i oo çã m in s t é r o d a a g r i c u l t u r a, · drap centro direcção regional de...

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DRAP Centro Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Centro Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas www.drapc.min-agricultura.pt 75 Anos da Estação Agrária de Viseu Biotecnologia no desenvolvimento agrário Anuário de Experimentação 2009 Implementação do REAP na região Potencialidades das pastagens e forragens Pegada ecológica nacional PRODER-Divulgação Publicação bimestral para o sector agrário e pescas da Região Centro Nº 17 - Janeiro 2011 Com a publicação, em 16 de Novembro de 1936, no então Diário do Governo, do Decreto Lei nº 27207, o Ministério da Agricultura iniciava uma ampla reforma das suas estruturas, com o objectivo de tornar o Ministério “no instrumento de progresso de que o País carece…”. Para além de um conjunto de reformas das instituições existentes a nível central, aquele diploma veio descentralizar serviços e concretizar a divisão do país em regiões, “...tendo em conta a sua feição agrícola, as facilidades de transporte e outros factores…”, criando, para tal, quinze regiões, que seriam dotadas de “estações agrárias”, cujas funções principais passariam por “executar planos de fomento e assistência técnica; proceder a estudos, ensaios, experimen- tação e demons- tração de culturas; contribuir para a formação profis- sional dos trabalha- dores da região e responder a consultas”. No entanto e provavelmente por razões de ordem económica, já referidas no preâmbulo do decreto, o certo é que, no imediato, só foram criadas duas estações agrárias: a do Porto, correspondente à II Região Agrícola, e que, aliás, já possuía essa designação na estrutura anterior e a de Viseu, referente à VI Região Agrícola, gerada a partir da transformação do Posto Agrário, criado em 1913. Dando cumprimento ao disposto no artº 76º daquele Decreto- Lei, a Estação Agrária de Viseu passou então a dispor de duas secções: uma dedicada a estudos e ensaios, outra ao fomento e assistência técnica. Relativamente a esta última, sobressaíram entre outras, as acções de apoio às explorações agrícolas, tais como as campanhas para o aumento da produção frutícola através da plantação de novos pomares e do recurso aos tratamentos fitossanitários, a melhoria da fertilidade dos solos, a instalação de prados e pastagens e a utilização de sementes de milhos híbridos. Quanto aos trabalhos de carácter experimental que, no espírito do legislador, “não deveriam ser realizados com fins de alta especulação cientifica, mas orientados no sentido da resolução dos diferentes problemas que a exploração agrícola vai suscitando”, salientam-se os relacionados com pastagens e forragens e com culturas da macieira, da batata e do milho. Dada a relevante importância a nível nacional, é justo realçar o trabalho pioneiro realizado pelo Núcleo de Melhoramento de Milho, chefiado pelo Eng.º Norberto Cardoso de Menezes que, durante longos anos, se dedicou à recolha e conservação de variedades regionais, essenciais na criação de linhas híbridas mais produtivas e adaptadas às condições edafoclimáticas da região e outras semelhantes no país. Perante a importância económica da vinha e do vinho, também a vitivinicultura mereceu uma particular atenção em termos da experimentação realizada em Nelas, na Quinta da Cale, que posteriormente havia de dar origem ao Centro de Estudos Vitivinícolas do Dão. Por forma a acom- panhar a evolução técnica e correspon- der à necessidade de informar atempada- mente os agriculto- res, foi criada em 1977 a Estação de Avisos do Dão que, com base nos eleme- ntos recolhidos nos postos de obser- vação, passou a emitir avisos regulares, primeiro por via postal e mais recentemente, também por SMS, destinados ao aconselha- mento sobre as formas e métodos mais eficazes de combate às pragas e doenças da vinha, macieira e olival. Assumindo uma vez mais o estatuto de pioneira, a Estação Agrária de Viseu foi a sede de um projecto piloto de extensão rural, durante o período de 1978 a 1985, planificado ao nível da freguesia e orientado para a resolução dos problemas inerentes às explorações agrícolas, aos jovens e às comunidades rurais. I nformação DIRECÇÃO REGIONAL DE AGRICULTURA E PESCAS DO CENTRO Neste número

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DRAP CentroDirecção Regionalde Agricultura e Pescasdo Centro

M i n i s t é r i o d aA g r i c u l t u r a,do DesenvolvimentoRural e das Pescas

www.drapc.min-agricultura.pt

75 Anos da Estação Agrária de Viseu

Biotecnologia no desenvolvimento agrário

Anuário de Experimentação 2009

Implementação do REAP na região

Potencialidades das pastagens e forragens

Pegada ecológica nacional

PRODER-Divulgação

Publicação bimestral para o sector agrário e pescas da Região CentroNº 17 - Janeiro 2011

Com a publicação, em 16 de Novembro de 1936, no entãoDiário do Governo, do Decreto Lei nº 27207, o Ministério daAgricultura iniciava uma ampla reforma das suas estruturas,com o objectivo de tornar o Ministério “no instrumento deprogresso de que o País carece…”.

Para além de um conjunto de reformas das instituiçõesexistentes a nível central, aquele diploma veio descentralizarserviços e concretizar a divisão do país em regiões, “...tendoem conta a sua feição agrícola, as facilidades de transportee outros factores…”,criando, para tal,quinze regiões, queseriam dotadas de“estações agrárias”,c u j a s f u n ç õ e sprincipais passariampor “executar planosd e f o m e n t o eassistência técnica;proceder a estudos,ensaios, experimen-tação e demons-tração de culturas;contribuir para aformação profis-sional dos trabalha-dores da região er e s p o n d e r aconsultas”.

No entanto e provavelmente por razões de ordem económica,já referidas no preâmbulo do decreto, o certo é que, noimediato, só foram criadas duas estações agrárias: a do Porto,correspondente à II Região Agrícola, e que, aliás, já possuíaessa designação na estrutura anterior e a de Viseu, referenteà VI Região Agrícola, gerada a partir da transformação doPosto Agrário, criado em 1913.

Dando cumprimento ao disposto no artº 76º daquele Decreto-Lei, a Estação Agrária de Viseu passou então a dispor deduas secções: uma dedicada a estudos e ensaios, outra aofomento e assistência técnica. Relativamente a esta última,sobressaíram entre outras, as acções de apoio às exploraçõesagrícolas, tais como as campanhas para o aumento daprodução frutícola através da plantação de novos pomarese do recurso aos tratamentos fitossanitários, a melhoria dafertilidade dos solos, a instalação de prados e pastagens ea utilização de sementes de milhos híbridos.

Quanto aos trabalhos de carácter experimental que, noespírito do legislador, “não deveriam ser realizados com finsde alta especulação cientifica, mas orientados no sentido daresolução dos diferentes problemas que a exploração agrícolavai suscitando”, salientam-se os relacionados com pastagense forragens e com culturas da macieira, da batata e do milho.

Dada a relevante importância a nível nacional, é justo realçaro trabalho pioneiro realizado pelo Núcleo de Melhoramentode Milho, chefiado pelo Eng.º Norberto Cardoso de Menezesque, durante longos anos, se dedicou à recolha e conservaçãode variedades regionais, essenciais na criação de linhas híbridasmais produtivas e adaptadas às condições edafoclimáticas daregião e outras semelhantes no país.

Perante a importância económica da vinha e do vinho, tambéma vitivinicultura mereceu uma particular atenção em termos

da experimentaçãorealizada em Nelas,na Quinta da Cale,que posteriormentehavia de dar origemao Centro de EstudosVitivinícolas do Dão.

Por forma a acom-panhar a evoluçãotécnica e correspon-der à necessidade deinformar atempada-mente os agriculto-res, foi criada em1977 a Estação deAvisos do Dão que,com base nos eleme-ntos recolhidos nospostos de obser-vação, passou a

emitir avisos regulares, primeiro por via postal e maisrecentemente, também por SMS, destinados ao aconselha-mento sobre as formas e métodos mais eficazes de combateàs pragas e doenças da vinha, macieira e olival.

Assumindo uma vez mais o estatuto de pioneira, a EstaçãoAgrária de Viseu foi a sede de um projecto piloto de extensãorural, durante o período de 1978 a 1985, planificado ao nívelda freguesia e orientado para a resolução dos problemasinerentes às explorações agrícolas, aos jovens e àscomunidades rurais.

InformaçãoDIRECÇÃO REGIONAL DE AGRICULTURA E PESCAS DO CENTRO

Neste número

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Por força das alterações decorrentes do êxodo rural e da entradade Portugal na então CEE, assistiu-se a uma diminuição do tecidoempresarial agrícola e à tendência para a especialização dasexplorações sobreviventes. Perante este cenário e porque osrecursos humanos e materiais se foram reduzindo, também asfunções experimentais em fruticultura foram reorientadas edirecionadas para as culturas da macieira, aveleira, oliveira ecastanheiro, com a particularidade de serem praticadas em modode produção integrada e em modo de produção biológico que,no caso das macieiras, tem por base as variedades regionais.

Face à incessante procura de produzir mais, melhor e a menorpreço, a evolução tecnológica tem sido permanente, ao pontode se considerarem ultrapassadas muitas das técnicas e métodoscujo aparecimento ocorreu há pouco mais de dez anos. Assim,e porque são parcos os meios humanos e materiais, tem sidonosso objectivo estabelecer contactos com instituições similarese outras organizações, que nos facultam informação e meiospara a realização de idênticos ensaios, cuja adaptação às nossacondições edafoclimáticas é necessário aferir.

Porque já estão em curso e, inclusivé, se perspectiva a suaexpansão, referimos particularmente o ensaio de adaptação dequatro novas variedades de macieira, cuja concretização resultoude um protocolo estabelecido entre a DRAPCentro, a AVDC(Associação de Viveiristas do Distrito de Coimbra) e os ViveirosBraun, de Itália. Para além desta, estão também em curso outrasparcerias com a Bayer, a Syngenta, a Biosani e a Lusosem,prevendo-se que, no ano em curso, venhamos a a estabelecê-las com mais entidades.

Comemorar os setenta e cinco anos da existência da EstaçãoAgrária de Viseu enquanto serviço público de apoio à agriculturaregional e nacional, constitui um marco indelével e gratificante.E porque a produção e difusão do conhecimento técnico foi esempre será a principal razão de ser de uma instituição destecariz, para além das normais acções de divulgação distribuídasao longo do ano, perspectiva-se a organização próxima de umDia Aberto comemorativo, no decorrer do qual os agricultorespoderão observar “in loco” todos os ensaios e trabalhos emcurso nas diferentes culturas. Paralelamente irá realizar-se umSeminário em que serão debatidos temas técnicos e de politicafrutícola do maior interesse para a região.

Por último, a manifestação de um desejo de todos quantos, porqualquer forma ou modo, estão ligados à Estação Agrária deViseu: que com o nosso desempenho possamos honrar a memóriados que nos antecederam, e legar aos vindouros uma Instituiçãomais activa e prestigiada. F.F

Biotecnologiano DesenvolvimentoAgrário

Começam agora a ser divulgados os resultados do projectode investigação, apoiado pela Fundação para a Ciência eTecnologia (FCT) ”Medronheiro (Arbutus unedo L.), selecção,propagação e caracterização molecular”.

A investigação foi liderada pela Faculdade de Ciências eTecnologia da Universidade de Coimbra, ao longo desteúltimos cinco anos, contando também com a participação daEscola Superior Agrária de Coimbra (ESAC), do InstitutoNacional de Recursos Biológicos (INRB) e da DRAPCentro,com o objectivo de desenvolver, através de processos declonagem, plantas de medronheiro mais produtivas e comfrutos de superior qualidade.

Na fase inicial - trabalhos de campo para marcação e selecçãode plantas “boas produtoras” - o projecto envolveu asassociações locais de produtores florestais e a participaçãodos serviços da DRAPCentro, designadamente através detécnicos da Delegação Regional da Sertã.

A fase seguinte, de trabalho laboratorial, consistiu nacaracterização molecular das plantas seleccionadas, no sentidode se obter o respectivo “bilhete de identidade”.

O medronheiro é uma espécie vegetal ainda pouco estudadamas com bastante potencial económico e ambiental em zonasbem determinadas da região Centro, assim como noutrasregiões do País. Tratando-se de um planta bem adaptada aossolos pobres e delgados das zonas serranas, com grandetolerância ao frio e à secura, o medronheiro possui elevadopotencial no revestimento e prevenção da erosão dos solos,bem como na regeneração dos mesmos em situações pós-incêndio.

Pretende-se que os produtores agrícolas possam vir abeneficiar dos resultados deste trabalho, retirando daí osdevidos benefícios da exploração do medronheiro, na duplaqualidade de agentes económicos e de “guardiões” da

natureza e da biodiversidade. Nesse sentido, o próprioprojecto já previa em fase pós-laboratorial a plantação demedronheiros seleccionados , em condições naturais deaptidão florestal e áreas com extensão mais significativa.

Os frutos do medronheiro, para além da sua conhecidaaptidão para a produção de aguardente, podem ter outrasutilizações alimentares, designadamente na produção degeleias e compotas, devido ao seu elevado teor em açúcarese pectinas, para além de possíveis aplicações farmacológicasresultantes das suas propriedades antissépticas e diuréticas.

Na fase actual dos trabalhos, pretende-se tirar todo opartido dos recursos existentes e dos avanços noconhecimento científico, optimizando a instalação deautênticos “pomares” de medronheiros, através damicorrização radicular, ou seja, através da associação àsraízes do medronheiro de certos fungos específicos, comefeitos benéficos no crescimento e produtividade vegetal.

“A maior parte das pessoas associa as plantas transgénicasa algo de muito complicado, a autênticos “bichos de setecabeças” no dizer de Jorge Canhoto, investigador no Depar-tamento de Ciências da Vida e também do Centro de EstudosFarmacêuticos da Universidade de Coimbra e autor do livroBiotecnologia Vegetal, da clonagem de plantas àtransformação genética, recentemente editado. C.A

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O desenvolvimento da Agricultura, tal como noutras áreas de actividade, não ocorre sem avançosno conhecimento científico e tecnológico. A obtenção de avanços significativos no “saber”depende, em larga escala, da existência de uma política de investigação e de inovação, que deveorientar-se para a procura de soluções bem adaptadas às condições reais do meio produtivo decada região agrícola e às necessidades dos agentes que nela operam.

Os resultados obtidos a partir da Investigação têm necessariamente de ser testados em condiçõesespecíficas e de acordo com metodologias de rigor e precisão inerentes à Experimentação Agrária.Tendo sempre presente o respeito pela preservação dos equilíbrios ambientais e dos recursosnaturais, esta área de actividade da DRAPCentro assume o seu papel na prestação de um serviçode qualidade e de proximidade aos agentes económicos do sector, contribuindo para a suavalorização e competitividade do ponto de vista económico e social.

É nesta perspectiva que se insere a actividade desenvolvida pelos serviços da DRAPCentro comresponsabilidades e atribuições nessa matéria, e cujos resultados recentes acabam de serdivulgados através da edição do anuário da actividade experimental, já disponível na mediatecaonline da DRAPCentro, em www.drapc.min-agricultura.pt . C.A

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Com o Regime de Exercício da Actividade Pecuária (REAP) pretendeu-se precisamente garantir disciplina e vigilância, tendo por base umenquadramento comum de exercício das actividades pecuárias,considerando as especificidades próprias em termos de dimensão,localização e sistema de exploração, estabelecendo diferentes grausde exigência em função dos riscos potenciais que a actividadecomporta para a saúde e bem estar animal, para a saúde públicae para o ambiente, tendo em conta o ordenamento do território.

Preservar o meio rural é tarefa claramente relacionada com acrescente valorização deste património, não só pela população queainda o povoa, mas também por parte da própria população citadina,muita dela ainda próxima das suas raízes rurais. O mundo ruralconserva saberes e tradições, mas acima de tudo continua adesempenhar funções vitais para toda a sociedade, como sejam aconservação de um património de todos e não apenas dos seushabitantes.

Passados precisamente dois anos da entrada em vigor do referidoregime, cabe-nos proceder a um balanço da sua aplicação na áreade intervenção da DRAP Centro. Não obstante os sucessivos atrasosna publicação dos instrumentos necessários para a suaimplementação, a DRAP Centro viu reconhecida, por parte daComissão de Acompanhamento do Licenciamento da ActividadePecuária (CALAP), a aplicação informática desenvolvida internamentepara instrução dos pedidos de licenciamento. Esta aplicaçãoconstituiu-se como a 1ª fase da administração electrónica prevista

A implementação doREAP na DRAP Centro

“Com as plantas cultivadas e os animais domésticos o Homemintervém nos ritmos naturais utilizando-os em seu proveito….mas se abandonasse as suas espécies conviventes… numanatureza bravia, as ovelhas acabariam comidas pelos lobos eas pobres gramíneas, que constituem a base da alimentaçãovegetal, seriam afogadas pelo bosque. Assim, criou um mundoartificial que, para subsistir, carece de constante disciplina evigilância.” Orlando Ribeiro.

no artº. 12º do REAP, para que a Administração Públicapossa dispor de informação para gerir em conformidadeo disposto no Decreto-Lei 214/2008 de 10 de Novembro.Por outro lado, devido à estrutura organizacionalassumida, sob a coordenação da Divisão deLicenciamentos e Apoio Laboratorial (DLAL), a suaintegração com as Delegações Regionais, cujo papel setem revelado fundamental em todo o processo, bemcomo a interacção com os diversos parceiros externos,a DRAP Centro tem vindo a percorrer com passos firmese consolidados o ainda incipiente percurso nocumprimento do quadro legal referido. Foramestabelecidos protocolos com 44 entidades externasvisando incentivá-las para a instrução dos processos REAPonline, resultando como contrapartida para os seusassociados uma redução de 20% da taxa de licenciamento.Actualmente existem 240 entidades externas (públicase privadas) registadas na aplicação REAP e cerca de 58%dos processos foram já submetidos online. Até à data,entraram 11220 processos na DRAPC, 65% dos quaisforam já concluídos, culminando na emissão dosrespectivos títulos ou licenças. Para atingir estes resultadosmuito contribuíram as diversas sessões de esclarecimentoe de divulgação promovidas por todos os intervenientes.

A contribuição do REAP para a constante disciplina evigilância advogada por Orlando Ribeiro só poderá serefectiva quando o número de explorações licenciadas forrepresentativo do universo existente, facto ainda distante.Para tal pretendemos continuar a contribuir de formaarticulada e construtiva, assumindo como até aqui, umpapel relevante e activo em todo o processo. M.J.A

obrigação de importar boa parte da carne - sobretudobovina e ovina - que anualmente consome. Acresce ofacto de muitos dos solos nacionais apresentaremcondições de reduzida fertilidade, associada ou não aorografias desfavoráveis e com fortes limitações para amaioria das culturas tradicionais de regadio. Nestesterrenos, as pastagens temporárias semeadas têm umpapel essencial na redução dos custos de produção dacarne e do leite, tirando partido do clima mediterrâneo,cujas características amenas, comparativamente comos países do centro e norte da Europa, permitemestender a época de pastoreio e poupar nas forragensconservadas,

Há que inverter esta situação de “dupla perda”, tirandopartido das nossas vantagens competitivas e optandopor soluções ganhadoras, com base na instalação depastagens duradouras, ricas em espécies leguminosas,amigas do ambiente e facilmente adaptáveis aos maisdiversos tipos de solos, cujo aumento da fertilidadepromovem ao longo dos vários anos da sua exploração.

Para além de ser muito relevante, por esta via, acontribuição das pastagens e forragens para o ProdutoAgrícola Nacional, importa ainda ter presente a maisvalia ambiental que está associada às actividades dosector agro-pecuário que elas sustentam.

Direcção da SPPF

Promovida pela Sociedade Portuguesa de Pastagens e Forragens(SPPF), com o apoio da DRAPCentro e da Escola Superior Agráriade Coimbra (ESAC) irá decorrer entre 27 e 29 de Abril próximo,em Coimbra, a 32ª Reunião de Primavera desta Associação decaracter interprofissional e de utilidade pública.

Todos os técnicos, agricultores, agentes de desenvolvimento eoutros interessados em participar no evento, que incluirásessões temáticas em sala e visitas de estudo a exploraçõesagro-pecuárias da região, poderão obter mais esclarecimentose informações, que estarão brevemente disponíveis na páginaInternet www.sppf.pt.

A importância das culturas forrageiras e pratenses parao País é bem patente no facto destas ocuparem quasemetade da Superficie Agrícola Útil, com algumpredomínio das forragems para corte e alimentação àmanjedoura nas regiões de minifúndio, ao passo queas pastagens e a prática do pastoreio predominam noAlentejo e na região autónoma dos Açores.

Dada a enorme variedade de condições agro-ecológicase estruturais do País, é forçoso reconhecer a importânciada enorme panóplia de soluções disponíveis, a fim deseleccionar aquelas tecnicamente mais adequadas aosdiversos condicionalismos agrológicos.

A importância da exploração de animais ruminantes (enão só) está estritamente associada a este tipo deculturas e traduz-se por um peso relativo na produçãoagrícola nacional de cerca de 20 % a preços de mercado.

Em 2009, o grau de auto-aprovisionamento nacionalem produtos animais foi próximo de 55% para a carnede bovino, 79 % para a carne de ovinos e caprinos ecerca de 95 % para o leite e produtos lácteos, comtendência para decrescer em todos os casos no decorrerdo período entre 2005 e 2009, segundo os dados doINE. Esta tendência é preocupante, já que contribuipara agravar o défice da balança de transacções.

Sendo a alimentação dos animais ruminantescomplementada com rações, cuja principal componentesão os cereais em grão, para os quais Portugal tem umgrau de auto-aprovisionamento de apenas 25%, tal factosó reforça a necessidade de melhorar a produção depastagens e forragens para fins de alimentação destasespécies pecuárias.

É assim premente a necessidade de reduzir os elevadoscustos de alimentação animal, particularmente gravososquando ela é assegurada por alimentos adquiridos forada exploração e, mais ainda, quando assenta no uso derações e outros alimentos concentrados. Nestes moldesde exploração, não são devidamente aproveitados osrecursos genéticos animais, designadamente dosruminantes e o País perde, não só por via dos elevadoscustos de produção animal, como também pela

Potencialidadesdas pastagense forragens

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Contactos para notícias, comentários e sugestõ[email protected]ÚCLEO DE INFORMAÇÃO E RELAÇÕES PÚBLICAS - DRAP CentroAv. Fernão Magalhães, 465 3000-177 COIMBRATelef. 239 800 520 Fax 239 833 679

Ficha técnica

Director: Rui MoreiraCoordenação: Ângela Pinto CorreiaRedacção: Carlos Alarcão e J. A. AlmeidaColaboradores neste número:Carlos Alarcão (C.A), Direcção da SPPF, Francisco Fernandes (F.F),José Augusto Almeida (J.A.A) e Maria João Águas (M.J.A)Fotos: Arquivo da DRAPCentro

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PegadaEcológicaNacional

Segundo o relatório "Planeta Vivo 2010", recentementedivulgado pela World Wildlife Foundation (WWF), “a procurahumana de recursos naturais está a atingir níveis nunca vistos,rondando os 50 por cento acima do que a Terra pode oferecer”.A pegada ecológica, um indicador que avalia a utilização danatureza pelas populações, mostra que a “pressão sobre osrecursos naturais duplicou desde 1966" e que o Homem estáa usar "o equivalente a 1,5 planetas" para suportar as suasactividades.

A pegada ecológica per capita em 2007 posiciona Portugal no39º lugar no ranking de países com maiores impactos ambientaisno que se refere ao consumo de recursos naturais, com 4,47hectares (quando a pegada mundial é de 2,7 hectares), refereaquela organização de conservação da natureza. Entre osfactores que contribuem para a “pegada ecológica”, um dosmais significativos (cerca de 47 % do total) é a emissão dedióxido de carbono. Daí que também seja possível procederà avaliação ambiental da “pegada de carbono”.

Entre 2005 e 2007 ocorreu em Portugal uma diminuição dapegada de carbono relativamente a áreas de floresta, de pastoe actividade de construção. A componente agrícola manteve-se constante mas houve um aumento na componente de pesca.

A noção de biocapacidade traduz a capacidade regenerativado planeta para satisfazer as necessidades da humanidade.Varia de país para país, conforme os condicionalismosespecíficos de cada um. Em Portugal este indicador é de 1,3hectares por pessoa, correspondendo ao 85º lugar entre 124países. Assim, "Portugal está em défice ecológico”, já que apegada ecológica nacional, de 4,47 hectares por pessoa, excedeclaramente o valor da biocapacidade.

O relatório "Planeta Vivo 2010" refere ainda que, em termosglobais, o uso de serviços de ecossistemas de água doce "estáactualmente para além dos níveis que podem ser sustentados".No que respeita à pegada hídrica, os últimos dados tambémapontam Portugal como um dos países do mundo com umvalor mais elevado, registando um consumo de recursos hídricosde 6203 litros habitante e dia. Este número, aparentementeastronómico, é apurado através de metodologias fiáveis erigorosas, decorrendo principalmente da “pouca eficiência dosector agrícola nacional, da dependência dos bens agrícolasimportados, principalmente de Espanha, e das diferençasgeográficas internas, com problemas de escassez de água asul, em particular na bacia do Guadiana".

Sabendo que o desenvolvimento integral de uma só planta demilho para produção de grão obriga a que, durante três meses,200 litros de água atravessem a planta , o botânico e professorFernando Catarino (In: Revista Pública, de 05/12/2010) salientaa importância da biologia e da biotecnologia no desenvol-vimento de uma nova agricultura, nomeadamente no melhora-mento e obtenção de plantas resistentes à secura ou no aprovei-tamento de solos salgados.

As previsões sugerem que a pegada de água vai continuar aaumentar em Portugal, tal como na maior parte do mundo,tendo como efeito a crescente fragmentação dos rios, a sobre-exploração dos recursos e a poluição da água, a que acrescemos impactos das alterações climáticas.

A WWF aconselha Portugal a promover a certificação florestalcomo forma de promover o aumento de áreas florestais "bemgeridas", que possam gerar “serviços do ecossistema” paraalém de produtos directos, como é o caso da cortiça e dapasta de papel. A conservação da biodiversidade utilizandoo conceito de áreas de alto valor de conservação e valorizaçãodos serviços do ecossistema é igualmente apontada naqueleinteressante relatório (disponível na mediateca online daDRAPCentro). C.A

O 6º Concurso da Acção 1.1.1 doPRODER, Modernização e Capacitaçãodas Empresas, termina a 28 deFevereiro de 2011.Com o objectivo de informar eesclarecer projectistas, promotores eoutros potenciais interessados sobreos aspectos relativos a este concurso,a DRAPCentro e o SecretariadoTécnico da Autoridade de Gestão doPRODER promovem uma sessão dedivulgação, de carácter regional, nopróximo dia 25 de Janeiro pelas 14.30horas, no Pequeno Auditório daEscola Superior Agrária de Coimbra.

Sessão deDivulgaçãoProderem Coimbra