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' 1..:., t·• .1'> "I •'o Pto •. ,il;; Ena. -snra.' · :. 23126 D. Maria, Margat'ida rerreira. Rua das Flores. 281 P O R T O 4 DE ABRIL DE 1970 ANO XXVII- N." 680- Preço 1$00 OBRA DE RAPAZES, PARA RAPAZES, PELOS RAPAZES ' 1 CASA GAIATO * 01 souu 3j VALIS oo COIUIO PAlA PAÇO DE sousA * AvENÇA * OuiNZENÁIIIO 1 uoAcc;io e ADMINISUAÇ o. oo fuNoaooa. V()_ /. _ O R * . I 101 ' 0• PAD.I CA.Los · cOMPOSlO 1 IMPREsso NAS EscoLAS GRÁFICAS DA CASA DO GAIATO P"OPRIEDADE DA aRA , DA UA DIIIICJO A Vida é o tema. A Natu- reza colabora: É Primavera. Se o Natal muito nos diz à sen- sibilidade, a Páscoa é a Festa da Inteligência. Naquele, cele- brar-se o nascimento do Filho de Deus para uma vida conde- nada à morte. Nesta, é a Vida que ressurge vitoriosa sobre 'a morte, invencível para sem- pre. Assim com Cristo - assim para os homens. Ele é <<o primogénito de toda a criatura» que veio dar sentido à vida de todo o homem que vem ao mundo: A vida é para a Vida. Para nós, mais do que para. Ele. Porque Ele é essencialmente Vida. Ao homem a Vida não pertence por direito próprio. Foi a morte de Cristo segundo a natureza humana que lhe concedeu tal direito. Deus amou de tal matneira os homens qu2 não hesitou em dar-lhes o Seu Filho. Como não havemos nós de amar os homens?; o mundo que Deus nos deu 1 pródigo de sinais da Sua presença providencial, amorosa?; a vida, que uma vez temperada por Cristo, fermentada por Ele, é a rota da Vida?! O Cristo histórico e a perenidade da Sua s inconsumpta depois de vinte séculos, são convite à inteligência do homem e estimulo par a que ele além dos factos em busca da pro- funda explicaçJo de tão misteriosa presença. O mistério é este: Cristo foi, sim. Mas é e serã sem fim! É e será connosco. Hoje como «naquele tempo», Ele «passa por entre os homens, fazendo o bem». Não O vemos, não O a-cotovelamos no me ,o da turba, mas Ele está. Podemos senti-lO. Apren- de-se a senti-lO dos Homens de Fé, os vitoriosos do mundo na luta por ele, não contra ele. Os Homens de sabem a recta hieraorqui a da vida e da Vida. Amando a Vida, dão à vida o exacto valor - valor para gastar, valor para perder, se fôr tal o preço para ganhar a Vida. Amando a Vida, amam a vida-, como quem une no mesmo Numa família como a nossa não parece anormal que, vez por outra, haja pequenas desavenças entre os filhos. Porém, é raro, mesmo muito raro, haver zangas a sério em que tenhamos de intervir. Ora hoje eu vi uma das tais com pancadaria. Vi e fiquei espantado não pelo inédito como pela idade dos zaragateiros. Eram eles o Armindo e o Amândio que têm entrado nas «Vistas» e são ainda da .categoria dos «batatas». De rastos, ao murro e pontapé, eles se mimoseavam recípro- camente perante uma razoável assistência com um pouco mais de idade que os vigiava e incitava ao mesmo tempo. Como as for- ças eram iguais, esperei pacíficamente que aquilo acabasse sem ter que intervir. A coisa acabou quando o Amândio se deu por Vlencido. Verifiquei então não ter havido motivo para tal proceder. Aquilo era apenas uma demonstração a sério, uma imitação do «Santo» ou qualquer ,cowboiada que frequentemente se vê quer na T. V. quer nas centenas de publicações para a juventude que por todos as cantos e também por Casa. CONTINUA NA TERCEIRA PAGINA .afecto o fim e o meio de o atingir. Distinguem, mas não decepam l--------------------------...:;_ ________ ...;;_...;_ __ a unidade em que a morte é a transição feita por trevas entre -o primeiro e o acto definitiv·d de todo o viver espiritual. Por isso nada é triste na. vi da enquanto conducente à Vida. O Homem de sabe que é assim. Experimenta-o na sua CONTINUA NA TERCEIRA PAGINA Era uma vez um homem que veio duma pequena aldeia. Bo- tas grossas, chapeu preto; de- sembarcou em Luanda. Tomou o rumo do centro. Montou ne- gócio. Ficou rico. E o coração ficou calhau... Como que toda a dureza de sua vida se con- -centrou ali. «Não crianças abandonadas. Não pobres. Não problemas na vida dos outros». mais lucro. E mais dureza. Não conta . a Eternida- de. Os Nativos nasceram para o servir ... São seres que raste- e a quem ele pode pisar. Vais num caminho torto, meu amigo. Abre os teus olhos. Abranda o teu coração. Passei da sua janela, e antes que eu estendesse a mão, deix<;>u cair uma migalha - para se libertar da minha presença incómoda. Amigo, deitei a tua migalha no moinho e a não a tritu- ra. Abre o teu coração. O mundo é belo quando nele acolhemos os outros. XXX Fui a Max:inde na companhia do Pároco ver os três filhos daquelas tres «santas». Santas com muitos filhos doutros pais. Vidas gastas e tristes. Habitam Palhotas. Não têm o suficiente. Não conheço ala- vancas sociais capazes de as libertar. Vou levar os três pequenos. Elas e os outros ficam. Vou tapar três buracos em três palhotas sem tecto. Serâ no entanto, menos mal - on- de não podemos pôr o remédio todo. Padre Telmo O BELO EDIFIC!O DAS ESCOLAS DA NOSSA CASA DE BENGUELA. como agora andãmos atarefados com as obras do nosso Lar. Não mãos a medir, nem momento a perder. A casa tem de estar pronta para ser benzjda e ocupada no domingo de Bom Pastor- 12 de Abril - às quatro horas da tarde. Em nosso auxílio têm vindo grupos de militares voluntários do RAL 2. Cada um tem feito o que sabe e o que pode. Que cPm a lição de boa vontade que nos vêm trazer, eles colham a lição da nossa heroicidade. Têm sido esforços conjugados a Bem da Nação. As Senhoras continuam de facho aceso e temos tido pre- senças muito discretas e muito amigas. Voltamos ao tempo das cruzadas. Convidamos todos os que se sentem da nossa grande famí- lia para nos juntarmos com nossos Bispos e Padres da Rua à volta do altar e com a Santa Missa darmos· Graças a Deus. Caberemos todos em casa e o' lanche que as senhoras andam a pre- parar chegará. Se quiseres trazer o teu lanche familiar, será mais uma nota simpática de convívio. Espero a presença dos quase cem rapazes que até hoje passaram pelo nosso Lar de Coim- bra e que têm dado boa conta graças ao Eles são um grande testemunho. E assim todos convidados e todos enten- . didos, adeus até ao nosso encontro na tarde de CONTINUA NA SEGUNDA PAGINA

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Pto • . ·~: ,il;; Ena. -snra.' ·:. 23126 D. Maria, Margat'ida rerreira. ~· Rua das Flores. 281 P O R T O

4 DE ABRIL DE 1970

ANO XXVII- N." 680- Preço 1$00

OBRA DE RAPAZES, PARA RAPAZES, PELOS RAPAZES ' 1 CASA GAIATO * ,A~O 01 souu 3j ~ VALIS oo COIUIO PAlA PAÇO DE sousA * AvENÇA * OuiNZENÁIIIO 1 uoAcc;io e ADMINISUAÇ o. oo fuNoaooa. V()_ /. _

O R * . I 101'

0 • PAD.I CA.Los · ~ cOMPOSlO 1 IMPREsso NAS EscoLAS GRÁFICAS DA CASA DO GAIATO P"OPRIEDADE DA aRA , DA UA DIIIICJO •

A Vida é o tema. A Natu­reza colabora: É Primavera. Se o Natal muito nos diz à sen­sibilidade, a Páscoa é a Festa da Inteligência. Naquele, cele­brar-se o nascimento do Filho de Deus para uma vida conde­nada à morte. Nesta, é a Vida que ressurge vitoriosa sobre 'a morte, invencível para sem­pre. Assim com Cristo - assim

para os homens. Ele é <<o primogénito de toda a criatura» que veio dar sentido à vida de todo o homem que vem ao mundo: A vida é para a Vida. Para nós, mais do que para. Ele. Porque Ele é essencialmente Vida. Ao homem a Vida não pertence por direito próprio. Foi a morte de Cristo segundo a natureza humana que lhe concedeu tal direito.

Deus amou de tal matneira os homens qu2 não hesitou em dar-lhes o Seu Filho. Como não havemos nós de amar os homens?; o mundo que Deus nos deu1 pródigo de sinais da Sua presença providencial, amorosa?; a vida, que uma vez temperada por Cristo, fermentada por Ele, é a rota da Vida?!

O Cristo histórico e a perenidade da Sua s eduçã~ inconsumpta depois de vinte séculos, são convite à inteligência do homem e estimulo par a que ele vá além dos factos em busca da pro­funda explicaçJo de tão misteriosa presença. O mistério é este: Cristo foi, sim. Mas é e serã sem fim! É e será connosco. Hoje como «naquele tempo», Ele «passa por entre os homens, fazendo o bem». Não O vemos, não O a-cotovelamos no me ,o da turba, mas Ele está. Podemos senti-lO. Apren­de-se a senti-lO dos Homens de Fé, os vitoriosos do mundo na luta por ele, não contra ele.

Os Homens de Fé sabem a recta hieraorqui a da vida e da Vida. Amando a Vida, dão à vida o exacto valor - valor para gastar, valor para perder, se fôr tal o preço para ganhar a Vida.

Amando a Vida, amam a vida-, como quem une no mesmo

Numa família como a nossa não parece anormal que, vez por outra, haja pequenas desavenças entre os filhos. Porém, é raro, mesmo muito raro, haver zangas a sério em que tenhamos de intervir.

Ora hoje eu vi uma das tais com pancadaria. Vi e fiquei espantado não só pelo inédito como pela idade dos zaragateiros. Eram eles o Armindo e o Amândio que já têm entrado nas «Vistas» e são ainda da .categoria dos «batatas».

De rastos, ao murro e pontapé, eles se mimoseavam recípro­camente perante uma razoável assistência com um pouco mais de idade que os vigiava e incitava ao mesmo tempo. Como as for­ças eram iguais, esperei pacíficamente que aquilo acabasse sem ter que intervir.

A coisa só acabou quando o Amândio se deu por Vlencido. Verifiquei então não ter havido motivo para tal proceder. Aquilo era apenas uma demonstração a sério, uma imitação do «Santo» ou qualquer ,cowboiada que frequentemente se vê quer na T. V. quer nas centenas de publicações para a juventude que há por todos as cantos e também cá por Casa.

CONTINUA NA TERCEIRA PAGINA

.afecto o fim e o meio de o atingir. Distinguem, mas não decepam l--------------------------...:;_ ________ ...;;_...;_ __ -=.,_;......~----a unidade em que a morte é a transição feita por trevas entre -o primeiro e o acto definitiv·d de todo o viver espiritual. Por isso nada é triste na. vida enquanto conducente à Vida.

O Homem de Fé sabe que é assim. Experimenta-o na sua

CONTINUA NA TERCEIRA PAGINA

Era uma vez um homem que veio duma pequena aldeia. Bo­tas grossas, chapeu preto; de­sembarcou em Luanda. Tomou o rumo do centro. Montou ne­gócio. Ficou rico. E o coração ficou calhau... Como que toda a dureza de sua vida se con­-centrou ali. «Não há crianças abandonadas. Não há pobres. Não há problemas na vida dos outros». Só mais lucro. E mais dureza. Não conta. a Eternida­de. Os Nativos nasceram para o servir ... São seres que raste­jam.~ e a quem ele pode pisar.

Vais num caminho torto, meu amigo. Abre os teus olhos. Abranda o teu coração.

Passei debai:~o da sua janela, e antes que eu estendesse a mão, deix<;>u cair uma migalha - para se libertar da minha presença incómoda.

Amigo, deitei a tua migalha

no moinho e a mó não a tritu­ra.

Abre o teu coração. O mundo só é belo quando

nele acolhemos os outros.

XXX

Fui a Max:inde na companhia do Pároco ver os três filhos daquelas tres «santas». Santas com muitos filhos doutros pais. Vidas gastas e tristes. Habitam Palhotas. Não têm o suficiente. Não conheço ala­vancas sociais capazes de as libertar.

Vou levar os três pequenos. Elas e os outros ficam.

Vou tapar três buracos em três palhotas sem tecto. Serâ no entanto, menos mal - on­de não podemos pôr o remédio todo.

Padre Telmo

O BELO EDIFIC!O DAS ESCOLAS DA NOSSA CASA DE BENGUELA.

Nunc~ como agora andãmos atarefados com as obras do nosso Lar. Não há mãos a medir, nem momento a perder. A casa tem de estar pronta para ser benzjda e ocupada no domingo de Bom Pastor- 12 de Abril - às quatro horas da tarde.

Em nosso auxílio têm vindo grupos de militares voluntários do RAL 2. Cada um tem feito o que sabe e o que pode. Que cPm a lição de boa vontade que nos vêm trazer, eles colham a lição da nossa heroicidade. Têm sido esforços conjugados a Bem da Nação.

As Senhoras continuam de facho aceso e temos tido pre­senças muito discretas e muito amigas. Voltamos ao tempo das cruzadas.

Convidamos todos os que se sentem da nossa grande famí­lia para nos juntarmos com nossos Bispos e Padres da Rua à volta do altar e com a Santa Missa darmos· Graças a Deus. Caberemos todos em

casa e o' lanche que as senhoras andam a pre­parar chegará. Se quiseres trazer o teu lanche familiar, será mais uma nota simpática de convívio.

Espero a presença dos quase cem rapazes que até hoje passaram pelo nosso Lar de Coim­bra e que têm dado boa conta graças ao Se~or. Eles são um grande testemunho.

E assim todos convidados e todos enten- . didos, adeus até ao nosso encontro na tarde de

CONTINUA NA SEGUNDA PAGINA

Olhava-se na esperança, e ainda tudo nos dizia que Páscoa vinha loq­ge, porém o palco da alegria, já construído, era formado por um elenco, cujo labirinto de alegrias, fazia perderem-se, as pessoas de juízo. As festas a inda vêm longe, e já as crianças cantam e riem, fora de si.

Mas não só elas. A própria nature­za também parece qu" ri. 0 8 melros esvoaçam no céu, os pardais cantam o dia todo, aparentando tudo uma tal felicidade, que até a nós, mais velhos, afoota no íntimo. A Páscoa vem vindo sempre na cadência monótona do d :a a dia. Passa. Mas a alegria continua ...

É tão belo, mais tarde, vê-los aos grupi.nhos nos cantos, jogando o <<par e pernão» e ao «adivinha» naquele rítmo acelerado, enfeitado de g a r r i d a s p L;~ipécias e depois a sólida amizade entre el ·s que perma­nece intacta ao desgaste do tempo. Podem eles andarem separados muito tempo ou seguirem linhas diferentes, mas a partir do momento em que se juntam são amigos. Esta é uma característica dos nossos petizes: «o permaneoer sempre ];gados».

Porém a Páscoa vem felizmente para todos nós. As amendoas são distribuídas igualmente por todos, mas corno sabem bem, há sempre quem as não conserve. Foi por isso que, no dia imediato à Páscoa, encon­trei um batatinha a dizer aos outros: <<11\)ão há direito, vamos pedir bis para que se faça mais páscoas este ano».

X X X

FESTAS- O cântaro tanta vez vai à fonte que acaba por lá deixar a asa.

Isto diz o 7.é povinho na sua sim­plicidade austera, e não se engana. Tanto se removeram as datas das nos­sas festas que acabaram por se apro­ximlllr da Páscoa. E ass im 22 de MM"ço lá foi a última. Os nossos aotores adoçados pela alegria de ter, m sido bem sucedidos e pelo pensamento que os lev,a o aproximar da Páscoa, regressam a casa risonhos e cantarolantes; dormem até ao meio dia e quando aco. dam acompanha-os de novo a boa disposição e descontração suficiente para chegarem ao pé do colega e: «Ó manecas queres ... , afia>>, deixando o outro em lamentações.

Rodrigues Raimundo

A benção e inauguração do novo Lar do Gaiato de Coimbra, está já marcada para o dia 12 de Abril.

Decerto que ao tomardes conheci­m.;nrto desta nova, muitos de vós, em especial muitos coninbrioenses por estarem mais perto de nós, não ficastes indiferentes. Concerteza que surgiu logo um certo entusiasmo, tendo alguns até, já Pv·nsado na pos­sibilidade de estarem connosco nesse dia.

Pois bem. É t;ambém à volta do entus·asmo por esta mesma nov·a, reinante entre nós, os rapazes desta Casa, que me proponho a falar-vos um pouco.

Como é natural, há já algum tampo que temos conhecimento desta notícia.

De então para cá tem sido um laborar constante, tendo sómente um fim em vista: o de deixar a nova

casa, o mais coonpleta possível até 12 de Abril.

É que apesar de não faltar muito, há ainda bastante que farer. A não ser um 'trabalho ou outro mais im­portante, há ainda muitas coisas a fazer. E todas estas coisitas juntas, nos vão ocupar bastante tempo,

É claro, contamos com as férias da Páscoa, para darmos um arranque que poderá mesmo ser o arranque final para a meta.

Nesse período de tempo não haverá então mãos a medir. Temos todos os estudantes livres e então seremos mais a trabalhar. Se bem que alguns há já que tendo por vezes uma ou outra tarde livre de aulas, não dei­xam de dar o seu contributo de mão de obra.

Todos se têm esforçado e procuram esforçar, por darem o seu melhor. É natural que teremos de fazer sa­crifícios, mas sabe~os bem por quem os fazemos: por nos mesmos.

É pois n t--ste clima de entusiasmo, esperança, alegria e trabalho, que vamos laborando, para mais tarde podermos colher os frutos que agora com a vossa ajuda vamos semeando.

Francisco José H.enriques

Notícias da do Lar

Conferência do Porto

Cá está o Zé a contar-vos tristezas da miséria ..

Cada pobre que vou visitar, é mais um problema que temos para resol­ver. Além da Senhora Palmira, que tem seis filhos como vós já sabeis, temos o caso da Senhora Aida, que embora só tenha um filho, e já com desasseis' anos, vai ser um caso bicudo para se conseguir limpar aquele beco, porque é mesmo um beco sem saída. E ela d~.:ve entrar brevemente no hospital porque tem uma cirrose. O marido é muito surdo e às vezes a cabeça não regula muito bem, até já esteve internado. Estão a dar pelo quarto (se é que se pode chamar quarto àquela pocílga) 200$00 por mês. • E temos outra pobre na rua da Banharia, nas mesmas condições.

Que poucos escrúpulos, que seres sem coração, são esses senho,rios! ' Precisávamos de duas casas, onde estes infelizes pudessem viver com um pouco de conforto. Mas aonde as conseguir? ...

Que Deus nos ajude e ilumine .. Desde o Natal poucos donativos tive­mos e nós só podemos dar na medida em que recebemos. No mês de Fevereiro só recebemos um donativo de 20800 para a nossa conferência, donartivo que não falta todos os meses.

«Em acção d ,· gra r~ as aos Sagrados Corações 8e Jesus e Maria para que continue a guardar o meu filho como mo guardou no ultramar». Estas linh86 acompanham sempre estes donativos.

Muito obrigado minha Senhora, e que Deus guarde o seu quori<.lo filho e o guie sempre para o caminho do bem.

Não se esqueçam, bons amigos, do pedido que fiz na minha primeira crónica. Aquelas crianças precisam d,J cama, precisam de pão, e a mãe não tem para lhes dar tudo quanto eles precisam.

Nunca vos fará falta o que deres àqueles que nada têm.

Estava a terminar esta crónica quan<.lo recebi uma carta de S. Ma­mede de Infesta, oferecendo-nos um divã e logo em seguida um telefon~ma do Largo do Priorado de uma Senhora

que não quis dizer o seu nome: uma canna com colchão novo e alguma roupa

Deus lhes pague bons amigos e os ajude para nos poderem ajudar a ajudarmos os nossos pobres.

Se Deus quiser na próxima já fala­rei dos arranjos da minha pobre. Espero já ter muitas graças para dar a Deus, e muito que agradecer aos nossos benfeitores.

] os é Maria C unha

X Notícias da Conferência

de Paço de Sousa As migalhas continuam a surgir

de todos os lados, grar: as a Deus. Um rand, da África do Sul, pela

mão de um ca&al, dt•voto da «Cam­panha de Assinaturas». Mais 10$00, de Aida. E o dobro de Rio de Moínhos -Ribatejo. E 120$00 da Horta, <<2°. semestre de 1969». Um subscritor de categoria! Murtal: «Do que sobrar, como fica aí à mão, o Júlio metlli 100$ no saco da Conferência ... ~ Mais do Porto um ~xcedente do pagamento da assinatura. E mais outro, da as­sinante 19034. E outro, de Gouveia. E mais 20$00, de Lamego. O mesmo, da assinante 16585. Mais um subscri­tor e velho amigo com 60::;;00 «para o 1°, S()mestre de 1970». Ú simplici­dade! Mais 50$00 da Invicta. Mais 20$00 idem, da assinante 16419. E outra' migalha- proveitosa, de Silvina.

A alegria Pascal sempre será proporcionada à penitência da preparação. A Ressurreição não seria o máximo esplendor da Vida, se não fora previa­mente a morte: Para o homem o contraste é necessário. O sabor depende do tempêro e este, de si mesmo, é por demais pronunciado, para, em si me3-mo, agradar. A consolação do Amor é fruto do amor- sacrifí­cio. Colhe quem semeou. Reco­lhe quem deu.

Por isso estas colunas são cortejo de alegria, de consola­ção, de vitória porque procis­são de penitência, obra do Amor no coração dos homens, que «o deixam rasgar em vez de rasgarem suas vestes», para que, mediante algum sacrifício, seus Irmãos possam viver me­nos sacrificados. «Em humil­dade e contrição» seguem os que nela se incorporam. Por isso mesmo em exultação a revivem quando a revêem agora.

Casas por inteiro: Quatro. Uma do Dundo, a cheirar, não aos di·amantes que a terra dá e a Empresa vende; mas a co­rações diamantinos que por lá vivem, vitoriosos sobre a ten­tação de se tomarem em pedra - que outra mais dura que o diamante, não a há.

Outra da Rua Duque de

E mais 30$00, do Funchal. Mais 40$00 da assinante 17022, que nunca f·alha! E 100$00 de Santiago de Cacém «que desejaria mandar muito mais, mas sou um modesto empregado de

. escritório da província, com um filho a estudar em Lisboa, no Técnico; só Deus sabe os saorífi<eios que faço para de poder ser algaém na vida». Quando é que será possível fazer terminar angústias deste género, estimulando não só as aptidões . e oapacidades, mas dando a todos a possibilidade de um lugar ao sol? Quantos dramas por esse país fora de rapazes e homens que poderiam­ser utilíssimos nesta fase do mundo em que o progresso se conta por décimos de segundo e por culpa das cirounstânci·as se sentem frustrados? E, quando não, «SÓ Deus sabe os sacrifícios» que passam - (') sofrem heroicamente. Este é um quadro negro que pouco se modificou, desde que o vivemos e sofremos nos bancos da escola noturna. Por isso, prezado Amigo, que Deus lhe dê Força e Coragem. E como a Esperança é uma virtude , que ao menos os filhos dos nossos filhos não sofram este impacto doloroso. E já não é pedir ou exigir demais. O progresso só conta, só vale, se os homens - todos os homens -tiverom possibilidades de se realizar, De contrário, os números, os índices, de que os economistas se ufanam (quando não gemem ... ), são uma contradição flagrante, ;para não irmos mais longe. Esta é uma vurdade dura. É. Mas está provado, de muitas e varilil.das formas, que um país só vale o que valerem os seus filhos ...

JúLIO MENDES

G O Loulé, na Capital. Outra entre­gue no nosso Lar de Lisboa, no sábado anterior ao Na tal. A última da Rua do Bonfim do Porto, com muita beleza na intenção e muita delicadeza no dar.

Passemos aos Pessoais. Nada de novo. Felizmente os da HICA não se derreteram na fusão. Quem dera aglutinassem os das outras ex-Companhias autónomas! Temos, pois, este Pessoal com 2080$00, isto de 1969, mais 5704$70 já neste ano. O que não apareceu foi a costumada achega da Admi­nistração que, desde o princí­pio, semestralmente, igualava a contribuição no mesmo perío.. do, dos seus funcionários. Aqui fica o alerta a ver se não se perde no colosso resultante este carácter individual, tão simpático e abençoado, da · ex-HICA.

Pessoal do Grémio da Pani­ficação do Porto com quatro presenças que somam 580$00. O da Caixa Textil 903$00 re­lativos a Novembro, Dezembro e Janeiro passado. Mais 1854$, «nesta quadra (Natal), lamen­tando ser tão pequena em re­lação ao muito que gostariam de oferecen>.

Vêm agora ,Os Avulsos: Cem,

Cribuna

de eoinlbra cont. da PRIMEIRA Página

12 de Abril no Lar do Gaiato de Coimbra - aos Loios.

XXX

Logo no dia seguinte, 13~ nos encontraremos de· novo no Teatro Avenida de Coimbr~ com os amigos do Centro e depois com os de cada terra da nossa jornada: Figueira da Foz, Leiria, Tomar, Cantanhede, Castelo Branco, Fundão, Covi­lhã, Pombal, Lousã e espera­mos a-cabar em Coimbra.

Enquanto em Coimbra as obras nos trazem atarefados,. em Miranda do Corvo não se anda menos preocupado com os ensaios para as festas. São todas as noites até às tantas!' E o programa vai ser um sucesso! Se por tua culpa não-· tomares parte, vais ficar muito. arrependido.

Padre Horácio·

de Ois da Ribeira; idem, da. R. José Estevão - Lisboa. Vin­te por alma de Maria Augu.sta .. Outra vez cem do assinante 26543. Dois mil e quinhentos. de uma Professora; e que «Deus. me ajude a pagar-LHE assim,. naqueles que são a Sua ima-· gem, o muito que Ele me tem dado». Vinte da Rua Monte da Bela. O mesmo «para o que: fõr mais necessário». Mil da Ajudà - Lisboa; idem de uma Assinante do Seixal, «do au­mento que teve». Outro «pri­neiro aumento»: 200$00. Cin,... coenta da Rua Alexandre Her-· culano - Lisboa. Vinte da. Mãe do Rui. Cem de Júlia Hil-­da. Dez vezes mais de <mma. família que admira, a vossa. Obrem. Cincoenta, de um Amé-· rico, de Espinho. E 9.202$40: retirados em 22 de Janeiro pas­sado do mealheiro do Teatro­Sá da Bandeira.

Para não alargarmos dema,... siado, vam·os dar a palavra só aOs vários que contibuem para a mesma casa. São só dois: O Licenciado do costume (<<Cla­mor no deserto» - escreve ele) para a Casa dos ditos. Nem parecemos terra de doutores!. E uma Fernanda de Setúbal,. também velha conhecida, com 240$00 para a Casa de N. S. do Canno.

Cont. da PRIMEIRA página

Pela idade dos contendores não me parece que fosse na TV, pois só lá vão aos programas infantis e julgo que nestes não se mete daquilo. Também não sabem ler, mas vêem as histó­rias aos quadradinhos e a ima­gem visível é captada com avi­dez pela sua imaginação gran­demente fantasiosa, sem que possa ainda discernir entre, o que é bom e mau.

Donde, pois, captam eles es­tas coisas, não sei.

Sei, sim que toda esta pres­são de violência, morte, depra­vação, roubo, aventura que se respira e ·vê por todo o lado e por todas as formas de divul­gação, não poupa os mais avi­sados nem os mais maduros e que para tudo isto não surgiu ainda solução. Não porque se não .tenha estudado em profun­didade o problema, nem por se não ter escrito sobre o assunto. Recordo, por exemplo, a reu­nião extraordinária da «Asso­ciação Mundial dos Amigos das Crianças» que se realizou em Monte Cario em 1968 e na qual ilustres sociólogos, pedagogos, pediatras, psicólogos, psiquia­tras e educadores se debruça­ram ex?-ustivamente sobre o complexo problema das influ-

Queríamos ter tempo! Com a.s Festas não existem horas vagas. É um mundo de traba­lho e trabalhos.

Queríamos ter espaço! Não chegava outro «FamosO>)- só para a ccCampanha>), Tanta matéria válida, o ortuníssima de devotos da primeira linha!

Paciência. Até num respigar a jacto,

sem preocupa-ções de coorde­nação, é tão forte a luz, que mesmo coraçõ.es de pedra se transfonnariam em hossanas ao Pai do Céu, que produz nos homens maravilhas sem conta, por esse mundo além.

Do Minho ao Algarve, de Angola a Moçambique, da Africa do Sul à América do Norte, da França à Alemanha é um exército aguerrido, pujan­te de Vida! Por armas - a Cruz. Por archote - a Paz. Exército pacífico, num mundo convulso, mas sedento de Amor.

O monte de correspondência, a variedade de tons, cambi­mtes próprios da disposição d'alma de todos e cada um, são quadro difícil senão impos­sível de descrever - quanto mais de comentar! E dai, como é óbvio, nada como dar à es­tampa - e na integra - o fogo que lavra no coração dos nossos correspondentes - os verdadeiros obreiros da «Cam­panha>>.

Ora ouçam:

ências dos meios audio.visuais na infância.

Nela se pediu aos governos de todos os paises que, para além da boa vontade em limpar estes meios de todas as cenas de «depravação, de violência, de imoralidade social», lhes ~ompetia também fixarem leis rigorosas contra os «produto­res ignorantes e movidos ex­clusivamente por fins comer­ciais>> que estão a «exercer na formação do carácter de mi­lhões de crianças» uma perni­ciosa influência.

Também recordo artigos e livros sobre estes assuntos e está bem viva na minha memó­ria a palavra de alguém, alertando a consciência dos homens para esta realidade vi­vida pelas crianças dos nossos dias: «As crianças de hoje apren­dem a matar antes de apren­derem a len>.

Porém, estas verdades que

<<Pertenço ao númerQ daque­les que se congratulam com o êxito alcançado na Campa­nha de promover novos as­sinantes de «0 Gaiato».

«É certo que pouco posso fazer nesta Campanha, tão proveitosa e útil.

«Apesar de tudo, consegui umas poucas assinaturas e sem me preocupar com impressos ou listas; fujo um pouco à organização e uso este processo dire.cto (uma carta), na certeza de ser de igual modo proveitoso.

<<A lista segue junto a esta e pela cobrança dos mesmos fico eu responsável.

«Em determinada altura .con­forme, (não já) mais um pouco adiante, para que a leitura do Jornal .comece a criar estímulo e interesse, eu procede­rei à recolha da importância referida a cada assinante e depois remeterei directa­mente para o Jornal.

«Creio que este processo evita massadas e atrasos, ou até por vezes grandes descuidos!

«Eu concordo plenamente .com a decisão tomada: a~sinan­tes que durante mais de dois anos recebem o J ornai e não satisfazem a assinatura, e nem sequer se manifestam, creio que são apenas um encargo, uma vela a mais; estou mesmo certa que o J ornai só serve para papel de embrulho, ou pôr no cesto do lixo.

ninguém nega, tal a evidência, não encontraram ainda por par­te dos governos ou das institui­ções ou das famílias uma preocupação eficiente que os levasse a unir-se em campanha aberta contra esta corrupção e deformação da personali­dade dos nomens de amanhã. É verdade que se tem feito alguma coisa para se debelar este mal, mas também é ver­dade que são tentativas isola­das e muito tímidas em relação à gravidade dos problemas.

XXX

Perto da Tipografia um pequeno grupo de visitantes vêem o António Angolano e cham:am-no.

Trocam umas palavras e oferecem-lhe umas moedas.

Com um sorriso delicado o rapaz agradece mas não aceita. As pessoas insistem para que

«Faço votos para qUe Deus Nosso Senhor e Pai continue a proteger a Obra e a dar aos seus continuadores muita fé e coragem, para tomarem sobre os seus frágeis ombros huma­nos, tão pesado· encargo, preo­cupações, canseiras, angústias e responsabilidades.

«Recomendo a intervenção de V. sobre a assinatura de F ., que acolheu o meu pedido com o maior interesse e boa vontade!

«Talvez esta assinatura vos traga novos assinantes.

«Eu não quero ficar por aqui. Vou tentar de seguida conse­guir mais alguns assinantes.

«Não tenho só em vista a parte material; mas, sim, con­tribuir para que a Obra seja mais conhecida em profundi­dade.

«Desculpe esta longa carta, própria do meu temperamento franco e espontâneo.»

Fiquemos por aqui. E demos graças a Deus, pois já dobrá­mos o primeiro milheiro de novos assinantes. E há-de ser mais e mais! Com este ímpeto não tardaremos, com certeza, ao segundo milheiro. Está nas mãos do Altíssimo. E nas vos­sas mãos também. Em ' frente! Um abraço em Cristo do

Júlio Mendes

ele as receba, mas ele resiste. Voltam a insistlr e, o sorriso do rapaz vai-se apagando.

Tanto teimaram que o rapaz, já sem sorrir, acaba por aoei­tar.

Observava esta cena, muito frequente cá em casa, e entrei nas oficinas a pensar no quanto, a melhor das intenções das pessoas, ferem a dignidade dos rapazes.

Momentos depois o rapaz fez-me entrega das moedas recebidas à força.

Olhei-o bem! O seu ar ,con­pungido me dizia da humilhação sofrida. Estava triste e eu ainda mais; não só por ele como pela boa intenção das pessoas.

Ainda a pensar nisto e em como havia de tentar explicar a:os amigos que nos visitam que os rapazes não são pedin­tes, vejo outro grupo a sacar de porta-moedas e dar tostões ao Manuel Songa, um deficiente mental que a Assistência de Angola nos mandou na esperan­ça de lhe arranjarmos estabe­lecimento adequado ... em vão. Ele na sua simplicidade esten­dia a mão às pessoas para as cumprimentar, não para pedir, como elas interpretaram o seu gesto.

Não me ,contive e pedi às

Ora aqui é que está o equívo­co das pessoas.

Faz sempre mal dar esmola a crianças e mais mal ainda quando elas, já tiradas da sua vivência infra-humana, foram colocados numa estrutura humana a que sempre tiveram direito. A personalidade que o rapaz vai conquistando atra­vés da nossa vida familiar onde, <<Vale mais a alma que o corpo», «a justiça é a primeirà arma de combate aos vícios~

às quedas e más inclin'ações, a par da vida do trabalho», onde, <<.cada rapaz tenha a sua obrigação e seja chamado a contas por elas», e «se dê ao Rapaz o sabor de comer a pão, em nossas Casas, com o suor do seu rosto... e não se lhe falte com o salário justo» com que Pai Américo traçou as li­nhas da ~onstrução do futuro homem que será o rapaz de hoje, é fortemente abalado pe­los traumatismos provocados por estes « não faz mab> bem intencionados, mas mal cons­ciencializados. Muita deforma­ção da caridade que, em tempos passados, poderia ter sido tolerada, hoje deve ser actualizada de forma a ajudar à elevação humana dos que precisam sem amesquinhar sua dignidade de Pessoa, evitando: uns colocarem-se na posição dé benfeitores e outros na de~ pendência de assistidos. Aqui é que se encontra a verdadeira prática da CARIDADE.

Padre Abraão

pessoas que não dessem dinhei- Visado pela ro ao rapaz.

Como resposta ao pedido re-cebi um «que não fazia mal». Comissão de Censura

TEMPO PASCAL Cont. da PRIMEIRA página

cante. Irradia o que lhe é evi­dente sobre uma Humanidade em transe de dúvida, em ânsia de certeza, sedenta de Paz.

Por isso o Homem de Fé é um sedutor: Como Cristo, com Cristo! O Homem de Fé faz coi­sas que o transcendem e à frágil natureza humana: Por Cristo, em Cristo! A sua vida é um mistério e uma revelação. Mistério que atrai os inquietos; revelação que ilumina os esfo­meados de Fé, de Paz. Mais do que crer, importa querer. É a partir da vida (incluída a con­tradição) que se descobre e se alcança a Vida. Quantos gen­tiOs não continuam subindo a Jerusdém (hoje, como <maquele

tempm>) em busca de um Dis­cípulo que lhes mostre Jesus. Felizes os que O dão a conhe­cer! Por palavras? ... Por acti­vidades? ... Pela vida, sobretudo, por uma vida que seja trans­parência da Vida. Que o pro­cure ser; que aceite sê-lo até em seus rasgões, suas misérias - buracos por onde os homens podem espreitar Jesus, através da pobreza de outros homens, sem nada, mas ricos de Fé.

Pai Américo, tu que foste mestre na alegria de viver e descobriste a fonte dela na ri­queza de toda a Pobreza au­têntica, pede que a nossa Fé nunca vacile e um só desejo nos consumar. revelar, como Deus nos der, o Filho que Ele D'OS dá,

.FESTAS EM ABRIL

DIA 13 às 21,30 h.

Teatro Avenida- COIMBRA

DIA 15 às 21,30 h.

Casino da Figueira da Foz

DIA 17

às 21,30 h.

Teatro Lúci o da Silva LEIRIA

DIA 20 às 21,30 h.

Cine Teatro de Tom ar

Poucos como «0 Gaiato» têm declarado guerra aberta às bar­racas, às fumas e aos aloja­mentos (?) insalubres e impró­prios que se enxergam por toda a parte. Poucos como Pai Amé­rico se bateram com tanto denodo e entusiasmo pela pro­moção duma habitação capaz e acolhedora em favor de todos os homens. Os milha,res de casas construídas por todo o País eni favor dos Irmãos sem meios de qualquer espécie, os pequenos auxílios dados àque­les que aspiram ter o seu lar em condições de dignidade, o estender de mão a movimentos de autO-construção ou simila­res, as iniciativas e diligências feit&s junto das Autoridades regionais ou nacionais, atestam à sociedade do interesse da Obra por problemas tão can­dentes e de que o velho rifão la,tino «non verba sed acta» tem pleno cabimento na nossa, embora humilde, linha de acção.

Escrevemos estas palavras sob o influxo das declarações prestadas pelo novo Presidente da Câmara de Lisboa, em que se antevê o propósito de «fazer desaparecer da nossa cidade essa nódoa» das barracas e instalações do mesmo tipo. Não desconhecemos as dificuldades de vários ordens a enfrentar, mas ai dos Homens que desa­nimam ou se demitem das suas responsabilidades pelo facto dos problemas a resolver serem

TRANSPORTADO NOS

PARA ANGOLA

*

DIA 25

às 21,30 h.

No Salão dos Bombeiros Cantanhede

EM MAIO

DIA 2 às 21,30 h.

Teatro Cine Pombal *

DIA 9 às 21,30 h.

Império Gine Teatro Lousã

*

difíceis! Aqui se dá parte, à laia de apontamento, da nossa esperança, que queremos sem­pre renovada, apesar da tenta­ção do desespero que às vezes nos invade, de ver soluci·onada tão angustiosa questão, sem esquecer, todavia, que não bas­ta curar mas é preciso prevenir a «doença» como em qualquer racional plano de profilaxia. Que a era de 70 seja a do ex­termíruo das barracas e equiva­lentes, não só em Lisboa mas em todo o País, para que todos possamos ser mais Homens, eis os votos que fonnulamos do fundo da alma.

XXX

Zé Pedro é um pequeno an­golano, nosso há qua,se quatro anos. Feições correctas, olhos muito yivos e meigos, desta­cando-se no fundo preto da pele, apresenta uma sensibili­dade muito apurada. Hoje, pou­co antes de celebrarmos a Mis­sa, tivemos conhecimento que

AVIõES DA T. A. P.

E MOÇAMBIQUE

Ovos mais ovos - a gordu­ra. Tem sido uma farturinha. Temos não sei quantas galinhas de raça a pôrem, diàriamente, a média de 1 70 ovos. O gosto delas pôrem dá-nos o gosto de· nos alimentarmos melhor.

XXX

Oficinas - Ontem veio o Carlos Alberto chamar -me para ir ao telefone. Era uma fábrica de Palmela a dizer para ir tirar medidas. Fiquei radiante por ter muito que fazer e por aparecer mais. Os Rapazes querem ter sempre muito que fazer. Quando lhes digo e lhes falo das contas, eles vivem o que eu vivo. Eles querem aju­dar. Ajuda tu também, dando e chamando por quem nos dê trabalho.

começou a tremer que nem varas verdes e a chorar pelo facto de a Senhora o haver mandado limpar o pó do «Se­nhor dos Pa-ssos>> existente na nossa Igreja. O que é facto é que durante a celebração de­m·os, v~zes sem conta, com o nosso olhar preso à imagem que tanto medo havia metido ao nosso Rapaz ..• Perguntámos-lhe depois qual o motivo da sua reacção. Recebemos a resposta: «Porque o Cristo tem uma cara muito séria>>. Sorrimos ante a explicação dada pela inocên­cia deste nosso Filho, ma,s rà­pidamente mudámos de tom. O nosso pensamento foi mais longe. Quantas vezes a «carro> de Cristo nos tem causado me-do e contrariedade porque nos admoesta ou pede de nós serie­dade? Em quantas ocasiões o nosso procedimento ou o nosso egoísmo nos têm feito temer .o <mlhan> de Jesus, manso e misericordioso, mas exigente e sério?E não é a seriedade de Cristo que nos fez tantas ve­zes tremer e desertar? Quere­mos tantas vezes um Cristo sem cruz, um Messias à nossa maneira, em ordem à sa,tisfa­ção dos nossos caprichos e vaidadezinhas! E como são inúmeras as ocasiões em que desconhecemos ou ultrajamos a «cara muito sériru> de Cristo nas pessoa,s dos nossos Innãos!

Padre Luis

UMA PERSPECTIVA DA CASA-MÃE DE MALANJE.

XXX

Periquito fugiu. Tem 18 anos. Veio para nós era muito peque­nino. Na oficina andava bem. Apeteceu-lhe fugir outra vez. Ninguém sabe o que nos custa

ver fugido um rapaz assim. Ele é nosso e nós queremo-lo, custe o que custar. Vamos por ele, .como o pai que procura o filho. Nós somos a sua família.

Ernesto Pinto

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~ ~ ~ ~ 0 ~ 0

i 9ris dum clünbolo ! ~ 0 ~ ~

~ Quando ao pé dum cruzeiro de granito ~ ~ Eu me inclino, absorto em oração, 0 ~ 0 ~ De joelhos na pedra fria e dura, 0

~ Parte do mundo vejo: o Infinito 0

~ Toca-me de mansinho o coração 0

~ E aumenta em mim um sonho de Ventura, 0 ~ 0 ~ Pró qual a Natureza, 0 ~ Tão cheia de esplendor, 0

~ Não tem onde ,colher tanta beleza 0

~ Nem onde desbravar tão puro amor. tJ!J ~ 0 ~ 0 ~ ... Dentro desse ,cruzeiro solitário, 0 ~ Inútil e despido de grandezas, ~

~ De mundanal, em tudo entristecido ... , 0

: Ali, Cristo agoniza no Calvário. ~ ~ E - vêde ó corações! - pelas fraquezas ~

~ Que temos nós na Terra introduzido. 0

~ E chora! ... E o seu braço, 0 ~ Chagado por cavilha, 0

: Estende-se, infinito pelo espaço, ~ ~ Perdoando a quem este mundo trilha... 0

~ 0 ~ E Cristo fala através do cruzeiro! 0

: (Algo em minh' alma faz doce ruído ~ ~ Como o jorrar da água fresca e pura!) 0

~ Mas, submisso, parece o mundo inteiro 0

~ . Cansado artista há muito adormecido ~ ~ Em sono leve que bem pouco dura...

0 ~ Pois que ficou a Vida, 0

~ Assente por Alguém, 0

: Como preparação para a partida ~ ~ Dos peregrinos que somos do Além.

0 ~ 0 ~ E esse brutal, alheio, estéril monte, 0 Ç~J - Onde nem ave voa ou rodopia <:!J

: Seca folha no chão (tal a rudeza!) ~ ~ Nem fera dorme ou rumoreja fonte,

0 ~ Nem, quando em trevas, feio mocho pia- 0 ~ No silêncio total da Natureza, 0

: É velha catedral ~ Ç~J Em terra de ninguém,

0 ~ A qual me leva, em sonho magistral, 0 ~ A Nazaré, Sicar, Jerusalém... 0 ~ 0 ~ 0 Ç~J Acho-me ali passando alguns momentos,

0 ~ Melancólico, de bons desejos cheio,

0 ~ Revendo anos, purificando a vida. 0

~ Ali vou dando aso a pensamentos 0

: Tão contrários à carne, que são meio ~ ~ Para curar a própria alma ferida.

0 ~ Por i·sso, ó Cruz bendita, 0 ~ 6 Cruz do meu Senhor, 0

: Desce-me d'Ele a benção infinita ~ ~ Que a Ele eleva o homem pecador.

0 ~ 0 ~ Santos Silva 0 ~ 0 ~ ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~