uma nova demanda da sociedade, disseminando as informações geradas pela empresa

no universo digital, o electronic book, mais conhecido por e-book, livro eletrônico ou

livro digital.

Segundo Bottentuit Junior e Coutinho (2007, p. 106), os e-books

[...] têm como principal objectivo [sic] a disponibilização de um livro no

formato digital, de forma que este pode ser visualizado através de um

computador ou um dispositivo móvel [...]. Por estarem em formato digital,

estes conteúdos podem ser facilmente disponibilizados através da internet ou

outros meio de armazenamentos [...].

Sobre o mesmo tema, Benício (2003, p. 44) destaca que o livro passou por

muitas transformações ao longo do tempo, mas nada se compara à revolução do e-book,

que se diferencia de um livro impresso por ser “disponibilizado em formato digital,

vendido, baixado ou recebido via e-mail”.

Em 2011, dentro desse novo contexto na produção editorial, a equipe da Gape

identificou a oportunidade de aproveitar grande parte dos resultados de sua produção e

publicar os livros avulsos e/ou de coleções e séries no formato digital, utilizando o

mesmo produto resultante de seu fluxo de produção para impressão. Pode-se explicar

essa postura, porque a Embrapa é uma empresa pública que reconhece a importância de

inovar, manter sua equipe atualizada para que possa antecipar as tendências do mercado

editorial em publicações técnico-científicas. Em consequência, a gerência da Gape

começou a palmilhar um novo caminho, investiu no treinamento e designou um

diagramador para fazer um curso sobre a matéria, o qual levantou a questão da

necessidade de pesquisar os tipos de formatos para e-books, em concordância com a

abordagem de Bottentuit Junior e Coutinho (2007, p. 107, grifo nosso), que afirmam:

Os e-books, muitas das vezes, são confundidos com a simples digitalização

de livros físicos o que não é correcto [sic]. Para ser considerado um e-book

é preciso que sejam tidos em consideração alguns pontos importantes no

que diz respeito ao aspecto estético, gráfico e organizacional, ou seja, o

tipo de letra deve ser o mais adequado, a quantidade do texto deve ser

mais distribuída entre as páginas, o uso de cores e os contrates obedecem

a critérios específicos, para além da possibilidade de utilização de

recursos multimédia como sons, gráficos e vídeos e alguns deles até

mesmo a interactividade através de exercícios, quizzes e jogos. De facto,

se estes factores não forem tidos em conta o e-book perde todo o seu sentido

e razão de ser, fazendo com que os leitores imprimam o texto em vez de o

consultarem no ecrã do computador ou outro dispositivo de visualização.

Segundo [Oliveira (2006)], um bom livro virtual deveria ser lido na tela e

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permitir desta forma uma leitura relacional ou cruzada permitida pela

existência de capítulos e parágrafos curtos e por hiperligações que

possibilitam percursos diferenciados e flexíveis pelo conteúdo digital.

Considerando as características citadas em relação ao aspecto estético, gráfico e

organizacional do texto em destaque e pensando em um formato capaz de atender essas

exigências e outras futuras, o formato escolhido pela equipe foi o ePub (Eletronic

Publication) e o PDF (Portable Document Format).

Segundo Browne e Coe (2012), o ePub é o formato padrão para o comércio de e-

books (trade e-books), é um padrão de e-book livre e de código aberto desenvolvido

pelo International Digital Publishing Forum (CICOM), cujo foco está na

internacionalização e acessibilidade. Esse formato oferece algumas vantagens

percebidas e destacadas pela equipe então responsável pelo produto: por ser capaz de

prever o fim do próprio formato, ele possibilita a migração do conteúdo de vários

modos, isso para o caso de a tecnologia mudar e o ePub se tornar um obsoleto, permite a

extração de seu conteúdo e torna possível salvar o conteúdo em outro tipo de formato

(txt., por exemplo), além de dispensar programa proprietário para acessá-lo. Já o PDF é

o formato mais popular de e-books e foi criado pela empresa americana Adobe Systems

(SANTOS, 2008). O fato de as escolhas recaírem sobre esses modelos se justifica

facilmente quando se analisam as diferenças apontadas por Browne e Coe (2012,

p. 289-290, tradução nossa):

E-books são publicados em diferentes formatos. A principal diferença entre

um formato de página fixo como PDF, em que o livro tenha o mesmo layout

de um livro impresso para formatos refluídos tais como [...] e ePub, no qual o

texto pode ser dimensionado (por um dispositivo de leitura ou pelo próprio

utilizador), de modo que o espaço ocupado por uma determinada quantidade

de texto e sua orientação pode mudar. Formatos fixos são úteis para livros

com projeto gráfico complicado e para quando a editora quer total controle

sobre a experiência visual desejada no expertador, enquanto formatos

refluídos são essenciais de livros para serem lidos em dispositivos com

diferentes tamanhos de telas.1

De posse desse conhecimento, a próxima estratégia adotada foi contratar uma

empresa particular para dar um curso sobre ePub para que a equipe se habilitasse a

traduzir todos os detalhes do projeto editorial e da normalização para os e-books de

forma satisfatória, ao trabalhar com metadados. Para esclarecer, estes se referem à

informação sobre as informações ou também dados sobre dados, mas, na prática atual,

metadado é toda a informação estruturada que alimenta processos automatizados

(EBOOKPEDIA, 2013).

1 “Ebooks are published in different formats. The main difference is between a fixed-page format such as

PDF, in which the ebook has the same layout as the pbook, and reflowable formats such […] and EPUB,

in which the text can be resized (by reading device or by user) so that the space taken by a certain amount

of text and its orientation can change. Fixed formats are useful for books with complicated layout and

where the publisher wants total control over the viewing experience, while reflowable formats are

essential for books to be read on devices with varying screen sizes.” (BROWNE; COE, 2012, p. 289-290)

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Enquanto a equipe aprendia a lidar com o novo produto, a Embrapa Informação

Tecnológica contratou outra empresa particular para prestar o serviço de transformar

arquivos de PDF em ePub, agilizando, dessa forma, os lançamentos de e-books, em

2012. Ao mesmo tempo, a unidade produzia e-books também no formato PDF, pois

alguns livros, especialmente os que apresentavam um número maior de figuras e

gráficos, assim como fórmulas matemáticas, eram mais complicados, isto é, exigiam

procedimentos mais complexos para ajustar no formato ePub e, com a equipe ainda em

treinamento, ficariam muito tempo na produção editorial, fato que acabaria atrasando o

lançamento. A estratégia utilizada para contornar o problema foi usar o formato fixo do

PDF e garantir que o projeto gráfico da obra fosse visualizado pelo usuário de modo a

reproduzir a experiência visual desejada, sem cortes indevidos de texto, de tabelas ou

figuras. Quando nos referimos à complexidade de um e-book, referimo-nos à

dificuldade de conversão de todos os elementos do livro – mantendo o projeto gráfico –

para o digital. A formatação de e-books pode ser complexa e demorada, o que faz com

que muitos deles tenham sido publicados sem os recursos que já tinham sido incluídos

no livro impresso equivalente. Para melhor exemplificar, citamos uma empresa

americana, a Ebook Architects (2013), que faz conversão de e-books e é conhecida na

indústria editorial por produzir um dos e-books mais proficientes de empresas de design

disponíveis em seu país:

[...] a complexidade de um livro pode ter um impacto substancial sobre a

dificuldade de convertê-lo em XHTML fundamental e de projetá-lo para o

formato e-book. [...]

Nós julgamos a complexidade de um título sobre o tempo que levará para

desenvolver os arquivos do eBook. Esta é afetada por uma série de fatores,

como tipo de fonte de arquivo, imagens, notas de rodapé, listas, barras

laterais, citações, índices, glossários, línguas estrangeiras, símbolos

especiais, matemática, várias colunas, design de páginas complexas,

script / formatação de roteiro, poesia, tabelas e outras formatações.

(EBOOK ARCHITECTS, 2013, tradução nossa)2

Na época dessas primeiras edições, alguns e-books foram devolvidos à empresa

para alterações devido aos fatores destacados acima, alguns mais de uma vez.

Consequentemente, esse trabalho trouxe experiência e novos conhecimentos à equipe,

que, juntamente com a empresa contratada, contribuiu para que as devidas correções

fossem feitas. Foi possível identificar que o trabalho fluiria melhor se fosse feito, neste

caso, o projeto gráfico antes do início da produção dos e-books, sendo esse um fator que

difere da realidade da produção editorial em obras impressas. Além de acompanhar todo

o processo, a equipe da Embrapa identificou alguns desafios na produção editorial de e-

books, visto que lidar com publicações de natureza técnico-científica deixa o processo

2 “[…] the complexity of a book can have a substantial impact on the difficulty of converting it into

foundational XHTML and designing it in the eBook formats. […] We judge the complexity of a title on

the time it will take to develop the eBook files. This is affected by a variety of factors, such as source file

type, images, footnotes, lists, sidebars, pull quotes, indexes, glossaries, foreign languages, special

symbols, math, multiple columns, complex page design, script/screenplay formatting, poetry, tables, and

other formatting.” (EBOOK ARCHITECTS, 2013)

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mais complexo do que trabalhar com a produção editorial de obras de outras naturezas.

Esse é um tipo de publicação que inclui bastantes equações, tabelas muito grandes,

várias imagens, existe certa dificuldade em codificar tudo isso, é algo trabalhoso que

demanda muito tempo e requer mais experiência, na avaliação dos e-books produzidos

pela Embrapa Informação Tecnológica. Adiante, examinaremos o funcionamento e as

soluções que estão sendo desenvolvidas para suprir essa demanda exigida no contexto

de uma obra técnico-científica.

Ainda em 2012, o serviço com a empresa terceirizada foi finalizado, não houve

renovação do contrato, pois, ao final da experiência, a equipe estava motivada a

prosseguir com a produção editorial dos e-books técnico-científicos contando com a

aprendizagem de seus empregados, que assumiram responsabilidade pela transformação

do arquivo inicial em ePub e por seus ajustes até que estejam prontos para o uso.

Durante a produção editorial de e-books, notou-se que, no meio digital, lida-se

muito com códigos, isso porque são esses códigos ou metadados que

[...] permitem a inserção dos livros digitais nos sistemas automatizados de

catalogação e indexação dos leitores de e-books e de livrarias, bibliotecas,

editoras etc.

Como pode ter conteúdo multimídia, o e-book tem a possibilidade de ter

outros dados, tais como, por exemplo, produtor de vídeo ou locutor.

Para a integração com os sistemas de distribuição, ainda é desejável a

inclusão de itens como preço, palavras-chave ou tags (para recuperação do

livro por assunto em sistemas de busca por palavras-chave, como a maioria

dos buscadores da Internet), endereço eletrônico do livro, endereço eletrônico

do site promocional do livro, redes sociais etc. (EBOOKPEDIA, 2013)

No mesmo ano, ou seja, 2012, foi designada uma pesquisadora da unidade para

ser a primeira editora da produção de e-books da Embrapa Informação Tecnológica.

Outras decisões também foram tomadas, por exemplo, publicar e-books de traduções

das publicações da Embrapa para outras línguas, lançar a Coleção 500 Perguntas, 500

Respostas em versão digital. Sua conversão está sendo feita pelos empregados da

unidade e a obra será distribuída de graça para seu público-alvo, que, segundo o Manual

de Editoração da Embrapa (2009), são os produtores rurais, as cooperativas e as escolas

agrotécnicas, as quais representam uma parte da população com educação e capacidade

financeira para fazer uso dos e-books; afinal, quando se trata de e-books, está-se

fazendo referência a textos que possam ser lidos em aparelhos portáteis.

Para melhor compreensão, ao utilizar um e-book, é necessário contar com duas

partes, o reader/leitor, o aplicativo auxiliar na leitura de textos digitais, e o dispositivo

de leitura, isto é, o suporte físico desenvolvido especialmente para a leitura de e-books

(BENÍCIO, 2003).

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3.1. Reader

O reader, de acordo com Santos (2003c citado por BENÍCIO, 2003, p. 48),

[...] é um software ou aplicativo desenvolvido para auxiliar na leitura de

livros nas telas de computadores de mesa, computadores portáteis ou de

bolso, ou de dispositivos dedicados. Precisa ser instalado no computador para

que a leitura do e-book seja possível logo após o seu download.

Esses aplicativos possibilitam certas facilidades aos navegadores da internet e

possuem algumas ferramentas específicas para e-books cuja função é tornar a leitura

mais eficiente e prazerosa (BENÍCIO, 2003). São também meio de distribuição e de

utilização das obras digitais da Embrapa Informação Tecnológica.

Quando a equipe da unidade começou a pensar em toda a logística para iniciar a

produção editorial de e-books técnico-científicos, deparou-se com o fato de a Livraria

Embrapa ainda não contar com a estrutura necessária para disponibilizar os e-books da

empresa a seus usuários. A equipe responsável pelo site da livraria já foi notificada e

está trabalhando em parceria com a equipe de produção editorial, para que, em um

futuro não muito distante, a Livraria Embrapa possa vender e fornecer diretamente a

seus leitores os e-books que deve produzir. Enquanto esse trabalho é realizado, tomou-

se a decisão de contratar uma empresa que já conta com a estrutura necessária para

distribuição dos livros eletrônicos, a saber: a Editora Saraiva. O contrato com esse

objetivo foi assinado antes do início das produções dos e-books na unidade, o que

ajudou a definir também os formatos escolhidos (PDF e ePub), pois eles estão entre os

formatos lidos pelo reader da Saraiva.

Como parte dessa parceria, a Livraria Embrapa mantém um link em seu site que

direciona o usuário ao site da livraria Saraiva, diretamente para a página em que os e-

books da Embrapa são vendidos.

3.2. Saraiva Digital Reader

Com o Saraiva Digital Reader (2013), é possível organizar os livros por

categorias e gerenciar sua biblioteca digital; o aplicativo funciona também como uma

loja, permitindo ao usuário comprar as obras sem precisar acessar o site da livraria. O

reader suporta arquivos nos formatos PDF e ePub, que podem ser registrados em até

seis aparelhos de leitura digital, com o mesmo e-mail e senha. As ferramentas

específicas para e-books que esse reader possui para que se possa customizar a

configuração do texto e tornar mais dinâmica a navegação são estas:

Possibilidade de marcar página, fazer anotações e marcações de texto;

Opções de troca da cor de fundo, controle de brilho e do tamanho da

fonte para personalizar sua leitura;

Busca dentro do livro para encontrar com facilidade os trechos preferidos

do leitor;

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Conferência do significado das palavras em dicionário integrado;

Possibilidade de selecionar a opção de paginação de preferência do leitor.

Pode-se paginar tanto na horizontal quanto na vertical;

Compartilhamento da leitura com os amigos no Facebook ou Twitter

(redes sociais). (APPLE, 2013)

Durante a avaliação dos e-books produzidos pela Embrapa Informação

Tecnológica, testamos o funcionamento dessas ferramentas e identificamos que todas

elas funcionam satisfatoriamente, mas a apresentação dessas funções para o usuário vai

depender do dispositivo de leitura que for utilizado. A funcionalidade que permite trocar

o tamanho da fonte do texto tem de ser usada com parcimônia pelo usuário, pois

dependendo da escolha do tamanho da fonte pode ocorrer corte na sequência de

informações nos casos de gráficos, fórmulas matemáticas e tabelas, alteração que pode

dificultar a compreensão imediata dos dados.

A publicação no repositório da Saraiva é feita pela editora responsável pelos e-

books, isso é feito de acordo com as exigências do aplicativo e da livraria, tem que ter

capa, menu degustação (é o acesso gratuito que permite ao comprador visualizar as

páginas iniciais do e-book) e o miolo, que é o arquivo do ePub ou PDF, além do

preenchimento dos metadados; após quatro ou cinco dias, o e-book fica disponível na

Saraiva para compra. A fim de utilizar o aplicativo, deve ser feito um cadastro no site da

editora para registrar o aplicativo em cada computador ou dispositivo de leitura. Essa,

como citado anteriormente, é a segunda parte necessária para a utilização de e-books.

3.3. Dispositivo de leitura

O computador ou o dispositivo de leitura são o suporte físico para a leitura no

formato digital, o local em que o aplicativo será instalado. Alguns desses equipamentos

foram desenvolvidos especialmente para leitura:

São os conhecidos Reading Devices ou eBooks Devices, aparelhos portáteis

do tamanho e peso de um livro normal de papel. Os Readers já vêm

instalados de fábrica nestes aparelhos. [...]

Estes dispositivos portáteis são máquinas leves, com dimensões de um livro

comum, que podem ser transportados para qualquer lugar. Há modelos que

permitem ainda, que o leitor faça ‘anotações’com o dedo ou com uma caneta

especial, como se fosse papel. A tela de cristal líquido (Liquid Crystal

Display – LCD) é retro-iluminada, o que assegura um bom contraste entre o

texto e o fundo da tela, ou seja, uma tentativa de proporcionar conforto ao

leitor. Isso permite que possa ser lido no escuro. É possível ainda melhorar a

visão, mudando a orientação do texto e o tamanho das letras, avançar ou

regredir no texto e fazer uma busca no texto integral, para saber em que parte

está uma determinada palavra ou frase. A idéia é realmente a de imitar o livro

e dar algum conforto a mais ao leitor. (BENÍCIO, 2003, p. 55-57)

Na figura 1, temos alguns exemplos desses dispositivos, que são os suportes em

que é possível a instalação do Saraiva Digital Reader.

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Figura 1

Fonte: Saraiva Digital Reader (2013).

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4. Dificuldades e desafios encontrados na produção editorial da Embrapa

Informação Tecnológica

Muitas dificuldades e desafios foram identificados no contexto da produção

editorial de e-book técnico-científico da Embrapa Informação Tecnológica. As

dificuldades representam problemas passíveis de correção, podem demandar paciência e

tempo da equipe, pois algumas soluções dependem de terceiros, podem exigir um pouco

mais de experiência e técnica, mais estudo, mas são problemas cuja previsão de solução

é a curto prazo. Já os desafios são problemas relacionados a características mais

trabalhosas e típicas que o e-book possui por ser um novo produto que promete maior

interatividade com seus usuários. Por exemplo, o e-book pode ser hipertextual, passível

de navegação, o que transforma a arquitetura da informação ao oferecer recursos

multimédia.

Algumas dificuldades encontradas na produção editorial de e-books da Embrapa

Informação Tecnológica se devem ao fato de eles serem publicações técnico-científicas

que possuem os seguintes elementos:

Citações;

Equações;

Glossários;

Gráficos;

Figuras;

Índices;

Listas;

Notas de rodapé;

Referências;

Símbolos especiais;

Tabelas.

Durante o processo de revisão dos e-books, a equipe da Gape notou que esses

elementos, tão característicos de obras técnico-científicas, precisavam ser repensados,

pois, ao migrar para o meio digital, novas possibilidades de apresentação desses

conteúdos surgem e precisam ser desenvolvidas para melhor uso do meio em que o

documento se encontra.

Atualmente, as citações, as referências e as notas de rodapé não são links, a

citação não está conectada com a sua respectiva referência (figura 2), nem as notas de

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rodapé estão com suas respectivas chamadas no texto. Durante a leitura, é necessário ir

até o final do e-book para ler as notas de rodapé, afinal podemos dizer que o livro não

possui mais um rodapé, esse conceito tornou-se algo variável, vai depender do suporte

no qual o usuário está lendo o livro, do tamanho da fonte escolhida, por exemplo, e não

há uma opção que facilitaria o retorno ao ponto de partida do leitor.

Figura 2

Além desses, outros elementos que poderiam fazer uso de uma estrutura de links

seriam os glossários, os índices e as listas. Já quanto às figuras e aos gráficos, se

possuírem uma resolução baixa, isso acaba prejudicando sua visualização e a opção de

“aumentar/reduzir” a imagem; a mesma observação também serve para as tabelas, que

vêm a ser um dos elementos mais problemáticos no projeto de um e-book, pois alguns

leitores e dispositivos não têm suporte muito bom para layouts baseados em HTML,

mesmo com o formato ePub padrão da indústria. O suporte para tabelas em diferentes

aplicações e diferentes suportes é inconsistente na maioria das vezes, ou seja, a tabela

pode aparecer cortada para o usuário ou pela metade, com essa falta de formatação

consistente, acaba-se por inserir as tabelas como imagens, o que garante que as tabelas

serão exibidas na forma planejada (EBOOK ARCHITECTS, 2013).

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Quanto às equações e aos símbolos especiais (figura 3), alguns programas

podem não reconhecer a fonte e os símbolos e estes acabam sofrendo alterações na

migração para o digital, o que eventualmente atrapalha a ferramenta de busca.

Figura 3

Em relação a esses fatores enumerados acima, que dificultam a conversão para o

meio digital devido a uma dificuldade de desenhar/codificar os itens, o que é possível

fazer para solucionar a demanda exigida no contexto da produção técnico-científica?

4.1. ePub 3.0

Alguns desses problemas só serão passíveis de correção quando a Embrapa

Informação Tecnológica começar a utilizar a versão ePub 3.0, cujo uso está previsto

para o início de 2014, mas, por enquanto, continuamos a trabalhar com a versão ePub

2.0.1.

Segundo Duarte (2012a)

[...] a nova versão do padrão aberto de publicações digitais que promete

romper diversas limitações da implementação atual: maiores recursos para

layout e estruturação do conteúdo, interatividade, animações, áudio, vídeo,

tipografia avançada, suporte a fórmulas matemáticas, narração de texto em

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voz alta, acessibilidade, entre outros goodies [sic], abraçando uma maior

diversidade de publicações, para múltiplas plataformas, em qualquer idioma,

não só para livros de texto plano como esse formato tem sido geralmente

aplicado.

A realidade é que ainda estamos em um estágio muito preliminar da adoção

desse novo padrão e até mesmo em relação ao próprio e-book. Na prática, as mudanças

ocorridas no arquivo do livro não são tão radicais como aparentam, mas sua

complexidade fica evidente quando os novos recursos disponibilizados pela

especificação são considerados no código propriamente dito, pois nesse caso o

desenvolvimento de um arquivo no ePub 3.0 pode ser visto como produção de software,

e não somente produção editorial. (DUARTE, 2012a)

Para transformar um e-book produzido pelo ePub 2.0.1 em ePub 3.0, são

necessárias algumas mudanças em partes do código. Tal processo só perde sua

simplicidade se forem adicionados novos recursos ao e-book, mas a interoperabilidade

entre as versões funcionam relativamente bem. Para Duarte (2012a), a vantagem

principal da nova versão é oferecer novas soluções padronizadas para os recursos

avançados que citamos como elementos de obras técnico-científicas, baseados em

padrões abertos. Essa versão atualizada promete, segundo o mesmo autor, maiores

recursos para layout e estruturação do conteúdo, interatividade, animações, áudio,

vídeo, tipografia avançada, suporte a fórmulas matemáticas, narração de texto em voz

alta, acessibilidade, além de abranger uma maior diversidade de publicações, para

múltiplas plataformas, em qualquer idioma, não só para livros de texto plano, como esse

formato tem sido geralmente aplicado.

Eis algumas vantagens do ePub 3.0, segundo Dauer (2011)

HTML5 – É a linguagem base do ePub 3.0, com alguns ajustes para

permitir a paginação e outros comportamentos de leitura;

CSS – Fornece um layout muito mais completo que o ePub 2.0.1,

incluindo visualização em múltiplas colunas, melhor suporte à fonte e

impressão direcionada, por exemplo;

Áudio – Pode ser inserido em arquivos do e-book usando a tag <audio>

do HTML5;

Vídeo – Pode ser inserido usando a tag <video> do HTML5;

Sobreposições de mídia – Permite que o texto e a mídia possam ser

apresentados de forma combinada, por exemplo, é possível realçar o

texto enquanto ele é lido em voz alta pelo computador, ou como parte de

uma trilha sonora;

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MathML – Permite que fórmulas possam ser incluídas como parte das

marcações XHTML em vez de serem inseridas como imagens, isso

significa que o conteúdo será redimensionável e que o usuário poderá

copiar a equação e utilizá-la em algum programa matemático.

Scripts – Scripts e interatividade são possíveis devido à funcionalidade

recebida através do HTML5, geralmente isso significa JavaScript, mas

esta não é a única opção, essa funcionalidade permite que se especifique

precisamente sobre quais dados vão atuar e como eles serão armazenados

ou transmitidos e quais medidas devem ser tomadas sob várias

circunstâncias; é importante certificar-se de que a experiência de leitura

não será afetada caso o usuário decida desligar os scripts ou se um

sistema de leitura não tiver suporte para eles;

Links – Devido a uma especificação para criar e acessar vários locais

dentro do conteúdo, permitindo um refinamento em relação ao acesso ao

conteúdo mesmo ao nível de uma palavra ou frase, seu uso permite aos

índices o link para uma exata palavra dentro do conteúdo. É também a

base da especificação de uma futura interligação entre documentos;

Acessibilidade – Os arquivos são acessíveis a partir do design, deve-se

fazer de tudo dentro da razão para garantir que todos os itens do e-book

sejam acessíveis, incluindo as descrições de todas as imagens e textos

alternativos para o MathML e scripts.

Como dito anteriormente, a editora da Embrapa Informação Tecnológica ainda

não começou a utilizar a versão 3.0 do ePub, mas, ao tomar conhecimento das

vantagens dessa versão, entende ficar claro que sua implantação será a solução para

vários problemas surgidos durante o uso da versão 2.0.1, que não consegue trabalhar

com tipos de conteúdo multimídia ou com livros que possuam um layout mais

complexo, com fórmulas matemáticas e ferramentas mais interativas. Registramos que,

quando a editora começar a utilizar a nova versão, poderá encontrar novas

possibilidades de uso da ferramenta, que serão avaliadas com a experiência. Há também

a preocupação sobre quais aplicativos de leitura irão suportar o novo tipo de arquivo que

será gerado, ou seja, aquele que inclui áudio, vídeo, sobreposições de mídia. No caso da

Embrapa Informação Tecnológica, será necessário saber se o Saraiva Digital Reader

suportará essas funcionalidades, pois algumas das vantagens descritas dependerão da

capacidade do sistema de leitura que será utilizado no caso dos e-books.

4.2. Codificação do ePub

Além da atualização para a nova versão do ePub, outra dificuldade identificada é

como ajustar o arquivo ePub para que ele se mantenha similar em vários dispositivos de

leitura. A equipe da Gape notou que, ao abrir o e-book em diferentes plataformas,

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ocorria uma desestruturação textual, problema na disposição de imagens no corpo do

texto, falta de harmonização e dificuldades de estabelecer um padrão na diagramação

dos e-books técnico-científicos. Dauer (2011) comenta a frustração das editoras “[...]

com o fato de o ePub 2.0.1 funcionar diferente em diferentes sistemas [...]” e alerta

quanto à “[...] importância de testar seus arquivos em vários sistemas diferentes”. Em

relação a este problema, Duarte (2012b) afirma que:

A capacidade do ePub ser realmente multiplataforma é, sem dúvida, a

principal promessa do formato, ainda que essa não seja, nem de longe, a

realidade. Não seria interessante ter seus livros digitais funcionando

consistentemente em todos os programas de leitura, com bela tipografia,

conteúdo bem estruturado e legível? É, seria… mas, por causa da

fragmentação de plataformas e do suporte irregular ao padrão, o que acontece

é que, na prática, é difícil manter um mínimo de consistência na exibição do

conteúdo, principalmente se ele é um pouco mais complexo visualmente

falando, com listas, quadros, tabelas, fontes personalizadas e múltiplos

estilos. (DUARTE, 2012b, grifo do autor)

Para tentar solucionar o problema, a equipe da Gape responsável pelos e-books

vem organizando o código na tentativa de desenvolver um padrão, ou seja, a intenção é

padronizar o código para multiplicar o processo e facilitá-lo para garantir que os e-

books técnico-científicos da Embrapa Informação Tecnológica mantenham um padrão

formal que cumpra as expectativas descritas no Manual de Editoração da Embrapa

(2009), segundo o qual “todo o planejamento do trabalho tem de estar ligado ao objetivo

de fazer chegar ao público-alvo a informação, da forma mais íntegra e clara possível”.

Devido a essa contemporânea realidade, surge uma nova narrativa do conteúdo

juntamente com os e-books, por isso o projeto gráfico teve de mudar e se adaptar às

alterações que estão ocorrendo no processo de produção editorial. Segundo a

experiência da equipe responsável pela produção de e-books na Embrapa Informação

Tecnológica, o processo de diagramação foi o que sofreu mais mudanças durante a

produção dos e-books. De acordo com o Manual de Editoração da Embrapa (2009)

A diagramação é a relação harmônica de quatro elementos essenciais: espaço

da página, mancha gráfica, tipologia e ilustrações.

A diagramação define os critérios para o uso do espaço disponível, criando

linhas imaginárias que relacionam geometricamente todos os elementos que

fazem parte do trabalho. Dimensiona e especifica a tipologia de títulos e

textos, bem como os entrelinhamentos e o espacejamento entre letras. Por

fim, posiciona as ilustrações e os outros elementos gráficos [...]

Com a mudança no processo de produção, o diagramador também foi obrigado a

ajustar seu trabalho, porque, com os e-books, não é fácil prever o “espaço da página”,

que agora está relacionado ao tamanho da tela do dispositivo de leitura, nem a tipologia,

que agora fica por conta do usuário, detentor do poder de alterar o tipo da fonte e seu

tamanho. Ainda assim, é muito importante ter controle sobre os elementos constituintes

do texto para que a leitura não fique prejudicada, para que não aconteça de o leitor ter

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que ficar passando páginas em branco ou para que não ocorra quebra do texto em locais

inadequados.

Ao ser confrontado com essa nova realidade, o diagramador não trabalha mais só

com a imagem e com o layout da página, agora é preciso classificar a imagem para

aproveitar no código, o livro não passa mais pela gráfica, mas passa pela codificação do

ePub e o arquivo não sai pronto ao ser gerado o seu formato ePub. Na Embrapa

Informação Tecnológica, é preciso checar os códigos, primeiramente é realizado o ePub

check, que serve para verificar o código, e há uma segunda checagem para os códigos

do CSS, ferramenta comentada anteriormente, responsável pelo layout do e-book. Após

a checagem dos códigos, os e-books são encaminhados para a revisão textual, que não

só trata da correção ortográfica, mas também faz conferência para verificar se houve

perda da formatação, se ocorreu mudança dos estilos e é feita também a revisão das

emendas, como confirmar capa e posição das figuras, por exemplo. Uma vantagem

apontada pela equipe em relação à utilização desses códigos é a facilidade de corrigir o

livro em formato ePub sem o custo que teria para efetuar a mesma correção em uma

obra impressa.

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5. Avaliação dos e-books da Embrapa Informação Tecnológica

No ano de 2013, completam-se dois anos do trabalho da Embrapa Informação

Tecnológica com o mercado editorial de e-books técnico-científicos; durante esse

período, a unidade já publicou mais de 45 e-books, sendo a maioria no formato ePub e

apenas três deles em formato PDF. A previsão é lançar cem e-books até setembro do

corrente ano. Além disso, a equipe da Gape está se programando para, a partir do ano

que vem, em 2014, lançar uma versão digital para todas as versões impressas

publicadas.

Nesse material, a primeira característica examinada relaciona-se com a

hipertextualidade nos e-books técnico-científicos, fator que possibilita a interação entre

o usuário e o texto e até mesmo entre o usuário e textos externos. Essa característica

está relacionada com a forma de navegação, outra característica analisada e trata

também da arquitetura dos e-books técnico-científicos em como as novas

funcionalidades oferecidas pelo produto estão afetando o formato do livro digital.

Devido ao fato de o arquivo ePub modificar a visualização do conteúdo por

causa da sua flexibilidade visual de acordo com o dispositivo de leitura utilizado, esta

análise foi realizada em três tipos de dispositivos: iPad, Samsung Galaxy Note e Sony

Reader. Essa checagem dos arquivos ePub em vários dispositivos de leitura também é

feita pela equipe da Gape responsável pelos e-books. Nesses suportes, será utilizado o

Saraiva Digital Reader por ser a ferramenta pela qual a compra e a disponibilização dos

e-books da Embrapa serão realizadas até o final do contrato da parceria, logo essa

ferramenta e suas funcionalidades também serão analisadas, visto que a navegação nos

e-books depende diretamente de tais funcionalidades. Para esclarecer, os e-books

gerados pela Embrapa são passíveis de leitura em qualquer aplicativo que suporta

arquivos em formato ePub.

5.1. Hipertexto

Nos e-books técnico-científicos da Embrapa Informação Tecnológica, nota-se a

falta dos elementos característicos de uma obra hipertextual em sua maioria e, em

alguns livros, há links entre um capítulo e outro do mesmo livro, mas nem sempre eles

funcionam. A equipe da Gape relata que tais links deveriam funcionar sempre e acredita

que o problema deve-se ao reader, que não está permitindo o bom funcionamento

daqueles que foram inseridos. Esse é um problema que tem que ser investigado e

solucionado pela parceria entre Embrapa e Saraiva. Mas o que seria um texto ou e-book

hipertextual? E qual é sua importância para as obras da Embrapa?

Para explicar o que é hipertexto, citamos Lévy (1993 citado por AQUINO,

2005?, p. 2): “tecnicamente, um hipertexto é um conjunto de nós ligados por conexões.

Os nós podem ser palavras, paginas [sic], imagens, gráficos ou partes de gráficos,

seqüências [sic] sonoras, documentos complexos que podem eles mesmos ser

hipertextos” ou ainda que “o hipertexto conecta palavras e frases que têm significados

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ligados uns aos outros [...], estabelecendo assim, uma rede de associações na mente do

leitor” (AQUINO, 2005?, p. 6).

Quando nos referimos à possibilidade de um e-book técnico-científico ser

interativo e hipertextual, estamos tratando da chamada segunda geração de hipertexto,

que, segundo Primo e Recuero (2006), verifica-se quando os hipertextos estabelecem

um contato com as tecnologias informáticas nas quais o link concede velocidade à

conexão entre diferentes documentos digitais ou concede velocidade para conectar

diferentes partes de um mesmo documento. Esse mecanismo, de utilizar links que

conectam elementos internos do livro digital, está sendo utilizado no e-book

“Bioecologia e nutrição de insetos”, o qual será lançado ainda neste ano pela Embrapa,

demonstrado na figura 4, os links aparecem sublinhados e em uma cor diferente da

utilizada no texto.

Figura 4

Essa segunda geração de hipertexto é interativa no sentido de o usuário pode

decidir quais links quer seguir, mas eles são todos predeterminados por um

programador, fornecendo a editora a decisão de quais caminhos alternativos são

propostos no texto dos e-books.

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Primo e Recuero (2006) esclarecem que a primeira geração de hipertexto ainda é

vinculada ao meio impresso, no qual rodapés, remissões e índices fazem a interligação

nos textos, e a terceira refere-se à forma como a hipertextualidade oferecida pelo

suporte tecnológico contribui para a escrita hipertextual, estabelecendo uma maneira

multidirecional de leitura e também possibilitando a abertura dos documentos à

intervenção dos usuários. Em relação aos e-books técnico-científicos da Embrapa,

atualmente não há interesse de que seus e-books sejam abertos à escrita de todo e

qualquer interagente, principalmente devido à própria natureza das publicações, que

resultam das pesquisas dos empregados da Embrapa. E, caso a construção coletiva de

um texto venha a ser uma possibilidade para a Embrapa, será preciso que haja muito

mais estudos para saber se os pesquisadores gostariam de trabalhar com suas obras de

forma aberta e se isso não descaracterizaria as obras ou se não as fariam perder a

credibilidade perante a sociedade; seria desejável, também, um estudo para saber se o

público-alvo desse tipo de publicação teria interesse de participar e interferir nas obras

dessa maneira, ou mesmo se haveria interesse em lidar com obras abertas à intervenção.

Em suma, essa é uma questão ainda aberta.

Enquanto a equipe da Gape tenta resolver o que impede o funcionamento dos

links dos e-books já publicados, o investimento em e-books nos quais é possível

navegar entre os links continua. A Embrapa Informação Tecnológica irá lançar uma de

suas coleções em formato ePub, que será distribuída de forma gratuita e nelas as

citações serão links que remeterão a sua respectiva referência dentro do livro; as

referências possuirão links por meio dos quais será possível navegar de volta para a

citação em que o leitor estava ou ainda para outras citações ao longo do texto. Esse

trabalho está sendo possível justamente por essa coleção possuir poucas citações e

referências, o que contribui para que a equipe possa ter noção de como deverá ser essa

experiência para publicações com um maior número de citações e referências, pois,

mesmo nessa coleção que, em comparação às outras obras da Embrapa, possui um

número reduzido desses elementos, é necessária a criação de vários links, tarefa

trabalhosa e dispendiosa em relação ao tempo.

Essa relação também podia ser implementada quanto às notas, sejam elas notas

de referências, de rodapé ou explicativas, com suas chamadas no texto, algo que não

está sendo aplicado nos e-books técnico-científicos da Embrapa, o que acaba

dificultando a navegação entre as chamadas nos textos e suas respectivas notas,

agrupadas ao final de todo conteúdo, separadas de acordo com os capítulos em que

aparecem, pois, em vez de possuírem links conectando-as, o que permitiria a navegação

direta entre elas, atualmente as opções oferecidas são passar página por página, ou pular

várias páginas utilizando a barra de navegação, ou ainda ir ao sumário (que, no Saraiva

Digital Reader, é chamado de índice erroneamente, explicaremos o porquê mais à

frente) e selecionar o item Notas, não havendo também um comando para facilitar o

retorno ao ponto de partida original, como podemos reparar na figura 5.

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Figura 5

Esse mesmo recurso poderia ser aplicado no caso dos e-books que venham a

possuir um glossário para fazer uma conexão entre as palavras e expressões utilizadas

nos textos a suas respectivas definições. Outra forma de utilizar a característica

hipertextual dos e-books na Embrapa é para criação de índices nos e-books técnico-

científicos.

Primeiro, retomaremos a explicação acerca do porquê de o termo índice ter sido

usado de modo equivocado no Saraiva Digital Reader: Para isso, basta conferir a

definição dos termos segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas:

[...]

índice: Lista de palavras ou frases, ordenadas segundo determinado critério,

que localiza e remete para as informações contidas no texto.

[...]

sumário: Enumeração das principais divisões, seções e outras partes do

trabalho, na mesma ordem e grafia em que a matéria nele se sucede. (ABNT,

2006a, p. 2-3)

Logo o que está sendo demonstrado na figura 5 é um sumário, por remeter às

divisões do texto em capítulos, na ordem em que os elementos aparecem ao longo do

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trabalho. Agora explicaremos a importância de um índice bem elaborado para os e-

books técnico-científicos da Embrapa.

5.1.1. Índice

O índice é mais do que apenas uma listagem de palavras em ordem alfabética

que remete o leitor ao texto em que elas se localizam. É um documento que permite a

exploração do texto, que proporciona uma visão geral do conteúdo do livro e uma visão

sobre uma seleção de conceitos abordados no livro, selecionados pelo autor para ajudar

o usuário na sua leitura, portanto o índice ajuda a identificar pontos relevantes dentro do

texto, além de fornecer entradas que remetem o leitor diretamente para o conteúdo

específico de seu interesse no momento. (BROWNE; COE, 2012; MANUAL DE

EDITORAÇÃO DA EMBRAPA, 2009)

As relações estabelecidas em um índice feito por um bibliotecário difere de uma

lista, não filtrada, de resultados de uma pesquisa feita no campo de Busca de um reader.

As relações podem ser:

de associação – é empregada para estabelecer associação entre um

descritor cujo significado se relaciona semanticamente com outro

descritor, mas sem ligação hierárquica entre eles;

de equivalência – é empregada para indicar o descritor autorizado para

uso, utilizado em sinônimos que aparecem ao longo do texto;

hierárquica – é empregada para indicar um descritor mais amplo, mais

abrangente, e faz também o caminho inverso, sendo empregada para

indicar descritores mais definidos, mais específicos. (THESAGRO,

2013)

Os buscadores oferecidos para utilização em e-books não realizam as relações

citadas acima, além de não identificar homógrafos (palavras escritas da mesma forma,

mas com significados diferentes), nem identificam os sinônimos (palavras escritas de

modo diferente, mas com mesmo significado), também não faz distinção entre trechos

do texto em que uma palavra aparece e tem conteúdo substancial em relação ao termo e

trechos em que há apenas uma menção da palavra sem conteúdo substancial, além de

não identificar partes do texto em que há inferências (trechos em que um conceito é

discutido, mas o termo utilizado na busca não aparece de forma explícita) e também

esses buscadores não são capazes de remeter a gráficos, eles podem identificar a

legenda de uma imagem, mas não podem acessar o conteúdo de uma imagem. (LAMB,

2008 citado por BROWNE; COE, 2012). Por esse motivo, ressaltamos a importância de

oferecer aos usuários, nos e-books técnico-científicos da Embrapa Informação

Tecnológica, índices desenvolvidos por bibliotecários em parceria com os autores do

livro, suprindo dessa maneira todas essas relações que não são oferecidas pelos

buscadores automáticos.

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Além disso, os resultados da pesquisa dos readers, em sua maioria e no caso do

Saraiva Digital Reader, aparecem na ordem em que são encontrados no texto e não

apresentam importância relativa, ou seja, os usuários têm de percorrer todos os

resultados até localizar conteúdo de relevância sobre o assunto pesquisado; esse

problema é solucionado com a criação de um índice eficiente para e-books.

Segundo Browne e Coe (2012, p. 292), “muitos editores foram apanhados

desprevenidos para a necessidade de produzir e-books e não desenvolveram os

procedimentos necessários para a inclusão de índices úteis, ativos em livros com texto

refluído.”3 Esse foi o caso da Embrapa Informação Tecnológica, que, ao transformar em

e-books seus livros que possuíam índices, preferiu omiti-los ou transformá-los em uma

lista de termos para busca, sem fornecer nenhum tipo de ligação entre o termo e o

número da página em que aparece, já que o conceito de página não funciona mais

quando nos referimos a e-books.

Mas, se um índice criado para um livro impresso com números de páginas não

serve para e-books, se fornecer um índice feito para um livro impresso sem os números

de páginas também não é a ferramenta ideal para os e-books, pois nenhum desses dois

casos supre o valor que um índice remissivo e completo é capaz de proporcionar ao

livro que o possui, qual é a solução? Um índice hiperlinkado, um índice que apresente

links que permitam a navegação direta entre os descritos utilizados no índice com o

local exato em que aparece no texto, em uma única etapa ou no caso com um único

clique. A solução também está no abandono do conceito de página e na aceitação de

uma nova forma de subdividir o texto em nível de parágrafos ou seções. (BROWNE;

COE, 2012)

A equipe responsável pela produção dos e-books da Embrapa Informação

Tecnológica tem noção de que essa possibilidade existe, mas afirma que é algo

trabalhoso, demanda muito tempo na produção e atualmente é algo irreal para sua

equipe técnica, por isso as decisões tomadas em relação aos índices publicados em seus

e-books técnico-científicos foram estratégicas de acordo com a realidade do momento.

Afirma o corpo técnico que a pretensão é publicar seus e-books com índices que

utilizam a ferramenta de hiperlinks para remeter ao conteúdo relacionado aos termos,

facilitando, assim, consulta e a navegação dos usuários.

Neste caso, o índice é um exemplo de como a ferramenta de hiperlink pode ser

utilizada para ligar informações dentro do texto, utilizando os links para navegar

internamente nos e-books. Diferentemente do CrossRef, que é utilizado para ligar os e-

books com informações externas, como explicaremos a seguir.

3 “Many publishers have been caught unprepared for the need to produce ebooks and have not developed

the procedures necessary for the inclusion of useful, active indexes in books with reflowable text.”

(BROWNE; COE, 2012, p. 292)

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29

5.1.2. CrossRef

O CrossRef foi criado por editores científicos com a missão de ligar usuários a

conteúdos de pesquisas através de tecnologias colaborativas, ou seja, o CrossRef

trabalha com um sistema de citações cruzadas por link, que permite que um usuário

clique em uma referência citada em uma publicação A e seja direcionado diretamente ao

conteúdo citado numa publicação B. Esse sistema foi criado inicialmente para

periódicos digitais, mas atualmente vem sendo incorporado na utilização de e-books

(IBICT, 2013).

Esse sistema para links entre referências tem como base o consenso em torno do

DOI (Digital Object Indentifier) como identificador acionável para uso em redes

digitais. O DOI é representado por uma sequência alfanumérica, única e imutável para

cada objeto, utilizada para identificar e localizar um documento digital de maneira

persistente, servindo como garantia de localização da obra no universo digital. Além

disso, visa dar credibilidade e efetuar a gestão da informação técnica e científica on-

line. (CROSSREF.ORG, 2011)

O CrossRef é uma associação cooperativa independente que cobra por esse

serviço, o que acaba sendo um fator decisivo para sua adoção ou não nas editoras. Há

um valor fixo de uma taxa anual a ser paga e há também a cobrança por cada DOI que

varia de acordo com a quantidade e o tipo de publicação à qual o DOI será atribuído,

afinal este pode ser atribuído a um e-book como um todo e/ou pode ser atribuído para

cada capítulo de um e-book, permitindo assim a comercialização da obra por capítulos.

Em compensação, o CrossRef possui atualmente mais de 2,8 milhões de DOIs de livros

registrados. Isso significa que existem cerca de 138.000 títulos de mais de noventa

editoras disponíveis para ligação de referências. Segundo a CrossRef.org (2011), esse

serviço proporciona e oferece estes objetivos em relação aos e-books:

Maximiza a quantidade de referências ligando livros, periódicos e anais

de conferências;

Melhora a descoberta, a visibilidade e o uso do conteúdo de um livro

digital;

Melhora a experiência do usuário ao proporcionar uma melhor

funcionalidade em conectar obras;

Permite a criação de um mecanismo de controle de citações, que dá aos

e-books visibilidade, credibilidade e permite calcular os indicadores

bibliométricos de citações e referências que um e-book venha a ter.

Para a Embrapa Informação Tecnológica, é relevante a assinatura desse serviço

de atribuição de DOIs para seus e-books técnico-científicos, tarefa da agência CrossRef,

pois as informações sobre um objeto digital podem mudar ao longo do tempo, incluindo

onde encontrá-lo, mas seu DOI não irá mudar, permitindo uma identificação persistente,

iara
Riscado
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gerenciamento do conteúdo intelectual dos e-books e de seus metadados, além de

facilitar o comércio eletrônico. Permite, ainda, o gerenciamento automatizado de mídia

e de todas as vantagens já citadas pelo sistema CrossRef, principalmente quanto à

métrica da rede de citações, que é bastante útil para monitorar, capturar e identificar

quantitativamente os e-books envolvidos na citação de um assunto específico no

mercado editorial digital.

A utilização do CrossRef pela Embrapa Informação Tecnológica permitirá que

sua editora inove ao utilizar uma tecnologia compartilhada. A adesão a essa rede

colaborativa possibilitará um aumento do tráfego de seus livros digitais, que utilizará

links de saída para os materiais citados, enquanto aumenta o acesso aos e-books da

unidade através de ligações recebidas pela citação de suas obras naquelas de outras

editoras. O CrossRef conta mais de 4,5 mil organizações participantes que serão capazes

de ligar automaticamente ao conteúdo dos e-books da Embrapa Informação Tecnológica

se esta resolver fazer parte do sistema. Além de tudo, o CrossRef facilita a ligação

interna de seus componentes e de suas referências, assim como fornece referências a

hiperlinks duráveis de citações de qualquer outro participantes da rede.

(CROSSREF.ORG, 2011)

5.2. A navegação nos e-books da Embrapa Informação Tecnológica

Quando nos referimos à navegação em e-books, tratamos de como está sendo o

acesso ao conteúdo dos e-books na prática. Segundo Browne e Coe (2012, p. 290,

tradução nossa), “e-books podem ser mais difíceis de navegar do que livros

impressos”4, afinal o livro eletrônico oferece uma experiência visual e tátil

completamente diferente do livro no papel.

Na Embrapa Informação Tecnológica, ainda não houve nenhuma pesquisa para

obter um retorno quanto ao modo como está sendo a experiência do usuário ao utilizar

os e-books técnico-científicos que ela produz. A equipe da Gape navega em seus e-

books antes de publicá-los, mas, ainda assim, não há nenhum relatório sobre como se dá

essa experiência de navegação.

O acesso à informação por meio de uma publicação impressa é algo familiar aos

leitores: para “navegar” em um livro impresso, basta folheá-lo, o que é a maneira de os

leitores terem uma visão geral do conteúdo. Desse modo podem ter acesso ao sumário e

ao índice, realizando, antes mesmo de ler o livro, uma pesquisa no conteúdo sobre as

informações registradas naquele suporte.

No caso do livro digital, a navegação pode variar de acordo com o dispositivo e

com o aplicativo utilizado na leitura. Por sua natureza, os e-books podem oferecer

opção adicional de pesquisa e capacidade de seguir hiperlinks ao longo do texto que

direcionem os leitores para o conteúdo de seu interesse. Segundo Browne e Coe (2012),

4 “Ebooks can be harder to navigate than pbooks.” (BROWNE; COE, 2012, p. 290)

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os usuários podem utilizar os seguintes métodos e ferramentas para navegar através de

um e-book:

Navegação (browsing) que corresponde a percorrer o texto página por

página;

Vista do índice ou tabela de conteúdos e seguimento dos hiperlinks ao

texto, por exemplo, para um específico capítulo ou seção do livro;

Busca por palavras-chave e movimento entre sugestões, uma de cada vez

ou seleção a partir de uma lista de resultados da pesquisa (se o

dispositivo de leitura ou aplicativo proporcionar tal função de pesquisa);

Uso do índice (se houver) para dar uma idéia de como é a estrutura e a

linguagem utilizado no livro.

No caso dos e-books, percorrer uma página de cada vez é fácil na maioria dos

dispositivos de leitura, basta pressionar botões que comandam a mudança de página seja

para frente ou para trás, ou mediante o toque no canto direito da tela para avançar ou no

canto esquerdo para regredir as páginas, ou ainda arrastar o dedo pela tela simulando a

movimentação dos dedos quando passamos as páginas de um livro impresso, sendo

esses dois últimos casos para aparelhos que possuam telas sensíveis ao toque.

Mas, diferentemente do que ocorre com o livro impresso, no caso dos e-books, é

mais difícil olhar rapidamente um grande número de páginas de uma vez, o que

facilitaria a descoberta de informações importantes para o usuário que não tenham sido

indexadas, por exemplo. Além disso, segundo Bates (2007 citado por BROWNE; COE,

2012, p. 291), “alguns tipos de informações só são identificadas como relevantes

quando são descobertas”5. Alguns dispositivos de leitura podem permitir meios de olhar

várias páginas de uma vez, e a maioria dos aplicativos também fornece indicadores que

mostram o progresso do leitor dentro do livro. No caso do Saraiva Digital Reader, esse

indicador é caracterizado por uma barra pela qual é possível ter noção de quanto do e-

book já foi lido e quanto ainda falta para acabar de ler.

Outra opção que os usuários têm é observar o sumário ou a tabela de conteúdo

(como vem sendo chamado o sumário no caso dos e-books) ou o índice para ter uma

noção do assunto abordado. No caso dos e-books da Embrapa Informação Tecnológica,

seu sumário faz uso de links para todos os elementos do livro digital, sejam eles pré-

textuais (capa, folha de rosto, página de créditos, listas, por exemplo), textuais

(introdução, seções e subseções) ou pós-textuais (referências, glossário, apêndices).

Segundo Browne e Coe (2012), essa é uma ferramenta útil de navegação, supondo que o

sumário é bem construído e fornece uma noção da quantidade e do tipo de conteúdo

encontrado no livro e, em se tratando de índice, este também pode facilitar a

5 “[…]some kinds of information are only identified as relevant when they are discovered (BATES, 2007

citado por BROWNE; COE, 2012, p. 291).

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identificação de informações que o leitor não havia procurado inicialmente ou não sabia

que estava no e-book.

Uma característica importante para a navegação em e-books é a existência de um

botão ou um link de volta, ou seja, um meio de retornar ao último local visualizado no

livro, para o caso de o usuário escolher seguir um link, ele também deve ser capaz de

facilmente retornar ao ponto de partida. No caso do aplicativo utilizado para a leitura

dos e-books técnico-científicos da Embrapa Informação Tecnológica, o Saraiva Digital

Reader não fornece um meio para retornar facilmente ao ponto de partida, tanto no caso

de utilizar um link ou de navegar entre as respostas obtidas por uma busca realizada no

texto. Há um meio de fazer isso, que seria marcar a página à qual o usuário

provavelmente vai querer retornar com o marcador virtual de páginas (figura 6)

oferecido pelo aplicativo.

Figura 6

Após a navegação entre os capítulos ou links, o usuário tem que ir para as

páginas marcadas e selecionar a última delas, pois é possível marcar várias páginas e,

justamente por isso, essa opção não é tão simples como um botão ou link criado

especialmente para providenciar esse retorno ao ponto inicial, já que, após um tempo de

uso e leitura, o leitor pode se perder no meio de suas marcações e o retorno à última

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página visualizada irá exigir mais da memória e da atenção do leitor. Contudo, esse

botão ou link de volta não depende apenas do aplicativo utilizado, pode ser que o

dispositivo físico utilizado para leitura possua um comando próprio para essas

situações, como é o caso de um dos dispositivos utilizados na pesquisa: o Sony Reader

(tabela 1). Na tabela 1, identificamos que todos os dispositivos utilizados na avaliação

permitem estender a experiência de navegação do usuário além do próprio e-book, todos

os três permitem postagens de comentários sobre o livro em uma rede social

(Facebook), mas só o Ipad viabiliza a pesquisa de termos no Google e no Wikipédia, a

tabela mostra ainda outras funcionalidades que eles podem ter ou não.

Tabela 1

Ipad Sony Reader Samsung

Galaxy Note

Possui tela sensível ao toque √ √ √

Permite navegação externa ao e-book √ √ √

Permite navegação interna (links ativos) √ √ √

Possui botão de retorno x √ x

Permite fazer anotações diretamente na

página do e-book (como lápis sobre o

texto)

X √ X

5.2.1. A pesquisa nos e-books da Embrapa Informação Tecnológica

Ao fornecer ao usuário uma ferramenta de pesquisa que possibilita buscar

palavras em um texto por completo, presume-se que o leitor já conheça as palavras ou

frases empregadas na área de conhecimento do texto, logo este método de pesquisa pode

ser útil para reencontrar algo que foi lido, ou seja, quando o leitor é conhecedor do

assunto e é familiarizado com a terminologia utilizada pelo autor do texto, por exemplo.

Caso contrário, se os usuários não conseguem encontrar o que procuram rapidamente,

podem concluir que o assunto não é abordado no e-book ou ainda decidir que não vale a

pena insistir na busca. (BROWNE; COE, 2012)

Mas é claro que esta é uma ferramenta que pode ser útil aos leitores de e-books.

Entretanto, ainda assim, é importante refletir sobre as palavras de Meyers:

Como é que um leitor deve decidir qual desses resultados [apresentados pela

pesquisa] é o que ele quer? Pense sobre quão chato é selecionar cada item,

ser levado para a sua localização, e então ter que navegar de volta para o

ponto de partida inicial. Que trabalhoso. Em um livro impresso, pelo menos

você tem dedos, marcadores ou uma variedade de formas para manter o

ponto de partida enquanto você folheia o livro (revisando uma entrada no

índice, por exemplo). Mas, em um dispositivo de leitura, essa interrupção que

o leitor sofre depois de seguir um link é significativa. (MEYERS, 2011,

citado por BROWNE; COE, 2012, p. 291, tradução nossa)6

6 “How’s a reader supposed to decide which of these results is the one she wants? Think about how

cumbersome it is to tap each item, get whisked off to its location, and then have to navigate back to the

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No caso da Embrapa Informação Tecnológica, o Saraiva Digital Reader possui a

ferramenta de pesquisa que realiza busca no e-book por completo, mas essa ferramenta,

apesar de ser fornecida pelo reader, ainda assim é influenciada pelo dispositivo de

leitura utilizado. Abaixo, apresentam-se as observações sobre como a ferramenta de

pesquisa funcinou em cada um dos dispositivos utilizados na avaliação:

Ipad – os resultados da pesquisa são fornecidos em uma caixa de texto

separada que fornece o número da página onde o termo foi localizado,

sendo possível ler um pequeno trecho do texto no qual o termo está

inserido, mas, ao selecionar um resultado, o leitor é direcionado para a

página selecionada e a caixa de resultados é fechada automaticamente;

para retornar a ela é preciso realizar a busca novamente;

Sony Reader – é o único dos dispositivos analisados que não fornece um

atalho fácil de localizar para realizar a pesquisa, por possuir uma forma

própria de apresentar as funcionalidades fornecidas pelo Saraiva Digital

Reader. Esse dispositivo não fornece os resultados numa caixa separada,

neste caso o resultado apresentado ao leitor é a próxima página em que

aparece o termo pesquisado em relação à página em que o leitor estava

ao iniciar a pesquisa, ou seja, se o termo pesquisado aparecer em todos os

capítulos do e-book, mas o leitor realizar a pesquisa quando estiver na

página 10, o resultado oferecido será o próximo dessa página em diante.

Mas é possível navegar entre os resultados da pesquisa por botões que

surgem na tela nos cantos inferiores: o botão do lado esquerdo permite

navegar entre os resultados anteriores à página em que o leitor se

encontra e o botão da direita permite navegar até os resultados que estão

à frente da página em que o leitor se encontra.

Samsung Galaxy Note – Esse dispositivo também não fornece os

resultados numa caixa separada. O resultado apresentado ao leitor é a

próxima página em que aparece o termo pesquisado em relação à página

em que o leitor estava ao iniciar a pesquisa, mas, diferentemente do

dispositivo anterior, esse não tem nem mesmo os botões para navegar

entre os termos. Se o leitor quiser avançar entre os resultados, será

preciso iniciar a pesquisa desde o início, digitando até mesmo o termo

que foi pesquisado, pois nem isso fica salvo no campo de pesquisa, como

ocorre nos dois dispositivos anteriores. Em compensação, este é o único

que fornece um campo onde aparecem termos que podem ser

pesquisados (permitindo uma fácil busca por nomes próprios que são

também substantivos comuns, por exemplo) e, quando o usuário começa

starting spot. What a pain. In a print book, at least you’ve got fingers, bookmarks, or a coaster to hold

your spot as you leaf around (reviewing index entries, for example). But in an ereader device, the

disruption readers suffer after following a link is significant.” (MEYERS, 2011 citado por BROWNE;

COE, 2012, p. 291)

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a digitar, ele tenta antecipar o que será escrito, oferecendo termos para

busca que complementam o que foi digitado pelo usuário.

É necessário que as ferramentas de pesquisa para e-books oferecidas pelo

Saraiva Digital Reader e por esses disposititivos pesquisados evoluam – tanto em

relação à navegação entre os resultados, facilitando a visualização dele como é feito no

Ipad (figura 7) –, mas sem exigir que o usuário fique repetindo a pesquisa para poder

navegar entre os resultados.

Figura 7

E é necessário que evoluam também em relação às particularidades da pesquisa

em si, oferecendo ferramentas mais avançadas como já ocorre em algumas bases de

dados, por exemplo, ao realizar uma busca que utiliza operadores booleanos (E; OU;

NÃO), realizando uma combinação de termos na pesquisa que podem restringir ou

alargar a quantidade de resultados obtidos.

Notou-se que, no caso do Saraiva Digital Reader, a ferramenta de busca de

palavras e termos não atende bem às necessidades do usuário, o aplicativo às vezes

trava quando sua ferramenta de busca é ativada e fecha automaticamente,

interrompendo, de forma brusca, a leitura do usuário. Deve-se verificar se é um

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problema do aplicativo ou da capacidade de processamento dos dispositivos ou ainda se

devido à ocorrência desses dois fatores. Para evitar o problema, uma solução para a

Embrapa Informação Tecnológica pode ser desenvolver seu próprio aplicativo de

leitura, pensado para suprir todas as exigências de um e-book técnico-científico de

qualidade, possibilitando ao usuário usufruir das funcionalidades de e-books

hipertextuais, com índices funcionais que permitam ao usuário navegar de maneira

facilitada e utilizar uma ferramenta de pesquisa mais bem estruturada, facilitando o

acesso do leitor ao conteúdo do e-book.

Se a equipe da Gape desenvolver um reader capaz de lidar com todas as

mudanças comentadas em relação aos e-books técnico-científicos, isso possibilitaria

maior controle sobre a estrutura e sobre a organização da informação dos livros digitais

da Embrapa.

5.3. Estrutura da informação nos e-books técnico-científicos da Embrapa

Informação Tecnológica

Neste artigo, ao nos referirmos à estrutura da informação, estamos tratando

justamente da organização da informação e dos elementos que constituem o livro

eletrônico. Para Chartier (1994 citado por BENÍCIO, 2003, p. 57), “a representação

eletrônica dos textos modifica totalmente a sua condição: ela substitui a materialidade

do livro pela imaterialidade de textos sem lugar específico”, justamente por isso é

importante refletir e pensar na melhor estrutura para apresentar os elementos que

perderam seu espaço ao serem transportados para o ambiente digital, mas, ainda assim,

sua apresentação nos e-books é essencial para informar os usuários sobre a obra.

Para melhor exemplificar, estrutura da informação se resume, neste caso, a

conscientemente organizar o conteúdo e o fluxo dos e-books técnico-científicos da

Embrapa Informação Tecnológica, determinando, de forma estratégica, a maneira pela

qual os elementos e os metadados serão apresentados no livro digital através do

aplicativo de leitura. (BELAM, 2010)

Na Embrapa Informação Tecnológica, já foi possível identificar mudanças nos

elementos que constituem o e-book, distanciando-o do formato do livro impresso. A

norma da ABNT NBR 6029, que estabelece os princípios gerais para apresentação dos

elementos constituintes do livro impresso, não serve para os livros digitais; por

exemplo, a definição para capa na norma é esta:

Revestimento externo, de material flexível (brochura) ou rígido (cartonado ou

encadernado). A primeira e a quarta capas são as faces externas da

publicação. A segunda e a terceira capas são as faces internas ou verso da

primeira e quarta capas, respectivamente. (ABNT, 2006b, p. 2)

Ao tentar aplicar tal definição ao e-book, nota-se que a capa já não pode ser

descrita como material de revestimento, e o conceito de primeira, segunda, terceira e

quarta capa já não se aplica mais. Os e-books possuem uma única capa de apresentação,

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que será visualizada no site da livraria e no acesso à biblioteca virtual do aplicativo de

leitura, além de que o conceito de página e verso de página para e-books fica

ultrapassado quando tratamos com documentos digitais de formato refluído, como é o

caso dos e-books em formato ePub. Segundo sugestão já mencionada, uma solução que

pode ser aplicada é subdividir o texto em nível de parágrafos e/ou seções.

A equipe da Gape já identificou que há necessidade de adequar a questão das

capas. Atualmente as que estão sendo utilizadas para os e-books são as mesmas dos

materiais impressos, mas essa escolha não é a ideal já que há limitações na apresentação

da capa na livraria virtual ou na biblioteca virtual, visto que a visualização das capas

muda nesses espaços – elas são menores –, por isso as informações da capa não são

legíveis na biblioteca do Saraiva Digital Reader (figura 8), a letra fica muito pequena,

não se destaca. Para alterar tal elemento dos e-books, seria necessário mudar também as

capas das versões impressas, principalmente no caso de coleções, a capa teria que

mudar também porque é importante que haja assimilação da capa do digital com o livro

impresso. Na Embrapa Informação Tecnológica, definiu-se que, quando essa adequação

ocorrer, as capas de ambos os formatos serão trocadas, atualizadas.

Figura 8

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Com a alteração do elemento físico, outra mudança identificada foi a perda dos

seguintes elementos que constituem um livro de acordo com a norma ABNT (2006b):

Colofão – elemento que fornece os dados sobre a impressão da obra e

outras características tipográficas;

Errata – lista que identifica as páginas e linhas em que ocorrem erros,

seguidas das devidas correções, apresenta-se em papel avulso, acrescido

ao trabalho depois de impresso;

Folhas de guarda – folhas dobradas ao meio e coladas no começo e fim

do livro, para prender o miolo às capas duras;

Lombada – é o elemento que representa a parte externa da goteira,

outro elemento que é a concavidade formada pelo corte das folhas, à

frente dos livros que tenham o dorso arredondado;

Orelha – elemento que aparece em cada uma das extremidades da

sobrecapa ou da capa do livro dobrada para dentro que normalmente

vem com texto sobre o autor ou o livro;

Sobrecapa – é a cobertura solta que protege a capa da publicação;

Tiragem – elemento que fornece o número total de exemplares

impressos a cada edição ou reimpressão da publicação.

No caso da Embrapa Informação Tecnológica, a equipe responsável pela

produção editorial dos e-books já eliminou esses elementos e adaptou outros, por

exemplo, ao final de todo o conteúdo do livro, o colofão foi substituído pela propaganda

da livraria da Embrapa e as informações que, no suporte em papel, viriam no verso da

folha de rosto fazem parte agora da página de créditos.

Há necessidade de adequar as normas existentes ou criar novas que possam

padronizar a informação contida nos livros digitais técnico-científicos da Embrapa

Informação Tecnológica, mas, por ser um produto novo, ainda não há normas de

padronização. O que se tem feito na unidade é uma adequação das normas já existentes

para a versão digital, providência que é tomada pela própria equipe da Gape,

normalmente depois de o assunto ser discutido pelas bibliotecárias responsáveis pela

normalização bibliográfica das obras com a editora responsável pela produção dos e-

books e com a supervisão da equipe editorial, tentando dessa forma atingir um consenso

sobre o melhor modo de adequar as normas para a publicação digital.

Com o e-book surgem novos elementos a serem tratados na produção editorial,

como o DRM (Digital Rights Management) ou o GDD (Gestão de Direitos Digitais),

como estão sendo chamados em português, além dos elementos adicionados pelo fato de

o e-book ser um produto multimídia. Nos e-books técnico-científicos da Embrapa

Informação Tecnológica avaliados neste artigo, tais elementos ainda não foram

utilizados, mas a equipe já vem estudando a melhor forma de acrescentá-los aos seus

produtos. A fim de contribuir para a tarefa, trataremos dos assuntos em mais detalhes a

seguir.

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5.3.1. Social DRM

O DRM foi criado por empresas que trabalham com o conteúdo digital,

inicialmente para suprir uma necessidade das indústrias fonográfica, cinematográfica e

de jogos eletrônicos. O DRM serve para detectar quem acessa cada obra, quando e sob

quais condições, e essas informações são reportadas ao provedor da obra, que pode

autorizar ou negar o acesso a ela. Quando o acesso é autorizado, as empresas podem,

ainda, autorizar o acesso sob condições restritivas definidas por elas de maneira

unilateral, independentemente dos direitos que a lei fornece ao autor ou ao público que

pagou para ter acesso ao material. Essa ferramenta surgiu porque, desde a criação dos

arquivos digitais, foi possível identificar como é fácil copiá-los de modo ilimitado, sem

perder a qualidade a cada cópia subsequente, como acontecia na reprodução de

materiais impressos, por exemplo. A popularidade da internet e das ferramentas criadas

para compartilhar arquivos simplificou a distribuição dos conteúdos digitais, mas as

empresas ainda sentiam a necessidade de controlar a duplicação e a disseminação de seu

conteúdo. (WIKIPÉDIA, 2013)

Para o mercado editorial, o objetivo principal do DRM é evitar a pirataria dos e-

books e a violação dos direitos autorais do autor e dos editores (KUMBHAR, 2012). No

entanto, os e-books surgiram para facilitar o acesso à leitura, por serem fáceis de

transportar e de distribuir, mas, se o DRM for aplicado com todo esse controle descrito

acima, as vantagens tão divulgadas dos e-books acabam se perdendo ou virando

obstáculo no uso dos livros digitais pelos usuários. Segundo Vasquez (2011), o DRM

surgiu:

Com o propósito de combater a pirataria de livro, o DRM combate muito

mais a boa experiência do leitor que qualquer outra coisa. Mas o DRM não é

eficaz contra a pirataria? Sim e não!

Se você quer combater aquele leitor leigo na área de informática de dar uma

cópia do livro que ele gostou para um amigo, a DRM é eficaz. Agora se você

quer de fato combater a pirataria (os grandes) a resposta é: nem de longe!

Qualquer criança de 12 anos (ou menos) sabe pesquisar no Google e pronto!

Lá se vai toda tecnologia anti-pirataria…

[...] mas então não vamos combater a pirataria? Não, claro que vamos,

infelizmente é necessário. Porém existe uma solução muito mais amigável

denomina [sic] Social DRM.

O Social DRM vai ajudar a solucionar esse sentimento de frustração que pode

surgir nos usuários, caso a editora resolva utilizar em seus e-books o DRM que

impossibilita o acesso aos livros digitais em vários dispositivos de leitura disponíveis no

mercado que não sejam aqueles permitidos pela editora, além de restringir a quantidade

de dispositivos mediante os quais o leitor pode acessar o e-book (KUMBHAR, 2012). O

DRM pode também bloquear o acesso do usuário ao livro digital após certo período de

tempo, o que para os usuários é uma grande desvantagem já que, ao comprar um livro

impresso, ele pertence ao usuário para sempre, até que este resolva se desfazer dele ou

passá-lo para frente, mas essa é uma decisão de responsabilidade única e pessoal da

pessoa que comprou a obra. E todo esse controle não funciona realmente contra a

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pirataria, já que basta procurar na internet meios de remover, de bloquear o DRM dos

livros digitais “protegidos” pela ferramenta.

No caso da Embrapa Informação Tecnológica, unidade de uma empresa pública

que produz e-books técnico-científicos resultantes de trabalhos desenvolvidos por seus

pesquisadores para o benefício da sociedade, esse controle todo não se justifica, pois

suas obras são de interesse social e resultam de pesquisas sustentadas com o dinheiro

público. Não há interesse em lucrar com as obras, e sim em divulgar e disseminar a

informação a toda a sociedade que anseia por conhecimento sobre agropecuária e meio

ambiente, por exemplo.

O Social DRM que será aplicado nos e-books da Embrapa constitui-se de uma

marca d’água eletrônica com os dados do comprador do material. O Social DRM não

faz um controle de cópias, mas há um controle, já que os dados da pessoa que comprou

o e-book vão aparecer no livro através dessa marca d’água. No caso de pessoas físicas,

aparecerá o nome completo da pessoa juntamente com seu CPF e, no caso de pessoas

jurídicas, conterá o nome da empresa/instituição e seu CNPJ.

Na Embrapa Informação Tecnológica, a previsão é que o Social DRM seja

utilizado tanto para os e-books que serão vendidos quanto para os que serão gratuitos.

Se um e-book for distribuído ilegalmente, o responsável será identificado pela marca

d’água. Dessa forma, os usuários poderão utilizar seus livros digitais em quantas

plataformas de leituras quiserem, poderão “emprestá-los” a um amigo, como fazem com

suas obras impressas. Contudo, graças ao Social DRM, os usuários tomarão o cuidado

de analisar a quem irão emprestar seus e-books, ou fornecer uma cópia, já que seus

dados estarão gravados naquele produto adquirido por ele.

5.3.2. Multimídia

Outro fator a ser analisado que é tido como uma vantagem dos e-books sobre os

livros impressos é a possibilidade de ser uma obra multimídia. Novos elementos podem

ser agregados aos livros digitais, como áudios, vídeos, animações, jogos e questionários

interativos, por exemplo.

Segundo Linares (2011), “os desafios e obstáculos que hoje documentaristas e

cineastas vivem vão se tornar desafios para os editores que terão de utilizar todos os

meios e mídias para projetos inovadores”. Na Embrapa Informação Tecnológica, já

existe a discussão sobre a produção de e-books multimídia.

Para a equipe responsável, esse tipo de material é possível de produzir, mas tem

que ser pensado desde a coleta de dados até sua finalização, principalmente porque a

inserção de elementos multimídias deixa o arquivo dos e-books mais pesados para

transferência e download. Durante todo o processo de produção do conteúdo do livro

multimídia, cada elemento inserido no texto deve complementar o conteúdo e ser

relevante ao texto. Por exemplo, se for um livro que explica como cultivar uma espécie

de uma fruta do cerrado, haveria a possibilidade de incluir um vídeo acerca das técnicas

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utilizadas, recurso que complementaria e demonstraria visualmente como deve ser a

aplicação das técnicas descritas no texto.

Segundo Grego (2012), em seu artigo para a revista Exame.com, a nova geração

de e-books multimídia ainda está no início, principalmente quando nos referimos ao

mercado editorial brasileiro, pois as editoras ainda estão testando o mercado e avaliando

em quais situações esse tipo de produto pode ser utilizado. O mesmo autor afirma ainda

que:

Por enquanto, as tentativas mais bem sucedidas estão em áreas como

culinária, história e biografias, além dos livros didáticos e infantis.

Em geral, é viável produzir um livro desse tipo quando o autor ou a editora já

possui bastante material multimídia que pode ser incorporado [...]. Já a

produção desse conteúdo especialmente para o livro só tem se mostrado

economicamente interessante no caso de obras de grande tiragem, como os

livros didáticos.

A Embrapa Informação Tecnológica possui livros em algumas das áreas citadas,

como livros de culinária e livros infantis, mas a transformação dessas publicações em e-

books multimídia depende também do perfil da obra e de seu objetivo. Apesar da

necessidade de se tomarem algumas decisões, a transformação dos livros impressos para

o formato digital está nos planos da unidade. Assim como está nos planos do mercado

editorial brasileiro, segundo a declaração de um editor de livros técnicos para um artigo

da revista Época:

‘Incluir um vídeo ou uma animação para explicar determinado conceito é

mais caro e mais complexo, mas é um caminho que pretendemos seguir’,

afirma Rodrigo Madeira, gerente de novos negócios do Grupo A, uma editora

de livros técnicos. (GUIMARÃES; POLATO, 2013, p. 85)

A característica multimídia dos livros digitais, somada às outras características

citadas neste artigo, comprova a necessidade de a equipe responsável pela produção

editorial dos e-books técnico-científicos da Embrapa Informação Tecnológica ser

multidisciplinar, com participação de editores, bibliotecários, diagramadores, designers,

programadores e revisores, o que já ocorre na unidade. Todos esses agentes precisam

ser capacitados a trabalhar com o novo produto, para melhor desenvolvê-los. Só assim,

a equipe editorial da Gape pode alcançar seu objetivo de cumprir a visão de futuro da

unidade em ser referência nacional e internacional em gestão e em difusão de

informações, tanto impressas como digitais.

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6. Conclusão

Os e-books técnico-científicos produzidos pela Embrapa Informação Tecnológica são

satisfatórios para o contexto em que estão sendo produzidos, através da utilização do

formato ePub 2.0.1. Mesmo assim, admite-se haver muitas características desse produto

que podem ser mais bem estruturadas e desenvolvidas, como os índices e as ferramentas

de pesquisas, para que esse produto possa vir a ser referência nacional e internacional

em gestão e difusão de informação.

Como resultado desta avaliação, torna-se claro que a Embrapa deve atualizar seus e-

books para a versão ePub 3.0, que acrescentará várias novas possibilidades de utilização

aos livros digitais. E deve também continuar capacitando sua equipe, afinal, com o e-

book, surge um novo processo de trabalho: é preciso lidar com metadados e implantar

um novo fluxo editorial, mas a qualidade da mensagem produzida pela Embrapa deve

ser mantida.

Durante esta análise, notou-se que a equipe da Embrapa está tendo êxito na codificação

de seus e-books, pois, independentemente do dispositivo utilizado para a leitura,

nenhuma diferença foi notada na apresentação de seus e-books, eles mantiveram um

padrão em sua estrutura. Constatou-se também que a utilização das ferramentas

CrossRef, DOI e do Social DRM só tem a somar aos e-books técnico-científicos

produzidos pela unidade.

Quanto à comercialização e à distribuição dos e-books da Embrapa Informação

Tecnológica, a equipe da Livraria Embrapa já está fazendo as adaptações necessárias

para que a Embrapa comercialize e distribua seus próprios livros, sejam eles impressos

ou digitais, pagos ou gratuitos. Contudo, para que a Embrapa atinja a excelência de

serviço desejada e visualizada em seu futuro, o ideal seria desenvolver seu próprio

aplicativo de leitura com funções criadas para atender às exigências de uma obra

técnico-científica, o que provavelmente facilitaria a padronização e codificação dos e-

books, além de que permitiria oferecer aos clientes uma melhor experiência na

utilização e navegação nos livros digitais da empresa.

Sugerem-se mais estudos sobre como funcionará a leiturabilidade (neologismo que se

refere ao modo como a ação e a interação dos vários fatores do texto afetam o êxito do

leitor em compreendê-lo) em um e-book multimídia de forma que esses novos

elementos contribuam para a leitura e entendimento do texto, em vez de causar distração

e frustração ao leitor. Um estudo sobre o tema pode também contribuir para a

construção desse produto e propiciar que ele seja efetivo na comunicação entre o autor e

o usuário.

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