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INSTITUTO SUPERIOR DE CONTABILIDADE E ADMINISTRAÇÃO INSTITUTO POLITÉCNICO DO PORTO DIREITO COMERCIAL CASOS PRÁTICOS NÃO RESOLVIDOS SOCIEDADES COMERCIAIS DEOLINDA APARÍCIO MEIRA Março de 2010

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INSTITUTO SUPERIOR DE CONTABILIDADE E ADMINISTRAÇÃO

INSTITUTO POLITÉCNICO DO PORTO

DIREITO COMERCIAL

CASOS PRÁTICOS NÃO RESOLVIDOS

SOCIEDADES COMERCIAIS

DEOLINDA APARÍCIO MEIRA

Março de 2010

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CASOS PRÁTICOS (NÃO RESOLVIDOS) DE DIREITO COMERCIAL

I- Ana, Bento e Carlos pretendem constituir uma sociedade por quotas

destinada à prestação de serviços de arquitectura, admitindo vir também a abrir

uma loja de decoração de interiores. O capital social será de 6 000 euros,

correspondente a três quotas de igual valor, pertencendo uma a cada um dos

sócios.

No pacto social, pretendem, entre outras, inserir as seguintes cláusulas:

1.ª - A sociedade terá por objecto a prestação de serviços de arquitectura,

podendo, no entanto, dedicar-se a qualquer outra actividade que os sócios

pretendam. A cláusula é inválida. À luz do artigo 980º do Código Civil, a actividade a exercer deve ser

certa e determinada, isto é, obriga a que a sociedade se proponha a praticar actos objectivos com objecto

definido de forma concreta e específica, afastando assim indicações vagas, que originem actividades

indefinidas. Nos termos do artigo 11º nº2 do CSC, o objecto da sociedade deve ser indicado no contrato de

sociedade.

2.ª - Poderão ser exigidas aos sócios prestações suplementares, em montante a

deliberar em assembleia geral. A cláusula é inválida. As prestações suplementares só existem se,

em cada caso, o contrato de sociedade o estipular, pelo que nos termos do artigo 210º nº 3, alínea a) do CSC,

o contrato de sociedade deve fixar o montante global das prestações suplementares. Deste modo, a cláusula

referida é inválida por violação do artigo 210º nº4 do CSC, visto ser essencial a menção referida na alínea A

do número anterior.

3.ª- Toda e qualquer cessão de quotas depende do consentimento da sociedade. A

cláusula é válida, nos termos do artigo 229º nº3, uma vez que o contrato de sociedade pode exigir o

consentimento desta para que toda e qualquer cessão de quotas constantes no artigo 228º nº2 produza efeito.

Assim, o consentimento é um requisito de eficácia e não de validade de cessão de quotas, uma vez que, a

menos que seja cessão entre descendentes e cônjuges, é necessário que a sociedade dê consentimento.

4.º- Cada sócio terá direito a receber, anualmente e no mínimo, 600 euros a título

de lucro.

Pede-se:

Aprecie a legalidade das cláusulas do pacto social.

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II - Abel, Berta, Caio, e Dionísio, pretendem constituir uma sociedade com a

firma “Construtora Novo Mundo, Lda” e desejam inserir no contrato de sociedade

as seguintes cláusulas:

A) A sociedade terá por objecto o exercício da actividade de construção civil, bem

como toda e qualquer actividade que os sócios deliberarem, por unanimidade,

dedicar-se. Tendo em conta a firma da sociedade, estamos perante uma sociedade por quotas, à luz

do artigo 200º nº1, visto que inclui a abreviatura “LDA”. Assim, a cláusula é inválida, à luz do artigo 980º do Código Civil, a actividade a exercer deve ser certa e determinada, isto é, obriga a que a sociedade se

proponha a praticar actos objectivos com objecto definido de forma concreta e específica, afastando assim

indicações vagas, que originem actividades indefinidas. Nos termos do artigo 11º nº2 do CSC, o objecto

da sociedade deve ser indicado no contrato de sociedade. É importante referir que à luz do artigo 10º nº1,

os elementos característicos das firmas das sociedades não podem sugerir actividades diferentes do que

constitui o objecto social. Neste caso concreto, o objecto da sociedade só poderá ser a actividade de

construção civil, de acordo com a sua firma “Construtora Novo Mundo, LDA”.

b) O capital social é de 4.000 € e corresponde à soma das seguintes quotas: uma

de 2.500 € pertencente a Abel, outra de 1.450 € pertencente a Berta e outra de

50 € pertencente a Caio; a participação de Dionísio não terá valor nominal e ele

apenas contribuirá com a sua actividade profissional de engenheiro. A cláusula é

inválida, uma vez que, segundo o artigo 202º nº1, não são admitidos sócios de indústria, logo o Dionísio

não pode entrar com a sua actividade profissional de engenheiro.

c) A quota de Abel poderá ser realizada através da transferência de uma máquina

retro-escavadora, a ocorrer dentro de um prazo máximo de um ano, a contar da

data da constituição da sociedade, pelo valor que os sócios acordarem. A cláusula

é inválida, à luz do artigo 28º nº 1 e 3, as entradas diferentes de dinheiro (entradas em espécie) devem ser

objecto de um relatório elaborado por um revisor oficial de contas, que não tenha qualquer ligação com a

sociedade. O relatório deve descrever e avaliar os bens, no momento em que entra para a sociedade, pelo

que, de acordo com o artigo 25º nº3, se ocorrer um erro na avaliação, o sócio fica responsável por repor a

quantia em falta. Porem, tendo em conta o caso concreto, torna-se ainda importante acrescentar que o

diferimento das entradas apenas está previsto nas entradas em dinheiro até ao termo do primeiro exercício

económico, a contar da data do registo definitivo do contrato de sociedade, de acordo com o artigo 26º nº2.

d) Os sócios quinhoarão nos lucros e nas perdas nas proporções de 50% para Abel,

30% para Berta e 20% para Dionísio. Caio não participará nos lucros. A cláusula é

inválida. À luz do artigo 22º nº 1 e 3, uma vez que na falta de preceito especial ou convenção em contrário, os

sócios participam nos lucros e nas perdas da sociedade segundo a proporção dos valores das respectivas

participações no capital. É nula a cláusula que proíba a participação dos sócios nos lucros e perdas da

sociedade, uma vez que viola o princípio da proibição do pacto leonino, segundo os artigos 22º nº3 do CSC e 994º do código civil.

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e) Abel terá direito a receber anualmente da sociedade uma quantia equivalente a 30%

do valor nominal das quotas de que for titular.

- Tendo sido consultado sobre a elaboração do contrato social desta sociedade, dê

a sua opinião sobre todos e cada um, dos aspectos mencionados nas alíneas

antecedentes, justificando com indicação da norma legal aplicável.

III - Aníbal Serpa, sua mulher Benedita e seus filhos Carlos e Diana,

pretendem constituir uma sociedade tendo por objecto o fabrico e venda de pão,

doces e confeitaria, tendo escolhido para o efeito a firma “Aníbal Serpa –

Panificadora Central, Lda”, sendo de 15.000,00 € o capital social.

Pretendem:

a) Realizar o capital social da seguinte forma:

1. Aníbal e Benedita, em dinheiro, no montante de 7.000,00 € e 3.000,00 €,

respectivamente;

2. Diana com a transferência para a sociedade de propriedade de um terreno,

que avalia em 5.000,00 €;

3. Carlos não realizaria capital social, mas ficava obrigado a contribuir com o

seu trabalho de padeiro, a tempo inteiro e no horário próprio. Tendo em conta a firma da

sociedade, estamos perante uma sociedade por quotas, à luz do artigo 200º nº1, visto que inclui a abreviatura

“LDA”. A primeira cláusula é válida, visto que à luz do artigo 201º, o montante do capital é livremente fixado

no contrato de sociedade, correspondendo à soma das quotas subscritas pelos sócios. Nos termos do artigo 199º alínea a), o contrato de sociedade deve mencionar o montante de cada quota de capital e a identificação

do respectivo titular.

A segunda cláusula é inválida, à luz do artigo 28º, uma vez que só se pode realizar as entradas com bens de

dinheiro, nas sociedades por quotas.

A terceira cláusula é inválida, à luz do artigo 202º nº1 que não admite contribuições de indústria numa

sociedade por quotas.

b) Incluir no contrato social uma cláusula segundo a qual todos quinhoariam nos

lucros em partes iguais, sendo que Carlos ficaria isento de responder pelas perdas

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sociais. A cláusula é inválida, à luz do artigo 22º nº3, e 994º do código Civil, uma vez que é nula a cláusula

que exclui um sócio de participar nas perdas da sociedade.

c) Que a sociedade possa vir a exigir aos sócios prestações suplementares até ao

dobro do capital social. A cláusula é válida, uma vez que as prestações suplementares só existem se o

contrato de sociedade o estipular, pelo que nos termos do artigo 210º nº3 alínea a), o contrato de sociedade

deve fixar o montante global das prestações suplementares. Neste caso concreto, a cláusula existente fixa,

desde já, o dobro do capital social. Logo, de acordo com o artigo 210º nº4, é essencial a menção referida na

alínea a) do número anterior.

Pergunta-se : É possível, face à lei, satisfazer todas e cada uma das pretensões da

família Serpa?

IV - Ana, Bernardo e Carlos, pretendem constituir uma sociedade por quotas

destinada à prestação de serviços de contabilidade. O capital social será de

90.000€ correspondente a 3 quotas de igual valor, pertencendo uma a cada um dos

sócios.

No projecto de contrato social pretendem inserir, entre outras, as seguintes

cláusulas:

1.ª A sede social da sociedade será no local que os sócios vierem a escolher. A

cláusula é inválida à luz do artigo 9º nº1 alínea e), que estipula que do contrato de sociedade deve constar a

sede da sociedade.

2.ª O sócio Carlos realizará a sua quota através da transferência de propriedade de

um automóvel avaliado em 30.000 euros, transferência esta que ocorrerá no prazo

de seis meses a contar da constituição da sociedade. A cláusula é inválida nos termos do

artigo 26º nº1, visto que a entrada deve ser realizada até ao momento da celebração do contrato.

3.ª A sócia Ana contribuirá apenas como o seu trabalho e conhecimentos técnicos. A terceira cláusula é inválida, à luz do artigo 202º nº1 que não admite contribuições de indústria numa

sociedade por quotas.

4.ª Poderão ser exigidas aos sócios prestações suplementares em montante a

deliberar em Assembleia Geral. A cláusula é inválida. As prestações suplementares só existem se,

em cada caso, o contrato de sociedade o estipular, pelo que nos termos do artigo 210º nº 3, alínea a) do CSC,

o contrato de sociedade deve fixar o montante global das prestações suplementares. Deste modo, a cláusula

referida é inválida por violação do artigo 210º nº4 do CSC, visto ser essencial a menção referida na alínea A

do número anterior.

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V - Ana, Bernardo, Cecília, Duarte e Emília pretendem constituir uma

sociedade anónima que se dedique à organização de eventos. O capital social foi

fixado no montante de € 100.000. O capital seria dividido em 100.000 acções com

valor nominal de € 1.

a) Imagine que a sociedade contrata um serviço de catering para apoio

de um evento e não paga o serviço prestado. Poderão os credores exigir o

pagamento do montante em falta a qualquer um dos accionistas? Os credores não

podem exigir o pagamento do montante em falta a nenhum dos accionistas, visto que nas sociedades

anónimas, só o património da sociedade é responsável perante os seus credores. Os sócios não respondem

pelas dívidas da sociedade, à luz do artigo 271º, a contrário sensus.

b) Pronuncie-se sobre a legalidade da cláusula do contrato de sociedade

que subordine a transmissão das acções da sociedade ao consentimento da sócia

Emília. A cláusula é inválida, uma vez que nas sociedades anónimas, a transmissão de acções é livre, não

podendo o contrato de sociedade excluir a transmissibilidade das acções, nos termos do artigo 328º nº1. À luz

do artigo 328º nº2 alínea a), é permitido a necessidade de consentimento da sociedade para a transmissão,

mas nunca de um sócio.

c) Suponha que ficou acordado que, no momento da celebração do

contrato, cada sócio estaria vinculado realizar metade da sua entrada, devendo o

restante ser pago passados 6 meses. É válido este diferimento? Em caso

afirmativo, qual o valor do património da sociedade no momento da sua

constituição?

VI - Ana, Bruno e Carlos constituíram uma sociedade por quotas com o

capital social de € 200.000,00, distribuído do seguinte modo: uma quota de €

90.000,00 caberia à sócia Ana, uma quota de € 60.000,00 ao sócio Bruno e outra

de € 50.000,00 ao sócio Carlos.

Na data da celebração do contrato, Ana realizou integralmente a sua quota,

ao passo que Bruno realizou apenas € 50.000,00 e Carlos apenas € 25.000,00.

a) No data da celebração do contrato de sociedade, diga qual o valor do

património social. O património social é de 200.000,00€.

b) A partir de que momento poderá ser exigido, pelos credores sociais, a

realização do restante aos sócios Bruno e Carlos? Segundo o artigo 203º nº1, “ O pagamento

das entradas diferidas tem de ser efectuado em datas certas ou ficar dependente de factos certos e

determinados, podendo, em qualquer caso, a prestação ser exigida a partir do momento em que se cumpra o

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período de cinco anos sobre a celebração do contrato, a deliberação do aumento de capital ou se encerre o

prazo equivalente a metade da duração da sociedade (…)”.

c) Se estes sócios o não vierem a fazer, poderão os montantes em falta

ser exigidos a Ana? Segundo o artigo 30º do Código das Sociedades comerciais, os credores podem

exigir as entradas não realizadas aos sócios que realizaram, que ingressarão no património da sociedade,

satisfazendo os seus créditos.

VII - A, B, C e D são sócios de uma sociedade comercial denominada

«Antunes Matos, Ldª», que se dedica à comercialização de produtos de informática,

cabendo a gerência aos sócios A e B.

Do contrato de sociedade consta, entre outras, a seguinte cláusula: «O sócio

C é subsidiariamente responsável, até ao montante de 10 000 euros, por dívidas

que a sociedade venha a contrair».

a) Suponha que o sócio C, interpelado por um credor da sociedade, pagou uma

dívida de 6 000 euros. A quem poderá agora exigir o reembolso?

b) A doou a respectiva quota ao seu filho E, sem previamente obter o

consentimento da sociedade nem lhe comunicar tal facto. Aprecie a validade e a

eficácia desta conduta.

c) Poderá o sócio B exercer, por conta própria, uma actividade concorrente com a

da sociedade?

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VIII - António, Bento e a sociedade «Domingues Fernandes & Companhia»

decidiram constituir a sociedade «António Domingues & Bento Rodrigues, Lda.»,

com o capital social de 30 000 euros, dividido em três cotas iguais.

Até à outorga do contrato de sociedade, cada sócio entrou apenas com 50%

da quota subscrita, tendo ficado estabelecido no pacto social que o montante em

dívida se venceria passados 12 meses.

Decorrido esse prazo, a sociedade interpelou cada um dos sócios para a

realização integral da respectiva quota. Bento e a sociedade «Domingues

Fernandes & Companhia» solveram prontamente as respectivas prestações em

dívida, mas António não cumpriu.

a) Poderão os credores sociais exigir a Bento o pagamento da prestação em falta

de António?

b) Quem poderá ser gerente da sociedade?

d) Quais as formalidades exigidas para a convocatória de uma assembleia geral

desta sociedade?

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IX - Adalberto, agricultor, vendeu, em Janeiro de 2008, um imóvel rústico, de

que era proprietário e onde vinha exercendo a sua actividade agrícola, a uma

sociedade por quotas, constituída pelos sócios Bento, Carlos, Diana e Ernesto, e

cujo capital social, integralmente realizado em dinheiro, é de 100 000 euros,

correspondendo à soma de quatro quotas iguais, no valor de 25 000 euros cada,

pertencendo uma a cada um dos sócios

A sociedade destinou tal imóvel à construção de um edifício para armazenagem

dos produtos que fabrica.

1) Adalberto e a sociedade são comerciantes?

2) Como qualifica o contrato descrito?

3) Perante a recusa de pagamento, indique a quem poderá ser exigido o

pagamento da dívida e que bens poderão ser executados?

4) Suponha que, em 30 de Março de 2008 reuniu a assembleia geral da sociedade,

regularmente convocada, para apreciação, discussão e deliberação sobre as

contas do exercício de 2007 e aplicação de resultados. Feitas as deduções

legalmente exigidas, deliberou a Assembleia afectar todo o remanescente dos

lucros à constituição de um fundo de reserva para investimento, com os votos

favoráveis de Bento, Carlos e Diana e o voto contra de Ernesto. Será válida esta

deliberação?

5) Suponha, agora, que em Janeiro de 2009, Bento; Carlos e Diana venderam as

suas participações a Ernesto. Poderá este prosseguir com a actividade da

sociedade? Em caso afirmativo, em que termos?

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X - Alberto, Daniel, Francisco e Zulmira resolvem constituir a sociedade

“Suave Aroma, Lda.”, cujo objecto consiste na comercialização de perfumes para

senhora. O capital da sociedade é fixado em 100.000 euros, devendo ser realizado

em dinheiro. Os sócios, que participam no capital em partes iguais, acordam

realizar 60% do valor das entradas na data da celebração do contrato de

sociedade, devendo o restante ser pago decorrido um mês. Ficou ainda

determinado que a Alberto deveria ser atribuída a soma de 500 euros anuais,

retirada do património da sociedade.

a) Se Zulmira não pagar os restantes 40% na data acordada, poderá ser

exigido o respectivo pagamento aos restantes sócios?

b) Aprecie a conformidade com a lei da cláusula que atribui a Alberto o

direito de receber anualmente 500 euros.

c) Francisco pretende transmitir a sua participação ao seu irmão Baltazar.

Se o contrato for omisso quanto a esta matéria, poderá Francisco fazê-lo

livremente?

XI - Ana, Belmiro e Carlos pretendem constituir a sociedade “Viagens

Exóticas, Lda.”. Foi acordado que a sociedade se constituiria com um capital social

de € 120.000,00, cabendo a cada um dos sócios uma quota de € 40.000,00.

Suponha que no momento da celebração do contrato de sociedade, os três sócios

apenas desembolsam 80% do valor das respectivas entradas, tendo-se vinculado

no contrato a pagar o restante no prazo de dois meses.

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a) Se Belmiro não pagar os restantes 20% na data acordada, poderá o

respectivo pagamento ser exigido, na totalidade, a Ana?

b) Imagine que a “Viagens Exóticas, Lda.” contrata uma sociedade de

desinfestação para limpar o seu estabelecimento e não paga o serviço prestado.

Poderá a sociedade de desinfestação exigir o pagamento da dívida aos sócios da

“Viagens Exóticas, Lda.”?

XII - André, Bárbara, Carlos e Daniel pretendem constituir uma sociedade por

quotas para a prestação de serviços de tradução. Ficou acordado que a sociedade

se constituiria com um capital social de € 200.000,00, cabendo a cada um dos

sócios uma quota de € 50.000,00. Suponha que no momento da celebração do

contrato de sociedade, os André e Bárbara apenas desembolsam 80% do valor das

respectivas entradas, tendo-se vinculado no contrato a pagar o restante no prazo

de seis meses.

a) Se André não pagar os restantes 20% na data acordada, poderá o respectivo

pagamento ser exigido, na totalidade, a Daniel? E poderão os próprios credores da

sociedade exigir a Daniel esse mesmo pagamento?

b) Poderá o contrato de sociedade proibir os sócios de transmitirem as suas

quotas?

c) A sua resposta às alíneas anteriores seria a mesma se a sociedade revestisse a

forma de sociedade anónima?

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XIII- António, Bernardo e Carlos pretendem constituir uma sociedade por

quotas destinada ao exercício de actividade de restauração. O capital social será de

€ 15 000 correspondente a três quotas, no valor de € 5 000 cada, pertencendo uma

a cada um dos sócios.

No pacto social, pretendem, entre outras, inserir as seguintes cláusulas:

1.ª – O sócio Bernardo fica excluído de participar nos lucros da sociedade.

2.ª - As entradas dos sócios em dinheiro, estando nesta data realizadas pela

metade, serão realizadas quanto ao restante no prazo de seis anos.

3.ª – O sócio António terá direito a receber anualmente da sociedade, uma quantia

de € 2500, independentemente dos resultados que vierem a ser apurados.

4.ª - Será proibida toda e qualquer cessão de quotas.

Pede-se: Aprecie a legalidade das cláusulas do pacto social.

XIV - Ana, Bento e Carlos pretendem constituir uma sociedade por quotas

destinada à prestação de serviços de arquitectura, admitindo vir também a abrir uma

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loja de decoração de interiores. O capital social será de 6 000 euros, correspondente

a três quotas de igual valor, pertencendo uma a cada um dos sócios.

No pacto social, pretendem, entre outras, inserir as seguintes cláusulas:

1.ª - A sociedade terá por objecto a prestação de serviços de arquitectura, podendo,

no entanto, dedicar-se a qualquer outra actividade que os sócios pretendam.

2.ª - Poderão ser exigidas aos sócios prestações suplementares, em montante a

deliberar em assembleia geral.

3.ª- Toda e qualquer cessão de quotas depende do consentimento da sociedade.

4.º- Cada sócio terá direito a receber, anualmente e no mínimo, 600 euros a título de

lucro.

Pede-se:

Aprecie a legalidade das cláusulas do pacto social.

XV - Ana e Bento pretendem constituir a sociedade “LEXUS, Lda.”, com o capital

social de 6 000 euros, tendo por gerentes ambos os sócios.

No pacto social, desejam inserir, entre outras, as seguintes cláusulas:

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1.ª- Ana responderá ilimitadamente por dívidas sociais, responsabilidade essa que é

subsidiária relativamente à sociedade.

2.ª - Bento terá direito a receber anualmente da sociedade a quantia de 1 000 euros,

independentemente dos resultados que vierem a ser apurados.

Aprecie a legalidade das cláusulas do pacto social.

XVI - António, Bernardo, Carlos e Eduarda pretendem constituir uma sociedade

comercial por quotas cujo objecto é a venda de material informático e prestação de

serviços conexos.

No pacto social pretendem inserir, entre outras, as seguintes cláusulas:

1.ª

O sócio Bernardo responde solidária e ilimitadamente com a sociedade por dívidas

que esta venha a contrair.

2.ª

A sociedade terá a sua sede em lugar a designar futuramente pela gerência.

3.ª

O capital social a realizar em dinheiro é de 8.000 euros e corresponde à soma de

quatro quotas de igual valor, pertencentes a cada um dos sócios. Até à data da

celebração do contrato de sociedade, cada um dos sócios realizará apenas metade

da sua entrada.

4.ª

O sócio António não participará nos lucros, e a sócia Eduarda terá direito a receber

anualmente, a título de lucros 5.000 euros.

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Aprecie a validade de cada uma das cláusulas do pacto social.

XVII - A sociedade "Bartomeu Zarco - Comércio de Tapeçarias, Lda.", regularmente

constituída e registada em Janeiro de 2004, dispõe do capital social de 60 000

euros, dividido em três quotas iguais, pertencentes a António Dias, Bartolomeu

Zarco e Carlos Afonso. Na data da outorga do contrato de sociedade, cada um dos

sócios realizou 50% da sua quota. O capital em falta seria realizado em dinheiro,

numa única prestação, a vencer três anos após aquela data.

António Dias e Bartolomeu Zarco realizaram as suas prestações, mas Carlos Afonso

ainda não o fez, apesar de interpelado para o efeito.

a) Na data da outorga do contrato social qual era o valor do património da

sociedade?

b) Sabendo que, em 31 de Dezembro de 2007, as contas da sociedade

apresentavam a reserva legal realizada em 6 000 euros, que o património líquido é

de 30 000 euros e que não houve qualquer alteração ao pacto social, diga se os

sócios podem deliberar distribuir lucros.

c) Na hipótese de serem distribuídos lucros, poderá Carlos Afonso receber a sua

quota-parte?

d) Pretendendo António Dias ceder a sua quota a Bartolomeu Zarco, carece do

consentimento da sociedade para esse efeito?

XVIII- A, B, C, D e E são sócios de uma sociedade anónima que tem por objecto a

actividade de transporte de mercadorias.

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A sociedade foi constituída em 2005, com o capital social de 100 000 euros,

tendo ficado convencionado que no momento da celebração do contrato de

sociedade, cada um dos sócios realizaria apenas 50% do valor das suas entradas,

devendo os restantes 50% ser realizados no prazo de quatro anos. No entanto, D não efectuou até hoje a realização da parcela em falta, apesar de interpelado pela

sociedade para o fazer.

a) Na data da outorga do contrato social qual era o valor do património da

sociedade?

b) Tendo esta sociedade optado quanto à sua administração e fiscalização pelo

modelo clássico, poderá a mesma atribuir a sua administração a um administrador

único?

c) Poderão os credores sociais exigir ao sócio A a realização da entrada em falta do

sócio D?

d) Na hipótese de serem distribuídos lucros, poderá D receber a sua quota-parte? E

poderá participar plenamente nas Assembleias- gerais desta sociedade?